anÁlise comparativa de custos e preÇos de obras em …

90
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WILLIAM EDUARDO BACH DA SILVA ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM REGIME DE PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO: ESTUDO DE CASO. Palhoça 2018

Upload: others

Post on 28-Oct-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

WILLIAM EDUARDO BACH DA SILVA

ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM REGIME DE

PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO: ESTUDO DE CASO.

Palhoça

2018

Page 2: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

WILLIAM EDUARDO BACH DA SILVA

ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM REGIME DE

PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO: ESTUDO DE CASO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade

do Sul de Santa Catarina como requisito parcial

à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Oscar C Lopez, Dr.

Palhoça

2018

Page 3: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

WILLIAM EDUARDO BACH DA SILVA

ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM REGIME DE

PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO: ESTUDO DE CASO.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi

julgado adequado à obtenção do título de

Engenheiro Civil e aprovado em sua forma final

pelo Curso de Engenharia Civil da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Page 4: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

RESUMO

O Brasil é deficitário quando o assunto é saneamento, e o poder público é o principal

responsável pelos investimentos que são feitos nesta área no País. O estudo de custos e do BDI

são fatores primordiais para as empresas que executam as obras licitadas pelos órgãos públicos

de saneamento. As diferentes obras, de manutenção e de produção, devem ter tratamento

diferenciado nas composições de custos e de BDI, pois são serviços de diferentes dificuldades.

As tabelas de preços dos órgãos públicos são defasadas e merecem uma atualização com maior

frequência, sempre adequando a realidade de mercado.

Palavras-chave: BDI. Obras de saneamento. Estudo de custos das obras. Obras de produção.

Obras de manutenção.

Page 5: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Do tratamento a distribuição da água ......................................................................... 27

Figura 2 Parte de uma estação de tratamento de esgotos ......................................................... 28

Figura 3 Tubulação de uma adutora de esgotos ....................................................................... 29

Figura 4 Reservatório elevado 500m³ ....................................................................................... 30

Figura 5 Tubulações de rede de distribuição de água ............................................................... 31

Figura 6 Rede coletora de esgotos e PV ................................................................................... 31

Figura 7 Organograma da empresa ........................................................................................... 39

Figura 8 Lançamento de concreto ............................................................................................ 40

Figura 9 reposição do pavimento asfáltico ............................................................................... 41

Figura 10 exemplo de planilha de medição .............................................................................. 45

Figura 11 Rota entre Ordens de serviços .................................................................................. 46

Figura 12 Custo escavação mecanizada, segundo tabela órgao público .................................. 51

Figura 13 concreto lançado próximo ao solo............................................................................ 54

Figura 14 Concreto lançado em altura ...................................................................................... 54

Figura 15 Reservatório de água, capacidade de 500m³ ............................................................ 55

Figura 16 asfalto em vala.......................................................................................................... 58

Figura 17 - BDI inst. de eng. .................................................................................................... 72

Figura 18 BDI TCU .................................................................................................................. 73

Page 6: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Modalidades de licitações ...................................................................................... 12

Tabela 2 - Tabela de Composição de custos ............................................................................. 16

Tabela 3 - Curva ABC Obra 1 .................................................................................................. 42

Tabela 4 - Obra 2 ...................................................................................................................... 43

Tabela 5 - Canteiro de obras ..................................................................................................... 44

Tabela 6 - Administração Local (canteiro de obras) ................................................................ 44

Tabela 7 - Ederson 26/03 ......................................................................................................... 46

Tabela 8 - Ederson 1/04 ............................................................................................................ 47

Tabela 9 - Angelo 19/03 ........................................................................................................... 47

Tabela 10 - Angelo 26/03 ......................................................................................................... 47

Tabela 11 - Angelo 30/03 ......................................................................................................... 47

Tabela 12 - Composição Escavação Mecanizada segundo o órgão público ............................ 49

Tabela 13 - Composição Escavação Mecanizada segundo a empresa em estudo ................... 49

Tabela 14 - Composição Escavação Mecanizada segundo a TCPO Pini ................................ 49

Tabela 15 - Composição Escavação Mecanizada , com baixo nível de interferência, segundo

as tabelas SINAPI ..................................................................................................................... 50

Tabela 16 - Composição Escavação Mecanizada com alto nível de interferência, segundo as

tabelas SINAPI ......................................................................................................................... 50

Tabela 17 - Composição Concreto Usinado Órgão Público ..................................................... 52

Tabela 18 - Composição Concreto Usinado Empresa .............................................................. 52

Tabela 19 - Composição Concreto Usinado TCPO PINI ........................................................ 52

Tabela 20 - Composição Concreto Usinado SINAPI ............................................................... 53

Tabela 21 - Composição CAUQ do Órgão público .................................................................. 56

Tabela 22 Composição CAUQ da Empresa ............................................................................. 57

Tabela 23 Composição CAUQ da TCPO Pini.......................................................................... 57

Tabela 24 -Preço CAUQ tabela do órgão público ................................................................... 59

Tabela 25 - Canteiro de obras, de produção ............................................................................ 60

Tabela 26 - Canteiro de obras, de manutenção ........................................................................ 60

Tabela 27 - Administração central............................................................................................ 63

Tabela 28 - Variação da AC ..................................................................................................... 64

Tabela 29 - Quadro 14 TCU AC ............................................................................................. 65

Tabela 30 Percentual de AC de acordo com TCU.................................................................... 65

Page 7: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

Tabela 31 adtaptado TCU Risco ............................................................................................... 66

Tabela 32 Seguro ...................................................................................................................... 66

Tabela 33 adaptado TCU Seg. + Garantia ................................................................................ 67

Tabela 34 Adaptado Quadro 14 TCU Despesa Financeira....................................................... 68

Tabela 35 - Custo financeiro .................................................................................................... 69

Tabela 36 - Lucro adaptado TCU ............................................................................................. 69

Tabela 37 - Variação do Lucro Bruto ....................................................................................... 70

Tabela 38 - Impostos ................................................................................................................ 70

Tabela 39 - Variação dos impostos........................................................................................... 71

Tabela 40 - BDI instituto de Engenharia .................................................................................. 72

Tabela 41 - BDI TCU ............................................................................................................... 72

Tabela 42 - Valores de referência do BDI adaptado TCU ....................................................... 73

Tabela 43 - Tabela de custos da Casan ..................................................................................... 76

Tabela 44 - Custos da escavação manual ................................................................................ 78

Tabela 45 - Custos da escavação mecanizada .......................................................................... 78

Tabela 46 - Custos forma de madeira ....................................................................................... 78

Tabela 47 - Custo Aço CA50 ................................................................................................... 79

Tabela 48 - Custo Cocnreto ...................................................................................................... 79

Tabela 49 - Custo CAUQ ......................................................................................................... 79

Page 8: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

LISTA DE SIGLAS

AC Administração central

BDI Benefícios Diretos e Indiretos

CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CAUQ Concreto Asfáltico Usinado à Quente

CONFINS Contribuição Para O Financiamento Da Seguridade Social

COPASA- MG Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CREA-SC Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina

CSLL Contribuição Social sobre Lucro Líquido

EPIS Equipamento de Proteção Individual

ETE Estação de tratamento de esgotos

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

ISS Imposto Sobre Serviços

PEA População Economicamente Ativa

PIS Programa de Integração Social

PVA Material Acetato De Polivinilo

PVC Material Policloreto De Polivinila

TCPO Tabela de Composições e Preços para Orçamento

Page 9: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 6

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................... 6

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 7

1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 7

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 9

2.1 TIPOS DE OBRAS ............................................................................................................ 9

2.2 OBRAS PÚBLICAS .......................................................................................................... 9

2.3 LICITAÇÃO .................................................................................................................... 10

2.4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS ......................................................................................... 15

2.5 BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS .................................................................... 19

2.6 PREÇO DE VENDA ....................................................................................................... 24

2.7 CURVAS ABC ................................................................................................................ 25

2.8 ESTUDOS JÁ REALIZADOS ........................................................................................ 25

2.9 OBRAS DE SANEAMENTO ......................................................................................... 26

2.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO .................................................................. 33

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 34

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 34

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA .......................................................................................... 34

3.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...................................... 35

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ........................................................................................ 35

4 ANÁLISE COMPARATIVA DE OBRAS DE PRODUÇÃO E DE

MANUTENÇÃO.....................................................................................................................37

4.1 SOBRE A EMPRESA ANALISADA ............................................................................. 38

4.2 ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS DE UMA OBRA DE MANUTENÇÃO E

DE UMA OBRA DE PRODUÇÃO ......................................................................................... 39

4.3 BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS (BDI) .......................................................... 60

4.4 EVOLUÇÃO DE CUSTOS DA TABELA DE PREÇOS DO ÓRGÃO DE

SANEAMENTO ....................................................................................................................... 75

4.5 ANÁLISE CRÍTICA ....................................................................................................... 80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 82

5.1 RECOMENDAÇÕES ...................................................................................................... 82

Page 10: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 83

Page 11: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

6

1 INTRODUÇÃO

A construção civil é parte importante da economia e da geração de empregos em

qualquer país, no Brasil é responsável por empregar 13 milhões de pessoas (BRASIL, 2016).

Para que esta importante área da economia continue gerando empregos de uma forma

sustentável é primordial saber sobre o seu funcionamento, e entender qual o método irá

demonstrar a melhor maneira de compor os custos para que os preços dos serviços sejam os

mais justos possíveis e para gerar lucro à empresa executora, deixando o cliente com um serviço

de qualidade e com um gasto adequado ao serviço que irá receber.

Para obras públicas, é necessário seguir a lei 8.666/93(BRASIL, 1993), que trata

dos procedimentos para licitações, suplementado pelos acórdãos do TCU que regem as compras

públicas do Estado, exigindo licitações, e é neste ponto que enfrentamos um dilema atual:

menor preço e qualidade podem andar juntos? Como um serviço de qualidade pode custar

menos ao Estado? O que é necessário para orçar uma obra tanto pública como privada com

maior exatidão e justeza para Estado e empreiteiras?

Gerar lucros, compor os preços de forma justa e ter um serviço de qualidade será o

desafio de órgãos públicos e empreiteiras para ajudar na transformação de nossa nação.

A proposta deste trabalho de conclusão de curso é investigar os métodos adotados

atualmente para a composição de custo feita por órgãos públicos e instituições privadas, levando

em consideração a realidade da execução de uma obra de saneamento, propondo então

mudanças nas composições e melhores soluções para a lei de licitações atual.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Santa Catarina e o Brasil são bastantes deficientes quando o assunto é saneamento

básico, sendo necessário um grande investimento público para que a sociedade possa viver em

cidades mais saudáveis. Porém os custos são altos, e o Estado precisa fazer bons investimentos.

Executar uma obra com menor custo possível pode estar aliado à qualidade? Uma

empresa consegue se sustentar sem lucro ou até com prejuízos?

Compor custos de acordo com a realidade de execução da obra, fiscalizá-la bem,

ter um BDI (Benefícios Diretos e Indiretos) adequado ao tipo de obra e ter uma lei que privilegie

mais a qualidade do que o preço, certamente ajudaria no desenvolvimento sustentável de nossa

infraestrutura.

Page 12: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

7

1.2 OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho são apresentados em seções distintas: Objetivo geral e

objetivos específicos.

1.2.1 Objetivo geral

Análise comparativa das composições de custos e preços, para serviços específicos,

para obras em regime de produção e regime de manutenção de obras de saneamento.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Obter informações e pesquisas de autores com trabalhos similares ao

desenvolvido;

b) Avaliar a composição de custos das obras públicas em relação à tabela TCPO

PINI ou outras a serem pesquisadas e comparar com a realidade de serviços já

executados ou em execução por empreiteiras da área.

c) Avaliar a composição dos Benefícios Diretos e Indiretos - BDI adequado para

diferentes tipos de obras, sendo obra de produção ou de manutenção, além das

diferentes classes tributárias nas quais a empresa possa estar inclusa.

d) Analisar a evolução das tabelas de custos de empresas públicas de saneamento

em relação à variação real de custos de mercado.

1.3 JUSTIFICATIVA

A Engenharia Civil, profissão regida pela lei N°5.194, de dezembro de 1966, traz

em seu Art. 1º:

As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas

pelas realizações de interesse social e humano que importem na realização dos

seguintes empreendimentos:

a) aproveitamento e utilização de recursos naturais;

b) meios de locomoção e comunicações;

c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus

aspectos técnicos e artísticos;

d) instalações e meios de acesso a costas, cursos, e massas de água e extensões

terrestres;

Page 13: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

8

e) desenvolvimento industrial e agropecuário.

Dentre os objetivos do Engenheiro, destaca-se o objetivo de unir custos justos à boa

qualidade das obras executadas por seus graduados, por isto estudar a fundo a composição de

custos de vários tipos de obras e propor mudanças nas tabelas de custos e preços das empresas

públicas, para que possamos adequar as relações custo versus benefícios, é fundamental para a

construção e manutenção da infraestrutura do Estado de Santa Catarina e da Nação brasileira.

Conforme Ariane Araújo Rocha e Nara de Castro (2005):

O mercado da Construção Civil está cada vez mais exigente, sempre buscando a

qualidade e o menor custo. Uma obra para ser bem executada e gerar lucros para o

negócio, necessita, antes de tudo, de um bom planejamento e gerenciamento em todas

as suas etapas, principalmente em sua fase de projetos.

Desta forma pode-se compreender a importância deste projeto no decorrer de sua

execução, já que o mercado da construção civil está cada vez mais rigoroso e saturado.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos.

No capítulo 1, estão a introdução, os objetivos da pesquisa e a justificativa.

O capítulo 2 contém a revisão bibliográfica, na qual são tratados os temas presentes

nesta pesquisa, como licitação, BDI, custos, tipos de obras e obras de saneamento.

No capítulo 3, está a metodologia que é utilizada para a pesquisa deste trabalho de

conclusão de curso.

O capítulo 4 faz a análise e demonstra os estudos dos objetivos propostos neste

trabalho.

No capítulo 5 são tratadas as conclusões desta pesquisa, com os resultados obtidos

e possíveis sugestões de melhorias para o tema apresentado.

Page 14: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica apresenta embasamentos a respeito dos conceitos que serão

abordados no decorrer do trabalho. Neste trabalho, são abordados os tópicos: licitação;

composição de custos; benefícios e despesas indiretas; preço de venda; curvas ABC; Estudos

realizados; obras de saneamento e também os tipos de obras; termos como tipos de obras,

licitação, composição de custos, obras de saneamento e BDI, termos estes muito utilizados na

Engenharia Civil. E por fim são abordadas considerações sobre o capítulo.

2.1 TIPOS DE OBRAS

As obras de Engenharia Civil são bastante variadas, e podem ser classificadas nas

seguintes categorias:

• Construção;

• Reforma;

• Fabricação;

• Recuperação ou ampliações.

Todas estas obras também podem ser de grandes ou pequenos valores e de diversas

complexidades, desde uma pequena casa térrea a uma grande usina hidroelétrica. Como muitas

obras necessitam da participação de dinheiro público para a execução, e são as de maior

demanda no Brasil, foi necessário criar uma forma de escolher as empresas que serão

contratadas para executar estas obras. Assim, no ano de 1993, foi sancionada a Lei 8.666,

conhecida como a Lei das Licitações (BRASIL, 1993).

2.2 OBRAS PÚBLICAS

São todas as obras que são realizadas com dinheiro público, podendo ser de

pequenos a grandes valores, algumas obras públicas também podem ser executadas em regime

de parcerias público-privadas.

Segundo o Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2014):

Obra púbica é considerada toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou

ampliação de bem público. Ela pode ser realizada de forma direta, quando a obra é

feita pelo próprio órgão ou entidade da Administração, por seus próprios meios, ou de

Page 15: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

10

forma indireta, quando a obra é contratada com terceiros por meio de licitação. Neste

caso, são autorizados diversos regimes de contratação: empreitada por preço global:

quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total;

empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução da obra ou do serviço

por preço certo de unidades determinadas; tarefa: quando se ajusta mão-de-obra para

pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;

empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em sua integralidade,

compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias.

Como o Brasil é carente de infraestrutura e o Estado precisará investir em obras,

nesse caso ter uma legislação correta evitará gastos desnecessários, assim como prevenirá

problemas tão conhecidos como a corrupção e obras inacabadas.

2.3 LICITAÇÃO

Neste capítulo, serão abordados o conceito de licitação, seus tipos, modalidades,

exigências e os procedimentos licitatórios.

Para a autora Cristine Mutti, (2008 p.100):

Licitação é o processo de disputa da adjudicação de bens e/ou serviços insusceptíveis

de divisão. Adjudicar é declarar, formalmente, que o fornecimento do bem e/ou

serviço foi atribuído a um determinado proponente. Proponente é todo aquele que

participa de um processo liquidatário, segundo as regras estabelecidas no edital de

licitação. A licitação é um processo exigido pela constituição: a Lei 8.666:

Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para

licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Os

princípios que regem as licitações são: Legalidade, Moralidade, Impessoalidade,

Publicidade.

Portanto, licitação é um processo regulamentado pela Lei 8.666 de 21 de junho de

1993, que “regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para

licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências” (BRASIL,1993),

como será melhor explicado nos próximos tópicos.

Sobre a finalidade de uma licitação, Adyla Bernardino (2012) afirma:

A finalidade da licitação deve ser sempre atender o interesse público, buscar a

proposta mais vantajosa, como dito acima, deve haver igualdade de condições, bem

como os demais princípios resguardados pela constituição. Vale ressaltar que nem

sempre a posposta mais vantajosa é a de menor preço e que o respeito ao princípio da

isonomia deve ser respeitado.

Fica claro aqui a necessidade de um bom estudo de custos de uma obra para que a

empresa possa fazer a proposta mais vantajosa.

Page 16: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

11

2.3.1 Tipos de licitação

Para facilitar o processo licitatório, a lei definiu diferentes modalidades de editais,

conforme preço global e tipo de obra:

• Menor preço;

• Melhor técnica;

• Menor preço e melhor técnica;

• Maior oferta.

Menor Preço:

É a única modalidade pela qual as obras de engenharia podem ser julgadas, sendo

o tipo mais utilizado nas licitações para comparar as propostas. Conforme Mattos (2006, p.269),

“uma vez habilitadas as empresas para concorrer na licitação, abrem-se os envelopes de preço

e ganha aquela que apresentar o menor preço para o fornecimento do bem ou serviço ao Poder

Público”.

Nesta modalidade, apesar de poder serem exigidos atestados de qualificação técnica

prévia das empresas interessadas, resultando em eliminação das empresas que não tiverem

qualificação suficiente, o principal fator para abjudicação da vencedora é o menor preço global

da obra, sendo apresentados também os preços unitários de cada item do orçamento.

Melhor Técnica:

Este tipo é aplicado para compras de bens específicos demais para serem avaliados

somente pelo preço. Segundo Mattos (2006, p.269), “é o caso de trabalhos intelectuais, tal como

acontece quando a Administração precisa contratar um jurista renomado para dar um parecer,

ou para o desenvolvimento de um determinado programa de computador para algum órgão.”

Não sendo o caso das licitações de obras a serem estudadas neste trabalho.

Técnica e Preço:

Neste tipo, combinam-se os dois anteriores, dando notas às propostas conforme

edital. Obras de “tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito” (MATTOS, 2006,

p.270) atestado por autoridades qualificadas podem ser deste tipo.

Maior Lance ou Oferta:

É o tipo usado em leilões públicos. Quando o Poder Público quer se desfazer de

algum bem é a modalidade utilizada. Não cabendo as licitações de obras públicas.

Page 17: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

12

2.3.2 Modalidades de licitações

Diferenciam-se basicamente pelo valor monetário máximo e/ou documentos

exigidos por lei, conforme cita-se abaixo:

• Inexigibilidade (situação especial);

• Dispensa de licitação (situação especial);

• Convite;

• Tomada de preços;

• Concorrência;

• Concurso;

• Leilão.

Conforme define a lei 8.666/93 em seu artigo 22 (BRASIL,1993):

§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na

fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de

qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente

cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o

terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária

qualificação.

§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu

objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três)

pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento

convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade

que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da

apresentação das propostas.

§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha

de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou

remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na

imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de

bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos

ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem

oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis

interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é

obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem

cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Tabela 1 - Modalidades de licitações

Page 18: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

13

Fonte: Licitação.net, 2017.

De acordo com a necessidade do órgão licitante, ou de acordo com as limitações

dos valores, é escolhida uma modalidade de licitação. Para obras de Engenharia, as mais

comuns são Convite, Tomada de Preços e Concorrência. Em casos mais raros, são escolhidas

Inexigibilidade e Dispensa de Licitação.

2.3.3 Exigências de uma licitação

Toda licitação necessita ser conhecida pelo público que deseja participar de seu

pleito, portanto existem algumas etapas exigidas que devem ser seguidas, alguns órgãos

públicos podem trocar a ordem de habilitação com abertura de preços:

• Publicação do edital;

• Habilitação das empresas;

• Julgamento da habilitação;

• Abertura dos envelopes de preços;

• Adjudicação da empresa vencedora do certame.

Primeira etapa: Publicação do Edital (LICITAÇÃO.NET).

O edital de licitação é um instrumento no qual a Administração consigna as condições

e exigências licitatórias para a contratação de fornecimento de produtos ou

contratação de serviços. O edital deve definir claramente o objeto a ser licitado, a

experiência e abrangência necessárias ao fornecedor do produto ou serviço a ser

adquirido. Também fazem parte dos editais os anexos como Termos de Referência,

Projeto Básico ou Projeto Executivo, Minuta de Contrato, Modelo de Declarações e

Documentos Complementares, Local de Entrega do Produto, local de Execução dos

serviços, etc. Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que

se deu o texto original, reabrindo-se prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,

inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.

É importante que todas as empresas interessadas analisem bem o edital, podendo

então solicitar esclarecimentos em tempo hábil sobre todas as partes do edital, e, se possível,

Page 19: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

14

visitem os locais de obra, o que pode ser exigido em edital, para que possam juntar os

documentos e fazer o melhor orçamento possível para participar do certame licitatório.

A segunda etapa se trata da Habilitação, conforme procedimentos descritos abaixo.

Na data, local e hora marcados para abertura dos envelopes das interessadas é

realizada a etapa da habilitação, na qual o órgão licitante analisa as documentações junto com

as empresas licitantes presentes no local. Conforme o artigo 27 da Lei 8666/93 já citada

(BRASIL, 1993):

Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente,

documentação relativa a:

I - Habilitação jurídica;

II - Qualificação técnica;

III - Qualificação econômico-financeira;

IV - Regularidade fiscal.

Como demonstrado acima, nesta etapa são analisadas as condições prévias para

saber se a empresa está qualificada a executar determinada obra. Conforme o tipo de edital,

estas exigências podem ter pequenas variações. Maiores detalhes podem ser consultados nos

artigos 28 ao 37 da referida lei.

A terceira etapa se trata do Julgamento, conforme procedimentos descritos abaixo.

Após a abertura dos envelopes, a verificação pelas empresas licitantes e a confecção

da ata de abertura de licitação com as manifestações dos licitantes, o processo é enviado para

julgamento por uma comissão de licitações que verificará a validade de todos os documentos

exigidos em edital. Esta comissão irá emitir um parecer classificando ou eliminando as

licitantes.

Depois da publicação do julgamento, as empresas interessadas têm cinco dias para

entrarem com recurso contra a sua eliminação ou classificação de outra empresa.

A comissão irá julgar procedentes ou improcedentes os fatos trazidos e emitirá novo

parecer marcando também data e hora de abertura do envelope de preços.

A quarta etapa se trata da Abertura do envelope de preços, conforme procedimentos

descritos abaixo.

Na data e hora marcadas, os interessados podem acompanhar a abertura dos

envelopes, que podem ser analisados por todos os licitantes credenciados, sendo divulgado

previamente o menor valor orçado. Após ata de seção, com as devidas considerações

necessárias, ocorrerá novo julgamento da proposta de preços, no qual se verificará se as

exigências do edital foram atendidas.

Posteriormente a publicação deste novo julgamento, as empresas terão novo prazo

de cinco dias, podendo entrar com recursos ou não.

Page 20: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

15

Depois dos prazos, a empresa vencedora será adjudicada, declarada vencedora do

certamente licitatório e convocada a assinar contrato de prestação de serviços.

2.4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS

Os custos numa obra de construção civil devem ser levantados antes da execução

da obra para uma previsão de gastos globais.

Segundo Cristine Mutti (2008, p. 32), “O custo de cada serviço é composto segundo

a quantificação e os custos da mão de obra, dos insumos, dos equipamentos e dos encargos

sociais necessários à sua realização.” A autora abre os custos em partes importantes que irão

compor um total para cada serviço, como será abordado adiante.

A composição de custos é parte fundamental do orçamento de uma obra, conforme

Lopes et al. (2003, p. 2): “Orçar é quantificar insumos, mão de obra, ou equipamentos

necessários à realização de uma obra ou serviço bem como os respectivos custos de duração

dos mesmos”. Uma obra bem orçada pode resultar em maiores benefícios para a empresa.

Após os levantamentos em campo, ou pesquisa em bibliografia especializada, de

cada serviço, ou fornecimento, sua composição resultará numa tabela. Nesta tabela, devem

conter os seguintes dados:

• Data de referência de preços;

• Código do serviço;

• Descrição do serviço;

• Região de pesquisa dos preços;

• Quantidade (geralmente 1 unidade);

• Percentual de leis sociais aplicadas e BDI para formar o preço;

• Descrever cada serviço ou fornecimento que compõe a planilha, junto com

suas unidades, coeficientes de produtividade e os preços sem taxas.

• Totalizações;

• Explicações e normas técnicas se necessários.

Estas tabelas são de fundamental importância para a compreensão de como serão

formados os custos de uma obra, em alguns órgãos licitantes é exigido que as empresas

interessadas apresentem a composição de todos os custos. Existem também muitos modelos de

planilhas que podem ser apresentadas, uma forma de representação é a tabela 2, retirada do site

Page 21: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

16

da TCPO PINI.

Tabela 2 - Tabela de Composição de custos

Fonte: TCPOweb, 2017.

2.4.1 Composição de custos de serviços

As etapas a seguir abordam a composição de custos de um serviço.

O primeiro passo é fazer o levantamento do custo unitário dos itens abaixo:

• Mão de obra;

• Insumos;

• Equipamentos;

• Encargos sociais.

Código Descrição Class Un Coef Preço unitário (R$) sem taxas Total (R$) sem taxas Consumo

01.026.000001.MOD Servente MOD h 6 6

03.001.000008.MAT Areia média lavada MAT m³ 0,901 0,901

03.002.000011.MAT Brita 1 MAT m³ 0,209 0,209

03.002.000014.MAT Brita 2 MAT m³ 0,627 0,627

04.002.000002.MAT Cimento CP-32 MAT kg 306 306

33.106.000037.EQH Betoneira elétrica trifásica, 2 hp - 1,5 kW, capacidade 400 L EQH h prod 0,306 0,306

Total mão-de-obra, sem taxas (R$):

Total outros itens, sem taxas (R$):

Total geral, sem taxas (R$):

Sem taxas:

LS:

BDI:

Com taxas:

Os traços apresentados destinam-se exclusivamente para fins de orçamento, não devem ser utilizados para dosagem na execução de obras.

Isenção de responsabilidade

* OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Esta planilha foi originalmente exportada do sistema TCPOweb do Grupo PINI Ltda.

O sistema permite ao usuário a livre manipulação de várias informações inicialmente oferecidas pelo serviço, apenas como referência para trabalhos de orçamento e

estimativas sob a responsabilidade exclusiva e direta da pessoa que as utiliza.

Ao optar pelo uso das informações resultantes, o usuário reconhece esses limites do serviço e assume como suas as responsabilidades inerentes desse uso, eximindo a PINI

de qualquer prejuízo, conseqüência inadequada ou indesejável que porventura venha a ocorrer.

© 2017 Grupo PINI Ltda. - Todos os direitos reservados

NBRNM67 - Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone (Mês/Ano: 2/1998)

NBR12654 - Controle tecnológico de materiais componentes do concreto (Mês/Ano: 06/1992)

NBR5738 - Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova (Mês/Ano: 12/2003)

NBR6118 - Projeto de estruturas de concreto (Mês/Ano: 03/2003)

OBSERVAÇÕES

Volume de concreto.

NORMAS TÉCNICAS

NR18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção -18.13 - Medidas de proteção contra quedas de altura (Mês/Ano: 01/1950)

NBR12655 - Concreto de cimento Portland - Preparo, controle e recebimento - Procedimento (Mês/Ano: 08/2006)

NBR8953 - Concreto para fins estruturais - Classificação por grupos de resistência (Mês/Ano: 06/1992)

Valores Totais (R$)

Memorial Descritivo

CONTEÚDO DO SERVIÇO

1) Considera materiais e mão de obra para dosagem, preparo e mistura de concreto preparado com betoneira.

CRITÉRIO DE MEDIÇÃO

Data de referência de preços: 2017/08

Código: 04.102.000125.SER

Descrição: Concreto preparado na obra C20 S50, controle "A"

Região de preços: Florianópolis

Quantidade: 1m³ LS(%): BDI(%):

Page 22: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

17

Após o conhecimento destes valores, multiplicamos pela produção de cada item,

somamos todas estas multiplicações e, ao fim, temos o custo total. O preço será formado

posteriormente à multiplicação pelo BDI.

A. Custo unitário da Mão de obra.

O custo unitário da mão de obra depende da produtividade de cada profissional que

irá executar o serviço e do custo deste operário.

Se definirmos “p” como produtividade e “c” como custo a ser pago pela mão de

obra, o custo horário então é definido pela Equação (1):

𝐶𝑈(𝑀𝑜) = 𝑝 𝑥 𝑐 (1)

O custo total da mão de obra é obtido ao multiplicar-se o custo unitário pela

quantidade de serviço (s) a ser executada, Equação (2):

𝐶𝑇(𝑀𝑜) = 𝐶𝑈 (𝑀𝑂) 𝑥 𝑠 (2)

A produtividade de cada operário depende de muitas variáveis, ela pode ser obtida

através de referências como a TCPO PINI ou através do acompanhamento pela empresa da

produtividade de seus operários.

O custo do operário “S” mensalista é calculado pela Equação (3):

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 (ℎ) =𝑠𝑎𝑙á𝑟𝑖𝑜_𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙

ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠_𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑖𝑠_𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (3)

Como resultado desta fórmula obtemos um custo horário do funcionário,

necessário como dado na composição de custos dos serviços.

B. Custo das leis sociais sobre a mão obra.

Encargos sociais são os impostos, taxas a serem recolhidos para o estado sobre o

salário dos trabalhadores, bem como direitos e obrigação pagos ao trabalhador, são alguns

deles:

• 13º salários;

• Previdência social;

• Férias, feriados e repousos semanais;

Page 23: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

18

• Dias não trabalhados, mas pagos (dias de chuva);

• Fundo de garantia por tempo de serviço;

• Seguros;

• Acréscimos ao salário como salário educação e outros;

• Licenças paternidade e maternidade;

• Aviso prévio, multa por demissão sem justa causa.

Todos estes percentuais são calculados com base no salário do funcionário, em

custos fixos ou até em dados estatísticos. Após o cálculo individual, são somados os custos de

todos os funcionários e chegamos a um valor percentual que será acrescido no custo de mão de

obra.

Então, o salário horário é multiplicado, neste exemplo, pela taxa de BDI, totalizando

o custo de mão de obra do operário.

C. Custo unitário dos Materiais.

O custo unitário dos materiais é determinado em função do consumo unitário do

material por unidade de serviço (m², m³, h). Este consumo é um índice que compõe o custo.

A produtividade de um material pode ser calculada através de medições de consumo

na obra, através de tabelas oficiais ou publicações, como a já referida revista PINI, ou pelas

indicações dos próprios fabricantes.

D. Custo unitário dos equipamentos.

Vários equipamentos são necessários para a execução de obras, tais como:

• Máquinas operatrizes;

• Veículos de transporte de pessoas e cargas;

• Ferramental (pá, enxadas, picaretas entre outros);

• Serras, discos de cortes.

Todos estes equipamentos têm os custos também definidos por uma unidade, metro,

hora. Estes custos são definidos com base em alguns fatores como:

Page 24: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

19

• Custo de compra;

• Capital investido;

• Depreciação;

• Manutenção e reparos;

• Combustíveis;

• Custo do transporte até o canteiro de obras;

• Custos de mão de obra de operação.

Para cada tipo de equipamento, são pesquisados esses índices de acordo com

fabricantes, planilhas oficiais ou editoras. Somando-se todos esses valores, temos definido o

custo unitário dessa parte e, multiplicando-se pela produtividade, podemos inserir na

composição de preços o custo dos equipamentos. É importante aqui separar o custo do

equipamento parado do custo do equipamento em uso, pois geram valores diferentes e devem

estar presentes na composição dos serviços de uma obra.

2.5 BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS

O preço de um serviço é composto basicamente por duas partes, o custo e o BDI.

Neste capítulo, o foco será sobre esta parte importante da formação de preços.

O BDI é uma composição de lucro, impostos (exceto leis sociais) e outras despesas

indiretas de uma obra como administração central. Alguns autores e órgãos públicos apresentam

diferentes fórmulas de cálculos.

Maçahico Tisaka (2006, p. 2) define BDI como:

BDI é uma taxa que se adiciona ao custo de uma obra para cobrir as despesas indiretas

que tem o construtor, mais o risco do empreendimento, as despesas financeiras

incorridas, os tributos incidentes na operação, eventuais despesas de comercialização,

o lucro do empreendedor e o seu resultado é fruto de uma operação matemática

baseados em dados objetivos envolvidos em cada obra.

Após uma composição de preços, chega-se aos custos expressos em reais por

unidade. Nesses valores estão inclusos, por exemplo, o operador da retroescavadeira e suas leis

sociais, a hora do equipamento, combustíveis e outros valores. Contudo, existem valores que

incidem indiretamente nestes serviços, como:

• Lucro desejado,

Page 25: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

20

• Impostos como ISS, Pis, Cofins, Imposto de renda;

• Custos de capital, seguros;

• Riscos e imprevistos;

• Contas de luz, água, salários de funcionários do escritório central, pró-

labore dos sócios, equipamentos de informática, aluguel ou custos do

escritório central;

• Custos de transportes dos operários até o local das obras.

Estes custos, que são chamados de custos indiretos, compõe o percentual de BDI

de uma obra, que deve ser multiplicado pelo valor do custo. Esta taxa pode variar dependendo

do tamanho da obra, da empresa que pretende executar a obra, da legislação em vigor e do

órgão público licitante.

2.5.1 Formação do BDI.

Para formar o BDI, são necessários o estudo e a pesquisa de diversos índices que

serão abordados nos próximos tópicos:

• Administração Central;

• Riscos e imprevistos;

• Despesas financeiras;

• Lucro bruto;

• Tributos.

A. ADMINISTRAÇÃO CENTRAL (AC)

A administração central corresponde a um grande gasto fixo da empresa e deve

ser dividido entre as obras executadas. A Cartilha BDI do Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia do Estado do Espírito Santo (CREA ES, 2008, p. 25) explica:

A administração central reúne todos os custos da sede da empresa, inclusive o custo

de comercialização, gestão de pessoal, contabilidade, pró-labore de sócios,

departamento de compras e equipe de elaboração de propostas de preços, facilmente

conhecidos através da contabilidade gerencial das empresas. Na prática, a

administração central deve ser um percentual que expresse um rateio desse custo

gerencial da empresa em relação ao custo total desta, previsto para o período seguinte

ou mesmo realizado no período passado, a critério do orçamentista. Constitui-se, a

administração central, dos custos referentes à diretoria, departamentos (pessoal,

contábil, licitações, orçamento, compras, jurídico, financeiro etc.), aluguel de imóveis,

Page 26: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

21

veículos, água, esgoto e telefone, entre muitos outros.

Conforme a cartilha, este índice representa o custeio da sede da empresa e também

é o índice que recai sobre as obras para o pagamento do pró-labore dos sócios. Portanto, todos

os custos devem ser somados e divididos pelas obras que estão sendo executadas pela empresa,

gerando um valor que será somado ao BDI.

B. RISCOS E IMPREVISTOS (R)

Essa taxa é aplicável aos contratos de empreitada por preços unitários, preço fixo,

global ou integral para cobrir eventuais incertezas decorrentes ao longo da execução dos

serviços. Os riscos de uma obra podem ser ou não previsíveis e devem ser coerentes com o

objeto de cada obra a ser executada.

C. DESPESAS FINANCEIRAS (DF)

As despesas financeiras devem remunerar o capital desembolsado para a execução

do contrato que poderia estar investido em alguma aplicação financeira e também repor as

perdas referente à inflação entre o período do desembolso do capital até o recebimento.

D. LUCRO BRUTO (L)

O lucro desejado depende de cada empresa, sendo o principal ponto a ser

considerado para buscar um desconto em uma licitação. Conforme Mozart da Silva (2006,

p.65): “O lucro orçado que é considerado no preço é apenas uma meta, pois o lucro só poderá

ser apurado após o final da execução da obra, inclusive após as despesas com a manutenção do

pós-entrega”. Portanto, o lucro normalmente é a diferença entre o valor recebido e o valor gasto

pelo serviço.

E. TRIBUTOS (T)

Os impostos são grande parte da composição do BDI. Eles devem ser somados. Os

tributos são diferenciados conforme opção tributária da empresa, se Lucro Real ou se de Lucro

Presumido:

• ISS competência do município;

Page 27: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

22

• PIS;

• COFINS;

• CONSTRIBUIÇÃO SOCIAL (CSLL);

• INSS.

Como apresentado, a composição deve levar em conta vários impostos que variam

devido ao tipo de obra, regime da empresa e cidade onde a obra será executada. Na construção

civil, a grande maioria das empresas adota o lucro presumido.

F. Fórmulas de cálculo do BDI

Como existem algumas formas diferentes de cálculo deste índice serão

demonstradas algumas fórmulas encontradas na bibliografia e nos órgãos públicos.

Manual do BDI (SILVA, 2006, P.107):

Nesta bibliografia, o autor sugere o cálculo de forma analítica com maior

detalhamento e precisão. Nas Equações (4 e 5), são somados os custos indiretos e divididos

pelos impostos que incidem sobre estes custos.

𝐵𝐷𝐼(%) = [𝐼+ 𝐴𝐿+𝐴𝐶+𝐶𝑇

𝐼−(𝐵+𝐼𝐸+𝐹+𝐷𝐶)− 1] 𝑋100 (4)

𝐵𝐷𝐼(%) = [𝐼+ 𝐴𝐿+𝐴𝐶+𝐶𝑇

𝐼−(𝐵𝐵𝑅𝑈+𝐼𝐸𝐿𝑅+𝐹+𝐷𝐶)− 1] 𝑋100 (5)

Em que:

Taxa de BDI para empreitada e lucro presumido:

AL= taxa de administração local, expressa em decimal.

Ac= taxa de administração central, expressa em decimal.

CT = verba para contingências, expressa em decimal.

B= benefícios do construtor, composto pela taxa de provisão para incertezas e pela taxa de lucro

líquido.

IE = carga de impostos incidentes sobre o preço de empreitada no lucro presumido, expressa em

decimal.

F = taxa que insere a despesa financeira no preço, expressa em decimal.

DC = despesa comercial, expressa em decimal.

BBRU = benefícios do construtor, composto pela taxa de provisão para incertezas e pela taxa de lucro

Page 28: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

23

bruto, expressa em decimal.

IRLR=carga de impostos incidentes sobre o preço de empreitada no lucro real, expressa em decimal.

Orçamento na Construção Civil (INSTITUTO DE ENGENHARIA, apud

TISAKA, 2006, p.66):

Maçahico Tisaka, em seu livro, utiliza-se da fórmula do instituto de Engenharia e

apresenta uma fórmula de cálculo na qual os custos indiretos da obra são multiplicados e

divididos pelos tributos incidentes que são somados. Já o resultado da Equação (6) é diferente

da fórmula do manual do BDI:

𝐵𝐷𝐼 = [((1+𝑖)(1+𝑟)(1+𝑓)

1−(𝑡+𝑠+𝑐+𝑙)) − 1] 𝑥100 (6)

Em que:

i = taxa de administração central

r = taxa de risco do empreendimento

f = taxa de custo financeiro do capital de giro

t = taxa de tributos federais

s = taxa de tributo municipal - ISS (Imposto Sobre Serviços)

c = taxa de despesas de comercialização

l = lucro ou remuneração líquida da empresa

As taxas no numerador incidem sobre os custos diretos.

As taxas no denominador incidem sobre o Preço de Venda faturamento.

Por que algumas taxas estão no numerador e, outras, no denominador?

No numerador estão as taxas de Despesas Indiretas, que são função dos Custos Diretos

(CD). Portanto, não é possível obtermos as taxas de Despesas Indiretas sem

conhecermos os Custos Diretos. No denominador estão as taxas dos Tributos, taxas

de Despesas de Comercialização, mais a taxa do Lucro, que são função do Preço de

Venda (PV). (TISAKA, 2009, p.66).

O cálculo correto do BDI é fundamental para que uma obra tenha um orçamento

justo e a empresa tenha os resultados esperados por seus serviços, apesar do BDI exemplificado

aqui ser um percentual, cada empresa deve calcular o seu BDI de acordo com seus gastos e

perspectivas de resultados. Pode-se verificar também que diferentes órgãos licitantes podem

utilizar formas de cálculos diferentes, cabendo à empresa interessada verificar no edital como

foi calculado este índice.

Page 29: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

24

Acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) de 25 de setembro de 2013

(BRASIL, 2013):

Conforme visto existem diferentes fórmulas de cálculo do BDI, portanto o TCU

emitiu um acórdão em 2013 definindo percentuais máximos dos BDI e uma Equação (7) a ser

adotada:

𝐵𝐷𝐼 ={1+(𝐴𝐶+𝑅+𝑆+𝐺}(1+𝐷𝐹)(1+𝐿)

(1−𝑇)− 1 (7)

Descrição

BDI = Benefício e Despesas Indiretas;

AC = Administração Central;

R = Riscos;

S = Seguros;

G = Garantias;

DF = Despesas Financeiras;

L = Lucro

T = Tributos.

2.6 PREÇO DE VENDA

O preço de venda de um produto é a soma do custo mais o BDI, conforme Equações

(8 e 9) que é igual a equação 9 (TISAKA, 2006). É o valor a ser apresentado na licitação que

será multiplicado pela quantidade do serviço a ser executada. O preço pode ser unitário, global

ou verba.

𝑃𝑉 = 𝐶𝐷 + 𝐶𝐷𝑥(1 + 𝐵𝐷𝐼) (8)

𝑃𝑉 = 𝐶𝐷 + 𝐵𝐷𝐼 (𝑛𝑢𝑚é𝑟𝑖𝑐𝑜) (9)

Onde:

PV = Preço de Venda ou Valor da Fatura

CD = Custo Direto

BDI= Benefício e Despesa Indireta.

Page 30: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

25

2.7 CURVAS ABC

Quando uma empresa faz um estudo de custos, ou participa de uma licitação,

existem alguns serviços que tem importância maior no preço a ser totalizado da obra, para isto

pode-se analisar a curva ABC de custos do serviço, conforme Rodrigues:

A Curva ABC é um método de classificação e agrupamento de itens, com base em sua

importância, para a geração de receita e lucratividade de uma empresa. Este método

de classificação foi criado a partir da teoria de Vilfredo Pareto, que no século XIX

realizou uma análise que constatou que 80% da riqueza da população italiana estava

nas mãos de apenas 20% de sua população.

Portanto este estudo é fundamental para encontrar os serviços realmente

importantes para a definição do preço final do orçamento.

2.8 ESTUDOS JÁ REALIZADOS

Alguns estudos foram realizados sobre as composições de preços e de custos e estão

disponíveis nas bibliotecas on-lines, alguns são monografias ou teses de mestrado ou doutorado

e têm conteúdo que servirão de base para a continuação deste trabalho.

Hubaide (2012, p.16) comenta que:

O modo como as diversas empresas prestadoras de serviços de edificação de obras

determinam os preços finais para “venda de uma obra”, sempre foi assunto polêmicos.

Os termos componentes dos BDIs e seus respectivos valores, sempre foram e ainda

são, temas de discussão entre profissionais ligados ao assunto, conferencias,

seminários e análise de licitações, como também motivos de estudos patrocinados

pelo Tribunal de Contas da União – TCU, assim como de diversos autores de livros e

artigos sobre o tema.

A autora Bárbara Tobar (2009, p.10), em seu Trabalho de Conclusão de Curso, leva

em conta obras mais pesadas que têm pouco material disponível para a análise de custos. Em

sua introdução, aponta a importância dos orçamentos para uma obra: “Portanto orçamentos são

essenciais em todos os ramos da engenharia civil, porém obras pesadas possuem contratos mais

longos, com preços finais também maiores e por isso demandam maior controle.”

O tema é bastante amplo e têm diversos pontos de vista que podem ser pesquisados

por cada autor, órgão público e pelas empresas interessadas no tema.

Page 31: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

26

2.9 OBRAS DE SANEAMENTO

O acesso ao saneamento é um dos principais fatores de qualidade de vida de uma

sociedade, o Brasil e Santa Catarina ainda têm um longo caminho para que tenhamos uma

universalização do acesso ao saneamento, que pode ser da forma:

• Tratamento e captação de água;

• Tratamento e captação de esgoto;

• Drenagem;

• Captação, tratamento e destino final do lixo

Segundo o site Trata Brasil, 83,3% dos brasileiros são atendidos com abastecimento

de água tratada, ou seja, 35 milhões ainda não têm acesso a este serviço (dados de 2015).

Quando o assunto é coleta de esgoto, os dados são muito piores, pois apenas 50,3% da

população tem acesso, e somente 42,67% da população tem o esgoto tratado. Em nossa região,

“Sul 41,43% do esgoto é tratado, e o índice de atendimento total é de 41,02%.” Por isto a

importância deste estudo de custos.

Dados de Santa Catarina:

• Rede de água: 86,85

• Coleta de esgoto: 19,44

• Tratamento de esgoto: 24,32

• Perdas de água: 36,04

A lei federal é usada como base para as políticas de saneamento do Brasil:

LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei

nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro

de 1989. (BRASIL, 1997)

As obras de saneamento podem ser de alguns tipos, todas elas podendo ser em

regime de manutenção ou de produção, sendo ilustradas na Figura 1 as diversas etapas de um

sistema de água tratada:

• Obras localizadas de captação de água;

Page 32: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

27

• Obras de construção Estações de tratamento de água (ETA) ou de esgotos

(ETE);

• Obras de assentamento de tubulações de adutoras de água ou esgoto;

• Obras de redes de distribuição de água ou coleta de esgoto;

• Obras de reservatórios de água.

Figura 1 - Do tratamento a distribuição da água

Fonte: COPASA-MG, 2017.

2.9.1 Diferentes tipos de obra de saneamento

Para ilustrar este trabalho, serão brevemente explicadas algumas partes de uma rede

de saneamento.

Obras de captação de água:

São obras realizadas de acordo com projetos em locais adequados à captação de

Page 33: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

28

água bruta de um manancial de água.

Obras de estação de tratamento de água ou esgoto

Obras de construção civil nas quais são construídos prédios, reservatórios e

tubulações que irão fazer o tratamento adequado tanto para a água a ser distribuída, quanto do

esgoto tratado, sempre respeitando projeto adequado. A figura 2 ilustra uma caixa divisora de

fluxos construída numa estação de tratamento de esgotos, sendo uma das estruturas presentes

neste sistema.

Figura 2 - Parte de uma estação de tratamento de esgotos

Fonte: do autor, 2016.

Adutoras de água tratada e emissários de esgotos

Após o tratamento da água, ela é transportada em tubulações até os reservatórios

próximos aos locais de distribuição. Estas obras exigem projetos, estações elevatórias e

tubulações de grandes diâmetros e reforçados, muitas vezes em ferro fundido ou PEAD. Uma

adutora também pode ligar um reservatório ao outro. São obras que exigem equipamentos

pesados para escavação e assentamento dos tubos. A figura 5 demonstra um tubo de ferro

fundido sendo assentado numa rede de esgotos.

Nas redes de esgoto temos emissários de esgoto, pois o esgoto é recolhido por

Page 34: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

29

gravidade e destinado a alguma estação elevatória em um ponto de cota mais baixa. Neste ponto,

uma bomba pressuriza esse esgoto para que ele possa chegar ao seu destino através de um

emissário.

Figura 3 - Tubulação de uma adutora de esgotos

Fonte: do autor, 2016.

Reservatórios de água

São construções com o objetivo de reservarem água em grande quantidade e

também regularem a pressão nas redes de distribuição. Podem ser a nível do solo apoiados em

algum ponto elevado ou sobre estrutura elevada. A partir do reservatório a água irá ser

distribuída para as casas por gravidade, como o caso da figura 6, em que a água chega as

residências por gravidade devido à altura da base da caixa d`água residencial.

Page 35: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

30

Figura 4 - Reservatório elevado 500m³

Fonte: do autor, 2018.

Redes de distribuição de água e coletora de esgotos

Para a distribuição de água, a forma com que ela chega ao destino, ou seja, às

unidades consumidoras, é através de redes executadas geralmente em tubulações de PVC ou

PEAD. Para o esgoto, é feita a coleta nos poços de visitas as quais as residências estão ligadas

e segue por gravidade ao ponto de cota mais baixo, onde o esgoto será pressurizado. Abaixo, a

figura 5, ilustra duas redes de água sendo assentadas uma ao lado da outra.

Uma rede coletora de esgoto é composta por várias partes. Na figura 6, pode-se

observar um poço de visita no qual é feita a ligação predial sendo ligado na rede de esgoto

pública.

Page 36: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

31

Figura 5 - Tubulações de rede de distribuição de água

Foto do autor, 2017.

Figura 6 - Rede coletora de esgotos e PV

Fonte: foto do autor, 2017.

Page 37: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

32

2.9.2 Obra em regime de produção versus obra em regime de manutenção.

A construção civil trabalha sempre com a instalação de edificações novas ou com a

manutenção do que já está instalado, também se incluem tubulações para os diversos fins,

rodovias e todas as obras produzidas pelo Engenheiro Civil, sendo que esses tipos de obras

apresentam diferentes dificuldades como irá ser abordado:

• Obras de saneamento em regime de produção;

• Obras de saneamento em regime de manutenção;

Obra de saneamento em regime de produção

Nesse tipo de obra, a empresa executora terá acesso a um projeto completo de uma

nova instalação, por exemplo uma estação de tratamento de água, onde ela terá um local fixo e

um prazo determinado para executar todo aquele projeto, geralmente com poucos imprevistos

e com a instalação de um único canteiro de obras.

Estas obras apresentam maior produtividade, pois é possível planejar a curto, médio

e longo prazo o ataque das frentes de trabalho desta obra. Os custos também são menores porque

é possível comprar materiais com maior previsibilidade e em maior quantidade, as equipes se

deslocam diariamente para o mesmo local, os equipamentos pesados não precisam de grandes

transportes e o fluxo financeiro pode ser adequado à produção necessária da obra.

Obra de saneamento em regime de manutenção

Todas as construções têm um prazo finito, ou seja, um dia irão precisar de

manutenção, no saneamento não é diferente. Nestas obras, as empresas corrigem problemas

causados pela má execução das obras antigas, vazamentos diversos, executam pinturas nas

estações de tratamento e reservatórios, trocam trechos de tubulações necessários, adequam

partes de tubulações a novas necessidades e retiram entupimentos.

O grande diferencial destes contratos é a quase total ausência de previsibilidade e

de projetos, uma vez que a grande maioria das frentes de serviços surgem através de um

problema pontual reclamado através da central da companhia de saneamento. Por exemplo, um

vazamento de água numa rede. São obras que necessitam de um administrador das ordens de

serviço e de várias equipes para cumprir com estas ordens.

Page 38: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

33

O custo deste regime é muito superior ao regime anterior, já que não há

planejamento a curto prazo, necessitam de constantes deslocamentos, os equipamentos pesados

não podem se deslocar por meios próprios e os funcionários precisam estar locados num

canteiro central muitas vezes distantes da frente de serviço do dia. Boa parte do custo estão nos

deslocamentos, porque a mão de obra é paga mesmo sem estar produzindo, os veículos também

consomem mais combustíveis e se desgastam mais.

2.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Conforme visto neste este capítulo, foi demonstrado a importância do saneamento

básico para o Brasil e mais especificamente Santa Catarina. Como o objetivo do estudo é

analisar os custos de uma obra de saneamento, o foco da revisão bibliográfica ocorreu nos temas

de interesse da pesquisa, tais como a lei que rege as licitações, as formas de cálculo do BDI e

de composição de custos de uma obra. Também ressaltaram-se os diferentes tipos de obras que

existem na área de saneamento, inclusive podendo ser no regime de manutenção e de produção,

regime os quais foram diferenciados no capítulo.

O próximo capítulo a ser abordado, demonstra as metodologias usadas neste estudo,

caracterizando a forma de pesquisa, colocando limitações do método.

Page 39: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

34

3 METODOLOGIA

Nesta parte do trabalho, serão apresentados procedimentos metodológicos que

foram utilizados nesta pesquisa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O presente projeto se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, de campo, quali-

quantitativa. A pesquisa bibliográfica visa caracterizar o que os diversos autores tratam sobre a

composição de custos de uma obra de Engenharia. Além disto, a pesquisa será descritiva uma

vez que descreve as características do serviço.

Considera-se o conceito de pesquisa bibliográfica proposto por Gil (2010, p. 29):

É elaborada com base em material publicado. Tradicionalmente esta modalidade de

pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e

anais de eventos científicos. Todavia em virtude da disseminação de novos formatos

de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos como discos, fitas

magnéticas bem como o material disponibilizado pela internet.

Do ponto de vista da análise dos dados, a pesquisa qualitativa não requer o uso de

técnicas estatísticas (SILVA; MENEZES, 2005). O ambiente natural é a fonte direta para a

coleta de dados, sendo o pesquisador o instrumento chave. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa

é a mais próxima para atingir os objetivos dessa pesquisa. Contudo, o levantamento estatístico

das diferentes formas de execução de cada serviço, exigirá também uma pesquisa quantitativa

para apreciação desses dados.

A perspectiva de estudos é preferencialmente longitudinal, pois estudará casos práticos

vistos em obras. O período de pesquisa foi o primeiro semestre de 2018.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A pesquisa foi realizada em obras de saneamento executadas na região da grande

Florianópolis por órgão público ou empresa privada. Também foram analisados documentos e

bibliografias disponíveis referentes ao tema.

Esta escolha justifica-se pela proximidade do local, bem como pela grande

disponibilidade de obras que podem ser visitadas, as quais trazem informações relevantes que

enriquecem o trabalho.

Os serviços que fazem parte da composição são apenas parte de uma obra e foram

Page 40: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

35

definidos de acordo com o a experiência do pesquisador em relação a sua importância. Outros

serviços que estarão presentes, porém de menor importância, tem sua composição apenas

pesquisada na bibliografia.

3.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Este trabalho foi realizado por meio de visitas às obras e de entrevistas com

Engenheiro Civil de grande experiência em orçamentos de obras, bem como de pesquisas na

biblioteca e na internet.

Alguns instrumentos de coletas de dados:

• Máquina fotográfica;

• Observação in loco;

• Formulários;

• Tablet.

A entrevista tem sua elaboração baseada na necessidade de um maior conhecimento

da realidade das obras, portanto sua elaboração foi feita no decorrer da pesquisa de acordo com

a necessidade. O entrevistado não necessitou de carta de apresentação.

Como o pesquisador tem longa experiência na área da pesquisa, além do

entrevistado ser um conhecido e disposto a compartilhar seu conhecimento, a fundamentação

foi baseada na experiência.

A metodologia foi orientada com base na autora Cristiane Mutti que afirma, em seu

livro Guia Prático Para Trabalho de Conclusão de Curso em Construção Civil (2008, p 69):

“Você deve explicar que o que foi feito em relação a isso no corpo do texto, e colocar

formulários, projetos ou o que tiver elaborado nos apêndices.”

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Esta pesquisa limitou-se a utilizar dados fornecidos pela empresa analisada, e dados

disponíveis on-line, em livros e catálogos. Como a quantidade de dados é grande, e nem todos

os dados são confiáveis, fez-se necessário analisar os dados e separar os que realmente

interessam a este trabalho.

As fontes consideradas para a realização da pesquisa foram encontradas através de

Page 41: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

36

investigações em sites da internet, nos sites de universidades, bem como em bibliografias já

conhecidas e ou fornecidas por professores. A experiência em campo do pesquisador contribuiu

também para o processo.

As ferramentas usadas para tabular os dados foram softwares como o Microsoft

Excell 2016, ferramentas disponíveis no site da TCPO PINI e formulários de entrevistas

estruturadas ou não.

Page 42: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

37

4 ANÁLISE COMPARATIVA DE OBRAS DE PRODUÇÃO E DE MANUTENÇÃO

Quando uma empresa executa uma obra ela tem o objetivo principal de obter lucro

ao final desta obra e, para que isto ocorra a empresa tem de estudar alguns fatores como: custos

e BDI que formam o preço, logística, escolher materiais de qualidade no momento da compra,

ter equipes qualificadas e bem geridas, cumprir com os cronogramas e ter estudado os projetos

iniciais, caso existam, das obras a serem executadas. Como este trabalho está direcionado ao

estudo dos custos e do BDI, serão analisadas algumas composições de serviços e será composto

o BDI de uma empresa de pequeno porte para as obras de saneamento que ela executa.

A análise comparativa estudou medições de duas obras de manutenção e de duas

obras de produção, verificando no que diferem os tipos de obras.

Os serviços de uma obra de manutenção são feitos em diferentes locais sempre em

pequenas quantidades, muitas vezes sem projeto e planejamento maior que um dia. Para todos

os serviços deste tipo, é necessário um deslocamento a cada local da ordem de serviço (O.S.),

tomando tempo dos operários e gerando custos de deslocamento, que não são pagos nas

medições dos órgãos públicos. Faz-se necessário um engenheiro para trabalhar com a

distribuição destas ordens de serviços e traçar uma rota adequada para os deslocamentos das

equipes, bem como cuidar da qualidade das obras e por fim fazer as medições junto ao fiscal

competente da obra.

Cada O.S. exige além do deslocamento uma mobilização e desmobilização, pois é

necessário encontrar o local exato, sinalizar a via se necessário, retirar os materiais e

equipamentos do veículo, executar o serviço, recompor o pavimento, limpar o local, retirar o

entulho e materiais restantes e preencher a ficha de serviço executado, inclusive tirar fotos do

serviço. Salienta-se que tudo isto custa tempo de trabalho de funcionários, porém em uma obra

de produção estas pequenas mobilizações e desmobilizações são inexistentes.

Já as obras de produção analisadas eram concentradas em lugares únicos, com

projetos previamente conhecidos e com possibilidade de planejamento a longo prazo para toda

a obra. As mobilizações e desmobilizações dos funcionários são diárias, após o cumprimento

de 8 horas de serviço, já os equipamentos são mobilizados no início das obras e ao fim

desmobilizados, em oposto as obras de manutenção.

As quatro obras analisadas foram todas executadas pela mesma empresa e órgão

público na grande Florianópolis – SC.

Page 43: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

38

4.1 SOBRE A EMPRESA ANALISADA

A empresa analisada é uma empresa real, porém para este trabalho será denominada

apenas pelo seu substantivo comum, empresa, para uma maior discrição. O mesmo acontece

com os clientes desta empresa, que são empresas públicas de saneamento ou diversos clientes

privados.

Esta empresa foi fundada em 1995, conta com dois sócios familiares e tem sua sede

em Coqueiros, Florianópolis. Seu objetivo era trabalhar com obras de saneamento e

telecomunicações, contudo as obras referentes ao segmento de telecomunicações foram

executadas somente no início dos trabalhos da empresa e atualmente o foco principal são obras

de saneamento. Desde sua fundação a empresa executou obras em edifícios residenciais em

Florianópolis, obras de pavimentação, reformas prediais e residenciais, adutoras e rede de água

e esgoto, estações de tratamento de água e esgoto, reservatórios elevados e apoiados de água, e

outras obras civis de atribuição do Engenheiro Civil. Todas as obras foram executadas nos

Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Atualmente a empresa, conforme organograma da figura 7, conta com dois

Engenheiros Civis e um em formação, sendo dois sócios da empresa e um registrado como

funcionário. São constantes do quadro de funcionários uma funcionária responsável pelo

departamento financeiro, um mestre de obras e atualmente quatro operários, mas este número

varia de acordo com as obras em execução.

Os sócios da empresa, junto com a sua contabilidade decidiram optar pelo regime

de pagamento de impostos baseado no lucro presumido, sendo que o faturamento anual médio

da empresa gira em torno de R$1.200.000,00. A Empresa se caracteriza como EPP – Empresa

de Pequeno Porte, pois se enquadra na Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006,

capítulo II, artigo 3º inciso II, que limita o faturamento a R$4.800.000,00, e também está

enquadrada como EPP por escolha da diretoria.

Organograma da empresa conforme quadro de funcionários informado, figura 7:

Page 44: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

39

Figura 7 - Organograma da empresa

Fonte: do autor, com base nas informações fornecidas pela empresa, 2018.

4.2 ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS DE UMA OBRA DE MANUTENÇÃO E

DE UMA OBRA DE PRODUÇÃO

4.2.1 Obras analisadas:

A empresa analisada executou diversas obras de saneamento, tanto de manutenção,

como de produção, porém esta pesquisa focou em quatro obras por serem mais recentes ou por

terem materiais adequados para uma boa pesquisa.

Foram analisadas as seguintes obras de produção:

• Obra 1: Execução de caixa divisória defluxo entre valos de oxidação e decantadores

secundários da estação de tratamento de esgoto– ETE Canasvieiras. Florianópolis –

SC;

• Obra 2: Melhorias no SAA Costeira – Florianópolis – SC.

Foram analisadas as seguintes obras de manutenção:

• Obra 3: Retiradas de vazamentos de esgoto na agência de Florianópolis – SC;

Sócio Diretor

Eng Civil de obras

Mestre de obras

Encanador

Auxiliar de encanador

Pedreiro

Auxiliar de pedreiro

Departamento Financeiro

Eng. Civil Sócio em Formação

Sócio Familiar

Page 45: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

40

• Obra 4: Serviços de manutenção de redes e ramais de abastecimento de água no

município de Florianópolis durante a temporada de verão 2013/2014.

Abaixo serão descritos os detalhamentos de cada obra analisa.

Obra 1:

Obra de produção, localizada e de construção civil que envolveu escavação,

rebaixamento de lençol freático, escoramento, armaduras em aço, concreto estrutural,

impermeabilização e instalações de tubos de ferro fundido especiais, conforme figura 8.

Esta obra foi escolhida por possuir vasto material de pesquisa e também pelo fato

de o seu período de execução ter ocorrido até dezembro de 2016. Através das análises de custo

da diretoria, observou-se que o concreto e a escavação resultaram em prejuízos, entre outros

serviços.

Figura 8 - Lançamento de concreto

Fonte: do autor, 2018.

Obra 2:

Obra de produção, linear e de saneamento com assentamento de redes de água, que

envolveu escavação mecanizada, reaterro com fornecimento de areia, ligações prediais, retirada

e recomposição de pavimentos (principalmente concreto asfáltico). A figura 9 demonstra o

momento de preparo para repavimentação em concreto asfáltico (CAUQ).

Esta obra foi escolhida pois foi realizada no ano de 2016, é uma obra com vasto

material para análise e a diretoria concluiu que foi uma obra onde o serviço concreto asfáltico

e de escavação mecanizada estavam com preço bastante defasado em relação aos preços de

mercado.

Page 46: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

41

Figura 9 - Reposição do pavimento asfáltico

Fonte: do autor, 2018.

Obras de manutenção:

As obras 3 e 4 foram escolhidas em virtude de serem bons exemplos de obras de

manutenção, bem como disporem de medições individuais de cada ordem de serviço, com os

tempos de execução, e os serviços executados.

Obra 3:

Obra de manutenção em diversas localidades aonde foram executadas diversas

ordens de serviço para retiradas de vazamentos nas redes ou ramais prediais em Florianópolis,

sempre na rede pública. Envolveu veículos, mão de obra, retirada de pavimentos e

recomposições, além de materiais diversos necessários para a execução da obra.

Obra 4:

Estes serviços foram contratados com o intuído de reduzir o desperdício de água

em Florianópolis e auxiliar as equipes próprias da empresa pública de saneamento. As ordens

de serviço eram diárias e conforme demanda emergencial, envolveu veículos, equipes, retirada

de pavimentos e recomposições, além de materiais diversos necessários para a execução da

obra.

Todas estas obras encontram-se concluídas e possuem vasto material, como

planilhas de medições, fotos, projetos e atestados técnicos emitidos pelo órgão público de

Page 47: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

42

Saneamento e reconhecidos pelo CREA-SC.

4.2.2 Forma de análise:

De posse das medições finais das obras (dados informados pela diretoria da

empresa) e de acordo com entrevistas realizadas com os setores de Engenharia e Diretoria da

empresa foi possível elaborar as curvas ABC para detectar os itens mais importantes no preço

total da obra. De acordo com as orientações da diretoria da empresa, foram separados alguns

serviços com preços considerados inadequados para a realidade de cada obra e de mercado.

4.2.3 Curvas ABC para obras de produção:

Com as planilhas de medição das obras foram separados os serviços que

compreenderam aproximadamente 92% do preço total da medição, não entrando aqui os custos

mensais de canteiro de obras (Custo indireto de produção), que são medidos separadamente e

pagos em outra nota fiscal. As tabelas 3 e 5 ilustram a classificação ABC das duas obras de

produção estudadas.

Tabela 3 - Curva ABC Obra 1

Fonte: do autor, 2018.

Embora o item Concreto estrutural não seja o mais relevante desta obra (participa

com, aproximadamente, 6% do preço total da obra), ele é reconhecido pela diretoria como um

dos serviços com preço defasado em comparação aos custos reais da obra e de mercado. Por

este motivo será feita a análise de sua composição unitária. Outro serviço que será estudado é

a escavação mecanizada, que, embora corresponda a 1,44% do total da obra (vide tabela 3), o

valor recebido pelo serviço não foi suficiente para cobrir o custo da retroescavadeira, operador

e outros itens de manutenção, e, por essa razão, também terá sua composição analisada.

Serviços unidade preço unit. quant total % total Somatório

Ponteira filtrante em área unidade 74,00 225,00 16650,00 9,24% 9,24%

Desmontagem de tubos e conexões em ferro fundido kg 1,25 12861,81 16077,26 8,92% 18,15%

Forma plana, em chapa compensada plastificada, estrutural m² 77,62 191,57 14869,66 8,25% 26,40%

Operação do sistema de rebaixamento cjdia 273,56 47,00 12857,32 7,13% 33,53%

Aço ca-50 kg 8,84 1353,47 11964,67 6,64% 40,17%

Grade de piso pultrudada - vão até 1.000 mm m² 618,98 18,37 11370,66 6,31% 46,48%

Concreto estrutural, fck = 40,0 mpa m³ 447,15 24,62 11008,83 6,11% 52,58%

Guarda corpo pultrudado m 414,98 23,60 9793,53 5,43% 58,01%

Aterro / reaterro de valas, poços e cavas, com fornecimento de areia m³ 61,23 150,41 9209,60 5,11% 63,12%

Mobilização, desmobilização e transporte de equipamentos unidade 2825,98 3,00 8477,94 4,70% 67,82%

Reposição de pavimentação em lajota sextavada m² 31,29 250,00 7822,50 4,34% 72,16%

Transporte de solo escavado m³xkm 0,80 9107,10 7285,68 4,04% 76,20%

Escoramento continuo m² 33,72 200,86 6773,00 3,76% 79,96%

Aterro / reaterro de valas, poços e cavas compact. Mec., s/ controle do GC m³ 11,81 357,08 4217,11 2,34% 82,30%

Transporte de rocha escavada m³xkm 1,03 4047,70 4169,13 2,31% 84,61%

Reposição de passeio com grama m² 10,44 303,77 3171,36 1,76% 86,37%

Montagem de tubos e conexões em ferro fundido kg 1,15 2647,82 3044,993 1,69% 88,06%

Impermeabilizante bi-componente a base de resina epóxi, alcatrão de hulha, aditivos e filer mineral m² 47,19 57,89 2731,8291 1,52% 89,58%

Concreto Estrutural, Fck = 15,0 Mpa m³ 343,92 7,61 2617,2312 1,45% 91,03%

Escavação mecanizada de valas, poços e cavas em solo não rochoso, com profund. de 0,00 a 2,00 m m³ 5,56 466,33 2592,79 1,44% 92,47%

Page 48: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

43

Possivelmente a escavação estaria na parte “A” da curva, e não na “C” se fosse remunerada de

acordo com a realidade dos custos do serviço.

Alguns dos serviços, como ponteira filtrante em vala (9,24% do total),

desmontagem de tubos e conexões em ferro fundido (8,92%) e outros, são itens que a empresa

reconhece como tendo preços adequados ao mercado. Também, como o intuito é comparar

serviços de obras de manutenção e produção, foram escolhidos serviços que normalmente estão

presentes nos dois regimes de obras.

Tabela 3.1 – Destaque para o serviço de escavação mecanizada

Fonte: do autor, 2018.

Tabela 4 - Obra 2

Fonte: do autor, 2018.

Da mesma maneira, como mostrado na tabela 4, que apresenta a classificação

ABC para a obra 2, o item mais importante para essa obra é “Execução de capa em concreto

asfáltico” que, correspondente a 16,95% do preço total. Não estão incluídos nesse valor a

administração local e o canteiro de obras, que são medidos separadamente e pagos em outra

nota fiscal. Para a empresa, esse é um serviço que também merece ser destacado porque o preço

estabelecido é ruim, assim como sua composição de custo unitário. Assim como o serviço

escavação mecanizada, foi percebido em pesquisa de mercado, que o serviço de “Execução de

capa em concreto asfáltico” não é remunerado adequadamente.

Outros serviços da obra 2 não foram escolhidos pois têm bons preços, ou não estão

presentes nas obras de manutenção.

Serviços unidade preço unit. quant total (R$) % total

Escavação mecanizada de valas, poços e cavas em solo não rochoso, com profund. De 0,00 a 2,00 m m³ 5,56 466,33 2592,79 1,44%

Serviços unidade preço unit. quant total (R$) % %acumulado

Execução de capa em concreto asfáltico m³ 699,59 196,06 137161,6 16,95% 16,95%

Aterro / reaterro de valas, poços e cavas, com fornecimento de areiam³ 60,21 1.881,82 113304,4 14,00% 30,95%

Escavação em rocha branda a frio, em valas, poços e cavas m³ 139,01 528,66 73489,03 9,08% 40,04%

Reposição de pavimentação em lajota sextavada m² 31,00 2.140,22 66346,82 8,20% 48,23%

Execução de sub-base em brita graduada m³ 123,00 461,36 56747,28 7,01% 55,25%

Bloco de ancoragem em concreto não estrutural, 210 kg de cimento por m³m³ 758,15 42,22 32009,09 3,96% 59,20%

Transporte de solo escavado m³km 0,78 33.909,11 26449,11 3,27% 62,47%

Remoção de pavimentação asfáltica m² 8,50 2.935,89 24955,07 3,08% 65,56%

Reposição de sarjeta m³ 500,00 44,71 22355 2,76% 68,32%

Execução de imprimação ligante m² 6,10 2.930,60 17876,66 2,21% 70,53%

Escav. manual de áreas, valas, poços e cavas, exceto rocha, prof. até 1,25 mm³ 29,00 562,77 16320,45 2,02% 72,54%

Aterro / reaterro de valas, poços e cavas compact. mec., s/ controle do GCm³ 12,00 1.266,86 15202,32 1,88% 74,42%

Corte de pavimentação asfáltica com espessura até 0,10 m m 2,63 5.324,96 14004,64 1,73% 76,15%

Ramal predial de água m 9,56 1.376,00 13154,56 1,63% 77,78%

Corte de concreto com espessura até 0,15m m 24,00 516,50 12396 1,53% 79,31%

Concreto estrutural FCK = 20,0 MPA m³ 361,00 33,70 12165,7 1,50% 80,81%

Remoção de pavimentação em paralelepípedo ou lajota sextavadam² 5,00 2.128,54 10642,7 1,32% 82,13%

Escav. mecan. de áreas, valas, poços e cavas, exceto rocha, prof. até 1,25 mm³ 4,58 2.214,99 10144,65 1,25% 83,38%

Interligação com rede de PVC, diâmetro 200 mm un 277,78 36,00 10000,08 1,24% 84,62%

Page 49: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

44

Canteiro de obras:

As obras de produção licitadas contam com uma planilha chamada canteiro de

obras, sendo custos indiretos de uma obra, porém não estão no BDI pois servem exclusivamente

para uma obra. O canteiro de obras é pago separadamente dos serviços executados, as tabelas

6 e 7 são exemplos retirados de uma planilha de licitação ou medição de obra.

Tabela 5 - Canteiro de obras

Fonte: do autor, 2018.

Tabela 6 - Administração Local (canteiro de obras)

Fonte: do autor, 2018.

O canteiro de obras é remunerado para e empresa executora da seguinte forma:

Itens medidos em metros quadrados: São os realmente executados e medidos por

um fiscal no início das obras e pagos por metros quadrados que devem corresponder as

quantidades solicitadas em edital.

Administração local: São pagos mensalmente, o valor global é dividido pelo

período da obra em meses.

Na administração local é remunerado o engenheiro civil da obra, de acordo com

cada edital é definido um percentual do tempo mensal do engenheiro que deverá ser exclusivo

para o contrato, chegando a 100% do período mensal se necessário. Já o mestre de obras

normalmente é exclusivo da obra.

4.2.4 Análise das obras de manutenção:

Tanto para as obras de produção como para as de manutenção, o órgão público

responsável pela contratação desses serviços considera a mesma composição de custo, pois as

variáveis para a composição em ambos os casos são os mesmos para os mesmos itens da tabela

Serviço unidade

Barracão para escritório m²

Barracão para depósito m²

Locação de banheiro químico m²

Placa de obras m²

Administração local mês

Administração local unidade

Engenheiro Civil Mês x percentual de

importância do engenheiro

para a obra.

Mestre de obras mês

Page 50: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

45

custos de saneamento.

Com isso, foi identificado um prejuízo financeiro para as empresas envolvidas na

execução dos serviços no que diz respeito às obras de manutenção. Com base nesse indicativo,

buscou-se analisar a causa deste problema e identificar o que precisaria ser alterado.

Para estas análises a empresa forneceu planilhas de medições (Figura 10) para cada

ordem de serviço (O.S.) executada.

Figura 10 - Exemplo de planilha de medição

Fonte: do autor, 2018.

De posse das ordens de serviços e suas medições individuais, foram verificados os

seguintes itens: o serviço executado; o local; e o tempo de execução. Algumas composições

presentes comumente em obras de regime de manutenção e de produção foram comparadas.

Para isto foram selecionados cinco dias de duas equipes diferentes para verificar os tempos de

deslocamento entre os diversos locais dos serviços.

Verificou-se o ponto de partida e o próximo local de trabalho e com auxílio do

Google Maps, figura 11, obteve-se os tempos de deslocamentos.

Page 51: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

46

Figura 11 - Rota entre Ordens de serviços

Fonte: googlemaps.com, 2018.

Desta análise de tempo se obteve os resultados apresentados nas tabelas de 7 a 11.

Cabe salientar que cada equipe era composta por dois funcionários, constando aqui o nome do

chefe de cada equipe.

Tabela 7 - Ederson 26/03

Fonte: do autor, 2018.

Deslocamento Tempo serv Valor ganho

1 0:12 0:10 5,25R$

2 0:10 0:10 5,25R$

3 0:07 2:40 311,89R$

4 0:06 0:10 5,25R$

5 0:06 0:30 5,25R$

6 0:08 0:10 5,25R$

7 0:09 0:10 5,25R$

8 0:11 1:10 236,64R$

Σ 0:29 4:20 580,04R$

Equipe: Ederson 26 de março

Page 52: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

47

Tabela 8 - Ederson 1/04

Fonte: do autor, 2018.

Tabela 9 - Angelo 19/03

Fonte: do autor 2018.

Tabela 10 - Angelo 26/03

Fonte: do autor, 2018.

Tabela 11 - Angelo 30/03

Fonte: do autor, 2018.

Deslocamento Tempo serv Valor ganho

1 0:44 1:00 236,64R$

2 0:11 2:30 407,94R$

3 0:12 3:00 407,94R$

4 0:03 2:00 360,00R$

Σ 1:10 8:30 1.412,51R$

Equipe: Ederson 1 de abril

Deslocamento Tempo serv Valor ganho

1 0:21 1:10 130,00R$

2 0:05 0:55 236,64R$

3 0:05 0:25 33,58R$

4 0:10 0:15 33,58R$

5 0:20 2:30 33,58R$

Σ 01:01 5:15 467,38R$

Equipe: Angelo 19 de março

Deslocamento Tempo serv Valor ganho

1 0:01 01:15 220,00R$

2 0:05 01:10 220,00R$

3 0:05 01:05 236,64R$

4 0:05 00:30 33,58R$

5 00:12 01:10 64,59R$

6 00:03 01:50 236,64R$

Σ 0:31 7:00 1.011,45R$

Equipe: Angelo 26 de março

Deslocamento Tempo serv Valor ganho

1 0:05 5:00 1.434,08R$

2 0:04 0:10 5,25R$

3 0:01 1:25 360,00R$

4 0:06 0:50 130,00R$

Σ 0:16 7:25 1.929,33R$

Equipe: Angelo 30 de março

Page 53: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

48

De acordo com a média dos deslocamentos foi obtido um tempo médio de 41

minutos por equipe na obra de manutenção analisada acima, demonstrando que estes tempos

são importantes, porém não diferenciam muito de uma obra de produção em um único local,

sendo que os funcionários têm que se deslocar para o local da obra diariamente, algumas vezes

levando mais de uma hora. Porém estes tempos levam em conta apenas o deslocamento, não

levando em conta os tempos de mobilização e desmobilização de cada serviço, reduzindo assim

a produtividade de cada serviço.

Foi constatado que existe uma diferença prática entre obras de produção e de

manutenção, que diz respeito ao tempo de deslocamento, mobilização e desmobilização para o

cumprimento das ordens de serviço que não é previsto pela composição desenvolvida pelo

órgão público responsável, conforme item 2.5 do capítulo 4.

No caso das obras de produção, esse tempo de deslocamento fica limitado a um

período menor, pois é apenas diário pois a obra de produção tem uma duração maior e é

concentrada em um único local.

Contudo, as obras de manutenção, possuem uma duração menor, pois são serviços

menores, o que ocasiona uma maior incidência de obras em um mesmo dia e,

consequentemente, um maior deslocamento de materiais, equipes e equipamentos.

Essa diferença de deslocamento não é considerada pela composição de custos do

órgão público responsável pela contratação dos serviços, o que resulta em um prejuízo para as

empresas envolvidas.

4.2.5 Composições de serviços:

Foram analisadas as composições:

• Escavação mecanizada de valas até 1,25m;

• Concreto estrutural FCK20MPa;

• Execução de capa em concreto asfáltico (CAUQ).

Os estudos das composições de custos unitários dos serviços acima citados foram

baseados em quatro principais fontes de consulta: Pela empresa de estudo, pelas Tabelas de

Composição de Preços e Orçamentos – TCPO, da editora PINI e as tabelas da SINAPI, da Caixa

Econômica Federal.

A. Escavação Mecanizada

Page 54: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

49

Em todas as obras de saneamento é necessário escavar para colocar-se tubos no

local desejado, poços de visita, para fazer fundações entre outros serviços. Para executar a

Escavação mecanizada é necessário um equipamento pesado, normalmente retroescavadeira,

óleo diesel e um operador especializado.

As tabelas 12 a 16 apresentam as composições de insumos para o serviço de

escavação mecanizada, segundo cada uma das quatro fontes de consulta anteriormente citadas.

Tabela 12 - Composição Escavação Mecanizada segundo o órgão público

Fonte: Órgão Público, 2016.

Tabela 13 - Composição Escavação Mecanizada segundo a empresa em estudo

Fonte: Empresa, 2016.

Tabela 14 - Composição Escavação Mecanizada segundo a TCPO Pini

Fonte: TCPOweb, 2017.

Servente h 0,0900

Pá-retro escavadeira de 75 hp h 0,0450

ESCAVAÇÃO MECANIZADA DE VALAS, POÇOS E CAVAS EM SOLO NÃO

ROCHOSO, COM PROFUNDIDADE DE ATE 1,25 M (M3)

Órgão público

Servente h 0,0550

Pá-retro escavadeira de 75 hp h 0,1100

ESCAVAÇÃO MECANIZADA DE VALAS, POÇOS E CAVAS EM SOLO NÃO

ROCHOSO, COM PROFUND. DE 0,00 A 1,50 M

Empresa

Servente h 0,0484

Retroescavadeira sobre pneus 75 hp - 56 kW,

caçamba dianteira, 0,76 m³, retro, 0,22 m³,

profundidade de escavação de 4,3 m

h prod 0,0484

Retroescavadeira sobre pneus 75 hp - 56 kW, caçamba dianteira, 0,76 m³, retro,

0,22 m³, profundidade de escavação de 4,3 m

TCPO Pini

Page 55: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

50

Tabela 15 - Composição Escavação Mecanizada , com baixo nível de interferência, segundo as

tabelas SINAPI

Fonte: SINAPI, 2018.

Tabela 16 - Composição Escavação Mecanizada com alto nível de interferência, segundo as

tabelas SINAPI

Fonte: SINAPI, 2018.

Comparando todas estas composições de insumos, é possível verificar que os

consumos horários não seguem uma única lógica, apresentando importantes diferenças tanto na

quantidade de insumos quanto nos índices de produção desses insumos. Ressalta-se que a única

composição que levou em conta o nível de interferência e as horas improdutivas foi a da

SINAPI. Sabe-se que os índices das composições são baseados em estatísticas, justificando-se

também a variação.

Em entrevista com o diretor da empresa, verificou-se que na composição montada

por ela, não foram colocados estes insumos pois era necessário apresentar estas composições

para uma licitação e somente desta forma encaixaria o custo da composição dentro do custo

máximo do edital, demonstrando a incoerência de ter-se um preço máximo nos editais.

A realidade dos serviços executados também demonstra que há uma grande

variação na produtividade deste serviço, devido à interferência de eventos ocasionais. Por

exemplo, na obra de rede de água da Costeira (Obra 2), haviam outras redes água e esgoto ao

redor, redes elétricas, além de “matacões” e veículos abandonados na rua que reduziram muito

a produtividade. Já na obra da ETE em Canasvieiras (Obra 1) a escavação foi feita numa área

aonde não ocorriam tantas interferências, porém o solo era bastante arenoso e, também havia

grande presença de material orgânico, além do alto nível do lençol freático. Todas estas

Retroescavadeira sobre rodas 88HP diúrno.

Produtivo. h0,0302

Retroescavadeira sobre rodas 88HP diúrno.

Improdutivo. h0,0365

Servente h 0,0666

SINAPI 1

Escavação Mecanizada de vala com profunidade até 1,5m com retroescavadeira,

solo de 1a categoria e local com BAIXO nível de interferência.

Retroescavadeira sobre rodas 88HP diúrno.

Produtivo. h0,0505

Retroescavadeira sobre rodas 88HP diúrno.

Improdutivo. h0,0611

Servente h 0,1116

SINAPI 2

Escavação Mecanizada de vala com profunidade até 1,5m com retroescavadeira,

solo de 1a categoria e local com ALTO nível de interferência.

Page 56: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

51

interferências citadas reduzem a produtividade da escavação, sendo que a empresa executora

do contrato é paga por volume escavado, e não por tempo de escavação, porém, os custos da

empresa são por tempo e não por volume escavado.

Conclui-se que a composição mais próxima da realidade é a da SINAPI, na qual

mais variações foram levantadas, além do tempo improdutivo, pois a escavação é paralisada

constantemente, não sendo assim paga, porém o equipamento e os funcionários custam por

hora, mesmo parados. Tudo isto implica em um preço final do serviço mais adequado a

realidade de cada obra, caso contrário os custos começam a onerar o BDI, reduzindo-se o lucro

do serviço e podendo deixa-lo negativo.

Em obras de manutenção o problema pode ser ainda maior, porque a escavação é

paga por metro cúbico, e algumas ordens de serviço necessitam de equipamento mecanizado,

que deve ser deslocado ao local do serviço para escavar poucos metros cúbicos. Onde é pago

este valor?

A figura 12 mostra o valor da tabela para escavação sem BDI, segundo a fonte

Órgão Público.

Figura 12 - Custo escavação mecanizada, segundo tabela órgao público

Fonte: Órgão Público, 2016.

A título de ilustração, pois foi feita análise com apenas uma consulta em três

empresas que alugam restroescavadeiras, obteve-se os custos médios diários de R$900,00 mais

R$200,00 para o transporte da retroescavadeira resultando num custo total diário de R$1.100,00

ou R$12.000,00 por mês com operador e óleo diesel, custando por dia (22 dias por mês)

R$545,45 (Preços levantados em Abril de 2018).

Levando em conta o aluguel mensal, foi verificado que a máquina tem que escavar

150m³ por dia para pagar o custo somente dela, sem contar o servente e o transporte dela até o

local, ou seja numa obra de produção: considerando uma vala média de 60cm para uma rede de

água DN150mm e uma profundidade média escavada de 1m, obtemos que se deve escavar

250m por dia de vala para pagarmos o equipamento.

Em entrevista com o diretor da empresa, a obra da costeira teve uma produtividade

média diária de 60m, verificando assim o baixo valor pago pelo órgão público.

Numa obra de manutenção estes custos são ainda maiores, pois os deslocamentos

dos equipamentos pesados são diários e os quantitativos executados pequenos, por esta razão a

composição do serviço escavação mecanizada para manutenção deve ser diferente, sendo pago

por hora/máquina e não por metro cúbico.

Page 57: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

52

B. Concreto usinado FCK 20MPa:

O serviço de concreto usinado está presente em boa parte das licitações que a

empresa participa, variando a resistência, encontramos este serviço em obras de redes e adutoras

de água e esgoto, obras localizadas de construção civil como reservatórios e outras construções

diversas.

O concreto usinado é comprado de um fornecedor terceirizado que o entrega na

obra com caminhões betoneiras, sendo responsabilidade da empresa executora dar o

espalhamento do concreto e fazer o acabamento nas formas no local a ser despejado.

As tabelas 17 a 20 apresentam as composições de insumos para o serviço de

Concreto estrutural, FCK = 20,0 MPa, segundo cada uma das quatro fontes de consulta

anteriormente citadas.

Tabela 17 - Composição Concreto Usinado Órgão Público

Fonte: Órgão Público, 2016.

Tabela 18 - Composição Concreto Usinado Empresa

Fonte: Empresa, 2016.

Tabela 19 - Composição Concreto Usinado TCPO PINI

Fonte: TCPOweb, 2016.

Na tabela 20, é apresentado somente o concreto, sem o lançamento.

Pedreiro h 0,6400

Servente h 1,9200

Concreto usinado fck 20,0 mpa m3 1,0000

Vibrador de imersão h 0,3000

CONCRETO ESTRUTURAL, FCK = 20,0 MPA (M3)

Órgão público

Pedreiro h 2,4000

Servente h 2,4000

Concreto Usinado fck 20MPa m³ 1,0200

Vibrador de Imersão h 0,3000

Empresa

CONCRETO ESTRUTURAL, FCK = 20,0 MPA

Concreto dosado em central C20 S50 m³ 1,05

TCPO Pini

Page 58: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

53

Tabela 20 - Composição Concreto Usinado SINAPI

Fonte: SINAPI, 2018.

Este serviço tem peso bastante grande em obras de construção civil, como

reservatórios e estações de tratamento. Pela experiência da empresa encontra-se com valor de

tabela bastante defasado em relação a realidade de mercado, o que acarreta na redução do lucro

da empresa, ou até em prejuízo pois em algumas obras este serviço é o mais importante em

relação ao custo da obra.

Comparando as composições das tabelas 17 a 20 podemos verificar uma variação

dos insumos, tais como:

• Na tabela 18 o insumo metro cúbico do concreto é considerado 1m³/m³, ou

seja, sem perdas, o que foge a realidade, para efeitos de comparação a

SINAPI leva em conta 10,3% de perdas, a PINI 5% e a empresa 2%.

• A mão de obra também é bastante diferente, mostrando que cada

composição levou em conta um número diferente de funcionários para

executar o serviço.

• A tabela 19 leva em conta somente o concreto usinado, não fornecendo

dados do lançamento do material nas formas, não tendo importância para

analise pois este serviço é medido após a confecção total da peça em

concreto, ou seja, o concreto é lançado e espalhado no local destinado.

Page 59: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

54

• A tabela 20, refere-se ao lançamento do concreto em baldes.

Como é observado, a SINAPI considera o local de lançamento de concreto, o que

não ocorre nas outras composições. É compreensível que lançar o concreto num local plano é

menos trabalhoso do que lançar no alto de um edifício, portanto as composições e os custos das

tabelas dos órgãos públicos devem diferenciar as dificuldades de execução deste serviço. As

figuras 13 e 14 ilustram estas diferentes dificuldades. Na figura13 o concreto é lançado próximo

ao solo, com risco menor aos operários, menos perdas e na figura 14 o lançamento é em altura

as dificuldades e perdas maiores. O formato das formas e a quantidade de aço também

influencia no tempo de lançamento.

Figura 13 - Concreto lançado próximo ao solo

Fonte: do autor, 2016.

Figura 14 - Concreto lançado em altura

Fonte: do autor, 2014.

Page 60: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

55

Outro fator que aumenta os custos do concreto usinado, e que não é calculado nas

composições, é a quantidade a ser comprada da usina, pois em média cada caminhão tem

capacidade de levar 8m³ de concreto, se for solicitado uma quantidade geralmente inferior a

5m³ é cobrado o “metro cúbico faltante”, sendo assim o custo unitário da massa fica maior do

que o caminhão completo. Quanto ao bombeamento do concreto que está presente em outra

composição de custos e é pago separadamente pelo órgão público, neste serviço também há

quantidade mínima de concreto a ser bombeado, ou seja, é cobrado taxa fixa para quantidades

menores de concreto a ser bombeado, custo este que não está presente na composição do órgão

público. Em muitas obras são observadas concretagens com quantidades inferiores a 5m³,

porém a necessidade do concreto com qualidade impede que ele seja feito no local, à mão,

sendo necessária a compra de uma usina e pagando-se a mais pela baixa quantidade.

Outro fator importante encontrado são as diferenças de custos do concreto usinado

em diferentes cidades, como exemplo: A empresa analisada executou em Canoinhas- SC um

reservatório elevado de 500m³ (figura 15) em concreto armado, sendo que o concreto

especificado foi o de FCK30MPa, o valor deste concreto em Florianópolis em 2013 era de

R$230,00/m³, porém na cidade de Canoinhas o contrato com a usina fixou um valor de

R$330,00/m³, resultando em uma diferença de R$100,00 por metro cúbico. A tabela base do

edital é única para todas as localidades de Santa Catarina, não seguindo a realidade do mercado.

Figura 15 - Reservatório de água, capacidade de 500m³

Foto do autor, 2018.

Page 61: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

56

Nas planilhas bases de preços dos editais o serviço concreto deveria conter uma

maior variação de composições, não somente pelo seu FCK (resistência), mas também como a

composição da SINAPI, o órgão público, deveria adotar o fator dificuldade e local para suas

composições. Os valores destas planilhas teriam que variar de acordo com a localidade da

execução da obra, os orçamentos não podem ser feitos com base nos preços somente da Capital

e dos grandes centros, devendo respeitar as peculiaridades de cada obra.

C. Concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ):

Conforme curva ABC O CAUQ pode ser o serviço mais custoso de uma obra, sendo

de produção ou de manutenção por isto a importância da análise.

As tabelas 21 a 23 apresentam as composições de insumos para o serviço de

execução de capa em concreto asfáltico, segundo três das quatro fontes de consulta

anteriormente citadas, excetuando-se a SINAPI.

A tabela 21 consta a massa do asfalto feita no local, o que difere da realidade das

obras, pois o CAUQ é comprado das usinas próximas ao local de aplicação.

Tabela 21 - Composição CAUQ do Órgão público

Fonte: Órgão Público, 2016.

EXECUÇÃO DE CAPA EM CONCRETO ASFÁLTICO (M3)

Servente h 1,2500

Areia grossa m3 0,3800

Brita n.º 1 m3 0,3100

Po de pedra m3 0,6900

Asfalto 85/100 kg 161,0000

Filler kg 52,0000

Pá-carregadeira sobre pneus de 100 hp h 0,1150

Rolo comp.aco vib.autopr-po 10.4t d-ca-25-liso asf h 0,1250

Rolo compac. aço vibrat. autopr.-PO 7,5 t h 0,1250

Usina asfalto gravimétrica quente - 600 tph h 0,1150

Vibroacabadora asf.-3,3 m-Barber Greene-SA 41 h 0,1250

Órgão público

Page 62: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

57

Tabela 22 Composição CAUQ da Empresa

Fonte: Empresa, 2016.

Tabela 23 Composição CAUQ da TCPO Pini

Fonte: TCPOweb, 2018.

Ao analisar estas composições, verificou-se que elas diferem entre si, inclusive na

densidade adotada do CAUQ, variando de 2,3t/m³ até 2,45t/m³. Em contato telefônico com um

fornecedor da empresa analisada verificou-se que ela fornece CAUQ com 2,45t/m³ de

densidade.

Devido ao alto custo deste serviço, seus valores devem estar sempre de acordo com

o mercado, caso contrário podem inviabilizar a obra a ser executada e a composição é parte

primordial do custo do serviço. A figura 18 ilustra a repavimentação em CAUQ de uma vala,

serviço comum numa obra de saneamento.

Massa asfaltica CBUQ t 2,45

Pá carregadeira h 0,15

Rolo Compactador h 0,13

Transporte de asfalto m³ 1,00

Servente h 2,30

Pedreiro h 1,50

Encarregado geral h 0,60

Empresa

Servente h 1,3300Usinagem de concreto betuminoso usinado a

quente - CBUQ - capa de rolamento t 2,3000Rolo compactador com pneus, largura 2,28 m 130

hp - 98 kW, peso operacional com lastro 25 t h prod 0,0060

Rolo compactador com pneus, largura 2,28 m 130

hp - 98 kW, peso operacional com lastro 25 t h imp 0,0107Rolo compactador vibratório, tandem, cilindros

lisos em aço, largura 1,73 m, 125 hp - 93 kW h prod 0,0062Rolo compactador vibratório, tandem, cilindros

lisos em aço, largura 1,73 m, 125 hp - 93 kW h imp 0,0105

Trator sobre pneus 105 hp - 77 kW h prod 0,0045

Trator sobre pneus 105 hp - 77 kW h imp 0,0122Vassoura mecânica rebocável, faixa de trabalho

2,44 m h prod 0,0045Vassoura mecânica rebocável, faixa de trabalho

2,44 m h imp 0,0122Vibroacabadora para asfalto, sobre esteiras 100

hp - 74 kW, largura de operação 2,13 m - 4,55 m h prod 0,0167

Caminhão basculante 10 m³ 282 hp - 210 kW, 6 x 4 h prod 0,0272

TCPO Pini

Page 63: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

58

A empresa coloca em sua composição, tabela 22, funcionários não presentes na

tabela 23, como encarregado e pedreiro, estes colaboradores são fundamentais na execução de

asfalto em vala para a melhor qualidade e acabamento, bem como a logística de execução deste

serviço. Em uma visita em campo foi constatado que o encarregado de obras teve que verificar

todo o trecho antes da execução do serviço para retirar carros sobre a vala, cuidar do horário de

saída de alunos de uma escola, cuidar do tempo da massa de asfalto para que ela não perdesse

calor e diversos outros fatores, porém ele não consta na composição do órgão público deste

serviço, em alguns editais o mestre de obras consta na planilha administração local.

Como a quantidade do serviço é menor, bem como há dificuldade de utilizar vibro-

acabadora para asfalto (o custo do equipamento pode ser alto para uma pequena quantidade)

como aconteceria numa rodovia, as composições de custos para uma vala são diferentes,

portanto a composição da SINAPI, tabela 24, não se encaixa para uma obra comum de

saneamento.

Figura 16 - Asfalto em vala

Fonte: Foto do autor, 2016.

Em contato com fornecedor de CAUQ, foi informado que o custo por tonelada

apresentado foi de R$320,00/t, para aplicação e fornecimento, sendo o fornecimento mínimo

de 100t/dia. Comparando com o valor retirado da tabela 25, proveniente da empresa pública de

saneamento podemos verificar que o custo do asfalto é maior do que o custo pago pela empresa

pública. Demonstrando a incoerência da composição ou da falta de atualização da tabela de

preços base, tema este a ser abordado em outro tópico.

Page 64: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

59

Tabela 24 -Preço CAUQ tabela do órgão público

Fonte: Tabela de preços da Casan, 2016.

Conforme informado pelo fornecedor há inclusive uma quantidade mínima a ser

fornecida por dia, 100t, se for menos o custo da tonelada aumenta para R$380,00, ou seja,

diferenciando também o custo de obras de manutenção aonde são executadas repavimentações

pequenas, muitas vezes em concreto asfáltico à frio. Não são encontrados itens de execução de

asfalto em regime de manutenção.

4.2.6 Custos diferentes de uma obra de manutenção e de produção:

Neste estudo foi verificado que as obras de produção têm em suas planilhas valores

destinados ao canteiro de obras e administração local, custos indiretos da obra, porém

exclusivos de cada obra, já nas obras de manutenção não havia previsão de canteiro de obras e

administração local. Esta parte do custo indireto de uma obra não faz parte do BDI e são

serviços presentes na tabela de custos do órgão público.

Comparou-se a tabela 25, obra de produção e a tabela 26 de uma obra de

manutenção para uma obra com o mesmo período de duração, 4 meses. Na tabela 25 constam

itens como Barracão para escritório, para depósito, sanitário isolado e refeitório compreendendo

um canteiro de obras próximo ao local das frentes de serviço. A obra de manutenção que não

tem um canteiro fixo perto do local da obra (pois elas acontecem em diversos locais por curto

espaço de tempo), deve ter um canteiro central, onde são guardados veículos, materiais

equipamentos e as equipes se reúnem, porém não há canteiro de obras na planilha de licitação.

O valor pago a administração local, que compreende basicamente o Engenheiro

Civil ou Sanitarista de obra também é menor na tabela 26, de manutenção, por isso questiona-

se a razão. Em algumas licitações de obras e serviços de manutenção o item administração local

nem é previsto, gerando um alto custo a empresa licitante, pois é obrigada a ter um engenheiro,

porém a empresa não é remunerada pelo contratante.

100312 EXECUÇÃO DE CAUQ EM VALA COM LARGURA <= 2,00 M t R$ 289,76

Page 65: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

60

Tabela 25 - Canteiro de obras, de produção

Fonte: CASAN, 2014.

Tabela 26 - Canteiro de obras, de manutenção

Fonte: CASAN, 2014.

Como resultado, verifica-se a necessidade de uma abordagem diferente para

diferentes tipos de obra, sendo necessário um estudo ainda maior, mas fica claro que os editais

devem ter composições sempre adequadas a cada tipo de obra, bem como cada localidade.

4.3 BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS (BDI)

O BDI é a remuneração que a empresa deseja obter, somados as despesas indiretas

e tributos, o resultado do BDI é uma taxa em percentual que multiplicado pelo custo de cada

serviço forma o preço, conforme Equações (10 e 11). O objetivo do estudo deste índice é

encontrar um valor próximo a realidade da empresa estudada e comparar com os das licitações

da empresa pública que pouco variam de 26%, bem como do entendimento do Tribunal de

Contas da União (TCU).

𝑃𝑉 = 𝐶𝐷 + 𝐶𝐷𝑥(1 + 𝐵𝐷𝐼) (10)

𝑃𝑉 = 𝐶𝐷 + 𝐵𝐷𝐼 (𝑛𝑢𝑚é𝑟𝑖𝑐𝑜) (11)

Sendo:

PV = Preço de Venda ou Valor da Fatura

CD = Custo Direto

BDI= Benefício e Despesa Indireta.

1.1 CANTEIRO DE O BRAS

CANTEIRO DE O BRAS

CO NSTRUÇÃO DO CANTEIRO

10102 BARRACÃO PARA ESCRITÓRIO m² 6,00 323,09

10103 BARRACÃO PARA DEPÓSITO m² 25,00 250,58

10104 SANITÁRIO ISOLADO m² 4,00 434,71

10106 REFEITÓRIO m² 10,00 295,68

PLACA DE O BRA

10201 PLACA DE OBRA CASAN m² 24,00 206,99

VEICULO PARA FISCALIZAÇÃO

10301 ALUGUEL DE VEÍCULO un/mês 4,00 2.374,06

ADMINISTRAÇÃO LO CAL

10401 ADMINISTRAÇÃO LOCAL Gb 1,00 27.414,28

9 .1 A D M IN IS TR A ÇÃ O LOC A L -

9.1.1 ADMINISTRAÇÃO LOCAL mês 4.584,52 4,00 18.338,08

Page 66: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

61

No presente trabalho, para o cálculo do BDI foram utilizadas duas formulações, a

saber:

Metodologia adotada pelo Instituto de Engenharia, Equação (12):

𝐵𝐷𝐼 = [((1+𝑖)(1+𝑟)(1+𝑓)

1−(𝑡+𝑠+𝑐+𝑙)) − 1] 𝑥100 (12)

Onde:

i = taxa de administração central

r = taxa de risco do empreendimento

f = taxa de custo financeiro do capital de giro

t = taxa de tributos federais

s = taxa de tributo municipal - ISS (Imposto Sobre Serviços)

c = taxa de despesas de comercialização

l = lucro ou remuneração líquida da empresa

As taxas no numerador incidem sobre os custos diretos.

As taxas no denominador incidem sobre o Preço de Venda faturamento.

Metodologia adotada pelo Tribunal de Contas da União, Equação (13):

𝐵𝐷𝐼 ={1+(𝐴𝐶+𝑅+𝑆+𝐺}(1+𝐷𝐹)(1+𝐿)

(1−𝑇)− 1 (13)

Onde:

BDI = Benefício e Despesas Indiretas;

AC = Administração Central;

R = Riscos;

S = Seguros;

G = Garantias;

DF = Despesas Financeiras;

L = Lucro

T = Tributos.

Para o cálculo do BDI, segundo cada uma das duas formulações foram utilizados

os índices informados que constam na seção 5.1 do capítulo 2, levando em conta dados reais de

uma empresa com faturamento médio de R$1,2 milhões ao ano, para efeitos de estudo o

faturamento variou até R$8 milhões ao ano.

Como o BDI é composto por índices distintos, alguns foram estimados dentro dos

quartis informados nos quadros do TCU e outros pesquisados no mercado e serão abordados

Page 67: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

62

nos próximos tópicos:

• Administração Central;

• Riscos e imprevistos;

• Despesas financeiras;

• Lucro bruto;

• Tributos e impostos.

A. ADMINISTRAÇÃO CENTRAL (AC)

A administração central é a parte que corresponde aos custos da sede da construtora,

e deve ser absorvido pelos contratos em andamento da empresa sendo que é uma parcela

bastante complexa de se precificar, pois nem todos os gastos são facilmente identificáveis como

diretos ou indiretos da obra.

Para este índice foram estudados os métodos do instituto de engenharia e os

baseados no acórdão 2.369/2011 do TCU, pois resultam em valores diferentes já que os

entendimentos dos autores são diferentes.

Administração Central com base na metodologia do Instituto de Engenharia:

O Instituto de Engenharia calcula a administração central com base no rateio dos

custos da sede que deverão ser absorvidos pelo contrato da empresa, sendo assim o índice foi

calculado com base no faturamento de uma empresa, levando-se em conta que o custo da AC

pouco varia caso este faturamento ocorra entre 1,2 milhões de reais e 8 milhões de reais. Nesta

empresa existem um Engenheiro diretor que recebe o pró-labore, um Engenheiro, um

funcionário cursando o bacharelado de Engenharia Civil e uma funcionária do departamento

financeiro responsável pelos pagamentos, recebimentos, notas fiscais e outras movimentações

da empresa. Sendo esta equipe suficiente para administrar obras com esta variação de

faturamento.

Foram levantados os gastos gerais da empresa com água, luz, impostos do imóvel,

materiais de escritório, custo do veículo de uso da administração central, jurídico, contabilidade,

móveis e equipamentos além de um custo de aluguel estimado.

Para uma melhor estimativa dos gastos fez-se a somatória mensal, conforme tabela

27 e foi determinado com base no histórico da empresa que uma obra média corresponde a 60%

do faturamento da empresa, ou seja, na administração central foi utilizada a taxa de rateio de

Page 68: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

63

60%, em uma obra com duração de 12 meses.

Tabela 27 - Administração central

Fonte: do autor, 2018.

Alguns destes valores foram estimados, e outros informados de acordo com a

realidade da empresa.

Somando-se estes valores chegamos num custo mensal de: R$23.072,27.

Verificou-se com o administrativo que o gasto médio da empresa com a

administração central é próximo de R$23.000,00 por mês, tendo alguns meses com valores

acima e outros abaixo, dependendo de manutenções de veículos, pagamentos de IPTU, contas

de luz ou telefone que variam mensalmente.

O cálculo da variável Administração Central (AC) é feito pela Equação (14):

𝐴𝐶 =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑠𝑒𝑑𝑒

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑜𝑏𝑟𝑎 (14)

Considerando uma obra com taxa de rateio de 60% e valor total de R$4.000.000,00,

com BDI estimado em 25%, padrão médio de muitos órgãos públicos, temos um custo direto

mensal:

𝐶𝐷 = (𝑅$4.000.000,00

1,25)

𝐶𝐷 = 𝑅$3.200.000,00

𝐴𝐶 =R$166.120,35

𝑅$3.200.000,00

Administração Central (AC) Custo/mês

Custo de comercialização: 250,00R$

Contabilidade: 2.275,00R$

Pró-labore 6,5 salário de Engenheiro 6.201,00R$

Equipe de elaboração de proj (60% no esct) 3.253,25R$

Equipe de admistração 3.812,40R$

Jurídico 1.522,08R$

Móveis e equipamentos 250,00R$

Material de escritorio 801,00R$

Alugel de Imóvel 2.000,00R$

Conta de luz, água e telefone 827,54R$

Veículos base central (aluguel + custos) 1.880,00R$

Por mês 23.072,27R$

Por ano (60%) 166.120,35R$

Page 69: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

64

𝐴𝐶 = 5,195%

Como o BDI das obras deve variar de acordo com o faturamento das obras, e ele é

adotado aqui para estimar o próprio BDI, faz-se necessário uma conta iterativa até aproximar-

se o BDI aplicado aqui do BDI final, chegando ao percentual de 5,195% para o faturamento de

R$4 milhões.

Posteriormente, fez-se os mesmos cálculos para faturamentos de R$1,2 milhões ao

ano, de R$3,6 milhões ao ano, de R$4 milhões ao ano, de R$6 milhões ao ano, e de R$8 milhões

ao ano, sempre levando em conta um BDI variável de acordo com as iterações necessárias,

obtivemos os valores da tabela 28 para a administração central:

Tabela 28 - Variação da AC

Fonte: do autor, 2018.

Caso a empresa dependesse de apenas uma obra, o total da administração de

R$276.867,26, utilizando-se o índice de AC de 5% a empresa teria de ter um faturamento anual

de mais de R$5,5 milhões, o que não corresponde à realidade da empresa que fatura em média

R$1,2 milhões ao ano com este mesmo custo de administração central, por isto, questiona-se: a

administração central desta empresa está elevada? Ou os índices de BDI do TCU não estão

adequados? A diretoria da empresa deve estudar a fundo seus custos, possivelmente sendo

necessário uma redução de acordo com a atual realidade de faturamento.

Administração Central com base no TCU:

O TCU não disponibiliza fórmula de cálculo da AC, apenas disponibiliza um

quadro com as taxas obtidas de estatísticas justificando que, TCU (2011, p.80):

Em relação à taxa de rateio da administração central, a indisponibilidade de acesso

aos reais dados da estrutura operacional das construtoras não permitem a aplicação

dos métodos de cálculo da taxa de rateio citados pela literatura especializada. No

entanto, o cálculo da incidência dessa parcela para fins de orçamento de referência de

obras públicas pode ser efetuado com base em estudos estatísticos de valores

praticados em contratos de obras semelhantes ou em taxas de sistemas referenciais de

custos, sendo considerados válidos para demonstrar o comportamento médio do

mercado voltado para obras públicas.

Faturamento anual (%) Administração Local

1.200.000,00R$ 19,93%

2.400.000,00R$ 9,07%

4.000.000,00R$ 5,27%

6.000.000,00R$ 3,43%

8.000.000,00R$ 2,55%

Page 70: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

65

Conforme quadro 14 do TCU, tabela 28, a empresa se encaixa em “Construções de

redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas”, tendo como limites

inferior 4,47% superior de 5,38%.

Tabela 29 - Quadro 14 TCU AC

Fonte: Acórdão do TCU, 2011.

Para efeitos de estudo serão adotados os valores da tabela 30 para construção de

redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas, variando de acordo

com o faturamento da empresa.

Tabela 30 Percentual de AC de acordo com TCU

Fonte: do autor, 2018.

B. RISCOS E IMPREVISTOS (R)

Riscos e imprevistos, é um índice para cobrir eventuais problemas que a empresa

poderá enfrentar com a obra, como chuvas exageradas, atrasos nas entregas de materiais,

serviços não previstos como rochas e interferências.

Esta taxa foi retirada do quadro do TCU, tabela 9, visto que é de difícil mensuração.

Adotou-se da tabela 31, o valor médio de 1,39%.

O Instituto de engenharia sugere fazer um estudo de cada obra, porém salienta que:

“Entretanto, cabe salientar, que nos dias de hoje, onde a competitividade é enorme, admitir tal

acréscimo é inviabilizar a obtenção de um custo mínimo” (Dias, 2012, p. 153). Porém a empresa

decidiu que este acréscimo é importante, devido aos tipos de obras executadas (saneamento) e

TIPOS DE OBRAVALOR MÉDIO

DA (AC)LIMITE INFERIOR LIMITE SUPERIOR

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS 4,00% 3,53% 4,48%

CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS E FERROVIAS 4,01% 3,85% 4,17%

CONSTRUÇÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA,

COLETA DE ESGOTO E CONSTRUÇÕES CORRELATAS4,93% 4,47% 5,38%

CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DE ESTAÇÕES E REDES DE

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA5,92% 5,31% 6,52%

OBRAS PORTUÁRIAS, MARÍTIMAS E FLUVIAIS 5,52% 5,13% 5,91%

ADMINISTRAÇÃO CENTRAL INTERVALO DE CONFIANÇA DA MÉDIA

Faturamento anual da empresa % AC TCU

1.200.000,00R$ 5,38%

2.400.000,00R$ 5,22%

4.000.000,00R$ 5,01%

6.000.000,00R$ 4,74%

8.000.000,00R$ 4,47%

Page 71: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

66

a experiência com as várias obras já executadas, portanto o índice será o mesmo adotado para

o TCU, 1,39%.

Tabela 31 adtaptado TCU Risco

Fonte: Acórdão do TCU, 2018.

C. SEGUROS DE OBRA E GARANTIAS

Seguros e garantias de obras são componentes do BDI, pois oneram indiretamente

o custo da obra. São calculados com base no custo total da obra e podem ser exigidos ou não

pelo contratante. Os seguros resguardam alguns imprevistos de uma obra, como assaltos, perdas

causadas por enchentes, desmoronamentos entre outros problemas que podem existir. Já as

garantias servem para resguardar o contrato e o contratante pode exigir uma garantia contratual

de 5% sobre o valor da obra, percentual que pode ser retido sobre cada medição e pago à

empresa executora ao final da obra se tudo ocorrer de acordo com o contrato ou a empresa

executora pode pagar por uma carta de seguro fiança, que servirá como garantia.

Este índice foi calculado com base nas taxas de seguro de obras e índices médios

divulgados pelo TCU. Conforme Equação (15).

Seguro da obra: Entrou-se em contato com uma seguradora especializada em

seguros de obras na qual foi informado que normalmente apenas um percentual da obra é

segurado, para tanto foi feito a simulação com base em uma obra de R$4 milhões de Reais,

tendo apenas 5% segurada e uma taxa de seguro de 3% ao ano, conforme tabela 32.

Tabela 32 Seguro

Contrato R$ 4.000.000,00

Garantia R$ 200.000,00

Prazo (dias) 365

Prêmio R$ 6.083,33

% do total 0,15% Fonte: do autor, 2018.

Page 72: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

67

𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 = (𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑎𝑎 𝑥 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑔𝑎𝑟𝑎𝑛𝑡𝑖𝑎

360 (𝑎𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙)) 𝑥 𝑑𝑖𝑎𝑠 (15)

𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 = (3,0% 𝑥 𝑅$200.000

360 ) 𝑥 365

A garantia da obra foi estimada em 0,23% de acordo com o quadro do TCU, tabela

33, sendo o valor resultante da diferença entre o seguro e a garantia.

Tabela 33 adaptado TCU Seg. + Garantia

Fonte: Acórdão do TCU, 2018.

O Instituto de Engenharia coloca estes índices dentro da administração local, porém

por determinação do TCU a administração local está sendo inserida diretamente na planilha de

custos unitários das licitações e foi retirado do BDI, conforme já abordado. Desta forma não

seria possível acrescentar estes custos indiretos ao cálculo do BDI neste trabalho, porém como

estes custos existem para uma obra, serão acrescidos da mesma forma que para o TCU.

D. DESPESAS FINANCEIRAS (DF)

As despesas financeiras são custos gerados ao construtor que ocorrem entre a data

inicial de execução e a data do recebimento, e servem para remunerar o capital investido pela

empresa que poderia estar aplicado, rendendo assim juros, o que não ocorre entre o período de

desembolso para as obras e o recebimento.

O órgão público pesquisado determina nos editais que o primeiro pagamento será

em 60 dias, e os demais a cada 30 dias. Como os custos acontecem durante todo o período da

obra deve-se adotar um período de equilíbrio.

Para o Tribunal de Contas da União (TCU) o cálculo é feito da seguinte maneira:

As despesas financeiras são baseadas na taxa Selic, conforme Equação 16 retirada

do Acórdão do TCU p. 28.

Page 73: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

68

DF = (1 +TAXA SELIC

100)

DU

252 (16)

Onde:

DF = taxa representativa das Despesas Financeiras;

DU = Dias úteis.

A taxa Selic mensal é de 0,52% ao mês ou 6,5%a.a., em 29 de abril de 2018, para

efeitos de cálculo adota-se 45 dias úteis para o recebimento (DU), Equação (17).

DF = (1 +6,5

100)

45

252 (17)

DF=1,01%

Em comparação com a tabela 34, o índice encontrado está dentro dos limites.

Tabela 34 Adaptado Quadro 14 TCU Despesa Financeira

Fonte: Acórdão TCU, 2018.

Para o Instituto de Engenharia o cálculo é feito da seguinte maneira:

O custo financeiro foi estimado de acordo com a SELIC atual em 29 de abril de

2018 de 6,5% a.a. e uma inflação média nos último 12 meses (IPCA fev. 18), de 2,84%. Levou-

se em conta uma aplicação em Letra de Crédito Imobiliário (LCI) real que a empresa investe

de 88% da Selic. Como demonstra a tabela 11 e Equação (18).

𝐷𝐹 = [(1+

𝑡

100)

100

30− 1] 𝑥100 (18)

Onde:

t = taxa de juros de mercado ou de correção monetária, em porcentagem ao mês,

n = número de dias decorrido entre o centro de gravidade dos desembolsos e a efetivação do

recebimento contratual.

A taxa de juros somada a taxa de correção monetária resulta em t, conforme

Page 74: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

69

Equação (19).

𝑡 = [(1 + 𝑖)𝑥(1 + 𝑗)] − 1 (19) Onde:

i = Índice de inflação

j = Índice de juros

Tabela 35 - Custo financeiro

Inflação média 12 meses (IPCA IBGE) fev. 18 2,84% a.a. 0,234% a.m.

Aplicação 3 meses 88% SELIC (6,5%aa) 5,72% a.a. 0,465% a.m.

Total: 0,699% Fonte: do autor, 2018.

Portando usando a equação 15, DF e considerando n=45 (número de dias):

Total de despesas financeiras: 1,227%

E. LUCRO BRUTO (L)

O lucro bruto é o resultado financeiro da obra antes dos impostos sobre o lucro,

imposto de renda e CSLL (contribuição social sobre lucro líquido), e é o objetivo da empresa

ao iniciar uma obra, obter resultado financeiro positivo, ou seja, os custos serem menores que

os recebimentos.

O lucro bruto, embora dependendo de cada empresa, pode estar dentro de faixas

informadas pelo TCU, conforme tabela 36, e pode ainda depender da estratégia de cada empresa

quando participa de alguma licitação. A tabela 37 demonstra o lucro adotado para cada faixa de

faturamento da empresa.

Tabela 36 - Lucro adaptado TCU

Fonte: do autor, 2011.

Embora a taxa de lucro seja uma escolha de cada empresa, ela normalmente é menor

a medida que o valor a ser faturado pela obra cresce, portanto, a tabela 37 informa os percentuais

Page 75: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

70

de lucro bruto para cada faixa de faturamento.

Tabela 37 - Variação do Lucro Bruto

Fonte: do autor, 2018.

Para o instituto de Engenharia o lucro bruto adotado respeitará a tabela 37, embora

Dias (2012, p.153) sugira taxas entre 5% e 12%, as taxas do TCU estão mais de acordo com a

realidade de mercado.

F. IMPOSTOS (I)

Os impostos adotados estão de acordo com os informados pela contabilidade da

empresa analisada. A empresa utiliza o regime de lucro presumido e não optou pela desoneração

fiscal, portanto os impostos para o cálculo do BDI são conforme tabelas 38 e 39:

Tabela 38 - Impostos

Fonte: do autor, 2018.

O total de impostos sobre o faturamento é de 6,65% e sobre o lucro de 10.11%, que

não é aplicado no BDI pelos órgãos públicos, pois o TCU considera estes impostos

personalíssimos, logo não considera no BDI.

Conforme Mattos (2006, p. 247), no tópico “A questão do imposto de renda”,

discorre a respeito de impostos sobre o lucro que não são aplicados nas licitações pelos órgãos

públicos, o que fica comprovado pelo cálculo final deste trabalho. Os BDIs adotados costumam

variar entre 25% e no máximo 30%. Justificativa (MATTOS, 2006, p. 247):

A justificativa é de que o Imposto de Renda e a

Contribuição Social não têm como fato gerador o

Faturamento anual da empresa Lucro

1.200.000,00R$ 8,48%

2.400.000,00R$ 8,04%

4.000.000,00R$ 8,04%

6.000.000,00R$ 7,90%

8.000.000,00R$ 7,60%

Iss (Florianópolis) 3%

Pis 0,65%

Cofins 3%

Tributos ou impostos sobre o faturamento (I)

Page 76: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

71

faturamento contratual ou a execução de serviços da

obra. Eles incidem sobre o lucro da empresa, que é

constituído do resultado de várias obras e outros tipos

de receitas.

[...]não se pode de antemão garantir que a empresa vá

ter lucro – ela pode fechar o período fiscal com

desempenho negativo e não precisar recolher aqueles

impostos[...]

Mattos, (2006, p. 248), discorda deste entendimento e justifica algo que é sentido

pelas empresas que executam os contratos licitados:

[...]Ninguém de sã consciência irá orçar uma obra já

apostando que a empresa irá ter desempenho negativo no

período fiscal. O mais coerente é assumir que a empresa

irá ter lucro, que é a sua razão de existir e um princípio

inerente a qualquer atividade produtiva[...]

Continua também sua justificativa afirmando que se o órgão considera o item riscos,

que podem não acontecer, por que não considerar da mesma forma o lucro?

Foram feitos os cálculos em planilha de Excel, resultados nas tabelas 39 e 40, com

variações do faturamento e do lucro adotado. Os cálculos foram feitos sem o Imposto de Renda

(IR) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e ao lado com estes impostos

presentes no cálculo. A tabela 39 consta a variação do índice de imposto de renda para cada

faixa de faturamento de uma empresa de lucro presumido.

Tabela 39 - Variação dos impostos

Fonte: do autor, 2018.

RESULTADOS ENCONTRADOS

De acordo com as equações 1 e 2 foram feitos os cálculos em planilha de Excel para

as diferentes formas de cálculo do BDI, para o Instituto de Engenharia e o Tribunal de Contas

da União, resultando nas tabelas 39 e 40 e gráficos das figuras 17 e 18, com variações do

CSLL 1,08%

Imposto de renda

Faturamento anual da empresa IR

1.200.000,00R$ 10,6%

2.400.000,00R$ 10,1%

4.000.000,00R$ 9,9%

6.000.000,00R$ 9,8%

8.000.000,00R$ 9,7%

Impostos sobre o lucro presumido

Page 77: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

72

faturamento e do lucro adotado. Os índices de BDI foram calculados sem o Imposto de Renda

(IR) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e ao lado com estes impostos

presentes no cálculo.

Tabela 40 - BDI instituto de Engenharia

Fonte: do autor, 2018.

Figura 17 - BDI inst. de eng.

Fonte: do autor, 2018.

Tabela 41 - BDI TCU

Fonte: do autor, 2018.

Faturamento anual da empresa Lucro Sem IR e CSLL C/ IR e CSLL

1.200.000,00R$ 8,48% 45,69% 74,04%

2.400.000,00R$ 8,04% 31,80% 53,86%

4.000.000,00R$ 8,04% 27,22% 45,91%

6.000.000,00R$ 7,90% 24,79% 43,80%

8.000.000,00R$ 7,60% 23,29% 41,71%

BDI inst. Eng

Faturamento anual da empresa Lucro Sem IR e CSLL C/ IR e CSLL

1.200.000,00R$ 8,48% 42,21% 67,30%

2.400.000,00R$ 8,04% 29,33% 48,73%

4.000.000,00R$ 8,04% 25,19% 42,68%

6.000.000,00R$ 7,90% 22,83% 39,61%

8.000.000,00R$ 7,60% 21,42% 37,78%

BDI TCU

Page 78: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

73

Figura 18 - BDI TCU

Fonte: do autor, 2018.

Para efeitos de comparações foram adotados o quadro do TCU da tabela 42:

Tabela 42 - Valores de referência do BDI adaptado TCU

Fonte: Acórdão TCU, 2011.

O BDI mínimo para as obras de construção de redes de abastecimento de água,

coleta de esgoto e construções correlatas é de 20,76% e o máximo de 26,44%, e os BDIs

calculados ficam entre 21,42 % e 67,30%, demostrando que as obras devem ter BDI com maior

variação de acordo com seus valores a serem faturados.

Para a empresa estudada, cujo faturamento médio anual é de R$1,2 milhões o BDI

encontrado pela fórmula do Instituto de Engenharia foi de 45,69% e pelo TCU 42,21%, isto

desprezando os impostos sobre o lucro (IR e CSLL), índices estes bem maiores que os dos

editais de licitações dos órgãos públicos, que giram em torno de 25%, demonstrando que este

Page 79: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

74

índice não está adequado a empresa analisada.

Os dois métodos resultaram e em índices diferentes, demonstrando que os autores

têm entendimentos distintos sobre a fórmula de calcular o BDI, portanto cabe a empresa

escolher o método que melhor adequa-se a sua realidade, ou seguir as regras dos editais das

licitações as quais estão participando.

O BDI como comprovado não tem um valor máximo a ser adotado, porque este

índice depende de muitos fatores, do tempo de serviço, local da obra, valor do serviço e o tipo

de obra, e mesmo assim os órgãos públicos costumam adotar um BDI padrão a todas as suas

licitações.

Mattos (2006, p. 249) comenta:

Em que pese ser a simplificação compreensível, ela está

longe de ser aceitável. A prática dos órgãos públicos de

adotar o mesmo BDI para toda obra chega a leviandade.

O dever de licitar impõe o dever de orçar internamente

com critério respeitando as peculiaridades de cada

projeto.

O autor continua seu comentário, na mesma página, sobre o fato do BDI do órgão

público ser o máximo admissível para as obras:

Mais grave ainda é a imposição de alguns órgãos de que

não serão aceitas propostas que contenham BDI superior

a determinado valor. É como se não houvesse liberdade

de formação de preço entre os interessados. [...]

O princípio constitucional da livre iniciativa fica em

cheque [...]

Como demonstrado nos cálculos, o BDI deve sim variar de acordo com os fatores

já relatados, bem como a importância do livre mercado é enfatizada por Mattos (2006),

demonstrando a necessidade de orçamentos mais profundos pelos órgãos licitantes, adequando

sempre o BDI a cada realidade da obra do edital.

Importante também é a diferença entre o cálculo do BDI sem os impostos sobre o

lucro e com os impostos, representando uma variação de mais de 15%, percentual este que não

é acrescentado nos índices dos editais, porém onera as empresas que executam as obras.

Page 80: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

75

4.4 EVOLUÇÃO DE CUSTOS DA TABELA DE PREÇOS DO ÓRGÃO DE

SANEAMENTO

4.4.1 A tabela

Os órgãos públicos e algumas empresas privadas quando licitam obras e serviços

seguem tabelas de custos unitários padrão, algumas destas empresas seguem tabelas próprias

ou tabelas de ampla divulgação como da SINAPI, DEINFRA, CASAN entre outras. Nestas

tabelas constam centenas de itens comumente licitados, presentes nas planilhas de preços a

serem analisadas pelas empresas licitantes, os itens devem ter um código, uma breve descrição,

a unidade e o valor do custo básico. A Tabela 43 foi retirada do site da Casan, e serve de

exemplo.

Os serviços das tabelas, ou itens, tem seus preços baseados em composições de

custos e são acompanhados por regulamentações de preços e critério de medição divulgados

pelos órgãos públicos.

Nestas tabelas divulgadas, os custos são somados aos BDIs e formam o preço

máximo de cada item que forma uma planilha de uma obra. De posse das tabelas de custos de

janeiro de 2005 a abril de 2016 (a mais recente) foram analisados alguns itens que normalmente

são muito importantes em obras de saneamento e geralmente são os itens principais na grande

maioria das licitações a serem analisadas.

Page 81: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

76

Tabela 43 - Tabela de custos da Casan

Fonte: Casan, 2016.

Page 82: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

77

4.4.2 Itens analisados:

Foram escolhidos e sugeridos pelo diretor da empresa os itens presentes na grande

maioria das obras executadas pela empresa, a saber:

• Escavação manual de valas

• Escavação mecanizada de valas

• Forma de Madeira comum

• Aço CA 50

• Concreto estrutural FCK 20Mpa

• Concreto Asfáltico Usinado a Quente – CAUQ.

4.4.3 Tabelas analisadas:

De posse das tabelas de preços antigas do órgão público foi possível resgatar os

custos e verificar a evolução, nota-se que não há uma periocidade anual de divulgação destas

tabelas, bem como entre 2014 e 2018 não houve reajuste nos custos, embora a realidade do

mercado tenha mostrado uma grande inflação.

• Janeiro de 2005

• Maio de 2006

• Maio de 2007

• Outubro de 2008

• Dezembro de 2009

• Dezembro de 2011

• Dezembro de 2012

• Março de 2014

• Abril de 2016

4.4.4 Evolução dos custos tabelados:

Foi utilizado como base o índice IGP-M da fundação FGV entre janeiro de 2005 e

fevereiro de 2018, o índice foi de 100,58% para este período.

Como alguns itens são compostos por principalmente mão de obra comparou-se

com o índice de aumento do salário mínimo para o mesmo período, que foi de 318% entre 2005

e 2018.

Page 83: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

78

A. Escavação manual:

Tabela 44 - Custos da escavação manual

Fonte: do autor, 2018.

Conforme tabela 44 a variação da tabela foi maior do que a inflação, porém o maior

custo deste índice é mão de obra, que teve o aumento mínimo de 318%, comprovando a

defasagem do item.

B. Escavação mecanizada:

Tabela 45 - Custos da escavação mecanizada

Fonte: do autor, 2018.

Grande parte do custo de uma obra de saneamento é o custo dos equipamentos

pesados que demandam grandes custos de aquisição ou locação, além da alta manutenção e

custo de mão de obra especializada. Comprova-se na tabela 45 que em 13 anos houve um ajuste

de 72,9% no valor pago, bem abaixo da inflação no período e do aumento da mão de obra.

C. Forma de madeira comum:

Tabela 46 - Custos forma de madeira

Fonte: do autor, 2018.

Este item da tabela 46 sofreu um reajuste de apenas 53,5% em 13 anos, pouco mais

da metade da inflação neste período. Também existem problemas de composição de custos,

além da grande variação do seu custo dependendo do local de execução da obra.

jan/05 var (%) mai/06 var (%) mai/07 var (%) out/08 var (%) dez/09 var (%)

11,12R$ 28,6% 14,30R$ 0,0% 14,30R$ 3,6% 14,82R$ 8,2% 16,04R$ 15,9%

dez/11 var (%) dez/12 var (%) mar/14 var (%) abr/16 Total IGP-M S.M.

18,59R$ 15,0% 21,37R$ 28,0% 27,35R$ 0,0% 27,35R$ 146,0% 100,58% 318%

ESCAVAÇÃO MANUAL DE ÁREAS, VALAS,

POÇOS E CAVAS EM SOLO NÃO

ROCHOSO,COM PROFUND. ATÉ 1,25 M

jan/05 var (%) mai/06 var (%) mai/07 var (%) out/08 var (%) dez/09 var (%)

2,10R$ 21,4% 2,55R$ 3,1% 2,63R$ 0,4% 2,64R$ 1,9% 2,69R$ 15,6%

dez/11 var (%) dez/12 var (%) mar/14 var (%) abr/16 Total IGP-M S.M.

3,11R$ 3,2% 3,21R$ 13,1% 3,63R$ 0,0% 3,63R$ 72,9% 100,58% 318%

ESCAVAÇÃO MECANIZADA DE VALAS,

POÇOS E CAVAS EM SOLO NÃO

ROCHOSO, COM PROFUND DE ATÉ 1,25 M

jan/05 var (%) mai/06 var (%) mai/07 var (%) out/08 var (%) dez/09 var (%)

28,75R$ -7,2% 26,67R$ 8,3% 28,89R$ 2,9% 29,73R$ 5,2% 31,29R$ 15,8%

dez/11 var (%) dez/12 var (%) mar/14 var (%) abr/16 Total IGP-M S.M.

36,24R$ 9,4% 39,66R$ 11,3% 44,13R$ 0,0% 44,13R$ 53,5% 100,58% 318%

FORMA DE MADEIRA COMUM m²

Page 84: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

79

D. Aço CA50:

Tabela 47 - Custo Aço CA50

Fonte: do autor, 2018.

Na tabela 47 foi feito comparativo do aço, no qual é compreendido tanto o

fornecimento do aço, bem como a dobra, o corte e a colocação nas formas. Da mesma maneira

o ajuste é muito menor do que os índices comparativos, apenas 76,3% contra 100,58% de

inflação e 318% de mão de obra.

E. Concreto FCK 20 MPa:

Tabela 48 - Custo Cocnreto

Fonte: do autor, 2018.

O concreto estrutural considerado é o comprado de usina de concreto, e foi usado

como exemplificação a resistência 20Mpa, tabela 48. Verificou-se que em 13 anos o reajuste

deste serviço pelo órgão público foi de 47,6%, menor que a inflação medida no período, de

100,58%.

F. Concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ):

Tabela 49 - Custo CAUQ

Fonte: do autor, 2018.

O serviço da tabela 49, foi um dos únicos itens a ser renovado da tabela 2014 para

2016, sendo que foi convertido de metro cúbico para tonelada, converteu-se a unidade dividindo

pela densidade de 2,45t/m³.

Embora tenha ocorrido houve um reajuste entre 2014 e 2018, em orçamentos da

empresa analisada, verifica-se que o CAUQ tem valor aproximado de R$320/m³ ou seja

R$130,61/t, somente da massa, sem contar os custos de equipamentos, mão de obra e o BDI.

jan/05 var (%) mai/06 var (%) mai/07 var (%) out/08 var (%) dez/09 var (%)

4,05R$ 12,3% 4,55R$ 4,0% 4,73R$ 18,4% 5,60R$ 5,2% 5,89R$ 15,8%

dez/11 var (%) dez/12 var (%) mar/14 var (%) abr/16 Total IGP-M S.M.

6,82R$ 4,7% 7,14R$ 0,0% 7,14R$ 0,0% 7,14R$ 76,3% 100,58% 318%

KgAÇO CA-50

jan/05 var (%) mai/06 var (%) mai/07 var (%) out/08 var (%) dez/09 var (%)

193,73R$ 5,5% 204,46R$ 2,0% 208,46R$ 12,9% 235,45R$ 3,6% 243,94R$ 15,8%

dez/11 var (%) dez/12 var (%) mar/14 var (%) abr/16 Total IGP-M S.M.

282,60R$ 1,0% 285,47R$ 0,1% 285,87R$ 0,0% 285,87R$ 47,6% 100,58% 318%

CONCRETO ESTRUTURAL, FCK = 20,0 MPA m³

jan/05 var (%) mai/06 var (%) mai/07 var (%) out/08 var (%) dez/09 var (%)

173,27R$ 2,2% 177,16R$ 3,5% 183,31R$ 0,2% 183,63R$ 5,8% 194,25R$ 15,8%

dez/11 var (%) dez/12 var (%) mar/14 var (%) abr/16 Total IGP-M S.M.

225,03R$ 0,2% 225,49R$ 0,3% 226,12R$ 28,1% 289,76R$ 67,2% 100,58% 318%

EXECUÇÃO DE CAUQ EM VALA COM

LARGURA <= 2,00 M* (100305)t

Page 85: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

80

Em algumas obras é o item determinante, o que acarreta muitas vezes na inexequibilidade do

contrato licitado.

4.5 ANÁLISE CRÍTICA

Esta pesquisa foi baseada no estudo de caso de uma empresa, utilizando seus custos

e faturamentos anuais médios para a realização dos cálculos e análises do Trabalho de

Conclusão de Curso. Esses valores foram ora estimados, ora informados de acordo com estudos

do Tribunal de Contas da União, ou ainda, obtidos da experiência da diretoria da empresa e

livro de registros. Isso permitiu obter resultados bastante coerentes com a realidade apresentada

no âmbito de empresas do mesmo segmento da empresa estudada.

Os serviços aqui criticados e analisados foram selecionados por serem itens

presentes nas obras de manutenção e de produção, por estarem com o preço bastante defasados

em relação a realidade de mercado, por terem composições do órgão público inadequadas e por

estarem em destaque nas curvas ABCs das obras analisadas.

O faturamento das empresas prestadoras de serviços em obras de produção e de

manutenção está sujeito à composição de custos elaboradas pelo órgão público responsável pela

contração. As obras de manutenção não possuem projetos inicias, são obras pequenas

executadas em diversos locais muitas vezes distantes entre si e distantes da sede o que exige

deslocamentos constantes na área de abrangência do contrato, cada pequena obra é originária

de ordens de serviços (OS) parciais, as vezes emergenciais que dificultam o planejamento e a

montagem das diversas equipes e equipamentos para o atendimento destas OS.

Sendo assim, obras de manutenção são diferentes das de produção no que diz

respeito ao deslocamento, mobilizações e desmobilizações, uma vez que as dinâmicas de

trabalho de ambas exigem produtividades diferentes. As compras dos diversos materiais

necessários também sofrem com a dificuldade de planejamento, a guarda dos mesmos e

quantificação dos mesmos pois cada serviço pode conter suas diferentes necessidades. Por isto

questiona-se: Onde, nas composições, são pagos os custos de combustíveis dos veículos e

equipamentos e o mais importante, da mão de obra improdutiva apenas se deslocando? Onde

são pagos os custos advindos das dificuldades aqui apresentadas? Essa discrepância, ao não ser

considerada pelas tabelas de composição de custo, causam prejuízos, pois a diferença nos

valores não é repassada às empresas contratadas que acabam tendo seu BDI onerado por estes

custos.

O planejamento, ou a falta dele, também foi registrado como fator preponderante

Page 86: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

81

no sucesso financeiro de uma obra, sendo demonstrado que todos os itens de uma planilha de

preços de licitação devem ser orçados com fornecedores nas proximidades dos locais de

execução das obras. As curvas ABCs das obras demonstraram isto também, pois itens que estão

na parte C da curva, que muitas vezes não são orçados, podem ter o seu preço tão defasado que

irão causar grandes perdas financeiras.

Foram encontradas divergências entre as fontes das composições, pois estas são

mensuradas com base em estatísticas, algumas das composições não levam em conta a

dificuldade e a variabilidade que o serviço pode ter, como o local de aplicação, a quantidade, o

tipo da obra (produção ou manutenção).

Quanto ao estudo da variação da tabela de preços do órgão público analisado,

ressalta-se que no período de 2005 a 2018 o Brasil passou por algumas mudanças políticas e

econômicas, bem como algumas crises e grande variação de inflação, porém verifica-se que as

tabelas de custos não sofreram um estudo por parte do órgão público, tendo inclusive reajuste

zero em alguns períodos, desde 2014 não há reajuste dos custos na grande maioria dos serviços,

demonstrando a falta de preocupação do órgão com as empresas prestadoras de bons serviços.

É necessária uma análise mais profunda para encontrar as causas, pois possivelmente o

problema maior não é somente o aumento dos valores tabelados, mas sim de suas composições

unitárias.

Quanto ao BDI, foi demonstrado que não está correta a interpretação do TCU com

os índices próximos a 25%, bem como sem Imposto de Renda e a CSLL, o BDI deve

compreender sim estes impostos e variar de acordo com o valor total da obra. Fica a indagação,

onde são absorvidos estes custos das empresas executoras das obras que não são compreendidos

pelo BDI?

Observa-se também que a composição do BDI atualmente não contempla o

Engenheiro de obras por resolução do TCU, este Engenheiro deveria estar presente na

administração local da obra, por experiência da empresa sabe-se que as planilhas de licitação

pouco contemplam o profissional, algumas obras de 6 meses pagam apenas 0,4 meses de

Engenheiro. A importância do profissional extrapola a execução da obra, numa obra de

manutenção por exemplo, ele é fundamental na logística da obra e nas medições diárias.

Uma empresa consegue executar uma obra com prejuízo? Qual a razão de um órgão

público não remunerar adequadamente seus prestadores de serviço? No que isto impacta a

qualidade do serviço bem como a sociedade?

Page 87: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

82

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se afirmar que o estudo de custos e de BDI é de fundamental conhecimento

para o Engenheiro Civil, pois os valores das obras executadas são grandes, podendo um

pequeno erro ou esquecimento ocasionar grandes prejuízos para uma empresa e até levar a

falência. As empresas devem trabalhar em prol de obras com qualidade e para obter um lucro

justo, remunerando assim seus colaboradores e sócios e sempre que possível, permitindo que

estas possam investir nesta importante área da indústria nacional.

No trabalho foram identificadas as diferenças entre obras de manutenção e de

produção, foi estimado o BDI da empresa e feita a análise de evolução de preços do órgão

público.

Toda licitação de uma empresa pública parte de um projeto e depois de uma planilha

de quantitativos e preços unitários. Sabe-se que o órgão público deve seguir leis rigorosas para

licitar, portanto os preços máximos que não podem ser ultrapassados são uma realidade nos

orçamentos da maioria dos editais. Porém ficou demonstrado que isso interfere na liberdade das

empresas interessadas, limitando um estudo maior pela equipe técnica da empresa na busca de

um valor mais adequado para os serviços a serem executados. Será que o menor preço de uma

obra é o melhor para a sociedade que irá usufruir do bem público? Importante seria estudar uma

nova forma de licitar, em que a técnica e os preços tivessem igual importância.

5.1 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se que estudos futuros realizem o acompanhamento de uma obra,

durante sua execução, para retirar os índices dos serviços e fazer as composições reais e

comparar com as composições das bibliografias disponíveis.

Page 88: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

83

REFERÊNCIAS

BERNARDINO, Adyla Albuquerque. Conceituação, finalidades e princípios da licitação

- Lei 8666/93. Disponível em:

<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7547/conceituacao-finalidades-e-principios-da-

licitacao-lei-8666-93>.Acesso em: 16 out 2017.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Obras públicas. 4ed. Brasil: TCU, 2014.

______. Tribunal de Contas da União. Acórdão 2622/2013. Plenário. Relator: Ministro

Augusto Nardes. Sessão de 21/10/2015. Disponível

em:<https://auditoriadeengenharia.com/2013/10/16/novos-parametros-de-referencia-para-os-

bdis-de-obras-publicas-executadas-com-verbas-federais-o-acordao-26222013-tcu-

plenario/>. Acesso em: 5 nov. 2017.

______.Lei nº 8.666 de 21 julho 1993: Disponível

em:<http://www.comprasnet.gov.br/legislacao/leis/lei8666.pdf#search='Lei%208.666>.

Acesso em: 16 out 2017.

COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS. Tratamento da água. Figura disponível

em:<http://www.copasa.com.br/wps/wcm/connect/7d4106c2-c134-4deb-8e24-

09d0940b36fc/captacao_01.jpg?MOD=AJPERES&CACHEID=7d4106c2-c134-4deb-8e24-

09d0940b36fc>. Acesso em: 15 out 2017.

COMPANHIA CATARINENS DE ÁGUAS E SANEAMENTO. Tabela de preços

_ABRIL_2016_ Sem DesoneraçãoTabela disponível em:< https://www.casan.com.br/menu-

conteudo/index/url/regulamentacao-de-precos-e-criterios-de-medicao#426>. Acesso em: 18 maio 2018.

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO. BDI: bonificação ou benefício e despesas indiretas. ES, 2008.

DIAS, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de custos: novo conceito de BDI. 4ª ed. Rio de

Janeiro:IBEC, 2012.

DIAS, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de custos. Disponível em:

<https://www.institutodeengenharia.org.br/Biblioteca/CapaLivros/Engenharia%20de%20cus

tos.pdf> Acesso em: 30 out 2017.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

p.184.

HUBAIDE, Eduardo Jorge. Estudo do BDI sobre obras empreitadas. Uberlândia,

2012.p10. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/14160/1/diss.pdf>. Acesso em: 5 nov 2017.

JUSBRASIL. LEI 5194/66 | Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Brasil, 1966.

Disponível em <https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/126777/lei-5194-66#art-

1>Acesso em 18 jun 2018.

Page 89: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

84

TISAKA, Maçahico. Orçamento na construção civil. 1. ed. São Paulo: PINI, 2006. p.101.

LICITAÇÃO.NET. Limites por valor e modalidade de pregão: Disponível em:

<https://www.licitacao.net/valores.asp> Acesso em: 16 out 2017.

LOPES, Oscar Ciro Lopes et al. Orçamento de obras. Florianópolis: UNISUL, 2003.

MACHADO, Cristiane Salvan et al. Trabalhos acadêmicos na Unisul: apresentação

gráfica. 2. ed. rev. e atual. Palhoça: Ed. Unisul, 2013.

MATTOS, Aldo Doréa. Como preparar Orçamentos de obras. São Paulo: Editora Pini,

2006.

MUTTI, Cristine do Nascimento. Administração da construção Ecv 5307. Florianópolis:

Apostila, 2008.

MUTTI, Cristine do Nascimento. Guia prático para Trabalho de Conclusão de Curso em

Construção Civil. Florianópolis: Secco, 2008.

OLIVEIRA, Thiago. Como calcular o BDI. Disponível em:

<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/95/especial-obras-publicas-como-

calcular-o-bdi-281833-1.aspx> Acesso em: 1 out 2017.

PLANALTO PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Portal Planalto. Disponível em:

<http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/noticias/2016/08/construcao-civil-

emprega-13-milhoes-de-pessoas-no-pais>. Acesso em 7 out. 2017.

PLANALTO PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Portal Planalto. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/lcp/lcp123.htm >. Acesso em 23 maio. 2018.

ROCHA, Ariane Araújo; CASTRO, Nara Linhares Borges de.A Importância do

Planejamento na Construção Civil. Techoje. 2014. Disponível em:

<http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1773>. Acesso em 8 out

de 2017.

RODRIGUES, Francesca; Curva ABC: o que é e como usar? Asseinfo. Disponível em:

https://asseinfo.com.br/blog/curva-abc/. Acesso em 14 jun de 2018.

SINAPI. Produção de concreto. 2017. Disponível para download em:

< http://www.caixa.gov.br/Downloads/sinapi-a-partir-jul-2009-

sc/SINAPI_ref_Insumos_Composicoes_SC_032018_NaoDesonerado.zip>.

Acesso em: 8 maio 2018.

SILVA, Mozart Bezerra da. Manual de BDI. São Paulo:Blucher, 2006.

TCPO PINI (acesso pago). Concreto preparado na obra C20 S50, controle "A".

Disponível em: <http://tcpoweb.pini.com.br>. Acesso em: 22 out 2017.

TCPO. Tabela de composições de preços e orçamentos. 13ed.São Paulo: PINI, 2003.

Page 90: ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E PREÇOS DE OBRAS EM …

85

TISAKA, Maçahico. Metodologia de cálculo da taxa do BDI e custos diretos para a

elaboração do orçamento na construção civil. São Paulo: PINI, 2009.

TOBAR, Bárbara de Franco. Análise e elaboração de orçamentos para obras de

construção pesada. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de São

Carlos, São Carlos, 2009. Disponível

em:<http://www.deciv.ufscar.br/tcc/wa_files/TCC2009-barbara.pdf>. Acesso em: 5 nov

2017.

TRATA BRASIL. Situação do saneamento no Brasil. Disponível em:

<http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil>. Acesso em: 15 out 2017