apoio psicolÓgico ao parto: possibilidades de ... -...
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Fepal - XXIV Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis - Montevideo, Uruguay “Permanencias y cambios en la experiencia psicoanalítica" – Setiembre 2002
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APOIO PSICOLÓGICO AO PARTO: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO (PSICOLÓGICA) Dra. Regina Maria Leme Lopes Carvalho
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VI - Protocolo de Pesquisa VI 1 - Folha de rosto
VI 1.1. - Título: APOIO PSICOLÓGICO AO PARTO:
POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO (PSICOLÓGICA)
1.2. - Pesquisador responsável: Regina Maria Leme Lopes
Carvalho, Professora Doutora do curso de Pós-Graduação em
Psicologia (mestrado e doutorado strictu censu) do I.P.F.
R.G. : 6523707 SSP-SP; C.P.F.: 392106508-91
Telefone : (0xx19) 3251 5027; Fax: (0xx19) 3294 2113
E-mail: [email protected]
Diretora do I.P.F.: Diana Tosello Laloni
Ass.:
Chefe do G. O do Hospital Celso Pierro:
Ass.:
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VI 2 - Descrição da pesquisa, compreendendo os seguintes itens: a) Descrição dos propósitos e das hipóteses a serem testadas
APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA
O estudo do psiquismo fetal e neo-natal tem estimulado muitos pesquisadores dos
campos da medicina, psicologia e psicanálise a ampliar, não só as áreas de suas
especialidades, como os trabalhos interdisciplinares. Várias são as pesquisas feitas no
exterior (Piontelli, 1986) que aliam psicanálise e ultra-sonografia, observação do
comportamento de bebês em UTIS, e outros. Dentro desse universo, a psicanálise vem se
interessando e desenvolvendo pesquisas sobre: aspectos do psiquismo fetal e sua
continuidade após o nascimento; a observação da relação mãe x bebê pelo método Esther
Bick ; a importância do ambiente emocional no parto e puerpério para o
desenvolvimento do bebê ; observações sobre o tipo de participação da família no
momento do parto; o significado da figura paterna (Colucci,1998), entre outros temas.
Atualmente, o meu interesse está voltado para os aspectos psicológicos
envolvidos no parto, não só do ponto de vista da relação mãe x bebê, como de toda a
equipe de saúde que atende à parturiente. Esse interesse foi despertado em cursos e
seminários feitos por mim e a realização de observações da relação mãe x bebê ( método
Esther Bick) , e também por alunos de Pós Graduação que, atuando nessa área, querem
fazer pesquisas de Dissertação de Mestrado e tese de Doutorado neste tema.
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Dessa forma, a presente pesquisa irá se constituir num dos elos de uma cadeia de
pesquisas que terão como meta criar, num clima de colaboração, um sistema integrado
médico-psicológico de atendimento à parturiente.
Pensar o parto como um ato médico faz parte de uma mentalidade que todas as
agências de Prevenção da Saúde física e mental vêm procurando modificar, no sentido de
resgatar a idéia de que parir é uma coisa natural da vida do ser humano. Nascer é um ato
existencial que celebra uma relação de amor entre PAI X MÃE X FILHO. Eles são os
principais protagonistas do evento e o obstetra, o anestesista, o pediatra, a enfermagem, o
hospital enfim, passam a ser os auxiliares/colaboradores que emprestam aos atores
principais, pai - mãe - bebê, seu apoio competente. Entretanto, essa forma de encarar o
parto às vezes desperta muita resistência no meio médico, provavelmente porque provoca
mudanças, não só na rotina, como nas relações de poder. Há também um outro aspecto
importante concorrendo para essa resistência, que é o amplo desconhecimento dos
aspectos psicológicos e psicossociais ( mitos, crenças) envolvidos no parto, e da
importância destes na promoção da saúde física e mental.
Sendo assim, essa pesquisa tem por objetivo criar condições para que se dêem
novas aprendizagens, não só por parte da mães parturientes, como por parte da equipe de
saúde que assiste ao parto, com a finalidade de promover melhores condições de saúde
física e mental para mães e bebês. As mães bem atendidas nas suas necessidades
emocionais, são mais felizes, apresentam um menor índice de doença, os bebês são mais
saudáveis e toda o “operação parto” torna-se mais rápida e mais econômica. Marshall
Klaus (1997) mostra que em algumas maternidades americanas a economia de tempo,
recursos financeiros e material humano chega a ser de 70% . Este é um dos aspectos
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buscados pela UNICEF/OMS quando implanta os seus programas de Aleitamento
Materno e Parto Assistido.
Encarando o tema proposto do ponto de vista da produção de novos
conhecimentos, creio que também vamos poder contribuir para um conhecimento mais
aprofundado dos aspectos psicológicos envolvidos no parto e no puerpério não só do
ponto de vista da díade mãe x bebê, como de toda a equipe envolvida e, com isso,
implementar programas de atendimento à população materno - infantil. É importante
lembrar, também, que essa pesquisa se insere no Tema de Pesquisa Psicanálise e
Instituições, acrescentando novos aspectos a esse tema que vem sendo por mim estudado
há vários anos.
Neste projeto abordaremos alguns aspectos da metodologia a ser usada, ou seja, o
Método de Observação da Relação Mãe - Bebê, formulado por Esther Bick (1948);
apresentaremos a Instituição onde a pesquisa será efetuada, caracterizando a sua
população e apontaremos as técnicas de coleta e análise dos dados pretendidas. A seguir
será apresentado um cronograma, possível de ser pensado neste momento, e as
Referências Bibliográficas por nós utilizadas.
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VI 2 - b) Antecedentes científicos que justifiquem a pesquisa.
Nas últimas décadas assistimos à expansão do interesse dos profissionais de saúde
mental em direção ao estudo do desenvolvimento humano nos seus aspectos mais
primitivos, ou seja, desde os primeiros momentos de sua vida intra-uterina.
Entre muitas outras formas de exploração dessas primeiras etapas da vida humana, faz-se notar a
importância atribuída aos métodos de observação ,empregados no seu maior rigor metodológico, do bebê
nos mais variados contextos da sua vida. Essas metodologias, baseadas na cuidadosa observação do
relacionamento da dupla mãe x bebê, vêm enriquecendo enormemente o conhecimento que possuímos
sobre as etapas iniciais do desenvolvimento humano, inclusive as diversas formas de interação tanto
normais quanto patológicas entre a mãe e o seu filho, bem como as formas de progressiva construção de um
código comunicativo e afetivo, comum a ambos. Propiciaram, também, o estudo do modo como a conduta
da mãe (ou figura substitutiva) desencadeia respostas na criança e, como os comportamentos desta
promovem o desenvolvimento de certas pautas na primeira , criando sintonias ou distonias, encontros e
desencontros emocionais entre ambos os protagonistas deste que é o mais primitivo dos vínculos humanos.
Assim, esses estudos baseados na observação empírica e na análise das ressonâncias que provocam na
pessoa do observador, têm possibilitado um conhecimento maior quanto ao processo normal de formação
das estruturas psíquicas em suas diversas instâncias . De forma paralela, também constituem um método
privilegiado para o conhecimento das distorções e malformações precoces do vínculo materno - infantil e a
gênese das diversas formações psicopatológicas precoces, que surgem a partir desses momentos iniciais do
inter-relacionamento materno filial. Acrescentam-se a essas contribuições outras duas, a saber: que essas
primeiras relações vinculares mãe x bebê são a gênese e o modelo de todas as demais relações ulteriores que
a pessoa (bebê) irá usar em toda sua infância, adolescência e idade adulta e que, por isso, os conhecimentos
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advindos dessas fases, obtidos através procedimentos de observação, podem nos ajudar a desenvolver
programas de prevenção primária.
Algumas dessas afirmações fazem parte do Prólogo do livro Observación de Bebés que tem como
editora a Dra. Nohemi Reyes de Polanco, psicanalista mexicana, e que traz a íntegra do trabalho
apresentado no Primer Coloquio Americano Sobre Observación de Bebés, realizado na Cidade do México
em janeiro de 2000, no qual apresentei uma pesquisa (Carvalho, 2000). Como esse, inúmeros congressos,
simpósios e encontros têm sido feitos no mundo inteiro.
No Brasil, desde 1994, temos a cada dois anos congressos sobre esse tema, alem de várias publicações que
buscam apresentar resultados de pesquisas de inúmeros psicanalistas , a saber: Marisa Méllega (1997),
Izelinda G. de Barros (1996 ) , Nara Amália Caron (2000), Joaquim Couto Rosa (2000), Joana Wilheim
(2000) e muitos outros. Também inúmeros pesquisadores do desenvolvimento humano como Brazelton
(1980), Bowlby ( 1958) e Stern (1985), para citar apenas os mais conhecidos, têm se debruçado sobre
esses momentos iniciais da vida humana, tentando descrevê-los e significá-los.
Esta pesquisa pretende desenvolver, junto com a equipe de profissionais que cuidam do pré-parto e
do parto das gestantes que acorrem ao Hospital Celso Pierro, uma atitude de observação mais profunda
daquilo que acontece com as parturientes no momento de dar a luz, e entre as mães e seus filhos recém -
nascidos, tendo por finalidade o desenvolvimento de ações mais eficazes no campo da prática obstétrica e
da ética em saúde pública. Esse desenvolvimento será propiciado pelo conhecimento e pelas vivências
emocionais que puderem retirar dos momentos de observação, comentados , depois, na equipe de
supervisão.
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - UM MÉTODO PSICANALÍTICO DE PESQUISA
O Método de Observação da Relação Mãe - Bebê foi desenvolvido em 1948 por Esther Bick e vem sendo,
desde então, utilizado não só como método de pesquisa mas, principalmente, como método de formação de
psicanalistas infantis, uma vez que, alem de desenvolver a acuidade da observação, integra e estrutura o
trabalho clínico posterior. É um método que pode ser comparado ao da Observação Participante tão usado
em Antropologia Social, Educação e, mais recentemente, pela Psicologia.
Desenvolver esse tipo de observação visa cumprir três metas principais:
a) Propiciar ao pesquisador um contato prolongado com uma dupla mãe - bebê, num
ambiente natural, isto é, na própria casa da família. O observador irá participar de
atividades da vida diária : amamentação, banho, contatos com outros familiares, etc. Essa
experiência de observação direta e o material que dela surge, vão poder ser relacionadas
com outras experiência clínicas e com a teoria, contribuindo de uma maneira muito
importante para a formação dos futuros terapeutas;
b) Os pesquisadores são participantes tanto no sentido de procurarem se adequar ao
cotidiano da família como de poderem receber o impacto emocional que se dá à volta
deles e, principalmente, neles. Eles se constituem no eixo da observação, eixo de
integração das experiências e de atribuição de significado.
c) Esse método se constitui numa oportunidade de observação sem intervenção, sem
que haja necessidade de qualquer ação. Após o tempo de observação, tudo é relatado
minuciosamente e depois levado para discussão num seminário integrado por outros
alunos/observadores e por supervisores/ professores. Aí vão poder ser discutidas as
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experiências vividas, seus impactos emocionais, cotejar com a experiência dos
companheiros e aproveitar da experiência mais ampla e já elaborada dos
supervisores.
Esther Bick sempre procurou separar os aspectos da coleta de dados ( feita durante a
observação da dupla), da função reflexiva desenvolvida no Seminário. Assim há
momentos em que a discussão gira em torno do bebê da Psicologia do
Desenvolvimento e da Psicossomática , e outros nos quais o bebê discutido é o da
Teoria das Relações Objetais; mas também há momento em o que se discute é a
experiência do observador, suas vivências contratransferenciais, num enquadre grupal
de respeito e continência. Por todas essas características , esse é um método que tem
se mostrado muito eficaz quanto a propiciar ocasiões de aprendizagem e
desenvolvimento a todos aqueles que se interessam pelos momentos iniciais da vida
dos seres humanos nos seus aspectos psico- sociais. É um método simples e
econômico , na medida em que necessita apenas do envolvimento do pesquisador, das
mães e dos bebês pesquisados e do grupo de supervisão.
O método de Esther Bick prevê que o pesquisador participante realize observações
semanais, (durante uma hora inteira), das relações estabelecidas entre uma mãe e o
seu bebê numa atividade qualquer da sua vida diária. O mais interessante é que as
observações comecem o mais cedo possível na vida do bebê e que perdurem por dois
anos. Essa duração permite que a observação percorra o período mais importante ,
porque fundante, da vida mental do ser humano. O período do dia em que a
observação se dará fica a critério da dupla, que deverá escolher um momento de
conveniência para ambos, para que não haja necessidade de grandes mudanças ou, até
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mesmo, de interrupção da atividade. Após a observação, o pesquisador deverá fazer o
relato do ocorrido, procurando descrever o evento da forma mais detalhada possível.
Com isso ele estará se treinando no procedimento de escuta e observação do vivido na
relação, devendo acrescentar à descrição do acontecido entre mãe e filho, a sua
percepção particular e seus movimentos emocionais. Esse relato amplo irá depois , ser
discutido no grupo de supervisão onde, um supervisor mais experiente, tecerá
comentários visando o desenvolvimento de todo o grupo.
A proposta da nossa pesquisa seria a de transpor esse método para um ambiente
hospitalar, especificamente o da maternidade, com o intuito de, fazer o treinamento de
cada uma das pessoas que compõem a equipe que atende aos partos, no processo de
observação da relação mãe - bebê. Imaginamos que, através dessas experiências, toda
a equipe possa vir a substituir condutas já existentes, por outras que vinculassem cada
vez mais a mãe ao seu filho, levando com que esta o acolhesse , amamentasse e
cuidasse dele de uma forma mais continente. A forma pela qual faremos isso será
discutida no capítulo da Metodologia.
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VI 2 -c) Descrição detalhada e ordenada do projeto de pesquisa (material e métodos,
casuística, resultados esperados e bibliografia).
CAPÍTULO II
METODOLOGIA
A Instituição
O Hospital Universitário Celso Pierro é a unidade de atendimento e aprendizagem médica da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Situa-se num bairro afastado do centro da cidade e atende à
população em geral, pelo SUS ( Sistema Unificado de Saúde). Pretendemos desenvolver a nossa pesquisa
no setor de Ginecologia e Obstetrícia do hospital, já tendo desenvolvido contatos iniciais nesse sentido.
1. Sujeitos
Toda a Equipe Multidisciplinar que compõe o Centro Obstétrico, a saber:
1. chefia;
2. médicos: residentes e internos de medicina
3. enfermeiros padrão, técnicos de enfermagem
4. obstetrizes
5. nutricionistas
6. fisioterapeutas,
7. auxiliares de limpeza e copa.
Nota : o número de participantes só poderá ser estipulado após o encontro
descrito no item 1 dos Procedimentos.
Procedimentos de coleta de dados
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1. reunir a Equipe do dia para a apresentação da Pesquisa e convidando para
a participação na mesma;
2. apresentar a ela as concepções mais atuais em medicina e psicologia
preventivas apoiadas pela OMS e UNICEF sob os nomes de Maternidade
Segura, Hospital amigo da criança ,Programa de aleitamento Materno,
cuja tônica é resgatar a naturalidade e a humanidade do parto, através do
envolvimento cada vez mais profundo de cada mãe com o seu bebê.
Enfatizar que em GO muitos passos já foram dados, inclusive neste
mesmo hospital, quanto à maior informação das gestantes sobre a
importância dos seus cuidados para com o bebê ( maternagem ), assim
como a mudanças de técnicas em obstetrícia, visando ao máximo a
realização de partos naturais (vaginais). Acrescente-se a isto o irrestrito
apoio à amamentação , incentivando e apoiando as parturientes nas suas
tentativas de manter o aleitamento materno durante o primeiro ano de vida
de seus bebês. Entretanto, nesses procedimentos, não se encontra , ainda, a
ênfase devida aos aspectos psíquicos ( emoções, afetos, defesas) que
presidem a esses momentos. Raramente se encontra a presença de
psicólogos ou de profissionais treinados para atender mães e bebês nas
suas necessidades emocionais.
O objetivo dessa pesquisa é justamente começar a sensibilizar a equipe
quanto a importância de tais aspectos relacionados ao vínculo mãe x bebê,
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apresentando o Método da Observação da Relação Mãe x Bebê, criado
por Esther Bick em 1948, propondo o treinamento de cada membro da
equipe para a realização das observações.
•O treinamento será feito seguindo os seguintes passos :
1 - apresentação da pesquisa;
2 - pedir a cada pessoa que escolha um momento do seu dia no
hospital, quinze minutos no início, para observar uma dupla mãe
x bebê, provavelmente no próprio quarto do hospital;
3 - pedir que relate, por escrito, da melhor forma possível, o que
viu, pensou e sentiu nesses quinze minutos;
4 - pedir que traga esse relato para o grupo de supervisão e o
apresente aos colegas para ser discutido, junto com o supervisor
5 - marcar horário e datas para as supervisões.
O próximo passo seria o de criar grupos de supervisão e discussão com os
observadores responsáveis em horários previamente combinados. Esses grupos teriam no
máximo seis (6) elementos e se reuniriam uma vez por semana para apresentar o relato
das observações e discutir os aspectos emocionais percebidos não só na dupla mãe x
bebê, como no próprio observador. Essas discussões virão propiciar o aparecimento de
novas formas de vivenciar o nascimento de um ser humano, as quais, talvez, nunca
puderam ser percebidas antes, porque haviam caído numa rotina desumanizante do
serviço cotidiano. Utilizando-se esse procedimento que poderá ser repetido quantas
vezes forem necessárias ( daí a dificuldade de se ter, desde agora, um cronograma já
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fixado), esperamos melhorar a qualidade de atendimento às mães e seus bebês porque
estaremos instrumentalizando os profissionais no desenvolvimento da sua sensibilidade,
bem como da sua capacidade de observação, condições fundamentais para o trabalho que
desenvolvem.
A discussão nos grupos será gravada em fita cassete, mediante prévio
consentimento, por escrito, de cada membro do grupo, o qual não será identificado, uma
vez que esse material será usado na pesquisa.
Procedimento e análise dos dados
O texto das fitas será transcrito e apresentado aos membros do grupo para que
dele tomem conhecimento e façam as correções que forem necessárias (início do
processo de triangularização).
A seguir os pesquisadores lerão esses textos quantas vezes for necessário
(processo de imersão) para que surjam os aspectos recorrentes, mais significativos e
importantes. Esses aspectos emergentes serão agrupados, analisados e categorizados
segundo os temas principais.
Os resultados dessas análises serão agrupados, interpretados e apresentados ao
grupo para discussão e feedback para novas observações.
Resultados Esperados
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Esperamos vir a interessar a maior parte da equipe fixa do GO: médicos,
enfermagem e pessoal de apoio fixo, assim como os residentes que passarem pelo serviço
no decurso da pesquisa. O prazo previsto, segundo o planejamento mandado para a CCE,
para esta pesquisa é o de 24 meses, a partir de março de 2000. Entretanto, face ao tempo
gasto com o preparativos para a implantação da mesma, é possível que tenhamos que
pedir algum meses mais, dependendo do que pudermos fazer. Vamos considerar dois
tipos de resultado : o primeiro, decorrente da realização dos objetivos específicos que
dizem respeito a capacidade da Equipe de aprender e de se beneficiar com o método de
observação de Esther Bick, o qual visa especificamente o desenvolvimento das
capacidades pessoais do observador, para o atendimento a pessoas necessitadas de um
apoio psicológico , podendo suportar o seu tumulto, sem com elas se envolver
emocionalmente. O segundo seria observar o que acontece no CO a medida que
transformações puderem ocorrer, no sentido de verificar se , de fato, as parturientes
confirmam terem sido bem acolhidas e atendidas nas suas necessidades. Nesse momento
inicial da implantação de pesquisa, iremos priorizar atingir plenamente o primeiro tipo de
resultados. O segundo tipo será apenas observado, já que não estamos em condições de
testar e afirmar a ocorrência de mudanças, ainda.
Material
Gravador, fita cassete, papel sulfite, computador, impressora, tinta para a impressora
Bibliografia
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IV - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ____________________________________________, C.P.F._________________, (nome)
cargo _____________________________ declaro que estou interessado (a) e consinto
em participar da pesquisa Apoio psicológico ao parto: possibilidades de ação
(psicológica), conduzido pela professora Dra. Regina Maria Leme Lopes de Carvalho,
CPF 392 106 508-91, do curso de Pós Graduação em Psicologia, do Instituto de
Psicologia e Fonoaudiologia da PUC-Campinas. Declaro, também, que estou ciente do
teor da pesquisa que se propõe a, através da aprendizagem do Método de Observação da
Relação Mãe - Bebê de Esther Bick, instrumentalizar os profissionais do C.O. no sentido
de desenvolverem procedimentos e técnicas que visam melhorar a qualidade do
atendimento mãe x bebê.
Estou ciente que poderei retirar este consentimento a qualquer momento , sem nenhum
prejuízo da minha pessoa. Afirmo Ter compreendido bem a natureza do sigilo que
envolve essa pesquisa, o qual garanate a privacidade dos dados confidenciais e permito
que esse material, assim desidentificado, possa ser usado em publicações científicas.
Campinas, de de
_______________________________________
Assinatura
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IV - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu,________________________________________,C.P.F.______________________, (nome)
cargo_________________________,responsável pelo setor _______________________, (CO ou UTI)
declaro que estou de acordo com os procedimentos da pesquisa Apoio Psicológico ao
Parto: possibilidades de atuação (psicológica), conduzida pela professora Dra. Regina
Maria Leme Lopes Carvalho, CPF 392 106 508-91 do curso de Pós Graduação em
Psicologia, do Instituto de Psicologia e Fonoaudiologia da PUC-Campinas a ser
desenvolvida no meu setor: _______________________________. Declaro estar ciente
da teoria, método e procedimetnos que envolvem a referida pesquisa e me disponho a lhe
prestar o auxílio que for necessário para o bom desempenho da mesma.
Declaro, outrossim, que me sinto na liberdade de retirar esse meu consentimento, no
momento em que julgar que os procedimentos da pesquisa possam estar interferindo
negativamente na rotina do setor, sem nenhum prejuízo para a minha pessoa, nem para os
meus subordinados, uma vez que tenha, previamente, conversado com os pesquisadores e
tenha esgotado todas as condições possíveis para a continuação da pesquisa.
Declaro saber que os resultados da mesma, devidamente desidentificados para que o
sigilo possa ser completamente preservado, sejam usados para publicações científicas.
Campinas, de de
____________________________________
Assinatura
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CARVALHO, Regina Maria Leme Lopes. Apoio Psicológico ao Parto :
Possibilidades de Atuação Psicanalítica. Projeto de Pesquisa a ser realizada no Hospital
Maternidade Celso Pierro , da PUC-Campinas, S.P., Brasil, de março de 2001 a
dezembro de 2002.
Palavras-chave (keywords) : pesquisa psicanalítica; observação da relação mãe x bebê;
psicanálise e universidade.
RESUMO
• estudo do psiquismo fetal e neo-natal tem estimulado muitos pesquisadores dos campos da psicanálise, psicologia e medicina a ampliar, não só as áreas das suas especialidades, como os trabalhos interdisciplinares. Várias são as pesquisas feitas no exterior (Piontelli 1986) que aliam psicanálise e ultrasonografia, observação do comportamento de bebês nas UTIs e outros. Dentro desse universo, a psicanálise vem se interessando e desenvolvendo pesquisas sobre: aspectos do psiquismo fetal e sua continuidade após o nascimento; a observação da relação mãe x bebê pelo método Esther Bick; a importância do ambiente emocional no parto e puerpério para o desenvolvimento do bebê; observações sobre o tipo de participação da família no momento do parto; o significado da figura paterna, (Colucci,1998), entre outros temas. Atualmente o meu interesse está voltado para os aspectos psicológicos envolvidos no parto, não só do ponto de vista da relação mãe x filho, como de toda equipe de saúde que atende a parturiente.A proposta desta pesquisa é a de transpor o método Esther Bick, para o ambiente hospitalar, especificamente o da maternidade, com o intuito de fazer o treinamento de cada pessoa da equipe de atendimento ao parto, no processo de observação da relação mãe x bebê. Imaginamos que , através essas experiências, toda a equipe possa a vir substituir condutas já existentes por outras que vinculem cada vez mais a mãe ao seu filho, acolhendo-o e amamentando-o de uma forma mais continente. Método - A orientação geral do método é o das Pesquisa Qualitativas nos quais o pesquisador tem um papel eminentemente participante dos trabalhos. Local: Centro Obstétrico (CO) do Hospital Universitário Celso Pierro . Sujeitos: toda a Equipe multidisciplinar que compõe o CO, e que queira participar da pesquisa, a saber : chefia, médicos residentes e
Fepal - XXIV Congreso Latinoamericano de Psicoanálisis - Montevideo, Uruguay “Permanencias y cambios en la experiencia psicoanalítica" – Setiembre 2002
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internos,enfermeiros padrão e técnicos de enfermagem, obstetrizes, nutricionistas, fisioterapeutas, auxiliares de limpeza e copa. Procedimentos de coleta e análise dos dados: grupos para a apresentação da pesquisa e dos conceitos sobre a método Esther Bick. Após as observações faremos a supervisão dos relatos, tambem em grupos.Os textos gerados, da supervisão destes grupos pela pesquisadora principal ( eu mesma), serão analisados de acôrdo com os preceitos da análise de texto e terão, em seguida, uma compreensão psicanalítica. Essa compreensão retornará ao grupo, servindo de base para novas observações e discussões. Esse procedimento se repetirá quantas vezes for necessário para que a Equipe absorva e ponha em prática novas atitudes e procedimentos, fruto de uma nova compreensão do seu trabalho. A duração da pesquisa não pode ser prevista no momento; uma primeira fase deve ser completada até meados do segundo semestre, para que o Projeto possa ser elaborado e apresentado ao Programa de Pós Graduação até dezembro de 2002.Resultados e Benefícios esperados: vamos considerar dois tipos de resultados: o primeiro, decorrente da realização dos objetivos específicos que dizem respeito à capacidade da Equipe de aprender e beneficiar-se com o método de observação Esther Bick, o qual visa o desenvolvimento das capacidades pessoais do observador para o atendimento a pessoas necessitadas de um apoio psicológico, podendo suportar o seu tumulto, sem com elas envolver-se emocionalmente. O segundo seria observar o que acontece no CO a medida que transformações puderem ocorrer, confirmando ou não a mudança no tratamento das parturientes.Orçamento Financeiro : será singelo, uma vez que a pesquisadora principal e possíveis auxiliares de pesquisa fazem parte do corpo docente e discente da PUC -Campinas. Precisaremos apenas de material de escritório, gravadores e fitas. Cronograma : de abril a dezembro de 2002, para coleta e análise dos dados.
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APRESENTAÇÃO Prezados colegas do Comité de Investigación de la IPA e Coordenação Científica da FEPAL, Boa tarde, É com imensa satisfação que estou enviando a minha colaboração para o XXIV Congresso Latino Americano de Psicoanalise da FEPAL, esperando contribuir para as discussões que aí se realizarão. Estou enviando dois tipos de trabalho : um Projeto de Pesquisa - Apoio Psicológico ao Parto : possibilidades de atuação psicanalítica.- na sua íntegra e tambem, o Resumo de duas páginas pedido por vocês. O trabalho na íntegra acompanha o Resumo apenas como um exemplo de Projeto de Pesquisa exigido por uma Universidade.Talvez possa ser útil para desencadear questões sobre pesquisa psicanalítica, nas suas diversas formas possíveis. Caso a Comissão Científica não veja utilidade nesse procedimento, por favor desconsidere-o e utilize apenas o Resumo requerido. O outro trabalho é o resultado de uma Comunicação feita aqui no nosso Núcleo de Psicanálise de Campinas e Região e , creio, possa acrescentar questões ao mesmo tema da inserção da Psicanálise na Universidade. Peço aos colegas da Comissão Científica que, caso os trabalhos sejam aceitos, que eu possa ser comunicada por uma carta oficial do Congresso, para que possa pleitear uma ajuda de custos pela minha Universidade ou pelas Agências Federais. Dois outros colegas, alunos meus do Mestrado e Doutorado estão enviando trabalhos. São : Marcela C. Ferreira - Reflexões sobre a Sedução num processo psicoterápico institucional - e Pedro José da Costa, cujo título não tenho. Para ele tambem pediria que enviassem as respostas de aceitação, caso isso venha a ocorrer, pelo mesmo motivo. Colocando-me a vossa inteira disposição para eventuais esclarecimentos, despeço-me, REGINA MARIA LEME LOPES CARVALHO