analise termica - themal analysis - giolito

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Thermal analysis textbook

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Page 1: analise termica - themal analysis - Giolito
Page 2: analise termica - themal analysis - Giolito

Princípios Básicos da Termogravimetria e

Análise Térmica Diferencial/ Calorimetria

Exploratória Diferencial

Page 3: analise termica - themal analysis - Giolito

Prefácio

A Análise Térmica foi introduzida no Brasil pelo Prof.

Ernesto Giesbrecht, no início da década de 60, e em

colaboração com os professores Ivo Giolito, Geraldo Vicentini,

Madeleine Perrier, Lea Barbieri e Wesley W. Wendlandt

publicaram uma série de artigos sobre a decomposição térmica

de selenatos e selenitos de terras raras.

A divulgação das técnicas termoanalíticas sem sombra de

dúvida foi fruto do trabalho pioneiro do Prof. Dr. Ivo Giolito, e

iniciou-se com Conferências, Palestras e Cursos em vários

estados brasileiros, ocasião e que difundiu os princípios e as

potencialidades dessas técnicas. Ministrou o primeiro curso em

nível de Pós Graduação que se tem notícia “Métodos

Termoanalíticos de Investigação I e II” no Instituto de Química

da Universidade de São Paulo, SP, a partir do ano de 1974,

além de orientação de Doutores cuja pesquisa focalizavam

centralmente interpretações de dados termoanalíticos,

culminaram com a consolidação da Análise Térmica no Brasil.

Fazia parte de seus planos e com alta prioridade publicar um

livro sobre Análise Térmica. Aliás, conforme descrito em seu

Memorial (1990): “Sempre acreditei e continuo acreditando na

grande utilidade de livros em Português no Brasil para auxiliar o

aprendizado em Cursos de graduação e de Pós Graduação”. A

Morte prematura do grande Mestre Ivo Giolito em 20/11/1992,

impediu que mais essa empreitada fosse concluída”.

2

Page 4: analise termica - themal analysis - Giolito

Como primeiro doutorando, aliado a mais de duas

décadas de trabalhos em colaboração e de amizade, do

conhecimento adquirido nesses anos de convivência é que

permitiram dar continuidade ao seu trabalho. Nesse sentido,

para concretizar um de seus planos com alta prioridade, é que

determinou a publicação deste livro.

O objetivo do mesmo é fornecer os fundamentos das

técnicas mais amplamente difundidas e utilizadas, isto é a

Termogravimetria (TG) Análise Térmica Diferencial (DTA) e a

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).

Finalmente, meus sinceros agradecimentos aos professores

Doutores: Nedja Suely Fernandes e Marco Aurélio da Silva

Carvalho Filho (Nerso), que iniciaram o trabalho de digitação

desta obra.

Ao Mestre e Doutorando Elias Yuki Ionashiro, que

transformou o manuscrito neste livro, o meu sincero

agradecimento.

Araraquara, Setembro de 2004.

Massao Ionashiro

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Page 5: analise termica - themal analysis - Giolito

Índice Analítico:

1. INTRODUÇÃO:.............................................................................................................. 6

1.2. Referências Bibliográficas: ................................................................................ 8

1.3. Bibliografia............................................................................................................. 9

2. TERMOGRAVIMETRIA:............................................................................................ 10

2.1. INTRODUÇÃO: ORIGENS E FUNDAMENTOS: ........................................ 10

2.2. TERMOBALANÇAS MODERNAS................................................................... 13

2.3. FATORES QUE AFETAM AS CURVAS TG ................................................. 15

2.3.1. FATORES EXPERIMENTAIS ................................................................... 16

2.3.2. FATORES LIGADOS ÀS CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA. .... 20

2.4. CAUSAS DE ERRO NA TERMOGRAVIMETRIA. ...................................... 23

2.5. TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA .............................................................. 25

2.5.1. Vantagens da Termogravimetria Derivada. ....................................... 27

2.5.2. Aplicações da termogravimetria. ........................................................... 27

2.6. Referências Bibliográficas: .............................................................................. 28

2.7. Exercícios: ............................................................................................................ 29

3. Análise Térmica Diferencial (DTA) e Calorimetria Exploratória

Diferencial (DSC)............................................................................................................. 44

3.1. Introdução:........................................................................................................... 44

3.2. Aspecto Histórico ............................................................................................... 45

3.3. Instrumentação .................................................................................................. 48

3.4. Estudo teórico das curvas DTA ..................................................................... 48

3.5. Fatores que afetam as curvas DTA .............................................................. 57

3.6. Influência do suporte de amostra. ............................................................... 63

3.6.1. Geometria do suporte de amostras...................................................... 64

3.6.2. Razão de aquecimento.............................................................................. 65

3.6.3. Natureza e Localização dos Termopares. ........................................... 66

3.6.4. Escolha da Substância Inerte................................................................ 67

4

Page 6: analise termica - themal analysis - Giolito

3.7.5. Efeito da compactação. ....................................................................................68

3.6.6. Efeito da colocação da tampa sobre o orifício do suporte de

amostras.................................................................................................................... 69

3.6.7. Influência da composição da atmosfera do forno............................ 69

3.6.8. Tamanho das Partículas.......................................................................... 70

3.7. Aplicação da Análise Térmica Diferencial .................................................. 70

3.7.1. Aplicações da Análise Térmica em Química...................................... 73

3.8. Diferenças entre DTA e DSC .......................................................................... 74

3.8.1.Diferença Básica nos instrumentos DSC e DTA com fluxo de

calor. ........................................................................................................................... 76

3.9. Referências ........................................................................................................... 78

4. Interpretação de curvas: TG/DTG, TG e DTA, TG e DSC ou TG-DTA. .... 80

mi = 20,05 mg .................................................................................................................. 80

La2(SeO3)3.3H2O .............................................................................................................. 81

Yb2(SeO3)3. 3 H2O ........................................................................................................... 84

Mg (C9H6ON)2.2H2O........................................................................................................ 87

Na curva TG/DTG .......................................................................................................... 89

5

Page 7: analise termica - themal analysis - Giolito

1. INTRODUÇÃO:

Ao se estudar o desenvolvimento dos métodos termoanalíticos,

chama a atenção o fato desta evolução ter sido lenta, embora os

fundamentos teóricos já se encontrassem solidamente estabelecidos desde

os fins do século XIX (Termodinâmica Clássica), só se acelerando a partir

da segunda metade do século XX.

As técnicas termoanalíticas começaram a ser inventadas e estudadas

desde o início do século passado; os trabalhos iniciais foram resultado do

esforço isolado de alguns grupos de pesquisadores que empregavam a

instrumentação rudimentar idealizada e construída em seus próprios

laboratórios.

Como já mencionado a partir da segunda metade do século passado

à instrumentação termoanalítica evoluiu extraordinariamente em virtude

de vários fatores, dentre os quais se destacam como os mais importantes:

a) de um lado os progressos globais da ciência e da tecnologia que

permitiram o aperfeiçoamento contínuo da instrumentação básica, b) de

outro, a redescoberta das potencialidades de aplicação desses métodos nos

mais variados setores científicos, tecnológicos e de produção de bens de

consumo.

Nos dias atuais a instrumentação termoanalítica atingiu

elevadíssimo grau de sofisticação, popularizou-se em função de uma

aplicação prática crescente e vem sendo encarada como importante

ferramenta de trabalho em todos os setores de vanguarda que se dedicam

à pesquisa, ao desenvolvimento de novos produtos e ao controle de

qualidade da produção.

Nos sistemas termoanalíticos a amostra é colocada em um ambiente

cuja temperatura é controlada por um dispositivo programador e suas

alterações são monitoradas através de um transdutor adequado que

produz um sinal elétrico de saída análogos à transformação ocorrida. Este

6

Page 8: analise termica - themal analysis - Giolito

sinal de saída após a amplificação adequada é aplicado a um

instrumento de leitura.

O programador de temperatura pode ser ajustado para manter

constante a temperatura da amostra (operação isotérmica) ou pode ser

ajustado para fazer com que a sua temperatura varie linearmente com o

tempo; a razão de aquecimento pode e deve ser ajustada de acordo com as

peculiaridades próprias das transformações que a amostra deverá sofrer.

A definição aceita de Análise Térmica, como dada por Mackenzie [1] e

a Confederação Internacional de Análise Térmica e Calorimetria (ICTAC) é:

“Um grupo de técnicas nas quais uma propriedade física de uma

substância e/ou seus produtos de reação é medida como função da

temperatura, enquanto a substância é submetida a um programa

controlado de temperatura” [2,3]. Esta definição implica que uma técnica

térmica para que possa ser considerada como termoanalítica, três critérios

devem ser satisfeitos: 1- Uma propriedade física tem que ser medida, 2-A

medida deve ser expressa (direta ou indiretamente) como função da

temperatura, 3- A medida tem que ser feita sob um programa controlado

de temperatura.

Dentre as técnicas difundidas e utilizadas são: Termogravimetria,

Termogravimetria Derivada (TG, DTG), Análise Térmica Diferencial (DTA),

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), Detecção de gás desprendido

(EGA), Análise termomecânica (TMA), etc. Estas técnicas permitem obter

informações com respeito à: variação de massa, estabilidade térmica; água

livre e; água ligada; pureza, ponto de fusão, ponto de ebulição, calores de

transição, calores específicos, diagramas de fase, cinética da reação,

estudos de catalisadores, transições vítreas, etc.

Como bem assinala Garn no prefácio de seu livro: O tópico geral das

investigações termoanalíticas é verdadeiramente interdisciplinar, sendo

útil em vários setores científicos e tecnológicos, dentre os quais se

destacam:

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Page 9: analise termica - themal analysis - Giolito

Ciências naturais: Química, Metalurgia, Cerâmica.

Geociências: Geologia, Mineralogia, e Oceanografia. Ciências Biológicas:

Botânica, Agronomia, Ecologia, Tecnologia em Química e Tecnologia de

Alimentos. Ciências Forenses: Ciência Legal e Criminalística.

Exemplos dos tipos de técnicas de análise térmica utilizadas e suas

aplicações a numerosas áreas de pesquisa foram publicados por

Wendlandt [4] e Lyptay [5]. As técnicas mais amplamente difundidas e

utilizadas são TG e DTA seguida de DSC e TMA.

O campo da Análise Térmica tem crescido muito e seu crescimento

pode ser avaliado pelo numero de publicações que aparecem na literatura.

Antes de 1960-1970 os trabalhos em análise térmica eram publicados em

um grande número de periódicos científicos internacionais. No ano de

1969, em Budapeste, Hungria, foi fundada por Buzagh e Simon como

editores, o Journal of Thermal Analysis, que a partir de 1998 passou a se

chamar Journal of Thermal Analysis and Calorimetry. E em 1970 foi

fundada por Wendlandt o Thermochimica Acta, sendo estes periódicos

editados mensalmente e quinzenalmente respectivamente.

1.2. Referências Bibliográficas:

1. Mackenzie, R.C., Thermochim. Acta, 28, 1 (1979)

2. Ionashiro, M.; Giolito, I. Cerâmica, 26 (121) 17 (1980)

3. Giolito, I.; Ionashiro, M. Cerâmica, 34 (225) 163 (1988)

4. Wendlandt, W. W., Thermochim Acta, 36, 393 (1980)

5. Liptay, G., J. Thermal Anal.,25, 235 (1982).

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1.3. Bibliografia.

1. Duval, C., Inorganic Thermogravimetric Analysis, 2ª Ed. Revised

edition, Elselvier (1963)

2. Wendlandt, W.W., Thermal Analysis, John Willer & Sons (1986)

3. Garn, P. D., Thermoanalytical Methods of Investigation, Academic

Press (1965)

4. Mackenzie, R. C, Ed. Differential Thermal Analysis, Academic

Press (1970).

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Page 11: analise termica - themal analysis - Giolito

2. TERMOGRAVIMETRIA:

2.1. INTRODUÇÃO: ORIGENS E FUNDAMENTOS:

Datam de muitos anos as tentativas para se chegar a um

conhecimento detalhado sobre as alterações que o aquecimento pode

provocar na massa das substâncias, a fim de se poder estabelecer a faixa

de temperatura em que se começa a decompor, bem como para se seguir o

andamento de reações de desidratação, oxidação decomposição, etc. Neste

sentido, desde o início do século passado, inúmeros pesquisadores se

empenharam na laboriosa construção, ponto a ponto das curvas de perda

de massa em função da temperatura, aquecendo as amostras até uma

dada temperatura e a seguir, após o resfriamento, pesando-as em

balanças analíticas.

Esta técnica, muito demorada e trabalhosa, foi pela 1º vez utilizada

por P. Tuchot, em 1907, no levantamento das curvas de decomposição

térmica de piritas [1].

Em 1912, G, Urbain e C. Boulanger construíram uma balança

dotada de compensação eletromagnética para acompanhar a eflorescência

de sais hidratados. [2]

A primeira termobalança foi sem dúvida o instrumento descrito pelo

pesquisador japonês Kotara Honda, em 1915, tendo sido também o criador

da palavra termobalança. Este instrumento idealizado e construído por ele,

foi empregado para estudar as curvas de decomposição térmica do sulfato

manganoso (MnSO4.4H2O), do gesso (CaSO4.2H2O) e do anidrido crômico

(CrO3)

O trabalho de Honda deitou as bases de todos os trabalhos futuros

em termogravimetria, pois a sua balança permitiu pela primeira vez a

pesagem contínua da amostra a medida em que ia sendo aquecida. Além

disso, empregava sistemas de aquecimento quase isotérmicos, pois, além

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Page 12: analise termica - themal analysis - Giolito

de usar uma razão de aquecimento bastante lenta (10-14 horas para

atingir 1000ºC), tão logo se iniciasse uma transição com perda de massa,

mantinha a temperatura constante até a transição se completar (cerca de

1-4 horas).

Como cita Wendlandt [4], Honda concluiu modestamente este

trabalho escrevendo:

“Todos os resultados relatados não são totalmente originais; este

trabalho com a termobalança revelou, todavia, as posições exatas de

mudança de estruturas, bem como a velocidade com que se processaram

nas respectivas temperaturas em que ocorreram. Estas investigações

demonstram também a grande conveniência em se utilizar esta balança

em investigações químicas similares”.

Posteriormente, outros pesquisadores japoneses modificaram a

termobalança de Honda e desenvolveram outros instrumentos. Entre 1920

e 1926, H. Saito [5], fez algumas modificações no instrumento de Honda.

Obtendo a seguir, cerca de 200 curvas TG, principalmente de Sulfetos e

óxidos naturais.

Em 1928, Shibata (que havia trabalhado previamente, alguns anos

no laboratório de Urbain na França) e M. Fukushima [6], trasformaram a

termobalança de Honda em um aparelho registrador do tipo nulo, ou seja,

com compensação de zero.

Em seqüência, Honda e colaboradores (Honda liderou a escola

japonesa até a data do seu falecimento ocorrido em 1954) prosseguiram

estudando as curvas TG de inúmeros precipitados. Este estudo

sistemático, que apresentou grande interesse prático, foi mais tarde

completado por C. Duval e colaboradores.

A escola francesa que se dedicou ao estudo da termogravimetria foi

iniciada em 1923, por Marcel Guichard. Aparentemente, Guichard não

teve conhecimento dos trabalhos de Honda; por outro lado, nunca

pretendeu ser considerado o inventor da termogravimetria. Neste ano,

Guichard iniciou uma série de estudos cujo principal objetivo era o de

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Page 13: analise termica - themal analysis - Giolito

tornar possível uma elevação linear da temperatura em função do

tempo. Na termobalança que construiu, o aquecimento do forno era feito

através de um bico de Bunsen, cuja válvula era progressivamente aberta

através de um engenhoso dispositivo hidrostático que impulsionava a bóia.

Igualmente engenhosa era a maneira pela qual a balança detectava

as variações de massa: pequenos volumes de óleo eram adicionados a um

tubo em U, de modo a compensar exatamente as perdas de massa (9 mL

de óleo correspondem a 100 mg).

A partir de 1926, Guichard passou a utilizar fornos aquecidos

eletricamente e tentar obter curvas TG em atmosferas constituídas por

diferentes gases.

A seguir foram surgindo vários outros trabalhos publicados por

pesquisadores filiados à sua escola.

Em 1934 Rigolet (em uma tese destinada a obter diploma de Estudos

Superiores em Paris), introduziu a idéia de inverter a posição do forno,

colocando-o sobre a amostra com a sua abertura voltada para baixo, a fim

de diminuir os inconvenientes provocados pelas correntes de convecção.

Em 1935, P. Vallet [8], iniciou o estudo detalhado e sistemático

sobre a influência de vários fatores, tais como: razão de aquecimento,

forma do cadinho, velocidade de liberação e natureza dos compostos

gasosos liberados durante as reações de decomposição. Logo no inicio

destes estudos, empregando amostras de CuSO4.5H2O, conseguiu obter

aquecimentos por meio de reostato acionado hidraulicamente,

rigorosamente lineares entre 20 e 600ºC, a razão de 8,33 ºC h-1, sendo,

portanto, necessário 3 dias para ser atingida a temperatura de 600ºC.

P. Dubois [9], trabalhando nos laboratórios de Guichard, introduziu

inúmeros aperfeiçoamentos, inclusive o registro fotográfico das curvas TG.

Em 1936, Pierre Chevenard [10] iniciou seus estudos sobre a

construção de uma termobalança que não apresentasse as falhas que já

haviam sido observados nos instrumentos até então descritos. A II Guerra

Mundial retardou muita a publicação dos resultados destas pesquisas, que

12

Page 14: analise termica - themal analysis - Giolito

só puderam ser publicadas em 1944. No ano seguinte foi lançado no

mercado o 1º instrumento Chevenard, com registro fotográfico das curvas

TG. Neste modelo inicial, o aquecimento não era ainda rigorosamente

linear. Em 1953, surgiu o modelo Chevenard TBM/A.D.A.M.E. construído

na Suíça, com cilindro vertical e pena inscritora acionada através de um

complicado, mas eficiente mecanismo fotoelétrico.

Dois outros marcos significativos no desenvolvimento da

Termogravimetria moderna ocorreram em 1958 e em 1964. Em 1958, F

Paulik e colaboradores [11] descreveram um instrumento multifuncional

capaz de registrar simultaneamente curvas TG DTG e DTA que

denominaram Derivatograph.

Em 1964, H. G. Wiedemann [12], descreveu o sistema

termoanalisador Mettler que era capaz de registrar simultaneamente as

curvas TG, DTG, DTA e T vs t, em atmosferas estáticas ou dinâmicas ou

ainda sob vácuo.

2.2. TERMOBALANÇAS MODERNAS

As termobalanças são instrumentos que permitem a pesagem

contínua de uma amostra em função da temperatura, ou seja, a medida

em que ela é aquecida ou resfriada.

As curvas de variação de massa (em geral perda, mais raramente

ganho de massa) em função da temperatura, permite tirar conclusões

sobre a estabilidade térmica da amostra, sobre a composição e estabilidade

dos compostos intermediários e sobre a composição de resíduo.

Os componentes fundamentais das termobalanças modernas são:

balança registradora, forno, suporte de amostra e sensor de temperatura,

programador da temperatura do forno, sistema registrador e controle da

atmosfera do forno.

13

Page 15: analise termica - themal analysis - Giolito

A temperatura do forno e/ou da amostra são determinados por

meio de um par termoelétrico, ou, mais raramente através de um

termômetro de resistência. A localização do sensor de temperatura é

crítica, devendo estar o mais próximo possível da amostra.

Com relação à balança, grande parte dos aparelhos comerciais

utiliza um dos modelos de balança elétrica da Cahn Instruments Co, por

se tratar de balanças exatas, reprodutíveis e de custo relativamente baixo.

As balanças Cahn se baseiam no princípio da “Balança de nulo”. Elas

operam continuamente em equilíbrio, pois os eventuais deslocamentos do

travessão são detectados por um arranjo: feixe luminoso –anteparo-

fotoválvula e o equilíbrio restabelecido através da força de um motor de

torque magnético.

Outros sistemas utilizam balanças do tipo de deflexão de espirais ou

feixes, cujos deslocamentos são acusados por um transformador

diferencial de tensão linear (LVDT) ou outros transdutores.

Os fornos via de regra, são construídos para operar até temperaturas

de 100-1200ºC, sendo também disponíveis, fornos que podem ser

utilizados até 1600ºC ou mesmo 2400ºC.

O suporte de amostra deve ser escolhido de acordo com a amostra e

a temperatura máxima em que ela deverá ser aquecida, e sua forma

geométrica vai depender de fatores que serão discutidos mais adiante. Os

materiais que costumam ser utilizados na construção de suportes de

amostra são: platina, tungstênio, níquel, alumínio, quartzo, alumina,

grafite, etc.

Os sistemas de registro, atualmente utilizados são através de

computadores.

Os instrumentos atuais permitem controlar a atmosfera que

circunda a amostra, permitindo que se trabalhe com atmosferas estáticas

ou dinâmicas a pressão ambiente ou sob pressão reduzida.

14

Page 16: analise termica - themal analysis - Giolito

2.3. FATORES QUE AFETAM AS CURVAS TG

Os fatores que podem influenciar o aspecto das curvas TG,

pertencem a dois grandes grupos: Fatores instrumentais e fatores ligados

às características da amostra.

Fatores instrumentais: Razão de aquecimento do forno, atmosfera

do forno, geometria do suporte de amostras e do forno.

Características da amostra: Tamanho de partículas quantidade de

amostra, solubilidade dos gases liberados na própria amostra, calor de

reação, compactação da amostra, natureza da amostra, condutividade

térmica da amostra.

O conhecimento detalhado por parte do operador, da ação destes

fatores é muito importante, pois permite tirar o máximo de proveito das

curvas obtidas.

Convém salientar que muitos fatores acima mencionados ainda

continuam sendo estudados, porque se de um lado boa parte deles é

constante para uma dada termobalança (geometria do suporte de amostra,

sensibilidade da balança, empuxo do ar), por outro lado muitos são

variáveis e difíceis de serem controlados (tamanho de partícula da

amostra, compactação, solubilidade na amostra dos gases liberados, etc.).

É por isso que continua sendo difícil correlacionar os dados obtidos

com vários sistemas termoanalíticos disponíveis, mesmo porque, até o

momento, inexiste ainda algum tipo de amostra padrão ou, melhor ainda,

uma termobalança padrão, através da qual poderiam ser comparados os

diferentes aparelhos comerciais.

15

Page 17: analise termica - themal analysis - Giolito

2.3.1. FATORES EXPERIMENTAIS

Razão de aquecimento do Forno.

De um modo geral, a diminuição da razão de aquecimento do forno

provoca uma diminuição nas temperaturas aparentes das reações de

decomposição. Este efeito já foi estudado por vários autores e pode ser

discutido tomando-se como exemplo a curva TG do CaC2O4. H2O.

200 400 600 8000

20

40

60

80

100

CO2

CO

H2O

5ºC min-1

10 ºC min-1

Δ m

/ %

Temperatura (ºC)

Figura 1: Curva TG do CaC2O4.H2O; mi = 8,704; atmosfera dinâmica de ar, 150 mL min-1

Estas curvas mostram que, uma diminuição da razão de

aquecimento provoca uma diminuição acentuada nas temperaturas de

decomposição aparentes, bem como na temperatura na qual a reação se

16

Page 18: analise termica - themal analysis - Giolito

completa. As reações rápidas e irreversíveis são bem menos afetadas

que as reações lentas e irreversíveis.

A razão de aquecimento, também pode influir na maior facilidade de

detecção de compostos intermediários.

R. Fruchard e A. Michel [13], empregando razão de aquecimento

muito lenta (0,6ºC min-1) conseguiram demonstrar para o caso NiSO4.

7H2O, a existência de compostos intermediários: 6, 4, 2 e 1 H2O. Um

estudo anterior realizado por N. Demassiex e C. Malard [14], empregando

razão de aquecimento de 2,5 ºC min-1 só havia conseguido revelar a

existência de monohidrato.

Fato semelhante ocorreu com o quelato monosalicialdoxima de zinco

II, obtido por precipitação de solução aquosa de íons Zn+2. M. de Clerq e C.

Duval [15] utilizando razão de aquecimento de 380ºC h-1, não conseguiram

obter um patamar horizontal por ocasião da secagem deste precipitado,

razão por que rejeitaram este método de determinação gravimétrica. No

entanto, J. Rinasiewcz, e J. F. Flagg [16], partindo de um precipitado

contendo 250% de excesso de água e utilizando-se razão de aquecimento

um pouco menor que 300ºC h-1 conseguiram um patamar horizontal na

curva entre as temperaturas de 215 e 290ºC. Isto demonstra que ao se

estudar amostras que contenham grandes quantidades de água é

convenientemente empregar-se razão de aquecimento de no máximo 250ºC

h-1.

A fim de melhorar a resolução das curvas de decomposição térmica

de materiais com natureza complexa, G. M. Lukaszewski e J. P. Redfern

[17] sugeriram o emprego da técnica quase estático, através da qual nas

vizinhanças a transição interrompia o aquecimento linear, prosseguindo o

aquecimento a temperatura constante. Através deste método, conseguiram

obter as curvas de perda de massa com inflexões mais acentuadas que as

obtidas em condições dinâmicas contínuas, que permitiram chegar a

dados mais exatos sobre as temperaturas finais das reações de

decomposição. É por isso também que é conveniente se estabelecer como

17

Page 19: analise termica - themal analysis - Giolito

temperatura de secagem dos precipitados a temperatura situada na

porção central do patamar em que não ocorrem variações de massa.

Efeito da atmosfera do forno. No registro de uma curva TG, a amostra pode liberar substâncias

gasosas, ou reagir com um dos componentes da atmosfera que a envolve

no interior do forno. No caso de liberação de substâncias gasosas, a

dissociação da amostra inicia-se tão logo a sua pressão de dissociação se

iguale à pressão parcial do gás ou vapor de sua vizinhança imediata. É

claro que se a pressão do gás (ou vapor) aumentar, a velocidade de reação

sofrerá um decréscimo. Portanto o efeito da atmosfera do forno sobre a

curva TG depende do tipo de reação, da natureza dos produtos de

decomposição e do tipo de atmosfera empregada. Curvas TG, obtidas em

atmosfera dinâmica, um gás inerte é utilizado como gás de purga para

remover os produtos gasosos liberados durante a decomposição térmica.

Porém, se o gás de purga for o mesmo que o desprendido na reação,

somente as reações reversíveis serão afetadas, enquanto que nenhum

efeito será observado nas reações irreversíveis. Se o gás utilizado for

oxidante ou redutor, dependendo da reação afetará a curva TG.

No caso de atmosfera estática, se a amostra libera um produto

gasoso reversívelmente, quando a temperatura do forno aumenta, a

mesma começa a dissociar-se assim que a pressão de dissociação excede a

pressão do gás ou vapor na sua vizinhança. Como é empregado um

sistema de temperatura dinâmico, a velocidade específica da reação de

decomposição aumentará assim como a concentração do gás aos arredores

da amostra devido à decomposição da amostra. Se a concentração de gás

do ambiente aumenta a velocidade de reação diminui. Contudo, devido a

correntes de convecção do forno, a concentração de gás em torno da

amostra é continuamente mudada, o qual é uma das razões que a

18

Page 20: analise termica - themal analysis - Giolito

atmosfera estática não é recomendada; para obter resultados

reprodutíveis é utilizada atmosfera dinâmica sob condições rigorosamente

controladas.

O efeito da atmosfera (inerte e oxidante) na curva TG do oxalato de

cálcio monohidratado é ilustrado na figura 2:

200 400 600 8000

20

40

60

N2100 ar

Temperatura (ºC)

80

Δ m

/ %

Figura 2: Curva TG do CAC2O4.H2O; m= 10,460, suporte de amostras = α -alumina;

razão de aquecimento = 20 ºC min-1; gás de purga: 100 mL min-1

Ainda com relação ao gás de purga, mesmo que não ocorra nenhuma

reação entre a amostra e a atmosfera, a transferências de calor pelo gás

afetará os resultados. Como a condutividade térmica do gás He > N2 > ar >

CO2, conseqüentemente a velocidade de decomposição térmica de uma

substância também será maior cm atmosfera de He.

19

Page 21: analise termica - themal analysis - Giolito

Outros fatores instrumentais

A forma das curvas TG, também podem ser modificadas pela ação de

outros fatores instrumentais como: geometria do cadinho, do forno da

posição do cadinho e da sensibilidade da balança.

De um modo geral, estes fatores são controlados pelo fabricante de

sistemas termoanalíticos.

2.3.2. FATORES LIGADOS ÀS CARACTERÍSTICAS DA

AMOSTRA.

O aspecto das curvas TG, também depende de fatores ligados às

características da amostra, que sempre devem ser levados em conta, a fim

de ser possível obter informações corretas a partir das curvas TG.

Estes efeitos, alguns relacionados com o pré-tratamento e preparo

da amostra podem ser classificados.

Massa de amostra

De um modo geral, quanto maior a massa de amostra, maior será a

temperatura inicial de decomposição térmica, bem como a temperatura

final; exceto se a reação de decomposição for exotérmica.

Para detectar a presença de compostos intermediários, é preferível

utilizar pequenas quantidades de amostra do que grandes quantidades.

20

Page 22: analise termica - themal analysis - Giolito

Tamanho das partículas da amostra.

Embora as modificações que o tamanho de partículas da amostra

podem provocar nas curvas TG venham sendo estudados há muito tempo,

ainda não se conseguiu elucidar totalmente este efeito. A. Richer e P.

Vallet [20], por exemplo, trabalhando com amostras de carbonato de cálcio

e calcita em atmosfera de N2 e com razão de aquecimento de 2,5 ºC min-1

obtiveram as seguintes temperaturas de decomposição: CaCO3 em pó: 983

ºC; calcita em pó: 802 ºC; cubo de calcita: 350 mg: 981 ºC. De modo

análogo, E. Martinez [21], trabalhando com amostras de crisólito asbesto,

ao natural e pulverizadas, observou que a temperatura de decomposição

diminuía com a diminuição do tamanho de partículas. O material

previamente pulverizado mostrou perda contínua de massa na faixa de 50

a 850 ºC, mas decompondo-se mais rapidamente entre 600ºC e 700ºC de

maneira muito mais nítida. Este mesmo autor obteve resultados

semelhantes com dois outros minerais: brucita e serpentita.

Embora, como já foi assinalado, não haja uma explicação

satisfatória para este efeito, pode-se afirmar, de um modo geral, que a

diminuição do tamanho de partículas, provoca uma diminuição das

temperaturas nas quais a reação de decomposição se inicia e termina.

Calor de reação da amostra:

O calor envolvido nas reações que ocorrem com a amostra pode

também afetar o aspecto das curvas TG, pois altera a igualdade que

sempre deve existir entre as temperaturas do forno e da amostra. Há casos

em que esta defasagem, que em parte depende da razão de aquecimento

utilizada, pode ser da ordem de 10ºC para mais, se a reação for exotérmica

e para menos endotérmica.

21

Page 23: analise termica - themal analysis - Giolito

Este efeito pode provocar erros consideráveis, especialmente

quando se pretende calcular constantes cinéticas a partir das curvas

termogravimétricas.

Solubilidade de gases em sólidos:

A solubilidade de gases em sólidos, em alguns casos, pode impor

limitações ao método termogravimétrico, pois, dificilmente, pode ser

eliminada ou medida, sendo, em geral, desconhecida. A. Guiochon [19],

demonstrou a existência deste fator aquecendo a 200ºC por 3 horas uma

amostra de NH4NO3 sólido contendo 1% de HNO3. Como esse ácido não

tem efeito catalítico na reação de decomposição do NH4NO3, e que nestas

condições também não produz HNO3, sua permanência só pode ser

explicada através de um mecanismo de solubilização, que tornaria a sua

solubilização lenta.

A concentração das substâncias dissolvidas pode ser grandemente

diminuída empregando-se cadinhos rasos sem tampa, espalhando-se a

amostra em camada fina e fazendo-se fluir um gás inerte através do forno.

Fato semelhante ocorre ao secar precipitados que contenham

grandes quantidades de água ou de outros solventes: caso não se

empreguem razões de aquecimento bastante lentas, pode-se chegar a

resultados errôneos. É por isso que as determinações das temperaturas

isotérmicas de secagem ou ignição de precipitados,através das curvas

termogravimétricas, devem ser feitas com muito cuidado.

Empacotamento, quantidade e condutividade térmica da

amostra:

Os efeitos que o empacotamento (compactação), a quantidade e

condutividade térmica das amostras podem provocar nas curvas TG tem

sido pouco estudados, por ser muito difícil reproduzir, na prática um

22

Page 24: analise termica - themal analysis - Giolito

conjunto bem definido de condições experimentais. A condutividade

térmica da amostra depende da sua densidade e esta por sua vez, depende

do tamanho de partículas e da compactação a qual foi submetida; além

disso, a densidade da amostra pode variar, à medida que a reação vai se

processando, devido aos processos de fusão, conversão em substância

diferente, sinterização, estufamento que vão ocorrendo com a amostra. A

quantidade de amostra também influi e, de um modo geral, pode-se

afirmar que a curva obtida com 1 mg será diferente da curva obtida com

100 mg da amostra.

2.4. CAUSAS DE ERRO NA TERMOGRAVIMETRIA.

Várias causas de erro podem intervir na obtenção de uma curva TG,

provocando com freqüência incorreções consideráveis, de modo que

trabalhos de precisão exigem a eliminação de tais erros, através de

correções adequadas. Em qualquer circunstância deve-se, pelo menos

saber a ordem de grandeza destes erros.

Impulsão do ar sobre o cadinho e seu suporte.

Este efeito provoca um aumento aparente crescente do peso do

cadinho à medida que a temperatura vai sendo elevada, e pode ser

determinado obtendo-se curva termogravimétrica do cadinho vazio. Este

aumento aparente de peso depende, também, do material com o qual o

cadinho foi construído. Assim, por exemplo, no caso da termobalança

Chevenard, empregando-se razão de aquecimento de 5ºC min-1 e cadinho

de porcelana pesando 4g, o ganho de peso foi de 1,8 mg a 200ºC e 4,2 mg

a 1000ºC. No caso de cadinhos de platina este efeito é bem menor:

Empregando-se razão de aquecimento entre 1 e 3ºC min-1- o ganho de

peso foi de 0,3 mg até 350ºC e da ordem de 0,2 mg de 350 até 1400 ºC.

23

Page 25: analise termica - themal analysis - Giolito

Correntes de convecção e turbulência do forno

A perda de peso causada pelo fluxo ascendente de ar quente sob

cadinho e o ganho de peso devido à turbulência do ar dependem,

diretamente, do tamanho e forma do cadinho. A. E. Newkirk [22] estudou

também o efeito do diâmetro de um orifício na parte superior do forno da

termobalança Chevenard, verificando ser possível fazer com que este efeito

se tornasse praticamente desprezível. Newkirk verificou também, que ao se

trabalhar com atmosfera dinâmica, há também, ganho do peso, que é

proporcional ao fluxo do gás e a seu peso molecular.

Medições de temperatura e calibração.

Normalmente considera-se que a temperatura da amostra é a

temperatura acusada pelo termopar situado em suas vizinhanças. Na

realidade, a temperatura da amostra pode ser ligeiramente maior ou

menor que a temperatura indicada pelo termopar, dependendo do tipo da

reação de decomposição que está ocorrendo (exo ou endotérmica), da

geometria do cadinho e suporte, razão de aquecimento utilizada e da

condutividade térmica da amostra. Daí a necessidade de se observar os

cuidados usuais relacionados com a calibração de pares termoelétricos e

as correções devem ser aplicadas, especialmente no caso de dados

experimentais que serão utilizados em estudos cinéticos.

Outros erros.

As termobalança modernas são construídas de maneira a tornar

praticamente negligenciáveis outras causas de erros tais como: flutuações

no sistema da balança; efeitos de indução provocados pelo forno; efeitos

eletrostáticos sobre as peças que compõe a suspensão da balança; reações

24

Page 26: analise termica - themal analysis - Giolito

da amostra com o cadinho, desde que a termobalança seja

convenientemente instalada em um local adequado (temperatura e

umidade do ar controladas, livre de trepidações, etc.) e que se tomem às

precauções necessárias de sua boa utilização, de acordo com os manuais

fornecidos pelos fabricantes.

2.5. TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA

Na termogravimetria, a massa da amostra (m), é continuamente

registrada como função da temperatura (T) ou tempo (t).

M = f (T ou t)

Portanto, nas curvas TG, os desníveis em relação ao eixo das

ordenadas correspondem às variações de massa sofridas pela amostra e

permitem obter dados que podem ser utilizados com finalidades

quantitativas.

Na termogravimetria derivada (DTG), a derivada da variação de

massa em relação ao tempo (dm/dt) é registrada em função da

temperatura ou tempo.

dm/dt = f(T ou t)

Portanto neste método são obtidas curvas que correspondem à

derivada primeira da curva TG e nos quais os degraus são substituídos por

picos que delimitam áreas proporcionais às alterações de massa sofridas

pela amostra.

Esta técnica foi sugerida por W. L. de Keyser [23]. No sistema

idealizado por ele, a balança suspende duas amostras idênticas sobre dois

fornos idênticos, aquecidos linearmente, mas um deles sendo mantido

25

Page 27: analise termica - themal analysis - Giolito

cerca de 5 ºC mais quente que o outro. Estabelece-se um diferencial de

massa que é proporcional à razão de aquecimento dos fornos.

Logo em seguida L. Erdey, F. Paulik e J. Paulik [24] descreveram o

Derivatograph, sistema capaz de registrar simultaneamente as curvas TG-

DTG e DTA. Este aparelho baseia-se, fundamentalmente, na análise dos

movimentos que um magneto permanente suspenso por um dos pratos da

balança realiza no interior de uma bobina. As variações de massa sofridas

pela amostra provocam a movimentação do magneto e conseqüentemente,

uma variação da corrente que circula pela bobina.

Posteriormente, C. Campbell, S. Gordon e C. L. Smith [25],

idealizaram um circuito RC para a diferenciação do sinal de saída de

termobalanças comerciais. Atualmente este sistema eletrônico é o mais

utilizado para se obter as curvas DTG.

As curvas obtidas assemelham-se as curvas térmicas diferenciais, e

permitem a obtenção de informações adicionais. Curvas TG e DTG do

ácido acetilsalicílico (aspirinas) são mostradas na Figura 3:

26

100 200 300 400 500 600 700 800

dm/dT

Δm

Temperatura (ºC)

Figura 3: Curvas TG/DTG do ácido acetilsalicílico, m= 8,131 mg, razão de

aquecimento, 10ºC min-1 atmosfera dinâmica de ar 150 mL min-1 suporte de amostras:

α –Al2O3

Page 28: analise termica - themal analysis - Giolito

2.5.1. Vantagens da Termogravimetria Derivada.

1- As curvas DTG indicam com exatidão, as temperaturas

correspondentes ao inicio e ao instante em que a velocidade de

reação é máxima.

2- Os picos agudos permitem distinguir claramente uma sucessão

de reações que muitas vezes não podem ser claramente

distinguidas nas curvas TG

3- As áreas dos picos correspondem exatamente à perda ou ganho

de massa e podem ser utilizadas em determinações

quantitativas, etc.

2.5.2. Aplicações da termogravimetria.

As aplicações da termogravimetria podem ser assim descritas:

1- Estudo da decomposição térmica de substâncias orgânicas,

inorgânicas e dos mais variados tipos de materiais como:

minerais, minérios, carvão, petróleo, madeira, polímeros,

alimentos, materiais explosivos etc.

2- Estudos sobre corrosão de metais em atmosferas controladas,

em faixas muito amplas de temperatura.

3- Estudos sobre a velocidade de destilação e evaporação de

líquidos, e de sublimação de sólidos.

27

Page 29: analise termica - themal analysis - Giolito

2.6. Referências Bibliográficas:

1. P. Turchot, Ver, Chim. Purê et Appl. 10, 2 (1907).

2. G. Urbain, C. Boulanger, Compt. Rend. 154, 347 (1912).

3. K. Honda, Sci. Rep. Tohoku Univ.,4, 97 (1915).

4. W. W. Wendlandt, J. Chem. Ed.,49,A571 (1972).

5. H. Saito, Imp. Acad. (Tokio), 2, 58 (1926).

6. Z. Shibata, M. Fukushima, Bull. Chem. Soc. Japan, 3, 118

(1928).

7. M. Guichard, Bull. Soc. Chim. Fr., 33, 258 (1923).

8. P. Vallet, Bull. Soc. Chim. Fr., 37, 62 (1936).

9. P. Dubois, Bull. Soc. Chim. Fr., 3, 1178 (1936).

10. P. Chevenard, Bull. Soc. Chim. Fr., 10, 41 (1944)

11. F. Paulik, J. Paulik, L. Erdey, z. Anal. Chem., 160, 241(1958)

12. H. G. Wiedemann, achema Congress paper, Frankfurt, Jun.

26, 1964.

13. R. Fruchard, a. Michel, Compt. Rend.,246, 1514 (1957).

14. N. Demassieux, C. Malard, Compt, Rend., 245, 1514(1957).

15. M. De Clerq, C. Duval, Anal. Chim. Acta, 5, 282, (1951).

16. J. Rinasiewicz, J. F. Flagg, anal. Chem, 26, 1506 (1954).

17. G. M. Lukaszewski, J. P. Redfern, Lab. Pract, 30, 469 (1961).

18. P. D. Garn, J. E. Kessler, anal. Chem., 32, 1563 (1960).

19. G. Guiochon, anal. Chem. 33, 1124 (1961).

20. A. Richer, P. Vallet, Bull. Soc. Chim. Fr., 148 (1953).

21. E. Martinez, Am. Mineralogist, 46, 901 (1961).

22. a. E. Newkirk, anal. Chem., 32, 1558 (1960).

23. W. L. De Keyser Nature, 172, 364 (1953).

24. L. Erdey, F. Paulik, J. Paulik, nature, 174, 885 (1954).

25. C. Campbell, S. Gordon, C. L. Smith, anal. Chem, 31, 1188

(1959).

28

Page 30: analise termica - themal analysis - Giolito

2.7. Exercícios:

1. Curvas TG/DTG de uma amostra de Calcário obtidas utilizando-se α-

alumina como suporte de amostra, razão de aquecimento de 20 ºC min-1,

atmosfera de ar com vazão de 100 mL min-1 e massa inicial de 7,000 mg

são mostradas a seguir.

100 200 300 400 500 600 700 800 9000

20

40

60

80

100

Δm3

Δm2

Δm1

dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)

Δm1 = 1,040 mg

Δm2 = 0,306 mg

Δm3= 2,069 mg

Com base nessas curvas, calcule as porcentagens de: a) água de

hidratação; b) óxido de magnésio; c) óxido de cálcio.

29

Page 31: analise termica - themal analysis - Giolito

Resolução:

Δm1 = Desidratação

Δm2 = CO2 (decomposição térmica do MgCO3)

Δm3 = CO2 (decomposição térmica do CaCO3)

Então:

a) 7,000 mg de amostra ------------- 1,04 mg de água de hidratação

100 mg de amostra --------------- % teor de H2O

Teor de H2O = 14,86%

b) MgCO ------------------> MgO + CO2

M = 84,32 M = 40,31 M = 44,01

40,31 -------------- 44,01

mMgO -------------- 0,306

mMgO = 0,280 mg

mi ------------- mMgO

7,000 mg --------- 0,280 mg

100 mg --------- Teor MgO

TeorMgO = 4,00 %

c) CaCO3 -----------------> CaO + CO2

M = 100,09 M = 56,08 M = 44,01

30

Page 32: analise termica - themal analysis - Giolito

56,08 -------------- 44,01

mCaO -------------- 2,069

MCaO = 2,66 mg

mi ------------- mCaO

7,000 mg ---------- 2,636 mg

100 -------------- TeorCão

Teor Cao = 37,66%

31

Page 33: analise termica - themal analysis - Giolito

2. Curvas TG/DTG de uma amostra de calcário de outra procedência,

obtidas nas mesmas condições exceto massa inicial

(mi = 8,042 mg) são apresentadas a seguir:

Δm1 = 0,804 mg

Δm2 = 0,201 mg

Δm3 = 2,410 mg

200 400 600 800

Δ m3

Δ m 2

Δ m1

dm/dt

Δ m

Temperatura (ºC)

Calcule os teores de: a) Água de Hidratação; b) Óxido de

magnésio e c) Óxido de cálcio.

Respostas: a) 10,0%; b) 2,29%; c) 2,410 mg.

32

Page 34: analise termica - themal analysis - Giolito

3. Uma amostra contendo cálcio, estrôncio e bário, foi recebida para a

análise desses metais. Seguindo o procedimento descrito na literatura,

1,600 g dessa amostra foi dissolvida e os respectivos íons metálicos

precipitadas quantitativamente como oxalato. O precipitado depois de

convenientemente tratado, isolado e seco forneceu um resíduo igual a

1,794 g. Curvas TG/DTG desse resíduo foram obtidas utilizando-se

atmosfera dinâmica de ar, vazão de 100 mL min-1, razão de aquecimento

igual a 10 ºC min-1,suporte de amostra de Pt e massa igual a 7,042 mg. As

curvas TG/DTG encontram-se a seguir.

200 400 600 800

Δm5

Δm4

Δm3

Δm2

Δm1

dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)

Δm1 = 1,070 mg

Δm2 = 0,978 mg

Δm3 = 0,632 mg

Δm4 = 0,447 mg

Δm5 = 0,458 mg

Calcule a porcentagem de: a) Cálcio; b) Estrôncio; c) Bário na

amostra.

33

Page 35: analise termica - themal analysis - Giolito

Resolução:

Δm1 = Desidratação

Δm2 = CO (decomposição térmica do oxalato com formação de

carbonato)

Δm3 =CO2 (Decomposição térmica do CaCO3)

Δm4 =CO2 (Decomposição térmica do SrCO3)

Δm5 =CO2 (Decomposição térmica do BaCO3)

a) CaCO3 ---------> CaO + CO2 ∴ 1 Ca ≡ 1 CO2

Ca ----------------- CO2

M = 40,08 -------------- M = 44,01

mCa -------------- 0,632 mg

mCa = 0,5756 mg

mamostra --------------------- m oxalato

1600 mg ------------------ 1794 mg

mT ----------------- 7,042 mg

mT = 6,280 mg

mT ------------- mCa

6,280 mg ------------ 0,5756 mg

100 ----------- %Ca

Ca = 9,166%

34

Page 36: analise termica - themal analysis - Giolito

b) SrCO3 -----------------> SrO + CO2 ∴ 1 Sr ≡ 1 CO2

Sr ------------------ CO2

87,62 ---------------- 44,01

mSr ----------------- 0,447 mg → mSr = 0,8899 mg

mT ------------------- mSr

6,280 mg ---------------- 0,8899 mg

100 ------------------- %Sr Sr = 14,17%

c) BaCO3 --------------------> BaO + CO2 ∴ 1Ba ≡ 1CO2

Ba ------------------ CO2

M = 137,34 ------------------ M = 44,01

mBa ------------------ 0,458 mg mBa = 1,427 mg

mT ---------------- mBa

6,280 mg ---------------- 1,429 mg

100 --------------- %Ba Ba = 22,75%

35

Page 37: analise termica - themal analysis - Giolito

4. Uma outra amostra contendo os mesmos metais foi analisada,

seguindo os mesmo procedimentos do problema anterior, exceto a massa

de amostra utilizada que foi igual a 1,500 g e que forneceu resíduo de

oxalato igual a 1,762 g. a massa utilizada na TG/DTG = 7,545 mg e os

perfis das curvas semelhantes aos do problema anterior com: Δm1 = 1,120

mg; Δm2 =1,142 mg; Δm3 = 0,721 mg; Δm4 = 0,326 mg; Δm5 = 0,528 mg.

Calcular porcentagem de: a) Cálcio, b) Estrôncio e c) Bário, na amostra.

Respostas: a) 10,22%; b) 10,10%; c) 25,65%.

5. Curvas TG/DTG do oxalato de zinco, foram obtidas utilizando-se

atmosfera de ar, vazão de aquecimento igual a 10ºC min-1, suporte de

amostra de Pt e massa de amostra igual a 7,366 mg. As curvas são

apresentadas a seguir.

100 200 300 400 500 600 700 800

ZnO

Δm2

Δm1dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)

Δm1 = 1,402 mg

Δm2 = 2,780 mg

Resíduo = 3,184 mg

Calcule: a) O número de moléculas de água.

b) O teor de pureza em porcentagem.

36

Page 38: analise termica - themal analysis - Giolito

Resolução:

Mol Zn(C2O4) = 153,39; Mol H2O = 18,02

a) mi = 7,366 mg; mH2O = 1,402 mg (Δm1).

Manidra = 7,366 – 1,402 = 5,964.

manidra --------------------------- mH2O

5,964 mg ------------------------- 1,402 mg

153,39 ------------------------- mH2O

mH2O = 36,06 mg, como n = m ÷Mol

n = 36,06 ÷ 18,02 → n = 2

R: O composto possui duas moléculas de H2O

b) Cálculo da perda da massa teórica.

MZnC2O4.2H2O -------------------------- ZnO + Δmteor.

189,43 --------------------------- 81,37 + 108,06

7,366 mg -------------------------- Δmteor. → Δmteor.= 4,202 mg.

ΔmTG = 1,402 + 2,780 = 4,182 mg

Δmteor. -------------------------- ΔmTG

4,202 mg ------------------------- 4,182

100 ------------------------- %pur. → %pur. =99,52

37

Page 39: analise termica - themal analysis - Giolito

6. No problema anterior, se a massa inicial fosse 8,386 mg e as perdas

de massa igual a 0,8816 e 3,523 mg, respectivamente, qual seria:

a) O nº de moléculas da água de hidratação

b) O teor de pureza em porcentagem

Resposta: a) 1 H2O; b) 100%

7. Curvas TG/DTG de uma mistura de sulfatos de níquel e de alumínio

são amostradas a seguir.

200 400 600 800 1000

Δm3

Δm2

Δm1

dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)

mi = 9,210 mg

Δm1 = 0,810 mg

Δm2 =2,638 mg

Δm3 =2,317 mg

Suporte de amostra de Pt, atmosfera de ar, vazão de 100 mL min-1,

razão de aquecimento de 10ºC min-1. Sabendo que:

NiSO4 ---650 – 700ºC-----> NiO + SO2 + ½ O2

Al2(SO4)3----800-100ºC-----> Al2O3 + 3 SO2 + 3/2 O2

Calcule a porcentagem de: a) Níquel; b) Alumínio na amostra.

38

Page 40: analise termica - themal analysis - Giolito

Resolução:

a) NiSO4 --------------- Ni ------------------- SO2 + ½ O2

154,77--------------58,71 ---------------- 80,06

mNi ---------------- 2,638

mNi = 1,935 mg

mi -------------------------------- mNi

9,210 mg -------------------------- 1,935 mg

100 -------------------------- %Ni

Ni = 21,01%

b) Al2(SO4)3 -------------- 2 Al -------------- 3 SO2 + 3/2 O2

342,14 -------------- 53,96 -------------- 240,18

mAl -------------- 2,317

mAl = 0,5205

mi ------------------------- mAl

9,210 mg --------------------- 0,5205 mg

100 ------------------------ %Al

Al = 5,651 %

39

Page 41: analise termica - themal analysis - Giolito

8. Curvas TG/DTG de uma amostra de carbonato básico de Zinco

hidratado obtidas, utilizando-se massa de amostra igual a 7,684 mg, razão

de aquecimento de 10ºC min-1 atmosfera de ar, com vazão de 100 mL min-

1 suporte de amostra e α-alumina. Essas curvas são mostradas seguir.

200 400 600 800 1000

Δm3

Δm2

Δm1

dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)

Δm1 = 0,4733 mg

Δm2 = 0,7101 mg

Δm3 = 1,1562 mg

Resíduo = 5,3442 mg

Com base nesses dados, calcule a massa molar desse composto. MH2O =

18,02; CO2=44,01; ZnO = 81,37.

Resolução:

mi = 7,684 mg

Δm1 → 0,4733 mg = 6,160% (água de hidratação)

Δm2 → 0,7101 mg = 9,241 % (água de constituição)

Δm3 → 1,1562 mg = 15,05% (CO2 do carbonato)

Resíduo → 5,3442 mg = 69,55% (ZnO)

40

Page 42: analise termica - themal analysis - Giolito

H2O (hidratação) = 6,160 ÷ 18,02 = 0,3418

H2O (constituição) = 9,241 ÷ 18,02 = 0,5128

CO2 = 15,05% ÷ 44,01 = 0,3420

ZnO = 69,55 ÷ 81,37 = 0,8547

Dividindo cada um dos resultados pelo menor valor obtido, temos:

H2O (hidratação) = 1 x 2 = 2

H2O (constituição) = 1,5 x 2 = 3

CO2 = 1 x 2 = 2

ZnO = 2,5 x 2 = 5

3 H2O constituição = 6 (OH-)

Massa Molar: Zn5(OH)6(CO3)2.2H2O

9. No problema anterior, admitindo-se que as curvas TG/DTG do

carbonato básico de zinco, obtidas nas mesmas condições e com

massa de amostra igual a 8,420 mg, Δm1 = 1,1261 mg; Δm2 = 0,3754

mg, Δm3 = 1,8335 mg e resíduo de ZnO = 5,0850 mg, então calcule a

fórmula mínima desse composto.

Resposta: a) Zn3(OH)2(CO3)2.3H2O

41

Page 43: analise termica - themal analysis - Giolito

10. As curvas TG/DTG do precipitado de Ni (II) com a 8-

Hidroxiquinolina (C9H7NO), depois de convenientemente tratado e

seco, são apresentados a seguir.

mamostra = 7,420 mg

Δm1 = 0,6670 mg

Δm2 = 0,3335 mg

Δm3 = 1,1455 mg

Δm4 = 3,8945 mg

ResíduoNiO = 1,3795 mg

200 400 600 800

Δm4

Δm3

Δm2

Δm1

dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)

Calcule a massa molar deste composto.

Resolução:

NiO = 74,71

C9H6NO = 144,16

Δm1 + Δm2 = 1,0005 mg = 13,48% (H2O)

Δm3 + Δm4 = 5,0400 mg = 67,925% (ΔL = perda de ligante com

formação de NiO)

Resíduo = 1,3795 mg = 18,592 % (NiO)

42

Page 44: analise termica - themal analysis - Giolito

H2O = 13,484 ÷ 18,02 = 0,74828

ΔL = 67,925% ÷ 136,16 = 0,49886

2(C9H6NO) – O = ΔM

144,16 - 8 = 136,16

NiO = 18,592 ÷ 74,71 = 0,24886

Dividindo cada um dos resultados pelo menor resultado obtido,

temos:

H2O = 0,74828 ÷ 0,24886 = 3

ΔL = 0,49886 ÷ 0,24886 = 2

NiO = 0,24886 ÷ 0,24886 = 1

Massa Molar = Ni(C9H6NO)2.3H2O

43

Page 45: analise termica - themal analysis - Giolito

3. Análise Térmica Diferencial (DTA) e

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

3.1. Introdução:

A análise térmica diferencial (DTA) é uma técnica térmica de medição

contínua das temperaturas da amostra e de um material de referência

termicamente inerte, à medida que ambos vão sendo aquecidos ou

resfriados em um forno. Estas medições de temperatura são diferenciais,

pois registra-se a diferença entre a temperatura da referência Tr, e a da

amostra Ta, ou seja (Tr – Ta = ΔT), em função da temperatura ou do tempo,

dado que o aquecimento ou resfriamento são sempre feitos em ritmo linear

(dT/dt = Cte).

Calorimetria exploratória diferencial (DSC) é uma técnica na qual

mede-se a diferença de energia fornecida à substância e a um material

referência, em função da temperatura enquanto a substância e o material

referência são submetidos a uma programação controlada de temperatura.

De acordo com o método de medição utilizado, há duas modalidades:

calorimetria exploratória diferencial com compensação de potência e

calorimetria exploratória diferencial com fluxo de calor [1,2].

Através dessas técnicas, podem-se acompanhar os efeitos de calor

associados com alterações físicas ou químicas da amostra, tais como

transições de fase (fusão ebulição, sublimação, congelação, inversões de

estruturas cristalinas) ou reações de desidratação, de dissociação, de

decomposição, de óxido-redução, etc. capazes de causar variações de calor.

Em geral transições de fase, desidratações, reduções e certas reações de

decomposição produzem efeitos endotérmicos, enquanto que cristalizações,

oxidações, algumas reações de decomposição produzem efeitos

exotérmicos.

44

Page 46: analise termica - themal analysis - Giolito

Essas técnicas permitem também, estudar transições que

envolvem variações de entropia (transições de segunda ordem), das quais,

as mais comuns são transições vítreas que certos polímeros podem sofrer.

3.2. Aspecto Histórico

A análise térmica diferencial está ligada ao nome de H. L. Lê

Chatelier, que em 1887, publicou um trabalho, hoje clássico, entitulado:

“De l’action de la chaleur sur ler argilles” [3], no qual descreveu um

método aplicável ao estudo de argilas e minerais. Este método, com o

decorrer do tempo permitiu desenvolver a técnica hoje conhecida com o

nome da análise térmica diferencial.

Lê Chatelier e mais tarde outros autores como: H. E. Ashley, J. W.

Mellor, A. D. Holdcraft, H. Wallach, C. N. Fenner estudaram as

modificações que ocorriam com as substâncias, à medida que iam sendo

aquecidas. As sucessivas temperaturas atingidas pelas amostras eram

medidas através de um termopar e, em seguida lançadas em um gráfico

cartesiano em função do tempo, Estas “curvas de aquecimento” , como

eram então chamadas, apresentavam descontinuidades sempre que o

aquecimento provocava transições de fase ou reações de desidratação, de

decomposição, etc. Este método era pouco sensível a pequenos efeitos

térmicos e, além disso, muito afetado pelas eventuais variações na razão

de linear de aquecimento.

Em 1899, W. C. Roberts – Austen [8], já havia sugerido o emprego de

dois termopares ao invés de apenas um. Com um termopar colocado no

interior da amostra e o outro no interior do bloco de referência do

forno.Por este processo eram feitas muitas leituras de temperaturas

diferenciais muito mais sensíveis às pequenas variações que, a seguir

45

Page 47: analise termica - themal analysis - Giolito

eram medidas em função do tempo ou da temperatura com auxílio de

galvanômetros sensíveis.

Em 1909, G. K. Burges [9], também discutiu as vantagens de se

usar dois termopares para obter as curvas de aquecimento ou

resfriamento. Este trabalho ao qual não se tem dado devida importância,

deve no entender de Wendland, ser considerado como um marco muito

importante no desenvolvimento da análise térmica diferencial, pois os

princípios fundamentais que nele são discutidos continuam válidos até

hoje. Neste trabalho Burgess avaliou, inclusive as diferentes maneiras de

se utilizar os dados obtidos tendo construído e interpretado as seguintes

curvas.

1) Temperatura da amostra, Ta, em função do tempo t.

2) Diferenças entre a temperatura da amostra Ta, e a temperatura

do bloco de referencia (material inerte) Tr, ou seja (Ta – Tr = ΔT)

em função do tempo

3) Temperatura da amostra, Ta em função da derivada da

temperatura em relação ao tempo, dT/ dt.

4) Temperatura da amostra, Ta em função da derivada do tempo em

relação à temperatura, dt/ dT.

Estas representações foram também, interpretadas para três tipos

de observações: a temperatura da amostra permanece constante; a

amostra sofre resfriamento durante uma certa fase de transformação; e a

amostra sofre aumento de temperatura durante a primeira parte da

transformação. Burgess discutiu também os vários tipos de arranjos

experimentais, os sistemas registradores conhecidos na época, e as

equações que poderiam ser utilizados no cálculo dos calores envolvidos

nas transformações. É importante ressaltar que, em 1945, S. Speil e

colaboradores [10] obtiveram as mesmas equações.

46

Page 48: analise termica - themal analysis - Giolito

47

A primeira aplicação do método térmico diferencial, empregando

dois termopares, no estudo de problemas químicos foi realizado em 1923,

por H. S. Houldsworth e J. W. Cobb [11]; após este trabalho, muitos outros

autores passaram a ocupar-se do estudo da decomposição térmica de

argilas e minerais, através da análise térmica diferencial. Todavia foi em

1923 que ocorreu a primeira aplicação no estudo de problemas químicos,

mas somente na década de 1950 é que este método passou a ser

amplamente utilizado na resolução de problemas químicos.

A técnica fundamental, hoje utilizada em DTA pode ser assim

resumida:

Em um forno aquecido eletricamente coloca-se um suporte ou bloco

dotado de duas cavidades (câmaras, células) idênticas e simétricas. Em

cada uma destas cavidades, coloca-se a junção de um termopar; a amostra

é colocada em uma das câmaras, e na outra é colocada à substância

inerte, cuja capacidade térmica seja semelhante a da amostra. Tanto a

amostra como o material de referência são aquecidos linearmente, e a

diferença de temperatura entre ambos ΔT = (Tr – Ta), é registrado em

função da temperatura do forno ou do tempo.

A seguir, serão representados as curvas da temperatura real da

amostra e da temperatura diferencial em função de T ou t.

0 20 40 60 80 100

endo

exo

cba

ΔT = 0

Temperatura (T) ou tempo (t)

Page 49: analise termica - themal analysis - Giolito

3.3. Instrumentação

Diagrama de Bloco de um sistema térmico diferencial moderno

3.4. Estudo teórico das curvas DTA

Muitos trabalhos já foram publicados sobre a interpretação teórica

das curvas DTA. Todas estas teorias procuram demonstrar que as áreas

delimitadas pelos picos são proporcionais ao calor de reação por unidade

de massa de substâncias ativas presente na amostra, que pode se

apresentar pura, diluída com material inerte ou sob forma complexa.

Nestes estudos foram aplicadas as equações convencionais de

transferência de calor levando-se em conta importantes parâmetros

48

Page 50: analise termica - themal analysis - Giolito

experimentais relacionados com a natureza da amostra, natureza e

geometria do suporte que a contém e com o próprio instrumento utilizado.

As deduções e discussões que serão apresentados, não pretendem

cobrir toda a literatura disponível sobre o assunto, pois ela é demasiada

vasta e algo desconexa. Para tanto, o leitor, para um estudo mais

detalhado deverá consultar o livro de Garn, o qual apresenta um longo

relato, completo e comentado sobre o problema da interpretação teórica

das curvas DTA. O principal objetivo deste tópico é apresenta discussões

detalhadas das principais contribuições que poderão facilitar consultas

posteriores mais aprofundadas, além de permitir chegar de imediato,

conclusões muito importantes para aqueles que pretendem utilizar a

análise térmica diferencial como ferramenta de trabalho.

Inicialmente, será discutido o tratamento de P. F. Kerr e J. L. Kulp

[12], desenvolvido com modificação, a partir de um trabalho de Speil e

colaboradores. Neste trabalho intitulado “Análise Térmica Diferencial

Múltipla”, Kerr e Kulp comparam inicialmente, as curvas teóricas dos dois

métodos, através dos quais pode-se estudar a desidratação de um

material, no caso as argilas: Termogravimetria estática e análise térmica

diferencial dinâmica. No primeiro processo (TG estática), a temperatura da

amostra só é elevada após o sistema ter atingido um estado de equilíbrio;

no segundo processo (DTA dinâmica), a amostra é aquecida a uma razão

de aquecimento constante (Fig. 1), o que faz com que a desidratação se

prolongue, ocorrendo dentro de um intervalo de temperatura maior; além

disso, por se tratar de uma curva diferencial, ela depende de efeitos que

não ocorram, igual e simultaneamente com a amostra e o material de

referência.

49

Page 51: analise termica - themal analysis - Giolito

Na curva diferencial só intervém dois efeitos térmicos: o fluxo

diferencial entre o bloco e o termopar situado no centro da cavidade que

contém a amostra e o calor envolvido na reação térmica (no caso, uma

reação endotérmica de desidratação). Até ser atingida a temperatura em

correspondência com o ponto a da curva, o fluxo de calor que atinge o

termopar em contato com o material de referência é igual ao que atinge o

termopar em contato com a amostra, sendo ΔT = 0, resultando a linha

base. A partir do ponto a, a reação se inicia e a amostra passa absorver

calor de suas vizinhança, de modo que seu termopar se torne mais frio que

o termopar da substância de referência. Esta diferença prossegue

aumentando, até que em b, atinge seu valor máximo e que corresponde ao

instante no qual a velocidade de absorção de calor por parte da amostra se

iguala à velocidade do fluxo térmico diferencial na amostra. A seguir o

calor absorvido começa diminuir rapidamente, de modo que em um certo

0 200 400 600 800

c

b

a

endo

(b)

(a)

ΔT

Δm

Temperatura (ºC)

Figura 1: Curvas de desidratação de uma argila (a) TG estático (b) DTA dinâmico

50

Page 52: analise termica - themal analysis - Giolito

ponto d entre b e c a reação termina. Como o ponto d não pode ser

determinado com exatidão, adotam-se os pontos a e c como limites inicial

e final da reação.

Em condições estáticas, a variação de temperatura observada na

amostra, é dada pela equação.

cmHmT

o

)(Δ=Δ

(1)

Onde:

m= fração molar da amostra que reage

mo = massa total da amostra

H = calor específico da reação

C = calor específico (médio) da amostra.

Por outro lado, os fluxos de calor do bloco para o centro de suas

cavidades (amostra e referência), também deve ser levados em conta. As

trocas de calor sofridas pela amostra e pela referência em qualquer

temperatura entre os pontos a e c, podem ser descritas através das

seguintes equações:

∫∫ −=−+x

aao

x

a

TTcmdtTTgkdtdtdHm )()( 0 (2)

∫=x

a

dtdtdHmA , ,)( 0∫ −=

x

a

dtTTgkB )(0 aTTcmC −=

∫ −=−x

aaTTcmdtTTgk )''('')'( 00 (3)

51

Page 53: analise termica - themal analysis - Giolito

∫ −=x

a

dtTTgkB ,)'('' 0 )''(''' 0 aTTcmC −=

Onde: t = tempo

m0, m0’= massa total da amostra e da referência.

c, c’= calor específico (médio) da amostra e da referência.

k, k’= condutividade térmica da amostra e da referência.

G = constante geométrica relacionada com a forma;

T0 = temperatura do bloco de níquel;

Ta = Temperatura no centro da amostra no instante em que foi

atingida a temperatura T em correspondência com o ponto a;

Ta’= temperatura no centro da referência quando T = a.

T = temperatura no centro da amostra.

T’ = temperatura no centro da referência.

O termo A da equação 2 define a quantidade de calor consumida ou

liberada pela reação que esta ocorrendo na amostra. Em uma reação

exotérmica dH/dt é positivo. O termo B define a quantidade de calor

absorvido pela amostra. Segue-se que A + B = C, por que em qualquer ponto x

da curva DTA. A quantidade de calor necessária para modificar a

temperatura da amostra deve ser igual à quantidade de calor que flui

através do bloco metálico, somada a quantidade de calor fornecida ou

consumida pela reação.

No caso do material de referência, equação 3, o termo A não existe,

logo o calor B’que entra, deve ser igual ao calor C’utilizado para elevar sua

temperatura.

Como c e c’, k e k’são praticamente iguais, pode-se escrever:

c’= c + Δc (4)

k’= k + Δκ (5)

52

Page 54: analise termica - themal analysis - Giolito

E como os erros experimentais que se cometem nas medições de

massa são muito pequenos, pode-se considerar que:

m0’= m0

Tendo em vista estas condições, a equação 3 pode ser reescrita nas

seguintes formas:

(6) ∫ −Δ+=−Δ+x

aaTTccmdtTTkkg )'').(()'()( 00

(7) )]''()''([)'()'( 000 ∫∫ −Δ+−=−Δ+−x

aaa

x

a

TTcTTcmdtTTkgdtTTgk

Subtraindo a equação 7 da equação 2 resulta:

=−Δ−−−−=

=−Δ−−+∫ ∫ ∫|})''()''()({|

)()'(

0

0

aaa

x

x

x

a

x

a

TTcTTTTcm

dtTTkgdtTTgkdtdHm

=−Δ−−−−= |})''()'()'({|0 aaa TTcTTTTcm (8)

Chamando-se a temperatura indicada pelos termopares diferenciais

(T0 – T’), Δc e Δk por serem muito pequenos, a equação 8 torna-se:

∫ ∫ −−−=Δ+x

a

x

aaa TTTTcmTdtgkdt

dtdHm )]'()'[(0 (9)

53

Page 55: analise termica - themal analysis - Giolito

Fixando-se os limites de integração entre a e c resulta:

∫ ∫ −−−=Δ+c

a

c

aacc TTaTTcmTdtgkdt

stdHm )]'()'[(0 (10)

É valido supor, com muita boa aproximação, que (Tc – T’c) e (Ta – T’a)

são iguais e serão iguais a zero, desde que os orifícios do bloco nos quais

se encontram as amostras e o material de referência sejam simétricos em

relação à fonte de calor. Nos equipamentos atuais, esta condição é

rigorosamente observada. Portanto:

(Ta – T’a) = (Tc – T’c) (11)

∫ Δ=c

a

HmdtdtdHm (12)

A equação 10 torna-se:

∫∫ Δ−=Δ∴=Δ+Δc

a

c

a

TdtgkHmTdtgkHm 0

∫ Δ−=Δ c

a

Tdtgk

Hm(13)

Desde que o desvio em relação à linha base seja linear da

temperatura diferencial (o que normalmente acontece na prática), a

equação 13 é proporcional á área delimitada pela linha base entre a e c e

pela curva abc. Esta equação também é proporcional à porcentagem de

substância reagente, existente na amostra. A exatidão dos resultados pode

ser melhorada, construindo-se uma curva de calibração que relacione a

área dos picos em função de diferentes porcentagens do componente ativo.

54

Page 56: analise termica - themal analysis - Giolito

Talvez esta equação seja uma das mais simples e relaciona o

calor de reação à área do pico através do uso constante de

proporcionalidade ou próximo às constantes. A mesma leva em

consideração o termo próximo de constantes e os gradientes de

temperatura na amostra e considera também a área do pico ser

independente do calor específico da amostra.

A partir deste estudo desenvolvido por Speil [10] e colaboradores e

modificado por Kerr e Kulp [12] várias teorias concernente à interpretação

teórica das curvas DTA tem sido descritas na literatura.

Vold [12] derivou a expressão:

)( ss

yyAdtdy

dtdf

CH

−+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛Δ

Onde: Cs é a capacidade calorífica da célula mais o seu conteúdo.

f – é a fração da amostra transformada em um tempo t

y – É a temperatura diferencial.

ys – é o valor do estado estacionário da temperatura diferencial

atingindo um tempo suficientemente longo após a condição inicial y = y1

para t = t1.

A = é uma constante.

As limitações inerentes dessa teoria são:

1 – Suposição de um valor constante da capacidade calorífica da

amostra.

2- Suposição que a temperatura da amostra é a cada instante

uniforme por toda à parte.

55

Page 57: analise termica - themal analysis - Giolito

Utilizando um bloco de amostra construído de um metal com

condutividade térmica infinitamente alta, tal como o níquel em que a

geometria do suporte de amostra é um cilindro, Boersma [14] encontrou

que a área do Pico é igual a:

∫ =2

14

2t

t

qadTdtλ

onde t1 e t2 são os tempos para o inicio e o fim do pico, q é o calor de

transformação por unidade de volume; dT é a temperatura diferencial; a é

o raio da cavidade cheio de amostra; e λ é a condutividade do material da

amostra.

Para um recipiente de amostra de metal esférico.

∫ =2

16

2t

t

qadTdtλ

E para um caso unidimensional de prato raso:

∫ =2

12

2t

t

qadTdtλ

Finalmente, para um bloco cerâmico infinitamente grande, não há

nenhuma solução finita para os casos uni e bi dimensionais, entretanto há

uma solução para o suporte esférico.

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +=∫ sc

qadTdtt

t λλ12

6

2

1

2

onde λc é a condutividade térmica do material cerâmico e λs é a

condutividade térmica da amostra.

56

Page 58: analise termica - themal analysis - Giolito

Lukaszewski [15, 16] em uma série de onze artigos, discutiu o

problema da complexa transferência de calor em vários tipos de sistema

DTA. Esses problemas foram simplificados em três categorias.

1. Transferência de calor entre a fonte e o bloco calorimétrico por

mecanismo de condução, convecção e radiação.

2. Condução entre o bloco do calorímetro e o material dentro dele

(amostra referência).

3. Amostra no sistema pode periodicamente sofrer o fenômeno de

absorção (endo) ou liberação (exotérmico) como função do tempo,

temperatura e do meio, Estes envolvem complexas transferências

de calor entre a amostra e o calorímetro sob condições onde as

propriedades físicas da amostra estão sofrendo mudanças

rápidas.

Vários estudos envolvendo o problema da transferência de calor para

sistemas DTA e DSC encontram-se descritos na literatura, tais como:

David [17, 20]; Pacor [18], Melling e Colab [19]; Brennan e Colab. [21],

Claudy e Colab. [122], Shishkin [23] e outros.

3.5. Fatores que afetam as curvas DTA

Como o método térmico diferencial é essencialmente um método

empírico que depende de inúmeros parâmetros experimentais relacionados

com a instrumentação utilizada com determinadas características da

amostra, as curvas de uma mesma amostra, obtidas em aparelhos

diferentes, podem apresentar entre si diferenças mais ou menos

acentuadas.

57

Page 59: analise termica - themal analysis - Giolito

Um dos primeiros estudos, bastante minucioso e detalhado

sobre esses aspectos empíricos da Análise Térmica Diferencial, foi

realizado por P. L. Arens [24]

Segundo Arens, a forma das curvas DTA, pode ser modificada pela

ação dos seguintes fatores:

1) *Razão de aquecimento do forno.

2) *Natureza do suporte de amostras

3) *Profundidade do raio do orifício de suporte no qual é colocada a

amostra;

4) *Localização, natureza e dimensões dos termopares diferenciais;

5) *Natureza da substância inerte, utilizada como referência.

6) *Compactação da amostra e referência nos orifícios do bloco de

suporte;

7) *Efeito de colocação de tampa sobre o orifício da amostra

8) *Influência da atmosfera do forno.

Como Arens interessava-se, principalmente pelo estudo de materiais

argilosos, considerou também a ação dos seguintes fatores adicionais:

9) *Tamanho de partículas da amostra e seu grau de cristalinidade.

10) Cátions Adsorvidos.

11) Presença de misturas na Argila.

Assinalou também que o aspecto das curvas registradas depende

primariamente dos itens assinalados *.

As conclusões de Arens, no tocante ao efeito da razão de

aquecimento, foram as seguintes:

58

Page 60: analise termica - themal analysis - Giolito

a. Há sempre uma diferença entre as reações que ocorrem com e

sem as perdas de massa;

b. As reações nas quais há perda de massa são acentuadamente

influenciadas pela razão de aquecimento; com o aumento da

razão de aquecimento, os picos deslocam-se para os valores mais

altos de temperatura, as alturas e as áreas dos picos sofrem

aumento e o tempo de reação decresce;

c. Quando a temperatura do forno é medida na amostra de argila;

as reações que ocorrem sem a perda de massa não são afetadas

com relação às temperaturas dos picos, mas sofrem influência

com relação à altura e; área do pico bem como com relação à

faixa de temperatura por ele abrangida na linha base;

d. A partir dos resultados experimentais obtidos com diversas razões

de aquecimento, mantendo-se inalterados todos os outros fatores,

podem-se computar as temperaturas de reação para razão de

aquecimento nula (desidratação, estática, etc.) Estas

temperaturas assintóticas de reação são importantes para

correlacionar a DTA com estudos de desidratação.

A partir dos experimentos que realizou com diversos tipos de suporte

de amostras concluiu:

a. Blocos de Ni permitem obter curvas com picos endotérmicos

relativamente achatados e picos exotérmicos agudos,

b. Caso se empreguem blocos de cerâmica, ocorre a situação inversa

da anterior.

c. O Suporte de amostra influencia qualquer reação (endo,

exotérmico, com ou sem variações de massa), mas não se

percebem deslocamentos das temperaturas dos picos.

59

Page 61: analise termica - themal analysis - Giolito

Para uma série de curvas de uma mesma amostra, Arens concluiu:

a- A profundidade e o raio da cavidade da amostra afetam

grandemente o aspecto das curvas de reações que ocorrem com

mudanças de massa, com relação à temperatura dos picos, sua

altura e duração total da reação.

b- As reações que ocorrem sem mudança de massa não são afetadas

com relação à temperatura dos picos, mas apenas ligeiramente

com relação à altura dos picos.

c- As reações podem ser acentuadas ou mascaradas pela variação

de profundidade e raio dos orifícios do suporte de amostra.

Quanto aos efeitos do posicionamento da junção dos termopares

diferenciais, oferecem as seguintes conclusões:

a- A colocação profunda na amostra da junção do termopar

diferencial permite obter curvas com picos endotérmicos

relativamente grandes em temperaturas médias e picos mais

achatados em temperaturas altas.

b- Reações exotérmicas que ocorrem em altas temperaturas são

melhores registradas, colocando-se o termopar profundamente na

amostra.

c- Na maior parte dos casos, o termopar deve ser inserido na

amostra sem capa protetora.

d- A fim de se conseguir melhor reprodutividade, convém fixar os

termopares no suporte de amostra, de modo que suas posições

não possam ser alteradas.

60

Page 62: analise termica - themal analysis - Giolito

O efeito da substância inerte foi sumarizado por Arens da

seguinte forma.

a- O material inerte deve possuir características térmicas (calor

específico, condutividade térmica) tão próximas quanto possíveis

daquelas da argila. Este requisito dificilmente pode ser cumprido

ao longo de toda a faixa de temperatura normalmente utilizada,

uma vez que, à medida que as reações vão ocorrendo às

características térmicas da argila sofrem variações súbitas.

b- Caso a temperatura do forno seja medida na substância inerte,

ocorrem deslocamentos aparentes dos picos, efeito este que

aumenta com o aumento do raio do orifício da amostra e com o

aumento da razão de aquecimento. Esta observação é válida para

qualquer tipo de reação.

c- Recomenda-se que a temperatura do forno seja medida na

amostra de argila.

d- Uso com material inerte da mesma argila que esta sendo

investigada (previamente calcinada) não apresenta vantagens

sobre o uso de α-alumina calcinada, desde que o tamanho médio

das partículas de α-Al2O3 e da amostra sejam próximos.

Quanto aos efeitos da compactação dos materiais estudados,

concluiu:

a- As diferenças na densidade de empacotamento são as causas

mais comuns de desvios da linha base nas faixas de temperatura

nas quais não ocorrem reações:

b- A compactação firme é mais fácil de ser reproduzida, por isso é

recomendada para a maioria dos casos, permitindo obter picos

bem nítidos e linha base reta e horizontal;

61

Page 63: analise termica - themal analysis - Giolito

c- Empacotamento frouxo provoca picos menores para todos os

tipos de reações exceto, provavelmente para as reações de

oxidação.

Como o efeito da cobertura dos orifícios do suporte de amostras e a

influência da composição da atmosfera são intimamente

relacionados, foram discutidos em conjunto, e as conclusões foram:

a- As reações que ocorrem com perdas de massa são

consideravelmente influenciadas pela cobertura do orifício de

amostra.

b- As reações que são acompanhadas por perdas de massa

(desidratação, perda de CO2) podem ser acentuadas, cobrindo-se

o orifício da amostra, e os picos deslocam-se para temperaturas

mais elevadas.

c- As reações acompanhadas de ganhos de massa (oxidação) podem

ser totalmente inibidas ou se tornar pouco definidos quando o

orifício da amostra é coberto.

d- Embora o recurso da cobertura possa auxiliar a obtenção de

linhas bases horizontais e retas, deve ser evitado no caso em que

se pretende fazer uma prospecção geral prévia;

e- A composição da atmosfera afeta consideravelmente o inicio e o

andamento das reações que ocorrem com mudanças de massa;

f- O início e o andamento de reações de desidratação, de

decomposição de carbonatos; e de oxidação são influenciados,

respectivamente pelas pressões de vapor de água, CO2 e O2 na

atmosfera do forno.

62

Page 64: analise termica - themal analysis - Giolito

A seguir os efeitos destes parâmetros experimentais serão

discutidos com maiores detalhes, observando-se a mesma ordenação do

trabalho de Arens, embora outros autores prefiram distinguir entre fatores

instrumentais e fatores ligados às características da amostra.

3.6. Influência do suporte de amostra.

As influências do suporte de amostra confirma ser objeto de

controvérsias. Arens já havia observado que os picos correspondentes às

reações endotérmicas apresentavam-se com melhor resolução quando

eram obtidos com suportes construídos com materiais dotados de baixas

condutividades térmicas; com os picos das reações exotérmicas ocorria o

inverso. Isso foi explicado por T. L. Webb [25], da seguinte maneira: as

reações endotérmicas iniciam-se na porção da amostra situada na

interface com a parede da cavidade do suporte; se o suporte for metálico

(Ni) o calor será fornecido rapidamente pela massa do metal para o

material que esta se decompondo e, portanto; a temperatura mais baixa;

este rápido fluxo de calor à camada superficial da amostra mascara o

início da reação, pois compensa o efeito endotérmico, antes que ele possa

atingir a junção do termopar, conseqüentemente as reações endotérmicas

iniciam-se a temperaturas aparentemente mais altas. Porém, à medida que

a temperatura do bloco vai se elevando, a velocidade de decomposição

torna-se tão rápida que o calor proveniente do bloco não pode mais

penetrar de maneira suficiente rápida na camada cada vez mais espessa

do material já decomposto (com baixa condutividade térmica); o efeito

63

Page 65: analise termica - themal analysis - Giolito

endotérmico não pode ser mais compensado e a reação prossegue

rapidamente alcançando o seu período final, uma velocidade comparável a

aquela que seria observado, caso se empregasse suporte de cerâmica.

R. C. Mackenzie [26], comparando os resultados obtidos com suporte

cerâmico (alumina porosa) e metálico (Ni), verificou que o pico endotérmico

da caolina (silicato de alumínio hidratado), quando obtido com suporte

metálico, tinha área 25% menor que a área do pico obtido com suporte

cerâmico, apresentando-se deslocado cerca de 6º para temperaturas mais

altas. Mackenzie confirmou também, as observações de Weeb com relação

à possibilidade de difusão de gases através de suportes construídos com

alumina porosa. Colocou tampa sobre os orifícios do suporte de Ni,

verificando que o pico deslocava-se para a temperatura cerca de 10 ºC

mais alta, estreitando-se e tornando-se mais simétrica. Este efeito

inconveniente provocado por atmosfera estática, foi mais tarde conformado

por P. Bayliss e S. St J. Warne [27]

Experimentos realizados por Garn, visando comparar o

comportamento térmico da alumina e do Níquel demonstraram que a

condutividade térmica do Níquel ao longo de toda a faixa de temperatura é

substancialmente maior que a alumina; esta, porém em temperaturas

mais baixas transmite calor mais rapidamente ao espécime.

3.6.1. Geometria do suporte de amostras.

A profundidade e o raio dos orifícios, nos quais colocam a amostra e

a referência, constitui partes do complexo problema relacionado com o

aspecto geométrico total do bloco suporte. Quando o forno é horizontal,

pode –se utilizar uma grande variedade de formas, em virtude da ausência

inerente de simetria entre a amostra e a referência e o eixo do forno. Nos

fornos verticais utilizam-se blocos cilíndricos.

64

Page 66: analise termica - themal analysis - Giolito

Arens investigou o comportamento de várias formas de bloco,

com paredes grossas e fina, o mesmo tendo sido feito por vários outros

autores. Todavia o requisito fundamental é que as amostras sejam

aquecidas simetricamente. Neste sentido, chegou-se a conclusão que é

necessária manter uma espessura de metal ao redor das cavidades, pelo

menos igual à metade de seus diâmetros.

J. A. Pask e M. F. Warner [28] construíram suportes de Ni

cilíndricos, com orifícios de ¼, 3/8 e ½ polegadas de diâmetro e

empregando amostras de talco (silicato de magnésio), verificaram que, para

uma dada razão de aquecimento, as alturas dos picos cresciam com

aumento do diâmetro dos orifícios.

Segundo Mackenzie, obtêm-se melhores resultados quando as

alturas dos orifícios são 1 ½ vezes maiores que seus diâmetros.

O bloco suporte de amostra é sempre colocado no interior do forno,

sobre um material isolante, para evitar que ocorram distorções na

distribuição de calor. Nos fornos verticais os blocos costumam ser apoiado

sobre tubos ou cones de cerâmica, através dos quais passam os

termopares, em geral protegidos por finos tubos de cerâmica. Nos fornos

horizontais, os blocos da amostra são colocados sobre placas de Al2O3 ou

de material refratário.

3.6.2. Razão de aquecimento.

O maior ou menor efeito da razão de aquecimento sobre as

temperaturas em que podem aparecer os picos, depende da natureza da

amostra e do suporte de amostras utilizado. Nos casos em que a amostra

sofre apenas uma transição de estado, a menos dos problemas de

transferência de calor, a natureza do suporte é irrelevante. Arens utilizou

razão de aquecimento de 6; 12; 18 e 21 ºC min-1, não tendo observado

65

Page 67: analise termica - themal analysis - Giolito

deslocamentos nas temperaturas de transição do quartzo (endo) ou

caolin (exo).

Já as reações que envolvem perdas de massa têm comportamento

bem diferente. Nestes casos, à medida que vai se aumentando a razão de

aquecimento, podem ocorrer deslocamentos dos picos até 75 ºC. Estes

grandes deslocamentos das temperaturas dos picos podem ser explicados

pela presença dos gases provenientes da razão de decomposição.

Em certos casos, estes deslocamentos dos picos podem ocorrer de

maneira desigual, com relação a dois picos adjacentes, de modo a

mascarar um deles. Ë o caso do gesso, para o qual dois picos de

desidratação, situados ao redor de 200ºC, só podem ser evidenciados

quando se utilizam razões de aquecimento compreendidas entre os limites

de 2 a 8ºC min-1.

Via de regra, não se pode determinada a priori, a razão de

aquecimento ideal para uma dada amostra; costuma-se por isso utilizar na

prática a razão de aquecimento de 10 ºC min-1, para exames iniciais, pois

a experiência tem demonstrado ser esta razão a mais adequada para a

maioria das reações térmicas estudadas por DTA.

3.6.3. Natureza e Localização dos Termopares.

Os sistemas térmicos diferenciais utilizam três termopares: um em

contato com a amostra, outro em contato com a referência e um terceiro

em contato direto com o bloco posicionado nas vizinhanças da parede do

forno. Os termopares em contato com a amostra e a referência fornecem o

sinal ΔT, enquanto o terceiro termopar é utilizado para registrar a

temperatura T do forno, seja em linha contínua, seja em forma de pulsos

periódicos e também para controlar a linearidade do aquecimento de

acordo com o programa pré estabelecido.

Vários autores estudaram a influência da localização dos

termopares. Estes estudos evidenciaram que, no caso das cavidades

66

Page 68: analise termica - themal analysis - Giolito

cilíndricas, a melhor localização da função dos termopares é a meio

caminho de seus eixos longitudinais.

A escolha do termopar deve basear-se em várias considerações tais

como: Temperatura operacional máxima, reatividade química dos metais

dos termopares com a amostra e a resposta do termopar. Na prática, todos

os requisitos são preenchidos pelos termopares de Pt – Pt, Rh, sendo

utilizados fios de 4 a 20 milésimos de polegada (0,1 a 0,5 mm) de diâmetro,

que tornam os erros provocados pela condução térmica muito pequena, de

modo que podem ser negligenciados. Muitos autores costumam usar

termopares cujas funções são protegidas por pequenas cápsulas, embora

este recurso sempre provoque um decréscimo na sensibilidade.

3.6.4. Escolha da Substância Inerte.

Em condições idênticas de aquecimento, em ausência de transições

ou de reações, a diferença de temperatura entre a amostra e a referência

depende da condutividade térmica (facilidade de transferência de calor), de

capacidade térmica (quantidade de calor necessária para elevar a

temperatura) e da densidade de ambos materiais. Conseqüentemente há

também uma dependência indireta de ΔT em relação ao tamanho das

partículas e ao empacotamento. Como já foi assinalado, em DTA o ideal é

conseguir baixos valores de ΔT, ou seja uma linha base praticamente zero

em toda a faixa de temperatura estudada,. Como esta igualdade entre a

difusibilidade térmica da amostra e da referência é praticamente

impossível de ser obtida, pois freqüentemente as propriedades térmicas da

amostra mudam subitamente no decorrer das reações ou transições

térmicas, sempre ocorrem desvios mais ou menos acentuados da linha

base, Este é um dos efeitos que dificultam o estabelecimento de equações

exatas com finalidades quantitativas.

A experiência tem demonstrado que a alumina previamente

calcinada a 1500ºC; é a substância mais conveniente para ser utilizada

67

Page 69: analise termica - themal analysis - Giolito

como material de referencia e diluente. Em casos especiais pode-se

utilizar também, óxido de magnésio, quartzo fundido em pó, ferrite, silicato

em pó e mesmo substâncias orgânicas caso as amostras estudadas sejam

de materiais orgânicos.

A escolha de um material de referência especial, é mais ou menos

empírica, e deve ser cuidadosa quando se pretende medir a área do pico,

pois neste caso, só podem ser tolerados pequenos desvios da linha base.

3.7.5. Efeito da compactação.

A maior ou menor compactação da amostra e da referência, pode

afetar o aspecto da curva DTA, pois modifica não apenas a transferência

de calor da parede das cavidades para as junções dos termopares, mas,

também no caso de reações de decomposição, interfere sobre o fluxo de

gases de dentro para fora da amostra e vice versa.

Em geral, prefere-se fazer uma compactação firme, por que de um

lado diminui o gradiente térmico, pois aumenta a condutividade térmica, e

de outro por ser mais reprodutível. Deve-se, porém, tomar muito cuidado a

fim de que a compactação da amostra seja o tanto quanto possível igual ao

da referência, caso contrário aparecerão acentuados desvios. Outra técnica

de enchimento das cavidades que segundo vários autores, permite obter

boa reprodutibilidade consiste simplesmente em bater lateralmente no

suporte a fim de conseguir uma acamação homogênea da amostra e da

referência nos orifícios.

68

Page 70: analise termica - themal analysis - Giolito

3.6.6. Efeito da colocação da tampa sobre o orifício do

suporte de amostras.

A colocação da tampa sobre o orifício da amostra provoca efeitos

decorrentes da dificuldade de difusão e escape de produtos gasosos da

reação e de entrada de gases que, eventualmente, podem reagir com a

amostra, este recurso de se utilizar câmaras de amostra fechadas deve ser

aplicado quando se desejam estudar as reações em ausência de fenômenos

oxidativos, provocados pelo oxigênio do ar. Muitos autores preferem

utilizar um estreito caminho de difusão cilíndrico, em vez de tampas,

colocando a amostra no interior de um pequeno tubo de cerâmica em

seguida ajustando este tubinho, com boca para baixo sobre a luva de

cerâmica do termopar.

3.6.7. Influência da composição da atmosfera do forno.

Como grande parte das reações estudadas através da DTA envolvem

perdas de massa, freqüentemente à custa de reações de decomposição

mais ou menos reversíveis, o efeito da atmosfera circundante assume

grande importância.

A atmosfera ao redor da amostra pode ser estática, quando não se

força o fluxo de um gás, ou dinâmica quando se faz passar um gás ao

redor da cavidade da amostra. Pode ser autogerada.

O controle da atmosfera do forno, empregando-se gás não diluído em

pressões sub e supra ambiente, em condições tais que haja facilidade de

trocas gasosas, permitem controlar reações reversíveis (e mesmo algumas

reações irreversíveis), nas quais o gás seja reagente ou produto, sem,

porém afetar outras reações.

O controle dinâmico da atmosfera permite exercer controle sobre as

reações para as quais o gás é reagente ou produto, podendo-se também,

utilizar em certos casos, atmosferas dinâmicas de gases inertes como N2 e

69

Page 71: analise termica - themal analysis - Giolito

Ar. Finalmente o emprego de atmosfera autogerada, pelo fato de

dispensar o controle específico da atmosfera, permite obter com facilidade,

picos muito bem definidos; esta técnica; e, portanto de grande utilidade

nas etapas iniciais de estudo de uma dada amostra e deve

necessariamente ser utilizada quando não for praticável o fornecimento de

atmosfera de gás que constitui o produto de decomposição.

3.6.8. Tamanho das Partículas.

Arens, já havia observado que a trituração prévia da amostra

provoca decréscimo na intensidade das reações, tendo relacionado este

decréscimo com o menor grau de cristalinidade da amostra. Realmente, ao

se triturar a amostra, provoca-se um aumento de sua energia de

superfície, de modo que as reações passam a ocorrer em temperaturas

consideravelmente mais baixas. Em outras palavras, superfícies

recentemente formadas, sejam por trituração, seja por precipitação tem

maior grau de desordem e como nestes casos ainda não houve tempo para

a destruição das superfícies ativas, evidencia-se seu comportamento que é

diferente do comportamento das superfícies já submetidas a

envelhecimento.

3.7. Aplicação da Análise Térmica Diferencial

Todas as aplicações da Análise Térmica Diferencial se baseiam na

interpretação adequada dos picos endo e exotérmico que aparecem nas

curvas DTA. O número, a forma e a posição destes picos permitem

interpretações qualitativas e as áreas após a medição adequada, permitem

determinação quantitativa. Os dados experimentais, após o tratamento

matemático, permitem também, chegar-se a importantes conclusões sobre

a cinética das transformações.

70

Page 72: analise termica - themal analysis - Giolito

A Análise Térmica Diferencial, a semelhança da

termogravimetria, é um método afetado por inúmeros parâmetros

experimentais, logo as curvas de uma dada amostra obtidas em diferentes

aparelhos, podem apresentar ligeiras diferenças entre si, com respeito à

temperatura e a forma dos picos. Entretanto, as curvas obtidas através de

qualquer instrumento moderno são perfeitamente reprodutíveis, de modo

que se utilizando várias substâncias padrões, as áreas dos picos das

curvas DTA podem ser relacionadas com os calores de reação, transição,

fusão, polimerização, etc. Reciprocamente, caso o calor da reação seja

conhecido, pode-se determinar a quantidade de substância que reagiu.

Qualquer fenômeno físico ou químico que por ocasião de sua

ocorrência provoque variações de entalpia pode ser detectado através

destas curvas, e à medida que a sensibilidade destes instrumentos foi

sendo aumentada, a aplicabilidade do método foi também sendo

consideravelmente ampliada.

Em primeira aproximação, pode-se afirmar que a forma dos picos é

determinada pela cinética de reação, embora possa sofrer

simultaneamente, as influências de vários parâmetros experimentais. Fato

idêntico ocorre com as áreas dos picos embora dependam

fundamentalmente das variações de entalpia, podem ser modificadas pela

ação de vários fatores instrumentais.

A origem dos picos endo e exotérmico são provocadas por fenômenos

físicos ou químicos.

Nas primeiras décadas que sucederam a descoberta da análise

térmica diferencial, suas aplicações praticamente se restringiram à solução

de problemas relacionados com cerâmica, metalurgia, edafologia (estudo

dos solos com vistas ao cultivo) e geologia. Só a partir de 1923 é que esta

técnica passou a ser cada vez mais utilizada na resolução de problemas

químicos. Atualmente a lista de aplicações cresceu rapidamente, de modo

que hoje se pode afirmar que a análise térmica diferencial constitui valiosa

fonte de informações em todos os setores da química.

71

Page 73: analise termica - themal analysis - Giolito

Variação de Entalpia Fenômeno

Endotérmico Exotérmico

Físico

Transição Cristalina + +

Fusão + -

Vaporização + -

Sublimação + -

Adsorção - +

Desadsorção + -

Absorção + -

Químico

Desolvatação + -

Desidratação + -

Degradação Oxidativa - +

Oxidação em Atmosfera

gasosa

- +

Redução em atmosfera

gasosa

+ -

Reações e Óxido

redução

+ +

Reações no estado

sólido

+ +

72

Page 74: analise termica - themal analysis - Giolito

3.7.1. Aplicações da Análise Térmica em Química

Substâncias Tipos de Estudo

Catalisadores Reações de decomposição

Polímeros Diagrama de fase

Graxas Lubrificantes Cinética de reação

Óleos e gorduras Reações em estado sólido

Compostos de Coordenação Catálise

Carboidratos Calores de adsorção

Aminoácidos e proteínas Calores de reação

Sais Hidratados Calores de polimerização

Óxidos de metais e não metais Calores de Sublimação

Carvão e petróleo Calores de transição

Fibras Têxteis naturais e artificiais Reações de Solvatação

Produtos Naturais Reações Gás-Sólido

Substâncias orgânicas Danos provocados por radiação

73

Page 75: analise termica - themal analysis - Giolito

3.8. Diferenças entre DTA e DSC

O termo Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) tem tornado

uma fonte de confusão em Análise térmica. Essa confusão é compreensível

por que existem vários tipos de instrumentos inteiramente diferentes que

usam o mesmo nome. Esses instrumentos são baseados em diferentes

projetos, que são mostrados a seguir.

DTA Clássico DTA Boersma

DSC

74

Page 76: analise termica - themal analysis - Giolito

75

Na DTA, é medida a diferença de temperatura entre a amostra e

o material referência inerte (ΔT = Ta – Tr).

Na DSC com compensação de potência a amostra e o material

referência são mantidas isotermicamente pelo uso de aquecedores

individuais. O Parâmetro medido é a diferença na potência de entrada dos

aquecedores, d (ΔQ/dt ou dH/dt).

Watson e colab. [29], aparentemente foram os primeiros a usar o

termo “Differential Scanning Calorimetry” (DSC) para descrever a técnica

instrumental desenvolvido em 1963, pela Perkin Elmer Corporation. Nessa

técnica a amostra e o material referência, ambos são mantidos

isotermicamente pela aplicação de energia elétrica quando eles são

aquecidos ou resfriados a uma razão linear. A curva obtida é o reghistro do

fluxo de calor dH/dt em mcal s-1 como função da temperatura.

Endotérmico

Exotérmico

dH/d

T

Temperatura (ºK)

No verdadeiro sentido termodinâmico, um pico endotérmico é

indicado no sentido ascendente (aumento na entalpia), enquanto que um

pico exotérmico é registrado na direção oposta. Em todos os aspectos a

curva DSC parece muito semelhante à curva DTA exceto a unidade do eixo

da ordenada. Como na DTA, a área do pico da curva DSC é diretamente

proporcional à mudança de entalpia.

Page 77: analise termica - themal analysis - Giolito

76

kmHA Δ=

Exceto que k é independente da temperatura

3.8.1.Diferença Básica nos instrumentos DSC e DTA com fluxo de calor.

endotérmico

Curva DSC

dH/d

t

Temperatura

endotérmico

Curva DTA (Fluxo de calor)

ΔT

Temperatura

Curva DSC

Temperatura

dH

/dt

endotérmico

endotérmico

Curva DTA (Fluxo de calor)

ΔT

Temperatura

76

Page 78: analise termica - themal analysis - Giolito

A determinação do calor de transição (ou reação) ou massa da

amostra reativa obtida da área do pico da curva; é um procedimento

largamente utilizado em DTA ou DSC, através da equação:

ΔH m = KA

Onde: ΔH é o calor de transição (reação)

m é a massa da amostra reativa

K é o coeficiente de calibração

A é a área do pico.

A constante de calibração está relacionada com a geometria e

condutividade térmica do suporte de amostra e usualmente é determinado

pela calibração do sistema com compostos que possuem calores de

transição ou reação conhecidos.

As principais vantagens das técnicas DTA ou DSC sobre a

calorimetria clássica são:

1. Rapidez nas determinações.

2. Pouca massa de amostra

3. Amostra pode ser sólida ou líquida

4. Aplicável a processo de resfriamento e medidas sob alta

pressão

5. Estudar diferentes tipos de reações químicas.

As desvantagens da técnica são:

1. Precisão e exatidão relativamente baixas (5% - 10% em muitos

casos)

2. Não permitem determinar a entalpia de reações sobrepostas.

77

Page 79: analise termica - themal analysis - Giolito

3. No caso da DTA, a necessidade de calibração em todo o

intervalo de temperatura de interesse por que K; é uma função da

temperatura.

4. Inexatidão na determinação da área do pico devido à mudança de

linha base durante a transição ou reação.

É importante ressaltar que nenhuma grande precisão pode ser

obtida sem um rígido controle das variáveis que afetam as curvas DTA ou

DSC, alias que em muitos casos é extremamente difícil.

3.9. Referências

1. M. Ionashiro, I. Giolito, Cerâmica, 26 (121) 17 (1980).

2. I. Giolito, M. Ionashiro, Cerâmica, 34 (225) 163 (1988).

3. H. L. Lê Chatelier. Bull. Soc. Franc. Mineral., 10, 204 (1887).

4. H. E. Ashley, Ind. Eng. Chem., 3, 91 (1991)

5. J. W. Mellor, A. D. Holdcraft, Trans. Brit. Ceram. Soc., 10, 94 (1911).

6. H. Wallach. Compt. Rend., 157, 48 (1913).

7. C. N. Fenner, Am. J. Sci., 36, 331 (1913)

8. W. C. Roberts –Austen, Proc. Inst. Mech. Engrs. (London), (1899);

Metallographist, 2, 186 (1899).

9. G. K. Burgess, Nat. Bur. Std (U. S.) Bull., 5, 199 (1909).

10. S. Speil, L. H. Berkelhamer, J.. A. Pask, B. Davis, U. S. Bur. Mines,

Tech. Papers, 664 (1945).

11. H. S. Houldsworth, J. W. Cobb, Trans. Brit. Ceram. Soc., 22, 111,

(1923).

12. P. F. Kerr, J. L. Kulp, Am. Mineralogist, 33, 387 (1948)

13. M. J. Vold, Anal. Chem., 21, 683 (1945)

14. S. L. Boersma, J. Am. Ceram. Soc., 38, 281 (1955).

15. G. M. Lukaszewski, Lab. Pract., 14, 1277 (1965).

78

Page 80: analise termica - themal analysis - Giolito

16. G. M. Lukaszewski, Lab. Pract., 15, 75 (1966).

17. D. J. David., Anal. Chem., 36, 2162 (1964)

18. P. Pacor., Anal. Chim. Acta, 37, 200 (1967)

19. R. Melling, F. W. Wilburn; R. M. Mc lntosh, Anal. Chem., 41, 1275

(1969)

20. D. L. David, J. Thermal Anal., 3, 247 (1971).

21. W. P. Brennan, B. Miller, J. C. Whitnell, Thermochim, Acta, 2, 347

(1971).

22. P. Claudy, J. D. Commercon, J. M. Letoff, Thermochim. Acta, 68,

305 (1983).

23. Y. L. Shishkin, J. Thermal Anal., 27, 113 (1983)

24. P. L. Arens, A study on the Differential Thermal Analysis of Clays

and Clays Minerals., Excelsiors Foto-Offset, The Hague (1951).

25. T. L. Webb, Nature, 174, 686 (1954).

26. R. C. Mackenzie, Differential Thermal Analysis of Clays, Central

Press, Aberdeen, Scotland (1957).

27. P. Bayliss, S St. J. Warne, Am. Mineralogist, 47, 775 (1962).

28. J. A. Pask, M. F. Warner., Am. Ceram. Soc. Bull., 33, 168 (1954).

29. E. S. Watson, M. J. O’Neill, J. Justin,. N. Brenner, Anal. Chem., 36,

1233 (1964).

79

Page 81: analise termica - themal analysis - Giolito

4. Interpretação de curvas: TG/DTG, TG e DTA,

TG e DSC ou TG-DTA.

1. Curvas TG-DTA do produto de reação do Selenito de sódio com

cloreto de lantânio, depois de convenientemente tratado, são

mostradas a seguir:

200 400 600 800 1000 120020

30

40

50

60

70

80

90

100

ΔT

Δm

Temperatura (ºC)

Curvas TG-DTA simultâneas do selenito de lantânio (20,05 mg) razão de

aquecimento = 10ºC min-1; atmosfera = ar, 20 mL min-1, suporte de amostra Pt

As informações que podem ser obtidas das mesmas são:

2- Determinação da estequiometria do produto de reação: xLaCl3- +

yNa2SeO3 → Lax (SeO)y. nH2O + 3xCl- + 2 yNa+.

mi = 20,05 mg

Δm1 = 1,55 mg = 7,73% (H2O)

80

Page 82: analise termica - themal analysis - Giolito

Δm2 + Δm3 + Δm4 = 9,40 mg = 46,9% (SeO2)

Resíduo = 9,10 mg = 45,4% (La2O3)

279,091,1624,45

21

%

423,096,1109,46%

429,002,1873,7%

322

2

2

===

===

===

MolOLay

MolSeO

MolOH

Dividindo os valores pelo menor valor:

)(221279,0279,0

)(325,1279,0423,0

)(325,1279,0429,0

xx

yx

nx

=→

=→

=→

La2(SeO3)3.3H2O

b) No selênito de lantanio as três moléculas de água são perdidas em

uma única etapa, através de um processo lento até a temperatura de

200ºC. O composto anidro é estável até 700ºC, e o óxido de lantânio é

formado acima de 1200ºC.

c) Mecanismo de decomposição térmica.

A primeira perda de massa associada ao pico endotérmico (110ºC) é

atribuída à desidratação.

81

Page 83: analise termica - themal analysis - Giolito

Difratogramas de Raios X, método do Pó so selenito de lantânio (a) 400ºC; (b) 750ºC

As três perdas de massa observadas entre 700ºC e 1200ºC, em

correspondência aos três picos endotérmicos são atribuídos à

decomposição térmica do selenito a óxido de lantânio, isto é:

4,80 + 1,50 + 3,10 = 9,40 mg = 3 (SeO2)

Se 9,40 ≡ 3 (SeO2) →4,80 ≡ 1,5; 1,50 ≡ 0,5 e 3,1 ≡ 1

Então:

↑+⎯⎯→⎯

↑+⎯⎯→⎯

↑+⎯⎯→⎯

↑+⎯⎯→⎯

Δ

Δ

Δ

Δ

2324

322

23223

5,135,12

25,135,122

332

23321

2332

5,0)(

5,1)()(

3)(3.)(

SeOOLaSeOOLa

SeOSeOOLaSeOOLa

SeOSeOOLaSeOLa

OHSeOLaOHSeOLa

m

m

m

m

d) Na curva DTA o evento exotérmico observado a 560 ºC é atribuído a

fenômeno físico, pois nenhuma variação de massa é observada nessa

temperatura. O aspecto desse evento térmico é característico de processo

de cristalização, cuja comprovação foi feito por difratometria de raios X,

pelo método do Pó.

40 35 30 25 20 15 10

(b)

(a)

I/I0

82

Page 84: analise termica - themal analysis - Giolito

e) O desvio da linha base na curva DTA, acima de 900ºC é devido à

mudança na compactação da amostra provocada pela decomposição

térmica do selenito com a eliminação de SeO2, alterando a condutividade

térmica da amostra em relação à referência.

2. Semelhante ao exercício anterior, são mostradas a seguir as TG-DTA do

produto de reação do selenito de sódio com cloreto de Itérbio.

200 400 600 800 1000 1200

Δ m

ΔT

200 400 600 800 1000 1200

Temperatura (ºC)

Curvas TG-DTA simultâneas do selenito de Itérbio (20,00 mg) razão de aquecimento, 10ºC

min-1 atmosfera de ar, 20 mLmin-1 suporte de amostras, Pt

As informações que podem ser obtidas das mesmas são:

(a) Estequiometria do produto da reação:

xYb + y Na2SeO3 → Ybx (SeO3)y . nH2O + 3 x Cl- + 2 y Na+

83

Page 85: analise termica - themal analysis - Giolito

mi = 20,00 mg

Δm1 = 1,40 mg = 7,00% (H2O)

Δm2 + Δm3 + Δm4 = 8,40 mg = 43,0 % (SeO2)

Resíduo = 10,0 mg = 50,0 % (Yb2O3)

254,004,1970,50)(2

1

388,096,1100,43

388,002,1800,7

32

2

2

==

==

==

OYb

SeO

OH

Dividindo os valores pelo menor valor temos:

)(1254,0254,0)(2

1

)(325,1254,0388,0

)(325,1254,0388,0

32

2

2

xOYb

yxSeO

nxOH

==

===

===

Yb2(SeO3)3. 3 H2O

b) Mecanismo de decomposição térmica.

A primeira perda de massa (50 – 220ºC) em correspondência ao pico

endotérmico (120ºC) é atribuída à desidratação, com eliminação das

moléculas de água em uma única etapa.

84

Page 86: analise termica - themal analysis - Giolito

As Três perdas de massa entre 540 e 940ºC associada a três picos

endotérmicos são atribuídas a decomposição térmica do selenito a óxido de

itérbio, com eliminação de SeO2, isto é:

4,20 + 1,50 + 2,90 = 8,60 mg ≡ 3 SeO2, então;

4,20 ≡ 1,5; 1,50 ≡ 0,5 e 2,90 ≡ 1 (SeO2)

Portanto:

↑+⎯⎯→⎯

↑+⎯⎯→⎯

↑+⎯⎯→⎯

↑+⎯⎯→⎯

Δ

Δ

Δ

Δ

2324

322

23223

5,135,12

25,135,122

332

23321

2332

5,0)(

5,1)()(

3)(3.)(

SeOOYbSeOOYb

SeOSeOOYbSeOOYb

SeOSeOOYbSeOYb

OHSeOYbOHSeOYb

m

m

m

m

c) No selenito de Itérbio, nas curvas TG-DTA, a curva DTA não mostra

nenhum evento exotérmico. No entanto o primeiro pico endotérmico

atribuído à decomposição térmica do sal anidro, possui uma área menor

que a dos outros dois apesar da massa perdida nessa etapa ser maior. Isso

sugere que esse pico é resultante de dois eventos térmicos opostos. Isso foi

confirmado utilizando-se o DTA clássico, onde a amostra foi diluída e

compactada. Com a compactação verificou-se o aparecimento de um pico

exotérmico que pelo seu aspecto sugere um processo de cristalização

acompanhada de transição cristalina, e que não é afetada pela

compactação (fenômeno físico), enquanto que os picos endotérmicos

atribuídos à decomposição térmica são deslocados para temperaturas mais

elevadas. Por esta razão o pico endotérmico atribuído a ultima perda de

massa não é observada na curva DTA clássica.

85

Page 87: analise termica - themal analysis - Giolito

3. Foram sintetizados os 8-Hidroxiquinolinatos (C9H6ON-) de magnésio e de

Zinco e as curvas TG-DTA são apresentadas a seguir:

Essas curvas permitem:

200 400 600 800 1000

ΔT

Temperatura (ºC)

Curva DTA do selenito de itérbio, diluído a

20% (m/m) com α-Al2O; razão de

aquecimento = 10ºC min-1; suporte de

amostras = bloco de níquel; referência

α-Al2O3

40 35 30 25 20 15 10

I/Io

2 θ

Difratograma de Raios X, método do Pó do

selenito de Itérbio. (a) 400 ºC; (b) 750ºC

100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100

dm/dt(b)

(a)

Δm

Temperatura (ºC)100 200 300 400 500 600

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

(b)

(a)dQ/dt

Temperatura (ºC)

Curvas TG/DTG dos compostos (a)

Mg(Ox)2.2H2O (7,780 mg); (b) Zn

(Ox)2.2H2O (7,370mg)

Curvas DSC dos compostos (a)

Mg(Ox)2.2H2O (7,708 mg); (b) Zn

(Ox)2.2H2O (6,673 mg)

86

Page 88: analise termica - themal analysis - Giolito

Essas curvas permitem:

(a) Estabelecer a estequiometria;

Composto de Magnésio: Mgx(C9H6ON)y.nH2O

mi = 7,780 mg

Δm1 = 0,809 mg = 10,4% (H2O)

Δm2 = 6,065 mg = 77,6 % (L corresponde a perda de ligante)

Resíduo = 0,906 mg = 11,6 % (MgO)

Então:

288,031,406,11

5726,016,13696,77

577,002,184,10

*

2

==

==

==

MgO

L

OH

Mg (C9H6ON)2.2H2O

• Mol L = (C9H6ON)2 = 144,16. Quando o ligante é eliminado, um

oxigênio permanece para a formação do MgO. Então 2L -1/2 O2 → L –

½ O, isto é: !44,16 – 8 = 136,16.

→ Compostos de Zinco seguindo o mesmo raciocínio. Zn(C9H6ON)2.

2H2O.

87

Page 89: analise termica - themal analysis - Giolito

(b) Verificar a estabilidade térmica dos compostos hidratados e

anidros e as etapas de decomposição térmica.

Nas curvas TG/DTG, a primeira perda de massa observada entre 90-

160ºC (Mg) e 70-130ºC (Zn) é atribuída à desidratação. O composto

anidro de magnésio é estável até 420 ºC e a decomposição térmica

ocorre em uma única etapa entre 420-550ºC, com a formação de óxido

de magnésio, MgO como resíduo final. O Composto anidro de zinco é

estável até 350ºC e entre 350 e 600ºC, a decomposição térmica ocorre

em duas etapas, com a formação de óxido de zinco, ZnO como resíduo

final.

Nas curvas DSC, o primeiro pico endotérmico observado a 170ºC

(Mg) e 150ºC (Zn) é atribuído à desidratação, em correspondência com a

primeira perda de massa observada nas curvas TG/DTG. Apenas no

composto de zinco verifica-se um pequeno evento exotérmico a 210ºC,

atribuído ao processo de recristalização, e um pico endotérmico agudo a

360ºC, característico de fusão. A fusão desse composto foi confirmada

visualmente, aquecendo-se o mesmo em um bico de Bunsen.

Utilizando-se cadinho de platina sobre tela de amianto. No composto de

magnésio, a fusão também foi observada visualmente, apesar da curva

DSC não registrar nenhum pico endotérmico após a desidratação.

A ausência do pico endotérmico devido à fusão, sugere que a mesma

é acompanhada de um outro evento térmico, prevalecendo o pico

exotérmico (455ºC) que é característico de uma transição cristalina.

Os dois picos exotérmicos observados nos compostos de magnésio

(480ºC, 520ºC) e no de zinco (420ºC, 525ºC), são atribuídos a oxidação

do produto de evaporação e do resíduo carbonizado respectivamente.

Os produtos da evaporação após a condensação foram isolados e

analisados utilizando-se a espectroscopia de absorção na região do

88

Page 90: analise termica - themal analysis - Giolito

89

infravermelho, ressonância magnética nuclear, reatividade química,

análise química e ponto de fusão. O sólido branco foi identificado como

sendo a quinolina N-óxido (Figura 1) e o sólido amarelo a 5

hidroxiquinolina N-óxido (Figura 2).

4. Curvas TG/DTG e DTA do Etilenodiaminotetraacetato de lantânio (La-

EDTA), isolado no estado sólido são mostradas a seguir.

100 200 300 400 500 600 700 800

dm/dt

Δm

T

emperatura (ºC)100 200 300 400 500 600 700 800 900

ΔT

Temperatura (ºC)

O EDTA é um ligante hexadentado e forma quelatos na relação 1:1

independente da valência do íon. A curva TG não evidencia nenhuma água

de hidratação. Admitindo que o quelato formado apresenta-se como: La-

EDTA; como: La = 138,91 e o EDTA = C10H12N2O8 = 288,24 → La-EDTA =

427,15.

Então:

La-EDTA Δm + ½ La2O3Δ

427,15 264,24 162,91

100 Δm% = 61,86 (Calculo teórico)

Na curva TG/DTG

Page 91: analise termica - themal analysis - Giolito

mi Δm 800ºC Δ

7,00 mg 4,45 mg

100 Δm % = 63,6 (TG)

A diferença de 1,7% de perda de massa entre o valor calculado e o da

curva TG, mostra que a proposição não é correta.

Dados da literatura mostram que o quelato de lantanio com EDTA

no estado sólido possui uma água coordenada, e com um grupo carboxílico

não participando da coordenação do íon lantânio. Portanto o quelato

apresenta-se como.

La [HEDTA.H2O] Δm + ½ La2O3

446,18 283,27 162,91

100 Δm = 63,49% (Calculado) → ΔmTG = 63,6%

Δ

Como perda de massa entre o valor calculado e o da curva TG ‘e de

0,11%, conclui-se que a proposta La[HEDTA.H2O] é o compatível.

90

Page 92: analise termica - themal analysis - Giolito

5. Curvas TG/DTG e DSC do produto de reação do 4-

Clorobenzalpiruvato de sódio (Cl-C6H4-CH=CHCOCOONa) com cloreto de

lantanio (LaCl3), depois de convenientemente tratado são mostrados a

seguir.

100 200 300 400 500 600 700 800

dm/dt

Δm

Temperatura (ºC)100 200 300 400 500 600 700 800

dQ/d

T

Temperatura (ºC)

Curva TG/DTG do 4-clorobenzalpiruvato

de Lantânio (7,316 mg)

Curva DSC do 4-clorobenzalpiruvato

de Lantânio (7,150 mg)

Nas curvas TG/DTG, a perda de massa que ocorre até 120ºC é

atribuída à desidratação, e entre 180 e 540ºC a mesma é devida à

decomposição térmica do composto anidro. O resíduo é estável até 900ºC

(limite do equipamento).

Na curva DSC, o pico endotérmico é atribuído à desidratação e os

picos exotérmicos a oxidação da matéria orgânica, todos em

correspondência com as perdas de massa observada na curva TG/DTG.

O ligeiro deslocamento dos eventos exotérmicos observados na curva

DSC, para temperaturas mais altas em relação às perdas de massa

observadas nas curvas TG/DTG é porque na curva DSC utiliza-se suporte

91

Page 93: analise termica - themal analysis - Giolito

de amostra com tampa perfurada e nas curvas TG/DTG, utiliza-se

suporte de amostra sem tampa.

- Estabelecimento da estequiometria.

Curva TG:

Massa inicial, mi = 7,316 mg

Δm1 = 0,328 mg = 4,48% (H2O)

Δm2 = 5,255 mg = 71,83% (Δ Ligante)

Resíduo = 1,733 mg = 26,69% (900ºC)

O resíduo da curva TG, dissolvido em solução de AgNO3/HNO3,

detectou a presença de íons cloreto. A formação de oxicloreto de lantânio

como resíduo final foi confirmado por difratometria de raios X, pelo método

do pó.

Portanto:

1244,036,190%69,23.Re

3732,046,192

%83,71

249,002,18%48,4

*

2

==

==Δ

==

LaOCls

L

OH

Dividindo os valores pelo menos valor:

92

Page 94: analise termica - themal analysis - Giolito

11244,01244,0.Re

31244,03732,0

21244,0249,0

2

==

==Δ

==

s

L

OH

La(L)3.2H2O

∗ΔL = 209,61 x 3 = 628,83 – 51,45 (OCl) = 577,38 ÷3 = 192,46

6. O 4-metoxibenzalpiruvato de Níquel foi sintetizado, reagindo-se o ácido

4-metoxibenzóico (CH3-C6O4COOH) com hidroxicarbonato de níquel

(Ni(OH)x(CO3)1 - 0,5x). As curvas TG-DTA simultâneas do produto da síntese

são mostradas a seguir.

100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100Δm

ΔT

Temperatura (ºC)

Curvas TG-DTA simultâneas do 4-metoxibenzoato de níquel.

A primeira perda de massa (100 – 160ºC) em correspondência com o

pico endotérmico (150ºC) é atribuído à desidratação. A segunda perda que

93

Page 95: analise termica - themal analysis - Giolito

ocorre através de um processo lento (160 – 280ºC), cujo calor envolvido

não foi suficiente para sinalizar o evento térmico é atribuído à eliminação

de água fortemente ligada. A última perda de massa (300 – 540ºC), em

correspondência com o evento exotérmico é atribuída à decomposição

térmica do composto anidro e que a oxidação da matéria orgânica é

acompanhada de combustão.

As duas descontinuidades observadas nas curvas TG-DTA mostram

que ocorreram duas combustões durante a oxidação da matéria orgânica.

Na curva TG:

Mi = 7,052 mg

Δm1 = 0,743 mg = 10,5% (H2O)

Δm2 = 0,297 = 4,21% (H2O)

Δm3 = 4,778 mg = 67,75% (ΔL)

Res. = 1,234 mg = 17, 50% (raios X = NiO)

ΔL = 151,15 - 8 (½ O2) = 143,15

2343,069,7450,17.Re

4733,015,14375,67

234,002,1821,4

583,002,185,10

2

1

==

==Δ

==Δ

==Δ

s

L

m

m

Dividindo os valores pelo menor valor:

94

Page 96: analise termica - themal analysis - Giolito

12343,0

50,17.Re

22343,0

75,67

12343,0

21,4

5,22343,0583,0

2

1

==

==Δ

==Δ

==Δ

s

L

m

m

Ni(L)2. 3,5 H2O

7. Curvas TG/DTG obtidas em uma termobalança vertical.

Se o composto fundir e evaporar e o mesmo recristalizar no fio de

sustentação do suporte de amostras, à medida que a temperatura

aumenta o material recristalizado se desprende. Se o material desprendido

cair dentro do suporte de amostras, poderá provocar o desequilíbrio da

termobalança, conseqüentemente descontinuidades nas curvas TG/DTG.

Como ilustração desse efeito são mostradas a seguir, curvas

TG/DTG da salicilamina, P. F. 142 ºC, obtidas em uma termobalança

vertical.

95

100 200 300 400 500 600 700 800

dm/dt

Δm

Temperatura (ºc)100 200 300 400 500 600

exo

dQ/dt

Temperatura (ºC)

Curva TG/DTG da Salicilamida Curva DSC da Salicilamida

Page 97: analise termica - themal analysis - Giolito

Interrupções e/ou das continuidades nas curvas TG, também são

provocadas quando equipamentos encontram-se instalados em locais e/ou

de forma inadequadas.

96

Page 98: analise termica - themal analysis - Giolito