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EXAME NACIONAL DE SELEÇÃO 2006 SOLUÇÃO PROVA DE MACROECONOMIA Produzido pela Equipe da Central de Ensino. 1 o Dia: 05/10/2005 - QUARTA FEIRA HORÁRIO: 8h às 10h 15 (horário de Brasília)

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EXAME NACIONAL DE SELEÇÃO 2006

SOLUÇÃO

PROVA DE MACROECONOMIA Produzido pela Equipe da Central de Ensino.

1o Dia: 05/10/2005 - QUARTA FEIRA HORÁRIO: 8h às 10h 15 (horário de Brasília)

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EXAME NACIONAL DE SELEÇÃO 2006

1o Dia: 05/10 (Quarta-feira) – Manhã: 8h às 10h 15 - MACROECONOMIA

Instruções 1. Este CADERNO é constituído de quinze questões objetivas. 2. Caso o CADERNO esteja incompleto ou tenha qualquer defeito, o(a) candidato(a) deverá

solicitar ao fiscal de sala mais próximo que o substitua. 3. Nas questões do tipo A, recomenda-se não marcar ao acaso: cada item cuja resposta divirja

do gabarito oficial acarretará a perda de n

1 ponto, em que n é o número de itens da questão a

que pertença o item, conforme consta no Manual do Candidato. 4. Durante as provas, o(a) candidato(a) não deverá levantar-se ou comunicar-se com outros(as)

candidatos(as). 5. A duração da prova é de duas horas e quinze minutos, já incluído o tempo destinado à

identificação – que será feita no decorrer das provas – e ao preenchimento da FOLHA DE RESPOSTAS.

6. Durante a realização das provas não é permitida a utilização de calculadora ou qualquer

material de consulta. 7. A desobediência a qualquer uma das recomendações constantes nas presentes Instruções,

na FOLHA DE RASCUNHO e na FOLHA DE RESPOSTAS poderá implicar a anulação das provas do(a) candidato(a).

8. A saída de candidatos com o Caderno de Provas, só será permitida, após haver

transcorrido 1 hora e 15 minutos do início da prova. 9. As folhas de rascunho não podem ser destacadas do caderno de prova. AGENDA • 13/10/2005 – A partir das 20h, divulgação dos gabaritos das provas objetivas, nos endereços:

http://www.unb.br/face/eco/anpec2006 e http://www.anpec.org.br • 14 a 15/10/2005 – Recursos identificados pelo autor serão aceitos a partir do dia 14 até às 20h

do dia 15/10 do corrente ano. Não serão aceitos recursos fora do padrão apresentado no manual do candidato.

• 17/11/2005 – Entrega do resultado da parte objetiva do Exame aos Centros. • 18/11/2005 – Divulgação do resultado pela Internet, nos sites acima citados.

OBSERVAÇÕES: • Em nenhuma hipótese a ANPEC informará resultado por telefone. • É proibida a reprodução total ou parcial deste material, por qualquer meio ou processo, sem

autorização expressa da ANPEC.

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EXAME NACIONAL DE SELEÇÃO 2006

1o Dia: 05/10 (Quarta-feira) – Manhã: 8h às 10h 15 - MACROECONOMIA

• Nas questões de 1 a 13, marque, de acordo com o comando de cada uma delas: itens

VERDADEIROS na coluna V; itens FALSOS na coluna F. • Nas questões 14 e 15, marque, de acordo com o comando: o algarismo das DEZENAS na

coluna D; o algarismo das UNIDADES na coluna U. O algarismo das DEZENAS deve ser obrigatoriamente marcado, mesmo que seja igual a ZERO.

• Use a FOLHA DE RASCUNHO para as devidas marcações e, posteriormente, a FOLHA DE RESPOSTAS.

QUESTÃO 01 Sobre as contas nacionais, avalie as proposições:

Ⓞ A remessa de dinheiro de brasileiros que residem no exterior a familiares no Brasil aumenta a Renda Nacional Bruta. Verdadeiro. A remessa de dinheiro de brasileiros a familiares no Brasil, assim como envio de lucro das empresas brasileiras no exterior fazem parte da Renda Nacional Bruta

① O PIB corresponde ao valor adicionado de todos os bens e serviços produzidos em um país, sendo que, por valor adicionado, entende-se o valor da produção mais o consumo dos bens intermediários.

Falso. A inclusão da produção final e dos bens intermediários gera dupla contagem.

② Em geral, países com alto grau de endividamento externo têm, ceteris-paribus, o PIB maior que o PNB.

Verdadeiro. Paises com alto grau de endividamento enviam renda para o exterior, o que em geral implica em PIB maior que o PNB, assim como o Brasil.

③ Havendo equilíbrio nas contas do governo, um déficit em transações correntes do balanço de pagamentos implica um excesso de investimentos.

Verdadeiro. Sabendo que Investimentos é igual a poupança privada doméstica mais poupança do governo (superávit do governo) mais a captação de poupança externa (déficit em transações correntes), um déficit em transações correntes implica que o investimento é maior que a poupança privada nacional.

④ O deflator implícito do PIB corresponde à razão entre o PIB nominal e o PIB real. Verdadeiro. A razão entre o PIB nominal e o PIB real é justamente o deflator implícito.

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QUESTÃO 02 Avalie as proposições:

Ⓞ O balanço de pagamentos registra as transferências, os pagamentos internacionais e o comércio de bens e serviços entre um país e o resto do mundo. Verdadeiro. O balanço de pagamentos é composto pela conta corrente e pela conta capital.

① A aquisição por investidor estrangeiro de ações da Petrobrás é registrada como crédito na conta de capital brasileira.

Verdadeiro. Essa transação representa aquisição de ativos em portfolio na conta capital.

② Se um país tem superávit no balanço de pagamentos, suas exportações líquidas serão positivas. Falso. Não necessariamente. As exportações líquidas são apenas uma parte do balanço de

pagamentos.

③ Numa economia aberta, o Produto Nacional Bruto é determinado pelos gastos em produtos

domésticos efetuados por residentes e não-residentes do país. Falso. PNB é a soma do produto pertencente a brasileiros (famílias ou empresas) residentes ou

não no país.

④ O acúmulo de estoques indesejados é contabilizado como investimento nas contas nacionais. Verdadeiro. O investimento bruto é a soma do investimento líquido (aumento do estoque de

capital) com a variação de estoques.

QUESTÃO 03 Avalie as afirmativas. No modelo IS-LM:

Ⓞ Quando o Banco Central fixa a taxa de juros, a política fiscal tem efeito nulo sobre a renda. Falso. Nesse caso a curva LM fica horizontal e aumentos do gastos do governo gera aumento

da renda.

① A renda não se altera quando o governo aumenta tributos e gastos na mesma proporção, tal que

o déficit primário fique inalterado. Falso. O multiplicador de gastos é maior que o multiplicador de tributos.

② Quando a economia é afetada por choques na curva IS, a volatilidade da renda será menor se a taxa de juros for fixa.

Falso. Ao contrário, quanto mais horizontal for a LM, mais impacto na renda terão os deslocamentos da IS, isto é, a volatilidade na renda será maior quanto a taxa de juros é fixa.

③ Quando a economia é afetada por choques na curva LM, a volatilidade da renda será menor se a oferta de moeda for fixa.

Falso. Quando a oferta de moeda é fixa, a LM se desloca mais devido a choques. Portanto a renda variará mais, isto é, a volatilidade da renda será maior dada a curva IS.

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④ Um aumento da desconfiança em relação ao sistema financeiro (tal que para uma dada renda e taxa de juros os agentes demandem mais moeda) aumenta a taxa de juros e diminui a renda de equilíbrio.

Verdadeiro. A desconfiança gera aumento da demanda por moeda e, conseqüentemente aumento da taxa de juros (que é o preço da moeda). Esse aumento do custo de oportunidade reduz a demanda agregada (investimento), reduz a produção e diminui a renda de equilíbrio.

QUESTÃO 04 Avalie as afirmativas com respeito a uma pequena economia aberta, com perfeita mobilidade de capitais:

Ⓞ A paridade descoberta de juros implica que a taxa de juros doméstica é igual à taxa de juros internacional mais a taxa de depreciação esperada da moeda.

Verdadeiro. A paridade descoberta de juros sugere que o rendimento esperado de um titulo domestico é igual ao rendimento esperado de um titulo estrangeiro contabilizado em moeda nacional, excluindo o risco país.

① Em um regime de câmbio flexível, quando há expectativa de desvalorização do câmbio, a renda aumenta.

Falso. Dado o modelo IS-LM-BP, a expectativa de desvalorização do câmbio não desloca a BP mas desloca a IS para cima e para a direita. Desta forma, a taxa de juros doméstica fica superior à externa, o que induz a um aumento da entrada de divisas, o que, por sua vez, valoriza a taxa de câmbio, levando a IS para a sua posição inicial. Temos aqui, portanto, que a taxa de juros e o nível de renda não se modificam quando há expectativa de desvalorização do câmbio.

② Em um regime de câmbio fixo, quando há expectativa de desvalorização do câmbio, a renda não se altera.

Falso. Dado o modelo IS-LM-BP, novamente, temos que como a BP independe da taxa de câmbio, nada ocorrerá com ela. Por outro lado, a IS se desloca para a direita. Isso pressiona a taxa de juros para cima, o que induz a uma entrada de capitais no país. Como o regime é de câmbio fixo, o BACEN comprará essas divisas, o que expande a LM e, portanto, reduz a taxa de juros ao nível da internacional. Portanto a taxa de juros não se modifica e a renda aumenta.

③ Em um regime de câmbio flexível, quando a taxa de juros internacional aumenta, a renda também aumenta.

Verdadeiro. Considere novamente o modelo IS-LM-BP. Quando a taxa de juros externa aumenta, ocorre uma saída de divisas, o que desvaloriza a taxa de câmbio e estimula as exportações deslocando a IS para a direita, de modo que a renda interna aumenta.

④ Em uma economia com regime de câmbio fixo, a política fiscal tem efeito pleno. Verdadeiro. Um aumento do gasto do governo gera aumento da demanda agregada, a produção

e da renda. Assim, há aumento da demanda por moeda e aumento da taxa de juros, gerando entrada de capital externo e aumento do nível de reservas internacional. No regime de cambio fixo, isso implica em expansão monetária, queda de juros e novo aumento do produto e da renda. Considerando o modelo IS-LM-BP, por outro lado, temos que inicialmente a política fiscal expansionista expande a IS, o que eleva a taxa de juros e a renda. O aumento da taxa de juros provoca entrada de divisas. Para manter a taxa de câmbio, o BACEN compra divisas e expande a LM, o que provoca queda da taxa de juros ao nível internacional e nova expansão da

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renda. Portanto a expansão da renda será igual ao multiplicador keynesiano vezes a expansão dos gastos do governo, o que significa uma eficácia plena da política fiscal.

QUESTÃO 05 A respeito da curva de Phillips e da oferta agregada, avalie as proposições:

Ⓞ Quando os agentes formam expectativas com base em informações passadas, apenas o componente não-antecipado da política monetária afeta o produto real.

Falso. Quando os agentes têm expectativas racionais, só o componente não-antecipado da política monetária afeta o produto real.

① De acordo com as expectativas racionais, a política monetária não tem efeito algum sobre o produto real.

Falso. Segundo a visão Novo-Keynesianos, mesmo com a hipótese de expectativas racionais, a rigidez de preços faz com que o ajuste da economia a política monetária não seja instantâneo.

② Quando preços e salários são rígidos, a oferta agregada é positivamente inclinada. Falso. A curva de oferta agregada pode ser horizontal.

③ Quando as expectativas são adaptativas, a autoridade monetária tem um “incentivo” a desviar-se da meta de inflação previamente anunciada.

Verdadeiro. Quando a inflação esperada é baseada na inflação do período anterior, o governo possui menos incentivo para criar reputação que influencie as expectativas.

④ Quando os agentes formam expectativas de forma racional, é nulo o custo (em termos de perda de produto real) de uma política monetária crível de redução da taxa de inflação.

Verdadeiro. Nesse caso, a reputação do Banco Central reduz a expectativa de inflação e, conseqüentemente, minimiza o custo da política monetária sobre o produto.

QUESTÃO 06 Com respeito às teorias das flutuações econômicas, avalie as proposições:

Ⓞ De acordo com a teoria dos ciclos reais, flutuações no produto são devidas a choques de produtividade ou na política fiscal.

Verdadeiro. Segundo a teoria dos ciclos reais, choques causam flutuações no produto.

① A década de 90 nos Estados Unidos foi um dos períodos mais longos de baixo desemprego e baixa inflação. A teoria dos ciclos reais explica tal fenômeno pela elevação dos gastos públicos.

Falso. Uma possível explicação é o aumento da produtividade na economia americana (computadores aumentaram a produtividade).

② Choques negativos de produtividade diminuem o produto e os preços, enquanto choques positivos aumentam o produto e os preços.

Falso. Choques negativos de produtividade reduzem o produto e aumentam os preços. Choques positivos de produtividade aumentam o produto e reduzem os preços, sob certas condições (Ver Blanchard e Quah).

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③ De acordo com a teoria dos ciclos reais, a política fiscal e a política monetária crível influenciam apenas os preços, não o produto.

Falso. De acordo com a teoria dos ciclos reais a política fiscal e monetária influenciam o produto, dado que a oferta é positivamente inclinada.

④ De acordo com os novos-Keynesianos, devido à rigidez de preços e salários, a política fiscal e a política monetária crível afetam o produto e o emprego.

Verdadeiro. Política fiscal e monetária expansionista implicam em aumento do produto e emprego (ao menos no curto prazo), para os novos keynesianos, justamente porque preços e salários são rígidos, de modo que a oferta agregada de curto prazo é positivamente inclinada.

QUESTÃO 07 Um indivíduo deve decidir entre consumir no presente ou postergar o consumo e o fará com base na teoria da renda permanente. Considere que Y0 seja sua renda presente e Y1, sua renda futura; e que ele tenha acesso a crédito, à taxa de juros r. Avalie as proposições:

Ⓞ Um aumento na taxa de juros diminui as possibilidades de consumo presente, mas aumenta as possibilidades de consumo futuro.

Verdadeiro. Um aumento na taxa de juros implica que uma antecipação do consumo através da captação de empréstimo é menos provável. Por outro lado, ocorre uma postergação do consumo uma vez que o aumento da poupança da renda transitória aumenta o recurso disponível para consumo futuro.

① Suponha que o governo tribute a renda deste indivíduo com um imposto tipo lump-sum. Um aumento do imposto presente, que não seja mantido no futuro, diminui o consumo presente, mas deixa o consumo futuro inalterado.

Falso. Na teoria da renda permanente, o objetivo do indivíduo é consumir a renda permanente e poupar a renda transitória, mantendo o consumo constante ao longo do tempo. Assim, no caso do imposto transitório, deve reduzir proporcionalmente o consumo presente e futuro, mas em menor magnitude através da despoupança.

② Mantenha a hipótese de que o tributo seja do tipo lump-sum. Uma redução do imposto presente compensada por um aumento futuro devidamente corrigido pela taxa de juros r, aumenta o consumo presente, mas reduz o consumo futuro.

Falso. Consumo ao longo do tempo fica inalterado, devido aumento da poupança presente para despoupar no futuro.

③ Um aumento de renda futura eleva o consumo tanto no presente quanto no futuro. Verdadeiro. Aumento da renda permanente eleva o consumo presente e futuro.

④ Um aumento na renda presente não elevará o consumo futuro se o consumidor não tiver acesso a crédito.

ANULADA.

QUESTÃO 08 As afirmações abaixo referem-se à teoria do crescimento econômico. Avalie as assertivas:

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Ⓞ No modelo de Solow, se a economia tem um estoque de capital por trabalhador que gera um equilíbrio de estado estacionário abaixo da chamada “regra de ouro” da acumulação de capital, então o nível de consumo per capita máximo poderá ser atingido se a geração corrente se dispuser a reduzir o próprio consumo.

Verdadeiro. Se o estoque de capital estiver abaixo do nível ótimo (regra de ouro: consumo máximo), um aumento do investimento e portanto uma queda no consumo atual leva a um aumento no estoque de capital por trabalhador acima da depreciação, o que deve aumentar o consumo futuro.

① O que caracteriza os modelos de crescimento endógenos é a ausência de retornos marginais decrescentes associados à acumulação de capital físico.

Falso. Essa é uma das hipóteses dos modelos.

② O modelo básico de crescimento endógeno, cuja função de produção seja Y = AK, não prevê convergência do nível de renda per capita.

Verdadeiro. Nessa função não há trabalho e o parâmetro de produtividade não foi definido como menor que 1, o que implica na possibilidade de não convergência.

③ Se há retornos marginais constantes dos fatores de produção que podem ser acumulados, os modelos de crescimento endógenos prevêem que a taxa de crescimento de longo-prazo seja influenciada pela taxa de acumulação desses fatores. No caso do modelo básico Y = AK, a taxa de crescimento de longo-prazo é influenciada pela taxa de poupança.

Verdadeiro.

④ No modelo de Solow com progresso técnico, um aumento permanente da taxa de poupança leva a um aumento temporário da taxa de crescimento da renda per capita.

Verdadeiro. Aumento da taxa de poupança gera aumento do nível do produto até novo estado estacionário, mas não tem efeito sobre a taxa de crescimento do produto de longo prazo.

QUESTÃO 09 Com relação à oferta agregada, salários, preços e emprego, são corretas as afirmativas:

Ⓞ Se os salários nominais fossem mais flexíveis, uma política monetária expansionista seria mais eficaz em reduzir a taxa de desemprego.

Falso. Se os preços da economia fossem mais flexíveis, o retorno da economia à taxa de desemprego e ao produto natural será mais rápido, reduzindo a eficácia da política monetária.

① Se a autoridade monetária decidir acomodar um choque de oferta adverso, minimizará os efeitos recessivos sobre o produto e o emprego, mas intensificará os efeitos inflacionários da política monetária.

Verdadeiro. Um choque de oferta adverso (choque do petróleo) gera deslocamento à esquerda da curva de oferta, com recessão e inflação. Caso o governo realize política monetária expansionista, haverá deslocamento à direita da curva de demanda, reduzindo o efeito do choque sobre o produto, mas aumentando o aumento de preços.

② No longo-prazo, os salários são flexíveis e portanto a taxa natural de desemprego é nula.

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Falso. A taxa de desemprego natural não é necessariamente igual a zero, pois há desemprego friccional.

③ A neutralidade da moeda significa que, no longo prazo, se o Banco Central reduzir a oferta monetária em 3 por cento, preços e salários reduzir-se-ão em 3 por cento.

Verdadeiro. No longo prazo os preços variam para trazer as variáveis reais ao equilíbrio (variáveis reais no longo prazo são fixas, como por exemplo o salário real).

④ Na ausência de assimetrias de informação, a curva de oferta agregada de curto-prazo torna-se mais inclinada na medida em que os salários ajustam-se mais rapidamente a variações no desemprego.

Verdadeiro. A medida que os salários se ajustam mais rapidamente, os custos de produção e os preços também se ajustam mais rapidamente, tornando a curva de oferta mais inclinada (vertical).

QUESTÃO 10 Avalie as proposições abaixo:

Ⓞ Entende-se por “superávit fiscal primário” a diferença entre receitas e gastos governamentais, excetuadas as despesas com pagamento de juros.

Verdadeiro. Definição de resultado primário são as receitas e gastos correntes.

① Déficit primário no orçamento público faz crescerem o déficit público total e os gastos com pagamento de juros.

Verdadeiro. Resultado nominal é igual ao resultado primário menos o pagamento de juros. Assim, ceteris paribus, quanto maior o déficit primário, maior o déficit nominal e maior a necessidade de financiamento do setor publico, implicando em aumento do estoque e do custo da divida pública.

② De acordo com o princípio da Equivalência Ricardiana, uma redução de impostos financiada pela emissão de títulos públicos não implica aumento de poupança.

Falso. Essa teoria afirma que redução de impostos financiada por emissão de títulos públicos é equivalente a imposto futuro. Assim, diante de uma redução de impostos no presente gera aumento da poupança para que o indivíduo possa pagar o aumento de imposto futuro e manter o consumo inalterado.

③ Em uma economia sem crescimento real, o endividamento é a única forma de se pagar por programas governamentais.

Falso. Nesse caso ainda pode aumentar a alíquota dos impostos.

④ Segundo a teoria da paridade do poder de compra da taxa de câmbio, os movimentos verificados na taxa de câmbio entre duas moedas refletem primordialmente as diferenças no comportamento dos preços dos países que as emitiram.

Verdadeiro. O conceito de paridade de poder de compra indica que um determinado produto deve possuir o mesmo preço no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo, quando contabilizados em mesma moeda (convertido pela taxa de câmbio), excluindo os custos de transações. Portanto a razão entre os preços dos países que emitem as referidas moedas é a taxa

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de câmbio nominal, de modo que modificações na taxa de câmbio nominal refletem o comportamento dos preços dos países que emitiram tais moedas.

QUESTÃO 11

Considere o modelo de Solow com uma função de produção Cobb-Douglas: ( ) αα −=

1NAKY , em

que Y, K, N e A correspondem ao produto, estoque de capital, número de trabalhadores e tecnologia, respectivamente. Avalie as proposições abaixo referentes aos resultados deste modelo, no longo prazo:

Ⓞ A razão capital/produto cresce à mesma taxa que o progresso técnico. Falso. No estado estacionário o capital é constante e o produto depende do crescimento

demográfico e do progresso tecnológico.

① O salário (w) cresce à mesma taxa que progresso técnico. Verdadeiro. A remuneração do fator de produção deve crescer a uma taxa igual ao crescimento

da sua taxa de produtividade (nesse caso, progresso técnico).

② A taxa de remuneração do capital (r) é constante e é igual à taxa de depreciação. Verdadeiro. Nessa função de produção a tecnologia influencia apenas a remuneração do

trabalho.

③ A participação do lucro na renda (razão rK/Y) cresce à mesma taxa que o progresso técnico. Falso. A taxa de remuneração do capital é constante e a relação capital-produto (K/Y) também

é tida como constante. Portanto a participação do lucro na renda (rK/Y) é constante. Não confundir crescimento com taxa de crescimento.

④ A participação do trabalho na renda (razão wN/Y) é constante. Verdadeiro. Pensando a repartição da renda entre capitalistas e trabalhadores, vejamos. Dado o

total de lucros igual a aY, a parcela da renda pertencente aos capitalistas é igual a azY. A dos trabalhadores, portanto, é igual a (1 – az)Y. A longo prazo, as frações do estoque de capital pertencentes a capitalistas e a trabalhadores devem ser proporcionais às respectivas poupanças, de trabalhadores e capitalistas, iguais a sw e sc, respectivamente. Assim, z/(1-z) = (asc – sw)/(a(sc-sw)) Supondo propensões a poupar dos capitalistas e dos trabalhadores constantes, as participações na renda de cada uma das classes é constante (SIMONSEN, Mario Henrique & CYSNE, Rubens P. Macroeconomia. São Paulo: Atlas, 1995).

QUESTÃO 12 Avalie as assertivas abaixo referentes ao modelo Mundell-Fleming:

Ⓞ Em regime de câmbio fixo, é impossível implementar uma política monetária independente. Falso. Em regime de câmbio fixo, uma expansão monetária leva à queda da taxa de juros,

aumento do investimento e aumento do produto. No entanto, essa menor taxa de juros gera fuga de capital, queda de reservas, retração monetária, aumento dos juros e queda da produção ao nível inicial. Assim, é possível implementar política monetária independente, mas os ajustes da economia tornam essa política ineficaz para um aumento do produto.

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① Em regime de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capital, uma política monetária expansionista causa depreciação da moeda doméstica, enquanto uma política fiscal expansionista causa sua apreciação.

Verdadeiro. Uma política monetária expansionista gera queda da taxa de juros, saída de capital e desvalorização cambial. Um aumento dos gastos do governo gera expansão do produto, aumento da demanda por moeda, aumento da taxa de juros, entrada de capital e valorização cambial.

② Se um aumento de renda doméstica piorar a balança comercial, o déficit resultante poderá ser

financiado por um influxo de capital externo desde que a taxa de juros doméstica aumente.

ANULADA. ③ Em regime de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capital, a taxa de juros doméstica

(ajustada para risco) não se desvia da taxa de juros internacional por períodos prolongados. Falso. A taxa de juros domestica também depende da expectativa de desvalorização cambial.

④ É possível melhorar a conta corrente mediante uma expansão monetária. Verdadeiro. No modelo de livre mobilidade de capital e taxa de câmbio flutuante, uma

expansão monetária gera queda da taxa de juros, saída de capital e desvalorização cambial. Conseqüentemente, há aumento das exportações líquidas (melhora da conta corrente) e aumento da renda doméstica.

QUESTÃO 13 A respeito dos determinantes do consumo, avalie as informações:

Ⓞ De acordo com a hipótese da renda permanente, uma valorização generalizada – e entendida como permanente – das ações na bolsa de valores afetará positivamente o consumo.

Verdadeiro. Essa valorização das ações é um aumento permanente na riqueza, gerando aumento do consumo.

① Tanto a teoria do ciclo de vida quanto a hipótese da renda permanente consideram que o

consumo está diretamente relacionado a uma medida de renda de longo-prazo. Verdadeiro. No caso da teoria do ciclo de vida, a renda de longo prazo é a renda do trabalho e

no caso da teoria de renda permanente, a própria renda permanente é a renda de longo prazo.

② De acordo com a hipótese da renda permanente, a propensão marginal a consumir a partir da renda transitória é maior que a propensão marginal a consumir a partir da renda permanente.

Falso. No curto prazo a propensão marginal a consumir da renda transitória é menor que da renda permanente, já que poupa a renda transitória. No entanto, ao longo da vida (se não deixa herança aos filhos), as propensões são iguais.

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③ Se a teoria do ciclo de vida for correta, deve-se esperar que a razão entre consumo e poupança acumulada decresça ao longo do tempo até o momento da aposentadoria do consumidor.

Verdadeiro. O individuo poupa enquanto trabalha para manter o padrão de consumo na velhice.

④ A hipótese da renda permanente estabelece que um aumento temporário de impostos não afeta as decisões correntes de consumo. No entanto, se um indivíduo destituído não tem acesso a crédito e sua renda corrente é suficiente apenas para cobrir seus gastos correntes, o aumento de impostos, ainda que transitório, afetará suas decisões de consumo.

Verdadeiro. No caso de livre acesso ao mercado financeiro, choques temporários apenas afetam a poupança.

QUESTÃO 14 Determine o valor da poupança de um consumidor dadas as seguintes informações: função utilidade: U = )ln()ln( 10 cc + , em que 0c é o consumo presente e 1c , o consumo futuro; a renda é de

$100 no presente e de $50, no futuro; a taxa de juros de mercado é 0%; e não há imperfeições no mercado de crédito. Solução: Nessa questão basta lembrar que o individuo utiliza a poupança como forma de manter o consumo igual nos dois períodos. Dessa forma, com renda total de 100 + 50 = 150, ele possui $150 para gastar nos dois períodos, o que equivale dizer que possui $75 para gastar em cada período. Assim, como ele ganha apenas $50 no segundo período, ele deverá poupar $25 no primeiro período para manter o consumo constante de $75.

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QUESTÃO 15 Assuma que o setor de bens e serviços de uma economia seja descrito pelas equações:

GIICY

hYgI

dYcI

TYbaC

estoquesosequipament

estoques

osequipament

+++=

+=

+=

−+= )(

Se 2.02.0,5.0 === hedb calcule os multiplicadores de gastos e de impostos, G e T. Para

marcação na folha de respostas some os dois resultados.

Solução:

GTgcaY

GTgcaY

GYgYcTYaY

GhYgdYcTYbaY

GIICY

hYgI

dYcI

TYbaC

estoquesosequipament

estoques

osequipament

105)(10

5,01,0

2,02,0)(5,0

)(

)(

+−++=

+−++=

+++++−+=

+++++−+=

+++=

+=

+=

−+=

Multiplicador de gastos: +10

Multiplicador de impostos: -5

Resultado: +5

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RASCUNHO