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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DIFERENTES TIPOS DE MODELAGENS DE UMA FUNDAÇÃO DE MÁQUINA PARA EQUIPAMENTOS EM UMA TERMOELÉTRICA Juliana Correia Ferreira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DIFERENTES TIPOS DE MODELAGENS DE

UMA FUNDAÇÃO DE MÁQUINA PARA EQUIPAMENTOS EM UMA

TERMOELÉTRICA

Juliana Correia Ferreira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

ii

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DIFERENTES TIPOS DE MODELAGENS DE

UMA FUNDAÇÃO DE MÁQUINA PARA EQUIPAMENTOS EM UMA

TERMOELÉTRICA

Juliana Correia Ferreira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

__________________________________________

Prof. Sergio Hampshire de Carvalho Santos, D. Sc.

__________________________________________

Prof. Silvio de Souza Lima, D. Sc.

__________________________________________

Prof. Bruno Martins Jacovazzo, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

iii

Ferreira, Juliana Correia

Análise comparativa entre diferentes tipos de

modelagens de uma fundação de máquina para

equipamentos em uma termoelétrica/ Juliana Correia

Ferreira. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2017.

XIII, 59 p.: Il.; 29,7 cm.

Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 58 e 59

1. Fundações de máquinas. 2. Análise dinâmica 3.

Equipamentos industriais 4. Modelagem dinâmica

computacional

I. Santos, Sergio Hampshire de Carvalho II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Civil. III. Análise comparativa entre diferentes

tipos de modelagens de uma fundação de máquina para

equipamentos em uma termoelétrica.

iv

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, à minha família. Aos meus pais Gloria e Luis, e ao meu irmão,

Matheus, que durante esse tempo inteiro me deram a liberdade necessária para tomar as

minhas próprias decisões, o apoio para concluir os meus estudos, e as melhores condições

possíveis para que eu pudesse me dedicar e cumprir os meus compromissos com a

universidade.

Em segundo lugar, gostaria de agradecer aos amigos que eu encontrei durante os

meus seis anos na UFRJ; desde os que eu conheci nos quatro primeiros períodos de ciclo

básico, até os que eu conheci durante a graduação de Engenharia Civil, no ciclo

profissional e na ênfase: Ingrid, Bruno, Clara, Ana, Marcus, Beatriz, Ana Beatriz, Karine,

Renan, Peleta, Rodrigo, Bruna, Carol, Erica e Aline. Vocês transformaram a UFRJ em

uma segunda casa para mim. Vocês estiveram do meu lado desde os dias bons, cheios de

piadas, risadas e conversas nos corredores. Até os dias ruins, cheios de preocupações e

estresses com provas, trabalhos, e enfim a entrega do Projeto Final de Graduação.

Obrigada por toda a ajuda nos estudos, por todas as conversas nos intervalos e no transito

voltando para casa, ou indo para o estágio. Obrigada por terem sido uma segunda família

e um porto seguro durante todo esse tempo.

Também gostaria de agradecer à Patricia e Tatiana, por estarem comigo desde a

época do ensino médio. Vocês não podiam estar fisicamente do meu lado na UFRJ, já que

depois da nossa formatura da escola, nós seguimos caminhos diferentes. Mas isso não

diminui a importância do apoio e da presença de vocês durante esses anos para que eu

pudesse chegar até aqui hoje.

Gostaria de agradecer a todos os professores que fizeram parte da minha história,

tanto os que eu tive o prazer de conhecer e dividir com as salas de aula na universidade,

quanto os que fizeram parte da minha educação básica durante os meus anos de escola;

Ilza Santoro e toda a equipe do Kumon por terem me ensinado a gostar de matemática

pela primeira vez. Fernanda Amante, que me mostrou que nem sempre o professor que

mais vai te marcar é o que leciona a sua matéria preferida; obrigada por sempre me fazer

entender que não é preciso escolher um lado entre humanas e exatas, e por acreditar em

partes de mim que nem eu mesma acredito.

À Cláudia Eboli, Flavia Moll e Elaine Garrido Vasquez por sempre terem sido

exemplos e referências quando penso em qualidade de ensino e didática em sala de aula.

Ao professor Paulo Renato Diniz Junqueira Barbosa, que foi o meu primeiro contato com

v

um professor da UFRJ, ainda nas aulas de Introdução à Engenharia no Ciclo básico. Por

todo esforço e paciência empregados na coordenação desse curso, sempre tentando fazer

o seu melhor para ajudar e guiar os alunos na escolha e alocação nas suas futuras

engenharias.

Principalmente, ao meu orientador, Sergio Hampshire, por toda paciência e apoio

ao longo do desenvolvimento desse projeto. Por sempre se mostrar disponível e presente

durante os meses que antecederam a entrega e apresentação. Pela qualidade de ensino e

por todo o conteúdo passado durante as várias matérias ministradas ao longo do meu

período de graduação. E também ao professor Silvio de Souza Lima por toda assistência

prestada.

Aos meus antigos colegas de empresa, por terem me recebido de braços abertos no

meu primeiro estágio e por terem me apresentando pela primeira vez à engenharia na

prática do dia a dia. Especialmente à Patricia Fontes, Katia Huse e Daniella Michel,

minhas supervisoras ao longo desses dois anos, por tudo que me ensinaram, por toda a

confiança e por toda a paciência. Rafael Costa, por ter sido como um mentor e

praticamente um segundo orientador no início desse projeto, me ajudando desde o

primeiro dia, e sempre se colocando disponível para tirar qualquer dúvida de análise

dinâmica.

Por fim, mas não menos importante, gostaria de agradecer a todos os artistas que

produzem as músicas que tocaram nos meus ouvidos durante todos esses anos, os filmes,

as séries que eu assisti, e os livros que eu li. Mesmo de longe, vocês me ensinaram a

sonhar, e provavelmente me deram a melhor parte de mim. Mesmo de longe, vocês foram

fundamentais para me acalmar e me divertir nos meus melhores e nos meus piores dias.

Eu sei que nós não nos conhecemos pessoalmente e talvez nunca vamos chegar a nos

conhecer, mas eu não conseguiria negar que vocês também foram uma parte fundamental

dessa caminhada. Obrigada por toda sanidade e por toda insanidade que, de um jeito ou

de outro, vocês sempre conseguem colocar na minha vida. O meu universo com certeza

seria muito mais vazio, silencioso e desbotado sem vocês.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DIFERENTES TIPOS DE MODELAGENS DE

UMA FUNDAÇÃO DE MÁQUINA PARA EQUIPAMENTOS EM UMA

TERMOELÉTRICA

Juliana Correia Ferreira

Fevereiro/2017

Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Curso: Engenharia Civil

A Dinâmica é um ramo de estudo e pesquisa que pode ser aplicado em diferentes campos

da engenharia. Contudo, no campo da Engenharia Civil, este assunto é principalmente

abordado em projetos que envolvem esforços gerados pela vibração de equipamentos.

Um dos principais exemplos de um caso onde é necessário utilizar os conceitos e os

conhecimentos existentes de análise dinâmica é na concepção de fundações para

equipamentos industriais. Este trabalho aborda a análise de uma fundação projetada em

um caso real de uma termoelétrica, que funciona como base para três máquinas diferentes.

O principal objetivo é apresentar os tipos de modelo distintos que foram elaborados para

o mesmo problema, utilizando dois softwares, SAP2000 e Blocksolver. O escopo consiste

das etapas básicas da modelagem, o estudo das informações disponíveis do projeto, pela

avaliação dos resultados e pela análise comparativa das respostas obtidas em cada caso.

Palavras-chave: Análise dinâmica, fundações de máquinas, vibrações, fundação direta.

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

COMPARATIVE ANAYLSIS OF DIFFERENT COMPUTER MODELS OF A

MACHINE FOUNDATION FOR EQUIPMENTS IN A THERMOELETRIC POWER

PLANT

Juliana Correia Ferreira

February/2017

Advisor: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Course: Civil engineering

The Dynamic Analysis is a research and study field that can be used in different

Engineering areas. However, in Civil Engineering, this subject is mainly applied in

analyses that present stresses generated by equipment vibrations. One of the most

important cases in which it is necessary to apply the existing theory and knowledge in the

dynamic analysis area, is on the conception of industrial equipment foundations. This

undergraduate project consists of the analysis of a foundation, developed from a real

thermoelectric power plant, supporting three different machines. The main goal is to

present the distinct computer models that were developed to solve the same problem,

using two different softwares, SAP2000 and Blocksolver. The scope consists of the basic

steps developed during the modeling process, the analysis of available information and

the evaluation and comparison of the results obtained in each case.

Keywords: Dynamic analysis, equipment foundations, vibrations, shallow foundations.

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. MOTIVAÇÃO ................................................................................................... 1

1.2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 2

2. METODOLOGIA DE ANÁLISE ............................................................................. 3

2.1. CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................... 3

2.1.1. Projeto de fundações de máquinas ..................................................................... 3

2.1.2. Tipos de Fundação ............................................................................................. 5

2.2. ANÁLISE DINÂMICA DE ESTRUTURAS .................................................... 6

2.2.1. Avaliação das cargas dinâmicas ........................................................................ 8

2.2.2. Análise dinâmica computacional – SAP2000 .................................................. 10

2.2.3. Análise dinâmica computacional – Blocksolver .............................................. 12

2.3. ESTUDO DOS PARÂMETROS DO SOLO ................................................... 13

2.4. CARACTERÍSTICAS DA FUNDAÇÃO ....................................................... 16

2.4.1. Avaliação da rigidez ........................................................................................ 16

2.4.2. Avaliação dos coeficientes de amortecimento ................................................. 17

2.5. CRITÉRIOS DE PROJETO ............................................................................ 18

3. MODELAGEM ....................................................................................................... 21

3.1. GEOMETRIA .................................................................................................. 21

3.2. PROPRIEDADES DOS EQUIPAMENTOS E FORÇAS DINÂMICAS ....... 24

3.3. PARÂMETROS DO SOLO ............................................................................ 25

3.4. MODELAGEM COM ELEMENTOS SÓLIDOS – SAP2000 ....................... 26

3.4.1. Geometria e propriedades do modelo .............................................................. 26

3.4.2. Materiais – Propriedades do Concreto ............................................................. 28

3.4.3. Propriedades de rigidez e amortecimento ........................................................ 29

3.4.4. Forças aplicadas e carregamentos dinâmicos .................................................. 31

ix

3.5. MODELAGEM – BLOCKSOLVER .............................................................. 37

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 58

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Comportamento transiente e comportamento Steady State[8]. .................... 4

Figura 2.2 – Fundação em bloco [4]. ................................................................................ 5

Figura 2.3 – Fundação em ................................................................................................ 5

Figura 2.4 – Fundação em pórtico [4]. ............................................................................. 6

Figura 2.5 – Fundação sobre molas .................................................................................. 6

Figura 2.6 – Bloco de inércia ........................................................................................... 6

Figura 2.7 – Fundação sobre estacas [4]........................................................................... 6

Figura 2.8 – Sistema massa-mola [5]. .............................................................................. 7

Figura 2.9 – Diagrama de um sistema com ...................................................................... 8

Figura 2.10 – Valores de Q de acordo com o tipo de equipamento [4]. ......................... 10

Figura 2.11 – Sistema de eixos e variáveis ..................................................................... 12

Figura 2.12 – Curva G x NSPT [2]. .................................................................................. 15

Figura 2.13 – Problema Físico [5]. ................................................................................. 16

Figura 2.14 – Modelo Aproximado (Conjunto massa-mola) [5]. ................................... 16

Figura 2.15 – Parâmetros para fundações retangulares, WOLF [10] e GAZETAS [11].

........................................................................................................................................ 17

Figura 2.16 – Parâmetros para fundações circulares [5]. ............................................... 18

Figura 2. 17 – Valores dos amortecedores [5]. ............................................................... 18

Figura 2.18 – Tabela de faixas de velocidade, classe de equipamentos e faixas de

operação. ......................................................................................................................... 19

Figura 2.19 – Ábaco de deslocamentos x Frequência de operação x Velocidades

efetivas. ........................................................................................................................... 20

Figura 3.1 – Forma da fundação (Vista superior - Planta). ............................................ 21

Figura 3.2 – Forma da fundação (Vista inferior – Planta da base). ................................ 22

Figura 3.3 –Forma da fundação (Corte longitudinal). .................................................... 22

Figura 3.4 – Forma da fundação (Corte transversal A). ................................................. 23

Figura 3.5 – Forma da fundação (Corte transversal B). ................................................. 23

Figura 3.6 – Forma da fundação (Corte transversal C). ................................................. 23

Figura 3.7 – Forma da fundação (Corte transversal D). ................................................. 23

Figura 3.8 – Equipamentos e fundação. ......................................................................... 24

Figura 3.9 – Ponto de aplicação das cargas do conjunto motor/rotor............................. 25

xi

Figura 3.10 – Ponto de aplicação das cargas do ventilador. .......................................... 25

Figura 3.11 – Modelo de elementos sólidos (SAP2000). ............................................... 26

Figura 3.12 – Tabela de lista de materiais (Peso total da fundação no modelo). ........... 27

Figura 3.13 – Resumo das massas aplicadas (em unidades de massa). .......................... 28

Figura 3.14 – Definição de material no SAP2000. ......................................................... 29

Figura 3.15 – Valores dos coeficientes de rigidez e amortecimento por nó. .................. 31

Figura 3.16 – Componente horizontal da carga gerada pelo motor................................ 32

Figura 3.17 – Componente vertical da carga gerada pelo motor. ................................... 32

Figura 3.18 – Componente horizontal da carga gerada pelo rotor. ................................ 33

Figura 3.19 – Componente vertical da carga gerada pelo rotor...................................... 33

Figura 3.20 – Componente horizontal da carga gerada pelo ventilador. ........................ 34

Figura 3.21 – Componente vertical da carga gerada pelo ventilador. ............................ 34

Figura 3.22 – Resumo das cargas aplicadas. .................................................................. 35

Figura 3.23 – Função Tempo (s) x Variação da amplitude da carga (kN). .................... 36

Figura 3.24 – Combinação dinâmica das cargas (Time-History). .................................. 36

Figura 3.25 – Geometria da fundação. ........................................................................... 37

Figura 3.26 – Massas aplicadas. ..................................................................................... 38

Figura 3.27 – Propriedades do solo. ............................................................................... 38

Figura 3.28 – Coeficientes de Rigidez............................................................................ 39

Figura 3.29 – Coeficientes de amortecimento. ............................................................... 39

Figura 3.30 – Cargas aplicadas e ângulos de fase. ......................................................... 40

Figura 3.31 – Frequências analisadas. ............................................................................ 40

Figura 4.1 – Matriz de rigidez. ....................................................................................... 41

Figura 4.2 – Matriz de massa. ........................................................................................ 41

Figura 4.3 – Matriz de amortecimento. .......................................................................... 42

Figura 4.4 – Resultantes das forças aplicadas. ............................................................... 42

Figura 4.5 – Coordenadas do centro geométrico da base e do centro de massa da

fundação.......................................................................................................................... 42

Figura 4.6 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo X..... 43

Figura 4.7 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Y..... 44

Figura 4.8 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Z. .... 44

Figura 4.9 – Curva amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo X. .......... 45

Figura 4.10 – Curva amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Y. ........ 46

Figura 4.11 – Curva amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Z. ......... 46

xii

Figura 4.12 – Deslocamentos do centro de gravidade da fundação na frequência do

equipamento. .................................................................................................................. 47

Figura 4.13 – Frequências naturais de vibração. ............................................................ 48

Figura 4.14 – Deslocamentos do centro de gravidade em Y. ......................................... 49

Figura 4.15 – Deslocamentos do centro de gravidade em Z. ......................................... 49

Figura 4.16 – Tabela de faixas de velocidade, classe de equipamentos e faixas de

operação (Resultados)..................................................................................................... 51

Figura 4.17 – Ábaco de deslocamentos x Frequência de operação x Velocidades efetivas

(Resultados). ................................................................................................................... 52

Figura 4.18 – Modelo de Verificação (Rijezas rotacionais X e Y reduzidas). ............... 53

Figura 4.19 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo X

(verificação). ................................................................................................................... 53

Figura 4.20 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Y

(verificação). ................................................................................................................... 54

Figura 4.21 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Z

(verificação). ................................................................................................................... 54

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Valores estimados do peso específico, coeficiente de Poisson e fração de

amortecimento crítica de acordo com o tipo de solo [5] ................................................ 15

Tabela 3.1 – Valores da massa, frequência e velocidade angular de cada equipamento.24

Tabela 3.2 – Valores das forças dinâmicas aplicadas. .................................................... 25

Tabela 3.3 – Propriedades do solo. ................................................................................. 26

Tabela 3.4 – Valores dos coeficientes de rigidez da fundação. ...................................... 30

Tabela 3.5 – Valores dos coeficientes de amortecimento da base.................................. 30

Tabela 4.1 – Frequências naturais da estrutura............................................................... 50

Tabela 4.2 – Valores dos deslocamentos do CG. ........................................................... 50

Tabela 4.3 – Frequências naturais de vibração adaptadas. ............................................. 55

1

1. INTRODUÇÃO

1.1.MOTIVAÇÃO

A análise dinâmica ainda não é um assunto comumente abordado nos cursos de

graduação de Engenharia Civil. As construções mais típicas encontradas no dia a dia de

um engenheiro, como edificações e obras de infraestrutura, normalmente não exigem esse

tipo de estudo e conhecimento específico do profissional. Na maioria das vezes, é possível

aproximar as cargas dinâmicas presentes nesses projetos mais recorrentes para problemas

mais simples, ou carregamentos equivalentes estáticos que gerem resultados satisfatórios

quando comparados com a análise dinâmica clássica [1]. Ainda assim, existem casos onde

um estudo mais profundo do efeito da dinâmica em uma estrutura deve ser realizado. Um

exemplo clássico onde a dinâmica é utilizada no campo da Engenharia Civil são os

projetos onde as estruturas (fundações, bases, lajes) estão submetidas a vibrações geradas

por máquinas ou equipamentos.

Toda máquina que gera algum tipo de impacto, ou que possui massas

desbalanceadas giratórias, devem ser apoiadas em bases e fundações com capacidade

estrutural de absorver esses esforços. A maior parte desses equipamentos se encontra no

meio industrial e a falha ou o dimensionamento incorreto de uma fundação de máquina

pode gerar uma série de consequências, desde acidentes de trabalho e prejuízos

econômicos, com a interrupção total do funcionamento ou com a geração de danos

permanentes no equipamento, até mesmo prejuízos ambientais de grandes proporções

[1,2].

Além da limitação causada pela escassez de estudos nessa área, e pela pouca

quantidade de normas oficiais brasileiras e internacionais que guiem o projeto dinâmico

de estruturas, outro desafio quando lidamos com a análise dinâmica, ou mais

especificamente, com fundações de máquinas, é a interdisciplinaridade que envolve esse

assunto. Para a realização de um bom projeto de uma base para equipamentos, o

engenheiro civil precisa de informações precisas que podem depender tanto do

proprietário ou do operador da máquina, quanto do próprio fornecedor do equipamento.

Vale também ressaltar que o engenheiro estrutural não é o único profissional responsável

por esse tipo de projeto, já que a interface entre várias disciplinas se mistura no

desenvolvimento e elaboração de uma fundação de máquinas [1,3].

2

Os fatores que afetam diretamente um projeto de uma base para um equipamento

variam desde as cargas e massas das máquinas, as suas características físicas e

geométricas, como o seu centro de gravidade, a localização do ponto de aplicação das

forças, a configuração e dimensões da base, e o posicionamento da fundação na planta.

Mas, outros parâmetros que nem sempre estão dentro da especialidade do engenheiro

estrutural, também influenciam nos estudos desse tipo de problema, como por exemplo,

as características e topografia do solo local, limitações de operação da máquina

determinadas pelo cliente e pelo fornecedor, e também fatores econômicos e ambientais

[4]. Por esse motivo, a participação de outros profissionais como engenheiros geotécnicos

ou engenheiros mecânicos também é fundamental. E é mais importante ainda garantir a

comunicação eficaz entre todas as partes envolvidas nesse tipo de projeto [3].

1.2.OBJETIVOS

Esse trabalho tem como objetivo principal apresentar a análise de um caso real de

uma base de fundação para três equipamentos diferentes, um conjunto rotor/motor e um

ventilador, presentes no projeto de uma usina termoelétrica. Para a elaboração dos estudos

foram feitas avaliações preliminares para a determinação dos parâmetros do solo, cálculos

da rigidez da base e dos coeficientes de amortecimento, e uma análise das cargas

dinâmicas geradas por cada equipamento. Esses dados foram utilizados para a elaboração

de duas abordagens diferentes em modelos computacionais distintos, nos softwares

SAP2000 [9] e Blocksolver [15]. Então, foi feita a comparação entre os resultados obtidos

em cada modelo, e a análise final das respostas encontradas.

3

2. METODOLOGIA DE ANÁLISE

2.1.CONCEITOS BÁSICOS

2.1.1. Projeto de fundações de máquinas

O projeto de uma fundação para um equipamento consiste em uma série de etapas,

desde a análise do equipamento e das informações normalmente provenientes do

fornecedor ou do cliente, como a massa total, o centro de gravidade da máquina, o ponto

de aplicação das cargas, e sua a frequência ou faixas de frequências de funcionamento,

passando também pela avaliação das cargas dinâmicas impostas à estrutura, o estudo do

material de fundação e dos parâmetros do solo, a determinação da melhor solução em

fundação profunda ou rasa, em bloco ou pórtico, entre outras opções, a estimativa prévia

das dimensões da fundação, a elaboração de um modelo computacional, e a análise

dinâmica, até finalmente chegar aos resultados, e à verificação dos critérios de projeto

determinado por normas, como a limitação de deslocamentos, velocidades, da tensão

máxima no solo, e as próprias análises de esforços que devem ser feitas em qualquer

projeto estrutural [5].

Contudo, as principais preocupações quando se trata de um projeto de fundação de

máquina são os efeitos causados pelo movimento do equipamento. Uma vez determinadas

as ações impostas à fundação, devem ser analisando os esforços gerados e

consequentemente o dimensionamento estrutural. Também deve ser feita a verificação

dos deslocamentos, garantindo que estes estejam dentro dos limites tolerados pelas

normas, não prejudicando o bom funcionamento da máquina e garantindo o conforto dos

usuários e dos operadores. Além disso, o projeto inicial de uma fundação desse tipo deve

prever que a frequência natural da estrutura se afaste da frequência de funcionamento da

máquina, evitando assim os efeitos de ressonância [1].

A ressonância é um efeito que surge quando a frequência de excitação coincide com

uma das frequências naturais do sistema elástico. A principal consequência desse efeito

é o surgimento de deslocamentos muito grandes e amplitudes de vibração com valores

muito elevados. Uma das possíveis soluções quando essa situação ocorre é alterar a

4

rigidez ou a massa do conjunto, consequentemente mudando também a frequência natural

da fundação [1,6].

A avaliação das vibrações de uma fundação rígida pode ser dividida entre quatro

análises em diferentes direções: oscilação vertical, oscilação horizontal com rotação

(contidas em um plano vertical), oscilação horizontal com rotação (em um plano vertical,

ortogonal ao primeiro), e torção segundo um eixo vertical [2].

Além disso, o comportamento dinâmico de uma fundação de máquina pode ser

comparado com o comportamento generalizado de um sistema massa-mola. Um modelo

massa-mola, quando excitado com uma excitação harmônica, sempre tende a convergir

para os mesmos resultados, independente das condições iniciais do problema, como a

velocidade de partida. Esse comportamento que representa o resultado para qual o sistema

converge é chamado de Steady State. Por sua vez, o comportamento do sistema que se

apresenta antes de alcançar o Steady State é chamado de comportamento transiente, como

apresentado na Figura 2.1 [7,8].

Figura 2.1 – Comportamento transiente e comportamento Steady State [8].

Se o coeficiente de amortecimento for reduzido, o sistema demora mais a sair da

faixa de comportamento transiente e alcançar o Steady State. O mesmo pode ser

observado quando alteramos outras condições iniciais do problema. Eventualmente, o

sistema irá alcançar o comportamento estabilizado (Steady State), mas o tempo que ele

demora para chegar até lá, depende das condições de contorno apresentadas inicialmente

5

[7]. Essa mesma lógica pode ser aplicada para vibração em equipamentos que passam por

um estado transiente antes de chegar ao seu comportamento padrão.

2.1.2. Tipos de Fundação

Para um projeto de fundação de máquinas existem vários tipos de solução, desde a

forma de assentamento no solo (fundação profunda ou rasa) até a própria definição da

geometria da fundação. Segundo a norma ACI 351.3R-04[4] são definidos os seguintes

tipos de fundações para equipamentos, observados nas Figuras 2.2, 2.3, 2.4, 2.5, 2.6 e 2.7

[4]:

Fundação em bloco;

Fundação em bloco combinado;

Fundação em pórtico;

Fundação sobre molas em bloco;

Bloco de inércia sobre estrutura;

Fundação sobre estacas.

Figura 2.2 – Fundação em bloco [4].

Figura 2.3 – Fundação em

bloco combinado [4].

6

Figura 2.4 – Fundação em pórtico [4].

Figura 2.5 – Fundação sobre molas

em bloco[4].

Figura 2.6 – Bloco de inércia sobre estrutura [4].

Figura 2.7 – Fundação sobre estacas [4].

2.2.ANÁLISE DINÂMICA DE ESTRUTURAS

A Equação 2.2-1 representa a formulação básica de um sistema dinâmico com N

graus de liberdade [5]:

M u''(t)+C u'(t)+K u(t)=F(t) (2.2-1)

Onde, os símbolos ‘ e “ significam primeiras e segundas derivadas no tempo,

M – matriz de massa;

C – matriz de amortecimento;

K – matriz de rigidez;

u’’(t) – vetor de aceleração;

u’(t) – vetor de velocidade;

u(t) – vetor de deslocamentos;

F(t) – vetor de forças e momentos aplicados.

7

Reduzindo a fundação a um sistema massa-mola simplificado, temos o esquema

apresentado abaixo na Figura 2.8, aplicando uma força harmônica F(t) [5]:

Figura 2.8 – Sistema massa-mola [5].

Segundo as Equações 2.2-2, 2.2-3, 2.2-4 e 2.2-5 pode-se definir respectivamente

a frequência, a frequência angular, o coeficiente de amortecimento crítico, e a fração de

amortecimento crítico para o sistema apresentado acima [5]:

f=(1/2π) ×√k/M (2.2-2)

ɷ=2× π×f (2.2-3)

Cc=2√k M (2.2-4)

ε=C/Cc (2.2-5)

A Equação 2.2-1 também pode ser apresentada na forma complexa, quando

aplicadas as seguintes transformações com base na Equação 2.2-6 (Equação de Euler) [5]:

eiɷt= cos(ɷt)+i sen (ɷt) (2.2-6)

No sistema massa-mola apresentado na Figura 2.8 a força harmônica aplicada

pode ser representada como na Equação 2.2-7 [5]:

F(t)=Fo × cos(ɷt) (2.2-7)

Sabendo que, para este caso, a fração imaginária da Equação 2.2-6 é nula, e

fazendo uma substituição na Equação 2.2-7, obtém-se que [1]:

eiɷt= cos(ɷt) (2.2-8)

8

F(t)=Fo×eiɷt (2.2-9)

M u''(t)+Cu'(t)+Ku(t)=Fo×eiɷt (2.2-10)

A solução da Equação 2.2-10 pode ser representada na seguinte forma:

u(t)=uo×eiɷt (2.2-11)

Logo, a solução Equação 2.2-1 expressa na sua forma imaginária é:

(-Mɷ² +iɷC+K)uo × eiɷt=Fo × eiɷt (2.2-12)

2.2.1. Avaliação das cargas dinâmicas

Para um sistema de uma máquina rotativa, a força dinâmica devido à carga

desbalanceada pode ser definida com base na Figura 2.9 e nas Equações 2.2-13, 2.2-14 e

2.2-15 [5]:

Figura 2.9 – Diagrama de um sistema com

massa desbalanceada giratória [5].

FR= mrot× r ×ɷ² (2.2-13)

FH= mrot× r ×ɷ² ×sen(ɷt) (2.2-14)

FV= mrot× r ×ɷ² × cos (ɷt) (2.2-15)

9

Em alguns casos, as forças dinâmicas geradas pelo equipamento são dados

disponibilizados pelo fornecedor da máquina. Em outros casos, essas forças podem ser

avaliadas com base em equações encontradas em normas. Segundo a norma ACI 351.3R-

04 [4], as forças dinâmicas para um equipamento cuja massa é conhecida podem ser

calculadas segundo a Equação 2.2-16.

Fd= mr× Q ×ɷo× Sf/1000 (2.2-16)

Fd: amplitude da força dinâmica (N);

mr: massa giratória (kg);

Q: constante de qualidade do balanceamento, representada pelo produto da

excentricidade pela velocidade angular (mm/s);

ɷo: velocidade angular de operação (rad/s);

Sf: fator de segurança utilizado para considerar um eventual aumento no

desbalanceamento da máquina ao longo do seu tempo de serviço (normalmente maior ou

igual a 2,0).

Ainda de acordo com a ACI 351.3R-04 [4], o valor de Q pode ser determinado

através da tabela da Figura 2.10.

10

Figura 2.10 – Valores de Q de acordo com o tipo de equipamento [4].

2.2.2. Análise dinâmica computacional – SAP2000

Existem dois tipos de abordagens básicas para a análise dinâmica no caso de

excitações harmônicas: a análise no domínio do tempo e a análise na frequência da

excitação. Para o modelo no software SAP2000 foi escolhida a abordagem no domínio do

tempo (Time-History), que consiste em uma análise passo a passo da resposta da

determinada estrutura ao carregamento dinâmico variando no tempo, podendo ser linear

ou não-linear. A resolução do problema é feita com a Equação 2.2-1 do equilíbrio de um

sistema dinâmico, reproduzida abaixo:

M u''(t)+C u'(t)+K u(t)=F(t) (2.2-17)

No modelo, podem ser definidos quantos casos de carga no domínio do tempo

quanto forem necessários, cada um podendo ter diferentes cargas aplicadas e podendo ser

abordados com diferentes tipos de análises. Por exemplo, a resolução de um problema

deste tipo pode ser feita linearmente ou não linearmente, com o método de resolução

modal ou de integração direta, com análise transiente ou periódica [9].

11

A análise transiente consiste em considerar o carregamento com um início de

aplicação e final definidos no tempo. A análise periódica considera o carregamento sendo

aplicado indefinidamente. A superposição modal é um método eficiente, considerando a

decomposição do problema nos diversos modos de vibração, assumindo resposta linear

das funções no tempo. Já a integração direta utiliza a integração das equações de

movimento por processos numéricos [9].

O carregamento F(t) aplicado na estrutura é descrito conforme a Equação 2.2-18,

como um produto entre uma função f(t) no tempo e espaço, com vetores de força pj [9].

F(t)= ∑ (fj(t)×pj) j (2.2-18)

Onde,

fj (t) é uma função Time-History definida com base no período de atuação da carga

desejado, normalmente variando em senos ou cossenos;

pj é referente às amplitudes das cargas dinâmicas aplicadas diretamente na

estrutura.

As cargas pj podem ser definidas similarmente a carregamentos estáticos simples

ou a carregamentos de aceleração. Esses dois podem ser combinados durante a análise

[9].

Já a função fj(t) pode ser definida segundo a Equação 2.2-19 [9].

f(t)j=sf×func(t) (2.2-19)

Onde,

func(t) é a parte da função que determina a forma da variação da mesma com o

tempo (normalmente cosseno ou seno);

sf é um fator de escala que é multiplicado pelas ordenadas da função.

O período t pode ser definido segundo a Equação 2.2-20 apresentada abaixo [9].

t=at+tf ×t (2.2-20)

Onde,

12

at é conhecido como o arrival time, definindo em que momento a função começa

a agir na estrutura;

tf é um fator de escala multiplicado pelas abcissas.

A análise Time-History é feita com base em intervalos de tempos discretos que

são definidos pelo número de intervalos considerados (nstep) e o tamanho de cada

intervalo (dt). O intervalo de tempo final para qual a análise é feita, é definido como o

produto entre o número de intervalos (nstep) e o tamanho de cada um deles (dt). As

respostas são calculadas para cada intervalo dt, gerando um total de nstep+1 valores em

cada análise [9].

2.2.3. Análise dinâmica computacional – Blocksolver

O software Blocksolver é utilizado para resolver problemas de fundações em bloco

rígido sob a ação de cargas harmônicas. Ele resume uma determinada geometria da

fundação a um bloco rígido ou a um conjunto de blocos, e faz as análises necessárias

utilizando o sistema apresentado na Figura 2.11 como base [5]:

Figura 2.11 – Sistema de eixos e variáveis

adotado pelo Blocksolver[5].

Com a geometria da fundação, as propriedades do solo, as cargas dinâmicas, as

massas e as frequências das respostas requeridas, o programa usa o sistema representado

13

pelas Equações 2.2-21, 2.2-22 e 2.2-23 para resolver os problemas de fundação de

máquina, considerando o conjunto dos blocos de fundação como um corpo rígido [5].

Mu''(t)+Cu'(t)+Ku(t)=Fo ×eiɷt (2.2-21)

u(t)=uo×eiɷt (2.2-22)

(-Mɷ² +iɷC+K )uo×eiɷt=Fo ×eiɷt (2.2-23)

No Blocksolver as matrizes de massa, de amortecimento e de rigidez são

apresentadas respectivamente abaixo [5].

[ Mx 0 0 0 0 0

0 My 0 0 0 0

0 0 Mz 0 0 0

0 0 0 Mxx 0 0

0 0 0 0 Myy 0

0 0 0 0 0 Mzz]

(2.2-24)

[

Cx 0 0 0 Cx×h 0

0 Cy 0 -Cy×h 0 0

0 0 Cz 0 0 0

0 -Cy×h 0 Cxx+Cy×h² 0 0

Cx×h 0 0 0 Cyy+Cx×h² 0

0 0 0 0 0 Czz]

(2.2-25)

[

Kx 0 0 0 Kx×h 0

0 Ky 0 -Ky×h 0 0

0 0 Kz 0 0 0

0 -Ky×h 0 Kxx+Ky×h² 0 0

Kx×h 0 0 0 Kyy+Kx×h² 0

0 0 0 0 0 Kzz]

(2.2-26)

2.3.ESTUDO DOS PARÂMETROS DO SOLO

Em projetos de fundações de máquinas, o parâmetro crítico nas verificações finais

é a limitação dos deslocamentos que normalmente ocorrem na ordem de mícrons. Logo,

o solo sofre deformações muito pequenas e o seu comportamento ainda pode ser analisado

14

dentro de modelos elástico-lineares [5]. Os parâmetros que devem ser determinados para

as análises são:

G: Módulo de deformação transversal (kN/m²);

ν: Coeficiente de Poisson;

ρ: massa específica (t/m³);

ɛ: fração de amortecimento crítico.

Além disso, algumas outras informações que também são relevantes para um

projeto de fundação são: a posição e a natureza das camadas do perfil do solo, a cota do

nível d’água e a capacidade de resistência das camadas [3]. Para a determinação

cuidadosa desses parâmetros e a obtenção das informações necessárias para a elaboração

do projeto devem ser realizados ensaios de campo. Por exemplo, o ensaio SPT (Standard

Penetration Test) é fundamental para a determinação do perfil do solo em questão, a sua

resistência e a cota do lençol freático. Contudo, o parâmetro mais difícil de ser avaliado

e que tem mais influência nos resultados é o módulo de deformação transversal. O ensaio

normalmente indicado para a determinação do valor de G, assim como o valor do

coeficiente de Poisson, é o conhecido como ensaio Cross-hole [5].

Na impossibilidade da realização de ensaios para a avaliação do valor do módulo

de deformação transversal, este pode ser determinado com base em algumas correlações

empíricas. O seu valor pode ser correlacionado ao do módulo de elasticidade e do

coeficiente de Poisson, conforme apresentado na Equação 2.3-1, e pode ser avaliado de

acordo com a simples caracterização do solo ou com os resultados do ensaio SPT, como

expresso na Equação 2.3-2. As propriedades que afetam no valor de G são: a forma e

dimensão dos grãos, o índice de vazios, a densidade relativa e a pressão efetiva média

[2,5].

G=E/ [2×(1+ν)] (2.3-1)

G=11,5 ×NSPT0,8 (2.3-2)

De acordo com a Equação 2.3-2 apresentada acima, pode-se plotar a curva que

relaciona o valor de G com o valor do NSPT, como apresentado na Figura 2.12. Contudo,

é importante saber que a determinação do módulo de deformação transversal sempre gera

15

incertezas, e por esse motivo, na avaliação do mesmo, deve sempre ser feita uma

avaliação paramétrica para investigar como os resultados das análises variam em função

das propriedades do solo. Normalmente, faz-se essa avaliação considerando valores

máximos e mínimos de G com uma determinada variação percentual em torno dos valores

mais prováveis [5], usualmente ± 50%.

Figura 2.12 – Curva G x NSPT [2].

Além disso, outros parâmetros do solo como o peso específico, o coeficiente de

Poisson e a fração de amortecimento crítico também podem ser estimados com base em

informações básicas da natureza do solo local, como apresentado na Tabela 2.1 [5].

Tabela 2.1 – Valores estimados do peso específico, coeficiente de Poisson e fração de amortecimento

crítica de acordo com o tipo de solo [5]

16

2.4.CARACTERÍSTICAS DA FUNDAÇÃO

Para a análise de uma fundação de máquina em bloco, dois parâmetros são

fundamentais; a rigidez da fundação (K) e os coeficientes de amortecimento (C). Partindo

de um problema físico com uma máquina apoiada sobre um bloco em um determinado

solo, com o módulo de deformação transversal, o coeficiente de Poisson e o peso

específico definidos, é possível transformar esse caso em um modelo aproximado de um

conjunto massa-mola, como apresentado nas Figuras 2.13 e 2.14 [5].

Figura 2.13 – Problema Físico [5]. Figura 2.14 – Modelo Aproximado

(Conjunto massa-mola) [5].

Pode-se observar que os valores dos coeficientes de rigidez e de amortecimento

são diretamente dependentes das propriedades do solo.

2.4.1. Avaliação da rigidez

Para uma fundação direta em solo homogêneo de base retangular, onde o maior

lado tem dimensão 2a e o menor lado tem dimensão 2b (como apresentado na Figura

2.15) os coeficientes de rigidez nas diferentes direções podem ser determinados segundo

indicado nos trabalhos de WOLF (1994) [10] e GAZETAS (1980) [11].

Os valores dos coeficientes podem ser calculados pelas Equações 2.4-1, 2.4-2,

2.4-3, 2.4-4, 2.4-5 e 2.4-6:

17

Figura 2.15 – Parâmetros para fundações retangulares, WOLF [10] e GAZETAS [11].

Kx= [(G×b)/(2-ν)]× [6,80 ×(a/b) 0,65

+2,40] (2.4-1)

Ky= [(G × b)/(2-ν)]× [6,80 × (a/b) 0,65

+ 0,80 × (a/b)+ 1,60] (2.4-2)

Kz= [(G × b)/(1-ν)] × [3,10×(a/b)0,75

+ 1,60] (2.4-3)

Kxx= [(G × b³)/(1-ν)] × [3,20×(a/b)+0,80] (2.4-4)

Kyy= [(G × b³)/(1-ν)] × [3,73 ×(a/b)2,40

+ 0,27] (2.4-5)

Kzz= Gb3× [4,25 ×(a/b)

2,45+ 4,06] (2.4-6)

2.4.2. Avaliação dos coeficientes de amortecimento

Os coeficientes de amortecimento da base podem ser calculados de acordo com a

formulação de RICHART et al. [12]. Para fundações circulares, os parâmetros

apresentados na tabela da Figura 2.16 são definidos.

18

Figura 2.16 – Parâmetros para fundações circulares [5].

Os amortecedores podem ser diretamente calculados segundo as equações da

tabela apresentada na Figura 2.17.

Figura 2.17 – Valores dos amortecedores [5].

Quando a fundação estudada é retangular, as equações apresentadas acima nas

Figuras 2.16 e 2.17 podem ser utilizadas, contanto que sejam calculados os raios

equivalentes para translações, rotações e torções, respectivamente apresentados nas

Equações 2.4-7, 2.4-8 e 2.4-9 abaixo.

r, translação =[(4 × c × d)/π]1/2 (2.4-7)

r, rotação =[(16 × c × d3)/ 3 × π]

1

4 (2.4-8)

r, torção = {[16 × c × d × (c² + d²)]/ 6 × π}1/4

(2.4-9)

2.5.CRITÉRIOS DE PROJETO

Como citado no item 2.1.1, para a avaliação de um projeto de fundações de

máquinas, além dos esforços e da capacidade estrutural, outros aspectos também devem

ser analisados, como o limite dos deslocamentos na estrutura e as velocidades. Segundo

19

a ISO 2372 [13], os critérios de avaliação das velocidades e dos deslocamentos podem

ser representados respectivamente pelas Figuras 2.18 e 2.19 [13].

Figura 2.18 – Tabela de faixas de velocidade, classe de equipamentos e faixas de operação.

Onde,

Classe I – Pequenas máquinas;

Classe II – Motores elétricos;

Classe III – Máquinas pesadas;

Classe IV – Turbo-geradores;

Faixa A – Faixa ótima;

Faixa B – Aceitável;

Faixa C – Tolerável;

Faixa D – Inaceitável;

Para uma base de equipamento operando em diversas frequências diferentes, a

velocidade efetiva pode ser analisada em função da variação v(t) e do período T em um

determinado ponto, como apresentado na Equação 2.5-1.

√1/T ×∫ v(t)2dt (2.5-1)

Para excitações harmônicas, obtêm-se as Equações 2.5-2 e 2.5-3.

vrms=√1/2 ×(v12+v2

2+…+vn2) (2.5-2)

20

Onde,

v= δ ×ω (2.5-3)

Com,

ɷ, frequência circular (rad/s);

δ, deslocamentos (mm);

Além disso, de acordo com o ábaco apresentado na Figura 2.19 [13], pode-se

analisar as velocidades efetivas da máquina de acordo com o seu tipo, o deslocamento

dos pontos, e a frequência de operação do equipamento.

Figura 2.19 – Ábaco de deslocamentos x Frequência de operação x Velocidades efetivas.

21

3. MODELAGEM

Para este trabalho foram usados dois tipos de modelagens diferentes; um modelo

com elementos sólidos no software SAP2000 e um modelo simples no programa

Blocksolver, que trata a fundação de máquina como um bloco rígido, ou um conjunto de

blocos rígidos.

3.1.GEOMETRIA

A geometria dos modelos foi definida de acordo com as informações iniciais dos

equipamentos e das formas dos blocos de fundação de um projeto real adaptado,

apresentados abaixo nas Figuras 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, 3.5, 3.6 e 3.7. O bloco de fundação é

utilizado para suportar três equipamentos diferentes: um conjunto motor mais rotor e um

ventilador.

Figura 3.1 – Forma da fundação (Vista superior - Planta).

22

Figura 3.2 – Forma da fundação (Vista inferior – Planta da base).

Figura 3.3 – Forma da fundação (Corte longitudinal).

23

Figura 3.4 – Forma da fundação (Corte

transversal A).

Figura 3.5 – Forma da fundação (Corte

transversal B).

Figura 3.6 – Forma da fundação (Corte

transversal C).

Figura 3.7 – Forma da fundação (Corte

transversal D).

24

3.2.PROPRIEDADES DOS EQUIPAMENTOS E FORÇAS DINÂMICAS

O posicionamento dos equipamentos em relação à fundação está representado na

Figura 3.8.

Figura 3.8 – Equipamentos e fundação.

Como visto anteriormente, os resultados para análises dinâmicas de fundações de

máquinas dependem de alguns parâmetros, como a geometria dos blocos e características

dos equipamentos envolvidos. São apresentados na Tabela 3.1 os valores da massa e da

frequência de trabalho de cada máquina suportada pela fundação. A velocidade angular

foi calculada com os valores da frequência segundo a relação apresentada na Equação

2.2-3.

Tabela 3.1 – Valores da massa, frequência e velocidade angular de cada equipamento.

Equipamento Massa (kg) Frequência (Hz) ɷo (rad/s)

Rotor 3100 29,28 183,97

Ventilador 14300 29,28 183,97

Motor 15750 29,28 183,97

Com essas informações também é possível determinar as forças dinâmicas geradas

pelos equipamentos que atuam na fundação, de acordo com a Equação 3.2-1.

Fo=mr × Q × ɷ × Sf/1000 (3.2-1)

25

Os valores das massas e das frequências angulares foram fornecidos pelos

fabricantes e estão apresentados na Tabela 3.1. O valor de Sf, de acordo com a ACI

351.3R-04 [4] deve ser no mínimo 2,0. Os valores de Q podem ser determinados pela

tabela da Figura 2.10. Como os equipamentos em questão são motores e ventiladores, o

valor de Q estipulado é de 6,3mm/s. Logo, com essas informações, foram determinadas

as forças dinâmicas de cada máquina, que estão apresentadas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Valores das forças dinâmicas aplicadas.

Equipamento Fo (N) Fo (kN)

Rotor 7185,93 7,19

Ventilador 33148,01 33,15

Motor 36509,18 36,51

Os pontos de aplicação das forças do conjunto motor e rotor estão apresentados

na Figura 3.9, e os pontos de aplicação das forças do ventilador na Figura 3.10.

Figura 3.9 – Ponto de aplicação das cargas

do conjunto motor/rotor.

Figura 3.10 – Ponto de aplicação das cargas do

ventilador.

3.3.PARÂMETROS DO SOLO

Para este trabalho, o perfil do solo foi considerado homogêneo e os parâmetros

foram determinados segundo o Item 2.3. Os valores estipulados estão apresentados na

Tabela 3.3.

26

Tabela 3.3 – Propriedades do solo.

G (MPa) ν γ (kN/m³)

120 0,3 21

3.4.MODELAGEM COM ELEMENTOS SÓLIDOS – SAP2000

3.4.1. Geometria e propriedades do modelo

O modelo do software SAP2000 foi baseado nos desenhos de formas apresentados

no Item 3.1, e na geometria determinada no programa Blocksolver. Assim como no

Blocksolver, o bloco de fundação foi resumido a dois prismas retangulares, com a

geometria compatível com o projeto original, sofrendo algumas adaptações na altura, de

forma que a massa total do modelo fosse equivalente à massa total da fundação real. O

modelo final é composto por elementos tridimensionais sólidos, com dimensões médias

entre 0,30 e 0,40 metros, e pode ser visto na Figura 3.11.

Figura 3.11 – Modelo de elementos sólidos (SAP2000).

27

Os pontos de aplicação das cargas das Figuras 3.9 e 3.10 foram representados no

modelo como o ponto médio entre as coordenadas reais dos nós onde os carregamentos

são transferidos para a fundação. Esses pontos médios foram ligados até o eixo giratório

dos equipamentos com barras rígidas. As propriedades de massa dessas barras foram

zeradas para não ocorrer nenhuma alteração na massa total da fundação. Assim como em

ALBUQUERQUE [1], para reduzir a interferência do carregamento concentrado e os

efeitos de rotação não restritos pelos elementos sólidos, as barras foram prolongadas por

dois nós para o interior da estrutura, e nos encontros dos elementos lineares com os

sólidos, foram colocadas barras perpendiculares, também rígidas.

O peso total do bloco de fundação calculado pelo modelo é 3233,177kN e está

apresentado na Figura 3.12. Nessa mesma Figura, também pode-se observar que, como

esperado, a massa das barras rígidas não está contabilizada no modelo.

Figura 3.12 – Tabela de lista de materiais (Peso total da fundação no modelo).

Além disso, foram aplicadas também as massas correspondentes aos pesos dos

equipamentos (previamente mostradas na Tabela 3.2) no topo das barras, como

apresentado na Figura 3.13. Na primeira barra foi aplicada a soma dos pesos do rotor e

do motor, e na segunda, foi aplicada a massa do ventilador

28

Figura 3.13 – Resumo das massas aplicadas (em unidades de massa).

3.4.2. Materiais – Propriedades do Concreto

O material dos elementos foi definido como um concreto com fck de 30MPa e o

seu módulo de elasticidade foi calculado de acordo com a Norma NBR 6118:2014 [14]

com as Equações 3.4-1, 3.4-2 e 3.4-3.

Eci=αE× 5600×√fck (3.4-1)

Onde,

αE= 1,0 para granito e gnaisse;

Eci= 1,0 × 5600 ×√30=30672,46322 MPa (3.4-2)

E o módulo de deformação secante é:

ECS= αi×Eci (3.4-3)

Sendo,

αi= 0,8+0,2 × (fck/80) ≤1,0 (3.4-4)

Logo,

29

αi=0,8+0,2 × (30/80)= 0,875 ≤1,0 (3.4-5)

ECS= 0,875 ×Eci=26838,405 MPa (3.4-6)

Além disso, foram considerados também, segundo a norma NBR 6118:2014 [14],

os valores do peso específico, coeficiente de Poisson e do coeficiente de dilatação do

concreto armado como 25kN/m³, 0,2, 1×10-5/ºC, respectivamente, como pode ser

observado na Figura 3.14.

Figura 3.14 – Definição de material no SAP2000.

3.4.3. Propriedades de rigidez e amortecimento

A interface solo-estrutura foi representada no modelo com a aplicação de links,

elementos que permitem a representação de rigidez e amortecimento ao mesmo tempo.

Os coeficientes de rigidez e de amortecimento aplicados no modelo do SAP2000, são

valores automaticamente calculados pelo software Blocksolver com base na formulação

do item 2.4, permitindo assim, a compatibilização entre os modelos. Os valores

encontrados estão apresentados nas Tabelas 3.4 e 3.5.

30

Tabela 3.4 – Valores dos coeficientes de rigidez da fundação.

Direção Rigidez Unidade

kx 1,93984E+06 kN/m

ky 2,09431E+06 kN/m

kz 2,47944E+06 kN/m

kxx 9,92483E+06 kN/m

kyy 3,71426E+07 kN/m

kzz 3,39873E+07 kN/m

Tabela 3.5 – Valores dos coeficientes de amortecimento da base.

Direção Rigidez Unidade

Cx 15587 kN.s/m

Cy 15587 kN.s/m

Cz 27039 kN.s/m

Cxx 21951 kN.s/m

Cyy 146247 kN.s/m

Czz 59674 kN.s/m

Os coeficientes de rigidez e amortecimento foram aplicados com os links

distribuídos por cada nó, dividindo o valor acima pela quantidade de nós da base da

fundação, como apresentado na Figura 3.15.

31

Figura 3.15 – Valores dos coeficientes de rigidez e amortecimento por nó.

3.4.4. Forças aplicadas e carregamentos dinâmicos

As cargas apresentadas nas Tabela 3.2 foram aplicadas no topo das barras rígidas,

que representam os pontos de atuação dos carregamentos, como mostrado a seguir nas

Figuras 3.16, 3.17, 3.18, 319, 3.20 e 3.21.

32

Figura 3.16 – Componente horizontal da carga gerada pelo motor.

Figura 3.17 – Componente vertical da carga gerada pelo motor.

33

Figura 3.18 – Componente horizontal da carga gerada pelo rotor.

Figura 3.19 – Componente vertical da carga gerada pelo rotor.

34

Figura 3.20 – Componente horizontal da carga gerada pelo ventilador.

Figura 3.21 – Componente vertical da carga gerada pelo ventilador.

35

O resumo das cargas aplicadas pode ser visto na Figura 3.22 apresentada abaixo:

Figura 3.22 – Resumo das cargas aplicadas.

Contudo, como visto no Item 2.2.2, a análise Time History realizada pelo software

SAP2000 define as forças dinâmicas multiplicando as amplitudes aplicadas por funções

de tempo. Essas funções também precisam ser definidas, determinando como os valores

das forças variam em um determinado intervalo de tempo, dentro de uma frequência de

funcionamento específica. Neste caso, optou-se por analisar o efeito da força para a

frequência do equipamento (28,29Hz). Para esta análise ser possível, foi criada uma

função senoidal da variação da carga com o tempo.

Como pode ser observado nas Figuras 3.23 e 3.24, foi criado um caso de carga

(f=28,29Hz), responsável por fazer a combinação dinâmica dos três carregamentos

diferentes, ventilador, rotor e motor. Neste caso de carga, a função senoidal é multiplicada

pelas cargas pontuais, considerando uma diferença de noventa graus entre os ângulos de

fase dos carregamentos horizontais e verticais.

36

Figura 3.23 – Função Tempo (s) x Variação da amplitude da carga (kN).

Figura 3.24 – Combinação dinâmica das cargas (Time-History).

37

3.5.MODELAGEM – BLOCKSOLVER

Para a modelagem no Blocksolver foram considerados dois blocos rígidos

representando toda a geometria da fundação. A altura do primeiro bloco foi definida

conforme as formas apresentadas no item 3.1 e a altura do segundo bloco, devido a suas

variações, foi definida como a altura necessária para que a massa total do conjunto fosse

compatível com a massa real da fundação. A geometria final definida está apresentada na

Figura 3.25.

Figura 3.25 – Geometria da fundação.

As massas aplicadas são referentes aos pesos dos equipamentos apresentados no

Item 3.2 e as coordenadas dos seus pontos de aplicação são as coordenadas do topo das

barras rígidas onde as cargas foram aplicadas no SAP2000, como apresentado na Figura

3.26.

38

Figura 3.26 – Massas aplicadas.

As propriedades do solo definidas no item 3.3 estão apresentadas na Figura 3.27.

Figura 3.27 – Propriedades do solo.

Os coeficientes de rigidez são calculados automaticamente pelo Blocksolver. Seus

valores estão apresentados na Figura 3.28.

39

Figura 3.28 – Coeficientes de Rigidez.

Os coeficientes de amortecimento também são automaticamente calculados pelo

Blocksolver e seus valores estão apresentados na Figura 3.29.

Figura 3.29 – Coeficientes de amortecimento.

As cargas aplicadas são as mesmas apresentadas no item 3.2, e seus valores estão

apresentados na Figura 3.30. A diferença dos ângulos de fase entre a horizontal e a vertical

também é de noventa graus.

40

Figura 3.30 – Cargas aplicadas e ângulos de fase.

A frequência de operação dos equipamentos é a mesma apresentada no item 3.2 e

o intervalo das frequências analisadas e os incrementos estão definidos conforme

apresentado na Figura 3.31.

Figura 3.31 – Frequências analisadas.

41

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. RESULTADOS – BLOCKSOLVER

As matrizes de rigidez, massas e amortecimento calculadas pelo Blocksolver estão

apresentadas abaixo nas Figuras 4.1, 4.2 e 4.3.

Figura 4.1 – Matriz de rigidez.

Figura 4.2 – Matriz de massa.

42

Figura 4.3 – Matriz de amortecimento.

Além disso, nas Figuras 4.4 e 4.5 podem ser observadas respectivamente as

resultantes das forças aplicadas em todas direções, e propriedades geométricas da

fundação como o centro de massa e o centro geométrico da base.

Figura 4.4 – Resultantes das forças aplicadas.

Figura 4.5 – Coordenadas do centro geométrico da base e do centro de massa da fundação.

Para uma verificação das frequências obtidas com o programa SAP2000, que

calcula as frequências naturais não amortecidas, foi feita uma análise no Blocksolver

desconsiderando o amortecimento.

43

Os valores das frequências não amortecidas no eixo X, no eixo Y e no eixo Z

calculadas pelo Blocksolver podem ser observados respectivamente nas Figuras 4.6, 4.7

e 4.8. A frequência de vibração natural é referente ao ponto de deslocamento máximo do

gráfico.

Figura 4.6 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo X.

44

Figura 4.7 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Y.

Figura 4.8 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Z.

45

Das Figuras 4.6, 4.7 e 4.8 pode-se observar que as frequências de vibração naturais

da estrutura no eixo X, no eixo Y e no eixo Z, são respectivamente 10Hz, 7,40Hz e

13,30Hz.

As Figuras 4.9, 4.10 e 4.11 apresentam os deslocamentos do centro de gravidade

do bloco em função das frequências de operação dos equipamentos.

Figura 4.9 – Curva amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo X.

46

Figura 4.10 – Curva amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Y.

Figura 4.11 – Curva amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Z.

47

Dos gráficos acima, pode-se observar que o fenômeno da ressonância não ocorre

em nenhuma situação, visto que os picos de deslocamentos (frequência natural

amortecida da estrutura) estão distantes da frequência de operação dos equipamentos

(28,29Hz), identificada pela marcação em azul. Para a frequência da máquina, obtiveram-

se os seguintes valores dos deslocamentos apresentados na Figura 4.12.

Figura 4.12 – Deslocamentos do centro de gravidade da fundação na frequência do equipamento.

4.2. RESULTADOS – SAP2000

Para o software SAP2000 são avaliados os deslocamentos na frequência do

equipamento e as frequências naturais de vibração da estrutura. Os resultados

encontrados estão apresentados nas Figuras 4.13, 4.14 e 4.15.

48

Figura 4.13 – Frequências naturais de vibração.

As frequências naturais de vibração no eixo Y, no eixo X, e no eixo Z estão

representadas respectivamente pelos modos 1, 2 e 3 na Figura 4.13. Logo, para o eixo X

a frequência natural é de 8,06Hz, para Y a frequência natural é de 4,40Hz, e para o eixo

Z a frequência natural é de 12,14Hz.

Para a frequência do equipamento, obteve-se a variação dos deslocamentos do

ponto da estrutura mais próximo do centro de gravidade ao longo do tempo de aplicação

do carregamento. Nas Figuras 4.14 e 4.15, pode-se observar o comportamento dos

deslocamentos desse ponto no eixo Y e Z, respectivamente, em função do tempo. É

possível destacar o estado transiente inicial, ocorrendo em média até 0,60s nos

deslocamentos do eixo Y e até 0,15s nos deslocamentos do eixo Z. A partir desses pontos,

o comportamento da estrutura se estabiliza, entrando na faixa conhecia como Steady

State. Pode-se observar também, que durante o estado estabilizado, para o eixo Y os

deslocamentos convergem para valores próximos de 1,03×10-5m, e para o eixo Z, os

deslocamentos convergem para 7,10×10-6m. No eixo X, os deslocamentos encontrados

foram nulos, como esperado, já que nenhuma força atua nesse sentido.

49

Figura 4.14 – Deslocamentos do centro de gravidade em Y.

Figura 4.15 – Deslocamentos do centro de gravidade em Z.

50

4.3. COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS

Para as frequências naturais da estrutura, os resultados obtidos por cada modelo

estão apresentados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Frequências naturais da estrutura.

Frequências naturais de vibração

SAP2000

(Hz)

Blocksolver

(Hz) Diferença percentual (%)

Eixo X 8,06 10,0 19,40

Eixo Y 4,40 7,40 40,54

Eixo Z 12,14 13,30 8,72

Dos valores encontrados, pode-se observar que os resultados são compatíveis no

eixo Z, com diferença percentual de aproximadamente 9% (aproximadamente 1Hz). Já

nos eixos X e Y, a frequência encontrada no SAP2000 tem diferenças significativas, entre

19 e 40% em relação as frequências encontradas no Blocksolver.

Para os deslocamentos, os resultados obtidos por cada modelo estão apresentados

na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Valores dos deslocamentos do CG.

Deslocamentos do CG

SAP2000 (m) Blocksolver (m) Diferença percentual (%)

Eixo Y 1,03×10-5 9,99×10-6 3,01

Eixo Z 7,10×10-6 7,11×10-6 0,14

Pode-se observar que os valores encontrados pelos dois modelos são compatíveis,

com diferenças percentuais de até aproximadamente 3%.

Outro ponto que deve ser analisado é se as velocidades e os deslocamentos

encontrados estão na faixa aceitável dentro dos limites impostos pelos critérios de projeto

apresentados no Item 2.5.

Primeiramente, de acordo com os deslocamentos e a frequência de funcionamento

das máquinas, foi calculada e velocidade efetiva com as Equações 4.3-1 e 4.3-2.

vrms=√1/2 × (v12+v2

2+…+vn2) (4.3-1)

Onde,

v = δ × ω (4.3-2)

51

Como, neste caso, só existe uma frequência específica sendo analisada, pode-se

resumir as expressões acima à equação 4.3-3. A velocidade efetiva para o deslocamento

máximo encontrado (1,03×10-5m) foi calculada com a Equação 4.3-4:

vrms= √1/2 × ω × δ (4.3-3)

vrms= √1/2 × 2 × π × f × δ =

√1/2 × 2 × π × 29,28 × 1,03 ×10-2

= 1,34mm/s (4.3-4)

Figura 4.16 – Tabela de faixas de velocidade, classe de equipamentos e faixas de operação

(Resultados).

Com o valor da velocidade calculado pela Equação 4.3-4 (1,34mm/s) e sabendo

que os equipamentos apoiados no bloco de fundação são máquinas pesadas, pode-se

observar que para este caso, a faixa de funcionamento é a Faixa A (Faixa ótima).

Com o valor da frequência dos equipamentos (29,28Hz) e o deslocamento máximo

encontrado (1,03×10-5m), é possível utilizar o ábaco da Figura 4.17 para confirmar a faixa

de funcionamento da fundação.

52

Figura 4.17 – Ábaco de deslocamentos x Frequência de operação x Velocidades efetivas

(Resultados).

Como pôde ser observado, pelo ábaco a faixa encontrada para os deslocamentos

também é a faixa ótima, confirmando graficamente a avaliação anterior.

4.4. VERIFICAÇÃO DAS FREQUÊNCIAS

Como analisado em ALBUQUERQUE [1], a premissa de uma distribuição

homogênea da rigidez das molas verticais no modelo de elementos finitos, pode gerar

uma diferença significativa nos resultados encontrados, visto que nesse caso, o programa

irá considerar as molas rotacionais como aproximadamente a metade do valor verdadeiro.

Para verificar essa afirmação, foi feito um segundo modelo do Blocksolver,

considerando as molas rotacionais em X e Y como metade das calculadas originalmente

e zerando o amortecimento, como pode ser visto nas Figuras 4.18, 4.19, 4.20 e 4.21.

53

Figura 4.18 – Modelo de Verificação (Rijezas rotacionais X e Y reduzidas).

Figura 4.19 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo X (verificação).

54

Figura 4.20 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Y (verificação).

Figura 4.21 – Curva não amortecida Deslocamentos (m) x Frequência (Hz); Eixo Z (verificação).

55

Para o modelo com as molas rotacionais adaptadas, obteve-se:

Tabela 4.3 – Frequências naturais de vibração adaptadas.

Frequências naturais de vibração

SAP2000

(Hz)

Blocksolver

(Hz) Diferença percentual (%)

Eixo X 8,06 8,60 6,28

Eixo Y 4,40 5,60 21,43

Eixo Z 12,14 13,30 8,72

Pode-se observar da Tabela 4.3 que com a mola rotacional nos eixos X e Y

reduzidas pela metade, os valores das frequências naturais se aproximam dos valores

encontrados no SAP2000 em relação ao modelo original do Blocksolver. Comprova-se

assim, a importância e a influência da correção desses valores quando se considera a

distribuição homogênea das molas para representar a interface solo-estrutura em um

modelo de elementos finitos.

56

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo principal de realizar estudos básicos

no campo da dinâmica na Engenharia Civil, com a aplicação de seus conceitos em um

exemplo de uma fundação para três equipamentos diferentes. Durante o projeto, foi feita

a análise das informações iniciais fornecidas pelo cliente e pelo fornecedor dos

equipamentos, transformando esses dados em valores para serem utilizados como base

para os modelos. Foi feita também a modelagem com duas abordagens diferentes; uma

no software SAP2000, considerando a variação das cargas no domínio do tempo, e outra

no programa Blocksolver, considerando as cargas na frequência. Enfim, os resultados

encontrados foram comparados e analisados, com base nos valores dos deslocamentos do

centro de gravidade, das frequências naturais de vibração da estrutura, e nos valores das

velocidades.

Na comparação dos resultados obtidos pelos dois modelos, pode-se observar que

as frequências naturais de vibração encontradas foram somente compatíveis no eixo Z.

No SAP2000, foram encontradas frequências de 8,06Hz no eixo X, 4,40Hz no eixo Y e

12,14Hz no eixo Z. No Blocksolver, as frequências foram de 10Hz, 7,40Hz e 13,30Hz

nos eixos X, Y e Z, respectivamente. Contudo, as frequências foram corrigidas seguindo

as conclusões de ALBUQUERQUE [1], que afirma que os modelos onde as molas são

representadas homogeneamente consideram as molas rotacionais como aproximadamente

metade do valor real. Com o modelo corrigido no Blocksolver, diminuindo as molas

rotacionais em 50% em X e Y, os valores das frequências naturais encontradas passaram

a ser 8,60Hz, 5,60Hz e 13,30Hz nos eixos X, Y e Z, respectivamente, convergindo assim

para os resultados encontrados pelo SAP2000.

Já os deslocamentos tiveram diferença percentual máxima de 3,0%, sendo de

1,03×10-5me 7,10×10-6m respectivamente nos eixos Y e Z, para o SAP2000 e no

Blocksolver, 9,99×10-6m para o eixo Y e 7,11×10-6m para o eixo Z. Com os resultados

definidos, foi possível fazer uma análise segundo os critérios da ISO 2372 [13], indicando

que a fundação se encontra dentro da faixa ótima de operação para o deslocamento

máximo e a velocidade máxima encontrados.

Como sugestão para trabalhos futuros, pode ser feito um estudo para analisar

como as limitações de definição de geometria do Blocksolver podem vir a afetar os

57

resultados finais no caso de fundações com uma forma mais detalhada, já que este

programa resume as estruturas a blocos rígidos, o que nem sempre é verdade, podendo

gerar algum tipo de discrepância em relação a modelos com a geometria mais complexa

desenvolvidos em programas estruturais comerciais, que permitem uma maior precisão

no desenvolvimento geométrico do modelo.

58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]ALBUQUERQUE, Igor Mastrianni, Modelagem numérica da fundação de uma

máquina rotativa considerando rigidez e amortecimento do solo com distribuição não

homogênea. M.Sc. – Dissertação, UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Programa de Projeto de Estruturas, Rio de Janeiro - RJ, Brasil, 2015.

[2]MACABÚ, Larissa Pereira, Análise Comparativa de Soluções em Fundação Direta e

sobre Estacas para um Equipamento em uma Instalação Industrial, Projeto Final de

Graduação, UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Rio de

Janeiro, 2011.

[3]MACHADO, Flávia Gandra, Estudo do Comportamento de Fundações Submetidas a

Vibrações de Máquinas, M.Sc. – Dissertação, UFRJ – Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil, Rio de Janeiro - RJ, Brasil, 2010.

[4] ACI 351.3R-04, Foundations for Dynamic Equipment.

[5] SANTOS, S.H.C Fundações de Máquinas. 2011. 95f. UFRJ, Rio de Janeiro.

[6] PETROBRAS, N-1848 - Projeto de Fundações de Máquinas, Rio de Janeiro, Brasil,

2011.

[7] Disponível em

<http://www.brown.edu/Departments/Engineering/Courses/En4/Notes/vibrations_force

d/vibrations_forced.htm>, acesso em 13 Jan. 2017.

[8] Disponível em

<http://help.scia.net/webhelplatest/fr/tb/dynamics/harmonic_loading.htm>, acesso em

28 Jan. 2017;

[9] Computer and Structures, Inc. – Structural and Earthquake Engineering Software,

SAP2000 Integrated Solution For Structural Analysis and Deisgn – CSI Analysis

Reference Manual.

[10] WOLF, John P., Foundation Vibration Analysis using Simple Physical Models. 1ª

ed. – PTR Prentice Hall, University of Michigan –MI, USA, 1994.

[11] GAZETAS, George, “Static and Dynamic Displacements of Foundations on

Heterogeneous Multilayered Soils”,Geotechnique v. 30, nº2,p. 159, 1980;

59

[12] RICHART Jr., Frank E., WOODS, Richard D., HALL Jr., J.R, Vibrations of Soils

and Foundations,1ªed. - Prentice-Hall, Inc., The University of Michigan, Ann Arbor -

MI, USA, 1970;

[13] ISO 2372 – Mechanical Vibration of Machines with Operation Speeds from 10 to

200 rev/s;

[14] NBR 6118:2014, Projeto de estruturas de concreto, procedimento.

[15] COUTINHO, Diogo Simões do Amaral e MENDES, Cláudio Henrique Florença,

Projecto Automatizado de Fundações de Máquinas, Projeto Final de Graduação, UFRJ

– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Rio de Janeiro-RJ, Brasil,

2007.