apostila de biologia

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  • 5/22/2018 Apostila de Biologia

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    SUMRIO

    CAPTULO 1 ____________________________________________ 4

    O que a Biologia Estuda --------------------------------------------------------------------- 4Caractersticas dos Seres Vivos --------------------------------------------------------------------- 5Nutrio --------------------------------------------------------------------- 8Reproduo Assexuada e Sexuada --------------------------------------------------------------------- 9Evoluo --------------------------------------------------------------------- 11

    CAPTULO 2 ___________________________________________ 17

    Reino do Mundo Vivo -------------------------------------------------------------------------- 16ABiodiversidade e o Sistemade Classificao dos Seres Vi-vos

    --------------------------------------------------------------------------- 17

    Das Espcies ao Reino --------------------------------------------------------------------------- 18Mundo Vivo: Apresentao dosReinos --------------------------------------------------------------------------- 22

    Biologia em Todos os Tempos --------------------------------------------------------------------------- 29

    CAPTULO 3 ___________________________________________ 31

    Vrus um Grupo sem Reino ------------------------------------------------------------------------- 31Caractersticas Gerias dos Se-res Vivos ------------------------------------------------------------------------- 31A Reproduo dos Vrus ------------------------------------------------------------------------- 32A Importncia dos Vrus ------------------------------------------------------------------------- 33Principais Viroses Humanas ------------------------------------------------------------------------- 33Aids ------------------------------------------------------------------------- 34Dengue ------------------------------------------------------------------------- 36Febre Amarela ------------------------------------------------------------------------- 37Hepatite Viral ------------------------------------------------------------------------- 37Poliomielite ------------------------------------------------------------------------- 38Raiva ou Hidrofobia ------------------------------------------------------------------------- 38Biologia em Todos os Tempos ------------------------------------------------------------------------- 47

    CAPTULO 4 ___________________________________________ 48

    Reino Monera --------------------------------------------------------------------- 48Estrutura Celular no Reino Monera --------------------------------------------------------------------- 48Bactrias --------------------------------------------------------------------- 49

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    A Reproduo das Bactrias --------------------------------------------------------------------- 52Clera --------------------------------------------------------------------- 53Meningite Meningoccica --------------------------------------------------------------------- 53Tuberculose --------------------------------------------------------------------- 54Ttano --------------------------------------------------------------------- 54Sfilis --------------------------------------------------------------------- 54

    Gonorreia --------------------------------------------------------------------- 55Outras Doenas Provocadas porBactrias ---------------------------------------------------------------------

    55

    Cianobactrias ou Cianofceas --------------------------------------------------------------------- 56Biologia em Todos os Tempos --------------------------------------------------------------------- 62

    CAPTULO 5 ___________________________________________ 64

    Reino Protista --------------------------------------------------------------------- 64

    Protozorios --------------------------------------------------------------------- 64A Malria --------------------------------------------------------------------- 68A Reproduo dos Protozorios --------------------------------------------------------------------- 72Algas Protistas --------------------------------------------------------------------- 72Biologia em Todos os Tempos --------------------------------------------------------------------- 78

    CAPTULO 6 ___________________________________________ 80

    Reino Fungi --------------------------------------------------------------------- 80Caractersticas Gerias dos Fungos --------------------------------------------------------------------- 80Classificao dos Fungos --------------------------------------------------------------------- 81Associao Mutualsticas: Liquense Micorrizas

    --------------------------------------------------------------------- 83

    A Importncia dos Fungos --------------------------------------------------------------------- 85A Era dos Antibiticos --------------------------------------------------------------------- 88

    Biologia em Todos os Tempos --------------------------------------------------------------------- 92

    CAPTULO 7 ___________________________________________ 95

    Reino Plantae ou Metaphyta --------------------------------------------------------------------- 95Classificao das plantas --------------------------------------------------------------------- 95BrifitasPlantas sem vasos condu-tores

    --------------------------------------------------------------------- 96

    Classificao das Brifitas e Musgos --------------------------------------------------------------------- 97Pteriodfitas --------------------------------------------------------------------- 98

    Gemnospermas --------------------------------------------------------------------- 99Angiospermas e suas caractersticas --------------------------------------------------------------------- 100

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    Objetivos:

    Compreender as caractersticas gerais dos seres vivos.Identificar os nveis de organizao dos seres vivos.Conhecer os procedimentos gerais da investigao cientfica.

    Neste captulo vamos analisar as caractersticas dos seres vivos e o mtodo pelo qual es-

    sas caractersticas so estudadaso mtodo cientfico.

    Esquema de uma clula do fgado humano

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    Composio qumica complexa, alto grau de organizao, nutrio, crescimento, metabo-lismo, irritabilidade, reproduo, hereditariedade e evoluo so caractersticas que, em con-junto, diferenciam os seres vivos da matria sem vida (tambm chamada de matria bruta).

    Composio qumica complexa

    Toda matria existente no universo feita de tomos. Alguns podem se ligar a outros eformar molculas. Por exemplo, cada molcula de gua formada por dois tomos de hidro-gnio ligados a um de oxignio. A frmula molecular da gua - H2O - representa os tomos quecompem a molcula. Outros tomos podem se ligar e formar compostos inicos. o caso docloro e do sdio, que formam o cloreto de sdio (o sal comum). A fora que mantm os tomosunidos chamada de ligao qumica.

    gua, gs carbnico, oxignio e sais minerais, como o cloreto de sdio, so compostos re-lativamente simples e fazem parte do grupo das substncias inorgnicas (figura a seguir).Elas so chamadas tambm de substncias minerais, pois so encontradas em rochas, nosolo, no ar e na gua.

    Frmulas de molculas de substncias inorgnicas (gua e gs carbnico). O tomo de carbono est representa-do por uma esfera azul; o de oxignio, por esferas vermelhas; o de hidrognio, por esferas verdes. Na frmulaestrutural, os traos indicam as ligaes qumicas entre os tomos. A frmula molecular indica apenas o nmerode cada tomo por molcula.

    Nos seres vivos, alm de substncias inorgnicas, h muitas substncias orgnicas(acares, gorduras, protenas, vitaminas, etc), formadas por tomos de carbono ligados entresi, que podem constituir longas cadeias. Unidos a essas cadeias esto tomos de hidrognio,de oxignio e de nitrognio, entre outros. Em geral, as substncias orgnicas so maiores emais complexas que as inorgnicas.

    A expresso "substncia orgnica" vem de uma poca em que se pensava que elas s po-deriam ser produzidas no interior dos organismos. Hoje inmeras substncias orgnicas sofabricadas emlaboratrio.

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    Alto grau de organizao

    A organizao dos seres vivos vai muito alm da organizao da matria sem vida. En-quanto esta formada por tomos que podem reunir-se e formar molculas e, s vezes, cris-tais, nos seres vivos as molculas organizam-se de modo extremamente complexo, formandounidades denominadas clulas.

    Na maioria dos seres vivos, h grupos de clulas reunidas para executar determinada fun-o; so os tecidos. Estes formam os rgos, que se organizam em sistemas. Vrios siste-mas reunidos e trabalhando em harmonia formam um organismo. Os organismos de umamesma espcie se renem em populaes e as diversas populaes de uma mesma regio(como todos os seres vivos que habitam um lago) constituem uma comunidade. Esta influi nosfatores fsicos e qumicos do ambiente - como a chuva, o solo e a temperatura - e influencia-da por eles. Forma-se assim um conjunto - constitudo por seres vivos e pelos fatores fsicos equmicos - chamado de ecossistema. Esse nvel de organizao pode ser exemplificado poruma floresta inteira (os seres vivos, o tipo de solo e de clima, a quantidade de gua, etc).

    A reunio de todos os ecossistemas do planeta forma a biosfera, ou seja, o conjunto detodas as regies da Terra habitadas por seres vivos (figura a seguir).

    Nutrio, crescimento e metabolismo

    Os seres vivos retiram constantemente matria e energia do meio ambiente. O processopelo qual eles conseguem novas molculas do ambiente chamado de nutrio. Boa partedessas molculas usada na reconstruo do corpo, que se desgasta continuamente, ou pa-ra permitir o crescimento e o desenvolvimento do organismo.

    Mesmo uma bactria, ser microscpico, capaz de realizar centenas de transformaesqumicas a cada momento.

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    Uma parte do alimento ingerido levada para a clula, onde quebrada e oxidada, trans-formando-se em molculas menores. Por esse processo, chamado de respirao celular, produzida a energia necessria s diversas transformaes que ocorrem no ser vivo, incluindoa formao de novas molculas (figura a seguir).

    Assim como um carro queima gasolina, o ser vivo usa o alimento como combustvel na respi-rao. A energia extrada do alimento utilizada nas atividades do corpo.

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    O processo de formao da matria viva que ocorre no interior das clulas chamado deanabolismo (an = para cima; bollein = projetar) e corresponde a um conjunto de reaes desntese ou de construo. O processo de destruio de molculas de alimento para obtenode energia chamado de catabolismo (kata = para baixo) e consiste em um conjunto de rea-es de anlise ou de decomposio. A soma de todos os processos que ocorrem no ser vivo chamada de metabolismo (metabol = transformar). Analise a figura a seguir.

    As reaes qumicas do metabolismo so controladas de tal maneira que a composioqumica do organismo no se altera, isto , os seres vivos mantm sempre a mesma quantida-de e o mesmo tipo de substncias que formam seu corpo. Se, por exemplo, faltar acar ougua em nosso organismo, sentiremos fome ou sede. Quando bebemos muita gua, elimina-mos automaticamente o excesso pela urina. Assim, apesar de ocorrerem mudanas no ambi-ente externo, que podem at ameaar a sobrevivncia dos seres vivos, estes possuem meca-nismos capazes, pelo menos dentro de certos limites, de manter para as suas clulas um "am-biente interno" constante e em condies adequadas vida.

    Essa capacidade dos organismos de se manterem em equilbrio dinmico chamada dehomeostase ou homeostasia e fundamental sua sobrevivncia.

    NUTRIO

    Na natureza, h duas formas bsicasde nutrio:

    autotrfica (auto - prprio; trofo = ali-mento) - realizada apenas pelas plan-tas, algas e por certas bactrias. Peloprocesso chamado de fotossntese, oorganismo usa a energia luminosa doSol, que absorvida pela clorofila, paraproduzir glicose a partir do gs carbnico,da gua e dos sais minerais que retira doambiente, liberando oxignio na atmosfe-ra (figura a seguir). Com a glicose os se-res autotrficos produzem outras subs-

    tncias orgnicas;Esquema simplificado da fotossntese

    Esquema dos tipos de transformaes que ocorrem no organismo.

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    heterotrfica (hetero = diferente) - realizada pelos animais, protozorios, fungos e pelamaioria das bactrias, seres que no so capazes de realizar fotossntese e precisam ingerirmolculas orgnicas prontas.

    Irritabilidade

    Os seres vivos so capazes de reagir a mudanas ou a estmulos do ambiente, caracters-

    tica chamada de irritabilidade. Muitas vezes essas reaes se manifestam por um movimentodo corpo, aproximando-se ou afastando-se do estmulo, como podemos constatar quando umanimal busca comida ou foge de um perigo.

    Em geral, os vegetais reagem por meio do crescimento. O caule cresce em direo luz;as razes crescem contra a luz ou em direo gua; etc.

    Reproduo e hereditariedade

    Apesar do contnuo trabalho de reconstruo de sua estrutura (pela nutrio e pelo meta-bolismo), o ser vivo envelhece e morre. Antes de morrer, porm, ele se reproduz, isto , pro-duz descendentes. Os filhotes so semelhantes aos pais e essa semelhana caracteriza a he-

    reditariedade.A reproduo e a hereditariedade dependem de uma substncia orgnica, o cido deso-

    xirribonucleico (DNA), localizada no interior das clulas, em filamentos chamados de cro-mossomos (figura a seguir).

    A estrutura conhecida como gene corresponde a um segmento ou pedao da molcula deDNA (figura abaixo). Nos genes esto as informaes responsveis pelas caractersticas doindivduo, como a cor dos olhos, a cor dos cabelos, a forma do nariz e, no caso de uma aranha,at mesmo o tipo de teia que ela tece para capturar suas presas.

    REPRODUO ASSEXUADA E SEXUADA

    As informaes genticas so transmitidas de uma gerao para outra pela reproduo,

    que pode ser:assexuada - os descendentes recebem cpias iguais do DNA do indivduo original e, porisso, possuem exatamente as mesmas caractersticas (figura a seguir);

    Muitas de nossas caractersticas fsicas so programadas pelo DNA. Mas elas tambm so-frem influncia do ambiente. Nossa personalidade, por exemplo, depende bastante do ambi-ente em que vivemos: famlia, escola, amigos, situao socioeconmica, etc.

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    As caractersticas de um organismo no dependem apenas das informaes do DNA. Elasso resultado da ao conjunta do gene e do ambiente. Por exemplo, duas pessoas com osmesmos tipos de genes para altura podero ter alturas diferentes por causa de diferenas naalimentao durante o perodo de crescimento. Em relao ao comportamento, a ao do am-

    biente fundamental. A personalidade depende muito do ambiente em que vivemos: famlia,escola, amigos, situao socioeconmica, etc. Alguns cientistas tm pensado em produzir clo-nes humanos. Sabe-se que os clones possuem exatamente os mesmos genes da pessoa clo-nada. Imagine que fosse criado um clone seu. Ele teria, com certeza, a mesma altura, o mes-mo teor de gordura e massa muscular que voc? Por qu?______________________________________________________________________________________________________

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    Reproduo sexuada no ser humano.

    Esquema da reproduo assexuada da ameba, organismo microscpicoformado or uma nica clula.

    fecundao

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    sexuada - cada filho resulta de uma combinao diferente de genes do pai e da me. Essetipo de reproduo realizado pela unio de clulas especializadas, os gametas. Nos ani-mais, o sexo feminino produz o gameta feminino, chamado de vulo, e o sexo masculinoproduz o gameta masculino, chamado de espermatozoide. Quando ocorre a fecundao,ou seja, a unio dessas clulas, forma-se o zigoto ou clula-ovo, que se divide vrias ve-zes e origina um novo indivduo (figura anterior).

    Evoluo

    As espcies hoje existentes resultaram de espcies passadas que sofreram transforma-es. Esse processo de transformaes chamado de evoluo e para ele concorrem doisfatores, entre outros:

    Mutao - modificao na molcula de DNA, provocada por falhas durante a sua duplicaoou pela exposio do organismo a radioatividade ou a certos produtos qumicos. Essa mu-dana na molcula de DNA pode levar ao aparecimento de uma nova caracterstica no or-ganismo. Quando a mutao vantajosa, isto , quando produz uma caracterstica que au-menta a chance de sobrevivncia do organismo ou sua probabilidade de gerar mais filhotes,ela tende a se espalhar pela populao: o nmero de filhotes com a nova caracterstica tor-na-se, pouco a pouco, superior ao nmero de filhotes sem ela. Caso seja prejudicial, a mu-tao continuar rara e pode at mesmo desaparecer;

    Seleo natural - processo pelo qual o ambiente determina quais organismos tm maiorpossibilidade de sobrevivncia e reproduo. Desenvolvida pelo cientista Charles Darwin(1809-1882) em seu livro A origem das espcies (1859), a ideia da seleo natural foi ummarco na histria da Biologia.

    (Fuvest-SP)A bactria Streptococcus iniae afeta o crebro de peixes, causando a "doena dopeixe louco". A partir de 1995, os criadores de trutas de Israel comearam a vacinar seus pei-

    xes. Apesar disso, em 1997, ocorreu uma epidemia causada por uma linhagem de bactria re-sistente vacina. Os cientistas acreditam que essa linhagem surgiu por presso evolutiva in-duzida pela vacina, o que quer dizer que a vacina:

    a) induziu mutaes especficas nas bactrias, tornando-as resistentes ao medicamento.b) induziu mutaes especficas nos peixes, tornando-os suscetveis infeco pela outra

    linhagem de bactria.c) causou o enfraquecimento dos rgos dos peixes, permitindo sua infeco pela outra li-

    nhagem de bactria.d) levou ao desenvolvimento de anticorpos especficos, que, ao se ligarem s bactrias, as

    tornaram mais agressivas.

    e) permitiu a proliferao de bactrias mutantes resistentes, ao impedir o desenvolvimentodas bactrias da linhagem original.

    Um exemplo de evoluo o aparecimento de bactrias resistentes a um antibitico. Issoacontece porque, por mutao, pode surgir uma bactria resistente ao antibitico. Esse mutan-te pode aparecer mesmo que o antibitico no esteja presente; a mutao no provocadapelo medicamento.

    Se no houver antibitico no meio em que esse mutante se encontra, sua caractersticano lhe traz nenhuma vantagem. Mas, na presena do antibitico, as bactrias sensveis mor-rem e os mutantes resistentes sobrevivem. O resultado que, gerao aps gerao, diminui aquantidade de bactrias sensveis e aumenta a de resistentes. Assim, o antibitico seleciona

    formas resistentes e origina populaes insensveis droga.

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    MTODO CIENTFICO

    Como outras cincias naturais (Fsica, Qumica, etc), a Biologia usa o mtodo cientfico.Utiliz-lo significa, ao tentar explicar um fato ou resolver um problema, fazer suposies ouelaborar hipteses que possam ser testadas com observaes ou experimentos.

    Teste controlado

    Imagine que quisssemos testar a seguinte hiptese: a falta de determinada vitamina pro-voca uma doena em ratos.

    Para isso, poderamos usar o mtodo cientfico assim: colocaramos vrios ratos em umagaiola e os alimentaramos com uma dieta completa, em que no faltasse essa vitamina, e emoutra gaiola colocaramos o mesmo nmero de ratos, que receberiam uma dieta sem aquelavitamina. Aps algum tempo, observaramos as alteraes que tivessem surgido nos ratos queno receberam a vitamina.

    Esse tipo de experincia chamado de experincia controlada, pois os ratos que recebe-ram a dieta completa funcionam como grupo de controle ou de comparao. Os outros for-mam o grupo experimental. Se o experimento for bem realizado, com ratos da mesma esp-

    cie e da mesma idade, colocados nas mesmas condies ambientais, as doenas que apare-cerem no grupo experimental podem ser atribudas exclusivamente falta da vitamina. im-portante tambm usar grupos e no apenas indivduos, para evitar generalizaes com baseem fatos isolados.

    No fim do teste os resultados so publicados em revistas cientficas especializadas paraque outros cientistas possam repetir a experincia ecomprovar os resultados.

    Etapas do mtodo cientfico

    Em linhas gerais, podemos dizer que o mtodo cientfico se divide nas seguintes etapas:

    observao de um fato; formulao de um problema, isto , levantamento de algo ligado ao fato que precisa ser

    explicado; elaborao de hipteses que resolvam o problema; realizao de observaes ou experimentos para testar a hiptese; anlise dos resultados da observao ou experimento, seguida de concluso.

    Uma hiptese (ou um conjunto de hipteses) apoiada por grande nmero de experimentospassa a ganhar a confiana dos cientistas e poder ser considerada lei. Um conjunto de leis ede hipteses poder formar um sistema mais amplo, a teoria. o caso da teoria da evoluo,

    que explica como as espcies se transformam com o tempo. Mas as leis e as teorias podemser corrigidas, aperfeioadas e substitudas medida que novos fatos so descobertos ou no-vas experincias so realizadas.

    Questes propostas

    1 -O que metabolismo? Qual a diferena entre anabolismo e catabolismo?

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    2 -Que substncia forma o gene?

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    3 -Quais os dois fatores bsicos responsveis pela evoluo? Defina cada um.

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    Questes de vestibular

    1 - (Acafe-SC)So afirmaes sobre os seres vivos quanto obteno do alimento:

    I. Os seres heterotrficos tm capacidade de sintetizar seu prprio alimento, pois realizam afotossntese.II. Os seres autotrficos obtm matria orgnica a partir da energia luminosa e molculas

    simples.III. Os seres heterotrficos dependem dos autotrficos.

    Todas as afirmaes acima que esto corretas se encontram na alternativa:

    a) IIIII.b) II.c) III.

    d) IIIIII.e) III.

    2 - (Acafe-SC)Nos seres vivos, as diversas clulas sofrem diferenciao, dando origem a gru-pos de clulas com forma e funo semelhantes chamados:

    a) sistemas.b) organismos.c) rgos.d) aparelhos.e) tecidos.

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    3 - (Fac. Med. ABC-SP)Considere a seguinte frase, a ser completada: "Sem I no h variabili-dade, sem variabilidade no h II e, consequentemente, no h III ". Os termos que, substituin-do as lacunas, tornam essa frase logicamente correta so:a) I - evoluo, II - seleo e III - mutao.b) I - evoluo, II - mutao e III - seleo.c) I - mutao, II - evoluo e III - seleo.d) I - mutao, II - seleo e III - evoluo.

    e) I - seleo, II - mutao e III - evoluo.

    4 -(UFMG)Um estudante decidiu testar os resultados da falta de determinada vitamina na ali-mentao de um grupo de ratos. Colocou, ento, cinco ratos em uma gaiola e retirou de suadieta os alimentos ricos na vitamina em questo. Aps alguns dias, os pelos dos ratos comea-ram a cair. Concluiu, ento, que essa vitamina desempenha algum papel no crescimento e ma-nuteno dos pelos. Sobre essa experincia podemos afirmar:a) A experincia obedeceu aos princpios do mtodo cientfico, mas a concluso do estudante

    pode no ser verdadeira.b) A experincia foi correta e a concluso tambm. O estudante seguiu as normas do mtodo

    cientfico adequadamente.

    c) A experincia no foi realizada corretamente porque o estudante no usou um grupo decontrole.

    d) O estudante no fez a experincia de forma correta, pois no utilizou instrumentos especia-lizados.

    e) A experincia no foi correta porque a hiptese do estudante no era uma hiptese pass-vel de ser testada experimentalmente.

    5 - (UFRJ) Por que, sem a energia do Sol, os animais no teriam energia para manter o seumetabolismo?____________________________________________________________________________

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    ____________________________________________________________________________

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    6 - (Uece)Indique a opo que contm a sequencia lgica dos nveis de organizao dos seres

    vivos.a) organismo - populao - comunidade - ecossistemab) organismo - comunidade - populao - ecossistemac) populao - comunidade - organismo - ecossistemad) populao - comunidade - ecossistema - organismo

    7 - (PUC-MG) "Errar humano, permanecer no erro diablico, mas a capacidade de errarligeiramente a verdadeira maravilha do DNA." Esse erro do DNA denominado:a) mutao.b) replicao.c) fenocpia.d) reproduo assexuada.e) recombinao gnica.

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    8 - (UFV-MG)Utilizando os seus conhecimentos sobre a vida do planeta Terra, responda:a) De onde provm todos os acares naturais (carboidratos) utilizados pelos animais e vege-

    tais?b) Por que se diz que, se a produo dos acares naturais acabasse, a vida na Terra seria

    extinta?____________________________________________________________________________

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    ____________________________________________________________________________

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    ____________________________________________________________________________

    ____________________________________________________________________________

    9 -(Fuvest-SP) No texto a seguir, reproduzido do livro Descobertas acidentais em cincias, deRoyston M. Roberts (Campinas, Papirus, 1993), algumas frases referentes a etapas importan-tes na construo do conhecimento cientfico foram grifadas e identificadas por um numeral

    romano:"Em 1889, em Estrasburgo, ento Alemanha, enquanto estudavam a funo do pncreas

    na digesto, Joseph von Mering e Oscar Minkowski removeram o pncreas de um co. No diaseguinte, um assistente de laboratrio chamou-lhes a ateno sobre o grande nmero de mos-cas voando ao redor da urina daquele co. (I) Curiosos sobre por que as moscas foram atra-das urina, analisaram-na e observaram que esta apresentava excesso de acar. (II) Acarna urina um sinal comum de diabetes. Von Mering e Minkowski perceberam que estavamvendo pela primeira vez a evidncia da produo experimental de diabetes em um animal. (III)O fato de tal animal no ter pncreas sugeriu arelao entre esse rgo e o diabetes. [...] Mui-tas tentativas de isolar a secreo foram feitas, mas sem sucesso at 1921. Dois pesquisado-res, Frederick G. Banting, um jovem mdico canadense, e Charles H.Best, um estudante deMedicina, trabalhavam no assunto no laboratrio do professor John J.R. MacLeod, na Univer-sidade de Toronto. Eles extraram a secreo do pncreas de ces. (IV, Quando injetaram osextratos [secreo do pncreas] nos ces tornados diabticos pela remoo de seus pncreas,o nvel de acar no sangue desses ces voltou ao normal, e a urina no apresentava maisacar."

    A alternativa que identifica corretamente cada uma das frases grifadas com cada uma dasetapas de construo do conhecimento cientfico :

    I II III IV

    a) hiptese teste da hiptese fato observaob) fato teoria observao teste da hiptesec) observao hiptese fato teste da hiptesed) observao fato teoria hiptese

    e) observao fato hiptese teste da hiptese

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    Escherichia coli (acima, esquerda), tucano(acima, direita), Amanita muscaria (centro),

    Cycas revoluta (abaixo, esquerda) e Euglenaviridis (abaixo, direita), alguns representantes

    dos reinos do mundo vivo.

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    A biosfera pode ser entendida como a poro da Terra que abriga a biodiversidade do pla-neta os milhes de espcies de seres vivos existentes. Toda a biodiversidade conhecida ecatalogada pela cincia tem uma classificao na biologia. E essa tendncia para classificarseres vivos bem como no vivos, reais e imaginrios remonta Pr-Histria. Aos poucos,nossos ancestrais aprenderam a diferenciar, por exemplo, as plantas comestveis das veneno-sas, os solos frteis dos estreis, os metais mais apropriados para a confeco de utenslios e

    armas.Ao longo da Histria, o ser humano aprendeu que a prtica de classificar seres e objetos

    facilita a manipulao e a compreenso das entidades classificadas, alm de permitir que seuestudo seja compartilhado entre pessoas, constituindo um eficiente mtodo de comunicao.No caso dos seres vivos, apenas em 1758 se chegou a um sistema universal adequado osistema binominal de nomenclatura , elaborado pelo mdico botnico sueco Karl von Linn(1707-1778), ou simplesmente, como mais conhecido por ns, Lineu.

    2.1. Biosfera, poroda Terra onde a vida se desenvolve

    A biosfera estende-se desde as mais altas montanhas at os profundos abismos oceni-cos, em uma faixa de espessura de cerca de 17 km. Comparada ao dimetro do planeta 13000 km, aproximadamente , a biosfera constitui uma pelcula muito fina, que abriga os mi-lhes de espcies de seres vivos existentes.

    Toda essa biodiversidade fascina os pesquisadores. Felizmente, cresce cada vez mais emtodo o mundo a conscincia da importncia de sua manuteno, envolvendo no apenas area de cincias biolgicas, mas tambm a economia, a religio e a tica, entre outras reas.

    O Brasil um dos primeiros pases do mundo em riqueza de diversidade biolgica, posioque aumenta nossa responsabilidade na proteo desse patrimnio. Entre as regies de altabiodiversidade do pas, podemos considerar a mata Atlntica (fig. 1.1) e a floresta Amaznica.

    2.2. Classificando a vida a espcie como unidade bsica

    O co domstico popularmente chamado de dog em ingls, de hunt em alemo e de chi-en em francs, considerando apenas alguns idiomas, alm do portugus. Mas, cientificamente,esse animal tem apenas um nome, que permite seu reconhecimento imediato em qualquer par-te do mundo: Canis familiaris.

    O uso de um nome cientfico para cada espcie constitui uma padronizao universal, queevita provveis confuses geradas pela existncia de inmeros termos populares que diferen-tes regies poderiam aplicar a essa espcie.

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    A espcie foi adotada comounidade bsica de classificao.So considerados da mesma es-pcie os indivduos que apresen-tam grandes semelhanas fsicase fisiolgicas e so capazes decruzar naturalmente uns com os

    outros, gerando descendentes fr-teis.

    Das espcies aos reinos

    O maracaj, ou gato-do-mato, encontrado na mata Atlntica, por exemplo, pertence es-pcie Leopardus wiedii; o gato-do-mato-pequeno, o menor dos pequenos felinos silvestres bra-sileiros, pertence espcie Leopardus tigrinus; e a jaguatirica, o maior entre os pequenos feli-nos silvestres brasileiros, pertence espcie Leopardus pardalis (fig. 1.2).

    Todos os animais citados, embora sejam de espcies diferentes j que no so capazesde cruzar-se entre si gerando descendentes frteis , tm caractersticas bastante semelhan-tes e fazem parte do mesmo gnero: Leopardus (h pouco tempo, o maracaj e a jaguatiricaeram classificados como integrantes do gnero Felis). Do mesmo modo, lees (Panthera leo),tigres (Panthera tigris) e onas-pintadas (Panthera ona) so animais pertencentes a espciesdiferentes, mas so do mesmo gnero: Panthera.

    Os animais dos gneros Leopardus e Panthera assim como os de outros gneros, comoos dos gneros Felis (exemplo: Felis catus, o gato domstico) e Puma (exemplo: Puma conco-lor, a ona-parda ou suuarana) tm certas caractersticas comuns e relativamente prxi-mas; por isso todos eles pertencem mesma famlia: Felidae (fig. 1.3).Muitas outras famlias de animais poderiam ser consideradas. A famlia Canidae, por exemplo,engloba animais como o co (Canis familiaris) e o lobo (Canis lupus). Os feldeos e os can-deos tm certas caractersticas que permitem a essas duas famliase outras, como a Ursi-dae (ursos) e a Hyaenidae (hienas) se enquadrar na mesma ordem: Carnvora (fig. 1.4).

    Fig. 2.2 A jaguatirica (A) Leopardus pardalis e o gato-do-mato (B) Leopardus wiedii so animais deespcies diferentes, mas que pertencem ao mesmo gnero Leopardus. (A jaguatirica pode atingir 85 cm de com-primento e 40 cm de altura; o gato-do-mato, entre 76 e 83 cm de comprimento.)

    Fig. 2.1 Mata Atlntica, uma das regies com maior biodi-versidade na Terra. De sua mata original, submetida a umaintensa devastao, restam atualmente menos de 10%.

    O ramo da biologia queestuda a classificao dosseres vivos a taxionomiaou taxonomia (do gregotaxis,ordem; nomos, Lei)

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    Fig. 2.3 A suuarana ou ona-parda (A) Pumaconcolor e a ona-pintada (B) Panthera ona , felinossilvestres encontrados no Brasil, so animais de espcies e gneros diferentes, mas que pertencem mesmafamlia: Felidae.

    Mas ordens diferentes podem ser agrupadas em uma classe. Feldeos, candeos, roedores(pacas, ratos, capivaras), primatas (seres humanos, chimpanzs, gorilas) e cetceos (baleias,golfinhos), entre outros exemplos, so animais portadores de glndulas mamrias; por isso,so agrupados na mesma classe: Mammalia (mamferos). Veja a figura 2.5.

    Os mamferos, assim como as aves, os rpteis, os anfbios e os peixes, so animais queapresentam na fase embrionria um eixo de sustentao denominado notocorda. Por isso, es-ses animais pertencem ao mesmo filo: Chordata (fig. 2.6).

    O filo dos cordados, juntamente com o dos equinodermos (exemplo: estrela-do-mar), artr-podes (exemplo: insetos), aneldeos (exemplo: minhoca) e moluscos (exemplo: ostra), entreoutros, constitui o reino Animalia (reino animal).

    Fig. 2.4 O tigre (A) Panthera tigris e o co domstico (B) Canis familiaris so animais de espcies,gneros e famlias diferentes, mas que pertencem mesma ordem: Carnvora.

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    Fig. 2.5 A capivara (A) Hydrochoerus hydrochoerise o gorilaGorilla gorilla so animais de espcies, gneros, famlias e or-dens diferentes, mas que pertencem mesma classe: Mammalia.

    Pelo que foi descrito, pode-se concluir que:

    vrias

    ESPCIES

    podem se agrupar num mesmo

    GNERO

    vrios gneros numa mesma

    FAMLIA

    vrias famlias numa mesma

    ORDEM

    vrias ordens numa mesma

    CLASSE

    vrias classes num mesmo

    FILO

    vrios filos num mesmo

    REINO

    Fig. 2.6 A paca (A) Agouti paca e o gavio-pega-macaco (B) Spi-zaetus tyrannus , animaisque vivem na mata Atlnti-

    ca, so de espcies, gne-ros, famlias, ordens e clas-ses diferentes, mas perten-cem ao mesmo filo: Chor-data.

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    Em relao s categorias taxionmicas, a espcie humana classificadada seguinte maneira:

    Reino:Animalia ou Metazoa Ordem: PrimatesFilo: Chordata Famlia: HominidaeSubfilo: Vertebrata Gnero: HomoClasse: Mammalia Espcie: Homo sapiens

    Fig. 2.7As diversas categorias de classificao dos seres vivos: exemplo

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    Regras de nomenclatura

    Considerando o sistema binominal ou binomial de nomenclatura, estabelecido por Lineu,que adota a espcie como unidade bsica de classificao, devem ser observadas as seguin-tes regras de nomenclatura:1. O nome da espcie deve ser escrito em latim, grifado ou em tipo itlico. obrigatria a pre-

    sena de, no mnimo, dois termos: o primeiro indica o gnero e o segundo indica a espcie.

    O termo que designa a espcie deve sempre ser precedido do gnero e no pode ser es-crito de forma isolada. Assim, por exemplo, o nome cientfico da anta, animal mamfero en-contrado na floresta Amaznica e nos campos cerrados, Tapirus terrestris (fig. 2.8). Po-de-se concluir da que esse animal pertence ao gnero Tapirus e espcie Tapirus terres-tris (e no espcie terrestris). Se o nome cientfico da nossa espcie Homo sapiens, en-to pertencemos ao gnero Homo e espcie Homo sapiens (e no espcie sapiens).

    2. A inicial do termo indicativo do gnero deve ser escrita com letra maiscula; a da espcie,com letra minscula. Exemplo: Phaseolus vulgaris (feijo). Nos casos em que o nome daespcie se refere a uma pessoa, a inicial pode ser maiscula ou minscula. Assim, o nomedo microrganismo causador da doena de Chagas pode ser escrito da seguinte maneira:Trypanosoma cruzi ou Trypanosoma Cruzi, uma vez que o termo cruzi se refere ao mdi-co brasileiro Oswaldo Cruz (1879-1934).

    3. Quando se trata de subespcies, o nome indicativo deve ser escrito sempre com inicial mi-nscula, mesmo quando se refere a pessoas, e depois do nome da espcie. Exemplos:Rhea americana alba (ema branca); Crotalus terrificus terrificus (cascavel).

    4. Nos casos de subgnero, o nome deve ser escrito com inicial maiscula, entre parntesese depois do nome do gnero. Exemplo: Anopheles (Nyssurhynchus) darlingi (um tipo demosquito).

    5. O nome da famlia deve ser escrito com letra inicial maiscula e terminar com o sufixo idae,no caso dos animais. Exemplos: Felidae, Canidae, Ursidae, Bovidae, Hominidae.

    No caso das plantas, o sufixo empregado para designar a famlia geralmente aceae.Exemplos: Papilionaceae (feijo, etc), Rosaceae (roseira, etc), Magnoliaceae (magnlia, etc),Euphorbiaceae (seringueira, etc), Malvaceae (algodoeiro, etc).

    2.3. Mundo vivo:apresentao dos reinos

    O moderno sistema de classificao, que distribui os seres vivos em cinco grandes reinosMonera, Protista, Fungi, Metaphyta e Metazoa , foi idealizado por R. H. Whittaker, em1969. Assim, as espcies conhecidas de seres vivos esto distribudas em reinos especficos,segundo determinados critrios de classificao.

    Fig. 2.8 Anta ou tapir (Tapirus terrestris). Quando adultoesse animal mede aproximadamente 2 metros de compri-mento e pesa cerca de 250 kg.

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    Os critrios bsicos de classificao

    Para a classificao dos seres vivos nos cinco grandes reinos, foram utilizados os seguin-tes critrios: tip o de o rg an izao ce lu lardefine se os seres vivos so procariontes ou eucariontes,

    isto , se so destitudos ou possuidores de membrana nuclear, nuclolo e organelas mem-branosas em suas clulas;

    nmero de clu lasconsidera se os seres vivos so unicelulares ou pluricelulares; ti po de n u tr io indica se os organismos so auttrofos ou hetertrofos; esse critrio

    tambm considera a maneira pela qual os hetertrofos obtm o seu alimento: se por absor-o ou por ingesto do material orgnico disponvel.

    Os cinco grandes reinos

    De acordo com o estabelecimento dos critrios de classificao mencionados, o mundo vi-vo foi dividido nos seguintes reinos:

    Reino Monera Abrange todos os organismos unicelulares e procariontes, representadospelas bactrias e pelas cianobactrias ou cianofceas, tambm conhecidas como algas azuis.

    Reino Protista Compreende os organismos unicelulares e eucariontes, como os proto-zorios e certas algas.

    Reino Fungi Compreende todos os fungos, que podem ser uni ou pluricelulares e soorganismos eucariontes e hetertrofos por absoro.

    Reino Plantae ou Metaphyta Abrange os organismos pluricelulares, eucariontes e aut-trofos. Nesse reino, tambm conhecido como reino das plantas, incluem-se as algas pluricelu-lares, as brifitas (musgos e hepticas), as pteridfitas (como samambaias e avencas), as gim-nospermas (como pinheiros e sequoias) e as angiospermas (ips, limoeiros, feijo, capim, etc).

    Reino Animalia ou Metazoa Compreende os organismos pluricelulares, eucariontes ehetertrofos por ingesto. Esse reino abrange todos os animais, desde os porferos at os ma-mferos.

    Veja no quadro ao lado alguns exemplos de seres pertencentes aos cinco grandes reinosdo mundo vivo:

    REINOS DOMUNDO VIVO

    MoneraBactriasCianobactrias (cianofceas)

    ProtistaProtozorios

    Algas Euglenfitas, crisfitas e pirrfitas

    Fungi

    Mixomicetos

    Eumicetos

    Ficomicetos, ascomicetos, base-

    diomicetos e deuteromicetos

    Plantae(Reino

    Vegetal)

    Algas Clorfitas, rodfitas e fefitas

    Brifitas (musgos e hepticas)

    Traquefitas Pterodfitas (samambaias) Gim-nospermas (pinheiro)Angiospermas (caf)

    Animalia

    (ReinoAnimal)

    Porferos (esponjas), Celenterados (gua-viva), Pla-telmintos (solitria), Nematelmintos (lombriga), Anel-

    deos (minhoca), Artrpodes (insetos),Moluscos (caramujo), Equinodermos (estrela-do-mar) eCordados (mamferos)

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    ORGANIZANDO O CONHECIMENTO

    1 - (Unicamp-SP) Leptodactylus labyrinthicus um nome aparentemente complicado para umanfbio que ocorre em brejos do estado de So Paulo. Justifique o uso do nome cientfico emvez de identificar o anfbio como "r-pimenta", como fazem os pescadores.

    2 -(Ufop-MG) Um aluno, ao redigir um trabalho em sua escola, citou vrios nomes cientficos,entre eles:a) Trypanosoma Cruzi;b) Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi;

    c) Rana sculenta marmorata;d) Carica papaya.Comente as regras de nomenclatura dos nomes cientficos acima.

    O retorno de takhi

    Houve poca em que milhares de cavalos selvagens vagueavam pela Europa, sia Cen-tral e China indo at a Monglia. Hoje existem poucos indivduos dispersos de uma espcieo takhi, ou, como conhecido no Ocidente, cavalo de Przewalski (Equus ferus przewalskii).Essa espcie est extinta na natureza; os ltimos exemplares foram avistados no deserto de

    Gobi, sudoeste da Monglia, em 1969. Os que ainda sobrevivem cerca de 1500 em zoolgi-cos e parques privados de todo o mundo descendem de 12 ancestrais capturados no inciodo sculo XX e vm sendo cruzados em cativeiro.

    Embora o takhi seja semelhante aos cavalos selvagens que os seres humanos comearama domesticar h cerca de 6 mil anos, pesquisas recentes com DNA mostram que esse animalno o ancestral dos cavalos domsticos modernos.

    Fig. 2.9 Cavalo de Przewalski. O termoprzewalski refere-se a um oficial russo que encontrou esse cavalo vivendo emmanadas selvagens, na sia.

    Agora esto sendo feitos esforos para reintroduzir essa espcie na natureza. As tenta-tivas de reintroduo tm mostrado a importncia crucial de ensinar esses animais a evitaro ataque de predadores, como lobos. Tambm tm alertado os pesquisadores para pro-blemas inesperados, como a exposio dos cavalos a doenas que podem ser transmitidaspor carrapatos. E, ainda, tm ensinado o custo de transportar e restabelecer na naturezapopulaes criadas em cativeiro. Salvar uma espcie antes que se torne extinta na nature-za faz muito mais sentido.

    Adaptado de: MOEHLMAM,Patrcia D. Eqdeos em perigo.Sentific American, ano 3, n. 35, abril de 2005, p. 48-55.

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    3 -Sabendo que a raposa-vermelha (Vulpes vulpes) e a raposa-polar (Alopex lagopus) per-tencem famlia Canidae, estabelea as categorias taxionmicas comuns e no comuns a es-ses animais.

    4 - Segundo o sistema binominal de nomenclatura, como devem ser escritos os termos in-dicativos do gnero, da espcie e da subespcie?

    5 - (UFF-RJ) Identifique a categoria taxionmica a que se refere cada um dos nomes a seguircitados, de acordo com as regras de nomenclatura zoolgica e justifiquesua resposta:Rattus;

    Ascaris lumbricoides;Homo sapiens sapiens;Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi.

    6 -Diferencie os integrantes do reino Monera dos organismos que compem o reino Protista ed exemplos.

    7 -Determine as caractersticas comuns aos componentes do reino Metaphyta e Metazoa eestabelea a diferena bsica entre eles.

    8 - (FCM-MG)Analise o esquema abaixo:

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    a) Indique, de acordo com o esquema, os nomes dos reinos de cada grupo de organismosapresentados de 1 a 5.

    b) Com relao aos organismos dos reinos 1 e 2, cite uma semelhana e uma diferena entreeles.

    c) Qual a principal diferena entre os organismos dos reinos 3 e 5, em relao capacidadede obteno de alimentos?

    ROTEIRO PARA AUTO AVALIAO

    1 - (UFBA) O conjunto de indivduos semelhantes e capazes de intercruzarem-se, produzindodescendentes frteis, define, biologicamente:a) comunidade.b) famlia.c) gnero.d) espcie.e) clone.

    2 -(CCV-ES) Na classificao dos seres vivos, a nomenclatura binria ou binomial (difundidapor Lineu) empregada quando se quer escrever o nome de:a) uma espcie.b) um gnero.c) uma famlia.d) uma ordem.e) uma classe.

    3 -(FCMSC-SP) Qual dos seguintes grupos contm a menor variedade de organismos?a) Mamferos.b) Carnvoros.

    c) Feldeos.d) Panthera.e) Phantera leo.

    4 - (Unirio-RJ) Se reunirmos as famlias Canidae (ces), Ursidae (ursos), Hienidae (hienas) eFelidae (lees), veremos que todos so carnvoros, portanto, pertencem (ao) mesma(o):a) espcie.b) ordem.c) subespcie.d) famlia.e) gnero.

    5 - (Udesc-SC) O co domstico (Canis familiaris), o lobo (Canis lupus) e o coiote (Canis la-trans) pertencem a uma mesma categoria taxionmica. Esses animais fazem parte de um(a)mesmo(a):a) gnero.b) espcie.c) subespcie.d) raa.e) variedade.

    6 -(UFMG)A partir de conhecimentos sobre as regras de nomenclatura zoolgica, responda aesta questo:Com qual das fmeas citadas o macho deAnopheles (Nyssorhynchus) triannulatus triannulatuspode cruzar e produzir descendentes frteis, atravs de vrias geraes?

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    a) Anopheles (Nyssorhynchus) aquasalis.b) Anopheles (Nyssorhynchus) triannulatus davisi.c) Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis domesticus.d) Anopheles (Nyssorhynchus) brasiliensis.e) Anopheles (Nyssorhynchus) intermedius.

    7 - (UFPA) Quando dois organismos pertencem mesma classe, obrigatoriamente devem per-

    tencer:a) mesma ordem.b) mesma famlia.c) mesma espcie.d) ao mesmo gnero.e) ao mesmo filo.

    8 -(UFPA) Na classificao biolgica, as ordens se constituem pela unio de:a) gneros.b) classes.c) filos.d) famlias.e) nenhuma das anteriores.

    9 -(Cesgranrio-RJ)As categorias taxonmicas em zoologia so ordenadas, de modo ascen-dente, da seguinte forma:a) espcie, gnero, ordem, famlia, classe e filo.b) filo, classe, famlia, ordem, gnero, espcie.c) filo, ordem, classe, famlia, gnero, espcie.d) filo, classe, ordem, famlia, gnero, espcie.e) espcie, gnero, famlia, ordem, classe e filo.

    10. (Cesgranrio-RJ) Com referncia ao Homo sapiens, assinale a sequencia abaixo que ex-prime o grau de complexidade taxionmica da espcie humana:a) Hominidae, Homo sapiens, Homo, Chordata, Primates, Mammalia, Vertebrata.b) Chordata, Mammalia, Vertebrata, Homo, Hominidae, Primates, Homo sapiens.c) Mammalia, Vertebrata, Chordata, Primates, Hominidae, Homo, Homo sapiens.d) Chordata, Vertebrata, Mammalia, Primates, Hominidae, Homo, Homo sapiens.e) Primates, Chordata, Vertebrata, Mammalia, Hominidae, Homo, Homo sapiens.

    11. (PUC-SP) O diagrama a seguir mostra as principais categorias taxionmicas a que perten-cem o co e o gato:

    Chordata

    Carnvora

    Canidae Felidae

    Felis

    Felis catusCanis familiaris

    Canis

    Mammalia

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    A anlise do diagrama permite dizer que os dois animais so includos na mesma categoriaat:a) classe.b) famlia.c) filo.d) gnero.e) ordem.

    12 -(Unisa-SP)Com base nas regras de nomenclatura, indique a alternativa incorreta:a) Homo sapiensb) Trypanosoma cruzic) Rana esculenta marmoratad) Rhea americana americanae) Anopheles Nyssurhynchus darlingi

    13 - (UEPG-PR) So representantes do reino Monera:a) os fungos, as algas e as bactrias.b) as bactrias e as cianobactrias.

    c) os protozorios e as bactrias.d) os vrus e as bactrias.e) todos os organismos unicelulares.

    14 - (UFPA) Organismos eucariotos, com mitocndrias, sem cloroplastos, com nutrio hetero-trfica por ingesto, so classificados no reino:a) Monera.b) Animalia.c) Fungi.d) Plantae.e) Protista.

    15 - (Cesgranrio-RJ) H mais de dez milhes de tipos de organismos na biosfera. Desde Aris-tteles, os cientistas buscam os princpios para organizar esta imensa diversidade. Atualmenteexistem cinco reinos. Indique a alternativa que apresenta a sequencia dos reinos exem-plificados nos esquemas abaixo:

    a) Fungi, Monera, Metaphyta, Protista, Metazoa.b) Monera, Protista, Fungi, Metaphyta e Metazoa.c) Protista, Fungi, Metaphyta, Metazoa, Monera.

    d) Metazoa, Metaphyta, Monera, Protista, Fungi.e) Fungi, Protista, Monera, Metazoa, Metaphyta.

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    BIOLOGIA EM TODOS OS TEMPOSAprendendo e investigando aplicaes, contextos e interdisciplinaridade

    Os animais e a ingesto de alimentos

    Os animais so seres eucariontes, pluricelulares e hetertrofos por ingesto. Diferentemen-

    te das plantas que se apoiam na fotossntese e na absoro de nutrientes minerais do meioem que vivem e dos fungos que dependem inteiramente da assimilao de materiais dedimenses moleculares para as suas necessidades nutritivas , os animais ingerem diversasfontes de alimento e promovem a transformao do alimento em molculas que so utilizadaspelo organismo.

    Para caracterizar os animais, vamos considerar uma base nutricional e pensar em algumasconsequencias advindas desse processo.

    Como consumidores e ingestores, os animais devem procurar e adquirir as concentraeslocalizadas de alimento que constituem as pores necessrias para sua sobrevivncia. Assim,h claramente uma vantagem seletiva em ser capaz de se locomover, pois tendo consumido oalimento em um ponto, o consumidor pode procur-lo em outros lugares. Esta uma presso

    muito diferente da que existe sobre os seres produtores e assimiladores. Estes, em sua maio-ria, no precisam se locomover, pois os nutrientes em soluo esto ao seu redor e podem sertomados e usados nessa forma dissolvida.

    Nos animais, alm da locomoo, existem estruturas para a localizao de alimento. As-sim, a energia gasta em locomoo no ser desperdiada em padres casuais de caa, maspode ser usada mais eficientemente, seguindo informao sensorial recebida da presa, quepode estar distante.

    Tudo isso explica a existncia de um sistema sensorial e coordenador e torna compreens-vel a evoluo do sistema nervoso, um carter muito distintivo dos animais mais complexos.Coordenao aqui implica interao bem-sucedida de rgos sensoriais, locomotores, captura-dores e ingestores.

    Estamos familiarizados com estes rgos em um gato, com seus sentidos de olfato e visoaltamente desenvolvidos, sua bela coordenao muscular, suas garras e seus dentes. Igual-mente poderoso o conjunto de adaptaes que fazem do polvo (fig. 2.10) um predador efici-ente: viso aguada, equipamento hidrulico a jato que possibilita a natao rpida, tentculosflexveis e fortes para rastejamento, ventosas adesivas e boca que permite morder e comer.

    Fig. 2.10 - Polvo

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    Menos familiares so as estruturas quimiossensoriais das planrias (fig. 2.11) para percep-o de alimento. Coloque um pedao de carne fresca em um riacho de gua cristalina, onde seencontrem esses vermes e observe como eles se deslocam em direo carne. Observe tam-bm os movimentos do corpo e o consumo do alimento por meio de uma faringe muscular al-tamente especializada.

    Esta tendncia dos animais para se orientar em seu ambiente, localizar fontes de alimentoe delas obter os nutrientes necessrios sua sobrevivncia conduziu cefalizao, represen-tada pela formao de uma cabea anterior, com sistema nervoso e a extremidade anterior dosistema digestrio, a boca, frequentemente adaptada para captura e ingesto. Animais seden-trios, como as esponjas, os corais, certos vermes, os moluscos bivalves e as formas parasi-

    tas, no acentuam a cefalizao pela razo bvia de que a predao, no sentido de caa ecaptura, no neles acentuada. Apesar disso, todas estas formas retm a capacidade de in-gesto de alimento e, por esta razo, so facilmente identificadas como animais.

    Adaptando de: HANSON, E. D. Diversidade animal.So Paulo, Edgard Blcher, 1988.

    Em grupo: pesquisar e destacar duas adaptaes verificadas para a aquisio de alimentos

    nos seguintes animais: tamandu, ona-pintada e beija-flor (fig. 2.12).

    Fig. 2.12 - Beija-flor

    Fig. 2.11 - Planria

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    A virologia, ramo da cincia que estuda os vrus, teve seu incio apenas no final do sculoXIX. Mesmo antes da descoberta desses seres ultramicroscpicos, j se supunha a sua exis-tncia, com o reconhecimento de agentes infecciosos capazes de atravessar filtros que reti-nham bactrias.

    Os vrus, cujo nome vem do latim e significa 'veneno' ou 'fluido venenoso', so hoje consi-derados seres vivos pela grande maioria dos cientistas. Mas no so inseridos em nenhum doscinco reinos descritos no captulo anterior, por apresentarem certas caractersticas, como a deno possurem organizao celular.

    3.1. Caractersticas gerais dos vrus

    Os vrus so visveis apenas ao microscpio eletrnico e constitudos basicamente por umacpsula de natureza proteica em cujo interior existe apenas um tipo de cido nuclico: DNA ouRNA (fig.3.1). Destitudos de membrana plasmtica, hialoplasma, organelas citoplasmticas encleo, esses seres no possuem organizao celular. Alm disso, no apresentam metabo-lismo prprio e permanecem inativos quando fora de clulas vivas, podendo at mesmo formarcristais.

    Reproduzem-se apenas no interior de clulas vivas. Penetrando em uma delas, os vrusreproduzem-se em seu interior, utilizando a energia e o equipamento bioqumico da clula hos-pedeira. Por isso, so considerados parasitas intracelulares obrigatrios.

    Fig. 3.1Esquema de vrus bacterigrafo (vrus que parasita bactria) e de vrus da gripe)

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    Atualmente sabe-se que os vrus podem parasitar plantas, animais e microrganismos diver-sos, como bactrias (fig. 3.2).

    Fig. 3.2 Vrus bacterifagos (vistos ao microscpio eletrnico) ata-cando uma bactria. Eles injetam seu material gentico no interior dabactria, deixando a cpsula proteica fora da clula da bactria. Asreas escuras no interior da bactria correspondem a novos vrus emformao. Cada um desses vrus mede cerca de 0,2 m.

    3.2. A reproduo dos vrus

    No estudo do ciclo reprodutivo dos vrus, utilizaremos como exemplo os bacterifagos oufagos, vrus parasitas de certas bactrias.

    Quando um bacterifago entra em contato com uma bactria hospedeira, acopla-se a elaatravs da cauda e perfura sua membrana celular. Ento, o cido nuclico viral no caso, oDNA injetado no interior da bactria, permanecendo a cpsula proteica fora da clula.Uma vez no interior da bactria, o DNA do bacterifago passa a interferir no metabolismo celu-lar, comandando a sntese de novos cidos nuclicos virais, custa da energia e dos compo-nentes bioqumicos da bactria. Paralelamente, e ainda utilizando o arsenal bioqumico da c-lula hospedeira, o cido nuclico viral comanda a sntese de outras molculas, como protenas,que basicamente organizam novas cpsulas. Em cada cpsula abriga-se um cerne de cido

    nuclico, configurando a formao de um novo vrus. No final do processo, formam-se inme-ros novos vrus (fig. 3.3). As novas unidades virais promovem ento a ruptura ou lise da mem-brana bacteriana e os novos vrus so liberados, podendo infectar outra clula e recomear umnovo ciclo.

    Fig. 3.3 Esquemada reproduo deum bacterifago. Osvrus se reprodu-zem somente nointerior de umaclula viva: no

    possuem nem ri-bossomos para asntese de suasprprias protenasnem arsenal enzi-mtico capaz decomandar a produ-o de suas prote-nas e de seus ci-dos nuclicos. As-sim, para sua re-produo utilizamtodo o equipamentobioqumico da clu-la hospedeira

    .

    1. Vrus em contatocom a clula hos-pedeira.

    2. Injeo do DNA3. Multiplicao do

    DNA viral4. Sntese de cpsu-

    las proteicas5. Produo de uni-

    dades virais6. Lise da bactria eliberao de novosvrus

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    3.3. A importncia dos vrus

    Os vrus j foram chamados de "inimigos pblicos n 1" dos seres humanos. Essa afirma-o compreensvel, se considerarmos as inmeras doenas que eles podem provocar emnosso organismo e os grandes danos que causam agricultura e pecuria, parasitando plan-tas cultivadas e animais de criao.

    Apresentam, no entanto, uma elevada especificidade de hospedeiros, que vem sendo pes-quisada e utilizada a favor dos interesses humanos. Assim, vrias espcies de vrus so atual-

    mente utilizadas no combate a insetos daninhos agricultura. o caso do Baculovirus anticar-sia, um tipo de vrus que parasita e destroem as lagartas-da-soja (Fig. 3.4), insetos que devo-ram as folhas da planta, comprometendo seu desenvolvimento. Essa tcnica de combate a es-pcies nocivas ao nosso interesse, utilizando inimigos naturais, como parasitas, por exemplo, chamada de controle biolgico.

    3.4. Principais viroses humanas

    Os vrus so capazes de infectar quase todos os seres vivos, desde as bactrias at o serhumano.

    A seguir, destacaremos as principais doenas humanas provocadas pela ao infectantedesses organismos (viroses).

    Vrus e antibiticos

    Considerados uma das maiores conquistas da cincia moderna, os antibiticos, junta-mente com as vacinas e os soros, tm salvado mais vidas no mundo do que todas aquelasque as guerras j conseguiram matar.

    Os antibiticos atuam de diferentes maneiras sobre as clulas bacterianas. Podem blo-quear a sntese da parede celular, desorganizar estruturalmente a membrana plasmtica eagir sobre a atividade dos cidos nuclicos, quando inibem a duplicao do DNA ou interfe-rem na sntese de protenas, bloqueando, por exemplo, a formao do RNA mensageiro(RNAm).

    Mas os vrus so organismos destitudos de organizao celular. No possuem paredecelular nem membrana plasmtica e se mostram absolutamente inertes quando fora deuma clula viva. Assim, os antibiticos no tm qualquer efeito sobre eles. Os vrus so,portanto, "imunes" ao dessas substncias. Porm, graas natureza proteica da cp-sula viral, que atua como antgeno, um organismo infectado pode se defender contra osvrus produzindo anticorpos especficos. Em alguns casos, a produo de anticorpos espe-

    cficos pode ser "incentivada" atravs do uso de vacinas.

    Fig. 3.4 Lagarta-da-soja, inseto daninho agricultu-ra e que pode ser combatido com a utilizao de vrus.

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    Aids

    A Aids (sigla em ingls deAcquired Immuno-deficiency Syndrome), ou sndrome da imuno-deficincia adquirida, uma enfermidade caracterizada por uma intensa debilitao do sistemaimune com o consequente desenvolvimento de um conjunto de infeces provocadas por di-versos microrganismos oportunistas.

    A palavra sndrome refere-se a um conjunto de sinais e de sintomas que pode ser produzi-

    do por mais de uma causa. O termo imunodeficincia indica que o sistema imune do organismoencontra-se debilitado. Uma enfermidade caracterizada como adquirida quando o indivduo acontraiu em qualquer poca de sua vida, sem influncia hereditria.

    O vrus da Aids foi isolado em 1983, na Frana, a partir de um gnglio extrado de um paci-ente, pelo mdico e professor Luc Montagnier. Foi batizado como HIV, sigla em ingls formadada expresso Human Immunodeficiency Virus e que quer dizer 'vrus da imunodeficincia hu-mana'.

    O HIV portador de RNA e de uma enzima denominada transcriptase reversa. O RNA dovrus, uma vez no interior de uma clula hospedeira, comanda uma retrotranscrio, isto , apartir do RNA viral ocorre sntese de DNA, graas ao da enzima transcriptase reversa. Porisso, os vrus como o HIV so chamados de retrovrus, por serem capazes de realizar retro

    transcrio. O DNA produzido comandar ento a sntese de novas molculas de RNA virais edas protenas que constituiro as cpsulas virais, culminando com a formao de novos vrus.Veja a figura 3.5.

    O perodo de incubao do HIV no organismo varivel, em mdia de dois a trs anos,mas pode ser superior a nove anos. Durante o perodo de incubao, o organismo vai produ-zindo anticorpos especficos para combater o vrus e, por meio de testes, possvel diagnosti-car se um indivduo portador do HIV, mesmo que a enfermidade ainda no tenha se manifes-tado.

    O HIV invade e destri os linfcitos T, glbulos brancos do sangue, essenciais tanto para ofuncionamento dos linfcitos B, produtores de anticorpos, quanto para a atividade fagocitria deoutros glbulos brancos. Assim, a destruio dos linfcitos T debilita o sistema de defesa docorpo, quadro clnico que caracteriza a Aids. Nessa situao, o organismo fica exposto ao de-senvolvimento de inmeras doenas oportunistas, como as que podem ser observadas noquadro a seguir.

    INFECES OPORTUNISTAS QUE SE DESENVOLVEM EM PACIENTES COM AIDS

    Agente Consequncias

    VrusHerpes simplex

    Herpes zoster

    leses ulceradas na boca e rgos genitaisleses do sistema nervoso perifrico

    BactriasMycobacterium

    tuberculosis

    tuberculose

    Fungos

    CndidaAlbicans

    Pneumocystis carinii

    monilase ("sapinho") na boca e ao longo dotubo digestrio

    febre, tosse, falta de ar

    Protozorios

    EntamoebaHistolylica

    Giardia lamblia

    leses intestinais

    leses intestinais

    Sintomas da Aids

    Quando a Aids se manifesta, geralmente o indivduo exibe aumento de gnglios linfticos(nguas), febres, diarreias, acentuado emagrecimento sem causas aparentes e suores notur-

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    nos. Surgem tambm as doenas "oportunistas", que se instalam com mais facilidade em orga-nismos debilitados: tuberculose, herpes e a monilase, ou "sapinho", no tubo digestrio, entreoutros exemplos.

    A Aids torna-se mais evidente quando surge o sarcoma de Kaposi, tumor canceroso geral-mente circundado por manchas marrom-amareladas. Os sarcomas desenvolvem-se inicialmen-te na pele do tronco e depois atingem a boca, o esfago, o nariz, a perna e os rgos internos.Uma das infeces responsveis pela morte de muitos pacientes a pneumonia causada pelo

    protozorio Pneumocystis carinii, que provoca febre, tosse seca, rigidez torcica e dificuldadesrespiratrias.

    Contgio e preveno

    O HIV pode ser transmitido por sangue, esperma e secrees vaginais contaminados, bemcomo de me para filho, por meio da placenta ou da amamentao. A transmisso por relaessexuais ocorre pelo intercmbio de sangue entre os parceiros, uma vez que comum o surgi-

    mento de microfissuras ou laceraes invisveis nos tecidos dos rgos genitais durante o atosexual.Assim a transmisso pode ser processada das seguintes maneiras: relaes sexuais com parceiro contaminado com HIV; transfuses com sangue contaminado com HIV; agulhas e outros instrumentos contaminados com HIV; placenta e amamentao de mes contaminadas com HIV.

    Fig. 3.5 O cido nuclicopresente no HIV o RNA; empresena da enzima transcrip-

    tase reversa, o RNA originaDNA. Em seguida, o DNAintegra-se ao material genti-co do lin-fcito T e induz aformao de inmeras mo-lculas de RNA. Finalmente,novos vrus so "montados" eliberados, passando a infectaroutras clulas sadias.

    Na convivncia social com indivduo portador de HIV no h risco de o vrus pene-trar nas clulas da pele de uma pessoa. Portanto, abraos, apertos de mo, uso de

    utenslios domsticos, toalhas, roupas de cama, banheiros, transportes coletivos elocais pblicos em geral, entre outros exemplos, no constituem vias de transmissodo HIV.

    ESQUEMA DO VRUS DA AIDS

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    A nica maneira de no contrair o HIV a preveno, que consiste basicamente em: uso de preservativos ("camisinhas") nas relaes sexuais; nas transfuses sanguneas, a qualidade do sangue doado deve ser conhecida previa-

    mente por intermdio de testes realizados pelos bancos de sangue e que so capazes dedetectar sangues contaminados pelo HIV;

    esterilizao de materiais cirrgicos e odontolgicos, de agulhas e seringas ou, preferen-cialmente, utilizao de agulhas e seringas descartveis;

    no-utilizao de instrumentos cortantes em sociedade, tais como navalhas, giletes, alica-tes de cutcula, etc; evitar gravidez e amamentao, no caso de mulheres portadoras de HIV.

    Dengue

    A dengue causada por vrus transmitidos aos seres humanos pela picada de fmeas demosquitosAedes aegypti (fig. 3.6).

    OAedes aegypti um mosquito escu-ro, pequeno e delgado, que possui hbi-tos diurnos e vive dentro ou nas proximi-dades das habitaes humanas. Essemosquito reproduz-se em gua parada,como lagos, e gua contida em garrafas,vasos e pneus velhos jogados em quin-tais, entre outros exemplos.

    Sintomas da dengue

    O perodo de incubao do vrus da dengue de alguns dias. A dengue clssica manifesta-se por febre sbita, com durao de quatro a cinco dias, acompanhada de fortes dores muscu-

    lares e nas articulaes sseas da a denominao quebra-ossos, que alguns usam paradesignar a doena. Surgem manchas avermelhadas no corpo, dores de cabea e ntida sensa-o de cansao. Alm disso, o doente pode manifestar fotofobia (averso luz), lacrimao,inflamao na garganta e sangramento na boca e no nariz. Depois de mais ou menos uma se-mana essas manifestaes desaparecem gradualmente. Em sua forma mais simples, a dengueno mortal, mas em pessoas desnutridas e debilitadas pode levar morte. Nos casos maisgraves ocorrem hemorragias intestinais, vmitos e inflamao do fgado, sintomas caractersti-cos da dengue hemorrgica.

    Tratamento

    No existe tratamento especfico da doena, apenas tratamento sintomtico, que significauma medicao restrita para diminuir os sintomas da doena, como a febre e a dor de cabea.

    No existem vacinas nem medicamentos para curar a Aids; algumassubstncias, no entanto, parecem retardar a evoluo do mal no orga-nismo infectado, como o caso do AZT.

    Fig. 3.6Aedes aegypti

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    O repouso necessrio e os casos mais graves precisam de internao hospitalar para ter odevido acompanhamento mdico.

    Preveno

    Como no existe vacina contra a dengue, sua preveno se d pelo combate aos mosqui-tos transmissores. Para isso, devem ser tomadas as seguintes medidas profilticas:

    eliminar os locais onde oAedes aegypti se reproduz, no deixando acumular gua no in-terior de garrafas, latas vazias, pneus velhos, etc;

    tampar caixas-d'gua, tanques, filtros e qualquer outro reservatrio de gua dentro ou forade casa;

    trocar a gua dos vasos com frequncia ou substitu-la por terra; em caso de tratamento domstico, manter o doente em recinto fechado, evitando seu con-

    tato com os mosquitos Aedes, que poderiam picar e assim contaminar toda a famlia e vi-zinhos;

    usar tela protetora em janelas e portas para impedir o acesso do mosquito s moradias,principalmente em habitaes prximas de lagos, rios e represas;

    usar inseticidas de maneira adequada e quando necessrio.

    Febre amarela

    Doena provocada por vrus transmitidos pela picada de fmeas de certos mosquitos. A fe-bre amarela assim chamada por causa da colorao amarelada da pele das pessoas doen-tes, caracterstica da ictercia consequente das intensas leses de clulas hepticas.

    A febre amarela urbana transmitida aos seres humanos pelos mosquitosAedes aegypti,de hbitos urbanos e domiciliares. J a febre amarela silvestre transmitida aos seres huma-nos pela picada de vrias espcies de mosquitos, principalmente as do gnero Haemagogus,que vivem normalmente restritos s matas.

    O perodo de incubao do vrus no corpo humano varia de trs a seis dias. Em seguida odoente acometido de febre alta, apresentando dores de cabea, nuseas contnuas, vmitos,calafrios e dores musculares. Geralmente sobrevm um curto perodo em que os sintomas pra-ticamente desaparecem. Em seguida, a febre reaparece acompanhada de hemorragias e decomprometimento das atividades hepticas. Em muitos casos, a pessoa se recupera, mas no raro a doena evoluir provocando a morte.

    A preveno da febre amarela consiste no combate aos mosquitos transmissores e na va-cinao. A aplicao de vacina recomendada principalmente em pessoas que residem oupretendem viajar para regies onde relativamente frequente a manifestao dessa doena.

    Hepatite viral

    A hepatite uma inflamao do fgado que pode ser provocada por vrios agentes, comocertos produtos qumicos txicos ao organismo e parasitas, como bactrias e vrus.

    Existem dois tipos de dengue a clssica e a hemorrgica e quatro va-riedades de vrus causadores da doena. A pessoa infectada por uma dessasvariedades adquire imunidade para o resto da vida em relao ao tipo de vrus

    que adquiriu, mas no em relao aos outros trs tipos. Se uma pessoa que jteve dengue adquirir outro tipo de vrus da dengue, para o qual no tem imuni-dade, a doena pode evoluir para a dengue hemorrgica, em que ocorrem alte-raes no sistema de coagulao do sangue capazes de provocar a morte empessoas que no receberem tratamento adequado.

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    A hepatite viral provocada por vrios tipos diferentes de vrus. Atualmente so reconheci-dos pelo menos seis tipos diferentes de vrus causadores de hepatite: A, B, C, D, Ee G.

    Os vrus da hepatite Aso eliminados juntamente com as fezes da pessoa infectada e po-dem contaminar gua e alimentos. Logo, so transmitidos aos seres humanos principalmentepor gua e alimentos contaminados. Os sintomas da doena incluem ictercia, febre, dores decabea, nuseas, vmitos e dores musculares. A doena normalmente evolui de forma benig-na, regredindo com repouso e dieta adequada. Estima-se que, no Brasil, aproximadamente

    90% das pessoas com mais de 30 anos tenham adquirido imunidade natural contra esse vrus.Os vrus da hepatite Bso transmitidos em transfuses por sangue contaminado, por rela-es sexuais e de me para filho atravs da placenta. Os sintomas da hepatite Bso seme-lhantes aos da hepatite A. Estima-se que mais de 300 milhes de pessoas sejam cronicamen-te afetadas por esses vrus em todo o mundo. A doena pode se tornar crnica em cerca de10% das pessoas infectadas e provocar cirrose e cncer de fgado.

    Os vrus da hepatite Cforam descobertos em 1989 e so transmitidos como os vrus dahepatite B. A doena geralmente assintomtica, mas alguns indivduos podem desenvolverictercia e ser acometidos por dores de cabea e de garganta, vmitos e fadiga. Entretanto, ahepatite C perigosa porque pode evoluir para cirrose heptica, alm de o vrus ser conside-rado fator de risco para cncer de fgado. NoBrasil, estima-se que 3 milhes de pessoas sejam

    portadoras do vrus da hepatite C.Existem vacinas contra a hepatite Ae B, mas no contra a hepatite C.O termo hidrofobia (hidro, 'gua'; fobia, 'medo') decorre da contratura involuntria e do-

    lorosa da musculatura da deglutio, situao em que o simples ato de beber gua extrema-mente penoso.

    A preveno contra a raiva consiste basicamente na vacinao de ces e de gatos. Pesso-as que tenham sido mordidas por animais suspeitos devem procurar imediato atendimento m-dico e receber vacina e soro antirrbicos, que evitam a instalao da doena.

    Poliomielite

    Tambm conhecida comoparalisia infantil, a poliomielite provocada por vrus transmitidopor alimento e objetos contaminados e por secrees respiratrias. Na grande maioria daspessoas no se desenvolvem manifestaes clnicas; quando muito, febre e mal-estar. Entre-tanto, em alguns casos, o vrus atinge o sistema nervoso central provocando a paralisia na ati-vidade da musculatura do sistema locomotor, mais comumente dos membros inferiores. Noscasos mais raros e graves, ocorre paralisia dos msculos respiratrios, provocando a morte doindivduo.

    As campanhas de vacinao em massa praticamente erradicaram a poliomielite do Brasil(fig. 3.7).

    Raiva ou hidrofobiaUma vez instalada na pessoa, a raiva uma doen-

    a fatal. causada por vrus transmitidos aos sereshumanos normalmente pela mordedura e saliva deces e de gatos infectados. Mais raramente, os trans-missores da doena podem ser morcegos, quatis, ra-posas e outros animais silvestres.

    O perodo de incubao do vrus varivel, em ge-ral de 20 a 40 dias, mas pode se estender por algunsmeses. O vrus ataca o sistema nervoso e, na fase final

    da doena, ocorrem convulses e paralisia dos mscu-los respiratrios, fato que leva o indivduo morte.

    Fig. 3.7 Criana recebendo avacina Sabin, que evita a poli-omielite.

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    Veja no quadro abaixo um resumo de outras viroses humanas:

    DOENAS PRINCIPAIS CARACTERSTICAS

    Gripe

    Causada por vrios tipos de vrus, que so transmitidos por gotculas de secre-o expelidas pelas vias respiratrias. Os sintomas compreendem febre, pros-

    trao, dores de cabea e musculares, obstruo nasal, coriza e tosse. Repou-so e dieta adequada so fatores que favorecem a cura. Existem vacinas contraalguns tipos de vrus causadores de gripe.

    Sarampo

    Doena que acomete principalmente crianas, transmitida por secrees na-sofarngeas ou saliva da pessoa doente. Os principais sintomas da doena sofebre alta, tosse e manchas avermelhadas que se espalham pelo corpo. Ge-ralmente a doena evolui de forma benigna, mas s vezes sucedem complica-es, como encefalite e broncopneumonia, que podem provocar a morte. Apreveno se d por vacinao.

    Caxumba

    Tambm conhecida por parotidite, a caxumba provocada por vrus que sealojam nas glndulas salivares partidas. A transmisso do vrus ocorre pormeio de gotculas de saliva e objetos contaminados, como garfos, facas e co-pos. Seus sintomas incluem mal-estar, dores de cabea, febre e inchao dasglndulas partidas. Geralmente, a caxumba evolui de forma benigna, mas emalguns casos pode atingir os testculos ou os ovrios, podendo provocar esteri-lidade na pessoa doente. A preveno se d por vacinao.

    Rubola

    Transmitida por contato direto e pela saliva, os sintomas da rubola abrangemfebre, prostrao e manchas avermelhadas na pele. Embora de evoluo ge-ralmente benigna, a doena pode ser transmitida de me para filho durante a

    gestao e provocar malformao no feto, inclusive a morte. A preveno realizada pela vacinao.

    Catapora

    Tambm conhecida como varicela, a catapora causada por vrus transmitidospor gotculas de saliva ou por objetos contaminados, como copos e talheres. Adoena ocorre principalmente em crianas e caracterizada pelo surgimentode pequenas vesculas espalhadas pelo tronco e rosto, podendo provocar fe-bres, nuseas e vmitos; evolui de forma benigna e pode ser evitada pela vaci-nao.

    Herpes

    Os vrus do herpes simples doena caracterizada pelo surgimento de pe-quenas vesculas, portadoras de lquido, que surgem geralmente nos lbios ou

    nos rgos genitais so transmitidos pelo contato direto com a pessoa doen-te. Existem no mercado medicamentos diversos que minimizam os sintomas dadoena e so at mesmo capazes de impedir a sua manifestao, se utilizadosno incio de um provvel contgio.

    Varola

    Um dos maiores flagelos que j atingiu a humanidade, a varola matou em tem-pos passados milhes de pessoas em todo o mundo. Transmitida por meio dasaliva e de objetos contaminados, a doena caracterizada por pstulas gran-des, cheias de lquido, na pele. Graas vacinao, a varola est praticamen-te erradicada da Terra, representando uma grande conquista da cincia mo-derna na rea mdica.

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    Viroses emergentes

    As doenas emergentes so aquelas cuja existncia na Terra no se conhecia e queemergem de seus reservatrios naturais quando o ser humano entra em contato com eles.

    Entre os vrus emergentes, pode-se citar o Ebola, principalmente a variedade Ebola Zaire,capaz de matar cerca de 90% dos indivduos infectados. A doena causada por esse vrus, aqual dizimou povoados em pases da frica na dcada de 1970, surge como uma dor de ca-bea, seguida de febre, debilidade do sistema imune e vmito negro com sangue.

    Entre os vrus emergentes registrados no Brasil, podem ser considerados o vrus Sabi e ovrus Rocio. O Sabi foi isolado em janeiro de 1990 por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutze causa a febre hemorrgica do Brasil, caracterizada pela ocorrncia de dores de cabea emusculares, convulses, febre e hemorragia generalizada, entre outros males. O vrus Rocio,descoberto em 1975, provoca um tipo de encefalite que acompanhado de febre, tonturas,dores de cabea e vmitos.

    Sars e gripe do frango: contgio, sintomas e preveno

    Em fevereiro de 2003 foi descrita em Hani (Vietn) uma nova doena apresentada porum paciente proveniente de Hong Kong. Ela foi chamada de sndrome respiratria aguda gra-ve, sendo conhecida mundialmente pela sigla Sars, em ingls. A doena, tambm chamada depneumonia atpica, causada por um vrus transmitido aos seres humanos principalmente pormeio de secrees respiratrias expelidas no ambiente por espirros, tosse ou fala de pessoainfectada.

    O perodo de incubao do vrus no corpo humano varia de dois a sete dias, na maioriados casos. As primeiras manifestaes da doena incluem febre alta, dores musculares e tos-se seca. Em cerca de 15% dos pacientes, a doena evolui para um quadro clnico mais grave,

    provocando insuficincia respiratria e podendo levar o indivduo morte.Pessoas com Sars ou com suspeita da doena devem ser imediatamente isoladas paraevitar a disseminao do vrus e receber tratamento adequado, que abrange a hidratao doorganismo e os cuidados necessrios com as possveis infeces subsequentes.

    Gripe do frango. Nos primeiros meses de 2005, as organizaes mundiais de sade en-traram em alerta por causa do vrus H5N1, causador da chamada gripe do frango. Segundo aOrganizao Mundial deSade (OMS), somente entre janeiro de 2004 e o incio de abril de2005 esse vrus fez 79 vtimas no Camboja, na Tailndia e no Vietn. Parece pouco, mas essaletalidade foi uma das maiores j registradas por vrus: a cada dez pessoas contaminadas,apenas quatro sobreviveram. Tomando por base essa taxa, uma eventual pandemia (ou epi-demia amplamente difundida) da gripe do frango seria devastadora, alertam os especialistas.

    A gripe do frango manifesta-se inicialmente como uma gripe comum: febre, dor de gargan-ta, tosse e dores musculares. Depois pode progredir para outras complicaes, como pneu-monia e insuficincia respiratria.

    O vrus H5N1 eliminado no ambiente, pela ave contaminada, por meio de secreesrespiratrias e de fezes; as fezes secas se desmancham e o vrus pode ser propagado pelo ar.A transmisso do H5N1 de pessoa para pessoa tem se mostrado muito rara.

    As mais importantes medidas de controle da "gripe do frango" so a rpida destruio dasaves infectadas ou expostas ao vrus e a imposio de quarentena e desinfeco de locais decriao das aves em que haja suspeita da ocorrncia da doena.

    (Adaptado de: VENTUROLI,Thereza. A ameaa do novo vrus.Veja, ano 38, n. 15, 13 abril 2005, p. 120-4.www.agropauta.com.br(Acesso em 25 de abril 2005.)

    http://www.agropauta.com.br/http://www.agropauta.com.br/http://www.agropauta.com.br/
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    ORGANIZANDO O CONHECIMENTO

    1 -Atualmente, a grande maioria dos cientistas considera os vrus seres vivos. Em relaoaos vrus:a) Identifique duas caractersticas exclusivas destes seres, ou seja, caractersticas que no

    so verificadas nos demais seres vivos.b) Cite duas caractersticas que permitem consider-los seres vivos.

    c) Por que eles so considerados parasitas intracelulares obrigatrios?2 - (Fuvest-SP) Bacterifagos foram tratados com fsforo e enxofre radiativos. Sabendo que ofsforo se incorpora ao DNA e que o enxofre se incorpora s protenas virais, que tipo de radia-tividade voc espera encontrar no interior de uma clula hospedeira desses vrus? Por qu?

    3 - (Fuvest-SP) Com o objetivo de promover a reproduo de certo vrus bacterifago, um es-tudante incubou vrus em meio de cultura esterilizada, que continha todos os nutrientes neces-srios para o crescimento de bactrias. Ocorrer a reproduo dos vrus? Por qu?

    4 -Cite cinco exemplos de viroses humanas.

    5 - (Ufop-MG)A hepatite A uma doena infecciosa associada a um vrus. Considerando umsurto dessa doena numa determinada regio, explique:a) Por que os alimentos e a gua de abastecimento so imediatamente incriminados nesse

    surto?b) Por que, para preveno dessa doena nessa situao, aconselha-se consumir gua fervi-

    da e no apenas filtrada?

    6 -(Vunesp-SP) O vrus responsvel pela sndrome da imunodeficincia adquirida (Aids) umretrovrus. Qual o tipo de cido nuclico que constitui o material gentico dos retrovrus? A de-nominao retrovrus refere-se a que caracterstica desse vrus?

    7 - (UFF-RJ) Nas ltimas dcadas, o mundo - em especial o Terceiro Mundo - presenciou oressurgimento de inmeras doenas, outrora consideradas "sob controle", e o surgimento deoutras, especialmente as virais, destacando-se a sndrome da imunodeficincia adquirida(Sida/Aids), que constitui um verdadeiro cataclisma, alastrando-se em propores as-sustadoras e atingindo indistintamente as populaes.Sobre a infeco pelo vrus HIV, informe:a) as principais vias de contaminao;b) as medidas que devem ser utilizadas para o controle (conteno) desta doena.

    8 -"O vrus da Aids destri os linfcitos T, provocando a falncia do sistema imune humano. OHIV pode ser transmitido para uma pessoa atravs de relao sexual com parceiro conta-minado pelo vrus, por transfuso de sangue contaminado, pelo uso de seringa contaminada etambm atravs de abrao, aperto de mo, toalhas e utenslios domsticos, como talheres epratos."Voc concorda com todas as afirmaes contidas nesta frase? Explique.

    9 - (Unicamp-SP) Um pouco alarmado com a elevada ocorrncia de dengue transmitida pelomosquito Aedes aegypti, um morador de Campinas telefonou para a Sucen (Superintendnciade Controle de Endemias) e relatou que havia sido picado na mata, noite, por um mosquitogrande e amarelado. Relatou tambm que, no dia seguinte, comeou a ter febre e sentir dornas articulaes. O bilogo da Sucen ao saber, ainda, que este senhor no tinha viajado para

    qualquer rea endmica da doena, tranquilizou-o dizendo que certamente no teria contradoa dengue, embora fosse importante que ele procurasse atendimento mdico.

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    Cite cinco fatos relatados acima que levaram o bilogo da Sucen a concluir que essa pessoano estava com dengue.

    10 - (PUC-SP) O esquema abaixo representa os principais componentes do vrus da Aids, oHIV, pertencente famlia dos retrovrus:

    a) Em qual dos componentes representados est localizada a "informao gentica" dessevrus?

    b) "Os doentes com Aids apresentam maior sensibilidade s molstias infectocontagiosas."Justifique esta afirmao, relacionando-a com a funo desempenhada pela clula parasi-tada pelo HIV

    11 - (UFF-RJ) A dengue uma doena infecciosa aguda, de origem virtica, transmitida pormosquito. Apresenta surtos epidmicos, caracterizando-se por quadro febril sbito, moleza,dores musculares, dor de cabea e falta de apetite. O desaparecimento dos sintomas ocorre,aproximadamente, em uma semana. Cite trs medidas adequadas ao combate do agentetransmissor.

    12 - (Unicamp-SP) "Ao chegar ao Par (Belm), encontrei a cidade, antes alegre e saudvel,desolada por duas epidemias: a febre amarela e a varola. O governo tomou todas as precau-es sanitrias imaginveis, entre as quais a medida muito singular de fazer os canhes atira-rem nas esquinas da rua para purificar o ar.

    (Adaptado de: BATES,H. W.The natura//'st on the river Amazon, 1863, apud O. Frota Pessoa,

    Biologia na escola secundria, 1967.)

    a) As medidas de controle das doenas citadas no texto certamente foram inteis. Atual-mente, que medidas seriam consideradas adequadas?

    b) Explique por que a febre amarela ocorre apenas em regies tropicais enquanto a varolaocorria em todas as latitudes.

    c) Cite uma doena transmitida de modo semelhante ao da febre amarela.

    13 - (Uerj) A partir de fevereiro de 2003, uma doena infectocontagiosa Sndrome Respi-ratria Aguda Grave (SARS, em ingls) , at ento desconhecida, provocou surtos de pneu-monia, principalmente em pases asiticos. No momento, existem evidncias de que o avanodessa doena parece ter sido contido.a) Cite o tipo de agente infeccioso isolado a partir de pacientes com SARS e uma outra doen-

    a causada por patgeno do mesmo tipo, mas transmitida por picada de mosquito.b) Descreva o principal mecanismo de transmisso da SARS e a mais importante medida to-

    mada pelas autoridades de sade pblica para tentar evitar seu alastramento.

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    14 -Considere as seguintes viroses: gripe, caxumba, poliomielite, sarampo e catapora.a) Qual ou quais delas podem ser transmitidas ao ser humano por meio de gotculas de se-

    creo expelidas por pessoa doente durante a fala, espirros ou tosse?b) Qual ou quais delas podem ser evitadas com o uso de vacinas?

    ROTEIRO PARA AUTO AVALIAO

    1 - (Fatec-SP) Os vrus so minsculos "piratas" biolgicos porque invadem as clulas, sa-queiam seus nutrientes e utilizam as reaes qumicas das mesmas para se reproduzir. Logoem seguida os descendentes dos invasores transmitem-se a outras clulas, provocando danosdevastadores. A estes danos, d-se o nome de virose, como a raiva, a dengue hemorrgica, osarampo, a gripe, etc.

    (Texto modificado do livro Piratas da clula, de Andrew Scott.)

    De acordo com o texto, correto afirmar:a) Os vrus utilizam o seu prprio metabolismo para destruir clulas, causando viroses.b) Os vrus utilizam o DNA da clula hospedeira para produzir outros vrus.

    c) Os vrus no tm metabolismo prprio.d) As viroses resultam sempre das modificaes genticas da clula hospedeira.e) As viroses so transcries genticas induzidas pelos vrus que degeneram a cromatina na

    clula hospedeira.

    2 - (Cesgranrio-RJ) Com relao constituio qumica dos vrus, assinale a alternativacorreta:a) DNA + RNA + protenas.b) DNA + protenas ou RNA + protenas.c) lipdios + protenas + DNA.d) somente protenas.

    e) glicdios + protenas.

    3 -(Uni-Rio-RJ) Todos os vrus:a) s se reproduzem no interior de clulas.b) so parasitas de vegetais superiores.c) so patognicos para o homem.d) podem ser observados ao microscpio ptico.e) so bacterifagos.

    4 - (UFBA)A caracterizao do vrus como ser vivo est relacionada com a capacidade de:a) sobreviver em meios de culturas artificiais mantidos em laboratrio.b) realizar a sntese de protenas, utilizando seus prprios ribossomos.c) reproduzir-se e sofrer modificaes em suas caractersticas hereditrias.d) apresentar, simult