anÁlise e proposta de melhoria de layout de processo numa empresa de...
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ANÁLISE E PROPOSTA DE MELHORIA
DE LAYOUT DE PROCESSO NUMA
EMPRESA DE FABRICAÇÃO DE JOGOS
DE MESA
Jacinta de Fatima Pereira Raposo (UFPE )
Ana Nery de Matos Costa (UFPB )
KARIELLY MERCES DE FRANCA CARVALHO (UFPE )
Morgana Giorgia Costa (UFPE )
RESUMO
Atualmente organizações vêm sendo impulsionadas a desenvolverem
e buscarem novas formas de gerenciamento de seus recursos no intuito
de se tornarem cada vez mais competitivas. Não obstante, a maior
aptidão competitiva tem sido possibilitada, entre outras formas, pelo
aumento da eficiência dos sistemas produtivos através da minimização
dos custos operacionais, mas que atendam com eficácia e qualidade as
necessidades dos clientes. Contudo, é notória a necessidade e
importância de um layout adequado em qualquer empresa, tendo em
vista que todo e qualquer espaço bem alocado (organizado, adequado
ao processo) também significa redução de custos e maior interação
entre colaboradores e logo eficiência de operações e maior
produtividade. Portanto o presente trabalho objetiva discutir a
importância da utilização de algumas técnicas de layout de forma que
venham influenciar positivamente sobre a eficiência de um processo
produtivo numa empresa de fabricação de jogos de mesa, utilizando-se
para tanto de um estudo de caso, se caracterizando em uma pesquisa
bibliográfica de caráter descritivo.
Palavras-chaves: Melhoria de layout, processo produtivo,
produtividade
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
Para adequar-se às exigências do mercado e, ainda, garantir aceitáveis percentuais de
produtividade, as organizações buscam constantemente elevar a eficiência produtiva dos
sistemas de produção por meio, por exemplo, da melhor utilização do espaço disponível que
resulte em um processamento mais efetivo, através da menor distância, no menor tempo
possível, como também através da agregação de valor dos recursos produtivos.
Segundo Cassel (1996), o avanço tecnológico não implica, necessariamente, na aquisição de
máquinas mais modernas e mais automatizadas, necessitando menos mão de obra. Este
avanço pode ser em nível de estrutura da empresa, de uma mudança no processo ou de uma
mudança na disposição do sistema produtivo.
Neste contexto, técnicas utilizadas para otimizar a disposição do layout em ambientes de
produção (chão de fábrica), assunto a ser discutido neste trabalho, passaram a ser analisadas,
estudadas e implementadas nas organizações.
Sendo assim, o presente artigo objetiva mostrar a importância da utilização de algumas
técnicas de layout de forma que venham influenciar positivamente sobre a eficiência no
processo produtivo numa empresa de embalagens plástica, bem como realizar um diagnóstico
organizacional, visando detectar problemas relacionados com o projeto e layout e desenvolver
medidas que, se adotadas pela empresa, contribuirão para a melhoria do desempenho de todo
o processo produtivo.
O trabalho justifica-se no que tange a necessidade da empresa Raposo Sports em aprimorar
seu processo produtivo em vista da disposição do seu layout, já que os responsáveis pelas
atividades desenvolvidas (gerentes e diretor) assumem dificuldades em seu processo de
produção por motivos já expostos.
Para tanto, aplicou-se, como metodologia, uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo,
com o auxílio de um estudo de caso, coletando-se os dados, através da realização de uma
entrevista semi-estruturada, visitas in loco e observação direta.
2. Layout – considerações gerais
De acordo com Moreira (1998) o layout de uma fábrica é a disposição física do equipamento
industrial, incluindo o espaço necessário para movimentação de material, armazenamento,
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mão-de-obra indireta e todas as outras atividades e serviços dependentes, além do
equipamento de operação e o pessoal que o opera.
A principal área de ação de um layout industrial é, sem nenhuma dúvida, a empresa, definindo
e integrando os elementos produtivos. A questão está relacionada com o local e arranjo de
departamentos, células ou máquinas em uma planta ou chão de escritório.
Layout segundo Nigel (1999) é também o estudo das condições humanas de trabalho, ou seja,
não é somente uma disposição racional das máquinas que assegure o funcionamento de uma
linha de usinagem sem retrocessos e com mínimas distâncias, se faz necessário ajustar as
atividades do colaborador, para que se possa garantir eficiência das operações.
Sendo assim, layout é a maneira como os homens, máquinas e equipamentos estão dispostos
em uma fábrica. A questão chave para a construção de um bom layout é a locação relativa
mais econômica das várias áreas de produção na empresa. Em outras palavras, é a melhor
utilização do espaço disponível que resulte em um processamento mais efetivo, através da
menor distância, no menor tempo possível.
São três os tipos básicos de layout. Muitas variações e combinações destes três tipos podem
ser feitas, de acordo com as necessidades.
Layout Posicional: Por posição fixa, ou por localização fixa do material. Usado para
montagens complexas. Materiais ou componentes principais ficam em um lugar fixo.
Layout Funcional: Por processo. Agrupam-se todas as operações de um mesmo tipo de
processo.
Layout Linear: Linha de produção, ou por produto. O material é que se move. Uma
operação imediatamente adjacente à anterior e os equipamentos são dispostos de
acordo com a seqüência de operações.
Utiliza-se de um layout posicional quando as operações de conformação do material utilizam
apenas ferramentas manuais ou máquinas simples, quando estiverem sendo feitas poucas
unidades de certo tipo de produto e o custo de movimentação for alto. Já o layout funcional é
utilizado quando as máquinas forem de difícil movimentação, quando existir grande variedade
de produtos e grandes variações nos tempos requeridos para diferentes operações. E usa-se o
layout linear num processo com grandes quantidades de peças e o produto padronizado com
uma demanda estável, e quando pode ser mantida a continuidade do fluxo de material –
operações balanceadas.
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O planejamento de um layout que tenha por finalidade uma correta distribuição do espaço de
uma área de trabalho, intelectual ou manual, deve pretender atingir objetivos como: O
aproveitamento do espaço, ou seja, o layout deve ser feito de modo que produza melhor
aparência, com a finalidade de poder proporcionar aos funcionários, independente da posição
que ocupem na estrutura, o maior bem estar possível; Assegurar economia de tempo, assim
como o esforço despendido nas operações; Utilizar a melhor maneira possível a área
disponível; Permitir uma futura expansão, através de áreas de reserva, para a colocação de
novos prédios, máquinas e equipamentos; Permitir um controle qualitativo e quantitativo da
produção, reduzindo ao mínimo os produtos em processo de modo que facilite a inspeção
intermediária e final na linha entre as fases operativas.
Por fim, um layout desenvolvido adequadamente deve estar ligado diretamente com os
objetivos e finalidades da empresa em produzir ou comercializar seus produtos, de modo a
garantir entre outros aspectos, eficiência e eficácia de operações, redução de custos,
sustentabilidade, saúde e segurança no trabalho, flexibilidade de operações e qualidade de
produto/serviço.
2.1. Fatores que influenciam num layout
Por Matos (1999) os fatores que influenciam no layout são:
Fator Material – Incluindo projeto, variedades, quantidades, as operações necessárias e
a sua seqüência.
Fator Maquinaria – Incluindo o equipamento produtivo, ferramentas e sua utilização.
As considerações a serem feitas nesse fator envolve também processos ou métodos
(novos desenvolvimentos); número requerido de equipamentos Utilização
(balanceamento, eficiência), requisitos da maquinaria (dimensões, peso, painéis,
tubulações, acesso).
Fator Homem – Incluindo supervisão e apoio, além do trabalho direto. Sabe-se que o
trabalhador satisfeito produz mais e melhor, tornando-se amigo e propagandista da
firma. Sendo assim com um layout adequado obtém-se custos humanos reduzidos e
acidentes eliminados.
Fator Movimento – Incluindo transporte inter e intradepartamental e o transporte às
várias operações, armazenagens e inspeções. Os movimentos do produto pelo
ambiente (transporte) podem ser inteligentemente aproveitados, porem só os
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indispensáveis devem ser mantidos e procurada a maneira de reduzir ao mínimo as
distâncias entre operações;
Fator Espera – Incluindo estoques temporários e permanentes e atrasos. A disposição
das áreas e locais de trabalho deve obedecer as exigências do processo tanto quanto
possível, deve coincidir com a sequência das operações, e evitar cruzamento ou
retornos que causam interferências, congestionamento e esperas;
Fator Serviço - As características deste fator envolve manutenção, inspeção,
programação e expedição, bem como: Características relacionadas ao homem (vias de
acesso, estacionamento, vestiário, local para fumar, banheiros, relógio de ponto,
quadros de avisos, café, refeições); Características relativas ao material (Qualidade e
inspeção, controle de produção, controle de perdas); Características da maquinaria
(manutenção, distribuição de linhas de serviços auxiliares).
Fator Construção – Incluindo as características externas e internas do edifício e a
distribuição do equipamento.
Fator Mudança – Incluindo versatilidade, flexibilidade e expansibilidade. A fábrica
deve ser fácil de mudar e adaptar-se a novas condições e também deve ser mantido um
alto valor venal para possíveis negócios. A flexibilidade é um princípio que deve ser
seguido.
Vale ressaltar que nem todas as características ou considerações incluídas nos fatores
mencionados estarão envolvidas num determinado estudo. Entretanto o uso destas listas
assegurará um exame sistemático da situação e garantirá a abordagem de todos os fatores que
podem influir no layout.
3. A empresa
A Empresa objeto do estudo de caso é a Raposo Sports que atua na fabricação, venda e
distribuição de mesa de jogos, situada na cidade de Campina Grande, Paraíba. Ela foi criada
em 1993 tendo de início uma produção de mesa de jogos destinada à locação.
No ano de 2012, a gerência da empresa decidiu trabalhar apenas no ramo da venda e
distribuição de seus produtos, deixando a locação das mesas fora dos seus objetivos. Desde
então, a Raposo Sports vem conquistando mercado e, segundo o proprietário o foco do
empreendimento está na melhoria de gestão e de sua estratégia e na busca por atender melhor
a demanda.
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Os produtos fabricados pela empresa são: Sinuca; Mesa de ping pong (tênis de mesa); Mesa
de Pebolim (Totó); Mesa e/ou tabuleiro de futebol de botão; Mesa de dominó; Mesa de
xadrez; Mesa de dama; Mesa de carteado. Todos os produtos estão distribuídos em quatro
linhas diferentes: tabaco, clássica, luxo e ECO. E em quatro categorias: residencial,
semioficial, oficial e profissional.
3.1. Processo Produtivo
O processo produtivo da empresa consiste em receber o pedido do cliente, receber matéria
prima (MP) e estocá-la, emitir ordem de produção e daí segue as operações realizadas no chão
de fábrica: Cortar a matéria prima; aparelhar as peças; Realizar um acabamento inicial e em
paralelo montar/enquadrar algumas peças do produto em processo; Pintar as peças
enquadradas; Realizar um acabamento final e montar o produto final; Colocar o produto em
cura, ou seja, aguarda até que o mesmo esteja pronto para embalar; Embalar o produto e;
Expedi-lo. Abaixo segue a Figura 1 correspondente a sequência do processo produtivo das
mesas de jogos.
Figura 1 – Sequência do processo produtivo
Fonte: Autoria própria
Os processos receber o pedido, receber matéria prima (MP), estocar MP, e emitir OP são
atribuições do setor administrativo da empresa, mais diretamente do diretor geral e
encarregado geral da produção; já as demais são realizadas pelos operários do chão de fábrica.
4. Resultados e Discussões
É feita a descrição dos fatores que influenciam o layout nos setores da empresa, e estão
apresentados nos tópicos a seguir. Vale ressaltar que na maioria dos casos de empresas, esses
fatores se apresentam repetidamente em vários setores e departamentos.
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4.1. Layout atual
O mapa fluxograma de processo na Figura 2 a seguir refere-se a disposição do layout atual da
empresa com os processos e sequência de produção. Nele encontra-se como estão distribuídos
os seguintes setores da fábrica da Raposo Sports: almoxarifado, setor da pintura, setor da
marcenaria/serraria (onde ocorrem o corte, o aparelhamento, o acabamento e a montagem
inicial), setor de montagem e acabamento final (onde ocorrem a cura e embalagem), estoque
de matéria-prima (madeira), estoque de pedra.
A sequência do processo produtivo é aquela mostrada anteriormente no tópico 3.1, e indicada
na Figura 2 a partir da operação de corte na sequência: 1- Cortar; 2- aparelhar; 3- acabar
inicial; 4- montagem inicial 5- pintar; 6- acabar e montar final; 7- cura e; 8- embalagem e
estoque do produto acabado.
As máquinas estão destacadas na cor azul e as bancadas de montagem em laranja; as linhas
pontilhadas em vermelho significam espaços ocupados por peças semi-acabadas para
produção, já as linhas pontilhadas em preto indicam que não há paredes dividindo os espaços.
A simbologia utilizada na construção do mapa fluxograma do processo produtivo serve para
nos orientar sobre que ocorre em cada setor da fábrica (legenda abaixo). Os trajetos a serem
observados para compreensão do movimento de matérias e pessoas iniciam nos estoques que
estão simbolizados pelo triângulo em vermelho. Sendo assim, temos cinco trajetos a serem
observados A, B, C, D e E.
Figura 2 - Layout atual
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Fonte: Autoria própria
A simbologia utilizada na construção do mapa fluxograma no layout atual da empresa
encontra-se disposta na Tabela 1 abaixo:
Tabela 1 - Exemplo de tabela
Símbolo Indicação
Trajeto
Estoque
Operação
Espera
Fonte: Elaborado pelo autor
Seguindo as setas pelos estoques de MP (A), MDF (B), produtos semi-acabados (C), pedra
(D) e peças do almoxarifado (E) como mostra a Figura 2 é fácil perceber a quantidade de
cruzamentos nos caminhos percorridos no processo produtivo da empresa. Em seguida é feita
uma análise do layout atual da empresa, utilizando as observações diretas realizadas no chão
de fábrica da empresa, a construção do mapa fluxograma, reuniões e a revisão bibliográfica
utilizada para o estudo.
4.2. Análises e propostas
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Levando em consideração os fatores que influenciam na construção de um bom layout dentro
de uma empresa segundo Matos (1999), obtivemos através das observações diretas realizadas
neste estudo de caso as seguintes análises:
A empresa peca nos fatores maquinaria, material e movimento. Observou-se uma
disposição desorganizada do maquinário, tornando o fluxo de pessoas e materiais
desarranjados. Algumas máquinas são reparadas corretivamente, ou seja, a empresa
não possui uma política de manutenção produtiva total, ocorrendo com frequência a
necessidade de uma manutenção corretiva. Muitos produtos semi-acabados
interrompem passagens de funcionários de um setor para outro, causando atraso de
material em processo. Salas utilizadas para guardar entulhos e materiais pessoais do
dono da empresa, que deveria ser utilizadas para outros fins correspondentes ao
processo produtivo da empresa, estes materiais são guardados no almoxarifado e no
estoque de material acabado.
Com relação ao fator homem, observou-se que alguns colaboradores não dispõem de
qualificação nem treinamento necessário para realizarem algumas atividades, em
oposição, outros são experientes em determinada função, como a do corte, porém, não
repassam como o trabalho é feito para outros colaboradores, tornando a empresa refém
de seu trabalho. Sobre o uso de EPI’s todos os colaboradores são instruídos a
utilizarem, mas não o fazem; isso requer que a empresa mostre não só a necessidade
do uso do EPI como também, a sua importância e proteção no desenvolvimento de
atividades como de corte, aparelhamento e pintura; substâncias liberadas, por
exemplo, o pó dispensado no aparelhamento de peças de MDF torna-se prejudicial à
saúde do trabalhador quando inalado em grandes quantidades. Ainda podemos
mencionar a má postura que estes operários estão submetidos ao transportarem o
material em processo, bem como, a distância percorrida (ver Figura 2 estoque D), um
material bem pesado a ser mencionado como exemplo é a pedra, utilizada como base
para mesas de sinucas; o estoque de pedra situa-se fora da fábrica bem distante do
local de processamento. Outro ponto a ser mencionado sobre o fator homem é a não
existência de instalações sanitárias no setor de produção da fábrica, tendo os
funcionários que se deslocar ao setor administrativo da empresa.
No que diz respeito ao fator construção, podemos destacar a distribuição do
equipamento/maquinário, e disposição dos setores de produção. Pode-se observar na
Figura 2 que na sequência do processo produtivo de 1 a 8, há vários cruzamentos entre
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as atividades desenvolvidas nos setores, tornando o movimento embaralhado até para
nossa compreensão sobre o fluxo de material e pessoas. Alguns setores tornaram-se
pequenos em relação a quantidade de produtos fabricados, por exemplo, o espaço
utilizado para estoque de produtos acabados, que são alocados onde é realizado o
processo de embalagem e no setor administrativo da empresa, ou seja, não há o setor
destinado para o estoque de produto acabado; Há necessidade de construção de novos
setores de produção que atendam a necessidade de aumento da produtividade, bem
como, que atendam a alguns critérios de segurança do trabalho e fluxo de processo,
vale ressaltar que a empresa dispõe de espaço para construção de novos setores;
Em se tratando do fator serviço nota-se a falta de organização com relação a
programações, ordens de pedidos, políticas de manutenção bem como falta de
autonomia do empregado em realizar, por exemplo, uma simples atividade de limpeza
do seu posto de trabalho. A fábrica não está atendendo a demanda no prazo
estabelecido pela gerência; Há necessidade de mudança no sistema de produção tendo
em vista que muitos produtos aguardam para seguir em processo em alguns setores de
produção;
Sobre o fator mudança, a empresa se mostra interessada nas modificações no processo
produtivo, tendo em vista as melhorias e contribuições benéficas que a distribuição de
um bom layout pode possibilitar, o que pode-se destacar como negativo neste fator
mudança, são atitudes de alguns colaboradores quando mencionado que haverá
mudança e novas regras implementadas, como o uso equipamentos de proteção e
treinamentos em máquinas, estes fatores são vistos para eles como perda de tempo e
desnecessário.
Diante do exposto acima se propõe:
Reorganização dos setores de produção, que possibilite facilidade no fluxo de pessoas
e materiais e que siga a sequência padrão do processo produtivo da empresa, como
mostra a Figura 3, tem-se uma sequência linear: 1- setor produção, onde ocorre o
corte, aparelhamento, acabamento e montagem inicial; 2- setor de pintura, dividido em
duas partes (traço vermelho) na primeira é feito o processo de lixa do produto e na
segunda a pintura e espera para o material sair seco; 3- setor de acabamento e
montagem final e embalagem, um espaço maior que possibilite maior mobilidade; 4-
setor de expedição do produto, onde o produto acabado é armazenado e expedido com
ajuda de uma rampa para os produtos mais pesados (ver Figura 3);
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Reorganização dos estoques de matéria prima e acabado. Observe na Figura 3 que os
estoques A e B estão situados próximos ao setor chamado de produção, pois é neste
setor que o material advindos destes estoques serão processados (Madeira e MDF); O
estoque C que corresponde ao de pedras está localizado mais próximo do setor de
acabamento e montagem final, já que essa peça é apenas utilizada neste processo final;
o estoque D que seria o almoxarifado, está localizado no meio da fábrica de forma
estratégica, pois as peças e materiais do almoxarifado são distribuídos para todos os
setores da fábrica e na localização proposta o movimento destes materiais ficará livre
de interrupções; o estoque E destina-se ao estoque de produto acabado, o qual a
empresa não possuía.
Um ambiente organizado, limpo e com materiais e objetos em seus devidos lugares.
Para isso propõem-se arrumar a casa, ou seja, a aplicação da ferramenta 5’s da
qualidade em toda a empresa. Pode-se ser destacado a necessidade da organização no
setor almoxarifado, pintura e acabamento e montagem inicial;
Demarcação de todos os setores e postos de trabalho, sinalização de uso
obrigatoriedade de uso de EPI’s e de manuseio de substâncias nocivas a saúde;
Treinamento dos colaboradores com relação as suas funções desempenhadas, sobre a
importância da utilização dos EPI’s, como também sobre a aplicação de ferramentas
da qualidade como o 5’s.
Desenvolvimento de uma manutenção autônoma, buscando a implementação de uma
TPM na empresa.
Abaixo segue a figura 3 apresentando o layout proposto a empresa, atendendo os pontos
descritos acima.
Figura 2 – Layout Proposto
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Fonte: Autoria própria
7. Considerações finais
O presente artigo demonstrou o processo de análise e a aplicação de métodos de melhoria do
layout, neste caso específico em um layout tipicamente de processo de uma empresa de jogos
de mesa.
Percebeu-se que tentar aplicar mudanças em um layout já existente é uma tarefa desafiadora.
Em muitos casos existem restrições físicas, econômicas e culturais, assim como limitações
práticas que devem ser consideradas.
Assim, pelo trabalho realizado espera-se que as propostas aqui desenvolvidas venham
contribuir de forma positiva nos processos discutidos, sendo feita as seguintes observações:
Utilizar o espaço físico disponível de forma eficiente, buscando minimizar os custos
de manuseio e movimentação interna de materiais;
Facilitar comunicação entre as pessoas envolvidas na operação, com intuito de apoiar
o uso eficiente da mão-de-obra evidenciando que há movimentos desnecessários;
Criar fluxos mais linearizados (sempre possível e coerente com a estratégia), de forma
a reduzir tempos de ciclos dentro da operação;
Facilitar a entrada, saída e movimentação dos fluxos de pessoas e de matérias;
incorporar medidas de qualidade e atender a exigências legais de segurança no
trabalho;
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Facilitar manutenção dos recursos, garantindo fácil acesso e facilitar acesso visual às
operações, quando adequado.
Desenvolver treinamentos para os colaboradores, no que diz respeito a utilização da
ferramenta 5s, como também com relação a higiene e segurança do trabalho na
empresa, conscientizando os mesmo sobre a importância da utilização dos EPI’s, que
consistem em quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma
pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o
exercício de uma determinada atividade.
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