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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” “Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas” HELTON KANIA ANDREATA Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado - Avaré/SP, visando a produção de água Ourinhos 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JULIO DE MESQUITA FILHO”

“Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em

Bacias Hidrográficas”

HELTON KANIA ANDREATA

Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado -

Avaré/SP, visando a produção de água

Ourinhos

2016

HELTON KANIA ANDREATA

Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado -

Avaré/SP, visando a produção de água

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do Título de especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Ourinhos.

Orientador: Prof. Dr. Edson Luís Piroli

Ourinhos, 2016

“Devemos tomar consciência que os direitos da natureza e os

direitos humanos, são dois nomes da mesma dignidade. E

qualquer contradição é artificial.” Eduardo Galeano

A todos que idealizam um mundo com o homem tornando-se

parte integral da natureza e a seu modo tornando o mundo um

lugar melhor a todos, dedico este trabalho a vocês!

AGRADECIMENTOS

A Deus, sempre presente em minha vida.

Aos meus pais, Elisabete Maria Kania e Luiz Carlos Andreata, pela educação e amor

proporcionados.

Ao meu orientador Professor Dr. Edson Piroli pela orientação, pelo apoio, pela

compreensão e incentivo.

À Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita e ao Comitê de Bacias

Hidrográficas do Médio-Paranapanema por proporcionar a oportunidade de realização do

Curso de Especialização.

Aos colegas de curso, Douglas, Renan, Cláudio e Nádia pela amizade e parceria

estabelecida nesses anos de curso. Ao João Carlos Menck pela grande cooperação e estimulo

para vencer os desafios.

Aos amigos que me incentivaram e me deram forças para continuar, me

proporcionando alegrias e compartilhando as dificuldades, principalmente ao Mário e a

Thaiane. E em especial a Ana Paula pelo amor, fé e otimismo depositados em mim.

A todos que fizeram parte desta jornada e que, de alguma forma, tornaram isso

possível:

MUITO OBRIGADO!

RESUMO

Análise do uso e cobertura da terra na Bacia do Ribeirão Lajeado - Avaré/SP,

visando a produção de água

A mudança de uso e as formas de ocupação do solo ao redor de cursos de água têm causado diversas consequências ambientais, principalmente devido às ocupações de Áreas de Preservação Permanente (APPs). A importância destas áreas recobertas por vegetação florestal é o fornecimento de água com boa distribuição e de melhor qualidade durante o ano. Assim, este estudo visa avaliar a situação ambiental de um fragmento da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lajeado e propor medidas de proteção dos recursos hídricos. Para isso, foram utilizadas técnicas de geoprocessamento para mapear o uso e cobertura da terra de uma área 607,90 hectares, além de identificar as áreas ambientalmente frágeis. Como principais resultados, constatou-se a predominância de pastagem, representando 61,40% da área total, sendo a área de floresta nativa a segunda maior cobertura, ocupando uma área de 71,90 hectares. Já no estudo das APP, foi possível perceber que apenas 37,14% da área encontram-se sob usos adequados. Com relação às áreas ambientalmente frágeis, foi possível observar que a maior parte do fragmento da bacia do Ribeirão Lajeado se encontra em relevo ondulado e forte ondulado sendo recomendadas práticas de conservação do solo devido a risco de ocorrência de problemas com erosão. Assim, conclui-se que a recuperação das APP ocupadas de forma indevida deverá se dar através de um plano que considere os aspectos ambientais, sociais e econômicos da área, de acordo com a função principal da microbacia do Ribeirão do Lajeado de produção de águas.

PALAVRAS-CHAVE: Área de Preservação Permanente, Conservação da Natureza, Geoprocessamento, Manejo de Bacias Hidrográficas.

ABSTRACT

Analysis of land use and land cover in the Ribeirao do Lajeado Basin - Avaré / SP,

aiming water producing

The change of use and ways of land occupation around water courses has caused several environmental consequences, mainly due to the occupation of Permanent Preservation Areas (APPs). The importance of these areas covered with forest vegetation is the water supply with good distribution during all year. This study aims to assess the environmental situation of a fragment of the Basin Ribeirao do Lajeado and propose measures of water resources protection. For this, geoprocessing techniques were used to map the land use and coverage of 607.90 hectares, in addition to identifying the environmentally fragile areas. As the main results, there was a predominance of pasture, representing 61.40% of the total area, and the area of natural forest was the second largest area, covering 71.90 hectares. In the study of the Permanent Preservation Areas, it was revealed that only 37.14% of the area is under proper uses. Regarding the environmentally fragile areas, it was observed that most of the fragment of the basin of the Ribeirao do Lajeado is corrugated and wavy strong relief being recommended soil conservation practices due to risk of erosion problems. Thus, it is concluded that the recovery of permanent preservation areas improperly occupied should be through a plan that considers the environmental, social and economic area, according to the main function of basin Ribeirão do Lajeado that is water production.

KEYWORDS:Permanent Preservation Area, Nature Conservation, GIS, Watershed Management.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9

2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 12

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 12

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ......................................................................................... 12

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÒRICA ............................................................................... 13

3.1 BACIA HIDROGRAFICA ............................................................................................ 13

3.2 MANEJO INTEGRADO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ........................................ 15

3.3 GEOPROCESSAMENTO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS16

3.4 PROGRAMAS DE APOIO À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ................................ 17

4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 18

4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 18

4.2 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO ....................................... 18

4.1.1 Características climáticas ............................................................................................. 19

4.1.2 Características geomorfológicas .................................................................................. 20

4.1.3 Características pedológicas .......................................................................................... 20

4.1.4 Características geológicas. ........................................................................................... 20

4.1.5 Características hidrográficas ....................................................................................... 21

4.1.6 Características da vegetação nativa ............................................................................ 22

4.1.7 Plano diretor municipal ................................................................................................ 23

4.2 AVALIAÇÃO DA PAISAGEM .................................................................................... 25

4.2.1 Mapeamento do uso e cobertura da terra ........................................................................ 25

4.2.2 Área de Preservação Permanente ................................................................................... 27

4.2.3 Áreas ambientalmente frágeis ........................................................................................ 28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 30

5.1 MAPEAMENTO DO USO DA TERRA ....................................................................... 30

5.2 AVALIAÇÃO DAS AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ......................... 33

5.3 IDENTIFICACAO DAS AREAS AMBIENTALMENTE FRAGEIS .......................... 38

5.4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO CURSO D`AGUA E RECUPERAÇÃO

AMBIENTAL .......................................................................................................................... 42

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 43

7 REFERENCIAS ........................................................................................................... 44

ANEXO....………………………………………………………………………….…..50

LISTA DE FIGURA

Figura 1. Localização do município de Avaré e municípios limítrofes....................................19

Figura 2. Situação da UGRHI-17 e demais unidades no Estado de São Paulo........................12

Figura 3. Uso e Cobertura da terra de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, Avaré,

São Paulo..................................................................................................................................30

Figura 4. Recorte da área de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, destacando as APP

das nascentes e dos córregos....................................................................................................34

Figura 5. Áreas dos usos da terra nas APPs..............................................................................13

Figura 6. Classes de Declive ...................................................................................................40

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Descrição das classes de uso e cobertura da terra...................................................26

Quadro 2. Métricas das classes de uso e cobertura da terra de um fragmento da Bacia do

Ribeirão Lajeado.......................................................................................................................31

Quadro 3. Uso e cobertura da terra nas Áreas de PreservaçãoPermanente...............................36

Quadro 4. Classes de declividade encontradas na bacia do Ribeirão Lajeado.........................39

9 1 INTRODUÇÃO

A mudança de uso e ocupação do solo ao redor de cursos de água tem causado

diversas consequências ambientais. Além das principais conhecidas no meio rural, como

erosões severas, assoreamento dos corpos hídricos e demais danos ao sistema solo-água, no

meio urbano devido ao surgimento das cidades ao redor dos rios, vem ocorrendo um processo

altamente impactante, principalmente devido às ocupações de Áreas de Preservação

Permanente (APPs).

O processo degradante das APPs em meio urbano, causa diversos impactos para a

população residente, como desastres associados ao uso e ocupação inadequados de encostas e

topos de morro; enchentes, poluição das águas e assoreamento dos rios; inundações e

enxurradas, colaborando e o comprometimento do abastecimento público de água em

qualidade e em quantidade (MMA, 2015).

Skopura (2003) acrescenta que a presença das Áreas de Preservação Permanente no

Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012), surge do reconhecimento da importância da

manutenção da vegetação de determinadas áreas ambientalmente frágeis, as quais ocupam

porções particulares de uma propriedade, importantes não apenas para os proprietários dessas

áreas, mas, em cadeia, também para os proprietários de outras áreas de uma mesma

comunidade ou comunidades vizinhas, e, finalmente, para todos os membros da sociedade.

A urbanização sem planejamento, na qual há ocupação irregular e o uso indevido das

áreas ambientalmente frágeis, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais, causando graves

problemas nas cidades, exigindo dos órgãos fiscalizadores e demais órgãos públicos

relacionados, um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de políticas ambientais

urbanas voltadas à recuperação, manutenção, monitoramento e fiscalização das APPs nas

cidades (MMA, 2015).

Pinheiro (2008) explana que nas áreas de preservação permanente (APPs), não deveria

haver ocupação, contudo, essa não é a realidade constatada em muitas cidades brasileiras.

Segunda a autora, essas ocupações que ocorrem sem qualquer planejamento e, por não se

enquadrarem nas normas legais, nascem suportando as consequências da irregularidade, como

carência de saneamento básico eficiente e de diversos fatores de salubridade essenciais;

resultados principalmente da falta de políticas públicas no sentido de elaborar adequado

planejamento urbano, e que tendem a se agravar caso mantenham-se na irregularidade.

10

Scalcoet al. (2013) explicam que um dos efeitos dessa má ocupação no entorno de

cursos d’águas é o assoreamento. Neste processo ocorre o acúmulo de areia, provindo do solo

desprendido de erosões e outros materiais são levados até rios e lagos pela chuva ou pelo

vento. Isso ocorre naturalmente, com ou sem a intervenção do homem. Cabem às matas

ciliares servirem de filtro para que este material não se deposite sob a água.

Para Tundisi (2005), os impactos nos ecossistemas aquáticos da superfície e

subterrâneos são causados fundamentalmente pela urbanização, tendo grandes consequências

ao modificar a drenagem e gerar problemas como enchentes, deslizamentos e desastres

provocados pelo desequilíbrio no escoamento das águas. O adensamento populacional e a

expansão urbana, com uma intensa alteração no uso do solo, trouxeram grandes alterações

ambientais, destacando-se a má qualidade da água para abastecimento e a precariedade ou

ausência de saneamento básico (LEITE & FRANÇA, 2007).

Além desse fato, segundo Arcova (2013) bacias hidrográficas recobertas por

vegetação florestal oferecem água com boa distribuição e de melhor qualidade durante o ano

inteiro. Para Panachuki (2003) as florestas são fundamentais os recursos hídricos, pois

interceptam a água das chuvas, reduzindo o risco de erosão, aumentando a capacidade de

infiltração da água no solo tornando-o mais poroso e proporcionando estabilidade ao sistema

funcionando como um tampão.

A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Lajeado, composta por diversas nascentes em

território urbano e rural é um exemplo deste processo. Em Avaré́, o rio Ribeirão Lajeado

nasce dentro da área ocupada pelo Horto Florestal e atravessa a zona urbana, margeando a

Avenida Major Rangel, que se intercalam com áreas de estrangulamento por edificações de

propriedades privadas nas APPs e espaços livres abandonados (CONSTANTINO, 2014).

Outro exemplo é o córrego do Bretas que tem sua nascente cravada na cidade e há

tempos, com a implantação do bairro Jardim Paraíso e Jardim Tropical, enfrenta

consequências do processo de urbanização, por meio de frequentes panes no sistema de

bombas das estações elevatórias de esgoto da Companhia de Saneamento Básico do Estado de

São Paulo (Sabesp) e contaminação de suas águas (INSTITUTO FLORESTAL, 2015b).

Dessa forma, a fim de suprir a necessidade de material de auxílio a tomadas de

decisões, quanto ao uso e ocupação solo ao redor de recurso d`agua utiliza-se como

ferramenta o geoprocessamento. Ao determinar os diversos conflitos de uso do solo em Áreas

de Proteção Permanente, os órgãos públicos responsáveis pela integridade ambiental poderão

11 se apoiar nestes estudos e também se utilizar das informações na construção dos planos

diretores, conforme promulgado pelo governo federal (SAMPAIO, 2007).

Deste modo, revela-se particularmente útil para auxiliar na discriminação e

detalhamento de elementos da paisagem, no planejamento e regulamentação de alterações

ambientais, em levantamentos de uso e ocupação da terra, mapeamentos dos recursos

naturais, espacialização de áreas de preservação, entre outras (RODRIGUEZ, 2010).

Para Piroli (2010), o conceito de geoprocessamento pode ser definido como um ramo

da ciência que estuda o processamento de informações georreferenciadas utilizando

aplicativos (normalmente SIGs), equipamentos (computadores e periféricos), dados de

diversas fontes e profissionais especializados. Este conjunto permite a manipulação, avaliação

e geração de produtos (geralmente cartográficos), relacionados especialmente à localização de

informações sobre a superfície da terra.

Assim, é de suma importância a realização de análises espaciais através de técnicas de

geoprocessamento, para subsidiar futuras decisões dos órgãos públicos e demais atores

envolvidos. Com uma análise espacial do corpo hídrico, seus afluentes e bacia hidrográfica, é

possível gerar informações para tomada de decisões mais adequadas para a proteção das áreas

de nascente, o devido direcionamento da expansão territorial para essas áreas fora das

cabeceiras dos rios e a criação e restituição das áreas de proteção ao longo do seu curso.

12 2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a situação ambiental de um fragmento da Bacia Hidrográfica do Ribeirão

Lajeado e propor medidas de proteção dos recursos hídricos.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

ü Mapear o uso da terra;

ü Avaliar condições ambientais das áreas de preservação permanente;

ü Identificar áreas ambientalmente frágeis;

ü Propor medidas de proteção do curso d’água e recuperação ambiental.

13 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÒRICA

3.1 BACIA HIDROGRAFICA

Barrella et al. (2001) definem bacia hidrográfica como um conjunto de terras drenadas

por um rio e seus afluentes, formadas a montante do relevo por divisores de água, onde as

aguas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no

solo para formação de nascentes e do lençol freático. Por outro lado, microbacia é

conceituada, por Cecílio e Reis (2006), como uma sub-bacia hidrográfica de área reduzida,

não havendo consenso de qual seria a área máxima (máximo varia entre 10 a 20.000 ha ou 0,1

km2 a 200 km2). Para Lima (1994) para a caracterização da microbacia há de se fazer uma

distinção entre dois critérios, do ponto de vista hidrológico, podendo ser a rede de drenagem

não se modifica com o regime de chuvas, e de programa e políticas de uso do solo.

Segundo Manual da Agência Nacional de Águas, Bacia hidrográfica é a região

compreendida por um território e por diversos cursos d’água. Da chuva que cai no interior da

bacia, parte escoa pela superfície e parte infiltra no solo. A água superficial escoa até um

curso d’água (rio principal) ou um sistema conectado de cursos d’água afluentes; essas aguas,

normalmente, são descarregadas por meio de uma única foz (ou exutório) localizada no ponto

mais baixo da região. Da parte infiltrada, uma parcela escoa para os leitos dos rios, realizando

o abastecimento de maneira perene, outra parcela é evaporada por meio da transpiração da

vegetação e outra é armazenada no subsolo compondo os aquíferos subterrâneos (ANA,

2011).

De acordo com Souza & Fernandes (2000) a paisagem de uma bacia hidrográfica pode

ser dividida em zonas hidrogeodinâmicas: Zonas de recarga, Zonas de erosão e Zonas de

Sedimentação, caracterizadas como segue:

1) Zonas de recarga são normalmente áreas com solos profundos e permeáveis, com

relevo suave e fundamentais para o abastecimento dos lençóis freáticos. Estas áreas exercem

grande influencia sobre a redistribuição as água da chuva devendo, dentro do possível, ser

mantidas sob vegetação nativa. Se estas áreas forem utilizadas e ocupadas com atividades

indevidas como as agropecuárias, a função de recarga pode ser prejudicada pela

impermeabilização decorrente da compactação dos solos pela mecanização agrícola e pisoteio

pelo gado. Além disso, o uso indiscriminado de agroquímicos pode levar, fatalmente, à

14 contaminação do lençol freático carreados pelas águas que infiltram no solo. Nas diferentes

bacias hidrográficas, estas áreas podem ser constituídas pelos topos de morros e chapadas.

2) Zonas de erosão se encontram imediatamente abaixo das áreas de recarga, onde se

distribuem as vertentes em declives e comprimentos de rampas favoráveis a processos

erosivos podendo ser acelerados pelo uso impróprio. Nestas áreas o processo de infiltração

tende a ser maior que o escoamento superficial. Podem ser cultivados com lavouras

anuais/perenes e pastagens, desde que o manejo de controle a erosão sejam implantados, para

se reduzir o escoamento superficial e aumentar a infiltração, de forma que os comprimentos

de rampas sejam seccionados através de faixas vegetativas de retenção, terraços, cordões em

contorno e outras medidas adequadas a cada situação e condições climáticas. Estas áreas são

as que mais contribuem para o carreamento de sedimentos para os cursos d’água e

reservatórios podendo causar assoreamento e elevação da turbidez das aguas superficiais.

3) Zonas de Sedimentações ou Várzeas são as planícies fluviais, consideradas o

segmento mais baixo das bacias hidrográfica, vulgarmente denominadas de várzeas, que

constituem a zona de sedimentação nas bacias hidrográficas. Por se caracterizarem por

regiões menos acidentadas estas planícies apresentam considerável aptidão para o uso

agropecuário, especialmente para a agricultura familiar. Entretanto, nos períodos de chuva,

algumas destas planícies apresenta alta probabilidade de sofrer inundações, o que pode

inviabilizar a instalação de infraestruturas e residências bem como a utilização agropecuária.

A política nacional de recursos hídricos (Lei n.º 9.433 de 9 de janeiro de 1997),

baseada nos princípios da descentralização e da participação, instituiu a Bacia Hidrográfica

como unidade de gestão. Para Cardoso (2003) a descentralização proposta na política nacional

de recursos hídricos se traduz do ponto de vista institucional, na criação de instâncias

colegiadas (comitês e conselhos), onde o poder de decisão é dividido com três setores por ela

definidos: o poder público, os usuários da água e a sociedade civil, tirando das mãos do estado

o monopólio da gestão de um bem público. Já para ANA (2011), os comitês de bacia

hidrográfica diferem de outras formas de participação previstas nas demais políticas publicas,

pois tem como atribuição legal deliberar sobre a gestão da água fazendo isso de forma

compartilhada com o poder público. A isso se chama poder de Estado, tomar decisões sobre

um bem publico e que devem ser cumpridas.

15 3.2 MANEJO INTEGRADO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Attanasio (2004) considera o manejo integrado da microbacia um instrumento que

possibilita uma análise conjunta dos recursos naturais, da produção agropecuária e do

elemento humano. Para Santana (2003), o abastecimento hídrico deve abranger tanto aspectos

de quantidade e qualidade de água para a população urbana quanto atender os processamentos

industriais e vida útil de reservatórios, com a finalidade de geração de energia e fonte de lazer.

A carência de água em uma bacia hidrográfica pode ocorrer caso sejam utilizados de

forma errônea seus recursos naturais, caso haja cobertura vegetal inadequada na bacia, uso

intensivo da água, poluição da água, uso inadequado do solo, etc. Para isso, há a necessidade

de conservação dos recursos naturais da bacia a fim de garantir a produção e perenidade de

água, pois o fato de que as condições de uso e manejo destes recursos interferem diretamente

no comportamento da fase terrestre do ciclo hidrológico, ou seja, no comportamento da vazão

dos cursos d’água e na recarga dos aquíferos subterrâneos.(CECILIO & REIS, 2006).

De acordo com Cecílio et al. (2007), o manejo de bacias hidrográficas têm como

objetivos básicos tornar compatível a produção com a preservação ambiental; e concentrar

esforços das diversas instituições presentes nas varias áreas de conhecimento, a fim de que

todas as atividades econômicas dentro da bacia sejam desenvolvid as de forma sustentável e

trabalhadas de forma integral.

Para Dias (2012) o manejo integrado de Bacias Hidrográficas é o conjunto de técnicas

conservacionistas (vegetativas, mecânicas e sociais) integradas aplicadas no âmbito da bacia

hidrográfica que visa à regularização dos cursos d’água, produção econômica, e proteção

ambiental, principalmente nos topos de morro e zonas ripárias. Estas áreas são as mais

dinâmicas da paisagem, tanto em termos hidrológicos, como ecológicos e geomorfológicos.

As florestas que ocupam as zonas ripárias são chamadas de matas ripárias ou ciliares

(ATTANASIO, 2004).

Para Souza e Fernandes (2000), as práticas de manejo integrado de bacias

hidrográficas devem ir além dos limites da propriedade rural, com a aplicação de técnicas de

manejo e conservação de solos, pois integram medidas de saneamento básico e saúde publica;

proteção de nascentes; critérios para delimitação de reservas florestais/ecológicas;

recuperação de áreas degradadas; proposição de alternativas produtivas em consonância com

as aptidões agroclimáticas das bacias hidrográficas e distribuição dos sistemas viários.

16 3.3 GEOPROCESSAMENTO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

Segundo Rocha (2002), geoprocessamento é um produto da integração de diversos

fatores, tais como disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados,

metodologias, e pessoal capacitado para a coleta, tratamento, analise e apresentação de

informações associadas a mapas digitais georreferenciados em uma tecnologia

transdisciplinar através da axiomática da localização e do processamento de dados

geográficos.

Para Rodrigues (1993), geoprocessamento é um conjunto de tecnologias de coleta,

tratamento, manipulação, apresentação de informações espaciais voltados para um objetivo

especifico. Este conjunto possui como principal ferramenta o Geographical Information

System (GIS), considerado também como Sistema de Informação Geográfica (SIG). As

ferramentas computacionais para geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação

Geográfica (SIG), permitem realizar analises complexas, ao integrar dados de diversas fontes

e ao criar bancos de dados georreferenciados.

Os SIG’s por apresentarem uma capacidade de armazenar, manipular e visualizar

dados e informações são comumente empregados no processo de manejo e gestão de diversas

áreas, como por exemplo, nas bacias hidrográficas, nas quais é possível realizar o calculo de

suas dimensões, área de abrangência, uso e cobertura, declividades, áreas de risco, classes de

solo, dentre outros (ZANATA, 2014).

A cartografia digital, que serve de base para os Sistemas de Informação Geográfica

(SIG’s), possui em sua estrutura, dados espaciais e não espaciais. Nos dados não espaciais

estão contidos informações organizadas de forma similar a um cadastro, estando associados

aos primeiros por meio de conexões especificas (ROSOT et al., 2011). Já́ os dados espaciais

podem ter representação matricial (raster) ou vetorial. Segundo Paulino (2000), a vetorização

permite à construção de primitivas geométricas correspondentes a entidade gráfica no formato

vetorial, a partir do reconhecimento manual, semiautomático ou automático de sequencias

continua de pixels ou de agrupamentos de pixels na forma de áreas.

A geração de feições mais comuns, como as do tipo ponto, linha e polígono para a

composição de uma base de dados espaciais utilizam ferramentas especificas disponíveis na

maioria dos SIG’s existentes no mercado. Independente da escolha do programa utilizado, a

qualidade da vetorização e respectiva edição depende da observação a determinados

protocolos, de maneira a preservar as relações topológicas desejadas. O fechamento correto de

17 polígonos, a sobreposição perfeita de nós compartilhados por diferentes feições, o

compartilhamento de arcos em polígonos contíguos, a coincidência de limites entre feições

pertencentes a diferentes camadas são alguns dos importantes aspectos a considerar durante o

processo de vetorização (ROSOT et al. 2013).

3.4 PROGRAMAS DE APOIO À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

Instituído pela Lei n.º 12.512, de 14 de outubro de 2011, o Programa de Apoio à

Conservação Ambiental tem como objetivos:

I - incentivar a conservação dos ecossistemas, entendida como sua manutenção e uso

sustentável;

II - promover a cidadania, a melhoria das condições de vida e a elevação da renda da

população em situação de extrema pobreza que exerça atividades de conservação dos

recursos naturais no meio rural;

III - incentivar a participação de seus beneficiários em ações de capacitação ambiental,

social, educacional, técnica e profissional (BRASIL, 2011).

Atualmente, encontramos diversas iniciativas no Brasil e no mundo em que os

produtores rurais são beneficiados pela conservação da cobertura vegetal nativa em suas

propriedades, reconhecendo-os como prestadores de serviços ambientais. O Programa

Produtor de Água, iniciativa da Agência Nacional das Águas (ANA), e o Programa de

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) tornam a conservação florestal uma opção atrativa

para produtores rurais (BRASIL, 2015).

Segundo Wunder (2005), um pagamento por serviços ambientais é “uma transação

voluntária na qual um serviço ambiental bem definido ou uma forma de uso da terra que possa

assegurar este serviço é comprado por pelo menos um comprador de pelo menos um

provedor, sob a condição de que o provedor garanta a provisão deste serviço”. Um diferencial

básico em relação ao tipo de comprador pode ser feita entre o PSA privados (aqueles

financiados diretamente pelos usuários dos serviços) e, por outro lado, por PSA públicos

(onde o Estado atua como comprador, representando os usuários de serviços ambientais)

(WUNDER, 2009).

18 4 METODOLOGIA

4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa se caracteriza por ser de natureza aplicada, com enfoque qualitativo.

Segundo Silva e Menezes (2001), a pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos práticos

dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais.

Sampieri et al. (2006) baseiam o enfoque qualitativo nas descrições e observações do objeto

de estudo.

Acerca dos objetivos, a pesquisa é considerada explicativa. A pesquisa explicativa visa

identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos,

aprofundando o conhecimento da realidade ao explicar a razão, o “por que” das coisas.

(SILVA; MENEZES, 2001).

Como procedimento metodológico, a pesquisa bibliográfica propicia o exame de um

tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras (MARCONI;

LAKATOS, 2010). Em relação ao tema de estudo, abrange desde publicações avulsas,

boletins, jornais, revistas, pesquisas, monografias, teses etc., até meios de comunicação oral e

audiovisuais.

4.2 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO

O município de Avaré localiza-se, geograficamente, entre as coordenadas 23° 05’ 56”

de latitude Sul e 48° 55’ 33” de longitude Oeste. Possui uma superfície total de 1.213,055 km2

e altitude de 766 metros (IBGE. Diretoria de Pesquisas - DPE - Coordenação de População e

Indicadores Sociais - COPIS).

Avaré possui como municípios limítrofes, Borebi, Lençóis Paulistas, Iaras e Pratânia

ao Norte; Itaí e Paranapanema ao Sul; Botucatu e Itatinga a Leste e Cerqueira César e Arandu

a Oeste (Figura 1).

19

Figura 1. Localização do município de Avaré e municípios limítrofes.

4.1.1 Características climáticas

Segundo a classificação climática de Koeppen, baseada em dados mensais

pluviométricos e termométricos, o clima da região é Cwa, caracterizado pelo clima tropical de

altitude, com chuvas no verão e seca no inverno, com a temperatura média anual de 20,3°C. A

precipitação média anual é de 1.274 mm. A umidade relativa do ar é elevada, sua média é de

80%. A menor concentração de chuvas ocorre nos meses de Julho e Agosto e é mais regular e

intensa no verão. As altitudes variam de 700 a 803 metros, predominando as altitudes entre

740 a 780 metros (OLIVEIRA et al. 1999).

20 4.1.2 Características geomorfológicas

O Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo (ROSS; MOROZ, 1997) demonstra

que a área de estudo está localizada no Planalto Ocidental Paulista, onde predominam as

formas de relevo denudacionais, marcadamente formadas por colinas amplas e baixas com

topos convexos, aplanados ou tabulares. Os entalhamentos médios dos vales apresentam-se

inferiores a 20 metros, as dimensões interfluviais médias estão entre 1.750 e 3.750 metros, as

altitudes variam entre 400 e 700 metros e as declividades médias das vertentes entre 2% e

10%.

Os rios apresentam padrão paralelo com traçados ligeiramente inclinados em direção

ao rio Paraná. A densidade de drenagem é baixa e os vales são pouco entalhados,

apresentando baixa dissecação. Em geral, apresenta-se com baixo nível de fragilidade

potencial, no entanto, as vertentes mais inclinadas são extremamente susceptíveis aos

processos erosivos (ROSS; MOROZ, 1997).

4.1.3 Características pedológicas

Segundo o mapa Pedológico do Estado de São Paulo, no município de Avaré, onde se

localiza a bacia do Ribeirão do Lajeado, predominam os Latossolos Vermelhos (Lv) e os

Latossolos Vermelho - Amarelo (OLIVEIRA, et al, 1999). Os Latossolos são constituídos por

material mineral, apresentando horizonte B Latossólico, abaixo do horizonte A, dentro de 200

cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais de 150 cm de

espessura (OLIVEIRA, et al., 1999). Esses solos são espessos, com mais de 3 metros de

profundidade e coloração avermelhada, textura varia de argilosa a média. Geralmente

possuem boas propriedades físicas, excepcional porosidade total, sendo de boa drenagem

interna, mesmo nos de textura argilosa.

4.1.4 Características geológicas.

Quanto à geologia, a bacia do Ribeirão Lajeado encontra-se sob os Domínios do

Grupo Bauru e do Grupo São Bento, Formação Serra Geral, mais especificamente na

21 morfoestrutura da Bacia Sedimentar do Paraná. O Grupo Bauru, datado do Mesozóico, se

restringe à Formação Marília. É constituído de arenitos imaturos, conglomeráticos e espesso

conglomerado na base, formado por seixos de basalto, siltitos e argilitos, de coloração

esbranquiçada a avermelhada.

Os solos de alteração apresentam estruturas reliquiares dos sedimentos de origem e

são poucos resistentes a erosão. Já os solos superficiais são extremamente arenosos e atingem

grandes espessuras (CETESB, 1985). O Grupo São Bento, datado do Mesozóico, na área de

estudo é constituído pela Formação Serra Geral e caracteriza-se por apresentar rochas

vulcânicas em derrames basálticos de coloração cinza a negra (JKsg), textura afanítica, com

intercalações de arenitos intertrapeanos finos a médios (IPT, 1981). O solo de alteração é

geralmente de caráter argiloso, podendo apresentar macroestrutura. Já o solo superficial é de

natureza argilosa, com frações variadas de areia e de coloração vermelha escura característica

(CETESB, 1985).

4.1.5 Características hidrográficas

A hidrologia regional compreende em sua porção norte o Ribeirão do Lajeado e Água

da Onça, em sua porção leste o Córrego de Água ao Curtume e Ribeirão do Lajeado, em sua

porção sul o Ribeirão da Água Branca e Córrego do Pinhal e em sua porção oeste o Córrego

dos Veados. A pecuária é muito desenvolvida, a partir do ano de 2006 é visível o

desenvolvimento das plantações de cítricos e de cana-de-açúcar pela instalação de duas usinas

de açúcar e algodão. A paisagem é uma transição entre cerrado e resíduo da mata atlântica é

formado principalmente de extensas pastagens (SABESP, 2009).

O Município de Avaré́ situa-se na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos

das Alta e Média Paranapanema - UGRHi-14 e UGRHi-17. O Ribeirão do Lajeado, afluente

do rio Novo, no município de Avaré, desde a ETE de Avaré, até a desembocadura do rio

Novo, foi enquadrado no Médio Paranapanema segundo o Decreto Estadual n.º 10.755 que

enquadrou os corpos d'água nas classes previstas no Decreto n.º 8.468/76.

A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Médio Paranapanema (UGRHI

- 17) representa uma das unidades de gerenciamento definidas pela Lei n.º 9.034/94, com área

total de 16.763 km2. Agrega os tributários da margem direita do curso médio do rio

Paranapanema, localizando-se na porção centro-oeste do Estado de São Paulo (Figura 2).

22

Figura 2. Situação da UGRHI-17 e demais unidades no Estado de São Paulo. FONTE: SANASA (2006).

De acordo com o Relatório Zero da UGRHi-17, O Ribeirão do Lajeado é atualmente

enquadrado como Classe 4, porém, espera-se que por ocasião da implantação do sistema de

tratamento, essa classe possa ser melhorada com o objetivo de se alcançar a Classe 2

(CORHI, 1999).

4.1.6 Características da vegetação nativa

A vegetação nativa presente no município de Avaré é formada pelo bioma do Cerrado

e Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual) (Anexo 1). Essas duas formações

florestais encontram-se fragilizadas devido às ações antrópicas, sendo consideradas por

muitos especialistas ”hotspots”, isto é, estão entre os biomas com maior biodiversidade, alto

nível de endemismo e mais ameaçados do planeta (MYERS et al., 2000; MITTERMEIER,

2005). Segundo o Mapa Florestal dos Municípios do Estado de São Paulo, elaborado pelo,

Avaré possui apenas 7,24% do seu território ocupado pela vegetação nativa, comprovando a

fragilidade desses ambientes naturais e o aumento das consequências ambientais

(INSTITUTO FLORESTAL, 2015a).

Grande parte da área da Bacia do Ribeirão Lajeado se encontra nos limites da Estação

Ecológica de Avaré na área que compõe o Horto Florestal de Andrada e Silva, criada pelo

23 Decreto Nº 56.616, de 28 de Dezembro De 2010. Neste decreto, em seu artigo segundo,

constam como seus objetivos a preservação dos ecossistemas e processos ecológicos em zona

de contato entre o Cerrado e a Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), de grande

relevância ambiental, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento

de atividades de educação e interpretação ambiental em contato com a natureza. A sua

criação se deve a fragilidade do Bioma Cerrado no estado de São Paulo e também devido

estar em uma área de recarga do Aquifero Guarani.

Levantamentos preliminares revelaram que na Estação Ecológica de Avaré existem

142 espécies de arbustos e árvores. A fitossociológica dessa área é composta por seis

fitofisionomias de Cerrado (86,68%) e quatro fitofisionomias de Floresta Estacional

Semidecidual (12,18%) e riparias (1,14%), sendo destacada a existência de áreas de Campo

Limpo, mas sendo predominante o Campo Sujo e o Campo Cerrado, perfazendo juntas

40,43% da área (INSTITUTO FLORESTAL, 2015c).

4.1.7 Plano diretor municipal

Conforme Rueda, Landim e Mattos (1995), Plano Diretor pode ser definido como um

conjunto de decisões políticas e recursos disponíveis versus diagnósticos e prognósticos. As

decisões políticas, oriundas dos governos municipais e estaduais, direções de grandes

empresas e órgãos federais são o motor da gestão ambiental, e os recursos disponíveis,

basicamente financeiros, a base para a elaboração do Plano Diretor. Os diagnósticos e

prognósticos representam o substrato de informações (geologia, hidrologia, geomorfologia

entre outras) e avaliações sobre o qual atuará o binômio, decisões políticas e recursos

disponíveis.

O plano diretor da Estância Turística de Avaré, estado de São Paulo, foi decretado

pela câmara municipal de Avaré, instituindo a Lei complementar n.º 154 de 27 de setembro de

2012. O Plano Diretor foi aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal. Todos foram

uníssonos em declarar a importância de participar da aprovação o Plano Diretor, pois estão

escrevendo uma página significativa na história do município.

O plano tem como princípios fundamentais a) função social da cidade; b) função

social da propriedade; c) gestão democrática e participativa do município; d) proteção dos

patrimônios histórico-cultural e ambiental-ecológico. Em seu artigo 7º, descreve que “o

patrimônio histórico-cultural e as áreas de significado ambiental-ecológico serão protegidos

24 com a adoção de procedimentos de fiscalização, manutenção e qualificação, de modo que os

cidadãos possam deles usufruir sem prejuízo para a coletividade”.

Especificamente para a questão ambiental, a seção III apresenta 3 artigos específicos

para política ambiental, nos quais vale destacar o artigo 16, onde são citados 39 diretrizes que

norteará a política ambiental, onde vale destacar:

IV- participar dos planos ambientais de reservatórios, como o Plano Ambiental de

Conservação e Uso do Entorno de Reservatórios Artificiais –PACUERA, juntamente com os

Comitês de Bacia Hidrográfica do Alto CBH-ALPA e do Médio Paranapanema CBH-MP;

XIV- promover a qualidade ambiental, a preservação, conservação e o uso sustentável

dos recursos naturais, por meio do planejamento e controle ambiental;

XV- promover a recuperação ambiental revertendo-se os processos de degradação das

condições físicas, químicas e biológicas do ambiente;

XXI- regular o uso e ocupação do solo por meios e técnicas de planejamento

ambiental, incluindo-se as diversas formas de zoneamento previstas nesta lei complementar;

degradação das condições físicas, químicas e biológicas do ambiente;

XXIX- implantar programa de conservação e manejo sustentável de matas

remanescentes e criação de programa de proteção à fauna silvestre do município;

XXXIV- destinar os recursos oriundos do ICMS Ecológico, das taxas de

recomposição florestal dos usuários de lenha e das autuações oriundas de infrações

administrativas ambientais municipais, para aplicação em ações em preservação e

conservação do Meio Ambiente, a serem administrados pelo Fundo Municipal de Meio

Ambiente;

XXXVIII- tendo em vista a intervenção irregular realizada nas APPs do Horto

Florestal de Avaré, deve o agente ativo do dano, repará-lo dentro da própria unidade e

conforme os mesmos critérios compensatórios utilizados pela Agência Ambiental responsável

pela dispensa ilegal do licenciamento de supressão de vegetação.

25 4.2 AVALIAÇÃO DA PAISAGEM

4.2.1 Mapeamento do uso e cobertura da terra

Para avaliação da paisagem da Bacia do Ribeirão do Lajeado, mapeou-se o uso e

cobertura da terra de uma área 607,90 hectares. A definição dos limites de estudo baseou-se

na importância ambiental deste fragmento da bacia hidrográfica ao abastecimento municipal.

O mapeamento foi realizado com base na interpretação digital visual, por meio de

vetorização em tela na escala 1:15.000, utilizando imagem georreferenciadas, de abril de

2014, do satélite QuickBird, disponíveis no Google Earth. O sistema de coordenadas do

Google Earth é o Geográfico (latitude/longitude) no Datum WGS – 84. B.

A elaboração dos mapas temáticos foi realizada utilizando-se o software de

geoprocessamento ArcView GIS desenvolvido pela ESRI, versão 9.3, que contem os módulos

funcionais: ArcCatalog; ArcMap e ArcToolbox.

O ArcCatalog é onde muitos projetos de gestão de dados tem seu início. A aplicação

em ARCGIS permite a gestão genérica de informação geográfica, ligado a base de dados

externas e produção/visualização de metadados. O ArcCatalog permite navegar pelo sistema

operativo e tornar eficiente a gestão de qualquer conjunto de dados geográficos, sejam eles

nativos do ARCGIS ou não.

No ArcMapse trabalha com informação geográfica através de mapas interativos, sendo

possível visualizar, explorar, questionar e analisar toda a informação geográfica. Numa sessão

ArcMap é definida a informação geográfica a ser estudada e a forma como ela é visualizada,

sendo que qualquer conjunto de dados (geográficos ou simplesmente alfanuméricos) é

adicionado no ArcMap sob a forma de “layer”. O “layer” é apenas uma representação dos

dados não contendo os ficheiros de informação geográfica em si, ou seja, o ArcMap

referencia o chamado ficheiro de fonte da informação (data set).

A aplicação ArcToolbox disponibiliza acesso a todas as funcionalidades de

geoprocessamento para coberturas ArcInfo. Existem mais de 100 ferramentas deste tipo de

utilização simples e amigável. A maioria das ferramentas presentes nesta aplicação destina-se

a coberturas ArcInfo e propõem-se a resolver questões como conversão entre formatos de

dados execução de operações de análise espacial, operações de transformação de coordenadas

26 entre diferente sistemas e operações de construção de topologia (INSTITUTO SUPERIOR

TÉCNICO, 2007).

A partir do uso dessas ferramentas foi feita a análise e interpretação das fotografias

aéreas que, resultou em diferentes classes de cobertura do solo. Para a classificação dos tipos

de uso e cobertura foram definidas dez categorias de uso e cobertura da terra conforme

Manual Técnico do Uso da Terra do IBGE (2006) (Quadro 1).

Quadro 1. Descrição das classes de uso e cobertura da terra. Classe Descrição

Araucária Área de cultivo homogêneo de Araucária angustifólia.

Área urbanizada Construções urbanas, instalações industriais.

Campestre Capoeira, campo natural.

Chácaras Construções rurais

Corpo d’água Rios de grande porte, córrego, lagos ou represas com leito visível.

Culturas Agrícolas Culturas temporárias ou permanentes para produção agrícola.

Eucalipto Área de cultivo homogêneo de Eucalyptus spp.

Floresta Nativa Mata, formações vegetais de Floresta Estacional Semidecidual e Savana

Pastagem Área com predomínio de vegetação herbácea utilizada para pecuária extensiva, campo antrópico.

Pinus Área de cultivo homogêneo de Pinus spp.

Para a caracterização da vegetação utilizou-se como base a identificação e

classificação utilizando os elementos da imagem: cor, tonalidade, textura, forma dimensão e

convergência de evidências.

27

Para diagnosticar a paisagem, como um todo, foram calculadas e quantificadas as

classes de uso e cobertura do solo, calculando o percentual de cada uma delas e o número de

manchas de cada classe. No diagnóstico em nível de fragmento foram avaliados: a cobertura

total de vegetação natural e o tamanho de cada fragmento. A área de cada fragmento foi

calculada em hectares.

4.2.2 Área de Preservação Permanente

As Matas ripárias, formações vegetacionais florestais que acompanham os cursos

d'água de um rio, desempenham funções relacionadas à contribuição ao aumento da

capacidade de armazenamento da água, à manutenção de sua qualidade através da filtragem

superficial de sedimentos, e à retenção, pelo sistema radicular da mata ripária, de nutrientes

liberados dos ecossistemas terrestres, além de proporcionar estabilidade das margens,

equilíbrio térmico da água e formação de corredores ecológicos (ATTANASIO, 2004).

Segundo Borges (2011), a ideia de se proteger áreas representativas dos ecossistemas

naturais no território brasileiro veio do Código Florestal de 1934que apresentava algumas

características preservacionistas, estabelecendo o uso da propriedade em função do tipo

florestal existente, definindo as categorias de florestas protetoras, remanescentes, modelo e de

rendimento. As florestas caracterizadas como protetoras apresentavam um indicativo do que

se tornariam as áreas de preservação permanente.

Ainda segundo Borges (2011), a partir do Código Florestal de 1965 (Lei n.º 4.771/65)

ocorreram as primeiras limitações à propriedade privada, versando sobre os cuidados com as

APPs e Reserva Legal (RL) que deveriam ser mantidas e protegidas. Anteriormente, o direito

de propriedade era considerado ilimitado, sem quaisquer cuidados com a preservação

ambiental no interior de uma propriedade, salvo quando a área fosse considerada de interesse

social, como a proteção de um manancial de abastecimento urbano. A principal mudança a

partir de 1965 foi a obrigatoriedade das propriedades de obedecer alguns princípios de

proteção, desobrigando o Poder Público de indenizar o proprietário pela proteção de certas

áreas.

As Áreas de Preservação Permanente instituídas pela Lei n.º 12.651/12 que dispõe

sobre a proteção da vegetação nativa (conhecida como Novo Código Florestal) foram

definidas como sendo uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a

28 biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-

estar das populações humanas.

A delimitação das APPs foi um dos pontos mais críticos na formulação do novo

código florestal. Muitas áreas que anteriormente eram consideradas de preservação

permanente, hoje não se caracterizam como tais. A flexibilização das faixas de recomposição

das APPs, com a instituição de que áreas consolidadas fossem um dos temas mais polêmicos

relativos à nova legislação, pois uma grande extensão de área considerada frágil teve seu

desmatamento legalizado.

Assim, para a determinação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) empregou-

se o estabelecido na Lei n.º 12.651 de 2012 e suas alterações, como segue:

ü 30 metros de cada lado dos cursos d`água, visto que os rios da área estudada

possuem largura menor que 10 m;

ü 50 metros de nascentes perenes ou difusas;

ü 50 metros de lagoas naturais com até 20 ha;

ü 15 metros de cada lado de reservatórios de até um hectare oriundos de

barramentos de cursos d’água;

ü 30 metros de cada lado de reservatórios maiores que um hectare, oriundos de

barramentos de cursos d`água.

Dessa forma, estas áreas foram avaliadas em dois cenários, em um primeiro momento,

os percentuais de ocupação com vegetação natural das faixas de preservação permanente

(cenário atual) e, em seguida comparou-se com os percentuais que deveriam ocupar (com

vegetação natural) essa faixa, de acordo com a Legislação (cenário ideal).

4.2.3 Áreas ambientalmente frágeis

As áreas ambientalmente frágeis consideradas para esta pesquisa, são áreas que

quando desmatadas e degradadas ambientalmente são sujeitas a desbarrancamentos e

deslizamentos de solo ou rochas; consideradas importante para a biodiversidade e para

manutenção e recarga de aquíferos que vão abastecer as nascentes.

Para Gomes e Pereira (2011) áreas frágeis são áreas que, sob a menor ação pelo

homem, apresentam desequilíbrios cujos reflexos aparecem em diversos compartimentos

29 ambientais, tais como água, solo, plantas e demais organismos que integram os ecossistemas.

Serão verificadas por imagens as áreas ambientalmente frágeis e seu estado atual.

As áreas de fragilidade ambiental serão inferidas com a análise de mapas altimétricos

e a devida classificação do relevo em classes de declividade, pois a região apresenta uma

predominância de solos arenosos, que possuem uma aptidão natural aos processos erosivos.

As medidas a serem recomendadas serão baseadas na classificação de áreas de

importância para a revegetação da flora nativa, com as devidas técnicas mais interessantes sob

o ponto de vista ecológico, também levando em conta sua viabilidade econômica para

aplicação; áreas degradadas, com seu grau de erosão e medidas para minimização das suas

causas, como diminuição da velocidade da água em áreas impermeabilizadas em estradas e a

correta destinação dessa água e medidas de conservação de solos em áreas com propensão a

fatores erosivos ao redor do curso da água.

30 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 MAPEAMENTO DO USO DA TERRA

No mapa composto por um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, com uma área

total de 607,90 hectares, constatou-se a predominância de pastagem, representando 61,40% da

área total. A área de floresta nativa foi a segunda maior cobertura, ocupando uma área de

71,90 hectares. O terceiro maior percentual obtido no mapa é representado por chácaras,

construções rurais, totalizando 8,34% (Figura 3; Quadro 2).

Figura 3. Uso e Cobertura da terra de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, Avaré, São Paulo.

31

Com relação a distribuição das classes de uso e cobertura da terra, foram identificados

46 manchas, sendo que destas, 13 são referentes as manchas de vegetação nativa e 7 de

plantações homogêneas de Eucaliptos. Isto reflete a grande fragmentação da vegetação nativa

e consequente alteração da área de vegetação natural, pois mesmo possuindo o maior número

de manchas de classe, o somatório em extensão representa uma menor área em hectares em

relação às áreas de pastagem, predominantes na paisagem.

Quadro 2. Métricas das classes de uso e cobertura da terra de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado. (PP: porcentagem da classe ocupada na paisagem; NM: número de manchas da classe).

Classes de uso e cobertura Área (ha) PP (%) NM

Araucária 4,43 0,73 2

Área urbanizada 14,03 2,31 1

Campestre 7,53 1,24 4

Chácaras 50,74 8,34 6

Corpo d’água 1,56 0,26 7

Culturas Agrícolas 33,0 5,43 2

Eucalipto 33,05 5,44 7

Floresta Nativa 71,90 11,83 13

Pastagem 373,05 61,36 3

Pinus 18,61 3,06 1

Total 607,9 100 46

Grande parte da vegetação nativa representada no mapa (71,90 hectares) se deve a

presença da Estação Ecológica de Avaré na área que compõe o Horto Florestal de Andrada e

Silva, que tem como seus objetivos a preservação dos ecossistemas e processos ecológicos em

zona de contato entre o Cerrado e a Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), de

grande relevância ambiental, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o

desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental em contato com a

natureza. A sua criação se deve a fragilidade do Bioma Cerrado no estado de São Paulo e

também por estar em uma área de recarga do Aquífero Guarani.

32

No Horto Florestal encontram se além de áreas nativas representativas da região,

diversos experimentos florestais de espécies nativas de outros locais, como a Araucária

angustifólia, com ocorrência em áreas de Floresta Ombrófila Mista, e diversas outras espécies

exóticas, como o eucalipto, pinus, Pinheiro do Brejo (Taxodiumdistichum (L.) Rich.), dentre

outros. Essa vegetação é de grande importância devido a parte da captação de água para

abastecimento público ser realizado dentro da área do Horto Florestal, pela Companhia de

Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Além disso, existem dentro da área do

horto nascentes d’água, que contribuem para uma melhor qualidade da água captada por estar

a montante do ponto de captação, sendo protegidos devido à conservação dos fragmentos

florestais.

Já as cabeceiras e nascentes do Ribeirão do Lajeado encontram−se em propriedades

privadas, fora da área do Horto Florestal de Avaré. O curso d’água é composto de seis

nascentes, sendo considerado em seu ponto de captação segundo a ordenação dos canais de

STHRALER (1957) um rio de terceira ordem. Em uma análise visual, constatamos a

predominância de pastagem nas áreas de cabeceira. Isso reflete muito a cultura colonizadora

predominante agrícola, que desmatou a maioria das áreas naturais, composta em sua maioria

pelo bioma Cerrado, com o intuito da implantação de lavouras.

Devido a maioria dos solos encontrados na área serem estruturalmente fracos devido a

predominância da fração areia em sua composição e também pobres quimicamente, ocorreu a

implantação de áreas de pastagem para criação de bovinos e equinos, por ser uma atividade

menos exigente em condições de fertilidade e produtividade do solo. Atualmente a atividade

da criação de equinos no município de Avaré, principalmente do cavalo Quarto de Milha, é

visto como uma referência nacional.

A perda da vegetação nas áreas de cabeceira, conjuntamente com o pisoteio de

animais e a consequente compactação do solo, somado a frágil estrutura do solo, nos indica

que é de essencial importância a revegetação dessas áreas, com os tratos culturais que

proporcionem condições ambientais propícias à restauração desse ambiente. A vegetação nas

áreas de nascente e de cabeceira possuem diversas funções ecológicas importantes, como a

retenção de água e conservação do solo, diminuição dos processos erosivos, de compactação

do solo e aumento da qualidade da água.

A descontinuidade das áreas de floresta, devido à predominância de pastagem, são as

que inserem diversos componentes poluentes nos corpos hídricos. Os animais tendem a

realizar trilhas para dessedentação até o curso d’água, realizando um caminho também para o

escoamento da água. Isso acarreta na compactação do solo e as suas consequências, como o

33 aumento do escoamento superficial e da erosão, assoreamento do curso d’água devido

carreamento de partículas do solo erodido, além da contaminação do rio devido a urina e fezes

dos animais, acarretando em um problema de saúde pública e maiores gastos no processo de

beneficiamento da água para finalidade de abastecimento humano.

Visualizamos também entre duas nascentes áreas de lavoura, que assim como áreas de

pastagem ocasionam diversos danos aos recursos hídricos quando não realizado com o

manejo do solo correto. O uso de fertilizantes químicos, sedimentos erodidos das camadas

superficiais do solo, dejetos provindos da colheita e afins podem vir a atingir essas áreas em

locais onde existe não existe vegetação na APP, aumentando a carga de matéria orgânica do

corpo hídrico.

Além disso, o uso de agroquímicos tem sido utilizado de maneira indiscriminado nos

últimos anos, causando danos não apenas a micro e macro fauna do solo, mas também a fauna

aquática quando chega ao corpo hídrico. A erosão também tem causado grandes impactos em

diversos aspectos, não apenas ao óbvio assoreamento dos rios, mas também no aumento de

nutrientes carreados junto a camada superficial do solo, causando o aumento e proliferação de

algas. As algas encontrando condições ideais como nutrientes e temperatura, se propagam de

maneira descontrolada, ocasionando danos a todo o ambiente aquático, além de prejudicar e

encarecer o tratamento da água para o consumo humano.

Segundo Lima (1994), a influência da cobertura vegetal em processos hidrológicos

como a interceptação, transpiração, infiltração, percolação e afins, constitui-se num dos

fatores mais importantes que afetam a produção de água em microbacias. Para o mesmo autor,

diversos estudos permitem concluir que de maneira geral a taxa de infiltração é tanto maior

quanto maior for a cobertura florestal. Outro fator de relevante análise no uso do solo se dá ao

grau de urbanização da bacia, o qual resulta em aumento da impermeabilização da superfície,

consequentemente aumentando o escoamento superficial, o pico de cheia, a sedimentação dos

cursos d’água e a poluição da água.

5.2 AVALIAÇÃO DAS AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

As APPs ao longo dos cursos d’água possuem uma área total de 51,79 hectares,

somando-se as APPs das nascentes e as dos corpos d’água; a bacia em estudo possui uma área

de 607,90 hectares, representando as APPs 8,52% do total da área de estudo. Observando as

características do fragmento analisado (Figura 4), foi inferido que as APPs ao longo do rio são

34 de 30 metros de cada lado dos cursos d`água, visto que os rios da área estudada possuem

largura menor que 10 m. Para as nascentes, as APPs empregadas são de 50 metros de raio, de

acordo com a Lei n.º 12.651/2012.

Figura 4. Recorte da área de um fragmento da Bacia do Ribeirão Lajeado, destacando as APP das nascentes e dos córregos. Data da imagem, 27/04/2014. Fonte: Google Earth.

Outro ponto importante a se frisar é a mudança dos limites de onde são feitas as

medições das faixas de APP. Anteriormente, os limites partiam da faixa de leito maior, ou

seja, as áreas onde as águas do rio alcançam em seus períodos de cheia. Atualmente, com o

Novo Código Florestal, a área em que se inicia a faixa de preservação é medida a partir do

leito regular do rio. Isto nos leva a crer que tal código flexibilizou a legislação ambiental para

alguns setores da sociedade, principalmente os ruralistas, em detrimento da preservação de

um bem considerado de interesse social e de benefício coletivo. Os processos de pulsos

naturais dos rios, quando ocorrem períodos de alagamento não irão mudar, tornando uma

35 grande preocupação a futura ocupação dessas áreas e a consequência dessa falta de vegetação,

com o aumento da compactação do solo e o aumento do escoamento superficial.

Com relação a distribuição das classes de uso e cobertura da terra nas Áreas de

Preservação Permanente, foram identificados 7 classes de uso, sendo a maior área composta

por Floresta Nativa (Figura 5; Quadro 3).

Figura 5. Áreas dos usos da terra nas APPs

É possível perceber que 37,14% das áreas de preservação permanente encontram-se

sob usos adequados, sendo 0,46% de enriquecimento de Araucárias, 5,41% ocupado com

vegetação campestre, 1,50% composta pelos próprios corpos d`águas e 29,77% com Floresta

Nativa.

Apesar do maior percentual de cobertura da terra nas áreas de preservação permanente

ser de floresta nativa, é possível notar que existem muitos usos inadequados nessas áreas,

36 principalmente o uso de 26,34% de pastagem. Essa prática está altamente relacionada com o

agravamento dos processos erosivos, provocando muitas vezes o assoreamento dos corpos

hídricos e formação de vossorocas.

Quadro 3. Uso e cobertura da terra nas Áreas de Preservação Permanente Classes de uso e cobertura Área (ha) PP (%)

Araucária 0,46 0,88

Campestre 5,41 10,45

Corpo d`agua 1,50 2,90

Culturas Agrícolas 0,58 1,12

Eucalipto 0,43 0,83

Floresta Nativa 29,77 57,48

Pastagem 13,64 26,34

Total 51,79 100

Verifica-se que a formação do Ribeirão Lajeado é composto por 6 áreas de nascentes,

das quais 4 encontram-se em desacordo com a legislação vigente, relativa aos 50 metros de

raio de proteção com vegetação nativa. A falta de vegetação adequada nas áreas de cabeceira

e nascentes pode vir a trazer graves consequências futuramente. Sem uma área de proteção

contra o carregamento de sedimento devido a processos erosivos, a baixa retenção da água

pela vegetação, é possível que a longevidade e perenidade do curso de água estejam

comprometidas com o consequente assoreamento da nascente. Sendo um de apenas dois

cursos d’água superficial que servem de fonte para o abastecimento público da cidade, é de

suma importância a revegetação das áreas do entorno das nascentes, visto todas as

características ambientais da região, que possui uma forte tendência a processos erosivos.

Considerando um cenário ideal onde todas as áreas consideradas APPs estivessem

ocupadas com vegetação nativa, haveria um acréscimo de 22,02 ha, representando um

aumento de 42,51% de vegetação nativa. Este aumento significativo permitiria a formação de

corredores ecológicos por toda a paisagem.

37

A cidade de Avaré, assim como a maioria das cidades do sudoeste paulista, é

abastecida por águas subterrâneas vindo de poços tubulares profundos. Sendo o Ribeirão do

Lajeado um rio ainda utilizado para o abastecimento público, é de grande relevância o

estabelecimento de um programa de educação ambiental com os proprietários das áreas de

nascentes e passagem do rio. Em um primeiro momento, se podem avaliar através da

educação ambiental os resultados da conscientização e sensibilização dos proprietários para a

questão hídrica, devido a importância do rio para a população local.

Existem diversas iniciativas vindas de políticas públicas que têm sido consideradas

PSA. No Brasil existem projetos de PSA baseados em políticas pública, como o Programa

Bolsa Verde, em Minas Gerais, o Programa Produtor ES de Água no Espírito Santo; o

Programa Mina D’água, em São Paulo e o Projeto Produtores de Água, em Extrema – MG.

Existem diversos focos para os serviços ecossistêmicos gerados através da conservação das

propriedades, sendo as duas maiores áreas em âmbito nacional os de sequestro de carbono e o

de conservação de recursos hídricos.

A valoração econômica é um dos maiores problemas nesse tipo de mercado, devido a

dificuldade na estimativa dos valores a serem pagos, contudo pode ser bastante útil para

ajudar a balizá-los futuramente. Por um lado, ela demonstra aos compradores uma estimativa

dos benefícios econômicos relacionados a conservação da natureza e ao provimento de cada

serviço ambiental, já para os ofertantes ela pode ajudar a estimar os custos adicionais

incorridos pelos produtores, que dependem dos custos de oportunidade e a diferença de custo

da prática sustentável em relação a menos sustentável. Estes custos adicionais frequentemente

balizam a disposição mínima a receber por parte dos produtores para que eles entrem em um

esquema de PSA (BRASIL, 2011).

Ao longo do desenvolvimento desse mercado, foram discutidos alguns pontos de

relevante importância, tais como:

• a isenção fiscal para PSA;

• a possibilidade de recebimento de pagamentos, mesmo em áreas de proteção

legal;

• a formalização de que produtores rurais possam receber recursos públicos, se

eles fornecerem serviços ambientais à população;

• a possibilidade de vinculação dos contratos à terra e não ao indivíduo,

aumentando a segurança jurídica para contratos de longo prazo (BRASIL,

2011).

38

O avanço desses tópicos é de fundamental importância para que esses mecanismos de

PSA ganhem escala desejável.

Em programas relacionados aos recursos hídricos, os Pagamentos por Serviços

Ambientais remuneram produtores rurais pela proteção e restauração de ecossistemas

naturais, em sua maioria em áreas florestais estratégicas para a produção de água, como

nascentes, matas ciliares em áreas de captação. Seu funcionamento se dá geralmente da

seguinte forma: quando os usuários de água reconhecem o valor ou a importância dos serviços

ambientais prestados pelos donos de propriedades que realizam a proteção da água em

quantidade e qualidade, das externalidades ambientais positivas geradas pelos produtores

rurais quando os mesmos executam ações de restauração e conservação florestal. Com tais

ações, geram um incentivo econômico real para os produtores rurais, estimulando a execução

de atividades que garantem a provisão dos serviços ambientais (MMA, 2011).

Muitos órgãos governamentais estão lançando programas de apoio aos produtores de

água, principalmente em bacias hidrográficas críticas, que possuem grande déficit hídrico e

uma grande população a ser atendida. Os últimos eventos envolvendo São Paulo e sua região

metropolitana levaram vários órgãos públicos, em suas diversas esferas, a tomar providências

no sentido de conservação dos recursos hídricos. Um dos projetos precursores no Brasil

relativo a PSA e recursos hídricos ocorreu no município de Extrema, MG, através do Projeto

Produtores de Água. Além de receber diversos prêmios em reconhecimento a inovação em

termos ambientais, mostrou que com planejamento e boa vontade política, a municipalidade

pode tomar providências que tragam atitudes efetivas em benefício ao meio ambiente.

Existem diversas formas de realizar a conservação das áreas de nascentes, mas a mais

efetiva é através de PSA aos proprietários donos das áreas de nascentes. O financiamento

pode ser realizado através de recursos do Comitê de Bacias Hidrográficas ou mesmo através

da municipalidade, através de recursos provindos do ICMS Ecológico ou dos valores

recebidos pelo contrato da companhia de abastecimento público, no caso do município de

Avaré, a SABESP.

5.3 IDENTIFICACAO DAS AREAS AMBIENTALMENTE FRAGEIS

A declividade da área pode ser desenhada a partir de dados altimétricos obtidos

através do geoprocessamento de imagens SRTM (Figura 6). Essas informações seguem

expressas no quadro 4.

39

A definição de intervalos de declividade a partir de critérios técnicos de fragilidade

não é consensual entre os pesquisadores quanto às classes de maior ou menor

susceptibilidade, no entanto, o aspecto em comum é a consonância com a Lei Federal n.º

6.766 de 19 de dezembro de 1979 que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. Esta lei

estabelece que em áreas com declividade acima de 30% não será permitido o parcelamento do

solo.

Quadro 4. Classes de declividade encontradas na bacia do Ribeirão Lajeado. Intervalo Relevo Área (ha) Área (%)

0 – 3% Plano 32,40 5,330

3 – 6% Suave Ondulado 40,92 6,731

6 – 12% Ondulado 233,38 38,391

12 – 20% Forte Ondulado 211,10 34,726

20 – 40% Montanhoso 90,07 14,817

> 40% Escarpado 0,03 0,005

Total 607,90 100,000

Pode-se perceber que a maior parte da bacia encontra-se nos relevos ondulado

(38,39%) e forte ondulado (34,72%), o que representa declividade entre 6-20%. Segundo

Lepschet al. (1991) as áreas de relevo ondulado são indicadas para plantio de culturas anuais;

e as áreas de relevo forte ondulado são impróprias para culturas anuais e indicadas para

culturas perenes, para proporcionar uma proteção maior ao solo.

Juntas, a classe de relevo plano, com declividade entre 0-3%, e a classe de relevo

suave ondulado, entre 3-6%, representam 12,06% da área da bacia, sendo essas áreas

indicadas para implantação de atividades agrícolas mecanizadas, de cultivo permanente ou

temporário, bem como pecuária.

Com declividade de 20-40%, a classe com relevo montanhoso representa 14,81%, uma

área de 90 hectares. De acordo com Lepschet al. (1991) estas áreas estão sujeitas a erosão,

portanto recomenda-se a silvicultura ou a manutenção/recuperação da floresta nativa, o que

consequentemente, contribuirá́ para a preservação ambiental diminuindo os riscos de erosão.

40

Observando-se a Figura 6 e com base nos dados do quadro 4 é possível perceber que a

maior do fragmento da bacia do Ribeirão Lajeado se encontra em relevo ondulado e forte

ondulado sendo recomendadas práticas de conservação do solo devido a risco de ocorrência

de problemas com erosão.

Figura 6. Classes de Declive

Contudo, constata-se que 61,36% da área é composta de pastagem, cultura que deixa o

solo muito exposto aos impactos das chuvas. Esse fator somado ao fato da declividade

predominante da bacia nos atenta ao fato da importância de proteção de toda a área de

preservação permanente.

Segundo Gomes e Pereira (2011), as nascentes dos cursos d’água, principalmente as

associadas a relevo acidentado e/ou presença de solos rasos, caracterizam-se por serem

porções de área com alta vulnerabilidade natural. Estas características expõem as nascentes a

uma condição de fragilidade frente a diversos fenômenos, sejam eles naturais (climático ou

edafoclimático, pedológico e geológico) ou devido a ações antrópicas. De acordo com Rocha

41 e Gomes (2008), nos aquíferos sedimentares, tendo como exemplo brasileiro o aquífero

Guarani, sua alimentação ou recarregamento se dá por dois mecanismos:

• infiltração direta das águas de chuva nas áreas de recarga;

• infiltração vertical ao longo de descontinuidades nas áreas de confinamento,

num processo mais lento.

As áreas de recarga direta representam regiões onde o aquífero se encontra mais

vulnerável. Dessa forma, o mau uso dos solos dessas áreas pode comprometer, a médio e

longo prazo, a qualidade da água subterrânea (ROCHA, 1996; GOMES, 2008).

Com isso, a partir da análise do mapa é possível observar que a bacia em estudo

apresenta vários pontos de alta fragilidade ambiental natural, principalmente, associado às

nascentes e as áreas de altas altitudes e declividades. Diante desse cenário, fica evidente a

necessidade de um manejo especial dessas áreas, a fim de que todo o sistema, o qual inclui as

áreas de preservação permanente, possa ser gerido de forma sustentável e com a função

principal de produção de águas resguardada.

Verifica-se que apesar de diversas práticas conservacionistas, como a realização de

curvas de nível, existem diversos pontos de erosão em processos mais avançados na área de

estudo. Algumas dessas áreas encontram-se próximas ao curso d’água e até mesmo próximas

as nascentes. Conforme exposto, caso não seja primeiramente isolada essa área, com a

implantação de paliçadas para contenção dos sedimentos dos processos erosivos, há uma

grande probabilidade de alguns pontos do curso d’água assorearem.

Além disso, nessas áreas geralmente não basta o isolamento para a recuperação da

vegetação aluvial, pois devido ao pisoteamento dos animais, o banco de sementes foi perdido

e muitas das plântulas também foram ingeridas pelos mesmos. As medidas a serem tomadas

de forma conjunta nessas áreas é o isolamento, contenção do processo erosivo e revegetação

através do plantio de mudas de espécies adequadas em associação com outros métodos, como

poleiros, por exemplo. É importante destacar aos proprietários que mesmo em áreas de

preservação permanente é possível a realização de atividades econômicas, como a coleta e

utilização de produtos não madeireiros, como frutos, cipós, folhas e afins.

42 5.4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO CURSO D’ÁGUA E RECUPERAÇÃO

AMBIENTAL

Para a melhoria da qualidade ambiental, primeiramente deve-se assegurar a

manutenção dos quase 72 hectares de floresta nativa existentes na microbacia estudada. As 13

manchas identificadas devem ser unidas para a formação de corredores contínuos, a partir da

recomposição da vegetação. Como para muitas regiões, a criação de corredores contínuos ou

a mudança da permeabilidade da matriz antrópica não é viável, os trampolins ecológicos

também podem ser considerados como importante alternativa para paisagens fragmentadas

(GALETTI, 2013).

O Instituto Florestal de São Paulo aponta a existência de cerca de 1.044.653 hectares

de áreas ciliares a serem recuperadas apenas no estado de São Paulo, o que requer uma maior

atenção para a produção de 500 milhões de mudas de espécies florestais (MARTINS, 2010).

Para a restauração de áreas degradadas e fragmentadas, em especial de preservação

permanente e ambientalmente frágeis, é necessário a utilização de sementes e mudas de

espécies nativas com diversidade genética, o que proporciona a continuidade dos processos

ecológicos e a recuperação da paisagem do entorno, conectando os diversos fragmentos de

maneira a formar um corredor ecológico.

O município e seus órgãos ambientais devem cumprir as premissas contidas no Plano

Diretor da Estância Turística de Avaré incentivando a manutenção dos fragmentos existentes

e proporcionando a recomposição das APP dos cursos d’água localizados nas propriedades

com atividades já consolidadas nestas áreas. Além de necessária perante a legislação vigente,

essa recomposição é extremamente relevante para a manutenção da biodiversidade e da

resiliência ecológica dos fragmentos de vegetação natural existentes na região, além da

fundamental atividade de fornecimento de água.

Segundo o Mapa Florestal dos Municípios de São Paulo (INSTITUTO FLORESTAL,

2015a), Avaré possui 9.331,52 hectares de floresta nativa, o que equivale a 7,24% de sua área.

Por possuir uma área urbana pouco extensa comparativamente ao total de seu território, o

percentual de vegetação nativa é extremamente baixo, devendo ser investido pelo município

recursos que visem a manutenção e recuperação de áreas de vegetação através de diversos

instrumentos, como a educação ambiental, fiscalização e até mesmo o pagamento por serviços

ambientais em áreas de relevante interesse populacional.

43 6 CONCLUSÕES

As principais conclusões extraídas dos resultados e discussões do trabalho podem ser

resumidas nos seguintes tópicos:

É imperativo o desenvolvimento de estudos como este apresentado nos diversos

pontos das bacias hidrográficas do estado, principalmente aquelas responsáveis pelo

abastecimento público de água, visando apontar as áreas ambientalmente frágeis e prioritárias

de recuperação.

A manutenção das APP em meio urbano possibilita a valorização da paisagem e do

patrimônio natural nos diversos aspectos, ecológico, histórico, cultural, paisagístico e

turístico. Além de possibilitar uma produção de água de fluxo contínuo e de melhor

qualidade., esses espaços exercem ainda, funções sociais e educativas relacionadas com a

oferta de serviços ambientais, recreação e a oportunidades de contato com os elementos da

natureza (educação ambiental), proporcionando uma maior qualidade de vida às populações

urbanas.

Por isso, essas áreas exigem um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de

políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação, manutenção e monitoramento das áreas

ambientalmente frágeis e do cumprimento do exposto no Plano Diretor do município. Deste

modo, é imprescindível a participação das comunidades, sociedade civil, entidades públicas e

privadas na gestão das APP.

Contudo além da necessidade de controle e fiscalização de novas ocupações,

principalmente por atividades potencialmente degradadoras (como é o caso das pastagens),

seria plausível a instauração de programas de restauração das áreas de preservação

permanente já ocupada pela população. Ademais, desenvolver programas de pagamentos por

serviços ambientais para fortalecer e recompensar os produtores que mantiveram suas áreas

de preservação permanente em bom estado de conservação, e ainda a distribuição pelo poder

público de mudas de espécies nativas para o enriquecimento destas áreas.

Diante do exposto, a recuperação das características ambientais da microbacia do

Ribeirão do Lajeado consiste em recuperar o sistema do leito do córrego em toda a sua

extensão degradada. A recuperação da área deverá se dar através de um plano que considere

os aspectos ambientais, sociais e econômicos, de acordo com a função principal da

microbacia do Ribeirão do Lajeado de produção de águas.

44 7 REFERENCIAS

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50

ANEXO

Mapa Florestal dos Municípios de São Paulo Avaré FONTE: Instituto Florestal/Governo do Estado de São Paulo (2015a)