apostila ensino fundamental ceesvo - geografia - módulo 08

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GEOGRAFIA

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Região Nordeste

Você vai identificar o quadro social do nordeste, com as causas principais da migração nordestina.

Verá os contrastes existentes nessa região, bem como as diferenças do nordeste com as demais regiões do país.

REGIÃO NORDESTE A ocupação da região nordeste. O Quadro Social do Nordeste Brasileiro O Caminho de Volta Zona da Mata Sertão Agreste Meio-Norte

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Saiba que...

As mudas de cana-de-açúcar vieram para o Brasil das Ilhas de Açores e Cabo Verde. O açúcar era comprado na Europa a preços altíssimos e chegava a ser vendido em gramas nas farmácias.

A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NORDESTINO O nordeste foi a primeira área ocupada e colonizada no espaço brasileiro, e, por

muito tempo, foi o principal centro econômico e social do Brasil. A partir de 1530, foi introduzido o cultivo da cana-de-açúcar no litoral nordestino.

O seu desenvolvimento se deve à fatores naturais, como o clima quente e úmido (tropical) e ao solo massapê.

Os estados que compõem a região Nordeste são nove, como você pode

observar no mapa abaixo.

A partir da capitania de Pernambuco, as plantações de cana-de-açúcar

espalharam-se rapidamente e passaram a tomar conta da chamada zona da mata. O tipo de organização econômica e social determina a formação e organização

do espaço. A economia açucareira influenciou muito na formação e organização do espaço nordestino. A sociedade nordestina era formada pelos senhores de engenho e suas famílias, alguns trabalhadores assalariados e pelos escravos que constituíam a maior parcela da população. Aos senhores de engenho cabia o poder de governar a sociedade açucareira.

Disso, se conclui que a sociedade do

espaço nordestino se organizou de acordo com o interesse da classe dominante, representada pelos senhores de engenho.

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Saiba Que... Na Bahia, desenvolveu-se o

cultivo do fumo, que era utilizado para a compra de escravos. Essa região, ainda hoje, e uma das maiores produtoras de fumo do país.

A prosperidade da economia açucareira do nordeste durou até a segunda

metade do século XVII, quando o açúcar produzido na América Central, pelos holandeses passou a concorrer com o açúcar produzido no nordeste, prejudicando o comércio e a sua produção.

A CRIAÇÃO DE GADO Paralelamente ao cultivo da

cana-de-açúcar no nordeste, foram introduzidas as primeiras cabeças de gado que serviam para fornecer carne e movimentar engenhos e transportes. Com a utilização da faixa litorânea apenas para plantio de cana, o gado passou a ser criado mais para o interior. Desta forma, a criação de gado contribuiu para a ocupação do interior do nordeste.

Que aspectos naturais favoreceram a interiorização da criação de gado no

nordeste? A vegetação cerrado, (com cobertura vegetal mais aberta, rasteira), os depósitos

de sal-gema e a abundância das águas dos rios Paranaíba e São Francisco.

O Algodão

Com o desenvolvimento da indústria têxtil (tecidos), na Inglaterra, Portugal iniciou o cultivo do algodão na colônia e, devido ao clima quente e seco, o sertão nordestino destacou-se nessa atividade. Assim como a cana, o algodão era produzido para exportação. Desta forma, exportávamos matéria-prima e importávamos produtos industrializados (roupas e tecidos).

Uma história comum.

“Vim direto para São Paulo, eu, minha mulher e três filhos pequenos. O primeiro

contato com a cidade assusta...” E Raimundo, paraibano, 48 anos continua: “Quando descemos do ônibus fiquei assim meio sem saber pra onde ir. Os

motoristas de táxi gritavam oferecendo para levar a gente. Fiquei confuso. Depois de um tempo cheguei pra um que tinha um jeito assim de falar meio nordestino e disse pra ele que estava procurando um colega que morava aqui”.

Aí ele perguntou: -Você tem o endereço da casa dele? Eu mostrei o papel e ele falou: -É fácil, entra...

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O colega mora numa casinha simples na periferia. Deu pra se acomodar todo mundo...Hoje sou ferramenteiro numa indústria. Minha mulher lava para fora. Os filhos estudam e ajudam em casa.

Aqui a gente sofre. Quando chove, inunda tudo com aquele córrego ali, imundo; mas pelo menos tenho trabalho. Até pedi para meu amigo lá da Paraíba: vem, foge da seca.

Veio sozinho. O difícil foi arrumar morada. Ficou com a gente até arrumar trabalho: servente de pedreiro. E passou a morar na obra.

Depois perdi ele de vista. Me disseram que tá desempregado, parado na favela do Pato Feio, e pensa em voltar para a terrinha natal...”

Observando esse texto você pode perceber que essa é uma história comum nos

nossos dias, pode ser a história de alguém que você conhece, ouviu falar, ou mesmo a sua.

Grande parte da população do Centro-Sul é formada por migrantes nordestinos. Você sabe de que estados vêm essas pessoas? A região nordeste é composta pelos

estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas, leste do Maranhão e norte de Minas Gerais. Como você pode observar no mapa ao lado.

Quando você pensa no nordeste, o

que geralmente vem a sua cabeça? Sem dúvida, a seca e a miséria. Ouvindo histórias como a que você

leu anteriormente, lendo notícias no jornal ou mesmo assistindo ao noticiário da televisão, a pobreza da população surge como uma característica marcante do nordeste.

Isso não ocorre somente no sertão. Esse quadro social é encontrado em grande

proporção na Zona da Mata, região que possui os melhores solos e climas do Nordeste. Esse dramático quadro social não deriva das adversidades do meio natural ( a seca por exemplo), como muitas pessoas procuram justificar. Deriva da forma como está organizada a sociedade e da distribuição de renda.

Veja no quadro da página seguinte, que os nordestinos recebem os menores

salários do país, as crianças são subnutridas, os índices de analfabetismo são grandes, quando comparados com outras regiões do Brasil. A maior prova da pobreza nordestina está no fato de sua população ter se espalhado por todo o Brasil. O nordestino não migra porque desgoste de sua terra. Seu sonho é ganhar dinheiro e voltar para viver em melhores condições do que quando partiu obrigado a buscar emprego em outros lugares, viaja fascinado pelas notícias que chegam do Rio, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.

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No Norte e no Nordeste brasileiros, a porcentagem de crianças entre 7 e 14 anos que têm acesso ao ensino fundamental não passa de 89%. Nessas regiões registra-se o maior número de crianças excluídas do país. Além disso, parte daquelas que conseguem matrícula acaba sofrendo graves problemas, como reprovação e abandono, ou é obrigada a estudar em escolas precárias. As escolas mais pobres situam-se principalmente no interior dos estados e muitas não dispõem de estrutura básica, como merenda, material escolar e professores suficientes. Crédito: Sergio Dutti

O nordeste não foi sempre uma região pobre, mas a partir do século XVIII

iniciou-se a decadência da economia nordestina dificultando a sobrevivência de todos os habitantes. Com a decadência da atividade canavieira e a modernização da economia de outras regiões brasileiras, a população nordestina começa a migrar à procura de emprego.

Portanto, os pobres do nordeste ajudaram a desenvolver o Sudeste trabalhando

nas indústrias, no comércio, construindo prédios, casas e estradas.

O Quadro Social do Nordeste Brasileiro

O nordeste do Brasil, que sustentou Portugal com suas exportações de açúcar nos séculos XVI e parte do século XVII, apresenta hoje um dramático quadro social, possuindo:

� 51% da população analfabeta do Brasil com idade superior a 10 anos; � 50% das moradias subumanas do país; � Quase dois terços da população subnutrida do Brasil; � Quase a metade dos trabalhadores cuja renda não atinge meio salário

mínimo; � Alta ocorrência de nanismo - deficiência no porte e estatura física das

crianças - causada pela insuficiência dos alimentos.

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O Caminho de Volta

De acordo com dados do IBGE, a migração com destino ao nordeste aumentou nesta década. Cerca de 384.000 imigrantes desembarcaram nos estados nordestinos entre 1991 - 1996. Segundo os demógrafos (estudiosos da distribuição no espaço da população) está ocorrendo “a migração de retorno”: os nordestinos que haviam migrado para outras regiões do país estão voltando para seus estados de origem.

Os brasileiros encontram cada vez

menos motivação para deixar as regiões onde nasceram. O sul “maravilha” perdeu seu apelo. Assim também as regiões norte, centro-oeste e sudeste deixaram de atrair tantos brasileiros como nas décadas passadas.

A falta de preparo profissional, o subemprego nas cidades, precárias condições

de moradias, transportes, fazem com que os nordestinos se decepcionem e voltem ao seu estado em busca de condições de sobrevivência. (Folha de S. Paulo - 06/08/97)

Mas a região nordeste não é

homogênea, existem áreas mais industrializadas e outras de agricultura tradicional subdesenvolvidas. Costuma-se dividir a região em quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte.

Zona da Mata

Zona da Mata: é a sub-região mais povoada, urbanizada e industrializada, no sentido leste-oeste. É uma estreita faixa de terras que vai do litoral oriental até o Planalto de Borborema.

O clima nessa área é o tropical úmido com temperaturas elevadas e chuvas abundantes concentradas de março a junho.

Os Três Complexos Regionais

Sub-regiões do Nordeste

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Observando o mapa A você pode concluir que são encontrados os seguintes

tipos de climas: tropical úmido, tropical típico e semi-árido. Por causa do clima úmido encontrado nessa área da região nordeste, a

vegetação original era a Mata Atlântica, hoje quase totalmente destruída.

De acordo com o mapa B os tipos de vegetação encontrados na região nordeste

são: Mata dos Cocais, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Vegetação Litorânea. A Zona da Mata pode ser dividida em três partes: Zona da Mata açucareira - vai do Rio Grande do Norte até o norte da Bahia.

Nessa região predominam as grandes propriedades rurais (latifúndios) que cultivam a cana-de-açúcar (desde a época colonial), voltada para a fabricação do açúcar para exportação.

Recôncavo Baiano -

área situada ao redor da cidade de Salvador, destaca-se pela exploração de petróleo e pelas indústrias (petroquímicas).

Sul da Bahia, zona do

cacau - área em torno das cidades de Itabuna e Ilhéus, voltada para o cultivo do cacau, importante produto de exportação.

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Na Zona da Mata encontra-se a maioria da população nordestina e as

metrópoles de Recife e Salvador. É a área mais rica do nordeste, mas é também onde se localizam os maiores problemas sociais: é grande o número de desempregados e mendigos nas ruas. No meio rural, os salários são baixíssimos, muitas vezes inferiores ao mínimo.

O sertão corresponde às terras interioranas,

abrangendo mais da metade da área total do nordeste. O que mais caracteriza o sertão é o clima semi-árido: é um clima tropical com temperaturas elevadas e baixa quantidade de chuvas. As chuvas concentram-se durante dois ou três meses do ano, com longos períodos de estiagens (secas). A vegetação típica dessa região é a caatinga, uma mata esparsa que consegue sobreviver em solos rasos e arenosos com pouca quantidade de água, possui raízes longas que buscam água no subsolo,

com folhas pequenas e às vezes espinhos que evitam a perda de água pela evaporação.

Os rios do sertão nordestino são em geral, intermitentes, isto é, secam por longos períodos do ano. O Rio São Francisco corre mesmo nos períodos de seca sendo, portanto, perene.

Com a construção de açudes ou represas tenta-se regularizar o curso de rios

intermitentes como o rio Jaguaribe, no Ceará. O verdadeiro motivo da migração da população sertaneja é a estrutura fundiária

(distribuição das terras), onde um pequeno número de proprietários é o dono de grande parcela das terras férteis para agricultura. No entanto, sendo a seca um fenômeno natural, é uma justificativa bem mais simples e cômoda para a pobreza nordestina.

Com a grande divulgação dos efeitos dramáticos da seca pelos meios de comunicação, os grupos dominantes do nordeste conseguem verbas e auxílio do governo.

Exercícios. Responda em seu caderno:

01. Por que o nordeste é considerado a região “problema” do Brasil?

02. Explique as principais causas das migrações nordestinas.

03. O que é Zona da Mata e qual é a sua localização?

04. Cite os tipos de climas encontrados no nordeste.

05. Escreva como está dividida a Zona da Mata.

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O Nordeste sofre períodos de seca mais intensa por causa do fenômeno climático El Niño, que provoca graves estiagens na região, como em 1998. A área mais crítica é o chamado polígono das secas, onde fica o semi-árido nordestino: no interior dos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe, estendendo-se ao norte da Bahia e do estado de Minas Gerais, especialmente no vale do Jequitinhonha. Crédito: Ana Araújo

Você sabe o que é “indústria da seca?”.

São formas de tirar proveito da seca em benefício das pessoas poderosas, sem contribuir para resolver os terríveis problemas da população pobre.

Esses recursos são utilizados para atender suas necessidades particulares: os fazendeiros constroem em suas propriedades, estradas, açudes e poços artesianos.

A seca.

Dentro desse contexto histórico do Nordeste, que nos mostra um passado rico

e um presente cheio de conflitos, a seca, sempre esteve presente. Contudo, a ação do homem sobre a natureza vem agravando o problema da

seca, pois a constante destruição da vegetação natural através das queimadas ocasionou a expansão do clima semi-árido.

Todavia, apesar da seca ser realmente um problema grave, ela costuma ser exagerada e supervalorizada. Por exemplo: a maior parte dos brasileiros pensa que a seca é o principal problema do Nordeste, porém, o Brasil como um todo, é subdesenvolvido e a maioria da população tem um baixo nível de vida. Inclusive, os grandes problemas do Nordeste, como a luta pela posse de terras, remuneração baixa entre outros,

ocorrem muito mais na Zona da Mata, onde não existe o problema da seca, como no Sertão.

A maioria não migra devido à seca, mas porque a estrutura agrária e fundiária

(distribuição das propriedades rurais) da Zona da Mata não permite que o número de empregos seja suficiente para atender à quantidade de pessoas que a cada ano se incorpora à força de trabalho.

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Sisal

Entretanto, é mais cômodo culpar a seca- um fenômeno natural - pela pobreza

e deixar de lado a questão social da distribuição.

Surge assim, a “Indústria da Seca”: grupos de influência políticos ou economicamente poderosos, desde alguns prefeitos até fazendeiros e empresários – conseguem tirar proveito da seca através de sua divulgação. Noticiando a seca de forma dramática, através de meios de comunicação, esses grupos têm chance de conseguir mais verbas e auxílios governamentais. Graças ao argumento da seca, muitos empresários conseguem deixar de pagar suas dívidas bancárias, além de contrair novos empréstimos em condições especiais.

Assim, a forma pela qual as autoridades brasileiras combatem a seca (ou

melhor, apenas os seus efeitos) não beneficia nem a maioria da população, nem os pequenos proprietários, mas, sim, grandes proprietários e política de influência.

O Agreste No Agreste, predominam as pequenas propriedades, os minifúndios. A atividade

econômica mais importante é a agricultura, desenvolvida sob a forma de policultura (cultivo de vários produtos), associada à pecuária leiteira semi-intensiva.

Os principais cultivos do Agreste são: algodão, café e agave (planta da qual se

extrai o sisal, fibra utilizada para fabricar tapetes, bolsas, cordas etc.)

Existem, no agreste, algumas importantes cidades comerciais, isto é, centros

urbanos com intenso comércio, que constituem sua principal atividade econômica. São as chamadas cidades regionais do Agreste, entre as quais se destacam Campina Grande, na Paraíba; Feira de Santana, na Bahia; Caruaru e Garanhuns, em Pernambuco.

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O coqueiro de carnaúba,

denominado cientificamente de “Copernicia cerifera” é uma

palmácea que atinge em média 20m de altura e aparece em grandes concentrações nos vales mais

úmidos do interior nordestino, principalmente nos estados de PI,

CE e RN.

A carnaúba

O Meio-Norte É uma área de transição entre o norte (Amazônia) e o nordeste, especialmente o

Sertão. Apesar de tradicionalmente ser considerada como meio-norte ou nordeste ocidental todo o Maranhão e Piauí, na verdade somente uma área que vai da bacia do rio Grajaú, a oeste até a bacia do rio Paranaíba, a leste, pode de fato ser considerada como meio-norte ou área de transição entre o Sertão semi-árido e a Amazônia úmida. A parte ocidental no Maranhão é amazônica. E a maior parte de Piauí é sertaneja, com clima semi-árido e vegetação de caatingas.

A área situada entre o Sertão e a Amazônia é uma faixa de terras que ocupa

alguns vales fluviais: os rios Grajaú, Mearim e Itapecuru, no Maranhão, e o rico Paranaíba que serve de limite entre o Maranhão e o Piauí.

Nessa faixa de terras encontra-se a Mata dos Cocais, paisagem típica do meio

norte. A zona dos Cocais é de fato considerada uma vegetação de transição entre a caatinga e a floresta Amazônica. É constituída por palmeiras como a carnaúba e o babaçu.

A economia baseia-se no extrativismo vegetal e na agricultura. Do caule do babaçu se extrai o palmito, de suas sementes, um óleo utilizado na

fabricação de cosméticos e de aparelhos de alta precisão. Do caule da carnaúba pode-se retirar uma cera, de seu caroço é extraído um óleo. Tanto a cera quanto o óleo da carnaúba são utilizados na fabricação de ceras, velas, lubrificantes, etc.

A agricultura do meio-norte é tradicional, baseada no algodão, na cana-de-

açúcar e no arroz. São Luiz, capital de Maranhão, é uma das cidades mais importantes do meio-

norte.

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Leitura Complementar. A transposição do Rio São Francisco.

Rio São Francisco, chamado de “rio da integração nacional”, foi devastado durante décadas. Surge, agora, o plano de salvação. O ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, garante que começa em agosto /01 a obra de transposição das águas do Rio São Francisco, a construção de gigantescas tubulações e canais num percurso de 1440 quilômetros de extensão para irrigar o sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. Ao final de todas as obras, em 2026, o chamado “rio da integração nacional” terá dividido seu líquido com centenas de regatos, riachos e ribeirões, que tornarão perenes e darão fim, segundo se promete, à seca no sertão do Nordeste. Milagre igual só se viu até hoje no cinema. O trabalho de irrigação do deserto em Israel é quase nada quando comparado ao que se planeja no semi-árido brasileiro.

O Brasil está cheio de rios que deram a vida para que o homem sobrevivesse em suas margens. O Tietê, em São Paulo, e o Rio das Velhas, em Minas Gerais, ambos transformados em esgoto em grande parte dos seus cursos, são dois exemplos disso. Com o projeto da transposição, o São Francisco está na rota certa para justificar seu nome de santo. Tanto poderá tornar-se o rio abençoado que acabou com maior flagelo das secas nordestinas, caso corra bem como pode virar o mártir de um projeto ambicioso, na hipótese de sua água não ser suficiente para sustentar ao mesmo tempo o próprio curso mais toda a rede de irrigação que se pretende construir. Se a transposição der certa, ela será o mais importante de uma enorme lista de benefícios que o rio tem proporcionado desde que, há exatos 500 anos. 2700 km do rio já atravessa o chamado Polígono da Seca, a área mais castigada por estiagens que chegam a durar três anos, como a que começou em 1877, que matou meio milhão de pessoas. Nessas ocasiões, só o Rio São Francisco segue em frente, dando vida e esperança a 15 milhões de moradores das regiões em torno do vale.

Exercícios. Responda em seu caderno:

06. O que vem a ser “a migração de retorno”? E por que está ocorrendo? 07. Que influência tem o planalto da Borborema em relação à distribuição

de chuvas no nordeste? 08. Conceitue, isto é, escreva o que são minifúndios. E cite as atividades

econômicas mais importantes desenvolvidas no Agreste. 09. Defina o que é Meio-Norte. E quais as características naturais do Meio-

Norte em relação ao Maranhão e ao Piauí? 10. Destaque a importância econômica das palmeiras, babaçu e carnaúba.

E cite quatro exemplos de produtos obtidos industrialmente a partir da carnaúba e babaçu.

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O que falta esclarecer. � A secular polêmica em

torno à transposição do Rio São Francisco ainda não consegue produzir um projeto totalmente conclusivo. Há no ar dúvidas em alguns pontos fundamentais.

� O Impacto ambiental. O efeito na bacia do rio ainda não foi suficientemente avaliado. O relatório de impacto ambiental se deteve na região por onde irão passar os canais e não foram analisadas as conseqüências sobre a própria bacia do São Francisco e nos rios que receberão as suas águas.

� 75% de suas águas já estão comprometidas com desenvolvimento da região. Que compensação os estados doadores terão.

O que o projeto pretende...

� Serão dois canais totalizando 703 quilômetros. � Serão empregados 1,1 milhão de metros cúbicos

de concreto, 390.000 toneladas de cimento e 71.000 toneladas de aço.

� O governo espera criar 500.000 empregos com transposição

� Espera-se que a transposição tenha potencial para irrigar 100.000 hectares

� As bacias dos rios que receberão a água do São Francisco somam 10.000 quilômetros quadrados com uma população total de 12 milhões de habitantes

� A água será levada, através de dois canais de concreto, até os açudes e reservatórios no semi-árido. Para chegar lá, terá de passar por túneis e vencer alturas de até 500 metros, com auxilio de bombas hidráulicas. A distribuição local caberá aos governos estaduais.

Tudo o mais, rio ou planta, seca e esturrica. Moradores de mais de 500 cidades ocupam a bacia, bebem de sua água e pescam seus peixes. A energia elétrica gerada nas turbinas de nove hidrelétricas construídas ao longo de seu curso vai ainda mais longe. Parte dela abastece Salvador, que está a 500 km de suas margens. O rio é usado também para transporte de carga e para irrigar plantações de café, soja, manga, aspargo e até uva. Se a transposição falhar, entrará para uma lista de descasos e violências sofridos pelo rio. Ex.: mais de 80% da vegetação nativa foi devastada para a produção agrícola, pecuária e de carvão vegetal; na principal hidrovia, entre as cidades de Pirapora e Juazeiro, na Bahia, o assoreamento já quase impede a navegação; depois de 1982, com a conclusão da Usina de Sobradinho, a 540 km de Salvador, a vazão na foz do rio encolheu 30%, por causa dessa redução no volume de água, secaram 72 lagoas; muitas espécies de peixes não são vistas no rio; o mercúrio dos garimpos e o ferro da mineração vão matando aos poucos alguns afluentes do rio. Diante de tamanha coleção de problemas, há quem denuncie a transposição como um crime mortal contra o rio. Porque acreditam que o rio não suportará essa transposição. Por outro lado, espera-se que a transposição crie condições para pôr fim a essa lenta agonia do São Francisco.

Artigo-(Resumo) Revista Veja, 28/02/01 - Gisela

Sekeff. Veja,12/10/05 – Ronaldo França.