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1 ANÁLISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO ENTRE OS ESTADOS BRASILEIROS: DECOMPOSIÇÕES USANDO O MÉTODO ESTRUTURAL- DIFERENCIAL, 1980/2000 2 1. INTRODU˙ˆO 2 2. METODOLOGIA 3 3. AN`LISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO 6 4. AN`LISE COMPARATIVA DOS COMPONENTES DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO 13 4.1. Componente Estrutural 15 4.2. Componente Diferencial 19 4.3. Componente Alocativo 19 4.4. AnÆlise Caso a Caso 22 5. COMENT`RIOS FINAIS 26 BIBLIOGRAFIA 27

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ANÁLISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO ENTRE OS ESTADOS BRASILEIROS: DECOMPOSIÇÕES USANDO O MÉTODO ESTRUTURAL-DIFERENCIAL, 1980/2000 2 1. INTRODUÇÃO 2 2. METODOLOGIA 3 3. ANÁLISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO 6 4. ANÁLISE COMPARATIVA DOS COMPONENTES DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO 13

4.1. Componente Estrutural 15 4.2. Componente Diferencial 19 4.3. Componente Alocativo 19 4.4. Análise Caso a Caso 22

5. COMENTÁRIOS FINAIS 26 BIBLIOGRAFIA 27

2

ANÁLISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO ENTRE OS

ESTADOS BRASILEIROS: DECOMPOSIÇÕES USANDO O MÉTODO ESTRUTURAL-

DIFERENCIAL, 1980/2000

FABIANA E. B. DA SILVEIRA1

LUCIANO ALENCASTRO DELFINI2

ADELAR FOCHEZATTO3

RESUMO A produtividade média do trabalho varia bastante entre as diferentes regiões brasileiras. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar as causas dessas diferenças e verificar se está havendo convergência da produtividade do trabalho setorial entre os estados brasileiros nos últimos anos. Para isso, decompõe-se o diferencial da produtividade utilizando o método estrutural-diferencial modificado. Os resultados indicam que as diferenças de produtividade decorrem especialmente do componente diferencial e que as diferenças aumentaram no período analisado. 1. INTRODUÇÃO

Compreender e conhecer a importância da produtividade no desenvolvimento e crescimento econômico é

de suma importância para a administração publica. É a partir dela que tanto os setores públicos como

privados tomam suas decisões em relação a investimentos. No entanto, a produtividade que cada região

apresenta é explicada por características específicas que variam ao longo de cada região.

Escolaridade, competição, modernização, concentração industrial, qualificação de mão-de-obra,

composição da produção e outros fatores são expressões das estruturas produtivas do desenvolvimento de

cada local. Portanto, as características regionais das estruturas da produção e do emprego influenciam o

desenvolvimento e os diferentes níveis de produtividade que cada região possui.

Os resultados do PIB (Produto Interno Bruto) em razão do emprego demonstram o nível de produtividade

do trabalho. Tendo em vista que as produtividades médias do trabalho, nas diferentes regiões brasileiras,

são bem distintas e sofreram alterações significativas nas últimas duas décadas, o objetivo deste artigo é:

1 Mestre em Economia do Desenvolvimento pelo PPGE/PUCRS. 2 Mestrando em Economia do Desenvolvimento no PPGE/PUCRS. 3 Doutor em Economia pela UFRGS. Professor Titular do PPGE/PUCRS. Pesquisador do CNPq.

3

(i) analisar, através de um estudo teórico-empírico, as causas deste diferencial nas vinte e sete Unidades da Federação e em sete setores agregados da economia;

(ii) identificar a convergência da produtividade do trabalho dos estados e setores; (iii) decompor o diferencial da produtividade utilizando o método estrutural-diferencial

modificado (shift-share); (iv) identificar estruturas produtivas e as respectivas às vantagens locacionais e à alocação

dos recursos disponíveis.

A decomposição do diferencial da produtividade gera três componentes: componente estrutural, que mede

a influência do �mix� setorial, ou seja, da composição setorial da produção do estado; componente

diferencial, que captura a defasagem no mesmo setor entre regiões; e componente alocativo, que é um

resíduo dado pela interação dos dois componentes anteriores e capta a produtividade relativa dada pelo

componente estrutural e da especialização dada pelo diferencial. É, portanto, a medida da eficiência

alocativa dos recursos.

Esta decomposição demonstra os pesos auferidos pelos mesmos, o que permitirá identificar o

desempenho da produtividade nos diferentes setores. Além disso, sinalizará o canal de transferência

destes resultados, ou seja: se é transferida a partir de uma realidade do mercado de trabalho ou de outros

fatores que não sejam os diretamente relacionados à mão-de-obra.

A aplicação deste método consistirá em identificar, a nível nacional, a razão pela qual, determinados

setores crescem ou decrescem mais rapidamente, isto é, identificar as variações de crescimento real dos

setores nas regiões/estados do Brasil. Além disso, servirá como um conjunto de opções para futuros

investimentos, sinalizando os setores dinâmicos capazes de absorver suas vantagens comparativas.

A desagregação da produtividade traz os pesos que cada setor teve na sua estruturação produtiva, no nível

de competitividade e na alocação dos recursos. Isso para os estados brasileiros no período de 1980 até

2000, proporcionando assim, um melhor entendimento de onde políticas econômicas devem ser aplicadas

para sanar imperfeições que em última instancia agrava a desigualdade social no país.

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho é a decomposição do diferencial de produtividade do trabalho,

através do método estrutural-diferencial modificado ou ampliado (shift-share). Este modelo será utilizado

para identificar qual setor possui melhor desempenho, em que região do Brasil se encontra e quais os

setores apresentam-se ineficientes. A análise proposta é conduzida a partir dos resultados encontrados na

aplicação deste método que desagrega a produtividade do trabalho em três componentes

4

O método shift-share, originalmente proposto por Dunn em 1960 e reformulado por Esteban em 1972,

decompôs o diferencial de produtividade do trabalho em três componentes conforme citados

anteriormente: estrutural ou proporcional, diferencial ou regional e o alocativo. O diferencial de

produtividade é dado por Esteban (1999) da seguinte forma:

iiii απµ ++=Χ−Χ

sendo que:

jjjiji XPP )( −Σ=µ (componente estrutural) )( jjijji XXP −Σ=π (componente diferencial)

))(( jjijjiji XXPP −−Σ=α (componente alocativo) onde: X e Xi indicam a produtividade média agregada do trabalho no Brasil e nos estados,

respectivamente; j = setor da economia; i = estado brasileiro; Pji é a cota trabalho ou nível de emprego do

setor �j� existente na região �i� )1( =Σ jij P ; Pj é a cota de trabalho no setor �j� no Brasil )1( =Σ jP ; Xji e

Xj são os valores da produtividade setorial do trabalho do setor �j� registrado no estado �i� e a do setor �j�

no país, respectivamente. Os valores de X e Xi são calculados assim:

jijiji

jjj

XPXXPX

Σ=

Σ=

Este modelo foi apresentado a partir da derivação apresentada por Estebam, conforme as equações

abaixo, servindo como referencia para este trabalho.

XXXPXPXPXPXPXPXPXPXPXPXPXPXP

XPXPXPXPXPXPXPXPXPXXXXPPXXPP

XXPXXPXPPXPP

ijjjijij

iiiiiiiiiii

iiiiiiiiii

iiiii

iii

iii

−=−Σ=−+−=+−−++−

−+−+−+−+−=++=−−−+−−=

−+−=−+−=

)()()(

);)(())((α);()(;)()(

1111222222222222111111

112222111122221111

22221111

222111

222111

απµ

πµ

A interpretação dos componentes é feita da seguinte forma. Primeiro, o iµ (�mix� setorial ou estrutural)

mede o diferencial da produtividade resultante da sua estrutura e da composição setorial da produção do

estado. Não significa diferencial de produtividade intra-setorial, mas sim, uma análise da concentração

entre os setores, sendo que iµ assumirá o maior valor em comparação ao que prevalece no nível nacional,

isto é, a especialização de produtividade do trabalho do estado. O efeito dele deriva da composição

setorial regional, refletindo a existência ou não, de setores mais ou menos dinâmicos em relação ao

conjunto da economia e ao seu crescimento. Quando o sinal for positivo, demonstra que a região

especializou-se em setores dinâmicos com produtividade do trabalho acima da média nacional. Se

5

negativo, demonstra uma taxa de crescimento estagnada e que a região não possui em sua estrutura

setores dinâmicos e que seus setores apresentam resultados abaixo da média do país.

Segundo, o iπ (diferencial ou regional) indica os valores da diferenciação da produtividade nos diferentes

setores do estado. O efeito deste componente indica quais setores crescem ou decrescem mais

rapidamente em uma região do que em outras, refletindo assim, vantagens locacionais. Os resultados

podem, também, ser positivos ou negativos. Se positivos, indicam que o setor cresce mais nessa região do

que a média, por ter vantagens em relação à sua localização, disponibilidade de mão-de-obra qualificada

e, por sua produção gozar dessas vantagens. Se negativo, indica que o setor tem desvantagens locacionais

e o setor cresce menos na região do que em outras.

Por fim, o iα (alocativo) soma os efeitos dos valores da especialização dada por iµ e a produtividade

relativa dada por iπ , mostrando assim a eficiência do estado em alocar os recursos em diferentes

atividades econômicas. É o resíduo ou a parcela da produtividade não explicada pelos outros dois

componentes e seu efeito é o de analisar os componentes e crescimento de uma região. O resultado será

positivo se o setor tem alta participação na economia e alta produtividade ou, baixa participação e baixa

produtividade (eficiência alocativa). Negativo se o setor tem baixa participação e alta produtividade ou,

alta participação e baixa produtividade (ineficiência alocativa).

Para calcular o diferencial de produtividade do trabalho as variáveis utilizadas são os níveis de emprego

ou pessoal ocupado e o PIB a preços de mercado (2002), e os cálculos dos índices são identificados por:

jjj

jijiji

jj

ijiji

LPIBXLPIBX

LLPLLP

/

///

=

=

=

=

.

onde: L = nível de emprego; e PIB = Produto Interno Bruto

Os dados utilizados provêm dos Censos realizados pelo IBGE nos anos de 1980, 1991 e 2000. As

variáveis usadas são o PIB a preços de mercado, isto é, o produto interno bruto em reais de 2002, e o

pessoal ocupado representam pessoas com dez anos ou mais que trabalham no ano de referência. Cabe

salientar que tanto o PIB quanto o pessoal ocupado, sofreram certa modificação em seus cálculos de

coleta do IBGE em 1991.

6

Para realizar os cálculos do diferencial de produtividade do trabalho, os setores da economia foram

agregados4 em sete: a) Agricultura, composto da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e

pesca; b) Indústria, composto da indústria extrativa, indústria de transformação e distribuição de

eletricidade, gás e água, construção civil e outras atividades industriais; c) Transportes e Comunicações;

d) Comércio, composto de comércio de mercadorias, reparação de veículos automotores, objetos pessoais

e domésticos, alojamento, alimentação; e) Serviços, composto de prestação de serviços, atividades

sociais, educação, saúde, intermediação financeira, serviços domésticos, aluguéis; f) Administração

Pública, composto da administração pública, defesa e seguridade social; e g) Outras Atividades, composto

de outras atividades, outros serviços, atividades mal especificadas.

Para cada um desses setores estimou-se o pessoal ocupado e o PIB para 1980, 1991 e 2000. A

produtividade do trabalho deu-se pela razão entre o PIB a preço de mercado (em reais de 2002), e o

pessoal ocupado, obtendo assim, a média por estados e para os sete setores agregados da economia. A

soma dos componentes µi, αi e πi resultaram na própria produtividade média agregada de cada estado e

de cada setor.

Conforme a especificação da metodologia, os cálculos de decomposição foram feitos para comprovar

que: 1=Σ jiP e 1=Σ iP ; Xi � X é o diferencial de produtividade de cada setor e estado sendo, portanto

equivalente a iiii XX απµ ++=− , expressão já apresentada anteriormente.

Com os resultados obtidos, a próxima parte desse artigo tratará da análise dos mesmos e das constatações

de quais setores foram mais dinâmicos, mais competitivos e mais eficientes em alocar seus recursos e, em

quais estados existiu vantagens locacionais.

3. ANÁLISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO

A partir dos dados oriundos do IBGE pode-se avaliar a evolução da produtividade do trabalho. Ao longo

dos anos 80 e 90, a estrutura produtiva dos estados brasileiros modificou-se de forma significativa,

ocasionando índices de produção e produtividade distintos caracterizando uma ruptura no crescimento

que o país vinha obtendo até a década de 70 (período do �milagre econômico�).

Ainda neste período o país apresentou um desempenho macroeconômico insatisfatório, se comparado ao

crescimento entre 1950 � 1980. Mudanças na política econômica formataram uma nova realidade.

4 A agregação foi atestada por um técnico do IBGE.

7

Abertura comercial e globalização apresentaram-se de forma antagônica, pois de um lado houve o

fechamento de empresas2 com o aumento do desemprego e de outro o aumento da produtividade.

O país teve que se reorganizar modernizando seu parque industrial para poder fazer frente à competição

com os produtos estrangeiros. Em síntese, nesse período, ocorreu uma reconversão industrial ou

reestruturação produtiva para aumentar a eficiência na produção e a competitividade.

A década de 80 foi decepcionante tratando-se das taxas de crescimento do produto real, além disso, foi

uma época de hiperinflação, instabilidade macroeconômica e crise da dívida externa. Segundo Diniz e

Crocco apud Sabóia (1999), ao mesmo tempo em que a indústria se modernizava, ao longo das últimas

décadas, houve um intenso processo de mudanças locacionais, tanto intra quanto inter regiões.

Ainda em relação à identificação da evolução da produtividade do trabalho para o período em questão,

nota-se a partir dos gráficos abaixo os comportamentos por região e por setores agregados conforme a

especificação anteriormente exposta.

2 Muitos autores abordam a face destrutiva da globalização. Em especial, ver Salm (1996), Sabóia (1999) e Carvalho apud Sabóia (1999).

Gráfico 1 - Evolução da Produtividade

- 5.000,00 10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

30.000,00

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

Brasil

1980 1991 2000

Gráfico 2 -Evolução da Produtividade Setor 1

- 3.000,00 6.000,00 9.000,00 12.000,00 15.000,00 18.000,00

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

1980 1991 2000

Gráfico 3 - Evolução da Produtividade Setor 2

- 10.000,0

0

20.000,0

0

30.000,0

0

40.000,0

0

50.000,0

0

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

1980 1991 2000

Gráfico 4 -Evolução da Produtividade Setor 3

- 5.000,

00

10.000

,00

15.000,

00

20.00

0,00

25.000

,00

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

1980 1991 2000

8

Gráfico 5 - Evolução da Produtividade Setor 4

- 10.000,

00

20.000

,00

30.000

,00

40.000

,00

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

1980 1991 2000

Gráfico 6 - Evolução da Produtividade Setor 5

- 10.000,

00

20.000

,00

30.000

,00

40.000

,00

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

1980 1991 2000

Gráfico 7 - Evolução da Produtividade Setor 6

- 20.0

00,00

40.0

00,00

60.0

00,00

80.0

00,00

100.0

00,00

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

2000

1991

1980

Gráfico 8 - Evolução da Produtividade Setor 7

- 20.000,

00

40.000,

00

60.000,

00

80.000,

00

100.00

0,00

NORTE

NORDESTE

SUDESTE

SUL

CENTRO-OESTE

BRASIL

1980 1991 2000

A partir da analise dos gráficos acima, podemos observar que o Brasil em 1980

apresentava um índice maior de produtividade do trabalho daquele apresentado em 1991 e,

em 2000, recupera seu valor. Ao final das duas décadas, as regiões Nordeste, Sul e Centro-

Oeste obtiveram melhores resultados (se comparados ao início da década), mas, as regiões

Norte e Sudeste diminuíram seu índice, equilibrando assim, o valor total auferido pelo país.

Para o setor 1, o país apresentou uma queda de produtividade em 1991, mas recuperou-se

em 2000. Todas as regiões acompanharam essa evolução, com exceção da região Norte,

onde em 1991, foi registrado um crescimento do seu valor de produtividade. O Centro-

Oeste apresentou o maior crescimento frente às demais regiões, no mesmo período.

O setor 2 apresentou uma queda nacional em 1991, porém o país recuperou seu índice em

2000, ultrapassando o valor de 1980. As regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste

justificaram a situação nacional. Nordeste e o Sul apresentam um crescimento nos três

períodos. Todas as regiões aumentaram seus índices em 2000, se comparados a 1980. O

Sudeste por sua vez apresentou o maior crescimento.

9

9

O país apresentou queda de produtividade em 1991 no setor 3. A região Sul teve queda

nos três períodos analisados. Norte, Nordeste e Centro-Oeste mantiveram índices parecidos

nos três anos. Sudeste e Norte tiveram um decréscimo em 1991, mas recuperaram seus

índices em 2000 aos mesmos patamares de 1980.

Devido a uma mudança na coleta de dados feita pelo IBGE, o setor 4 sofreu diferença nos

índices de produtividades apresentados. O Brasil reduziu seu índice, bem como todas as

regiões. A região Sul foi a que apresentou uma maior diferença entre 1980 e 2000.

Nota-se uma queda generalizada nos índices em 2000 para o setor 5. O Brasil aumentou

em 1991, mas voltou a cair em 2000. Todas as regiões acompanharam essa tendência com

exceção da Nordeste que teve seu índice de 1991 levemente superior ao apresentado em

1980. Centro-Oeste teve a maior queda em termos proporcionais.

O Brasil sofreu um aumento brusco nos valores apresentados pelo setor 6, devido também,

à mudança realizada pelo IBGE na coleta de dados. Todas as regiões acompanharam esse

aumento, sendo o Centro-Oeste a que apresentou o maior índice em 2000.

O setor 7 registrou queda em 1991 e recuperação em 2000, para todo o Brasil e regiões,

porém a recuperação auferida foi muito menor aos índices de 1980.

No Brasil, a produtividade teve queda de 9,7% na primeira década e aumento de 8,3% na

segunda, deixando um saldo de -2,2% no período. Desta forma conclui-se, que a década de

80 não trouxe ganhos de produtividade do trabalho para o Brasil, devido à situação

econômica que o país enfrentou. A relativa estabilização econômica e política, dos anos 90

associada às mudanças das estruturas produtivas permitiram o país desenvolver melhores

índices.

Em relação ao emprego, durante os anos 80, houve um crescimento de 31% e, nos anos 90,

19%. Os melhores índices de ocupação da mão-de-obra ficaram com a região Norte que

alcançou um crescimento em torno de 147% no período todo. O destaque foi do estado de

Roraima com aproximadamente 353% de aumento. Rio de Janeiro apresentou o pior índice

32,5%.

O volume de emprego está relacionado também com o aumento da população que cresceu

nas últimas décadas 42,5%. A região que mais cresceu foi à mesma que mais emprego

gerou, ou seja, a região Norte. Já a região Nordeste, beneficiada pela desconcentração

industrial que o país sofreu nos anos 90, instalando empresas na região, obteve como

10

10

resultados, baixo crescimento populacional e médio crescimento do emprego (51%), bons

índices de produtividade e aumentos no PIB.

O PIB teve um crescimento de 18% na década de 80 e 28,5% na de 90. O destaque foi da

região Norte que cresceu 127% nas duas. A segunda região, na colocação de maior

crescimento, foi a Centro-Oeste que, com 98% de aumento, teve como seu maior propulsor

o Distrito Federal onde o índice foi de 127% nos dois períodos. O estado que menos

cresceu foi São Paulo devido também à nova ordem industrial verificada, deixando assim,

a região Sudeste no último lugar com 35% de aumento.

Verificou-se também que a região Norte e Sudeste sofreram queda no crescimento da

produtividade. Isto ocorreu devido ao aumento do emprego ter sido superior ao aumento do

PIB, para as demais regiões este fenômeno não foi constatado. Para o total do país,

verificou-se um aumento de 51,8% no PIB e 55,3% do emprego, gerando a queda de 2,2%

na produtividade nos dois períodos.

Os quadros a seguir demonstram a situação dos estados brasileiros em três períodos,

identificando o emprego em relação à produtividade, o PIB em relação ao emprego e o PIB

em relação à produtividade. Os mesmos estão na forma de scatter-plot, onde cada

quadrante há uma combinação de medida das variáveis analisadas. No primeiro quadrante

(esquerdo/acima) estão os estados com alto emprego e baixa produtividade; no segundo

quadrante (esquerdo/abaixo) estão os com baixo emprego e baixa produtividade; no

terceiro quadrante (direto/acima) estão os com melhores índices, isto é, alto emprego e alta

produtividade e; quarto quadrante (direito/abaixo) com baixo emprego e alta

produtividade. O cálculo da média foi baseado no somatório dos índices divididos pelo

número de estados participantes. Note que em 1980, Tocantins ainda não constituía um

estado brasileiro.

11

11

Quadro 1 – Classificação dos Estados em Relação ao Emprego e Produtividade Emprego - 1980

CE, PE, BA, MG, PR RJ, SP, RS RO, AC, RR, PA, AP, PA, MA, PI, RN, PB, AL, SE, ES, MS, MT AM, SC, DF

Produtividade Emprego - 1991

CE, PE, BA, MG, PR RJ, SP, RS RO, AC, RR, PA, TO, MA, PI, RN, PB, AL, SE, ES, SC, MS, MT, GO AM, AP, DF

Produtividade Emprego - 2000

CE, PE, BA, MG, PR RJ, SP, RS RO, AC, RR, PA, AP, TO, MA, PI, RN, PB, AL, SE, ES, MS, MT, GO AM, DF, SC

Produtividade

O emprego em combinação com a produtividade demonstrou que ocorreram mudanças

apenas nas situações de baixa produtividade/alto emprego e nas de alta

produtividade/baixo emprego (baseado na média de produtividade e emprego4).

Santa Catarina teve sua situação modificada em 1991, saindo de uma situação de alta

produtividade e baixo emprego para uma situação de baixo emprego e produtividade,

porém, recuperando-se em 2000 e voltando ao quadrante inicial. O lugar deixado pelo

estado, em 1991, foi ocupado pelo Amapá onde sua produtividade esteve acima da média,

mas voltou à situação abaixo da média em 2000. Tocantins tornou-se um Estado em 1989 e

entrou na pior das colocações: baixo emprego e produtividade.

4 O cálculo da média foi baseado no somatório dos índices divididos pelo número de estados participantes. Note que em 1980, Tocantins ainda não constituía um estado brasileiro.

12

12

Quadro 2 - Classificação dos Estados em Relação ao PIB e Emprego PIB - 1980 BA, MG, RJ, SP, PR, RS RO, AC, AM, RR, PA, AP, MA, PI, RN, PB, AL, SE, ES, SC, MS, MT, GO, DF

CE, PE

Emprego PIB - 1991 DF BA, MG, RJ, SP, PR, RS RO, AC, AM, RR, PA, AP, MA, PI, RN, PB, AL, SE, ES, SC, MS, MT, GO

CE, PE

Emprego PIB - 2000

SC BA, MG, RJ, SP, PR, RS RO, AC, AM, RR, PA, AP, MA, PI, RN, PB, AL, SE, ES, MS, MT, GO, DF

CE, PE

Emprego

Poucas foram as mudanças em relação ao PIB e ao emprego. Somente o Distrito Federal e

Santa Catarina saíram da pior situação (2º quadrante) para uma posição intermediária (1º

quadrante). Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul

mantiveram-se, durante as décadas, com situações privilegiadas (3º quadrante) com alto

emprego e PIB e Ceará e Pernambuco ficaram numa situação intermediária, de baixo PIB e

alto emprego. Os demais permaneceram no 2º quadrante com baixo PIB e emprego.

Muitos foram os estados que se mantiveram nas suas posições originais durante o período.

A produção em si não foi atingida de modo que proporcionasse uma alteração (de aumento

ou diminuição) para uma recolocação acima ou abaixo da média.

13

13

Quadro 3 - Classificação dos Estados em Relação ao PIB e Produtividade PIB - 1980 BA MG, RJ, SP, PR, RS RO, AC, RR, PA, AP, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, MT, GO

AM, ES, SC, MS, DF

Produtividade PIB - 1991 BA, MG RJ, SP, PR, RS, DF RO, AC, RR, PA, TO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, MS, MT, GO

AM, AP, ES, SC

Produtividade PIB - 2000 BA MG, RJ, SP, PR, SC, RS RO, AC, RR, PA, TO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, MT, GO

AM, AP, ES, MS, DF

Produtividade

O que se pode verificar foi a mudança de Minas Gerais que, a partir de 1991, passou a

figurar entre os estados com produtividade acima da média. O Distrito Federal e Santa

Catarina modificaram sua situação em 1991, em relação ao seu PIB. Os demais estados

mantiveram-se em suas posições entre 1980 e 1991, salvo algumas modificações

intermediárias no ano de 1991, tendo como destaque, na melhor posição (PIB e

produtividade acima da média) os estados fortes da economia nacional: Rio de Janeiro, São

Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

4. ANÁLISE COMPARATIVA DOS COMPONENTES DA PRODUTIVIDADE

SETORIAL DO TRABALHO

A importância (ou o peso) que cada componente teve nas regiões/estados brasileiros

fornece um panorama sobre a necessidade de políticas públicas direcionadas e detecta

sobre qual componente essas ações devem concentrar-se para equilibrar a produtividade

dos estados. A partir deste ponto, o termo �diferencial de produtividade� e �produtividade�

será utilizado com o mesmo significado

Os resultados da tabela 1, também podem ser interpretados de forma binária, ou seja:

resultados positivos ou negativos para seus respectivos componentes, sendo interpretados

da seguinte forma: a) Componente Estrutural Positivo: a região se especializou em setores

dinâmicos, com produtividade acima da média; b) Componente Estrutural Negativo: a

14

14

região tem participação acima da média de setores com produtividade abaixo da média, por

isso possui crescimento estagnado; c) Componente Diferencial Positivo: os setores crescem

mais nessa região do que em outras por gozar de vantagens locacionais e, possuem

produtividade acima da média; d) Componente Diferencial Negativo: os setores crescem

menos nessa região do que em outras e não tem proveitos da localização e, com

produtividade abaixo da média; e) Componente Alocativo Positivo: a região possui alta

participação de setores com alta produtividade ou, possui baixa participação de setores

com baixa produtividade (eficiência alocativa); e f) Componente Alocativo Negativo: a

região possui alta participação de setores com baixa produtividade ou, possui baixa

participação de setores com alta produtividade (ineficiência alocativa).

A tabela 1 mostra o peso que cada componente teve em cada estado/região brasileira, para

o total da economia.

Os valores do diferencial de produtividade do trabalho são explicados pelos três

componentes. O peso que cada um tem na formação deste diferencial demonstra que, por

exemplo, o valor para o ano de 1980 da região Norte foi explicado por 56,6% pelo

componente estrutural, 47,6% pelo diferencial e, -4,2% pelo alocativo. A região, então,

teve o componente estrutural com maior peso que os demais na formação da baixa

produtividade auferida.

É possível destacar algumas mudanças mais significativas que ocorreram em alguns

estados durante os três anos. Um exemplo foi o estado de São Paulo que, em 1980, tinha o

componente estrutural explicando 42,8% da sua produtividade e, em 2000, esse percentual

havia caído para 17,6%. Essa mudança teve reflexos no componente diferencial que passou

de 49,9% em 1980, para 90,8% em 2000. Outro exemplo foi o Rio Grande do Sul que, da

mesma forma que São Paulo, auferiu produtividade acima da média. O estado tinha em

1980, 21,3% sendo explicado pelo componente estrutural, 84,3% pelo diferencial e, -5,5%

pelo alocativo. Em 1991, os percentuais passaram para 4,7%, 82,1% e 13,2%,

respectivamente e, em 2000, o estrutural explicava 20,2% da sua produtividade, o

diferencial 80,4% e o alocativo �0,7%.

Essas mudanças nos pesos dos componentes deveram-se às transformações econômicas

que o país passou nessas duas décadas. A abertura comercial e a estabilização monetária

com a implantação do Plano Real foram exemplos dessas transformações.

15

15

4.1. Componente Estrutural

O componente estrutural, por medir a especialização da região em setores dinâmicos,

demonstrou o peso que cada setor teve em cada estado analisado.

O setor da Agricultura apresentou-se como um setor dinâmico na maioria dos estados e em

quase todos os períodos. O que se verificou foi que em estados, onde a Indústria é o

principal setor econômico (SP e RJ), tiveram no setor da Agricultura, deficiências e pouco

dinamismo. Já no Distrito Federal, onde os Serviços carregavam o maior percentual de

participação do PIB, o setor da Agricultura também foi deficiente. O Rio Grande do Sul

teve, em 1980, problemas nesse setor, mas com políticas direcionadas sendo aplicadas nas

décadas seguintes, melhorou seu desempenho. Goiás foi um estado que teve grande

participação no seu PIB advindo da Agricultura, mas possuía, ao longo das décadas, pouco

dinamismo do setor, mesmo com seu desmembramento ocorrido em 1989, o setor não

atingiu resultados satisfatórios em termos de diferencial de produtividade do trabalho.

O setor da Indústria, ao contrário da Agricultura, teve a maioria dos resultados negativos.

Esse setor, que abrange a maioria das indústrias e a construção civil, demonstrou melhor

desempenho, principalmente, nos estados de maior expressão nacional dos mesmos. São

Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram na sua estrutura produtiva organização e

dinamismo. Pode-se afirmar que eles especializaram-se na produção industrial muito mais

do que em outros setores. São Paulo, que foi o estado que mais contribuiu para a produção

nacional nos três períodos, auferiu resultados positivos nos componentes que mediram sua

organização produtiva e em sua especialização de áreas mais dinâmicas.

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Tabela 1 - Decomposição da Produtividade Setorial do Trabalho dos Estados brasileiros: 1980, 1991 e 2000 (componentes em %).

Xi - X* µιµιµιµι πιπιπιπι αιαιαιαι 1980 1991 2000 1980 1991 2000 1980 1991 2000 1980 1991 2000

NORTE (5.271,74) (3.731,67) (6.012,75) 56,6 50,3 7,3 47,6 65,5 91,3 -4,2 -15,8 1,3 RO

(8.118,44) (8.503,28) (7.829,91) 53,7 33,3 19,5 56,0 85,5 94,7 -9,7 -18,8 -14,3 AC (9.214,05) (7.681,01) (8.746,35) 52,9 29,6 -8,6 53,8 91,7 111,9 -6,8 -21,3 -3,3 AM 1.203,58 7.709,63 5.439,65 -192,3 -11,8 6,4 373,5 117,6 138,9 -81,1 -5,8 -45,3 RR (6.265,67) (6.254,70) (8.791,95) 56,6 -35,6 -67,4 74,0 102,9 138,8 -30,6 32,7 28,5 PA (7.120,28) (5.142,14) (8.731,92) 42,1 39,2 16,4 70,3 91,7 97,3 -12,4 -30,9 -13,8 AP (7.251,53) 849,07 (3.378,89) -0,4 189,3 -118,9 100,3 -95,5 213,8 0,1 6,2 5,1 TO (12.220,31) (12.846,38) 30,0 -3,4 92,6 102,3 -22,7 1,0

NORDESTE (10.648,47) (8.565,86) (9.339,20) 39,6 30,5 20,9 72,4 77,9 84,9 -12,0 -8,4 -5,8 MA

(14.418,47) (12.697,74) (13.900,61) 53,5 40,7 30,0 71,4 81,2 87,7 -24,9 -21,9 -17,7 PI (15.069,06) (12.954,79) (13.487,91) 44,0 31,7 16,5 82,0 87,5 93,5 -26,0 -19,2 -10,0 CE (12.190,54) (9.537,06) (10.301,16) 26,3 19,3 13,7 84,8 89,3 90,1 -11,1 -8,6 -3,8 RN (11.015,93) (8.450,75) (7.732,64) 29,2 9,5 -1,0 81,5 94,5 97,7 -10,7 -4,0 3,3 PB (13.284,34) (10.380,72) (10.628,35) 35,0 22,1 9,7 83,4 90,6 97,0 -18,4 -12,7 -6,7 PE (9.128,02) (5.967,65) (6.725,86) 25,1 21,1 18,8 81,1 83,7 88,5 -6,3 -4,8 -7,3 AL (10.347,29) (9.192,96) (10.370,45) 50,1 33,5 17,8 65,0 76,8 86,6 -15,1 -10,3 -4,4 SE (10.053,94) (5.556,71) (8.359,47) 34,6 27,6 7,2 78,8 73,2 93,0 -13,3 -0,8 -0,2 BA (7.448,41) (6.801,92) (7.382,17) 53,8 44,8 34,0 49,0 57,7 66,9 -2,8 -2,4 -0,9

SUDESTE 6.717,51 4.839,53 5.828,33 44,9 37,6 14,9 52,3 63,0 83,1 2,8 -0,6 1,9 MG

(3.036,12) (2.914,34) (2.190,71) 36,5 14,2 19,3 68,5 86,5 79,4 -5,0 -0,6 1,3 ES (2.362,16) (2.759,21) (1.869,89) 58,5 29,5 48,3 55,5 65,5 41,2 -14,1 5,0 10,5 RJ 8.620,61 6.442,97 9.797,87 49,0 37,9 11,3 41,5 50,1 86,2 9,5 12,1 2,5 SP 10.963,51 8.415,82 8.840,27 42,8 33,5 17,6 49,9 74,0 90,8 7,3 -7,6 -8,4

SUL (328,50) (288,64) 1.028,03 218,6 126,9 45,6 -52,6 31,2 51,4 -66,0 -58,1 3,0 PR (2.526,74) (1.314,44) (614,61) 91,8 87,8 33,3 22,1 -2,7 89,3 -13,9 15,0 -22,5 SC 255,40 (422,19) 928,71 106,1 -57,5 163,1 -113,4 167,3 -49,0 107,3 -9,8 -14,1 RS 1.390,54 670,67 2.550,18 21,3 4,7 20,2 84,3 82,1 80,4 -5,5 13,2 -0,7

17

17

CENTRO-OESTE (2.138,24) 2.821,57 (321,16) 61,0 -4,6 -222,1 109,9 51,4 537,3 -70,8 53,2 -215,3 MS

(1.448,87) (4.673,49) (3.251,06) 99,3 20,2 -2,1 126,1 99,0 105,7 -125,4 -19,2 -3,6 MT (6.598,48) (6.693,62) (4.432,74) 41,3 9,3 18,9 83,4 95,2 108,5 -24,7 -4,4 -27,4 GO (7.772,51) (6.928,56) (7.592,48) 30,4 4,8 -5,5 88,2 97,1 97,8 -18,6 -1,9 7,6 DF 16.320,70 44.871,77 25.176,30 17,9 4,0 15,6 28,1 66,0 31,7 54,0 30,0 52,7

Fonte: Cálculos dos autores a partir de dados do IBGE. * Xi � X: valores em reais e considerados 100%

18

18

O setor de Transportes e Comunicações, também teve, em sua maioria, resultados

negativos e demonstrou eficiência em estados mais desenvolvidos e, em alguns deles, não

registrou índices satisfatórios no ano de 2000. A conclusão é de que com a abertura

comercial ocorrida na década de 90, poucos foram os que conseguiram manter o setor

como dinâmico e especializado, principalmente na área de comunicações, dada à

concorrência que passaram a ter. Estados como Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande

do Sul foram exemplos de como, com a entrada de novas empresas no setor, prejudicaram

as já existentes, deixando o setor com carências a partir desta década.

O setor de Comércio auferiu mais resultados negativos do que positivos. Aqui se verificou

que sendo o Comércio o principal componente desse setor agregado, ele somente destacou-

se em estados já desenvolvidos em outras áreas, tal como Indústria e Transportes e

Comunicações. Sendo um setor que também pode produzir independentemente da

correlação com os outros setores, alguns estados com menor importância participativa de

produção, destacaram-se. Exemplos disso foram os estados do Pará, Amapá e Mato Grosso

do Sul que possuíam o setor de Comércio como um setor dinâmico e especializado.

O setor de Serviços teve como resultados positivos os estados de Amapá, Minas Gerais,

Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. A

prestação de Serviços, que esse setor compreende, foi superior aos demais estados, nos

acima relacionados. O Distrito Federal que possuía alta participação no PIB total advinda

desse setor conseguiu manter alta eficiência nas duas décadas. O Rio de Janeiro, segundo

estado em que o setor foi o mais importante para o cenário nacional, também se mostrou

especializado nesta área.

O setor da Administração Pública teve em seus resultados mais positivos do que negativos

e proporcionou índices de especialização na maioria dos estados brasileiros, as exceções,

acima descritas, foram formadas por estados muito desenvolvidos em outras áreas (MG,

SP, RS) e por estados, sem muita expressão nacional. O que chama a atenção foi que eles

participaram com parcelas altas de outros setores, mas que não dinamizaram a

Administração Pública, por motivos de direcionamento de políticas nessas duas décadas.

O setor de Outras Atividades trouxe vários estados com resultados positivos. Esse setor

abrange outros serviços não captados pelo setor de Serviços e atividades mal especificadas.

Um aprofundamento maior sobre quais seriam essas atividades, seria preciso para

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direcionar políticas, a fim de sanar a estrutura produtiva, pois, na maioria dos estados,

apresentou-se com sinal negativo. Dos que apresentaram sinal positivo, somente São Paulo

e Rio de Janeiro demonstraram eficiência nos três períodos.

4.2. Componente Diferencial

O componente diferencial demonstrou as vantagens locacionais que alguns estados tiveram

e que implicaram num crescimento maior dos setores. Alguns desses estados tiraram um

melhor proveito de fatores geográficos, de fatores ligados ao mercado ou à qualificação da

mão-de-obra do que outros que não assimilaram essas vantagens ou possuíram

desvantagens, como é o caso de estados do extremo Norte e Nordeste.

O que se verificou foi que o setor da Agricultura desfrutou das vantagens locacionais nas

regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Por vantagens locacionais, para esse setor, entende-se

clima e solo fértil, bem como disponibilidade de uma variada gama de produção e fatores

ligados ao mercado e a mão-de-obra.

Os demais setores também possuíram uma assimilação maior dessas vantagens nessas três

regiões, sendo que no Sudeste e no Sul concentraram-se os melhores índices, porém, em

alguns estados da região Centro-Oeste, os setores não cresceram tanto quanto nos outros.

Esse componente também demonstrou o crescimento intra-regiões, isto é, o estado que

desfrutou de mais vantagens por causa da sua localização e teve seus setores mais

desenvolvidos do que em estados sem essas vantagens.

4.3. Componente Alocativo

O componente alocativo demonstrou a eficiência e a ineficiência alocativa em aplicar os

recursos disponíveis. Mesmo existindo setores com índices negativos nos outros dois

componentes, os recursos utilizados e medidos por esse podem estar sendo aplicados de

forma eficiente ou não.

Usando alguns exemplos, pode-se verificar que algumas regiões possuíram alta

participação de alguns setores com alta produtividade ou, baixa participação com baixa

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produtividade. Essa análise ficará mais clara quando, no subitem seguinte, será

demonstrado qual o setor de maior importância produtiva que o estado possuiu.

Um primeiro exemplo seria da Paraíba onde na maioria dos setores o sinal foi positivo,

indicando assim que ocorreu eficiência alocativa. O que é necessário saber, é se esses

setores foram importantes (participação percentual) para o conjunto total da sua economia.

Com exceção do setor da Agricultura, a região Nordeste também apresentou, na sua

maioria, sinais positivos em seus setores, demonstrando assim, que a região alocou de

forma correta o que de disponível possuía. Na região Sudeste, São Paulo foi um exemplo

de boa alocação de recursos, bem como o Rio Grande do Sul na região Sul. No Centro-

Oeste, o Distrito Federal foi eficiente na maioria dos seus setores e em quase todos os

períodos.

Em resumo, o componente estrutural demonstrou que o setor da Agricultura foi o que

auferiu a maior quantidade de sinais positivos nos três anos analisados, ficando o setor da

Administração Pública em segunda colocação. Os setores de Transportes e Comunicações,

de Comércio e o de Serviços, mantiveram-se em igual situação (situação inicial: 1980), e o

setor de Outras Atividades piorou em 1991, mas, melhorou em 2000.

Para o componente diferencial, os setores que se destacaram foram o da Agricultura, em

1980, e o de Outras Atividades em 1991 e 2000, seguidos pelos setores da Administração

Pública, Transportes e Comunicações e o de Comércio, respectivamente aos três anos. O

setor da Agricultura decaiu em quantidade de sinais positivos em 1991 e 2000, o da

Indústria, Transportes e Comunicações e o de Outras Atividades melhoraram e depois

caíram. O de Comércio e o de Serviços tiveram melhoras e o da Administração Pública

uma piora.

O alocativo, que mediu a eficiência alocativa, demonstrou que o setor mais eficiente foi o

de Serviços, seguido pelo da Indústria. Os setores da Agricultura, Indústria, Transportes e

Comunicações, Comércio e Serviços mantiveram-se em igual situação durante os períodos.

O da Administração Pública baixou sua colocação em 1991 e em 2000 e, o de Outras

Atividades baixou em 1991 mas melhorou em 2000.

Tendo como base os pesos dos componentes e seus respectivos sinais auferidos, o próximo

subitem trás algumas sugestões de direcionamento de políticas públicas em setores e

estados que se apresentaram com deficiências.

21

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A análise, dos três anos, permitiu ainda observar quais os estados que se mantiveram com

situações inalteradas, quais os que, mesmo com a segunda década melhorando a economia

como um todo, não conseguiram atingir melhores posições.

Quadro 4 – Classificação dos Estados em Relação ao PIB e Diferencial de Produtividade

PIB - 1980 BA, MG, PR RJ, SP, RS RO, AC, RR, PA, AP, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, ES, MS, MT, GO

AM, SC, DF

Diferencial de Produtividade PIB - 1991 BA, MG, PR RJ, SP, RS, DF RO, AC, RR, PA, TO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, ES, SC, MS, MT, GO

AM, AP

Diferencial de Produtividade PIB - 2000 BA, MG, PR RJ, SP, SC, RS RO, AC, RR, PA, AP, TO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, ES, MS, MT, GO

AM, DF

Diferencial de Produtividade

Os estados da Bahia, Minas Gerais e Paraná mantiveram-se no mesmo quadrante ao longo

dos três anos, com situações de alto PIB, mas baixa produtividade. Rio de Janeiro, São

Paulo e Rio Grande do Sul ficaram em melhor situação, sendo participantes do quadrante

onde o PIB e a produtividade foram altos nos três anos. Santa Catarina estava em uma

situação intermediária em 1980, com baixo PIB e alta produtividade (juntamente com o

Amazonas e o Distrito Federal). Em 1991 o estado piorou sua situação passando para o

segundo quadrante, mas, recuperando-se em 2000, passando para o terceiro e melhor

quadrante. O Distrito Federal chegou a figurar entre os de melhor situação em 1991,

porém, retornou à sua condição inicial em 2000. O Amazonas foi outro estado que manteve

em posição intermediária durante os três períodos. Os demais estados permaneceram no

segundo quadrante com setores pouco dinâmicos, com desvantagens locacionais sem uma

boa alocação dos recursos.

Resumindo: a região que apresentou melhores índices de decomposição do diferencial de

produtividade do trabalho, ficando acima da média e com sinais positivos em seus

componentes, foi a Sudeste; e os estados que apresentaram melhores condições foram: Rio

de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

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Muitos aspectos podem explicar as condições desses estados em auferir essas posições,

como por exemplo, as características regionais (nível de instrução, competitividade,

especialização, localização, clima, estrutura produtiva, entre outros). O que não deve ser

esquecido é que essa produtividade advém de melhor desempenho de alguns setores que

elevam o índice e, de desempenhos ineficientes de outros, que derrubam os valores de

produção e produtividade. Portanto, os estados que apresentaram melhores resultados em

todos os componentes e em todos os anos, para o conjunto dos setores, foram: Rio de

Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Esses estados apresentaram-se

com o diferencial de produtividade acima da média e com os sinais dos componentes todos

positivos em todos os períodos analisados.

Como visto anteriormente, alguns estados destacaram-se mais que outros pelos seus

resultados de decomposição do diferencial da produtividade do trabalho. Esses resultados

foram à combinação dos sete setores, devidamente agregados, da economia como um todo.

Cada componente tem seu indicador, positivo ou negativo, formando os índices totais que

deram uma visão geral do diferencial.

4.4. Análise Caso a Caso

A partir dos resultados apresentados, pode-se destacar os principais problemas em relação

ao diferencial de produtividade do trabalho de cada setor e de cada estado brasileiro, o que

possibilita o direcionamento de políticas econômicas a fim de ajustar índices futuros.

Em relação ao componente estrutural, as decisões políticas podem ser direcionadas para

alterar a estrutura produtiva caso este se apresente com sinais negativos. Estando o

componente diferencial negativo indica que políticas de qualificação de mão-de-obra se

fazem necessárias para aumentar a competitividade dos setores, bem como usar as

características regionais com maior canalização a fim de obter resultados positivos. O

componente estrutural e o alocativo podem ser influenciados e trabalhados para que

modifiquem tanto a estrutura como a melhor alocação dos recursos disponíveis.

Rondônia por exemplo, teve na Indústria o seu maior potencial. A produtividade neste

setor apresentou índices abaixo da média, por isso, ações direcionadas para a Indústria,

principalmente a extrativa são necessárias. Nos outros dois períodos, o estado também não

possuiu índices acima da média nos �setores líderes� (setores com maior participação

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23

percentual no PIB). A estrutura produtiva bem como o dinamismo dos setores deve ser

revisto para no futuro alcançar melhores colocações.

O Acre atingiu produtividades acima da média e estruturas produtivas compatíveis nos

setores predominantes. O componente diferencial não apresentou sinal positivo, na maioria

de seus setores, mostrando assim, que o estado não dispôs de vantagens locacionais. Sua

maior produção vem da Indústria que apresentou deficiências na produtividade do trabalho.

Amazonas teve como seu principal setor, nos três períodos, o da Indústria. A intensificação

da Zona Franca de Manaus trouxe ao estado, nos anos 60, uma possibilidade de

crescimento maior. O estado ainda possuiu vantagens na sua posição geográfica, pois, o

escoamento da sua produção era e é feito pela rodovia Belém-Brasília e por ter, na

indústria extrativa, grande participação para o setor.

Roraima tem uma indústria pequena e destaca o setor da Administração Pública como o

maior contribuidor para o PIB total do estado. Neste setor, ele obteve uma grande variância

do diferencial de produtividade, porém, acima da média. Somente em 2000, apresentou

sinal negativo no componente diferencial, indicando assim, que esse setor foi dinâmico,

apesar da baixa contribuição nacional que o estado teve na produção total.

O Pará também foi um estado pobre em relação à contribuição produtiva nacional. Teve

como seus principais setores a Indústria (1980), Agricultura (1991) e, voltando para a

Indústria em 2000. Somente na Agricultura foi que apresentou índices satisfatórios de

variação de produtividade do trabalho. Os sinais positivos obtidos no componente

estrutural e diferencial demonstraram que os setores tiveram bom dinamismo, porém,

contribuíram muito pouco para o total produtivo do estado.

O Amapá teve, em 1980, o setor mais importante em termos de contribuição sendo o da

Indústria, mas, apresentou sinal negativo nos componentes estrutural e diferencial. Em

1991, era o setor de Comércio, este sim, com sinais positivos e, em 2000, passou para o

setor da Administração Pública com sinal positivo para o estrutural e negativo para o

diferencial.

Tocantins foi criado em 1989 de um desmembramento de Goiás, portanto, a análise desses

dois estados ficou prejudicada no ano de 1980. A partir de 1991, o setor da Administração

Pública foi o de maior importância para Tocantins que auferiu valores positivos, com

exceção do diferencial, para o ano de 2000.

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A região Norte como um todo tem projetos para incentivar o setor de Serviços, com

propostas para o turismo. Esses projetos serão bem vindos, uma vez que esse setor

apresentou-se com baixa produtividade e pouca participação no PIB total da região.

Na região Nordeste o primeiro estado a ser analisado é o Maranhão. Seus �setores líderes�,

durante os períodos, sempre apresentaram variância de produtividade abaixo da média. O

estado passou do setor da Agricultura para o setor da Administração Pública como

principal contribuidor do PIB.

Maranhão e Piauí tinham o setor da Agricultura como sendo o principal em 1980 e, nos

anos seguintes, tiveram o setor da Administração Pública como o �líder�. Esses dois

estados tiveram o diferencial de produtividade abaixo da média. Piauí teve melhor

desempenho na composição estrutural produtiva que o Maranhão, porém, os dois não

tiraram proveito das vantagens locacionais.

É posível agrupar os estados que possuíam o setor da Indústria, como sua principal fonte

para o PIB. São eles: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do

Sul. Alguns desses apresentaram diferencial de produtividade abaixo da média. Foi o caso

do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e

Espírito Santo. O que também se pôde concluir, analisando o sinal dos componentes, foi

que todos os estados integrantes da região Nordeste, possuíram problemas com a estrutura

produtiva, com dinamismo escasso dos setores e com poucas vantagens locacionais. Já no

caso de Minas Gerais, em 2000, a estrutura produtiva melhorou, mas, não tirou proveitos

da localização. Espírito Santo teve problemas na estrutura e no dinamismo produtivo,

porém, apresentava em 1991, certa vantagem locacional. O Rio de Janeiro tinha, somente

em 2000, problemas estruturais, sendo os outros indicadores positivos.

São Paulo pode ser caracterizado como o estado que melhor situação auferiu durante os

três períodos, tendo em vista a Indústria como seu �setor líder�, ele obteve sinais positivos

em todos os componentes, demonstrando assim, eficiência alocativa e comprovando o

título de ser a maior potência industrial produtiva do país. O Paraná melhorou seu

componente estrutural somente em 2000, porém, nesse mesmo ano, suas vantagens

locacionais não foram mais absorvidas de forma eficiente. Sua produtividade melhorou nos

dois últimos períodos, comparando-os ao ano de 1980.

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Santa Catarina e o Rio Grande do Sul apresentaram situações parecidas. Auferiram boa

estrutura produtiva e dinamismo no setor da Indústria, porém, com exceção do Rio Grande

do Sul, para o ano de 1991, não captaram as vantagens locacionais para o progresso do

setor. A diferença entre esses dois estados foi à oscilação que Santa Catarina obteve em

termos de produtividade média, ficando abaixo, acima, e voltando a ficar abaixo (da

média), nos anos de 1980, 1991 e 2000, respectivamente.

O Mato Grosso do Sul foi um estado que teve a Agricultura como sendo sua principal

atividade econômica e o seu diferencial de produtividade neste setor sempre foi acima da

média. O estado, a exemplo de São Paulo, também auferiu os melhores resultados

possíveis, medidos pelos componentes, para o seu setor principal. A diferença estava no

�setor líder� de cada um. São Paulo foi o da Indústria e Mato Grosso do Sul foi o da

Agricultura.

Mato Grosso mostrou que ter tido a Agricultura e depois a Administração Pública em 1980

e 1991 como �setores líderes� deixaram seus indicadores com valores negativos.

Agricultura, mesmo não sendo o maior contribuidor do PIB no estado em 1991, auferiu

valores positivos e eficiência em todos os anos.

Goiás é um estado que tinha sua economia mais centrada no setor da Agricultura em 1980.

Esse setor era dinâmico e tirava proveito das vantagens de sua localização. Porém, passou

a centralizar sua economia, após seu desmembramento, no da Indústria, e neste, auferiu

valores de produtividade abaixo da média, sem vantagens locacionais. Somente em 2000,

verificou-se alguma melhora na estrutura produtiva.

O último estado a ser analisado é o Distrito Federal. Na realidade, ele não se denomina

estado, conforme já visto, e sim uma Unidade da Federação. O Distrito Federal tem e tinha

uma situação atípica dos demais estados, por ter a maior renda per capita do país, ter o

setor da Agricultura com 1% ou menos de participação e por ser a região onde há a maior

concentração de serviços públicos do Brasil. Sendo assim, a região teve como principal

setor o de Serviços em 1980 e 1991 e o da Administração Pública em 2000, com alta

produtividade e com componentes positivos em todos os períodos.

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5. COMENTÁRIOS FINAIS

A estrutura produtiva dos estados brasileiros sofreu modificações em termos de população,

pessoal ocupado e PIB, ao longo dos anos 80 e 90. Essas modificações refletiram nessas

variáveis e elas compõem a principal análise deste trabalho: as mudanças no diferencial de

produtividade do trabalho, nas regiões e estados brasileiros, nos setores da economia, nas

duas últimas décadas.

A produtividade do trabalho no Brasil teve uma significativa melhora na década de 90, se

comparada à de 80, e isso se deveu, principalmente, ao aumento do produto do país. O

emprego também teve um crescimento, porém, menor que o do PIB.

A decomposição que esse trabalho fez da produtividade permitiu uma identificação de qual

estado/região e qual setor obteve melhores resultados, e ainda, qual a atribuição desses

resultados, se por causa de uma melhora da estrutura produtiva, se por vantagens

locacionais, ou se pela boa alocação dos recursos disponíveis.

A estruturação da produção auferiu mais sinais positivos, indicando ser a região

especializada em setores dinâmicos e com produtividade acima da média, nos estados do

Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Esses estados

encabeçaram a lista dos melhores colocados, no ano de 2000, nos termos medidos pelo

componente estrutural.

Quanto às vantagens locacionais, estados privilegiados que tiraram proveitos dessas

vantagens, encontraram-se na região Sul e Sudeste, onde o escoamento da produção,

melhor qualificação da mão-de-obra e um maior desenvolvimento sócio-econômico

proporcionaram uma melhor situação, medida pelo componente diferencial.

Em termos de alocação de recursos, independentemente dos resultados dos outros

componentes, houve eficiência em vários setores e estados ao longo dessas duas décadas,

porém, esse índice sendo positivo só é satisfatório, se houver alguma vantagem locacional

e produtiva.

Tratando-se da importância que os estados e setores tiveram para a economia do Brasil

como um todo, far-se-ia necessária uma aplicação mais direta de políticas públicas, nos

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estados e setores a seguir relacionados, por não terem auferido bons resultados no ano de

2000 e, por serem importantes para o PIB nacional: Paraíba/Indústria; Bahia/Indústria; São

Paulo/Administração Pública; Rio Grande do Sul/Serviços e Administração Pública e

Distrito Federal/Comércio.

A produtividade do trabalho mostrou-se com bons resultados em setores importantes da

economia. Isso demonstrou que com o advento de novas tecnologias e formas de

administração que a globalização trouxe, proporcionou ao país uma colocação melhor.

O que também se pôde observar foi que as vantagens que o componente diferencial mediu,

comprovou um bom aproveitamento por parte de estados e regiões mais desenvolvidas (em

termos de percentual de PIB) e, que regiões menos favorecidas são também as que menos

contribuíram para a produção nacional.

BIBLIOGRAFIA

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ESTEBAN, J. Regional Convergence in Europe and the Industry Mix: a Shift-share Analisys. Regional Science and Urban Economics 30. 1999, p. 353 � 364.

SABÓIA, J., CARVALHO, P. G. M. Produtividade na Indústria Brasileira – Questões Metodológicas e Análise Empírica. Texto para Discussão número 504. IPEA, 1997.

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SALM, C., Sabóia, J., CARVALHO, P. G. M. Produtividade na Indústria Brasileira – Uma Contribuição ao Debate. XXIV Encontro Nacional da ANPEC. 1996, p. 167 � 189.