anÁlise da qualidade da Água para fins de...

67
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO RIO PARDO, MUNICÍPIO DE OURINHOS-SP LAUDA SIQUEIRA OURINHOS-SP MARÇO/2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” CÂMPUS DE OURINHOS

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE

ABASTECIMENTO PÚBLICO NO RIO PARDO, MUNICÍPIO

DE OURINHOS-SP

LAUDA SIQUEIRA

OURINHOS-SP

MARÇO/2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

CÂMPUS DE OURINHOS

Page 2: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE

ABASTECIMENTO PÚBLICO NO RIO PARDO, MUNICÍPIO

DE OURINHOS-SP

LAUDA SIQUEIRA

Orientador: Profº Dr.Rodrigo Lilla Manzione

OURINHOS-SP

MARÇO, 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

CÂMPUS DE OURINHOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de TCC do Programa de Pós Graduação em Planejamento Ambiental e Gerenciamento de Recursos, do Campus de Ourinhos – UNESP, como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Gestão de Recursos Hídricos no primeiro semestre letivo de 2016.

Page 3: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Banca Examinadora

OURINHOS-SP

MARÇO, 2016

Profº Dr. Rodrigo Lilla Manzione (Orientador)

Page 4: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar força e saúde para concluir este trabalho;

Agradeço o meu orientador ProfessorDr. Rodrigo Lilla Manzione;

Agradeço o apoio da minha família, em especial da minha filha Maysa a quem dedico

esta pesquisa;

Agradeço a compreensão dos parceiros da ETA-SAE Ourinhos que em muito

contribuíram nesta jornada e

Agradeço as amizades que tive oportunidade de fazer ao longo do curso de

Especialização Lato Senso em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento

Ambiental em Bacias Hidrográficas da UNESP/Ourinhos.

Um agradecimento especial para o superintendente da SAE Haroldo Adilson Maranho,

por me auxiliar nos tramites burocráticos que me permitiram realizar o curso.

A todos vocês meus profundos e sinceros agradecimentos.

Muito Obrigada!

Page 5: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Índice de Figuras

1 Divisão em Regiões Hidrográficas no Brasil 17

2 Disponibilidade de água superficial e subterrânea no Brasil 18

3 Evolução da Demanda Urbana máxima entre 2005 a 2025 19

4 Projeção da Demanda de água por região para o ano de 2025 20

5 Localização dos pontos de amostragem na UGRHI – 17 43

6 Localização da ETA de Ourinhos 44

7 Captação de água no rio Turvo no município de Ourinhos 45

8 ETA Ourinhos 46

9 Sistema de Captação de Ourinhos 46

10 Localização da UGRHI – 17 47

11 Captação na ETA Ourinhos 48

12 Turbidímetro utilizado na ETA para análise da Turbidez 50

13 Análise da Turbidez no laboratório da ETA 52

14 Esquema de Localização do rio Pardo dentro dos limites municipais de

Ourinhos

58

15 Formação do loteamento Recanto dos Pássaros III 59

16 Área de vegetação nativa na margem direita do rio Pardo próximo do ponto de

captação da ETA

60

17 Área agrícola nas proximidades com o rio Pardo 61

18 Área urbana do município de Ourinhos nas proximidades do rio Pardo 62

Page 6: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Índice de Gráficos

1 Abastecimento de água no Brasil por tipo de captação 15

2 Abastecimento de água no estado de São Paulo por tipo de captação 15

3 Abastecimento de água no município de Ourinhos por tipo de captação 16

4 Total de amostras de turbidez Previstas e Realizadas no ponto de distribuição

entre os meses de janeiro a julho de 2015

53

5 Total de amostras de turbidez Previstas e Realizadas no ponto de consumo

entre os meses de janeiro a julho de 2015

53

6 Turbidez na saída da distribuição da ETA 55

7 Turbidez no ponto de consumo da ETA 55

8 Consumo atual e futuro no município de Ourinhos 63

Page 7: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Índice de Quadros

1 Classificação das Águas de acordo com a Resolução CONAMA nº 20 de 1986 21

2 Classificação dos Corpos d’água de acordo com a resolução

CONAMA nº 357

23

3 Condições e Padrões de qualidade estabelecidos pela resolução CONAMA

nº357/05

24

4 Atribuições dos governos federal, estadual, municipal e da empresa

responsável pelo abastecimento público

26

5 Padrões microbiológicos de potabilidade para abastecimento público 27

6 Padrões de Turbidez estabelecido pela portaria nº 518 27

7 Padrão de Potabilidade para substâncias químicas 28

8 Número de amostras e de frequências mínimas para controle da qualidade da

qualidade da água para abastecimento público

29

9 Atribuições dos governos federal, estadual, municipal e da empresa

responsável pelo abastecimento público de acordo com a portaria nº

2914/2011

31

10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

água de sistema de abastecimento, para fins de análises físicas, químicas e

de radioatividade, em função do ponto de amostragem, da população

abastecieda e do tipo de manancial.

34

11 Valores máximos permitidos de Turbidez nos pontos de Saída do Tratamento

e Sistema de Distribuição

35

12 Amostras Previstas, Coletadas e Fora do Padrão nos Pontos de Distribuição e

de Consumo

54

13 Sistemas de Abastecimento de Ourinhos 56

14 Projeção de Consumo de água para 2020 dos municípios da UGRHI-17 63

Page 8: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Índice de Tabelas

1 Padrões de Aceitação para consumo da água pela Resolução 518 de 2004 28

2 Parâmetros analisados pelo IQA 40

3 Escala utilizada pelo IQA para classificar os corpos d´água 40

4 Níveis de Ponderação do IPMCA 41

5 Classificação do IVA 41

6 Categorias de Estado Trófico para o IET 42

7 Descrição dos Pontos de Amostragem na UGRHI-17 42

8 Valor Médio do IAP, IQA, IVA e IET 43

9 Quantidades e Frequências dos Parâmetros analisados na ETA 57

10 Amostras Previstas e Realizadas na Saída de Tratamento e Ponto de

Consumo

57

11 Valor Médio dos Parâmetros analisados na ETA 57

Page 9: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Sumário

1.INTRODUÇÃO 12

2.OBJETIVOS 13

2.1Objetivo Geral 13

2.2 Objetivos Específicos 13

3. REVISÃO DE LITERATURA 14

3.1 Noções pré-eliminares sobre o abastecimento público 14

3.2 Utilização da água no Brasil 16

3.3 Portarias e Legislação específicas sobre o tratamento da água 21

3.3.1 Resolução CONAMA nº 20/86 21

3.3.2 Resolução CONAMA nº357/05 22

3.3.3 Portaria nº 518 do Ministério da Saúde 24

3.3.4 Portaria nº 2914/2011 30

3.4Qualidade da água 35

3.4.1 Indicadores Físicos 36

3.4.2 Indicadores Químicos 37

3.4.3Indicadores Biológicos 38

3.4.4 Índice de Qualidade das Águas (IQA) 38

3.4.5 Índice de Qualidade das Águas Brutas para fins de abastecimento público

(IAP)

40

3.4.6 Índice de Qualidade das Águas para proteção da vida aquática e de

comunidades aquáticas (IVA)

40

3.4.7 Índice de Estado Trófico (IET) 41

4. MATERIAL E MÉTODOS 43

4.1Descrição da área de estudo 43

4.2Métodos 49

4.2.1 Avaliação da qualidade da água 49

4.2.2Levantamento de dados referentes ao abastecimento público do município de

Ourinhos/SP

50

4.2.3 Identificação de possíveis impactos sobre a qualidade da água do rio pardo

dentro dos limites municipais de Ourinhos/SP

50

4.2.4 Análise do atual panorama do abastecimento público de Ourinhos/SP 51

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 51

5.1 Análise da Turbidez 51

5.2Levantamento de dados referentes ao abastecimento público do município de

Ourinhos/SP

56

5.3 Identificação de possíveis impactos sobre a qualidade da água do rio pardo

dentro dos limites municipais de Ourinhos/SP

58

5.4 Análise do atual panorama do abastecimento público de Ourinhos/SP 62

6. CONCLUSÃO 64

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65

Page 10: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

RESUMO

A água trata-se de um recurso natural extremamente importante para a manutenção da

vida do homem e dos diversos ecossistemas existentes na Terra, além de propiciar

diversas atividades econômicas que geram riquezas e prosperidade para determinadas

civilizações. Dentre as principais atividades econômicas contemporâneas propiciada pela

abundância da água, destacam-se a geração de energia elétrica e a produção em escala

de produtos advindos do campo, que no caso do Brasil significa uma pauta expressiva

para a exportação e geração de riquezas. Desta maneira, a água é um bem público,

neste sentido seu uso deveria ser realizado de forma racional afim de garantir o menor

impacto possível sobre a sua qualidade/quantidade. Entretanto, esse não é o quadro

comumente difundido, pelo contrário, o que se vê são diversas fontes de poluição que

degradam a água, como por exemplo o uso demasiado de fertilizantes químicos nas

lavouras que poluem o solo e consequentemente a água, tanto a superficial quanto a

subterrânea; a impermeabilização do solo urbano que causa grandes danos ao não

deixar a água da chuva infiltrar, promovendo uma lavagem das ruas e calçadas e como

isso carregando materiais de diferentes composições para o leito do rio que por sua vez,

na maioria dos casos, já se encontram poluídos pelo descarte de lixos e despejo de

efluentes prejudiciais à saúde da vida aquática e por fim destaca-se ainda a atividade de

mineração, que consome grandes quantidades de água, deixando pelo caminho um triste

rasto de dejetos, quando não de vidas ceifadas. Neste atual contexto de descaso com os

recursos naturais como um todo, a quantidade/qualidade da água tem ficado

comprometida, afetando a sua disponibilidade para o abastecimento público, vide a

recente crise no abastecimento da região metropolitana de São Paulo, além de onerar os

custos de tratamento até chegar aos níveis ideais para o consumo humano. Sendo

assim, a referida pesquisa objetivou realizar um monitoramento da qualidade da água

para fins de abastecimento público da cidade de Ourinhos, destacando a turbidez como

um importante parâmetro para analisar a qualidade da água para esta finalidade. Para

cumprimento do objetivo proposto foi necessário analisar os dados referentes a cor, pH,

fluoreto, além dos dados referentes a captação de água nos sistemas de abastecimento

público de Ourinhos com destaque para a Estação de Tratamento de Aguas que capta

água do rio Pardo e é responsável por 90% do abastecimento de água da cidade. Os

resultados apontam que os parâmetros analisados estão em conformidade com as

portarias vigentes, assim como a oferta de água tem suprido a demanda populacional da

cidade.

Page 11: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

Palavras Chaves: Qualidade da água, abastecimento público, Estação de Tratamento de

Água.

ABSTRACT

The water this is an extremely important natural resource for the maintenance of human

life and the various ecosystems on Earth, as well as providing various economic activities

that generate wealth and prosperity for certain civilizations. The main contemporary

economic activities made possible by the abundance of water, it highlights the generation

of electricity and the production scale of arising field products, in the case of Brazil

represents a significant agenda for export and generation of wealth. In this way, water is a

public good, in this sense their use should be carried out rationally in order to ensure the

least possible impact on the quality / quantity. However, this is not commonly diffused

above, by contrast, what we see are many sources of pollution that degrade the water,

such as overuse of synthetic fertilizers on the fields that pollute the soil and thus the

water, both the surface as underground; sealing urban land which causes great damage

to not let rain water penetrate, promoting washing streets and sidewalks and how this

loading materials of different compositions to the river bed in turn, in most cases, already

They are polluted by the disposal of waste and disposal of harmful waste to the health of

aquatic life and finally also stands out the mining activity, which consumes large amounts

of water, leaving the way a sad trail of waste, if not lives cut short. In this current context

of neglect of natural resources as a whole, the amount / water quality has been

compromised, affecting the availability to the public water supply, see the recent crisis in

the supply of the metropolitan region of São Paulo, and weigh the costs treatment until

arriving at the optimum levels for human consumption. Thus, said study aimed to carry out

a monitoring of water quality for the purpose of public water supply of the city of Ourinhos,

highlighting the turbidity as an important parameter to analyze the quality of water for this

purpose. To meet the proposed objective was necessary to analyze the data for color, pH,

fluoride, in addition to data on water abstraction in public water supply systems Ourinhos

highlighting the Water Treatment Station that captures water from the Pardo River and is

accounts for 90% of the water supply of the city. The results indicate that the analyzed

parameters are in compliance with current ordinances, as well as the water supply has

supplied the population demand of the city.

Key words: water quality, public water supply, Water Treatment Plan

Page 12: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

12

1. INTRODUÇÃO

A água trata-se de um recurso natural indispensável para vida humana, animal ou

vegetal. Trata-se de um elemento químico muito abundante no planeta, estando presente

nos rios, oceanos e mares e nas geleiras. Contudo sua distribuição sobre o planeta

ocorre de forma desigual o que leva em muitos casos a conflitos e disputas políticas.

No que se diz respeito a sua disponibilidade, Grassi (2001) estima que o planeta

possui cerca de 1,4 bilhões de km³ de água que cobre cerca de 71% da superfície do

Planeta. Contudo deste percentual, cerca de 97,5% são de água salgada e apenas 2,5%

são de água doce, desse total cerca de 68,9% estão situadas nas calotas polares, 29,9%

constituem águas subterrâneas, 0,9% constituem a umidade do solo e pântanos e

apenas 0,3% constituem água superficial (BRASIL s/d).

Ao que se refere às águas superficiais, o continente americano detém cerca de

39,6% das reservas, sendo que o Brasil detém 34,9% deste montante (ANA, 2009). Muito

embora o Brasil tenha grande oferta de água, a sua distribuição não ocorre de maneira

uniforme pelo território, sendo que a maior oferta de recursos hídricos se dá na região

norte com cerca 68% da oferta, em contrapartida, a região sudeste, que engloba a maior

parcela da população detém cerca de 6% ficando a frente apenas da região nordeste que

detém 3% da oferta de recursos hídricos.

Na região sudeste em especial este panorama é critico, haja visto a escassez de

água vivenciada nos últimos anos o que remete a necessidade de se alocar grandes

investimentos para o tratamento da água.Associado a este fator soma-se ainda a

poluição dos cursos hídricos, com o despejo de esgoto sem tratamento, além das

ocupações irregulares em áreas de mananciais, assim como o intenso processo de

impermeabilização do solo que tende agravar ainda mais o problema.

Deve-se aqui destacar que a década da água iniciada em 2005, cujo término se

deu em 2015, e que tinha como objetivo principal universalizar o acesso a água potável,

assim como ampliar os investimentos na coleta e tratamento de esgoto, no caso brasileiro

ainda há muito para ser concretizado principalmente no que se refere a coleta e

tratamento de esgoto.

Nesse sentido, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico de 2008, no que se diz respeito aos municípios com acesso a rede de esgoto, o

Brasil possuía neste período cerca de 55,2% de municípios com rede coletora de esgoto,

sendo que os únicos estados que possuíam mais da metade dos domicílios atendidos por

rede coletora de esgoto eram: Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%) e Minas

Gerais (68,9%), na região norte e nordeste esse índice é de 3,85% e 22,4%

respectivamente. Com relação ao abastecimento o panorama é melhor, com cerca de

Page 13: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

13

99,4% dos municípios apresentando rede geral de abastecimento em pelo menos um

distrito (IBGE, 2010).

Todavia, emboraa água tenha o caráter de um bem público, este bem não recebe

o seu devido valor, por conta do desperdício;da poluição, originada pelo despejo de

efluentes;do uso indiscriminado para irrigação; além de sua utilização para geração de

energia, afetando assim a qualidade da água, sua disponibilidade, e diretamente todo o

ecossistema aquático.

Conforme o exposto acima, deve-se ainda adicionar o custo econômico para o

tratamento da água visando atender a crescente demanda nos centros urbanos. Nesse

sentido, Tundisi e Tundisi (2011) estimam que no Brasil em áreas de mananciais

protegidos o custo para tratamento para cada 1000 m³ pode variar entre R$ 0,50 a R$

0,80. Em contrapartida, em mananciais pouco protegidos este custo aumenta

significativamente chegando a R$40,00 o metro cúbico, ademais, o custo do tratamento

de água em regiões urbanas deterioradas pode chegar até 20 vezes acima do valor

comparado com regiões que contem áreas protegidas ou com pouco impacto antrópico

(TUNDISI; TUNDISI, 2010).

Dentro desta perspectiva o presente trabalho tem por intuito fazer um

levantamento acerca da análise da qualidade da água do rio Pardo, para fins de

abastecimento púbico no município de Ourinhos-SP.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar monitoramento da qualidade da água para fins de abastecimento público

no rio Pardo, município de Ourinhos-SP, com base nos dados de turbidez durante o

período de janeiro a julho de 2015.

2.2 Objetivos Específicos

Levantar dados sobre o abastecimento público realizado no município de

Ourinhos.

Identificar possíveis impactos sobre a qualidade da água do rio Pardo

dentro dos limites municipais de Ourinhos, decorrentes do processo de

urbanização e demais atividades.

Analisar o atual panorama

do abastecimento público, em vista dos resultados levantados.

Page 14: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

14

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Noções Preliminares sobre o Abastecimento Público

O abastecimento público de água trata-se da atividade responsável por realizar a

captação, tratamento e transporte da água, visando assim atender a demanda existente

entre os diversos usuários do sistema.

Medeiros Filho (s/d) entende o abastecimento público como um conjunto de

sistemas hidráulicos e instalações responsáveis pelo fornecimento de água para

atendimento das necessidades da população.

O autor citado acima aponta que os sistema de captação da água teve início por

volta de 2.500 a.C na região da Mesopotâmia, através de sistemas de aquedutos e

canais para transportar a água dos rios e lagos até a cidade. Contudo a partir da

Revolução Industrial ocorrida no século XVIII este sistema sofreu profundas

transformações devido o aumento da demanda nos centros urbanos, havendo portanto, a

necessidade de criar uma série de infraestruturas para realizar esta atividade.

Considerado como um componente do Saneamento Básico, o abastecimento

público compreende uma série de etapas, conforme o descrito abaixo:

a. Captação: Trata-se da estrutura criada para realizar a retirada de água do

manancial, podendo este ser superficiais (rios, canais, lagos e reservatórios)

ou subterrâneas (aquíferos).

b. Tratamento: Etapa que compreende a retirada de impurezas e contaminantes,

podendo variar conforme a fonte de captação.

c. Reservação: Refere-se ao armazenamento do excesso de água, visando ter

uma reserva para fins emergenciais.

d. Adução: Trata-se da canalização e encanamentos através dos quais a água e

transportada pelo sistema.

e. Distribuição: Nesta etapa a água é transportada por uma rede de tubulações

até chegar às residências e demais pontos de consumo.

Ao que se refere às fontes de captação de água no Brasil, segundo dados da

Pesquisa de Saneamento Básico de 2008 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE, 2010), estima-se que 42% das captações são realizadas em

mananciais superficiais e cerca de 57% são realizadas em mananciais subterrâneos

(poços rasos e profundos) e apenas 1% é realizado em outro tipo de captação, conforme

exposto no Gráfico 1.

Page 15: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

15

Gráfico 1: Abastecimento de água no Brasil por tipo de captação

Fonte: Pesquisa Nacional de Saneamento Básico IBGE, 2010.

Já no que se refere à extração no estado de São Paulo, o documento aponta que

36% das captações são feitas em mananciais superficiais e 62% são realizadas em

mananciais subterrâneos e 2% são realizados em outro tipo de captação, conforme

aponta o Gráfico 2.

Gráfico 2: Abastecimento de água no Estado de São Paulo por tipo de captação

Fonte: Pesquisa Nacional de Saneamento Básico IBGE, 2010.

42%

9%

48%

1% Superficial

Poço Raso

Poço Profundo

Outro

36%

7%

55%

2%

Superficial

Poço Raso

Poço Profundo

Outro

Page 16: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

16

No que diz respeito ao município de Ourinhos, o Atlas de Abastecimento Urbano

realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA, s/d) aponta que no município, 88% das

captações são feitas em mananciais superficiais e apenas 12% são realizadas em

mananciais subterrâneos, conforme disposto no Gráfico 3.

Gráfico 3: Abastecimento de água no Município de Ourinhos por tipo de captação

Fonte: Atlas Brasil do Abastecimento Urbano de Água, 2015.

Dado o exposto nos Gráficos1,2 e 3 é importante destacar que as captações

realizadas em águas subterrâneas realizadas em poços rasos são feitas em profundidade

média de 10 a 20 metros, Já os Poços profundos são responsáveis por captar água de

aquíferos confinados, localizados nas fraturas de rochas e geralmente possui uma

profundidade entre 60 a 300 metros (BRASIL, 2014).

3.2 Utilização da água no Brasil

O Brasil possui grande abundância em recursos hídricos, detendo cerca de 13%

da reserva de água doce no mundo, atingindo assim, papel destaque no que diz respeito

aos recursos hídricos. Possui o maior rio em volume de água do mundo, o rio Amazonas,

engloba ainda os maiores aquíferos do mundo, o sistema Aquífero Amazonas com uma

área de 3,95 km² e Guarani com uma área de 1,2 km². Este último está situado no sul da

América do Sul e cuja maior porção (62%) está sob o território brasileiro, englobando os

estados da região sul, sudeste e parte do centro oeste e possui volume estimado em 37

bilhões de metros cúbicos. No que se refere às águas subterrâneas, (REBOUÇAS, 1988;

MMA, 2003; ABAS, s/d) acrescentam ainda que a reserva de água subterrânea seja da

ordem de 112.000 km³.

88%

12%

Superficial

Subterrânea

Page 17: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

17

Tucci (2001) aborda que a produção hídrica média dos rios brasileiros é de

168.790 m³/s. Cabe destacar ainda que conforme a resolução 32 do Conselho Nacional

de Recursos Hídricos e destacado por Porto (2008) o território brasileiro está dividido em

regiões hidrográficas, a saber: Amazonas, Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico

Nordeste Oriental, Parnaíba, Tocantins-Araguaia, São Francisco, Atlântico Leste,

Atlântico Sudeste, Atlântico Sul, Paraguai, Paraná e Uruguai, conforme disposto na

Figura 1.

Figura 1: Divisão em Regiões Hidrográficas no Brasil

Fonte: CNRH, 2003.

No que se diz respeito aos usos da água, Bicudo et al. (2010) relatam que a

agricultura é o maior consumidor de água no Brasil consumindo cerca de 68%, seguido

do abastecimento público com 18% e indústria com 14%. Deve-se ainda acrescentar o

consumo da água para geração de energia, haja visto que a água é responsável por

gerar 90% da energia elétrica brasileira ao longo de 517 centrais hidrelétricas espalhadas

pelo território nacional.

Dado o exposto acima, cabe aqui destacar ainda que a irrigação é o setor que

mais consome água no Brasil e no mundo, sendo também o menos eficiente, com taxas

de perdas entre 50 e 70% (FAO, 1998 citado por REBOUÇAS, 2001). Este fato se deve

Page 18: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

18

principalmente devido ao setor da agricultura ser a principal pauta de exportação

brasileira.

Associado a este fator soma-se ainda a forma como a água é utilizada para

irrigação no Brasil, que acaba por contribuir com o aumento do desperdício. Segundo

dados da Agência Nacional de Águas em pesquisa conjunta com a Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) sobre a utilização de pivôs centrais na agricultura,

foram identificados à utilização de 18 mil pivôs centrais, ocupando uma área de 1,18

milhões de hectares. Segundo o referido estudo os estados de Minas Gerais, Goiás,

Bahia e São Paulo concentram 80% dessa área, localizados principalmente nas bacias

dos rios São Francisco (350 mil hectares), Parnaíba (300 mil hectares), Grande (100 mil

hectares) e Paranapanema (90 mil hectares), (ANA, 2015).

Muito embora a indústria e o uso doméstico representem apenas 32% do

consumo de água no Brasil, estas atividades estão concentradas em regiões onde não há

grande disponibilidade de água, o que gera grande preocupação por parte do poder

público. Este fato pode ser visto naFigura 2.

Figura 2: Disponibilidade de Água Superficial e Subterrânea no Brasil

Fonte: Borghetti et. al. 2004, adaptado por BRASIL, 2007.

Page 19: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

19

Observando a Figura 2, e de acordo com o Censo Demográfico do IBGE 2010,

observa-se que os estados que possuem disponibilidade hídrica pobre ou critica possuem

uma população de 89 milhões de habitantes, representando cerca de 47% da população

brasileira. Desse total, os estados de São Paulo e Rio de Janeiro possuem 57 milhões de

habitantes.

O contraste fica evidente quando analisamos os estados do Acre, na região norte,

e o estado de São Paulo, na região sudeste. O primeiro possui uma área territorial de 164

milhões de km², com uma população de 733.559 habitantes e uma densidade

Demográfica de 4.47 hab./km². Já o segundo possui uma área territorial de 248 milhões

de km², com uma população de 41.262.199 habitantes e uma densidade demográfica de

166,23 hab./km², sendo 37 vezes superior ao do estado do Acre.

No que se refere à demanda média de água para abastecimento urbano, no ano

de 2005 o Brasil necessitava de 494 m³/s para realizar o abastecimento. A previsão para

os anos de 2015 e 2025 são de 570 m³/s e 630 m³/s respectivamente (ANA, 2010).

Ainda no que se diz respeito à demanda de água, deve-se ressaltar que segundo

as projeções para o ano de 2025, a região sudeste responderá por cerca de 47% da

demanda brasileira e o estado de São Pauloserá responsável por 50% da demanda da

região. A região nordeste aparece em segundo lugar com uma demanda estimada de

24%, e o estado da Bahia será responsável por 27% da demanda dessa região (ANA,

2010). Este fato pode ser observado nas Figuras 3 e 4.

Figura 3: Evolução da Demanda Urbana máxima entre 2005 a 2025

Fonte: ANA, 2010.

Page 20: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

20

Figura 4: Projeção da Demanda de água por região para o ano de 2025

Fonte: ANA, 2010. Adaptado pela autora.

Tucci et. al. (2001) apontam que a limitação do consumo humano se deve,

sobretudo a dois fatores: degradação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas

e concentração da demanda em grandes áreas urbanas. Acrescenta ainda que algumas

das principais regiões metropolitanas brasileiras se encontram nas cabeceiras dos rios

como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. O autor afirma ainda que as principais

indústrias do país estão localizadas no sul e sudeste e que englobam ainda 74% da

demanda de água do setor, além das perdas do sistema que podem variar entre 25% a

40% do volume de água tratada.

Ao que diz respeito a degradação da qualidade das águas, deve-se lembrar ainda

da poluição dos corpos d’água que acabam por comprometer a qualidade da água,

conforme descrito por Tucci (2001, p.47):

A maioria dos rios que atravessam as cidades brasileiras estão deteriorados, sendo esse considerado o maior problema ambiental brasileiro. Essa deterioração ocorre porque a maioria das cidades brasileiras não possui coleta e tratamento de esgotos domésticos. Jogando in natura o esgoto nos rios. Quando existe rede, não há estação de tratamento de esgotos, o que vem a agravar ainda mais as condições do rio, pois se concentra a carga em uma seção. Em algumas situações, é construída a estação, mas a rede não coleta o volume projetado porque existe um grande número de ligações clandestinas de esgoto no sistema pluvial, que de esgoto separado passa a misto. Muitos dos rios urbanos escoam esgoto, já que, devido à urbanização, grande parte da precipitação escoa diretamente pelas áreas impermeáveis para os rios. Não ocorrendo a infiltração, a vazão de água subterrânea se reduz, agravando as estiagens.

Além disso, deve-se ainda acrescentar que muitos municípios não dispõem de

estações de tratamento de esgoto devido aos altos valores de investimento em

infraestrutura o que compromete a qualidade das águas.

Page 21: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

21

As cargas de poluição podem ser classificadas como pontuais ou difusas (TUCCI,

2001). As cargas pontuais referem-se aos efluentes da indústria e do esgoto cloacal e

pluvial. Já as cargas difusas referem-se ao escoamento rural e urbano.As cargas também

podem ser de origem orgânica ou inorgânica. A primeira é originada da matéria orgânica,

já a segunda é resultado das atividades humanas, como uso de efluentes industriais,

pesticidas e fungicidas, dentre outros. Ainda no que se refere às cargas orgânicas e

inorgânicas, deve-se ressaltar que a região sudeste contribui com 43% da carga orgânica

emitida e 81% da carga inorgânica nos rios (MENDES, 1994, citado por TUCCI, 2001).

3.3 Portarias e Legislação Específica sobre o Tratamento da Água

De maneira geral, no Brasil os recursos hídricos possuem uma base legal

consistente. O primeiro documento legal que faz referência aos cursos hídricos trata-se

do Código de Águas de 1934.

Além do Código de Águas de 1934, destacam-se ainda documentos importantes

relacionados ao tratamento e a qualidade da água como as Resoluções do Conselho

Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 20 de 1986 e nº 357 de 2005, as Portaria nº

518 e nº 2914 do Ministério da Saúde.

3.3.1 Resolução CONAMA nº 20/86

A resolução CONAMA n٥20 de 18 de junho de 1986, estabelece a primeira

classificação das águas doces, salobras e salinas do território brasileiro de acordo com

seu artigo 1º. Esta resolução classifica as águas do território brasileiro em Águas Doces

(águas com salinidade igual ou inferior a 0,50%); Salinas (água com salinidade igual ou

inferior a 0,5% e 30%) e Salobras (águas com salinidade igual ou superior a 30%) além

de dividir as águas em oito classes conforme o disposto no Quadro 1.

Quadro 1: Classificação das Águas de acordo com a Resolução CONAMA nº 20 de 1986

Page 22: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

22

Água Doce

Classe Uso Preponderante

Classe

Especial

Destinada ao abastecimento público doméstico sem prévia ou com simples desinfecção e preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

Classe 1 Destinada ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado; a proteção das comunidades aquáticas; a recreação de contato primário (natação, mergulho, etc.).

Classe 2 Destinada ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, a proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário; a irrigação e a criação de espécies destinadas a alimentação humana.

Classe 3 Destinada ao abastecimento doméstico após tratamento convencional; irrigação e a dessedentação de animais.

Classe 4 Navegação; a harmonia paisagística e usos menos exigentes.

Águas Salinas

Classe Uso Preponderante

Classe 5 Destinada à recreação de contato primário; a proteção de comunidades aquáticas e criação de espécies destinadas à alimentação humana.

Classe 6 Destinada à navegação comercial; a harmonia paisagística e recreação de contato secundário.

Águas Salobras

Classe Uso Preponderante

Classe 7 Destinada à recreação de contato primário; proteção das comunidades aquáticas e criação natural e intensiva de espécies destinadas à alimentação humana.

Classe 8 Destinadas à navegação comercial; à harmonia paisagística e recreação de contato secundário.

Fonte: Brasil, 1986. Adaptado pela autora.

3.3.2 Resolução CONAMA 357/05

A resolução CONAMA nº 357 de 17 de Março de 2005 estabelece uma nova

classificação para os corpos d’água e traça diretrizes para seu enquadramento. A

resolução traz ainda as seguintes disposições conforme descrito no artigo 2º:

Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I-águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5%; II- águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5% e inferior a 30%; III- águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30%; IV- ambiente lentico: ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado; V- ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes; [...](BRASIL. 2005).

Sendo assim, de acordo com a resolução 357 classifica os corpos d’água em

águas doce, salobras e salinas e ainda divide em 5 classes de usos preponderantes

conforme o Quadro 2.

Page 23: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

23

Quadro 2: Classificação dos Corpos d’água de acordo com a resolução CONAMA nº 357.

Água Doce

Classe Uso Preponderante

Classe

Especial

Destinada ao abastecimento para consumo humano com desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

Classe 1 Destinada ao abastecimento para consumo humano após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário (natação, mergulho, etc.) conforme a resolução CONAMA nº274 de 2000; à irrigação de hortaliças e frutas e a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

Classe 2 Destinadas ao abastecimento para o consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação e contato primário (natação, mergulho etc.) conforme resolução do CONAMA nº274 de 2000; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques e jardins; à aquicultura e a pesca.

Classe 3 Destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas cerealíferas e forrageiras; pesca amadora; recreação de contato secundário e dessedentação de animais.

Classe 4 Destinadas à navegação e a harmonia paisagística.

Águas Salinas

Classe Uso Preponderante

Classe

Especial

Destinadas à preservação dos ambientes aquáticos localizadas

em unidades de conservação de proteção integral e a preservação

do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

Classe 1 Destinadas à recreação de contato primário, conforme a Resolução CONAMA nº 274 de 2000; à proteção das comunidades aquáticas e a aquicultura e a atividade de pesca.

Classe 2 Destinadas à pesca amadora e recreação de contato secundário.

Classe 3 Destinadas à navegação e a harmonia paisagística.

Águas Salobras

Classe Uso Preponderante

Classe

Especial

Destinadas à preservação dos ambientes aquáticos localizadas em unidades de conservação de proteção integral e a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

Classe 1 Destinadas à recreação de contato primário, conforme a Resolução CONAMA nº 274 de 2000; à proteção das comunidades aquáticas e a aquicultura e a atividade de pesca; ao abastecimento público destinado ao consumo humano após tratamento convencional ou avançado; irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e a irrigação de parques, jardins na qual o público tenha contato direto.

Classe 2 Destinadas à pesca amadora e recreação de contato secundário.

Classe 3 Destinadas à navegação e a harmonia paisagística.

Fonte: BRASIL, 2005. Adaptado pela autora.

Page 24: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

24

A resolução 357 aponta ainda no Capítulo III, as condições e padrões de

qualidade da água, conforme descrito no Quadro 3.

Quadro 3: Condições e Padrões de qualidade estabelecidos pela resolução

CONAMA nº357/05.

Fonte: Longo Junior, 2011.

A resolução indica ainda que os parâmetros utilizados para realizar o

enquadramento devem ser monitorados periodicamente pelo poder Público (artigo 8º).

3.3.3 Portaria nº 518 do Ministério da Saúde

Esta portaria traz normas e estabelece as responsabilidades de quem produz

água e realiza o controle da qualidade da água. Nesse sentido esta portaria traz a

definição o controle da qualidade da água para cosumo humano como: “Conjunto de

atividades exercidas de forma contínua pelo (s) responsável (is) pela operação de

sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, destinadas a verificar se a

água fornecida à população é potável, assegurando a manutenção desta condição”

(BRASIL, 2004).

Page 25: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

25

Esta portaria traz também as atribuições dos governos federais, estaduais e

municipais e da empresa responsável pelo serviço de abastecimento (QUADRO 4).

Page 26: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

26

Quadro 4: Atribuições dos governos federal, estadual, municipal e da empresa responsável pelo abastecimento público.

Órgão Entidade Responsável

Atribuição

Governo Federal

Ministério da Saúde

Promover e acompanhar a vigilância da água; estabelecer as referências laboratoriais para dar suporte nas ações voltadas ao controle da qualidade da água; executar ações de vigilância do controle da qualidade da água em caráter complementar, quando constatado a insuficiência da ação estadual.

Governo Estadual

Secretaria de Saúde Estadual

Promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água em sua área de competência em articulação com o nível municipal; garantir nas atividades de controle da qualidade da água, a implementação de um plano de amostragem pelos municípios; estabelecer as referências laboratoriais para dar suporte nas ações voltadas ao controle da qualidade da água; executar ações de vigilância do controle da qualidade da água em caráter complementar, quando constatado a insuficiência da ação municipal.

Governo Municipal

Secretaria da Saúde Municipal

Efetivar a vigilância da qualidade da água em sua área de competência articulado com os responsáveis pelo controle de qualidade da água; Sistematizar e interpretar os dados coletados pelo responsável pela operação do sistema; estabelecer as referências laboratoriais para dar suporte nas ações voltadas ao controle da qualidade da água; Efetuar de maneira sistemática e permanente a avaliação de rico à saúde humana de cada sistema de abastecimento com base nas informações de : ocupação da bacia contribuinte ao manancial e seu histórico de qualidade da água, características físicas do sistema, histórico da qualidade da água produzida e associações entre agravo ao saúde e vulnerabilidade do sistema; auditar o controle da água produzida e distribuída; garantir informações sobre a qualidade da água e riscos a saúde humana para a população; manter registros atualizados sobre a qualidade da água de maneira que assegura sua interpretação pela população em geral.

Responsável pela operação

do Sistema

Concessionárias Operar e manter o sistema de abastecimento de água potável para a população consumidora de acordo com as normas da ABNT; manter e controlar a qualidade da água produzida por meio de: controle operacional das unidades de captação, adução, tratamento, reservação e distribuição, exigência do controle de qualidade, por parte dos fabricantes de produtos químicos utilizados no tratamento da água e de materiais empregados na produção e distribuição que tenham contato com a água, capacitação e atualização técnica dos profissionais envolvidos na operação do sistema e realizar análises laboratoriais em amostras de diversos pontos que compõe o sistema de abastecimento; manter avaliação sistemática do sistema de abastecimento de água de acordo com os riscos à saúde com base na ocupação da bacia contribuinte, no histórico das características de suas águas e características físicas do sistema; encaminhar a autoridade de saúde pública, relatórios mensais sobre o controle da qualidade da água; Fornecer a todos os consumidores relatório com periodicidade mínima de 1 ano contendo informações sobre a qualidade da água contendo informações sobre o manancial de abastecimento, proteção do manancial, qualidade da água, descrição dos valores de parâmetros de qualidade da água, seu significado, origem e efeitos sobre a saúde humana; ocorrências de não potabilidade e ações corretivas.

Fonte: BRASIL, 2004.Adaptado pela autora.

Page 27: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

27

A portaria nº 518 estabelece ainda os padrões de potabilidade de água conforme

apontado no Quadro 5.

Quadro 5: Padrões microbiológicos de potabilidade para abastecimento público

Parâmetro VMP (Valor Máximo Permitido)

Água para consumo humano (poços, nascentes e outras)

Escherichia coli ou coliformes termotolerantes

Ausência em 100 mL

Água na saída do tratamento

Coliformes Totais Ausência em 100 mL

Água tratada no sistema de Distribuição (reservatório e rede)

Escherichia coli ou coliformes termotolerantes

Ausência em 100 mL

Coliformes Totais Em sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês: ausência em 100 mL em 95% das amostras examinadas no

mês. Em sistemas que analisam menos, apenas uma amostra poderá ter resultado

mensalmente positivo em 100 mL.

Fonte: BRASIL, 2016. Adaptado pela autora.

No Quadro 6 estão descritas os padrões de Turbidez indicados pela portaria nº

518.

Quadro 6: Padrões de Turbidez estabelecido pela portaria nº 518

Tratamento da Água VMP

Desinfecção (Água Subterrânea) 1,0 UT em 95% das amostras

Filtração rápida ou filtração direta 1,0 UT

Filtração lenta 2,0 UT em 95% das amostras

Fonte: BRASIL, 2004. Adaptado pela autora.

O Quadro 7 traz o padrão de potabilidade para substâncias químicas orgânicas e

inorgânicas.

Page 28: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

28

Quadro 7: Padrão de Potabilidade para substâncias químicas

Parâmetro Unidade VMP

Inorgânicas

Fluoreto mg/L 1,5

Cobre mg/L 2,0

Arsênio mg/L 0,01

Chumbo mg/L 0,01

Orgânicas

Acrilamida ug/L 0,5

Benzeno ug/L 5

Cloreto de Vinila ug/L 5

Tetracloreto de Carbono ug/L 2

Desinfetantes

Cloro Livre mg/L 5

Fonte: BRASIL, 2004. Adaptado pela autora.

Ressalta-se ainda que a água potável deve estar de acordo com os padrões de

aceitação para consumo, isto está explicito na Tabela 1.

Tabela 1: Padrões de Aceitação para consumo da água pela Resolução 518 de 2004

Parâmetro Unidade VMP

Amônia mg/L 1,5

Cloreto mg/L 250

Cor aparente uH (unidade Hazen) 15

Dureza mg/L 500

Turbidez UT 5

Sólidos Dissolvidos Totais mg/L 1000

Fonte: BRASIL, 2004. Adaptado pela autora.

A portaria 518 recomenda ainda padrões de pH entre 6,0 e 9,5 e teor máximo de

Cloro Residual Livre em qualquer ponto da rede de abastecimento seja de 2,5 mg/L

A referida portaria aponta ainda o numero e frequências mínimas para controle da

qualidade da água para abastecimento, conforme descrito no Quadro 8.

Page 29: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

29

Quadro 8: Número de amostras e de frequências mínimas para controle da qualidade da qualidade da água para abastecimento público

Número mínimo de amostra para controle da qualidade da água para abastecimento

Parâmetro Tipo de Manancial

Número de amostra por tipo de

Tratamento

Sistema de Distribuição (rede e reservatórios)

< 50 mil hab. 50 mil a 250 mil hab.

>250 mil hab.

Cor, Turbidez e pH

Superficial 1 10 1 para cada 5 mil hab.

40+1 para cada 250 mil hab.

Subterrâneo 1 5 1 para cada 10 mil hab.

20+1 para cada 50 mil hab.

Fluoreto Superficial ou Subterrâneo

1 5 1 para cada 10 mil hab.

20+1 para cada 50 mil hab.

Frequência mínima de amostragem pata controle da qualidade da água para abastecimento

Parâmetro Tipo de Manancial

Frequência por unidade de Tratamento

Sistema de Distribuição (rede e reservatórios)

< 50 mil hab. 50 mil a 250 mil hab.

>250 mil hab.

Cor, Fluoreto, Turbidez e pH

Superficial A cada 2 horas Mensal Mensal Mensal

Subterrâneo Diária

Fonte: BRASIL, 2004. Adaptado pela autora.

Page 30: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

30

3.3.4 Portaria 2914/2011

Esta portaria foi implementada em dezembro de 2011 em substituição a portaria

518 e também traz pontos importantes relacionados à captação, tratamento e analise da

qualidade da água para consumo humano. Esta portaria, assim como a 518, também

define a quantidade e frequência mínima de amostras a serem coletadas e os limites

permitidos para fins de abastecimento público. Sendo assim a referida portaria em seu

artigo 5º traz as seguintes definições:

I-água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independente da sua origem; II- água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido nesta portaria e que não ofereça riscos à saúde; III- padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para consumo humano, conforme definido nesta portaria; IV- padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não necessariamente implicam risco à saúde; V- água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes, visando atender ao padrão de potabilidade; VI- sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição; VII- solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano: modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição; [..] IX rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por tubulações e seus assessórios, destinados a distribuir água potável, até as ligações prediais; [...] XV- controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa coletiva de abastecimento de água, destinado a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma a assegurar a manutenção desta condição; XVI- vigilância da qualidade da água para consumo humano: conjunto de ações adotadas regularmente pela autoridade de saúde pública para verificar o atendimento a esta portaria, considerados os aspectos socioambientais e a realidade local, para avaliar se a água consumida pela população apresenta risco à saúde humana. XVII- garantia de qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a validade dos ensaios realizados; XVII - garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a validade dos ensaios realizados; [...](BRASIL, 2011).

A referida portaria, assim como a portaria nº 518, traz também as atribuições dos

governos: federal, estadual e municipal, além do responsável pelo sistema conforme

descrito no Quadro 9.

Page 31: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

31

Quadro 9: Atribuições dos governos federal, estadual, municipal e da empresa responsável pelo abastecimento público de acordo com a

portaria nº 2914/2011.

Órgão Entidade Responsável

Atribuição

Governo Federal (Ministério da

Saúde)

Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS/MS)

Promover e acompanhar juntamente com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e Municípios, a vigilância da qualidade da água para consumo humano; programar ações explicitadas no Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIÁGUA); estabelecer diretrizes da vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem implementadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios de acordo com os princípios do SUS; Estipular metas e indicadores de vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Tripartite e Programar ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano em complementação aos Estados e Municípios.

Fundação Nacional de

Saúde (FUNASA)

Apoiar as ações que visem o controle da qualidade da água para o consumo humano proveniente de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água no seu âmbito de atuação, de acordo com os critérios estabelecidos nesta portaria.

Fonte: BRASIL, 2011. Adaptado pela autora.

Page 32: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

32

Quadro 9: Atribuições dos governos federal, estadual, municipal e da empresa responsável pelo abastecimento público de acordo com a portaria nº 2914/2011 (Continuação).

Governo Estadual Secretaria Estadual de

Saúde

Promover e acompanhar juntamente com as Secretarias de Saúde dos Municípios, a vigilância da qualidade da água; Desenvolver ações específicas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades regionais e locais; Implementar as diretrizes e vigilância da qualidade da água para consumo humano definidas em âmbito nacional; Estipular objetivos, metas e indicadores de vigilância da qualidade da água para consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Bipartite; Encaminhar aos responsáveis pelo abastecimento de água quaisquer informações referentes a investigações de surto relacionado à qualidade da água para consumo humano; realizar em parceria com os municípios, ações de análise e pesquisa de vírus e protozoários para controle de surtos de doenças de transmissão fecal-oral; Implementar ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano em complementação aos municípios conforme regulamentação do SUS.

Responsável pela operação do

Sistema

Concessionárias Garantir a operação e a manutenção das instalações destinadas ao abastecimento de água potável em conformidade com as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); Manter e controlar a qualidade da água produzida e distribuída por meio de controle operacional dos pontos de captação, adução tratamento, reservação e distribuição; exigência junto aos fornecedores de laudo atendimento as normas da ABNT para controle de qualidade dos produtos químicos utilizados no tratamento da água; assim como demais materiais utilizados na produção e distribuição que tenham contato com a água; capacitação e atualização técnica dos profissionais que atuam de forma direta no fornecimento e controle da qualidade da água para consumo humano; análises laboratoriais da água, em amostras provenientes de diversas partes do sistema; manter avaliação sistemática sobre ocupação da bacia contribuinte, histórico e características das águas; características físicas visando prevenir riscos a saúde humana; Encaminhar as autoridades de saúde públicas dos Estados e Municípios, dados e relatórios dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais com informações sobre o controle da água; comunicar aos órgãos ambientais, aos gestores de recursos hídricos e ao órgão de saúde pública dos Estados e dos Municípios qualquer alteração da qualidade da água no ponto de captação de possa comprometer o tratamento para consumo humano; Comunicar à autoridade pública de saúde municipal, assim como informar adequadamente à população a detecção de qualquer risco à saúde, ocasionado por anomalias operacionais no sistema.

Fonte: BRASIL, 2011. Adaptado pela autora.

Page 33: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

33

A Portaria nº 2914 de 2011, assim como a portaria nº 518 de 2004 estabelece o

número de amostras e a frequência de amostragem para as análises de Cor, Turbidez,

pH, Coliformes Totais e Cloro Residual Livre, conforme descrito no Quadro 10.

Page 34: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

34

Quadro 10: Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de

análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de amostragem, da população abastecieda e do tipo de manancial.

Parâmetro Tipo de Manancial

Saída do Tratamento Sistema de Distribuição (reservatórios e rede)

Nº Amostras

Frequência

Número de Amostras Frequência

< 50 mil hab.

50 mil a 250 mil hab.

>250 mil hab. < 50 mil hab. 50 mil a 250 mil hab.

>250 mil hab.

Cor Superficial 1 A cada 2 horas 10 1 para cada 5 mil hab.

40 + (1 para cada

25 mil hab.)

Mensal

Subterrâneo 1 Semanal 5 1 para cada 10 mil hab.

20 + (1 para cada 50 mil

hab.)

Mensal

Turbidez, Cloro residual Livre, Cloraminas, Dióxido de

Cloro

Superficial 1 A cada 2 horas

Conforme § 3º do Artigo 41

Conforme § 3º do Artigo 41 Subterrâneo 1 2 vezes por

semana

pH e Fluoreto Superficial 1 A cada 2 horas Dispensada a análise Dispensada a análise

Subterrâneo 1 2 vezes por semana

Gosto e Odor Superficial 1 Trimestral Dispensada a análise Dispensada a análise

Subterrâneo 1 Semestral

Cianotoxinas Superficial

1 Semanal quando nº de

cianobactérias ≥ 20.000

células/mL

Dispensada a análise

Dispensada a análise

Produtos secundários da

desinfecção

Superficial 1 Trimestral 1 4 4 Trimestral

Subterrâneo Dispensada a

análise

Dispensada a análise

1 1 1 Anual Semestral Semestral

Demais Parâmetros

Superficial ou Subterrâneo

1 Semestral 1 1 1 Semestral

Fonte: BRASIL, 2011. Adaptado pela autora.

Page 35: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

35

No que se diz respeito a análise da Turbidez a portaria 2914 estabelece ainda os

valores padrões para a saída do Tratamento e para a rede de distribuição, conforme

descrito no Quadro 11.

Quadro 11: Valores máximos permitidos de Turbidez nos pontos de Saída do

Tratamento e Sistema de Distribuição.

Locais de Coleta: Saída do Tratamento

Sistema de Distribuição

Turbidez 1 NTU 5 NTU

Unidade NTU(Unidade nefelométrica de Turbidez) Fonte: Brasil, 2011. Organizado pela autora.

Deve-se ressaltar que os dados e parâmetros citados nesta portaria, constituem

um documento oficial e servem de referência nacional para o tratamento de água nas

Estações de Tratamento de Água, em todo o território nacional.

Além disso, destaca-se ainda que a CETESB (Companhia Ambiental do Estado

de São Paulo) é a empresa responsável por realizar o monitoramento e a fiscalização da

qualidade das águas no Estado de São Paulo verificando, portanto se o tratamento assim

como a qualidade das águas está de acordo com as normas e portarias vigentes.

O monitoramento feito pela CETESB é realizado desde 1974 e visa prevenir

danos à saúde humana e a sanidade ambiental. Dentre as variáveis analisadas para

garantir o controle da qualidade da água, a CETESB destaca os seguintes grupos de

variáveis:

a. Sanitárias: Coliformes Termotolerantes, Oxigênio Dissolvido. Matéria Orgânica e

Turbidez;

b. Substâncias Tóxicas: Metais Pesados, Fenóis, Pesticidas, Organofosforados;

c. Comunidades Aquáticas: Fitoplâncton, Zooplâncton e Bentos.

De posse dos dados, a CETESB realiza um relatório que publicado anualmente no

seu site para fins de consulta pública.

3.4 Qualidade da Água

Diante dos fatos já mencionados sobre a degradação das águas superficiais e

subterrâneas, oriundas de diversas fontes, há de se garantir, contudo medidas que visem

garantir água com qualidade para satisfazer as necessidades econômicas e sociais da

população em geral. Desse modo, realizar o monitoramento da qualidade da água é algo

de suma importância para garantir assim o controle ambiental dos mananciais.

No que se diz respeito à qualidade das águas, Tucci (2001, p.47) relata que:

Page 36: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

36

A qualidade das águas depende das condições geológicas e geomorfológicas e de cobertura vegetal da bacia de drenagem, do comportamento dos ecossistemas terrestres e de águas doces e das ações do homem. As ações do homem que mais podem influeciar a qualidade da água: (a) lançamento de cargas nos sistemas hídricos; (b) alteração do uso do solo rural e urbano; (c) modificações no sistema fluvial.

Dado exposto acima, o monitoramento da qualidade da água possibilita aos

gestores realizar uma avaliação do quadro ambiental do manancial, podendo assim

auxiliar na tomada de decisão. Contudo para realizar o monitoramento da qualidade da

água são utilizados indicadores, físicos, químicos e biológicos.Estes indicadores serão

descritos abaixo.

3.4.1 Indicadores Físicos

Os indicadores Físicos são medidos em escala própria e são divididos em cinco

parâmetros: Cor, Condutividade Elétrica, Sabor e Odor, Sólidos, Temperatura e Turbidez.

a. Cor: A cor da água é obtida através da reflexão da luz em partículas minúsculas,

podendo ser de origem orgânica ou mineral.

b. Condutividade Elétrica: Indica a capacidade de transmitir corrente elétrica

decorrente da presença de substâncias dissolvidas, nesse caso quanto maior for

sua concentração iônica, maior será sua capacidade de conduzir corrente elétrica.

c. Sabor e Odor: Está associado à presença de substâncias químicas, como

poluentes industriais, além da atuação de micro-organismos, como por exemplo,

as algas que podem ocasionar diversos tipos de odores. Deve-se ressaltar que

para fins de consumo humano a água deve ser inodora.

d. Sólidos: Podem ser também considerados como indicadores químicos e

biológicos. Estão distribuídos na água como materiais em suspensão que são

passivos de retenção durante o processo de filtração e sólidos dissolvidos que

podem ser oriundos de processos erosivos e detritos orgânicos.

e. Temperatura: A temperatura afeta diretamente os organismos aquáticos e

influencia diretamente a velocidade das reações químicas, e a solubilidade das

substâncias. Em geral as águas presentes nos ambientes aquáticos brasileiros

apresentam temperatura média entre 20°C e 30°C. Destaca-se ainda que águas

com temperaturas elevadas podem ser rejeitadas para o consumo humano.

f. Turbidez: A turbidez refere-se ao grau de interferência da passagem de luz

através do liquido. A interferência resulta num espalhamento devido as partículas

em suspensão (areia, silte, argila, algas e detritos). Um dos principais agentes

quealterama turbidez é a erosão do solo, responsáveis por depositar uma grande

quantidade de material sólido nos corpos d´água. Além da erosão, merece

Page 37: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

37

destaque a atividade mineradora e os efluentes industriais depositados nos

córregos, rios e lagos. Os índices elevados de turbidez pode levarao aumento do

uso de produtos químicos, ocasionando assim na elevação do custo no

tratamento.

3.4.2 Indicadores Químicos

Os indicadores Químicos são estimados através de métodos analíticos devido a

presença de substâncias dissolvidas na água. As variáveis químicas de análise são

medidos em mg/L (miligramas por litro) ou ppm (partículas por milhão).

a. pH: Refere-se ao potencial hidrogêniônico e está relacionado as condições de

acidez ou alcalinidade de uma substância, através da presença de íons de

Hidrogênio (H+). É medido obtido através de uma escala antilogarítimica de 0 a

14, sendo que o resultado inferior a 7 indica acidez e o resultado acima de 7

indica alcalinidade. O pH afeta diretamente a vida no ecossistema aquático. Sua

alteração pode ser de origem natural ( através da dissolução das rochas) ou

antropogênica (despejo de resíduos domésticos e industriais). De acordo com a

resolução CONAMA nº 357, o pH ideal para proteção da vida aquática é entre 6 a

9.

b. Dureza: Indica a concentração de cátions em solução na água, sendo que os mais

frequentes são o cálcio ( ) e o magnésio ( ). Pode ser classificada como

dureza carbonato e dureza não carbonato. A dureza da água é expressa em mg/L

equivalente ao Carbonato de Cálcio ( ), podendo ser classificada em mole

ou branda: <50 mg/L de ; dureza moderada 50 mg/L e 150 mg/L de ;

dura entre 150 mg/L e 300 mg/L de e muito dura > 300 mg/L de

.Para fins de abastecimento, o padrão de dureza mínimo estabelecido é de

500 mg/L de .

c. Cloretos: São originários da dissolução de minerais; do encontro com a água do

mar ou despejo de esgoto doméstico e/ou industrial. Pode ocasionar sabor

salgado a água.

d. Série Nitrogenada: Refere-se ao elemento químico Nitrogênio encontrado no meio

aquático. O Nitrogênio pode ser encontrado na forma de proteínas e compostos

orgânicos. Trata-se de um importante nutriente para o desenvolvimento de algas e

Macrofitas. Participa do processo de nitrificação e desnitrificação de bactérias.

Pode ainda ser encontrado de várias formas: Nitrogênio molecular ( ) e

Nitrogênio orgânico, Íon amônio ( +); Íon nitrito ( -) e Íon nitrato ( -).

Page 38: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

38

e. Fósforo: Trata-se do elemento mais importante para o crescimento das plantas.

Quando presente em excesso no meio aquático pode ocasionar a eutrofização.

No meio aquático é encontrado de duas formas: I. Orgânico solúvel (decorrentes

da matéria orgânica dissolvida) e particulado (Biomassa de micro-organismos); II.

Inorgânico solúvel (sais de fósforo) ou particulado (compostos minerais).

f. Fluoretos: Trata-se de um sal inorgânico carregado negativamente, sendo

formado pela combinação de diversos elementos presentes no solo, no ar,

naágua e nas plantas. Sua utilização é regulamentada pela portaria nº 635 que

estabelece um controle da fluoretação.

g. Ferro e Manganês: Possuem valor de potabilidade de 0,3 mg/L e 0,1 mg/L

respectivamente. Podem ser encontrados em teores acima da média em bacias

de Drenagem no estado de Minas Gerais ou em locais com ausência de Oxigênio

Dissolvido como em Lagos e Águas Subterrâneas.

h. Oxigênio Dissolvido: Refere-se a um dos parâmetros mais importantes quando

nos referimos a qualidade do ecossistema aquático. As Variações de Oxigênio

Dissolvido são decorrentes de processos físicos, químicos e biológicos que

ocorrem nos corpos d’água. Para que se tenha condições favoráveis de vida

aquática e das espécies de peixes são necessários teores de Oxigênio Dissolvido

de 2 a 5mg/L para o primeiro e 4mg/L para o segundo.

i. Matéria Orgânica DBO e DQO: É utilizado para verificar a presença de matéria

orgânica na água. Presentes em grandes quantidade, a matéria orgânica pode

ocasionar problemas relacionados a cor, odor, turbidez e também afetar a

quantidade de oxigênio dissolvido na água, diminuindo a sua concentração. No

que se refere a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda

Química de Oxigênio) estas podem ser diferenciadas devido ao tipo de matéria

orgânica estabilizada, sendo mineralizada devido a ação dos micro-organismos

(DBO) e decorrentes da ação de processos químicos (DQO).

j. Micropoluentes: Referem-se aos componentes e elementos químicos que mesmo

estando presente em pequenas quantidades podem ocasionar a toxicidade da

água, tornando-a imprópria para uso. Os tipos mais comuns são os metais

pesados decorrentes do processo de industrialização, tais como: cobre, cromo,

chumbo, mercúrio, dentre outros.

Page 39: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

39

3.4.3 Indicadores Biológicos

a. Algas: São organismos autótrofos e fotossintetizantes. O conjunto de algas

situados em ambientes aquáticos se dá o nome de Fitoplâncton e Zooplâncton. O

Fitoplâncton está na base da cadeia alimentar e é responsável por alimentar o

Zooplâncton. É também responsável pela produção de Oxigênio. Contudo,

também podem ocasionar a formação de grande quantidade de matéria orgânica,

que por sua vez, poderá acarretar na produção excessiva de lodo e diversos

compostos orgânicos, podendo inclusive comprometer a penetração dos raios

solares, a produção de oxigênio e gerar o entupimento dos filtros de areia nas

Estações de Tratamento.

b. Micro-organismos Patogênicos: Trata-se de micro-organismos que podem ocorrer

no meio aquático devido o despejo de dejetos de pessoas doentes. Dentre eles

destacam-se: Vírus, Bactérias e Protozoários. As bactérias mais comuns

utilizadas como indicadores de poluição são os Coliformes Fecais presentes nas

fezes do corpo humano e demais animais de sangue quente. Contudo, deve-se

ressaltar que o contado do homem água que possua estes micro-organismos

podem ocasionar uma série de doenças, como a Amebíase, Giardíase, Hepatite

A, Cólera, Diarreia Infecciosa, Esquistossomose, Leptospirose, dentre outros.

3.4.4 Índice de Qualidade das Águas (IQA)

Além dos parâmetros citados acima, destaca-se a utilização do Índice de

Qualidade das Águas (IQA) para fins de uso no abastecimento público. O IQA foi

desenvolvido nos Estados Unidos pela National Sanitation Foundation no ano de 1970,

passando a ser utilizada também pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São

Paulo) no ano de 1975 (ANA, 2015) e hoje se trata de um dos principais indicadores da

qualidade da água no Brasil.

Deve-se salientar que o IQA apresenta algumas limitações uma vez que analisa

somente os indicadores de contaminação oriundos do lançamento do esgoto doméstico,

deixando de lado a utilização de parâmetros que avaliam os metais pesados, compostos

orgânicos, protozoários, dentre outros. O IQA é calculado através da média de nove

parâmetros usados para avaliar a qualidade da água, sendo que cada um apresenta um

peso que é estabelecido de acordo com sua importância para a avaliação do IQA (Tabela

2).

Page 40: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

40

Tabela 2: Parâmetros analisados pelo IQA

Parâmetro da Qualidade da Água Peso

Oxigênio Dissolvido (OD) 0,17

Coliformes Termotolerantes 0,15

Potencial Hidrogeniônico (pH) 0,12

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) 0,10

Temperatura da Água 0,10

Nitrogênio Total 0,10

Fósforo Total 0,10

Turbidez 0,08

Resíduo Total 0,08

Fonte: ANA, 2015.Organizado pela autora.

A partir dos dados obtidos pelo IQA, têm-se a classificação das águas brutas que

passaram por tratamento para fins de abastecimento público. O IQA utiliza uma escala de

0 a 100 para classificar os corpos d´água, conforme descrito na Tabela 3.

Tabela 3: Escala utilizada pelo IQA para classificar os corpos d´água

Intervalo Qualidade

0-19 Péssima

20-36 Ruim

37-51 Aceitável

52-79 Boa

80-100 Ótima

Fonte: Acervo UNESP, s/d.Organizado pela autora.

Deve-se ainda ressaltar que para fins de avaliação da qualidade da água a

CETESB leva em consideração os seguintes parâmetros: Índice de Qualidade das Águas

Brutas para Fins de Abastecimento Público (IAP), Índice de Qualidade das Águas para

Proteção da Vida Aquática e de Comunidades Aquáticas (IVA) eÍndice de Estado Trófico

(IET).

3.4.5 Índice de Qualidade das Águas Brutas para Fins de Abastecimento

Público – IAP

É calculado nos pontos de amostragem presentes nos rios e reservatórios, utilizados

para fins de abastecimento público. O IAP é obtido através pela ponderação dos

resultados do IQA e do ISTO (Índice de Substâncias Tóxicas Organolépticas). O ISTO

utiliza uma série de variáveis que avaliam a qualidade organoléptica da água como:

Ferro, Manganês, Zinco, Alumínio, Zinco e Cobre) assim como as variáveis que indicam a

presença de substâncias tóxicas como: Potencial de Formação de Trihalometanos –

PFTHM, Número de Células de Cianobactérias, Cádmio, Chumbo, Cromo Total, Mercúrio

e Níquel).

Page 41: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

41

3.4.6 Índice de Qualidade das Águas para Proteção da Vida Aquática e de

Comunidades Aquáticas – IVA

O IVA tem por finalidade avaliar a qualidade das águas para fins de proteção da

flora e da fauna e considera a concentração de agentes contaminantes químicos e seu

efeito sobre os organismos aquáticos, levando-se em conta duas variáveis agrupadas no

IPMCA (Índice de Variáveis Mínimas para Preservação da Vida Aquática assim como o

IET (Índice de Estado Trófico) como o pH e o oxigênio dissolvido. Destaca-se ainda que o

valor do IPMCA pode variar de 1 a 9 e são ainda subdivididos em quatro faixas de

qualidade, conforme exposto na Tabela 4.

Tabela 4: Níveis de Ponderação doIPMCA

Categoria Ponderação

Boa 1

Regular 2

Ruim 3 e 4

Péssima ≥6

Fonte: CETESB, s/d. Organizado pela autora.

O IVA ainda estipula cinco níveis de classificação da qualidade das águas,

conforme exposto na Tabela 5.

Tabela 5: Classificação do IVA

Categoria Ponderação

Ótima IVA ≤ 2,5

Boa 2,6 ≤ IVA ≤ 3,3

Regular 3,4 ≤ IVA ≤ 4,5

Ruim 4,6 ≤ IVA ≤ 6,7

Péssimo 6,8 ≤ IVA

Fonte: CETESB, s/d. Organizado por Siqueira, 2016.

Destaca-se ainda que de acordo com os documentos oficiais do governo do

estado de São Paulo (Decreto nº8468/76) e do Governo Federal (Resolução CONAMA

nº357/05) a proteção dos ambientes aquáticos se dá somente para as classes de água

1,2 e 3.

3.4.7 Índice de Estado Trófico (IET)

É responsável por avaliar o nível de estado trófico dos corpos d’água, neste caso

o IET avalia a qualidade da água com relação ao enriquecimento por nutrientes assim

como seu efeito direto ao crescimento de algas e macrófitas aquáticas. As principais

variáveis do IET são a Clorofila (IET-CL) e o Fósforo Total (IET-PT), podendo ser

utilizados para rios e reservatórios a partir da seguinte fórmula:

Page 42: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

42

a. Rios: IET (CL) = 10x(6-((-0,7-0,6x) (lnCL)))/In2))-20

IET (PT) = 10x(6-((0,42-0,36x(lnPT))/ln2)-20

b. Reservatórios: IET (CL) = 10x(6-((0,92-0,34x(lnCL))/ln2))

IET (PT) = 10x(6-(1,77-0,42x(InPT)/ln2)

Onde:PT: concentração de fósforo total na medida da superfície da água em: μg.L-1; CL:

concentração de clorofila medida na superfície da água em: μg.L-1; e In: Logaritmo

natural.

Os dados sobre o IET foram sistematizados pela CETESB e sistematizados em

seis categorias conforme descritos na Tabela 6.

Tabela 6: Categorias de Estado Trófico para o IET

Categoria (Estado Trófico) Ponderação

Ultraoligotrófico 0,5

Oligotrófico 1

Mesotrófico 2

Eutrófico 3

Supereutrófico 4

Hipereutrófico 5

Fonte: CETESB, s/d. Organizado pela autora.

A CETESB é responsável por realizar um estudo a partir de dados obtidos nas

estações presentes e divulgados a partir das Unidades de Gerenciamento de Recursos

Hídricos – UGRHI espalhadas pelo estado, compondo ao todo 22 unidades.

A UGRHI-17, denominada Médio Paranapanema e onde está situado o município

de Ourinhos, conta com 3 pontos de controle sendo 1 no rio Paranapanema no município

de Ourinhos-SP na rodovia BR-153 (Transbrasiliana), 1 ponto no município de Santa

Cruz do Rio Pardo (Captação da SABESP) e 1 ponto na estação da SAE

(Superintendência de Água e Esgoto) em Ourinhos, conforme descrito na Tabela 7 e

Figura 5.

Tabela 7: Descrição dos Pontos de Amostragem na UGRHI-17

Ponto de Amostragem

Latitude Longitude Corpo d’ Água Localização

PARP 02500 22°59’54” 49°54’27” Rio Paranapanema BR-153 Ourinhos

PADO 02500 22°54’17” 45°37’13” Rio Pardo Santa Cruz do Rio Pardo

PADO 02600 22°57’14” 49°52’02” Rio Pardo Posto da Captação da SAE – Ourinhos

Fonte: CETESB, 2003.Organizado pela autora.

Page 43: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

43

Figura 5: Localização dos pontos de amostragem na UGRHI-17

Fonte: CETESB, 2003.

O levantamento realizado nos pontos de amostragem levou em consideração os

seguintes parâmetros: IAP, IQA, IVA e IET e podem ser conferidos na Tabela 8.

Tabela 8: Valor Médio do IAP, IQA, IVA e IET

Pontos de controle

Valor Médio IAP

Valor Médio do IQA

Valor Médio do IVA

Valor Médio do IET

PADO02500 74 74 2,7 42,55

PADO02600 54 58 2,7 38,03

Fonte: CETESB. 2003. Organizado pela autora.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Descrição da área de Estudo

A área de estudo desta pesquisa engloba a Estação de Tratamento de Água da

Superintendência de Água e Esgoto (SAE) do município de Ourinhos, localizada na

Page 44: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

44

ruaJosé Marcos de Souza, 555 na Vila Brasil, região leste do município de Ourinhos

(Figura 6).

Figura 6: Localização da ETA de Ourinhos

Fonte: Google Maps, 2016.

A SAE trata-se de uma autarquia municipal criada no ano de 1968 na gestão do

prefeito Domingos Camerlingo Caló pela lei municipal nº 808/67 e tinha como principais

atribuições operar os sistemas de abastecimento de água e de esgoto, conforme o

descrito no artigo 2º da lei nº 808.

Artigo 2º A SAE operará em todo o território do município de Ourinhos, competindo-lhes com exclusividade: I- estudar, projetar e executar, diretamente ou mediante contrato com organizações especializadas em engenharia sanitária, as obras relativas à construção, ampliação ou remodelação dos sistemas públicos de abastecimento de água potável e de esgoto sanitário que não forem objetos de convênio entre a Prefeitura e os órgãos federais ou estaduais específicos; II- atuar como órgão coordenador e fiscalizador da execução dos convênios firmados entre município e os órgãos federais ou estaduais para estudo, projeto e execução de obras de construção, ampliação ou remodelação dos serviços públicos de abastecimento de água potável e esgotos sanitários; III- operar, manter, conservar e explorar, diretamente, os serviços de abastecimento de água potável e de esgoto sanitários; IV- lançar, arrecadar e fiscalizar as tarifas e a contribuição de melhorias relativas aos serviços e obras de abastecimento de água potável e esgoto sanitários;

Page 45: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

45

V- exercer quaisquer outras atividades relacionadas com os sistemas públicos de abastecimento de água potável e de esgoto sanitários.

A primeira captação de águas realizada no município, era feita nas margens do rio

Turvo próximo de sua foz com o rio Pardo, em uma área desmembrada da Fazenda

Furnas, distante cerca de 5 quilômetros do município (Figura 7).

Figura 7: Captação de Águas no rio Turvo, município de Ourinhos

Fonte: SAE, s/d.

Contudo no ano de 1944 foi elaborado um projeto na gestão do então prefeito

Ermelino Leão, para mudar a captação de águas para o rio Pardo em uma área distante

cerca de 3 quilômetros da zona central do município. A obra foi finalizada no ano de 1946

na gestão do prefeito Mário de Campos Pacheco.

Esta obra permitiu ao município realizar o abastecimento público sem grandes

problemas até meados da década de 1950, quando a população do município

quadruplicou chegando 21.335 habitantes (SAE, s/d), tornado assim o abastecimento

insuficiente. Para solucionar o problema, nos anos de 1956 e 1957 foram perfurados três

poços nas proximidades do Clube Atlético Ourinhense e um poço na Vila Odilon,

contabilizando uma média de 104.400 litros/h.

Na década de 1970 o prefeito Antônio Luiz Ferreira conseguiu junto ao Governo

do Estado de São Paulo um financiamento para construir o prédio de captação e a

Estação de Tratamento de Água no rio Pardo (Figura 8), transformando o rio Pardo no

principal manancial do município.

Page 46: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

46

No que se diz respeito à Estação de Tratamento de Águas (Figura 8) do

município, esta é do tipo convencional, sendo projetada para atender o consumo mínimo

de 150 litros de água por habitante/dia para uma população à época de 80.000 pessoas.

Figura 8: ETA Ourinhos

Fonte: SAE, s/d.

Atualmente o município conta com cerca de 103.035 (IBGE, 2010) o que gera o

aumento da demanda para consumo, passando por uma série de ampliações e contando

atualmente com 3 poços (Figura 9) atingindo assim uma produção de água de 458 l/s.

Figura 9: Sistema de Captação de Ourinhos

Fonte: ANA, 2015.

Page 47: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

47

O rio Pardo é o principal manancial do município nos dias atuais. Este rio nasce

na Serra de Botucatu, no município de Pardinho, O rio Pardo integra uma das Unidades

de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São Paulo, a UGRHI-17 denominada de

Médio Paranapanema (Figura 10). Este rio cruza quinze municípios: Botucatu, Itatinga,

Paradinho, Pratânia, Avaré, Cerqueira Cesar, Iaras, Águas de Santa Barbara, Óleo,

Manduri, Bernardino de Campos, Santa Cruz, do Rio Pardo, Chavantes, Canitar,

Ourinhos, até desaguar suas águas no rio Paranapanema, no município de Salto Grande.

Figura 10: Localização da UGRHI-17

Fonte: Peron e Piroli, 2011.

Além de ser o principal manancial para o abastecimento público de Ourinhos, este

rio também abastece o município de Santa Cruz do Rio Pardo.

A ETA de Ourinhos localizada nas margens do rio Pardo, responde por 88% do

abastecimento público municipal. No que se diz respeito ao tratamento da água, ela

realiza os processos de clarificação e desinfecção, sendo composta dos seguintes

elementos: entrada de água bruta, câmaras de floculação, decantadores, filtros de areia e

casa de químicas.

O tratamento da água realizada na ETA de Ourinhos compreende as seguintes

etapas:

Page 48: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

48

a. Captação: Nesta etapa que a água do rio é captada. A captação (Figura 11) é

formada por duas caixas de areia, com capacidade para atender a vazão total da

ETA. Possui grades grossas e finas e de adufas de parede de 600 mm e são

responsáveis por fazer a ligação das caixas de areia ao poço de sucção das

bombas de água bruta. A partir daí a água bruta é bombeada para a Estação de

Tratamento.

Figura 11: Captação na ETA Ourinhos

Fonte: SAE, s/d.

b. Entrada de Água Bruta: Trata-se da água vinda do rio pela estação elevatória que

é descarregada numa caixa de chegada à qual se comunica com um vertedor tipo

Parshall onde segue para as câmaras de floculação. Além disso, são adicionados

no ponto de chegada da água bruta, uma solução de sulfato de alumínio e

suspensão de leite e cal

c. Câmaras de Floculação: Tem como finalidade fazer uma agitação na água

juntamente com os produtos químicos adicionados de modo a gerar flocos bem

formados com boas características de sedimentação.

d. Decantadores: A ETA possui dois decantadores com dimensões que conseguem

se adequar a largura e profundidade de modo a garantir um período de detenção.

A saída da água decantada se dá através de um sistema de calhas coletoras que

garantem a condução de partículas que ainda não foram decantadas.

e. Filtros de Areia: Ao todo são quatro unidades, do tipo duplo que possui duas

câmaras dotadas de sistema independente de controle de operação. As camadas

filtrantes e suporte são compostas por areia e pedregulho onde se apoiam em um

Page 49: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

49

fundo falso constituído de bocais distribuidores especiais. A vazão de cada filtro é

controlada automaticamente através de dispositivos comandados por tubo tipo

Venturi. A partir daí a água filtrada vai para reservatórios enterrados onde recebe

na chegada, o cloro e em outro ponto o cal para correção de pH.

f. Casa de Química: Trata-se do local onde se abriga os elementos químicos

utilizados no tratamento e analise da qualidade da água. A Casa de Química

abriga os depósitos de coaguladores e de cloro, além das salas de preparo e

dosagem de diversos produtos químicos, o laboratório, escritórios, vestiários e

instalações sanitárias.

g. Reservação:Trata-se de um dos principais itens do sistema de distribuição de

água, pois visa garantir a distribuição continua de água para a população sem

interrupção. Atualmente a SAE possui cerca de 24 reservatórios com capacidade

para armazenar 15,95 milhões de litros.

h. Distribuição: A ETA produz cerca de 500 litros de água por segundo. A água

bombeada pela Estação Elevatória sai para a distribuição através de uma adutora

de ferro fundido. A Adutora principal possui outras sub-adutoras que constituem a

maior parte da distribuição. A adutora principal leva a água até o Pátio da SAE na

avenida Altino Arantes na região central de Ourinhos, onde estão localizados os

principais reservatórios da Cidade. No Pátio da SAE também foi perfurado um

poço profundo cuja produção é de 175 m³/hora visando suprir as necessidades do

abastecimento público. Esta adutora ainda abastece os bairros da zona Sul da

cidade como Jardim Matilde, Vila Odilon, Vila Musa, Jardim Itamaraty. Além disso,

destaca-se que no ano de 1996 foram implantados mais três sistemas de

abastecimento denominados de: Leste, Oeste e Sul e que tinham como finalidade

setorizar o abastecimento público do município.

4.2 Métodos

4.2.1 Avaliação da qualidade da Água

A avaliação da qualidade da água para fins de abastecimento público foi realizado

com base nos dados de turbidez obtidos na Estação de Tratamento de Água de Ourinhos

no período de janeiro a julho de 2015. As amostras coletadas e analisadas foram

realizadas em conformidade com a portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde que

estabelece o mínimo de 1 amostra para cada 2 horas, totalizando assim o valor de 12

amostras diárias, 360 amostras mensais e 4.320 amostras anuais.

As amostras são coletadas no ponto de distribuição, localizado na ETA,

posteriormente é medido a temperatura do Ar, o Cloro, e coletada em um frasco próprio

para a realização das análises físico-químicas. Para a análise de Turbidez são coletadas

Page 50: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

50

a amostra em uma cubeta de 10 ml e com o auxílio de um turbidimetro (Figura 12)

realiza-se a leitura.

Figura 12: Turbidimetro utilizado na ETA para análise de Turbidez

Foto: Lauda Siqueira.

4.2.2 Levantamento de dados referentes ao abastecimento público do

município de Ourinhos/SP.

Para a realização do levantamento de dados referentes ao abastecimento público

do município de Ourinhos/SP foram consultadas informações relacionadas a quantidade

de água bruta captada no rio Pardo e nos poços que complementam o sistema de

abastecimento (Santa Maria e São João) e os parâmetros físicos, químicos e

bacteriológicos, assim como a quantidade de amostras realizadas no laboratório da ETA

de acordo com as normas e portarias vigentes. Os referidos dados foram retirados dos

relatórios mensais e do relatório anual disponibilizado pela SAE.

Os dados levantados serão sistematizados em uma planilha do aplicativo

Microsoft Excel e depois serão realizados gráficos e tabelas demonstrando os resultados

obtidos.

Page 51: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

51

4.2.3 Identificação de possíveis impactos sobre a qualidade da água do rio

Pardo dentro dos limites municipais de Ourinhos/SP.

Foram analisadas imagens do satélite Quickbird referentes ao ano de 2014,

disponibilizadas pelo aplicativo Google Earth, na qual procurou-se identificar os principais

usos da terra predominantes nas margens do rio Pardo, dentro dos limites municipais de

Ourinhos, e os seus possíveis impactos que poderiam interferir na qualidade da água do

referido rio.

Para complementar as informações obtidas através das imagens, foi realizado um

trabalho de campo nas proximidades da ETA em áreas urbanizadas a fim de identificar

possíveis fontes poluidoras do manancial como por exemplo indústrias químicas. Os

bairros explorados foram: Jardim Anchieta, Conjunto Habitacional Kaiuá, Conjunto

Habitacional Helena Braz Vendramine, Loteamento Recanto dos Pássaros, Jardim

Beatriz e Jardim Santa Catarina.

4.2.4 Análise do atual panorama do abastecimento público de Ourinhos/SP.

Para cumprimento deste objetivo, utilizou-se de dados populacionais do município

de Ourinhos, obtidos através do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, 2010) e informações referentes a disponibilidade de água tratada

para consumo dos munícipes. Através do cruzamento destas duas variáveis foi possível

verificar a relação de oferta e demanda da água tratada no referido município.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para conclusão deste trabalho foram realizadas diversas etapas, desde coleta de

água e análise em Laboratório a pesquisas bibliográficas e trabalhos de campo nos

arredores da Estação de Tratamento do Município de modo a atingir todos os objetivos

propostos.

5.1 Análise de Turbidez

A análise de turbidez foi realizada no laboratório da ETA de Ourinhos durante os

meses janeiro a julho de 2015 (Figura 13). Para realização desta etapa foram previstas

cerca 3075 amostras sendo que no ponto de distribuição foram previstas 2544 amostras

e realizadas 2536 (99%) e no ponto de consumo 539 amostras, conforme exposto

nosGráficos 4 e 5.

Page 52: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

52

Figura 13: Análise da Turbidez no Laboratório da ETA

Foto:Hélio Pereira.

Page 53: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

53

Gráfico 4: Total de amostras de Turbidez Previstas e Realizadas no ponto de

Distribuição entre os meses de Janeiro a Julho de 2015

Gráfico 5: Total de amostras de Turbidez Previstas e Realizadas no ponto de Consumo

entre os meses de Janeiro a Julho de 2015

Das 3075 análises realizadas, 469 ficaram fora do padrão de controle, totalizando

15% das amostras. Destaca-se que para solucionar este problema foi realizada uma

recoleta. Estes dados foram sistematizados e descritos no Quadro 12.

372

336

372

360

372

360

372

372

336

372

356

372

356

372

310

320

330

340

350

360

370

380

Amostras Previstas

Amostras realizadas

77 77 77 77

77 77 77 77 77 77 77

88

80

77

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

Amostras Previstas

Amostras realizadas

Page 54: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

54

Quadro 12: Amostras Previstas, Coletadas e Fora do Padrão nos Pontos de Distribuição e de Consumo

Dados

Pontos de Controle

Saída do Tratamento Ponto de Consumo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Amostras Previstas 372 336 372 360 372 360 372 77 77 77 77 77 77 77

Amostras Coletadas 372 336 372 356 372 356 372 77 77 77 77 88 80 77

Fora do Padrão 20 29 19 26 51 141 100 1 0 0 0 1 0 1

Total de Amostras 372 336 372 356 372 356 372 77 77 77 77 88 80 77

Organizado pela autora.

Page 55: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

55

Com base nos valores coletados na saída de distribuição e no ponto de consumo,

foi calculada a média mensal dos valores de Turbidez e posteriormente estes dados

sistematizados nos Gráficos 6 e 7.

Gráfico 6: Turbidez na saída da ETA

Gráfico 7: Turbidez na saída do Ponto de Consumo na ETA

As análises referentes ao ponto de distribuição (saída da ETA) estão em

conformidade com a Portaria nº 2914 e, portanto não apresentam grandes distorções, o

menor valor indicado se deu no mês de março, com uma média de 0,57 NTU e o maior

valor se seu no mês de junho apresentando o valore de 0,94.

0,78

0,60 0,57

0,60

0,86

0,94

0,75

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Valor Médio Mensal

5,85

4,33

2,58 2,55

5,66 4,86

11,4

0

2

4

6

8

10

12

Valor Médio Mensal

Page 56: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

56

Já as análises referentes ao ponto de consumo apresentam alguma distorção com

relação aos valores indicados na Portaria nº 2914 (5,0 NTU) apresentando três valores

acima do permitido conforme o exposto no Gráfico acima.

5.2 Levantamento de dados referentes ao abastecimento público do município

de Ourinhos/SP.

A rede de abastecimento público de Ourinhos, compreende 3 sistemas de

abastecimento (Quadro 13): ETA que realiza a captação do rio Pardo nas proximidades

da Vila Brasil e os Sistemas Santa Maria e São João que fazem a captação de águas em

poços profundos.

Quadro 13: Sistemas de Abastecimento de Ourinhos

Sistema de Abastecimento

Bairros Atendidos

ETA Centro, Cohab, Itajubi, Jardim Anchieta, Brilhante, Paineiras, Jardim do Sol, ideal, Industrial, Josefina, Matilde, Nazarety, Paulista, Quebec, Santa Fé, Santos Dumont, Águas do Eloy, Esmeralda, Recanto dos Pássaros, Royal Park, São Bento, Nova Ourinhos, Parque Minas Gerais, Adalgisa, Cristoni, Kenedy, Moraes, Perino,Odilon, Vila Sá, Recreio, Sândano, Santo Antônio, São Francisco, São José, São Luiz, São Silvestre, Soares, Vila Vilar, Vilage San Rafael, Vila Brasil, Boa Esperança, Maragrida, São Domingos, São Jorge, São Judas Tadeu, Jardim Tropical, Europa, Eldorado, Jardim América, Colorado, Flórida, Furlan, Estoril, Manhatan, Cristal, Colombia, Beatriz, Aurora, Bela Vista, Primavera, Ouro Verde, Ouro Fino e São Carlos.

Santa Maria Distrito Industrial e Loteamento Ville de France

São João Jardim Itamaraty, Jardim Nossa Senhora de Fátima, Jardim Paris, Parque Pacheco Chaves, Vila Musa, Vila Nossa Senhora Aparecida, Vila Santa Maria e Vila São João e Moradas.

Fonte: Relatório Anual SAE, 2015. Organizado pela autora.

Para realizar o abastecimento de água do município de Ourinhos é captado uma

média de 500 l/s do rio Pardo. Para complementar o sistema da ETA são captados

também 10 l/s do Sistema Santa Maria e 48,33 l/s do Sistema São João. No ano de 2014

foi perfurado um terceiro poço profundo entre as ruas Luiz Ferreira de Castro e Geraldo

Pereira Tavares no bairro Parque dos Diamantes com profundidade de 580 metros e

vazão de 100 m³/h, atendendo cerca de 14 mil pessoas dos bairros Jardim Cristal, Jardim

Brilhante, Jardim São Judas, Jardim Guaporé, Vila São Luiz, Jardim Santa Fé, Parque

dos Diamantes e parte do Jardim Santos Dumont visando assim otimizar o abastecimento

público do município.

Page 57: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

57

Para atender os padrões de qualidade exigidos nas resoluções e portarias, a SAE

realiza análise diariamente uma série de parâmetros para conferir a qualidade da água

para fins de abastecimento público. Além disso, são disponibilizados as quantidades de

amostras previstas e realizadas nos pontos de distribuição e de consumo.Estes valores

estão descritos nas Tabelas 9 e 10.

Tabela 9: Quantidades e Frequências dos Parâmetros analisados na ETA

Parâmetros Saída de Tratamento Rede de Distribuição

Quantidade Frequência Quantidade Frequência

Cloro Residual Livre

1 A cada 2 horas 77 Mensal

Turbidez 1 A cada 2 horas 77 Mensal

Cor 1 A cada 2 horas 19 Mensal

Fluoreto 1 A cada 2 horas 19 Mensal

Colif. Totais 2 Semanal 77 Mensal

pH 1 A cada 2 horas 19 Mensal

Fonte: SAE, 2015. Organizado pela autora.

Tabela 10: Amostras Previstas e Realizadas na Saída de Tratamento e Ponto de Consumo

Parâmetros Saída do Tratamento Ponto de Consumo

Amostras Previstas

Amostras Realizadas

Amostras Previstas

Amostras Realizadas

Cloro Residual Livre

2544 2511 539 553

Turbidez 2544 2536 539 553

Cor 2544 2510 133 553

Fluoreto 2544 2389 133 264

Colif. Totais 56 56 539 553

pH 2544 2511 539 553

Fonte: SAE, 2015. Organizado pela autora.

A partir dos dados diários obtidos no laboratório da ETA, foram feitas as médias

mensais que são disponibilizadas nos relatórios da SAE. Posteriormente a isto foi feita

ainda a média dos meses referente de janeiro a julho de 2015, conforme a Tabela 11.

Tabela 11: Valor Médio dos Parâmetros analisados na ETA

Parâmetros Valor (Média de Janeiro a Julho 2015)

Cloro Residual Livre 0,6 (mg/L)

Cor 2,54

Fluoreto 0,57

pH 7,94

Fonte: SAE, 2015. Organizado pela autora.

Cabe aqui destacar que os parâmetros assim como os valores mensais são

disponibilizados aos consumidores em suas contas de água. Estes valores também são

disponibilizados pela SAE no seu portal na internet.

Page 58: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

58

5.3 Identificação de possíveis impactos sobre a qualidade da água do rio Pardo

dentro dos limites municipais de Ourinhos/SP.

O rio Pardo percorre aproximadamente 27 km e 500 metros dentro dos limites

municipais de Ourinhos (Figura 14). Deste total, 15 km e 400 metros encontram-se a

montante da área de captação da ETA, sendo que 2 km e 400 metros encontram-se nas

proximidades com o perímetro urbano e o restante (13 km) está cercado por uma área

estritamente rural até o seu limite com o município de Canitar/SP. Á jusante da área de

captação da ETA o referido rio percorre cerca de 2 km e 500 metros até sua confluência

com o rio Turvo e mais 9 km e 600 metros até o limite com o município de Salto

Grande/SP.

Figura 14: Esquema da localização do rio Pardo dentro dos limites municipais de

Ourinhos/SP

Fonte: Google Earth, 2014.Organizado pela autora.

Page 59: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

59

Nas proximidades com o perímetro urbano a montante do ponto de captação, a

distância mínima entre a área construída da cidade, ou seja urbanizada, e o curso do rio

é de aproximadamente 100 metros, sendo que esta área corresponde ao um conjunto de

chácaras nas proximidades com o bairro Josefina e a distância máxima entre a

urbanização e o rio é de aproximadamente 840 metros, correspondendo ao bairro

Recanto dos Pássaros II, entretanto, este panorama tende a ser modificado ao passo que

neste local, embora ainda não tenha construções, trata-se de uma área de expansão

urbana e através da imagem de satélite nota-se nitidamente o formato de novos

quarteirões implantados que brevemente serão urbanizados formando o novo bairro

Recanto dos Pássaros III, empreendimento da GSP Loteamentos, conforme disposto na

Figura 15.

Figura 15: Formação do Loteamento Recanto dos Pássaros III

Fonte: GSP Loteamentos, s/d.

Ao que se refere a vegetação nativa no trecho percorrido pelo rio nas

proximidades com o perímetro urbano, percebe-se que a margem direita, ou seja a

margem contrária ao ponto de captação, encontra-se mais preservada em relação a

margem esquerda. A montante do ponto de captação é possível identificar uma área de

aproximadamente 300 m² de vegetação típica da Mata Atlântica do Interior (Floresta

Estacional Semidecidual) conforme representada pela Figura 16.

Page 60: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

60

Figura 16:Área de vegetação nativa na margem direita do rio Pardo próximo do ponto de

captação da ETA

Fonte: Google Earth, 2014.

A área que contem a vegetação nativa mais preservada trata-se de um percurso

entre a Estrada da Ponte Preta, rodovia que liga a cidade de Ourinhos via Parque Minas

Gerais com a Usina São Luís, e o limite municipal com Canitar, neste trecho do rio é

possível identificar um ponto, na margem direita, que apresenta 560 metros de APP (Área

de Preservação Permanente) e outro ponto, na margem esquerda, que apresenta 500

metros de APP. Desta maneira, infere-se que no trecho do rio Pardo entre o limite com o

município de Canitar e o ponto de captação de água da ETA a margem direita encontra-

se com suas margens mais preservadas no que se refere a vegetação nativa.

É possível identificar através do aplicativo Google Earth Próque ao se refere ao

uso da terra nas proximidades das margens do rio Pardo no trecho entre o limite

municipal com Canitar e o ponto de captação de água da ETA que as classes de usos

mais comum, visualmente, tratam–se de: a) culturas temporárias; b) áreas campestres; c)

áreas urbanizadas e d) remanescentes de mata ciliar.

Ao que se refere a cultura temporária (Figura 17), classe visivelmente

predominante, nota-se que se baseia estritamente na cultura de cana de açúcar que se

trata do principal produto agrícola do município. Esta cultura é conhecida por ser

intensiva em capital e insumos agrícolas e extensiva em áreas plantadas, o que gera

profundos impactos sócios ambientais, como a monocultura especializada, onde poucos

tem condições de produzir e a alteração da paisagem natural e implantação de produtos

Page 61: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

61

químicos no ambiente, sendo considerada uma potencial fonte de poluição do solo e da

água tanto superficial como também subterrânea.

Figura 17: Área agrícola nas proximidades com o rio Pardo

Fonte: Google Earth, 2014.

Quanto à área urbanizada (Figura 18) esta pode ser também uma potencial fonte

de poluição para os recursos hídricos de maneira geral, pois é no meio urbano que se

concentra o maior número de pessoas e com isso a produção de resíduos sólidos tende a

acompanhar a escala da urbanização. Além da produção de esgoto urbano que em

muitos casos tem como destino os córregos, rios e lagoas dentro das cidades.

Page 62: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

62

Figura 18:Área urbana do município de Ourinhos nas proximidades do rio Pardo

Fonte: Google Earth, 2014.

É no meio urbano que também se concentram as indústrias de diversas

finalidades. Neste sentido, o trabalho de campo realizado no mês de dezembro visou

identificar nos bairros que compõem o perímetro urbano de onde passa o rio Pardo,

industrias que poderiam ser potenciais poluidoras, entretanto, nestes bairros há

predominantemente residências e alguns comércios.

Com isso, pode observar que dentre o trecho que o rio Pardo percorre entre o

limite municipal com Canitar e a ETA existem duas potenciais fontes de poluição que

pode interferir diretamente na qualidade da água do referido rio, sendo elas a atividade

agrícola e a urbanização.

5.4 Análise do atual panorama do abastecimento público de Ourinhos/SP.

O município de Ourinhos atualmente conta com 4 sistemas de abastecimento,

sendo eles: ETA, Sistema Santa Maria, São João e além do Poço perfurado no Parque

dos Diamantes no ano de 2014.

O município possui uma população de 103.035 habitantes (IBGE, 2010). Sua área

territorial é de 295.820 km² e uma densidade demográfica de 347,78 hab./km² o que gera

uma demanda crescente por água.

Atualmente o município Possui 4 poços públicos e 10 poços particulares conforme

descrito no relatório do Plano da Bacia do Médio Paranapanema.

Page 63: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

63

O Relatório do Plano de Bacia aponta ainda a demanda crescente de consumo

(Gráfico 8), além de uma projeção para o ano de 2020, ficando a frente dos demais

municípios da UGRHI-17 (Quadro 14).

Gráfico 8: Consumo atual e futuro no município de Ourinhos

Fonte: Plano da Baciado Médio Paranapanema, 2007.

Organizado pela autora.

Quadro 14:Projeção de Consumo de água para 2020 dos municípios da UGRHI-17

Município Consumo (m³/s)

Município Consumo (m³/s)

Águas de Santa Barbara 0,02 Lucianópolis 0,00

Alvinlândia 0,01 Lupércio 0,01

Assis 0,26 Maracai 0,03

Avaré 0,27 Ocauçu 0,01

Cabrália Paulista 0,01 Óleo 0,01

Campos Novos Paulista 0,01 Ourinhos 0,32

Cândido Mota 0,09 Palmital 0,06

Canitar 0,01 Paraguaçu Paulista 0,12

Cerqueira Cesar 0,05 Pardinho 0,02

Chavantes 0,03 Paulistânia 0,00

Cruzália 0,01 Pedrinhas Paulista 0,01

Duartina 0,04 Platina 0,01

Echaporã 0,02 Pratânia 0,01

Espírito Santo do Turvo 0,01 Quatá 0,03

Fernão 0,00 Rancharia 0,08

Florínea 0,01 Ribeirão do Sul 0,01

Gália 0,02 Salto Grande 0,02

Iaras 0,01 Santa Cruz do Rio Pardo 0,12

Ibirarema 0,01 São Pedro do Turvo 0,02

Itatinga 0,05 Tarumã 0,03

João Ramalho 0,01 Ubirajara 0,01

Fonte: Plano da Bacia Médio Paranapanema, 2007.

Organizado pela autora.

0,22 0,24

0,27

0,32

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025

m³/s

Page 64: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

64

Observando o gráfico acima, nota-se que no período entre 2000 a 2010 houve um

aumento no consumo de 23% e projeção para o ano de 2020 prevê um acréscimo de

19% no consumo. Além disso, quando analisamos o quadro acima notamos que o

consumo de água de Ourinhos representa 16% da água consumida na UGRHI-17. O

aumento crescente do consumo pode refletir o aumento da captação realizada por poços

que atualmente responde por 12%.

6. CONCLUSÃO

O abastecimento público realizado no Município de Ourinhos atende 100% da

população.Muito embora a cidade tenha se expandido nos últimos anos e atingindo cerca

de 103.035 habitantes. Para complementar a demanda de água a SAE utiliza três poços

profundos cuja vazão corresponde a 58,33 l/s.

Quando se trata da qualidade da água, as análises da qualidade da água foram

realizadas no laboratório da ETA, totalizando 15.542 amostras.

As análises de Turbidez indicam que não há grande presença de material

suspenso no rio Pardo. Ao todo foram feitas 3089 análises no laboratório da ETA,

destaca-se que as amostras que foram realizadas no ponto de distribuição ficaram dentro

do limite estabelecido pela portaria nº2914 que estabelece um valor máximo de 1 NTU.

Já na saída para o ponto de consumo houveram algumas amostras que ficaram acima do

estabelecido pela portaria (5 NTU) sendo necessário a realização de uma nova coleta.

No que se diz respeito aos possíveis impactos destaca-se que ao longo do curso

do rio Pardo no município de Ourinhos há uma quantidade mínima de mata ciliar presente

na área de preservação permanente, além do predomínio da lavoura temporária e

pastagem. Destaca-se também o avanço da urbanização nas proximidades do rio Pardo

o que pode vir a comprometer a qualidade das águas. Com o aumento populacional e

aumento da urbanização presentes no município observa-se a necessidade de expansão

do sistema de abastecimento com a perfuração de mais poços profundo. Contudo deve-

se destacar que devido a profundidade dos poços o custo para a realização é bastante

elevado, podendo assim gerar no aumento do custo na captação de águas pelo

município.

Page 65: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

65

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS.Atlas Brasil.Panorama Nacional Volume 1. Abastecimento Urbano de Água. Disponível em: <http://atlas.ana.gov.br/Atlas/downloads/atlas/Resumo%20Executivo/Atlas%20Brasil%20-%20Volume%201%20-%20Panorama%20Nacional.pdf> Acessado em 15/11/2015. AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS.Caderno de Recursos Hídricos.Disponibilidade e Demandas de Recursos Hídricos no Brasil. Brasília: ANA, 2005. ÁGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS.Panorama da Qualidade das Águas Superficiais no Brasil.Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos. Brasília: ANA, SPR, 2005.

ÁGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS.Portal da Qualidade das Águas. Disponível

em:<http://pnqa.ana.gov.br/default.aspx.> Acessado em 15/01/2016.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, ANA e Embrapa concluem levantamento sobre irrigação com pivôs centrais no Brasil.Matéria publicada no dia 04/03/2015. Disponível em: http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx?id_noticia=12669. Acessado em 210/01/2016. BICUDO, C. E. M.; TUNDISI, J. G.; SCHEUESTUHL, M. C. B. Síntese.In: BICUDO, C. E. M.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHl, M. C. B., orgs. Águas do Brasil: análises estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010. p. 219 – 221. Disponível em: <http://www.ianas.org/books/aguas_do_brasil_Final_02_opt.pdf> Acessado em 17/12/2015. BRASIL.Lei nº 9433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm >. Acessado em: 20/01/2016. ______. Ministério do Meio Ambiente. Água.Um recurso cada vez mais ameaçado. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_consumo/_arquivos/3%20-%20mcs_agua.pdf> Acessado em 15/11/2015. ______. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS /Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – Brasília : Funasa, 2014. BRASIL.Ministério da Saúde. Portaria nº 2914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doctos/kit_arsesp_portaria2914.pdf> Acessado em: 25/01/2015. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004.Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União: República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 mar. 2004. Seção 1, p. 266-270.

Page 66: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

66

______. Resolução CONAMA 357/05, de 17 de marco de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como estabelece condições padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências. Disponível em:< http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf >Acessado em: 25/01/2016. ______. Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986.Estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília-DF, p. 11-356, 1986. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Qualidade das Águas Superficiais 2014 no Estado de São Paulo. São Paulo: CETESB, 2015. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo. São Paulo: CETESB, 2004. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Relatório de Qualidade das Águas Superficiais do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://aguasinteriores.cetesb.sp.gov.br/publicacoes-e-relatorios/> GRASSI, M. T. As águas do planeta Terra. Caderno Temático de Química Nova na Escola, ed. especial, maio de 2011. p. 31 – 40. Disponível em: <file:///C:/Users/F%C3%A1tima/Downloads/aguas.pdf> Acessado em: 20/11/15. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro, 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008.Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf> Acessado em: 2/12/15

LONGO JÙNIOR, M. S. Monitoramento da qualidade da água na microbacia Furninha, município de Ourinhos/SP. 2011. 70 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Geografia) – Universidade Estadual Paulista - UNESP, Ourinhos, 2011. MEDEIROS FILHO, C. F. DE. Abastecimento de Água. Universidade Federal de Campina Grande.UFCG. Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Abastece.pdf. Acesso em: 18/01/2016. MIRANDA, L. A. S. Sistemas e processos de tratamento de águas de abastecimento Porto Alegre:(S. n.), 2007.148p. OURINHOS.Lei municipal 808, de 13 de abril de 1967. Cria a Superintendência de Água e Esgoto do município de Ourinhos (SAE). Disponível em: < file:///C:/Users/F%C3%A1tima/Downloads/808.pdf >. Acessado em: 15/12/15. PERNAMBUCO.Agencia Estadual de Meio Ambiente.Índice e Indicadores da Qualidade da Água.Revisão da Literatura. Disponível em: <http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/indice-agua-volume1.pdf> Acessado em: 15/01/2016.

Page 67: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA FINS DE …vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · 10 Número mínimo de amostras e frequencia para o controle da qualidade da

67

PERON, A. F.; PIROLI, E. L. Conhecendo e cuidando da bacia hidrográfica do rio Pardo.1. ed. Ourinhos, SP, 2011, 26p. PORTO, M. F. A; PORTO, R. L. L. Gestão de Bacias Hidrográficas. Estudos Avançados. Vol. 22, n.63.São Paulo, 2008. REBOUÇAS, A. C. Água e Desenvolvimento Rural. Estudos Avançados.Vol. 15, n. 43.São Paulo, 2001. REBOUÇAS, A. C.1988. Ground water in Brazil.Episodes 11(3): 209-214. SÃO PAULO. Plano de bacia da unidade de Gerenciamento de recursos hídricos do Médio Paranapanema (UGRHI-17) – Relatório Final. n. 271/07. São Pulo, 2007. 135 f. Disponível em: <file:///C:/Users/F%C3%A1tima/Downloads/CPTI-RT271_07-PlanoBacia-MP-Texto.pdf> Acessado em: 3/12/15. SUPERINTENDÊNCIA DE ÁGUA E ESGOTO – SAE. Relatório anual do controle da qualidade da água consumida no município de Ourinhos/SP, 2014. Disponível em: <file:///C:/Users/F%C3%A1tima/Downloads/f683cf3654%20(1).pdf> Acessado em: 2/12/15. SUPERINTENDÊNCIA DE ÁGUA E ESGOTO – SAE. Relatório anual do controle da qualidade da água consumida no município de Ourinhos/SP, 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/F%C3%A1tima/Downloads/f683cf3615%20(1).pdf> Acessado em: 2/12/15. TUCCI, C. E. M. Gestão da água no Brasil. Brasília: UNESCO, 2001. 156p. TUNDISI, J. G; TUNDISI T. M. Ciência, Tecnologia, Inovação e Recursos Hídricos: oportunidade para o futuro. 2010. p. 179-197. In: BICUDO C. E. M et al. (orgs.). Águas do Brasil.Análises estratégicas.ABC; Inst. Botânica 221 p. 2010. TUNDISI, J.G; TUNDISI, T. M. Recursos Hídricos no século XXI. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO.Acervo Digital. Redefor Módulo IV. Disciplina 08.Tema 1. Box 1. Disponível em: <http://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/39958/5/qui_m4d8_tm02_box1.pdf>