apostila de finanças internacionais - 2011

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2011

FINANAS INTERNACIONAIS

APOSTILA PARA ACOMPANHAMENTO DO MDULO PROF. ORLEANS MARTINS

[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]

PROGRAMA1. FINANAS INTERNACIONAIS Terminologia; Mercados de cmbio e taxas de cmbio; Lei do preo nico e paridade do poder de compra; Taxas de juros e de cmbio; Oramento de capital em contexto internacional; Decises financeiras internacionais; Estrutura internacional de capital; Divulgao de dados contbeis de operaes no exterior. 2. FLUXOS DE FUNDOS INTERNACIONAIS Balano de pagamentos; Fluxos do comrcio internacional; Fatores de fluxo comercial internacional; Corrigindo o dficit de balanas comerciais; Fluxos de capitais internacionais; Agncias de fluxo internacional; Como o comrcio internacional afeta o valor de uma EMN. 3. MERCADOS MONETRIOS INTERNACIONAIS Motivos para usar mercados monetrios internacionais; Mercado de cmbio estrangeiro; Mercado monetrio internacional; Mercado de obrigaes internacionais; Comparao de taxas de juros entre moedas; Mercados de aes internacionais; Comparao de mercados financeiros; Como mercados monetrios afetam o valor de uma EMN. 4. DETERMINAO DA TAXA DE CMBIO Oscilao e equilbrio da taxa de cmbio; Fatores que afetam a taxa de cmbio; Especulao das taxas de cmbio antecipadas. 5. GOVERNO E TAXA DE CMBIO Sistemas de taxas de cmbio; Uma moeda nica europia; Interveno governamental; Zonas-alvo de taxas de cmbio; Interveno como ferramenta poltica. 6. RELAO ENTRE TAXA DE CMBIO, INFLAO E TAXA DE JUROS Paridade do poder de compra; Efeito Fisher internacional; Comparao entre as Teorias PTJ, PPC e EFI. 7. FINANCIAMENTO DO COMRCIO INTERNACIONAL Mtodos de pagamento no comrcio; Mtodos de finanas comerciais; Agncias que capacitam o comrcio internacional. 8. ANALISANDO O RISCO PAS A importncia da anlise do risco pas; Fatores de risco polticos; Fatores de riscos financeiros; Tipos de avaliao do risco pas; Tcnicas para avaliar o risco pas; Medio do risco pas; Comparao das classificaes de risco entre os pases; Incorporao do risco pas ao oramento de capital; Reduzindo a exposio expropriao pelo governo anfitrio.

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INTRODUOEFEITOS DA GLOBALIZAO NO MERCADO INTERNACIONAL* A economia mundial est presenciando um perodo de transformaes radicais, principalmente com a internacionalizao ocorrida nas duas ltimas dcadas, gerando profundas conseqncias nas atividades econmicas, polticas e sociais. Um conjunto de foras comanda o processo de globalizao. De um lado, existem as polticas governamentais de abertura econmica e de outro, foras independentes comandadas pelo progresso tecnolgico, notadamente na rea de transportes e comunicaes. Com efeito, os avanos nessas duas reas foram decisivos para a globalizao, na medida em que reduziram os custos das transaes e interligaram as naes atravs das redes mundiais de computadores. Com a internacionalizao dos mercados, as decises de produo e comercializao internacional ficaram intimamente ligadas: a multinacionalizao de empresas se espalhou pelo mundo e a maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado comercializada internacionalmente ou depende pesadamente de componentes importados. Enquanto a produo mundial cresceu seis vezes nos ltimos quarenta anos, os fluxos comerciais cresceram quinze vezes, numa expanso sem precedentes no cenrio internacional. Hoje, verifica-se tambm que uma parcela significativa do comrcio mundial realizada entre empresas do mesmo grupo, que procuram aumentar suas escalas de operao, reduzir custos e ampliar participaes nos mercados nacionais e internacionais. As empresas multinacionais buscam assim distribuir suas atividades produtivas em escala mundial, selecionando os pases de acordo com as vantagens comparativas em relao a determinados segmentos da produo. Entre os efeitos da globalizao encontramos os arranjos regionais de comrcio com uma nova caracterstica: os principais atores do regionalismo so os pases desenvolvidos. Estima-se que, atualmente, mais de 50% do comrcio mundial se realize dentro de blocos regionais. Alm da tendncia de se organizarem em blocos, os governos convivem com outro efeito da globalizao, o de tornar suas polticas domsticas cada vez mais dependentes de aprovao externa, porque a crescente insero no mercado mundial requer aes consistentes para garantir a confiana do mercado financeiro internacional e o fluxo de investimentos estrangeiros. No mundo globalizado o capital sem ptria exerce o papel de auditor, punindo os pases infratores com sua fuga imediata. Durante a transio de uma economia fechada para um perfil de crescente integrao economia mundial, h custos econmicos e sociais bem definidos, devido exposio de setores protegidos concorrncia internacional e necessidade das empresas se adaptarem s escalas compatveis com o mercado aberto. A globalizao expe as disparidades entre aqueles que tm condies de crescer em um ambiente dinmico, competitivo e aberto, daqueles que s sobreviveriam em uma economia fechada e protegida. Os governos podem minimizar os custos da transio, buscando polticas que coordenem a fuso de empresas domsticas (para ganhar escala e competitividade), criando programas de treinamento e qualificao de mo-de-obra, incentivando projetos para a difuso de tecnologia e concedendo linhas de crdito preferencial para facilitar o ajuste. Quanto mais um pas estiver integrado na economia mundial, maior ser a exposio concorrncia internacional. Em contrapartida, maior a absoro de tecnologias modernas, mais amplas as opes de escolha para os consumidores finais e menores os custos financeiros dos produtores domsticos quando da obteno de recursos financeiros no exterior. Em suma, a globalizao uma realidade e no uma escolha. Na era da tecnologia da informao, impossvel a um pas isolar-se do mercado mundial, a no ser a um custo social muito elevado.

* Texto adaptado do relatrio Globalizao, da Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas FIPE.

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1. FINANAS INTERNACIONAISAs empresas que realizam operaes importantes no exterior comumente so chamadas empresas internacionais ou multinacionais. As empresas internacionais devem levar em conta muitos fatores financeiros que no afetam empresas puramente domsticas. Esses fatores incluem taxas de cmbio, taxas de juros distintas de um pas para outro, mtodos complexos de contabilizao de operaes no exterior, alquotas de impostos estrangeiros e interveno de governos de outros pases. Os princpios bsicos de administrao financeira ainda so vlidos para as empresas internacionais; tal como no caso das empresas domsticas, procuram aplicar recursos em projetos que criam mais valor para os acionistas do que custam, bem como conseguir financiamento que lhes produza recursos ao mais baixo custo possvel. Ou seja, o princpio do valor presente lquido vale tanto para atividades domsticas quanto no exterior. Entretanto, geralmente mais complicado aplicar o princpio do VPL a operaes internacionais. Talvez a complicao mais importante em finanas internacionais seja o cmbio. Os mercados de cmbio fornecem informaes e oportunidades a uma empresa internacional quando toma decises de investimento e financiamento. A relao entre cmbio, taxas de juros e inflao definida pelas teorias bsicas da taxa de cmbio: paridade do poder de compra, paridade de taxas de juros e a teoria das expectativas. Tipicamente, as decises internacionais de financiamento envolvem uma escolha entre trs enfoques bsicos: 1. Exportar fundos domsticos para as unidades no exterior. 2. Tomar emprestado no pas em que se situa o investimento. 3. Tomar emprestado num terceiro pas. 1.1 Terminologia Uma palavra da moda para o estudante de finanas globalizao. O primeiro passo do aprendizado a respeito da globalizao dos mercados financeiros o domnio do novo vocabulrio. Eis alguns dos termos mais comumente utilizados em finanas internacionais: Recibo de Depsito Americano (ADR): um ttulo emitido nos Estados Unidos representando aes de uma empresa estrangeira, de modo a permitir que essas aes sejam negociadas nos Estados Unidos. As empresas estrangeiras usam os ADRs, que so emitidos em dlares americanos, para ampliar o universo de investidores americanos em potencial. Os ADRs esto disponveis em duas formas para cerca de 690 empresas estrangeiras: patrocinados pelas empresas e registrados para negociao numa bolsa de valores, e no patrocinados, geralmente mantidos pelo banco de investimento que faz mercado para o ADR. Ambas as formas esto disponveis a investidores individuais, mas somente os ttulos patrocinados por empresas so cotados diariamente nos jornais. Taxa cruzada: a taxa de cmbio entre duas moedas estrangeiras, das quais geralmente nenhuma o dlar americano. O dlar, entretanto, usado como etapa intermediria na determinao da taxa cruzada. Por exemplo, se um investidor desejar vender ienes japoneses e comprar francos suos, venderia ienes contra dlares e depois compraria francos com esses mesmos dlares. Assim, embora a transao esteja destinada a envolver ienes por francos, a taxa de cmbio com o dlar atua como referncia. Unidade Monetria Europia (ECU): uma cesta de 10 moedas europias concebida em 1979 e destinada a atuar como unidade de moeda para o Sistema Monetrio Europeu (EMS). De acordo com o estatuto de criao, os membros do EMS revem a composio da ECU a cada cinco anos, ou quando tenha havido uma variao de pelo menos 25% do peso de qualquer moeda. O marco alemo a moeda de maior peso nessa cesta, com o franco francs, a libra britnica e o florim holands representando cada um mais de 10% da unidade. Os pesos menores so os do dracma grego, do franco luxemburgus e do punt irlands. Euro-obrigaes: so obrigaes denominadas numa dada moeda e emitidas simultaneamente nos mercados de obrigaes de vrios pases europeus. Para muitas empresas internacionais e vrios governos, tm se transformado num meio importante de captao de recursos. Os eurobnus so emitidos sem as restries que alcanam as emisses domsticas, sendo tipicamente distribudos a partir de Londres. A negociao pode ocorrer e ocorre em qualquer lugar no qual estejam um comprador e um vendedor.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]Euromoeda: qualquer moeda depositada num centro financeiro fora do pas que tenha emitido essa moeda. Por exemplo, eurodlares - a euromoeda mais usada - so dlares americanos depositados em bancos fora dos Estados Unidos. Obrigaes estrangeiras: ao contrrio de euro-obirgao, so emitidas por tomadores estrangeiros no mercado de capitais de outro pas, e tradicionalmente denominadas na moeda daquele pas. Os yankee bonds, por exemplo, so emitidos nos Estados Unidos pelo governo, por um banco ou uma empresa de outro pas; nos ltimos anos, porm, alguns yankee bonds tm sido denominados em outras moedas alm do dlar americano. Freqentemente, o pas no qual essas obrigaes so lanadas faz distines entre elas e as obrigaes emitidas por entidades domsticas, envolvendo legislao fiscal distinta, restries ao volume emitido, ou regras de divulgao mais rigorosas. GILTS: tecnicamente, so ttulos pblicos britnicos e irlandeses, embora o termo tambm inclua emisses de rgos governamentais da Gr Bretanha e alguns ttulos pblicos estrangeiros. London Interbank Qffer Rate (UBQR): a taxa que a maioria dos bancos internacionais cobra por emprstimos de eurodlares de um dia para outro no mercado de Londres. A LIBOR a pedra fundamental da precificao de instrumentos de mercado monetrio e outros ttulos de curto prazo emitidos tanto por governos quanto por empresas. Os emitentes menos merecedores de crdito tendem a captar a uma taxa de mais de um ponto percentual acima da LIBOR. SWAPS: h dois tipos. De taxas de juros e de moedas. Um swap de taxas de juros se d quando duas partes trocam dvida com taxa flutuante por dvida com taxa fixa, ou vice-versa. Os swaps de moedas so acordos de entrega de uma moeda contra outra. Geralmente, ambos os tipos de swap so utilizados na mesma transao, quando se troca dvidas denominadas em moedas diferentes. 1.2 Mercados de Cmbio e Taxas de Cmbio O mercado de cmbio , sem dvida, o maior mercado financeiro do mundo. o mercado no qual a moeda de um pas trocada pela moeda de outro pas. A maior parte do volume de negociao envolve umas poucas moedas: o dlar americano ($), o marco alemo (DM), a libra esterlina britnica (), o iene japons (), o franco suo (SF) e o franco francs (FF). O mercado de cmbio um mercado de balco. No h um nico local no qual os operadores se renam. Ao contrrio, os operadores esto localizados nos principais bancos comerciais e de investimento por todo o mundo. Comunicam-se por terminal de computador, telefone e outros instrumentos de telecomunicao. Um dos ingredientes da rede de comunicao para transaes internacionais a Society for Worldwide Interbank Fnancial Telecommunications (SWIFT). Trata-se de uma cooperativa belga, sem fins lucrativos. Um banco situado em New York pode enviar mensagens a um banco em Londres por meio dos centros regionais de processamento da SWIFT. As ligaes so feitas por meio de linhas de transmisso de dados. Os vrios tipos de participantes do mercado de cmbio incluem: 1. Importadores que convertem sua moeda nacional em moeda estrangeira para pagar a aquisio de bens produzidos em outros pases. 2. Exportadores que recebem moeda estrangeira e podem querer convert-la em moeda nacional. 3. Administradores de carteiras que compram e vendem aes e obrigaes estrangeiras. 4. Corretores de cmbio que fecham ordens de compra e venda. 5. Operadores que fazem mercado em transaes com moedas. Taxas de Cmbio Uma taxa de cmbio o preo da moeda de um pas em termos da moeda de um outro pas. Na prtica, quase todas as negociaes de moedas se do em termos do dlar americano. Por exemplo, tanto o franco francs quanto a libra britnica so negociados com o seu preo sendo cotado em dlares americanos. Se o preo cotado for o preo em dlares de uma unidade de moeda estrangeira, a cotao ser dita direta (ou americana). Por exemplo, $ 1,50 = $ 0,40 = DM 1 so cotaes diretas. Se o preo cotado for o preo de um dlar em moeda estrangeira, a cotao ser indireta (ou europia). Por exemplo, 0,67 = $ 1 e DM 2,5 = $ 1. H dois motivos para se cotar todas as moedas estrangeiras em termos do dlar americano. Em primeiro lugar, reduz-se o nmero de cotaes cruzadas possveis. Por exemplo, com cinco moedas fortes, haveria potencialmente 10 taxas de cmbio. Em segundo lugar, toma mais difcil a arbitragem triangular. Se todas as moedas fossem negociadas umas contra as outras, haveria maior probabilidade de precificao incorreta. Ou seja, a taxa de cmbio do franco francs com o marco

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]seria comparada taxa de cmbio entre o dlar e o marco. Isto pressupe uma dada taxa entre o franco francs e o dlar americano, para impedir a existncia de arbitragem triangular. Tipos de Transaes H trs tipos de transaes no mercado de cmbio: a vista, a termo e swap. Os negcios a vista envolvem um acordo a respeito da taxa de cmbio corrente, para liquidao em dois dias. Esta taxa de cmbio denominada taxa de cmbio a vista. Os negcios a termo envolvem um acordo a respeito de taxas de cmbio hoje para liquidao no futuro. A taxa em questo denominada taxa de cmbio a termo. Os prazos de vencimento de negcios a termo variam entre 1 e 52 semanas. Um swap a venda (compra) de uma moeda estrangeira com um acordo simultneo de recompra (revenda) da moeda numa data futura. A diferena entre o preo de venda e o preo de recompra denominada taxa de swap. 1.3 A Lei do Preo nico e a Paridade do Poder de Compra O que determina o nvel da taxa de cmbio a vista? Uma resposta a lei do preo nico (LPU). Essa lei diz que uma mercadoria custar o mesmo independentemente do pas em que seja adquirida. Mais formalmente, seja S (t) a taxa de cmbio a vista, isto , o nmero de dlares 1 US UK necessrios para comprar uma libra na data t. Sejam P (t) e P (t) os preos correntes nos Estados Unidos e na Gr Bretanha de uma determinada mercadoria, mas, por exemplo. 1.4 Taxas de Juros e Taxas de Cmbio: Paridade de Taxas de Juros A taxa de cmbio a termo e a taxa de cmbio a vista esto relacionadas pela mesma espcie de arbitragem subjacente lei do preo nico. Em primeiro lugar, apresentamos uma terminologia til. Se as taxas de cmbio a termo forem superiores taxa de cmbio a vista para uma dada moeda, dir-se- que a moeda estrangeira a termo est cotada com um prmio (o que significa que a moeda nacional est cotada com um desconto). Se os valores das taxas de cmbio a termo forem inferiores taxa de cmbio a vista, a taxa a termo da moeda estrangeira estar cotada com um desconto. A existncia de prmio ou desconto nas taxas a termo, no caso de uma moeda nacional, depende das taxas relativas de juros nos mercados da moeda estrangeira e da moeda nacional. O teorema da paridade das taxas de juros indica que, se as taxas de juros domsticas forem mais altas do que no mercado de um dado pas estrangeiro, a moeda desse pas estrangeiro dever estar sendo vendida com prmio no mercado a termo; e se as taxas de juros forem mais baixas no mercado domstico, a moeda estrangeira estar cotada com desconto no mercado a termo. Desconto a Termo e Taxas a vista Esperadas H uma relao muito forte entre taxas de cmbio a termo e taxas a vista esperadas. As decises de compra e venda de um operador no mercado a termo de cmbio hoje baseiam-se em suas expectativas quanto taxa a vista esperada para o futuro. Na verdade, se os operadores fossem completamente indiferentes ao risco, a taxa de cmbio a termo dependeria somente das expectativas quanto taxa a vista futura. Por exemplo, imaginemos que a taxa de cmbio a termo de marcos para o prazo de um ano seja $ 0,40/DM [ou seja, F(0,1) = $ 0,40/DM]. Isto deve significar que os participantes do mercado esperam que a taxa a vista seja igual a $ 0,40/DM daqui a um ano [E(S(l)) = $ 0,40/DM]. Se acreditassem ser mais alta, criar-se-ia uma oportunidade de arbitragem. Os operadores comprariam marcos a termo ao preo baixo e venderiam marcos, um ano mais tarde, ao preo superior esperado. Isto significa que a taxa de cmbio a termo igual taxa a vista esperada, ou (em termos gerais). F(0,1) = E[S(1)] F(0,1) E[S(1)] ou = S(0) S(0) Um equilbrio conseguido somente quando o desconto (ou prmio) a termo igual variao esperada da taxa de cmbio a vista. Risco de Cmbio O risco de cmbio a decorrncia natural de operaes internacionais quando os valores das moedas sobem e descem. As empresas internacionais geralmente fazem contratos que exigem pagamentos em moedas diferentes. Por exemplo, imaginemos que o tesoureiro de uma empresa internacional saiba que, daqui a um ms, a empresa dever pagar 2 milhes por mercadorias que receber na Inglaterra. A taxa de cmbio no momento $ 1,50/, e se essa taxa continuar vigorando daqui a um ms, o custo em dlares das mercadorias para a empresa ser $ 1,50/ x 2 milhes = $ 3 milhes. O tesoureiro, neste caso, obrigado a pagar em libras daqui a um ms.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS](Alternativamente, dizemos que est vendido em libras.) Uma posio lquida vendida ou comprada deste tipo pode ser muito arriscada. Se a libra elevar-se durante o ms para $ 2/, o tesoureiro se ver forado a pagar $ 2/ x 2 milhes = $ 4 milhes, ou seja, um milho de dlares a mais. Esta a essncia do risco de cmbio. O tesoureiro poder querer proteger a sua posio. Quando h mercados a termo, a maneira mais conveniente de fazer isso comprando ou vendendo contratos a termo. Neste exemplo, talvez o tesoureiro deseje considerar a compra de 2 milhes de libras a termo para o prazo de um ms. Se a taxa a termo cotada hoje for tambm igual a $ 1,50/, o tesoureiro cumprir o contrato trocando $ 3 milhes por 2 milhes em um ms. Os 2 milhes que receber do contrato podero ser utilizados para pagar as mercadorias. Protegendo sua posio hoje, o tesoureiro fixa o valor da sada de caixa a ocorrer daqui a um ms em exatamente $ 3 milhes. Deve o tesoureiro fazer hedging ou especular? Normalmente, h duas razes pelas quais deve fazer hedging: 1. Num mercado eficiente de cmbio, a especulao uma atividade com VPL igual a zero. A menos que tenha informao especial, nada ser ganho pelo tesoureiro especulando com o cmbio. 2. Os custos de hedging no so elevados. O tesoureiro pode utilizar contratos a termo para esse fim, e se a taxa a termo no for igual taxa a vista esperada, os custos de hedging sero desprezveis. Evidentemente, h maneiras de cobrir o risco de cmbio alm de usar contratos a termo. Por exemplo, o tesoureiro pode tomar dlares emprestados e comprar libras no mercado a vista hoje, aplicando-as por um ms em Londres. De acordo com o teorema da paridade das taxas de juros, isto ser equivalente a comprar libras esterlinas a termo. 1.5 Oramento de Capital em Contexto Internacional A Kihlstrom Equipment, uma empresa internacional com sede nos Estados Unidos, est avaliando um projeto de investimento a ser executado na Frana. As exportaes de peas de perfurao da Kihlstrom tm crescido de tal maneira que est pensando em construir uma fabrica na Frana. O projeto custar FF 20 milhes, e espera-se que produza fluxos de caixa de FF 8 milhes por ano durante os prximos trs anos. A taxa de cmbio a vista atualmente igual a S(0) = $ 0,20/FF. Como deve a Kihlstrom calcular o valor presente lquido do projeto em dlares americanos? Nada a respeito do fato de que o investimento efetuado no exterior altera o critrio de VPL da Kihlstrom. A empresa precisa identificar os fluxos de caixa incrementais e descont-los ao custo de capital apropriado. Aps fazer os clculos de fluxo de caixa descontado exigidos, a Kihlstrom deve efetuar os projetos que tenham um VPL positivo. Entretanto, dois fatores importantes que complicam tais clculos internacionais de VPL so a converso cambial e a remessa de fundos. Converso Cambial A maneira mais simples pela qual a Kihlstrom pode calcular o VPL do investimento convertendo todos os fluxos de caixa em francos franceses para dlares americanos. Isto envolve um processo que tem trs etapas: 1. Estimar os fluxos futuros de caixa em francos franceses. 2. Converter em dlares americanos taxa de cmbio prevista. 3. Calcular o VPL usando o custo de capital em dlares americanos. Como poderia a empresa prever as taxas de cmbio futuras? Usando a teoria de mercados eficientes, a Kihlstrom poderia calcular o VPL utilizando as predies implcitas no mercado de cmbio. Para determin-las, a Kihlstrom pode usar as relaes bsicas descritas nos itens anteriores deste captulo. A empresa comearia obtendo informaes publicamente disponveis a respeito de taxas de cmbio e taxas de juros. Fluxos de Caixa no Remetidos A deciso de remessa semelhante deciso de dividendos de uma empresa puramente domstica. Diferenas substanciais podem existir entre os fluxos de caixa de um projeto e o montante que efetivamente enviado matriz. Evidentemente, o valor presente lquido de um projeto no ser alterado pelo adiamento de remessas, caso os fluxos de caixa no remetidos sejam reinvestidos a uma taxa de retomo igual (ajustada por taxas de cmbio) ao custo domstico de capital. Uma subsidiria estrangeira pode remeter fundos a uma matriz de muitas maneiras, incluindo as seguintes:

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]1. Dividendos 2. Taxas de administrao pagas por servios centrais 3. Royalties pelo uso de marcas e patentes Devem ser pagos sobre lucros gerados num pas estrangeiro. As empresas internacionais devem geralmente pagar impostos estrangeiros num pas estrangeiro. Os impostos totais pagos por uma empresa internacional podem ser funo do momento da remessa. Por exemplo, a subsidiria francesa da Kihlstrom poderia ser obrigada a pagar impostos na Frana sobre os lucros ali obtidos. Tambm pagar impostos sobre dividendos remetidos aos Estados Unidos. Na maioria dos casos, a empresa poder compensar o pagamento de impostos estrangeiros reduzindo o imposto devido nos Estados Unidos. Assim, se o imposto de renda de pessoa jurdica na Frana for de 34%, a Kihlstrom no ter impostos adicionais a pagar nos Estados Unidos. O Custo de Capital de Empresas Internacionais Uma questo importante para empresas que fazem investimentos internacionais saber se o retorno exigido de projetos internacionais deve ou no ser diferente do exigido em projetos domsticos semelhantes. A resposta a esta pergunta depende do seguinte: 1. Segmentao do mercado financeiro internacional. 2. Risco poltico externo de desapropriao, controles cambiais e impostos. Custo de Capital mais Baixo em Conseqncia de Diversificado Internacional Suponhamos que haja barreiras impedindo que investidores nos Estados Unidos apliquem em ttulos estrangeiros; os mercados financeiros de pases diferentes seriam segmentados. Imaginemos ainda que as empresas nos Estados Unidos no estivessem sujeitas s mesmas barreiras. Nesse caso, uma empresa que fizesse investimentos internacionais poderia oferecer diversificao indireta para investidores americanos, que para eles seria impossvel conseguir investindo a partir dos Estados Unidos. Isto poderia levar reduo do prmio por risco em projetos internacionais. Alternativamente, se no houvesse barreiras ao investimento internacional por pessoas fsicas, estas poderiam ter o benefcio da diversificao internacional diretamente, via aquisio de ttulos estrangeiros. Neste caso, o custo de capital de um projeto para uma empresa nos Estados Unidos no dependeria do fato de que o projeto se situa nos Estados Unidos ou num pas estrangeiro. Na prtica, a posse de ttulos estrangeiros envolve despesas significativas. Estas despesas incluem impostos, os custos de obteno de informao e custos de transao. Isto quer dizer que, embora os investidores americanos tenham liberdade para comprar ttulos estrangeiros, a sua diversificao internacional no perfeita. Riscos Polticos As empresas podem determinar que os investimentos internacionais possuem risco poltico intrnseco mais alto do que os investimentos domsticos. Este risco adicional pode compensar os ganhos produzidos pela diversificao internacional. As empresas talvez aumentem a taxa de desconto para levar em conta o risco de desapropriao e de imposio de controles de remessas de divisas. 1.6 Decises Financeiras Internacionais Uma empresa internacional pode financiar projetos estrangeiros de trs maneiras bsicas: 1. Pode captar recursos no seu prprio pas e export-los para financiar o projeto estrangeiro. 2. Pode captar recursos por emprstimo no pas em que se situa o projeto. 3. Pode tomar emprestado num terceiro pas, no qual o custo dos recursos mais baixo. Se uma empresa americana levantar recursos para seus projetos no exterior captando nos Estados Unidos, correr risco de cmbio. Se a moeda estrangeira se desvalorizar, a matriz americana poder sofrer uma perda cambial quando os fluxos de caixa em moeda estrangeira forem remetidos aos Estados Unidos. Evidentemente, a empresa americana pode vender cmbio a termo para compensar este risco. Entretanto, difcil vender contratos a termo com prazo superior a um ano. As empresas situadas nos Estados Unidos podem tomar emprestado no pas em que se situa o projeto. Esta a maneira usual de cobrir riscos de cmbio de longo prazo. Uma outra alternativa consiste em encontrar um pas no qual as taxas de juros sejam baixas. Entretanto, as taxas de juros

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]podem ser mais baixas porque a inflao esperada menor. Assim, os administradores financeiros devem ter o cuidado de ir alm do exame das taxas nominais de juros, examinando tambm as taxas reais de juros. Financiamento a Curto e a Mdio Prazo Ao captarem recursos a curto e a mdio prazo, as empresas internacionais americanas comumente podem optar entre tomar emprestado de um banco dos Estados Unidos taxa de juros do mercado americano e tomar eurodlares no mercado de euromoedas. Os mercados de euromoedas so formados pelos bancos (eurobancos) que fazem emprstimos e aceitam depsitos em moedas estrangeiras. A maior parte dos negcios com euromoedas envolve depsitos a prazo fixo nos eurobancos. Uma caracterstica importante do mercado de euromoedas a de que os emprstimos so feitos a taxas flutuantes. As taxas de juros so fixadas a uma margem fixa acima da London Interbank Offer Rate para o perodo dado e a moeda envolvida. Por exemplo, se a margem for de 0,5% para emprstimos em dlares, e a UBOR no momento for de 8% para esses emprstimos, o tomador pagar uma taxa de juros de 8,5%. Esta taxa geralmente alterada a cada seis meses. Os emprstimos em dlares tm prazos que variam entre 3 e 10 anos. Mercados de Obrigaes Internacionais A negociao de obrigaes internacionais ocorre em balco e em mercados individuais no muito bem interligados. Esses mercados individuais, porm, so fortemente ligados aos mercados domsticos de obrigaes correspondentes. As obrigaes internacionais podem ser divididas em dois tipos fundamentais: obrigaes estrangeiras e euro-obrigaes. Obrigaes Estrangeiras As obrigaes estrangeiras so obrigaes emitidas por tomadores estrangeiros no mercado domstico de obrigaes de um determinado pas. Freqentemente, recebem um apelido correspondente ao pas de emisso. So denominados na moeda nacional do pas. Euro-obrigaes Euro-obrigaes so denominadas numa determinada moeda e emitidas simultaneamente nos mercados de obrigaes de vrios pases. O prefixo "euro" indica que as obrigaes so emitidas fora dos pases em cujas moedas so denominadas. Em sua maior parte, so obrigaes ao portador. 1.7 Estrutura Internacional de Capital No h acordo geral a respeito das diferenas de estrutura de capital entre pases. Rutterford estudou tais diferenas, e seus resultados indicam que as empresas japonesas usam mais capital de terceiros, enquanto as empresas americanas e britnicas usam mais capital prprio. Rutterford acredita que fatores fiscais no so responsveis por essas diferenas. Os custos de agency representam uma resposta possvel. Por exemplo, tanto no Japo quanto na Alemanha h uma relao mais prxima entre os bancos e as empresas que so seus clientes, o que pode reduzir os custos de agency da emisso de ttulos de dvida, comparativamente ao que se observa nos Estados Unidos. 1.8 Divulgao de Dados Contbeis de Operaes no Exterior Quando uma empresa americana prepara demonstraes financeiras consolidadas, traduz as contas das subsidirias estrangeiras em moeda local para a moeda que utilizada para fins de divulgao, geralmente a moeda do pas de origem. Se as taxas de cmbio variarem durante o exerccio, poder haver ganhos ou perdas contbeis. Suponhamos que uma empresa americana tenha adquirido uma empresa britnica em 1982. Nessa poca, a taxa de cmbio era 1 = $ 2. A empresa britnica teve um desempenho muito bom nos primeiros anos (em termos medidos em libras). Durante o mesmo perodo, o valor da libra caiu a $ 1,25. O aumento correspondente do dlar melhorou o desempenho da empresa? Deve o aumento ser refletido na mensurao do lucro? Essas perguntas tm estado entre as mais controvertidas questes contbeis nos ltimos anos. Parece haver dois problemas: 1. Qual a taxa de cmbio apropriada para uso na traduo de cada conta do balano? 2. Como deve ser feita a traduo dos ganhos e perdas contbeis com moeda estrangeira no realizados?

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]A traduo feita de acordo com regras estabelecidas pelo Conselho de Padres de Contabilidade Financeira (FASB). Em sua maior parte, o FASB exige que todos os ativos e passivos sejam convertidos da moeda da subsidiria moeda da matriz usando-se a taxa de cmbio corrente. Os ganhos e as perdas so acumulados numa conta especial dentro do patrimnio lquido. Assim, o impacto de ganhos e perdas com a traduo no ser explicitamente reconhecido no lucro lquido at que os ativos e passivos sejam vendidos ou liquidados.

2. FLUXOS DE FUNDOS INTERNACIONAIS2.1 Balano de Pagamentos O balano de pagamentos um resumo das transaes entre residentes domsticos e estrangeiros por um perodo de tempo especfico. Representa a contabilidade das transaes internacionais de um pas durante um perodo, geralmente um trimestre ou um ano. Contabiliza as transaes por pessoas jurdicas, fsicas e governo. Um demonstrativo de balano de pagamentos pode ser separado em vrios componentes Aqueles que recebem maior ateno so as transaes correntes e as contas de capital. As transaes correntes representam o resumo do fluxo de fundos entre o pas especfico e todos os outros pases devido aquisio de produtos ou servios, ou de provises de renda sobre ativos financeiros. A conta de capital representa o resumo do fluxo de fundos resultante da venda de ativos entre um pas especfico e todos os outros em um perodo especfico de tempo. Assim, ela compara os novos investimentos feitos no estrangeiro por um pais com os investimentos do estrangeiro dentro de um pas por um perodo particular de tempo. Transaes que refletem entrada de recursos geram nmeros positivos (crditos) para o balano do pas, enquanto transaes que implicam sada de recursos geram nmeros negativos (dbitos) para o balano. Conta Corrente Um componente-chave da conta de transaes correntes a balana comercial, que simplesmente a diferena entre exportaes e importaes, de produtos ou servios, representando entrada ou sada de fundos. Um dficit na balana comercial significa que o valor das mercadorias e servios exportados pelos pas menor que o valor das mercadorias e servios importados. Antes de 1993, a balana comercial concentrava-se somente sobre a exportao e a importao de mercadorias. Em 1993, foi redefinida para incluir a exportao e a importao de servios tambm. O valor das exportaes de servios geralmente excede o valor das importaes nos Estados Unidos. No entanto, o valor das exportaes de mercadorias naturalmente menor que o valor das importaes de mercadorias dos Estados Unidos. No total, os Estados Unidos normalmente possuem uma balana comercial negativa. Um segundo componente da conta de transaes correntes o de renda, que representa o rendimento (pagamento de juros e dividendos) recebido pelos investidores de investimentos estrangeiros em ativos financeiros (ttulos). Assim, o componente renda recebido pelos investidores americanos reflete uma entrada de fundos. A renda paga pelos Estados Unidos reflete uma sada de fundos daquele pas. Um terceiro componente da conta de transaes correntes a transferncia de pagamentos, que representa auxlios, gratificaes e presentes de um pas para outro. Conta de Capital Os componentes-chave da conta de capital so investimentos estrangeiros diretos, investimentos em carteira e outros investimentos de capital. O investimento estrangeiro direto (IED) representa o investimento em ativos fixos em outros pases os quais podem ser usados para exercer operaes comerciais. Exemplos de investimentos estrangeiros diretos incluem a aquisio de uma empresa de uma companhia estrangeira, a construo de uma nova fbrica, ou a expanso da fbrica j existente em um outro pas. Investimentos em carteira representam transaes que envolvem ativos financeiros de longo prazo (tais como aes e obrigaes) entre pases os quais no afetam a transferncia de controle. Assim, uma aquisio de aes da Heineken (Pases Baixos) por um investidor dos Estados Unidos classificada como um investimento de carteira porque representa uma aquisio de ativos financeiros estrangeiros sem mudana de controle da empresa. Se uma empresa americana comprasse todas as aes da Heineken em uma aquisio, essa transao resultaria em uma transferncia de controle e, assim, seria classificada como um investimento estrangeiro direto, em vez de um investimento em carteira.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]Um terceiro componente da conta de capital consiste em outros investimentos de capital, que representam transaes que envolvem ativos financeiros de curto prazo (tais como ttulos no mercado monetrio) entre os pases. Em geral, o investimento estrangeiro direto mede a expanso das operaes das empresas estrangeiras, ao passo que investimentos em carteira e outros investimentos de capital medem o fluxo lquido dos fundos resultantes de transaes financeiras entre pessoas fsicas ou investidores institucionais. 2.2 Fluxos de Comrcio Internacional Canad, Frana, Alemanha e outros pases europeus contam mais fortemente com o comrcio que os Estados Unidos. O volume de exportaes e importaes por ano do Canad, por exemplo, avaliado em mais de 50% do seu Produto Interno Bruto anual (PIB). O volume de comrcio dos pases europeus tipicamente entre 30% e 40% de seus respectivos PIBs. O volume de comrcio dos Estados Unidos e do Japo tipicamente entre 10% e 20% de seus respectivos PIBs. Todavia, para todos os pases, o volume de comrcio cresceu nos ltimos tempos. A balana comercial de qualquer pas pode mudar consideravelmente ao longo do tempo. Logo aps a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos experimentaram um grande supervit na balana comercial porque a Europa dependia das exportaes americanas para a sua reconstruo. Nas ltimas dcadas, os Estados Unidos experimentaram um dficit na balana comercial devido forte demanda americana por produtos importados, que so produzidos a um custo mais baixo que produtos similares que podem ser produzidos no pas. Muitos acordos comerciais ocorreram no decorrer dos anos em um esforo para reduzir restries comerciais. Em janeiro de 1988, os Estados Unidos e o Canad entraram em acordo em um pacto de livre comrcio, o qual foi introduzido completamente em 1998. Esse acordo reduziu as barreiras comerciais sobre muitos produtos e aumentou a concorrncia global dentro de algumas indstrias. Em dezembro de 1993, o Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (AGTC) conciliou 117 naes com o objetivo de baixar tarifas ao redor do mundo. Alm disso, o Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte (Nafta) foi decretado, removendo inmeras restries comerciais entre o Canad, o Mxico e os Estados Unidos. O acordo foi uma extenso de um tratado de 1989 que reduzia barreiras comerciais. O Nafta tambm reduziu algumas restries sobre investimentos estrangeiros diretos no Mxico. E na Europa a Unio Europia com a adoo de uma moeda nica. Discordncias Comerciais Polticas de comrcio internacional determinam parcialmente quais empresas obtm maior participao de mercado dentro de uma indstria. Essas polticas afetam o nvel de desemprego de cada pas, o nvel de renda e o crescimento econmico. Apesar de os tratados comerciais terem reduzido tarifas e quotas no decorrer do tempo, a maioria dos pases ainda impe algum tipo de restrio comercial sobre produtos em particular para proteger suas empresas locais. Uma maneira fcil de iniciar uma discusso entre estudantes (ou professores) perguntar como eles pensam que a poltica de comrcio internacional deveria ser. As pessoas cujos prospectos de trabalho so altamente influenciados pelo comrcio internacional tendem a ter opinies fortes sobre polticas de comrcio internacional. Superficialmente, a maioria das pessoas concorda que o livre comrcio pode ser benfico porque encoraja uma concorrncia mais intensa entre as empresas, o que faz com que consumidores adquiram produtos em que a qualidade alta e os preos so baixos. O livre comrcio deveria causar uma mudana na produo para aqueles pases em que ele pode ser desenvolvido eficientemente. O governo de cada pas quer aumentar suas exportaes porque mais exportaes resultam em um nvel mais alto de produo e renda e podem tambm gerar empregos. No entanto, um emprego criado em um pas pode ser perdido em outro, o que faz com que os pases lutem por uma participao maior nas exportaes mundiais. As pessoas discordam sobre os tipos de estratgias que um governo poderia usar para aumentar a respectiva participao do pas no mercado globalizado. Podem concordar que uma tarifa ou quota sobre produtos importados impede o livre comrcio e d s empresas locais uma vantagem desleal em seu prprio mercado. Todavia, discordam se os governos poderiam utilizar outras restries mais sutis contra empresas estrangeiras ou fornecer incentivos que do s empresas locais uma vantagem desleal na luta pela participao no mercado global. Considere as seguintes situaes que comumente ocorrem: 1. As empresas com base em um pas no esto sujeitas s restries ambientais e, assim, podem produzir a um custo mais baixo que as empresas em outros pases. 2. As empresas com base em um pas no esto sujeitas s leis de trabalho infantil e so capazes de produzir a um custo mais baixo que empresas em outros pases, dependendo, na maioria das vezes, de crianas para fabricar os produtos.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]3. As empresas com base em um pas esto autorizadas pelos seus governos a oferecer subornos a grandes clientes ao buscar acordos comerciais em uma indstria em particular. Possuem uma vantagem competitiva sobre empresas em outros pases que no esto autorizadas a oferecer subornos. 4. As empresas em um pas recebem subsdios do governo, enquanto exportam os produtos. 5. A exportao de produtos que foram produzidos com a ajuda de subsdios do governo identificada como dumping. Essas empresas podero vender seus produtos a um preo mais baixo que qualquer um de seus concorrentes em outros pases. 6. As empresas em um pas recebem redues de impostos se pertencerem a indstrias especficas. Essa prtica no necessariamente um subsdio, mas ainda uma forma de suporte financeiro governamental. Em todas essas situaes, empresas de um pas podem ter vantagem sobre empresas de outros pases. Cada governo utiliza algum tipo de estratgia que poder dar s empresas locais uma vantagem na luta pela participao no mercado global. Assim, o campo de jogo na luta pela participao no mercado global provavelmente no plano para todos os pases. Todavia, no h frmula que assegure uma batalha leal para a participao no mercado. Independentemente do progresso dos tratados de comrcio internacional, os governos devero ser capazes de encontrar estratgias que podero dar a suas empresas locais uma sada para a exportao. Suponha, como um exemplo extremo, que um novo tratado internacional anule todas as estratgias descritas acima. O governo de um pas ainda assim poderia tentar dar a suas empresas locais uma vantagem comercial procurando manter sua moeda relativamente fraca. Essa estratgia poder aumentar a demanda estrangeira pelos produtos fabricados no local porque os produtos denominados com uma moeda fraca podem ser adquiridos a um preo baixo. A Taxa de Cmbio como Poltica Em determinado momento, um grupo de exportadores poder alegar que est sendo maltratado e influenciar seu governo para ajustar a moeda de modo que suas exportaes no sejam to dispendiosas para os compradores estrangeiros. Um dos assuntos mais recentes relacionados ao comrcio a terceirizao de servios. Por exemplo, o suporte tecnolgico de sistemas de computadores utilizados nos Estados Unidos pode ser terceirizado para a ndia, a Bulgria, a China ou outros pases em que os custos da mo-de-obra so baixos. A terceirizao afeta a balana comercial porque isso significa que um servio adquirido em outro pas. Essa forma de comrcio internacional permite s Empresas Multinacionais (EMNs) exercerem operaes a um custo baixo. No entanto, transfere empregos para outros pases e criticada pelas pessoas que perdem seu emprego por causa da terceirizao. Muitas pessoas tm opinies acerca de terceirizao, as quais muitas vezes so inconsistentes com seu prprio comportamento. Usando as Polticas Comerciais por Razes Polticas Assuntos de poltica de comrcio internacional tornaram-se mais contenciosos nos ltimos tempos, quando as pessoas passaram a esperar que as polticas comerciais seriam usadas para punir pases por vrias aes. As pessoas esperam que os pases que restrinjam importaes de pases que no implantam leis ambientais ou leis contra o trabalho infantil iniciem uma guerra contra outro pas ou se neguem a participar de uma guerra contra um ditador sem leis de outro pas. Toda conveno comercial internacional agora atrai um grande nmero de manifestantes, todos eles tendo suas prprias agendas. O comrcio internacional pode at nem ser o foco de cada protesto, mas freqentemente tomado como a soluo potencial do problema (pelo menos na mente daquele que protesta). Embora todos os manifestantes estejam claramente insatisfeitos com as polticas comerciais existentes, no h consenso sobre quais deveriam ser as polticas. Essas diferentes vises so similares s discordncias que ocorrem entre os representantes do governo que tentam negociar a poltica de comrcio internacional. Discordncias dentro da Unio Europia Em 2004, dez pases do Leste Europeu aderiram Unio Europia (UE). Empresas com base nesses pases participantes mais novos da UE esto sujeitas agora a reduzir barreiras no comrcio relacionado UE. No entanto, esses pases agora tambm esto sujeitos s tarifas da UE sobre os produtos que entram l. Por exemplo, a UE estabelece um imposto (tarifa) de 75% sobre as bananas que so importadas por todos os pases da UE. Conseqentemente, o preo de varejo das bananas aumentar do mesmo modo, uma vez que o imposto passado aos consumidores. O tipo de tarifa causou atritos entre os pases da UE que normalmente importam produtos e os demais pases da UE.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]A filosofia por trs dos acordos de comrcio nessas empresas dentro da UE que elas possam competir em um campo nivelado a zero ou com restries padronizadas em todos os pases. No entanto, governos ainda alegam que alguns pases possuem vantagens sobre outros. Por exemplo, o governo alemo alega que empresas na Polnia possuem uma vantagem desleal porque o governo polons impe sobre suas empresas uma alquota de imposto corporativo relativamente mais baixa que a dos outros pases da UE sobre suas empresas. 2.3 Fatores de Fluxo Comercial Internacional Como o comrcio internacional pode afetar significativamente a economia de um pas, importante identificar e monitorar os fatores que o influenciam. Os fatores mais influentes so: 1. Inflao; 2. Renda nacional; 3. Restries governamentais; e 4. Taxas de cmbio. Impacto da Inflao. Se o ndice de inflao de um pas aumenta em relao aos pases com os quais comercializa, espera-se que sua conta de transaes correntes decresa, ocorrendo o mesmo em outras reas. Consumidores e empresas naquele pas provavelmente compraro mais produtos no exterior (devido alta inflao local), enquanto as exportaes aos outros pases declinaro. Renda Nacional. Se o nvel de renda (renda nacional) aumentar em uma porcentagem mais alta que em outros pases, espera-se que suas contas de transaes correntes decresam, ocorrendo o mesmo em outras reas. Quando o nvel de renda real (ajustado por inflao) aumentar, assim tambm ocorrer com o consumo de produtos. Uma porcentagem desse aumento em consumo provavelmente refletir em um acrscimo na demanda por produtos estrangeiros. Impacto das Restries do Governo. O governo de um pas pode impedir ou desencorajar importaes de outros pases. Ao impor tais restries, o governo rompe os fluxos comerciais. Entre as restries mais comumente usadas esto as tarifas e quotas. Alm das tarifas, um governo pode reduzir as importaes de seu pas colocando em vigor uma quota, ou um limite mximo de importaes. As quotas tm sido aplicadas normalmente para uma variedade de produtos importados pelos Estados Unidos e por outros pases. Outras restries podem ser impostas por razes de sade e segurana. Impacto Sobre as Taxas de Cmbio. A moeda de cada pas avaliada em termos de outras moedas pelo uso das taxas de cmbio, de modo que o cmbio das moedas possa ser feito para facilitar as transaes internacionais. Os valores da maioria das moedas podem flutuar no decorrer do tempo devido ao mercado e s foras governamentais. Se a moeda de um pas comear a aumentar em valor em comparao com outras, o saldo de sua conta de transaes correntes dever decrescer, o mesmo ocorrendo em outras reas. Se a moeda se fortalecer, as mercadorias exportadas por esse pas se tornaro mais caras para os pases importadores. Como conseqncia, haver um decrscimo na demanda desses produtos. Assim como esperado que o dlar forte cause um saldo mais baixo (ou mais negativo) na balana comercial dos Estados Unidos como explicado acima, espera-se que o dlar fraco cause um saldo mais alto na balana comercial. A fraqueza do dlar abaixa o preo pago por produtos americanos pelos clientes estrangeiros e poder levar a um aumento na demanda. O dlar fraco tambm tende a aumentar o preo do dlar pago por produtos estrangeiros e assim reduzir a demanda americana por produtos estrangeiros. Interao dos fatores Em conseqncia a fatores que afetam a interao da balana comercial, sua influncia simultnea sobre a balana comercial complexa. Por exemplo, como um ndice de inflao alto dos Estados Unidos reduz a conta-corrente e pressiona para baixo o valor do dlar. Visto que um dlar fraco pode melhorar a conta-corrente, poder compensar parcialmente o impacto da inflao sobre a conta-corrente. 2.4 Corrigindo o Dficit de Balanas Comerciais Um dficit na balana comercial no necessariamente um problema, pois poder possibilitar que os consumidores de um pas se beneficiem com os produtos importados, que so menos dispendiosos que os produzidos localmente. No entanto, a aquisio de produtos implica menos dependncia da produo interna em favor da produo estrangeira. Assim, pode-se argumentar que um alto dficit da balana comercial causa a transferncia de empregos para outros pases. Conseqentemente, o governo de um pas poder tentar corrigir o dficit da balana comercial. Uma taxa de cmbio flutuante poderia possivelmente corrigir algum desequilbrio de comrcio internacional da seguinte maneira: um dficit na balana comercial sugere que esse pas est gastando

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]mais fundos em produtos estrangeiros que recebendo das exportaes para outros pases. Como est vendendo sua moeda (para comprar mercadorias estrangeiras) em volume maior que a demanda estrangeira por sua moeda, o valor de sua moeda sofre uma desvalorizao. Essa desvalorizao deveria incentivar mais a demanda estrangeira por suas mercadorias no futuro. Essa teoria parece racional, mas nem sempre funciona como descrito. possvel que, em vez disso, a moeda de um pas permanea estvel ou valorize, mesmo que o pas tenha um dficit na balana comercial. Por que uma Moeda Nacional Fraca No uma Soluo Perfeita? Mesmo se a moeda nacional de um pas enfraquecer, o dficit de sua balana comercial no necessariamente ser corrigido, pelas seguintes razes: Contrapreos dos Concorrentes. Quando a moeda de um pas enfraquece, seus preos tornam-se mais atraentes para os clientes estrangeiros, e muitas empresas estrangeiras abaixam seus preos para permanecer competitivas com as empresas do pais. Impacto de Outras Moedas Fracas. Uma moeda fraca no necessariamente fraca perante todas as outras ao mesmo tempo. Transaes Internacionais Pr-programadas. Muitas transaes so pr-programadas e no podem ser ajustadas imediatamente. Assim, empresas que no importam dos Estados Unidos podem ser atradas para empresas americanas como resultado de um dlar mais fraco, mas no podem romper imediatamente seu relacionamento com os fornecedores de outros pases. No decorrer do tempo, elas poderiam comear a tirar vantagem do dlar mais fraco, importando dos Estados Unidos, se acreditarem que a fraqueza continuar. O intervalo de tempo entre a fraqueza do dlar e o aumento da demanda das empresas noamericanas por produtos dos Estados Unidos s vezes estimado em 18 meses ou at mais. Comrcio entre Empresas. Uma quarta razo pela qual uma moeda fraca nem sempre melhorar a balana comercial de um pas que os importadores e os exportadores que se encontram sob a mesma propriedade possuem relacionamentos nicos. Muitas empresas adquirem produtos que so fabricados por suas subsidirias, no que denominado comrcio entre as empresas. Esse tipo de comrcio soma um total de mais de 50% de todo o comrcio internacional. O comrcio entre as duas partes continuar normalmente, independentemente dos movimentos da taxa de cmbio. Desse modo, o impacto dos movimentos dessa taxa de cmbio sobre os padres de comrcio entre as empresas limitado. 2.5 Fluxos de Capitais Internacionais O investimento estrangeiro direto dos Estados Unidos em outros pases tem sido um tanto estvel, mas o investimento estrangeiro direto nos Estados Unidos caiu consideravelmente quando a economia americana enfraqueceu em anos recentes. Os fluxos de fundos de capital para os bancos americanos foram muito maiores que os fluxos de fundos de capital para bancos estrangeiros. Distribuio de Investimento Estrangeiro Direto (IED) por Empresas Americanas Muitas EMNs com base nos Estados Unidos aumentaram recentemente seu IED em outros pases. Por exemplo, ExxonMobil, IBM e Hewlett-Packard possuem pelo menos 50% de seus ativos em outros pases. O Reino Unido e o Canad so os maiores alvos. A Europa como um todo recebe mais de 50% de todo IED das empresas americanas. Outros 30% do IED tm o foco na Amrica Latina e no Canad, enquanto cerca de 16% esto concentrados na sia e na regio do Pacfico. O IED pelas empresas americanas na Amrica Latina e em pases asiticos aumentou consideravelmente quando esses pases abriram seus mercados para as empresas americanas. Distribuio de IED nos Estados Unidos Assim como as empresas americanas usaram o IED para entrar em mercados fora dos Estados Unidos, as empresas no-americanas ingressaram no mercado americano. Muito do IED nos Estados Unidos vem do Reino Unido, do Japo, dos Pases Baixos, da Alemanha e do Canad. Seagram, Food Lion e algumas outras EMNs de controle estrangeiro geram mais da metade de suas receitas nos Estados Unidos. Muitas empresas conhecidas, que operam nos Estados Unidos, so de propriedade de companhias estrangeiras, inclusive Shell Oil (Pases Baixos), Citgo Petroleum (Venezuela), Canon Uapo) e Fireman's Fund (Alemanha). Muitas outras empresas que operam nos Estados Unidos so de propriedade de companhias estrangeiras, inclusive a MO Communications (Reino Unido) e a Northwest Airlines (Pases Baixos). Enquanto as EMNs com base nos Estados Unidos pensam em expandir-se para outros pases, elas precisam tambm competir com empresas estrangeiras nos Estados Unidos.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]Fatores que Afetam o Investimento Estrangeiro Direto Os fluxos de capital resultantes de IED mudam toda vez que as condies em um pas modificam o desejo das empresas de realizar operaes comerciais nesses locais. Alguns dos fatores mais comuns que poderiam afetar o apelo de um pas para o IED so identificados aqui. Durante os anos 1990, muitos pases reduziram suas restries sobre o IED, abrindo, portanto, o caminho para mais IED nesses pases. Muitas EMNs com base nos Estados Unidos, incluindo Bausch & Lomb, Colgate-Palmolive e General Electric, entraram em pases menos desenvolvidos, como Argentina, Chile, Mxico, ndia, China e Hungria. Novas oportunidades nesses pases apareceram com a remoo de barreiras governamentais. Vrios governos nacionais envolveram-se recentemente em privatizaes ou venderam algumas de suas operaes a empresas e outros investidores. A privatizao popular no Brasil e no Mxico, em pases do Leste Europeu, como a Polnia e a Hungria, e em territrios do Caribe, como as Ilhas Virgens. Permite grandes negcios internacionais com as empresas estrangeiras que podem adquirir operaes vendidas por governos nacionais. A razo elementar para que o valor de mercado de uma empresa possa crescer em resposta privatizao a melhoria antecipada na eficincia administrativa. Os gestores de uma empresa de propriedade privada podem concentrar-se no objetivo de maximizar a riqueza do acionista, ao passo que, em negcios do governo, o Estado precisa considerar as ramificaes sociais e econmicas em qualquer deciso de negcios. Os gestores de um empreendimento privado tambm esto mais motivados para assegurar a lucratividade porque suas carreiras podero depender dela. Por essas razes, empresas privatizadas buscaro oportunidades locais ou globais que possam aumentar seu valor. A tendncia em relao privatizao criar, sem dvida, um mercado global mais competitivo. Crescimento Econmico Potencial. Os pases que possuem um crescimento econmico potencial tm uma probabilidade maior de atrair IED porque as empresas reconhecem que podero capitalizar esse crescimento ao estabelecer mais negcios nesse local. Alquotas Tributrias. Os pases que impem alquotas tributrias relativamente baixas sobre o lucro corporativo tm probabilidade maior de atrair IED. Ao avaliar a viabilidade de IED, as empresas estimam os fluxos de caixa aps tributao os quais esperam obter. Taxas de Cmbio. As empresas naturalmente preferem direcionar o IED a pases em que esperam que a moeda local se fortalea perante a sua prpria. Sob essas condies, elas podero investir fundos para estabelecer suas operaes em um pas enquanto a moeda desse pas estiver relativamente barata (fraca). Ento, os ganhos das novas operaes podero ser convertidos periodicamente para a moeda da empresa a taxas de cmbio mais favorveis. Fatores que Afetam a Carteira de Investimento Internacional O desejo de investidores individuais ou institucionais em direcionar investimentos em carteira internacional a um pas especfico influenciado pelos seguintes fatores: Alquotas Tributrias sobre Juros ou Dividendos. Investidores normalmente preferem investir em um pas em que as alquotas de tributos sobre rendimentos de juros ou dividendos de investimentos sejam relativamente baixas. Os investidores avaliam seus ganhos potenciais aps tributao perante investimentos em ttulos estrangeiros. Taxas de Juros. Investimentos em carteira tambm podero ser afetados pelas taxas de juros. O dinheiro tende a fluir para pases com taxas de juros altas, enquanto se espera que as moedas locais no enfraqueam. Taxas de Cmbio. Quando investidores investem em um ttulo em um pas estrangeiro, seu retorno afetado (1) pela mudana do valor do ttulo e (2) pela mudana no valor da moeda na qual o ttulo est denominado. 2.6 Agncias de Fluxo Internacional Uma variedade de agncias foi estabelecida para facilitar o comrcio e transaes financeiras internacionais. Essas agncias freqentemente representam um grupo de naes. Segue uma descrio de algumas das agncias mais importantes. Fundo Monetrio Internacional A Conferncia Monetria e Financeira das Naes Unidas realizada em Bretton Woods, New Hampshire, em julho de 1944, foi organizada para desenvolver um sistema monetrio internacional

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]estruturado. Como resultado dessa conferncia, foi formado o Fundo Monetrio Internacional (FMI). Os objetivos principais do FMI so de (1) promover a cooperao entre os pases em relao a questes monetrias internacionais, (2) promover a estabilidade nas taxas de cmbio, (3) fornecer fundos temporrios para pases-membros tentarem corrigir desequilbrios de pagamentos internacionais, (4) promover a livre mobilidade dos fluxos de capitais entre os pases e (5) promover o livre comrcio. Uma das responsabilidades-chave do FMI sua ao financeira compensatria, que procura reduzir o impacto da instabilidade das exportaes sobre as economias do pas. Embora esteja disponvel a todos os membros do FMI, essa opo usada principalmente por pases em desenvolvimento. Um pas que passa por problemas financeiros devido aos ganhos reduzidos nas exportaes deve mostrar que a reduo temporria e fora de seu controle. Alm do mais, deve estar disposto a trabalhar com o FMI para resolver o problema. Banco Mundial o Banco Internacional para a Reconstruo e o Desenvolvimento (Bird), tambm conhecido como Banco Mundial, foi estabelecido em 1944. Seu objetivo principal fazer emprstimos a pases para aumentar o desenvolvimento econmico. Por exemplo, o Banco Mundial recentemente concedeu um emprstimo ao Mxico de cerca de $ 4 bilhes por um perodo de dez anos, para projetos ambientais a fim de facilitar o desenvolvimento da indstria prximo divisa com os Estados Unidos. Sua fonte principal de fundos a venda de obrigaes e outros instrumentos de dvidas para investidores particulares e governamentais. O Banco Mundial possui uma filosofia com fins lucrativos. Portanto, seus emprstimos no so subsidiados, mas so concedidos a taxas de mercado para governos (e suas agncias) que tm a possibilidade de reembols-las. Um aspecto-chave da misso do Banco Mundial o Emprstimo de Ajuste Estrutural (Structural Adjustment Loan - SAL), estabelecido em 1980. Os SALs tm o propsito de aumentar o crescimento econmico dos pases a longo prazo. Por exemplo, os SALs tm sido concedidos Turquia e a alguns pases menos desenvolvidos que esto procurando melhorar sua balana comercial. Organizao Mundial do Comrcio A Organizao Mundial do Comrcio (OMC) foi criada como resultado das negociaes de comrcio da Rodada Uruguai, que levou ao acordo Gatt em 1993. Essa organizao foi estabelecida para promover um frum para negociaes de comrcio multilateral e para resolver disputas comerciais relacionadas ao Gatt. Iniciou suas operaes em 1995 com 81 pases-membros, e outros pases se juntaram desde ento. Aos pases-membros so concedidos direitos de voto que so usados em julgamentos de disputas comerciais e outros assuntos International Financial Corporation (IFC) Em 1956, a International Financial Corporation (IFC) foi estabeleci da para promover empreendimentos privados dentro dos pases. Composta por muitos paises-membros, a IFC trabalha para promover o desenvolvimento econmico pelo setor privado, em vez de pelo setor governamental. Concede emprstimos apenas a empresas, mas tambm adquire aes, tornando-se, portanto, proprietria parcial em alguns casos em vez de apenas credora. A IFC fornece tipicamente 10% a 15% dos recursos necessrios para os projetos de empreendimentos privados nos quais investe, e o restante do projeto dever ser financiado por outras fontes. Assim, a IFC age como um catalisador, como oposio a um nico apoio para o desenvolvimento de projetos de empreendimentos privados. Tradicionalmente, tem obtido financiamentos do Banco Mundial, mas pode tomar emprestado de mercados monetrios internacionais. International Development Association (IDA) A International Development Association (IDA) foi criada em 1960 com objetivos de desenvolvimento de pases um tanto similares aos do Banco Mundial. Entretanto, sua poltica de emprstimo mais apropriada para naes menos prsperas. A IDA concede emprstimos a taxas de juros baixas para naes pobres que no se qualificam para emprstimos do Banco Mundial. Bank for International Settiements (BIS) O Bank for International Settlements (BIS) procura facilitar a colaborao entre os pases em relao s transaes internacionais. Tambm realiza assistncia a pases que passam por crise financeira. O BIS s vezes conhecido como o "banco central dos bancos centrais" ou "o que empresta como ltimo recurso". Desenvolveu um papel importante ao apoiar alguns pases menos desenvolvidos durante a crise da dvida internacional no incio e meados dos anos 1980. Comumente concede financiamentos para bancos centrais da Amrica Latina e pases do Leste Europeu.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]Agncias de Desenvolvimento Regional Muitas outras agncias possuem mais objetivos regionais (opostos aos globais) relacionados ao desenvolvimento econmico, incluindo, por exemplo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (concentrando-se nas necessidades da Amrica Latina), o Banco Asitico de Desenvolvimento (estabelecido para aperfeioar o desenvolvimento econmico e social da sia) e o Banco Africano de Desenvolvimento (concentrando-se no desenvolvimento dos pases da frica). Em 1990, o Banco Europeu para a Reconstruo e Desenvolvimento foi criado para ajudar os pases do Leste Europeu a se adaptarem do comunismo para o capitalismo. Doze pases do oeste da Europa detm 51 % de participao, enquanto os pases do Leste Europeu detm 13,5%. Os Estados Unidos so os maiores acionistas, com 10% de participao. H 40 pases-membros no total. 2.7 Como o Comrcio Internacional Meta o Valor de uma EMN O valor de uma EMN pode ser afetado pelo comrcio internacional de vrias maneiras. Espera-se que os fluxos de caixa (e assim o valor) das subsidirias de uma EMN que exportam para um pas especfico aumentem naturalmente, em resposta a um ndice de inflao alto (fazendo com que substitutos locais fiquem mais caros) ou uma renda nacional mais elevada (que aumenta o nvel de gastos) daquele pas. Os fluxos de caixa esperados das subsidirias de uma EMN que exportam ou importam podem aumentar como conseqncia dos acordos comerciais do pas que reduzem tarifas ou outras barreiras comerciais. Espera-se que os fluxos de caixa para uma EMN com base nos Estados Unidos que ocorrem na forma de pagamentos por exportaes industriais nos Estados Unidos aumentem em conseqncia do dlar mais fraco, porque a demanda por suas exportaes denominadas em dlar aumentaria. No entanto, os fluxos de caixa das importadoras com base nos Estados Unidos podem ser reduzidos pelo dlar mais fraco porque seriam necessrios mais dlares (sadas de caixa elevadas) para adquirir as importaes. O dlar mais forte ter efeitos contrrios sobre os fluxos de caixa de uma EMN com base nos Estados Unidos envolvida com o comrcio internacional.

3. MERCADOS MONETRIOS INTERNACIONAIS3.1 Motivos para Usar Mercados Monetrios Internacionais Vrias barreiras impedem que os mercados de ativos reais ou monetrios se integrem completamente; essas barreiras incluem diferenciais de impostos, tarifas, cotas, imobilidade de trabalho, diferenas culturais e custos significativos de comunicao de informaes por meio dos pases. Todavia, as barreiras tambm podem criar oportunidades singulares para mercados geogrficos especficos que atrairo credores e investidores. Motivos para Investir em Mercados Estrangeiros Investidores investem em mercados estrangeiros por um ou mais dos seguintes motivos: Condies econmicas. Investidores podem esperar que as empresas em um pas estrangeiro em particular atinjam desempenhos mais favorveis que aqueles no pas de origem do investidor. Expectativas da taxa de cmbio. Alguns investidores adquirem ttulos financeiros denominados em uma moeda que se espera que valorize perante sua prpria. O desempenho de um investimento desses altamente dependente da oscilao da moeda sobre o horizonte do investimento. Diversificao internacional. Investidores podero conseguir benefcios diversificando sua carteira de ativos internacionalmente. Quando a carteira toda de um investidor no depender somente de uma nica economia do pas, diferenas de condies econmicas de alm-fronteiras podem levar ao benefcio de reduo de risco. Uma carteira de aes que corresponde a empresas de pases europeus menos arriscada que uma carteira de aes que corresponde a empresas de um nico pas europeu. Motivos para o Fornecimento de Crdito em Mercados Estrangeiros Credores (inclusive investidores individuais que compram ttulos de dvidas) tm um ou mais dos seguintes motivos para fornecer crdito em mercados estrangeiros: Taxas de juros estrangeiras altas. Alguns pases passam por escassez de fundos disponveis para emprstimos, o que pode causar a alta das taxas de juros no mercado, mesmo depois de considerado o risco de no-pagamento. Credores estrangeiros podero tentar capitalizar taxas mais altas, fornecendo capital para mercados no exterior. Freqentemente, no entanto, percebeu-se que taxas de juros

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]relativamente altas refletem elevadas expectativas inflacionrias no pas. Na medida em que a inflao pode causar a depreciao da moeda local perante outras, as taxas de juros altas no pas podem, de certa forma, ser compensadas pelo enfraquecimento da moeda local durante o perodo de tempo em questo. Expectativas da taxa de cmbio. Credores podem considerar suprir capital para pases cuja moeda talvez valorize perante sua prpria. Se a forma de transao for uma obrigao ou um emprstimo, o credor lucra quando a moeda de denominao se valoriza perante a moeda nacional do credor. Diversificao internacional. Credores podem lucrar por meio da diversificao internacional, o que poder reduzir a probabilidade de falncia entre os muturios. A eficincia de estratgias desse tipo depende da correlao entre as condies econmicas dos pases. Se os pases em questo tenderem a experimentar ciclos comerciais um tanto similares, a diversificao pelos pases ser menos efetiva. Motivos para o Emprstimo com Mercados Estrangeiros Muturios podem ter um ou mais dos seguintes motivos para emprstimos em mercados estrangeiros: Taxas de juros baixas. Alguns pases possuem grandes suprimentos de fundos disponveis comparados com a demanda por fundos, o que poder produzir taxas de juros relativamente baixas. Muturios podero tentar emprstimos de recursos de credores nesses pases porque a taxa de juros cobrada mais baixa. Espera-se que um pas com taxas de juros relativamente baixas tenha um ndice de inflao relativamente baixo, o que poder pressionar para cima o valor da moeda estrangeira e eliminar qualquer vantagem de taxas de juros mais baixas. Expectativas da taxa de cmbio. Quando uma subsidiria estrangeira de uma EMN com base nos Estados Unidos remete fundos para sua controladora americana, os fundos devem ser convertidos em dlares e esto sujeitos ao risco da taxa de cmbio. A EMN ser afetada adversamente se a moeda estrangeira sofrer uma desvalorizao nesse momento. Se a EMN espera uma possvel desvalorizao da moeda estrangeira perante o dlar, ela poder reduzir o risco da taxa de cmbio ao fazer a subsidiria tomar emprstimos no local para sustentar seu negcio. A subsidiria enviar menos fundos para a controladora se tiver de pagar juros sobre dvidas locais antes de remeter tais fundos. Assim, o montante de fundos convertidos em dlares ser menor, o que resulta em uma exposio menor ao risco da taxa de cmbio. 3.2 Mercado de Cmbio Estrangeiro Quando as EMNs ou outros participantes investem ou fazem emprstimos em mercados estrangeiros, geralmente dependem do mercado de cmbio estrangeiro para obter as moedas de que precisam. Assim, o ato de fazer emprstimos ou de investir internacionalmente exige tipicamente a utilizao do mercado de cmbio estrangeiro. Ao permitir que as moedas sejam trocadas, o mercado de cmbio estrangeiro facilita o comrcio internacional e as transaes financeiras. As EMNs dependem do mercado de cmbio estrangeiro para trocar suas moedas nacionais pela estrangeira da qual precisam para a importao de produtos ou o uso em investimento estrangeiro direto. Alternativamente, podero precisar do mercado de cmbio estrangeiro para trocar uma moeda estrangeira que receberem pela sua moeda nacional. O sistema para estabelecer as taxas de cmbio mudou ao longo do tempo. Histria do Cmbio O sistema usado para a troca das moedas estrangeiras evoluiu do padro-ouro para um acordo sobre taxas de cmbio fixas e para um sistema de taxas flutuantes. Padro-ouro. De 1876 at 1913, as taxas de cmbio eram ditadas pelo padro-ouro. Cada moeda era conversvel em ouro a uma taxa especfica. Assim, a taxa de cmbio entre duas moedas era determinada pela sua relativa taxa de conversibilidade por ona de ouro (31 gramas). Cada pas usava o ouro para apoiar sua moeda. Quando a Primeira Guerra Mundial estourou em 1914, o padro-ouro foi suspenso. Alguns pases reverteram para o padro-ouro nos anos 1920, mas o abandonaram em conseqncia de um pnico bancrio nos Estados Unidos e na Europa durante a Grande Depresso. Nos anos 1930, alguns pases tentaram ligar suas moedas ao dlar ou libra esterlina, mas havia freqentes revises. Como conseqncia da instabilidade de mercados de cmbio estrangeiros e das severas restries sobre transaes internacionais durante esse perodo, o volume de comrcio internacional declinou. Sistema de Taxa de Cmbio Flutuante. Mesmo aps vrios acordos, os governos ainda tinham dificuldade em manter as taxas de cmbio dentro dos limites estabelecidos. Em maro de 1973, as moedas mais

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]amplamente comercializadas foram autorizadas a flutuar de acordo com as foras de mercado, e os limites oficiais foram eliminados. Transaes de Cmbios Estrangeiros O "mercado de cmbio estrangeiro" no deveria ser considerado como uma construo especfica ou local em que os comerciantes trocam moedas. As empresas normalmente trocam uma moeda pela outra por meio de um banco comercial, por uma rede de telecomunicaes. Mercado Vista. O tipo mais comum de transao de cmbio estrangeiro o de troca imediata na chamada taxa vista. O mercado em que essas transaes ocorrem chamado de mercado vista (spot market). A mdia diria de cmbio estrangeiro realizada pelos bancos ao redor do mundo excede agora $ 1,5 trilho. A mdia diria de cmbio estrangeiro realizada s nos Estados Unidos excede os $ 200 bilhes. O dlar americano no faz parte de todas as transaes. Moedas estrangeiras podem ser comercializadas entre si. Por exemplo, uma empresa japonesa pode precisar de libras esterlinas para pagar importaes do Reino Unido. Embora os bancos de Londres, Nova York e Tquio, os trs maiores centros comerciais de cmbio estrangeiro, comercializem muito cmbio estrangeiro, muitas transaes de cmbio estrangeiro ocorrem fora desses centros comerciais. Uso do Dlar em Mercados Vista (Spot Market). Muitas das transaes estrangeiras no requerem o cmbio de moedas, mas permitem a uma dada moeda atravessar as fronteiras. Por exemplo, o dlar americano geralmente aceito como um meio de troca por comerciantes em muitos pases, especialmente Bolvia, Brasil, China, Cuba, Indonsia, Rssia e Vietn nos quais a moeda nacional ou fraca ou est sujeita s restries de cmbio estrangeiro. Muitos comerciantes aceitam dlares americanos porque podem us-los para comprar produtos de outros pases. O dlar americano a moeda oficial do Equador, da Libria e do Panam. Estrutura do Mercado Vista. Centenas de bancos facilitam as transaes com cmbio estrangeiro, mas os 20 principais negociam cerca de 50% das transaes. Deutsche Bank (Alemanha), Citibank (uma subsidiria do Citigroup, Estados Unidos) e IP Morgan Chase so os maiores comerciantes de cmbio estrangeiro. Alguns bancos e outras instituies financeiras formaram alianas (um exemplo a FX Alliance LLC) para oferecer transaes com moeda via Internet. Em algum momento, a taxa de cmbio entre dois pases dever ser similar nos vrios bancos que realizam servios de cmbio. Se houver uma grande discrepncia, clientes ou outros bancos devero comprar grandes montantes de uma moeda do banco que determinar um preo relativamente baixo e imediatamente vender a um banco que determine um preo relativamente alto. Esse tipo de ao produz ajustes na cotao da taxa de cmbio que eliminam qualquer discordncia. Se um banco passar a ter escassez de uma moeda estrangeira em particular, poder adquirila de outros bancos. Esse comrcio entre os bancos freqentemente conhecido como mercado interbancrio. Liquidez do Mercado Vista. O mercado vista para cada moeda pode ser descrito pela sua liquidez, que reflete o nvel da atividade comercial. Quanto mais determinados os compradores e os vendedores, tanto mais lquido o mercado se torna. Os mercados vista de moedas fortemente comercializadas, como o euro, a libra esterlina e o iene japons, so bastante lquidos. Os mercados vista para moedas de pases menos desenvolvidos, pelo contrrio, so menos lquidos. A liquidez de uma moeda afeta a tranqilidade com que uma EMN poder obt-la ou vend-la. Se uma moeda for ilquida, o nmero de compradores e vendedores determinados ser limitado, e uma EMN poder ser impossibilitada de comprar ou vender essa moeda a uma taxa de cmbio razovel. Transaes Termo. Alm do mercado vista, o mercado a termo para moedas capacita uma EMN a fixar uma taxa de cmbio (chamada de taxa a termo) pela qual vender ou comprar uma moeda. Um contrato a termo especifica o montante de uma moeda em particular que ser comprada ou vendida pela EMN em uma data determinada no futuro e a uma taxa de cmbio especfica. Bancos comerciais atendem as EMNs que desejam contratos a termo. As EMNs geralmente utilizam o mercado futuro para garantir (hedgear) pagamentos futuros que esperam fazer ou receber em moeda estrangeira. Desse modo, no precisam se preocupar acerca de flutuaes na cotao vista, at a hora de seus futuros pagamentos. A liquidez do mercado a termo varia entre as moedas. Atributos de Bancos que Realizam Cmbio Estrangeiro. As seguintes caractersticas so importantes para clientes que precisam de cmbio estrangeiro: 1. Competitividade de quota. Uma economia de um centavo por unidade de uma ordem de um milho de unidades de moeda vale $ 10.000.

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]2. Relacionamento especial com o banco. O banco poder oferecer servios de gesto de caixa ou estar disposto a fazer um esforo especial para obter moedas estrangeiras difceis de ser encontradas para a empresa. 3. Rapidez na execuo. Os bancos podem variar na eficincia com que executam um pedido. Uma empresa que precisa da moeda vai preferir um banco que realiza a transao prontamente e lida com os papis apropriadamente. 4. Conselhos sobre as condies atuais do mercado. Alguns bancos podem fornecer avaliaes de economias estrangeiras e atividades relevantes no meio financeiro internacional que so relacionadas aos clientes corporativos. 5. Conselhos de previso. Alguns bancos podem fazer previses sobre a posio futura de economias, o valor futuro das taxas de cmbio e similares. Esta lista sugere que uma empresa que necessita de uma moeda estrangeira no deveria escolher automaticamente o banco que vendesse aquela moeda menor cotao. A maioria das empresas que necessita de moedas estrangeiras desenvolve relaes estreitas com pelo menos um grande banco para o caso de necessidade de favores de um banco. Spread de dos Bancos. Bancos comerciais cobram taxas para realizar transaes de cmbio. A qualquer momento, uma cotao de compra para uma moeda estrangeira ser menos que a cotao de venda. Esse spread representa a diferena entre as cotaes de compra e venda e pretende cobrir os custos envolvidos para atender os pedidos de cmbio de moedas. O spread normalmente expresso em porcentagem da cotao de venda. Comparao do Spread de Compra/Venda entre Moedas. A diferena entre uma cotao de venda e uma cotao ask ser bem menor em moedas que tambm possuem valor menor. Essa diferena pode ser padronizada medindo-a como uma porcentagem da cotao vista da moeda. Uma maneira comum de calcular o spread de compra/venda em termos de percentagem : Taxa de venda Taxa de compra Spread de compra/venda = Taxa de venda O spread como definido aqui representa um desconto na taxa de compra como porcentagem da taxa de venda. Um spread alternativo utiliza a taxa de compra como denominador em vez da taxa de venda e mede a porcentagem de aumento da taxa de venda acima da taxa de compra. Usando essa frmula, o spread ligeiramente mais alto porque a taxa de compra usada no denominador sempre menor que a taxa de venda. Fatores que Afetam o Spread. O spread sobre cotaes de moedas influenciado pelos seguintes fatores: Spread = (Custos do pedido, Custos do estoque, Concorrncia, Volume, Risco moeda) + + + Custos dos pedidos. So os custos de processamento dos pedidos, incluindo custos de esclarecimentos e de registros das transaes. Custos de estoque. So os custos de se manter um estoque de uma moeda em particular. Manter um estoque envolve um custo de oportunidade porque os fundos poderiam ser usados para algum outro propsito. Quanto mais alto o custo do estoque, tanto maior ser o spread estabelecido para cobrir os custos. Concorrncia. Quanto maior a concorrncia, tanto menor ser o spread cotado pelos intermedirios. A concorrncia mais intensa para as moedas amplamente comercializadas porque h mais negcios nessas moedas. Volume. Moedas mais lquidas tm menos possibilidades de passar por mudana repentina de preos. Moedas que possuem um grande volume de comercializao so mais lquidas porque h inmeros compradores e vendedores em qualquer momento. Risco moeda. Algumas moedas exibem mais volatilidade que outras devido a condies econmicas ou polticas que fazem com que a demanda e a oferta da moeda mudem abruptamente.

Interpretando as Cotaes de Cmbio Estrangeiro Cotaes de taxas de cmbio para moedas amplamente comercializadas so publicadas em vrios dirios. Com algumas excees, cada pas possui sua prpria moeda. Em 1999, vrios pases europeus

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS](incluindo a Alemanha, a Frana e a Itlia) adotaram o euro como sua nova moeda. Suas moedas anteriores foram eliminadas no ano de 2002. Cotaes de Taxas a Termo. Algumas cotaes de taxas de cmbio incluem taxas a termo para a maioria das moedas amplamente comercializadas. Outras taxas a termo no so cotadas em jornais de negcios, mas so cotadas pelos bancos que oferecem contratos a termo de vrias moedas. Cotaes Diretas versus Indiretas. As cotaes de taxas de cmbio para moedas normalmente refletem os preos de venda para grandes transaes. Visto que taxas de cmbio mudam no decorrer do dia, as taxas de cmbio cotadas nos jornais refletem somente um momento do dia. As cotaes que representam o valor de uma moeda estrangeira em dlares (nmero de dlares por moeda) so conhecidas como cotaes diretas. De forma contrria, as cotaes que representam o nmero de unidades de uma moeda estrangeira por dlar so conhecidas como cotaes indiretas. Taxas de Cmbio Cruzadas. A maioria das tabelas de taxas de cmbio expressa as moedas em relao ao dlar, mas, em alguns momentos, a empresa estar interessada na taxa de cmbio entre duas moedas no referentes a dlar. Por exemplo, se uma empresa canadense precisar de pesos mexicanos para comprar produtos do Mxico, desejar saber o valor do peso mexicano em relao ao dlar canadense. O tipo de taxa desejada aqui conhecido por taxa de cmbio cruzada, porque reflete o montante de uma moeda estrangeira em relao outra moeda estrangeira. Contrato Futuro sobre Moedas e Mercados de Opes Um contrato futuro sobre moedas especifica um volume padro de uma moeda em particular para ser trocada em uma data contratada especfica. Algumas EMNs envolvidas em comrcio internacional utilizam mercados de contratos futuros para proteger (hedgear) suas posies. Contratos futuros so, de certo modo, similares aos contratos a termo, exceto que so vendidos em uma bolsa, enquanto os contratos a termo so oferecidos por bancos comerciais. Opes de moedas podem ser classificadas como opes de compra ou de venda. Uma opo de compra de moeda d o direito de comprar uma moeda especfica a um preo especfico (chamado de preo de exerccio) dentro de um perodo especfico de tempo. usada para garantir contas a pagar futuras. Uma opo de venda de moeda d o direito de vender uma moeda especfica a um preo especfico dentro de um perodo especfico de tempo. usada para garantir contas a receber futuras. 3.3 Mercado Monetrio Internacional Mercados monetrios existem em todos os pases para assegurar que os fundos sejam transferidos eficientemente de unidades com supervit (poupadores) para unidades com dficit (muturios). Esses mercados so fiscalizados por vrios reguladores para tentar aumentar a segurana e a eficincia dos mercados. As instituies financeiras que servem esses mercados monetrios existem principalmente para fornecer informaes e opinies especializadas. O aumento de negcios internacionais resultou no desenvolvimento de um mercado monetrio internacional. As instituies financeiras nesse mercado servem as EMNs que aceitam depsitos e oferecem emprstimos em uma variedade de moedas. Origens e Desenvolvimento O mercado monetrio internacional formado por grandes bancos em pases ao redor do mundo. Grandes instituies financeiras dos Estados Unidos, tais como Citigroup e J. P. Morgan Chase, so as principais participantes. Dois outros elementos importantes do mercado monetrio internacional so os mercados monetrios da Europa e da sia. Mercado Monetrio Europeu. As origens do mercado monetrio europeu podem remontar ao mercado de euromoeda que se desenvolveu durante os anos 1960 e 1970. Como as EMNs expandiram suas operaes nesse perodo, a intermediao financeira internacional surgiu para atender suas necessidades. Como o dlar americano era usado amplamente como meio para comrcio internacional, havia uma necessidade consistente de dlares na Europa e em outros lugares. Para realizar o comrcio internacional com pases europeus, empresas dos Estados Unidos depositaram dlares americanos nos bancos europeus. Os bancos estavam dispostos a aceitar os depsitos porque poderiam emprestar os dlares para empresas clientes com base na Europa. Esses depsitos em dlares nos bancos da Europa (e em outros continentes tambm) vieram a ser conhecidos por eurodlares, e o mercado para eurodlares passou a ser conhecido como mercado de euromoeda (Eurodlares e euromoeda no devem ser confundidos com o Euro, que a moeda de muitos pases europeus atualmente). Mercado Monetrio Asitico. Como o mercado monetrio europeu, o asitico originou-se como um mercado que envolvia, em sua maioria, depsitos denominados em dlares. Por isso era originalmente

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[MBA EM FINANAS EMPRESARIAIS]conhecido como mercado asitico do dlar. O mercado surgiu para atender s necessidades dos negcios que usavam o dlar americano (e algumas outras moedas) como meio de cmbio para o comrcio internacional. Esses negcios no podiam depender dos bancos da Europa devido distncia e aos diferentes fusos horrios. Hoje, o mercado monetrio asitico, como chamado agora, est centralizado em Hong Kong e em Cingapura, onde grandes bancos aceitam depsitos e concedem emprstimos em vrias moedas estrangeiras. Funes do Mercado Monetrio Internacional. Atualmente, tanto o mercado monetrio asitico como o europeu so componentes-chave do mercado monetrio internacional. A funo principal dos bancos nesse mercado canalizar fundos de depositantes para muturios. Outra funo o emprstimo interbancrio. Os bancos que possuem mais peticionrios de emprstimos qualificados do que podem atender usam o mercado interbancrio para obter fundos adicionais. Os bancos do mercado monetrio asitico geralmente emprestam de ou para bancos do mercado europeu. Padronizao de Regulamentos Bancrios Globais A crescente padronizao dos regulamentos ao redor do mundo contribui para a tendncia de globalizao da indstria bancria. Trs dos eventos reguladores mais significativos considerando um campo competitivo global so: (1) a Legislao nica Europia, (2) o Acordo Basilia I e (3) o Acordo Basilia II. Legislao nica Europia. Um dos eventos mais significativos que afetaram bancos internacionais foi a Legislao nica Europia, introduzida em 1992 pelos pases da Unio Europia (UE). As provises a seguir so algumas das mais relevantes para a indstria bancria. O capital pode fluir livremente pela Europa. Os bancos podem oferecer ampla variedade de emprstimos, leasing e atividades com valores mobilirios da UE. Regulamentos referentes concorrncia, fuses e tributaes so similares pela UE. Um banco estabelecido em qualquer um dos pases da UE tem o direito de expandir-se para quaisquer ou todos os pases da UE. Acordo Basilia I. Em dezembro de 1987, doze dos principais pases industrializados tentaram resolver as disparidades monetrias e cambiais entre as instituies propondo padres bancrios uniformes. Em julho de 1988, com o Acordo Basilia, os governantes dos bancos centrais desses 12 pases concordaram em padronizar diretrizes. Sob essas diretrizes, os bancos deveriam manter um capital igual a pelo menos 4% de seus ativos. Para esse propsito, os ativos dos bancos seriam ponderados pelo risco. Isso essencialmente resultaria na exigncia de um ndice de capital mais alto para ativos mais arriscados. Itens fora do balano geral tambm seriam contabilizados, para que os bancos no possam burlar as exigncias de capital, concentrando-se em servios que no so mostrados explicitamente como ativos de um balano patrimonial. Acordo Basilia II. Reguladores bancrios que formam o chamado Comit da Basilia esto trabalhando em um novo acordo (chamado de Basilia II) para corrigir algumas inconsistncias que ainda existem. Por exemplo, bancos em alguns pases pediram mais apoio colateral para seus emprstimos. O Acordo Basilia II tenta explicar tais diferenas entre os bancos. Alm disso, esse acordo relatar sobre o risco operacional, definido pelo Comit da Basilia como o risco de perdas resultantes de processos ou sistemas internos inadequados ou falhos. O Comit da Basilia quer incentivar os bancos a melhorar suas tcnicas de controle de risco operacional, as quais poderiam reduzir falhas no sistema bancrio. O Comit da Basilia tambm planeja exigir dos bancos que forneam mais informaes aos acionistas existentes e futuros sobre sua exposio a diferentes tipos de riscos. 3.4 Mercado de Crdito Internacional Empresas multinacionais e empresas domsticas s vezes obtm fundos de mdio prazo por meio de emprstimos a prazo de instituies financeiras locais ou por emisso de notas promissrias (obrigaes de dvidas de mdio prazo) em seus mercados locais. No entanto, as EMNs tambm possuem acesso aos fundos de mdio