apostila de orçamento e finanças públicas

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Orçamento e Finanças Públicas Professora Carolina Fontoura da Motta, economista, Premium Cursos e Concursos. e-mail: [email protected] Professora Carolina Fontoura da Motta 1

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Orçamento e Finanças PúblicasProfessora Carolina Fontoura da Motta, economista, Premium Cursos e Concursos.e-mail: [email protected]

Professora Carolina Fontoura da Motta

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1. O CICLO ORÇAMENTÁRIO

1.1 O que é o Ciclo Orçamentário?

Segundo o Professor Fernando Melo, pode ser definido como um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se elabora, executa, controla e avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro.

O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação final.

OBS.: O Ciclo Orçamentário não se confunde com o exercício financeiro.São quatro as etapas do ciclo ou processo orçamentário:1) Elaboração da proposta orçamentária; - etapa técnica2) Discussão e aprovação da lei do orçamento; - etapa política3) Execução orçamentária e financeira; e4) Controle – Tribunais de Contas e sociedade civil

É importante ressaltar que o ciclo orçamentário NÃO se confunde com o exercício financeiro, pois o primeiro pode durar mais de um exercício, dado que, segundo a Lei 4.320/64 o exercício financeiro é o ano civil (1° de janeiro a 31 de dezembro). Quando uma obra, por exemplo, é iniciada, ela pode durar mais de um exercício, pois pode iniciar em março de 2006 e concluir-se em 2010.

Interferência no Ciclo Orçamentário:

ESTADO Nação politicamente organizada

GOVERNO Elemento transitório

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (Executa o Orçamento)

SERVIÇOS PÚBLICOS (Estrutura Organizacional) – sociedade (usuário)

2. ORÇAMENTO PÚBLICO

2.1 Conceito de Orçamento Público Processo de planejamento pelo qual o Estado apresenta seus propósitos, objetivos e metas para as quais a

administração pública estima a receita e fixa a despesa.

2.2 Conceitos de Orçamento Programa Documento que trata, em termos financeiros, o programa de trabalho do governo, para cada ano (periodicidade anual),

estima os recursos que devem ser arrecadados em cada ano para financiar, no mesmo período, as despesas fixadas para a execução do programa de trabalho do governo.

A ação planejada do Estado, quer na manutenção de suas atividades, quer na execução de seus projetos, se materializa através do orçamento, que é o instrumento de que dispõe o Poder Público para expressar, em determinado período de tempo, o seu programa de ação, discriminando a origem e o montante de recursos a serem arrecadados, bem como os dispêndios a serem efetuados.

O Orçamento Programa é aquele que enfatiza o que o governo faz, realiza, e não aquilo que o governo adquire. Também chamado de orçamento de realização ou de desempenho, onde são apresentados os propósitos e objetivos para os quais os créditos se fazem necessários.

2.3 Orçamento de Base ZeroÉ definido como “um processo operacional de planejamento e avaliação orçamentária que requer de cada administrador

uma justificativa detalhada a partir de zero, sobre toda a solicitação de recursos. Todo administrador deve justificar qualquer quantia solicitada, bem como o procedimento escolhido para executar o seu trabalho. O processo requer, assim, que todas as atividades e operações sejam identificadas em pacotes de decisões que são avaliadas e classificadas segundo ordem de importância, através de uma análise sistemática.” Pyhrr apud Wilges.

O Orçamento Base Zero é um sistema pelo qual os programas e atividades são organizados e orçamentados através de um plano detalhado, que focalize revisões, reavaliações, e análises de todas as despesas propostas ao invés de considerar apenas as solicitações que ultrapassem os valores das despesas correntes. A finalidade é determinar se cada atividade deve continuar a ser

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dotada no nível atual ou em nível diferente ou mesmo ser extinta. Esse tipo de orçamento necessita que as atividades sejam colocadas em ordem de prioridades que parta do zero e suba sucessivamente níveis maiores de realização e respectivos custos.

É uma técnica geralmente utilizada para analisar o pedido de verbas sem o compromisso implícito de manter níveis de dispêndios aprovados anteriormente.

2.3.1 Características do Orçamento Base Zero Justificativa de todos os programas a serem financiados, quer dos já implantados, quer dos novos. Preparação de um “pacote de decisão” Hierarquização do “pacote de decisão” Sistema que organiza os programas e as atividades de forma detalhada, tanto os em andamento como os

novos Requer revisão, avaliação e análise de todas as despesas propostas, deixando de se considerar os gastos em

andamento como inquestionáveis Parte do zero para analisar os programas e atividades, podendo os gastos em andamento serem reduzidos ou

eliminados por novos.

2.4 Princípios Orçamentários

Princípios Clássicos ou Básicos1) Princípio da Anualidade – a previsão das receitas e a fixação das despesas deve referir-se a um período limitado de

tempo. Em geral, de um ano. Conforme CF art. 165, III (orçamentos anuais), Lei 4.320/64 art. 2° (anualidade) e art. 34 (exercício financeiro – ano civil).

2) Princípio da Unidade – Eliminação de orçamentos paralelos, existe apenas um orçamento para cada período. Conforme CF art 165 parágrafo 5° (orçamento referente aos Poderes da União, investimentos das empresas estatais, seguridade social) e art. 2° da Lei 4.320/64 (unidade).

3) Princípio da Universalidade – todas as receitas e todas as despesas referentes aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta.

Demais princípios orçamentários4) Princípio da Exclusividade – conter apenas matéria orçamentária, não admitindo-se assuntos estranhos. Excetuam-se:

autorização de abertura de créditos orçamentários até determinado limite e contratação de operações de crédito, inclusive por antecipação de receitas (LRF).

5) Princípio da Especificação – vedadas autorizações globais, as despesas devem aparecer em um nível tal de desagregação que facilite a análise por parte das pessoas. Conforme Lei 4.320/64, a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo, por elementos.

6) Princípio da Publicidade – conteúdo orçamentário deve ser publicado através dos veículos oficiais de comunicação.7) Princípio do Equilíbrio – em cada exercício, o montante de despesas não pode ultrapassar o montante de receitas

previstas para aquele período. Conforme REGRA DE OURO da Lei de Responsabilidade Fiscal: o montante prevista para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

8) Princípio do Orçamento Bruto – todas as parcelas da receita e da despesa devem constar no orçamento em valore brutos, isto é, sem qualquer tipo de dedução.

9) Princípio da Não Afetação da Receita – conforme a CF é vedada a vinculação de receitas, ressalvadas as repartições do produto de arrecadação dos impostos dos arts. 158, 159, 198, 212 e 165.

2.5 Classificação OrçamentáriaDe grande importância para a compreensão do orçamento são os critérios de classificação das contas públicas. As

classificações são utilizadas para facilitar e padronizar as informações que se deseja obter. Pela classificação é possível visualizar o orçamento por Poder, por Instituição, por Função de Governo, por Programa, por Subprograma, por Projeto e/ou Atividade, ou, ainda por categoria econômica.

Várias são as razões por que deve existir um bom sistema de classificação no orçamento. Podemos citar algumas:1) Facilitar a formulação de programas.2) Proporcionar uma contribuição efetiva para o acompanhamento da execução do orçamento.3) Determinar a fixação de responsabilidades.4) Possibilitar a análise dos efeitos econômicos das atividades governamentais.Dependendo do critério de classificação, alguns aspectos das contas poderão ser evidenciados. A Lei estabelece a

obrigatoriedade de classificação segundo vários critérios, conforme veremos a seguir: Classificação por Categoria Econômica A classificação por categoria econômica é importante para o conhecimento do impacto das ações de governo na

conjuntura econômica do país. Ela possibilita que o orçamento constitua um instrumento de importância para a análise e ação de política econômica, de maneira a ser utilizado no fomento ao desenvolvimento nacional, no controle do déficit público, etc. Por esse critério, o orçamento se divide em dois grandes grupos: as Contas Correntes e Contas de Capital:

RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITALReceita Tributária Operações de Crédito

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Receita de Contribuições Alienação de BensReceita Patrimonial Amortização de EmpréstimosReceita Agropecuária Transferências de CapitalReceita Industrial Outras Receitas de CapitalReceita de ServiçosTransferências CorrentesOutras Receitas Correntes

DESPESAS CORRENTES DESPESAS DE CAPITALPessoal e Encargos Sociais Investimentos Juros e Encargos da Dívida Inversões FinanceirasOutras Despesas Correntes Amortização da DívidaOutras Despesas de Capital Classificação Funcional ProgramáticaA classificação Funcional Programática representou um grande avanço na técnica de apresentação orçamentária. Ela

permite a vinculação das dotações orçamentárias a objetivos de governo. Os objetivos são viabilizados pelos Programas de Governo. Esse enfoque permite uma visão de "o que o governo faz", o que tem um significado bastante diferenciado do enfoque tradicional, que visualiza "o que o governo compra".

Os programas, na classificação funcional-programática, são desdobramentos das funções básicas de governo. Fazem a ligação entre os planos de longo e médio prazos e representam os meios e instrumentos de ação, organicamente articulados para o cumprimento das funções. Os programas geralmente representam os produtos finais da ação governamental. Esse tipo de orçamento é normalmente denominado Orçamento-Programa.

No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado em diversas categorias programáticas, ou níveis de programação, que representam objetivos da ação governamental em diversos níveis decisórios. Assim, a classificação funcional programática apresenta:

· Um rol de funções, representando objetivos mais gerais: o maior nível de agregação das ações, de modo a refletir as atribuições permanentes do Governo.

· Um rol de programas, representando produtos concretos. São os meios e instrumentos de ações organicamente articulados para o cumprimento das funções. Uma função se concretiza pela contribuição de vários programas.

· Um rol de subprogramas, representando produtos e ações parciais dos programas.Por exemplo, a função Saúde e Saneamento está desdobrada em programas de Saúde, Saneamento e Proteção ao Meio

Ambiente. O programa de Saneamento está desdobrado em subprogramas de Abastecimento D’água, Saneamento Geral e Sistema de Esgoto.

Aos subprogramas estarão vinculados os projetos e atividades. Cada projeto se subdivide em vários subprojetos e cada atividade em várias subatividades. Os subprojetos e subatividades constituem o menor nível de agregação das ações e concorrem diretamente para a obtenção dos objetivos pretendidos nos outros níveis de programação.

Em síntese:· As funções representam as áreas de atuação do Governo;· Os programas e subprogramas representam os objetivos que se pretende alcançar;· Os projetos e atividades representam os meios de alcançar tais objetivos

3. RECEITA PÚBLICA

3.1 Receita Pública – Conceitos Soma de dinheiro que recebem o Estado e os demais entes públicos para cobrir com elas os seus gasto. É o capital arrecadado, coercitivamente, do povo, tomado por empréstimo ou produzido pela renda dos seus

bens ou pela sua atividade, de que o Estado dispõe para fazer face às despesas públicas.Conforme a Portaria STN n° 219 de abril de 2004:

Receita Pública é uma derivação do conceito contábil de Receita, agregando outros conceitos utilizados pela Administração Pública em virtude de suas peculiaridades. No entanto, estas peculiaridades não interferem nos resultados contábeis regulamentados pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio dos Princípios Fundamentais, até porque, a macromissão da contabilidade é atender a todos os usuários da informação contábil , harmonizando conceitos, princípios, normas e procedimentos às particularidades de cada entidade.Receitas Públicas são todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma todo o ingresso orçamentário constitui uma receita pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas.

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Orçamentários

INGRESSOSExtra - Orçamentários

RECEITAS

Aumento do Ativo

PATRIMÔNIO Redução do Passivo

3.2 Classificação por Fontes de RecursosO código da fonte de recursos compõe-se de três dígitos, sendo que o primeiro digito determina o grupo, e os dois

seguintes a sua especificação. Os grupos de fontes de recursos são:100 – recursos do tesouro – exercício corrente200 – recursos de outras fontes – exercício corrente300 – recursos do tesouro – exercícios anteriores600 – recursos de outras fontes – exercícios anteriores900 – recursos condicionados

3.3 Classificação por Categorias Econômicas Segundo a Lei 4.320/64, a receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de

Capital.Receitas CorrentesSão compostas de receitas derivadas e receitas originárias, e ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de

outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.Receita Derivada = receita tributáriaReceita Originária = receita empresarial do Estado, tais como receita patrimonial, industrial, entre outras.Receita Tributária – proveniente da arrecadação de impostos, taxas, contribuição de melhorias, contribuições sócias.

Receita privativa das entidades competentes para tributar – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Receitas de CapitalSão provenientes da realização de recursos oriundos de: a) contração de dívida; b) conversão, em espécie, de bens e

direitos; c) recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesa de Capital; e d) superávit do orçamento corrente.

Conforme art. 2° da Lei 4.320/64:São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívida; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

SUPERÁVIT DO ORÇAMENTO CORRENTE = RECEITAS CORRENTES – DESPESAS CORRENTES

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3.4 Outras Definições para a ReceitaReceita Financeira: aplicações financeiras, operações de crédito, alienação de ativos.Receita Não Financeira: tributos, contribuições, patrimoniais, agropecuária, de serviços, industrial, etc.Receitas Ordinárias: ocorrem regularmente em cada período financeiro.Receitas Extraordinárias: decorrem de situações emergenciais ou eventuaisReceita Compartilhada: receita orçamentária pertencente a mais de um beneficiado.Receita Prevista, Estimada, Orçada: recursos estabelecidos a serem arrecadados em determinado exercício.Receita Vinculada: receita arrecadada com destinação específica em dispositivos legais.Receita Compulsória: legislação imposta ao particular gerando obrigações – tributos.Receita Facultativa: origem de atos jurídicos bilaterais, vontade das partes – aluguéis.

3.5 Estágios da Receita3.5.1 Fixação

O primeiro estágio da Receita é a fixação e este se compõe das seguinte etapas:a) proposta orçamentáriab) conversão da proposta em orçamento públicoc) lançamento

3.5.2 Lançamento – ConceitoSão objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei,

regulamento ou contrato. O lançamento da receita é ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.

Pode ser entendido como um procedimento administrativo que:a) verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondenteb) determina a matéria tributávelc) calcula o montante do tributo devidod) identifica o sujeito passivoe) propõe a penalidade cabível.

3.5.3 Modalidades de ArrecadaçãoLançamento direto ou de ofício – IPTU, IPVALançamento por homologação – IPI, ICMS, ISSLançamento por declaração – IR

3.5.4 ArrecadaçãoO momento da arrecadação é aquele em que os contribuintes comparecem perante os agentes arrecadadores,

geralmente através de estabelecimentos bancários oficiais ou privados, devidamente credenciados, a fim de liquidarem suas obrigações para com o Estado.

3.5.5 RecolhimentoCaracteriza-se pela entrega do produto da arrecadação efetuado pelos agentes arrecadadores diretamente ao

caixa da União – Tesouro Nacional.

Receitas por Categoria Econômica

Receitas Correntes

Receitas de Capital

Originária Derivada Extra-orçamentária

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4. DESPESA PÚBLICA

4.1 Despesa Pública – ConceitoDesigna o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos

serviços públicos. Pode, também, significar a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo.

4.2 Classificação da DespesaO modelo brasileiro de classificação da despesa observa diversos critérios de classificação da despesa, dentre

eles, destacamos:1) Classificação por Esferas Orçamentárias2) Classificação Institucional (ou Departamental)3) Classificação Funcional4) Estrutura Programática5) Classificação por Categorias Econômicas6) Classificação quanto à Natureza da Despesa7) Classificação por Elementos de Despesa.

4.2.1 Por Esferas Orçamentárias10 – Orçamento Fiscal20 – Orçamento da Seguridade Social30 – Orçamento de Investimento

4.2.2 Classificação InstitucionalClassifica as despesas conforme as instituições autorizadas a realizá-las relacionando os órgãos da administração

pública direta ou indireta.a) Órgãos: são o nível institucional que, a titulo de subordinação ou supervisão, agregam determinadas unidades

orçamentárias e unidades administrativas.b) Unidades Orçamentárias: são os agrupamentos de serviços subordinados ao mesmo órgão a que são

consignadas dotações orçamentárias próprias.c) Unidades Administrativas: são o nível institucional que, por não possuírem autonomia orçamentária, necessitam

de uma Unidade Orçamentária para a obtenção de recursos.Um órgão ou unidade orçamentária pode, em casos especiais, não corresponder a uma estrutura administrativa

como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com os órgão.

4.2.3 Classificação FuncionalA classificação funcional busca responder basicamente à indagação “em que” área de ação governamental a

despesa será realizada, composta de um rol de funções e sub-funções prefixadas, que servem como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas de Governo.

Trata-se de uma classificação independente de programas. Por ser de aplicação comum e obrigatória no âmbito dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União, a classificação funcional permitirá a consolidação nacional dos gastos do setor público.

Conceito: visa fornecer informações mais amplas sobre as programações de governo, apresentando:a) uma relação de funções que são objetivos gerais do Estado;b) a sub-função representa a partição da função, visando agregar determinado subconjunto de despesas e

identificar a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções.

4.2.4 Estrutura ProgramáticaResponde à indagação “para que” os recursos são alocados? Qual a finalidade dos recursos. Isso significa dizer

que ela identifica Programação a ser executada e Ações que serão empreendidas para solucionar problemas ou atender as demandas da sociedade.

É uma estrutura baseada em gerenciamento de programas, e utiliza-os como módulo de integração entre o Planejamento e o Orçamento, e contempla as seguintes características:

a) visão estratégica, fixando objetivos,b) identificação dos problemas a enfrentar ou oportunidades a aproveitar, tornando realidade a visão estratégica,c) concepção de programas que deverão ser implementados para alcançar os objetivos traçados,d) especificação das diferentes ações do programa, com a identificação dos respectivos produtos, que darão

origem, quando couber, aos projetos e atividades,e) atribuição de indicadores aos objetivos, aos produtos e metas.DefiniçõesAção – toda ação do governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos

estratégicos definidos para o período do Plano Plurianual – PPA. As ações são compostas de atividades, projetos e operações especiais.

Projeto – instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou aperfeiçoamento da ação do governo.

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Atividade – instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação do governo.

Operação Especial – são despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações do governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta em bens ou serviços. Porém, um grupo importante de ações com natureza de operações especiais, quando associadas a programas finalísticos, podem apresentar uma medição correspondente a volume ou carga de trabalho.

4.2.5 Classificação por Categorias EconômicasOs critérios institucional, funcional e o programático têm grande utilidade administrativo-gerencial, pois alimentam

com informações as etapas de programação, tomada de decisões, execução, avaliação e controle. O critério por categorias econômicas visa dar informações sobre os efeitos que o gasto público tem na atividade econômica de um país. Pode indicar com precisão qual a contribuição do governo para a renda nacional e se essa contribuição está aumentando ou diminuindo. Pode indicar, ainda, a parcela propiciada pelo setor governamental para a formação de capital de um país. Além disso, pode demonstrar, comparando-se os diversos exercícios financeiro, se o governo está contribuindo para a aumentar as pressões inflacionárias, uma vez que suas atividades aumentam a demanda por bens e serviços, produzindo inflação.

Despesas Correntes – são destinadas à manutenção e funcionamento dos serviços públicos gerais anteriormente criados na administração pública direta ou indireta, e ao se converterem em moeda são consumidos na corrente do mercado. Divide-se em duas sub-categorias:

a) despesas de custeio – são dotações para a manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.

b) transferências correntes – são dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta de bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manutenção de outras entidades de direito público ou privado; são sub-divididas em subvenções sociais e subvenções econômicas.

Despesas de Capital – são efetuadas pela administração pública com a intenção de adquirir ou construir bens de capital que enriquecerão o patrimônio público ou serão capazes de gerar novos bens e serviços. Dividem-se em:

a) investimentos – são dotações destinadas para o planejamento e a execução de obras públicas, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e a constituição ou aumento do capital social de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.

b) inversões financeiras – dotações destinadas a aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização na economia, aquisição de títulos representativos de capital de empresas ou entidades que visem objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias e de seguros.

c) transferências de capital – dotações para despesas com investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente da contraprestação direta dos bens ou serviços a serem adquiridos; são auxílios ou contribuições.

4.2.6 Classificação quanto à Natureza da DespesaObserva os seguintes elementos: categoria econômica da despesa, grupo de despesa, modalidade de aplicação,

elemento de despesa.

4.3 Estágios da Despesa4.3.1 Empenho

Conceito – ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

O valor do empenho não poderá exceder o limite de crédito concedido na dotação orçamentária própria. Isto quer dizer que poderão ser efetuados tantos empenhos quantos forem necessários, desde que o somatório não ultrapasse o montante da dotação.

Características do Empenho:a) deve emanar de autoridade competente,b) o chefe do executivo e por delegação de competência, outro funcionário, será o ordenador de despesas,c) cria para o Estado a obrigação de pagamento,d) esta obrigação de pagamento pode ser pendente ou não de implemento de condição.Então, empenho é ato emanado da autoridade competente que determina a dedução do valor da despesa a ser

realizada da dotação consignada no orçamento para atender essa despesa. É uma reserva que se faz, ou garantia que se dá ao fornecedor ou prestador de serviços, com base em autorização e dedução da dotação respectiva, de que o fornecimento ou serviço contratado será pago.

Tipos de Empenho:1) ordinário – emitido para certo e determinado credor e relativo a uma única parcela de valor indivisível,2) por estimativa – não sendo conhecido o valor da despesa, emite-se um empenho estimativa, isto não significa

que o credor e o objeto de despesa sejam também desconhecido, a estimativa refere-se apenas ao valor,3) global – engloba pagamentos parcelados relativos a contratos.

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4.3.2 LiquidaçãoConsiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base títulos e documentos comprobatórios do

respectivo crédito. Tem por finalidade apurar a origem e o objeto que se deve pagar, a importância exata a ser paga e a quem deve se pagar a importância para extinguir a obrigação.

A liquidação da despesa tem por base o contrato com o fornecedor, a nota de empenho (diferente do empenho) e os comprovantes de entrega do material ou prestação efetiva do serviço.

4.3.3 PagamentoO pagamento da despesa só poderá ser efetuado quando ordenado após sua regular liquidação. A liquidação da

despesa permite à administração pública reconhecer a dívida como líquida e certa, só então nasce a obrigação de pagar.A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja

paga, só podendo ser exarado pelos serviços de contabilidade da administração pública.

5 Suprimento de Fundos (Adiantamento)

Conceito – entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho prévio na dotação própria à despesa a realizar e que não possa subordinar-se ao processo normal de execução da despesa.

O ordenador de despesas é autoridade competente para conceder suprimento de fundos fixando-lhe o valor. As despesas referentes a suprimento de fundos são efetivadas através de Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal.

As despesas poderão ser realizadas da seguinte forma:a) diretamente no estabelecimento comercial afiliado, oub) por meio de saque em moeda corrente.Os saques efetuados com Cartão de Crédito Corporativo serão debitados diretamente à conta única e terão a

contabilização automática dos registros da operação no sistema do governo, após o recebimento do arquivo magnético do agente financeiro.

São passíveis de realização de despesas através de suprimento de fundos:a) serviços especiais que exijam pronto pagamento em espécie, b) despesa de caráter sigiloso, conforme se classificar em regulamento, c) para atender despesa de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar o

limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda.Não serão concedidos suprimentos de fundos a:a) servidor responsável por dois suprimentos,b) servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do material a adquirir, salvo quando não houver

na repartição outro servidor,c) responsável por suprimento de fundos que, esgotado o prazo, não tenha prestado contas de sua

aplicação, ed) servidor declarado em alcance, ou que esteja respondendo a inquérito administrativo.Servidor declarado em alcance: é aquele que não prestou contas do suprimento no prazo regulamentar, ou que

não teve aprovadas suas contas em virtude de desvio, desfalque, falta ou má aplicação verificados na prestação de contas, bem ou valores confiados a sua guarda.

5.1 Controle do Suprimento de FundosA entrega de recursos financeiros será precedida de empenho prévio das despesas na respectiva classificação

orçamentária e será feita mediante ordem bancária de pagamento em favor do suprido ou crédito em conta bancária em nome do suprido.

5.2 O Prazo de Aplicação do SuprimentoNão deve exceder a noventa dias e nem ultrapassar o exercício financeiro. O servidor tem o prazo de trinta das

para prestar contas do suprimento, uma vez que tenha expirado o prazo de aplicação. A prestação de contas da importância aplicada até 31 de dezembro deverá ser apresentada até o dia 15 de janeiro do exercício subseqüente.

5.3 Comprovação do Suprimento de FundosDocumentos para comprovação:a) cópia do ato de concessão do suprimento,b) primeira via da Nota de Empenho da despesa,c) extrato da conta bancária, ou, se for o caso, o extrato do Cartão de Crédito Corporativo,d) comprovantes das despesas realizadas,e) comprovante do recolhimento do saldo não utilizado.

5.4 Contabilização do Suprimento de FundosÉ contabilizado e incluído nas contas do ordenador de despesas como despesas realizadas. As restituições, por

falta de aplicação, parcial ou total, ou aplicação indevida, constituirão anulação de despesas, ou receita orçamentária, se recolhidas após o encerramento do exercício.

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6. Restos a Pagar

Os restos a pagar são resíduos passivos, despesas empenhadas e não pagas dentro do exercício financeiro.Segundo legislação competente, o regime de competência exige que as despesas sejam contabilizadas conforme

o exercício a que pertencem.Classificam-se em:1) Processados: despesas em que o credor já tenha cumprido com suas obrigações, tendo direito líquido e certo e

em condições de receber o pagamento.2) Não Processados: despesas que dependem de fornecimento ou prestação de serviço, o direito do credor ainda

não foi apurado.Observações importantes:- Os restos a pagar terão validade até 31 de dezembro do exercício financeiro subseqüente, a partir de então

serão cancelados. - A inscrição da despesa em restos a pagar deverá ser feita pelo valor devido, ou caso o valor seja desconhecido, pelo

valor estimado.- É vedada a reinscrição de empenhos em restos a pagar.- O direito creditório tem validade por cinco anos.

7. Despesas de Exercícios Anteriores

São dívidas resultantes de compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos.

Poderão ser pagas à conta de despesas de exercícios anteriores, desde que autorizadas pelo ordenador de despesas, respeitada a categoria econômica própria:

a) despesas de exercícios encerrados,b) restos a pagar com prescrição interrompida ec) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento criada em virtude de lei e reconhecidos após o

encerramento do exercício.

8. Mecanismos Retificadores do Orçamento

8.1 Conceito de Créditos AdicionaisMecanismos para corrigir falhas durante o processo de planejamento do orçamento anual.

8.2 Classificaçãoa) Suplementares – destinados a reforço de dotação orçamentária já existente no orçamento.b) Especiais – destinados para despesas que não contêm dotação específica.c) Extraordinários – atendem despesas urgentes e imprevistas.

8.3 Características- Créditos suplementares devem ter autorização por lei e abertos por decreto do executivo.- A abertura dos créditos depende da existência de recursos prévios.- Acompanham a vigência do orçamento.

8.4 Recursos Disponíveis para Abertura de Créditos Adicionais- Superávit financeiro apurado em balanço comercial no exercício anterior.- Excesso de arrecadação.- Anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou créditos adicionais já autorizados em lei.- Produto de operações de crédito.

9. Descentralização de Créditos

É a figura pela qual uma unidade orçamentária ou administrativa transfere a outras unidades orçamentáriasou administrativas o poder de utilizar créditos que lhes forem dotados. A descentralização de créditos permite mais

flexibilidade e dinamicidade na execução dos projetos e atividades.Antes de se efetivar a descentralização a unidade precisa verificar se existe necessidade justificada da transferência, bem

como, capacidade de gestão da unidade que vai receber o crédito, isto é, se ela dispõe de condições administrativas mínimas para gerir os créditos e se estar regularmente cadastrada como Unidade Gestora.

Existem duas operações descentralizadoras de créditos:- EXTERNA - (DESTAQUE) - Quando se tratar de descentralização entre Unidades Gestoras de órgãos/ministérios ou

entidades de estruturas diferentes.- INTERNA - (PROVISÃO) - Nos casos de descentralização de créditos das unidades orçamentárias para asunidades administrativas, sob sua jurisdição ou entre estas, no âmbito do próprio Ministério/órgão. Os créditos descentralizados não podem ser utilizados em programas ou elementos de despesa diferentesdaqueles constantes do orçamento de créditos adicionais, observando-se o Quadro de Detalhamento da Despesa.

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A Unidade Administrativa somente descentralizará os créditos recebidos, se previamente autorizada pela Unidade Orçamentária que lhe efetivou a transferência.

O Destaque ou a Descentralização podem ser anulados total ou parcialmente, possibilitando a reversão docrédito a Unidade Orçamentária distribuidora , quando:- verificada a ociosidade do crédito na unidade beneficiada;- houver engano no valor do crédito distribuido ou necessidade de reduzi-lo;- houver alteração orçamentária;- houver cancelamento do ato que deu origem a descentralização; e- a descentralização foi emitida inadequada ou indevidamente.

10. Movimentação de Recursos Financeiros

A movimentação de recursos financeiros é feita através de três figuras: cota, repasse e sub-repasse.

10.1 - CotaApós aprovação do cronograma de desembolso pela STN, esse órgão coloca à disposição dos órgãos setoriais, nas

respectivas contas no Banco do Brasil S.A., os recursos necessários aos pagamentos do mês. A cota é a primeira fase da movimentação dos recursos e é liberada em consonância com o cronograma de desembolso de cada Ministério ou Órgão. Define-se, portanto, como liberação de cota o ato pelo qual a Secretaria do Tesouro Nacional autoriza o Banco do Brasil S.A., na qualidade de agente financeiro do Tesouro Nacional, a colocar à disposição das autoridades dos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo os valores que lhes tenham sido atribuídos, ou, nos casos de unidades integrantes do SIAFI na modalidade total, dos limites de autorização de saques que lhes são estabelecidos pela citada Secretaria do Tesouro Nacional.

10.2 - RepasseO repasse é a movimentação de recursos financeiros efetuados das seguintes formas:a) dos órgãos setoriais de programação financeira para entidades da administração indireta, e entre estas; eb) de entidades da administração indireta para órgãos da administração direta, ou entre estes, se de outro Órgão ou

Ministério.

10.3 - Sub-RepasseO sub-repasse é a movimentação de recurso financeiro, dos órgãos setoriais de programação financeira para as unidades

gestoras de sua jurisdição e entre as unidades gestoras de um mesmo Ministério, Órgão ou Entidade. Ressalte-se que a figura do sub-repasse está sempre associada "a provisão", do lado orçamentário.

11. Transferências Orçamentárias

Conforme determina o art. 10 do Decreto-Lei 200/67, a execução das atividades da Administração Pública Federal deverá ser amplamente descentralizada objetivando liberar a administração central das tarefas de execução e de mera formalização de atos administrativos, para que a mesma possa concentrar-se nas atividades de planejamento, supervisão, coordenação e controle.

A descentralização das tarefas de execução são operacionalizadas, via de regra, com transferências orçamentárias, através das quais, cada Ministério ou Órgão delega, a outrem, poderes para executar atividades de sua competência, nos seguintes planos:

a) da Administração Federal para unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênios; e

b) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões. Nos termos da Lei n. 4.320/64, as transferências classificam-se em duas categorias econômicas: Correntes e Capital. As transferências correntes constituem dotações para despesas para as quais não corresponda contraprestação

direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender a manutenção de outras entidades de direito público ou privado.

As transferências de capital, são dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devem realizar independentemente de contraprestação em bens ou serviços, constituindo-se essas transferências em auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especial anterior.

11.1 - Tipos

a) Para efeito legal, consideram-se subvenções as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, destinguindo-se:

-Subvenções Sociais – as destinadas à prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional; e

-Subvenções Econômicas – as destinadas à cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza autárquica ou não.

b) As contribuições são dotações para despesas decorrentes da Lei de Orçamento e/ou destinadas a fundos nos termos da legislação vigente.

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c) Auxílios são dotações destinadas a atender despesas decorrentes da Lei de Orçamento e as destinadas a atender despesas de capital de autarquias e fundações instituídas pelo poder público, e entidades privadas sem fins lucrativos.

11.2 - Condições

a) A concessão de subvenção social só poderá ser feita se a instituição interessada satisfizer específicas condições, sem prejuízo de exigências próprias previstas na legislação especial.

b) A subvenção econômica será concedida a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril, mediante expressa autorização em lei especial (Lei 4.320/64, art. 12, § 3º, II, e art. 19).

Somente será concedida subvenção à entidade privada que comprovar sua capacidade jurídica e regularidade fiscal.

c) Os auxílios e as contribuições se destinam a entidades de direito público ou privado, sem finalidade lucrativa.

Quando a subvenção social ou auxílio se destinar a projeto cuja realização exija recursos em montante superior ao da concessão, está ficará condicionada à comprovação, pela entidade interessada, de que os recursos complementares estejam assegurados por fontes certas e determinadas.

Não poderá haver mais de uma unidade orçamentária ou unidade administrativa concedendo subvenção ou auxílio para a mesma finalidade.

A documentação comprobatória da aplicação da subvenção ou auxílio ficará arquivada na entidade beneficiada, à disposição dos órgãos de controle interno e externo, durante o prazo de 5 (cinco) anos da aprovação da prestação de contas.

12. Conceitos Básicos – Teoria das Finanças Públicas.

A maioria das pessoas ao analisar questões relacionadas com Finanças Públicas, em especial os orçamentos de receitas e despesas governamentais, acredita que elas servem exclusivamente para permitir o funcionamento dos múltiplos serviços prestados pelo Estado. Neste caso, os governos exerceriam o papel de coletores de tributos para o pagamento de funcionários públicos, comprador de bens para equipar e fazer funcionar as repartições públicas, construtor de escolas, estradas, hospitais, etc.

Outros já entendem que, paralelamente a essas tarefas, diversas outras atividades, algumas até típicas de iniciativa privada, também são beneficiárias diretas das despesas orçamentárias. O Estado administra uma enorme rede de transferências de renda por meio da Previdência Social. Distribui crédito subsidiado para as atividades agrícolas e de exportação. Proporciona isenções fiscais direcionando os investimentos da iniciativa privada para setores ou regiões determinadas.

Percebe-se, portanto, que múltiplos objetivos econômicos e sociais são perseguidos por meio dos orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios. Além disso, identificamos o Estado como um agente econômico-social de maior peso nas sociedades contemporâneas devido a grande massa de recursos que os governos movimentam por intermédio dos tributos recolhidos e dos gastos efetuados a cada ano.

O orçamento público, além de permitir ao Estado a execução das tarefas tradicionais de justiça, segurança e defesa e além de perseguir os objetivos de satisfazer as necessidades sociais e induzir a uma eficiente utilização dos recursos e de distribuir a renda entre as diversas regiões, configura-se em investimento de política macroeconômica de estabilização fiscal.

As receitas e despesas do Estado podem ser utilizadas como instrumento, ao lado de outros, para influenciar o nível de produção nacional e emprego, para controlar o nível de preços (inflação), para buscar o equilíbrio da balança de pagamentos e para direcionar as decisões de consumo e investimento dos agentes privados.

Agentes Privados – famílias, empresas. No ciclo da economia eles mandam dinheiro para o Estado na forma de tributos.

13. Evolução Clássica das Funções do Estado

A participação do governo na economia pode ser decomposta na sua atuação em três funções:

13.1 Função AlocativaRefere-se à alocação de recursos pela atividade estatal quando não houver eficiência da iniciativa privada ou

quando a natureza da atividade indicar a necessidade da presença do Estado. A intervenção estatal na alocação de recursos justifica-se naqueles casos que não são interesse do setor privado. Como exemplo, podemos citar os investimentos na infra-estrutura econômica e provisão de bens públicos e meritórios.

Produzir sapatos e produzir energia elétrica são atividades econômicas que apresentam características tais que remetem com facilidade os primeiros para o setor privado enquanto o setor público é quem de fato tem iniciado o processo de construção de usinas elétricas. Nada impede, porém, que o Estado repasse para a atividade privada a geração de energia elétrica ou a construção de estradas. No entanto, neste caso, o Estado deverá controlar estes setores que estarão produzindo bens públicos, entendido aquele que não se limita a um único consumidor, mas deve estar à disposição de todos.

13.2 Função DistributivaLiga-se as doutrinas do bem-estar, derivadas da formulação consagrada pelo nome de Ótimo de Pareto. De

acordo com este princípio, há eficiência na economia quando a situação de alguém melhora sem que nenhum outro tenha sua situação piorada.

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Dentro desta concepção de desenvolvimento econômico, cabe ao Estado promover a melhora na distribuição de renda, usando, para isso, todos os instrumentos legais de que dispõe. Isto significa utilizar os impostos diretos e indiretos, subsídios, incentivos, isenções, etc.

O gasto público é o principal instrumento para a viabilização das políticas públicas de distribuição de renda. Caso se busque a justiça social, o mecanismo fiscal da tributação progressiva sobre as classes de renda mais elevada, por exemplo, poderia levar a uma distribuição eqüitativa.

13.3 Função EstabilizadoraÉ a função mais atual, tendo surgido para proporcionar um crescimento equilibrado na economia, o que significa

dizer sem crises macroeconômicas. Em geral busca a manutenção de um nível adequado de emprego na economia, estabilização dos níveis de preços e o fluxo de entrada e saída de recursos no país através do controle da Balança de Pagamentos.

14. Instrumentos e Recursos da Economia Pública (Políticas Fiscal, Regulatória, Cambial e Monetária).

Os programas de ajustamento dão bastante importância ao inter-relacionamento entre a política fiscal e outros instrumentos de política econômica, refletindo a necessidade de se formular uma estratégia de ajustamento coerente, que integre o impacto de todas as medidas do programa. Além disso, o fato de que as variáveis fiscais reagem de maneira endógena à evolução da economia requer que se leve em conta o inter-relacionamento entre as medidas adotadas, a fim de se avaliar devidamente o impacto das operações do setor público. O exemplo mais óbvio de inter-relacionamento decorre das restrições orçamentais e da necessidade de se considerarem as implicações monetárias dos empréstimos tomados pelo governo junto ao sistema bancário. A política de taxas de câmbio é outra área onde é importante que haja compatibilidade com a política fiscal e onde as conseqüências endógenas para o orçamento devem ser examinadas.

Os programas formulados no contexto do médio prazo normalmente incluem medidas estruturais que visam a uma mudança substancial na utilização de recursos. Estas medidas muitas vezes exigem ajustes complementares da política tributária e de outras políticas fiscais a fim de estimular a modificação indispensável dos incentivos de preços. As reformas estruturais também podem ter grande repercussão sobre a base tributária. A liberalização do comércio, componente freqüente dos programas de estrutura, é um exemplo que serve para ilustrar essas questões; normalmente exige a reforma da estrutura da pauta aduaneira, como a de substituir restrições quantitativas e de obter um padrão com mais proteção efetiva. Além disso, a liberalização das importações, o objetivo racional da desvalorização, que normalmente a acompanha, podem ter grande repercussão sobre a estrutura econômica e a distribuição da renda, com conseqüências naturais para as receitas tributárias e o equilíbrio do orçamento.

Os problemas dos países altamente endividados têm levado à busca de abordagens mais inovadoras para a formulação da política fiscal no contexto de programas de estabilização. A redução do financiamento externo complicou consideravelmente os problemas de ajuste fiscal nos países devedores, levando a uma maior dependência do financiamento monetário, mesmo nos países com déficit menores. Este financiamento, aliado a grandes depreciações da taxa de cambio, provocou uma aceleração da inflação em muitos países devedores. É possível que o impacto da inflação prolongada sobre as expectativas tenha aumentado substancialmente os custos de um programa baseado em medidas fiscais tradicionais e outras medidas de gestão da demanda.

Neste contexto, vários países endividados procuraram realizar programas de estabilização “heterodoxos”, visando a diminuir os custos do ajustamento por meio de um ataque frontal às forças de inércia. Estes programas complementavam medidas tradicionais de gestão de demanda por meio de choques destinados a mudar rápida e substancialmente as expectativas inflacionistas. Estas medidas de choque punham ênfase no congelamento de preços relativos importantes, tais como preços internos, salários, taxa de câmbio, rendimentos de contratos a termo e de ativos financeiros, bem como na eliminação dos acordos de indexação. Os componentes fiscais dos programas de choque incluíam o uso intensivo de medidas provisórias e anúncios sobre déficits e expectativas.

A avaliação desses programas tem suscitado certas preocupações quanto aos custos das medidas heterodoxas e, em particular, quanto ao impacto do congelamento de preços sobre a utilização de recursos e de subsídios orçamentais. Num plano mais básico, constata-se que, embora as medidas heterodoxas talvez possam ajudar na obtenção de um consenso político, seu valor será provavelmente limitado, se não houver um ajuste orçamental mais profundo.

14.1 Interação da Política Fiscal com Outros Instrumentos14.1.1 Interação com a Política CambialEmbora as considerações até aqui apresentadas tenham girado em torno da importância da política fiscal, para se atingir

objetivos de política macroeconômica, é importante analisar o ajuste fiscal no contexto de outros instrumentos de política, pois existem interações importantes com a taxa de câmbio, com a política monetária e com determinadas reformas estruturais.

Não se pode recorrer somente à estabilização fiscal para atingir os objetivos internos e externos do ajustamento. Servir-se unicamente da austeridade fiscal para eliminar o déficit da conta corrente do balanço de pagamentos pode resultar em problemas internos, como desemprego e baixo crescimento. Para evitar tais desequilíbrios, pode ser necessário aliar à estabilização fiscal, políticas que elevem o preço de produtos que são, ou poderiam ser, comercializados internacionalmente em relação àqueles que só podem ser vendidos internamente. Em outras palavras, políticas que visem à depreciação da taxa de câmbio real. Tais políticas permitem que se registre um saldo corrente mais favorável, para determinado nível de produção, e normalmente assumem a forma de uma desvalorização da taxa de câmbio nominal.

As políticas fiscais e as políticas cambiais sofrem influência recíproca. A própria depreciação nominal afeta significativamente o equilíbrio das finanças publicas, com efeitos que podem ser positivos ou negativos, dependendo da estrutura do orçamento. Se, por exemplo, as despesas expressas em moeda estrangeira (pagamentos da dívida externa, por exemplo) forem superiores às receitas calculadas em moeda estrangeira (receitas de exportação), a depreciação terá como efeito líquido o aumento do déficit fiscal.

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14.1.2 Interação com a Política MonetáriaO recurso do governo junto ao setor bancário é em geral um fator preponderante para a taxa global de expansão

dos meios de pagamento. Como resultado, o ajuste fiscal é, via de regra, um elemento crucial da política de contenção da expansão monetária. Se a posição fiscal não for ajustada, o resultado pode ser uma política monetária excessivamente expansionista ou a contenção da expansão monetária às custas de uma redução indesejável no crédito ao setor privado. As políticas fiscais também podem ser afetadas pela orientação da política monetária. Uma política monetária rígida, talvez aplicada com vistas a manter uma determinada taxa de câmbio nominal, poderá (ao menos no curto prazo) resultar em altas taxas de juros reais que oneram o serviço da dívida pública e põem em risco a viabilidade da posição fiscal.

Finalmente, resta considerar que as políticas de ajuste estrutural são de fundamental importância para as autoridades interessadas em atingir taxas elevadas de crescimento econômico real ou sanar o problema do alto nível de desemprego. A probabilidade de êxito de tais políticas aumenta em um cenário de estabilidade macroeconômica. Neste sentido amplo, a estabilização fiscal pode ser uma condição necessária ao ajuste estrutural. Certas medidas estruturais também podem exigir mudanças complementares no sistema fiscal. Por exemplo, a reforma da estrutura tarifaria – vital para a abertura da economia – tenderá a reduzir as receitas fiscais e, portanto, a requerer mudanças compensatórias em outros impostos.

14.2 Tópico Especial sobre Política FiscalAs políticas fiscais do governo se constituem nos seus dispêndios (G) e no seu sistema tributário (T), e seriam utilizadas

com o objetivo de conduzir a demanda agregada ao nível de renda de pleno emprego da economia (y).No caso do hiato inflacionário, cabe ao governo adotar algumas políticas, que podem ser implementadas de forma

simultânea, tais como: reduzir o montante de seus gastos (G); aumentar os tributos (T), o que comprimiria a renda disponível dos indivíduos e, conseqüentemente, o nível de consumo (C); aumentar a tributação sobre a rentabilidade dos investimemos, o que acabaria por desestimulá-los, reduzindo (I); elevar os tributos sobre as exportações (X) ou mesmo, isentar das importações (M) os tributos. Todas essas medidas de política econômica teriam o efeito de reduzir o montante do dispêndio nacional agregado, conforme mostra o gráfico seguinte.

14.2.1 Política Fiscal na Redução do Hiato InflacionárioNo caso da redução do hiato deflacionário, as medidas são todas de natureza inversa das acima relacionadas, cabendo ao

leitor listá-las e se conduzir nas suas representações gráficas ou algébricas.Deve também ficar registrado que as políticas fiscais muitas vezes se destinam a atingir outros objetivos, diferentes dos de

tentar promover o pleno emprego na economia. Poderia ser conduzida para manter um certo grau de estabilidade desejável ao funcionamento do sistema econômico. Neste caso, pode-se citar algumas como: política de preços mínimos na agricultura, salário-desemprego, imposto de renda etc.

14.2.2 Os Instrumentos FiscaisIndependentemente do critério de classificação que venha a ser adotado, os instrumentos fiscais referem-se às despesas e

às receitas do setor público. Embora nem todos os fluxos de receita e de despesa do governo possam ser considerados como instrumentos de política econômica, dado que há itens integrantes do orçamento e das contas do setor público que não são passíveis de utilização como meios de consecução de objetivos econômicos, a maior parte das decisões governamentais quanto à composição de seus gastos e à estrutura de sua receitas está de alguma forma correlacionada com os fins da política econômica em curso. Dessa forma, as receitas e as despesas do setor público classificáveis como instrumentos da política econômica são aquelas que os órgãos responsáveis pela formulação e condução dessa política podem utilizar com objetivos econômicos in mente.

14.2.3 O Consumo do Governo As despesas do governo classificadas como consumo compreendem os fluxos de pagamentos do pessoal civil e

militar, de gastos com aquisição de materiais não permanentes e de contratação de serviços de terceiros, todos destinados, de forma geral, à produção de serviços de uso coletivo, de que são exemplos a manutenção dos sistemas legislativo e judiciário e os órgãos de planejamento e de administração pública, as atividades de defesa e segurança pública, e os sistemas públicos de educação e cultura e de saúde e saneamento básico.

Este conjunto de despesas geralmente atinge uma alta proporção da totalidade dos gastos públicos, notadamente nos países em que se privilegia, via gastos públicos de custeio, a absorção da força de trabalho desempregada. Quando acionados com esta finalidade, estes gastos podem atender a objetivos de expansão do emprego, bem como a objetivos de repartição, tanto os referentes à melhoria da estrutura de repartição da renda, como, mesmo, os que se referem à redução dos desníveis regionais.

Quanto a este último aspecto, Rezende observa que, "além de oferecer uma alternativa interessante para os propósitos de compatibilização dos objetivos de crescimento econômico e emprego de mão-de-obra, o emprego público pode vir a constituir-se em importante instrumento de política econômica, principalmente no que se refere ao controle das migrações, à distribuição da renda e à qualidade da vida. Quanto às migrações, a criação de empregos relacionados à produção de serviços urbanos nas pequenas e médias cidades do interior pode oferecer um importante papel de reter ou retardar os fluxos migratórios que se dirigem para os principais centros urbanos do país. As conclusões de estudos sobre migrações internas sugerem que o processo migratório ocorre em etapas sucessivas, com os migrantes dirigindo-se inicialmente às pequenas cidades do interior, deslocando-se posteriormente para as cidades intermediárias, capitais regionais e principais áreas metropolitanas. Não obstante, este processo não encerra qualquer tentativa de promover um ajustamento gradual dos migrantes às condições de vida nas grandes cidades, tanto no que se refere a padrões culturais quanto no que diz respeito a aptidões profissionais para ingresso no mercado de trabalho. Neste sentido, a expansão das oportunidades de emprego nas cidades pequenas e médias poderia ter um duplo efeito do ponto de vista do objetivo de controle das migrações. De um lado, contribuiria para reduzir e retardar o fluxo de migrantes para as grandes cidades, com importantes efeitos colaterais sobre as condições econômicas da zona de repulsão. De outro lado, a redução do número de migrantes que chegam às grandes cidades completamente despreparados para uma perfeita assimilação ao meio urbano,

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representaria um fator importante de redução do custo de melhoria das condições ambientais nas principais áreas metropolitanas do país".

Os gastos de consumo podem ainda ser acionados para atender a objetivos de estabilidade, quer quanto à manutenção dos níveis de emprego (caso em que o governo pode antecipar ou ampliar os gastos de custeio), quer quanto à estabilidade dos preços (caso em que o governo pode reduzir seus dispêndios reais com seus quadros funcionais de pessoal ou então proceder a cortes ou adiamentos de suas aquisições de materiais não permanentes e de serviços de terceiros). Há governos, por exemplo, que, deliberadamente, reservam sua capacidade de compras, particularmente as dos setores de defesa e segurança pública, como meios de ativação ou de desativação das atividades produtivas, em consonância com os objetivos de política econômica em curso.

Mesmo os objetivos de estabilização relacionados às transações econômicas com o exterior podem influenciar temporariamente os dispêndios de consumo do governo. Por exemplo, nas fases em que se registram déficits indesejáveis em transações correntes, o governo pode reduzir suas aquisições e suas despesas de custeio no exterior, como um dos meios de re-equilíbrio dessas transações.

14.2.4 Os Investimentos do GovernoAs despesas do governo classificadas como investimento compreendem um conjunto de gastos enfeixados nos

orçamentos públicos, sob a denominação genérica de despesas de capital. Estas despesas incluem investimentos em obras públicas (desde os estudos e projetos para a execução das obras até os gastos com as construções propriamente ditas, e a aquisição de equipamentos de uso permanente); incluem também inversões financeiras com a aquisição de imóveis e ainda as destinadas a diferentes formas de participação do governo na constituição ou aumento do capital de empresas.

Enquanto instrumentos de política econômica, os investimentos do governo relacionam-se fundamentalmente com objetivos estruturais ou de longo prazo, embora possam também, a exemplo do que ocorre com os dispêndios de custeio, atender circunstancialmente a objetivos conjunturais ou de curto prazo. Quando vinculados a objetivos de longo prazo, os investimentos do governo constituem poderosos instrumentos de promoção do crescimento econômico, tanto no que se refere à melhoria ou expansão da disponibilidade estrutural de recursos, quanto à adequação da infra-estrutura de apoio. Embora os recursos destinados a esses programas possam ser alternativamente canalizados para o financiamento de inversões do setor privado, sua aplicação via investimentos diretos do governo é teoricamente justificada por três fatores:a) a insuficiente capacidade de o setor privado mobilizar os recursos necessários para projetos de grande vulto em setores que apresentam elevados efeitos multiplicadores sobre a economia ou elevado conteúdo de geração ou de poupança de divisas externas; b) o longo prazo de maturação dos investimentos infra-estruturais, desestimulando o ingresso de capitais privados; e c) a baixa rentabilidade privada de determinados empreendimentos, cuja existência decorre muito mais de seus elevados benefícios sociais. O volume dos investimentos públicos resultantes destes três fatores pode assumir grandes proporções, mesmo em relação ao agregado da formação bruta de capital fixo, notadamente nas economias em fase de crescimento econômico acelerado ou naquelas em que os objetivos de crescimento têm prevalência sobre os demais. Conseqüentemente, tornam-se um dos mais importantes instrumentos fiscais, pelo menos no que se refere à consecução desses objetivos.

O elevado poder de impacto dos investimentos públicos, a diversificação crescente dos setores a que o governo tem canalizado essa categoria de despesa e a necessidade de proceder ao seu alinhamento em relação aos objetivos básicos de crescimento, sob determinadas prioridades setoriais e regionais, conduziram, em anos recentes, ao desenvolvimento da técnica do orçamento-programa, por intermédio da qual o governo pode obter maior eficácia no manejo de seus investimentos como instrumentos de política econômica. Essa técnica, derivada de modelos convencionais de programação econômica, permite que os investimentos públicos alinhem-se mais adequadamente aos objetivos pretendidos pela política pública, em todas as áreas de atuação do governo, não só na que se refere à política econômica. Nesta área, porém, a programação dos gastos públicos em investimentos assume particular importância. Smithies assim resume os benefícios resultantes do enquadramento dos investimentos públicos em orçamentos-programas: a) possibilita que se realizem estimativas e comparações entre os vários programas do governo, em termos de suas contribuições para a consecução dos objetivos nacionais; b) auxilia na determinação de como os objetivos definidos podem ser alcançados com o mínimo de alocação de recursos; c) facilita a projeção das atividades do governo dentro de horizontes de tempo compatíveis com as metas das políticas em curso; d) possibilita sejam comparadas e determinadas as contribuições relativas das atividades públicas e privadas na obtenção das metas nacionais; e e) facilita a revisão dos objetivos, programas e orçamentos, tendo em vista a experiência adquirida e as diferentes circunstâncias conjunturais em curso.

Finalmente, cabe ainda observar que, embora os investimentos do governo sejam instrumentos essencialmente mobilizados para objetivos de longo prazo (crescimento e repartição), é possível sua manipulação como meio para coadjuvar objetivos de estabilização. Nas circunstâncias conjunturais em que a manutenção dos níveis de emprego se torna prioritária, em decorrência de indesejável fase de contração das atividades econômicas, os programas de investimento do governo podem ser antecipados ou acelerados. O adiamento ou a desativação de despesas de capital, em contrapartida, podem atuar como meios de contenção de tensões inflacionárias (notadamente nos casos diagnosticados como decorrentes de pressões de demanda) ou ainda para reduzir desequilíbrios nas transações correntes com o exterior. Deve-se considerar, todavia, que o emprego dessas categorias de despesas públicas para fins conjunturais esbarra em graves dificuldades técnicas, decorrentes da reduzida flexibilidade de alteração, no curto prazo, dos programas de gastos em obras públicas e materiais permanentes. Os processos de aceleração e de desativação, além de esbarrarem em dificuldades técnicas, podem ainda conduzir a custos sociais superiores aos eventuais benefícios decorrentes dos objetivos circunstanciais de estabilidade.

14.2.5 Os Subsídios e as TransferênciasAs despesas do governo classificadas como subsídios são constituídas por pagamentos a unidades de produção, públicas

ou privadas, no sentido de cobrir déficits operacionais resultantes da decisão política de que os preços de seus bens ou serviços devem ser inferiores à soma dos custos incorridos em sua produção. Genericamente falando, a destinação clássica dessa categoria de despesa pública é a de permitir que os compradores dos bens e serviços subsidiados gozem do benefício de um preço mais reduzido, em relação àquele que, na ausência do subsídio, normalmente se fixaria no mercado.

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Como instrumentos de política econômica, os subsídios caracterizam-se por sua extraordinária versatilidade, dado que podem ser mobilizados, com razoável poder de influência, tanto para objetivos de crescimento e repartição, como para objetivos conjunturais de estabilização. No que concerne ao crescimento, os subsídios são geralmente empregados como meios de estimulação de determinados ramos do aparelho de produção da economia, cujo desempenho ou expansão contribuam significativamente para a elevação do produto nacional e dos níveis globais de emprego. Concomitantemente com a promoção do crescimento, podem ainda ser utilizados como instrumento de redução dos desníveis regionais, caso em que o governo subsidia privilegiadamente as atividades das regiões economicamente mais carentes. Quando mobilizados para a consecução de objetivos desta natureza, os subsídios podem assumir diferentes formas, desde o rebaixamento dos preços dos bens finais produzidos pelas áreas subsidiadas para estimulação do seu escoamento, até o rebaixamento dos custos dos insumos utilizados no processo produtivo. Um caso clássico de utilização desse instrumento para estimulação de atividades produtivas (podendo ou não ser empregado sob critérios de diferenciação regional) é a concessão de subsídios para insumos de alta relevância na estrutura de produção da economia, de que são exemplos os insumos energéticos e, mais especificamente para as áreas rurais, os fertilizantes.

Os investimentos em capital fixo (aquisição de equipamentos e implementos), destinados à modernização ou à ampliação da capacidade produtiva instalada, tanto nas áreas rurais como nas áreas urbano-industriais, podem também ser objeto de programas oficiais de subsídios.

No âmbito do equilíbrio das transações econômicas com o exterior, os subsídios podem ser empregados como formas de rebaixamento dos preços de produtos destinados ao mercado externo, nos casos em que os desequilíbrios sejam representados por déficits em transações correntes, corrigíveis via expansão das receitas cambiais com exportações. Cabe notar, no entanto, que a aplicação desse instrumento para esse fim é passível de retaliações internacionais, desde que a concessão do subsídio seja caracterizada como uma forma disfarçada de dumping. Os créditos-prêmio de impostos para exportadores, classificáveis como um tipo especial de subsídio, são passíveis dessa caracterização.

Quanto ao objetivo de estabilidade dos preços, a utilização de subsídios pode transformar-se numa "faca de dois gumes". Entendendo os formuladores da política econômica que determinados bens e serviços de amplo consumo popular e de alta representatividade nos orçamentos das classes socioeconômicas modais devam ter os seus preços artificialmente rebaixados por subsídios (como forma de conter o seu impacto no cálculo dos índices nacionais de preços ao consumidor), podem recorrer à concessão de diferentes formas de subsídios, alcançando maior ou menor número de produtos. Embora o reflexo desse instrumento nos índices de preços possa ser relevante e imediatamente observável, o seu peso nos orçamentos fiscal ou monetário pode exigir determinados sistemas de financiamento (via expansão da carga tributária ou da base monetária), que defasadamente acabarão por exercer pressões de alta, anulando a redução de preços ensejada pelos subsídios concedidos. Esses efeitos de anulação dos resultados alcançados pela utilização desse instrumento podem, no entanto, ser evitados, desde que se encontrem formas não inflacionárias de financiamento dos subsídios concedidos.

Quanto ao objetivo de melhor repartição pessoal da renda, os subsídios são amplamente utilizados, a despeito de seus possíveis efeitos inflacionários, via expansão da base monetária. Neste caso, a preocupação central dos formuladores da política econômica não é o amortecimento de pressões de alta sobre os índices do custo de vida, mas a ampliação do acesso das camadas de baixa renda ao consumo de determinados bens e serviços que, inexistindo os subsídios, se tornariam inacessíveis a essas camadas. Evidentemente, pelo uso desse instrumento, a melhoria da estrutura de repartição se processa por vias indiretas, ensejando às classes sociais de baixa renda uma estrutura de consumo de produtos essenciais, provavelmente impossível caso não fossem esses produtos subsidiados. Os subsídios para o consumo do trigo e, conseqüentemente, dos produtos derivados, constituem um exemplo clássico.

Cabe observar, porém, que os objetivos de melhor repartição pessoal da renda tendem a ser viabilizados muito mais através de transferências do que de subsídios. Os subsídios constituem uma forma indireta de atender a esses objetivos, além do que, não beneficiam apenas as camadas de baixa renda, mas todos os consumidores dos produtos subsidiados, independentemente de sua posição na pirâmide de estratificação socioeconômica. Já as despesas públicas classificadas como transferências constituem-se de pagamentos unilaterais feitos pelo governo, que não exigem contrapartida específica, em bens ou serviços, por parte dos beneficiados. A maior parte das transferências é representada pelos benefícios pagos pelos institutos de previdência social, sob a forma de aposentadorias e pensões a inativos, salário-família e auxílios diversos para serviços funerais, doenças, alimentação, educação e outros itens de despesas pessoais diretamente subvencionáveis pelo governo. Incluem-se ainda nesta categoria de gastos do governo um grande número de subvenções sociais, de que são exemplos os auxílios a populações flageladas e a instituições de utilidade pública sem fins lucrativos.

Como instrumentos de política econômica, apenas em casos especiais, os gastos com transferências destinam-se à consecução de objetivos de crescimento. Quando acionados para esta finalidade, geralmente os possíveis resultados só são observáveis a longo prazo; é, por exemplo, onde se enquadram as transferências que se destinam a subvencionar despesas com instrução, educação e cultura ou então programas de melhoria das condições de saúde da população. Mesmo assim, é difícil determinar, nestes casos, a linha demarcatória entre a finalidade social e os propósitos econômicos de longo prazo das subvenções. Cabe notar, no entanto, que a literatura econômica vincula muito mais os gastos públicos com subvenções sociais a objetivos de repartição do que propriamente de favorecimento das condições de crescimento.

Outro aspecto importante dos gastos com transferências diz respeito à sua função como instrumento de estabilização automática da economia, em situações conjunturais de elevação da taxa de desemprego. É o que ocorre nas economias em que o seguro-desemprego se acha institucionalizado, funcionando como estabilizador automático do nível do emprego, a medida que mantém certo fluxo de pagamentos aos desempregados inativos. Quando, por circunstâncias conjunturais adversas, o número dos desempregados tende a elevar-se, a economia poderia estar sujeita a uma onda alta e dificilmente controlável de queda das atividades produtivas, não fossem os desempregados sustentados por transferências do tipo seguro-desemprego. Ainda que estas transferências sejam inferiores aos salários que os desempregados auferiam antes de haverem perdido suas ocupações produtivas, o impacto multiplicador do desemprego é bem menor, comparativamente a uma situação em que inexistisse este tipo de subvenção.

Sua existência implica que os desempregados continuarão reunindo condições para a continuidade de seus dispêndios pessoais de consumo; dispêndios que, reflexivamente, ajudarão a manter determinado nível global de emprego na economia. Neste

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sentido, a parcela dos pagamentos de transferência classificável como seguro-desemprego tem ponderável efeito anticíclico, ajudando a manter os níveis da demanda agregada em situações conjunturais de recessão; em situações opostas, a redução do dispêndio público com este item exerce, automaticamente, efeitos em direção contrária.

14.2.6 Os Tributos IndiretosOs instrumentos fiscais não se limitam, como assinalamos de início, às diferentes categorias de despesas do setor público.

Também as receitas, tributárias ou não, além da função que exercem como formas de financiamento das despesas públicas, podem ser acionadas, de per si, como instrumentos para a consecução dos diferentes objetivos da política econômica.

Os tributos indiretos constituem uma das mais importantes categorias da receita do setor público, não só em decorrência da facilidade de sua cobrança, que pode ser bem sucedida, mesmo nas economias em que a organização do sistema de arrecadação tributária é pouco aperfeiçoada, como ainda pelo fato de gerarem menores pressões sobre o governo e também menor descontentamento público, comparativamente às formas diretas de tributação. Estas características dos tributos indiretos decorrem de que eles são constituídos por um valor que se introduz entre os preços dos bens e serviços pagos pelos consumidores e os correspondentes valores efetivamente recebidos pelas unidades de produção. Isto significa que o ônus destes impostos geralmente se transfere ao consumidor, que o paga indiretamente, sendo sua arrecadação feita por intermédio das empresas que produzem ou movimentam, pela comercialização, os bens e serviços gravados, incluindo-os nos preços pelos quais se realizam as transações.

Como tal, os tributos indiretos podem assumir diferenciadas formas, não só quanto ao estágio dos processos de produção ou de comercialização sobre os quais incidem suas cobranças, como ainda pelos critérios segundo os quais são calculados. Rezende relaciona as formas mais freqüentes assumidas por esses tributos:

– Tributação incidente sobre as vendas de mercadorias e serviços, cobrada em todos os estágios do processo de produção ou comercialização, com base no valor adicionado em cada estágio.

– Tributação incidente sobre as vendas de mercadorias e serviços, cobrada em todos os estágios do processo de produção ou comercialização, com base no valor das transações em cada estágio. Esta forma implica tributação em cascata, diferenciando-se da primeira, que incide sobre o conceito econômico de valor agregado.

– Tributação incidente sobre as vendas de bens de consumo, cobrada apenas no último estágio do processo de comercialização, com base no valor de venda ao consumidor final.

– Tributação especial sobre as vendas de produtos selecionados (de que são exemplos clássicos combustíveis, bebidas e fumo), geralmente cobrada do produtor, com base no valor de venda. Regra geral, a instituição de tais tributos indiretos é justificada como mecanismo de financiamento de programas específicos ou como forma de impor maior ônus sobre o consumo de produtos considerados não essenciais.

– Tributação incidente sobre a exportação (ou importação) de mercadorias ou serviços, cobrada no momento de sua saída (ou entrada) do país, com base no valor da transação.

Independentemente dos diferentes critérios de incidência, os tributos indiretos são passíveis de manipulação como instrumentos de política econômica, influindo sobre objetivos de crescimento, de repartição ou de estabilização.

Quanto ao crescimento, a tributação indireta pode ser empregada como meio de proteção das indústrias nascentes, quer sob a forma de barreiras aduaneiras, quer sob a forma de isenções destinadas a tornar os preços da produção interna competitivos em relação às cotações de similares no mercado internacional. Embora o uso desse instrumento para esta finalidade possa ser limitado por acordos internacionais ou pela ocorrência de represálias de parceiros comerciais externos, cabe notar que o seu uso generalizado foi um dos principais fatores adjuvantes do crescimento das economias de industrialização recente. Quanto à repartição, o emprego de tributos indiretos faz-se via diferenciação de suas alíquotas, considerando-se a essencialidade dos bens e serviços tributados e suas participações nos orçamentos das diferentes camadas da pirâmide de estratificação socioeconômica.

Embora, ao gravar os preços dos bens finais de consumo esses tributos sejam regressivos em relação aos níveis da renda, em decorrência do menor consumo relativo das classes da população de renda elevada, a regressividade pode ser compensada pela diferenciação das alíquotas ou, mesmo, pela isenção concedida a produtos de consumo popular. Por esta via, a capacidade real de consumo das classes mais pobres pode ser indiretamente ampliada, notadamente quando se aplicam, em caráter de compensação, alíquotas elevadas sobre o consumo de produtos destinados às classes de renda alta. Neste caso, os critérios de seletividade é que determinarão o grau em que esta forma de tributação estará sendo utilizada como instrumento indireto de repartição. Ainda quanto aos objetivos de repartição, cabe lembrar o emprego desse instrumento como forma de estimulação das atividades produtivas nas regiões economicamente carentes, via isenções para indústrias instaladas nessas áreas ou, ainda, via imposição de barreiras aduaneiras como forma de proteção, no mercado interno, dos produtos delas originários.

Como instrumentos relacionados à promoção da estabilidade, as diferentes formas de tributação indireta encontram amplo campo de aplicação. No que se refere à estabilidade dos preços, a expansão da carga tributária indireta pode constituir-se numa poderosa forma de redução dos níveis reais de consumo agregado e, por esta via, de amortecimento das pressões inflacionárias de demanda. Em sentido oposto, já então para promover a estabilidade da produção e do emprego, a suspensão temporária ou, alternativamente, a redução da alíquota dos tributos indiretos podem constituir medidas de encorajamento dos níveis reais do dispêndio, provocando o re-erguimento das atividades produtivas. A aplicação deste instrumento seletivamente, por setores ou regiões, viabiliza o seu uso nas situações em que a instabilidade é setorial ou regionalmente localizada.

No âmbito do equilíbrio das transações econômicas com o exterior, os diferentes tributos indiretos são generalizadamente usados. Nos casos em que se verificam déficits em transações correntes, a tributação indireta é empregada não só como forma de elevação dos preços das importações, mas ainda como dispositivos de incentivo de exportações, via restituições ou reduções dos tributos correntemente incidentes sobre as mercadorias destinadas ao mercado externo. A tributação indireta sobre operações financeiras é também passível de utilização nestas situações, gravando os financiamentos para importações ou ainda isentando os destinados aos setores de exportação. A tributação indireta dos serviços de suporte dessas atividades pode também ser objeto de manipulação como instrumentos de política econômica, tendo em mira os mesmos objetivos.

14.2.7 Os Tributos Diretos

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Os tributos diretos constituem uma categoria de receita tributária do governo que atinge as rendas e as propriedades das pessoas físicas e jurídicas. Entre as categorias que atingem as propriedades citam-se como exemplos os tributos prediais e territoriais (urbanos e rurais), bem como os que gravam as transmissões. Em geral, estas categorias representam a menor parte do total da receita tributária. A maior parte é constituída pelos impostos que incidem sobre a remuneração dos fatores de produção – o trabalho, o capital e a capacidade empresarial.

Citam-se como exemplos deste segundo grupo, os impostos sobre as rendas e proventos de qualquer natureza das pessoas físicas e das pessoas jurídicas, além dos variados itens que se englobam sob a denominação de contribuições à previdência social. Estes últimos itens da tributação direta, incidindo sobre diferentes categorias de renda, caracterizam-se por reduzir o total do poder aquisitivo dos agentes econômicos privados, consistindo uma forma de tributação baseada na capacidade real de contribuição dos indivíduos. Como tal, as estruturas tributárias em que predominam impostos desta natureza implicam maiores pressões dos contribuintes sobre o governo, geralmente exercidas via grupos de influência política, dado que os impostos diretos dão ao contribuinte uma noção mais exata do montante de sua contribuição para o financiamento dos encargos do governo.

Ao mesmo tempo, porém, as estruturas tributárias, lideradas por estes tributos, exigem alto grau de conscientização dos contribuintes, bem como a manutenção de registros contábeis individuais organizados e honestos, pré-requisitos que se supõem progressivamente superáveis com o desenvolvimento econômico. "Nessa linha de raciocínio, análises empíricas da evolução da estrutura tributária realizadas a partir de informações sobre a composição da receita do governo em países ocidentais, propõem-se, inclusive, a formular uma ‘lei’ de evolução da estrutura tributária durante o processo de desenvolvimento econômico, segundo a qual a predominância dos impostos indiretos sobre transações com mercadorias e serviços deveria, progressivamente, ceder lugar a formas diretas de tributação sobre a renda pessoal." Por fim, cabe registrar que estes tipos de tributos também exigem aperfeiçoamentos na administração fiscal do governo, não só em razão do maior número de contribuintes envolvidos, como ainda em razão da montagem de sistemas cruzados de controle que reduzam as possibilidades de evasão.

Como instrumentos de política econômica, os tributos diretos prestam-se mais especificamente à consecução de objetivos de melhor repartição da renda e da riqueza, embora não se excluam as amplas possibilidades de serem também utilizados como meios de promoção do crescimento e, ainda, para objetivos de estabilização. Quanto aos objetivos de repartição, é intuitivo que a tributação direta, por variar progressivamente com as variações da renda pessoal, pode constituir, por si só, um instrumento de eqüidade fiscal. A imposição de um sistema de tributos progressivos sobre a renda implica redução do índice de concentração da renda disponível, além de beneficiar as classes de renda mais baixas, através da aplicação deste tipo de receita na prestação de serviços públicos gratuitos, a maior parte dos quais se destina ao atendimento de necessidades básicas dessas classes.

15. Lei de Responsabilidade Fiscal

O desequilíbrio fiscal, ou gastos sistematicamente superiores às receitas, predominou na administração pública no Brasil até recentemente. As conseqüências para a economia são bastante negativas, e, em alguns casos, têm impacto sobre mais de uma geração. A inflação descontrolada até o lançamento do Real, a convivência com taxas de juros muito altas, o endividamento público também expressivo e a carga tributária relativamente alta, quando comparada com nossos vizinhos, são algumas destas conseqüências.

Esta realidade levou as finanças públicas a uma situação tal, que acabou por limitar o atendimento de necessidades fundamentais da população, como saúde, educação, moradia, saneamento, etc, com efeitos indesejáveis sobre sua parcela mais pobre, e que mais sofre os efeitos da ausência de investimentos governamentais nessas áreas.

Nesse contexto, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) representa um instrumento para auxiliar os governantes a gerir os recursos públicos dentro de um marco de regras claras e precisas, aplicadas a todos os gestores de recursos públicos e em todas as esferas de governo, relativas à gestão da receita e da despesa públicas, ao endividamento e à gestão do patrimônio público.

Além disso, a Lei consagra a transparência da gestão como mecanismo de controle social, através da publicação de relatórios e demonstrativos da execução orçamentária, apresentando ao contribuinte a utilização dos recursos que ele coloca à disposição dos governantes.

Entre o conjunto de normas e princípios estabelecidos pela LRF, alguns merecem destaque. São eles: limites de gasto com pessoal: a lei fixa limites para essa despesa em relação à receita corrente líquida para os

três Poderes e para cada nível de governo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios); limites para o endividamento público: serão estabelecidos pelo Senado Federal por proposta do Presidente da

República; definição de metas fiscais anuais: para os três exercícios seguintes; mecanismos de compensação para despesas de caráter permanente: o governante não poderá criar uma

despesa continuada (por prazo superior a dois anos) sem indicar uma fonte de receita ou uma redução de outra despesa; e mecanismo para controle das finanças públicas em anos de eleição: a Lei impede a contratação de

operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO) no último ano de mandato e proíbe o aumento das despesas com pessoal nos 180 dias que antecedem o final do mandato.

A obediência a essas novas regras vai permitir um ajuste fiscal permanente no Brasil, uma vez que a disciplina fiscal introduzida pela Lei proporcionará o fortalecimento da situação financeira dos entes da Federação. Isso, por sua vez, possibilitará o aumento da disponibilidade de recursos para o investimento em programas de desenvolvimento social e econômico.

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15.1 O Processo de Planejamento A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO

A Lei de Diretrizes Orçamentárias é elaborada anualmente, estabelecendo as regras gerais para elaboração do Orçamento do ano seguinte. Nela está o Anexo de Metas Fiscais, que deverá conter, entre outros:

a) as metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal1 e primário2 e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes, sendo, na prática, metas trienais;

b) a avaliação do cumprimento das metas do ano anterior;c) a evolução do patrimônio líquido, a origem e a aplicação dos recursos de privatizações, se houver; ed) estimativa e compensação da renúncia fiscal e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter

continuado. A Lei Orçamentária Anual

O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) para União, Estados, Distrito Federal e Municípios deverá ser elaborado respeitando as diretrizes e prioridades estabelecidas na LDO e os parâmetros e limites fixados na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A LOA deverá conter em anexo o demonstrativo da compatibilização do orçamento com os objetivos e metas definidos no Anexo de Metas Fiscais da LDO.

Na LOA deve estar definida a reserva de contingência, como percentual da receita corrente líquida (RCL)3, para atender a gastos não previstos na Lei, como calamidades públicas.

O que a LRF pretende é fortalecer o processo orçamentário como peça de planejamento, prevenindo desequilíbrios indesejáveis. Além disso, a Lei pretende ser um instrumento de representação do compromisso dos governantes com a sociedade.

15.2 As Receitas e a Renúncia FiscalÀ União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cabe instituir, prever e efetivamente arrecadar todos os tributos

de sua competência constitucional. Isto significa que cada esfera de governo deverá explorar adequadamente a sua base tributária e, consequentemente, ter capacidade de estimar qual será a sua receita. Isso auxilia o cumprimento das metas fiscais e a alocação das receitas para as diferentes despesas.

A renúncia de receita - ou seja, a anistia, a remissão, o crédito presumido, a isenção em caráter não geral, a alteração de alíquota de algum tributo ou a modificação da base de cálculo, que tenha como impacto a diminuição da receita pública - deverá estar acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios seguintes.

Além disso, para estar de acordo com a LRF, cada governante deverá demonstrar que a renúncia de receita foi considerada na Lei Orçamentária Anual - LOA e que não afetará as metas previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO.

Alternativamente, o governante deve demonstrar que esta renúncia de receita será compensada por aumento de receita proveniente de elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, aumento ou criação de tributo ou contribuição. Nesse caso, o ato que implique em renúncia só entra em vigor quando estiver assegurada a compensação pelo aumento de receita.

A LDO e a LOA deverão conter um demonstrativo da estimativa e das medidas de compensação da renúncia de receita.

15.3 As Despesas e os Mecanismos de CompensaçãoAlém das despesas previstas em lei, existem aquelas que os governantes poderão realizar em decorrência de criação,

expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental. Entretanto, de acordo com a LRF, elas deverão estar acompanhadas de estimativa do impacto orçamentário-financeiro por 3 anos e de demonstração de que estejam compatível a LDO, além de estarem adequadas à LOA .

Se o governante quiser criar uma despesa obrigatória de caráter continuado (decorrente de lei ou ato administrativo que fixe a obrigação legal de execução por mais de dois anos) essa despesa deverá ser compensada por aumento permanente de receita ou redução permanente de outras despesas. Além disso, vale lembrar que esse mecanismo de compensação não abrange serviço da dívida, nem a revisão da remuneração dos servidores públicos visando a preservação do valor real dos salários.

A LOA deverá conter o demonstrativo das medidas de compensação de despesa obrigatória de caráter continuado. O mesmo mecanismo de compensação tem efeito sobre a geração de novas despesas com a Seguridade Social, exceto nos casos de crescimento pelo aumento do número de beneficiários e para a manutenção do valor real do benefício.

Desse modo, os governantes não poderão tomar decisões de aumento de despesa ou de redução de receita que comprometam a saúde das finanças públicas no futuro.

15.3.1 As Despesas com PessoalConsidera-se como “Despesa Total com Pessoal” o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos

e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como: vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referirem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”.

A apuração da despesa total com pessoal será obtida somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze meses imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

15.3.2 Limites de Gastos com Pessoal

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UNIÃO

Na esfera federal, os limites máximos para gastos com pessoal (50% da Receita Corrente Líquida) são assim distribuídos:

2,5 % para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas 6 % para o Poder Judiciário 0,6 % para o Ministério Público da União 3 % para custeio de despesas do DF e de ex territórios 37,9% para o Poder Executivo

ESTADOS

Na esfera estadual, os limites máximos para gastos com pessoal (60% da Receita Corrente Líquida) serão:

3% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas 6% para o Poder Judiciário 2% para o Ministério Público 49% para o Poder Executivo.

MUNICÍPIOS

Na esfera municipal, os limites máximos para gastos com pessoal (60% da Receita Corrente Líquida) serão:

6% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, quando houver 54% para o Poder Executivo

15.4 Mecanismos de Correção de Desvios

Se a despesa total com pessoal exceder a noventa e cinco por cento (95%) do limite, ficam vedados ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no excesso:

concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição

decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; contratação de hora extra, salvo em situações previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Além disso: ultrapassado o limite máximo no quadrimestre, o excedente deve ser eliminado em 2 quadrimestres (sendo de,

pelo menos, 1/3 no primeiro);

há uma regra transitória que permitirá ao ente ou Poder que estiver acima do limite, quando da entrada em vigor da LRF, eliminar o excedente nos 2 exercícios subseqüentes, sendo de, no mínimo, 50%, no primeiro ano;

caso a despesa total com pessoal esteja abaixo dos limites fixados na Lei, essa despesa poderá ser acrescida em até dez por cento em relação à despesa verificada no exercício imediatamente anterior, até o final do terceiro exercício após a vigência da LRF, respeitados os limites para a esfera administrativa correspondente e para os respectivos poderes. De qualquer forma, os eventuais aumentos de salário, gratificações ou reestruração de carreiras estarão sujeitos à edição de lei específica; e

o montante de recursos financeiros a serem entregues aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, para atender a despesas com pessoal, será a resultante da aplicação dos limites e regras fixados na LRF.

Nenhum ato que provoque aumento da despesa de pessoal, nos Poderes Legislativo e Executivo, poderá ser editado nos 180 dias anteriores ao final da legislatura ou do mandato dos chefes do Poder Executivo.

Em caso de crescimento econômico negativo ou inferior a 1% nos quatro últimos trimestres ou de calamidade pública, estado de defesa ou de sítio, fica suspensa a contagem dos prazos para enquadramento nos limites de pessoal.

15.4 A Dívida Pública e as Políticas de Crédito

A LRF define conceitos e normas a serem observados por todos os entes da Federação quanto à dívida pública, dívida mobiliária4, operações de crédito e garantias.

Os limites ao montante da dívida (estoque) serão fixados tomando-se por base a dívida consolidada 5 da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, que compreende a dívida da administração direta, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes - sempre em relação à Receita Corrente Líquida (RCL).

No prazo de noventa dias após a publicação da LRF, o Presidente da República submeterá ao Senado Federal uma proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios. Adicionalmente, apresentará ao

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Congresso Nacional projeto de lei que defina limites para o montante da dívida mobiliária federal, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da União.

As propostas conterão: demonstração de que os limites e condições guardam coerência com as normas estabelecidas na LRF e

com os objetivos da política fiscal; estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma das três esferas de governo; razões de eventual proposição de limites diferenciados por esfera de governo; e metodologia de apuração dos resultados primário e nominal.

Os limites das dívidas serão fixados em percentual da Receita Corrente Líquida (RCL) para cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que façam parte de seu cálculo, constituindo, para cada um deles, limites máximos.

A apuração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de cada quadrimestre. Sempre que alterados os fundamentos das propostas de limites, em razão de instabilidade econômica ou alterações nas

políticas monetária ou cambial, o Presidente da República poderá encaminhar ao Senado ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão desses limites.

Atenção!!!!!!A partir da vigência da LRF, os precatórios judiciais6 não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido

incluídos, integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites. Uma vez excedido o limite máximo ao final de um quadrimestre , é dado prazo de três quadrimestres subseqüentes para a

eliminação do excesso que deve ser reduzido em pelo menos vinte e cinco por cento (25%) no primeiro quadrimestre.Enquanto se verificar o excesso, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios ficarão:

proibidos de realizar novas operações de crédito, internas ou externas, inclusive por antecipação de receita orçamentária (ARO);

obrigados a obter resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite.Decorrido o prazo para o retorno do montante da dívida ao limite, fica também impedido de receber transferências

voluntárias.

15.5 Operações de crédito7

O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições da realização de operações de crédito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. A realização de operações de crédito estará sujeita ao enquadramento na Lei Orçamentária Anual - LOA, em créditos adicionais ou em lei específica, bem como ao cumprimento dos limites e condições estabelecidos pelo Senado Federal.

Segundo a LRF, deverá sempre ser obedecida a “Regra de Ouro”, que diz o seguinte: a contratação de operações de crédito em cada exercício fica limitada ao montante da despesa de capital. Na prática, isso significa que os empréstimos somente deverão ser destinados a gastos com investimentos.

São proibidas: a captação de recursos na forma de antecipação de receita de tributo ou contribuição, cujo fato gerador ainda não

tenha ocorrido; recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a

maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos; a assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens,

mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;

a assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.

qualquer tipo de concessão de novo crédito ou financiamento da União, Estados, Distrito Federal e Municípios entre si, ainda que para refinanciamento ou postergação de dívida, exceto operações de crédito com instituição financeira estatal, não destinadas ao financiamento de despesas correntes ou refinanciamento de dívida não contraída com a própria instituição que conceda o crédito.

Os efeitos de operações de crédito irregulares serão anulados mediante o cancelamento da operação, com devolução do principal sem juros ou atualização monetária ou constituição de reserva na LOA do exercício seguinte.

Enquanto não for promovida a anulação, a dívida decorrente da operação de crédito irregular será considerada vencida e não paga, impedindo o ente de receber transferências voluntárias, obter garantias e contratar novas operações de crédito (exceto para refinanciamento da dívida e redução das despesas com pessoal).

A operação de crédito irregular impede a obtenção de garantias, o recebimento de transferências voluntárias e contratação de novas operações de crédito

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15. 6 Operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária

As operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) deverão destinar-se exclusivamente a atender a insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e deverão cumprir as exigências da contratação de operações de crédito e, adicionalmente, as seguintes:

poderão ser realizadas somente a partir do décimo dia do início do exercício (10 de janeiro); deverão ser liquidadas, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano; não serão autorizadas se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente

prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou a que vier a esta substituir; as operações de crédito por ARO ficam proibidas enquanto existir operação anterior da mesma natureza não

integralmente resgatada ou no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito.

15.6.1 Concessão de Garantias8

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão conceder garantias em operações de crédito internas ou externas, desde que observem as regras de contratação de operações de crédito, e, no caso da União, os limites e as condições fixados pelo Senado. Adicionalmente, ainda devem ser observados os seguintes requisitos:

a garantia estará condicionada à oferta de contra-garantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida. Além disso, a entidade que a pleitear deverá estar em dia com suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por ele controladas;

no caso de operação de crédito externa ou de repasse de recursos externos por instituição federal de crédito, deve atender também às exigências para recebimento de transferências voluntárias; e

o Banco Central fica proibido de conceder garantias à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou Estado, terá suspenso o acesso a novos créditos ou

financiamentos até liquidação da dívida.

15.6.2 Inscrições em restos a pagarNos dois últimos quadrimestres do último ano de mandato, é vedado ao governante contrair obrigação de despesa que não

possa ser paga no mesmo exercício. Se isso ocorrer, o governante deverá assegurar disponibilidade de caixa para o exercício seguinte.

15.7 A Transparência e o Controle SocialA busca da transparência na gestão fiscal é um dos elementos fundamentais para a manutenção do equilíbrio das contas

públicas, pois: atesta o atendimento dos limites, condições, objetivos e metas; firma responsabilidades; justifica desvios e indica medidas corretivas; define o prazo estimado para correção; dá acesso público a dados concisos e substanciais das contas públicas.

A transparência na gestão fiscal é o principal instrumento para o controle social.Na elaboração, aprovação e implementação da Lei de Diretrizes Orçamentária - LDO e da Lei Orçamentária Anual - LOA,

bem como nas prestações anuais de contas, serão utilizados procedimentos transparentes, ou seja: publicação e ampla divulgação da síntese das propostas, leis e prestações de contas, inclusive através de meios eletrônicos, evidenciando objetivos, metas, resultados esperados e verificados.

A Abrangência e a escrituração das contas Aplicável a toda a administração pública federal, estadual e municipal, além de autarquias, fundações e empresas

estatais dependentes de recursos dos Tesouros da União, dos Estados , do Distrito Federal e dos Municípios; todas as despesas deverão ser registradas em regime de competência; as receitas e despesas da previdência deverão ser registradas em contas separadas das demais; e as normas gerais para a consolidação das contas públicas será definida por um Conselho de Gestão Fiscal ou,

enquanto não for constituído, pelo órgão central de contabilidade da União.É importante destacar que a divulgação das contas não depende de prévia autorização ou posterior prestação de contas ao

Executivo Federal, que será responsável apenas por consolidar e divulgar contas nacionais.

O percurso e os prazos das prestações de contas: Os Municípios consolidam suas contas e encaminham ao Estado e à União até 30 de abrilEstados consolidam suas

contas e encaminham à União até 31 de maioUnião consolida suas contas e as de todos os entes da Federação e as divulga até o dia 30 de junho.

O Relatório Resumido de Execução OrçamentáriaA LRF prevê que o atual Relatório Resumido de Execução Orçamentária passe a ser publicado por todos os Poderes e

pelo Ministério Público, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, devendo conter:1. Balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica:a) receitas, por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada; e

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b) despesas, por grupo de natureza da despesa, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo.

2. Os demonstrativos da execução das:a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a

receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando a dotação inicial, dotação para

o exercício, despesas empenhadas e liquidadas, no bimestre e no exercício; ec) despesas, por função e subfunção. 3. A apuração da receita corrente líquida (RCL), sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final

do exercício;4. As receitas e despesas previdenciárias;5. Os resultados nominal e primário; 6. As despesas com juros;7. Os restos a pagar, detalhando, por Poder e órgão, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a

pagar;O relatório referente ao último bimestre do exercício deverá, também, informar sobre o atendimento à “regra de ouro” e

sobre a variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.Quando for o caso, deverão ser apresentadas justificativas para a limitação de empenho e para a frustração de receitas,

especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.

O Relatório de Gestão FiscalAo final de cada quadrimestre, será emitido e assinado pelos titulares dos Poderes e órgãos de todos os entes federados o

Relatório de Gestão Fiscal, que deverá conter:1. O comparativo com os limites da LRF dos seguintes montantes:

a) despesa total com pessoal, destacando a despesa com inativos e pensionistas; b) dívidas consolidada e mobiliária;c) concessão de garantias; ed) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita.

2. A indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassados qualquer dos limites. 3. Os demonstrativos, no último quadrimestre do exercício:

a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro; eb) da inscrição em restos a pagar, das despesas: liquidadas; empenhadas e não liquidadas decorrentes de contratos

administrativos ou de convênios em andamento; empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa; e despesas não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;

O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por meio eletrônico.

O não cumprimento dos prazos previstos, impedirá, até que a situação seja regularizada, que União, Estados, Distrito Federal ou Municípios recebam transferências voluntárias e contratem operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da respectiva dívida mobiliária.

FiscalizaçãoA verificação da observância das normas e limites da LRF está a cargo do Poder Legislativo (diretamente ou com o auxílio

dos Tribunais de Contas) e do Sistema de Controle Interno de cada Poder e do Ministério Público.

Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes, entes da Federação ou órgãos quando constatarem que o nível de gastos esteja próximo aos limites fixados pela LRF.

Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada ente da Federação e de cada Poder.

15.8 Sanções Institucionais e Pessoas

Em caso de não cumprimento de suas normas, a LRF estabelece várias sanções institucionais e pessoais. São exemplos de sanção institucional:

suspensão das transferências voluntárias para aquele governo que não instituir, prever e arrecadar impostos de sua competência;

no caso de limites de despesas com pessoal, se as regras da LRF não forem cumpridas e enquanto não for feito o ajuste, ou se houver excesso do primeiro quadrimestre do último ano de mandato, ficam suspensas:

- transferências voluntárias;- obtenção de garantias;- contratação de operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e redução de

despesas com pessoal.

Ainda no que se refere aos limites de despesas com pessoal, é nulo de pleno direito o ato que:

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- não atender ao mecanismo de compensação (aumento permanente da receita ou redução permanente de despesa);

- não atender ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo; e- aumentar despesa de pessoal 180 dias antes do final do mandato.

No caso de limites para o estoque da dívida, vencido o prazo de retorno ao limite máximo e enquanto perdurar o excesso, fica impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado.

Para as operações de crédito irregulares, enquanto não forem cumpridos os mecanismos de correção de desvios (cancelamento da operação ou constituição de reserva), ficam proibidos o recebimento de transferências voluntárias, a obtenção de garantias e a contratação de novas operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e redução das despesas com pessoal.

Na concessão de garantias, caso não sejam obedecidos os mecanismos de correção e seus prazos, o ente cuja dívida tiver sido honrada pela União ou Estado, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a liquidação da dívida.

Além das sanções institucionais há as sanções pessoais, previstas em um projeto de lei ordinária denominada Lei de Crimes de Responsabilidade Fiscal, que prevê que os governantes poderão ser responsabilizados pessoalmente e punidos com a perda de cargo, inabilitação para exercício de emprego público, prisão e multa.

As penalidades alcançam todos os responsáveis, dos Três Poderes da União, Estados e Municípios, e todo cidadão será parte legítima para denunciar.

15.9 A Contribuição da Sociedade para o Sucesso da LRFA LRF define como as contas públicas deverão ser consolidadas e divulgadas à população. Cria o Relatório de Gestão

Fiscal, que deverá apresentar, em linguagem simples e objetiva, as contas da União, do Distrito Federal e de cada Estado e Município. O acesso público será amplo, inclusive por meio eletrônico. A partir daí, caberá à sociedade cobrar de seus governantes e julgar se estão procedendo de forma fiscalmente responsável.

A intenção é justamente aumentar a transparência na gestão do gasto público, de modo a permitir que os mecanismos de mercado e o processo político sirvam como instrumento de controle e de punição dos fiscalmente irresponsáveis. Ao mesmo tempo, espera-se que os bons administradores sejam premiados com o reconhecimento da população e do mercado, inclusive com maior acesso a crédito.

Vale lembrar que esta mudança, no sentido de uma maior transparência, já foi iniciada na própria elaboração do projeto de lei, que envolveu uma consulta pública, inclusive via Internet, onde foram registrados mais de 5.000 acessos. A consulta pública aliás, consolidou a importância e a necessidade de mudança no regime fiscal, manifestada em várias demonstrações de apoio e em sugestões, na sua maioria incorporadas ao texto final da lei.

Destaque-se a determinação demonstrada pelo Congresso Nacional, que analisou e discutiu por quase um ano, tempo relativamente curto para um tema tão complexo e relevante, tendo, finalmente, aprovado o texto final da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Essa determinação, tanto do Congresso, como do Poder Executivo, atestam o compromisso do país com a consolidação da estabilidade econômica e a construção de um caminho seguro de desenvolvimento econômico e social.

Quadros Resumo

Para os Estados:ITENS DA LEI O QUE FAZER QUANDO FAZER

Limites para despesas com Pessoal

Regra

Prazo de transição

60% da receita corrente líquida:

49% para o Executivo 3% para o Legislativo 6% para o Judiciário 2% para o Ministério

Público

Limite global já em vigor, pela Lei Camata II.

Limites por Poder, a partir da publicação da LRF.

2 anos, com redução de, no mínimo, 50% do excesso no primeiro ano.

Limites para dívida A serem estabelecidos pelo Senado Federal, por proposta do Presidente da República, 90 dias após a publicação da LRF.

Depois de estabelecidos os limites, os Estados terão um ano para ajustar-se.

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Para os Municípios:

ITENS DA LEI O QUE FAZER QUANDO FAZER

Limites para despesas com Pessoal

Regra

Prazo de transição

60% da receita corrente líquida:

54% para o Executivo 6% para o Legislativo

Limite global já em vigor, pela Lei Camata II.

Limites por Poder, a partir da publicação da LRF.

2 anos, com redução de, no mínimo, 50% do excesso mo primeiro ano.

Limites para dívida A serem estabelecidos pelo Senado Federal, por proposta do Presidente da República, 90 dias após a publicação da LRF.

Depois de estabelecidos os limites, os Municípios terão um ano para ajustar-se.

Para os Pequenos Municípios (menos de 50 mil habitantes, cerca de 90% dos municípios do País):

ITENS DA LEI REGRA GERAL PEQUENOS MUNICÍPIOS

Objetivos e metas fiscais:

LDO

Anexo de Metas Fiscais para o triênio Na primeira LDO a partir da

publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A partir de 2005.

Relatórios

Cálculo dos limites

Avaliação das metas fiscais

Relatório Resumido de Execução Orçamentária

Demonstrativos do Relatório Resumido

Relatório de Gestão Fiscal

A cada 4 meses (a partir da publicação da LRF).

A cada 4 meses (a partir do exercício seguinte ao da primeira LDO aprovada a partir da publicação da LRF).

Já em vigor, a cada 2 meses (novo formato a partir da publicação da LRF).

Já em vigor, a cada 2 meses.

A cada 4 meses (a partir da publicação da LRF).

A cada 6 meses ( a partir da publicação da LRF).

A cada 4 meses.

Já em vigor, a cada 2 meses.

A cada 2 meses.

A cada 4 meses.

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SIAFI – SISTEMA DE INTEGRAÇÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA DO GOVERNO FEDERAL

Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com uma série de problemas de natureza administrativa que dificultavam a adequada gestão dos recursos públicos e a preparação do orçamento unificado, que passaria a vigorar em 1987 :

Emprego de métodos rudimentares e inadequados de trabalho, onde, na maioria dos casos, os controles de disponibilidades orçamentárias e financeiras eram exercidos sobre registros manuais;

Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Administração Pública e utilização da Contabilidade como mero instrumento de registros formais;

Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstrações Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais, inviabilizando o uso das informações para fins gerenciais;

Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade de fontes de informações e das várias interpretações sobre cada conceito, comprometendo o processo de tomada de decisões;

Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que desconhecia técnicas mais modernas de administração financeira e ainda concebia a contabilidade como mera ferramenta para o atendimento de aspectos formais da gestão dos recursos públicos;

Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o desvio de recursos públicos e permitissem a atribuição de responsabilidades aos maus gestores;

Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de caixa, decorrente da existência de inúmeras contas bancárias, no âmbito do Governo Federal. Em cada Unidade havia uma conta bancária para cada despesa. Exemplo:

Conta Bancária para Material Permanente, Conta bancária para Pessoal, conta bancária para Material de Consumo, etc. A solução desses problemas representava um verdadeiro desafio à época para o Governo Federal. O primeiro passo para

isso foi dado com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional - STN, em 10 de março de 1986., para auxiliar o Ministério da Fazenda na execução de um orçamento unificado a partir do exercício seguinte.

A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informações que permitissem aos gestores agilizar o processo decisório, tendo sido essas informações qualificadas, à época, de gerenciais. Dessa forma, optou-se pelo desenvolvimento e implantação de um sistema informatizado, que integrasse os sistemas de programação financeira, de execução orçamentária e de controle interno do Poder Executivo e que pudesse fornecer informações gerenciais, confiáveis e precisas para todos os níveis da Administração.

Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto com o SERPRO, o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, implantando-o em janeiro de 1987, para suprir o Governo Federal de um instrumento moderno e eficaz no controle e acompanhamento dos gastos públicos.

Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos públicos que apontamos acima ficaram solucionados. Hoje o Governo Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde todas as saídas de dinheiro ocorrem com o registro de sua aplicação e do servidor público que a efetuou. Trata-se de uma ferramenta poderosa para executar, acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a correta utilização dos recursos da União.

O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o SIAFI tem alcançado satisfatoriamente seus principais objetivos :

a) prover mecanismos adequados ao controle diário da execução orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Administração Pública;b) fornecer meios para agilizar a programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura e tempestiva de informações gerenciais destinadas a todos os níveis da Administração Pública Federal;d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador de despesa de cada unidade gestora;e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e municípios e de suas supervisionadas;f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o das transferências negociadas; g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo Federal;h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos públicos; ei) proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal

O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilidade pública da União que ele é hoje reconhecido no mundo inteiro e recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional. Sua performance transcendeu de tal forma as fronteiras brasileiras e despertou a atenção no cenário nacional e internacional, que vários países, além de alguns organismos internacionais, têm enviado delegações à Secretaria do Tesouro Nacional, com o propósito de absorver tecnologia para a implantação de sistemas similares.

Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para a Administração Pública Federal :      Contabilidade : o gestor ganha tempestividade na informação, qualidade e precisão em seu trabalho;      Finanças : agilização da programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro

Nacional, por meio da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco Central;     Orçamento : a execução orçamentária passou a ser realizada tempestivamente e com transparência,

completamente integrada a execução patrimonial e financeira;

    

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Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam o orçamento : os números da época da implantação do SIAFI indicavam a existência de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade, eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e executam seus gastos através do sistema de forma “on-line”;     

Desconto na fonte de impostos : hoje, no momento do pagamento, já é recolhido o imposto devido;     Auditoria : facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro público;     Transparência : poucas pessoas tinham acesso às informações sobre as despesas do Governo Federal

antes do advento do SIAFI. A prática da época era tratar essas despesas como “assunto sigiloso”. Hoje a história é outra, pois na democracia o cidadão é o grande acionista do estado; e    

Fim da multiplicidade de contas bancárias : os números da época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de aproximadamente 9.000 documentos por dia. Com a implantação do SIAFI, constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias e se registravam em média 33.000 documentos diariamente. Hoje, 98% dos pagamentos são identificados de modo instantâneo na Conta Única e 2% deles com uma defasagem de, no máximo, cinco dias.

Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens que o distinguem de outros sistemas em uso no âmbito do Governo Federal :

     Sistema disponível 100% do tempo e on-line;     Sistema centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;     Interligação em todo o território nacional;     Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);      Utilização por grande parte da Administração Indireta; e      Integração periódica dos saldos contábeis das entidades que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de

consolidação das informações econômico-financeiras do Governo Federal - à exceção das Sociedades de Economia Mista, que têm registrada apenas a participação acionária do Governo - e para proporcionar transparência sobre o total dos recursos movimentados. O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla, por meio de terminais instalados em todo o território nacional,

a execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos órgãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fundações e empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da Seguridade Social da União.

O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais apenas para receberem, pela Conta Única do Governo Federal, suas receitas (taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam o sistema. Entidades de caráter privado também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa utilização depende da celebração de convênio ou assinatura de termo de cooperação técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão gestor do SIAFI.

Muitos são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Administração Pública que dele faz uso, mas podemos dizer, a título de simplificação, que essas facilidades foram desenvolvidas para registrar as informações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública federal dos recursos arrecadados legalmente da sociedade:

Execução Orçamentária; Execução Financeira; e Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas no Balanço Geral da União.

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Normalmente há interpretações equivocadas do que venha a ser execução orçamentária e financeira. Perfeitamente compreensível esse equívoco, pois a execução orçamentária e financeira ocorrem concomitantemente. Esta afirmativa tem como sustentação o fato de que a execução tanto orçamentária como financeira estão atreladas uma a outra. Havendo orçamento e não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a despesa. Por outro lado, pode haver recurso financeiro, mas não se poderá gastá-lo, se não houver a disponibilidade orçamentária.

Em conseqüência, pode-se definir execução orçamentária como sendo a utilização dos créditos consignados no Orçamento ou Lei Orçamentária Anual - LOA. Já a execução financeira, por sua vez, representa a utilização de recursos financeiros, visando atender à realização dos projetos e/ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias pelo Orçamento. Na técnica orçamentária inclusive é habitual se fazer a distinção entre as palavras CRÉDITO e RECURSOS. Reserva-se o termo CRÉDITO para designar o lado orçamentário e RECURSOS para o lado financeiro. Crédito e Recurso são duas faces de uma mesma moeda. O CRÉDITO é orçamentário, dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização, e RECURSO é financeiro, portanto, dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária.

Todo o processo orçamentário tem sua obrigatoriedade estabelecida na Constituição Federal, art.165, que determina a necessidade do planejamento das ações de governo por meio do:

Plano Plurianual de Investimentos - PPA; Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO; Lei Orçamentária Anual – LOA.

Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução orçamentária e de programação financeira da União estabelecidas para o exercício, e lançadas as informações orçamentárias, fornecidas pela Secretaria de Orçamento Federal, no SIAFI , por intermédio da geração automática do documento Nota de Dotação – ND, cria-se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da execução orçamentária propriamente dita.

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Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas públicas nele previstas e só essas, uma vez que, para que qualquer utilização de recursos públicos seja efetuada, a primeira condição é que esse gasto tenha sido legal e oficialmente previsto e autorizado pelo Congresso Nacional e que sejam seguidos à risca os três estágios da execução das despesas previstos na Lei nº 4320/64 : empenho, liquidação e pagamento – atualmente se encontra em aplicação a sistemática do pré-empenho antecedendo esses estágios, já que, após o recebimento do crédito orçamentário e antes do seu comprometimento para a realização da despesa, existe uma fase geralmente demorada de licitação obrigatória junto a fornecedores de bens e serviços que impõe a necessidade de se assegurar o crédito até o término do processo licitatório.

Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa e pode ser conceituado como sendo o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente ou não, de implemento de condição. Esse primeiro estágio é efetuado no SIAFI utilizando-se o Documento Nota de Empenho - NE, através de transação específica denominada NE, que se destina a registrar o comprometimento de despesa orçamentária, obedecidos os limites estritamente legais, bem como aos casos em que se faça necessário o reforço ou a anulação desse compromisso. Não se deve confundir, entretanto, empenho da despesa com nota de empenho; esta, na verdade, é a materialização daquele, embora, no dia-a-dia haja a junção dos dois procedimentos em um único.

Todavia, ocorre que estando a despesa legalmente empenhada, nem assim o Estado se vê obrigado a efetuar o pagamento, uma vez que, o implemento de condição poderá estar concluído ou não. Seria um absurdo se assim não fosse, pois a Lei 4320/64 determina que o pagamento de qualquer despesa pública, seja ela de que importância for, passe pelo crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da execução da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou a entrega dos bens, ou ainda, a realização da obra, evitando, dessa forma, o pagamento sem o implemento de condição.

Assim, o segundo estágio da despesa pública é a liquidação, que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, ou seja é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho. Esse estágio tem por finalidade reconhecer ou apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância exata a pagar e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação e é efetuado no SIAFI pelo documento Nota de Lançamento – NL. Ele envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferência, desde a entrega do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. Ao fazer a entrega do material ou a prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, fatura ou conta correspondente, acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo o funcionário competente atestar o recebimento do material ou a prestação do serviço correspondente, no verso da nota fiscal, fatura ou conta.

O último estágio da despesa é o pagamento e consiste na entrega de numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado por tesouraria, mediante registro no SIAFI do documento Ordem Bancária – OB, que deve ter como favorecido o credor do empenho. Este pagamento normalmente é efetuado por meio de crédito em conta bancária do favorecido uma vez que a OB especifica o domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente financeiro do Tesouro Nacional, ou seja, o Banco do Brasil S/ª. Se houver importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos órgãos públicos deverá ocorrer dentro do próprio exercício, mediante crédito à conta bancária da UG que efetuou o pagamento. Quando a reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser restituído por DARF ao Tesouro Nacional.

EXECUÇÃO FINANCEIRA

Até aqui tivemos uma visão bem superficial e resumida da execução orçamentária, que é a utilização dos créditos consignados no Orçamento. Agora veremos a execução financeira, ou seja, o fluxo de recursos financeiros necessários à realização efetiva dos gastos dos recursos públicos para a realização dos programas de trabalho definidos. Lembre-se de que RECURSO é dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária (enfoque da execução financeira) e que CRÉDITO é dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização (enfoque da execução orçamentária). Na verdade, crédito e recurso são duas faces da mesma moeda, já que a execução orçamentária e a execução financeira em geral ocorrem concomitantemente.

O Art. 34 da Lei 4.320/64 determina que o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, e o art. 35 dispõe que pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele legalmente empenhadas. Assim, no Brasil, o exercício financeiro é o espaço de tempo compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de cada ano, no qual a administração promove a execução orçamentária e demais fatos relacionados com as variações qualitativas e quantitativas que tocam os elementos patrimoniais da entidade ou órgão público.

O dispêndio de recursos financeiros oriundos do Orçamento Geral da União se faz exclusivamente por meio de Ordem Bancária - OB e da Conta Única do Governo Federal e se destina ao pagamento de compromissos, bem como a transferência de recursos entre as Unidades Gestoras, tais como liberação de recursos para fins de adiantamento, suprimento de fundos, cota, repasse, sub-repasse e afins. A Ordem Bancária é portanto o único documento de transferência de recursos financeiros.

O ingresso de recursos se dá quando o contribuinte efetua o pagamento de seus tributos por meio de DARF, junto à rede bancária, que deve efetuar o recolhimento dos recursos arrecadados, ao BACEN, no prazo de um dia. Com o DARF Eletrônico e a GRPS Eletrônica, os usuários do sistema podem efetuar o recolhimento dos tributos federais e contribuições previdenciárias diretamente à Conta Única, sem trânsito pela rede bancária. Ao mesmo tempo, a Secretaria da Receita Federal recebe informações da receita bruta arrecadada, que é classificada decendialmente (ou seja, a cada 10 dias) no SIAFI. Esse valor classificado deve corresponder ao montante registrado no BACEN no período.

Uma vez tendo recursos em caixa, começa a fase de saída desses recursos, para pagamentos diversos. O pagamento entre Unidades Gestoras ocorre mediante a transferência de limite de saque, que é a disponibilidade financeira da UG on-line, existente na Conta Única. No caso de pagamento de credores não integrantes do SIAFI, a Unidade Gestora efetua o registro de OB no SIAFI. Ao final do dia é gerado um arquivo de OB, que é encaminhado ao Banco do Brasil para processamento que, por sua vez, comunica ao Banco Central o limite da reserva bancária a ser disponibilizada. Até o dia seguinte ao da emissão da OB, a Unidade Gestora deve encaminhar ao Banco do Brasil, a relação de ordens bancárias para pagamento junto a ele ou a outros bancos. O valor devido é pago ao beneficiário, de acordo com os prazos definidos pelo BACEN.

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Ocorre que a entrada das receitas que o governo arrecada dos contribuintes nem sempre coincide, no tempo, com as necessidades de realização de despesas públicas, já que a arrecadação de tributos e outras receitas não se concentra apenas no início do exercício financeiro, mas está distribuída ao longo de todo o ano civil. Por essa razão é que existe um conjunto de atividades que têm o objetivo de ajustar o ritmo da execução do Orçamento ao fluxo provável de entrada de recursos financeiros que vão assegurar a realização dos programas anuais de trabalho e, conseqüentemente, impedir eventuais insuficiências de tesouraria. A esse conjunto de atividades chamamos de Programação Financeira.

As atividades de programação financeira do Tesouro Nacional foram organizadas sob a forma de sistema, cabendo à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda o papel de Órgão Central, às Unidades de Administração dos Ministérios e dos Órgãos equivalentes da Presidência da República e dos Poderes Legislativo e Judiciário o papel de Órgãos Setoriais e às unidades que, em cada órgão da Administração Federal, centralizam funções de orçamento e execução financeira, o papel de Órgãos Seccionais.

O Órgão Central de Programação Financeira é a Coordenação-Geral de Programação Financeira - COFIN, da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, os Órgãos Setoriais de Programação Financeira - OSPF são as Subsecretarias de Planejamento e Orçamento e unidades equivalentes das Secretarias da Presidência da República e dos Poderes Legislativo e Judiciário, enquanto que os Órgãos Setoriais são as Unidades Gestoras.

Os Órgãos Setoriais de Programação Financeira - OSPF são os responsáveis pelo registro diretamente no SIAFI, por meio de transação específica, de suas propostas de Programação Financeira - PPF até o dia 28 de cada mês. Para tal utilizam o Documento Nota de Programação Financeira - PF, que se destina ao registro da proposta de programação financeira e da programação financeira aprovada, pelas unidades gestoras executoras, pelas unidades gestoras setoriais de programação financeira e pelo órgão central de programação financeira (COFIN/STN).

A elaboração de uma programação financeira requer muita habilidade e conhecimento técnico de finanças e comportamento da arrecadação dos tributos federais que compõem a receita, bem como da estrutura do Estado. A programação financeira estará sempre submetida à vontade política do Governo, uma vez que o Orçamento é uma lei autorizativa (ela não obriga; apenas autoriza a execução dos programas de trabalho nela contidos). Isso significa que sua execução deve estar atrelada ao real ingresso de recursos. À medida que esses recursos vão ingressando nos cofres do Governo, são imediatamente liberados para os órgãos setoriais dos Ministérios ou Órgãos, baseado na programação financeira destes, para a execução dos seus programas de trabalho. Dessa maneira, fica a critério do Governo executar este ou aquele projeto, sem obedecer a qualquer hierarquia orçamentária.

Como cada ministério ou órgão tem um prazo determinado para a elaboração de seu próprio cronograma de desembolso (que espelha as saídas de recursos financeiros), à Secretaria do Tesouro Nacional, na condição de Órgão Central, compete a consolidação e aprovação de toda a programação financeira de desembolso para o Governo Federal no exercício, procurando ajustar as necessidades da execução do orçamento ao fluxo de caixa do Tesouro (que engloba despesas e receitas), a fim de obter um fluxo de caixa mais consentâneo com a política fiscal e monetária do governo.

Todo esse processo ocorre dentro do SIAFI, que foi desenvolvido para que cada UG possa elaborar sua programação financeira, submetê-la ao seu Órgão setorial de programação e este, por sua vez, possa consolidá-la e submetê-la ao Órgão Central de Programação Financeira. Assim, o Sistema permite um acompanhamento preciso do cronograma de desembolso dos recursos financeiros de cada UG.

BALANÇO GERAL DA UNIÃO

O SIAFI , além de processar e controlar toda a execução orçamentária e financeira do Governo Federal, também desempenha importante papel na tarefa de elaboração das demonstrações das contas consolidadas no Balanço Geral da União - BGU, na medida em que contabiliza também os atos e fatos praticados pelos gestores públicos ao longo do exercício que não estão relacionados exclusivamente a entradas e saídas de recursos e nem a movimmentção de créditos. O BGU representa a posição estática do patrimônio dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública federal e é elaborado a partir de diversas informações extraídas do SIAFI , as quais, complementadas por outras, com níveis diferenciados de detalhamento, passam a compor as demonstrações obrigatórias que o Presidente da República deve apresentar anualmente ao Congresso Nacional, por força de disposição constitucional.

Assim, o Balanço Geral da União – BGU para cada exercício tem por objetivo demonstrar as principais ações governamentais executadas pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, vinculados ao Poder Executivo, bem como a execução dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Empresas Estatais. Essa prestação de contas é elaborada em acordo com as diretrizes básicas estabelecidas pelo Tribunal de Contas da União para o exercício financeiro e usualmente se compõe de 4 volumes :

Volume I : Relatório de Atividades do Poder Executivo Federal; Volume II : Balanços e Demonstrativos da Execução dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social; Volume III : Balanços da Administração Indireta; e Volume IV : Demonstrativos da Execução do Orçamento de Investimento das Empresas Estatais.

A organização do conteúdo desses volumes, em sua quase totalidade, fica a cargo da Coordenação-Geral de Contabilidade – CCONT, que conta com as informações registradas no SIAFI e com a participação dinâmica dos Órgãos Centrais de Contabilidade e de Controle e das Unidades Gestoras Executoras para a realização de tal tarefa, a qual pressupõe a elaboração do

Balanço Orçamentário; Balanço Financeiro; Balanço Patrimonial; Demonstrações das Variações Patrimoniais da União.

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O SIAFI é um sistema de informações centralizado em Brasília, ligado por teleprocessamento aos Órgãos do Governo Federal distribuídos no País e no exterior. Essa ligação, que é feita pela rede de telecomunicações do SERPRO e também pela conexão a outras inúmeras redes externas, é que garante o acesso ao sistema às quase 17.874 Unidades Gestoras ativas no SIAFI.

Para facilitar o trabalho de todas essas Unidades Gestoras, o SIAFI foi concebido para se estruturar por exercícios : cada ano equivale a um sistema diferente, ou seja, a regra de formação do nome do sistema é a sigla SIAFI acrescida de quatro dígitos referentes ao ano do sistema que se deseja acessar : SIAFI2000, SIAFI2001, SIAFI2002, etc.

Por sua vez, cada sistema está organizado por subsistemas - atualmente são 21 - e estes, por módulos . Dentro de cada módulo estão agregadas inúmeras transações, que guardam entre si características em comum. Nesse nível de transação é que são efetivamente executadas as diversas operações do SIAFI, desde entrada de dados até consultas.

Cada subsistema tem uma função própria e bem delimitada no SIAFI. Podemos organizá-los informalmente em cinco grupos principais :

Controle de Haveres e Obrigações :

- Dívida Pública - DIVIDA- Haveres - HAVERES- Controle de Obrigações - OBRIGACAO- Operações Oficiais de Crédito - O2C

Administração do Sistema :

- Administração do Sistema - ADMINISTRA - Auditoria - AUDITORIA - Centro de Informação - CI - Conformidade - CONFORM - Manual - MANUALMF

Execução Orçamentária e Financeira :

- Contábil - CONTABIL- Documentos do SIAFI - DOCUMENTO- Orçamentário e Financeiro - ORCFIN

Organização de Tabelas:

- Tabelas administrativas - TABADM- Tabelas de apoio - TABAPOIO- Tabelas do cadastro de obrigações - TABOBRIG- Tabelas orçamentárias -TABORC- Tabelas de receitas orçamentárias - TABRECEITA

Recursos Complementares com Aplicação Específica:

- Programação orçamentária - PROGORCAM- Convênios - CONVENIOS

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- Contas a pagar e a receber - CPR- Estados e Municípios - ESTMUN.

TELA INICIAL DO SIAFI

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LEGISLAÇÃO

LRF - LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000DISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal,com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigemdesvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas edespesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, daseguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessãode garantia e inscrição em Restos a Pagar.§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.§ 3º Nas referências:I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o MinistérioPúblico;b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes;II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver,Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a enteda Federação;III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamentode despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento departicipação acionária;IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, deserviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuiçõesmencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência eassistência social e as receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da LeiComplementar nº 87 , de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias.§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima osrecursos recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1º do art. 19.§ 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onzeanteriores, excluídas as duplicidades.CAPÍTULO IIDO PLANEJAMENTOSeção IDo Plano PlurianualArt. 3º (VETADO)Seção IIDa Lei de Diretrizes OrçamentáriasArt. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e:I - disporá também sobre:a) equilíbrio entre receitas e despesas;b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, noart. 9o e no inciso II do § 1º do art. 31;c) (VETADO)d) (VETADO)e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dosorçamentos;f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;II - (VETADO)III - (VETADO)§ 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metasanuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívidapública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.§ 2º O Anexo conterá, ainda:I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados

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pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas eos objetivos da política econômica nacional;III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursosobtidos com a alienação de ativos;IV - avaliação da situação financeira e atuarial:a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesasobrigatórias de caráter continuado.§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes eoutros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.§ 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os objetivos das políticasmonetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda asmetas de inflação, para o exercício subseqüente.Seção IIIDa Lei Orçamentária AnualArt. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizesorçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metasconstantes do documento de que trata o § 1º do art. 4º;II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do art. 165 da Constituição, bem como das medidas decompensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida,serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:a) (VETADO)b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.§ 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da leiorçamentária anual.§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.§ 3º A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice depreços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada.§ 5º A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que nãoesteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1º do art. 167 da Constituição.§ 6º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas apessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e ainvestimentos.§ 7º (VETADO)Art. 6º (VETADO)Art. 7º O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a constituição ou reversão de reservas, constitui receita doTesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subseqüente à aprovação dos balanços semestrais.§ 1º O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para com o Banco Central do Brasil e será consignado emdotação específi ca no orçamento.§ 2º O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente,nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União.§ 3º Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil conterão notas explicativas sobre os custos da remuneração dasdisponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos,destacando os de emissão da União.Seção IVDa Execução Orçamentária e do Cumprimento das MetasArt. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias eobservado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma deexecução mensal de desembolso.Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender aoobjeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metasde resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por atopróprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo oscritérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhosforam limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusiveaquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazoestabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei dediretrizes orçamentárias.

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§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento dasmetas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1º do art. 166 da Constituição ou equivalentenas Casas Legislativas estaduais e municipais.§ 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reuniãoconjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas daspolíticas monetária, creditíci a e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstradosnos balanços.Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meiode sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de observância da ordem cronológica determinada no art. 100 daConstituição.CAPÍTULO IIIDA RECEITA PÚBLICASeção IDa Previsão e da ArrecadaçãoArt. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadaçãode todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. IN TCU nº 38/2000Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, noque se refere aos impostos.Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações nalegislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadasde demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e dametodologia de cálculo e premissas utilizadas.§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordemtécnica ou legal.§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capitalconstantes do projeto de lei orçamentária.§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trintadias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para oexercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestraisde arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, daquantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributáriospassíveis de cobrança administrativa.Seção IIDa Renúncia de ReceitaArt. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receitadeverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nosdois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na formado art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita,proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral,alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outrosbenefícios que correspondam a tratamento diferenciado.§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condiçãocontida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.§ 3º O disposto neste artigo não se aplica:I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu §1º;II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.CAPÍTULO IVDA DESPESA PÚBLICASeção IDa Geração da DespesaArt. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ouassunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa seráacompanhado de:I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a leiorçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangidapor crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programade trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

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II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes,objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a desp esa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizesorçamentárias.§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição.Subseção IDa Despesa Obrigatória de Caráter ContinuadoArt. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou atoadministrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista noinciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentadanão afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nosperíodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliaçãoda base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculoutilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizesorçamentárias.§ 5] A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2o, asquais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.§ 6º O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneraçãode pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.Seção IIDas Despesas com PessoalSubseção IDefinições e LimitesArt. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos doente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis,militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis,subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pesso aisde qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregadospúblicos serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onzeimediatamente anteriores, adotando -se o regime de competência.Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período deapuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:I - União: 50% (cinqüenta por cento);II - Estados: 60% (sessenta por cento);III - Municípios: 60% (sessenta por cento).§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;II - relati vas a incentivos à demissão voluntária;III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição;IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela Uniãona forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:a) da arrecadação de contribuições dos segurados;b) da compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição;c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação debens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.§ 2º Observado o disposto no inciso IV do § 1º, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serãoincluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:I - na esfera federal:a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para asdespesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da EmendaConstitucional no 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual

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da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta LeiComplementar;d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;II - na esfera estadual:a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;III - na esfera municipal:a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.§ 1º Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos de formaproporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercíciosfinanceiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.§ 2º Para efeito deste artigo entende-se como órgão:I - o Ministério Público;II- no Poder Legislativo:a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal;d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver;III - no Poder Judiciário:a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.§ 3º Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 daConstituição, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.§ 4º N os Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso IIdo caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).§ 5º Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos financeiros correspondentes à despesa totalcom pessoal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei dediretrizes orçamentárias.§ 6º (VETADO)Subseção IIDo Controle da Despesa Total com PessoalArt. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1º do art. 169 daConstituição;II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido noscento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cadaquadrimestre.Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados aoPoder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados desentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;II - criação de cargo, emprego ou função;III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrentede aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição e as situaçõesprevistas na lei de diretrizes orçamentárias.Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmoartigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestresseguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169da Constituição.§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos efunções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.§ 2º É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá:I - receber transferências voluntárias;II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanci amento da dívida mobiliária e as que visem àredução das despesas com pessoal.§ 4º As restrições do § 3º aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiroquadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

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Seção IIIDas Despesas com a Seguridade SocialArt. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem aindicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17.§ 1º É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de:I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente;II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.§ 2º O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive osdestinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.CAPÍTULO VDAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIASArt. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou decapital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinaçãoconstitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. IN STN nº 5/2000 - IN TCU nº 38/2000§ 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:I - existência de dotação específica;II - (VETADO)III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Co nstituição;IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bemcomo quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação dereceita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;d) previsão orçamentária de contrapartida.§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada.§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar,excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.CAPÍTULO VIDA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRIVADOArt. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits depessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias eestar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.§ 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais,exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.§ 2º Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivasprorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle diretoou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo decaptação.Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes deoperações de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo o subsídiocorrespondente consignado na lei orçamentária.Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, parasocorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação oufinanciamentos para mudança de controle acionário.§ 1º A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelasinstituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.§ 2º O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de conceder às instituições financeiras operações deredesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.CAPÍTULO VIIDA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTOSeção IDefinições BásicasArt. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente daFederação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, paraamortização em prazo superior a doze meses;II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central doBrasil, Estados e Municípios;III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite detítulo, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços,arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente daFederação ou entidade a ele vinculada;

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V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualizaçãomonetária.§ 1º Equipara -se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação,sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.§ 2º Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do BancoCentral do Brasil.§ 3º Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitastenham constado do orçamento.§ 4º O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montantedo final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamenterealizadas, acrescido de atualização monetária.Seção IIDos Limites da Dívida Pública e das Operações de CréditoArt. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao:I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios,cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII eIX do mesmo artigo;II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere oinciso XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívidaconsolidada da União, atendido o disposto no inciso I do § 1º deste artigo.§ 1ºo As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas alterações conterão:I - demonstração de que os limites e condições guardam coerência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementare com os objetivos da política fiscal;II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma das três esferas de governo;III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por esfera de governo;IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nominal.§ 2º As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput também poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida,evidenciando a forma e a metodologia de sua apuração.§ 3º Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão fixados em percentual da receita corrente líquida para cadaesfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limitesmáximos.§ 4º Para fins de verificação do atendimento do limite, a apuração do montante da dívida consolidada será efetuada ao fi nalde cada quadrimestre.§ 5º No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional,conforme o caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições previstos nos incisos I e II do caput.§ 6º Sempre que alterados os fundamentos das propostas de que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica oualterações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da República poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao CongressoNacional solicitação de revisão dos limites.§ 7º Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram adívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.Seção IIIDa Recondução da Dívida aos LimitesArt. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre,deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco porcento) no primeiro.§ 1º Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado orefinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação deempenho, na forma do art. 9o.§ 2º Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido dereceber transferências voluntárias da União ou do Estado.§ 3º As restrições do § 1º aplicam-se imediatamente se o montante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre doúltimo ano do mandato do Chefe do Poder Executivo.§ 4º O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidasconsolidada e mobiliária.§ 5º As normas deste artigo serão observadas nos casos de descumprimento dos limites da dívida mobiliária e dasoperações de crédito internas e externas.Seção IVDas Operações de CréditoSubseção IDa ContrataçãoArt. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações decrédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. Por nº 459/2000 - Por MFnº 352/2000 - Por MF nº 162/2000§ 1º O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos,

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demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições:I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais oulei específica;II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operaçõespor antecipação de receita;III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo;V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição;VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar.§ 2º As operações relati vas à dívida mobiliária federal autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais,serão objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.§ 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos recursos deoperações de crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas, observado o seguinte:I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento acontribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de competência do ente da Federação, se resultar adiminuição, direta ou indireta, do ônus deste;II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for concedido por instituição financeira controlada pelo enteda Federação, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;III - (VETADO)§ 4º Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazendaefetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público àsinformações, que incluirão:I - encargos e condições de contratação;II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão degarantias.§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláusula que importe na compensação automática dedébitos e créditos.Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívidamobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos.§ 1º A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seucancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de juros e demais encargos financeiros.§ 2º Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será consignada reserva específica na leiorçamentária para o exercício seguinte.§ 3º Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nosincisos do § 3o do art. 23.§ 4º Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art.167 da Constituição, consideradas as disposições do § 3º do art. 32.Subseção IIDas VedaçõesArt. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida pública a partir de dois an os após a publicação desta LeiComplementar.Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio defundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda quesob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.§ 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre instituição financeira estatal e outro ente daFederação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a:I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos da dívida da União como aplicação de suasdisponibilidades.Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, naqualidade de beneficiário do empréstimo.Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívidapública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenhaocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição;II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria docapital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadoriasou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens eserviços.Subseção IIIDas Operações de Crédito por Antecipação de Receita OrçamentáriaArt. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício

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financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano;III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamenteprefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;IV - estará proibida:a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada;b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.§ 1º As operações de que trata este artigo não serão computadas para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 daConstituição, desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.§ 2º As operações de crédito por antecipação de receita realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas medianteabertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central doBrasil.§ 3º O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso deinobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.Subseção IVDas Operações com o Banco Central do BrasilArt. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art.35 e mais às seguintes:I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mercado, ressalvado o disposto no § 2º deste artigo;II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da Federaçãopor título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo efeito final sejasemelhante à permuta;III - concessão de garantia.§ 1º O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de Letras do Banco Central do Brasil, Série Esp ecial, existentena carteira das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas operações de venda a termo.§ 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívidamobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.§ 3º A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público.§ 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal existentes na carteira do Banco Central doBrasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.Seção VDa Garantia e da ContragarantiaArt. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas ou externas, observados o disposto nesteartigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal.§ 1º A garantia estará condicionada ao oferecimento de contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a serconcedida, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por estecontroladas, observado o seguinte:I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do próprio ente;II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir navinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais, com outorga depoderes ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.§ 2º No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomentopara o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigênciaslegais para o recebimento de transferências voluntárias.§ 3º (VETADO)§ 4º (VETADO)§ 5º É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Senado Federal.§ 6º É vedado às entidades da administração indireta, inclusive suas empresas controladas e subsidiárias, concedergarantia, ainda que com recursos de fundos.§ 7º O disposto no § 6º não se aplica à concessão de garantia por:I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à prestação de contragarantia nas mesmas condições;II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.§ 8º Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, deacordo com a legislação pertinente;II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza financeira por ela controladas, direta e indiretamente,quanto às operações de seguro de crédito à exportação.§ 9º Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar astransferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de garantia prestadaem operação de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a total liquidação da mencionada dívida.Seção VIDos Restos a PagarArt. 41. (VETADO)Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair

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obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercícioseguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesascompromissadas a pagar até o final do exercício.CAPÍTULO VIIIDA GESTÃO PATRIMONIALSeção IDas Disponibilidades de CaixaArt. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece o § 3º do art. 164 daConstituição.§ 1º As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda quevinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta separada dasdemais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteçãoe prudência financeira.§ 2º É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1o em:I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em ações e outros papéis relativos às empresas controladaspelo respectivo ente da Federação;II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público, inclusive a suas empresas controladas.Seção IIDa Preservação do Patrimônio PúblicoArt. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimôniopúblico para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dosservidores públicos.Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetosapós adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos termosem que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei dediretrizes orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual será dadaampla divulgação.Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3odo art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização.Seção IIIDas Empresas Controladas pelo Setor PúblicoArt. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, naforma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e financeira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 daConstituição.Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balanços trimestrais nota explicativa em que informará:I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com respectivos preços e condições, comparando-os com os praticadosno mercado;II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especificando valor, fonte e destinação;III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de empréstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos oucondições diferentes dos vigentes no mercado.CAPÍTULO IXDA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃOSeção IDa Transparência da Gestão FiscalArt. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meioseletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivoparecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas dessesdocumentos.Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização deaudiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivoPoder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições dasociedade.Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeirasoficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos efinanciamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agênciasfinanceiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.Seção IIDa Escrituração e Consolidação das ContasArt. 50. Além de obedecer às dem ais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará asseguintes:I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesaobrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter

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complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão,fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente;IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção decompromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública noperíodo, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor;VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes daalienação de ativos.§ 1º No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais.§ 2º A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União,enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.§ 3º A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestãoorçamentária, financeira e patrimonial.Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo,das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acessopúblico.§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos:I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;II - Estados, até trinta e um de maio.§ 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente daFederação receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principalatualizado da dívida mobiliária.Seção IIIDo Relatório Resumido da Execução OrçamentáriaArt. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público,será publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;II - demonstrativos da execução das:a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, areceita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para oexercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;c) despesas, por função e subfunção.§ 1º Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão destacadamente nas receitas de operações decrédito e nas despesas com amortização da dívida.§ 2º O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51.Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão deseu desempenho até o final do exercício;II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;III - resultado s nominal e primário;IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e omontante a pagar.§ 1º O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de demonstrativos:I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, conforme o § 3o do art. 32;II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos;III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.§ 2º Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:I - da limitação de empenho;II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, eas ações de fiscalização e cobrança.Seção IVDo Relatório de Gestão FiscalArt. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório deGestão Fiscal, assinado pelo:I - Chefe do Poder Executivo;II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dosórgãos do Poder Legislativo;III - Presi dente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente, conformeregimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo

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controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.Art. 55. O relatório conterá:I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes:a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;b) dívidas consolidada e mobiliária;c) concessão de garantias;d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;e) despesas de que trata o inciso II do art. 4º;II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;III - demonstrativos, no último quadrimestre:a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:1) liquidadas;2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41;3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa;4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38.§ 1º O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos incisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informaçõesrelativas à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder, com amplo acesso aopúblico, inclusive por meio eletrônico.§ 3º O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita o ente à sanção prevista no § 2º do art. 51.§ 4º Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados de forma padronizada, segundo modelos que poderãoser atualizados pelo conselho de que trata o art. 67.Seção VDas Prestações de ContasArt. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dosórgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecerprévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.§ 1º As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivostribunais;II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as dos demais tribunais.§ 2º O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mistapermanente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais. ResoluçãoCN nº 1/2001§ 3º Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas.Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias dorecebimento, se outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.§ 1º No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de centoe oitenta dias.§ 2º Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20,pendentes de parecer prévio.Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando asprovidências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nasinstâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições.Seção VIDa Fiscalização da Gestão FiscalArt. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cadaPoder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada emobiliária aos respectivos limites;V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta LeiComplementar;VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.§ 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o;II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia seencontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestãoorçamentária.

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§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder eórgão referido no art. 20.§ 3º O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.CAPÍTULO XDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIASArt. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidasconsolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia,poderão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou em outras transações previstas em lei, pelo seu valoreconômico, conforme definido pelo Ministério da Fazenda.Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de competência de outros entes da Federação se houver:I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual;II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação.Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a cinqüenta mil habitantes optar por:I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4º do art. 30 ao final do semestre;II - divulgar semestralmente:a) (VETADO)b) o Relatório de Gestão Fiscal;c) os demonstrativos de que trata o art. 53;III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei dediretrizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta LeiComplementar.§ 1º A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.§ 2º Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar estasituação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite definidos para os demais entes.Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios para a modernização das respectivasadministrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.§ 1º A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos humanos e na transferência detecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público.§ 2º A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valores, o financiamento por intermédio das instituiçõesfinanceiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas.Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelasAssembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70;II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9o.Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado na forma daConstituição.Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou negativo doProduto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres.§ 1º Entende -se por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um porcento), no período correspondente aos quatro últimos trimestres.§ 2º A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgãoque vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual e regional.§ 3º Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medidas previstas no art. 22.§ 4º Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na condução das políticas monetária e cambial, reconhecidas peloSenado Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado em até quatro quadrimestres.Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serãorealizados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do MinistérioPúblico e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execução do gasto público, na arrecadaçãode receitas, no controle do endividamento e na transparência da gestão fiscal;III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas e dos relatórios edemonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples para os pequenos Municípios,bem como outros, necessários ao controle social;IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.§ 1º O conselho a que se refere o caput instituirá formas de pre miação e reconhecimento público aos titulares de Poder quealcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvimento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscalpautada pelas normas desta Lei Complementar.§ 2º Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamento do conselho.Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado aoMinistério da Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recursos para o pagamento dos benefícios do regimegeral da previdência social.§ 1º O Fundo será constituído de:I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacional do Seguro Social não utilizados na operacionalizaçãodeste;

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II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 daConstituição;IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou jurídica em débito com a Previdência Social;V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;VI - recursos provenientes do orçamento da União.§ 2º O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na forma da lei.Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir regime próprio de previdência social para seus servidoresconferir-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de contabilidade e atuária que preservem seu equilíbriofinanceiro e atuarial.Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total com pessoal no exercício anterior ao da publicação destaLei Complementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo limite em até doisexercícios, eliminando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinqüenta por cento ao ano), mediante aadoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no prazo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art.23.Art. 71. Ressalvada a hipótese do i nciso X do art. 37 da Constituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinteà entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pessoal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 nãoultrapassará, em percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exercício imediatamente anterior, acrescida de até10% (dez por cento), se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20.Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentualda receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercícioseguinte.Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 dedezembro de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Leino 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e demais normas da legislação pertinente.Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua publicação.Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar nº 96, de 31 de maio de 1999.Brasília, 4 de maio de 2000; 179o da Independência e 112o da República.

LEI Nº 4.320, DE 17 DE MARÇO 1964

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Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para Elaboração e Controle dos Orçamentos e Balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 1º - Esta Lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o disposto no Art. 5, XV, b, da Constituição Federal.TÍTULO I - Da Lei de OrçamentoCAPÍTULO I - Disposições GeraisArt. 2º - A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.§ 1º - Integrarão a Lei de Orçamento:I - sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Governo;II - quadro demonstrativo da receita e despesa segundo as categorias econômicas, na forma do Anexo número 1;III - quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;IV - quadro das dotações por órgãos do Governo e da Administração.§ 2º - Acompanharão a Lei de Orçamento:I - quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;II - quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos números 6 e 9;III - quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos de realização de obras e de prestação de serviços.Art. 3º - A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.Art. 4º - A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da Administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no art. 2º.Art. 5º - A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no Art. 20 e seu parágrafo único.Art. 6º - Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.§ 1º - As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada à transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.§ 2º - Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o cálculo das cotas terá por base os dados apurados no balanço do exercício anterior àquele em que se elaborar a proposta orçamentária do Governo obrigado à transferência.Art. 7º - A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Executivo para:I - abrir créditos suplementares até determinada importância, obedecidas as disposições do Art. 43;II - realizar, em qualquer mês do exercício financeiro, operações de crédito por antecipação da receita, para atender a insuficiências de caixa.§ 1º - Em casos de deficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.§ 2º - O produto estimado de operações de crédito e de alienação de bens imóveis somente se incluirá na receita quando umas e outras forem especificamente autorizadas pelo Poder Legislativo em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las no exercício.§ 3º - A autorização legislativa a que se refere o parágrafo anterior, no tocante a operações de crédito, poderá constar da própria Lei de Orçamento.Art. 8º - A discriminação da receita geral e da despesa de cada órgão do Governo ou unidade administrativa, a que se refere o Art. 2, § 1, III e IV, obedecerá a forma do Anexo número 2.§ 1º - Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencionados nos artigos 11, § 4º, e 13, serão identificados por números de código decimal, na forma dos Anexos números 3 e 4.§ 2º - Completarão os números do código decimal referido no parágrafo anterior os algarismos caracterizadores da classificação funcional da despesa conforme estabelece o Anexo número 5.§ 3º - O código geral estabelecido nesta Lei não prejudicará a adoção de códigos locais.CAPÍTULO II - Da ReceitaArt. 9º - Tributo é a receita derivada, instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades.Art. 10 - VetadoArt. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. Decreto-lei nº 1.939/82§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. § 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo número 1, não constituirá item de receita orçamentária. § 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:  Receitas Correntes, Receita Tributária, Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Receita de Contribuições, Receita Patrimonial, Receita Agropecuária, Receita Industrial, Receita de Serviços, Transferências Correntes, Receitas de Capital, Operações de

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Crédito, Alienação de Bens, Amortização de Empréstimos, Transferências de Capital, Outras Receitas de Capital. Decreto-lei nº 1.939/82CAPÍTULO III - Da DespesaArt. 12 - A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas:DESPESAS CORRENTES Despesas de Custeio.Transferências Correntes.DESPESAS DE CAPITAL Investimentos.Inversões Financeiras.Transferências de Capital.§ 1º - Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.§ 2º - Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas às quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado.§ 3º - Consideram-se subvenções, para os efeitos desta Lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se como:I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.§ 4º - Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.§ 5º - Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas a:I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.§ 6º - São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública.Art. 13 - Observadas as categorias econômicas do Art. 12, a discriminação ou especificação da despesa por elementos, em cada unidade administrativa ou órgão de governo, obedecerá ao seguinte esquema:DESPESAS CORRENTES Despesas de Custeio Pessoal Civil.Pessoal Militar.Material de Consumo.Serviços de Terceiros.Encargos Diversos.Transferências Correntes Subvenções Sociais.Subvenções Econômicas.Inativos.Pensionistas.Salário-Família e Abono Familiar.Juros da Dívida Pública.Contribuições de Previdência Social.Diversas Transferências Correntes.DESPESAS DE CAPITAL Investimentos Obras Públicas.Serviços em Regime de Programação Especial.Equipamentos e Instalações.Material Permanente.Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Industriais ou Agrícolas.Inversões Financeiras Aquisição de Imóveis.Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras.Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento.Constituição de Fundos Rotativos.Concessão de Empréstimos.Diversas Inversões Financeiras.Transferência de Capital Amortização da Dívida Pública.Auxílios para Obras Públicas.Auxílios para Equipamentos e Instalações.Auxílios para Inversões Financeiras.Outras Contribuições.

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Art. 14 - Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias.Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.Art. 15 - Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo, por elementos.§ 1º - Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a administração pública para consecução dos seus fins.§ 2º - Para efeito de classificação da despesa, considera-se material permanente o de duração superior a 2 (dois) anos.SEÇÃO I - Das Despesas CorrentesArt. 16 - Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos revelar-se mais econômica.Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à disposição dos interessados, obedecidos os padrões mínimos de eficiência previamente fixados.Art. 17 - Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.Art. 18 - A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal.Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções econômicas:a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou outros materiais;b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais.Art. 19 - A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial.SEÇÃO II - Das Despesas de CapitalArt. 20 - Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os projetos de obras e de outras aplicações.Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeados por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital.Art. 21 - A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se devam incorporar ao patrimônio das empresas privadas de fins lucrativos.Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transferências de capital à conta de fundos especiais ou dotações sob regime excepcional de aplicação.TÍTULO II - Da Proposta OrçamentáriaCAPÍTULO I - Conteúdo e Forma da Proposta OrçamentáriaArt. 22 - A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo, nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á de:I - mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política econômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital;II - projeto de Lei de Orçamento;III - tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão, em colunas distintas e para fins de comparação:a) a receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se elaborou a proposta;b) a receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;c) a receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;d) a despesa realizada no exercício imediatamente anterior;e) a despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta;f) a despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta;IV - especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa.Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição sucinta de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.CAPÍTULO II - Da Elaboração da Proposta OrçamentáriaSEÇÃO I - Das Previsões PlurianuaisArt. 23 - As receitas e despesas de capital serão objeto de um Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado por decreto do Poder Executivo, abrangendo, no mínimo, um triênio.Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital será anualmente reajustado acrescentando-se-lhe as previsões de mais um ano, de modo a assegurar a projeção contínua dos períodos.Art. 24 - O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital abrangerá:I - as despesas e, como couber, também as receitas previstas em planos especiais aprovados em lei e destinados a atender a regiões ou a setores da administração ou da economia;II - as despesas à conta de fundos especiais e, como couber, as receitas que os constituam;III - em anexos, as despesas de capital das entidades referidas no Título X desta Lei, com indicação das respectivas receitas, para as quais forem previstas transferências de capital.

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Art. 25 - Os programas constantes do Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital sempre que possível serão correlacionados a metas objetivas em termos de realização de obras e de prestação de serviços.Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que se pretendem obter com a realização de cada programa.Art. 26 - A proposta orçamentária conterá o programa anual atualizado dos investimentos, inversões financeiras e transferências previstos no Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital.SEÇÃO II - Das Previsões AnuaisArt. 27 - As propostas parciais de orçamento guardarão estrita conformidade com a política econômico-financeira, o programa anual de trabalho do Governo e, quando fixado, o limite global máximo para o orçamento de cada unidade administrativa.Art. 28 - As propostas parciais das unidades administrativas, organizadas em formulário próprio, serão acompanhadas de:I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma estabelecida no Art. 22, III, d, e, f;II - justificação pormenorizada de cada dotação solicitada, com a indicação dos atos de aprovação de projetos e orçamentos de obras públicas, para cujo início ou prosseguimento ela se destina.Art. 29 - Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação organizar demonstrações mensais da receita arrecadada, segundo as rubricas, para servirem de base a estimativa da receita na proposta orçamentária.Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento, essas demonstrações ser-lhe-ão remetidas mensalmente.Art. 30 - A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que se refere o artigo anterior à arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos, bem como as circunstâncias de ordem conjuntural e outras, que possam afetar a produtividade de cada fonte de receita.Art. 31 - As propostas orçamentárias parciais serão revistas e coordenadas na proposta geral, considerando-se a receita estimada e as novas circunstâncias.TÍTULO III - Da Elaboração da Lei de OrçamentoArt. 32 - Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.Art. 33 - Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento que visem a:a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando provada, nesse ponto, a inexatidão da proposta;b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja aprovado pelos órgãos competentes;c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja anteriormente criado;d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subvenções.TÍTULO IV - Do Exercício FinanceiroArt. 34 - O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.Art. 35 - Pertencem ao exercício financeiro:I - as receitas nele arrecadadas;II - as despesas nele legalmente empenhadas.Art. 36 - Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não-processadas.Parágrafo único. Os empenhos que correm a conta de créditos com vigência plurianual, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito.Art. 37 - As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.Art. 38 - Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício: quando a anulação ocorrer após o encerramento deste considerar-se-á receita do ano em que se efetivar.Art. 39 - Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não-tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. Decreto-lei nº 1.735/79As disposições deste artigo entraram em vigor no dia 1 de janeiro de 1980.§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título. § 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa Não-Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multas de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estrangeira será convertido ao correspondente valor na moeda nacional à taxa cambial oficial, para compra, na data da notificação ou intimação do devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na data da inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a atualização monetária e os juros de mora, de acordo com preceitos legais pertinentes aos débitos tributários.§ 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos mencionados nos parágrafos anteriores, bem como os valores correspondentes à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora e ao encargo de que tratam o Art. 1º do Decreto-lei número 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o Art. 3º do Decreto-lei número 1.645, de 11 de dezembro de 1978.§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. Del nº 1.735/79TÍTULO V - Dos Créditos Adicionais

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Art. 40 - São créditos adicionais as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.Art. 41 - Os créditos adicionais classificam-se em:I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.Art. 42 - Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo.Art. 43 - A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.§ 1º - Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos:I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;II - os provenientes de excesso de arrecadação;III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em lei;IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las.§ 2º - Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas.§ 3º - Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício.§ 4º - Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.Art. 44 - Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.Art. 45 - Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários.Art. 46 - O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível.TÍTULO VI - Da Execução do OrçamentoCAPÍTULO I - Da Programação da DespesaArt. 47 - Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.Art. 48 - A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes objetivos:a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil, a soma de recursos necessários e suficientes a melhor execução do seu programa anual de trabalho;b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.Art. 49 - A programação da despesa orçamentária, para efeito do disposto no artigo anterior, levará em conta os créditos adicionais e as operações extra-orçamentárias.Art. 50 - As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, observados o limite da dotação e o comportamento da execução orçamentária.CAPÍTULO II - Da ReceitaArt. 51 - Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.Art. 52 - São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.Art. 53 - O lançamento da receita é ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.Art. 54 - Não será admitida a compensação da observação de recolher rendas ou receitas com direito creditório contra a Fazenda Pública.Art. 55 - Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das importâncias que arrecadarem.§ 1º - Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a soma arrecadada, proveniência e classificação, bem como a data e assinatura do agente arrecadador.§ 2º - Os recibos serão fornecidos em uma única via.Art. 56 - O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.Art. 57 - Ressalvado o disposto no parágrafo único do Art.3º desta Lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.CAPÍTULO III - Da DespesaArt. 58 - O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.§ 1º - Ressalvado o disposto no Art. 67 do Constituição Federal, é vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do prefeito, mais do que o duodécimo da despesa prevista no Orçamento vigente.§ 2º - Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, assumir, por qualquer forma, compromissos financeiros para execução depois do término do mandato do prefeito.§ 3º - As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam nos casos comprovados de calamidade pública.

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§ 4º - Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos praticados em desacordo com o disposto nos parágrafos 1 e 2 deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade do prefeito nos termos do Art. 1, V, do Decreto-lei número 201, de 27 de fevereiro de 1967.  Art. 60 - É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.§ 1º - Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da nota de empenho.§ 2º - Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar.§ 3º - É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento.Art. 61 - Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa, bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.Art. 62 - O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.Art. 63 - A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.  Decreto nº 4.049/2001§ 1º - Essa verificação tem por fim apurar:I - a origem e o objeto do que se deve pagar;II - a importância exata a pagar;III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.§ 2º - A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;II - a nota de empenho;III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.Art. 64 - A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade.Art. 65 - O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.Art. 66 - As dotações atribuídas às diversas unidades orçamentárias poderão quando expressamente determinado na Lei de Orçamento ser movimentadas por órgãos centrais de administração geral.Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das dotações de pessoal, de uma para outra unidade orçamentária, quando considerada indispensável à movimentação de pessoal dentro das tabelas ou quadros comuns às unidades interessadas, a que se realize em obediência à legislação específica.Art. 67 - Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para esse fim.Art. 68 - O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.Art. 69 - Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois adiantamentos.Art. 70 - A aquisição de material, o fornecimento e a adjudicação de obras e serviços serão regulados em lei, respeitado o princípio da concorrência.TÍTULO VII - Dos Fundos EspeciaisArt. 71 - Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação.Art. 72 - A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a fundos especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei de Orçamento ou em créditos adicionais.Art. 73 - Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo especial apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo.Art. 74 - A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem, de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.TÍTULO VIII - Do Controle da Execução OrçamentáriaCAPÍTULO I - Disposições GeraisArt. 75 - O controle da execução orçamentária compreenderá:I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;II - a fidelidade funcional dos agentes da administração;responsáveis por bens e valores públicos;III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.CAPÍTULO II - Do Controle InternoArt. 76 - O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a que se refere o Art. 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.Art. 77 - A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante e subseqüente.Art. 78 - Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos.Art. 79 - Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na legislação, caberá o controle estabelecido no inciso III do Art. 75.Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em termos de unidades de medida, previamente estabelecidos para cada atividade.

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Art. 80 - Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equivalentes verificar a exata observância dos limites das cotas trimestrais atribuídas a cada unidade orçamentária, dentro do sistema que for instituído para esse fim.CAPÍTULO III - Do Controle ExternoArt. 81 - O controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.Art. 82 - O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios.§ 1º - As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Legislativo, com parecer prévio do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.§ 2º - Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a Câmara de Vereadores poderá designar peritos-contadores para verificarem as contas do prefeito e sobre elas emitirem parecer.TÍTULO IX - Da ContabilidadeCAPÍTULO I - Disposições GeraisArt. 83 - A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados.Art. 84 - Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a tomada de contas dos agentes responsáveis por bens ou dinheiros públicos será realizada ou superintendida pelos serviços de contabilidade.Art. 85 - Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.Art. 86 - A escrituração sintética das operações financeiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas dobradas.Art. 87 - Haverá controle contábil dos direitos e obrigações oriundos de ajustes ou contratos em que a administração pública for parte.Art. 88 - Os débitos e créditos serão escriturados com individuação do devedor ou do credor e especificação da natureza, importância e data do vencimento, quando fixada.Art. 89 - A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial.CAPÍTULO II - Da Contabilidade Orçamentária e FinanceiraArt. 90 - A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros, o montante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada, à conta dos mesmos créditos, e às dotações disponíveis.Art. 91 - O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de acordo com as especificações constantes da Lei de Orçamento e dos créditos adicionais.Art. 92 - A dívida flutuante compreende:I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;II - os serviços da dívida a pagar;III - os depósitos;IV - os débitos de tesouraria.Parágrafo único. O registro dos Restos a Pagar far-se-á por exercício e por credor, distinguindo-se as despesas processadas das não-processadas.Art. 93 - Todas as operações de que resultem débitos e créditos de natureza financeira, não compreendidas na execução orçamentária, serão também objeto de registro, individuação e controle contábil.CAPÍTULO III - Da Contabilidade Patrimonial e IndustrialArt. 94 - Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter permanente, com indicação dos elementos necessários para a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes responsáveis pela sua guarda e administração.Art. 95 - A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens móveis e imóveis.Art. 96 - O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade administrativa e os elementos da escrituração sintética na contabilidade.Art. 97 - Para fins orçamentários e determinação dos devedores, ter-se á o registro contábil das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua efetivação.Art. 98 - A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a 12 (doze) meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos.Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que permitem verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros.Art. 99 - Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeira comum.Art. 100 - As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as superveniências e insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial.CAPÍTULO IV - Dos BalançosArt. 101 - Os resultados gerais do exercício serão demonstrados no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patrimonial, na Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os quadros demonstrativos constantes dos Anexos números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17.Art. 102 - O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas.Art. 103 - O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte.

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Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na despesa orçamentária.Art. 104 - A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.Art. 105 - O Balanço Patrimonial demonstrará:I - o Ativo Financeiro;II - o Ativo Permanente;III - o Passivo Financeiro;IV - o Passivo Permanente;V - o Saldo Patrimonial;VI - as Contas de Compensação.§ 1º - O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários.§ 2º - O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa.§ 3º - O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outras, cujo pagamento independa de autorização orçamentária.§ 4º - O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate.§ 5º - Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores, obrigações, e situações não compreendidas nos parágrafos anteriores e que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio.Art. 106 - A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá às normas seguintes:I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor nominal, feita a conversão,quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço;II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de produção ou de construção;III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras.§ 1º - Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das correspondentes importâncias em moeda nacional.§ 2º - As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em espécie serão levadas à conta patrimonial.§ 3º - Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.TÍTULO X - Das Autarquias e outras EntidadesArt. 107 - As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de previdência social ou investidas de delegação para arrecadação de contribuições para fiscais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, terão seus orçamentos aprovados por decreto do Poder Executivo, salvo se disposição legal expressa determinar que o sejam pelo Poder Legislativo.Parágrafo único. Compreendem-se nesta disposição as empresas com autonomia financeira e administrativa cujo capital pertencer, integralmente, ao Poder Público.Art. 108 - Os orçamentos das entidades referidas no artigo anterior vincular-se-ão ao orçamento da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, pela inclusão:I - como receita, salvo disposição legal em contrário, de saldo positivo previsto entre os totais das receitas e despesas;II - como subvenção econômica, na receita do orçamento da beneficiária, salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo previsto entre os totais das receitas e despesas.§ 1º - Os investimentos ou inversões financeiras da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados por intermédio das entidades aludidas no artigo anterior, serão classificados como receita de capital destas e despesa de transferência de capital daqueles.§ 2º - As previsões para depreciação serão computadas para efeito de apuração do saldo líquido das mencionadas entidades.Art. 109 - Os orçamentos e balanços das entidades compreendidas no Art. 107 serão publicados como complemento dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal a que estejam vinculados.Art. 110 - Os orçamentos e balanços das entidades já referidas obedecerão aos padrões e normas instituídas por esta Lei, ajustados às respectivas peculiaridades.Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os balanços serão remetidos ao órgão central de contabilidade da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, para fins de incorporação dos resultados, salvo disposição legal em contrário.TÍTULO XI - Disposições FinaisArt. 111 - O Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda, além de outras apurações, para fins estatísticos, de interesse nacional, organizará e publicará o balanço consolidado das contas da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e outras entidades, bem como um quadro estruturalmente idêntico, baseado em dados orçamentários.§ 1º - Os quadros referidos neste artigo terão a estrutura do Anexo número 1.§ 2º - O quadro baseado nos orçamentos será publicado até o último dia do primeiro semestre do próprio exercício e o baseado nos balanços, até o último dia do segundo semestre do exercício imediato àquele a que se referirem.Art. 112 - Para cumprimento do disposto no artigo precedente, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal remeterão ao mencionado órgão, até 30 de abril, os orçamentos do exercício, e até 30 de junho, os balanços do exercício anterior.Parágrafo único. O pagamento, pela União, de auxílio ou contribuição a Estados, Municípios ou Distrito Federal, cuja concessão não decorra de imperativo constitucional, dependerá de prova do atendimento ao que se determina neste artigo.Art. 113 - Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas, o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda atenderá a consultas, coligirá elementos, promoverá o intercâmbio de dados informativos, expedirá recomendações técnicas, quando solicitadas, e atualizará, sempre que julgar conveniente, os anexos que integram a presente Lei.Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, poderão ser promovidas, quando necessário, conferências ou reuniões técnicas, com a participação de representantes das entidades abrangidas por estas normas.

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Art. 114 - Os efeitos desta Lei são contados a partir de 1º de janeiro de 1964, para o fim da elaboração dos orçamentos, e a partir de 1 de janeiro de 1965, quanto às demais atividades estatuídas. Lei nº 4.489/64Art. 115 - Revogam-se as disposições em contrário.

EXERCÍCIOS

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FINANÇAS PÚBLICAS16- Do ponto de vista da base econômica, os impostos podem ser classificados em três grandes categorias. Com relação

aos Impostos sobre a Riqueza, assinale a opção pertinente.a) O lucro auferido pelas pessoas físicas, na alienação de participações societárias, estásujeito à incidência do imposto. b) A base sobre a qual incide o imposto é o estoque acumulado de capital. c) O fato gerador do imposto é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer

natureza.d) São impostos cujas alíquotas variam de acordo com a política monetária.e) A base de cálculo do imposto é constituída pelos rendimentos do trabalho e do capital.

17- Com base no sistema tributário brasileiro, assinale a única opção não pertinente.a) No que se refere à questão distributiva, verifica- se que a estrutura tributária brasileira é fortemente regressiva, em

função da predominância de impostos diretos.b) Uma distorção do sistema tributário brasileiro refere-se à sua limitação como instrumento de desenvolvimento

econômico.c) A incidência de impostos em “cascata” ( PIS, Cofins, CPMF) tira a competitividade da produçãonacional, tanto na exportação como na concorrência com o produto importado.d) Os impostos em “cascata” acabam sobretaxando os bens de capital, à medida que não é possível isentar tais produtos

na cadeia produtiva de máquinas e equipamentos.e) A complexidade do sistema impõe custos para as empresas que precisam dispor de estrutura adequada para atender a

todas as necessidades impostas pelo fisco.

18- A maior parte das diferenças entre a progressividade nominal e efetiva pode ser explicada pelosabatimentos permitidos pela legislação do imposto de renda sobre a pessoa física. Dos abatimentospermitidos, identifique quais são os únicos que beneficiam claramente em maior proporção os contribuintes de mais baixo

nível de renda.a) Despesas com a previdência social.b) Despesas com médicos, dentistas e gastos com hospitalização.c) Despesas com doações a entidades filantrópicas.d) Despesas com educação.e) Dependentes.

19- A incidência de um imposto seletivo eleva os preços dos produtos tributados em relação aos preços dos produtos isentos. Segundo a definição desse tipo de imposto, identifique a opção que não é verdadeira.

a) O preço do produto tributado elevar-se-á de um valor igual ao do imposto, caso ele sejaproduzido a custos constantes. b) A distribuição do imposto entre compradores e vendedores é igual à razão entre as elasticidadesda oferta e da demanda. c) Parte do gravame tributário é absorvida pelos lucros, quando o imposto incide sobre umaindústria monopolista.d) O preço do produto tributado elevar-se-á de um valor maior do que o do imposto, se elefor produzido sob custos crescentes. e) A receita que pode ser obtida de um imposto seletivo sobre vendas é limitada.

20- Identifique a única opção incorreta no que tange à Lei Orçamentária Anual (LOA).a) É o orçamento propriamente dito.b) Possui a denominação de Lei Orçamentária Anual (LOA) por ser consignada pela ConstituiçãoFederal.c) Compreende o conjunto de metas e prioridades da Administração Pública Federal, incluindoas despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente.d) A metodologia utilizada é a denominada Orçamento-Programa.e) Compreende o orçamento fiscal, o orçamento de investimentos e o orçamento da seguridadesocial.

Auditor-Fiscal da Previdência Social - AFPS - 2002 Administração Tributária Previdenciária - P.3 8

21- A Lei Complementar de 4 de maio de 2000 estabeleceu normas de finanças públicas voltadas paraa responsabilidade na gestão fiscal. Identifique, nas opções abaixo, a única afirmativa correta relativaà Lei de Responsabilidade Fiscal.a) A obediência às novas regras da Lei de Responsabilidade Fiscal permite ao país um ajuste fiscal permanente, uma vez

que a disciplina fiscal introduzida pela Lei proporciona o fortalecimento da situação financeira dos entes da Federação.b) O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias é desvinculado da Lei de Responsabilidade Fiscal.c) Cada governante, exceto o governante do nível estadual, deverá demonstrar que a renúncia de receita foi considerada

na Lei Orçamentária Anual.d) A Lei de Responsabilidade Fiscal limita a relação entre receita total e gastos públicos com pessoal.

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e) A abrangência do Governo, na Lei de Responsabilidade Fiscal, é definida pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e Tribunais de Contas da União e dos Municípios e as respectivas Administrações Diretas, Fundos, Autarquias e Fundações.

22- A teoria econômica estabelece critérios de racionalidade econômica para aplicação dos recursos públicos. Aponte o critério que exige que os recursos sejam aplicados segundo as prioridades estabelecidas pela política

econômica com o propósito de atender às necessidades mais prementes dacomunidade.a) critério da eficiênciab) critério da objetividadec) critério da flexibilidaded) critério do custo-benefícioe) critério da clareza

23- O déficit do setor público representou uma significativa parcela do PIB durante a década de 80, tendo aumentado sistematicamente durante toda a década. Identifique a opção falsa, entre as razões

que explicam esse comportamento do déficit público brasileiro.a) Incremento das despesas do setor público em decorrência do grande aumento do número de funcionários públicos. b) Surgimento de salários significativamente elevados para os funcionários públicos consideradoscomo elite do funcionalismo. c) Fragilidade política do governo.d) Efeitos da nova Constituição.e) Redução das receitas do governo em virtude do forte desempenho da economia ao longo da década.

24- O problema-chave para a resolução da crise fiscal em um país é a definição de como distribuir a incidência do ajuste fiscal. Estando a favor do ajustamento e da estabilidade de preços, os agentes

econômicos, individualmente considerados, tendem a evitar arcar com o ônus do ajustamento, pressionando o governo para não participar desse esforço coletivo. Identifique qual das afirmativas

não explica a lógica desse comportamento.a) A existência de um desequilíbrio orçamentário é vista pela maioria dos agentes econômicos como um problema, pelo

risco desse desequilíbrio ser financiado pelo imposto inflacionário.b) O desequilíbrio resulta de um somatório de decisões fiscais específicas, entendidas como a realização de uma despesa

e/ou a concessão tributária que beneficia um grupo particular dentro do setor público ou fora dele.c) O desequilíbrio pode ser resolvido por meio da aprovação de medidas em favor do ajustamento,tais como redução ou eliminação de despesas e o aumento ou criação de um tributo, incidindo sobre um agente ou

conjunto de agentes econômicos.d) O desequilíbrio pode ser eliminado por meio da ação de um grupo onde o conflito social é alto e não há uma

predisposição dos diferentes grupos a aceitarem medidas duras.e) A diminuição ou o desaparecimento do desequilíbrio fiscal implica minorar o risco de que cada agente em particular seja

chamado a arcar com o imposto inflacionário.

51- A receita na Administração Pública representa as operações de ingressos de recursos financeiros nos cofres públicos. Identifique a opção não pertinente em relação às receitas correntes.

a) receitas imobiliáriasb) receitas de contribuições sociaisc) contribuição de melhoriad) receita de serviçose) alienação de bens móveis e imóveis

56- São impositivos nos orçamentos públicos os princípios orçamentários. O princípio que obriga que a estimativa de receita e a fixação de despesa limitem-se a período definido de tempo, chamado exercício financeiro, é o princípio da

a) exclusividade.b) especificação.c) anualidade.d) unidade.e) universalidade.

57- De acordo com o conceito de orçamento, identifique a única opção incorreta.a) Orçamento público é o processo mediante o qual o governo traça um programa de projetos e atividades, estimando suas

receitas e planejando sua aplicação, com prévia fixação das despesas.b) Os princípios orçamentários estão basicamente definidos na Constituição Federal e na Lei nº 4.320/64.c) O orçamento incremental é o orçamento elaborado por meio dos ajustes marginais nos itens de receita e despesa.d) O orçamento tradicional destaca as metas, os objetivos e as intenções do governo, consolidando um conjunto de

programas a ser realizado durante determinado período.e) No Brasil, a Lei nº 4.320/64 estabelece a obrigatoriedade do orçamento-programa, determinando que a Lei Orçamentária

conterá a discriminação da receita e despesa.

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58- De acordo com as Finanças Públicas, no que concerne às classificações orçamentárias, não se pode afirmar que:a) a classificação funcional do orçamento representa o maior nível de agrupamento das ações do governo em grandes

áreas de sua atuação, para fins de planejamento, programação e orçamentação.b) a classificação institucional do orçamento apresenta a distribuição dos recursos públicos pelos órgãos responsáveis por

sua gerência e aplicação.c) a classificação funcional-programática atual divide os programas em Finalísticos, Programas de Gestão Pública e

Programas de Serviços do Estado. d) a classificação econômica das despesas objetiva informar, sob o ponto de vista macroeconômico, o efeito do gasto do

setor público na economia.e) o programa representa, do ponto de vista administrativo-programático, o maior nível de agregação das diversas áreas de

despesa que competem ao setor público executar.

48 - A receita classifica-se nas seguintes categorias econômicas:a) de capital e de investimentos

b) inversões financeiras e de investimentosc) correntes e de transferências correntesd) correntes e de capitale) de investimentos e correntes

68- A elaboração da lei orçamentária é a etapa que, efetivamente, caracteriza a idéia de processo orçamentário, compreendendo fases e operações. A discussão é a fase dos trabalhos consagrada ao debate em plenário. Aponte a opção incorreta com relação às etapas da fase da discussão.

a) emendasb) voto do relatorc) redação finald) votação em plenárioe) veto

70- O Orçamento Público obedece aos princípios orçamentários. Como conseqüência do princípio da especificação, ocorrem proibições de natureza constitucional. Indique a opção falsa.

a) Concessão de créditos ilimitados.b) Início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual.c) Realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais.d) Instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.e) Exigência ou redução de tributo sem lei que o estabeleça.

71- A Receita Orçamentária é a consubstanciada no orçamento público e consignada na Lei Orçamentária. Aponte a única opção incorreta no que diz respeito às fontes de receitas.

a) O imposto é um tributo cuja obrigação tem como fato gerador uma situação, independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte, sendo pago coativamente.

b) A receita de contribuições é uma fonte de receitas correntes. c) A contribuição de melhoria corresponde à especialização de serviço público, em proveito direto ou por ato de

contribuinte.d) Outras receitas correntes são receitas correntes originárias da cobrança de multas e juros de mora, indenizações e

restituições, receita da dívida ativa e receitas diversas.e) As receitas de capital são as provenientes de operações de crédito, alienação de bens, de amortização de empréstimos

concedidos, de transferências de capital e de outras receitas de capital.

1)O critério de classificação das contas publicas é de grande importância para a compreensão do orçamento. Varias são as razoes pelas quais deve existir um bom sistema de classificação no orçamento. Assinale a opção errada.

a) Desenvolver a organização política e, de modo especial, restaurar as atribuições do poder legislativo.b) Proporcionar uma contribuição efetiva para o acompanhamento da execução do orçamento.c) Determinar a fixação de responsabilidades.d) Facilitar a formulação de programas.e) Possibilitar a análise dos efeitos econômicos das ações governamentais.

2) Assinale a única opção que é pertinente ao orçamento tradicional e não ao orçamento programa.a) Os principais critérios classificatórios são unidades administrativas e elementos.b) Na elaboração do orçamento, são considerados todos os custos dos programas, inclusive os que extrapolam o exercício.c) A estrutura do orçamento está voltada para os aspectos administrativos e de planejamento.d) A alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas.e) Existe utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e dos resultados.

3) Entre as principais categorias que compõem os gastos públicos, não se enquadram:a) pagamentos de transferências.

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b) dispêndios de aquisição de ativos financeiros.c) gastos com subsídios.d) pagamentos de criação de moeda pelo Tesouro.e) despesas de bens e serviços.

4) Qual das opções abaixo não representa um dos princípios jurídicos do orçamento público?a) Unidadeb) Anualidadec) Universalidaded) Anterioridadee) Exclusividade

Marque Verdadeiro ou Falso1) A autorização para abertura de créditos especiais, na própria lei orçamentária, é uma das exceções à

aplicação do princípio da unidade, de acordo com a atual Constituição.2) A modificação do exercício financeiro para julho/junho é incompatível com o princípio da anualidade.3) A unificação do processo orçamentário reúne em uma só lei os orçamentos Fiscal, de Investimento das

Empresas Estatais, da Seguridade Social e Monetário.4) Os princípios orçamentários estão associados à etapa de discussão da lei orçamentária.5) O ciclo orçamentário deve concluir-se necessariamente durante o exercício financeiro.

Assinale a alternativa correta1) A Constituição Federal, entre outros dispositivos, determina: a) a lei orçamentária anual compreenderá os

orçamentos fiscal, de investimento das empresas estatais e de seguridade social; b) a lei orçamentária não poderá conter dispositivo estranho à previsão de receita e à fixação de despesa; c) é vedada a concessão ou utilização de créditos ilimitados. Esses três dispositivos contemplam, respectivamente, os seguintes princípios:

a) universalidade, clareza e equilíbrio.b) Unidade, exclusividade e equilíbrio.c) Universalidade, exclusividade e programação.d) Totalidade, especialização e universalidade.e) Desconheço a resposta correta.

2) Quando se diz que as receitas e as despesas devem constar na lei do orçamento, sem quaisquer deduções, isto decorre da aplicação do princípio:

a) da universalidade.b) da exclusividade.c) do orçamento bruto.d) da exatidão.e) da totalidade.

3) O superávit no orçamento corrente é encontrado através da:a) soma entre receitas correntes e receitas de capital.b) soma entre receitas correntes e despesas correntes.c) subtração entre receitas correntes e despesas de capital.d) subtração entre receitas correntes e despesas correntes.e) soma entre despesas correntes e despesas de capital.

4) Uma das inovações introduzidas pela Constituição de 1988 no processo orçamentário é:a) equilíbrio das contas públicasb) publicidade da legislação orçamentária.c) possibilidade de gastos ilimitados.d) regras de política orçamentária.e) isenção de receitas.

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