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Ano XXXI | ed. 354 | Set | 2014 O REMÉDIO PARA O SUS IEPAS tem novo gestor pág. 11 Saúde tem dificuldades para implantar TISS 3.02 pág. 8 Precisamos de mais dinheiro ou de um novo olhar para o sistema universal de atendimento? págs. centrais

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Ano XXXI | ed. 354 | Set | 2014

O REMÉDIOPARA O SUS

IEPAS tem novo gestorpág. 11

Saúde tem dificuldades para implantar TISS 3.02pág. 8

Precisamos de mais dinheiro ou de um novo olhar para o sistema universal de atendimento?págs. centrais

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Editorial

| Jornal do SINDHOSP | Set 2014

SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo • Diretoria

| Efetivos • Yussif Ali Mere Jr (presidente) • Luiz Fernando Ferrari Neto (1o vice-presidente) • George Schahin (2o vice-presidente) • José Carlos Barbério (1o tesoureiro) • Antonio Carlos de Carvalho (2o tesoureiro)

• Luiza Watanabe Dal Bem (1a secretária) • Ricardo Nascimento Teixeira Mendes (2o secretário) / Suplentes • Sergio Paes de Melo • Carlos Henrique Assef • Danilo Ther Vieira das Neves • Simão Raskin

• Irineu Francisco Debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • Roberto Nascimento Teixeira Mendes • Gilberto Ulson Pizarro • Marina do Nascimento Teixeira Mendes / Suplentes

• Maria Jandira Loconto • Paulo Roberto Rogich • Lucinda do Rosário Trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif Ali Mere Jr • Luiz Fernando Ferrari Neto | Suplentes • José Carlos Barbério

• Antonio Carlos de Carvalho • Escritórios regionais • BAURU (14) 3223-4747, [email protected] | CAMPINAS (19) 3233-2655, [email protected] | RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529,

[email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected] | SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030,

[email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected] | BRASÍLIA (61) 3037-8919 /

JORNAL DO SINDHOSP | Editora – Ana Paula Barbulho (MTB 22170) | Reportagens – Ana Paula Barbulho • Aline Moura • Fabiane de Sá • Rebeca Salgado • Elcio Cabral | Produção gráfica – Ergon Ediitora (11) 2676-3211

| Periodicidade Mensal | Tiragem 15.000 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades. Os artigos assinados não re-

fletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP R. 24 de Maio, 208, 14o andar, São Paulo, SP, CEP 01041-000 • Fone (11) 3224-7171, ramais 390 e 391

• www.sindhosp.com.br • e-mail: [email protected]

Neste mês de outubro temos eleições e muita sede por mudanças. A população mostra-se insatisfeita com os serviços prestados pelo poder público, e considera que paga demais pelo que recebe. Os empresários, os da saúde em especial, lutam pela sobrevivência de seus negócios, enfrentando carga tributária alta, burocracia e, mais recentemente, recessão. Há quem diga que no setor de saúde não há crise, já que de hospital, médico e remédio todo mundo precisa – e acaba precisando mais ainda em tempos de crise financeira. Mas se engana quem pensa que o setor é imune à queda generalizada que vivemos no que diz respeito a investimentos. Quanto menos produzimos, menos arrecadamos, o que significa menos dinheiro para a saúde. Quanto menos empregamos, menos pessoas terão acesso aos planos de saúde, e mais usuários acionarão o SUS, já convalescido.

Tendo em vista este cenário, penso que devemos somar nossos esforços para que as mudanças possíveis aconteçam. Não adianta querer votar uma reforma política integral e revolucionária, e nada sair do papel. Também não é razoável propor uma reforma trabalhista ampla, enquanto setores radicais não querem nem ouvir falar em mudanças. Mas podemos caminhar passo a passo. Um começo seria promover o desaparelhamento das agências reguladoras. Elas foram criadas para fiscalizar e fortalecer os setores a que dizem respeito, mas a maioria delas está ocupada por políticos que defendem exclusivamente os interesses de um ambicioso projeto de poder.

As relações trabalhistas também precisam avançar, primeiro com a desoneração da folha de pagamento do setor de saúde, um dos poucos que não foi contemplado ainda. Outro passo importante é aprovar a lei que permite a terceirização de maneira responsável, o que ajudaria a colocar na legalidade milhares de trabalhadores que já atuam como terceiros informais, e que são completamente excluídos do sistema de proteção. Ignorar que a terceirização é uma realidade e achar que é viável economicamente que um hospital contrate como CLT todo o seu corpo clínico é no mínimo estúpido, e injusto com os próprios trabalhadores.

Outra urgente necessidade é retomarmos a cláusula de barreira, que impediria que partidos sem representatividade tomassem parte nos debates, nos fóruns, na distribuição do fundo partidário e no tempo de televisão. Seria uma primeira mudança, simples e que dependeria de uma revisão do Supremo. Isso acabaria com os partidos de aluguel e com o discurso de que dar espaço a todos é fortalecer a democracia. Pelo contrário, os nanicos tumultuam, ocupam a tribuna sem compromisso e sem propostas factí-veis, confundem o eleitor e, pior de tudo, vendem-se para outros partidos. Considero esta uma reforma possível, principalmente porque os grandes partidos a querem. O voto distrital viria na sequência, estabelecendo seriedade ao processo eleitoral e acabando com a distribuição de vo-tos dentro do partido e da coligação, eliminando a excrescência das celebridades e dos palhaços como puxadores de votos.

Existem reformas possíveis. E não é preciso mover montanhas para começar. Às vezes basta um clique. Um exemplo: a petição pelo voto distrital está no site www.euvotodistrital.com.br. Para começar, basta querer!

presidenteYussif Ali Mere Jr

AS REFORMAS POSSÍVEIS

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Em dia

Set 2014 | Jornal do SINDHOSP |

Durante quatro dias o 48o Congresso de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, da Socieda-de Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPB/ML), reuniu os principais líderes e especialistas do setor de saúde para debater assuntos como indicadores laboratoriais, conhecimen-to científico, gestão da qualidade, metodologias e otimização de processos laboratoriais. Realizado entre os dias 9 e 12 de setembro, no Rio de Janeiro, o evento contou com as presenças do presi-dente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, e do diretor, Luiz Fernando Ferrari Neto.

“É com muita honra que nós realizamos um congresso de debates científicos, uma oportuni-dade de fomentar a ciência, disseminar o conhecimento, promover o networking entre os partici-pantes”, afirmou Paula Távora, presidente da SBPC/ML durante a abertura. “A patologia clínica hoje tem um papel de grande importância na saúde. Temos dados que comprovam que mais de 70% das consultas médicas realizadas geram algum procedimento laboratorial, por isso, estamos aqui para debater soluções e práticas que auxiliem o setor nesta gama de serviços oferecidos”.

Segundo Wilson Shcolnik, presidente do congresso, “nesta edição a entidade trouxe renoma-dos cientistas nacionais e internacionais, tornando-se um evento consagrado e de referência na área de análises clínicas”. Anunciou ainda o lançamento de publicações: um posicionamento da entidade sobre tecnologia da informação e um livro sobre boas práticas em microbiologia. Escrito por uma equipe multidisciplinar, o livro aborda o tema em linguagem simples e objetiva e é im-prescindível para o dia a dia dos profissionais de laboratório e estudantes, segundo o presidente do congresso.

O evento contou também com a participação de duas agências reguladoras do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Saúde (ANS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “Pretendemos debater alguns temas com eles e reafirmar nossos compromissos com a qualidade dos serviços laboratoriais oferecidos à população, assim como nosso compromisso com a seguran-ça do paciente”, completou Shcolnik.

Uma das palestras mais comentadas foi sobre “Controle de Qualidade Laboratorial e a Segu-rança do Paciente”. A conferência foi apresentada pela diretora do laboratório central da Clínica Mayo, de Rochester (EUA), Nikola Baumann. Ela falou sobre as ferramentas que detectam os erros dos testes laboratoriais: controle de qualidade estatística, teste de proficiência, relatório de tecnó-logos e boletins de fabricação. Segundo ela, a fase pré-analítica é a que mais desponta com erros, numa faixa que varia de 45% a 75%. Ficando o segundo lugar para a fase pós-analítica, com uma variação entre 11% a 45%. Por último, a fase analítica com 7% a 18% de erros apresentados. Para Baumann, esses erros devem ser olhados com o máximo de atenção, uma vez que impactam dire-tamente a vida das pessoas. “Sem falar que um erro pode, também, impactar múltiplos pacientes. Casos em quem todas as amostras passam pelo teste e são afetadas”.

A médica também falou sobre o método de controle de qualidade, que detecta os erros em tempo real dos dados dos pacientes, escolhendo o que controlar, definindo o processo a ser con-trolado e identificando os processos, os pacientes e as necessidades dos clientes.

Dentre os vários projetos de melhoria de qualidade realizados na Clínica Mayo, está o de Controle e Melhoria da Qualidade em Exames Laboratoriais. Tal medida vem sendo realizada por meio do controle estatístico, que envolve o uso de técnicas e ferramentas que medem a avaliam o processo. “Caso um determinado processo apresente estado de descontrole estatístico, ações corretivas deverão ser executadas”, finalizou.

SUSTENTABILIDADEO diretor de eventos da SBPC/ML, Armando Fonseca, explicou que 20 toneladas de lixo fo-

ram recicladas por uma usina instalada dentro do próprio Centro de Convenções Sulamérica, lo-cal onde aconteceu o congresso. O montante representou cerca de 80% do lixo gerado ao longo dos quatro dias de evento. “Todos os expositores estão conscientes do dever, da missão, de utili-zar produtos e materiais que sejam recicláveis seja na montagem, utilização e desmontagem dos stands”, contou. Um carbonômetro ainda foi instalado no centro do hall das salas de conferência,

48o CONGRESSO DA SBPC/ML BATE RECORDE DE PÚBLICO

mecanismo que mede o impacto de carbono gerado. “Toda atividade desenvolvida pelo ser humano gera gases de efeito estufa. A medida usada é o Carbono lançado na atmosfe-ra. Em geral, os eventos são grandes geradores de gases de efeito estufa, devido à grande quantidade de pessoas, ativi-dades envolvidas e resíduos gerados. O evento da Socieda-de de Patologia Clínica não é diferente, muito pelo contrário. Sendo assim, foram selecionadas as atividades que são res-ponsabilidade direta do evento para fazer um inventário de gases de efeito estufa gerados”, disse Alan Opustil, diretor da empresa Construambiental, responsável pela sustentabilida-de da ocasião.

A neutralização dos gases de efeito estufa do 48o CBPC/ML – calculada em 60 toneladas de Carbono - foi feita quando a entidade comprou créditos de reduções de emissões, geradas por projetos de MDL (Mecanismo de De-senvolvimento Limpo).

NÚMEROSParticiparam desta edição 4.500 congressistas, 120 em-

presas expositoras em mais de quatro mil metros quadrados na feira de Ciência e Tecnologia. A grade científica contou com mais de 100 atividades, entre mesas-redondas, pales-tras, conferências magnas e cursos pré-congresso. Foram 170 palestrantes brasileiros e estrangeiros de grande prestí-gio científico. “Eles tiveram a preocupação de abordar temas dos mais básicos até aqueles de vanguarda, em diferentes áreas do conhecimento, desde as técnicas como bioquímica, hematologia, hormônios, imunologia, e microbiologia, pas-sando também pela toxicologia, biologia molecular, até as áreas de gestão de recursos humanos e da qualidade, gestão da produção de laboratórios de análises de patologia clínica”, enfatizou Alex Galoro, responsável pela grade científica e vi-ce-presidente da SBPC/ML.

EDIÇÃO FOI MARCADA TAMBÉM POR LANÇAMENTO DE LIVRO DE BOAS PRÁTICAS EM MICROBIOLOGIA CLÍNICA

Yussif, Shcolnik, Ferrari e Barbério, no Rio

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4 | Jornal do SINDHOSP | Set 2014

Em dia

Márcia Fonseca realiza curso sobre humanização em Santos

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REGIONAIS EM AÇÃO

Localizadas em regiões estratégicas do Estado de São Paulo, as oito regionais do SINDHOSP estão em constante atividade. Elas cumprem o papel do Sindicato in loco, promovendo seminários, cursos e palestras de interesse dos associados, bem como acompanham os problemas e as deman-das do setor, que podem ser diferentes dos existentes na capital.

Em Campinas, por exemplo, um Grupo de Recursos Humanos local foi criado a fim de debater os desafios dos gestores de hospitais, clínicas e laboratórios da região. Em seu sétimo encontro, em 21 de agosto, o grupo teve e oportunidade de assistir a uma palestra do advogado Durval Silvério de Andrade, que atua no departamento Jurídico do SINDHOSP e se deslocou até a cidade para levar esclarecimento sobre as Súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Pela resolução no 194, o TST trouxe novo entendimento sobre diversas matérias e converteu em súmulas 13 orien-tações jurisprudenciais, que foram canceladas. “São temas importantes e pertinentes que afetam diretamente o dia a dia das empresas, inclusive as do setor de saúde, e é preciso estar atento a essas orientações”, destacou Durval.

No ABC, a Comissão de Qualidade para Clínicas Médicas se reuniu em 22 de agosto. Na ocasião, foi debatido o desenvolvimento, controle e melhorias de processos administrativos e operacionais realizados pelas clínicas de saúde, visando a segurança do paciente e o atendimento de excelência. Todos esses passos são necessários para a obtenção de selo de acreditação, que no Brasil é emitido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Foram apresentados te-mas como gestão administrativa, cadeia de suprimentos e assistência farmacêutica, gestão da qualidade, atenção ao paciente, apoio técnico, diagnóstico e terapêutico e apoio logístico. A falta de mão de obra especializada, principalmente para as áreas administrativas e de atendimento prévio, também foi debatida.

Já em Santos, a visita do gerente de Operações Regionais da FEHOESP, Erik Von Eye, em 4 de setembro, foi para debater a situação da saúde local, como anda a gestão hospitalar na cidade, os novos segmentos da saúde e a judicialização. Na companhia do coordenador da regional de Santos, Alex Tavares, o gerente visitou ainda o Hospital São Lucas e a clínica Medicina Hiperbárica de Santos, associados ao sindicato.

Segundo Von Eye, a ideia é que, ao longo do segundo semestre, todas as regionais do SINDHOSP, e também todos os sindicatos filiados à Federação, recebam este tipo de visita, para alinhamento de diretrizes e ações em prol do setor.

A regional de Sorocaba já havia recebido a mesma visita, em 20 de agosto. A situação da saúde na região metropolitana de Sorocaba, que hoje conta com 60 municípios, foi um dos temas do en-contro entre o coordenador regional, Nilson Tsukamoto, e Erik von Eye. Um dos maiores desafios do setor na região tem sido a questão da saúde mental, que enfrenta fechamento desenfreado de leitos. Outras três regionais – ABC, São José dos Campos e Campinas – também já receberam a visita de alinhamento.

CURSOSA coach Márcia Fonseca, psicóloga do Instituto Para Evoluir, também tem percorrido diver-

sas regionais (já esteve em Santos e em Campinas, e na sede do SINDHOSP, em São Paulo, entre outras) para promover cursos de interesse dos prestadores de serviços locais. Fala, sobretudo, da importância da humanização como instrumento de melhoria. Em suas palestras, ela aborda o amor, o respeito e como transformar o ambiente corporativo num lugar mais humano. Fator este, segundo ela, fundamental para uma área como a da saúde, que lida com as pessoas em seu momento mais frágil.

A segurança do paciente é outro tema recorrente, e imprescindível de ser abordado. Como se sabe, já é obrigatório, no país, que os serviços de saúde possuam Núcleos de Segurança do Paciente, que estabeleçam Programas de Segurança do Paciente e que notifiquem os eventos adversos, se-gundo determina a RDC 36 de 2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Daí a importância do tema, que foi abordado em palestra realizada na regional de Santos do SINDHOSP, sob a tutela de professora doutora Maria de Jesus Castro S. Harada, enfermeira pela Unifesp, membro do Grupo Técnico de Segurança do Paciente e Qualidade nos Serviços de Saúde da Anvisa e autora dos livros “O erro humano e a segurança do paciente” e “Dia a dia na segurança do paciente”, entre outros.

Segundo a palestrante, os enfermeiros são os verda-deiros guardiões da segurança do paciente nos hospitais, uma vez que são eles os responsáveis pelo contato direto com o paciente. A complexidade e a multiplicidade da ati-vidade, no entanto, pode induzir ao erro, se combinada ao estresse, a jornadas extensivas ou à falta de preparo técnico dos profissionais.

Outro assunto preponderante, no âmbito administrati-vo, é o faturamento das contas médicas. E foi tema de curso da regional de Sorocaba, em 4 de setembro, destinado a gestores, administradores e profissionais responsáveis pelas contas médicas de clínicas e hospitais locais. A palestrante foi a médica Giuseppina Pellegrini, que possui MBA em Gestão em Planos de Saúde, atua como consultora em serviços de saúde e é professora universitária. Como auditora médica, ela possui a expertise necessária para orientar os prestadores em como realizar os procedimentos de maneira mais segura, evitando glosas e garantindo o recebimento mais rápido dos valores das faturas médicas.

Segundo ela, “a interação entre os departamentos leva ao faturamento correto”. Giuseppina abordou a atribuição de cada área envolvida com as contas médicas, desde a re-cepção até a equipe que efetivamente enviará as faturas para os planos de saúde, passando pela enfermagem e também pelo setor comercial. Conforme sua orientação, quanto mais ajustados estiverem os acordos comerciais, menor chance de glosas terá a instituição.

Insuficiência de pessoal, de recursos econômicos e de materiais, locais e equipamentos inadequados e adminis-tração antiquada são fatores que, certamente, contribuem para o mau resultado dos faturamentos. A palestrante ainda abordou o passo a passo das guias TISS, falou sobre como elaborar o faturamento sobre os honorários médicos e so-bre como elaborar o melhor organograma.

Para conferir a programação de cursos realizados pelo Interior do Estado, e também na sede do SINDHOSP, na Ca-pital, acesse o site do Instituto de Estudos e Pesquisas na Área da Saúde (IEPAS), www.iepas.org.br.

INTERIOR FORTALECE ATUAÇÃO DAS ENTIDADES

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Em dia

Set 2014 | Jornal do SINDHOSP |

PLANTIO NEUTRALIZA CARBONO DO ANUÁRIO BRASILEIRO DA SAÚDE

Com o pensamento na sustentabilidade, a impor-tância do meio ambiente e da preservação da natureza, o SINDHOSP e a FEHOESP, em parceria com a Public Proje-tos Editoriais e o Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN), reuniram colaboradores, associados e contribuintes do Sindicato e da Federação, além de anunciantes do Anuá-rio Brasileiro da Saúde, para um café da manhã diferente. Numa área de preservação do Parque Ecológico do Tietê, localizado na zona leste de São Paulo, todos foram convida-dos a participar do anual plantio das árvores que neutraliza o carbono da última edição do Anuário, publicação que de-tém o selo Carbono Neutro.

“Este é o terceiro ano consecutivo que neutralizamos a emissão de gás carbônico da produção do Anuário Brasileiro da Saúde com o plantio de árvores. Pensando por um lado, pode parecer que estamos fazendo pouco, mas nosso pen-samento tem de estar focado no futuro de nossas gerações. Há pouco tempo atrás pensávamos no que iríamos deixar para os nossos netos e bisnetos. Hoje, com a mudança cli-mática e tantos problemas naturais que nos afetam, temos de pensar no que deixaremos para os nossos filhos e como incentivá-los a fazer o mesmo pelos filhos deles”, afirmou o vice-presidente das entidades, Luiz Fernando Ferrari Neto. “O que deixamos aqui plantado permanecerá nesta Terra muitos anos a mais do que nós mesmos”, completou.

A publicação foi a primeira do setor de saúde no Brasil a se tornar totalmente sustentável e obter o selo Carbono Neutro, concedido pelo IBDN. Segundo Rogério Iório, con-sultor ambiental e presidente do Instituto, “o importante é educar as pessoas e fazer com que elas se envolvam em ações que foram feitas em recuperação da natureza”. Se-gundo ele, o Parque Ecológico do Tietê é o maior parque linear da América Latina, começa em Salesópolis e permeia o Rio Tietê, que, apesar de poluído, é o rio mais importante do Estado. O núcleo Engenheiro Goulart, onde foi realizado o plantio, é 11 vezes maior do que o parque do Ibirapuera. “Recuperar este parque é fundamental para a população de São Paulo, por isso parabenizamos as empresas parceiras que nos auxiliam nesta empreitada”, afirmou.

Edison Cândido, administrador do parque que acompa-nhou o evento, também aproveitou para saudar os presen-tes. “É com muita alegria que acompanho um projeto como esse. Há três anos estou à frente do parque e hoje tenho or-gulho de dizer que somos mais do que uma reserva natural. Somos também uma opção de lazer para os paulistas e pau-listanos: já ultrapassamos a marca de 50 mil visitas semanais”, afirmou. “Preservamos a flora e a fauna neste lugar e a nossa preocupação com o meio ambiente e bem-estar social é constante. Tive a triste notícia de que a nascente principal do Rio São Francisco já secou, a crise da água está aí. O sol nasceu pra todos e a sombra pra alguns, então vamos plan-tar árvores”, finalizou.

Novidade neste ano, um gel de absorção foi utilizado para substituir o uso da água. “Normal-mente colocaríamos água para poder permear o plantio, no entanto, como estamos passando por uma terrível estiagem no Estado, buscamos uma alternativa sustentável. Trouxemos um gel, que já foi colocado em cada buraco cavado para receber a muda. Este gel absorve 300 vezes a massa dele em água, ou seja, absorverá 3 litros de água que alimentará a muda para até 90 dias. Apesar de termos previsão de chuvas para este mês de outubro, po-demos dizer que a árvore estará segura dentro deste período”, explicou Iório. Trezentas mudas foram plantadas na ocasião, to-das de espécies nativas da Mata Atlântica, como ipê roxo, cassia aleluia, araçá amarelo e aroeira pimenteira. O plantio, escolha das espécies e acompanhamen-to de todo o processo são feitos pelo IBDN. “O plantio de uma simples muda pode parecer uma gota no oceano. Mas se cada um fizer a sua parte e adotar pos-turas ambientais mais responsáveis, podemos mudar o curso das coisas”, acredita Gilberto Figueira, diretor da Public Projetos Editoriais, empresa parceira na publicação do Anuário.

TEMA DE 2014/2015 É COOPERAÇÃO “Saúde no século 21: a Era da Cooperação” é o tema que norteia o conteúdo editorial da edi-

ção 2014/2015 do Anuário Brasileiro da Saúde. Ano passado, a FEHOESP uniu-se ao SINDHOSP na produção da publicação, que antes levava o nome apenas do Sindicato, agregando valor à publica-ção que já é referência para o setor. O Anuário tem uma tiragem de 15 mil exemplares e está sendo confeccionado levando em conta as tendências de cooperação na área da saúde, ao redor do mun-do e pelo Brasil. A publicação mostra como o setor de saúde pode atingir melhor desempenho se começar a agir em parceria. “A cooperação evitará desperdícios, mau uso dos recursos e pode, se valendo da tecnologia, chegar a muito mais pessoas do que se imagina”, considera o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr.

Entidades importantes do setor da saúde apoiam o periódico, como a Confederação Nacio-nal de Saúde (CNS), Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Comitê de Saúde da Fiesp (ComSaúde), Hospitalar Feira e Fórum, Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia (Abimed), Associação Brasileira da Indústria Médico-Hospitalar (Abimo), Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), entre outras.

Eleito em 2011, pelo Prêmio Allianz Seguros de Jornalismo, como uma das cinco melhores publicações de jornalismo corporativo do país, o Anuário conquista cada vez mais espaço no mer-cado. “É uma publicação inovadora, muito bem elaborada e tornou-se um veículo importante para as empresas que buscam anunciar em publicações com conteúdos inteligentes, pois isso agrega valor às marcas”, destaca Figueira, diretor de Projetos Especiais da Public. “Nem tudo que foi posto em prática é bom, daí a importância de abordarmos, dentro do conteúdo do Anuário, os projetos que deram certo e aqueles que fracassaram. Queremos problematizar e debater a questão, de for-ma clara, objetiva e densa. O papel do Anuário é este: convidar as pessoas ao debate e à reflexão”, completa Yussif.

A edição 2014/2015 do Anuário Brasileiro da Saúde também sairá com o selo Carbono Neu-tro, agregando ainda mais valor à publicação. Empresas interessadas em conhecer o projeto ou em anunciar devem entrar em contato com a Public através do e-mail [email protected], tel (11) 3294-0052, com Gilberto.

Gilberto Figueira e Luiz Fernando Ferrari Neto, no Parque do Tietê

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6 | Jornal do SINDHOSP | Set 2014

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O Brasil não é mais o mesmo de 1960, e a maneira de os gestores organizarem a assistência à saúde precisa levar em conta esta nova realidade. A necessidade de mais financiamento é irre-futável, desde que seja atrelada a uma visão atualizada de gerir os recursos. O atual modelo de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) penaliza os estados e municípios e compromete, cada vez menos, o orçamento federal. Cálculos do Tribunal de Contas mostram que, entre 2008 e 2012, a União deixou de gastar R$ 20 bilhões com a saúde.

Com regulamentação de Emenda Constitucional 29, que fora pensada para equacionar os gastos nos três níveis de governo e pactuar o orçamento, estados e municípios colocam cada

vez mais recursos na Saúde, en-quanto o Governo Federal tende a diminuir os gastos – embora seja o maior arrecadador (tem batido recordes de arrecadação meses seguidos, mesmo no país em si-tuação de alerta para recessão). Pelas regras do jogo, municípios são obrigados a destinar 15% de seu or-çamento para a Saúde. Muitos têm comprometido bem acima disso. Mesma situação dos estados que, por lei, devem destinar até 12% para a pasta À União, resta a obriga-ção de investir o orçamento do ano anterior, acrescido o crescimento

do Produto Interno Bruto (PIB) do ano corrente. Analistas projetaram, neste início de setembro, que o crescimento será ínfimo: 0,5%, se tanto.

Para 2015, enfim, muitos desafios são aguardados. De olho neste dilema, o Instituto Fernando Henrique Cardoso promoveu um importante evento, a fim de debater “Os desafios da saúde pú-blica no Brasil”. Dividida em duas partes, a iniciativa contou com a participação de economistas e gestores especialistas neste assunto complexo que é a administração da saúde, em 28 de agosto e 16 de setembro. E com a presença do presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, nas duas ocasiões.

NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE CUSTOPara o economista do Banco Mundial, André Médici, o Brasil é um dos países que menos gasta

com saúde no mundo. Em contrapartida, as famílias destinam uma fatia importante de suas rendas para gastos com remédios, médicos e exames. “Os gastos privados com saúde, no Brasil, são com-paráveis aos dos Estados Unidos e Europa. Mas os gastos públicos são os menores do mundo. No total não chegamos a 8% do PIB”, afirmou. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de todo o gasto com saúde no país em 2010, 53% foram privados, número ainda alto que situa o Brasil entre os países em desenvolvimento, na incômoda companhia de Venezuela e Equador.

Segundo o Índice Bloomberg de Eficiência em Saúde, destacado por Médici, o Brasil ocupa o último lugar de uma lista de 48 países, em que se compara expectativa de vida ao nascer, gasto anual da saúde no PIB e gasto per capita em saúde. “O Brasil está na zona de ineficiência”, definiu.

Um dos problemas para esta ineficiência é, sem dúvida, o financiamento. Não apenas pela quantidade de recursos, mas também pela maneira como eles são administrados. “Temos um sistema fragmentado. Seria necessária maior integração para evitar desperdícios, duplicação e descoordenação. Temos um sistema não hierarquizado. Deveríamos ter atenção primária como ponto de entrada. Hoje uma pessoa tem uma dor de cabeça, vai para o hospital e tem acesso ao atendimento”, exemplificou.

As decisões judiciais, segundo Médici, também têm um enorme impacto no orçamento. “Elas obrigam o SUS a pagar a importação de medicamentos de última geração requeridos por pacien-

tes brasileiros com base na disposição constitucional que assegura a cobertura integral à saúde a todos os cidadãos”, afirmou. Só entre 2009 e 2012 houve alta de 25% nas ações contra a União (de 10.486 para 13.051) relacionadas a pedi-dos em saúde. Os gastos saltaram de R$ 95 milhões para R$ 355,8 milhões, segundo o governo.

Resta ainda, sugeriu Médici, uma discussão mais pro-funda para definir parâmetros científicos, financeiros e so-ciais reguladores da disposição constitucional que assegura cobertura integral à saúde. As decisões judiciais individuali-zadas sobre importação de medicamentos de última gera-ção não apenas geram uma conta crescente e imprevisível sobre o Estado, mas também acentuam desigualdades so-ciais no acesso aos serviços de saúde.

No que diz respeito a reajuste do financiamento, a escolha do governo em vincular o repasse dos recursos da saúde com o crescimento do PIB é perigosa, na avaliação de Médici. “Podemos ter diminuição de recursos, uma vez que o PIB pode ter uma variação negativa este ano”.

Especialista em tributação, José Roberto Afonso de-clarou-se favorável ao aumento do gasto público em saúde, valendo-se de uma tabela que aponta o aumento do uso do SUS à medida que se reduz a renda da família. Em outras palavras, quando o governo gasta mais com a saúde pública, são os mais pobres que mais se beneficiam. No entanto, res-salvou Afonso, são também os mais pobres que, em termos proporcionais, mais pagam impostos no Brasil, pois o siste-ma tributário é regressivo. Ao aumentar a tributação para financiar um gasto maior com saúde em benefício dos mais pobres, o governo estaria dando com uma mão e tirando com a outra. Era o que ocorria com a CPMF, argumentou Afonso: “é verdade que o grosso da arrecadação desse tributo provinha das transações financeiras feitas por em-presas, mas ao final o seu custo recaia sobre o consumidor, já que as empresas o repassavam ao preço dos produtos”. Para complicar, o Brasil já tem uma carga tribu-tária de 37% do PIB, um exces- so para um país com o nosso grau de desenvolvimento. Seria o caso de aumentá-la ainda mais para financiar a saúde?

Já sobre a redefinição das prioridades dos gastos públicos,

O REMÉDIO PARA O SUSPRECISAMOS DE MAIS DINHEIRO OU DE UM NOVO OLHAR PARA O SISTEMA UNIVERSAL DE ATENDIMENTO?

Os palestrantes Gonzalo Vecina e Jaunário Montone, no centro, com representantes da cadeia produtiva

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7Set 2014 | Jornal do SINDHOSP |

Manchete

chamou a atenção para o aumento indiscriminado de gas-tos do governo federal com subsídios – por exemplo, para apoiar empresas que não precisariam do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES) para se financiar - e com o pagamento de benefícios a indivíduos. “O gover-no federal tem sua arrecadação crescendo cada vez mais, mas o seu gasto em saúde é cada vez menor. Precisamos discutir os gastos atrelados à receita. E analisa-los: a maioria do crescimento dos gastos públicos, nos últimos anos, tem sido com transferência de renda. No Bolsa Família ninguém mexe, não tem vinculação e virou prioridade política. E o go-verno federal virou pagador de benefícios, ao invés de ser provedor de serviços”, disse.

No lado do gasto, insistiu Afonso, também chegou a hora de enfrentar a discussão distributiva, por não ser mais possível adicionar mais despesas públicas às já existentes, a menos que o país aceite carregar uma carga tributária ainda maior. É preciso cancelar gastos em áreas, programas e ações de menor retorno para a sociedade para aumentar o gasto público em saúde.

O recuo do governo federal no financiamento à saúde faz com que não se corrijam as desigualdades nos serviços prestados aos cidadãos brasileiros nos estados e municí-pios mais pobres e naqueles mais ricos. Além disso, como advertiu o ex-ministro da pasta Barjas Negri, no debate que se seguiu às apresentações, as despesas dos municípios na área da saúde estão chegando ao limite do que os governos locais podem financiar. Em muitos deles, a despesa no setor já excede em muito os 15% da receita líquida. Esse quadro, concluiu Barjas, pode levar à interrupção dos serviços em certos municípios e colocar em xeque a própria descentra-lização da saúde pública observada nos últimos vinte anos. Seria um retrocesso.

COMO A EXCELÊNCIA SOBREVIVE NO SUSPara Januário Montone, ex-secretário municipal da

Saúde de São Paulo, o SUS foi, sem dúvida, uma conquista política e social para o país. Através dele, reduzimos índices altíssimos de mortalidade infantil, por exemplo, que che-gavam a 124 mil por nascidos vivos em 1960. O mesmo avanço pode ser visto com a expectativa de vida, que era de 52 anos na década de 60, e chega a 73 anos nos dia atuais. “Mas ainda temos que avançar muito”, afirmou.

Embora a maioria dos sistemas de ponta esteja nas mãos da iniciativa privada, que possui atuação

legítima garantida pela Constituição, o SUS também guarda suas ilhas de excelência,

como a Rede Sarah, o Icesp, o Inca, en-tre outros. “Por que então o restante do SUS não funciona como esses servi-ços?”, questionou. Segundo ele, porque

nenhuma dessas refe-

rências funciona efetivamente sob as regras do SUS. “A Rede Sarah, por exemplo, tem o mesmo status do Sesi e do Senai. Possui orçamento próprio. E não dá satisfação a ninguém. Pode contratar via seleção pública sem estabilidade”, citou.

A existência de fundações por trás de muitos desses serviços, e a exceção que lhes é atribuída no que diz respeito às regras administrativas, são fatores que contribuem para a eficiência dessas entidades. Na opinião de Gonzalo Vecina Neto, superintendente do Hospital Sírio Libanês, as alter-nativas que foram sendo criadas para melhorar a eficiência da gestão não conseguem ser aplicadas nem absorvidas pela administração pública. “Gestão é atingir objetivos através da mobilização de recursos. Recursos são coisas e gente, que dependem de licitações e concursos. A iniciativa privada não tem que fazer concursos nem licitação. E isso não quer dizer que ela não consiga melhores pessoas, melhores recursos e melhores coisas para exercer sua atividade”, comparou.

Para ele, é um milagre colocar um hospital de administração direta, que precisa seguir as re-gras engessadas da administração pública, para funcionar. Uma das normas absurdas, na opinião de Gonzalo, é a estabilidade dos trabalhadores concursados. “A iniciativa privada não dá estabilidade ao trabalhador. Esta relação tem que ser passível de demissão sem justa causa. Porque uma boa gestão não põe pra fora o trabalhador no qual investe”.

Segundo ele, a sociedade brasileira precisa decidir o que vem primeiro: o trabalhador que tem direito ao emprego ou a sociedade que tem o direito ao trabalho que aquela organização se pro-põe a entregar da maneira mais eficiente possível?

Os perfis demográfico e epidemiológico também impactam diretamente a forma de fazer gestão. Para o superintendente do Sírio, não fomos capazes de enxergar as transformações pe-las quais a sociedade passou. “As doenças infectocontagiosas saíram da agenda. Não temos mais cólera, porque temos o cloro. A vacinação é uma conquista do povo brasileiro. Antes se morria de diarreia. Hoje se morre de hipertensão, de câncer, de diabetes e de violência. E como se trata a diarreia? Com uma consulta. Mas a hipertensão não tem alta. Nem o diabetes. A recomendação da Organização Mundial da Saúde, de um médico para cada mil habitantes, era boa para tratar tuber-culose. É preciso um médico para cada 300 habitantes para tratar diabetes, além de um profissional diferente. Nós temos que nos assenhorar desse diagnóstico”, enfatizou.

No que diz respeito à forma de se prestar assistência, Gonzalo acredita que é preciso fazer com que a prestação de serviços saia das mãos do estado, e vá para os modelos de cooperação com a iniciativa privada. “A iniciativa pública tem que se responsabilizar pela entrega, e não pela prestação em si. Mas aqui no Brasil falar em cooperação significa privatização. Não acho que parceria seja privatização”.

A transparência nesse processo de parcerias entre público e privado foi defendida pelo ad-vogado Paulo Modesto, que é professor de direito administrativo da Universidade Federal da Bahia. “Precisamos combater a qualificação política de entidades privadas pelo legislativo, que não leva em conta critérios objetivos. As entidades, por exemplo, devem divulgar seus resultados anuais e passarem por um controle mais eficaz, como a prestação de contas diretamente para os tribu-nais de conta”, sugeriu.

O INSTITUTOO Instituto Fernando Henri-

que Cardoso (iFHC) existe há dez anos, e funciona não apenas como um centro de memória histórica, mas também como um local para debates sobre a democracia e o desenvolvimento. Segundo o pre-sidente do Instituto, Sérgio Fausto, a experiência de promover seminá-rios voltados especificamente para o setor da saúde deve ser repetida. “Partimos da premissa de que a saúde precisa de mais recur-sos, mas que estes devem ser utilizados num novo modelo de gestão”, disse.

Para o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere, a existência de um ambiente arejado e crítico em torno do setor saúde é salutar para a democracia. “É fundamental que pos-samos traçar uma perspectiva histórica, apontar nossos avanços e saber reconhecer onde é que estamos errando. Isso é vital para a sustentabilidade do sistema”, afirmou.

Yussif e os ex-ministros José Cechin e Barjas Negri

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SAÚDE TEM DIFICULDADES PARA IMPLANTAR TISS 3.02

O setor da saúde esperava o adiamento, mas, desta vez, a Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS) resolveu que não daria mais prazo para ajustes, e a versão 3.02.00 da Troca de Informações na Saúde Suplementar (TISS) entrou em vi-gor no dia 1o de setembro, obrigando prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde a implantar o sistema para o envio eletrônico de informações entre as fontes pagadoras, prestadores e o órgão regulador. Essa atualização do padrão substitui a versão 2.02.03, que vigorou até o dia 31 de agosto, e complementa o processo de faturamento, com ampliação da Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS), que até então contemplava apenas os procedimentos médicos, para as tabelas de diárias, taxas, gases medicinais, medicamen-tos, materiais, órteses, próteses, materiais especiais (OPMEs), além de padronizar as rotinas de recursos de glosas.

O mercado trabalhava junto à ANS demonstrando que ainda existiam problemas na adoção da nova TISS e espera-va o lançamento de uma versão 3.03 para ampliar novamen-te o prazo, mas a expectativa acabou frustrada. “Observa-mos um esforço dos atores do setor para a implementação da nova versão. Contudo, até a obrigatoriedade não tivemos muitos casos de troca efetiva em produção entre prestado-res e operadoras. Isso vem sendo uma preocupação, tanto do ponto de vista tecnológico como de processos, já que a versão 3.02 deve demandar uma revisão dos contratos”, alertou Luis Gustavo Kiatake, representante da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) no Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (Co-piss), da agência, e diretor da E-VAL Tecnologia.

Isso significa que a entrada em vigor do novo padrão vai obrigar as empresas a fazerem as adaptações nos sistemas e identificar as dificuldades no dia a dia. “Sem a fase de testes pode haver um desgaste no relacionamento entre prestado-res e operadoras, e pontos que seriam importantes para o entendimento dos fluxos de uso, os quais serão suportados pelas mensagens eletrônicas, podem ficar prejudicados. É aqui que se deve dedicar mais atenção, pois podem apare-cer pontos que seriam importantes estarem acordados em contrato, como prazos, e entendimento sobre conteúdo”, ressaltou Kiatake, que ainda prevê dois possíveis impactos imediatos: se os sistemas não funcionarem, haverá proble-mas no processo de cobrança e pagamento entre hospitais, clínicas, laboratórios e operadoras; e na terminologia, cau-sando confusão entre as tabelas de procedimento.

E as dificuldades já começaram a ser sentidas pelas ins-tituições. Segundo o coordenador de Relacionamento de Convênio e Relacionamento Médico do Hospital Vera Cruz, de Campinas, Flávio Martins, que implementou a nova TISS, no dia do início da vigência da versão 3.02 a instituição tinha conseguido homologar a tabela De/Para de diária e taxas com apenas um convênio. “Há muita falta de informação das operadoras e seguradoras quanto à implantação do padrão

porque não conseguimos alinhar com os nossos compradores de serviços as regras para o envio dos faturamentos. Em relação ao sistema, a fornecedora até está preparada para minimizar os problemas no momento da exportação dos arquivos segundo as novas diretrizes.”

A mesma situação é vivenciada pelo diretor comercial do Hospital e Maternidade Bartira, da cidade de Santo André, Adê Pinheiro Junior. “Obter o retorno das operadoras na tabela De/Para é uma das dificuldades que estamos enfrentando. Há também problemas no cadastro dos códigos da TUSS na parte referente à OPMEs, visto que vários fabricantes não estavam preparados para essa codificação da ANS”, comentou.

Para o coordenador do departamento de Saúde Suplementar do SINDHOSP, Danilo Bernik, já era esperado que “novamente, como na implantação da TUSS de procedimentos médicos, o maior prejudicado seria o prestador de serviços, principalmente pela dificuldade em receber corretamente pelos serviços prestados”. Ele acredita que somente com a correta e definitiva implantação da nova TISS, inclusive com a padronização dos mais de 100 mil códi-gos da TUSS, seja possível superar as dificuldades no processo negocial e garantir a interoperabilidade entre os sistemas de informação na saúde suplementar. “E para obtermos esta fi-nalização adequada é preciso que as operadoras colaborem com os seus prestadores de serviços, minimizando os proble-mas que surgirem, pois dentro deste sistema todos depen-dem de todos.”

Na opinião de Martins, a implementação da versão 3.02 deveria ter sido escalonada, pois, além do investimento que a empresa tem que fazer para adquirir equipamentos e softwares e contratar pessoal qualificado para a adequação aos novos processos, o sistema é complexo. “Hoje, o foco das discussões é como o faturamento será enviado para os convênios. Também temos o processo das solicitações dos procedimentos, pagamentos, recursos de glosas, e há muitas dúvidas. Além disso, ainda falta clareza para nós, prestadores, assim como para boa parte dos planos de saúde. A ANS deveria estar ciente desse fato”, cobrou.

Bernik acredita que para resolver os problemas é preciso que os prestadores façam uma lição de casa muito importante: negociar já com as operadoras o seus De/Para de diárias, taxas, gases e pacotes, ou se for o caso, negociar o De/Para preparado pelos planos de saú-de, pois alguns já iniciaram o envio das suas propostas. “Para uma correta negociação, temos que ter certeza absoluta dos valores que iremos propor, pois devem ser baseados no que demonstram as planilhas de custos. Sem esses números confiáveis será difícil negociar corretamente. Sendo assim, não devemos postergar mais a implantação da nova TISS e da TUSS em nossas instituições, pois na última hora as ope-radoras irão pressionar com seus preços aviltantes”, alertou o coordenador do SINDHOSP.

Apesar de a maioria das tomadoras de serviços de saúde ainda estarem pouco preparadas para a troca de informações

no novo padrão e haver a previsão, no caso do não cumprimento da legislação, de multa pecuniá-ria e processo administrativo, para Kiatake é pouco provável que as empresas sofram penalidade imediatamente por parte da ANS, uma vez que muitas instituições ainda não implantaram a versão 3.02 do padrão. Ele acredita que a agência vai utilizar os dados recebidos das operadoras para saber qual é o andamento da transição. Em novembro, o órgão regulador começará a receber informa-ções referentes ao mês de setembro e com elas será possível determinar ações para estimular a migração para a nova TISS. “Com esses dados, a ANS vai ter um controle muito maior de como está a comunicação entre operadoras e prestadores e terá noção do verdadeiro cenário.”

Danilo Bernik, da Saúde Suplementar do SINDHOSP

Flávio Martins , coordenador do Hospital Vera Cruz, de Campinas

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O ALTO CUSTO DOS IMPOSTOS NA SAÚDEDesde a crise financeira internacional de 2008, o governo federal adotou as desonera-

ções tributárias para alguns setores com o objetivo de estimular o consumo e a economia. Alardeada como uma das principais estratégias para alavancar o crescimento da econo-mia brasileira, a tentativa foi inócua: a redução do Imposto sobre Produtos Industriali-zados (IPI) para veículos teve impacto muito pequeno sobre o Produto Interno Bruto (PIB), segundo estudo realizado por professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que foi divulgado no final de julho.

Os dados revelam que o setor automotivo concentrou 53,4% das desonerações con-cedidas pelo governo, entre cinco setores, mas gerou aumento de apenas 0,02% ao ano no PIB brasileiro. O efeito colateral de priorizar a indústria automotiva é uma redução do consumo de outros bens, já que o consumidor fica comprometido com essa dívida por longo prazo.

E O QUE ISSO TEM A VER COM A SAÚDE?

Em um país como o Brasil, considerando as carências sociais amplamente conhecidas, é difícil entender como impostos que oneram o setor da saúde ainda existam. E fica mais difícil ainda entender que se desonere a produção de veículos, mas não a produção de insumos de saúde.

“Cerca de um terço [do custo] de tudo que a população consome em produtos para a saúde são impostos”, afirma Carlos Goulart, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed). “O curioso é que mais de 50% das compras do setor são feitas pelo próprio governo. Ou seja: o dinhei-ro sai por um lado e entra por outro”, explica Goulart.

O sistema tributário brasileiro é bastante complexo, e essa multiplicidade de regras ocasiona dificuldade para que consumidor, empresas, profissionais e órgãos de governo compreendam o volume de tributos envolvidos em operações de comercialização de produtos.

No setor da saúde a situação não é diferente e há incidência de diversos tributos: o Impos-to sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), o Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).

Segundo estimativas realizadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a partir de informações coletadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a arrecadação de impostos na indústria de artigos e equipamentos para a saúde é da ordem de 25% de seu PIB ou pouco mais de 10% do faturamento.

De acordo com estudo realizado pela Associação Brasileira da Indús-tria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), se houvesse a alíquota zero para PIS/Cofins e IPI, o

efeito sobre o PIB de + 0,3%, haveria queda nos preços do setor da ordem de 3% e, com a consequente elevação

da demanda, espera-se que a produção física do setor cresça mais de 1% como resultado da desoneração.

Ampliando-se o espectro da alíquota zero para PIS/Cofins, IPI e ICMS, ha-

veria redução de quase 10% nos preços dos

produtos

do setor. Como resultado, o efeito sobre PIB é uma expan-são potencial de quase 1%.

REMÉDIOS

O Ministério da Saúde anunciou, recentemente, o au-mento da lista de medicamentos isentos de PIS e Cofins, o que representou redução média de 12% no preço pratica-do nas farmácias. No total, 75,4% dos remédios vendidos no Brasil não têm mais PIS e Cofins, mas outros impostos e contribuições continuam sendo aplicadas. No Brasil, a carga tributária dos remédios fica em torno de 30%, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação

PRODUTOS TRIBUTOS (%) PRODUTOS TRIBUTOS (%)

Agulha 33,78% Aparelho Pressão 33,83%

Avental Médico 30,63% Maca 34,48%

Curativo 30,39% Medicamentosde Uso Humano 33,87%

Bisturi 39,59% Med idor de Glicose 29,92%

Cadeira de Rodas 18,04% Mertiolate/Mercúrio 34,95%

Comadre/ Papagaio 34,48% Muleta 39,59%

Desfibrilador 34,65% Sonda Uretral 34,35%

lnalador 35,54% Termômetro 38,93%

CONHEÇA ALGUMAS DAS TRIBUTAÇÕES NA ÁREA DA SAÚDE

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ESPECIALISTAS DEBATEM A SAÚDE SUPLEMENTAR

SUSTENTABILIDADE É UM DOS DESAFIOS DA SAÚDE PARA 2015

O 19o Congresso da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) e o 10o Congresso do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog) reuniram, nos dias 4 e 5 de setembro, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, especialistas, lideranças e gestores da saúde em um debate sobre a saúde suplementar, seus desafios e perspectivas. O presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, e os diretores das duas entidades Luiz Fernando Ferrari Neto e José Carlos Barbério, também presidente do IEPAS, estiveram no evento.

O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo, presente ao evento juntamente com os novos diretores de Gestão, José Carlos Abrahão, e de Fiscalização, Simo-ne Freire, falou sobre o compromisso do órgão regulador em construir uma Agenda Regulatória para 2015 com a participação da sociedade. “Vamos fazer uma consulta pública para contemplar os temais mais importantes da agenda e, dessa forma, buscar o que for melhor para o setor da saúde”, afirmou.

O economista, estrategista de Investimentos e debatedor do programa Manhattan Connection, do canal Globo News, Ricardo Amorim, apresentou sua visão sobre o impacto do panorama político e econômico na área da saúde. Para ele, o atual governo decepcionou do ponto de vista da econo-mia e isso trouxe reflexos a todos os setores, inclusive para a saúde. “Foram dois processos errôneos: primeiro, o baixo investimento em infraestrutura, e o outro gargalo foi na mão de obra, também proporcionado pelo Produto Interno Bruto (PIB) muito baixo. Vimos a inflação subir e o brasileiro

Com um momento econômico insatisfatório e um cenário de muitas incertezas para 2015, o Comitê da Cadeia Produtiva da Bioindústria (BioBrasil) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizou no último dia 28 de agosto, na sede da entidade, em São Paulo, um debate sobre os desafios e perspectivas do setor de saúde para o próximo ano.

O encontro contou com a presença de lideranças e representantes do governo e de entidades do setor, como o presidente do Conselho Administração da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), Francisco Balestrin; o coordenador do BioBrasil e vice-presidente da Fiesp, Ruy Salvari Baumer; e o coordenador adjunto do comitê, Eduardo Bueno da Fonseca Perillo. O vice-pre-sidente do SINDHOSP e diretor da FEHOESP, Luiz Fernando Ferrari Neto, foi um dos convidados a compor a mesa de autoridades da plenária.

Representando o Ministério da Saúde, o secretário executivo da Secretaria de Atenção à Saú-de (SAS) do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, comentou que o conjunto de medidas em andamento no setor permite uma previsibilidade, sem alterações mais bruscas, apesar de o resultado das eleições sempre ser capaz de interferir no cenário das políticas públicas. “O conjunto de medidas hoje existentes são sustentáveis a médio e longo prazos”, afirmou.

Santos citou os projetos ambiciosos em andamento no parque tecnológico, a expansão da radioterapia, do reaparelhamento do conjunto de unidades básicas no país, a interiorização das resi-dências médicas, entre outras medidas. Também listou alguns dos desafios do setor, como o pacto federativo, com divisão de atribuições entre municípios, estados e União. “Por mais que tenha se tentado avançar, não se deixou claro quais são as responsabilidades. Há um jogo de empurra. Isso é responsabilidade difusa, que gera déficits importantes. Essa questão precisa ser enfrentada.”

O diretor de Gestão da Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS), José Carlos Abrahão, mostrou uma linha do tempo com uma trajetória de como a organização do setor foi evoluindo no Brasil. Em sua visão, o principal desafio é a sustentabilidade do sistema diante de fatores como o envelhecimento e a longevidade da população, com mudanças nas pirâmides etárias e aumento de sinistros. Para ele, é preciso ter uma fonte de financiamento para idosos e, diante da mudança de perfil de doenças, estimular programas de prevenção de doenças e de promoção à saúde.

passou a custar mais caro e a ser menos produtivo. E ainda temos uma terceira questão que não pode ser esquecida: a expansão de empregos deixou de avançar e chegamos onde estamos, com o Brasil vivendo um apagão geral”, analisou.

O economista disse acreditar que independentemente de quem vença as eleições em outubro para a Presidência da República, 2015 será um ano de ajustes. “É o que eu chamo de ‘herança maldita’. Teremos que recompor os preços aos poucos. Isso significa que o governo terá de fazer um ajus-te na arrecadação de impostos e reduzir os gastos públicos. Portanto, o primeiro semestre do próximo ano será de pou-co crescimento.”

Amorim destacou os 11 setores em que o Brasil vai dar certo independente de quem for o próximo presidente: comércio, infraestrutura, petróleo e gás, agronegócio, o in-terior do país, educação, saúde, expansão de rede, a Região Nordeste, imóveis e o setor de veículos.

Outros pontos importantes são o que o diretor cha-mou de reconstrução do relacionamento entre operadores e prestadores, a melhoria dos sistemas de informação, a in-tegração de saúde suplementar e do SUS e o trabalho para diminuir as demandas judiciais.

Com 57 milhões de usuários de planos de saúde, o di-retor da ANS assinalou que o setor não deixa de crescer e de empregar. No entanto, destacou que é preciso aumentar a integração entre os sistemas público e privado para evitar desperdícios, “reconstruindo pontes de relacionamento com um diálogo franco”.

Fiesp reúne cadeia produtiva na saúde

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O Instituto de Ensino e Pesquisas na Área da Saúde (IEPAS) conta com a presença de um novo cargo em seus quadros. Trata-se da figura do gestor, assumida pelo ex-di-retor do SINDHOSP e da FEHOESP, Marcelo Luís Gratão. O Jornal do SINDHOSP esteve com Gratão para uma conver-sa, realizada em sua sala, na nova sede do Instituto. O gestor destaca as principais metas para 2015 e quais os caminhos a serem traçados para o crescimento do IEPAS como referên-cia na área de ensino e pesquisa na saúde.

No ano de 2013, o Instituto fincou seus pés na rea-lização de cursos e eventos, uma das atividades mais im-portantes para fortalecer o aprimoramento profissional. No período, foram realizados 35 cursos, 12 eventos, tota-lizando 792 participantes. Os cursos de atualização abor-daram diversas áreas como atendimento, enfermagem, faturamento, financeiro, gestão de pessoas, laboratorial, segurança do paciente, entre outros. Em 2014, segundo Gratão, a atuação do Ins-tituto ganhou amplitude, com destaque para o Projeto Bússola, iniciativa que visa à capacitação e o desenvolvimento de pro-postas para a excelência do atendimento e dos procedimentos médicos realizados pelas clínicas de saúde.

“A possibilidade que o Bússola ofere-ce para as clínicas junto à Organização Na-cional de Acreditação é uma oportunida-de ímpar. O que percebemos é que este primeiro grupo se prontificou a aplicar as atividades propostas em seu dia a dia, mudando procedimentos, buscando se adaptar às normas técnicas e às políticas de qualidade da certificação. A partir desse ponto, vemos como fomos assertivos na criação desse projeto que, sem dúvida, terá continuidade”, explica. “Inclusive, nossa primei-ra meta a partir do próximo ano é estender este projeto a todo Estado de São Paulo. Já formamos as parcerias neces-sárias e vamos seguir auxiliando as clínicas neste processo. A partir de novembro, esta primeira turma que está sendo formada já pode pedir a visita para certificação. No final do ano planejaremos as ações para as turmas de todo o Estado. A Fase II também traz como novidade a ampliação de algumas especialidades, como por exemplo, clínicas de diagnóstico por imagem”.

O superintendente também relata a continuidade de dois projetos já apresentados aos associados do Sindicato e da Federação: SAP Clínicas e HeCos. O primeiro visa o inves-timento em um sistema de gestão e integração de dados do porte da alemã SAP, o SAP Business One. “As clínicas sempre buscaram a possibilidade de se profissionalizar, de ter um sistema que mensure a performance para cuidar da parte administrativa”, afirma. “Normalmente este investimento era algo fora da realidade, mas hoje, com o diálogo já criado,

IEPAS TEM NOVO GESTOR

podemos auxiliar na implantação do projeto”. Até o final de 2014 ocorrerá seu lançamento oficial, com implantações sendo realizadas no próximo ano.

Já o HeCos, em fase de adesão, traz a ferramenta Health Costs Manager para auxiliar o gestor com base na geração de informações estratégicas e em seu compartilhamento entre instituições que utilizam a solução. “É totalmente baseada em nuvem, o que garante alta escalabilidade e faci-lidade de acesso”.

PERSPECTIVAS DA NOVA GESTÃOUma das heranças do IEPAS, recebida de seus mantenedores (SINDHOSP e FEHOESP) é

a expertise na realização de eventos. Os novos projetos de parceria, embora sejam novidade, também ajudam a ampliar o leque de serviços e facilitam a integração do setor. O grande desafio, no entanto, está na área de pesquisa, informação e produção de dados. “O IEPAS é um instituto jovem e pretendemos deixa-lo mais intenso. Temos um grande desafio pela frente. Queremos que ele seja uma referência na área da saúde para ensino e pesquisa, fortalecendo-se junto com o SINDHOSP e a FEHOESP. A área da saúde é muito carente de indicadores. Somos deficitários neste tema”, aponta.

Outro plano é o aperfeiçoamento de profissionais do setor através de uma Uni-versidade Corporativa na Saúde, realizando cursos à distância e também compartilhan-do as deficiências e necessidades da saúde. “O projeto da Universidade Corporativa da Saúde é longo. Começaremos muito em breve os primeiros planejamentos para a realização de cursos à distância. Buscamos a permeabilidade que transcende o limite do Estado de São Paulo com o EAD”.

A carência na formação de quem tra-balha na saúde é um dos fatores motivado-res para a evolução do Instituto. “Espero que em breve consigamos idealizar tam-bém cursos técnicos, inclusive à distância”,

explicou. “Hoje os profissionais trabalham uma quantidade enorme de horas. Vamos supor que o Projeto 30 horas fosse aprovado hoje. Não teríamos profissionais suficientes para atender o mer-cado. Abrem-se demandas, mas sem pessoas para cumpri-las. Essa carência não se restringe só a saúde. Se hoje houvesse uma prova na área da saúde, como existe para os advogados, teríamos uma grande quantidade de pessoas reprovadas, infelizmente”, completa.

RESPONSABILIDADE SOCIAL E PESQUISASOutros temas trabalhados pelo IEPAS vão ser as pesquisas do setor e a responsabilidade social.

“Empresas têm medo de abrir seus números e indicadores. O mercado para o setor não está fácil, mas buscaremos as parcerias ideais para que as empresas participarem dos processos de pesquisa. Com isso, buscamos ser ouvidos, buscamos que o setor da saúde seja ouvido como merece. Po-demos, por exemplo, pensar em pesquisas que auxiliem projetos de lei que correm em Brasília. A aproximação com os órgãos da saúde é fundamental neste processo”.

Campanhas de saúde e projetos sociais também estão na pauta de novos rumos do instituto. “Acredito que ações que envolvam o bem-estar das pessoas têm de ser a nossa prioridade. Tratar a medicina preventiva é uma das ideias. Somos empresas que representam a área da saúde, nossos profissionais precisam estar bem para atender bem”.

A mensagem que finaliza a conversa com Marcelo Gratão enfoca os principais aspectos que acometerão o IEPAS pela frente. “Feliz do homem que tem a oportunidade de aprender e poder passar um pouco do seu conhecimento para as pessoas que estão ao nosso lado. Jamais sabemos de tudo, estamos sempre aprendendo”, disse. “2015 será um ano de muito trabalho para nós”, finalizou.

MARCELO GRATÃO, QUE FOI DIRETOR DO SINDHOSP, ASSUME CARGO

Marcelo Gratão, que assumiu a gestão do IEPAS

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Deu na Imprensa

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SINDHOSP E FEHOESP FAZEM LEVANTAMENTO INÉDITO DE DADOS

A pedido da Folha de S. Paulo, SINDHOSP e FEHOESP realizaram um levantamento sobre o número de serviços de maternidade que fecharam as portas nos últimos cinco anos, no estado de São Paulo. A ideia da reportagem, que fora assinada pela jornalista Natália Cancian, era evidenciar em números uma percepção da população de que a dispo-nibilização de leitos para gestantes para dar à luz já não é mais a mesma.

Os dados, levantados pelos departamentos de Cadastro da Federação e do Sindicato, reve-laram o fechamento de 17 serviços, de 2009 a 2014, e a abertura de apenas cinco novos hospi-tais dedicados à atividade, no mesmo período. A constatação virou capa do caderno Cotidiano do jornal, no dia 31 de agosto, revelando também que, desde 2009, o país perdeu 4.086 leitos para gestantes, entre públicos e privados. O jornal Agora também reproduziu a reportagem, de página inteira.

“Muitos procedimentos nas maternidades são simples e que pagam muito pouco, mesmo na saúde suplementar. E quando [um hospital] não faz muito, não ganha escala”, disse o presidente do Sindhosp, Yussif Ali Mere Jr, para a reportagem. Segundo ele, o fechamento, em alguns casos, é uma questão de “sobrevivência” dos hospitais.

Na visão do presidente da Associação Na-cional dos Hospitais Privados (ANAHP), Francisco Balestrin, também houve uma redução na taxa de nascimentos no país. A reportagem mostra, no entanto, que a queda no número total de leitos a gestantes desde 2009, de 9%, já é maior que a de partos, de 5%.

O assunto voltou à pauta da grande imprensa no dia 11 de setembro, desta vez em reportagem do Jornal Nacio-nal. Além de mostrar a insatisfação dos usuários de planos de saúde com a situação, o jornal se baseou no estudo do SINDHOSP.

Yussif Ali Mere Jr ainda foi um dos entrevistados do anuário Valor 1000, edição 2014 - publica-ção especial do jornal Valor Econômico, que traz o ranking das mil maiores empresas do Brasil, com destaque para as campeãs em seus setores (circulação no fim de agosto). Em reportagem “Desa-celeração põe em xeque demanda por plano de saúde”, Yussif comentou sobre a expansão dos serviços médicos, impulsionada principalmente pelo crescimento do setor de saúde suplementar, que vem proporcionando um aumento da demanda por hospitais. O presidente também falou

sobre a preocupação com a desaceleração da econo-mia, o que deve refletir nos níveis de desemprego, fator que trará reflexos no segmento de planos empresariais. “Poderão se tornar inviáveis, resultando em queda de

número de usuários”, avaliou. Esse cenário, de acordo com a publica-ção, será ainda mais desafiador para hospitais e laboratórios aos consi-derar o ritmo mais acelerado das despesas do que das receitas.

Já o Fórum do Leitor do jornal O Estado de São Paulo destacou, em 13 de setembro, a opinião do presidente do SINDHOSP, a respei-

to da falta de qualidade na saúde. Yussif Ali Mere Jr comentou a reportagem “Educação e Saúde são pon-tos-chave no processo”, que comparava a agilidade e a organização em alguns serviços prestados no Brasil,

em relação a outros. “Se o país é capaz de oferecer serviços bem organizados, como o Poupatempo, e cobrar o Imposto de Renda pon-tualmente e de forma moderna e informatizada, certamente tam-bém poderia oferecer serviços de saúde de qualidade à população. Somente com a utilização dos recursos de forma responsável e eficiente o Brasil poderá avançar”, disse Yussif.