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Apologista de ditadura, golpe e tortura Haddad e o PT parecem não ter aprendido nada Pág. 3 “Há derrotas em que me sinto vitorioso. Esta é uma delas” “Meu caminho é fazer oposição para o país voltar a crescer”, afirma Ciro Vitória de Bolsonaro cria grave ameaça à democracia no Brasil A votação que teve representou menos de 40% do eleitorado s juras de Bolsonaro (che- gou a invocar Deus como testemunha) de que sem- pre foi um amante da liberdade e da Constitui- ção, são tão verdadeiras quanto sua negativa do plano de colocar “bombas de baixa potência” em instalações mi- litares – o que lhe custou a aposentadoria precoce e forçada do Exército. Mas não é somente sua folha corrida – seu passado de incensamento à ditadura, e, inclusive, à tortura – que o condena. É, antes de tudo, o seu presente – como o discurso, sete dias antes do segundo turno, em que ameaça oposicionistas com a cadeia e o exílio. Página 3 Em pronunciamento a aliados, na noite de domingo (28), o governador Márcio França (PSB) afirmou que se sente vitorioso com a campa- nha que fez. Ele agradeceu o apoio e a dedicação de todos e disse que sai “de cabeça erguida”. Ele se dirigiu es- pecialmente a Paulo Skaf, do MDB, e ao senador eleito Major Olímpio, do PSL, este último por ter sido “muito claro durante todo o processo” das eleições. “Já participei de 17 eleições e saio com mais vontade de fazer política. Temos que respeitar os resul- tados. Todo o poder emana do voto”, disse França. “Eleição é assim, acaba uma e começa outra. Há derrotas em que me sinto vitorioso. E hoje me sinto vitorioso”, afirmou. “Não con- seguimos o resultado espera- do, mas penso que milhões de pessoas acreditaram em nossa ideia”, disse. Página 3 31 de Outubro e 1º de Novembro de 2018 ANO XXIX - Nº 3.680 Cai a confiança da Indústria (ICI) na economia em outubro, diz FGV “Se depender de mim, PT nunca mais. Meu caminho é o de fazer oposição, temos que desarmar essa bomba odienta que se instalou no país, essa polarização, que fez com que o Brasil parasse. Enquanto isso, temos milhões de pessoas endi- vidadas”, afirmou o candidato a presidente pelo PDT no primei- ro turno, Ciro Gomes. “Minha posição é a mesma”, disse Ciro. “Se eu quisesse aderir a alguma das duas forças, eu teria feito antes. O Brasil precisa deses- peradamente desarmar essa bomba da confrontação miúda que vem destruindo a economia brasileira. Página 3 Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL AFP O advogado Ibaneis Rocha (MDB) foi eleito governador do Distrito Federal com 69,8% dos votos válidos, um total de 1,04 milhão de votos. A disputa foi contra o atual go- vernador Rodrigo Rollemberg Ibaneis eleito com 69,8% no DF: “prioridade é atender os que sofrem nas filas dos hospitais” (PSB). Ibaneis foi a grande surpresa destas eleições no DF. Nas primeiras pesquisas eleitorais apresentava apenas 2% das intenções de voto. No primeiro turno recebeu 42% dos votos válidos. Página 4 O Ministério Público de Santa Catarina vai investigar a conduta da deputada bolso- narista Ana Caroline Cam- pagnolo que está instigando, Bolsonarista em SC quer que alunos persigam professores através de cartaz nas redes sociais, os alunos da rede pública estadual a gravarem e denunciarem “professores doutrinadores”. Pág. 4 O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu pelo terceiro mês seguido, de acordo com dados medidos pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Funda- ção Getúlio Vargas (FGV) publicados na segunda-feira (29). Segundo o levanta- mento, em outubro, a queda foi de 2 pontos, fixando-se em 94,1 pontos. Foi o mais baixo nível do ano e o menor desde setembro de 2017. A pesquisa aponta também que a queda atingiu quase 60% dos segmentos indus- triais. Página 2 “Sem liberdade de manifes- tação, a escolha é inexistente. O que é para ser opção, trans- forma-se em simulacro (...) em enquadramento eleitoral, pró- prio das ditaduras”, escreveu a ministra Cármen Lúcia, do STF, em sentença contra o abuso de alguns bolsonaristas, incrusta- dos na Justiça Eleitoral, contra as Universidades. Página 8 Cármen Lúcia impede orquestração bolsonarista para sufocar liberdade nas Universidades públicas e privadas Nelson JR - STF Estadão

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Page 1: Apologista de ditadura, golpe e tortura Vitória de …...Apologista de ditadura, golpe e tortura Haddad e o PT parecem não ter aprendido nada Pág. 3 “Há derrotas em que me sinto

Apologista de ditadura, golpe e tortura

Haddad e o PT parecem não ter aprendido nadaPág. 3

“Há derrotas em que me sinto vitorioso. Esta é uma delas”

“Meu caminho é fazer oposição parao país voltar a crescer”, afirma Ciro

Vitória de Bolsonaro cria grave ameaça à democracia no Brasil

A votação que teve representou menos de 40% do eleitorado

s juras de Bolsonaro (che-gou a invocar Deus como testemunha) de que sem-pre foi um amante da liberdade e da Constitui-ção, são tão verdadeiras

quanto sua negativa do plano de colocar “bombas de baixa potência” em instalações mi-litares – o que lhe custou a

aposentadoria precoce e forçada do Exército. Mas não é somente sua folha corrida – seu passado de incensamento à ditadura, e, inclusive, à tortura – que o condena. É, antes de tudo, o seu presente – como o discurso, sete dias antes do segundo turno, em que ameaça oposicionistas com a cadeia e o exílio. Página 3

Em pronunciamento a aliados, na noite de domingo (28), o governador Márcio França (PSB) afirmou que se sente vitorioso com a campa-nha que fez. Ele agradeceu o apoio e a dedicação de todos

e disse que sai “de cabeça erguida”. Ele se dirigiu es-pecialmente a Paulo Skaf, do MDB, e ao senador eleito Major Olímpio, do PSL, este último por ter sido “muito claro durante todo o processo”

das eleições. “Já participei de 17 eleições e saio com mais vontade de fazer política. Temos que respeitar os resul-tados. Todo o poder emana do voto”, disse França. “Eleição é assim, acaba uma e começa

outra. Há derrotas em que me sinto vitorioso. E hoje me sinto vitorioso”, afirmou. “Não con-seguimos o resultado espera-do, mas penso que milhões de pessoas acreditaram em nossa ideia”, disse. Página 3

31 de Outubro e 1º de Novembro de 2018ANO XXIX - Nº 3.680

Cai a confiança da Indústria (ICI)na economia em outubro, diz FGV

“Se depender de mim, PT nunca mais. Meu caminho é o de fazer oposição, temos que desarmar essa bomba odienta que se instalou no país, essa polarização, que fez com que o Brasil parasse. Enquanto isso, temos milhões de pessoas endi-vidadas”, afirmou o candidato a presidente pelo PDT no primei-ro turno, Ciro Gomes. “Minha posição é a mesma”, disse Ciro. “Se eu quisesse aderir a alguma das duas forças, eu teria feito antes. O Brasil precisa deses-peradamente desarmar essa bomba da confrontação miúda que vem destruindo a economia brasileira. Página 3

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

AFP

O advogado Ibaneis Rocha (MDB) foi eleito governador do Distrito Federal com 69,8% dos votos válidos, um total de 1,04 milhão de votos. A disputa foi contra o atual go-vernador Rodrigo Rollemberg

Ibaneis eleito com 69,8% no DF: “prioridade é atender os que sofrem nas filas dos hospitais”

(PSB). Ibaneis foi a grande surpresa destas eleições no DF. Nas primeiras pesquisas eleitorais apresentava apenas 2% das intenções de voto. No primeiro turno recebeu 42% dos votos válidos. Página 4

O Ministério Público de Santa Catarina vai investigar a conduta da deputada bolso-narista Ana Caroline Cam-pagnolo que está instigando,

Bolsonarista em SC quer que alunos persigam professores

através de cartaz nas redes sociais, os alunos da rede pública estadual a gravarem e denunciarem “professores doutrinadores”. Pág. 4

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu pelo terceiro mês seguido, de acordo com dados medidos pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Funda-ção Getúlio Vargas (FGV) publicados na segunda-feira (29). Segundo o levanta-mento, em outubro, a queda foi de 2 pontos, fixando-se em 94,1 pontos. Foi o mais baixo nível do ano e o menor desde setembro de 2017. A pesquisa aponta também que a queda atingiu quase 60% dos segmentos indus-triais. Página 2

“Sem liberdade de manifes-tação, a escolha é inexistente. O que é para ser opção, trans-forma-se em simulacro (...) em enquadramento eleitoral, pró-prio das ditaduras”, escreveu a ministra Cármen Lúcia, do STF, em sentença contra o abuso de alguns bolsonaristas, incrusta-dos na Justiça Eleitoral, contra as Universidades. Página 8

Cármen Lúcia impede orquestração bolsonarista para sufocar liberdade nas Universidades públicas e privadas

Nel

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2 POLÍTICA/ECONOMIA 31 DE OUTUBRO A 2 DE NOVEMBRO 2018HP

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‘Será 1º grande item do governo’, disse o candidato a ministro de Bolsonaro

Taxa de juros do cartão de crédito sobe em setembro e vai a 278,7% ao ano

Guedes segue plano de Temer e mira a Previdência pública

Logo após a divulgação do resultado das eleições, o guru econômico da campanha de Bolsona-

ro, Paulo Guedes, declarou - já com ar de autoridade de ministro da Fazenda - que o “primeiro grande item” do modelo econômico que vigorará a partir de primeiro de janeiro é a realização da reforma da Previdência.

“O primeiro grande item: a previdência. Precisamos de uma reforma da Previdên-cia”, afirmou Guedes em en-trevista no domingo à noite.

Para quem acha que o governo eleito representa qualquer coisa de novo, a reforma que Bolsonaro quer aprovar tem muito do pro-jeto de Michel Temer, como a proposta de elevar a idade mínima, amplamente rejeita-da a ponto de o projeto sequer chegar à votação.

Durante a campanha pre-sidencial, Guedes enviou um documento para a equipe defendendo o aumento da idade mínima para de 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres - proposta idêntica à de Temer.

O presidente eleito neste domingo também já havia defendido o aumento da idade mínima. Ele compartilha com Temer a ideia de que o funcio-nalismo público é o problema da Previdência.

“O grande problema é o serviço público. O resto você combate a fraude e o descaso. No serviço público o homem se aposenta com 60 anos de idade. Vamos botar 61. Você aprova. Se você quiser já bota 65, mesmo que seja mais pra frente, você não vai aprovar. Porque a esquerda vai fazer uma campanha enorme dizendo que você vai se aposentar no cemitério. Se você fizer com calma, tu chega lá. Não adianta colo-car remendo novo em calça velha. Dá para tratar desses assuntos vagarosamente”, afirmou Jair Bolsonaro em entrevista à TV Bandeirantes no início do mês.

O programa de governo de Bolsonaro/Guedes prome-te acabar com a Previdência Social e instalar no lugar um modelo de “capitalização”, parecido com o programa de Pinochet no Chile. Pelo modelo, as contribuições dos trabalhadores e trabalhado-ras são aplicadas no sistema financeiro para render juros, o que em tese acabaria com o problema de financiamento da Previdência, mas que na verdade representa dar aos bancos dinheiro alheio para especular. As conseqüências disso no Chile são conhecidas (v. Sem previdência pública, Chile tem suicídio recorde entre idosos com mais de 80 anos).

Onyx Lorenzoni, deputa-do federal do DEM cotado para ser ministro da Casa Civil, reiterou nesta segun-da-feira (29), em entrevista, que a reforma é uma das pri-meiras pautas do governo de Bolsonaro, defendendo que as mudanças devem ser ainda mais duras do que a proposta por Temer – “que não duraria cinco anos”.

“Quanto à questão da Reforma da Previdência eu defendo, mas aí é uma ques-tão de uma leitura que eu tenho que ainda está em pro-cessamento, eu defendo que se faça de uma única vez, lá

quando ele [Bolsonaro] já for o presidente e algo proposto para que dure 30 anos”.

Em outra entrevista na manhã desta segunda, Onyx afirmou que um novo projeto para a Previdência será envia-do para o Congresso em 2019.

PRIVATIZAÇÕES

Ainda segundo Guedes, “o segundo grande item do controle de gastos públicos: as despesas de juros. Vamos acelerar as privatizações por-que não é razoável o Brasil gastar 100 bilhões de dólares [cerca de 400 bilhões de reais] por ano de juros da dívida. O terceiro é uma reforma do estado, são os gastos com a máquina pública. Nós vamos ter que reduzir privilégios e desperdícios”, completou.

O segundo grande item do programa de Bolsonaro e Guedes fala em controlar gasto público - especialmente a despesa com juros - acele-rando as privatizações, ou seja, torrando o patrimônio inalienável do Brasil e dos brasileiros pagando juros. Isso implica em continuar o programa de privatizações de Temer e aprofundá-lo, uma vez que não é desconhecido que o projeto que Guedes defende é o de privatizar ab-solutamente tudo - inclusive a Petrobrás “se for preciso”.

Há algum tempo, Guedes já havia comentado sobre o programa de privatização do atual governo dizendo que elas devem continuar, prin-cipalmente que as do setor elétrico “sejam agudizadas”, “sejam mais fortes”.

PARASITA

As declarações acima ape-nas revelam - e reforçam - o que deve se esperar com relação à política econômica do governo Bolsonaro. Este já afirmou várias vezes que não entende de economia e que quando o assunto for esse, Paulo Guedes tem total liberdade para fazer o que quiser.

Além das barbaridades acima e de ser um grande defensor do estado mínimo, o “economista” chegou a defen-der durante a campanha uma alíquota única para o Imposto de Renda (IR) elevando o tri-buto para quem ganha menos para o mesmo patamar de quem ganha mais.

O currículo do guru de Bolsonaro é resumidamente a de um parasita do sistema fi-nanceiro. Sua atividade como ladrão dos cofres públicos é, inclusive, investigada atual-mente pelo Ministério Públi-co, apontado como o cabeça de um esquema de vazamento de informação privilegiada e de esquemas para dar golpes nos fundos de pensão das estatais ou no BNDES (v. Os negócios do corrupto guru econômico de Bolsonaro).

Guedes foi, inclusive, um dos fundadores do banco BTG Pactual, envolvido no esquema de corrupção na Petrobrás descoberto pela da Lava-Jato.

Não se trata, portanto, de um “economista de sucesso” conforme propagandeia a mídia bajuladora, mas sim de um rato do sistema finan-ceiro que bebeu da água dos anos de juros nas alturas de Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer para fazer sua fortuna sem nada produzir.

Proposta do guru é elevar a idade mínima para as aposentadorias

Grupo Cientistas Engajados repelem o obscurantismo

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu pelo terceiro mês segui-do, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) publicados na segunda-feira (29).

Segundo o levanta-mento, em outubro, a queda foi de 2 pontos, e acumula perda de 6,0 pontos, fixando-se em 94,1 pontos. Foi o mais baixo nível do ano e o menor desde setembro de 2017. A pesquisa aponta também que a queda

atingiu quase 60% dos segmentos industriais.

O Índice da Situa-ção Atual (ISA) caiu em outubro 2,3 pontos e passou para 92,9 pontos, em sua também terceira queda consecutiva. O Índice de Expectativas (IE) acompanhou a que-da dos outros índices, em 1,6 ponto, ficando com 95,5 pontos em ou-tubro, o menor nível desde agosto de 2017.

“O mov imento de queda do ISA afetou 9

dos 18 segmentos pes-quisados. Já nas ex-pectativas, a queda foi mais difusa: atingiu 11 segmentos; Em termos agregados, houve piora da confiança em 11 dos 19 segmentos indus-triais pesquisados”, as-sinala ainda a pesquisa.

Já o Nível de Utiliza-ção da Capacidade Ins-talada (NUCI) recuou 0,5 ponto percentual, para 76,4% em outubro. Um alto e persistente índice de ociosidade.

O grupo Cientistas Engajados, que reúne 285 pesquisadores, divulgou, na quinta-feira (26), um manifesto “Pela Ciência, contra o obscurantismo”.

O movimento, que foi formado para disputar o cenário político em defesa da Educação, Ciência e Tecnologia, lançou por São Paulo candidaturas ao legislativo que receberam mais de 22,5 mil votos.

O documento critica as propostas apre-sentadas por Jair Bolsonaro (PSL) como a inclusão do criacionismo no currículo escolar, o ensino a distância na educação fundamental e a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

Leia abaixo trechos do manifesto:

Pela Ciência, contra o obscurantis-mo

“Nós decidimos lançar candidatos para disputar as eleições parlamentares este ano para defender políticas públicas com fundamento científico. Propostas como a da inclusão do “criacionismo” no currículo escolar, da educação fundamental à distân-cia e da fusão dos ministérios da Agricul-tura e Meio Ambiente feitas publicamente pela equipe do candidato Jair Bolsonaro são indignas de um país como o Brasil.

O “criacionismo” e a Ciência es-tão em esferas diferentes da vida em sociedade. O papel do Estado, através da Base Nacional Curricular, é passar para as novas gerações não só o que de mais avançado a Ciência produziu, mas também o pensamento científico. Sem crianças aprendendo Ciências não tere-mos adultos produzindo tecnologia. Essa é uma conquista humana que decretou o fim da Idade Média e o início da Era da Iluminação. Não podemos voltar ao obscurantismo medieval. Defendemos veementemente que a crença religiosa é uma questão de escolha particular e de foro íntimo de cada cidadão não uma questão de Estado.

É de conhecimento geral que a Educa-ção Fundamental, além de ser responsável por repassar conteúdos básicos do conhe-cimento acumulado pela Humanidade nos últimos séculos, é também um espaço onde nossos pequenos aprendem a viver em grupo e a respeitar o próximo. Uma vivência indispensável para a construção de uma sociedade civilizada. Implementar o ensino a distância nessa fase da vida das crianças é utilizar o avanço tecnológico para o retrocesso civilizatório. É jogar uma bomba atômica dentro das nossas escolas.

Esse é o mesmo efeito que vai ter se acabarem com o Ministério do Meio Am-biente. O Brasil é um país megadiverso. Com riquezas e potencialidades imensas. Um dos nossos maiores potenciais está exatamente na nossa biodiversidade. Reduzir a importância da defesa do meio ambiente para o futuro do nosso povo é inaceitável. Por isso, nos posicionamos contra a fusão dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente assim como somos contra a junção dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ino-vação com o das Comunicações por acre-ditar que tende a desorganizar o Sistema Nacional de C&T.

Na sexta-feira, dia 19 de outubro, o Brasil recebeu a notícia de que Luzia, es-queleto humano mais antigo das Américas, foi recuperada nos escombros do Museu Nacional incendiado. Na mesma sema-na, dezenas de pesquisadores brasileiros foram homenageados com a Medalha do Mérito Científico durante as comemora-ções da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Homenagem prestada pelos avanços conquistados em suas áreas mas, acima de tudo, pelos serviços prestados ao desenvolvimento do Brasil. Queremos deixar claro que isso não seria possível sem a liberdade acadêmica e a autonomia uni-versitária conquistadas na década de 1980.

Pedimos para que os eleitores conside-rem os riscos envolvidos na decisão a ser tomada no próximo domingo e se decidam por não eleger Bolsonaro.

Cientistas Engajados

Cerca de 54% das micro e pequenas empresas não pretendem realizar inves-timentos nos próximos três meses e 79% não têm in-tenção de tomar crédito. os dados são de uma pesquisa realizada pela Confedera-ção Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Ser-viço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

De acordo com a enti-dade, as incertezas com a economia está entre os

principais entraves para o planejamento das em-presas.

Segundo a organiza-ção, na escala utilizada na pesquisa, o Indicador de Demanda por Investi-mento, ficou em 38,5 pon-tos no mês passado. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100, maior a propensão para o inves-timento. Quanto mais próximo de zero, menor a propensão.

Quem utilizou o cartão de crédito rotativo em setembro arcou, na média, com uma taxa de juros de 278,7% ao ano. Mais caras em 4,7 pontos per-centuais em relação às taxas praticada no mês de agosto.

O rotativo é o crédito to-mado pelo consumidor quan-do paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras par-celam a dívida.

As taxas do cartão chega-ram, na média, até 292,2% para os consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento do mínimo da fatura (rotativo não regular).

Os dados foram divul-gados sexta-feira (26), pelo Banco Central.

Enquanto a taxa de juros

do rotativo chegou a 278,7% ao ano, o parcelamento das dívidas do cartão de crédito pôde ser feito com juros de 152,4% ao ano em setembro.

É uma redução muito ge-nerosa que os bancos fazem. Algo parecido como lançar uma boia para o afogado, mas mantê-lo a deriva em alto mar, estrangulado por taxas de juros ainda estra-tosféricas. Se, ainda assim, sobreviver e quitar essa dívida, será vítima de uma terrível extorsão.

O cheque especial, que junto com o cartão de cré-dito é a linha de crédito mais extorsiva do mercado, depois de subir 1,8% em se-tembro, em relação a agosto, situou-se e, 301,4% ao ano.

As taxas do crédito pesso-al, em setembro, em média,

foi de 122,2% ao ano. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pa-gamento) atingiu a taxa de 24,4% ao ano no mês.

A taxa média de juros para as famílias aumentou 0,4 ponto percentual em se-tembro para 52,2% ao ano. A taxa média das empresas se manteve em 20,4% ao ano.

Os patamares das taxas de juros ao consumidor e às empresas são tão altos no país que os 24,4% do con-signado ou os 20,4%, ambos na média, em relação aos recursos de crédito cedidos, passa como algo razoável.

Num sistema financeiro com algum nível de equilí-brio, essas taxas tidas “mais baixas” poderiam ensejar uma condenação penal por usura.

Índice de confiança da indústria cai pela terceira vez seguida, aponta FGV

54% das pequenas empresas não vão investir, diz pesquisa

PRISCILA CASALE

Em outubro, Índice reucou 2 pontos e registrou o mais baixo do ano

A taxa subiu 4,7 pontos percentuais em setembro, diz Banco Central

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3POLÍTICA/ECONOMIA31 DE OUTUBRO A 1º DE NOVEMBRO DE 2018 HP

Vitória de Bolsonaro impõe unir o país em defesa da democracia

Falas de Bolsonaro de que será “defensor da Constituição, da democracia e da liberdade” não inspiram confiançaCiro: “meu caminho é

fazer oposição para o Brasil voltar a crescer”

Ele já planejou pôr “bombas de baixa potência” em instalações militares

Votos de Bolsonaro correspondema menos de 40% dos eleitores

ReproduçãoEx-ministro teve 13,3 milhões de votos

Bolsonaristas atacam Miriam Leitão

Márcio França: “saio de cabeça erguida”

Pedro Ladeira/Folhapress

Hadadd e algumas outras coisas sobre Lula e o PT

Ao votar em Fortaleza (CE) neste domingo (28), o candidato a presidente pelo PDT no primeiro turno, Ciro Gomes, afirmou que sua “posição é a mesma de antes”.

“Eu não estou neutro, não. Desde a primeira hora, tomei posição. Eu não quero é fazer campanha com o PT, nunca mais”, disse.

“Se depender de mim, PT nunca mais. Meu caminho é o de fazer oposição, temos que desarmar essa bomba odienta que se instalou no país, essa polarização, que fez com que o Brasil parasse. Enquanto isso, temos milhões de pessoas endividadas e com o nome do SPC.

“Minha posição é a mesma de antes”, disse Ciro. “Se eu quisesse aderir a alguma das duas forças, eu teria feito antes. O Brasil precisa desesperadamente desarmar essa bomba da confrontação miúda que vem destruindo a economia brasileira.

“Faz quatro anos que o Brasil não para para trabalhar, com a oposição rasteira e destrutiva. Mais de 13 milhões de desempregados, o empresariado colapsado com endividamento altíssimo, mais de 63 mil homicídios ao ano e o debate nacional marcado pelo radicalismo estreito e intolerante. Isso não é bom conselheiro para o futuro do país”.

Após voltar de viagem, na sexta-feira, Ciro foi recepcionado por uma multidão no aeroporto de Fortaleza. No sábado, ele divulgou um vídeo com sua posição sobre a eleição do domingo. Veja aqui.

Ciro falou após votar, no prédio da Secretaria da Saúde, na Praia de Iracema, em Fortaleza.

O candidato do PDT teve 13,3 milhões de votos no primeiro turno, ficando em terceiro lugar.

Na segunda-feira (29), Ciro divulgou outra nota, nas redes sociais, onde diz que “a um democrata verdadeiro o que se impõe após o segundo turno é simplesmente reconhecer a vitória eleitoral daqeule que teve a maioria relativa dos votos do pov brasileiro”.

No texto, o pedetista adverte: “Que não pense o senhor presidente eleito, nem de longe, em violar o respeito que deve ao conjunto da nação, independentemente de configurarem minorias ou grupos sociais críticos às suas posturas. Só assim merecerá o respeito à autoridade que adquiriu nas eleições”.

O ex-ministro assinala que será oposição. “Essa oposição que nasce, não se confunde com forças que só defendem a democracia ao sabor de seus interesses mesquinhos ou crescentemente inescrupulosos ou mesmo despudoradamente criminosos”, afirmou Ciro.

As d e c l a r a ç õ e s d e Bolsonaro, após conhecido o resultado do segundo turno das eleições, de que

seu governo será “defensor da Constituição, da democracia e da liberdade” ou que “liberdade é um princípio fundamental”, não são comoventes – ou seja, não são dignas de confiança e não inspiram a menor confiança.

Pelo contrário, elas significam que os democratas do Brasil necessitam se unir – e unir o povo brasileiro – em defesa, precisamente, da democracia.

Nenhum projeto de ditador, até agora, falou a verdade sobre suas intenções, exceto quando o poder era uma perspectiva longínqua.

Em 1º de abril de 1964, quando o presidente constitucional e eleito, João Goulart, foi destituído por um golpe de Estado, o pretexto era a defesa da Constituição de 1946.

Oito dias depois do golpe, a 9 de abril de 1964, a Constituição foi rasgada pelos seus supostos d e f e n s o r e s , c o m o A t o Institucional nº 1 (v. Figuras e figurinhas em 1964: antes e depois do golpe contra o Brasil).

Foi também entre juras de respeito à lei que Mussolini assumiu como primeiro-ministro da Itália e Hitler como “chanceler” do Reich alemão.

Ditaduras e ditadores mentem.A ditadura é inseparável da

mentira.MALTA

No encontro em que Bolsonaro comemorou sua vitór ia , o principal acontecimento foi a oração puxada por Magno Malta, que acaba de perder, rejeitado pelos eleitores, seu mandato como senador pelo Espírito Santo.

A religião, para Bolsonaro, sempre foi instrumental, como dizem alguns. Na verdade, um expediente eleitoreiro. A tal ponto que não se sabe direito qual a sua religião, apesar do batismo em Israel (v. Pastor que batizou Bolsonaro recebeu propina de R$ 6 milhões da Odebrecht).

A aparição de Malta, na comemoração de Bolsonaro, no domingo à noite, fazendo a oração, somente tornou mais nítido o cunho dessa sua suposta religiosidade.

Malta é aquele sujeito que, no Senado, em 2010, fez o mais bajulatório discurso de apoio a Lula, e à então candidata Dilma Rousseff, que aquela casa já ouviu (disse ele: “vai ser uma vergonha muito grande se Dilma perder para José Serra no Espírito Santo”; e, também, “se minha mãe, dona Dadá, estivesse viva, chamaria Lula de ‘meu filho’”; ou, sobre a corrupção nas obras do aeroporto de Vitória: “Lula liberou [a verba], mas os empresários gananciosos superfaturaram a obra e o Tribunal de Contas da União acabou suspendendo as obras. Portanto, a culpa não é do Presidente”).

Malta foi um dos envolvidos por receber propina da máfia dos sanguessugas; seu irmão, Mauricio Pereira Malta, indicado por ele, no governo Lula, para a assessoria parlamentar do Ministério dos Transportes, era uma das figuras que armaram o esquema das propinas de empreiteiras naquele órgão; e o próprio Magno Malta é um dos investigados pela Operação Lava Jato.

Esse foi o cidadão que fez a oração de graças pela vitória de Bolsonaro, que disse pretender combater a corrupção.

PRESENTE E PASSADOA única coisa notável em

Bolsonaro, há mais de 30 anos, é o incensamento da ditadura, do golpe de Estado, e, inclusive, da tortura – pelo menos desde que foi levado a um Conselho de Justificação do Exército Brasileiro, pelo plano, em 1987, de colocar “bombas de baixa potência” em instalações militares, para confrontar o então ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves (v. Terrorismo de baixa potência).

Fora essas descargas pela ditadura e pelo golpe de Estado – ou os elogios a um torturador, Carlos Brilhante Ustra, como se fosse algum herói (ou como se torturar e assassinar fossem atos de heroísmo) – Bolsonaro não existe como político.

E x c e t o i s s o , e l e é u m reacionário raso e comum, e nada mais.

Tanto assim que, fora essas odes (Deus!) à ditadura, ao golpe de Estado e à tortura, ninguém é capaz de se lembrar de algo notável que ele tenha feito nas últimas três décadas.

Mas não é somente por esse

passado, por essa reiteração na propaganda do crime (a Constituição, em seu artigo 5º, inciso XLIV, considera o golpe de Estado como crime inafiançável) – que, por si, já o condena – que as palavras de Bolsonaro não merecem confiança.

Há sete dias – não mais que sete dias, no dia 21 de outubro -, ao falar para apoiadores, Bolsonaro disse, sobre os que se opõem a ele: “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia”.

Ele não estava falando de perpetradores de delitos – tanto assim que os seus ataques se dirigiam, desde seu adversário no segundo turno, Fernando Haddad, a quem ameaçou de cadeia, até o jornal “Folha de S. Paulo”, passando pelo MST (v. Saudoso da ditadura, Bolsonaro ameaça opositores com exílio e prisão).

Além disso, o que é “lei de todos nós”?

Nós, quem?No Brasil existem leis – e elas

não permitem prender ou exilar oposicionistas somente porque são oposicionistas.

Porém, há mais.Os filhos de Bolsonaro, até

agora, foram incapazes de mostrar qualquer pensamento próprio. Do ponto de vista político – inclusive eleitoral – são apenas extensões do pai.

Por isso, a declaração de um deles de que, para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), “você não manda nem um jipe, cara, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo não. (…) Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor dos ministros do STF?” foi vista e sentida como uma declaração do pai.

E, realmente, não houve dúvidas, porque todos sabem que essa é a opinião de Bolsonaro. O filho, apenas, manifestou-a em público numa hora inconveniente para o pai – antes do primeiro turno das eleições (v. Para decano do STF, ataque bolsonarista ao Tribunal atinge lei e liberdade).

Evidentemente, fechar o STF é a mesma coisa que rasgar a Constituição.

Notemos que essa declaração do rebento bolsonariano foi no último dia 9 de julho – há pouco mais de três meses – e se referia ao resultado das eleições e à possibilidade do STF proferir uma sentença desfavorável ao seu pai.

Portanto, a solução para uma sentença da Justiça seria o fechamento de seu órgão máximo, aquele que tem por função a guarda da Constituição em última instância.

Entretanto, há mais.O vice de Bolsonaro, Hamilton

Mourão, a lém de também incensar o torturador Brilhante Ustra, falou na possibilidade de um “autogolpe” – certamente, não para garantir a Constituição, que Mourão odeia abertamente (“seria muito bom que pudéssemos trocá-la”, disse ele, acrescentando que uma outra Constituição para substituir a atual “não precisa ser feita por eleitos pelo povo”).

Mas, o que é o “autogolpe”?Na entrevista à GloboNews,

Mourão falou em golpe do presidente da República (“Ele [o presidente] pode decidir empregar as Forças Armadas. Aí você pode dizer: ‘mas isso é um autogolpe’”).

Essa declaração foi no último dia sete de setembro.

Mas, qual a diferença disso para a seguinte declaração?

ENTREVISTADOR: Se você fosse hoje o Presidente da República, você fecharia o Congresso Nacional?

JAIR BOLSONARO: Não há menor dúvida, daria golpe no mesmo dia! Não funciona! E tenho certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer festa, ia bater palma, porque não funciona. O Congresso hoje em dia não serve pra nada, xará, só vota o que o presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, que manda, que tripudia em cima do Congresso, dê logo o golpe, parte logo para a ditadura (Entrevista ao programa Câmara Aberta, 23 de maio de 1999).

Mourão, apenas, repetiu a declaração de Bolsonaro de alguns anos atrás.

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CARLOS LOPES

A jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo, é a nova v í t ima de ataques de bolsonaristas. Os agressores estão divulgando uma imagem da comentarista de TV, datada de seu fichamento durante a ditadura, com o seguintes dizeres: “Presa assaltando banco portando um revólver calibre 38… Essa é a Miriam Leitão”, afirma o texto, com fotos da jornalista da época. As ameaças começaram depois que ela afirmou que Jair Bolsonaro “é um risco à democracia”.

A “notícia” é falsa, porque Miriam Leitão

5 7 , 7 m i l h õ e s d e brasileiros votaram em Jair Bolsonaro para presidente da República. Porém, maior é o número dos que não votaram nele: 89,5 milhões.

Quando se diz que Bolsonaro teve 55,13% e Haddad 44,87% dos votos denominados, não muito precisamente, de “válidos”, se revela um aspecto da realidade, mas não toda a realidade.

No Brasil, para efeito da proclamação da vitória de “a” ou “b” no segundo turno das eleições para presidente, governador ou prefeito, a regra é considerar apenas os eleitores que votaram em um dos dois candidatos e não o comportamento d a t o t a l i d a d e d o s

eleitores. Os votos nulos, brancos e abstenções são desconsiderados.

Porém, para aquilatar a força política e moral que emana desse resultado, é necessário levar em conta o comportamento do conjunto do eleitorado.

Quanto mais elevado é o número de votos brancos, nulos e abstenções , mais eles representam desaprovação do eleitor aos dois candidatos. Nessas eleições esse número bateu em 42,4 milhões de votos.

Em pequenas doses, voto em branco, nulo e abstenção podem ser vistos como indiferença. No entanto, em doses e l e v a d a s , c o m o a s verificadas nesta eleição, é impossível negar o significado que eles têm de

rejeição e protesto contra o vitorioso e também contra o perdedor.

P o r t a n t o , p a r a entender corretamente o recado das urnas, não basta considerar o resultado segundo os “votos válidos”.

É necessário considerar que, dos 147.302.357 eleitores brasileiros, 57.797.416 (39,20%) votaram em Bolsonaro, 47.040.380 (31,97%) votaram em Haddad. E os votos brancos, nulos e abstenções totalizaram 42.465.572 (28,63%).

Oficialmente, ainda faltam algumas urnas a s e r e m a p u r a d a s , mas como são poucos votos a interferência n e s s e r e s u l t a d o é praticamente nula.

nunca foi acusada de participação na luta armada. A fraude sugere que ela teria participado de um assalto à agência do Banespa, em São Paulo, em outubro de 1968. Só que, nesta época, ela morava em Caratinga, Minas Gerais, e tinha 15 anos de idade. A imagem vinculada ao processo em que foi absolvida é por ter participado do PCdoB, mas sem ligação com ações armadas.

O alerta feito pela jornalista sobre os riscos que Bolsonaro representa para a democracia foi f e i t o n o p r o g r a m a Bom Dia Brasil, antes

do segundo turno da ele ição. “Bolsonaro, durante muito tempo criticou a democracia e fez a carreira em defesa da ditadura e da tortura”, disse Miriam. “Muita gente compara o s d o i s [ B o l s o n a r o e o PT], mas eles não são equivalentes. Jair Bolsonaro sempre teve um discurso autoritário. O PT tem grupos que apoiam a Venezuela, mas é um partido que nasceu, cresceu na democracia e sempre jogou o jogo democrático”, prosseguiu a jornalista.

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Em pronunciamento a aliados, na noite de domingo (28), o governador Márcio França (PSB) afirmou que se sente vitorioso com a campanha que fez. Ele agradeceu o apoio e a dedicação de todos e disse que sai “de cabeça erguida”.

E l e s e d i r i g i u especialmente a Paulo Skaf, do MDB, e ao senador eleito Major Olímpio, do PSL, este último por ter sido “muito claro durante todo o processo” das eleições.

“Já participei de 17 eleições e saio com mais vontade de fazer política. Temos que respeitar os resultados. Todo o poder emana do voto”, disse França.

“Eleição é assim, acaba uma e começa outra. Há derrotas em que me sinto vitorioso. E hoje me sinto vitorioso”, afirmou o candidato, que afirmou ter ligado

para o adversário, João Doria, e desejado boa sorte.

“Não conseguimos o resultado esperado, mas penso que milhões de pessoas acreditaram em nossa ideia. Entrei muito desconhecido n e s s e p r o c e s s o ” , d i s s e F r a n ç a , e m entrevista no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.

França, que obteve 10,2 milhões de votos em todo o estado, contra 10,9 milhões de Doria, prestou uma homenagem especial a Geraldo Alckmin (PSDB), de quem foi vice-governador, e ao ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente de seu partido, o PSB, que foi vítima de um acidente aéreo em agosto de 2014 qundo disputava a Presidência da República.

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Governador eleito de São Paulo, João Dória (PSDB) queixou-se que não recebeu ligações para cumprimentá-lo pela vitória “nem de Fernando Henrique nem de Geraldo Alckmin”. Dória registrou seu isolamento durante pronunciamento feito após a confirmação do resultado, no Club Homs, na Avenida Paulista.

Dória disse que a correlação de forças do PSDB mudou e que agora o partido tomará o lado de Bolsonaro.

“A partir de 1º de janeiro, no meu PSDB, acabou o muro. Este

será um novo PSDB, um partido que tem lado”, disse o tucano.

O presidente de honra do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, havia dito, antes do segundo turno das eleições, que o voto em Bolsonaro estava excluído. O ex-presidente do partido e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, chegou a chamar Bolsonaro de “direita que baba, morde e quer causar mal às pessoas” e disse que suas posições u l t r a p a s s a v a m “ q u a l q u e r l i m i t e aceitável”.

Dória se queixa que FHC e Alckmin não deram bola para ele: ‘nem me ligaram’

O PT parece nada ter aprendido – ou, talvez, aprendido muito pouco – com aquilo que aconteceu nas e l e i ções que se encerraram domingo.

A pretensão, manifestada por alguns dirigentes petistas, de que a oposição tenha como centro o seu partido – e, especificamente, Fernando Haddad – é uma excelente forma de favorecer Bolsonaro e o lúmpen que o rodeia.

No segundo turno, os votos em Haddad aumentaram em 15,7 milhões (passaram de 31,3 milhões, no primeiro turno, para 47 milhões, no segundo turno). Um aumento, portanto, de +50%.

Esse aumento fo i devido, sobretudo, aos que, apesar de não desejarem o PT nem Haddad na Presidência, consideraram que pior ainda era ter Jair Bolsonaro no lugar.

Foi , como d isse o senador Cid Gomes (PDT-CE), um “sacrifício” que esses eleitores aceitaram fazer, em prol do país.

Resta dizer que o p r i n c i p a l o b s t á c u l o para derrotar Bolsonaro f o i , e x a t a m e n t e , a candidatura petista.

O u a l g u é m t e m dúvida de que a situação seria diferente se outro candidato mais amplo, sem a carga de repúdio que o PT carrega – aliás, com justiça – tivesse passado para o segundo turno?

Nesse sent ido , as eleições atuais se parecem muito com as de 1989, quando Lula, com ajuda da reação, atropelou Brizola e Ulysses , que , sem dúvida, tinham melhores

condições de enfrentar Collor no segundo turno.

Quase 30 anos depois, o PT – o que quer dizer, em uma palavra, Lula – colocou seus interesses estreitos, pode-se dizer, mesquinhos, na frente dos interesses do país. O resultado é que acabou por jogar até mesmo contra os seus próprios interesses.

Por isso, as menções de Haddad, no discurso após o segundo turno, no domingo à noite, aos “interesses nacionais”, a um “programa de Nação”, que deveriam nortear a oposição a Bolsonaro, são tão vazias, tão incapazes de unir e mobilizar uma frente em defesa da democracia, quanto suas alusões à “coragem para defender a justiça a qualquer preço”.

Coragem para defender a justiça é, precisamente, o que Lula e o PT não tiveram – e não têm.

Tanto isso é verdade que, logo após essa frase, Haddad queixou-se do impeachment de Dilma – omitindo inteiramente o escandaloso estelionato eleitoral de sua correligionária, que a fez ser apeada do governo um ano e meio após obter 54,5 milhões de votos, no segundo turno das eleições de 2014.

A cont inuação do discurso de Haddad foi pior ainda, ao falar da “prisão injusta do presidente Lula”, de desrespeito à ONU, etc.

Lula está preso porque roubou, porque recebeu propina de uma empreiteira. Foi julgado duas vezes: pela 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

A questão da ONU,

Haddad sabe muito bem, é mera chicana (v. PT manipula órgão de 5ª categoria da ONU para ir contra a lei e a Justiça).

Quatro juízes – um na primeira instância e três na segunda instância – analisaram o caso do triplex que Lula recebeu da OAS e a conclusão foi unânime: o réu foi condenado a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ilícito.

Ainda restam cinco p r o c e s s o s q u e L u l a responde – pelas mesmas razões.

Além disso, a Operação Lava Jato demonstrou – e expôs – um vasto esquema de assalto à Petrobrás e aos fundos de pensão das estatais, centralizado pelo PT – cujo tesoureiro, João Vaccari, está preso e já condenado em quatro processos diferentes, a 41 anos de cadeia (se não nos falha a contabilidade penitenciária), para não falar outra vez de Lula, de suas relações com a Odebrecht e a JBS, e dos depoimentos de seu operador, Antonio Palocci.

Tudo isso está mais do que provado.

Mas o PT insiste no conto do vigário (alguns chamam de “narrativa”) de que Lula e demais petistas são vítimas de uma terrível perseguição, armada pela PF, pelos procuradores, pelo juiz Moro – e sabe-se lá mais quem, talvez o Dr. Silvana, arqui-inimigo do capitão Marvel…

H a d d a d r e p e t i u essa “narrativa” em seu discurso. Leia mais em www.horadopovo.org.br

C. L.

Page 4: Apologista de ditadura, golpe e tortura Vitória de …...Apologista de ditadura, golpe e tortura Haddad e o PT parecem não ter aprendido nada Pág. 3 “Há derrotas em que me sinto

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 31 DE OUTUBRO E 1 NOVEMBRO DE 2018

O advogado Ibaneis Rocha (MDB) foi eleito governador do Distrito Federal com

69,8% dos votos válidos, um total de 1,04 milhão de votos. A disputa foi contra o atual governador Rodrigo Rollem-berg (PSB).

Ibaneis foi a grande surpre-sa destas eleições no DF. Nas primeiras pesquisas eleitorais apresentava apenas 2% das in-tenções de voto. O emedebista recebeu 42% dos votos válidos no primeiro turno. Rollem-berg passou para o segundo turno com 13,94%.

Em declaração dada à im-prensa após a confirmação de sua eleição, Ibaneis afirmou que “a prioridade é a saúde, a saúde não espera. Nossa primeira meta será atender as pessoas que estão sofrendo nas filas dos hospitais. (…) O povo do DF tá muito sofrido, eu andei nas ruas e vi a dificul-dade que está em todos postos de saúde, os centros de saúde, nas UPAs, os hospitais com muito problema”.

“Depois nós temos como cuidar da educação, do trans-porte, da geração de emprego, mas a prioridade é a saúde”, confirmou o governador eleito.

Na segunda-feira (29), em entrevista ao Bom Dia DF, Ibaneis reafirmou que a saúde, segurança e educação serão as três áreas prioritárias da sua gestão.

O governador eleito dis-se que ainda não definiu o responsável por assumir a secretaria de Saúde, mas que deve ser alguém com ampla capacidade de “interlocução com todas as carreiras e de unir os profissionais”. “Li uma ação do Ministério Pú-blico do Trabalho dizendo que

a contratação do Instituto Hospital de Base foi feita sem transparência. Acho que nada feito assim pode ser uma coisa boa”, disse.

“Sem licitação, eu não que-ro”, ressaltou Ibaneis.

Ele falou ainda sobre des-centralizar a administração, para que “cada hospital tenha sua gestão de qualidade, por-que o problema do Hospital do Gama é diferente do problema no Hospital de Ceilândia.”

Ibaneis disse também, du-rante a entrevista, que não tem projetos de privatização “para os próximos anos”. De acordo com ele, primeiro, é preciso fortalecer as empresas locais. O objetivo é incentivar o micro e o pequeno empresá-rio e a indústria da construção civil, “liberando todos os alva-rás”, disse Ibaneis.

Ibaneis também garantiu o pagamento da terceira parcela do reajuste salarial, prometi-do por Rodrigo Rollemberg (PSB). O reajuste para 32 categorias do funcionalismo público foi suspenso em 2015. “Rollemberg teve a coragem de colocar no orçamento do ano que vem o dinheiro. Va-mos estabelecer um cronogra-ma para pagar os atrasados também.” “Vou trabalhar pela equiparação salarial a partir de hoje”.

Sobre os repasses do gover-no federal, Ibaneis afirmou que “o DF tem que ser prio-ridade”. “Em todos os países do mundo, a capital é tratada de forma diferenciada. Nossos problemas extrapolaram o fundo [constitucional], então temos que melhorar o fundo e dar condições para que o DF se desenvolva sem essa dependência. Melhorar renda sem aumentar tributos”.

A frase inicia o discurso do presidente eleito Jair Messias Bolsonaro. Se há uma atividade que o ILUMINA tem buscado desde 1996, quando o instituto foi fun-dado, é tentar fazer com que a população brasileira conheça a verdade sobre o setor elétrico brasileiro. Até agora, ao contrário da profecia, a sociedade brasileira conti-nua aprisionada em falsas crenças.

Eis aqui uma lista parcial dessas oclusas verdades:

1. Desde a reforma que implantou o modelo de mercado e privatizações no setor elétrico em 1995, a tarifa só se elevou muito acima da inflação.

2. O setor elétrico já é de controle majoritariamente privado há mais de 5 anos em todas as etapas: geração, transmissão e distribuição.

3. O mercado livre de eletricidade capturou para si as sobras de energia, as afluências favoráveis e o subsídio das usinas da Eletrobrás sendo obrigada a gerar sem contrato.

4. O Brasil, sob um crescimento econômico modesto (2,5% a.a) necessita de 2.000 MW médios novos a cada ano. São duas usinas como Itumbiara por ano.

5. O mercado livre, que hoje represen-ta 30% do total, não fez contratos de longo prazo que suportam a construção de usinas. Pega “carona” nas obrigações que recaem sobre os outros consumidores.

6. Grandes ganhos foram proporcio-nados entre os agentes do mercado livre que, ao contrário do que pode parecer, se supre do mesmo sistema que os outros consumidores. Comercializadores chegaram a ter rentabili-dade de 80% em 2017.

7. Para compensar o pouco interesse privado em investir independente do estado, a Eletrobrás foi obrigada a oferecer parcerias onde ela é minoritária e assume custos.

8. O critério de garantia do sistema está deixando superdimensionada a capaci-dade de suprimento.

9. A carga do sistema ultrapassou a garantia no período 2008 – 2013 e, se não fossem os investimentos da Eletrobrás e uma ajuda de São Pedro, nós poderíamos ter um racionamento.

10. Entre os setores que mais pagaram dividendos a seus acionistas, o setor elétrico brasileiro desponta em segundo lugar, sendo, portanto, um excelente negócio.

11. A intervenção tarifária aplicada pela medida provisória MP 579 do governo Dilma concentrou na Eletrobrás o esforço para tentar reduzir a tarifa. O setor privado ficou fora do alvo dessa política.

12. Diversos motivos de aumento ta-rifário ficaram ausentes, inclusive encargos criados pela modelagem.

13. A dose aplicada sobre a estatal foi exagerada e inútil, pois destruiu o seu já frágil equilíbrio financeiro e não reduziu a tarifa.

14. Os reservatórios não conseguem ser enchidos há pelo menos 4 anos, mesmo com uma carga que se elevou apenas ligeira-mente desde 2014.

15. O consumidor tem sido castigado pelas bandeiras tarifárias que, ao contrário de que parecem com seu valor baixo, signi-ficam até 20% de aumento sobre a parcela de energia.

16. A frágil situação fiscal do governo irá recair sobre o setor elétrico, pois os ativos a serem vendidos são da Eletrobrás.

17. A empresa está sendo desmontada por dentro através de dispensa de pessoal sem critério e mesmo com os menores índices de empregado por MW instalado entre empresas semelhantes no mundo.

18. Na década de 90, o país passou pela mesma situação. Vendeu 26 empresas do setor, siderurgia, telefonia, petroquímica, bancos e mineração. A dívida pública dobrou de tamanho e carga fiscal aumentou.

19. Mesmo depois de tantas “verdades” desconhecidas, “esqueletos” de quase R$ 100 bilhões “dormem no armário” que será aberto em 2019.

Como se vê, a lista da verdade é longa e simplesmente desconhecida. Pedimos ao que discordam apontar a ausência da verdade em qualquer ponto da lista.

Pelas declarações dos futuros ministros do presidente eleito, há fortes indícios de que eles também “não serão libertos”.

Ilumina: A verdade sobre o setor elétrico brasileiro

Jornalista que apresentou propaganda do PT é alvo

de racismo na internet

Deputada do PSL quer que alunos denunciem professores

Ibaneis reafirma compromisso com a saúde pública no Distrito Federal

PM aconselha bolsonaristas a não realizar provocação na USP

Ex-presidente da OAB-DF foi eleito governador distrital com 69,8% dos votos válidos. “Vamos atender as pessoas que estão sofrendo nas filas dos hospitais”

No dia seguinte à eleição de Bolsonaro para presidente, um grupo de seus apoiadores resolveu realizar um ato dentro do campus Butantã da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o evento “Mar-cha do Chola Mais”, o plano dos bolsonaristas era de realizar uma passeata com apoiadores por toda a universidade, saindo do prédio da Faculdade Politécnica em direção ao prédio da História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFLCH). A ‘Marcha’, no entanto, contou com baixa adesão e reuniu 20 pessoas, nenhum deles era estu-dante da universidade.

No mesmo horário do ato bol-sonarista, ocorria uma assembleia convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) no prédio da FFLCH, onde participavam mais de 1.000 alunos da USP. Ao término da assembleia, os estudantes, em

A apresentadora do programa eleitoral do PT no segundo turno, a jornalista Rita Batista foi as redes sociais, logo após a vitó-ria de Jair Bolsonaro (PSL), para divulgar os diversos ataques que recebeu ao longo da corrida eleitoral.

“Esperei pacientemente todo o processo para exibir alguns ‘comentários’ feitos por eleitores do presidente eleito. Em todas as minhas redes fui bombardeada com todo tipo de coisa. Inclusive uma articulação feita por um deputado eleito aliado do novo presidente. É uma miscelânea de barbaridades”, postou.

Na seleção de fotos expostas, são diversas ofensas como: “Essa raça vai ser expulsa do Brasil hoje. Bando de vagabundos. Malditos”, “Nojenta”, “Esse tipo de bosta só podia ser esquerdista. Fedorenta feia” e “Ela é tão co-mestível que tem que apelar para isso”.

No seu texto, a baiana diz ainda que entra-rá na Justiça. “O dossiê está pronto e as auto-ridades a postos. Engana-se muito quem acha que a internet é uma ‘terra sem lei’. Discordar, debater, ter opinião contrária é da democracia, ofender, destratar, depreciar é para mim, falta de argumento e, para a lei, crime”.

Enquanto Bolsonaro lê discursos e faz promessas de que vai respeitar leis, promo-ver a “pacificação”, etc, uma deputada bolsonarista de seu partido de Santa Catarina, de nome Ana Caroline Cam-pagnolo, inebriada com o resultado das eleições deste domingo, instiga, através de um cartaz nas redes sociais, os alunos da rede pública estadu-al a denunciarem “professores doutrinadores” que, segundo ela, nesta segunda-feira, farão suas “queixas político partidá-rias” em sala de aula.

“Envie o vídeo com o nome do professor, o nome da escola e a cidade”, diz a deputada,

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”

Rep

rod

ução

conjunto com professores e servi-dores da USP, que se somaram ao ato, saíram em caminhada pelas ruas da universidade. O ato em “defesa da democracia e contra o fascismo” durou cerca de duas ho-ras foi encerrado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).

Após tomar conhecimento dos protestos, a Polícia Militar enviou 40 homens para acompanhá-los. Segundo os policiais, ao se depa-rar com o grupo pró-Bolsonaro, a recomendação dada foi a de não realizar a caminhada.

Deputado estadual, eleito pelo PSL, Douglas Garcia falou durante o encontro e reclamou que univer-sitários de direita são intimidados na USP. Ele disse ainda que apoiará o projeto Escola sem Partido na As-sembleia Legislativa de São Paulo. Outros manifestantes chegaram a pedir a privatização da USP ou que mensalidades fossem cobradas.

“Venda da Embraer não é inevitável”, aponta Dieese

O Departamento Inter-sindical de Estatística e Es-tudos Socioeconômicos (Die-ese) criticou a possibilidade de aquisição da Embraer pela multinacional norte--americana Boeing em nota técnica intitulada “Embraer e Boeing: uma combinação de negócios ou venda para a gigante norte-americana?”.

Segundo o Dieese o princi-pal fator de motivação da Em-braer para estabelecer essa “parceria” com a Boeing está expresso em comunicado in-terno da Embraer destinado aos seus empregados. “‘O ce-nário externo está mudando rapidamente. A concorrência ficou mais acirrada e novos competidores estão entrando na briga’. O texto refere-se, claramente, ao acordo entre a Airbus (Consórcio Alemanha, França e Inglaterra) e a Bom-bardier (Canadá), envolvendo uma linha de produtos que é concorrente direto dos jatos comerciais da Embraer”.

“Um olhar mais atento ao acordo Bombardier-Airbus revela a grande disparidade entre essa negociação e os termos até agora anunciados para a aquisição do segmento comercial da Embraer pela Boeing. No primeiro caso, o acordo envolveu apenas uma linha de produtos (100 a 120 assentos) - que passava por dificuldades para o financia-mento do projeto e acesso ao principal mercado mundial, os EUA –, preservando a produção de outros modelos para aviação regional, como o CRJ Series (aeronaves de 78 a 104 assentos) e o turboélice Q Series (60 a 90 assentos). No segundo, está posta a venda de todo o segmento de avia-ção comercial da Embraer”, salienta o Dieese.

De acordo com a institui-ção, o jato A200 da Airbus (antes C Series, da Bombar-dier), que entrou em operação em 2016, tem atualmente apenas 39 aeronaves em voo e 402 unidades encomendadas. A aeronave concorrente da Embraer acaba de ser lança-da (2018) e “já registra três aeronaves entregues e em operação, além de encomenda de 360 unidades. No momen-to do lançamento, portanto, a Embraer já atingiu um nível de encomendas muito próximo ao que a concorrente levou dois anos para obter”.

Segundo o Dieese “o acor-do Airbus-Bombardier, que garantiu à Airbus 50,01% do projeto C-Series, assegu-rou a manutenção do nível de emprego de cerca de 2,2 mil trabalhadores, em Mi-rabel (Canadá), e a criação de novos empregos no Ala-bama (EUA), a fim de que as aeronaves não fossem

sobretaxadas em operações de importação. Já o processo de aquisição da Embraer, além de assegurar à Boeing 80% de toda a aviação comercial da Em-braer, não estabelece garantia alguma de preservação do nível de emprego no Brasil”.

Outro aspecto a ser comenta-do é a manutenção do segmento comercial da Bombardier, o que “lhe garante dirigir seu futuro nesse mercado e ter autonomia sobre suas instalações”. No caso Embraer/Boeing a maior parte das instalações passaria para o controle direto da Boeing, “o que evidencia não se tratar de uma joint venture, mas sim da aquisição do segmento comer-cial da Embraer, com vantagens explícitas para a Boeing e uma nuvem de incertezas sobre as consequências para a Embra-er”, afirma o Dieese.

O documento que explicita os termos no negócio Boeing/Embraer, afirma que a golden share permanece na brasi-leira - golden share é uma ação diferenciada que dá à União a prerrogativa de veto a transações de transferência do controle acionário da Com-panhia. Porém toda aviação comercial deixa a Embraer e passa a ser vinculada a uma nova empresa (‘joint venture’) com sede no Brasil, mas que responderá diretamente à pre-sidência mundial da Boeing. Isso significa que “o governo (brasileiro) não terá influência alguma sobre a nova empresa”, apontou o Dieese.

A instituição aponta ainda que o controle da Boeing do se-tor comercial e da Embraer do setores de aviação executiva e de defesa, “colocam em questão a possibilidade de sobrevivência do que restará da Embraer. A participação do segmento de defesa no faturamento da Embraer, em 2017, foi de 16%, enquanto o segmento comercial representou 58% e a avião exe-cutiva, 26%”.

Com a forma da aquisição proposta não fica definido se a Embraer terá um novo projeto próprio desde a “prancheta”

até o vôo. “Caso isso não esteja garantido, trata-se, evi-dentemente, da extinção da aviação comercial no Brasil”, aponta o Dieese.

Outro ponto destacado é que a segmentação na verda-de inviabiliza a Embraer na aviação executiva e de defesa, pois à medida compromete a busca da inovação. “Serão sufi-cientes os 20% de participação da Embraer na joint venture para sustentar a aviação exe-cutiva, cujos projetos são tão caros quando os da aviação comercial e o custo das aero-naves é muito menor? Esse percentual será suficiente para manter o segmento de defesa relacionado diretamente à so-berania nacional?”, questiona a instituição.

“Os 49 anos de inves-timentos da empresa em inovação não serão adquiri-dos gratuitamente por outra companhia, que, inclusive, é extremamente zelosa com suas próprias tecnologias, como pôde constatar o go-verno brasileiro quando de-cidiu pela compra de caças da empresa sueca SAAB, em detrimento dos caças FX da Boeing, pois esta se recusou a transferir tecnologia”, re-lembra o Dieese.

“A venda da Embraer não é inevitável. O governo brasi-leiro, como detentor da golden share, tem poder de veto”, além disso o Dieese analisa que o governo se “esquiva em aparecer como parte da negociação, ainda que lhe caiba a palavra final sobre a transação” e que “os traba-lhadores, sindicatos e demais interessados nessa questão não têm podido contar com as autoridades públicas do executivo, legislativo ou judici-ário – a despeito das inúmeras solicitações dos sindicatos e dos esforços do Ministério Pú-blico do Trabalho - para prover informações e estabelecer entendimentos em defesa dos empregos, da soberania e dos investimentos já realizados na produção de tecnologia”.

Cargueiro KC 390, recém criado pela Embraer

Ato em “defesa da democracia”, realizado por estudantes

Encontro de bolsonaristas reuniu 20 pessoas na Poli

Governador garantiu que manterá reajuste para os servidores do DF

dando o telefone para contato e garantindo o anonimato dos denunciantes. “Filme ou grave todas as manifestações político partidárias ou ideoló-gicas”, diz o cartaz, divulgado nas redes sociais da depu-tada. Questionada por uma professora na Internet, ela disse “nós não vamos divulgar, vamos investigar e verificar as medidas cabíveis em cada caso. Não queremos gravar uma novela, moça, rs”.

O modus operandi da de-putada lembra muito a forma como agia a extrema direita alemã no início do inebriado “governo” Hitler. Eles insufla-vam os seguidores do regime

a se transformarem em dedo duros e caluniadores. Morado-res passaram a ser apontados pelos vizinhos como sendo “de oposição”, “comunistas”, “judeus”, etc.

Os “de baixo” fazendo o serviço sujo para o governo que se fingia de “bonzinho”. Foi o que começamos a as-sistir por aqui antes mesmo das eleições terminarem. Ju-ízes pró-Bolsonaro usando a polícia para invadir uni-versidades e impedir aulas e manifestações em defesa da democracia. Agora a deputada de Santa Catarina completa o serviço criando o seu “diske--dedurismo”.

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5GERAL31 DE OUTUBRO A 1 NOVEMBRO DE 2018 HP

“A polícia, como regra, só deve entrar em uma universidade se for para estudar”, afirmou o ministro do STF Luís Rober to Barroso

Continuação da página 8

Ministra Cármen Lúcia, do STF, impede orquestração bolsonarista para sufocar

liberdade nas Universidades

PMs tentam intimidar assembleia que denunciava cortes e superlotação

Privatizações de serviços básicos eliminam proteções sociais, diz relator da ONU

TCU: 30% de 40 mil obras no Brasil estão paralisadas

Estudantes protestam contra ações da justiça eleitoral nas universidades

Caetano de Campos: alunos e professores denunciam tentativa de intimidar assembleia

CARLOS LOPES

O que é proibido, portanto, nas univer-sidades públicas e privadas, é a campanha de um determinado candidato, com pedido de voto para ele.

Não a discussão política ou a manifes-tação do pensamento.

Como disse a procuradora, depois de analisar essa questão:

“Os atos, contudo – aí também abrangi-das as decisões judiciais que os autoriza-ram -, abstraíram desenganadamente os limites de fiscalização de lisura do processo eleitoral e afrontaram os preceitos fundamentais já menciona-dos, por abstraí-los. Donde, a necessidade desta propositura para desautorizar os atos já praticados e prevenir a expedição ou execução de outros semelhantes” (grifo nosso).

LIBERDADE

“Em qualquer espaço no qual se impo-nham algemas à liberdade de manifesta-ção, há nulidade a ser desfeita” escreveu a ministra Cármen Lúcia, em sua sentença.

“A liberdade é o pressuposto necessá-rio para o exercício de todos os direitos fundamentais.

“Os atos questionados na presente arguição de descumprimento de preceito fundamental desatendem os princípios constitucionais assecuratórios da liberdade de manifestação do pen-samento e desobedecem as garantias inerentes à autonomia universitá-ria”.

Cármen Lúcia examina, em seguida, o artigo 37 da Lei Eleitoral:

“Dispõe o art. 37 da Lei n. 9.504/1997 ser vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados nos espaços indicados na norma.

“A finalidade da norma que regula-menta a propaganda eleitoral e impõe proibição de alguns comportamentos em períodos especificados é impedir o abuso do poder econômico e político e preservar a igualdade entre os candidatos no processo.

“A norma visa o resguardo da liberdade do cidadão, o amplo acesso das informa-ções a fim de que ele decida segundo a sua conclusão livremente obtida, sem cerceamento direto ou indireto a seu direito de escolha.

“A vedação legalmente imposta tem finalidade específica. Logo, o que não se contiver nos limites da finalidade de lisura do processo eleitoral e, diver-samente, atingir a livre manifestação do cidadão não se afina com a teleolo-gia da norma eleitoral, menos ainda com os princípios constitucionais garantidores da liberdade de pensa-mento, de manifestação, de informação, de aprender e ensinar.

“No caso em apreço, (…) as práticas coartadas pelos atos questionados não restringem direitos dos candidatos, mas o livre pensar dos cidadãos.

“Os dispositivos da Lei n. 9.504/1997 somente têm interpretação válida em sua adequação e compatibilidade com os princípios nos quais se garan-tem todas as formas de manifestação da liberdade de pensamento, de di-vulgação de ideias e de reunião dos cidadãos.

“Ao impor comportamentos restritivos ou impeditivos do exercício daqueles di-reitos as autoridades judiciais e policiais proferiram decisões com eles incom-patíveis.

“Por estes atos, liberdades individu-ais, civis e políticas foram profanadas em agressão inaceitável ao princípio democrático e ao modelo de Estado de Direito erigido e vigente no Brasil.

“A atuação dos cidadãos, no exercício de sua liberdade de manifestação de pensa-mento, não foi sequer objeto de cuida-do na norma eleitoral indicada como fundamento das decisões descritas na peça inicial da presente arguição.

“Insista-se: volta-se a norma [eleitoral] contra práticas abusivas e compromete-doras da livre manifestação das ideias, o que não é o mesmo nem próximo sequer do exercício das liberdades individuais e públicas.

“O uso de formas lícitas de divulgação de ideias, a exposição de opiniões, ideias, ideologias ou o desempenho de atividades de docência é exercício da liberdade, garantia da integridade individual digna e livre, não excesso individual ou voluntarismo sem respaldo funda-mentado em lei.

“(…) não é o caminho do direito demo-crático, mas da ausência de direito e déficit democrático.

“Exercício de autoridade não pode se converter em ato de autoritarismo, que é a providência sem causa jurídica adequada e fundamentada nos princípios constitu-cionais e legais vigentes” (grifos nossos).

Fizemos essas longas citações para tornar acessível ao leitor uma das mais importantes sentenças judiciais de nossa História recente. Aliás, recentíssima.

Nesta segunda-fei-ra (29), navegando no clima de repressão e retrocesso proporcio-nado pela eleição de Bolsonaro à presidência e Dória para o governo do estado de São Paulo, uma dezena de policiais militares (PMs) foram até a Escola Estadual Caetano de Campos da Aclimação, na capital paulista. Com viaturas na porta e armas, ten-taram intimidar os estu-dantes que realizavam uma assembleia contra o corte de recursos, o su-cateamento do ensino e a superlotação de salas.

A professora de fi-losofia Monica Severo, que integra o conselho de escola, questionou a presença irregular dos PMs – que a inter-pelaram e a mim que fui fazer a reportagem. Dizendo que estavam “apenas cumprindo or-dens”, afirmavam “es-tar ali para investigar um crime”.

“Como sabemos, o único crime dos estu-dantes, e também dos professores e demais trabalhadores da edu-cação, é lutar por uma escola melhor. Por isso defendemos o ensino público, gratuito e de qualidade, assim como condenamos toda e qual-quer repressão ou crimi-nalização de um protes-to totalmente pacífico”,

denunciou Monica. “A presença de policiais na escola é algo inaceitável. Não irão nos calar, não permitiremos que esse tipo de coerção e assédio aconteçam”, frisou.

Sobre a presença dos policiais dentro do re-cinto escolar, a con-selheira advertiu que “esta ilegalidade já é uma questão superada pelo poder judiciário, que em 2015 – na época das ocupações – julgou e decidiu pela legitimi-dade da manifestação autônoma dos jovens na escola”. E mais, acres-centou Monica, “proi-biu o governo do Estado de usar a força policial para invadir, criminali-zar, coagir ou intimidar os estudantes no exer-cício do seu direito”. “Estou convencida de que pessoas covardes, que agora se escondem, estão se aproveitando da eleição de Dória e Bolsonaro para tentar calar as vozes de quem pensa com a própria cabeça. Não nos es -condemos e não nos deixaremos intimidar”, sublinhou.

A diretora da escola, Edna Rossetto, debateu com os estudantes na as-sembleia e afirmou que não chamou, tampouco autorizou, a presença da PM no local. “Venho dos movimentos sociais, sou favorável ao diálogo e

não apóio qualquer ação deste tipo”, enfatizou.

Para o dirigente do Sindicato dos Profes-sores do Estado de São Paulo (Apeoesp), Rober-to Guido, é chave que a categoria esteja ao lado da juventude, particu-larmente neste momen-to de graves ameaças à própria democracia. “Infelizmente tivemos a eleição de um candi-dato de extrema-direita, reconhecidamente fas-cista, que faz retornar um clima de persegui-ção e criminalização de quem protesta, algo que precisamos estar uni-dos e mobilizados para combater”, destacou. Segundo Guido, “a ocu-pação militar de uma es-cola é inadmissível, uma presença ostensiva que desautoriza a própria direção do estabeleci-mento de ensino pela entrada irregular de policiais. Os estudantes não podem ser impedi-dos em seus direitos”.

De acordo com o presidente do Grêmio do Caetano, Emerson Lima, “é preocupan-te que tantos policiais entrem na escola sem qualquer diálogo, prin-cipalmente num mo-mento político como esse. Além do mais, uma policial estava portando ostensivamente uma arma de grande porte”.

LEONARDO SEVERO

A poucos dias das elei-ções, policiais e fiscais de tribunais eleitorais desencadearam uma sé-rie de ações de censura a manifestações em defesa da democracia em di-versas universidades do país. A ação, armada por alguns juízes de primeira instância pró-bolsona-rista, em 20 estados, foi respondida com protes-tos e manifestações de estudantes e professores, e também criticada por advogados, magistrados, ministros do STF, e pela procuradoria Geral da República.

No sábado (27), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, concedeu uma decisão liminar em caráter provisória, para suspender os efeitos ju-diciais e administrati-vos que determinaram o ingresso de policiais em universidades. O caso ainda será anal isado pelo plenário da Corte. Leia trechos da sentença: Cármen Lúcia impede or-

questração bolsonarista para sufocar liberdade nas Universidades.

O ministro, também do STF, Luís Roberto Barroso, disse que não se pronunciava sobres casos concretos, mas que em seu ponto de vista “a polícia, como regra, só deve entrar em uma universidade se for para estudar”, afirmou Bar-roso ao chegar para dar uma palestra na Univer-sidade Externada, em Bogotá, na Colômbia, sobre os trinta anos da Constituição.

Os atos de censura e tentativas de impedir au-las e debates foram regis-trados em 35 instituições de ensino: UFGD, UEPA, U F C G, U F F, U E P B , UFMG, Unilab, SEPE-RJ, Unilab-Fortaleza, UNEB, UFU, UFG, UFR-GS, UCP, UFSJ, UERJ, UFBA, UFERSA, UFAM, UFFS, UFRJ, IFB, Unila, UniRio, Unifap, UEMG, UFAL, IFCE, UFPB, UFRPE, Unesp, UNIFEI, UFMS, UNILABA, Uenf.

Repressão a Universidades às vésperas da eleição é repudiada por ministro Barroso

O relator especial da ONU, Philip Alston, de-nunciou a amplitude das privatizações que atingem os serviços mais básicos oferecidos à população, de-fendida pelo Banco Mun-dial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e até mesmo a ONU, que não levam em consideração as implicações aos direitos humanos ou mesmo as conseqüências à vida da parcela mais pobre da sociedade.

“Privatizar a presta-ção de justiça criminal, proteção social, prisões, educação, serviços básicos de saúde e outros bens públicos essenciais não pode ser feito às custas de jogar proteções de direitos pela janela”, defendeu Alston em relatório da ONU publicado na sema-na passada.

Ao defender o papel do Estado na garantia dos direitos essenciais à população, Alston afirma que as privatizações são defendidas como “uma solução técnica para o gerenciamento de recur-sos e redução de déficits fiscais”, mas na realidade representa “uma ideologia de governança que desva-loriza bens e espaços pú-blicos, a compaixão e uma série de outros valores que são essenciais para uma sociedade decente”.

“Embora os defensores das privatizações insistam que ela poupa dinheiro, aumenta a eficiência e melhora os serviços, as evidências do mundo real frequentemente contes-tam ou contradizem essas afirmações”, disse Alston.

O relatório denuncia que “estados não podem

dispensar suas obrigações com os direitos huma-nos ao delegar serviços e funções essenciais para companhias privadas, à medida que sabem que isso efetivamente preju-dicará esses direitos para algumas pessoas.”.

“As privatizações são necessariamente anta-gônicas aos direitos hu-manos, uma vez que os princípios de igualdade e dignidade são deixados de lado em prol da obtenção de lucros cada vez maiores causando maiores desi-gualdades e discrimina-ções, estando os critérios dos direitos humanos au-sentes de todos os acordos de privatizações, com ra-ras exceções.

“Não há no momento atual limitações para as privatizações feitas pelos Estados, aparentemente, onde instituições e ser-viços públicos em todo o mundo foram assumidos por empresas privadas com o interesse de lucrar a partir desses aparelhos públicos como os da saú-de, educação, sistemas de justiça criminal e prisões, decidindo prioridades de abordagens a serem feitas e ditando onde e quem receberá seus ser-viços, infraestrutura a ser construída com freqüente marginalização dos mais pobres e de casos mais complexos para poder garantir seus lucros às custas das necessidades do povo”, diz o relatório.

“Há um grande risco de que ondas de privati-zações vivenciadas até o momento serão em breve seguidas por um verda-deiro tsunami”, afirmou Alston.

De acordo com infor-mações divulgadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), há pelo menos 12 mil, ou 30% de 40 mil obras espalhadas em todo o Brasil que estão paralisadas.

Os dados do TCU são os mesmos que integram uma auditoria realizada pela Corte e que indicam que pelo menos 2,8 mil obras do Programa de Aceleração do Crescimen-to (PAC) estão paralisa-das, segundo divulgação recente do secretario,

Bruno Martinello, da Se-cretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana do TCU, em um encontro com o setor da construção civil, no mês passado.

Conforme Martinello, as obras interrompidas estão espalhadas por vá-rios setores: 670 obras de saneamento, 400 de creches, 192 de unidades básicas de saúde, 38 de mobilidade urbana, 28 de rodovias, 8 de ferrovias, 4 de energia elétrica, 2 de petróleo e gás, entre outras áreas.

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INTERNACIONAL 31 DE OUTUBRO E 1º DE NOVEMBRO DE 2018HP6

Morte de civis pelos sauditas no Iêmen é cinco vezes maior do que tem sido divulgado

Estudantes colombianos mantêm greve por verbas para universidade

Chilenos ocupam as ruas de Santiago e enfrentam os famigerados carabineiros

PATRICK COCKBURN*

SS de Netaniahu assassinam três crianças palestinas na Faixa de Gaza

Sob governo Piñera, manifestantes são reprimidos em Santiago. Atualmente, 90,75% das aposentadorias mal chegam à metade do salário mínimo

Ato no Chile rechaça a ‘reforma’ cosmética na previdência privada

AFP

Ato por liberdade para os presos políticos reúne milhares na Catedral de Manágua

Venezuela: salário mínimo perde 90% de sua capacidade aquisitiva em dois meses

A Reforma da Previdência que o presidente do Chile, Salvador Piñera, está querendo implementar

na porrada será tão eficaz quan-to é popular. Do ponto de vista dos números, não enfrenta - nem de longe - os imensos problemas trazidos pela capitalização/des-nacionalização praticada pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Apontada como “modelo” pelo Fundo Monetário Interna-cional (FMI), a privatização da Previdência Social chilena fez com que, atualmente, 90,75% das aposentadorias sejam infe-riores a 154.304 pesos mensais (233 dólares), mal chegando à metade do salário mínimo vigen-te no país. Em termos de queda do poder aquisitivo, a questão é tão grave, alertam aposentados e pensionistas, que “os benefícios que ganham hoje representam entre um terço e 50% do que re-cebiam enquanto trabalhadores na sua vida laboral”.

Dispensam comentários as multitudinárias marchas de protesto e a necessidade de mobi-lizar os tristemente célebres “ca-rabineros” (polícia estatal) para reprimir, jogando bombas de gás lacrimogêneo e o caminhão cis-terna, conhecido por “guanaco”, com seus poderosos jatos de água com ácido sobre manifestantes, parte deles idosos.

A mais recente mobilização convocada pela Coordenadora de Trabalhadores Não + AFP (Administradoras de Fundo de Pensão) realizada na avenida Alameda, a principal da capital, Santiago, foi dispersada em minutos, com lesões e prisões de dezenas de pessoas, várias delas idosas.

O porta-voz da NO+AFP, Luis Mesina, denunciou uma campanha desinformativa re-cém desencadeada, “especial-mente dos meios de televisão aberta junto ao jornal El Mer-curio, que tenta fazer parecer o Chile como o oitavo país em um ranking que ninguém conhece a metodologia que o construiu”. “Porém se a gente notou a forma como pretendem nos posicionar numa escala em que ficamos me-lhor que os suíços, que os neoze-landeses, isso parece um insulto, uma ofensa, particularmente às pessoas comuns que estão so-brevivendo com pensões abaixo dos cem mil pesos”, declarou. Mesmo com 62 anos, Mesina foi violentamente agredido, preso e levado à delegacia de polícia. O mesmo ocorreu com a equipe da TeleSUL, a jornalista Paola Dragnic e o câmara Hugo Silva, que transmitiam ao vivo.

Conforme o dirigente do Sindicato dos Professores, Ma-rio Aguilar, “da mesma forma que todos os trabalhadores chilenos, projetamos receber pensões muito baixas. Todos os que estamos próximos à idade de nos aposentar vislumbramos péssimos benefícios porque este sistema é um verdadeiro roubo e uma fraude”.

Na avaliação do presidente Regional Metropolitano do Ma-gistério, Carlos Díaz Marchant, “é hora de terminar de uma vez

com as AFP”. Para isso, enfati-zou, os professores e trabalhado-res da educação irão engrossar cada vez mais os protestos.

Atualmente, das seis AFPs que atuam no Chile, cinco são controladas por empresas fi-nanceiras multinacionais: Prin-cipal Financial Group (EUA); Prudential Financial (EUA); MetLife (EUA); BTG Pactual (Brasil) e Grupo Sura (Colôm-bia), que administram fundos de 10 milhões de filiados. No total, são mais de US$ 170 bi-lhões aplicados no mercado de capitais especulativos, nas bolsas de Londres e Frankfurt, para serem repassados sob a forma de empréstimos usurários aos próprios trabalhadores. Foi este esquemão que ruiu.

Mesmo diante de toda a pressão popular, no domingo o presidente Sebastián Piñera anunciou uma ‘reforma’ que não muda substancialmente nada em um sistema de pensões miseráveis.

Disse que enviará ao Con-gresso um projeto de reforma da Previdência que propõe um aporte mensal de 4% das em-presas, que até agora não pa-gavam nenhuma contribuição, De acordo com Piñera, dos 2,8 milhões de aposentados e pen-sionistas do país, 1,5 milhões têm mensalidades tão baixas que necessitam ajuda do Estado para sobreviver. Pelos cálculos do governo, o aporte empresarial significará um aumento de 40% nos benefícios dos trabalhado-res. Mas, conforme o próprio presidente, será necessário adiar a aposentadoria por cinco anos e utilizar metade dos recursos economizados como “poupan-ça” a fim de sustentar outros benefícios. A outra metade po-derá ser retirada livremente pelo trabalhador, uma vez chegado o momento de sua aposentadoria. Ou seja, depois de enriquecer as transnacionais, o prejuízo é devidamente socializado.

Sendo assim, alerta Luis Mesina, o projeto Piñera não responde às necessidades dos chilenos. “Para os próximos anos a projeção é que mais de 60% de quem se aposente obterá uma pensão inferior ao salário míni-mo e 40% estará por debaixo da linha da pobreza”, denunciou.

A deputada Maite Orsini (Frente Ampla) questiona: “Quem está celebrando o co-municado de Piñera em cadeia nacioal? As AFP, que encontram no governo seu maior defensor. A reforma anunciada hoje nos condena por dácadas a seguir em um sistem que qualquer apo-sentado sabe que não funciona. Uma vergonha”.

O deputado Giorgio Jackson, também da Frente, esclarece que “diante de um sistema de pensões deslegitimado o gover-no anuncia ‘grandiloquentes mudanças’ que só consolidam o sistema que já mostrou que só seguirá condenando a nosso ve-lhinhos e velinhas ao abandono, à doença e fome”.

Por fim, a deputada Gael Yeomans, destacou: “Os chilenos exigem Não + AFP e o governo reponde com mais AFP”.

A União de Estudantes de Educação Superior da Colômbia rejeitou o acordo assinado na sexta, 26, entre as autoridades acadêmicas do setor e o presi-dente do país, Iván Duque, e manteve a convocação de uma mobilização nacional no dia 31 de outubro. Desde o dia 11 de outubro, 26 das 32 universidades públicas da Colômbia mantêm-se em greve por tempo indefinido em protesto contra a falta de recursos para a Educação em geral e, particularmente, para as universidades.

Na quinta-feira passada re-presentantes das principais organizações estudantis mani-festaram sua insatisfação com o resultado de um encontro com o vice-ministro da Educação, Luis Fernando Pérez, alegando que não foram atendidas suas demandas, além da ausência de uma mesa de negociações sobre o arrocho do financiamento do ensino superior.

Um dia depois, Duque re-cebeu no Palácio de Nariño (sede da presidência) os reitores das 32 universidades públicas do país e, depois da reunião, assinou um acordo para 'au-mentar' o orçamento do ensino superior. Os estudantes avaliam

que os recursos aprovados são insuficientes, tendo em conta o corte do financiamento estatal acumulado durante anos para os centros de ensino superior.

Os protestos dos univer-sitários contam com o apoio de professores, congressistas, organizações sociais, sindicais, camponesas, e indígenas do país; bem como de alunos de centros privados de ensino superior.

A Federação Colombiana de Educadores (Fecode) realizou uma paralisação nos trabalhos na terça, 23 de outubro, em so-lidariedade. "A Fecode concorda com os estudantes, reitores e professores universitários em conformar um bloco amplo que convoque mais setores com o objetivo de buscar soluções de fundo para o déficit orçamentá-rio da educação pública", apontou em comunicado. O sindicato do magistério, que reúne cerca de 350 mil docentes, exige também o cumprimento dos acordos assinados com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos em junho de 2017.

Segundo a Fecode, só se cum-priu 20% dos compromissos con-traídos, que tinham por objetivo conseguir uma maior qualidade na educação.

Três procissões fune-rais das três crianças pa-lestinas, que morreram no domingo, aconteceram na tarde de segunda na cidade de Deir al-Balah, na Faixa de Gaz, território palestino sob cerco.

Os três meninos foram mortos no final da tarde de domingo durante um ataque a mísseis a nordes-te de Khan Younis.

Os funerais saíram do hospital Shuhada al-Aq-sa em direção à casa dos garotos para ali receberem as despedidas finais e de lá para o cemitério onde fo-ram realizadas as orações.

Familiares dos mortos, Khalid Abu Said, Abed al-Hamid Abu Daher e Muhammad al-Satri, to-dos de 13 anos de idade, estavam acostumados a brincar em uma area próxima à fronteira com Israel. Negaram que eles

estivessem enterrando objetos suspeitos. Eles pre-paravam armadilhas para caçar passarinhos.

Mais de 200 palestinos já foram mortos e mais de 10.000 feridos pelas SS de Netaniahu desde o começo das manifestações denomi-nadas Grande Marcha do Retorno, que tiverm início em 30 de março, logo após a transferência da embai-xada dos Estados Unidos para a cidade de Jesusalém um prêmio de Trump à anexação da Jerusalém Árabe por parte do regime israelense.

Nas primeiras horas do sábado, Israel lançou 87 mísseis como resposta a 34 foguetes – sem nenhuma letalidade – lançados por elementos da organização Jihad Islâmica a partir da faixa de Gaza.

Enquanto o grupo lan-çou uma declaração de que

“a resistência não aceitará a equação imposta pelo inimigo na base dos assas-sinatos da parte deles e o silêncio de nossa parte”, a Autoridade Nacional Pa-lestina codenou o ataque à base destes foguetinhos: “Não devemos continuar dando pretextos a Israel para bombardearem os palestinos”.

Seguindo a sua costu-meira retaliação extrema-mente mais destrutiva do que a ação da resistência, os caças israelenses des-truíram inteiramente um prédio de quatro andares que abrigava instituições de caridade e centros de pesquisa. Uma bomba caiu nas imediações do hospital Beit Lahiya, cau-sando danos ao prédio de um dos hospitais mais importantes da Faixa de Gaza.

NATHANIEL BRAIA

Um novo protesto contra o governo de Daniel Orte-ga aconteceu na Catedral da capital nicaraguense, Manágua, no domingo, 28, quando milhares de pessoas exigiram a "liberdade dos presos políticos" e instala-ram cruzes no pátio, em memória dos falecidos.

As cruzes de madeira com os nomes das vítimas, que foram arrancadas há algumas semanas por fun-cionários do governo de um parque ao sul da capital, foram colocadas em torno de uma enorme cruz situada na Catedral, com os nomes das pessoas mortas após a ação violenta de policiais e paramilitares contra os manifestantes.

"Viemos fazer um ato de reparação e homenagem a todos os assassinados pelo regime de Ortega e sua mulher, Rosario Murillo. Viemos aqui porque é um lugar de respeito onde nos deram acolhida para honrar nossos mortos", disse a líder comunitária María Teresa Blandón ao portal de noti-cias "Artículo 66".

As pessoas levaram velas em apoio ao bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, que na semana passada foi vítima de ataques por parte de partidários do governo.

Com a consigna de "Li-berdade, Liberdade, Liber-dade", ondeando bandeiras azul e brancas da Nicarágua e da Igreja católica, por-

tando fotografias dos ma-nifestantes presos, globos e velas, assim como faixas respaldando o bispo Báez, os paroquianos ocuparam o principal templo do país.

A situação que o país vive "não é um problema entre o governo e a Igreja. É um problema entre o governo e o povo, e a igreja está nisto com o povo", assinalou o padre Luis Enrique Her-rera, muito aplaudido pela multidão.

A crise iniciada em 18 de abril na Nicarágua com a repressão contra uma manifestação popular tem deixado 528 mortos segundo as organizações de Direitos Humanos, embora Daniel Ortega só reconheça 200.

O salário mínimo na Vene-zuela, fixado em 1.800 bolívares soberanos (28 dólares no mo-mento em que foi estabelecido) pelo presidente Nicolás Maduro prometendo que teria um poder de compra suficiente para a so-brevivência, perdeu 90% de sua capacidade aquisitiva em dois meses, supondo que a inflação de outubro seja similar à regis-trada em setembro, assinalou na segunda-feira, 29, o econo-mista e professor universitário Luis Oliveros.

O governo decretou um au-mento salarial de 5.900% a par-tir de 1° de setembro. No início, com uma cédula de Bs. 500 se podia comprar 12 ovos, um quilo de bananas, um quilo de café, um quilo de queijo fresco e um pão. Em 28 de outubro - quase dois meses depois - a mesma cédula só compra os ovos, diz a pesquisa semanal de 11 pro-dutos que a organização Banca e Negócios realiza. A inflação em setembro foi de 233,3%, segundo a Assembleia Nacional.

A população não aceita pagar a conta da incompetência do governo, que se autodefine como "socialista". "E não, e não, e não quero ir embora, eu quero um salário justo aqui em meu país". Essa era uma das consignas que cantavam unidos os trabalha-

dores de diversos setores vene-zuelanos na Praza Caracas da capital, na sexta-feira, 26, frente ao Ministério do Trabalho. Eles se referiam à situação que força milhares de pessoas a tentarem ir para os países limítrofes por não ter sequer como se alimen-tarem dignamente.

Milhares de trabalhadores e dirigentes do Metrô da capital, Inparques, Corpoelec, Petróleos de Venezuela, PDVSA, Saúde, Docentes, Rede de Televisão CANTV, Prefeitura do Muni-cípio Libertador, Aposentados e Pensionistas, SENIAT, entre outros, exigiram do governo que pare com a demagogia de prometer a solução dos pro-blemas com falsas medidas de mudança. “Isso que temos por aqui não é socialismo, não é honestidade, não é respeito ao povo. É pilantragem”, afirmou Reinaldo Diaz, do Sindicato dos Eletricitários. Semanas atrás, Maduro anunciou um aumento salarial que, segundo, ele, passaria a estar aos níveis internacionais. O salário míni-mo, que não é suficiente para se comprar um quilo de frango, é motivo de desespero em um país onde a inflação anual pode atingir 1.000.000% em 2018, segundo o FMI.

Trabalhadores que vivem

unicamente de seu salário es-tiveram durante mais de cinco horas na Praça Caracas apesar de que se tentou dispersar a manifestação com cachorros, som alto e outras formas pouco ‘democráticas’.

"Sr. Presidente, convidamos você a que viva um mês com o salário que ganhamos", diziam os trabalhadores, reafirmando que não estão dispostos a aceitar que se desconheçam as conven-ções coletivas, que se continuem calculando salários com uma diferença grosseira com o estabe-lecido no Art. 91 da Constituição da República.

“O aumento de salário anun-ciado não é mais que um des-caramento e uma desfaçatez. A política do governo levou ao fracasso 1.359 empresas esta-tizadas entre os anos 2005 e 2017. As chamávamos empresas recuperadas, mas acabaram sendo um fracasso e a maior der-rota”, disse Marcela Máspero, presidente da União Nacional de Trabalhadores da Venezuela.

Maduro que, naquilo que já virou chavão de vários governos que prometeram, sem cumprir, mudanças e política de desenvol-vimento nacional, culpa a inge-rência dos EUA pela crise, mas pretende equilibrar a economia dolarizando os salários.

Uma das razões pelas quais a Arábia Saudita e aliados conseguem evitar uma grita pública contra sua intervenção na guerra no Iêmen, é que o número de pessoas mortas é regularmente informado em 10.000 em três anos e meio, número misteriosamente baixo dada a ferocidade do conflito. Agora, uma contagem realizada por um grupo não partidário que produziu um estudo sobre a guerra, demonstra que 56.000 pessoas morreram no Iêmen desde 2016. O número cresce em mais de 2.000 a cada mês à medida que os combates se intensificam em torno do porto do Mar Vermelho na cidade de Hodeidah. Isso não inclui os que estão morrendo por desnutrição ou doenças como a cólera.

“Estimamos o número de pessoas mortas em 56.000 civis e combatentes entre janiero de 2016 e outrubro de 2018,” diz Andrea Carboni, que pesquisa para Projeto de Dados sobre Localização e Eventos sobre o Conflito Armado no Iêmen (ACLED, sigla em inglês), um grupo independente anteriormente asso-ciado à Universidade de Sussex que estuda conflitos e coloca o foco no estabelecimento da quantidade real de baixas. Ele me informou que a previsão é que se chegue a um total entre 70. e 80.000 vítimas, quando completar a pesquisa pois até agora não foram com-putados os atingidos entre março de 2015 (quando começou a intervenção liderada pelos sauditas) e o final daquele ano.

O dado mais comumente citado de 10.000 vem de um levantamento da ONU de 2017, até o início de 2017 e que permanece estático desde então. Estas estatísticas ultrapassadas extraídas do sistema de saúde danificado pela guerra, permitiu à Arábia Saudita e União dos Emirados Árabes (UEA) – que atacam fortemente bancados pelos EUA, Inglaterra e França – ignorar ou rebaixar a perda de vidas.

As baixas estão crescendo a cada dia na medida em que forças sauditas tentam cortar da capital Sanaa o porto de Hodeidah – o último porto con-trolado pelos revolucionários houthis [que tomaram o poder em grande parte do território iemenita, incluindo a capital].

A organização Oxfam declarou esta semana que um civil está morrendo a cada três horas nos combates e que entre 1º de agosto e 15 de outu-bro, 575 civilis foram mortos na cidade portuária, incluindo 136 crianças e 63 mulheres. Um ataque aéreo na quarta-feira matou 16 civis em um mer-cado de produtos vegetais, em Hodeidah, e outros ataques este mês atingiram 2 ônibus e um posto de controle em mãos de houthis, matando 15 civis, incluindo 4 crianças.

Pouca informação sobre as baixas no Iêmen chega ao mundo exterior ao país porque a Arábia Saudita e UEA tornam o acesso difícil para jornalis-tas estrangeiros e outras testemunhas imparciais. Em contraste com a guerra na Síria, os governos americano, inglês e francês não têm interesse em destacar a devastação causada no Iêmen – dão cobertura diplomática à intervenção saudita. Mas sua cegueira deliberada diante da morte de tantos iemenitas está começando a atrair mais atenção negativa, como subproduto da enxurrada de críticas internacionais à Arábia Saudita, como resultado do assassinato premeditado de Jamal Khashoggi – agora admitido por funcionários sauditas – em 2 de outubro.

A ausência de números dignos de crédito da dimensão do morticínio no Iêmen tornou mais fácil para as potências estrangeiras fazerem pouco caso de acusações de serem cúmplices em um destastre humanitário. Isto, apesar dos ingentes apelos de al-tos funcionários da ONU ao Conselho de Segurança para evitar uma fome provocada e que agora ameaça 14 milhões de iemenitas – metade da população.

A crise piorou por causa do cerco a Hodeidah – com a cidade como linha vital para a importação de produtos e a chegada de ajuda interrompidas desde meados de junho - uma situação que forçou 570.000 pessoas a fugirem de seus lares. O chefe de Assuntos Humanitários da ONU, Mark Lowcock, alertou em 23 de outubro “que os sistemas imunológicos de milhões de pessoas, que lhes permitem viver durante anos, estão agora literalmente entrando em colapso, fazendo estas pessoas – especialmente os velhos – mais passíveis de sucumbirem à desnu-trição, cólera e outras doenças”.

Exatamente quantas pessoas morrem por causa de fraqueza advinda da fome é difícil de computar de forma precisa, porque a maior parte das mortes acontece em casa e muitas vezes não são registradas. Isto é particularmente verdadeiro para o Iêmen, onde metade das instalações do limitado sistema de saúde já não funcionam e as pessoas são em geral muito pobres para se deslocarem até aquelas que ainda atendem.

A perda de vidas devido aos combates seria mais fácil de registrar e divulgar, e o fato de que isto não acontece no Iêmen é sinal da falta de interesse da comunidade internacional no conflito. Carboni diz que a ACLED conseguiu computar o número de civis e combatentes mortos em lutas terrestres e bombardeios através de levantamentos junto à im-prensa iemenita e, em medida menor, de apanhados na mídia internacional. A ACLED tem usado estas fontes, depois de cuidadosa análise de sua credibi-lidade. Quando determinados números diferem, a organização usa o dado mais baixo e favorece as informações dos que sofreram baixas em relação aos números oferecidos pelos que infligiram as baixas.

Um estudo da professora Martha Mundy – sobre Estratégias da Coalizão na Guerra do Iêmen: bom-bardeios aéreos e guerra de alimentos – conclui que a campanha de bombardeio saudita mira de forma deliberada a produção de alimentos e unidades de estocagem. Cerca de 220 barcos de pesca foram destruidos na costa imenita no Mar Vermelho e o volume pescado caiu pela metade.

ACLED começou a contar baixas já com a guerra em andamento, daí por que somente agora está pesquisando a perda de vidas em 2015, com seus dados previstos para divulgação em janeiro ou fevereiro de 2019.

Carboni afirma que a tendência é de que o núme-ro de pessoas mortas cresça. O total mensal antes de dezembro de 2017 era menor que 2.000 perdas, mas depois dessa data tem sido sempre maior do que 2.000. Quase todos os que morreram são iemenitas, ainda que os dados incluam 1.000 sudaneses que apóiam os sauditas.

O caso Khashoggi levou a um maior foco inter-nacional sobre as calamitosa guerra no Iêmen, o papel da Arábia Saudita e do príncipe Mohamed Bin Salman, no conflito. Mas não há sinal de que os EUA, Inglaterra ou França cortem a assistência militar ao reino saudita e à UEA, apesar de que essa ‘coalizão’ falhará na tentativa de obter uma vitória decisiva.

A verdadeira contagem da carnificina demorou muito para emergir, mas pode ajudar a aumentar a pressão de diversos países para parar o morticínio.

* Articulista do jornal The Independent e colaborador do London Review of Books

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INTERNACIONAL31 DE OUTUBRO E 1º DE NOVEMBRO DE 2018 HP

Cartas-bomba e atirador neonazi:as faces do ódio instilado por Trump

ANTONIO PIMENTA

Cesar Sayoc, um obcecado pelo presidente, foi preso 8 vezes e já espancou a avó

Vigília pelas vítimas da chacina na sinagoga Árvore da Vida, em Pittsburgh

Multidão faz vigília por vítimas da Sinagoga

7

AP

Van do remetente das bombas é outdoor ambulante dos desvarios Donald Trump

Merkel abdica da liderança da DC e anuncia aposentadoria em 2021

762 imigrantes são resgatados no Estreito de Gibraltar

Khashoggi, Erdogan e a verdade

O presidente condenou o massacre de Pittsburgh mas manteve a apologia da violência ao repetir o refrão do cartel do rifle: se houvesse gente armada no templo o morticínio teria sido impedido

O relato turco do assassinato de Khashoggi dado pelo presidente Erdogan é verdadeiro em todos os detalhes. Evidências de áudio e vídeo existem e têm sido amplamente compartilhadas com agências de inteligência mundiais, incluindo os EUA, Reino Unido, Rússia e Alemanha, e outros que têm um relacionamento com a Turquia ou são vistos como influentes. É por isso que, apesar de seu desejo desesperado de fazê-lo, nenhum país ocidental conseguiu manter o apoio ao príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman. Eu não vi o vídeo de dentro do consulado, mas foram exibidas cenas que podem ser de um vídeo. A coisa mais importante a dizer é que eles não são de uma câmera de posição fixa e parecem à primeira vista consistentes com a idéia de que são tomados por um dispositivo trazido pela vítima. Eu só vi breve-mente. Eu não ouvi a gravação de áudio.

Há muitas coisas para aprender com o assassina-to horrível que não o justificado ultraje ao próprio evento. Abre uma janela sobre o mundo verdadeira-mente horrível dos extremamente poderosos e ricos.

A primeira coisa a dizer é que a explicação atual da Arábia Saudita, de que se tratava de um interrogatório intentado e de um seqüestro errado, embora falsa, tem uma coisa a seu favor. É a sua prática regular. Os sauditas vêm há anos sequestrando dissidentes no exterior e devolven-do-os ao Reino para serem secretamente mortos. O Serviço Mundial da BBC geralmente contém poucos bolsões de jornalismo decente, não refle-tidos em seus principais meios de comunicação, e há a partir de agosto de 2017 um pequeno artigo sobre o sequestro e o “desaparecimento” de três outros sauditas entre 2015-17. Curiosamente, enquanto a peça foi atualizada este mês, não foi para incluir o link óbvio para o caso Khashoggi.

O ponto-chave é que as autoridades euro-péias fecharam os olhos para os seqüestros no relatório da BBC, mesmo quando realizados em solo europeu e envolvendo força física. O regime saudita estava realmente fazendo muito pouco diferente no caso Khashoggi. Na verdade, dentro da Arábia Saudita, Khashoggi era uma figura menos importante do que os outros três seqües-trados e depois mortos, sobre os quais ninguém provocou confusão, embora a verdade estivesse prontamente disponível. Mohammed Bin Sal-man parece ter cometido dois importantes erros de cálculo: interpretou erroneamente Erdogan e subestimou a diferença de pressão política que a posição de Khashoggi como jornalista do Washin-gton Post exercia sobre os governos ocidentais.

Khashoggi não deveria ser caiado de branco. Ele tinha uma associação profissional de longo prazo com os serviços de segurança da Arábia Saudita, que o colocou ao lado de torturadores e assassinos prolíficos por décadas. Isso não justifica em nenhum sentido sua morte. Mas é certo ser profundamente cético em relação às credenciais democráticas dos sauditas que estavam dentro do regime e se torna-ram defensores da liberdade e da democracia apenas depois de serem marginalizados pela consolidação implacável de poder de Mohammed Bin Salman (que se baseou em uma tendência pré-existente). .

O mesmo ceticismo é verdadeiro muitas vezes quando relacionado à Diretora da CIA, Gina Haspel, que supervisionou pessoalmente a tortura no programa de tortura e rendição extraordinária da CIA. Haspel foi enviado urgen-temente a Ancara por Donald Trump para tentar desviar Erdogan de qualquer acusação direta de Mohammed Bin Salman em seu discurso de ontem. A adoção por MBS de uma aliança de fato com Israel, em busca de seu ódio fanático aos muçulmanos xiitas, é a pedra fundamental da política de Trump no Oriente Médio.

O resumo de Haspel foi muito simples. Ela pegou com sua inteligência interceptação que supostamente mostra corrupção maciça de alto nível no projeto Kanal de Istambul, e sugeriu que Erdogan talvez não ache uma boa ideia se as agências de inteligência começarem a tornar pública toda a informação que possuem.

Se Erdogan reteve seu discurso ontem, como resultado da intervenção de Haspel, eu não sei. Erdogan pode estar guardando cartas na manga para seu próprio propósito, particularmente re-lacionado a interceptações de telefone e ligações do Skype dos assassinos direto para o escritório da MBS. Eu tenho um relato do artigo de Haspel de uma fonte confiável, mas não fui informado sobre quem ela conheceu, ou o que os turcos disseram a ela. Parece muito provável, a partir da mudança de posição de Trump esta manhã para indicar que MBS pode estar envolvido, que Haspel esteja convencida de que os turcos têm evidências mais fortes e podem usá-las bem.

Enquanto isso, o governo britânico sustenta que, seja o que for que aconteça, as fábricas britânicas continuarão a fornecer bombas à Arábia Saudita para massacrar crianças em ônibus escolares e um número incontável de outros civis. Muitos políticos conservadores permanecem pessoalmente em bolsos sauditas, com o ex-ministro da Defesa, Michael Fallon, revelado hoje como estando entre eles.

É claro que é extraordinário que os crimes de guerra sauditas no Iêmen, sua repressão militar à democracia no Bahrein, suas freqüentes execuções de dissidentes, defensores dos direitos humanos e figuras xiitas, até mesmo a prisão de feministas, tenham tido pouco impacto no Ocidente. Mas o horrível assassinato de Khashoggi atraiu a ima-ginação do público e forçou os políticos ocidentais a pelo menos fingir que querem fazer algo sobre os sauditas, cuja riqueza anseiam. A expectativa é de que qualquer sanção não passe de jogo de cena.

Mohammed Bin Salman não é nenhum tolo, e ele percebe que punir os membros de sua se-gurança pessoal que estavam apenas seguindo suas ordens, o colocaria na posição de Calígula e da Guarda Pretoriana, e não jogaria para sua segurança a longo prazo. Possivelmente as pes-soas serão transferidas, ou haverá breves prisões até que ninguém esteja olhando. Se eu fosse um dissidente ou xiita na Arábia Saudita que tivesse algum tipo de semelhança física com qualquer um dos grupos de assassinos, eu sairia muito rápido.

Com toda simpatia por seu terrível assassinato, Khashoggi e sua história como funcionário do brutal regime saudita não deveriam ser caiados. Moham-med Bin Salman é diretamente responsável por seu assassinato, e se há finalmente um entendimento internacional de que ele é um psicopata perigoso, isso é uma coisa boa. Você vai me perdoar por dizer que eu expliquei isso em março enquanto toda a grande mídia, inundada de dinheiro da Arábia Saudita, elogiava-o como um grande reformador.

Para os americanos despacharem Gina Haspel, nos dá um lembrete de boas-vindas de que eles não têm absolutamente em posição de moralizar. O que quer que venha disso não será “justiça”. A verdade que as pistas podem revelar é muito mais ampla do que a questão restrita do incidente do assassinato, como espero que este artigo haja esboçado. Que as conseqüências inviabilizem até certo ponto a máquina de assassinato no Iêmen é algo que é profundamente esperado.

*Ex-embaixador inglês e apoiador do WikiLeaks

CRAIG MURRAY*

A equipe de Salvamen-to Marítimo da Espanha resgatou no último sábado a 439 imigrantes que ten-tavam alcançar as costas do país a bordo de oito embarcações. Conforme os salva-vidas o resgate iniciou tão logo o barco Salvamar Gadir localizou a uma barcaça em que navegavam 39 migrantes, pouco depois aparecendo um outro e mais outro com homens, mulheres e bebês.

Na sexta-feira anterior, outros 323 imigrantes ha-viam sido resgatados em seis barcos, também no Estreito de Gibraltar, pelo

importante dispositivo de ajuda humanitária, tota-lizando 762 pessoas em apenas 48 horas.

Dezenas de milhares de refugiados e imigrantes, a grande maioria prove-niente da África, tenta a cada ano chegar à Europa utilizando-se de frágeis embarcações através das fronteiras de Ceuta e Me-lilla, enclaves espanhóis no norte de Marrocos.

De acordo com a Or-ganização Internacional para as Migrações (OIM), as pessoas que pretendem alcançar o litoral da Itália – a rota mais comum –

provem em sua maioria do Marrocos, Argélia, Guiné, Costa de Marfim, Gâmbia e Síria.

Até o dia 21 de outubro, 45.145 indocumentados percorreram a rota ociden-tal do Mediterrâneo (que une o Marrocos ou a Argélia com a Espanha), enquanto que outros 21.935 fizeram o caminho pela parte central (entre a Líbia e a Itália).

Neste ano, a Espanha se converteu na primeira via de acesso de imigrantes e refugiados por mar ao cha-mado “velho continente”, superando a Itália e a Grécia, segundo dados da ONU.

Em pouco mais de 24 horas, o que chei-rava a piração ou provocação, com um

fã de Trump declarado - que enviava tubos-bomba com suas digitais pelo correio, que não explodiam, a adver-sários do presidente bilioná-rio - já preso, se transformou em tragédia. Um neonazi assumido invadiu uma sina-goga em Pittsburgh, Pensil-vânia, com um fuzil AR-15 e três pistolas Glock no sába-do (27) e matou 11 pessoas, quase todos idosos, inclusive três senhoras. Tudo isso a menos de dez dias das elei-ções intermediárias.

O ex-stripper, entregador de pizza em meio expediente, fisioculturista e morador de uma van que mais parecia um outdoor dos delírios de Trump, Cesar Altieri Sayoc, 56, fazia questão de exibir seu fascínio pelo presidente bilio-nário e ia aos seus comícios.

Assim que foi preso e apa-receu uma foto dele com um boné da campanha pre-sidencial, foi prontamente apelidado de ‘MAGAbomber’ – em referência ao terrorista Unabomber dos anos 1980-90 e ao slogan de Trump ‘Make América Great Again’ [Faça a América Grande de Novo].

O neonazi Robert Bowers, 46, antes de partir para a chacina, anunciou pelas redes sociais: “aperte a mira que eu vou entrar”. Ele tuitara, ain-da, acusando uma organiza-ção judaica, a Hias, “de trazer invasores que matam nosso pessoal. Eu não posso sentar e ver meu povo ser abatido”. A Hias vinha buscando assentar refugiados sírios e da América Central em Pittsburgh.

Na semana passada, a Hias, criada há 137 anos para ajudar vítimas de po-groms e que agora apoia imigrantes de todas as pro-cedências, havia realizado uma cerimônia em favor dos imigrantes na sinagoga Árvore da Vida. Conforme Bowers, Trump não passa de um ‘globalista’ amigo de judeus, tendo dito, ainda, “que não existe #MAGA com infestação de judeus”.

Assim, o clima de into-lerância nos EUA, que não cessa de crescer desde a elei-ção de 2016, se manifesta em novo patamar, sob o ódio instilado por Trump e sua apologia do racismo, xeno-fobia, uso indiscriminado de armas e opressão das demais nações. No que é auxiliado pela caça às bruxas a que se dedicam os democratas – e a mídia - a pretexto de coibir a ‘ingerência russa’.

Justiça seja feita, Hillary, com seu desdém pelos “de-ploráveis” – os que se re-

cusavam a votar nela -, não hesitou em colocar seu tijoli-nho nesse muro de discórdia.

A convocação raivosa con-tra imigrantes e muçulmanos nos comícios, a invocação a deter os “estupradores e bandidos mexicanos” e os refugiados muçulmanos pela tevê, a tolerância zero contra imigrantes, separando as famílias, a negativa em conde-nar os supremacistas brancos mais descontrolados, acaba-ram dando nisso – um banho de sangue contra crentes judeus em pleno sábado, em um governo cujo presidente tem um genro judeu.

À semelhança – diga-se – do ocorrido no governo do primeiro presidente negro dos EUA, que só cuidava dos bancos e ficou conhecido como o deportador-chefe, enquanto policiais racistas matavam impunemente negros desar-mados, fazendo surgir o movi-mento “Black Lives Matters”.

A “coincidência” de desva-rios – ‘Magabomber’ e atirador neonazi - é emblemática da di-visão na sociedade americana, desencadeada pela exacerba-ção da especulação, desindus-trialização e concentração de riqueza. Trump, que após a prisão de Sayoc dissera que os democratas estavam tentando tirar “proveito eleitoral” do caso, prontamente condenou o massacre da sinagoga. Mas não conseguiu ocultar sua apologia da violência, ao repe-tir o surrado lema do cartel do rifle de que, se houvesse gente armada dentro da sinagoga, o morticínio teria sido impedido.

Na segunda-feira, Bowers foi levado para a primeira audiência em tribunal, sendo acusado de 29 crimes, in-cluindo 11 acusações por uso de arma de fogo para come-ter homicídio e 11 acusações de obstrução do exercício de crenças religiosas que resul-taram em morte. Há, ainda, 11 acusações estaduais, in-cluindo tentativa de homi-cídio e agressão agravada. Ele poderá ser condenado a pena de morte e, conforme fontes oficiais, a promotoria pretende tratar o caso como crime de ódio e não ato de terrorista. Testemunhas confirmaram que, enquanto disparava indiscriminada-mente dentro do templo, Bowers berrava que tinha que “matar todos os judeus”. Sayoc compareceu perante um juiz na segunda-feira, recebeu cinco acusações de crimes federais, com pena máxima de 58 anos. Vestia um uniforme laranja, esta-va algemado nos punhos e nos pés, derramou algumas lágrimas e disse a uma meia-irmã: “eu te amo”.

Um outdoor dos des-varios de Trump: essa é a melhor descrição da van branca em que o acusado de enviar tubos-bomba para notórios democratas e apoiadores, Cesar Sayoc, 56, morava em um esta-cionamento. Antes morava com a mãe.

Tinha de tudo: fotos de comício de Trump, o pró-prio Saioc com um cartaz “chupa CNN” e outras edificantes cenas.

Como ele tem oito pri-sões no registro e até já espancou a avó, não foi

difícil chegar a ele já que, por causa disso, suas digi-tais e seu DNA estavam nos bancos de dados fe-derais. Também faliu em 2012. Ele não teria, ao contrário do que costuma ocorrer com remetentes de cartas-bomba, tomado precauções para evitar deixar digitais e DNA.

Nas redes, ele também postou ataques a Hillary e ao bilionário Soros, duas das 12 pessoas para as quais foram enviadas 14 tubos-bomba, que foram interceptados e não ex-

Milhares de pessoas ho-menagearam no domingo (28), em Pittsburgh, os 11 mortos da chacina na sina-goga Árvore da Vida. Cen-tenas que não conseguiram ingressar no memorial ouviram o culto mesmo sob chuva. Na noite de sábado, uma multidão estivera em vigília junto ao templo.

Os nomes das 11 vítimas foram divulgados na ma-nhã de domingo. Havia oito homens e três mulheres. Rose Mallinger, 97; Melvin Wax, 88; o casal Bernice e Sylvan Simon, 84 e 86; Joyce Fienberg, 75; Daniel Stein, 71; Irving Younger, 69; Dr. Jerry Rabinowitz, 66; Richard Gottfried, 65; e os irmãos Rosenthal, Cecil, 59, e David, 54. Dois outros

fiéis foram feridos, um deles em estado crítico. Quatro policiais ficaram feridos e dois permanecem hospitalizados.

Manifestantes também foram até à Casa Branca, em repúdio ao clima de intolerância que tem pre-valecido desde a ascensão de Trump. Ocorreram vigílias também em Nova Iorque, Chicago, Houston e muitas outras cidades. Foi a maior chacina de ju-deus já ocorrida nos EUA. Rabinos de Pittsburgh divulgaram carta em que pedem a Trump que não vá à cidade enquanto “não condenar plenamente o supremacismo branco”.

Diante de todas as ma-nifestações de solidarieda-

de com as vítimas e repúdio à chacina, o rabino Michael Lerner assinalou que “a boa notícia é que, apesar de toda a negatividade, ressentimento e maligni-dade que tem sido cres-centemente apoiada pelo governo Trump e seções do Partido Republicano, há uma bondade e decência fundamental na maioria do povo neste planeta e nos EUA”. “É nossa tare-fa afirmar e fortalecer a energia do amor ao invés de afundar no desespero”, res-saltou. “O único modo real de ‘resistir’ ao crescimento das ideias fascistizantes é construir um movimento que substitua ‘América Primeiro’ por “Amor Pri-meiro”, concluiu.

plodiram. Outros alvos foram o

ex-presidente Barack Oba-ma, o ex-vice-presidente Joe Biden, o ex-procura-dor-geral Eric Holder, os congressistas Maxine Wa-ters, Kamala Harris e Cory Booker, os dois mais altos funcionários da inteligên-cia sob Obama - ex-dire-tor da CIA John Brennan (este, na CNN, onde virou ‘comentarista’) e ex-diretor da Inteligência Nacional James Clapper -, e mais o ator Robert De Niro e o bilionário Tom Steyer.

Com a CDU (União da Democracia Cristã) perdendo 11 pontos nas eleições no es-tado de Hesse, que se somam às perdas há duas semanas na Baviera, e com a ‘Grande Coalizão’ definhando mais um pouco, a líder alemã Angela Merkel anunciou na segun-da-feira (29) que vai abdicar da presidência do partido e que se aposentará ao final do mandato de primeira-ministra em 2021, sinalizando o que a mídia alemã está chamando de “fim da era Merkel”.

“Na próxima conferência federal do partido em Ham-burgo não me apresentarei de novo como presidente da CDU. Tampouco me postu-larei de novo como primei-ra-ministra durante outro período legislativo. Este é meu último mandato como primeira-ministra federal”, declarou Merkel em uma coletiva de imprensa na sede do partido em Berlim.

“Sou responsável por tudo, os êxitos e os erros, e esta quar-ta legislatura será a última para mim”, afirmou Merkel. Ela também considerou o resultado eleitoral em Hesse “decepcionante e amargo”.

Os resultados na Baviera e em Hesse mostram que não se trata apenas de um proble-ma de comunicação da coali-

zão de governo, acrescentou. “A imagem que o governo passa é inaceitável, e é hora de abrir um novo capítulo.” Ela lembrou que sua decisão “não tem paralelo na história da República Federal”.

O ocaso de Merkel também sinaliza um período de crise aberta na União Europeia, já que foi ela que submeteu os europeus à austeridade e à Troika. A conivência com Wa-shington na guerra na Síria, que depois se transformou em um enorme êxodo em direção à Europa, também contribuiu para aprofundar o desgaste e alimentar a volta da xenofobia.

Na véspera, Andrea Nahles, presidente do SPD [coligado com o CDU], havia reiterado que “o estado do governo é inaceitável e é necessário defi-nir uma nova rota para poder ver, na metade da legislatura, se este governo é o lugar ade-quado para nós”.

Em Hesse, repetindo o fiasco da Baviera, o SPD per-deu 11 pontos percentuais. Nahles considerou que a polí-tica federal havia contribuído “consideravelmente” para a débâcle do SPD em Hesse. “Algo precisa mudar no SPD”, há muito para fazer, assina-lando que é preciso “voltar a deixar claro o que defendem os socialdemocratas”.

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Ministra Carmem Lúcia, do STF, impede orquestração bolsonarista para sufocar liberdade nas Universidades

CARLOS LOPES

ESPECIAL

Ministra Carme Lúcia - Foto: Nelson Jr. - STF

“Em qualquer espaço no qual se imponham algemas à liberdade de manifestação, há nulidade a ser desfeita” escreveu a

ministra Cármen Lúcia, em sua sentença

em liberdade de ma-nifestação, a escolha é inexistente. O que é para ser opção, trans-forma-se em simu-lacro de alternativa. O processo eleitoral transforma-se em en-quadramento eleito-

ral, próprio das ditaduras”, escreveu a ministra Cármen Lúcia, do STF, em sua senten-ça, concedendo liminar, solici-tada pela Procuradoria Geral da República, contra o abuso de alguns bolsonaristas, in-crustados na Justiça Eleitoral, que, nos últimos dias, ao modo da velha ditadura, se voltaram contra as Universidades.

“… toda interpretação de norma jurídica que colida com qualquer daqueles princípios, ou, o que é pior e mais grave, que restrinja ou impeça a mani-festação da liberdade é inconsti-tucional, inválida, írrita”, escre-veu a ministra e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, no sábado (27/10).

Cármen Lúcia proibiu to-dos os atos judiciais ou admi-nistrativos “que possibilitem, determinem ou promovam o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas, o recolhimento de documentos, a interrupção de aulas, debates ou manifes-tações de docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e dis-cente e a coleta irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e divulgação do pensamento nos ambientes universitários ou em equipa-mentos sob a administração de universidades públicas e privadas e serventes a seus fins e desempenhos”.

A sentença foi motivada por ação da Procuradora Ge-ral da República, Raquel Do-dge, que impetrou uma “Ar-guição de Descumprimento de Preceito Fundamental” da Constituição, com pedido de liminar, no Supremo Tri-bunal Federal (STF), diante de decisões de alguns juízes da Justiça Eleitoral, todas elas tendenciosas, proibindo manifestações dentro das universidades e, inclusive, determinando intervenção policial dentro dos campi universitários.

Em suma, alguns juízes de primeira instância, evidente-mente comprometidos com a campanha de Bolsonaro – portanto, com dificuldades de envergar a toga com a verti-calidade que exige a justiça (e, também, a Justiça – a institui-ção, isto é, o Poder Judiciário) – deram algumas sentenças ou concederam permissões para sufocar a discussão dentro das Universidades.

Exatamente as Universi-dades – que foram das prin-cipais trincheiras contra a ditadura, nos 21 anos entre 1964 e 1985.

Foi, evidentemente, uma ação orquestrada pelo bolso-narismo. Não é possível que alguns juízes tenham profe-rido decisões praticamente iguais em 20 Estados ao mes-mo tempo, sem orquestração alguma.

O fato do número de juízes que fizeram isso ser pequeno – aliás, muito pequeno, conside-rando o conjunto do Judiciário – somente enfatiza o caráter orquestrado dessa ação repres-siva, ilegal, inconstitucional.

Se fossem milhares os juí-zes a proferir essa sentença, seria difícil localizar uma or-questração. Mas, quando são um punhado, é fácil perceber o cunho dessa tentativa – que,

aliás, revela bastante o que é a candidatura de Bolsonaro (e, evidentemente, quem é o próprio Bolsonaro).

DITADORES E TIRANOS

Disse a ministra Cármen Lúcia, em sua sentença, de-pois de transcrever os artigos 206 e 207 da Constituição, que garantem a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”, o “pluralismo de ideias e de concepções pedagó-gicas” e a “autonomia didáti-co-científica, administrativa” das Universidades (todos os grifos são nossos):

“As normas constitucionais acima transcritas harmonizam-se com os direitos às liberdades de expressão do pensamento, de informar-se, de informar e de ser informado, constitucional-mente assegurados, para o que o ensino e a aprendizagem con-jugam-se, assegurando espaços de libertação da pessoa, a partir de ideias e compreensões do mundo convindas ou desavin-das e que se expõem para con-vencer ou simplesmente como exposição do entendimento de cada qual.

“(…) Reitere-se: univer-sidades são espaços de liber-dade e de libertação pessoal e política.

“Seu título indica a plurali-dade e o respeito às diferenças, às divergências para se for-marem consensos, legítimos apenas quando decorrentes de manifestações livres.

“Discordâncias são pró-prias das liberdades individu-ais. As pessoas divergem, não se tornam por isso inimigas. As pessoas criticam. Não se tornam por isso não gratas.

“Democracia não é una-nimidade. Consenso não é imposição.”

(…)“Pensamento único é para

ditadores. Verdade absoluta é para tiranos.

“Ao se contrapor a estes direitos fundamentais e de-terminar providências in-compatíveis com o seu pleno exercício e eficaz garantia, não se interpretou a norma eleitoral vigente.

“Antes, a ela se ofereceu exegese incompatível com a sua dicção e traidora dos fins a que se destina, que são os de acesso igual e justo a todos os cidadãos, garantindo-lhes o direito de informar-se e projetar suas ideias, ideologias e entendi-mentos, especialmente em espaços afetos diretamente à atividade do livre pensar e divulgar pensamentos plurais.

“Toda forma de autorita-rismo é iníqua. Pior quando parte do Estado. Por isso os atos que não se compatibi-lizem com os princípios de-mocráticos e não garantam, antes restrinjam o direito de livremente expressar pensa-mentos e divulgar ideias são insubsistentes juridicamente por conterem vício de incons-titucionalidade”.

FATOS

Em sua ação, a Procurado-

ria Geral da República citou os seguintes atos ilegais:

1) “O Juiz Eleitoral da 17ª Zona Eleitoral de Campina Grande (PB) determinou Busca e Apreensão na sede da ADUFCG – Associação de Docentes da Universidade Federal de Campina Gran-de – ‘com vistas a BUSCA e APREENSÃO de panfletos, intitulados MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRA-CIA E DA UNIVERSIDADE PÚBLICA, bem como outros materiais de campanha elei-toral em favor do candidato a Presidente da República FER-NANDO HADDAD número 13 do PT’. O referido manifesto foi assinado pela Associação e aprovado pela categoria em Assembleia. A Universidade informou que cinco Hds de computadores também foram apreendidos por agentes da polícia”.

2) “Buscas e apreensões também ocorreram na Univer-sidade Estadual da Paraíba (UEPB) e na Associação de Docentes da UEPB, em cum-primento à determinação do Juiz. Segundo o Presidente da Associação, uma professora foi inquirida sobre a atividade de-senvolvida, a disciplina minis-trada, o conteúdo e seu nome”.

3) “Em 23 de outubro de 2018, a Juíza Titular da 199ª Zona Eleitoral do Rio de Ja-neiro, determinou busca e apreensão dos materiais de propaganda eleitoral irregular porventura encontrados nas Unidades da Universidade Federal Fluminense em Niterói, sobretudo nos campos do Gragoatá e do Ingá”.

4) “O Juiz Eleitoral, ti-tular da 18º Zona Eleitoral determinou à notificação a Universidade da Grande Dourados (MS), na pessoa do reitor ou seu representante legal, para que fosse proibida a aula pública referente ao tema “Esmagar o Fascismo” a ocor-rer em 25/10/2018 às 10h, nas dependências da universida-de. A aula foi iniciada, mas, após alguns discursos, foi interrompida por agentes da Polícia Federal”.

5) “O Juiz Eleitoral da 20ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Sul, em razão de pedido de providências proposto pelo Ministério Público Eleito-ral em face da Universida-

de Federal Fronteira Sul (UFFS), impediu a realização do evento político denominado “Assembleia Geral Extraor-dinária contra o Fascismo, a Ditadura e o Fim da Educação Pública”.

6) “A Juíza Eleitoral da 30ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, determinou a noti-ficação da Universidade Fe-deral de São João Del Rei, para que proceda a retirada do sítio da Universidade de nota em favor dos princípios demo-cráticos e contra a violência nas eleições presidenciais de 2018, assinada pela Reito-ria da Instituição”.

7) “Na Universidade Fe-deral de Uberlândia (UFU) ocorreu a retirada de faixa com propaganda eleitoral co-locada do lado externo de uma das portarias do campus Santa Mônica, pela Polícia Militar, não sendo possível aferir se a determinação foi exarada do juiz da 278ª ou 279ª Zona Eleitoral”.

8) “Na Universidade Es-tadual do Rio de Janeiro (UERJ), policiais promove-ram a retirada de faixas em homenagem à vereadora Ma-rielle Franco, assassinada em março, e com as inscrições “Direito Uerj Antifascismo”. A Universidade informou que não havia mandado judicial a autorizar as referidas ações”.

9) “Na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus de Serrinha, foram retirados cartazes suposta-mente de apoio a candidato a Presidência da República”.

Além disso, a procuradora geral Raquel Dodge citou ou-tras ocorrências semelhantes nas seguintes instituições:

– Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);

– Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);

– Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sul (UFRGS);

– Universidade Federal do Estado do Rio de Janei-ro (UniRio);

– Universidade Federal da Bahia (UFBA);

– Universidade Federal do Amazonas (UFAM);

– Universidade Católica de Petrópolis (UCP);

– Universidade Federal de Goiás (UFG);

– Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI);

– Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

(UFMS);– Universidade Fede-

ral Rural do Semi-Árido (UFERSA);

– Universidade da Inte-gração Internacional de Lusofonia Afrobrasileira (UNILABA);

– Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Certamente, haveria mais a acrescentar, embora o quadro esboçado pela procuradora seja bastante preciso – inclu-sive, em extensão.

Mas, por exemplo, na UFF, mencionada pela procuradora, um bando com coletes da Jus-tiça Eleitoral invadiu o prédio da Faculdade de Direito para retirar uma bandeira. Nesta, somente estava escrito: “Di-reito UFF” e “Antifascismo” sobre um fundo preto e laran-ja, cores da associação atlética dos estudantes. Não havia menção a candidato algum ou às eleições.

Pelo que se soube depois, a juíza que ordenou a reti-rada da bandeira considerou que a palavra “antifascismo” prejudicava a campanha de Bolsonaro…

“Eles não apresentaram carteira funcional, não se identificaram com nenhuma matrícula. Disseram que ti-nham uma decisão judicial, mas não apresentaram nada, e disseram ainda que tinham um ‘mandado verbal’ para entrar no prédio”, relatou um professor da faculdade.

Esse bando percorreu as dependências da faculdade, ti-rando fotos, e interromperam uma aula de Direito Processu-al do Trabalho, perguntando à professora sobre o que ela estava falando.

A sala do Centro Acadêmico foi revirada, supostamente em busca de material de campa-nha eleitoral.

Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFR-RJ), outro grupo, com as mes-mas características, tentaram impedir uma mesa-redonda sobre democracia, alegando que era um ato de apoio à candidatura de Fernando Haddad, do PT.

Na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), outro grupo revistou a sala de um professor “em busca de material irregular de propa-ganda eleitoral”. O professor, Marcos Pedlowsky, mantém um blog sobre assuntos po-líticos.

O Tribunal Regional Elei-toral (TRE) do Rio de Janeiro desmentiu que tivesse algo a ver com esses fatos.

Todos, até agora, partiram de um pequeno grupo de juízes que servem, momenta-neamente, à Justiça Eleitoral (esta não tem, no Brasil, um quadro próprio de juízes; são eles designados, por um pe-ríodo, entre os membros da Justiça comum).

AFRONTA

Diante desses fatos – iné-ditos desde os tempos da ditadura, derrubada há 33 anos – a Procuradoria Geral da República apontou, em sua ação no STF:

“… lesão aos direitos fun-damentais da liberdade de manifestação do pensamento, de expressão da atividade in-telectual, artística, científica e de comunicação e de reunião (art. 5º, IV, IX e XVI [da Cons-tituição]), ao ensino pautado na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento e o pluralismo de ideias (art. 206, II e III) e à autonomia didático-científica e administrativa das universi-dades (art. 207) previstos na Constituição”.

Sobre o pretexto dessas incursões repressivas – o ar-tigo 37 da Lei Eleitoral (Lei nº 9504/1997), que proíbe a propaganda eleitoral em “bens públicos”, a procura-dora lembrou que já existe entendimento firmado sobre isso, expresso pela atual presidente do Tribunal Su-perior Eleitoral, ministra Rosa Weber:

“… a legislação eleitoral veda a realização de pro-paganda em universidades públicas e privadas (art. 37 da Lei 9.504/1997), mas a ve-dação dirige-se à propaganda eleitoral e não alcança, por certo, a liberdade de manifes-tação e de expressão, preceitos tão caros á democracia, as-segurados pela Constituição Cidadã de 1988. A atuação do poder de polícia – que compete única e exclusiva-mente à Justiça Eleitoral – há de se fazer com respei-to aos princípios regentes do Estado Democrático de Direito” (Ministra Rosa Weber, na abertura da Seção de 26/10/2018, do TSE, grifo de Raquel Dodge).

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