apostila do 1 ano - disciplina de história - prof. rogério
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Apostila do 1 Ano - Disciplina de História - Prof. RogérioTRANSCRIPT
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HISTRIA 1 ANO
2014
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DISCIPLINA DE HISTRIA PROFESSOR ROGRIO ENSINO MDIO 1 ANO
Introduo aos Estudos Histricos 1. Introduo
A preocupao cultural em escrever a Histria acompanha, principalmente, a
civilizao ocidental ou clssica desde a Antiguidade. A Histria, como cincia, passou
por vrias etapas, buscando atualmente uma abordagem mais atrelada s transformaes
que alteram as estruturas da sociedade. Torna-se fundamental, nesse novo momento, a
compreenso do processo histrico ( o conjunto de acontecimentos ou transformaes,
qualitativas e/ou quantitativas, manifesto em toda a produo cultural do homem), em
que os fatos, as datas e as personalidades so a matria-prima da pesquisa histrica e
no se encerram neles mesmos.
O processo histrico deve ser entendido como a evoluo ou seqncia dos
vrios sistemas organizados pelo homem ao longo de sua existncia, ou melhor, toda a
produo cultural da humanidade.
2. A Cronologia e a Evoluo Sistmica do Processo Histrico
Para facilitar o trabalho de pesquisa e a compreenso do processo histrico, o
historiador usualmente divide a Histria em perodos. Essa diviso, por sua vez,
artificial e fundamentalmente didtica, pois o processo histrico ininterrupto, tornando
difcil e controvertida a diviso ou periodizao histrica (datas, calendrios, fatos, etc.).
Entre as diversas divises que existem, aquela que utilizaremos baseada no
calendrio cristo e nas principais datas da Histria europia ocidental:
Idade Antiga: do aparecimento da escrita ( 4000 a.C.) queda de Roma (476).
Idade Mdia: inicia-se com a queda de Roma (476) e se estende at a queda de
Constantinopla (1453).
Idade Moderna: da queda de Constantinopla (1453) at a Revoluo Francesa (1789
Tomada da Bastilha).
Idade Contempornea: da Revoluo Francesa (1789 Tomada da Bastilha) aos
nossos dias.
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A partir da periodizao, devemos fazer um estudo sistmico do processo
histrico para captarmos as transformaes e os momentos de transio (Perodo que
caracteriza a passagem de uma fase para a outra. No caso das artes, o perodo de
transio caracterizado pela convivncia de caractersticas do estilo que est em
declnio e do estilo que est em ascenso) em que as estruturas sofrem rupturas ou
alteraes em seu equilbrio.
Ao analisarmos o processo histrico da humanidade, podemos detectar a
evoluo dos seguintes sistemas:
A. Sistema Asitico
Predominante entre as civilizaes orientais (Oriente Mdio, Prximo e
Extremo), demonstra que essas primeiras civilizaes no possuam uma noo de
propriedade privada, sendo a terra, os escravos e os produtos pertencentes ao Estado e
aos Templos. Dessa maneira, a economia agrria era pouco dinmica; a sociedade, de
estamentos (origem); o poder poltico, monrquico-absoluto-desptico-teocrtico; a
religio, politesta (misticismo, ignorncia e fanatismo) e a cultura, pragmtico-
religiosa.
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Dentre as civilizaes orientais que desenvolveram o sistema asitico, tivemos
os hebreus e fencios como excees no plano religioso e no econmico-poltico
(monotesta, comrcio martimo e cidades-Estado).
B. Sistema Escravista
Podemos dizer que o escravismo na Antiguidade nasceu ao mesmo tempo em
que o homem criou a noo de propriedade privada. Considerado como uma coisa, o
escravo ("Instrumento Vocale") passou a caracterizar predominantemente a Antiguidade
Clssica (greco-romana).
Grcia antiga e Roma, principalmente na fase imperial, podem ser consideradas
os maiores exemplos do escravismo. A partir do sculo III da Era Crist, a acelerao da
crise geral do escravismo romano possibilitou a estruturao e o nascimento do sistema
feudal.
C. Sistema Feudal
Marcado pelas relaes servis de produo, o sistema feudal ou feudalismo
europeu predominou na Histria Medieval Ocidental. Nesse sistema, a economia era
fechada, rural, agrria e autossuficiente (consumo). A sociedade era de carter
estamental (imobilidade), polarizada entre senhores e servos.
O poder poltico descentralizado e a forte influncia da Igreja (cultura) foram
conseqncias da conjuntura e estrutura de produo medievais. A estagnao do
sistema feudal, a partir da Baixa Idade Mdia, contribuiu para a acelerao das crises
internas e conseqente nascimento de uma estrutura mais dinmica, comercial e pr-
capitalista.
D. Sistema Capitalista
A origem histrica do capitalismo remonta Baixa Idade Mdia e aos efeitos
mais gerais da crise do sistema feudal. Ao longo de um processo secular, as estruturas
capitalistas foram se organizando e a sociedade burguesa foi tomando forma. A partir do
sculo XVIII, o capital acumulado primitivamente na Idade Moderna (capitalismo
comercial ou mercantil) consolidou o sistema atravs do investimento na produo
(Revoluo Industrial Inglaterra).
A partir da, sua evoluo at os dias atuais foi marcada por crises e contradies
que propiciaram a estruturao de novas idias: o socialismo.
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E. Sistema Socialista
Como vimos, a partir da Revoluo Industrial (sculo XVIII), o capitalismo
estruturou-se como sistema econmico maturado e consolidado historicamente. Com
ele, seguiram-se transformaes de tal ordem que garantiram a supremacia do
capitalismo sobre as outras formas de organizao existentes no mundo.
J o socialismo nasceu dos efeitos mais gerais advindos do progresso acelerado e
selvagem da industrializao.
Sua estruturao terico-ideolgica ocorreu no sculo XIX, a partir
principalmente das idias de Karl Marx, que propunha a revoluo atravs da qual o
operariado instalasse um Estado igualitrio ("ditadura do proletariado"). Esse Estado
assumiria a propriedade dos meios de produo, eliminando todos os vestgios nefastos
da propriedade privada e capitalista.
A Rssia foi a primeira nao a colocar em prtica a teoria marxista (Revoluo
Bolchevique, 1917).
F. Concluso
Ao longo da dcada de 80, o socialismo estatal do bloco sovitico dava claros
sinais de desgaste das suas estruturas. At mesmo uma parte de seus seguidores
comeava a erguer bandeiras e crticas contundentes contra o socialismo. A partir de
1985, Gorbatchev comandou reformas (Glasnost e Perestroika) na URSS, que
provocaram fissuras no regime e acabou por gerar uma avalanche irrefrevel, pondo
abaixo o modelo que fez contraponto ao capitalismo durante a maior parte do sculo
XX. As datas de 1917 e 1991, incio e o fim da URSS, assumem com isso a condio de
marcos fundamentais em nossa Histria Contempornea.
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Pr-Histria
1. Introduo
A Pr-Histria pode ser compreendida como um vasto perodo que se inicia com
o surgimento do homem em seu estado primitivo sobre a superfcie terrestre, h cerca de
um milho de anos, e termina com o surgimento da escrita (aproximadamente quatro
mil a.C).
Atravs da investigao e consequente estudo de fsseis, pinturas, desenhos e
objetos rsticos encontrados pelos pesquisadores (ex. arquelogos), pode-se reconstituir
tal poca.
De uma condio primitiva, passiva diante da natureza, o homem evoluiu:
descobriu o fogo, criou a agricultura, inventou a escrita e passou a viver em grandes
grupos organizados por meio de usos, costumes, regras e leis.
essa poca inicial da histria humana que estudaremos de forma panormica.
2. Origem do Homem
O perodo que vai da origem do homem at a inveno da escrita, h
aproximadamente 4000 a.C., chamado de Pr-Histria.
De acordo com a teoria de Darwin, a vida na Terra evoluiu das espcies simples
para as mais complexas. As que no se adaptaram desapareceram, tendo sido o homem
o elo mais complexo desse processo evolutivo.
O ancestral mais antigo do homem, conhecido como Driopithecus, viveu entre
25 e 8 milhes de anos atrs. Por volta de 15 milhes de anos atrs, membros dessa
espcie comearam a andar sobre as patas traseiras.
Aos primatas bpedes dessa espcie os cientistas deram o nome de homindeos.
O homindeo mais antigo de que se tem notcia o Australopithecus. Esses seres viviam
em bando em cavernas da frica, coletando alimentos na natureza. Outros indivduos da
famlia dos homindeos pertenciam ao gnero Homo. H cerca de 2 milhes de anos,
viveu o Homo habilis, que desenvolveu habilidades para manejar instrumentos de pedra
e introduziu a carne em sua alimentao. Depois de 500 mil anos, surgiu o Homo
erectus, que construa seus prprios abrigos, dominava o fogo e era capaz de articular
sons.
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H cerca de 350 mil anos surgiu o Homo sapiens. Os indivduos desse grupo
reuniam-se em bandos de caadores, introduziram rituais religiosos e provavelmente j
se expressavam por meio da fala.
Outro ramo, surgido h 100 mil anos o do Homo sapiens sapiens ,
aperfeioou as tcnicas de confeco dos instrumentos de caa e produziu diversas
obras de arte, com sentido religioso ou com o objetivo de comunicar-se.
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3. Os Principais Perodos
Pr-Histria subdividida em trs perodos: Paleoltico ou Idade da Pedra
Lascada; Neoltico ou Idade da Pedra Polida e Idade dos Metais.
A. Paleoltico
O Paleoltico se estendeu de 4 milhes de anos atrs at por volta de 8000 a.C.,
perodo no qual os homindeos e os homens pescavam, caavam e coletavam seu
alimento na natureza e comearam a produzir armas e instrumentos de caa.
O resfriamento do planeta, ocorrido h aproximadamente 100 mil anos, obrigou
o homem a encontrar abrigo, a cobrir o corpo para sobreviver e a conseguir alimento
alm da caa e da coleta.
B. Neoltico
No Neoltico (entre 8000 e 5000 a.C.), o homem aperfeioou seus instrumentos,
passou a criar animais e cultivar produtos agrcolas. Isso lhe permitiu deixar o
nomadismo e iniciar a vida sedentria. Nesse perodo, a populao cresceu e surgiram
as aldeias, onde se concentrava o poder poltico e religioso. O trabalho passou a ser
dividido.
C. Idade dos Metais
A partir da descoberta da fundio (5000 a.C.), comeou a Idade dos Metais. Os
primeiros objetos foram fundidos em cobre, ao qual se acrescentou depois o estanho
originando o bronze.
H 3500 anos, iniciou-se a fundio do ferro, que substituiu a pedra na
confeco de armas. A partir da, as cidades cresceram em regies do Egito e do Oriente
e comearam a surgir os primeiros registros escritos marcos da passagem para a
Histria.
(Panorama adaptado de Arruda, J.J de Andrade - Histria Antiga e Medieval, So
Paulo, tica, 1976 - pp. 39 - 40).
As transformaes que Levaram as Comunidades Primitivas Civilizao.
sempre problemtico pensar quais as mudanas que alteraram profundamente
a vida das comunidades primitivas (chamadas erradamente de pr-histricas) e
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permitiram a elas atingir um estgio de desenvolvimento cultural chamado
polemicamente de civilizao.
Dizer que a inveno da escrita foi o momento culminante daquele processo (ou
o limiar da Histria, como dizem outros) apenas uma meia verdade. Problemas mais
complexos so colocados: em que ordem as mudanas ocorrem, quais as mais
importantes, que caminhos tomaram as diferentes comunidades para se organizarem de
outra forma, que influncia teve o hbitat natural naquelas mudanas, etc.
Responder por que essas comunidades que viviam na igualdade, na fartura, na
liberdade transformaram-se em sociedades baseadas na desigualdade, na fartura para
uns e no pouco para outros, na liberdade para uns e opresso para a maioria, um
problema que se coloca para muitos antroplogos e historiadores que estudam esse
momento ou passagem ainda obscura da Histria da Humanidade.
Alguns pontos importantes:
1. Uma mudana fundamental na forma de trabalhar. O trabalho deixou de ser
realizado para garantir a sobrevivncia do grupo. Ele passou a ser compreendido como
uma obrigao, imposta por uma minoria poderosa, com uma finalidade nova, ou seja,
produzir o mximo possvel para acumular riquezas.
2. O aparecimento de sociedade mais complexa, diferenciada internamente em
camadas superpostas, originada a partir da diviso do trabalho, primeiro entre campo e
cidade, depois entre os diversos ofcios e profisses, funes econmicas e polticas.
3. O aparecimento do Estado, que serviu como um instrumento de dominao
de um pequeno grupo privilegiado sobre a maioria da populao. O poder, nesse
instante, j se apresenta autoritrio, opressor, imposto sobre a sociedade para control-
la.
4. A religio assume um carter ideolgico (da, sacerdotes, templos, divinizao
dos chefes, etc.) para justificar as relaes sociais e polticas; o conhecimento e
emprego da metalurgia; o avano tecnolgico na agricultura, que produz, ento,
excedentes; a domesticao de animais (Revoluo Agrcola); a produo de
manufaturas; a criao da linguagem escrita, etc.
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QUADRO-RESUMO
Antiguidade Oriental Egito e Mesopotmia
1. A Antiguidade Oriental e as Civilizaes dos Grandes Rios ou Hidrulicas
Com o aparecimento das civilizaes urbanas (Revoluo Neoltica/Sociedades
Hidrulicas) tm incio os "tempos histricos". Essas civilizaes surgiram s margens
dos grandes rios, prximas ao rio Nilo (Egito), aos rios Tigre e Eufrates (Mesopotmia),
ao rio Indo (ndia e Prsia) e a outros importantes vales frteis da sia e Oriente
Prximo.
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evidente que o papel desempenhado pela agricultura definiu isso, como
tambm o fato de esses rios terem suas margens frteis, em virtude do "regime de
cheias".
Dessas civilizaes, estudaremos a do rio Nilo e as dos rios Tigre e Eufrates,
que, sem sombra de dvida, tero fundamental importncia na busca da compreenso da
Histria Antiga do Oriente Prximo. Porm, nesta mesma regio, tambm conhecida
como Oriente Mdio, analisaremos outras civilizaes que contriburam de forma bem
significativa para a formao do mundo antigo, como, por exemplo, a Prsia, a Palestina
e a Fencia.
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Egito Antigo A. Quadro Natural
Vrios fatores geoclimticos contriburam sobremaneira para o estabelecimento
das populaes que, ao longo de milnios, foram se fixando nas diversas regies do
Oriente Mdio. Ainda no perodo Pr-Histrico, uma enorme estiagem tomou grande
parte do interior africano. Os animais e os homens primitivos, movidos pelo instinto de
sobrevivncia e pela busca da gua, foram buscar refgio no nordeste africano, no vale
do Nilo.
Portanto, podemos admitir que os habitantes do Egito comearam a se instalar e
fixar no vale do rio Nilo por volta da primeira parte do perodo Neoltico, dedicando-se,
a princpio, caa e busca da sobrevivncia e, posteriormente, agricultura.
Nesse contexto que se deu a ocupao e o incio do desenvolvimento dessa
civilizao caracterizada pela existncia de desertos e pela vasta plancie banhada pelo
rio Nilo.
A natureza tornou possvel o desenvolvimento da civilizao egpcia,
principalmente graas presena do rio Nilo, pois, na regio de suas nascentes (Etipia,
Sudo e Uganda atuais), caem a partir do ms de junho at setembro, abundantes chuvas
que provocam enchentes e alagam todo o vale percorrido pelo rio. Quando, a partir
aproximadamente do ms de novembro, as guas voltam ao leito normal, deixam nas
terras irrigadas um "limo" extremamente frtil (hmus). Esse material fertilizador
trazido de regies distantes, em consequncia da eroso provocada pela correnteza da
gua. Era esse hmus ou limo fertilizante, que misturava elementos naturais de origem
animal, vegetal e mineral, que tornava possvel a prtica da agricultura no Antigo Egito.
Essa ciclotomia do rio que contribuiu para a formao da peculiar sociedade ou
civilizao hidrulica egpcia.
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B. Panorama Econmico e Social
Desde o perodo Pr-Histrico, quando tiveram incio a ocupao e o
povoamento do vale do Nilo, a natureza do local escolhido favoreceu o
desenvolvimento da agricultura. Esta, por sua vez, seria a responsvel maior pela
sedentarizao do homem e pelo desenvolvimento de outras atividades humanas.
O Egito, como uma das mais privilegiadas e tpicas civilizaes ou sociedades
hidrulicas do Mdio Oriente, teve na agricultura a base de sustentao e concentrao
do seu trabalho. Favorecidas pelo rio, pelo adubo natural (hmus), pelas barragens de
conteno (diques/audes) e canais (irrigao), as terras revelaram generosidade nas
colheitas e fertilidade.
Ao longo do rio Nilo, desenvolveram-se plantaes de trigo, cevada e linho
feitas pelos fels (campesinato) e escravos (populaes dominadas), que impulsionaram
rapidamente a agricultura, graas ao aperfeioamento tcnico para a semeadura e
plantio. Arados primitivos puxados por bois e o uso de metais contriburam para
grandes colheitas, que transformaram o Egito num grande celeiro do Oriente.
As terras pertenciam comunidade como um todo, porm, o Estado coordenava
as atividades produtivas, enquanto os camponeses tinham apenas o direito de usufruto.
Uma parte da produo das boas colheitas era exportada. O comrcio era feito ao longo
do rio Nilo por embarcaes que subiam e desciam o "rio-deus" (vida e fertilidade),
lotadas de produtos agrcolas (cereais) e artesanais. A fiao, a tecelagem, a produo
de gneros artesanais derivados das folhas de papiros (planta do delta do rio Nilo) e a
ourivesaria patrocinaram um significativo desenvolvimento do comrcio interno, na
medida em que poucas relaes eram mantidas com o exterior.
O pastoreio de gados bovino e ovino tambm poderia ser visto nas regies de
pastos ribeirinhos. Contudo, podemos dizer que predominava no Egito a economia
natural.
O Egito tornou-se, com isso, durante a Histria, uma imensa civilizao que, ao
correr atrelada ao comportamento do rio, dedicou-se a trabalhar o solo e a levar uma
vida relativamente pacfica.
As diferenas sociais, nessas sociedades hidrulicas, tiveram origem quando a
disputa pela posse das terras frteis e cultivveis colocou, de um lado, os egpcios
apenas possuidores da fora de trabalho (massa camponesa ou fels e escravos); de
outro, os proprietrios das terras (obtidas pela fora e mantidas atravs da religiosidade,
fanatismo, misticismo e proteo dos deuses e sacerdotes).
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No ponto mais alto da pirmide social havia o rei (fara) e a famlia (nobreza). O
rei, por considerar-se descendente da divindade, possua prerrogativas nicas.
A classe sacerdotal tambm ocupava importante posio na hierarquia social,
pois, juntamente com a nobreza, era proprietria das terras e detentora da fora de
trabalho (campesinato).
Com o desenvolvimento das atividades comerciais e artesanais (Mdio Imprio),
conheceu-se o desenvolvimento de uma classe mdia que chegou, por conta de suas
caractersticas empreendedoras, a conquistar alguma posio social e influncia sobre o
governo.
Os funcionrios ou burocracia do Estado faranico passaram a ocupar, ao longo
da histria do Antigo Egito, um lugar de destaque principalmente no tocante
arrecadao de tributos dos camponeses.
Existia toda uma hierarquizao de escribas cuja posio variava de acordo com
a confiana neles depositada pelo Estado (fara, nobreza e alta classe sacerdotal).
Os operrios tinham uma posio e situao desfavorveis em relao aos
camponeses, pois eram estes que imortalizavam o deus-rei (fara). Funcionrios
especiais fiscalizavam os fels.
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A massa de escravos era submetida aos trabalhos mais duros, como bombear
gua para os canais de irrigao e audes. Os escravos foram mais numerosos a partir do
Novo Imprio, quando grande nmero deles foi feito pelas guerras.
Apesar da existncia de escolas pblicas mantidas pelo Estado faranico, estas
formavam principalmente escribas que iam trabalhar na administrao governamental.
C. Evoluo Histrico-Poltica
Como j podemos observar, o Egito limitava-se basicamente, ao vale do rio
Nilo, cujas inundaes peridicas irrigavam, umedeciam e fertilizavam a terra. Da o
desenvolvimento de uma agricultura de regadio. Sua evoluo histrico-poltica pode
ser analisada em dois grandes perodos:
I) O Perodo Pr-Dinstico ( 4000 a.C.3200 a.C.)
Anterior ao aparecimento da primeira dinastia de Faras, que eram soberanos
absolutos, considerados filhos dos deuses. Nesse perodo, a populao se organizava em
nomos (semelhantes a cidades-estado), governada pelos nomarcas. Ao final desse
perodo, os nomos estavam agrupados em dois reinos, o do norte e o do sul.
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II) Perodo Dinstico (3200 a.C. 525 a.C.)
a. Antigo Imprio (3200 a.C. 2400 a.C.)
Iniciado com a unificao dos dois reinos, feita por Mens, o primeiro fara. Foi
uma poca de grandes realizaes, entre as quais a construo das pirmides de
Qufren, Quops e Miquerinos.
Entre 2300 2100 a.C. houve um perodo de instabilidade caracterizado pelo
enfraquecimento do poder faranico e pelo fortalecimento dos poderes locais
(nomarcas).
b. Mdio Imprio (2100 a.C. 1788 a.C.)
Nesse perodo o poder central (fara) foi restabelecido e terminou com a invaso
e dominao do Egito pelos hicsos, povo nmade guerreiro vindo da sia Menor
(perodo de dominao hicsa 1788 a.C. 1580 a.C.).
c. Novo Imprio (1580 a.C. 525 a.C.)
Foi o perodo do militarismo e expansionismo egpcio, em que surgiram faras
famosos por suas conquistas, como Tutms III e Ramss II. Aps uma fase de
esplendor, marcada, inclusive, por grandes obras pblicas. (Templos de Crnac e
Luxor), o Egito entrou em processo de decadncia secular, sendo conquistado
sucessivamente por assrios, persas, macednios e romanos.
D. Religio e Cultura
Embora tenha se transformado ao longo dos sculos, a religio egpcia tinha
como caractersticas a crena em vrios deuses (politesmo) e a adorao aos elementos
da natureza.
Osris, sis e Set eram os deuses ligados lenda da origem do Egito,
representando o ciclo natural das cheias do rio Nilo. Posteriormente, outros deuses
foram introduzidos, como R e Amon, estes ltimos sendo adorados mais tarde como
um s.
Os deuses eram representados muitas vezes por figuras antropozoomrficas
gerando com seus poderes uma rica mitologia.
Os grandes templos como Luxor e Crnac demonstram a importncia da
religio. Acreditando que os deuses viviam nos templos, a populao peregrinava at
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eles, em busca da bno e soluo dos seus problemas. Da a importncia da classe
sacerdotal, pois faziam o papel de intermedirio entre o povo e os deuses.
Os egpcios acreditavam na vida aps a morte, para tal era necessrio passar pelo
julgamento dos deuses e conservar o corpo intacto. Assim, eles desenvolveram a tcnica
de mumificao.
Os tmulos eram muito importantes. Os que se destinavam aos faras eram
verdadeiros monumentos que abrigavam toda sorte de pertences e objetos, sendo os
maiores exemplos as mastabas, os hipogeus e as pirmides.
A arquitetura foi a maior realizao artstica, representada pelos templos e
pirmides. A pintura e a escultura tambm tiveram importncia, revelando o cotidiano e
o carter religioso dos egpcios.
O clculo das construes e a cobrana dos impostos levaram os egpcios ao
desenvolvimento da matemtica (aritmtica e geometria). A medicina tambm teve
avanos em funo da conservao e estudo dos corpos (mumificao).
A grande contribuio da civilizao egpcia foi a escrita que inicialmente era
hieroglfica.
Com o passar do tempo, foi simplificada e passou a ser chamada de hiertica ou
demtica.
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Mesopotmia
A. Localizao e Condies Geogrficas
Podemos dizer que a Mesopotmia, do ponto de vista geogrfico, uma estreita
faixa de terra frtil situada na sia Menor ou Ocidental e que est inserida entre os rios
Tigre (Tigris) e Eufrates. Do ponto de vista geoclimtico, podemos observar certas
semelhanas com o Egito, pois os dois rios fornecem excepcionais condies para o
transporte de produtos, caa e pesca abundantes. O regime de cheias dos rios est
atrelado ao derretimento da neve das grandes montanhas do interior do continente
asitico, que, ao inundar as terras, permite a irrigao, a fertilizao e a concentrao de
barragens (diques/audes).
Seu clima extremado, pois tem como marca as altas temperaturas do deserto e
os invernos rigorosos.
As cheias desses rios alagavam e fertilizavam grande parte das plancies, mas
no eram to regulares como as do rio Nilo (Egito), o que exigia maior esforo e
trabalho para o aproveitamento do ciclo de cheias e fertilizao.
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Civilizaes como as dos sumrios, acdios, amoritas, elamitas, caldeus, assrios
e mais um grande nmero de povos disputaram a posse das terras frteis e arveis. Os
povos das plancies (caldeus), favorecidos pelas cheias (fertilizao), dedicaram-se
agricultura e sofriam o constante assdio dos povos montanheses (assrios) que viviam
mais do saque e do pastoreio (guerra).
As civilizaes ou populaes ribeirinhas (hidrulicas/regadio) puderam
desenvolver-se mais e, por isso, foram mais evidentes nos planos cultural e econmico.
B. Panorama Econmico e Social
Podemos afirmar que a base da economia mesopotmica era a agricultura,
favorecida pelas cheias dos rios (Tigre e Eufrates / sociedades hidrulicas). Na regio da
Assria, ao norte da Mesopotmia, as condies climticas eram bastante duras devido
escassez de vegetao e de chuvas. Ao sul, na regio da Caldeia, as plancies alagadas
permitiram grandes plantaes e generosas colheitas, apesar da irregularidade das
inundaes.
O Estado controlava os trabalhos agrcolas, a utilizao das terras e a construo
de audes e canais de irrigao. Os produtos mais cultivados eram: o trigo, a cevada e o
centeio. O pastoreio de carneiros para a produo de l, como tambm o de gado bovino
e equino, para transporte e trao, tambm foram bastante difundidos.
No plano das atividades artesanais, podemos dizer que eram um complemento
do setor agrcola. Seu desenvolvimento maior se deu no campo da confeco de tecidos
de l, na metalurgia (estanho e cobre), nas joias e bijuterias.
O comrcio local e o regional ativo propiciaram o desenvolvimento de um
prspero comrcio externo, que se dirigiu principalmente s regies do Cucaso, do
Indo (ndia/Prsia) e da sia Menor ou Ocidental.
As transaes comerciais eram feitas basicamente in natura ou trocas, usando-se
tambm barras de metais preciosos (ouro / prata). Os comerciantes mesopotmicos
exportavam cereais, tecidos, armas e objetos de metal, e importavam marfim, pedras
preciosas, metais (estanho / cobre) e uma grande gama de matrias-primas.
O desenvolvimento comercial trouxe, como uma de suas importantes
consequncias, a organizao financeira atravs da instituio de bancos, atividades de
crdito e juros (financiamento). Os mesopotmicos j usavam recibos, escrituras, cartas
de crdito para a dinamizao de suas relaes econmico-comerciais.
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Por fim, em uma anlise comparativa, podemos dizer que a economia
mesopotmica era menos intervencionista do que a egpcia.
Como no Egito, a posse da terra era comunitria, sendo o Estado o proprietrio
geral de todas as terras. O Estado recebia os rendimentos sob a forma de tributos. Isso
determinou que as classes sociais ligadas ao Estado, e que o representavam, se
beneficiassem com as rendas resultantes do trabalho da terra (nobreza / alta classe
sacerdotal / burocracia).
Como uma tpica representante do sistema asitico, a Mesopotmia tinha nos
templos a instituio que concentrava e dirigia as atividades econmicas do Estado.
Podemos dizer, genericamente, que, na Mesopotmia, apesar da existncia de
escravos (guerras), predominavam os homens livres (campesinato / artesos /
comerciantes).
No plano social, podemos observar um quadro social caracterizado pela sua forte
rigidez.
Comerciantes e proprietrios (homens livres) e escravos compunham, ao lado
dos artesos, mdicos, funcionrios e escribas, as camadas sociais bsicas dos povos
mesopotmicos.
A posio social dos comerciantes e proprietrios era determinada pela
acumulao e condio econmica. A famlia, nessa condio social, exercia um papel
importante, tendo a mulher uma relativa independncia.
Os escravos, por sua vez, apesar da no-existncia de uma sistematizao, como
veremos na Antiguidade Clssica, eram vistos e tratados como objetos e instrumentos
de trabalho.
C. Evoluo Histrico-Poltica
Podemos dizer que, na Mesopotmia notabilizaram-se quatro povos
sucessivamente: os sumrios, babilnios, assrios e caldeus.
Os sumrios viviam, primitivamente, no sul, e chegaram a desenvolver uma
cultura notvel, de 3500 2000 a.C. Unificaram as cidades-Estado da regio e as
dominaram por sculos. Sua capital, durante um largo perodo, foi a cidade de Ur.
Foram conquistadores e marcaram as origens civilizatrias da Mesopotmia.
Os babilnios, conhecidos, a princpio, como amoritas, subjugaram os sumrios,
em 2000 a.C. e fixaram sua capital na Babilnia, donde surge sua denominao. Entre
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seus reis, destacou-se Hamurbi, pelas suas conquistas e pela adoo do famoso cdigo
de leis. Em 1750 a.C., os babilnios foram dominados pelos cassitas, vindos da sia
Menor.
Os assrios eram povos antigos no norte da Mesopotmia e estenderam seus
domnios sobre ela, a partir de 1300 a.C. Sua capital era Nnive, e profundamente
militaristas e guerreiros violentos e cruis, chegaram a formar um grande imprio que
alcanou at o Egito. Entretanto, no puderam mant-lo, pois a crueldade com que
tratavam os vencidos levaram os povos dominados a constantes revoltas.
Os caldeus, ou neobabilnios, habitavam o sul e eram os maiores rivais dos
assrios, conseguindo domin-los em 612 a.C. Apoderaram-se, posteriormente, de
grande parte das terras conquistadas pelos assrios. Seu mais famoso rei foi
Nabucodonosor II, clebre como conquistador e como reformador da capital, Babilnia.
Ali, fez construir os Jardins Suspensos, considerados uma das mais belas obras
arquitetnicas da Antiguidade. Em 539 a.C., os caldeus caram sob o domnio persa.
Posteriormente, seriam conquistados por macednios e romanos.
D. Religio e Cultura
De um modo geral, os povos mesopotmicos adoravam vrios deuses ligados
natureza e aos astros, dando-lhes uma configurao humana.
Na verdade, cada povo tinha seu deus preferido, como Marduck entre os
babilnios, Assur entre os assrios, e Ishtar, deusa cultuada por todos os povos
mesopotmicos.
Os mesopotmicos desenvolveram a magia, a adivinhao e a astrologia como
instrumentos para descobrir a vontade de seus deuses e conseguir proteo para a vida
terrena, j que no cultuavam a vida ps-morte como os egpcios.
Os templos construdos em homenagem aos deuses funcionavam como bancos
ou depsitos para armazenar os cereais. A classe sacerdotal era muito poderosa e
interferia no poder atravs do misticismo e magia (horscopos / astrologia).
No plano cultural, os povos mesopotmicos desenvolveram uma srie de
atividades como a Arquitetura, Astronomia, Matemtica e a escrita.
A Arquitetura dedicou-se construo de templos como o zigurate e palcios
feitos em tijolos de argila. A Escultura e a Pintura existiram em funo da Arquitetura
(baixo relevo e mural).
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Na Matemtica, desenvolveram estudos acerca das operaes matemticas e dos
princpios de geometria aplicada. O estudo de Astronomia, os mapas estelares, a diviso
de ngulos, o calendrio de sete dias e os graus foram outras descobertas feitas nos
templos pelos sacerdotes monopolizadores da cultura mesopotmica.
A escrita cuneiforme, grande realizao dos sumrios, tambm marcou a
Mesopotmia e o Mdio Oriente. Caracteres gravados em tabletes de argila
sobreviveram ao tempo, sendo decifrados pelos arquelogos Rawlinson e Grotefend.
Talvez a maior obra da Literatura mesopotmica seja o Cdigo de Hamurbi.
Apesar de no ser original, pois uma compilao de leis sumerianas e costumes
semitas, contm 282 leis tratando dos mais variados temas. Suas principais
caractersticas so: a "pena de Talio", isto , "olho por olho, dente por dente", a diviso
social em camadas e a busca da organizao do Estado mesopotmico (Primeiro
Imprio Babilnico).
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Antiguidade Oriental - A Prsia
A. Localizao e Condies Geogrficas
Estendendo-se da Mesopotmia (Oriente Mdio) em direo ao vale do rio Indo
(sia Maior), encontramos o planalto iraniano. Grande parte desta regio marcada por
elevada altitude (2000 metros).
Seu clima seco e quente, com poucas chuvas.
O solo rido, com algumas pequenas faixas de terra frtil nos vales, onde se
formam, em meio ao deserto, os osis.
Por volta do II milnio a.C., essa regio passou a sofrer invases de tribos de
pastores de origem ariana (indo-europeus), que deram origem a dois reinos principais:
ao norte, a Mdia e, ao sul, a Prsia.
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B. Panorama Econmico e Social
A agricultura ocupou importante posio entre as atividades econmicas dos
persas ("vale do Indo"), os quais cultivaram grande variedade de cereais e frutas.
O artesanato de tecidos de luxo, joias, armas, moblia e mosaicos finos de forte
influncia mesopotmica, aliados ao comrcio externo, foram importantes atividades
econmicas entre os persas.
Mas o ambiente econmico teve seu perodo de maior desenvolvimento sob o
governo de Dario I (sculo VI a.C.). Atravs de grandes conquistas e conseqente
formao de um vasto Imprio, Dario estimulou o comrcio e a agricultura. Introduziu o
uso da moeda (drico) para articular e organizar o comrcio entre as vrias partes do
vasto Imprio, o que incrementou sobremaneira a economia e as finanas. Com a
abertura de estradas, dinamizou as comunicaes (correios) e assegurou, durante seu
governo, o rpido abastecimento de suas principais cidades (Susa, Perseplis e
Pasrgada).
Do ponto de vista social, os nobres privilegiados, donos das melhores e vastas
propriedades, detinham e exerciam grande influncia na direo dos negcios polticos e
sobre a massa camponesa.
Os sacerdotes, chamados entre os persas de magos, tambm possuam grande
influncia social, no s pela funo espiritual, mas tambm pelo poder temporal e
cultural (riquezas dos templos / sabedoria).
Como uma tpica civilizao hidrulica e asitica, os camponeses constituam a
grande maioria da populao. Viviam principalmente da agricultura ou como nmades
nas plancies e montanhas iranianas, dedicando-se ao pastoreio.
C. Estrutura e Evoluo Poltica
A forma de governo predominante entre os persas foi a monarquia absoluta.
Com a morte do mais importante rei da Prsia, Dario I, os seus sucessores viram o
poder real decair, passando o monarca a sofrer forte influncia da nobreza.
A histria poltica dos persas remonta ao sculo VIII a.C. quando os assrios, no
auge do seu expansionismo militar, dominaram os medos. As tribos, apesar da
diversidade de suas origens e do poderio assrio, uniram-se na luta contra o invasor. Por
volta do sculo VII a.C., o reino medo (norte da Prsia) estava formado, tendo como
capital a cidade chamada Ecbtana.
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Os reis medos, durante quase todo o sculo VII e VI a.C., com um exrcito bem
armado e disciplinado, tentaram impor o domnio aos persas e aniquilar o militarismo
assrio na regio. Apoiados pelos babilnios e pelos citas apoderaram-se de Nnive
(capital da Assria).
Por volta da segunda metade do sc. VI a.C., Ciro, prncipe persa, unificou as
tribos e formou o Imprio persa. A partir desse fato, os persas conquistaram os medos e
iniciaram sua expanso pela sia Menor, Fencia e Palestina. Em 538 a.C., os persas
invadiram a Mesopotmia, conquistando a cidade da Babilnia. Anos mais tarde,
Cambises, filho de Ciro, promoveu a conquista do Antigo Egito.
O Imprio persa, com a conquista do Antigo Oriente, tornou-se o maior Imprio
em extenso da Antiguidade Oriental, e Susa, sua mais importante cidade e capital.
Mas, sem sombra de dvida, o apogeu do Imprio persa se deu no reinado de Dario I,
durante o final do sculo VI e incio do sculo V a.C.
Dario promoveu a consolidao do domnio persa sobre os povos conquistados e
expandiu as possesses persas at a ndia.
Todo esse grande Imprio foi dividido em provncias ou regies administrativas
chamadas satrapias. Em cada provncia, foi colocado um funcionrio real chamado
strapa.
Pelo fato de exercerem grande poder sobre os povos vencidos, os strapas eram
fiscalizados por funcionrios reais ("olhos e ouvidos do rei"). Apesar da diviso
administrativa, o poder monrquico continuou sendo rigidamente centralizado e
desptico.
Dario tambm dinamizou a economia quando cunhou moedas de ouro e prata
(dricos) e construiu estradas que ligavam as satrapias s cidades onde residia,
aperfeioou o sistema de comunicao atravs de correios.
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Todo esse vasto Imprio comeou a ruir por um conjunto de fatores, como: as
guerras constantes, a grande extenso territorial e a incapacidade dos sucessores de
Dario I.
No reinado de Dario III, por volta de 330 a.C., o Imprio persa caiu sob o
domnio de Alexandre, o Grande, da Macednia.
D. Religio e Cultura
O masdesmo criado por Zoroastro (Zaratustra) tem como princpio bsico o
dualismo religioso. Baseado em rgidas normas de moral, tem seus fundamentos
inscritos no Zend Avesta, o livro sagrado dos persas antigos.
Essa religio admite a existncia de duas divindades opostas e independentes:
Ormuz Mazda e Arim. Ormuz Mazda tido como o criador de tudo que bom na
Terra, sendo o deus da justia (direito), da felicidade humana, da natureza e da luz.
Protegia e favorecia os que viviam em famlia, pregando a verdade e o bem. Por outro
lado, Arim, fonte de todo o mal, era a divindade da escurido e das misrias do homem
e da natureza (crimes, doenas, pecados..., etc.).
A luta entre o bem e o mal terminaria com a vitria de Ormuz Mazda na
concepo mito-religiosa do masdesmo; e, com isso, os que ficassem do lado de Arim
seriam destrudos.
Podemos salientar tambm que o dualismo persa influenciou o cristianismo no
que toca dicotomia entre cu e inferno. A religio persa acreditava na imortalidade da
alma e na vinda de um messias. A predio do futuro atravs do horscopo
mesopotmico tambm marcou o culto persa.
No plano cultural, os persas no foram originais, pois sofreram grandes
influncias dos povos conquistados (assrios, babilnios, hititas e egpcios).
A Arquitetura, com forte influncia egpcia, teve como maiores exemplos as
cidades de Pasrgada e Perseplis.
Antiguidade Oriental - A Palestina
A. Localizao e Condies Geogrficas
A Palestina era um pequeno territrio situado entre o mar Mediterrneo, a
Fencia, a Sria e os desertos rabes (Oriente Mdio). Seu solo era irrigado e fertilizado
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pelas guas do rio Jordo, que cruzam de norte a sul esse territrio, desembocando no
mar Morto ("crescente frtil").
De um modo geral, as condies geoclimticas eram muito duras, dificultando
sobremaneira a atividade agrcola. Por outro lado, nas margens do rio Jordo, a situao
era diferente, pois existiam gua, vegetao e terras frteis e arveis. Por conta disso,
ocorreram constantes invases do territrio palestino. Outro fator de ocupao da regio
era sua posio estratgica, pois era local de passagem obrigatria entre a frica e a
sia.
B. Panorama Econmico e Social
No plano econmico, o clima rido e a terra seca impuseram aos habitantes da
Palestina o pastoreio de ovinos e caprinos, e a agricultura nas poucas regies frteis,
como o vale do rio Jordo.
A cultura de cereais, oliveira e figueira no eram suficientes para o sustento do
povo que se via, muitas vezes, assolado pela fome e pelas doenas. Alm do pastoreio,
que fornecia o leite, a l e a pele, nenhuma outra atividade tinha importncia econmica.
O comrcio e o artesanato eram restritos, havendo, apenas em pequena escala,
transaes comerciais com o Egito, Fencia, Mesopotmia e Arbia.
Podemos dizer que as tribos que imigraram para a Palestina, de um modo geral,
eram semitas (cananeus, filisteus, hebreus). Tendo como caracterstica inicial o
seminomadismo, a sociedade palestina ou hebraica primitiva tinha como base a famlia
patriarcal, em que os costumes e a tradio regulavam as relaes comunitrio-sociais.
O pai exercia autoridade praticamente ilimitada sobre os filhos. A poligamia era
tolerada, mas predominava o casamento monogmico. O direito primogenitura era
reconhecido, principalmente, nas questes de heranas familiares.
Como nas outras sociedades orientais e, principalmente, a partir do
estabelecimento da monarquia hebraica (II para o I milnio a.C.), a diviso social era:
nobreza (famlia real), comerciantes, servos (camponeses) e escravos.
C. Estrutura e Evoluo Poltica
A organizao poltica da Palestina era, nos seus primrdios, tribal e baseava-se
no patriarca. S a partir do II para o I milnio a.C., podemos observar a consolidao
dos reis hebreus. A monarquia era absoluta, sendo considerada uma designao divina.
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Os monarcas, como nas civilizaes orientais de um modo geral, viviam em uma corte
luxuosa, cercados de um sem nmero de funcionrios (burocracia).
Na evoluo poltica da Palestina na Antiguidade, podemos destacar vrios
povos, entre eles: os cananeus, filisteus e hebreus.
Os cananeus, povo de origem semita, fundaram cidades e tentaram impedir a
entrada de outros grupos nmades na Palestina antiga, tambm chamada de Cana.
Por volta do II milnio a.C., iniciaram suas incurses na Palestina outras tribos
nmades e semitas, os hebreus. Na mesma poca, vindos do mar, os filisteus
promoveram a conquista do litoral e entraram pelo interior, defrontando-se com os
hebreus.
Sem dvida, os hebreus, originrios da Arbia, deslocando-se frequentemente
em busca de terras frteis e melhores pastagens, tornaram-se, com sua organizao
econmica agropastoril e sua estrutura tribal e patriarcal, o grande povo da Palestina
antiga.
Como j vimos, os hebreus, quando ocuparam a Palestina, eram nmades e
estavam organizados em cls (12 tribos).
Devido a uma grande crise de fome, emigraram para o Egito no perodo do
Mdio Imprio, onde foram aceitos pelos hicsos, povos de origem semita que haviam
dominado o "pas dos faras".
Aps esse perodo de ocupao, por volta do novo Imprio no Egito, os hicsos
foram expulsos, seguindo-se tambm uma grande perseguio aos hebreus que, guiados
pelo grande lder Moiss, retornaram Palestina (xodo).
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Organizados em doze tribos, conquistaram a regio, combatendo principalmente
a presena dos filisteus. Depois disso, as tribos hebraicas uniram-se, formando um
Estado nico, tendo como capital a cidade de Jerusalm, e como primeiro rei, Saul.
Vrios reis se sucederam, atingindo o apogeu poca de Salomo. Com sua
morte, ocorreu o "cisma" dos hebreus. Dez tribos reuniram-se ao norte da Palestina,
formando o reino de Israel (Samaria) e duas tribos ao sul fundaram o reino de Jud
(Jerusalm). Com isso, os hebreus, que sempre foram militarmente fracos, foram
dominados e escravizados muitas vezes. O enfraquecimento hebraico permitiu a invaso
e a destruio de Israel pelo rei assrio Sargo II. Jud no resistiu aos babilnios que,
conduzidos pelo rei Nabucodonosor, dominaram e levaram os hebreus para o "cativeiro
da Babilnia".
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A libertao dos hebreus s ocorreu quando Ciro, rei persa (539 a.C.), invadiu e
dominou a Babilnia, permitindo aos hebreus cativos o retorno "terra prometida".
Embora tivessem readquirido a liberdade e a Palestina, os hebreus continuaram
sofrendo invases at, finalmente, carem sob o domnio romano (por volta de 63 a.C.).
Posteriormente, devido s revoltas dos hebreus, os romanos destruram suas cidades, o
que espalhou o povo hebreu pelo mundo antigo ("dispora hebraica"). A nica forma
que o povo de Jud teve para manter sua unio foi a religio, conservando crenas e
cultura.
D. Religio e Cultura
A religio hebraica era a nica marcadamente monotesta da Antiguidade
Oriental. O monotesmo dos hebreus ou judeus (Jud) foi resultante de uma longa
evoluo da religio original das vrias tribos hebraicas de influncias orientais (Egito).
O judasmo, religio surgida a partir do lder hebreu Moiss, caracteriza-se, alm
do monotesmo, pela crena na imortalidade da alma, no juzo final, e na vinda do
Messias ("enviado do Senhor"). Jeov, como chamado seu Deus, onipresente e todo-
poderoso e como tal no pode ser representado em pinturas ou esculturas.
O declogo ou "10 mandamentos" so os princpios bsicos do judasmo que, de
acordo com o "Antigo Testamento", foram ditados por Jeov a Moiss (monte Sinai).
O principal documento desta civilizao, escrito em hebraico e aramaico, o
chamado "Antigo Testamento". Os livros do "Antigo Testamento" (Pentateuco, Profetas
e Hagigrafos) formam a "Bblia dos Judeus". O "Antigo" e o "Novo testamento"
constituram a base da "Bblia Crist", que teve em comum com o judasmo a regio e
seus princpios religiosos.
Podemos afirmar, portanto, que a maior contribuio dos hebreus no plano
cultural foram os princpios religiosos literrios contidos na bblia (escrita hebraica).
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Antiguidade Oriental - A Fencia
A. Localizao e Condies Geogrficas
A Fencia localizava-se na regio oriental do mar Mediterrneo (Oriente Mdio
Lbano). Seu territrio era caracterizado por uma estreita faixa litornea (200 km)
limitada pelo mar e as montanhas, onde abundava o cedro. No existia uma grande
poro de terra frtil para a agricultura e o pastoreio.
Povos de origem semita, vindos da costa norte do mar Vermelho, os fencios
foram se mesclando aos povos de etnias orientais. As caractersticas geogrficas
determinantes (acidentes geogrficos) da regio impulsionaram os fencios desde cedo
navegao.
B. Panorama Econmico e Social
Os fencios praticavam a agricultura nos pequenos vales onde cultivavam
oliveiras, vinhas, cereais, algodo, linho e rvores frutferas. Apesar de excelentes
agricultores, foram mais conhecidos pela sua "indstria" artesanal e, principalmente,
pelo comrcio martimo. No plano da produo artesanal, desenvolveram a metalurgia,
a vidraaria e a tecelagem. Confeccionavam tecidos de l tingidos, vidros coloridos,
joias (ouro e prata), vasos, enfeites e utenslios domsticos (bronze e cobre).
Mas foi sem dvida o comrcio martimo sua mais significativa atividade
econmica. Baseando-se na exportao dos seus produtos artesanais e na intermediao,
os fencios criaram a mais vasta rede de portos e rotas comerciais da Antiguidade
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Oriental (cidades-colnia: Cartago, Cdis, Marselha, etc.). A Fencia se constituiu em
uma talassocracia.
Do ponto de vista social, havia uma relativa mobilidade ocasionada pela
dinmica comercial. A sociedade fencia era constituda de pequenos e grandes
comerciantes, artesos e escravos, gerados pelo intenso comrcio fencio.
A maior parcela da populao era constituda de artesos e navegadores que
trabalhavam em funo da oligarquia mercantil dominadora das atividades comerciais
martimas. Essa elite mercantil detinha no s o poder socioeconmico, mas tambm,
como veremos, o poder poltico (cidades-Estado).
C. Estrutura e Evoluo Poltica
Como vimos, os fencios caracterizaram-se pela excelncia do seu comrcio
martimo e artesanato, baseando sua existncia, como civilizao oriental, na exportao
de pescados, artesanato, objetos variados, como tambm na prtica da pirataria e do
comrcio de escravos na orla do Mediterrneo. Sendo assim, o poder poltico era
exercido pelos ricos comerciantes e artesos, nas cidades-Estado. Cada centro desse
passou a ter sua oligarquia mercantil, e, muitas vezes, at um rei, sem contudo atingir o
modelo absoluto e teocrtico das civilizaes orientais vizinhas (Egito / Mesopotmia).
Como podemos observar, a Fencia no era um Estado unificado. Constitua-se
de vrias cidades-Estado que possuam em comum aspectos culturais, mas no
constituam uma unidade poltica e econmica. As cidades mais importantes eram: Tiro,
Sidon e Biblos. Tanto nas cidades-Estado, como nas vrias colnias, concesses e
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feitorias fundadas pelos fencios no Mediterrneo, a "aristocracia mercantil" e a classe
sacerdotal detinham o poder na sua totalidade.
D. Religio e Cultura
A religio fencia era como as demais religies da Antiguidade Oriental,
politesta. Adoravam, entre outros deuses, o Sol e a Lua. O culto era, s vezes, bastante
violento, havendo frequentemente sacrifcios humanos, principalmente de crianas.
Cada cidade tinha seus deuses principais chamados de Baal e Baalat.
No plano cultural, os fencios, para facilitar a escriturao comercial, criaram um
alfabeto de 22 letras que, junto com as tcnicas de navegao, teve grande difuso e
consequente evoluo na Histria Antiga.
Antiguidade Clssica Grcia
1. Grcia Localizao e Condies Geogrficas.
A Grcia Antiga ou Clssica ocupava a parte meridional da pennsula dos
Blcs, as ilhas do mar Egeu e a costa da sia Menor.
A Hlade, ou territrio grego, era composta de trs regies diferentes: a parte
continental, a peninsular e a insular (sul dos Blcs e ilhas do Egeu). No perodo de sua
expanso colonizadora, a Grcia anexou a costa do mar Egeu (sia Menor) e o sul da
pennsula Itlica.
A parte continental grega, por sua vez, era subdividida em: Grcia Setentrional,
Central e Meridional.
Na Grcia Setentrional, o piro (oeste) e a Tesslia (sul) eram as regies mais
importantes. Pelo desfiladeiro das Termpilas, chegava-se parte central, onde se
destacavam as regies da Becia e da tica. Pelo istmo de Corinto, ligava-se Grcia
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Central a parte meridional (Lacnia, Messnia e Arglida). A partir da Grcia Central,
podemos observar as vrias pennsulas que surgem ao longo do litoral grego.
Na parte insular, podemos destacar: Eubia, Lesbos, Samos, Rodes, Creta e
Delos.
A Grcia marcada pelo seu relevo acidentado, sendo o interior montanhoso e o
litoral bastante recortado (golfos, enseadas e ilhas). O clima temperado e muito
aprazvel. Do solo pobre, os gregos tiraram trs produtos marcantes: o trigo, as uvas
(vinho) e azeitonas (oliva).
Todas essas condies geogrficas (relevo acidentado) explicam a tendncia que
os gregos apresentavam de se integrarem com o exterior como forma de superar as
dificuldades geradas pela natureza e diferenas internas (povoamento/cidades-Estado).
2. Evoluo da Histria Grega
A. Origens e Povoamento.
Nas suas origens, a civilizao grega est intimamente relacionada histria de
Creta, que desenvolveu uma brilhante civilizao entre os sculos XX a XV a.C.
Tendo uma situao geogrfica privilegiada, essa grande ilha do Egeu teve
contatos martimo-comerciais com as mais importantes civilizaes orientais e com a
Grcia. Creta teve a mais plena hegemonia comercial sobre a orla do Mediterrneo,
estendendo seus domnios Grcia Continental.
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Porm, em meados do sculo XV a.C., os aqueus, povos que habitavam grande
parte da Grcia Continental, invadiram e dominaram Creta. Esse fato deu incio
civilizao creto-micnica que tanto contribuiu para o desenvolvimento do povoamento
e a formao da Grcia e da prpria Antiguidade Clssica.
Contudo, o povoamento da Grcia, que marcou sobremaneira o perodo
conhecido como pr-Homrico (sculos XX XII a.C.), tem provavelmente nos
pelasgos, ou pelgios, os primeiros habitantes da Grcia. Ao que tudo indica, esses
povos de cultura primitiva e rudimentar, por volta do sculo XX a.C., organizados em
comunidades primitivas, ocupavam a poro litornea e pontos isolados da Grcia
Continental. Foi por volta desse perodo que tiveram incio, na Grcia, as migraes e
invases que se estenderam at o sculo XII a. C.
Os povos invasores, de origem euro-asitica ou indo-europeia (arianos),
chegaram em vagas populacionais, assimilando e subjugando os primitivos pelasgos.
Os primeiros grupos indo-europeus que invadiram a Grcia foram os aqueus, ali
se estabelecendo entre os sculos XX e XVIII a.C. Foram os aqueus os fundadores de
Micenas, cidade que, ao se expandir, conquistou e constituiu o bero da civilizao
creto-micnica.
Entre os sculos XVIII e XV a.C., outros povos chegaram Grcia: os elios,
que se fixaram na Tesslia e regio e os jnios ocuparam a tica, onde posteriormente
fundaram aquela que seria a mais importante cidade-Estado grega: Atenas.
Por volta do sculo XV a.C, com o declnio cretense, Micenas passou a viver um
intenso desenvolvimento, que teria seu final com as invases dos drios (sculo XIII
a.C.).
Povos notadamente guerreiros, os drios foram o ltimo povo, de origem indo-
europeia, que migrou para a Grcia. Ao que tudo indica, foram os responsveis pela
destruio da civilizao micnica e posterior movimentao populacional da Grcia
Continental para a zona insular egia e costa da sia Menor. Esse processo conhecido
como "Primeira Dispora" marcou profundamente o processo histrico grego.
Dentro do territrio grego, a populao passou a viver isoladamente em grupos
comunitrio-familiares ou genos. Essa vida reclusa nos "Cantes Gregos" marcou o
final do perodo pr-Homrico e deu incio ao perodo Homrico, assim chamado
porque estudado luz dos poemas picos de Homero ("Ilada" e "Odisseia").
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I. Tempos Homricos (sculos XII VIII a.C.)
Em busca de uma compreenso melhor do processo de evoluo histrica da
Grcia Antiga, de fundamental importncia retroceder ao perodo pr-Homrico,
quando os povos indo-europeus para l migraram.
Nessa poca, esses povos estavam organizados e divididos em genos, unidades
comunitrio-familiares constitudas por pessoas de origem comum e lideradas por um
"pater-famlia" (Chefe de famlia; cujo poder transmitido ao filho primognito).
Com a chegada dos drios (sculo XIII a.C), os genos tornaram-se a forma mais
comum de organizao socioeconmica. Com isso, podemos afirmar que as
comunidades gentlicas caracterizaram os tempos homricos.
Os genos podem ser entendidos, de uma forma mais ampla e genrica, como
uma unidade econmica, social, poltica e religiosa da Grcia Homrica. Na verdade,
essas pequenas unidades de produo conseguiam, isoladamente, garantir a
sobrevivncia dessas populaes com uma economia natural, agrcola, coletiva e
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baseada na autossuficincia. Os meios de produo (terra, instrumentos, sementes),
assim como a produo (alimentos, artesanato...), pertenciam a todos os indivduos da
comunidade, ou seja, inexistia um conceito de propriedade privada. Na organizao
poltica dos genos, predominava a rgida hierarquia familiar, em que o pater (patriarca)
era o chefe e autoridade maior, exercendo o papel de juiz, chefe familiar e espiritual
("culto religioso").
O critrio determinante para posicionar os indivduos na hierarquia era o seu
grau de parentesco com o "pater-famlia".
Os genos marcaram sua existncia ao longo de todo perodo Homrico. Mas por
volta do sculo VIII a.C, teve incio o processo de decomposio das estruturas
gentlicas, que evoluram de forma heterognea entre as vrias regies gregas.
Um conjunto de fatores contribuiu para a desintegrao das comunidades
gentlicas no final do perodo Homrico, tais como: o crescimento demogrfico e o
aumento do consumo. Contudo, a produo limitada e esttica, resultante das tcnicas
rudimentares e da escassez de terras frteis, foi elemento crucial na crise gentlica.
A partir desse momento, a luta pela sobrevivncia, fundamental como vimos na
explorao da terra, gerou uma srie de atritos no interior e entre os vrios genos. Para
organizar a defesa contra inimigos comuns, algumas comunidades gentlicas uniram-se,
formando unidades maiores conhecidas como "fratrias"(Reunio de euptrias
pertencentes aos antigos genos; irmandade).
Ao longo do tempo, as fratrias reunidas constituram uma tribo liderada por um
filobasileu ("Comandante do Exrcito"). A reunio de vrias tribos deu origem ao
povoado (demos), que passou a reconhecer como lder supremo o basileu.
A crise do modelo social gentlico mudou em essncia a estrutura dos genos.
Lentamente, a terra perdeu seu carter coletivo-comunitrio, sendo dividida de forma
desigual entre determinados membros dos genos. As melhores terras foram entregues
aos parentes mais prximos do patriarca ou "pater-famlia" sendo, a partir desse
momento, chamados de "bem-nascidos" (euptridas). As demais terras, de menor
qualidade e tamanho, foram distribudas entre "agricultores" (georgis), parentes mais
distantes do "pater-famlia". Por fim, nesse processo de diviso, surgiu um grupo de
"marginalizados" (thetas), para os quais nada restou.
A partir da crise e falncia do modelo gentlico, a Grcia Continental
transformou-se em cenrio de um sem nmero de disputas e tenses sociais, que
redundaram em uma segunda dispora grega.
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Os principais fatores explicativos para essa disperso e deslocamento foram o
crescimento populacional e a limitada quantidade de terras frteis e arveis na Grcia
Continental, resultante da concentrao fundiria gerada com a desintegrao
dos genos e a formao de uma sociedade aristocrtica (euptridas). Por esses motivos,
grande parte da populao excedente formada, em maioria, pelos menos favorecidos na
diviso das terras, emigraram para regies do Mediterrneo ocidental, promovendo a
fundao de vrias colnias. Dessa forma, as cidades de Siracusa (Siclia) e Tarento
(pennsula Itlica) se desenvolveram, impulsionadas pelos fluxos migratrios gregos
("Magna Grcia").
Podemos observar tambm que, da reunio de vrias tribos, surgiram pequenos
Estados locais, chamados de "cidades-Estado" (plis). Mais de uma centena surgiram na
Grcia no mesmo perodo, estimuladas pela busca de segurana e necessidade de
organizar, ao final do perodo Homrico e incio do perodo Arcaico, a nova realidade
grega.
Antiguidade Clssica Grcia (II)
1. Evoluo da Histria Grega
II. Perodo Arcaico (Sculos VIII VI a.C.)
Com a desintegrao das comunidades gentlicas e o estabelecimento de
modelos sociais baseados na propriedade privada da terra, na aristocracia e na plis
(cidades-Estado), ocorreram profundas transformaes nas estruturas da Grcia Antiga.
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Em um primeiro momento, ocorreu a lenta e gradual passagem da economia
domstica para uma economia de mercado local, que, com o tempo, tornou-se externa,
em virtude da expanso grega pelo Mediterrneo.
Concomitantemente, as estruturas sociais e polticas sofreram profundas
alteraes: o enriquecimento aristocrtico e o aumento das desigualdades sociais
levaram a um processo de lutas e disputas pelo poder.
Em decorrncia desses processos de transformao, surgiram variaes que
fizeram das cidades gregas exemplos de tirania, oligarquia ou democracia.
Para compreender melhor esse universo de possibilidades que foram as plis
gregas, vamos tratar de dois maiores exemplos de cidades-Estado: Atenas e Esparta.
ATENAS
A regio da tica, pennsula onde estava situada a cidade-Estado de Atenas,
localiza-se na parte sudeste da Grcia central. Esta regio, de relevo acidentado e clima
ameno, surgiu da fuso de vrios povos, predominando os jnios. No final do perodo
Homrico, as tribos uniram-se politicamente, dando origem plis ateniense (sculo
VIII a.C.). Segundo a tradio lendria, teria sido o heri Teseu seu fundador.
Atenas manteve, por muito tempo, o modelo poltico monrquico, at que os
aristocratas, organizados oligarquicamente, tomaram o poder aos antigos reis (Basileu).
Substituda pelo arcontado, composto por nove arcontes, com mandatos anuais, a
estrutura monrquica deu lugar a um modelo elitista e baseado nos euptridas
(aristocracia rural).
Foi tambm organizado um conselho de euptridas, chamado arepago, com
funo de regular a ao dos arcontes. Atravs dessas instituies, estabeleceu-se o
pleno domnio oligrquico (euptridas) sobre o resto do demos ou povo ateniense
(georgis e thetas).
No perodo Arcaico, a falta de terras frteis e o crescimento demogrfico
continuaram a impulsionar o estabelecimento de colnias, entrepostos comerciais e
povoamentos em vrias regies da orla do Mediterrneo. Cidades como Corinto,
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Mgara e principalmente Atenas instalaram na pennsula Itlica e na sia Menor vrios
pontos comerciais (Magna Grcia).
O comrcio entre essas vrias regies fundamentava-se nas exportaes de
vinho, azeite e produtos artesanais gregos e na importao de gneros variados, como
trigo, metais (ouro, prata, cobre e ferro) e madeira das regies do Mediterrneo (Fencia
cedro). Esse expansionismo resultou na diminuio dos efeitos gerados pelas questes
agrrias internas e, por outro lado, promoveu o enriquecimento das plis e difuso da
cultura helnica (grega).
Em Atenas, como resultado dessa expanso (sculos VIII VI a.C.), as classes
ligadas atividade comercial buscavam, ao mesmo tempo que se enriqueciam, aumentar
seu domnio social e poltico. Essa nova situao gerou os inevitveis conflitos de
classe, que contriburam para moldar a nova realidade estrutural de Atenas
(comerciantes aristocracia).
Nessa nova realidade, alm dos euptridas, georgis e thetas, a sociedade
ateniense sofreria novas importantes divises a partir do sculo VIII a.C.
Dos georgis que perderam as terras e dos thetas, que, apesar de marginalizados,
permaneceram na plis, dedicando-se ao artesanato e aos trabalhos em geral
("jornaleiros"), surgiu a nova classe de comerciantes, os demiurgos. Essa classe
intermediria sobreps, com o passar do tempo, a riqueza tradio aristocrtica.
Fruto das transformaes geradas pela expanso econmico-territorial, surge a
grande massa de escravos que dar o perfil ao modo de produo ateniense. Prisioneiros
de guerra, sem cidadania ou direito sobre a prpria vida, os escravos atuaram nas mais
diversas atividades do cotidiano da cidade-Estado de Atenas.
Com todas essas mudanas na estrutura social ateniense, aceleraram-se os
conflitos de interesses que marcaram o perodo Arcaico.
Nesse contexto de rivalidades sociais, polticas e econmicas, podemos
identificar vrios grupos importantes.
Os euptridas, proprietrios das melhores e maiores terras do pdium (plancie),
procuravam manter seus privilgios e o poder poltico. Por outro lado, os comerciantes
controlavam a parlia (litoral). E, num crescente enriquecimento, procuravam mudar o
status quo, a fim de conquistar maior participao no poder poltico.
Por fim, encontramos os georgis e thetas, moradores de Dicria (montanha),
que viviam em pssimas condies e sem direito participao poltica. Grande parte
desse grupo buscava recursos, para cultivar suas terras, entre os poderosos.
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Endividados, ficavam sujeitos manipulao da elite aristocrtica. Consequentemente,
aumentavam o desejo de mudanas e a oposio das classes populares ao poder
oligrquico.
A luta de classes, o crescimento da cidade e o progresso econmico-comercial
foram os principais fatores explicativos das reformas feitas por legisladores, que
representavam o anseio latente dos grupos sociais.
Dois legisladores foram incumbidos de elaborar as reformas: Drcon e Slon.
Drcon (621 a.C.) organizou e registrou por escrito as leis que, at aquele momento,
eram baseadas na tradio oral e eram de conhecimento exclusivo dos aristocratas
(euptridas). O cdigo draconiano ficou conhecido por sua rigidez e severidade, alm do
que manteve os privilgios sociopolticos existentes. Dessa maneira, mesmo com leis
escritas, as diferenas foram mantidas, reacendendo as questes polticas e os choques
de interesses entre as classes sociais.
Slon (594 a.C.) tentou desenvolver reformas mais profundas e de maior repercusso.
Suprimiu a escravido por dvidas e estabeleceu uma classificao das classes sociais de
acordo com a riqueza (censitria). O critrio de riqueza passou a permitir a ascenso
poltica dos ricos comerciantes (demiurgos). Criou e admitiu a participao de
elementos das classes inferiores no Conselho dos Quatrocentos (Bul). A Assembleia
Popular (Eclsia) passou a aprovar as medidas da Bul e o Tribunal de Justia (Helieu)
abriu-se a todos os cidados.
Organizou a Suprema Corte, da qual podiam participar todos os cidados por
sufrgio universal masculino; combateu a ociosidade; estimulou o comrcio e o
artesanato; concedeu privilgios de cidadania aos artesos estrangeiros (metecos).
Porm, as reformas de Slon no agradaram aos aristocratas, que as
consideravam excessivas e prejudiciais aos seus interesses oligrquicos, como tambm
ao povo que ansiava por mudanas mais abrangentes e profundas.
A conjuntura da crise poltica que caracterizou o perodo ps-Slon permitiu o
estabelecimento de ditadores que usurpariam o poder (tiranos).
O primeiro deles foi Pisstrato (561-527 a.C.) que, ao governar Atenas, buscou
diminuir os conflitos e tenses sociais atravs de uma poltica populista e de estmulo s
construes e obras pblicas. Tentou com isso diminuir o desemprego que atingia
principalmente a massa popular (thetas e georgis).
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Com a morte de Pisstrato, sucederam-no seus filhos Hiparco e Hpias, que no
deram prosseguimento s reformas colocadas em prtica pelo pai. Novamente reinavam
em Atenas a insatisfao e a crise poltica, o que causou o fim das tiranias e abriu
caminho para as reformas democrticas.
Liderada por Clstenes (510 a.C.), iniciou-se uma fase de reformas que
inauguraram a democracia ateniense.
Uma das primeiras medidas tomadas por ele foi a redistribuio de Atenas em
dez tribos, substituindo o modelo anterior, baseado em quatro tribos.
Dessa maneira, foi ampliada a participao poltica e neutralizada a influncia
aristocrata, baseada na tradio dos gens, tribos e fratrias.
Posteriormente, reestruturou as instituies polticas, a Bul passou a contar com
50 membros por tribo (500 representantes) que exerciam, atravs do revezamento, o
governo em Atenas.
A Eclsia, composta por cidados de todas as classes sociais, era a Assembleia
Popular (6 mil cidados) que fiscalizava as demais instituies polticas, tornando-se,
com isso, o poder poltico da plis.
Foi criado tambm um Tribunal Popular (Hlia). Os arcontes tiveram seus
poderes gradativamente diminudos, restringindo-se, ao fim, s funes religiosas. Os
estrategos (chefes militares), eleitos para mandatos anuais, passaram a ter importante
papel na poltica ateniense.
Clstenes criou ainda o ostracismo, que consistia na suspenso dos direitos
polticos dos cidados considerados nocivos ao Estado. Os crimes sujeitos pena do
ostracismo eram votados na Assembleia. O cidado considerado culpado era exilado por
10 anos, sem contudo perder o direito sobre seus bens.
Todavia, importante lembrar que a democracia ateniense era uma forma de
governo da qual participavam apenas os cidados atenienses (adultos, filhos de pai e
me atenienses), que, eram uma minoria da qual estavam excludos os estrangeiros,
escravos e mulheres.
Toda essa evoluo histrico-poltica deu a Atenas uma surpreendente cultura de
educao. Diferente de Esparta, em Atenas a liberdade e a formao humanstica foram
marcas dessa plis grega.
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ESPARTA
Esparta situava-se na pennsula do Peloponeso, no vale do rio Eurotas, plancie
da Lacnia.
Suas principais caractersticas, enquanto cidade-Estado, foram o laconismo
(conciso, de poucas palavras), o militarismo, o perfil aristocrtico conservador e
reacionrio, e a vida provinciana marcada pelo retrocesso e atraso cultural.
No plano poltico, o governo espartano era fundamentado em uma diarquia
oligrquica, em que a aristocracia militarista preservou as formas do antigo sistema do
perodo Homrico.
Baseando suas instituies nas leis atribudas ao legendrio legislador Licurgo,
esses descendentes dos drios invasores tinham como principal objetivo a manuteno
do status quo.
Os dois reis (diarquia) representantes das famlias aristocratas, com poder
hereditrio, exerciam um papel limitado pela oligarquia (governo da elite), tendo um
carter sacerdotal e militar.
A Gersia (Senado), formada pelos dois reis e 28 gerontes, sexagenrios, eleitos
por aclamao para um mandato vitalcio, era o Conselho dos Ancios e, portanto, de
grande importncia nas decises polticas, jurdicas e administrativas da plis espartana.
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O Conselho dos foros, formado por cinco membros escolhidos pela Assembleia
Popular (Apela), tinha um mandato anual e poderes para fiscalizar os reis (diarquia) e os
magistrados.
A Apela (Assemblia Popular), formada por cidados maiores de 30 anos, tinha
como funo eleger os membros da Gersia e do Eforato (foros - originalmente, eram
simples observadores dos astros, mas gradualmente passaram a assumir as funes de
vigilantes dos reis).
Como podemos observar, diferente de Atenas, a estrutura esttica e auto-
suficiente da economia agrria, escravista e espartana no evoluiu para a democracia,
mantendo-se sempre oligrquica e militarista.
A sociedade espartana compunha-se de cidados, periecos e hilotas.
Os cidados, descendentes dos antigos drios guerreiros e conquistadores,
detinham os principais postos militares e privilgios polticos. Podem ser chamados de
espartanos ou espartatas.
Os periecos habitavam a periferia da plis. Eram homens livres que se
dedicavam ao artesanato e ao comrcio local. No tinham direito cidadania, podendo
ser convocados como soldados do exrcito espartano.
Os hilotas, descendentes dos antigos habitantes da Lacnia, foram reduzidos
condio de servos do Estado. Presos terra, eram a base do modo de produo
espartano.
O modo de vida espartano era um reflexo de sua rgida estrutura social. Visando
manuteno do status quo (Situao vigente em dado momento, num local
determinado), a educao espartana tinha por objetivo formar apenas guerreiros.
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Buscando atender a esse objetivo, o cidado espartano era condicionado
obedincia e ao desenvolvimento das aptides fsicas.
Nessas condies, a deficincia ou a debilidade fsica no eram admitidas, sendo
as crianas sacrificadas ao menor indcio de doena ou fragilidade.
Os fortes permaneciam at a idade de 7 anos com a me (famlia), quando ento
eram entregues ao Estado (exrcito).
Educadas para viver em condies adversas, as crianas obtinham at os 18 anos
uma rgida disciplina guerreira.
Aos trinta anos, os espartanos tornavam-se cidados, sendo-lhes permitido o
casamento e a participao poltica. Quando sexagenrios, os espartanos eram
dispensados do exrcito, podendo participar da Gersia (Conselho dos Ancios).
A mulher espartana vivia para a ptria. As moas eram educadas com severidade
pela famlia e recebiam treinamentos para tornar o seu corpo forte e atltico.
Sua maior misso era dar filhos fortes ao Estado (fiis cidados e bons
soldados). Mas, diferente de Atenas, a mulher espartana foi mais independente na plis.
III. Perodo Clssico (sculos VI IV a.C.)
Foi a poca de maior esplendor da cultura grega. Nela, as instituies e a vida
intelectual alcanaram o mais alto nvel. Entretanto, essa poca foi marcada pelas lutas
entre as cidades-Estado e por grandes guerras externas, principalmente contra os persas.
Como causa primordial das guerras entre os gregos e persas (Greco-prsicas ou
mdicas), podemos apontar o choque imperialista na regio da sia Menor (mar Egeu).
Os gregos buscavam a manuteno das regies asiticas dominadas, enquanto os persas,
aps dominarem a regio da Mesopotmia (Caldia), estavam estendendo seus domnios
em direo ao Ocidente.
A primeira guerra (490 a.C.) ocorreu no tempo do rei Dario I. Aps vrias
batalhas, o exrcito persa, que conseguira invadir a pennsula Balcnica, foi vencido e
destrudo pelos atenienses, liderados por Milcades, na batalha da Maratona (490 a.C.).
Na segunda guerra (480 479 a.C.), agora sob o comando do rei Xerxes, os
persas invadiram os Blcs pelo norte; orientados por um traidor, alcanaram a
retaguarda dos espartanos, que tentavam barrar o avano persa no desfiladeiro das
Termpilas. Depois de muita resistncia dos espartanos, liderados pelo general
Lenidas, os persas venceram e prosseguiram para Atenas, que foi invadida e arrasada.
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Enquanto isso, os atenienses, comandados por Temstocles, venciam a marinha persa na
batalha de Salamina (480 a.C.).
Por volta do ano de 479 a.C., os invasores persas foram derrotados pelos
espartanos na batalha de Platia, abandonando o territrio grego.
Em uma terceira e final guerra entre gregos e persas (477 468 a.C.), Atenas
formou, sob seu comando, uma coligao ou liga das cidades-Estado, conhecida como
Confederao de Delos.
Liderando a coligao, Atenas pde enfrentar os persas no seu principal reduto
regional, a sia Menor. A batalha derradeira deu-se na foz do rio Eurimedonte (468
a.C.). Vencidos, os persas passaram a respeitar a presena e predominncia grega na
sia Menor (Tratado de Susa 448 a.C.).
Como principais consequncias das guerras mdicas (Greco prsicas) para a
evoluo da histria grega no perodo Clssico, podemos destacar: a decadncia do
imprio persa; a formao e manuteno da Confederao de Delos, o imperialismo e
consequente hegemonia de Atenas sobre as demais cidades gregas; o revigoramento da
democracia ateniense (Pricles sculo V a.C.) e a inevitvel rivalidade entre Atenas e
Esparta.
Por volta do incio do sculo V a.C. (Sculo de Ouro Pricles), os atenienses
vinham impondo cada vez mais sua hegemonia sobre a Grcia. Um dos maiores sinais
disso era a manuteno da Confederao ou Liga de Delos.
A liderana poltico-econmica de Atenas, aps as guerras mdicas, desagradava
profundamente aos espartanos.
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Estes, por sua vez, originaram a chamada Liga do Peloponeso. Essa coligao de
cidades-Estado, sob a liderana espartana, iria confrontar-se, ao final do sculo, com
Atenas e suas aliadas. Esse conflito, marcado por dois grandes perodos, ficou
conhecido como Guerra do Peloponeso (431 404 a.C.).
No primeiro perodo (431 421 a.C.) desse conflito, Esparta e a Liga do
Peloponeso atacaram a regio de Atenas defendida pelos exrcitos da Confederao de
Delos e comandada pelo grande lder Pricles. Durante cerca de trinta anos (461 429
a.C.), Pricles governou Atenas, acentuando-lhe o carter democrtico, cultural e
consolidando o seu apogeu (embelezamento da plis).
Mas, a partir da peste que assolou Atenas (430 a.C.), quando morreu Pricles, os
atenienses e seus aliados passaram a perder terreno. Enfraquecidos e perdendo o apoio
das cidades coligadas, os atenienses foram vencidos e obrigados a aceitar a "Paz de
Ncias" (421 a.C.). Apesar de prever uma trgua de 50 anos, Atenas reiniciou, sete anos
depois do tratado, as hostilidades contra Esparta. Liderados por Alcebades, os
atenienses atacaram a Siclia, aliada de Esparta. Em meio campanha, inimigos de
Alcebades acusaram-no de sacrilgio. Fugindo condenao, ele foi para Esparta,
ajudando-a a vencer as foras atenienses, na batalha de Egos Ptamos (405 a.C.).
Atenas foi desmobilizada militarmente, e Esparta passou a deter a hegemonia
sobre a Grcia.
Entretanto, o domnio espartano duraria pouco tempo.
A cidade de Tebas, situada no estreito de Corinto, projetava-se como uma nova
potncia militar grega. Tebas logo se ops hegemonia espartana e, contando com dois
grandes generais, Epaminondas e Pelpidas, os tebanos venceram a Batalha de Leuctras
(371 a.C.), iniciando a tambm efmera hegemonia tebana.
Nesse contexto, os estados gregos continuaram hostilizando-se, o que deu lugar
decadncia geral da Grcia.
Podemos, com isso, concluir que os fatores maiores da decadncia da Grcia
Antiga foram: o isolamento e as diferenas estruturais de suas vrias plis (cidades-
Estado); as constantes lutas internas (disputas hegemnicas); e a poltica imperialista
sucessiva que provocou uma verdadeira guerra civil, gerando crises econmicas e
degenerao das estruturas gregas.
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IV. Perodo Helenstico (Sculos IV II a.C.)
A Expanso Macednica e o Helenismo (cultura helenstica).
Enfraquecidas pelas lutas internas e externas, as plis gregas caram sob a
dominao dos macednios, por volta da segunda metade do sc. IV a.C. Esses vizinhos
dos gregos habitavam o norte da pennsula Balcnica e j haviam estado sob domnio
oriental (persas), por algum tempo.
Em 359 a.C., Felipe II subiu ao trono na Macednia.
Influenciado por sua formao grega, helenizou o reino macednio,
posteriormente organizando um forte exrcito para a conquista da Grcia. Esta, por sua
vez, foi unificada e anexada ao nascente imprio macednico.
Mais tarde, Alexandre Magno, filho de Filipe II e discpulo de Aristteles,
prosseguiu a expanso imperial. No perodo entre 334 a 324 a.C., conquistou o Egito, o
Imprio Persa e chegou a atravessar o rio Indo (ndia), helenizando os brbaros.
Morreu aos 32 anos, de malria, na Babilnia (Mesopotmia, 323 a.C.).
Com sua morte, o esplio do extenso imprio foi dividido entre seus generais:
Antgono (Macednia e Grcia), Ptolomeu (Egito, Palestina e Fencia) e Seleuco
(Prsia, Mesopotmia e Sria).
A consequncia maior das conquistas de Alexandre foi o surgimento da cultura
helenstica, que floresceu no Oriente Prximo (Mdio), durante os ltimos sculos
anteriores ao nascimento de Cristo (Imprio Romano). Essa cultura resultou do contato
e consequente fuso das culturas locais (orientais) com a cultura helnica (grega) levada
pelos conquistadores.
O helenismo, ou cultura helenstica, marcou o surgimento de novos centros
culturais como Alexandria e Antioquia.
As principais manifestaes da cultura helenstica se deram nas Artes,
Arquitetura, Filosofia e Astronomia (cincias).
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A Macednia, tendo conquistado a Grcia e o Oriente, destruiu as estruturas da
Antiga Grcia, abrindo caminho para a consequente expanso e hegemonia romanas.
Antiguidade Clssica: Grcia Religio e Cultura
1. Religio e Cultura Gregas
No plano religioso, podemos dividir a evoluo grega em trs fases: a da magia e
culto aos antepassados, a do culto natureza e a do culto a dolos de forma humana
(antropomrfica), que passaram a representar os deuses. Estes, por sua vez, habitavam o
monte Olimpo (A Morada dos Deuses), tendo, ao mesmo tempo, os vcios e virtudes
humanas. A religio tinha um carter pan-helnico.
Os gregos adoravam seus deuses, dedicando-lhes oferendas e sacrifcios em
troca de proteo e benefcios. Uma expresso dessa devoo eram os orculos e os
jogos olmpicos.
No politesmo grego, destacavam-se Zeus, rei e pai dos vrios deuses; Hera,
irm e esposa de Zeus; Hlio, deus do Sol e das Artes; Palas ou Atenas, deusa da
sabedoria e protetora da cidade-Estado de Atenas; Dmeter, deusa da agricultura;
Hermes, deus do comrcio e mensageiro dos outros deuses; Hefesto, deus do fogo e do
artesanato; Afrodite, deusa do amor e da beleza; Dionsio, deus do vinho e da alegria; e
Poseidon, deus do mar.
As musas, as ninfas e os heris tambm eram cultuados, apesar de no serem
deuses, atravs da rica mitologia grega (mitos e lendas).
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No plano das realizaes intelectuais, os gregos foram realmente inovadores.
Na rea filosfica, as principais realizaes se deveram a Scrates (470 399
a.C.), Plato (430 347 a.C.) e Aristteles (384 322 a.C.). Suas ideias tm
influenciado o pensamento humano at a atualidade.
Na rea cientfica, podemos destacar:
a) Astronomia: Filolau (esferidade e movimentos da Terra), Aristarco de Samos
(heliocentrismo) e Cludio Ptolomeu (geocentrismo);
b) Matemtica: Tales de Mileto ("Pai da Matemtica"), Pitgoras e Arquimedes;
c) Fsica: Demcrito, Aristteles e Arquimedes;
d) Biologia: Aristteles ("classificao dos animais"), Nicandro de Colofon e
Discorides de Ana Zarba;
e) Medicina: Hipcrates de Cs.
O perodo clssico (Sculo de Ouro V a.C.) foi a poca mais importante das
artes gregas. Entre os fatores que contriburam para o grande progresso artstico grego,
podemos citar: o enriquecimento das plis com o comrcio e a necessidade de
reconstruo de muitas delas, sobretudo Atenas, aps as Guerras Mdicas (greco-
prsicas).
Devemos considerar, alm disso, que, em quase todas as suas pocas, as artes
gregas apresentavam uma grande riqueza e variedade temtica, na medida em que,
diferente das civilizaes orientais, o Estado e a religio no subordinavam tanto a
produo artstica.
A arquitetura da Grcia foi marcada pela construo de colunas em trs estilos: o
drico, o jnico e o corntio.
Em sequncia, da esquerda para a direita, exemplos de colunas dria, jnia e corntia.
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No estilo drico, mais antigo, as colunas no tinham base saliente e seu capitel
era marcado pela simplicidade.
No estilo jnico, a base passou a ter anis ao seu redor e "volutas" no capitel.
No estilo corntio, caracterstico do perodo helenstico, conservaram-se os anis
na base, mas o capitel assumiu um aspecto mais rebuscado, assemelhando-se a um vaso
ou arranjo de flores.
Dos arquitetos gregos, devemos lembrar Ictinos e Calcrates, pois suas
edificaes na Acrpole (cidade alta) ou cidadela fortificada de Atenas, em especial o
templo chamado Partenon, marcaram o estilo grego de edificar.
A Escultura tambm alcanou grande expresso entre os gregos. Menos presa
Arquitetura que no Oriente, desenvolveu-se principalmente no campo da estaturia.
Dentre os nomes mais importantes, podemos destacar: Fdias, Praxiteles e Mirn.
Artesanato grego (vasos e prato)
A Pintura, em especial a do perodo clssico, chegou a conhecer tcnicas e
recursos como o uso da perspectiva e do claro-escuro. Esses recursos so utilizados para
mostrar a profundidade das cenas e o volume e dimenso dos objetos representados.
Entre os principais representantes da pintura grega, podemos citar: Parrsio e
Zuxis.
Por fim, a Literatura grega foi vigorosa em todos os seus aspectos e se dedicou
s mais variadas temticas. Foi marcada pela predominncia da poesia sobre a prosa,
sendo esta ltima usada normalmente pelos oradores e historiadores.
Nas poesias pica e lrica, tiveram grande destaque: Homero (Ilada e Odissia),
Hesodo, Safo e Pndaro. Na tragdia, squilo (Prometeu Acorrentado), Sfocles (dipo
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Rei, Electra e Antgona) e Eurpedes. Na comdia, Aristfanes (As Rs e Assemblia de
Mulheres).
Na prosa grega, notabilizaram-se, entre outros, os oradores como Demstenes
(sobre a coroa e filpicas), squines e Iscrates , e os historiadores como Herdoto
(Histrias), Tucdides (Histria da Guerra do Peloponeso), Polbio e Xenofonte.
O teatro grego teve origem nas representaes feitas nas festas para Dionsio
(deus protetor do teatro mitologia grega).
Os principais autores teatrais (sc.V a.C.) foram squilo, Sfocles e Eurpedes.
Alm de temas relativos s lutas humanas, os atenienses apreciavam a comdia, que
teve em Aristfanes seu grande autor.
Antiguidade Clssica: Roma ( I )
1. Roma
A. Localizao e Condies Geogrficas:
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Roma desenvolveu-se na pennsula Itlica. Essa regio de solo frtil e de litoral
pouco recortado apresenta trs pores bem distintas: a cadeia alpina e a plancie do rio
P ao norte; a cadeia apenina, que penetra a pennsula de norte a sul; e as plancies
costeiras da Aplia, Lcio e Campnia.
Cercada pelos mares Mediterrneo, Adritico, Tirreno e Jnio, tem ao sul trs
grandes ilhas: Siclia, Sardenha e Crsega.
B. Origens e Evoluo Poltica:
poca da fundao de Roma, a pennsula Itlica era habitada pelos gauleses ao
norte; pelos etruscos e latinos ao centro, e pelos gregos ao sul ("Disporas" / "Magna
Grcia"). Desses povos, os mais significativos para a formao romana foram os latinos,