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APOSTILA DIREITO PREVIDENCIÁRIO Prof. Luciano Alves dos Santos

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APOSTILA DIREITO

PREVIDENCIÁRIO

Prof. Luciano Alves dos Santos

SumárioI. Conceitos Básicos1. Legislação Básica2. Seguridade Social

2.1. Conceito2.2. Principais Princípios

2.2.1. Solidariedade2.2.2. Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações

Urbanas e Rurais2.2.3. Diversidade da base de Financiamento2.2.4. Precedência da Fonte de Custeio

3. Previdência Social3.1. Conceito3.2. Tipos de Previdências3.3. Seguro Social3.4. Art. 201 da CF3.5. Características

3.5.1. Filiação Obrigatória3.5.1.1. Filiação x Inscrição

3.5.2. Caráter Contributivo3.5.3. Sistema de Repartição3.5.4. Equilíbrio Financeiro e Atuarial3.5.5. Garantia do Benefício Mínimo3.5.6. Correção Monetária dos SC3.5.7. Preservação do Valor Real dos Benefícios

4. Prestações Previdenciárias5. Requisitos para concessão de Benefício6. Beneficiários

6.1. Segurados6.1.1. Segurado Obrigatório

6.1.1.1. Empregado6.1.1.2. Empregado Doméstico6.1.1.3. Contribuinte Individual6.1.1.4. Avulso6.1.1.5. Especial

6.1.2. Segurado Facultativo6.1.3. Manutenção da Qualidade de Segurado

6.2. Dependentes7. Carência8. Salário-de-contribuição9. Salário-de-benefício10. Renda Mensal do Benefício11. Relações Jurídicas com Previdência Social – Quadro Resumo

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II.Particularidades Processuais1. Introdução2. Ações Previdenciárias

2.1. Tipos de Ações Previdenciárias2.2. Ação declaratória2.3. Mandado de Segurança2.4. Justificação Judicial

3. Procedimento3.1. Introdução3.2. Partes na Relação Processual

3.2.1. Definição3.2.2. Sucessão Processual

3.3. Documentos que instruem3.3.1. Procuração3.3.2. Declaração de Hipossuficiência

3.3.2.1. Assistência Judicial Gratuita3.3.2.2. Assistência Judiciária integral Gratuita

3.3.3. Carta de Indeferimento – Prévio Pedido ao INSS3.3.4. Demais docs

3.4. Litisconsórcio Ativo3.5. Litisconsórcio Passivo Necessário3.6. Tramitação Preferencial3.7. Valor da Causa e Custas

3.7.1. Introdução3.7.2. Impugnação ao Valor da Causa

3.8. Intervenção do MP4. Representação Judicial do INSS

4.1. Procurador Federal e Credenciado4.2. Intimação pessoal

5. Antecipação da Tutela5.1. Introdução5.2. Antecipação contra Fazenda Pública5.3. Requisitos da Antecipação Assecuritória5.4. Tutela Específica

6. Competência em Matéria Previdenciária6.1. Jurisdição x Competência6.2. Competência da Justiça Federal

6.2.1. Definição6.2.2. Causas envolvendo Benefício Assistencial

6.3. Competência da Justiça Comum6.3.1. Originária – Acidente de Trabalho

6.3.1.1. Definição6.3.1.2. Conceito de Acidente de Trabalho6.3.1.3. Sem custas e honorários advocatícios6.3.1.4. Alvará Judicial

6.3.2. Delegada – art. 109, § 3º, CF 6.4. Competência da Justiça Trabalhista6.5. Resumo

7. Sentença Previdenciária8. Reexame Necessário

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9. Recursos na Ação de Conhecimento10. Decadência e Prescrição Previdenciárias11. Decadência contra a Administração

III. Tempo de contribuição1. Introdução2. Comprovação do tempo

2.1. A Prova Tarifada2.2. Exceções à Prova Tarifada2.3. Tempo Rural2.4. Tempo de serviço reconhecido pela Justiça do Trabalho

3. Contagem Recíproca4. Pagamento de Contribuições Previdenciárias em Atraso

4.1. Contribuições em Atraso não Alcançadas pela Prescrição/Decadência4.2. Contribuições em Atraso Alcançadas pela Prescrição/Decadência com ou sem

Retroação da DIC (Data de Início de Contribuição)4.3. Indenização de Período de Filiação não Obrigatória

IV. Benefícios por Tempo de Contribuição1. Aposentadoria por Tempo de Contribuição

1.1. Introdução1.2. Base Legal1.3. Titular1.4. Requisitos1.5. Termo Inicial1.6. Termo Final

1.6.1. Desaposentação1.7. Valor do Benefício1.8. Aposentadoria do Professor1.9. Direito Adquirido1.10. Regra de Transição1.11. Resumo1.12.Jurisprudência1.13. Procedimento

2. Aposentadoria Especial2.1. Introdução2.2. Base Legal2.3. Titular2.4. Requisitos

2.4.1. Definição de habitualidade e permanência2.5. Termo Inicial2.6. Termo Final2.7. Valor do Benefício2.8. Atividade Especial

2.8.1. Conceito2.8.2. Rol de Agentes Nocivos2.8.3. Comprovação

2.8.3.1. Comprovação judicial de período especial2.8.4. Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)2.8.5. Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT)

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2.8.6. Utilização de EPI e EPC2.9. Conversão de Tempo de Contribuição2.10.Aposentadoria Especial do Servidor Público2.11.Perspectivas para a Aposentadoria Especial2.12.Jurisprudência

3. Cálculo do Tempo de Contribuição3.1. Planilha de Cálculo3.2. Análise de casos

V. Benefício Etário1. Aposentadoria por Idade

1.1. Introdução1.2. Base Legal1.3. Titular 1.4. Requisitos

1.4.1. Concessão após Perda da Qualidade de Segurado1.4.2. Concessão ao Trabalhador Rural

1.5. Termo Inicial1.5.1. Pedido de Aposentadoria por Idade

1.6. Termo Final1.7. Valor do Benefício1.8. Jurisprudência

VI. Benefícios por Incapacidade1. Introdução

1.1. Graus de Incapacidade1.2. Alguns casos

2. Aposentadoria por Invalidez2.1. Base Legal2.2. Titular2.3. Requisitos2.4. Termo Inicial2.5. Termo Final2.6. Valor do Benefício

2.6.1. Sem prévio Auxílio-doença2.6.2. Com prévio Auxílio-doença2.6.3. Acréscimo para Assistência

2.7. Exame Médico e Reabilitação Profissional2.8. Mensalidades de recuperação2.9. Repercussão Trabalhista da Aposentadoria por Invalidez2.10.Conversão em Aposentadoria por Tempo de Contribuição ou Idade2.11.Legislação Anterior a CF882.12.Jurisprudência 2.13.Análise de Casos

3. Auxílio-doença3.1. Base Legal3.2. Titular3.3. Requisitos

3.3.1. Exercício de 2 atividades e incapacidade em apenas 13.4. Termo Inicial

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3.5. Termo Final3.5.1. Alta programada

3.6. Valor do Benefício3.7. Exame Médico e Reabilitação Profissional3.8. Repercussão Trabalhista do Auxílio-doença

3.8.1. Estabilidade Provisória3.9. Jurisprudência 3.10.Análise de Casos

4. Auxílio-acidente4.1. Base Legal4.2. Titular4.3. Requisitos4.4. Termo Inicial4.5. Termo Final4.6. Valor do Benefício4.7. Competência Judicial4.8. Jurisprudência

5. Procedimentos

VII. Benefícios de Proteção à Família 1. Pensão por Morte

1.1. Base Legal1.2. Titular

1.2.1. Critério da Maior Classe1.2.2. Critério do Rateio1.2.3. Critério da Reversão das Cotas1.2.4. Critério da Dependência Econômica

1.3. Requisitos1.4. Termo Inicial1.5. Termo Final1.6. Valor do Benefício1.7. Jurisprudência 1.8. Análise de Casos1.9. Procedimentos

2. Auxílio-Reclusão2.1. Base Legal2.2. Titular2.3. Requisitos2.4. Termo Inicial2.5. Termo Final2.6. Valor do Benefício2.7. Repercussão Previdenciária do Período de Reclusão2.8. Jurisprudência

VIII.Benefícios de Proteção à Maternidade e à Infância1. Salário-maternidade

1.1. Base Legal1.2. Titular1.3. Requisitos

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1.4. Termo Inicial/Termo Final1.5. Valor do Benefício1.6. Jurisprudência 1.7. Análise de Casos

2. Salário-família2.1. Base Legal2.2. Titular2.3. Requisitos2.4. Termo Inicial2.5. Termo Final2.6. Valor do Benefício

2.6.1. Responsabilidade pelo Pagamento2.7. Jurisprudência

IX. Demais Prestações1. Habilitação e Reabilitação Profissional2. Serviço Social

X. Outros Temas1. Abono Anual2. Acumulação de Benefícios3. Benefícios Extintos4. Benefício Assistencial

XI. Ações Revisionais1. Introdução2. Ações Revisionais Gerais

2.1. Ações anteriores à CF882.1.1. Súmula 260 do TFR2.1.2. Menor Valor-teto pelo INPC2.1.3. Súmula 2 do TRF4

2.2. Ações posteriores à CF882.2.1. Art. 58 da ADCT2.2.2. “Buraco Negro”2.2.3. “Buraco Verde”2.2.4. IRSM 02/942.2.5. Novos Tetos EC 20/98 e EC 41/032.2.6. Revisão RMI da Aposentadoria por Invalidez precedida de Auxílio-

doença2.3. Quadro Resumo

3. Procedimento

XII. Juizado Especial Federal1. Base Legal2. Objetivo3. Princípios Aplicáveis

3.1. Oralidade3.2. Simplicidade3.3. Informalidade

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3.4. Economia Processual3.5. Celeridade

4. Competência para o JEF4.1. Valor da Causa

4.1.1. Critério Utilizado4.1.2. Cumulação de Pedidos

4.2. Opção pelo JEF4.3. Competência Territorial4.4. Complexidade da Causa4.5. Causas Excluídas do JEF4.6. Procedimentos Especiais

5. Capacidade Processual6. Ajuizamento sem Advogado

6.1. Possibilidade6.2. Representantes

7. Procedimento8. Decisão Antecipatória e Acautelatória9. Intimações e Citações10. Contestação11. Audiência de Conciliação e Instrução12. Sentença13. Recursos

13.1.Introdução13.2.Recurso Inominado ou “recurso de sentença”

13.2.1. Turmas Recursais13.3. Recurso de Medida Cautelar13.4. Embargos Declaratórios13.5. Pedido De Uniformização De Interpretação De Lei Federal – IUJEF13.6.Recurso Extraordinário13.7. Mandado de Segurança13.8. Agravo Regimental do Artigo 557 do CPC13.9.Ação Rescisória13.10. Correição Parcial

14. Fase de Execução15. Conflito de Competência

XIII.Execução Previdenciária1. Execução Fiscal1.1 Conceito e Base Legal1.2 Pólo Ativo1.3 Pólo Passivo

1.3.1 Redirecionamento1.4 Créditos Cobrados via Execução Fiscal1.5 Inscrição em Dívida Ativa:

1.5.1 Requisitos da TIDA/CDA 1.5.2 Presunção de certeza e liquidez:1.5.3 Emenda ou substituição da CDA 1.5.4 Limites do Crédito em Execução1.5.5 Certidões de Regularidade para a Fazenda Federal

1.6 Acréscimos ao Débito em Execução

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1.7 Não sujeição ao juízo universal da falência1.8 Preferência dos créditos inscritos em dívida ativa1.9 Procedimento

1.9.1 Competência do juízo1.9.2 Petição inicial simplificada 1.9.3 Valor da Causa1.9.4 Despacho Inicial1.9.5 Citação 1.9.6 Intimação das Partes na Execução Fiscal

1.10 Prescrição dos Créditos1.11 Garantia da Execução

1.11.1 Quebra de Sigilo e Indisponibilidade de Bens e Direitos1.11.2 Indicação de Bens de Terceiros à Penhora1.11.3 Penhora1.11.4 Bens Impenhoráveis1.11.5 Fraude à Execução

1.12 Prosseguimento da Execução 1.12.1 Leilão e Arrematação1.12.3 Remição e Adjudicação

1.13 Extinção da Execução ou Prosseguimento pelo Saldo1.14 Suspensão e Arquivamento 1.15 Embargos à execução

1.15.1 Conceito1.15.2 Prazo1.15.3 Efeitos1.15.4 Impugnação1.15.5 Sentença nos embargos à execução1.15.6 Questões mais Comuns Argüidas em Embargos

1.16 Embargos à Arrematação ou Adjudicação1.17 Embargos de Terceiro 1.18 Exceção de Pré-executividade2. Execução contra a Fazenda Pública:2.1 O Rito do Art. 730 do CPC2.1 Horários Advocatícios

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I. Conceitos Básicos

1. Legislação Básica

• Consolidação Legislação Previdenciária - www.planalto.gov.br – CF: arts. 193-204– EC 20/98– Lei 8.213/91 (LBPS)– *Lei 8.212/91 (LCPS)– Lei 9.876/99

• HD - www.inss.gov.br – Dec. 3.048/99 (RPS)– IN 45/10– CLPS/84 (Dec. 89.312/84)– CLPS/76 (Dec. 77.077/76)

2. Seguridade Social

2.1. Conceito

• CAPÍTULO II - DA SEGURIDADE SOCIALSeção I - DISPOSIÇÕES GERAIS

    “Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.”

SEGURIDADE = PREVIDÊNCIA + ASSISTÊNCIA + SAÚDE (PAS)

FINALIDADE: cobertura dos RISCOS SOCIAIS.

• Seguridade Social : rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuição de todos, com a finalidade de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida.

- É meio para se atingir o bem-estar e a justiça social, que é o fim da ordem social (art. 193, CF) e objetivo fundamental da República Federativa do Brasil (art. 3°, CF).

SEGURIDADE SOCIAL

PREVIDÊNCIA SAÚDEASSISTÊNCIASOCIAL

Ministério da Previdência Social

Ministério da Saúde

Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome

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2.2. Principais Princípios

2.2.1. Solidariedade

Previsto no art. 3°, I, da CF, é o mais importante princípio. Determina que cada participante contribua para a proteção social de todos

2.2.2. Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais

Previsto no art. 194, parágrafo único, II, da CF. Antes da Constituição de 1988, o INSS geria um sistema previdenciário para os trabalhadores urbanos e o FUNRURAL, para os trabalhadores rurais. Com esse princípio, houve a unificação, tanto quanto aos riscos sociais cobertos (Uniformidade) quanto ao valor da prestação (Equivalência).

2.2.3. Diversidade da base de Financiamento

O custeio da Seguridade Social é distribuído entre o maior número de pessoas capazes de contribuir, conforme o art. 195 e incisos, da CF. A maior parte das contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social vêm elencada na Lei 8.212/91 (Lei de Custeio da Seguridade Social).

Esquematicamente, são as seguintes as fontes de custeio:

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS (natureza tributária) => fonte diretao do EMPREGADOR sobre

Folha de salários: Contribuição Patronal Receita ou Faturamento: COFINS (LC 70/91) Lucro: CSLL

o do Trabalhador: Contribuição sobre o Salárioo sobre Receitas de Prognósticoso do Importador de bens ou serviçoso Outras fontes: mediante Lei complementar e com anterioridade

nonagesimal (art. 195, §§ 4º e 5º) ORÇAMENTOS da UNIÃO, ESTADOS/DF e MUNICÍPIOS (lei orçamentária

anual) => fonte indireta

2.2.4. Precedência da Fonte de Custeio

Princípio mais voltado ao legislador, determina que nenhum benefício poderá ser criado ou majorado, sem prévia fonte de custeio. Veiculado no art. 195, § 5º, da CF, é muito utilizado pela jurisprudência para indeferir a extensão de benefícios para pessoas não previstas em lei. Nesse sentido:

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APLICAÇÃO DE LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE E MAIS BENÉFICA PARA FINS DE MAJORAÇÃO DO COEFICIENTE DE PENSÃO POR MORTE - IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 195, § 5º, DA CF/88. ART. 485, V, DO CPC. RESTITUIÇÃO. INDEVIDA. PARCELAS RECEBIDAS DE BOA-FÉ. 1. Consoante entendimento do Plenário do STF (Recursos Extraordinários n°s 416.827-8 e 415.454-4) não é possível a majoração do percentual de cálculo para os benefícios de pensão concedidos anteriormente às

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alterações introduzidas pela Lei 9.032/95, nos moldes ali definidos, uma vez que viola o disposto no artigo 195, § 5º, da Constituição Federal, assentando que a mencionada revisão seria contrária ao princípio constitucional que não admite "majoração de benefício sem a correspondente fonte de custeio total". 2. O acórdão violou dispositivos constitucionais, pois contrário à interpretação imprimida à norma pelo Supremo Tribunal Federal, a quem cumpre emitir a última palavra em matéria constitucional. 3. Cuidando-se de verba destinada a alimentos, percebidas com fundamento em decisão judicial, salvo casos de comprovada má-fé no recebimento dos valores discutidos, não é permitida a restituição, mesmo porque enquanto a sentença produziu efeitos o pagamento era devido, não olvidando do princípio da relativização incidente sobre os acórdãos prolatados nos RE nºs 416.827-8 e 415.454-4, propiciando efeitos apenas entre as partes componentes daquelas relações processuais. (TRF4, AR 2007.04.00.004176-8, Terceira Seção, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 22/10/2007)

3. Previdência Social

3.1. Conceito

- Ramo da atuação estatal que visa à proteção de todo o indivíduo ocupado em uma atividade laborativa remunerada, para proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, permanente ou temporária, das condições de obter seu próprio sustento;- É direito subjetivo do indivíduo, exercitado em face da sociedade, personificada na figura do Estado-Providência.- Porém, somente alcança aos que trabalham no mercado formal. Para os demais, trabalhadores informais, desempregados, inválidos, idosos, menores, somente resta a assistência social. Ver EC 47/05.

3.2. Tipos de Previdências

PÚBLICOo RGPS: Leis 8.212/91 e 8.213/91. Gestão do INSS;o RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social): art. 40, CF e Lei 9.717/98;

Regime Complementar Público: art. 40, §§ 14 a 16, CF.

PRIVADO (facultativo e autônomo em relação aos regimes públicos): art. 202, CF, LC 108/01 e 109/01.

Entidades Abertas de Previdência Entidades Fechadas de Previdência

3.3. Seguro Social

Vínculo entre o segurado e o ente segurador estatal. Intervenção do Estado na economia e na relação entre particulares, através de normas jurídicas. Esta intervenção se justifica ante a ausência de previsão contratual para a hipótese de impossibilidade de execução de serviços pelo obreiro – temporária ou permanente.

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3.4. Art. 201 da CF

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (APOSENTADORIAS, AUXÍLIO-DOENÇA, AUXÍLIO-ACIDENTE, PENSÃO MORTE)

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (SALÁRIO-MATERNIDADE)

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (SEGURO-DESEMPREGO)

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

3.5. Características

3.5.1. Filiação Obrigatória

Exercendo o trabalhador uma das atividades elencadas no artigo 11 da LBPS, há vinculação obrigatória ao Regime Geral da Previdência Social.

Filiação facultativa (art. 201, § 5º, CF; art. 13, LBPS): àqueles que, não sendo vinculados a nenhum tipo de regime previdenciário, realizarem sua inscrição como segurados.

3.5.1.1. Filiação x Inscrição

Trata-se de importante distinção, trazida no art. 17 da LBPS:

Filiação: ato de vinculação do trabalhador ao RGPS. É automático para o segurado obrigatório.

Inscrição: ato pelo qual se é cadastrado no RGPS. Para o facultativo, a filiação se dá com a inscrição e o pagamento da primeira contribuição.

Incumbe ao dependente promover a sua inscrição quando do requerimento do benefício a que estiver habilitado (art. 17, § 1º, da LBPS) e não mais ao próprio segurado.

3.5.2. Caráter Contributivo

O caput do artigo 201 da CF menciona que a Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo. Não há, em tese, direito a benefício àquele que não é contribuinte do regime.

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3.5.3. Sistema de Repartição

Em relação ao custeio de um sistema previdenciário, há duas possibilidades: capitalização ou repartição.

No sistema de capitalização, somente o próprio segurado, ou um conjunto deles, contribui para a criação do fundo com lastro suficiente para cobrir as necessidades de seus integrantes. Modelo utilizado nos planos individuais de previdência privada e também nos “fundos de pensão”, entidades fechadas de previdência, previstos no art. 202 da CF.

No sistema de repartição, utilizado pelo RGPS, o segurado e outras pessoas contribuem. Repousa no ideal de solidariedade, já que à atual geração de trabalhadores garante os benefícios dos trabalhadores em inatividade.

3.5.4. Equilíbrio Financeiro e Atuarial

Deve ser observada a relação entre custeio e pagamento de benefícios, a fim de mantê-lo em condições superavitárias. A Lei 9.876/99 criou o fator previdenciário visando a um maior equilíbrio financeiro.

3.5.5. Garantia do Benefício Mínimo

Segundo o art. 201, § 2º, CF: “nenhum benefício que substitua o salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.”

Existentes dois benefícios que podem ser menores que o salário mínimo - salário-família e auxílio-acidente. Porém, devido a seu caráter indenizatório, não estão incluídos na regra constitucional.

3.5.6. Correção Monetária dos SC

De acordo com o art. 201, § 3º: “todos os salários-de-contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.”

Dessa forma, quando de sua inativação, o segurado terá seu benefício calculado considerando a inflação do período. Antes da CF de 1988, os 12 últimos salários-de-contribuição não eram atualizados, causando perda ao segurado.

3.5.7. Preservação do Valor Real dos Benefícios

Art. 201, § 4º, CF: “§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Para os benefícios previdenciários garante-se a preservação do valor real dos benefícios. Entretanto, este princípio será concretizado conforme critérios definidos em lei. De acordo com o art. 41-A da LBPS, será utilizado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, calculado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, como índice de correção monetária.

O reajuste é implantado na mesma data base que sobe o salário mínimo, mas por índice diferente. De acordo com a Lei 12.382, de 25 de fevereiro de 2011, os

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reajustes para a preservação do poder aquisitivo do salário mínimo entre 2012 e 2015 corresponderão à variação do INPC, acumulada nos doze meses anteriores ao mês do reajuste, mais o percentual equivalente à taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto - PIB, apurada pelo IBGE, dois anos antes, a título de aumento real.

4. Prestações Previdenciárias

Classificação quanto ao FATO GERADOR

INCAPACIDADE Aposentadoria por Invalidez; Auxílio-doença; Auxílio-acidente; Reabilitação Profissional.

PROTEÇÃO à FAMÍLIA Pensão por Morte; Auxílio-reclusão.

PROTEÇÃO à MATERNIDADE e à INFÂNCIA Salário-maternidade; Salário-família.

ETÁRIO Aposentadoria por Idade;

TEMPO DE SERVIÇO Aposentadoria por tempo de Contribuição; Aposentadoria Especial

OUTROS FATOS GERADORES Abono Anual; Serviço Social; Seguro-desemprego.(Ministério do Trabalho, e não o INSS)

Além destes, temos também o Benefício Assistencial de Prestação Continuada (art. 20, LOAS).

5. Requisitos para concessão de Benefício

a) Qualidade de Segurado e/ou Dependenteb) Carênciac) Evento Específico

6. Beneficiários

São beneficiários da Previdência Social, as pessoas físicas titulares do direito subjetivo de gozar das prestações contempladas pelo regime geral. Incluem os próprios segurados e também os dependentes. Em relação a esses, apenas é devida a pensão por morte e auxílio-reclusão.

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6.1. Segurados

Os segurados podem ser de dois tipos:o Obrigatório: exerce atividade vinculada ao RGPS. Filiam-se automaticamente, com

o exercício de qualquer das atividades prevista no art. 11, da LBPS;o Facultativo: para sua filiação ao RGPS, dependem de inscrição e contribuição. Não

pode ser filiado a este ou outro sistema previdenciário (art. 201, § 5°, CF e art. 13, da LBPS).

O exercício concomitante de mais de uma atividade abrangida pelo RGPS implica filiação obrigatória a cada uma delas (art. 11, § 2º, LBPS).

O aposentado pelo RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade (art. 11, § 3º, LBPS), somente fazendo jus, em decorrência do exercício dessa atividade, ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado (art. 28, § 2º, LBPS).

Servidor Civil Efetivo e o Militar da União/Estados/Municípios: excluídos do RGPS, se possuírem regime próprio. Porém, se concomitantemente exercerem atividade abrangida pelo RGPS são segurados obrigatórios em relação a ela (art. 12, LBPS).

6.1.1. Segurado Obrigatório

De acordo com o art. 11, da LBPS, são segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:o EMPREGADO (em regra, celetista);o EMPREGADO DOMÉSTICO;o CONTRIBUINTE INDIVIDUAL (autônomo, empresário, produtor rural);o AVULSO (portuário, estivador);o SEGURADO ESPECIAL (pequeno produtor rural, pescador artesanal, extrativista

vegetal – segingueiro).

6.1.1.1. Empregado

Previsto no art. 11, I, da LBPS, inclui o empregado com vínculo trabalhista (àquele que preenche as quatro características: pessoalidade, subordinação, não-eventualidade e remuneração).

Também incluem-se nesta categoria, entre outros, o Temporário (Lei 6.019/74), o domiciliado e contratado no BRASIL para trabalhar no exterior em sucursal ou agência de empresa nacional, servidor público ocupante exclusivamente de cargo em comissão (também cargo temporário e emprego público - art. 40, § 13, CF) e o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal , desde que não vinculado a regime próprio de previdência social.

IDADE MÍNIMA para filiação como empregado: 16 anos, salvo na condição de aprendiz com 14 anos de idade (art. 7º, XXXIII, CF, alterado pela EC. 20/98 – derrogou o art. 13, LBPS, quanto ao limite de idade). Porém, o trabalho desenvolvido antes da EC nº 20/98 conta como tempo de contribuição a partir dos 14 anos, na condição de empregado, e a partir de 12 anos, no caso de contrato de aprendizagem.

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6.1.1.2. Empregado Doméstico (Lei 5.859/72)

Previsto no art. 11, II, da LBPS, abrange aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos.

6.1.1.3. Contribuinte Individual

Abrange todos os demais trabalhadores não incluídos em uma categoria específica. Em regra, não possuem fonte pagadora (nem vínculo), devendo por si apurarem o ganho mensal e proceder ao recolhimento ao INSS. Fazem parte desse grupo, entre outros:

EMPRESÁRIO com retirada de pró-labore; EVENTUAL (biscateiro); AUTÔNOMO; PRODUTOR RURAL: explora atividade agropecuária ou pesqueira,

em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados (permanente: por mais de 120 dias no ano civil) ou com terras maiores que 4 modulos fiscais (INCRA define o valor do Mód Fiscal por Município, exemplo: em Bento Gonçalves, 1 MF = 12 há em Erechim 24 ha). IMPORTANTE: se o agricultor não tiver empregados e possuir terras de até 4 módulos fiscais é classificado na categoria de segurado especial;

GARIMPEIRO: explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados. Até a EC 20/98, o garimpeiro sem empregados era considerado segurado especial (antiga redação do art. 195, § 8°, CF);

COOPERATIVADO ( = membro da cooperativa, então é dono da cooperativa).

6.1.1.4. Avulso (tem mesmo direitos e deveres do empregado)

De acordo com o art. 11, VI, LBPS, é trabalhador avulso quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento.

É o trabalho prestado com a intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão-de-obra (Lei 8.630/95). São os trabalhadores de porto (estivadores, conferentes, práticos, etc.) ou os avulsos rurais, entre outros. A contribuição do segurado é recolhida na fonte pelo tomador do serviço.

6.1.1.5. Segurado Especial

Previsto no art. 11, VII, LBPS, recentemente alterado pela Lei 11.718/2008, é considerado Segurado Especial:

“VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros (troca de dias entre vizinhos), na condição de: 

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  a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos

termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; 

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e 

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade (até 15 anos de idade é dependente dos pais) ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. § 1o  Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. (...)§ 7o  O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador (autônomo) de que trata a alínea g do inciso V do caput deste artigo, em épocas de safra, à razão de, no máximo, 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil (4 pessoas por 30 dias cada, por exemplo), em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho. § 8o  Não descaracteriza a condição de segurado especial:  

I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;

II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; 

III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; e 

IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; 

V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; e 

VI – a associação em cooperativa agropecuária.  § 9o  Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:  

I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; 

II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8o deste artigo; 

III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil , observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 julho de 1991; 

IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;

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V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; 

VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo;

VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e 

VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social. 

Segurado Especial em Regime de Economia Familiar (REF) - requisitos: Trabalho dos membros da família indispensável à subsistência; Mútua colaboração, sem empregados por mais de 120 dias/homem no ano civil; Produção agrícola para comercialização; Área de até 4 (quatro) módulos fiscais.

O módulo fiscal (MF) é medido em hectares e é definido por Município, cuja tabela está anexa à Instrução Especial INCRA nº 20, de 1980. Os municípios que foram criados após 1980 tiveram o valor de seu módulo fiscal fixado por outros atos normativos daquela autarquia federal. É fixado considerando-se os seguintes fatores (Lei nº 4.504/64, na redação dada pela Lei nº 6.746/79):

Tipo de exploração predominante no município; Renda obtida com a exploração predominante; Outras explorações existentes no município que, embora não predominantes,

sejam significativas em função da renda e da área utilizada; Conceito de propriedade familiar.

O módulo fiscal serve de parâmetro para classificação do imóvel rural quanto ao tamanho, na forma da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993.

Pequena Propriedade - o imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;

Média Propriedade - o imóvel rural de área de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais.

Não confundir com o módulo rural (MR) que é estabelecido pelas dimensões da propriedade familiar e representa uma área mínima de terra calculada para cada imóvel rural, conforme estabelece o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64, art. 4º).

No Rio Grande do Sul, o módulo fiscal equivale a 12 hectares em municípios da serra gaúcha, como Bento Gonçalves e Caxias do Sul, e 28 hectares em Bagé. No Acre, o módulo fiscal é de 100 hectares para a maioria dos municípios, sendo fixado em 70 hectares na capital, Rio Branco. No Amazonas, varia entre 80 e 100 hectares, mas em Manaus equivale a 10 hectares.

Todos os membros da família que trabalham na roça são segurados obrigatórios no REF. Não descaracteriza o REF, se um membro da família trabalha fora.

A idade inicial para ser considerado segurado especial é:

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até CF88 – 12 anos; até EC 20/98 – 14 anos; atualmente – 16 anos.

Antes dessas idades, são dependentes dos segurados especiais.

6.1.2. Segurado Facultativo (dona-de-casa, estudante e desempregado)

O RGPS admite a filiação facultativa. Para tanto, deverá a pessoa física cumprir dois requisitos:

Não possuir regime previdenciário; Idade mínima de 16 anos.

Segundo a LBPS:“Art. 13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas disposições do Art. 11.”

A partir da EC 20/98, somente ao contar com 16 anos de idade poderá filiar-se como facultativo. O § 5º do art. 201, CF, veda a vinculação, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.

O funcionário público efetivo, uma vez que possui regime previdenciário próprio, somente poderá filiar-se como facultativo, se pedir licença não remunerada (art. 11, § 2°, RPS);

6.1.3. Manutenção da Qualidade de Segurado

Trata-se do “período de graça”, onde mantém-se a qualidade de segurado, mesmo sem contribuir. Em regra, apenas a qualidade de segurado é mantida, não vale como carência ou tempo de contribuição. Previsto no art. 15, da LBPS:

“Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;”

Art. 15, § 1º, LBPS:Prazo prorrogado por mais 12 meses (24 meses) se o segurado já tiver

pago mais de 120 contribuições mensais (mais de 10 anos de contribuições) sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado (art. 15, § 1°, LBPS).

Art. 15, § 2º, LBPS:Segurado desempregado: esse prazo será acrescido de mais 12 meses (36

meses), desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho (para pedir o seguro-desemprego) e da Previdência Social, totalizando 24 ou 36 meses, conforme o caso.

Porém, segundo a jurisprudência, é desnecessário o registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Neste sentido, a súmula 27

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da TUN: “A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito.” DOU de 22/06/2005

Por outro lado, no que se refere à comprovação de desemprego, deve-se fazer algumas considerações. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça levou a julgamento o Incidente de Uniformização Petição n. 7.115-PR (2009/0041450-2), tendo decidido, à unanimidade, que a ausência de anotação de trabalho na CTPS não é suficiente para comprovar a situação de desemprego. Transcrevo abaixo a aludida decisão, publicada no Diário Eletrônico do dia 06/04/2010 (grifei):

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. ART. 15 DA LEI 8.213/91. CONDIÇÃO DE DESEMPREGADO. DISPENSA DO REGISTRO PERANTE O MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL QUANDO FOR COMPROVADA A SITUAÇÃO DE DESEMPREGO POR OUTRAS PROVAS CONSTANTES DOS AUTOS. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. O REGISTRO NA CTPS DA DATA DA SAÍDA DO REQUERIDO NO EMPREGO E A AUSÊNCIA DE REGISTROS POSTERIORES NÃO SÃO SUFICIENTES PARA COMPROVAR A CONDIÇÃO DE DESEMPREGADO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DO INSS PROVIDO. 1. O art. 15 da Lei 8.213/91 elenca as hipóteses em que há a prorrogação da qualidade de segurado, independentemente do recolhimento de contribuições previdenciárias. 2. No que diz respeito à hipótese sob análise, em que o requerido alega ter deixado de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social, incide a disposição do inciso II e dos §§ 1o. e 2o. do citado art. 15 de que é mantida a qualidade de segurado nos 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, podendo ser prorrogado por mais 12 (doze) meses se comprovada a situação por meio de registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 3. Entretanto, diante do compromisso constitucional com a dignidade da pessoa humana, esse dispositivo deve ser interpretado de forma a proteger não o registro da situação de desemprego, mas o segurado desempregado que, por esse motivo, encontra-se impossibilitado de contribuir para a Previdência Social. 4. Dessa forma, esse registro não deve ser tido como o único meio de prova da condição de desempregado do segurado, especialmente considerando que, em âmbito judicial, prevalece o livre convencimento motivado do Juiz e não o sistema de tarifação legal de provas. Assim, o registro perante o Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá ser suprido quando for comprovada tal situação por outras provas constantes dos autos, inclusive a testemunhal. 5. No presente caso, o Tribunal a quo considerou mantida a condição de segurado do requerido em face da situação de desemprego apenas com base no registro na CTPS da data de sua saída no emprego, bem como na ausência de registros posteriores. 6. A ausência de anotação laboral na CTPS do requerido não é suficiente para comprovar a sua situação de desemprego, já que não afasta a possibilidade do exercício de atividade remunerada na informalidade. 7. Dessa forma, não tendo o requerido produzido nos autos prova da sua condição de desempregado, merece reforma o acórdão recorrido que afastou a perda da qualidade de segurado e julgou procedente o pedido; sem prejuízo, contudo, da promoção de outra ação em que se enseje a produção de prova adequada. 8. Incidente de Uniformização do INSS provido para fazer prevalecer a orientação ora firmada.

Também a TRU4 decide no mesmo sentido:

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INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. AUSÊNCIA DE REGISTRO NA CTPS NÃO É SUFICIENTE PARA COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. SEGURADO COM MAIS DE 120 CONTRIBUIÇÕES. APLICAÇÃO DO §1º DO ARTIGO 15 DA LEI 8.213/91. 1. A falta de anotação de vínculo empregatício na CTPS não é comprovação do desemprego, podendo tal condição ser comprovada por qualquer meio legítimo em direito admitido, segundo recente jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 2. No caso, não oportunizada a produção da prova do desemprego voluntário no Juizado de origem, deve-se converter o julgamento em diligência, determinando-se a produção da aludida prova, a fim de não caracterizar cerceamento de defesa. 3. Recolhimento de mais de 120 contribuições mensais sem perda da qualidade de segurado, aplica-se a extensão do período de graça em um ano, prevista no §1º do artigo 15 da LBPS. 4. Incidente de uniformização conhecido e parcialmente provido. (, IUJEF 0006326-92.2008.404.7195, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Rodrigo Koehler Ribeiro, D.E. 21/01/2011)

A TRU4 reconheceu a possibilidade da aplicação do indigitado parágrafo ao “autônomo desempregado”:

PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 15, § 2º, DA LEI Nº 8.213/91. 1. Não há, na legislação previdenciária, qualquer dispositivo que imponha óbice ao reconhecimento da situação de desemprego, ou sem trabalho, ao segurado contribuinte individual. 2. O conceito de desemprego abrange as situações involuntárias de não-trabalho, não importando a sua condição anterior, se de empregado, ou autônomo. 3. Deste modo, aplica-se ao segurado contribuinte individual sem trabalho ( CI desempregado ) o disposto no artigo 15, § 2º , da Lei nº 8.213/91 . 4. Incidente de Uniformização conhecido e improvido. (, IUJEF 2008.70.51.003130-5, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva, D.E. 06/04/2010)

Benefício de incapacidade: de acordo com o art. 13, II, do RPS, mantém a qualidade de segurado em até 12 meses após a cessação de benefício por incapacidade, podendo também ser prorrogada para 24 ou 36 meses, conforme o caso.

“III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;”

Durante a segregação, o segurado está em gozo de auxílio-doença, mantendo a qualidade de segurado.

“IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado (conscrito) incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. ...

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§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos” (ou seja, na prática todos os prazos anteriores são estendidos por mais 1,5 mês)

Os segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais (esses a contar da Lei 10.666/03 – competência 04/2003, pois a empresa tomadora do serviço deve recolher fonte) independem de recolhimento de contribuições para a manutenção da qualidade de segurados (art. 27, I, LBPS e art. 33, § 5°, LCPS). A jurisprudência inclui nessa categoria as empregadas domésticas.

6.2. Dependentes (art. 16 da LBPS)

O dependente está vinculado ao RGPS de forma reflexa, em razão de seu vínculo com o segurado. Se o segurado perder a filiação com o RGPS, também seu dependente deixará de ter o amparo previdenciário. Aos dependentes somente são devidos os benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão.

De acordo com o art. 16, da LBPS, três são as classes de dependentes: Classe I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não

emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido; Classe II - os pais; Classe III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de

21 anos ou inválido.

A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às prestações os das classes seguintes (critério da exclusão de dependentes). O benefício é dividido se houver mais de uma pessoa na mesma classe (critério do rateio das cotas). Quando deixa de ser dependente, a sua cota reverte para os demais dependentes da mesma classe (critério da reversão das cotas). A dependência econômica das pessoas da classe I é presumida e a das demais deve ser comprovada (critério da dependência econômica)

O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho, mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento (§ 2º, art. 16, LBPS). (Classe I com comprovação de dependência!).

        “Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:       I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;       II - os pais;       III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;        § 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.        § 2º.O enteado e o menor tutelado (# menor sob guarda!) equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.

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        § 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.        § 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.”

7. Carência

“Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.

        Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.”(Regra do 1/3 – só vale para segurado Facultativo e CI e só para 3 benefícios: Aposentadoria por Invalidez 12/4=3, Auxílio-doença 12/4=3 e Salário-maternidade 10/3=3 meses)

“Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições:        I - referentes ao período a partir da data da filiação ao Regime Geral de Previdência Social, no caso dos segurados empregados e trabalhadores avulsos referidos nos incisos I e VI do art. 11;         II - realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos II, V e VII do art. 11 e no art. 13. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)”

É um dos requisitos para o deferimento de alguns benefícios. Ex.: Aposentadoria por tempo de serviço – requisitos: 35 anos de serviço e carência de 180 contribuições.

8. Salário-de-contribuição

Conceito: base de cálculo sobre a qual incide a alíquota da contribuição previdenciária. É toda remuneração que o segurado recebe - ou por ele declarada -, obedecidos os limites mínimo e máximo:

Limite mínimo: corresponde ao piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês (art. 28, § 3°, LCPS);

Limite máximo: é o valor teto dos benefícios, reajustado na mesma data e com o mesmo índice dos benefícios (art. 28, § 4°, LCPS)

9. Salário-de-benefício

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Conceito: é o valor-base de cálculo da renda mensal inicial (RMI) dos principais benefícios de pagamento continuado (exceto o salário-família e o salário-maternidade – art. 28, LBPS).

Cálculo: art. 29, I e II, da LBPS (a partir de 29/11/1999 - L. 9.876/99): Aposentadoria por Tempo Contribuição e Aposentadoria por Idade:

SB = Média Aritmética (maiores SC em 80% do PBC) x fNo caso da aposentadoria por idade, o fator previdenciário somente

incide se mais favorável (sendo, pois, facultativo).

Demais benefícios:SB = Média Aritmética (maiores SC em 80% do PBC)

Onde: SB = salário-de-benefícioSC = salário-de-contribuiçãoPBC = período básico de cálculo (a partir de jul/94)f = Fator Previdenciário.

Fator Previdenciário: fórmula utilizada para cálculo de aposentadoria por tempo de contribuição, obrigatoriamente, e para cálculo de aposentadoria por idade, facultativamente, concedidos após 29/11/99, (data da entrada em vigor da Lei 9.876/99). De acordo com o art. 29, § 7°, LBPS: calculado levando-se em consideração a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar. Foi considerado constitucional pelo STF (ADI 2.110-9/DF e ADI 2.111-7DF).

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Tc Id1

Es

Tc aaf

Onde:f = fator previdenciário;Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;Id = idade no momento da aposentadoria;a = 0,31 (alíquota de contribuição correspondente a 11%, contribuição do trabalhador, mais os 20% do empregador) .

10. Renda Mensal do Benefício

Conceito: renda mensal inicial (RMI) do benefício previdenciário, calculado com base no salário-de-benefício, que passará a substituir o salário-de-contribuição (renda do segurado na ativa, ou salário-de-contribuição do facultativo).

RMI = % x SB

Limites: Mínimo: salário-mínimo (art. 201, § 2º, CF e art. 33, LBPS);

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Máximo: teto do salário-de-contribuição (art. 33, LBPS). A partir de 01/01/2012, passou a ser R$ 3.916,20 (Portaria Interministerial MPS/MF Nº 2 DE 06.01.2012). Houve reajuste de 6,08%.

Benefícios menores que o limite mínimo: salário-família (R$ 31,22 ou R$ 22,00, por filho); auxílio-acidente (50% SB); pensão por morte, quando dividida entre vários dependentes de um

único segurado, pode atingir isoladamente, quanto a cada um deles, valor inferior ao mínimo.

Exceções ao limite máximo (valor do benefício acima do teto): Adicional 25% ao aposentado por invalidez que necessite de auxílio

permanente (art. 45, LB); Salário-maternidade (art. 72, LB).

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11. Relações Jurídicas com Previdência Social – Quadro Resumo

CUSTEIO (Lei 8.212/91 e CTN)CUSTEIO (Lei 8.212/91 e CTN) BENEFÍCIOS (Lei 8.213/91)BENEFÍCIOS (Lei 8.213/91)

Alíquota: 5%, 8%, 9%, 11%, 20%SC: remuneração mensal até o teto.

RISCO SOCIAL

:

CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA = ALÍQUOTA x SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC)TRABALHADOR (art. 195, II, CF)

VALOR BENEFÍCIO = % x SALÁRIO DE BENEFÍCIO (SB)(RMI)

100%: ATC; Após. Especial; Após. Invalidez; Pensão; Auxílio-reclusão;91%: auxílio-doença;70% + 1% /ANO: Aposentadoria por idade50%: Auxílio-acidente

Requisitos dos benefícios1- Qualidade de segurado e/ou dependente2- Carência3- Evento Específico

CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA = ALÍQUOTA x FOLHA DE SALÁRIOSPATRONAL (art. 195, I, a, CF)

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II.Particularidades Processuais

1. Introdução

Matéria, de modo geral, pouco conhecida; Os valores em disputa são pequenos, o que leva os advogados a atuarem em

muitos feitos, impedindo uma maior dedicação para cada processo; O réu é entidade pública, não raro, mal defendida; Os autores são, em geral, hipossuficientes (renda líquida – descontados Imposto

de Renda e Previdência Social - de até 10 s.m).

Deveres processuais: Do autor: não formular pretensões que saiba destituídas de fundamentos (art. 14,

III, CPC). Nas ações previdenciárias, é fundamental que, antes de ingressar, o procurador faça um prévio exame da admissibilidade dos pedidos, evitando assim a propositura de lides fadadas ao insucesso.

Do réu: deve também agir com lealdade e boa-fé, evitando opor resistências injustificadas.

2. Ações Previdenciárias

2.1. Tipos de ações previdenciárias

• Concessão de benefícios : possui como objeto– Implantação da prestação (obrigação de fazer); (antecipação de tutela)– Pagamento de atrasados (obrigação de pagar quantia certa) (após o trânsito

em julgado, pagar atrasados contados geralmente desde a DER)• Revisão de benefícios

– Impugnação de ato de concessão de benefício (valor do benefício errado desde que o segurado se aposentou, ou seja, desde a DDB)

• Revisional de RMI:– De substituição real: impugna a rejeição de fato alegado– De substituição formal: alega fato novo

• Revisional de DIB: quer a retroação da DIB com recebimento de atrasados

– Impugnação de ato de reajustamento de benefício (aumento anual do aposentado com algum problema)

• Ação de restabelecimento de benefícios : impugna ato de– encerramento do benefício com efeitos ex tunc: por cancelamento (houve

concessão irregular do benefício) ou por cessação (houve o término normal do benefício pelo fim de sua causa)

– suspensão do benefício: interrupção do pagamento. Dá-se, geralmente, no curso de uma verificação administrativa;

– Redução da renda mensal.• Ação de manutenção de benefício : na iminência do INSS encerrar, suspender ou

reduzir o benefício, ou até mesmo no caso de ameaça de cessação, como na alta pré-programada, por exemplo. Se no curso da ação o INSS vem a cancelar o benefício, essa ação transforma-se em ação de restabelecimento.

• Ação de cancelamento de benefício :

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– Benefício próprio: desaposentação (renúncia à aposentadoria);– Benefício de outrem: como na pensão por morte dividida (entre a viúva e a

ex-exposa) ou entre a viúva/classe1 e a mãe do de cujus/classe2)• Ação declaratória para averbação de tempo de serviço • Outras

– Ação declaratória de filiação ao INSS;– Ação para prestação de tutela administrativa adequada (mandado de

segurança contra Chefe da APS, devido a demora na análise do benefício);– Ação para expedição de CTC, etc.

2.2. Ação declaratória

O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a ação declaratória é “Cabível para declarar tempo de serviço para fins de averbação com vistas à obtenção de benefício futuro.” (REsp. nº 93.365-RS, Rel. Min. José Arnaldo, 5ª T., DJU 17.3.97, p. 7.534). Entendimento sumulado pelo STJ: súm. 242 (“Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários.” Data da Decisão: 22/11/2000).

O pedido deve ser de reconhecimento da relação jurídica e não do fato em si. Porém, mesmo se o autor pedir apenas o reconhecimento do fato, há decisões processando o pedido:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINAR. AÇÃO DECLARATÓRIA. TEMPO DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO DE TRABALHO URBANO. ART. 515, § 3º. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR. NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DA INSTRUÇÃO. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO AUTÁRQUICO E ALEGAÇÃO DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ PREJUDICADOS. 1. Admite-se, em matéria previdenciária, o uso de ação declaratória para declaração de tempo de serviço, por meio de interpretação mais benévola do pedido, de maneira a ver-se, neste, o que a parte pretendeu realmente pedir - a declaração da existência da relação jurídica subjacente ao fato invocado - e não apenas aquilo que literalmente pediu - a declaração da existência do fato em questão. Precedentes do Eg. STJ. 2. O art. 515, § 3º, do CPC, nos casos de reforma de sentença extintiva do feito sem análise do mérito, autoriza ao Tribunal o julgamento imediato da controvérsia se o processo estiver maduro para tanto. 3. Carecendo o feito de instrução, para esclarecimento de diversos pontos controversos da quaestio, em especial no tocante à relação de causa e efeito entre o motivo de força maior (chuva de granizo) e a impossibilidade de apresentação de início de prova material, faz-se necessária a anulação da decisão de primeiro grau e a produção de provas, com posterior prolação de nova sentença abordando a questão de fundo. 4. Sentença anulada para complementação da instrução. Recurso do autor provido. Apelo do INSS e pedido de condenação da Autarquia por litigância de má-fé prejudicados. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2000.04.01.127992-8, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, DJ 03/11/2005)

2.3. Mandado de Segurança (só aceito no JEF se substitutivo de recurso

não existente)

É possível, em matéria previdenciária, desde que atendidos os requisitos legais, a utilização do mandado de segurança para deferimento de benefício previdenciário, inclusive com a concessão de liminar.

Para tanto, é preciso que o impetrante seja titular de direito líquido e certo (ou seja, demonstrado de plano, sem dilação probatória) e que esse direito esteja sendo lesado ou ameaçado de lesão por ato ilegal ou com abuso de poder praticado por autoridade para fins de obtenção do provimento liminar.

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Acaso o direito da parte não resulte evidente, por prova pré-constituída, documental, sem necessitar da corroboração por prova testemunhal/pericial/outras, não há lugar para a ação mandamental.

2.4. Justificação Judicial

Trata-se de procedimento de jurisdição voluntária, previsto nos arts. 861-866 do CPC, proposto em face do INSS e outros eventuais interessados, junto à Justiça Federal (Súmula 32 STJ), quando o segurado/interessado busca a comprovação de tempo de serviço ou da existência de dependência econômica para fins de recebimento de pensão (união estável, entre outras hipóteses).

Há pouca utilidade em tal procedimento, já que, ao sentenciar, o Juiz não analisa o mérito da prova, ou seja, não se pronuncia sobre o conteúdo da prova colhida, isto é, se foi ou não comprovado o que busca o autor. Limita-se a homologar a regularidade formal do procedimento, sem emitir juízo de valor. Assim, o INSS não está obrigado a aceitar tal prova como demonstração cabal dos fatos.

Processamento: o INSS é citado não para contestar, mas para acompanhar a produção da prova, não podendo apresentar defesa, somente sendo-lhe permitido fazer perguntas às testemunhas ou contraditá-las. A sentença homologatória é proferida ao final, podendo os autos, após 48 h, serem entregues ao justificante.

Desse modo, melhor seria buscar primeiramente a justificação administrativa (art. 108, LBPS). Em sendo recusada pelo INSS, ou inacolhido o tempo de serviço, o segurado poderá propor diretamente a ação de conhecimento, buscando a produção da prova em questão, e obtendo, desde logo, a decisão judicial definitiva. O art. 108, LBPS, traz:

“Art. 108. Mediante justificação processada perante a Previdência Social, observado o disposto no § 3º do Art. 55 e na forma estabelecida no Regulamento, poderá ser suprida a falta de documento ou provado ato do interesse de beneficiário ou empresa, salvo no que se refere a registro público.”

Eficácia da Justificação: "1. A exigência de início razoável de prova material para comprovação de tempo de serviço destinado à obtenção de benefícios previdenciários decorre de lei e não de regulamento (Lei 5.890/73, art. 10, § 8º). 2. A sentença em justificação judicial lança juízo apenas sobre a regularidade formal do processado e não sobre o conteúdo e a solidez da prova produzida, aspectos que poderão ser avaliados, livremente, em processo administrativo ou judicial superveniente. 3. Inexistente direito líquido e certo à contagem do tempo de serviço comprovado apenas por testemunhas, denega-se a ordem" (TRF4ªR, REO 90.04.01009-2/PR, rel. Juiz Teori Zavascki, RTRF4ªR 12/151 e 16/128).

"É insuficiente para prova de tempo de serviço a apresentação de decisão homologatória de prova produzida em justificação sem lide" (TRF4ªR, AC 91.04.12390-5/RS, rel. Juiz Volkmer de Castilho, RTRF4ªR 16/143).

"A aposentadoria concedida após a comprovação do tempo de serviço mediante justificação administrativa julgada eficaz só pode ser cancelada por motivo de nulidade. Não se compatibiliza com o ordenamento jurídico, notadamente com seu objetivo de dar segurança e estabilidade às relações jurídicas, o ato da Administração que, fundado unicamente em nova valoração da prova, modificou o resultado da decisão anterior, já

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acobertada pelo efeito de coisa julgada administrativa" (TRF4ªR, AC 90.04.26301-2/RS, rel. Juiz Teori Zavascki, RTRF4ªR 12/208 e 16/138).

3. Procedimento

3.1. Introdução

A petição inicial de uma ação previdenciária possui os mesmos requisitos de uma ação ordinária comum. O art. 282, II, CPC, exige que a petição inicial contenha a qualificação das partes. Em ações de natureza previdenciária, as partes são, de regra, um segurado ou beneficiário (ou possível beneficiário) da previdência social e o INSS.

Deve-se juntar toda a documentação com a inicial. Mesmo que demore algum tempo para reuni-la toda, valerá o esforço uma vez que a ação judicial tramitará de forma mais rápida.

Ação para concessão de benefício: o autor deve demonstrar o preenchimento dos requisitos para a obtenção do benefício, tais como, qualidade de segurado, existência de um dos eventos cobertos pelo RGPS, conforme legislação vigente à época, carência, idade mínima, ausência de percepção de outro benefício inacumulável, prévia postulação administrativa, etc.

Requisitos para obtenção de benefício: Qualidade de segurado e dependente; Carência; Requisitos específicos

Ação para revisão de benefício: deverá a parte autora cumprir os requisitos da ação revisional que pretende ajuizar. Para maiores detalhes, veja-se item próprio.

3.2. Partes na Relação Processual

3.2.1. Definição

Os autores são segurados, dependentes ou pessoas que pretendem o reconhecimento dessa condição.

Em relação à capacidade processual (capacidade de estar em juízo ou legitimação processual) nosso CPC segue as regras de direito material:

Absolutamente incapazes : são também absolutamente incapazes processualmente. Representados por seus pais, tutores e curadores, que praticam os atos pelo representado. Logo, a procuração é dada pelo próprio representante mediante instrumento particular.

Absolutamente incapaz por doença mental : se for menor impúbere, pode ser representado pelo responsável legal. Se maior de 16 anos, deve ser representado por curador, nomeado em processo judicial de interdição. Se não for interditado, o Juiz pode exigir que, primeiro, se promova a interdição, quando, nomeado curador provisório, este poderia representar o incapaz. No entanto, o mais conveniente, para evitar os ônus do processo de interdição, bem como a demora da ação previdenciária, é nomear um curador especial à lide (art. 9º, I, CPC — quando o incapaz não tem representante legal), que pode ser algum parente ou o próprio

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advogado. Porém, para levantar valores, deve-se exigir a presença do curador nomeado em processo de interdição.

Relativamente incapazes : são também relativamente incapazes processualmente. Assistidos por seus pais, tutores e curadores, que devem estar presentes aos atos processuais toda a vez que o assistido tiver que comparecer pessoalmente. O próprio assistido é que pratica os atos. Logo, a procuração deve ser outorgada por ele, mediante instrumento público, e com a assistência do responsável. Se o absolutamente incapaz completa 16 anos no curso do processo, o instrumento de mandato deverá ser substituído.

3.2.2. Sucessão Processual

Em caso de falecimento do autor, no curso da ação previdenciária, vale a regra do art. 112 da Lei n° 8.213/91, de modo que os dependentes previdenciários (beneficiários da pensão por morte) do autor falecido deverão se habilitar apresentando a certidão expedida pelo INSS. A importância da regra está em evitar despesas com inventário ou arrolamento, até porque muitas vezes o falecido não deixa bens para inventariar. No sentido da aplicabilidade da regra no âmbito judicial há precedente do TRF da 4ª Região.

Somente no caso de não haver dependentes recebendo pensão por morte, é que os sucessores de acordo com a lei civil deverão se habilitar. Veja-se a LBPS, art. 112:

”O valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento.”

Caso haja pedido de pensão por parte de companheira ou mulher devem ser citados, como litisconsortes passivos necessários (CPC, art. 47), os dependentes que já auferem pensão (mulher, companheira, filhos, etc.). Se na inicial tais pessoas não forem mencionadas deverá ser determinada a intimação do autor para que promova — ou seja requeira e apresente cópia da inicial — a citação dos litisconsortes passivos necessários, que passam a figurar na mesma situação do réu.

3.3. Documentos que instruem

3.3.1. Procuração

Procuração: súm. 64, TRF4 “É dispensável o reconhecimento de firma nas procurações "ad judicia", mesmo para o exercício em juízo dos poderes especiais previstos no art. 38 do CPC” (DJU (Seção2) de 07-03-2001, p.619).

Somente a cláusula que confere poderes para “receber e dar quitação” é que autoriza o levantamento de quantias, e não a cláusula “dar e receber quitação”.

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. ALVARÁ DE LEVANTAMENTO DE DEPÓSITO JUDICIAL EM NOME DO ADVOGADO. O advogado, legalmente constituído com poderes especiais de receber e dar quitação, tem direito à expedição de alvará em seu nome para levantamento de depósitos judiciais decorrentes de condenação imposta ao INSS. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO, 2006.04.00.012403-7, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 06/12/2006)

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. DETERMINAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE PROCURAÇÃO E ATOS CONSTITUTIVOS DA EMPRESA. AUSÊNCIA DE FRAUDE. IMPOSSIBILIDADE. RECONSIDERAÇÃO PARCIAL DA DECISÃO AGRAVADA. 1. Hipótese de reconsideração parcial da decisão agravada, no ponto específico quanto à determinação de juntada de procuração atual com poderes expressos para recebimento de valores. Parte do agravo de instrumento não conhecida. 2. Se não há razoabilidade na conduta do magistrado singular em determinar a apresentação de nova procuração com poderes para receber e dar quitação quando a existente nos autos já contém tais poderes, visto que não tem prazo de validade determinado e não há qualquer evidência de fraude, também não há justificativa para a determinação de substituição dos atos constitutivos da empresa, já anexados, por atuais, salvo motivos plausíveis robustamente justificados. 3. Agravo de instrumento conhecido em parte e, na parte conhecida, provido. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO, 2006.04.00.022770-7, Primeira Turma, Relator Álvaro Eduardo Junqueira, DJ 14/11/2006)

3.3.2. Declaração de Hipossuficiência

3.3.2.1. Assistência Judicial Gratuita

Também conhecida como gratuidade de justiça, está prevista na Lei 1.060/50, art. 4°. Suspende o pagamento das despesas processuais e dos honorários de sucumbência por 5 anos, após os quais não serão mais devidos. Para obter o benefício, basta a declaração da parte de que não tem condições de pagar as custas do processo e os honorários advocatícios sem prejuízo próprio ou de sua família. A outra parte pode impugnar, sendo seu ônus provar que o beneficiário não preenche os requisitos. Não pode ser deferida de ofício, mas pode ser cassada de ofício.

3.3.2.2. Assistência Judiciária integral Gratuita

Prevista no art. 5°, LXXIV, da CF, abrange dispensa das despesas processuais, honorários de sucumbência e prestação de assistência jurídica por profissional pago pelo Estado (defensor público federal), através da defensoria Pública (art. 134, CF). Depende de comprovação da insuficiência de recursos.

3.3.3. Carta de Indeferimento – Prévio Pedido ao INSS

A exigência de prévia manifestação do Poder Público como condição para a ação está prevista no art. 5º, XXXV, da CF, que limita o acesso ao judiciário somente aos casos de lesão ou ameaça de lesão a direito. Assim, deve ser demonstrado com a inicial o legítimo interesse, conforme o art. 3º, do CPC, sob pena de indeferimento da inicial por carência de ação, tendo em vista a falta de interesse de agir (art. 267, VI, e art. 295, III, do CPC). Não indeferida a inicial, se o INSS contestar o mérito da ação, fica configurada a pretensão resistida.

Os segurados têm interesse de agir somente quando sua pretensão encontra óbice na via administrativa, seja pelo indeferimento ou pela omissão de apreciação (demora injustificável). Não deve o Judiciário substituir a atividade administrativa (conferência de recolhimentos, cálculo de tempos, etc.).

Porém, o exaurimento da via administrativa não é necessário, segundo a Súmula nº 213, do TFR: “O exaurimento da via administrativa não é condição para a propositura de ação de natureza previdenciária.”    LBPS, Art. 105. “A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recusa do requerimento de benefício.”

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Não se exige prévia provocação administrativa, quando se cuida de procedimento público e notório do INSS, que não atende às postulações dos segurados ex: desaposentação).

"INTERESSE DE AGIR - PRÉVIA POSTULAÇÃO ADMINISTRATIVA - CARÊNCIA DE AÇÃO. É necessário o ingresso na via administrativa, sem o que falta à parte interesse de agir por ausência de pretensão resistida." (TRF 4ª R., 5ª Turma, AC nº 94.04.10132-0/RS, Relator Juiz Amir José Finocchiaro Sarti, unânime, DJU 18.10.95, p. 71.607).

Enunciado nº 3 Turmas Recursais do RS de 04/07/2006: “Tratando-se de concessão de prestações previdenciárias, é imprescindível o prévio requerimento administrativo que deve ser comprovado pela Carta de Indeferimento ou pelo protocolo fornecido pela Administração (no caso de demora injustificável). No caso de cancelamento de prestações previdenciárias, ou de ações de reajustamento, o exame das questões ventiladas prescinde da via administrativa”.

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CARÊNCIA DA AÇÃO POR AUSÊNCIA DE PRÉVIO INGRESSO NA VIA ADMINISTRATIVA. 1. O exercício do direito de ação pressupõe a ocorrência de 'lesão ou ameaça a direito' (art. 5º, XXXV, CF/88). Em se tratando de direito subjetivo referente a benefício previdenciário, cabe ao segurado ou beneficiário comprovar a negativa de sua postulação pelo INSS, pena de indeferimento da petição inicial, face à ausência de interesse de agir (arts. 267, I e VI, fine, e 295, III, do CPC). Apelação da autora improvida. (AC n.º 1998.04.01.0833680/PR, Rel. Des. Federal Nylson Paim de Abreu, 6ª T., DJU 23-02-00, p. 723

PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. INTIMAÇÃO PESSOAL PROCURADOR AUTÁRQUICO. AUXÍLIO-DOENÇA. CARÊNCIA. CUMPRIMENTO. ART. 151 DA LBPS. Conforme jurisprudência pacífica deste Tribunal, havendo contestação do mérito não se verifica a carência de ação em virtude da ausência de requerimento administrativo do benefício, pois resta caracterizada a pretensão resistida. Não se vislumbra a existência de direito à intimação pessoal dos procuradores credenciados do INSS, mas apenas àqueles integrantes da carreira de Procurador Federal O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigido pela lei, quando for o caso, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos (art. 59 da Lei 8.213/91). Sendo a segurada portadora das moléstias elencadas no art. 151 da LBPS, não há falar em implemento de carência para a concessão do auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2002.71.08.001962-7, Turma Suplementar, Relator Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 11/05/2007)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL. FALTA DE INTERESSE DE AGIR. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. A falta de requerimento administrativo do segurado perante o órgão previdenciário, aliada a não impugnação do mérito deduzido na ação, implica a ausência de interesse de agir , uma das condições da ação e, como conseqüência a extinção do processo sem julgamento de mérito. (AI n.º 2001.72.05.003522-7, 2ª Turma Suplementar, Rel. Juíza Luciane Amaral Corrêa Münch, DJU de 07-12-2005)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. NÃO CONFIGURADA PRETENSÃO RESISTIDA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR. SUSPENSÃO DO FEITO EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE.1. Esta Corte tem entendido que a pretensão resistida ao benefício postulado precisa ter sido previamente submetida ao crivo do Administrador, não cabendo a direta interposição do pleito ao Judiciário, que é revisor dos atos administrativos e não sua primeira instância decisória.2. Descabida a suspensão do feito em fase recursal, na tentativa de verificar se a Administração irá ou não deferir o benefício, considerando que tal procedimento não é compatível com o processo de recurso no Tribunal e não me parece cabível tal iniciativa, data venia, pelo Relator. (TRF4, AG 2003.04.01.037037-8, Quinta Turma, Relator do Acórdão Néfi Cordeiro, publicado em 07/01/2004)

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APELAÇÃO CÍVEL. EXTINÇÃO DO FEITO SEM EXAME DE MÉRITO. INTERESSE DE AGIR. REFORMA DA SENTENÇA. APLICAÇÃO DO ART. 515, § 3º, DO CPC. EXERCENTE DE MANDATO ELETIVO. SEGURADO OBRIGATÓRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. LEI Nº 9.506/97. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA. 1. Verificado o recolhimento de contribuição a maior junto ao INSS, não se pode condicionar o ajuizamento de ação visando à restituição ao prévio requerimento administrativo nesse sentido. O interesse de agir do autor decorre, in casu, da própria existência do indébito. 2. Reforma da sentença que concluiu pela extinção do feito sem julgamento de mérito. Presentes os requisitos do art. 515, § 3º, do CPC, mostra-se viável o conhecimento do mérito da ação diretamente pelo Tribunal. 3. No RE 351717, o STF declarou a inconstitucionalidade do dispositivo da Lei nº 9.506/97 que inclui os exercentes de mandato eletivo federal, estadual ou municipal como segurados obrigatórios da Previdência Social, considerando que os ocupantes de cargo eletivo qualificam-se como agentes políticos, não se enquadrando na categoria de trabalhador, em face do disposto no art. 195 da CF (na redação anterior à EC 20/98). 4. Com relação às contribuições previdenciárias vincendas, tomadas com arrimo na vindoura Lei 10.887/04, a estas não se aplica a dita suspensão, porque protegidas pela presunção de constitucionalidade que as cerca desde o nascedouro. 5. Apelo parcialmente provido. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2006.70.09.002201-8, Primeira Turma, Relator Joel Ilan Paciornik, D.E. 15/05/2007)

3.3.4. Demais documentos e procedimentos

Ação de Concessão de Benefício- Documentos: CTPS; DSS 8030; PPP; Certidão Exército; Nota Produtor Rural; certidão do INCRA; Certidão Nascimento de Filho ou de Casamento, onde conste a qualificação de agricultor; etc.- Determinar tempo de serviço na planilha do Excel (JUSPREV5);- Verificar qual o benefício é devido: ATC; Apos. Idade; Apos. Especial; benefício por incapacidade;- Indenização do período anterior (no caso de CI/autônomo);- Ingressar com pedido no INSS;- Indeferido, ajuizar ação judicial em relação aos períodos não reconhecidos;- Instruir a inicial com a carta de indeferimento do INSS e demais documentos, informando o número do processo administrativo ou do benefício;- Pedir a produção de perícia nas empresas nas quais não há DSS 8030 ou nas quais a informação neste formulário é desfavorável (neste caso, normalmente o juiz indefere a perícia).- Juntar rol de testemunhas (de preferência, sem parentesco com parte autora). Quando houver necessidade da produção de prova testemunhal e não tenham sido arroladas, deverá a Secretaria intimar a parte autora para emendar a peça exordial, sob pena de indeferimento da inicial, indicando as testemunhas (limitadas a 3) com nomes, número do CPF ou RG (carteira de identidade civil), qualificação e endereços, bem assim esclarecendo se comparecerão perante este Juízo ou se deverão ser inquiridas mediante carta precatória e se comparecerão independentemente de intimação. - Pedir a produção de prova testemunhal para:

o Reconhecimento de tempo de serviço : observar que é sempre necessário início de prova material. Para o tempo rural deverá ficar comprovado:

que o segurado não tinha empregados (podendo haver “troca de dias”);

produção para comercialização não poderá ter vínculo empregatício no período que quer reconhecer

como especial, salvo 120 dias ao ano;o Pensão por morte: poderá ser requerido o reconhecimento de união estável

(apenas para fins previdenciários, não fazendo coisa julgada material em

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relação a esta prejudicial de mérito); reconhecimento de alimentos de fato; reconhecimento de dependência econômica.

- Emenda da inicial para esclarecer qual doença é a determinante da alegada incapacidade. Quando houver pedido de realização de perícia em diferentes especialidades ou informar o(a) autor(a) possuir diversas enfermidades, deverá ser intimado para emendar a inicial, esclarecendo qual dentre as doenças relatadas é determinante da incapacidade. - Juntada de documentos em ação visando reconhecimento de tempo rural. Em se tratando de ação onde é pleiteado o reconhecimento de tempo rural em regime de economia familiar, deverá a parte autora ser intimada para juntar cópia da certidão de casamento e cópia autenticada da 1ª Carteira Profissional - CTPS expedida, que contenha os dados da primeira expedição, bem como o registro do primeiro contrato de trabalho, ou que justifique a impossibilidade de fazê-lo;- Juntada de documentos em ação visando reconhecimento de tempo comum. Em se tratando de ação onde é pleiteado o reconhecimento de tempo de serviço comum, deverá a parte autora ser intimada para juntar cópia(s) autenticada(s) da(s) Carteira(s) Profissional(is) – CTPS onde conste(m) o(s) respectivo(s) registro(s);- Expedição de ofício a empresa ou requisição ao INSS de documentos. Quando necessário, deverá a Secretaria expedir ofícios às empresas mencionadas nos autos ou requisitar documento(s) ao INSS, desde que haja nos autos a comprovação pela parte autora da negativa e/ou não obtenção de tais documentos junto à autarquia previdenciária ou à respectiva empresa (ou hospital, no caso da negativa de fornecimento de prontuário à companheira do de cujus, por exemplo);- Opção entre RPV (Requisição de Pequeno Valor) ou Precatório - Em sendo elaborado o cálculo de execução e constatado que o mesmo supera o equivalente a 60 salários mínimos vigentes na data da conta (valor limite para os RPV’s), deverá a Secretaria abrir vista à parte autora para que, em 5 (cinco) dias, se manifeste nos seguintes termos: a) na forma do artigo 17, § 4º, da Lei nº 10.259, pretendendo que o pagamento seja feito por RPV deverá renunciar formalmente aos valores excedentes suficientes para se adequar ao limite; ou b) se pretender resguardar a integralidade dos valores, sem redução ou exclusão, requerer a expedição de precatório (exemplo: a partir de 1º de julho/2012, só será pago a partir de janeiro/2014). Vale tanto para ações do JEF como para ações do rito ordinário.- Reserva de honorários contratuais. Em tendo sido requerida a reserva de honorários contratados, na forma do art. 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94, deverá a Secretaria proceder na intimação da parte autora para que, no prazo de 10 (dez) dias, junte aos autos declaração firmada pelo(a)(s) autor(a)(s)(es) acerca da existência ou não de algum pagamento de honorários por ele adiantado e que deva ser objeto de abatimento. Juntada a declaração afirmando a inexistência de adiantamentos, deverá a Secretaria providenciar na conclusão dos autos, ocasião em que será decidido o pedido de reserva de honorários contratados;- Intimação do(a) procurador(a) do(a) autor(a) sobre o pagamento e comparecimento para saque. Comunicado o depósito dos valores requisitados, deverá a Secretaria intimar o(a) procurador(a) da parte autora para que dê ciência à mesma de que a referida importância se encontra a sua disposição, devendo comparecer, no prazo de 15 (quinze) dias contados da intimação, na agência da Caixa Econômica Federal, munido(a) de CPF e carteira de identidade a fim de proceder ao saque dos valores depositados.- Conforme a Resolução nº 438 do CJF, os valores podem ser sacados em quaisquer agências da CEF.

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- Somente será liberado o saque dos valores para o procurador da parte autora caso seja apresentada procuração, com firma reconhecida, outorgada em data posterior ao depósito, contendo poderes específicos para a retirada da quantia depositada , mencionando o valor e o numero da conta, bem como que a CEF deverá recolher, a título de Imposto de Renda Retido na fonte, a alíquota de 3%, conforme disposto na Lei nº 10.833/2003, e na Instrução Normativa SRF 491/2005.- Intimação para saque dos honorários advocatícios. Comunicado o depósito dos valores requisitados, existindo quantia relativa a honorários advocatícios, deverá a Secretaria intimar o(a) procurador(a) da parte autora para que tenha ciência de que a referida importância se encontra a sua disposição, devendo comparecer, no prazo de 15 (quinze) dias contados da intimação, em quaisquer agências da Caixa Econômica Federal, munido(a) de CPF, carteira de identidade e nº da conta, a fim de proceder ao saque dos valores depositados. Ressalte-se que a CEF deverá recolher, a título de Imposto de Renda Retido na fonte, a alíquota de 3%, conforme disposto na Lei nº 10.833/2003, e na Instrução Normativa SRF 491/2005;

3.4. Litisconsórcio Ativo

Deve-se coibir o litisconsórcio ativo (ações plúrimas), que parecem não representar grandes problemas na fase de conhecimento, mas que pode tornar a execução muito difícil, uma vez que os incidentes processuais se multiplicam. Na prática, a ação ajuizada por um único segurado tramita mais rápido, uma vez que reduzidos os incidentes processuais. A solução é indeferir a inicial a partir do sexto ou décimo primeiro autor, com fundamento no art. 46, parágrafo único, do CPC. Nesse sentido, é a decisão de 30/01/2007, no AG 2007.04.00.002124-1 do TRF4. Porém, em sentido contrário:

PROCESSUAL CIVIL. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO. LIMITAÇÃO DO NÚMERO DE AUTORES. 1. Pode-se limitar o número de litigantes no pólo ativo da demanda, desde que, em se cogitando de litisconsórcio facultativo, haja perspectiva de atraso na entrega da prestação jurisdicional ou de dificuldade de defesa. 2. A investigação acerca dos pressupostos que permitam a redução quantitativa do litisconsórcio deve, contudo, levar em conta circunstâncias concretas. 3. Hipótese em que se mantém o litisconsórcio, visto que há prevalência da matéria de direito, o que, em princípio, não causa transtornos ao célere desfecho do processo. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO, 2005.04.01.047394-2, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, DJ 28/06/2006

Pode haver também caso de litisconsórcio ativo necessário no caso, por exemplo, de revisão de pensão por morte para aumentar o valor de todos os cotistas. Neste caso, deverão todos os pensionistas figurar no pólo ativo. Caso falte algum deles, deverá ser promovida a sua citação. Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. SFH. AÇÃO REVISIONAL DE MÚTUO HABITACIONAL. LEGITIMIDADE ATIVA. LITISCONSÓRCIO ATIVO NECESSÁRIO. NULIDADE DA SENTENÇA. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 47, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. - Há litisconsórcio ativo necessário nas demandas atinentes ao SFH em relação a todos que figuram no contrato de mútuo na qualidade de contratantes, uma vez que, tanto um, quanto o outro, serão atingidos pela decisão judicial. Não havendo a promoção da citação de litisconsorte necessário impõe-se a devolução dos autos ao juízo de origem para que se cumpram as disposições do art. 47, parágrafo único, do CPC. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2000.71.00.020199-0, Primeira Turma Suplementar, Relator Loraci Flores de Lima, DJ 08/03/2006)

Nelson Nery Junior defende, com supedâneo na parte final do próprio artigo 47 do CPC ["(...) caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo"] e seu parágrafo único ["O juiz ordenará ao autor

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que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo"], a possibilidade de citação do litisconsorte ativo necessário que, voluntariamente, não integre a lide:

"Quando a obrigatoriedade da formação do litisconsórcio deva ocorrer no pólo ativo da relação processual, mas um dos litisconsortes não quer litigar em conjunto com o outro, esta atitude não pode inibir o autor de ingressar com a ação em juízo, pois ofenderia a garantia constitucional do direito de ação (CF 5º XXXV). Deve movê-la, sozinho, incluindo aquele que deveria ser seu litisconsorte ativo, no pólo passivo da demanda, como réu. Citado, passa a integrar de maneira forçada a relação processual. A sentença será dada em relação a ele e produzirá normalmente seus efeitos. O que importa para que se cumpra a lei, é que os litisconsortes necessários estejam participando da relação processual, seja em que pólo for." [NERY JUNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria Andrade. Código de Processo Civil Comentado. 5º ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2001. p. 448 ]

Para esse entendimento, apóia-se em uma interpretação sistemática do artigo 47 com o artigo 213, também do CPC, que define a citação como ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado. Com isso, o ato de citar abrange tanto o réu quanto qualquer interessado na ação, o que tornaria plenamente possível a citação do litisconsorte ativo necessário que, voluntariamente, não queira integrar a demanda. Esse posicionamento, porém, não é unânime

3.5. Litisconsórcio Passivo Necessário

Nas ações previdenciárias, que se requer a concessão ou revisão da pensão por morte, é necessária a presença, além de INSS, das pessoas que já recebam a pensão no pólo passivo, caso haja a possibilidade de diminuição de suas cotas. O autor deverá requerer a citação de todos os litisconsortes passivos, sob penas de extinção do processo

3.6. Tramitação Preferencial

A Lei 10.173/01 alterou o CPC, dando prioridade de tramitação aos procedimentos judiciais em que figure como parte pessoa com idade igual ou superior a 65 anos. O art. 71, do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), diminuiu esta idade para 60 anos. Deverá ser requerida ao juiz, que determinará ao cartório as providencias a serem cumpridas.

Norma importante para dar maior celeridade às ações previdenciárias, pois a maioria das pessoas que litigam com o INSS são idosas.

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3.7. Valor da Causa e Custas

3.7.1. Introdução

O art. 282, V, CPC, exige que a parte atribua à causa um valor, máxime por que não existe valor de alçada na Justiça Federal (Lei 8.197/91).

Além da determinação legal, é importante fixar o valor da causa porque as custas processuais, devidas pela parte autora, são baseadas nele. Observo que não há mais isenção de custas, porquanto a redação original do art. 128, da LBPS, foi alterada pela Lei 10.099/00;

A própria competência, se JEF ou ação ordinária, é determinada pelo valor da causa. Dessa forma, é possível o controle de ofício pelo juiz do valor da causa;

A União e o INSS estão dispensados do pagamento de despesas processuais na Justiça Federal, mas não do ressarcimento das despesas adiantadas pela parte (ex: honorários periciais), se sucumbentes (União/INSS condenado, pois sentença procedente) — Lei 8.620/93 e 9.289/96 (lei de custas da JF). Porém, quando o INSS é demandado na Justiça Estadual, não há dispensa de custas (súm. 20, TRF4 e súm. 178, STJ).

3.7.2. Impugnação ao Valor da Causa

Ao réu é facultado impugnar o valor atribuído à causa pelo autor, desde que o faça no prazo para a resposta, em petição apartada, e fundamentadamente, dando ao Juiz elementos concretos para auferir a adequação ou não do valor originalmente estabelecido.

Havendo impugnação, o autor é intimado para responder em 5 dias. O feito principal não fica suspenso, porém não poderá ser julgado sem que a impugnação o tenha sido. Da decisão, cabe recurso de agravo de instrumento.

3.8. Intervenção do MP (ex: pensão por morte para incapaz)

Não há, em regra, necessidade de intervenção, salvo quando presentes menores ou incapazes (art. 82, I, CPC) ou, excepcionalmente, no caso de omissão da Autarquia Previdenciária que possa causar prejuízo aos interesse indisponíveis do INSS (art. 82, III, CPC), atuando como fiscal da lei e não como parte. Nos casos em que intervém, deverá ser intimado de todos os atos do processo.

4. Representação Judicial do INSS

4.1. Procurador Federal e Credenciado

É representado nos autos ou pelo Procurador Federal ou por advogado constituído (credenciados). Quanto aos primeiros, não há necessidade de procuração, já que estão exercendo as atribuições do cargo (art. 9º, da Lei 9.469/97). Já os credenciados deverão juntá-la sempre, pois quando a lei fala em dispensa de juntada da procuração aos procuradores e advogados da União, não os inclui.

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4.2. Intimação pessoal

O Procurador Federal tem a prerrogativa de ser intimado pessoalmente dos atos processuais. O mesmo não ocorre com o advogado credenciado para defender a Autarquia e com a outra parte.

A Lei nº 10.480/02 criou a Procuradoria-Geral Federal, órgão autônomo vinculado à AGU e sob sua supervisão direta (art. 9º), reunindo a representação judicial e extrajudicial da Administração indireta sob administração única. Desde então, a AGU, por meio da Procuradoria-Geral Federal, passou a defender os interesses em Juízo (e fora dele) das autarquias e fundações públicas federais, o que era antes desempenhado pelo próprio corpo de procuradores desses entes, os quais passaram a integrar aquela Procuradoria-Geral Federal.

A Lei nº 10.910, de 15-07-2004, dispõe no seu art. 17 dispõe: "Nos processos em que atuem em razão das atribuições de seus cargos, os ocupantes dos cargos das carreiras de Procurador Federal e de Procurador do Banco Central do Brasil serão intimados e notificados pessoalmente.“

O credenciamento de advogados junto ao INSS, para sua defesa em Juízo, está previsto no art. 1º da Lei nº 6.539/78, verbis:

"Nas comarcas do interior do País a representação judicial das entidades integrantes do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, instituído pela Lei nº 6.439, de 1º de setembro de 1977, será exercida por Procuradores de seu Quadro de Pessoal ou, na falta destes, por Advogados autônomos, constituídos sem vínculo empregatício e retribuídos por serviços prestados, mediante pagamento de honorários profissionais.".

Porém, com a lei do processo eletrônico - Lei 11.419/06 -, a prerrogativa da intimação pessoal desapareceu, de acordo seu o art. 5º, § 6º:

“§ 6o  As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais.”

Dessa forma, a Fazenda Pública será intimada eletronicamente, momento em que o prazo contra si começará a correr.

5. Antecipação da Tutela

5.1. Introdução

Enfeixados no denominado “devido processo legal” (art. 5º, LIV – “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”), encontramos:

Princípio da efetividade da jurisdição (ou “direito de acesso à justiça” ou “direito à ordem jurídica justa”): conjunto de direitos e garantias que a Constituição atribui ao indivíduo que, impedido de fazer justiça com as próprias mãos, provoca a atividade jurisdicional para vindicar bem da vida de que se considera titula. O Estado deve garantir a utilidade da sentença: prestação jurisdicional justa, eficaz e célere;

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Princípio da Segurança jurídica : é direito do litigante demandado a chamada “cognição exauriente”, a que submete as soluções definitivas dos conflitos a procedimentos prévios nos quais se ensejam aos litigantes o contraditório, a ampla defesa e a interposição de recursos (art. 5º, LV).

Porém, pode ocorrer de o fator “tempo” causar tensão entre estes dois princípios. A solução deve ser harmonizadora, de modo que todos os direitos colidentes sobrevivam, senão de modo absoluto, pelo menos relativizados.

Ao deferir medida antecipatória ou cautelar, o juiz está privilegiando o princípio da efetividade jurisdicional em detrimento do princípio da segurança jurídica. Trata-se da função constitucional das medidas antecipatórias e cautelares: instrumentos destinados a resolver referido conflito, harmonizando os dois princípios.

Quando se antecipa a tutela, na verdade, antecipa-se os atos tipicamente executivos, atos que importem modificações no status quo, provocando ou impedido modificações no plano dos fatos.

Com a universalização da tutela antecipada, antes prevista apenas para alguns procedimentos especiais, com o art. 273, do CPC, passou a ser aplicada a qualquer processo. Houve notável valorização do princípio da efetividade jurídica.

Dessa forma, o cabimento da denominada ação cautelar ficou extremamente restrito no âmbito das ações previdenciárias, já que somente admitida quando sua pretensão correspondesse à finalidade clássica do processo de cunho cautelar, qual seja, tutelar um direito sem satisfazê-lo, garantindo a eficácia da decisão a ser proferida no feito principal. Todas as demais pretensões de cunho antecipatório satisfativo do direito buscado, devem ser deduzidas na forma do art. 273, no curso do processo de conhecimento.

O art. 273, do CPC, prevê três tipos de medidas antecipatórias. São elas: Antecipação Assecuratória (art. 273, I); Antecipação Punitiva (art. 273, II); Antecipação do Pedido Incontroverso (art. 273, § 6º).

Das três, a mais utilizada pela abrangência de casos é, sem dúvida, a antecipação assecuritória, motivo pelo qual será tratada nos itens seguintes.

5.2. Antecipação contra Fazenda Pública

É possível a antecipação da tutela em matéria previdenciária, conforme a súmula 729, STF (“A decisão na ADC-4 não se aplica à antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária”). Assim, não há óbice para a concessão de antecipação de tutela em favor do segurado, quando preenchidos os requisitos do art. 273, do CPC.

5.3. Requisitos da Antecipação Assecuritória

O art. 273, I, do CPC, traz a regulação da medida antecipatória assecuritória, nos seguintes termos:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

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I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;...”

Dessa forma, são os seguintes os requisitos cumulativos para deferimento dessa medida:

o Fumus boni iuris (“fumaça do bom direito”)- “existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação”:

o Prova inequívoca : fato (relativamente) certo. Não é prova de verdade absoluta, mas prova robusta que se aproxima do juízo de verdade;

o Verossimilhança da alegação (do fundamento de direito): o direito é relativamente comprovado de plano.

o Periculum in mora (“perigo da demora”)- “haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação”: é o risco concreto, atual ou iminente, e grave (potencialmente apto a fazer perecer ou a prejudicar o direito afirmado pela parte – perigo de dano). O perigo deve estar baseado em:

o fundado receio: não é o que decorre do simples estado de espírito do requerente. Trata-se de situação objetiva, demonstrável através de algum fato concreto;

o dano próximo ou iminente: a lesão referida pelo requerente provavelmente deva ocorrer durante o curso do processo;

o que seja 'irreparável' ou de 'difícil reparação': esta irreparabilidade pode ser aferida tanto do ponto de vista " objetivo ", como do " subjetivo ". No primeiro caso, é de considerar-se irreparável, ou dificilmente reparável, o dano que não permita, por sua natureza, nem a reparação especifica, nem a do respectivo equivalente (indenização). Do ponto de vista subjetivo, é de admitir-se como irreparável ou dificilmente reparável o dano, quando o responsável pela restauração não tenha condições econômicas para efetuá-la.

Para a obtenção de tutela antecipada deve-se observar:o o requisito da fumaça do bom direito, ou seja, deve se provar, mesmo

que de forma precária, que o cliente tem direito ao benefício;o o perigo da demora, não bastando a simples alegação do caráter

alimentar do benefício previdenciário. Deverá comprovar a real e atual necessidade ao benefício. Dessa forma, poderá juntar comprovantes de aluguéis vencidos, carnês de lojas em aberto, inscrição em órgão de proteção ao crédito, fotos (no caso de benefício por incapacidade ou pensão por morte), de forma a atestar a necessidade;

o o indeferimento do pedido de antecipação da tutela não gera preclusão, podendo ser renovado em outro momento processual (em memoriais, por exemplo).

5.4 Tutela Específica

A 3ª Seção do TRF4 tem entendido, no caso da procedência do pedido e inexistindo embargos infringentes, forte nos artigos 461 e 475-I, caput, do CPC, da

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aplicação imediata da tutela específica com a implantação do benefício (eficácia mandamental do Acórdão), determinando seja oficiado à Gerência Executiva do INSS para que, em até 45 dias, cumpra a decisão, conforme os parâmetros definidos no Acórdão. De se observar que o trânsito em julgado do Acórdão é requisito apenas para a execução da obrigação de pagar (os valores retroativamente devidos) e, consequentemente, para a expedição de precatório e de requisição de pequeno valor, nos termos dos parágrafos 1º, 1º-A e 3º do art. 100 da Constituição Federal.

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. ART. 461 do CPC. TUTELA ESPECÍFICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. EFICÁCIA PREPONDERANTEMENTE MANDAMENTAL DO PROVIMENTO. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO. POSSIBILIDADE. REQUERIMENTO DO SEGURADO. DESNECESSIDADE.1. Atento à necessidade de aparelhar o processo de mecanismos preordenados à obtenção do resultado prático equivalente à situação jurídica que se verificaria caso o direito material tivesse sido observado espontaneamente pelo "devedor" através da realização da conduta imposta pelo direito material, o legislador, que já havia, na época da edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) instituído a tutela específica do direito do "credor" de exigir o cumprimento dos deveres de fazer ou não fazer decorrentes de relação de consumo, inseriu no ordenamento processual positivo, por meio da alteração no art. 461 do Código de Processo Civil operada pela Lei 8.952/94, a tutela específica para o cumprimento dos deveres de fazer ou não fazer decorrentes das relações do direito material que não as de consumo. 2. A adoção da tutela específica pela reforma processual de 1994 do CPC veio para suprir, em parte, a morosidade judicial, na proporção em que busca dar ao cidadão aquilo e somente aquilo que lhe é devido, tirando o direito do plano genérico-abstrato da norma, conferindo-lhe efeitos concretos, com o fito de lhe garantir a mesma conseqüência do que aquela que seria obtida pelo adimplemento voluntário. 3. A sentença que concede um benefício previdenciário (ou assistencial), em regra, compõe-se de uma condenação a implantar o referido benefício e de outra ao pagamento das parcelas atrasadas. No tocante à determinação de implantação do benefício (para o futuro, portanto), a sentença é condenatória mandamental e será efetiva mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo). 4. A respeito do momento a partir do qual se poderá tornar efetiva a sentença, na parte referente à implantação futura do benefício, a natureza preponderantemente mandamental da decisão não implica automaticamente o seu cumprimento imediato, pois há de se ter por referência o sistema processual do Código, não a Lei do Mandado de Segurança, eis que a apelação de sentença concessiva do benefício previdenciário será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo, nos termos do art. 520, caput, primeira parte, do CPC, motivo pelo qual a ausência de previsão de efeito suspensivo ex lege da apelação, em casos tais, traz por conseqüência a impossibilidade, de regra, do cumprimento imediato da sentença. 5. Situação diversa ocorre, entretanto, em segundo grau, visto que o acórdão que concede o benefício previdenciário, que esteja sujeito apenas a recurso especial e/ou recurso extraordinário, enseja o cumprimento imediato da determinação de implantar o benefício, ante a ausência, via de regra, de efeito suspensivo daqueles recursos, de acordo com o art. 542, § 2º, do CPC. Tal cumprimento não fica sujeito, pois, ao trânsito em julgado do acórdão, requisito imprescindível apenas para a execução da obrigação de pagar (os valores retroativamente devidos) e, consequentemente, para a expedição de precatório e de requisição de pequeno valor, nos termos dos parágrafos 1º, 1º-A e 3º do art. 100 da Constituição Federal.6. O cumprimento imediato da tutela específica , diversamente do que ocorre no tocante à antecipação de tutela prevista no art. 273 do CPC, independe de requerimento expresso por parte do segurado ou beneficiário, pois aquele é inerente ao pedido de que o réu seja condenado a conceder o benefício previdenciário, e o seu deferimento sustenta-se na eficácia mandamental dos provimentos fundados no art. 461 do CPC. Em suma, a determinação da implantação imediata do benefício contida no acórdão consubstancia, tal como no mandado de segurança, uma ordem (à autarquia previdenciária) e decorre do pedido de tutela específica (ou seja, o de concessão do benefício) contido na petição inicial da ação. 7. Questão de ordem solvida para que, no tocante à obrigação de implantar (para o futuro) o benefício previdenciário, seja determinado o cumprimento imediato do acórdão sujeito apenas a recurso especial e/ou extraordinário, independentemente de trânsito em julgado e de pedido específico da parte autora. (TRF da 4ª Região, Questão de Ordem na AC Nº 2002.71.00.050349-7/RS, 3ª Seção, rel. Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, rel. para o Acórdão Des. Federal CELSO KIPPER, julgado em 09 de agosto de 2007, publicado em Publicado em 2/10/2007)

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6. Competência em Matéria Previdenciária

6.1. Jurisdição x Competência

Distinção:o Jurisdição: é a atividade do Estado que tem por objetivo fazer atuar

concretamente a lei nos conflitos de interesse.o Competência: é a delimitação da jurisdição. Divide a jurisdição entre os

órgãos do judiciário.

6.2. Competência da Justiça Federal (em função da pessoa)

6.2.1. Definição

A definição da competência da Justiça federal possui assento constitucional:

“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;...”

Esse artigo define a competência em razão da pessoa que é parte no feito (União, autarquia ou empresa pública). A Justiça Federal julgará litígios envolvendo estes entes, salvo quando a matéria tratada diga respeito à falência, acidente de trabalho, eleitoral e trabalhista. A competência da Justiça Federal somente pode ser alterada mediante emenda constitucional.

Nesse sentido, as ações que buscam benefícios frente ao INSS, autarquia federal, quer para concessão, quer para revisão, devem ser ajuizadas na Justiça Federal, salvo se advirem de acidente do trabalho ou se utilizada a competência delegada.

Havendo Varas Especializadas em matéria previdenciária na subseção, essas têm competência absoluta em relação às demais varas, ou seja, somente elas poderão processar e julgar ações de natureza previdenciária (Provimento 11/93 TRF 4ª R.).

6.2.2. Causas envolvendo Benefício Assistencial

As causas envolvendo o benefício assistencial de valor mínimo, previsto no art. 203 da CF e no art. 20 da LOAS são de competência da Justiça Federal. Havendo vara especializada previdenciária, essa será competente.

Atualmente a jurisprudência (STJ e TRF4) firmou-se no sentido de ser legitimado passivo apenas o INSS (foi cancelada, em 06/07/2004, a súmula 61, do TRF4, que previa litisconsórcio passivo necessário entre INSS e União). E isso porque o art. 29 da LOAS prevê que o INSS será o responsável pela concessão e manutenção deste benefício, devendo a União apenas repassar os recursos. Dessa forma, possível a competência delegada à justiça estadual.

6.3. Competência da Justiça Comum

6.3.1. Originária – Acidente de Trabalho

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6.3.1.1. Definição

Ações contra o INSS decorrentes de acidentes de trabalho, doença profissional ou do trabalho devem ser propostas na Justiça Estadual, por tratar-se de competência residual prevista na CF, art. 109, I. Neste sentido a súmula 15, do STJ:

“Compete a justiça estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho AD, (possíveis benefícios decorrentes: Aux-Acid, AD, Aposentadoria por Invalidez e Pensão por Morte),.”

Ademais, observe-se, também, a súmula 501 do Supremo Tribunal Federal, que vem reforçar e pacificar a interpretação do indigitado dispositivo constitucional:

“Compete à justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.”

Incluem-se entre os benefícios acidentários: pensão por morte, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e auxílio-acidente, todos com fato gerador o acidente de trabalho, em quaisquer das formas previstas nos arts. 19 a 21. De se observar que esses quatro benefícios também são devidos quando ocorre evento diverso, não acidentário.

Porém, nem todos os segurados do INSS fazem jus aos benefícios por acidente de trabalho. Somente aqueles que contribuem com o SAT – Seguro Acidente do Trabalho – têm direito:

Empregados; Trabalhadores avulsos; Segurados especiais; Médicos residentes (Lei 6.932/81 e Lei 8.138/90)

Não têm direito aos benefícios por acidente de trabalho: empregados domésticos: foram expressamente excluídos da proteção,

uma vez que o § único, do art. 7°, da CF, não lhes estendeu a regra do inc. XXVIII;

Contribuintes individuais.

A divergência reside na competência para as chamadas ações revisionais, já que estas podem ser de dois tipos:

as que buscam revisar o benefício já concedido segundo regras próprias de benefícios acidentários (cálculo da RMI). Não há dúvida de que é competente a justiça estadual;

as que buscam revisão pela aplicação de regras comuns a todos os benefícios previdenciários, p. ex., um critério de reajustamento geral.

Havia divergência de entendimento entre o STJ e o STF acerca da competência para conhecer de causas que versassem sobre revisão de benefícios acidentários. As decisões mais recentes do STJ têm sido proferidas no sentido de

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dar prevalência ao entendimento da Corte Constitucional, ou seja, de que compete a Justiça Estadual processar e julgar ação em que se pleiteia a revisão de benefício acidentário. É o que se vê da ementa a seguir transcrita referente à decisão unânime da Sexta Turma do STJ, verbis:

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE AÇÃO ACIDENTÁRIA. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. PRECEDENTES DO STF. LEI MAIS BENÉFICA. INCIDÊNCIA. BENEFÍCIOS EM MANUTENÇÃO. POSSIBILIDADE.1. Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação que tem por objetivo a revisão de benefício previdenciário decorrente de acidente de trabalho(artigo. 109, inciso I, da Constituição da República). Precedentes do Supremo Tribunal Federal.(...)(REsp 335062/SC, STJ, Sexta Turma, rel. Min. Hamilton Carvalhido, decisão unânime, DJU 04.02.2002)

O STF já tinha esse entendimento:

COMPETÊNCIA. REAJUSTE DE BENEFÍCIO ORIUNDO DE ACIDENTE DO TRABALHO. JUSTIÇA COMUM.- Há pouco, ao julgar o RE 176.532 o Plenário desta Corte reafirmou o entendimento de ambas as Turmas(Assim, no RE 169.632, 1ª Turma, e no AgRG 154.938, 2ª Turma) no sentido de que acompetência para julgar causa relativa a reajuste de benefício oriundo de acidente do trabalho é da Justiça Comum, porquanto, se essa Justiça é competente para julgar as causas de acidente de trabalho por força do disposto na parte final do inciso I do artigo 109 da Constituição, será ela igualmente competente para julgar o pedido de reajuste desse benefício que é objeto de causa que não deixa de ser relativa a acidente dessa natureza, até porque acessório segue a sorte do principal.(RE nº 205.886-6/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJU de 17.04.1998) (grifei)

Pensão por morte decorrente de acidente do trabalho – competência para julgamento

PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL. DEMANDA QUE OBJETIVA CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. NÃO-INCIDÊNCIA DA SÚMULA 15/STJ.PRECEDENTES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.1. A Terceira Seção desta Corte pacificou recentemente o entendimento de que a concessão e a revisão de pensão por morte, independentemente das circunstâncias do falecimento do segurado, é de natureza previdenciária, e não acidentária típica, o que torna competente a Justiça Federal para o processamento e julgamento do feito, afastando-se a aplicação da súmula 15/STJ (CC 62.531/RJ, de minha relatoria, DJU 26.03.2007, p. 200).2. Agravo regimental improvido.(AgRg no CC 108.477/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 10/12/2010)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL. PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO. APLICAÇÃO DO ART.109, I, DA CR/88. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 15/STJ. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES DA TERCEIRA SEÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

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1.A demanda circunvolve-se ao pedido de revisão de pensão por morte decorrente de acidente do trabalho.2.A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do CC 62.531/RJ, Rel.Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJU de 26/03/2007, afastou a incidência da Súmula nº 15/STJ e consignou o entendimento de que nos conflitos nos quais se discute a concessão ou a revisão de benefício de pensão por morte, decorrente ou não do falecimento do segurado em razão de acidente de trabalho, a competência para o processamento e julgamento do feito é da Justiça Federal, ressalvando-se apenas casos de competência delegada, prevista no art. 109, § 3º da Constituição da República.3.Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no CC 106.431/SP, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 04/05/2010)

Entretanto, não é esta uma posição firme e segura dentro da Corte Superior, havendo decisões colegiadas de Ministros que defendem que seria competente a Justiça Estadual também para o julgamento de ações revisionais de benefício de pensão por morte decorrente de benefício originário com natureza acidentária. Veja-se, como exemplos, decisões unânimes, o Conflito de Competência nº 63.923-RJ e o Conflito de Competência 89.174-RS.

6.3.1.2. Conceito de Acidente de Trabalho

O conceito legal de acidente de trabalho encontra-se nos arts. 19 a 21 da LBPS e são divididos em três tipos:

Acidente típico (art. 19, LBPS); Doenças ocupacionais (art. 20, LBPS); Equiparação a acidente de trabalho (art. 21, LBPS).

Acidente típico: acontecimento em geral súbito, violento e fortuito, vinculado ao serviço prestado a outrem pela vítima que lhe determina lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Características:

Elemento objetivo: Lesão corporal: é aquela que atinge a integridade física do

indivíduo, causando dano físico-anatômico; Perturbação funcional: é a que, sem aparentar lesão física,

apresenta dano fisiológico ou psíquico, relacionado com órgãos ou funções específicas do organismo humano.

Elemento subjetivo: irrelevante a existência de culpa do empregado ou do empregador;

Nexo causal: a lesão ou a perturbação devem estar relacionadas com a atividade laboral. Não necessariamente ocorrido no ambiente de trabalho, mas em decorrência do trabalho (abrange acidentes in itinere e os trabalhos externos);

Causado por agente externo: ou seja, não é congênito, nem se trata de enfermidade preexistente. Pode, porém, ser causado pela própria vítima, uma vez que, de acordo com a teoria do risco social, é devido o benefício independente de dolo ou culpa da vítima;

Violento: produz violação à integridade do indivíduo, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda

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ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho;

Súbito: o fato causador ocorre durante curto lapso de tempo, embora seus efeitos possam ocorrer depois (seqüelas)

Doenças Ocupacionais (decorrem de uma longa exposição ao agente nocivo à saúde): são aquelas deflagradas em virtude da atividade laborativa desempenhada pelo indivíduo. Resultam de constante exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, e não de um evento súbito, como no acidente típico.  Considera-se como dia do acidente por doenças ocupacionais a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (art. 23, LBPS). São dois tipos:

Doença profissional (típica da profissão) (idiopatias, tecnopatias ou ergopatias): aquela decorrente de situações comuns aos integrantes de determinada categoria de trabalhadores, relacionada no anexo II, do RPS (art. 20, I, LBPS); ou mesmo não constando no RPS, desde que comprovado o nexo causal entre a doença e a trabalho (art. 20, § 2º, LBPS). Ex.: pneumoconiose nos mineiros;

Doença do Trabalho : aquela a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, relacionada no anexo II, do RPS (art. 20, II, LBPS); ou mesmo não constando no RPS, desde que comprovado o nexo causal entre a doença e a trabalho (art. 20, § 2º, LBPS). Exs.: problemas de audição de trabalhador de casa de shows; DORT (“Distúrbios do Sistema Osteomuscular Relacionados ao Trabalho”), como lesões de esforço repetitivo.

ANEXO II - Alterado pelo DECRETO Nº 6.042 - DE 12 DE FEVEREIRO DE 2007 - DOU DE 12/2/2007

AGENTES PATOGÊNICOS CAUSADORES DE DOENÇAS PROFISSIONAIS OU DO TRABALHO, CONFORME PREVISTO NO ART. 20 DA LEI Nº 8.213, DE 1991

AGENTES PATOGÊNICOS TRABALHOS QUE CONTÊM O RISCO

QUÍMICOS

I - ARSÊNIO E SEUS COMPOSTOS ARSENICAIS 1. metalurgia de minérios arsenicais e indústria eletrônica; 2. extração do arsênio e preparação de seus compostos; 3. fabricação, preparação e emprego de tintas, lacas (gás

arsina), inseticidas, parasiticidas e raticidas; 4. processos industriais em que haja desprendimento de

hidrogênio arseniado; 5. preparação e conservação de peles e plumas

(empalhamento de animais) e conservação da madeira; 6. agentes na produção de vidro, ligas de chumbo,

medicamentos e semi-condutores.

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LISTA A

AGENTES OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL RELACIONADOS COM A ETIOLOGIA DE DOENÇAS PROFISSIONAIS E DE OUTRAS DOENÇAS RELACIONADAS COM O TRABALHO

AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL

DOENÇAS CAUSALMENTE RELACIONADAS COM OS RESPECTIVOS AGENTES OU FATORES DE RISCO

(DENOMINADAS E CODIFICADAS SEGUNDO A CID-10)

I - Arsênio e seus compostos arsenicais

1. Angiossarcoma do fígado (C22.3) 2. Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão (C34.-) 3. Outras neoplasias malignas da pele (C44.-) 4. Polineuropatia devida a outras agentes tóxicos (G52.2) 5. Encefalopatia Tóxica Aguda (G92.1) 6. Blefarite (H01.0) 7. Conjuntivite (H10) 8. Queratite e Queratoconjuntivite (H16) 9. Arritmias cardíacas (I49.-) 10. Rinite Crônica (J31.0) 11. Ulceração ou Necrose do Septo Nasal (J34.0) 12. Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso

ou Fibrose Pulmonar Crônica (J68.4) 13. Estomatite Ulcerativa Crônica (K12.1) 14. Gastroenterite e Colites tóxicas (K52.-) 15. Hipertensão Portal (K76.6) 16. Dermatite de Contato por Irritantes (L24.-) 17. Outras formas de hiperpigmentação pela melanina:

“Melanodermia” (L81.4) 18. Leucodermia, não classificada em outra parte (Inclui “Vitiligo

Ocupacional”) (L81.5) 19. Ceratose Palmar e Plantar Adquirida (L85.1) 20. Efeitos Tóxicos Agudos (T57.0)

Equiparam-se acidente do trabalho as situações previstas no art. 21, da LBPS:

Concausa: o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação. Pode ser:

o Anterior: hemofílico que se fere no trabalho;o Simultânea: sofre enfarto durante assalto na empresa;o Posterior: infecção hospitalar após acidente na empresa.

acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

o ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

o ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

o ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

o ato de pessoa privada do uso da razão; o desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou

decorrentes de força maior; doença proveniente de contaminação acidental do empregado no

exercício de sua atividade; acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de

trabalho:o na execução de ordem ou na realização de serviço sob a

autoridade da empresa;o na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para

lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;o em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo

quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor

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capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

o Acidente in itinere: ocorrido no deslocamento do segurado entre sua residência e o local do trabalho, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. Não é necessário que o trabalhador tenha percorrido o “trajeto mais curto” entre a empresa e sua residência. Assim, “ligeiro desvio no percurso, quando o obreiro entra em um estabelecimento comercial pra aquisição de um bem, não rompe o nexo entre o acidente e o retorno do trabalho para casa” (RT 619:139). Para descaracterizar o acidente de trabalho, o desvio deve ser relevante (RT 588:149).

6.3.1.3. Sem custas e honorários advocatícios

Veja o art. 129, da LBPS:

“Art. 129, LBPS. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados:I - na esfera administrativa, pelos órgãos da Previdência Social, segundo as regras e prazos aplicáveis às demais prestações, com prioridade para conclusão; eII - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente do Trabalho–CAT.Parágrafo único. O procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do pagamento de quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.”

6.3.1.4. Alvará Judicial

É remansosa a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de, em razão da natureza voluntária do procedimento, ser da Justiça Estadual a competência para processar e julgar pedido de expedição de alvaráde levantamento de valores referentes a benefício previdenciário de segurado falecido.

De mais a mais, em se tratando de ação de jurisdição voluntária, a argüição de prescrição não tem o condão de descaracterizá-la. Nesse sentido: CC 37.370/MA, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, Sexta Turma, DJ de 10/3/2003; CC 34.019/MG, Relª. Min. ELIANA CALMON, Primeira Seção, DJ de 8/4/2002, este último, assim ementado:

PROCESSO CIVIL - COMPETÊNCIA - CONFLITO - AÇÃO CONTRA O INSS.1. Em se tratando de litígio com o INSS, a competência é a Justiça Federal.2. Diferentemente, quando o pedido é de jurisdição voluntária, a competência é da Justiça Estadual.3. É de jurisdição voluntária o pedido de expedição de alvará, que não se descaracteriza quando o INSS argúi prescrição. 4. Conflito de competência conhecido para declarar a competência da Justiça Estadual, suscitante

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.Por esclarecedor, transcrevo ainda o seguinte precedente do E. STJ:

PREVIDENCIÁRIO. COMPETÊNCIA. CONFLITO NEGATIVO. JUÍZO ESTADUAL E FEDERAL. ALVARÁ JUDICIAL. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DE SEGURADOS FALECIDOS. VERBETE SUMULAR Nº 161/STJ. ARGÜIÇÃO DE PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE NATUREZA VOLUNTÁRIA. PRECEDENTES.1. Em razão da natureza voluntária do procedimento, é da Justiça Estadual a competência para processar e julgar pedido de expedição de alvará de levantamento de valores referentes a benefício previdenciário de segurado falecido. Aplicável à espécie, mutatis mutandis, o entendimento cristalizado no verbete sumular nº 161/STJ. 2. Tratando-se de ação de jurisdição voluntária, a argüição de prescrição não tem o condão de descaracterizá-la. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Suscitado.(CC 41778/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/10/2004, DJ 29/11/2004, p. 222)

6.3.2. Delegada – art. 109, § 3º, CF

Prevista no art. 109, § 3°, da CF, traz uma exceção à regra do caput, uma vez que prevê que a justiça estadual poderá processar ações contra o INSS em causas não relacionadas a acidente de trabalho:

“§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau .”

O juiz estadual é incompetente para processar ações de segurados que não tenham domicílio em alguns dos municípios que integram a jurisdição da comarca. Nesse caso, havendo sentença contra o INSS, a apelação será para o TJ, que deverá anulá-la.

Dessa delegação de competência salientam-se três pontos importantes:

a) a delegação é somente em primeira instância, ou seja, os recursos das decisões nas ações previdenciárias ajuizadas na Justiça Estadual deverão ser interpostos junto ao TRF competente. Pela mesma razão, a súm. 3 do STJ: “Compete ao tribunal regional federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal.”

b) ações delegadas:- não há delegação de competência à Justiça Estadual no caso de mandado de segurança contra ato de servidor do INSS, de acordo com o art. 109, VIII, da CF. Neste sentido a súmula 216, do TFR:“Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de segurança impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda que localizada em comarca do interior.”- Não há delegação do Juizado Especial Federal.

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- Essa delegação inclui: ação de concessão ou revisão de benefício previdenciário e a justificação judicial (art. 15, II, da Lei 5.010/66). Veja súmula 32, do STJ:“Compete a justiça federal processar justificações judiciais destinadas a instruir pedidos perante entidades que nela tem exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do art. 15, II da lei 5010/66.”

c) há concorrência de foros, já que o segurado pode livremente optar pela comarca de seu domicílio ou pela Justiça Federal (do interior ou capital). Neste sentido as súmulas:

Súm. 8, TRF4: “Subsiste no novo texto constitucional a opção do segurado para ajuizar ações contra a Previdência Social no foro estadual do seu domicílio ou no do Juízo Federal.”

Súm. 689, STF:  “O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da capital do estado-membro (desde que seja superior a 60 s.m., caso em que será competência de vara ordinária).”

"RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. CAUSAS INTENTADAS CONTRA A UNIÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA: ARTIGO 109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PROPOSITURA DE AÇÃO. FORO. Ação judicial contra a União Federal.Competência. Autor domiciliado em cidade do interior. Possibilidade de sua proposição também na capital do Estado. Faculdade que lhe foi conferida pelo artigo 109, § 2º, da Constituição da República. Conseqüência: remessa dos autos ao Juízo da 12ª Vara Federal de Porto Alegre, foro eleito pela recorrente. Recurso extraordinário conhecido e provido.(STF, RE 233990/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJU 01.03.02);

Conflitos de competência - como os juízes estaduais que julgam ações contra o INSS estão exercendo competência federal delegada, competente para conhecê-los e julgá-los são os TRFs, e não o STJ.

Sabe-se que os conflitos de competência entre juízes vinculados a tribunais diferentes, em princípio, são julgados pelo STJ, consoante dispõe o art. 105, da CF. Todavia, quando o conflito de competência surge entre juiz federal e juiz estadual investido de competência federal, como na prática os dois agem com competência federal, competente para solucionar os conflitos serão os Tribunais Regionais Federais (no caso do Rio Grande do Sul, ao TRF da 4ª Região). Nesse sentido:

“PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. SÚMULAS Nº 8 DESTE TRIBUNAL E 689 DO STF. OPÇÃO DO SEGURADO. FORO DE AJUIZAMENTO DA AÇÃO. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURADO AUTÔNOMO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.1. Na hipótese de a comarca não ser sede de Vara do Juízo Federal, poderá o segurado optar por ajuizar a ação previdenciária perante o Juízo Estadual (Súmula nº 8 TRF-4ªR), Juízo Federal com jurisdição sobre o seu domicílio ou, ainda, perante Varas Federais da capital do Estado-membro (Súmula 689-STF). 2. Uma vez efetivada a opção pelo segurado de ajuizamento da demanda perante o juízo federal com jurisdição sobre o seu domicílio, cuidando-se de ação de natureza previdenciária e não acidentária (segurado autônomo - art. 19 Lei nº 8213/91), e diante de expressa manifestação do segurado para que lá retornem os autos, a competência, indubitavelmente, é do Juízo suscitado. 3. Declarado competente o Juízo Suscitado.”(TRF4; CONFLITO DE COMPETENCIA; Processo: 2005.04.01.048559-2; UF: RS; Data da Decisão: 12/12/2005; Orgão Julgador: TERCEIRA SEÇÃO; Relator OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA)

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A competência federal no caso de ações de natureza previdenciária é absoluta (funcional - JEF) ou relativa (territorial - Ordinária)?

A conseqüência prática está na possibilidade ou não do juiz incompetente para o feito, isto é, de Vara Federal ou estadual sem jurisdição sobre o domicílio do autor, declarar-se como tal e remeter o feito, de ofício, ao juízo competente (art. 267, par. 3º, CPC). Caso contrário, deverá determinar a citação do INSS e aguardar a oposição da exceção de incompetência. Oposta esta, o processo principal fica suspenso, até a decisão final sobre a competência.

A jurisprudência se fixou no sentido de ser competência absoluta:

PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA ENTRE VARAS ESTADUAIS. COMPETÊNCIA DELEGADA. DOMICÍLIO DA PARTE AUTORA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. ART. 109, §3º, CF. 1 - Trata-se de conflito negativo de competência estabelecido entre dois juízes estaduais, tendo o segurado ajuizado a ação previdenciária na comarca que não é de seu domicílio. - Segundo interpretação jurisprudencial e à vista do contido no §3º do art. 109 da CF, o segurado, cujo domicílio não seja sede de Vara Federal, tem três opções de aforamento da ação previdenciária: poderá optar por ajuizá-la perante o Juízo Estadual da comarca de seu domicílio, no Juízo Federal com jurisdição sobre o seu domicílio ou, ainda, perante Varas Federais da capital do Estado-membro. 2 - Tendo o segurado optado por ajuizar a ação previdenciária perante Juízo Estadual, terá de fazê-lo em relação à comarca que seja de seu domicílio, mas não em outro Juízo Estadual onde não resida, como na hipótese presente, pois em relação a esse foro não há competência delegada. É que em se tratando de conflito de competência estabelecido entre dois Juízes Estaduais, somente um deles detém a delegação da competência federal, não se aplicando nesse caso a regra processual civil de prorrogação de competência, nem o princípio da perpetuatio jurisdictionis (art. 87 do CPC), por não se tratar de competência relativa, mas, sim, de competência absoluta decorrente de norma constitucional (§ 3º do art. 109 da CF). 3 - Conflito conhecido para declarar a competência do juízo Suscitante. (TRF4, CC 2006.04.00.022544-9, Terceira Seção, Relator Jorge Antonio Maurique, publicado em 23/08/2006)

6.4. Competência da Justiça Trabalhista

Ação de indenização por dano material ou moral decorrentes de acidente do trabalho contra o empregador.

Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente:• Responsabilidade da sociedade (Teoria do risco social): a sociedade

deve arcar com o ônus do indivíduo incapacitado, independente de quem causou o infortúnio, uma vez que a sociedade tira proveito da produção. Esta proteção não é integral, mas tarifada. Não há retorno ao status quo ante, não abrangendo, por exemplo, lucros cessantes e danos emergentes. Tratam-se das prestações previdenciárias acidentárias.

• Responsabilidade do empregador o Civil (Teoria da culpa contratual): responsabilidade civil

do empregador por perdas e danos, materiais ou morais (art. 186, CC), no caso de culpa ou dolo do empregador (grave, leve ou levíssima, e não apenas a culpa grave, estando superada a súmula 229, do STF, frente ao art. 7°, XXVIII, da CF), independente do SAT. Visa, justamente, possibilitar o retorno ao status quo ante. Cabe ao tomador do serviço, para se eximir da responsabilidade, comprovar a inexistência de culpa.

o Penal : além da responsabilidade civil, cabe também a penal, conforme o art. 132, do CP (“Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. Pena –

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detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave”).

o Administrativa : de acordo com o 161, da CLT, o empregador poderá ter seu estabelecimento interditado pela fiscalização do trabalho.

Pode haver cumulação de prestações previdenciárias acidentárias e a reparação civil do empregador. Por outro lado, a possibilidade de ação de regresso do INSS frente ao empregador (art. 120, LBPS: ”Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis”) para reaver os valores pagos a título de benefícios acidentários. O foro competente é a Justiça Federal, forte no art. 109, CF. O SAT não significa que a empresa negligente não possa ressarcir o INSS.

O STJ pacificou entendimento acerca da competência para conhecer a ação de regresso:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ACIDENTE DO TRABALHO. AÇÃO DE RESSARCIMENTO PROPOSTA PELO INSS CONTRA O EMPREGADOR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.Compete à Justiça comum processar e julgar ação proposta pelo INSS objetivando o ressarcimento dos valores despendidos com o pagamento de pecúlio e pensão por morte acidentária, em razão de acidente de trabalho ocorrido nas dependências da empresa ré, por culpa desta. O litígio não tem por objeto a relação de trabalho em si, mas sim o direito regressivo da autarquia previdenciária, que é regido pela legislação civil.Conflito conhecido para declarar competente o Tribunal Regional Federal da 4ª Região.(STJ, CC 59.970/RS, 2ª Seção, Rel. Min. Castro Filho, DJ 19/10/2006 p. 237)

Culpa in eligendo: a responsabilidade do empregador pode advir de conduta de seus prepostos ou empregados (súmula nº 341, STF: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”).

Somente as excludentes do art. 188, CC (legítima defesa, exercício regular de direito ou estado de necessidade), o dolo do empregado ou a força maior, afastam a responsabilidade civil do empregador.

Ação indenizatória: competência da Justiça do Trabalho para ação de indenização civil do empregado contra o empregador (CC 7.204-MG). A prescrição deverá ser a civil (20 anos, conforme o art. 177, do antigo CC) e não a trabalhista (TST, 1ª Turma, RR 1189/2003-100-03-00, DJ 7.12.2006). Pelo novo CC, 3 anos.

COMPETÊNCIA. EC N. 45/2004. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE. TRABALHO. O STJ firmou, por maioria, que somente serão remetidos à Justiça do Trabalho os feitos relativos à indenização de danos morais e/ou patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho (nova redação do art. 114, VI, da CF/1988) que, no advento da EC n. 45/2004, ainda se encontravam sem sentença prolatada, seja de mérito ou não. Aqueles já com sentença prosseguem regidos pela antiga competência da Justiça comum estadual, inclusive recursal. Decidiu-se adotar jurisprudência do STF no sentido de que a alteração superveniente de competência, mesmo que determinada por regra constitucional, não atinge a validade de sentença anteriormente proferida. A Min. Nancy Andrighi, voto vencido, entendia que só as ações ajuizadas após a referida emenda teriam seus autos enviados à Justiça trabalhista, enquanto o Min. Humberto Gomes de Barros e o Min. Cesar Asfor Rocha foram vencidos apenas na

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fundamentação, pois defendiam que, desde aquela data, todas as causas pendentes a respeito do tema deveriam seguir para as varas e tribunais trabalhistas correlatos, de acordo com precedentes. Precedentes citados do STF: CC 7.204-MG, DJ 3/8/2005 CC 6.967-RJ, DJ 26/9/1997, e RTJ 60/855. CC 51.712-SP, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 10/8/2005.

DOENÇA PROFISSIONAL - Indenização por danos materiais e morais - Requisitos: prática de ato ilícito (por ação ou omissão, decorrente de dolo ou culpa), verificação de prejuízo e nexo causal entre ação e dano - Trata-se de responsabilidade subjetiva do empregador, dependente de aferição de culpa ou dolo - A responsabilidade objetiva restringe-se ao órgão previdenciário, cuja obrigação nasce da mera constatação do infortúnio. TRT/SP - 01187200204802008 - RO - Ac. 7ªT 20050595177 - Rel. CATIA LUNGOV - DOE 09/09/2005

EMENTA: DANO MATERIAL E MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO. NECESSIDADE DE PROVA DA CULPA DO EMPREGADOR. A culpa, nessa hipótese, não se presume. Necessária a existência de prova apta a demonstrar que o empregador, por omissão voluntária, negligência ou imprudência, tenha dado causa à eclosão do acidente de trabalho (artigos 7º, XXVIII, CF, 159, CC/1916, 186 e 927 CC/2002). Veja-se que a norma regente relaciona a responsabilidade do agente à prática de ato ilícito, ou seja, contrário à ordem jurídica vigente. Como destaca Caio Mario 'a iliceidade da conduta está no procedimento contrário a um dever preexistente'. O ato ilícito, segundo a doutrina, pode ser comissivo ou omissivo. O primeiro, se materializa quando o agente orienta sua ação num sentido contraveniente à lei; o segundo eclode quando o agente se abstém de atuar e, com sua inércia, viola um direito predeterminado. Inexistente prova de que a empresa tenha agido em desconformidade com o ordenamento jurídico, evidente a inexistência do dever de indenizar.(ACÓRDÃO NUM: 20050887968. DECISÃO: 06 12 2005. TIPO: RO01. NUM: 00714. ANO: 2004 NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 00714-2003-302-02-00. RECURSO ORDINÁRIO. TURMA: 10ª ÓRGÃO JULGADOR - DÉCIMA TURMA FONTEDOE SP, PJ, TRT 2ª. Data: 17/01/2006. RELATOR: EDIVALDO DE JESUS TEIXEIRA REVISOR(A): RILMA APARECIDA HEMETÉRIO)

6.5. Resumo

Resumo da Competência Previdenciáriao Justiça Federal: ações comuns;o Justiça Estadual:

Competência original: ações decorrentes de acidente de trabalho; Competência delegada: ações comuns;

o Justiça do Trabalho: ação de indenização por dano material ou moral decorrentes de acidente do trabalho contra o empregador.

7. Sentença Previdenciária

Não há particularidades processuais quanto à sentença em ações previdenciárias, já que o CPC é a legislação de regência.

É conveniente que o Juiz decida, de modo expresso, quanto aos chamados acessórios da condenação, quais sejam, correção monetária e juros de mora, quais os indexadores, em que períodos, desde quando, termo inicial dos juros, etc. Assim, evita-se discussões na execução, já que tais questões estariam cobertas pela coisa julgada.

Em relação aos juros, há a súmula 240 do STJ: “Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação valida.” Data da Decisão: 11/03/1998.

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Trago dispositivo de uma sentença previdenciária. Observe-se a quantificação dos acessórios da condenação:

“DISPOSITIVO: Ante o exposto, REJEITO A PRELIMINAR de decadência, ACOLHO

preliminar de prescrição em relação às parcelas anteriores a 30.07.1998 e, no mérito, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS a revisar o benefício da Autora, aplicando o coeficiente de 100% a partir do advento da Lei nº 9.032/95.

As parcelas vencidas até a revisão do benefício, ressalvadas as parcelas atingidas pela prescrição qüinqüenal, serão pagas pelo INSS com atualização monetária desde a data do vencimento de cada parcela, mediante a aplicação do IGP-DI. Incidem, ainda, juros moratórios simples de 1% ao mês, a contar da citação, em face do disposto no art. 406 do Código Civil, combinado com o art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional.

Condeno o INSS no pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, excluídas as parcelas vincendas a partir desta data (Súmula n° 111 do STJ), nos termos dos artigos 20, § 4º, e 21, § único, do Código de Processo Civil.

Decorrido o prazo para interposição de recursos voluntários, com ou sem aproveitamento, remetam-se os autos à Superior Instância para reexame necessário, nos termos do art. 475, I, do CPC.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.”

8. Reexame Necessário

Independente de haver apelação, vencido o INSS, o processo será remetido ao Tribunal para reexame (art. 475, CPC), salvo se:

a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos;

a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente.

CPC, Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). § 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. § 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. § 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente.

9. Recursos na Ação de Conhecimento

-Prazos (art. 188 CPC): prazo em dobro para recorrer quando a parte  for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

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-Efeitos da apelação: regra geral do art. 520 do CPC, ou seja, recebidos no duplo efeito.

CPC, Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I - homologar a divisão ou a demarcação; II - condenar à prestação de alimentosIII - julgar a liquidação de sentença; (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)IV - decidir o processo cautelar; V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela

Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.

10. Decadência e Prescrição Previdenciárias

Trata-se de prescrição e decadência na relação jurídica de prestação previdenciária. Não confundir com os mesmos institutos do custeio, que possuem tratamento tributário.

É de dez anos o prazo decadencial para ingressar com ação revisional do ato administrativo que deferiu o benefício, ou seja, a ação tem por objetivo rever o valor da renda mensal inicial (RMI). Veja-se o art. 103, da LBPS, caput:

”Art. 103.  É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.”

Não há prazo decadencial para a revisão de reajustes posteriores ao deferimento do benefício. Também não há perda ao direito ao benefício, conforme o art. 102, § 1°, LBPS, podendo a parte requerer seu benefício previdenciário a qualquer tempo. Somente após o recebimento da primeira prestação ou, sendo o caso, do dia que for intimado do indeferimento administrativo, é que começa a correr a decadência.

De se observar, que a decadência não corre contra pensionista menor, incapaz ou ausente (art. 79, LBPS). Dessa forma, pode haver a revisão da RMI de uma pensão por morte para incapaz, por exemplo, mesmo após o prazo de dez anos.

Como é regra de direito material, apenas afeta as relações jurídicas constituídas a partir da sua vigência (benefícios deferidos após a lei que instituiu a decadência), conforme o seguinte:

Até de 26/06/97: a princípio os benefícios deferidos até essa data não decaem. Porém, pendente de decisão no STF (AI 786.200);

27/06/97 a 21/10/98: 10 anos (MP 1.523-9/97 e Lei 9.528/97); 22/10/98 a 18/11/2003: 5 anos (MP 1.663-15/98 e Lei 9.711/98); A partir de 19/11/2003: 10 anos (MP 138/03 e Lei 10.839/2004).

A prescrição em matéria de prestações previdenciárias está previsto no art. 103, parágrafo único, da LBPS:

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“Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.”

Nesse diapasão, uma vez o segurado tendo ingressado com ação judicial contra o INSS, caso vitorioso, somente receberá atrasados referentes aos últimos 5 anos antes da propositura da ação. Nesse sentido a súmula 85 do STJ:

“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação.”

Da mesma forma que ocorre em relação à decadência, a prescrição não corre contra pensionista menor, incapaz ou ausente (art. 79, LBPS).

Quando foi o próprio INSS que deu causa ao atraso no ajuizamento da ação, o segurado não poderá ser prejudiciado. Nesse sentido, o Decreto 20.910/32, art. 4°: “não corre a prescrição durante a demora que, no estudo, no reconhecimento ou no pagamento da dívida, considerada ilíquida, tiverem as repartições ou funcionários encarregados de estudar e apurá-la”.

A Lei 11.280/06 alterou o art. 219, § 5°, do CPC, prevendo a possibilidade de pronúncia de ofício da prescrição pelo juiz, mesmo tratando-se direitos patrimoniais (vigência a contar de 05/2006).

11. Decadência contra a Administração

Decorrido o prazo legal de dez anos, a contar da data do deferimento do benefício previdenciário, pacifica-se a relação jurídica, não podendo a administração revisar o ato, salvo má-fé do beneficiário, como aposentação fraudulenta, por exemplo. É o que traz o art. 103-A, da LBPS:

“Art. 103-A.  O direito de a Previdência Social anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.”

Em dispositivo análogo na Lei 9.784/1999, art. 54 (Lei do Processo Administrativo Federal), a jurisprudência tem admitido sua aplicação retroativa.

III. Tempo de contribuição

1. Introdução

A EC 20/98 pouco alterou as regras da aposentadoria por tempo de serviço integral, uma vez que continuou a exigência de cumprimento de 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos, se mulher. Porém, foi mudado o nome do benefício, que passou a denominar-se “aposentadoria por tempo de contribuição” e, paralelamente, foi proibido o cômputo de tempo ficto. Segundo Duarte:

De qualquer forma, mesmo essas alterações feitas não foram no sentido de diferenciar tempo de serviço de tempo de contribuição, porque ainda não há a lei a que se refere o

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artigo 4º da EC 20/98. Talvez a maior intenção de mudança tenha sido pela proibição de contagem de tempo ficto, conforme determinado no art. 40, § 10, da CF.1

Essa modificação visa a evitar que se agregue ao tempo para inativação o período no qual não houve efetivo recolhimento de contribuições previdenciárias, o que, em última análise, visaria à diminuição do déficit das contas previdenciárias.

A referida emenda constitucional remete para a lei a definição de tempo de contribuição, determinando que, na ausência desta, o tempo de serviço será contado como tempo de contribuição. Como até o momento não foi editada a lei regulamentadora, o artigo 60 do Decreto n.º 3.048, de 6 de maio de 1999, acabou por disciplinar a matéria.

Dessa forma, há situações que, mesmo sem contribuição ou até mesmo sem filiação ao RGPS, considera-se como tempo de contribuição para os fins do RGPS. A seguir comenta-se essas situações.

RPS, Art.60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre outros:

I - o período de exercício de atividade remunerada abrangida pela previdência social urbana e rural, ainda que anterior à sua instituição, respeitado o disposto no inciso XVII; [refere-se ao empregador rural]

II - o período de contribuição efetuada por segurado depois de ter deixado de exercer atividade remunerada que o enquadrava como segurado obrigatório da previdência social;

III - o período em que o segurado esteve recebendo auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, entre períodos de atividade;

O período em que o segurado esteve em gozo de benefício por incapacidade é contado como tempo de serviço/contribuição, se intercalado por períodos de atividade, motivo pelo qual para computar o interregno, deverá voltar a trabalhar, pelo menos por um dia (há jurisprudência afirmando ser desnecessário o intercalamento – AC 97.04.66453-2).

IV - o tempo de serviço militar, salvo se já contado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou auxiliares, ou para aposentadoria no serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, nas seguintes condições:a) obrigatório ou voluntário; eb) alternativo, assim considerado o atribuído pelas Forças Armadas àqueles que, após alistamento, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter militar;

O tempo total a disposição das Forças Armadas deve ser averbado para fins previdenciários e não apenas o tempo posterior a 1ª Fase do Estágio de Adaptação e Serviço. Nesse sentido, trago parte do voto do relator Desemb. Valdemar Capeletti no APELREEX 2004.71.02.006590-3, Quarta Turma, TRF4, D.E. 12/01/2009:

1 DUARTE, Marina Vasques. Direito previdenciário. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2007, p. 187.

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“Conforme os artigos 138 e 140, da Lei nº 5.774/71, os militares passam a contar o tempo de serviço nas Forças Armadas a partir de quando incorporados, sendo este espaço computado dia a dia até o limite estabelecido para a contagem ou do desligamento do ativo.

Tendo o demandante ingressado no serviço militar em 03/05/1973 para o desempenho da 1ª Fase do Estágio de Adaptação e Serviço (EAS), conforme documento de fls. 30/34, foi desligado em 25/06/1973, passando em 26/06/1973 a cumprir a 2ª Fase do EAS, sendo desligado somente em 02/05/1974, no qual exerceu a função de Auxiliar de Serviço de Anestesia.

Diante dos documentos juntados, é de se considerar para fins de tempo de serviço o período compreendido entre 03/05/1973 até 02/05/1974, na sua integralidade, e não somente o período da 2ª Fase do EAS, conforme Certidão de Tempo de Serviço Militar de fls. 62, expedida pelo Ministério da Defesa.

Devido ao autor, portanto, o cômputo do período referente à 1º Fase, de 03.05.1973 a 25.05.1973, ou seja, 01 (um) mês e 23 9vinte e três) dias de serviço, totalizando 01 (um) ano e 04 (quatro) dias de serviço militar.”

V - o período em que a segurada esteve recebendo salário-maternidade;

VI - o período de contribuição efetuada como segurado facultativo;

VII - o período de afastamento da atividade do segurado anistiado que, em virtude de motivação exclusivamente política, foi atingido por atos de exceção, institucional ou complementar, ou abrangido pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, ou que, em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos, tenha sido demitido ou compelido ao afastamento de atividade remunerada no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988;

VIII - o tempo de serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, inclusive o prestado a autarquia ou a sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público, regularmente certificado na forma da Lei nº 3.841, de 15 de dezembro de 1960, desde que a respectiva certidão tenha sido requerida na entidade para a qual o serviço foi prestado até 30 de setembro de 1975, véspera do início da vigência da Lei nº 6.226, de 14 de junho de 1975;

IX - o período em que o segurado esteve recebendo benefício por incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou não;

X - o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991;

De acordo com § 4º, do mesmo artigo: “O segurado especial que contribui na forma  do § 2º do art. 200 somente fará jus à aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial após o cumprimento da carência exigida para estes benefícios, não sendo considerado como período de carência o tempo de atividade rural não contributivo.” Refere-se a possibilidade do segurado especial contribuir como contribuinte individual.

XI - o tempo de exercício de mandato classista junto a órgão de deliberação coletiva em que, nessa qualidade, tenha havido contribuição para a previdência social;

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XII - o tempo de serviço público prestado à administração federal direta e autarquias federais, bem como às estaduais, do Distrito Federal e municipais, quando aplicada a legislação que autorizou a contagem recíproca de tempo de contribuição;

XIII - o período de licença remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuições;

XIV - o período em que o segurado tenha sido colocado pela empresa em disponibilidade remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuições;

XV - o tempo de serviço prestado à Justiça dos Estados, às serventias extrajudiciais e às escrivanias judiciais, desde que não tenha havido remuneração pelos cofres públicos e que a atividade não estivesse à época vinculada a regime próprio de previdência social;

XVI - o tempo de atividade patronal ou autônoma, exercida anteriormente à vigência da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, desde que indenizado conforme o disposto no art. 122;

XVII - o período de atividade na condição de empregador rural, desde que comprovado o recolhimento de contribuições na forma da Lei nº 6.260, de 6 de novembro de 1975, com indenização do período anterior, conforme o disposto no art. 122;

XVIII - o período de atividade dos auxiliares locais de nacionalidade brasileira  no exterior, amparados pela Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, anteriormente a 1º de janeiro de 1994, desde que sua situação previdenciária  esteja regularizada junto ao Instituto Nacional do Seguro Social;

XIX - o tempo de exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal, desde que tenha havido contribuição em época própria e não tenha sido contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previdência social;

A LBPS, art. 55, IV , não exige contribuições para considerar este tempo.A partir da Lei 10.887/04, que acrescentou a alínea ‘j’, no art. 11, I, da

LBPS, é segurado obrigatório. Mas é considerado como tempo de contribuição mesmo antes desta lei.

XX - o tempo de trabalho em que o segurado esteve exposto a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, observado o disposto nos arts. 64 a 70; e

XXI - o tempo de contribuição efetuado pelo servidor público de que tratam as alíneas "i", "j" e "l" do inciso I do caput do art. 9º e  o § 2º do art. 26, com base nos arts. 8º e 9º da Lei nº 8.162, de 8 de janeiro de 1991, e no art. 2º da Lei nº 8.688, de 21 de julho de 1993. [servidor público ocupante de cargo em comissão ]

A partir da Lei 8.647/.93, que acrescentou a alínea ‘g’, no art. 11, I, da LBPS, é segurado obrigatório. Mas é considerado como tempo de contribuição mesmo antes desta lei, se contribuiu conforme a Lei 8.162/91.

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Além desses tempos, cabe destar que o tempo de serviço como aluno-aprendiz. O STJ tem entendido que o tempo de estudante laborado na condição de aluno-aprendiz em Escola Técnica   Federal ou Pública Profissional , visando à concessão de benefícios previdenciários, pode sim ser computado para fins de averbação de tempo de serviço, desde que seja possível a contagem recíproca e que haja retribuição pecuniária à conta do orçamento da União Federal, ainda que de forma indireta. Tal entendimento aplica-se, também, aos alunos-aprendizes de escolas técnicas e industriais estaduais, distritais e municipais, uma vez que o essencial para o cômputo do período prestado como aluno-aprendiz é o exercício de atividade voltada à formação profissional dos estudantes, aliada à existência de remuneração pelos cofres públicos.

Atualmente o Decreto n.º 3.049/99 assim estabelece em seu artigo 60:

"Art.60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre outros:

(...)XXII - o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profissional realizado em escola técnica, desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e o vínculo empregatício. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

Importa referir também que, embora o Decreto n.º 611 faça menção apenas ao cômputo do "tempo de aprendizado profissional prestado nas escolas técnicas com base no Decreto-lei nº 4.073 de 30 de janeiro de 1942" e o Decreto n.º 2.172/97 tenha, expressamente, restringido o reconhecimento do tempo de aprendizagem em escolas privadas ao período de 09.02.1942 a 16.02.1959 - vigência do Decreto-Lei -, entende-se que tais condicionamentos não excluem a possibilidade, para fins de aposentadoria, da contagem de tempo de aprendizado profissional ocorrido depois de sua revogação.

Nesse sentido a a jurisprudência do STJ:

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. ALUNO-APRENDIZ. AGRAVO IMPROVIDO.1. O tempo de estudante como aluno-aprendiz em   escola técnica   pode ser computado para fins de complementação de tempo de serviço, objetivando fins previdenciários, em face da remuneração percebida e da existência do vínculo empregatício. 2. Em tese, o reconhecimento do tempo de serviço, prestado em época posterior ao período de vigência do Decreto-Lei nº 4.073/42, é possível, pois suas legislações subsequentes, quais sejam, Lei nº 3.552/59, 6.225/79 e 6.864/80, não trouxeram nenhuma alteração no tocante à natureza dos cursos de aprendizagem, nem no conceito de aprendiz.3. A Egrégia Terceira Seção, seguindo a orientação do Tribunal de Contas, firmada na orientação sumular nº 96, firmou compreensão no sentido de que, para o aluno-aprendiz de escola pública profissional ter direito à contagem de tempo estudado para fins de complementação de aposentadoria, deverá comprovar o vínculo empregatício e remuneração a conta do orçamento da União. (...).(AgRg no REsp 931.763/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 16/03/2011)

Assim, encontra-se superada nos Tribunais a tese de que só poderia ser reconhecido o tempo prestado como aluno-aprendiz em escolas privadas no período de 09.02.1942 a 16.02.1959 (vigência do Decreto-Lei 4.073/42).

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Especificamente no caso de alunos-aprendizes de escolas técnicas públicas, aplica-se, ainda, a Súmula n.º 96 do TCU, cujo teor dispõe:

"Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissionalizante, desde que comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento, admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com a execução de encomendas para terceiros."

2. Comprovação do tempo

2.1. A Prova Tarifada

Para a comprovação do tempo de serviço, por força do art. 55, § 3º, é necessário início de prova material complementada por prova testemunhal. É a denominada “prova tarifada”2:

“§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.”

Dessa forma, faz-se necessário a existência de algum documento que comprove o labor. De se observar que a lei refere “início” de prova material, o que significa que a prova não necessita ser robusta, não precisando, por exemplo, cobrir todo o período laborado. Nesse passo poderá o juiz exercitar a sua liberdade motivada: havendo ao menos um documento, o conjunto probatório todo poderá ser sopesado para se determinar se houve ou não a efetiva prestação do serviço. A súmula 149 do STJ traz determinação nesse sentido:

“A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário.”

Apesar dessa súmula referir-se apenas ao rurícola, o entendimento tem sido o mesmo no caso de trabalhador urbano.

A prova material deverá ser contemporâneo à prestação do serviço. Anotações extemporâneas em registros trabalhistas, contratos de arrendamento com anotações posteriores, apenas para citar alguns exemplos, não se prestam como início de prova material. O rol de documentos aceitos administrativamente consta do art. 62, § 2º do RPS. Em juízo, não tem aplicação estrita esse rol, sendo meramente exemplificativo.

A seguir a regulação legal acerca das provas do tempo de contribuição com alguns comentários:

RPS, com redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008:

Art.   19.   Os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência social, tempo de contribuição e salários-de-contribuição.

2 Trata-se de uma mitigação da determinação do CPC, art. 131, que reza que o juiz poderá apreciar livremente as provas. No momento que a lei determina a obrigatoriedade da prova material, não poderá o juiz reconhecer o tempo de serviço para fins previdenciários apenas com a tomada de testemunhos. Não se vislumbra qualquer ilegalidade nessa determinação, uma vez que é norma especial em relação ao CPC.

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§ 1o  O segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a inclusão, exclusão ou retificação das informações constantes do CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios dos dados divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS, independentemente de requerimento de benefício, exceto na hipótese do art. 142.

    [Critérios para inserção extemporânea de dados no CNIS]§ 2o  Informações inseridas extemporaneamente no CNIS , independentemente de serem inéditas ou retificadoras de dados anteriormente informados, somente serão aceitas se corroboradas por documentos que comprovem a sua regularidade.§ 3o  Respeitadas as definições vigentes sobre a procedência e origem das informações, considera-se extemporânea a inserção de dados:        I - relativos à data de início de vínculo, sempre que decorrentes de documento apresentado após o transcurso de sessenta dias do prazo estabelecido pela legislação;        II - relativos a remunerações, sempre que decorrentes de documento apresentado:        a) após o último dia do quinto mês subseqüente ao mês da data de prestação de serviço pelo segurado, quando se tratar de dados informados por meio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP; e         b) após o último dia do exercício seguinte ao a que se referem as informações, quando se tratar de dados informados por meio da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS;        III - relativos a contribuições, sempre que o recolhimento tiver sido feito sem observância do estabelecido em lei. § 4o  A extemporaneidade de que trata o inciso I do § 3o será relevada após um ano da data do documento que tiver gerado a informação, desde que, cumulativamente:         I - o atraso na apresentação do documento não tenha excedido o prazo de que trata a alínea “a” do inciso II do § 3o;        II - tenham sido recolhidas, quando for o caso, as contribuições correspondentes ao período retroagido; e         III - o segurado não tenha se valido da alteração para obter benefício cuja carência mínima seja de até doze contribuições mensais. § 5o  Não constando do CNIS informações sobre contribuições ou remunerações, ou havendo dúvida sobre a regularidade do vínculo, motivada por divergências ou insuficiências de dados relativos ao empregador, ao segurado, à natureza do vínculo, ou a procedência da informação, esse período respectivo somente será confirmado mediante a apresentação pelo segurado da documentação comprobatória solicitada pelo INSS. § 6o  O INSS poderá definir critérios para apuração das informações constantes da GFIP que ainda não tiver sido processada, bem como para aceitação de informações relativas a situações cuja regularidade depende de atendimento de critério estabelecido em lei. § 7o  Para os fins de que trata os §§ 2o a 6o, o INSS e a DATAPREV adotarão as providências necessárias para que as informações constantes do CNIS sujeitas à comprovação sejam identificadas e destacadas dos demais registros.

RPS, Art.62 . A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição na forma do art. 60, observado o disposto no art. 19 e, no que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam as alíneas "j" e "l" do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é feita mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado. (Redação dada pelo Decreto nº 4.079, de 9/01/2002) § 1º As anotações em Carteira Profissional e/ou Carteira de Trabalho e Previdência Social relativas a férias, alterações de salários e outras que demonstrem a seqüência do exercício da atividade podem suprir possível falha de registro de admissão ou dispensa. (Parágrafo restabelecido pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003) § 2o  Subsidiariamente ao disposto no art. 19, servem para a prova do tempo de contribuição que trata o caput: (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).     I - para os trabalhadores em geral, os documentos seguintes:

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        a) o contrato individual de trabalho, a Carteira Profissional, a Carteira de Trabalho e Previdência Social, a carteira de férias, a carteira sanitária, a caderneta de matrícula e a caderneta de contribuições dos extintos institutos de aposentadoria e pensões, a caderneta de inscrição pessoal visada pela Capitania dos Portos, pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca, pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e declarações da Secretaria da Receita Federal do Brasil;        b) certidão de inscrição em órgão de fiscalização profissional, acompanhada do documento que prove o exercício da atividade;        c) contrato social e respectivo distrato, quando for o caso, ata de assembléia geral e registro de empresário; ou        d) certificado de sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra que agrupa trabalhadores avulsos; II - de exercício de atividade rural, alternativamente:         a) contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;        b) contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;        c) declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo INSS; [requisitos da declaração: veja §§ 8º a 13]        d) comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA;        e) bloco de notas do produtor rural;        f) notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 24 do art. 225, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor; [a empresa é obrigada a fornecer ao vendedor]        g) documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante;        h) comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção;        i) cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural;        j) licença de ocupação ou permissão outorgada pelo INCRA; ou        l) certidão fornecida pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI, certificando a condição do índio como trabalhador rural, desde que homologada pelo INSS.§ 3º Na falta de documento contemporâneo podem ser aceitos declaração do empregador ou seu preposto, atestado de empresa ainda existente, certificado ou certidão de entidade oficial dos quais constem os dados previstos no caput deste artigo, desde que extraídos de registros efetivamente existentes e acessíveis à fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social.§ 4º Se o documento apresentado pelo segurado não atender ao estabelecido neste artigo, a prova exigida pode ser complementada por outros documentos que levem à convicção do fato a comprovar, inclusive mediante justificação administrativa, na forma do Capítulo VI deste Título.§ 5º A comprovação realizada mediante justificação administrativa ou judicial só produz efeito perante a previdência social quando baseada em início de prova material. § 6º A prova material somente terá validade para a pessoa referida no documento, não sendo permitida sua utilização por outras pessoas.§ 7o  A empresa colocará à disposição de servidor designado por dirigente do Instituto Nacional do Seguro Social as informações ou registros de que dispuser, relativamente a segurado a seu serviço e previamente identificado, para fins de instrução ou revisão de processo de reconhecimento de direitos e outorga de benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Incluído pelo Decreto nº 6496, de 2008)

Jurisprudência sobre comprovação de tempo de contribuição:

Regra Geral: "O princípio do livre convencimento do juiz na apreciação da prova (art. 131 do CPC) não tem caráter absoluto, posto que adstrito o magistrado a assim proceder somente quanto à legalmente estabelecida, sendo-lhe defeso desconsiderar exceção expressamente prevista, consistente na chamada prova tarifada, como nos casos, entre

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outros, do art. 401 do CPC e do § 8º do art. 10 da Lei 5.890/73, disposição esta última que não é dirigida apenas à autoridade administrativa, mas também ao juiz, em causa na qual pretenda a parte a contagem de tempo de serviço para aposentadoria previdenciária. A comprovação de tempo de serviço para fim de aposentadoria pela Previdência Social, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, só produzirá efeito quando baseada ao menos em início de prova material, não sendo admitida, para tal prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme regularmente se dispuser" (TRF1ªR, AC 92.01.15780-0/DF, rel. Juiz Aristides Medeiros, RPS 156/898 e 161/284).

"O reconhecimento do tempo de serviço para efeitos previdenciários está excepcionado do princípio do livre convencimento do juiz, dependendo de um início de prova material" (TRF4ªR, AC 90.04.26515-5/SC, rel. Juiz Ari Pargendler, RTRF4ªR 16/413).

Anotação na CTPS: "As anotações dos contratos de trabalho na CTPS constituem presunção juris tantum. Se a anotação diz respeito a pedido anterior a sua expedição e não há elementos materiais de prova do tempo de serviço, é legítimo o recurso da Administração" (TRF4ªR, AC 92.04.26872-7/RS, rel. Juiz Volkmer de Castilho, RTRF4ªR 16/161).

"Valoração da prova. O assento na CTPS de contratos de trabalho rural constitui razoável início de prova da atividade rurícola" (STJ - REsp 63.814-3/SP, rel. Min. José Dantas, DJU-I 19/06/95).

Declaração do Empregador: "As declarações escritas dos empregadores não têm qualquer valia, porque o respectivo conteúdo é próprio de prova testemunhal, só regular quando sujeita a perguntas e reperguntas que evitam as inconveniências do depoimento preparado, sempre marcado pela unilateralidade" (TRF4ªR, AC 91.04.12988-1/RS, rel. Juiz Ari Pargendler, RTRF4ªR 16/144).

Força Maior: "Admite-se a prova testemunhal do tempo de serviço quando ficar impossibilitada a produção de prova material em conseqüência de força maior, como a enchente que destruiu os arquivos do empregador, hipótese conemplada pelo art. 55, § 3º da Lei 8.213/91" (TRF4ªR, AC 92.04.37190-0/SC, rel. Juiz Vladimir Freitas, RTRF4ªR 16/164).

Recolhimento Extemporâneo de Contribuições: "O recolhimento de contribuições previdenciárias anos depois do tempo de serviço que se afirma ter sido prestado, desacompanhado de princípio de prova documental ou mesmo de prova testemunhal, é insuficiente para a comprovação de tempo de serviço" (TRF4ªR, AC 90.04.23504-3/RS, rel. Juiz Vladimir Freitas, RTRF4ªR 8/250 e 16/137).

"O tempo de serviço militar é considerado como tempo do serviço 'comum' para efeito de aposentadoria por tempo de serviço (CLPS/84 art. 33, § 3º b; Lei nº 8.213/91, art. 55, I). Como tal, pode ser somado, após a devida conversão, ao tempo de serviço insalubre, perigoso ou penoso, para fim de obtenção de aposentadoria especial (CLPS/84, arat. 35, § 2º; Lei 8.213/91, art. 57, § 3º)" (TRF4ªR - AC 93.04.33014-9/RS, rel. Juiz Teori Albino Zavascki, DJU-II 21/06/95).

2.2. Exceções à Prova Tarifada

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A jurisprudência tem mitigado essa exigência de início de prova material nos casos como bóias-frias e empregados domésticos, relações empregatícias de difícil comprovação documental. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR TESTEMUNHAS. ATIVIDADE URBANA. EMPREGADA DOMÉSTICA. DECLARAÇÃO DO EX-EMPREGADOR. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. 1. O tempo de serviço rural para fins previdenciários, pode ser demonstrado através de início de prova material, desde que complementado por prova testemunhal idônea. 2. Assegura-se à empregada doméstica contagem de tempo de serviço relativo ao período durante o qual trabalhou sem o devido registro, admitindo-se a declaração feita pelos ex-empregadores como início de prova material, desde que complementada por prova testemunhal idônea, mormente por consideradas as características de tal profissão, em que, via de regra, o vínculo laboral costuma se estabelecer sem maiores formalidades. 3. Presentes os requisitos de tempo de serviço e carência, é devida à parte autora a aposentadoria por tempo de serviço, nos termos da Lei nº 8.213/91. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2001.72.09.002360-1, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 03/05/2007)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. BÓIA-FRIA. CARTEIRA DE IDENTIFICAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO - CIC. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA POR UM DOS MEMBROS DA FAMÍLIA. 1. O tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. 2. Em se tratando de trabalhador rural "bóia-fria", a exigência de início de prova material para efeito de comprovação do exercício da atividade agrícola deve ser interpretada com temperamento, podendo, inclusive, ser dispensada em casos extremos , em razão da informalidade com que é exercida a profissão e a dificuldade de comprovar documentalmente o exercício da atividade rural nessas condições. Precedentes do STJ. 3. A inexistência da Carteira de Identificação e Contribuição prevista no art. 106 da Lei n. 8.213/91 não é óbice ao reconhecimento da condição de segurado especial. Embora a expedição do referido documento, via de regra, ocorra após a comprovação da atividade rural perante a própria Autarquia Previdenciária, não impede que o segurado, em juízo, busque o reconhecimento da atividade rural por outros meios de prova. 4. O fato de o marido da autora ser aposentado pela área urbana ou desempenhar atividade urbana não constitui óbice, por si só, ao enquadramento dela como segurada especial, na medida em que o art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, conferiu ao produtor rural que exerça a atividade agrícola individualmente o status de segurado especial. Precedentes desta Corte. 5. Implementado o requisito etário (55 anos de idade para mulher e 60 anos para homem) e comprovado o exercício da atividade agrícola no período correspondente à carência (art. 142 da Lei n. 8.213/91), é devido o benefício de aposentadoria por idade rural. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2006.70.99.002405-6, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 28/02/2007)

2.3. Tempo Rural

Para a comprovação da condição de segurado especial, por força do art. 55, § 3º, também é necessário início de prova material complementada por prova testemunhal, fazendo-se necessário a existência de algum documento contemporâneo à prestação do serviço que ligue o trabalhador à terra (notas fiscais de produtor, certidões do INCRA, registro de terras no Registro de Imóveis, declaração do sindicato rural, etc.).

Na falta de documento contemporâneo podem ser aceitos declaração do empregador ou seu preposto, atestado de empresa ainda existente, certificado ou

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certidão de entidade oficial, como por exemplo, certidão emitida pelo Mistério do Exército atestando que o segurado, quando prestou serviço militar, qualificou-se como agricultor, certidão de casamento ou de nascimento emitida pelo Ofício do Registro Civil das Pessoas Naturais onde conste a profissão agricultor.3

A jurisprudência é pacífica no sentido de se aceitar documentos em nome do chefe ou arrimo de família, ou seja, daquele que aparece frente aos negócios da família, em geral o pai4. Atualmente a própria Autarquia passou a adotar esse posicionamento, conforme se depreende do art. 133, § 1º, da IN n.º 20/2007:

“§ 1º Os documentos de que tratam os incisos I, II, III, V, VI e VII deste artigo devem ser considerados para todos os membros do grupo familiar, para concessão dos benefícios previstos no inciso I e Parágrafo único do art. 39 da Lei nº 8.213/1991, para o período que se quer comprovar, mesmo que de forma descontínua, quando corroborados com outros que confirmem o vínculo familiar, sendo indispensável a entrevista e, se houver dúvidas, deverá ser realizada a entrevista com parceiros, confrontantes, empregados, vizinhos e outros, conforme o caso.” [sem grifo no original]

Em relação aos documentos que podem fazer essa comprovação, há amplas possibilidades. São listados no art. 106 da LBPS, no art. 62, § 2º, do RPS e no art. 133, da IN 20/07. A jurisprudência trata esses artigos como exemplificativos, ou seja, nada impede que, em juízo, seja feita a comprovação do labor rurícola por outros documentos.

A seguir apresenta-se o rol do art. 106 da LBPS e o rol da IN n.º 20/2007 (sucedida pela IN nº 45/2010), art. 133, caput, que parecem complementarem-se:

LBPS, Art. 106.  A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS; IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar;  V – bloco de notas do produtor rural; VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor;  VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante; VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção; IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural; ouX – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.

IN n.º 20/2007, art. 133, caput :I – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;II – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária- INCRA;III – bloco de notas de produtor rural ou notas fiscais de venda por produtor rural;IV - declaração fundamentada de sindicato que represente os trabalhadores rurais, inclusive os agricultores familiares, ou colônia de pescadores artesanais registrada na

3 Veja-se o art. 62, § 3º, do RPS.4 Veja-se: TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2001.04.01.072782-0, Sexta Turma, Relator Eloy Bernst Justo, DJ 29/03/2006.

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Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca ou no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente-IBAMA, homologada pelo INSS na forma dos §§ deste artigo, do art. 138, bem como do art. 7º da Portaria Ministerial nº 170, de 2007, observadas as alterações estabelecidas pela Portaria nº 291, de 26 de julho de 2007;V - comprovante de pagamento do Imposto Territorial Rural-ITR ou de entrega de declaração de isento;VI - Certificado de Cadastro de Imóvel Rural-CCIR, ou autorização de ocupação temporária fornecidos pelo INCRA;VII - caderneta de inscrição pessoal visada pela Capitania dos Portos do Ministério da Defesa, pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca-SUDEPE ou pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas-DNOCS;VIII - certidão fornecida pela Fundação Nacional do Índio-FUNAI, certificando a condição de trabalhador rural do índio submetido ao regime tutelar estabelecido na Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973; ouIX - outros documentos de início de prova material, desde que neles conste a profissão ou qualquer outro dado que evidencie o exercício da atividade rurícola e seja contemporâneo ao fato nele declarado, não se exigindo que se refira ao período a ser comprovado, podendo ser contemporâneos ou anteriores ao período e extraídos de registros efetivamente existentes, idôneos e acessíveis à Previdência Social.

Incluídos nesse último item, estão as certidões de casamento e nascimento de filho. Esse o entendimento sumulado da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais junto ao STJ: SÚMULA 6, TUN - Comprovação de Condição Rurícula “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícula.”  (DJ 25/09/2003)

A LCPS, no art. 12, § 3º, previa a instituição de Carteira de Identificação e Contribuição do trabalhador rural, tendo sido revogado pela Lei 11.71/08.

Segue acórdão do TRF4 que trata, de forma didática, vários pontos abordados neste trabalho:

PREVIDENCIÁRIO. EC 20/98. DIREITO ADQUIRIDO. CARÊNCIA. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. CÔMPUTO. CONTRIBUIÇÕES. LEI 8.213/91. DESNECESSIDADE. ECONOMIA FAMILIAR. PROVA MATERIAL. INÍCIO. PROVA TESTEMUNHAL. DOCUMENTOS EM NOME DE TERCEIROS. 1 - A Emenda Constitucional nº 20/98 expressamente garantiu o direito adquirido à concessão de aposentadoria e pensão, a qualquer tempo, aos segurados e dependentes que até a data da publicação da Emenda (16.12.98) tivessem cumprido os requisitos para a obtenção destes benefícios, com base nos critérios da legislação então vigente. Para o cômputo do tempo de serviço até 16.12.98, o segurado tem que comprovar no mínimo 25 anos de tempo de serviço, se mulher, e 30, se homem, o que lhe dá direito à aposentadoria no valor de 70% do salário-de-benefício, acrescido de 6% por ano adicional de tempo de serviço, até o limite de 100%, o que se dá aos 30 anos de serviço para as mulheres e aos 35 para os homens. 2 - A carência exigida no caso de aposentadoria por tempo de serviço é de 180 contribuições. Contudo, para os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até 24.07.91, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais cobertos pela Previdência Social Rural, a carência para as aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá a tabela prevista no art. 142 da LB, conforme o ano em que o segurado implementou as condições necessárias à obtenção do benefício. 3 - Tratando-se de aposentadoria por tempo de serviço, o art. 55, § 2º, da Lei 8.213/91, previu o cômputo do tempo rural, independentemente de contribuições, quando anterior à sua vigência. - O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei nº 8.213/91 pode ser computado para a aposentadoria por tempo de serviço, sem recolhimento de contribuições, por expressa ressalva do § 2º do art. 55 da referida lei, salvo para carência. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. O tempo de serviço rural sem o recolhimento das contribuições, em se tratando de regime de economia familiar,

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aproveita tanto ao arrimo de família como aos demais dependentes do grupo familiar que com ele laboram. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 4 - O tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea, não se a admitindo exclusivamente (art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91 e Súmula 149 do STJ), exceto no tocante aos bóias-frias. Embora o art. 106 da Lei de Benefícios relacione os documentos aptos a essa comprovação, tal rol não é exaustivo, sendo certa a possibilidade de alternância das provas ali referidas. Desse modo, o que importa é a apresentação de documentos que caracterizem o efetivo exercício da atividade rural, os quais não necessitam figurar em nome da parte autora para serem tidos como início de prova do trabalho rural, pois não há essa exigência na lei e, via de regra, nesse tipo de entidade familiar os atos negociais são efetivados em nome do chefe do grupo familiar, geralmente o genitor. Precedentes desta Corte e do STJ. 5 - A qualificação de lavrador ou agricultor em atos do registro civil pode ser considerada, também, como início de prova material, se contemporânea aos fatos, não se exigindo prova material plena da atividade rural em todo o período requerido, mas início de prova material, o que vai ao encontro da realidade social no sentido de não inviabilizar a concessão desse tipo de benefício. Precedentes desta Corte e do STJ. 6 - Em relação aos consectários, firmou-se o entendimento nesta Corte no seguinte sentido: a) atualização monetária das parcelas vencidas pelo IGP-DI, desde a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas anteriores ao ajuizamento da ação; b) fixação dos juros moratórios à taxa de 1% ao mês, a contar da citação; c: incidência dos honorários advocatícios, nas ações previdenciárias em que for condenado o INSS, tão-somente sobre as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença, excluídas as parcelas vincendas; d) isenção, no Foro Federal, do pagamento de custas processuais pelo INSS. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2001.04.01.072782-0, Sexta Turma, Relator Eloy Bernst Justo, DJ 29/03/2006)

2.4. Tempo de serviço reconhecido pela Justiça do Trabalho

A finalidade típica de uma reclamatória trabalhista é o reconhecimento da relação de emprego, com a condenação do empregador a pagar verbas trabalhistas e proceder ao recolhimento de contribuições previdenciárias, sendo o caso. Porém, muitas vezes é utilizada de forma espúria, visando apenas o reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários, pois relativa a períodos pretéritos acerca dos quais eventuais verbas trabalhistas já se encontrariam prescritas, o que pode levar a possíveis fraudes, com simulação de relação de emprego.

A princípio, a sentença trabalhista não obriga o INSS, porquanto este não fez parte da lide. Os limites subjetivos da coisa julgada apenas alcançam as partes, sendo que o INSS não integra a relação processual trabalhista.

Dessa forma, a parte deverá ajuizar ação na Justiça Federal, comprovando através de prova material, a efetiva prestação do serviço. Sentenças trabalhistas proferidas nas reclamatórias com finalidade atípica não são consideradas, como ocorre nas sentenças homologatórias de acordo, sem basear-se em provas materiais e/ou testemunhais. Ao revés, (no entanto,) sentenças em reclamatórias (trabalhistas) onde houve o conhecimento pleno com a produção de provas, envolvendo condenação do empregador e recolhimento de contribuições previdenciárias, devem ser reconhecidas pela previdência social (pelo INSS).

Observe-se que a EC 20/98, que alterou o art. 114, § 3°, da CF, determinou a execução de ofício pela própria Justiça do Trabalho das contribuições previdenciárias referentes ao período reconhecido.

Seguem decisões acerca do tema:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA EM RECLAMATÓRIA TRABALHISTA - MAJORAÇÃO DOS

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SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO. REVISÃO DOS REAJUSTES - IRSM - FEVEREIRO DE 1994. 1. A revisão dos benefícios deferidos antes de 27 de junho de 1997 (data da edição da MP 1523-9) não está sujeita a prazo decadencial, restando inaplicável o art. 103 da Lei 8.213/91 quanto ao ponto. 2. Conforme jurisprudência dominante no STJ, é desnecessário que o INSS seja chamado a compor a lide para que as decisões prolatadas na Justiça do Trabalho possam ser a ele opostas. 3. O êxito do segurado em reclamatória trabalhista , no que pertine ao reconhecimento de diferenças salariais, atribui-lhe o direito de postular a revisão dos salários-de-contribuição componentes do período básico de cálculo do benefício, os quais, por conseqüência, acarretarão novo salário-de-benefício e nova renda mensal inicial. (TRF4, REMESSA EX OFFICIO, 2006.71.00.007700-3, Turma Suplementar, Relator Loraci Flores de Lima, D.E. 20/07/2007)

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE URBANA. SENTENÇA TRABALHISTA. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. NÃO IMPLEMENTO DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA. 1. O tempo de serviço urbano para fins previdenciários, pode ser demonstrado através de início de prova material, desde que complementado por prova testemunhal idônea. 2. A decisão proferida na Justiça do Trabalho reconhecendo tempo de serviço de ex-empregado não tem valor como prova material se a reclamatória é ajuizada muito após a cessação do pacto laboral, quando a prescrição já alcançara os direitos trabalhistas, visando, exclusivamente, produzir efeitos perante o INSS. 3. A sentença trabalhista fundamentada unicamente no depoimento do autor e do reclamado, ou na revelia, não se presta como início de prova material, assim como a documentação produzida posteriormente, em decorrência desta decisão. 4. Não implementados os requisitos de tempo de serviço e carência, não há direito à aposentadoria. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2001.70.11.000144-3, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 15/05/2007)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO URBANO. RESTABELECIMENTO. ACORDO TRABALHISTA. ANOTAÇÃO CTPS EXTEMPORÂNEA. NÃO RECONHECIDA. Conforme assente jurisprudência deste Tribunal, não basta que a Justiça do Trabalho reconheça determinado vínculo empregatício para que este possa ser computado para fins previdenciários. De regra, entende-se que as provas produzidas naquela seara, bem como a sentença, podem ser valorados na Justiça Federal, na condição de ter ocorrido no processo trabalhista o chamado "contencioso pleno". Não prevalece, para fins previdenciários, a anotação extemporânea do contrato de trabalho na CTPS do autor, para fins de reconhecer o tempo de serviço urbano controverso e conseqüentemente restabelecer sua aposentadoria por tempo de serviço, pois ausente início de prova material. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 1999.71.08.006338-0, Turma Suplementar, Relator Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 15/05/2007)

Veja-se a súmula 31, da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais - TNU: A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários. DJ DATA:13/02/2006.

Seguindo a citada súmula, segue decisão da TNU:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO, PROFERIDA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE CONLUIO ENTRE PARTES. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. SÚMULA Nº 31, DA TNU. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.1. A circunstância da sentença proferida na Justiça do Trabalho, reconhecendo o vínculo empregatício e o tempo de serviço trabalhado, ter se limitado a homologar acordo, que foi firmado entre o reclamante e o reclamado, não conduz à ilação de que houve conluio entre eles, que não se presume.2. Se a homologação do acordo respalda a cobrança das contribuições previdenciárias correspondentes ao aludido tempo de serviço, deve, em contrapartida, também, permitir que o reclamante promova o seu

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cômputo, junto à autarquia previdenciária, devendo, outrossim, ser enquadrado como mero início de prova material, que reclama a complementação do acervo probatório, com a oitiva de testemunhas.3. Reza a Súmula nº 31, desta TNU, que “a anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”, portanto, o incidente deve ser parcialmente acolhido, para propiciar à parte a produção de prova testemunhal, devendo o conjunto probatório então produzido ser apreciado pelo Juízo “a quo” e pela Turma Recursal, conforme os parâmetros aqui fixados.4. Pedido de uniformização parcialmente provido. (TNU; 2004. 50.50.00.3790-6; Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal; Relator dara d Acórdão: Élio Wanderley de Siqueira Filho)

3. Contagem Recíproca

É possível a contagem de tempo (CTC – Certidão de Tempo de Contribuição) laborado no RGPS para o gozo de benefício no serviço público e vice-versa, devendo haver compensação financeira entre os sistemas (art. 201, § 9°, CF, e art. 94, LB). A compensação financeira foi regulamentada pela Lei 9.796/99.

O artigo 96 da LB disciplina como será contado o tempo de contribuição para efeitos de contagem recíproca:

I – não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais.

Não conta-se tempo ficto, como por exemplo, contagem em dobro de licença-prêmio. O mesmo vale para o acréscimo de tempo relativo a atividades especiais, que deverá ser analisado segundo a legislação na qual o segurado requerer o benefício. Porém, a jurisprudência tem considerado este acréscimo (relativo a atividades especiais) para fins de contagem recíproca (RE 258327/PB).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. INTERESSE PROCESSUAL. MÉDICO PSIQUIATRA. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO EM COMUM. REQUISITOS. CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CONTAGEM RECÍPROCA. EFEITOS. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. 1. O mandado de segurança é adequado para veicular pedido de certidão de tempo de contribuição, pois a decisão da lide envolve a análise de documentação juntada aos autos e da legislação, não havendo necessidade de dilação probatória. 3. O tempo de serviço especial é disciplinado pela lei vigente à época em que exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. 4. No período de trabalho até 28-4-1995, possível o reconhecimento da especialidade do trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade enquadrável como especial nos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial, não sendo exigível a apresentação do Formulário SB-40 ou DSS-8030. 5. Admitida a especialidade da atividade desenvolvida, é devida a conversão do respectivo tempo de serviço para comum, nos termos do art. 28 da Lei 9.711, de 1998, utilizando-se, para obtenção do acréscimo devido, o fator multiplicador 0,2. 6. É direito do trabalhador a expedição da Certidão de Tempo de Contribuição - CTC, da qual conste o período de atividade especial, convertido para comum, com o acréscimo legal, para fins de contagem recíproca de tempo de serviço, segundo as normas do Regime Geral de Previdência Social, com a ressalva de que eventual aproveitamento do período acrescido pelo reconhecimento da especialidade fica a critério da entidade pública interessada . (TRF4, APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA, 2003.71.00.057293-1, Quinta Turma, Relator Francisco Donizete Gomes, D.E. 20/08/2007)

II – é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada, quando concomitantes (o tempo de serviço de atividade privada concomitante pode ser usado para aposentadoria por idade: 15 anos de contribuição e 65 anos de idade).

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III – não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro (a não ser que o aposentado obtenha desaposentação na justiça – pois o INSS a indeferirá – e, após, leve o tempo de contribuição para o outro sistema).

O que os incisos II e III proíbem é a contagem de tempo concomitante em mais de um sistema. Se a pessoa cumpriu os requisitos para a inativação no RGPS e no regime público, mesmo com tempos concomitantes, fará jus às duas aposentadorias separadamente, somente não poderá fazer este tempo de um ‘migrar’ para o outro regime.

IV – O tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência Social só será contado mediante indenização da contribuição correspondente ao período respectivo, com acréscimo de juros moratórios de um por cento ao mês e multa de dez por cento.

- Juros e multa moratória quando da indenização: a jurisprudência tem entendido indevida, pois o segurado não estaria em mora (STJ; REsp 531.331/PR; 1ª Turma; 01/12/2003).

- Base de cálculo da indenização (art. 45-A, § 1º, da LCPS): remuneração sobre a qual incidem as contribuições para o regime próprio de previdência social a que estiver filiado o interessado, no caso de indenização para fins da contagem recíproca, observados o limite máximo

- O tempo laborado como trabalhador rural, anterior à data de vigência da LBPS (nov/91), deverá ser indenizado para fins de contagem recíproca (para levar o ts rural do INSS para outro sistema) (jurisprudência STJ; súm. 10, TUN).

Tempo rural para fins de contagem recíproca. Necessidade de indenização. Requerimento de CTC posterior a MP 1.523, de 14/10/96, que revogou o art. 96, V, no qual havia previsão de cômputo do tempo de serviço rural sem a necessidade de pagamento das contribuições a ele correspondentes:

TRIBUTÁRIO. CONTAGEM RECÍPROCA. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. APOSENTADORIA NO SERVIÇO PÚBLICO. INDENIZAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. MULTA. JUROS. A contagem recíproca do tempo de serviço, para efeito de aposentadoria, tem assento na Constituição Federal de 1988, que determina a compensação financeira entre os regimes, tendo em conta que o benefício será concedido e pago pelo sistema a que o segurado estiver vinculado no momento do requerimento. O requerimento da certidão foi efetuado posteriormente à vigência da Medida Provisória nº 1.523, de 14/10/1996, convertida na Lei nº 9.528/1997, que alterou a redação do artigo 96 da Lei nº 8.213/1991, tendo suprimido o inciso V, que previa o cômputo do tempo de serviço rural sem a necessidade de pagamento das contribuições a ele correspondentes. Para que o trabalhador rural aproveite o período correspondente, embora estivesse dispensado de contribuir à época, deve efetuar o pagamento da indenização prevista no inciso IV do artigo 96 da Lei nº 8.213/1991. Com isso, restará viabilizada a compensação financeira entre os regimes previdenciário e estatutário. Conforme previsto no parágrafo 3º do artigo 45 da Lei 8.212/1991, a indenização deve ser calculada com base na remuneração do servidor sobre a qual incidem as contribuições para o regime a que está filiado, observado o teto do salário-de-contribuição do Regime Geral de Previdência. A obrigação prevista na Lei nº 8.213/1991, tendo em conta a ausência de compulsoriedade, não possui natureza tributária, correspondendo a indenização ao sistema previdenciário como

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contraprestação à possibilidade de cômputo do tempo de serviço rural para o fim de perceber benefício no serviço público. Deste modo, não pode o INSS constituir crédito tributário a fim de exigir as contribuições atinentes ao período de trabalho rural, porquanto inexistia a obrigatoriedade de contribuir na época. A incidência de multa (10%) e de juros (0,5%) previstos no art. 45, parágrafo 4°, da Lei n° 8.212/1991, bem como no art. 96, inc. IV, da Lei n° 8.213/1991 (com a redação determinada pela Medida Provisória n° 2.129-4/2000) é de ser afastada, porquanto o cálculo da contribuição é efetuado com base na remuneração percebida pelo segurado na data do requerimento (DER) (art. 45, parágrafo 3°, da Lei n° 8.212/1991, c/c o art. 216, parágrafo 13, do Decreto n° 3.048/1999 - Regulamento da Previdência Social), isto é, com base em valores atualizados. Não se justifica a cobrança de juros ou multa por atraso, uma vez que o segurado só se obrigou ao recolhimento no momento em que requereu o benefício e lhe foi dada a opção de pagar o período em aberto, não havendo, desta maneira, qualquer mora que justifique tais penalidades. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2001.71.14.001008-4, Primeira Turma, Relator Vilson Darós, D.E. 21/08/2007)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. PERÍODO CONTROVERSO. JUIZ CLASSISTA. CONTRIBUIÇÕES. SISTEMA DE CONTRAPRESTAÇÃO. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DE CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. A regra da reciprocidade inserta na Carta da República assegura, para fins de aposentadoria, a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada mediante um sistema de compensação financeira. Entendimento diverso importaria na desconsideração de todas as contribuições efetivadas pelo autor quando no exercício da magistratura classista. Precedente do STJ. Contando o autor mais de 36 anos de tempo de serviço e estando cumprida a carência legalmente exigida, tem direito à concessão de aposentadoria por tempo de serviço integral, nos termos do artigo 53, inciso II, da Lei nº 8.213, de 24-07-1991, correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, cuja apuração deverá considerar os salários-de-contribuição de sua atividade como Juiz Classista, integrantes do período básico de cálculo, a partir da DER (24-3-98). (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2001.04.01.065508-0, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 27/07/2007)

4. Pagamento de Contribuições Previdenciárias em Atraso

4.1. Contribuições em Atraso não Alcançadas pela Prescrição ou Decadência (esse item vale apenas para CI – a qualquer tempo, só fica em mora – e Facultativo – com período de graça de até [6+1,5] meses contados da data do pagamento da última contribuição)

Devem ser recolhidas acrescidas de (desconsiderar valores abaixo, valem atualmente art. 44 e art 161 da Lei 9.430/96): SELIC (inclui juros moratórios e correção monetária) Multa de Mora:

o Pagamento sem Notificação Fiscal: 8%, 14% ou 20%;o Pagamento com Notificação Fiscal:

Antes de inscrito em Dívida Ativa: 24% a 50% Após a inscrição em Dívida Ativa: 60% a 100%

Os juros incidem sobre o valor devido, sem incluir a multa, e de forma simples (sem anatocismo);

Os pagamentos em atraso do segurado contribuinte individual e facultativo, que já tenham se inscrito e pago a primeira contribuição em dia – art. 27, II, LBPS), valem para fins de tempo de serviço e carência.

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LBPS, “Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições:

   I - referentes ao período a partir da data da filiação ao Regime Geral de Previdência Social, no caso dos segurados empregados e trabalhadores avulsos referidos nos incisos I e VI do art. 11;      II - realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos II, V e VII do art. 11 e no art. 13. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)”

4.2. Contribuições em Atraso Alcançadas pela Prescrição/Decadência com ou sem Retroação da DIC (Data de Início de Contribuição)

• Conceito: Trata-se da situação em que o segurado contribuinte individual comprova o exercício de atividade remunerada com documentos e efetua o pagamento das mensalidades, podendo. O facultativo somente pode pagar atrasados enquanto não perder a qualidade de segurado (6 meses).

• Período indenizado: somente é objeto da indenização o lapso de tempo necessário para completar o interstício que enseja o jubilamento (TRF4, AC 2000.71.01.000301-4, Segunda Turma, Relator Eloy Bernst Justo, D.E. 27/05/2009).

• Retroação da DIC: indenização de período anterior à sua inscrição no INSS. Nesse caso, as períodos recolhidos atrasados valem somente como tempo de contribuição, mas não como carência.

• Sem retroação da DIC: se já pagou primeira contribuição em dia, ou seja já estava inscrito no INSS, a indenização valee como tempo de contribuição e carência (art. 27, II, LBPS).

• “Indenização” sem natureza tributária: não se aplicam as regras da decadência/prescrição, pois possui natureza indenizatória (compensação financeira ao INSS em função do aproveitamento do tempo de serviço) e se dá em favor do contribuinte.

• Trabalho rural: também deverá indenizar o INSS, caso queira contar o tempo de roça como carência ou para fins de contagem recíproca (art. 55, §§ 1º e 2º, LBPS).

• Base de cálculo para o pagamento dos atrasados (art. 45-A, § 1º, da LCPS): – média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição,

reajustados, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994;

– remuneração sobre a qual incidem as contribuições para o regime próprio de previdência social a que estiver filiado o interessado, no caso de indenização para fins da contagem recíproca, observados o limite máximo.

• Acréscimos: juros de 0,5% ao mês e da multa de 10%, previstos no art. 45-A, § 2º, da LCPS. Há dissenso no TRF4 sobre essa incidência. O STJ tem entendido que somente cabe juros/multa para período posterior a MP 1.523/96 - 11/10/1996 .

• Compensação com o valor do benefício a receber: impossibilidade. O crédito com o qual o autor pretende efetivar a compensação somente existirá acaso previamente satisfeita a indenização exigida pela Autarquia Previdenciária. Por conseguinte, não sendo eles concomitantes inviável deferir-se a compensação.

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• Parcelamento da indenização: possibilidade, utilizando-se o parcelamento previsto no art 38, da LCPS (até 60 vezes). Porém, somente poderá jubilar-se após a quitação do débito (TRF4, AC 2000.71.10.001335-5, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 15/08/2008)

• Decisão sobre não incidência de juros/multa:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. SEGURADO AUTÔNOMO. OBRIGATORIEDADE DE INDENIZAÇÃO. FORMA DE CÁLCULO. 1. O aproveitamento do tempo de serviço exercido na condição de autônomo e equiparado tem como requisito o pagamento de indenização das contribuições inadimplidas na época oportuna. 2. A indenização deve ser calculada com base na legislação vigente à época do requerimento de regularização da situação de inadimplência do segurado, sem a incidência de multa e de juros moratórios. (TRF4, APELREEX 2005.70.01.004511-9, Segunda Turma, Relator Otávio Roberto Pamplona, D.E. 17/12/2008)

• Decisão sobre incidência de juros/multa somente para período posterior a MP 1.523/96 - 11/10/1996 (a matéria disciplinada na Lei 8.212/91 não previa, em sua redação original, a incidência de juros de mora e multa sobre os pagamentos efetuados. Somente com a edição da MP nº 1.523/96, posteriormente convertida na Lei nº 9.528/97, a qual acresceu o parágrafo quarto ao artigo 45 da referida lei, é que houve tal previsão, hoje contida no parágrafo segundo do artigo 45-A)

TRIBUTÁRIO. autônomo. contribuinte individual. TEMPO DE SERVIÇO SEM RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INDENIZAÇÃO. NECESSIDADE. MULTA E JUROS. 1. O tempo de serviço do autônomo pode ser utilizado para obtenção de aposentadoria por tempo de serviço quando, ausente o recolhimento da contribuição previdenciária na época própria, existe prévia indenização ao erário, ultimada conforme disposto nos artigos 45-A da Lei número 8.212/91 e 55 e 96 da Lei número 8.213/91. 2. Somente é objeto da indenização o lapso de tempo necessário para completar o interstício que enseja o jubilamento. 3. A base e a metodologia de cálculo da indenização estão contidas no artigo 45-A da Lei nº 8.212/91. Inaplicabilidade do previsto no revogado artigo 45 da Lei de Custeio. 4. Inexistindo previsão de juros e multa sobre os pagamentos relativos ao aproveitamento de tempo de serviço exercido em período anterior à edição da MP 1.523/96, não pode haver retroatividade da lei previdenciária para prejudicar o segurado. Acréscimos legais que somente incidem depois de vencido o prazo de que dispõe o segurado para adimplir o pagamento da indenização exigida pela Autarquia. (TRF4, AC 2000.71.01.000301-4, Segunda Turma, Relator Eloy Bernst Justo, D.E. 27/05/2009)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. APOSENTADORIA. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO DAS CONTRIBUIÇÕES. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS E MULTA SOMENTE A PARTIR DA EDIÇÃO DA MP 1.523/96. DESPROVIMENTO. 1. Esta Corte firmou entendimento de que a obrigatoriedade imposta pelo § 4º do art. 45 da Lei 8.212/91 quanto à incidência de juros moratórios e multa no cálculo da indenização das contribuições previdenciárias somente é exigível a partir da edição da Medida Provisória 1.523/96 que, conferindo nova redação à Lei da Organização da Seguridade Social e Plano de Custeio, acrescentou tal parágrafo. 2. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no Ag 898709 / SP, 5ª Turma, relator Min. Napoleão Nunes Maia Filho, decisão publicada no DJ em 07.04.2008).

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. CONTAGEM RECÍPROCA. IMPOSSIBILIDADE. RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES NÃO COMPROVADO. PAGAMENTO

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DE INDENIZAÇÃO PARA FINS DE MANUTENÇÃO DA APOSENTADORIA. JUROS DE MORA E MULTA. EXCLUSÃO. ATIVIDADE ANTERIOR À EDIÇÃO DA MP 1.523/96. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS E IMPROVIDOS. 1. (...) 2. Somente a partir da edição da MP 1.523, de 11/10/96, que acrescentou o § 4º ao art. 45 da Lei 8.212/91, é que se tornou exigível a incidência de juros moratórios e multa nas contribuições pagas em atraso. Isso porque, antes de tal alteração legislativa, não havia sequer previsão legal dessa incidência nas contribuições apuradas a título de indenização, para fins de contagem recíproca. 3. Inexistindo previsão de juros e multa em período anterior à edição da MP 1.523/96, ou seja, 11/10/1996, não pode haver retroatividade da lei previdenciária para prejudicar os segurados, razão pela qual devem ser afastados os juros e a multa do cálculo da indenização no referido período. 4. Recursos especiais conhecidos e improvidos. (REsp 479072 / RS, 5ª Turma, relator Min. Arnaldo Esteves Lima, decisão publicada no DJ em 09.10.2006).

PREVIDENCIÁRIO TEMPO DE SERVIÇO URBANO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. NECESSIDADE. PARCELAMENTO DO DÉBITO. ART. 38 DA LEI 8.212/91. CÔMPUTO DAS CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO ANTES DE SEU PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. O tempo de serviço urbano, a teor do § 3º, art. 55, da Lei nº 8.213/91, deve ser comprovado mediante início de prova material, corroborado por prova testemunhal. 2. Restando comprovada a prestação de serviço do segurado como proprietário de pequeno estabelecimento comercial - contribuinte individual - , muito embora não tenha havido o recolhimento das contribuições previdenciárias de todo o período postulado, julga-se procedente em parte o pedido para reconhecer o serviço prestado, condicionando o aproveitamento do mesmo, para fins previdenciários, ao pagamento das prestações devidas. 3. O parcelamento das dívidas para com a Previdência Social é expressamente autorizado pelo art. 38 da Lei n. 8.212/91. O disposto no art. 122 do Dec. n. 3.048/99 não impede, no caso concreto, dito parcelamento, porquanto, a uma, guarda relação com situação diversa; a duas, extrapola a legislação que regula, o que toma nulo o Regulamento no tocante. 4. Em que pese seja ora autorizado o recolhimento das contribuições em atraso, em parte, na forma postulada na exordial, é incabível determinar ao INSS que conceda a aposentadoria ao demandante, computadas as contribuições até a data da DER, antes do adimplemento destas. O que se defere ao autor é a possibilidade de pagar as prestações intempestivas de forma parcelada e isenta de juros e multa em relação às competências anteriores a outubro de 1996; adimplida a dívida, o requerente tem garantido o direito à obtenção do beneficio da inativação. 5. Compensam-se os honorários advocatícios por força da sucumbência recíproca, nos termos da Súmula 306 do STJ. 6. Apelação parcialmente provida. (TRF4, AC 2000.71.10.001335-5, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 15/08/2008)

4.3. Indenização de Período de Filiação não Obrigatória

Trata-se de período em que a filiação não era obrigatória ao INSS (ex.: empregado doméstico antes de 1972);

O procedimento é igual ao da retroação da DIC. Inúmeras são as decisões, em especial do nosso TRF, que determinam a indenização

do período anterior a 09.04.73, no caso da empregada doméstica:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. DOMÉSTICA. PERÍODO DE ATIVIDADE COMPROVADO. FILIAÇÃO FACULTATIVA. FALTA DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. 1. Era segurada facultativa a doméstica no período anterior à Lei nº 5.859/72, não sendo sequer exigida anotação em Carteira de Trabalho, pelo que não é necessário início de prova material para o reconhecimento desse tempo de serviço. Precedentes do STJ, como no REsp 18123/SP - DJU 05.04.99. 2. O cômputo do período, então como segurado facultativo, dependerá, porém, do recolhimento – ainda que parcelado – da necessária indenização do art. 191 – Dec. 611/92. 3. Presente prova

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material plena, corroborado com prova testemunhal, é reconhecido o trabalho doméstico no período controverso. 4. Concessão da aposentadoria por tempo de serviço, condicionada ao pagamento da indenização.” (AC 2000.71.01.000858-9/RS, TRF4, 6ª Turma, Relator Juiz Néfi Cordeiro, DJU 10.09.2003, p. 1122)

O STJ, entretanto, já aceitou o período em questão sem a indenização correspondente:

“RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA URBANA POR TEMPO DE SERVIÇO. PERÍODO DE TRABALHO EXERCIDO COMO EMPREGADA DOMÉSTICA NA VIGÊNCIA DA LEI 3.807/60. NÃO EXIGÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. EXAME DE PROVA. SÚMULA 07/STJ. 1. Com o julgado do Tribunal de origem se louvando na existência de prova documental, a apreciação da matéria referente à comprovação de tempo de trabalho exercido como babá importa em incursão na seara fático-probatória, razão pela qual não pode ser conhecida em sede de recurso especial, que não se presta ao exame de fato controvertido, ut súmula 07/STJ. 2. Não havendo previsão legal para o registro do trabalhador doméstico, no período de vigência da Lei nº 3.807/60, descabe a exigência de contribuições previdenciárias. Precedentes. 3. Recurso especial não conhecido.” (REsp 271874, STJ, 6ª Turma, Ministro Fernando Gonçalves, DJ 01.10.2001, p. 256)  

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IV. Benefícios por Tempo de Contribuição

1. Aposentadoria por Tempo de Contribuição - ATC

1.1. Introdução

Principais alterações no benefício feitas pela EC 20/98:

Fim da aposentadoria por tempo de serviço/contribuição proporcional, prevista na redação anterior do art. 202, § 1°, da CF. Excetua-se a regra transitória prevista no artigo 9º, § 1º, da EC 20/98 para os já filiados até a data de publicação desta Emenda (16.12.98).

Idade mínima apenas para aposentação proporcional pela regra de transição.

Pelo artigo 201, § 7°, da CF88, tem-se dois tipos de aposentadorias: aposentadoria por idade OU aposentadoria por tempo de contribuição.

Aposentadoria por tempo de serviço transformada em aposentadoria por tempo de contribuição. Até que a lei venha a disciplinar a matéria, o tempo de serviço é considerado como tempo de contribuição, não haverá contagem de tempo fictício (art. 40, § 10, c/c art. 4°, da EC 20/98). O art. 60, do RPS, menciona o que será considerado tempo de contribuição até que a lei discipline.

Professores que tenham trabalhado exclusivamente no magistério (educação infantil, ensino fundamental e médio - art. 201, § 8º): aposentadoria por tempo de contribuição, com redução de 5 anos.

1.2. Base Legal

Art. 201, § 7°, I, CF, e arts. 52 a 56, LBPS. De se observar que a EC 20/98 reformatou a feição desse benefício, mas a Lei 8.213/92 (art 52 e 53, que falam de aposentadoria por tempo de serviço não valem mais, estão derrogados), nos citados artigos, ainda trazem as regras anteriores.

1.3. Titular da ATC

Todos os segurados, exceto o segurado especial (salvo se o segurado especial optar por recolher contribuições como contribuinte individual - ver. Súm. 272, STJ).

O contribuinte individual e o facultativo que contribuírem de acordo com a LC 123/06 (PSPS – Plano Simplificado de Previdência Social – alíquota de 11%) não têm direito à ATC.

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1.4. Requisitos

Requisitos (art. 20, § 7°, I, CF)

Beneficiário  

Tempo de Contribuição 

Segurado Homem

35 anos (Professor: 30 anos)

Segurada Mulher

30 anos (Professora: 25 anos)

Carência Segurado 180 meses, com a regra de transição do art. 142, LBPS. Não se aplica a regra do terço (art. 24, único, LBPS c/c art. 3, L. 10.666/03).

1.5. Termo Inicial

Empregados e domésticos (pois têm vínculo)

- Data do desligamento do emprego : se requerida em 90 dias (o benefício retroage);

- Data do requerimento (DER): se requerida após 90 dias do desligamento ou no caso de não haver desligamento do emprego.

Demais segurados - Data do requerimento (DER)

1.6. Termo Final

O óbito determina o fim desse benefício, uma vez que possui feição definitiva. Inclusive poderá o aposentado continuar ou voltar a trabalhar, sem prejuízo do recebimento da prestação.

1.6.1 Desaposentação

Outra possibilidade de cessação da aposentadoria por tempo de contribuição é a denominada “desaposentação”. Trata-se do desfazimento do ato administrativo de aposentação com a finalidade de obtenção de um melhor benefício, seja no futuro (caso mais comum), ou mesmo em momento anterior a DIB.

Esse melhor benefício poderá ser obtido no próprio RGPS ou em um regime próprio. No primeiro caso, a jurisprudência fixou-se no sentido da imprescidibilidade da devolução dos valores já recebidos, restituindo as parte ao status quo ante. O mesmo não ocorre quando a desaposentação visa o aproveitamento do tempo de contribuição no RPPS, via contagem recíproca. Nesse caso, não há a obrigatoriedade de devolução de valores.

Trago algumas decisões acerca do tema:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. RESTITUIÇÃO DOS PROVENTOS RECEBIDOS A TÍTULO DE APOSENTADORIA NO REGIME GERAL.Em tendo o impetrante pleiteado a desaposentação para elevar sua renda mensal, futuramente, em regime próprio, dispensável a repetição do montante percebido enquanto esteve em benefício. (Remessa "ex officio" em Ac nº 2000.71.00.035206-1/RS; Relator : Des. Federal Victor Luiz dos Santos Laus; 11/07/2007)

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. RENÚNCIA. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RESTITUIÇÃO DOS VALORES. 1. A aposentadoria se insere no rol de interesses disponíveis, factível pois de renúncia. 2. O tempo de serviço/contribuição em que o requerente esteve exercendo atividade vinculada ao Regime Geral de Previdência Social concomitantemente à percepção dos proventos de aposentadoria pode ser computado aos fins de novo benefício, desde que integralmente restituídos à autarquia os valores recebidos em virtude da aposentadoria renunciada. (TRF4, APELREEX 2000.71.00.001820-3, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Fernando Quadros da Silva, D.E. 10/08/2009)

Atualmente, o TRF4 firmou entendimento sobre a desaposentação no sentido da sua possibilidade sem a devolução dos valores já recebidos, inclusive para obtenção de melhor benefício do RGPS:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA DE APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVA APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. ARTIGO 181-B DO DECRETO Nº 3.048/99. ARTIGO 18-§2º DA LEI Nº 8.213/91. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DE VALORES. EFICÁCIA EX NUNC DA RENÚNCIA. PRECEDENTES SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. TERMO INICIAL DO NOVO BENEFÍCIO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. A restrição do artigo 18-§ 2º da Lei 8.213/91 não se aplica aos casos em que se postula a desaposentação, não impedindo aquela norma a renúncia ao benefício nem impondo a devolução dos valores recebidos na aposentadoria anterior. 2. A legislação previdenciária não prevê a devolução dos valores do benefício previdenciário recebido antes da renúncia como condição para concessão do novo benefício, não prevalecendo a restrição do artigo 181-B do Decreto 3.048/99 (na redação do Decreto 3.265/99) porque carente de base legal. 3. A eficácia da renúncia é, via de regra, projetada para o futuro (ex nunc), para que haja retroação dos seus efeitos no passado (ex tunc) é necessária base legal. 4. O termo inicial do novo benefício deve ser a data do requerimento administrativo de renúncia ao benefício de aposentadoria ou, na ausência deste, a data do ajuizamento da ação, compensando-se por ocasião da liquidação da sentença os valores que o segurado recebeu após o requerimento da desaposentação. 5. Observância do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, quanto à atualização monetária e aos juros. (TRF4, AC 5000051-89.2011.404.7113, Quinta Turma, Relatora p/ Acórdão Vivian Josete Pantaleão Caminha, D.E. 06/09/2012) [grifo nosso]

O STJ tem entendido pela possibilidade de desepaosentação sem devolução de qualquer valor. Veja-se:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR COM ARRIMO NO ART. 557 DO CPC. MATÉRIA NOVA. DISCUSSÃO. NÃO-CABIMENTO. PRECLUSÃO. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS. NÃO-OBRIGATORIEDADE.1. É permitido ao relator do recurso especial valer-se do art. 557 do Código de Processo Civil, quando o entendimento adotado na decisão monocrática encontra-se em consonância com a jurisprudência dominante desta Corte Superior de Justiça. 2. Fica superada eventual ofensa ao art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes. 3. Em sede de regimental, não é possível inovar na argumentação, no sentido de trazer à tona questões que sequer foram objeto das razões do recurso especial, em face da ocorrência da preclusão. 4. A renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Precedentes. 5. Agravo regimental desprovido. (STJ; AgRg no REsp 1107638 / PR; Relator(a) Ministra LAURITA VAZ; QUINTA TURMA; Data do Julgamento: 29/04/2009)

A questão deverá ser decidida pelo STF no RE 381.367 de 15/04/2003. O Min. Marco Aurélio, relator, proveu o recurso. Em síntese, foram os seguintes os argumentos utilizados pelo Ministro:

O trabalhador aposentado, ao voltar à atividade, seria segurado obrigatório e estaria compelido por lei a contribuir para o custeio da

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seguridade social, sendo que o sistema constitucional em vigor viabilizaria o retorno do prestador de serviço aposentado à atividade;

Assentou a constitucionalidade do § 3º do art. 11 da Lei 8.213/91, com a redação conferida pelo art. 3º da Lei 9.032/95 (“§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social.”).

Assinalou que essa disposição extinguira o denominado pecúlio, o qual possibilitava a devolução das contribuições implementadas após a aposentadoria.

O segurado teria em patrimônio o direito à satisfação da aposentadoria tal como calculada no ato de jubilação e, ao retornar ao trabalho, voltaria a estar filiado e a contribuir sem que pudesse cogitar de restrição sob o ângulo de benefícios. Reputou, dessa forma, que não se coadunaria com o disposto no art. 201 da CF a limitação do § 2º do art. 18 da Lei 8.213/91 que, em última análise, implicaria desequilíbrio na equação ditada pela Constituição.

Realçou que uma coisa seria concluir-se pela inexistência da dupla aposentadoria. Outra seria proclamar-se, conforme se verifica no preceito impugnado, que, mesmo havendo a contribuição — como se fosse primeiro vínculo com a previdência —, o fenômeno apenas acarretaria o direito ao salário-família e à reabilitação profissional.

Reiterou que, além de o texto do examinado dispositivo ensejar restrição ao que estabelecido na Constituição, abalaria a feição sinalagmática e comutativa decorrente da contribuição obrigatória.

Afirmou que ao trabalhador que, aposentado, retorna à atividade caberia o ônus alusivo à contribuição, devendo-se a ele a contrapartida, os benefícios próprios, mais precisamente a consideração das novas contribuições para, voltando ao ócio com dignidade, calcular-se, ante o retorno e as novas contribuições e presentes os requisitos legais, o valor a que tem jus sob o ângulo da aposentadoria.

Registrou, por fim, que essa conclusão não resultaria na necessidade de se declarar a inconstitucionalidade do § 2º do art. 18 da Lei 8.213/91, mas de lhe emprestar alcance consentâneo com a Constituição, ou seja, no sentido de afastar a duplicidade de beneficio, porém não o novo cálculo de parcela previdenciária que deva ser satisfeita.

Observa-se que, para fins de determinação da vara competente para conhecer da ação, o valor da causa deve incluir as parcelas do benefício já recebidas, se constar no pedido da inicial a não devolução. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. VALOR DA CAUSA. DESAPOSENTAÇÃO. DANOS MORAIS. 1. A Terceira Seção desta Corte pacificou o entendimento no sentido de que, nos casos de requerimento de desaposentação para concessão de novo benefício sem devolução dos valores recebidos em virtude do benefício em manutenção, o valor da causa deve corresponder à soma das diferenças entre o benefício pretendido judicial e o que o segurado recebe (apuradas nos termos do art. 260 do CPC), com

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o montante pago pelo INSS desde o início da inativação. 2. Na espécie, considerando que a ação objetivando a desaposentação foi ajuizada em 26-01-2012 e a parte autora titulariza benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com início em 15-10-1997, é intuito que o valor da causa ultrapassa o montante de 60 SM, mostrando-se irrelevante o redimensionamento do valor dos danos morais para fins de definição da competência jurisdicional. 3. Fixada a competência do Juízo Suscitado (Juízo Federal da Vara Federal de Caxias do Sul/RS). (TRF4 5009683-07.2012.404.0000, Terceira Seção, Relator p/ Acórdão Néfi Cordeiro, D.E. 11/09/2012)

1.7. Valor do Benefício

RMI = 100% x SBPercentual (art. 39, IV, RPS)

Cálculo SB (art. 29, inciso I, LBPS)

100% SB= média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o PBC x FP (obrigatório)PBC: a partir de jul/94.

1.8. Aposentadoria do Professor

Base legal: art. 201, § 8º, CF e artigo 56, Lei 8213/91.

O art. 201, § 8º, da CF traz “...o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio” tem reduzidos 5 (cinco) anos de tempo de contribuição. Até a EC 20/98, que modificou o art. 202, III, CF, o professor universitário também tinha esse direito.

Assim, a professora pode aposentar-se aos 25 anos de tempo de contribuição e o professor aos 30 anos (art. 201, § 8º, CF), ambos com 100% do SB.

O STF tinha entendimento que somente o professor que trabalhasse exclusivamente em sala de aula, teria direito a redução de 5 anos para inativar-se, entendimento, inclusive, sumulado (súmula 727: “Para o efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula”).

Porém, a Lei 11.301/2006, trouxe determinação diferente: são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. Tal norma foi declarada constitucional pelo STF:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, §4º, E 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME.I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais

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e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar.II – As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 4º, e 201, § 1º, da Constituição Federal.III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra. (STF; ADI 3772-2; Plenário, 29.10.2008; Data publicação DJE 27/03/2009)

1.9. Direito Adquirido

Art. 3º, da EC 20/98: à concessão de aposentadoria e pensão (art. 102, par. 1º/2º), a qualquer tempo, aos segurados e dependentes que até a data da publicação da Emenda (16/12/98), tivessem cumprido os requisitos para a obtenção destes benefícios de acordo com a legislação anterior.

LBPS, Art. 122. “Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado que, tendo completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer em atividade. (Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de 1997)”

RPS, art. 56, § 3º “Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do cumprimento de todos os requisitos previstos no caput, ao segurado que optou por permanecer em atividade.”

No seguinte Acórdão, houve o reconhecimento de a parte autora ter cumprido os requisitos para inativação em três momentos (antes da EC 20/98, antes da Lei 9.876/99 e na DER). A solução foi determinar ao INSS que calculasse a RMI nos três casos e implantasse o benefício mais vantajoso ao segurado.

PREVIDENCIÁRIO TEMPO DE SERVIÇO URBANO. SÓCIO-COTISTA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. EC 20/1998. LEI 9.876/99. DER. CONSECTÁRIOS. TUTELA ESPECÍFICA. ART. 461 CPC. 1. (...). 2. Somando-se o período urbano ora reconhecido com o tempo de serviço reconhecido administrativamente pelo INSS, verifica-se que a parte autora implementou os requisitos para a aposentadoria por tempo de serviço proporcional pelas regras antigas (até a EC 20/98), a aposentadoria por tempo de serviço proporcional pelas regras de transição (sem a incidência do fator previdenciário e com PBC dos últimos 36 salários-de-contribuição computados até 28-11-99) e a aposentadoria por tempo de contribuição pelas regras permanentes (já com a incidência do fator previdenciário e com PBC de todo o período contributivo desde 07-94 até a data da DER - 11-12-2000). Assim, possui direito adquirido à aposentadoria na forma de cálculo que lhe for mais vantajosa, devendo a Autarquia previdenciária apurar e conceder o benefício mais favorável ao demandante, desde a data do requerimento administrativo. 3. (...). (TRF4, REOAC 2005.71.04.003237-3, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 16/03/2009) [grifo nosso]

Trazemos parte do voto do relator:

“Conclusão

Da análise das hipóteses verifica-se que a parte autora implementou os requisitos para:

a) aposentadoria por tempo de serviço proporcional pelas regras antigas (até a data da EC 20/98) (RMI de 88%, PBC sobre os últimos 36 salários-de-contribuição até dez/98, sem a incidência do fator previdenciário);

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b) aposentadoria por tempo de serviço proporcional pelas regras de transição (RMI de 90%, PBC de todo o período contributivo desde 07-94 até a DER, mas já com a incidência do fator previdenciário);

c) aposentadoria por tempo de contribuição pelas regras permanentes, mas já com a incidência do fator previdenciário e com PBC de todo o período contributivo desde 07-94 até a data da DER (11-12-2000).

Desse modo, possui o autor direito adquirido à concessão da aposentadoria na forma de cálculo que lhe for mais vantajosa, devendo a Autarquia previdenciária apurar e conceder o benefício mais favorável ao demandante, desde a data do requerimento administrativo (11-12-2000).”

1.10. Regras de Transição

Art. 9º da EC 20/98: para o segurado já inscrito no RGPS antes da entrada em vigor da EC 20/98 (15/12/1998).

1- Aposentadoria integral (art. 9º, caput, EC 20/98)Requisitos: Homem: idade mínima de 53 anos e 35 anos de contribuição + pedágio; Mulher: idade mínima de 48 anos e 30 anos contribuição + pedágio.

Pedágio: equivalente a 20% do período que faltava para o segurado atingir aquele total (30 ou 35 anos de tempo de contribuição) na data da publicação da EC 20/98 (15/12/1998).

RMI: 100% SB

Esta regra transitória é pior do que a regra permanente do artigo 201, § 7º, inciso I, da CF, com a redação dada pela EC 20/98. Em razão disso, o caput deste artigo 9º não será aplicado na prática.

Anote-se jurisprudência aplicando essa regra de transição:

PREVIDENCIÁRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL 20/98. INAPLICABILIDADE DA SISTEMÁTICA DE CÁLCULO INTRODUZIDA PELA LEI 9.876/99 A BENEFÍCIOS CONCEDIDOS COM BASE NAS REGRAS DE TRANSIÇÃO. 1. De acordo com a redação dada pela Emenda Constitucional 20/98, a Constituição Federal, em seu art. 201, § 7º, estabelece que fica assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher. 2. O art. 9º, caput, da EC 20/98 oferece duas opções ao segurado que já era filiado à Previdência Social quando do seu advento: aposentar-se com a regra de transição ou pela nova sistemática inaugurada, o que lhe for mais favorável (e esta é, essencialmente, a razão de ser de tal tipo de regra). 3. Em matéria previdenciária as regras de transição sempre encontram justificativa no princípio da confiança. Preservam a estabilidade da relação de confiança mútua que deve existir entre segurados e Previdência Social. Exemplo disso é a regra do art. 142 da Lei nº 8.213/91, que veio para compatibilizar a exigência de carência de 60 meses para 180 meses nos casos das aposentadorias por idade e tempo de serviço, não se tratando de respeito a direito adquirido ou a expectativas de direito, mas de respeito ao princípio da confiança. 4. A opção pela utilização da regra de transição não se restringe apenas à mera garantia aos filiados ao Regime Geral de Previdência Social antes da reforma à percepção da aposentadoria por tempo de contribuição proporcional e a não submissão aos novos requisitos postos, mas, de forma mais ampla, de garantir ao segurado nesta condição o direito de ter o benefício, todo ele, calculado sem a aplicação de qualquer uma das mudanças introduzidas pela reforma constitucional. 5. Assim, se o segurado opta pela regra de transição, atendendo a todos os requisitos exigidos pelo artigo 9º (idade mínima, pedágio, tempo de serviço e carência), o faz também para que seja calculado o valor inicial do benefício consoante as regras anteriores. Afasta-se, portanto, a aplicação de quaisquer critérios atuariais do cálculo do benefício, porquanto estes fazem parte

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das novas normas estabelecidas pela EC n.° 20/98 para o RGPS. Possibilita-se a utilização de um período básico de cálculo (PBC) de somente 36 salários de contribuição e, principalmente, exclui-se a aplicação do fator previdenciário. A utilização deste em benefício concedido com fulcro na regra de transição implica verdadeiro bis in idem quanto à valoração da idade do segurado, seja como condição para a inserção no regime transicional, seja como variável que influirá no cálculo do salário de benefício. 6. Entendimento este que traz, inclusive, outra consequência: dá "vida" ao disposto na regra de transição no que se refere ao pedágio para a inserção do segurado na regra de transição para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição integral, fadada ao esvaziamento pelo que dispõe a mais abalizada doutrina (ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, 2. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. pg. 187; CUNHA, Lásaro Cândido da. Reforma da Previdência, 3. Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. pg. 83; e MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei Básica da Previdência Social - Tomo II - Plano de Benefícios, 5. Ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 322), justamente pelo fato de que o cumprimento de tal pedágio tem o condão de eximir o segurado da submissão às novas regras de cálculo. 7. Regras de transição inseridas na legislação previdenciária que não podem ser mais prejudiciais aos segurados que as novas regras permanentes, sendo exatamente isto que ocorre quando se exige do segurado, na concessão das aposentadorias proporcionais do § 1º do art. 9º da EC nº 20/98, o atendimento do requisito idade mínima e pedágio, sem dispensá-lo da submissão às regras de cálculo introduzidas pela Lei nº 9.876/99.  (TRF4, AC 0007564-09.2009.404.7100, Sexta Turma, Relatora Eliana Paggiarin Marinho, D.E. 09/08/2012) [grifo nosso]

2- Aposentadoria proporcional (art. 9º, § 1°, da EC 20/98) Requisitos:

Idade mínima - 48 anos (M) e 53 anos (H) + + Tempo mínimo de contribuição + PEDÁGIO: 25 anos (M) e 30 anos (H),

acrescido de um “pedágio”.

Pedágio: 40% do período que faltava para o segurado atingir o tempo referente à aposentadoria proporcional (25 ou 30 anos de tempo de contribuição) na data da publicação da Emenda.

RMI: 70% do valor da aposentadoria integral, acrescido de 5% por ano de contribuição que supere aquele tempo mínimo de contribuição, incluído o “pedágio”, até o limite de 100%.

3- Aposentadoria para os Professores (art. 9º, § 2º, EC 20/98): o professor (primário, médio ou universitário) que, até a data da EC20/98, tenha exercido atividade de magistério e que opte por aposentar-se na forma do disposto no caput do art. 9° (idade mínima e tempo de contribuição de 35 anos ou 30 anos, mais pedágio de 20%), terá o tempo de serviço exercido até a publicação desta Emenda contado com o acréscimo de 17%, se homem, e 20%, se mulher, desde que se aposente, exclusivamente, com tempo de efetivo exercício de atividade de magistério.

Esse acréscimo nada mais é do que a conversão em tempo comum daqueles períodos, considerando-se que o professor tem reduzidos 5 anos de atividade.

Essa regra, na prática, aplica-se apenas ao professor universitário, pois para os demais a regra permanente (art. 201, § 8°, da CF) é mais vantajosa, pois não exige idade mínima. Resumo

Cumprimento dos requisitos

Até 16.12.98(EC 20/98)

De 17.12.98 até 28.11.99 A partir de 29.11.99 (Lei 9.876/99)Filiados antes de 29.11.99 (Lei 9.876/99, art. 3° - Regra de Transição)

Filiados a partir de 29.11.99

APOSENT.INTEGRAL

H: 35 anos serviço;M: 30 anos serviço.

H: 35 anos serviço;M: 30 anos serviço.

H: 35 anos serviço;M: 30 anos serviço.

H: 35 anos serviço;M: 30 anos serviço.

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RMI = 100% SB RMI = 100% SB RMI = 100% SB RMI = 100% SBSB = média dos últimos 36 SC atualizados, apurados em período não superior a 48 meses

SB = média dos últimos 36 SC atualizados, apurados em período não superior a 48 meses

SB = média dos maiores SC atualizados em, no mínimo, 80% de todo PBC, a contar de jul/1994, com divisor no mínimo de 60% do período contributivo, limitado a 100%, multiplicada pelo fator previdenciário, aplicado de forma progressiva.

SB = média dos maiores SC atualizados em 80% de todo PBC, multiplicada pelo fator previdenciário.

APOSENT.PROPORC.

H: 30 anos serviço;M: 25 anos serviço.

Regra transição para filiados até 16.12.98 (art. 9°, §1°, EC 20/98):H: 30 anos serviço + 53 anos idade;M: 25 anos serviço + 48 anos idade;Pedágio: 40%

Regra transição para filiados até 16.12.98 (art. 9°, § 1°, EC 20/98):H: 30 anos serviço + 53 anos idade;M: 25 anos serviço + 48 anos idade;Pedágio: 40%

Não se aplica.

RMI = 70% SB + 6% para cada ano até 100%

RMI = 70% SB + 5% para cada ano, após cumprir o pedágio, até 100%

RMI = 70% SB + 5% para cada ano, após cumprir o pedágio, até 100%

SB = média dos últimos 36 SC atualizados, apurados em período não superior a 48 meses

SB = média dos últimos 36 SC atualizados, apurados em período não superior a 48 meses

SB = média dos maiores SC atualizados em, no mínimo, 80% de todo PBC, a contar de jul/1994, com divisor no mínimo de 60% do período contributivo, limitado a 100%, multiplicada pelo fator previdenciário, aplicado de forma progressiva.

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1.11. Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA OFICIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO PROPORCIONAL. CARÊNCIA DE AÇÃO. ATIVIDADE RURAL. MENOR DE 14 ANOS. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTRIBUIÇÕES. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO. LEI N. 9.711/98. DECRETO N. 3.048/99. EPI. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO. 1. Remessa oficial não conhecida. 2. Tendo o INSS reconhecido administrativamente interstício de labor rural interstício de 01-01-1966 a 31-12-1967, carece de ação a parte autora, no ponto, devendo tal pedido ser extinto sem resolução do mérito, nos termos que dispõe o art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil. 3. É devida a aposentadoria por tempo de serviço proporcional se comprovados a carência e o tempo de serviço exigidos pela legislação previdenciária. 4. O tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. 5. Comprovado o exercício da atividade rural, em regime de economia familiar, no período dos doze aos quatorze anos, é de ser reconhecido para fins previdenciários o tempo de serviço respectivo. Precedentes do STJ. 6. O reconhecimento do tempo de serviço rural independe do recolhimento de contribuições previdenciárias, exceto para efeito de carência. 7. A Lei n. 9.711, de 20-11-1998, e o Regulamento Geral da Previdência Social aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06-05-1999, resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviço especial em comum, até 28-05-1998, observada, para fins de enquadramento, a legislação vigente à época da prestação do serviço. 8. Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de então e até 28-05-1998, por meio de formulário embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 9. Os equipamentos de proteção individual não são suficientes para descaracterizar a especialidade da atividade exercida, porquanto não comprovada a sua real efetividade por meio de perícia técnica especializada e não demonstrado o uso permanente pelo empregado durante a jornada de trabalho. 10. Comprovado o exercício de atividade rural, assim como o de atividades em condições especiais devidamente convertido pelo fator 1,40, tem o autor direito à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de serviço proporcional, a contar da data do requerimento administrativo. 11. Determinado o cumprimento imediato do acórdão no tocante à implantação do benefício, a ser efetivada em 45 dias, nos termos do art. 461 do CPC. (TRF4, APELREEX 2000.72.01.001683-7, Quinta Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 10/08/2009)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE ESPECIAL. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. COMPROVAÇÃO. TEMPO URBANO. EMPREGADA DOMÉSTICA. CONTRIBUIÇÕES A CARGO DO EMPREGADOR. CONSECTÁRIOS. 1. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua conversão em tempo de serviço comum. 2. É devido o cômputo do tempo de serviço trabalhado como empregada doméstica após a entrada em vigor da Lei nº 5.859/72, sem que haja a indenização das contribuições previdenciárias respectivas, pois esse dispositivo passou a considerar a empregada doméstica como segurada obrigatória, hipótese em que as contribuições estão a cargo do empregador, cabendo ao INSS à União (Super Receita Federal) buscar o ressarcimento do que lhe é devido pelas vias adequadas. Inteligência do art. 30, V, da lei 8.212/91. 3. Presentes os requisitos de tempo de serviço e carência, pelas regras anteriores à Emenda Constitucional 20/98, é devida à parte autora a aposentadoria por tempo de serviço proporcional, pelas regras previstas na Lei nº 8.213/91, a contar do requerimento administrativo. 4. A correção monetária deve ser calculada conforme os índices oficiais, incidindo a partir da data do vencimento de cada parcela, nos termos dos Enunciados das Súmulas nºs 43 e 148 do

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STJ. 5. Os juros moratórios são devidos à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, na forma dos Enunciados das Súmulas nº 204 do STJ e nºs 03 e 75 do TRF da 4ª Região e precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 6. Os honorários advocatícios, a cargo do INSS, são devidos no patamar de 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a data da prolação da sentença, excluídas as parcelas vincendas, a teor das Súmulas nºs 111 do STJ e 76 deste Tribunal. 7. Tratando-se de feito que tramitou perante a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, cabe ao INSS o pagamento de apenas metade do valor das custas a ele correspondente, por força do Enunciado da Súmula nº 20 desta Corte c/c o da Súmula nº 02 do extinto Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul. (TRF4, AC 2005.04.01.018264-9, Quinta Turma, Relatora Maria Isabel Pezzi Klein, D.E. 20/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO DO INSS NÃO CONHECIDA. FALTA DE INTERESSE. MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CÔMPUTO DOS PERÍODOS DE LABOR RECONHECIDOS EM JUÍZO COM AQUELES CONSIDERADOS ADMINISTRATIVAMENTE. CONCESSÃO. 1. Apelação do INSS não conhecida por falta de interesse, haja vista que a forma de pagamento das parcelas em atraso determinada judicialmente corresponde àquela veiculada em seu recurso. 2. Os períodos de labor reconhecidos em sentença transitada em julgada devem ser somados àqueles considerados na esfera administrativa, independentemente de novo requerimento administrativo. 3. Computando-se o tempo de serviço reconhecido em ação declaratória com aquele já reconhecido administrativamente, conta a parte autora com tempo suficiente à aposentadoria por tempo de serviço proporcional. 4. Remessa oficial improvida. (TRF4, APELREEX 2007.72.01.004624-1, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 06/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO PROPORCIONAL. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE RURAL INDEPENDENTEMENTE DE CONTRIBUIÇÕES. ATIVIDADE ESPECIAL. SUBSTÂNCIAS INFLAMÁVEIS. 1. O art. 55, § 2º, da Lei n. 8.213/91, possibilita que o tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de sua vigência, seja computado para fins de aposentadoria por tempo de serviço ou contribuição, independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência. 2. A periculosidade decorrente do contato com substâncias inflamáveis dá ensejo ao reconhecimento da especialidade da função porque sujeita o segurado à ocorrência de acidentes que poderiam causar-lhe danos à sua saúde ou à sua integridade física. 3. Comprovado o exercício de atividade rural, assim como o de atividades em condições especiais, devidamente convertidos pelo fator 1,40, tem o autor direito à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de serviço proporcional, a contar da data do requerimento administrativo. (TRF4, APELREEX 2002.70.01.009057-4, Quinta Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 29/06/2009)

PREVIDENCIÁRIO. REVISIONAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. CÔMPUTO DE TEMPO DE SERVIÇO URBANO COMUM. COMPROVAÇÃO. REVISÃO CONCEDIDA. 1. As anotações constantes da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS gozam de presunção juris tantum de veracidade (Enunciado nº 12 do Egrégio TST), indicando o tempo de serviço, a filiação à Previdência Social e a existência do vínculo empregatício, até prova inequívoca em contrário (do INSS). 2. Comprovado o exercício de atividade urbana comum, o qual deve ser acrescido ao tempo reconhecido pelo INSS, tem o segurado direito à majoração de seu benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, desde a data do requerimento administrativo, observadas as condições que lhe sejam mais favoráveis, em respeito ao direito adquirido e às regras de transição, tudo nos termos dos artigos 5º, inciso XXXVI, da CF, 3º e 9º da EC 20/98 e 3º e 6º da Lei 9.876/99. (TRF4, APELREEX 2008.71.11.000464-7, Turma Suplementar, Relator Guilherme Pinho Machado, D.E. 10/08/2009)

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PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO. LEI Nº 9.711/98. DECRETO Nº 3.048/99. AVERBAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO RECONHECIDO. 1. O tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. 2. Os documentos em nome de terceiros (pais/cônjuge) consubstanciam início de prova material do trabalho rural desenvolvido em regime de economia familiar. 3.A Lei nº 9.711, de 20-11-1998, e o Regulamento Geral da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06-05-1999, resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviço especial em comum, até 28-05-1998, observada, para fins de enquadramento, a legislação vigente à época da prestação do serviço. 4.Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da especial idade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de então e até 28-05-1998, por meio de formulário embasado em laudo técnico ou pericial. 5. Comprovado o exercício de atividade especial, devem os períodos respectivos ser convertidos pelo fator 1,40. 6. Não preenchidos os requisitos para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, os períodos de tempo de serviço reconhecidos devem ser averbados. (TRF4, APELREEX 2006.71.08.015102-0, Turma Suplementar, Relator Guilherme Pinho Machado, D.E. 20/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. FATOR PREVIDENCIÁRIO. PRETENDIDO AFASTAMENTO. INVIABILIDADE. 1. A aposentadoria por tempo de contribuição concedida sob a égide da Lei n.º 9.876/99, que criou o fator previdenciário, está sujeita à incidência deste. 2. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar pedido formulado nas ADI 2.110 e 2.111, já sinalizou no sentido da constitucionalidade do fator previdenciário. 3. Segundo a Excelsa Corte não resta configurada, em princípio, a alegada violação ao art. 201, § 7º, da CF, porquanto, a contar da edição da EC n. 20/98, os critérios para o cálculo dos benefícios foram delegados ao legislador ordinário, ficando afastada, igualmente, em primeira linha de análise, qualquer afronta ao inciso XXXVI do art. 5º da CF pelo art. 3º da Lei 9.876/99, dado ao caráter transitório deste último preceito. (TRF4, AC 2007.72.00.004081-3, Quinta Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 03/08/2009)

Trata-se de novo pedido de antecipação dos efeitos da tutela, visando à imediata implantação de aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento de tempo de serviço rural e urbano, além do tempo em que esteve em gozo de auxílio-doença. Conquanto a sentença tenha sido de procedência do pedido, não é possível concluir, de plano, pela existência de verossimilhança do direito alegado, haja vista que o tempo de serviço urbano requerido envolve a comprovação do recolhimento de contribuições previdenciárias na condição de representante comercial autônomo e exercente de mandato eletivo municipal (vereador), sob as quais há fundada dúvida acerca do recolhimento. Sem os períodos em questão, o demandante não implementa, ao que tudo indica, tempo suficiente à concessão da aposentadoria almejada. Assim, indefiro a antecipação da tutela postulada. Intimem-se. (TRF4, AC 2009.71.99.000434-6, Quinta Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 07/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO REQUERIDA ANTES DO ADVENTO DA EC 20/98. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO. LEI Nº 9.711/98. DECRETO Nº 3.048/99. REQUISITOS PREENCHIDOS NO PRIMEIRO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. CONCESSÃO. 1.A Lei nº 9.711/98 e o Regulamento Geral da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviço especial em comum, até 28-05-1998, observada, para fins de enquadramento, a legislação vigente à época da prestação do serviço. 2. Até 28/04/1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997

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e, a partir de então e até 28-05-1998, por meio de formulário embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 3. Comprovado o exercício das atividades exercidas em condições especiais, com a devida conversão, tem a autora direito à concessão do benefício de aposentadoria proporcional por tempo de serviço, a contar da data do primeiro requerimento administrativo, formulado em data anterior a 16/12/98 (EC 20/98), respeitada a prescrição quinquenal e abatidos os valores da aposentadoria por tempo de contribuição recebida a partir do ano de 2006. (TRF4, AC 2009.71.99.002657-3, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 29/06/2009)

1.13 Procedimento

TEMPO DE SERVIÇO- Levantamento de todos os vínculos trabalhistas.- Nos períodos em que não consta vínculo trabalhista, determinar qual a atividade desenvolvida;- Se em algum período o cliente trabalhou como autônomo, verificar se é possível a comprovação documental da atividade (inscrição e anuidade de órgão de classe; alvará ou licença da prefeitura; etc.). Observar que neste caso deverá indenizar as competências em aberto para fins de contagem de tempo de serviço;- Verificar se o cliente homem serviu às forças armadas;- Verificar se o cliente estudou em escola técnica (Súmula 96/TCU);- Verificar se o cliente gozou período(s) de auxílio-doença (somente se intercalado). Caso afirmativo, poderá ser pleiteado na justiça o cômputo como carência;- Verificar em quais períodos o cliente laborou exposto a agentes prejudiciais à saúde. Obter formulários (DSS8030, PPP e outros) diretamente nas empresas;- Se faltar tempo de serviço para a inativação, verificar se é o caso do cliente optar pelo PSPS (Plano Simplificado de previdência Social). É mais barato, mas não dá direito à ATC ou à contagem recíproca, além dos benefícios serem limitados a 1 salário mínimo.- Havendo reclamatória(s) trabalhista(s) verificar a possibilidade de aproveitamento para fins previdenciários. Não esquecer que, em qualquer caso, para haver reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários, não basta a prova testemunhal, muito menos a simples homologação de acordo na justiça laboral. Nestes casos, deverá ser comprovado perante a justiça federal o tempo de serviço, mediante início de prova material (documento).

2. Aposentadoria Especial

2.1. Introdução

Na essência, é uma modalidade de aposentadoria por tempo de serviço, com redução deste, em função das especiais condições em que é prestado o trabalho.

Art. 201, § 1º, CF: “É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”. (EC 47/2005)

O art. 15, da EC 20/98, prevê a aplicação da Lei 8.213/91, arts. 57 e 58, até a publicação da Lei Complementar prevista neste art. 201, §1°, o que ainda não ocorreu.

A respeito da finalidade da aposentadoria especial, manifestou-se LEIRIA:

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“A finalidade do benefício de aposentadoria especial é de amparar o trabalhador que laborou em condições nocivas e perigosas à sua saúde, reduzindo o tempo de serviço/contribuição para fins de aposentadoria. Tem, pois, como fundamento o trabalho desenvolvido em atividades ditas insalubres. Pela legislação de regência, a condição, o pressuposto determinante do benefício está ligado à presença de agentes perigosos ou nocivos (químicos, físicos ou biológicos) à saúde ou à integridade física do trabalhador, e não apenas àquelas atividades ou funções catalogadas em regulamento”.5

2.2. Base Legal

Arts. 57 e 58, LBPS, e art. 201, § 1°, CF.

2.3. Titular (da aposentadoria especial)

Empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, esse somente quando cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou de produção (art. 64, RPS e IN INSS/PR 11/2006).

Tenha-se, por exemplo, um fabricante de cristais que exerce a atividade de forma autônoma: pela norma interna do INSS, não faria jus a benefício de aposentadoria especial; da mesma forma, os demais profissionais que atuam expostos a agentes nocivos e que não possuem vínculo empregatício.

Porém, a jurisprudência possibilita a qualquer contribuinte individual este benefício. Desta forma, apenas o empregado doméstico e o segurado especial não têm direito (a aposentadoria especial) [pois, ainda que expostos a agentes nocivos, isso não ocorre de forma permanente, mas intermitente] ao benefício.

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. REQUISITOS. ATIVIDADE ESPECIAL. HIDROCARBONETOS. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E PERICIAIS. CUSTAS PROCESSUAIS. 1. A parte autora faz jus à concessão de aposentadoria por tempo de serviço quando preenchidos os requisitos dos artigos 52 e seguintes da Lei Previdenciária. 2. O enquadramento como atividade especial é possível quando comprovado o exercício de atividade profissional sujeita a condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física da parte autora. 3. O fato de o autor constituir-se em sócio da empresa onde trabalha, recolhendo contribuições ao Regime Geral da Previdência Social na qualidade de contribuinte individual, não se constitui em óbice à concessão do benefício, porquanto a legislação aplicável à espécie não faz distinção entre os segurados a que alude o art. 11 da Lei 8.213/91 para fins de concessão da aposentadoria especial, bastando, para tanto, a comprovação da condição de segurado, o cumprimento da carência exigida e, notadamente, a exposição de forma habitual e permanente a agentes nocivos à saúde e a integridade física (art. 57 da Lei 8.213/91). 4. Juros de mora de 1% ao mês (REsp. nº 311.182-PE), a contar da citação. 5. Nas ações previdenciárias, os honorários advocatícios devem ser fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, assim compreendidas as parcelas devidas até a prolação da sentença. 6. Honorários periciais fixados em consonância com o Provimento nº 108/99 desta Corte. 7. Custas por metade (Súmula 02 do TARGS). (TRF4, AC 2001.04.01.086358-1, Sexta Turma, Relator Tadaaqui Hirose, DJ 04/09/2002)

• Concessão da Aposentadoria Especial ao cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção

5 Leiria, Maria Lúcia Luz. Direito previdenciário e estado democrático de direito: uma (re)discussão à luz da hermenêutica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 164.

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Por força do disposto no art. 1º, caput, da Medida Provisória n. 83, de 12.12.2002, convertida na Lei n. 10.666/2003, as disposições legais sobre aposentadoria especial do segurado filiado ao RGPS aplicam-se, também, ao cooperado filiado à cooperativa de trabalho e de produção que trabalha sujeito a condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou a sua integridade física.

A justificativa apresentada pelo então MPAS para adoção dessa medida foi de que: “a mudança no perfil das relações de trabalho, com a redução gradativa dos trabalhadores contratados como empregados, fez crescer significativamente as cooperativas de trabalho e de produção, cujos cooperados filiam-se à Previdência Social como contribuintes individuais. Ocorre que aqueles trabalhadores que exerciam atividades expostas a condições prejudiciais à saúde ou integridade física perderam o direito ao benefício da aposentadoria especial, uma vez que, pela sistemática vigente, esta modalidade de aposentadoria só é devida aos segurados empregados e trabalhadores avulsos”.

2.4. Requisitos

Requisitos (art. 57, LBPS)

Tempo de serviço em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.Exposição habitual e permanente

15, 20 ou 25 anos (podem ser descontínuos)(TODO O PERÍODO ESPECIAL (sem tempo comum no meio) – art. 57, § 4°, LBPS, a partir da Lei 9.032/95)

Carência 180 meses, com a regra de transição do art. 142, LBPS, para filiados até 24/09/91.

Lei 10.666/03, art. 3°, caput: a perda da qualidade de segurado não será considerada para concessão deste benefício. Logo, não se aplica a regra do terço (art. 42, § único).

Sobre as mudanças nos critérios de concessão da aposentadoria especial, por parte das Leis ns. 9.032/95 e 9.528/97, comenta MARTINEZ:

“A Lei n. 9.032/95 redefiniu o art. 57 do PBPS: a) alterando o coeficiente do salário de benefício, unificado em 100%; b) impondo a necessidade de prova das condições ambientais; c) cometendo ao MPAS a atribuição de fixar os critérios de conversão; d) eliminando o cômputo do tempo de serviço do dirigente sindical; e) vedando a volta ao trabalho do aposentado. A Lei n. 9.528/97, desde a MP n. 1.523/96: a) prescreveu a possibilidade de o Poder Executivo relacionar os agentes nocivos; b) recriou o SB-40, sob o nome de DSS 8030; c) instituiu o laudo técnico; d) exigiu referência à tecnologia diminuidora da nocividade; e) fixou multa para empresa sem laudo técnico atualizado; f) instituiu o perfil profissiográfico e revogou a Lei n. 8.641/93 (telefonistas)”.6

A Lei 9.032/95, que exigiu o trabalho em condições especiais em todo o período, não parece ilegal. O segurado não poderá utilizar tempo comum convertido em especial em período anterior a esta Lei, pois terá de sujeitar-se à lei vigente à época do implemento de todas as condições.

2.4.1. Definição de habitualidade e permanência

6 Martinez, Wladimir Novaes. Reforma da previdência social: comentários à Emenda Constitucional n. 20/98. São Paulo: LTr. 1999, p. 126.

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Art. 57, § 3º, LBPS: “A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.”

Habitualidade : não ocasional nem intermitente. É o trabalho realizado todos os dias do mês.

Permanência : exposição aos agentes nocivos durante toda a jornada de trabalho.Porém, de acordo com o caso concreto, poderá haver mitigação pelo

judiciário.

Em contrapartida, consideram-se como tempo de trabalho sob condições especiais os períodos de férias fruídas por empregado sujeito a condições nocivas, os de benefícios concedidos por incapacidade (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez) e o período de percepção do salário-maternidade, desde que na data do afastamento o segurado ou segurada estivesse exercendo atividade considerada como especial.

2.5. Termo Inicial

Termo inicial (mesmas regras da aposentadoria por idade - art. 57, § 2°, LBPS)- Segurados empregados e domésticos:

-- data do desligamento do emprego, se requerida em 90 dias (o benefício retroage); ou-- data do requerimento ( DER ), se requerida após 90 dias do desligamento ou no caso de não haver desligamento do emprego;

- Demais segurados: na data do requerimento (DER).

2.6. Termo Final

Trata-se de benefício definitivo, podendo o aposentado voltar a trabalhar, sem prejuízo do recebimento da prestação, salvo se o trabalho envolver agentes nocivos a saúde. Nesse caso, a aposentadoria será suspensa, segundo o art. 57, § 8º, LBPS. Se deixar de exercer atividade especial, poderá reaver o benefício.

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2.7. Valor do Benefício

Valor do benefício100% do SB

SB = média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo a partir de jul/1994 (art. 29, inciso II, LB). Sem FP.

2.8. Atividade Especial

2.8.1. Conceito

É aquela exercida em condições que podem causar prejuízos à saúde ou à integridade física do trabalhador, por ser perigosa, insalubre ou penosa.

Atividades Insalubres: “Aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”. (CLT – Art. 198)

Entendem-se por agentes nocivos aqueles que possam trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de natureza, concentração, intensidade e fator de exposição, considerando-se:

físicos : os ruídos, as vibrações, o calor, as pressões anormais, as radiações ionizantes, etc.;

químicos : os manifestados por névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases, vapores de substâncias nocivas presentes no ambiente de trabalho, etc.;

biológicos : os microorganismos como bactérias, fungos, parasitas, bacilos, vírus, etc.

Atividades Perigosas: aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. (CLT – art. 193)

Atividades Penosas: pode ser considerada penosa a atividade produtora de desgaste no organismo, de ordem física ou psicológica, em razão de repetição dos movimentos, condições agravantes, pressões e tensões próximas do indivíduo. Dirigir veículo coletivo ou de transporte pesado, habitual e permanente, em logradouros com tráfego intenso, é exemplo de desconforto causador de penosidade.”

O art. 7o, inciso XXIII, da CF confere o direito a adicional de remuneração pelo exercício de atividades consideradas penosas, insalubres e perigosas. Contudo, a legislação infraconstitucional em vigor (Lei nº 8.213/91 com as alterações da Medida Provisória nº 1.523/96, convertida na Lei nº 9.528/97, e Decretos nº 2.172/97 e 3.048/99) reconhece apenas as atividades insalubres (# perigosas e penosas ) como geradoras do direito à Aposentadoria Especial.

Dessa forma, a partir do Dec. 2.172/97, houve desproteção da penosidade e da periculosidade. Ex. eletricidade.

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2.8.2. Rol de Agentes Nocivos

“O tempo de serviço é regido pela lei vigente à data de sua prestação” (RE 174.150-RJ, rel. Min. Octávio Gallotti, DJ 4-4-2000). Vale a legislação vigente no dia da prestação do serviço para a definição da nocividade do trabalho prestado (DIA A DIA). Pelo Decreto n. 4.827, de 3 de setembro de 2003, o INSS está aplicando a legislação do dia da prestação do serviço.

A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido.

Dessa forma, em respeito ao direito adquirido, se o trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado. Neste sentido: Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 414.083/RS. 5ª Turma. Relator: Ministro Gilson Dipp. DJ de 2.9.2002, p. 230.

Firmou-se na jurisprudência o entendimento de que não importa o fato da atividade não estar descrita nos regulamentos citados, desde que a realização da perícia comprove as condições especiais em que a atividade for desempenhada. Nesse sentido a súm. 198 do TFR.

A relação dos agentes especiais são definidos nos seguintes Regulamentos (art. 58, LBPS):

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Até 05/03/1997 eram aplicados os anexos dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 que separavam os agentes especiais em dois tipos:

o por Categorias profissionais (até 28/04/1995): presumia-se que o exercício destas profissões sujeitava os trabalhadores a agentes nocivos à sua saúde (exposição ficta), tais como engenheiros, químicos e motoristas de ônibus;

o por Rol de agentes insalubres: cuja exposição, independente da profissão, ensejava o direito a aposentadoria especial.

Era desnecessário laudo pericial para a comprovação do agente nocivo, bastando a apresentação de um formulário padrão preenchido pela empresa (DSS 8030). Apenas no caso de RUÍDO era necessário o laudo pericial;

A partir de 29/04/95 (Lei 9.032/95), não há mais o enquadramento por Categorias profissionais (2.0.0 Ocupações, p. 99), devendo ser comprovada a efetiva exposição ao agente nocivo à saúde.

Por exemplo, o dirigente sindical que está desempenhando o mandato respectivo, mas não está exercendo atividade em condições prejudiciais à sua saúde, a partir de 29.4.95, não terá este tempo contado para a concessão desse benefício (art. 57, §§ 3º e 4º, da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.032/95).

Atualmente, os agentes especiais estão previstos Dec. 3.048/99 (Anexo IV). Necessário o preenchimento pela empresa do PPP, sempre com base em laudo pericial.

De acordo com o anexo IV do Decreto n. 3.048/99, o direito à concessão de aposentadoria especial aos 15, 20 ou 25 anos, constatadas a nocividade e a permanência, aplica-se às seguintes situações:I – 15 anos: trabalhos em mineração subterrânea, em frentes de produção, com exposição à associação de agentes físicos, químicos ou biológicos;II – 20 anos:a) trabalhos com exposição ao agente químico asbestos (amianto);b) b) trabalhos em mineração subterrânea, afastados das frentes de produção, com

exposição à associação de agentes físicos, químicos ou biológicos;III – 25 anos: demais casos

98

99

2.8.3. ComprovaçãoPeríodo laborado

Regulamento aplicado Meios de Prova

De 05/09/1960 (LOPS) até 28/04/1995

Dec. 53.831/64 (Quadro Anexo) e Dec. 83.080/79 (Anexos I e II)(aplicação simultânea, valendo a disposição mais benéfica ao segurado)

Basta informação idônea do empregador através de formulários para que se considere especial, com base no critério de enquadramento ficto, desde que prevista nos Anexos dos Decretos, salvo para o ruído e calor, que necessitam de laudo pericial.

a partir de 29/04/95 (Lei 9.032/95)

Necessária comprovação da efetiva exposição ao agente nocivo (fim do enquadramento por Categorias profissionais). Permaneceu a exigência da comprovação apenas pelos formulários (SB40, DSS8030 ou DIRBEN8030), exceto para o ruído e calor, que necessitavam de laudo pericial.

a partir de 06/03/97

Dec. 2.172/97 (Anexo IV) Necessário laudo pericial para preenchimento dos formulários para qualquer agente nocivo.

a partir de 07/05/99

Dec. 3.048/99 (Anexo IV)

a partir de 01/01/2004

Comprovação através do formulário “Perfil Profissiográfico Previdenciário” (PPP), sem apresentação de laudo técnico, porquanto a emissão do PPP se dá com base em laudo.

100

2.8.3.1. Comprovação judicial de período especial

Necessária a apresentação de formulário onde seja declarada a exposição a agente nocivo, podendo ser realizada perícia judicial. Na falta do formulário, normalmente quando a empresa não mais existe, pode ser determinada perícia em empresa similar (perícia por similaridade).

2.8.4. Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)

PPP (perfil profissiográfico previdenciário): formulário, na forma estabelecida pelo INSS, emitida pela empresa, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (art. 58, § 1° e § 4°, da LBPS e art. 68, § 2°, do RPS).

O PPP tem por objetivo propiciar à perícia médica do INSS informações pormenorizadas sobre o ambiente de trabalho e sobre doenças ocupacionais. Entre outras informações, contem registros ambientais, resultados de monitoração biológica e dados administrativos.

O PPP deverá ser elaborado pela empresa ou equiparada à empresa, de forma individualizada para seus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados.

O PPP substituiu o “Formulário de Informações sobre Atividades com Exposição a Agentes Agressivos”, chamado de DIRBEN 8030 (antigo SB-40, DISES BE 5235, DSS 8030), sendo exigido a partir de 1º de janeiro de 2004.

O trabalhador tem o direito de obter da empresa cópia autenticada do PPP em caso de demissão.

2.8.5. Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT)

O Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) é um documento com caráter pericial, de iniciativa da empresa, com a finalidade de propiciar elementos ao INSS para caracterizar ou não a presença dos agentes nocivos à saúde ou à integridade física relacionados no Anexo IV do Decreto 3.048/99. O LTCAT deverá ser assinado por engenheiro de segurança do trabalho ou por

médico do trabalho. A partir de 1º de janeiro de 2004, foi dispensada a apresentação do LTCAT ao

INSS, mas o documento deverá permanecer na empresa à disposição da Previdência Social.

Na hipótese de dúvida quanto às informações contidas no Laudo Técnico e nos documentos que fundamentaram a sua elaboração, o INSS poderá efetuar diligência prévia para conferência dos dados.

É importante ressaltar que, para o ruído e os agentes nocivos não previstos em regulamento, havia a necessidade da apresentação do laudo técnico antes mesmos da edição da MP n. 1.523-10, de 11.10.1996.

em relação ao período a partir do qual é obrigatória a apresentação do laudo técnico das condições ambientais do trabalho, o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) editou o Enunciado n. 20:“20 — Salvo em relação ao agente agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de laudo técnico pericial para períodos de atividades anteriores à edição da Medida Provisória n. 1.523-10, de 11.10.96, facultando-se ao segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes

101

agressivos à sua saúde ou integridade física mencionados nos formulários SB-40 ou DSS-8030, mediante o emprego de qualquer meio de prova em direito admitido.”

No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, foi pacificado o entendimento de que a exigência do laudo técnico é válida somente após a edição do Decreto n. 2.172, de 5.3.1997, que regulamentou a MP n. 1.523-10, de 11.10.1996. Veja AgREsp n. 518.554/PR, 5ª Turma. Relator Ministro Gilson Dipp. DJ de 24/11/2003)

“PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA EM QUE OS SERVIÇOS FORAM PRESTADOS. CONVERSÃO EM COMUM DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. LEI N. 9.032/95 E DECRETO N. 2.172/97. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.I — O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente.II — A exigência de comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos, estabelecida no § 4º do art. 57 e §§ 1º e 2º do artigo 58 da Lei n. 8.213/91, este na redação da Lei n. 9.732/98, só pode aplicar-se ao tempo de serviço prestado durante a sua vigência, e não retroativamente, porque se trata de condição restritiva ao reconhecimento do direito. Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, a lei posterior, que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo ser aplicada a situações pretéritas.III — Até o advento da Lei n. 9.032/95, em 29.4.95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial, com base na categoria profissional do trabalhador. A partir desta Norma, a comprovação da atividade especial é feita por intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, até a edição do Decreto n. 2.172 de 5.3.97, que regulamentou a MP n. 1.523/96 (convertida na Lei n. 9.528/97), que passou a exigir o laudo técnico.IV — O § 5º do artigo 57 da Lei n. 8.213/91 passou a ter a redação do artigo 28 da Lei n. 9.711/98, tornando-se proibida a conversão do tempo de serviço especial em comum, exceto para a atividade especial exercida até a edição da MP n. 1.663-10, em 28.5.98, quando o referido dispositivo ainda era aplicável, na redação original dada pela Lei 9.032/95.V — Agravo interno desprovido.” (AgREsp n. 518.554/PR, 5ª Turma. Relator Ministro Gilson Dipp. DJ de 24/11/2003)

2.8.6. Utilização de EPI e EPC

O INSS tem restringido a concessão de aposentadoria especial quando há a utilização de EPI (equipamento de proteção individual) e/ou EPC (equipamento de proteção coletiva).

Porém, a jurisprudência tem entendido que o fornecimento destes equipamentos não afasta o enquadramento da atividade como especial, porquanto deve ser comprovada a efetiva utilização pelo empregado e a efetiva exclusão da exposição ao agente nocivo. Como se trata de prova desconstitutiva do direito do trabalhador, é ônus do INSS.

O perito judicial deverá manifestar-se acerca do EPI/EPC, podendo ser afastada a especialidade do trabalho se constar no laudo a efetiva utilização e eficácia da proteção.

Havendo avanço da tecnologia de proteção, pode ser elidido o reconhecimento da especialidade do trabalho.

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Desde quando é exigido o EPI ? A partir de 14.12.1998, por força da Lei 9.732/98 que alterou a redação do § 2º do art. 58 da Lei 8.213/91, exigindo a referência sobre a existência de tecnologia de proteção no laudo técnico.

Por sua vez, a Turma de Uniformização das decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais editou recentemente a Súmula n. 9, do seguinte teor:

“Aposentadoria Especial — Equipamento de Proteção Individual: O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”.

Sobre os EPIs é relevante se mencionar o Enunciado n. 21 do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS):

“O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho”.

No mesmo sentido, o Enunciado n. 289 do Tribunal Superior do Trabalho:

“Insalubridade. Adicional. Fornecimento do aparelho de proteção. Efeito: O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado”.

2.9. Conversão de Tempo de Contribuição

Até a 28/04/95 Possível converter tempo especial em comum e comum em especial.

A partir da Lei 9.032/95, de 28/04/95

Não é possível converter tempo comum em especial. Para obter aposentadoria especial, todo o período deverá ser especial (art. 57, § 3°).

Após 28/05/98 MP 1.663/98 e Lei 9.711/98

Jurisprudência TRF4 e STJ: não permite a conversão de tempo especial em comum após 28/05/98. Ver súm. 16, da TUN.INSS: permite a conversão de tempo especial em comum em qualquer período (art. 70, RPS). A ACP (Ação Civil Pública) 2000.71.00.030435-2 obrigou o INSS a esta posição, que mantém até hoje, mesmo após a referida ACP ter sido extinta sem mérito no STJ.

Atividades a converter (tempo especial) MULTIPLICADORES (tempo comum)Para 30 (Mulher) Para 35 (Homem)

De 15 anos 2,00 2,33De 20 anos 1,50 1,75De 25 anos 1,20 1,40

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema pacificou-se no sentido de que, em face do advento da Lei n. 9.711, de 20.11.1998, a partir de 28.5.1998, passou a ser vedada a conversão do tempo de trabalho prestado sob condições especiais em tempo comum. Nesse sentido:

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“PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADES INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS. CONVERSÃO PONDERADA. TERMO FINAL. LEI N. 9.711/98. PRECEDENTES. 1. A teor do art. 28 da Lei n. 9.711, de 20.11.1998, a possibilidade de conversão ponderada do tempo de serviço especial está limitada ao labor exercido até 28.5.1998. Precedentes das Egrégias Quinta e Sexta Turmas do STJ. 2. Recurso especial conhecido e provido.” (AgRegREsp n. 507.287/SC. 5ª Turma. Relatora Ministra Laurita Vaz. DJ de 17.11.2003)

No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização dos JEFs editou Súmula do seguinte teor: “16 — A conversão em tempo de serviço comum, do período trabalhado em condições especiais, somente é possível relativamente à atividade exercida até 28.5.1998 (art. 28 da Lei n. 9.711/98)”.

Recente decisão do STJ no REsp 956.110/SP, julgado em 29.08.2007, parece sinalizar com a possibilidade da conversão de tempo especial em comum, mesmo após 28/05/1998:

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JULGAMENTO EXTRA PETITA E REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CONFIGURADOS. APOSENTADORIA PROPORCIONAL. SERVIÇO PRESTADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. POSSIBILIDADE.1. Os pleitos previdenciários possuem relevante valor social de proteção ao Trabalhador Segurado da Previdência Social, sendo, portanto, julgados sob tal orientação exegética. 2. Tratando-se de correção de mero erro material do autor e não tendo sido alterada a natureza do pedido, resta afastada a configuração do julgamento extra petita. 3. Tendo o Tribunal a quo apenas adequado os cálculos do tempo de serviço laborado pelo autor aos termos da sentença, não há que se falar em reformatio in pejus, a ensejar a nulidade do julgado. 4. O Trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum . 5. Recurso Especial improvido. (RE 956.110 – SP; RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO; DJ: 29/08/2007)

Esse REsp manteve a decisão do processo 2003.03.99011576-7 do TRF3. Desta decisão, trazemos parte do voto do Relator, Juiz Federal Marcus Orione:

“Aqueles que exercerem atividade em condições danosas à saúde devem ser tratados de forma diferenciada no momento de sua aposentação. Na realidade, há um fator de discrímen lógico e constitucionalmente aceito - o trabalho em condições prejudiciais ao estado físico ou mental do trabalhador - a respaldar a diferenciação feita entre os diversos trabalhadores.

Da mesma forma, se o trabalhador realiza atividade em condições especiais apenas certo período, este não poderá ser desconsiderado quando do requerimento da aposentadoria, ainda que comum. Aliás, esta conclusão deflui da própria Constituição.

No art. 201, parágrafo 1°, do texto constitucional, menciona-se a possibilidade de adoção de requisitos e critérios diferenciados para os casos de atividades realizadas "sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física". Portanto, ainda que em relação a parte do tempo, é possível o estabelecimento de tais requisitos ou critérios diferenciados. Corroborando esta tese, confira-se ainda o art. 15 da Emenda Constitucional n. 20 que foi claro no sentido da manutenção, ainda que até a edição de lei complementar, do art. 57 da lei n. 8213/91. Destaque-se que o parágrafo 5°, do dispositivo mantido constitucionalmente, versa exatamente sobre a conversão do tempo em circunstância especial para o comum.

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Este raciocínio, no nosso entender, é válido inclusive para períodos posteriores a maio de 1998, devendo ser afastada a equivocada Súmula n. 16 dos Juizados Especiais Federais.”

• Na via administrativa tem sido adotada a posição de que, mesmo depois de 28.5.1998, é possível a conversão do tempo de serviço especial em comum, uma vez que o § 5º do art. 57 não teria sido revogado, tendo a Lei n. 9.711/98, que remeteu seus efeitos a 28.5.1998, disciplinado situação transitória. A adoção dessa regra ocorreu com a edição do citado Decreto n. 4.827, de 3.9.2003, que autorizou, mesmo depois de 28.5.1998, a conversão de tempo de serviço especial em comum, nos termos da redação original do art. 57, § 5º, da Lei n. 8.213/91.

• A justificativa para a expedição desse Decreto foi sintetizada por João Donadon, nos termos que seguem:

“Essa alteração foi motivada pela decisão do Superior Tribunal de Justiça — STJ no julgamento do Recurso Especial n. 531.419-RS, objeto de decisão da 5ª Turma, publicada no DJ de 8.8.2003, dando provimento ao recurso especial do INSS na Ação Civil Pública (ACP) n. 2000.71.00.030435-2, que trata da aposentadoria especial, acatando a tese da ilegitimidade do Ministério Público Federal.

É importante consignar que referida Ação Civil Pública já fora julgada procedente na primeira instância, em junho de 2001 e pelo TRF da 4ª Região, DJ de 6.11.2002. ACP impôs ao INSS a conversão do tempo especial em comum até 28.4.95 segundo as normas vigentes à época; a dispensa de laudo técnico para períodos até essa mesma data, exceto em relação ao ruído que sempre fora exigido; que não considerasse o rol de agentes nocivos constantes do RPS como taxativo; e a conversão do tempo de atividade especial em comum, mesmo depois de 28.5.98.

Com a decisão do STJ, o INSS obteve o direito de voltar a adotar os procedimentos anteriores à concessão da Tutela Antecipada, inclusive mediante o cancelamento dos benefícios concedidos por força dessa decisão. Como o Poder Judiciário já havia examinado o mérito do pedido, o Poder Executivo, sabiamente, optou por ajustar o RPS às decisões de mérito já proferidas e com isso evitar que ( sic ) a continuidade das demandas, pois seguramente os segurados que tivessem o seu benefício cancelado ingressariam com ações judiciais contra o ato do INSS, de forma individualizada, a (sic) consolidação daquele entendimento.”

• No que tange ainda à conversão do tempo especial, em caso de mudança de regime jurídico laboral por parte do servidor público, o STF já firmou posicionamento quanto à necessidade de observância da lei vigente à época da prestação de serviços.

Nesse sentido, a decisão que segue:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE INSALUBRE. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO PARA FINS DE APOSENTADORIA. PERÍODO ANTERIOR À SUPERVENIÊNCIA DO REGIME JURÍDICO ÚNICO. 1. Atividade insalubre, perigosa ou penosa. Contagem do tempo de serviço para fins de aposentadoria. Possibilidade. O tempo de serviço exercido alternadamente em atividade que seja ou venha a ser considerada perigosa, insalubre ou penosa é somado, após a respectiva conversão, segundo critérios de equivalência fixados pelo MPAS, para efeito de qualquer espécie de aposentadoria. Legislação previdenciária vigente à época da prestação laboral: Consolidação das Leis da Previdência Social, artigo 35, § 2º. 2. Superveniência do Regime Jurídico Único: novo regime jurídico que, apesar de prever a edição de lei específica para regulamentar a concessão de aposentadoria para os agentes públicos que exercerem atividade em condições insalubres, perigosas ou penosas, não desconsiderou nem desqualificou o tempo de serviço prestado nos moldes da legislação anterior (Lei n. 8.112/90, artigo 103, V). Agravo regimental não provido.” (STF, Ag. Reg. RE 431.200-0, Rel. Min. Eros Grau, DJ 29.4.2005).

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• Conversão do tempo especial de professor em tempo comum

Não é possível a conversão de tempo de serviço exercido na função de magistério quando se requer aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, pois a EC 20/98 acrescentou a palavra “exclusivamente”.

Nesse sentido, o art. 61, § 2º, do RPS: “É vedada a conversão de tempo de serviço de magistério, exercido em qualquer época, em tempo de serviço comum.”

Porém, para períodos anteriores, há entendimento de que se trata de modalidade de aposentadoria especial e como tal deve ser possível a conversão em tempo comum. Mas essa posição não é unânime.

Uma primeira corrente defende que a atividade de professor era enquadrada como especial no Decreto n. 53.831/64, código 2.1.4, tendo em vista a penosidade típica da profissão, com direito a aposentadoria aos 25 anos de trabalho. Com a edição do novo regulamento – Decreto n. 83.080/79, entretanto, não foi mantida tal categoria profissional no rol das atividades especiais. Igualmente no que afeta aos novos regulamentos posteriores à Lei n. 9.032/95 (2.172/97 e 3.048/99).

A exclusão da categoria profissional dos professores do rol das atividades profissionais ditas especiais tem amparo na existência de regras específicas relativas à aposentadoria especial do professor. A partir da criação deste benefício especial, pela Emenda Constitucional n. 18/1981, não mais se cogita da conversão do tempo de serviço do professor para fins de concessão de benefício comum.

Considerando-se que o segurado, ao prestar atividade considerada como especial nos regulamentos da previdência social, adquire o direito à contagem do seu tempo de serviço como tal. Porém, de acordo com essa linha de entendimento, somente no período de vigência do Decreto n. 53.831/64 e até a Emenda Constitucional n. 18, de 1981, afigura-se viável a conversão do tempo especial de professor em tempo comum. Trata-se, aliás, de entendimento uniforme no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, também utilizado administrativamente pela Autarquia, consoante precedentes a seguir elencados:

“PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. TEMPO ESPECIAL. PROFESSOR. ATIVIDADE EXERCIDA ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL N° 18/81. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO.1. Como o enquadramento das atividades por insalubridade, vigente à época da prestação laboral, mediante os meios de prova legalmente então exigidos, é possível reconhecer a atividade especial de professor até 09.07.81, data da publicação da EC nº 18/81, que criou forma especial de aposentadoria aos professores.2. Embargos infringentes providos.” (EAC Nº. 2000.70.00.015696-8/PR, Terceira Seção, Relator Desembargador Federal Luís Alberto D’Azevedo Aurvalle, DJU de 8.3.2006, p. 466).

Uma segunda corrente admite a conversão do tempo especial de magistério em tempo comum até o advento da Lei n. 9.032/95, a qual vedou o reconhecimento da especialidade por atividade profissional. É dito, ainda, que não há nenhum óbice à conversão ponderada do tempo de serviço especial em comum, como prevê o Decreto n. 53.831/64, cuja observância foi determinada pelo Decreto n. 611/92. Essa tem sido a linha dos julgados do Superior Tribunal de Justiça:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO COMUM, MAGISTÉRIO. CONVERSÃO ESPECIAL. POSSIBILIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO.

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1. As Turmas que compõem a Egrégia Terceira Seção firmaram sua jurisprudência no sentido de que é garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa, insalubre ou penosa em rol espedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79) antes da edição da Lei n. 9.032/95. 2. A contagem ponderada do tempo de magistério, para fins de obtenção de aposentadoria por tempo de serviço comum, não encontra óbice, uma vez que a atividade era considerada penosa pelo Decreto n. 53.831/64, cuja observância foi determinada pelo Decreto n. 611/92. Recurso não conhecido.” (REsp. n. 414.561/RS. 5ª Turma. Rel. Min. Laurita Vaz. DJ de 2.3.2003).

No mesmo sentido, tem decidido a Turma Nacional de Uniformização:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPOESPECIAL EM COMUM. ATIVIDADE DE MAGISTÉRIO. POSSIBILIDADE. I – O professor faz jus à contagem do tempo de serviço prestado em condições perigosas e insalubres na forma da legislação vigente, à época da prestação de serviço, ou seja, com o acréscimo previsto na legislação previdenciária de regência, considerando ter direito à conversão do tempo de serviço exercido no magistério como atividade especial. II - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente. III – Jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). IV – Incidente conhecido e provido.” (IUJ N. 200371110000048. Relator Juiz Federal Guilherme Bollorini Pereira. Publicado em 02.06.2006)

Diante do atual entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, a conversão (de tempo especial de professor em tempo comum) tende a ser reconhecida em relação às atividades exercidas até o advento da Lei n. 9.032/95.

2.10.Aposentadoria Especial do Servidor Público

De acordo com posição antiga do STF, o art. 40 da CF não criaria, desde logo, qualquer direito para os servidores que exercessem atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas, mas apenas permitiria que a lei complementar o faça. “Tratando-se de mera faculdade conferida ao legislador, que ainda não a exercitou, não há direito constitucional já criado, e cujo exercício esteja dependendo de norma regulamentadora”. (Mandado de Injunção nº 444/MG, Relator Min. Sydney Sanches, DJ de 04.11.1994)

Porém, em recente decisão, o STF reviu sua posição:

MANDADO DE INJUNÇÃO Nr. 721/DF RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIODecisão: O Tribunal, à unanimidade e nos termos do voto do Relator, julgou parcialmente procedente o mandado de injunção. Plenário, 30.08.2007. Impetrante: auxiliar de enfermagem“A impetrante conta com 25 anos de serviços prestados, atendendo à dilação maior prevista na Lei nº 8.213/91. Julgo parcialmente procedente o pedido formulado para, de forma mandamental, assentar o direito da impetrante à aposentadoria especial de que cogita o § 4º do artigo 40 da Constituição Federal.” Informativo STF n. 442

• Emissão de CTC pelo INSS para fins de contagem recíproca. Possibilidade.Importante decisão do STF diz respeito ao direito do servidor público

obter junto ao INSS a certidão do tempo de serviço prestado como celetista em condições especiais, nos termos que seguem:

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“1. O servidor público tem direito à emissão pelo INSS de certidão de tempo de serviço prestado como celetista sob condições de insalubridade, periculosidade e penosidade, com os acréscimos previstos na legislação previdenciária. 2. A autarquia não tem legitimidade para opor resistência à emissão da certidão com fundamento na alegada impossibilidade de sua utilização para a aposentadoria estatutária; requerida esta, apenas a entidade à qual incumba deferi-la é que poderia se opor à sua concessão.” (RE nº. 433305, 1ª Turma. Relator Min. Sepúlveda Pertence, julg.14.2.2006).

2.11.Perspectivas para a Aposentadoria Especial

A busca de melhores condições de trabalho é o caminho para que a Aposentadoria Especial seja considerada ultrapassada e desnecessária. Por conseqüência, a preservação do direito à Aposentadoria Especial mostra-se como uma necessidade de caráter social transitória.

A permanente evolução científica e tecnológica afeta diretamente as relações trabalhistas e previdenciárias que deverão adequar-se aos novos tempos. Porém, não se pode deixar de lado a efetiva observação das regras de Proteção Social ao Trabalhador.

Proposta do FNPS: fim da aposentadoria especial e inclusão de norma trabalhista prevendo redução de jornada de trabalho quando o trabalhador estiver exposto a agentes nocivos.

2.12.Jurisprudência

RUÍDO - TURMA NACIONAL DOS JEFs (Súmula 32)Até 05.03.1997 – 80 decibéisDe 06.03.1997 a 18.11.2003 – 90 decibéisA partir de 19.11.2003 – 85 decibéis- TRF da 4ª RegiãoAté 05.03.1997 – Superior a 80 decibéisA partir de 06.03.1997 – Superior a 85 decibéis

- Súmula nº. 09 da Turma de Uniformização Nacional:“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”- TRF da 4ª Região: “O EPI não descaracteriza a atividade especial, a não ser que comprovada a sua real efetividade por meio de perícia técnica especializada e desde que devidamente demonstrado o uso permanente pelo empregado durante a jornada de trabalho.”

LAUDO PERICIAL NÃO CONTEMPORÂNEO: - O laudo pericial não contemporâneo, realizado por profissional especializado, consubstancia início razoável de prova material para comprovação das condições especiais de trabalho a que foi submetido o trabalhador. TNU-Proc. n. 200483200008814, DJU de 14/05/2007.- O fato de o laudo pericial que atestou a atividade insalutífera (insalubre) ter sido elaborado após o término do período postulado em juízo não impede o reconhecimento da atividade especial, até porque como as condições do ambiente de trabalho tendem a aprimorar-se com a evolução tecnológica, é razoável supor que em tempos pretéritos a situação era pior ou quando menos igual à constatada na data da elaboração.

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MECÂNICO - evidenciado o desempenho da atividade de mecânico, com manuseio de soldas (elétrica e a oxigênio) e esmeril, e ainda contato com graxas, combustíveis, óleos minerais e derivados de hidrocarbonetos e outros agentes insalutíferos, é de ser reconhecido o tempo como especial. Precedentes do STJ (RESP 178139-SP, 5a TURMA, REL. MIN. EDSON VIDIGAL) e do TRF 4a R. (AC 239964-RS, 6a TURMA, REL. DES. FEDERAL NYLSON PAIM DE ABREU E AC 299664-SC, 6a TURMA, REL. JUÍZA ELIANA P. MARINHO).

ENGENHEIROS - Os engenheiros estavam protegidos por diploma específico, in casu, a Lei nº 5.527/68, revogada somente com a redação do art. 6º da Medida Provisória nº 1.523/96, posteriormente convertida na Lei nº 9.528/97, fazendo jus o recorrido à contagem do tempo de serviço especial sem a exigência de demonstração de efetiva exposição a agentes nocivos no período pleiteado, mostrando-se suficiente a comprovação da atividade com a Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS. STJ - SEXTA TURMA DJ 17.10.2005

PEDREIRO – Tendo o segurado logrado comprovar que, no exercício de suas atividades como pedreiro, ficava exposto ao agente insalutífero cimento, devem os períodos ser convertidos de especial para comum, pelo fator 1,40. TRF/4 – EIAC 2000.04.01.034145-6 – DJ de 13/10/2005.

ENQUADRAMENTO. MOTORISTA DE CAMINHÃO E AJUDANTE DE CAMINHÃO. Enquadramento por categoria profissional, até 28.04.1995. Após Lei 9.032/95, impossibilidade de enquadramento por categoria profissional. (TNU Processo nº. 2005.63.06.012653-2, DJU 26/02/2007).

MOTORISTA DE ÔNIBUS – A presença conjunta de vários agentes nocivos à saúde, como graxa, óleo diesel, calor e poeira, de modo habitual e permanente, comprovada por formulário preenchido pela empresa, assegura a natureza especial da atividade até 05-03-1997, quando se passou a exigir perícia técnica, inexistente no caso. TRF 4 – EIAC – 2000.04.01.062649-9 – DJ de 20/04/2006

PERÍODO DE GOZO DE AUXÍLIO-DOENÇA . POSSIBILIDADE DO CÔMPUTO PRIVILEGIADO. TRSC. Processo nº 2003.72.04.000988-5, Sessão de 27.05.2004. Será computado para fins de aposentadoria especial quando a incapacidade decorre do exercício da própria atividade especial. TRF/4 - AC 2003.04.01.048611-3. DE 06/07/2007

VIGILANTE – A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7 do Anexo III, do Decreto n. 53.831/64. TNU – SÚMULA 26. A partir 29/04/1995, passou a ser necessária a comprovação da exposição aos agentes nocivos previstos nos decretos regulamentadores. O uso de arma de fogo é irrelevante. TNU - 200360840020776 – DJU de 19/03/2007.

COZINHEIRA. HOSPITAL : “Em que pese a potencialidade da parte autora entrar em contato com agentes biológicos no ambiente hospitalar, exercendo a função de cozinheira, não se pode concluir que esta exposição ocorria de modo habitual e permanente, para fins de contagem diferenciada de tempo de serviço, haja vista não

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estar enquadrada nos Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79.” TRF/4 – AC 2001.71.00.026987-3/RS – DE 09/03/2007.

CONTAGEM RECÍPROCA. SERVIDOR PÚBLICO. MUDANÇA DE REGIME. O direito à contagem especial do tempo de serviço prestado sob condições insalubres pelo servidor público celetista, à época em que a legislação então vigente permitia tal benesse, incorporou-se ao seu patrimônio jurídico. Não obstante, para o período posterior ao advento da Lei 8.112/90 é necessária a regulamentação do art. 40, § 4o da Carta Magna. STF. RE nº. 352322/SC.DJ de 26.08.2003.

CONTAGEM RECÍPROCA . A autarquia não tem legitimidade para opor resistência à emissão da certidão com fundamento na alegada impossibilidade de sua utilização para a aposentadoria estatutária; requerida esta, apenas a entidade à qual incumba deferi-la é que poderia se opor à sua concessão. STF - RE nº. 433305, 1ª Turma. Relator Min. Sepúlveda Pertence, julg. 14.2.2006.

TEMPO ESPECIAL. LEI Nº 3.807/60 . O reconhecimento do tempo especial pode ser feito a partir de 05.09.1960, uma vez que, somente a partir da Lei nº 3.807, de 05.09.1960, foi introduzida a aposentadoria especial no ordenamento jurídico Pátrio. TRSC - Processo nº 2003.72.03.201967-8, Sessão de 02.09.2004.

FRENTISTA . O enquadramento como atividade especial do período laborado como frentista não decorre da categoria profissional, mas sim da comprovada exposição a diversos agentes agressivos prejudiciais à saúde, além da periculosidade inerente ao ambiente do trabalho. STJ - Frentista, junto à bombas de combustíveis, atividade reconhecidamente insalubre. – REsp. n. 422616 DJU DE 24/05/2004.

ATIVIDADE PRESTADA APÓS O DECRETO Nº 2.172/97. PERICULOSIDADE.

1. Apesar da omissão dos Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/99 acerca do enquadramento especial do tempo de serviço em decorrência da exposição a agentes periculosos, mesmo após 06-03-1997 persiste a possibilidade daquela contagem privilegiada, pois tanto a CF/1988 como a Lei nº 8.213/91 – redação original e alterada pela Lei nº 9.032/95 --, consideram especial a atividade exercida sob condições especiais que prejudiquem a integridade física do segurado, conceito típico de periculosidade.2. Omissão que é suprida mediante utilização dos critérios traçados pela legislação trabalhista, com os limites impostos pelas peculiaridades das normas previdenciárias.3. Enquadramento como atividade especial do tempo de serviço do eletricista que trabalha na construção e manutenção de redes de transmissão de energia elétrica, onde a exposição ao risco está presente de forma contínua e acarreta pressão psicológica suficiente para causar algum prejuízo, a longo prazo, ao segurado.TRSC. Processo nº 2003.72.07.000700-3, Sessão de 16.09.2004.

TRF DA 4ª Região: ELETRICIDADE. Possível o enquadramento pelo agente nocivo eletricidade para aqueles que desempenham atividades laborativas sujeitas a altas tensões (220 V a 13.800 V) até 5.3.1997. MAS n. 2003.72.00.016708-0/SC, DJU de 11.04.2006.

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PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR TESTEMUNHAS. CONTAGEM A PARTIR DOS 12 ANOS. DESCONSIDERADO O PERÍODO EM QUE O PAI DA AUTORA MANTEVE ASSALARIADOS EM SUA PROPRIEDADE RURAL. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM. POSSIBILIDADE ATÉ 28-05-98. LEI 9.711/98. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA MAIS VANTAJOSA. 1. O tempo de serviço rural para fins previdenciários, a partir dos 12 anos, pode ser demonstrado através de início de prova material, desde que complementado por prova testemunhal idônea. Precedentes da Terceira Seção desta Corte e do egrégio STJ. 2. Inviável o reconhecimento de todo o perído rural postulado uma vez comprovado o uso de mão-de-obra assalariada no período de 1973 a 1977. 3. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua conversão em comum. 4. Constando dos autos a prova necessária a demonstrar o exercício de atividade sujeita a condições especiais, conforme a legislação vigente na data da prestação do trabalho, deve ser reconhecido o respectivo tempo de serviço. 5. A conversão do tempo de serviço especial em comum está limitada ao labor exercido até 28-05-98, a teor do art. 28 da Lei nº 9.711/98. Precedentes das Quinta e Sexta Turmas do STJ. 6. Se o segurado implementar os requisitos para a obtenção de aposentadoria pelas regras anteriores à Emenda Constitucional nº 20/98, pelas Regras de Transição (art. 9º da mencionada Emenda) e pelas Regras Permanentes (art. 201, § 7 º da CF e 56 e ss. do Decreto nº 3048/99), poderá inativar-se pela opção que lhe for mais vantajosa. 7. Limitar o tempo em 16-12-98 constituiria um minus em relação ao pedido veiculado na inicial, se este pretende o cômputo de todo o período laborado até a data do requerimento administrativo. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2002.70.02.007555-7, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 30/08/2007)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. INOVAÇÃO DO PEDIDO. RAZÕES DISSOCIADAS. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. NÃO-CONHECIMENTO. ATIVIDADE ESPECIAL. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. ENGENHEIRO CIVIL. EXERCÍCIO INCONTROVERSO. CATEGORIA PROFISSIONAL. RECONHECIMENTO. CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM. AVERBAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. PREJUDICADA. 1. Inovado o pedido, dissociadas as razões ou ausente o interesse recursal, não se conhece da apelação interposta. 2. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua conversão em comum. 3. No período de trabalho até 28-4-1995, quando vigente a Lei 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social) e suas alterações e, posteriormente, a Lei 8.213/91 (Lei de Benefícios), em sua redação original (artigos 57 e 58), possível o reconhecimento da especialidade do trabalho pela simples comprovação do exercício de atividade enquadrável como especial nos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial. 4. Sendo incontroversa a prestação da atividade de engenheiro civil, a qual enquadra-se como categoria profissional especial até 28-4-1995 no código 2.1.1. do Anexo ao Decreto 53.831/64, deve ser admitido o labor extraordinário e a conversão do respectivo tempo de serviço em comum, nos termos do artigo 28 da Lei 9.711/98, pelo fator 1,4 (homem - 25 anos de especial para 35 anos de comum). 5. Insuficiente o tempo para a obtenção da aposentadoria, é devida a averbação do trabalho especial reconhecido judicialmente para fins de futura concessão de benefício previdenciário. 6. Prejudicado o pedido de antecipação dos efeitos da tutela porque não perfeitos os requisitos para a implantação do benefício. (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2004.71.00.001714-9, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 31/08/2007)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. LABOR RURAL. VIGILANTE. ATIVIDADES ESPECIAS. CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM. DATA LIMITE. O tempo de serviço rural que a parte autora pretende ver reconhecido pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da

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sua conversão em comum. Quanto à atividade de vigia/ vigilante, a Terceira Seção desta Corte, ao tratar especificamente da especialidade da função de vigia e/ou vigilante , nos Embargos Infringentes nº 1999.04.01.082520-0/SC, rel. para o Acórdão o Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz, DJU de 10-04-2002, firmou entendimento de que se trata de função idêntica a de guarda (item 2.5.7 do Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831/64), razão pela qual é devido o enquadramento dessa atividade como especial, por categoria profissional, até 28-04-95. No que pertine ao interregno entre 29-04-95 e 28-5-98 (data limite da conversão), necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, a agentes prejudiciais à integridade física da parte autora, por qualquer meio de prova, considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de formulário-padrão preenchido pela empresa, sem a exigência de embasamento em laudo técnico. Contando o autor mais de 34 anos de tempo de serviço e estando cumprida a carência legalmente exigida, tem direito à concessão de aposentadoria por tempo de serviço proporcional, pelas regras anteriores à EC nº 20/98, com renda mensal inicial de 94% (noventa e quatro por cento) do salário-de-benefício, a partir da DER (28-8-98). (TRF4, APELAÇÃO CIVEL, 2000.70.05.001893-2, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 19/07/2007).

3. Cálculo do Tempo de Contribuição

3.1. Planilha de Cálculo

Através da utilização de uma planilha feita no programa Excel (fornecida junto com esse trabalho), é possível o cálculo de forma rápida do tempo de contribuição. A referida planilha calcula, além da totalização do tempo de contribuição, também o acréscimo referente a conversão do tempo especial em comum e, sendo o caso, o tempo de contribuição referente ao “pedágio” previsto no art. 9º, da EC 20/98.

3.2. Análise de casos

Utilizando-se a planilha fornecida, faça os seguintes exercícios:

Caso 1: Na DER, idade João = 54a4m17dEm 98, ts=29a7m4d

João, nascido em 8/12/1950, ingressou com pedido administrativo de aposentadoria em 25/04/2005. O INSS indeferiu o pedido, não reconhecendo a trabalho urbano como especial e não averbando o tempo rural. Considerar:

Tempo de roça: 08/12/62 a 13/01/1973 (10 anos, 1 mês e 6 dias) Tempo urbano: 14/01/1985 a 25/04/2005 (20 anos, 3 meses e 12 dias) Tempos reconhecidos pelo INSS:

o Até 16/12/1998: 13 anos, 11 meses e 3 dias;o Até 28/11/1999: 14 anos, 10 meses e 15 dias;o Até a DER: 20 anos, 3 meses e 12 dias.

Considerar como comprovado o tempo rural e a especialidade de todo o período urbano. João tem direito à inativação? Caso positivo, qual a DIB mais vantajosa?

Caso 2:João, nascido em 8/12/1950, ingressou com pedido administrativo de

aposentadoria em 25/04/2005. O INSS indeferiu o pedido, não reconhecendo a trabalho urbano como especial e não averbando o tempo rural. Considerar:

Tempo de roça: 08/12/62 a 13/01/1985 (22 anos, 1 mês e 6 dias)

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Tempo urbano: 14/01/1985 a 25/04/2005 (20 anos, 3 meses e 12 dias) Considerar como comprovado o tempo rural e a especialidade de todo

o período urbano. Considerar os seguintes salários-de-benefício:o Data SB (R$)

16/12/98 900,0028/11/99 900,0025/04/05 1.000,00

João tem direito à inativação? Caso positivo, qual o período mais vantajoso?

Caso 3:João, nascido em 8/12/1960, ingressou com pedido administrativo de

aposentadoria em 25/04/2007. O INSS indeferiu o pedido, não reconhecendo a trabalho urbano como especial e não averbando o tempo rural. Considerar:

Tempo de roça: 08/12/72 a 13/01/1993 (20 anos, 1 mês e 6 dias) Tempo urbano: 14/01/1994 a 25/04/2007 (13 anos, 3 meses e 12 dias)Considerar como comprovado o tempo rural e a especialidade de todo o

período urbano. João tem direito à inativação? Caso positivo, qual o período mais vantajoso?

Caso 4:Maria teve sua aposentadoria por idade urbana indeferida pelo INSS

(DER 01/05/2005). Dados: Nascimento: 02/03/1937 Tempo de contribuição como empregada: 120 meses, laborados entre

01/01/1970 e 01/01/1980.O indeferimento do INSS baseou-se no art. 3º, da Lei 10.666/03:Art. 3o A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial. § 1o Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício.§ 2o A concessão do benefício de aposentadoria por idade, nos termos do § 1 o, observará, para os fins de cálculo do valor do benefício, o disposto no art. 3 o , caput e § 2 o , da Lei n o 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários de contribuição recolhidos no período a partir da competência julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei n o 8.213, de 24 de julho de 1991.

Maria tem direito à inativação? Caso positivo, qual o valor?

Caso 5:João, após laborar toda a sua vida como segurado especial, deixa a roça

com 58 anos de idade devido a uma seca persistente.Ao completar 60 anos, João encontra-se morando embaixo da ponte da

Sé (SP), uma vez que não conseguiu emprego na cidade.Pergunta: possui o pobre João direito a algum benefício?

TRF4 – Prova Escrita 1– Concurso IX – Juiz Federal Substituto - 20003ª QUESTÃO (resposta em aproximadamente 30 linhas):SINFRÔNIO LABORATÍCIO, nascido a 1º de maio de 1952, trabalhou na roça com seus pais, em regime de economia familiar, comprovado por testemunhas, desde os dez

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anos de idade até 01-06-1970, quando iniciou a prestação do serviço militar, que se estendeu até 03-07-1971. Após sua baixa do Exército, passou a exercer a atividade de balconista em uma ferragem. Nessa, a sua relação de emprego perdurou doze anos e meio, sendo que, a partir do quinto ano, gozou do benefício de auxílio-doença por dois anos e meio. Rescindido o seu contrato de trabalho, ficou desempregado por um período de dezoito meses. Ao depois, empregou-se em uma oficina de chapeação e pintura, onde exerceu atividade laboral insalubre durante cinco anos. Cessado o seu contrato de trabalho naquela atividade, após aprovação em concurso público, passou a exercer o cargo de escriturário da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em regime estatutário, permanecendo na referida função por um período de dois anos e meio. Por fim, estabeleceu-se com escritório de advocacia nesta Capital, contribuindo como autônomo até 17-12-1996. Em 31 de dezembro de 1998, requereu aposentadoria por tempo de serviço. A autarquia Previdenciária indeferiu o seu pedido pelos seguintes motivos: a) desconsideração do tempo de serviço rural, porquanto o requerente não exibiu prova documental da atividade rurícola em nome próprio, mas no de seu pai; não recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias e, ainda assim, somente poderia contar o tempo de serviço rural a partir dos 16 anos de idade; b) ser insuficiente para a aposentadoria o tempo de serviço prestado nas demais atividades; c) não cumprimento do período de carência necessário à sua concessão; d) não implemento da idade mínima para o benefício; e) já havia perdido a qualidade de segurado bem antes de 31-12-1998.Pergunta-se: estão corretos os fundamentos da decisão do INSS?Justifique as respostas conforme as normas constitucionais e legais então vigentes.

TRF4 – Prova Escrita 2- Concurso XI – Juiz Federal Substituto - 20043ª QUESTÃO (resposta em aproximadamente 30 linhas)Considere a situação de um segurado contribuinte individual que exerça atividade abrangida pela Previdência Social como trabalhador autônomo e que almeje se aposentar por tempo de serviço. Para tanto, pretende computar e averbar como tempo de serviço ou de contribuição: 1º) um período determinado em que alega ter exercido atividade rural em regime de economia familiar junto a seus pais (em período anterior a 1987); 2º) período em que prestou serviços como empregado rural, de janeiro de 1988 a 1992; 3º) período, a partir de 1994, em que exerceu atividade urbana, já na condição de trabalhador autônomo, sem ter recolhido as contribuições devidas à Previdência Social; 4º) finalmente, pretende, ainda, recolher retroativamente contribuições na condição de segurado facultativo, relativas ao ano de 1993, período em que esteve estudando, sem exercer atividade laboral que o vinculasse ao Regime Geral da Previdência Social, e computar o respectivo tempo de contribuição para fins de aposentadoria. Sem se prender à soma do tempo de serviço e ao preenchimento ou não dos demais requisitos para a concessão da aposentadoria (estes aspectos são irrelevantes para a questão), analise a pretensão deste segurado, à luz da legislação em vigor aplicável e da jurisprudência, sobre a contagem e averbação do tempo de serviço, centrando a sua análise:a) na peculiaridade ou peculiaridades (se houver) da prova a ser produzida quanto ao exercício de cada uma das atividades: rural (regime de economia familiar e empregado rural), urbana (trabalhador autônomo) e segurado facultativo (estudante);b) na exigência ou não do pagamento de contribuições ou de indenização ou a comprovação de pagamento de contribuições previdenciárias na época própria para que cada um dos períodos acima seja averbado; ec) na possibilidade de aproveitamento de cada um desses períodos para fins de carência e para a implementação do tempo de contribuição necessário à aposentadoria.

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V. Benefício Etário

1. Aposentadoria por Idade

1.1. Introdução

Os segurados que não conseguirem completar o tempo de contribuição para a aposentadoria por contribuição poderão aposentar-se por idade.

1.2. Base Legal

Art. 201, § 7º, II, da CF e artigos 48 a 51 da Lei de Benefícios.

1.3. Titular

Qualquer segurado, seja obrigatório ou facultativo, inclusive o segurado especial.

1.4. Requisitos

Art. 48, LBPSIDADE Segurado Homem 65 anos; 60 anos para o

trabalhador ruralSegurada Mulher 60 anos; 55 anos para a

trabalhadora ruralCARÊNCIA Segurado 180 meses, com a regra de

transição do art. 142, LBPS.Segurado especial (art. 39, I, LBPS) eTrabalhador rural (art. 143, LBPS: REGRA de TRANSIÇÃO até 31/12/2010 para o empregado e o autônomo. O art. não cita o rural avulso).

ZERO (1 salário mínimo; exercício rural ainda que descontínuo, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por período igual a carência (180 meses), aplicando-se também o art. 142).

Também (como no caso da ATC) não se aplica (para aposentadoria por idade) o art. 24, parágrafo único, da LBPS (cumprimento de 1/3 da carência, após a perda da qualidade de segurado, para contar as contribuições anteriores).

1.4.1. Concessão após Perda da Qualidade de Segurado

A Lei 10.666/03, art. 3°, § 1°, prevê que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão deste benefício. Logo poderá implementar o requisito da idade e obter a aposentação, mesmo já não sendo mais filiado ao RGPS, desde que já possua a carência. Veja súm. 02, da TUR dos JEFs da 4ª Reg. (“Para a concessão da aposentadoria por idade, não é necessário que os requisitos da idade

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e da carência sejam preenchidos simultaneamente”. DJ (Seção 2) de 09/04/2003, pág. 421).

1.4.2. Concessão ao Trabalhador Rural

Os trabalhadores rurais são duplamente incentivados a inativarem-se por idade, uma vez que têm redução na idade em relação ao trabalhador urbano e não necessitam comprovar contribuições mensais para fins de carência.

Redução da idade para trabalhadores rurais – empregado rural, autônomo rural, avulso rural e segurado especial. Também para os segurados garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar, (art. 51, do RPS). Não se aplica ao empregador rural – contribuinte individual.

Aposentadoria por idade sem carência para o trabalhado rural (art. 143, LBPS)

Antes da CF88 não existia previsão legal de contribuições para os trabalhadores rurais, não podendo se exigir deles este recolhimento, imediatamente após a implantação do RGPS. Assim, foi criada esta regra de transição, permitindo aposentação até 2010.

O art. 143 não cita o rural avulso, mas entendemos que este também tem o direito a esta regra

LBPS, Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. (Redação dada pela Lei nº. 9.063, de 1995)

Lei 11.718/08, Art. 2o  Para o trabalhador rural empregado, o prazo previsto no art. 143 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, fica prorrogado até o dia 31 de dezembro de 2010.            Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao trabalhador rural enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual que presta serviços de natureza rural, em caráter eventual, a 1 (uma) ou mais empresas, sem relação de emprego.

A Lei 11.718/08, no art. 3º, traz regra de transição da carência para o empregado rural a contar do fim do prazo previsto no art. 2º, transcrito acima:

            Art. 3o  Na concessão de aposentadoria por idade do empregado rural, em valor equivalente ao salário mínimo, serão contados para efeito de carência:             I – até 31 de dezembro de 2010, a atividade comprovada na forma do art. 143 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991;            II – de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, cada mês comprovado de emprego, multiplicado por 3 (três), limitado a 12 (doze) meses, dentro do respectivo ano civil; e             III – de janeiro de 2016 a dezembro de 2020, cada mês comprovado de emprego, multiplicado por 2 (dois), limitado a 12 (doze) meses dentro do respectivo ano civil.             Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste artigo e respectivo inciso I ao trabalhador rural enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual que comprovar a prestação de serviço de natureza rural, em caráter eventual, a 1 (uma) ou mais empresas, sem relação de emprego. 

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A indigitada lei alterou também os §§ 2º a 4º do art. 48 da LBPS, que tratam da aposentadoria por idade rural:

LBPS, Art. 48:§ 2o  Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses (180 meses) de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período  a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.§ 3o  Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que não atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias (tempo urbano) do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher (aposentadoria por idade híbrida – leva tempo urbano para a roça para se aposentar por idade rural).§ 4o  Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de acordo com o disposto  no inciso II do caput do art. 29 desta Lei (pela média dos 80% maiores salários-de-contribuição), considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social.

1.5. Termo Inicial

Previsto no art. 49 da LBPS:Empregados e domésticos - Data do desligamento do emprego: se requerida em 90

dias (o benefício retroage);- Data do requerimento: se requerida após 90 dias do desligamento ou no caso de não haver desligamento do emprego.

Demais segurados - Data do requerimento

1.5.1. Pedido de Aposentadoria por Idade

Requerimento do segurado , quando completar os requisitos do art. 48 ou pela transformação da aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença;

Requerimento da empresa , quando o segurado completar 70 anos se do sexo masculino ou 65 se do feminino (aposentadoria compulsória). Neste caso, será garantida ao empregado a indenização prevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da aposentadoria (art. 51, LBPS);

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1.6. Termo Final

Valem aqui as mesmas considerações feitas quando da análise do mesmo item relativo a aposentadoria por tempo de contribuição.

1.7. Valor do Benefício

Art. 50, LBPS: RMI= % x SBPercentual Cálculo SB Trabalhador urbano:70%, mais 1% por grupo de 12 (doze) contribuições (por ano) (art. 50, LBPS).

Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo (art. 29, inciso I, LB) x FP (opcional - art. 7º da Lei 9876/99). PBC a partir de jul/94

Trabalhador rural salário-mínimo

Para o trabalhador rural abrem-se duas possibilidades: Se contar apenas com tempo de roça, o valor do benefício será de

salário mínimo; Se incluir tempo urbano (aposentadoria por idade híbrida), será feita a

mesma conta acima, conforme o art. 48, § 3º, da LBPS.

1.8. Jurisprudência

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL DO TIPO BÓIA-FRIA. ABANDONO DA ATIVIDADE RURAL. É indevida aposentadoria por idade quando a autonomeada trabalhadora rural do tipo bóia-fria abandonou o serviço rural por volta de 1983, antes mesmo do início do período aquisitivo do direito (1991-2005). (TRF4, AC 2007.70.99.005030-8, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 03/08/2009)

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ECONOMIA FAMILIAR. RENDIMENTOS URBANOS DO ESPOSO. É indevida a aposentadoria por idade à autoqualificada trabalhadora rural em regime de economia familiar quando comprovado nos autos que se afastou da atividade rural de 1973 a 2001, sendo, ademais, o sustento familiar, desde 1975, retirado dos rendimentos de origem urbana do esposo. (TRF4, APELREEX 2008.71.99.004653-1, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 03/08/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE . TRABALHADOR RURAL. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXERCÍCIO NO PARAGUAI. CARÊNCIA. Período laborado, em regime de economia familiar, em outro país, in casu no Paraguai, não é hábil para caracterização de lapso carencial quando ausente a certificação do labor pelo outro Estado signatário do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul. (TRF4, AC 2009.72.99.001067-1, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 28/07/2009)

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO. DOCUMENTOS EM NOME DO MARIDO. POSTERIOR VÍNCULO URBANO. DOCUMENTOS EM NOME DOS SOGROS. RESIDÊNCIA NA CIDADE. DEDICAÇÃO EVENTUAL À AGRICULTURA. 1. Não servem para comprovação da atividade rural os documentos em nome do marido, quando ele posteriormente passou a desempenhar atividade urbana, nem os documentos em nome dos sogros, quando a autoqualificada trabalhadora rural mora na cidade e não tem a agricultura como dedicação principal. 2. É indevida a concessão de aposentadoria por

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idade à autoqualificada trabalhadora rural que não comprova a atividade durante o período aquisitivo do direito. (TRF4, AC 2008.70.99.000980-5, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Rômulo Pizzolatti, D.E. 03/08/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. ATIVIDADE RURAL. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA EXTRA PETITA. INOCORRÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE. 1. Não tendo sido comprovado o exercício de atividade rurícola no período equivalente à carência exigido pela legislação, não é devido o benefício de aposentadoria por idade rural postulado. 2. Considerando que o pedido, nas causas previdenciárias, é o de obtenção do benefício a que tem direito o autor da ação, inexiste, em caso de concessão de benefício diverso do mencionado na inicial, afronta ao princípio da congruência entre pedido e sentença, insculpido nos arts. 128 e 460 do Código de Processo Civil. Dessa forma, não é extra petita a decisão que concede benefício assistencial, quando o pedido refere-se à aposentadoria por idade rural. 3. No cálculo da renda familiar per capita, deve ser excluído o valor auferido por pessoa idosa a título de benefício assistencial ou benefício previdenciário de renda mínima, este último por aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei n. 10.741/03. 4. Comprovada a situação de risco social em que vive a parte autora, tem direito à concessão do benefício assistencial de prestação continuada ao idoso, desde 01-01-2004 (data que entrou em vigor o Estatuto do Idoso). (TRF4, AC 2004.71.15.000706-0, Quinta Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 10/08/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. DESNECESSIDADE DO PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS ETÁRIO E DE CARÊNCIA. 1. Para a concessão de aposentadoria por idade urbana devem ser preenchidos dois requisitos: a) idade mínima (65 anos para o homem e 60 anos para a mulher); b) carência - recolhimento mínimo de contribuições (sessenta na vigência da CLPS/84 ou, no regime da LBPS, de acordo com a tabela do art. 142 da Lei nº 8.213/91). 2. Não se exige o preenchimento simultâneo dos requisitos etário e de carência para a concessão da aposentadoria, visto que a condição essencial para tanto é o suporte contributivo correspondente. Precedentes do Egrégio STJ, devendo a carência observar a data em que completada a idade mínima. 3. A perda da qualidade de segurado urbano não importa perecimento do direito à aposentadoria por idade se vertidas as contribuições necessárias e implementada a idade mínima. (TRF4, APELREEX 2006.70.03.005452-0, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 20/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR URBANO. ARTIGOS 25 E 48 DA LEI 8.213/91. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. ARTIGO 102 DA LEI 8.213/91. IMPLEMENTAÇÃO SIMULTÂNEA. DESNECESSIDADE. VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS. IDADE MÍNIMA E RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS - CARÊNCIA. PRECEDENTES. ARTIGO 24, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI 8.213/91. NÃO APLICABILIDADE. EMBARGOS REJEITADOS.I - A aposentadoria por idade, consoante os termos do artigo 48 da Lei 8.213/91, é devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta lei, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher. II - O art. 25 da Lei 8.213/91, por sua vez, estipula a carência de 180 (cento e oitenta) meses de contribuição para obtenção da aposentadoria por idade para o trabalhador urbano. III - A perda da qualidade de segurado, após o atendimento aos requisitos da idade mínima e do recolhimento das contribuições previdenciárias devidas, não impede a concessão da aposentadoria por idade. Precedentes. IV - Ademais, os requisitos exigidos pela legislação previdenciária não precisam ser preenchidos, simultaneamente, no caso de aposentadoria por idade. Interpretação do artigo 102, § 1º da Lei 8.213/91. Precedentes. V - Sobre o tema, cumpre relembrar que o caráter social da norma previdenciária requer interpretação finalística, ou seja, em conformidade com os seus objetivos. VI - O parágrafo único do artigo 24 da Lei 8.213/91 aplica-se aos casos em que o segurado não consegue comprovar, de forma alguma, a totalidade da carência exigida, ao benefício que se

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pretende, tendo que complementar o período comprovado com mais 1/3 (um terço), pelo menos, de novas contribuições, mesmo que já possua o requisito idade, o que não é o caso dos autos. VII - Embargos rejeitados, para prevalecer o entendimento no sentindo de não se exigir a implementação simultânea dos requisitos para a aposentadoria por idade, sendo irrelevante o fato de o trabalhador ter perdido a qualidade de segurado. (EREsp 327803/SP, Embargos de Divergência no Recurso Especial 2002/0022781-3, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Rel. p/Acórdão Min. Gilson Dipp, DJ 11-04-2005, p. 177)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. BÓIA-FRIA. APOSENTADORIA URBANA DO MARIDO. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO. 1. O tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. 2. Em se tratando de trabalhador rural "bóia-fria", a exigência de início de prova material para efeito de comprovação do exercício da atividade agrícola deve ser interpretada com temperamento, podendo, inclusive, ser dispensada em casos extremos, em razão da informalidade com que é exercida a profissão e a dificuldade de comprovar documentalmente o exercício da atividade rural nessas condições. Precedentes do STJ. 3. O ínfimo valor da aposentadoria urbana do marido da autora, convertido em pensão em favor desta quando do falecimento do cônjuge, não afasta a necessidade do trabalho rural da demandante para a sua subsistência digna, autorizando o deferimento da aposentadoria por idade. 4. Implementado o requisito etário (55 anos de idade para mulher e 60 anos para homem) e comprovado o exercício da atividade agrícola no período correspondente à carência (art. 142 da Lei n. 8.213/91), é devido o benefício de aposentadoria por idade rural. 5. Determinado o cumprimento imediato do acórdão no tocante à implantação do benefício, a ser efetivada em 45 dias, nos termos do art. 461 do CPC. (TRF4, AC 2009.70.99.000333-9, Quinta Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 27/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. DESNECESSIDADE DO PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS ETÁRIO E DE CARÊNCIA. TEMPO DE SERVIÇO COMPUTADO PARA APOSENTADORIA COMO FUNCIONÁRIA PÚBLICA ESTADUAL.CÔMPUTO DO PERÍODO EM GOZO DE AUXÍLIO-DOENÇA. POSSIBILIDADE. CONSECTÁRIOS. TUTELA ESPECÍFICA. 1. Para a concessão de aposentadoria por idade urbana devem ser preenchidos dois requisitos: a) idade mínima (65 anos para o homem e 60 anos para a mulher); b) carência - recolhimento mínimo de contribuições (sessenta na vigência da CLPS/84 ou, no regime da LBPS, de acordo com a tabela do art. 142 da Lei nº 8.213/91). 2. Não se exige o preenchimento simultâneo dos requisitos etário e de carência para a concessão da aposentadoria, visto que a condição essencial para tanto é o suporte contributivo correspondente. Precedentes do Egrégio STJ, devendo a carência observar a data em que completada a idade mínima. 3. A perda da qualidade de segurado urbano não importa perecimento do direito à aposentadoria por idade se vertidas as contribuições necessárias e implementada a idade mínima. 4. O tempo em que fica a segurada em gozo de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez é computado como tempo de serviço e de carência. Precedentes dessa Corte. 5. A atualização monetária, a partir de maio de 1996, deve-se dar pelo IGP-DI, de acordo com o art. 10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei nº 8.880/94. 6. Os juros de mora devem incidir na forma da Súmula 75 desta Corte. 7. Os honorários advocatícios devem incidir na conformidade da Súmula 76 desta Corte. 8. No Foro Federal, é a Autarquia isenta do pagamento de custas processuais, a teor do disposto no art. 4º da Lei nº 9.289, de 04-07-1996, sequer adiantadas pela parte autora em razão da concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita. 9. De resto, com base nos arts. 475-i, caput, e 461 do código de processo civil e na orientação da 3ª Seção deste Tribunal (vide Questão de Ordem na Apelação Cível nº 2002.71.00.050349-7, publicada no Diário Eletrônico de 02-10-2007), e inexistindo embargos infringentes, determino o cumprimento imediato do acórdão, no que respeita à implementação da concessão do benefício a ser feita em até 45 dias após a intimação do INSS, conforme os parâmetros definidos na presente decisão. (TRF4, AC

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2006.71.00.052320-9, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 13/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. REQUISITOS. CONCESSÃO. 1. Restando comprovado nos autos, mediante início de prova material corroborado pela prova testemunhal, o exercício da atividade laborativa rural, no período de carência, e estando preenchida a idade mínima, é de ser concedida a aposentadoria por idade rural. 2. A pesquisa realizada pela Autarquia não pode ser analisada de forma isolada, devendo ser cotejada com o conjunto probatório juntado aos autos, não implicando, necessariamente, a desconstituição dos depoimentos testemunhais colhidos em sede judicial, os quais foram no sentido de que a parte requerente sempre exerceu atividade rural, merecendo maior valor probante até porque colhidos sob o crivo do contraditório. (TRF4, APELREEX 2009.72.99.000878-0, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 24/06/2009)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE. CONVERSÃO DE RENDA MENSAL VITALÍCIA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-DOENÇA. POSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO DO DIREITO À APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. DIREITO DO DEPENDENTE À PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS. 1. Tendo a de cujus exercido atividade rural até após o advento da Lei nº 8.213/91 e reconhecida a invalidez pelo INSS, em 28/09/1992, cabível a conversão da renda mensal vitalícia que lhe havia sido concedida em aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença. Ademais, estando impossibilitada de trabalhar a contar de 1992 e tendo completado a idade mínima em 1994, também ser-lhe-ia devida aposentadoria por idade rural a contar de 14/06/1994. 2. Demonstrada a qualidade de segurada do de cujus, sendo presumida a dependência do marido, este faz jus ao benefício de pensão. (TRF4, EINF 2008.71.99.001630-7, Terceira Seção, Relator Alcides Vettorazzi, D.E. 26/06/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. NÃO PREENCHIMENTO. ARRENDAMENTO DO IMÓVEL. MAQUINÁRIO. RESIDÊNCIA NA ZONA URBANA. 1. São requisitos para a concessão do benefício rurícola por idade: a comprovação da qualidade de segurado especial, a idade mínima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino, bem como a carência exigida na data em que implementado o requisito etário, sem necessidade de recolhimento das contribuições (art. 26, III e 55, §2º da LBPS). 2. A utilização contínua de maquinário, a existência de outra fonte de renda provinda de arrendamento agrícola e o fato de a parte residir na zona urbana são fatores que, juntamente analisados, acabam por descaracterizar o regime de economia familiar, pois constituem indícios de que a produção, além de não ser a única fonte de renda, transborda a simples subsistência. Incabível, portanto, a concessão do benefício de aposentadoria rural por idade. (TRF4, AC 2009.70.99.000714-0, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 01/06/2009)

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VI. Benefícios por Incapacidade

1. Introdução

1.1. Graus de Incapacidade

Benefício  Aposentadoria Invalidez

Auxílio-doença Auxílio-acidente (cessa c/óbito ou aposentadoria)

Incapacidade permanente temporária permanente

total total ou parcial* parcial*

*Incapacidade parcial: impede o exercício da atividade habitual do segurado, mas permite o exercício de outra pela qual possa sobreviver.

1.2. Alguns casos

1 - Doença/acidente → auxílio-doença → volta ao trabalho2 - Doença/acidente → auxílio-doença + reabilitação profissional → volta ao trabalho3 - Doença/acidente → auxílio-doença + reabilitação profissional → volta ao trabalho + auxílio-acidente4 - Doença/acidente → auxílio-doença + reabilitação profissional → aposentadoria invalidez5 - Doença/acidente → auxílio-doença → aposentadoria invalidez6 - Doença/acidente → aposentadoria invalidez7 - Doença/acidente → aposentadoria invalidez → volta ao trabalho (pois aposentadoria por invalidez , assim como AD, tem caráter precário, e não definitivo – ex: aposentadoria por idade)

- Enquanto realiza reabilitação profissional, recebe auxílio-doença (casos 2 a 4). Considerado apto a exercer outra atividade, o segurado não faz jus a qualquer benefício (caso 2). - Todavia, as condições pessoais do segurado devem ser avaliadas dentro de seu contexto social, devendo-se averiguar sua idade, aptidões, grau de instrução, limitações físicas que irão acompanhá-lo dali para frente, bem como a diminuição do nível de renda que a nova profissão poderá acarretar (caso 7).

2. Aposentadoria por Invalidez

2.1. Base Legal

Art. 201, I, da CF; arts. 42 a 47, LBPS; arts. 43 a 50, RPS.

2.2. Titular da Aposentadoria por Invalidez

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Segurado considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.

LBPS, Art. 42. ”A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.”

2.3. Requisitos

• Qualidade de segurado • Carência • Evento específico: incapacidade posterior à filiação

– permanente : para o desempenho de atividade laboral capaz de garantir a subsistência do segurado. A princípio, é irreversível;

– total : impossibilidade de reabilitação para o desempenho de outra atividade que possa garantir a subsistência. Pressupõe afastamento de toda e qualquer atividade profissional;

CARÊNCIA (tanto para invalidez como para AD)Segurados 12 meses (art. 25, I, LBPS), com aplicação da regra do terço (art.24, único, LBPS)

Sem carência (art. 26, II, LBPS) para:- Acidente de qualquer natureza ou causa (de trabalho ou não);- Doença profissional ou do trabalho;- Doença da lista: após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência e Assistência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereças tratamento particularizado. (v. Port. MPAS/MS 2.998/2001)

Segurado especial

Sem carência: recebe 1 salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínuo, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses de carência – 12 meses (art. 26, III e art. 39, I, LBPS).

Os Ministros da Previdência e Assistência Social e da Saúde elaboraram e publicaram, mediante a Portaria Interministerial nº 2.998, de 23.8.2001, atendendo ao disposto no art. 26, II, da LBPS, a lista de doenças ou afecções que excluem a exigência de carência para a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, conforme segue:

"Art. 1º As doenças ou afecções abaixo indicadas excluem exigência de carência para a concessão de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez aos segurados do Regime Geral de Previdência Social - RGPS: I - tuberculose ativa; II - hanseníase; III - alienação mental;IV - neoplasia maligna; V - cegueira; VI - paralisia irreversível e incapacitante; VII - cardiopatia grave; VIII - doença de Parkinson; IX - espondiloartrose anquilosante; X - nefropatia grave; XI - estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante); XII - síndrome da deficiência imunológica adquirida-Aids;

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XIII - contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada; eXIV - hepatopatia grave."

• RPS, art. 44, § 3º “A concessão de aposentadoria por invalidez, inclusive mediante transformação de auxílio-doença concedido na forma do art. 73, está condicionada ao afastamento de todas as atividades.”

Doença/lesão anterior à filiação - a doença pode preexistir à filiação, mas não a incapacidade:

Art. 42, § 2º, LBPS “A doença ou lesão que preexista à filiação do segurado não confere direito ao benefício, salvo na hipótese de a incapacidade sobrevier por progressão ou agravamento dessa doença ou lesão” (ou seja, só não pode se filiar já incapaz permanente/inválido).

Em princípio, a preexistência (à filiação) ou não da incapacidade é questão a ser esclarecida, com base na técnica, pelos peritos (judiciais).

Sempre que o exercício do trabalho, especialmente na condição de empregado, for comprovado, deve se presumir que a incapacidade atual decorreu do agravamento da doença. Porém, deve-se ter maior atenção nos casos de exercício de atividade como autônomo ou como empregado de empresa da família, uma vez que há possibilidade de fraude.

2.4. Termo Inicial

Previsto no art. 43 da LBPS:Prévio auxílio-doença

Segurados A partir do dia imediato da cessação do auxílio-doença (art. 43, caput, LBPS)

Não houve prévio gozo de auxílio-doença (Incapacidade constatada por perícia médica inicial)

Empregado

- 16º dia do afastamento da atividade ou data da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrer mais de 30 dias (§ 1º, alínea a). Os primeiros quinze dias são sempre pagos pela empresa (art. 43,§ 2º, LBPS).

Demais Segurados

- data do início da incapacidade ou data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias.

• DIB- Data do início do Benefício IN 11/07, Art. 98. A concessão de aposentadoria por invalidez está condicionada ao afastamento para todas as atividades, devendo a DIB ser fixada segundo a data do último afastamento.Parágrafo único. A DIB deverá ser fixada no dia imediato ao da cessação do auxílio-doença, quando a aposentadoria por invalidez decorrer de transformação daquele benefício, nos termos do artigo 44 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999.

• Pagamento dos primeiros 15 dias do empregado :

LBPS, art. 43:§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida: (Redação da Lei 9.032/95) a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta dias; (Redação da Lei 9.876/99) Redação anterior:a) ao segurado empregado ou empresário, definidos no art. 11 desta lei, a contar do 16º (décimo sexto) dia do afastamento da atividade ou a partir da data da entrada do

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requerimento se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de 30 (trinta) dias;

§ 2o Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário. (Redação da Lei 9.87699)

Redação anterior:§ 2º Durante os primeiros 15(quinze) dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário ou, ao segurado empresário, a remuneração.

2.5. Termo Final

A aposentadoria por invalidez é benefício de natureza precária, devendo ser mantido “enquanto permanecer nessa condição” (art. 42, caput, LBPS). Se voltar a trabalhar, sem prévio exame médico da Autarquia, a aposentadoria por invalidez é cancelada imediatamente, pois demonstrada capacidade ao trabalho (art. 46, LBPS).

O procedimento administrativo que deverá observar o INSS antes de cancelar o benefício encontra-se previsto no art. 103 da IN 20/07 e no art. 179 do RPS, abaixo transcritos:

IN 20/07, Art. 103. A Perícia Médica do INSS deverá, na forma estabelecida no art. 71 da Lei nº 8.212, de 1991, e no art. 46 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, rever o benefício de aposentadoria por invalidez, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, a cada dois anos, contados da data de seu início, para avaliar a persistência, atenuação ou o agravamento da incapacidade para o trabalho, alegada como causa de sua concessão. § 1º Constatada a capacidade para o trabalho, o segurado ou seu representante legal deverá ser notificado, por escrito, para, se não concordar com a decisão, apresentar defesa, provas ou documentos que dispuser, no prazo regulamentar, na forma do que dispõe o art. 179 do RPS aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, com as alterações introduzidas pela MP nº 083/2002, convalidada pela Lei nº 10.666/2003. [prazo de 10 dias com notificação por AR]

 § 2º Não apresentada a defesa no prazo estipulado ou se apresentada e considerada insuficiente para alterar a decisão da suspender o benefício com base no laudo da Perícia Médica, o INSS deverá cientificar o segurado por escrito informando de que poderá interpor recurso à Junta de Recursos da Previdência Social no prazo de trinta dias conforme o art. 305 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999.

 § 3º Caso o segurado, inclusive o representado por curador, não apresente recurso dentro do prazo previsto, na forma do § 2º ou seu recurso não seja provido, seu benefício deverá ser cessado, independentemente da interdição judicial.

§ 4º No caso de aposentadoria por invalidez decorrente de ação judicial, também deverá ser revista a cada dois anos e procedido conforme o § 1º. Não apresentada a defesa no prazo estipulado ou se apresentada e considerada insuficiente para alterar a decisão de suspender o benefício, com base no laudo da Perícia Médica, a chefia da APS, deverá encaminhar o processo por meio da Divisão/Serviço de Benefícios à Procuradoria/Seção do Contencioso Judicial.

RPS, Art.179. O Ministério da Previdência e Assistência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social manterão programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da previdência social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes.

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§ 1o  Havendo indício de irregularidade na concessão ou na manutenção do benefício ou, ainda, ocorrendo a hipótese prevista no § 4º, a previdência social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de que dispuser, no prazo de dez dias. .(Nova Redação dada pelo Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006) § 2º A notificação a que se refere o § 1º far-se-á por via postal com aviso de recebimento e, não comparecendo o beneficiário nem apresentando defesa, será suspenso o benefício, com notificação ao beneficiário. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

§ 3º Decorrido o prazo concedido pela notificação postal, sem que tenha havido resposta, ou caso seja considerada pela previdência social como insuficiente ou improcedente a defesa apresentada, o benefício será cancelado, dando-se conhecimento da decisão ao beneficiário. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

Observa-se que nem sempre a Autarquia segue esse regramento. Acaso cancelado o benefício sem o devido procedimento administrativo, é motivo de anulação judicial como na decisão:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REVISÃO ADMINISTRATIVA DO BENEFÍCIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. FRAUDE E MÁ-FÉ. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.INOBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO. 1. A revisão de benefício previdenciário pelo INSS deve ser precedida de regular processo administrativo, onde sejam garantidos ao segurado o contraditório e a ampla defesa. Inteligência dos artigos 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, 69 da Lei nº 8.212, de 24-07-1991, 79, parágrafo único, do Decreto nº 3.048, de 06-05-1999, e 11 da Lei nº 10.666, de 08-05-2003. Precedentes desta Corte. 2. Hipótese em que a parte autora teve cancelado o seu benefício de aposentadoria rural por idade ainda durante o prazo que lhe foi oferecido para a interposição de recurso, com ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa. 3. Procede o pedido de restabelecimento do benefício de aposentadoria rural por idade, uma vez que houve violação ao devido processo legal. 4. Remessa oficial improvida. (TRF4, REO 2003.04.01.025701-0, Sexta Turma, Relator Décio José da Silva, DJ 27/07/2005)

2.6. Valor do Benefício

2.6.1. Sem prévio Auxílio-doença

RMI = 100% x SBPercentual (arts. 44 e 45, LB).

Cálculo SB

100% média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo (art. 29, inciso II, LB). Sem FP.

LBPS, Art. 44. ”A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, observado o disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei. (Redação da Lei 9.032/95)

Redação anterior do caput, alterado pela Lei 9.032/95: 

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”Art. 44. A aposentadoria por invalidez, observado o disposto na Seção III deste capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal correspondente a:80%(oitenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-benefício; oub) 100% (cem por cento) do salário-de-benefício ou do salário-de-contribuição vigente no dia do acidente, o que for mais vantajoso, caso o benefício seja decorrente de acidente do trabalho.§ 1º  No cálculo do acréscimo previsto na alínea a deste artigo, será considerado como período de contribuição o tempo em que o segurado recebeu auxílio-doença ou outra aposentadoria por invalidez. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997)”

Em relação a possibilidade de revisão da RMI da aposentadoria por invalidez para 100% para benefícios deferidos antes da Lei 9.032/95, há entendimentos contrários:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. MAJORAÇÃO DA RMI PARA 100% DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ARTIGO 58 DO ADCT. HONORÁRIOS. CUSTAS. 1. Cabe destacar que o direito veiculado nesta ação não está sujeito ao instituto da decadência. 2. Nas relações continuadas, como apenas as prestações são atingidas pela prescrição, não há que se falar em prescrição do direito de ação. 3. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a aplicação das Leis 8.213/91 e 9.032 /95 às pensões deferidas anteriormente à sua vigência viola o disposto no artigo 195, § 5º, da Constituição Federal, assentando que a revisão das pensões seria contrária ao princípio constitucional previdenciário que não admite majoração de benefício sem a correspondente fonte de custeio total. 4. O critério de reajuste de que trata o artigo 58 do ADCT teve sua vigência limitada entre abril/89 e dezembro/91, e já foi cumprido administrativamente até agosto/91, sendo certo que a revisão do benefício em número de salários mínimos entre setembro e dezembro/91 (147,06%) já restou atendida administrativamente nos termos das Portarias GM/MPS 302/92 e 485/92. 5. Os honorários advocatícios a serem suportados pela parte autora devem ser fixados em R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais), suspensa a exigibilidade em face da AJG. 6. Com relação às custas, no Foro Federal, a Autarquia é isenta do pagamento, a teor do disposto no art. 4º da Lei nº 9.289, de 04-07-1996, devendo apenas reembolsar aquelas efetivamente adiantadas pela parte autora. (TRF4, AC 2006.71.02.001121-6, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 26/06/2007)

Do voto do relator, destacamos:“Majoração da renda mensal para 100%

Sobre o tema, as Turmas Previdenciárias e 3ª Seção deste Tribunal, embasadas em precedentes do STJ, vinham decidindo pela aplicação das alterações nas rendas dos benefícios de pensão, aposentadoria por invalidez ou aposentadoria especial, desde o advento da Lei nº 9.032/95, independentemente da lei vigente à época da concessão, porquanto não se tratava de retroatividade da Lei, mas sim de sua aplicação imediata a todos os benefícios a contar da sua vigência.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal, no dia 08 de fevereiro de 2007, em sessão plenária, no julgamento dos REs nºs 416.827/SC e 415.454/SC, por maioria, deu provimento a recursos manejados pela autarquia previdenciária em processos versando sobre a questão ora tratada, entendendo que a aplicação das Leis 8.213/91 e 9.032 /95 às pensões deferidas anteriormente à sua vigência viola o disposto no artigo 195, § 5º, daConstituição Federal, assentando que a revisão das pensões seria contrária ao princípio constitucional previdenciário que não admite majoração de benefício sem a correspondente fonte de custeio total.”

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2.6.2. Com prévio Auxílio-doença

LBPS, art. 44, § 2º Quando o acidentado do trabalho estiver em gozo de auxílio-doença, o valor da aposentadoria por invalidez será igual ao do auxílio-doença se este, por força de reajustamento, for superior ao previsto neste artigo.

RPS, art. 36, § 7º “A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.”

Esse artigo contraria a regra da LBPS, art.29, II, devendo ser calculada a RMI com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% do PBC .

RPS, art. 32, §   20.   ”Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta e quatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005)” [regra permanante. 144 = 80% de 180]

RPS, art. 188-A, §   4o   ”Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com salários-de-contribuição em número inferior a sessenta por cento do número de meses decorridos desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício, o salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições mensais apurado.   (Incluído   pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005)” [regra transitória para o filiado até 28/11/99]

Essas normas prevêem que não se devem desprezar os 20% menores salários-de-contribuição, nos casos que especificam. Não há base legal para isso, uma vez que o art. 29, II, da LBPS, e o art. 3°, da Lei 9.876/99, não prevêem essa possibilidade. Tais dispositivos foram revogados pelo Dec. 6.939, de 18/08/2009, sendo que o INSS não revisou os benefícios concedidos antes dessa data.

2.6.3. Acréscimo para Assistência (23/10/2012/ter)

É devido o acréscimo de 25%, caso o aposentado por invalidez necessite da assistência permanente de outra pessoa, ficando a RMI = 125% x SB. De se observar que esse acréscimo não incide no caso de auxílio-doença.

É devido mesmo que ultrapasse o limite máximo (teto dos benefícios), sendo reajustado segundo os mesmos critérios do benefício, cessando com a morte do aposentado, não sendo incorporado à pensão por morte.

As situações que determinam a concessão do acréscimo encontram-se no anexo I do RPS. Trata-se de relação não exaustiva, pois outras situações podem levar o aposentado a necessitar de assistência permanente, o que pode ser comprovado por perícia médica:

1 – Cegueira total;2 – Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta;3 – Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores;4 – Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível;

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5 – Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível;6 – Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível;7 – Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica/social8 – Doença que exija permanência contínua no leito;9 – Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.

LBPS, Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado; c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.

IN 20/97, Art. 99. A partir de 5 de abril de 1991, o aposentado por invalidez que necessitar da assistência permanente de outra pessoa, terá direito ao acréscimo de vinte e cinco por cento sobre o valor da renda mensal de seu benefício, a partir da data do pedido do acréscimo, ainda que a soma ultrapasse o limite máximo do salário-de-contribuição, observados as situações previstas no Anexo I do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, independentemente da data do início da aposentadoria. § 1° Quando por ocasião da perícia médica for constatado que o segurado faz jus a aposentadoria por invalidez, deverá de imediato ser verificado se é devido o acréscimo de vinte e cinco por cento, indicado no caput deste artigo. § 2° Se o direito ao acréscimo for reconhecido posteriormente à cessação da aposentadoria por invalidez, o valor acrescentado à renda mensal do beneficio, deve ser pago ao segurado. No caso de óbito, o pagamento será devido aos dependentes habilitados na pensão por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores na forma de lei civil, independente de inventário ou arrolamento.

2.7. Exame Médico e Reabilitação Profissional

LBPS, art. 42, § 1º “A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da previdência social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.”

Exame médico-pericial: obrigados, bienalmente ou a qualquer tempo, sob pena de sustação do pagamento, a submeter-se a exame médico a cargo do INSS (art. 46, RPS).

RPS, Art.46. O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer tempo, sem prejuízo do disposto no parágrafo único e independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

Parágrafo único. Observado o disposto no caput, o aposentado por invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a submeter-se a exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente.

Atualmente, não há limite de idade para a obrigação de avaliação clínica (até a Lei 9032/95, o segurado com 55 anos ou mais não mais era submetido a exame médico -> a aposentadoria tornava-se definitiva).

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LBPS, Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) Redação anterior:Art. 101. O segurado em gozo de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença e o pensionista inválido, enquanto não completarem 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade, estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue que são facultativos.

Também obrigados a realizar processo de reabilitação profissional e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos (o INSS não pode obrigar o segurado a fazê-los), sob pena de suspensão do benefício (art. 42 e 101, LBPS).

LBPS, Art. 46. “O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno”.

2.8. Mensalidades de recuperação

Se o segurado solicitar avaliação médica do INSS, antes do retorno à atividade, constatada a recuperação da capacidade de trabalho, a prestação poderá não ser suspensa de imediato, se ele enquadrar-se nas hipóteses do art. 47, da LBPS e 49, do RPS:Recuperação Valor da Aposentadoria por invalidez - Total, em até 5 anos do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção

- Empregado: cessa de imediato, pois tem direito ao retorno à empresa na função na qual se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela previdência social (art. 475, CLT e súm. 160 do TST). - Não empregado: mantida na razão de um mês para cada ano de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez.

parcial, a qualquer tempo; total, após 5 anos do início da aposentadoria ou do auxílio-doença; quando for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do habitual.

- primeiros 6 meses: mantida no valor integral; - 6 meses seguintes: mantida, com redução de 50%; - 6 meses seguintes: mantida, com redução de 75%, ao término da qual cessará definitivamente

RPS, Art.47. O aposentado por invalidez que se julgar apto a retornar à atividade deverá solicitar a realização de nova avaliação médico-pericial.Parágrafo único. Se a perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social concluir pela recuperação da capacidade laborativa, a aposentadoria será cancelada, observado o disposto no art. 49. [mensalidades de recuperação]

RPS, Art.48. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno.

RPS, Art.50. O segurado que retornar à atividade poderá requerer, a qualquer tempo, novo benefício, tendo este processamento normal.Parágrafo único. Se o segurado requerer qualquer benefício durante o período citado no artigo anterior, a aposentadoria por invalidez somente será cessada, para a concessão do

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novo benefício, após o cumprimento do período de que tratam as alíneas "b" do inciso I e "a" do inciso II do art. 49.

Novo benefício somente será concedido após o final das mensalidades de recuperação cujo valor seja integral.

IN 20/2007:Art. 71. Por ocasião do requerimento de outro benefício, se o período de manutenção da mensalidade de recuperação integrar o PBC, será considerado como salário-de-contribuição o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da aposentadoria por invalidez, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de um salário mínimo nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

Parágrafo único. Na situação estabelecida no caput, deve ser observado o disposto no art. 94 desta Instrução Normativa.

Art. 100, Parágrafo único: O período de percepção da Mensalidade de Recuperação será considerado como tempo de contribuição, desde que intercalado com períodos de atividade, uma vez que durante este período o segurado mantém sua condição de aposentado por invalidez.

Art. 101. Durante o período de percepção da Mensalidade de Recuperação, embora o segurado continue na condição de aposentado, será permitida a volta ao trabalho sem prejuízo do pagamento da referida mensalidade, exceto durante o período previsto na alínea “a” do inciso I do art. 49 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999. [refere-se ao retorno à empresa]

§ 1º Durante o período de percepção da Mensalidade de Recuperação integral, não caberá concessão de novo benefício.§ 2º Durante o período de percepção da Mensalidade de Recuperação reduzida, poderá ser concedido novo benefício, devendo-se observar que a aposentadoria será:I restabelecida em seu valor integral, se a Perícia Médica concluir pela existência de invalidez até o término da Mensalidade de Recuperação;II cessada, se o segurado requerer e tiver sido concedido novo benefício durante o período de recebimento da Mensalidade de Recuperação reduzida, sendo facultado ao segurado optar, em caráter irrevogável, entre o benefício e a renda de recuperação.§ 3º Por ocasião do requerimento de outro benefício, se o período de manutenção da Mensalidade de Recuperação integrar o PBC, deverá ser observado o disposto no art. 71 desta IN.

2.9. Repercussão Trabalhista da Aposentadoria por Invalidez

“Art. 475, CLT - O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso (seu contrato não sofreu recisão) o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício.§ 1º - Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos arts. 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do art. 497. § 2º - Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato.”

Como atualmente não há mais a “efetivação do benefício”, uma vez que ele será sempre precário, há discussão acerca da suspensão do contrato de trabalho:

STF, súm. 217: “Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o aposentado que

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recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo.” (ano: 1963)

TST, súm. 160: “Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei (ex-Prejulgado nº 37).” Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

2.10.Conversão em Aposentadoria por Tempo de Contribuição ou Idade: não mais possível, desde a RPS, art 55 e a IN 45/10, art 212.

A conversão da aposentadoria por invalidez em outra aposentadoria (por tempo de contribuição ou idade) está prevista em lei como opção ao segurado. A vantagem é que essas duas aposentadorias são definitivas, ao passo que a aposentadoria por invalidez é sempre precária, podendo ser cancelada a qualquer momento. Deve-se, porém, verificar possível diminuição do valor do benefício, no caso da aposentadoria por idade por não ser integral, e no caso da aposentadoria por tempo de contribuição em função da incidência do fator previdenciário.

Essa conversão se dá utilizando-se as seguintes regras:

o O período em que o segurado esteve em gozo de benefício por incapacidade é contado como tempo de serviço/contribuição, se intercalado por períodos de atividade (art. 55, II, LBPS), motivo pelo qual para computar o interregno, deverá voltar a trabalhar, pelo menos por um dia (há jurisprudência afirmando ser desnecessário – AC 97.04.66453-2). RPS, art. 61, III: se a incapacidade é decorrente de acidente de trabalho, o interregno é contado intercalado ou não.

o A jurisprudência tem admitido também a contagem para efeitos de carência. Nesse sentido, a. súm. 07 da TUR da 4ª Reg : “Computa-se para efeito de carência o período em que o segurado usufruiu benefício previdenciário por incapacidade.” DJ (Seção 2) de 04/05/2005, p. 448.

o É considerado como salário-de-contribuição para cálculo do novo benefício, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal da aposentadoria por invalidez (art. 29, § 5º, LB).

2.11.Legislação Anterior a CF88

CLPS/84 CAPÍTULO III - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Art. 30. A aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que, após 12 (doze) contribuições mensais, estando ou não em gozo de auxílio-doença, é considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e enquanto permanece nessa condição. § 1º A aposentadoria por invalidez, observado o disposto no artigo 23, consiste numa renda mensal correspondente a 70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) desse salário por ano completo de atividade abrangida pela previdência social urbana ou de contribuição recolhida nos termos do artigo 90, até o máximo de 30% (trinta por cento).§ 2º No cálculo do acréscimo previsto no § 1º é considerado como de atividade o período em que o segurado recebeu auxílio-doença ou outra aposentadoria por invalidez.§ 3º A concessão da aposentadoria por invalidez depende da verificação das condições estabelecidas neste artigo, mediante exame médico a cargo da previdência social

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urbana, ressalvado o disposto no artigo 99, e o benefício é devido a contar do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença, observado o disposto nos §§ 4º e 5º§ 4º Quando no exame médico é constatada incapacidade total e definitiva, a aposentadoria por invalidez independe de auxílio-doença prévio, sendo devida a contar do 16º (décimo-sexto) dia do afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento, se entre aquele e esta decorreram mais de 30 (trinta) dias.§ 5º Em caso de doença de segregação compulsória a aposentadoria por invalidez independe de auxílio-doença prévio e de exame módico pela previdência social urbana, sendo devida a contar da data da segregação.§ 6º Aplica-se ao aposentado por invalidez o disposto no § 5º do artigo 26, ficando ele dispensado, a partir dos 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade, dos exames, tratamentos e processos de reabilitação profissional ali previstos. 

Art. 31. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, são observadas as normas seguintes: I - quando a recuperação ocorre dentro de 5 (cinco) anos contados da data do início da aposentadoria, ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessa: a) imediatamente, para o segurado empregado, que tem direito de retornar à função que desempenhava na empresa ao se aposentar, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento para esse fim o certificado de capacidade fornecido pela previdência social urbana;b) após tantos meses quantos foram os anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria, para o empregado doméstico e os segurados de que tratam os itens III e IV do artigo 6º; [somente para o doméstico e o empresário]c) imediatamente, para os demais segurados; [autônomos e avulsos]II - quando a recuperação ocorre após o período do item I, ou não é total, ou o segurado é declarado apto para o exercício de trabalho diverso do que habitualmente exercia, a aposentadoria é mantida, sem prejuízo da volta à atividade: a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que verificada a recuperação da capacidade;b) com redução de 50% (cinqüenta por cento) daquele valor, por igual período seguinte ao anterior;c) com redução de 2/3 (dois terços), também por igual período seguinte, ao término do qual cessa definitivamente. Parágrafo único. O aposentado por invalidez que volta voluntariamente à atividade tem sua aposentadoria cancelada.

2.12.Jurisprudência

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE REVISÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DEMORA NA DECISÃO. ART. 49 DA LEI N. 9.874/99. PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA E DA RAZOABILIDADE. DIREITO FUNDAMENTAL À RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO E À CELERIDADE DE SUA TRAMITAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A Lei n. 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal, dispôs, em seu art. 49, um prazo de trinta dias para a decisão dos requerimentos veiculados pelos administrados, prazo esse prorrogável por igual período mediante motivação expressa. 2. Não se desconhece o acúmulo de serviço a que são submetidos os servidores do INSS, impossibilitando, muitas vezes, o atendimento do prazo determinado pela Lei n. 9.784/99. Não obstante, mas o transcurso de longo tempo entre a última movimentação do processo e a impetração do mandamus, sem qualquer decisão administrativa, ofende os princípios da eficiência (art. 37, caput, da CF) e da razoabilidade (art. 2º, caput, da Lei do Processo Administrativo Federal) a que a Administração está jungida, bem como o direito fundamental à razoável duração do processo e à celeridade de sua tramitação (art. 5º, LXXVIII, da CF. 3. Mantida a sentença que determinou à Autarquia Previdenciária a emissão de decisão no processo do impetrante. (TRF4, REO 2007.71.00.036468-9, Quinta Turma, Relator Alcides Vettorazzi, D.E. 28/07/2008)

AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. PERÍCIA JUDICIAL. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PARA O ATUAL TRABALHO. É devido o

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restabelecimento de auxílio-doença quando a perícia judicial conclui que há incapacidade temporária para o trabalho atual do segurado, restando comprovado em juízo que o benefício fora cancelado sem que houvesse a recuperação de sua capacidade de trabalho. CUMULAÇÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E AUXÍLIO-DOENÇA. IMPOSSIBILIDADE. Em face de a autora já ser beneficiária de aposentadoria por invalidez, necessário que a concessão do auxílio-doença seja limitada até a data em que a autora se tornou beneficiária daquela, a fim de evitar a cumulação indevida de aposentadorias. CUSTAS PROCESSUAIS. JUSTIÇA ESTADUAL DE SANTA CATARINA. As custas processuais são devidas pela metade, conforme disposto no parágrafo único do artigo 33 da Lei Complementar 156, de 15-05-1997, com a nova redação dada pela Lei Complementar 161, de 23-12-1997, ambas do Estado de Santa Catarina. (TRF4, AC 2004.04.01.046128-5, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 14/07/2008)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PERMANENTE. NÃO-COMPROVAÇÃO. EXAME MÉDICO PERIÓDICO. DISPENSA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 101 DA LEI 8.213/91. 1. Nas ações em que se objetiva a concessão de benefício por incapacidade, o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial. 2. Não comprovada incapacidade laborativa permanente, nem havendo condições pessoais que a caracterizem, conforme o entendimento da jurisprudência do TRF da 4ª Região, não cabe a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. 3. O auxílio-doença é benefício de caráter temporário e a verificação administrativa periódica da manutenção da limitação laborativa que autorizou a concessão do benefício tem previsão legal (art. 101 da Lei nº 8.213/91 e art. 71 da Lei nº 8.212/91). (TRF4, AC 2008.72.99.000042-9, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 22/07/2008)

PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE. INSUFICIÊNCIA DE PROVA. NECESSIDADE DE LAUDO POR MÉDICO ESPECIALISTA. SENTENÇA ANULADA DE OFÍCIO. REABERTURA DA INSTRUÇÃO. 1. Se os males que o segurado alega que lhe afligem, entre outros, são de natureza reumatológica, é imprescindível a realização de perícia por médico especialista, sob pena de cerceamento de defesa, não suprindo a exigência a produção de laudos por médicos não especializados. 2. Ao juízo de primeiro grau é conferida a direção do processo com prestação jurisdicional célere, justa e eficaz. No duplo grau de jurisdição cabe aos julgadores, se for o caso, verificar se a instrução processual assegurou, de fato, a ampla defesa e o tratamento equânime aos jurisdicionados. 3. Sendo imprescindível a prova da incapacidade e dela não desistindo as partes, havendo evidência de doença neurológica, é anulada a sentença para realização dessa prova indispensável, retornando, os autos, à fase de instrução. (TRF4, AC 2007.72.99.004322-9, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 25/07/2008)

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RETORNO VOLUNTÁRIO AO TRABALHO. BENEFÍCIO INDEVIDO. É indevida a manutenção da aposentadoria por invalidez a partir do momento em que o trabalhador retorna voluntariamente ao exercício de trabalho remunerado. (TRF4, AC 2004.70.00.033874-2, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 28/07/2008)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CANCELAMENTO. CONSELHEIRO TUTELAR. CARGO ELETIVO. ATIVIDADE VOLUNTÁRIA E REMUNERADA. ART. 46 DA LEI 8.213/91. O cargo de Conselheiro Tutelar constitui atividade voluntária e remunerada, inclusive vinculada ao Regime Geral da Previdência Social, o que afasta o pressuposto da aposentadoria por invalidez, tal seja, a incapacidade laborativa total e permanente do segurado, pelo que deve ser cancelado o benefício, consoante previsão do art. 46 da Lei nº 8.213/91. O fato de constituir cargo eletivo não obsta tal entendimento. (TRF4, AG 2008.04.00.004447-6, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 14/07/2008)

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PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. 1. Nas ações em que se objetiva o benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial. 2. Sendo a parte autora, portadora de transtorno esquizoafetivo tipo depressivo, conclui-se que faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, desde seu indevido cancelamento (25.05.2007) e sua conversão em aposentadoria por invalidez, a contar da data de realização da perícia médica em juízo (03.10.2007), com o pagamento das parcelas em atraso, descontadas eventuais antecipações. 3. Correção monetária, juros moratórios e honorários advocatícios, mantidos conforme r. Sentença, porquanto estabelecidos em consonância com o entendimento da Seção Previdenciária deste Tribunal. 4. Com relação às custas processuais, a Autarquia é isenta de pagamento no Foro Federal, a teor do disposto no art. 4º da Lei nº 9.289, de 04-07-96, sequer adiantadas pela parte autora em razão da concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita. 5. Honorários periciais, fixados em R$234,80 (duzentos e trinta e quatro reais e oitenta centavos), consoante Resolução nº 558/2007 - CJF e fl. 106, condenando o INSS ao seu ressarcimento. 6. Negado provimento à remessa oficial. (TRF4, REO 2007.71.00.013705-3, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 01/08/2008)

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. SEGURADO NÃO-IDOSO E COM BOA ESCOLARIDADE. REABILITAÇÃO POSSÍVEL. É devido o auxílio-doença, e não a aposentadoria por invalidez, quando o segurado, não sendo idoso e tendo razoável escolaridade, pode ser reabilitado para outra atividade que lhe garanta a subsistência, conforme aliás prognosticou a perícia. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TERMO INICIAL. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DATA DA PERÍCIA. O benefício por incapacidade é devido desde o requerimento administrativo, e não desde a perícia, se as circunstâncias dos autos indicam que a incapacidade apurada em juízo remontava àquele primeiro termo. (TRF4, AC 2004.04.01.053751-4, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 30/06/2008)

AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERÍCIA JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. LIMITAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE CERTAS ATIVIDADES. É indevida a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez quando a perícia judicial deixa claro que, embora o segurado apresente limitações para o exercício de determinadas atividades laborativas, não está incapacitado para o trabalho, o que é confirmado pelo fato de estar empregado há muito tempo. (TRF4, AC 2006.71.99.003907-4, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 30/06/2008)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. ÓBITO OCORRIDO ANTES DA LEI 8.213/91. À luz da legislação anterior à edição da Lei n. 8213-91, é vedado o gozo cumulativo dos benefícios de aposentadoria por invalidez e pensão por morte, quando ambos tenham sido concedidos segundo as regras do Regime da Previdência Social Rural. Aplicação do art. 6º, § 2º, da Lei Complementar 16-73. (TRF4, AC 2007.72.99.003369-8, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 08/07/2008)

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. SEGURADO JOVEM. POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO. É devido o auxílio-doença, e não a aposentadoria por invalidez, quando o segurado é jovem, e elementos trazidos aos autos indicam que há possibilidade de que seja reabilitado para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TERMO INICIAL. DATA EM QUE CESSOU O ÚLTIMO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DATA DA PERÍCIA. O benefício por incapacidade é devido desde a data em que cessou a atividade laboral do segurado, durante a qual auferiu o benefício que postula, e não desde o laudo pericial, quando a própria perícia judicial conclui que a incapacidade para

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o trabalho remonta àquela data. (TRF4, AC 2004.72.10.000032-0, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 23/06/2008)

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CANCELAMENTO ADMINISTRATIVO. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE LABORATIVA DURANTE O GOZO DO BENEFÍCIO. ART 46 DA LEI DE BENEFÍCIOS. REGULARIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. CONFISSÃO. 1. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá seu benefício de aposentadoria automaticamente cancelado a partir da data do retorno. 2. Comprovado o exercício da atividade laborativa pelo autor, com auferimento de renda, durante o gozo dos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, não há ilegalidade no cancelamento administrativo do benefício oportunizada a defesa e o contraditório. (TRF4, AC 2006.71.18.000566-8, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 08/07/2008)

PENSÃO POR MORTE. TRABALHADOR RURAL. AMPARO PREVIDENCIÁRIO POR INVALIDEZ. LEI Nº 6.179, DE 1974. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DO PRORURAL. É indevida a pensão por morte quando o benefício-base é o amparo previdenciário por invalidez da Lei nº 6.179, de 1974, e não foi alegado nem provado que, em vez dele, teria o falecido direito à aposentadoria por invalidez do PRORURAL. (TRF4, AC 2008.71.99.000023-3, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 23/06/2008)

Parte do voto do relator: “Pelo que se vê dos autos, o INSS concedeu ao falecido marido da autora o benefício de amparo previdenciário por invalidez, em 01-11-1981 (fls. 35), com base na Lei nº 6.179, de 1974 (Institui amparo previdenciário para maiores de setenta anos de idade e para inválidos, e dá outras providências), por haver exercido a atividade de trabalhador rural.

Ocorre que esse benefício não gera direito a pensão por morte (Lei nº 6.179, de 1974, art. 7º, §2º).

Por outro lado, não há falar, aqui, que o falecido teria direito, à época em que recebeu o amparo previdenciário, à aposentadoria por invalidez pelo PRORURAL (LC nº 11, de 1971, art. 2º, II), uma vez que a autora nem o alegou, na petição inicial, nem fez prova disso.”

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RMI. CÁLCULO DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. ARTIGO 29, § 5º, DA LEI 8.213/91. UTILIZAÇÃO DOS SALÁRIOS-DE-BENEFÍCIO DO AUXÍLIO-DOENÇA. ARTIGO 44, DA LEI 8.213/91. JUROS DE MORA. 1. Se o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade no período básico de cálculo, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal. 2. Aplica-se o disposto no artigo 44, da lei 8.213/91, eis que a aposentadoria por invalidez foi concedida na sua vigência (em 1992), de sorte que seja observado no cálculo da renda mensal inicial o coeficiente de 80% do salário-de-benefício, mais 1% deste por grupo de 12 contribuições, até o máximo de 100%, considerando como período de contribuição o tempo em que o segurado recebeu auxílio-doença. 3. Os juros moratórios são devidos à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, na forma dos Enunciados das Súmulas nº 204 do STJ e nºs 03 e 75 do TRF da 4ª Região e precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 4. Apelação do INSS e remessa oficial improvidas. (TRF4, AC 2003.71.12.009684-0, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 23/06/2008)

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHADORA RURAL. ASSALARIADA. DIARISTA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. A existência de início de prova material corroborada por prova testemunhal, é suficiente para comprovar a qualidade de segurada trabalhadora rural assalariada diarista e a carência para fins de concessão do benefício de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. AJUIZAMENTO DA DEMANDA . Se entre o

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indeferimento do benefício e o ajuizamento da demanda medearam diversos anos e a perícia não pôde estabelecer a data do início da incapacidade para o trabalho, o termo inicial não pode retroagir a período anterior ao ajuizamento da demanda, conforme precedentes do Tribunal. (TRF4, AC 1998.04.01.064083-9, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 23/06/2008)

MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL HABITUAL. NEGATIVA INDEVIDA DE BENEFÍCIO. Mantém a qualidade de segurado aquele que se encontra incapaz de exercer a sua profissão ou atividade habitual, por causa de doença, ainda não tenha estado em gozo de auxílio-doença, porque lhe foi indevidamente negado. AUXÍLIO-DOENÇA. IDADE DO SEGURADO. ESFORÇOS FÍSICOS LEVES. É devido o auxílio-doença, e não a aposentadoria por invalidez, quando o segurado não tem idade avançada, e a perícia concluiu que pode exercer atividades que exijam apenas esforços físicos leves. (TRF4, AC 2002.04.01.042183-7, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 16/06/2008)

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRALHADORA RURAL. SEGURADO ESPECIAL. INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA PARA O TRABALHO. SURGIMENTO ENTRE OS 12 E 13 ANOS DE IDADE. Não tem direito à aposentadoria por invalidez a autonomeada trabalhadora rural em regime de economia familiar que, por estar total e definitivamente incapacitada para o trabalho entre os 12 e 13 anos de idade, não chegou a adquirir a qualidade de segurado especial. (TRF4, AC 2004.04.01.017244-5, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 16/06/2008)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONCESSÃO. CONSECTÁRIOS. QUALIDADE DE SEGURADO. COMPROVAÇÃO. PROVA TESTEMUNHAL. PARCIAL PROVIMENTO. 1. Se a moléstia do demandante (paralisia irreversível incapacitante) está enquadrada no rol previsto no art. 151 da Lei nº 8213/91, está dispensado o cumprimento de período de carência previsto para o benefício postulado. 2. Quanto ao vínculo trabalhista, de acordo com a cópia da CTPS (fl. 13), corroborada pelo depoimento testemunhal (fls. 121-124), resta-se comprovado que o autor definitivamente esteve empregado na empresa ora mencionada, comprovando a sua qualidade de segurado. 3. Atualização monetária das parcelas vencidas feita pelo IGP-DI (MP nº 1.415/96 e Lei nº 9.711/98), desde a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas anteriores ao ajuizamento da ação, em consonância com os enunciados nºs 43 e 148 da Súmula do STJ 4. Custas processuais por metade (Súmula 02 do TARS). 5. Juros moratórios e honorários advocatícios fixados na r. sentença em consonância com o entendimento da Seção Previdenciária deste Tribunal, cumprindo explicitar que estes últimos incidem sobre as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). 6. Apelação parcialmente provida. (TRF4, AC 2008.71.99.000943-1, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 11/07/2008)

PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE RENDA MENSAL VITALÍCIA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. IMPOSSIBILIDADE. LC 11/71. DECRETO 83.080/79. CHEFE OU ARRIMO DE FAMÍLIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Não tem direito à aposentadoria por invalidez a trabalhadora rural que parou de trabalhar sob a vigência da legislação precedente à Lei nº 8.213/91, (Decreto nº 83.080/79 e LC/71) pois esta beneficiava somente o chefe ou arrimo de família. 2. Tendo em vista a inversão do ônus da sucumbência, deverá a parte autora arcar com as custas processuais e honorários advocatícios ao patrono da parte adversa, fixados em R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais). Suspensa a exigibilidade dos mesmos em face da AJG. (TRF4, AC 2008.71.99.000067-1, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 07/07/2008)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL. DESCARACTERIZAÇÃO. ART. 11, VII, DA LEI Nº 8213/91. IMPROCEDÊNCIA. 1. Para caracterização do regime de economia familiar exige-se que o trabalho dos

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membros da família seja indispensável à sua subsistência. 2. Realizando o esposo da autora uma atividade principal de caráter urbano, da qual aufere rendimentos de R$ 8.000,00 ou R$ 10.000,00, não há como caracterizar o trabalho da família na agricultura em regime de economia familiar, não gozando a demandante da qualidade de segurada especial prevista no art. 11, VII, da Lei nº 8213/91. 3. Apelação improvida. (TRF4, AC 2006.72.10.003240-8, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 20/05/2008)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVA NÃO COMPROVADA. AUXÍLIO-ACIDENTE. ACIDENTE DE QUALQUER NATUREZA OCORRIDO ANTES DA LEI 9.129/95. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. Não se trata de caso de auxílio-doença, pois sendo a profissão do autor a de borracheiro autônomo e tendo o laudo oficial concluído que ele padece de visão monocular, não há que se falar em incapacidade para a sua atividade habitual ou para todo e qualquer trabalho, mas apenas de redução na capacidade laborativa. 2. Como o acidente automobilístico que acarretou a perda da visão no olho esquerdo do autor ocorreu em 1994, não há que se falar também em auxílio-acidente, pois tal benefício somente passou a ser devido em casos tais (acidentes de qualquer natureza) com o advento da Lei 9.129/95. 3. Inexistentes os requisitos legais para a concessão de auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez, impõe-se a reforma da sentença, julgando-se improcedente a ação. (TRF4, AC 2004.72.04.005340-4, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 17/06/2008)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE. PRORURAL. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ RURAL. IMPOSSIBILIDADE. A Terceira Seção desta Corte firmou entendimento no sentido de que é indevida a acumulação de aposentadoria com pensão por morte concedidas sob o regime do PRORURAL, instituído pela Lei Complementar 11, de 1971, seja por expressa vedação legal (Lei Complementar 16/73, artigo 6º, §2º), seja pela lógica do sistema assistencial. (TRF4, AC 2006.71.17.002015-6, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 10/06/2008)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. FILHO MAIOR INVÁLIDO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. POSSIBILIDADE. MARCO INICIAL. JUROS DE MORA. CUSTAS PROCESSUAIS. 1. Considera-se comprovada a invalidez quando a perícia médica conclui que a incapacidade do requerente para o trabalho é total e irreversível, não sendo possível a sua recuperação. 2. A dependência econômica do filho inválido é presumida (art. 16, I e § 4º e art. 74 da Lei nº 8.213/91). 3. Não há óbice à acumulação de benefício de pensão em razão de morte da mãe com pensão em razão do óbito do pai, ou ainda, ao recebimento simultâneo de pensões por morte e aposentadoria por invalidez, porquanto inexistente vedação expressa nesse sentido. 4. Marco inicial do benefício de pensão por morte em razão do óbito da mãe mantido, uma vez que inexiste insurgência quanto ao ponto. Marco inicial do benefício de pensão por morte em razão do óbito do pai fixado nos termos do pedido. 5. Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar. Precedentes do STJ. 6. No tocante às custas processuais, a sentença merece reforma, porquanto a Súmula 2 do Egrégio TARGS estabelece que, tendo o feito tramitado na Justiça Estadual, deve a Autarquia responder pela metade das custas. (TRF4, AC 2008.71.99.000617-0, Sexta Turma, Relator Alcides Vettorazzi, D.E. 13/06/2008)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. OMISSÃO NO JULGADO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. Comprovado pelo conjunto probatório que a parte autora é portadora de enfermidade que a incapacita total e permanentemente para o trabalho, é de ser mantida a sentença que lhe concedeu o

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auxílio-doença desde a data da cessação administrativa e converteu-o em aposentadoria por invalidez a partir da data do laudo judicial. 2. Incabível indenização por dano moral em razão do indevido cancelamento de benefício previdenciário, pois não possui o ato administrativo o condão de provar danos morais experimentados pelo segurado. 3. Tendo a parte autora decaído com relação ao pedido de indenização por danos morais, resta configurada hipótese de sucumbência recíproca, tal como determinado na sentença recorrida. 4. Consideram-se implícitos no pedido a correção monetária e os juros de mora, uma vez que decorrentes de lei, razão pela qual se pode suprir a omissão da sentença nesse ponto, sem que se consubstancie reformatio in pejus. 5. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo). (TRF4, AC 2005.71.00.027137-0, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 27/06/2008)

Parte do voto do relator: “No caso dos autos, ausente a comprovação de ofensa ao patrimônio subjetivo do autor, inexiste direito à indenização por dano moral. O desconforto gerado pelo não-recebimento temporário do benefício resolve-se na esfera patrimonial, através do pagamento de todos os atrasados, com juros e correção monetária, (além dos honorários advocatícios/sucumbenciais).”

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REVISÃO. AUXÍLIOS-DOENÇA PRECEDENTES. CESSAÇÃO. REABILITAÇÃO. EXAMES PERIÓDICOS. 1. Quatro são os requisitos para a concessão de benefício por incapacidade: (a) a qualidade de segurado do requerente; (b) o cumprimento da carência de 12 contribuições mensais; (c) a superveniência de moléstia incapacitante para o desenvolvimento de atividade laboral que garanta a subsistência, e (d) o caráter permanente da incapacidade (para o caso da aposentadoria por invalidez) ou temporário (para o caso do auxílio-doença). 2. Tratando-se de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, o Julgador firma a sua convicção, via de regra, por meio da prova pericial. 3. Comprovado que a aposentadoria decorre da mesma moléstia que acometeu o segurado quando do deferimento do primeiro auxílio-doença, e não havendo qualquer demonstração por parte da autarquia da reabilitação do beneficiário, deve ser recalculada a atual RMI como se este benefício jamais houvesse cessado. (TRF4, AC 2004.71.00.011034-4, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 06/06/2008)

2.13.Análise de Casos

Pedido inicial: considerando as particularidades das ações previdenciárias também já foi decidido que a sentença que concede auxílio-doença, quando o pedido deduzido na inicial era o da concessão de aposentadoria por invalidez, não padece de nenhum vício, pois embora trate-se de benefícios distintos, ambos estão assentados na existência de incapacidade laboral.

“PROCESSUAL. PREVIDENCIÁRIO. NULIDADE DA SENTENÇA. NÃO OCORRÊNCIA. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL 1. A sentença que concede auxílio-doença, quando o pedido inicial é de aposentadoria por invalidez não é extra petita, pois aquele benefício é um minus em relação a este. (...)“ (AC n º 96.0412510-9/ SC, Relator Juiz Nilson Paim de Abreu, 6ª Turma, TRF4ªR, DJ 14-05-97. p.33470).

Determinação da data da incapacidade: o perito judicial deve informar, a fim de que se determine o termo inicial do benefício ou o restabelecimento do benefício cancelado indevidamente. Se isto não for possível, considera-se a data da perícia judicial.

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Isso é especialmente importante porque pode ocorrer a perda da qualidade de segurado entre a cessação da atividade e a realização da perícia.

Todavia, se o segurado comprovar que estava incapacitado desde quando filiado, terá direito adquirido à aposentadoria por invalidez, por força dos arts. 15, I, de 102, § 1°, da LBPS. Veja a súmula e jurisprudência:

TUN, súm. 22: “Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefício assistencial.” DJU de 07/10/2004.

TRRS, Relator Juiz Federal Daniel Machado da Rocha, processo nº 2005.71.95.001643-5: "De fato, o termo inicial dos benefícios por incapacidade corresponderá à data da perícia médica judicial somente naqueles casos em que não for possível especificar a data de início da incapacidade laboral. Do contrário, quando o perito possui condições de especificar a data em que a incapacidade laboral teve início, o segurado faz jus ao benefício a partir da data indicada pelo perito, a partir da data do requerimento administrativo, ou a partir do dia imediatamente posterior ao do cancelamento administrativo do benefício, dependendo das circunstâncias do caso concreto."

Doença diversa: se o laudo judicial constatar incapacidade, mas por doença diversa da alegada na inicial, implicaria alteração na causa de pedir de forma a obstar o atendimento da pretensão? O que importa é a existência da incapacidade, de modo que “Não é impedimento à concessão de benefício previdenciário a conclusão, pela perícia médica, de que a Autora é portadora de doença diversa da alegada na inicial.” (TRF 4ª R., Ap. Cível nº 96.04.01183-9/RS, Rel. Juiz Nylson Paim de Abreu, 6ª T., DJU 26.3.97, p. 18380).

Alta médica e idade avançada: se esteve em gozo desta aposentadoria por longo tempo e já possui idade avançada, seu retorno ao mercado de trabalho torna-se difícil, razão por que deve ser mantido o benefício. Levando-se ao extremo estas exigências, quase sempre seria possível “reabilitar” o segurado para que, por exemplo, vendesse bilhetes de loteria no pórtico das igrejas. Por isso, no mínimo deve ser considerada a viabilidade do segurado vitimado pelo risco social obter um novo emprego (em razão da sua idade, aptidões, limitações físicas que irão acompanhá-lo dali para frente), bem como a diminuição do nível de renda que a nova profissão poderá acarretar.

“PREVIDÊNCIA SOCIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARA AS FUNÇÕES HABITUAIS. IDADE AVANÇADA. BAIXO NÍVEL SÓCIO-CULTURAL. INVIABILIDADE DE REABILITAÇÃO. 1. Embora o laudo certifique tão-só incapacidade para as funções de pedreiro, há de conceder-se a aposentadoria à vista das condições pessoais do segurado (idade, baixa instrução), que inviabilizam o desempenho de outra atividade laborativa no concorrido mercado de trabalho pátrio. Precedentes do Tribunal.” (AC nº 96.0404933-0/RS, Rel. Juiz João Surreaux Chagas, 6ª Turma, TRF4ªR, DJ 14-05-97, p.33477).

Exercício de subemprego ou mandato eletivo: a jurisprudência não tem considerado, para os efeitos do art. 46, da LBPS (cancelamento da aposentadoria), o subemprego ou o exercício de mandato eletivo.

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO APOSENTADO POR INVALIDEZ. EXERCÍCIO DE MANDATO COMO VEREADOR. ARTIGO 46 DA LEI 8.213/91. CANCELAMENTO DO BENEFÍCIO COM BASE NA PRESUNÇÃO DE

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RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL. ILEGALIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO À REATIVAÇÃO DO AMPARO QUE NÃO IMPEDE, TODAVIA, REGULAR PROCEDIMENTO DE REVISÃO ADMINISTRATIVA. ARTIGO 101 DA LB. 1. A condição de agente político do requerente, não é bastante para afastar a fruição do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, uma vez que a atividade parlamentar tem natureza específica que não trabalhista . Inaplicabilidade do artigo 46 da Lei 8.213/91, sem prévia comprovação da premissa fática que lhe dá sustentação. 2. O restabelecimento do benefício não obsta procedimento de revisão administrativa para a apuração da permanência ou não da incapacidade, a teor do artigo 101 da Lei de Benefícios, cujo óbice é direcionado à Administração e não ao Judiciário. (TRF4, AG 2007.04.00.007561-4, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 27/09/2007)

Exercício de subemprego enquanto aguarda resposta administrativa: possível sem comprometer a concessão do benefício (TRF4; AC 2000.71.08.006720-0/RS).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CANCELAMENTO. ART. 42 DA LEI Nº 8.213/1991. EXERCÍCIO DE CARGO ELETIVO - VEREADOR. IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. 1. A concessão da aposentadoria por invalidez faz pressupor incapacidade física para o trabalho, razão pela qual o beneficiário que vem eleger-se vereador não pode cumular tal benefício com os proventos do cargo, pois ninguém pode ser capaz e incapaz a um só tempo, ainda que diversas as atividades desenvolvidas, não se justificando tratamento distinto do agente político ao que se dá normalmente a um servidor público. 2. Inversão do ônus de sucumbência, com condenação da parte autora ao pagamento dos honorários advocatícios da parte adversa, no valor de R$415,00 (quatrocentos e quinze reais) e às custas processuais, sendo, entretanto, suspensa a exigibilidade de tal verba, vez que o autor litiga sob a guarda da assistência judiciária gratuita. 3. Apelo provido. (TRF4, AC 2008.71.99.000744-6, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 01/07/2008)

Cassação administrativa de benefício concedido judicialmente: a princípio, necessário o ajuizamento de ação revisional, de acordo com o art. 471, I, do CPC (“Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença”).

A cassação administrativa, nesses casos, importaria violação da coisa julgada material e desrespeito ao princípio do paralelismo das formas, pelo qual o que foi concedido por um meio somente pode ser desfeito pela utilização da mesma via.

A Autarquia utiliza o art. 71, da LBPS, para fundamentar a revisão administrativa, mesmo com decisão judicial:

Art. 71: “O INSS deverá rever os benefícios (salvo após por inval, q só pode ser cancelada via judicial), inclusive os concedidos por acidente do trabalho, ainda que concedidos judicialmente, para avaliar a persistência, atenuação ou agravamento da incapacidade para o trabalho alegada como causa para sua concessão”.

A jurisprudência do TRF da 4ª Região vem entendendo possível o cancelamento administrativo de benefício deferido judicialmente (1999.04.01.024704-6/RS).

3. Auxílio-doença

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3.1. Base Legal

Art. 201, I, CF, arts. 59-63, LBPS; arts. 71-80, RPS.

3.2. Titular

Todos os segurados, obrigatórios e facultativo.

3.3. Requisitos

Segundo o art. 59 da LBPS:

• Qualidade de segurado;

• Carência: mesma da aposentadoria por invalidez (12 meses);

• Evento específico : incapacidade posterior à filiação

• Temporária por mais de 15 dias consecutivos: para o desempenho de atividade laboral capaz de garantir a subsistência do segurado. A princípio, é reversível (ver TRT4 Acórdão 00035-2008-291-04-00-0 RO);

• Total ou parcial: impossibilidade de reabilitação para o desempenho qualquer atividade que possa garantir a subsistência ou apenas da atividade habitual.

Para a obtenção de auxílio-doença basta a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual do segurado, enquanto para a aposentadoria por invalidez exige-se a incapacidade total, para qualquer atividade que garanta a subsistência;

O prognóstico é de que haja recuperação para a atividade habitual ou reabilitação para outra atividade (art. 62, LBPS).

Doença/lesão pré-existente: não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao RGPS já portador da doença/lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade, após cumprida a carência, sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão (art. 59, único, LBPS). Ou seja, a doença/lesão pode ser anterior à filiação, a incapacidade não.

3.3.1. Exercício de 2 atividades e incapacidade em apenas 1

O auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se, para efeito de carência, somente as contribuições relativas a essa atividade, podendo o benefício ser inferior ao salário mínimo desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor superior a este (RPS, art. 73, § 1º e § 4°). Verificada a incapacidade definitiva, o auxílio-doença deverá ser mantido indefinidamente, pois o segurado ainda está apto ao trabalho em outra atividade (art. 74, RPS).

RPS, Art.73. O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela previdência social será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma delas, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que o mesmo estiver exercendo. § 1º Na hipótese deste artigo, o auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as contribuições relativas a essa atividade.

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§ 2º Se nas várias atividades o segurado exercer a mesma profissão, será exigido de imediato o afastamento de todas. § 3º Constatada, durante o recebimento do auxílio-doença concedido nos termos deste artigo, a incapacidade do segurado para cada uma das demais atividades, o valor do benefício deverá ser revisto com base nos respectivos salários-de-contribuição, observado o disposto nos incisos I a III do art. 72.§ 4º Ocorrendo a hipótese do § 1º, o valor do auxílio-doença poderá ser inferior ao salário mínimo desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor superior a este. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

RPS, Art.74. Quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar definitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades.Parágrafo único. Na situação prevista no caput, o segurado somente poderá transferir-se das demais atividades que exerce após o conhecimento da reavaliação médico-pericial.

3.4. Termo Inicial

Termo Inicial (art. 60, LB)Empregado - 16º dia do afastamento da atividade ou;

- data do requerimento, se decorreu mais de 30 dias.Os primeiros quinze dias são pagos pela empresa.

Demais (segurados: doméstico, CI e facultativo)

- data da incapacidade ou;- data do requerimento, se decorreu mais de 30 dias.

RPS, Art.75. Durante os primeiros quinze dias consecutivos de afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99) § 1º Cabe à empresa que dispuser de serviço médico próprio ou em convênio o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros quinze dias de afastamento.§ 2º Quando a incapacidade ultrapassar quinze dias consecutivos, o segurado será encaminhado à perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social.§ 3º Se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de sessenta dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso.§ 4o  Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, fará jus ao auxílio doença a partir da data do novo afastamento. (Nova redação dada pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005)§ 5º Na hipótese do § 4º, se o retorno à atividade tiver ocorrido antes de quinze dias do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio-doença a partir do dia seguinte ao que completar aquele período. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

RPS, Art. 76-A.  É facultado à empresa protocolar requerimento de auxílio-doença ou documento dele originário de seu empregado ou de contribuinte individual a ela vinculado ou a seu serviço, na forma estabelecida pelo INSS. (Incluído pelo Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)Parágrafo único.  A empresa que adotar o procedimento previsto no caput terá acesso às decisões administrativas a ele relativas. (Incluído pelo Decreto nº 5.699, de 13/02/2006 - DOU DE 14/2/2006)

3.5. Termo Final

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Termo Final (art. 62, LB)- Restabelecimento;- Conversão em aposentadoria ou auxílio-acidente;- Reabilitação para outra atividade.

RPS, Art.78. O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar seqüela que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

§ 1o  O INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico-pericial, o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade para o trabalho do segurado, dispensada nessa hipótese a realização de nova perícia. .(Incluído pelo Decreto nº 5.844 - de 13/7/2006 - DOU DE 14/7/2006)

§ 2o  Caso o prazo concedido para a recuperação se revele insuficiente, o segurado poderá solicitar a realização de nova perícia médica, na forma estabelecida pelo Ministério da Previdência Social. .( Incluído pelo Decreto nº 5.844 - de 13/7/2006 - DOU DE 14/7/2006)

§ 3o  O documento de concessão do auxílio-doença conterá as informações necessárias para o requerimento da nova avaliação médico-pericial. .( Incluído pelo Decreto nº 5.844 - de 13/7/2006 - DOU DE 14/7/2006)

3.5.1. Alta programada

O cancelamento do pagamento é feito desde agosto de 2005, quando foi implantado o programa Copes (Cobertura Previdenciária Estimada), também chamado de data certa ou alta programada.

A data de retorno do segurado ao trabalhado é definida pelo médico já no exame de concessão do benefício. Com o Copes, a única maneira de evitar o corte do pagamento é por meio de um pedido de prorrogação do benefício, pedida até 15 dias antes do término do benefício.

3.6. Valor do Benefício

RMI Cálculo SB (art. 29,III, e § 10, LB)91% do SB(a. 61, LB)

SB = média dos maiores SC atualizados em 80% de todo PBC, a partir de jul/1994. Sem FP.

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3.7. Exame Médico e Reabilitação Profissional

Obrigado a reabilitação profissional: “Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez.”

3.8. Repercussão Trabalhista do Auxílio-doença

Durante o gozo do auxílio-doença, o empregado é considerado em licença não remunerada, ficando o contrato de trabalho suspenso, não podendo haver rescisão por parte da empresa (art. 476, CLT e art. 80, RPS).

RPS, art. 72 “§ 1º Quando o acidentado não se afastar do trabalho no dia do acidente, os quinze dias de responsabilidade da empresa pela sua remuneração integral são contados a partir da data do afastamento.§ 3º O auxílio-doença será devido durante o curso de reclamação trabalhista relacionada com a rescisão do contrato de trabalho, ou após a decisão final, desde que implementadas as condições mínimas para a concessão do benefício, observado o disposto nos §§ 2º e 3º do art. 36.”

RPS, Art.80. “O segurado empregado em gozo de auxílio-doença é considerado pela empresa como licenciado.Parágrafo único. A empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença.”

Se a mesma doença determinar novo afastamento, dentro de 60 dias contados do retorno do segurado, a empresa fica desobrigada ao pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados (ou seja, a empresa não banca os 15 dias iniciais de afastamento) (art. 75, § 3°, RPS).

Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, fará jus ao auxílio doença a partir da data do novo afastamento (ou seja, novamente, a empresa não banca os 15 dias iniciais de afastamento) (art. 75, § 4°, RPS).

3.8.1. Estabilidade Provisória (de 12 meses do auxílio-doença acidentário, mas não do previdenciário!)

Art. 118, LBPS: “O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.”

3.9. Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. ART. 29, § 5º, DA LEI Nº 8213/91. INCLUSÃO DAS COMPETÊNCIAS NÃO UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DA

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RMI. IRSM. 1. A regra do §5o do art. 29 da Lei 8.213/91 deve ser interpretada sistematicamente, conjugando-a com outras normas do mesmo microssistema das Leis 8.212/91 e 8.213/91. 2. O inc. I do art. 55 da lei 8.213/91 é expresso ao admitir a contagem como tempo de serviço do tempo em gozo de benefício, desde que intercalado. O art. 28, §9o, da Lei 8.212/91 reforça essa regra ao determinar que os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, não integram o salário-de-contribuição. 3. Da leitura do §5o do art. 29 e do inc. I do art. 55, ambos da Lei 8.213/91, e do §9o do art. 28 da Lei 8.212/91, conclui-se que somente quando o tempo em gozo de benefício por incapacidade for intercalado com períodos de atividade é que a sua duração será contada como tempo de contribuição e somente neste caso é que se justifica que sejam lançados no período básico de cálculo, como salários-de-contribuição, o salário-de-benefício do benefício por incapacidade. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 4. Incabível a revisão da RMI da aposentadoria por invalidez com base na utilização do IRSM de fevereiro de 1994 (39,67%) na correção dos salários-de-contribuição integrantes do período básico de cálculo, uma vez que a data de início do auxílio-doença que a precedeu é anterior a fevereiro de 1994. 5. Invertidos os ônus sucumbenciais, os quais ficam com sua exigibilidade suspensa por força da assistência judiciária gratuita. 6. Apelação e remessa oficial providas. (TRF4, APELREEX 2008.71.00.007703-6, Turma Suplementar, Relator Eduardo Tonetto Picarelli, D.E. 10/08/2009)

PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE LABORAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONCESSÃO. CONSECTÁRIOS. 1. Nas ações em que se objetiva o benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial. 2. Se o laudo pericial conclui que a parte autora está incapacitada para o trabalho porque portadora de epilepsia e sequelas de acidente sofrido devido à epilepsia, conclui-se que faz jus à concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, a contar da data do requerimento administrativo (25/07/2006). 3. Mantém-se o marco inicial do benefício de auxílio-doença quando fixado em consonância com as conclusões do expert. 4. Atualização monetária das parcelas vencidas a ser feita pelo IGP-DI, desde a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas anteriores ao ajuizamento da ação. 5. Honorários advocatícios mantidos tal como fixados na r. sentença, porquanto estabelecidos em consonância com o entendimento da Seção Previdenciária deste Tribunal. 6. Custas processuais com a aplicação da Súmula nº 02 do TARS em relação aos feitos tramitados na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, devendo autarquia previdenciária arcar com apenas metade do valor. 7. Honorários periciais de R$ 200,00 (duzentos reais), de acordo com a Resolução nº 558/2007/CJF. 8. Suprida a omissão da sentença. Apelação improvida. (TRF4, AC 2009.71.99.002750-4, Turma Suplementar, Relator Eduardo Tonetto Picarelli, D.E. 10/08/2009)

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-DOENÇA. AUXÍLIO-ACIDENTE. PRIMEIROS QUINZE DIAS DE AFASTAMENTO. FÉRIAS GOZADAS. SALÁRIO-MATERNIDADE. 1 - O empregado afastado por motivo de doença ou acidente não presta serviço, não recebendo salário durante os primeiros 15 (quinze) dias, mas apenas uma verba de caráter previdenciário paga pelo seu empregador, o que afasta a incidência da contribuição previdenciária. 2 - Os valores referentes a férias gozadas e respectivo terço constitucional integram o salário de contribuição, ante o seu caráter nitidamente salarial. O mesmo se aplica ao salário-maternidade, ante expressa previsão da Lei n.º 8.212/91. (TRF4, AC 2008.70.00.026859-9, Segunda Turma, Relator Artur César de Souza, D.E. 12/08/2009)

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AIDS. INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA. CUSTAS. 1. Demonstrado que na data da suspensão administrativa o segurado mantinha a limitação laborativa, deve ser restabelecido o auxílio-doença indevidamente suspenso, sendo convertido em aposentadoria por invalidez a partir do laudo judicial, quando evidenciada a incapacidade total e definitiva. 2. Com relação às custas, no Foro Federal, a Autarquia é isenta do pagamento, a teor do disposto no art. 4º da Lei nº 9.289, de 04-07-1996, devendo apenas

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reembolsar aquelas efetivamente adiantadas pela parte autora. (TRF4, APELREEX 2007.71.00.028333-1, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 27/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. INCAPACIDADE. MARCO INICIAL. PEDIDO DE PAGAMENTO DE DANOS MORAIS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. CUSTAS PROCESSUAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COMPENSAÇÃO. ESTATUTO DA ADVOCACIA. Nas ações em que se objetiva a aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial. Concede-se o benefício de auxílio-doença quando há provas nos autos de que a parte segurada está incapacitada para o exercício do trabalho que exerce, sendo suscetível de reabilitação profissional para outras atividades que lhe assegure o sustento. Hipótese em que o marco inicial do benefício deve recair na data do cancelamento do benefício de auxílio-doença anteriormente percebido pela parte autora.. Não cabem danos morais pelo fato puro e simples de a administração previdenciária, no exercício de seu poder de autotutela, ainda que com deslizes formais, efetuar a revisão da renda mensal de benefício previdenciário. Face a sucumbência recíproca, as partes devem dividir igualmente os ônus processuais, compensando-se totalmente os honorários advocatícios (art. 21 do CPC). Quanto às custas processuais, resta ao autor suspensa a sua exigibilidade em face de seu direito à Assistência Judiciária Gratuita. O fato de pertencerem os honorários ao Advogado (art. 23 do EOAB) não impede a compensação (art. 21 do CPC). Precedentes do STJ. (TRF4, APELREEX 2007.71.00.039214-4, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 14/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MECÂNICO INDUSTRIAL. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA. POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. NÃO-CABIMENTO. Demonstrado, pela prova médica dos autos, que a parte autora apresenta incapacidade definitiva para a atividade habitual, incabível a concessão do auxílio-acidente e, havendo possibilidade de reabilitação profissional, também incabível a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez (arts. 42, 59 e 86 da Lei nº 8.213/91). (TRF4, AC 2008.70.01.001054-4, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 20/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DECADÊNCIA. BURACO NEGRO. ART. 144 DA LEI 8.213/91. 1. Segundo entendimento deste Tribunal e do STJ, o prazo decadencial do direito instituído pela MP 1.523/97 não alcança os benefícios concedidos anteriormente à alteração legislativa (v. RESP nº 254186-PR, 5ª Turma STJ, Rel. Min. Gilson DIPP e AC nº. 401058356-4/98/SC, 6ª Turma TRF4, Rel. Des. Federal Wellington Mendes de Almeida). Desta forma, segundo o entendimento predominante não se cogita de decadência para os benefícios deferidos até 27/06/97, dia anterior à publicação da MP 1.523-9/97. 2. Nos termos do art. 144 da Lei 8.213/91, "até 1º/06/92, todos os benefícios de prestação continuada concedidos pela Previdência Social, entre 05/10/88 e 05/04/91, devem ter sua renda mensal inicial recalculada e reajustada, de acordo com as regras estabelecidas nesta Lei". (TRF4, APELREEX 2008.72.04.000584-1, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 20/07/2009)

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. SUSPENSÃO ADMINISTRATIVA DE BENEFÍCIO. ALTA PROGRAMADA. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA ADMINISTRATIVA. CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO PELO IMPETRADO. PERDA DO OBJETO. Tendo o INSS cumprido espontaneamente o procedimento administrativo para apuração da cessação da incapacidade laborativa antes da alta programada do auxílio-doença do impetrante, objeto da presente ação, verifica-se ter havido a perda do objeto, não subsistindo a controvérsia da ação mandamental. (TRF4, REOAC 2009.70.09.000133-8, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 13/07/2009)

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PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. Tratando-se de aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença usufruído no período básico de cálculo, o cálculo da respectiva renda mensal inicial deverá tomar o salário-de-benefício utilizado para calcular o auxílio-doença, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral até a competência respectiva, e atualizado, a partir daí, de acordo com a variação integral dos índices de correção dos salários-de-contribuição, porquanto essa é a clara determinação que decorre da interpretação dos artigos 29, § 5º, da Lei 8.213-91. (TRF4, APELREEX 2008.71.00.021415-5, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 07/07/2009)

3.10.Análise de Casos

Maria requereu o benefício de auxílio-doença e foi indeferido. Elabore uma defesa, levando em conta os seguintes motivos:

• Motivo do indeferimento: apesar de reconhecer a incapacidade laboral, o INSS indeferiu por doença incapacitante pré-existente.

a. Maria possui 20 anos de contribuição como empregada, sempre na mesma empresa, mas há 30 meses ficou desempregada;

b. Maria contribuiu durante 2 anos como autônoma da década de 80. Quando do indeferimento, tinha voltado a contribuir por 4 meses;

c. Maria é autônoma, sempre prestando serviços a pessoas físicas, mas não contribui ao INSS;

d. Maria é autônoma, sempre prestando serviços a pessoas jurídicas, mas não contribui ao INSS;

• Motivo do indeferimento: falta de carência;a. Maria possui 5 anos de contribuições na década de 90 e apenas 5

contribuições quando do pedido administrativo;b. Maria é autônoma, sempre prestando serviços a pessoas físicas, mas não

contribui ao INSS;c. Maria é autônoma, sempre prestando serviços a pessoas jurídicas, mas não

contribui ao INSS;

• Motivo do indeferimento: Maria está aposentada, mas continuou trabalhando.

4. Auxílio-acidente

4.1. Base Legal

Art. 86, LBPS; art. 104, RPS

“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.” (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

Finalidade (do auxílio-acidente) da prestação: compensar a redução da capacidade de lavor (caráter de indenização), e não substituir o rendimento do trabalho do segurado.

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4.2. Titular (do auxílio-acidente)

Segurado empregado, avulso e especial (pois os 2 1ºs pagam o SAT), exceto o empregado doméstico (CI e facultativo). O segurado especial é titular do benefício por força do art. 18, § 1°, da LBPS c/c art. 39, II, LBPS.

4.3. Requisitos

Incapacidade permanente e parcial.O segurado ficou com seqüelas definitivas, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza (do trabalho ou não), definidas no Anexo III do RPS

Somente se implicarem em incapacidade parcial e definitiva ao trabalho (redução ou perda da capacidade laborativa, qualitativa ou quantitativa):I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam;II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam, exigindo maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exercia à época do acidente; ouIII - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do INSS.

Qualidade de segurado

O RPS, art. 104, determina a aplicação do auxílio-acidente para as situações discriminadas no anexo III do RPS:

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

ANEXO III

RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUE DÃO DIREITO AO AUXÍLIO-ACIDENTE

QUADRO Nº 1

Aparelho visual Situações: a) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,2 no olho acidentado; b) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 em ambos os olhos, quando ambos tiverem sido acidentados; c) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 no olho acidentado, quando a do outro olho for igual a 0,5 ou menos,

após correção; d) lesão da musculatura extrínseca do olho, acarretando paresia ou paralisia; e) lesão bilateral das vias lacrimais, com ou sem fístulas, ou unilateral com fístula. NOTA 1 - A acuidade visual restante é avaliada pela escala de Wecker, em décimos, e após a correção por lentes. NOTA 2 - A nubécula e o leucoma são analisados em função da redução da acuidade ou do prejuízo estético que acarretam,

de acordo com os quadros respectivos.

QUADRO Nº 2 Aparelho auditivo TRAUMA ACÚSTICO a) perda da audição no ouvido acidentado; b) redução da audição em grau médio ou superior em ambos os ouvidos, quando os dois tiverem sido acidentados; c) redução da audição, em grau médio ou superior, no ouvido acidentado, quando a audição do outro estiver também

reduzida em grau médio ou superior. NOTA 1 - A capacidade auditiva em cada ouvido é avaliada mediante audiometria apenas aérea, nas freqüências de 500,

1.000, 2.000 e 3.000 Hertz. NOTA 2 - A redução da audição, em cada ouvido, é avaliada pela média aritmética dos valores, em decibéis, encontrados nas

freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz, segundo adaptação da classsificação de Davis & Silvermann, 1970.

Audição normal - até vinte e cinco decibéis. Redução em grau mínimo - vinte e seis a quarenta decibéis; Redução em grau médio - quarenta e um a setenta decibéis; Redução em grau máximo - setenta e um a noventa decibéis; Perda de audição - mais de noventa decibéis.

Não é exigida carência.Acidente do trabalho: é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço

da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (art. 19, LBPS). Ver arts. 20 e 21, da

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LBPS, que prevêem casos de equiparação à acidente do trabalho, inclusive com doenças (ocupacionais) equiparadas (doença profissional e do trabalho).

A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

Não cabe a concessão de auxílio-acidente quando o segurado estiver desempregado, podendo ser concedido o auxílio-doença previdenciário, desde que atendidas as condições inerentes à espécie. (RPS, art. 104, § 7º).

4.4. Termo Inicial

Concedido após a cessação do auxílio-doença

4.5. Termo Final

Com a Lei 9.528/97, deixou de ser vitalício, cessando quando da concessão de qualquer aposentadoria (art. 86, § 1°, LBPS), porém foi incluído, para fins de cálculo, no salário-de-contribuição de qualquer aposentadoria (art. 31, LBPS), ou cessando com o óbito do segurado.

RPS, art. 104, § 6º “No caso de reabertura de auxílio-doença por acidente de qualquer natureza que tenha dado origem a auxílio-acidente, este será suspenso até a cessação do auxílio-doença reaberto, quando será reativado.”

RPS, Art.129. “O segurado em gozo de auxílio-acidente, auxílio-suplementar ou abono de permanência em serviço terá o benefício encerrado na data da emissão da certidão de tempo de contribuição.” (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)

4.6. Valor do Benefício

Percentual Cálculo SB50% do SB(art. 86, § 1°, LBPS)

SB = média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo (art. 29, inciso II, LB). Sem FP.

Pode ser inferior ao salário-mínimo e gera direito ao recebimento do abono anual (art. 40, LBPS).

Até a Lei 9.032/95, o art. 86, § 6º, da LBPS, determinava que o auxílio-acidente seria de 30%, 40% ou 60%, dependendo do grau de seqüela. Havia jurisprudência determinando que o percentual de 50% deveria ter aplicação retroativa. Porém, com a recente decisão do STF acerca da pensão por morte, a jurisprudência está alterando.

4.7. Competência Judicial

Até a Lei 9.032/95, este benefício era devido apenas no caso de acidente do trabalho, o que implicava em competência da justiça comum para conhecer de ação judicial postulando o benefício.

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A partir dessa lei, também os acidentes ocorridos fora do trabalho ensejam o recebimento (de auxílio-acidente) dessa prestação. Nesses casos, a competência é da justiça federal. Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. ACIDENTE DOMÉSTICO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. Se o autor postula a concessão de benefício de auxílio-acidente, não-decorrente de acidente do trabalho, é a justiça federal competente para o julgamento do feito. (TRF4, AG 2008.04.00.041851-0, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 11/02/2009)

4.8. Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MECÂNICO INDUSTRIAL. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA. POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. NÃO-CABIMENTO. Demonstrado, pela prova médica dos autos, que a parte autora apresenta incapacidade definitiva para a atividade habitual, incabível a concessão do auxílio-acidente e, havendo possibilidade de reabilitação profissional, também incabível a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez (arts. 42, 59 e 86 da Lei nº 8.213/91). (TRF4, AC 2008.70.01.001054-4, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 20/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. CONCESSÃO. ACIDENTE DE QUALQUER NATUREZA. REDUÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL. INEXISTÊNCIA. Na ausência de comprovação da redução da capacidade laboral para a profissão habitual de assistente administrativo, em virtude de lesões consolidadas de acidente de qualquer natureza, não é devida a concessão do auxílio-acidente (art. 86 da Lei nº 8.213/91). (TRF4, AC 2009.71.99.002284-1, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 29/06/2009)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. AUXÍLIO-ACIDENTE. REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. 1. Demonstrado por meio de perícia judicial que após a consolidação das lesões decorrentes de acidente resultou seqüelas que reduziram a capacidade para o trabalho habitualmente exercia, faz jus o segurado à concessão de auxílio-acidente. 2. Ademais, nos termos do Anexo II, quadro n.º 5, alínea 'd' do Decreto n.º 3.048/99, a perda de segmento de membros é circunstância suficiente à outorga de auxílio-acidente aos segurados da Previdência Social. (TRF4, EINF 2007.71.99.005817-6, Terceira Seção, Relator Alcides Vettorazzi, D.E. 10/07/2009)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL. INEXISTÊNCIA. REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL À ÉPOCA DO ACIDENTE (FATO GERADOR). 1. Tratando-se de aposentadoria por invalidez, auxílio-doença ou auxílio-acidente, o Julgador firma a sua convicção, via de regra, por meio da prova pericial. 2. Hipótese em que o perito judicial concluiu no sentido da redução da capacidade laboral da autora, não havendo, pois, incapacidade para o exercício de atividades laborais, não é devido o benefício de auxílio-doença, tampouco o de aposentadoria por invalidez. 3. O acidente (fato gerador) que causou as lesões que reduzem a capacidade laboral da autora ocorreu na década de 60, quando não havia previsão legal do auxílio-acidente e nem da qualidade de segurado para os trabalhadores rurais (Lei nº 3.807/60), motivo pelo qual não lhe pode ser concedido o benefício de auxílio-acidente atualmente previsto. (TRF4, AC 2006.71.99.004209-7, Quinta Turma, Relator Alcides Vettorazzi, D.E. 15/06/2009)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DESCONSTOS DE VALORES SOBRE O BENEFÍCIO PELO INSS. ILEGALIDADE. DIREITO À CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. 1. Tratando-se de mandado de segurança que questiona a legalidade dos descontos efetuados pelo INSS junto ao benefício de aposentadoria por invalidez, por indevida

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cumulação do mesmo com auxílio-acidente, é necessário, como primeira análise, verificar se há direito, ou não, a tal cumulação. Somente depois, caso considerado inexistir tal direito, será necessário prosseguir na análise de percepção de boa ou má-fé, de eventual ocorrência de decadência etc, porque tais questionamentos demandam que o ato administrativo esteja eivado de ilegalidade, o que não ocorre quando há direito ao acúmulo. 2. Em se tratando de auxílio-acidente concedido anteriormente ao advento da Lei 9.528, de 10-12-97, ou seja, já estando em gozo de auxílio-acidente, entende esta Corte que há direito a receber esse benefício cumulado com a aposentadoria, já que àquela época inexistia tal vedação. (TRF4, APELREEX 2008.71.09.001041-6, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 01/06/2009)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REVISÃO DA RENDA MENSAL AOS FINS DE INCORPORAÇÃO DA METADE DO VALOR DO AUXÍLIO-ACIDENTE (LEI Nº 8.213/91, ART. 86, § 4º). INVIABILIDADE. 1. Os direitos inerentes à pensão por morte, em homenagem ao princípio tempus regit actum, são norteados pela lei que rege os fatos praticados quando do fato gerador do benefício, não se cogitando da legislação de vigência quando da concessão do auxílio-acidente. 2. Incidência da Lei nº 9.032/95, que revogou o § 4º do art. 86 da Lei nº 8.213/91. 3. Apelação improvida. (TRF4, AC 2009.71.99.001394-3, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 25/05/2009)

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE VITALÍCIO, CONCEDIDO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 6.367/76. CUMULAÇÃO COM ULTERIOR APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. Em se tratando de auxílio-acidente concedido, em caráter vitalício, sob a égide da Lei n.º 6.367/76 (artigo 6º, § 1º), a ulterior concessão de aposentadoria, ainda que sob a égide do artigo 86, § 3º, da Lei n.º 8.213/91, na redação dada pela Lei n.º 9.528/97, não afeta o direito adquirido à percepção do aludido benefício, em caráter vitalício. (TRF4, APELREEX 2008.71.10.003646-9, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 19/05/2009)

PREVIDENCIÁRIO. AMPARO POR INCAPACIDADE LABORAL. INEXISTÊNCIA DE MOLÉSTIA INCAPACITANTE. AUXÍLIO-ACIDENTE. NEXO CAUSAL COM EVENTO INFORTUNÍSTICO DE QUALQUER NATUREZA. INEXISTÊNCIA. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA. 1. Hipótese que não enseja a concessão de qualquer benefício previdenciário por incapacidade laboral por conta da visão monocular da parte autora, decorrente de leucoma corneano e catarata em olho direito, visto não estar impedida de exercer as suas atividades habituais, bem como pelo fato de inexistir nexo causal com acidente de qualquer natureza. 2. O benefício de auxílio-acidente decorre da diminuição da aptidão laborativa oriunda de seqüela de acidente de qualquer natureza, consoante disposição contida no artigo 86 da Lei nº 8.213/91: O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 3. Caso em que a visão monocular decorre de moléstia que acomete o segurado, e não de evento infortunístico, circunstância que afasta a possibilidade de concessão do auxílio-acidente. 4. Invertida a sucumbência, condena-se o autor ao pagamento das custas processuais, de honorários advocatícios de R$ 465,00, e ao reembolso à Justiça Federal de honorários periciais no valor de R$ 234,80, de acordo com a Resolução nº 558/2007 - CJF, suprindo-se a omissão da sentença quanto a estes últimos, restando suspensa a exigibilidade de todas essas verbas, no entanto, em face do benefício da Assistência Judiciária Gratuita. 5. Impossibilidade de devolução de valores percebidos por força de tutela antecipatória, em face da natureza alimentar dos benefícios previdenciários. 6. Suprida a omissão da sentença. Apelação da parte autora improvida. Apelação do INSS provida. Tutela antecipatória cassada. (TRF4, AC 2009.71.99.000990-3, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 04/05/2009)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. NÃO COMPROVAÇÃO DE ACIDENTE. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Muito embora tenha sido comprovada a redução da capacidade laboral da demandante, não faz jus ao benefício de auxílio-

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acidente, uma vez que não foi comprovado que tal redução decorreu de acidente e, também, porque a autora enquadrava-se como contribuinte individual, segurado que não tem direito a referido benefício. (TRF4, AC 2008.71.99.005562-3, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 23/03/2009)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. MARCO INICIAL. JUROS DE MORA. TUTELA ESPECÍFICA. 1. Manutenção da decisão que concedeu auxílio-acidente a contar do cancelamento administrativo do auxílio-doença, porquanto comprovado pelo conjunto probatório que a parte autora, desde essa época, é portadora de seqüela decorrente de acidente que implica redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 2. Juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação, consoante Súmulas 03 e 75 deste Tribunal. 3. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo). (TRF4, APELREEX 2008.72.99.001028-9, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 11/02/2009)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA. AUXÍLIO-ACIDENTE. REDUÇÃO DA INCAPACIDADE LABORAL. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO. HONORÁRIOS PERICIAIS. 1. Nas ações em que se objetiva a aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial. 2. Os benefícios decorrentes de redução da capacidade são fungíveis, sendo facultado ao julgador (e, diga-se, à Administração), conforme a espécie de incapacidade constatada, conceder um deles, ainda que o pedido tenha sido limitado ao outro. Dessa forma, o deferimento do amparo nesses moldes não configura julgamento ultra ou extra petita. 3. Comprovada a existência de redução da capacidade para o trabalho, uma vez preenchidos os requisitos previstos no art. 86 da Lei nº 8.213/91, é de ser reconhecido o direito ao auxílio-acidente. 4. Sucumbente, cabe ao requerido arcar com os honorários periciais. Omissão da sentença que se supre. (TRF4, APELREEX 2006.72.01.004044-1, Sexta Turma, Relatora Maria Isabel Pezzi Klein, D.E. 30/10/2008)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-SUPLEMENTAR ACIDENTÁRIO CONCEDIDO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI 9.528/97. APOSENTADORIA ESPECIAL. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. TEMPUS REGIT ACTUM. CORREÇÃO MONETÁRIA. IGP-DI. 1. A partir da entrada em vigor da Lei n.º 9.528/97, que deu nova redação ao § 2º do art. 86 da Lei n.º 8213/91, restou vedada expressamente a acumulação do auxílio-acidente com qualquer aposentadoria. 2. Não obstante, tendo sido o amparo acidentário concedido anteriormente à vigência da novel legislação, possível a cumulação, em homenagem ao princípio tempus regit actum. Precedentes do egrégio Superior Tribunal de Justiça. 3. A atualização monetária, a partir de maio de 1996, deve-se dar pelo IGP-DI, de acordo com o art. 10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei nº 8.880/94. Omissão que se supre de ofício. (TRF4, AC 2008.71.99.003517-0, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 15/10/2008)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. ACIDENTE DE QUALQUER NATUREZA OCORRIDO ANTES DA LEI 9.129/95. INCAPACIDADE LABORATIVA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DEVIDA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS. 1. Indevida a concessão de auxílio-acidente, pois o acidente de trânsito ocorreu em 1993, sendo que tal benefício somente passou a ser devido em casos tais (acidentes de qualquer natureza) com o advento da Lei 9.129/95. 2. Comprovado que a autora está incapacitada para o trabalho de forma total e definitiva, considerados o quadro clínico e as condições pessoais, é de ser reformada a sentença para lhe conceder o benefício de aposentadoria por invalidez, desde a data do cancelamento administrativo do primeiro auxílio-doença. 3. Nas ações previdenciárias, os honorários advocatícios devem ser fixados no percentual de 10% (dez por cento)

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sobre o valor das parcelas devidas até a data da sentença, consoante Súmula nº 76 desta Corte. 4. Custas por metade (Súmula 02 do extinto TARGS e art. 11 da Lei Estadual nº 8.121/85, não revogada pela Lei Estadual nº 12613/06). (TRF4, APELREEX 2008.71.99.000615-6, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 15/08/2008)

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. AUXÍLIO-ACIDENTE. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA. PERCENTUAL. GRAU MÁXIMO DE REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. LEI VIGENTE À ÉPOCA. 1. O auxílio-acidente será concedido ao segurado que apresentar seqüela decorrente de acidente de trabalho, que implique em redução de sua capacidade laborativa, a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença. 2. Consoante redação original do artigo 86 e seus parágrafo, da Lei 8.213/91, a redução da capacidade laborativa poderia se dar em três graduações, em razão da gravidade da lesão, de 30, 40 ou 60% do salário-de-contribuição do dia do acidente, ou do salário-de-benefício, o que for mais benéfico. (TRF4, AC 2004.04.01.010045-8, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 12/08/2008)

PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE E AUXÍLIO-DOENÇA. BENEFÍCIOS MOTIVADOS PELA MESMA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Como ainda não cessou o auxílio-doença relativo aos mesmos fatos que eventualmente ensejariam a concessão do auxílio-acidente postulado, este não é devido, pois só tem início a partir do dia seguinte ao do término daquele, conforme dispõe o art. 86, §2º, da LBPS. 2. In casu, tendo os benefícios origem na mesma causa, inviável sua cumulação. (TRF4, AC 2006.71.99.003268-7, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 23/06/2008)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CUMULAÇÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE/AUXÍLIO-ACIDENTE. Tendo o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul se manifestado no sentido da competência da Justiça Federal para examinar o feito, à qual falece de competência para a questão, segundo entende este Tribunal, é de suscitar-se conflito negativo de competência perante o Egrégio STJ, com fundamento no art. 105, I, "d", da Constituição Federal. (TRF4, QUOAG 2008.04.00.012429-0, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 20/05/2008)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE E AMPARO ASSISTENCIAL. ACUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Impossibilidade de acumulação dos benefícios de auxílio-acidente e amparo assistencial, consoante previsão contida no art. 20, § 4º da Lei 8742, de 07.12.1993. 2. Improvimento da apelação. (TRF4, AC 2007.71.99.009963-4, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 09/06/2008)

5. Procedimentos

- Verificar qual a enfermidade incapacitante;- Obter exames e atestados médicos, comprovantes de internação hospitalar, comprovantes de tratamento nos postos do SUS, etc;- Se o cliente já perdeu a qualidade de segurado, verificar se a incapacidade ao trabalho não remontava a período anterior a esta perda (no período de graça, por exemplo);- Sendo o caso, juntar fotos que demonstrem a enfermidade.- Não esquecer que há a possibilidade de, no curso da lide, peticionar alterando a doença incapacitante.

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VII. Benefícios de Proteção à Família

1. Pensão por Morte

1.1. Base Legal

Arts. 74-79, LBPS; arts. 105-115, RPS.A pensão por morte é uma prestação previdenciária continuada, de

caráter substitutivo, destinado a suprir, ou pelo menos minimizar, a falta daqueles que proviam as necessidades econômicas dos dependentes.

1.2. Titular

Dependentes do segurado aposentado ou não, obedecidas as classes do art. 16, LBPS.

Habilitação posterior: art. 76, LBPS “A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.”

1.2.1. Critério da Maior Classe

A classe superior exclui o recebimento pelas classes menores.

1.2.2. Critério do Rateio

Havendo mais de um dependente na mesma classe, há divisão da pensão em partes iguais.

1.2.3. Critério da Reversão das Cotas

Quando cessar uma das cotas da pensão, esse valor reverterá aos demais pensionistas (art. 77, § 1º, da LBPS: “Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar”).

Esta reversão aplica-se também as pensões concedidas com base na legislação anterior, desde que o direito do titular cessar a partir de 25/07/91.

Na legislação anterior (art. 39, LOPS, consolidado nos arts. 55 da CLPS/76 e 51 da CLPS/84), cessando o direito do titular, as cotas eram extintas. Deveria haver novo cálculo, uma vez que era devido 50% (cota familiar) mais 10% por dependente. Ou seja, somente haveria redução da pensão, se o número de dependentes baixasse de 5.

CLPS/84, art. 50. “A cota da pensão se extingue: I - pela morte do pensionista;II - para o pensionista do sexo feminino, pelo casamento;III - para o filho ou irmã, quando, não sendo inválido, completa 18 (dezoito) anos de idade;IV - para a filha ou irmão, quando, não sendo inválida, completa 21 (vinte e um) anos de idade;V - para o dependente designado do sexo masculino, quando, não sendo inválido, completa 18 (dezoito) anos de idade;

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VI - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez...”“Art. 51. Se o número dos dependentes passe de 5 (cinco), a exclusão do pensionista, nas hipóteses do artigo 50, só afeta o valor da pensão quando o número se reduz a 4 (quatro) ou menos.Parágrafo único. Com a extinção da cota do último pensionista a pensão se extingue.”

1.2.4. Critério da Dependência Econômica (para os dependentes da classe I, a dependência econômica é presumida)

Para os dependentes das classes II e III deverá ser comprovada a dependência econômica em relação ao de cujus.

Comprovação da dependência econômica para fins de enquadramento no art. 16, II e III, da LBPS - súmula 08 da TRU4:

“A falta de prova material, por si só, não é óbice ao reconhecimento da dependência econômica, quando por outros elementos (apenas por prova testemunhal, por exemplo) o juiz possa aferi-la.” D.E. (Judicial 2) de 21/09/2007

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RAZÕES NA MESMA LINHA DO JULGADO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. 1. Não se conhece de ponto recursal cujas razões estão na mesma linha do decisum. 2. Cuidando-se de prestações de natureza continuada apenas as cotas devidas no qüinqüênio anterior à propositura da ação é que são alcançadas pelo fenômeno extintivo. 3. Na vigência da Lei nº 8.213/91, dois são os requisitos para a concessão de benefício de pensão por morte, quais sejam, a qualidade de segurado do instituidor e a dependência dos beneficiários, que se preenchidos, enseja o seu deferimento. 4. É possível o julgador basear-se exclusivamente na prova testemunhal para reconhecer a dependência econômica dos pais em relação ao falecido filho (AC nº 2004.04.01.045943- 6/SC, TRF/4ª R., 6ª T., Rel. Des. João Batista Pinto Silveira, j. 06/04/2005, DJU 27/-4/2005, pg. 850).

1.3. Requisitos (da Pensão por morte)

Apenas a qualidade de segurado e de dependente na data do óbito, não sendo exigida carência. A CLPS-84 exigia carência de 12 meses.

Será concedida a pensão por morte, mesmo sem a qualidade de segurado na data do óbito, se o falecido já tivesse implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria (art. 102, § 2°). Por analogia, também vale se possui os requisitos do auxílio-doença.

1.4. Termo Inicial

Art. 74, da LBPS, e art. 105, RPS:Morte Data do óbito: quando requerida em até 30 dias após o óbito;

Data do requerimento: se requerida após os 30 dias.

Obs: - Até a Lei 9.528, de 10/12/1997, o benefício era devido para qualquer dependente desde a data do óbito, independente da data do requerimento. Assim, o dependente recebia os atrasados desde a morte, apenas limitado pela prescrição. Se o segurado falecesse antes desta lei e o segurado pedisse a pensão depois, receberia os atrasados desde a data da morte. Esta lei alterou o art. 74, da LBPS, não fazendo distinção em relação aos absolutamente incapazes.- Com o Decreto nº 4.032, de 26/11/2001, o dependente menor até dezesseis anos de idade

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recebia desde a data do óbito, desde que requeresse em até trinta dias após completar essa idade. Recebia os atrasados desde a morte, não limitado pela prescrição, pois esta não corre contra menor. Esse Decreto foi revogado pelo Dec. 5.545, de 22/9/2005.- Memorando-Circular n.º 17 INSS/DIRBEN, de 08/04/2009: determina o pagamento da pensão por morte e auxílio-reclusão desde o óbito ao absolutamente incapaz..

Morte Presumida- pensão provisória*

Data da decisão judicial, após 6 meses de ausência (art. 78, LB e art. 112, II, RPS). Obs: tem prazo próprio, não se confundindo com os prazos do CC.Competência da Justiça Federal, se a declaração de ausência destina-se à obtenção da pensão por morte (termo inicial = data da sentença de ausência) (RE 256.547/SP, de 11/09/2000)Em caso de acidente, desastre ou catástrofe: data da ocorrência (art. 112, II, RPS). Desnecessária a sentença judicial e o transcurso de 6 meses.

O reaparecimento do segurado implicará imediata cessação da pensão, não estando, porém, os dependentes obrigados à devolução dos valores, salvo má-fé (art. 78, § 2º).

1.5. Termo Final

Art. 77, §§ 2° e 3°:“§ 2º A parte individual da pensão extingue-se:I - pela morte do pensionista;II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido; III - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez.§ 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-á.”

A invalidez do dependente deve estar presente da data do óbito ou, se já recebendo pensão, enquanto não completar 21 anos (ver art.115, RPS).

Pensão por morte para filho até 24 anos, se estiver cursando ensino superior: havia decisões judiciais concedendo. Porém, pacificou-se no sentido da improcedência (ver. súm. 74, do TRF4, DJ 02-02-2006).

A pensão por morte não cessa para o cônjuge que contrair novo matrimônio, somente não poderá cumular nova pensão por morte deixada por outro cônjuge ou companheiro, ressalvada a opção pela mais vantajosa. (art. 124, VI, LBPS). Mas poderá cumular pensão deixada por filho com a deixada por cônjuge.

1.6. Valor do Benefício

Antes da Lei 8.213/91

50% SB + 10% por dependente, até 100% (art. 48, CLPS/84)

Após 8.213/91 até a Lei 9.032/95

80% SB (cota família) + 10% por dependente, até 100%;100% SB ou do último SC, o maior, para acidente de trabalho

Após a Lei 9.032/95

100% SB (p/o segurado que não estava aposentado) (este percentual não alcança o pensionista cujo segurado faleceu antes desta lei – ver RE 415454 e 416827, decisão de 02/2007)

SB = valor da aposentadoria, ou se não aposentado, o valor da aposentadoria por invalidez que teria direito, calculada na data do óbito. Se no benefício original havia a aplicação do Fator Previdenciário, este se refletirá indiretamente no valor da pensão por morte.

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Vários dependentes na mesma classe: benefício rateado em partes iguais (art. 77, caput, LBPS).

Não será incorporado o acréscimo de 25% pago ao aposentado por invalidez que necessite de assistência permanente de outra pessoa.Não se inclui na pensão o valor referente ao auxílio-acidente que o segurado estivesse recebendo junto com a aposentadoria (art. 39, § 4°, do RPS).

Pode haver cumulação de pensão por morte com aposentadoria no RGPS, ou com outro benefício de outro regime.

1.7. Jurisprudência

Ação judicial para inclusão de novo pensionista: os que já recebem a pensão são litisconsortes passivos necessários junto com o INSS. Neste caso, é possível ingressar nos JEF, mesmo que o art. 6°, II, da Lei 10.250/01, não mencione a possibilidade de pessoa física ser ré.

Revisão da Renda Mensal da Pensão por MorteCom a Lei 9.032/95, que alterou o art. 75, da LBPS, o valor da renda

mensal da pensão por morte passou a 100% do SB. A questão que se coloca é da possibilidade ou não da retroação da nova lei às pensões já concedidas em percentual menor.

O STJ e o TRF4 vinha entendendo pela imediata aplicação da nova lei aos benefícios anteriores. Segundo o STJ, “...não significa aplicação retroativa da lei nova, mas sua incidência imediata, pois qualquer aumento de percentual passa a ser devido a partir da sua vigência” (Bem. Diverg. Em REsp 297.274/AL). No mesmo sentido, veja súm. 15 da TUN.

Assim, o novo percentual deveria alcançar imediatamente todos os benefícios de pensão, independente da lei vigente ao tempo do óbito do segurado, sem,contudo, retroagirem à época anterior a suas respectivas vigências, respeitando-se, sempre, a prescrição qüinqüenal.

Porém, o STF nas RE 415454 e 416827, decisão de 02/2007, indeferiu a retroação da lei nova, resolvendo a questão.

BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. APLICAÇÃO DE LEI SUPERVENIENTE AO ÓBITO. OFENSA AOS ARTIGOS 5º, XXXVI e 195, §5º, DA CF. RESCINDIBILIDADE. É rescindível, por violação à literalidade dos artigos 5º, XXXVI e 195, § 5º, da Constituição Federal (CF), a decisão que aplica a benefício previdenciário de pensão por morte lei superveniente ao óbito do segurado. (TRF4, AR 2007.04.00.011695-1, Terceira Seção, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 19/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-ESPOSA QUE DISPENSOU OS ALIMENTOS NA SEPARAÇÃO JUDICIAL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA SUPERVENIENTE NÃO COMPROVADA. 1. Na vigência da Lei nº 8.213/91, dois são os requisitos para a concessão da pensão por morte, quais sejam, a qualidade de segurado do instituidor e a dependência econômica dos beneficiários que, se não preenchidos, ensejam o seu indeferimento. 2. A jurisprudência desta Corte é favorável à concessão de pensão por morte para ex-cônjuge, mesmo tendo havido dispensa de alimentos na separação judicial, desde que comprovada a dependência econômica superveniente à separação e anterior ao óbito, o que não ocorreu na hipótese. (TRF4, AC 2006.71.99.004349-1, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 09/10/2007)

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PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-ESPOSA QUE NÃO RECEBE ALIMENTOS. POSTERIOR NECESSIDADE FINANCEIRA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. RATEIO DO BENEFÍCIO COM EX-ESPOSA JÁ BENEFICIÁRIA DA PENSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. HONORÁRIOS.1. É devida pensão por morte ao ex-cônjuge separado judicialmente, ainda que tenha havido dispensa dos alimentos por ocasião da separação, desde que demonstrada a necessidade econômica superveniente, até por ser o direito à pensão alimentícia irrenunciável, consoante o art. 1707 do Código Civil. Precedentes do STJ. 2. O fato de a ex-esposa ter dispensa do os alimentos quando da separação não impede a percepção de pensão por morte por ela, mas afasta a presunção de dependência econômica contida no artigo 16, I e § 4º, da Lei n.º 8.213/91, devendo esta ser comprovada, ao contrário do cônjuge que já recebia alimentos , caso em que a dependência econômica é presumida. 3. A comprovação da necessidade econômica do benefício faz-se por meio de início de prova documental corroborada por prova testemunhal consistente. 4. O atual percebimento do benefício de pensão por outra ex-esposa do instituidor da pensão, co-ré nesta ação, não é óbice ao deferimento do benefício à autora, já que, habilitando-se outra pessoa ao recebimento da pensão, e comprovado o seu direito ao recebimento, é perfeitamente cabível a divisão do benefício entre ambas. Inteligência do art. 77 da Lei n.º 8.213/91. 5. Hipótese em que deverá ser feito o rateio da pensão entre duas ex esposas do segurado falecido, uma divorciada e outra separada judicialmente. (...). (AC 2002.04.01.043501-0/RS, 6ªT, Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Aurvalle, DJU 13/07/2005, p. 650)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ULTRA PETITA. REMESSA OFICIAL. CONTROVÉRSIA INFERIOR A 60 SALÁRIOS MÍNIMOS. NÃO-CONHECIMENTO. PENSÃO POR MORTE. VIÚVA.QUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS. COMPROVAÇÃO. VERBA HONORÁRIA. 1. A sentença ultra petita deve ser adequada de ofício aos limites da pretensão deduzida na inicial. 2. Aplicável à hipótese o §2º do art. 475 do CPC, acrescido pela Lei n.º 10.352/2001, por se tratar de controvérsia inferior a 60 salários mínimos, não se submete o feito ao duplo grau obrigatório de jurisdição. 3. Comprovado que o de cujus estava vinculado à Previdência Social por ocasião do óbito, tendo em vista o período de graça, previsto no art. 15 da Lei n° 8.213/91, durante o qual mantém a qualidade de segurado independentemente do recolhimento de contribuições, é de ser concedido o benefício de pensão por morte à sua ex-esposa, desde a data do indeferimento administrativo, nos limites do pedido. 4. Os honorários advocatícios, a cargo do INSS, são devidos no patamar de 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a data da prolação da sentença, excluídas as parcelas vincendas, a teor da Súmula 111 do STJ e conforme entendimento pacificado na Seção Previdenciária deste TRF e no Superior Tribunal de Justiça. 5. Sentença adequada, de ofício, aos limites do pedido. Remessa oficial não conhecida. Apelação do INSS parcialmente provida. (TRF4, AC 2007.72.99.002754-6, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 09/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NETA. GUARDA DE DIREITO OU DE FATO. NÃO COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1. Inexistindo comprovação de guarda de direito ou de fato da avó falecida sobre a menor, uma vez que a mãe da autora com ela morava e participava de sua criação, justifica-se o indeferimento do benefício de pensão, porquanto não atendida a exigência inserta no artigo 16, incisos e § 2º, da Lei n.º 8.213/91. 2. Invertida a sucumbência, cabe à parte autora o pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes fixados em R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais), cuja exigibilidade resta suspensa por ser beneficiária da Justiça Gratuita. 3. Apelação do INSS provida. (TRF4, AC 2001.71.02.003066-3, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 10/10/2007)

"PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE DA AVÓ. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL E DA GUARDA DE FATO.1. A situação de dependência econômica, por si só, não se presta para justificar o enquadramento de alguém como dependente para fins previdenciários. A dependência econômica efetiva somente tem relevância jurídica se houver possibilidade de

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enquadramento em uma das hipóteses previstas na legislação de regência (art. 16 da Lei 8.213/91).2. O conjunto probatório dos autos não autoriza a caracterização de uma eventual guarda de fato exercida pela avó.3. A guarda pressupõe a orfandade ou, quando menos, a destituição do pátrio poder. De guarda (ou mesmo tutela) de fato, pois, somente se poderia cogitar, em se tratando de menor não tem pai ou mãe, e é criado e mantido por outra pessoa. Ou, ainda, de menor que informalmente foi colocado em família substituta. Nas situações em que o menor convive, ainda que esporadicamente, com seus pais, mas é mantido economicamente por outra pessoa, não se pode cogitar de tutela ou guarda de fato. Há, pura e simplesmente, dependência econômica. Dependência econômica, todavia, não é hipótese de dependência para fins previdenciários (art. 16 da Lei 8.213/91). Fosse assim, a qualidade de dependente para fins previdenciários poderia ser alegada em relação a qualquer pessoa, mesmo sem vínculo de parentesco. (EIAC - n° 2006.72.99.000703-8/SC; Rel. Des. Ricardo Teixeira do Valle Pereira; 3° Seção; publicado em 14-03-2007).

"PENSÃO POR MORTE. DECRETO N.º 77.077/76. CÔNJUGE DESQUITADA. SOBREVIVÊNCIA COM O PRÓPRIO TRABALHO. SÚMULA Nº 336 DO STJ. Não tem direito à pensão por morte a ex-mulher que dispensou alimentos à época da separação judicial (desquite), nos termos do art. 16 do Decreto n.º 77.077, de 1976, e, por ocasião do óbito do segurado, trabalhava e sobrevivia do produto do seu trabalho. Hipótese em que não comprovada a dependência superveniente prevista na Súmula nº 336 do STJ. (TRF4, AC 2004.04.01.027465-5, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 10/10/2007)

STJ, súm. 340: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.” DJ DATA:13/08/2007;

STJ, súm. 336: “A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.” DJ DATA: 07/05/2007;

PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DE PENSÃO POR MORTE RURAL E APOSENTADORIA ESTATUTÁRIA. A única restrição prevista pela Consolidação das Leis da Previdência Social Urbana (Decreto nº 89.312-84) à cumulação de benefícios previdenciários está inserida no art. 20. Esta, contudo, não alcança a hipótese de cumulação de aposentadoria urbana com mais um benefício de origem no regime previdenciário rural, orientação que se confirmou no artigo 124 da Lei 8.213-91. Não há impedimento para a cumulação dos benefícios de pensão por morte de trabalhador rural e aposentadoria estatutária, dessa forma, deve ser mantida a sentença que condenou o INSS a restabelecer o benefício de pensão por morte à autora, desde a sua cessação, respeitada a prescrição qüinquenal. (TRF4, AC 2004.04.01.001444-0, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 11/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MECÂNICO. AUTÔNOMO. SEGURADO OBRIGATÓRIO. INCRIÇÃO POST MORTEM. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONSECTÁRIOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A esposa do segurado tem sua dependência econômica presumida, nos termos dos artigos 13 e 15 do Decreto 77.077/76. 2. Comprovada a vinculação do de cujus à Previdência, é possível a inscrição post mortem. 3. A atualização monetária, a partir de maio de 1996, deve-se dar pelo IGP-DI, de acordo com o art. 10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei nº 8.880/94. 4. Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar. Precedentes do STJ. 5. Devem ser fixados em 10% sobre o valor da condenação, excluídas as parcelas vincendas, observando-se a Súmula 76 desta Corte: "Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, devem incidir somente sobre as parcelas vencidas até a data da sentença de procedência ou do acórdão que reforme a

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sentença de improcedência". (TRF4, AC 2005.71.01.000097-7, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 11/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO DO PRAZO DURANTE A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEPENDENTES CAPAZES E ABSOLUTAMENTE INCAPAZES. 1. A prescrição qüinqüenal não atinge o direito ao benefício, mas apenas o direito à percepção dos créditos anteriores a cinco anos contados do ajuizamento da ação. 2. Tratando-se de menor absolutamente incapaz não tem curso o prazo prescricional, o qual somente começa a correr na data em que o interessado completa 16 anos de idade (arts. 198, I, e 3º, I, do Código Civil e art. 103, parágrafo único, da Lei 8.123/91). 3. Durante o período de tramitação de processo administrativo no qual se discute sobre o direito do dependente ou segurado, o prazo prescricional fica suspenso (art. 4º do Decreto 20.910/32). 4. No caso da pensão não há, em rigor, solidariedade entre os credores (dependentes), sendo, ademais, divisível a obrigação, de modo que a não-incidência da prescrição em relação ao dependente incapaz não se comunica ao dependente capaz, sendo descabida invocação, no caso, do artigo 201 do Código Civil. 5. Consumada a prescrição em relação ao dependente capaz, ao incapaz deve ser assegurado somente o pagamento de sua quota-parte. (TRF4, AC 2003.04.01.051040-1, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 24/08/2007)

PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE MENOR. HABILITAÇÃO POSTERIOR. TERMO INICIAL. 1. O termo inicial da pensão por morte paga a dependente menor é a data do óbito do segurado instituidor do amparo. 2. Conforme a inteligência do art. 76 da Lei 8.213/91, a inscrição tardia de dependente não impede o percebimento integral por parte daquele que faz jus ao benefício desde data anterior. 3. Consoante entendimento predominante nesta Corte, o absolutamente incapaz não pode ser prejudicado pela inércia de seu representante legal, até porque não se cogita de prescrição em se tratando de direitos de incapazes, a teor do art. 198, inciso I, do Código Civil c/c os artigos 79 e 103, parágrafo único da Lei de Benefícios, não se lhe aplicando o disposto no artigo 74 da Lei 8.213/91. (TRF4, AC 2007.71.99.007201-0, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 24/08/2007)

"PREVIDENCIÁRIO. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE. ÓBITO OCORRIDO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI 9.528/97. MENOR ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. NÃO OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. -O marco inicial do benefício é estabelecido pela legislação vigente à data do óbito, contudo, por se tratar de interesse de menor absolutamente incapaz, não há se falar na aplicação dos prazos prescricionais previstos no art. 74, com as alterações da Lei 9528/97, pois contra este não corre prescrição." (TRF 4ª Região, Processo: 2002.70.02.006894-2/PR, Sexta Turma, Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira, DJU 15-12-2004, p. 706)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PAGAMENTO CONTRIBUIÇÕES POST MORTEM. CONTRIBUINTE OBRIGATÓRIO. - Não se trata de ato de inscrição post mortem, mas de mera regularização dos valores devidos, por tratar-se de contribuinte obrigatório. - Se a autarquia propõe a regularização do pagamento das contribuições conforme espelha a GRPS, bem como não devolve os valores recolhidos, não pode posteriormente negar o benefício. - Devida a pensão por morte ao conjunto de dependentes, no caso, a viúva e dois filhos menores. (AC nº 2001.04.01.037145-3/SC, 6ª Turma, Rel. Juiz Federal Álvaro Eduardo Junqueira, DJU, de 18-12-2002, p. 963)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. LEGISLAÇÃO VIGENTE. DEPENDENTE DESIGNADA. ALTERAÇÃO PELA LEI 9.032/95. NETA. A pensão independe de carência e rege-se pela legislação vigente quando da sua causa legal. Desde a edição da Lei nº 9.032/95, que revogou o inciso IV do artigo 16 da Lei de Benefícios, não é mais possível a designação de dependentes previdenciários. Na hipótese, a neta do de cujus não é dependente previdenciária à luz da legislação vigente

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na data do óbito do segurado. (TRF4, AC 2006.72.99.000346-0, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 09/10/2007) PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ÓBITO DE BENEFICIÁRIO DE OUTRA PENSÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Se a de cujus percebia o benefício de pensão por morte em decorrência do óbito de seu marido, com o seu falecimento extingue-se a pensão, razão pela qual não gera nenhum direito a seus eventuais dependentes. 2. Apelação improvida. (TRF4, AC 2006.72.99.001668-4, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 09/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MECÂNICO. AUTÔNOMO. SEGURADO OBRIGATÓRIO. INCRIÇÃO POST MORTEM. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONSECTÁRIOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A esposa do segurado tem sua dependência econômica presumida, nos termos dos artigos 13 e 15 do Decreto 77.077/76. 2. Comprovada a vinculação do de cujus à Previdência, é possível a inscrição post mortem. 3. A atualização monetária, a partir de maio de 1996, deve-se dar pelo IGP-DI, de acordo com o art. 10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei nº 8.880/94. 4. Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar. Precedentes do STJ. 5. Devem ser fixados em 10% sobre o valor da condenação, excluídas as parcelas vincendas, observando-se a Súmula 76 desta Corte: "Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, devem incidir somente sobre as parcelas vencidas até a data da sentença de procedência ou do acórdão que reforme a sentença de improcedência". (TRF4, AC 2005.71.01.000097-7, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 11/10/2007)

AUXÍLIO-ACIDENTE. PENSÃO POR MORTE. Os dependentes de segurado que recebe auxílio-acidente têm direito à pensão por morte em valor idêntico ao benefício acidentário. (TRF4, AMS 2001.71.08.005989-0, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 01/10/2007)

PENAL. ESTELIONATO CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL. PERCEPÇÃO FRAUDULENTA DE PENSÃO POR MORTE. SAQUES INDEVIDOS APÓS O ÓBITO DA SEGURADA. CP, ART. 171, § 3º, DO CP. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE. COMPROVADAS. ERRO DE PROIBIÇÃO. NÃO-CONFIGURAÇÃO. DIA-MULTA. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. REDUÇÃO DE VALORES. 1. O estelionato, quando praticado para obtenção de benefício previdenciário de trato sucessivo, configura delito eventualmente permanente, disso decorrendo, como conseqüência natural, a circunstância de que o prazo prescricional somente começará a fluir depois de cessada a permanência. 2. O recebimento fraudulento de benefício previdenciário, por meio do uso de cartão magnético, após o óbito da segurada, configura o estelionato tipificado no art. 171, caput e § 3º, do CP. 3. A confissão judicial, quando em sintonia com os demais elementos de convicção trazidos ao processo, é válida e deve ser levada em conta pelo julgador tanto como fundamento para uma decisão condenatória como para fins de aplicação da atenuante do art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal. 4. A potencial consciência da ilicitude do fato é elemento da culpabilidade, que não necessita ser efetiva, bastando que, com algum esforço ou cuidado, o agente possa posicionar-se sobre a ilicitude do fato. 5. Devem ser reduzidos os valores do dia-multa e da prestação pecuniária quando a situação econômica do acusado não permite o cumprimento da pena fixada na sentença. 6. Compete ao juiz da execução apreciar o pedido de isenção do pagamento de custas processuais. Precedente do STJ. (TRF4, ACR 2004.71.02.005459-0, Oitava Turma, Relator Paulo Afonso Brum Vaz, D.E. 19/09/2007)

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. HABILITAÇÃO DE SUCESSORES. 1. Em caso de falecimento do segurado no curso da ação previdenciária, não se aplicam as regras do Direito de Família para efeito de habilitação dos sucessores, mas sim a norma inscrita no art. 112 da Lei n. 8213-91. 2. Por conseguinte, somente serão declarados

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habilitados os herdeiros se inexistirem dependentes previdenciários. 3. Hipótese em que o cônjuge supérstite, beneficiário da pensão por morte, veio aos autos expressamente renunciar a quaisquer proventos oriundos do feito previdenciário. (TRF4, AG 2006.04.00.038229-4, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 27/09/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RATEIO ENTRE ESPOSA E COMPANHEIRA. 1. Na vigência da Lei nº 8.213/91, dois são os requisitos para a concessão de benefício de pensão por morte, quais sejam, a qualidade de segurado do instituidor e a dependência dos beneficiários que, se preenchidos, ensejam o seu deferimento. 2. As provas carreadas aos autos comprovam que o falecido, na data do óbito, apenas estava morando em outra cidade em razão de seus problemas de saúde e dos problemas decorrentes de ter duas famílias, mas que, na verdade, mantinha, como em grande parte de sua existência manteve, convivência com as suas duas famílias, ajudando-as financeiramente. O vínculo entre o falecido e suas duas famílias, na realidade, nunca foi rompido, caso em que o mais justo é o rateio da pensão entre a esposa e a companheira do de cujus. (TRF4, AC 2005.71.00.012533-9, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 13/09/2007)

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. MANUTENÇÃO DE PENSÃO POR MORTE ATÉ 24 ANOS. ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO. SÚMULA 74 DESTA CORTE. 1. Conforme estabelece o art. 77, § 2º, II, da Lei nº 8.213/91, a pensão por morte será extinta "para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 anos de idade, salvo se for inválido." 2. A hipótese legal não contempla prorrogação para o caso de estudante universitário que precise da verba previdenciária para custear seus estudos, conforme estabelece a Súmula nº 74 desta Corte. 3. Recurso do Impetrante improvido. (TRF4, AMS 2006.71.12.001088-0, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 27/08/2007)

1.8. Análise de Casos

Maria ao requisitar o benefício da pensão por morte de João ao INSS teve seu pedido indeferido. Considere as seguintes causas de indeferimento e elabore uma defesa:

• Motivo do indeferimento: falta da qualidade de segurado a. quando de seu falecimento, João não mais contribuía a 28 meses, pois estava

desempregado. Seu último vínculo trabalhista durou 13 anos.b. Maria é neta de João;c. Maria é sobrinha de João;d. Maria era “filha de criação” de João;e. quando de seu falecimento, João não mais contribuía há 5 anos, mas

apresentava doença incapacitante;f. Quando de seu passamento, João era beneficiário do LOAS;g. João, com 50 anos de idade, tinha no dia anterior ao seu falecimento

começado a trabalhar na roça em uma chacrinha que adquirira;h. quando de seu falecimento, João não mais contribuía há 5 anos. Porém, João

nunca deixou de exercer a atividade de “biscateiro”;i. quando de seu falecimento, João não possuía nenhuma contribuição junto à

autarquia, mas estava trabalhando como contribuinte individual para a empresa Sonegadores Ltda.

j. Mesmo caso anterior, porém João era empregado, mas a empresa nunca lhe descontou as contribuições.

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k. João possuía 65 anos de idade no passamento e quando tinha 35 anos de idade contava com 15 anos de contribuição. A partir daí ficou desempregado e nunca mais contribuiu.

l. João possuía 55 anos de idade no passamento e quando tinha 35 anos de idade contava com 15 anos de contribuição. A partir daí ficou desempregado e nunca mais contribuiu.

• Motivo do indeferimento: falta da qualidade de dependente :a. Dos pais, uma vez que não comprovaram a dependência econômica, eis que

apresentado apenas 2 documentos (ver art. 22, § 3º, RPS, e art. 52, § 5º, IN 20/97);

b. Não comprovada a união estável, eis que apresentado apenas 2 documentos;c. Não comprovada a união estável, porque o segurado era casado com outro

cônjuge (concubinato impuro);d. A viúva dispensou alimentos quando da separação judicial;e. O filho não era inválido na data do óbito;f. O menor sob guarda não é dependente, uma vez que excluído do rol pela Lei

9.528/97.

1.9. Procedimentos

PENSÃO POR MORTE- Caso sejam casados, obter certidão de casamento;- Obter certidão de nascimento de filhos em comum com menos de 21 anos;- No caso de união estável, obter qualquer documento que ligue o cliente ao de cujus: contas de luz e água; aluguéis; carnês de loja; declaração de dependência frente à empresa; seguro de vida; testemunhas; certidão de nascimento de filhos em comum; etc.- No caso de união estável com filhos menores de 21 anos, encaminhar de imediato o pedido ao INSS da pensão por morte em nome deles e diligenciar no sentido de obter também para a companheira a pensão;- Relacionar pessoas que moravam próximas ao casal para servir de testemunhal em juízo.

2. Auxílio-Reclusão

2.1. Base Legal

Art. 80, LBPS; arts. 116-119, RPS.

"Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.Parágrafo único. O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído com certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário.”

A expressão “...nas mesmas condições da pensão por morte”, quer dizer que se aplicam as regras gerais da pensão por morte quanto à forma de cálculo, beneficiários e cessação do benefícios. Trata-se de benefício semelhante à pensão por morte.

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2.2. Titular

Dependentes do segurado recolhido à prisão, desde que o segurado não receba remuneração da empresa nem esteja em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

2.3. Requisitos

- Qualidade de segurado e de dependente;- Reclusão ou detenção em regime fechado ou semi-aberto (art. 116, § 5°,

RPS);- O segurado não pode estar recebendo remuneração da empresa nem

estar em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço;

- Baixa renda, para benefícios concedidos a partir da EC 20/98.- Não é necessária a carência.

Baixa renda do segurado ou do beneficiário?- INSS: do segurado (ver. art. 116, RPS e art. 5°, da Port. MPS 822/05);- Jurisprudência: do dependente (ver. art. 13, da EC 20/98). Ver súmula

5, da TUR da 4ª Reg. Ver súmula 5, da TUR da 4ª Reg.: “Para fins de concessão do auxílio-reclusão, o conceito de renda bruta mensal se refere à renda auferida pelos dependentes e não a do segurado recluso.” DJ (Seção 2) de 07/07/2004, p. 240.

- OBS: o STF em recentes decisões (25/03/2009) determinaram que é a renda do preso que deve ser considerada para a concessão de auxílio-reclusão. A matéria foi discutida por meio de dois Recursos Extraordinários (REs 587365 e 486413) interpostos pelo INSS.

2.4. Termo Inicial

Termo Inicial (RPS, art. 116, § 4º)

Data do recolhimento à prisão: se requerido até trinta dias depois destaData do requerimento: se requerida depois

- Art.119, RPS: “É vedada a concessão do auxílio-reclusão após a soltura do segurado.”

2.5. Termo Final

• Livramento do segurado, seja condicional ou não;

• Conversão automática em pensão por morte, em caso de falecimento do segurado (RBPS, art. 114).

• No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado.

O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso, devendo o beneficiário apresentar trimestralmente atestado de que o

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segurado continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competente (art.117, caput e § 1º, RPS).

RPS, Art.118. Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago será automaticamente convertido em pensão por morte. Parágrafo único. Não havendo concessão de auxílio-reclusão, em razão de salário-de-contribuição superior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), será devida pensão por morte aos dependentes se o óbito do segurado tiver ocorrido dentro do prazo previsto no inciso IV do art. 13.

2.6. Valor do Benefício

Mesmo cálculo da pensão morte: valor da aposentadoria por invalidez que teria direito, calculada na data da prisão.

2.7. Repercussão Previdenciária do Período de Reclusão

- Não é contado para tempo de serviço ou carência;- Não perde a qualidade de segurado, que mantém até 12 meses após

livramento;- Pode recolher como facultativo (art. 2°, da Lei 10.666/03).- Art. 116, § 6º, RPS: “O exercício de atividade remunerada pelo

segurado recluso em cumprimento de pena em regime fechado ou semi-aberto que contribuir na condição de segurado de que trata a alínea "o" do inciso V do art. 9º [contribuinte individual] ou do inciso IX do § 1º do art. 11 [facultativo] não acarreta perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão pelos seus dependentes.” (Acrescentado pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003, em função do art. 2°, da Lei 10.666/03)

- Mesmo contribuindo como segurado individual ou facultativo, o recluso não terá direito aos benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria durante a percepção, pelos dependentes, de auxílio-reclusão, permitida a opção pelo benefício mais vantajoso, desde que com a concordância destes (art. 2°, §§ 1° e 2°, Lei 10.666/03).

2.8. Jurisprudência

AUXÍLIO-RECLUSÃO. DEPENDENTE. LIMITE DE RENDA. EC Nº 20, DE 1998, ART. 13. É devido o auxílio-reclusão aos dependentes do segurado recolhido à prisão quando, satisfeitos os requisitos do benefício, tiverem aqueles renda bruta mensal igual ou inferior ao limite estabelecido no art. 13 da Emenda Constitucional (EC) nº 20, de 1998, e, com maior razão, quando não tiverem, os dependentes, nenhuma renda. (TRF4, AC 2004.71.07.006809-2, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 15/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ILEGITIMIDADE ATIVA DO SEGURADO PRESO. QUALIDADE DE DEPENDENTE DA MÃE EM RELAÇÃO AO FILHO PRESO NÃO COMPROVADA. CUSTAS. HONORÁRIOS. 1. O auxílio- reclusão só pode ser concedido aos dependentes do segurado, nos termos do art. 80 da Lei 8.213/91, devendo o processo ser extinto sem julgamento de mérito quanto ao co-autor (segurado preso), por ilegitimidade ativa, nos termos do art. 267, VI, do CPC. 2. O benefício de auxílio-reclusão é devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, não sendo exigida a comprovação de carência. 3. Em relação aos dependentes pais, caso dos autos, a dependência econômica não é presumida, devendo, portanto, ser provada pelo requerente. 4. Não há nos autos início de prova material quanto à dependência econômica da autora em relação ao segurado-recluso. 5. A parte autora deverá arcar com as custas processuais e com os

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honorários advocatícios fixados em R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais). Suspensa a exigibilidade em face da AJG. (TRF4, AC 2007.71.99.005830-9, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 11/09/2007)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO DESEMPREGADO. LIMITADOR DA RENDA MENSAL. ART. 13 DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 20/98. ARTIGO 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 1. A regra que regula a concessão do auxílio-reclusão é a vigente na época do recolhimento do segurado à prisão, que, no caso, era a Lei nº 8.213/91, com a redação dada pela Lei 9.528/97. 2. Para fins de concessão do auxílio-reclusão, o conceito de renda bruta mensal se refere à renda auferida pelos dependentes, não à do segurado recluso. 3. O termo inicial do auxílio-reclusão deve ser fixado na data do requerimento administrativo se este ocorreu após passados trinta dias do recolhimento do segurado à prisão, por força do disposto no art. 74, inciso II, da Lei nº 8.213/91. 4. In casu, o segurado recolhido à prisão estava desempregado e seus dependentes, menores de idade, não possuem renda própria, lhes sendo devido o auxílio-reclusão. 5. Não há interesse em rever sentença no que atendeu a pretensão do apelante. 6. Deve ser ressalvada a compensação das diferenças já pagas por força da antecipação de tutela concedida. (TRF4, AC 2002.71.12.005124-3, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 28/06/2007)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ILEGITIMIDADE ATIVA DO SEGURADO PRESO. QUALIDADE DE DEPENDENTE DA MÃE EM RELAÇÃO AO FILHO PRESO COMPROVADA. MARCO INICIAL. CONSECTÁRIOS. 1. O auxílio-reclusão só pode ser concedido aos dependentes do segurado, nos termos do art. 80 da Lei 8.213/91, devendo o processo ser extinto sem julgamento de mérito quanto ao co-autor (segurado preso), por ilegitimidade ativa, nos termos do art. 267, VI, do CPC. 2. Na vigência da Lei nº 8.213/91, dois são os requisitos para a concessão de benefício de auxílio-reclusão, quais sejam, a qualidade de segurado do preso e a dependência dos beneficiários que, se preenchidos, ensejam o seu deferimento. 3. Faz jus à percepção de auxílio-reclusão a mãe se demonstrada a dependência econômica em relação ao filho preso. 4. O marco inicial do benefício, no caso, deve ser a data do requerimento administrativo. 5. Consectários em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela Terceira Seção deste Tribunal. (TRF4, AC 2006.71.99.001838-1, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 11/05/2007)

PENAL. ESTELIONATO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. AUTORIA. PROVAS INCONCLUSIVAS. ABSOLVIÇÃO. 1. A existência de estelionato restou evidenciada pelo crédito, efetuado pela Previdência Social, de auxílio-reclusão a dependente de segurado que não mais se encontrava preso. A manutenção do benefício decorreu da comprovação do encarceramento através de certidões ideologicamente falsas. 2. No que pertine à autoria, o conjunto indiciário colhido na instrução não é suficiente para alicerçar juízo condenatório, prevalecendo o in dubio pro reo. (TRF4, ACR 2000.71.04.006154-5, Oitava Turma, Relator Élcio Pinheiro de Castro, D.E. 21/03/2007)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. PRISÃO ANTERIOR À LEI 8.213/91. ESPOSA. 1. A regra que regula a concessão do auxílio-reclusão é a vigente na época do recolhimento do segurado à prisão, que, no caso, eram os Decretos n.ºs 83.080/79 e 89.312/84. 2. Demonstrada a qualidade de segurado do esposo da autora e o cumprimento da carência de 12 meses, além do recolhimento à prisão e a condição de dependente, condena-se o INSS ao pagamento do auxílio-reclusão no período de 05/85 a 11/88. 3. O fato de a ação ter sido ajuizada anos após a soltura do segurado, em nada altera o direito de sua dependente quanto ao pagamento do auxílio-reclusão referentemente ao período em que estava ele na prisão. (TRF4, AC 2003.04.01.027618-0, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 09/03/2007)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. DEPENDENTE NÃO HABILITADO. PROCESSO CIVIL. REVELIA. INSS. 1. Tratando-se a Autarquia Previdenciária de órgão equiparado à Fazenda Pública, cujos interesses são indisponíveis, a ela não se

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aplicam os efeitos da revelia , previstos no art. 319 do CPC. 2. Para fins de auxílio-reclusão, qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente somente produzirá efeito a contar da inscrição ou habilitação. (TRF4, AC 2004.71.08.004849-1, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 30/03/2007)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REQUISITOS. ART. 273 DO CPC. 1. O benefício de auxílio-reclusão é devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, não se exigindo, inclusive, carência, segundo o disposto no inciso I do art. 26 da Lei de Benefícios. 2. A correta hermenêutica do art. 13 da EC 20/98 é no sentido de entender que o teto estabelecido para o direito ao auxílio-reclusão diz respeito à renda bruta dos dependentes, em lugar do instituidor do benefício, exegese que se harmoniza com o princípio da razoabilidade e mesmo da proteção, este último orientador de toda interpretação em matéria previdenciária. Portanto, não poderia o caput do art. 116 do Decreto 3.048/99 regulamentar a norma constitucional em tela em sentido completamente contrário, impossibilitando a concessão do amparo nas hipóteses em que o último salário-de-contribuição do segurado fosse superior ao limite naquela definido. 3. Configurada a verossimilhança das alegações e havendo, entre os dependentes do segurado recluso, filho menor e absolutamente incapaz, tal situação, aliada ao caráter alimentar da verba, evidencia o risco de dano irreparável a ensejar a manutenção da tutela antecipada. (TRF4, AG 2005.04.01.011759-1, Quinta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, DJ 30/08/2006)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. -Comprovada a perda da qualidade de segurado do recluso, sua esposa não faz jus ao recebimento do benefício de auxílo-reclusão. (TRF4, AC 2004.72.10.001061-1, Sexta Turma, Relator Vladimir Passos de Freitas, DJ 13/10/2005)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. CERTIDÃO TRIMESTRAL. SUSPENSÃO INDEVIDA. CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Tendo a autora apresentado certidão trimestral de autoridade competente e estando o seu pai preso em regime fechado, cumpridos restaram os requisitos legais para a manutenção do auxílio-reclusão (arts. 116 e 117 da Decreto 3.048/99), não tendo qualquer respaldo legal o procedimento do INSS ao suspendê-lo pelo fato de não constar na certidão o não recebimento de remuneração pelo segurado. 2. A atualização monetária deve ser realizada desde o vencimento de cada parcela. 3. Nas ações previdenciárias, os honorários advocatícios devem ser fixados no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor das parcelas devidas até a prolação da sentença. (TRF4, AC 2001.04.01.072160-9, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, DJ 28/09/2005)

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VIII. Benefícios de Proteção à Maternidade e à Infância

1. Salário-maternidade

1.1. Base Legal

Art. 71-73, LBPS; arts. 93-103, RPS.

1.2. Titular

- Antes da Lei 9.876/99: restrito às seguradas empregadas, avulsas, domésticas e especiais.

- A partir da Lei 9.876/99: todas as seguradas.- A partir da Lei 10.421/02: devido também às mães adotivas

Mesmo antes da Lei 10.421/02, a jurisprudência do TRF4 já vinha admitindo o salário-maternidade para a adotante.

1.3. Requisitos

a) Qualidade de seguradab) Carênciac) Evento específico: parto, adoção ou guarda judicial para fins de adoção

Carência Seguradas empregadas, domésticas e avulsas

Sem carência (art. 26, VI, LBPS)

contribuinte individual, especial (quando pagar optativamente como contribuinte individual) e facultativa

10 meses (reduzido em número de meses em que o parto foi antecipado) (art. 25, III e parág. único, LBPS)

Segurada especial Sem carência:- 1 salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10 meses imediatamente anteriores ao do início do benefício (art. 26, III e art. 39, parágrafo único, LBPS e o art. 93, § 2°, do RPS)

O salário-maternidade não pode ser cumulado com auxílio-doença (LBPS, art. 124, IV), de modo que sua concessão daquele benefício é causa de suspensão deste (RBPS, art. 102, único).

A seguradas empregadas recebem o benefício pela empresa, que se compensará quando do pagamento das contribuições previdenciárias (art. 72, § 1º, LBPS). As demais recebem este benefício diretamente do INSS (art. 73, LBPS).

Este benefício também é devido enquanto mantiver a qualidade de segurada. Neste sentido, recente alteração do RPS:

Art. 97.  O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela previdência social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao pagamento desse benefício pela empresa.(Nova Redação dada pelo Decreto nº 6.122 - de 13/6/2007 – DOU DE 14/6/2007)Parágrafo único.  Durante o período de graça a que se refere o art. 13, a segurada desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de demissão

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antes da gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, situações em que o benefício será pago diretamente pela previdência social. .(Nova Redação dada pelo Decreto nº 6.122 - de 13/6/2007 – DOU DE 14/6/2007);

RPS, art. 93-A, § 4°: “Quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais de uma criança, é devido um único salário-maternidade relativo à criança de menor idade, observado o disposto no art. 98.”

RPS, art.98: “No caso de empregos concomitantes, a segurada fará jus ao salário-maternidade relativo a cada emprego.”

Art. 103, RPS: “A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do salário-maternidade, de acordo com o disposto no art. 93”. É exceção ao art. 18, § 2°, LBPS.

Único benefício sobre o qual incide contribuição previdenciária, pois integra o SB para todos os efeitos (art. 28, § 9°, alínea a, LCPS).

1.4. Termo Inicial/Termo Final

Prazo de Recebimento do benefício:

• Parto : benefício recebido por 120 dias, começando 28 dias antes do parto (a. 71, LB). Prorrogação: art. 93, §3º, RPS “Em casos excepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser aumentados de mais duas semanas, mediante atestado médico específico. (Redação dada pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)”Art. 93, §5º, RPS: “Em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente a duas semanas. (Redação dada pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)”

• Adoção : benefício recebido por 120 dias, para criança até 1 ano de idade; por 60 dias, entre 1 e 4 anos; e por 30 dias, entre 4 e 8 anos (art. 71-A, LBPS).

1.5. Valor do Benefício

Empregada e avulsa

- Remuneração integral (art. 72, caput, LBPS). ADIn 1.946-5: o limite máximo de valor de benefício, previsto no art. 14, da EC 20/98, não se aplica ao salário-maternidade. Art. 248, CF, acrescentado pela EC 20/98: limite máximo – subsídio do Min. do STF.- Para empregadas, pago pela empresa, com direito a compensação. Para avulsas, pago pelo INSS. (art. 72, §§ 1° e 3°, LBPS).

Doméstica Último SC (art. 73, I, LBPS).Segurada Especial

1 salário mínimo (art. 39, § único, LBPS)Se contribuir facultativamente: segue a regra seguinte.

Contribuinte individual e facultativa

Um doze avos da soma dos doze últimos SC, apurados em um período não superior a 15 meses (a. 73, III, LBPS).

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1.6. Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL. NÃO CONHECIDA. CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE. MÃE ADOTIVA. CABIMENTO. 1. Cuidando-se de sentença proferida após a alteração introduzida pela Lei nº 10.352/01, que deu nova redação ao § 2º do art. 475 do CPC, não se conhece da remessa oficial de sentença com condenação ou controvérsia recursal não excedente a 60 salários mínimos. 2. Embora a legislação previdenciária não dispusesse expressamente sobre o direito da mãe adotiva ao benefício de salário-maternidade, deve-se recorrer, por analogia, às normas vigentes, que protegem, de forma igualitária, os direitos dos filhos, independentemente da origem, fazendo menção expressa aos filhos adotivos (§6° do art. 227 da Carta Magna). (TRF4, AC 2002.71.00.049666-3, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 11/10/2007)

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. COMPROVAÇÃO DA MATERNIDADE E QUALIDADE DE SEGURADA. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DESNECESSIDADE. ART. 97 DO DEC. 3.048/99, ALTERADO PELO DECRETO N. 6.122/2007. 1. A segurada tem direito à percepção do benefício do salário-maternidade ainda que não mantenha o vínculo empregatício na data do parto, se se encontrar no período de graça previsto no art. 15 da Lei 8.213/91. 2. O Decreto n. 6.122, em vigor desde 14-06-2007, alterou a redação original do art. 97 do Regulamento da Previdência Social, que determinava que o salário-maternidade da empregada seria devido pela previdência social enquanto existisse a relação de emprego, confirmando assim o que a jurisprudência já vinha aplicando. (TRF4, AMS 2006.72.10.004175-6, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 27/08/2007)

TRIBUTÁRIO - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - SALÁRIO-MATERNIDADE - NATUREZA SALARIAL - INCIDÊNCIA. 1 - As contribuições previdenciárias incidem sobre a remuneração efetivamente percebida, a qualquer título, pelo empregado, ajustada, expressa ou tacitamente, no contrato de trabalho. A remuneração é a soma das parcelas de natureza salarial com as gorjetas recebidas pelo empregado. A expressão "a qualquer título" significa que, em tratando de remuneração, pouco importa o título dado à prestação paga ao trabalhador. Assim, qualquer verba recebida pelo empregado integrará, em princípio, o salário-de-contribuição, desde que seja objeto do contrato de trabalho. 2 - O salário é um correlativo não da atividade de trabalho objetivamente encarada, mas da atividade subjetivamente considerada, conforme as necessidades da vida familiar e pessoal do trabalhador. 3 - O salário-maternidade possui natureza salarial e, por essa razão, sobre ele incide contribuição previdenciária. Esse entendimento encontra respaldo no art. 28, §2º, da Lei nº 8.212/91, segundo o qual "o salário-maternidade é considerado salário-de-contribuição". 4 - Somente novas fontes de custeio destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social necessitam de Lei Complementar para serem instituídas (§ 4º do art. 195 da Carta Magna). A contribuição incidente sobre o salário-maternidade está abarcada na previsão do art. 195, I, a, da Constituição Federal. 5 - A incidência de contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade não implica alteração do conceito de salário, não havendo falar em violação ao art. 110 do CTN. (TRF4, AMS 2006.70.00.019937-4, Segunda Turma, Relator Antonio Albino Ramos de Oliveira, D.E. 13/06/2007)

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. SALÁRIO-MATERNIDADE. TETO. EC 20/98, ART. 14. ART. 7º, XVIII, CF. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. O E. STJ já manifestou-se no sentido de que o teto previsto na EC nº 20/98 (art. 14) não se aplica ao salário-maternidade (art. 7º, XVIII) - ADI 1946. 2. Juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação, consoante Súmulas 03 e 75 deste Tribunal. 3. A atualização monetária deve ser realizada desde o vencimento de cada parcela. (TRF4, AC 2000.71.00.027929-1, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 18/05/2007)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL. REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃO DA MATERNIDADE E DO LABOR

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RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA POR UM DOS MEMBROS DA FAMÍLIA. 1. Nos termos dos arts. 71 e ss. da Lei n. 8.213/91, é devido o salário-maternidade às seguradas especiais que fizerem prova do nascimento dos filhos e do labor rural no período de doze meses que antecede o início do benefício. 2. O exercício de atividade urbana por um dos membros do grupo familiar não descaracteriza a condição de segurado especial dos demais, quando não comprovado que os rendimentos dali advindos sejam de tal monta que possam dispensar o trabalho rural desempenhado pelo restante da família. (TRF4, AC 2007.72.99.002199-4, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 14/05/2007)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-MATERNIDADE. Preenchidos os requisitos legais, tem a segurada especial, maior de 14 anos de idade e menor de 16 anos de idade, direito ao salário-maternidade, valendo referir que é permitido o trabalho, nessa faixa etária, na condição de aprendiz, à qual se equipara a condição de quem se inicia nas atividades rurícolas, no âmbito familiar. (TRF4, AC 2006.72.99.001853-0, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 14/03/2007)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE SALÁRIO-MATERNIDADE. REQUISITOS LEGAIS. IDADE MÍNIMA DE 16 ANOS. ART.7°, XXXIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 9º DO APENSO DO DECRETO 3048/99. Sendo obrigatória a condição de segurado para a concessão de benefício previdenciário, é indispensável que a requerente possua idade mínima de 16 anos, ante o disposto nos artigos 7°, XXXIII, da Constituição Federal e 9º do Apenso do Decreto 3048/99. (TRF4, AC 2003.04.01.047265-5, Turma Suplementar, Relator Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 17/01/2007)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SALÁRIO-MATERNIDADE. ARTS. 15 E 71 DA LEI Nº 8.213/91. Se a autora, quando do nascimento da criança, ainda mantiver a condição de segurada, fará jus ao benefício de que trata o art. 71 da Lei nº 8.213/91, não obstante esteja desempregada. (TRF4, AMS 2004.70.00.006688-2, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 13/12/2006)

1.7. Análise de Casos

Maria teve seu pedido de salário-maternidade indeferido para Autarquia. Elabore uma defesa, levando em conta os seguintes motivos de indeferimento:• Motivo do indeferimento: Maria quando ficou grávida, estava desempregada há 30

meses;• Motivo do indeferimento: Maria é autônoma, sempre prestou serviços para pessoa

física, mas nunca contribuiu.• Motivo do indeferimento: Maria é autônoma, sempre prestou serviços para pessoa

jurídica, mas nunca contribuiu.• Motivo do indeferimento: natimorto• Motivo do indeferimento: Maria já recebe auxílio-doença;• Motivo do indeferimento: Maria já está aposentada, mas continua trabalhando.

2. Salário-família

2.1. Base Legal

CF, art. 7°, XII e art. 201, IV; arts. 65-70, LBPS; arts. 81-92, RPS.

2.2. Titular

• Segurados empregados, exceto o doméstico, e avulsos;

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• Aposentados por invalidez ou idade;

• Outras aposentadorias, somente se contar com 65 anos (H) ou 60 anos (M);

LBPS, “Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto ao doméstico, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados nos termos do § 2º do art. 16 desta Lei, observado o disposto no art. 66.Parágrafo único. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino, terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria.”

Obs: parece haver inconstitucionalidade na restrição do benefício apenas aos segurado empregado e avulso, pois a CF, art. 7°, XII e art. 201, IV, não restringe.

2.3. Requisitos

Requisitospossuir filho ou equiparado, menor de 14 anos ou inválido

Devem ser apresentados para recebimento do salário-família (a. 67, LBPS):- Certidão de nascimento do filho, ou documentação relativa ao equiparado ou ao inválido;- Atestado de vacinação obrigatória, quando menor de 7 anos, apresentado todo o mês de maio; - Comprovante de freqüência à escola, a partir dos 7 anos, apresentado nos meses de maio e novembro, a partir de 2000.

Baixa renda Art. 201, IV e art. 7°, XII, CF: “salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei” (EC 20/98);.

Art. 16, § 2º, LBPS: “O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.”

Após a concessão, se não apresentada a documentação periódica, haverá suspensão do benefício (art. 84, §§ 3° e 4°, RPS). As ADIn 2.110-DF e 2.111-DF questionam a alteração do art. 67, da LBPS, que condicionou a concessão do benefício a apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória e de comprovação de freqüência à escola. Liminar indeferida em 16/03/2000.

Não é necessário carência (art. 26, II, LBPS).

RPS, art. 82, § 3º: “Quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito ao salário-família.”RPS, art.87: “Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente caracterizado ou perda do pátrio-poder, o salário-família passará a ser pago diretamente àquele a cujo cargo ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver determinação judicial nesse sentido.”

2.4. Termo Inicial

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O benefício é devido a partir da apresentação desta documentação.

2.5. Termo Final

Art. 88, RPS: I - por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito;II - quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de idade, salvo se inválido, a contar do mês seguinte ao da data do aniversário;III - pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a contar do mês seguinte ao da cessação da incapacidade; ouIV - pelo desemprego do segurado.

2.6. Valor do Benefício

A partir de 02/2009: a cota do salário-família passa a ser de R$ 25,66, para o segurado com remuneração mensal não superior a R$ 500,40, e de R$ 18,08 para o segurado com remuneração mensal superior a R$ 500,40 e igual ou inferior a R$ 752,12

MP 182/04: criou duas faixas salariais. Valor inverso- maior a faixa, menor o salário-família (princípio da distributividade – art. 194, III, CF).Cotas do salário-família: tantas, quanto o número de filhos.

A cota de salário-família não se incorpora ao salário ou ao benefício (art. 70, LBPS) e não integra o salário-de-contribuição (LCPS, art. 28, § 9°, a).

2.6.1. Responsabilidade pelo Pagamento

-- Empregados: feito pela empresa, que compensa o valor pago a esse título com o que for devido por conta de contribuições (art. 68), LBPS;-- Demais: feito pela previdência social, podendo, no caso do avulso, fazê-lo através do sindicato de classe respectivo (art. 69, LBPS), mediante convênio (RBPS, art. 80, I).

LBPS, “Art. 69. O salário-família devido ao trabalhador avulso poderá ser recebido pelo sindicato de classe respectivo, que se incumbirá de elaborar as folhas correspondentes e de distribuí-lo.”

ADMINISTRATIVO. SINDICATO. CONVÊNIO PARA O PAGAMENTO DE SALÁRIO FAMÍLIA AOS FILIADOS. EXISTÊNCIA DE DÉBITO PARA COM A AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A existência de débito para com o INSS é óbice à celebração de convênio entre o Sindicato postulante e a referida autarquia para o pagamento de salário-família aos seus filiados. 2. O pagamento do benefício de salário-família via sindicato é mera faculdade, não havendo prejuízos aos trabalhadores ante a impossibilidade de celebração de convênio. (TRF4, AMS 2005.71.10.002212-3, Terceira Turma, Relator Vânia Hack de Almeida, DJ 12/07/2006)

2.7. Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO - SALÁRIO-FAMÍLIA - DESEMPREGADO - DIREITO AO BENEFÍCIO - EXEGESE DO ART. 65 DA LEI Nº 8.213/91. 1 - A expressão "segurado empregado" contida no caput do artigo 65 da Lei nº 8.213/91 diz respeito a uma das categorias de segurados obrigatórios da Previdência Social. 2 - O trabalhador que esteve momentaneamente desempregado, em razão de doença, ou em gozo de auxílio-doença, e veio a ser aposentado por invalidez, tem direito ao benefício de

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salário-família. (TRF4, AC 2003.04.01.014616-8, Quinta Turma, Relator Antonio Albino Ramos de Oliveira, DJ 25/06/2003)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-FAMÍLIA. PRÉVIO CREDENCIAMENTO. PAGAMENTO ANTERIORMENTE AO ADVENTO DA LEI Nº 8.213/91. VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. - Se comprovado que o Sindicato efetuou o credenciamento junto ao INSS para pagamento da parcela referente ao salário-família, não pode este motivo ser alegado como óbice para o não-pagamento ou pagamento indevido. - O salário-família anteriormente ao advento da Lei nº 8.213/91 era pago sob a forma de uma quota percentual por filho, calculada em 5% sobre o valor do salário mínimo. - A Lei nº 7.789/89 expressamente afastou os benefícios de prestação continuada pagos pela Previdência Social da proibição legal de vinculação do salário mínimo para qualquer fim. (TRF4, AC 2001.04.01.084905-5, Quinta Turma, Relator Paulo Afonso Brum Vaz, DJ 19/03/2003)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E SALÁRIO-FAMÍLIA. CUMULAÇÃO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICES. 1. Estando o segurado em gozo de aposentadoria por invalidez, tem direito a perceber o benefício do salário-família por sua prole menor. 2. A correção monetária deve ser feita pelos sucessivos índices legais de atualização dos débitos previdenciários: INPC até dezembro de 1992 (Lei nº 8.213/91, art. 41, II), IRSM de janeiro de 1993 a fevereiro de 1994 (Lei nº 8542/92, art. 9º, § 2º), URV de março a junho de 1994 (Lei nº 8880/94, art. 20, § 5º), IPC-r de julho/94 a junho/95 com base na Lei 8.880/94, art. 20, §§ 5º e 6º; pelo INPC de julho/95 a abril/96, nos termos da MP 1.058/95, art. 8º § 3º; e, a partir de maio/96, pelo IGP-DI, com amparo na MP n° 1415/96 e sucessivas reedições, inclusive nº 1.540 de novembro/97. (TRF4, AC 97.04.67401-5, Sexta Turma, Relator Néfi Cordeiro, DJ 16/01/2002)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-FAMÍLIA. APOSENTADORIA POR IDADE. RESTABELECIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. O aposentado por idade tem direito ao recebimento de salário-família, pago juntamente com a aposentadoria, independentemente do fato de ter trabalhado, quando na ativa, como empregado doméstico. 2. Correção monetária, inclusive para período anterior ao ajuizamento da ação, na forma da LEI-6899/81. (TRF4, AC 97.04.25405-9, Quinta Turma, Relator Maria Lúcia Luz Leiria, DJ 24/02/1999)

PREVIDÊNCIA SOCIAL. PAGAMENTO DE SALÁRIO-FAMÍLIA. PROCESSO CIVIL. TUTELAR CAUTELAR. COMPROVAÇÃO DO FUMUS BONI JURIS E PERICULUM IN MORA. 1. Tendo o Autor comprovado a plausabilidade do direito invocado e do dano ( fumus boni juris e periculum in mora ) , cabível a via cautelar e a determinação de pagamento do salário-família relativo a seu filho menor. Contudo é de reduzir-se a outorga à data da propositura do feito, nos termos do pedido vestibular. 2. Prejudicado o apelo da Autarquia no tocante ao termo inicial da correção monetária vez que restou atendido pelo provimento do apelo no sentido de deferir o pedido principal a partir do ajuizamento da ação. 3. Apelação parcialmente provida. (TRF4, AC 91.04.25765-0, Quinta Turma, Relator Virgínia Scheibe, DJ 22/07/1998)

PREVIDENCIÁRIO - SALÁRIO-FAMÍLIA - DESEMPREGADO - DIREITO AO BENEFÍCIO - EXEGESE DO ART. 65 DA LEI Nº 8.213/91. 1 - A expressão "segurado empregado" contida no caput do artigo 65 da Lei nº 8.213/91 diz respeito a uma das categorias de segurados obrigatórios da Previdência Social. 2 - O trabalhador que esteve momentaneamente desempregado, em razão de doença, ou em gozo de auxílio-doença, e veio a ser aposentado por invalidez, tem direito ao benefício de salário-família. (TRF4, AC 2003.04.01.014616-8, Quinta Turma, Relator Antonio Albino Ramos de Oliveira, DJ 25/06/2003)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-FAMÍLIA. PRÉVIO CREDENCIAMENTO. PAGAMENTO ANTERIORMENTE AO ADVENTO DA LEI Nº 8.213/91. VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL.

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- Se comprovado que o Sindicato efetuou o credenciamento junto ao INSS para pagamento da parcela referente ao salário-família, não pode este motivo ser alegado como óbice para o não-pagamento ou pagamento indevido. - O salário-família anteriormente ao advento da Lei nº 8.213/91 era pago sob a forma de uma quota percentual por filho, calculada em 5% sobre o valor do salário mínimo. - A Lei nº 7.789/89 expressamente afastou os benefícios de prestação continuada pagos pela Previdência Social da proibição legal de vinculação do salário mínimo para qualquer fim. (TRF4, AC 2001.04.01.084905-5, Quinta Turma, Relator Paulo Afonso Brum Vaz, DJ 19/03/2003)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E SALÁRIO-FAMÍLIA. CUMULAÇÃO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICES. 1. Estando o segurado em gozo de aposentadoria por invalidez, tem direito a perceber o benefício do salário-família por sua prole menor. 2. A correção monetária deve ser feita pelos sucessivos índices legais de atualização dos débitos previdenciários: INPC até dezembro de 1992 (Lei nº 8.213/91, art. 41, II), IRSM de janeiro de 1993 a fevereiro de 1994 (Lei nº 8542/92, art. 9º, § 2º), URV de março a junho de 1994 (Lei nº 8880/94, art. 20, § 5º), IPC-r de julho/94 a junho/95 com base na Lei 8.880/94, art. 20, §§ 5º e 6º; pelo INPC de julho/95 a abril/96, nos termos da MP 1.058/95, art. 8º § 3º; e, a partir de maio/96, pelo IGP-DI, com amparo na MP n° 1415/96 e sucessivas reedições, inclusive nº 1.540 de novembro/97. (TRF4, AC 97.04.67401-5, Sexta Turma, Relator Néfi Cordeiro, DJ 16/01/2002)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-FAMÍLIA. APOSENTADORIA POR IDADE. RESTABELECIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. O aposentado por idade tem direito ao recebimento de salário-família, pago juntamente com a aposentadoria, independentemente do fato de ter trabalhado, quando na ativa, como empregado doméstico. 2. Correção monetária, inclusive para período anterior ao ajuizamento da ação, na forma da LEI-6899/81. (TRF4, AC 97.04.25405-9, Quinta Turma, Relator Maria Lúcia Luz Leiria, DJ 24/02/1999)

PREVIDÊNCIA SOCIAL. PAGAMENTO DE SALÁRIO-FAMÍLIA. PROCESSO CIVIL. TUTELAR CAUTELAR. COMPROVAÇÃO DO FUMUS BONI JURIS E PERICULUM IN MORA. 1. Tendo o Autor comprovado a plausabilidade do direito invocado e do dano ( fumus boni juris e periculum in mora ) , cabível a via cautelar e a determinação de pagamento do salário-família relativo a seu filho menor. Contudo é de reduzir-se a outorga à data da propositura do feito, nos termos do pedido vestibular. 2. Prejudicado o apelo da Autarquia no tocante ao termo inicial da correção monetária vez que restou atendido pelo provimento do apelo no sentido de deferir o pedido principal a partir do ajuizamento da ação. 3. Apelação parcialmente provida. (TRF4, AC 91.04.25765-0, Quinta Turma, Relator Virgínia Scheibe, DJ 22/07/1998)

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IX. Demais Prestações

1. Habilitação e Reabilitação Profissional

• Base Legal: a. 89 a 93, LBPS, arts. 136-141, RPS;

• Beneficiário: Segurado e dependente;

• Requisito específico: Incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho ou portador de deficiência. Sem carência;

• Objetivo: proporcionar meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive;

• A reabilitação profissional compreende: fornecimento e reparação de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional; o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário;

• É devida em caráter obrigatório aos segurados em gozo de auxílio-doença e aos aposentados por invalidez e, na medida das possibilidades, aos seus dependentes;

RPS, Art.137 . O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário será desenvolvido por meio das funções básicas de:I - avaliação do potencial laborativo; (Redação dada pelo Decreto nº 3.668, de 22/11/2000)II - orientação e acompanhamento da programação profissional;III - articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de convênio para reabilitação física restrita a segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao programa de reabilitação profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)IV - acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.

§ 1º A execução das funções de que trata o caput dar-se-á, preferencialmente, mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em medicina, serviço social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins ao processo, sempre que possível na localidade do domicílio do beneficiário, ressalvadas as situações excepcionais em que este terá direito à reabilitação profissional fora dela.

§ 2º Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação profissional, o Instituto Nacional do Seguro Social fornecerá aos segurados, inclusive aposentados, em caráter obrigatório, prótese e órtese, seu reparo ou substituição, instrumentos de auxílio para locomoção, bem como equipamentos necessários à habilitação e à reabilitação profissional, transporte urbano e alimentação e, na medida das possibilidades do Instituto, aos seus dependentes.

§ 3º No caso das pessoas portadoras de deficiência, a concessão dos recursos materiais referidos no parágrafo anterior ficará condicionada à celebração de convênio de cooperação técnico-financeira.

§ 4º O Instituto Nacional do Seguro Social não reembolsará as despesas realizadas com a aquisição de órtese ou prótese e outros recursos materiais não prescritos ou não autorizados por suas unidades de reabilitação profissional.

RPS, Art.139. A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou treinamentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos e convênios com instituições e empresas públicas ou privadas, na forma do art. 317.

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§1ºO treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa, não estabelece qualquer vínculo empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa, bem como entre estes e o Instituto Nacional do Seguro Social.

§ 2º Compete ao reabilitando, além de acatar e cumprir as normas estabelecidas nos contratos, acordos ou convênios,  pautar-se no regulamento daquelas organizações.

Art.140. Concluído o processo de reabilitação profissional, o Instituto Nacional do Seguro Social emitirá certificado individual indicando a função para a qual o reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do exercício de outra para a qual se julgue capacitado.

§ 1º Não constitui obrigação da previdência social a manutenção do segurado no mesmo emprego ou a sua colocação em outro para o qual foi reabilitado, cessando o processo de reabilitação profissional com a emissão do certificado a que se refere o caput.

§ 2º Cabe à previdência social a articulação com a comunidade, com vistas ao levantamento da oferta do mercado de trabalho, ao direcionamento da programação profissional e à possibilidade de reingresso do reabilitando no mercado formal.

§ 3º O acompanhamento e a pesquisa de que trata o inciso IV do art. 137 é obrigatório e tem como finalidade a comprovação da efetividade do processo de reabilitação profissional.

Art.141. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois por cento a cinco por cento de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I- até duzentos empregados, dois por cento;II- de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;III- de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ouIV- mais de mil empregados, cinco por cento.§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo,

quando se tratar de contrato por tempo superior a noventa dias e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições semelhantes.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E AUXÍLIO DOENÇA. HIV. LAUDO PERICIAL. CAPACIDADE LABORAL. 1. Nas ações objetivando benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial, sem prejuízo que adote outros fatores e elementos para formar sua livre convicção, dada a liberdade de apreciação das provas. 2. A infecção com vírus HIV traz consigo o estigma social, representado pela resistência de grande parte da sociedade em aceitar, com normalidade, o portador da doença. 3. Em respeito ao fundamento da República Federativa do Brasil, representado pela dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. III, CF), é gravame exacerbado exigir que portador do vírus HIV retorne ao trabalho, em face dos transtornos psicológicos trazidos pelo forte estigma social em relação à doença, aliado às suas condições pessoais. 4. Concluído pela incapacidade da parte autora, ainda não definitiva, é de ser deferido o benefício de auxílio-doença ao invés da pleiteada aposentadoria por invalidez, desde que os fatos narrados na inicial assim permitem o enquadramento na legislação respectiva; sem prejuízo de que venha a submeter-se ao processo de reabilitação profissional, no qual incluído tratamento até mesmo de cunho psicológico, que possibilite tornar a exercer alguma atividade profissional compatível com a sua condição (art. 62, Lei 8213/91). 5. Apelação da parte autora parcialmente provida. (TRF4, AC 2000.72.01.000532-3, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 09/04/2007)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO. INCAPACIDADE. PERCEPÇÃO DE BENEFÍCIO CONCOMITANTEMENTE AO EXERCÍCIO DE TRABALHO REMUNERADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HONORÁRIOS PERICIAIS. 1. Nas ações em que se objetiva a aposentadoria por

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invalidez ou auxílio-doença, o julgador firma seu convencimento, via de regra, com base na prova pericial. 2. Concede-se o benefício de auxílio-doença quando o laudo pericial conclui que a parte segurada está acometida por moléstia que a incapacita para o trabalho que exerce, sendo suscetível de recuperação ou reabilitação profissional para outra atividade que lhe assegure o sustento. 3. Gozo do benefício limitado às competências em que a parte autora não exerceu atividade laboral. 4. Frente à sucumbência recíproca, impõe-se sejam compensados os honorários advocatícios. 5. Honorários periciais fixados em R$ 350,00, cabendo a cada parte arcar com 50% deste valor, suspensa a exigibilidade quanto à parte autora, face à concessão de AJG. Omissão da sentença que se supre. (TRF4, AC 2006.72.16.000468-5, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 19/03/2007)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. CONTRADIÇÃO. POSSIBILIDADE DE RECUPERAÇÃO LABORAL POR MEIO DE CIRURGIA. NÃO-OBRIGATORIEDADE DE SUBMISSÃO DO SEGURADO AO PROCEDIMENTO.. 1. A retificação do acórdão só tem cabimento nas hipóteses de inexatidões materiais, erros de cálculo, omissão, contradição ou obscuridade, esse último o caso dos autos. 3. Não sendo factível, dadas as condições pessoais do autor, a reabilitação profissional, é devida a aposentadoria por invalidez desde o laudo pericial, ainda que a perícia técnica refira possível a reabilitação do segurado mediante cirurgia, porquanto inexigível que ele submeta-se a esse tipo de procedimento de risco. (TRF4, AC 2005.72.01.050649-8, Sexta Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 12/01/2007)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. COBRANÇA DE PRESTAÇÕES SUPERVENIENTES À REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. INVIABILIDADE. O título exeqüendo concedeu à embargada o auxílio-doença, até que ela viesse a ser reabilitada profissionalmente. A embargada foi reabilitada profissionalmente, e a administração previdenciária forneceu-lhe, inclusive, equipamentos para a montagem de seu pequeno negócio. O insucesso do empreendimento, revelado muitos anos após a cessação do auxílio-doença, constitui risco a ele inerente, e não justifica o restabelecimento do benefício, a pretexto de que a autora não fora adequadamente reabilitada. (TRF4, AC 2004.72.07.005562-2, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 10/01/2007)

AUXÍLIO-ACIDENTE. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL. 1. Ficando o segurado totalmente incapaz para o trabalho que desenvolvia, este deverá ser reabilitado para outra função percebendo auxílio-doença, não se justificando conversão em auxílio-acidente enquanto isso não ocorrer. 2. Termo inicial do benefício fixado na data da transformação do auxílio-doença em auxílio-acidente, com o pagamento de verbas pretéritas (diferenças) e consectários legais. (TRF4, AC 2001.04.01.063981-4, Quinta Turma, Relator Otávio Roberto Pamplona, DJ 12/01/2005)

2. Serviço Social

• Base Legal: a. 88, LB, art. 161, RPS;

• Requisitos: enquanto vinculado ao RGPS, tem direito a este serviço;

• Objetivo: compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade.

RPS, Art.161. O serviço social constitui atividade auxiliar do seguro social e visa prestar ao beneficiário orientação e apoio no que concerne à solução dos problemas pessoais e familiares e à melhoria da sua inter-relação com a previdência social, para a

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solução de questões referentes a benefícios, bem como, quando necessário, à obtenção de outros recursos sociais da comunidade.

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X. Outros Temas

1. Abono Anual

“Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-reclusão.

Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação de Natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano.”

Não há equivalência entre o abono anual e o benefício recebido em dezembro, sendo calculado da mesma forma que a Gratificação de Natal dos trabalhadores. Esta vem prevista nos §§ 1° e 2°, do art. 1°, da Lei 4.090/62, correspondendo a 1/12 da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente. A fração a partir de 15 dias de trabalho será considerada como mês integral para este cálculo.

É devido também para salário-maternidade (art. 120, caput e § 2°, do RPS). Não é devido no Benefício Assistencial de Prestação continuada e no salário-família.

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI N.º 6.179/74. ABONO ANUAL. AUSÊNCIA DE DIREITO. Nos termos do artigo 7º, § 2º, da Lei n.º 6.179/74, o titular do benefício de natureza assistencial previsto naquele diploma não tem direito ao abono anual. (TRF4, AC 2005.04.01.008218-7, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 27/04/2007)

TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A GRATIFICAÇÃO NATALINA. CÁLCULO EM SEPARADO. ILEGALIDADE DO DECRETO 612/92. LEIS 8.212/91 (ARTIGOS 22 E 28, § 5º) E 8.620/93 (§ 2º DO ART. 7º). HONORÁRIOS. 1. No caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de restituição extingue-se com o decurso de cinco anos contados da homologação, expressa ou tácita, do lançamento pelo Fisco. Precedentes desta Corte e do STJ. 2. Conforme orientação do colendo STJ, é ilegal o Decreto 612/92, ao determinar a aplicação em separado da tabela de cálculo de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91 sobre a gratificação natalina. 3. No entanto, tal sistemática de cálculo passou a ter amparo legal com a entrada em vigor da Lei 8.620/93, em 06.01.1993, pelo que a possibilidade de repetição se resume apenas o período anterior. 4. Mantenho a condenação dos honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa. (TRF4, AC 2004.72.00.010636-7, Segunda Turma, Relator Dirceu de Almeida Soares, DJ 10/08/2005)

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA EM SEPARADO SOBRE O DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. LEI Nº 8.212/91. DECRETO Nº 612/92. PRESCRIÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A cobrança em separado da contribuição incidente sobre o décimo terceiro salário é perfeitamente legal. 2. A Primeira Seção desta Corte pacificou o entendimento de que o § 7º do art. 37 do Decreto nº 612/92, ao determinar a incidência da contribuição sobre o décimo terceiro salário mediante aplicação, em separado, das alíquotas estabelecidas na legislação, apenas explicitou o texto legal, cingindo-se à missão de zelar pelo fiel cumprimento da Lei nº 8.212/91 (EAC nº 1998.04.01.090165-9/PR). 3. Prejudicada a análise da prescrição. 4. Condenação da parte autora ao pagamento das processuais e de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa. 5. Remessa oficial e apelação do INSS providas e apelação da parte autora prejudicada. (TRF4, AC 2004.72.00.008159-0, Primeira Turma, Relator Álvaro Eduardo Junqueira, DJ 01/06/2005)

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MARCO INICIAL. ABONO ANUAL. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS PERICIAIS. 1. Comprovado pela perícia oficial, em cotejo com o conjunto probatório, que o segurado padece de moléstia que o incapacita de forma total e definitiva para o trabalho, é de ser concedida aposentadoria por invalidez a contar da data da perícia judicial. 2. É prescindível constar no julgado referência ao abono anual (art. 40 da Lei nº 8.213/91). 3. Juros de mora de 1% ao mês (EREsp. nº 207992/CE), a contar da citação. 4. Honorários periciais a serem pagos pela parte sucumbente, suprindo-se omissão da sentença de ofício. (TRF4, AC 2005.04.01.001569-1, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, DJ 15/06/2005)

2. Acumulação de Benefícios

A regra geral é a permissão da acumulação de benefícios, sempre que a lei não o proíba. Dessa forma, possível é o recebimento simultâneo de pensão por morte de cônjuge e aposentadoria, por exemplo.

Havendo proibição, essa determinação se aplica somente aos benefícios do regime geral. Nada obsta a que o segurado obtenha aposentadoria por tempo de contribuição no RGPS e outro benefício no serviço público, desde que não utilize o mesmo tempo de serviço na contagem recíproca, uma vez que cada um dos benefícios terá fundamento diverso. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SEGURADO APOSENTADO EM REGIME PRÓPRIO DE SERVIDOR PÚBLICO COM CONTAGEM RECÍPROCA. PERMANÊNCIA DE VÍNCULO COM O REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONCESSÃO DE NOVA APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE QUANDO OS REQUISITOS SÃO CUMPRIDOS. DECISÃO MANTIDA.1. De acordo com o entendimento de ambas as Turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, a concessão de aposentadoria pelo Regime Geral da Previdência Social a segurado aposentado em regime próprio não ofende o disposto nos arts. 96 e 98 da Lei nº 8.213/1991, se o autor permaneceu vinculado ao RGPS e cumpriu os requisitos para nova aposentadoria, excluído o tempo de serviço utilizado para a primeira jubilação.2. Ademais, o Decreto nº 3.048/1999 permite a expedição de certidão de tempo de contribuição para período fracionado (art. 130, § 10). As vedações nele previstas dizem respeito ao duplo cômputo do tempo de serviço exercido simultaneamente na atividade privada e pública e daquele outrora utilizado para a concessão de aposentadoria (art. 130, §§ 12 e 13), circunstâncias não verificadas no caso concreto.3. Agravo regimental improvido.(AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 924.423 – RS; Relator MINISTRO JORGE MUSSI; DJ 15/04/2008)

A acumulção de benefícios no RGPS é disciplinado no art. 124 da LBPS:

“Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social: (alterado pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)

I - aposentadoria e auxílio-doença;II - mais de uma aposentadoria; (no RGPS)III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;IV - salário-maternidade e auxílio-doença; V - mais de um auxílio-acidente; VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro,

ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa. Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-

desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.”

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Outras casos de proibição de acumulação:- Auxílio-acidente e aposentadoria (art. 86, LBPS), porquanto o valor

daquele integra o salário-de-contribuição para o cálculo deste.- Benefício assistencial e qualquer benefício do RGPS (a. 20, § 4°, Lei

8.742/93).- Segurado recluso não poderá receber auxílio-doença ou aposentadoria,

enquanto seus dependentes receberem auxílio-reclusão, mesmo que contribua como contribuinte individual ou facultativo (art. 2°, § 1°, Lei 10.666/03).

3. Benefícios Extintos

Foram extintos os pecúlios e o abono de permanência, previstos, respectivamente, nos artigos 81-85 e 87 da LBPS, em sua redação originária.

“Art. 81. Serão devidos pecúlios:I - ao segurado que se incapacitar para o trabalho antes de ter completado o período de carência;II - ao segurado aposentado por idade ou por tempo de serviço pelo Regime Geral de Previdência Social que voltar a exercer atividade abrangida pelo mesmo, quando dela se afastar;III - ao segurado ou a seus dependentes, em caso de invalidez ou morte decorrente de acidente do trabalho.” “Art. 82. No caso dos incisos I e II do art. 81, o pecúlio consistirá em pagamento único de valor correspondente à soma das importâncias relativas às contribuições do segurado, remuneradas de acordo com o índice de remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro”

“Art. 83. No caso do inciso III do art. 81, o pecúlio consistirá em um pagamento único de 75% (setenta e cinco por cento) do limite máximo do salário-de-contribuição, no caso de invalidez e de 150% (cento e cinqüenta por cento) desse mesmo limite, no caso de morte.”

A caso mais comum de pecúlio era quando o aposentado voltava a trabalhar (art. 81, II). Teria direito à devolução das contribuições previdenciárias pagas na condição de aposentado. Revogado pela Lei 8.870/94, sendo devido apenas até a data anterior da vigência desta lei. Veja AC 2003.71.10.001827-5/RS, do TRF4.

O abono de permanência em serviço (vulgo “pé na cova”) era devido aos segurados que continuassem trabalhando, mesmo preenchidos os requisitos para aposentadoria por tempo de serviço integral. Consistia em 25% do SB e não tinha reflexo na futura fixação da RMI. Cessava com a aposentação. Revogado pela Lei 8.870/94, somente sendo devido aos segurados que já tivessem implementadas as condições.

4. Benefício Assistencial

1 Salário-mínimo: Devido às pessoas portadoras de deficiência ou idosas, inclusive estrangeiros naturalizados e domiciliados no Brasil, que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-las providas pela própria família.

Requisitos (art. 20, da Lei nº 8.742/93 - LOAS):

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a) sejam portadoras de deficiência que as incapacitem para a vida independente e para o trabalho, ou sejam consideradas idosas (a idade exigida inicialmente era a de 70 anos, sendo atualmente de 65 anos, por força do arts. 34 e 118, da Lei nº 10.741/03 – Estatuto do Idoso);

b) A família do assistido, composta pelo conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, isto é - o cônjuge, companheiro, pai, mãe, irmãos não emancipados de qualquer condição, menores de 21 anos ou inválidos - não pode perceber renda mensal superior a ¼ do salário mínimo por membro do grupo familiar.

Embora a LOAS, no art. 20, § 1°, faça referência aos dependentes do art. 16, da LBPS, deve-se levar em conta também o rendimento de outras pessoas que vivam sob o mesmo teto, dependendo da mesma fonte de renda.

ADIn 1.232-1: o limite de ¼ do salário mínimo é constitucional. Porém, a jurisprudência tem considerado outros elementos para aferir o

grau de pobreza da família. Neste sentido a súmula 11, da TUN: “Benefício Assistencial - A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº. 8.742 de 1993, desde que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante” (DJ 14/04/2004). Veja também a súm. 06 da TUR da 4ª Reg e o AGRESP 523864/SP.

A questão sofreu um grande revés com o cancelamento da súmula 11, da TUN (DJU seção 1, de 12/05/2006, p. 604), uma vez que o STF não admite decisões que superem o limite objetivo da renda per capita (ver RE348399/SP AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 24-05-06; RCL 4.112, rel. Min. Joaquim barbosa). Também a súm. 06 da TUR da 4ª Reg foi cancelada (sessão de 07-07-2006);

Em Fev/2007, o STF parece estar alterando esta posição. Veja (RCL) 4374: “O Tribunal parece caminhar no sentido de se admitir que o critério de um quarto do salário mínimo pode ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduo e de sua família para concessão do benefício assistencial de que trata o art. 203, inciso V, da Constituição”, destacou Gilmar Mendes. E concluiu: “Diante de todas essas perplexidades sobre o tema, é certo que o Plenário do Tribunal terá que enfrentá-lo novamente”.

Embora o benefício seja devido pela União Federal, o art. 29, da LOAS, impôs ao INSS a incumbência de processar os requerimentos e conceder o benefício. Desta forma, apenas o INSS é parte legítima para figurar no pólo passivo nas ações em que se postula benefício assistencial (cancelada a súm. 61, do TRF4, que previa litisconsórcio passivo necessário entre a União e o INSS).

Desnecessário que o beneficiário seja incapaz para a vida independente, bastando que seja incapaz para o trabalho, pois o art. 203, V, da CF, prevê apenas este último requisito.

Como o benefício não tem caráter contributivo, não é exigido prazo de carência.

O termo inicial da prestação é a data do seu requerimento.Não pode ser cumulado pelo assistido com nenhum benefício da

previdência social ou de qualquer outro regime.Não confundir com o benefício de amparo previdenciário ou com a

Renda Mensal Vitalícia, benefícios anteriores, já revogados.

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PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº 8.742/93. INCAPACIDADE. DOENTE MENTAL. RENDA. PREENCHIDOS OS REQUISITOS DO ART. 20. CONCESSÃO DESDE A DER. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Ao postular o benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei nº 8.742/93, deve a parte comprovar incapacidade para o trabalho e para a vida independente, e renda familiar mensal inferior a ¼ do salário mínimo. 2. Preenchidos os requisitos legais, é devida a concessão do benefício assistencial desde o requerimento administrativo. 3. O fato de o incapaz, doente mental, não poder prover sua própria subsistência, nem ter quem possa fazê-lo, vivendo em asilo ou abrigo social, não prejudica o direito à percepção do benefício assistencial, conforme determina o art. 20, § 5º da Lei nº 8.742/93. 4. As parcelas vencidas devem ser atualizadas monetariamente de acordo com os critérios estabelecidos na Lei nº 9.711/98 (IGP-DI), desde a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas anteriores ao ajuizamento da ação, em consonância com os enunciados nº 43 e nº 148 da Súmula do STJ. (TRF4, AC 2002.70.04.000208-0, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 24/08/2007)

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. NÃO-INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. SENTENÇA ANULADA. REABERTURA DA INSTRUÇÃO. A não-intervenção do Ministério Público no 1º grau acarreta, no caso de improcedência do pedido, a nulidade da sentença, quando se tratar de interesse de idoso. É preciso considerar, ainda, que o MP Federal, nesta Corte, não se manifestou quanto ao mérito da lide, mas sim pela nulidade da sentença. (TRF4, AC 2007.72.99.002488-0, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 20/07/2007)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. LEGITIMIDADE ATIVA. DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E HOMOGÊNEOS. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. 1. A legitimidade ativa do Ministério Público Federal para propor ação civil pública na defesa dos direitos individuais homogêneos encontra amparo no entendimento atualizado do Supremo Tribunal Federal e desta Corte. 2. O objeto da presente demanda envolve benefícios de natureza assistencial, cujo conteúdo social, a toda evidência, transplanta os interesses de natureza previdenciária, porquanto os primeiros decorrem ou da condição de idoso ou de deficiente dos beneficiários, cuja tutela, por disposição expressa de leis, cabe, também, ao Ministério Público (Lei nº 10.741/2003, art. 74, inciso I, para os idosos, e Lei nº 7.853/1989, arts. 5º/7º, para os deficientes). 3. A liminar, nos termos em que vazada, adotou o entendimento que vem sendo palmilhado por esta Corte, no sentido de desconsiderar o valor de até um salário mínimo pertencente a outro membro da família, idoso ou deficiente, oriundo de benefício previdenciário ou assistencial, para efeito de cálculo da renda familiar na análise de requerimentos de benefício assistencial. 4. Não se justifica, apenas, em princípio, o deferimento de medida que atinja situações pretéritas. A determinação de revisão dos benefícios denegados deve ser afastada, até porque implica pagamento de valores pretensamente em atraso. 5. Agravo parcialmente provido. (TRF4, AG 2007.04.00.009715-4, Turma Suplementar, Relator Loraci Flores de Lima, D.E. 20/07/2007)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. NEGATIVA DO INSS EM RECEBER REQUERIMENTO DE OUTORGA DE BENEFÍCIO. O Instituto Nacional de Seguro Social não pode se escusar a protocolizar pedido de outorga de benefício, sob pena de violação ao direito de petição insculpido no artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal de 1988, que assegura a todos o direito de requerer aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder, princípio ao qual deve observância incondicional, mesmo quando o pedido não for instruído com toda a documentação necessária à competente apreciação. (TRF4, AMS 2006.72.06.003633-0, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 19/07/2007)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DIVERSO. POSSIBILIDADE.

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BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. NECESSIDADE DE ESTUDO SÓCIO-ECONÔMICO. ART. 515, § 3º, CPC. INAPLICABILIDADE. 1. Os benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e assistencial são fungíveis, sendo facultado ao julgador, conforme a espécie de incapacidade constatada, conceder um deles, ainda que o pedido tenha sido limitado a outro. 2. Envolvendo a lide matéria fática, inaplicável o parágrafo 3º do art. 515 do Código de Processo Civil, devendo ser anulada a sentença a fim de que seja providenciada a realização de estudo sócio-econômico. (TRF4, AC 2005.72.13.000201-3, Turma Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 11/05/2007)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RESTABELECIMENTO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ARTIGO 20 DA LEI N.º 8.742/93. RENDA MÍNIMA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. VEDAÇÃO 1. A concessão do amparo assistencial é devida as pessoas portadoras de deficiência e idosos, mediante a demonstração de não possuírem meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Sendo o autor beneficiário de pensão por morte, não há que se falar em restabelecimento de benefício assistencial, pois é vedada a acumulação dos referidos benefícios 3. Apelação da parte autora improvida. (TRF4, AC 2003.71.14.005831-4, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 11/06/2007)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº 8.742/93. RENDA FAMILIAR. BENEFÍCIO DE NATUREZA ASSISTENCIAL RECEBIDO PELO CÔNJUGE DEVE SER EXCLUÍDO PARA A VERIFICAÇÃO DA RENDA PER CAPITA. LEI 10.741/03 ART. 34 PARÁGRAFO ÚNICO. 1. Ao postular o benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei nº 8742/93, deve a parte comprovar sua incapacidade para o trabalho e para a vida independente, e renda familiar mensal inferior a ¼ do salário mínimo. 2. Para fins de composição da renda mensal familiar, não pode ser computada a Renda Mensal Vitalícia percebida pelo cônjuge do autor, pois se trata de benefício de natureza assistencial, conforme preceitua o parágrafo único do art. 34 da Lei n° 10.741/03. (TRF4, REO 2006.70.01.002866-7, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 21/02/2007)

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REEXAME NECESSÁRIO. CONDENAÇÃO QUE NÃO EXCEDE A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI 10.352/01, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ARTIGO 475 DO CPC. INCAPACIDADE LABORAL E PARA A VIDA INDEPENDENTE. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. RENDA MENSAL DE AMIGO. MARCO INICIAL. JUROS. HONORÁRIOS PERICIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS AO PATRONO DA UNIÃO. 1. Incabível o reexame necessário quando se verifica mediante simples consulta aos autos que a condenação não ultrapassa o valor de sessenta salários mínimos. 2. O direito ao benefício assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: a) condição de deficiente ou idoso; e b: situação de risco social do autor e de sua família. 3. A incapacidade laboral e para a vida independente restou cabalmente comprovada pela perícia médico-judicial e pelos documentos médicos juntados aos autos. 4. A situação de desamparo necessária à concessão do benefício assistencial é presumida quando a renda familiar per capita for inferior ao valor de ¼ (um quarto) do salário mínimo. 5. No cálculo da renda familiar per capita, não pode ser incluída a renda mensal percebida pelo amigo da autora, uma vez que este não se enquadra no conceito de "família" definido pela Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social), com a alteração introduzida pela Lei nº 9.720, de 30-11-1998. 6. Na hipótese dos autos, o estudo socioeconômico revela que a renda familiar da requerente é inexistente. 7. Comprovado o preenchimento dos requisitos legais, de conceder-se o benefício em favor da parte autora. 8. O conjunto probatório comprovou que a demandante preenche os requisitos necessários ao benefício assistencial desde a data do requerimento administrativo, contudo, ante a ausência de recurso da parte autora e sob pena de reformatio in pejus, o termo inicial deve ser mantido em 15-03-2004. 9. Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar. Precedentes do STJ e Súmula 75 desta Corte. 10. Os honorários periciais devem ser adimplidos pelo INSS. 11.

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Considerando a exclusão da União da lide, deve a parte autora arcar com o pagamento de honorários advocatícios ao patrono da União, os quais são fixados em R$ 350,00, suspensa a exigibilidade em razão do benefício de Assistência Judiciária Gratuita. (TRF4, AC 2004.71.14.000407-3, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 30/04/2007)

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA OFICIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ARTIGO 20 DA LEI Nº 8.742/93. PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. ESTADO DE MISERABILIDADE. COMPROVAÇÃO. TUTELA ANTECIPATÓRIA. ART. 273 DO CPC. REQUISITOS PREENCHIDOS. 1. A regra do § 2º do art. 475 do CPC, acrescida pela Lei nº 10.352/01, em vigor desde 27-03-2002, não tem aplicação na espécie, tendo em vista que do termo inicial de pagamento do benefício (29-10-1996) até a data da sentença (22-09-2006) somam aproximadamente 120 prestações a ser pagas, de valor mínimo, o que extrapola o limite previsto no dispositivo retrocitado para a dispensa do referido reexame. 2. Se ficar comprovada a incapacidade da parte autora para o trabalho e para a vida independente, e a sua condição de miserabilidade comprometer a sua subsistência por meios próprios, ou a impossibilidade de tê-la provida pela família, deve ser concedido o benefício assistencial em seu favor, nos termos previstos nos art. 20 da Lei nº 8.742/93. 3. A comprovação da situação econômica do beneficiário e sua real necessidade não se restringe a hipótese do artigo 20, § 3º, da Lei 8.742/93, que exige renda mensal familiar per capita não superior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, pois a condição de miserabilidade poderá ser verificada por outros meios de prova. 4. Explicitado o índice de correção monetária (IGP-DI). 5. Juros de mora fixados pelo MM. Juízo singular de acordo com o entendimento adotado pela Seção Previdenciária desta Corte. 6. Os honorários advocatícios incidem sobre as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). 7. Custas processuais pagas por metade (Súmula nº 02 do TARS). 8. Omissão da sentença suprida quanto aos honorários profissionais dos peritos que atuaram nos autos, para fixá-los em R$ 234,80, para cada perícia, de acordo com a tabela prevista na Resolução nº 281/2000 e Portaria nº 001/2004, ambas do CJF, vigentes à época dos fatos, os quais deverão ser pagos pelo INSS, em razão da sucumbência. 9. Sendo preenchidos os requisitos contidos no art. 273 do CPC, deve ser deferido o pedido de tutela antecipatória formulado pela parte autora. 10. Apelação e remessa oficial, tida como feita na espécie, parcialmente providas. (TRF4, AC 2007.71.99.005740-8, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 18/10/2007)

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REMESSA OFICIAL. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E PARA A VIDA INDEPENDENTE. SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL. JUROS. HONORÁRIOS PERICIAIS. 1. Remessa oficial tida por interposta. 2. A incapacidade para a vida independente (a) não exige que a pessoa possua uma vida vegetativa ou que seja incapaz de locomover-se; (b) não significa incapacidade para as atividades básicas do ser humano, tais como alimentar-se, fazer a higiene e vestir-se sozinho; (c) não impõe a incapacidade de expressar-se ou de comunicar-se; e (d) não pressupõe dependência total de terceiros. Precedentes do STJ e desta Corte. 3. Ante tais considerações, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente restou reconhecida pelas conclusões da perícia médica realizada em 07-08-2003 (fls. 211-214, com complemento à fl. 227), a qual constatou que o autor apresenta seqüela de fratura e osteomelite de tíbia direita com encurtamento de 6,3 cm do membro com claudicação e dor em joelho e tornozelo direito. 4. Na hipótese em apreço, o auto de constatação socioeconômica revela que o autor vive na casa de pessoas com as quais não compõe um grupo familiar (nos termos do conceito de família preceituado pelo art. 20, § 1º, da Lei n.º 8.742/93, na redação dada pela Lei n.º 9.720, de 30-11-1998). Assim, tem-se que a renda familiar do autor inexiste, configurando-se a situação de risco social necessária à concessão do benefício. 5. Comprovado o preenchimento dos requisitos legais, de conceder-se o benefício em favor da parte autora, desde a data do requerimento administrativo (07-02-2001). 6. Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar. Precedentes do STJ e Súmula 75 desta Corte. 7. Supre-se de ofício a omissão do julgado, para condenar o INSS a arcar com o valor dos honorários

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periciais. (TRF4, AC 2001.70.04.000617-2, Quinta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 05/10/2007)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL. CONTROVÉRSIA INFERIOR A 60 SALÁRIOS MÍNIMOS. NÃO-CONHECIMENTO. UNIÃO FEDERAL. LISTISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ARTIGO 20 DA LEI N.º 8.742/93. REQUISITOS. PREENCHIMENTO. CONCESSÃO. HONORÁRIOS PERICIAIS. SUPRESSÃO DE OFÍCIO. 1. Aplicável à hipótese o §2º do art. 475 do CPC, acrescido pela Lei nº 10.352/01, por se tratar de controvérsia inferior a 60 salários mínimos, não se submete o feito ao duplo grau obrigatório de jurisdição. 2. Nas ações que versam sobre a concessão do benefício assistencial instituído pela Lei n.º 8.742/93, regulamentada pelo Decreto n.º 1.744/95, é o INSS que detém a legitimidade passiva, não devendo a União Federal integrar o pólo passivo da lide. 3. A concessão do amparo assistencial é devida às pessoas portadoras de deficiência e idosos, mediante a demonstração de não possuírem meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 4. O entendimento desta Corte, na linha de precedentes do STJ, é que o limite de ¼ do salário mínimo como renda familiar per capita representa apenas um parâmetro objetivo de miserabilidade, podendo ser excedido se o caso concreto assim o justificar. 5. O INSS foi condenado ao reembolso dos honorários periciais, nos valores fixados pelo magistrado de 1º grau. Omissão da sentença suprida de ofício. 6. Suprida, de ofício, a omissão da sentença. Remessa oficial não conhecida. Apelação do INSS improvida. (TRF4, AC 2005.71.11.002251-0, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 25/06/2007)

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA OFICIAL. NÃO-CONHECIMENTO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DOENTE MENTAL. ESTADO DE MISERABILIDADE. CONCESSÃO ADMINISTRATIVA. PARCELAS ATRASADAS. UNIÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. 1. Cuidando-se de sentença proferida após a alteração introduzida pela Lei nº 10.352/01, que deu nova redação ao § 2º do art. 475 do CPC, não se conhece da remessa oficial de sentença com condenação ou controvérsia recursal não excedente a 60 salários mínimos. 2. Uma vez demonstrado que o autor, desde a data do primeiro requerimento administrativo, tem deficiência mental e o estado de miserabilidade, é de ser reformada a sentença para condenar o INSS ao pagamento do benefício assistencial desde a data do primeiro requerimento administrativo até a data da concessão administrativa. 3. Para fins de composição da renda mensal familiar, não pode ser computada a renda mensal percebida pelo irmão do autor, maior de 21 anos, e por seu sobrinho, uma vez que estes não se enquadram no conceito de família definido pela Lei 8.742/93 (art. 20, § 1º). 4. A União carece de legitimidade passiva nas ações em que se discute o direito ao benefício assistencial. (TRF4, AC 2001.72.03.001352-4, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 14/06/2007)

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XI. Ações Revisionais (07/11/2012-quarta)

1. Introdução

As ações revisionais podem ser divididas em dois grupos: as revisionais gerais e as específicas.

As primeiras são devidas a todos os segurados que cumprirem seus requisitos, como a revisão do IRSM de fev/94, por exemplo.

Já as revisionais específicas são definidas de acordo com o segurado, levando em conta o seu caso. Entre elas, por exemplo, temos uma revisional que visa averbar um tempo de roça, não reconhecido pelo INSS quando do deferimento da inativação.

2. Ações Revisionais Gerais

2.1. Ações anteriores à CF88

• Atualmente, a maioria das ações revisionais anteriores à CF88 não repercute financeiramente, tendo em vista a garantia de equivalência salarial - art. 58 ADCT.

• Isso porque, com a vigência do art. 58 do ADCT, todos os benefícios tiveram seu valor recalculado, de modo que - se tivesse havido algum reajustamento irregular, como de fato ocorreu, o que poderia subsistir seriam diferenças impagas, mas que já se encontram prescritas, salvo quanto a ações ajuizadas até abril de 1994 (a partir de abril de 1989, a CF garantiu a equivalência salarial).

• Em outras palavras, se fizermos hoje a correção de um reajuste ocorrido nos benefícios antes da vigência do art. 58 do ADCT, isso não vai modificar sua renda atual - não há reflexos na renda mensal do benefício. Porém, se houver a correção da própria RMI, poderá haver reflexos futuros.

• Com a antiga CLPS (Dec. 89.312/84), art. 21, os benefícios eram calculados da seguinte forma:

“Art. 21. O benefício de prestação continuada, inclusive o regido por normas especiais, tem seu valor calculado com base no salário-de-benefício, assim entendido: I - para o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, a pensão e o auxílio reclusão, 1/12 (um doze avos) da soma dos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade, até o máximo de 12 (doze), apurados em período não superior a 18 (dezoito) meses;II - para as demais espécies de aposentadoria e para o abono de permanência em serviço, 1/36 (um trinta e seis avos) da soma dos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da entrada do requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.§ 1º Nos casos do item II, os salários-de-contribuição anteriores aos 12 (doze) últimos meses são previamente corrigidos de acordo com índices estabelecidos pelo MPAS....”

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2.1.1. Súmula 260 do TFR

SÚMULA 260 TFR"No primeiro reajuste dos benefícios previdenciários, deve-se aplicar o índice integral do aumento verificado, independentemente do mês da concessão, considerando, nos reajustes subseqüentes, o salário mínimo então atualizado.“

1ª parte - primeiro reajuste

• Desde novembro de 1966 os reajustes dos benefícios previdenciários passaram a se dar na data de alteração do salário mínimo, pelos índices previstos pela política salarial governamental. De 1966 a 1979 o salário mínimo variou anualmente. Depois, a variação passou a ser semestral.

• Ao conceder os reajustes, o INSS passou a fazê-lo consoante o critério da proporcionalidade (o índice era repassado proporcionalmente ao mês de sua concessão).

• Os benefícios eram calculados segundo a média das 12 últimas contribuições, sem correção, para o auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, e sobre a média das 36 últimas contribuições, mas só as 24 primeiras atualizadas, para as demais aposentadorias.

• A RMI já era, portanto, defasada, pois nos últimos 12 meses não havia atualização para calcular sua RMI, e no primeiro reajuste não se aplicava o índice integral, mas proporcional ao mês de concessão.

• Havia prejuízo, porque aqueles que tivessem benefício iniciado mais próximo do mês de aumento teriam menor reajuste que aqueles com início em data distante, embora tivessem igual RMI.

• Assim, segurados que tivessem contribuído por toda vida laboral em idênticos patamares e por igual período, teriam a mesma renda mensal, mas se optassem por requerer o benefício em meses distintos, diverso seria o reajuste, com o que se apresentava tratamento desigual para situações idênticas.

• Se todos os salários-de-contribuição fossem atualizados (o que passou a ocorrer com a Lei 8.213/91), não haveria prejuízo.

2ª parte - reajustes posteriores

• A Lei 6.708, de 30/10/1979, regulou a política salarial e também os benefícios previdenciários. Em seu art. 2º criou faixas salariais, consoante as quais os aumentos (reajustes) seriam diferenciados, sendo menores para as faixas maiores:

“Art. 2º A correção efetuar-se-á segundo a diversidade das faixas salariais e comulativamente, observados os seguintes critérios:    I - até três vezes o valor do maior salário mínimo, multiplicando-se o salário ajustado por um fator correspondente a 1.1 da variação semestral do índice Nacional de Preços ao Consumidor;

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    II - de três salários mínimos aplicar-se-á, até o limite do inciso anterior, a regra nele contida e, no que exceder, o fator 1.00;    III - acima de dez salários mínimos aplicar-se-ão, as regras dos incisos anteriores até os respectivos limites e, no que exceder, o fator 0.8....”

• A autarquia previdenciária fazia o enquadramento dos benefícios usando como parâmetro o salário mínimo revogado (e não o atualizado a cada semestre), o que resultava em valor maior, enquadramento em faixa superior e, em conseqüência, aumento menor.

• Antes mesmo da edição da súmula, foi publicado o Decreto-Lei n. 2.171, de 13/11/84, que fez cessar os prejuízos, a contar de 11/1984, ao dispor:"para fins de enquadramento do valor do benefício nas faixas adotadas pela política salarial, será considerada, a partir da vigência deste decreto-lei, o novo salário mínimo."

• Ficou a descoberto o período entre 1979 e 1984. Veio, então, a Lei 7.604, de 26 de maio de 1987, cujo art. 1º determinou o enquadramento correto e pagamento das diferenças. Nada haveria mais a ser postulado. Se houvesse, estaria prescrito.

• Hoje a aplicação desta súmula não se mostra mais possível, porque diz não com a RMI, mas com reajustes posteriores. A partir de abril de 1989, passou a vigorar a equivalência salarial (art. 58 do ADCT), que garantiu a melhor e mais adequada forma de reajuste. E com a Lei 8.213/91, passou a haver a atualização de todos os salários de contribuição, sendo possível, então, o reajuste proporcional entre o mês de concessão e o mês de reajuste.

• A jurisprudência sedimentou-se no sentido de ser INAPLICÁVEL A SÚMULA 260 aos benefícios concedidos após a CF88, mesmo no buraco negro (entre a CF88 e 04 de abril de 1991), que passou a ser regido pelo art. 144 da Lei 8.213/91 - aplicação de seus critérios, com pagamento dos atrasados (o que evitou prejuízos na RMI).

• SÚMULA 51 DO TRF4: "Não se aplicam os critérios da Súmula n. 260 do extinto TFR aos benefícios concedidos após a CF 88".

"PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. SÚMULA 260, TFR. ATUALIZAÇÃO PROPORCIONAL. Após o início dos efeitos da Lei 8.213/91, perdeu, a Súmula 260, TFR, a sua razão de ser, que era a de compensar a falta de atualização das doze últimas contribuições. Deferido o benefício da assistência judiciária gratuita." (Apelação Cível n° 94.04.56335-8/RS, Relator Juiz Volkmer de Castilho, 3ª Turma, unânime, DJU, seção 2, 4.10.95, p. 67.587, j. 19.9.95) [grifo nosso]

• ATENÇÃO : esta súmula pode ainda ter aplicação nos casos de pensão precedida de aposentadoria ou aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença, deferidos antes da CF88, uma vez que o art. 58, da ADCT, revisou apenas os benefícios em manutenção e não os benefícios originários.

2.1.2. Menor Valor-teto pelo INPC

• CLPS/84: “Art. 23. O valor do benefício de prestação continuada é calculado da forma seguinte:

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I - quando, o salário-de-benefício é igual ou inferior ao menor valor-teto, são aplicados os coeficientes previstos nesta Consolidação;

II - quando é superior ao menor valor-teto, o salário-de-benefício é dividido em duas parcelas, a primeira igual ao menor valor-teto e a segunda correspondente ao que excede o valor da primeira, aplicando-se:a) à primeira parcela os coeficientes previstos nesta Consolidação;b) à segunda um coeficiente igual a tantos 1/30 (um trinta avos) quantos forem os grupos de 12 (doze) contribuições acima do menor valor-teto, respeitado o limite máximo de 80% (oitenta por cento) do valor dessa parcela;

III - na hipótese do item II o valor da renda mensal é a soma das parcelas calculadas na forma das letras "a" e "b", não podendo ultrapassar 90% (noventa por cento) do maior valor-teto.

§ 1º O valor mensal das aposentadorias do item II do artigo 21 não pode exceder 95% (noventa e cinco por cento) do salário-de-benefício.....”

• Por esse artigo, o valor da RMI variava em relação ao número de contribuições que superassem o menor valor-teto.

• O menor valor-teto correspondia a 10 vezes o maior salário-mínimo vigente no país. O maior valor-teto correspondia a 20 salários-mínimos.

• Ex.: a CLPS/84, no art. 33, previa aposentadoria por tempo de serviço para o homem com 95% do salário-de-benefício.João tem 35 anos de serviço e 10 grupos de 12 contribuições acima do menor valor-

tetosalário-mínimo = 100 cruzeirossalário-de-benefício = 1300 cruzeirosRMI aposentadoria por tempo de serviço = 95% x 1000 + 10 x 1/30 x 300 = 1050

cruzeiros

• Com a Lei 6.205/75, o menor valor-teto e o maior valor-teto foram desvinculados do salário-mínimo, sendo reajustados de acordo com o fator de reajustamento salarial, definidos por Decreto;

• Com a Lei 6.708/79, a partir de 11/79, o reajuste passou a ser feito pelo INPC, e não mais pelos índices definidos por Decreto;

• Com a Lei 6.950/81, apenas o maior valor-teto voltou a ser de 20 vezes o salário-mínimo;

• Porém, mesmo após a Lei 6.708/79, o INPS não aplicou o INPC para os tetos. Podem haver diferenças em relação a RMI dos benefícios deferidos entre 11/79 e 04/82, uma vez que por meio da Portaria MPAS n° 2.840, de 30/04/1982, o INPS reajustou o menor e o maior valor-teto, para o mês de maio de 1982, com base na variação acumulada do INPC, não havendo diferenças a partir daí;

• A ação revisional pedirá o reajuste do menor valor-teto pelo INPC para os benefícios deferidos entre 11/79 e 04/82, gerando uma RMI maior, o que gera

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diferenças até a presente data (alteração do valor do benefício e recebimento de diferenças dos últimos 5 anos).

PREVIDENCIÁRIO. ATUALIZAÇÃO DO MENOR E MAIOR VALOR TETO. INPC. LEI 6.708/79. SÚMULA 2 TRF/4. 1. A partir de novembro/1979, inclusive, por força do disposto no artigo 1°, §3°, da Lei n° 6.205/75, na redação dada pela Lei n° 6.708, de 30-11-79, o menor e o maior valor-teto, previstos no art. 5° da Lei n° 5.890, de 08-06-73, devem ser reajustados com base na variação do INPC. 2. A administração previdenciária inicialmente não observou esse critério legal, mas, por meio da Portaria MPAS n° 2.840, de 30/04/1982, reajustou o menor e o maior valor-teto, para o mês de maio de 1982, com base na variação acumulada do INPC, a partir de maio de 1979. 3. Tendo o menor e o maior valor-teto sido devidamente recompostos a partir de maio de 1982, inclusive, a possibilidade de existência de diferenças nas respectivas rendas mensais iniciais restringe-se aos benefícios concedidos entre novembro de 1979 e abril de 1982, cujos cálculos tenham envolvido a manipulação dessas variáveis. 4. No regime anterior à Lei 8.213/91 é devida a correção dos salários-de-contribuição anteriores aos 12 últimos meses na forma da Súmula n° 2 desta Corte. (TRF4, AC 2004.72.05.004712-7, Sexta Turma, Relator do Acórdão João Batista Pinto Silveira, D.E. 10/07/2007)

2.1.3. Súmula 2 do TRF4

“Para o cálculo da aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, no regime precedente à Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, corrigem-se os salários-de-contribuição, anteriores aos doze últimos meses, pela variação nominal da ORTN/OTN.”

• A aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, no regime precedente à Lei n°

8.213/91, era calculado com base nos últimos 36 salários-de-contribuição, sendo que somente eram corrigidos monetariamente os 24 primeiros, anteriores aos 12 últimos.

• A CLPS (Dec. 77.077/1976) estabelecia a correção dos 24 primeiros salário-de-contribuição por índices estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.

• A Lei 6.523/77, art. 1°, previu a utilização da ORTN como índice oficial de correção monetária. A jurisprudência entendeu que esta lei revogou a CLPS no que se refere ao critério de correção.

• A súmula 2 do TRF4 não se aplica a benefícios concedidos antes da Lei 6.523/77 e nem ao auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, a pensão e ao auxílio reclusão, que eram calculados com base apenas nos últimos 12 salário-de-contribuição, sem correção.

• Como há alteração da RMI do benefício, esta súmula ainda hoje pode repercutir no valor do benefício recebido.

• Observar que nem todos os benefícios foram concedidos defasados. Consultar tabela das DIB para verificar se há repercussão financeira e qual o índice de correção. Ao aplicar esta tabel, obervar:– a) Somente utilizado nos processos em que efetivamente o INSS certifica o

desaparecimento dos autos do processo administrativo de concessão do benefício;

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– b) Nas competências não informadas, a variação da ORTN/OTN foi menor do que a aplicação dos índices administrativos;

– c) Utilizado para os benefícios APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO e APOSENTADORIA POR IDADE/VELHICE.

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. SÚMULA 260 DO TFR. ÍNDICE INTEGRAL. FAIXAS SALARIAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO. SÚMULA Nº 02/TRF. BENEFÍCIOS ANTERIORES À CF/88. ART. 58 DO ADCT. SÚMULA 24 DO TRF/4ª REGIÃO. ARTIGO 144 DA LEI 8.213/91. SUCUMBÊNCIA MÍNIMA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. O primeiro reajuste da renda mensal dos benefícios concedidos antes da CF/88 deve ser integral, posto que suas DIBs não coincidem com as datas de reajuste do salário mínimo, tal como deflui da Súmula 260 do Tribunal Federal de Recursos. 2. O pedido de enquadramento do benefício nas faixas salariais procede com relação aos benefícios deferidos antes da edição do Decreto-Lei n° 2.171, de novembro de 1984, quando então as distorções foram corrigidas, pela adoção do salário mínimo vigente e não o anterior. 3. Para o cálculo da aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, no regime precedente à Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, corrigem-se os salários-de-contribuição, anteriores aos doze últimos meses, pela variação nominal da ORTN/OTN. Súmula nº 02/TRF - 4ª Região. 4. A Súmula nº 02/TRF - 4ª Região é inaplicável aos benefícios cujas DIBs são posteriores à Constituição Federal de 1988. 5. A regra estabelecida no art. 58 do ADCT - a constância da relação entre a quantidade de salários mínimos e o valor dos benefícios - deve ser observada no período de 05 de abril de 1989 até 09 de dezembro de 1991, época em que o Superior Tribunal de Justiça teve como implementado o Plano de Custeio e Benefícios da Previdência Social. 6. São auto-aplicáveis os parágrafos 5° e 6° do art. 201 da Constituição Federal de 1988. Súmula nº 24/TRF. 7. Sendo a parte autora titular de aposentadoria concedida durante o chamado "buraco negro", ou seja, entre 05-10-1988 (data da promulgação da Constituição Federal/88) e 05-04-1991 (data de retroação dos efeitos da Lei nº 8.213/91), devido o reajuste da renda mensal inicial, de acordo com as regras dispostas no art. 144 da Lei nº 8.213/91, em sua redação original. .... (TRF4, AC 2001.04.01.015191-0, Quinta Turma, Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 28/05/2007)

2.2. Ações posteriores à CF88

2.2.1. Art. 58 da ADCT

• Sabe-se que o reajustamento dos benefícios previdenciários não está vinculado ao salário mínimo, e tampouco há garantia constitucional de manutenção do número a que correspondia a renda inicial do benefício, quando dos reajustamentos.

• Aliás, a lei ordinária que vinculasse os reajustes dos benefícios previdenciários ao salário mínimo seria inconstitucional, por violar a parte final do inciso IV, do artigo 7°, da Constituição, que veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim.

• A única hipótese de vinculação foi a decorrente da norma constante do art. 58 da ADCT, assim redigido:

“Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela previdência social na data da promulgação da Constituição, terão seus valores revistos, a fim de que seja restabelecido o poder aquisitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinham na data de sua concessão, obedecendo-se a esse critério de atualização até a implantação do plano de custeio e benefícios referidos no artigo seguinte. Parágrafo único. As prestações mensais dos benefícios atualizados de acordo com este artigo serão devidas e pagas a partir do sétimo mês a contar da promulgação da Constituição."

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• Termo inicial : 05/04/1989;

• Termo final : foi controvertido - edição da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991 ou do Regulamento 357, de 07 de dezembro de 1991? Prevaleceu a última posição, segundo o STJ.

• Objeto : alcança apenas os benefícios em manutenção na data da promulgação da CF88 (05/10/1988). Neste sentido, a seguinte súmula do STF:

“687 - A revisão de que trata o art. 58 do ADCT não se aplica aos benefícios previdenciários concedidos após a promulgação da Constituição de 1988.”

• Durante esse lapso, garantiu-se a equivalência entre o valor do provento e a proporção do salário mínimo a que correspondia quando da concessão do benefício. A partir de então, a correção passou a ser efetivada em conformidade com os ditames do art. 41 da Lei 8.213/91 e legislação posterior.

• A indexação com base no salário mínimo ficou restrita ao período supra mencionado, enquanto perdurou a vigência do art. 58 do ADCT.

• Neste sentido há precedente do TRF4, como se vê da ementa que segue:"Previdenciário. Revisão de benefício. Súmula 260, TFR. Equivalência Salarial.No primeiro reajuste, aplica-se o índice integral do aumento, independentemente da data do início do benefício previdenciário, considerando-se, nos reajustes subseqüentes, o salário mínimo vigente na data de cada reajustamento. A equivalência salarial - assim entendida a preservação do valor do benefício em número de salários mínimos, só foi implementada pelo art. 58 do ADCT e se manteve até a regulamentação da Lei n° 8.213/91, pelo Decreto n° 357/91." (Ap. Cível n° 94.04.48754-6/RS, Relator Juiz Amir José Finocchiaro Sarti, RTRF 4ª Região n. 20, p. 207). [grifo nosso]

• O INSS aplicou o ADCT art. 58 somente até a vigência da LBPS. Porém, em 09/91 o salário-mínimo foi reajustado em 147,06%. Com as Portarias 302/91 e 485/92, o INSS aplicou aos benefícios também este índice.

• Ponto controvertido: aplicação do Salário Mínimo de Referência (SMR) ou do Piso Nacional de Salário (PNS) adotado pelo INSS? o Criou-se um sistema dual pelo Dec. 2.351/87. O PNS era o

valor mínimo pago aos trabalhadores, capaz de satisfazer suas necessidades e de sua família. Já o SMR, inferior em valor àquele, foi instituído para cálculo dos reajustes salariais em geral, incluindo pensões e aposentadorias, e como indexador de obrigações legais e contratuais. O TRF4 editou a súmula 15 : “O reajuste dos benefícios de natureza previdenciária, na vigência do Decreto-Lei n° 2.351, de 7 de agosto de 1987, vinculava-se ao salário mínimo de referência e não ao piso nacional de salários” - DJ (Seção II) de 14-10-93, p.43516”.

o O STJ tem admitido a utilização do SMR para reajustar os benefícios previdenciários e o PNS para fins da equivalência salarial. O TRF4 tem aderido a ambas as decisões.

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o Porém, discordamos em relação ao PNS. Somente o SMR pode restabelecer o poder aquisitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinha o benefício na data de sua concessão. E como tinha um valor inferior ao SMR, resultaria em número maior de salários mínimos na conversão pelo ADCT, art. 58.

• A Terceira Seção do TRF4 pacificou a matéria no sentido da aplicação do PNS como divisor para fins do art. 58/ADCT durante a vigência do DL n.º 2.351/87, como se pode ver do seguinte julgado:

"PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ART. 58 DO ADCT. DIVISOR. PISO NACIONAL DE SALÁRIOS. PNS. INCIDÊNCIA. 1. Na revisão prevista no artigo 58 do ADCT, durante a vigência do Decreto-Lei n.º 2.351/87, deve ser utilizado como divisor o Piso Nacional de Salários, afastando-se a aplicação do Salário Mínimo de Referência (Precedentes desta Corte). 2 . E m b a r g o s I n f r i n g e n t e s improvidos.“ (EI em AC n.º 97.04.04556-5-SC, Rel. Juiz Nylson Paim de Abreu, julgado em 17/5/00)

• Este também é o entendimento do STJ, como se vê das ementas a seguir colacionadas:

"AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. ARTIGO 58 DO ADCT. DIVISOR APLICÁVEL. SALÁRIO MÍNIMO DE REFERÊNCIA . PISO NACIONAL DE SALÁRIOS. 1. "O Piso Nacional de Salários é o divisor a ser utilizado na aplicação do critério de equivalência em número de salários mínimos instituído pelo artigo 58 do ADCT. Precedentes." (AgRgAgRgREsp n.º 254.230/SC, da minha Relatoria, in DJ 4/2/2002). 2 . A g r a v o r e g i m e n t a l improvido.“ (AGA n.º 551980-RS, Sexta Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ 28.06.2004)

"EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. DISSÍDIO NÃO COMPROVADO. PISO NACIONAL DE SALÁRIO. DIVISOR. ART. 58 DO ADCT. 1 - Acórdãos originários de uma mesma Turma julgadora não servem para demonstrar o dissídio pretoriano que autoriza a interposição dos embargos de divergência. 2 - A similitude fática das hipóteses postas em confronto é requisito essencial para a comprovação da divergência jurisprudencial. 3 - O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão de que o piso nacional de salários é o divisor aplicável para fins de apuração da equivalência prevista no artigo 58 do ADCT. 4 – Embargos n ã o conhecidos.“ (ERESP n.º 195977-RS, Terceira Seção, Rel. Min. Paulo Gallotti DJ 24.05.2004)

“PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. ART. 58 DO ADCT. DIVISOR. PISO NACIONAL DE SALÁRIOS. PNS. INCIDÊNCIA. Na revisão prevista no artigo 58 do ADCT, durante a vigência do Decreto-Lei n.º 2.351/87, deve ser utilizado como divisor o Piso Nacional de Salários, afastando-se a aplicação do Salário Mínimo de Referência. (TRF4, REO 2005.71.00.044301-5, Turma Suplementar, Relator Fernando Quadros da Silva, D.E. 09/10/2007)”

• Aplicação atual do ADCT 58:• Muito embora não mais vigore a equivalência salarial, prejuízos ocorridos

durante a mesma têm reflexos nas rendas posteriores, de sorte que podem ser discutidos judicialmente sem terem sido atingidos pela prescrição;

• Por outro lado, se houver discussão de cálculo da Renda Mensal Inicial (em caso de cálculo equivocado, por exemplo, quando não tiver havido a correta atualização dos salários-de-contribuição), a revisão do valor originário da prestação tem evidentemente reflexos sobre a garantia temporária estatuída pelo art. 58 do ADCT.

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2.2.2. “Buraco Negro”

• Os benefícios concedidos entre a entrada em vigor da CF e a Lei 8.213/91 foram inicialmente calculados de acordo com a legislação anterior (CLPS/84). A Lei 8.213/91, nos arts. 144 e 145, determinou efeitos retroativos, prevendo o cálculos destes benefícios de acordo com a nova legislação.

“ Art. 144. Até 1º de junho de 1992, todos os benefícios de prestação continuada concedidos pela Previdência Social, entre 5 de outubro de 1988 e 5 de abril de 1991, devem ter sua renda mensal inicial recalculada e reajustada, de acordo com as regras estabelecidas nesta Lei. (Revogado Pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 24.8.2001)

Parágrafo único. A renda mensal recalculada de acordo com o disposto no caput deste artigo, substituirá para todos os efeitos a que prevalecia até então, não sendo devido, entretanto, o pagamento de quaisquer diferenças decorrentes da aplicação deste artigo referentes às competências de outubro de 1988 a maio de 1992.” (Revogado Pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 24.8.2001)

“ Art. 145. Os efeitos desta Lei retroagirão a 5 de abril de 1991, devendo os benefícios de prestação continuada concedidos pela Previdência Social a partir de então, terem, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, suas rendas mensais iniciais recalculadas e atualizadas de acordo com as regras estabelecidas nesta Lei. (Revogado Pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 24.8.2001)

Parágrafo único. As rendas mensais resultantes da aplicação do disposto neste artigo substituirão, para todos os efeitos as que prevaleciam até então, devendo as diferenças de valor apuradas serem pagas, a partir do dia seguinte ao término do prazo estipulado no caput deste artigo, em até 24 (vinte e quatro) parcelas mensais consecutivas reajustadas nas mesmas épocas e na mesma proporção em que forem reajustados os benefícios de prestação continuada da Previdência Social.” (Revogado Pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 24.8.2001)

• Esses artigos prevêem pagamento de diferenças atrasadas apenas na revisão dos benefícios concedidos a partir de 04/1991, pois, segundo o art. 59, da ADCT, este era o prazo para a aprovação dos novos planos de custeio e benefícios da Previdência Social.

o Art. 144: benefícios concedidos entre 05/10/1988 e 05/04/1991; com efeitos financeiros a partir de JUN/1992, sem atrasados.

o Art. 145: benefícios concedidos de 06/04/1991 até o vigor da Lei; efeitos financeiros desde a respectiva DIB.

• A princípio, todos os benefícios foram devidamente revistos pelo INSS. Porém, em alguns poucos casos isto não ocorreu. Ex.: aposentadoria e falecimento do segurado antes de jun/92. A pensão decorrente foi deferida em relação ao valor da aposentadoria sem revisão.

• Porém, em relação a aposentadoria especial houve tratamento diferenciado:

“LBPS Art. 147. Serão respeitadas as bases de cálculo para a fixação dos valores referentes às aposentadorias especiais, deferidas até a data da publicação desta Lei.”

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• Este dispositivo foi aplicado de acordo com o art. 292, do Dec. 357/9: a base de cálculo das aposentadorias especiais deferidas até 24/07/1991 deveriam ser calculadas de acordo com a sistemática antiga (70% + 1% para cada ano de atividade) e não de acordo com a sistemática da LBPS, versão original (85% + 1% para cada grupo de 12 contribuições).

• Trata-se de dispositivo que afronta o princípio constitucional da isonomia (ar. 5º, CF), uma vez que em relação a todos os outros benefícios foram aplicados os novos percentuais da LBPS.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. DUPLO GRAU OBRIGATÓRIO. CONCESSÃO. RUÍDO. HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS. COMPROVAÇÃO. CONVERSÃO PARA ESPECIAL COM BASE 25 ANOS DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. VERBA HONORÁRIA. 1 - A nova redação do art. 475, imprimida pela Lei 10.352, publicada em 27-12-2001, determina que o duplo grau obrigatório a que estão sujeitas as sentenças proferidas contra as autarquias federais somente não terá lugar quando se puder, de pronto, apurar que a condenação ou a controvérsia jurídica for de valor inferior a 60 (sessenta) salários mínimos. 2 - Uma vez exercida atividade enquadrável como insalubre, sob a égide da legislação que a ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua conversão em especial. 3 - Se o segurado obtém 26 anos de tempo de serviço, cabível a concessão da aposentadoria especial, nos termos do artigo 35, §1º, da CLPS/84, com RMI de 95% (noventa e cinco por cento) do salário-de-benefício, a contar da DIB e, a partir de junho de 1992, aplicável 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, conforme o disposto no art. 144 da Lei 8.213/91. 4 - A correção monetária de débitos previdenciários, por tratar-se de obrigação alimentar e, inclusive, dívida de valor, incide a partir do vencimento de cada parcela, segundo o disposto no § 1º do art. 1º da Lei nº 6.899/81. 5 - A base de cálculo da verba honorária abrange, tão-somente, as parcelas devidas até a prolação da sentença. (TRF4, REO nº 1999.71.00.028681-3/RS, Quinta Turma, Des. Federal Victor Luiz dos Santos Laus, DJU, de 03-05-2006, p. 566 - grifado)

2.2.3. “Buraco Verde”

Em alguns benefícios o INSS não aplicou o percentual correspondente, na hipótese da média apurada resultar superior ao limite máximo do salário-de-contribuição vigente no mês de início do benefício, a diferença percentual entre esta média e o referido limite será incorporada ao valor do benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão, conforme os arts. 26, da Lei 8.870/94, 21, § 3º, da Lei 8.880/94 e 35, § 3º, do RPS.

LEI Nº 8.870, DE 15 DE ABRIL DE 1994: (Buraco Verde)“Art. 26. Os benefícios concedidos nos termos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 , com data de início entre 5 de abril de 1991 e 31 de dezembro de 1993, cuja renda mensal inicial tenha sido calculada sobre salário-de-benefício inferior à média dos 36 últimos salários-de-contribuição, em decorrência do disposto no § 2º do art. 29 da referida lei, serão revistos a partir da competência abril de 1994, mediante a aplicação do percentual correspondente à diferença entre a média mencionada neste artigo e o salário-de-benefício considerado para a concessão.Parágrafo único. Os benefícios revistos nos termos do caput deste artigo não poderão resultar superiores ao teto do salário-de-contribuição vigente na competência de abril de 1994.

• LEI No 8.880, DE 27 DE MAIO DE 1994:“Art. 21 - Nos benefícios concedidos com base na Lei nº 8.213, de 1991, com data de início a partir de 1º de março de 1994, o salário-de-benefício será calculado nos termos do art. 29 da referida Lei, tomando-se os salários-de-contribuição expressos em URV.

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§ 1º - Para os fins do disposto neste artigo, os salários-de- contribuição referentes às competências anteriores a março de 1994 serão corrigidos, monetariamente, até o mês de fevereiro de 1994, pelos índices previstos no art. 31 da Lei nº 8.213, de 1991, com as alterações da Lei nº 8.542, de 1992, e convertidos em URV, pelo valor em cruzeiros reais do equivalente em URV do dia 28 de fevereiro de 1994.§ 2º - A partir da primeira emissão do Real, os salários-de- contribuição computados no cálculo do salário-de-benefício, inclusive os convertidos nos termos do § 1º, serão corrigidos monetariamente mês a mês pela variação integral do IPC-r.§ 3º - Na hipótese da média apurada nos termos deste artigo resultar superior ao limite máximo do salário-de-contribuição vigente no mês de início do benefício, a diferença percentual entre esta média e o referido limite será incorporada ao valor do benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão, observado que nenhum benefício assim reajustado poderá superar o limite máximo do salário-de-contribuição vigente na competência em que ocorrer o reajuste.”

• RPS, art. 35, § 3º“ Na hipótese de a média apurada na forma do art. 32 resultar superior ao limite máximo do salário-de-contribuição vigente no mês de início do benefício, a diferença percentual entre esta média e o referido limite será incorporada ao valor do benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão, observado que nenhum benefício assim reajustado poderá superar o limite máximo do salário-de-contribuição vigente  na competência em que ocorrer o reajuste.”

2.2.4. IRSM 02/94

• O INSS deixou de aplicar o IRSM de fev/1994, no valor de 39,67%, ao atualizar os salários-de-contribuição anteriores a março. O IRSM representava a atualização da moeda (inflação).

• Cuidado: somente se aplica para os benefícios cujo PBC inclua o mês de fev/1994.

• Houve descumprimento do preceito que manda corrigir monetariamente todos os salários-de-contribuição. Este é o entendimento pacífico do TRF4 e do STJ.Súm. 19, TUN: “para o cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, deve ser considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1°, da Lei 8.880/94)”.

• A MP 201, de 23/07/2004, convertida na Lei nº 10.999, de 15/12/2004, reconheceu devido este reajuste e autorizou o pagamento, nas condições que especifica (mediante a acordo e pagamento parcelado de atrasados), segundo o art. 2º da referida Lei: “Art. 2o Terão direito à revisão os segurados ou seus dependentes, beneficiários do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, que se enquadrem no disposto no art. 1o desta Lei e venham a firmar, até 31 de outubro de 2005, o Termo de Acordo, na forma do Anexo I desta Lei, ou, caso tenham ajuizado ação até 26 de julho de 2004 cujo objeto seja a revisão referida no art. 1o desta Lei, o Termo de Transação Judicial, na forma do Anexo II desta Lei.”

2.2.5. Novos Tetos EC 20/98 e EC 41/03

NOVOS TETOS DE DEZEMBRO/1998 (Emenda nº 20/98) E JANEIRO/2004 (Emenda 41/04): Há dois tipos de pedidos (possibilidades) – um consistente (letra “a” abaixo) e outro não (“b”).

199

a) Benefícios que tiveram sua RMI revisada pelo IRSM de 39,67 (Fev/94): alguns geraram coeficiente do teto (Art. 21, § 3º da Lei 8.880/94) bastante grandes que resultaram em renda mensal superior ao teto a partir do 1º reajuste (pela incorporação do referido coeficiente) e que foi devidamente limitada nesse valor máximo para pagamento. Ocorre que, com os novos tetos de DEZ/98 e JAN/04 abriu-se a possibilidade de recuperação do valor real da renda mensal antes da limitação.

Exemplificando, uma RMI alterada no 1º reajuste de 05/1996 para R$ 1.012,00 deveria ser limitada para fins de pagamento em R$ 957,56 (teto a partir dessa competência). No próximo reajuste em 06/1997 o INSS aplicou o índice anual correspondente sobre o teto recebido de R$ 957,56 e não sobre a renda real de R$ 1.012,00, obtendo a RM de R$ 1.031,87 (também valor máximo). Fez isso sucessivamente nos subseqüentes, obtendo R$ 1.081,50 em JUN/98 passando por dezembro desse ano sem levar em consideração o referido novo teto; reajustando novamente só em JUN/99. De outro modo, a renda real (1.012,00) anteriormente limitada para recebimento se devidamente reajustada resultaria em R$ 1.142,40 de JUN/98 em diante, e com o novo teto de dezembro (R$ 1.200,00) poderia ser então recuperada. As Contadorias da JF, de modo geral, faziam isso de ofício, pois parece ser o mais correto (inclusive com parecer também favorável da Contadoria do TRF).

Obs.: Não se faz mais isso, pelo menos na Contadoria/Canoas. Somente quando o caso em tela, o pedido, for esse. Ou seja, se não houve pedido na inicial (cálculo prévio) e se não houve decisão, não se trabalha mais com a renda real e sim com a limitada, do mesmo modo que o Instituto.

Abre-se então essa possibilidade de revisão, pois, de modo diferente, benefícios desiguais (que têm percentual diferente de acordo com o Art. 21, § 3º da Lei) passam a se igualar a partir do 1º reajuste.

(b) Benefícios em geral e em manutenção na data das emendas e que não tiveram nenhum tipo de limitação: pedido, s.m.j., inconsistente.

2.2.6. Revisão RMI da Aposentadoria por Invalidez precedida de Auxílio-doença

• Antes das alterações da Lei 9.876/99, para cálculo do salário-de-benefício do Auxílio-doença e da Aposentadoria por invalidez a previsão legal determinante do PBC era o afastamento do trabalho.

• Agora, a nova regra preceitua que seja todo o período contributivo desde 07/1994 (já filiados em 11/1999). Se for considerado o período que recebeu o Auxílio-doença como de contributivo, pode-se considerar o salário-de-benefício do primeiro reajustado como salário-de-contribuição, aplicando o § 5º do Art. 29 da Lei 8.213/91. Esses têm sido os pedidos.

RPS, art. 36, § 7º “A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.”

200

Esse artigo contraria a regra da LBPS, art.29, II, devendo ser calculada a RMI com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% do PBC .

RPS, art. 32, §   20.   ”Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta e quatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005)” [regra permanante. 144 = 80% de 180]

RPS, art. 188-A, §   4o   ”Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com salários-de-contribuição em número inferior a sessenta por cento do número de meses decorridos desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício, o salário-de-benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições mensais apurado.   (Incluído   pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005)” [regra transitória para o filiado até 28/11/99]

Essas normas prevêem que não se deve desprezar os 20% menores salários-de-contribuição, nos casos que especificam. Não há base legal para isto, uma vez que o art. 29, II, da LBPS, e o art. 3°, da Lei 9.876/99, não prevêem esta possibilidade.

2.3. Quadro Resumo

Reajuste Tese Aplicação Jurispr. AtualmenteSúmula 260 do TFR

"No primeiro reajuste dos benefícios previdenciários, deve-se aplicar o índice integral do aumento verificado, independentemente do mês da concessão, considerando, nos reajustes subseqüentes, o salário mínimo então atualizado."

Reajuste dos benefícios no período de 11/1966 até a vigência da CF 88 (súm 51, TRF4)

Unânime pelo deferimento.

Não tem mais aplicação. Eventual diferença já estaria prescrita. Somente com efeitos financeiros hoje para benefício de Aposentadoria por Invalidez precedida de Auxílio-doença, se ambos forem anteriores a CF88 e se considerar o 2º benefício como “em manutenção” para fins do Art. 58 ADCT – CF/88.

Súmula 2 do TRF4

“Para o cálculo da aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, no regime precedente à Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, corrigem-se os salários-de-contribuição, anteriores aos doze últimos meses, pela variação nominal da ORTN/OTN.”

Cálculo da RMI das aposentadorias por idade e por tempo de serviço concedidas a partir da vigência da Lei 6.523/77 (17/06/1977) até a vigência da CF88 (04/10//88).

Unânime pelo deferimento.

Como há alteração da RMI do benefício, esta súmula ainda hoje pode repercutir no valor do benefício recebido (apenas aposentadoria por tempo de serviço e idade)

“Buraco Negro”

Após a CF, mas antes da LBPS, os benefícios foram concedidos pela legislação antiga, e posteriormente recalculados com as regras novas.

Recálculo da RMI de benefícios concedidos:- de 05/10/88 a 05/04/91: sem pagamento de atrasados (a. 144, LBPS);- de 06/04/91 até vigência da LBPS: com pagamento de atrasados (a. 145, LBPS c/c a. 59, ADCT)

Sem repercussão atual, pois, a princípio, todos os benefícios foram revistos há época.

Equivalência Salarial (Art. 58, ADCT)

Benefícios revistos, a fim de que seja restabelecido o poder aquisitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinham na data de sua concessão. Utiliza-se o Piso Nacional de Salários

Alcança apenas os benefícios em manutenção na data da promulgação da CF88.A regra vale de 05/04/89 (a. 58, ADCT, § único) a 07/12/91 (data do

Sem repercussão atual, pois, a princípio, todos os benefícios foram revistos há época.

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(INSS e STJ) ou o Salário Mínimo de Referência (TRF4 e doutrina)?

regulamento da LBPS, segundo jurisprudência)

IRSM 02/1994

Para o cálculo RMI do benefício deve ser considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1°, da Lei 8.880/94).

Benefícios cujo PBC inclua 02/1994

Como há alteração da RMI do benefício, ainda hoje pode repercutir no valor do benefício recebido.

3. Procedimento

Revisão da RMI o Ingressar com prévio pedido no INSS, instruído com docs que alterem a

RMI;o Observar o prazo de decadência;o Indeferido, ajuizar ação judicial (segue de acordo com o item anterior)o É possível a pensionista ingressar com ação do benefício do “de cujus”, ou

prosseguir no pólo ativo, caso já ajuizada a ação.

Revisão dos Reajustes o Desnecessário prévio ingresso administrativo no INSS;o Documentos necessários: comprovantes do deferimento do benefício (carta

de concessão; HISCRE; etc.)o Juntada da Carta de Concessão ou outro documento com a DIB. Inexistindo

nos autos cópia da carta de concessão ou outro documento que contenha claramente a indicação da Renda Mensal Inicial e da DIB (data de início do benefício), deverá a Secretaria intimar a parte autora para emendar a inicial, juntando aos autos tal documentação;

o Juntada da RSC. Inexistindo nos autos a relação de salários-de-contribuição (RSC) do(a) autor(a) a partir de julho/1994, deverá a Secretaria intimar a parte autora para emendar a inicial, juntando aos autos tal documentação, sob pena de indeferimento da inicial;

o Juntada de prova da RMA – Renda Atual. Inexistindo nos autos documento no qual conste a Renda Mensal Atual – RMA do benefício, tais como cópia do último extrato recebido pelo próprio segurado em seu endereço, extrato obtido junto às agências do INSS ou detalhamento de crédito disponível na internet http://www010.dataprev.gov.br/cws/conte-xto/hiscre/index.html (para obter esse documento, o segurado deve acessar o histórico de créditos de pagamentos de benefícios, informando, para tanto, o número do benefício e a data de nascimento), deverá a Secretaria intimar a parte autora para emendar a inicial, juntando aos autos tal documentação;

o Casos: IRSM 02/94 (apenas para benefícios com PBC incluindo 02/94); Súmula 2, do TRF c/c ADCT, art. 58.

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XII. Juizado Especial Federal

1. Base Legal

Art. 98, CF (alterado pela EC 22/99) e Lei 10.259/2001 (LJEF).

Os JEFs são órgãos do Poder Judiciário, previstos expressamente pela da EC 22/99:

“Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;...§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Incluído pela EC 22/99 e renumerado pela EC 45/04).

Aplicação subsidiária da Lei 9.099/95: “LJEF, Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.”

Aplicação “no que não conflitar com esta Lei”: esse cuidado se explica pelo fato de que a Lei 9.099/95 disciplina os juizados estaduais, que resolvem lides entre particulares (vedada a propositura de feito contra Estado, Município ou entes públicos). Portanto, muitos preceitos não se ajustam à matéria tratada no JEF.

Aplicação do CPC: acaso da aplicação da Lei 9.099/95 não se preencha adequadamente a lacuna legislativa, deve-se passar à analise da aplicação do CPC.

2. Objetivo

Agilizar o exame dos processos que envolvem questões de pequena repercussão econômica e menor complexidade.

3. Princípios Aplicáveis

Lei 9.099/9, art. 2º “O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.”

3.1. Oralidade

Tenciona que o procedimento e os atos sejam marcantemente orais, concentrados na audiência.

Assim, a resposta do réu pode ser oral em audiência (art 30, Lei 9.099/95), os depoimentos não são reduzidos a termo, bastando o relato do essencial na sentença (art 36, Lei 9.099/95).

“Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.” (Lei 9.099/95)

203

“Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.” (Lei 9.099/95)

3.2. Simplicidade

O processo deve ser simples, sem incidentes complexos ou artimanhas processuais. As partes, leigas, devem ter possibilidade de assimilar a forma do procedimento de JEF, sendo básico que todo pedido é feito na inicial, e toda a matéria de defesa (exceto suspeição e impedimento) exercitada na contestação, inclusive com possibilidade de pedido contraposto.

3.3. Informalidade

Os atos processuais devem ser praticados tendo em conta sua finalidade e conteúdo e não com apego a formas e ritos procedimentais.

Como corolário de tal princípio, o sistema de nulidade nos JEF é baseado na comprovação de prejuízo (art. 13, Lei 9.099/95), a propositura da inicial é facilitada (art 14, Lei 9.099/95), as intimações podem ser feitas por qualquer meio idôneo (art. 19, Lei 9.099/95), inclusive telefone e e-mail ou sistemas de informática.

“Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.” (Lei 9.099/95)

“Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;III - o objeto e seu valor.§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.” (Lei 9.099/95)

“Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.” (Lei 9.099/95)

204

3.4. Economia Processual

O processo deve ser o tanto mais barato quanto possível, devendo-se, para tanto, evitar a prática de qualquer ato processual que não aqueles estritamente indispensáveis ao atingimento de sua finalidade.

Pelo mesmo motivo, se evita a decretação de nulidade ou a repetição de quaisquer atos que tenham atingido a finalidade ou não tenham prejudicado a parte.

A tal preceito estão ligadas:• possibilidade de cumulação de pedidos conexos (art 15, Lei

9.099/95);• não admissão de reconvenção (art. 31 Lei 9.099/95).• dispensa de relatório na sentença (art. 38, Lei 9.099/95);• gratuidade do processo no JEF - pagamento de custas e honorários

apenas em grau de recurso (art. 55, Lei 9.099/95);

“Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.”

“Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.”

“Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.”

“Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo quando:I - reconhecida a litigância de má-fé;II - improcedentes os embargos do devedor;III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor.”

3.5. Celeridade

O processo judicial deve terminar no menor tempo possível. Segundo a CF, art. 5º, “LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. (Incluído pela EC 45/04).

São exemplos da celeridade:• determinação de designação da audiência assim que apresentado o

pedido inicial;• sentença imediata no caso de ausência do réu (art 23, Lei 9.099/95).

Caso típico de procura pelo magistrado de outros meios de tornar mais célere e efetiva a solução do litígio é aquele verificado no caso de não ser admissível o

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procedimento ou no caso de incompetência do JEF (art. 51, II e III, da Lei 9.099/95). Deveriam ser objeto de extinção do feito, sendo que a imensa maioria dos magistrados na JF têm determinado, pela instrumentalidade das formas e economia processual, sejam os autos remetidos ao juízo competente.

“Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado proferirá sentença.”

“Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo;II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;III - quando for reconhecida a incompetência territorial;IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei;V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias;VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.”

4. Competência para o JEF

4.1. Valor da Causa

Causas com valor máximo de 60 salários mínimos, vigente quando da propositura do feito. R$ 30.600,00 (01/01/2010 )

Tal parâmetro leva em consideração o valor do salário mínimo vigente quando da propositura do feito, momento que se verifica e se fixa a competência jurisdicional. Desse modo, p.ex., quem propôs ação de JEF em 31/12/2009 estava submetido ao teto de R$ 27.900,00, ao passo que aqueles que a propuseram no dia posterior, já se submetiam ao teto de R$ 30.600,00, em função do aumento do salário mínimo nacional.

Competência absoluta: segundo a jurisprudência e a própria Lei 10.259/01 a competência dos JEFs é absoluta, inexistindo a possibilidade do autor optar pelo processamento perante o rito comum, se é caso de JEF.

LJEF, art. 3°, § 3o “No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.”

Controle de ofício do valor da causa: a jurisprudência tem entendido que pode o juiz, de ofício, controlar tal valor da causa, sobretudo quando possuir nos autos os elementos que necessitar para aferir a quantificação econômica da causa. Isso se deve ao fato de no JEF o valor da causa determinar competência absoluta.

Condenação em valor superior: o fato do valor da causa ser limitado a 60 SM não significa que as condenações não extrapolarão tal valor.

Competência delegada à justiça estadual (art. 109, § 3º, da CF): não é possível no JEF (art. 20, da Lei nº 10.259). Desta forma, se optar pela competência delegada, mesmo com valor da causa inferior a 60 s.m., o rito será o ordinário.

206

LEJF, “Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual.”

4.1.1. Critério Utilizado

A maior discussão surgida quanto ao limite do valor da causa diz com o preceito do parágrafo 2º do artigo 3º da Lei nº 10.259/01, ao dispôr sobre as prestações vincendas.

Lei 10.259, “Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças....§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput.....”

“CPC, art. 259.  O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:...II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;...”

“CPC, art. 260.  Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.”

Havendo apenas prestações vencidas, não há dúvida de que o valor da causa será o somatório destas.

A dúvida se estabelece no caso de haver prestações vincendas, frente ao preceito da LJEF, art. 3°, § 2°, concorrendo três posições quanto ao cálculo do valor da causa:

-1- havendo prestações vincendas, o valor da causa será a soma de 12 prestações vincendas, havendo ou não vencidas. Posição antigamente adotada pelas TR do RS e revista recentemente - SÚMULA Nº 1, TR/RS: “Havendo parcelas vencidas e vincendas, o valor da causa corresponde à soma das parcelas vencidas com doze vincendas, conforme o disposto no artigo 260, do Código de Processo Civil”. Sessão de 09/07/2008

- 2- o valor da causa será a soma das prestações vencidas mais 12 vincendas, em consonância aos artigos 259 e 260 do CPC. A razão de ser do art. 3°, § 2º, da LEJF, seria pura e simplesmente explicitar qual o critério a ser adotado para os feitos em que houvesse pedido apenas de parcelas vincendas. Posição adotada pelas TR do PR (veja 2002.70.05.006245-0) e pelo TRF4 (veja CC 2494 (3a Sessão, Relator o Antonio Albino Ramos de Oliveira, DJU de 15.01.03, p. 962);

-3- “Nas demandas em que se postulam prestações vencidas e vincendas, fixa-se o valor da causa com base apenas no montante atualizado das parcelas vencidas até a data do ajuizamento da ação” (SÚMULA Nº 12, TR-SC

A jurisprudência acabou por firmar-se de acordo com a posição 2 acima.Se a parcela é devida por mais de um ano ou por tempo indeterminado,

será computada, a título de parcelas vincendas, uma anuidade delas, ou seja, 12 (doze).

207

Mesmo que seja algo que possua 13 pagamentos por ano, como salário, benefício previdenciário, etc, uma anuidade são 12 parcelas!

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUÍZO FEDERAL E JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. VALOR DA CAUSA. 1. A interpretação a ser dada ao art. 3º da Lei 10.259/01 encontra-se pacificada no âmbito da Terceira Seção desta Corte e, se ao colegiado compete uniformizar a jurisprudência previdenciária, seus pronunciamentos vinculam as Turmas que o integram. 2. No valor da causa deve repercutir a integralidade dos pedidos formulados na inicial. Aplica-se o art. 260 do CPC para apurá-lo quando o pedido abranger parcelas vencidas e vincendas. (TRF4, CC 2004.04.01.042775-7, Terceira Seção, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E. 11/04/2007)

4.1.2. Cumulação de Pedidos

• Valor da causa e cumulação de pedidos : havia dissenso nas Turmas Recursais do RS quanto à possibilidade de cumulação para fins de cálculo do valor da causa e fixação da competência. Porém, pacificou-se o entendimento de que havendo cumulação de pedidos conexos, o valor de todos é somado para fins de verificação do valor da causa e da competência, conforme o art. 15, da Lei 9.099/95, e o art. 259, II, do CPC, aplicável aos JEFs.

- As decisões que calculavam o valor da causa independentemente para cada pedido visavam desestimular a propositura de diversas demandas pelas partes. Assim, p.ex., uma ação com pedido de IRSM, IGP-DI e revisão do coeficiente de pensão, poderia ter até 180 s.m. como valor da causa, e mesmo assim ser processada no JEF.

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO INCIDENTE SOBRE O CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS. VALOR DA CAUSA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JEF. SISTEMA "E-PROC". 1. Já se encontra pacificado o entendimento de que na hipótese de pedidos cumulados numa mesma ação, deve-se levar em conta o valor de cada demanda isoladamente, e não o seu conjunto, a fim de evitar a proliferação de demandas paralelas contra o mesmo réu. 2. Hipótese em que o valor da causa considerado individualmente não ultrapassa o limite estabelecido no art. 3º da Lei nº 10.259/01, sendo da competência do Juizado Especial Federal apreciar o presente feito. 3. Pedido de encaminhamento dos autos ao Juizado Especial Federal negado, ante a incompatibilidade de forma no processamento do feito. 4. Apelação improvida. (TRF4, AC 2004.70.00.037944-6, Primeira Turma, Relator Álvaro Eduardo Junqueira, DJ 24/08/2005)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. VALOR DA CAUSA. SOMA DOS PEDIDOS. I - critério assentado pela Quarta Turma para concessão do benefício da assistência judiciária gratuita é o de que o requerente não perceba rendimentos líquidos não superiores a dez salários mínimos. Verificado que o Agravante Ibanez Ibairro da Silva aufere renda líquida superior ao referido teto, não é de lhe ser estendido o benefício. II - O valor da causa, na hipótese em que há cumulação de pedidos, deve corresponder a soma de todos eles, a teor do art. 259, II, do CPC. E mesmo na hipótese de litisconsórcio ativo não há de se considerar, para efeito de determinação de competência, cada um dos valores dos pedidos cumulados. (TRF4, AG 2005.04.01.044244-1, Quarta Turma, Relator Valdemar Capeletti, D.E. 26/02/2007)

Cumulação com dano moral: o TRF4 tem entendido que o pedido de dano moral integra o valor da causa, mas deve ser proporcional ao valor do pedido principal. Anote-se, porém, decisões divergentes. No sentido da primeira possibilidade, trazemos parte

208

do voto do AG 2006.04.00.031021-0, Turma Suplementar, Relator Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 01/12/2006:

“.... Assim sendo, tão-somente para fins de fixação do valor da causa, tenho por razoável, considerar-se o valor da indenização por danos morais também no patamar do prejuízo econômico, ou seja, em R$ 5.595,48. Assim sendo, o valor total da demanda resta em R$ 11.190,96. O que se encontra, ainda, dentro do parâmetro da competência dos juizados especiais federais. Frente ao exposto, indefiro o pedido de efeito suspensivo. Comunique-se o juízo de origem. Intime-se o agravado na forma do art. 527, V, do CPC. Após, voltem conclusos Intime-se. Publique-se. Porto Alegre, 08 de novembro de 2006.”

“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. LIMITE DE 60 SALÁRIOS MÍNIMOS. VALOR DA CAUSA. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. SOMA. INDENIZAÇÃO À TÍTULO DE DANO MORAL. MONTANTE. RAZOABILIDADE. 1. Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, sendo lícito ao magistrado alterar até mesmo de ofício o valor dado à demanda, já que se consubstancia em aspecto delimitador de competência absoluta. 2. Havendo cumulação de pedidos, o valor da causa será o correspondente à soma de todos eles, nos termos em que previsto no artigo 259, II, do CPC. 3. Mostrando-se o montante postulado a título de indenização por danos morais adequado à situação colocada nos autos e ao proveito econômico buscado na demanda, não há motivo razoável para a sua alteração pelo magistrado singular. 4. Superando a soma dos valores correspondentes aos pedidos cumulados o limite de 60 (sessenta) salários mínimos, compete ao juízo federal comum o julgamento da ação.” (TRF4, CC 2006.04.00.031638-8, Terceira Seção, Relator Luís Alberto D Azevedo Aurvalle, D.E. 28/03/2007)

- Em outra decisão, o TRF4 decidiu no sentido da impossibilidade de se cumular pedido de dano moral:

"PROCESSUAL - PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO AJUIZADA PERANTE O JUÍZO FEDERAL COMUM, POSTULANDO APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INADMISSIBILIDADE - CONTEÚDO ECONÔMICO DO PEDIDO DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA INFERIOR A 60 SALÁRIOS MÍNIMOS - COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL - PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL COMUM - INICIAL INDEFERIDA - SENTENÇA CONFIRMADA. 1 - O art. 3º, § 3º, da Lei nº 10.259, de 12/07/01, que instituíu os Juizados Especiais Federais, dispõe que no foro em que estiverem instalados, sua competência será absoluta. Conseqüentemente, as causas de sua competência não poderão ser ajuizadas perante o juízo comum. 2 - O art. 292, § 1º, II, do CPC, veda a cumulação de vários pedidos contra um mesmo réu, num único processo, quando não for competente para deles conhecer o mesmo juiz. 3 - Tratando-se de competência absoluta, não é possível sua modificação por conta da conexão ou da continência (art. 102 do CPC). 4 - Se o pedido previdenciário é da competência do Juizado Especial Federal e o pedido de indenização por danos morais compete ao Juízo Federal comum, a solução é propor duas ações, constituindo a previdenciária questão prejudicial para o julgamento da de natureza civil (art. 265, IV, "a", do CPC). 5 - Cumulados os pedidos na mesma ação, perante o Juízo Federal Comum, correta a sentença que indefere a inicial." (TRF4, AC 2002.70.10.002456-6, 5ª Turma, Rel. Des. Federal Antonio Albino Ramos de Oliveira, DJU 26-3-2003)

- Na seguinte decisão, o TRF4 considerou como valor da causa o valor estipulado pelo autor para o dano moral, mantendo a competência no juízo comum:

“PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. VALOR DA CAUSA. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO. PEDIDOS.

209

CUMULAÇÃO. DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS. 1. É do Juiz o dever de direção do processo (artigo 125 do CPC) e o zelo pelas normas de direito público envolvendo questões de ordem pública tais como a regularidade da petição inicial (inciso V, artigo 282, c/c o § 3º e o inciso IV, artigo 267, ambos do CPC) e o controle do valor da causa para evitar dano ao erário público. 2. Os artigos 258 e 259, inciso I, do CPC, encerram regras de ordem pública e rezam sobre a necessidade de atribuição de valor certo à demanda, ainda que não tenha conteúdo imediato. 3. O valor da causa, para fins de fixação da competência do Juizado Especial Federal, em caso de litisconsórcio, deve ser o da demanda de cada um dos autores, sendo irrelevante o fato de que a soma da totalidade ultrapasse o valor de sessenta salários mínimos. 4. Não há cumulação indevida, de outra banda, se a parte formula pedido de indenização a título de danos morais e patrimoniais. A parte não pode ser obrigada a ajuizar duas ações se os pedidos decorrem de um mesmo fato jurídico. 5. O bem jurídico cuja tutela jurisdicional se persegue - ausência de reajustes isonômicos aos próprios militares em face da Lei nº 8.627/1993 - é o ponto comum de fato e de direito a justificar a cumulação de pedidos no caso dos autos e não é razoável obrigar o mesmo autor a propor duas ações em razão de um mesmo fato jurídico. 6. Assim sendo, o valor da causa - para fins de fixação de competência - deve ser aferido, em relação a cada autor isoladamente (como anteriormente afirmado) considerando, entretanto, a soma do pedido a título de danos materiais e morais. 7. Como somente a título de danos morais foi requerida a condenação do réu em até 60 (sessenta) salários mínimos e a este valor deve ser acrescido o benefício econômico perseguido com o pedido de indenização por dano material, o valor da causa ultrapassará o limite estabelecido pelo artigo 3º da Lei nº 10.259/2001, por menor expressão que tenha e, em conseqüência, competente para o processamento e julgamento da ação é do Juizado Comum Federal.” (TRF4, AG 2006.04.00.017515-0, Quarta Turma, Relator Marga Inge Barth Tessler, D.E. 30/04/2007)

Valor da causa e litisconsórcio ativo: para fins de fixação da competência do JEF, considera-se cada autor em separado, já que poderiam ter proposto individualizadamente suas ações. Neste sentido:

“PROCESSUAL CIVIL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE O CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS. LITISCONSÓRCIO ATIVO. VALOR DA CAUSA INFERIOR A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS PARA CADA AUTOR. COMPETÊNCIA. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. 1. O valor da causa, em havendo litisconsórcio, deve ser o da demanda de cada um dos recorrentes para fins de fixação da competência do Juizado Especial, restando desinfluente que a soma de todos ultrapasse o valor de sessenta salários mínimos. Precedente: REsp 794806 - PR, Relator Ministro FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma, DJ 10 de abril de 2006. 2. Interpretação do art. 3º da Lei nº 10.259/2001 conducente à fixação da competência para o julgamento da ação aforada pelos recorrentes no Juizado Especial Federal.3. Recurso Especial desprovido.” (REsp 807.319/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24.10.2006, DJ 20.11.2006 p. 282)

4.2. Opção pelo JEF

Opção pelo JEF: porém, o contrário é possível (optar pelo JEF, quando o valor da causa for superior a 60 s. m.), desde que a parte renuncie ao valor que exceder 60 s.m.

Renúncia ao valor que exceda 60 s.m.: parte da jurisprudência entendia que o mero ajuizamento do feito no âmbito dos JEFs já implicaria renúncia tácita ao valor eventualmente excedente a 60 s.m. quando do ajuizamento, ante os termos do § 3º do artigo 3º da Lei nº 9.099/95:

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“§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.”

Renúncia expressa: porém, acabou prevalecendo o entendimento de que a renúncia deve ser expressa na petição inicial, mesmo de forma genérica, possuindo o procurador poderes específicos para tanto. Veja a súm. 17 da TUN: “Não há renúncia tácita no Juizado Especial Federal, para fins de competência”

A renúncia deve ser expressa na petição inicial, ainda que pelo genérico termo de que ‘renuncia ao excedente’, possuindo o procurador poderes específicos para tanto.

- Não é necessário individualizar, por exemplo, parcelas ou competências renunciadas, valendo o valor total, ou seja, quando do cálculo, limitar-se-á o total ao teto de 60 salários mínimos quando do ajuizamento, independentemente do montante.

- Há posição no sentido de que mesmo tal renúncia deve ser recebida com reservas, limitando-se, por exemplo, a um percentual como 40 ou 50%, o que, no entanto, entendo incabível, já que a renúncia não deve ter limites.

4.3. Competência Territorial

- Havendo vara federal no domicílio do autor, esta possui competência absoluta, a teor do art. 3º, § 3º, da LJEF (“No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta”). A despeito de ser relativa a competência territorial à luz do CPC, no sistema do JEF ela adquire contornos absolutos, ante a impossibilidade de o jurisdicionado escolher o JEF perante o qual litigará. Assim, poderá ser declinada a competência de ofício pelo juiz.

- Dessa forma, não há a opção, como nas ações ordinárias previdenciárias, de se ajuizar na subseção de Porto Alegre, conforme a súm. 689, STF (“O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da capital do estado-membro”).

- Não havendo vara federal no domicílio do autor, há duas possibilidades: ou ajuíza na justiça estadual de sua comarca, utilizando a competência delegada e procedimento ordinário; ou deverá propor a ação perante o JEF da Subseção Judiciária que tem competência sobre o seu domicílio;

- O artigo 20 da Lei nº 10.259/01 é vertido nos seguintes termos: “Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro definido no artigo 4º da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, vedada a aplicação desta lei no juízo estadual”.

- No julgamento do conflito negativo de competência suscitado nos autos processo nº 2002.71.08.006245-4, assentou a TR do RS o entendimento de que para a fixação da competência dos Juizados Especiais Federais devem ser observados os critérios territoriais que orientam a competência das Varas Federais, inspirados na máxima da facilitação do acesso do jurisdicionado ao Judiciário.

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- Não pode ser outra a interpretação retirada de ‘juizado mais próximo’ do art. 20, sob pena de se entrar nas discussões absurdas como qual o critério (ponto zero da cidade, municípios limítrofes, residência da parte e sede do foro, etc).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. COMPETÊNCIA DELEGADA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. 1. Consoante disposto na Constituição Federal, art. 109, §3º, e na Lei nº 10.259/01, art. 20, é facultado ao segurado, quando não há vara federal na comarca de seu domicílio, ajuizar a ação perante o Juizado Especial Federal mais próximo de sua comarca, ou na própria comarca de seu domicílio quando competirá à Justiça Estadual seu julgamento, mormente por se tratar de causa de natureza previdenciária. 2. Acresça-se a isso o disposto no § 3º do art. 3º da Lei nº 10.259/01 que dispõe ter o Juizado Especial Federal competência absoluta somente quando instalada Vara do Juizado Especial no foro, situação que não se coaduna com o caso em apreço. (TRF4, AG 2006.04.00.032094-0, Turma Suplementar, Relator Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 22/01/2007)

4.4. Complexidade da Causa

No JEF Federal, não é critério de fixação da competência, como na Lei 9.099/95, art. 3º. Não importa se tem audiência, perícia grafotécnica, ações prejudiciais (art. 265), etc.

“Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade...” (Lei 9.099/95)

"PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL E VARA FEDERAL. COMPLEXIDADE DA CAUSA. Determinada a competência dos JEFCs pelo valor da causa farto 3° da Lei 10.259/2001) e não constando como hipótese de exclusão à aludida competência a complexidade da demanda. é de ser declarado competente o Juizado Especial Federal Cível de Pelotas. o suscitado. (TRF da 4ª Região, CC n° 4255/RS, Terceira Seção, Relator Desembargador Federal João Batista Pinto Silveira, data da decisão 10/02/2005, publicada no DJU em 06/04/2005, p. 362).

“PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. IMPROCEDÊNCIA. O simples fato de ser necessária prova pericial não induz à complexidade da causa, tampouco há restrição legal quanto à essa espécie de prova no âmbito dos Juizados Especiais. A existência de litisconsórcio entre a União e outro Ente Federado não afasta a competência do Juizado Especial Cível. Competência do Juizado Especial Federal para a apreciação da presente causa.” (TRF4, CC 2007.04.00.020444-0, Segunda Seção, Relator Valdemar Capeletti, D.E. 17/08/2007)

4.5. Causas Excluídas do JEF

Art. 3°, LJEF

“Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;

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IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.”

Hipóteses excludentes da tramitação pelo JEF:• Ações dos incisos II, III e XI do artigo 109 da CF:

• causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa residente ou domiciliada no país;

• causa fundada em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;

• disputa sobre direitos indígenas;• mandados de segurança , desapropriações, divisão e demarcação de terras, ação

popular, execução fiscal, ação de improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;

• que envolvam bens imóveis da União, autarquias ou fundações públicas federais;• anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, exceto o previdenciário e

de lançamento fiscal;

Assim, a anulação de pena de multa de trânsito, que não constitui lançamento fiscal, p.ex., não pode ser objeto de ação no JEF. De igual modo, um ato administrativo que, p.ex., corte o ponto de servidor ausente ao serviço por greve, não pode ser apreciado no JEF, já que se restringiu a possibilidade ao ato previdenciário e fiscal.

• impugnação de pena de demissão imposta a servidor público civil ou sanção disciplinar a militar

Nenhuma sanção imposta a militar pode ser objeto de ação no JEF. Quanto ao servidor civil, apenas a anulação da pena de demissão não pode ser proposta no JEF, sendo cabível a discussão das demais penalidades (destituição de cargo em comissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e a destituição de função de confiança, etc.).

A jurisprudência tem reconhecido a incidência, também, das exceções à competência dos Juizados previstas na Lei 9.099/95, como as causas que envolvam estado e capacidade da pessoa (p.ex., opção de nacionalidade): “§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.”

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO FEDERAL - APREENSÃO DE VEÍCULO - JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL - ART. 3º, § 1º, III, DA LEI Nº 10.259/2001. 1 - Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas versam sobre anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal. Aplicação do art. 3º, § 1º, III, da Lei nº 10.259/2001. 2 - Declarada a competência do MM. Juiz Federal da 2ª Vara Federal de Cascavel. (TRF4, CC 2007.04.00.004476-9, Primeira Seção, Relator Antonio Albino Ramos de Oliveira, D.E. 13/07/2007)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. ATO ADMINISTRATIVO. NATUREZA PREVIDENCIÁRIA. Estando sub judice ato administrativo federal de natureza previdenciária (deferimento de pensão militar), a causa deve ser processada e julgada pelo Juizado Especial, conforme a Lei nº 10.259/01

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(art. 3º, § 1º, III). (TRF4, CC 2006.04.00.039814-9, Segunda Seção, Relator Luiz Carlos de Castro Lugon, D.E. 25/04/2007)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL. ATO ADMINISTRATIVO FEDERAL - FACTIBILIDADE. - A vedação ao ingresso de ações no juizado especial cível versando sobre anulação ou cancelamento de ato adminstraativo federal não alcança mero pedido de declaração judicial da existência de um direito. (TRF4, CC 2005.04.01.025472-7, Segunda Seção, Relator Amaury Chaves de Athayde, DJ 21/09/2005)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS - INCOMPETÊNCIA. - Não se incluem na competência do Juizado Especial Federal Cível causas para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal (Lei nº 10.259/2001, art. 3º, parágrafo 1º, III), com os quais o visado auto de infração de trânsito não se identifica. (TRF4, CC 2005.04.01.001924-6, Segunda Seção, Relator Amaury Chaves de Athayde, DJ 13/07/2005) AGRAVO DE INSTRUMENTO. OPÇÃO DE NACIONALIDADE. COMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95. A opção de nacionalidade é questão relativa ao estado e capacidade da pessoa, ficando excluída da competência do Juizado Especial Federal , a teor do art. 3º, § 2º, da Lei 9.099/95 (de aplicação subsidiária autorizada pelo art. 1º da Lei nº 10.259/2001). (TRF4, AG 2006.04.00.030256-0, Terceira Turma, Relator Luiz Carlos de Castro Lugon, D.E. 14/03/2007)

4.6. Procedimentos Especiais

O TRF4 tem entendido ser possível ajuizamento de ações no JEF que siga procedimentos especiais, conforme as decisões que seguem.

Consignação em pagamento:CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. VALOR DA CAUSA INFERIOR A 60 SALÁRIOS MÍNIMOS. COMPETÊNCIA. - Os juizados especiais federais são competentes para o processamento e julgamento de ação de consignação em pagamento cujo valor não ultrapasse os 60 salários mínimos, tendo em conta que, embora se trate de procedimento especial, a mesma não se encontra abarcada pelas hipóteses de exclusão previstas no artigo 3 da Lei nº 10.259/01. (TRF4, CC 2005.04.01.048733-3, Segunda Seção, Relator Amaury Chaves de Athayde, DJ 22/03/2006) Prestação de contas:PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. PROCEDIMENTO ESPECIAL. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. - A Lei nº 10.259/01 estabeleceu a competência dos Juizados Especiais Federais para processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de 60 (sessenta: salários mínimos, bem como para executar suas sentenças. - Apesar de sujeita ao procedimento especial (CPC, artigo 890 e seguintes), a ação de prestação de contas não configura hipótese de exclusão da competência dos Juizados Especiais Federais. - Competência do juízo suscitante, da 3ª Vara Federal e Juizado Especial Federal Cível de Cascavel. (TRF4, CC 2004.04.01.051631-6, Segunda Seção, Relator Silvia Maria Gonçalves Goraieb, DJ 18/05/2005)

Alvará de levantamento de quantia do Pis/Pasep ou do FGTS do falecido.“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ALVARÁ DE LEVANTAMENTO

DE QUANTIA DO PIS/PASEP. FGTS. VALOR DA CAUSA. CRITÉRIO DETERMINANTE. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL. COMPETÊNCIA.- A competência do Juizado Especial Federal Cível é absoluta e, à exceção das hipóteses previstas nos incisos I a IV do § 1º do art. 3º da Lei nº 10.259, de 12-01-2001, determina-se em razão do valor da causa. - No caso, o valor da causa acha-se dentro

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dos limites impostos pela Lei nº 10.259/2001.” (TRF4, CC 2004.04.01.037553-8, Segunda Seção, Relator Valdemar Capeletti, publicado em 26/04/2006)

Cautelar exibitória e demais cautelares preparatórias (p.ex., leilão): “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL E JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. DESCONHECIMENTO QUANTO AO VALOR PRETENDIDO NA AÇÃO PRINCIPAL. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. - O STJ já firmou sua jurisprudência no sentido de lhe competir decidir conflitos de competência entre o Juizado Especial Federal e a Justiça Federal. - A ação cautelar preparatória não consta do rol de exceções contido no art. 3º da Lei nº 10.259⁄2001, de modo que ela deve ser proposta, nos termos do art. 800 do CPC, perante o Juizado Especial Federal que será competente para a ação principal. Precedente. - A circunstância de não ser conhecido o valor que se discutirá na ação principal não modifica a competência ora fixada. Caso, no futuro, por ocasião da propositura da ação principal, fique constatado que o valor excede o limite legal, é possível a modificação da competência do Juizado Especial Federal. Precedente da Primeira Seção. Conflito negativo conhecido e provido, para o fim de se estabelecer a competência do Primeiro Juizado Especial Federal de São Gonçalo - SJ⁄RJ, ora suscitado.” (STJ; CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 88.538 - RJ (2007⁄0180797-2; Relatora a Exma. Sra. Ministra Nancy Andrighi)

Justificação Judicial, desde que tendente a fazer prova no próprio JEF:“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. OBJETIVO DA PROVA. VARA FEDERAL E JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. VALOR DA CAUSA. A justificação judicial deve ser processada perante a Justiça competente para a ação que a utilizará como prova. Sendo pleito relativo à pensão de ex-combatente ou de filiado ao RGP, deve ser processada perante a Justiça Federal. Excetuadas as hipóteses previstas na lei de regência, o critério norteador da fixação da competência dos Juizados Especiais Federais é o valor atribuído à causa, não implicando alteração da competência o rito processual escolhido.” (TRF4, CC 2005.04.01.006740-0, Segunda Seção, Relator Alcides Vettorazzi, publicado em 01/11/2006)

5. Capacidade Processual

O artigo 6º da Lei 10.259 especifica quem pode ser parte no JEF:“Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996;II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais.”

Incapaz como autor: apesar da Lei 9.099/95, art. 8º, § 1º, admitir apenas pessoas capazes como autores (“§ 1º Somente as pessoas físicas capazes serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas.”), a Lei 10.259/01 não traz esta restrição, sendo possível atuar como autor.         Pessoa física, pessoa de direito privado e municípios como réus: a maioria da jurisprudência vem acatando o litisconsórcio passivo com pessoa física (p. ex.: litisconsórcio passivo em processos de pensão por morte), pessoa jurídica de direito privado (p. ex.: Habitasul) e Município, embora não estejam arrolados dentre os réus admitidos pela Lei 10.259/01, art. 6º.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL.JEF. LEI 10.259/01. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REPRESENTAÇÃO DE INCAPAZES. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI 9.009/95. 1. Inexiste restrição na Lei 10.259/01 que impeça a representação processual para a defesa do interesse de incapazes. 2. A Lei 9.099/95,que exclui a possibilidade de incapazes proporem ação, deve somente ser

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aplicada de forma subsidiária e quando não houver conflito com a lei que regula os juizados especiais federais. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a causa. (TRF4, CC 2005.04.01.023550-2, Terceira Seção, Relator João Batista Pinto Silveira, DJ 24/08/2005)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E JUÍZO FEDERAL COMUM. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. PESSOA FÍSICA. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. 1 - Admite-se o reconhecimento de litisconsórcio necessário no âmbito do Juizado Especial Federal em virtude da inclusão de pessoa física no pólo passivo da relação processual, nos termos do art. 6º, II, da Lei nº 10.259, de 2001, c/c o art. 10 da Lei nº 9.099, de 1995. 2 - Conflito de competência decidido para declarar competente o Juízo da Vara do Juizado Especial Federal, suscitado. (TRF4, CC 2006.04.00.035403-1, Terceira Seção, Relator Celso Kipper, D.E. 24/01/2007)

A SUCESSÃO OU ESPÓLIO também pode ser parte ativa, porque não se tratam, a rigor, de pessoas jurídicas, sendo aliás, representadas por pessoas físicas que defendem direitos próprios. Se é possível que a sucessão, no caso de falecimento do autor, prossiga no feito conforme o artigo 51, V e VI da L 9099, não há razão para que não possa ingressar com a ação:

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ENTRE JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E VARA FEDERAL. LEGITIMIDADE ATIVA DA SUCESSÃO PARA FIGURAR NOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. 1. A sucessão pode residir no pólo ativo de ação aforada perante o Juizado Especial Federal, até porque não se trata, em rigor, de pessoa jurídica, e é representada em juízo por pessoa física que está defendendo direito próprio no feito. 2. Sendo possível à sucessão integrar o feito em andamento em caso de falecimento da parte autora, consoante a redação do art. 51, V e VI, da Lei 9.099/95, não há razão para se vedar sua atuação no Juizado Especial Federal desde o início do processo. 3. Os próprios princípios inspiradores da criação dos Juizados Especiais Federais (mormente os da celeridade, informalidade, simplicidade e da efetividade da Justiça), bem assim a inafastável intenção do legislador em privilegiar o acesso dos hipossuficientes, orientam no sentido de se admitir o espólio no pólo ativo da causa, certo que marcante sua característica de extensão da pessoa natural.” (TRF4, CC 2004.04.01.051616-0, Segunda Seção, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, publicado em 26/07/2006)

De igual modo, a jurisprudência admite, à unanimidade, que as execuções de sentença do JEF prossigam no mesmo, não havendo empecilho, neste caso, que ocorra inversão dos pólos, sendo o INSS, por exemplo, autor da execução ou o escritório de advocacia cobrando em nome próprio os honorários de sucumbência. A limitação existente para atuação no pólo ativo é atinente à fase de conhecimento do processo e não ao processo de execução.

“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. 1 - Não há incompatibilidade entre o art. 6º da Lei nº 10.259, de 2001, que trata da capacidade para ser parte no âmbito do Juizado Especial Federal Cível, e o art. 3º, que fixa norma de competência absoluta (funcional) para a execução dos julgados exarados nos JEFs, porquanto o primeiro diz respeito ao processo de conhecimento e o segundo se aplica à fase de cumprimento de sentença. 2 - Interpretando-se sistematicamente as normas dos JEFs e do CPC, a execução dos honorários deve ser processada no mesmo Juízo onde prolatada a sentença exeqüenda, independentemente de ter havido troca de posição das partes em face do julgamento de procedência do pedido. 3 - Conflito de competência decidido para declarar competente o Juízo onde processada e julgada a ação de conhecimento (suscitante).” (TRF4, CC 2006.04.00.025300-7, Terceira Seção, Relator Celso Kipper, publicado em 24/01/2007

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6. Ajuizamento sem Advogado

6.1. Possibilidade

Alguns juízes aplicam o art. 9º, da Lei 9.099/99, restringindo os casos de propositura de ação sem advogados para causa de até 20 s.m.

“Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.”.

Porém, a jurisprudência majoritária é no sentido de admitir a propositura de ações nos JEFs sem advogado para qualquer valor.

6.2. Representantes

O artigo 10, da Lei 10.259/01, admite que as partes indiquem ou designem representantes para a causa por escrito, advogados ou não. Tenho que tal preceito não acarreta a possibilidade de atuação no JEF, em autêntica substituição ao trabalho do advogado, indispensável à administração da Justiça, na forma do artigo 133 da CF, de outros profissionais como, por exemplo, contadores e ‘despachantes previdenciários’. A TR de SC tem decidido neste mesmo sentido.

“Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não.” (LJEF)

7. Procedimento

PETIÇÃO INICIAL, PEDIDO VERBAL, ‘ATERMAÇÃO’ E IMPARCIALIDADE- A petição inicial tem, regra geral, os mesmos requisitos do art. 282 do

CPC, além daqueles do artigo 14 da Lei 9.099/95, devendo constar nome, qualificação das partes, endereço, fatos e fundamentos do pedido ainda que de forma sucinta, objeto e valor da causa. Pode haver cumulação de pedidos, ainda que eventual, assim como o pedido genérico.

“Atermação”: a parte segurada comparece diretamente perante a Secretaria do JEF e um servidor reduz a termo o seu pedido, conforme o art. 14, § 3º, da Lei 9.099/95 (“§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.”)

Essa prática acaba por trazer para o Judiciário a tarefa da DPUnião, o que reitera a falta de interesse do Executivo em instalá-la e aparelhá-la adequadamente;

Caberia até mesmo questionar a imparcialidade de atuação do órgão judicial a partir do momento em que pessoas vinculadas à Vara, na realidade, estão dando consultoria às partes para o ajuizamento de ações e mais ainda, mediante o referido fornecimento de ‘termos padrões’ pelo CJF para entrega às partes e ajuizamento das ações.

Ainda que admitido o pedido formulado diretamente, tenho que deve a parte saber consignar qual a natureza do pedido que pretende formular, ou seja, deve saber explicar o que pretende ajuizar e por que motivo, não bastando, como já decidiu a TR-SC, a parte comparecer ao balcão afirmando que o valor do benefício está muito defasado ou que pretender ver recuperado o valor real do benefício.

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TR-RS, SÚMULA Nº 2:“Tratando-se de concessão de prestações previdenciárias, é imprescindível o prévio requerimento administrativo, que deve ser comprovado pela Carta de Indeferimento ou pelo protocolo fornecido pela Administração (no caso de demora injustificável). No caso de cancelamento de prestações previdenciárias, ou de ações de reajustamento, o exame das questões ventiladas prescinde da via administrativa.” Sessão de 09/07/2008

8. Decisão Antecipatória e Acautelatória

“Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.” (LJEF)

- Embora esse artigo autorize ao juiz a concessão, de ofício ou a requerimento das partes, de medidas acautelatórias, tem-se entendido que é possível também a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, embora a diversidade de natureza dos provimentos judiciais. Nesse último caso, apenas a pedido, forte no art. 273, do CPC.

- Nesse sentido, o julgamento da Questão de Ordem nº 2 suscitada no processo nº 2002.71.00.004716-9 (Juíza Vânia, julgado em 04.03.02). Do mesmo modo, ao julgar, em 04.03.02, a Questão de Ordem nº 3, no processo nº 2002.71.00.004716-9, "a Turma, por unanimidade, decidiu sobre a possibilidade de antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, e da não-incidência do art. 1º da Lei nº 9.494/1997, em se tratando de benefício previdenciário. Decidiu, ainda, pela possibilidade jurídica de antecipar tutela em Sentença".

- Contra a decisão que antecipou ou não a tutela ou a cautelar cabe “recurso de medida cautelar” à Turma Recursal (art. 5°, LJEF), em tudo semelhante ao agravo de instrumento.

“Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença definitiva.” (LJEF)

9. Intimações e Citações

As citações e intimações da obedecem aos termos dos artigos 7º a 9º da LJEF.

As citações e intimações da UNIÃO Pública devem ser feitas na forma da LC 73/93, ou seja, de modo pessoal.

No entanto, a citação das autarquias, fundações e empresas públicas deve ser efetuada na pessoa do representante máximo da entidade no local (art. 7º, único), o que, na verdade, diz respeito à autoridade administrativa (Gerente Executivo, Chefe da APS) e não ao procurador. Isso, na prática, acarreta uma série de problemas, dependendo das agências envolvidas, pela burocracia interna nos procedimentos.

Há localidades em que a citação é recebida por meio eletrônico na Gerência-Executiva, conforme acima, em outras, tal como no rito ordinário, é recebida pela própria Procuradoria. Essa última sistemática é mantida nas ações processadas no Juizado Virtual (sistema e-proc), nas quais o Procurador-chefe, após receber a citação, as substabelece aos demais procuradores.

Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.

218

Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e empresas públicas será feita na pessoa do representante máximo da entidade, no local onde proposta a causa, quando ali instalado seu escritório ou representação; se não, na sede da entidade.

Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando não proferida esta na audiência em que estiver presente seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria).§ 1o As demais intimações das partes serão feitas na pessoa dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via postal.§ 2o Os tribunais poderão organizar serviço de intimação das partes e de recepção de petições por meio eletrônico.

Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias.

No Juizado Federal inexiste prazo fixado para citação ou prazo mínimo. Não fixa a lei nenhum prazo específico, cabendo ao respectivo juiz fixá-lo, conforme a peculiaridade existente na sua Subseção e no JEF, sendo evidente que deve ter bom senso.

O único prazo fixado é de antecedência mínima nos casos em que designada audiência. Nesta situação, a citação deve ser efetuada no mínimo 30 dias antes da audiência, podendo, no entanto, ser feita, p.ex., 6 meses antes da mesma. O prazo de contestação é no momento da audiência, ou seja, a parte tem até o ato da audiência para apresentar sua defesa, escrita ou oral. A intimação por modo eletrônico (auto intimação) é utilizada na JF-4R.

LEI Nº 11.419/06 - Dispõe sobre a informatização do processo judicial – principais disposições:

Art. 2o  O envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em geral por meio eletrônico serão  admitidos mediante uso de assinatura eletrônica, na forma do art. 1o desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos.

Art. 3o  Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido protocolo eletrônico.Parágrafo único.  Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia.

Art. 4o  Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral.

Art. 5o  As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico.

§ 1o  Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização.

§ 2o  Na hipótese do § 1o deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a intimação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte.

219

§ 3o  A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo.

§ 5o  Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz.

§ 6o  As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais.Art. 8o  Os órgãos do Poder Judiciário poderão desenvolver sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso por meio de redes internas e externas.

Parágrafo único.  Todos os atos processuais do processo eletrônico serão assinados eletronicamente na forma estabelecida nesta Lei.

Art. 10.  A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

§ 1o  Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia.

§ 2o  No caso do § 1o deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.

§ 3o  Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter equipamentos de digitalização e de acesso à rede mundial de computadores à disposição dos interessados para distribuição de peças processuais.

Art. 11.  Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais.

§ 2o  A argüição de falsidade do documento original será processada eletronicamente na forma da lei processual em vigor.

§ 3o  Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no § 2o deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sentença ou, quando admitida, até o final do prazo para interposição de ação rescisória.

§ 5o  Os documentos cuja digitalização seja tecnicamente inviável devido ao grande volume ou por motivo de ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio de petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão devolvidos à parte após o trânsito em julgado.

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10. Contestação

Em regra, oferecida em audiência de forma oral ou escrita.Não sendo contestado o feito, decreta-se a revelia, sem produzir, porém,

o efeito do artigo 319, do CPC (reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor), uma vez que incide a exceção do art. 320, II, do CPC (o litígio versa sobre direitos indisponíveis).

Na contestação, é cabível o oferecimento de contrapedido ou pedido contraposto. Este se difere da reconvenção, prevista no CPC, por não ter aqueles requisitos formais da mesma e não ser tipicamente o exercício do direito de ação pela parte demandada. Também difere da reconvenção, pois nessa o réu pode deduzir pedido autônomo daquele efetuado pela parte autora. Já no pedido contraposto do JEF é necessário que exista uma correlação com os fatos que constituem o objeto do pedido inicial, além de necessitar se ater ao limite de 60 salários e ser compatível com as ações que podem ser propostas no JEF.

Não é admitida intervenção de terceiros no processo do JEF, por expressa previsão do artigo 10 da Lei nº 9.099/95.

11. Audiência de Conciliação e Instrução

Designada audiência de conciliação, a ela deverão comparecer as partes, seus procuradores e testemunhas, eis que, não obtida a conciliação, poderá a audiência de imediato converter-se em audiência de instrução e julgamento. Há produção de todas as provas, inclusive documentais, dando-se vista à outra parte.

Designação de conciliadores: LJEF, “Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por decisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente do Juizado designará os conciliadores pelo período de dois anos, admitida a recondução. O exercício dessas funções será gratuito, assegurados os direitos e prerrogativas do jurado (art. 437 do Código de Processo Penal).”

Conforme a Portaria 02, do Coordenador dos JEFs na 4 Região, têm como atribuições promover a conciliação ou transação, instruir as causas, coletando a prova oral e realizar a atermação dos pedidos. Na prática, realizam tais atos sempre sob a supervisão dos juízes, não havendo, porém, o menor sentido em que fizessem apenas e tão-somente aquilo que a lei previa, ou seja, a tentativa conciliatória (art. 18, LJEF). Posição confirmada pela Resolução n.º 527, de 19/10/2006, do CJF: “Art. 2º Cabe ao conciliador promover a conciliação entre as partes e a instrução das causas, em matérias específicas, realizando atos instrutórios previamente definidos, tais como redução a termo de depoimentos e acordos a serem homologados, sob a supervisão de magistrado federal, sem prejuízo da renovação do ato pelo juiz que apreciar o processo.

Porém, em decisão recente (Procedimento de Controle Administrativo n.º 453), o CNJ deliberou no sentido de impedir aos conciliadores a instrução processual. Dessa forma, o CJF, através da Res. 562, de 05 DE JULHO DE 2007, acabou revogando o citado art. 2º, da Res. 527/06.

Ambas resoluções (527/06 e 562/07) foram revogadas pela Res. 32/2008 do CJF, que regulamentou a atividade de conciliador, sendo, no entanto, omissa quanto a possibilidade de realização de colheita de provas. Dessa forma, permanece a proibição do CNJ. Anote-se que há projeto de lei em tramitação no sentido de permitir ao conciliador presidir audiência de instrução.

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RESOLUÇÃO N. 032, DE 13 NOVEMBRO DE 2008, do CJFRegulamenta a atividade de conciliador nos Juizados Especiais Federais.

Art. 1º Os conciliadores, em número compatível com o movimento forense, serão selecionados entre cidadãos que apresentarem qualificação compatível com essa atividade, a critério do juiz que presidir o Juizado Especial Federal ou, quando não houver, do juiz titular da vara do juizado, observada a preferência para bacharéis e universitários do curso de Direito.

§ 1º Os interessados se inscreverão pela internet apresentando currículo e preenchendo formulário próprio, desenvolvido pelas respectivas Regiões.

§ 2º A abertura de inscrições será amplamente divulgada.§ 3º A unidade de juizado interessada procederá à seleção dos

candidatos devidamente inscritos mediante entrevista pessoal.§ 4º Atendidas as formalidades legais, os tribunais poderão firmar

convênio com entidades de ensino superior, para que o exercício da função de conciliador seja considerado como estágio.

§ 5º A atividade de conciliador será exercida gratuitamente, sem qualquer vínculo funcional, empregatício, contratual ou afim, vedada qualquer espécie de remuneração, contudo assegurados os direitos, prerrogativas e deveres previstos em lei.

§ 6º O juiz que presidir o juizado designará o conciliador pelo período de 2 (dois) anos, admitida a recondução, após o preenchimento do termo de adesão e compromisso anexo.§ 7º Recomenda-se aos Tribunais Regionais Federais que seja instituída a atribuição de 0,5 ponto aos candidatos que, ao se submeterem a concurso público para preenchimento de cargos da Justiça Federal, tiverem exercido, no mínimo por um ano, as atribuições de conciliador, como forma de valorização e reconhecimento dessa atividade.

§ 8º O conciliador permanecerá vinculado ao juizado que o selecionar, ao qual caberá expedir o Certificado de Atuação.

§ 9º Será mantido, na internet, cadastro eletrônico dos conciliadores em cada juizado.

Art. 2º Cabe à Coordenadoria dos Juizados Especiais Federais de cada Região resolver as questões omissas quanto aos conciliadores, bem como, por intermédio do juiz referido no art. 1º, acompanhar, avaliar, controlar e orientar o desempenho das suas atribuições.

Art. 3º O conciliador terá cobertura de seguro de acidentes pessoais custeado pelo Tribunal ou pela Justiça Federal de primeiro grau, conforme estabelecido em cada Região.

Art. 4º Aplica-se ao conciliador a Lei n. 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, que trata do serviço voluntário.

Perícia: em sendo determinada a realização de perícia anteriormente à audiência, o laudo deve estar disponível às partes 5 dias antes da audiência. (art. 12, LJEF).

LEJEF, “Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, independentemente de intimação das partes.”

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12. Sentença

A sentença dispensa o relatório (L. 9099/95 - Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório).

A fundamentação guarda semelhanças com o procedimento comum, apenas com a singularidade de, tendo em conta os princípios consagrados no artigo 2º da Lei nº 9.099 (oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade e economia processual) ser, naturalmente, mais sintética. De igual modo, o requisito de clareza se mostra mais relevante no JEF, face à presunção de hipossuficiência da parte autora, impondo-se maior simplicidade na redação e objetividade.

De igual modo serão apreciadas as questões de fato e de direito relevantes. Considerando que, de regra, a produção probatória de fatos seria efetuada em audiência, expressamente previu o legislador que nos ‘elementos de convicção’, o Juiz faria rápida referência aos fatos relevantes ocorridos em audiência. Tal previsão, aliada à do artigo 36 da Lei nº 9.099, que dispensa a redução a termo dos depoimentos, mais aproxima o processo do JEF da oralidade e informalidade:

Lei 9.099/95, “Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.”

O dispositivo possui os mesmos requisitos daquele do processo comum, devendo conter todos os elementos indispensáveis à correta formação da coisa julgada, especificando detalhadamente tudo o que for necessário até porque inexiste espaço para complementação do título judicial em execução ou liquidação.

Em tese, a sentença deve ser líquida:Lei 9,099/95: “Art. 38, parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.”

Como em alguns casos pode ficar inviável a liquidação face à necessidade de antecipar a decisão para fins de informar ao contador do foro, passou-se ao entendimento da TR-RS (enunciado das Turmas Recursais do RS, de 04/07/2006):

“A sentença no Juizado Especial Federal deve consignar o montante da expressão monetária correspondente à condenação. Excepcionalmente, não se anula a decisão que não contiver a quantificação da condenação, quando não houver impugnação específica de qualquer das partes no recurso inominado e desde que a decisão contenha todos os parâmetros de liquidação necessários à apuração do valor exato”.

Assim é a decisão que embasou tal entendimento, no processo nº 2002.71.00.009796-3, Relatora a Exma. Sra. Juíza Vivian Caminha:

“Nem se diga que, por ausência de prévia quantificação do crédito do(a) autor(a), estamos proferindo decisão ilíquida, cerceando a defesa da parte.

Primeiro, porque a verificação da competência do juízo se faz a partir do valor da causa (neste caso não impugnado pelo réu nem retificado de ofício), e não pelo valor da condenação (processo nº 2002.71.03.000991-2).

Segundo, porque o atributo da liquidez diz respeito à exigência de que a decisão contenha, em si, todos os elementos necessários à definição do crédito reconhecido à parte, estando relacionado ao objeto da obrigação que deve estar expressamente consignado no provimento judicial. Não se refere ao título judicial em sentido formal, mas ao seu conteúdo, ao direito subjetivo atestado. É o que permite a imediata execução do julgado, tão-logo transitado em julgado, pois impede a renovação de discussão em torno do quantum debeatur.

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Constituindo um dos elementos individualizadores do direito a que o título se refere, pressupõe este a completa definição dos limites objetivo e subjetivo do direito a realizar. A liquidez requer a prévia definição dos elementos e critérios a serem utilizados para a apuração do crédito reconhecido à parte, o que não confunde com a sua pronta quantificação (até porque, de regra, o montante calculado precocemente sofre modificação no curso da ação para a inclusão das parcelas que se vencerem até a implementação do benefício na via administrativa).

Fornecendo o título judicial os elementos indispensáveis à obtenção do valor devido, mediante simples operação aritmética (determinabilidade do ‘quantum debeatur’), não há que se falar em iliquidez. Eventual discussão em torno do quantum debeatur na instância de origem há de se restringir a erros materiais, pois não é dado às partes suscitar debate em torno de critérios de cálculo já definidos previamente. Neste aspecto, é relevante notar que o propósito do legislador é, claramente, o de limitar as hipóteses de recurso, prestigiando as deliberações do juízo de 1º grau em homenagem à celeridade e à efetivação da prestação jurisdicional.”

Os depoimentos não precisam ser resumidos a termo, bastando a mera referência ao essencial no corpo da sentença.

Só poderá haver condenação na verba honorária, quando, na fase recursal, houver sucumbência da parte recorrente, ou, em 1º Grau, houver litigância de má-fé. Os honorários advocatícios, para ações previdenciárias, são fixados em 10% do valor da condenação (processos nºs 2004.71.95.004845-6 e 2004.71.95.008933-1, da TR-RS).

A taxa de juros de mora, para ações previdenciárias, é fixada em 1% ao mês, a contar da citação (processos nºs 2003.71.05.003432-1 e 2004.71.95.012623-6, da TR-RS).

Quanto à correção monetária, esta é devida desde a data da entrada do requerimento (DER), segundo índices oficiais (proc. nº 2002.71.04.002019-9, da TR-RS). Os efeitos do curso do tempo são avaliados segundo a Súmula nº 85 do STJ. Não se observa, tampouco, a decadência impeditiva da revisão na linha de pensamento esboçada quando do julgamento da AC nº 2000.72.04.003320-9/SC, TRF da 4ª Região, Rel. Desembargador Federal Celso Kipper, DJU de 13.11.2002, p. 1143.

Sobre a aplicação da multa diária para os casos de descumprimento do mandamento judicial de antecipação de tutela, não há qualquer vedação, pelo contrário, o art. 461, § 4º do CPC permite ao juiz a sua fixação (recursos em medidas cautelares nºs 2004.71.95.017750-5 e 2004.71.95.010508-7, da TR-RS).

Atenção: novel redação do art. 1º-F da Lei. 9.494/97Art. 1o-F.  Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960, de 2009)

Trago a colação recente decisão acerca do tema, da lavra do Juiz Federal Rodrigo Becker Pinto (2009.71.04.000278-7/RS, sentenciado em 15 de julho de 2009):

“4. Do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97O art. 5º da Lei nº 11.960, de 29/06/2009, publicada

no DOU de 30/06/2009, deu nova redação ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 (que havia sido introduzido pelo art. 4º da MP nº 2.180-35, de 24/08/2001):

Art. 1o-F.  Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo

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pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (NR)

A redação anterior dada pela MP nº 2.180.35 era:Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para

pagamento de verbas remuneratórias decidas a servidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de 6% (seis por cento) ao ano.

Trata-se, pois, de mudança substancial quanto à regência anterior, pois, a partir de 30/06/2009, a regra desse art. 1º-F é aplicável também às condenações sofridas pelo INSS, pondo por terra o entendimento antes consolidado de que, nas ações previdenciárias, além da atualização do débito (geralmente pelo IGP-DI), havia acréscimo de juros de 1% ao mês (o que, aliás, é objeto da Súmula nº 75 do TRF da 4ª Região).

Nessa quadra, no que toca à aplicabilidade do preceito, tenho por seguir a orientação de que é viável apenas para as ações judiciais distribuídas a partir da vigência do novel diploma, ou seja, 30/06/2009. Trata-se da intelecção que o STJ tinha acerca do art. 1º-F, conforme trecho de ementa que colaciono:

3. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar recurso especial repetitivo, firmou compreensão no sentido de que, nas ações ajuizadas após a edição da MP 2.180-35, de 24/8/01, que incluiu o art. 1º-F à Lei 9.494/97, devem os juros moratórios ser fixados em 6% ao ano (REsp 1.086.944/SP, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, sessão de julgamento de 11/3/09). RESP - 944138 - DJE DATA:15/06/2009 - ARNALDO ESTEVES LIMA

Tal regra somente não é aplicável à correção das condenações oriundas de repetição de indébito tributário, pois, aí, vige a regra específica do art. 39, §4º, da Lei nº 9.250/95, que, por ser especial, prepondera à norma geral ora instituída.No caso em tela, trata-se de ação ajuizada anteriormente a 30/06/2009, daí porque a atualização do débito segue a normativa anterior: IGP-DI mais juros de 1% ao mês.’

13. Recursos

13.1.Introdução

Sem agravo: a Lei 10.259/01 permite recursos apenas da sentença definitiva e das decisões proferidas em relação às medidas de natureza antecipatória ou cautelar (art. 5°).

- Recursos cabíveis: recurso inominado de sentença, recurso de medida cautelar, embargos de declaração, pedido de uniformização de interpretação de lei federal, Recurso extraordinário, mandado de segurança.

- Sem reexame necessário: as sentenças do JEF não estão sujeitas, em hipótese alguma, ao reexame necessário (LJEF, “Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário.”)

13.2.Recurso Inominado ou “recurso de sentença”

Base legal: arts. 41-43 da L. 9.099/95 c/c art. 5o da L. 10.259/01;

Prazo de 10 dias, conforme o artigo 42 da Lei 9.099/95. Mesmo prazo aplicado ao recurso contra concessão de medida cautelar.

- Lei 9.099/95. Art. 41.

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“Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral caberá recurso para o próprio Juizado.§ 1° O recurso será julgado por uma turma composta por 3 (três) juízes togados em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.§ 2° No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.”

- Lei 10.259/2001. Art. 5o : “Exceto nos casos do art. 4º, somente será admitido recurso de sentença definitiva”.

Em princípio, só cabe recurso contra sentença que examinar o mérito, salvo a hipótese do artigo 4º da Lei 10.259/2001. Porém, a Turma Recursal de Santa Catarina têm posição divergente (SÚMULA Nº 06 “Cabe recurso da sentença que extingue o processo, com ou sem apreciação do mérito. (Art 5º da Lei nº 10.259/2001)”.

Para recorrer, é necessário advogado, motivo pelo qual se a parte não tem advogado é intimada a constituir um ou lhe é deferido advogado dativo. (artigo 41, § 2º, da Lei 9.099/95).

Embora em primeiro grau inexistam custas e sucumbência, no caso de recurso são devidas custas, razão pela qual, se não tiver assistência judiciária, o autor-recorrente, tem que pagá-las. O preparo só é exigido para os particulares, já que a Fazenda Pública não paga custas.

O recurso inominado, em meu entendimento, não comporta recurso adesivo, eis que não prevista tal figura no artigo 41 da Lei 9.099/95.

13.2.1. Turmas Recursais

LJEF, Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com mandato de dois anos.Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as circunstâncias, poderá determinar o funcionamento do Juizado Especial em caráter itinerante, mediante autorização prévia do Tribunal Regional Federal, com antecedência de dez dias.

13.3. Recurso de Medida Cautelar

• A grande colaboração para a celeridade dos Juizados está no fato de terem sido restringidos os recursos. Além do recurso da sentença, o único caso que enseja recurso, durante a tramitação do feito, é a medida cautelar, nos termos do artigo 5º da Lei 10259/01.

• Embora o artigo 4º se refira a medidas cautelares, a jurisprudência tem considerado que também se aplica às antecipações da tutela.

• De igual modo, embora no início se considerasse que, face aos termos do artigo 4º, apenas cabia tal recurso contra decisão que concedia a cautelar/antecipação, é evidente que não poderia a parte autora restar sem qualquer instrumento de recurso, razão pela qual a jurisprudência considera, à unanimidade hoje, que é cabível recurso contra o deferimento ou indeferimento de medida cautelar, liminar ou antecipação da tutela.

• O prazo é, igualmente, de 10 dias.

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• A Turma Recursal do RS tem entendido que se a decisão antecipou a tutela na própria sentença, o recurso não deve ser interposto de modo autônomo, deve ser usado o próprio recurso inominado da sentença:

“Questão de Ordem VIII - A Turma, por unanimidade, decide pela inadmissibilidade do recurso interposto de forma autônoma contra tutela antecipada deferida em sentença de mérito. (Recurso Medida Cautelar 2002.71.00.039321-7, j. em 17/02/2003).”

• O Recurso de medida cautelar será julgado com observância, no que couber, do disposto nos artigos 41 a 46 da Lei 9.099/09, conforme o art. 5º, § 2º, in fine, da Res. 54/2001 do TRF4:

§ 2º. O recurso da decisão sobre medida cautelar será entregue na secretaria do Juizado, no prazo de cinco dias, em petição que será autuada em separado, acompanhada das peças indispensáveis ao julgamento da matéria e, imediatamente, remetido à Turma Recursal para distribuição. Colhida a manifestação do recorrido e, se for o caso, do Ministério Público, em igual prazo, o recurso será julgado com observância, no que couber, do disposto nos artigos 41 a 46 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Lei 9.099/95:Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas respectivas.Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento.Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

13.4. Embargos Declaratórios

Base legal: arts. 48/50 da L. 9.099/95;

Artigo 48 da Lei 9.099/95 obscuridade, omissão, contradição ou dúvida.

“Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da ciência da decisão.

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Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para recurso.”

- Podem ser orais.- Quando interpostos contra qualquer decisão judicial (sentença, acórdão

ou decisão interlocutória), suspendem o prazo.- Também são usados para prequestionar matéria constitucional (quando

tiver omissão).

13.5. Pedido De Uniformização De Interpretação De Lei Federal – IUJEF

A LJEF criou nova figura recursal, assemelhada aos embargos de divergência, cuja finalidade básica é manter a uniformidade na interpretação do direito material de interesse federal: o pedido de uniformização, previsto no art. 14 da Lei 10.259/01.

Artigo 14 da Lei 10.259/2001 divergência na interpretação de lei federal, somente de direito material.

Não se conhece do incidente de uniformização da jurisprudência quando não existe divergência, ou quando a questão é de direito processual (a uniformização é de direito material apenas), assim como para reapreciação de matéria de fato.

LEJEF, Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei.§ 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas da mesma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador.§ 2o O pedido fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal.§ 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será feita pela via eletrônica.§ 4o Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformização, em questões de direito material, contrariar súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência.§ 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.§ 6o Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.§ 7o Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de trinta dias.§ 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.§ 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.§ 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário.

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“Natureza jurídica. Incidente de uniformização de jurisprudência. Juizados especiais federais. A questão de ordem era a seguinte: a decisão proferida no incidente de UJUR, previsto na LJEF art. 14, tem efeitos equivalentes à fixação da tese abstrata do UJUR do CPC 476 a 479 ou seus efeitos são semelhantes aos do recurso de EmbDiv no Resp, previstos no RISTJ 266 e 267? Diante de divergência entre decisões de Turmas Recursais de regiões diferentes, o pedido de uniformização tem natureza jurídica de recurso , cujo julgado, portanto, modificando ou reformando, substitui a decisão ensejadora do pedido provido.” (TUJ, QO 1, rela. Juiza Federal Liliane do Espírito Santo Roriz de Almeida, v. u., 12.11.2002, Presidente Min. Milton Luiz Pereira).

Vide, a propósito, as questões de ordem 1 e 2 da TNU:

“1. Os Juizados Especiais orientam-se pela simplicidade e celeridade processual nas vertentes da lógica e da política judiciária de abreviar os procedimentos e reduzir os custos.2. Diante de divergência entre decisões de Turmas Recursais de regiões diferentes, o pedido de uniformização tem a natureza jurídica de recurso, cujo julgado, portanto, modificando ou reformando, substitui a decisão ensejadora do pedido provido. 3. A decisão constituída pela Turma de Uniformização servirá para fundamentar o juízo de retratação das ações com o processamento sobrestado ou para ser declarada a prejudicialidade dos recursos interpostos.” (Questão de Ordem nº 1)

“O acolhimento do pedido de uniformização gera dois efeitos: a reforma da decisão da Turma Recursal e a conseqüente estipulação de honorários advocatícios, se for o caso, bem assim a prejudicialidade do recurso extraordinário, se interposto. (Aprovada na 6ª Sessão Ordinária da Turma Nacional de Uniformização, dos dias 30 e 31.08.2004).” (Questão de Ordem nº 2)

Hipóteses: Conflito entre turmas da mesma região pelas próprias turmas, sob a

presidência do juiz coordenador (desembargador do TRF). Turma de Unificação Regional

Conflito entre Turmas Recursais de diferentes regiões, quando decisão de Turma Regional de Uniformização ou de Turma Recursal ofender súmula ou jurisprudência dominante no STJ) pela Turma de Uniformização Nacional- TUN (Conselho de Justiça Federal –formada por 2 juízes de cada Região pertencentes a turmas recursais, sob a presidência do “Coordenador” da Justiça Federal, que é o Ministro do STJ indicado para tal fim - art. 14, § 2°).

Quando a uniformização adotada no item 2 afrontar súmula ou jurisprudência dominante do STJ, caberá pedido de unificação ao STJ, mediante provocação da parte (cabendo aqui até mesmo conferir-se efeito suspensivo ao pedido – art. 14, §§ 4° e 5°). Nesse caso, quem decide o incidente é o próprio STJ, sendo julgado pela Seção (reunião de duas turmas) competente para a matéria, com preferência em relação a quase todos os feitos (art. 14, § 8°).

Até hoje, pelo que se tem conhecimento, nenhum incidente de uniformização ao STJ foi levado e julgado, já que a TNU tem, regra geral, adequado o entendimento ao daquela Corte.

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- Decisão do pedido de uniformização ao STJ (art. 14, § 9º, LJEF) caráter vinculante.

“§ 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.”

Não se conhece do incidente de uniformização da jurisprudência quando não existe divergência (Turma de Uniformização, PU 2002.36.00.711537-7-MT).

Marinoni sustenta que a criação de nova instância recursal foi idéia infeliz, por contrariar a essência e a filosofia que fundamenta o juizado. Mais grave ainda seria a situação do “incidente de uniformização” para o STJ. Para o autor, o que se está prevendo é a possibilidade de “recurso especial” ao STJ, em caso não contemplado pela CF 105, III. Haveria flagrante inconstitucionalidade.

“Prequestionamento. O procedimento do incidente de uniformização da jurisprudência nos juizados especiais federais é muito semelhante ao do REsp previsto na CF 105, III, c, razão pela qual a matéria a ser submetida à Turma de Uniformização deve ter sido prequestionada na instância inferior. Pedido de uniformização não conhecido” (TUJ, PU 2002.36.00701147-2-MT, rel. Juiz Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, j. 25.03.2003, v.u.).

RESOLUÇÃO Nº 54 do TRF4, DE 28/11/2001 (normas para o funcionamento dos JEF da 4ª Região):

Art. 5º. Compete às Turmas Recursais julgar os recursos interpostos das sentenças definitivas e das decisões sobre medida cautelar no curso do processo, proferidas no âmbito dos Juizados Especiais.

§ 1º. O recurso de sentença definitiva será processado e julgado segundo o disposto nos artigos 41 a 46 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

§ 2º. O recurso da decisão sobre medida cautelar será entregue na secretaria do Juizado, no prazo de cinco dias, em petição que será autuada em separado, acompanhada das peças indispensáveis ao julgamento da matéria e, imediatamente, remetido à Turma Recursal para distribuição. Colhida a manifestação do recorrido e, se for o caso, do Ministério Público, em igual prazo, o recurso será julgado com observância, no que couber, do disposto nos artigos 41 a 46 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Art. 6º. O pedido fundado em divergência entre Turmas Recursais da 4ª Região (Lei nº 10.259, de 12/07/01, art. 14, § 1º) será julgado pela Turma Regional de Uniformização, sob a presidência do Desembargador-Coordenador dos Juizados. § 1º Integram a Turma Regional de Uniformização os Juízes Federais Presidentes das Turmas Recursais das Seções Judiciárias.

§ 2º O pedido de uniformização será formulado, no prazo de 10 dias, ao Presidente da Turma Recursal prolatora da decisão atacada, que, após ouvir a parte contrária, em igual prazo, procederá o juízo de admissibilidade.

§ 3º Admitido o pedido e, se for o caso, ouvido o Ministério Público, no prazo de 10 dias, os autos serão distribuídos ao relator sorteado, que pedirá dia para julgamento”.

Art. 7º. Das decisões proferidas no âmbito dos Juizados Especiais caberá embargos de declaração, observado o disposto nos artigos 48 a 50 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de1995.

Regimento Interno das Turmas Recursais da 4ª Reg. - Resolução nº 22, de 08/05/07 – Anexo:

CAPÍTULO I DA COMPETÊNCIAArt. 1º Compete à Turma Recursal processar e julgar:I - recurso da sentença proferida no Juizado Especial Cível;

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II - recurso contra decisão que defere medida cautelar (art. 4º da Lei nº 10.259/2001);

III - recurso contra sentença proferida no âmbito do Juizado Especial Federal Criminal e contra rejeição de

denúncia ou queixa;IV - embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;V - mandado de segurança contra ato praticado em processo de

competência de Juizado Especial Federal;VI - conflitos de competência entre juízes de Juizado Especial Federal

da mesma Seção Judiciária.

CAPÍTULO VI DA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIAArt. 21 Recebido pedido de uniformização de jurisprudência, a parte

adversa será intimada para apresentar contra-razões no prazo de 10 (dez) dias.§1° Devolvidos, os autos serão conclusos ao Presidente da 2ª Turma

Recursal para exame de admissibilidade do pedido.§2° Se o pedido for fundado em divergência entre decisões de Turmas

Recursais da 4ª Região, os autos serão enviados para processamento à Turma Regional de Uniformização; se fundado em divergência entre decisões de Turmas de diferentes regiões ou proferida em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização, serão encaminhados à Turma Nacional de Uniformização.

§3° Havendo processo similar já decidido pela Turma Nacional de Uniformização, o Presidente da 2ª Turma Recursal declarará o pedido prejudicado.

§4° Havendo processo similar em processamento na Turma Nacional de Uniformização, o pedido ficará retido nos autos aguardando o julgamento deste em Secretaria.

§5° Publicada a decisão da Turma Nacional de Uniformização, os pedidos retidos serão apreciados pela Turma Recursal, que poderá exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados.

§6° Havendo pedidos distintos dirigidos à Turma Regional e à Turma Nacional, esta conhecerá primeiro do pedido.

Turma Nacional de Uniformização

      A Lei n. 10.259/2001 previu a criação da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, que funciona junto ao Conselho da Justiça Federal. Tem competência para apreciar os incidentes de uniformização de interpretação de lei federal, em questões de direito material, fundado em divergência entre decisões de turmas recursais de diferentes regiões ou em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça.  O objetivo primordial é uniformizar a jurisprudência no âmbito dos Juizados Especiais Federais.      Quando a orientação acolhida pela turma de uniformização contrariar súmula ou jurisprudência do STJ, a parte interessada pode provocar a manifestação desse tribunal superior, que decidirá sobre a divergência. Nesse caso, se houver plausibilidade do direito invocado e fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, com ou sem requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.      A Turma Nacional, sob a presidência do Coordenador Geral da Justiça Federal, é composta por dez juízes federais provenientes das turmas recursais dos juizados. São dois juízes de cada uma das cinco Regiões da Justiça Federal.      Sua criação, competência e modo de funcionamento estão previstos na Lei dos Juizados Especiais Federais (Lei nº 10.259/2001) e na Resolução CJF nº 022/08.

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Regimento Interno da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos JEF (RES. 022, DE 04/09/2008 – CJF) Art. 6º Compete à Turma Nacional processar e julgar o incidente de uniformização de interpretação de lei federal em questões de direito material: I – fundado em divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões; II – em face de decisão de Turma Recursal proferida em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça; ou III – em face de decisão de Turma Regional de Uniformização proferida em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça.

Parágrafo único. A Turma Nacional de Uniformização poderá responder a consulta, sem efeito suspensivo, formulada pelos coordenadores dos Juizados Especiais Federais, pelas Turmas Recursais ou Regionais sobre matéria processual, quando verificada divergência no processamento dos feitos.

TÍTULO I -DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA CAPITULO I - DO PROCESSAMENTO

Art. 13. O incidente de uniformização dirigido à Turma Nacional será submetido ao Presidente da Turma Recursal ou ao Presidente da Turma Regional, no prazo de dez dias, a contar da publicação, com cópia dos julgados divergentes e a demonstração do dissídio. Parágrafo único. O requerido será intimado perante o juízo local para, no mesmo prazo, apresentar contra-razões.

Art. 14. Em todas as fases do processo poderá ser utilizada, por determinação do Presidente da Turma Nacional, a informatização regulada em lei para a prática e comunicação de qualquer ato processual.

Art. 15. O Presidente da Turma Recursal ou o Presidente da Turma Regional decidirão preliminarmente sobre a admissibilidade do incidente de uniformização.

§ 1º Não será admitido o incidente de uniformização que versar sobre matéria já decidida pela Turma Nacional de Uniformização.

§ 2º Incidentes de uniformização idênticos recebidos nas Turmas Recursais ou Regionais ficarão sobrestados antes de ser realizado o juízo preliminar de admissibilidade se, sobre o mesmo tema, outro incidente já tiver sido apresentado ou estiver em vias de apresentação na Turma Nacional de Uniformização.

§ 3º No que se refere ao parágrafo anterior, a decisão proferida pela Turma Nacional de Uniformização, no incidente que versar sobre a questão discutida, deve ser adotada pela turma de origem para fins de adequação ou manutenção do acórdão recorrido.

§ 4º Em caso de inadmissão preliminar, a parte poderá requerer nos próprios autos, no prazo de dez dias, a contar da publicação da decisão recorrida, que esta seja submetida ao Presidente da Turma Nacional de Uniformização, que decidirá de modo irrecorrível.

CAPÍTULO III - DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA DIRIGIDO AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Art. 36. Quando a decisão da Turma Nacional for proferida em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante do STJ, o incidente de uniformização de jurisprudência será suscitado, nos próprios autos, no prazo de dez dias, perante o Presidente da Turma Nacional.

§ 1º A parte contrária será intimada para apresentar manifestação em igual prazo, findo o qual os autos serão conclusos ao Presidente da Turma Nacional, que decidirá acerca da admissibilidade.

§ 2º Inadmitido o incidente, a parte poderá requerer, nos próprios autos, no prazo de dez dias, que o feito seja remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

CAPÍTULO IV - DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Art. 37. O recurso extraordinário em matéria constitucional de repercussão geral poderá ser interposto perante o Presidente da Turma Nacional de Uniformização, que deliberará

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sobre sua admissibilidade, observado o disposto na Constituição, na lei processual e no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. Admitido o recurso, os autos serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal; inadmitido, pode a parte, no prazo e forma legais, apresentar agravo de instrumento.

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO SINGULAR PROLATADA QUANDO DA EXECUÇÃO DO JULGADO. TEMA DO EXCESSO AOS 60 (SESSENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA PELO VALOR DA CAUSA E RENÚNCIA AOS EXCEDENTES AO TETO MÁXIMO. DIVERGÊNCIA DE POSIÇÕES JURÍDICAS ENTRE OS JULGADOS PARANAENSE E GAÚCHO DEMONSTRADA. CONTUDO, A NATUREZA DA QUESTÃO DE DIREITO SUSCITADA É PROCESSUAL. EXISTÊNCIA DE ÓBICE LEGAL À TRAMITAÇÃO DO INCIDENTE NOS TERMOS DO ART. 14, CAPUT E § 1º DA LEI Nº 10.259, de 12.07.2001. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA NÃO CONHECIDO. IMPETRANTE, ORA RECORRENTE, TAMBÉM SUSCITA QUESTÃO RELACIONADA À FIXAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. NÃO DEMONSTRADA A DIVERGÊNCIA DE ENTENDIMENTOS ENTRE AS TURMAS DA 4ª REGIÃO QUANTO A ESTE TÓPICO. ALÉM DISSO, A QUESTÃO DE DIREITO TEM NATUREZA PROCESSUAL. INCIDENTE NÃO SE PRESTA AO EXAME DE MATÉRIA DE DIREITO PROCESSUAL, COMO A QUE DIZ RESPEITO AO ARBITRAMENTO DE VERBA HONORÁRIA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA NÃO CONHECIDO. ..... (TRF4, IUJEF 2006.70.95.007888-1, Turma Regional de Uniformização, Relator Maria Isabel Pezzi Klein, D.E. 26/03/2007)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 34 DO ESTATUTO DO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA A BENEFÍCIO DE DEFICIENTE. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO RECEBIDO POR IDOSO DO GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DA RENDA DO GRUPO FAMILIAR. 1. "Para fins de concessão de benefício assistencial a deficiente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se aplica por analogia para a exclusão de um benefício previdenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo para fins de cálculo da renda familiar per capita". Precedente: IUJEF 2007.70.51.006794-0. 2. Incidente provido para adequação do acórdão pela Turma Recursal de origem. (IUJEF 2007.70.95.001688-0, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, D.E. 29/06/2009)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. INOVAÇÃO EM GRAU DE RECURSO. INADMISSIBILIDADE. Se o recorrente apresenta, no pedido de uniformização, tese inédita no processo, não se conhece do incidente, aplicando-se o enunciado da Questão de Ordem nº 10 da TNU (não cabe o incidente de uniformização quando a parte que o deduz apresenta tese jurídica inovadora, não ventilada nas fases anteriores do processo e sobre a qual não se pronunciou expressamente a Turma Recursal no acórdão recorrido). (IUJEF 2008.72.51.001694-1, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, D.E. 29/06/2009)

PROCESSUAL. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DE FUNDAMENTOS APRESENTADOS EM TESE NO ACÓRDÃO RECORRIDO. FALTA DE SIMILITUDE FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE DE UNIFORMIZAÇÃO NO PLANO TEÓRICO. 1. Não cabe a uniformização de entendimento quando não há similitude fática e a divergência reside tão somente em fundamentos apresentados em tese no voto condutor do acórdão recorrido, não influindo no resultado do julgamento. 2. Impossibilidade de uniformização de entendimento no plano teórico. 3. Incidente não conhecido. (IUJEF 2006.71.95.001609-9, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luísa Hickel Gamba, D.E. 29/06/2009)

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PREVIDENCIÁRIO - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL - ÓBITO DA AUTORA NO CURSO PROCESSO - PAGAMENTO DOS VALORES ATRASADOS AOS SUCESSORES - POSSIBILIDADE. Embora o benefício assistencial possua caráter personalíssimo, são devidos, aos sucessores do de cujus, os valores apurados desde a data de início do benefício até a data do óbito, conforme prevêem os Decretos n° 4.360/02 e 4.712/03. (IUJEF 2007.72.58.001633-0, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luísa Hickel Gamba, D.E. 29/06/2009)

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO ANTES DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. IMPLEMENTO DA CARÊNCIA DA APOSENTADORIA POR IDADE. MATÉRIA JÁ UNIFORMIZADA. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. Ação ajuizada buscando a condenação do INSS ao pagamento de aposentadoria por invalidez, desde a data do requerimento administrativo até a data do óbito, o que foi julgado improcedente considerando que o trabalhador não ostentava qualidade de segurado ao tempo do início da incapacidade. 2. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto buscando o reconhecimento do direito a aposentadoria por invalidez, mesmo ausente a qualidade de segurado, se, na data de início da incapacidade, o segurado já tiver tempo de contribuição correspondente à carência exigida para quando viesse a implementar o requisito etário exigido para aposentadoria por idade. 3. Tratando-se de matéria já uniformizada por esta Turma Regional, no Incidente de Uniformização 2004.70.95.003509-5, no sentido de que "As prestações por incapacidade, aposentadoria por invalidez e auxílio- doença, não podem ser concedidas quando o segurado vitimado pelo risco social perdeu o vínculo com o sistema", e não havendo proposta de revisão de jurisprudência, o incidente de uniformização não deve ser provido. (IUJEF 2007.72.51.003527-0, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Bianca Georgia Cruz Arenhart, D.E. 29/06/2009)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. MATÉRIA JÁ APRECIADA PELA TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À TURMA RECURSAL DE ORIGEM PARA ADEQUAÇÃO DO JULGADO. 1. Se a matéria discutida no incidente de uniformização de jurisprudência já foi apreciada pela Turma Regional de Uniformização em outro processo, impõe-se seu conhecimento e provimento, devendo os autos retornar à Turma de origem para adequação do julgado ao entendimento uniformizado pela Turma Regional. 2. Incidente de uniformização de jurisprudência conhecido e provido. Precedente da TRU da 4ª Região. (IUJEF 2006.71.95.019963-7, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Bianca Georgia Arenhart Munhoz da Cunha, D.E. 02/07/2009)

AGRAVO INTERPOSTO CONTRA ACÓRDÃO QUE REJEITOU EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INADMISSIBILIDADE. MULTA. A interposição de agravo manifestamente inadmissível enseja a aplicação da multa prevista no artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil. Recurso não conhecido, com aplicação de multa de 1% sobre o valor atualizado da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito da respectiva quantia. (IUJEF 2006.72.54.001652-1, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Ivori Luís da Silva Scheffer, D.E. 02/07/2009)

APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PROVA EXERCÍCIO ATIVIDADE DE BÓIA-FRIA NO PERÍODO DE CARÊNCIA. ARTIGO 55, §3º, DA LEI 8.213/91. Cuidando-se de trabalhador rural que desenvolve atividade na qualidade de bóia-fria, deve o pedido ser analisado e interpretado de maneira sui generis, uma vez que a jurisprudência tem se manifestado no sentido de acolher, em tal situação, a prova exclusivamente testemunhal (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Dessa forma, para os trabalhadores bóias-frias, contratados informalmente e sem qualquer espécie de registro laboral, admite-se a prova exclusivamente testemunhal, desde que esclarecedora e conclusiva, de forma a convencer o Juízo acerca da veracidade daquilo que se afirma na inicial. A prova da atividade especial de bóia-fria pode ser feita por outros meios probatórios, dispensada a exigência de início de prova documental. Incidente de Uniformização conhecido e provido. (IUJEF 2007.70.95.008854-4, Turma

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Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Ivori Luís da Silva Scheffer, D.E. 02/07/2009)

13.6.Recurso Extraordinário

Base legal: art. 102, III, da CF c/c art. 15 da L. 10.259/01.“Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:...III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.”“Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, será processado e julgado segundo o estabelecido nos §§ 4º a 9º do art. 14, além da observância das normas do Regimento.”

No processamento do RE poderá ser deferido efeito suspensivo e a decisão tem efeito vinculante.

- Pré-questionamento:STF. Súmula 282. “É inadmissível o recurso extraordinário, quando não

ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.”STF. Súmula 356. “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram

opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.”

O STF, majoritariamente, tem exigido o prequestionamento explícito.Não cabe recurso especial no JEF, já que não há previsão constitucional.

Regimento Interno das Turmas Recursais da 4ª Reg. - Resolução nº 22, de 08/05/07 – Anexo:

CAPÍTULO VII DO RECURSO EXTRAORDINÁRIOArt. 22 Recebida a petição de recurso extraordinário pela Secretaria

da Turma Recursal, o Recorrido será intimado para apresentar contra-razões no prazo de 15 (quinze) dias.

§1° Devolvidos, os autos serão conclusos ao Presidente da 2ª Turma Recursal para exame de admissibilidade do recurso.

§2° Havendo processo similar em tramitação no Supremo Tribunal Federal, o pedido ficará retido nos autos aguardando o julgamento deste em Secretaria.

§3° Publicada a decisão do STF, os pedidos retidos serão apreciados pela Turma Recursal, que poderá exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, conforme o caso.

§4° Interposto recurso extraordinário e pedido de uniformização de jurisprudência, este será processado antes do recurso extraordinário, salvo se houver questão prejudicial de natureza constitucional.

§5º Da decisão que negar seguimento ao recurso extraordinário, caberá agravo de instrumento, conforme normas do Supremo Tribunal Federal.

13.7. Mandado de Segurança

A Lei 10259/01, artigo 3º, I, veda o mandado de segurança no JEF. Essa determinação é relativa ao próprio processo principal e não para o mandado de segurança como substitutivo recursal contra decisões do JEF para as quais não haja recurso.

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Segundo enunciado das Turmas Recursais do RS, de 04/07/2006:“É cabível a impetração de mandado de segurança nos Juizados Especiais Cíveis, desde que contra ato expedido em fase de execução, em matéria não preclusa no sistema do juizado, ou quando não se puder aguardar o julgamento do recurso inominado, sob pena de perecimento do direito”.

Competência para apreciar o Mandado de Segurança contra ato do juiz do JEF: Turma Recursal. Nesse sentido:

“QUESTÃO DE ORDEM. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. SUBSTITUTIVO RECURSAL. COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. 1.Os Juizados Especiais Federais foram instituídos pela Lei nº 10.259/2001, para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 98, inciso I e parágrafo único da CF/88, que estabelece, ainda, que os recursos contra as decisões proferidas pelos Juizados serão julgados por Turmas de Juízes de Primeiro Grau, não cabendo quaisquer recursos ao Tribunal Regional Federal. 2. Compete à Turma Recursal do Juizado Especial Federal examinar o cabimento do mandado de segurança impetrado contra decisão irrecorrível de Juiz Federal no exercício da jurisdição do Juizado Especial Federal, quando substitutivo recursal, pois admitir a competência do Tribunal Regional Federal nesses casos implicaria transformar a Corte em instância ordinária para a reapreciação de decisões interlocutórias proferidas pelos Juizados Especiais, o que afrontaria os princípios insculpidos nas Leis nºs 9.099/1995 e 10.259/2001. 3. Questão de ordem acolhida no sentido de suscitar conflito negativo de competência perante o Superior Tribunal de Justiça.” (TRF4, QUOMS 2004.04.01.051507-5, Sexta Turma, Relator Nylson Paim de Abreu, publicado em 15/12/2004)

Se o Mandado de Segurança é impetrado contra ato da própria Turma Recursal, a competência é do próprio órgão?

MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA DO PRESIDENTE DA TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. IRRECORRIBILIDADE. CONSTITUCIONALIDADE E LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO. 1. Não há inconstitucionalidade nas normas regimentais que prevêem o duplo juízo prévio de admissibilidade dos pedidos de uniformização, primeiro na Presidência da Turma Recursal de origem, depois na Turma Regional de Uniformização, pelo seu Presidente, no caso de pedido de submissão de que trata o § 4º, do art. 15, da Resolução CJF nº. 22, de 04/09/2008. 2. É irrecorrível, mesmo pela via do mandado de segurança, a decisão do Presidente da Turma Regional de Uniformização que não admite incidente de uniformização, mantendo a decisão da Presidência da Turma Recursal de origem, desde que devidamente fundamentada e não constatada ilegalidade flagrante ou teratologia. 3. Segurança denegada. (PET 2008.04.00.031867-9, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Ivori Luís da Silva Scheffer, D.E. 21/01/2009)

MANDADO DE SEGURANÇA. DESPACHO DE JUIZ MONOCRÁTICO QUE EXIGE, SOB PENA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO, PROCURAÇÃO ATUALIZADA E EXTRATOS DA CONTA DE POUPANÇA. Segundo o rito do Juizado Especial Federal Cível (Lei nº 10.259/01), as partes só podem recorrer de dois tipos de decisões proferidas em primeiro grau: (a) sentença definitiva; e, (b) decisão proferida sobre medidas cautelares. Não cabe mandado de segurança contra exigência do juiz monocrático que não consubstancia decisão. Notadamente, quando a virtual decisão possa ser atacável por recurso inominado. (MS 2009.72.95.000321-7, Segunda Turma Recursal de SC, Relator Ivori Luís da Silva Scheffer, julgado em 25/06/2009)

EXPEDIÇÃO DE REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. 1. Nos Juizados Especiais Federais é possível a expedição de RPV's separadas, para a satisfação do crédito do (s) autor (es) e de seu patrono, quando as verbas, individualmente, não ultrapassam o limite de 60 (sessenta) salários-mínimos. 2. Não é possível a expedição de RPV para o

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pagamento do crédito do advogado quando o pagamento do valor devido à parte autora ocorrer por meio de precatório. (MS 2008.70.95.002861-8, Primeira Turma Recursal do PR, Relatora Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo, julgado em 30/04/2009)

BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. TETO. ALTERAÇÃO. LIMITAÇÃO PARA FINS DE PAGAMENTO. 1. Os tetos contributivos previstos nas ECs nº 20/98 e 41/2003 aplicam- se aos segurados inativados anteriormente, e que tiveram seu salário-de-benefício fixado em valor inferior ao limite máximo então vigente. Precedente do STF (Agravo Regimental no RE nº 499.091- 1/SC, sessão de 26/04/2007, Relator Ministro Marco Aurélio, 1ª Turma, votação unânime). 2. Uma vez alterado o teto relativo a benefício previdenciário, tal como foi feito mediante a Emenda Constitucional nº 20/98, cumpre ter presente o novo parâmetro fixado, observados os cálculos primitivos. Tal situação não implica aumento de benefício previdenciário, mas em alteração do teto a repercutir na renda mensal inicial calculada segundo o salário de contribuição. Significa dizer que, se à época da concessão do benefício inexistisse teto o valor da renda seria superior. 3. O valor dos novos tetos previdenciário incide na evolução da renda mensal ainda que já tenha sido aplicado o disposto no artigo 21, § 3º, da Lei 8.880/94. 4. O teto de cada época é de ser observado somente para fins de pagamento do benefício, mantendo-se a evolução histórica da renda para fins de incidência dos reajustes. 5. Segurança denegada. (MS 2006.71.95.021028-1, Primeira Turma Recursal do RS, Relator Paulo Paim da Silva, julgado em 03/09/2008)

MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSIÇÃO DA REALIZAÇÃO DE CÁLCULOS PELO INSS. ARTIGO 11 DA LEI 10.259/2001. 1. O Mandado de segurança é excepcionalmente admitido contra decisões interlocutórias, quando inexista recurso cabível, e o ato seja danoso ao impetrante, sem possibilidade de reversão, nos casos de decisão teratológica do Juízo. 2. Não se há de ter por teratológica a decisão do juiz que determina a realização de cálculo pelo INSS, porquanto tal decisão poderá ser reanalisada por ocasião do recurso ordinário contra a sentença do feito. 3. O Artigo 11 da Lei 10.259/2001 possibilita a requisição de toda a documentação necessária ao feito, dentre as quais está inserida a referente ao cálculo, inclusive, a realização do mesmo. Os Artigos 339 e 399 do CPC complementam esse dever de colaboração das partes com o Poder Judiciário, principalmente das partes públicas. 4. Indeferida inicial do writ. (MS 2008.71.95.005026-2, Primeira Turma Recursal do RS, Relator Paulo Paim da Silva, julgado em 03/09/2008)

13.8. Agravo Regimental do Artigo 557 do CPC

O STF entende que é cabível agravo regimental, no modo previsto no artigo 557, § 1º, do CPC, contra a decisão do relator que negar seguimento a recurso inominado, exigindo tal agravo como prequestionamento e esgotamento das vias ordinárias, devendo antes do RE ser interposto o regimental:

“Recurso Extraordinário: descabimento: decisão monocrática que negou seguimento a recurso interposto junto à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais, da qual ainda era cabível agravo regimental (C. Pr. Civil, art. 557, § 1º): incidência da Súmula 281.” (STF, Ag. Reg. no REXT 427.037-4; Relator o Exmo. Sr. Ministro Sepúlveda Pertence; DJU em 03-12-2004)STF, súm. 281: “ É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.”

A Turma Regional de Uniformização da 4ª Região não aceita tal agravo, inclusive possuindo súmula em sentido contrário:

“Não cabe agravo contra decisão monocrática que, com fundamento no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, negou seguimento ao pedido de uniformização jurisprudencial com base em orientação sumulada pelo órgão colegiado.” (SUM Nº 3, Turma Regional de Uniformização, publicado em 13/08/2003)

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1. Não cabe agravo de decisão do relator da TUR que monocraticamente nega seguimento a pedido de Uniformização de questão já sumulada; 2. Não se aplica o art. 557, do CPC, à Turma Regional de Uniformização, que não se caracteriza como instância tipicamente recursal; 3. O art. 14, par. 9º, da Lei 10.259/01, permite a adequação do entendimento sumulado ao caso concreto, ainda que em juízo de retratação, dispositivo extensivo ao relator de pedido de uniformização, pois o duplo grau de jurisdição colegiada se cumpriu com o julgamento pela Turma Recursal, do qual cabia Recurso Extraordinário diretamente. (IUJEF 2002.72.05.055106-4, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Cláudia Cristina Cristofani, DJ 26/02/2004)

13.9.Ação Rescisória

No âmbito dos Juizados Especiais Federais, não está pacificada a questão acerca do cabimento de ações rescisórias, ante os termos do art. 59, da Lei nº 9099/95, que a veda expressamente.

A Procuradoria Federal tem agido da seguinte forma, nos casos em que for necessário desconstituir-se o trânsito em julgado nos feitos processados e julgados nos Juizados, (Memorando-Circular PFE-INSS/CGMBEM nº 01, de 16/02/2004):

• deve-se, quando não tenha havido a execução, peticionar nos autos alegando-se o disposto no artigo 741, parágrafo único, do CPC;

• nos demais casos, ou se frustrada esta tentativa, deve-se ajuizar ação rescisória no TRF;

• e, por fim, ação anulatória, caso a ação rescisória não seja admitida.

Destaca-se, no entanto, que a 5ª Turma do STJ, no julgamento do REsp nº 722.237/PR (DJ de 23/05/2005, portanto posterior ao Memorando-Circular PFE-INSS/CGMBEM nº 01), da Relatoria do Ministro Gilson Dipp, entendeu que a competência para processar e julgar ação rescisória contra sentença do JEF é da Turma Recursal. Frise-se, ainda, que na referida decisão, contra a qual há recurso extraordinário do INSS pendente de julgamento, não foi examinada a possibilidade do ajuizamento de ação rescisória na esfera dos Juizados Especiais Federais.

Competência para análise da Ação Rescisória é da TR contra a sentença do juiz de 1º grau;

Contra acórdão da TR, a própria TR é competente,uma vez que inexiste vinculação hierárquica (apenas administrativa) entre o segundo grau especializado (JEF-TR) e o TRF. (ver questão de Ordem na Ação Rescisória nº 2003.04.01.026494-3 e na Ação Rescisória nº 2005.04.01.011368-8).

“PROCESSO CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA DO JEF. COMPETÊNCIA. - Tratando-se de rescisória que ataca sentença proferida por juiz federal investido de jurisdição do Juizado Especial, a competência para seu exame é atribuída às Turmas Recursais. Inteligência do artigo 493, do CPC.” (TRF4, QUOAR 2003.04.01.026494-3, Terceira Seção, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, publicado em 22/06/2005)

“PROCESSO CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. JEF. DECISÃO DA TURMA RECURSAL. COMPETÊNCIA. - Cuidando-se de rescisória que ataca acórdão proferido pelo colegiado revisor do Juizado Especial Federal, a competência para seu exame é atribuída ao próprio órgão. - Aplicação analógica de precedente do colendo STJ que, em se tratando da Justiça Estadual, decidiu não haver vinculação entre o segundo grau do Juízo Especializado e o Tribunal local.” (TRF4, QUOAR 2005.04.01.011368-8, Terceira Seção, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, publicado em 22/06/2005)

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MICROSISTEMA DOS JUIZADOS. AÇÃO RESCISÓRIA. INADMISSIBILIDADE. 1. No microsistema dos juizados é inadmissível o ajuizamento de ação rescisória perante as Turmas Recursais. 2. Ação rescisória não admitida. Petição inicial indeferida. (PET 2008.71.95.005033-0, Segunda Turma Recursal do RS, Relatora Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 10/09/2008)

13.10. Correição Parcial

Embora não seja recurso, porquanto não possui natureza jurisdicional, mas administrativa, a correição parcial tem sido admitida em algumas situações bem específicas na 4ª Região, sobretudo quando enquadrada nas situações do artigo 171 do Regimento Interno:

“...visa à emenda de erros ou abusos que importem a inversão tumultuária de atos e fórmulas legais, a paralisação injustificada dos feitos ou a dilatação abusiva dos prazos por parte dos Desembargadores Federais da Turma ou dos Juízes Federais de primeiro grau, quando para o caso, não haja recurso previsto em lei”.

Em todos os casos, porém, tem sido firmada a competência do TRF-4 para a apreciação da correição, sobretudo ao argumento de que a questão é de índole administrativo-funcional e não jurisdicional (o que explica não estar vinculado ao sistema do JEF).

“DECISÃO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. CORREIÇÃO PARCIAL. INCABIMENTO. IMPUGNAÇÃO VIA MANDADO DE SEGURANÇA. 1. Este Tribunal tem entendido que das decisões interlocutórias em relação às quais no Juízo Comum seria cabível o agravo de instrumento, a medida judicial correta é o mandado de segurança e não a correição parcial. Somente na hipótese de não ser cabível o mandado de segurança e a situação se amoldar às previsões contidas no art. 171 do Regimento Interno deste Tribunal é que será cabível a correição parcial. 2. Rejeição da correição parcial.” (TRF4, COR 2006.04.00.027125-3, Turma Suplementar, Relator Eloy Bernst Justo, DJ 27/09/2006)

“CORREIÇÃO PARCIAL. COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. ATRASO NA PROLAÇÃO DE SENTENÇA JUSTIFICADO. - Não obstante os recursos interpostos contra decisões proferidas pelos Juizados Especiais sejam julgados pelas Turmas Recursais, a teor do disposto nas Leis nºs 9.099/95 e 10.259/2001, a correição parcial é medida de natureza administrativa, e não jurisdicional, razão pela qual este Colegiado tem entendido que o seu exame se insere no âmbito de competência deste Tribunal. - Em que pese a paralisação injustificada do feito seja uma hipótese objetiva do manejo da via correicional, ela não dispensa a análise do caso concreto, de modo a subsumi-lo na aludida previsão normativa. - Nesse sentido, infere-se das informações prestadas pelo Juízo requerido que a magistrada tem empenhado os esforços que lhe são possíveis para dar azo ao excessivo volume de trabalho distribuído àquela unidade judiciária, não podendo, à míngua de prova em contrário, imputar-se falta de razoabilidade àquelas ponderações ou mesmo vislumbrar dilatação abusiva dos prazos legais.” (TRF4, COR 2006.04.00.017120-9, Sexta Turma, Relator Sebastião Ogê Muniz, DJ 26/07/2006)

14. Fase de Execução

Não há, nos juizados, processo de execução propriamente dito. Ao invés de submeter os julgamentos ao regime do processo de execução, preferiu reconhecer a autoridade e o imperium da decisão judicial, dotando-lhe de eficácia imediata e coativa. As decisões judiciais são cumpridas por meio de determinação judicial específica, veiculada por simples ofício.

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Na prática, conhecimento e execução se amalgamam em processo único. Não há liquidação de sentença porque a condenação, no juizado, é sempre líquida (art. 38, parag. único). Nem mesmo o cálculo do contador será cabível. No tocante, por exemplo, à correção monetária, o art. 52, I, da Lei 9.099/95, prevê indexador oficial; e quanto aos honorários, à conversão eventual de índices e a outras parcelas, como juros, multas etc., o cálculo meramente aritmético será realizado por servidor da secretaria do juizado, dispensando-se, dessa forma, a liquidação por cálculo do contador (art. 52, II, da Lei 9.099).

LJEF, Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatório.(...)§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista.

Consta no dispositivo de sentença do JEF:“Havendo interposição de recurso pelo INSS, o mesmo deverá ser recebido em seu duplo efeito apenas no tocante ao pagamento das diferenças vencidas, por força do disposto no artigo 17, da Lei nº 10.259/2001, que condiciona o pagamento de quantia certa ao trânsito em julgado da sentença. Quanto à imediata implantação do benefício previdenciário do autor, o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo, consoante dispõe o artigo 43, da Lei nº 9.099/95, salvo situação excepcional.”

As prestações de fazer/não fazer e de entrega de coisa deverão ser cumpridas pela autoridade pública logo após o trânsito em julgado da sentença, ou assim que estiver acabado o prazo para impugnação do acordo celebrado entre as partes. Para tanto, em não havendo cumprimento espontâneo pela autoridade, cabe ao magistrado expedir ofício, com cópia da sentença ou do acordo, ordenando o imediato cumprimento da determinação (LJEF 16).

RPV: em relação às obrigações pecuniárias (de pagar quantia certa), também fica dispensado o procedimento de execução contra a Fazenda Pública (CPC 730/731), bem como o regime de precatório requisitório. Tais pagamentos também serão objeto de ordem específica do juiz (LJEF 17). Expedido o comando, tem a autoridade prazo de 60 dias para promover o pagamento, contado da entrega da requisição. Desatendida a ordem, o fato acarreta seqüestro, ordenado pelo juiz, do numerário suficiente à satisfação do crédito (LJEF 17, § 2°), diretamente junto à conta do ente público renitente.

RPV é apenas aplicável aos créditos de pequeno valor (CF 100, § 3°). Se, eventualmente, a decisão judicial ultrapassar esse limite, a ordem judicial consistirá na expedição de precatório (LJEF 17, § 4°). A parte pode optar pela renúncia do excedente ao teto do JEF, para beneficiar-se do regime da RPV.

Não pode pedir para receber os 60 salários mínimos em 60 dias e o restante por precatório: prevê o art. 17, § 3° que são vedados o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na forma estabelecida no § 1o deste artigo, e, em parte, mediante expedição do precatório, e a expedição de precatório complementar ou suplementar do valor pago.

15. Conflito de Competência

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Admitido o conflito de competência, a grande questão é quem seria o órgão julgador.

Conflito de Competência entre Vara Federal e Juizado Especial Federal:A princípio, parece ser competente o STJ para dirimir o conflito, já que

seriam juízos (JEF e Vara Federal comum) submetidos a tribunais ou cortes diferentes. Isso porque o JEF não tem vinculação jurisdicional com os TRFs. Nesse sentido, aliás, já decidiu o STJ:

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUIZ FEDERAL DE JUIZADO ESPECIAL E JUIZ FEDERAL DE JUIZADO COMUM. COMPETÊNCIA DO STJ PARA APRECIAR O CONFLITO. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. COMPETÊNCIA. CRITÉRIOS. NATUREZA. VALOR DA CAUSA SUPERIOR A SESSENTA SALÁRIOS-MÍNIMOS. COMPETÊNCIA DO JUIZADO FEDERAL COMUM, E NÃO DO ESPECIAL.

1. A Constituição atribui ao STJ competência para dirimir conflitos "entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos" (art. 105, I, d). A norma tem o sentido de retirar dos tribunais locais o julgamento de conflito entre órgãos judiciários a eles não vinculados, atribuição que fica reservada ao STJ, tribunal da União com jurisdição de âmbito nacional. Assim entendido o dispositivo, nele está compreendida, implicitamente, a competência do STJ para dirimir qualquer conflito entre juízes não vinculados a um mesmo tribunal local ou regional.

2. A jurisprudência do STF e da Corte Especial do STJ considera que as Turmas Recursais de Juizado Especial e os Tribunais de Alçada do mesmo Estado não são órgãos vinculados ao Tribunal de Justiça, razão pela qual o conflito entre eles é conflito "entre tribunal e juízes a ele não vinculados", o que determina a competência do STJ para dirimi-lo, nos termos do art. 105, I, d, da Constituição.

3. Assim como a Turma recursal, também o Juiz Federal de Juizado Especial não está vinculado ao Tribunal Regional Federal, o que significa dizer que o conflito entre ele e um Juiz Federal de juizado comum é conflito entre juízes não vinculados ao mesmo tribunal. Também aqui, portanto, a competência para apreciar o conflito é do STJ, a teor do que está implicitamente contido no art. 105, I, d, da Constituição.

4. A Lei 10.259/01, que instituiu os Juizados Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal, estabeleceu que a competência desses Juizados tem natureza absoluta e que, em matéria cível, obedece como regra geral a do valor da causa: são da sua competência as causas com valor de até sessenta salários mínimos (art. 3º). É o caso dos autos.

5. Conflito conhecido, declarando-se a competência do Juízo Federal da 10ª Vara da Seção Judiciária do Estado da Bahia, o suscitante.” (CC 58796/BA, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09.08.2006, DJ 04.09.2006 p. 211)

Contudo, o nosso TRF tem entendido que a competência é dele. Sustenta que a questão não foi pacificada pelo STJ e nunca foi analisada especificamente no aspecto da Justiça Federal, mas o precedente acima demonstra o contrário. Porém, face aos inúmeros precedentes do TRF-4 neste sentido, parece adequado, em sede de concurso público, que se adote tal entendimento, considerando o TRF competente para dirimir tais conflitos, como já se decidiu no caso abaixo:

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONHECIMENTO. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO. SUSCITANTE. JUÍZO FEDERAL COMUM. SUSCITADO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.

1. Tendo em vista que o e. STJ não pacificou a questão, referindo-se os precedentes daquela Corte à seara Estadual e levando-se em conta, ainda, que a

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filosofia dos Juizados Especiais está calcada nos princípios da celeridade e utilidade, mantém-se o entendimento já firmado na 3ª e 4ª Seções deste Regional, de que compete ao TRF dirimir conflito de competência estabelecido entre Juizado Especial Federal e Juízo Federal Comum. Conflito de competência conhecido.

2. Nos termos do art. 105, I, d, da Constituição Federal, a competência do STJ é para solver conflitos de competência entre juízes vinculados a tribunais diversos, não sendo este o caso dos autos.

3. Se o autor da ação pede repetição de indébito, ainda que seja ele segurado do Regime Geral da Previdência Social e a repetição verse sobre contribuições previdenciárias, trata-se de matéria de cunho eminentemente tributário, cuja competência não é do Juizado Especial Federal Previdenciário.

4. Competência do Juízo Federal suscitado.” (TRF4, CC 2003.04.01.036518-8, Corte Especial, Relator José Luiz B. Germano da Silva, publicado em 01/10/2003)

Conflito de Competência entre Juizados Especiais FederaisSe o conflito é entre juizados especiais, a competência é da Turma

Recursal, nos termos do Enunciado 91 do Encontro dos Coordenadores dos Juizados Especiais e jurisprudência:

“PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. COMPETÊNCIA DAS TURMAS RECURSAIS.

1. Não dispondo os Tribunais Regionais Federais de competência, recursal ou originária, para análise de decisões pronunciadas por juízes integrantes do Juizado Especial Federal, cumprindo às Turmas Recursais a análise última, em instância ordinária, daqueles éditos, avulta a ausência jurisdição desta Corte para solução daquela divergência. Enunciado 91 do XVI Encontro Nacional dos Coordenadores de Juizados Especiais Federais. Precedente 3ª Seção desta Corte.” (TRF4, QUO 2006.04.00.002836-0, Terceira Seção, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, publicado em 11/04/2007)

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XIII. Execução Previdenciária

1. Execução Fiscal

1.1 Conceito e Base Legal

Regula a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, constituída de créditos tributários e não tributários. Estabelece uma série de prerrogativas a favor do exeqüente.

Base Legal: Lei 6.830/80 (Lei da Execução Fiscal - LEF). Subsidiariamente, utiliza-se o CPC.

1.2 Pólo AtivoUnião, Estados, Distrito Federal, municípios, suas autarquias7e fundações

públicas8. Também o FGTS9 e os Conselhos de Fiscalização Profissional (CRECI, CREA, etc.). 10

Em relação à OAB, há posição no STJ no sentido da inaplicabilidade da LEF.11 Segundo entendimento do TRF4, seus créditos são cobrados na justiça comum.12

1.3 Pólo passivo

Art. 4°, LEF: Devedor: é o contribuinte. Fiador: é a fiança bancária prevista no art. 7°, II, LEF; Espólio; Massa; Responsável: ocupam o pólo passivo por disposição legal. Os sucessores a qualquer título

7 - Quando o exeqüente é empresa pública ou sociedade de economia mista: execução normal pelo CPC, com penhora, pois o art. 173, § 2°, da CF, proíbe qualquer privilégio fiscal.CEF: empresa pública federal com execução na Justiça Federal (art. 109, CF);Banco do Brasil: soc. econom. mista federal com execução na Justiça Estadual.8 - Equiparam às autarquias para os fins de competência (RE 127.489/DF).9 - Inscrito em dívida ativa pela PFN e executado pela CEF (art. 2º, da Lei 8844/94 e da LC 110/01)10 - Exceções ao conceito: a). Anuidades da OAB, pois é autarquia sui generis (STJ, ERESP 462273);b) Acórdãos do Tribunal de Contas; c) Execução decorrente de autarquia que desenvolve atividade financeira – ex.: BRDE;- Súm. 66, STJ: “ Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de Fiscalização Profissional”. Têm natureza de autarquia federal (ver ADIn 1.717-6/DF)- Quando o executado na execução fiscal é a própria União, Estados, Municípios ou suas autarquias: segue o rito do art. 730, CPC (súm. 279, STJ).11 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À OAB. EXECUÇÃO. 1. "As contribuições cobradas pela OAB, como não têm natureza tributária, não seguem o rito estabelecido pela Lei 6.830/80" (STJ - 1ª Seção, EREsp n.º 463.258/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, J. por maioria em 10.12.2003, DJ de 29.03.2004). 2. Recurso especial provido.” (STJ, 2ª T., unânime, REsp 447.266, REL. Min. Castro Meira, set/2004)12 EXECUÇÃO FISCAL DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. OAB. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. Se a profissão da advocacia é função essencial à justiça, conforme o art. 133 da Constituição, ela o é a todas as espécies da Justiça brasileira - estadual, do trabalho, federal, militar. Recorde-se que o STF, recentemente, ressaltou o caráter nacional do Poder Judiciário, de que as distintas justiças eram, em realidade, repartições de competência para melhorar apreciação dos feitos. Ademais, tal serviço fiscalizatório, essencial à manutenção de uma democracia, e mais essencial à manutenção de um dos Poderes da República - o Judiciário - ele o é nas esferas da autonomia dos Estados-membros, tanto que a fiscalização, a ordenação dos inscritos e a cobrança das anuidades se fazem no âmbito estadual. A esfera, pois, de competência de tais feitos é, nos termos da Constituição Federal, da Justiça Estadual. (TRF4, AG 2007.04.00.010352-0, Terceira Turma, Relator Maria Lúcia Luz Leiria, D.E. 26/09/2007)

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1.3.1 Redirecionamento

Trata-se de responsabilização por substituição, no caso do art. 135, III, do CTN, quando os diretores, gerentes ou representantes do executado agem com excesso de poderes ou infração à lei e com isto geram créditos tributários. Aplica-se o art. 568, V, do CPC: “São sujeitos passivos na execução:...V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria”. Atualmente a jurisprudência está se inclinando (1ª e da 2ª Turmas do STJ13) para que o simples inadimplemento do tributo não seja considerado infração à lei. Assim, para haver o redirecionamento deverá o exeqüente comprovar a infração à lei, como por exemplo, dissolução irregular da empresa14, falência onde se apurou crime falimentar, não repasse ao INSS das contribuições previdenciárias descontadas dos funcionários, etc. Há dissenso quanto à aplicação do art. 135, III, do CTN, nas execuções fiscais do FGTS.15

Não é possível o ajuizamento de Execução Fiscal concomitantemente contra o contribuinte e o responsável tributário, dado que a responsabilidade, nesse caso, é subsidiária, sendo necessário, primeiramente, o ingresso da ação contra o devedor principal.

1.4 Créditos Cobrados via Execução Fiscal:

Tributários: imposto, taxa, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios, e respectivos adicionais e multas.16

Não tributários: multas pelo exercício do poder de polícia, multas contratuais, taxa de ocupação, multa imposta por sentença penal condenatória (a. 51, CP), etc.

A distinção entre créditos tributários e não tributários é importante, pois em relação àqueles não se aplicam algumas regras da LEF, por prevalecer as normas do CTN.

1.5 Inscrição em Dívida Ativa

13 - STJ. “TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. PRESSUPOSTOS DE VIABILIDADE. 1. Para que se viabilize o redirecionamento da execução é indispensável que a respectiva petição descreva, como causa para redirecionar, uma das situações caracterizadoras da responsabilidade subsidiária do terceiro pela dívida do executado. Pode-se admitir que a efetiva configuração da responsabilidade e a produção da respectiva prova venham compor o objeto de embargos do novo executado. O que não se admite - e enseja desde logo o indeferimento da pretensão - é que o redirecionamento tenha como causa de pedir uma situação que, nem em tese, acarreta a responsabilidade subsidiária do terceiro requerido. 2. Segundo a jurisprudência do STJ, a simples falta de pagamento do tributo e a inexistência de bens penhoráveis no patrimônio da devedora (sociedade por quotas de responsabilidade limitada) não configuram, por si sós, nem em tese, situações que acarretam a responsabilidade subsidiária dos sócios. 3. A ofensa à lei, que pode ensejar a responsabilidade do sócio, nos termos do art. 135, III, do CTN, é a que tem relação direta com a obrigação tributária objeto da execução. Não se enquadra nessa hipótese o descumprimento do dever legal do administrador de requerer a autofalência (art. 8º do Decreto-lei nº 7661/45). 4. Recurso Especial improvido.” (STJ, 1ª T., unânime, Resp 512.688, rel. Min. Teori Albino Zavascki, ago/2004)14 - Dissolução irregular “... TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. SÓCIO-GERENTE. ART. 135, III, DO CTN. DISSOLUÇÃO IRREGULAR. POSSIBILIDADE. 1. Havendo indícios de que a empresa encerrou irregularmente suas atividades, é possível redirecionar a execução ao sócio, a quem cabe provar o contrário em sede de embargos à execução, e não pela estreita via da exceção de pré-executividade. 2. Agravo regimental desprovido.” (STJ, 1ª T., unânime, ARAI 561.854, rel. Min. Teori Albino Zavascki, abr/2004).15 - A favor: TRF4, AgAI 2002.04.01.012785-6/RS, mai/2002; contra: STJ, 2ª T., REsp 221.422, ago/2004.16 - Custas processuais têm natureza de crédito tributário (taxa de serviço).

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Feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito17. É lavrado o Termo de Inscrição de Dívida Ativa (TIDA – art. 202, CTN), com os requisitos do art. 2°, § 5°, da LEF. É extraída a Certidão de Dívida Ativa (CDA), título executivo extrajudicial que aparelha a execução fiscal, com os mesmos requisitos da TIDA.

1.5.1 Requisitos da TIDA/CDA

Art. 2°, § 5°, da LEF e art. 202, CTN): nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou

residência de um e de outros; valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os

juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato;18

origem, natureza e fundamento legal ou contratual da dívida;19

indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo;20

data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver

apurado o valor da dívida.21

17 - A Procuradoria da Fazenda Nacional é competente para a inscrição da Dívida Ativa da União, a teor do disposto no §4º, do art. 2º, da LEF, c/c o art. 12, da LC 73/93, incluindo as contribuições previdenciárias, de acordo com a Lei 11.457/07 (criou a Super-Receita).- Esta lei previu (art. 16):-- A Procuradoria do INSS (Procuradoria-Geral Federal) é competente para a execução de créditos previdenciários inscritos em dívida ativa até 30/04/2007. Em 01/04/2008, esta competência passa a ser da PFN;-- A PFN é competente para a execução de créditos previdenciários inscritos em dívida ativa a partir de 01/05/2007 e, a partir de 01/04/2008, também dos inscritos antes daquela data.18 – Montante total pretendido pelo Fisco. A desnecessidade de referência ao montante dos juros e encargos de modo discriminado não afasta a indicação do montante total, sob pena de não se saber a integralidade da pretensão do Fisco e a dimensão da garantia a prestar.- Indicação do período de apuração das infrações. Desnecessidade. “PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – REQUISITOS DA CERTIDÃO DA DÍVIDA ATIVA – ART. 2º, § 5º, II, DA LEI 6.830/80. 1. Não é requisito essencial do termo da inscrição da dívida ativa a indicação do período de apuração das infrações, por inexistência de previsão legal. 2. Recurso especial improvido.” (STJ, Resp 361.977/SC, rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 30/09/2002).- Montante dos juros e encargos. Desnecessidade. “EXECUÇÃO FISCAL. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA:VÍCIOS INEXISTENTES... 1 – Na certidão de dívida ativa não se exige conste o valor dos juros e demais encargos, e sim a maneira de seu cálculo (art. 202, II, do CTN). Não constitui vício a divergência entre o valor do crédito inscrito e o atribuído à inicial na execução, pois este está, evidentemente, acrescido dos juros e encargos já vencidos. (...)”(TRF4, 4ª T., unânime, AC 1999.04.01.103127-6/SC, rel. Juiz Antônio Albino Ramos de Oliveira, dez/2000).19 - Referência ao processo administrativo. Suficiência. “EXECUÇÃO FISCAL. CERTIDÃO DA DÍVIDA ATIVA. INDICAÇÃO DA ORIGEM E DO FUNDAMENTO LEGAL DA DÍVIDA. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. 1. A indicação da origem e natureza da dívida, exigida pelo inc. III do § 5º do art. 2º da Lei nº 6.830/80, pode ser suprida pela referência ao processo administrativo, feita na certidão da dívida ativa. (...)” (TRF4, 4ª T., unânime, AC 1999.04.01.087870-8/SC, rel. Juiz Zuudi Sakakihara, mar/2000).20 - Memória discriminada da atualização da dívida. Desnecessidade. “EXECUÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE MEMÓRIA DESCRITIVA DO DÉBITO. A Lei-6830/80 não exige que a inicial da execução fiscal seja instruída com memória discriminada da atualização da dívida. Para o efeito do inc-2 do art. 202 do CTN-66, basta indicar a taxa de juros e o respectivo fundamento legal, dispensando-se estar instruída com memória discriminada do cálculo.” (TRF4, 2ª T., unânime, AI 1999.04.01.013517-7/RS, rel. Juiz Vilson Darós, fev/2000)21 - Extravio do processo administrativo. “PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL – PROCESSO ADMINISTRATIVO-FISCAL EXTRAVIADO – PERDA DA EXIGIBILIDADE DO TÍTULO. 1. A Lei 6.830/80 exige que conste da certidão de dívida ativa o número do processo administrativo-fiscal que deu ensejo à cobrança. Macula a CDA a ausência de alguns dos requisitos. 2. O extravio do processo administrativo subtrai do Poder Judiciário a oportunidade de conferir a CDA, retirando do contribuinte a amplitude de defesa. 3. Equivale o extravio à inexistência do processo, perdendo o título a exeqüibilidade (inteligência do art. 2º, § 5º, inciso VI, da LEF). 4. Recurso especial improvido. (STJ, 2ª T., unânime, RE 274746/RJ. Rel. Min. Eliana Calmon. mar/2002)

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1.5.2 Presunção de Certeza e Liquidez

Após inscrita, a Dívida Ativa goza de presunção (relativa) de certeza (quanto aos sujeitos, ao direito e ao objeto) e liquidez (valor determinado), somente ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado (art. 3°, LEF e art. 204, único, do CTN). Há inversão do ônus da prova: o executado é que deve provar que não deve ao fisco.

Estando o crédito tributário suspenso (Moratória, depósito, impugnação administrativa, liminar e parcelamento), há impedimento à Execução. Adesão a parcelamento posterior ao ajuizamento da execução implica suspensão desta. 22

1.5.3 Emenda ou substituição da CDA

A emenda ou substituição da CDA é possível até a decisão de primeira instância (sentença que julga os embargos à execução ou que extingue a própria execução, conforme art. 203, CTN, e art. 2º, § 8º, LEF). Essa emenda/substituição se dá apenas quando há simples erros materiais ou formais da própria inscrição ou CDA, mas nunca quando implicar na modificação do próprio lançamento tributário23. Modificada a CDA, devolve-se ao sujeito passivo o prazo para defesa, mas somente em relação a matéria modificada, ou seja, trata-se de oportunizar emenda aos embargos já propostos, e não novos embargos sobre toda a matéria.

1.5.4 Limites do Crédito em Execução

A PFN não inscreve em dívida ativa valor até R$ 1.000,00 e não ajuiza execução até R$ 10.000,00 em face do pequeno valor. Veja a Portaria MF nº 049, de 1 de abril de 2004, art 1º: autoriza

“I - a não inscrição, como Dívida Ativa da União, de débitos com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e

22 – Adesão anterior impede o ajuizamento. Ajuizada irregularmente, deve ser extinta. “TRIBUTÁRIO. ADESÃO AO REFIS. EXECUÇÃO FISCAL POSTERIOR. HONORÁRIOS. CABIMENTO. A adesão ao REFIS e o início do pagamento das respectivas parcelas, implica a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, I, do CTN, como espécie de moratória, na redação original; art. 151, VI, do CTN, após a LC 104/2001), retirando do título a exigibilidade indispensável ao ajuizamento de Execução Fiscal. Correta a extinção da Execução sem julgamento de mérito. Cabível a condenação em honorários advocatícios, considerando que a Executada chegou a constituir advogado para oferecer sua defesa no feito.” (TRF4, 1ª T., unânime, AC 2000.70.00.025238-6/PR, rel. Juiz Fed. Leandro Paulsen, abr/2002)– Adesão posterior implica suspensão da execução. – “TRIBUTÁRIO – REFIS – NATUREZA JURÍDICA – EFEITOS. 1. O Programa de Recuperação Fiscal tem natureza jurídica de parcelamento ou de moratória, segundo a legislação específica – Decreto 3.431/2000. 2. Seja parcelamento ou moratória, não se extingue a obrigação por cancelamento ou novação. 3. Suspende-se a execução no período do parcelamento, não se podendo falar em extinção, senão após quitado o débito. 4. Recurso especial improvido.” (STJ, Resp 446665/RS, rel. Min. Eliana Calmon, DJ 18/11/2002, p. 207)23 – “TRIBUTÁRIO. PIS. EXECUÇÃO FISCAL. DÍVIDA ATIVA. INSCRIÇÃO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 202, CTN. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DO TÍTULO. INFRINGÊNCIA AOS ARTS. 2º, § 8º, E 3º, DA LEI 6.830/80, E ARTS. 203 E 204, CTN. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. ... 3. Impossibilidade de substituição de Título Executivo quando não se tratar de mera correção de erro material ou formal e, sim, de modificação do próprio lançamento, o que não possui tutela na Lei 6.830/80 e no CTN. 4. Recurso Especial provido para determinar a nulidade da Certidão da Dívida Ativa e a execução dela decorrente.” (STJ, 1ª T., unânime, REsp. 327.663/SC, rel. o Min. José Delgado, out/2001)– Exclusão de parcela do débito. Possibilidade. “... 1. Se parcela do débito exeqüendo é indevida, a Certidão de Dívida Ativa pode ser substituída, prosseguindo a execução com base na nova Certidão. 2. É de excessivo rigor a decisão que extingue a execução, exigindo do exeqüente novo ajuizamento.” (TRF4, 2ª T., AC 96.04.38324-8/RS, rel. Juíza Tania Escobar, jun/1997)

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II - o não ajuizamento das execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).”

A PFN promove o arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de valor até R$ 10.000,00: Lei 10.522/02, com a redação da Lei 11.033, de 21 de dezembro de 2004. A execução será reativada quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados. No caso de reunião de processos contra o mesmo devedor, na forma do art. 28 da LEF, será considerada a soma dos débitos consolidados das inscrições reunidas.

1.5.5 Certidões de Regularidade para a Fazenda Federal

Com a nova competência da Receita Federal do Brasil e da PFN, a certidão de regularidade relativa à contribuições previdenciárias passa a ser incluída nas próprias CND expedidas por estes órgãos, junto com os demais tributos federais. Atualmente são duas negativas, em apenas um documento - CND:

a) a certidão negativa de débitos expedida pela Receita Federal do Brasil (enquanto ainda não concluído o processo administrativo e enviado à Procuradoria da Fazenda Nacional);

b) a certidão negativa de dívida ativa expedida pela PFN.

1.6 Acréscimos ao Débito em Execução

Quando o crédito tributário é ajuizado, seu valor é muito superior ao tributo originalmente devido. E isso se dá em função dos seguintes acréscimos:

Juros de mora : têm natureza compensatória, pois compensam a falta de disponibilidade imediata dos recursos pelo credor;

Correção monetária : garante a manutenção do conteúdo econômico. Nos tributos federais utilizou-se a UFIR24 e, posteriormente, a SELIC25.

Multa de mora : tem natureza punitiva, pois é pena cominada para desestimular o pagamento em atraso;

Multa de ofício por infração tributária: para o caso de lançamento de ofício pelo Fisco. Em relação a tributos da União, não pode ser cumulada com a multa de mora (Lei 9.430/96, art. 44, § 1º. II). A legislação previdenciária não faz distinção entre multa de mora e de ofício (art. 35, L. 8.212/91).

Encargo Legal : execuções da Fazenda nacional (20%) e do FGTS (10%).

24 - UFIR (Unidade Fiscal de Referência): instituída pela Lei 8.383/91, art. 1°, como atualização monetária de tributos a contar de 01/01/1992. A partir de 01/01/1997 (Lei 9.430/96, art. 75) passou a incidir apenas para atualização dos créditos tributários da União, objeto de parcelamento concedidos até 31/12/1994. Foi extinta pelo art. 29, § 3°, da MP 1973-67, de 26/10/2000.25 - SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia): instituído pela Lei 8.981/95, art. 84, I e § 4°, abrange correção monetária e juros no pagamento de tributos da Receita Federal e INSS, aplicável a partir de 01/01/1995. Incidente a SELIC, aplica-se apenas ela, com exclusão de qualquer outro índice. A contar de 01/01/1996 passou a incidir também na repetição/compensação de tributos pagos indevidamente, por força da Lei 9.250/95, art. 39, § 4°.

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1.7 Não Sujeição ao Juízo Universal da Falência

Mesmo o executado estando em processo de falência, a Dívida Ativa deverá ser processada na execução fiscal com penhora no rosto dos autos da falência (art. 5° e 29, da LEF, e art. 187, CTN).

Súm. 44, TFR: ”Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora realizada antes desta, não ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação no juízo falimentar; proposta a execução fiscal contra a massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo de quebra, citando-se o síndico”.

Em relação à primeira parte da súmula, procedido o leilão, deve-se indagar ao juízo falimentar sobre a existência de créditos com preferência e remeter-lhe o valor correspondente.

1.8 Preferência dos Créditos Inscritos em Dívida Ativa

Concurso fora da falência – art. 186, caput, do CTN, alterado pela LC 118/05 – ordem:

a) créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho;26

b) créditos tributários, entre os quais o concurso se dá entre as pessoas jurídicas de Direito Público (União, Estados e Municípios, conforme estabelece o art. 187 do CTN);

Concurso na falência – parágrafo único, do art. 186, do CTN e nova Lei das Falências (LF), arts. 84 a 86, 149 e 151 – ordem:

a) pagamentos dos salários vencidos nos 3 meses anteriores à decretação da quebra, no limite de 5 salários-mínimos por trabalhador (art. 151, LF); b) importâncias passíveis de restituição (art. 86, LF); 27

c) créditos extraconcursais (encargos e dívidas da massa – art. 84, LF), entre os quais se incluem, em último lugar, os tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a quebra; d) créditos concursais (art. 83, LF)

trabalhistas até 150 salários-mínimos e os decorrentes de acidente de trabalho; créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; créditos tributários, excetuadas as multas tributárias; créditos com privilégio especial; créditos com privilégio geral; créditos quirografários; as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou

administrativas, inclusive as multas tributárias;

26 - Créditos de FGTS. Natureza trabalhista. “TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. PREFERÊNCIA DE CRÉDITO DE FGTS. O crédito relativo ao FGTS, pela natureza trabalhista que lhe confere o art. 2º, § 3º, da Lei nº 8.844/94, prefere ao crédito previdenciário e ao tributário.” (TRF4, 2ª T., unânime, AI 2004.04.01.014529-6/PR, rel. Des. Fed. João Surreux Chagas, ago/2004)27 - Contribuições previdenciárias descontadas do empregado. Preferência absoluta. Não se integram à massa. “AGRAVO DE INSTRUMENTO. DÉBITOS PREVIDENCIÁRIOS. RESTITUIÇÃO. PREFERÊNCIA. ARREMATAÇÃO. PARCELAMENTO. FACULDADE CONFERIDA AO INSS. 1. Os créditos previdenciários decorrentes de contribuições descontadas dos empregados e não repassadas ao INSS preferem inclusive aos créditos trabalhistas, nos casos de falência e dissolução irregular da empresa, isso porque o numerário não pertence ao patrimônio da falida/empresa dissolvida, mas sim à autarquia previdenciária. 2. O pagamento parcelado previsto na Lei nº 8.212/91, no seu artigo 98, não pode ser aplicado a créditos diferentes dos previdenciários. 3. Anulada a carta de arrematação, bem como reconhecida a preferência dos créditos previdenciários. 4. Agravo provido.” (TRF4, 1ª T., unânime, AI 2000.04.01.136901-2/SC, rel. Des. Wellingon M. de Almeida, abr/2004) – Súmula 417 do STF: “Pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse ele a disponibilidade.” (01/06/64)

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créditos subordinados

A nova Lei de Falências, no art. 124, traz determinação acerca dos juros na falência: “Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados”.

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. FALÊNCIA. PREVALÊNCIA DOS CRÉDITOS CONCERNENTES AO FGTS SOBRE OS TRIBUTÁRIOS. PRECEDÊNCIA DE PENHORA. 1. Na falência, a ordem estabelecida para os créditos concursais coloca, em primeiro lugar, os créditos trabalhistas, até o limite de 150 salários-mínimos (Lei 11.101/05), e os créditos acidentários e os relativos ao FGTS (Lei 8.844/94), sem limitação; em segundo lugar, estão os créditos com garantia real até o limite do bem gravado, sendo o excedente classificado como crédito quirografário; apenas em terceiro lugar aparecem os créditos tributários, excetuadas as multas, que só estão acima dos créditos subordinados. 2. A utilização da regra do art. 711 do CPC - precedência da penhora - como critério para estabelecer a preferência entre os créditos, só é aplicável quando estão no mesmo patamar, segundo a disciplina do direito material. No caso, o ordenamento jurídico-positivo indica a prevalência dos créditos trabalhistas e, por extensão, dos concernentes ao FGTS, em relação aos tributários. 3. Agravo de instrumento improvido. (TRF4, AG 2005.04.01.052292-8, Primeira Turma, Relator Joel Ilan Paciornik, DJ 29/03/2006)

1.9 Procedimento

1.9.1 Competência do Juízo

O foro competente para conhecer a execução fiscal é o do domicílio do executado (art. 578, CPC). A mudança do domicílio após a propositura da execução, não desloca a competência (súm. 58 do STJ).

Competência delegada: nas comarcas onde não exista Vara Federal, é competente para conhecer da execução fiscal de dívida federal, a justiça estadual (art. 109, § 3°, CF; Lei 5.010/66, art. 15, I)28. Essa delegação inclui também os embargos à execução29. Veja-se a súm. 40 do extinto TFR: “A execução fiscal da Fazenda Pública 28 EXECUÇÃO FISCAL. JUSTIÇA ESTADUAL . COMPETÊNCIA DELEGADA . CUSTAS . A Fazenda Pública, quando demanda na Justiça estadual , não está isenta de custas , as quais, contudo, só serão devidas ao final e em caso de insucesso da pretensão executória. (TRF4, AC 2005.70.15.004451-3, Primeira Turma, Relator Vilson Darós, D.E. 12/01/2007) 29 - Ação cautelar incidental à Execução Fiscal. Competência do Juízo da Execução. “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CAUTELAR INCIDENTAL. EXISTÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. 1. Instaurada a Execução Fiscal perante o Juízo Estadual por força do disposto no parágrafo 3º, art. 109 da Constituição Federal, preventa se torna a competência para conhecer a ação cautelar incidental. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública de Araraquara/SP.” (STJ, 1ª Seção, CC 13.899/SP, rel. Min. Peçanha Martins, ago/1995)- Conexão com outras ações em que é discutido o débito objeto da execução. Reunião no Juízo Federal. A Execução Fiscal, em si, não implica conexão com outras ações em que se discuta o débito; mas os embargos à Execução, estes sim. Correndo a ação no Juízo Estadual, com Embargos opostos, e havendo ação anulatória, mandado de segurança ou qualquer outra ação em que esteja sendo discutida a exigência fiscal em tramitação na Justiça Federal, a solução será reunir os feitos na Justiça Federal em face da competência absoluta desta e da ausência da possibilidade de delegação à Justiça Federal para outras ações que não a própria Execução/Embargos/Cautelar incidental.- Ajuizada na Justiça Federal, o Executado pode argüir a incompetência e exigir o envio para a Comarca da Justiça Estadual do seu domicílio. “O executivo foi proposto perante o Juízo Federal de Caxias do Sul, com jurisdição territorial sobre o domicílio do devedor, investido da competência própria para o julgamento do feito. A regra que faculta o ajuizamento perante a Justiça Estadual do domicílio do executado, que no caso seria Flores da Cunha, quando este não for sede de Vara Federal, outorga uma faculdade, instituída em benefício do devedor; portanto, compete a ele, como de fato fez, suscitar a incompetência do Juízo. Destarte, tendo o executado/agravado

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federal será proposta perante o juiz de direito da comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara da Justiça Federal.” (DJU em 02/07/80; RTFR nº 78)

Não há delegação à justiça estadual de mandado de segurança contra tributo ou de ação anulatória de débito fiscal.

Vara Federal especializada em execução fiscal: havendo outra ação questionando o débito em execução, deverá ser ajuizada em uma vara civil da mesma subseção. Existirá conexão com a execução apenas no caso desta ser embargada, momento em que se reunirão todos os feitos na vara especializada.

Competência da justiça laboral para a multa trabalhista, impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho (Delegacias do Trabalho) face ao disposto no inciso VII do art. 114 da CF/88, acrescentado pela EC 45, de 2004

1.9.2 Petição inicial simplificada

Petição inicial simplificada (art. 6º, da LEF): é exceção em relação ao art. 282, do CPC. Será instruída apenas com a CDA, sendo desnecessário o demonstrativo do débito atualizado30 do art. 614, II, do CPC, e a juntada de cópia do procedimento administrativo.31

1.9.3 Valor da Causa

Valor da Causa : o constante na CDA, incluídos os honorários e demais encargos legais.

Quando recebe a inicial, o juiz deve fixar os honorários para pronto pagamento, possibilitando conhecer-se o valor total da dívida em execução e efetuar-se eventual penhora sobre o valor total.

A fixação inicial é provisória, podendo ser alterada pelo Juiz na sentença. Desta forma se evita a execução apenas do valor constante do título e, ao final, se proceda à condenação em honorários, iniciando, então, uma nova execução para satisfação da sucumbência.

Nas execuções da Fazenda Nacional e nas do FGTS não há esta fixação, pois já previsto em lei a inclusão dos encargos de 20% (DL 1.025/69) e 10% (Lei 8.844/94), respectivamente.

1.9.4 Despacho Inicial

interposto exceção de incompetência para que a ação de execução fosse processada e julgada pela Justiça Estadual de seu domicílio, não há como modificar a decisão que acolheu tal pretensão.” (TRF4, 1ª T. AI 2002.04.01.017222-9/RS, rel. Des. Fed. Wellington Mendes de Almeida, 17.10.2002).30 - Demonstrativo atualizado da dívida. “TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DEMONSTRATIVO DO DÉBITO ATUALIZADO. ART. 614, II, DO CPC. ART. 6º DA LEI 6.830/80... 1. O demonstrativo do débito atualizado, na forma prevista no art. 614, II, do CPC, não está arrolado no art. 6º da Lei e Execuções Fiscais (Lei 6.830/80) entre os documentos que devem acompanhar a petição inicial da execução; portanto, sua ausência não acarreta a nulidade da execução. 2...” (TRF4, 1ª T., unânime, AC 2001.72.08.001903-0/SC, rel. Des. Fed. Luiz Carlos de Castro Lugon, dez/2002)31 - Desnecessidade da juntada do processo administrativo fiscal. “TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PETIÇÃO INICIAL. REQUISITOS FORMAIS. PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. ART. 6º DA LEI 6830/80. ART. 2º, § 5º, DA LEF. NULIDADE... 1. O processo administrativo não está arrolado no Art. 6º da Lei de Execuções Fiscais (Lei 6830/80) entre os documentos que devem acompanhar a petição inicial da execução; portanto, sua ausência não é causa de nulidade do feito executivo. 2...” (TRF4, 1ª T., unânime, AC 2000.71.04.001073-2/RS, rel. Des. Fed. Luiz Carlos de Castro Lugon, dez/2002)

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Despacho inicial : importa em ordem para citação, penhora, arresto, registro32 e avaliação dos bens (art. 7°, LEF). Penhora : apreensão judicial de bens do executado para garantia da

execução, devendo ser nomeado depositário.33

Arresto : trata-se do arresto executório, previsto no art. 653, do CPC (“O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução”), não confundindo-se com o procedimento cautelar do art. 813, do CPC. Constitui-se em meio de cautela, antecipando a penhora, quando não se encontrar o devedor. Arrestados os bens, normalmente segue citação por edital e conversão do arresto em penhora.

1.9.5 Citação

Citação (art. 8°)34: para, no prazo de 5 dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na CDA, ou garantir a execução pelo Correio :35 com aviso de recebimento. A LEF dispensa a pessoalidade

da citação pelo correio, prevista no art. 223, único, do CPC, sendo válida mesmo não sendo o AR assinado pelo executado ou representante legal36. Considera-se feita:

na data da entrega da carta no endereço do executado (e não da juntada do AR nos autos);

ou, se a data for omitida no AR, 10 dias após a entrega da carta à agência postal.

32 - O art. 7º, IV, que prevê registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, não foi recepcionado, uma vez que os emolumentos cobrados pelo Registro Imobiliário constituem taxa de serviço, conforme já reconhecido pelo STF (nota ao art. 145, II). Desta forma, são tributos estaduais, de maneira que não pode, a União, estabelecer qualquer isenção quanto a elas, de acordo com o art. 151, III, da CF.33 - Penhora já por ocasião da citação na execução da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas: de acordo com a Lei 8.212/91, art. 53, recaindo sobre bens indicados pelo Exeqüente. O art. 652, § 2°, do CPC, com redação da Lei 11.382/06, traz disposição semelhante aplicável a qualquer execução.34 - Redirecionamento e citação do responsável: sempre que houver redirecionamento da execução, deve-se citar o novo executado, conste ou não o seu nome na CDA.- “EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS A EXECUÇÃO. SOCIEDADE POR COTAS. CITAÇÃO. PRESCRIÇÃO: INTERRUPÇÃO. INOCORRÊNCIA. Tendo sido citada a firma executada, mas não o sócio sobre cujo bem veio a incidir a penhora, não pode esta subsistir. Embora pudesse ser tal sócio responsável, em substituição, pelo débito fiscal da sociedade, incabível admitir-se a penhora de seus bens sem que tivesse ele sido previamente citado. [...]” (STF, 2ª T., RE 101067/RS, rel. Min. Aldir Passarinho, mai/1985)35 - A carta de citação deve ser acompanhada de cópias da inicial da Execução e da Certidão de Dívida Ativa respectiva, bem como do despacho que determinou a citação, forte no art. 223 do CPC.- Na execução pelo CPC, a citação por carta é proibida (art. 222, ‘d’, CPC).36 - AR sem assinatura do próprio executado ou seu representante legal: neste caso, a obrigatoriedade da intimação pessoal da penhora (art. 12, § 3°, da LEF) evita que haja prejuízo à defesa, pois este é o marco para o início do prazo para embargos, nos termos do art. 16, III, desta Lei.- A validade da citação dependerá do envio da correspondência para o endereço correto. Caso tal não ocorra ou, ainda, excepcionalmente, caso o executado comprove, e.g., que estava em viagem e que não teve conhecimento da citação, será impositiva a devolução do prazo para pagamento.- “TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CITAÇÃO PELO CORREIO. AR. ART. 8º, INCISOS I E II DA LEI 6.830/80. TÍTULO EXECUTIVO. REQUISITOS FORMAIS. ART. 2º, § 5º, DA LEF. NULIDADE. PREJUÍZO AO EXECUTADO. MULTA MORATÓRIA. PERCENTUAL. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. 1. Não é necessário que o Aviso de Recebimento (AR) seja entregue em mãos do executado, pois basta que a entrega se dê no seu endereço, por força do disposto no inciso II, primeira parte, da Lei 6.830/80 (LEF), a qual, como lei especial que é, derroga as normas gerais do CPC. 2. A observância dos requisitos formais visa unicamente a dotar o devedor de meios para que possa impugnar a execução. Sem prejuízo à defesa do contribuinte, não há nulidade do título executivo. (...)” (TRF4, 1ª T., unânime, AC 2000.04.01.136489-0, rel. Des. Fed. Luiz Carlos de Castro Lugon, out/2001).

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por Oficial de Justiça : se o AR não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência.37

por Edital : por tratar-se de uma cientificação meramente ficta, deve ser feita apenas quando não for possível citar por carta ou por oficial de justiça.38

O edital é afixado na sede do juízo e publicado uma só vez no órgão oficial, com o prazo de 30 (trinta) dias.

Utilizado para interromper a prescrição e para propiciar a conversão do arresto em penhora.

Deve ser nomeado curador ao réu (art. 9°, II, do CPC), sob pena de nulidade do processo.

A citação de ausente do país, mesmo conhecido seu endereço no exterior, dá-se por Edital, e não por carta rogatória, por expressa determinação legal (art. 8°, § 1°).

1.9.6 Intimação das Partes na Execução Fiscal

Intimação das Partes na Execução Fiscal executado: publicação em diário oficial de forma resumida (art. 27,

LEF); exeqüente: pessoal, art. 25, da LEF. A Lei nº 11.033/04, art. 20,

determinou que a intimação da Fazenda fosse feita pessoalmente, mediante carga dos autos. 39

1.10 Prescrição dos Créditos

Prescrição dos créditos :40

Tributários: 5 anos da constituição definitiva (art. 174, CTN); Não tributários: 10 anos da constituição definitiva (art. 205, novo CC). FGTS: tem natureza social (trabalhista), com prescrição em 30 anos (súm.

210 do STJ e súm. 43 do TRF4). Já as duas novas contribuições instituídas pela LC. 110/2001 tem natureza tributária, com prescrição em 5 anos.

EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO PELO RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. CUSTAS. JUSTIÇA ESTADUAL. CABIMENTO. 1. Uma interpretação harmoniosa dos artigos 39 da LEF e 1º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.289/96 leva à conclusão de não estar a União - salvo se houver previsão em diploma legal do Estado onde estiver tramitando o processo judicial -, isenta do pagamento de custas e emolumentos quando litigar na Justiça Estadual, bem como ser sua obrigação, se vencida, de pagar as despesas ocorridas no processo. 2. Não havendo qualquer disposição na legislação do Estado do Paraná a eximir a União do pagamento de custas, não se mostra

37 - Citação na pessoa do procurador do Executado.“TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CITAÇÃO. A citação realizada na pessoa de quem o Oficial de Justiça, tendo comparecido ao endereço da Executada, identifica como procurador da mesma, que recebe a citação e aceita a contra-fé, bem como que já assinara pedidos de parcelamento e firmara confissão de dívida em nome da empresa, é válida, forte no art. 8º da LEF, que estabelece presunção em favor do ato, só afastável mediante prova inequívoca.” (TRF4, 1ª T., unânime, AC 98.04.07661-6/SC, rel. Juiz Leandro Paulsen, fev/2002).38 - Súmula nº 210 do TFR. “Na execução fiscal, não sendo encontrado o devedor, nem bens arrestáveis, é cabível a citação editalícia.” (DJ – 22/05/86 – p.8627) RTFR nº 142.39 - Há precedente do STJ entendendo que viola o princípio da igualdade das partes, sendo acolhido incidente de argüição de inconstitucionalidade, a ser decidido pela Corte Especial (EDRESP 531308, julg. 08.03.05)40 - A suspensão do prazo prescricional por 180 dias em face da inscrição do débito em dívida ativa, art. 2º, § 3º, da LEF, não se aplica à execução de crédito tributário, somente o não tributário.

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razoável que outro ente da federação tenha de arcar com tais despesas. (TRF4, AC 2007.70.99.004586-6, Primeira Turma, Relatora Cláudia Cristina Cristofani, D.E. 25/09/2007)

TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO DIREITO DA UNIÃO AO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS AO FINAL. LITÍGIO NA JUSTIÇA ESTADUAL. POSSIBILIDADE. 1. Uma interpretação harmoniosa dos dispositivos - artigo 39 da LEF e artigo 1º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.289/96 - leva à conclusão de não estar a União isenta do pagamento de custas e emolumentos quando litigar na Justiça Estadual, bem como ser sua obrigação, se vencida, de pagar as despesas ocorridas no processo. O que não significa, contudo, que a recorrente deve recolher as custas inicialmente, como disposto na decisão agravada. 2. Mesmo não existindo a isenção ao pagamento das custas, é certo que a agravante somente deverá recolhê-las ao final, se vencido. (TRF4, AG 2007.04.00.004485-0, Primeira Turma, Relator Joel Ilan Paciornik, D.E. 15/05/2007)

Interrupção da prescrição 41: o art. 8°, § 2°, da LEF, e a novel redação do art. 174, único, I, do CTN, modificado pela LC 118/2005 prevê que o despacho do juiz que ordenar a citação interrompe a prescrição. Observa-se que esta interrupção se dá sob condição resolutória, qual seja, a não realização da citação, tornando-se insubsistente caso não venha a se realizar no prazo de noventa dias, conforme os § 2º a 4º do art. 219, do CPC. Há decisão em contrário.42

A citação da empresa interrompe a prescrição contra o sócio ? Há dissenso. Contra, pois a responsabilidade do art. 135, III, do CTN, é pessoal e não solidária (STF, 2ª T., RE 101067/RS, rel. Min. Aldir Passarinho, mai/1985). A favor, pois aplicável o art. 125, III, do CTN, relativo à solidariedade (STJ, 2ª T., unânime, REsp 73.511, rel. Min. Castro Meira, ago/2004)

41 - Termo inicial do prazo prescricional tributário: constituição definitiva do crédito tributário (art. 174, CTN). Notificado o contribuinte para o pagamento do crédito tributário e decorrido o prazo sem o oferecimento de impugnação, inicia-se o prazo prescricional. Havendo o oferecimento de impugnação, o prazo se iniciará da intimação do contribuinte acerca da decisão final do processo administrativo.42 - EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO DO CREDITO TRIBUTARIO. LEI-6830/80, ARTIGO-8, PARAGRAFO-02 E ARTIGO-40, PARAGRAFO-02. CODIGO DE PROCESSO CIVIL, ARTIGO-219, PARAGRAFO-01 E PARAGRAFO-04. 1. O DECURSO DE LAPSO TEMPORAL SUPERIOR A CINCO ANOS, COM INICIO NA DATA EM QUE SE DEU A INSCRIÇÃO EM DIVIDA ATIVA, PROVOCA A EXTINÇÃO DO CREDITO TRIBUTARIO, NOS TERMOS DO ARTIGO-156 DO CODIGO TRIBUTARIO NACIONAL. 2. O MERO DESPACHO QUE DETERMINA A CITAÇÃO NÃO TEM O CONDÃO DE INTERROMPER A PRESCRIÇÃO SE NÃO FOR INTEGRADO COM A EFETIVA JUS INVOCATIO AO DEVEDOR. ENTENDIMENTO DIVERSO CORRESPONDERIA A PERENIZAR OS PROCESSOS DE EXECUÇÃO FISCAL, AUTORIZANDO A INERCIA DA FAZENDA PUBLICA, DESDE QUE DEFERIDA A CITAÇÃO. 3. APELAÇÃO IMPROVIDA. (TRF4, AC 91.04.21404-8, Primeira Turma, Relatora do Acórdão Ellen Gracie Northfleet, DJ 18/11/1992) - EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO DECLARADO PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE COBRANÇA. INTERRUPÇÃO. DESPACHO QUE ORDENA A CITAÇÃO. LC 118/2005. ART. 219, § 1º, DO CPC. INAPLICABILIDADE. 1. Em se tratando de débito confessado pelo próprio contribuinte (declaração de rendimentos, DCTF, GFIP), o prazo de que dispõe o Fisco para cobrar o valor devido conta-se da data da entrega da declaração, oportunidade em que constituído definitivamente o crédito, pois é quando o contribuinte aponta a matéria tributável e o montante do tributo devido. 2. Nas demandas ajuizadas após a vigência da LC 118/2005, que deu nova redação ao art. 174, I, do CTN, a prescrição interrompe-se com o despacho que ordena a citação. 3. A retroação à data do ajuizamento, prevista no artigo 219, § 1º, do CPC, não é aplicável aos casos de interrupção da prescrição nos executivos fiscais, visto já haver regra específica no art. 174, parágrafo único, do CTN, sendo o código processual civil aplicado apenas subsidiariamente, nos termos do art. 1º da LEF. 4. Transcorridos mais de cinco anos entre a constituição do débito e o despacho que ordenou a citação, impõe-se o reconhecimento da prescrição do direito de cobrança. (TRF4, AC 2006.70.01.005171-9, Segunda Turma, Relatora Marciane Bonzanini, D.E. 09/07/2008)

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Súmula 78 do TFR : “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição de prescrição.”

Prescrição intercorrente : é possível na execução fiscal, mas somente se houver inércia do credor. Se este promover o prosseguimento da execução, não há falar em prazo prescricional, uma vez que o início da recontagem ficará impedido. Possível o reconhecimento de ofício (art. 40, § 4º, LEF, incluído pela Lei nº 11.051, de 2004 ).

1.11 Garantia da Execução

Garantia da execução (art. 9°): deverá ser integral, considerando-se o montante total em execução (inclui honorários advocatícios). O devedor poderá efetuar: Depósito em $: sendo integral o depósito, há a suspensão do crédito

tributário (art. 151, II, do CTN), cessando a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora. Não se penhora o depósito, pois já está por lei afetado à execução (art. 9°, § 3°).43 Julgados improcedentes os embargos, o depósito é convertido em renda.

Fiança bancária: deverá ser integral e sem termo final. Não há penhora na fiança.

Nomeação de bens próprios à penhora, obedecendo a ordem do art. 11, da LEF: poderá ser feita diretamente ao Oficial de Justiça, que lavrará Auto de Penhora, ou mediante petição nos autos, lavrando a secretaria da Vara Termo de Penhora. Não havendo a nomeação, e nem o oficial de justiça ou o exeqüente tendo encontrado bens, há a possibilidade de solicitação de informações a órgãos públicos e instituições bancárias pelo juízo.

1.11.1 Quebra de Sigilo e Indisponibilidade de Bens e Direitos

Quebra de sigilo e indisponibilidade de bens e direitos Fiscal : a. 198, § 1°, I, do CTN. Baseado no interesse da justiça. O titular

do poder de excutir é o Estado e para bem desencumbir-se deste mister, deve propiciar a realização da penhora, especialmente levando-se em conta o art. 600, IV, do CPC, que considera ato atentatório à dignidade da justiça, a não indicação de bens pelo devedor. Assim, esgotados todos os meios do exeqüente para localizar bens, pode o juiz requisitar informações a órgãos públicos.44

43 - “O oferecimento destas garantias não exige do oficial de justiça a lavratura do auto de penhora, nem do cartório a lavratura de termo para produzir seus efeitos. Juntado aos autos o comprovante do depósito ou o instrumento escrito da fiança, garantida estará a execução.” (BOTTESINI, Maury Ângelo; et al. Lei de Execução Fiscal. 3ª ed. São Paulo: RT, 2000, p. 110).44 - “EXECUÇÃO FISCAL. OFÍCIO À RECEITA FEDERAL. REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE BENS DO DEVEDOR PASSÍVEIS DE PENHORA. 1. Fincou a Corte orientação no sentido de que o deferimento de expedição de ofício a órgãos da administração, com o fim de obter informações sobre bens dos devedores passíveis de penhora, é restrito, só sendo possível em casos excepcionais e após a comprovação de que o exeqüente exauriu os meios à sua disposição para localizar o patrimônio do executado, o que não se demonstrou no caso concreto. 2. Precedentes jurisprudenciais. Incidência da Súmula 83/STJ. 3. Recurso não conhecido.” (STJ, 1ª T., unânime, REsp 151.503/RS, rel. Min. Milton Luiz Pereira, mar/2001).– No sentido de que apenas indícios de ilicitude e de fraude autorizariam a requisição. “AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. SIGILO BANCÁRIO. AUSÊNCIA DE PATRIMÔNIO PENHORÁVEL. Merecem ser prestigiadas as salvaguardas constitucionais, de modo que a simples ausência de patrimônio penhorável não é suficiente para ensejar a quebra do sigilo bancário, que somente deve ser outorgada excepcionalissimamente;

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Bancário : LC 105/2001 e art. 197, II, do CTN. A novel LC 118/2005 incluiu o art. 185-A no CTN possibilitando a quebra de sigilo bancário, especialmente por meio eletrônico, com a decretação da indisponibilidade de bens e direitos do devedor, na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis (BACENJUD).45 O novel art. 655-A, do CPC, com a redação da Lei 11.382/06, traz disposição semelhante aplicável a qualquer execução. Segundo o art. 185-A do CTN, acrescido pela LC 118/05: “Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros

ou seja, em presença de indícios de ilicitude e de fraude objetivando a ocultação de bens.” (TRF4, 3ª T., unânime, AI 2003.04.01.052364-0/SC, rel. Des. Fed. Luiz Carlos de Castro Lugon, mai/2004)– No sentido de que não se admite a quebra do sigilo: “TRIBUTÁRIO... EXECUÇÃO FISCAL... EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À RECEITA FEDERAL, COM O INTUITO DE LOCALIZAÇÃO DE BENS DO DEVEDOR. 4. A quebra de sigilo fiscal somente pode ser determinada como medida de exceção, não podendo colidir com as garantias constitucionais. O interesse público é o norte para se aferir a relevância da medida; saliento, contudo, que não se pode confundir interesse público com o interesse da Fazenda Pública, privilegiando-se os interesses do Estado perante os do cidadão. Pedido de expedição de ofício à Receita Federal, para fins de localização de bens do devedor, negado.” (TRF4, 1ª T., unânime, AgAI 2002.04.01.012785-6/RS, rel. Des. Fed. Wellington M. de Almeida, mai/2002).45 - “AGRAVO DE INSTRUMENTO. BACEN JUD. CONTA CORRENTE. BLOQUEIO DE VALORES. PENSÃO. BENS IMPENHORÁVEIS. 1. É pacífica a jurisprudência dos tribunais no sentido de que o sistema do BACEN JUD deve ser utilizado em situações excepcionais, de modo a tutelar a garantia constitucional do sigilo bancário. 2. Ao meu ver, deve ser utilizado o sistema do BACEN-JUD quando o exeqüente efetivamente tomou providências concretas visando à localização de bens penhoráveis, tais como pesquisas junto aos departamentos de trânsito e cartórios de registros de imóveis, medidas essas adotadas no caso em tela. 3...” (TRF4, 1ª T., unânime, AI 2004.04.01.013350-6/PR, rel. Des. Fed. Álvaro Junqueira, ago/2004).- PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ARTIGO 535 DO CPC. EXECUÇÃO FISCAL. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. SISTEMA BACEN-JUD. ESGOTAMENTO DA VIA EXTRAJUDICIAL. 1. Analisadas pela Corte a quo todas as questões postas em julgamento relevantes para o deslinde da controvérsia que lhe foram devolvidas por força da apelação, fundamentalmente, rechaça-se a alegada violação aos artigo 535 do Código de Processo Civil. 2. Admite-se a quebra do sigilo fiscal ou bancário do executado para que a Fazenda Pública obtenha informações sobre a existência de bens do devedor inadimplente, mas somente após restarem esgotadas todas as tentativas de obtenção dos dados pela via extrajudicial, o que não restou demonstrado nos autos. 3. O artigo 185-a do Código Tributário Nacional, acrescentado pela Lei Complementar nº 118/05, também corrobora a necessidade de exaurimento das diligências para localização dos bens penhoráveis, pressupondo um esforço prévio do credor na identificação do patrimônio do devedor. 4. Recurso especial improvido. (REsp 824488/RS, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, DJ de 18/05/2006, p.212)- AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. PENHORA VIA BACENJUD. REQUISITOS DO ART. 185-A DO CTN. PENHORA EM CONTA DE TERCEIRO. NÃO COMPROVADA. 1. Não restou comprovado que o bloqueio em conta de terceiro, ora agravante, refere-se à execução fiscal originária. Ilegitimidade recursal do terceiro; 2. Para o deferimento da penhora via BACENJUD, é necessário que inexistam bens de propriedade do devedor aptos a garantir a execução. É suficiente para demonstrar essa inexistência a hipótese de o devedor, citado validamente, não pagar o débito exeqüendo, não nomear bens à penhora, e o Oficial de Justiça não localizar bens. Com efeito, é o caso dos autos, em que a executada declarou não possuir bens, o que foi inclusive certificado pelo Oficial de Justiça. Dessa forma, correta a utilização da penhora eletrônica; 3. No caso dos autos, a executada não demonstrou serem os valores absolutamente impenhoráveis. Simples declaração de que os valores penhorados referem-se a salários não são suficientes para afastar o legítimo bloqueio levado a efeito nos autos. É imprescindível a juntada de prova robusta, que efetivamente demonstre a impenhorabilidade dos valores; (TRF4, AG 2008.04.00.006933-3, Primeira Turma, Relator Roger Raupp Rios, D.E. 01/07/2008) - AGRAVO DE INSTRUMENTO - UTILIZAÇÃO DO SISTEMA BACEN-JUD. PENHORA "ON LINE". NÃO PRECISA ESGOTAR DILIGÊNCIAS. - Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF contra decisão que indeferiu o pedido de penhora "on line" formulado pela ora agravante, na execução de título judicial promovido em face de ÂNGELO MÁRCIO BALLERINI. - Data máxima vênia, não acompanho o voto de S. Exa., na medida em que, a meu juízo, não precisa se esgotar as diligências para a penhora "on line".- Nos termos do artigo 600, do CPC, constitui ato atentatório à dignidade da Justiça, o ato do devedor que não indica ao juiz onde se encontram bens sujeitos à execução, admitindo-se a penhora por meio eletrônico de valores constantes de conta-corrente (STJ, REsp 904385, DJ 23/3/07), inclusive através do Sistema BACEN JUD (STJ, REsp 790939, DJ 31/8/06), o que conduz ao provimento do recurso. - Recurso provido." (TRF da 2ª Região, AG 2007.02.01.003314-4/RJ, 8ª Turma Esp., Rel. p/ acórdão Des. Poul Erik Dyrlund, DJU 19/12/2007)

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de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. § 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido.”

1.11.2 Indicação de Bens de Terceiros à Penhora

Indicação de bens de terceiros à penhora : deve ser juntada autorização do proprietário do bem. A Fazenda Pública poderá recusar o bem oferecido, desde que o faça motivadamente. O terceiro torna-se parte, contra ele podendo prosseguir a execução (art. 19, LEF). O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge, salvo se o regime de bens for de separação (novo CC).

1.11.3 Penhora

“Art. 10. Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de que trata o art. 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.”

Ordem da penhora ou arresto (art. 11):46

Dinheiro; TDP ou títulos de crédito, com cotação em bolsa;47

Pedras e metais preciosos;

46 - Considerações em face do princípio da menor onerosidade. “... EXECUÇÃO FISCAL... NOMEAÇÃO DE BEM À PENHORA. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE (ART. 620, CPC). MATÉRIA FÁTICA. 1... O princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC) pode, em determinadas situações específícas, ser invocado para relativizar o rigorismo da ordem legal da nomeação dos bens à penhora estabelecida no artigo 655 do Código de Processo Civil, amoldando-se às peculiaridades do caso concreto, conforme assentado em já antiga jurisprudência do STJ. Todavia, tal princípio não tem força para comprometer a gradação legal, que, salvo situações justificadas e que não provoquem prejuízo à efetividade da execução, deve ser observada. 4. Averiguar se a aplicação do princípio, em cada caso, se fez adequadamente ou não, e se o reforço da penhora era justificável ou não em face daquele princípio, são investigações que exigem o exame da situação de fato, incabível no âmbito do recurso especial. 5. Recurso parcialmente conhecido, e, nesta parte, desprovido.” (STJ, 1ª T., unânime, REsp 474.435, rel. Min. Teori Albino Zavascki, ago/2004).- Recusa, pela Fazenda, de bem nomeado em desconformidade com ordem do art. 11. “TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. RECUSA DO CREDOR. DESOBEDIÊNCIA À ORDEM DO ART. 11 DA LEF. O credor está legitimado a recusar os bens nomeados à penhora quando houver desobediência à ordem legal estabelecida no art. 11 da Lei 6.830/80, cabendo ao executado demonstrar a inexistência de outros bens passíveis de garantir o juízo. Agravo de instrumento desprovido.” (TRF4, 2ª T., unânime, AI 2003.04.01.022428-3/RS, rel. Des. Fed. João Surreaux Chagas, ago/2003).47 - Os títulos valem pela cotação em bolsa, e não pelo valor de face.- As apólices da dívida pública emitidas no início do século XX não são aceitas, segundo jurisprudência do TRF4, pois: a) o DL 263/67 e o DL 396/68 fixaram prazo de 6 meses para resgate das apólices, prazo há muito expirado; b) não há direito adquirido ao resgate, pois o termo inicial para o resgate – fixado pelo decreto de emissão da apólice – a conclusão da obra pública, não se realizou; c) quando de sua emissão não existia correção monetária, não se podendo avaliar seu valor em moeda atual; d) falta cotação em bolsa, o que retira sua liquidez.- TDA (Títulos da Dívida Agrária): são aceitos. Porém, ocorre muito o oferecimento de direitos sobre futuras TDAs (há a cessão dos direitos às TDAs no curso de processos de desapropriação), podendo ser recusada pelo credor, pois ocupa o último lugar no rol do art. 11. Ver TRF4, 1ª T., unânime, AI 2001.04.01.064041-5/PR, rel. Des. Fed. Luiz Carlos de Castro Lugon, jun/2002.- Títulos da Eletrobrás:

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Imóveis;48

Navios e aeronaves; Veículos; 49

Móveis ou semoventes; Direitos e ações;50

Estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, ou em plantações ou edifícios em construção (art. 11, § 1°).51

Totalidade dos bens e rendas (art. 30, LEF. Ver também o art. 184, CTN): “Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, respondem pelo pagamento da Dívida Ativa da Fazenda Pública a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do

-- PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. OFERTA DE TÍTULOS À PENHORA. A discordância da credora torna ineficaz a nomeação de títulos da Eletrobrás à penhora. (TRF4, AG 2008.04.00.013273-0, Quarta Turma, Relator Valdemar Capeletti, D.E. 07/07/2008) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO EM VIRTUDE DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO ANULATÓRIA DO CRÉDITO FISCAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO INTEGRAL. ART. 151 E 204 DO CTN. PENHORA. OFERECIMENTO DE TÍTULOS EMITIDOS PELA ELETROBRÁS. IMPOSSIBILIDADE. DUVIDOSA LIQUIDAÇÃO DOS TÍTULOS. 1. O crédito tributário, posto privilegiado, ostenta a presunção de sua veracidade e legitimidade nos termos do art. 204 do Código Tributário Nacional, que dispõe: "A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída." 2. ...4. Os Títulos que consubstanciam obrigações da Eletrobrás revelam-se impróprios à garantia do processo de execução, posto de liquidação duvidosa (Precedentes: RESP n.º 969.099/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20.11.2007, AgRg no REsp n.º 669.458/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, de 16/05/2005; REsp n.º 885.062/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJU de 29/03/2007; REsp n.º 776.538/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 19/12/2005). 5. A exegese do art. 656 do CPC torna indiscutível a circunstância de que a gradação de bens visa favorecer o credor/exeqüente, porquanto a nomeação pelo executado só é válida e eficaz se obedecer a ordem legal e houver concordância daquele. 6. Recurso especial desprovido." (RESP nº 842903/RS, STJ, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, publicado em 29.05.2008)48 - Bem partilhado em separação judicial. Ausência de registro. “EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE REGISTRO. FORMAL DE PARTILHA. SEPARAÇÃO JUDICIAL. PENHORA. CULPA DA EMBARGANTE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Insubsistente a penhora sobre bem partilhado em separação judicial, homologada judicialmente, em data anterior à constrição, não mais pertencendo ao Executado. 2. Descabe a condenação do Exeqüente na verba honorária pela equivocada penhora de bem de terceiro, quando a Embargante concorreu para sua realização, ao deixar de efetuar a transmissão da propriedade no registro de imóveis.” (TRF4, 2ª T., maioria, AC 1999.71.11.002064-9/RS, rel. Juiz Élcio Pinheiro de Castro, mai/2001)49 - Veículo com alienação fiduciária: é possível a penhora sobre os direitos expectativos do devedor fiduciário (saldo e/ou a propriedade plena do veículo) e não sobre o próprio veículo. Quitada a dívida fiduciária, substitui-se a penhora dos direitos pela penhora do próprio bem. Veja súm. 242 do TFR (“O bem alienado fiduciariamente não pode ser objeto de penhora nas execuções ajuizadas contra o devedor fiduciário”).50 - Crédito de precatório da própria Fazenda Pública exeqüente: deve ser aceito, pois a execução deve-se dar pelo modo menos gravoso ao devedor (art. 620, CPC). Porém há dissenso no STJ. A favor: REsp 480351/SP, rel. Min. Luiz Fux, jun/2003, 1ª T. Contra: REsp 157.913/RS, rel. Min. Franciulli Netto, set/2002, 2ª T. Este julgado argumentou: a) que equipara-se à compensação, e esta consiste em poder discricionário da Administração; b) implicaria em fulminar o princípio constitucional da ordem cronológica dos precatórios.- PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. NOMEAÇÃO À PENHORA DE PRECATÓRIO JUDICIAL EXPEDIDO PELA RECORRENTE. POSSIBILIDADE. 1. A ordem de nomeação de bens à penhora elencada no art. 11 da Lei n° 6.830/80 pode ser relativizada, sendo aceitável que a constrição recaia sobre precatório judicial expedido pela recorrente. 2. A tese defendida pela recorrente de que a gradação em comento deve ser rigorosamente obedecida não encontra amparo na jurisprudência pacífica desta Corte. 3. Recurso especial improvido. (REsp 739996/SP, Relator Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA 06/12/2005, DJ 19.12.2005 p. 365).51 - Penhora do estabelecimento: é medida excepcional. Deve-se dar por intermédio de usufruto, sendo nomeado depositário-administrador, até satisfação do débito. Somente se o usufruto se mostrar inviável, exigindo-se muitos anos para satisfação do débito, é que o estabelecimento será leiloado.- Penhora do imóvel x penhora do estabelecimento comercial: a penhora do imóvel onde está instalada a empresa não se confunde com a penhora do estabelecimento comercial e não prejudica seu funcionamento. “EXECUÇÃO FISCAL – PENHORA SOBRE BEM IMÓVEL – NÃO CARACTERIZADA PENHORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (ARTIGO 11, § 1º, DA LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS [LEI N. 6.830/80])... Não houve a penhora do estabelecimento comercial, como tenta fazer crer a recorrente; houve, sim, a constrição judicial de bens imóveis onde se encontram instalados os seus estabelecimentos, fato que não prejudica o livre exercício das suas atividades comerciais. (...)” (STJ, 2ª T., unânime, REsp. 153.771/SP, rel. Min. Franciulli Netto, jun/2001)

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sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declara absolutamente impenhoráveis”.52

Penhora 53

Intimação (art. 12): mediante publicação no órgão oficial. Recaindo sobre imóvel, deve ser intimado também o cônjuge. Deve ser pessoal em dois casos54

não há advogado constituído nos autos e no caso de citação feita pelo correio, onde o AR não contiver a

assinatura do próprio executado ou de seu representante legal. Auto ou termo de penhora : requisitos no art. 665, do CPC, mais a

avaliação dos bens penhorados (art. 13, LEF) 55. Deverá ser nomeado depositário.56

- Penhora do faturamento da empresa: somente em casos excepcionais, não havendo outros bens. Deve ser nomeado depositário-administrador, nos termos do art. 677, do CPC, devendo recair em pessoa estranha aos quadros da empresa. A penhora deverá recair em, no máximo, 5% do faturamento (TRF4, 1ª T., unânime, AI 1999.04.01.051884-4/SC, rel. Des. Fed. Wellington M. de Almeida, mai/2002) ou 10% (STJ, 1ª T., unânime, EDAI 453.703/RJ, rel. Min. Luiz Fux, dez/2003).52 - Penhora sobre bens já gravados ou penhorados: na falta de outros bens é possível. Porém, segundo jurisp. do TRF4, é necessário que o valor dos bens seja suficiente para garantir todas as execuções em que foi penhorado.53 - Nomeação de depositário. “Inexiste penhora sem apreensão do seu objeto e o correspondente depósito nas mãos de terceiro. isto implica a destituição do executado da posse imediata. Mesmo quando o próprio devedor é nomeado depositário, o título da sua posse se altera. Por conseguinte, o depósito representa um dos elementos estraturais da penhora.” (Araken de Assis, Manual do Processo de Execução, 6ª ed., RT, 2000, p. 847)54 - Na prática esta intimação é pessoal, pois nesta fase do processo a maioria dos executados ainda não se fizeram representar por advogado. Havendo intimação pessoal, é dispensável a publicação prevista no caput do art. 12, da LEF (súm. 190 do TRF).- Intimação no próprio Auto de Penhora: o oficial de justiça penhora os bens e nomeia o próprio executado como depositário, intimando-o acerca do prazo para propor embargos no próprio auto.- Intimação de todos os executados. “Intimar-se-á da penhora todos os executados, inclusive o que, eventualmente, não sofreu penhora em seu patrimônio. Trata-se de ato essencial à regularidade do procedimento, pois assinala o termo inicial para o oferecimento da oposição à demanda executória do fisco.” (Araken de Assis, Manual do Processo de Execução, 6ª ed., RT, 2000, p. 851)- Não se aplica o novel art. 652, § 4º, do CPC, alterado pela Lei 11.382/06, que prevê a possibilidade do juiz dispensar a intimação da penhora, se o devedor não for encontrado. É que na execução fiscal, este ato marca o início do prazo para embargos. Já na execução de título extrajudicial do CPC, o prazo para embargos começa com a citação.- Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006:“Art. 652.  O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.”“Art. 736.  O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio de embargos.”“Art. 738.  Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação.”55 - Avaliação: estimação do valor de mercado do bem penhorado. Tem a finalidade de fixar o valor para adjudicação ou leilão, ou para determinar reforço/redução da penhora. Deverá ser efetuada por quem lavrar o termo ou auto de penhora.56 - O depositário assume a obrigação de guardar e zelar pelo bem penhorado e de entregar ao juízo quando solicitado, sob pena de prisão (art. 5°, LXVII, CF). O depositário de bem penhorado exerce função pública, sendo considerado auxiliar da justiça (art. 139, CPC), o que não ocorre com o depositário da relação de direito privado do contrato de depósito.- Pode ser o devedor compelido a aceitar o encargo de depositário? Há dissenso. A favor: “ Se o exeqüente concordar em que o executado fique como depositário, este não pode recusar o encargo sem justificativa, sobe pena de se considerar a recusa como ato atentatório à dignidade da justiça (RT 599/94, 739/332, 751/255, etc). Contra: “O encargo de depositário judicial não pode ser imposto coercitivamente ao devedor” (JTJ 202/216)- Súmula 304 do STJ: “É ilegal a decretação da prisão civil daquele que não assume expressamente o encargo de depositário judicial.”- Decretação da prisão do depositário infiel: nos próprios autos da execução, sendo desnecessária a ação e depósito dos arts. 901-906, do CPC (veja súm. 619 do STF). Não apresentado o bem, o juiz determinará a intimação do depositário para que traga o bem ou deposite o equivalente em dinheiro, sob pena de prisão.

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Substituição da penhora (art. 15, LEF): pelo executado, apenas por depósito em dinheiro ou fiança bancária57; ao exeqüente, por qualquer outro bem, independente da ordem do art. 11, bem como reforço de penhora.58

Penhora sobre imóvel de devedor casado : deve ser intimado também o cônjuge, salvo se o regime for de separação de bens, a partir do novo Código Civil – Lei 10.406/2002

1.11.4 Bens Impenhoráveis

Bens impenhoráveis: art. 649, CPC, com a redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006

Inalienáveis ou declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução não se aplica à LEF;59

os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, salvo para pagamento de prestação alimentícia;

os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; 60

- RE 466.343/SP: em decisão de nov/2006, o STF mudou entendimento, não admitindo a prisão do depositário infiel, um função do Brasil ter ratificado, em 1992, o Pacto Interamericano de Direitos Humanos (ou pacto de São José da Costa Rica) e do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Válida para a alienação fiduciária em garantia.57 - “PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – PRINCÍPIO DA EXECUÇÃO MENOS GRAVOSA – INAPLICABILIDADE – BEM OFERECIDO À PENHORA – SUBSTITUIÇÃO – DINHEIRO OU FIANÇA BANCÁRIA – ART. 15, I DA LEI 6.830/80. – No caso dos autos, e nos termos do art. 15, I, da Lei 6.830/80, o executado após oferecer bem à penhora, somente pode substituí-lo por dinheiro ou fiança bancária. – O executado, por não ter cumprido obrigação fiscal, em desfavor da arrecadação, não pode tentar subverter, em seu favor, as disposições contidas na Lei, forçando uma interpretação que o beneficiaria pela sua própria torpeza. E isso vai contra o princípio insculpido na Teoria Geral do Direito de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza. – Precedente. – Recurso desprovido.” (STJ, 1ª T., unânime, REsp. 389.354/RS, rel. Min. Luiz Fux, mar/2002).- Não se aplica o novel art. 668, do CPC, com a redação da Lei 11.382/06, que prevê que o executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exeqüente e será menos onerosa para ele devedor, pois a LEF é lei especial.58 - Bem de difícil alienação. “PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. BENS DE DIFÍCIL ALIENAÇÃO. SUBSTITUIÇÃO . MODO MENOS GRAVOSO PARA O DEVEDOR. POSSIBILIDADE. I – Na execução fiscal, oferecidos bens à penhora de difícil alienação em leilão, a Fazenda Pública poderá pedir a substituição por outros, em qualquer fase do processo, respeitado o modo menos gravoso para o devedor. II – Na espécie, admitida a substituição da penhora dos bens gravados, os quais, além de difícil alienação, fazem parte do parque industrial da executada, podendo trazer grandes prejuízos às suas atividades, não há como vislumbrar qualquer ilegalidade. III – Recurso improvido.” (STJ, 1ª T., unânime, REsp. 295.093/SC, rel. Min. Garcia Vieira, mai/2002).59 - O conceito de bem absolutamente impenhorável na execução fiscal é mais estreito que na execução comum, porquanto, conforme o art. 30, da LEF, os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução, podem ser penhorados.60 - Sua aplicação é estendida às empresas de pequeno porte e às microempresas em que trabalhem apenas o sócio e um funcionário (jurisp. TRF4).

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o seguro de vida; os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas

forem penhoradas; a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que

trabalhada pela família; 61

os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;

até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança.

Bem de Família (Lei 8.009/90)62: o imóvel residencial63 próprio do casal, ou entidade familiar, é impenhorável, incluindo-se os móveis. Excluem-se os veículos de transporte, as obras de arte e adornos suntuosos.

Bens Públicos: impenhoráveis (art. 100, novo CC).

1.11.5 Fraude à Execução

Fraude à execução (art. 185, CTN): O art. 185, do CTN, em sua redação anterior à LC 118, se referia à presunção de fraude na alienação de bens quando havia crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa em fase de execução. A jurisprudência do STJ era pacífica no sentido de que a “fase de execução” somente começava com a citação do executado. Porém, a LC 118/05 deu nova redação ao art. 185, no qual ficou excluída a parte final, vale dizer, a frase “em fase de execução”. Agora a presunção de fraude, nos termos do art. 185, tem início na data em que o crédito tributário é inscrito em dívida ativa. Desta forma, desnecessária a averbação do ajuizamento prevista no novel art. 615-A, do CPC, com redação da Lei 11.382/06.64

EMBARGOS DE TERCEIRO. FRAUDE À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE QUE O ADQUIRENTE TINHA CIÊNCIA DA DEMANDA. Para ser declarada a fraude à execução fiscal, é necessária a prova do ato de alienação ou oneração do bem, da insolvência do devedor e, ainda, de que o terceiro adquirente tinha ciência de que contra o alienante havia demanda judicial em curso. Precedentes do STJ. (TRF4, REO 2005.70.03.002188-1, Segunda Turma, Relator Eloy Bernst Justo, D.E. 02/07/2008)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA. COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE À EXECUÇÃO. SÚMULA Nº 84. 1. "É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro" (Súmula 84 do STJ). 2.

- Automóvel como instrumento de trabalho é impenhorável (jurisp. TRF4).61 - Pequena propriedade rural (art. 5°, XXVI, CF).62 - É matéria de ordem pública, logo pode ser argüida a impenhorabilidade, mesmo se o imóvel foi indicado à penhora pelo próprio devedor (jurisp. TRF4).- Jurisprudência- não se aplica a impenhorabilidade: terreno ou residência em construção; imóvel da sociedade comercial onde resida o sócio; imóvel locado; box de estacionamento com matrícula própria; ar condicionado e videocassete. Aplica-se a impenhorabilidade: imóvel de solteiro que more sozinho; antena parabólica e aparelho de som; eletrodomésticos.63 - Art. 5°: Residência é um único imóvel utilizado como moradia permanente. Se vários forem os imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade será no de menor valor.64 - Art. 615-A.  “O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto.”

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Ausente o registro da penhora, quando da assinatura do contrato, inexiste a presunção de que a venda prometida pelo devedor a terceiro seja em fraude à execução, impondo-se ao credor o ônus de demonstrar que o adquirente agiu em conluio com o devedor-vendedor, do que não se desincumbiu. (TRF4, AC 2006.71.09.001509-0, Primeira Turma, Relator Roger Raupp Rios, D.E. 20/05/2008)

EMBARGOS DE TERCEIRO. VEÍCULO AUTOMOTOR ALIENADO A TERCEIRO APÓS A CITAÇÃO DE EXECUTADO. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE À EXECUÇÃO. 1 O argumento de que a citação de executado, por conta do redirecionamento do feito, deu-se em data anterior ao registro da transferência do veículo automotor não tem a faculdade, por si só, de caracterizar a ocorrência de fraude à execução, à medida em que as peças carreadas aos autos indicam que o embargante sequer conhecia pessoalmente o executado. 2. Não é razoável exigir-se que o embargante, além de requerer certidão do automóvel almejado junto ao DETRAN/RS, ainda tenha de recorrer às Justiças Estadual e Federal, com o intuito de obter negativas do vendedor, de eventuais empresas das quais o mesmo seja sócio, visando a precaver-se de supostos redirecionamentos de execução fiscal; bem como certificar-se junto aos diversos cartórios imobiliários acerca da existência de pendências sobre o bem a ser adquirido. (TRF4, AC 2005.71.18.000638-3, Primeira Turma, Relator Joel Ilan Paciornik, D.E. 15/04/2008)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO CARACTERIZADA. TERCEIRO DE BOA-FÉ. ALIENAÇÃO DE VEÍCULO ANTERIORMENTE À REALIZAÇÃO DA PENHORA. INEXISTÊNCIA DE REGISTRO. 1. A redação original do art. 185 do CTN presumia fraudulenta a alienação de bens pelo devedor realizada posteriormente à citação, desde que registrada a constrição legal na matrícula do imóvel ou junto ao DETRAN. 2. Não tendo sido efetuada a penhora, fica afastada a caracterização da fraude à execução, já que não se pode impor ao adquirente de boa-fé o conhecimento do processo executivo simplesmente pela citação do devedor. (TRF4, AG 2007.04.00.036894-0, Segunda Turma, Relatora Vânia Hack de Almeida, D.E. 09/01/2008)

1.12 Prosseguimento da Execução

Prosseguimento. Expropriação dos bens. Leilão: não sendo opostos embargos, ou rejeitados, na execução fiscal é dada vista ao credor, para que se manifeste sobre a garantia da execução (art. 18)

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1.12.1 Leilão e Arrematação

Leilão65: a requerimento, os bens penhorados serão levados à hasta pública, designando-se dia e hora para realização do leilão. Realizam-se dois leilões: o primeiro, pelo valor mínimo da avaliação, e um segundo, se não houver lanço superior à avaliação (Súmula nº 128/STJ), não podendo ser vendido por preço vil66. É publicado edital, sendo que o devedor deve ser intimado pessoalmente do dia e hora da realização do leilão (art. 687, § 5º, CPC, também aplicável subsidiariamente — Súmula nº 121/STJ).

Arrematação: aquele que, no leilão, oferecer a melhor proposta, adquire o bem.

1.12.2 Remição e Adjudicação

Remição67: da Execução (a. 651, CPC): pelo executado antes de adjudicados ou alienados o bem68;

Adjudicação dos bens penhorados (art. 685-A, § 2º, CPC): feita pelo cônjuge, o descendente, ou o ascendente do devedor. Prefere à adjudicação do credor;

Adjudicação dos bens penhorados(art. 24, LEF): pode ser requerida pelo credor em dois momentos- antes do leilão, pelo preço da avaliação (art. 24, I); ou, findo o leilão, pelo valor da melhor oferta. A remição prefere à adjudicação.69

65 - A LEF não faz distinção entre leilão (bens móveis) e praça (imóveis).- Leilão parcelado: para execuções fiscais do INSS e da UNIÃO (Lei 8.212/91, art. 98), a pedido do exeqüente. Desta forma, havendo previsão expressa para parcelamento dos créditos do INSS e da União, não se aplica a eles o art. 690, do CPC, com a redação da Lei 11.382/06, que prevê proposta de parcelamento pelo próprio arrematante. Mas poderá ser aplicado à execuções fiscais de outros créditos.“Art. 690.  A arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço pelo arrematante ou, no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).§ 1o  Tratando-se de bem imóvel, quem estiver interessado em adquiri-lo em prestações poderá apresentar por escrito sua proposta, nunca inferior à avaliação, com oferta de pelo menos 30% (trinta por cento) à vista, sendo o restante garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel....”66 - De regra, o lance mínimo no segundo leilão é de 50% ou 60% do valor da avaliação. Vejam-se:"AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. VENDA DIRETA DE BEM PENHORADO. TELEVISÃO. PREÇO VIL . NÃO−CARACTERIZAÇÃO. 1. O percentual de 50% vem sendo considerado, por esta Corte, como patamar que não enseja, de plano, a caracterização de preço vil . 2. No caso, a venda direta do bem (televisor Philco 20" usado) por 50% (cinqüenta por cento) do valor da avaliação não configura preço vil .3. Agravo de instrumento improvido.” (AG 2004.04.01.043442−7/SC, Relator Des. Federal Álvaro Eduardo Junqueira, DJ de 15/12/2004, p. 416).- “TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO. PREÇO VIL . CARACTERIZAÇÃO. ARREMATAÇÃO DE BEM DE FAMÍLIA. ART. 1º DA LEI Nº 8.009/90. IMPENHORABILIDADE.− Não é fácil conceituar o que seja preço vil . O revogado DL 960/38 estabelecia que PREÇO VIL era aquele inferior à avaliação, menos 40%, isto é, o preço inferior a 60% do valor do bem. Atualmente, o percentual de 60% não subsiste mais como critério de observância obrigatória, sendo que a orientação mais acertada é a de que não há conceito fechado para se determinar o preço vil , devendo a decisão se basear nas circunstâncias particulares de cada causa, com a observância de que não é possível exigir em alienações judiciais que os valores pagos sejam próximos ao do mercado imobiliário. A princípio, o percentual de 50% vem sendo considerado como patamar que não enseja, de plano, a caracterização de preço vil , conforme jurisprudência desta Corte.” (...) "(AC 2000.70.05.002465−8/PR, Relator Des. Federal João Surreaux Chagas, DJ de 06/08/2003, p. 153).67 - Remição: remir o bem penhorado, se a garantia for real, significa que o devedor poderá depositar o valor devido e liberar o bem.68 - Jurisp.: pode remir até a assinatura do auto de arrematação/adjudicação.69 - A Lei 8.212/91, art. 99, autoriza a adjudicação por 50% do valor nas execuções feitas pelo INSS ou Fazenda nacional quando no primeiro e no segundo leilões não houver licitantes.

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Alienação por Iniciativa Particular do leiloeiro – Possibilidade.EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO FISCAL. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL. VENDA DIRETA REALIZADA NO SÁBADO. ARTIGO 647 DO CPC. PROVIMENTO 05/2003 DESTA CORTE. 1. Já tendo sido decidida a impugnação à avaliação do imóvel através de agravo de instrumento, resta prejudicado o apelo no ponto. 2. Não há nenhum impedimento legal à realização de venda judicial no sábado. 3. Nos termos do artigo 358 do Provimento 05/2003 deste Tribunal, bem como com as alterações produzidas no artigo 647 do CPC pela Lei 11.382/2006, possível a alienação particular dos bens penhorados, principalmente considerando-se que foram realizados leilões sem licitantes. (TRF4, AC 2006.70.03.003216-0, Segunda Turma, Relatora Marciane Bonzanini, D.E. 25/06/2008)

1.13 Extinção da Execução ou Prosseguimento pelo Saldo

Após finalizado o leilão, pode ou não haver prosseguimento da execução, dependendo de requerimento do exeqüente e da existência de saldo pendente. Se a dívida não for satisfeita integralmente, o prosseguimento segue os mesmos trâmites anteriores — penhora, etc. A extinção da execução ocorre sempre por sentença, quando: (a) o devedor satisfaz a obrigação, (b) quando houver remissão por transação ou outro meio; (c) quando o credor renunciar ao crédito (art. 794). São aplicáveis também as hipóteses de extinção do art. 267, quando cabíveis.70

1.14 Suspensão e Arquivamento

Suspensão e arquivamento administrativo da Execução Fiscal (art. 40. LEF): a execução fiscal pode ser suspensa por um ano enquanto não for localizado o devedor ou bens penhoráveis, suspendendo-se, igualmente, o prazo prescricional. Passado o prazo de um ano, os autos serão arquivados administrativamente, sem baixa na distribuição, até que sejam encontrados o devedor ou seus bens, reiniciando o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente (súm. 314, do TFR).

Parcelamento da dívida a pedido do executado (art. 745-A71, do CPC, com a redação da Lei 11.382/06): não se aplica à execução fiscal, porquanto, de acordo com o art. 155-A, do CTN, o parcelamento somente poderá ser concedido na forma e condição estabelecida em lei específica.

1.15 Embargos à execução

1.15.1 Conceito

Embargos à execução (art. 16, LEF):72

70 - Pode haver, também desistência do processo de execução, a qual também deve ser homologada por sentença (art. 158, parágrafo único). É dispensável a concordância da outra parte, salvo se pendentes embargos que não versem apenas sobre questões processuais (art. 569 e alíneas).- O cancelamento da CDA até a decisão de primeira instância, por qualquer motivo, acarreta a extinção da execução fiscal, sem ônus para as partes (art. 26).71 - Art. 745-A.  No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.72 - Atualmente o manejo dos embargos à execução é reservado apenas às execuções de titulo extrajudicial e às execuções movidas contra a Fazenda Pública. É que a Lei 11.232/05 prevê para os procedimentos de cumprimento de sentença apenas a oportunidade de impugnação, com disciplina diversa dos embargos, conforme se verifica da leitura do § 1°, do art. 475-J, do CPC.

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Conceito: verdadeiro processo de conhecimento dentro da execução, onde o executado poderá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar documentos. Não será admitida reconvenção e nem compensação73 e qualquer exceção será tratada como preliminar aos embargos, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, oferecidas em autos próprios.

1.15.2 Prazo

Em 30 dias, contados do depósito, da juntada da prova da fiança bancária ou da intimação da penhora.74

1.15.3 Efeitos

De acordo com a nova sistemática do CPC, os embargos não serão recebidos no efeito suspensivo, salvo se, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes (art. 739-A, do CPC, com redação da Lei 11.382/06). O art. 739, § 1°, que previa a suspensão da execução, foi revogado por esta lei.

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. EFEITOS DA INTERPOSIÇÃO. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. NECESSIDADE DE VEROSSIMILHANÇA E POSSIBILIDADE DE GRAVE DANO DE DIFÍCIL OU INCERTA REPARAÇÃO. 1. Na hipótese, quando proferida a decisão agravada, já estavam vigentes os dispositivos da Lei n.° 11.382/06, que suprimiram o §1º do art. 739 do CPC, que preceituava deverem os embargos ser sempre recebidos com efeito suspensivo, bem como acrescentaram o art. 739-A ao CPC, o qual preceitua, de regra, que os embargos do executado não terão efeito suspensivo, salvo se, a requerimento da embargante, houver relevância na fundamentação e o prosseguimento da execução possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. 2. Não se vislumbram empecilhos à aplicação do aludido dispositivo às execuções fiscais, pois que, de acordo com o art. 1º da Lei de Execuções Fiscais, as normas do Código de Processo Civil aplicam-se subsidiariamente ao processo executivo, quando com estas não colidentes. Nesse ínterim, impende destacar que, na LEF, não há previsão de que os embargos à execução serão recebidos no efeito suspensivo; deveras; tal ilação decorria de aplicação do §1º do art. 739 do CPC, o qual foi revogado pela Lei nº 11.382/2006. Do mesmo modo, restou alterado o art. 791, inciso I, do CPC. 3. Assim, os embargos à execução fiscal, recebidos já na vigência da Lei n.° 11.382/06, somente terão o condão de suspender a execução fiscal se, além de houver garantia do juízo, haja verossimilhança na alegação e o prosseguimento da execução, manifestamente, possa causar grave dano de difícil ou incerta reparação, ex vi do art. 739-A, §1º, do CPC. 4. No caso, não restou configurada a presença de dano irreparável ou de incerta reparação a justificar a tutela de urgência antes que instaurado o contraditório. Com efeito, a mera prossecução do executivo fiscal não preenche o suporte fático atinente ao dano contido

73 - É possível a invocação de compensação já efetuada. Apenas a compensação nos embargos é proibida (jurisp. TRF4).74 - Súm 12, TRF4: “Na execução fiscal, quando a ciência da penhora for pessoal, o prazo para a oposição dos embargos de devedor inicia no dia seguinte ao da intimação deste”. - O prazo para embargos conta-se da primeira penhora, e não do reforço ou substituição posterior, mesmo que a primeira penhora seja insuficiente, excessiva ou ilegítima (STJ, 2ª T., unânime, REsp. 244.923/RS, rel. Min. Franciulli Netto, out/2001, DJ de 11/03/2002, p. 223).- A insuficiência da penhora não obsta a apreciação dos embargos: cabe ao juiz, antes de extinguir os embargos, intimar o devedor para proceder ao reforço da penhora (jurisp. STJ). - Suspensão do prazo para embargos: férias forenses e oposição de exceção de competência (jurisp. TRF4)- Nos embargos à execução de título extrajudicial pelo CPC, os embargos à execução deverão ser opostos em 15 dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação (art. 738, com redação da Lei 11.382/06).

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no art. 739-A do CPC, sendo necessária, para tanto, a demonstração de risco concreto, tal como, o aprazamento de data para leilão, do que não se tem notícia nos autos. 5. Agravo de instrumento improvido. (TRF4, AG 2007.04.00.021873-5, Primeira Turma, Relator Cláudia Cristina Cristofani, D.E. 25/09/2007)

1.15.4 Impugnação

Impugnação (art. 17, LEF): o exeqüente será intimado para apresentar impugnação aos embargos, no prazo de 30 dias. A falta de impugnação não produz os efeitos da revelia (súm. 256 do TFR).

1.15.5 Sentença nos embargos à execução

Sentença nos embargos à execução de improcedência: apelação recebida apenas no efeito devolutivo

(art. 520, V); 75

de procedência: haverá reexame necessário contra sentença de procedência parcial ou total de embargos com valor superior a 60 salários mínimos, salvo se a sentença estiver baseada em jurisprudência do plenário do STF ou súmula do STF ou de Tribunal Superior (art. 475, CPC);

Não haverá apelação ao Segundo Grau no caso de sentenças em execuções até 50 OTNS (283,43 UFIR, equivalente, hoje, a R$ 512,90), cabendo apenas embargos infringentes76 ao próprio juiz de primeiro grau (art. 34, LEF).

1.15.6 Questões mais Comuns Argüidas em EmbargosTese Argumentos Jurisprudência atual Nulidade da CDA por falta de: lançamento tributário,

procedimento administrativo ou notificação administrativa

Tributos confessados ou constantes de DCTF não necessitam lançamento, ou processo ou notificação administrativa. Fora estes casos, a tese pode levar à nulidade.

por falta dos requisitos do art. 2°, §5°, da LEF Normalmente improcedente, pois a CDA é emitida por processo eletrônico com todos os requisitos.

devido a inclusão de valores indevidos É matéria de prova. Caso comprovado e excesso, ainda é possível a simples diminuição do valor em execução, sem a declaração de nulidade da CDA

Ilegitimidade passiva Por não ter ocorrido a infração à lei do art. 135, III, CTN.

Procedente para os casos de simples inadimplemento, salvo na execução de IPI e IR retido na fonte.

Exclusão ou diminuição da multa de mora ou de ofício

Aplicação da penalidade menos severa retroativamente – art. 106, II ‘c’, do CTN: Lei 9.430/96, art. 61, § 2° (modificado pela Lei 9.532/97 - multa de mora limitados a 20% nos tributos da Receita Federal); Lei 9.528/97 (alterou o art. 35, da Lei 8.212/91, prevendo multa de mora menores para as contribuições sociais);

Procedente

CDC, art. 52, § 1° (2%); caráter confiscatório e princípio da capacidade contributiva;

O CDC se aplica apenas para relações de consumo. Os princ. do não-confisco e da capac. contributiva não se aplicam para multas.

75 - Impossibilidade de alienação de bens antes do trânsito em julgado dos embargos: pendente apelação contra sentença que julgou improcedentes os embargos, a execução poderá prosseguir apenas até os atos que não importem alienação dos bens (STJ, 1ª T., unânime, REsp. 440.662/RS, rel. Min. José Delgado, ago/2002).- Custas para interpor embargos na Justiça Federal: não há (Lei 9.289/96 – lei de custas da Justiça Federal)- Execução por carta: os embargos serão oferecidos no juízo deprecado que os enviará ao deprecante para instrução e julgamento, salvo se versarem sobre vícios e irregularidades de atos do próprio juízo deprecado (art. 20, LEF).76 Trata-se de recurso ao próprio juiz que prolatou a sentença. Não confundir com o instituto do art. 530, CPC.

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instituto da denúncia espontânea Não basta a simples confissão de dívida. Deverá haver o pagamento integral.

Falência juros, se o ativo for menor que o passivo (art. 26, LF); extensão destes benefícios para empresas em recuperação judicial

Procedente para o caso de falência e improcedente para concordata. Com a nova Lei das Falências, a multa é exigível.

Ilegalidade/inconstitucionalidade da taxa SELIC

limitação dos juros em 12% ao ano da CF, do Cód. Civil e do D-L 22.626/33

Improcedente, especialmente após a EC n.° 40, de 29.5.03, que revogou a limitação de juros.

UFIR (para o ano de 1992) A Lei 8.383/91, que instituiu a UFIR, datada de 31/12/91, somente teria sido promulgada em 02/01/1992, não valendo, então, a UFIR para o ano de 1992 por desrespeito ao princ. da anterioridade

Improcedente, pois o DOU era datado de 31/12/1991.

anatocismo vedado pelo Cód. Comerc, art. 253 e pelo Dec. 22.626/33

Normalmente improcedente, pois a CDA traz em separado a rubrica juros.

Decadência Mais de 5 anos entre o fato gerador e o lançamento tributário (art. 173, CTN)

Matéria de prova. Normalmente improcedente, pois o embargante não leva emc onsideração que durante a impugnação administrativa a decadência não corre.

Prescrição Mais de 5 anos entre o lançamento tributário e a cobrança (art. 174, CTN).

Matéria de prova. Normalmente improcedente, pois o embargante não leva em consideração que durante o prazo de parcelamento a prescrição é suspensa.

Impenhorabilidade do bem Art. 649, CPC ou Lei 8.009/90 Matéria de prova.Exclusão do REFIS Indevida a exclusão Não é matéria conhecível em sede de

embargos.Pagamento do FGTS diretamente aos funcionários em reclamatórias trabalhistas

Pagamento em duplicidade. Matéria de prova. É difícil a comprovação, pois normalmente nas reclamatórias há acordo sem especificar o montante devido a título de FGTS.

Falta de vínculo empregatício para contribuições previdenciárias

Para autônomos Matéria de prova, normalmente com inquirição de testemunhas. A partir de 04/2003, a empresa é obrigada a recolher fonte sobre pagamento a autônomos.

Pagamento ou compensação Indevida a execução, pois já teria solvido o débito.

Matéria de prova. A compensação tem de ser anterior à execução, pois há disposição expressa impedindo compensação em sede de execução fiscal.

Ilegalidade do encargo de 20%, do DL. 1.025/69 (execuções fiscais da Fazenda Nacional) e do encargo legal de 10%, da Lei 8.844/94 (execuções do FGTS);

A fixação de honorários deves-se dar de acordo com o art. 20, do CPC.

Improcedente.

Falta de intimação do MP para acompanhar o feito

O que geraria nulidade da execução Procedente apenas para execução fiscal contra massa falida.

Parcelamento em 240 vezes (Lei 8.620/93)

Isonomia com as Soc. Econom. Mista e Empr. Públicas.

Improcedente, por falta de previsão legal.

Inconstitucionalidade da Contribuição Previdenciária sobre o pró-labore de empresários, autônomos e administradores (Lei 8.212/91, art. 22, I, e Lei 7.787/89, art. 3°, I);

Matéria considerada inconstitucional pelo STF. Procedente. A contar da LC 84/96, passou a cobrança a ser constitucional.

1.16 Embargos à Arrematação ou Adjudicação

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Embargos à arrematação ou adjudicação 77: depois da assinatura do auto de arrematação ou adjudicação, começa a correr o prazo de 5 dias para interposição de embargos a esses atos. Não sendo opostos, ou rejeitados os embargos, é expedida carta de arrematação ou adjudicação.

1.17 Embargos de Terceiro

Embargos de Terceiro (arts. 1046 e ss., do CPC): ofertado por quem não sendo parte na execução, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato judicial. A competência para julgamento é do juízo que determinou a prática do ato, ou seja, havendo precatória para penhora sem indicação do bem, eventuais embargos de terceiro deverão ser propostos no juízo deprecado. Objeto: defesa do bem, nunca a discussão sobre a própria demanda

executiva. Pólo passivo: apenas o exeqüente, salvo se foi o próprio executado que

nomeou o bem, hipótese em que haverá litisconsórcio passivo entre ambos.

Cônjuge na defesa da meação: é terceiro (súm. 134 do STJ).78

Prazo: (art. 1.048, CPC) em até 5 dias após a arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes de assinada a carta de arrematação.

Suspensão da execução: art. 1.052, CPC - “Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados”

1.18 Exceção de Pré-executividade:

Conceito: impugnação à execução, mediante petição nos próprios autos, independente de penhora, onde se argúi matérias processuais de ordem pública (condições da ação e pressupostos processuais) e causas extintivas do crédito que não demandem dilação probatória. É construção jurisprudencial e doutrinária. Pode ser argüida a qualquer tempo.

Temática: há dissenso na jurisprudência. De modo geral, admite-se apenas em matéria conhecível de ofício pelo juiz ou nulidade do título, que seja evidente e

77 - Art. 746.  É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação, alienação ou arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ou em causa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora, aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).§ 1o  Oferecidos embargos, poderá o adquirente desistir da aquisição. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).§ 2o  No caso do § 1o deste artigo, o juiz deferirá de plano o requerimento, com a imediata liberação do depósito feito pelo adquirente (art. 694, § 1o, inciso IV). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).§ 3o  Caso os embargos sejam declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporá multa ao embargante, não superior a 20% (vinte por cento) do valor da execução, em favor de quem desistiu da aquisição. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).”78 - Benefício em favor do casal. Comprovação. Cabe ao credor invocar e comprovar que a dívida resultou em benefício da família.- “EMBARGOS DE TERCEIRO. MEAÇÃO. PENHORA. Tendo sido ajuizado executivo fiscal contra o companheiro da embargante, com o qual mantém união estável há aproximadamente 30 anos, e recaindo a penhora sobre bem que integra o patrimônio comum do casal, é de ser resguardada a meação, que ´so responde pela prática de atos ilícitos se restar comprovado, pelo credor, que houve benefício do cônjuge com o produto da infração à lei, o que não restou provado nos autos.” (TRF4, 1ª T., AC 2000.04.01.137787-2/SC, rel. Des. Fed. Maria Lúcia Luz Leiria, set/2003).- Manutenção do leilão, com reserva da metade do preço: é pouco atraente o leilão de metade de um bem. Por isso, o bem deve ser integralmente levado à hasta pública e metade do preço entregue ao cônjuge meeiro (jurisp. STJ).- Súm. 112 do TRF: a responsabilização do art. 135, III, do CTN, não se estende à meação do cônjuge.

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flagrante. Inclui argüição de decadência e prescrição, ilegitimidade passiva no redirecionamento. Inadmissível o exercício do controle difuso da constitucionalidade. O executado não deve deixar de embargar, se houve penhora, mesmo repisando os argumentos de exceção de pré-executividade já interposta, devido as limitações desta via, tanto formais como materiais.

Requisito formal à admissibilidade da exceção: prova pré-constituída, devendo ser demonstrada de plano;

Procedimento da exceção: o oferecimento da exceção não impede o prosseguimento do processo executivo, à míngua de previsão legal. Na prática, se viável o processamento, é conveniente não se expedir o mandado de penhora ou recolhê-lo, sob pena de frustrar-se o direito que se pretende defender na exceção. O contraditório é obrigatório no caso de acolhimento, sob pena de invalidade da sentença de extinção prejudicial aos interesses do credor..

“EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE E DE PAGAMENTO... 1. A utilização, nos feitos executivos fiscais, pelo Executado, da denominada exceção de pré-executividade, meio de defesa que dispensa a garantia do Juízo, tem caráter excepcional, exatamente pelo fato de ser muito restrito o seu âmbito cognitivo. Assim, a exceção de pré-executividade, conforme vêm entendendo a doutrina e a jurisprudência pátria, somente pode versar sobre questões verificáveis ex officio pelo Juiz da execução, como é o caso de ausência de condições da ação ou de pressupostos processuais para o desenvolvimento regular do processo executivo, bem como sobre questões relativas a nulidades formais da CDA, prescrição, decadência e quitação do débito. 2. Ademais, cabe sinalar que, se as questões debatidas na exceção de pré-executividade exigirem dilação probatória, estas somente encontram espaço em sede de embargos do executado. 3...” (TRF4, 2ª T., unânime, AI 2004.04.01.011154-7/RS, rel. Des. Fed. Dirceu de Almeida Soares, jun/2004)

2. Execução contra a Fazenda Pública

2.1 O Rito do Art. 730 do CPC

“Seção III - Da Execução Contra a Fazenda PúblicaArt. 730.  Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: (Vide Lei nº 9.494, de 10.9.1997) I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.

Art. 731.  Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito.”

A matéria que pode ser argüida em sede de embargos é restrita, por trata-se de execução de título judicial.

2.1 Horários Advocatícios

Quanto ao pedido de arbitramento de honorários no processo de execução, independente da oposição de embargos, o art. 1º-D da Lei 9.494/97, com redação dada pela Medida Provisória (MP) 2.180-35, dispõe que "não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas”. Nos termos do entendimento conforme a Constituição fixado pelo Plenário do Supremo

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Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 420.816, julgado em 29/09/2004, Rel. para o acórdão MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE, o dispositivo é constitucional mas abrange apenas as execuções por quantia certa, excluídos os casos de pagamentos de obrigações definidos em lei como de pequeno valor (parágrafo 3º do artigo 100 da Constituição). Despacho:

Dessa forma, fixo os honorários em 5% sobre o valor da execução, tendo em vista tratar-se de obrigação de pequeno valor.

OUDessa forma, deixo de arbitrar honorários advocatícios para a execução,

que serão devidos apenas se houver a oposição de embargos, caso em que serão fixados conjuntamente na sentença.

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