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PROPOSTA DE MELHORIA DO LAYOUT PRODUTIVO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA GRÁFICA paulo henrique medeiros de paula (UFCG) [email protected] Eder Wilian de Macedo Siqueira (UFCG) [email protected] Juan Pierry Pereira de Oliveira (UFCG) [email protected] Vinicius Farias Doso (UFCG) [email protected] O planejamento do layout parece simples, porem, obter uma disposição física ideal para linha produção é uma tarefa que leva tempo e geralmente envolve altos custos. A decisão do tipo de layout a ser escolhido por uma empresa é influenciada pela característica volume-variedade que, juntamente com os objetivos de desempenho estratégico, direcionam a escolha do melhor tipo de processo produtivo, que, por sua vez, auxilia na decisão sobre qual tipo básico de arranjo físico (layout, em inglês) melhor se adequa às necessidades operacionais. Dessa forma, o objetivo principal deste artigo é demonstrar, por meio de um estudo de caso in loco em uma empresa gráfica, que um layout bem definido permite uma melhor racionalização dos fluxos de fabricação e minimização da movimentação de pessoas, produtos e materiais. Palavras-chave: Layout, estudo de caso, empresa gráfica XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PROPOSTA DE MELHORIA DO LAYOUT

PRODUTIVO: ESTUDO DE CASO EM UMA

EMPRESA GRÁFICA

paulo henrique medeiros de paula (UFCG)

[email protected]

Eder Wilian de Macedo Siqueira (UFCG)

[email protected]

Juan Pierry Pereira de Oliveira (UFCG)

[email protected]

Vinicius Farias Doso (UFCG)

[email protected]

O planejamento do layout parece simples, porem, obter uma disposição física

ideal para linha produção é uma tarefa que leva tempo e geralmente envolve

altos custos. A decisão do tipo de layout a ser escolhido por uma empresa é

influenciada pela característica volume-variedade que, juntamente com os

objetivos de desempenho estratégico, direcionam a escolha do melhor tipo

de processo produtivo, que, por sua vez, auxilia na decisão sobre qual tipo

básico de arranjo físico (layout, em inglês) melhor se adequa às necessidades

operacionais. Dessa forma, o objetivo principal deste artigo é demonstrar,

por meio de um estudo de caso in loco em uma empresa gráfica, que um

layout bem definido permite uma melhor racionalização dos fluxos de

fabricação e minimização da movimentação de pessoas, produtos e

materiais.

Palavras-chave: Layout, estudo de caso, empresa gráfica

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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

Um dos maiores desafios encontrados pelas fábricas de médio e grande porte é a adaptação do

seu layout de acordo com a evolução da empresa, a entrada de novos produtos na linha de

produção e de novas máquinas. Diante deste contexto, cada vez mais as empresas buscam

soluções que aperfeiçoe o seu arranjo físico e aumente seus lucros.

O planejamento do layout parece simples, porem, obter uma disposição física ideal para linha

produção é uma tarefa que leva tempo e geralmente envolve altos custos. É necessário que se

faça um estudo bem elaborado das vantagens e consequências geradas pela mudança do

layout, atentar para o fluxo da matéria prima dentro do processo produtivo até que se

transforme em produto acabado para que não percorra grandes distâncias desnecessariamente,

observando sempre se existe ou não fluxo cruzado de materiais e operações e agrupas as

máquinas de acordo com o nível afinidade em relação aos processos de transformação que

cada uma executa.

Neste sentido, o objetivo deste artigo é demonstrar que um layout bem definido permite uma

melhor racionalização dos fluxos de fabricação e minimização da movimentação de pessoas,

produtos e materiais. Para tal, foi realizada uma visita técnica a uma gráfica onde se pode

verificar o processo produtivo e o fluxo de produção de um dos principais produtos da

mesma, a fim de se propor um novo layout para otimizar o fluxo de produção do produto

escolhido como objeto de estudo. Os métodos de pesquisação aplicados na elaboração deste

artigo foram o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica.

A proposta de rearranjo físico apresentada, se implantada, pode gerar vários ganhos para a

empresa, como: otimização do tempo de ciclo dos produtos e ganho de espaço físico para

movimentação e transporte.

2. Layout

Slack et al.(2012) define layout como a maneira segundo a qual os recursos transformados –

materiais, informações e clientes – fluem através da operação, determinando a forma e

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aparência do ambiente produtivo por meio do posicionamento de todas as instalações,

máquinas, equipamentos e pessoal da produção.

Segundo Neumann e Scalice (2015), o layout de qualquer empresa é o resultado final de uma

análise dos arranjos físicos propostos após as decisões relacionadas a produtos, processos e

recursos de produção terem sido tomadas. Este resultado determina o fluxo de materiais,

pessoas e informações dentro do ambiente de produção.

Nesse sentido, os autores supracitados estabelecem que o tipo de produto e de processo de

fabricação, os objetivos de desempenho estratégico e a relação volume-variedade são os

principais fatores que devem ser considerados para o projeto de um layout. A figura 1

representa o modelo decisório para a escolha do tipo de layout.

Figura 1 – Modelo decisório para tipos de layout

Fonte: Slack et al. (2012)

A decisão do tipo de layout a ser escolhido por uma empresa é influenciada pela característica

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volume-variedade que, juntamente com os objetivos de desempenho estratégico, direcionam a

escolha do melhor tipo de processo produtivo. Determinado o processo produtivo, este se

alinhará com os objetivos de desempenho estratégicos definidos pela empresa (qualidade,

rapidez, confiabilidade, flexibilidade ou custo) para que seja tomada a decisão sobre qual tipo

básico de arranjo físico (layout, em inglês) melhor se adequa às necessidades operacionais.

Uma vez definida, de maneira geral, como os recursos serão arranjados uns em relação aos

outros, delimita-se precisamente a posição exata de cada um dos recursos envolvidos na

operação.

3. Técnicas e ferramentas para projeto de layout

Diferentes ferramentas são utilizadas para a elaboração de um layout. A escolha da ferramenta

dependerá de alguns fatores, por exemplo: tipo de layout pretendido, quantidade de

informações disponíveis ou preferência do projetista (NEUMANN; SCALICE, 2015). No

quadro 1 apresenta-se uma síntese das principais técnicas e ferramentas utilizadas para

projetos de layout:

Quadro 1 – Técnicas e ferramentas para projetos de layout

Layout Técnicas e ferramentas

Posicional Análise da alocação dos recursos. Utiliza o Sistema Gerencial PERT/COM para

sequenciar as tarefas ao longo do tempo.

Processo Fluxogramas, diagramas de fluxos, diagramas de afinidades, carta de

relacionamentos.

Celular Análise do fluxo de produção, tecnologia de grupos, balanceamento da linha de

produção, Roteiros de Operação Padrão (ROP)

Produto Procura-se otimizar o tempo dos operadores e das máquinas, balanceamento da

linha de produção Fonte: Neumann; Scalice (2015)

As técnicas abordadas neste artigo serão o fluxograma e o diagrama de fluxos, pois, além de

terem sido utilizadas durante a realização do estudo de caso, elas são as mais indicadas para se

mapear, representar e modelar os processos e as atividades estudadas.

3.1 Fluxograma e diagrama de fluxos

O fluxograma e o diagrama de fluxos têm como propósito primordial registrar e ilustrar a

sequência de tarefas dos principais elementos de um processo, as relações de tempo entre

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diferentes partes de um trabalho e registrar o fluxo de materiais, movimento de pessoas ou

informações no trabalho, detalhando o processo (NEUMANN; SCALICE, 2015). Assim, o

resultado é uma fácil visualização e identificação das etapas que compõem um processo e dos

pontos que merecem atenção durante o planejamento de um processo produtivo ou para a

melhoria do processo produtivo, respectivamente.

Para se elaborar um processo, cada elemento do processo é representado por um símbolo

segundo uma norma padrão. Dentre os diversos padrões de símbolos utilizados na Engenharia

de Produção para a representação de processos, este artigo utilizará a simbologia padrão

criada pela American Society of Mechanical Engineers (ASME) conforme exibido no quadro

2. Vale ressaltar que não só as operações ocupam espaço físico, mas também todos os

elementos do processo, portanto, eles devem ser considerados durante a elaboração do

fluxograma ou diagrama de fluxos.

Quadro 2 – Simbologia padrão da ASME

Símbolos Operações Definição da operação

Operação

Uma operação existe quando um objeto é modificado

intencionalmente numa ou mais das suas características. A

operação é a fase mais importante no processo e,

geralmente, é realizada numa máquina ou estação de

trabalho.

Transporte

Um transporte ocorre quando um objeto é deslocado de um

lugar para o outro, exceto quando o movimento é parte

integral de uma operação ou inspeção.

Inspeção

Uma inspeção ocorre quando um objeto é examinado para

identificação ou comparado com um padrão de quantidade

ou qualidade.

Espera

Uma espera ocorre quando a execução da próxima ação

planejada não é efetuada.

Armazenamento

Um armazenamento ocorre quando um objeto é mantido

sob controle e a sua retirada requer uma autorização.

Combinação de

operação e inspeção

Dois símbolos podem ser combinados quando as atividades

são executadas no mesmo local, ou então, simultaneamente

com atividade única. Fonte: Neumann (2013)

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4. Metodologia

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste artigo norteia-se por referências

bibliográficas, Internet, relatórios e no estudo de caso in loco de uma empresa do setor

gráfico, localizada na cidade de João Pessoa – PB. A pesquisa bibliográfica permitiu um

embasamento e aprofundamento teórico maior no que concerne às estratégias utilizadas para

se definir um bom layout e a gestão dos processos compreendidos neste, enquanto que o

estudo de caso foi utilizado tanto como meio a ser observado quanto como meio a ser

transformado. Foram utilizados como método para a obtenção de dados, enquanto realizada a

visita à empresa, a entrevista não estruturada e anotações de campo. Desta maneira, os

pesquisadores utilizaram estas informações para entender o layout atual da empresa e o fluxo

do processo produtivo de um de seus produtos, para que, a partir deste entendimento, seja

proposto um novo layout que venha a aperfeiçoar o fluxo de produção do produto analisado.

O presente estudo é de caráter qualitativo por conter elementos que caracterizam tal

abordagem, como: focar nos processos do objeto de estudo, ter proximidade com o fenômeno

estudado, delinear o contexto do ambiente de pesquisa, dar ênfase na interpretação subjetiva

dos indivíduos, utilizar abordagem não estruturada e uso de múltiplas fontes de evidências

(BRYMAN, 1989 apud MIGUEL, 2012). Ademais, a abordagem qualitativa garante suporte

conceitual ao método de pesquisa adotado neste artigo.

Escolheu-se o estudo de caso como abordagem metodológica para a concretização deste

artigo por ser um método bastante utilizado na engenharia de produção, uma vez que

possibilita ao pesquisador investigar um dado fenômeno dentro de um contexto real. Este tipo

de investigação, segundo Miguel (2012, p. 132), “permite uma análise aprofundada de um ou

mais objetos de análise (casos)”, o que “conduz à possibilidade de desenvolverem-se novas

teorias e de aumentar o entendimento sobre eventos reais e contemporâneos”.

5. Estudo de caso

5. 1 A empresa

Fundada em 1983, na cidade de João Pessoa - PB, a Gráfica Alfa nasceu fruto de um sonho de

seu fundador, um paraibano que queria criar uma empresa com bom atendimento, preço

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justo e entrega rápida. Tudo começou com sua instalação na Rua da Areia, área que conta

grande parte da história da Paraíba. Em 1994, devido ao crescimento constante, a empresa

ampliou a área de produção com a aquisição da primeira impressora Speed Master 4 cores

Heidelberg, iniciando um ciclo de crescimento e investimento em máquinas, mão-de-obra e

novos mercados.

Desde meados de 2006 está instalada em uma nova e moderna sede com mais de 4.000 m²,

que prima ao mesmo tempo pelo conforto e praticidade. Localiza-se no coração da capital

paraibana com o principal objetivo de facilitar o caminho para os negócios dos clientes. A

Gráfica Alfa conta com a colaboração de 140 funcionários, revezamento de três turnos e

funcionamento ininterrupto. Seu vasto portfólio compreende lâminas simples, panfleto, flyers,

cartaz, folhas, folders, adesivos, bandeirolas, calendário, crachás, envelopes, pastas com

orelha/bolso, timbrados, sacolas, caixas e embalagens personalizadas, revistas

coladas/grampeadas, livros colados/grampeados/capa dura/ com wire-o e jornais.

Atualmente, a gráfica alfa figura entre as maiores gráficas planas do país, atuando

praticamente em todo nordeste, com foco principal no atendimento do varejo, promocional e

personalizado, onde atende grandes clientes que têm no fator tempo a essencialidade do seu

negócio, sem perder de vista a qualidade do material.

5.2 Sistema de produção

Por meio da visita in loco foi possível verificar as etapas que constituem o sistema de

produção da Gráfica Alfa, representado pela figura 2.

Figura 2 – Fluxograma do sistema produtivo da Gráfica Alfa

Pré-

ImpressãoCorte Inicial Impressão

Acabamento Embalagem Expedição

Fonte: Os autores (2014)

O processo produtivo inicia-se quando o orçamento do produto a ser impresso é aprovado,

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gerando uma Ordem de Produção que é encaminhada para o setor de Pré-Impressão. Esta é a

fase responsável pela concretização das ideias do cliente em um arquivo digital, o qual será

gravado em matrizes conhecidas como chapas planográficas. Neste setor também são

realizadas a gravação de fotolitos, caso o produto necessite da aplicação do Verniz UV. A

gravação dessas chapas é obtida com o auxílio de um equipamento conhecido como Plate

Setter, onde se realiza a separação das chapas de acordo com as cores primárias a serem

utilizadas no serviço.

As chapas gravadas, juntamente com a ordem de produção, são encaminhadas através de uma

requisição para o almoxarifado, onde se separam os materiais (tinta e papel, por exemplo) que

serão destinados para o corte inicial.

Feito o corte do papel, o mesmo estará disponível para a impressão, a qual, através de uma

lista de produção, formulada pelo diretor industrial, segue para a impressora a ser utilizada

neste produto.

Finalizada a impressão, a próxima etapa é a de acabamento, onde podem ser realizadas as

seguintes atividades: Laminação, Verniz UV, Corte e Vinco, Dobra, dentre outros. Com o

produto finalizado, a próxima etapa é a embalagem do produto, que pode ser em caixas ou em

pacotes, de acordo com o pedido do cliente. Depois de embalado, o produto segue para a

expedição.

5.3 Descrição das etapas do processo produtivo

A Gráfica Alfa dispõe de uma gama de produtos em seu portfólio, portanto, neste tópico,

serão descritas, para efeito de verificação do fluxo de fabricação dos produtos, as atividades

que constituem o processo de confecção de uma revista. Tais atividades são ilustradas pelo

fluxograma 1. Este fluxo produtivo foi escolhido por contemplar o maior número de

atividades comuns à produção da maioria dos produtos da empresa e por ser o produto com

maior demanda.

Fluxograma 1 – Sequencia de atividades na confecção de uma revista na Gráfica Alfa

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Miolo da Revista

Impressão

Secagem da tinta

Para o acabamento

Dobra

Para o alceamento

Estoque de matéria-prima

Para o corte

Corte

Para a impressão

Capa da Revista

Impressão

Secagem da tinta

Para o laminação

Laminação

Para aplicação de verniz

Estoque de matéria-

prima

Para o corte

Corte

Para a impressão

Gravação da tela

Para aplicação de verniz

Estoque de matéria-prima

Para a sala de verniz

Impressão do fotolito

Limpeza da tela

Tela Serigráfica

Aplicação de verniz

Secagem do verniz

Para o alceamento

Montagem

Corte Trilateral

Para embalagem

Embalagem

Alceamento

Ajustes e verificação de

qualidade

Para acabamento final

Para a expedição

Armazenagem para

expedição

Fonte: Os autores (2014)

As atividades de produção se iniciam na pré-impressão. Essa etapa tem a função do

recebimento dos arquivos dos clientes e o tratamento de edição de imagens e preparação das

chapas, de modo a dispor o layout correto ao processo de impressão, na forma como foi

projetado pelo cliente. Com isso, é considerado um departamento de suma importância para

organização, pois é a partir deste setor que o processo produtivo se inicia. Nesse setor, são

realizadas as seguintes atividades: Montagem, Imposição, Gravação de Chapa e Revelação da

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Matriz de Verniz. Dependendo do tipo de arquivo a ser trabalhado, segue a estrutura linear de

dependência na sequência apresentada anteriormente na figura 2.

Após a pré-impressão é feito o corte inicial. Esta operação consiste em aparar ou em dividir o

papel, colocando-o no formato para a impressora de acordo com o tamanho da mesma ou com

o tipo de produto a ser impresso. Depois do corte, o papel é levado até à impressora. O

sistema de impressão utilizado é a impressão offset, devido à alta qualidade e o baixo custo, a

qual consiste na repulsão entre água e tintas. Esse sistema de impressão funciona da seguinte

forma: a tinta é colocada na bandeja e espalhada uniformemente por um rolo que é interligado

a um cilindro, onde se encontra a chapa planográfica. Essa chapa entra em contato com outro

cilindro revestido com borracha, esta conhecida como blanqueta, a qual entra em contato com

o papel, transferindo assim a impressão desejada. Na impressora, existe outro cilindro, o qual

pressiona o papel à blanqueta, para que a imagem passe sem falhas. Na sequência, a revista

impressa é levada para o acabamento automático. Esta atividade consiste nas etapas

apresentadas no quadro 3.

Quadro 3 – Etapas do acabamento automático na confecção de uma revista na Gráfica Alfa

Laminação Consiste na aplicação de filme plástico sobre papéis impressos por meio

de temperatura e pressão.

Verniz UV

É um tratamento utilizado no ramo gráfico, com a finalidade de dar mais

brilho a impressão, como também garantir maior resistência e

durabilidade devido à manipulação intensa do mesmo. Através de tela

serigráfica, o líquido do verniz é passado para o papel, o qual

posteriormente é passado através de lâmpadas ultravioletas, para dar um

melhor acabamento ao processo.

Vincar para

dobrar

Revistas, folders e tantos outros materiais impressos em papel acima de

120g² requerem dobras especiais. Para alcançar uma dobra perfeita, tais

impressos precisam ser vincados. Este processo é realizado pela

máquina de corte/vinco com uma lâmina sem corte, que marca o papel

para dobrá-lo no local desejado.

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Dobra

É um tipo de acabamento que consiste em transformar uma folha

impressa em um caderno, para o caso de livros, ou simplesmente realizar

a dobra de uma folha para um panfleto fechado. A dobra pode ser de

dois tipos: dobra manual, realizada com as mãos, e a dobra automática,

realizada através de máquinas conhecidas por dobradeiras. Tais

máquinas podem realizar serviços como: colagem (além de realizar a

dobra, passa um fio de cola em alguma das dobras realize a colagem do

suporte, substituindo o processo de grampear), o picote (que serve para

livros que serão encadernados através de cola) e o vinco e refile (feito

por meio de facas colocadas em alguns dos rolos da ultima etapa da

dobra).

Alceamento

É o arranjo das folhas ou cadernos impressos de forma a ficarem na

ordem correta para encadernação, como também o arranjo dos cadernos

para formar um livro. Existem dois tipos de alceamento, o automático

(feito por equipamento especializado) e o manual, os quais podem ser:

Grampo a Cavalo (quando o alceamento é finalizado com a aplicação de

grampo) ou Lombada Quadrada (quando o alceamento é finalizado por

meio da colagem da capa ao miolo).

Corte Trilateral

É realizado para se obter o formato final do impresso, após todos os

processos anteriores de produção. Na maioria dos serviços, o refile é

feito nas bordas do serviço. Este corte é aplicado em livros, revistas,

agendas e editoriais, onde é feito em uma máquina conhecida como

Guilhotina Trilateral. Esta máquina possui 3 facas, das quais duas são

utilizadas para o corte nas laterais e outra para o corte frontal, ficando

assim com as três bordas refiladas com apenas uma entrada em máquina. Fonte: Os autores (2014)

Por fim, depois de finalizado o acabamento, a revista pronta segue para o setor de embalagem

e expedição, onde será empacotada em caixas ou pacotes e despachada para o cliente. A

entrega fica a cargo da gráfica ou não, dependendo do acordo com o cliente.

5.4 Descrição do layout atual

Na figura 3 está a representação atual do mapofluxograma da produção de uma revista na

Gráfica Alfa. Analisando este layout fica evidente que não houve um planejamento na

disposição das máquinas neste espaço físico, sendo alocadas de maneira desordenada, sem

seguir nenhum critério de alocação por afinidade de processos e com grande distância de uma

máquina para outra no mesmo setor.

A consequência desta falta de planejamento do arranjo físico para a produção é a perda de

tempo na movimentação e no transporte da matéria-prima durante seu processo de

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transformação, redução da área livre para o trânsito de funcionários e dos produtos em

processo, fadiga nos funcionários por terem de percorrer grandes distâncias durante a jornada

de trabalho e o cruzamento de fluxo entre as operações, gerando gargalos por causa dos altos

volumes de estoques em processo.

Figura 3 – Mapofluxograma da confecção de uma revista

Legenda: Capa da Revista

Miolo da revista

Tela serigráfica

Envernizamento

Montagem da revista

Fonte: Os autores (2014)

6. Análise dos dados

Na proposta para o novo layout, as máquinas foram dispostas de acordo com a similaridade da

operação as quais pertencem como pode ser observado nas figuras 4 (a), (b), (c) e (d). A

realocação do maquinário permitiu uma maior linearidade no percurso dos principais

produtos, havendo uma redução de tempo, custo e de movimentação. Com este novo layout a

empresa ganhou um espaço para o estoque em processo, que era disposto de forma usual.

Figura 4 – Proposta de novo layout para a Gráfica Alfa: a) Setor de acabamento; b) Setor de

impressão; c) Setor de corte; d) Setor de gráfico

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a) b)

c) d)

Fonte: Os autores (2014)

7. Considerações

Verificamos que apesar da mudança da organização física da empresa, o processo produtivo

continuou o mesmo, sendo possível observar grandes benefícios como a redução do tempo de

produção ao diminuir a distancia entre os processos, possibilitando uma maior produção,

reduzindo o takt-time e arrefecendo o lead-time. O novo modelo possibilita também grande

economia na movimentação e transporte, maior aproveitamento do espaço físico e a redução

do tempo de espera entre os processos.

Tabela 1 – Análise de ganhos de movimentação

Operações de produção Trajetos no layout atual Trajetos no layout proposto

Trajeto do Miolo 115m 70m

Trajeto da Capa 105m 60m

Trajeto da Tela 23m 16m

Anexo da Capa/Miolos 40m 40m

Total do trajeto: 299m 186m Fonte: Os autores (2014)

Comparando as distâncias percorridas pelas partes que compõem a revista em seu processo

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produtivo, fica evidente que a redução do caminho percorrido por elas no layout proposto.

Com isso, a empresa terá um ganho por movimentação de 113 metros, aumentando, assim, o

lucro na empresa e o diminuindo o tempo de acabamento do produto final.

REFERÊNCIAS

MIGUEL, Paulo Augusto Cauchick (Org.). O método do estudo de caso na engenharia de produção. In:

______. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. 2. ed.. Rio de Janeiro:

Elsevier: ABEPRO, 2012.

NEUMANN, Clóvis; SCALICE, Régis Kovacs. Projeto de layout. In: ______. Projeto de fábrica e layout. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2015.

SLACK, Nigel et al.. Arranjo físico e fluxo. In: ______. Administração da produção. 1. ed.. 15. reimpressão.

São Paulo: Atlas, 2012.