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ANÁLISE DO LAYOUT DO PROCESSO
DE FABRICAÇÃO DE TIJOLOS: UM
ESTUDO DE CASO PARA MELHORIA
DA PRODUTIVIDADE E DA
SEGURANÇA E SAÚDE DOS
FUNCIONÁRIOS
JUSSARA FERNANDES LEITE (UNIPAC )
Gizele da Silva Arcanjo (UNIPAC )
Lidia de Paula Pessoa (UNIPAC )
Fernanda Maciel Zeferino (UNIPAC )
Alexandra Fernandes Leite (UNIPAC )
A partir do momento que uma empresa possui controle sob a sua
produção, pode encontrar métodos para estreitar a sua área
operacional, ampliar a capacidade produtiva e qualidade do que se
produz. Este trabalho consiste de um estudo de caso, realizado no
sistema produtivo de uma empresa, que atua na área de olaria. O
objetivo principal deste estudo é apresentar melhorias no processo
produtivo de fabricação de tijolos, a fim de proporcionar o aumento da
produtividade e a segurança de seus empregados. Esta pesquisa é
caracterizada como descritiva, explicativa e exploratória. Para a
consecução do objetivo apresentado, os métodos adotados para coleta
de dados foram observação, entrevista e pesquisa documental. Os
dados foram mensuráveis e tratados pelo método de análise de
conteúdo. Nas análises por intermédio de gráficos e visitas na unidade,
foram identificadas as principais deficiências e necessidades do
sistema produtivo. Diante dos fatos, verificou-se que o fluxo produtivo
da empresa, não viabiliza uma melhor alocação dos recursos
envolvidos no processo de fabricação de tijolo. Dessa maneira, foi
sugerido mudança no layout com intuito de reestruturar as atividades.
A mudança no layout acarretaria redução da distante percorrida pelos
funcionários para realizar as atividades, diminuição do esforço físico
dos empregados e organização do local de trabalho. Acredita-se que
com a implementação das medidas a empresa poderá propiciar de
melhores resultados, uma vez que, aumentará a eficiência do processo
produtivo e a satisfação dos funcionários.
Palavras-chave: Produtividade, melhoria, layout.
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1. Introdução
A produtividade é um dos focos gerenciais nas empresas. Isso porque o aumento contínuo da
produtividade gera muitos benefícios seja para a própria empresa ou até mesmo para a
sociedade como um todo que depende de seus serviços e/ou produtos.
Assim qualquer que seja o tipo, ramo, ou porte de uma empresa, para que haja o aumento
contínuo de sua produtividade é necessário ter sempre o controle e monitoramento de todo seu
processo produtivo. De acordo Kaplan e Norton (1997), apud Oliveira, Oliveira e Pinto
(2012), as medições são importantes para eficiência de um gerenciamento. Essas medições
auxiliam na tomada de decisões de uma empresa, contribuem com a eficiência dela e em um
melhor desempenho da produtividade.
Melhoria constante no processo produtivo gera aumento da qualidade do produto, redução nos
custos de produção, trabalho eficiente das máquinas e informações confiáveis, que apoiam o
desenvolvimento do planejamento estratégico. Tudo isso são fatores necessários para entender
o fluxo de produção e o quanto ele pode impactar nos resultados finais providos no seu
processo produtivo.
O fluxo de um processo produtivo mal estabelecido pode afetar a produtividade da empresa, e
causar interrupções indesejáveis, como também atrasos nas entregas dos pedidos.
Verifica-se então que um fluxo de produção, ao seguir uma sequência lógica pela qual o
processamento dos produtos e/ou serviços ocorrem, tem um papel fundamental no processo
produtivo, pois, se bem elaborado e administrado, permitirá um caminho correto da primeira à
última operação. Desta forma, reduzirá o desperdício relativo à circulação excessiva de
produtos na fábrica, a movimentação redundante de pessoas, que aumenta à exposição aos
riscos oriundos do processo, bem como, otimizará a execução das tarefas. Tudo isso, aumenta
a produtividade das pessoas e dos equipamentos.
Neste contexto, este artigo tem como objetivo apresentar melhorias no processo produtivo de
uma empresa da área de olaria, a fim de proporcionar o aumento da produtividade e a
segurança de seus empregados.
2. Fluxo de processo
Fluxo de processo baseia-se num sequenciamento de atividades que quando bem direcionadas
podem aprimorar processos em uma empresa. De acordo com Silva (2008) apud Grosso
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(2012), fluxo de produção ou propriamente dizendo sequenciamento de operações consiste em
definir prioridades ou ordenar a execução de um conjunto de atividades de modo que a
sequência do sistema produtivo e os esforços da empresa estejam coordenados para atender
efetivamente os seus objetivos.
Além desses fatores, Cury (2012, p. 329) salienta que “para entender um processo é
indispensável fazer um completo levantamento de tudo o que acontece em suas diversas
atividades e tarefas”. Pois, a partir disto se tem a compreensão não só do sistema produtivo,
como também qual o melhor método ou fluxo de produção apropriado para cada atividade
mediante aos objetivos estimados.
Diante do exposto, definir um fluxo de processo adequado à atividade depende muito do
entendimento que se tem sobre os processos de uma organização. É necessário olhar os
processos e ter uma visão crítica sobre todas as etapas que englobam o sistema produtivo.
2.1. Produtividade nas empresas
A maneira como se gerencia um processo produtivo reflete na produtividade. Moreira (1999),
apud Costa e Costa (2003), ressalta que a melhoria da eficiência do processo produtivo
acarretaria em benefícios para empresa no sentido de guiá-la a um melhor aproveitamento dos
recursos, sejam eles mão-de-obra, máquinas, matéria-prima, entre outros. Neste sentido, a
produtividade encontra-se diretamente relacionada à competitividade e aumento de lucro da
empresa, na medida em que a adequada utilização de insumos gera a redução dos custos de
produção e serviços prestados.
Brandi e Giacaglia (2011) advogam que a produtividade é um fator no qual favorece a
empresa, pois torna o ambiente mais objetivo, seguro e sem desperdícios. O que gera uma
onda positiva que envolve todos os colaboradores e nos resultados almejados pela empresa.
Compreende-se, diante do exposto, que um dos benefícios decorrentes de um fluxo é a
produtividade nos processos. A produtividade consiste na otimização, eficácia e eficiência
organizacional, alavancando a competitividade das organizações, que passam a ter atividades
estruturadas, conduzidas a uma produção com impactos positivos e qualidade superior, sem
incorrer em custos elevados para empresa.
2.2. Arranjo físico
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Corrêa e Corrêa (2012) destacam que arranjo físico, também é conhecido na literatura de
língua inglesa como layout, é uma adequação física dos recursos de transformação que
ocupam espaço dentro das áreas operacionais e administrativas da empresa. Esta adequação
resulta em mudanças relevantes de procedimentos ou de fluxos físicos, para que sejam
alinhadas as características do layout ideal com as prioridades competitivas da organização.
Assim, percebe-se pelo exposto que arranjo físico é um processo de indiscutível valor para
toda e qualquer empresa. Aplicado nas organizações para que elas tenham a melhor
adequação de seus sistemas, equipamentos, documentos, pessoas e atividades gerais sejam as
operacionais e/ou administrativas de uma empresa. Portanto, uma combinação de
implantações organizacionais imprescindíveis para a redução dos custos operacionais bem
como também, para aumento da produtividade e eficiência dos processos interligados na
empresa.
Por outro lado, a importância de implantar ou aperfeiçoar um arranjo físico apropriado para
uma empresa, não se baseia apenas a uma redução de custos ou maior eficiência na
produtividade de ações e/ou processos. Um arranjo físico reflete nas decisões operacionais
mais amplas, capaz de oferecer muitos benefícios para empresas ao englobar a aparência no
espaço de trabalho, melhoria operacional e o bem estar das pessoas que estão envolvidas na
gestão organizacional. (ANTONIOLLI, 2009).
De acordo com a ideia de Antoniolli (2009), Slack, Chambers e Johnston (2009) ressaltam
que o objetivo do arranjo físico é oferecer à empresa a segurança aos que operam e atender os
objetivos ao canalizar o fluxo de materiais, os planejamentos elaborados, informações ou
pessoas envolvidas. Além disso, estruturar os recursos físicos, a fim de tornar o ambiente
confortável capaz de melhorar a coordenação gerencial, bem como acessibilidade de todas as
máquinas, flexibilidade organizacional e satisfação dos consumidores.
3. Metodologia da pesquisa
Este trabalho consiste de um estudo de caso caracterizado como descritivo, explicativo e
exploratório, realizado no sistema produtivo de uma empresa, que atua na área de olaria, isto
é, fabricação de tijolos, no período de setembro 2014 a outubro de 2015.
Como descritiva esta pesquisa caracteriza-se devido no desenvolvimento deste estudo ser
realizado a descrição do processo produtivo. No entanto, o objetivo desta descrição do
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processo é explicar como as atividades relacionam e identificar pontos que devem ser
melhorados. Logo, este estudo também é caracterizado como explicativo e exploratório.
Do mesmo modo, para a consecução dos objetivos apresentados, recorre-se a um método
sistemático instituído em pesquisa de campo. Este foi realizado para coletar dados por meio
de observação, entrevista com o proprietário e coleta de dados em documentos da empresa.
A técnica de observação foi realizada nos meses de setembro 2014 a abril de 2015 a fim de
observar como a empresa executa o seu processo de fabricação de tijolos, no que se refere a
armazenamento de matéria prima, processamento, estocagem do material fabricado,
transporte e venda, bem como o envolvimento dos profissionais.
Logo, foi possível conhecer, observar, identificar como é o funcionamento de produção de
tijolos e os aspectos atuais do ambiente operacional e administrativo da organização. Por tais
razões, os dados coletados mediante a essa observação são de natureza qualitativa.
Em segundo momento, foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa para obter
informações sobre o processo produtivo.
Posteriormente, foram coletados em documentos da empresa dados referente ao volume e
meta de produção, horas trabalhadas, números de atestados e dias de afastamento. Os dados
referem-se aos meses de janeiro de 2014 a fevereiro de 2015. Logo, Estes dados possuem
natureza quantitativa.
4. Apresentação dos dados e resultados
A empresa começou sua atividade em 1999 e no decorrer destes 16 anos de atuação no
mercado dedica-se na produção de tijolos cerâmicos nas dimensões 09 x 19 x 29 cm, 14 x 19
x 29 cm, 09 x 19 x 14 cm e 14 x 19 x 14 cm. O tijolo maciço também é produzido pela
empresa, utilizado para revestimentos de paredes e produção de churrasqueiras.
Para desenvolver os produtos, a empresa conta com um processo produtivo em lotes, com a
colaboração de 17 funcionários e auxilio de 9 tipos de maquinários.
A partir dos equipamentos, com uma jornada de trabalho de 40 horas semanais dos
funcionários são produzidos 30.000 tijolos semanalmente. Logo, os tijolos produzidos são
enviados aos clientes por meios dos 3 caminhões da própria empresa ou pela própria
disponibilidade e transporte do cliente consumidor.
4.1. Fluxo do processo de fabricação de tijolos na empresa
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Com base nas observações realizadas na empresa, foi possível elaborar a planta da empresa
com as características do processo produtivo, conforme pode ser verificado na figura 1.
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Figura 1 – Planta do processo produtivo da empresa
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Na fabricação de tijolos na empresa, o processo produtivo é uma sequência operacional, que
inicia no planejamento, estocagem e preparação da matéria prima (1) que é adquirida de
fornecedores.
Quando a matéria prima (1) chega à fábrica é estocada no estabelecimento externo e em
determinadas porções, são encaminhadas aos chutes de alimentação (2), que é um
equipamento que atua como um duto responsável por direcionar o material para o shut. Em
seguida para o misturador, triturador, cortador, laminador; maromba e bomba a vácuo.
Em sequência, os tijolos passam pelo processo de secagem natural (3), que é um processo
necessário para evitar trincas no produto durante a queima. Com uma variação de 20 a 35 dias
armazenados, os tijolos ficam secos e prontos para passarem pelo processo chamado de
queima, o qual, dura em torno de 36 horas.
Na fase de queima, os tijolos são empilhados no forno (4), de forma enfileirada. No processo
de queima, o produto passa pelo forno com temperatura que pode chegar aproximadamente
1.040 graus. O forno possui uma capacidade para queimar 30.000 tijolos semanalmente.
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Após a queima, os empregados retiram o produto e o colocam em um carrinho manual para
transportá-los ao local de armazenamento e secagem (5). Os tijolos são retirados do forno um
a um. Durante essa fase da produção, os empregados deixam o equipamento de corte
desligado, para evitar acidentes e evitar gastos operacionais desnecessários.
O processo de arrefecimento depende das condições climáticas ou atmosféricas por isto varia
entre 4 a 6 dias. Esse processo concentra-se também na parte interna da fábrica, no qual são
estocados e preparados para o despacho (6).
4.2. Diagnóstico do processo produtivo de fabricação de tijolos
Foram realizadas primeiramente visitas a fábrica e nessa oportunidade também realizou-se
uma entrevista com o proprietário da empresa, o que contribuiu para obtenção de informações
e conhecimentos relacionados aos fatores estruturais e operacionais da empresa.
Segundo o proprietário da empresa, o processo produtivo possui várias limitações:
- capacidade limitada: O fluxo de produção da fábrica disponibiliza apenas 30.000 tijolos
semanalmente, impossibilitando por isto, requisições que ultrapasse essa quantidade.
- dimensionamento da área para armazenamento e estocagem dos tijolos: o espaço
estabelecido é insuficiente para alojar uma quantidade superior a 30.000 tijolos.
- Temos uma meta de produzir 120.000 tijolos mensalmente, mas nem sempre atingimos
esta meta. Claro que existem outros motivos que também influenciam nos resultados
esperados, pois contratempos existem também, seja voltado a maquinários ou mesmo no
quadro de efetivos quando os funcionários se ausentam-se por motivos particulares.
Para o proprietário da empresa, se tivesse a oportunidade de mudar algo em sua fábrica, sem
dúvida, focalizaria em primeiro instante os fatores que envolvem o arranjo físico da empresa.
Para comprovar tamanha necessidade, o proprietário cita algumas situações como:
- esforço excessivo dos funcionários: em virtude de algumas atividades na linha de
produção serem manualmente, como o carregamento de tijolos, que ocasiona esforço
excessivo dos colaboradores ao terem que deslocar sucessivas vezes ao dia um carrinho
contendo 21 tijolos (corresponde a aproximadamente 117 kg carregado a cada remessa). O
transporte é realizado para o local de queima ou expedição do material produzido.
- perda de material produzido: por não haver uma sequência adequada na linha de
produção, alguns processos estão situados distante um do outro. Por isto durante o trajeto
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dos funcionários para deslocar os tijolos até o local de queima costuma haver queda e
quebra de tijolos.
- dificuldade de acesso entre setores: as dificuldades de acessos estão relacionadas à
circulação de pessoas e alocação de material produzido.
Neste contexto, percebe-se que existe uma movimentação desnecessária e esforço excessivo
por parte dos funcionários, o que resulta numa ineficiência do processo. E o que também
implica na quantidade produzida e prazo de entrega de tijolos produzidos mensalmente.
Interessante se faz essas informações, pois foi possível identificar o quanto o arranjo físico
está sendo um fator que precisa ser adequado na empresa.
4.2.1. Análise dos dados do processo produtivo
Para demonstrar os impactos atribuídos a empresa em função do seu fluxo de processo de
fabricação de tijolos, foram estratificados e demonstrados por meio de gráficos a atual
performance da empresa. Assim, em primeiro plano, foi verificado como é a produção mensal
da empresa nos períodos de janeiro 2014 a fevereiro de 2015. Como está evidenciado no
gráfico apresentado na figura 2.
Figura 2 – Volume de produção da empresa no ano de 2014 a fevereiro de 2015
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
No gráfico apresentado na figura 2, nota-se que a meta do processo produtivo da empresa
durante 13 meses foi atingida em 6 meses. Isso representa que a empresa atingiu sua meta
46% em relação ao número de meses. Ainda, no caso presente, observa-se uma queda de
produção impertinente principalmente em junho, no qual atingiu apenas 93,59% de produção
no mês.
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Em realidade as oscilações de produção na empresa, torna-se necessário verificar quais os
aspectos que estão propiciando as diferenças nos volumes de produção entre o planejado
(meta) e o volume real que deveria ser produzido mensalmente.
A par disso, foram levantados primeiramente, dados referentes aos números de afastamentos
médicos e dias perdidos no período de análise. O gráfico da figura 3 apresenta o número
atestados médicos e dias de afastamento devido aos problemas de saúde dos empregados.
Figura 3 – Número de atestados médicos e dias de afastamento dos empregados - Jan/2014 a Fev/2015
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Nessa oportunidade, nota-se no gráfico da figura 3, que de jan/2014 a fev/2015, houve
afastamentos que influenciam nos resultados do processo produtivo da empresa. Por iguais
razões, também observa-se que no mês de junho de 2014 houve maior número de dias de
afastamentos dos empregados, o que corresponde um percentual de 42,85% dos 105 dias de
afastamento do período analisado.
Mediante a isto, foram coletadas informações com o proprietário da empresa sobre os motivos
dos afastamentos. O gráfico da figura 4 a seguir apresenta esses resultados.
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Figura 4 – Motivos dos afastamentos dos empregados – Jan/2014 a Fev/2015
Fonte: Dados da Pesquisa (2015)
Por meio do gráfico apresentado na figura 4, observa-se que os problemas mais frequentes e
que resulta afastamentos é lombalgia, que corresponde a 74% das ocorrências. Embora alguns
funcionários tenham problemas musculares não provenientes no trabalho, o percentual pode
ter sido intensificado devido às próprias condições de trabalho na empresa, visto que, os
funcionários se submetem a um esforço excessivo devido as atividades operacionais serem
manualmente.
4.3. Layout - Estrutura predial, ambiente e produção
A empresa é composta por dois pavimentos, distribuída em uma área de 1680 m2. No
pavimento térreo, está localizada toda parte operacional da empresa, conforme pode ser
verificado na figura 5.
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Figura 5 – Planta Baixa da área operacional
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Consta-se na figura 5 uma área de 297 m2 para disposição dos equipamentos, espaço para
secagem, armazenagem e estoque de tijolos. Ainda nessa área, consiste também um único
banheiro para utilização de todos os funcionários e clientes da empresa.
Por outro enfoque, foi observado no pavimento térreo que não existe uma localização fixa
para disposição dos tijolos no galpão. A forma aleatória de colocar os tijolos para secar,
armazenar ou estocar faz com que:
- a empresa não explore de forma eficaz o dimensionamento de sua área,
- a passagem de pessoas ou mesmo transação de material dificulta o processo produtivo,
- há uma desorganização das fases do processo produtivo, pois todas são realizadas juntas
no mesmo espaço. Fato que dificulta identificar qual fase os tijolos estão.
Não obstante isso, quando os tijolos são direcionados para queima são percorridos
aproximadamente cerca de 26 a 36 metros. Isto se deve, porque a entrada do forno é na área
externa da empresa. Consequentemente, isso resulta num esforço físico significante dos
funcionários e até mesmo quebra de material no percurso. A figura 6 ilustra o caminho
realizado pelos funcionários ao forno.
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Figura 6 – Trajeto para alimentação do Forno
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Por meio da figura 6, pode-se verificar que na fase de extração e preparação da argila, os
operários precisam percorrer uma distância aproximadamente 37 m do local onde se
concentra o estoque de argila a área operacional de produção de tijolos. Isso influencia no
volume de produção, pois o tempo de transporte é um momento improdutivo para a empresa.
4.4 Propostas de melhorias
Para atender as principais necessidades mencionadas pelo proprietário e visualizadas durante
as visitas de campo, um estudo do layout foi realizado e melhorias foram propostas. A figura
7 apresenta o layout proposto para a empresa.
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Figura 7 – Proposta de layout da área operacional
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Em primeiro passo, foi sugerida a organização dos tijolos conforme o processo. Nessa
proposta, sugere-se que os tijolos sejam posicionados em pontos fixos e organizados de modo
que facilite o acesso e localização dos mesmos.
Além deste fator, a distância entre o estoque de argila e os maquinários para a produção de
tijolos e a distância dos maquinários ao forno foi proposta a redução com a abertura de uma
porta na lateral, conforme a figura 8 que ilustra.
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Figura 8 – Proposta de melhoria layout – trajeto da matéria-prima
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Conforme pode ser verificado na figura 8, a redução da distância foi:
- processo de extração e preparação de argila (1): são percorridos 37 m pelo funcionário, na
sugestão isto passaria a ser um percurso 21 m. A redução ocorreu porque a estocagem de
argila seria alojada a 18 m em direção a porta instalada na lateral do galpão.
- processo de secagem (2): são percorridas distâncias aleatórias já que não tinham lugar fixo
para alojar os tijolos para secar, pela proposta, os funcionários percorreria uma distância
de 12 m.
- processo de queima (3): para conduzir os tijolos até a queima, os funcionários percorrem
26 a 36m. Isso porque a entrada do forno encontra-se na área externa. Como sugestão, a
distância seria de 3 m, pois a área de secagem seria próxima a porta do forno.
- processo de armazenagem (4): são percorridas distâncias aleatórias, pois não há lugar fixo
para armazenamento dos tijolos. Pela proposta não exigiria esforço do funcionário, pois
foi sugerido instalar uma esteira que compreenderia a área do forno à área de
armazenagem. Desta forma, o esforço físico seria apenas para retirar os tijolos da esteira e
colocá-los em pilhas sobre os paletes.
Para melhor visualização, a figura 9 apresenta a planta baixa do processo produtivo da
empresa e a planta com layout proposto para o processo.
Figura 9 – Planta do processo produtivo da empresa – Atual e Proposta
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Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Conforme a figura 9, observa-se que a área operacional passaria de 297 m² para 369 m². Logo,
para otimização dos processos, adequações de instalações e melhoria nos resultados, foi
sugerido um acréscimo de 72 m². A área da queima pela proposta aperfeiçoaria tanto a
logística do processo, quanto o percurso e esforço dos funcionários.
Sobre a área de queima, seria implantada uma esteira que estenderia até a área de
armazenagem. Essa sugestão foi feita a Empresa com a finalidade de otimizar os processos
bem como diminuir o esforço físico de seus colaboradores. Na figura 10 a seguir, pode-se
visualizar um esquema com essa sugestão.
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Figura 10 – Área de queima e armazenamento da empresa
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Com as propostas apresentadas para a empresa, acredita-se que a empresa poderia aumentar
sua capacidade de produção e reduzir seus custos operacionais.
5. Conclusão
Este trabalho tem por objetivo apresentar melhorias no processo produtivo de uma empresa
que produz tijolos, de modo que o sequenciamento de suas atividades organizacionais
maximize a produtividade e a segurança de seus funcionários.
Diante dos fatores, verificou-se que o atual fluxo de processo da Empresa não viabiliza a
alocação dos recursos envolvidos no processo de fabricação de tijolos. Consequentemente,
devido à linha de produção não seguir uma sequência operações adequadas. Logo foi
constatado que o arranjo físico afetava a capacidade de produção e gerava consequências nas
horas trabalhadas, no esforço físico e segurança dos colaboradores, bem como também nos
custos financeiros da organização.
Assim, foi sugerido mudança no layout, que aumentaria a área operacional coberta em 72 m².
Vale ressaltar que, o arranjo físico proposto reduz 18 metros na distância percorridas pelos
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funcionários da área de estocagem de matéria-prima para o processo de preparação da argila;
determinação de pontos de estocagem para secagem do produto; redução da distância com
variação de 26 m a 36 m percorrida pelos funcionários para levar os produtos para o processo
queima, para 3 m; instalação de uma esteira para transportar os produtos da área de queima
para a área de armazenagem, para reduzir o esforço físico do funcionário.
Portanto, acredita-se que com a implementação dessas medidas a empresa poderá propiciar de
melhores resultados, uma vez que, aumentará a eficiência do processo produtivo, e a
segurança e saúde dos funcionários.
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