apostila de administração financeira e orçamentária i

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Graduação em Administração Administração Financeira e Orçamentária I Professor Gerson Leite Bezerra [email protected]

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Graduação em Administração

Administração

Financeira e

Orçamentária I

Professor Gerson Leite Bezerra

[email protected]

SUMÁRIO

1. O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .............................................................. 3 2. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) .................................................................... 6 3. ADMINISTRAÇÃO DO ATIVO CIRCULANTE E PASSIVO CIRCULANTE ................... 20 4. FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA E PONTO DE EQUILÍBRIO .............................. 40 6. ALAVANCAGEM OPERACIONAL, FINANCEIRA E TOTAL ......................................... 48 5. POLÍTICA DE DIVIDENDO ............................................................................................ 53 BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................................... 57

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1. O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Quando se pretende administrar financeiramente uma empresa, tem-se que ter em mente todo um conjunto de decisões que norteará seu rumo. Estas decisões são calcadas no estudo da movimentação de fundos, e pressupõem duas rotas básicas: as decisões de financiamento e as de investimento. A primeira está correlacionada com as atividades de captação de recursos e a segunda com as atividades de aplicação de recursos. Ambas podem ser estudadas no curto ou no longo prazo, dependendo de suas características. Os recursos captados, por sua vez, podem ser próprios ou de terceiros, o que implica num estudo mais aprofundado para determinar qual o mais viável. Assim sendo, podemos definir FINANÇAS, como a arte e a ciência de administrar o dinheiro, ou a ciência que estuda a movimentação financeira entre os agentes econômicos. Estes agentes podem ser instituições, mercados ou instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais. A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA, por sua vez, é a ciência cuja finalidade é maximizar a riqueza dos proprietários, gerindo com competência seus recursos. A empresa deverá proporcionar aos seus donos o maior retorno possível sobre seus investimentos. A administração financeira, juntamente com a administração de pessoal, de compras ou materiais, de vendas ou marketing e da produção, forma as cinco grandes áreas funcionais da administração. A cada uma dessas áreas cabem as funções básicas de planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar. À administração financeira compete a gestão operacional dos recursos financeiros da empresa. Uma vez que os recursos são escassos, cabe ao departamento financeiro tomar as decisões a fim de obter deles os melhores benefícios no futuro. Decisões sempre implicam numa escolha entre duas ou mais alternativas ou cursos de ação, e mesmo se há uma única alternativa, deve-se decidir entre colocá-la em prática ou não. OBJETIVO DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, sejam elas financeiras ou não financeiras, grandes ou pequenas, privadas ou públicas. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como: orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de investimentos. Ele é um membro da alta administração, pois o bom ou mau desempenho do mesmo pode ocasionar êxito ou insucesso para a empresa. Minimizar risco e Maximizar lucro. FATORES INTERNOS E EXTERNOS Fatores Internos que alteram o panorama financeiro da empresa: Insumos, pessoas, materiais, máquinas, processo de trabalho, informações. Fatores Externos que alteram o panorama financeiro da empresa: Bancos, Fornecedores, Governo, Concorrência, Demanda de Clientes. CARACTERÍSTICAS DOS GASTOS Gasto: é o valor dos insumos adquiridos pela empresa num determinado período. Ex.: Comprei uma mesa hoje no valor de R$ 150,00 para pagamento daqui a 28 dias.

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Desembolso: é o valor devidamente pago pelos insumos adquiridos pela empresa num determinado período. Ex.: Comprei uma mesa hoje no valor de R$ 150,00 e realizei o pagamento no ato da compra. Despesa: é o valor dos insumos consumidos com o funcionamento da empresa e não identificados com a fabricação. Ex.: Uma indústria automobilística adquiriu material de escritório, informática, telefones, correios etc. Custo: é o valor dos insumos (matéria-prima) consumidos pela empresa com a fabricação do bem ou serviço proposto. Ex.: Uma indústria automobilística adquiriu aço, tinta, borracha, vidros etc. Investimento: é o valor dos insumos adquiridos pela empresa não utilizados no período, mas que poderão ser empregados em períodos futuros. Ex.: Máquinas, carros, terrenos etc. Exemplos de Gastos: Compra de matéria prima para pagamento daqui a 60 dias – Custo sem desembolso. Compra de embalagens para pagamento à vista – Custo com desembolso. Compra de um terreno em nome da empresa – Investimento. Pagamento à vista de crachás para os funcionários de uma metalúrgica - Despesa com desembolso. Uma indústria de pneus adquiriu para pagamento em 28 dias uma assinatura de revista – Despesa sem desembolso. CARACTERÍSTICAS DOS INVESTIMENTOS Liquidez: Um investimento líquido é aquele que é de fácil vendagem, fácil solvência, isto é, pode ser rapidamente trocado por moeda. Rentabilidade: Um investimento é rentável quando tem um alto retorno sobre o capital investido. Segurança: Um investimento é seguro quando o risco é minimizado, isto é, com menor chance de “perder” o investimento. OBS: É quase impossível fazer um investimento com as três características acima, se conseguires pode investir, pois estará fazendo um belo negócio. EXEMPLOS DE INVESTIMENTOS Poupança: alta liquidez, baixa rentabilidade, média segurança. Ações: alta liquidez, alta rentabilidade, baixa segurança. (pode variar de acordo com o mercado). Imóveis: baixa liquidez, alta rentabilidade, alta segurança. (pode variar de acordo com a localização). Carro: alta liquidez, baixa rentabilidade, baixa segurança. Máquinas e Equipamentos: baixa liquidez, alta rentabilidade, alta segurança.

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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1) Qual o papel da Administração Financeira? 2) Como podemos definir finanças? 3) Qual a finalidade da Administração Financeira? 4) Quais são as cinco grandes áreas da administração? 5) Qual o objetivo do Administrador financeiro? 6) Quais são os fatores externos e internos? 7) Quais são os gastos e suas características? Dê exemplos. 8) Quais são as características de investimento? Dê exemplos.

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2. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) O Sistema Financeiro Nacional (SFN) não é um órgão, nem uma instituição. Pode-se definir como sendo o conjunto de instituições financeiras que geram a política e a instrumentação econômico-financeira do país. É composto por um conjunto de instituições financeiras que mantém o fluxo monetário entre poupadores, e investidores. Segundo Nyama e Gomes (2006, p. 1-3) ―até 1964, O Sistema Financeiro Nacional (SFN) carecia de uma estrutura adequada a necessidades e carência da sociedade. A partir de então, foi editada uma série de leis que possibilitaram esse reordenamento:

Instrumento Problema Solução

Lei da Correção Monetária (4.357/64)

Historicamente, a inflação

brasileira superava os 12% a.a e,

com base no Direito Canônico, a

lei de usura limitava juro a 12%

a.a. As empresas e indivíduos

preferiam aplicar seus recursos

disponíveis em outras

alternativas, adiando, inclusive,o

pagamento de suas obrigações

tributárias.

A mesma limitava a capacidade

do Poder Público de financiar-se

mediante a emissão de títulos

próprios, impondo a emissão

primária de moeda para

satisfazer às necessidades

financeiras. Além disso, os

valores históricos de

demonstrativos financeiros

deixavam de espelhar

adequadamente a realidade

econômica, novamente com

consequências para o Tesouro –

tendo em vista a redução da

carga tributária – e para os

potenciais investidores.

A lei instituiu normas para indexação de débitos fiscais, criou títulos públicos federais com cláusula de correção monetária (ORTN) – destinados a antecipar receitas, cobrir défict público e promover investimentos.

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Lei Plano Nacional da Habitação (4.380/64)

A recessão econômica dos anos 60 aumentava a massa de trabalhadores com pouca qualificação e o Estado não tinha condições de criar ou fomentar diretamente postos de trabalho para essa mão de obra. Uma alternativa seria a criação de empregos na construção civil.

Foi criado o Lei nº 4.357 (BNH), órgão gestor do também criado Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), destinado a fomentar a construção de casas populares e obras de saneamento e infraestrutura urbana, com moeda própria (Unidade Padrão de Capital –UPC) e seus próprios instrumentos de captação de recursos – Cédulas Hipotecárias, Letras Imobiliárias e Caderneta de Poupança. Posteriormente, a esses recursos foram adicionados os do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Lei da Reforma do Sistema Financeiro nacional (4.595/64)

Os órgãos de aconselhamento e gestão da política monetária, de crédito e finanças públicas concentravam-se no Ministério da Fazenda, na Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) e no Banco do Brasil, e essa estrutura não correspondia aos crescentes encargos e responsabilidades na condução da política econômica.

Criado O Conselho Monetário nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil, bem como estabelecidas as normas operacionais, rotinas de funcionamento e procedimentos de qualificação aos quais as entidades do sistema financeiro deveriam subordinar-se.

Lei de Mercado de Capitais (4.728/65)

O processo de popularização do investimento estava contido em função da nítida preferência dos investidores por imóveis de renda e de reserva de valor. Ao governo interessava a evolução dos níveis de poupança internos e seu direcionamento para investimentos produtivos.

Estabelecidas normas e regulamentos básicos para a estruturação de um sistema de investimentos destinado a apoiar o desenvolvimento nacional e atender à crescente demanda por crédito.

Lei da CVM (6.385/76)

Criar uma entidade que absorvesse a regulamentação e a fiscalização do mercado de capitais, especialmente no que se referia às sociedades de capital aberto.

Criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), transferida do Banco Central a responsabilidade pela regulamentação e fiscalização das atividades relacionadas ao mercado de valores mobiliários (ações, debêntures, etc.).

Lei das S.A. (6.404/76)

Atualizar a legislação sobre as sociedades anônimas brasileiras, especialmente quanto aos aspectos relativos à composição acionária, negociação de valores mobiliários (ações, debêntures, etc.) e modernização do fluxo de

Estabeleceu regras claras quanto a características, formas de constituição, composição acionária, estrutura de demonstrações financeiras, obrigações societárias, direitos e obrigações de acionistas e

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informações. órgãos estatutários e legais.

Lei 10.303/01

Aprimorar a legislação sobre as sociedades anônimas (Lei 6.404/76), especialmente quanto aos aspectos relativos ao direito do acionista minoritário, e da Lei nº 6.385/76, relativamente a algumas atribuições da CVM.

Estabeleceu novos direitos de acionistas minoritários, tais como o tag along mínimo de 80% e a composição de ações (limitando o percentual de ações preferencial em 50%). Além disso, dentre as alterações na Lei 6.385/76 destaca-se a transferência para a CVM da competência para regular e supervisionar os fundos de investimentos e os derivativos.

Lei 11.638/07

Adequar a legislação societária tendo em vista a padronização das normas contábeis brasileiras face ao padrão internacional.

Alterou e revogou dispositivos da Lei 6.404/76 e da Lei 6.385/76 e estendeu às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.

De acordo ainda com Niyama e Gomes (2006) a estrutura do SFN é decorrente desse conjunto de instrumentos legais, inspirada no modelo de especialização de instituições existente nos Estados Unidos, sendo cada seguimento identificado de acordo com o objetivo das destinações dos recursos captados:

Crédito de curto e curtíssimo prazos: Bancos Comerciais, Caixa Econômica Federal, Cooperativas de Crédito e Bancos Múltiplos com carteira comercial;

Crédito de médio e longo prazo: Bancos de Investimentos, Bancos de Desenvolvimento, Caixa Econômica Federal e Bancos Múltiplos com carteira de investimentos e Desenvolvimentos;

Crédito ao consumidor: Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (“Financeiras”) e Bancos Múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento;

Crédito habitacional: Caixa Econômica Federal, Associação de Poupança e Empréstimo, companhias Hipotecárias, Sociedades de Crédito Imobiliário e Bancos Múltiplos com carteira de crédito imobiliário;

Intermediação de títulos e valores mobiliários: Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Bancos de Investimentos e Bancos Múltiplos com carteira de investimento;

Arrendamento mercantil: Sociedades de Arrendamento Mercantil e Bancos Múltiplos com carteira de arrendamento mercantil. Niyama e Gomes (2006) destaca, ainda, que outras entidades, caracterizadas como detentoras de volume significativo de recursos do público em geral ou especializadas em determinados segmentos, têm tido representatividade crescente no âmbito do SFN, apesar de não participarem diretamente do processo clássico de intermediação financeira ou de distribuição de títulos e valores mobiliários, quais sejam:

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Seguradoras;

Companhias de capitalização;

Entidades fechadas e abertas de previdências privada;

Empresas de factoring;

Consórcios;

Companhias hipotecárias;

Agência de fomento e de desenvolvimento;

Sociedade de crédito ao microempreendedor;

Bancos de câmbio. ÓRGÃOS NORMATIVOS Conselho Monetário Nacional (CMN) O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Ao CMN compete: estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial. O CMN é constituído pelo Ministro de Estado da Fazenda (Presidente), pelo Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento e Gestão e pelo Presidente do Banco Central do Brasil (Bacen). Os serviços de secretaria do CMN são exercidos pelo Bacen. Niyama e Gomes (2006) destacam que as principais atribuições do CMN são:

Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento;

Regular os valores interno e externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento do país;

Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida

pública, interna e externa; Fixar as diretrizes e normas da política cambial; Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em

todas as suas formas; Regular a constituição, funcionamento e fiscalização dos que exercerem

atividades subordinadas à Lei nº 4.595, de 1964, bem como as penalidades previstas; Expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas

instituições financeiras; Determinar recolhimentos compulsórios e encaixes obrigatórios de depósitos à

vista, do total dos depósitos e/ou outros títulos contábeis das instituições financeiras, função também atribuída ao Banco Central do Brasil pela Lei nº 7.730, de 31 de janeiro de 1989;

Disciplinas as atividades das bolsas de valores e dos corretores de fundos públicos. FINALIDADE PRINCIPAL: formulação de toda a política de MOEDA e do CRÉDITO, objetivando atender aos interesses econômicos e sócias do país.

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Conselho de Recursos do SFN (CRSFN) Criado em 1985 para julgar, em segunda e última instância, os recursos relacionados às penalidades aplicadas pelo Bacen e CVM. É integrado por oito conselheiros, designados pelo Ministro da Fazenda, com mandatos de dois anos, podendo ser reconduzidos uma vez, observada a seguinte composição: Dois representantes do Ministério da Fazenda Um representante do Banco Central do Brasil Um representante da CVM Quatro representantes das entidades de classe, dos mercados financeiro e de capitais, por elas indicados em lista tríplice, por solicitação do Ministro da Fazenda Além desses, o CRSFN conta com um Procurador da Fazenda Nacional, designado pelo Procurador Geral da Fazenda Nacional, com a atribuição de zelar pela fiel observância das leis, decretos, regulamentos e demais atos normativos. Banco Central do Brasil A função clássica de um banco central é a de controlar a oferta da moeda e do crédito, desempenhando a função de executor das políticas monetárias e cambial de um país. O Decreto lei de nº 7,293, de 2 de fevereiro de 1945, criou a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), com o objetivo de exercer o controle do mercado monetário e preparar a organização do Bacen, sendo que a Lei nº 4.595, de 1964, transformou a Sumoc no Banco Central do Brasil. O Bacen está sediado em Brasília, possuindo representações regionais em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Niyama e Gomes (2006) destacam que as principais atribuições do Banco Central do Brasil são:

Emitir papel moeda e moeda metálica; Executar os serviços de meio circulante; Determinar os percentuais de recolhimentos de compulsórios; Receber os recolhimentos compulsórios e também os depósitos voluntários a vista

das instituições financeiras; Realizar operações de redesconto e empréstimos a instituições financeiras; Efetuar o controle de capitais estrangeiros; Ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira e de direitos

especiais de saque; Exercer fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades previstas; Conceder autorização às instituições financeiras, a fim de que possam:

Funcionar no país; Instalar ou transferir suas sedes ou dependências, inclusive no exterior; Ser transformadas, fundidas, incorporadas, cindidas ou encampadas; Praticar operações de câmbio crédito rural e venda habitual de títulos da

dívida pública federal, estadual e municipal, ações, debêntures, letras hipotecárias e outros títulos de crédito ou mobiliários;

Ter prorrogados os prazos concedidos para funcionamento, alterar seus estatutos;

Estabelecer condições para a posse em quaisquer cargos de administração de instituições financeiras privadas, assim como para o exercício de quaisquer funções em órgãos consultivos, fiscais e semelhantes, segundo normas que forem expedidas pelo

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CMN; Efetuar como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de

títulos públicos federais; Entender-se, em nome do governo brasileiro, com as instituições financeiras

estrangeiras e internacionais; Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; Exercer permanente vigilância nos mercados financeiros e de capitais sobre

empresas que, direta ou indiretamente, interfiram nesses mercados e em relação a modalidades ou processos operacionais que utilizem. Comissão de Valores Mobiliários A Comissão de Valores Mobiliários - CVM é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover o mercado de valores mobiliários. Criada pela Lei 6.385, de 07 de dezembro de 1976, a CVM exerce atividade de fiscalização e normatização do mercado de valores mobiliários, de modo a assegurar o exercício de práticas equitativas e coibir qualquer tipo de irregularidade. Ao mesmo tempo, desenvolve estudos e pesquisas, dos quais obtém elementos necessários à definição de políticas e iniciativas capazes de promover o desenvolvimento do mercado. No exercício de suas atribuições, a Comissão de Valores Mobiliários poderá examinar registros contábeis, livros e documentos de pessoas e/ou empresas sujeitas à sua fiscalização, intimá-las a prestar declarações ou esclarecimentos, sob pena de multa; requisitar informações de órgãos públicos, outras autarquias e empresas públicas; determinar às companhias abertas a republicação de demonstrações financeiras e dados diversos; apurar infração mediante inquéritos administrativos e aplicar penalidade. Niyama e Gomes (2006) destacam que as principais atribuições da CVM são:

Disciplinas e fiscalizar: A emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; A negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; A organização, o funcionamento e as operações das bolsas de valores; A administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários; A auditoria de companhia abertas; Os serviços de consultor e analista de valores mobiliários;

Regulamentar matérias previstas nas Leis nº 6.385, de 1976, 6.404, de 1976, e 10.303, de 2002;

Administrar registros instituídos pela Lei nº 6.385, de 1976; Fixar limites máximos de preços e comissões cobradas pelos intermediários; Fiscalizar companhias abertas, dando prioridade às que não pagam dividendos; Suspender a negociação de determinado valor mobiliário; Decretar recesso das bolsas de valores; Divulgar informações para orientar os participantes do mercado; Conceder registro para negociação em bolsa e no mercado de balcão.

Instituições Financeiras Bancárias (ou Monetárias) Howells e Bain (2001) destacam que as instituições financeiras apresentam de várias formas diferentes e oferecem uma variedade de serviços. De maneira geral, pode-se dizer que as instituições financeiras se especializam em uma ou mais das seguintes funções:

Provisão de um mecanismo de pagamentos; Fornecimentos de um meio de emprestar e tomar emprestado; e Outros serviços; como câmbio, seguros e assim por diante.

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Acrescentamos a lei 11.638 de 2007 que fez alterações na Lei 6.404 de 1976. No entanto, as instituições financeiras bancárias caracterizam pelo fato de terem a capacidade de criação de moeda. Bancos comerciais Instituições especializadas em operações de curto e médio prazos, que oferecem capital de giro para o comércio, indústria, empresas prestadoras de serviços e pessoas físicas, bem como concedem crédito rural. Niyama e Gomes (2006) destacam que as operações autorizadas a essas instituições podem ser divididas em: ativas, passivas, especiais, acessórias, e de prestação de serviços, sendo as principais (i) aplicações em títulos e valores mobiliários, (ii) operações de crédito, (iii) captação de depósito à vista, de poupança e a prazo, (iv) gestão de recursos de terceiros, (v) cobrança e recebimentos e pagamentos por conta de terceiros. Esse processo chama-se monetização. Monetização é a criação de moeda pelos bancos comerciais. Os bancos de depósito criam moeda usando os valores dos depósitos. Os depósitos bancários são a fonte abundante da moeda escritural. Os bancos utilizam os fundos que lhes são emprestados pelos correntistas, os depositantes, para conceder empréstimos. Esses valores concedidos em empréstimos são, por sua vez, também depositados em banco. Daí vem o processo multiplicador de moeda. Dessa forma, o crédito é o que permite a criação de moeda escritural. Boa parte dos depósitos feitos num banco são valores obtidos por empréstimos (operação de crédito) tomados anteriormente em outros bancos. É óbvio que o processo de criação não é lento e nem tão simples como descrito aqui. Os estudiosos do tema ilustram o mecanismo de criação de moeda com fórmulas e cálculos complexos, mas para nós o importante é conhecer a noção básica do fenômeno. Lembrete: Não devemos fazer confusão com emissão, criação e fabricação da moeda. Quem emite é o Banco Central, quem cria são os bancos comerciais e quem fabrica as cédulas e cunha as moedas metálicas é a Casa da Moeda. Cooperativas de crédito Cooperativas de crédito são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade cooperativa, tendo por objeto a prestação de serviços financeiros aos associados, como concessão de crédito, captação de depósitos à vista e a prazo, cheques, prestação de serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros, sob o convênio com instituições financeiras públicas e privadas e de correspondente no País, além de outras operações específicas e atribuições estabelecidas na legislação em vigor. Constituídas sob a forma de sociedade de pessoas de natureza civil, que se classifica em:

Singulares: mínimo de 20 (vinte) cooperados; Cooperativas centrais ou federações de cooperativas: formadas por, no mínimo 3

(três) cooperativas singulares; Confederação de cooperativas: formadas por, no mínimo, 3 (três) cooperativas

contrais. Quanto ao objetivo ou natureza das atividades desenvolvidas, podem ser dos seguintes tipos; de economia e crédito mútuo; Luzzati ou popular; de crédito rural.

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As operações autorizadas às cooperativas são semelhantes às praticadas pelos bancos comerciais, limitadas aos seus associados. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO BANCÁRIAS (ou não Monetárias) Mishkin (2000) relata que embora os bancos possam ser as instituições financeiras com as quais lidamos mais frequentemente, não são as únicas com as quais temos contato. Suponha que você obtenha um seguro de uma seguradora, consiga um empréstimo de uma financeira para adquirir um carro novo, ou compre ação ordinária com ajuda de um corretor. Em cada uma dessas transações, você está lidando com uma instituição financeira não bancária também desempenham um papel importante na canalização de recursos de emprestadores (poupadores) para tomadores (gastadores). Bancos de investimentos Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Investimento”. Não possuem contas correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados. As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos (Resolução CMN 2.624, de 1999).

*O lease back (leasing de retorno) é uma operação em que a empresa vende um bem de

sua propriedade para o banco, que por sua vez o arrenda ao próprio cliente, permitindo assim liberação de recursos para outros investimentos. Empresa interessada em liberar capital de giro ou que tenham importado bens por conta própria e deseja arrendá-lo. Bancos de desenvolvimentos Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais, e têm como objetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, em médio e em longo prazo, de programas e projetos que visem a promover o desenvolvimento econômico e social do respectivo Estado. As operações passivas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são empréstimos e financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado. Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do Estado que detiver seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente, em sua denominação social, a expressão "Banco de Desenvolvimento", seguida do nome do Estado em que tenha sede (Resolução CMN 394, de 1976).

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Sociedade de Arrendamento Mercantil (leasing) As sociedades de arrendamento mercantil são constituídas sob a forma de sociedade anônima, devendo constar obrigatoriamente na sua denominação social a expressão “Arrendamento Mercantil”. As operações passivas dessas sociedades são emissão de debêntures, dívida externa, empréstimos e financiamentos de instituições financeiras. Suas operações ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de direitos creditórios e, principalmente, por operações de arrendamento mercantil de bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do arrendatário. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN 2.309, de 1996). Sociedades de crédito, financiamento e investimentos (“financeiras”)

As sociedades de crédito, financiamento e investimento, também conhecidas por financeiras, foram instituídas pela Portaria do Ministério da Fazenda 309, de 30 de novembro de 1959. São instituições financeiras privadas que têm como objetivo básico a realização de financiamento para a aquisição de bens, serviços e capital de giro. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Crédito, Financiamento e Investimento”. Tais entidades captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio (Resolução CMN 45, de 1966) e Recibos de Depósitos Bancários (Resolução CMN 3454, de 2007). Sociedade de Crédito Imobiliário As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras criadas pela Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento habitacional. Constituem operações passivas dessas instituições os depósitos de poupança, a emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos interfinanceiros. Suas operações ativas são: financiamento para construção de habitações, abertura de crédito para compra ou construção de casa própria, financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, adotando obrigatoriamente em sua denominação social a expressão “Crédito Imobiliário”. (Resolução CMN 2.735, de 2000). Associação de Poupança e Empréstimo (APE) As associações de poupança e empréstimo são constituídas sob a forma de sociedade civil, sendo de propriedade comum de seus associados. Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As operações passivas são constituídas de emissão de letras e cédulas hipotecárias, depósitos de cadernetas de poupança, depósitos interfinanceiros e empréstimos externos. Os depositantes dessas entidades são considerados acionistas da associação e, por isso, não recebem rendimentos, mas dividendos. Os recursos dos depositantes são, assim, classificados no patrimônio líquido da associação e não no passivo exigível (Resolução CMN 52, de 1967).

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Bancos múltiplos Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 2.099, de 1994). Sistema distribuidor de títulos e valores mobiliários Sistema distribuidor de títulos e valores mobiliários é constituído pelas bolsas de valores, bolsas de mercadoria, sociedades corretoras de títulos de valores mobiliários, sociedade corretora de câmbio, agentes autônomos de investimento, e caixa de registro e liquidação. Bolsa de valores As bolsas de valores são locais que oferecem condições e sistemas necessários para a realização de negociação de compra e venda de títulos e valores mobiliários de forma transparente. Além de seu papel básico de oferecer um mercado para a cotação dos títulos nelas registrados, orientar e fiscalizar os serviços prestados por seus intermediários, facilitar a divulgação constante de informações sobre as empresas e sobre os negócios que se realizam sob seu controle, as bolsas de valores propiciam liquidez às aplicações de médio e longo prazos, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários. É por meio das bolsas de valores que se pode viabilizar um importante objetivo de capitalismo moderno: o estímulo à poupança do grande público e ao investimento em empresas em expansão, que, diante deste apoio, poderão assegurar as condições para seu desenvolvimento. Sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários As sociedades corretoras são instituições financeiras, devidamente credenciadas pelo Banco Central do Brasil, pela CVM e pelas próprias bolsas, e estão habilitadas a negociar valores mobiliários em pregão. As corretoras podem ser definidas como intermediárias especializadas na execução de ordens e operações por conta própria e determinadas por seus clientes, além da prestação de uma série de serviços a investidores e empresas, tais como:

diretrizes para seleção de investimentos;

intermediação de operações de câmbio; assessoria a empresas na abertura de capital, emissão de debêntures e

debêntures conversíveis em ações, renovação do registro de capital etc.

As sociedades corretoras contribuem para um fundo de garantia, mantido pelas bolsas de valores, com o propósito de assegurar a seus clientes eventual reposição de títulos e

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valores negociados em pregão, e atender a outros casos previstos pela legislação. As sociedades corretoras são fiscalizadas pelas bolsas de valores, representando a certeza de uma boa orientação e da melhor execução dos negócios de seus investidores. Distribuidoras As sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social a expressão “Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”. Algumas de suas atividades: intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado; administram e custodiam as carteiras de títulos e valores mobiliários; instituem, organizam e administram fundos e clubes de investimento; operam no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro financeiro, por conta de terceiros; fazem a intermediação com as bolsas de valores e de mercadorias; efetuam lançamentos públicos de ações; operam no mercado aberto e intermedeiam operações de câmbio. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN 1.120, de 1986). Agentes especiais Os agentes especiais são instituições que complementam funções do subsistema normativo e operam em nome do Tesouro Nacional. Banco do Brasil S.A Segundo Fortuna (1995) o Banco do Brasil é um banco comercial que opera na prática como agente financeiro do Governo Federal. Além disso, é o principal executor da política oficial de crédito rural e industrial. Conserva, portanto. Algumas funções que não são próprias de um banco comercial, como o Departamento de Comércio Exterior (DECEX) que desempenha funções nitidamente governamentais; a Câmara de Compensação de Cheques e Outros Papéis; a execução de serviços ligados ao orçamento geral da União; a execução do serviço da dívida pública consolidada, a aquisição de estoques de produção exportável e a execução de política de preços mínimos dos produtos agropecuários. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Fortuna (1995) destaca que o BNDES é a instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal, sendo a principal instituição financeira de fomento do País, tendo como objetivos básicos:

Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País; Fortalecer o setor empresarial nacional; Atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos polos de produção; Promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços; Promover o crescimento e a diversificações das exportações.

Banco do Nordeste do Brasil O Banco do Nordeste do Brasil S. A. é o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina e diferencia-se das demais instituições financeiras pela missão que tem a

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cumprir: atuar, na capacidade de instituição financeira pública, como agente catalisador do desenvolvimento sustentável do Nordeste, integrando-o na dinâmica da economia nacional. Sua visão é a de ser referência como agente indutor do desenvolvimento sustentável da Região Nordeste. Sua preocupação básica é executar uma política de desenvolvimento ágil e seletiva, capaz de contribuir de forma decisiva para a superação dos desafios e para a construção de um padrão de vida compatível com os recursos, potencialidades e oportunidades da Região. Banco da Amazônia

O Banco da Amazônia é uma instituição financeira federal de fomento com a missão de promover o desenvolvimento da região amazônica. Possui papel relevante tanto no apoio à pesquisa quanto no crédito de fomento, respondendo por mais de 60% do crédito de longo prazo da Região. Com sua atuação, o Banco se articula com diversos órgãos vinculados ao Governo Federal, Estadual e Municipal, através de parcerias com diversas entidades, universidades, Sebrae, organizações não governamentais ligadas ao fomento sustentável e aquelas representativas dos diversos segmentos do empresariado e dos pequenos produtores rurais. Caixa Econômica Federal Criada em 1861, a CAIXA é um agente das políticas públicas do governo federal. Atende não só os seus clientes bancários, mas todos os trabalhadores formais do Brasil, estes por meio do pagamento de FGTS, PIS e seguro-desemprego; beneficiários de programas sociais e apostadores das Loterias. Além disso, ao priorizar setores como habitação, saneamento básico, infraestrutura e prestação de serviços, a Caixa Econômica Federal exerce um papel fundamental na promoção do desenvolvimento urbano e social no país, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da população, especialmente a de baixa renda. A atuação da CAIXA também se estende aos palcos, salas de aula e pistas de corrida, com o apoio a iniciativas artístico-culturais, educacionais e desportivas. Fontes: http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/O_Banco/Principal/gerados/o_banco.asp Fonte: http://www.bancoamazonia.com.br/ Fonte: http://www.caixa.gov.br/acaixa/index.asp MERCADO FINANCEIRO: FUNCIONAMENTO E INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Em um sistema econômico existe a interação por meio de fluxos reais, produtos e serviços, e de fluxos monetários, pagamentos, entre indivíduos, empresas, governo e setor externo. É neste cenário em que destaca-se o papel do Mercado Financeiro ao promover a intermediação de recursos entre os agentes superavitários e os agentes deficitários de uma sociedade. Os agentes superavitários por possuírem excedentes de capital recebem juros para a aplicação dos mesmos, ou seja, são remunerados ao “adiar” o consumo. Por outro lado, os agentes na condição de deficitários estão dispostos a pagar juros pelo capital a ser obtido sob a forma de empréstimo, ou seja, pagam para usufruir de uma receita antecipada.

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Pré-requisitos da Intermediação Financeira

Maturidade, complexidade e desenvolvimento do sistema de trocas, com a superação do estágio primitivo do escambo e de outras formas de transação sem intervenção monetária;

Existência de agentes econômicos superavitários e deficitários, dispostos a ofertar seus excedentes financeiros;

Criação de instituições para a regulação e funcionamento do mercado de intermediação. OS TRES PILARES DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO – ACORDO DE BASILEIA II

***Acordo de Capital de Basileia (cidade Suíça) II, também conhecido como Basileia II, foi

um acordo assinado no âmbito do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia em 2004 para substituir o acordo de Basileia I. O Basileia II fixa-se em três pilares e 29 princípios básicos sobre contabilidade e supervisão bancária. PILAR 1:

Fortalecimento da estrutura de capitais das Instituições Financeiras;

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Abordagens padronizadas de modelos internos. PILAR 2:

Adoção das melhores práticas de gestão de riscos;

Processo de avaliação pela IF quanto a adequação de seu capital X estrutura e exposição;

Revisão e avaliação pelo órgão Supervisor quanto a adequação do capital econômico. PILAR 3:

Transparência na divulgação de informações sobre os riscos e gestão por parte dos bancos.

Redução de assimetria de informação e favorecimento da disciplina de mercado. RISCO NO SETOR BANCÁRIO No setor bancário, a exposição ao risco é elevada, pois os bancos atuam como intermediadores de recursos. Dessa forma, para minimizar as perdas e assegurar bons resultados, é primordial gerenciar o risco por meio de sua identificação, mensuração e do controle da exposição. O conceito primordial de existência da atividade bancária é o risco ajustado ao retorno (rentabilidade). O resultado do Banco, inclusive pela responsabilidade que lhe cabe sobre recursos de terceiros que lhe foram confiados, exige total zelo por sua segurança e rentabilidade, o que depende fundamentalmente de um processo eficaz de gerenciamento de riscos, controles internos e análises conjunturais.

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3. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO CAPITAL DE GIRO O capital de giro é conhecido também como capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam constantemente dentro do ciclo operacional. Como o próprio nome dá a entender, o capital de giro fica girando dentro da empresa e, a cada vez que sofre transformação em seu estado patrimonial, produz reflexo na contabilidade. Até se transformar finalmente (novamente) em dinheiro, o valor inicial do capital de giro vai sofrendo acréscimo a cada transformação, de modo que, quando o capital retornar ao “estado de dinheiro”, ao completar o ciclo operacional, deverá estar maior do que o valor inicial. (HOJI, 2012). CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO) A diferença entre o ativo circulante (corrente) e o passivo circulante (corrente) é o capital circulante líquido (CCL), ou capital de giro líquido (CGL). Quando a soma dos elementos do ativo corrente é maior do que a soma dos elementos do passivo corrente, o CCL é positivo. Em caso contrário, o CCL é negativo. Quando a soma dos elementos do ativo corrente é igual à soma dos elementos do passivo corrente, o CCL é nulo. (HOJI, 2012).

AC > PC AC < PC AC = PC

ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO

AC PC AC PC AC PC

CCL PÑC AÑC

CCL AÑC PÑC

AÑC PÑC

CCL POSITIVO CCL NEGATIVO CCL NULO

FÓRMULA: CCL = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE Exemplo:

ANO AC - PC = CCL

2010 1.000 - 800 = 200

2011 1.100 - 700 = 400

2012 1.000 - 1.100 = - 100

Através do cálculo, observa-se que durante os exercícios 2010 e 2011, a empresa possui recursos disponíveis após saldar seus compromissos de curto prazo, em contrapartida no exercício 2012 a empresa apresenta uma incapacidade de pagar suas contas. Exercício 1. Calcule e analise Capital Circulante Líquido da empresa conforme dados da tabela abaixo.

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ANO AC - PC = CCL

2010 10.000 - 10.500 =

2011 12.100 - 12.000 =

2012 14.000 - 13.100 =

CICLOS ECONÔMICO, OPERACIONAL E FINANCEIRO Utilizadas para mensurar o tempo em que as atividades da empresa são desenvolvidas. De fundamental importância no controle gerencial e gestão de negócios, refletem a cultura organizacional da empresa, dentro do seu ramo de negócios. Seus valores dependem dos processos de produção, capacidade de vendas e recebimentos de clientes. No caso do ciclo financeiro considera-se também o pagamento a fornecedores. CICLO ECONÔMICO O ciclo econômico é o tempo em que a mercadoria permanece em estoque. Vai desde a aquisição dos produtos até o ato da venda, não levando em consideração o recebimento das mesmas (encaixe). Fórmula: Ciclo Econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME) Exemplo: Ciclo Econômico = 40 dias CICLO OPERACIONAL O ciclo operacional inicia com a compra até o recebimento das vendas. Quanto mais idênticos forem o ciclo financeiro e o ciclo operacional mais recursos serão necessários para financiar o ciclo operacional. Exemplo:

CO = PME + PMR CO = 40 + 30 = 70 dias.

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CICLO DE CAIXA (FINANCEIRO) O Ciclo de Caixa (ou Ciclo Financeiro) é definido como o período de tempo existente desde um gasto inicial até o recebimento da venda do produto. Para uma empresa industrial, por exemplo, esse ciclo corresponde ao intervalo de tempo existente entre a aquisição de insumos para a industrialização e o recebimento pela venda dos produtos industrializados. O termo Ciclo de Caixa refere-se ao tempo em dias, que o caixa da empresa, realmente renova-se. Para uma empresa, quanto menor for o seu ciclo, melhor, pois ela consegue fazer toda a sua operação em menos tempo, isto é, ela gira muito mais vezes num determinado período. Exemplo: CC = CO – PMP CC = 70 – 30 = 40 dias. GIRO DE CAIXA É o número de vezes que o caixa de uma empresa é restabelecido, ou girado, num ano. O giro de caixa é calculado da seguinte forma:

GC = Caixa de Ciclo

dias 360

Exemplo: Utilizando os dados anteriores, onde o ciclo de caixa da empresa é de 40 dias. Qual o giro de caixa dessa empresa?

GC = 40

360 = 9 vezes.

Isso significa que gira o seu caixa em 9 vezes no período comercial de 360 dias. Quanto mais vezes renovam-se o ciclo melhor para a empresa. CAIXA MÍNIMO NECESSÁRIO Determina-se a quantia mínima de caixa necessária para uma empresa manter suas operações. Obtêm-se por meio da seguinte equação:

CMN = Caixa de Giro

anuais isoperaciona dispêndios

Exemplo: Suponha que o giro de caixa de uma empresa seja de 9 vezes (exemplo anterior). Admita dispêndios anuais de R$ 72.000,00. Determine o caixa mínimo necessário.

CMN = 9

72.000,00 = R$ 8.000,00

Portanto, essa empresa deve manter um saldo mínimo de caixa de R$ 8.000,00 durante o ano (360 dias) para manter sua liquidez. Com saldo inferior a R$ 8.000,00, ela enfrentará uma insuficiência de caixa que, possivelmente a levará à falência.

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Exercícios 1) Uma empresa apresenta dispêndios anuais de R$ 90.000,00. Com prazo médio de pagamento 60 dias, prazo médio de estoques 77 dias e prazo médio de recebimento de 55 dias. Determine: o ciclo operacional e de caixa, o giro de caixa e o caixa mínimo necessário dessa companhia. Faça o esboço gráfico. 2) Uma empresa apresenta dispêndios anuais de R$ 96.000,00. Com prazo médio de pagamento 60 dias, prazo médio de estoques 70 dias e prazo médio de recebimento de 50 dias. Determine: o ciclo operacional e de caixa, o giro de caixa e o caixa mínimo necessário dessa companhia. Faça o esboço gráfico. ADMINISTRANDO OS ESTOQUES O principal propósito da administração de estoques é determinar e manter um nível de estoque que assegure o atendimento pontual dos pedidos dos clientes em quantidade satisfatória. Entretanto, manter estoques é dispendioso porque imobiliza um dinheiro que não rende juros nem gera renda. Em outras palavras, o custo do estoque impede o aproveitamento de outras oportunidades lucrativas. Se houver uma oportunidade de obter 15% de lucro sobre o investimento, a manutenção de um nível de estoque de R$ 10.000,00 custa R$ 1.500,00 anualmente. Visto de outro ângulo, a empresa obteria um lucro de R$ 1.500,00 se pudesse investir R$ 10.000,00, em vez de usá-los na compra de estoques. LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS (LEC) O lote econômico de compras, mais conhecido como LEC, é a quantidade de um item que, quando pedido regularmente, resulta em custos mínimos de pedido e de estocagem. O custo do pedido de compra inclui os salários e ordenados dos empregados efetivos e temporários do departamento de compras e o custo do tempo de uso do computador e de suprimentos para preparar os pedidos de compras. Quanto mais vezes os pedidos são feitos, mais dispendioso é o processo de compra. O custo do pedido seria mínimo se fosse feito um pedido, no início do ano, para atender a demanda de todo ano. (GROPPELLI, NIKBAKHT, 2012).

Equação que determina o LEC é: LEC = m

P

C

2Q.C, em que:

Q = número de unidades requeridas por pedido de tempo; CP = custo por pedido de compras; Cm = custo de manutenção. Exemplo: O consumo anual de um item é de 10.000 unidades, o custo de um pedido de compra é de R$ 120,00, e o custo de manutenção por unidade é de R$ 4,00. Sob essas condições, o LEC pode ser rapidamente encontrado:

LEC = m

P

C

2Q.C =>

4

)(120)(2)(10.000 => 600.000 = 774 unidades.

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A empresa minimizará o custo total de pedir e estocar se 774 unidades forem requisitadas em cada pedido de compra. Já que o consumo anual é de 10.000 unidades, a empresa deve emitir 13 pedidos de compra, solicitando 774 unidades de cada vez:

Número de pedidos por ano = LEC

anual Consumo =

774

10.000 = 12,91 = 13 vezes.

Exercício A Empresa ALFA Ltda. tem consumo anual de 12.000 unidades, o custo de um pedido de compra é de R$ 400,00, e o seu custo de manutenção por unidade é de R$ 10,00. Com base nessas informações calcule o LEC e o número de pedidos no ano. ADMINISTRANDO CONTAS A RECEBER O volume de contas a receber é, basicamente, determinado pelos de crédito da companhia. Se esses padrões forem rigorosos, muito poucos clientes estarão qualificados ao crédito, as vendas irão declinar e, como resultado, as contas a receber diminuirão. Por outro lado, se os padrões de crédito forem mais flexíveis, a empresa atrairá mais clientes, as vendas crescerão e haverá mais contas a receber. Dar flexibilidade aos padrões de crédito para aumentar as contas a receber tem vantagens e desvantagens. As vantagens são os aumentos nas vendas e nos lucros. As desvantagens se refletem numa maior probabilidade de mais contas incobráveis e no custo do financiamento adicional de contas a receber. Exemplo: A Empresa Eletrônico vende atualmente 100.000 unidades de aparelhos eletrônicos. Cada unidade é vendida por R$ 50,00. O custo variável é de R$ 40,00 por unidade. Portanto, a margem de contribuição é de R$ 10,00. (A margem de contribuição é igual ao preço de venda menos o custo variável.) Se os padrões de crédito forem relaxados, espera-se que o volume existente de contas a receber vá crescer em R$ 500.000,00. As vendas devem também crescer em 30.000 unidades, das quais espera-se que 5% não seja recebido, devido aos maus pagadores. Supondo que o custo de produtos vendidos seja de 80% das vendas e que os custos de financiamento sejam de 12%, determine se o relaxamento dos padrões de crédito seria uma decisão lucrativa para a Eletrônico. SOLUÇÃO: A solução é uma simples análise de custo-benefício. Os benefícios são os lucros das vendas adicionais de R$ 300.00,00 (30.000 unidades adicionais x margem de contribuição de R$ 10,00); os custos de R$ 75.000,00 correspondem a dívidas incobráveis e a um custo de financiamento de R$ 48.000,00 das novas contas a receber, como calculado abaixo:

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Análise de custo/benefício para novas contas a receber

Benefícios Lucros de vendas adicionais (30.000 unidades x R$ 10,00 margem de contribuição) R$ 300.000,00

Custos Custo de dívidas incobráveis adicionais [(30.000 unidades x R$ 50,00 preço de venda)(5% devedores incobráveis)] (R$ 75.000,00)

Custo do financiamento adicional [(R$ 500.000,00 contas a receber adicionais x 80% custos dos produtos vendidos) x (12% custo do financiamento)] (R$ 48.000,00)

Lucro Líquido R$ 177.000,00

Subtraindo os custos dos benefícios vê-se que a Eletrônico obterá um lucro líquido de R$ 177.000,00 se baixar seus padrões de crédito. Porém, nem sempre se consegue esse efeito reduzindo os padrões de crédito. Algumas vezes, os custos adicionais de dívidas incobráveis e o custo de financiamento das novas contas a receber superam os lucros das vendas adicionais. O resultado é um adicional de novas contas a receber com o cúmulo das anteriores devido à maior lentidão da cobrança. Nesse caso, é lógico, a decisão correta é deixar a política de crédito como está – isto é, não relaxar os padrões de crédito. (GROPPELLI, NIKBAKHT, 2012). Exercício A Empresa ALFA vende atualmente 80.000 unidades de aparelhos eletrônicos. Cada unidade é vendida por R$ 60,00. O custo variável é de R$ 45,00 por unidade. Portanto, a margem de contribuição é de R$ 15,00. (A margem de contribuição é igual ao preço de venda menos o custo variável.) Se os padrões de crédito forem relaxados, espera-se que o volume existente de contas a receber á crescer em R$ 600.000,00. As vendas devem também crescer em 20.000 unidades, das quais espera-se que 5% não seja recebido, devido aos maus pagadores. Supondo que o custo de produtos vendidos seja de 75% das vendas e que os custos de financiamento sejam de 15%, determine se o relaxamento dos padrões de crédito seria uma decisão lucrativa para a ALFA. ADMINISTRANDO CONTAS A PAGAR Contas a pagar podem ser vistas como empréstimos sem juros dos fornecedores. Na ausência de contas a pagar, a empresa precisa tomar emprestado ou usar seu próprio capital para pagar as faturas de seus fornecedores. Portanto, o benefício das contas a pagar está na economia de despesas de juros que precisariam ser pagos se não houvesse o crédito dado pelo fornecedor. Entretanto, a aceitação do crédito e a utilização das contas a pagar nem sempre são interessantes para a empresa compradora. Os fornecedores geralmente oferecem generosos descontos em dinheiro se as faturas forem pagas na entrega ou poucos dias após o seu recebimento. Nesse caso a opção crucial é aproveitar o desconto à vista e pagar imediatamente, ou comprar a prazo e usar as contas a pagar. Se o desconto à vista for utilizado, a vantagem é o desconto por si só e as desvantagens são o custo de tomar emprestado para pagar à vista e a perda de um empréstimo sem juro. A oferta do desconto à vista deve ser aceita se o benefício exceder o custo. (GROPPELLI, NIKBAKHT, 2012).

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Exemplo: A Companhia ABC é favorecida por um desconto à vista de 3% se a fatura de R$ 100.000,00 da mercadoria for paga imediatamente em dinheiro. Entretanto, a companhia tem também a opção de usar seu crédito e pagar a fatura daqui a 60 dias. A Companhia ABC entrou em contato com o banco local e soube que o dinheiro para pagar à vista a fatura pode ser tomado à taxa de 14%, o que lhe permitirá aproveitar a vantagem dos 3% de desconto à vista. Qual opção é a mais econômica: usar o desconto à vista ou comprar a prazo? SOLUÇÃO: Usando o desconto à vista ou contas a pagar.

Benefícios do desconto à vista (3% desconto a vista x R$ 100.000,00 da fatura) R$ 3.000,00

Custo do desconto à vista (despesa de juro sobre R$ 97.000,00 por 60 dias a 14%) Taxa de juro R$ 97.000,00 x 14% x(60 dias / 360 dias) (R$ 2.263,33)

Benefício Líquido R$ 737,67

Aproveitando o desconto à vista de 3% a empresa captará apenas R$ 97.000,00, em vez de R$ 100.000,00. Neste caso, usar contas a pagar em vez de aproveitar o desconto à vista significa rejeitar uma oferta do fornecedor de R$ 737,67 em dinheiro livre de juros. Sendo o resultado líquido uma economia de R$ 737,67, a Companhia ABC deve aproveitar o desconto à vista. Tomar o desconto à vista de 3% requer um pagamento imediato de R$ 97.000,00, valor que deve ser tomado emprestado ou retirado dos fundos existentes. Exercício A Companhia DELTA é favorecida por um desconto à vista de 3% se a fatura de R$ 200.000,00 da mercadoria for paga imediatamente em dinheiro. Entretanto, a companhia tem também a opção de usar seu crédito e pagar a fatura daqui a 90 dias. A Companhia DELTA entrou em contato com o banco local e soube que o dinheiro para pagar à vista a fatura pode ser tomado à taxa de 15%, o que lhe permitirá aproveitar a vantagem dos 3% de desconto à vista. Qual opção é a mais econômica: usar o desconto à vista ou comprar a prazo? ÍNDICES ECONÔMICOS/FINANCEIROS O uso de índices financeiros permite que as partes interessadas façam uma avaliação de certos aspectos do desempenho de uma Empresa. As partes interessadas incluem geralmente, acionistas e financiadores reais e potenciais bem como a Administração da Empresa. Para julgar o desempenho global da Empresa, é necessário requerer-se um conjunto de índices. Estes índices devem ser aplicados consistentemente, a período de tempo semelhante, de modo a obterem-se as comparações mais precisas. Os índices financeiros podem ser subdivididos em quatro grupos básicos:

Índices de liquidez;

Índices de Atividade;

Índices de Rentabilidade

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Índices de Lucratividade;

Índices de Endividamento. Como regra geral, os insumos necessários para uma boa análise financeira incluem, no mínimo, a Demonstração de Resultado e o Balanço Patrimonial. Os elementos importantes, a curto prazo são: liquidez, rentabilidade e atividade pois dão as informações críticas à operação da Empresa a curto prazo. E se a Empresa não puder sobreviver a curto prazo, não é preciso preocupar-se com suas informações a longo prazo. Os índices de endividamento só são úteis se a Empresa resistir com sucesso a curto prazo. Além dos dados internos, existem os dados externos, que são obtidos de Empresas do mesmo ramo de atividade. É mediante estes dados externos que a empresa poderá visualizar o progresso ou o retrocesso ocorrido. ANÁLISE DE LIQUIDEZ (ÍNDICES DE LIQUIDEZ) A liquidez de uma empresa é medida pela sua capacidade para satisfazer suas obrigações de curto prazo, na data de vencimento. A liquidez refere-se à solvência da situação financeira da empresa, a facilidade com a qual ela pode pagar suas contas. A análise da liquidez está concentrada no estudo detalhado da composição de seus ativos e passivos, em determinado momento, isto é, na data do levantamento dos valores, pois estes estão em constante mudança, em função de sua dinamicidade. Os índices de liquidez têm por finalidade medir a capacidade de pagamento de uma empresa, ou seja, a sua capacidade de cumprir suas obrigações passivas assumidas. ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA (ILM) Elimina também a necessidade do esforço de “cobrança” para honrar as obrigações. Com o desenvolvimento do mercado de crédito, esse índice passou a ter pouca relevância na maior parte das empresas. Nos dias atuais, não é aconselhável manter disponibilidades muito elevadas, deixando de investir na própria atividade.

Exemplo:

ANO Dis / PC = ILC

2010 700 / 800 = 0,875

2011 800 / 700 = 1,14

2012 1.000 / 1.000 = 1,00

ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE Representa que para cada real de dívida, deverá haver no mínimo o equivalente no ativo circulante para quitarmos as obrigações.

A empresa pode ter um índice de liquidez corrente alto e estar em crise de liquidez, pois este índice não dá uma noção sobre a qualidade destes ativos. A empresa pode ter um

Circulante Passivo

Circulante AtivoILC

Circulante Passivo

DisponívelILI

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estoque super dimensionado com muitos itens fora de validade ou contas à receber incobráveis. Exemplo:

ANO AC / PC = ILC

2010 1.000 / 800 = 1,25

2011 1.100 / 700 = 1,57

2012 1.000 / 1.100 = 0,91

Analisando, comparativamente, os três exercícios, verifica-se um aumento significativo na capacidade de pagamento a curto prazo. A maior disponibilidade apresentou-se no período de 2011, pois a cada R$ 1,00 de exigibilidade a curto prazo, a Empresa dispõe de R$ 1,57 para saldá-la, ou seja, possuí um respaldo financeiro de R$ 0,57 para cada R$ 1,00 de dívida. ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA Representa que para cada real de dívida, deverá haver no mínimo o equivalente no ativo circulante, sem considerarmos os estoques, ou seja, para pagarmos as dívidas não precisaremos vender o estoque a preço de custo ou na hipótese de não conseguir vender nada.

Exemplo:

AC - Estoques / PC = ILS

2010 4.000 – 1.000 / 3.500 = 0,86

2011 6.000 – 1.500 / 4.000 = 1,13

2012 10.000 – 3000 / 5.000 = 1,40

Verificando os três exercícios, notamos um crescimento satisfatório, sendo o melhor resultado apresentando no ano de 2012. A Empresa não precisa vender seu estoque para saldar dívidas de curto prazo nos períodos de 2011 e 2012. Já no período de 2010, é necessário vender o estoque para poder quitar suas obrigações. ÍNDICE DE LIQUIDEZ TOTAL Representa quanto em reais à empresa dispõe de realizáveis (a curto e longo prazo) para cobrir cada real de dívidas contraídas (a curto e longo prazo), considerando o estoque.

Exemplo:

Prazo Longo Exigível Circulante Passivo

Prazo Longo Realizável Circulante AtivoILT

Circulante Passivo

Estoques - Circulante AtivoILS

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ANO AC + RLP / PC + ELP = ILT

2010 4.092 + 2.529 / 3.412 + 1.690 = 1,29

2011 6.308 + 1.029 / 4.281 + 2.773 = 1,04

2012 10.755 + 775 / 5.819 + 4.924 = 1,07

Verificando o resultado dos três exercícios, nota-se uma redução no período de 2011 e 2012 em relação a 2010. A redução deve-se, principalmente, ao aumento de seus investimentos. Análise dos índices Para uma ampla e correta análise de liquidez da empresa é aconselhável o estudo dos 4 índices de forma simultânea e comparativa, sempre observando quais são as necessidades da empresa, qual o ramo do mercado em que ela está inserida e quais as respostas que os gestores procuram ao calcular estes índices. Um balanço patrimonial bem estruturado com a correta classificação das contas pela contabilidade irá gerar índices de qualidade para uma melhor tomada de decisão dos gestores. Exercício 1. Uma empresa apresentou o seguinte balanço patrimonial:

Ativo R$ Passivo R$

Ativo Circulante 16.000 Passivo Circulante 10.000

Caixa e bancos 1.000 Fornecedores 4.000

Duplicatas a Receber 10.000 Contas a pagar 6.000

Estoque 5.000 Passivo Não Circulante 18.000

Ativo não Circulante 35.000 Financiamento (E.L.P.) 18.000

Realizável a longo prazo 15.000 Patrimônio Líquido 23.000

Imobilizado 20.000 Capital social 23.000

Ativo Total 51.000 Passivo Total 51.000

Calcular os índices de liquidez dessa empresa. ÍNDICES DE ATIVIDADE Os índices de atividade são usados para medir a rapidez com que várias contas são convertidas em caixa, pois os índices de liquidez não avaliam a diferença na composição dos ativos circulantes e passivos circulantes que podem afetar significativamente a “verdadeira” liquidez da empresa. Giro de Estoque Mede a quantidade de vezes que o estoque gira no período analisado, isto é, mede a liquidez dos estoques na empresa.

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Estoques

Vendida Mercadoria da CustoGE

Prazo Médio de Estoque Mede o período de tempo em dias que o estoque gira.

GE

dias 360PME , o resultado pode ser obtido, assim: x360

CMV

EstoquesPME

O giro resultante é significativo somente quando comparado ao de outras empresas pertencentes ao mesmo segmento ou comparado aos giros de estoques passados da empresa. O giro de estoques pode ser facilmente convertido no prazo médio de estoque, ao ser dividido por 360, o número de dias do ano contábil. Esse valor também pode ser visto como o número médio de dias de venda em estoque ou, ainda, o período em que se processa a renovação dos estoques da empresa. Exemplo: Números aleatórios !!!

Giro de Estoques = 280.000,00

904.000,00 = 3,23 vezes.

x360904.000,00

280.000,00PME = 111,50 dias.

Prazo Médio de Recebimento Indica a média de dias em que as contas (duplicatas, títulos) são recebidas pela empresa. Avalia o tempo entre o faturamento e o recebimento. É útil na avaliação das políticas de crédito e cobrança.

x360 Líquida lOperaciona Receita

Receber a DuplicatasPMR

Exemplo:

PMR = x360001.897.000,

203.000,00 = 38,52 dias.

O prazo médio de recebimento resultante só é significativo em relação às condições de crédito da empresa. Se por exemplo, a empresa concede crédito de 30 dias a seus clientes e o período médio de recebimento aponta 38,52 dias, indicará uma má administração do crédito, isto é, um afrouxamento intencional das condições de crédito, para suportar as pressões da concorrência. Prazo Médio de Pagamento (Compras) Indica a média de dias em que as contas (duplicatas, títulos) são pagas pela empresa. Avalia o tempo entre a compra e o pagamento. É útil na avaliação das políticas de crédito e cobrança.

x360Vendida Mercadoria da Custo

sForncedorePMP

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Exemplo:

PMP = x360904.000,00

225.000,00 = 89,60 dias

O prazo médio de pagamento resultante só é significativo em comparação com as condições médias de crédito concedidas à empresa. Quanto mais dilatado for o prazo obtido junto aos fornecedores, maior será o ônus financeiro por aplicação deste capital. Exercício Uma empresa apresentou os seguintes demonstrativos contábeis após um ano de atividades:

BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo R$ Passivo R$

Ativo Circulante 16.000 Passivo Circulante 10.000

Caixa e bancos 1.000 Fornecedores 4.000

Duplicatas a Receber 10.000 Contas a pagar 6.000

Estoque 5.000 Passivo Não Circulante 18.000

Ativo não Circulante 35.000 Financiamento (E.L.P.) 18.000

Realizável a longo prazo 15.000 Patrimônio Líquido 23.000

Imobilizado 20.000 Capital social 23.000

Ativo Total 51.000 Passivo Total 51.000

Demonstração de Resultados do Exercício (R$)

VENDAS 70.000

Custo de Mercadorias Vendidas (45.000)

Lucro Bruto 25.000

Despesas Operacionais (14.000)

LAJIR (LUCRO ANTES DE JUROS E IMPOSTOS DE RENDA) 11.000

Despesas Financeiras (2.100)

LAIR (Lucro Antes de Imposto de Renda) 8.900

(-) Impostos sobre o lucro (3.560)

Lucro Líquido 5.340

Calcular os índices de atividades e fazer uma análise.

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ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE Tem por objetivo avaliar o desempenho final da Empresa. A rentabilidade é o reflexo das decisões adotadas pelos seus administradores, expressando, objetivamente, o nível de eficiência e o grau do êxito econômico financeiro atingido. Margem Bruta A margem bruta mede a porcentagem que restou das vendas após a empresa ter pago os impostos sobre as vendas e o custo da mercadoria vendida. Demonstra a capacidade da empresa em cobrir seus custos de fabricação através do lucro bruto gerado por ela. Quanto mais alta é a margem bruta, melhor é para a empresa. Exemplo: Números aleatórios !!!

Margem Bruta = 100 x Vendas

Bruto Lucro

Margem Bruta = ,0010.000.000

005.000.000, = 0,50 x 100 = 50%

Margem Operacional A margem operacional mede a porcentagem que restou das vendas após a empresa ter pago os impostos sobre as vendas, o custo da mercadoria vendida e as despesas operacionais. A margem operacional mede o que com frequência, se denomina lucro puro. O lucro operacional é puro, pois ignora quaisquer receitas e/ou despesas não operacionais ou obrigações governamentais como Imposto de Renda e considera somente o lucro auferido pela própria operação da empresa. Quanto mais alta é a margem operacional, melhor é para a empresa. Exemplo: Números aleatórios !!!

Margem Operacional = 100 x Vendas

l(LAJIR)Operaciona Lucro

Margem Operacional = ,0010.000.000

002.500.000, = 0,25 x 100 = 25%

Margem Líquida A margem líquida mede a porcentagem que restou das vendas após a empresa ter pago os impostos sobre vendas, o custo das mercadorias vendidas, as despesas operacionais e o Imposto de Renda Retido na Fonte. Quanto maior for à margem líquida da empresa, melhor. Exemplo: Números aleatórios !!!

Margem Líquida = 100 x Vendas

Líquido Lucro

Margem Líquida = ,0010.000.000

001.000.000, = 0,10 x 100 = 10%

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ÍNDICES DE RENTABILIDADE Retorno sobre o Ativo (ou ROA Return On Assets) Com isso medimos quanto rendeu para a empresa colocar todos os seus ativos à disposição da geração de lucro (pois é a finalidade de uma empresa capitalista). Exemplo: Números aleatórios !!!

ROA = TotalAtivo

Líquido Lucro x 100

ROA = 584.711.428,

001.000.000, x 100 = 21,22%

Retorno sobre o Capital Próprio (ou ROE Return On Equity) Com isso medimos quanto rendeu para os sócios, que são os detentores do Capital Próprio (Patrimônio Líquido), colocar este capital à disposição da sociedade para a geração de lucro.

ROE = Líquido Patrimnio

Líquido Lucro x 100

Exemplo: Números aleatórios !!!

ROE = 003.000.000,

001.000.000, x 100 = 33,33%

Giro dos Ativos Com isso medimos em quantas vezes os Ativos colocados à disposição da empresa para vender produtos e serviços efetivamente produzem estes itens ou quantas vezes conseguem ser renovados tomando-se como base esta receita.

GA = TotalAtivo

Líquida Receita

Ao gerir ou avaliar uma empresa, é necessário se atentar para estes indicadores, pois eles mostram a eficiência econômica do negócio. É válido estabelecer metas (realistas) para o empreendimento e comparar se ao longo do tempo elas são batidas. Também é necessário que se compare os resultados com empresas de atividade semelhantes à luz da situação econômica regional. Exemplo: Números aleatórios !!!

GA = TotalAtivo

Líquida Receita => GA =

584.711.428,

,0010.000.000 => GA = 2,1225

Isso significa que para cada real investido no ativo, a empresa gerou R$ 2,12 de receita de vendas.

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Taxa de Retorno sobre Investimento Pode ser obtida por meio da multiplicação da Margem de Lucro pelo Giro do Ativo. As empresas que ganham mais na margem, normalmente ganham no preço. As empresas que ganham mais no giro visam quantidade. A rentabilidade de uma empresa é obtida por meio de uma boa conjugação entre preço e quantidade, ou seja, entre Margem (Lucratividade) e Giro (Produtividade): Margem de Lucro x Giro do Ativo = TRI. Vê-se : Margem de Lucro x Giro do Ativo = ?

Líquida Receita

Líquido Lucro x

TotalAtivo

Líquida Receita = TRI (TIR)

TotalAtivo

Líquido Lucro = TRI

Assim: Margem de Lucro x Giro do Ativo = TRI = ROI Exemplo: Números aleatórios !!!

TRI = TotalAtivo

Líquido Lucro => TRI =

740.644,00

185.161,00 =>

TRI = 0,25 ou 25% Os valores do exemplo acima são aleatórios !!! Poder de ganho da empresa: para cada R$ 1,00 investido há um ganho de R$ 0,25. Isso significa que, em média, haverá uma demora de quatro anos para que a empresa obtenha de volta seu investimento (100% / 25%), ou seja, o payback do investimento total é calculado dividindo-se 100% pela TRI (payback = tempo médio de retorno). Retorno sobre Investimentos (ou ROI Return On Investments) Com isso medimos quanto rendeu, apenas operacionalmente, para a empresa colocar à disposição da geração de lucro. Exemplo: Números aleatórios !!!

ROI = TotalAtivo

Líquido Lucro =

Líquida Receita

Líquido Lucro x

TotalAtivo

Líquida Receita

ROI = Taxa de Retorno sobre Investimentos

ROI = 584.711.428,

001.000.000, x 100 = 21,22%

ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO A situação de endividamento de uma empresa indica o montante de recursos de terceiros que está sendo usado, na tentativa de gerar lucros. Em geral o analista financeiro está mais interessado nas dívidas de longo prazo da empresa, uma vez que esses empréstimos comprometem a empresa com o pagamento de juros a longo prazo, assim como são empréstimos de valores maiores.

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Índice de Endividamento Total O Índice de Endividamento Geral mede a proporção dos ativos totais da empresa financiada pelos credores. Quanto maior for este índice, maior será o montante do capital de terceiros que vem sendo utilizado para gerar lucros.

IET = 100 x Permanente Ativo Prazo Longo a Realizável Circulante Ativo

Prazo Longo Exigível Circulante Passivo

Exemplo: Números aleatórios !!!

IET = 3.597,00

1.643,00 = 0,4567 x 100 = 45,67%

Isso indica que a empresa financia 45,67% dos ativos com capital de terceiros. Índice de Composição do endividamento Este índice tem o objetivo de demonstrar a política adotada para captação de recursos de terceiros. Pode-se identificar através desse índice se a empresa concentra seu endividamento a curto ou longo prazo.

ICE = 100 x Prazo Longo a Exigível Passivo Circulante Passivo

Circulante Passivo

Exemplo: Números aleatórios !!!

ICE = 100 x 001.643.000,

620.000,00 => ICE = 37,74%

Índice de Garantia do Capital Próprio O Índice de Garantia do Capital Próprio indica o percentual de capital próprio sobre o total de capital de terceiros.

IGCP = 100 x ELP Circulante Passivo

Líquido Patrimônio

Exemplo: Números aleatórios !!!

IGCP = 001.643.000,

002.464.500, x 100 = 150,0%

Isso indica que esta empresa tem uma boa garantia de capital próprio em relação ao capital de terceiros. Ou seja, ela cobre o capital de terceiros e sobra 50%.

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Índice de Cobertura de Juros O Índice de Cobertura de Juros mede a capacidade da empresa para realizar pagamentos de juros contratuais. Quanto maior for este índice, maior será a capacidade da empresa para liquidar suas obrigações de juros.

ICJ = sFinanceira Despesas

LAJIR

Exemplo: Números aleatórios !!!

ICJ = 93.000,00

418.500,00 = 4,5 vezes.

Isso indica que em cima do Lucro Operacional a empresa tem condições de pagar 4,5 vezes o valor dos juros no período estudado. Os analistas financeiros sugerem um mínimo de 1,5 para que a empresa tenha uma margem de segurança. Exercício 1. Calcular os índices de rentabilidade e endividamento com base nos demonstrativos abaixo e analise os resultados encontrados.

BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo R$ Passivo R$

Ativo Circulante 16.000 Passivo Circulante 10.000

Caixa e bancos 1.000 Fornecedores 4.000

Duplicatas a Receber 10.000 Contas a pagar 6.000

Estoque 5.000 Passivo Não Circulante 18.000

Ativo não Circulante 35.000 Financiamento (E.L.P.) 18.000

Realizável a longo prazo 15.000 Patrimônio Líquido 23.000

Imobilizado 20.000 Capital social 23.000

Ativo Total 51.000 Passivo Total 51.000

Demonstração de Resultados R$

VENDAS 70.000

Custo dos Produtos Vendidos (45.000)

Lucro Bruto 25.000

Despesas Operacionais (14.000)

LAJIR (Lucro Operacional) 11.000

Despesas Financeiras (2.100)

LAIR 8.900

(-) Impostos Renda (3.560)

Lucro Líquido 5.340

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ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa. ANÁLISE VERTICAL A análise vertical é uma interpretação gráfica usada para medir a liquidez de uma empresa. É o estudo das alterações das composições, dos principais conjuntos de contas (ativo e passivo), extraindo indicadores para ajudar a identificar o andamento da empresa no período analisado. Exemplo:

2010 2011 2012

Ativo Passivo Ativo Passivo Ativo Passivo

AC 43.000 PC 41.000 AC 68.000 PC 67.000 AC 72.000 PC 56.000

RLP 1.000 ELP 15.000 RLP 2.500 ELP 5.000 RLP 500 ELP 11.000

IMO 56.000 PL 44.000 IMO 29.500 PL 28.000 IMO 27.500 PL 33.000

TA 100.000 TP 100.000 TA 100.000 TP 100.000 TA 100.000 TP 100.000

Para traçar a Análise Vertical, devemos transformar os valores em percentuais. Vamos utilizar o ano de 2008, como exemplo e transformar as seis contas utilizadas na análise vertical em percentuais: PROCEDIMENTO DE CÁLCULO Ativo Circulante ÷ Total Ativo x 100 => 43.000 ÷ 100.000 x 100 = 43% Realizável LP ÷ Total Ativo x 100 => 1.000 ÷ 100.000 x 100 = 1% Imobilizado ÷ Total Ativo x 100 => 56.000 ÷ 100.000 x 100 =56% Passivo Circulante ÷ Total Passivo x 100 => 41.000 ÷ 100.000 x 100 = 41% Exigível LP ÷ Total Passivo x 100 = > 15.000 ÷ 100.000 x 100 = 15% Patrimônio Líquido ÷ Total Passivo x 100 => 44.000 ÷ 100.000 x 100 = 44% O ano de 2012 foi o melhor ano para esta empresa, pois o ativo circulante paga todo o passivo circulante, paga todo o exigível a longo prazo e ainda sobra capital de giro próprio. ANÁLISE HORIZONTAL Visa o estudo da evolução dos componentes das demonstrações contábeis ao longo dos exercícios sociais, através de quocientes, também chamados de números índices, sendo obtidos a partir de um exercício social tomado como base, onde todos os itens das demonstrações contábeis nesse exercício são fixados em 100 e, a partir daí, são determinados os demais índices referentes às demonstrações dos outros exercícios sociais subsequentes ao exercício tomado como base.

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Exemplo:

BALANÇO PATRIMONIAL (R$)

ATIVO 2010 % 2011 % 2012 %

Circulante 520 100 612 118 780 150

Realizável a longo prazo 100 100 80 080 114 114

Imobilizado 530 100 840 158 990 187

Total 1.150 100 1.532 133 1.884 164

PASSIVO

Circulante 285 100 330 116 395 139

Exigível a longo prazo 250 100 240 096 280 112

Patrimônio Líquido 615 100 962 156 1.209 197

Total 1.150 100 1.532 133 1.884 164

Exercício Calcule a análise vertical e horizontal do Balanço Patrimonial e da Demonstração dos Resultados e comente os resultados.

31-12-11 V H 31-12-12 V H

ATIVO R$ % % R$ % %

Ativo Circulante 23.741 32.053

Disponibilidades 3.433 15.017

Contas a receber 12.636 9.519

Estoques 7.672 7.517

Ativo Não Circulante 63.297 67.422

Realizável a longo prazo 1.830 1.548

Empréstimos a Controladas 589 1.400

Títulos a receber 1.241 148

Imobilizado 61.467 65.874

Veículos 9.440 9.291

Terrenos 52.027 56.583

Ativo Total 87.038 99.475

PASSIVO R$ % R$ %

Passivo Circulante 22.182 27.224

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Fornecedores 8.764 10.086

Financiamentos 9.292 12.300

Impostos a recolher 126 515

Salários e Contribuições 4.000 4.323

Passivo Não Circulante 64.856 72.251

Exigível a Longo Prazo 9.777 11.062

Financiamentos 6.410 7.455

Outras contas a pagar 3.367 3.607

Patrimônio Líquido 55.079 61.189

Passivo Total 87.038 99.475

31-12-11 V H 31-12-12 V H

Demonstração de Resultados R$ % R$ %

Receita Líquida 109.416 156.893

(-) Custo dos Produtos Vendidos 91.660 118.660

Lucro Bruto 17.756 38.233

(-) Despesas Operacionais (22.789) (29.447)

Administrativa e Comerciais (25.956) (26.890)

Financeiras Líquidas 3.167 2.557

Lucro Operacional (5.033) 8.786

Equivalência Patrimonial (250) (2.149)

Resultados Não Operacionais 508 588

Imposto de Renda (114) (1.115)

Lucro Líquido (4.889) 6.110

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4. FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Como calcular o preço de venda do meu produto? Como saber se o preço praticado está satisfatório? Com base em que precifico meu produto? Estas questões são respondidas estudando a Formação do Preço de Venda, cujo cálculo deve levar a um valor: 1. Que traga à empresa a maximização dos lucros; 2. Que seja possível manter a qualidade dos produtos; 3. Que atenda aos anseios do mercado; 4. Que melhor aproveite os níveis de produção. LEVANTAMENTOS PRELIMINARES PARA O CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA: a. Primeiro, é necessário definir e levantar os gastos globais da empresa, classificando-os em custos diretos e custos indiretos; b. Determinar a quantidade de matéria-prima e outros materiais utilizados para produzir uma unidade do produto. c. Determinar o número de horas de mão de obra direta necessária para produzir uma unidade do produto. d. Levantar os custos indiretos mensais de produção, tais como: combustíveis, aluguéis, manutenção, mão de obra indireta, seguros, energia, etc. e. Elaborar para auxiliar no cálculo, uma planilha de custos para cada produto. f. Elaborar uma ficha de controle dos custos indiretos. g. Determinação das despesas de comercialização. As despesas de comercialização são todas aquelas que incidem diretamente sobre o preço de venda, tais como: despesas financeiras, comissão de vendas, impostos sobre vendas, despesas de propaganda, expedição, transportadoras. Normalmente estas despesas representam um percentual que incide sobre o preço de vendas, por isso, sugere-se determiná-lo através de índices. h. Definição da margem de lucro. A margem de lucro desejada é definida de acordo com as estratégias de mercado da empresa, que deve levar em consideração a situação dos concorrentes. i. Calcular o mark-up que é igual à 1 – (despesas de comercialização + lucro desejado / 100) j. Calcular o preço de venda que é igual a:

PV = up-mark

Produto do Custo

FINALIDADE DO MARK-UP O mark-up tem por finalidade cobrir as seguintes contas:

impostos sobre vendas;

taxas variáveis sobre vendas;

despesas administrativas fixas;

despesas de vendas fixas;

custos indiretos de produção fixos;

lucro. Exemplo: Formação do mark-up para venda à vista para fixação Vamos admitir que determinada empresa tenha incorrido nos seguintes gastos para produzir e vender determinado produto:

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Matéria-prima R$ 700,00;

Outros custos (MOD + CIP variável) R$ 300,00;

Total dos custos = R$ 1.000,00. PEDE-SE:

Formação de Preço de venda;

Comprovação da margem de contribuição de 27%.

CONTAS COMPOSIÇÃO DAS CONTAS

Preço de venda 100,00%

(-) ICMS 17,00%

(-) PIS 0,65%

(-) COFINS 3,00%

(-) Comissão s/vendas 4,90%

(-) Despesas Administrativas fixas 2,00%

(-) Despesas de vendas fixas 5,00%

(-) Custos indiretos de produção fixos 5,00 %

(-) Lucro 15,00 %

TOTAL 52,55%

SOLUÇÃO: Utilizando a fórmula:

PV = 100) / (52,55 -1

1.000,00 => PV =

0,4745

1.000,00 => PV = R$ 2.107,50

Demonstração de resultado ( por unidade)

Preço de venda R$ 2.107,50 100,00%

(-) ICMS R$ 358,28 17,00%

(-) PIS R$ 13,70 0,65%

(-) COFINS R$ 63,23 3,00%

(=) Preço líquido de venda R$ 1.672,30 79,35 %

(-) Total dos custos diretos R$ 1.000,00 47,45%

(-) Comissão s/ vendas R$ 103,27 4,90%

(=) Margem de contribuição R$ 569,03 27,00%

Utilizando a fórmula:

PV = 100) / (52,55 -1

1.000,00 => PV =

0,4745

1.000,00 => PV = R$ 2.107,50

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Exercícios 1. A empresa Alfa incorreu nos seguintes gastos para produzir e vender um determinado produto: Matéria-prima: R$ 800,00 Mão de obra direta R$ 200,00 Custos indiretos de fabricação: R$ 100,00 (manutenção, energia, aluguel) ICMS: 17,00% PIS: 0,65% COFINS: 3,00% Comissão de vendas: 10% Despesas financeiras: 4% (juros pagos, emissão de boletos, tarifas bancárias) Lucro desejado: 9% Com base nesses dados calcule o preço de venda. 2. Uma empresa apresenta os seguintes percentuais sobre a receita líquida: Despesas comerciais: 7,3% Despesas administrativas: 5,4% Custo financeiro: 2,9% Margem de lucro desejada: 4,6% Os impostos incidentes sobre vendas são: ICMS: 18% PIS: 1,65% COFINS: 3,0% Calcule o Mark-up e obtenha o preço de venda com impostos para um produto que tem um custo industrial de R$ 1.500,00. 3. Uma em tem os seguintes percentuais médios sobre vendas líquidas: Despesas comerciais: 12% Despesas administrativas: 11% Custo financeiro: 6% Margem de lucro: 17% Os impostos incidentes sobre as vendas são: ICMS: 17% PIS: 1,65% COFINS: 7,6% Calcule o Mark-up e obtenha o preço de venda com impostos para um produto que tem um custo industrial de R$ 1.000,00. FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA X VOLUME DE PRODUÇÃO A formação do preço de venda também deve levar em consideração o volume de produção para o produto que está se tentando precificar, pois no moderno ambiente concorrencial a formação do preço de venda é cada dia mais dependente do mercado, em outras palavras, é o mercado que passa a fixar o preço e não mais a empresa. Por isso o volume de produção é muito importante, pois quanto maior for o volume de produção, menor será o meu custo e consequentemente, menor poderá ser o meu preço de venda e assim deixar meu produto competitivo no mercado.

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Exemplos: 1. A Empresa ALFA tem um custo variável de R$ 5,00 por unidade produzida. Os custos e despesas fixas totalizam R$ 100.000,00, sendo sua capacidade de produção de 10.000 unidades. Essa empresa vem trabalhando considerando o seu nível de produção e, assim, o custo unitário do produto é:

Custo = Produção de Capacidade

Fixas Despesas e Custo + Custo Variável por unidade

Custo = 10.000

100.000,00 + 5,00 => Custo = 10,00 + 5,00 = R$ 15,00 por unidade produzida

O preço de venda é determinado fixando-se um lucro de 20%, despesas financeiras 10% e comissão sobre vendas de 10% e então ficará:

Markup = 1 –

100

101020 = 0,60

Preço de Venda = Markup

Produto do Custo => Preço de Venda =

0,60

15,00 = R$ 25,00

2. Agora, vamos simular que em um período de recessão, as vendas caíram 37,5% atingindo 6.250 unidades produzidas, como ficará o custo e o preço de venda?

Custo = Produção de Capacidade

Fixas Despesas e Custo + Custo Variável por unidade.

Custo = 6.250

100.000,00 + 5,00 => Custo = 16,00 + 5,00 = R$ 21,00 por unidade produzida.

O preço de venda é determinado fixando-se um lucro de 20%, despesas financeiras 10% e comissão sobre vendas de 10% e então ficará:

Markup = 1 –

100

101020 = 0,60

Preço de Venda = Markup

Produto do Custo => Preço de Venda =

0,60

21,00 = R$ 35,00

Com tal preço, a Empresa ALFA perde competitividade no mercado, pois o preço proposto está muito acima do normalmente praticado. Caso a concorrência mantenha o preço de venda anterior, a empresa MK terá sérias dúvidas sobre o que fazer para vender o seu produto. Por isso, a empresa deve sempre tentar maximizar o volume de produção para conseguir reduzir o seu custo e manter um preço de venda competitivo. Exercícios 1) Uma determinada empresa tem um custo variável de R$ 10,00 por unidade produzida. Os custos e despesas fixas totalizam R$ 84.000,00, sendo sua capacidade de produção de 12.000 unidades. Essa empresa vem trabalhando considerando o seu nível de

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produção, onde preço de venda determina um lucro de 25%, despesas financeiras 15% e comissão sobre vendas de 10%. De posse desses dados, calcule o custo e preço de venda unitário do produto. 2) Com dados do exercício anterior, simule que em um período de recessão, as vendas caíram 35% atingindo 7.800 unidades produzidas, como ficará o custo e o preço de venda? 3) Agora admita que essa empresa em um determinado período, aumentou suas vendas em 15%, atingindo 13.800 unidades produzidas, em virtude do aquecimento da economia, calcule o custo e o preço de venda? PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO O Ponto de Equilíbrio Financeiro é definido como o nível de receitas onde todos os custos (fixos e variáveis) e todas as despesas operacionais são cobertos. Acima deste ponto existe lucro e abaixo deste ponto, o prejuízo. É muito importante para a empresa, pois lhe possibilita: a) determinar o nível de operações que precisa manter para cobrir todos os custos e despesas operacionais; b) avaliar a lucratividade associada a vários níveis de vendas. Representação gráfica: TIPOS DE CUSTOS O custo das mercadorias vendidas (CMV) e as despesas operacionais da empresa contêm componentes de custos operacionais fixos e variáveis. Os dois tipos de custos são definidos por: a) Custo Fixo: em geral são contratuais, são os que se mantêm constantes para qualquer volume de vendas ou produção. Exemplo de Custo: mão de obra, aluguéis, depreciação. Exemplo de Despesa: despesas administrativas. b) Custo Variável: são os que sofrem alterações diretamente relacionadas com o volume de vendas ou de produção. Exemplo de Custo: matéria-prima, embalagens. Exemplo de Despesa: despesas com vendas. As empresas devem fazer um estudo detalhado para caracterizar quais são seus custos e despesas fixas e quais são seus custos e despesas variáveis, mas podemos caracterizar da seguinte forma: Indústria: Custo de Produto Vendido, como 60% são custos variáveis e 40% são custos fixos.

RECEITAS CUSTOS =

EQUILÍBRIO

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Comércio: Custo da Mercadoria Vendida como, 40% são custos variáveis e 60% são custos fixos. Prestação de Serviços: Custo da Prestação de Serviço, como 30% são custos variáveis e 70% são custos fixos. Quanto as Despesas Operacionais elas podem ser classificadas, independentes do segmento em: Despesas Administrativas: são consideradas despesas fixas Despesas de Vendas: são consideradas despesas variáveis. Despesas Financeiras: são consideradas despesas variáveis.

CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO

Ponto de Equilíbrio Financeiro = Vendas) / Variáveis Despesas e (Custos - 1

Fixas Despesas e Custos =>

Exemplo:

PEF = 20.625,00) / (12.133,00 - 1

6.885,00 =

0,59 - 1

6.885,00 =

0,41

6.885,00 = 16.792,68 =>

PEF= R$ 16.792,68 Análise do Ponto de Equilíbrio Financeiro Para esta empresa cobrir seus custos e despesas fixas e variáveis, a mesma deve vender no período estudado, R$ 16.792,68. Se ela vender abaixo deste valor, esta empresa terá prejuízo e se vender acima, terá lucro. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

R$ RT CT

CDF 6.885,00

x

16.792,68

0 Período

Área de

Prejuízo

Área de

Lucro

Ponto de

Equilíbrio

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Exercícios 1. Uma indústria apresenta os seguintes dados: Venda = R$ 229.265,00 Custo da Mercadoria Vendida = [(Custo Variável 60% = R$ 62.488,80) + (Custo Fixo 40% = R$ 41.659,20)] Custo da Mercadoria Vendida = R$ 104.148,00 Despesas Administrativas = R$ 11.899,00 (Despesa Fixa) Despesas de Vendas= R$ 27.400,00 (Despesa Variável) Despesas Financeira = R$ 965,00 (Despesa Variável) Calcular o ponto de equilíbrio financeiro dessa empresa, representar graficamente e comentar o resultado. 2. Em um determinado período uma empresa apurou os seguintes dados financeiros: Vendas = R$ 320.000,00 Custo da Mercadoria Vendida = R$ 200.000,00 (custo variável = 65% e custo fixo = 35%) Despesas administrativas = R$ 20.000,00 Despesas com vendas = R$ 30.000,00 Despesas financeiras = R$ 15.000,00 Com base nesses dados, pede-se para calcule o ponto de equilíbrio, construa o gráfico e comente. PONTO DE EQUILÍBRIO POR PRODUTO Da mesma forma como verificamos o ponto de equilíbrio financeiro da empresa, podemos descobrir qual o ponto de equilíbrio por produto, também considerando os custos e despesas fixas e os custos e despesas variáveis. Com o ponto de equilíbrio por produto o administrador financeiro colabora com o administrador da produção para definir qual o volume de fabricação e o volume de vendas de um determinado produto para que ele cubra seus custos e despesas fixas e variáveis. Fórmulas:

Ponto de Equilíbrio (unid.) =(unit.) Variáveis Despesas e Custo - Venda de Preço

Fixas Despesas e Custos

Ponto de Equilíbrio (%) = Vendas

Vendas) / Variáveis Despesas e (Custos - 1

Fixas Despesas e Custos

x 100 =>

Exemplo: Uma empresa tem sua produção estimada em 8.000 unidades. Os custos e despesas fixas totalizam R$ 3.000,00. Os custos e despesas variáveis por unidade produzida somam R$ 0,70 e o preço de venda por unidade será de 2,20. Determine: a. A estimativa de lucro operacional nos seguintes níveis de produção 100%; b. O ponto de equilíbrio em unidades; c. A porcentagem de produção onde ocorre o equilíbrio; d. Construa o gráfico.

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Ponto de Equilíbrio (unid.) = (unit.) Variáveis Despesas e Custo - Venda de Preço

Fixas Despesas e Custos

PE (unid.) = 0,70 - 2,20

3.000,00 => PE =

1,50

3.000,00 => PE = 2.000 unidades

Ponto de Equilíbrio (%) = Vendas

Vendas) / Variáveis Despesas e (Custos - 1

Fixas Despesas e Custos

x 100 =>

Ponto de Equilíbrio (%) = 17.600,00

17.600,00) / (5.600,00 - 1

3.000,00

x 100 =>

PEP = 17.600,00

0,3182 - 1

3.000,00

x 100 =>

PEP = 17.600,00

0,6818

3.000,00

x 100 => PEP = 17.600,00

4.400,12 x 100 =>

PEP = 0,25 x 100 = 25% REPRESENTAÇÃO GRÁFICA Exercício 1. Uma empresa tem sua produção estimada em 10.000 unidades. Os custos e despesas fixas totalizam R$ 4.500,00. Os custos e despesas variáveis por unidade produzida somam R$ 0,80 e o preço de venda por unidade será de R$ 2,60. Determine: a. A estimativa de lucro operacional nos seguintes níveis de produção 100%; b. O ponto de equilíbrio em unidades; c. A porcentagem de produção onde ocorre o equilíbrio; d. Construa o gráfico.

R$

Ponto de

Equilíbrio Área de

Lucro

Área de

Prejuízo

RT CT

CDF 3.000,00

2.000

0

4.400,00

0 Unidades

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5. ALAVANCAGEM OPERACIONAL, FINANCEIRA E TOTAL

Alavancagem Operacional O uso potencial de custos operacionais fixos para aumentar os efeitos das mudanças nas vendas sobre os lucros da empresa antes dos juros e dos impostos (LAJIR). A alavancagem operacional pode ser definida também como a variação no lucro operacional decorrente de uma alteração no volume de produção (e de vendas) da empresa. Esse fenômeno deriva da existência de custos e despesas operacionais fixos, que permanecem sem alteração dentro de certos intervalos nos níveis de produção. À medida que somente seriam alteradas as receitas e os custos variáveis, quanto maior for a participação dos custos fixos nos custos totais, maior será a variação proporcional no lucro operacional. A magnitude do efeito dessa alteração no volume de produção sobre o lucro operacional é medida através do grau de alavancagem operacional (GAO), conforme fórmula apresentada a seguir:

VENDAS DE VOLUME DO % VAR.

LAJIR DO % VAR.GAO

A partir desta fórmula, podemos deduzir que:

LAJIR

ÃOCONTRIBUIÇ DE MARGEMGAO

Alavancagem Financeira A capacidade da empresa usar encargos financeiros fixos a fim de maximizar os efeitos de variações no lucro antes dos juros e impostos (LAJIR). Conforme conceituado, as despesas financeiras são decorrentes dos empréstimos e financiamentos obtidos pela empresa e das respectivas taxas de encargos contratados. Estas despesas são deduzidas ao lucro operacional para se apurar o montante dos lucros antes do provisionamento do Imposto de Renda. Assim, o volume de despesas financeiras existentes determinará o impacto que uma variação no lucro operacional causará sobre o lucro antes do Imposto de Renda. O grau de alavancagem financeira (GAF), considerando o volume de produção e os preços de venda e custos operacionais fixos e variáveis, determina a variação ocorrida no lucro líquido (à medida que o Imposto de Renda corresponde a um percentual do lucro antes do provisionamento do imposto) decorrente de determinada variação no lucro operacional.

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LAJIR DO % VAR.

LÍQUIDO LUCRO DO % VAR.GAF

A partir desta fórmula, podemos deduzir que:

SFINANCEIRA DESPESAS-LAJIR

LAJIRGAF

Alavancagem Total ou Combinada

A alavancagem total decorre do fato de que praticamente todas as empresas apresentam uma estrutura de gastos operacionais fixos e também despesas financeiras, ou seja, estão sujeitas aos efeitos conjuntos da alavancagem operacional e da alavancagem financeira. A fórmula para a apuração do grau de alavancagem total (GAT) está indicada a seguir: GAT = GAO x GAF Exemplo 1: Vamos considerar que uma empresa apresente a seguinte relação custo-volume-resultado: 1. Os custos e despesas variáveis alcançam R$16,00 / unidade 2. Os custos e despesas fixos no período são de R$33.240,00 3. O preço de venda é de R$48,00 / unidade 4. O nível de produção da empresa é de 2.000 unidades no período 5. O ponto de equilíbrio operacional (PEO) foi calculado em 1.087 unidades 6. As despesas financeiras somam R$1.020,00 7. A depreciação do período foi de R$1.250,00 A partir das informações apresentadas, iremos calcular o GAO, GAF e o GAT, assumindo que será fabricado somente um produto. Apresentamos a seguir a demonstração de resultado adaptada ao estudo:

Descrição Valor (R$)

Quantidade Total (unidades) 2.000

Preço Unitário 48,00

Receita Operacional 96.000,00

(-) Custos e Despesas Variáveis 32.000,00

(=) Margem de Contribuição 64.000,00

(-) Custos de Despesas Fixas 33.240,00

(-) Depreciação 1.250,00

(=) LAJIR 29.510,00

(-) Despesas Financeiras 1.020,00

(=) LAIR 28.490,00

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LAJIR

ÃOCONTRIBUIÇ DE MARGEMGAO =>

29.510,00

64.000,00GAO = 2,17

SFINANCEIRA DESPESAS-LAJIR

LAJIRGAF =>

1.020,00 -29.510,00

29.510,00GAF => GAF = 1,04

GAT = GAO x GAF GAT = 2,17 x 1,04 = 2,26 Com isto concluímos pelo cálculo do GAO, que a variação do volume vendido vai gerar uma Margem der Contribuição 2,17 maior que o lucro operacional, o que deverá ser suficiente para cobrir os custos de despesas fixas, assim como a depreciação. Já o GAF apresentou um giro de 1,04, o que significa ser suficiente para cobrir as despesas financeiras da operação. Caso este número venha a aumentar demasiadamente isto significa que o financiamento para sustentar a operação está fazendo com que a empresa fique cada vez mais endividada, ou melhor, alavancada, sendo um fator de preocupação de continuidade da empresa.

O conjunto dos cálculos da Alavancagem Operacional e Financeira determina o Grau da Alavancagem Total, gerados por gastos operacionais fixos e também pelas despesas financeiras. Este valor é interessante analisar sempre em conjunto com os demais concorrentes para verificar o grau de alavancagem total e determinar se o negócio está sendo bem administrado ou não. Exemplo 2 – Caso Prático: Nossa empresa apresenta a seguinte relação custo-volume-resultado: 1. Os custos e despesas variáveis alcançam R$22,00/unidade. 2. Os custos e despesas fixos no período são de R$8.000,00. 3. O preço de venda é de R$48/unidade 4. O nível de produção da empresa é de 350 unidades no período. 5. O ponto de equilíbrio operacional (PEO) foi calculado em 327 unidades. 6. As despesas financeiras somam R$338,00 no período 7. A despesa com depreciação é de R$502,00 no período Queremos calcular os graus de alavancagem operacional, financeira e total para a variação entre o volume de produção real (300 unidades) e aquele existente no ponto de equilíbrio, e entre a produção real (300 unidades) e 350 unidades.

Descrição < PEO PEO > PEO

Quantidade Total (unidades) 300 327 350

Preço Unitário 48,00 48,00 48,00

Receita Operacional 14.400,00 15.696,00 16.800,00

(-) Custos e Despesas Variáveis 6.600,00 7.194,00 7.700,00

(=) Margem de Contribuição 7.800,00 8.502,00 9.100,00

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(-) Custos de Despesas Fixas 8.000,00 8.000,00 8.000,00

(-) Depreciação 502,00 502,00 502,00

(=) LAJIR (702,00) 0 598,00

(-) Despesas Financeiras 338,00 338,00 338,00

(=) LAIR (1.040,00) (338,00) 260,00

LAJIR

ÃOCONTRIBUIÇ DE MARGEMGAO (11,11)

Não existe divisão por

zero 15,22

INANCEIRAS F DESP. -LAJIR

LAJIRGAF 0,675 0 2,30

GAT = GAO x GAF (a) ? 35,01

(a) Verifique que o GAT somente pode ser aplicável para níveis de produção acima do ponto de equilíbrio, quando o GAO for superior a zero, pois não há sentido para este índice um valor inferior à zero, quando estamos falando de alavancagem. CONCLUSÕES

O caso prático dado permite-nos chegar a algumas conclusões: 1. O GAO é negativo abaixo do PEO e positivo acima deste patamar; 2. No PEO, o LAJIR é zero e, consequentemente, o GAO é indefinido. 3. O GAO tem como característica apresentar maiores valores (positivos ou negativos) ao redor do PEO, diminuindo à medida que aumenta a variação entre as quantidades produtivas e aquelas relacionadas ao PEO. 4. Em um nível de produção de 300 unidades, as variações no LAJIR provocarão um acréscimo ou decréscimo de 0,675 vezes maior no LAIR (ou lucro líquido). Para uma produção de 350 unidades, a influência no LAIR será de 2,3 vezes (positiva ou negativa). 5. Ocorrendo variações nos níveis de produção da empresa, o impacto maior sobre o LAIR será decorrente da alavancagem operacional e não da alavancagem financeira. 6. Ao aceitar um pedido maior e consequentemente um aumento significativo no volume de produção, é sempre contraproducente analisar a capacidade produtiva da empresa, ou seja, produzir sempre mais com menos, sem a necessidade de investimentos em ativos fixos, pois isto levaria a geração de novos investimentos e consequentemente um aumento das despesas financeiras. Exercício

Nossa empresa apresenta a seguinte relação custo-volume-resultado: 1. Os custos e despesas variáveis alcançam R$25,00/unidade. 2. Os custos e despesas fixos no período são de R$8.000,00. 3. O preço de venda é de R$50/unidade 4. O nível de produção da empresa é de 400 unidades no período. 5. O ponto de equilíbrio operacional (PEO) foi calculado em 340 unidades. 6. As despesas financeiras somam R$400,00 no período 7. A despesa com depreciação é de R$500,00 no período

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Calcule os graus de alavancagem operacional, financeira e total para uma variação entre o volume de produção real (300 unidades) e aquele existente no ponto de equilíbrio, e entre a produção real (300 unidades) e 400 unidades.

Descrição < PEO PEO > PEO

Quantidade Total (unidades) 300 340 400

Preço Unitário 50,00 50,00 50,00

Receita Operacional 15.000,00 17.000,00 20.000,00

(-) Custos e Despesas Variáveis 15.000,00 8.500,00 10.000,00

(=) Margem de Contribuição 7.500,00 8.500,00 10.000,00

(-) Custos de Despesas Fixas 8.000,00 8.000,00 8.000,00

(-) Depreciação 500,00 500,00 500,00

(=) LAJIR (1.000,00) 0,00 1.500,00

(-) Despesas Financeiras 400,00 400,00 400,00

(=) LAIR (1.400,00) (400,00) 1.100,00

LAJIR

ÃOCONTRIBUIÇ DE MARGEMGAO (7,5)

Não existe divisão por

zero 6,67

INANCEIRAS F DESP. - LAJIR

LAJIRGAF 1,0 0 1,36

GAT = GAO x GAF a ? 9,07

(a) Verifique que o GAT somente pode ser aplicável para níveis de produção acima do ponto de equilíbrio, quando o GAO for superior a zero, pois não há sentido para este índice um valor inferior à zero, quando estamos falando de alavancagem.

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6. POLÍTICA DE DIVIDENDO De forma geral, o dividendo é uma destinação do lucro do exercício, dos lucros acumulados ou da reserva de lucros da empresa. Podemos dizer também que o dividendo é o que a empresa paga aos acionistas do lucro obtido em determinado período, proporcional à quantidade de ações que cada um possui. No caso brasileiro, a Lei das Sociedades Anônimas determina a distribuição de um dividendo mínimo obrigatório que deve ser estipulado no estatuto da empresa. Atualmente, o valor legal para distribuição é de 25% do lucro líquido, no mínimo. Exemplo:

Lucro Líquido R$ 1.000

(-) Dividendo (25% do lucro líquido) (R$ 250)

(=) Lucro retidos R$ 750

Se uma empresa tem seu capital composto por ações, cada ação fará jus a um dividendo por ação de R$ 7,50 (R$ 750/100). Se um acionista detiver 2 ações, terá direito a receber R$ 15,00 de dividendos (2 x R$ 7,50). O estatuto deve fixar um crédito par a distribuição dos dividendos. Por exemplo, um percentual do lucro, um percentual do capital social ou do patrimônio líquido etc. A decisão de distribuição não pode ser da administração ou da maioria da assembleia. Observação: A legislação sobre distribuição de dividendos pode ser encontrada na Lei 6.404/76 (das S/A). No caso das companhias abertas existem algumas determinações específicas da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Qual a diferença entre dividendo e bonificação? O termo dividendo geralmente se refere à distribuição de lucro em dinheiro. A bonificação é a distribuição gratuita de novas ações aos acionistas decorrente da incorporação de reservas ao capital social da empresa. Portanto, é uma troca de recursos entre contas do patrimônio líquido. Vamos imaginar o seguinte exemplo: o patrimônio líquido da Empresa ALFA S.A. apresenta a seguinte composição em 31/12/13.

Capital Social R$ 2.000.000

Reservas R$ 1.500.000

Lucro acumulados R$ 1.000.000

Patrimônio Líquido R$ 4.500.000

O capital social é composto de 100.000 ações no de R$ 20,00 cada uma. Na Assembleia Geral Ordinária foi decidida a incorporação da totalidade dos lucros acumulados ao capital social.

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Para incorporar os lucros acumulados, a empresa precisará emitir 50.000 novas ações (R$ 1000.000/R$ 20), que representam 50% do capital atual. Portanto, os acionistas vão receber, gratuitamente, uma bonificação de 50% ou 0,5 ação para cada uma que possuem. A nova composição do patrimônio líquido será:

Capital Social R$ 3.000.000

Reservas R$ 1.500.000

Patrimônio Líquido R$ 4.500.000

O novo capital social será composto de 150.000 ações no valor de R$ 20,00 cada uma. Este procedimento não implica em qualquer ganho para o acionista, uma vez que sua participação não sofre mudança em termos relativos, ou seja, a bonificação distribuída aos acionistas é efetuada na proporção de sua participação no capital social. A única mudança é na quantidade de ações possuídas. É importante notar que normalmente os acionistas recebem a mesma espécie de ações que possuem. Como a bonificação aumenta o número de ações existentes, ela reduz, evidentemente, o valor patrimonial por ação (VPA). Acompanhe a mudança no valor patrimonial ocorrida no nosso exemplo: VPA = Patrimônio Líquido / Número de ações Antes da bonificação: VPA = R$ 4.500.000 / 100.000 = R$ 45,00 Depois da bonificação: VPA = R$ 4.500.000 / 150.000 = R$ 30,00 O acionista tinha 10 ações com VPA de R$ 45,00. Depois da bonificação passará a ter 15 ações com VPA de R$ 30,00. Portanto, em ambos os casos a sua participações no patrimônio líquido da empresa é de R$ 450,00 (equivalente a 10%). Em suma, a bonificação não deixa o acionista nem mais rico nem mais pobre. A bonificação não altera a participação do acionista no patrimônio líquido da empresa. O que acontece com o preço de mercado da ação após a bonificação? Se não ocorrer nenhum evento que gere expectativas favoráveis para esta ação, então deverá teoricamente ocorrer uma queda no preço de mercado da ação em virtude da diluição dos dividendos. A queda esperada será proporcional ao número de ações emitidas. Vamos imaginar que o preço de mercado da ação no exemplo anterior seja de R$ 30,00 antes da bonificação. Após a bonificação de 50% o preço de equilíbrio deverá ser R$ 20,00 (R$ 30,00 / 1,50). Exemplo: Admita-se que uma companhia possua 100.000 ações e um capital de R$ 5.000.000, assim distribuídos:

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Ações Capital 20.000 ações preferenciais, classe A, com dividendo mínimo de 6% ao ano de seu capital................................................................R$ 1.000.000 30.000 ações preferenciais, classe B, com dividendo mínimo de 10% ao ano de seu capital.........................................................R$ 1.500.000 50.000 ações ordinárias.............................................................R$ 2.500.000 Capital..................................................................................R$ 5.000.000 Lucro líquido...........................................................................R$ 700.000 (-) Reserva legal constituída no ano...............................................(R$ 35.000) (-) Reservas para contingências constituídas.................................(R$ 200.000) (-) Reservas de lucros a realizar constituídas.................................(R$ 305.000) (+) Reversão de reservas de lucros a realizar..................................R$ 200.000 (=) Lucro ajustado para cálculo do dividendo mínimo obrigatório .R$ 360.000,00 Participação dos acionistas preferenciais classe A 6% x R$ 1.000.000 = R$ 60.000 (R$ 60.000/20.000 ações = R$ 3 por ação) Participação dos acionistas preferenciais classe B 10% x R$ 1.500.000 = R$ 150.000 (R$ 150.000/30.000 = R$ 5 por ação) Dividendo mínimo obrigatório 25% de R$ 360.000,00 (25% do lucro líquido ajustado) = R$ 90.000,00 Dividindo-se este valor proporcionalmente pelas 100.000 ações ter-se-ia: 20% para as preferenciais classe A R$ 18.000,00 30% para as preferenciais classe B R$ 27.000,00 50% para as ordinárias R$ 45.000,00 (R$ 45.000/50.000 = R$ 0,90 por ação) Ora, os dividendos calculados para os acionistas preferenciais A e B (R$ 60.000,00 e R$ 150.000,00) são maiores do que os valores calculados pelo dividendo mínimo obrigatório. Assim os dividendos mínimos devem ser distribuídos da seguinte maneira: Ações preferenciais classe A.......R $ 60.000,00 Ações preferenciais classe B.......R$ 150.000,00 Ações ordinárias.......................R$ 45.000,00 Dividendo total mínimo..............R$ 255.000,00 Diante do exposto vê-se que sobram R$ 105.000,00 (R$ 360.000,00 - R$ 255.000,00) do lucro liquido ajustado que podem ser distribuídos conforme dispuser o estatuto e decidam os acionistas em Assembleia Geral. Se do lucro ajustado fossem constituídas reservas (exceto a reserva legal) que inviabilizassem o pagamento do dividendo mínimo aos acionistas preferenciais, deveriam ser revertidos valores de outras reservas para viabilizar este pagamento. Apenas os acionistas ordinários poderiam ter seus dividendos mínimos diferidos por este motivo.

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Exercícios Admita-se que uma companhia possua 100.000 ações e um capital de R$ 6.000.000, assim distribuídos: Ações Capital 20.000 ações preferenciais, classe A, com dividendo mínimo de 6% ao ano de seu capital................................................................R$ 1.200.000 30.000 ações preferenciais, classe B, com dividendo mínimo de 10% ao ano de seu capital................................................................R$ 1.800.000 50.000 ações ordinárias............................................................R$ 3.000.000 Capital....................................................................................R$ 6.000.000 Lucro líquido............................................................................R$ 1.000.000 (-) Reserva legal constituída no ano..............................................(R$ 50.000) (-) Reservas para contingências constituídas.................................(R$ 250.000) (-) Reservas de lucros a realizar constituídas.................................(R$ 400.000) (+) Reversão de reservas de lucros a realizar..................................R$ 200.000 (=) Lucro ajustado para cálculo do dividendo mínimo obrigatório ......R$ 500.000 Encontre os valores e faça os lançamentos conforme o estudado. 2) Admita-se que uma companhia possua 100.000 ações e um capital de R$ 10.000.000, assim distribuídos: Ações Capital 20.000 ações preferenciais, classe A, com dividendo mínimo de 6% ao ano de seu capital...............................................................R$ 2.000.000 30.000 ações preferenciais, classe B, com dividendo mínimo de 10% ao ano de seu capital...............................................................R$ 3.000.000 50.000 ações ordinárias...........................................................R$ 5.000.000 Capital................................................................................R$ 10.000.000 Lucro líquido............................................................................R$ 1.300.000 (-) Reserva legal constituída no ano.............................................(R$ 100.000) (-) Reservas para contingências constituídas.................................(R$ 300.000) (-) Reservas de lucros a realizar constituídas.................................(R$ 500.000) (+) Reversão de reservas de lucros a realizar............................ .....R$ 200.000 (=) Lucro ajustado para cálculo do dividendo mínimo obrigatório .....R$ 600.000 Encontre os valores e faça os lançamentos conforme o estudado.

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BIBLIOGRAFIAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 2008. HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. São Paulo: Atlas, 2010. NIYAMA, Jorge Katsumi; Gomes, Amaro L. Oliveira. Contabilidade de Instituições Financeiras. São Paulo: Atlas, 2012. COMPLEMENTARES ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2007. ASSAF NETO, Alexandre. Curso de Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Da Silva, Gerson José Leite Bezerra. Matemática Financeira e Estatística: para o Exame de Suficiência do CFC. São Paulo: Edipro, 2012. GITMAN, J. Lawrence. Princípios da Administração Financeira. 9. ed. Porto Alegre: Bookmam, 2004. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.