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A P O S T I L A DIREITO PROCESSUAL CIVIL Processo de Execução Cumprimento da sentença (art.475-J e seguintes) 0

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A P O S T I L A

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Processo de Execução

Cumprimento da sentença (art.475-J e seguintes)

Profª. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

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SUMÁRIO

1. Conceito, legitimidade ativa e passiva, Pressupostos do processo de execução Pág. 3

1.1 Títulos Executivos extrajudiciais Pág. 7

2. Responsabilidade Patrimonial do devedor Pág. 103. Da execução por quantia certa contra devedor solvente Pág. 13

3.1 Depósito, avaliação e alienação antecipada dos bens penhorados Pág. 16

3.2 Expropriação dos bens penhorados Pág. 19

3.3 Remição, suspensão e extinção da execução Pág. 21

4. Títulos executivos judiciais Pág. 225. Cumprimento da Sentença (Art.475-J) Pág.23

6. Execução da obrigação de fazer ou não fazer ( Art. 461) Pág. 25

7. Execução da obrigação de entrega de coisa (Art. 461-A) Pág. 27

8. Liquidação de Sentença Pág. 298.1 Liquidação por artigos Pág. 298.2 Liquidação por arbitramento Pág. 309. Da impugnação Pág. 3110. Da execução de prestação alimentícia Pág. 3711. Dos embargos à execução Pág. 4012. A execução fiscal e os embargos Pág. 4913. Anexo – Modelo de peças processuais Pág. 56

1

CLASSIFICAÇÃO DAS

ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

QUANTO À

ORIGEM DO

TÍTULO EXECUTIVO

Título Judicial ( art. 475-N)

Título Extrajudicial ( art. 585)

QUANTO À

ESTABILIDADE DO

TÍTULO EXECUTIVO

Execução definitiva é a que se embasa em título executivo judicial que já transitou em julgado ou título executivo extrajudicial.

Execução provisória funda-se em título executivo judicial que ainda não transitou em julgado. A decisão que lhe serve de título executivo ainda não é definitiva uma vez que sobre ela pende recurso. O recurso então não tem efeito suspensivo ( exemplos: apelação nas hipóteses do art. 520, recurso especial, recurso extraordinário, agravo contra denegação de recurso especial ou extraordinário). Então uma vez que os efeitos da decisão não estão suspensos, pode ser dado inicio ao processo executivo. Mas, nessa hipótese, a execução se funda em titulo que é provisório, pois ainda pode ser alterado ou mesmo deixar de existir: se o recurso for provido, desaparecerá o titulo (e, conseqüentemente, a execução não poderá prosseguir e terá de ser desfeita – cf. art. 475-O,II) WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.165.

QUANTO À NATUREZA E OBJETO DA PRESTAÇÃO

Pagar quantia certa

Entregar coisa certa

Entregar coisa incerta

Fazer

Não Fazer

2

QUANTO À SOLVABILIDADE DO

DEVEDOR

Execução por quantia certa contra devedor solvente

Execução por quantia certa contra devedor insolvente (devedor não empresário ou sociedade empresária)

Falência ( devedor empresário ou sociedade empresaria regular ou não)

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Código de Processo Civil - Art. 566 e seguintes

1. Conceito, legitimidade ativa e passiva, Pressupostos do processo de Execução

A atividade jurisdicional de conhecimento é

essencialmente declaratória, porque tem por finalidade dizer de quem

é o direito, já a atividade jurisdicional de execução é satisfativa, pois

parte de um título que representa uma obrigação e tem por fim

efetivar o direito do credor, entregando-lhe o bem jurídico tutelado. 1

O pólo ativo da ação de execução poderá figurar

conforme art. 566 do CPC. Vejamos:

“ art. 566: Podem promover a execução forçada:

I – o credor a quem a lei confere título executivo;

1 GRECCO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil. 3º vol. Editora Saraiva. São Paulo, p. 07.3

II – o ministério Público nos casos prescritos em lei.”

As partes do processo de execução precisam ter

capacidade de ser parte, e estar em juízo. São denominadas pelo

código como “credor” e “devedor” , também conhecidos como

“exeqüente” e “ executado”.

“Art. 567 - Podem também promover a execução, ou

nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor,

sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito

resultante do título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do título

executivo lhe foi transferido por ato entre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou

convencional.”

Os pressupostos processuais, e condição da ação, no

processo executivo, e na fase de cumprimento da sentença,

submete-se às mesmas normas vigentes para o processo de

conhecimento. O Juiz tem o dever de averiguar a presença dos

requisitos para a atuação jurisdicional executiva. 2

No processo de execução o juiz exerce os seus poderes de

impulso oficial, direção do processo e dever de zelar pela igualdade

das partes.

Diferente do processo de conhecimento, na execução

não haverá discussão acerca da efetiva existência do direito, poderá,

no entanto haver a propositura de embargos, momento que o réu

poderá argumentar quanto ao mérito.

2 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.60.

4

Na fase de cumprimento da sentença, a defesa relativa

ao mérito que o executado poderá suscitar precisa ser apresentada

mediante “impugnação”, o que estudaremos oportunamente em

tópico especifico.

No Pólo Passivo na execução deverá figurar o devedor

principal, ou o responsável pelo cumprimento da obrigação. Vejamos

o art. 568:

Art. 568 - São sujeitos passivos na execução:

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;

III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento

do credor, a obrigação resultante do título executivo;

IV - o fiador judicial;3

V - o responsável tributário, assim definido na

legislação própria.

Assim são devedores, o emitente do título, o avalista, o

endossante, o aceitante. Se houver solidariedade passiva, qualquer

devedor pode ser executado, ou todos os litisconsorte passivo.

O litisconsórcio é admissível no caso de credito ou divida

comum aos credores ou devedores.

Os pressupostos da execução estão dispostos no art.

580 e seguintes. Vejamos:

3 A figura do fiador judicial se apresenta no art. 568, IV do CPC ( Art. 568. São sujeitos passivos na execução: IV - o fiador judicial; ). Leonardo Carneiro explica que o fiador judicial é aquele que presta fiança em processo judicial, quando cauciona o processo por meio de fiança. É a caução fidejussória, ou seja, promessa feita por uma ou mais pessoas de satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo cumprimento, caso o devedor deixe de cumprir a obrigação assumida.(extraído: www.jusnavegandi.com.br. Autoria: Flavia Adine Feitosa Coelho).

5

Art. 580 - A execução pode ser instaurada caso o

devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e

exigível, consubstanciada em título executivo.

Art. 581 - O credor não poderá iniciar a execução, ou nela

prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas

poderá recusar o recebimento da prestação,

estabelecida no título executivo, se ela não

corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que

requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o

direito de embargá-la.

Art. 582 - Em todos os casos em que é defeso a um

contraente, antes de cumprida a sua obrigação, exigir o

implemento da do outro, não se procederá à

execução, se o devedor se propõe satisfazer a

prestação, com meios considerados idôneos pelo

juiz, mediante a execução da contraprestação pelo

credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.

Parágrafo único - O devedor poderá, entretanto,

exonerar-se da obrigação, depositando em juízo a

prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a

execução, não permitindo que o credor a receba, sem

cumprir a contraprestação, que lhe tocar.

Para propor a ação de execução é preciso comprovar a

inadimplência do devedor, ou seja, o executado não cumpriu

espontaneamente a obrigação que se configura no titulo executivo.

O inadimplemento do devedor ocorre à partir do

vencimento do título ou do momento de sua exigibilidade, ficando

assim configurado a mora.

6

1.1 Títulos executivos extrajudiciais

“Titulo executivo é cada um dos atos jurídicos que a lei

reconhece como necessário e suficientes para legitimar a realização

da execução, sem qualquer nova, ou prévia indagação acerca da

existência do crédito.”4

“O título afasta a necessidade de qualquer investigação,

no bojo da execução, acerca da existência do direito.”5

Portanto, no processo de execução e no cumprimento da

sentença, será examinado os pressupostos processuais, as condições

da ação, e a constatação da presença do título.

Os títulos executivos extrajudiciais estão previstos no art.

585. Vejamos:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: 

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture6 e o cheque; 

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

4 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.61.

5 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.62.

6 Debêntures são valores mobiliários emitidos pelas sociedades anônimas, representativas de empréstimos contraídos pelas mesmas, cada título dando, ao debenturista, idênticos direitos de crédito contra as sociedades, estabelecidos na escritura de emissão.

7

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; 

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; 

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; 

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; 

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; 

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. 

§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação. 

No processo de execução, uma vez comprovado o crédito

por meio de um dos títulos taxativamente mencionados acima, este

se torna líquido, certo e exigível. Conforme previsto no art. 586.

Vejamos:

“Art. 586.  A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.”

8

Poderá ainda o credor desistir da execução, conforme

dispõe o art. 569. Vejamos:

“Art. 569 - O credor tem a faculdade de desistir de toda

a execução ou de apenas algumas medidas executivas.

Parágrafo único - Na desistência da execução, observar-

se-á o seguinte:

a) serão extintos os embargos que versarem apenas

sobre questões processuais, pagando o credor as

custas e os honorários advocatícios;

b) nos demais casos, a extinção dependerá da

concordância do embargante.”

Assim, pode o credor deixar de executar um ou alguns

dos executados, bem como desistir da execução relativamente a um

dos coobrigados.

“Caso o credor desista da ação de execução depois de

haverem sido opostos embargos do devedor versando apenas

questões processuais, tanto a execução quanto os embargos serão

extintos sem que haja necessidade de concordância do embargante.

O desistente (credor) deverá arcar com o pagamento das custas e

honorários de advogado. “7

“Nos demais casos e, principalmente, quando os

embargos versarem sobre matéria de mérito, deverá haver

concordância do embargante para que o credor possa desistir da

execução. O embargante, todavia não pode opor-se

injustificadamente à desistência da execução. “8

7 NERY JUNIOR. Nelson. Código de Processo Civil Comentado. Editora RT.São Paulo, p. 964. 8 Ibidem.

9

Competência da ação de execução de titulo

extrajudicial deve seguir os critérios do art. 576 do CPC. Vejamos:

Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.

Assim, devem ser seguidos os critérios de competência

funcional e territorial disposto nos arts. 93 a 100 do CPC.

2. Responsabilidade Patrimonial do devedor

“Responsabilidade patrimonial consiste na situação de

sujeição à atuação da sanção. É a situação em que se encontra o

devedor de não poder impedir que a sanção seja realizada mediante

a agressão direta ao seu patrimônio. Traduz-se na destinação dos

bens do devedor a satisfazer o direito do credor.”9

A responsabilidade patrimonial está disciplinada nos

artigos 591 a 597 do CPC. Vejamos:

Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Entretanto, poderão ocorrer situações fáticas que ensejem

a responsabilidade patrimonial de terceiros, conforme abaixo se

dispõe:

Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; 

9 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p 129.

10

II - do sócio, nos termos da lei;

III - do devedor, quando em poder de terceiros;

IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

Se o devedor fraudar intencionalmente seu credor estará

cometendo fraude a execução.

Cumpre destacar as hipóteses de fraude a execução

previstas no Código de Processo Civil. Vejamos:

“Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;

II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;

III - nos demais casos expressos em lei.”

Mas, não são todos os bens do devedor que poderão ser

suscetíveis de penhora.

Estes bens são os absolutamente impenhoráveis,

conforme rol do art. 649 do CPC.

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

11

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; 

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; 

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; 

VI - o seguro de vida; 

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;  

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; 

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. 

A Lei 8.009/90 prevê também a impenhorabilidade do

bem de família.

“Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.

Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.”

12

3. Da execução por quantia certa contra devedor solvente

O processo de execução por quantia certa contra devedor

solvente inicia-se com apresentação da petição inicial, citação do

Executado, podendo ainda ser requerido pelo Exeqüente, o arresto de

bens do devedor para garantir o cumprimento da obrigação.

Posteriormente, uma vez citado o executado para pagar

em 3 (três) dias, e/ou embargar, assim, não sendo efetuado o

pagamento, o oficial de justiça promoverá à penhora de bens,

independente de nova ordem do juiz.

O juiz poderá eventualmente intimar o devedor para que

ele indique quais são os bens penhoráveis.

O Código de Processo Civil, no art. 655 e dispõe sob a

ordem preferencial dos bens a serem penhorados, visando assim, o

menor sacrifício do executado.

Art. 655.  A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - veículos de via terrestre;

III - bens móveis em geral; 

IV - bens imóveis; 

V - navios e aeronaves;

VI - ações e quotas de sociedades empresárias;

VII - percentual do faturamento de empresa devedora;

VIII - pedras e metais preciosos; 

13

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; 

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

XI - outros direitos. 

§ 1o  Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora.

§ 2o  Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado. 

Art. 655-A.  Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. 

§ 1o  As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor indicado na execução.

§ 2o  Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese do inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilidade. 

§ 3o  Na penhora de percentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exeqüente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.

§ 4o  Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, nos termos do que estabelece o caput deste artigo, informações sobre a existência de ativos tão-somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa a violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos

14

atos praticados, de acordo com o disposto no art. 15-A da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995. 

Art. 655-B.  Tratando-se de penhora em bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto

Uma vez efetuada a penhora ela vinculará o bem a

execução, que normalmente é mantido na posse do devedor, mas

este será responsável por sua conservação e, caso o bem seja

destruído intencionalmente responderá por crime. (CP. art. 179).

Da penhora deverá ser intimado o devedor, oportunidade

esta para manifestar-se sobre a validade da penhora, ou requerer sua

substituição.

Também deverá ser intimado o cônjuge do devedor, caso

recaia a penhora sob bem imóvel, e os terceiros proprietários ou co-

proprietários, sob pena de nulidade dos atos posteriores.

A penhora pode ser aumentada, diminuída, substituída no

intuito de satisfazer o débito.

A decisão do juiz no processo executivo caberá agravo de

instrumento.

Por derradeiro, nos moldes do art. 664 do CPC, a penhora

considera-se feita mediante a apreensão e o depósito do bem,

lavrando-se um só auto, se as diligências forem concluídas no mesmo

dia.

Deverá, entretanto, o auto de penhora conter:

Art. 665. O auto de penhora conterá:

I - a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;

15

II - os nomes do credor e do devedor;

III - a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;

IV - a nomeação do depositário dos bens.

3.1 - Depósito, avaliação e alienação antecipada dos bens

penhorados

“Depósito é ato integrante da penhora, pelo qual se

incumbe alguém da guarda e conservação dos bens penhorados,

transferindo-lhe a posse (mediata ou imediata) de tais bens.”10

Os critérios legais para o deposito de bens penhorados

estão dispostos no art. 666. Vejamos:

“ Art. 666.  Os bens penhorados serão preferencialmente depositados:

I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em um banco, de que o Estado-Membro da União possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta de tais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito;

II - em poder do depositário judicial, os móveis e os imóveis urbanos;

III - em mãos de depositário particular, os demais bens, na forma prescrita na Subseção V deste Capítulo.

III - em mãos de depositário particular, os demais bens. 

§ 1o  Com a expressa anuência do exeqüente ou nos casos de difícil remoção, os bens poderão ser depositados em poder do executado. 

10 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.226.

16

§ 2o  As jóias, pedras e objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate. 

§ 3o  A prisão de depositário judicial infiel será decretada no próprio processo, independentemente de ação de depósito.

Em simples leitura do artigo em comento já denotamos

que o depositário ficará incumbido da guarda e conservação do bem

penhorado, assim não poderá dispor do bem. (art. 148)

Responderá ainda o depositário por perdas e danos no

caso de perecimento ou destruição total ou parcial do bem, por dolo

ou culpa. ( art. 150)

“ O depositário tem o dever de entregar o bem depositado

assim que o juiz determinar. Se não entrega, sem justa causa é

depositário infiel.”11

Já a avaliação dos bens penhorados, após a Lei

11.232/2006, estabelece que no cumprimento de sentença, a

avaliação em regra já fosse feita pelo próprio oficial de justiça, na

oportunidade que efetivar a penhora.

Assim, tal regra da avaliação feita pelo oficial de justiça é

também utilizada nas execuções por títulos extrajudiciais.

Vejamos art. 143, V : “Incumbe ao oficial de justiça:

V - efetuar avaliações.”

E, a intervenção de um perito avaliador ficará restrita aos

casos em que forem necessários conhecimentos especializados,

conforme prevê o art. 680.

11 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.229.

17

“ A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652), ressalvada a aceitação do valor estimado pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V); caso sejam necessários conhecimentos especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.”

Pode ocorrer, no entanto, a alienação judicial dos bens

antes do final da execução, nos moldes do art. 670:

“O juiz autorizará a alienação antecipada dos bens penhorados quando:

I - sujeitos a deterioração ou depreciação;

II - houver manifesta vantagem.

Parágrafo único. Quando uma das partes requerer a alienação antecipada dos bens penhorados, o juiz ouvirá sempre a outra antes de decidir.”

Portanto, tem legitimidade para requerer ao juiz a

alienação antecipada dos bens penhorados, o credor, o devedor e o

depositário, demonstrando os reais motivos ensejadores da medida.

Diante de tal pedido o juiz deverá valorar os benefícios

que trará ao devedor, observando o contraditório, devendo ao final

proferir decisão fundamentada, a qual caberá agravo de instrumento.

O dinheiro levantado com a alienação não será entregue

ao devedor, outrossim, será depositada, assim substituindo a

penhora.

3.2 Expropriação dos bens penhorados

“ A expropriação é transferência forçada de bens do

devedor, visando à satisfação do direito do exeqüente.”

18

Conforme preceito do art. 646. “ A execução por quantia

certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o

direito do credor (art. 591).”

O Código de Processo Civil, prevê 4 (quatro) hipóteses de

expropriação. Vejamos:

“Art. 647. A expropriação consiste:

I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2o do art. 685-A desta Lei; 

II - na alienação por iniciativa particular;

III - na alienação em hasta pública; 12

IV - no usufruto13 de bem móvel ou imóvel.”

“ Na adjudicação14 e no usufruto, a expropriação do bem e

a satisfação do credor ocorrem na mesma oportunidade. Já a

alienação por iniciativa particular15 e a arrematação destinam-se

apenas à expropriação: a satisfação do crédito é postergada para

12 Alienação em hasta pública é forma de expropriação executiva pela qual os bens penhorados são transferidos por procedimento licitatório realizado pelo juiz da execução.

13 O usufruto executivo é modo de expropriação parcial: não se expropria o bem, mas seus frutos ou rendimentos.

14 Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. § 1o Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente.

15 Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. § 1o O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. § 2o A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. (

19

momento imediatamente subseqüente, quando determinada quantia

em dinheiro será entregue ao exeqüente.”16

A alienação em hasta pública pode acontecer:

Os bens móveis se submetem a leilão ( art. 686, IV

segunda parte)

Os bens imóveis são levados à praça ( art. 686, IV

primeira parte)

O leilão é conduzido pelo leiloeiro público escolhido pelo

credor entre aqueles legalmente habilitados. Já a praça é dirigida por

um serventuário da justiça.

A alienação judicial deverá, no entanto, ser precedida de

avaliação e publicação de editais.

3.3 – Remição da Execução, suspensão e extinção

da execução

O instituto da remição está previsto no art. 651: “ Antes

de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo

tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância

atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios.”  

Assim, o devedor poderá pagar o valor total do crédito,

incluindo juros, correção monetária, custas e honorários advocatícios,

culminando em causa extintiva da execução.

16 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Editora RT.São Paulo, p.244.

20

Poderá remir a execução o devedor, e o terceiro

interessado, entretanto, deve ser praticado tal faculdade antes de

adjudicados ou alienados os bens penhorados.

Conforme prevê o Código de Processo Civil, a execução

poderá ser suspensa:

“Art. 791. Suspende-se a execução:

I - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito

suspensivo os embargos à execução (art. 739-A); 

II - nas hipóteses previstas no art. 265, I a III;17

III - quando o devedor não possuir bens penhoráveis.”18

E, a extinção do processo de execução, ocorre nas

circunstâncias enumeradas no art. 794. Vejamos:

“Art. 794. Extingue-se a execução quando:

I - o devedor satisfaz a obrigação;

II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro

meio, a remissão19 total da dívida;

III - o credor renunciar ao crédito.”

Art. 795. A extinção só produz efeito quando declarada

por sentença.

17 Art. 265. Suspende-se o processo:I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;II - pela convenção das partes; (Vide Lei nº 11.481, de 2007)III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz;

18 O processo de execução será suspenso até que sejam localizados bens moveis ou imóveis de propriedade do devedor.

19 Remissão é o perdão da dívida, ou seja, é a liberalidade efetuada pelo credor, com o intuito de exonerar o devedor do cumprimento da obrigação.

21

Assim, uma vez declarado por sentença a extinção da

execução, tal provimento encerra o processo, sendo passível de

recurso de apelação.

4. Títulos executivos judiciais

“ Títulos executivos judiciais consistem em provimento

jurisdicionais, ou equivalentes, que contêm a determinação a uma

das partes de prestar algo à outra. O ordenamento confere a esses

provimentos a eficácia de, inexistindo prestação espontânea,

autorizar o emprego dos atos executórios.” 20

O rol dos títulos executivos judiciais está expresso no art.

475-N. Vejamos:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; 

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; 

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; 

IV – a sentença arbitral; 

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; 

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. 

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do

20 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 64.

22

devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. 

5. Cumprimento da Sentença ( Art. 475-J e

seguintes)

A Lei 11.232/2005 alterou a sistemática da execução dos

títulos judiciais.

Assim, o art. 475-J dispõe quanto à certeza e a liquidez da

quantia objeto da condenação.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo.

§ 3o O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.

§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante.

§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

23

“ A sentença com eficácia condenatória proferida em

processo judicial civil, em regra, deixa de ser executada em processo

autônomo. Sua execução passa a ocorrer dentro do próprio

processo em que ela foi proferida. Na mesma relação processual,

passa a haver uma fase de execução, posterior à fase de

conhecimento.”21

Outros procedimentos também foram simplificados, como

a nomeação de bens à penhora pelo devedor, avaliação pelo Oficial

de Justiça, intimação da penhora, previsão de impugnação, em lugar

dos embargos, assim não gerando efeito suspensivo automático.

Já com relação às particularidades da execução proposta

pela Fazenda Pública, e a execução de alimentos, estas foram

mantidas.

Assim, podemos enumerar os principais procedimentos

executórios a partir da Lei 11.232/2005:

Os títulos extrajudiciais relacionados no art. 585 do

CPC são executados em processo autônomo,

regulados pelo Livro II;

A sentença condenatória ao pagamento de quantia

proferida em processo civil torna-se, portanto um

título judicial, e será executada dentro do próprio

processo que proferiu a sentença;

Sentenças proferidas em processo civil, que versem o

cumprimento de dever de fazer, ou não fazer, ou

entregar coisa, revestem-se de eficácia

21 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 304.

24

mandamental e executiva, seguindo as regras do art.

461 e 461-A;

6. Execução da obrigação de fazer ou não fazer (art. 461)

A obrigação de fazer pode ser definida como o vínculo

jurídico entre credor e devedor, que obriga o segundo a cumprir

uma obrigação de fazer ou não fazer.

Pode ser observado que não se trata de pagamento e sim

de um comportamento humano ( fazer ou não fazer).

Como exemplo, podemos citar que o devedor poderá ser

obrigado a efetuar uma construção de uma muro, ou até escrever

um livro, etc.

O devedor poderá ainda ser obrigado a não fazer, como

por exemplo, não abrir um estabelecimento comercial dentro de

certa distância determinada, com intuito de preservar o fundo de

comércio alienado.

Vejamos as disposições do Código de Processo Civil,

para o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer:

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o

cumprimento de obrigação de fazer ou não

fazer, o juiz concederá a tutela específica da

obrigação ou, se procedente o pedido,

determinará providências que assegurem o

resultado prático equivalente ao do

adimplemento. 

§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas

e danos se o autor o requerer ou se impossível

25

a tutela específica ou a obtenção do resultado

prático correspondente. 

§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á

sem prejuízo da multa (art. 287). 

§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e

havendo justificado receio de ineficácia do

provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela

liminarmente ou mediante justificação prévia,

citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada

ou modificada, a qualquer tempo, em decisão

fundamentada. 

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior

ou na sentença, impor multa diária ao réu,

independentemente de pedido do autor, se for

suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-

lhe prazo razoável para o cumprimento do

preceito. 

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a

obtenção do resultado prático equivalente, poderá o

juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as

medidas necessárias, tais como a imposição

de multa por tempo de atraso, busca e

apreensão, remoção de pessoas e coisas,

desfazimento de obras e impedimento de

atividade nociva, se necessário com requisição de

força policial. 

§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a

periodicidade da multa, caso verifique que se tornou

insuficiente ou excessiva. 

26

7. Execução da obrigação de entrega de coisa (art. 461-A)

A ação de obrigação de entrega de coisa é fundada

no direito de exigir o cumprimento da prestação obrigacional

de entrega de coisa.

Assim, podemos mencionar, como exemplo, um

contrato de compra e venda de bem móvel, celebrado entre

comprador e vendedor, poderá ensejar que após cumprimento

de suas cláusulas, o primeiro exija do segundo a prestação

obrigacional de entrega de coisa.

Vejamos como ocorre o cumprimento da sentença

que tenha como objeto a entrega de coisa:

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a

entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela

específica, fixará o prazo para o cumprimento da

obrigação. 

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada

pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará

na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo

ao devedor escolher, este a entregará

individualizada, no prazo fixado pelo juiz. 

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo

estabelecido, expedir-se-á em favor do credor

mandado de busca e apreensão ou de imissão na

posse, conforme se tratar de coisa móvel ou

imóvel. 

27

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto

nos §§ 1o a 6o do art. 461.

O procedimento do cumprimento da sentença está

atrelado as peculiaridades no seu rito inicial,

entretanto é utilizado subsidiariamente os critérios

do Livro II;

Sentença penal condenatória, sentença estrangeira

homologada no Brasil e sentença arbitral, desde que

tenham por objeto o pagamento de quantia, serão

executados em um processo próprio, mas segue os

critérios do cumprimento da sentença.

8. Liquidação de Sentença

A liquidação de sentença, após a Lei 11.232/05 se tornou

um incidente, do processo, devendo ser instaurado tal fase por meio

de requerimento da parte interessada.

“ A liquidação de sentença se caracteriza

fundamentalmente pela existência de um fator de limitação ao pedido

formulado pela parte.”22

O objetivo da liquidação de sentença é tornar definido o

“quantum” da obrigação objeto da sentença condenatória.

Assim, tornar-se-á liquida a sentença após a liquidação,

que conforme prevê o CPC poderá ocorrer duas espécies, por artigos,

e, ou por arbitramento.

22 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 107.

28

8.1 - Liquidação por artigos

A liquidação por artigos esta prevista no art. 475-E, e se

faz necessário para determinar o valor da condenação, exista

necessidade de alegar e provar fato novo.23

”Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando,

para determinar o valor da condenação, houver necessidade de

alegar e provar fato novo.”

O procedimento da liquidação por artigos deve observar

os critérios do art. 475-F. Vejamos:

“Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no

que couber, o procedimento comum (art. 272).”24

8.2 - Liquidação por arbitramento

23WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 108-109. Exemplos mencionados: a-) a sentença condenou o réu a indenizar o autor por todos os danos pessoais sofridos em acidente de veículo. Na instrução processual que antecedeu a sentença condenatória, a prova foi limitada à existência de danos pessoais e ao nexo de causalidade entre o ato praticado pelo réu e o dano sofrido pela vitima. Depois da sentença, todavia, constata-se que o autor deve ter toda a perna amputada. Trata-se de fato superveniente. Caberá liquidação por artigos. b-) determinada empresa de construção civil é condenada a ressarcir os danos decorrentes da ruptura de uma barragem que, numa fazenda, servia de bebedouro de uma grande quantidade de animais. Toda a instrução terá girado em torno de se provar a ruptura da barragem. A sentença condenou ao ressarcimento dos danos causados pela ruptura. Na liquidação, como prova de fato novo, demonstrar-se-á o número de animais que morreram em razão do acidente com a barragem. Trata-se de fato ocorrido anteriormente à sentença condenatória.

24 Art. 272. O procedimento comum é ordinário ou sumário. Parágrafo único. O procedimento especial e o procedimento sumário regem-se pelas disposições que Ihes são próprias, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, as disposições gerais do procedimento ordinário

29

Já a liquidação por arbitramento se dá quando a apuração

do “quantum” da condenação dependa da realização de perícia por

arbitramento.

É um trabalho feito por perito que tenha conhecimento

técnico em determinada área de conhecimento, podendo assim

determinar o valor da condenação.

“ A liquidação por arbitramento submete-se a um

procedimento extremamente simples. Uma vez requerida a liquidação

pela parte interessada, o juiz nomeia o perito e fixa prazo para a

entrrega do laudo pericial. Depois de apresentado o laudo, as partes

são intimadas e tem prazo de dez dias para se manifestar sobre o

laudo. A seguir, o juiz proferirá a sentença, a qual, apenas se

necessário, será antecedida de audiência de instrução e julgamento.

(art. 475-D)”25

9. Da impugnação

A defesa do executado, por meio da impugnação prevista

no artigo 475- J, § 1º do CPC prevê uma forma processualmente mais

simplificada para o demandado se opor à fase do cumprimento da

sentença de pagar quantia certa.

Vejamos:

“Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. 

25 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 109.

30

§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias. ”

O executado impugna nos próprios autos da execução de

sentença, substituindo, assim os embargos à execução, que eram

distribuídos em apenso à ação principal.

               A doutrina diverge quanto à natureza jurídica da

impugnação, entretanto o entendimento majoritário é sua trata de

defesa do executado, pois inclusive conta com prazo especial, ou

seja, o prazo da impugnação será dobrado para aqueles que litigarem

em litisconsórcio, e com procuradores diferentes.

E, em caso de oferecimento da impugnação pelo

Executado, deverá ser dado ao Exeqüente o direito de réplica, pelo

mesmo prazo processual.

          Entretanto o objeto da execução é chamar o executado para

o cumprimento da obrigação, e não a se defender, contudo, com o

instituto da impugnação, temos plenamente configurado o

contraditório e ampla defesa, que trata-se de garantia Constitucional

do devido processo legal, não cabendo limitação, conforme artigo 5º,

inciso LV da Carta Magna:

         LV – "aos litigantes, em processo judicial ou

administrativo, e aos acusados em geral são

assegurados o contraditório e ampla defesa, com os

meios e recursos a ela inerentes";

          Em análise ao art. 475, J, § 1º cabe tecer alguns comentários,

tendo em vista que após o transito em julgado da sentença,

31

instaura-se o procedimento para o seu cumprimento, este

devendo ser requerido pelo interessado, assim, o executado

será intimado e não citado, na pessoa de seu advogado ou

pessoalmente, caso não tenha procurador.

                  O parágrafo primeiro do artigo em comento nos reporta a

efetuar uma interpretação extensiva, haja vista,  que a impugnação

tendo natureza de defesa, deve ser o instrumento hábil para o

executado aduzir todas as matérias, inclusive as de ordem

pública, no prazo de 15 dias, contados da intimação, e em caso

de inércia, o direito o demandado sofrerá os efeitos da preclusão.

          Outro aspecto relevante, com a mudança trazida pela Lei

Federal 11.232/05, é o fato do oferecimento da impugnação tenha

que ser precedido por penhora, mas a Lei Federal nº 11.382/2006 que

alterou o regime jurídico dos embargos do devedor, não mais se

fala em garantia como requisito de admissibilidade da defesa

do executado.

          Assim, o executado, uma vez intimado, terá o ônus de se

defender logo nos primeiros 15 dias, independentemente de penhora

( alteração que auxilio muito os exeqüentes, inclusive os insolvente

que não dispunham de bens a serem oferecidos à penhora).

A impugnação, em regra, não tem efeito suspensivo,

prosseguindo assim a execução, o executado apresentará sua

defesa, e concomitantemente, o exeqüente poderá continuar na

busca por bens penhoráveis.

As alterações introduzidas pela Lei 11.232, prevê também

a multa por descumprimento da sentença, assim o condenado tem

quinze dias para cumprir a sentença, e caso não o faça, será cobrado

uma multa adicional de 10% (dez por cento) do valor da

condenação.

32

Assim, a multa de 10% sobre o valor do débito,

estabelecida no art.475-J do Código de Processo Civil, incide

automaticamente se o débito não for pago no prazo de quinze dias do

trânsito em julgado da condenação.

Neste sentido já decidiu o STJ no Resp n° 954859:

"O termo inicial dos quinze dias previstos no Art. 475-J do CPC, deve ser o trânsito em julgado da sentença. Passado o prazo da lei, independente de nova intimação do advogado ou da parte para cumprir a obrigação, incide a multa de 10% sobre o valor da condenação. Se o credor precisar pedir ao juízo o cumprimento da sentença, já apresentará o cálculo, acrescido da multa. Esse o procedimento estabelecido na Lei, em coerência com o escopo de tornar as decisões judiciais mais eficazes e confiáveis. Complicá-lo com filigranas é reduzir à inutilidade a reforma processual (Resp 954859, Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS).

Entretanto, caso o executado efetue o pagamento parcial

do débito, dentro do prazo legal, a multa será devida sobre o saldo

restante, nos moldes do § 4º, “Efetuado o pagamento parcial no prazo

previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá

sobre o restante. “

Nos moldes do art. 475 L, o executado poderá alegar por

meio do oferecimento de impugnação:

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar

sobre: 

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; 

II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea; 

33

IV – ilegitimidade das partes; 

V – excesso de execução; 

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. 

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. 

§ 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. 

Conforme já demonstrado acima, a impugnação via de regra

não terá efeito suspensivo, nos moldes do artigo abaixo transcrito:

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos. 

§ 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados. 

34

§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. 

Em caso de penhora, a intimação ocorrerá na pessoa do

advogado do executado, devendo, portanto, estar habilitado aos

autos o referido procurador, presumindo que este já se encontre,

pois, como se trata do cumprimento de sentença proferida no

processo de conhecimento.

A lei também prevê que em caso de não estar

habilitado aos autos advogado do devedor, alternativamente a

intimação ocorrerá na pessoa do devedor ou seu representante legal.

Com a intimação da penhora, abre-se para o devedor a

oportunidade de impugnar o cumprimento da sentença.

Já com relação a arrematação, alienação, adjudicação

aplicam-se ao cumprimento da sentença as regras do Livro II.

Aplicam-se ao cumprimento da sentença as regras

sobre suspensão e extinção do processo de execução ( arts. 791-

795), devendo ainda ser suscitado a possibilidade do devedor argüir

exceção de incompetência, impedimento ou suspeição.

“As decisões proferidas no curso da fase de

cumprimento da sentença são interlocutórias, e, portanto, agraváveis.

O agravo deve ser interposto sob a forma de instrumento- não se lhe

aplicando o limite imposto pelo art. 527, II, na redação que lhe deu a

Lei 11.187/2005. (...) A decisão que põe fim ao procedimento do

cumprimento da sentença e ao processo como um todo é sentença,

apelável. “26

26 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 109.

35

10.   Da execução de prestação alimentícia

Prevista nos artigos 732 a 735 do CPC, e também pela

Lei 5.478 arts. 16 a 19 ( Lei de Alimentos). Vejamos:

Art. 732 - A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título

Art. 733 - Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

Art. 734 - Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia.

Art. 735 - Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado, pode o credor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento estabelecido no Capítulo IV deste Título.

E, os artigos 16 a 19 da Lei 5.478/68:

Art. 16. Na execução da sentença ou do acordo nas ações de alimentos será observado o disposto no artigo 734 e seu parágrafo único do Código de Processo Civil.

 Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz..

 Art. 18. Se, ainda assim, não for possível a satisfação do débito, poderá o credor requerer a execução da

36

sentença na forma dos artigos 732, 733 e 735 do Código de Processo Civil.

 Art. 19. O juiz, para instrução da causa ou na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar todas as providências necessárias para seu esclarecimento ou para o cumprimento do julgado ou do acordo, inclusive a decretação de prisão do devedor até 60 (sessenta) dias.

Em virtude das particularidades da obrigação

alimentícia, prevista inclusive no texto constitucional, que autoriza a

prisão do responsável pelo inadimplemento de obrigação alimentar, o

CPC prevê medidas com a finalidade de satisfazer a referida

obrigação.

A execução de obrigação alimentícia é uma execução

por quantia certa, assim adotam os procedimentos como penhora,

arrematação, etc.

Os títulos executivos que instruem a execução de

alimentos é o judicial, podendo ser a sentença condenatória ou

homologatória, podendo ainda ser estipulada em decisão

interlocutória ( liminar) que concede alimentos provisórios ou

provisionais.

Pode, entretanto, ocorrer a execução de alimentos com

base em titulo executivo extrajudicial, conforme prevê o art. 585, II,

assim, a escritura pública ou outro documento público assinado pelo

devedor, ou particular com anuência do Ministério Público ou

Defensoria Publica. 27

“ A execução de prestação alimentícia pode ocorrer de

quatro modos distintos: a-) desconto em folha de pagamento; b-)

27 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 480.

37

cobrança em alugueis ou outros rendimentos do devedor; c-)

expropriação de bens do devedor; d-) coerção ( prisão civil).28

Um dos meios mais utilizados para o cumprimento da

decisão proferida em sentença é o desconto em folha de pagamento.

A notificação será feita ao responsável pela empresa

empregadora do executado, por meio de oficio, que informará o nome

do credor, do devedor, a importância da prestação alimentícia e o

tempo de sua duração.

Assim, o desconto em folha de pagamento é uma

espécie de penhora.

Os meios coercitivos utilizados para o cumprimento da

obrigação alimentícia é aplicável tanto nas execuções de alimentos

provisionais como nos definitivos.

O objetivo da prisão civil é forçar o devedor a cumprir a

obrigação, satisfazendo o crédito alimentar.

Deve ser destacado que mesmo em caso do devedor

permanecer preso, a prestação não desaparece, nem a que deu

ensejo a prisão, nem as vincendas, podendo assim, ocorrer casos de

ser decretado pelo Juiz várias ordens de prisão.

A petição inicial da execução de alimentos deve

preencher os requisitos próprios, devendo ser instruída com a

memória de cálculo.

O juiz recebendo a inicial e verificando presente os

requisitos de essenciais ao desenvolvimento do processo, irá mandar

citar o devedor, dando prazo de 3 (três) dias para o pagamento.

28 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 480.

38

O devedor poderá se defender alegando impossibilidade

em cumprir a obrigação, caso o juiz acate a justificativa do

executado, irá abrir vistas aos autos para o credor se manifestar,

podendo até suspender o processo, aguardando meios para que o

mesmo cumpra a execução.

11. Dos embargos à execução

Os embargos têm o objetivo de garantir o direito de

defesa do Executado, entretanto é instrumentalizado em ação

própria, gerando um processo de conhecimento, que embora

apresente a natureza incidental à execução, é autônomo.

Assim, o executado defende-se propondo novo processo

contra o credor, portanto, os embargos poderão além de discutir do

crédito materializado no titulo executivo, como também corrigir

defeitos do processo.

Vejamos o artigo pertinente:

“Art. 745.  Nos embargos, poderá o executado alegar: 

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; 

II - penhora incorreta ou avaliação errônea; 

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; 

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art. 621);

V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. 

§ 1o  Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exeqüente requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado,

39

cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhe breve prazo para entrega do laudo. 

§ 2o  O exeqüente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação.”

Os embargos por sua vez podem ser propostos em dois

momentos processuais:

a-) embargos à execução, oponíveis assim que o

executado for citado, dentro do prazo de 15 dias, a contar-se da

juntada aos autos do comprovante de citação do devedor.

“Art. 738.  Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação. 

§ 1o  Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo tratando-se de cônjuges.

§ 2o  Nas execuções por carta precatória, a citação do executado será imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrônicos, contando-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicação. 

§ 3o  Aos embargos do executado não se aplica o disposto no art. 191 desta Lei. 29

“Os embargos à execução fundada em título executivo

extrajudicial ( art. 745) prestam-se a veicular toda e qualquer matéria

de defesa ( art. 745, V), além daquelas expressamente discriminadas

nos incisos I a IV do art. 745. É que, não tendo havido oportunidade

de exercício de contraditório em juízo, antes da formação do título,

seria inconstitucional qualquer limitação à matéria argüível (...)”30

29 Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

30 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 387.

40

b-) embargos à arrematação e à adjudicação, cabível

apenas na execução por quantia certa, entre a expropriação dos bens

penhorados e o encerramento, visam argüir aspectos processuais e

de mérito surgidos após o lapso temporal de embargos à execução.

“Art. 746.  É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação, alienação ou arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ou em causa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora, aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo. 

§ 1o  Oferecidos embargos, poderá o adquirente desistir da aquisição. 

§ 2o  No caso do § 1o deste artigo, o juiz deferirá de plano o requerimento, com a imediata liberação do depósito feito pelo adquirente (art. 694, § 1o, inciso IV).

§ 3o  Caso os embargos sejam declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporá multa ao embargante, não superior a 20% (vinte por cento) do valor da execução, em favor de quem desistiu da aquisição.”  

Assim, o embargos do devedor só poderão ser recebidos

se forem tempestivos ( art. 739,I), sua inobservância gera preclusão

da faculdade de embargar, assim devem ser propostos no prazo de

15 (quinze) dias contados da juntada aos autos do mandado de

citação.

Já, o embargos à arrematação, à alienação e à

adjudicação serão propostos no prazo de 5 (cinco) dias, contados do

aperfeiçoamento do ato embargado.31

41

A Lei 11.382/06 trouxe inovações aos embargos diante da

dispensa da penhora.

Assim, antes da lei em comento, não eram admissíveis

embargos sem estar seguro o juízo, por meio de penhora. Agora a

oportunidade para embargar abre-se com a mera citação, a penhora

não é mais requisito de admissibilidade para a oposição dos

embargos.

Legitimidade para propor embargos

“Tem legitimidade para propor embargos aquele que se

encontra no pólo passivo da demanda executiva.”32

Admite-se também a legitimidade pelo responsável da

obrigação.

Entretanto o terceiro poderá se utilizar de “embargos de

terceiro” que serve para este livrar seus bens da execução,

demonstrando que eles não estão incluídos no rol de bens do

executado.

Quanto ao cônjuge do executado intimado da penhora de

bens imóveis, detém tanto legitimidade para opor embargos de

terceiro, para defender sua meação, ou bens reservados

indevidamente penhorados, quanto para opor embargos à execução,

para discutir o crédito e a validade da relação processual. 33

31 A arrematação se aperfeiçoa com a assinatura de seu auto pelas pessoas a que alude o art. 694, e adjudicação, com a assinatura do respectivo auto.

32 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 390;

33 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 391.

42

A súmula 196 do STJ consolidou o tema: “ ao executado

que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será

nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de

embargos”

“Não cabem, no processo de embargos, a denunciação da

lide, o chamamento ao processo, e a nomeação à autoria ou

oposição.”34

Parcelamento do crédito pelo Exeqüente

Dispõe o art. 745-A que o executado, no prazo

disponibilizado para a oposição de embargos, poderá, após promover

o depósito de 30% (trinta por cento) do valor do crédito, acrescido

das custas e honorários advocatícios, requerer o

pagamento do restante da dívida em até 6 (seis) prestações mensais,

acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao

mês.

Requerendo tal providencia pelo Exeqüente, e deferido

pelo Juiz, o valor depositado poderá ser levantado pelo credor e os

atos executórios serão suspensos, até o cumprimento total do

parcelamento.

Entretanto, o pedido poderá ser indeferido, o depósito

será mantido, e o processo tornará ao seu curso normal. Trata-se de

decisão interlocutória, agravável.

Em caso de deferimento do parcelamento, e este for

descumprido pelo devedor, a execução prosseguirá e todas as

parcelas restantes estarão automaticamente vencidas. Além disso, o

montante que não foi pago será acrescido de multa de 10% (dez por

cento) sobre seu valor.

O pedido de parcelamento deverá ser tempestivo, ou

seja, feito no prazo de 15 (quinze) dias, contados da juntada do

34 Ibidem. 43

comprovante de citação. Para tanto, o executado deverá reconhecer

o débito e comprovar o depósito de 30% (trinta por cento) do crédito.

O objetivo do artigo 745-A é estimular o adimplemento

voluntário do devedor e simplificar a satisfação do crédito.

Uma vez, o executado, confessando a totalidade do valor

do crédito, este estará impedido de questioná-lo através de

embargos, por preclusão lógica.

Vejamos os artigos pertinentes:

“ Art. 745-A.  No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.

§ 1o  Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito. 

§ 2o  O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos.

Efeitos da interposição dos embargos

Com a Lei 11.382/06 o oferecimento de embargos do

devedor não suspende mais o processo executivo de forma

automática. ( art. 739-A, caput).

A atribuição pelo Juiz de efeito suspensivo depende do

pedido do embargante, fundamentado nos requisitos de relevância e

no perigo de danos graves de difícil reparação.

44

Caso seja indeferido pelo Juiz o pedido de efeito

suspensivo, decisão esta que deverá ser fundamentada, é passível

de interposição de agravo de instrumento.

Assim, o deferimento pelo Juiz do efeito suspensivo

representa medida acautelatória, pois suspende a execução, uma vez

demonstrado os requisitos, entretanto, poderá ser revogada ou

modificada a qualquer tempo, mediante novas circunstâncias que

justifiquem sua alteração.

“ Os embargos podem eventualmente implicar a

suspensão parcial ou total da execução( art. 730-A, § 3º, e art. 791, I,

primeira parte)35. A suspensão parcial pode ocorrer em duas situações

distintas. Em ambas, a execução prosseguirá no que tange à sua

parte não atingida pelo efeito suspensivo.”36

“Em todo o qualquer caso, mesmo quando atribuído efeito

suspensivo aos embargos, isso não impede que se promova a

penhora e a avaliação eventualmente ainda não realizada ( art. 739-A

§ 6º). Ou seja, a suspensão da execução eventualmente propiciada

pelos embargos diz respeito apenas aos atos posteriores à penhora e

avaliação, ou seja, basicamente os atos da fase expropriatória.”37

Os embargos do devedor podem ser rejeitados, a referida

sentença é suscetível de recurso de apelação, entretanto não terá

efeito suspensivo.

35 Pode ocorrer embargos que impugnam a totalidade da execução, mas o juiz defere apenas em relação a uma parte, e outra hipótese é quando os próprios embargos são parciais, só atacam parte da divida, assim o efeito suspensivo só atinge a parte questionada.36 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 402.

37 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 403.

45

Portanto, a execução será provisória quando a sentença

estiver na dependência de recurso de apelação.

Vejamos os artigos pertinentes:

“Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:

I - quando intempestivos; 

II - quando inepta a petição (art. 295); ou .

III - quando manifestamente protelatórios. 

Art. 739-A.  Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. 

§ 1o  O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. .

§ 2o  A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias que a motivaram.

§ 3o  Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. 

§ 4o  A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. 

§ 5o  Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de

46

rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. 

§ 6o  A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens. 

Art. 739-B.  A cobrança de multa ou de indenizações decorrentes de litigância de má-fé (arts. 17 e 18) será promovida no próprio processo de execução, em autos apensos, operando-se por compensação ou por execução.

Art. 740.  Recebidos os embargos, será o exeqüente ouvido no prazo de 15 (quinze) dias; a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido (art. 330) ou designará audiência de conciliação, instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 (dez) dias. 

Parágrafo único.  No caso de embargos manifestamente protelatórios, o juiz imporá, em favor do exeqüente, multa ao embargante em valor não superior a 20% (vinte por cento) do valor em execução.”

12. A execução fiscal e os embargos

A competência da execução fiscal encontra-se

disciplinada no art. 578 CPC, entretanto, dispõe de legislação especial

própria que traz os critérios aplicáveis. ( Lei 6.830/80).

“A execução fiscal será proposta no foro do domicilio do

réu ou, se não o tiver, no de sua residência ou onde for encontrado.

Pode também a execução ser proposta no foro do lugar onde se

praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à divida, ou ainda, no

foro da situação dos bens quando a divida deles se originar. Havendo

mais de um devedor, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de

qualquer um deles.”38

38 GRECCO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil. 3º vol. Editora Saraiva. São Paulo, p. 20/21. 47

Analisaremos os artigos 4º, 5º e 6º da Lei 6.830/80:    

        Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:

        I - o devedor;

        II - o fiador;

        III - o espólio;

        IV - a massa;

        V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; e

        VI - os sucessores a qualquer título.

        § 1º - Ressalvado o disposto no artigo 31, o síndico, o comissário, o liquidante, o inventariante e o administrador, nos casos de falência, concordata, liquidação, inventário, insolvência ou concurso de credores, se, antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens administrados, respondem, solidariamente, pelo valor desses bens.

        § 2º - À Dívida Ativa da Fazenda Pública, de qualquer natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade prevista na legislação tributária, civil e comercial.

        § 3º - Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no § 1º deste artigo, poderão nomear bens livres e desembaraçados do devedor, tantos quantos bastem para pagar a dívida. Os bens dos responsáveis ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação da dívida.

        § 4º - Aplica-se à Dívida Ativa da Fazenda Pública de natureza não tributária o disposto nos artigos 186 e 188 a 192 do Código Tributário Nacional.

48

Já a competência está disciplinada no art. 5º - “ A

competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da

Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da

falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do

inventário.”

A petição inicial deverá seguir os requisitos do art. 6º.

Vejamos:

        Art. 6º - A petição inicial indicará apenas:

        I - o Juiz a quem é dirigida;

        II - o pedido; e

        III - o requerimento para a citação.

        § 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita.

        § 2º - A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.

        § 3º - A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial.

        § 4º - O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

       

A execução fiscal encontra-se disciplinada na Lei 6.830-

80, e visa receber os créditos tributários dos entes federados ( União,

Estados, Municípios e Distrito Federal), bem como de suas autarquias,

e entidades parafiscais,39

39 Entidades de classe profissionais liberais, exemplo OAB.

49

O título executivo objeto da execução fiscal é a certidão

da divida ativa (CDA), formado unilateralmente pelo Fisco, sem a

participação do devedor.

A certidão da divida ativa é oriundo do processo

administrativo, que pressupõe a participação do devedor por meio do

contraditório.

“Como a certidão de dívida ativa é titulo produzido

unilateralmente, a presunção de certeza e liquidez é relativa ( art. 3º,

parágrafo único), podendo sucumbir ante prova inequívoca, cujo ônus

compete ao executado ou ao terceiro, a quem aproveite.”40

       

A citação do executado segue as regras do art. 8º da lei

em comento.

Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

        I - a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

        II - a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

        III - se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;

        IV - o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial,

40 WAMBIER. Luiz Rodrigues. TALAMINI. Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. V.2. Editora RT, São Paulo, p. 496.

50

gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exeqüente, o nome do devedor e dos co-responsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.

        § 1º - O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias.

        § 2º - O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.

Após citado o executado, abre prazo de 5 (cinco) dias

para pagamento do débito atualizado, ou garantia da execução,

visando oferecimento de embargos.

A garantia da execução prevista na Lei 6.830-80 é a

diferença marcante em relação ao procedimento previsto no Código

de Processo Civil.

Vejamos:

“Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá:

        I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

        II - oferecer fiança bancária;

        III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou

        IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.

        § 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge.

51

        § 2º - Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros.

        § 3º - A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro ou fiança bancária, produz os mesmos efeitos da penhora.

        § 4º - Somente o depósito em dinheiro, na forma do artigo 32, faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

        § 5º - A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições pré-estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

        § 6º - O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do saldo devedor.

Caso a opção do executado seja para pagar o débito, este

deverá englobar o valor principal, juros, atualização monetária,

multas, custas processuais e honorários advocatícios.

E, em caso de oferecimento de embargos, deverá garantir

a execução, nos moldes do art. 9º.

O prazo para embargos do executado é de 30 (trinta )

dias. Vejamos o art. 16º.

   Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

        I - do depósito;

        II - da juntada da prova da fiança bancária;

        III - da intimação da penhora.

        § 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.

        § 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar

52

aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

        § 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Os embargos na execução fiscal é uma ação incidental

que exige como pressuposto de admissibilidade a segurança do juízo,

deverá ser proposto por petição inicial, com todos os requisitos do

art. 282 do CPC, não se admite reconvenção nem compensação.

O prazo da Fazenda Pública impugnar os embargos é de

trinta dias, relembrando que a oposição dos embargos não suspende

automaticamente a execução fiscal, dependerá da decisão

fundamentada do juiz.

Rejeitados os embargos, ou julgados improcedentes,

inicia-se a arrematação por meio de leilão publico ( art. 23), precedida

por edital que deverá ser afixado na sede do juízo local.

A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados,

nos moldes do art. 24. Vejamos:

 “” A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados:

        I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos;

        II - findo o leilão:

        a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação;

        b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias.

53

        Parágrafo Único - Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exeqüente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.”

13. ANEXO - MODELO DE PEÇAS PROCESSUAIS

Os modelos constantes neste anexo foram elaborados

com intuito de fornecer ao aluno um roteiro básico, para nortear a

peças processuais que serão elaboradas no decorrer do curso.

Entretanto, as peças processuais aqui demonstradas são

apenas referências, preocupando-se tão somente, em auxiliar o

graduando, em detalhes de ordem prática, assim, proporcionando

meios para a elaboração de suas próprias peças, com fatos,

fundamentos e pedidos atrelados a cada caso concreto.

54

Modelo – Petição Inicial - Execução de Título Extrajudicial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA COMARCA DE ______________________

(Nome Pessoa Física/ Jurídica), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do CPF nº ................e RG nº................, residente e domiciliado na Rua ........................., por seu advogado(a), mandato incluso, vem mui respeitosamente e com o devido acatamento, à presença de Vossa Excelência, para, com fundamento no art. 566 e seguintes, do Código de Processo Civil, propor a presente

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL

55

em face de ( Nome ), (qualificação),residente e domiciliado na Rua ............................................, o que efetivamente o faz, pelas razões de direito e de fato, conforme abaixo segue:

DOS FATOS

O Exeqüente é credor do Executado da importância líquida, certa e exigível de R$ .......... (................), importância essa expressa no _____________, vencido no dia ................

Resultando sempre inúteis as tentativas de recebimento amigável do Executado, recorra pois o Exeqüente ao Poder Judiciário, no sentido de ver o seu direito satisfeito com o pagamento pelo Requerido da importância demandada.

DO PEDIDO

Diante do exposto REQUER a Vossa Excelência se digne mandar expedir mandado de citação, a ser cumprido pelo Senhor Oficial de Justiça, para que uma vez citado o Executado, nos moldes do art. 652 do CPC, pague em 3 (três) dias o valor principal devidamente corrigido, mais as custas processuais e os honorários advocatícios, estes arbitrados por Vossa Excelência, sob pena de serem penhorados tantos bens, quanto bastem para satisfazer o crédito, ou ainda querendo, apresente Defesa, para que decorridos todos os trâmites legais do Processo da Execução, seja a presente Ação julgada procedente e afinal, condenar o Executado ao pagamento na forma da lei, de todas as verbas pleiteadas..

Dá-se à causa o valor de R$ .... (....).

Nestes Termos

Pede deferimento.

56

_______________, _____, ____________, _______.

______________________

Advogado(a)

OAB/SP.

Modelo de Embargo à Execução

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________.

 

 

DISTRIBUIÇÃO POR DEPEDÊNCIA

PROCESSO Nº

Execução de _______________

________________(Nome do Embargante ), (nacionalidade), ( estado civil), (profissão), portador do CPF nº .... e do RG nº ...., residente e domiciliado na rua ..., nº ...., na cidade de ..., por seu advogado (a) que esta subscreve, mandato incluso, vem à presença de Vossa Excelência oferecer

57

EMBARGOS À EXECUÇÃO, observando-se o procedimento previsto nos artigos 736 e seguintes do Código de Processo Civil, em face de

_____________( Nome do Embargado ), (qualificação completa), pelos motivos de fato e de direito que a seguir expõe:

Dos Fatos/ Fundamentos

Demonstrar os fatos e fundamentos do embargante que tenham o condão de obstar a execução indevida.

Como é o meio de defesa do devedor e tem por objeto desconstituir o título executivo ou declarar sua nulidade ou inexistência, deverá abordar o embargante os seguintes fatos: inexigibilidade do título, ilegitimidade das partes, cumulação indevida de execuções, excesso de execução, transação, prescrição, incompetência do juízo, bem como suspeição e impedimentos do juiz.

Fundamentar por meio da previsão legal a sustentação da tese de defesa, bem como demonstrar a jurisprudência atrelada ao caso.

Do Pedido

Diante de todo o exposto, requer-se ao Nobre Magistrado, com respaldo nas disposições contidas no Código de Processo Civil:

a-) a intimação do embargado, para responder aos termos do presente, nos moldes do art. 740;

b-) e, com respaldo no art. 739-A, § 1º, acolher o presente embargo, e

atribuir efeito suspensivo ao mesmo;

c-) e, ao final julgar procedente para o fim de ( extinguir /modificar) a

execução em tramite.

Protesta por todos os meios de prova admitidos em Direito.

Dá-se ao pleito o valor de R$ ...............(........................).

Nestes Termos

58

Pede deferimento.

_______________, _____, ____________, _______.

______________________

Advogado(a)

OAB/SP.

Modelo de Cumprimento da Sentença

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________.

 

 

PROCESSO Nº

________________(Nome do Credor ), (nacionalidade), ( estado civil), (profissão), portador do CPF nº .... e do RG nº ...., residente e domiciliado na rua ..., nº ...., na cidade de ..., em razão do crédito constituído nos autos da ação de ............., a qual tramitou neste Juízo, julgada procedente por sentença de mérito (fls.. ...), cujo teor transitou em julgado, em desfavor de ______(nome do devedor) (qualificações), vem, mui respeitosamente, por meio de seu advogado (a) que esta subscreve, a presença de Vossa Excelência, requerer o

59

CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

constituída por meio do título executivo judicial em anexo, tendo em vista o consignado na sentença prolatada nos autos da ação supracitada, o requerente tornou-se credor do requerido no valor de R$.....................(.....................................................................)  

Nestes moldes, a condenação foi atualizada até a presente data, com aplicação de correção monetária, juros legais, conforme se verifica na memória de cálculo em anexo, correspondendo à importância ora almejada. 

O presente requerimento de cumprimento de sentença está amparado pelos termos do artigo 475-I, § 1º., do Código de Processo Civil, “verbis”: 

§ 1o É definitiva a execução da sentença transitada em julgado, e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. (Redação da LEI Nº 11.232/2005).

Ante ao exposto, já decorrido o prazo de 15 (quinze) dias para pronto pagamento (intimação de fls.......), sem que houvesse adimplemento voluntário por parte do devedor, e estando a dívida atualizada dentro dos índices legais, REQUER-SE:

a-) seja o Requerido, ora Executado, penalizado com o pagamento da multa no percentual de 10% (dez por cento), sobre o valor do crédito,

b-) seja expedido o mandado de penhora e avaliação dos bens indicados ao final do petitório, em conformidade com o art.  475 – J, § 3º, in verbis:  “O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados”.  

c-) devendo posteriormente, ainda ser intimado o executado na pessoa de seu advogado.

Requerimentos em consonância com o disposto no art. 475-J e parágrafos, todos do CPC.

Dá-se a presente o valor de R$ ...................(..............).

Nestes termos, Pede Deferimento. 

_______________, _____, ____________, _______.

______________________

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Advogado(a)

OAB/SP.

Modelo de Embargos à Execução Fiscal

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ____________________.

Nome ( pessoa fisica ou Jurídica) ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL

em face de ( Fazenda Federal, Estadual, Municipal), pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

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DOS FATOS (...)

DO DIREITO

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o Embargante, Requer à Vossa Excelência:

a) Sejam recebidos os presentes embargos, julgando procedente o pedido, extinguindo-se à execução fiscal, constante na CDA nº .......... e, desconstituindo o crédito tributário, pautado na ..............., conseqüentemente, deferindo o levantamento da penhora (ou garantia);

b) Seja intimado o representante legal da Exeqüente, ora embargada, para apresentação de defesa, no prazo legal, consoante o art. 17, da Lei 6.830/80;

c.) a condenação da Exeqüente, nas custas e honorários advocatícios.

Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em Direito.

Dá-se à causa o valor de R$ ............................

Nestes TermosPede deferimento

DataAssinatura OAB

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BIBLIOGRAFIA

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São Paulo: Atlas.2002.

GRECCO FILHO, Vicente.Direito Processual Civil Brasileiro. 14ª ed.

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