análise da sustentabilidade da dívida março de 2010 fmi e banco mundial nicholas stainesantonio...

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Moçambique Análise da Sustentabilidade da Dívida Março de 2010 FMI e Banco Mundial Nicholas Staines Antonio Nucifora FMI, Departamento de África Banco Mundial, Região África +1-202-623-4431 +258 21482371 [email protected] [email protected] 1

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Page 1: Análise da Sustentabilidade da Dívida Março de 2010 FMI e Banco Mundial Nicholas StainesAntonio Nucifora FMI, Departamento de África Banco Mundial, Região

Moçambique

Análise da Sustentabilidade da Dívida  

Março de 2010 

FMI e Banco Mundial

Nicholas Staines Antonio NuciforaFMI, Departamento de África Banco Mundial, Região África+1-202-623-4431 +258 [email protected] [email protected]

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Page 2: Análise da Sustentabilidade da Dívida Março de 2010 FMI e Banco Mundial Nicholas StainesAntonio Nucifora FMI, Departamento de África Banco Mundial, Região

ResumoO governo expressou interesse em contrair empréstimos externos em condições não concessionais para financiar os projectos de investimento.

Esta apresentação mostra os resultados de uma Análise preliminar da Sustentabilidade da Dívida (ASD) de Moçambique. Um cenário de base que assenta nas actuais

projecções macroeconómicas e do endividamento externo.

Um cenário de aumento sustentado do endividamento, que ilustra os principais problemas e riscos dos empréstimos não concessionais (ENC).

Um cenário de aumento temporário.A sustentabilidade da dívida depende da selecção

de bons projectos de investimento e das condições dos empréstimos.

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O que é uma ASD?A ASD é uma ferramenta para avaliar a

viabilidade dos planos de endividamento de um país.

Compara as trajectórias da dívida com os ‘tectos sustentáveis’ dos indicadores da dívida (com base na capacidade de pagamento).

A análise assenta em dados e pressupostos sobre: as perspectivas macroeconómicas;os actuais stocks da dívida e as projecções

para os novos empréstimos;o alívio da dívida, as condições dos novos

empréstimos e a relação investimento-crescimento;

Os cenários a seguir são puramente ilustrativos e devem ser vistos com cautela — não são projecções.

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Tectos e indicadores em 2008

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Moçambique: Tectos e indicadores da ASD, fim de 2008Indicador Tecto Moçambique

VAL, percentagem do PIB 40 12.6VAL, percentagem das receitas fiscais 240 78.8VAL, percentagem das export. B&S 150 37.8 Serviço da dívida externa, % do PIB n.a. 0.5Serviço da dívida externa, % das receitas fiscais 30 2.9Serviço da dívida externa, % das export. B&S 20 1.4 Stock da dívida externa pública nominal, US$m 3,243Stock da dívida externa pública nominal, % do PIB 33.6VAL do stock da dívida externa pública, US$m 1,229VAL do stock da dívida externa pública, % do PIB 12.7

Fontes: autoridades moçambicanas e estimativas do FMI e Banco Mundial

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A. Cenário de Base

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Quadro macroeconómicoNenhum outro ENC além da Linha de Crédito Portuguesa

(LCP).As projecções pressupõem crescimento do PIB real de

cerca de 6,5%.A inflação permanece estável, entre 5 e 6%.A taxa de câmbio real permanece estável.A balança corrente melhora em relação ao PIB, como

reflexo das melhoras na balança comercial e de rendimentos.

Os recursos líquidos da ajuda caem em relação ao PIB, e sua composição passa a conter mais empréstimos.

As projecções fiscais pressupõem maior uso de recursos internos em relação ao PIB: (i) maior esforço de mobilização da receita interna, que

estabilizará em torno de 21% do PIB (ii) declínio gradual do défice primário interno, de cerca de 2% do

PIB(iii) aumento modesto do uso do financiamento interno, de cerca

de 1% ao ano

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Principais resultados do cenário de baseDívida externa pública:Moçambique ainda apresenta baixo risco de

sobreendividamento externo.Os rácios do VAL e do serviço da dívida externa

pública estão bem abaixo dos respectivos limiares.

Linhas de crédito portuguesas (LCP):A LCP deteriora os rácios do VAL e do serviço da

dívida no médio prazo.

Dívida interna do governo central:Os indicadores da dívida interna do governo central

também permanecerão baixos, segundo as projecções.

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Indicadores da dívida externa

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VAL da Dívida Externa Pública% do PIB

Gv. Central + LCP

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2008 2013 2018 2023 2028

Serviço da Dívida Externa Pública% do PIB

Gv. Central + LCP

Gv. Central

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Indicadores fiscais

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Saldo primário interno do governo central% do PIB

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2008 2013 2018 2023 2028

Dívida interna do governo central% do PIB

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B. Aumento sustentado

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PressupostosENC externo sustentado 2,5% do PIB ao ano acima do

cenário de base.

Impacto do investimento sobre o crescimento: aumento de 1% do PIB no investimento financiado por donativos eleva o crescimento em 1/3 ponto percentual.

Todos os empréstimos são inscritos no orçamento. Comparação entre empréstimos em condições concessionais (EC) e não concessionais (ENC).

Condições: EC: empréstimos altamente concessionais, nas condições

da IDA (dez anos de carência, vencimento em 40 anos, juros de 0,75%).

ENC: empréstimos em condições altamente comerciais (um ano de carência, vencimento em 10 anos, juros de 9%).

No que respeita ao respectivo impacto sobre o crescimento, os EC são ‘baratos’, enquanto os ENC são ‘caros’.

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Impacto sobre o bem-estarInvestimentos de alto

retorno parecem compensadores, pois a soma (VAL) dos ganhos do produto superam os custos de endividamento.

O PIB adicional mais do que cobre o serviço da dívida (mas em menor medida no caso dos ENC).

O problema: quem recebe os benefícios e paga os custos do serviço da dívida?

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PIB e serviço da dívida incrementalcom empréstimos concessionais

% do PIB de base

PIB incremental

Serviço da dívida incremental

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PIB e serviço da dívida incrementalcom empréstimos não concessionais

% do PIB de base

PIB incremental

Serviço da dívida incremental

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Impacto no financiamento do orçamentoO investimento afecta as necessidades de financiamento do orçamento: gera receitas adicionais (taxas de serviço ou impostos gerais) mas também gera custos adicionais do serviço da dívida. Empréstimos concessionais exigem menos financiamento. Permitem

menor carga de empréstimos ou maior défice primário interno (menos receitas/mais despesas). Geram espaço fiscal. Estímulo à actividade e investimento do sector privado.

Empréstimos não concessionais exigem mais financiamento. Exigem mais empréstimos ou menor défice primário interno (mais receitas/menos despesas). Isto restringe a actividade e investimento do sector privado.

Com o foco nos ENC, como satisfazer a necessidade de maior financiamento?

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2010 2015 2020 2025 2030

Necessidades adicionais de financiamento do governoServiço da dívida menos receitas fiscais incrementais

% do PIB de base

Empréstimos concessionais

Empréstimos não concessionais

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(a) Com mais empréstimos internos

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Satisfazer as necessidades adicionais de financiamento advindas dos ENC com empréstimos internos :Tem impacto negativo sobre o

crescimento.Eleva o VAL da dívida externa

para um nível próximo ao limiar do PIB.

A sustentabilidade da dívida externa fica vulnerável a choques (ultrapassa os tectos).

Resulta num aumento substancial da dívida interna e do custo dos juros.

Risco de uma espiral da dívida interna

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VAL da dívida externa% do PIB

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ENC

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Dívida interna% do PIB

Base

ENC

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(b) Com mais empréstimos externos

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Satisfazer as necessidades adicionais de financiamento advindas dos ENC com mais empréstimos externos:Eleva o VAL da dívida externa

para acima do limiar do PIB. E requer uma contracção

substancial na balança corrente excluindo os pagamentos de juros. Isto implicaria uma forte depreciação da moeda.

Põe em risco a estabilidade externa.

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VAL da dívida externa% do PIB

Base

ENC

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Balança corrente, excl. juros% do PIB

Base

ENC

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(c) Com a redução do défice primário interno

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Satisfazer as necessidades adicionais de financiamento advindas dos ENC com a redução do défice primário interno:Gera impacto negativo sobre o

crescimento (com a subida dos impostos ou o corte de outros gastos).

Eleva o VAL da dívida externa para um nível próximo ao limiar do PIB. A sustentabilidade da dívida externa fica vulnerável a choques.

Exige uma grande redução do défice primário interno, da ordem de 1,7% do PIB.

Parece inviável.

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Saldo primário interno% do PIB

Base

ENC

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C. Sensibilidade

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Empréstimos em condições menos rigorosasEmpréstimos em condições moderadas, ex. ENC a juros de 4% (ao invés de 9%):Melhoria significativa dos

indicadores da dívida externa, com espaço para novos empréstimos.

Permite uma contracção menor do saldo primário interno.

Demonstra a importância do crédito em condições mais favoráveis.

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Saldo primário interno% do PIB

ENC cond. médias ENC Base

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VAL da divida externa% do PIB

ENC cond. Medias ENC Base

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Maior impacto sobre o crescimentoSimular um maior impacto dos investimentos sobre o crescimento, de 0,8 pontos percentuais (ao invés de 0,35): Melhora os indicadores da dívida

externa Permite maior expansão do défice

primário interno Ressalta a importância:

Da qualidade do investimento público e do processo de selecção.

Do bom ambiente de negócios para alargar o efeito de atracção do investimento público.

O outro lado da moeda é que o uso improdutivo dos recursos causa grande impacto negativo.

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Saldo primário interno% do PIB

ENC alto cresc. ENC Base

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VAL da divida externa% do PIB

ENC alto cres. ENC Base

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D. Aumento temporário

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Uma abordagem cautelosaA expansão sustentada do investimento financiado por ENC gera muitos riscos. A magnitude dos riscos justifica uma abordagem mais cautelosa:

Presume um aumento temporário dos ENC, de 2,5% do PIB (aprox. $300M) ao ano, no período 2011-2015.

Isto produziria uma deterioração dos indicadores da dívida, mas com espaço para o ajustamento.

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Indicadores da dívida externa

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VAL da dívida externa pública% do PIB

Sector públicoGoverno centralGv. central , excl. ENC

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Serviço da dívida externa pública% do PIB

Sector públicoGoverno centralGv. central, excl. ENC

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Conclusões

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Riscos elevadosEmbora os cenários sejam apenas ilustrativos, alguns pontos se sobressaem:O aumento prolongado do investimento em infra-

estruturas financiado por empréstimos externos em condições comerciais gera muitos riscos. Os onerosos empréstimos externos podem gerar um

círculo vicioso de dívida interna, instabilidade externa, ou a necessidade de um forte ajuste fiscal.

O aumento prolongado do endividamento fará com que a sustentabilidade da dívida de Moçambique fique vulnerável a choques.

O ideal é que os investimentos sejam financiados através da redução do défice primário interno (com o aumento da receita ou o corte dos gastos não prioritários). 24

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Temas-chaves e caminho para o futuroO impacto de ENC sustentados e elevados dependerá:

Das condições dos empréstimos. Do uso produtivo dos investimentos para alargar o

crescimento.Da presteza do ajuste fiscal para manter a

sustentabilidade das dívidas interna e externa.Deve-se usar de cautela caso os recursos não sejam

empregados para fins produtivos.Uma postura cautelosa seria a expansão temporária dos

investimentos em projectos prioritários com forte impacto sobre o crescimento.

Se os investimentos forem altamente produtivos e elevarem a taxa de crescimento, será possível contrair mais empréstimos.

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Muito obrigado

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