anais trabalho enepe 2012

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão UFGD – 22 a 24 outubro 2012 – Dourados-MS COMPREENSÕES DO SISTEMA CLIMÁTICO ATMOSFÉRICO E MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NO ALVO DE ESTUDO DO PERÍMETRO URBANO DO MUNICÍPIO DE DOURADOS/MS Vladimir Aparecido dos Santos 1 ; Charlei Aparecido da Silva 2 1 Aluno Geografia pela UFGD – Dourados – MS, e-mail: [email protected] 2 Professor Dr. da UFGD, Faculdade de Ciências Humanas, e-mail: [email protected] RESUMO As intensificações das atividades humanas, bem como suas formas desordenadas de ocupação espacial, promovem por sua vez o rearranjo do clima, o qual passa por reestruturar seus mecanismos para continuar sua reprodução, como por exemplo, as emissões de poluentes das mais diversas formas na atmosfera. Tal poluição permanece suspensa no ar em forma de partículas exíguas, que por sua vez são passíveis de serem respiradas, provocando diversos males ao homem. Na cidade do Dourados/MS, tais realidades se fazem presentes, pois essas poluições são bem marcadas no decorrer do processo das atividades industriais, as quais são reflexos da Revolução Industrial do início do século XVIII na Inglaterra. A partir de então vêm se perpetuando os adensamento de partículas sólidas no ar, principalmente no período de inverno, onde as condições de tempo são estáveis, e todos esses materiais sólidos permanecem aéreos por longos períodos, causando, portanto toda espécie de perturbações na baixa troposfera. O objetivo da pesquisa é identificar a dinâmica climática da cidade de Dourados, em que se estabelece a sazonalidade das estações e identificar também os diversos fatores relacionais que contribuem para ocorrências da presença de partículas sólidas em suspensão na atmosfera da cidade, a partir das suas formas de ocupação e organização do espaço. A referente pesquisa será realizada conforme o roteiro teórico-metodológico previamente pesquisado a partir das inúmeras bibliografias de renomados autores que abordam a dinâmica do Clima bem como as formas de organização e produção espacial. Foram escolhidos 32 bairros para as análises de material particulado suspenso na atmosfera. As justificativas para os resultados se dão pelas formas de organização que a cidade adquire. A partir desse estudo pode-se ter clareza do quanto às manifestações do homem no meio, produzindo o espaço, o atinge diretamente seja de forma positiva ou negativa. Palavras-chave: clima, poluição atmosférica, Dourados.

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ANAIS TRABALHO ENEPE 2012

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  • Encontro de Ensino, Pesquisa e Extenso UFGD 22 a 24 outubro 2012 Dourados-MS

    COMPREENSES DO SISTEMA CLIMTICO ATMOSFRICO E MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSO: POLUIO ATMOSFRICA NO ALVO DE

    ESTUDO DO PERMETRO URBANO DO MUNICPIO DE DOURADOS/MS

    Vladimir Aparecido dos Santos1 ; Charlei Aparecido da Silva2 1Aluno Geografia pela UFGD Dourados MS, e-mail: [email protected]

    2Professor Dr. da UFGD, Faculdade de Cincias Humanas, e-mail: [email protected]

    RESUMO As intensificaes das atividades humanas, bem como suas formas desordenadas de

    ocupao espacial, promovem por sua vez o rearranjo do clima, o qual passa por reestruturar seus mecanismos para continuar sua reproduo, como por exemplo, as emisses de poluentes das mais diversas formas na atmosfera. Tal poluio permanece suspensa no ar em forma de partculas exguas, que por sua vez so passveis de serem respiradas, provocando diversos males ao homem. Na cidade do Dourados/MS, tais realidades se fazem presentes, pois essas poluies so bem marcadas no decorrer do processo das atividades industriais, as quais so reflexos da Revoluo Industrial do incio do sculo XVIII na Inglaterra. A partir de ento vm se perpetuando os adensamento de partculas slidas no ar, principalmente no perodo de inverno, onde as condies de tempo so estveis, e todos esses materiais slidos permanecem areos por longos perodos, causando, portanto toda espcie de perturbaes na baixa troposfera. O objetivo da pesquisa identificar a dinmica climtica da cidade de Dourados, em que se estabelece a sazonalidade das estaes e identificar tambm os diversos fatores relacionais que contribuem para ocorrncias da presena de partculas slidas em suspenso na atmosfera da cidade, a partir das suas formas de ocupao e organizao do espao. A referente pesquisa ser realizada conforme o roteiro terico-metodolgico previamente pesquisado a partir das inmeras bibliografias de renomados autores que abordam a dinmica do Clima bem como as formas de organizao e produo espacial. Foram escolhidos 32 bairros para as anlises de material particulado suspenso na atmosfera. As justificativas para os resultados se do pelas formas de organizao que a cidade adquire. A partir desse estudo pode-se ter clareza do quanto s manifestaes do homem no meio, produzindo o espao, o atinge diretamente seja de forma positiva ou negativa. Palavras-chave: clima, poluio atmosfrica, Dourados.

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    INTRODUO Esta pesquisa pde ser realizada tendo como alicerce e base concreta atravs das

    pesquisas e anlises de referenciais literrios do vis terico-prtico-metodolgico, onde que tais materiais deram contar de abordar o tema da dinmica Climtica e dos processos antrpicos interferentes no padro de seu estabelecimento, desde sua conceituao terica, percurso histrico literrio, e pesquisas de campo, tendo em vista que tais estruturas foram determinantes para constitu-la como uma cincia inerente ao clima, capazes de sistematizar as compreenses dos tipos de climas, configurando-se assim um mosaico climtico mundial e sua direta interao com a superfcie terrestre.

    H que se discutir que a Geografia enquanto cincia estrutura-se em reas dicotmicas do conhecimento, isto , Humanas e Fsicas, onde que esta ltima abriga por sua vez o estudo da

    climatologia, abarcando os conceitos tericos e metodolgicos profcuos a essa temtica, nesse vis ento, trabalhando de forma holstica e promovendo a conversao entre ambas, e no individualizando suas concepes e conceitos uma da outra, que se pode compreender a real estruturao das relaes intrnsecas dos fenmenos atmosfricos com a superfcie terrestre, na qual o homem est inserido, sendo, por conseguinte, agente direto dos rearranjos e das transformaes dos elementos da natureza.

    dentro do percurso histrico que se tem possibilidade de analisar o processo de interferncia antrpica no meio ambiente, isto , o homem como agente intrusivo poluidor da

    atmosfera e do ambiente como um todo, que vm ento a motivar a referida pesquisa. Com intuito, portanto de obter condies plausveis de mensurar e compreender a quantidade de

    material particulado suspenso na atmosfera da cidade de Dourados no estado de Mato Grosso do Sul.

    De fato a poluio ambiental interfere diretamente de forma nociva na vida do ser

    humano e de um modo bem particular, a poluio atmosfrica, a qual percebida de forma latente pelos organismos da biosfera. Pois, alm dos gases e umidade que compem naturalmente

    a atmosfera, so percebidos tambm outros tipos de partculas suspensas no ar, e que so consideradas como poluio, isto , poeira, material slido das queimadas e alguns tipos de gases liberados por veculos a partir da queima de combustveis e de indstrias, que por sua vez se mantm suspensos no ar por serem exguos e volteis, onde possuem funo predominante no

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    processo de poluio da atmosfera. Todos esses materiais, conforme suas dimenso permanecem por longos perodos na atmosfera causando perturbaes, at serem retirados da mesma atravs

    de processo de depurao, ou seja, pela ao da chuva. CARVALHO (1975) alude que a poluio inerente ao espao cultural industrializado,

    tornando-se assim uma grande ameaa para toda biosfera. Em conseqncia do aumento populacional e da demanda industrial, automaticamente aumenta-se o nvel de emisso de CO2 e vrias outras partculas na atmosfera. CARVALHO (1975: 114) conceitualiza que: Entende-se por poluio atmosfrica o teor excessivo de substncias estranhas na atmosfera, podendo prejudicar o bem-estar, a sade e causar prejuzos a bens, assim define a Organizao Mundial de Sade.

    Fazendo uso da concepo de CARVALHO (1975), tal poluio contribui significativamente para o desenvolvimento de problemas na sade do homem, pois ao inalar as

    partculas e gases, as quais vm a provocar nos pulmes o desencadeamento de srias complicaes respiratrias, podem at afetar a sade do ser humano de forma mais aguda, como por exemplo, o ocorrido aos moradores e industririos da cidade de Cubato no Estado de So Paulo em 1977, os quais sofreram passar por alteraes hematolgicas induzidas a partir da poluio industrial, (NAOUM, 1984).

    No apenas os seres humanos so prejudicados em consequncia da poluio area, esta tambm afeta a vegetao e o sistema geolgico; onde todos os organismos vivos so vulnerveis s aes nocivas da atmosfrica; as paisagens geolgicas sofrem oxidao e deteriorao pelos

    efeitos qumicos e fsicos decorrentes da mesma; os sistemas hdricos so afetados a ponto de reduzir o nvel da gua e por vezes at a secar, onde o padro de regulao da precipitao

    tambm alterado, LOPES M. I. M. S. (2001). Alm disso, outro fator determinante para a ascenso da poluio atmosfrica, so as

    queimadas de biomassa, que ocorrem em vrias localidades do Brasil. Podemos destacar tal

    ocorrncia na cidade de Dourados, onde se observa que as condies atmosfricas no inverno so estveis, proporcionando a concentrao de fragmentos slidos volteis, isto , o adensamento de

    partculas slidas na atmosfera, onde as referidas queimadas contribuem com parcela significativa. Associados a esses fatores h tambm a adio da queima de combustveis pelos veculos e da emisso de gases provenientes das indstrias, agravando ainda mais o desequilbrio nos padres de tipos tempo e suas sucesses habituais constituintes do clima.

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    A cidade de Dourados, localizada no Estado de Mato Grosso do Sul, o alvo dessa pesquisa, com o intuito de apresentar quantitativamente os resultados das coletas de materiais

    particulados, que se deram entre os dias trs a vinte e trs do ms de setembro de 2011, isto , total de vinte dias.

    Topograficamente, Dourados corresponde ao Planalto de Dourados, e sua localizao imediatamente ao sul de Mato Grosso do Sul. De acordo com as informaes da Embrapa Centro Oeste (Embrapa-CPAO) a latitude do municpio de 2216'30"S e sua longitude 5449'00"W, com altura prxima de 408m. Sua populao de 196.035 habitantes, com extenso territorial total de 4.086,244 km; os biomas predominantes, nessa rea so Cerrado e resqucios de Mata Atlntica, informaes essas obtidas no site IBGE.

    FIETZ e FISCH (2008), identificam a classificao climtica da cidade de Dourados, de acordo com a classificao de Kpppen, que Dourados apresenta a condio Cwa mesotrmico

    mido, ou seja, com veres quentes e invernos secos. O intuito dessa pesquisa medir quantitativamente a poluio atmosfrica suspensa no

    ar do permetro urbano de Dourados, e relacionar a esta condio as aes antrpicas imbricadas atravs das diversas atividades que executam. A idia inicial, portanto estudar a ocorrncia de concentrao de partculas slidas presentes na atmosfera e associ-las as condies dos tipos de tempo e do clima predominante na rea pesquisada em conjunto com as atividades humanas.

    Portanto, a justificativa para essa proposta de trabalho, contribuir para o entendimento da complexa relao homem-natureza e da recorrente devastao desse cenrio, tais danos

    provenientes do aparato tecnolgico produzido pela sociedade capitalista. profcuo ressaltar, sobre a ausncia de trabalhos realizados com essa temtica, visto

    que at o presente momento no se tm registros de trabalhos cientficos, com bases concretas de mensurao dos materiais particulados na atmosfera da cidade de Dourados. No havendo portando exagero em dizer que, essa pesquisa se constitui como pioneira.

    Prope-se, portanto com esse trabalho de pesquisa, a tentativa de mensurao das concentraes de emisso de materiais particulados no permetro urbano da cidade de Dourados

    atravs de um roteiro-metodolgico simples, porm eficiente, e tambm o entendimento das formas de organizao que a sociedade desempenha, as quais so profcuas para tal concentrao de particulados. Alm disso, que viesse tambm, a corroborar para promoo do entendimento de possveis formas para preveno do agravamento da poluio atmosfrica, como um ponto a ser

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    revisto pelas Polticas Pblicas da regio, poluio esta se estabelecem nos centros de aglomeraes urbanas mais adensadas, onde os impactos socioambientais interferem de maneira

    nociva a populao geral.

    Poluio Atmosfrica como Engrenagem do Processo Histrico Industrial So per percebidas nas ltimas dcadas frequentes ocorrncias de variaes climticas

    ocasionadas pelas aes antrpicas e tambm pela prpria dinmica de auto-regulao do planeta, notando ento, o rearranjo climtico paulatino de alguns lugares. A partir disso ento que a Climatologia vm a desenvolver tcnicas de previso e precauo dos distrbios atmosfricos nocivos ao homem, estudando, portanto a espacializao dos fenmenos meteorolgicos

    ocorridos na superfcie terrestre. Ento, a partir do momento em que o homem compreende a estreita relao entre a

    superfcie do planeta com a atmosfera, isto , configura a inter-relao, observa-se, portanto, o rearranjo climtico devido s magnitudes das interferncias antrpicas de acordo com o tempo histrico na organizao espacial. ento com a Revoluo Industrial no sculo XVIII, que inicialmente se observa a configurao do embrio da do processo de industrializao, e a partir da que vm se reproduzindo e reconfigurando as tcnicas de produo at os dias atuais.

    Portanto, a indstria vem se transformado evolutivamente, ou seja, ascenso do crescimento da dinmica dos aparatos cientficos e tecnolgicos. Onde que, nesse cenrio de avanos, que o Capitalismo como sendo o modo de produo e acumulao do excedente, se

    reproduz e se expande drasticamente atravs da intensa produo de bens de consumo durveis e no durveis, atendendo as mais diversas organizaes sociais do mundo. Tais aes com o

    passar do tempo, promovem ento, a alterao no comportamento dos elementos do clima. com vistas nessa problemtica que os estudos cientficos inerentes ao clima se aprofundam paulatinamente atravs dos aparatos tecnolgicos, visando buscar formas harmoniosas de relao

    entre homem e natureza. Estudos estes, que o homem se apropria no sentido de descortinar e sistematizar os fenmenos que ocorrem na atmosfera, usando-os a partir da, no emprego de

    atendimento de suas necessidades. HOBSBAWM (1978: 33) indaga a respeito da origem da revoluo industrial: Em primeiro lugar, a Revoluo Industrial no foi uma mera acelerao do crescimento econmico, mas uma acelerao de crescimento em virtude da transformao econmica e social e atravs dela.

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    na intensificao dos movimentos de comrcio, atravs da macia industrializao dos diversos produtos, juntamente com as duas grandes guerras mundiais do sculo XX, que o estudo sobre o clima ganha corpo e fora, criando um cenrio inteligvel para que o campo e a indstria viessem a produzir mais e melhor para atender as crescentes necessidades do mercado em geral. Justamente para atender esse ascendente sistema comercial que se despontam novas pesquisas para o efetivo desenvolvimento tcnico-cientfico. Assim sendo, constata-se a evoluo dos mais variados aparelhos de mensurao dos elementos atmosfricos, visando, por conseguinte, sua melhor apurao.

    A influncia da ao antrpica no processo de rearranjo do clima em decorrncia da poluio atmosfrica

    Os climas brasileiros possuem diversas configuraes em virtude dos vastos territrios que possui. Onde as interferncias antrpicas, atravs das sociedades organizadas, promovem o

    rearranjo do clima com o processo de produo e acumulao do capital, a partir disso circunstanciadas emisses de poluentes gasosos, material particulado, descarte de materiais slidos de produtos industrializados, impermeabilizao dos solos atravs das pavimentaes asflticas, devastao das matas nativas, onde nesta ltima, se elimina uma gama de biodiversidade, que por sua vez no voltar a se reconstituir na ntegra e nem com a mais sofisticada tcnica humana.

    O homem, enquanto agente produtor do espao social sem dvida caracterizado como agente poluidor, este no leva em considerao as consequncias futuras de suas atividades

    devastadoras sobre a natureza. CHRISTOFOLETTI (1989: 609) reitera dizendo que a cultura ocidental antropocntrica, isto , coloca os seres humanos em uma posio superior sobre a natureza no contexto da hierarquia de valores. Sob esta perspectiva, a natureza deve ser dominada, conquistada ou manejada para servir as necessidades humanas.

    Toda ao contra o meio ambiente acarreta srias consequencias, e todos podem

    perceber, pois o ambiente natural reagir de acordo com tais interferncias. Isto se d numa tentativa, de garantir a continuidade da realizao de seus ciclos naturais, isto , auto-regulao.

    Pois todos os elementos da natureza agem de forma dinmica. Sem dvida nenhuma, o homem move muito mais a quantidade de materiais sobre a

    superfcie terrestre, do que os vrios agentes erosivos naturais. A espcie humana faz esgotar os elementos fsicos da terra, como por exemplo, o solo, a gua, o oxignio, entre outros. Assim,

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    suas aes acabam por provocar perodos no habituais de estiagens, chuvas em excesso acarretando em inundaes, perturbao do clima, enfim, inquietao do equilbrio dinmico e

    natural da Terra, (DERBYSHIRE, 2007). Ento, as condies de pesquisas que se fazem necessrias so importantes para

    subsidiar posteriormente, estudos que contemplem o conhecimento analtico das condies climatolgicas da cidade pesquisada. Fator que nos leva a perceber tal necessidade atravs do rearranjo que o clima vem apresentando paulatinamente em virtude da irresponsvel intromisso antrpica, pois com o decorrer dos anos a dinamizao econmica por meio da tecnologia, que passou a ocupar o primeiro lugar, com o intuito vigoroso no crescimento econmico regional.

    E para que tal crescimento pudesse se concretizar, toda a paisagem passou a ser

    modificada e consequentemente, expressiva agresso ao meio ambiente, provocando condies irreversveis nos elementos da natureza, a qual o homem tambm faz parte, pelos impactos

    ecolgicos realizados em nome do progresso econmico-industrial, aonde todos os organismos vem a ser atingido. As preocupaes que agora se levantam, no so apenas do meio universitrio, mas de toda comunidade externa geral, pois j esto percebendo as diferenas declinantes na qualidade de vida, provocadas pela degradao ambiental, como por exemplo, a poluio atmosfrica, onde a sade humana invariavelmente comprometida.

    ANDRADE (1987, p. 58) salienta a preocupao de lise Reclus quanto degradao do meio ambiente devido da expanso do capitalismo em escala mundial acarreta, portanto [...] o crescimento urbano e industrial, provocando o surgimento de grandes aglomeraes populacionais e intensificando os problemas de transporte, de sade e de abastecimento [...].

    Vrias perturbaes da atmosfera se do em virtude da presena de material particulado

    suspenso na mesma. O qumico ROCHA et al (2009, p.117) define material particulado como [...] as partculas slidas ou lquidas presentes na atmosfera. A quantificao da massa de todas essas partculas conhecida como Material Particulado Total em Suspenso (MPTS) e constitui uma medida de massa total delas por unidade de volume [...], o referido autor diz ainda que muitas dessas partculas so visveis, como poeira, cinzas e fumaas. Outras, por sua parte, no o so, mas no deixam de ser significativas para o ambiente.

    Por fim, LOPES (1998) salienta que, os efeitos nocivos sade da populao so decorridos do acmulo das partculas dentro do organismo. As quais vm a proporcionar uma srie de doenas relacionadas ao aparelho respiratrio, por conta da inalao dessas partculas.

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    Mas, alm de causar debilidades no aparelho respiratrio do homem, a poluio tambm pode causar irritaes nos olhos, na pele, garganta, ocorrendo assim sucessivas infeces pulmonares e

    at mesmo levar ao desenvolvimento de cncer.

    MATERIAL E MTODOS Aqui conveniente descrever as formas em que foram desenvolvidas as atividades de

    mensurao quantitativa da poluio atmosfrica da cidade de Dourados (MS), com vistas nas tcnicas utilizadas em todas as etapas. Os resultados finais sero analisados tendo como base o rigor exigido pela cincia.

    A utilizao da documentao cartogrfica se faz muito importante para um trabalho como esse, pois tal etapa foi essencial para a ideal localizao de onde foram instalados os

    equipamentos coletores de material particulado. Alm do mapa da rea urbana da cidade de Dourados, foram utilizados outros produtos cartogrficos para que ao final desse processo de

    pesquisa, pudesse apresentar o diagnstico dos resultados das anlises das partculas areas captadas.

    Devendo ressaltar que, o mapeamento tem importncia, no sentido de delimitar o permetro urbano e suas dimenses espaciais, o software utilizado para manuseio do referido mapa foi AutoCAD 2004. Tambm pertinente dizer, que os pontos de coordenadas geogrficas e UTM, foram marcados pelo aparelho de GPS (GPS e-TREX Garmin), e inseridos no produto cartogrfico para visualizar o local exato de cada experimento.

    de fundamental importncia a anlise e reconhecimentos prvios dos locais onde foram implantados os instrumentos, e tambm obter o conhecimento dos fluxos de movimento urbano, bem como sua possvel proximidade com indstrias de qualquer espcie e de lavouras. O

    nmero de equipamentos instalados nesse trabalho se deu de forma em que fosse contemplada a cobertura de todo o permetro urbano de Dourados.

    Metodologia de confeco, instalao e retirada dos equipamentos de medio No procedimento de confeco dos equipamentos utilizados na pesquisa, optou-se por

    adaptar a proposta de TROPPMAIR (1988) que prope uma metodologia simples e acessvel para mensurar a quantidade de material particulado existente na atmosfera.

    Na adaptao da tcnica de TROPPMAIR (1988), nessa pesquisa, foi proposto ento, utilizar filtros de papel descartveis, coadores de caf de PVC, garrafas descartveis de dois litros, cabos de vassoura, abraadeiras de nylon, fitas adesivas, cola de silicone e uma balana

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    analtica de preciso para determinar a quantidade de partculas slidas que foram captadas no perodo da coleta.

    O procedimento de confeco foi executado da seguinte forma: o coador de caf foi preso com fita adesiva garrafa descartvel, e logo depois o filtro de papel foi encaixado no coador e devidamente preso nas laterais com fita adesiva. A garrafa com o coador foram encaixados um ao outro, logo aps, esse conjunto foram fixados ao cabo de vassoura com a fita adesiva e com a abraadeira de nylon, para garantir que a garrafa no se desprendesse do cabo com um possvel advento natural ou humano, conforme figura 1. Depois de testado por alguns dias um primeiro modelo, e contatado que no ocorreria problemas, foram ento, produzidos os outros 31 equipamentos, como pode ser observado na figura 2.

    Figura 1. 1 Coletor de material particulado, construdo para teste.

    Figura 2. Montagem dos demais coletores de material particulado.

    Cabe aqui salientar que, para zelar da segurana da sociedade e no haver possveis problemas com a Fundao Nacional de Sade (FUNASA) quanto proliferao do mosquito da Dengue (Aedes Aegypti) na cidade, por conta da gua das chuvas, armazenada pelos recipientes pets, que antes de encaixar o coador de PVC no bocal da garrafa, foi aplicada uma espessa camada de cola de silicone, vedando completamente toda e qualquer fresta, impossibilitando que o mosquito viesse a depositar suas larvas.

    No momento da instalao, foram feitas leituras do terreno, para que o equipamento

    pudesse contemplar boa localizao e subseqente coleta. Salientando que o equipamento no poderia ser posicionado embaixo de rvores por conta das folhas que proveniente da poca

    estacional caem em demasia.

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    Para que obtivesse o mximo de proveito nessa pesquisa e consequentemente atingir os objetivos intentados j explanados inicialmente, a coleta foi realizada no perodo mais seco do ano, isto , estao de inverno, onde todos os dados, desde nmero das ordens dos pontos e as coordenadas geogrficas e UTM, altitude, data e horrio de instalao, caractersticas descritivas fsicas do entorno e informaes de documentao fotogrfica foram posteriormente registradas nas fichas de campo.

    Devendo ressaltar que a ficha de coleta de dados se faz necessria por que envolvem os dados peculiares mpares dos locais, e que no existem regras especficas a serem adotadas para tais execues.

    Ao final de 20 dias de medio, que se deram do dia 03 (trs) a 23 (vinte e trs) de Setembro de 2011, vale ressaltar que foram contempladas chuvas nesse perodo de coleta.

    No ato da retirada dos filtros, as garrafas foram devidamente bem fechadas com tampas,

    para posteriormente realizar a filtragem da gua e mensurar melhor os resduos que permaneceram retidos no filtro. As garrafas e os coadores foram etiquetados como o nmero da ordem de instalao e nome do bairro.

    Deve se informado, que infelizmente, a amostra do Jardim Climax (Ponto 29) foi perdida, onde que no ato da retirada do equipamento, segundo o que informou o morador, dentro da garrafa existiam larvas de mosquito da dengue, e por esse motivo retirou o equipamento e o lanou no lixo. Porm no pode constatar a veracidade da informao, sendo novamente explicado ao morador que seria praticamente impossvel que o mosquito se proliferasse nas

    condies em que o equipamento (todo vedado por cola de silicone) foi construdo. E como no se teve como avaliar o fato por no t-lo em mos, acredita-se que tal informao falsa, pois

    todas as outras amostras no foram encontradas nem larvas e nem mosquitos da dengue. Aps o procedimento de retirada foram inseridos em sacos plsticos todos os filtros para

    transport-los at o Laboratrio de Qumica da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Posteriormente, os filtros foram pesados por uma balana analtica de preciso. Ento foi pesado uma vez aps a coleta, sem que a gua da garrafa fosse filtrada.

    Aps a segunda pesagem, foi realizado em outro dia, a filtragem de todas as amostras de gua da chuva. Em seguida foi necessrio esperar que os filtros secassem, para da, serem pensados novamente no laboratrio, agora pela terceira vez. Ento se obteve trs valores diferentes de pesagem, a primeira quando o filtro ainda novo, pois apesar dos filtros serem

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    produzidos em srie de forma mecnica industrial, a massa de cada um impreterivelmente distinta no podendo assim ter sido atribudo um parmetro geral de peso mdio; a segunda

    pesagem deu-se logo aps a sua retirada do equipamento do campo e a terceira depois da filtragem da gua que estava armazenada na garrafa.

    Para comparaes de pesos, foi utilizada a operao matemtica de subtrao, onde que a diferena de valores de quando os filtros estavam novos ser diferente depois de seu uso, obtendo por fim o valor do resduo de poluio que permaneceu retido no filtro.

    Enfim, todos os materiais mencionados at o momento, foram de extrema importncia para a concluso desse trabalho que se deu de forma totalmente emprica. Pois juntamente com a metodologia de pesquisa, puderam-se alcanar os objetivos esperados, que so por sua vez, puramente a mensurao quantitativa de material particulado suspenso na atmosfera da cidade de Dourados (MS).

    Alm disso, se espera com esse trabalho, que se constitui como o pioneiro nessa temtica na regio estudada, venha a servir de base para outros trabalhos que surjam posteriormente com a mesma linha de pesquisa.

    RESULTADOS E DISCUSSO Sero apresentados de forma descritiva e analtica, os resultados encontrados a partir das

    pesagens dos filtros, e assim, correlacionando tais resultados com as condies panormicas do entorno dos locais de onde foram instalados os equipamentos, observando a possvel existncia de indstrias e lavouras, fluxo de trnsito, circulao de ar, etc., numa tentativa de justificar a partir da a concentrao de material particulado da atmosfera, de acordo com a configurao organizacional da sociedade douradense.

    Conforme apresentado pela Prefeitura Municipal de Dourados, a cidade possui 171 bairros, dos quais foram escolhidos 32 para as anlises de material particulado em suspenso. Os bairros escolhidos foram os seguintes: JD. Ubiratan, JD. So Pedro, Sitiocas Campina Vede,

    Parque das Naes II, Flrida I, JD. Murakami, JD. Europa, Cana I, Vila Mary, gua Boa, Vila Adelina, Joo Paulo II, JD. Marab, Vila Progresso, 4 Plano, JD. Colibri, Vila Industrial, Izidro

    Pedroso, JD. Caramuru, Parque Alvorada, JD. Girassol, Cana III, Centro, JD. Maracan, JD. Santa Brgida, JD. Das Primaveras, Monte Carlo, JD. Novo Horizonte, JD. Clmax, Cohab II, JD. Guaicurus e Cabeceira Alegre.

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    As caractersticas das dimenses espaciais dos bairros se do de formas peculiares, apesar de alguns possurem terrenos com reas semelhantes, so diferentes no que diz respeito s

    formas de ocupao e organizao, isto , ao conjunto que formam seus entorno, localizao, fluxos de trnsito, posicionamento das casas dentro dos terrenos e nvel arbreo das ruas.

    A dizer, os bairros centrais e os que esto mais prximos ao centro, possuem fluxo de trnsito maior e consequentemente maior concentrao de resduos slidos suspensos no ar, inerentes a maior trnsito de veculos motorizados, diferentemente dos bairros localizados na periferia, os quais se mostram mais pacatos com relao ao trnsito, porm deve se levar em considerao existncia de pavimentao asfltica, indstrias e lavouras em suas proximidades. O fluxo de trnsito em ruas no asfaltadas por vezes alto, consequentemente haver grande

    manifestao de poeira entre outros resduos slidos, que foram, portanto, provocados para tal condio.

    Analisando os resultados obtidos e compreendendo a distribuio espacial da poluio atmosfrica

    Sero abordadas as anlises dos resultados coletados em campo, e que por sua vez foram posteriormente planilhados, para melhor compreender os nveis de concentrao de poluio e suas causas evolutivas. Para que assim, possa ser entendido de maneira quantitativa, em que os espaos sociais organizados contribuem para a ocorrncia de tal concentrao e permanncia dos resduos slidos na atmosfera.

    Para a classificao dos resultados encontrados, optou-se por usar o tabelamento dos

    dados, onde pudesse demonstrar de forma simples e eficaz, as diferenas quantitativas dos bairros amostrados com o uso de operaes matemticas. Para tanto, a tabela dotada de subdivises de

    classes, onde os valores estatsticos do Quartil determinam as classificaes de baixa (azul), mdia (verde), elevada (amarelo) e muito elevada (vermelho) concentrao de material particulado no ar.

    O Quartil uma regra estatstica, onde que, o um valor de um dado conjunto de valores dividido por quatro, como bem explica CRESPO (2002):

    Denominamos quartis os valores de uma srie que a dividem em quatro partes iguais.

    H, portanto, trs quartis:

    a. O primeiro quartil (Q1) valor situado de tal modo na srie uma quarta parte (25%) dos dados menor que ele e as trs quartas partes restantes (75%) so maiores.

    b. O segundo quartil (Q2) evidentemente, coincide com a mediana (Q2=MD).

  • 13

    c. O terceiro quartil (Q3) valor situado de tal modo que as trs quartas partes (75%) dos termos so menores que ele e uma quarta parte (25%) maior. CRESPO (2002, p. 101)

    Essa regra veio, ento a satisfazer a necessidade de classificar os resultados amostrados.

    O maior valor do conjunto de valores encontrados na diferena de peso dos filtros o do Ponto 19 com 0,1929g, resultado do quartil 0,048g, que significa 1/4 do valor total, salientado que se optou por usar somente trs casas aps a vrgula, para melhor anlise. A classificao de concentrao ficou da seguinte forma: Baixa (azul) ser para valores at 0,048g; Mdia (verde) ser para valores de 0,049g 0,096g; Elevada (amarelo) ser para valores de 0,097g 0,144g; Muito elevada (vermelho) ser para valores maiores ou igual a 0,145g.

    Para inferir anlise dos resultados amostrados, foi necessrio usar um clculo matemtico para obter os valores de diferena entre os filtros usados na pesquisa. Salientando que

    optou-se para a anlise, a primeira e terceira pesagem, para que enfim pudesse dinamizar o processo de leitura dos resultados. A frmula utilizada para adquirir a quantidade de material

    particulado coletado foi a seguinte:

    PS = (P2 P1) Onde: PS = quantidade de partcula slida (em gramas) coletada no perodo; P2 = peso do filtro aps amostragem; P1 = peso do filtro antes da amostragem. Seguem os resultados na Tabela 1 logo abaixo.

    Tabela 1. Subdiviso em classes dos resultados da concentrao de material particulado a partir dos pontos amostrados.

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    PONTO CONCENTRAO DE MATERIAL PARTICULADO

    CLASSIFICAO DOS VALORES DO QUARTIL

    CLCULO DA DIFERENA

    INERENTE AOS FILTROS

    BAIXA MDIA ELEVADA MUITO ELEVADA 1

    0,

    145g

    =

    m

    uito

    el

    eva

    do co

    nce

    ntr

    a

    o de

    m

    ate

    rial p

    art

    icu

    lado

    0,0470 2 0,0738 3 0,0838 4 0,0587 5 0,0638 6 0,0416 7 0,0648 8 0,1080 9 0,0679

    10 0,0423 11 0,0401 12 0,0926 13 0,0417 14 0,0480 15 0,0548 16 0,0651 17 0,0392 18 0,0761 19 0,1929 20 0,0536 21 0,0625 22 0,0503 23 0,0831 24 0,0887 25 0,1047 26 0,0406 27 0,0562 28 0,0367 29 - - - - - 30 0,0837 31 0,0987 32 0,0462

    Organizao: SANTOS, Vladimir Aparecido (2011). Grfico 1. Resultado da concentrao de material particulado na cidade de Dourados (MS).

    Grfico 1. Organizao: SANTOS, Vladimir Aparecido (2011).

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    O grfico 1 faz a leitura da real situao da condio ante a concentrao de poluio dos bairros amostrados. A anlise interpola com os dados amostrais, as condies fsicas e de

    organizao social do espao onde foram pesquisados, isto , para justificar os valores obtidos nessa pesquisa, sero feitas relaes s condies e caractersticas fsicas dos entorno dos locais onde foram dispostos os equipamentos.

    Os pontos onde o nvel de concentrao de material particulado no ar de baixa concentrao, justifica-se a partir das condies fsicas da organizao social, com fluxo de trnsito pequeno, de mdia a alta circulao de ar. Visto que, a maioria dos pontos amostrais no existem lavouras ou indstrias em seu entorno, exceto o ponto 32, que forneceu resultado de baixa concentrao, apesar de ser um local onde que, em seu entorno existem indstrias, lavouras

    e est localizado na BR 163, na qual o fluxo de trnsito intenso. Porm pode se justificar o referido resultado, pelo fato de ser um local ainda de pouca aglomerao urbana, pois h vrios

    terrenos baldios, promovendo assim, intensa e livre circulao de ar, devendo levar em considerao, que esse bairro est no limite entre a zona urbana com a rural.

    J os pontos de mdia concentrao de poluio atmosfrica, tem fluxo de trnsito de intensidade mdia, e a circulao de veculos tem pico mximo no perodo diurno. Deve-se levar em considerao, que as condies desses locais a aglomerao urbana relativamente densa, ou seja, as construes so muito prximas umas das outras, e tambm, a presena de grande arborizao no seu entorno, dificultando a circulao de ar, dessa forma, as partculas slidas permanecem suspensas na atmosfera desses locais, no sendo, portanto transportadas para outros

    locais. Deve-se ressaltar que a maioria desses bairros possui pavimentao asfltica, e possuem poucos terrenos baldios.

    Os pontos 8 e 31, que possuem resultados com nvel de concentrao de poluio atmosfrica elevada, justificados pelo intenso fluxo de trnsito, existncia de indstrias e lavouras em seus entorno. Portanto, o ponto 25, que tambm apresentou elevado nvel de concentrao, no existem indstrias e nem lavouras em seu entorno, mas o fluxo de trnsito alto, pois esse bairro d acesso a outros bairros, o que permite sua condio.

    O excepcional ponto que apresentou o nvel de concentrao de poluio atmosfrica muito elevada, como se pode observar no grfico 1 e tabela 1, o ponto 19, onde que o principal fator justificativo para essa condio, a intensidade do fluxo de trnsito extrema. E tambm esse

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    bairro est no centro da aglomerao urbana, onde a circulao de ar no intensa, devido as vrias edificaes altas, se tornando como barreiras do ar.

    Portanto, podem-se perceber atravs dos resultados dos pontos amostrados, que, os locais onde apresentaram nvel de elevada a muito elevada concentrao de material particulado, so as localidades onde os fluxos de trnsito so mais intensos, bem como, a existncia de indstrias, lavouras e grande quantidade de rvores em seus entorno, alm disso, vale ressaltar que so os pontos onde a circulao de ar menor, justificando, portanto tal condio.

    CONSIDERAES FINAIS O objeto de estudo dessa pesquisa foi a cidade de Dourados no Estado de Mato Grosso

    do Sul-Brasil, onde que a partir desse escopo desejou-se, desenvolver um roteiro-metodolgico que levasse a uma pesquisa de campo, que contemplasse de forma concreta a possibilidade de

    mensurao em termos quantitativos da poluio atmosfrica do permetro urbano de Dourados. Esse trabalho vem, chamar a ateno no que diz respeito sade da populao geral, a

    qual pode ser prejudicada por conta de inalao dos materiais particulados suspensos na atmosfera do permetro urbano, onde se concentram fluxos de veculos, emisses de poluio industriais e da queima de outros materiais, os quais so estritamente provenientes de aes antrpicas, realizadas atravs de suas formas de ocupao e organizao espacial. Espao este que lhe atribudo valores, seja monetrio, seja de representaes.

    Esta problemtica de adensamento dos diversos materiais slidos na atmosfera se agrava

    nos perodos de inverno, onde a condio de tempo estvel, e com isso contribui para a permanncia dessas partculas suspensas no ar por mais tempo, provocando com isso, recorrente

    proliferao de doenas respiratrias, entre outras mazelas ao homem. Os resultados finais desse trabalho foram apresentados de forma classificatria, onde os

    nveis de concentrao de poluio atmosfrica do permetro urbano de Dourados foram

    espacializados e descritos fisicamente. Dessa forma, subsidiou as anlises posteriores quantificao e provveis justificativas das ocorrncias dos referidos resultados, a saber, que um dos pivs do desencadeamento da m qualidade do ar se d pelas por aes antropognicas.

    Vale ressaltar que essa pesquisa se constitui como pioneira na cidade nessa linha de estudo. Ento os resultados amostrados subsidiaro novas pesquisas, contribuindo para o

  • 17

    enriquecimento das produes cientficas do setor climtico da cidade, alm de contribuir para o entendimento das organizaes espaciais da cidade e suas consequencias.

    tambm muito importante destacar, que as pesquisas no mbito cientfico continuem no caminho processual de desenvolvimento, pois a cidade de Dourados est erigindo no mbito econmico e populacional, consequentemente tambm se fazem necessrios, apurar os estudos em outras temticas ligadas Geografia, pois o adensamento urbano e industrial inevitvel. Constitui-se, portanto que um efeito domin, aonde vem a se processar no entrelaamento todas as reas do conhecimento geogrfico, visto que o eixo social organiza/desorganiza o espao geogrfico, visto que tal artifcio de intrnseca relao promove o rearranjo climtico.

    Os resultados finais da pesquisa se mostraram satisfatrios, onde que as captaes se

    deram num perodo de vinte dias, no final da estao de inverno e incio da primavera, pois dos 32 pontos observados, 31 deles possibilitaram a aplicao do mtodo de pesagem para

    quantificao da poluio, conforme tabela 1. Visto que a justificativa para a condio da concentrao de poluio em cada ponto

    amostral est relacionada diretamente com as formas de organizao socioespacial, isto , pelas formas de ocupao e aglomerao urbana, bem como seus usos atravs das transformaes inerentes s necessidades econmicas.

    Todas as questes inerentes s condies climticas e do conhecimento dos processos das elevaes de emisso de poluente na atmosfera, propiciam efetivo entendimento para que posteriormente possa haver desenvolvimento de tcnicas de preveno da concentrao de

    materiais particulados, que provocam consequentemente o desconforto fsico nos habitantes do permetro urbano, e at mesmo aos da zona rural. nesse vis que o presente trabalho vem a contribuir, beneficiando, portanto toda a populao douradense e a comunidade cientfica, com o uso do meio tcnico para efetivao das pesquisas.

    Reiterando com a frase de SANTOS (2006, p. 16): por demais sabido que a principal forma de relao entre o homem e a natureza, ou melhor, entre o homem e o meio, dada pela tcnica. As tcnicas so um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espao.

    Para finalizar, deve ser lembrando tambm que, ao mesmo tempo, a tcnica nos permite entender a produo do espao e suas consequncias, a tcnica, mesmo que rudimentar, foi nesse trabalho essencial para sua execuo e confirmao da hiptese. Esse movimento, contraditrio e

    paradoxal, instigante, por tal razo importantssimo para a pesquisa cientfica. Pois alegaes de

  • 18

    desenvolvimento e uso das tcnicas constituem-se positiva ou negativamente no mbito dos conceitos fundados pela sociedade nos mais diversos ramos do conhecimento.

    REFERNCIAS ANDRADE, M. C. de. Geografia, cincia da sociedade. So Paulo: Atlas, 1987.

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