ano 121 / julho, 2003 / n - wordpress.com...revista de espiritismo cristão ano 121 / julho, 2003 /...

41

Upload: others

Post on 17-Apr-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN
Page 2: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 121 / Julho, 2003 / No 2.092

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home Page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Antonio Cesar Perride Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oli-veira São Thiago; Secretário – Iaponan Albuquerqueda Silva; Gerente – Amaury Alves da Silva; REFOR-MADOR: Registro de Publicação no 121.P.209/73(DCDP do Departamento de Polícia Federal do Mi-nistério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 –

I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838

Capa: Rebouças & Associados

Tema da Capa: AMOR À TERRA – nosso educandário deprogresso espiritual –, inspirado no Editorial e noartigo Débitos com a Terra.

EDITORIAL 4Amor à Terra

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 10Estude e Viva – André Luiz

ENTREVISTA: CECÍLIA ROCHA 11Campanhas oferecem solidez ao Movimento Espírita

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Avareza – Emmanuel

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS 31 Reunião da Comissão Regional SulAtribuições das Comissões Regionais 33

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL 34 Reunião da Coordenadoria da Europa na Suécia

A FEB E O ESPERANTO 35Espiritismo apresentado à Juventude Esperantista

Mundial – Affonso SoaresTrova do Além – Sabino Batista 36

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 37Deve-se publicar tudo quanto dizem os Espíritos? –

Allan KardecO Cristianismo – Lamennais 39

SEARA ESPÍRITA 42

União e Unificação – Juvanir Borges de Souza 5

Cidadania – Richard Simonetti 8

FEB lança a Coleção “A Vida no Mundo Espiritual” 9Débitos com a Terra – Adolpho Marreiro Júnior 13Pegadas na Areia – Passos Lírio 15O Reino do Cristo – Jorge Leite de Oliveira 17

Gratidão – Maria Dolores 18

Alexandre Aksakof 19

Simpósio Espírita Francofônico na Bélgica 20

Incerteza – Carlos Torres Pastorino 22

Sobre o Amor – Paulo Nunes Batista 24

O homem e a religião (III-IV) – Eurípedes Kühl 25

Entre o erro e o acerto – Corydes Monsores 27

Espírito e DNA: Quem atrai o quê? – Fernando A. Moreira 28

Retorno à Pátria Espiritual 30Carolina FernándezAbstal Loureiro

II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE – IV 40José Carlos da Silva Silveira

Cirurgias e carma 41

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 3

Page 3: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

4 Reformador/Julho 2003242

Na questão 55 de O Livro dos Espíritos, diante da pergunta de Allan Kardec se sãohabitados todos os globos que se movem no espaço, os Espíritos Superiores respon-dem: “Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em in-

teligência, em bondade e em perfeição. (...).” Esclarecem-nos, também, na questão 133, quetodos os Espíritos “(...) são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulaçõesda vida corporal. (...).”

A Doutrina Espírita nos ensina, ainda, que a Terra, no que diz respeito ao estágio moralde seus habitantes, já foi Mundo Primitivo e está na condição de Mundo de Expiações eProvas, em trânsito para a situação de Mundo de Regeneração, quando os homens, a despeitode continuarem ainda longe da situação de seres perfeitos, já terão maior consciência da suacondição de Espíritos Imortais sujeitos à lei do aprimoramento moral e intelectual.

Hoje, a ciência humana nos demonstra que a Terra é um pequeno planeta, localizado nosistema solar que integra uma das inumeráveis galáxias que constituem o Universo. E demons-tra, ainda, que este pequeno planeta está biologicamente estruturado de forma a garantir avida física dos seres que o habitam, provendo às suas necessidades.

Vê-se, assim, que a Providência Divina, ao criar o Espírito, criou, também, as condiçõespara que ele progrida, cercando-o dos meios que a Natureza oferece para que desenvolva to-das as suas potencialidades. Observa-se, em tudo, a bondade Divina, que oferece ao homemo clima adequado, a luz, o ar, a terra, a vegetação que nela se multiplica – necessários à suasobrevivência –, assim como a presença das aves e animais com os quais também aprende aviver.

Preservar a Terra que habitamos, respeitando as leis que regem o seu equilíbrio e quegarantem a sobrevivência do homem é simples manifestação de bom senso. Mais do que is-to, todavia, cabe-nos amar a Terra, palco das nossas experiências milenares, testemunha si-lenciosa dos acertos e erros que temos cometido em inúmeras reencarnações, e que conti-nua, hoje, a oferecer-nos as condições necessárias para vivenciarmos as provas indispensáveisà nossa evolução como seres imortais.

Amemos, preservemos e amparemos a Terra. Nossa casa, nosso abrigo, nosso educan-dário de progresso espiritual.

EditorialAmor à Terra

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 4

Page 4: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 5243

Aunidade da Doutrina Espíritaé o primeiro pressuposto e acircunstância de grande rele-

vo para a unificação do movimen-to que dela resultou.

De outro lado, a união dosadeptos do Espiritismo é essencialpara o êxito do Movimento, tantono campo da prática doutrináriaquanto no de sua organização.

O Codificador preocupou-setanto com a unidade quanto com aunificação da Doutrina dos Espí-ritos, deixando documentos pre-ciosos a respeito, publicados emObras Póstumas, graças à iniciativade Pierre-Gaëtan Leymarie e da Sra.Amélie Boudet.

Com sua admirável acuidade,percebeu Allan Kardec a grande di-ficuldade de seu trabalho, para queas revelações vindas do Mundo Es-piritual fossem apresentadas comperfeita coerência de todas as idéiasdispersas em muitas comunicações.

Daí sua constante preocupaçãocom a unidade doutrinária e coma clareza em sua exposição.

Apesar desssa preocupação cons-tante, não pôde evitar algumas in-terpretações destoantes e críticas de-sarrazoadas, que enfrentou comodificuldades naturais à apresenta-ção de uma idéia nova, de verdadesnovas, em um mundo dominado

por crenças seculares impositivas epor descrenças apoiadas no mate-rialismo.

Exemplo de divergências inevi-táveis, com base em interpretaçõespersonalíssimas foi o EspiritismoIndependente, que mereceu con-testação e esclarecimentos eloqüen-tes do Codificador.

A unidade da Doutrina dosEspíritos, embora abrangendo múl-tiplas faces – científicas, filosóficas,ética-morais, religiosas, educacio-nais e sociais – é a fortaleza ante aqual os sofismas e as dissidênciasdeparam com princípios apoiadosna realidade e na verdade, sempresustentados pela razão.

...No Brasil, onde a Doutrina Es-

pírita chegou logo após a publica-ção dos primeiros livros de AllanKardec, nos anos de 1860 e 1861,já em 1865 e 1873 surgiram as pri-meiras instituições espíritas, na Ba-hia e no Rio de Janeiro, respectiva-mente.

As divergências na interpreta-ção e na prática da Doutrina deter-minaram a divisão nas instituições,a partir de 1876, culminando coma célebre dicotomia entre místicos ecientíficos.

Bezerra de Menezes, sentindoa gravidade do problema da divisão,foi quem primeiro tentou resol-vê-lo, procurando aglutinar numamesma instituição os elementos dis-cordantes. Não obteve êxito em suaprimeira tentativa.

Mais tarde, em 1895, quandochamado a presidir a Federação Es-pírita Brasileira pela segunda vez,em tempos difíceis, procurou alcan-çar a homogeneidade doutrinária,quer no entendimento, quer naação espírita.

Deve-se, pois, a Bezerra deMenezes, na primeira hora, comsua lucidez e energia, a união e aunificação nos trabalhos da Federa-ção e das instituições que lhe segui-ram a orientação.

Compreendeu-se ainda, comBezerra, que a unificação do enten-dimento e da ação espírita, com ba-se na Codificação, não era umaatuação emergencial, mas sim decaráter permanente, projetando-seno futuro do Movimento.

Bezerra de Menezes, passandoà Espiritualidade, com seu decessoem 1900, continuou a obra de es-clarecimento sobre a necessidade daunião dos espíritas e da unificaçãode suas instituições, para que aDoutrina Espírita permaneça una,na sua prática, tal como os Espí-ritos Superiores a transmitiram aAllan Kardec.

A unidade e a originalidade daDoutrina Espírita não significa queela permaneça estática, superadapelo tempo, ou estratificada comooutras doutrinas filosóficas e reli-giosas.

Seus princípios fundamentais,com fulcro nas realidades, foramsinteticamente ditados pelos Espíri-tos Reveladores, mas não excluemos desdobramentos naturais, tal co-

União e unificaçãoJuvanir Borges de Souza

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 5

Page 5: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

6 Reformador/Julho 2003244

mo já ocorreu no decorrer do sécu-lo XX, com as obras de caráter cien-tífico, filosófico e moral-religioso,de pesquisadores e médiuns idô-neos, entre os quais ressalta a figu-ra de Francisco Cândido Xavier,obras que confirmam os princípiose postulados doutrinários.

União dos adeptos e unificaçãode suas instituições não excluem oprincípio da liberdade, intrínsecona Doutrina Consoladora, que elaproclama como lei natural que de-ve ser respeitada.

Por isso, o Espiritismo não temchefes.

Suas instituições são livres e in-dependentes administrativamente,ligadas pelo vínculo de idéias eideais comuns, já que os pontosfundamentais da Doutrina não ofe-recem nenhuma dúvida aos seus se-guidores sinceros.

“Os espíritas do mundo todoterão princípios comuns, que os li-garão à grande família pelo sagradolaço da fraternidade, mas cujas apli-cações variarão segundo as regiões,sem que, por isso, a unidade funda-mental se rompa; sem que se for-mem seitas dissidentes a atirar pe-dras e lançar anátemas umas àsoutras, o que seria absolutamenteantiespírita.”

Essas palavras de Kardec, aotratar da Constituição do Espiritis-mo, em Obras Póstumas, p. 363 da24a ed. FEB, são norteadoras, ain-da na atualidade.

No Movimento Espírita orga-nizado não se justificam os ataques,as dissensões e as agressões pelas di-vergências de entendimento.

A fraternidade e o respeito aopróximo, ao irmão, ao companhei-ro são fundamentais como normasde procedimento do espírita.

Na inspirada e segura orienta-ção de Emmanuel,

“Ao Espiritismo cristão cabe,atualmente, no mundo, grandiosae sublime tarefa.

Não basta definir-lhe as carac-terísticas veneráveis de Consoladorda Humanidade, é preciso tambémrevelar-lhe a feição de movimentolibertador de consciências e co-rações.(...) O Espiritismo é, acimade tudo, o processo libertador dasconsciências, a fim de que a visãodo homem alcance horizontes maisaltos.”

Assim é que podemos observar,na atualidade, tradicionais denomi-nações religiosas introduzirem mo-dificações e reformas em seus ensi-nos, transformando e retificandoantigos conceitos teológicos e prá-ticas superadas, inclusive com pedi-do de perdão por erros cometidos.

Não resta dúvida que as verda-des espíritas reveladas já estão reti-ficando enganos lamentáveis, tantono campo filosófico quanto no re-ligioso.

Essa Doutrina superior, reve-lada pelo Alto, para que possa in-fluenciar beneficamente os homens,precisa contar com seguidores uni-dos pela fraternidade, pela tolerân-cia, pela paciência, pelo amor aopróximo, como ensinou Jesus.

A união fraternal recomendadaaos espíritas precisa ser cultivada emtodos os setores e ambientes ondeforem chamados a atuar e servir.

...Em 1901, revendo seus Estatu-

tos, a Federação Espírita Brasileirapreparou-se para a filiação das ins-tituições espíritas de todo o Brasil,sob a forma federativa, com vistas àunificação. Definiu-se, desde então,o significado da unificação, comfundamento na união solidária efraterna, sem prejuízo da autono-mia administrativa e patrimonial.

A organização federativa assimconcebida ganhou as vastas linhasdo país continental, surgindo demuitas cidades dos Estados brasilei-ros os pedidos de adesão das CasasEspíritas à Federação.

A 3 de outubro de 1904, cen-tenário do nascimento do Codifica-dor, reuniram-se no Rio de Janeiro,a convite da Federação, os represen-tantes dos Centros e Sociedades Es-píritas de onze Estados brasileiros,além de representantes das institui-ções da Capital Federal.

Nesse memorável encontro deâmbito nacional, o assunto de maiorimportância foi a apreciação e apro-vação das “Bases de Organização Es-pírita”, documento que passou aorientar a marcha do movimentoespiritista em todo o Brasil.

Preconizaram as “Bases” a cria-ção de uma Instituição federativana Capital de cada Estado brasilei-ro, a qual se incumbiria de filiar asCasas Espíritas estaduais, formandoassim, com a FEB, uma rede fede-rativa, com base na solidariedade ena fraternidade.

Esse importante documento,traçando diretrizes para todo o Mo-

A união fraternal

recomendada aos

espíritas precisa ser

cultivada em todos os

setores

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 6

Page 6: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 7245

vimento Espírita, proporcionou aexpansão para esse movimento,com a criação de Centros e Federa-ções espíritas por todo o país, den-tro do sistema federativo unificado.

Entretanto, não deixava de ha-ver no seio do Movimento determi-nadas incompreensões, frutos dopersonalismo e do orgulho de cria-turas imperfeitas, como somos to-dos os habitantes de um mundo deexpiações e provas.

Mesmo aceitando uma doutri-na superior, como a Doutrina Espí-rita, nem sempre aceitamos e viven-ciamos integralmente seus precei-tos, deixando-nos influenciar nega-tivamente pelo orgulho, pelo egoís-mo e pela presunção de superiori-dade.

Por isso o divisionismo sempreesteve presente no Movimento Es-pírita, apesar dos esforços dos espí-ritas idealistas e conscienciosos.

Em 1949 concretizava-se for-malmente a unificação da família es-pírita brasileira, com a Grande Con-ferência Espírita do Rio de Janeiro– o denominado “Pacto Áureo”.

Nessa notável Conferência pre-dominaram nas mentes e nos senti-mentos dos espíritas que nela toma-ram parte as aspirações de verda-deira fraternidade preconizada nosensinos do Cristo de Deus.

Na Ata resultante do encontrode representantes de diversas Fede-rações e Instituições Estaduais coma Diretoria da Federação EspíritaBrasileira ficaram expressos sinteti-camente os pontos essenciais sobreos quais se assentava o Acordo daUnificação.

O Acordo demonstra que osespíritas, na sua grande maioria, jáestavam preparados para o amploentendimento e que a Espirituali-

dade Superior, encontrando noshomens a sinceridade e a boa von-tade de sufocar personalismos e vai-dades, influía poderosamente parao triunfo do amor e da fraternida-de entre os seguidores da Doutrinado Consolador.

Dentre as disposições da Atade 5 de outubro de 1949 estava acriação do Conselho FederativoNacional da Federação Espírita Bra-sileira, incumbido de executar, de-senvolver e ampliar os planos daOrganização Federativa em que seassenta a estrutura organizacionaldo Movimento Espírita no Brasil.

Instalado e regulamentado des-de o início de 1950, o ConselhoFederativo Nacional da FEB vemprestando inestimável serviço à cau-sa espírita, fortalecendo os laços fra-ternos entre os espiritistas, dirimin-do dúvidas, recomendando normase diretrizes, aproximando as insti-tuições e contornando as incom-preensões inevitáveis no mundoimperfeito em que vivemos.

O “Pacto Áureo”, em plenofuncionamento, é a expressão maislúcida de concórdia e entendimen-to entre os seguidores da DoutrinaEspírita, que podem divergir empontos secundários da doutrina,mas que não têm razão em fazer dadivergência pomo de discórdias,com intransigências, incompreen-sões e intolerâncias.

A vastíssima abrangência daDoutrina, em seu contexto, é unitá-ria – um só corpo doutrinário. Ne-la estão compreendidos preceitos fi-losóficos, verdades científicas, ensi-nos morais do Cristo, normas edu-cacionais com conseqüências etico--sociais.

Doutrina de procedência di-vina, na sua origem, está destina-

da a corrigir os erros e as imper-feições dos homens, abrindo-lhesum futuro de paz e progresso, in-clusive no campo científico e reli-gioso.

Para tanto, precisamos, desdejá, amarmo-nos verdadeiramente.

A marcha do Espiritismo, e deseu Movimento, no Brasil, é segurae firme, respondendo às aspiraçõesdo homem sofredor, ignorante deseu verdadeiro destino, com a con-solação, o esclarecimento e a liber-tação da ignorância milenar.

A superioridade da Doutrinados Espíritos reflete-se na unidadedo pensamento de seus autores,apesar da variedade dos assuntosnela tratados.

Essa unidade de pensamentoobservada também na obra da Co-dificação através do missionárioAllan Kardec precisa ser preservadano estudo, na prática da mediunida-de, na difusão, na interpretação jus-ta e lógica dos milhões de adeptos,para que não haja divergências sé-rias, imposições, personalismos. Pa-ra tanto, a Espiritualidade, atravésde missionários conhecidos, comoBezerra de Menezes e Emmanuel,recomendam a união dos espíritas,síntese dos sentimentos que devemorientar a unificação das instituiçõesdo Movimento Espírita.

No Espiritismo, ao contráriodo que ocorre em sistemas filosófi-cos e religiosos tradicionais, a reve-lação é divina, universal, sendo hu-mana a complementação para o en-tendimento dos homens, como alinguagem, a razão, as deduções ló-gicas.

Nota – Alguns excertos deste trabalhoforam extraídos da obra Escorço Hisóricoda Federação Espírita Brasileira, domesmo autor.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 7

Page 7: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

8 Reformador/Julho 2003246

Logo após a Segunda GuerraMundial, dois homens almo-çavam num restaurante lon-

drino. A carne estava racionada. Cada

cliente só podia comer um bife.Um deles, brasileiro, depois de

saborear o seu, pediu outro ao gar-çom. Este lhe disse que não pode-ria atendê-lo, em face da restriçãovigente.

Nosso patrício sorriu, superior:– Norma ingênua. Posso entrar

noutro restaurante e comer outrobife.

O garçom, imperturbável:– Sem dúvida, o senhor pode

fazer isso, mas um inglês não fa-ria.

...Quando dizemos que o cida-

dão é o indivíduo no pleno uso deseus direitos civis e políticos, esta-mos exprimindo uma definição pe-la metade.

Cidadão é, também, o indiví-duo cônscio de seus deveres paracom a sociedade.

Se leis são instituídas, visandodisciplinar o relacionamento sociale favorecer o bem-estar coletivo,compete-lhe observá-las, integral-mente.

Em países de cultura milenar,povos conscientes e esclarecidos, a

cidadania é exercitada em pleni-tude, envolvendo direitos e deveres,em favor do bem-comum.

O inglês, no pós-guerra, perío-do de grande escassez, observava es-tritamente o racionamento envol-vendo a alimentação, a fim de quetoda a população pudesse receber asproteínas da carne.

Nosso povo, ainda pouco pre-parado para o exercício da cidada-nia, está sempre disposto a exercitaro “jeitinho brasileiro”.

Em sua expressão mais simples,diríamos que é a arte de burlar asleis e os regulamentos para “tirarvantagem”, sem cogitar de que, in-variavelmente, haverá prejuízo paraalguém.

...Os ingleses não tinham a fis-

calização em seus calcanhares paraobrigá-los a cumprir as normas,mesmo porque ainda não se insti-tuiu a lei que não possa ser burladapela inventividade humana.

Sua obediência era uma ques-tão de maturidade.

Será a plenitude da cidadania,considerados os direitos e os deveresinerentes à convivência social, umadecorrência do tempo?

Teremos que esperar por umacultura brasileira milenar para al-cançar tal conquista?

Só o tempo nos fará amadure-cer?

Certamente, não! A educação pode agilizar o pro-

cesso.

Não se trata da mera instruçãoque recebemos na escola, o vernizsocial, mas da educação fundamen-tal, no lar, a partir do comporta-mento dos adultos.

Se os pais não passam para acriança o exemplo de cidadania, decumprimento de seus deveres, derespeito pelas leis, de fidelidade àverdade, como iremos mudar amentalidade patrícia?

Um amigo dizia-se estarrecidocom o que presenciou certa feita,num jogo de futebol.

Em dado momento, um meni-no de seus oito anos, indignadocom suposta falha de arbitragem,começou a gritar palavrões. “Ho-menageou” a senhora mãe do juiz,atribuindo-lhe aquela profissão pou-co recomendável.

O pai o olhava sorridente,cheio de orgulho com sua atitudeintempestiva.

Que se pode esperar de umadulto que recebeu, na infância,esses estímulos ao destempero e àvulgaridade?

Outro caso:Um homem perdeu uma pasta

com vários documentos. Terríveltranstorno. Ali estavam sua carteirade identidade, título de eleitor,carteira de motorista…

Logo recebeu um telefonema. – Meu filho encontrou sua

pasta.– Ah! Ótimo! fico agradecido e

aliviado.– Bem, vai custar-lhe cinqüen-

ta reais…

CidadaniaRichard Simonetti

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 8

Page 8: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 9247

– Não entendo…– O garoto quer uma recom-

pensa.– E se eu não pagar?– Não vai ter a pasta de volta.– Isso é extorsão!– Você deve saber, meu amigo,

que achado não é roubado.Foi combinado o local para a

“troca”. Ocorre que o dono da pasta,

familiarizado com a legislação, le-vou um policial junto e o “esperto”pai do menino foi autuado em fla-grante delito.

Não sabia que, segundo a lei,estava enquadrado em apropriação

indébita, equivalente a furto.Como pode uma criança, que

recebe tal exemplo do genitor, com-portar-se de forma disciplinada ehonesta, cumprindo seus deveres decidadania?

...Nesse aspecto, a Doutrina Es-

pírita é instrumento divino, comlições incisivas que nos fazem pen-sar.

Destaque para a Lei de Causae Efeito, segundo a qual semprereceberemos de retorno todos osprejuízos que causarmos ao pró-ximo.

Lembrando o episódio na In-glaterra, o bife que subtrairmos aovizinho, hoje, será o bife que faltaráem nosso prato, amanhã.

É fundamental cumprir nossosdeveres como cidadãos, a partir doelementar dever de ajudar os quepassam por privações, atendendo àprópria consciência.

E não estaremos fazendo gran-de coisa, leitor amigo.

Apenas o mínimo necessáriopara que, na roda das reencarna-ções, não nos vejamos privados,amanhã, do direito de alimentar--nos adequadamente.

O lançamento ocorreu na XI Bienal Inter-nacional do Livro, realizada de 15 a 25 de maio,no Riocentro, grande pavilhão de exposições noRio de Janeiro.

Esta Coleção, em linda apresentação gráfi-ca, inteiramente reformatada em tamanho maior(14 x 21cm), papel Pólen, abrange os 13 livros dasérie André Luiz, que tratam do que acontece aosdesencarnados em seu retorno ao Mundo Espiri-tual.

Na foto à es-querda, NestorMasotti, Presi-dente da FEB,quando se dirigiaaos participantes doato de lançamentoda Coleção, ocasiãoem que destacou olivro Nosso Lar, cu-ja edição atingia 1,5milhão de exempla-res.

A FEB mais

uma vez esteve presente na Bienal, com um stand bo-nito e destacado. (Foto acima.)

Desta feita, fazendo a experiência de não venderdiretamente ao público, mas informar, dirimir dúvi-das e encaminhar os interessados aos 12 stands pre-parados para realizar a venda dos livros, que a FEBsupria diariamente.

Em face da afluência de público no nosso standde exposição e pelos contatos mantidos, o resultadofoi excelente

FEB lança a Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 9

Page 9: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 200324810

Estude e viva.ppppppppppppValorizamos o ágape comum,em que se debatem assuntos

corriqueiros de vivência humana.Como desinteressar-nos dos en-

contros espíritas, nos quais se ven-tilam questões fundamentais da vi-da eterna?

A reunião espírita não é umculto estanque de crença embalsa-mada em legendas tradicionalistas.Define-se como sendo assembléiade fraternidade ativa, procurandona fé raciocinada a explicação lógi-ca aos problemas da vida, do ser edo destino.

Todos somos chamados a par-ticipar dela.

Falar e ouvir.Ensinar e aprender.

...Estamos defrontados no Espi-

ritismo por uma tarefa urgente: de-sentranhar o pensamento vivo deAllan Kardec dos princípios que lheconstituem a codificação doutriná-ria, tanto quanto ele, Kardec, bus-cou desentranhar o pensamento vi-vo do Cristo dos ensinamentoscontidos no Evangelho.

...Capacitemo-nos de que o estu-

do reclama esforço de equipe. E avida em equipe é disciplina pro-dutiva, com esquecimento de nósmesmos, em favor de todos.

Destacar a obra e olvidar-nos.Compreender que realização e

educação solicitam entendimentoe apoio mútuo.

Associarmo-nos sem a preten-são de comando.

Aceitar as opiniões claramentemelhores que as nossas; resignarmo--nos a não ser pessoa providencial.

Em hipótese alguma, admitir--nos num conjunto de heróis e simnum agrupamento de criaturas hu-manas, em que experiências difíceispodem ocorrer a qualquer momen-to. Nunca menosprezar os outros,por maiores as complicações queapresentem. Por outro lado, aceitarcom sinceridade e bom-humor ascríticas que outros nos enderecem.Esquecer as velhas teclas da maldi-ção aos perversos, da sociedade cor-rompida, da humanidade a cami-nho do abismo ou do tudo deve serfeito como os guias determinaram.Não subestimar o perigo do mal,todavia, procurar o bem acima detudo e favorecer-lhe a influência;não ignorar os erros da coletividadeterrestre, mas identificar-lhe os be-nefícios e auxiliá-la no aprimora-mento preciso; não cerrar os olhosaos enganos da Humanidade, con-tudo, reconhecer que o progresso élei e colaborar com o progresso, emtodas as circunstâncias; não fugir ao

agradecimento devido aos benfeito-res e amigos desencarnados, entre-tanto, não abdicar do raciocíniopróprio e nem desertar da respon-sabilidade pessoal a pretexto de hu-mildade e gratidão para com eles.

...Somos trazidos à escola espírita,

a fim de auxiliarmos e sermos auxi-liados, na permuta de experiências ena aquisição de conhecimento.

Este livro [Estude e Viva] éuma demonstração disso. Encontroinformal entre companheiros encar-nados e desencarnados, em tornoda obra libertadora de Allan Kar-dec. Explanações, definições, idéiase comentários. Em suma, convitesintético ao estudo. Estudar paraaprender. Aprender para trabalhar.Trabalhar para servir sempre mais.

Estude e viva.Pense no valor de sua coopera-

ção na melhoria e no engrandeci-mento da equipe de que participa,esteja ela constituída no templodoutrinário ou em seu culto do-méstico de elevação espiritual.

Não esquecer que o seu auxílioao grupo deve ser tão substancial etão importante quanto o auxílioque o grupo está prestando a você.

André Luiz

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido eVIEIRA, Waldo. Estude e Viva, 9. ed.,FEB: Rio de Janeiro, p. 20-22.

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

Estude e Viva

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 10

Page 10: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 11249

P. – Quais eram suas ex-pectativas quando iniciou otrabalho de evangelização noRio Grande do Sul?

Cecília: Quando fomoschamadas para a tarefa deevangelizar ou, por outra, quan-do nos oferecemos para o tra-balho, éramos puro entusias-mo! Não tínhamos expectativasa longo prazo; queríamos so-mente dar aulas e as preparáva-mos com muita compene-tração. Nosso pensamento sevoltava tão-somente para ogrupo de crianças que nos pu-seram nas mãos e isso nos bas-tava e atendia a nossas expecta-tivas naquela época. Não tínhamos,então, uma visão do que poderia serfeito em maior escala e nem de nos-sa participação futura nesse em-preendimento de tão grande im-portância.

P. – Até então, como as crian-ças eram evangelizadas nos CentrosEspíritas?

Cecília: Com muito amor. Nãose tinha, naquele tempo, os recur-

sos técnicos de hoje, nem o prepa-ro prévio do evangelizador, como écomum nos dias atuais, mas todosagiam com tal ideal que supria asdeficiências de ordem didática.

P. – Quais foram as ações e pro-gramas que implementou no iníciode seu trabalho?

Cecília: Tivemos a felicidade deintegrar a equipe que, na FederaçãoEspírita gaúcha, iniciou a organiza-

ção de programas de ensino ede outros materiais didáticostais como roteiros de aulas,histórias infantis, noções dedidática, de literatura infantil,noções de organização das Es-colas de Evangelização, deprogramas de cursos de prepa-ração de evangelizadores, entreoutras tantas ações que resul-taram em grandes avanços naárea infantil e juvenil, pois queoriginadas na Federativa esta-dual, em breve se espalharampor todo o Estado do RioGrande do Sul, que se tornou,naquela época, vanguardeirodo trabalho de evangelização

infanto-juvenil.P. – Como era divulgada a

evangelização no interior do Esta-do, para que se obtivessem tão bonsresultados?

Cecília: A equipe de evangeliza-ção que atuava na Federação Espíri-ta do Rio Grande do Sul deslocava--se constantemente para o interiordo Estado, fazendo demonstraçõesde aulas a princípio e, posteriormen-

Campanhas oferecem solidez ao Movimento EspíritaA Vice-Presidente da FEB, Cecília Rocha, supervisora do Campo Experimental de Brasília, no qual são

planejados, apostilados e promovidos os cursos de Evangelização Infanto-Juvenil.Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita e do Esperanto e Estudo da Mediunidade, relata para

Reformador a sua vivência como evangelizadora da infância e da juventude, e o desdobramento dotrabalho para a Campanha Nacional de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil e para o Estudo

Sistematizado da Doutrina Espírita.

ENTREVISTA: CECÍLIA ROCHA

Cecília Rocha

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 11

Page 11: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

12 Reformador/Julho 2003250

te, promovendo cursos e encontrosespecíficos, além da distribuição deprogramas de ensino, planos de au-la, entre outros recursos de apoio pe-dagógico, já disponíveis, então, emnossa Federativa.

Percorremos, também, o nossorincão de sul a norte, de leste a oes-te, na mais gratificante tarefa que oscéus nos concederam!

P. – Houve alguma repercussãodesse trabalho em outros Estados doBrasil?

Cecília: Sim, começamos a re-ceber solicitações de alguns Estadosdo Sul e depois de vários Estadosdo Nordeste, graças à grande di-vulgação feita por Divaldo PereiraFranco da tarefa por nós realizada.Fizemos muito trabalho em parce-ria com evangelizadores da Bahia,especialmente com Solange Moacire Nélia Salles, com as quais percor-remos vários Estados do Nordeste,promovendo cursos de preparaçãode evangelizadores em várias capi-tais da região.

Cumpre acrescentar que o trioconstituído por mim e por essascompanheiras continua ainda ativonesse trabalho, não obstante o tem-po que nos separa dos dias áureos dasprimeiras ações que se desenvolveramorganizadas e seqüenciadas, no cam-po da evangelização infanto-juvenil.Até 1970 já tínhamos visitado todasas capitais exclusivamente para divul-gar a evangelização espírita infanto--juvenil sob novos enfoques.

P. – Como começou sua cola-boração junto à FEB?

Cecília: Minha ligação com aFEB começou quando Maria Cecí-lia Paiva, então Diretora do DIJ--FEB e eu nos conhecemos em Bra-sília, em reunião específica prepa-ratória para o lançamento da Cam-

panha Nacional de EvangelizaçãoEspírita Infanto-Juvenil, sob a pre-sidência de Francisco Thiesen. Des-de esse momento comecei a colabo-rar com ela e, por ela, com a FEB,mesmo residindo em Porto Alegre.Acompanhamos Maria Cecília Pai-va, em muitas viagens pelo Brasil,integrando a caravana da FEB e di-vulgando a Campanha de Evange-lização.

P. – A Campanha de Evange-lização Espírita, nestes 26 anos desua implantação, evoluiu satisfato-riamente?

Cecília: A Campanha de Evan-gelização Espírita Infanto-Juvenilnasceu, como todas as crianças, frá-gil e dependente dos ideais de mui-tos para o seu crescimento. Foicriança, foi adolescente e tornou-seadulta. Hoje, com 26 anos, respei-tada por todos, conduz o Movi-mento Espírita, na sua área de ação,com toda a pujança e nobreza quea caracterizam.

P. – Quando você começou aatuar no ESDE?

Cecília: Tomamos conhecimen-to da proposta de uma campanha deEstudo Sistematizado da DoutrinaEspírita na reunião de orientação es-piritual, realizada pela Diretoria daFederação Espírita do Rio Grandedo Sul, numa mensagem do Espíri-to Angel Aguarod, velho lidador doMovimento Espírita gaúcho, quecom sólida argumentação convenceuos participantes da importância dareferida Campanha – convenceu eemocionou o grupo que levou a sé-rio a sugestão do Plano Espiritual,pondo em prática ações prepara-tórias e de execução, em nível esta-dual, da proposta contida na mensa-gem, que ainda ecoa em nossos ou-vidos como se fora hoje.

Comecei, entretanto, a atuarno ESDE depois que vim para aFEB, em 1983. Antes fui apenas omédium que recebeu a mensagem,sugerindo a Campanha.

P. – E seu trabalho efetiva-mente no ESDE, como se iniciou?

Cecília: Quando a Campanhateve status nacional foi que, a con-vite do Presidente Thiesen, abra-çamo-la com calor. Desde então,sem nos desvincularmos da Evange-lização Espírita da criança e do jo-vem, dedicamos-lhe o carinho e oesforço que merece.

P. – Como analisa o desenvol-vimento do ESDE no País?

Cecília: A Campanha Nacionaldo ESDE, hoje tornada permanen-te, é uma campanha que se auto--alimenta pelo seu valor. Ninguémmais pode negar esse valor, pois to-dos estão convictos da necessidade eda oportunidade de estudo conti-nuado do Espiritismo como queriaAllan Kardec, agora no formato degrande Campanha do Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita.

P. – Quais são suas expectati-vas com relação ao II Encontro Na-cional de Coordenadores de ESDE?

Cecília: Nossa maior expecta-tiva com esse Encontro é de afinar-mos nossos pontos de vista sobre osreais objetivos do ESDE, seu con-teúdo e sua metodologia.

P. – Gostaria de acrescentaralgo mais a esta entrevista?

Cecília: Sim, recordamos, comsatisfação, que nunca fizemos traba-lho exclusivamente individual. Aocontrário, sempre em equipe ou emdupla, procurando envolver outroscompanheiros nos encontros e se-minários, facilitando, desta manei-ra, a expansão da tarefa, por não seconcentrar em uma só pessoa.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 12

Page 12: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 13251

Oh! Terra – mãe devotada. Emteu seio acolhedor elaboramosnossa gestação espiritual. Na

travessia longa e penosa de teus rei-nos recolhemos experiências que,apesar de incontáveis, ainda repre-sentam insignificante grau de apri-moramento. Colocaste à nossadisposição teus continentes, teusoceanos, teus rios e mares, tuas cas-catas, tuas fontes de água potável eteus imensos recursos minerais, tuassementes e o precioso ar que respi-ramos.

Todavia, em troca de tanta pro-digalidade, hoje, muitos de nós,sensibilizados e arrependidos, reco-nhecemos que, desde os temposlongínquos de nossa primitividade,tão logo conquistamos a razão e olivre-arbítrio, outra coisa não fize-mos senão tratar-te com requintesde perversidade, indiferença e in-gratidão. Principalmente, após a re-volução industrial, poluímos teusoceanos e teus mares, teus rios, teuslagos e tuas fontes de águas cristali-nas. Exaurimos desordenadamenteteus recursos minerais e devastamostuas exuberantes florestas, pouco fa-zendo por restaurá-las. Envenena-mos o ar que respiramos e, comnossa “inteligência”, dominamos oreino animal, escravizando e mas-sacrando nossos irmãos inferiores,

conduzindo várias espécies à ex-tinção.

Embora enfatuados com nos-sas assombrosas conquistas científi-cas e tecnológicas, adentramos oTerceiro Milênio dando continui-dade a espetáculos sanguinolentos,a exemplo das touradas, rinhas degalos, caças esportivas, etc. Atual-mente, proliferam os espetáculosdos rodeios, onde há tudo para di-vertir a multidão, menos o respeito

e os sentimentos de piedade paracom os enormes touros com suasilhargas apertadas por vigorososcordões que os torturam, obrigan-do-os a saltarem desesperados e in-felizes, sob algazarra dos especta-dores.

Até quando, mãe Terra, conti-nuaremos a aprisionar teus pássaros,simplesmente para que deleitemnossos olhos e nossos ouvidos comsuas plumagens coloridas e seuscantos maviosos? Por que ainda nãoaprendemos a amar esses encanta-

dores seres alados que, sem dúvida,foram criados por Deus, não paraserem aprisionados pelo resto desuas vidas, mas, para que desfru-tem, venturosos, o paraíso das flo-restas e possam voar livremente pe-los espaços sem limites? Além disso,convictos de que te possuímos, di-vidimos tua superfície, transfor-mando-a, a bel-prazer, numa “col-cha de retalhos” maiores e meno-res, que denominamos nações, asquais, para preservarem suas fron-teiras, sustentam forças armadasconsumidoras de vultosas parcelasdos erários dos povos. Contamina-dos pela febre da posse, inventamosos títulos de propriedade com quetransferimos os teus bens de pes-soa a pessoa, de família a família,de geração a geração. Nem sequerlembramos que o próprio corponão nos pertence, pois seus compo-nentes retornarão ao teu laborató-rio químico.

E agora – mãe dadivosa! Comovamos saldar nossas vultosas dívidascontigo? Como vamos reparar osincalculáveis danos que te causa-mos, se o delírio da posse nos con-tamina cada vez mais? Com certezaserás tu mesma que, cumprindo aLei de Ação e Reação, vais reagircontra teus filhos perversos e ingra-tos, a fim de restaurar o equilíbrioe pureza dos teus reinos. Aliás, hásinais evidentes de que já iniciaste ajusta reação: são vulcões que des-pertam, tornados e furacões queeclodem com maior freqüência, ter-

Débitos com a TerraAdolpho Marreiro Júnior

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 13

Page 13: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

14 Reformador/Julho 2003252

remotos, derretimento das geleirasdos pólos, água potável escasseandoa cada década, temerosas inunda-ções provocadas pela subida daságuas de teus rios a níveis jamaisvistos, tudo isso ceifando milharesde vidas e deixando outras tantas aodesabrigo. Epidemias estranhas vãosurgindo, frustrando os esforços daCiência. Entendemos que tudo is-so é a tua reação contra os teus fi-lhos que hoje, como nunca, secomportam como um vírus, cor-roendo o teu organismo.

Com certeza, o Supremo Au-tor da Vida te fornecerá recursossábios, poderosos e justos, para acorreção dos teus insensatos filhos,autênticos “grileiros” de todos osteus bens que, ao final, restaurados,serão dignamente administrados eusufruídos por uma nova humani-dade, isenta dos desvarios da posse,frutos do egoísmo e do orgulho.

Assim foi, é e será, porque oAmor, expressado no Bem e no Be-lo, é a eterna realidade na CriaçãoDivina. O mal é transitório, precá-rio e se autodestrói nos conflitosdos interesses mesquinhos e recí-procos.

Esta é a nossa confissão de cul-pas; que pela lei de Causa e Efeito,deverão ser resgatadas, em tempomais ou menos longo, em múlti-plos renascimentos, nos quais have-remos de alvejar nossas vestes espi-rituais nos tanques das tuas lágri-mas purificadas. Espíritos de escolafirmam que

“(...) dificilmente a alma hu-mana compreenderá quanto deve aoseu planeta, responsável pela suaconsciência de ser e existir”. Muitosanjos (dizem eles) “que planam suasasas de amor e sabedoria sobre vossahumanidade, curvam-se, comovidos,

rendendo hosanas à Terra, comomatriz materna de suas consciênciasespirituais”. “(...) E, como Mãe de-votada, ela vê os seus filhos queridospartirem, como libélulas que se al-candoram ao espaço e desaparecemna visão cerúlea do Infinito!”

Finalizando, transcrevemos osublime hino de louvor e gratidãoà mãe Terra, constante do livroObreiros da Vida Eterna, capítuloXX, página 302, ditado pelo Espí-rito André Luiz, psicografia de Chi-co Xavier (Ed. FEB), entoado porum grupo de Espíritos da ColôniaNosso Lar.

Ó Terra – mãe devotada,A ti, nosso eterno preitoDe gratidão, de respeitoNa vida espiritual!Que o Pai de Graça InfinitaTe santifique a grandezaE abençoe a naturezaDo teu seio maternal!

Quando errávamos aflitos,No abismo de sombra densa,Reformaste-nos a crençaNo dia renovador.Envolveste-nos, bondosa,Nos teus fluidos de agasalho,Reservaste-nos trabalhoNa divina lei do Amor.

Suportaste-nos sem queixaO menosprezo impensado,No sublime apostoladoDe terno e infinito bem.Em resposta aos nossos crimes,Abriste nosso futuro,Desde as trevas do chão duroAos templos de luz do Além.

Em teus campos de trabalho,No transcurso de mil vidas,

Saramos negras feridas,Tivemos lições de escol.Nas tuas correntes santasDe amor e renascimento,Nosso escuro pensamentoVestiu-se de claro sol.

Agradecemos-te a bênçãoDa vida que nos emprestas;Teus rios, tuas florestas,Teus horizontes de anil,Tuas árvores augustas,Tuas cidades frementes,Tuas flores inocentesDo campo primaveril!...

Agradecemos-te as doresQue, generosa, nos deste,Para a jornada celesteNa montanha de ascensão.Pelas lágrimas pungentes, Pelos pungentes espinhos,Pelas pedras dos caminhos:Nosso amor e gratidão!

Em troca dos sofrimentos,Das ânsias, dos pesadelos,Recebemos-te os desvelosDe mãe de crentes e incréus.Sê bendita para sempreCom tuas chagas e cruzes!As aflições que produzes!São alegrias nos céus.

Ó Terra – mãe devotada,A ti, nosso eterno preitoDe gratidão, de respeito,Na vida Espiritual!Que o Pai de Graça InfinitaTe santifique a grandezaE abençoe a naturezaDo teu seio maternal!

Algum dia, quando nada maisdevermos à Terra, poderemos, dito-sos, entoar sobre ela esse hino degratidão.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 14

Page 14: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 15253

Assim como na literatura uni-versal há obras-primas, quetranspuseram os umbrais dos

tempos, chegando incólumes eimunes aos nossos dias e, incólu-mes e imunes, alcançarão a posteri-dade, as gerações porvindouras,também há páginas avulsas, emnossa poesia e prosa, algumas sob aforma de oração, que, pela essênciado seu conteúdo, sobrepuseram asidades, permanecendo intocáveisno colar das horas dos dias, na pe-renidade das idéias e dos sentimen-tos, sempre em órbita na sucessãoconsecutiva dos anos.

Quem não se lembrará, porexemplo, de Gabriela Mistral – Oprazer de servir e Oração das Mes-tras –, de Victor Hugo – O homeme a mulher –, de La Fontaine – Acigarra e a formiga –, de Raimun-do Corrêa – Mal secreto –, de Coe-lho Neto – Ser Mãe e O menino ri-co e o pobrezinho –, de Cândido deFigueiredo – Salmo –, de Mac Arthur– Ser jovem e Oração de um pai –,de Don Ramon Angel Jara, Bispode La Serena – Retrato de Mãe –,de Henrique O’Neill – A cana e ofoguete e A hera e o tomilho –, deW. O. Goodwin – A coisa mais be-la do mundo –, de La Bruyère –Decálogo do bom pai –, de AlbertSchweitzer – O que a vida me ensi-nou (Faça o bem)? –, de N. Macca-ri – Ao professor, com carinho –; eas produções de autores desconheci-dos, tais como Eu é que fiz isso, Oscaminhos do Senhor, A vitória navida, Oração da noite, A Alma e

Os pêssegos (ambos contos de autoranônimo, coletados por Guerra Jun-queiro) e alguns tantos mais, quedesconhecemos e de desconhecidos?

Enquadra-se nessa ordem, nomundo das letras, de peças de fino la-vor literário, de autoria desconheci-da, mas de texto sobremaneira co-nhecido, a famosa página “Pegadasna Areia”, muito lembrada, em qual-quer altura do ano, por alguém paraalguém, sobretudo quando do trans-curso do Natal de Jesus-Cristo, comooportuna mensagem de avivamentoespiritual, que ora nos comprazemosem transcrever, para deleite do leitor,se porventura ainda a desconhece:

“Uma noite eu tive um sonho...Sonhei que estava andando na

praia, com o Senhor, e através doCéu passavam cenas da minha vi-da. Para cada cena que se passava,percebi que eram deixados dois pa-res de pegadas na areia: um era omeu e o outro era do Senhor.

Quando a última cena da mi-nha vida passou diante de nós,olhei para trás, para as pegadas naareia, e notei que muitas vezes, nocaminho da minha vida, haviaapenas um par de pegadas na areia.

Notei também que isso aconte-ceu nos momentos mais difíceis domeu viver. Isso entristeceu-me de-veras, e perguntei então ao Senhor:

– Senhor, Tu me disseste que,uma vez que eu resolvi Te seguir, Tuandarias sempre comigo todo o cami-nho, mas, notei que, durante as maio-res atribulações do meu viver, haviana areia dos caminhos da vida apenas

um par de pegadas. Não compreendopor que, nas horas em que eu mais ne-cessitava de Ti, Tu me deixaste.

O Senhor me respondeu:– Meu precioso filho, Eu te

amo e jamais te deixaria nas horasda tua prova e de teu sofrimento.Quando viste na areia apenas umpar de pegadas, foi exatamente aíque Eu, nos braços... te carreguei.”

São de fácil interpretação e en-tendimento as palavras do CelesteCompanheiro de viagem. Em qual-quer circunstância e situação, Ele es-tá sempre conosco. Acompanha--nos os passos nos caminhos da vi-da, ao longo de nossa trajetória ter-rena. Segue-nos por toda parte. Equando O supomos de todo ausen-te, deixando-nos a sós, a braços comos ásperos testemunhos remissoresna arena do mundo, na jornada hu-mana, são precisamente nesses tran-ses que mais presente se acha juntode nós, amparando-nos por meios emodos de que não nos apercebe-mos, suprindo-nos de forças e ener-gias, orgânicas e inorgânicas, somá-ticas e psicossomáticas, em prol dadinamização do nosso psiquismo,da vitalidade do nosso corpo e darevivescência de nossa alma.

Há transes em nossa existência,superlativamente acerbos, funda-mente dolorosos, que, depois de su-perados, nós próprios nos admira-mos de tê-los transpostos e pergun-tamo-nos, em introspectivo soliló-quio, como nos foi possível fazê-lo.Teria sido o nosso fracasso, a nossaderrocada, a falência, se não hou-

Pegadas na Areia Passos Lírio

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 15

Page 15: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

16 Reformador/Julho 2003254

véssemos removido as barreiras, ar-redado as adversidades, dando avolta por cima, seguindo em frente,adestrando-nos para outros emba-tes e novos triunfos. Foi o DivinoAmigo que se interpôs entre nós eos obstáculos, invisível, imperceptí-vel, nesses lances imprevistos dacaminhada terrena, através dosSeus Emissários Celestiais, para nosguardar e resguardar de quedas fa-tais, possibilitando-nos chegar aotopo do Calvário sem arremessarfora nossas cruzes redentoras.

Reportando-nos ao texto de“Pegadas na Areia”, acode-nos àmente a passagem evangélica –“Dois discípulos no caminho deEmaús” –, relatada por Lucas (Ca-pítulo 24, versículos 13 a 35). Co-mentavam eles os acontecimentosque culminaram com o epílogo dacrucificação do Senhor e Mestre, nocimo do Gólgota. Eis senão quan-do de ambos se aproxima alguém,que passa a participar do objeto daconversação. Ele lhes faz perguntase eles também Lhas fazem. E assim,confabulando, em longo espaço detempo, perfazem o percurso que oslevava à “aldeia para onde iam”.Ambos não se deram conta, duran-te toda a viagem e no curso da con-fabulação, então mantida, quem erao forasteiro, de palavra fluente e tãoversado nas Sagradas Escrituras, quelhes fazia arder o coração e ressalta-va-lhes a imperiosa necessidade daocorrência dos episódios então con-sumados. E só lograram reconhecê--lO, identificar-Lhe a personalidade,quando “estando com eles à mesa,tomando o pão, o abençoou e par-tiu-o, e lhos deu”. “Abriram-se-lhesentão os olhos, e O conheceram eEle desapareceu-lhes.” Era o pró-prio Senhor e Mestre, protagonista

do drama do Calvário, quem os ha-via acompanhado e com ambosparlamentado.

Estranha coincidência (coinci-dência entre aspas), lendo o livroNo Longe do Jardim, do EspíritoEros, psicografado por Divaldo Pe-reira Franco, deparamo-nos com apágina “Estrela Polar”, cujo conteú-do, em seu sentido intrínseco, calhamaravilhosamente bem com o de“Pegadas na Areia”, como é fácil de-preender pelo confronto:

“Senhor, onde estavas?Confiei na tua promessa de

socorrer-me, porque disseste quenunca me deixarias a sós, toda-via...

Provei a soledade na longamarcha;

tombei inúmeras vezes, sob aexaustão que me dominava;

chorei insuportável pranto, sem-pre que o desespero se alojou emmim;

perdi o rumo na grande noitesem qualquer estrela de esperança;

desisti de prosseguir com fre-qüência, embora indo adiante;

experimentei receios superlati-vos que me enlouqueceram em di-versas ocasiões;

a carência de amor fez-me do-rido e triste;

a perseguição ingrata dos quese voltaram contra mim estiolou--me os sentimentos, assinalando-mecom a amargura...

Chego, por fim, cansado e so-frido...

Pergunto-Te:– “Por que me abandonaste,

Senhor?– Jamais te deixei, filho querido.Eu sou a força que te conduziu

até aqui, auxiliando-te a vencer as

dificuldades que te fortaleceram oânimo e vivificaram-te o ser em to-do o áspero trajeto.

Não lutei as tuas batalhas, queeram tuas, porém, sustentei-te quan-do desfaleceste; apontando-te rumos,quando nas sombras da noite; fa-lando-te sem palavras na solidão;impulsionando-te, quando na que-da, a levantar-te e a continuar...

Meu filho, chegaste até Mim,porque Eu estou em ti através des-sa força que te impele na direçãodo Pai.

Não me vês, mas sentes-me;não me ouves, no entanto, perce-bes-me; não dialogas comigo, nãoobstante, sou quem te guiou atéaqui – estrela polar no céu das al-mas, que indica sempre o norte di-toso da perene felicidade.”

Os dois discípulos no caminhode Emaús também não dariamacordo da presença de Jesus, identi-ficando-O por si mesmos, não foraEle identificar-se por Si próprio,apesar de terem registrado algo es-tranho, uma como ardência em seuscorações, à medida que lhes falava,compulsando as Sagradas Escrituras,ao palmilhar com eles a senda con-ducente à referida aldeia de destino.

Assim acontece conosco. Sómuito raramente, em condições ecircunstâncias especiais, é que nosdamos conta da companhia do Se-nhor junto a nós, revigorando-nosas forças, fortalecendo-nos os pro-pósitos, sustentando-nos os passos,secundando-nos os esforços e ro-bustecendo-nos a vontade, em nos-sos tentames de integração no rega-ço amantíssimo do Pai Celestial,em crescente e incessante identifi-cação com os Seus sábios e sacros-santos desígnios.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 16

Page 16: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 17255

“(...) Respondeu-lhe Jesus: Meureino não é deste mundo. Se omeu reino fosse deste mundo,a minha gente houvera comba-tido para impedir que eu caíssenas mãos dos judeus; mas, omeu reino ainda não é daqui.”(João, 18:36.)

Costumamos denominar rei aspessoas que se destacam ex-traordinariamente em alguma

coisa. Assim é que há o rei RobertoCarlos, o rei Pelé, o rei do gado, eassim por diante. Há também, atéhoje, os nobres por natureza: a rai-nha da Inglaterra, o rei da Espa-nha... Enfim, há milênios foi insta-lado o reinado na Terra como re-presentante da Divindade entre osdiversos povos.

Na época em que Jesus esteveentre nós era esperado o Messias,que viria como um rei para domi-nar todos os demais reis do Mundo,no conceito de quase todos osjudeus. Talvez por isso eles não te-nham aceitado aquele “rei” diferen-te, nascido numa tosca estrebaria,filho de modesto carpinteiro. – Oquê? Então o Messias, o Salvador,teria nascido pobre e, ao crescer,pregava a humildade e o desprendi-mento dos bens da Terra? Não da-va para acreditar, pois o imagina-vam descendo do céu num “carrode fogo”, poderoso, rico e se im-pondo pela força sobre todas as na-ções.

Esse conceito de realeza terres-

tre Jesus demonstrou com seusexemplos e palavras que não se lheaplicavam. Seu reinado era outro,conforme vemos no item 4, cap. II,de O Evangelho segundo o Espiri-tismo: o reinado moral. Por ele, oCristo mantém seu poder além des-ta vida.

Antes da famosa entrevistacom Pilatos, havia dito Jesus:Deixo-vos a paz. Minha paz vosdou. Não vo-la dou como o Mun-do a dá. (João, 14:27). Aquele quenão crê na vida futura ou dela du-vida pensa e age somente em fun-ção das paixões materiais, mas nãodesfruta de uma paz real. A sua é a“paz” do reino do Mundo, cheia deinquietações, de tormentos, de in-certezas. Mas a paz do Cristo, quenão se aplica aos que duvidam oudescrêem de suas palavras, é a dosque adquiriram a certeza na vidafutura e, pois, apenas relativa im-portância dão aos bens terrenos.

Aqui, talvez o leitor pergunte:– Mas se o reino do Cristo não édeste Mundo, por que Ele afirmou,no Sermão do Monte: Bem-aven-turados os mansos, porque herdarãoa Terra. (Mateus, 5:5). É verdade,mas antes Ele diz: Bem-aventuradosos pobres de espírito, porque deles éo reino dos céus. (Id., 5:3). Por po-bres de espírito devemos entenderas pessoas simples, sensíveis, devo-tadas ao próximo. Espíritos moral-mente superiores. Por mansos, clas-sificamos as pessoas que se esfor-çam em viver harmoniosamente,

em praticar o Bem. A Terra futura-mente lhes pertencerá, quando ohomem compreender que somentecombatendo o egoísmo e a brutaldesigualdade social dos dias atuaispoderá conviver pacificamente comseu semelhante. Poderá, enfim, her-dar uma Terra renovada e mais fe-liz.

As afirmações de Jesus não sãocontraditórias. Ele afirma que seureino “ainda” não é deste Mundo,entretanto não diz que não pode es-tar e nunca estará aqui. Quandoaprendermos a ser, como Ele, man-sos e humildes de coração, vivere-mos felizes no seu reino de amor,tanto na Terra como nos Planos ele-vados do Mundo Espiritual.

Para vivermos no reinado doCristo, precisamos, desde logo, pra-ticar a abnegação, o desinteresse, oamor ao próximo, a humildade.Quando ingressarmos no Além,não nos será perguntado quem fo-mos, que posição social ocupamos,quanto possuíamos em bens terre-nos, mas o que fizemos, quantas lá-grimas secamos, quanto progredi-mos moralmente. Só então in-gressaremos na “Humanidade Real”,conforme afirma o Espírito Emma-nuel, pela psicografia de FranciscoCândido Xavier, na obra Fonte Vi-va, cap. 127, Ed. FEB.

O reino do Cristo, portanto,ainda não é deste Mundo, ou seja,não se assemelha às glórias efême-ras dos conquistadores terrestres,nem às suas riquezas materiais, mas

O Reino do CristoJorge Leite de Oliveira

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 17

Page 17: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

18 Reformador/Julho 2003256

pertence aos que comungam dosseus preceitos morais e se esforçampor seguir seus exemplos lumi-nosos.

No soneto abaixo, que nos foiinspirado, encontramos algumasnormas para nos candidatar a umdia ingressarmos no reino doCristo. Para tal, não se pede muitode nós. Basta querermos, o mereci-mento virá com nossas obras.

Com Cristo

Aquele que deseje unir-se ao CristoCom todo o resplendor de sua glóriaPrecisa refletir bastante nisto:A vida neste mundo é transitória.

Previna-se de todo o imprevistoAo longo de tão árdua trajetóriaPorque quem assumir tal compromissoTerá de merecer sua vitória.

Terá de se calar ante a maldadeDos que não lhe compreendem o idealCerto de que Jesus é a verdade.

E o Cristão novo, nessa nova lida,Triunfará da senda atroz do malPara viver com Cristo nova vida.

Nada melhor para concluirmosnossas considerações sobre o reinode Jesus do que as palavras de Em-manuel (op. cit. cap. 127.). Emmensagem, ele mostra-nos viva-mente a realeza espiritual do Cristoquando afirma:

“Apresentando o Cristo à mul-tidão, Pilatos não designava umtriunfador terrestre... (...) Traído,não se rebelara. Preso, exercera apaciência. Humilhado, não se en-tregou a revides. Esquecido, nãose confiou à revolta. Escarnecido,desculpara. Açoitado, olvidou a

ofensa. Injustiçado, não se defen-deu. Sentenciado ao martírio, sou-be perdoar. Crucificado, voltaria àconvivência dos mesmos discípulose beneficiários que o haviam aban-donado, para soerguer-lhes a espe-rança. (...)”.

Deu-nos Jesus-Cristo o maiselevado exemplo de dignidade hu-mana. Conclui Emmanuel, nessabela página, “(...) que somente naslinhas morais do Cristo é que atin-giremos a Humanidade Real.”

Aí está o roteiro, nele encon-

tramos o reinado da moral elevadaacima de todas as iniqüidades queainda regem grande parte das açõeshumanas.

Quando nos cansarmos das“glórias” mundanas e, arrependidosdos nossos equívocos, buscarmosesforçar-nos para dominar nossasmás inclinações e nos transformar-mos moralmente, conforme nosaconselha Allan Kardec (O Evan-gelho segundo o Espiritismo, FEB,cap. XVII), estaremos na posse doreino do Cristo aqui ou alhures.

GratidãoAgradeço, alma irmã, por tudo o que me deste,O auxílio fraternal, generoso e sem preço,O teto, o lume, o prato, o reconforto, a veste,Tudo isso agradeço...

Sobretudo, alma boa,Deus te compense o coração amigo,Por teu olhar de paz que me alenta e abençoaNa estrada em que prossigo.

Viste-me em solidão,Esperança caída sem ninguém...Deste-me apoio com teu braço irmãoE ergui-me de alma nova para o bem!...

Não há palavra com que te definaO reconhecimento que me invade,Ao sentir-te no amparo a presença divinaDa Celeste Bondade.

Deus te guarde no excelso resplendorDa luz com que me aqueces todo o ser,Porque me refizeste a certeza do amor,A bênção de servir e a força de viver.

Maria Dolores

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Diversos Espíritos, Poetas Redivivos, 3. ed.,Rio de Janeiro: FEB, 1994, cap. 83, p. 118-119.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 18

Page 18: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 19

Dentre os grandes cientistas que se notabilizaramna investigação e análise dos fenômenos espíri-tas, nos últimos anos do século XIX, destaca-se

a figura respeitável de Alexandre N. Aksakof,membro de tradicional família da nobrezarussa, doutor em filosofia e conselheiro ín-timo de Alexandre III, Tzar de todas asRússias.

No desenrolar de sua mocidade,demonstrou acentuada tendência parauma vida de seriedade, palmilhandocaminho diferente e revelandonotáveis qualidades de investi-gador, preocupado com ascoisas da alma e do mundoespiritual. Devido a essa suainclinação, teve que enfren-tar prolongados anos de vi-cissitudes espirituais e sociais.

Conquistando o perga-minho de doutor, enveredoupelos árduos caminhos queconduzem ao êxito no campo doconhecimento, tornando-se lenteda Academia de Leipzig, na Alemanha.

Integrando-se resolutamente no campo da inves-tigação psíquica, tornou-se diretor do jornal Psychis-che Studien, órgão publicado na Alemanha. Não sa-tisfeito com o seu trabalho na direção desse órgão,lançou em Moscou, no ano de 1891, a revista de es-tudos psíquicos Rebus, a primeira do gênero que apa-receu na Rússia.

O seu nome já era bastante conhecido, como no-tável doutor em filosofia, quando sustentou viva po-lêmica com o filósofo alemão, Dr. von Hartmann, nodecurso da qual refutou, com sobeja superioridadecientífica e demonstrações irretorquíveis, as explica-ções do sábio alemão sobre os fenômenos espíritas, aosquais atribuía um fundo biológico.

Aksakof realizou numerosas experiências eobservações no campo científico, tendo reali-

zado trabalhos tão profundos, tão interessan-tes, que até hoje jamais foram excedidos emmatéria de Espiritismo experimental. Paraa consecução dessa finalidade, valeu-se dovalioso concurso da célebre médium ita-liana Eusápia Paladino. Com fundamen-

to nesses trabalhos publicou na Ale-manha o seu famoso livro Animis-mo e Espiritismo, em dois volu-mes, obra de fôlego impressionan-te e insuperável em todo mundo.

Participou ainda de elevadonúmero de experimentação, va-lendo-se do concurso de médiunsfamosos, do que resultou a divul-gação do seu notável relatório da“Comissão de Professores”, que se

reuniu em Milão (Itália), no anode 1892, a fim de dar parecer sobre

os fenômenos observados na obscuridade,baseado nas considerações expressas pelo grande cri-minalista italiano, Cesare Lombroso, que a essa co-missão se confessou envergonhado e condoído, emcarta do próprio punho, escrita ao professor ErnestoGiolfi.

Dessa famosa comissão de professores fizeramparte os seguintes doutores: Alexandre Aksakof, len-

257

Alexandre AksakofNasceu em Repiovka (Rússia) em 27/5/1832 e desencarnou em S. Petersburgo a 4/1/1903,

datas do calendário juliano que então vigorava na Rússia e que correspondem, no calendáriogregoriano vigente, às datas respectivas de 8/6/1832 e 17/1/1903.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 19

Page 19: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

20 Reformador/Julho 2003258

te da Academia de Leipzig, diretor do jornal Psychis-che Studien e conselheiro de S. M. o Imperador daRússia; Giovanni Schiaparelli – Diretor do Observa-tório Astronômico de Milão; Dr. Carl Du Prel – Dou-tor em Filosofia de Munique; Ângelo Brofferio – Pro-fessor de Filosofia; Guiseppe Gerosa – Professor deFísica da Escola Real Superior de Agricultura de Por-cini; G. M. Ermacora – Professor de Física; GiorgioFinzi – Professor de Física; Professor Chiaia; CharlesRichet – Professsor da Faculdade de Medicina de Pa-ris e diretor da Revista Científica; e Cesare Lombro-so, notável criminalista italiano.

Mais tarde, com o valioso concurso dos médiunsElisabeth d’Esperance e Politi, além da já menciona-da Eusápia Paladino, Cesare Lombroso expõe, de for-ma definitiva, o resultado de suas experiências realiza-das quinze anos depois. Esse trabalho de Lombrosocorroborou de forma decisiva tudo aquilo que Aksa-kof havia descrito em sua obra.

O livro de Aksakof Animismo e Espiritismo foiuma réplica à brochura que o célebre filósofo alemãoEduardo von Hartmann – continuador de Schope-nhauer – fez editar em 1885, abordando aspectos doEspiritismo. A primeira edição alemã, subordinada aotítulo Animismus und Spiritismus foi publicada emLeipzig, no ano de 1890, provocando da parte dodoutor von Hartmann uma resposta à qual deu o tí-tulo: A Hipótese dos Espíritos e seus Fantasmas. Noano de 1891, ele voltou novamente, com bastante in-sistência, procurando reafirmar os argumentos que jáhavia exposto. Nessa época, Alexandre Aksakof já es-tava com a saúde bastante combalida, entretanto, osábio Carl Du Prel se encarregou de continuar a po-lêmica com aquele adversário tão temível.

No prefácio de sua monumental obra, retrocita-da, escreveu Aksakof: “Não pude fazer outra coisamais do que afirmar publicamente o que vi, ouvi esenti; e quando centenas, milhares de pessoas afirmama mesma coisa, quanto ao gênero do fenômeno, ape-sar da variedade infinita das particularidades, a fé notipo de fenômeno se impõe.”

Escreveu ainda Aksakof, em fevereiro de 1890:“Interessei-me pelo movimento espírita desde 1855 e,desde então, não deixei de estudá-lo em todas as suasparticularidades e através de todas as literaturas. Du-rante muito tempo aceitei os fatos apoiado no teste-munho alheio; foi só em 1870 que assisti à primeira

sessão, em um círculo íntimo que eu tinha organiza-do. Não fiquei surpreendido de verificar que os fatoseram realmente tais quais me tinham sido referidospor outros; adquiri a convicção profunda de que elesnos ofereciam – como tudo o que existe na Natureza– uma base verdadeiramente sólida, um terreno firmepara a fundação de uma ciência nova que seria talvezcapaz, em um futuro remoto, de fornecer ao homema solução do problema da sua existência. Fiz tudo oque estava ao meu alcance para tornar os fatos conhe-cidos e atrair sobre o seu estudo a atenção dos pensa-dores isentos de preconceitos.”

Fonte: Personagens do Espiritismo, de Antonio de Souza Lu-cena e Paulo Alves Godoy, Edição FEESP, São Paulo, SP,1a edição, 1982.

Simpósio Espírita Francofônico na Bélgica

Nos dias 3 e 4 de maio de 2003, realizou-se no Ho-tel Bedford, em Liège (Bélgica), um Simpósio EspíritaFranco-Belga, promovido conjuntamente pela UniãoEspírita Belga (Union Spirite Belge) e pela União Espí-rita Francesa e Francofônica (Union Spirite Françaiseet Francophone), reunindo espíritas que utilizam o idio-ma francês, oriundos da Bélgica, França, Luxemburgoe da Província de Quebec (Canadá). Compareceram120 participantes, representando 12 grupos espíritas.

O Simpósio contou com a discussão de temasdoutrinários, intercâmbio de experiências e vivênciado espírito de unificação. Durante o evento houve olançamento do livro Il y a 2000 ans, versão em fran-cês de Há 2000 anos (Espírito Emmanuel, psicografiade Francisco Cândido Xavier), editado por Les Edi-tions Philman, de Marly-le-Roi (França). Esta Edito-ra vem publicando obras de Allan Kardec e de LéonDenis.

Jean-Paul Evrard, Presidente da USB e membroda Comissão Executiva do Conselho Espírita Inter-nacional (CEI), foi o coordenador do evento, quecontou também com a participação ativa de Roger Pe-rez, Presidente da USFF e 1o Secretário do CEI, eNestor João Masotti, Secretário-Geral do CEI e Pre-sidente da FEB, acompanhado de sua esposa MariaEuny Herrera Masotti.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 20

Page 20: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 21259

Avareza“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza,

porque a vida de cada um não consiste na abundância dascoisas que possui” – (Lucas, 12:15.)

Fujamos à retenção de qualquer possibilidade sem espírito de serviço.Avareza não consiste apenas em amealhar o dinheiro nos cofres da

mesquinhez.As próprias águas benfeitoras da Natureza, quando encarceradas sem

preocupação de benefício, costumam formar zonas infecciosas. Quem vive àcata de compensações, englobando-as ao redor de si, não passa igualmentede avaro infeliz.

Toda avareza é centralização doentia, preparando metas de sofrimento.Não basta saber pedir, nem basta a habilidade e a eficiência em conquis-

tar. É preciso adquirir no clima do Cristo, espalhando os benefícios da pos-se temporária, para que a própria existência não constitua obstáculo à paz eà alegria dos outros.

Inúmeros homens, atacados pelo vírus da avareza, muito ganharam emfortuna, autoridade e inteligência, mas apenas conseguiram, ao termo da ex-periência, a perversão dos que mais amavam e o ódio dos que lhes eram vi-zinhos.

Amontoaram vantagens para a própria perda. Arruinaram-se, envenenan-do, igualmente, os que lhes partilharam as tarefas no mundo.

Recordemos a palavra do Mestre Divino, gravando-a no espírito.A vida do homem não consiste na abundância daquilo que possui, mas

na abundância dos benefícios que esparge e semeia, atendendo aos desígniosdo Supremo Senhor.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 52,p. 115-116.

Retificando... No último parágrafo, 2a linha da mensagem “O bem incansável” – Esflorando o Evan-gelho –, de Emmanuel, publicada em Reformador de maio/2003, p. 21, a palavra espressará saiu grafa-da incorretamente. Leia-se: expressará.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 21

Page 21: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

22 Reformador/Julho 2003

Omundo físico, de acordo coma maneira pela qual o vemos,é impermanente, como tudo

quanto contém. Nesse sentido, oser humano, na sua constituição,experimenta o mesmo fenômenode impermanência, face às constan-tes mutações e transformações aque se encontra sujeito, incluindoa desconectação biológica das mo-léculas através da morte.

A problemática da imperma-nência é desafio essencial para sersolucionado, de modo que o per-manente mereça atenção e estimu-lação, bases para o seu desenvolvi-mento e realização.

A visão da impermanência de-monstra que nada é real, nem parasempre duradouro, induzindo auma busca da causalidade, do queexiste além da forma e da aparência,que termina por demonstrar a pre-sença da realidade.

Inegavelmente vive-se a exis-tência da incerteza, da transitorie-dade, da aparência que oculta a car-ga do real e do permanente, daverdade e da certeza momentanea-mente não identificados pela cons-trução externa do processo evoluti-vo dos seres e do pensamento.

Há algum tempo, o ser huma-no se movimentava em um oceanode certezas e de definições, limita-

do ao conhecido e às percepçõesdos seus órgãos dos sentidos.

Lentamente o avanço do co-nhecimento demonstrou que tudoquanto existe na sua forma percebi-da é engano do entendimento e dasensação, corroborando a tese deAnaxágoras, quando afirmou quetudo quanto existe é materializaçãodo invisível, fundamentando-se nu-ma premissa de valor inequívoco: omundo real além das percepçõesfísicas.

A ética e a moral estabeleceramsuas normas de conduta nessa visãolimitada das certezas das Idades An-tiga e Média e de uma boa parte daModerna, quando começaram a serdemolidos os alicerces que as sus-tentavam.

Antes mesmo disso, na Gréciaantiga, os sofistas já se encarrega-vam de contestar as tradições e de-finições finalistas em torno do mun-do e dos seres que o habitam. NaIdade Contemporânea, Nietzsche eSigmund Freud elaboraram algunspensamentos, demonstrando que,invariavelmente, o ser humano acre-dita, tem certeza e segurança so-mente naquilo que julga mais per-tinente aos seus interesses, maiscompensador aos seus instintos edesejos pessoais.

A questão do certo e do erradotem sido muito debatida, especial-mente por filósofos, sociólogos, re-ligiosos, éticos, e até mesmo físicosquânticos, que procuram demons-trar nos seus argumentos que exis-

tem fatores culturais, nacionais, geo-gráficos e estruturais, que estabele-cem padrões para que o certo – oético, o moral – e o errado – o per-turbador, agressivo, desequilibrado– tenham vigência e recebam cida-dania cultural.

Tradicionalmente a fé religiosaestabeleceu certezas em torno da vi-da, da sua origem, da sua finalida-de e do seu futuro, não aceitandocontrovérsia ou dúvida, sempre pu-nidas com severidade e crueza.

À medida, porém, que a Ciên-cia conseguiu arrebentar as amarrasque a impediam de investigar, sur-giram as primeiras incertezas a res-peito das afirmações categóricas dopassado, das suas colocações e tesesque não suportaram os ventos desa-gregadores da experiência, dos fatos.O Universo demonstrava em todosos tempos, e prossegue, a fragilida-de das informações ingênuas dasDoutrinas religiosas ortodoxas, bemassim tudo quanto se podia obser-var desmentia a certeza predomi-nante. A dúvida passou a governaro pensamento, e, enquanto o co-nhecimento avançava no rumo dasorigens mais detectava os erros cras-sos das imposições dominantes.

A história fóssil, a documenta-ção antropológica, os fenômenosconstatados pela Física e pela Quí-mica, as investigações realizadas pe-la Fisiologia, pela Biologia, mais tar-de pelas Ciências Neurológicas ePsicológicas, confirmaram as incer-tezas em torno, especialmente do

260

Incerteza

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 22

Page 22: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 23

ser humano, da sua procedência, dasua existência e do seu futuro, nonada – que é inconseqüente – ouna predestinação assinalada pelaevolução para o logro de etapa mui-to mais complexa e harmoniosa, ade natureza espiritual, que é ver-dadeira.

Como decorrência da incerte-za nas mentes nasceu o relativismodos valores morais, bem como dosprocedimentos éticos, que não po-dem submeter-se a padrões ingê-nuos, elaborados por obscurantis-tas, nem desregrados, decorrentesdos utilitaristas e gozadores.

Gerou-se o conceito de que averdade é aquilo em que o indiví-duo acredita, ou se lhe torna segu-ro confirmar.

Abandonou-se a objetividadedo que era existente como um dog-ma, para a subjetividade da emo-ção, do sentimento de cada um.

De alguma forma, se essa liber-dade de pensamento ensejou bem--estar e lícita ação, abriu espaço pa-ra a falta de morigeração, de equilí-brio, de definição de conduta, des-de que aquilo que se torna credívelem um momento, noutro se apre-senta totalmente desacreditado, semsignificado nem valor.

Os moralistas do passado, ob-servando o desmoronar das suasafirmações, fecharam-se no dogma-tismo ultramontano, fugindo aqualquer raciocínio lógico, paraprosseguirem nos estreitos limitesda intolerância para com os outrose nas atitudes masoquistas em rela-ção a eles próprios. Estão na reta-guarda da Lei de progresso que é'inalienável e inevitável.

Os modernistas, por outro la-do, apoiaram-se nos pensamentosde Einstein, na sua informação de

que o ser humano sempre está noslimites de algo, dentro de dimen-sões que lhe estabelecem a finitude,em razão do espaço-tempo, e deHeinsenberg no conceito exaradoem O princípio da incerteza. Natese einsteniana, afirmam, desapa-rece o impositivo divino, a destina-ção fatalista em torno da realidade,que sempre é discutida fora dos li-mites do fato, do objetivado. Emrelação à descoberta de Heinsen-berg, igualmente acentuam, tudoquanto se pode dimensionar, atémesmo a verdade, não passa deuma resultante de como se observao mundo e suas leis, as coisas e osfenômenos, bem como das pergun-tas que se podem fazer. Embora se-jam colocações respeitáveis, as con-clusões a que chegaram esses moder-nistas não correspondem exatamen-te ao pensamento original e profun-do dos seus autores. Isto porque,para Einstein, existe um mundoreal, conforme a sua descrição in-vulgar do espaço-tempo em quatrodimensões, demonstrando que aque-les que se tornam observadores de-tectam aspectos da verdade. Nessacompreensão, o ser humano é tam-bém co-criador, finito, participan-do de uma Realidade Cósmica, In-finita, apenas percebida no seu con-junto por Deus. Por sua vez, Hein-senberg assevera que no mundo darealidade quântica existe um poten-cial infinito, da qual é possível co-nhecer-se apenas alguns aspectos.Isso equivale estabelecer que umobservador, dentro dessa conceitua-ção, é capaz de captar e entendertantos aspectos da verdade quantoslhe estejam ao alcance e propor asperguntas que lhe sejam factíveisapresentar.

Assim sendo, a Ciência procu-

ra demonstrar a relatividade do co-nhecimento em torno da verdadeque está além do campo da percep-ção finita do ser humano.

Ninguém será capaz de conhe-cer tudo, é certo, cabendo a cadaindivíduo o papel de movimentar--se no seu espaço, realizando o me-lhor que lhe esteja ao alcance, espe-cialmente na conduta ético-moral,que deve ser considerada conformealguns padrões que têm estado inal-terados através dos tempos e dasmudanças do pensamento históri-co: o Decálogo de Moisés e o Ser-mão da Montanha de Jesus-Cristo.

A incerteza que viceja no pen-samento moderno cede então lugarà segurança de uma busca, semficar-se na borda, na dúvida siste-mática, na indefinição ante o prin-cípio do caos e o da ordem que sepode perceber em tudo, facultandoo avanço da estabilidade emocionale espiritual da vida.

Por largo tempo se vem asseve-rando que os sentidos enganam osindivíduos e somente a razão no seuaspecto mais puro pode estabelecerparâmetros de ordem e de equilí-brio para o entendimento da exati-dão dos fatos. De certa forma,pode-se pensar assim, sem que, noentanto, se estabeleçam definiçõesconcludentes no raciocínio.

Para que uma fé religiosa, porexemplo, possa apresentar a verda-de e propor certezas, deve funda-mentar-se na exposição filosóficados seus conteúdos, nos métodos eresultados da investigação científicae na análise racional dos seus pa-râmetros.

Fundamentar-se em conteúdosque avancem com o pensamentosem alterar as suas estruturas essen-ciais, constitui-lhe o recurso filosó-

261

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 23

Page 23: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

24 Reformador/Julho 2003

fico mais eficaz para enfrentar a ra-zão na sucessão dos tempos, tor-nando-se uma fé legítima, confor-me definiu Allan Kardec em re-ferindo-se à crença verdadeira, aque-la que é defendida pelo Espiritismo.

Concomitantemente, o arsenaldos fatos em laboratório, confirma-dos pela repetição à saciedade dasexperiências, em diversos lugares di-ferentes, através de métodos varia-dos, e a conclusão exposta em umensinamento universal, confirma aprocedência dos mesmos, a sua cau-salidade, que se encontra além dasdimensões das barreiras físicas, nes-se infinito campo de energias e vi-brações, no qual tudo se origina,que é o Mundo espiritual.

Demonstrando, por meio deuma variedade incomum de indiví-duos que são portadores de faculda-des extrafísicas, a procedência dosfenômenos que se operam no cam-po objetivo, em torno da imortali-dade do Espírito e da reencarnação,da sua anterioridade à concepçãobiológica e da sua continuação de-pois do processo de transformaçõesmoleculares, esses postulados pas-sam a merecer consideração ética eformal, filosófica e religiosa, poroferecerem bases para a sublimaçãodos sentimentos e a erradicação daspaixões desenfreadas que exorbitamno caráter e no comportamento.

O Espiritismo, pois, conformedelineado na Codificação pelo emi-nente Allan Kardec, apresenta-secom todas as características exigíveispara eliminar a incerteza em tornoda realidade do ser espiritual quetodos somos, da sua preexistênciaao berço e da sua sobrevivência aotúmulo, acenando com excelentespossibilidades para alcançar a pleni-tude ainda na jornada terrestre, a

prolongar-se pela sucessão dos tem-pos na Imortalidade.

Durante a jornada terrestre,sim, porque, à medida que os indi-víduos se conscientizam dos seusdeveres e passam a exercitá-los, ex-perimentam a alegria interior quedecorre da consciência em harmo-nia com os propósitos existenciais,agindo corretamente conforme pen-sam e sempre avançando na con-quista de si mesmos.

A incerteza que campeia emtodos os setores da atividade huma-na cede então lugar à convicção dosentido da vida, do seu significadoe das infinitas possibilidades de rea-lização pessoal de cada indivíduocom vistas à perfeição futura.

Tudo em o Universo, portan-

to, atende às leis de harmonia queo geraram, prosseguindo no cosmoindividual de cada ser, apontando--lhe a diretriz de segurança para al-cançar a realização a que está desti-nado.

As certezas que advêm dessa vi-são complexa e fascinante tornam--se, a cada momento, mais signifi-cativas, porque se transformam emestímulos libertários para o senti-mento e a razão, ensejando a sabe-doria plenificadora.

Carlos Torres Pastorino

(Página psicografada pelo médium Di-valdo P. Franco, no dia 28 de março de2003, no Centro Espírita Caminho daRedenção, em Salvador, Bahia.)

262

Sobre o AmorPaulo Nunes Batista

Se neste nosso mundo, de repente,o Amor morresse – tudo morreria,pois da Terra desapareceriaa própria luz que faz viver a gente.

O Amor é tudo – é a lúcida sementeda Arte, do Bem, do Belo, da Poesia.Se o Amor morresse, o Sonho, a Fantasianos deixariam imediatamente.

Ama o Sol que de luz os céus inflama.Ama o rio, ama o verme que na lamasonha com ser estrela ou com ser flor...

E a chama que ainda une a humanidadenos braços da Harmonia e da Verdadevem do Deus que há em nós, chamado Amor!...

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 24

Page 24: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 25263

– III –

Como assinalamos no primeirotexto destes nossos comentá-rios, de tempos em tempos

aportam no Planeta Espíritos mis-sionários, com a tarefa específica deerigir colunas-mestras da religaçãodo homem a Deus. Todos, sem ex-ceção, esclarecem que o comporta-mento humano – bom ou mau –terá sempre como resultante, res-pectivamente, aproximação ou afas-tamento da felicidade. Invariavel-mente esses tarefeiros do Bem, pre-postos de Jesus – tanto os que vie-ram antes quanto depois dEle –empunharam a bandeira do amor aDeus e ao próximo como principalvia de acesso ao Reino Celestial.

Jesus, falando ao povo dogmá-tico da recuada época em que o Im-pério Romano era o “dono do mun-do”, não poderia dizer a esse povocoisas que naquele tempo não fa-riam sentido. Exemplos? Vejamosalguns. Antes, lembremo-nos do re-gistro sobre o Mestre dos mestresfeito pelo Espírito Emmanuel, emA Caminho da Luz (cap I, p. 17--18, 13. ed., 1985, FEB): Jesus par-ticipou da organização da Terra,desde quando o futuro planeta ain-da era uma porção ígnea desprendi-da do Sol, para essa finalidade (cria-ção da Terra). Isto posto, é de seperguntar:

– Será que Jesus, quando aquiesteve, encarnado, desconhecia aexistência do continente americano,que iria ser descoberto dali a quinzeséculos, passando a ser lar de mi-lhões de Espíritos? Nas Américas,hoje, estão cerca de 840 milhões deEspíritos encarnados.

– A imprensa, a eletricidade, aaeronáutica, a eletrônica, a energiaatômica, a informática, a biogené-tica e tantos outros avanços cien-tíficos, que surgiriam no futuro,eram desconhecidos de Jesus?...

De forma alguma! Todas essasquestões, necessariamente, eram doconhecimento do Cristo.

Mas, como anunciá-las àque-la época e àquele povo? Como? Equanto ao Espiritismo?

Com a previsibilidade própriade quem, do Alto, descortina a pai-sagem à sua frente (o porvir), Jesusnoticiou, sim, sobre o Espiritismo,por Ele pedagogicamente denomi-nado e avalizado como o futuro“Consolador”, segundo João regis-trou (14:15-17 e 26).

No tempo (século XIX) e lugar(França) adequados, surge AllanKardec, pseudônimo do eminentepedagogo Hippolyte Léon Deni-zard Rivail, apresentando ao mun-do o fruto de sua meticulosa codi-ficação das informações vindas dosEspíritos: cinco livros básicos, sen-do o primeiro, O Livro dos Espíri-tos – pedra fundamental da Dou-trina dos Espíritos – seguido dasoutras quatro obras: O Livro dos

Médiuns, O Evangelho segundo oEspiritismo, O Céu e o Inferno e AGênese.

O Espiritismo demonstra oAmor de Deus com a lógica irre-torquível da reencarnação e da Leide Ação e Reação: sofrimentos, ho-je, são frutos amargos de equivoca-da plantação, ontem. Aí, o sofredorcompreende a razão do sofrer. Emais: sabendo-se em temporárioresgate, consola-se e parte para areconstrução moral. Tal o aspectoconsolador da Doutrina dos Espí-ritos!

Com Kardec cumpriu-se a pre-visão-promessa do Cristo! O Conso-lador aportou no plano terreno.

Com efeito, pelo seu conteúdoesclarecedor, o Espiritismo é a Re-velação prometida por Jesus para oporvir, no qual a Humanidade pu-desse melhor assimilar-lhe o con-teúdo.

Em O que é o Espiritismo(Ed. FEB), no “Preâmbulo”, AllanKardec disse:

“O Espiritismo é, ao mesmotempo, uma ciência de observaçãoe uma doutrina filosófica. Comociência prática ele consiste nas re-lações que se estabelecem entre nóse os Espíritos; como filosofia, com-preende todas as conseqüências mo-rais que dimanam dessas mesmasrelações;”

E assim o definiu:“O Espiritismo é uma ciência

que trata da natureza, origem edestino dos Espíritos, bem como de

O homem e a religiãoEurípedes Kühl

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 25

Page 25: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

26 Reformador/Julho 2003264

suas relações com o mundo corpo-ral.”

Em Obras Póstumas (no capí-tulo “Ligeira Resposta aos Detrato-res do Espiritismo”) anotou:

“O Espiritismo é uma doutri-na filosófica de efeitos religiosos(...), vai ter às bases fundamentaisde todas as religiões: Deus, a almae a vida futura. Mas, não é umareligião constituída, visto que nãotem culto, nem rito, nem templos eque, entre seus adeptos, nenhum to-mou, nem recebeu o título de sacer-dote ou de sumo-sacerdote.”

Apenas por essas premissas jáse vê como o Espiritismo, em seu

tríplice aspecto de Ciência, Filo-sofia e Religião, não pode ser con-fundido com quaisquer outras cor-rentes religiosas, conquanto todasas religiões (Judaísmo, Catolicismo,Confucionismo, Protestantismo,Hinduísmo, Islamismo, Budismo,Brahamanismo, etc.) sejam espiri-tualistas, isto é, aceitam a imortali-dade do Espírito e a existência deDeus. Também não pode ser con-fundido nem mesmo entre aquelasque:

a) aceitam a reencarnação;b) em suas práticas, eivadas de

sincretismo, exercitam o mediunis-mo.

Tão logo o Brasil foi descobertoiniciou-se sua colonização. Nocaso, “colonizar” significou a

vinda de portugueses, mandatários.E como quem manda precisa dequem obedeça, Portugal, por trêsséculos, providenciou a criminosaimportação de “obedientes” criatu-ras, buscadas à força, na África. Es-tá em Estatísticas Históricas doBrasil/IBGE: vieram 4.009.400 es-cravos, entre 1531 a 1855. Estarre-cedor!

Em face do poder da Igreja(Católica), representantes das suasvárias ordens religiosas vieram dePortugal, com a missão “oficial” dedar assistência religiosa aos coloni-zadores, além de catequizar e “sal-var” os índios. Mas, aventureiroseuropeus, por vezes também em ca-ráter oficial, para aqui vieram.

Não é difícil depreender queno Brasil-criança passaram a con-viver criaturas de costumes e senti-mentos religiosos diferentes. E não

só diferentes: conflitantes... O cal-deamento de raças foi inevitável...

Assim, durante os três primei-ros séculos da nossa história, convi-veram aqui no Brasil:

– colonizadores europeus (nãoapenas portugueses, mas tambémfranceses, holandeses, espanhóis);

– padres (de várias ordens reli-giosas);

– indígenas (de várias tribos); e – escravos africanos (de várias

partes do grande continente).Detentores do poder, os euro-

peus impuseram sua religião (o Ca-tolicismo) e isso explica por que oBrasil ainda hoje é majoritariamen-te um país católico.

Ainda há pouco, lendo sobre oCenso 2002 na Internet, no item“Religiões”, deparamo-nos com a in-formação de que nos censos do Bra-sil-colônia, todos os escravos africa-nos eram tidos como “católicos”.

Os escravos (bantos, sudaneses,nagôs e iorubanos) que mais tempo

– IV –

conviveram com seus senhores, àforça participavam dos cultos cató-licos, imposição gerando obediên-cia.

Mas, tal obediência era pro for-ma, sem crença, já que na intimida-de da senzala, às ocultas, é que extra-vasavam sua fé... E ali, o mediunis-mo, entre eles, era um antigo e sin-gelo exercício espiritual aprendido epraticado desde os tempos na terra--mãe, agora aliviando-lhes a cruelrealidade – a escravidão.

Por acomodação parcial, a pou-co e pouco os rituais, sacramentos,paramentos, imagens, altares, etc.,do Catolicismo, foram sendo agre-gados por eles, porém sob roupa-gem própria, adequada, isto é, afri-cana.

Essa, a origem do chamado Bra-sil-candomblé.

Com a abolição da escravaturae com a liberdade constitucional decredo religioso, parte das pessoasque se identificavam com o Can-domblé, no início do séc. XX, semdeixar parte dos seus fundamentos,a ele incorporaram novas práticas.Muitas dessas pessoas, tomando co-nhecimento da obra de Allan Kar-dec, passaram a freqüentar CentrosEspíritas, então emergentes no Bra-sil. Dentre esses, houve quem sedesligasse, indo vincular-se a umareligião, agora, genuinamente bra-sileira: a Umbanda. E em 1941, noRio de Janeiro, realizou-se o Pri-meiro Congresso Umbandista, vi-sando estruturar uma prática reli-giosa já de trinta anos. Ali foramdelimitados os elementos de cujosincretismo surgiu a Umbanda nassuas diversas apresentações.

O desligamento que citamosacima talvez tenha decorrido da di-ficuldade ou desinteresse em seguir

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 26

Page 26: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 27265

as recomendações espíritas de estu-do permanente, mudança de com-portamento (melhoria moral), au-sência de quaisquer rituais, ade-reços, hierarquia, promessas, etc.Mas, principalmente, porque o Es-piritismo não se aplica a resolverproblemas materiais, senão sim, edu-car, esclarecer e fortalecer ao Espí-rito, para que ele se renove e, apoia-do na fé em Deus, cujo amparo épermanente, encontre, ele próprio,a buscada solução.

Fiel a Kardec, a Federação Es-pírita Brasileira, em reunião doConselho Federativo Nacional de2/5/1953 (Espiritismo Prático, Pe-dro F. Barbosa, p. 13 e 14, 4ª ed.,1995, FEB, Rio de Janeiro/RJ), re-comenda aos Centros Espíritas, pa-ra a prática espírita e em suas reu-niões, a total ausência de:

– paramentos, ou quaisquervestes especiais;

– vinho, ou qualquer bebidaalcoólica;

– incenso, mirra, fumo, ousubstâncias outras que produzamfumaça;

– altares, imagens, andores, ve-las e quaisquer objetos materiais co-mo auxiliares de atração do públi-co;

– hinos ou cantos em línguasmortas ou exóticas, só os admitin-do, na língua do país, exclusiva-mente em reuniões festivas realiza-das pela infância e pela juventude eem sessões ditas de efeitos físicos;

– danças, procissões e atos aná-logos;

– atender a interesses materiaisterra-a-terra, rasteiros ou munda-nos;

– pagamento por toda e qual-quer graça conseguida para o pró-ximo;

– talismãs, amuletos, oraçõesmiraculosas, bentinhos, escapulá-rios ou quaisquer objetos e coisassemelhantes;

– administração de sacramen-tos, concessão de indulgências, dis-tribuição de títulos nobiliárqui-cos;

– confeccionar horóscopos,exercer a cartomancia, a quiroman-cia, a astromancia e outras “man-cias”;

– rituais e encenações extrava-gantes de modo a impressionar opúblico;

– termos exóticos ou heterócli-tos para a designação de seres e coi-sas;

– fazer promessas e despachos,riscar cruzes e pontos, praticar, en-fim, a longa série de atos materiais

oriundos das velhas e primitivasconcepções religiosas.

Pela aceitação de alguns dositens acima, já poderemos perceberque o Candomblé e a Umbanda,embora espiritualistas e praticantesdo mediunismo, diferem substan-cialmente do Espiritismo.

E mais: no Candomblé há sa-crifício de animais. Na Umbanda,não: ela contempla os banhos de er-vas e orações. Por tudo isso bem sevê que embora espiritualistas, Can-domblé e Umbanda não podem serconsideradas espíritas. E isso semqualquer demérito, pois o Espiritis-mo – Doutrina dos Espíritos –,enaltece o livre-arbítrio, respeita econsidera a autonomia de todas asreligiões, jamais se julgando supe-rior a qualquer delas.

Entre o erro e o acertoCorydes Monsores

O ser eterno tem necessidadedo bem e mal para discernimento;se o mal predomina num momento,noutro momento encontra a realidade.

É pela busca incessante da verdadeque, constante, empenhamos o talento;mal empenhado vai gerar tormento,bem empregado traz serenidade.

Caminhando por séculos aforaentre o erro e o acerto, hora a horao progresso transforma nosso ser.

Apesar dos problemas infinitos,da dor suprema, tormentosos gritos,sempre o amor do PAI há de vencer.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 27

Page 27: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

28 Reformador/Julho 2003266

“Não há descrição viávelda matéria que não traga aoprimeiro plano os mecanis-mos estruturais de nosso es-pírito.” (Charon)

Na programação física reencar-natória sempre resolvida noPlano Superior, os Espíritos

construtores ou geneticistas planifi-cam a recorporificação, sob a égidede Deus, sendo seu grau de coman-do no processo reencarnatório in-versamente proporcional ao estágioevolutivo do Espírito.

São pois Espíritos que elegementre os 300.000 a 400.000 ovóci-tos, quais serão maturados, trans-formando-se em óvulos; estes “fa-lam com os espermatozóides”, emi-tindo sinais que os atraem. Entre osaproximadamente 350.000.000 de-les, em média por ejaculação, nãopenetra quem chega primeiro, masquem for o pinçado, o magnetiza-do pela Espiritualidade para fecun-dar o óvulo, quando esta é progra-mada.

O Espírito é “o senhor dos ge-nes” 1

Não existe, por isso mesmo,qualquer impedimento dado aospoderes magnéticos espirituais, pa-ra selecionarem as características dogenoma, “a face biológica do Espí-rito” 2 reencarnante, tal as infinitas

composições e imbricações que selhes apresentam em óvulos e es-permatozóides, para adequar estascombinações genéticas ao processoevolutivo reencarnatório estabeleci-do.

De Missionários da Luz ex-traímos:

“(...) passou a examinar os ma-pas cromossômicos, com a assistênciados construtores presentes. (...) exa-minando a geografia dos genes nasestrias cromossômicas, a fim de cer-tificar-me até que ponto poderemoscolaborar (...) com recursos magné-ticos para organização das proprie-dades hereditárias (...)”. Prossegueainda mais além o orientador: (...)“Mentalize os primórdios da condi-ção fetal, formando em sua mente omodelo adequado.” 3

Quando temos um piloto deFórmula 1, havemos de selecionarum carro de Fórmula 1; se um Es-pírito virá com o propósito de sercirurgião ou pianista, por exemplo,não poderá nascer com defeito ge-nético irreversível nas mãos.

O instrumento para execuçãoda proposta reencarnatória não po-derá ser incompatível com a mes-ma, se considerarmos a competên-cia da Espiritualidade superior na

“formação de um corpo sadio,ou, se for o caso, a ocorrência de

malformações embrionárias, afec-ções ou disposições congênitas li-gadas às mais complexas patologias,tudo em função das condições doreencarnante.4

Isto se dá, não como uma fata-lidade, mas como um ponto departida, podendo ser modificado,na decorrência do que realizarmosna edificação de nossa propostareencarnatória, alterando ou mini-mizando, assim, as condições pre-disponentes.

Mas, para não nos sujeitarmosao acaso, ambos os gametas hão deser escolhidos, tanto o masculino(espermatozóide), quanto o femini-no (óvulo), pois cada um colaboracom a metade da carga genética donovo ser.

Para o carro daquele mesmo pi-loto de Fórmula 1, se selecionásse-mos somente a frente de uma Ferra-ri e deixássemos a traseira ao acaso,poderíamos tê-la correspondendo aum Ford 38 e ele, com esta compo-sição, não chegaria a lugar nenhum.

Nada acontece por acaso; nãocai uma folha de uma árvore e nemrola uma lágrima em nossa face,sem que seja do conhecimento di-vino, porque estamos sob os desíg-nios do Senhor da Vida.

“(...). Nada se cria sem que àcriação presida um desígnio.” 5

São então Espíritos que co-

Espírito e DNA: Quem atrai o quê?

Fernando A. Moreira

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 28

Page 28: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 29267

mandam a matéria e são eles queatraem o DNA da célula germina-tiva masculina e feminina, na com-posição do genoma, conjunto degenes (seqüências de moléculas deDNA) contidos nos cromossomasde um indivíduo, que irá facear ocorpo físico, com seus, aproximada-mente, 100 trilhões de células.

“(...) o útero materno é umasala de materialização. É aí, nessacâmara escura, que se dá a transu-dação de matéria ‘invisível’ para amatéria tangível, biológica.” 6

As nossas doenças e imperfei-ções o são do Espírito e a herançaespiritual se reflete na genética. So-mos o que fomos, preparamos on-tem a reencarnação de hoje e esta-mos preparando hoje a reencarna-ção de amanhã.

“(...) essa Energética Espiritual,resultado de vivências e experiên-cias incontáveis, com suas emissõesvibratórias, apresentaria zonas in-termediárias (perispirituais), até de-sembocarem nos genes... por onde assugestões, informações, diretrizes, en-fim, todo o quadro de nossa heran-ça espiritual tivesse possibilidade deexpressões nas regiões cromossomiaisda herança física.” 7

Caso fosse o DNA que atraís-se o Espírito, seríamos vítimas doacaso e teríamos um corpo físico aselecionar, pelo DNA, o Espíritoreencarnante, a matéria a coman-dar o Espírito e a reencarnação, umcarro de fórmula 1 a eleger seu pi-loto.

“O Espírito é designado antesque soe o instante em que haja deunir-se ao corpo.” 8

O Espírito é pois conhecidoantes da concepção, porque nela jáexiste uma união, uma ligação, en-tre o reencarnante e o corpo físico eportanto não pode ser o DNA queatrai o Espírito, porque este já eradesignado pela Espiritualidade su-perior, antes da geração daquele.

O mesmo acontece quandoexistem gêmeos univitelinos (clonesnaturais ou espontâneos) e quandofor possível uma de suas diversida-des, a clonagem humana (reprodu-ção assistida assexuada), que serátambém programada em Plano Su-perior, trabalhando na configuraçãodo corpo físico para a reencarnaçãode determinado Espírito, interferin-

do no seu processo de seleção ge-nética. Não haverá acasos, nem cria-ções genéticas milagrosas ou trans-gressões da Lei Natural, que tam-bém é divina, continuando a havero mesmo selecionamento pela esfe-ra espiritual.

“Fatores espirituais é que de-terminam o resultado de um pro-cesso de clonização. (...) sem o co-mando espiritual, nenhum processose completa.” 9

Além do exposto, temos a con-siderar que paternidade é missão enão pode ser legada também aoacaso, pois se estabelecem compro-missos, fortíssimos compromissos,entre o Espírito reencarnante e seusfuturos pais e vice-versa10, para a fu-tura vida terrena, ainda sob orien-tação da Espiritualidade superior.Tais acordos, sob a mesma égide di-vina, selam e endereçam a vincula-ção dos Espíritos envolvidos direta-mente no processo reencarnatório,de grandeza muito superior a qual-quer interferência da matéria, repre-sentada pelo DNA.

Em face do exposto, parece--nos que, nesta polêmica estabeleci-da pela atração entre Espírito eDNA, a Espiritualidade domina asações, também porque:

“(...) Deus, que tudo sabe e vê,já antecipadamente sabia e vira quetal Espírito se uniria a tal corpo.” 11

Ele nos abre os braços infinitosde seu amor, de sua justiça e de suamisericórdia, oferecendo-nos o em-préstimo divino de um miraculosocorpo físico, adequado às nossas ne-cessidades, para execução de nossoscompromissos reencarnatórios econseqüentemente de nossa evolu-ção espiritual, único caminho para

Temos a considerar

que paternidade é

missão e não pode ser

legada também ao

acaso, pois se

estabelecem

compromissos,

fortíssimos

compromissos,

entre o Espírito

reencarnante e seus

futuros pais e

vice-versa

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 29

Page 29: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

30 Reformador/Julho 2003268

alcançarmos a felicidade, a ser atin-gida por nossos próprios méritos epara a qual nos criou o nosso PaiAmoroso.

“Cresçamos com Deus na con-quista dos espaços ilimitados da vi-da imortal.” (Joanna de Ângelis.)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1NOBRE, Marlene de Freitas. Folha Espírita,

maio 1997, p. 3.

2SOUZA, Joaquim Tomé de. Revista Espírita

Allan Kardec, março 2000, no 46, p. 6.

3XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da

Luz, pelo Espírito André Luiz. 28. ed., Rio de

Janeiro: FEB, 1997, p. 187-189.

4ZIMMERMANN, Zalmiro. Perispírito, ed.

CEAK (Centro Espírita Allan Kardec), 1. ed.,

2000, p. 345.

5KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, trad.

Guillon Ribeiro, 68. ed., Rio de Janeiro: FEB,

1987, p. 197, perg. 336.

6OLIVEIRA, Sérgio Felipe de. Saúde e Espiri-

tismo, 2. ed., Associação Médico-Espírita do

Brasil, p. 363.

7KÜHL, Eurípedes, Genética e Espiritismo.

1. ed. , Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 40.

8KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, trad.

Guillon Ribeiro, 68. ed. Rio de Janeiro: FEB,

1987, p. 197, perg. 338.

9ZIMMERMANN, Zalmiro. Perispírito, ed.

CEAK (Centro Espírita Allan Kardec, 1. ed.,

2000, p. 358.

10MOREIRA, Fernando A. Reformador, julho

2001, p.19.

11KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,

trad. Guillon Ribeiro, 68. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 1987, p.196, perg. 334.

Carolina Fernández

Desencarnou na Argentina, nodia 13 de março passado, aos 59anos de idade, a Sra Carolina Fer-nández, após uma extensa trajetó-ria dentro do Movimento Espíritade seu País, tendo sido a primeiramulher a ocupar o cargo de Presi-dente da Confederação EspiritistaArgentina.

Era Mestra Normal Nacional,Técnica em Estatística e AssistenteSocial, com exercício profissional noDepartamento de Ensino Técnico eInvestigação Científica do Ministé-rio de Saúde Pública da Nação e noInstituto de Higiene e MedicinaPreventiva da Faculdade Médica daUniversidade de Buenos Aires.

Ingressou no Movimento Espí-rita em 1956, ao vincular-se à Socie-dade “Allan Kardec”, de Mar delPlata, passando, depois, a integraroutras Instituições Espíritas da Ca-pital Federal. Em 1962 ingressou naFederação Espírita Juvenil Argenti-na (FEJA) e desde 1969 passou aparticipar do Conselho Federal daConfederação Espiritista Argentina(CEA), como Delegada da Socieda-de “Terceira Revelação”, de La Rio-ja. Entre 1980 e 1990 integrou aComissão Diretiva da CEA, sendosua Presidente a partir de agosto/90,por nove anos consecutivos. Nesseperíodo, com a fundação do Conse-lho Espírita Internacional (CEI),em 1992, representou a CEA namaioria de suas reuniões e presidiua Reunião Ordinária do CEI reali-zada em Brasília, na sede da FEB,em outubro de 1995.

A Confederação Espiritista Ar-gentina prestou homenagens póstu-mas a Carolina Fernández, em suasede, quando o Presidente da CEA,Sr. Félix José Renaud e vários ir-mãos de Ideal expressaram seu afe-to e reconhecimento à dedicada ser-vidora da Seara Espírita, que re-tornava ao Mundo Espiritual.

A Federação Espírita Brasileiraroga as bênçãos de Jesus para Caro-lina Fernández, com quem mantevevínculos de amizade e trabalho co-mum, quando Presidente da CEA.

Abstal Loureiro

Aos 91 anos, desencarnou noRio de Janeiro (RJ), em 24 deabril, o confrade Abstal Loureiro,nascido em Belém do Pará no dia11 de julho de 1911, filho de paisespíritas. Chegou ao Rio de Janei-ro em 1933, dando início, juntocom um grupo de onze amigos, aum trabalho pioneiro – o CentroEspírita Doze Apóstolos. Bacharelem Jornalismo pela antiga Faculda-de Nacional de Filosofia da Uni-versidade do Brasil, atuou na Im-prensa Espírita de todo o País.Participou da fundação do Institu-to de Cultura Espírita do Brasil(ICEB), sendo ainda membro daantiga Liga Espírita do Brasil. Inte-grou a Comissão Organizadora doI Congresso de Mocidades Espíri-tas do Brasil, em 1948. Conhecidotribuno pelo verbo fluente, foi fun-dador e presidente da AssociaçãoBrasileira de Jornalistas e Escri-tores Espíritas (ABRAJEE, atualABRADE). (Fonte: SEI, de 17/5/03.)

RETORNO À PÁTRIA ESPIRITUAL

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 30

Page 30: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 31269

Realizou-se em Curitiba (PR)a Reunião Ordinária da ComissãoRegional Sul do Conselho Federa-tivo Nacional da FEB, nos dias 2 a4 de maio, com o comparecimentode 63 integrantes das Federativas daRegião: Federação Espírita do Para-ná (21 pessoas), Federação Espíritado Rio Grande do Sul (9), Conse-lho de Unificação, formado pelaUnião das Sociedades Espíritas doEstado do Rio de Janeiro e Federa-ção Espírita do Estado do Rio deJaneiro (11), Federação Espírita Ca-tarinense (8) e União das Socieda-

des Espíritas do Estado de São Pau-lo (14); como convidado, o Pre-sidente da Federação Espírita doEstado de São Paulo. A delegaçãoda FEB compareceu com 13 pes-soas.

Reunião Geral

O Presidente da Federação Es-pírita do Paraná, Maurício RobertoSilva, abriu a Reunião Geral às20 horas da sexta-feira, dia 2, e apósa prece fez a sua saudação de boas--vindas aos confrades visitantes, pas-

sando em seguida a direção dos tra-balhos ao Coordenador das Comis-sões Regionais, o qual justificou aausência do Presidente da FEB,Nestor João Masotti, que estava naEuropa em atividade como Secre-tário-Geral do Conselho Espíri-ta Internacional; prestou esclareci-mentos sobre a Pauta da Reunião eseu desenvolvimento; nomeou oscomponentes da delegação da FEBe convidou os Dirigentes das Fe-derativas a apresentarem os mem-bros de suas equipes.

Foi projetado e minuciosamen-te comentado, por Na-poleão de Araújo, osite da FEP feparaná.com.br – [email protected]; em seguida,o grupo de jovens apre-sentou o site da Juven-tude.

A Reunião Geralfoi interrompida, tendoinício as reuniões seto-riais: dos Dirigentes e

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS

Reunião da Comissão Regional Sul

Abertura da Reunião Geral: Formação da Mesa – Coordenador, Secretário, e Dirigentes das Federativas

Participantes da Reunião Geral na sessão de abertura

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 31

Page 31: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

32 Reformador/Julho 2003270

das Áreas específicas– Atividade Mediú-nica, ComunicaçãoSocial Espírita, Es-tudo Sistematizadoda Doutrina Espíri-ta, Infância e Juven-tude, Serviço de As-sistência e Promo-ção Social Espírita eAtendimento Espiritual no CentroEspírita, esta última, desdobrada daAtividade Mediúnica.

Reunião dos Dirigentes

Participantes: pela FEB – Alti-vo Ferreira (Coordenador), AyltonGuido Coimbra Paiva (Secretário)e Antonio Cesar Perri de Carvalho(Assessor); pelas Federativas Es-taduais, os seguintes Dirigentes:Paraná, Maurício Roberto Silva(FEP); Rio Grande do Sul, Jasonde Camargo (FERGS); Rio de Ja-neiro, Gerson Simões Monteiro(USEERJ) e Hélio Ribeiro Lourei-ro (FEERJ); Santa Catarina, DarciRamos Lopes (FEC); São Paulo,Attílio Campanini (USE); todosacompanhados de assessores. Comoconvidado, o Presidente da FEESP,Avildo Fioravanti.

A primeira atividade foi a ex-posição, por Antonio Cesar Perri deCarvalho, sobre o trabalho de Ca-pacitação Administrativa dos Diri-gentes Espíritas e seu desdobramen-to através do curso de CapacitaçãoAdministrativa para Gestão de Ca-sas Espíritas.

Os trabalhos tiveram prosse-guimento na manhã de sábado. Aoiniciá-los, com uma prece, o Coor-denador manifestou o regozijo daFEB pela presença da Federação Es-pírita do Estado de São Paulo, fato

auspicioso que abre a oportunidadede entendimentos para a união efortalecimento do Movimento Es-pírita do Estado de São Paulo. Pro-nunciou-se no mesmo sentido oPresidente da USE, secundado pe-las demais Federativas.

O primeiro assunto da Reu-nião – “Recursos para a manuten-ção das atividades espíritas” – ense-jou o relato das experiências vividaspelas Entidades Estaduais com aeditoração, distribuição e venda dolivro espírita – base de sustentaçãodoutrinária e econômico-finaneirado trabalho federativo no Movi-mento Espírita; foram abordadasquestões relativas à qualidade dou-trinária do livro espírita e à ética nasua comercialização, assim como aimportância do marketing na suadivulgação. O Coordenador disseque a FEB esta consciente da suaresponsabilidade na difusão do livroespírita e que dará todo apoio às Fe-derativas, a fim de que o livro estejaao alcance do Centro Espírita e seusfreqüentadores em todo o territórionacional; informou, ainda, que aFEB terá um estande na XI BienalInternacional do Livro, no Rio deJaneiro, de 15 a 25 de maio, opor-tunidade em que apresentará, emedição especial, a coleção A Vida noMundo Espiritual, formada por 13livros do Espírito André Luiz, psi-cografados por Francisco Cândido

Xavier, quando Nosso Lar estarácompletando 1,5 milhão de exem-plares por ela editados.

O assunto seguinte, decorren-te da exposição da véspera, tratoudo curso de Capacitação Adminis-trativa para Gestão de Casas Espíri-tas, sendo a Região dividida emdois pólos, para efeito de prepara-ção de multiplicadores que irãoministrá-lo: Pólo Rio de Janei-ro/São Paulo (curso nos dias 20--21/9/03, em São Paulo) e Pólo Pa-raná/Rio Grande do Sul/Santa Ca-tarina (curso nos dias 4-5/10/03,em Florianópolis).

A próxima Reunião será reali-zada em Niterói (RJ), no períodode 30/abril a 2/maio/04, com abor-dagem dos seguintes assuntos:“1. Critérios para o trabalho con-junto das Federativas no campo dadivulgação do livro espírita (edi-toração, distribuição e vendas);2. Política de participação nas ativi-dades comunitárias (Órgãos, Co-missões, Conselhos e outros.)”.

Sessão Plenária

A Reunião Geral foi reiniciadana manhã de domingo (dia 4), coma exibição do vídeo sobre as come-morações do Centenário da Federa-ção Espírita do Paraná. Em seqüên-cia, fez-se o relato do trabalho rea-lizado nas reuniões setoriais:

Sessão Plenária: Apresentação dos relatórios das reuniões setoriais

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 32

Page 32: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 33271

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura, com o apoio deEdna Maria Fabro. Assuntos dareunião: “1. Avaliação das orienta-ções espirituais: critérios em relaçãoà mensagem, ao médium, ao comu-nicante, à cultura, à lógica, etc.; 2.Os desafios enfrentados pelo tare-feiro nas atividades mediúnicas:conflitos pessoais; conflitos grupais;distúrbios do caráter e do compor-tamento; assédio espiritual e ob-sessão.” Assunto para a próxi-ma reunião: “A reunião mediúnica:1. tipos; 2. organização; 3. funciona-mento.”

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MerhySeba. Assunto da reunião: “Planeja-mento da Comunicação Social Es-pírita: aspectos filosóficos, operacio-nais e avaliativos.” Assunto para apróxima reunião: “ComunicaçãoSocial Espírita pela TV.”

Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, coordenadapor Maria Túlia Bertoni, com oapoio de Elzio Antonio Cornélio.Assuntos da reunião: “a) Exame daproposta para o II Encontro Nacio-nal de Coordenadores de ESDE;b) Censo de 2003.” Assuntos paraa próxima reunião: “1. Resultado doII Encontro Nacional de Coor-denadores de ESDE (Avaliação);2. Estudo do Manual de Organiza-ção e Funcionamento do ESDE.”

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com o apoio de Miriam LúciaDusi. Assunto da reunião: “Comosensibilizar e motivar os trabalhado-res do DIJ para atuarem comoequipe no âmbito federativo: a) Re-de de comunicação; b) Técnicas desensibilização; c) Organização e fun-

cionamento; d) Formação de lide-ranças.” Assunto para a próximareunião: “Avaliação do processo deEvangelização no Estado: a) Defini-ção dos indicadores; b) Elaboraçãode instrumentos; c) Aplicação dosinstrumentos; d) Análise dos Re-sultados.”

Área do Serviço de Assistênciae Promoção Social Espírita, coor-denada por Maria de Lourdes Perei-ra de Oliveira, com o apoio de Tos-sie Yamashita. Assuntos da reunião:“1. O SAPSE e a organização emrede: a interação do SAPSE e os de-mais setores da Casa Espírita; a in-teração do SAPSE e o Terceiro Se-tor; a interação do SAPSE e osórgãos públicos; 2. Avaliação da im-portância do Manual de Apoio doSAPSE no Movimento Espírita doEstado.” Assuntos para a próximareunião: “1. Formação de Banco deDados sobre a legislação do Tercei-ro Setor, adequado às Casas Es-píritas; 2. Produzir documentos deorientação para o SAPSE, sobre ela-boração de projetos sociais, incluin-do etapas para implantação de tra-balho de rede.”

Área do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, coordena-da por Umberto Ferreira. Assuntosda reunião: “1. Análise da Reuniãode Assistência Espiritual – Item IVde Orientação ao Centro Espírita;2. Análise do Culto do Evangelhono Lar – Item XI de Orientação aoCentro Espírita.”

Reunião dos Dirigentes: O re-lato sobre os principais assuntos tra-tados nesta reunião foram feitos pe-lo Secretário Aylton Guido Coim-bra Paiva.

Ao final dos trabalhos, os Diri-gentes das Federativas, apresentan-do suas despedidas, manifestaram--se com palavras de agradecimentoe louvor à Federação Espírita do Pa-raná, pela carinhosa acolhida e pri-morosa organização do evento. OCoordenador ressaltou o avançoqualitativo da Reunião e apresentouos agradecimentos da FEB, em no-me de seus companheiros de dele-gação. A prece de encerramento foiproferida por Hélio Ribeiro Lourei-ro, Presidente da FEERJ, anfitriã dapróxima reunião.

Atribuições das Comissões RegionaisAs Comissões Regionais do Conselho Federativo Nacional da FEB

têm as seguintes atribuições:a) Coordenar e promover com as Entidades Estaduais de Unifi-

cação do Movimento Espírita, observados os norteamentos do Con-selho Federativo Nacional, as atividades que visem a dotar as Insti-tuições Espíritas dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento desuas atividades doutrinárias e assistenciais;

b) analisar temas indicados pelo Conselho Federativo Nacional.

Fonte: Regimento Interno das Comissões Regionais, item II da Resolução do CFN,de 2/11/1995, in Orientação ao Centro Espírita, p. 100.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 33

Page 33: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 200327234

Acapital sueca Estocol-mo sediou a 6a Reu-nião da Coordena-

doria de Apoio do Movi-mento Espírita da Europa,do Conselho Espírita In-ternacional (CEI), nos dias9,10 e 11 de maio de 2003,nas dependências do localde eventos Skärholmens Ser-vice Hus Aulan.

A Reunião foi dirigidapor Victor Féria (de Portu-gal), e contou com a parti-cipação de Nestor João Masotti(Secretário-Geral do CEI e Presi-dente da FEB), Roger Perez (1o Se-cretário e Coordenador da Coorde-nadoria da Europa), VanderleiMarques (1o Tesoureiro), Juan An-tonio Durante (2o Tesoureiro),Charles Kempf (Secretário da Coor-denadoria da Europa) e AntonioCesar Perri de Carvalho (Assessor deComunicação da Comissão Execu-tiva do CEI). Compareceram novepaíses formalmente integrados aoCEI e alguns observadores, totali-zando 14 países europeus.

O Secretário-Geral do CEI es-clareceu que neste ano a ReuniãoGeral do CEI está sendo substituí-da pelas Reuniões das Coordenado-rias da Europa, da América do Nor-te, da América do Sul e da AméricaCentral e Caribe.

Os representantes dos paísespresentes apresentaram substan-ciosos relatos sobre suas atividades.O representante da Estônia, August

Kilk, pela primeira vez participan-do de evento do CEI, fez rápidaapresentação de uma lição de ensi-no de Esperanto. Os Departamen-tos da Coordenadoria de Apoio doMovimento Espírita da Europa re-lataram suas atividades: Preparaçãode Trabalhadores Espíritas; LivroEspírita; Esperanto; Integração dospaíses europeus; Arquivos históri-cos; Pesquisas históricas; Eventos epromoções. Foi exibida a páginaeletrônica do CEI-Europa: www.isc-europe.org.

As informações sobre as pri-meiras Reuniões programadas paraas Coordenadorias de Apoio doMovimento Espírita foram apresen-tadas por Vanderlei Marques e JuanAntonio Durante, respectivamente,da América do Norte e da Américado Sul.

As informações sobre o 4o

Congresso Espírita Mundial foramprestadas pelos representantes dasentidades promotoras CEI e USFF.

O evento programado para Paris,nos dias 2 a 4 de outubro de 2004,comemorará o segundo centenáriodo nascimento do Codificador, ten-do como tema central: Allan Kardec– O edificador de uma nova erapara a regeneração da Humanida-de e subtemas sobre os aspectosuniversais do Espiritismo: científi-co, filosófico, religioso, moral, éti-co, espiritual, educacional, culturale social. O Congresso ocorrerá nasede da Maison de la Mutualité(24, rue Saint-Victor, Quartier La-tin). Página eletrônica do Congres-so: www.spiritisme.org.

No encerramento da Reuniãodo CEI, Divaldo Pereira Franco de-senvolveu o Seminário Preparaçãodos dirigentes espíritas, abordandoos temas: liderança espírita e passe.

A próxima Reunião do CEI--Coordenadoria de Apoio do Mo-vimento Espírita da Europa foi pro-gramada para o mês de março de2004, na cidade de Paris.

Reunião da Coordenadoria da Europa na Suécia

Seminário com Divaldo Pereira Franco, vendo-se o Secretário-Geral do CEI e os representantes dos países europeus

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 34

Page 34: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 35273

OEspiritismo, ou Doutrina Es-pírita, é muito difundido noBrasil: seus adeptos são da or-

dem de alguns milhões de pessoasnum país com cerca de 170 mi-lhões de habitantes.

Provavelmente, a causa princi-pal de sua aceitação em todas as ca-madas sociais se deve a um traço es-pecial do povo brasileiro, natural-mente afeiçoado aos assuntos do es-

pírito e da vida de além-túmulo.Mas o motivo concreto de seu cons-tante crescimento e prestígio noBrasil pode ser visto na ação con-junta de um homem extraordinárioe de uma organização já centenária:o médium, mundialmente conhe-cido, Francisco Cândido Xavier(1910-2002) e a Federação Espíri-ta Brasileira (1884), sendo o resul-tado dessa ação conjunta a edição

de livros e uma prática séria, cons-cienciosa, da Doutrina Espírita.

Atualmente, a Federação ofere-ce a um numeroso público-leitorcerca de 420 títulos (de uma únicaeditora espírita!). Uns poucos emespanhol, francês e inglês, 35 emEsperanto e 40 para a infância. En-tre os mais vendidos estão as obrasfundamentais do Codificador doEspiritismo, o francês Allan Kardec(1804-1869) – pseudônimo do pe-dagogo Hippolyte Léon DenizardRivail, e a maior parte das obrasmediúnicas recebidas psicografica-mente (isto é o próprio Espíritomove a mão do médium) por Fran-cisco Cândido Xavier, dentre asquais permanecem absoluto suces-so de venda os livros do EspíritoAndré Luiz (por exemplo NossoLar, já traduzido para o Esperanto),cujo tema é a descrição da vida deEspíritos que habitam uma colôniaespiritual com o mesmo nome.

A amplitude do termo “espiri-tismo” não é abrangida nos estrei-tos limites de algumas definições,como por exemplo a que se encon-tra no Plena Ilustrita Vortaro deEsperanto (Dicionário CompletoIlustrado de Esperanto): “Doutrinaque afirma a possibilidade de se en-trar em relação, por meio de mé-diuns, com os Espíritos ou seres domundo invisível.” Tal definição fo-

A FEB E O ESPERANTO

Espiritismo apresentado àJuventude Esperantista Mundial

Affonso Soares

O texto que abaixo transcrevemos, em tradução do Esperanto, foipublicado na revista Kontakto (n

o191 – maio/ /2002) e é da autoria

de nosso confrade Affonso Soares que o produziu a pedido da Reda-ção do referido periódico.

Kontakto é uma revista destinada aos jovens que se iniciam noEsperanto e no Esperantismo, e sua edição, em 6 números anuais, épatrocinada em conjunto pela Tutmonda Esperantista Junulara Orga-nizo – TEJO (Organização Mundial da Juventude Esperantista) e pelaUniversala Esperanto-Asocio – UEA (Associação Universal de Espe-ranto).

Esse número da revista tratou exclusivamente de religiões e cren-ças e recebeu a contribuição de 19 autores de 16 países, apresentan-do um sugestivo mosaico do pensamento religioso disseminado pe-lo mundo.

Eis o artigo, vertido para o português pelo próprio autor:

Espiritismo: uma das crenças mais populares no Brasil

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 35

Page 35: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

36 Reformador/Julho 2003274

caliza apenas um dos seus princí-pios fundamentais, isto é, a possibi-lidade de que as almas humanas po-dem, após a morte, comunicar-secom o mundo dos seres corpóreos.Ao estudo do princípio acima men-cionado dedicaram-se, confirman-do sua veracidade, eminentes vultosdos círculos científicos, como, porexemplo, William Crookes (1832--1919), físico e químico inglês que,entre outros feitos, descobriu o es-tado radiante da matéria e o ele-mento químico tálio; Alfred RusselWallace (1823-1913), filósofo e na-turalista inglês, um dos fundadoresda geografia zoológica e da doutri-na sobre a seleção natural; os astrô-nomos Johann Karl Friedrich Zoll-ner (1834-1882), da Alemanha, eNicolas Camille Flammarion(1842-1925), da França; o crimi-nalista italiano Cesare Lombroso(1836-1909), e muitos outros. Des-sa fonte vieram as revelações dosEspíritos que formam a base dacrença espírita.

Os outros princípios são os se-guintes: existência de Deus; existên-cia da alma, que antecede e sobre-vive ao corpo; comunicação entre asalmas desencarnadas (Espíritos) e asencarnadas (homens); intervençãodos Espíritos no mundo corporal,do que resulta a manifestação dosfenômenos espíritas; pluralidade dasexistências corpóreas, ou princípioda reencarnação; pluralidade dosmundos habitados; sanção moralpara todas as ações da alma, nomundo corporal e no mundo espi-ritual; progresso incessante (intelec-tual e moral) da alma até atingir aperfeição.

De acordo com a definição deAllan Kardec em sua obra de pro-paganda O que é o Espiritismo, já

respondendo à interrogação do tí-tulo, o Espiritismo é “não somenteuma ciência de observação, mastambém uma doutrina filosófica”.Como ciência prática, ele se baseianas relações que se podem estabele-cer com os Espíritos; como filo-sofia, compreende todas as conse-qüências morais dessas relações. Esão justamente tais conseqüênciasmorais que conduzem o adepto àprática das puras doutrinas deJesus-Cristo, resumidas na senten-ça “como quereis que os homensvos façam, assim fazei-o vós tam-bém a eles” (Lucas, 6:31), bem co-mo a sinceros esforços pela própriatransformação moral, por sua rege-neração, e pela vitória sobre suas in-clinações infelizes.

Por essa razão, as atividades dosespíritas não objetivam exclusiva-mente a comunicação com os seresdo mundo invisível, seja para seconsolarem junto aos mortos queri-dos, seja para a própria edificaçãopor meio dos ensinos dos Espíritossuperiores, seja para um auxílio fra-terno, caridoso aos Espíritos sofre-dores. Suas atividades também ob-jetivam, sempre sob a inspiração dapura moral cristã, a beneficência pormeio de iniciativas assistenciais em

favor dos pobres, dos órfãos, dosdoentes, dos encarcerados – numapalavra, dos carentes de toda sorteque sofrem na carne ou na alma.

É também por um íntimo vín-culo entre os princípios morais doEspiritismo e a idéia interna do Es-perantismo que o Movimento Es-pírita no Brasil, desde 1909, apóia,difunde e utiliza o Esperanto. Sen-do sua principal divisa Trabalho,Solidariedade, Tolerância, o Espi-ritismo não desdenha, não conde-na, nem ataca nenhuma outra cren-ça, em todas identificando cami-nhos (desde que sinceramente pra-ticadas) para o estabelecimento doamor, da fraternidade e da justiçano mundo, como sonhou Zame-nhof em seu admirável Homaranis-mo.

Se o leitor deseja conhecer oEspiritismo sobre uma base séria,deve ler as obras fundamentais, asaber, O Livro dos Espíritos, O Li-vro dos Médiuns, O Evangelho se-gundo o Espiritismo, O Céu e o In-ferno e A Gênese, que podem serencomendadas na Associação Uni-versal de Esperanto www.uea.org [email protected], ou na FederaçãoEspírita Brasileira www.febrasil.org.br e [email protected].

Trova do AlémNão zombes se vês caídoO coração de quem ama.Brilhante não perde o preçoAbandonado na lama.

Ne primoku la falintonPro l’inklinoj de la kor’.Brilianto en la kotoNe /esas esti trezor’.

Sabino Batista

Fonte: Trovas do Outro Mundo, psicografia de F. C. Xavier, 3. ed., Rio de Janeiro: FEB,1992, p. 11.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 36

Page 36: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 37275

Esta questão nos foi dirigida porum de nossos correspondentese a ela respondemos por meio

de outra pergunta: Seria bom publi-car tudo quanto dizem e pensam oshomens? Quem quer que possuauma noção do Espiritismo, por su-perficial que seja, sabe que o mun-do invisível é composto de todos osque deixaram na Terra o envoltóriovisível. Entretanto, pelo fato de sehaverem despojado do homem car-nal, nem por isso os Espíritos se re-vestiram da túnica dos anjos. En-contramo-los de todos os graus deconhecimento e de ignorância, demoralidade e de imoralidade; eis oque não devemos perder de vista.Não esqueçamos que entre os Espí-ritos, assim como na Terra, há sereslevianos, estouvados e zombeteiros;pseudo-sábios, vãos e orgulhosos,de um saber incompleto; hipócritas,malvados e, o que nos pareceriainexplicável, se de algum modo nãoconhecêssemos a fisiologia dessemundo, existem os sensuais, os ig-nóbeis e os devassos, que se arras-tam na lama. Ao lado disto, tal co-mo ocorre na Terra, temos seresbons, humanos, benevolentes, es-clarecidos, de sublimes virtudes; co-

mo, porém, nosso mundo não seencontra nem na primeira, nem naúltima posição, embora mais vizi-nho da última que da primeira, re-sulta que o mundo dos Espíritoscompreende seres mais avançadosintelectual e moralmente que osnossos homens mais esclarecidos, eoutros que ainda estão abaixo doshomens mais inferiores.

Desde que esses seres têm ummeio patente de comunicar-se comos homens, de exprimir os pensa-mentos por sinais inteligíveis, suascomunicações devem ser o reflexode seus sentimentos, de suas quali-dades ou de seus vícios. Serão levia-nas, triviais, grosseiras, mesmo obs-cenas, sábias, sensatas e sublimes,conforme seu caráter e sua elevação.Revelam-se por sua própria lingua-gem; daí a necessidade de não acei-tar cegamente tudo quanto vem domundo oculto, e submetê-lo a umcontrole severo. Com as comunica-ções de certos Espíritos, do mesmomodo que com os discursos de cer-tos homens, poderíamos fazer umacoletânea muito pouco edificante.Temos sob os olhos uma pequenaobra inglesa, publicada na América,que é a prova disto, e cuja leitura –podemos dizer – uma mãe não re-comendaria à filha. Eis a razão porque não a recomendamos aos nos-sos leitores. Há pessoas que achamisso engraçado e divertido. Que se

deliciem na intimidade, mas que oguardem para si mesmas. O que éainda menos concebível é se van-gloriarem de obter comunicaçõesindecorosas; é sempre indício desimpatias que não podem ser moti-vo de vaidade, sobretudo quandoessas comunicações são espontânease persistentes, como acontece a cer-tas pessoas. Sem dúvida isto nadaprejulga em relação à sua moralida-de atual porquanto encontramoscriaturas atormentadas por esse gê-nero de obsessão, ao qual de modoalgum se pode prestar o seu caráter.Entretanto, este efeito deve ter umacausa, como todos os efeitos; se nãoa encontramos na existência presen-te, devemos buscá-la numa vida an-terior. Se não estiver em nós, estaráfora de nós, mas sempre nos acha-mos nessa situação por algum mo-tivo, ainda que seja pela fraqueza decaráter. Conhecida a causa, depen-de de nós fazê-la cessar.

Ao lado dessas comunicaçõesfrancamente más, e que chocamqualquer ouvido delicado, outras háque são simplesmente triviais ouridículas. Haverá inconvenientesem publicá-las? Se forem dadas pe-lo que valem, serão apenas impró-prias; se o forem como estudo dogênero, com as devidas precauções,os comentários e os corretivos ne-cessários, poderão mesmo ser ins-trutivas, naquilo que contribuírem

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

Deve-se publicar tudo quanto dizem os Espíritos?

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 37

Page 37: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

38 Reformador/Julho 2003276

para tornar conhecido o mundo es-pírita em todos os seus aspectos.Com prudência e habilidade tudopode ser dito; o mal é dar como sé-rias coisas que chocam o bom sen-so, a razão e as conveniências. Nes-te caso, o perigo é maior do que sepensa. Em primeiro lugar, essas pu-blicações têm o inconveniente deinduzir ao erro as pessoas que nãoestão em condições de aprofundá--las nem de discernir o verdadeirodo falso, especialmente numa ques-tão tão nova como o Espiritismo.Em segundo lugar, são armas forne-cidas aos adversários, que não per-dem tempo em tirar desse fato ar-gumentos contra a alta moralidadedo ensino espírita; porque, insisti-mos, o mal está em considerar co-mo sérias coisas que constituem no-tórios absurdos. Alguns mesmospodem ver uma profanação no pa-pel ridículo que emprestamos a cer-tas personagens justamente venera-das, e às quais atribuímos umalinguagem indigna delas. Aquelesque estudaram a fundo a ciência es-pírita sabem como se portar a esserespeito. Sabem que os Espíritos ga-lhofeiros não têm o menor escrúpu-lo de se adornarem de nomes res-peitáveis; mas sabem também queesses Espíritos não abusam senãodaqueles que gostam de se deixarabusar, e que não sabem ou nãoquerem desmascarar as suas astúciaspelos meios de controle que co-nhecemos. O público, que ignoraisso, vê apenas um absurdo ofereci-do seriamente à sua admiração, oque faz com que diga: Se todos osespíritas são assim, merecem o epí-teto com que foram agraciados.Sem sombra de dúvida, esse julga-mento não pode ser levado em con-sideração; vós os acusais com justa

razão de leviandade. Dizei a eles:Estudai o assunto e não examineisapenas uma face da moeda. Entre-tanto, há tantas pessoas que julgama priori, sem se darem ao trabalhode virar a folha, sobretudo quandofalta boa vontade, que é necessárioevitar tudo quanto possa dar moti-vos a decisões precipitadas, por-quanto, se à má vontade vier jun-tar-se a malevolência, o que é muitocomum, ficarão encantadas de en-contrar o que criticar.

Mais tarde, quando o Espiritis-mo estiver mais vulgarizado, maisconhecido e compreendido pelasmassas essas publicações não terãomaior influência do que hoje teriaum livro que encerrasse heresiascientíficas. Até lá, nunca seria dema-siada a circunspecção, visto havercomunicações que podem prejudi-car essencialmente a causa que que-rem defender, em intensidade supe-rior aos ataques grosseiros e àsinjúrias de certos adversários; se al-

gumas fossem feitas com tal objeti-vo, não alcançariam melhor êxito.O erro de certos autores é escreversobre um assunto antes de tê-loaprofundado suficientemente, dan-do lugar, desse modo, a uma críticafundamentada. Queixam-se do jul-gamento temerário de seus antago-nistas, sem se darem conta de quemuitas vezes são eles mesmos queexibem uma falha na couraça. Aliás,malgrado todas as precauções, seriapresunção julgarem-se ao abrigo detoda crítica: primeiro, porque é im-possível contentar a todo o mundo;em segundo lugar, porque há pes-soas que riem de tudo, mesmo dascoisas mais sérias, uns por seu esta-do, outros por seu caráter. Riemmuito da religião, de sorte que nãoé de admirar que riam dos Espíritos,que não conhecem. Se pelo menossuas brincadeiras fossem espirituo-sas, haveria compensação. Infeliz-mente, em geral não brilham nempela finura nem pelo bom gosto,nem pela urbanidade e muito me-nos pela lógica. Façamos, então, oque de melhor estiver ao nosso al-cance. Pondo de nosso lado a razãoe as conveniências, poremos de ladotambém os trocistas.

Essas considerações serão facil-mente compreendidas por todos.Há, porém, uma não menos im-portante, que diz respeito à próprianatureza das comunicações espíri-tas, e que não devemos omitir: OsEspíritos vão aonde acham simpa-tia e onde sabem que serão ouvidos.As comunicações grosseiras e incon-venientes, ou simplesmente falsas,absurdas e ridículas, não podememanar senão de Espíritos inferio-res: o simples bom senso o indica.Esses Espíritos fazem o que fazemos homens que são ouvidos com-

O erro de certos

autores é escrever

sobre um assunto

antes de tê-lo

aprofundado

suficientemente,

dando lugar, desse

modo, a uma crítica

fundamentada

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 38

Page 38: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 39277

placentemente: ligam-se àqueles queadmiram as suas tolices e, freqüen-temente, se apoderam deles e os do-minam a ponto de os fascinar esubjugar. A importância que, pelapublicidade, é concedida às suas co-municações, os atrai, excita e enco-raja. O único e verdadeiro meio deos afastar é provar-lhes que não nosdeixamos enganar, rejeitando im-piedosamente, como apócrifo e sus-peito, tudo aquilo que não for ra-cional, tudo que desmentir a supe-rioridade que se atribui ao Espíritoque se manifesta e de cujo nome elese reveste. Quando, então, vê queperde o seu tempo, afasta-se.

Acreditamos ter respondido su-ficientemente à pergunta do nossocorrespondente sobre a conveniênciae a oportunidade de certas publica-ções espíritas. Publicar sem exame,ou sem correção, tudo quanto vemdessa fonte seria, em nossa opinião,dar prova de pouco discernimento.Tal é, pelo menos, a nossa opiniãopessoal, que submetemos à aprecia-ção daqueles que, estando desinteres-sados pela questão, podem julgarcom imparcialidade, pondo de ladoqualquer consideração individual.Como todo mundo, temos o direitode externar a nossa maneira de pen-sar sobre a ciência que constitui o ob-jeto de nossos estudos, e de tratá-la ànossa maneira, sem pretender impornossas idéias a quem quer que seja,nem apresentá-las como leis. Os quepartilham a nossa maneira de ver éporque crêem, como nós, estar coma verdade. O futuro mostrará quemestá errado ou quem tem razão.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita),novembro, 1859. Tradução de EvandroNoleto Bezerra.

Oque se deve observar no Es-piritismo é a moral cristã.Desde séculos houve muitas

religiões, diversos cismas e nu-merosas pretensas verdades. E tudoquanto foi erguido fora do Cris-tianismo caiu, porque o EspíritoSanto não o animava. O Cristo re-sume o que a moral mais pura emais divina ensina ao homem, notocante a seus deveres, nesta vida ena outra. A Antigüidade, no quetem de mais sublime, é pobrediante dessa moral tão rica e tãofértil. A auréola de Platão empa-lidece ante a do Cristo e a taça deSócrates é muito pequena peranteo imenso cálice do Filho do Ho-mem. És tu, ó Sesóstris! déspota dopoderoso Egito, que te podes me-dir, do alto de tuas pirâmides co-lossais, com o Cristo numa manje-doura? És tu, Solon? És tu, Licur-

go, cuja bárbara lei condenava ascrianças mal formadas, que vospodeis comparar Àquele que disseface a face com o orgulho: “Deixaivir a mim as criancinhas”? Soisvós, pontífices sagrados do piedosoNuma, cuja moral exigia a morteviva das vestais culpadas, que vospodeis comparar Àquele que disseà mulher adúltera: “Levanta-te,mulher, e não peques mais”? Não,não mais com esses mistérios tene-brosos que praticais, ó sacerdotesantigos! Não mais com esses mis-térios cristãos que são a base destareligião sublime, que se chamaCristianismo. Diante dEle todosvos inclinais, legisladores e sacer-dotes humanos; inclinai-vos, por-quanto foi o próprio Deus quemfalou pela boca desse ser privilegia-do que se chama Cristo.

Lamennais

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita)– novembro de 1860. (Tradução de Evan-dro Noleto Bezerra.)

O CristianismoMédium Sr. Didier Filho

REFORMADOR no Centro EspíritaA FEB faz, mensalmente, remessa gratuita de Reformador aos Cen-

tros Espíritas de todo o Brasil, que estejam ou não ligados às respec-tivas Entidades Federativas estaduais, com base no cadastro que pos-sui.

Para que essa oferta atinja seus objetivos de divulgação da Doutri-na e do Movimento Espírita, solicitamos aos dirigentes dos CentrosEspíritas que façam campanha de assinatura de Reformador junto aosseus trabalhadores.

Pedimos às Federativas que nos informem se as Casas Espíritas doEstado estão recebendo a Revista, assim como os nomes e endereçosdas novas instituições.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 39

Page 39: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

40 Reformador/Julho 2003278

“Transformai-vos pela renovação do vosso en-tendimento.”

Paulo (Romanos, 12:2).

Aproximamo-nos da realização do II EncontroNacional de Coordenadores de ESDE, marcadopara os próximos dias 25, 26 e 27 de julho. As

Federativas Estaduais se preparam para enviar os seusrepresentantes a Brasília, em previsível expectativa pe-lo êxito desse evento, ante a sua importância dentrodo processo de Unificação do Movimento Espírita.

Temos examinado, nas páginas de Reformador,desde março do corrente, todos os pontos relaciona-dos com o anteprojeto do programa do Encontro emreferência, anteprojeto esse que vem sendo estudadono âmbito das reuniões das Comissões Regionais aolongo deste ano. Resta-nos agora apresentar o referi-do programa em sua feição definitiva, convidando atodos os companheiros responsáveis pela implan-tação, organização e manutenção do ESDE em seusrespectivos Estados não apenas a participarem desseII Encontro, mas, principalmente, a unir esforçoscom a FEB no sentido da permanente dinamizaçãoda Campanha do Estudo Sistematizado da DoutrinaEspírita.

Isto posto, transcrevemos, a seguir, o programado II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE:

1. Identificação:

Promoção: Federação Espírita BrasileiraDestinatários: Coordenadores e monitores do

ESDEData: 25, 26 e 27 de julho de 2003Horário: Sexta-feira � Das 19h às 22h

Sábado � Das 8h30 às 22hDomingo � Das 8h30 às 12h

Local: Sede da FEB, em Brasília-DFNo de Vagas: 4 (quatro) por Estado

2. Objetivos:

2.1 Objetivo Geral: Reunir os Coordenadores doscursos de Estudo Sistematizado da DoutrinaEspírita (ESDE) de todos os Estados do Brasilpara troca de experiências e conseqüente aper-feiçoamento do trabalho.

2.2 Objetivos Específicosa) Apontar problemas e propor soluções pa-

ra o bom funcionamento do ESDE;b) Avaliar a atual situação da Campanha do

ESDE;c) Trocar experiências sobre a implantação, a

manutenção e o acompanhamento daCampanha do ESDE;

d) Propor ações para dinamização da Cam-panha do ESDE;

e) Comemorar os 20 anos do lançamentoda Campanha do ESDE em nível nacio-nal.

3. Eixo Temático : “Transformai-vos pela renova-ção do vosso entendimento.” Paulo (Romanos, 12:2).

4. Conteúdo:

4.1 ESDE: Objetivo.Histórico.

4.2 ESDE: Visão panorâmica da Campanha doESDE no Brasil.

4.3 ESDE: Análise de problemas e levantamentode soluções alternativas para o bom

II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE

– IV – José Carlos da Silva Silveira

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 40

Page 40: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

Reformador/Julho 2003 41279

funcionamento do ESDE, consideran-do os seguintes aspectos:

4.3.1 Distanciamento do objetivo.4.3.2 Normas de Organização e Funcionamen-

to inadequadas.4.3.3 Dificuldades na utilização e aplicação dos

programas de estudo.4.3.4 Utilização inadequada de técnicas e recur-

sos didáticos.4.3.5 Rotatividade de coordenadores com des-

continuidade do trabalho.4.3.6 Evasão dos participantes.4.3.7 Obstáculos à ação federativa.

4.4 Como organizar cursos de capacitação do coor-denador/monitor do ESDE (Seminário):

4.4.1 Caracterização da população-alvo.4.4.2 Definição de conteúdos para os cursos,

considerando as características dessa po-pulação-alvo.

4.4.3 Modalidades de cursos (preparação e aperfeiçoamento a curto e médio prazos).

4.4.4 Critérios para seleção de expositores e debibliografia para esses cursos.

4.5 Avaliação

4.5.1 Avaliação como instrumento para toma-da de decisões.

4.5.2 Avaliação dos objetivos, metas e estraté-gias.

4.5.3 Avaliação dos resultados.4.5.4 Sugestões de instrumentos de avaliação.

4.6 Dinamização da Campanha do ESDE (Sim-pósio):

4.6.1 Definição de metas.4.6.2 Previsão de ações.

4.7 Relatos de experiências.

5. Desenvolvimento Metodológico:

O Encontro será desenvolvido, utilizando-se ex-

posições dialogadas, seminários, simpósio, trabalhoem grupo, exposição dos materiais alusivos à Campa-nha, elaborados pelos Estados, e plenárias. Esse pro-cedimento garantirá o clima de participação, a trocade experiências e a construção coletiva de metas.

6. Recursos e Materiais Instrucionais:

Serão utilizados variados recursos visuais (data-show, painéis, retroprojetor, vídeo, etc.) e textos deapoio fotocopiados.

7. Avaliação:

Imediata > será realizada por meio de questioná-rio avaliativo e registro etnográfico.

Mediata > será realizada pelo acompanhamentoda execução das metas estabelecidas nas ComissõesRegionais do CFN.

Cirurgias e carma

Há uns trinta anos, aproximadamente, um peque-no grupamento de companheiros, dentre eles

Chico Xavier, comentava problemas relacionados aimperativos cármicos, determinantes de inibiçõessuavizadas ou corrigidas pela medicina moderna.

A questão gravitava em torno do seguinte: co-mo conciliar os recursos da medicina terrestre, es-pecialmente na área da cirurgia, com a correção deanomalias orgânicas em criaturas em processos deresgates cármicos?

Chico explicou:– Não importa que a cirurgia faça desaparecer

anomalias inibidoras ou deformantes de imple-mentos somáticos. O perispírito conservará a defi-ciência, que vai se projetar para reencarnações fu-turas, a não ser que o espírito devedor se reajustecom a Lei da Justiça, cobrindo com o amor a“multidão de pecados”, segundo o Evangelho. A ci-rurgia corrige transitoriamente as deficiências físi-cas. O amor, trabalhando nos tecidos sutis da al-ma, purifica e redime para a Eternidade.

Fonte: Chico Xavier – Mandato de Amor, 4. ed., BeloHorizonte: UEM, 1997, p. 83.

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 41

Page 41: Ano 121 / Julho, 2003 / N - WordPress.com...Revista de Espiritismo Cristão Ano 121 / Julho, 2003 / No 2.092 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN

42 Reformador/Julho 2003280

Minas Gerais: União Espírita Mineira – 95 anosFundada em 24 de junho de 1908, a União EspíritaMineira acaba de completar, em meio a justas come-morações, 95 anos de profícuas atividades doutriná-rias, sob as bênçãos do Cristo. A Federativa Mineirasurgiu do idealismo de um grupo de valorosos com-panheiros de Belo Horizonte, em reunião de 24/6/1908,tendo como primeiro presidente o grande batalha-dor Antonio Lima. Na oportunidade, foi fundadoO Espírita Mineiro, cujo primeiro número data de2 /8/1908 e permanece como órgão oficial da UEM.

Vitória da Conquista (BA): 50a Semana EspíritaA União Espírita de Vitória da Conquista promoveráno período de 7 a 14 de setembro a sua 50o SemanaEspírita, com o tema – MEDIUNIDADE: Do outrolado da vida. Trata-se de um dos mais importanteseventos espíritas regionais da Bahia. O programa pre-vê uma série de palestras e seminários, a cargo dos ex-positores: Divaldo Pereira Franco (BA), José RaulTeixeira (RJ), Alberto Ribeiro de Almeida (PA), Sue-ly Caldas Schubert (MG), Eduardo Guimarães (RJ),André Luiz Peixinho (BA) e Marcel Mariano (BA).

MEDNESP 2003Realizou-se no período de 18 a 21 de junho no Cen-tro de Convenções Anhembi, em São Paulo (SP), oMEDNESP 2003, constituído pelo IV CongressoNacional da Associação Médico-Espírita do Brasil,com o tema Medicina e Espiritualidade na ObraChico Xavier-Emmanuel, e pelo II Encontro Inter-nacional de Médicos-Espíritas, cujo tema foi Ciênciae Espiritualidade: Complementaridade e integração.O evento contou com a participação dos cientis-tas internacionais Dr. Amit Goswami, Dra. UmaKrishnamurthy, Dr. Peter Ferwich e Dr. Harold G.Koenig, além de renomados expositores espíritas,especialistas nos assuntos abordados. A Abertura doMEDNESP ocorreu na noite de 18, com saudaçãoda Presidente da AME-Brasil, Marlene Nobre,e conferência de Divaldo Pereira Franco, contandocom a presença do Presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti.

Suécia: O Livro dos Espíritos em suecoNa noite de 9 de maio, a União Espírita Sueca reali-zou o lançamento da versão em sueco de O Livro dosEspíritos (Andarnas Bok). A obra, editada pelo Gru-po de Estudos Espíritas Allan Kardec, de Estocolmo,foi traduzida por Maria Aparecida Bergman, NilsHansson e Solveig Nordström. Na oportinidade, Di-valdo Pereira Franco proferiu uma palestra sobre acitada obra de Allan Kardec.

Bolívia: Semana Espírita BolivianaA Federação Espírita Boliviana promoveu em SantaCruz de La Sierra, de 20 a 26 de março, a 2a SemanaEspírita Boliviana, com a presença de espíritas de San-ta Cruz, Cochabamba e Tarija, tendo os seguintes ob-jetivos: a) Divulgação da Doutrina Espírita junto à so-ciedade boliviana; b) Preparar os trabalhadoresespíritas bolivianos; c) Motivar os trabalhadores paraos diferentes serviços no Centro Espírita; d) Unifi-cação do Movimento Espírita boliviano. DivaldoPereira Franco fez conferência pública e seminário,participando, também, como expositor, Públio Carí-sio de Paula, de Araguari (MG).

Casa Espírita centenáriaO Centro Espírita “Caridade de Jesus”, de São Fran-cisco do Sul, Santa Catarina, foi fundado em 21 dejulho de 1895, completando, neste mês, 107 anos deatividade no estudo, prática e divulgação da Doutri-na Espírita. Foram seus fundadores: Joaquim Antoniode S. Thiago, Affonso Apolinário Doin e JoaquimSimplício da Silva.

Simpósio de PsicologiaA Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas promo-veu em São Paulo (SP), em 3l de maio, no Auditóriodo Conselho Regional de Psicologia, o I Simpósio dePsicologia e Responsabilidade Social, tendo como ob-jetivos, “apresentação e debates de projetos que utili-zem a Psicologia como instrumento de responsabili-dade social e que serão apresentados às instituiçõescivis, governamentais e privadas”. Público-alvo: Psicó-logos e Estudantes de Psicologia.

SEARA ESPÍRITA

Reformador Julho 2003.qxd 1/7/2003 13:09 Page 42