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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 121 / Junho, 2003 / No 2.091

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home Page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Antonio Cesar Perride Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oli-veira São Thiago; Secretário – Iaponan Albuquerqueda Silva; Gerente – Amaury Alves da Silva; REFOR-MADOR: Registro de Publicação no 121.P.209/73(DCDP do Departamento de Polícia Federal do Mi-nistério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 –

I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838

Capa: Rebouças & Associados

Tema da Capa: O tema deste mês enfatiza os Direi-tos humanos, focalizados em artigo com esse títu-lo e na questão 880 de O Livro dos Espíritos.

EDITORIAL 4Direito e Dever

ENTREVISTA: JONAS DA COSTA BARBOSA 17Movimento Espírita e Unificação

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Caindo em si – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 31A Gênese, de Allan Kardec, em Esperanto – Affonso Soares

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 32O Grande Educandário – Emmanuel

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS 33Reunião da Comissão Regional Nordeste

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 37Fraudes espíritas – Allan KardecAforismos espíritas e pensamentos avulsos – 38Allan Kardec

SEARA ESPÍRITA 42

Direitos humanos – Juvanir Borges de Souza 5

Direito de viver 7

Tempo, mente e ação – Carlos Torres Pastorino 8O sentimento religioso – Rogério Coelho 10Chico Xavier – Um ano no Mundo Espiritual 11O 13o discípulo – Passos Lírio 12

Inauguração do Mausoléu de Chico Xavier – Yeda Hungria 15

Vamos aderir? – Richard Simonetti 19

Alcoólatras – Honório Armond 20

Das dificuldades do Espiritismo prático – Orson Peter Carrara 22

Bom ânimo – Antônio Rubatino 24

Temos Jesus – Abel Gomes 25

“Sessões Espíritas na Casa Branca” – Inaldo Lacerda Lima 26

Hernani Guimarães Andrade – (Desencarnação) 27

Corpo e Alma – Washington Borges de Souza 28

A que viemos? – Jaqueline S. L. Fonseca 29

Culto doméstico – Casemiro Cunha 30

O homem e a religião (I-II) – Eurípedes Kühl 35

II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE – III – 39

José Carlos da Silva Silveira

Se vires tu alguém... – Hernani T. Sant’Anna 40

Federação Espírita Brasileira – Administração 41

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4 Reformador/Junho 2003202

ADoutrina Espírita nos revela, com maior amplitude, as Leis Morais que regem aexistência do homem, e que emanam do Criador. Aprofundando-se a análise des-sas Leis, evidencia-se o equilíbrio que rege a Natureza, onde encontramos a pre-

sença de direitos e de deveres que se apresentam sempre juntos.Assim, o direito de viver – o primeiro de todos – vem sempre acompanhado do de-

ver de preservar a vida.O direito de ser amado apresenta-se sempre junto com o dever de amar.O direito de ser atendido nas necessidades básicas não se desassocia do dever de aten-

der ao próximo em suas carências.O direito à liberdade de ação – alvo de tantas lutas humanas – vem sempre associa-

do ao dever de assumir a responsabilidade que dela provém.Francisco Cândido Xavier, cujo retorno à Pátria Espiritual completa um ano neste

mês, instado a manifestar-se a respeito do que é certo no comportamento que nos cabeadotar diante da vida, afirmou com inspirada sabedoria assentada nos ensinos do Evan-gelho: “O certo é sempre o dever retamente cumprido.”

Sem dúvida, a Providência Divina prodigaliza ao homem inúmeras oportunidadesde ação, na qual se encontram, perfeitamente integradas, a manifestação de direitos e dedeveres.

Como nos lembrou e exemplificou em sua existência o venerável médium e apósto-lo do Espiritismo cristão, e diante do princípio de solidariedade – implícito em todos osensinos da Boa Nova –, hoje sabemos, junto à nossa própria consciência, que usufruire-mos os direitos que as Leis Divinas nos disponibilizam, na mesma proporção em quecumprirmos os nossos deveres para com Deus, o próximo e tudo o que nos cerca.

Em síntese: todo direito decorre do dever bem cumprido.

EditorialDireito e Dever

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Ohomem, Espírito Eterno, ésujeito de direitos, deveres eobrigações, tanto perante as

leis divinas, ou naturais, quantodiante das leis humanas.

No que concerne às leis divi-nas, imutáveis e justas, incidentessobre todas as criaturas do Univer-so e não somente sobre os habitan-tes do Orbe Terrestre, pouco a pou-co o homem vai tomando conhe-cimento delas, compreendendo-asna medida da própria evolução.

As religiões, as ciências, as ex-periências vividas, a intuição, as re-velações são meios e formas encon-tradas e utilizadas pelo ser humanopara ajustar-se às leis divinas.

Progredir é, em suma, viven-ciar gradativa e plenamente as nor-mas estabelecidas pelo Criador detodas as coisas.

Essas normas têm sempre umdirecionamento imutável, em suaessência: o Bem.

O Amor, a Justiça, a Caridade,a Humildade, a Compreensão, aCompaixão, a Fraternidade, a Tole-rância, todas as denominadas virtu-des reconhecidas como ideais no re-lacionamento dos homens, entre sie com seu Criador, são componen-tes da lei divina.

Todas as criaturas humanas,vale dizer todos os Espíritos habi-

tantes deste Orbe atrasado, de ex-piações e provas, submetidos às leiseternas, entre as quais a do Progres-so, estão em demanda do aperfei-çoamento contínuo, sob a orienta-ção do Governador Espiritual daTerra – o Cristo de Deus.

Já as leis humanas, normas es-tabelecidas pelos próprios homensvisando regular o relacionamentoentre si mesmos, nas mais variadassituações criadas dentro das socie-dades organizadas, é notório queelas refletem as imperfeições doslegisladores.

Desde que o homem percebeua necessidade de estabelecer normasde relacionamento entre os mem-bros do organismo social primitivo,logo notou que havia necessidade

de impô-las através da força, dopoder.

A lei humana pressupõe, pois,um poder que a imponha.

Qualquer que seja esse poder,constituído pelo chefe, rei, impera-dor, ministro, órgão legislativo, exe-cutivo, judiciário ou que denomi-nação tenha, refletirá ela sempre asimperfeições humanas sintetizadasna ignorância, no egoísmo e noorgulho.

Daí a imperfeição da lei huma-na, embora possa ela refletir as aspi-rações mais elevadas no campo dosinteresses coletivos, da ética, da mo-ral, da fraternidade.

...Os denominados direitos hu-

manos, hoje cultivados por todaparte como um ideal comum de to-das as nações, povos e raças, inde-pendentemente de sua forma degoverno, força, representação, etambém pelas individualidades,sem se cogitar de sexo, idade, e con-dição social, foram objeto de umaDeclaração da Assembléia Geral dasNações Unidas, a 10 de dezembrode 1948, três anos após o términoda II Guerra Mundial.

A Declaração dos Direitos Hu-manos, que as Nações Unidas de-nominaram de universal, é um dosdocumentos que honram a Huma-nidade, na sua aspiração de dignifi-car toda a família humana, na bus-ca da liberdade, da justiça, da

Direitos humanosJuvanir Borges de Souza

A Declaração dos

Direitos Humanos,

que as Nações Unidas

denominaram de

universal, é um

dos documentos

que honram

a Humanidade

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fraternidade para todos os seusmembros.

É interessante frisar que essaDeclaração coincide, em diversosde seus artigos e itens, com a Dou-trina Espírita expressa em sua obrabásica – O Livro dos Espíritos – eem seus desdobramentos.

Norma do Direito Internacio-nal, nem por isso prescinde de umorganismo que a faça obedecida portoda a comunidade humana, den-tro daquele pressuposto, já referido,da existência de um poder que aimponha.

As Nações Unidas seriam a for-ça, ou poder de imposição.

Acontece, entretanto, que osdirigentes das nações e os compo-nentes dos organismos internacio-nais, como a ONU, são homensmais ou menos esclarecidos, todoscom suas imperfeições, seus conhe-cimentos e sentimentos que muitasvezes se chocam em divergências in-conciliáveis.

Eis, então, o grande obstáculopara a transformação de um mun-do áspero, atrasado, como o nosso,em um mundo regenerado, comoprevêm os Espíritos Superiores.

Mesmo que já sejam conheci-dos, há séculos, os princípios supe-riores da liberdade, da justiça e dapaz, como ideais para reger os des-tinos de todos, esses ideais encon-tram a oposição da ignorância e doegoísmo de muitos, talvez da maio-ria da população mundial.

Transformar sentimentos infe-riores em idéias e realidades justas esuperiores, em um mundo como aTerra, é obra de paciência e deamor. Felizmente, para todos nós,essa obra extraordinária e bela éconduzida pelo Mestre Incompará-vel, o Cristo, que vai contando com

aqueles que já compreenderam agrandeza do ideal a alcançar.

A Declaração Universal dosDireitos Humanos não foi umaimprovisação. Ao contrário, é ela oúltimo estágio de uma série de as-pirações análogas, formuladas atra-vés dos tempos, sempre em oposi-ção ao barbarismo que tem ultra-jado a “consciência da Humanida-de”.

Antes desse notável documen-to de 1948, doutrinas e filosofias jáporfiavam em favor da liberdade deconsciência, da palavra, de crença,a salvo do temor e das necessidadesexistenciais.

No período do Iluminismo,como na Declaração da Indepen-dência dos Estados Unidos (1776)e sobretudo como resultante da Re-volução Francesa (1789), a idéia daliberdade para o homem estava nocentro das cogitações para uma vi-da melhor para todos.

O dístico da Revolução Fran-cesa – Liberdade, Igualdade e Fra-ternidade – tornou-se conhecido nomundo, com poderosa influênciana preparação de uma nova etapana organização social e política devárias nações.

Recordamos que no Brasil,com a queda do Império, sua pri-meira Constituição Republicana(24/2/1891) consagrava as liberda-des fundamentais, entre as quais aliberdade religiosa, em contraposi-ção ao regime anterior, que estabe-lecia a ligação da Igreja Católicacom o Estado.

De outro lado, a libertaçãodos escravos negros nas Américasfoi conseqüência natural de umanova consciência baseada na neces-sidade da liberdade para todos, quejá se vinha firmando há séculos.

A Declaração de 1948, redigi-da inicialmente por René Cassin,consagrou os direitos fundamentaisdo homem “como o ideal comum aser atingido por todos os povos etodas as nações...”

Posteriormente, acresceram-sedeterminados direitos vinculadosnão somente à segurança econômi-ca dos indivíduos, tais como o di-reito ao trabalho, ao repouso, à saú-de, e à instrução, mas também àsolidariedade em perspectiva inter-nacional, incluindo-se aí o direitoà paz e à preservação do meio am-biente.

O grande problema não estána forma e na expressão dos direi-tos declarados que, em princípio,deveriam ser acatados por todos,para o bem de toda a Humanidade.

Ocorre que nos conflitos entrenações e povos, ou na desobediên-cia aos direitos declarados, cada go-verno ou organismo social julga que

Nos conflitos entre

nações e povos,

ou na desobediência

aos direitos

declarados, cada

governo ou organismo

social julga que

deve prevalecer

seu ponto de vista

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deve prevalecer seu ponto de vista,ou seu entendimento, em flagranteretorno ao velho egoísmo que sina-liza a marcha das civilizações huma-nas, desde as eras mais remotas.

Assim, o organismo internacio-nal constituído pelos próprios paí-ses que assinaram a notável Decla-ração – a ONU – vê-se muitas ve-zes desobedecido, ou contestado,com graves prejuízos para os prin-cípios estabelecidos e reconhecidose para aqueles que neles confiam.

Voltamos, assim, ao magnoproblema das imperfeições huma-nas, cuja solução desemboca sem-pre na necessidade da educação in-telecto-moral, pelo menos para amaior parte dos habitantes deste or-be, para que essa maioria influa de-cisivamente sobre a minoria recal-citrante.

...Nos objetivos da Declaração

Universal dos Direitos Humanos enos princípios cristãos-espíritas, ex-pressos na Doutrina Consoladora,existem afinidades e coincidênciasque ressaltam à simples leitura. Ali-nhamos abaixo alguns preceitos, co-muns.

I – Ambas se referem à liberda-de de que são dotados todos os ho-mens ao nascerem. O livre-arbítriofaz parte do Espírito, desde sua cria-ção, que o reafirma ao nascer, ou re-nascer neste mundo. No seu íntimoo homem é sempre livre, mesmoquando subjugado em sua forma.

II – Todos os homens têm di-reito à vida e à liberdade.

A vida é o primeiro direito re-conhecido. Por isso, a pena de mor-te e a escravidão são proscritas.

III – Todos os homens sãoiguais perante a lei, sem distinção

de raça, cor, sexo, língua, religião,riqueza ou pobreza. Este princípioda igualdade perante a lei só veio ase firmar a partir dos fins do séculoXVIII, apesar de persistir a escravi-dão até fins do século XIX.

IV – A família é o núcleo natu-ral e fundamental da sociedade hu-mana.

O casamento é direito do ho-mem e da mulher, assim como suadissolução.

V – A propriedade é reconhe-cida como direito.

VI – Todos têm o direito à li-berdade de pensamento, de cons-ciência e de religião, podendo ma-nifestar sua religião pela prática epelo livre ensino.

VII – É reconhecido o direitoà liberdade de opinião, de expres-são, de reunião e de associação pací-ficas. Esse direito é fundamental pa-ra as minorias religiosas.

VIII – Todo homem tem direi-to ao trabalho, com remuneração, eao repouso.

IX – A maternidade e a infân-cia têm direito a cuidados especiais.

X– É reconhecido o direitoà proteção dos interesses moraise materiais decorrentes de produ-ções científicas, literárias e artís-ticas.

XI – Transcrevemos, por fim, oitem 2 do artigo XXVI da Declara-ção, por seu idealismo ainda não al-cançado, expressando a fraternida-de e a paz tão desejada:

“A instrução será orientada nosentido do pleno desenvolvimentoda personalidade humana e do for-talecimento do respeito pelos direi-tos do homem e pelas liberdadesfundamentais. A instrução promo-verá a compreensão, a tolerância ea amizade entre todas as nações egrupos raciais ou religiosos, e coad-juvará as atividades das NaçõesUnidas em prol da manutenção dapaz.”

Notamos que a Doutrina Espí-rita, que visa educar e reeducar osEspíritos que renascem neste mun-do, não está só. Suas idéias e ensi-nos já são partilhados por outrosidealistas espalhados pela crosta ter-restre.

Direito de viver(O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,

Parte 3a, cap. XI, ed. FEB)

880. Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?“O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar con-

tra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que pos-sa comprometer-lhe a existência corporal.”881. O direito de viver dá ao homem o de acumular bens quelhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar?

“Dá, mas ele deve fazê-lo em família, como a abelha, pormeio de um trabalho honesto, e não como egoísta. Há mesmoanimais que lhe dão o exemplo de previdência.”

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“No princípio... A Terra

era vazia e havia trevassobre a face do abismo.”

(Gênesis, 1:1-2)... e Deus iniciou aSua Obra, a que conhecemos...

Por mais que a inteligência hu-mana recue na busca desse princípio,o primeiro momento desaparece notempo e no espaço, sem que qual-quer concepção possa apresentar umlimite, perdendo-se, no infinito, quedimensiona a humana ignorância arespeito da Causalidade Absoluta.

Desde que, no princípio, torna--se o ponto de partida para o tem-po, que haveria antes, se é que ha-via? Da mesma forma, assomam, àmente, as propostas evangélicas,quando se referem ao até o fim dostempos (I Pedro: 1:20), ensejandomargem a novas inquirições a res-peito do que ocorrerá depois, seocorrer...

Mesmo que se aprofunde aomáximo a inteligência, através doconhecimento, na decifração da in-cógnita do tempo, mais complexosse tornam os fenômenos que atra-vés dele se manifestam e podem serobservados.

Desta forma, a única dimensãodescomprometida para elucidá-la éa tácita aceitação da Eternidade,abrangendo o ilimitado e o relativo,o antes não existido e o depois quenão existirá.

O tempo, no entanto, somen-

te se torna realidade por causa damente, que se apresenta como o su-jeito, o observador, o Eu que se de-tém a considerar o objeto, o obser-vado, o fenômeno.

Esse tempo indimensional é oreal, o verdadeiro, existente em to-das as épocas, mesmo antes do prin-cípio e depois do fim.

Aquele que determina as ocor-rências, que mede, estabelecendometas e dimensões, é o relativo, oilusório, que define fases e períodosdenominados ontem, hoje e ama-nhã, através dos quais a vida se ex-pressa nos círculos terrenos e na vi-são lógica – humana – do Universo.

A mente relaciona manifesta-ções que decorrem, no Sistema So-lar, dos movimentos de translação ede rotação da Terra, limitando osespaços que passam pelo crivo dasconvenções estabelecidas e tornadasrealidades, sempre porém, aparen-tes, porque em caráter relativo enão em acontecimento – fenômeno– absoluto.

Não obstante, mesmo na esta-belecida raia, a variação de conteú-dos demonstra que somente o realexiste, sendo o conceptual uma cria-ção-limite necessária para a mentede cada indivíduo.

Esse organograma de fases tor-na-se uma necessidade para o pro-cesso samsárico, a infinita roda dasreencarnações. Face ao impositivoda consciência que estabelece asmarcas temporais, o conceito do ho-je assume a condição do que se pen-sa, do que se faz e do que se aspira.

É resultado inevitável do já realiza-do – passado – promovendo a cons-trução do que se realizará – futuro.

Se, por exemplo, alguém, numgrupo, observar qualquer ocorrên-cia, esta passa a ter existência con-forme o grau de emoção do envol-vido, o seu discernimento intelec-tual, a sua capacidade de identifica-ção com o fato, a sua óptica exis-tencial. Cada um, portanto, daque-les que assistiram o acontecimento,experiencia uma vivência que dife-re, às vezes, diametralmente do queo outro captou.

Esse fenômeno é observávelnos testemunhos apresentados porpessoas que estiveram presentes eacompanharam o desfecho de al-gum crime ou irregularidade. Mes-mo quando honestas, os seus enfo-ques provocam perturbação nosjurados, que ficam impossibilitadosde discernir o real do imaginário,exigindo a habilidade dos advoga-dos, quer de defesa, quer de acusa-ção – a promotoria especialmente –para que seja estabelecida a verda-de, sempre relativa e raramente le-gítima em torno do acontecido.

Aquele agora do fato, logo de-pois se arquivou na memória dopassado, que será ressumado no fu-turo, quando um novo presente seimponha como condição de justiçapara a regularização penal necessária.

A mente, portanto, que pensa,estabelece que o ato em que se fixaé o presente, no entanto, na celeri-dade do tempo em si mesmo – semmovimento, sem pressa nem vagar

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Tempo, mente e ação

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– à medida que elabora ou conceituacada percepção estabelecida torna-sepassado, e enquanto desenvolve areflexão avança pelo futuro afora.

Viajar no permanente agora,integrando-se nas experiências quedefluem das ações – pensamentoscondensados em atitudes – enrique-ce o ser humano com a sabedoria,avançando no rumo da perfeição.

Terá limite essa conquista? Cer-tamente que não, porquanto, se ohouvesse, delinearia a borda de umaespiral cada vez mais ampla em umnovo ciclo do processo da evolução.

O tempo terrestre, limitado,para facultar o entendimento docampo da sua infinitude, somentepoderá ser experienciado através daoração e da meditação. A primeira,auxilia a romper-se o círculo dospensamentos, nos quais a mente semovimenta, concedendo o êxtase, aanulação do tempo e o desapareci-mento do espaço, propiciando ou-tra dimensão emocional. A segun-da, faculta a ruptura da barreira quedimensiona e encarcera, em cujobojo uma experiência sucede à ou-tra, dando curso ao mecanismo dasmedidas. No mergulho de seu cam-po de vibrações, fora do tempo ter-restre, o Espírito – não mais o eusuperficial – volve ao seu mundo deorigem e participa da vida em suaplenitude, sem a prisão das sensações,nem os tormentos da emoção linear.

Essa penetração profunda nasesferas do tempo real é conseqüên-cia da conquista vertical da expe-riência que se transformará em ação,ao invés da horizontal dos atos quese sucedem indefinidamente...

Esse tempo real é o oceano in-finito onde o Universo, em fases eperíodos, repete as suas manifesta-ções cósmicas. Ciclicamente, os fe-

nômenos ressurgem e se imortalizamno triunfo do Espírito que foi cria-do simples e ignorante, aformosean-do-se, agigantando-se, mediante oesforço e o trabalho edificante, ilu-minando-se com a sabedoria.

Eis definida a necessidade dareencarnação, através de cuja rodade samsara, o ser emerge das for-mas pesadas e ala-se em dúlcidas vi-brações de luz no rumo do Infinito.Enquanto persevera nas amarras dopassado, que se transformam emcadeias de sofrimentos e de angús-tias no presente, necessita de deslin-dar-se caminhando para o futuro.Todos esses tempos, porém, encon-tram-se num só período de tempodenominado hoje, que lhe constituia oportunidade incomparável desair das repetições dos comporta-mentos afligentes.

Fadado à plenitude, o Espíritoalça-se ao infinito, etapa a etapa,mediante as conquistas de amor ede sacrifício que o dominarão aolargo das vivências de sublimação.

Esse empenho libertador au-xilia-o na busca do Nirvana, doReino dos Céus, da EspiritualidadeSuperior, onde o tempo e o espaçose encontram no infinito da realida-de por enquanto desconhecida. So-mente através desse processo é quese desenvolverá o Cristo Interno, aDivina Chispa, a Semente Subli-me, o Deus interior, que predomi-na em germe no cerne de todos osseres humanos.

A mente, inquieta e insegura,gerando conflitos por tendênciatormentosa, herança atávica dos pe-ríodos de transição pelos quais pas-sou, engendra astutos – instintivos– mecanismos de fuga da realidade– do tempo legítimo – para a fanta-sia, a ilusão, o medo, a incerteza

que atira na sucessão da dimensãolimitada, estabelecendo sofrimentosnos quais se compraz...

Este relativo fenômeno do tem-po hoje sconstitui a ensancha para aaprendizagem da ação profunda me-diante a vivência em que se transfor-ma a imagem do pensamento.

No começo, passo a passo,avança pelo tempo relativo, o ontemfundindo-se no hoje e este fazendo--se o amanhã que está chegando.

Mediante a legítima reflexão,além da mente que raciocina hori-zontalmente a+b=ab, saltando-separa a conexão tempo-espaço infi-nito, viver-se-á um hoje contínuo,que não se transfere para o futuronem recua para o passado nele em-butido, trabalhando em favor do es-tado de paz permanente.

Mui comumente se afirma queo tempo no prazer, na alegria, na fe-licidade é sempre rápido, enquantoque durante a expectativa de algo,no sofrimento, no testemunho, naangústia é sempre muito demorado,não obstante seja a mesma a cargade segundos em que transcorremambos os estados emocionais.

Certamente, a dimensão horá-ria funcionará no ser biológico, as-sim como no psicológico, na mentecondicionada, desgastando o corpoque se consumirá, pela inevitáveltransformação molecular na sepultu-ra ou na incineração, liberando, po-rém, o Espírito, para que prossiga aexperiência de eternidade em que seiniciou, desde o seu nascimento, masque nunca se extinguirá...

Carlos Torres Pastorino

(Página psicografada pelo médium Dival-do P. Franco, na sessão da noite de 19 demarço de 2003, no Centro Espírita Cami-nho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

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10 Reformador/Junho 2003208

“(...) Torna tua Vida um hino

de amor e deixa que o senti-

mento religioso trabalhe tuas

inspirações”.

– Joanna de Ângelis1

Poderoso propulsor de nossamarcha evolutiva, o sentimen-to religioso, ínsito na intimi-

dade da Alma, deve ser estimuladosempre...

É através desse nobre senti-mento que seremos auxiliados devários modos em nossa incessantebusca da perfeição. Com ele enfren-taremos as vicissitudes naturais docarreiro evolutivo com mais tran-qüilidade, equacionando-as, ou pe-lo menos as minimizando à medi-da que aparecem. Tal sentimentonos dará o acréscimo de energia pa-ra o enfrentamento das dores, auxi-liando-nos a superá-las, e ensejaráuma suficiente abertura em nossoentendimento, a fim de que possa-mos compreender o sentido da dor,a necessidade das lutas e das renún-cias, ao mesmo tempo em que di-namizará nosso bom ânimo, que –conseqüentemente – nos firmaráno escorregadio terreno das provase expiações.

A nobre Mentora Joanna de

Ângelis nos convida a mergulhar –diariamente – o pensamento numafrase de Jesus, dela fazendo um elocom o Pai Celestial, uma vez que talprovidência não só nos auxiliará aenfrentar com serenidade e brio ospercalços da vida, mas nos oferece-rá os recursos para superá-los comeficiência, logrando o sucesso denosso empreendimento evolutivo.

Sendo o sofrimento uma reali-dade ainda ligada ao nosso processoevolutivo, o sentimento religioso, ouseja, a religiosidade é a terapêuticacriadora da resignação dinâmicaque nos permite uma antevisão dofuturo risonho, no qual nossa cami-nhada evolutiva se estenderá sem osaltibaixos limitados pela aflição e se-renidade, ensejando-nos uma esta-bilidade emotiva tão necessária àpercepção e entendimento dos Pla-nos Divinos em favor de nossa altea-da destinação espiritual.

Do que ensina2 a Mentora ami-ga, ainda podemos depreender que:

“(...) O sentimento religiosobrota no coração e se desenvolve namente, ora como necessidade deunião com Deus, vezes outras comoforma de louvor e de gratidão a Ele,portanto não tem a finalidade denegociar benefícios, mediante pedi-dos incessantes e promessas ilógicas,tão ao gosto de muitas criaturas de-tentoras de credulidade irrefletida.

Sem dúvida, ele assim tambémse expressa em alguns níveis de

consciência, revelando-se em formaprimária, ingênua, mas que crescerána direção das finalidades elevadas.

É inata a tendência humanapara a adoração. Quando não o faza Deus, aplicando o sentimento re-ligioso, deriva-a para objetos, pes-soas e aspirações. Na ambição dafortuna, torna o homem avaro; nabusca do prazer incessante, atira-oà promiscuidade da luxúria; na se-de da fama ou do poder, apaixo-na-o e o torna ególatra na conquis-ta do mundo, ensandece-o e viti-ma-o.

Canalizando-a, porém, para osentimento religioso liberta-o, am-pliando-lhe as metas e aspiraçõesque se transformam no essencial aconquistar, proporcionando-lhe osmeios saudáveis para consegui-lo.

Todos os grandes vultos daHumanidade lograram realizar osseus sonhos de contribuir para oprogresso geral, graças à religiosida-de que aplicaram aos seus planos eao sentimento de fidelidade quemantiveram em relação aos mes-mos, jamais se afastando dos rumosque seguiam”.

Se Jesus afirmou – sem rebuços– ser Ele o “Caminho”, é evidenteque seguindo-O não nos perdere-mos; mas para que O sigamos sempossibilidade de desvios desastrosos,faz-se mister que nos situemos nomesmo patamar da decisão que fezPaulo escrever aos gálatas (2:20):

“Já não sou em quem vive,mas Cristo vive em mim.”

O sentimento religiosoRogério Coelho

1 Joanna de Ângelis/Franco, D. P. No Rumo daFelicidade – LIS Gráfica Editora. 2 Idem, ibidem.

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Reformador/Junho 2003 11209

Chico Xavier Um ano no Mundo Espiritual

Há um ano, em 30 de junho de 2002, Francis-co Cândido Xavier, missionário do Amor e daMediunidade, retornava à Pátria Espiritual. A

sua desencarnação comoveu a todos – espíritas e nãoespíritas. Durante os dois dias de velório, no GrupoEspírita da Prece, em Uberaba, compareceu imensamultidão, formando filas quilométricas compostaspor pessoas de todas as idades, sem distinção de ra-ça, credo religioso e condição social, que lhe foram

levar sua comovente despedida. A mídia registrou oevento em manchetes, artigos e noticiário veiculadosna televisão e em importantes revistas e jornais daimprensa brasileira.

Reformador dedicou-lhe uma edição especial,em julho de 2002, com o “manifesto propósito degratidão e de reconhecimento pelo muito que nosofereceu, especialmente ao Movimento Espírita”. OEditorial, intitulado O Apóstolo do Amor Incondi-cional, destacou o seu perfil de servidor do Cristonestes termos:

“Servindo-se de severa autodisciplina, de umahumildade consciente, de dedicação plena aoBem, de abnegação constante e de muita perse-verança, ‘negando-se a si mesmo’ como reco-menda Jesus, retorna vitorioso para a Pátria Es-piritual, deixando para nós os seus exemplos,para que sirvam de balizas ao nosso esforço deaprimoramento espiritual, objetivo maior danossa encarnação na Terra.”

Se os homens, reconhecidos ao abençoadomissionário do Bem, prestaram a Chico Xaviersuas homenagens no momento em que a vida docorpo se findara, era recebido com alegria no Mun-do Espiritual, conforme inúmeros registros mediú-nicos, pelos Espíritos nobres que com ele trabalha-ram no campo da mediunidade e por aquelesoutros que receberam as dádivas do seu coração eda sua sabedoria.

Chico Xavier encerrou sua missão na Crosta ter-restre, mas, agora – liberto das limitações do corpofísico e das moléstias que o consumiram –, na con-dição de Espírito iluminado, multiplica a doação doseu Amor aos irmãos em Cristo que permanecem naretaguarda da vida material. CHICO XAVIER, aos 88 anos de idade

Editora

Globo

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“Éindispensável não aten-

tarmos para os indiví-duos, mas, sim, observar

e compreender o bem que o Supre-mo Senhor nos envia por intermé-dio deles.

Que importa o aspecto exteriordesse ou daquele homem? que inte-ressam a sua nacionalidade, o seunome, a sua cor? Anotemos a men-sagem de que são portadores. Sepermanecem consagrados ao mal,são dignos do bem que lhes possa-mos fazer, mas se são bons e since-ros, no setor de serviço em que seencontram, merecem a paz e a hon-ra de Deus”. (Caminho, Verdade eVida, pelo Espírito Emmanuel, psi-cografado por Francisco C. Xavier,cap. 42, ed. FEB, p. 100.)

Se compulsarmos os evange-lhos de Mateus, Lucas e João, nãoencontraremos nenhuma referênciaa um 13o discípulo, apenas sucintamenção nas anotações de Marcos.

Desconhecido, não há comosaber-lhe o nome, nem mesmo anacionalidade, o de que tão-somen-te temos notícia é da ação apostóli-ca por ele desenvolvida.

É de se inquirir como pôde tãosingular personagem fazer jus à po-sição de discípulo de Jesus, estranhoque era ao Colégio Apostólico, con-seguintemente sem convívio comos doze que o compunham.

Num dia de causticante calor,tarde ensolarada, a multidão aguar-dava ansiosa a presença de Jesus,que não aconteceu. Um cidadãodesconhecido, porém, ante o malo-gro da expectativa frustrada, se per-mitira fazer-lhe a vez, dispensandoassistência espiritual ao magote dealmas sofridas.

Esse o caso, em breve notícia,da qual nos põe a par o evangelistaMarcos (9:38-41). “Disse-lhe João:Mestre, vimos um homem que emteu nome expelia demônios, o qualnão nos segue; e nós lho proibimos,porque não seguia conosco. Mas Je-sus respondeu: Não lho proibais;porque ninguém há que faça mila-gre em meu nome e logo a seguirpossa falar mal de mim. Pois quemnão é contra nós, é por nós. Por-quanto, aquele que vos der de be-ber um copo de água, em meu no-me, porque sois de Cristo, emverdade vos digo que de modo al-gum perderá o seu galardão.”

Perfil – Mão-de-obra

Embora no anonimato, semque se lhe saiba o nome nem a na-cionalidade, o mesmo já não seconstata com o seu perfil, assim tra-çado: “Um jovem moreno, de olhoscinzentos e sonhadores, modesta-mente trajado com uma única túni-ca de algodão escuro, alpercatas gre-gas e manto de lã marrom. Seuscabelos eram negros e abundantes,não passando, porém, da altura dopescoço, e sua barba era pequena,

negra como a cabeleira, e muitobem tratada”.

Jamais esse jovem se faziaacompanhar de outro de sua idade,nem mesmo era visto interessadoem palestras amistosas e frívolas.Ensimesmado e introvertido, nãoera dado a tiradas espirituosas emuito menos a ditos que suscitas-sem hilaridade, sem contudo che-gar a ser mal-humorado ou misan-tropo.

Munido dos apetrechos neces-sários ao livre curso do seu trabalho,portava dois roletes de madeiramuito fina envoltos em retalhos delinho, espécies de carretéis, comoeram, então, de uso pelos intelec-tuais e estudantes, para o cultivo daescrita, utilizados comumente pelosgregos. Um desses roletes era supri-do de excelente “papirus”. “O ou-tro, vazio. Um saco de carneiro quetrazia a tiracolo, sob o manto, guar-dava as duas preciosidades e mais osestiletes e tintas coloridas para a es-crita, tudo cuidadosamente acondi-cionado em tubos apropriados.”

Em outra situação deemergência

De outra feita, condoído dopungente quadro que se lhe apre-sentava – a multidão tostada pelo solcausticante, sem ter onde resguar-dar-se, mal se sustendo em pé, cor-pos alquebrados e esquálidos, comsede e fome –, o moço anônimo no-tando a ausência de Jesus, que ain-da dessa vez não aconteceu, pôs-se

O 13o discípuloPassos Lírio

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à frente das infortunadas criaturas elhes prodigaliza os almejados bene-fícios naquela situação de emergên-cia, como eventual doador.

Concluída a tarefa, já se predis-punha a retornar à pousada, quan-do foi surpreendido pela presençade João, que, em presenciando, emmais essa oportunidade, a ocorren-te substituição, aproxima-se do jo-vem para penitenciar-se, em nomedos demais condiscípulos, da im-própria e imprudente atitude deproibição que tiveram para com ele;encarece-lhe esquecesse o lamentá-vel incidente e o incentiva, com sin-cero desejo, a que não se lhe arrefe-cesse o ânimo ante os sacrificiaisdesdobramentos de suas atividades.

E não houve mesmo desfaleci-mentos ao longo das peregrinaçõesa que se deu. Deveras empenhadoem ser o detentor do conteúdo detodas as prédicas de Jesus, a cujomagnetismo se imantava, não trepi-dou em se pôr a campo para conse-cução do almejado objetivo; aondequer que o Nazareno estivesse, fos-se qual fosse a localidade, ele aí es-taria a postos, e o fazia, cauteloso,esgueirando-se por entre os ajunta-mentos da massa humana, aliás detodo alheia ao que se passava emseu derredor, interessada tão-so-mente em visualizar o meigo Rabi.

Posicionado como bem lheconviesse, ora sentando-se no pró-prio chão, ora em assentos impro-visados menos desconfortáveis,punha-se a manuscritar as falas doDivino Pregador da Boa-Nova.

(Só se dispensava dessa ativida-de, quando o Senhor estivesse a sóscom os discípulos ou em visitas adomicílios ou em reuniões da sina-goga ou participando de algumahospitalidade.)

Em uma das reuniões, compri-mido pelo aglomerado humano,empurrado de um lado e de outro,Jesus foi impelido a aproximar-setanto do jovem amanuense, a pon-to de sua túnica roçar-lhe o rosto,ensejo em que a tomou nas mãosbeijando-a, sem conter as lágrimas,num testemunho de deferência eveneração. Ato contínuo, o Messiasde Deus pousa-lhe, cariciosamente,de leve, a mão na cabeça, momen-to em que seus olhares se cruzam,num emudecimento pontuado designificativa transparência, a umtempo, humana e divina.

Em curso de apostolado

Já em fase bem mais avançadano acompanhamento a Jesus, em Je-rusalém, Gadara, Judéia, Galiléia,Cesaréia, Jericó, Carfanaum – empovoados ou aldeias –, era certo es-tar presente o moço do manto mar-

rom, pelas manhãs e às tardes, perío-dos em que ocorriam as pregações.

Nos intervalos, atento ao im-perativo de sua subsistência e que-rendo supri-la às expensas próprias,dava-se a tarefas que lhe garantis-sem o ganha-pão de cada dia. Erade ver-se a faina diária: remendan-do mantos e túnicas para os costu-reiros, consertando tendas para osviajantes, limpando e varrendo omercado para os lojistas, carregan-do água para as famílias, entregan-do cestos de compras em domicí-lios, levando camelos e cavalos deforasteiros a beberem água e a se-rem lavados “no poço mais próxi-mo”. Ele que ficara sobejamente co-nhecido como exímio musicista,homem culto, poliglota, dominan-do o aramaico, o grego e o latim,além de impecável apresentaçãopessoal, própria de alguém em des-tacada posição social, nem por issoo ilustre desconhecido se sentiaconstrangido ou humilhado por le-var semelhante gênero de vida.

Recolhido à pousada em que sehospedava, comprazia-se em passarrevista nas anotações do dia e medi-tar sobre o seu conteúdo, buscandoassimilar-lhe a essência, tecendo àmargem comentários ao sabor dainspiração. Assim se detinha até al-tas horas da noite.

Com Jesus em sonho

Uma noite, poucos dias depoisda ressurreição do Cristo, fatigadodas horas de canseiras, adormeceuincontinente e sonhou que o Mes-tre o visitava em seu modesto alber-gue, dirigindo-se-lhe nesses termos:“Filho querido! Dar-te-ei a incum-bência de relatar aos jovens que en-contrares em teus caminhos o noti-

Recolhido à

pousada em que

se hospedava,

comprazia-se em

passar revista nas

anotações do dia

e meditar sobre o seu

conteúdo, buscando

assimilar-lhe

a essência

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ciário que escreveste, e que aí está...Será bom que te dediques tambéma educar corações e caracteres paraos meus serviços do futuro, queabrangerão o mundo inteiro, atra-vés das idades... Não te limites a cu-rar apenas os corpos, que tendem adesaparecer nas transformações dotúmulo. Trata de elucidar, para cu-rar também as almas, por amor demim, pois estas são eternas, maisnecessitadas do que os corpos, e te-nho pressa de que se iluminem comos fachos da Verdade...

(Vale ressaltar que o moço no-ticiarista, musicista que o era – co-mo já anotado –, portava um pífa-no, “uma espécie de flauta” e umalaúde, “antigo instrumento de cor-das e cravelhas”, dos quais retiravasons de harmoniosas modulações.)

Na manhã seguinte à do so-nho, nas imediações do mercado deJerusalém, sentado sobre as pernascruzadas, executava melodias de en-volventes e penetrantes sonorida-des, rodeado de crianças e jovens, aquem pedia sentarem-se, ao térmi-no dos números musicais, para con-tar-lhes tudo quanto ouvira do Se-nhor e Mestre, e o fazia com talmestria, com tanto “engenho e ar-te”, que o improvisado auditório aoar livre não dava mostras de enfado,ao longo das horas, tão enleado es-tava em ouvi-lo.

De públicas essas reuniões, acéu aberto, passaram a ser domici-liares, com considerável afluênciade maior número de participantes– familiares e vizinhos –, que acom-panhavam, atentos e absortos, asnarrativas do fidedigno expositor decasos e coisas, atitudes e ações da vi-da de Jesus, cujos ensinos e exem-plos calavam fundo no âmago dosouvintes, muitos dos quais se fize-

ram fiéis depositários do preciosolegado.

Em final de vida, novosonho com Jesus

Mais do que nunca, com a saú-de desgastada pelo cansaço dos diasde apostolado, numa bela noite, emque se encontrava bastante medita-tivo e abalado, ao deitar-se, voltaraa sonhar com Jesus, que assim lhefalara: “Prossegue ainda, filho que-rido! Prossegue até a morte, porqueme tens prestado um precioso ser-viço! Educa, educa para mim, e emmeu nome, as almas e os coraçõesque se ignoram, porque me igno-ram... A alma é imortal... E eu te-nho pressa que todas se alcandoremao Sol da Verdade Eterna...”

Em Roma, cidade cosmopoli-ta, onde se domiciliara, “os tran-seuntes deparavam pelas ruas umancião de barbas brancas e olhoscastos e sonhadores, sentado sobreas próprias pernas cruzadas, à mo-da oriental, tocando velhas melo-dias em um velho pífano, ou reci-tando ou cantando, com voz trê-mula e quase apagada, lindos e sin-gulares poemas ao som de um alaú-de, rodeado de jovens e criançasque lhe rogavam, em todas as lín-guas, entre sorrisos prazenteiros:

“– Conta-nos, avozinho, aque-la história do Príncipe, filho dosdeuses, que desceu do Olimpo pa-ra curar cegos e leprosos, paralíticose surdos-mudos, endemoninhadose coxos... e para amar os pecadorese redimi-los, ensinando-lhes a lei doamor, que substituirá a violência...”

Envelhecera o guapo e esbeltojovem da fase primaveril de outrostempos, conhecido agora pela crian-çada como “o velho do manto ro-

to”. Combalido, corpo arqueado,olhos embaçados, semblante enru-gado, cabeleira em desalinho, bar-ba nevada, mãos encarquilhadas,andar trôpego, veste desbotada,sandálias encardidas, até então semnome nem nacionalidade, assimtermina os dias de vida, fecha o ci-clo da existência aquele que deixa-ra a sua imagem fidedignamente re-tratada como 13o discípulo do Co-légio Apostólico, como tal reconhe-cido e sagrado por Jesus, junto aquem estivera, assiduamente, comadmirável perseverança e dedicação,a serviço da Boa-Nova, arrebanhan-do as ovelhas tresmalhadas e perdi-das de Israel para o acolhedor e re-mansoso Aprisco do Senhor.

Destarte, marcou a sua identi-dade, não pelo nome próprio e dopaís de nascimento, mas, sim, peloque fora e fizera em benefício dossemelhantes. Desconhecido dos ho-mens, mas identificado pelo Cristo,que lhe atribuíra justa qualificação,esta muito além e superior às for-malidades humanas. Autêntica con-sagração!

“Esse discípulo, todavia, pode-rás ser tu mesmo, meu amigo, tu,que me lês! Hoje ainda, o mundotanto necessita da Doutrina do Se-nhor como nos tempos de Anás ede Caifás, de Pilatos e de Herodes,de Nero e de Calígula... E tu que,voluntariamente, te aliaste, em boahora, à Causa da redenção da Hu-manidade, poderás prestar idênticoserviço a Jesus... De uma coisa ape-nas necessitarás para o desempenhode tão grande tarefa: – Amora Deus, ao próximo e ao Evange-lho do teu Mestre Nazareno...” Fonte: PEREIRA, Yvonne A. Ressurrei-ção e Vida. 10. ed., Rio de Janeiro: FEB,1996, p. 77.

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Reformador/Junho 2003 15213

Uberaba, coração do TriânguloMineiro e do mundo espírita,foi novamente palco de ho-

menagem a Francisco Cândido Xa-vier.

Como em 2 de julho do anofindo, o povo retornou ao Cemité-rio São João Batista, no entarde-cer de 25 de outubro, desta vez pa-ra a inauguração do seumausoléu.

Na entrada, torrespontiagudas, junto aopesado portão, apon-tam sugestivamente pa-ra o infinito, símboloda ascensão espiritual.Delas, nascem três ar-cos e outro mais, seme-lhante a um coração.Encimando-os, gracio-sos arabescos anunciamo ano de criação do ce-mitério – 1856.

Vencido o pórtico,descortina-se extensaaléia, flanqueada por lá-pides em granitos demuitos tons, santuáriosde personagens ilustresou obscuros. Ao fim,na quadra “O”, jazi-go 623, ergue-se singe-

la edificação em tributo àquele queconsagrou 75 anos de sua existêncialuminosa à maior e mais notávelobra mediúnica do Planeta.

À sua volta, espectadores aglo-meram-se em silêncio.

O monumento, de linhas retas,plasticidade forte e beleza sóbria,integra-se em harmonia com a di-versidade local de estilos. Sua plan-ta retangular exibe três paredes emvidro de segurança e a quarta reves-tida de granito vermelho suave.

A laje de cobertura avança aco-lhedora até o muro do cemitério.Nele, em alusão à psicografia, umaréplica da mão do médium de Em-manuel empunhando um lápis, ta-manho grande, bronze em alto-rele-vo do escultor Joaquim Alves Filho,convida os passantes a tocarem-na.Era a sua forma de contacto com opúblico. Abaixo, em letras doura-das, a vontade final expressa: “A mi-nha vida dediquei: À minha me-diunidade. À minha família. Aos

Inauguração do Mausoléu deChico Xavier

Yeda Hungria

Aspecto do Mausoléu: escultura em bronze de Chico Xavier

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meus amigos. Ao povo. A minhamorte me pertence. Meu corpo de-ve voltar para a Mãe-terra e não de-ve ser tocado. Chico Xavier.” Sob otexto, em granito branco, um apa-rador destinado à distribuição demensagens dos Benfeitores Espiri-tuais.

Na fachada principal, quase aonível do piso, breve inscrição emmetal dourado: “Homenagem doseu filho Eurípedes Humberto Hi-gino dos Reis.”

No interior, significativa am-bientação. Ao centro, uma mesa ecadeira, a serem brevemente ocupa-das por escultura em bronze do ho-menageado, simbolizando seu in-tenso labor na psicografia. Sobre amesa, Parnaso de Além-Túmulo –o primeiro dos 412 livros publica-dos – Nosso Lar, Paulo e Estêvão,Cinqüenta Anos Depois, MariaDolores, Respostas da Vida, todosde sua intermediação, e KardecProssegue, de Adelino Silveira. Pró-ximo, uma imagem de Maria deNazaré, referência à admiração queo médium sempre Lhe dedicou. Àesquerda, sob o piso, envolvido emconcreto, o túmulo do inesquecívelApóstolo do Bem. Na parede emgranito, ladeada pelas datas de nas-cimento e de desencarnação, sua fo-to se destaca junto à gratidão dosamigos, em reconhecido epitáfio:“O homem que teve o peso da Luz.Agradecemos a Deus ter plantadoesta semente de amor em nossopaís.”

João Batista de Grande, arqui-teto paulista e autor do projeto domonumento, por nós ouvido, de-clarou ter priorizado conceitual-mente a proteção contra vandalis-mo, a relação com a psicografia, acomunicação com o público, abri-

go para o visitante e a simplicidadeexemplificada pelo médium.

De Eurípedes, filho de ChicoXavier pelo coração, foram as con-siderações para a orientação da con-cepção arquitetônica. A consultoriae os custos do projeto e da constru-ção estiveram a cargo do Presiden-te do Instituto de Divulgação Edi-tora André Luiz – IDEAL, de SãoPaulo, Oswaldo de Godoy Bueno,amigo por 38 anos do médium deUberaba. De ambos partiram a ini-ciativa e as providências para a rea-lização da homenagem póstuma.

Aberta a solenidade, Eurípedes,Oswaldo e o Prefeito de Uberaba,Marcos Montes, procederam aocorte da fita simbólica e à inaugu-ração do sepulcro.

Oswaldo iniciou os depoimen-tos salientando que Chico Xavierplantou o amor nos corações e a ri-queza do amor está em quanto maisse dá mais se tem. Os tempos domédium mineiro assinalaram a pas-sagem de um ser notável pela Terra,suas obras e exemplos passarão àsgerações como ideário imperecível.Concluiu, agradecendo a coopera-ção de Eurípedes, do Prefeito deUberaba e dos demais envolvidosnesse preito.

Seguiram-lhe a Presidente doC. E. Caminheiros do Bem, deAraxá, Silvia Barsanti; as represen-tantes do Grupo Espírita da Prece,de Uberaba, Ivone Fontoura e Ma-rilene Paranhos; a representante doC. E. Jesus Redivivo, de São Paulo,Isabel Mazuskati; o Vice-Presidenteda União Espírita Mineira, Mari-valdo Veloso; o Presidente da Alian-ça Espírita Uberabense, Jarbas Va-randa; a representante do Gover-nador de Minas Gerais, Lisle Luce-na ; o dedicado médico do médium

mineiro, Dr. Eurípedes Tahan ; oDeputado Paulo Piau, autor doprojeto de lei que criou a Comendada Paz Chico Xavier, e o PrefeitoMarcos Montes.

Durante breve pausa nas reve-rências, Eurípedes e o Prefeito des-cerraram o busto em bronze doServidor do Bem, localizado juntoà entrada, outra obra do escultorAlves Filho.

Os oradores recordaram osanos heróicos do CompanheiroMaior e destacaram-lhe a humilda-de, a disciplina, a bondade, o exer-cício no Bem, o amor ao ser huma-no e aos animais, o respeito aossimples e humildes, os exemplos, asalegrias, os sacrifícios pessoais, a vi-vência pautada no verdadeiro senti-do da vida e em consonância com aescala real de valores – algumas desuas inúmeras virtudes.

Eurípedes dirigiu palavrasemocionadas e de reconhecimento,nomeando com carinho os amigosque participavam do cotidiano deseu pai. Revelou sentir o íntimo so-frido e uma grande lacuna difícil deser preenchida: “Dizem que o tem-po vai matando a saudade, mas asaudade é que nos vai matando.”

Ao encerrar, agradeceu as pre-senças amigas, às autoridades emgeral, aos que se empenharam narealização da homenagem e des-pediu-se com um comovido “Atébreve, Chico!” repetido em coroemocionado.

Sol posto, penumbra caindo,deixamos lentamente o mausoléu,até perdê-lo de vista, com a docelembrança do semblante alegre eamoroso do inesquecível FranciscoCândido Xavier, o Amigo da Hu-manidade, a extraordinária pontede luz entre o Céu e a Terra.

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P. – Há quanto tempo vocêatua no Movimento Espírita?

JCB – Desde janeiro de 1953,aos 24 anos, quando comecei a fre-qüentar a União Espírita Paraense.Não participara antes de nenhumaCasa Espírita, onde rarissimamen-te assistia a uma reunião. Fui au-todidata. Aos 16 anos comecei aler os livros espíritas de meu pai,um mês antes de sua desencar-nação.

P. – Como você se envolveucom o trabalho de Unificação?

JCB – Passando a integrar a Di-retoria da União Espírita Paraense(UEP), em agosto de 1953, logotomei conhecimento da questãoUmbanda, que estava sendo discu-tida no Conselho Federativo Nacio-nal e, em razão de nosso represen-tante, ali, haver-se posicionado con-trariamente às instruções que rece-bera de nossa Diretoria, foi afasta-do do cargo. Viajando para o Riode Janeiro, em janeiro de 1954, le-vei a incumbência do então Presi-dente da UEP de conversar com oPresidente da FEB sobre a escolhade nosso novo representante noCFN, ocasião em que fui apresen-tado ao Prof. Carlos Juliano TorresPastorino, que morara em Belém,quando padre católico. Resumindo,

ele foi escolhido para representar aUEP no CFN.

P. – A União Espírita Paraensealterou o foco de suas atividadesnos últimos anos?

JCB – A UEP mantém o mes-mo direcionamento desde a insta-lação de seu Conselho Federativo,criado na reforma do Estatuto,provocada pela visita da Caravanada Fraternidade, em 1950, na di-vulgação do Pacto Áureo. É certoque nosso Conselho não se instaloude imediato. As Casas Espíritas quedevia congregar, com raríssimas ex-ceções, não tinham personalidadejurídica. Houve todo um trabalhoinicial para legalizá-las, de forma acriar-se as condições mínimas para

o Conselho começar a funcionar.Desde então tem havido um desen-volvimento bem acentuado. Surgi-ram outros órgãos de unificação:comissões de apoio, órgãos distri-tais e, por último, com a reformado Estatuto, em 1988, estabeleceu--se uma descentralização das ativi-dades, criando-se Conselhos Regio-nais Espíritas (CREs) e vários ór-gãos departamentais, estes de apoioao Movimento Espírita e assessora-mento à Diretoria Executiva. Hámais: a figura do CRE-Embrião –uma Casa Espírita adesa situadaem região não abrangida por umConselho Regional Espírita, recebede nosso Conselho (CONFE) al-gumas das atribuições dos CREs. ÉCasa Espírita e órgão de unificaçãoao mesmo tempo. Trabalha paradesenvolver o Movimento Espíritaem sua região até haver condiçõespara a criação de um CRE.

P. – Quais as linhas mestras deatuação da UEP?

JCB – Estimular, permanente-mente, o trabalho de unificação,elaborando plano anual de trabalhocom a participação de todos os se-tores envolvidos; acompanhando e,em alguns casos, participando dire-tamente de sua execução através desua Diretoria Executiva e órgãos de-

ENTREVISTA: JONAS DA COSTA BARBOSA

Movimento Espírita e UnificaçãoInformações sobre o Movimento Espírita e a Unificação no Pará, entremeadas

com comentários sobre o Conselho Federativo Nacional da FEB, são prestadas por umde seus mais antigos membros, Jonas da Costa Barbosa, em entrevista concedida a

Reformador

Jonas da Costa Barbosa

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partamentais. Tais ações compreen-dem ainda a fundação de novas Ca-sas Espíritas, gestões visando a ob-ter a adesão das que ainda não ofizeram e esforço de aproximaçãodas que se mostram arredias. Para asatividades de treinamentos, cursos,seminários e outras, convida-se,normalmente, a todas. Realizamosencontros estaduais, anualmente,de jovens e dirigentes das Casas Es-píritas. Recentemente, realizamosencontro estadual de coordenado-res de ESDE. Fazemos divulgaçãoda Doutrina e do Movimento Espí-rita para o público em geral atravésde programas permanentes de rá-dio, pela mídia impressa e palestraspúblicas. Diversas feiras do livro sãorealizadas na Capital e no Interior.

P. – O Movimento Espírita sedesenvolve por todas as regiões doPará?

JCB – Sim, embora em algu-mas áreas seja ainda bem reduzido.Praticamente, todo o Estado estácoberto por Conselhos RegionaisEspíritas e CRE-Embriões. Possuí-mos 143 municípios, vários de cria-ção mais ou menos recente, poucodesenvolvidos, onde ainda não foipossível criar um núcleo espírita.Os 15 CREs e 7 CRE-Embriõesprocuram chegar a esses municí-pios, realizando, em alguns, feirado livro, já que faz parte de sua pro-gramação. A grande extensão terri-torial do Pará tem sido fator limi-tante, considerando-se que hámunicípios com superfície superiorà de alguns Estados. Por volta de 25anos, praticamente inexistia Movi-mento Espírita fora da Capital. Ho-je, a maioria das Casas Espíritas,embora incipientes, na sua maiorparte, encontram-se no Interior.

P. – Que ação considera priori-

tária para favorecer a difusão dou-trinária?

JCB – A criação de programasde rádio. Aos poucos estes têm sur-gido em algumas regiões. Onde co-meçaram a funcionar, os resultadostêm-se mostrado promissores. Háum propósito entre nós para esti-mular o surgimento de novos pro-gramas. Em algumas cidades vemsendo utilizado o programa Mo-mento Espírita, da Federação Espí-rita do Paraná. Nos lugares onde

não existe rádio-emissora recorre-seao que aqui se denomina “boca-de--ferro”, “rádio-cipó”: alto-falantesinstalados em postes a transmitirprogramas gerados em estúdios pa-ra propaganda comercial. Está emfase de elaboração, em nosso De-partamento de Comunicação So-cial, um projeto com o objetivo deincentivar a criação de programas edar apoio à sua manutenção.

P. – Como você avalia o desen-volvimento do Conselho Federati-vo Nacional desde o início de suaparticipação?

JCB – Há duas fases a conside-rar: a do funcionamento, no Rio deJaneiro, e a de Brasília. Muito pou-co ou quase nada pude participarda primeira. Reuniões mensais, emque a quase totalidade dos Presi-dentes das Federativas eram repre-sentados, no CFN, por pessoas re-sidentes na primeira cidade, emrazão das distâncias e do pequenointervalo de tempo, só uma vez ououtra, quando coincidia estar naantiga capital, em dia de reunião,ali comparecia. Apenas uma vez es-tive presente por convocação ex-pressa para o encerramento dosquatro simpósios regionais. A mu-dança para Brasília, com reuniõesanuais, graças ao grande esforço daDiretoria da FEB, permitiu, prati-camente, o comparecimento de to-dos os Presidentes das Federativas.Inaugurou-se, de fato, uma gran-diosa etapa. É como um divisor deáguas. Passou a haver grande pro-gresso nas realizações do CFN. OBrasil-espírita começou a reunir-seefetivamente; a analisar e discutir asquestões de interesse do Movimen-to Espírita brasileiro. As resoluçõese documentos por ele aprovadostêm produzido efeitos altamentepositivos no desenvolvimento dasações empreendidas no meio espíri-ta. O estágio atual tende a melho-rar mais ainda com modificaçõesque certamente virão a ocorrer naestrutura direcional do CFN, deque sem dúvida resultará o crescen-te fortalecimento do trabalho deUnificação e, conseqüentemente,do Movimento Espírita.

É uma questão de tempo.

O estágio atual

tende a melhorar

mais ainda com

modificações

que certamente

virão a ocorrer

na estrutura

direcional

do CFN

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Podemos conceber nossa men-te como poderoso gerador deenergia magnética.

Ela se expande ao nosso redor,guardando compatibilidade com anatureza de nossos sentimentos.

Se a pessoa cultiva tendênciasnegativas, terá um padrão vibrató-rio de baixo teor, formando um cli-ma pessoal denso, escuro, pesado,que a infelicitará.

E tenderá a contaminar o am-biente onde se encontra, da mesmaforma que alguém gripado dissemi-nará, pela respiração, os vírus deque é portador.

Nossas vibrações fazem o am-biente pessoal.

As vibrações dos moradores fa-zem o ambiente doméstico.

As vibrações da população fa-zem o ambiente urbano.

Se o tempo se fecha, carregadode nuvens, há o perigo de descargaselétricas, que causam estragos.

Se o ambiente psíquico de umacidade é denso, acontecem, emmaior intensidade, crimes, aciden-tes, tragédias, mortes, como raiosdestruidores que se abatem sobre apopulação.

...Relata André Luiz, no livro

Nosso Lar, psicografia de Chico Xa-vier, que saindo do Umbral, a re-

gião trevosa que circunda a Terra,admirou-se ao entrar na cidade es-piritual.

Céu azul, sol brilhante, semnuvens, sem nevoeiro…

Explicaram-lhe que era o resul-tado do compromisso dos morado-res com o exercício do Bem, empensamentos e ações.

Ficou sabendo, então, que oambiente sombrio, pesado, densodo Umbral, que situaríamos comoum “purgatório”, é formado pelasvibrações mentais de bilhões deEspíritos encarnados e desencar-nados, ainda dominados por sen-timentos inferiores, paixões e ví-cios.

... Para melhorar nosso ambiente

psíquico, do lar e da cidade ondemoramos, o caminho é o mesmodos habitantes de Nosso Lar:

Exercitar bons pensamentos eações, cumprindo nossos deveresperante Deus e o próximo.

Se o Bem for a marca de nos-sos dias, estaremos em paz.

Se os moradores da casa fize-rem assim, haverá harmonia no lar.

Se os habitantes da cidade tive-rem o mesmo direcionamento, ha-verá drástica redução de crimes, demortes, de problemas atingindo apopulação e um abençoado bem--estar felicitará a todos.

...O envolvimento de toda uma

população com essa diretriz é algo

quimérico, distante, em face da in-ferioridade humana.

Não obstante, toda a jornada,por mais longa, começa com o pri-meiro passo.

Que tal, leitor amigo, se nosdispuséssemos a participar de uma“corrente do Bem”?

Seria o empenho permanentede fazer algo em favor do próximo,solicitando, como pagamento, queo beneficiário se comprometa aidêntica iniciativa.

Crescendo esse movimentoabençoado, o mal será contido, avida da cidade melhorará, o pano-rama do mundo será modificado,com promissoras perspectivas deharmonia e paz.

Há, a propósito, uma históriainteressante, que colhi na Internet.A fonte não cita o autor, motivo pe-lo qual o situo como desconhecido.Se tomar conhecimento, ele há deme perdoar, bem de acordo com oespírito da própria história:

Uma senhora esperava, há umahora, no acostamento, que alguémparasse para ajudá-la a trocar opneu furado de seu carro.

Finalmente, um motorista es-tacionou por perto e se aproximou.

– Meu nome é Bryan. Possoajudá-la?

Ficou preocupada. Estava vestido com simplicida-

de, carro maltratado, bem diferen-te do seu, novinho em folha.

E se fosse um assaltante?Mas ele logo foi pegando o ma-

caco e rapidinho trocou o pneu. >

Vamos aderir?Richard Simonetti

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> Ela não sabia como agradecer.Perguntou quanto lhe devia. Bryansorriu:

– Não foi nada. Gosto de aju-dar pessoas, quando tenho chance.Sou grato a Deus pelas dádivas re-cebidas, embora viva modestamen-te. Tenho um lar abençoado, umaesposa adorável. Se realmente querme reembolsar, da próxima vez queencontrar alguém em dificuldade,tente fazer o mesmo.

Partiram os dois. Alguns quilômetros adiante ela

entrou numa lanchonete de beirade estrada. A garçonete aproximou--se sorrindo. Sorriso luminoso, nãoobstante os pés doendo, o cansaço,por um dia inteiro de trabalhoestafante.

E havia a sobrecarga da gra-videz. A barriga proeminente reve-lava avançada gestação.

Atenciosa, limpou a mesa comcuidado, atendendo, solícita, a fre-guesa.

A senhora admirou seu jeitocarinhoso e se perguntava como al-guém, em tal situação, conservava adisposição de exercitar a gentileza.

Então, recordou de Bryan e desua recomendação.

Depois que terminou a refei-ção, enquanto a garçonete busca-va troco para uma nota de cemdólares que lhe dera, a senhora par-tiu.

Quando a gestante voltou, no-tou algo escrito no guardanapo, sobo qual havia mais quatro notas decem dólares.

Não conteve as lágrimas, aoler:

Alguém me ajudou uma vez eda mesma forma lhe estou ajudan-do. Não me deve nada. Eu já tenhoo bastante. Se realmente quiser me

reembolsar, não deixe este círculode amor terminar em você.

Naquela noite, quando se dei-tou, a garçonete ficou pensando nobilhete.

Como aquela senhora podiasaber o quanto ela e o marido pre-cisavam daquele dinheiro?

Virou-se para ele que dormiaao lado, deu-lhe um beijo e sussur-rou:

– Tudo ficará bem, meu queri-do. Eu te amo muito, Bryan.

Se houvesse um levantamentoestatístico, ficariam admiradas aspessoas ao constatar que naquelanoite foram menos numerosos osacidentes e as ocorrências policiais.

É que um círculo de luz se es-tendera pelas adjacências, a partir deuma corrente de amor a iluminar oscaminhos e neutralizar as trevas.

...Façamos, leitor amigo, a nossa

corrente sagrada, estendendo boasações ao redor de nossos passos, ge-rando luzes abençoadas a neutrali-zar as sombras.

Generosos mentores nos ajuda-rão nesse empenho, e o Bem se es-tenderá ao redor de nossos passos,favorecendo nossa cidade com umambiente tranqüilo e ajustado, on-de possamos viver em paz.

Vamos aderir?

AlcoólatrasQUADRO PUNGENTE

Alcoólatra vampiro alça a boca debalde,Ébrio desencarnado, a hedionda sede aguça.Híspidos lábios lambe e escancara a dentuça,Tateia o vidro, em vão, do frasco verde e jalde.

Rápido, caça alguém no remoto arrabalde,Alcoólatra encarnado encontra e lhe refuçaA goela que se inflama, enrubesce e empapuça,Como a sacar de si mais sede que a rescalde.

Agarra-se o vampiro ao bêbado por entreAs vértebras do peito e as vísceras do ventre,Toma-lhe o braço e o corpo... Estala a língua bronca!

A dupla bebe, bebe... E, às tontas, na calçadaCai de borco no chão, estira-se largada,Delira, geme, dorme, espolinha-se e ronca...

Honório Armond

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos, Diversos Espíritos, 3. ed.,FEB: Rio de Janeiro, 1994, cap. 39, p. 65.

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Caindo em si“Caindo, porém, em si...”

– (Lucas, 15:17.)

Este pequeno trecho da parábola do filho pródigo desperta valiosas conside-rações em torno da vida.

Judas sonhou com o domínio político do Evangelho, interessado na trans-formação compulsória das criaturas; contudo, quando caiu em si, era demasia-do tarde, porque o Divino Amigo fora entregue a juízes cruéis.

Outras personagens da Boa Nova, porém, tornaram a si, a tempo de rea-lizarem salvadora retificação.

Maria de Magdala pusera a vida íntima nas mãos de gênios perversos, to-davia, caindo em si, sob a influência do Cristo, observa o tempo perdido e con-quista a mais elevada dignidade espiritual, por intermédio da humildade e darenunciação.

Pedro, intimidado ante as ameaças de perseguição e sofrimento, nega oMestre Divino; entretanto, caindo em si, ao se lhe deparar o olhar compassivode Jesus, chora amargamente e avança, resoluto, para a sua reabilitação no apos-tolado.

Paulo confia-se a desvairada paixão contra o Cristianismo e persegue, fu-rioso, todas as manifestações do Evangelho nascente; no entanto, caindo em si,perante o chamado sublime do Senhor, penitencia-se dos seus erros e converte--se num dos mais brilhantes colaboradores do triunfo cristão.

Há grande massa de crentes de todos os matizes, nas mais diversas linhas dafé, todavia, reinam entre eles a perturbação e a dúvida, porque vivem mergu-lhados nas interpretações puramente verbalistas da revelação celeste, em gozosfantasistas, em mentiras da hora carnal ou imantados à casca da vida a que seprendem desavisados. Para eles, a alegria é o interesse imediatista satisfeito ea paz é a sensação passageira de bem-estar do corpo de carne, sem dor alguma,a fim de que possam comer e beber sem impedimento.

Cai, contudo, em ti mesmo, sob a bênção de Jesus e, transferindo-te, então,da inércia para o trabalho incessante pela tua redenção, observarás, sur-preendido, como a vida é diferente.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 88, p. 205-206.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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Iniciemos pela definição das pa-lavras. Dificuldade é substantivofeminino e indica qualidade de

difícil, ou o que não é fácil, obstácu-lo, objeção, impedimento; prático éadjetivo, concernente à prática (açãoou efeito de praticar, experiência, usopelo exercício, aplicação da teoria)ou aquilo que não se limita à teoria.E a definição de Espiritismo, dadapelo próprio Codificador é que o Es-piritismo é uma ciência que tratada natureza, origem e destino dosEspíritos, bem como de suas rela-ções com o mundo corporal.1

Quando se fala em Espiritismoprático, logo se pensa em práticamediúnica, mas a definição do pró-prio vocábulo prático, como acimaindicado, refere-se também à apli-cação da teoria, além da própriaação ou efeito de praticar. Ora, istovai além da prática mediúnica, nointercâmbio com os Espíritos, e al-cança a questão da vivência práticados ensinos espíritas. Não fica, por-tanto, limitado à prática da meraparticipação em fenômenos mediú-nicos e sim abrange também a vi-vência ou prática de hábitos coeren-tes com a proposta espírita.

Podemos, em consequência,analisar o assunto sob as duas óticas.

No último parágrafo do itemXII da Introdução de O Livro dosEspíritos2, Kardec pondera sobre aquestão das mistificações, entre errose equívocos, como uma das dificul-dades do Espiritismo prático. Aliás,todo aquele item da citada introdu-ção aborda a questão, referindo-se auma das dificuldades do intercâm-bio mediúnico. E no segundo pará-grafo do item XVII da mesma intro-dução3, já ao final, comenta sobre ofim grande e útil dos estudos espíri-tas e mesmo do intercâmbio mediú-nico: o do progresso individual e so-cial. Aí já podemos enquadrar oassunto como uma das dificuldadesdo Espiritismo prático sob o pontode vista moral. Ou, em outras pala-vras, o da vivência dos ensinos.

Podemos concluir, pois, que oEspiritismo prático não está restri-to à prática mediúnica, mas abran-ge, repetimos, a prática da vivên-cia, muito além da prática mediú-nica.

Aí surge, com toda expressão, aimportância dos estudos espíritase dos núcleos inspirados pelo idealespírita, pois que fomentador dessaautêntica prática do Espiritismo.Aliás, o compromisso maior, priori-tário, dos grupos espíritas é exata-mente ensinar Espiritismo, propi-

ciando estudo e divulgação dos pos-tulados espíritas. E isto de maneirasadia, didática, atraente, motivado-ra do interesse pelo estudo e vivên-cia do Espiritismo.

Neste ponto, podemos inda-gar: quais são as dificuldades?

Sob o ponto de vista do intercâmbio mediúnico

Se analisadas do ponto de vis-ta do intercâmbio mediúnico espí-rita, podemos relacionar a questãoda insegurança dos novatos; a au-sência do estudo doutrinário –sempre causadora de distorções eabsurdos; a indisciplina na práticaquanto a horários e assiduidade; afalta de comprometimento com acausa; a rivalidade entre integran-tes ou entre grupos; a priorizaçãodo fenômeno em detrimento doestudo; o endeusamento de mé-diuns e dirigentes; a confiança ce-ga nos Espíritos comunicantes; aobsessão; a liderança distorcida; asmistificações; a introdução de prá-ticas estranhas, entre outras tantasdificuldades. Claro que variáveis degrupo para grupo, de médium pa-ra médium, e até de região pararegião. Mas podemos asseverar quesempre fruto da ausência do estu-do doutrinário corretamente con-duzido.

Das dificuldades do Espiritismo prático

Orson Peter Carrara

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E onde a solução?

No próprio estudo, em diálo-gos construtivos de reuniões que vi-sam exatamente esclarecer o parti-cipante de reuniões mediúnicas.Para a prática mediúnica este recur-so do estudo é insubstituível e OLivro dos Médiuns é obra insu-perável. Nele se encontram as dire-trizes para a correta compreensão eprática do fenômeno. Já na Introdu-ção da monumental obra, Kardecassinala que: “Todos os dias a expe-riência nos traz a confirmação deque as dificuldades e os desen-ganos, com que muitos topam naprática do Espiritismo, se origi-nam da ignorância dos princípiosdesta ciência (...)” 4.

Entre capítulos importantes,destacamos aos leitores o capítuloXXIV5, que trata da Identidade dosEspíritos. Exatamente no item 267(em 26 princípios) Kardec enumeraos meios de reconhecer a qualidadedos Espíritos e no item 268 (em 28questões), traz perguntas sobre a na-tureza e a identidade dos Espíritos.

Notem os leitores que este éapenas um dos temas. Existem ou-tras dificuldades que o estudo podedirimir. Destacamos os itens acimapela importância didática do assun-to e que muito pode auxiliar na su-peração de dificuldades e decepçõesna prática mediúnica. Sugerimos,pois, ao leitor, com todo empenho,a consulta a essas fontes, pois ficainviável a transcrição neste peque-no espaço.

Também, no capítulo XXVIIda mesma obra6, que trata DasContradições e das Mistificações,outro tema importante no rol dasdificuldades, o estudioso e pesqui-sador espírita poderá encontrar

muitas respostas. Os itens 299 a301 oferecem subsídios para trocade muitas idéias e na superação demuitas dificuldades.

Sob o ponto de vista da vivênciaespírita

Talvez aqui as dificuldades se-jam maiores. No item anterior ve-rificamos que o estudo pode supe-rar muitos desses obstáculos. Aqui,porém, surge a questão da modifi-cação interior de cada adepto es-pírita. É interessante que a posturaaqui interfere no assunto tratado noitem anterior. Pois é exatamente acarência moral que mantém o orgu-lho, o egoísmo, a inveja, que mui-tas vezes podem estar trazendo difi-culdades para a prática do inter-câmbio propriamente dito.

Mas, sem pensar agora naquestão do intercâmbio e sim nafundamental questão da vivênciaindividual e coletiva do ensino es-pírita, verificamos que as dificulda-des também são consideráveis.

Comparecem a inveja, o ciú-me, a disputa, a maledicência e ou-tros importantes inimigos da felici-dade humana e da paz que se querconstruir.

Se analisarmos qualquer insti-tuição e solicitarmos aos presentesnuma reunião de avaliação dosproblemas que os estejam afetando,descobriremos que no fundo dosproblemas estão presentes, com to-da a força, o orgulho e o egoísmo.Também a inveja e o ciúme, a im-posição de idéias, o autoritarismo,as tentativas de domínio, o desres-peito às diferenças, a ausência desolidariedade. Mas acima de tudo,a ausência da caridade, que segun-do Jesus, é a indulgência, a benevo-

lência, o perdão7. Sentimentos sem-pre ausentes onde a irritação, a im-paciência, a crítica e demais defei-tos morais estão agindo.

É aí que surgem as divisões, asdivergências.

E podemos perguntar nova-mente:

Onde a solução?

Recorramos à obra basilar doEspiritismo: O Livro dos Espíritos.

Na Conclusão, item IX, 4º pará-grafo8, os Espíritos indicam que asdissidências são mais de forma quede fundo e que os espíritas deverãounir-se no objetivo comum:“(...) oamor de Deus e a prática do bem(...).” E mais: “(...) o objetivo final éum só: fazer o bem (...).” Na mesmaConclusão, no item VII, há ainda aclassificação, feita por Kardec, dosverdadeiros adeptos do Espiritismo eque são apresentados “(...) os que pra-ticam ou se esforçam por praticaressa moral (...).”

Conclusão

Verifica-se, portanto, que asdificuldades são oriundas da faltade conhecimento (ausência do es-tudo) e da falta de vivência prática(ausência do esforço de melhora in-dividual).

O Espiritismo prático estáportanto muito mais na vivência docomportamento espírita que na prá-tica mediúnica, mas em ambos asdificuldades existem em função daspróprias dificuldades humanas emagir coerentemente com a teoria jáà disposição.

Na prática mediúnica, quandoinventamos ou quando não estuda-mos criamos dificuldades; na vivên-

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24 Reformador/Junho 2003222

cia quando desprezamos o aspectoprincipal, ou seja, o esforço do au-to-aprimoramento moral, criamosas dificuldades todas que aí estão.

Estudando o Espiritismo e es-forçando-nos por incorporá-lo aopróprio comportamento será, pois,o caminho de superação das dificul-dades do Espiritismo prático.

Por tudo isto, a título de con-clusão, sugerimos a leitura reflexivado item 350 (capítulo XXIX da Se-gunda Parte), de O Livro dos Mé-diuns 9, onde o Codificador convidaas sociedades espíritas, compostasnaturalmente dos adeptos do Espiri-tismo, a se estenderem mãos frater-nais e buscarem viver o ideal maiorda Doutrina Espírita, ou seja, a vi-vência da união, da simpatia, da fra-ternidade recíprocas.

E aí estarão superadas as difi-culdades do Espiritismo prático.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 KARDEC, Allan. O Que é o Espiritismo,

31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. Preâmbulo,

p. 50.

2 p. 38 da 78a edição FEB, 1997, Rio (RJ), tra-

dução de Guillon Ribeiro.

3 p. 46 da 78a edição FEB, 1997, Rio (RJ), tra-

dução de Guillon Ribeiro.

4 70. ed. FEB, 2002, Rio de Janeiro, Introdução

p. 13, tradução de Guillon Ribeiro.

5 70. ed. FEB, 2002, Rio de Janeiro, p. 315-

-337, tradução de Guillon Ribeiro.

6 70. ed. FEB, 2002, Rio de Janeiro, p. 397 a

399, tradução de Guillon Ribeiro.

7 Questão 886 de O Livro dos Espíritos.

8 p. 492 da 82. ed. FEB, 1997, Rio (RJ), tra-

dução de Guillon Ribeiro.

9 70. ed. FEB, 2002, Rio de Janeiro, p. 442,

tradução de Guillon Ribeiro.

Oambiente do hospital era su-focante. A visita a um amigo ou pa-

rente ou mesmo uma missão fra-ternista apresenta uma conotaçãoprópria. Ir à busca de auxílio para simesmo, entretanto, é coisa bem di-versa, diferente. Assusta. Nossa féna maioria das vezes é claudicante,tênue, senão ausente.

Naquele dia experimentava,pessoalmente, a contrariedade da si-tuação de enfermo. Era o paciente,internado na busca de melhoria pa-ra os males que refletiam no corpofísico. A pressão arterial estava alte-rada, uma sensação de forte opres-são no peito refletia-se por todo otórax. A cabeça espelhava os refle-xos da dificuldade. Um vendaval depensamentos de rumo incerto.

Em dado momento, recebeucom alento a visita de uma enfer-meira. Seu olhar era tranqüilizante.Foi logo perguntando:

– Como está, meu caro? Após longos instantes respon-

deu: – Acho que mal. – Mas, por quê? Tenha bom

ânimo! – Bom ânimo?– As dificuldades são passageiras! – !?!– Você está sendo muito bem

cuidado aqui, não?

– Sim... Estou. – respondeudepois de pensar um pouco.

– Então?– O problema é comigo mes-

mo. Alguma coisa me diz que voudesencarnar... Morrer, sabe? Issoestá me deixando muito angustia-do.

– Mas por que meu amigo?Tudo na vida tem um curso tãonatural!

– Natural? Eu tenho dois fi-lhos para cuidar. E família tam-bém.

– Você sabe orar? – pergun-tou.

– Sim, sei. E logo indagou: – Qual é o seu nome? – Alda. E, aí, a enfermeira, solícita, vol-

tou a falar: – Se importaria se fizéssemos

uma oração por você? – Oração? De forma alguma.

Pode fazer. Qualquer coisa. O queprecisar.

– Aguarde um pouco que voutrazer uma amiga. Fique tranqüi-lo.Volto já.

Foram poucos minutos que pa-reciam uma longa espera. O mal--estar não deixava margens paraconfiança. Estava mal mesmo. Pre-cisava de assistência urgente. O fu-turo incerto parecia cada vez maispresente. Mostrava-se assustado.Aflito.

Foi aí que chegaram duas en-fermeiras. Alda e uma outra cujonome não conseguiu memorizar.

Bom ânimoAntônio Rubatino

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Postaram-se ao redor do leito, deforma silenciosa. Alguém que nãopôde precisar quem fora, leu pe-queno trecho evangélico: “Vinde amim todos vós que estais aflitos esobrecarregados, que eu vos ali-viarei. Tomai sobre vós o meu jugoe aprendei comigo que sou brandoe humilde de coração e achareis re-pouso para vossas almas, pois é sua-ve o meu jugo e leve o meu fardo.(Mateus, 11:28-30).

Estranha sensação de paz apos-sou-se do internado.

Logo a seguir, começaram aorar. Faziam a prece numa lingua-gem ininteligível. Tentava de todomodo entender o que diziam, masnão conseguia. Entregou-se então.Percebeu que as orações incluíammovimentos suaves de mãos e bra-ços. Sentiu que recebia uma trans-fusão de energias. Um passe? Pen-sou. Sim. Isso mesmo. Por essa oca-sião já era adepto do Espiritismo,mas sem maior convicção. Tangen-ciara o Espiritismo, mas este não es-tava, ainda, dentro dele.

As sensações eram tranqüiliza-doras. Sentiu um bem-estar indizí-vel. Após a sessão, Alda falou:

– Pediram-lhe um raio-x, não é? – Sim – respondeu. – Vamos lá ao serviço de ra-

diografias.Amparado por aquelas criaturas

simpáticas e amigas chegou ao localdo exame. Viu que Alda falou algu-ma coisa. Perguntou o que havia di-to. Ela acenou com a cabeça e disse:

– Nada. É com minha amiga aí. Olhou para trás, meio descon-

certado. – !?! Não viu ninguém. Alda tam-

bém logo desapareceu nos corredo-res do hospital.

Que pessoa humana, pensou.Uma profissional admirável. De-ve ser um orgulho para a catego-ria. Enaltece o hospital. Valoriza avida.

...Logo teve alta. Voltou para

casa. Melhorou muito. Sentia-seoutro. Muito mais bem-disposto.

Procurou lembrar-se de umaexpressão usado por Alda. “Bemanimado”? Não. Parecia iniciadocom Bom. Isso! “Bom ânimo.”

Resolveu voltar ao hospital pa-ra agradecer pelo atendimento quehavia recebido. Comprou flores pa-ra presentear Alda e sua assistente.Esteve no pavimento onde havia si-do atendido. Perguntou pela enfer-

meira. Não estava de plantão. Pediupara identificar quando estaria denovo. Não souberam responder. In-dagou na administração para obtertelefone, endereço ou informaçõesda escala de trabalho.

– Quando esteve internadoaqui?

– Há duas semanas.– Não temos ninguém aqui

em nossos quadros com esse nome,senhor.

– Tem certeza? – Claro! Estou consultando o

cadastro de empregados e colabora-dores voluntários.

...Não teve mais dúvidas. Seu

“bom ânimo” era agora outro.

Temos JesusDesaba o Velho Mundo em treva densaE a guerra, como lobo carniceiro,Ameaça a verdade e humilha a crença,Nas torturas de um novo cativeiro.

Mas vós, no turbilhão da sombra imensa,Tendes convosco o Excelso Companheiro,Que ama o trabalho e esquece a recompensaNo serviço do bem ao mundo inteiro.

Eis que a Terra tem crimes e tiranos, Ambições, desvarios, desenganos,Asperezas dos homens da caverna;

Mas vós tendes Jesus em cada dia.Trabalhemos na dor ou na alegria,Na conquista de luz da Vida Eterna.

Abel Gomes

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-Túmulo. 16. ed., Rio deJaneiro: FEB, 2002, p. 45. Edição Comemorativa dos 70 anos.

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Esse é o nome do livro que aca-bamos de ler. Adquirimo-lo jáhá algum tempo e guardamo-

-lo na fila das obras ainda nãocompulsadas por falta de tempo.Certos incidentes, porém, ocorri-dos muito recentemente, envolven-do, politicamente, a grande naçãoamericana do Norte, levaram-nos aantecipar a sua leitura. E confessa-mos que nos surpreendia cada pá-gina que íamos virando, ao recor-dar determinada frase de nossoamigo espiritual Emmanuel, emsua inolvidável obra A Caminho daLuz, psicografada por FranciscoCândido Xavier (Ed. FEB). Issonos encorajou a ler quase de umfôlego Sessões Espíritas na CasaBranca.

A frase de Emmanuel é a se-guinte, no capítulo XXIV que tratado “Espiritismo e as Grandes Tran-sições”: “(...) Ficarão no mundo osque puderem compreender a liçãodo amor e da fraternidade sob aégide de Jesus (...)”. E, mais adian-te, no mesmo capítulo, esta outrabastante contundente: “Convenha-mos em que o esforço do Espiritis-mo é quase superior às suas pró-prias forças, mas o mundo não está

à disposição dos ditadores terres-tres (...)” (grifo nosso em negrito).

Vale acentuar, todavia, o quediz o Espírito Emmanuel, no capí-tulo XX ainda de seu A Caminhoda Luz, sob o título “Missão daAmérica”. Vejamos como nos falaaquele mentor espiritual de nossosaudoso Chico Xavier, pois fazemosquestão de transcrever os dois tre-chos que pretendemos comentarem relação à obra que intitula esteartigo, em face de sua profundida-de consoladora:

“O Cristo localiza, então, naAmérica as suas fecundas espe-ranças (...).

“(...) Nesse campo de lutas no-vas e regeneradoras, todos os espíri-tos de boa vontade poderiam tra-balhar pelo advento da paz e dafraternidade do futuro humano, efoi por isso que, laborando para osséculos porvindouros, definiram opapel de cada região no continente,localizando o cérebro da nova ci-vilização no ponto onde hoje sealinham os Estados Unidos daAmérica do Norte, e o seu coraçãonas extensões da terra farta e aco-lhedora onde floresce o Brasil, naAmérica do Sul. Os primeiros guar-dam os poderes materiais; o se-gundo detém as primícias dos po-deres espirituais, destinadas à ci-vilização planetária do futuro”(grifos nossos em negrito).

Decidimos, então, quase porum impulso inspirativo da cons-ciência, ler de um fôlego Sessões Es-píritas na Casa Branca, impresso jáem sua 2a edição pela Casa EditoraO Clarim, do Centro Espírita“Amantes da Pobreza”, de Matão(SP). A obra é escrita por NettieColburn Maynard e Wallace Leal V.Rodrigues. O primeiro autor, a ex-traordinária médium que acompa-nhou de perto as atividades espíri-tas do Presidente Lincoln e de suaesposa, também médium, Srª MaryLincoln.

Inicialmente, o livro enfoca amissão de Abraham Lincoln, como16o Presidente dos Estados Unidos,e o que o levou, como espírita cons-ciente, a realizar sessões espíritas naCasa Presidencial daquela nação; ecomo, sem curso superior e filho deum lenhador, órfão de mãe aosnove anos, conseguiu ser um dosmaiores advogados de seu tempoe atingir, por sua fama jurídica, oponto mais elevado da administra-ção daquele país! A autora, médiuminconsciente, participando de tra-balhos psíquicos na Casa Brancajunto à médium Mary Lincoln,narra-nos fatos notáveis ocorridosna fase mais difícil daquela Presi-dência, que foi a Guerra de Seces-são promovida pelos Estados do Sulcontra a emancipação dos escravospelo Presidente Lincoln, com a pre-

“Sessões Espíritas na Casa Branca”

Inaldo Lacerda Lima

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visão de seu assassinato; e decisãopolítica, essa sob orientação espiri-tual, de prosseguir em sua luta pelaemancipação. Vale salientar a preo-cupação do grande Presidente ame-ricano em não se afastar daquelessublimes propósitos, mesmo comrisco da própria vida.

Na segunda parte da obra, pas-samos a conhecer os elevados senti-mentos do primeiro Presidente dosEstados Unidos, na pessoa de Geor-ge Washington, também médiumele próprio, de uma vidência forado comum, pela qual os Espíritosfaziam desdobrar-se diante de seusolhos o futuro daquela grande na-ção americana, tal como muitosanos depois Emmanuel nos fariaver, em sua preciosa obra através damediunidade ímpar de FranciscoCândido Xavier.

É com certa tristeza que teste-munhamos, vez por outra, justa-mente na fase talvez mais crucial daatual História deste planeta, a ma-nifestação de um que outro compa-nheiro espírita contra aquele país,fazendo eco com certos pensadoresinconformados de nossos dias, naárea socioeconômica, como se des-considerassem – tais confrades – anecessidade de refletir sobre os fa-tos, menos na condição de políticos(se porventura o são) e mais na deespíritas de que se fizeram volunta-riamente revestir na sublime missãode colaboradores do Cristo no cam-po da Doutrina-Luz, procurandocompreender o que efetivamente sepassa na ordem evolutiva de nossoOrbe, no que tange à política inter-nacional, nesta atual e complicadís-sima conjuntura, quando a funçãodo trabalhador espírita deve ser a daoração.

Verificamos que essa obra faz

revelações que nenhum colabora-dor espírita do Cristo deve ignorar,até mesmo a respeito de outrospresidentes daquele país, comoWoodrow Wilson – 27o Presiden-te; Franklin Delano Roosevelt –31o Presidente, e outros mais, cu-jos nomes deixamos a critério doleitor pesquisar e refletir.

Num modesto artigo de humí-limo filósofo e poeta espírita nãocabe dizer mais, dado que o seu ob-jetivo é apenas contribuir no senti-do de que nossos irmãos de Doutri-na Espírita se possam valer de co-nhecimentos fundamentais que nospermitam pelo menos compreen-der as crises que vêm envolvendo omundo dos homens, e entenderemque o Planeta está em fase de mu-

dança. Não a mudança esperada,em sonhos, pelos que adormecembaloiçados pelas canções de ninardo egoísmo. Mas aquela mudançaque está prevista para os que podementender certas expressões do Cris-to, em seu Sermão da Montanha, enos capítulos 13, 24 e 25 do evan-gelista Mateus, sem esquecermos,atentamente, de tudo o que se en-contra registrado nos capítulos 14,15 e 16 do evangelista João.

Para concluir, enfatizamos quenão vemos, nós outros, espíritas,nos instantes críticos por que estápassando a Terra, outra postura se-não a da oração, numa condutaplenamente evangélica, em favordo que o Cristo pretende tornar cé-rebro e coração do mundo!...

Desencarnou no dia 25 deabril, em Bauru (SP), onde residia,o Dr. Hernani Guimarães Andra-de, eminente cientista espírita, derenome internacional, que dedicousua vida à pesquisa do que seja oEspírito na sua realidade e essen-cialidade. A primeira obra por elepublicada, em 1958, foi a TeoriaCorpuscular do Espírito, seguidade Novos Rumos à ExperimentaçãoPsíquica, em 1960, e por cerca deuma dezena de outras, de cunhocientífico, mas embasadas no pen-samento espírita, sendo a mais re-cente – Você e a Reencarnação –lançada em 2002 pela Editora

CEAC, de Bauru. Fundou na ca-pital paulista o Instituto Brasileirode Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP),em 13 de dezembro de 1963.

Na data de sua desencarnação,já circulava a edição de maio de Re-formador, com a importante entre-vista que nos concedeu sobre Dou-trina Espírita e Ciência.

A Federação Espírita Brasilei-ra externou sua solidariedade à Fa-mília do Dr. Hernani, em seu re-torno à vida espiritual, e foi repre-sentada, no velório e sepultamentode seu corpo físico, através da USE– União das Sociedades Espíritasdo Estado de São Paulo.

Hernani Guimarães Andrade(Desencarnação)

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Ohomem é um ser dual forma-do de seu corpo físico e doelemento espiritual.

As religiões, em geral, se funda-mentam na existência de Deus e daalma. A Doutrina Espírita acresceque a alma ou Espírito se liga aocorpo somático por meio de umelemento fluídico denominado pe-rispírito e originado do fluido uni-versal, do qual provêm todas ascoisas mediante inumeráveis trans-formações a que se presta.

Os materialistas se opõem atais conceitos, formando o conjun-to dos ateus e niilistas, para osquais tudo não é senão matéria,mais ou menos densa, negando,enfaticamente, a existência do quenão possa ser verificado e compro-vado pelos meios e recursos de quedispõe a Ciência tradicional. Paraeles, os negativistas, nada existealém da matéria e a própria vida éuma força oriunda da mesmamatéria. A insensibilidade, incons-ciência e insensatez dos materialis-tas os tornam incapazes de explicara origem dos pensamentos, do ra-ciocínio, do senso moral, da inteli-gência e de muitas outras manifes-tações que, logicamente, só podemproceder da alma e de nenhum mo-do da matéria.

O materialista convicto tem amente tão insensível que não con-

segue imaginar a origem de algunspoderes da Natureza tais comoo magnetismo, a eletricidade, etc.Também não concebe que a vitali-dade dos seres vivos provém doprincípio vital reinante no Univer-so que se une à matéria para daí re-sultar a vida.

As religiões constituem obstá-culos à expansão das idéias materia-listas e suas nefastas conseqüências,as quais retardam o progresso mo-ral da criatura.

A Doutrina Espírita expõe aoshomens a realidade da vida em ou-tra dimensão. Enquanto o materia-lismo se vê atado e limitado à ob-servação dos efeitos, o Espiritismoaprofunda o conhecimento dos fa-tos e remonta às causas, às origensdos fenômenos que dizem respeitoàs coisas e aos seres. Ensina a duali-

dade da natureza humana, a física ea espiritual, esclarecendo que emtodo o Universo existem leis sábiase inteligentes de ordem física e mo-ral que são facilmente percebidas eque tudo regem. Tudo é obra da Di-vina Providência, mas o incrédulo,ao negar a existência de Deus, se re-baixa. É um mero indigente neces-sitado de comiseração e de auxílio.

O Espírito é o elemento imor-tal e inteligente do ser humano in-tegral e se destina a sucessivas reen-carnações para alcançar o progres-so, enquanto que o corpo físico éo instrumento para atingir esse ob-jetivo e através do qual o Espíritose aperfeiçoa, progride, se sujeita avariadas provas, provações e expia-ções até superar as imperfeições ese aprimorar, adquirindo sabedo-ria e tornando-se bondoso, condi-ções para que seja feliz.

A natureza física da pessoaexerce influência sobre a espiritual,mas, quanto mais se acentua aevolução da alma menos influên-cia sofre da matéria densa e maiscapacitada estará para se sobreporàs vicissitudes, às dores, aos sofri-mentos, às doenças. A compreen-

são da necessidade do progressomoral dá à alma ânimo para venceras dificuldades de toda ordem, mes-mo as impostas pelo envelhecimen-to do seu próprio corpo físico, emrazão da consciência da transitorie-dade da vida encarnada.

O ateu, enquanto lhe vicejamesperanças de conquistas efêmeras,age e se agita, mas, quando sente

Corpo e AlmaWashington Borges de Souza

A compreensão

da necessidade

do progresso moral

dá à alma ânimo

para vencer as

dificuldades

de toda ordem

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que lhe faltam as forças que impul-sionam suas ilusões e não há maisespaço para os sonhos, queda-se nocaminho sob o peso de frustraçõese desenganos.

A Doutrina Espírita dá aoadepto sincero e consciencioso acerteza da vida que estua após fene-cer o corpo físico e faculta-lhe nãoter pavor da morte, ser resignadodiante das vicissitudes e indulgente.Ensina-lhe a contentar-se com o ne-cessário, a ser fraterno, a respeitar odireito alheio e a resguardar a justi-ça, além de inumeráveis outros be-nefícios e conquistas que enobrecema alma e dignificam a existência.

O Espiritismo tem imensa re-levância para a pessoa que dele seaproxima e que conscientemente sedisponha a examiná-lo à luz da ra-zão e com bons propósitos, porqueele esclarece, consola, enriquece avida, domina, direciona e equilibraas emoções. Constitui defesa natu-ral e eficaz contra as nefastas incur-sões obsessivas, a prática de açõesinsensatas, as síndromes e fobias, econtra a tristeza e o desânimo queabatem as criaturas.

Muitas vezes, preocupações eestados doentios da alma refletem--se no corpo somático, causando--lhe enfermidades e padecimentos.

A Terra, mundo de provas e ex-piações, é farta de criaturas imper-feitas, repleta de angústias. A Dou-trina Espírita foi trazida ao soloterreno para dar continuidade àDoutrina Cristã. É o bálsamo con-solador prometido por Jesus paramudar esse quadro sombrio, ame-nizar as dores e sofrimentos, curaras enfermidades da alma e plantarna Terra e nos corações a esperança,a fé em Deus, para uma vida me-lhor.

“Não te mortifiques pela obtençãodo ensejo de aparecer nos carta-zes enormes do mundo. Isso podetraduzir muita dificuldade e per-turbação para teu espírito, agoraou depois.”

Emmanuel 1

Em uma manhã de domingo,assistíamos na TV à entrevistade uma palestrante que abor-

dava em suas preleções como nospoderíamos sentir felizes no traba-lho. E disse na oportunidade que afelicidade na vida profissional estádiretamente ligada ao “talento” –palavra por ela utilizada – que cadaum de nós tem a desenvolver. Dis-se, ainda, que esse “talento” nasceconosco e seriam as potencialidadesque temos a cultivar, para que nossintamos realizados não somente noâmbito profissional, mas tambémpessoalmente.

Uma grande curiosidade damatéria foi um comentário feitopela palestrante, que nos deixoudeveras pensativos. A interlocutoraindagou: – O que você faria comimenso prazer e alegria, mesmo seacordado durante a madrugada?Disse, também, que hoje em dianós não extraímos de nossos filhoso que eles realmente gostariam deser. Nós somente os colocamos nas

melhores escolas, onde eles rece-bem um sem-número de informa-ções, as quais não sabem onde enem como empregarão. E, com is-so, acabam confusos e tendem a er-rar na escolha profissional, o querepercutiria em toda sua vida pes-soal (insatisfação, tédio, ressenti-mentos, frustrações, reclamaçõesconstantes).

Passamos todo o dia comen-tando as colocações da entrevistada.Momentos antes do culto semanaldo Evangelho em nosso lar, aindarefletindo sobre o que ouvimos na-quela manhã, abrimos O Livro dosEspíritos, “ao acaso”, no capítulo X,da Parte 2a, que trata das ocupaçõese missões dos Espíritos. Então, pas-samos a tecer algumas considera-ções, embasando-nos na “históriado talento”, acerca da missão quenos cumpre realizar na nossa roma-gem carnal.

Os Espíritos reveladores, naresposta à questão 573, dizem que“(...) as missões (...) são mais oumenos gerais e importantes. O quecultiva a terra desempenha tão no-bre missão, como o que governa,ou o que instrui. (...) Cada um temneste mundo a sua missão, porquetodos podem ter alguma utilidade”2

(grifo nosso).Daí, poderíamos analisar aque-

le “talento” como se fosse nossamissão – são as nossas potencialida-

A que viemos? Jaqueline S. L. Fonseca

1 XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz.Pelo Espírito Emmanuel, cap. 38, 14. ed., Riode Janeiro: FEB, 1996, p. 88.

2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.4. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 1998.

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des a serem desenvolvidas nesta en-carnação, aquilo que “nasce conos-co”, que podemos extrair das crian-ças e ajudá-las a se prepararem paraalcançar o objetivo da sua estada naTerra. Em suma, aquilo que faría-mos com alegria, porque é o nossocomprometimento conosco mes-mos para que nos tornemos melho-res, mais responsáveis, mais equili-brados, mais felizes. Ainda que semrelevância social.

Entretanto, as dificuldades davida material e o culto exacerbadoda posse, que a nossa sociedade in-cute em nossas crianças e adoles-centes, por vezes, fazem com queeles, na vida adulta, se desviem da-quilo a que se programaram na Vi-da Maior.

Como conseqüência, vemosmuitos irmãos completamente in-satisfeitos, porque desviados do quelhes cumpria realizar. Conforme en-contramos na questão 578, ondeKardec indaga aos Espíritos daCodificação:

– Poderá o Espírito, por pró-pria culpa, falir na sua missão?

“Sim, se não for um Espíritosuperior.”

Ora, a maior parte de nós nãoé superior, tanto que estamos encar-nados num orbe de reajustamentopara com as leis eternas. Portanto,quando muito, na maior parte dasvezes, poderíamos dizer, suscetíveisde falir naquilo que nos cumpriarealizar. Principalmente se busca-mos sempre destaque e relevânciasocial, esquecendo-nos de que as ta-refas do anonimato são extrema-mente importantes...

A constante busca das facilida-des financeiras e do destaque socialenceguece momentaneamente o Es-pírito, que não consegue auscultar

a si próprio, confundindo-se nas es-colhas que faz na vida, até mesmona escolha profissional. Por isso tan-tos jovens fazendo orientação voca-cional. Palmas para a palestrante,que falou em deixarmos nossos fi-lhos se manifestarem sobre suaspreferências. Quando criança, nos-sas faculdades espirituais ainda nãoestão abafadas pela carne comoquando completamos o estágio en-carnatório, na adolescência, assu-mindo nossas dificuldades que tra-zemos do passado.

Entretanto, se passamos toda ainfância ouvindo falar em dinheiro,observando os pais falarem commau gosto de trabalho, ouvindo quefaculdade é coisa necessária paraganhar-se melhor, formamos, subli-minarmente, em nossos filhos, aimagem de que estudo e trabalhotêm o único fim de trazer-nos di-nheiro. Contudo, o maior objetivode trabalharmos é sermos úteis paraoutrem, ocupar nossas vidas com al-go de positivo, exercitar responsabi-lidade, boa vontade, paciência. Enão conseguimos exercitar qualida-des nobres quando estamos com di-ficuldade, até mesmo em aceitar otrabalho que estamos realizando.

O que nos tem faltado no mo-mento da escolha profissional é pa-rar para nos ouvir. E principalmen-te, nos conhecer, respeitar nossospróprios limites, fazermo-nos respei-tados nas nossas escolhas. Porque to-dos nós somos peças importantíssi-mas de uma grande engrenagem queé a vida na Terra, e todos nós colabo-ramos ativamente para que esse ma-quinário avance com propriedade, oque resultará, então, na Regeneraçãodo Orbe. Todos temos responsabili-dade nesta transformação.

Sempre é tempo de recomeçar.

Sempre é tempo de nos questionar-mos a que viemos, de ouvirmos lá nofundo a voz da lucidez espiritual quetodos temos em gérmen, para quepossamos, então, transformar nossopassado de erros em um futuro de es-perança e iluminação interior. E commuita alegria em poder servir.

Culto domésticoQuando o culto do EvangelhoBrilha no centro do lar,A luta de cada diaComeça a santificar.

Onde a língua tresloucadaDilacera e calunia,Brotam flores luminosasDe sacrossanta alegria.

No lugar em que a mentiraFaz guerra de incompreensão,A verdade estabeleceO império do amor cristão.

Onde a ira ruge e morde,Qual rude e invisível fera,Surge o silêncio amorosoQue entende, respeita e espera.

A mente dos aprendizesBebe luz, em pleno ar.Todos disputam contentesA glória de auxiliar.

À bênção do culto aberto,Na divina diretriz,Conversa Jesus com todosE a casa vive feliz.

Quem traz a igreja consigo,Combatendo a treva e o mal, Encontra a porta sublimeDo Reino Celestial.

Casemiro CunhaFonte: XAVIER, Francisco Cândido.Gotas de Luz. 6. ed., Rio de Janeiro:FEB, 1994, cap. 7, p. 21-22.

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Há cerca de 4 anos tivemos ahonra e a alegria de participarde um grupo de trabalho, sob

o patrocínio do “Lar Fabiano deCristo”, cujo principal objetivo eraincrementar o Esperanto nos círcu-los espíritas do Exterior filiados aoConselho Espírita Internacional(CEI).

Muitas sementes generosas sur-giram dos esforços daqueles valoro-sos companheiros que, sob a dire-ção do Cel. César Soares dos Reis,reuniam-se periodicamente nas de-pendências daquela operosa Insti-tuição, no Rio de Janeiro.

Lançadas na terra dos corações,essas sementes agora aguardam otempo favorável à germinação, esuas frutificações prepararão novasetapas conduscentes ao objetivo co-limado, isto é, à adoção do Espe-ranto como língua para as relaçõesinternacionais dos membros dacrescente família espírita mundial.

Um dos compromissos firma-dos no clima daqueles agradáveis efecundos encontros foi o de que severtesse para o Esperanto a obra AGênese, de Allan Kardec, o único li-vro da Codificação que ainda nãohavia sido traduzido para a LínguaInternacional Neutra.

Recebemos a incumbência com

emoção, pusemos mãos à obra e,com o auxílio dos amorosos guiasespirituais, pudemos cumprir ahonrosa tarefa, agora integralmen-te concluída com o lançamento dolivro La Genezo, editado pela Fede-ração Espírita Brasileira (FEB),também responsável pela publica-ção das outras traduções para o Es-peranto de obras de Allan Kardec.

Mas não redigiríamos esta notaapenas para informar o leitor sobreo auspicioso evento. Na condição deespírita-esperantista, queremos ape-lar para a generosidade de todos osnossos companheiros do ideal EEE(Evangelho, Espiritismo, Esperan-to), espalhados por nosso imensoBrasil, bem como aos não espíritasamigos do Esperanto, no sentido

de que adquiram pelo menos umexemplar desse novo lançamento daFEB, assim colaborando com a Ca-sa de Ismael para que sejam minimi-zados os custos de um empreendi-mento que, se por um lado possibi-lita investimento espiritual de gran-de alcance, por outro também im-põe grandes gastos materiais.

A Federação determinou a tira-gem mínima de mil exemplares,ideal para edições em Esperanto. Setodos os esperantistas – espíritas enão espíritas – adquirirem pelo me-nos um exemplar, a porcentagemde venda atingirá um nível que cer-tamente constituirá sólido incenti-vo a que se possa sempre sustentarum programa editorial que visa nãosomente à edição de obras doutri-nárias vertidas para o Esperanto,mas também à disponibilização, aosesperantistas em geral, de rico ma-terial para o aprendizado e a práti-ca do idioma, tais como manuais,dicionários e antologias.

Fazendo a pequena parte quenos cabe, teremos assegurado firmefundamento à construção que, nofuturo, fará irradiar por todo o Pla-neta a luz da solidariedade, da tole-rância, da fraternidade, da justiçaentre os povos, princípios comunsaos ideários do Evangelho, do Espi-ritismo e do Esperanto.

Fonte: Boletim SEI, no 1.823, de 8 demarço de 2003.

A FEB E O ESPERANTO

A Gênese, de Allan Kardec,em Esperanto

Affonso Soares

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De portas abertas à glória doensino, a Terra, nas linhas daatividade carnal, é, realmen-

te, uma universidade sublime, fun-cionando, em vários cursos e disci-plinas, com dois bilhões* de alunos,aproximadamente, matriculados nasvárias raças e nações.

Mais de vinte bilhões de almasconscientes, desencarnadas, sem nosreportarmos aos bilhões de inteli-gências subhumanas que são apro-veitadas nos múltiplos serviços doprogresso planetário, cercam o do-micílio terrestre, demorando-se nou-tras faixas de evolução.

Para a maioria dessas criaturas,necessitadas de experiência nova emais ampla, a reencarnação nãoé somente um impositivo naturalmas também um prêmio pelo ense-jo de aprendizagem.

Assim é que, sob a iluminadasupervisão das Inteligências Divi-nas, cada povo, no passado ou nopresente, constitui uma seção pre-paratória da Humanidade, à frentedo porvir.

Ontem, aprendíamos a ciênciano Egito, a espiritualidade na Índia,o comércio na Fenícia, a revelaçãoem Jerusalém, o direito em Roma e

a filosofia na Grécia. Hoje, adquiri-mos a educação na Inglaterra, a ar-te na Itália, a paciência na China, atécnica industrial na Alemanha,o respeito à liberdade na Suíça e arenovação espiritual nas Américas.

Cada nação possui tarefa espe-cífica no aprimoramento do mun-do. E ainda mesmo quando os blo-cos raciais, em desvario, se des-mandam na guerra, movimentam--se à procura de valores novos nopróprio engrandecimento.

Nos círculos do Planeta, vemosas mais primitivas comunidades di-rigindo-se para as grandes aquisi-ções culturais.

Se é verdade que a civilizaçãorefinada de hoje voa, pelo mundo,contornando-o em algumas horas,caracterizando-se pelos mais altosprimores da inteligência, possuímosmilhões de irmãos pela forma, infi-nitamente distantes do mundomoral. Quase nada diferindo dosirracionais, não conseguiram aindafixar a mínima noção de respon-sabilidade.

Os anões docos da Abissínia,sem qualquer vestuário e pronun-ciando gritos estranhos à guisa delinguagem, mais se assemelham aosmacacos.

Os nossos irmãos negros deKytches passam os dias estirados nochão, à espera de ratos com quepossam mitigar a própria fome.

Entre grande parte dos africa-nos orientais, não existe ligação mo-ral entre pais e filhos.

Os latucas, no interior da Áfri-ca, não conhecem qualquer senti-mento de compaixão ou dever.

Remanescentes dos primitivoshabitantes das Filipinas erram nasmontanhas, à maneira de animaisindomesticáveis.

E, não longe de nós, os boto-cudos, entregues à caça e à pesca,são exemplares terríveis de brutezae ferocidade.

No imenso educandário, há ta-refas múltiplas e urgentes para to-dos os que aprendem que a vida émovimento, progresso, ascensão.

Na fé religiosa como na admi-nistração dos patrimônios públicos,na arte tanto quanto na indústria,nas obras de instrução como nasciências agrícolas, a individualidadeencontra vastíssimo campo de ação,com dilatados recursos de eviden-ciar-se.

O trabalho é a escada divina deacesso aos lauréis imarcescíveis doespírito.

Ninguém precisa pedir transfe-rência para Júpiter ou Saturno, afim de colaborar na criação de no-vos céus. A Terra, nossa casa e nos-sa oficina, em plena paisagem cós-mica, espera por nós, a fim de quea convertamos em glorioso paraíso.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido.Roteiro, 10. ed. Rio de Janeiro: FEB,1998, cap. 9, p. 43-45.

O Grande Educandário

PRESENÇA DE CHICO XAVIERPRESENÇA DE CHICO XAVIER

* Em 1952, ano da publicação do livro; hojesão 6 bilhões de habitantes (N.R.).

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A Comissão Regional Nordes-te do Conselho Federativo Nacio-nal realizou sua Reunião Ordináriade 2003 em São Luís (MA), no pe-ríodo de 11 a 13 de abril, com apresença de 122 integrantes dasnove Federativas Estaduais da Re-gião: Federação Espírita do Estadode Alagoas (8 pessoas), FederaçãoEspírita do Estado da Bahia (5), Fe-deração Espírita do Estado do Cea-rá (12), Federação Espírita do Ma-ranhão (56), Federação EspíritaParaibana (6), Federação EspíritaPernambucana (7), Federação Espí-rita Piauiense (13), Federação Espí-rita do Rio Grande do Norte (7),Federação Espírita do Estado deSergipe (8). A FEB compareceucom o Presidente e mais 15 inte-grantes.

Reunião Geral

A Reunião Geral teve início nanoite de sexta-feira, dia 11, com aprece de abertura e a saudação aosvisitantes pela Presidente da Federa-

ção Espírita do Maranhão, Ana Lui-za Nazareno Ferreira, como anfitriãdo evento. O Coordenador das Co-missões Regionais concedeu a pala-vra ao Presidente da FEB, NestorJoão Masotti, para sua mensagem;prestou esclarecimentos sobre a pau-ta dos trabalhos e convidou os diri-gentes das Federativas a apresenta-rem os membros de suas equipes. AReunião Geral foi interrompida,tendo começo as reuniões setoriaisdos Dirigentes e das Áreas Específi-cas: Atividade Mediúnica, Comuni-cação Social Espírita, Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita,Infância e Juventude, Serviço de As-sistência e Promoção Social Espíri-ta, Atendimento Espiritual no Cen-tro Espírita (desdobrada, a partirdeste ano, da Atividade Mediúnica).

Reunião dos Dirigentes

Esta reunião contou com os se-guintes participantes: pela FEB –Nestor João Masotti (Presidente),Altivo Ferreira (Coordenador), Fran-

cisco Bispo dos Anjos (Secretário)e Antonio Cesar Perri de Carvalho(Assessor); pelas Federativas Esta-duais, os seguintes Presidentes e Re-presentantes: Alagoas, SebastiãoGeraldo da Silva; Bahia, CreuzaSantos Lage; Ceará, Olga Lúcia Es-píndola Freire Maia; Maranhão,Ana Luiza Nazareno Ferreira; Paraí-ba, José Raimundo de Lima; Per-nambuco, Sônia Maria ArrudaFonseca; Piauí, Ornálio BezerraMonteiro; Rio Grande do Norte,Armando Tomaz; Sergipe, Raimun-do Gregório; estiveram presentes,também, diversos assessores.

Foi feita, inicialmente, por An-tonio Cesar Perri de Carvalho, As-sessor da Secretaria Geral do CFN,a exposição sobre a capacitação ad-ministrativa dos dirigentes espíri-tas, de que resultou, no decurso dostrabalhos, a formação de três pólos,na Região, para a realização do cur-so “Capacitação Administrativa pa-ra Gestão de Casas Espíritas”, comosegue: Pólo Paraíba/Pernambuco//Rio Grande do Norte, com sede

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS

Reunião da Comissão Regional Nordeste

Abertura: Mesa formada por representantes da FEB e das Federativas: a Presidente da FEMAR saúda os visitantes

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em Paraíba (12-13/7/03); Pólo Ala-goas/Bahia/Sergipe, com sede emSergipe (23-24/8/03); e Pólo Cea-rá/Maranhão/Piauí, com sede emPiauí (30-31/8/03).

Passando-se ao assunto da reu-nião, a Comissão nomeada no anoanterior para elaborar o Anteproje-to “Ação da Casa Espírita ante osavanços e necessidades espirituaisdo homem” apresentou e leu o do-cumento que preparara, o qual foiamplamente debatido, emendado eaprovado como Projeto para aplica-ção pelas Federativas junto às CasasEspíritas. Os dirigentes relataram asatividades de suas Instituições rela-cionadas com esse assunto.

A próxima Reunião será reali-zada em Fortaleza (CE), no perío-do de 16 a 18 de abril de 2004, econtinuará tratando do mesmo as-sunto – “Ação da Casa Espírita an-te os avanços e necessidades espiri-tuais do homem” –, com vistas àavaliação das experiências colhidascom a aplicação do Projeto.

Sessão Plenária

Reiniciada a Reunião Geral namanhã de domingo (dia 13), foramapresentados os relatos dos traba-lhos desenvolvidos nas reuniões se-toriais, como segue:

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura, com o apoio deEdna Fabro. Assunto da reunião:“Integração do Trabalhador da Ati-vidade Mediúnica em todas as áreasda Casa Espírita: a) Planejamento eestratégias: integrar para interagir;b) Dinâmica de integração e de in-teração.” Assunto para a próximareunião: “A Prática Mediúnica:1.Qualificação do trabalhador do

grupo mediúnico; 2. Organização efuncionamento do grupo mediú-nico (tipos, funções, estruturas);3. Comunicação dos Espíritos: aequipe encarnada, a equipe espiri-tual, o diálogo com os Espíritos;4. Avaliação da prática mediúnica.”

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por Merhy Se-ba, com o apoio de Jorge GodinhoBarreto Nery. Assunto da reunião:“Comunicação integrada: estratégiasaplicáveis à divulgação da DoutrinaEspírita.” Assunto para a próximareunião: “Planejamento estratégicona Comunicação integrada.”

Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, coordenadapor Maria Túlia Bertoni, com oapoio de Elzio Antonio Cornélio.Assuntos da reunião: “a) Exame daproposta temática para o II Encon-tro Nacional de Coordenadores deESDE, a ser realizado em julho de2003; b) Censo 2003.” Assuntospara a próxima reunião: “1. Avalia-ção do II Encontro Nacional deCoordenadores de ESDE; 2. Estu-do do Manual de Organização eFuncionamento do ESDE.”

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com o apoio de Miriam LúciaDusi. Assunto da reunião: “Relacio-namento do DIJ com a Diretoria eDepartamentos da Federativa e dasCasas Espíritas para um trabalhomais cooperativo.” Assunto para apróxima reunião: “O papel do DIJno Movimento Espírita.”

Área do Serviço de Assistênciae Promoção Social Espírita, coorde-nada por José Carlos da Silva Silvei-ra, com o apoio de Maria de Lour-des Pereira de Oliveira. Assunto dareunião: “O Espaço de Convivên-cia como instrumento do SAPSE

(experiências das Federativas: A fa-mília do assistido; Formação e inte-gração no grupo de assistidos; En-trosamento do SAPSE com osdemais setores da Casa Espírita.”Assuntos para a próxima reunião:“1. As políticas públicas e a Assis-tência e Promoção Social Espírita;2. A interação do SAPSE e o Tercei-ro Setor; 3. Experiências das Fede-rativas no Controle Social (Conse-lhos de Direito).”

Área do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, coordena-da em parceria por Umberto Fer-reira e Maria Euny Herrera Ma-sotti. Assuntos da reunião: “1. Aná-lise da Reunião de Assistência Es-piritual – Item IV de ‘Orientaçãoao Centro Espírita’; 2. Análise doCulto do Evangelho no Lar – ItemXI de ‘Orientação ao Centro Es-pírita’.” Assunto para a próximareunião: “Elaboração de um cursode ‘Preparação de TrabalhadoresMultiplicadores do AtendimentoEspiritual’.”

Reunião dos Dirigentes: O re-lato sobre os trabalhos foi feito pe-lo Secretário da Comissão, Francis-co Bispo dos Anjos.

No encerramento da Reunião,foi concedida a palavra aos Dirigen-tes para suas impressões finais e des-pedidas, havendo, em todos os pro-nunciamentos, os cumprimentospela excelente acolhida por parteda Federativa anfitriã. Em climade muita emoção, a Presidente daFEMAR agradeceu aquelas mani-festações de carinho e apresentou asua equipe de colaboradores. OCoordenador manifestou-se em no-me da delegação da FEB. A precefinal foi proferida pela Presidenteda FEEC, anfitriã da próxima Reu-nião.

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– I –

Estaremos trazendo para os lei-tores deste espaço alguns res-pingos históricos sobre o Espi-

ritismo. Antes, faremos uma rápidareflexão sobre como e quando seiniciou o sentimento religioso naHumanidade, até chegarmos à Co-dificação da Doutrina dos Espíritos,por Allan Kardec, no século XIX.

8000 a.C.

Supõem os historiadores, semcondições de confirmá-lo, que acrença no poder celestial teria surgi-do por volta do ano 8.000 a.C. A ca-da fenômeno da Natureza criava-seum deus; igualmente, a cada ativida-de humana; depois, até mesmo osanimais passaram a ser endeusados,sempre em linguagem simbólica.

Com o tempo, acoplando adata e a hora do nascimento à posi-ção das estrelas, estabeleceu-se o ho-róscopo, dividindo-se a trajetóriaaparente do Sol em doze partes, ca-da uma com 30°. No horóscopo, ointeresse pelo futuro era (como ain-da é) estritamente individual.

Por séculos e séculos a Huma-nidade viveu sob o politeísmo ori-ginal, comandada pelos deuses:

– da Natureza: para o raio, orelâmpago, o trovão, a chuva, o ven-to, o vulcão, etc.;

– dos atos humanos: para a ca-ça, a pesca, a plantação, a colheita,a guerra, a cura de doenças, o nas-cimento, a morte, etc.;

– dos animais: para a íbis, ocrocodilo, o gato, o boi, etc.

Os Profetas

Depois, vieram os Profetas...Sobrepuseram eles às diversas

crenças, a comunicação direta comDeus, segundo acreditavam. Asprofecias, todas, visavam o bemcoletivo.

As Religiões

Espíritos missionários aporta-ram no Planeta, com a incumbên-cia de fundarem as religiões, que sereportariam (como se reportaram)ao estágio evolutivo de cada época.

Todos esses Espíritos, sem ex-ceção, trouxeram luzes para o futu-ro dos povos de então.

Focalizando agora nosso olharna história das religiões, iremos sem-pre encontrar uma hierarquia social,induzindo os adeptos (promovidos afiéis) – o povo, a rigor – à disciplinae submissão às classes dominantes.Isso, desde os imemoriais tempos doEgito, da Babilônia (país da Ásia an-tiga), Assíria e Roma. Assim, unin-do equivocadamente o Céu à Terra,muitos fiéis, desde há muito tempo,crêem poder alcançar bens indivi-duais em troca de sacrifícios, oferen-das ou promessas outras.

Jesus

O Cristo (ungido) de Deus, le-gou à Humanidade o tesouro da Fé,por ter sido o maior dispensador doAmor, de todos os tempos. Falou aomundo do Reino de Deus, intangí-vel e intocável na crença dos povosde então, arrastando milhões e mi-lhões de Espíritos ao patamar emque reside a Esperança. Suas pala-vras, de duração eterna, tiveram,têm e terão o inigualável efeito deiluminar trevas externas e internasda mente. Necessário, apenas, ter“olhos para ver” e “ouvidos para ou-vir”. Não criou nenhuma religião.Não deixou dogmas.

A moral cristã, da primeira àúltima instância, fundamenta-sena Lei do Amor – amor a Deus eao próximo. Por isso, podemos di-zer que Jesus é a maior de todas asincontáveis benesses que Deus,desde sempre, dispensa à Humani-dade.

– II –

Em prosseguimento ao que es-crevemos no artigo I, supra,estaremos agora dando um

rápido mergulho no passado da ci-vilização, com o olhar voltado parao surgimento das religiões. Nossoobjetivo é chegar ao Espritismo,caracterizando-o e às suas não pou-

O homem e a religiãoEurípedes Kühl

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cas diferenças com o Candomblé ea Umbanda. Respeitáveis os três.Mas diferentes entre si!

Vejamos o que a História re-gistrou e o mundo de hoje nosmostra, quanto à relação criatura--Criador, filho-Pai, homem-Deus:

– Judaísmo: Fundado no Oriente Médio pe-

lo patriarca Abraão, por volta doséc. XVII a.C. O legislador de Israelfoi Moisés. Para os judeus a Bíblia éformada unicamente pelos livros he-braicos e corresponde essencialmenteao Antigo Testamento dos cristãos.O Judaísmo se fortaleceu ainda maiscom a criação do Estado de Israel,em 1948. Possui fortes característi-cas étnicas, nas quais nação e religiãose mesclam. O Judaísmo é reco-nhecido como a primeira religiãomonoteísta da Humanidade e cro-nologicamente a primeira das três re-ligiões oriundas de Abraão, com oCristianismo e o Islamismo. Adep-tos: cerca de 14 milhões.

– Hinduísmo (Bramanismo):Principal religião da Índia. Ca-

racteriza-se pelo sistema de castas.Sucedeu ao Vedismo (religião pri-mitiva conhecida por quatro cole-ções de hinos – os Vedas –, entre1400 a.C. e o séc. VII a.C.). Reco-nhece a autoridade dos Vedas. O serhumano está sujeito ao samsara(sucessão de vidas e renascimento),regido pela lei do karma (ação ereação de toda ação, boa ou má).Posteriormente, incorporou o idealde renúncia do Budismo. Adeptos:811 milhões.

– Confucionismo: Data do séc. V a.C. Foi uma

tentativa de estabelecer regras de

comportamento, numa agitadaépoca do mundo chinês, ondevários principados se destruíammutuamente. Respeito aos maisvelhos, amor ao trabalho bem exe-cutado, moral severa – eis os traçosdo Confucionismo. Adeptos: cercade 6,2 milhões.

– Budismo:Religião nascida na Ásia, fun-

dada pelo príncipe hindu SidartaGautama, o Buda (560 a 480 a.C.).Ensinamentos: tudo é imperma-nente; a realidade é mutável; nãoexiste nada em nós de realidademetafísica, nada de indestrutível. Oser está submetido ao ciclo de nasci-mentos e mortes, enquanto a con-seqüência da ação (karma) não forinterrompida. A existência está su-jeita ao infortúnio, que se manifes-ta pelo sofrimento, doença e mor-te. Tem por ideal a renúncia. É naÁsia que concentra a maioria dosseus adeptos (cerca de 360 mi-lhões).

– Xintoísmo: Religião do Japão, na qual os

deuses são a personificação das for-ças naturais e os Espíritos dos an-tepassados são igualmente consi-derados como deuses. A partir doséc. VI os budistas anexaram as di-vindades xintoístas ao seu panteãoe pouco a pouco se formou um sin-cretismo. No séc. XVII novas seitasxintoístas recusaram qualquer com-promisso com religiões estrangeiras.No séc. XIX tornou-se uma espéciede religião do Estado (adoração doimperador-deus). Adeptos: 2,7 mi-lhões.

– Cristianismo: Conjunto das religiões organi-

zadas com base na pessoa de Jesus--Cristo e nos escritos que relatamsuas palavras e seus pensamentos. OCristianismo, nascido na Judéia edifundido inicialmente no Oriente,foi pregado no mundo mediterrâ-neo pelos Apóstolos, depois damorte de Jesus. O Cristianismo, emsua origem uma seita surgida do Ju-daísmo, afirma-se como religiãorevelada, isto é, de origem divina,mas com a particularidade (IgrejaCatólica Romana), de que Jesus,seu fundador, não era um simplesintermediário entre Deus e a Hu-manidade, mas também, Deus. Sãoquase 2 bilhões de cristãos no Pla-neta. Mas vejam só: desse total,1,888 bilhão estão filiados às cercade 300 tradições eclesiásticas cristãs,que deram origem a 33.820 de-nominações de igrejas. Impossívelnominá-las...

– Islamismo: Religião e civilização dos mu-

çulmanos, fundada por Maomé,tendo surgido no séc. VII, na pe-nínsula arábica, é a última das re-ligiões monoteístas. Maomé rece-beu de Deus a revelação corânica[O Corão ou Alcorão e o hadith(tradição do Profeta) formam a tra-dição, verdadeira constituição queserve de modelo imperativo para osmuçulmanos]. Não existe um cleromuçulmano. Dogma principal doIslã: a existência de Deus (Alá), sersupremo, único, infinitamente per-feito, criador do Universo e juiz so-berano dos homens. Para os muçul-manos, Maomé é o enviado de Alá.Adeptos: 1,188 bilhão.

(No próximo artigo iniciaremos o co-mentário sobre a chegada do Espiritismona Terra.)

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Aqueles que não admitem a rea-lidade das manifestações físi-cas geralmente atribuem à

fraude os efeitos produzidos, ale-gando que os prestidigitadores há-beis fazem coisas que parecem pro-digiosas, quando não lhes conhe-cemos os segredos, daí concluindoque os médiuns não passam de es-camoteadores. Já refutamos esse ar-gumento ou, antes, essa opinião,notadamente em nossos artigos so-bre o Sr. Home e nos números daRevista de janeiro e fevereiro de1858. Sobre isso não diremos senãoalgumas palavras, antes de tratar deassunto mais sério.

Pelo fato de haver charlatãesque vendem drogas nas praças pú-blicas; pelo fato de que também hámédicos que, embora não indo àpraça pública, abusam da confian-ça, não se segue que todos os médi-cos sejam charlatães, nem que aclasse médica seja atingida em suareputação. Pelo fato de haver pes-soas que vendem tintura por vinho,segue-se que todos os negociantesde vinho são falsificadores e quenão haja vinho puro? Abusa-se detudo, mesmo das coisas mais respei-táveis, e pode-se dizer que a fraudetambém tem o seu gênio. Mas afraude tem sempre um fim, um in-teresse material qualquer: onde na-

da se pode ganhar, nenhum interes-se existe em enganar. Também jádissemos, em nosso número ante-rior, a propósito dos médiuns inte-resseiros, que a melhor de todas asgarantias é um desinteresse abso-luto.

Essa garantia – dir-se-á – não éúnica, porque em matéria de pres-tidigitação há amadores muito há-beis, que visam apenas a distrair asociedade e disso não fazem umaprofissão. Não poderia o mesmoocorrer com os médiuns? Sem dú-vida que por alguns momentos po-demos nos divertir, divertindo osoutros; porém, para nisso passar ho-ras inteiras, durante semanas, mesese anos, fora necessário que se esti-vesse verdadeiramente possuído dodemônio da mistificação, e o pri-meiro mistificado seria o mistifi-cador. Não repetiremos aqui tudoque já foi dito sobre a boa-fé dosmédiuns e dos assistentes, quanto aserem joguetes de uma ilusão ou deuma fascinação. A isso já responde-mos inúmeras vezes, bem como atodas as outras objeções, pelo queremetemos o leitor à nossa Instru-ção Prática sobre as Manifestações,e aos nossos artigos anteriores daRevista. Nosso objetivo aqui não éconvencer os incrédulos. Se não seconvencem pelos fatos, não se dei-xarão convencer pelo raciocínio;seria, pois, perder nosso tempo. Di-rigimo-nos, ao contrário, aos adep-tos, a fim de os prevenir contra ossubterfúgios de que poderiam ser

vítimas da parte de pessoas interes-sadas, por um motivo qualquer, emsimular certos fenômenos; dizemoscertos fenômenos porque alguns háque evidentemente desafiam todahabilidade de prestidigitação, taiscomo o movimento de objetos semcontato, a suspensão de corpos pe-sados no espaço, os golpes desferi-dos em diferentes posições, as apa-rições, etc. E, ainda, para algunsdesses fenômenos, até certo pontoseria possível a simulação, tal o pro-gresso realizado pela arte da imi-tação.

O que é necessário fazer em se-melhantes casos é observar atenta-mente as circunstâncias e, sobretu-do, levar em conta o caráter e aposição das pessoas, a finalidade e ointeresse que poderiam ter em en-ganar: eis aí o melhor de todos oscontroles, porquanto há circunstân-cias que afastam qualquer motivode suspeita. Desse modo, estabele-cemos como princípio que é preci-so desconfiar de todos quantos fi-zessem desses fenômenos um es-petáculo ou um objeto de curiosi-dade e de divertimento, ou que de-les tirassem qualquer proveito, pormenor que fosse, vangloriando-sede os produzir à vontade e a qual-quer momento. Nunca seria dema-siado repetir que as inteligênciasocultas que se manifestam têm suassusceptibilidades e querem provar--nos que também possuem livre-ar-bítrio e não se submetem aos nos-sos caprichos. >

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

Fraudes espíritas

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> De todos os fenômenos físicos,um dos mais comuns é o dos golpesinternos, vibrados na própria subs-tância da madeira, com ou semmovimento da mesa ou de qual-quer objeto que possa ser utilizado.Ora, sendo esse efeito um dos maisfáceis de imitar e também um dosmais freqüentemente produzidos,julgamos de utilidade revelar umapequena astúcia com a qual pode-mos ser enganados: basta colocar asmãos abertas sobre a mesa, sufi-cientemente próximas para que asunhas dos polegares se apóiem for-temente uma na outra; então, porum movimento muscular absoluta-mente imperceptível, produz-se umatrito semelhante a um ruído seco,muito parecido com o da tiptologiainterna. Esse ruído repercute namadeira e produz uma ilusão com-pleta. Nada mais fácil do que fazerouvir tantos golpes quanto se quei-ra, uma batida de tambor, etc., res-ponder a certas perguntas pelo sime pelo não, pelos números e atémesmo pela indicação das letras doalfabeto.

Uma vez prevenidos, o meiode reconhecer a fraude é bem sim-ples. Não será mais possível se asmãos ficarem afastadas uma da ou-tra e se estivermos seguros de quenenhum outro contato possa pro-duzir o ruído. Aliás, os golpes au-tênticos oferecem esta característi-ca: mudam de lugar e de timbre àvontade, o que não ocorre quandose devem à causa que assinalamosou a outra análoga qualquer; queeles deixam a mesa para se fazeremouvir em outra peça de mobiliárioque ninguém toca; que, enfim, res-pondem a perguntas não previstaspelos assistentes.

Chamamos, pois, a atenção das

pessoas de boa-fé para esse pequenoestratagema, bem como para outrosque possam reconhecer, a fim de osdenunciar sem cerimônia. A possi-bilidade de fraude e de imitaçãonão impede a realidade dos fatos,não podendo o Espiritismo senãoganhar em desmascarar os impos-tores. Se alguém nos disser: Vi talfenômeno, mas havia fraude, res-ponderemos que é possível; nósmesmos vimos pretensos sonâmbu-los simularem o sonambulismo commuita habilidade, o que não impe-de que o sonambulismo seja um fa-to. Todo mundo já viu negociantesvenderem algodão por seda, o quetambém não impede que haja ver-dadeiros tecidos de seda. É precisoexaminar todas as circunstâncias everificar se a dúvida tem funda-mento. Nisso, porém, como em to-das as coisas, é preciso ser perito.Ora, nós não poderíamos reconhe-cer como juiz de uma questão al-guém que dela nada conhecesse.

O mesmo diremos dos mé-diuns escreventes. Pensa-se comu-mente que aqueles que são mecâni-cos oferecem mais garantias, nãoapenas pela independência dasidéias, como também contra o em-buste. Pois bem! Isso é um erro! Afraude insinua-se por toda parte esabemos com que habilidade é pos-sível dirigir à vontade uma cesta ouuma prancheta que escreve, dando--lhes toda a aparência de movimen-tos espontâneos. O que levanta to-das as dúvidas são os pensamentosexpressos, venham de um médiummecânico, intuitivo, audiente, fa-lante ou vidente. Há comunicaçõesque escapam de tal forma dasidéias, conhecimentos e, até mes-mo, do alcance intelectual do mé-dium, que seria necessário que nos

enganássemos estranhamente paralhes dar crédito. Reconhecemos nocharlatanismo uma grande habili-dade e fecundos recursos, conquan-to ainda não lhe reconheçamos odom de dar saber a um ignorante,ou talento a quem não o tenha.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita)– abril de 1859. (Tradução de EvandroNoleto Bezerra.)

Quando evocamos um parenteou amigo, seja qual for aafeição que nos tenha con-

servado, não devemos esperar essasdemonstrações de ternura que nospareceriam naturais depois de umadolorosa separação. Por ser calma,a afeição pode ser mais verdadeiraque a que se traduz por grandes de-monstrações exteriores. Os Espíri-tos pensam, mas não agem comoos homens: dois Espíritos amigosse vêem, amam-se, sentem-se feli-zes por se aproximarem, mas nãotêm necessidade de se lançarem aosbraços um do outro. Quando secomunicam conosco pela escrita,uma boa palavra lhes basta e lhesdiz muito mais do que palavras en-fáticas.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita)– setembro de 1859. (Tradução de Evan-dro Noleto Bezerra.)

Aforismos espíritase pensamentosavulsos

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Em continuação aos artigos pu-blicados nos meses de abril emaio deste ano, a respeito do

II Encontro Nacional de Coorde-nadores de ESDE, queremos aquienfocar, em linhas gerais, os demaistópicos da proposta de programaelaborada pela FEB para esse even-to: o conteúdo programático, o de-senvolvimento metodológico, os re-cursos e materiais instrucionais, e aavaliação do Encontro. Essa pro-posta está sendo discutida no âmbi-to das reuniões das Comissões Re-gionais do ano corrente.

O conteúdo programático ini-cia-se com uma abordagem acercado objetivo do ESDE. Como vimosnos artigos anteriores, a compreen-são desse objetivo é a garantia nãosó da unidade como também dosbons resultados do trabalho. Por is-so, esse assunto seria o primeiro aser estudado.

Em seguida, está prevista aapresentação de uma visão pano-râmica da Campanha do EstudoSistematizado da Doutrina Espíri-ta – dos seus primórdios aos diasatuais.

Essa Campanha, como se sabe,foi precedida por uma outra, que seintitulou Comece pelo Começo, lan-çada pela União das Sociedades Espí-ritas do Estado de São Paulo (USE)no ano de 1975. O título escolhidopela USE é uma exortação ao estu-do das obras básicas do Espiritismo.Mais tarde, em 1978, a FederaçãoEspírita do Rio Grande do Sul(FERGS) também lançou uma cam-panha, desta feita voltada, especifi-camente, ao estudo sistematizado daCodificação Espírita. Inspirou-se,para esse lançamento, na comunica-ção do Espírito Angel Aguarod, re-cebida, em 1977, na sede dessa Fe-derativa. Asseverava, então, esse pre-claro instrutor espiritual:

Cabe, pois, aos espíritas, res-ponsáveis pelo Movimento Es-pírita, uma ampla tarefa dedivulgação das obras básicasda Doutrina Espírita, promo-vendo um estudo sistemáticodas mesmas (...).Finalmente, em novembro de

1983, foi lançada, pela FederaçãoEspírita Brasileira, em reunião doseu Conselho Federativo Nacional,a Campanha do Estudo Sistemati-zado da Doutrina Espírita. Na oca-sião, o Espírito Bezerra de Menezes,através de Divaldo Pereira Franco,assim se expressou:

Um programa de Estudo Siste-matizado da Doutrina Espíri-ta, sem nenhum demérito pa-ra todas as nobres tentativasque têm sido feitas ao longodos anos (...), é o programa daatualidade sob a inspiração doCristo.Pode dizer-se que, apesar dos

percalços que todo empreendimen-to humano costuma enfrentar, aCampanha do ESDE vem, ao lon-go do tempo, servindo de instru-mento para a implantação do Estu-do Sistematizado da Doutrina Es-pírita em todo o Brasil. Dentre osresultados por ela já atingidos, ali-nham-se os seguintes: ampliação donúmero de pessoas a estudar siste-maticamente a Doutrina Espírita;criação de novos grupos espíritaspara atender ao crescente afluxo dopúblico; realização das tarefas espí-ritas de forma coerente com osprincípios doutrinários, sem ritual,dogmas, paramentos, idolatria, sim-bologia ou fórmula exterior.

A programação contempla ain-da a análise de problemas e levanta-mento de soluções alternativas parao bom funcionamento do ESDE,envolvendo as seguintes questões: ro-tatividade de Coordenadores nas Fe-derativas Estaduais; obstáculos àação federativa; organização e fun-

II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE

– III –José Carlos da Silva Silveira

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cionamento; distanciamento do ob-jetivo do ESDE; utilização e aplica-ção dos programas de estudo; utili-zação de técnicas e recursos didá-ticos; evasão de participantes. Váriosproblemas estão intimamente liga-dos à capacitação do Coordenadorou Monitor do ESDE, que, por issomesmo, deve investir na melhoria doseu conhecimento doutrinário e dassuas condições técnicas e psicológi-cas para o exercício adequado datarefa. Em sendo assim, seriam tam-bém discutidos alguns pontos rela-cionados com a preparação de cur-sos para a capacitação em referência,tais como: caracterização da popu-lação-alvo; definição de conteúdospara os cursos, considerando as ca-racterísticas do público-alvo; moda-lidades de atendimento (preparação,atualização); critérios para seleção deexpositores e de bibliografia.

Outro assunto – de grande re-levância, por ser essencial à correçãode rumos e aperfeiçoamento do tra-balho – é a avaliação, desdobrando--se pelos seguintes pontos: avaliaçãocomo instrumento para tomada dedecisões; avaliação de objetivos, me-tas e estratégias; avaliação de resul-tados; sugestões de instrumentos deavaliação.

Tratamento especial seria ofe-recido, de igual modo, à dinamiza-ção da Campanha do Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita,com a definição de metas e a previ-são de ações para a sua implemen-tação. Além disso, reservar-se-ia es-paço às Federativas Estaduais parao relato de suas experiências signi-ficativas na área do ESDE.

Técnicas diversas estão sendopropostas para a dinamização doEncontro – exposição dialogada, se-minário, simpósio, trabalho em gru-

po, exposição de materiais, e reu-nião plenária –, além de variadosrecursos visuais (datashow, painéis,retroprojetor, vídeo) e textos deapoio. Tudo isso com vistas a esti-mular a participação em todas asetapas do trabalho, favorecendo atroca de experiências e a construçãocoletiva de metas.

Ao final, está prevista uma ava-liação do Evento por meio de ques-tionário e registro etnográfico. Pro-põe-se, além disso, uma avaliaçãomediata, que se constituirá noacompanhamento da execução das

metas estabelecidas, em conjunto,pelos participantes, para a dinami-zação da Campanha do ESDE.

Como se vê – não só pelo aci-ma exposto como também pelos ar-tigos anteriores, supracitados –, oprograma que se pretende desenvol-ver neste II Encontro Nacional deCoordenadores de ESDE é bastanterico, tanto em sua feição teóricaquanto prática, o que, sem dúvida,propiciará amplas condições de re-flexão sobre a importância do ESDEe o seu papel no processo de Unifi-cação do Movimento Espírita.

Se vires tu alguém...Hernani T. Sant’Anna

Se vires tu alguém, cambaleante e em prantos,Aos látegos ferais de atrozes desencantos,

Fugindo, atormentado, à própria sombra triste,E à dor que não se amaina e insânica persiste...

Se o vires, com o olhar descrente e doloroso,Contemplando, sem ver, o mundo impiedoso...

Oh, diz-me: que farás? Caminharás à frente,Deixando esse infeliz ao tédio absorvente?

Terás o coração tão pétreo, tão disforme,Que nem te abalará essa desgraça enorme?

Ah, não! Deter-te-ás, por certo, em tua estrada;Farás um estacato amigo na jornada.

Talvez não falarás. Mas um sorriso calmo,Partindo de teus lábios, generoso e almo,

Do mísero fantasma à noite ensombrecidaUm raio levará de esp’ranças e de vida!...

Fonte: Canções do Alvorecer. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994, p. 42.

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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRAO Conselho Superior da Federação Espírita Brasileira, em reunião realizada em 22 de março de 2003,

elegeu, por unanimidade, membros da Diretoria Executiva cujo mandato terminara.Os órgãos da administração estão assim constituídos:

CONSELHO DIRETOR

Presidente — Nestor João MasottiVice-Presidentes — Altivo Ferreira

— Cecília Rocha — Ilcio Bianchi— Sady Guilherme Schmidt

DIRETORIA EXECUTIVA

Secretário-Geral — Alberto Nogueira da Gama1o Secretário — Arthur do Nascimento2o Secretário — Evandro Noleto Bezerra1o Tesoureiro — José Carlos Martins Lopes2o Tesoureiro — Edna Maria FabroDiretor do Setor Gráfico — José Salomão MizrahyDiretora do Depto. de Assistência Social — Maria de Lourdes Pereira de Oliveira Diretora do Depto. de Infância e Juventude — Rute Vieira Ribeiro Diretor do Depto. de Esperanto — Affonso Borges Gallego SoaresDiretora do Depto. de Estudo do Espiritismo — Marta Antunes de Oliveira MouraDiretores — Amaury Alves da Silva,

Geraldo Campetti Sobrinho, José Carlos da Silva Silveira, Lauro de Oliveira São Thiago eTânia de Souza Lopes

CONSELHO FISCAL

Efetivos

Cesar Augusto Lourenço Filho, Danilo de Castro Silva e Sérgio Thiesen

Suplentes

Alamir Gomes de Abreu, Eliphas Levi Garcez Maia e Ennio de Oliveira Tavares

ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA

O Presidente indicou e o Conselho Diretor aprovou os nomes dos confrades Jorge Godinho Barreto Nery,José Yosan dos Santos Fonseca e Zêus Wantuil para Assessores da Presidência

A Direção de Reformador ficou assim constituída:

Diretor — Nestor João MasottiDiretor-Substituto e Editor — Altivo FerreiraRedatores — Antonio Cesar Perri de Carvalho,

Evandro Noleto Bezerra eLauro de Oliveira São Thiago

Secretário — Iaponan Albuquerque da SilvaGerência — Amaury Alves da Silva

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Bahia: A FEEB na ComunidadeA Federação Espírita do Estado da Bahia, além do di-namismo com que coordena o Movimento Espíritado Estado, participa de vários organismos, tais co-mo: o Fórum Comunitário Contra a Violência, quereúne mais de 50 instituições lideradas pela Universi-dade Federal da Bahia e Projeto UNI; o Conselho Es-tadual de Ensino Religioso; a Conferência Municipalda Saúde; e o Conselho Estadual da Criança e doAdolescente.

Ceará: Jornada EspíritaO Centro de Documentação Espírita do Ceará(CDEC) programou para junho corrente, nos dias 26a 29, com o apoio da Federação Espírita do Estado doCeará, sua 1a Jornada, intitulada Tributo a Chico Xa-vier, sendo expositor Eduardo Guimarães (RJ), quetambém fará, no dia 29, o seminário Em Busca de umSentido para a Vida, nas instalações do Colégio Mi-litar de Fortaleza.

CEI: Reuniões das CoordenadoriasO Conselho Espírita Internacional, integrado por 24países, apresenta intensa atividade, através das suasCoordenadorias da Europa e das Américas. A Coor-denadoria Européia, constituída por 10 países, reu-niu-se em Estocolmo (Suécia), nos dias 9, 10 e 11 demaio; a Coordenadoria da América do Norte, com2 países, reuniu-se em Miami (EUA), nos dias 29,30 e 3l de maio e 1o de junho; a Coordenadoria daAmérica do Sul, com 8 países, reúne-se nos dias 13,14 e 15 de junho, em Buenos Aires, coincidindocom o aniversário da Confederação Espiritista Ar-gentina.

Acre: Três grandes CampanhasEm seu programa de trabalho para 2003, a Federa-ção Espírita do Estado do Acre tem agendadas trêsgrandes Campanhas: a Campanha contra o Abor-to, a Campanha Antidrogas e a Campanha de Pre-venção Contra o Suicídio. O objetivo é levar à so-ciedade a palavra de alerta e esclarecimento sobreessas patologias sociais, com base na Doutrina Es-pírita.

Casas Espíritas centenáriasO Centro Espírita Fé e Caridade, entidade pioneirado movimento espírita em São Manoel (SP), come-morou em 13 de dezembro de 2002 o centenário dogrupo espírita que hoje tem seu nome.O Centro Espírita União e Caridade, de Taubaté (SP),fundado em 1o de janeiro de 1903, programou diver-sas atividades para comemorar o seu centenário emjaneiro deste ano.

O Evangelho segundo o Espiritismo em alemãoTraduzido para o alemão, O Evangelho segundo o Es-piritismo, de Allan Kardec, foi lançado oficialmenteem Winterthur, na Suíça, em 15 de dezembro de2002. Em 19 de dezembro, ocorreu seu lançamentona Alemanha, em Munique, na sede do Grupo de Es-tudos Espíritas Allan Kardec, com uma repercussãomuito positiva nos países de língua alemã. (RIE, 3/3.)

Paraguai: Congresso EspíritaSerá realizado em Assunção, no Salão de Convençõesdo Hotel Excelsior, de 11 a 13 de setembro deste ano,o 1o Congresso Espírita Paraguaio, que abordará aDoutrina sob o tríplice aspecto de Ciência, Filosofiae Religião. A promoção é do Movimento EspíritaParaguaio.

Itália: Novo grupo espíritaIniciou atividades recentes o Núcleo Espírita AllanKardec (Via Parpagliona, 45 – Sesto San Giovani –Milão, 20099 – Itália) com duas atividades: a) Cur-so de introdução ao estudo da Doutrina Espírita, comutilização de O Livro dos Espíritos, e estudo da me-diunidade, sempre às segundas-feiras; b) Auxílioevangélico-espiritual através da prece e do passe, àsquartas-feiras. Os contatos podem ser feitos pelo tele-fone 33 35 99 51 92 ou e-mail [email protected]

França: Obras espíritas em francêsA Union Spirite Française et Francophone estádisponibilizando na internet uma relação de obras es-píritas editadas em francês. Entre elas estão as de Al-lan Kardec e Léon Denis. Os interessados devem aces-sar a página http//perso.wanadoo.fr/union.spirite.

SEARA ESPÍRITA

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