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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTO ARAGUAIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS A EDUCAÇÃO FABIANA SOUZA DE ANDRADE APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS COMO RECURSOS AUXILIARES AOS DEFICIENTES VISUAIS ALTO ARAGUAIA 2008

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Este trabalho apresenta o papel das bibliotecas universitárias como um recurso que auxilie o acesso à informação pelos deficientes visuais. Tem o intuito de expor as políticas de inclusão que podem ser adotadas em bibliotecas universitárias. A pesquisa, realizada por meio de uma revisão de literatura, procurou abordar aspectos sobre o direito do usuário a informação e as tecnologias de informação e comunicação, especificamente as tecnologias assistivas, utilizadas para promover a acessibilidade das pessoas com deficiências. Faz referência ainda às iniciativas realizadas por bibliotecas universitárias brasileiras demonstrando que o processo de integração social dos deficientes visuais tem avançado no país.

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Page 1: Aplicação das tecnologias da informação e comunicação em bibliotecas universitárias como recursos auxiliares aos deficientes visuais

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTO ARAGUAIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS A EDUCAÇÃO

FABIANA SOUZA DE ANDRADE

APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS COMO RECURSOS AUXILIARES AOS

DEFICIENTES VISUAIS

ALTO ARAGUAIA 2008

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FABIANA SOUZA DE ANDRADE

APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS COMO RECURSOS AUXILIARES AOS

DEFICIENTES VISUAIS

Monografia apresentada ao curso de Especialização em Novas Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas a Educação da Universidade do Estado de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Orientadora: Prof. Me. Shirlene Rohr de Souza

ALTO ARAGUAIA 2008

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FABIANA SOUZA DE ANDRADE

APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS COMO RECURSOS AUXILIARES AOS DEFICIENTES VISUAIS

Monografia apresentada ao curso de Especialização em Novas Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas a Educação da Universidade do Estado de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Orientadora: Prof. Me. Shirlene Rohr de Souza

Aprovada em: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Me. Shirlene Rohr de Souza (Orientadora)

___________________________________________________

Prof. Esp. Mônica de Castro Teixeira (Membro)

___________________________________________________ Prof. Me. Wesley Barbosa Thereza (Membro)

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Á minha mãe Liberalina, exemplo de mãe, amiga, esposa e filha.

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Agradeço Aos meus amigos e familiares pelo incentivo e paciência. Aos professores e colegas pelo ensinamento, amizade e pela sabedoria compartilhada.

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"Cegos são aqueles que não conseguem se ver, que decidem continuar pela vida sem olhar onde estão, ignorando a sua responsabilidade. E a importância de sua ação no processo de construção de sua história, da história do outro, da história da sua sociedade". (BRAILLE, 1992)

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RESUMO

Este trabalho apresenta o papel das bibliotecas universitárias como um recurso que auxilie o acesso à informação pelos deficientes visuais. Tem o intuito de expor as políticas de inclusão que podem ser adotadas em bibliotecas universitárias. A pesquisa, realizada por meio de uma revisão de literatura, procurou abordar aspectos sobre o direito do usuário a informação e as tecnologias de informação e comunicação, especificamente as tecnologias assistivas, utilizadas para promover a acessibilidade das pessoas com deficiências. Faz referência ainda às iniciativas realizadas por bibliotecas universitárias brasileiras demonstrando que o processo de integração social dos deficientes visuais tem avançado no país. Palavras-chave: Biblioteca Universitária – Direito a Informação. Biblioteca Universitária – Deficiente Visual. Tecnologias Assistivas.

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RESUMEN

Este trabajo presenta el papel de las bibliotecas universitarias como un recurso que auxilie el acceso a la información superior por los deficientes visuales. Tiene el intuito de exponer las políticas de inclusão que pueden ser adoptadas en bibliotecas universitarias. La investigación realizada por medio de una revisión de literatura buscó abordar aspectos sobre el derecho del usuario la información y las tecnologías de información y comunicación, específicamente las tecnologías assistivas, utilizadas para promover la acessibilidade de las personas con deficiencias. Hace referencia aún a la iniciativas realizadas por bibliotecas universitarias brasileñas demostrando que el proceso de integración social de los deficientes visuales ha avanzado en el país. Palabras-llave: Biblioteca Universitaria - Derecho la Información. Biblioteca Universitaria - Deficiente Visual. Tecnologías Assistivas.

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Quadro 1 - Evolução do sistema de leitura tátil 22

Figura 1 - Placa sonográfica de Barbier 26

Figura 2 - Alfabeto Braille 28

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BIBIFCH - BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS CADV (PUC) - CENTRO DE ACESSIBILIDADE AO ALUNO DEFICIENTE VISUAL CADV (UFMG) – CENTRO DE APOIO AOS DEFICIENTES VISUAIS CAS – CURSO DE ANÁLISE DE SISTEMAS CEPE – CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO CODE – COMISSÃO PERMANENTE DE APOIO AOS ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA DSU - DIVISÃO DE SERVIÇOS AO USUÁRIO DV – DEFICIENTE VISUAL, DEFICIENTES VISUAIS FAPESP - FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO NTICS – NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ProAces/DV – PROJETO DE ACESSIBILIDADE AOS ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS PUC – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA SNBU - SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS UEL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA UFPB - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNICAMP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS TICs – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12

1 BIBLIOTECA E USUÁRIO: UM CONTEXTO DA TRAJETÓRIA 17

2 PRIMEIRAS TECNOLOGIAS DE AUXÍLIO AOS DEFICIENTES VISUAIS 22

2.1 Valentin Haüy 23

2.2 Charles Barbier de La Serre 25

2.3 Louis Braille 27

3 TECNOLOGIA ASSISTIVA 30

4 RELATOS DE EXPERIÊNCIA: O QUE AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO TÊM

FEITO PARA ATENDER AOS DEFICIENTES VISUAIS

34

4.1 Serviço Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 34

4.2 Sala de Acesso à Informação e Laboratório de Apoio Didático para Portadores

de Necessidades Especiais – UNICAMP

35

4.3 Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (BIBIFCH) - UNICAMP 35

4.4 Centro de Acessibilidade ao Aluno Deficiente Visual (CADV) da PUC-Campinas 36

4.5 Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrinas (UEL) 37

4.6 Bibliotecas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 37

4.7 Catálogo Coletivo de Livros em Braille e Livros Falados 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

REFERÊNCIAS 45

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INTRODUÇÃO

A preocupação fundamental desta pesquisa foi mostrar o trabalho que

pode ser desenvolvido pelas bibliotecas, a fim de que os deficientes visuais

possam ser assistidos. Para tanto, procurou-se investigar a respeito das técnicas

e instrumentos que se desenvolveram ao longo da história para que os deficientes

visuais pudessem ter acesso à leitura, até, finalmente, mostrar as novas

tecnologias disponíveis para esse tipo de atendimento.

A pesquisa foi realizada por meio de um estudo exploratório e da análise

da literatura existente na área. Para melhor compreender este processo,

investiga-se as dificuldades vivenciadas pelas pessoas com deficiência visual,

como também, as ações que se operam para mudar esse quadro.

Etimologicamente a palavra biblioteca – do grego bibliotheke1 – significa

“lugar ou móvel em que se guardam livros” e, o que deveria ser apenas uma

questão morfológica, fixou-se como o modo que a sociedade vem encarando a

biblioteca durante séculos, ou seja, um lugar onde se guarda livros.

Nos tempos atuais, no entanto, começam a surgir discussões para

modificar este quadro, uma vez que a informação tornou-se essencial para o

progresso de qualquer nação e a biblioteca, o órgão “gratuito” e responsável pela

democratização do volume atemporal da informação, não acompanhou esta

evolução, o que representa um prejuízo para a sociedade. Neste sentido,

Gonzalez (2002, não paginado) argumenta que “[...] a biblioteca é a última

instituição que alguém procura quando a informação é necessária. Isto mostra

seu isolamento social e não há ferramenta que meça as desvantagens para a

sociedade”.

Assim, procurando rever essa condição, algumas bibliotecas tradicionais

têm sido palco de imprescindíveis mudanças; elas vêm adotando políticas que

visam à inclusão social em que o mais importante não é a manutenção e

conservação dos acervos que contêm, mas o acesso a estes acervos pelos

usuários que necessitam de informação. A adoção de atitudes inclusivistas tem

1 O termo biblioteca foi definido inicialmente pelos gregos, depois foi transposta para o latim de onde chegou até o conhecimento da civilização ocidental (BIBLIOTECA, 1990).

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feito com que a biblioteca seja inserida no grupo dos instrumentos necessários ao

desenvolvimento da sociedade.

Para que a biblioteca seja cada vez mais um centro de transmissão de

informações que permite todo e qualquer usuário o acesso imediato à informação

de seu interesse, independente de suas condições físicas, sociais, econômicas ou

psicológicas, é necessário que a sua divisão em várias categorias seja respeitada,

seja ela uma Biblioteca Nacional, Infantil, Escolar, Pública, Universitária,

Especializada, Virtual ou Especial.

Embora existam diversos tipos de biblioteca, duas questões são bastante

básicas: a primeira é que cabe a cada uma delas um público específico,

significando que, para cumprir o seu papel frente à sociedade, é preciso que ela

responda satisfatoriamente às necessidades informacionais de seus usuários,

indistintamente, favorecendo a construção da cidadania. A segunda é que,

independente do usuário para a qual se destina, sua função e objetivos são

voltados para atender suas necessidades informacionais.

No caso deste estudo, o foco de atenção diz respeito à utilização das

novas tecnologias em bibliotecas que visam atender ao público com diferentes

graus de deficiência visual. São poucas as bibliotecas preparadas para isso. A

grande maioria dentre as existentes faz parte de instituições especializadas que

atendem apenas aos deficientes visuais que utilizam o seu ambiente. As

bibliotecas que deveriam apresentar-se como um recurso imprescindível para

vencer a discriminação, visto que “[...] constituem os meios mais eficientes para a

reintegração dos cegos à vida ativa e à realização de um trabalho socialmente

útil, dentro de suas possibilidades intelectuais e psíquicas” (JAEGER; CUARTAS;

PIZZATTI, 1985, p. 9), na maioria das vezes atendem apenas a uma restrita

parcela da população, deixando a grande massa sem a oportunidade desses

serviços. Por este motivo, e devido à falta de estrutura para atendimento de um

amplo público, as bibliotecas universitárias e públicas estão procurando dispor as

informações para o deficiente visual, exercendo a função das Bibliotecas

Especiais.

Se o desenvolvimento de um país está ligado à democratização, por

conseguinte, é necessário que haja acesso igualitário a renda, saúde, educação,

lazer, segurança e também a informação. Souza, Marinho e Araújo (1993, p. 66)

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expressam que “no Brasil, a democratização da leitura está condicionada à

democratização política de nossa sociedade” e que este fato demandaria “uma

forte transformação na estrutura social e econômica do país, significando,

também uma luta política pela conquista de melhores condições de vida para as

classes trabalhadoras”.

No caso específico da democratização da informação, o processo tem

relação direta com a estruturação de bibliotecas, para que atendam a todos os

tipos de usuários, respeitando a diversidade existente entre eles e a sua situação

econômica. Mas, além de disponibilizar a informação, compete às bibliotecas

trabalhar para que a mesma seja acessível2.

O portador de alguma necessidade especial faz parte de um grupo social

que sofre forte discriminação e é privado de muitos de seus direitos por falta de

acesso aos meios. Esse usuário deve ter a possibilidade de entrar na biblioteca,

usar qualquer informação de seu interesse e ser bem atendido assim como os

outros clientes da instituição, pois uma das coisas de que ele necessita é de

tratamento igualitário.

Uma biblioteca determinada a cumprir seus objetivos deve preocupar-se

com o rompimento de algumas, dentre as muitas, dificuldades encontradas pelo

deficiente: barreiras arquitetônicas3, ausência de acervo especializado e também

de profissionais preparados para atendê-los. Mas será que as bibliotecas têm

atendido às necessidades informacionais das pessoas com deficiência? É

possível que biblioteca atue como instrumento para inclusão social deste grupo?

Será que as bibliotecas têm políticas de disseminação da informação para

usuários com deficiência?

Do grupo de pessoas com deficiência, esta pesquisa se inclinou, por

necessidade de recorte metodológico, apenas para a relação entre bibliotecas e

deficientes visuais (DV, doravante).

O objetivo da pesquisa foi, em primeiro lugar, verificar se o método de

acesso à informação pelo DV satisfaz a duas importantes características do

2 A NBR 9050 define acessível como “o espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação”. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). 3 Barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental é qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

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bibliotecário moderno: a preocupação com o lado social da profissão e o uso das

novas tecnologias em suas atividades ocupacionais.

As novas tecnologias constituíram um suporte fundamental para esta

pesquisa, que se valeu da vários sites para investigar a respeito dos avanços no

sentido de atender aos deficientes visuais. Estes sites estão devidamente

descritos nas referências. Dentre as obras pesquisadas, algumas foram de certa

forma, muito especiais:

O artigo de Gonzalez (2002) intitulado Biblioteca acessível: serviços de

informação para usuários com deficiência, publicado no site da Rede Saci, analisa

os principais serviços e produtos oferecidos por bibliotecas públicas e acadêmicas

internacionais às pessoas com deficiência, buscando definir os principais

parâmetros para a projeção de serviços especializados para públicos especiais.

O texto publicado por Campos (2005), As cinco Leis da Biblioteconomia e

o exercício profissional, discute a importância das leis de Shialy Ramamrita

Ranganathan na atividade do bibliotecário, defendendo uma postura dinâmica e

atuante para os profissionais que lidam com a informação. Neste sentido, difere

da maioria dos textos sobre “As cinco Leis” que as contextualizam apenas em

aspectos referentes ao processamento técnico.

O documento L’écriture Braille dans le monde: rapport sur le progrès

accompli dans l’unification des écritures Braille de Mackenzie (1954), publicado

pela UNESCO e disponibilizado no portal do INSTITUT NATIONAL DES JEUNES

AVEUGLES, contextualiza todo o histórico do sistema Braille e de seu criador

Louis Braille, com o objetivo de apresentar a grande contribuição social deste

invento para a humanidade.

Na obra Para uma nova comunicação dos sentidos: contributos da

tecnologização da tiflografia para a ampliação dos processos comunicacionais, de

Guerreiro (1999), o autor apresenta o papel da tríade francesa Valentin Haüy -

Charles Barbier de La Serre - Louis Braille. A obra destaca a participação destes

personagens na construção de uma nova tecnologia que viria a promover a

acessibilidade à informação e à comunicação aos deficientes visuais.

Este trabalho está dividido em quatro capítulos, sendo que o primeiro

apresenta a contextualização do processo de evolução da biblioteca frente ao

atendimento dos usuários. O segundo aborda sobre as primeiras tecnologias que

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foram inventadas com o objetivo de atender aos deficientes visuais, bem como

fornece informações sobre Valentin Haüy, Charles Barbier de La Serre e Louis

Braille que tiveram vital participação na emancipação sócio-cultural dos DV.

Finalmente, o terceiro capítulo trata sobre as Tecnologias Assistivas e seu papel

fundamental na vida do DV. O quarto relata as principais experiências de

bibliotecas universitárias brasileiras no atendimento às pessoas com deficiência

visual.

Nas considerações finais, após o levantamento de novas tecnologias

disponíveis, há uma compilação das principais ações que podem ser adotadas em

bibliotecas para favorecer aos Deficientes Visuais.

Enfim, esta pesquisa mostra que muitas bibliotecas poderiam atender aos

deficientes visuais com novos suportes e novas tecnologias apenas com a

implantação de pequenas políticas de inclusão, o que é possível desde que haja

comprometimento e planejamento por parte das instituições, principalmente das

Universidades.

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1 BIBLIOTECA E USUÁRIO: UM CONTEXTO DA TRAJETÓRIA

Ao longo da história, a biblioteca esteve presente com o papel de guardiã

dos remédios para os males da alma, depósito de livros e até tornou-se símbolo

do poder. Neste contexto, o usuário teve pouca ou nenhuma relevância para

aqueles que estavam à frente da instituição. O real interesse por diversos séculos

foi apenas o livro: mantê-los e conservá-los.

Na Antiguidade, o homem utilizou-se de diversos instrumentos para

registrar as informações (pedras, argila, casca de árvores, tecidos, folhas, couro

de animais...), demonstrando que, com sua evolução social, ele também sentiu a

necessidade de aprimorar os suportes existentes. De maneira dicotômica, neste

período, apenas uma parcela da população era alfabetizada, sendo a informação

acessível a apenas alguns. As bibliotecas eram particulares/ pessoais ou

monásticas e assim continuaram durante toda Idade Média. Os recintos

destinados aos livros eram na prática, simplesmente depósitos de livros e tinham

por objetivo guardá-los intacto de possíveis usuários (os livros eram

acorrentados). Neste momento da história, as dependências do “depósito” são de

uso exclusivo de alguns poucos religiosos, monarcas e intelectuais e o seu

responsável tem como principal preocupação a cópia exaustiva de livros e sua

preservação.

O que talvez tenha contribuído para que por tantos séculos este quadro

seja inalterado é o fato de que, em primeiro lugar, a maioria da população era

analfabeta; depois, o conhecimento era repassado oralmente e as informações

religiosas representavam a verdade absoluta. Poucas pessoas sabiam ler ou

escrever, pois ou eram trabalhadores (e não tinham meios para aprender) ou

senhores feudais, como aponta-nos Martins (2002, p. 72):

Os progressos da instrução foram lentos, mesmo entre as classes nobres, e todos sabem não terem sido numerosos os grandes senhores medievais capazes de ler e de escrever. Com relação ao que chamaríamos povo, a questão não chegava nem a se colocar: faltavam-lhe os meios, faltavam-lhe o tempo para leitura.

Os aspectos da oralidade da transferência das informações e o seu

registro apenas quando de caráter religioso é explicado por Escolar (1977, p. 5):

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As criações literárias foram durante muito tempo, transmitidas oralmente [...] na forma do livro pré-histórico, porque não se as considerava de importância suficiente para serem transcritas. Quando uma narrativa ou um poema mereceu as honras de tomar parte no acervo escrito, deveu-o a razões religiosas, morais ou políticas, isto é, a motivos alheios à sua categoria ou valor literário.

O processo de disseminação oral da informação, bem como o registro

informacional apenas de interesse religioso na Idade Antiga e Média, começa a se

modificar em meados do século XV, quando acontecimentos importantes servem

de marco para a Idade Moderna que se inicia na Itália - espalhando-se

posteriormente por toda Europa. Perdura por um novo período que seria marcado

por um renascimento da valoração da cultura greco-romana clássica, pelo

surgimento de grandes inventos, como a pólvora, a caravela, a imprensa..., pelo

nascimento de uma nova classe social denominada burguesia, pela reforma na

Igreja Católica (VIANA, 1997, p. 589) e criação de novas atividades profissionais

(EISENSTEIN, 1998, p. 133).

Há enfim, uma reformulação social, econômica e tecnológica que assola a

Europa e vai se espalhando pelo mundo. Neste contexto, a disseminação cultural

também passa por uma modificação: as bibliotecas, antes restritas para grupos

religiosos, monarcas e alguns poucos letrados, passam a ser abertas para um

novo público, o povo. A atenção volta-se então para a disponibilização do acervo

ao usuário, para que este tenha acesso ao conteúdo dos livros. A partir deste

momento, a biblioteca deixa de ser apenas o depósito de objetos sagrados,

particulares, para tornar-se ambiente de estudo, local público.

Esta preocupação perdura-se até o final do Renascimento —

aproximadamente fins do século XVII — com o início do processo da Revolução

Industrial, quando o público/ usuário é relegado novamente ao segundo plano e

os olhares se vertem para o advento das novas tecnologias: o maquinário. O

período da Revolução Industrial é coroado pelo invento de máquinas potentes, da

substituição do trabalho manual por mecânico. Assim, durante todo este período a

sociedade investe no desenvolvimento tecnológico, mas chega um momento em

que ela se vê com a necessidade de investir no capital humano, a desenvolver

meios para a qualificação do ambiente para tanto começa a utilizar as inovações

no campo da informação e comunicação (FERNANDES, 2004).

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As utilizações destas Novas Tecnologias da Informação e da

Comunicação (NTIC’s, doravante) dão início à valoração do conhecimento,

conforme relata Fernandes (2004)4:

Neste momento, predominavam os esforços científicos, tecnológicos e políticos no sentido de organizar a sociedade, proporcionando informações adequadas para tal. Desta forma, descobriu-se então que a grande fonte para uma reestruturação chamava-se informação e que a ciência era apenas uma intermediária na organização, armazenagem e distribuição de certas informações.

A sociedade nota a importância da informação para o desenvolvimento

científico e tecnológico, mais do que das máquinas, apresentando, em meados de

1950, os primeiros resquícios da Sociedade da Informação. No novo palco da

sociedade, a preocupação volta-se para o acesso à informação, pois este

“produto” tornou-se o diferencial entre progresso e estagnação. No contexto das

bibliotecas, surge a necessidade de viabilizar o acesso do usuário à informação,

saber quais suas necessidades enquanto usuários daquele espaço. A biblioteca

passa assim por uma transformação; a sua preocupação tecnicista é deixada para

o segundo plano e é trazido à tona um novo aspecto: atendimento qualitativo ao

usuário real e potencial. Surge também com essa nova preocupação da biblioteca

um problema: como enfrentar séculos e séculos de “marginalização”; como

atender, de forma satisfatória, indivíduos com características diversificadas; com

necessidades informacionais diferenciadas?

Em 1931, antes mesmo das mudanças apresentadas na sociedade

contemporânea, Ranganathan já se preocupava com o caráter tecnicista da

biblioteca e publica as Cinco Leis da Biblioteconomia voltadas para a satisfação

do cliente: os livros são para serem usados, a cada leitor o seu livro, a cada livro o

seu leitor, poupe o tempo do leitor e a biblioteca é uma organização em

crescimento. Em sua segunda e terceira lei, principalmente, ele oferece a solução

para os dois graves problemas que nasceram junto com a “nova” fase da

Biblioteconomia e da Biblioteca: a cada leitor o seu livro e para cada livro o seu

leitor, respectivamente.

Em “a cada leitor o seu livro” trouxe-nos um aspecto que até os dias

atuais é preocupante: a questão da acessibilidade à informação, a qual se

4 Texto entregue pelo próprio autor e não apresentava paginação.

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apresenta como um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento intelectual e

cognitivo do indivíduo e, por conseguinte o da sociedade onde está inserido,

desta forma aquele que a acessa será beneficiado.

O acesso à informação contribui para que a pessoa realize o exercício

pleno da cidadania. Uma pessoa bem informada é capaz de lutar pelos seus

direitos, votar consciente, participar efetivamente da sociedade.

No princípio “para cada livro o seu leitor” Ranganathan foca a

necessidade de se respeitar à diversidade humana. As pessoas têm

características diferentes, sejam de ordem psicológica, religiosa, social, física e

outros, que influenciam no seu interesse e gosto pela leitura. Por este motivo é

necessário que a biblioteca especifique o público a que se destina e o tipo de

acervo à qual se especializará: “para usuários diferentes, diferentes bibliotecas e

diferentes formas de organização dos acervos” (CAMPOS, 2005).

A sociedade contemporânea determina que o indivíduo deve seguir um

certo padrão para estar incluso: dominar as novas tecnologias, conhecer um outro

idioma e possuir características físicas e psicológicas que estejam de acordo com

o que ela estabelece. Nela o indivíduo deve ter a sua diversidade respeitada, pois

é inerente a ele, mas não pode fugir dos aspectos pré-estabelecidos: saber utilizar

o computador, ser jovem, falar inglês fluentemente, estar preocupado com a

estética, desenvolver a capacidade de liderança, ser comunicativo, ter boa

aparência, estar bem informado e outros... Aqueles que não se encaixam neste

padrão são marginalizados, é o caso de analfabetos, pobres, idosos, pessoas

obesas, deficientes e outros... há uma gama de estigmatizados.

O que ocorre é que muitas vezes por falta de oportunidade e de conhecer

os seus direitos, estas pessoas aceitam os rótulos fixados. Para quebrar os

paradigmas é necessário o acesso à informação, pois, é ela que auxilia no

desenvolvimento crítico e intelectual do indivíduo.

Assim, a biblioteca, hoje se apresenta como um importante recurso na

formação do pensamento crítico, pois é nela que esta armazenada grande

quantidade das informações existentes. Quando as pessoas têm acesso ao

conteúdo depositado ali, podem despertar para a necessidade de lutar pelo

respeito aos seus direitos.

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A biblioteca contemporânea procura se estruturar de forma a atender

exigências do usuário, para tanto almeja profissionais preparados para difundir a

informação: não um técnico, mas um interventor social. Acredita-se que o papel

do bibliotecário, ao contrário de outrora, é trabalhar para que todos tenham a

possibilidade de desenvolver a consciência crítica para modificar a sociedade, por

este motivo, esses profissionais devem estar preocupados com os grupos que

não acessam a informação, como os deficientes visuais, por exemplo.

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2 PRIMEIRAS TECNOLOGIAS DE AUXÍLIO AOS DEFICIENTES VISUAIS

Na história da humanidade, todas as vezes que um indivíduo viu-se frente

a algum desafio que o impedisse ou atrapalhasse seu crescimento e

sobrevivência entrou em um processo de evolução. Escorsim et al (2005, p. 4)

afirmam:

Ao longo da história da humanidade, o homem foi, paulatinamente, desenvolvendo seus conhecimentos, ajustando-os às suas necessidades de sobrevivência em função da evolução da espécie. Primeiramente, a necessidade era de delimitar seu território e neste ponto a história da humanidade é repleta de acontecimentos, vários impérios se constituíram e impuseram seus domínios e experimentaram, ao longo dos tempos, suas ascensões e suas quedas.

Com a dificuldade proporcionada pela falta da visão não foi diferente, o

homem buscou uma maneira alternativa de ler e de iniciar/manter seu

aprendizado. Os primeiros relatos de iniciativas na busca de superação da

inacessibilidade proporcionada pela deficiência visual são documentados na

Idade Antiga, com Dirimo de Alejandría, e vai até o invento do Sistema Braille,

prosseguindo até os dias atuais com as tecnologias assistivas. Conforme

podemos perceber no Quadro 1 desde os primórdios da civilização têm sido

criadas tecnologias para auxiliar os DV na tentativa de reestruturar suas vidas:

Quadro 1 – Evolução do sistema de leitura tátil

Momento Histórico

Fato

Idade Antiga

El primer intento de enseñanza de lecto-escritura a personas ciegas lo encontramos en Grecia con Dirimo de Alejandría (311-358) d.c ciego de nacimiento y diseñó un conjunto de piezas de marfil y letras en relieve para poder elaborar la lecto-escritura (pero sólo quedó en un intento). (GALET POSTIGO; LORENTE PARDO, 2005, p.4)

Século XIV

Zain-Din Al Amidi, criou um método que [...] consistia em fazer espiral de papel bem fino, estas eram engomadas e dobradas sobre os caracteres, permitindo-lhe a leitura. (OLIVEIRA, 2007)

Século XVI

Em 1517, Girolando Cardano uso letras del alfabeto realizado en madera para que las personas ciegas aprendieran a leer y escribir. (GALET POSTIGO; LORENTE PARDO, 2005, p.4) Francisco Lucas de Saragosse (Espagne), 1517, qui sculpta un jeu de lettres dans des tablettes de bois mince. Cet alphabet, apporté en Italie vers 1575, fut amélioré par Rampansetto de Rome qui se servit de blocs plus grands sculptés en creux et non pas en relief. (MACKENZIE, 1954, p.16)

Século XVII

Pedro Moreau lança, em 1640, um sistema de letras móveis de chumbo. [...]

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Em 1651 Jorge Harsdorffor, de Nuremberg, faz ressurgir o velho processo de gravar letras com estilete em tábuas cobertas de cera. Padre Terzi, em cerca de 1676, inventou uma espécie de código cifrado, para o que utilizou uma série de nós dados em cordas ou um sistema de pontos dispostos de vária forma. (GUERREIRO, 1999, p. 114)

Século XVIII

Maria Teresa von Paradis, que encorajou Valentin Haüy, foi alfabetizada por meio de alfinetes cravados em uma base. Em 1741 Diderot, em seu livro "Carta aos Cegos", fala de uma mulher que teria sido alfabetizada através de letras recortadas em papel. Em 1784: Valentin Haüy funda o Instituto Real dos Meninos Cegos, em Paris. Acidentalmente, um de seus alunos, o jovem Lesseur, descobriu que podia reconhecer letras fortemente impressas em papel. Haüy passa a utilizar esse método para alfabetizar seus alunos. (OLIVEIRA, 2007)

Século XIX Por volta de 1811, Charles Barbier de la Serre [...] criou um sistema de escrita noturna que permitia a comunicação entre os soldados em campanha. O sistema de Barbier estava baseado em um tabuleiro de 36 quadrados, cada qual relacionado com um som (OLIVEIRA, 2007). EM 1825, observando que o modelo proposto por Barbier ultrapassava as possibilidades de uma única percepção táctil Louis Braille tratou de reduzir as proporções, de modo a obter sinais que pudessem formar uma verdadeira imagem debaixo dos dedos. (BAPTISTA, 2000)

Fonte: Quadro elaborado pela autora desta pesquisa monográfica

Neste contexto histórico três personagens destacaram-se e contribuíram

para a facilitação da inserção dos não-videntes. Foram eles: Valentin Haüy,

Carlos Barbier de La Serre e Louis Braille.

2.1 Valentin Haüy

Pouco se menciona sobre a vida de Valetin Haüy, considerado o pioneiro

da institucionalização da educação formal de cegos. A maior parte dos

documentos inicia a cronologia a partir de 1784 quando ele fundou em Paris a

primeira escola destinada à educação e preparação profissional de cegos. No

entanto, para compreender o processo e a dinâmica da mudança que ocorreu na

vida dos DV, faz-se necessário saber quem foi Haüy. Sobre Valentin Haüy, alguns

autores como Mackenzie (1954), Guerreiro (1999), Sköld (2000) e VALENTIN

HAUŸ (2008) fornecem alguns dados.

Valentin Haüy nasceu em 13 de Novembro de 1745, em Saint-Juste-en-

Chaussée (Oise) e faleceu a 19 de Março de 1822. Após a finalização dos

estudos preliminares foi para Paris, onde se dedicou a aprender várias línguas

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como o latim, grego, hebreu e outras línguas vivas. Em 1771 tornou-se intérprete

real e recebeu o título “d'Interprète du Roi de l'Amirauté et de l'Hôtel de Ville”.

Dois fatos sucessivos influenciaram Haüy a iniciar os processos para a

educação de cegos. O primeiro seria uma apresentação na Feira de Santo Ovídio,

em Paris, no ano de 1771, onde presenciou cegos exibirem-se como fantoches

em cima de um estrado, o que o chocou profundamente.

[...] num café da Praça de Luís XV, mais tarde Praça da Concórdia, dez indivíduos cegos mendigos [vestidos] como fantoches, que empunhavam desajeitadamente um instrumento de música pela via pública, sendo apresentados num estrado, grotescamente enfarpelados em trajes ridículos, com compridos barretes pontiagudos nas cabeças e grandes óculos de cartão (inclusive as lentes) nos narizes, diante de estantes com músicas exuberantemente iluminadas, fazendo ouvir em uníssono e à oitava uma monótona melodia, aparentemente dirigidos por um maestro, também cego, enfeitado com o penteado de Midas e uma cauda de pavão (GUERREIRO, 1999, p.116).

O segundo fato que o teria influenciado foi o encontro com o jovem cego

Lesueur, em 1784, que reforçou sua idéia de educar cegos.

[...] em 31 de Maio de 1784, ao sair da igreja depois da celebração da festa de Pentecostes, deitou, como esmola, uma moeda de prata na caixa de um mendigo cego, de nome François Lesueur e com a idade de 17 anos, o qual chamou imediatamente Haüy para lhe dizer que se havia enganado, visto que lhe tinha dado uma moeda em prata em vez de um soldo. Surpreendido, Haüy perguntou-lhe como se tinha apercebido disso, ao que Lesueur respondeu que havia sido pelo ouvido e pelo tacto (GUERREIRO, 1999, p.116).

François Lesueur tornou-se o primeiro aluno de Valentin Haüy. Este

ensinou-lhe, através de caracteres móveis, a conhecer letras e algarismos. Mas o

que contribuiu para o início do uso da tiflografia5 foi uma situação rotineira:

[...] um dia, quando apalpava papéis que estavam sobre a secretária de Haüy, Lesueur encontrou um cartão de visita em que a impressão apresentava algum relevo e identificou logo um “O”. Excitado com a descoberta, apressou-se a participá-la ao mestre, o qual, não menos entusiasmado, com o bico do cabo da sua pena, gravou no papel diversas letras, que Lesueur reconheceu sem qualquer hesitação. E assim surgiu a idéia da impressão em relevo, que Valentin Haüy concretizaria pouco depois [...] (GUERREIRO, 1999, p.117).

Haüy, partidário da filosofia sensista6, adaptou o alfabeto vulgar para

traçados em relevo para que este fosse percebido pelos cegos através do tato.

5 Arte de escrever em relevo, para uso dos cegos.

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Na sua escola, para a leitura, adaptou o alfabeto vulgar, que se traçava em relevo na expectativa de que as letras fossem percebidas pelos dedos dos cegos. Para a escrita (redacções e provas ortográficas), serviu-se de caracteres móveis. Os alunos aprendiam a conhecer as letras e os algarismos, a combinar os caracteres para formar palavras e números e a construir frases. (BAPTISTA, 2000, p.1)

Em 1784, Valentin Haüy fundou em Paris a primeira escola do mundo

destinada a cegos e à sua preparação profissional o “Institution dês Enfants

Aveugles”, que viria a se tornar mais tarde o “Institution Nationale des Jeunes

Aveugles” - Instituto Real dos Jovens Cegos. A princípio, o Instituto funcionava

em sua própria residência, sendo somente em 1786 transferida para instalações

alugadas, recebendo o apoio da Academia das Ciências, do Gabinete Acadêmico

das Escritas e a Sociedade Filantrópica.

2.2 Charles Barbier de La Serre

Nicolas Marie Charles Barbier de La Serre, referenciado popularmente

como Charles Barbier de La Serre, teve grande importância na criação do sistema

de Louis Braille, no entanto — assim como Valentin Haüy — poucas são as obras

sobre sua vida e seu grande feito: sistema de escrita noturna. Seu sistema foi a

base para o desenvolvimento da escrita Braille. Barbier de La Serre nasceu em

1767, na França, onde também faleceu em 1841. Em 1782, com 15 anos foi

admitido em uma escola militar da qual só saiu quando se tornou Oficial de

Artilharia. Em 1789, emigra para América, abandonando temporariamente o

serviço militar.

Barbier se interessou pela escrita rápida e secreta devido ao seu papel de

Capitão de Artilharia. Teria inventado a Escrita Noturna devido a necessidades

militares, mais especificamente à demanda napoleônica por um código que os

soldados poderiam usar para se comunicar silenciosamente e sem a luz, à noite

(GUERREIRO, 1999; CHARLES BARBIER, 2008). Só após o aprimoramento do

código, Barbier teria pensado em usá-lo no auxílio aos DV:

6 Tese defendida pelos filósofos sofistas, “o sensismo põe uma distância apenas acidental, ou de grau de complexificação, entre sensação e pensamento. Resultaria este último de uma transformação modalizante e especializada da sensação”. (PAULI, 1997, p.1).

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Primeiramente [...] ter-se-ia ocupado da telegrafia e idealizou o método de escrita por meio de pontos supra-referido, que veio a ser designado por “escrita nocturna” por oferecer a possibilidade de poder ser lida pelos combatentes às escuras. Este processo evoluiu até se tornar num verdadeiro código cifrado, criptográfico, próprio para guardar o segredo militar. Ao que parece, fora já numa fase muito adiantada do seu método que lhe ocorrera pô-lo ao serviço das pessoas cegas e fazer sentir aos educadores as enormes vantagens nele contidas, visto que vinha substituir, no plano funcional da sua utilização (mais fluência na escrita e na leitura), o processo de escrita e de leitura das letras do alfabeto latino em relevo linear, propositadamente de grandes dimensões para melhor se identificarem através do tacto, o que, paradoxalmente, diminuía a velocidade de leitura (GUERREIRO, 1999,p.120).

Em 1821 apresenta ao Institution Royale des Jeunes Aveugles seu

sistema que foi recebido de forma favorável por ser mais fácil que o utilizado, o

sistema de letras romanas gravadas de Valentin Haüy. Seu sistema consistia em

um método de 36 sinais em pontos salientes compostos de 2 colunas de 12

pontos máximos (Figura 1), que permitiam transcrever as palavras em sons.

Figura 1 - Placa sonográfica de Barbier

Fonte: Barbier-Alphabet. (WILLKOMMEN, 1998)

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Apesar dos benefícios e evolução proporcionada pela Escrita Noturna, o

sistema tiflográfico era apenas fonético o que fez com que fosse necessário

adequá-lo à ortografia. Na busca pelo aprimoramento do Alfabeto de Barbier —

segundo Mackenzie (1954) — sugiram diversos personagens, no entanto apenas

o jovem Louis Braille conseguiu seu intento devido ao fato de que “a engenhosa

representação gráfica não satisfazia o adolescente” (tradução nossa).

2.3 Louis Braille

Louis Braille nasceu em 1809, na aldeia de Coupvray, situada a cerca de

quarenta quilômetros a leste de Paris, e faleceu em 1852, em Paris. Aos três

anos, brincando com uma correia na oficina do pai, feriu um dos olhos, que se

infectou – passando em pouco tempo a infecção para o outro olho o que fez com

que ele ficasse completamente cego rapidamente.

Louis freqüentou a escola primária de sua região para adquirir

conhecimentos básicos, no entanto não aprendeu a ler nem escrever. Além disso,

neste período ocupou-se também de arranjo de arreios o que teria lhe

proporcionado à destreza manual (GUERREIRO, 1999).

Simon René Braille preocupado com o futuro do filho o internou, aos dez

anos, no Institution Royale des Jeunes Aveugles escola fundada por Haüy. Louis

Braille iniciou seus estudos no Instituto em 15 de fevereiro de 1819, neste mesmo

ano o militar Carlos Barbier de La Serre começou seus trabalhos na área da

sonografia.

No instituto Braille fez progressos rápidos graças a sua capacidade de

aprendizagem e esforço pessoal. Com pouco tempo passou a auxiliar nas

atividades fundamentais da escola:

De 1823 a 1827 somou à condição de aluno as funções de contramestre. Tendo sido bem sucedido neste exercício, em agosto de 1827 foi nomeado monitor, ficando com o encargo de oito classes: gramática, história, geografia, aritmética, álgebra, geometria, violoncelo e piano. A actividade de monitor era-lhe, de facto, extremamente gratificante, embora mal remunerado e com regalias quase imperceptivelmente melhores do que as dos alunos. Como não podia deixar de ser, veio a tornar-se professor (GUERREIRO, 1999, p.124).

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Guerreiro (1999) e Mackenzie (1954) destacam ainda que Louis escreveu

tratados sobre aritmética e história e foi um exímio organista nas igrejas de Paris.

O que vale ressaltar é que mesmo com todas estas atividades, Braille se dedicou

ao estudo para desenvolver um sistema que proporcionasse acessibilidade de

leitura aos cegos.

A partir do momento que Barbier apresentou sua invenção à Instituição,

Braille passou a praticá-lo. No entanto, assim como outros não se satisfazia com

a técnica gráfica utilizada no sistema (Mackenzie, 1954).

Em 1825, aos 18 anos apresentou seu alfabeto ao Instituto com suas

partes essenciais, entretanto Braille nunca parou de aprimorá-lo.

Figura 2 – Alfabeto Braille

Fonte: Setor de Braille – Alfabeto Braille (SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNILESTE/MG, 2008)

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O sistema, apesar de basear-se no de Barbier, apresentava algumas

diferenças de extrema originalidade, o que explica por que a sociedade

reconheceu a contribuição do invento de Braille, atribuindo-lhe grande mérito.

Podemos perceber estes detalhes na comparação entre os sistemas realizada

pela ASSOCIATION MIROPHILE (2005):

1. Semelhanças entre os sistemas:

a) Emprego do ponto tangível;

b) Amplitude do caractere (dois pontos);

c) Simplicidade do material de produção (uma grelha, uma placa sulcada,

uma punção).

2. Diferenças entre os sistemas:

a) Braille forneceu um sistema alfabético, enquanto o de Barbier era

fonético;

b) Braille reduziu o sistema de 12 pontos máximos de Barbier para de seis

pontos máximos;

c) No Braille o arranjo apresenta-se numa ordem lógica e fácil de

memorizar;

d) No Braille, utilizando as 63 combinações possíveis, pode-se criar todos

os sinais requeridos para expressão escrita do pensamento.

Valentin Haüy, Charles de La Serre Barbier e Louis Braille foram

personalidades que revolucionaram o mundo dos cegos, criando maneiras de eles

se introduzirem no mundo dos símbolos do alfabeto. Contudo, hoje, vive-se

tempos em que a tecnologia, a partir de materiais básicos do passado, tem criado

novas condições de acesso à informação para os deficientes visuais, tema dos

próximos capítulos.

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3 TECNOLOGIA ASSISTIVA

As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICS, doravante)

têm promovido mudanças em diversos segmentos da sociedade: medicina,

esportes, lazer e inclusive em unidades de informação. A cada instante, novos

equipamentos e instrumentos têm sido disponibilizados para a melhoria das

condições de vida. É o que vem ocorrendo com a aplicação das TICS como meio

de permitir o acesso dos DV à informação, por meio do que se chama Tecnologia

Assistiva.

As tecnologias assistivas podem ser definidas como “toda e qualquer

ferramenta ou recurso utilizado com a finalidade de proporcionar uma maior

independência e autonomia à pessoa portadora de deficiência” (DAMASCENO;

GALVÃO FILHO, 2005), podem variar desde um simples óculos a um sistema

computadorizado. De forma mais específica a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS (2004, p. 4) descrevem-nas como o “conjunto de técnicas,

aparelhos, instrumentos, produtos e procedimentos que visam auxiliar a

mobilidade, percepção e utilização do meio ambiente e dos elementos por

pessoas com deficiência”.

Essas tecnologias devem proporcionar aos seus usuários maior

independência, qualidade de vida e inclusão social, “através da ampliação de sua

comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu

aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade” (BERSCH;

TONOLLI, 2005).

Conforme autores como Koon (2005), Damasceno e Galvão Filho (2005)

elas podem ser agrupadas em cinco categorias:

1. Sistemas alternativos e aumentativos de acesso à informação que

auxiliam na busca pela informação. Normalmente são utilizados para o auxílio dos

deficientes visuais e / ou auditivos. Koon (2005) divide-os em:

a) Tecnologia com o uso de conversão de texto-voz - Apresenta produtos

que utilizam conversor de texto para diminuir a dificuldades. Os deficientes visuais

podem aproveitá-lo para ler textos e fazer uso do computador.

b) Sistemas de multimídia interativa – São sistemas que processam,

armazenam e transmitem, de maneira integrada, imagens, voz, textos e dados.

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c) Tecnologia de comunicação avançada – Produtos que utilizam

instrumentos modernos para disponibilizar o acesso à informação. É o caso, por

exemplo, de equipamentos que oferecem acesso a Internet, dispensem o uso à

computadores.

d) Reabilitação cognitiva – Programas desenvolvidos com o objetivo de

fornecer reabilitação neuropsicológica que adotam sistema de multimídia e telas

táteis.

2. Sistemas de acesso que são interfaces adaptadas que permitem que

pessoas com deficiência sensorial utilizem um computador. Damasceno e Galvão

Filho (2005, p.3) classificam os recursos de acessibilidade em três grupos:

Adaptações físicas ou órteses - são todos os aparelhos e adaptações fixadas e utilizadas no corpo do usuário e que facilitam a interação do mesmo com o computador; Adaptações de hardware - são todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou mesmo, quando os próprios periféricos, em suas concepções e construção, são especiais e adaptados; Softwares especiais de acessibilidade – São os componentes lógicos das TIC quando construídos como Tecnologia Assistiva. Ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam ou facilitam a interação do aluno portador de deficiência com máquina.

3. Sistemas Alternativos e aumentativos de comunicação. Sistemas

desenvolvidos para auxiliar a comunicação verbal-oral que tem como propósito

promover e apoiar essa comunicação. Utiliza programas para reabilitação ou

adaptação que contemplem principalmente aqueles que têm dificuldade na fala,

algumas vezes são a único meio com que a pessoa com deficiência consegue se

comunicar.

4. Sistemas de mobilidade são aqueles desenvolvidos para diminuir, ou

amenizar as barreiras arquitetônicas, facilitando a mobilidade individual. Depois

de implantados e proporcionado às reduções das dificuldades físicas são

completadas por acesso a computador.

5. Sistemas de Controle do Ambiente constituem se por equipamentos

que utilizam dispositivos que ajudam a fornecer controle e independência sobre

seu ambiente como, por exemplo, o comando remoto de atividades como ligar e

desligar a televisão, abrir e fechar portas.

As tecnologias assistivas têm proporcionado à pessoa com deficiência

maior independência e facilidade de vida, por outro lado também têm acarretado o

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crescimento das desigualdades e exclusão, já que o uso dessas tecnologias

determina que os usuários necessitem “al menos saber leer, tener uma lina

telefónica, uma computadora, uma interface adecuada a su discapacidad, y

dominar el idioma inglés” (KOON, 2005). No entanto, mesmo com as dificuldades

existentes e o risco da expansão de maiores desigualdades, os ambientes que

atendem as pessoas com deficiência devem promover e oferecer essas mídias.

Existem diversas tecnologias voltadas para os deficientes visuais, desde

bengalas, rádios a softwares específicos e cada uma destas é especifica para

determinada necessidade ou ambiente.

Carvalho (2003), Damasceno e Galvão Filho (2005), Koon (2005) e

Piñeros de Guzmán (2001) descrevem algumas das tecnologias mais conhecidas:

▪ Ampliadores de tela de computador — São dispositivos capazes de

aumentar a informação disponível em computadores. Carvalho (2003, p.2)

explica-nos que “pode se obter a ampliação da saída de vídeo de um computador

por meio de um processador de tipos grandes, baseado em hardware, ou por

meio de software que irá aumentar o tamanho do que aparecer na tela”;

▪ Sistemas de circuito fechado de televisão (CCTV) — Constituem-se de

dispositivos baseados em circuitos fechados que aumentam a acessibilidade dos

usuários;

▪ Lentes ou sistemas de lentes — Englobam dispositivos como lupas,

manuais, de mesa, régua e interfaces para DV, por exemplo;

▪ Braille falado — Aparelho portátil que auxilia no cotidiano do deficiente

visual fornecendo algumas vezes agenda, editor de texto e cronômetro

(CARVALHO, 2003);

▪ Periféricos adaptados — São hardwares projetados para atender os

deficientes visuais. Existem teclados onde são colados adesivos com caracteres

Braille, mouses que executam comandos de voz, máquinas de datilografia ou

escrever, terminais de acesso em Braille (KOON 2005);

▪ Gravadores de fita cassete — São instrumentos indispensáveis para o

armazenamento da informação, já que preserva dados referentes ao tema

estudado;

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▪ Sintetizadores de voz — São dispositivos que favorecem a leitura de

informações exibidas em um monitor e decodificadas por um leitor de telas.

(CARVALHO, 2003; KOON, 2005);

▪ Sistemas de reconhecimento de caracteres óticos (OCR) — “são

transcritores de textos do sistema Braille, apresentados em papel, em alto relevo,

para o sistema óptico em formato digitalizado” (CARVALHO, 2003);

▪ Sistemas de reconhecimento de voz — Executam os comandos do

computador por voz, no entanto quando são utilizados por mais de um usuário

podem apresentar falhas.

Nem todos os deficientes têm realmente acesso às tecnologias. Muitos

deles sobrevivem com equipamentos mínimos para seu cotidiano, cabendo a

cada setor da sociedade a distribuição dos equipamentos e instrumentos

assistivos para uso em cada ambiente. Considerando este fator, a biblioteca deve

também fornecê-los, visto que ela deve ter o compromisso de facilitar, o acesso à

informação. Deste modo, além de disponibilizar informações necessárias para a

luta de seus direitos, ela tem o papel de auxiliar na redução da exclusão digital

quando oferece este tipo de suporte tecnológico, gratuitamente. Além disso, o uso

de tecnologias como ampliadores de telas e fitas gravadas auxiliam não só

aquelas pessoas com deficiência, mas também idosos e analfabetos que tenham

contato com o local.

A aplicação destas tecnologias vem ocorrendo gradativamente em

bibliotecas (FERNANDES; AGUIAR, 2000; SILVEIRA, 2000; SOUZA ET AL,

2000) preocupadas com a acessibilidade dos deficientes visuais, sendo que

dentre as tecnologias mais difundidas estão os softwares DOSVOX, Virtual Vision

e Jaws, equipamentos como reglete7, a impressora ou máquina Perkins de

datilografia Braille e o Papel Braille. A aplicação destas tecnologias deve cada vez

mais se ampliar e fazer parte do cotidiano de bibliotecas, isso porque, com o

dinamismo exigido pela sociedade, o usuário não pode contar com suporte de um

único tipo e que agregue determinados problemas consigo.

7 Instrumento de escrita manual do sistema Braille.

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4 RELATOS DE EXPERIÊNCIA: O QUE AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO TÊM FEITO PARA ATENDER AOS DEFICIENTES VISUAIS

É importante notar que seja pela exigência das normativas para

reconhecimento de curso, seja pela conscientização da necessidade de inclusão

dos DV, diversas iniciativas estão sendo registradas em todo o mundo nas

universidades para atender as pessoas com deficiência. A partir do momento em

que as unidades de informação, passaram a focar-se no usuário como principal

ator de seu cenário, conseqüentemente se iniciou a busca de alternativas para o

acesso a informação por este público.

Apresentar estes avanços faz-se necessário para que visualizemos que

pequenas iniciativas podem mudar o contexto social, educacional e pessoal do

indivíduo em foco.

4.1 Serviço Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba

(UFPB)

Subordinado à Seção de Coleções Especiais da Divisão de Serviços ao

Usuário (DSU), o Serviço Braille da Biblioteca Central da UFPB vem atuando

como um órgão auxiliar e facilitador na integração social das pessoas com

deficiência visual.

A partir de 1978 o Serviço Braille passou a desenvolver e consolidar

atividades referentes aos DV. Entre suas atividades estão (PEREIRA; CHAGAS,

199-):

� Empréstimo do acervo bibliográfico junto à comunidade universitária e

local de deficientes visuais com referência a livros e periódicos;

� Gravação de livros, periódicos e texto das necessidades imediatas do

deficiente visual;

� Atendimento de orientação em tarefas escolares da clientela cega;

� Atendimento e/ou aconselhamento nas residências das pessoas

deficientes visuais que não tem condições de acesso ao Campus Universitário;

� Produção de livros infanto-juvenis;

� Apresentação da hora do conto com as crianças do Instituto dos Cegos

da Paraíba “Adalgisa Cunha”;

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� Contatos mantidos com a imprensa falada e escrita;

� Contatos por meio de projetos com instituições fomentadoras;

� Elaboração de Cursos de Técnica Braille, cursos de Dicção,

Seminários, Fórum de Debates;

� Elaboração de Artigos para serem apresentados em Congressos,

Seminários, em Revistas de Educação e de Biblioteconomia e jornais locais;

� Produção de livros e Anais;

� Implantação de um laboratório de automação para o atendimento do

DV.

4.2 Sala de Acesso à Informação e Laboratório de Apoio Didático para

Portadores de Necessidades Especiais – UNICAMP

Fundada oficialmente em 2003, a Sala de Acesso à Informação e

Laboratório de Apoio Didático para Portadores de Necessidades Especiais da

UNICAMP acolhe usuários internos e externos à comunidade acadêmica, sendo

estes pessoas com cegueira, visão subnormal e deficiência física. Segundo Souto

(2003) oferece os serviços de:

� Levantamentos bibliográficos;

� Orientação à pesquisa bibliográfica;

� Localização e obtenção de materiais bibliográficos;

� Capacitação de usuários no uso adequado das fontes de informação

disponíveis;

4.3 Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (BIBIFCH) -

UNICAMP

Em 1998, a BIBIFICH enviou à Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo (FAPESP) um projeto de adequação de equipamentos e

mobiliários às necessidades de usuários deficientes físicos e visuais. Segundo

Pupo e Santos (2001) o projeto se dividiu em etapas:

� Pesquisa de legislação e documentos sobre deficiência, contato com

pessoas com deficiência buscando sugestões e críticas;

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� Visitas a exposições, feiras e fabricantes de equipamentos específicos;

� Discussão de idéias e elaboração de projetos com grupos envolvidos;

� Divulgação em eventos do projeto idealizado: 10º Seminário Nacional

de Bibliotecas Universitárias (SNBU) por Pupo e Santos; Debate coordenado pelo

curso de Pedagogia da UNICAMP Considerações sobre o ingresso e

permanência de deficientes físicos, visuais e surdos em instituições de ensino

superior.

4.4 Centro de Acessibilidade ao Aluno Deficiente Visual (CADV) da PUC-

Campinas

Carvalho (1999) relata as atividades que proporcionaram a acessibilidade

aos DV. Segundo ele as iniciativas de inclusão de alunos com deficiência dentro

da instituição iniciaram-se após o ingresso de um discente com deficiência visual

em 1992, no Curso de Análise de Sistemas (CAS) e o direcionamento de seu

mestrado para o tema sobre os problemas de acessibilidade de DV. Após a

defesa de sua dissertação foi montado um primeiro grupo de estudo que deu os

moldes inicias ao CADV.

Em 1997, com o ingresso de mais alunos DV em outras unidades formou-

se um grupo interdisciplinar para atender todos os discentes com DV da PUC-

Campinas. Através deste grupo de trabalho foi criado o ProAces/Dv (Projeto de

Acessibilidade aos Alunos Deficientes Visuais da PUC-Campinas) com o objetivo

de “fornecer infra-estrutura necessária para melhorar a acessibilidade e a

integração dos DV na Universidade, de forma profissional e padronizada”, tendo

quatro etapas:

� Monitoria pessoal ao aluno DV. Apoio de atividades acadêmicas e à

locomoção e socialização; acesso a dispositivos apropriados de informática

(CARVALHO; ARANHA, 1998);

� Criação do CADV.

O CADV consiste de um conjunto de dispositivos que se utilizam da tecnologia computacional (equipamentos de hardware e software) aplicado para aumentar a acessibilidade dos DV e um local de pequenas dimensões onde possa caber uma mesa, uma cadeira e tais equipamentos (CARVALHO, 1999).

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� Treinamento no uso de equipamentos. Funcionários e alunos foram

treinados no uso dos equipamentos;

� Apoio aos docentes e alunos usuários do ProAces/DV. O ProAces/DV

oferece as pessoas que participam de suas atividades orientação nas situações

cotidianas da vida acadêmica.

4.5 Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrinas (UEL)

Em 1997, a UEL através do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão

(CEPE) criou a Comissão Permanente de Apoio aos Alunos Portadores de

Deficiência – CODE que tem por objetivo

prestar atendimento educacional especializado a alunos portadores de deficiência física, sensorial, distúrbios psicológicos, pedagógicos e doenças crônicas para proceder a avaliação pluridimensional dos casos com finalidade de orientação e encaminhamento. (RESOLUÇÃO 1786/91 apud FERNANDES; AGUIAR, 2000)

Fernandes; Aguiar (2000) relatam que “a Biblioteca Central não possui as

estruturas necessárias no que se refere ao acervo, espaço físico e atendimento

especializado ao deficiente visual”, no entanto através do CODE e de pequenas

iniciativas a Biblioteca Central da UEL tem prestado serviços aos DV, tais como:

� Disponibilização de obras em Braille (livros e revistas) e fitas

gravadas para empréstimo e consulta;

� Uso do software Dosvox nos computadores da Divisão de

Referência;

� Atendimento a pesquisa no local;

� Disponibilização de funcionários que auxiliam na locomoção dos DV.

4.6 Bibliotecas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Silveira (2000) apresenta alguns dos projetos de facilitação de inserção

desenvolvidos pela Biblioteca da UFMG, são eles:

� CADV – Centro de Apoio aos Deficientes Visuais. Em 1992, foi

implantado junto a Biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

(FAFICH) com o objetivo de proporcionar aos deficientes visuais “[...] o acesso à

literatura básica necessária ao acompanhamento de seus cursos”. Conta em seu

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acervo com livros em áudio e equipamentos que proporcionem acesso à

informações em formato especial;

� Desenvolvimento de acervo informacional para alunos portadores de

deficiências visuais. Projeto desenvolvido em 1998 pela Biblioteca Universitária

que visava discutir sobre a ampliação do acervo bibliográfico e não-bibliográficos

para os alunos da UFMG;

� Adaptação do prédio da Biblioteca Central para acessibilidade às

pessoas portadoras de deficiências físicas. Este projeto envolvia modificação

física e estrutural da biblioteca: estacionamentos, banheiros, entrada adaptada,

placas de sinalização, rampas, etc.

4.7 Catálogo Coletivo de Livros em Braille e Livros Falados

Coutto (2001) relata sobre a criação do Catálogo Coletivo de Livro em

Braille e Livros Falados que “inicialmente foi instalado na Biblioteca da Faculdade

de Educação da USP e reunia informações bibliográficas do acervo de bibliotecas

especializadas nesse tipo de material”. Por meio deste projeto, foi criado na

cidade de São Paulo, o Disque Braille.

O catálogo tem como público alvo cidadãos com necessidades por serem portadores de deficiência visual. O atendimento aos interessados é realizado pela Biblioteca da Faculdade de educação da USP por telefone, correspondência ou pessoalmente, com a indicação da biblioteca depositária da obra e informações sobre as possíveis condições de acesso ao documento (COUTO, 2001, p.2)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observando a literatura, verifica-se que há um movimento por parte das

bibliotecas e, por tabela, das universidades em promover a acessibilidade dos DV.

O que demonstra que na atualidade não se pode projetar uma biblioteca acessível

que tenha por objetivo ser um agente de transformação sem incluir em seu

ambiente, equipamentos e instrumentos de tecnologias assistivas. Estas

tecnologias podem facilitar o uso das bibliotecas pelas pessoas com deficiência

visual e auxiliá-las em seu processo de construção cognitiva. Além disso, é

necessário estabelecer políticas tanto para pessoas cegas como para as com

visão subnormal.

As barreiras arquitetônicas e humanas só podem ser amenizadas por

meio de mudanças físicas no ambiente e habilitação dos funcionários para

atitudes inclusivistas. Se a biblioteca não proporciona esses dois requisitos

básicos aos DV (acessibilidade física e humana) não está apta a ser definida

como agente de transformação, pelo contrário, sua atuação refletiria ações

segregadoras. A argumentação de que os obstáculos simplesmente ocorrem

devido a diversos problemas na instituição e na sociedade, que não sabem como

lidar com os usuários com deficiência, é ilógica quando se nota que, se não há a

possibilidade de oferecer-lhes serviços específicos, a biblioteca tem por obrigação

fornecer o básico, ou seja, o mesmo que oferece para os outros usuários:

condições de ir e vir no local e atendimento pelos funcionários.

Para modificar o quadro vivenciado nas bibliotecas é preciso que o

profissional que esteja à frente da instituição analise a questão da falta de

serviços que atendam ao usuário com deficiência e proceda a:

� Debates da questão da deficiência e as dificuldades encontradas para

proceder ao atendimento dos deficientes visuais sejam estas de ordem financeira,

humana ou material;

� Mapeamento das principais necessidades das pessoas com deficiência

visual no uso informacional da biblioteca;

� Definição do papel da instituição no que tange ao aspecto da inclusão

social e digital;

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� Formulação de políticas voltadas para o deficiente visual;

� Estruturação do ambiente para que estes possam receber quaisquer

usuários independentes de sua condição física e mental.

Além disso, é preciso que os gerenciadores de bibliotecas promovam

ações que viabilizem mudanças neste ambiente.

As conclusões verificadas com a pesquisa permitem a sugestão de

algumas políticas e serviços voltados para o deficiente visual. As recomendações

propostas não são normativas, mas são atitudes que adotadas poderiam

minimizar as dificuldades destes usuários.

As unidades de informação são constituídas por pessoas, serviços,

ambiente físico, equipamentos/ instrumentos, acervo e políticas que determinam

seu funcionamento8. De modo que se faz necessária uma estruturação de todo

esse composto, para que a acessibilidade realmente ocorra:

A) Recursos humanos

O primeiro ponto a ser trabalhado nas instituições é o profissional que ali

atua, pois de nada adiantam serviços, estruturas, equipamentos ou acervo que

visem à acessibilidade se ao chegar à biblioteca o usuário não receber o

atendimento que necessita e deseja. Essas barreiras podem ser vencidas por

meio de:

� Treinamento voltado para os funcionários. Esse treinamento ocorre

através de palestras, cursos ou disponibilização de livros voltados para esta

questão. Além disso, seria importante que eles tivessem noções básicas sobre a

escrita e leitura braille;

� Treinamentos dos usuários na utilização dos recursos

disponibilizados. É necessário que os usuários conheçam os setores existentes,

os serviços e todos os equipamentos disponíveis no local, mesmo que estes não

sejam específicos;

B) Serviços

A criação de serviços para os deficientes visuais é uma necessidade

urgente; além dos serviços comumente disponibilizados na biblioteca, é preciso

8 Neste caso essas políticas não representam as normas que ditam seu funcionamento, mas atitudes adotadas que poderiam facilitar as atividades realizadas pela instituição.

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promover a criação de outros um pouco mais específicos. No entanto essa

disponibilização deve ser avaliada de acordo com a possibilidade da biblioteca em

mantê-los futuramente.

� Criar um setor de lazer onde se disponibilize jogos recreativos.

Neste setor é possível ao usuário com deficiência visual estar em contatos com

outras pessoas com deficiência ou sem deficiência, contribuindo para

sociabilização e desenvolvimento de atividades em grupo;

� Gravação de textos em fitas k7/CD/DVD/MP3 ou transcrição para o

Braille. Este serviço é oferecido por algumas bibliotecas (NEGRÃO, 2001)

favorecendo o encontro entre leitor, informação utilitária e conhecimento

registrado. Podem funcionar utilizando-se de instrumentos (gravador e fitas,

papel, reglete e pulsão) fornecidos pelos próprios usuários, quando a unidade não

os possuir;

� Digitalização de documentos. Existe a necessidade de apresentar ao

usuário com deficiência visual a possibilidade de acessar conteúdo digital. No

entanto, esse serviço é complementar à existência de instrumentos que

possibilitem o uso deste material;

� Ledores. Os ledores são voluntários que lêem textos diretamente para

os deficientes visuais ou para gravação. Esse serviço, no entanto só deve ser

fornecido caso a biblioteca não apresente condições financeiras ou físicas de

disponibilizar as tecnologias assistivas, pois segundo Vogel (1996), a instituição

pode procurar compensar uma falha e criar um problema ao usuário:

A instituição acaba por colocar-se em contradição consigo mesma, pois ao invés de contribuir para a autonomia do deficiente visual, neste caso reforça sua dependência, condicionando o acesso à informação - elemento crucial de sua autonomia - às vicissitudes naturais de um corpo de ledores que, por força de lei, ainda não é, e nem pode ser institucionalizado.

C) Ambiente físico

A acessibilidade física é mais difícil de ser alcançada porque não depende

de ações ou políticas desenvolvidas pelos gerenciadores, mas de ações

desenvolvidas pela própria universidade. No entanto existem pequenas mudanças

que podem ser realizadas com sucesso e pouco custo:

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� Adoção de sinalização tátil nas estantes e no catálogo de fichas. A

sinalização é possível por meio de etiquetas em braille ou escrita em relevo e

favorecerá a independência dos usuários quando estiverem na biblioteca;

� Sinalização dos equipamentos. Telefones, balcões de atendimento

devem ser sinalizados tanto com informações táteis como visuais;

� Construção de rampas de acesso nos locais necessários. Em

algumas unidades de informação os deficientes têm dificuldades de chegar até o

ambiente assim a adoção de rampas e a redução ou anulação completa de

buracos diminuiria os riscos de acidentes e inclusive ferimentos mais graves;

� Disponibilização de maquete ou mapa em relevo da biblioteca.

Essa ação forneceria ao deficiente a possibilidade de explorar amplamente o

ambiente através do tato, pois anteriormente à visita já conheceria o local. Além

disso, essa experiência foi adotada com sucesso por Ferrari e Campos (2004) no

Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) e o Museu de Arte da Pampulha (MAP),

demonstrando um baixo custo pelo menos no uso do mapa em relevo.

As modificações relativas aos aspectos físicos devem ser efetivadas

conforme a NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos.

D) Equipamentos/ instrumentos

Outro ponto importante é a disponibilização de certos equipamentos e

instrumentos para os deficientes visuais, eles podem ser utilizados tantos pelos

usuários como pelos funcionários ao projetar os serviços. Eles constituem-se na

maioria de tecnologias assistivas:

� Disponibilização de fones de ouvidos, gravadores, regletes e

pulsão para uso no local. São instrumentos simples que podem inclusive ser

utilizados por funcionários, quando da realização de atividades voltadas para

estes usuários.

� Fornecimento de papel, teclado e impressora Braille para

computador. Esses recursos facilitariam ao usuário a transcrição de textos

utilizados pelos discentes em sala de aula para estudos. Além disso, dar-lhes-ia a

possibilidade de execução de atividades da graduação ou lazer sem depender do

auxílio de terceiros.

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� Disponibilização de materiais recreativos. Existem diversos produtos

para recreação, como dominó em alto ou baixo relevo, dominó de texturas,

baralho plástico Braille entre outros que podem ser oferecidos.

� Disponibilização de Scanner. Recurso necessário para digitalização

de documentos, onde os conteúdos de interesse de qualquer usuário da biblioteca

podem ser processados;

� Adoção de Sistemas alternativos e aumentativos de acesso à

informação. O DOSVOX9 é um exemplo deste tipo de tecnologia, ele consiste em

um sistema para microcomputadores que se comunica com o usuário através de

síntese de voz, é composto por:

- Sistema operacional que contém os elementos de interface com o usuário; - Sistema de síntese de fala; - Editor, leitor e impressor/formatador de textos; - Impressor/ formatador para braille; - Diversos programas de uso geral para o cego, como jogos de caráter didático e lúdico e ampliador de telas para pessoas com visão reduzida; - Programas para ajuda à educação de crianças com deficiência visual; - Programas sonoros para acesso à Internet, como Correio Eletrônico, acesso a homepages, telnet e FTP; - Leitor simplificado de janelas do Windows (PROJETO DOSVOX, 2002).

Há ainda muitos outros softwares como o Virtual Vision e JAWS,

entretanto o DOSVOX apresenta uma grande vantagem sobre os demais é que

além da gama de programas acoplados é gratuito e em português. O que facilita

sua implantação em qualquer unidade pública.

E) Acervo

Devido à gama de usuários que freqüentam as bibliotecas universitárias,

os acervos são amplos, mas existem pequenos itens que devem ser fornecidos

para os DV. Alguns deles podem ser de uso inclusive de outros usuários como os

livros gravados e documentos digitais.

� Livros e textos em Braille. O Braille é o mecanismo de leitura utilizado

pelo deficiente visual, apesar do grande espaço ocupado pelas obras neste

formato é necessária a existência de algumas obras básicas que devem ser

definidas pelos usuários, gerenciadores e profissionais especializados. Conforme

MARTINEZ CALVO (2003) se fossemos subsidiar uma biblioteca com estes

9 Desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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documentos “[...] se necessítaria aproximadamente um kilómetro lineal de

estantes para albergar uma media de dez mil obras [...]”.

� Livro falado ou gravado. Itens essenciais que podem ser emprestados

para o usuário, caso este necessite. Pode ser constituído por gravações

realizadas pela biblioteca ou recebidas por doações ou parcerias.

� Documentos digitais. Acervo de obras digitais compostos por obras

digitalizadas pela biblioteca, disquetes ou cd-rom existentes que facilitaria o

acesso do DV a informações atuais e a otimização do espaço.

F) Políticas de funcionamento

As bibliotecas podem e devem estabelecer parcerias com instituições

especializadas no atendimento aos deficientes visuais, bem como outras que

facilitariam sua atuação no atendimento. Há especificamente algumas parcerias

bem sucedidas nos casos pesquisados:

� Curso de Informática/Ciência da Computação e Universidade. Essa

parceria poderia contribuir para criação de sistemas de acesso à informação;

� Institutos locais especializados. Instituições especializadas no

atendimento ao deficiente visual podem fornecer treinamentos aos funcionários da

biblioteca e integrar a equipe de planejamento de serviços.

� Editora Universitária. Universidades que possuem uma editora

poderiam disponibilizar obras essenciais à biblioteca, além de fornecer provas em

Braille para os deficientes visuais no vestibular da instituição.

As recomendações fornecidas neste estudo se baseiam na idéia de que

as bibliotecas são refletoras das políticas da sociedade e que cabe a esse órgão

mudar as questões negativas que podem advir deste fato. Se parte da sociedade

têm excluído ou discriminado as pessoas com algum tipo de deficiência visual, a

biblioteca não pode permitir que isso também ocorra em seu ambiente.

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