anais dia nacional da ea d 2012

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Educação Corporativa e EaD Metodologias na EaD Pesquisa, Tutoria e Docência na EaD Saúde e Meio Ambiente: diálogos com a EaD Dia Nacional da EaD 27 de novembro de 2012

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Page 1: Anais   dia nacional da ea d 2012

Educação Corporativa e EaD Metodologias na EaD

Pesquisa, Tutoria e Docência na EaD Saúde e Meio Ambiente: diálogos com a EaD

Dia Nacional da EaD

27 de novembro de 2012

Page 2: Anais   dia nacional da ea d 2012

2

Pro

gra

ma

ção

Dia 27 nov 9h – Abertura – Professor Fernando Arduini Ayres

10h – 12h GTs

1- Educação Corporativa e EaD

2- Metodologias da EaD

3- Pesquisa, Tutoria e Docência na EaD

4- Saúde e Meio Ambiente: diálogos com a EAD

12h – Sessão de Pôsteres

13h - Almoço

14h – 16h

Oficina Web 2.0 na EaD

Oficina de Tutoria

16h – Encerramento

17h – Distribuição de Certificados

Page 3: Anais   dia nacional da ea d 2012

3

Su

mário

02 Programação

04 Apresentação dos Professores do GT1

Educação Corporativa e EAD

07 “A Educação Corporativa e o e-Learning na Era do Conhecimento” - Miriam Cesário de Oliveira

14

“Implantação da EAD nos Projetos de Capacitação como Estratégia de Ampliação de Oferta de Cursos aos Técnicos Administrativos em Educação: Relato da Experiência da Divisão de Desenvolvimento / Pró-Reitora de Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro / UFRJ” - Karine de Lima Guedes

21 “A Racionalização do Currículo de Formação do Oficial Intendente da Marinha do Brasil via EAD” - Hercules Guimarães Honorato

33 “O e-Learning como Ferramenta de Marketing para o Treinamento e o Desenvolvimento de Pessoas e Organizações” - Patrícia Cunha Fernandes

35 “Gestão de Mídias: Dimensão Pedagógica, Administrativa e Tecnológica” - Fanni Hamphreis da Silva

37 Apresentação dos Professores do GT2 Metodologias na EAD

40 “Mídias no Curso de Pedagogia: a Apropriação Instrumental e a Leitura Crítica no Trabalho Docente” - Esther Silva da Costa - Giselle Martins dos Santos Ferreira

51 “A Formação Docente para a EAD” - Carla Marina Neto das Neves Lobo e

Claudia Toffano Benevento

64 “A Educação a Distância e a Educação Online na Formação/Informação dos Docentes Contemporâneos” – Alexander Schio e Danusa Massafferri Rodrigues

77 Apresentação dos Professores do GT3 Pesquisa, Tutoria e Docência na EAD

80 “Quando a Educação Ambiental e a Educação à Distância se Encontram no Ensino Superior” - Vilson Sérgio de Carvalho

92 “Qualidade dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia na Modalidade EAD: um Estudo sobre duas Instituições no Município do Rio de Janeiro” - Rosana Cristina da Silva Costa Silva

105 “Planejamento de Formação de Professores para o uso das Mídias” - Cardoci Paiva de Lima e Fani Hamphreis

115 “EAD, O Ensino Adaptando-se a Tecnologia” - Carla Cristina de Holanda Barros

136 “Ser Tutor-Educador no Âmbito da Educação à Distância” - Ana Paula da Silva Conceição Oliveira

145 “A Importância da Presença do Professor-Tutor de EAD no Processo de Ensino-Aprendizagem do Discente Virtual” - Valéria Moura de Souza

152 “Tutoria e Qualidade na EAD sob a Ótica dos Tutores” - Silvia Regina Sênos Demarco

164 Apresentação dos Professores do GT4

Saúde e Meio Ambiente: Diálogos com a EAD

167 “A Contribuição da EAD no Enfrentamento da Precarização do Trabalho no Sistema Único de Saúde” - Renata Nideck; - Paulo Queiroz

177 “Estrutura Didática em Disciplinas na EAD: Relato de uma Experiência” - Nanci Cardim; Dominique Maciel; Sonia Regina dos Santos

188 “Educação a Distância (EAD): Limites E Possibilidades” - Claudia

Benevento; Vagner Santana

199 Sessão de Pôsteres

Page 4: Anais   dia nacional da ea d 2012

4

Apresentação dos professores do GT 1 –

Educação Corporativa e EaD

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e

Formado em Ciências Econômicas, atuou durante 25 anos em

empresas públicas e privadas, ocupando cargos de gerência e

diretoria nas áreas de estratégia e marketing. Trabalhou durante

10 anos como consultor de empresas também nas áreas de

marketing e estratégia. Em 1996 concluiu pós-graduação em

Gestão Estratégia e Docência Superior, ocasião em que passou a

lecionar no projeto A Vez do Mestre, como professor das cadeiras

de Gestão Estratégica, Elaboração de Projetos, Estratégia

Empresarial, Marketing de Serviços, Endomarketing e

Fundamentos de MarketingDesde 2001 passou a atuar também

no ensino a distância como orientador, conteudista e palestrante.

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Formado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário

Celso Lisboa com especialização em Administração, extensão em

Docência Superior e atualização em Gestão e Liderança, todos pela

FGV. Última atividade profissional finalizada em 2009 na LIGHT

SESA como Analista de Recursos, desempenhando papel de

assessoria gerencial e liderando equipes de prevenção jurídica.

Atualmente como Professor-Auxiliar (Tutoria) nos cursos de

graduação EaD da AVM Faculdade Integrada e docente no SENAC-

RIO nos módulos de Administração. A frente da Direção de

Comunicação da Igreja Batista em Cachambi desde 2009 e

atualmente desenvolvendo atividades paralelas com eventos e

palestras sobre Liderança, com dois artigos publicados no Espaço

Opinião do CRA - Conselho Regional de Administração do RJ.

Glo

ria

Je

su

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e

Oliv

eir

a Sou graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em

Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Docência do Ensino

Superior, Tecnologia Educacional e estou cursando Formação

Pedagógica para o Ensino Médio Profissionalizante (ISERJ).

Ministro alguns cursos livres na área de Recursos Humanos.

Atualmente trabalho na AVM Faculdade Integrada, com a função

de professora tutora nos cursos de pós-graduação: Marketing e

Gestão Estratégica e Qualidade.

Page 5: Anais   dia nacional da ea d 2012

5

Cle

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ira

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CLEBER MOREIRA GONZAGA: Mestre em Administração de

Empresas pela UNESA. Leciono no Projeto A Vez do Mestre da

Universidade Cândido Mendes nas modalidades de pós-graduação

presencial e distância. Conteudista do SENAI – CETIQT. Atua em

consultorias nas áreas de administração, marketing de

relacionamento e digital, atacado e varejo e também na indústria

gráfica, onde desenvolve projetos de propaganda cooperativa.

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jim

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mo

uzo

u Olá me chamo KOFFI DJIMA AMOUZOU e como o nome sugere eu

não sou brasileiro, embora já esteja muitos anos no país. Sou

natural de Togo na África e é um grande prazer trocar idéias com

vocês sobre uma de minhas áreas de predileção: A Administração

Pública. Se eu pudesse resumir minha formação acadêmica eu diria

que esta se iniciou com minha graduação em Ciências de Gestão

pela Faculté des sciences Economiques et de Gestion da

Universidade de Togo (1997). Já no Brasil terminei no ano de 2000

meu mestrado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio

Vargas e por fim conclui meu doutorado em Engenharia de

Transportes pela UFRJ mais recentemente no ano de 2006. Desde

2001 atuo como professor auxiliar da Universidade Estácio de Sá

onde ministro aulas em diversas disciplinas voltadas para as áreas

de Administração e Gestão de Programas e Políticas Públicas.

Também nessas áreas tenho algumas publicações além de atuar

ainda como pesquisador dos paradigmas organizacionais na esfera

da Administração Pública nas instituições no Instituto A Vez do

Mestre e na Universidade Estácio de Sá.

An

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a G

uim

arã

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Doutoranda em Ciências Políticas pela Universidade Lusófona - Lisboa –

Portugal; MBA em Reestruturação de Processos e Gestão Estratégica

da Qualidade pela University of Tampa, USA; Mestre em Administração

e Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Estácio de Sá; pós-

graduada em Reengenharia e Recursos Humanos pela Universidade

Candido Mendes; graduada em Pedagogia pela Universidade Gama

Filho com habilitações em Administração Escolar, Supervisão

Pedagógica e Orientação Educacional. Atuo há seis nos como Gestora

Acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia - EAD da AVM -

Faculdade Integrada. Participei da elaboração e construção das

ferramentas necessárias à autorização do curso - Regimento

Educacional - Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto Político

Pedagógico. Atuo há oito anos como Gestora Educacional da Escola

Técnica Rezende-Rammel, Instituição de Ensino de nível médio/

técnico. Dez anos como Gestora Pedagógica do Ensino Médio/Técnico.

Três anos como professora responsável pelo eixo de disciplinas de

Teorias da Administração do Curso de Graduação em Administração.

Vinte e cinco anos de experiência na docência de Educação Infantil à

Pós-Graduação. Na Docência, atuo nas áreas pedagógicas e

empresariais. Consultora de Recursos Humanos em empresas privadas

e públicas.

Page 6: Anais   dia nacional da ea d 2012

6

Viv

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Re

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Meu nome é Vivian Wildhagen Reis. Sou Técnica em Administração de

Empresas pelo CEFET/RJ, Graduada em Administração Industrial

(CEFET/RJ), Pós-Graduada em Gestão de Recursos Humanos pela AVM

Faculdade Integrada e Mestranda em Gestão e Tecnologia com

previsão de conclusão do curso para Fevereiro de 2013. Já atuei como

docente nas disciplinas de Logística, Contabilidade e Gestão nos Cursos

Técnicos e Superior do CEFET/RJ, SENAI/RJ, Funcefet, etc. Atualmente

sou Tutora da Pós-Graduação (modalidade EAD) da AVM Faculdade

Integrada. Tenho trabalhos publicados em Congressos na área

Educacional nos âmbitos da Administração e Engenharia.

Ma

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ira

Olá, meu nome é Marcelo Oliveira, sou mineiro de nascimento e goiano

de coração. Sou formado em Administração pelo Centro Universitário

do Triângulo (Unitri), pós-graduado em Gestão Pública pela AVM

Faculdade Integrada e pós-graduando no MBA em Gestão de Pessoas

pelo Universidade Estácio de Sá. Atualmente, sou Professor/Tutor por

duas instituições: a Pós-graduação modalidade distância do curso de

Gestão Pública da AVM Faculdade Integrada e o Curso Sequencial em

Empreendedorismo e Inovação pela Universidade Federal Fluminense.

Page 7: Anais   dia nacional da ea d 2012

7

A Educação Corporativa e o e-

Learning na Era do Conhecimento Miriam Cesário de Oliveira

GT

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Ces

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de

Oliv

eir

a

Formada em pedagogia pela Universidade Estadual do Rio de

Janeiro no ano de 2011 e pós-graduanda em Gestão de

Projetos pela AVM. Com experiência como auxiliar

administrativo do Instituto Nacional de Traumatologia e

Ortopedia. Atualmente Analista de Suporte Acadêmico do

FGV Online.

Resumo:

Com a chegada da globalização na década de 90 o mundo se deparou com as

novas tecnologias de informação e comunicação que proporcionaram algumas

mudanças no cotidiano de cada sujeito. O tempo é competido por diversos

compromissos, como o trabalho, o estudo e a família. Perante isso, essas

relações proporcionam a exigência de novas modalidades de ensino,

estratégias educacionais e profissionais que perpetuem uma educação

continuada, atualizando e aperfeiçoando constantemente as pessoas para o

mundo produtivo. Com esse novo contexto o modelo formal entrou em crise,

pois não há mais tempo para aperfeiçoar e desenvolver os profissionais no

ensino presencial. No presente estudo analisaremos esse novo modo de se

viver que proporciona uma visão positiva ao e-learning, uma modalidade de

Educação à Distância (EaD), perante a Educação Corporativa, de um modo

que se adéqua à realidade do ambiente profissional, suprindo barreiras

geográficas, cronológicas, e de investimento monetário. Este crescimento do e-

learning está diretamente ligado ao desenvolvimento das tecnologias –

informação, comunicação- criando um ambiente –ciberespaço- de Inteligência

Page 8: Anais   dia nacional da ea d 2012

8

Coletiva, que proporciona uma troca frenética de conhecimentos e

experiências.

Introdução

Nos anos 90, com a chegada da globalização e da expansão da internet surge

o ciberespaço que tem como característica a rapidez da informação, do

conhecimento e da comunicação. Com isso, o conhecimento e a

competitividade deixam de ser regionais, passando a ser globais, juntamente

com o crescimento da cooperação ao compartilhar conhecimentos que

aumenta consideravelmente o nível de competitividade.

No meio de tanta informação e rápida comunicação, as pessoas buscam se

especializar sem ter um tempo para dedicar-se presencialmente em algum

curso de especialização. Nesse contexto a tecnologia é utilizada a favor da

aprendizagem e se adapta à realidade que busca incessantemente o

conhecimento.

O novo motor da economia que é caracterizado pela capacidade de produzir,

armazenar, processar, recuperar e disseminar informações e conhecimentos é

chamado de Gestão do Conhecimento. Esse motor econômico gerencia toda

informação e conhecimento possuído.

A educação escolar hoje, em geral, não se encontra preparada para suprir as

expectativas e as necessidades do mercado. Ela não consegue antecipar

mudanças, pois precisa adaptar-se primeiro a esse novo mundo do

conhecimento competitivo para depois usufruir do conhecimento coletivo com o

intuito de criar mudanças antecipadamente, enxergando a realidade

competitiva e quebrando os paradigmas tradicionais.

Segundo Jannuzzi e Tálamo (2004) se tratando da gestão de informação nas

empresas, a informação subsidia o processo de decisão e controle nos

diversos níveis da organização, compreendendo as demandas do ambiente

competitivo com suas necessidades individuais e coletivas associadas ao

processo de criação e aprendizado, tendo como auxílio a Educação a Distância

(EaD).

Page 9: Anais   dia nacional da ea d 2012

9

Portanto a EaD se tornou um novo paradigma, pois supre a necessidade de

aprendizagem no meio de tanta movimentação de informação e comunicação

global, transformando assim essas novas tecnologias em um espaço virtual de

educação e de produção do conhecimento - e-learning -.

A Educação Corporativa e a EAD

Atualmente se faz necessário adquirir competências educacionais e

profissionais que ultrapassam o ambiente escolar e universitário, pois a

competição, sendo um resultado da globalização valoriza cada vez mais a

produção e troca de conhecimento contínuo.

Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências

adquiridas por uma pessoa no inicio de seu percurso profissional estarão

obsoletas no fim de sua carreira (...). Trabalhar quer dizer, cada vez mais,

aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos. (LÉVY, 1999, p 157)

Para que o profissional tenha a capacidade de capturar, produzir e dividir o

conhecimento – inteligência coletiva-, o mesmo precisa ser um sujeito

autônomo, crítico, reflexivo e criativo (competências).

Na Inteligência coletiva os seres humanos estão interligados em tempo real no

ciberespaço. Ela tem como característica a liberdade e o não totalitarismo, que

valoriza e compartilha todos os saberes, criando assim, uma nova maneira de

produção do conhecimento. Participamos de uma sociedade em que todo

contexto, sejam as empresas, as comunidades ou as diferentes relações

econômicas estão destinados ao funcionamento da inteligência coletiva. Nela

todos os diferentes sujeitos podem ser autor, leitor e articulador de saberes,

promovendo uma cooperação mútua para a criação e transmissão do

conhecimento.

Uma das exigências de um profissional na “Era do Conhecimento” é a

competência. Portanto, não se trata mais de uma qualificação formal, onde a

empresa concede um posto de trabalho para desenvolver sua qualificação e

suprir esse posto, mas sim, da qualificação real desse trabalhador, que é

histórica e contextualizada no processo de globalização econômica. A

imprevisibilidade está dentro dessa qualificação real, pela qual o trabalhador

Page 10: Anais   dia nacional da ea d 2012

10

deve ter um conjunto de competências que abrangem além das dimensões

cognitivas, intelectuais e técnicas.

A competência depende do conhecimento para ser praticada, mas existe

conhecimento sem a devida competência para usá-lo. É nessa situação que a

educação a distância começa a atuar, ensinando e potencializando também o

profissional para o desenvolvimento de suas competências que resulta na

pratica de seu conhecimento teórico.

Entender essa mudança e incessante busca de um alto nível de

competitividade, que implica na capacitação das competências, transformando

as crenças em valores organizacionais, é saber que a organização precisa ter

inovações capazes de manter a empresa em seu alto nível competitivo para

perpetuar sua existência. Portanto não basta apenas atingir a liderança, mas

sim mantê-la, enxergando e agindo rapidamente perante as mudanças

constantes no mercado global.

Para isso, é importante manter uma comunicação empresarial que favoreça a

interação e a ampliação da quantidade e qualidade –conectividade-, seja essa

interação interna ou externa (fornecedores, distribuidores, clientes,

comunidades, etc), a fim de estar perceptível ao mundo e às demandas do

mercado.

Atualmente, o sucesso profissional do sujeito depende cada vez mais de

oportunidades de ensino-aprendizagem em ambientes favoráveis ao

desenvolvimento das características interessantes para a organização. O

processo de investimento das empresas junto aos colaboradores permite o

desenvolvimento seguro e saudável da organização que, por sua vez, depende

do conhecimento, criatividade, motivação contínua, entre outras competências

de sua força de trabalho.

Neste contexto, em relação às empresas, é preciso todo um trabalho voltado

para o objetivo do cliente, observando o tipo de clientela e o que ela precisa

para que a aprendizagem seja obtida de maneira eficaz. A criação de

estratégias é importante para que permitam o aperfeiçoamento, o

desenvolvimento e a atualização constante dos colaboradores da empresa, que

resultará diretamente no nível de competitividade.

Page 11: Anais   dia nacional da ea d 2012

11

É importante entendermos e sabermos as principais vantagens do e-learning;

para que possamos analisar e compreender sua valorização nas empresas. As

vantagens fazem parte do conjunto de inovação do processo de formação que

é caracterizado como tal. Nesse conjunto é presente uma flexibilidade do

ensino, do tempo e do local, ritmo personalizado, fácil interatividade, auto-

formação e acessibilidade para valorização pessoal ou profissional.

Todas essas vantagens são garantidas graças à fácil interatividade que a

internet proporciona, facilitando o sujeito em sua formação profissional e

pessoal, adaptando-se às demandas do mundo globalizado, viabilizando a

formação de quem não tem possibilidade de se ausentar do local de trabalho.

O aluno do e-learning precisa, primeiro, reconhecer a importância da busca

incessante do saber. Mantendo uma atitude participativa com o tutor e seus

colegas de classe (virtual). Além disso, o mesmo deve ser organizado e

autônomo, pois precisará programar seus horários de estudos, afim de que

consiga ter uma boa aprendizagem, tornando-se sujeito crítico, reflexível e

criador de saberes.

Para desenvolver a autonomia precisa-se de alguns reconhecimentos, um

deles é ter a consciência do inacabado. O verbo inacabar se refere ao

conhecimento, enfatizando e tendo como base a contínua obsolescência do

mesmo. O sujeito autônomo deve estar em uma contínua busca do saber, pois

todo conhecimento adquirido e exposto no presente será sempre incompleto

em relação ao futuro. Essa linha contínua é infinita, pelo qual o conhecimento é

superado a cada dia por sujeitos conscientizados de sua característica

inacabada.

Como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o

mundo. Mas, histórico como nós, o nosso conhecimento do mundo tem

historicidade. Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro antes que

foi novo e se fez velho e se "dispõe" a ser ultrapassado por outro amanhã.

(FREIRE, 2002. p 15)

Os estudantes autônomos passam a reconhecer a necessidade de estudo,

selecionam conteúdos, projetam estratégias de estudo, arranjam materiais,

organizam, dirigem, controlam e avaliam o processo de aprendizagem e são

essas competências que o e-learning exige de seus alunos. A possibilidade

que essa modalidade de ensino concede aos alunos: a escolha de horários e

Page 12: Anais   dia nacional da ea d 2012

12

locais para o desenvolvimento da aprendizagem, instiga o autodidatismo que

desenvolve e aprimora o sujeito como um pesquisador e articulador de

saberes. Essa característica do ensino a distância obtém resultados positivos

quando o aluno consegue desenvolver o que lhe é instigado –autonomia-.

Considerações Finais:

Em primeiro momento, podemos perceber a ligação entre a valorização do e-

learning e o contexto em que a mesma aconteceu. O mundo global e as novas

tecnologias transformaram desde as rotinas, exigências e características de

cada indivíduo até as das grandes empresas –comércio-. Com a internet e o

fácil acesso às informações e conhecimentos, os valores foram transformados,

a cooperação tornou-se uma forte aliada do crescimento, conhecimento e

desenvolvimento global, que aumenta a competição qualitativa e

quantitativamente.

O que ocorre é que devido a Era do conhecimento e da Informação há uma

redução do prazo de validade do conhecimento, pois a regra da

competitividade exige uma educação continuada.

Para atender as exigências da economia e do mercado as organizações

mudam. Surgem então, as universidades corporativas, a fim de oferecer aos

colaboradores uma educação contínua para o desenvolvimento de

competências –pedagogia das competências- e dos conhecimentos

necessários para os objetivos estratégicos nessa incessante competição.

Compreendo que a escola não supre as necessidades do mundo, que no lugar

da qualificação profissional (formação técnica e experiência profissional) surge

a noção de competências com o objetivo de qualificar os profissionais, visando

atender as exigências e especificidades da atualidade, uma vez que os meios

de educação convencionais não oferecem essas vantagens. Deste modo,

pode-se definir Universidade Corporativa ou Educação Corporativa como “um

sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão de pessoas por

competências.” (EBOLI, 2004. p 48)

O e-learning nada mais é do que a adaptação da educação perante esse novo

mundo de informação e comunicação que tem como objetivo capacitar os

sujeitos e desenvolver suas competências. Para a empresa é vantajoso não

Page 13: Anais   dia nacional da ea d 2012

13

ter que fazer toda uma estrutura presencial com salas que disponibilizam “x”

quantidades de alunos, agora, com apenas uma sala de vídeo conferência o e-

learning possibilita um encontro virtual com pessoas de todo lugar do mundo,

como se estivessem na mesma sala, fazendo desaparecer custos associados à

deslocação e lugar de atuação presencial.

A educação, assim como todo processo humano, tanto no individual quanto no

coletivo, caminha junto com as mudanças e o desenvolvimento do mundo.

Logo, podemos constatar que o que possibilitou o surgimento desse novo

paradigma chamado de Educação è Distância foi a demanda do seu próprio

contexto. As características globais, desde as micro até as macro, interligam as

necessidades do mercado globalizado, considerando a rotina e possibilidade

de cada indivíduo com a aprendizagem continuada a distância.

Referências:

EBOLI, M. Educação Corporativa no Brasil: Mitos e Verdades. São Paulo:

Editora Gente, 2004.

JANNUZZI, C. A. S. C.; TÁLAMO, M. F. G. M. A empresa e os sistemas

humanos de informação. Transinformação. Campinas, v. 16, n. 2, maio/ago,

2004.

LÉVY, Pierre. Cibercultura São Paulo: Editora 34, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários para a prática

da autonomia. (falta editora), 2002.

Page 14: Anais   dia nacional da ea d 2012

14

Implantação da EAD nos projetos de capacitação como estratégia de Ampliação de oferta de cursos

aos Técnicos Administrativos emEducação: relato da experiência da Divisão de Desenvolvimento/Pró- Reitoria de Pessoal da Universidade Federal do Rio de

Janeiro Karine de Lima

BeatrizVieira

Rita de Cássia Silveira

GT

1

Ka

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Gu

ed

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Técnica em Assuntos Educacionais da Divisão de

Desenvolvimento da Pró-reitoria de Pessoal da Universidade

Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Trabalha a 3 anos na UFRJ.

Já foi tutora do curso de Pós Graduação PIGEAD -

Planejamento, Implementação e Gestão da EAD pela UFF, do

curso de Pós Graduação em Gestão Municipal pela Unirio e

atualmente é tutora do curso extensão em Tecnologia

Educacional pela Fundação CECIERJ. A DVDE tem por

responsabilidade oferecer cursos de aperfeiçoamento e

desenvolvimento dos servidores da UFRJ que possui em

torno de 13.000 servidores, entre docentes e técnico-

administrativos em educação. É formada em Pedagogia pela

UFRJ, Pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos pela

Universidade Estácio de Sá e atualmente cursa o Mestrado

Acadêmico em Administração pela Unigranrio.

Be

atr

iz

Vie

ira

Pedagoga da Divisão de Desenvolvimento da Pró-reitoria de

Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ.

Trabalha a 1 anos na UFRJ. A DVDE tem por responsabilidade

oferecer cursos de aperfeiçoamento e desenvolvimento dos

servidores da UFRJ que possui em torno de 13.000

servidores, entre docentes e técnico-administrativos em

educação. É formada em Pedagogia pela UERJ.

Rit

a d

e

ss

ia

Silv

eir

a

Diretora da Divisão de Desenvolvimento da Pró-reitoria de

Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ.

Trabalha a 23 anos na UFRJ e a 9 anos na citada Divisão. A

DVDE tem por responsabilidade oferecer cursos de

aperfeiçoamento e desenvolvimento dos servidores da UFRJ

que possui em torno de 13.000 servidores, entre docentes e

técnico-administrativos em educação. É formada em

Psicologia pela UFRJ, Pós-graduada em Educação e

Desenvolvimento de Recursos Humanos/CFCH e MBA em

Marketing/COPPEAD também pela UFRJ.

Page 15: Anais   dia nacional da ea d 2012

15

Resumo

A Educação a Distância se apresenta na atualidade como um excelente

recurso para capacitar, qualificar e atualizar servidores das mais diversas áreas

de conhecimento. A Divisão de Desenvolvimento/DVDE da Pró-reitoria de

Pessoal/PR-4 tem como uma das suas atribuições a responsabilidade em

oferecer ações de capacitação e qualificação aos servidores da UFRJ. A DVDE

assume esta modalidade educacional e inicia, no segundo semestre de 2012,

seu primeiro curso de “Formação de Tutores de Educação à Distância” com a

finalidade de utilizar a EAD em seus cursos. Pretende-se não só atingir um

maior número de servidores, mas também, incentivar o processo de ensino-

aprendizagem corporativo e de inovação.

Palavras-chave: Educação a distância, capacitação, UFRJ, inclusão digital e

inovação.

Apresentação da Instituição

A Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ tem a finalidade que consiste

em proporcionar à sociedade brasileira os meios para dominar, ampliar,

cultivar, aplicar e difundir o patrimônio universal do saber humano, capacitando

todos os seus integrantes a atuar como força transformadora. Mais

especificamente, a universidade destina-se a completar a educação integral do

estudante, preparando-o para:

— exercer profissões de nível superior;

— valorizar as múltiplas formas de conhecimento e expressão, técnicas e

científicas, artísticas e culturais;

— exercer a cidadania;

— refletir criticamente sobre a sociedade em que vive;

— participar do esforço de superação das desigualdades sociais e regionais;

— assumir o compromisso com a construção de uma sociedade socialmente

justa, ambientalmente responsável, respeitadora da diversidade e livre de todas

as formas de opressão ou discriminação de classe, gênero, etnia ou

nacionalidade;

— lutar pela universalização da cidadania e pela consolidação da democracia;

Page 16: Anais   dia nacional da ea d 2012

16

— contribuir para a solidariedade nacional e internacional.

A Divisão de Desenvolvimento/DVDE da Pró-reitoria de Pessoal/PR-4 visa,

entre outras iniciativas, implementar políticas de valorização e de incentivo ao

servidor atuando na articulação - análise, acompanhamento, supervisão e

avaliação - e apoio nos eventos de capacitação, como também, adotar

avaliações contínuas e sistemáticas que apontem resultados para atingir os

objetivos estratégicos da instituição. Visamos com isso, o Centro de Formação

Continuada dos trabalhadores da UFRJ, estendendo-se, consequentemente, a

outros Órgãos, com o intuito de produzir conhecimentos significativos para a

melhoria do serviço público.

Justificativa

Primando pelo desenvolvimento profissional, diversas dificuldades se

apresentam entre elas a dispersão geográfica e a diversidade de atuação dos

servidores da UFRJ. Com a implementação do curso, pretende-se: 1- Formar

tutores de processos que contribuirão para realização de eventos de

capacitação através da modalidade de educação a distância, que ampliará o

número de servidores capacitados da UFRJ; 2- Melhorar a interação entre os

servidores e; 3- Atender a Política Nacional de Desenvolvimento de

Pessoas/PNDP estabelecidas através do Decreto n. 5707 de 23 de fevereiro de

2006.

Objetivos

Implementar, analisar e avaliar o processo de implantação da Educação a

Distância nos eventos de capacitação, bem como verificar o nível de satisfação

dos servidores que estão participando do curso.

Metodologia

Para implementação da primeira turma do curso de Formação de Tutores em

Educação a Distância, através da plataforma Moodle, que tem a proposta de

formar tutores para atuarem nos eventos de capacitação foram oferecidas 20

Page 17: Anais   dia nacional da ea d 2012

17

(vinte) vagas, destinadas a equipe da Seção de Formação Profissional/DVDE

(responsável pela implementação de cursos de capacitação) e as diversas

unidades e Polos da UFRJ.

Pretende-se fazer um estudo de caso, tendo como base os métodos de

pesquisa: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e a observação-

participação das autoras.

Público – Alvo

Servidores Técnico-Administrativos em Educação da UFRJ.

Resultados Alcançados

Considerando os métodos de pesquisa apresentados, citamos os autores

Marconi e Lakatos (2002) que mencionam o estudo de caso como uma

modalidade de pesquisa qualitativa que não necessita ser apenas descritiva,

assumindo, também, a forma de um estudo analítico. Os autores apontam

também que o estudo de caso ajuda a conhecer melhor como funciona uma

organização, um setor, enfatizando o conhecimento do particular quando

estabelece uma seleção para o estudo. Já na observação participativa,

conforme Vargas (2002, p.120), descreve que é uma técnica onde: “... o

observador faz parte integrante de um grupo e aproveita essa situação para

observá-lo,...”. E a pesquisa bibliográfica balizou as análises dos dados

colhidos na pesquisa documental, que teve como aliada a experiência das

autoras como participantes ativas do processo descrito.

O objetivo é implementar, analisar e avaliar, como um dos objetos de estudos,

que a educação à distância pode vir a suprir a necessidade em ampliar a

demanda de eventos de capacitação, na busca de atualização dos técnicos

administrativos em educação da UFRJ, pois cursos oferecidos na EAD com

qualidade podem ser uma opção favorável no desenvolvimento profissional.

Destaca-se ainda a inovação na UFRJ no processo de capacitação por meio da

oferta de cursos virtuais possibilitará maior flexibilidade temporal e espacial aos

servidores para realização dos cursos, garantindo uma formação continuada de

qualidade e que alcance maior número de pessoas.

O primeiro passo foi a elaboração do projeto de formação de tutores de

educação a distância iniciado em setembro de 2012, a partir da iniciativa da

Page 18: Anais   dia nacional da ea d 2012

18

equipe da Divisão de Desenvolvimento/Pró-reitoria de Pessoal/UFRJ em criar e

implementar novas metodologias de capacitação e desenvolvimento, que

possibilitem o envolvimento de maior número de servidores, por meio do uso

da plataforma Moodle. Esta pesquisa poderá ajudar em novas discussões e

reflexões sobre a inovação no processo de formação continuada apontando

estratégias de como desenvolver a capacitação com maior flexibilidade na

oferta de cursos de aperfeiçoamento.

Considerações Finais

O ensino a distância vem sendo considerado um avanço para a educação, pois

com o advento de todas essas tecnologias disponíveis tem se tornado possível

estudar de acordo com a necessidade e o tempo de cada um. A EAD veio para

ser mais uma das ferramentas que facilitam a conquista de conhecimentos,

aprendizados. Essa modalidade de ensino deve ser feita com qualidade,

proporcionando bons conhecimentos aos interessados; e as instituições, um

retorno que deve ser respondido com a aplicação dos novos aprendizados

durante o tempo de aquisição de conhecimento.

Cada vez mais as instituições públicas estão aderindo a essa modalidade de

ensino, pois atualmente é um importante método que facilita o processo de

ensino-aprendizagem através do uso das tecnologias da informação, como

ferramenta necessária na construção do conhecimento. Reconhecemos ainda

ao fato de que o Plano de Carreira dos Técnicos-Administrativos em

Educação/PCCTAE motivou os servidores em participar de eventos de

capacitação, devido a necessidade de atualização profissional alinhados aos

objetivos estratégicos do seu local de trabalho e da instituição.

Nesse sentido, é importante destacar depoimento de alguns cursistas sobre a

implantação da EAD na capacitação dos servidores e do curso de formação de

tutores oferecido pela Divisão de Desenvolvimento:

“Para mim o importante mesmo é a interação com os companheiros de

trabalho, já conhecidos ou não, ainda mais para alguém lotada no Polo Macaé!

Qual outra oportunidade eu teria para interagir com um servidor do Polo Xerém,

distante uns bons 400 km??? É o "milagre" da EaD, onde não há distância,

horário e sala física, mas mesmo assim, muita interação” .

Page 19: Anais   dia nacional da ea d 2012

19

“A humanidade está se desenvolvendo muito rápido, o mundo de tecnologias

exige muito de nós. Acredito que o EaD precisa acompanhar essa evolução, e

por traz da máquina, estão as pessoas, nós, que necessitamos aprimorar dons

e adquirir conhecimentos para manuseá-la, transmitindo ensinamentos de

forma mais eficaz, e com garantia de qualidade”.

“Este curso traz a oportunidade de, através do ambiente virtual, trocarmos

idéias, experiências (e conhecimento!) e, além disso, proporciona uma

formação numa área muito importante (e, portanto, muito explorada

atualmente), que é a Educação à Distância”.

“Certamente o Curso de Formação de Tutores em Educação à Distância me

dará a oportunidade de conhecer esta ferramenta e de agregar novos

conhecimentos através da interação com os participantes nos fóruns.

Conhecimentos que, posteriormente, poderão contribuir para a aceleração da

capacitação profissional dos servidores da universidade”.

“Acredito que este curso me trará a abertura de novos horizontes de atuação,

mais ligados à minha formação, já que o trabalho da minha Seção é

essencialmente burocrático. Por isso estou muito animada e grata pela

oportunidade de participar. Já fiz cursos de EAD, mas hoje especificamente

senti a importância da Educação à Distância, já que tive um dia bastante

atarefado e mesmo assim pude participar do curso, no meu tempo e no meu

horário. Isto é fundamental nos dias de hoje, principalmente para nós mulheres

que temos dupla ou tripla jornada”.

Referências

BELLONI, M. L. Educação, ensino ou aprendizagem à distância? In: Educação

à Distância. Campinas, SP: Editoras Associadas, 2003.

CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a

informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões.

São Paulo: SENAC, 2003.

COSTA, M. e SANTOS, S. O processo de capacitação pela EAD: Um estudo

de caso de uma unidade de informação. 2011.

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20

MARTINS, Herbert Gomes. Educação Corporativa: educação treinamento nas

empresas. In Litto, Fredric Michael e Formiga, Manuel Marcos Maciel (org.)

Educação a distancia: O estado da arte. São Paulo: Pearson education; 2009.

OLIVEIRA, J. e MARQUES, S. EAD na Educação Corporativa – um relato da

experiência na Coordenação de Capacitação e Desenvolvimento de Pessoas

da Pró-Reitoria de Recursos Humanos da Universidade Federal de Juiz de

Fora; 2011.

TACHIZAWA, T. e ANDRADE, R. O. B. Tecnologias da informação aplicadas

às Instituições de Ensino e às Universidades Corporativas. 1. Ed. São Paulo:

Atlas, 2003.

Page 21: Anais   dia nacional da ea d 2012

21

A Racionalização do Currículo de Formação do Oficial Intendente

da Marinha do Brasil Via EAD Hercules Guimarães Honorato

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Sou Hercules Guimarães Honorato. Oficial da reserva da

Marinha do Brasil (Capitão-de-Mar-e-Guerra). Sou graduado

em Ciências Navais com habilitação em Administração

(Escola Naval), Pós-Graduado em Docência do Ensino

Superior (UCAM/IAVM); Gestão de Relações Internacionais e

MBA-Logística (COPPEAD-UFRJ); e atualmente Mestrando do

PPG em Educação (UNESA) da linha de pesquisa de "Políticas

Públicas e Gestão". Participo de eventos acadêmicos da área

de Educação apresentando trabalhos científicos e a minha

pesquisa, cujo eixo é Educação - Trabalho - Juventude. Sou

professor da Escola Superior de Guerra e Assessor do

Superintendente de Ensino da Escola Naval, onde sou

responsável pelo estudo de reformulação do currículo de

formação dos oficiais da Marinha do Brasil.

Resumo O objetivo desta pesquisa foi identificar as diferenças das matrizes curriculares

entre a formação acadêmica e a do oficial intendente da Marinha. A pesquisa é

de cunho qualitativo, na qual se buscou estabelecer relações e comparações

entre as disciplinas das IES na graduação em Administração a distância e na

Escola Naval, pelo estudo das respectivas matrizes curriculares. Os

instrumentos de coleta foram questionários encaminhados aos coordenadores

da graduação das IES e entrevista com o Chefe de Departamento do Ensino a

Distância da Diretoria de Ensino da Marinha. Os seguintes tópicos foram

abordados: a perspectiva conceitual de EaD; a legislação pertinente; a EaD na

Marinha e os seus documentos normativos; e uma comparação entre a

Educação presencial e a distância com foco na formação do administrador.

Pode-se verificar que os cursos ministrados on-line pela Marinha têm relação

direta com a melhoria de gestão, trazendo uma ligação com a formação em

Page 22: Anais   dia nacional da ea d 2012

22

Administração. Ao final sugere-se complementar a formação do oficial

intendente, habilitado em Administração, via EaD, utilizando-se de os cursos a

distância que já são realizados em substituição das disciplinas da Escola

Naval, racionalizando o seu currículo. Outra sugestão foi estudar um convênio

com IES que tenha cursos a distância para complementação das disciplinas

necessárias e julgadas válidas, visando a suprir a carência daquelas classes

ligadas ao mercado de trabalho e ao bacharelado.

Palavras-Chave: Currículo. Educação a Distância. Escola aval. raduação

em Administração.

Introdução

“Aprender a ensinar e a aprender, integrando ambientes presenciais e virtuais, é um dos grandes desafios que estamos enfrentando atualmente na educação no mundo inteiro.” (José Manuel Moran)

A partir do final do século XX, a profissão do Administrador ganhou traços mais

acadêmicos, saindo do aspecto técnico para a busca da melhor preparação do

profissional para ser o gestor completo da sua organização. A evolução se deu

desde os currículos mínimos até as atuais diretrizes curriculares, da evolução

da educação online com a possibilidade de disciplinas ou mesmo toda a

formação superior a distância.

Na busca por novos conhecimentos, pela melhor preparação profissional e

vivenciando a necessidade de uma compatibilização o mais próxima possível

do meio acadêmico e do reconhecimento de sua formação superior, esse

pesquisador, que tem suas origens no sistema militar de ensino, viu-se

compelido a buscar subsídios no meio acadêmico civil que ratificassem a sua

escolha pela formação na mais antiga e tradicional instituição de ensino

superior, a Escola Naval (EN).

A presente reflexão insere-se em pesquisa mais ampla, cujo objetivo foi

analisar e identificar as diferenças das matrizes curriculares e propor alterações

para o aperfeiçoamento da formação acadêmica do Oficial Intendente egresso

da EN. Assim posto, o objetivo específico deste artigo foi identificar as

diferenças das matrizes curriculares entre a formação acadêmica e a do oficial

intendente da Marinha e sugerir alterações exequíveis no seu currículo via

Educação a Distância.

Page 23: Anais   dia nacional da ea d 2012

23

A pesquisa inicialmente bibliográfica exploratória, foi de cunho qualitativo, onde

buscou-se estabelecer relações e comparações entre as disciplinas das IES na

graduação em Administração a distância e a EN, pelo estudo das respectivas

matrizes curriculares. Os instrumentos de coleta foram questionários

encaminhados aos coordenadores da graduação das IES e entrevista com o

Chefe de Departamento do Ensino a Distância da Diretoria de Ensino da

Marinha (DEnsM).

Os seguintes tópicos foram abordados: a perspectiva conceitual de EaD; a

legislação pertinente; a EaD na Marinha e os seus documentos normativos; e

uma comparação entre a Educação presencial e a distância com foco na

formação do administrador. Ao final foram efetuadas algumas sugestões para a

formação do oficial intendente da MB habilitado em administrador pela EN.

A perspectiva conceitual e amplitude de educação a distância

Este artigo não pretende ser um estudo pormenorizado da Educação a

Distância (EaD), já existem diversas pesquisas sobre essa temática. O que é

discutido é a importância que a EaD tem na atualidade, principalmente com o

advento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em uma

sociedade globalizada e informatizada.

Principais conceitos envolvidos e seu marco legal

A definição de Educação a Distância parece, à primeira vista, ser bem simples.

Segundo os autores Maia e Mattar (2007, p. 6) é “uma modalidade de

educação em que os professores e alunos estão separados, planejada por

instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação.”

A EaD, no Brasil, também conhecida como Ensino a Distância, Treinamento a

Distância, ou mesmo Educação online, um conceito mais restrito da EaD, e que

segundo Moran (2002, p.41) é o “conjunto de ações de ensino-aprendizagem

desenvolvidas por meio de meios telemáticos, como a internet, a

videoconferência e a teleconferência”. Tem-se também a expressão e-learning,

uma forma utilizada para expressar a EaD fora e dentro do país.

Maia e Mattar (2007, p.21-22) explicam que a EaD teve diferentes gerações: a

textual, que seriam os cursos por correspondências (1876 a 1970), com

material impresso, enviados pelo correio; a analógica, novas mídias e

Page 24: Anais   dia nacional da ea d 2012

24

universidades abertas (1970 a 1990) onde são introduzidas as transmissões

por televisão aberta, rádio, fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone,

satélite e TV a cabo; e a digital, a EaD online (a partir de 1990) baseada em

redes de computadores, recursos de conferências e multimídia.

Ela hoje é caracterizada por inúmeras instituições em vários segmentos de

formação que oferecem cursos a distância, desde disciplinas isoladas até

programas completos de graduação e pós-graduação. Assim exposto, as

seguintes características principais da EaD, segundo Garcia Aretio (apud

Marinha, 2005, p. 1-2), podem ser citadas: separação professor-aluno;

utilização dos meios de comunicação; apoio de tutorial; aprendizagem

independente; e comunicação bidirectional.

Além da massividade espacial, que significa, a princípio, que na educação a

distância não existem limitações geográficas. Alunos que estão em localidades

diferentes podem participar do mesmo curso e interagirem. É possível atender,

com um menor custo, a um maior número de estudantes. Uma atenção mais

eficaz, com um menor custo, para um maior número de estudantes constitui-se,

digamos assim, a fórmula capaz de resolver o problema da democratização do

ensino.

Um fato colocado como vantagem por Gutierrez (apud Marinha, 2005) é a

autodisciplina de estudo, da auto-aprendizagem, da sua organização do

pensamento, melhoria da expressão pessoal, e tudo o que conduz à

autovalorização e segurança de si mesmo. Esta situação, porém, tem que ser

bem avaliada, visto que a EaD é melhor conduzida, por alguns autores, para

pessoas com uma maior experiência de vida.

Algumas desvantagens da EaD podem ser expostas: que a mesma não

proporciona uma relação pessoal e direta aluno/professor, a “face-a-face”,

típica de uma sala de aula. Outra desvantagem é relacionada ao perfil do aluno

e aos problemas como a maturidade, a autodisciplina e o isolamento,

especialmente críticos quando se trata de alunos mais jovens.

A Educação a Distância no Brasil, em seu formato atual, tem como marco legal

na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996), a Lei

no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que pela primeira vez apresentou

incentivo ao desenvolvimento e verificação de programas de EaD. Em seu

texto completo, esta modalidade é citada diretamente em quatro artigos.

Page 25: Anais   dia nacional da ea d 2012

25

O Dec.no 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regulamenta o art. 80 da LDB. O

seu art. 1o conceitua EaD, em comum acordo com o que anteriormente foi

discutido, ou seja:

[...] a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005, não paginado).

Um aspecto marcante neste decreto é a garantia de equivalência entre o

ensino presencial e a distância, mencionada em seus artigos 3, 5, 16, 22 e 23.

Pode-se argumentar que é a vantagem existente no ensino a distância, no

nosso caso online, que podem-se obter grandes resultados a um custo menor

de deslocamentos, sem perda de tempo e com maior flexibilização do

gerenciamento da aprendizagem.

A EAD na Marinha do Brasil (MB)

Para a elaboração deste tópico, foi realizada uma entrevista com o Capitão-de-

Mar-e-Guerra (CMG) Luiz Cláudio Biagiotti, Chefe do Departamento de Ensino

a Distância da DEnsM, que respondeu as perguntas formuladas que são

resumidas a seguir.

A média da carga horária dos cursos realizados no Centro de Instrução

Almirante Wandenkolk (CIAW) - instituição de ensino responsável por essa

tarefa na Marinha - gira em torno de 40 horas-aula, o que corresponderia, por

exemplo, a uma disciplina de graduação. Foi informado ainda que a EN realiza

um curso de Inglês Instrumental em convênio com a Cultura Inglesa, além de

possui um curso online de redação para alunos que se encontram com

dificuldades e voluntários.

O CMG Biagiotti disponibilizou a relação dos cursos realizados em 2008 no

CIAW, listados no quadro a seguir:

No CURSO (Sigla) DENOMINAÇÃO

01 (C-EXP-AVG-EAD) Avaliação de Gestão

02 (C-EXP-LIC-EAD) Licitação

03 (C-ESP-GESTOMPS-OF) Gestão de OMPS

04 (C-EXP-O&M) Organização e Métodos

05 (C-EXP-AB) Abastecimento

06 (C-EXP-GECON) Gestão Contemporânea

Page 26: Anais   dia nacional da ea d 2012

26

07 (C-EXP-PRE-OF-EAD) Capacitação de Pregoeiros

08 (C-ESP-ADIR) Atualização de Diretores

09 (C-Exp-AMP-OF-EAD) Análise e Melhoria de Processos

10 (C-EXP-AVG-OF-EAD) Avaliação de Gestão

11 (C-ESP-PLE-OF-EAD) Planejamento Estratégico

QUADRO – Relação dos cursos realizados em 2008. Fonte: DEsnM.

Pode-se verificar, a priori, que os cursos têm relação direta com a melhoria de

gestão e que trazem uma ligação clara com a formação superior em

Administração, e que poderiam ser disciplinas a distância, fazendo parte do

currículo da EN. Como exemplos concretos: o Curso Especial de Planejamento

Estratégico, de Gestão Contemporânea, de Avaliação de Gestão e de

Organização e Métodos.

O respondente comentou também que a MB já realiza a EaD desde 22 de

novembro de 1939, quando a Escola de Guerra Naval criou um curso por

correspondência, com o objetivo de preparar oficiais para a matrícula em curso

de comando. Cabe ainda registrar que esta iniciativa ocorreu apenas dois

meses depois da criação do Instituto Monitor de São Paulo, que junto com o

Instituto Universal Brasileiro, de 1941, são considerados como marco inicial da

EaD no Brasil.

A DEnsM utilizou, inicialmente, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) E-

Proinfo do MEC. Em 2003, após a realização de estudos, optou-se pelo

TelEduc da Universidade Estadual de Campinas. Nesse ano, criou o curso

Expedito de Capacitação de Autores e Tutores de EaD, com o objetivo de

orientar oficiais, praças e civis assemelhados, que iriam atuar como autores e

tutores, bem como, no desenvolvimento de material didático a ser utilizado em

cursos a distância via web.

Utilizando-se da sua experiência na MB com a EaD, foi perguntado ao CMG

Biagiotti o que ele achava da utilização do ensino online para complementar,

por exemplo, algumas disciplinas da graduação da EN. Ele respondeu que

seria um caso interessante a estudar, porém, teria duas preocupações

principais. A primeira seria garantir que todos tenham o mesmo acesso aos

meios tecnológicos, por exemplo, a banda larga. A outra preocupação seria

que “a garotada não está preparada para a EaD”, foi comentado sobre a

imaturidade do aluno da graduação.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VERSUS EDUCAÇÃO PRESENCIAL

Page 27: Anais   dia nacional da ea d 2012

27

Segundo Maia e Mattar (2007, p. 84), “o essencial, hoje, não é se encher de

conhecimentos, mas sim a capacidade de pesquisar e avaliar fontes de

informação, transformando-as em conhecimentos”. Por isso mesmo, o que se

pode verificar é que não existe uma diferença acentuada entre educação

presencial e a distância, são metodologias pedagógicas que podem se utilizar

de ferramentas de transmissão e recepção, ensino aprendizagem, de maneira

diferente.

A educação presencial e a EaD tem seus valores e singularidades, mas

considera-se que a principal diferença entre as duas é o potencial colaborativo

da EaD. As pessoas se expõem muito mais porque precisam interagir para se

fazer presente. Seus textos e demais contatos ficam registrados no AVA e, se

privilegiarmos o uso de ambientes coletivos, mesclados à produção individual,

podemos construir uma comunidade de aprendizagem colaborativa. Nessas

comunidades somos co-responsáveis pelo processo individual e do grupo:

alunos, tutores e professores.

A educação recebe os impactos das tecnologias sobre seus métodos de ensino

e formas de aprendizagem. No entanto, o uso de uma tecnologia inovadora não

pode ser considerada uma estratégia. A intenção como ferramenta de apoio ao

ensino precisa estar relacionado à definição de estratégias pedagógicas, para

que possam efetivamente apoiar o processo de construção de novas

competências, gerando novas práticas de ensino e de aprendizagem.

Existem dificuldades sérias na aceitação da EaD, como a sala de aula física,

chão da escola. Moran (2002, p.46) nos deixa claro que “desde sempre

aprender está associado a ir a uma sala de aula, e lá concentrarmos os

esforços dos últimos séculos para o gerenciamento da relação entre ensinar e

aprender.”

Existem diferenças entre a educação presencial e a distância. Maia e Mattar

(2007) entram no tema do uso que vem sendo acentuado das TIC, no caso

específico da educação on-line (internet). Esses autores afirmam que educação

sempre será um processo que aconteceu, acontece e acontecerá em virtude da

interação de seres humanos. Citam ainda o início da história da humanidade,

onde era familiar a transferência da experiência e da vivência dos mais velhos

para os mais novos, inicialmente nas salas de aula, e agora, a qualquer

momento e lugar.

Page 28: Anais   dia nacional da ea d 2012

28

A graduação superior a distância no Brasil

Em entrevista ao Jornal O Globo de 30 de novembro de 2008, o ex-Ministro da

Educação, Sr. Fernando Haddad, declarou que a educação a distância está em

construção no Brasil, e simboliza como sendo uma nova fronteira na educação

superior, logo “precisa de paradigmas sólidos para não comprometer a

ampliação do acesso ao próprio ensino superior”. Haddad acredita que a

modalidade a distância ajuda a ampliar e democratizar o acesso à educação

superior em conjunto com outras ações e programas do Ministério da

Educação em curso, como o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o

Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades

Federais (ReUni).

Os cursos à distância são um fenômeno relativamente novo na educação

brasileira. Ocoreu um boom na demanda por graduação e também na pós-

graduação online entre 2004 e 2007, crescendo 356%. Segundo ainda esta

mesma reportagem, atualmente existem cerca de 750 mil alunos fazendo

graduações à distância, em 108 instituições credenciadas pelo MEC (a maioria

privadas), sendo que apenas 12 controlam mais de 70% da oferta de cursos.

Na rede pública, a oferta de cursos superiores à distância está centralizada na

Universidade Aberta do Brasil (UAB), rede que reúne mais de 70 universidades

públicas.

O que podemos concluir é que a formação superior está em franco

desenvolvimento no Brasil por intermédio da educação a distância, fato que

conta com amplo apoio do Governo Federal através dos seus órgãos ligados à

educação.

A graduação superior a distância em administração

Um dos grandes óbices verificados para a implantação de um curso de

graduação a distância, no primeiro momento, é o elevado investimento inicial

para sua montagem. Durante o desenvolvimento das disciplinas de maior

presença física, como as que utilização laboratórios, de interação corporal

(dança, teatro, etc.), também há elevados custos a serem absorvidos pelas

instituições de ensino.

Quanto aos lucros auferidos, não nos cabe avaliar. Mas, segundo Moran (2002,

p. 47), o importante é que sejam focados na construção do conhecimento, pilar

Page 29: Anais   dia nacional da ea d 2012

29

da educação, e na interação, no equilíbrio entre o individual e o grupal, entre o

conteúdo e interação (aprendizagem cooperativa), um conteúdo em parte

preparado e em parte construído ao longo do curso.

Existe uma tendência ao aumento dos cursos de MBA e pós-graduação lato

sensu, porque os mesmos não têm uma fiscalização direta do MEC. A

qualidade dos cursos é realizada pelo próprio mercado de trabalho.

Durante o desenvolvimento da pesquisa, em busca pela internet, foi verificado

que a Universidade do Sul de Santa Catarina tem um curso de graduação a

distância de Administração, bacharelado, em convênio com a Academia Militar

das Agulhas egras (AMA ), cujo objetivo expresso é o de ser “um curso

inovador, criado para atender as expectativas dos oficiais dos cursos de

formação de oficiais da AMAN, visando à obtenção do grau de Bacharel em

Administração”. O curso é dirigido aos portadores de diplomas dos cursos de

formação de oficiais daquela academia.

O que se pode inferir do que foi desenvolvido neste capítulo é que existe, e é

corroborado por diversos autores, a relevância da EaD com a possibilidade

bem atual do equilíbrio entre esta modalidade de ensino e a presencial. Assim,

pretende-se obter resultados mais expressivos a um custo menor de

deslocamento e, principalmente, uma flexibilização curricular que permita o

melhor gerenciamento da construção do conhecimento e da aprendizagem pelo

aluno.

Análise do questionário encaminhado aos coordenadores do curso de administração

Os sujeitos do estudo original foram os coordenadores do curso de

Administração das IES do Brasil. Uma pesquisa preliminar aleatória, por meio

de busca na Internet, identificou e foram encaminhados 81 questionários as

instituições dos 26 estados e do Distrito Federal, independentes se instituições

públicas ou privadas, militar ou civil, com o foco voltado na pedagogia do

ensino presencial e na distância.

Como resultado da negociação, onze coordenadores, incluindo o da EN,

retornaram os seus questionários respondidos. Na avaliação deste

pesquisador, esses questionários constituem uma amostra suficiente visto o

estudo ser de cunho qualitativo, a partir da qual puderam ser elaboradas

Page 30: Anais   dia nacional da ea d 2012

30

sugestões consistentes.

O objetivo específico foi estudar a EaD como alternativa para complementação

da formação da graduação em Administração da EN. Assim posto, das dez

perguntas do instrumento de coleta, só foi utiliada neste artigo a sétima, que

procurou ver o posicionamento dos coordenadores em relação a EaD e sobre a

formação plena do Administrador.

Iniciando a análise das respostas, constatou-se que metade dos respondentes

posicionaram-se contra, como exposto nesta fala:

A EaD é uma preciosa ferramenta que pode ser utilizada nos melhores cursos de Administração do mundo, sem prejuízo do conteúdo a ser oferecido. Entretanto, isso deve ser feito com cautela, porque não acredito em um curso totalmente à distância, mesmo com encontros presenciais esporádicos. Ainda acredito no conhecimento que circula entre os alunos, como uma das modalidades de aprendizado e na interação entre professor-aluno.

Porém, outros coordenadores foram favoráveis a EaD como processo

pedagógico que poderia ser aplicado, como já o é, na formação do profissional

da área de Administração. Como a fala de um respondente que crê que se trata

de uma modalidade que virá a atender a uma população que tenha dificuldades

de acesso ou tempo para a realização de um curso superior, e “com seriedade

pode-se formar um profissional administrador com as mesmas competências

que um formado na modalidade presencial”.

Infere-se que na graduação superior existem prós e contras, como vimos em

uma amostra de onze coordenadores de cursos de graduação em

Administração. Não podemos, portanto, fechar os olhos para esta ferramenta

pedagógica atual e importante para, por exemplo, assegurar a

complementação de uma qualificação, ou mesmo, para ampliar o horizonte e

socializar a educação daqueles que não têm o tempo necessário para ficar

assistindo aulas de corpo presente.

Considerações finais

As Instituições de Ensino Superior não podem se omitir de buscar uma melhor

qualificação para os seus formandos, dando-lhes todo o ferramental necessário

para se tornarem o mais próximo possível do perfil que o mercado de trabalho

e a sociedade assim desejam e esperam. No caso do administrador, um

profissional proativo, com habilidade de negociação, inovador, com uma

Page 31: Anais   dia nacional da ea d 2012

31

formação eclética que contemple a visão do todo, com habilidade de

planejamento e capacidade de mobilizar pessoas em equipes, entre outras

capacidades.

A Escola Naval, instituição superior de formação dos oficiais da MB, não pode

e não deve ficar à margem das ações e decisões que são necessárias e atuais,

principalmente quando da procura pela melhor formação do seu alunado. A

tradição é válida, mas a evolução acadêmica tem que continuar, precisamos

formar o oficial intendente habilitado em administração no estado da arte do

que o mercado necessita e com o perfil idealizado.

As análises realizadas na matriz curricular da EN em comparação com diversas

IES que formam bacharéis em administração no Brasil, remete-nos a sugerir

uma reavaliação inicial do currículo atual por parte dos seus responsáveis. São

listadas algumas sugestões para uma melhor preparação do oficial intendente

da Marinha:

- Deslocar a disciplina “Licitações” do último ano para ser ministrada a distância

no CIAW (capacitação de pregoeiros por exemplo);

- Utilizar ainda os cursos a distância do CIAW em substituição a algumas

disciplinas, como Organização e Métodos, Planejamento Estratégico, Análise e

Melhoria de Processos, entre outros.

- Estudar a possibilidade de um convênio com IES para complementação das

disciplinas necessárias e julgadas válidas suprir a carência de conteúdos

ligados ao Mercado, o que proporcionará uma equivalência de diplomas.

A Educação a Distância é antes de tudo Educação, uma união entre o ensino e

a aprendizagem, ou seja, uma “ensinagem” assíncrona, por exemplo, a

qualquer tempo e hora. A idéia principal foi a de sugerir ações possíveis e

exequíveis, que poderão tornar a formação do Oficial Intendente ampla em

relação à formação superior em Administração, com a possibilidade do seu

reconhecimento e de formação continuada.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, no 248, 23 dez.1996.

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32

2006. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2006/Lei/L11279.htm>. Acesso em: 08 out. 2008.

______. Presidência da República (2005). Decreto no 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Publicação eletrônica. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br//legislações/leis>. Acesso em: 08 out. 2008.

MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EAD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

MORAN, J. M. O que é educação à distância. 2002. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: 22 ago. 2008. ______. Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: SILVA, Marco (Org.) Educação online. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2006. p. 41-52.

Page 33: Anais   dia nacional da ea d 2012

33

O e-Learning como Ferramenta de

Marketing para o Treinamento e o

Desenvolvimento de Pessoas e

Organizações Patrícia Cunha Fernandes

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Resumo:

No século XXI, a informação e o conhecimento se tornam cada vez mais

importante para as pessoas, as corporações, os países e para o mundo como

um todo. Hoje, um dos espaços onde a educação mais cresce é nas empresas,

como uma ferramenta estratégica para desenvolver e ampliar o negócio. A

Educação Corporativa se estabeleceu no mercado para atender a alta

expectativa de vencer a concorrência com estratégias sustentáveis e

econômicas. Os prazos para alcançar as metas organizacionais estão mais

curtos, porque as transformações são muito rápidas, às vezes, até

instantâneas. Este trabalho propõe o início de uma pesquisa sobre os impactos

que as novas tecnologias têm refletido quando são aplicadas à educação.

Neste caso, mais especificamente, a Educação Corporativa a Distância, um

Page 34: Anais   dia nacional da ea d 2012

34

cenário onde podemos assistir o acelerado crescimento dos cursos e-Learning

por gerar excelentes resultados na gestão e no desenvolvimento de pessoas, e

consequentemente, nas organizações em que elas trabalham.

(Autora não enviou o artigo completo).

Page 35: Anais   dia nacional da ea d 2012

35

Gestão de Mídias: Dimensão Pedagógica,

Administrativa e Tecnológica Fanni Hamphreis da Silva

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Professora e Fonoaudióloga, especialista em Educação de

Jovens e Adultos e Motricidade Oromoifacial, Mestre em

Ciências da Saúde, Professora da Rede Pública do Rio de

Janeiro, Professora Orientadora do Curso de Pós-Graduação

de Tecnologia em Educação da PUC-RIO(2010), Professora-

tutor do curso de Pós-graduação em Educação Especial,

Gestão Pública Municipal e Saúde da Família da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).Foi supervisora

da clínica escola de fonoaudiologia do Centro Universitário

Moacyr Sreder Bastos e professora de alterações da fala e da

fluência, distúrbios da leitura e da escrita e, afasia. Foi

professora do Centro Universitário Celso Lisboa (

neuropatologias, Patologias da Fala e da Motricidade Oral e

de Alterações da Fala e da Fluência) e professora do Curso

para concursos CPCON (afasia, gagueira e Dislexia) e

Coordenadora Pedagógica e professora docente da Secretaria

Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro.

Professora do curso de Pós-graduação em Motricidade Oral

da Faculdade Redentor.Foi fonoaudióloga da SMDS(FUNLAR),

durante 2 anos e Fonoaudióloga do Instituto Helena Antipoff(

lotada no Pólo de Atendimento Extra-Escolar).Tem larga

experiência na área de Fonoaudiologia, com ênfase em

síndromes, atuando principalmente nos seguintes temas:

gagueira, aquisição da linguagem e leitura/escrita, alterações

oromiofacias, dislexia, distúrbio de aprendizagem, alterações

fonéticas/ fonológicas e aleitamento materno. Foi

fonoaudióloga clínica do Centro Fonoaudiológico Araújo Cid

durante 6 anos e supervisora em Fonoaudiologia durante 7

anos desta mesma institução.

RESUMO:

O presente estudo trata de uma proposição de um plano de ação para a Escola

Mu-nicipal de Educação Básica Bom Jardim no município de Sinop/MT, sobre a

gestão das mídias na referida escola abordando suas dimensões pedagógica,

administrativa e tec-nológica. A elaboração do plano de ação tornou-se

possível através da realização de um diagnóstico da escola, por meio de uma

pesquisa de campo. Foram investigados professores e equipe gestora da

escola com o objetivo de identificar suas práticas em relação às mídias, suas

Page 36: Anais   dia nacional da ea d 2012

36

concepções, necessidades e possibilidades de mudança. O resultado da

pesquisa demonstrou uma situação delicada tendo em vista que a escola

possui várias mídias, mas não usufrui das tecnologias disponíveis, pelo fato de

não estar conectada a internet e seus professores não estarem capacitados

nesta área. Uma abordagem teórica sobre conceitos de gestão, mídias,

tecnologia, papel do gestor na escola e possibilidades do uso das mídias nas

três dimensões de forma integrada, serviram de apoio à análise do resultado da

pesquisa e nortearam a elaboração do plano.

(Autora não enviou o artigo completo).

Page 37: Anais   dia nacional da ea d 2012

37

Apresentação dos

Professores do GT 2 –

Metodologias na EaD

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Olá! Meu nome e MARIA ESTHER ARAÚJO. Sou graduada em

Fonoaudiologia (UNESA), Pós-Graduada em Docência do Ensino

Superior(UCAM/IAVM)) e Gestão de EaD (UFJF) com formação e

Saúde e Meio Ambiente, Ergonomia e Tecnologia do Trabalho para

Qualidade de Vida (FIOCRUZ). Sou Mestre em Gestão Ambiental e

minha Linha de Pesquisa foi em Saúde e Educação, cujo foco

principal foi a Saúde do Trabalhador Docente e a Relação com o

Ambiente de Trabalho. Costumo participar de eventos relacionados

a Políticas na área de Saúde e Educação buscando um

aperfeiçoamento constante. Atualmente, além de docente em aulas

presenciais, atuo com Educação a Distância (EAD), tanto na pós-

graduação quanto na graduação.

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Meu nome é FABIANE MUNIZ. Sou psicóloga e mestre em

sexologia. Trabalho aqui na AVM FACULDADE INTEGRADA, desde

que era um projeto especial da UCAM chamado Projeto A Vez do

Mestre. Desde, então, 1999, ministro aulas para os cursos

presenciais de pós-graduação das áreas pedagógicas como por

exemplo, psicopedagogia, psicomotricidade, orientação educacional

e pedagógica, arteterapia e docência do ensino superior. Trabalho

também em cursos as área de saúde como terapia se família.

Ainda na AVM sou docente do curso de licenciatura em pedagogia,

oferecido na modalidade a distância onde trabalho com a disciplina

de psicologia da educação. Por fim, também sou responsável pela

gestão do CDE – Coordenação de Desenvolvimento da AVM e

desde 2010 assumi o cargo de adjunta da coordenação geral da

EaD da AVM FACULDADE INTEGRADA. Prazer em Conhecer.

Page 38: Anais   dia nacional da ea d 2012

38

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Sou MARY SUE CARVALHO PEREIRA, mestre em “Tecnologia da

Informação e Comunicação em Educação a Distância (Universidade

Federal do Ceará / UNOPAR), Pós-Graduada em “Psicologia

Pedagógica” pela Fundação Getúlio Vargas, é Pedagoga e

Especialista Técnica em Educação Infantil e em Educação a

Distância (SENAC Nacional). “Fazer” Educação é o que gosto, há

muito tempo: de regente de classe a Coordenadora Pedagógica em

Ed. Infantil, professora de Didática (no antigo curso Normal), de

História da Educação em Graduação de Pedagogia e de disciplinas

nos cursos de Educação Inclusiva, Pedagogia Empresarial,

Docência do Ensino Superior e Docência do Ensino Fundamental e

Médio, entre outros. Psicopedagoga, tem na Musica sua principal

ferramenta, atendendo crianças normais e portadoras de

transtornos invasivos. Livros publicados e colaborações literárias:

(a) A descoberta da criança, uma introdução à Educação Infantil –

RJ, WAK, 2002; (b) BENATHAR, Roberto Levy (org.) Educação

Infantil em debate – RJ, INEPEDEC, 1985; e (c) Apostilas de

Educação Infantil, Pedagogia Empresarial e Psicopedagogia

Institucional para o INSTITUTO A VEZ DO MESTRE., da

Universidade Cândido Mendes (Cursos de Pós Graduação Lato

Sensu). CADERNO DE ESTUDO sobre HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO,

para curso de Pedagogia (Graduação a Distância do IAVM).

Membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de

Tecnologia Educacional

Na

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Meu nome é NARCISA CASTILHO MELO. Sou graduada em

Psicologia e pós-graduada em Psicologia Clínica de Adultos e

também em Tecnologia Educacional. Iniciei minha carreira

realizando atendimentos psicológicos com crianças, adolescentes e

adultos; trabalho que ainda desenvolvo atualmente. Aceitei o

desafio de atuar como psicóloga em processos de Orientação

Vocacional em diferentes escolas do Rio de Janeiro. Fui convidada

para trabalhar na AVM, e aceitei com muito prazer a função de

professora tutora nos cursos de pós-graduação: Arte em Educação

e Saúde; Psicopedagogia Institucional e Sexualidade.

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Na

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Olá! Meu nome é Roseane Santos de Morais Narciso. Sou graduada em

Administração de Empresas, pós graduada em Pedagogia Empresarial pela

AVM, atualmente estou fazendo uma Licenciatura em Educação Profissional

pelo ISERJ e matriculada no curso de Gestão em EaD pela UFF. Tendo

participado de diversos eventos na área de educação. No presente

momento, atuo como professora tutora nos cursos de pós graduação: Arte

em educação e Saúde e Pedagogia Empresarial.

Page 39: Anais   dia nacional da ea d 2012

39

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Olá! Meu nome é GISELLE BÖGER BRAND. Sou Graduada em Pedagogia

(UFSC), Pós-Graduada em Orientação Educacional e Pedagógica (UCAM-

AVM). Realizei o Curso de Capacitação de Professores para EAD (PUC/RS) e

também o Curso de Atendimento Educacional Especializado (UFSM/ MEC).

Atualmente realizo o curso de Formação em EAD (CEDERJ). Participo de

Eventos relacionados a Tecnologias Assistivas, Educação Tecnológica e

Políticas públicas para Pessoas com Deficiência. Já trabalhei no convênio

FAETEC/ ANDEF (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos) com

Projeto Multidisciplinar de Atendimento Especializado para Crianças com

Deficiência. Atualmente trabalho na Secretaria Municipal de Acessibilidade e

Cidadania do Município de Niterói/RJ com projetos voltados as Pessoas com

Deficiência, e atuo como Tutora de Pós-graduação (EAD) na AVM Faculdade

Integrada.

Page 40: Anais   dia nacional da ea d 2012

40

Mídias no Curso de Pedagogia:

A Apropriação Instrumental e a

Leitura Crítica no Trabalho Docente Esther Silva da Costa e

Giselle Martins dos Santos Ferreira

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Mestre em Educação e Cultura Contemporânea pela

Universidade Estácio de Sá, na linha de pesquisa

Tecnologias de Informação e Comunicação nos Processos

Educacionais, Jornalista Especializada em Mídia-Educação

pela PUC-Rio e ex-aluna do curso de Comunicação

Empresarial da AVM. E-mail: [email protected]

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Professora Doutora do Curso de Pós-Graduação em Educação

e Cultura Contemporânea da Universidade Estácio de Sá. É

Mestre em Educação pela Open University e possui Pós-

Doutorado em Educação assim como várias especializações

em teoria e métodos de pesquisa nas Ciências Sociais e

Humanas. É Membro da Academia Britânica de Educação

Superior desde 2001. E-mail: [email protected]

RESUMO A necessidade de apropriação das mídias na educação emerge do cenário

sociocultural contemporâneo que está delineado pela presença das mídias nas

diversas esferas sociais. Entretanto, para garantir que os processos

educacionais integrem qualitativamente as mídias, não basta utilizá-las

instrumentalmente em sala de aula. Coloca-se como necessária a consolidação

Page 41: Anais   dia nacional da ea d 2012

41

de um lugar na educação para as mídias onde haja a articulação das

dimensões de “ferramenta pedagógica” e “objeto de estudo”. À luz dessa

afirmação este texto apresenta uma pesquisa que investigou como as

graduações em Pedagogia estão se apropriando das mídias, mais

especificamente, como os docentes desses cursos estão utilizando essas

mídias e suas possibilidades de práticas de Educação a Distância na formação

de pedagogos.

Palavras-chave: Mídia-Educação; Pedagogia; Leitura Crítica das Mídias.

OS CONTORNOS DO CENÁRIO MIDIÁTICO NA EDUCAÇÃO

O cenário da vida contemporânea caracteriza-se pela significativa presença

das mídias nas diversas dimensões sociais. Por um lado, têm-se as tradicionais

mídias analógicas, como exemplo os impressos, rádio e televisão, e, por outro,

as novas mídias digitais, entre elas, o computador, Internet, celular e tablet. No

cotidiano familiar, por exemplo, é comum que as famílias iniciem conversas a

partir dos temas emergentes das mídias, em especial a televisão. No campo

profissional, as mídias estão potencializando os processos de comunicação e

promovendo a integração global, enquanto que, no lazer, elas estão cada vez

mais presentes e interativas, em especial com o fortalecimento e ampla

disseminação das redes sociais.

Observamos, neste atual contexto sociocultural, a sobreposição dos conceitos

de educação, informação, comunicação e entretenimento (LEITE, 2008).

Inúmeras vezes esses conceitos passam pelas mídias, por meio das quais

grande parte da sociedade se informa, se diverte e, simultaneamente, tem

oportunidades de trabalho. A cibercultura também se consolida a partir do

entrelaçamento desses conceitos em suas novas acepções. A cibercultura

consiste “(n)o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de

atitudes, de modos de pensamento e de valores, que se desenvolvem

juntamente com o crescimento do ciberespaço”, esse “novo” espaço virtual

onde ocorrem essas práticas e atitudes de comunicação e sociabilidade (LÉVY,

1999, p. 17,32). Dessa maneira, a cibercultura provém de um mundo virtual

repleto de novos significados, que estão transformando, no mundo real, as

linguagens, os espaços e o tempo.

Page 42: Anais   dia nacional da ea d 2012

42

O crescente cenário da cibercultura fomenta situações socioculturais que

propõem diariamente ao campo educacional o desafio de ensinar e aprender

com as mídias. Ou seja, faz-se necessária a consolidação de um lugar na

educação para as mídias, onde, nesse processo, a educação se coloca como a

estrutura capaz de sustentar a transformação das mídias e do que é veiculado

nelas em conhecimento, e este, em resultados de aprendizagem, diminuindo

assim, a inquietação.

Nesse sentido, sem perder a sua característica própria de promover a

educação formal, as instituições de ensino necessitam construir e consolidar

propostas pedagógicas que dialoguem com as mídias e suas possibilidades de

práticas de Educação a Distância (EaD). Essa presença das mídias na

educação, mais precisamente em sala de aula, não deve ser entendida

somente como um recurso para dinamizar as aulas e entreter os estudantes. A

inclusão das mídias no processo educativo pressupõe uma mudança para

muitos docentes, uma vez que o verdadeiro professor será aquele que souber

orientar o seu discente na procura e no acesso à informação necessária de

modo que possa encaminhá-lo à construção do conhecimento (LEITE, 2008).

À medida que as instituições de ensino passam a apoiar a integração das

novas mídias em suas aulas e a investir na formação de seus professores para

o uso das mesmas, articulando-as à docência e à aprendizagem, torna-se

possível um aproveitamento mais eficaz, que possibilita transformar informação

em conhecimento.

Para introduzir efetivamente as mídias na educação, as escolas e

universidades precisam dar-se conta de que somos influenciados por elas e,

por isso, tornar-se indispensável incluí-las na formação do professor e discutir o

seu papel no contexto social. De acordo com Moran (2000, p. 58), “passamos

muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o computador

e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio.”

Assim entendido, a educação e o professor necessitam de uma “nova

pedagogia” que desmistifique as mídias na dimensão de “objeto de estudo” e

como “ferramenta pedagógica” (BELLO I, 2009, xiv).

Afirmamos que, com a farta disponibilidade das mídias, emerge a urgência de

formar profissionais da educação capazes de se apropriarem delas em sua

prática. Nesse contexto, o uso das mídias para além do uso instrumental é um

Page 43: Anais   dia nacional da ea d 2012

43

dos assuntos que norteia os debates sobre as mesmas na esfera educacional.

A “lógica instrumental” é o agir estratégico, essencialmente técnico, voltado

para o sucesso e os fins de controle e dominação. A ação instrumental rege-se

por regras técnicas baseadas no saber prático e “organiza os meios adequados

ou inadequados segundo os critérios de um domínio eficaz da realidade”

(HABERMAS, 1980, p. 320).

Belloni (1998; 2009), Fantin (2010) e Soares (2007), alertam que é comum

encontrar professores que trocam o quadro negro, a pesquisa em livros e a

autoria docente pela exibição de um documentário na televisão, pela pesquisa

na Web ou pela apresentação de slides. Essas ações podem se reduzir à

instrumentalização, quando não há um direcionamento e articulação com a

“leitura crítica das mídias” (BELLO I, 2009 p. 09). a educação com, para, e

através das mídias, isto é, na educação para as mídias ou mídia-educação, é

necessário ultrapassar as “práticas meramente instrumentais, típicas de um

certo tecnicismo redutor ou de um deslumbramento acrítico” (BELLO I, 2009,

p. 13).

São nesses sentidos do uso instrumental e da leitura crítica que se fundamenta

as reflexões trazidas neste texto. Nele apresentamos um recorte de uma

pesquisa que teve como objetivo geral investigar de que modo os cursos de

graduação em Pedagogia estão se apropriando das mídias, mais

especificamente, como os docentes desses cursos estão utilizando essas

mídias na formação de pedagogos. As graduações em Pedagogia são as

grandes responsáveis pela formação de novos educadores que em sua maioria

atuarão com crianças e adolescentes que fazem parte de uma geração que se

constrói e se consolida através das mídias e da cibercultura. Neste cenário,

julgamos pertinente o investimento no estudo sobre como estão as

apropriações das mídias no cotidiano da sala de aula. A pesquisa foi realizada

em duas universidades que oferecem cursos de Pedagogia renomados e que

se apresentam com tendências à inserção transversal das mídias e

consequentemente da EaD em seus respectivos currículos, e o presente texto

oferece uma discussão das práticas observadas em uma disciplina de cada

universidade.

O texto está estruturado de modo a apresentar um sumário da metodologia

adotada, seguido de uma breve apresentação da estrutura de cada disciplina

Page 44: Anais   dia nacional da ea d 2012

44

estudada. A seção central discute, à luz das dimensões de objeto de estudo e

ferramenta pedagógica, as práticas docentes observadas.

APORTES METODOLÓGICOS

O objetivo geral que foi apresentado mobilizou a elaboração das seguintes

questões de estudo:

a) Quais são os usos das mídias em sala de aula feitos pelos professores?

b) Como se articula a teoria e prática sobre o uso das mídias nas

disciplinas investigadas?

c) Como o uso das mídias na atuação docente se traduz em formação de

pedagogos para a apropriação das mídias na educação?

d) Quais são as apropriações das mídias feitas pelos estudantes na

construção da comunicação e do conhecimento em sala de aula?

A coleta de dados envolveu questionários, entrevistas e, crucialmente, a

técnica de observação participante. A observação realizada buscou identificar a

apropriação das mídias nas disciplinas estudadas. Neste processo de

observação, adotamos a postura de pesquisador, assistindo as aulas, lendo os

textos e fazendo interferências, como exemplo, a participação na ambiência

midiática (EaD) ou auxílio nas discussões temáticas e elaboração de texto. A

utilização desse procedimento de coleta de dados proporcionou, além da

vivência, o rápido acesso aos documentos, dados das disciplinas e dos

participantes. Foi possível obter informações relevantes para a construção de

um rico diário de campo e, assim, estabelecer uma base para descrição do

cenário estudado.

Para a apreciação dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin

(2000), revelada como uma técnica essencialmente interpretativa que demanda

um trabalho de observação atento e que ultrapassa a compreensão imediata e

espontânea (RIZZINI, 1999, p. 91).

O grupo de participantes incluiu dois professores doutores, que lecionam as

disciplinas investigadas e também atuam na pós-graduação e pesquisa sobre

temáticas relevantes a pesquisa. Além dos docentes, participaram da pesquisa

16 estudantes e um estagiário docente (doutorando) de uma universidade, bem

como 29 estudantes e uma estagiária docente (mestranda) da outra,

Page 45: Anais   dia nacional da ea d 2012

45

totalizando 49 participantes. Para preservar a identidade dos envolvidos na

pesquisa, as Universidades foram tratadas como Universidade A e

Universidade B. Na Universidade A, a investigação foi conduzida na disciplina

Mídia, Tecnologias e Educação, e na Universidade B, a disciplina analisada foi

a Didática, ambas ministradas no segundo semestre de 2011.

DAS DISCIPLINAS E SUA PRÁTICA

Mídia, Tecnologias e Educação

A disciplina analisada na Universidade A é oferecida no 6º período, e seu

nome, Mídia, Tecnologias e Educação, reflete uma proposta de estudo que

contempla a análise das relações entre essas áreas, com ênfase nas mídias e

na EaD enquanto espaço de aprendizagem. A experiência de aprendizagem

oferecida pela disciplina foi organizada em torno de temas propostos

gradualmente ao longo do semestre e explorados através de aulas expositivas,

discussões dirigidas, leitura de textos, vídeos e, crucialmente, atividades

práticas na forma de oficinas. O livro Por que estudar a mídia?

(SILVERSTONE, 2002) ofereceu o principal suporte teórico para os objetivos

da disciplina, tendo sido utilizado como leitura obrigatória.

A disciplina em foco também se apropriou da ambiência midiática Ning, uma

rede social que foi utilizada nos moldes da EaD. Neste ambiente a coletividade

é privilegiada e o discente pode criar o seu perfil, visitar o perfil dos outros

colegas de turma, adicionar “conteúdos”, participar de chats, entre outros. Ao

longo do semestre, a ambiência midiática foi utilizada para diversas atividades,

entre elas: postagem de textos, vídeos e resumos das aulas, compartilhamento

dos slides de seminários e reuniões de pauta para a criação do produto

audiovisual.

Didática

Na Universidade B, investigamos a disciplina Didática, do 4º período. A ementa

define seus dois objetivos centrais: o primeiro é a formação para o

direcionamento e organização do trabalho pedagógico em sala de aula nas

Page 46: Anais   dia nacional da ea d 2012

46

dimensões “psicoafetiva, técnica e sociopolítica”; o segundo foco está em

contribuir para reflexão e aprendizado sobre as práticas educativas cotidianas.

Apesar de não destacar como tópico de estudo teórico a apropriação e a

educação para as mídias, discussões e práticas relevantes foram integradas,

ao longo do semestre, de forma transversal.

O ambiente online da disciplina consiste em um Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA) implementado com o software livre Modular Object-

Oriented Dynamic Learning Environment, Moodle. Utilizado em paralelo com as

aulas presenciais, essa ambiência foi trabalhada como um espaço de autoria,

interatividade e encontro virtual, no qual o professor e os discentes refletiam

acerca dos temas abordados em sala, desenvolveram trabalhos coletivamente

e compartilharam suas produções. No Moodle, os discentes participaram de

fóruns sobre os estudos das aulas, e em uma wiki criaram os textos coletivos

dos seminários. O Moodle também foi usado pelo docente para postar vídeos

com as temáticas cibercultura e educação, informática na educação, Web 2.0 e

wiki.

Da mesma forma observada na disciplina Mídia, Tecnologias e Educação, na

Didática o professor também atuou direcionando e mediando os estudos e

práticas.

Mídias no Trabalho Docente

Os usos das mídias no trabalho docente conduzido na formação de pedagogos

constituem um assunto de muita importância, pois esses profissionais estão

formando os futuros educadores que poderão atuar como professores das

séries iniciais e das disciplinas pedagógicas do curso Normal, como gestores

dos processos educativos escolares e não escolares, bem como na produção e

difusão do conhecimento do campo educacional. A graduação em Pedagogia

é, de fato, o único espaço adequado na universidade para a formação dos

docentes e pesquisadores para esse nível de escolarização (PIMENTA, 2004,

p. 07).

Os professores das disciplinas em foco, Mídia, Tecnologias e Educação e

Didática, apropriaram-se das mídias e da EaD para introduzir assuntos,

centrados nas mídias ou não, relacionar-se com os discentes e para expor e

Page 47: Anais   dia nacional da ea d 2012

47

produzir “conteúdos”, abrangendo, assim, diferentes temas, metodologias e

atividades. A regularidade com que os docentes usaram as mídias em sala de

aula, em especial o computador com acesso à Internet, chegou a quase 100%

do tempo durante o qual a pesquisadora esteve no campo.

Ao analisarmos especificamente os usos das mídias feitos pelos docentes, foi

possível perceber que essas utilizações ocorreram de forma relativamente

fluente e isenta de problemas. Entretanto, precisamos considerar que estes

docentes já têm, internalizado através da sua formação uma compreensão de

que as mídias são elementos da cultura contemporânea e, por isso, são

indispensáveis em seu trabalho. O cenário com relação às percepções e

concepções dos discentes pode ser bastante diferente, pois mesmo que

tenham essas mídias já incorporadas em seu cotidiano, podem ter visões

bastante limitadas de sua utilidade em contextos educacionais.

Os usos das mídias em sala de aula realizados pelos professores podem ser

analisados a partir da perspectiva de uso instrumental (HABERMAS, 1980) e

de ferramentas pedagógicas de Belloni (2009). Segundo Habermas (1980, p.

320), essas apropriações das mídias para projetar apresentações em slides,

exibir filmes, acessar a Internet e ambiências midiáticas, entre outros,

ilustrariam o uso instrumental, isto é, de maneira técnica. O autor afirma que a

instrumentalização é necessária e apenas se torna um problema quando essas

regras técnicas, baseadas apenas no saber prático, se tornam os fins, o que

não é o caso das disciplinas em foco (GONÇALVES, 1999, p. 128).

Por isso, sinalizamos que esses diferentes usos feitos pelos docentes, que

precisam de um saber instrumental, são necessários e consistentes com a

concepção de mídia-educação adotada na pesquisa. Essas apropriações das

mídias realizadas pelos docentes corroboram a dimensão dessas enquanto

ferramenta pedagógica que, segundo Belloni (2009, p.09), “são extremamente

ricas e proveitosas para melhoria e expansão do ensino”. Constatamos,

também, que essa utilização das mídias está sujeita a vários fatores, dentre

eles, a fluência que os professores e estudantes têm no uso instrumental das

mídias.

De fato, os docentes propuseram o uso das mídias para os discentes através

de uma perspectiva formativa que contempla as dimensões abordadas por

Belloni (2009). Esses usos propostos pelos docentes fomentaram um exercício

Page 48: Anais   dia nacional da ea d 2012

48

e um olhar mais amplo sobre o que é a educação para as mídias, e isso se

traduz em uma formação mídia-educativa que sugere uma pretensão de

equilibrar o uso instrumental e a formação para a leitura crítica das mídias.

Desse modo, enfatizamos que nas duas disciplinas os professores se

preocuparam em direcionar seus usos das mídias para uma forma que as

potencializasse, encorajando os discentes a se tornarem futuros pedagogos

que se apropriarão das mídias com habilidades instrumentais e criativas, de

modo a possibilitar a autoria. Verificamos que os docentes não estavam

preocupados em fazer com que os estudantes aprendessem a usar melhor as

mídias e suas possibilidades de práticas de EaD apenas pelas mídias, mas,

que eles internalizassem em sua formação a concepção de que as mídias são

elementos da cultura contemporânea e, por isso, são indispensáveis na ação e

formação do pedagogo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se, pois, concluir, a par das observações das aulas, que certamente as

dimensão de ferramenta pedagógica e de criação perpassam os usos que os

docentes participantes da pesquisa fazem das mídias em sua sala de aula e

nas ambiências da EaD. Essas perspectivas tornam-se primordiais para os

docentes que têm as mídias como objeto de seu trabalho. Entender as mídias

como ferramentas pedagógicas e estimuladoras de ações criativas e autorais é

fundamental para potencializar a educação. Contudo, o saber prático deve ser

atrelado a uma formação de leitura crítica das mídias, a fim de que o professor

possa alcançar uma educação para as mídias que tenha em sua essência um

direcionamento para as mídias enquanto objeto de estudo (BELLONI, 2009).

Os docentes das disciplinas Mídia, Tecnologias e Educação e Didática

buscaram trazer para o curso de Pedagogia as mídias através dos dois eixos

norteadores que são o uso instrumental e a leitura crítica das mídias. O

primeiro eixo concretizado no trabalho dos docentes se traduz na formação de

pedagogos que sabem do uso das mídias nas mais diversas práticas

pedagógicas. O segundo eixo, também concretizado no trabalho dos docentes,

exprime uma formação de pedagogos com uma visão que ultrapassa o ir contra

ou a favor das mídias na educação. A visão proposta se traduz em uma

Page 49: Anais   dia nacional da ea d 2012

49

formação que desafia a subutilização das mídias e da EaD na esfera

educacional, tanto no aspecto instrumental quanto no de leitura crítica.

Frente ao exposto, torna-se relevante, ao final, esclarecer que os resultados

obtidos nesta pesquisa são específicos das Universidades e seus cursos de

Pedagogia estudados, ou seja, particulares do trabalho dos docentes com as

mídias e com a EaD nas disciplinas Mídia, Tecnologias e Educação e Didática.

Em outras disciplinas, de outros contextos, as apropriações das mídias na

educação podem apresentar diferentes práticas. Deste modo, somando-se a

literatura da área, este texto pretende contribuir para os estudos que dão

ênfase à temática mídia, aprendizagem e as experiências metodológicas em

EaD.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2000. BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. 3.ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2009. FANTIN, Mônica. Dos consumos culturais aos usos das mídias e tecnologias na prática docente. Motrivivência, Santa Catarina, n. 34, jun. 2010. p. 12-24. GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Teoria da educação comunicativa de Habermas: possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação e Sociedade, Campinas, v. 20, n. 66, abr. 1999. p. 125-140. HABERMAS, Jürgen..Técnica e ciência enquanto ideologia. In: BENJAMIN, Walter; HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor; HABERMAS, Jürgen. Textos escolhidos. Trad. Zeljiko Loparic e Andréa Maria Altino de Campo Loparic. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 313 – 343. (Coleção Os pensadores). LEITE, Lígia Silva. Mídia e a perspectiva da tecnologia educacional no processo pedagógico contemporâneo. In: FREIRE, Wendel (Org.). Tecnologia e educação: as mídias na prática docente. Rio de Janeiro, Wak, 2008. p. 61-77. LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1999. MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e aprender com as tecnologias. Interações, v. 5, n. 9, jan/jun, 2000. p. 57-72. PIMENTA, Selma Garrido. Pedagogia: sobre Diretrizes Curriculares. In: Fórum Nacional de Pedagogia, Belo Horizonte, 2004. RIZZINI, Irma. (Org.). Pesquisando... : guia de metodologias de pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: USU Ed. Universitária, 1999.

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Page 51: Anais   dia nacional da ea d 2012

51

A Formação Docente

para a EAD

Carla Marina Neto das Neves Lobo

Claudia Toffano Benevento

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Meu nome é CARLA MARINA NETO DAS NEVES LOBO. Sou

graduada em Pedagogia (UFF), Pós-Graduada em Literatura

Infanto Juvenil (UFF) e Metodologias e Gestão em Educação a

Distância (UniAnhanguera Educional), atualmente aprovado no

Curso de Pós Graduação em Planejamento, Implementação e

Gestão da Educação a Distância (UFF). Sou Mestre em

Educação (UFF) e minha Linha de Pesquisa foi em Políticas

Públicas e Movimentos Sociais, cujo foco principal foi a

formação docente e os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Costumo participar de eventos relacionados a Educação

buscando um aperfeiçoamento constante. Atualmente, além

de docente em aulas presenciais na Graduação e na Pós

Graduação Lato Sensu, atuei como tutora presencial na Pós-

Graduação Lato Sensu semi presencial assessorando

professores e alunos no desafio profissional.

Cla

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to Meu nome é Claudia Toffano Benevento. Sou graduada em

Pedagogia (UNIPLI/RJ). Pós Graduada em Raças, Etnias e

Educação no Brasil – UFF/RJ; Informática Educativa – AVM/RJ;

Metodologias e Gestão em Educação a Distância –

UniAnhanguera/RJ. Mestranda em Política Social – UFF/RJ.

Minha experiência profissional é como Professora-tutora na

Universidade Anhanguera/SP na disciplina Tecnologia em

Gestão (graduação) e Professora-tutora presencial da

Universidade UNIPLI/Anhanguera/RJ na disciplina Metodologia

da Pesquisa Científica dos Cursos de Pós Graduação Lato

Sensu.

RESUMO

Como objeto de estudo será discutido a história da Educação a Distância (EaD)

como um processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, onde

professores e alunos estão separados geograficamente, separados espacial

e/ou temporalmente, que significa a educação, no sentido amplo de formação;

possibilitando que professores e alunos, por não estarem normalmente juntos,

Page 52: Anais   dia nacional da ea d 2012

52

fisicamente, possam estar conectados, interligados por tecnologias,

principalmente as telemáticas, como a Internet. Assim sendo, visando

especificar o assunto a ser tratado neste trabalho delimita-se o objeto de

estudo na área de formação de professores que atuam na modalidade

Educação a Distância. A questão norteadora que motiva nosso estudo é: como

a literatura vem registrando a formação docente na última década para a

modalidade Educação a Distância (EaD)? O presente trabalho objetivou

analisar a formação docente no manejo das novas tecnologias visando

identificar possibilidades de ensino aprendizagem por meio da educação a

distância; identificar as produções científicas na área de formação de

professores para atuarem na modalidade educação a distância; descrever o

papel docente frente as necessidades e habilidades individuais e as de grupo,

de forma presencial e virtual. Caracteriza-se a pesquisa quanto aos objetivos

como um estudo descritivo, que tem como principal objetivo descrever as

características de determinada população ou fenômeno; e exploratório, pois

este, na maioria dos casos, envolve levantamento bibliográfico do problema

pesquisado. Para elaboração deste estudo optamos por uma pesquisa

bibliográfica, pois é desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos.

Palavras Chave: Educação a distância; Formação de professores; Ensino

aprendizagem; Novas tecnologias; Ensino presencial e a distância.

1. INTRODUÇÃO

As primeiras manifestações que a literatura apresenta como o exercício de

comunicação a distância são os desenhos registrados nas pedras, promovendo

a comunicação entre pessoas presentes, ou não, no mesmo momento e local.

No entanto, a possibilidade de ensino a distância só foi possível no séc. XV

com a invenção da imprensa, facilitando assim a produção e reprodução do

conhecimento além de possibilitar a comunicação e socialização da

documentação para um maior número de pessoas.

A história da Educação a Distância (EaD) definido por Moran (s/a) “como o

processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual

Page 53: Anais   dia nacional da ea d 2012

53

professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”, localiza a

educação no sentido amplo de formação: professores e alunos, por não

estarem normalmente juntos, fisicamente, “podem estar conectados,

interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet.

Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-

ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes”. Assim sendo, visando

especificar o assunto a ser tratado neste artigo delimita-se o objeto de estudo

na área de formação de professores que atuam na modalidade Educação a

Distância.

A Educação a Distância após sua Regulamentação em 1996, com a

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB nº

9394/96, deixou de ser Projeto Experimental e passou a ser vista como

estratégia de ampliação democrática do acesso à educação de qualidade.

(LOBO NETO, 2000). Como estratégia de ampliação democrática visa

“recuperar” a história de muitos no âmbito da educação. Vista como direito do

cidadão e dever do Estado e da sociedade os textos oficiais possibilitam a uma

parcela significativa da população oportunidades educativas por meio de uma

sofisticada tecnologia. Quanto a oferta o Art. 80, no Título VIII: Das Disposições

Gerais, estabelece:

a educação a distância será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União;

caberá à União regulamentar requisito para realização de exames, para registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância. (BRASIL, 1996).

A mesma lei em outros artigos refere-se a EaD como no art. 32, parág. 4º

determina que o ensino fundamental deva ser presencial, limitando a utilização

do ensino a distância, nesse nível, a dois casos: complementação de

aprendizagem e situações emergenciais; art. 47 parág. 3º trata do ensino

superior isentando professores e alunos da frequência obrigatória nos

programas de educação a distância; art. 87 parág. 3º quando trata da década

da educação estabelecendo que devem ser providos cursos a distância para

jovens e adultos insuficientemente escolarizados (item II), além de determinar a

realização de programas de capacitação a todos os professores em exercício

utilizando os recursos da EaD (item III).

Page 54: Anais   dia nacional da ea d 2012

54

Quanto a abrangência ainda destaca-se o Art. 1º do Decreto Lei nº 5 622/

2005, que finalmente regulamenta a EaD no Brasil:

caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou em tempos diversos. (BRASIL, 2005).

Diante da relevância do Art. 1º do Decreto Lei citado acima a questão

norteadora que motiva nosso estudo é: como a literatura vem registrando a

formação docente na última década para a modalidade Educação a Distância

(EaD)?

A expressão "ensino a distância" dá ênfase ao papel do professor (como

alguém que ensina a distância), que viabiliza interagir com aquele que está

fisicamente distante, não lhe oferecendo algo pronto, mas possibilitando um

equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de

forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente,

trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados.

Logo, novas possibilidades de ensino-aprendizagem se constituem causando-

me certa inquietação; afinal como professora universitária tenho interesse em

aprofundar meus estudos em torno do processo ensino-aprendizagem mediado

pelo ensino a distância; enfocando a formação docente para tal modalidade na

última década.

Objetiva-se analisar a formação docente no manejo das novas tecnologias

visando identificar possibilidades de ensino aprendizagem por meio da

educação a distância; identificar as produções científicas na área de formação

de professores para atuarem na modalidade educação a distância; descrever o

papel docente frente as necessidades e habilidades individuais e as de grupo,

de forma presencial e virtual.

2. METODOLOGIA

A abordagem utilizada foi a qualitativa, pois esta abordagem está direcionada

para investigação dos significados das relações humanas em que suas atitudes

Page 55: Anais   dia nacional da ea d 2012

55

são influenciadas pelas emoções e ou sentimentos aflorados diante das

situações vivenciadas no cotidiano. (MINAYO et al., 2007).

Quanto aos objetivos caracteriza-se a pesquisa como um estudo descritivo,

que tem como principal objetivo descrever as características de determinada

população ou fenômeno; e exploratório, pois este, na maioria dos casos,

envolve levantamento bibliográfico do problema pesquisado. (FIGUEIREDO,

2008).

Para elaboração deste estudo optamos por uma pesquisa bibliográfica, pois Gil

(2002) descreve que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em

material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.

Embora em quase todos os estudos sejam exigidos algum tipo de trabalho

dessa natureza, a pesquisa é desenvolvida exclusivamente a partir de fontes

bibliográficas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As necessidades expressas pelo mercado de trabalho e as recentes

abordagens do Parecer do Conselho Nacional de Educação nº 5/2005 (apud

SAVIANI, 2008, p.243) sobre a formação de docentes, dentre as quais se

destaca “...sendo a organização escolar eminentemente colegiada, cabe prever

que todos os licenciados possam ter oportunidades de ulterior aprofundamento

da formação pertinente, ao longo de sua vida profissional”, justificam a atenção

destinada a qualificação de profissionais formados em cursos de licenciatura na

modalidade presencial mas, por inserir-se de forma relevante no contexto de

ambientes virtuais de aprendizagem, considera-se necessária a atualização

dos mesmos para atuarem neste novo cenário.

Do ponto de vista teórico-metodológico a proposta é sedimentada nos seguintes pilares:

“(...) a experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino” (BRASIL, 1996).

“(...) o domínio da dimensão teórica do conhecimento para a atuação profissional é essencial, mas não é suficiente ... o ponto de partida e de chegada da formação é a atuação profissional...” (BRASIL, 2000, p.36).

“(...) para que seja realmente um processo participativo é preciso participação nas responsabilidades de elaboração, execução e avaliação e não apenas na execução. Este procedimento - a participação no processo global de planejamento - repercutirá na vida da escola...” (DALMÁS, 1994, p.21).

Page 56: Anais   dia nacional da ea d 2012

56

As Secretarias Municipais de Educação e os sistemas de ensino continuam

necessitando da participação de todos os profissionais para construir uma

educação realmente democrática e de qualidade, o que nos leva a afirmar que

a ação integrada permite a presença na escola de profissionais antenados às

tecnologias de informação e da comunicação, não mais como categorias

controvertidas e oponentes, mas como profissionais que pensam os objetivos

educacionais e o processo pedagógico escolar de forma instrumentalizada pela

modalidade de ensino a distância.

Para Demo (2001), qualidade em educação implica em qualidade acadêmica,

que se origina na produção original do conhecimento, por meio da docência;

qualidade social decorrente das atividades de ensino, de pesquisa e de

extensão; qualidade educativa é a capacidade das instituições atuarem na

formação plena do cidadão, para que possam contribuir e interferir em suas

respectivas realidades sociais.

Tal conceito implica portanto em uma avaliação constante das estruturas e dos

processos decorrentes do ensino, neste caso, a distância. A Gestão de

Educação a Distância requer estratégias para o gerenciamento, tais como:

acadêmico (serviços aos estudantes e docentes); pedagógico (processos e

metodologias de ensino aprendizagem que potencializem a formação e a

aprendizagem em rede); tecnológico (softwares de apoio e de gestão dos

processos e dos serviços); articulação com a estrutura da própria instituição; e,

avaliação permanente e integral do sistema.

De acordo com os Referenciais de Qualidade em EaD (BRASIL, 2007), o

sucesso de um projeto de educação a distância envolve o atendimento à

legislação vigente; a inovação pedagógica e tecnológica; uma proposta

curricular em sintonia com a sociedade da informação e do conhecimento; uma

rede de cooperação e de intercâmbio, estudantes e professores

compartilharem com outras instituições; uma gestão descentralizada que preza

pelo processo ágil de tomada de decisões.

Ao perpassar a qualidade em EaD citando a prática pedagógica, os

Referencias relacionam-se a didática como indicador de qualidade da EaD,

para tal é necessário compreender os elementos que constituem a prática

pedagógica e suas implicações na qualidade do ensino ministrado a distância.

Como o objeto de estudo da didática é o ensino, como se ensina e como se

Page 57: Anais   dia nacional da ea d 2012

57

aprende, a didática para a EaD precisa considerar o perfil do aluno. A avaliação

tem fundamental importância para o processo de ensino e sua eficácia advém

da qualidade do material didático disponibilizado para os estudos da disciplina,

do qual as atividades de avaliação fazem parte.

A avaliação compreende as diferentes etapas de um planejamento educacional

e, por isso, caracteriza-se pelas suas funções diagnóstica, formativa e

somativa. Assim, a avaliação nos processos de EaD é instrumento para

verificar, entre outros aspectos a aprendizagem; por meio de instrumentos de

verificação por disciplina, por competência ou por módulo de estudo; o nível de

satisfação dos alunos; as características da qualidade do curso; a eficiência e a

eficácia dos processos; as características a serem agregadas ao sistema para

a eficácia dos serviços.

Para avaliar, portanto, os resultados da execução e do desenvolvimento dos

processos de educação a distância – decorrentes dos processos de ensino e

de aprendizagem e dos processos de gestão institucional – em relação ao

desempenho planejado; os desvios devem ser apurados e, sempre que

possível, corrigidos. O modo de coletar os dados deve propiciar a visão

generalista.

3.1. A formação docente para a EaD

Nos últimos 20 anos a questão da formação docente está no centro do debate

das políticas nacionais e internacionais chamando atenção para as dimensões

ideológicas, econômicas e político pedagógicas.

Ao citar a formação docente para a EaD exige marcar o deslocamento nesses

últimos anos da formação para a capacitação em serviço. Para Barreto (2001,

p.12), “falar de formação de professores hoje já não é falar da formação inicial,

ou mesmo da dicotomia entre formação inicial e continuada, mas falar de

capacitação em serviço e, até, de certificação.”

Os desafios da modernidade atrelados a mudança de paradigma na formação

docente tem as tecnologias como estratégia para a atualização desse

segmento de profissionais como um todo. No entanto, as políticas de formação

de professores precisam estar atentas aos professores que atuarão no modelo

EaD, estabelecendo políticas de formação específicas para este grupo de

profissionais. Esta proposta parte do princípio que é fundamental o

reconhecimento de novas possibilidades para a educação. Segundo as

Page 58: Anais   dia nacional da ea d 2012

58

Diretrizes, estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE apud

BARRETO, 2001), a EaD é considerada como

uma abertura de grande alcance para a política

educacional. É preciso ampliar o conceito de educação a

distância para poder incorporar todas as possibilidades

para as tecnologias de comunicação possam propiciar a

todos os níveis e modalidades de educação, seja por

meio de correspondência, transmissão radiofônica e

televisiva, programas de computador, internet, seja por

meio dos mais recentes processos de utilização

conjugada de meios como a telemática e a multimídia.

(PNE apud BARRETO, 2001, p. 24).

Não podemos cair no engodo mais uma vez da formação aligeirada dos que

irão atuar diretamente com esta modalidade de ensino. Precisamos repensar, a

EaD sustenta a política atual de mercado minimizando a formação profissional?

Segundo Barreto (2001, p.23), a resposta é afirmativa pois

(...) a capacitação em serviço 'substituindo' ou

preenchendo as lacunas de uma formação inicial

descuidada; a valorização do ensino desvinculado da

pesquisa; a concentração nos novos materiais em si; o

'sistema tecnológico' no lugar do sujeito; os 'métodos,

técnicas e tecnologias de educação a distância'

sustentando o que o MEC representa como sendo a

'construção de um novo paradigma para a educação

brasileira'. (BARRETO, 2001, p.23).

Do ponto de vista do profissional que atua, a EaD não pode ficar restrita ao que

a LDB nº 9394/96 considera: “instrumento de formação e capacitação de

professores em serviço.” (BARRETO, 2001, p. 25). Como instrumento

submete-se a finalidade de formar professores a distância com certificação.

Precisa superar esta finalidade já que o ensino a distância está associado a

“novas linguagens”, a “novas tecnologias” avaliando que “o ensino presencial

fica 'mais' velho, desgastado, esvaziado.” (BARRETO, 2001, p. 26). este

caso, o investimento dos governantes em relação a democratização e elevação

do padrão de qualidade da educação brasileira, não pode se restringir a

certificação em larga escola, a homogeneização e nivelamento por baixo do

ensino, simplificação das questões, levando a população, que busca por tal

formação, a um “apartheid educacional”. (BARRETO, 2001, p. 22).

Page 59: Anais   dia nacional da ea d 2012

59

A nova perspectiva de formação, no nosso entender, precisa voltar suas lentes

não só para a formação básica e continuada dos profissionais da educação

mas também precisa repensar

(...) o discurso da urgência, da solução mágica e, no bojo

de ambos, a desqualificação do saber profissional dos

educadores e a desvalorização do seu fazer, já que às

exigências decorrentes das propostas de mudança não

corresponde restrição salarial, formativa e trabalhista

adequada […] Autoritarismo e arrogância camuflados nos

argumentos de 'orientação e capacitação técnica'. (PNE

apud BARRETO, 2001, p. 20).

Tal perspectiva não pode “reduzir a formação ao treinamento das habilidades

desejáveis ao manejo dos materiais de ensino que, traduzindo os parâmetros

curriculares estabelecidos, favoreçam um bom desempenho na avaliação das

competências estabelecidas.” (BARRETO, 2001, p. 18).

Nesta linha de pensamento novamente nos colocamos na posição vertical de

ensino apesar de serem oferecidos programas diversificados longe da proposta

tecnicista. No entanto, questionamos se a abordagem progressista presente

nos documentos legais do MEC, que tem Piaget e Vigotsky como referências

realmente estão inseridos na EaD. Ou seria mais um engodo político

pedagógico mascarando o modelo vertical por meio de um discurso horizontal?

A educação, segundo AAVV (2000 apud PRETTO, 2001, p. 32) “é um elemento

importante pelo qual a sociedade pode disponibilizar para todos seus cidadãos

o acesso às possibilidades de seu desenvolvimento integral como seres

humanos, em suas dimensões social e individual, objetiva e subjetiva.”

Assim, o desafio dos formadores em EaD está relacionado à criação de

condições em seus espaços virtuais para que o aluno em formação tenha

(...) acesso à informação, ao conhecimento, e capacidade

de processá-los significativamente dentro da

subjetividade individual e do contexto de cada um em

particular. Meios físicos, culturais e sociais, que permitam

a participação ativa na configuração de âmbitos

cognitivos, expressivos, de interação social e de

manifestação política. Acesso informado às facilidades,

serviços e bens produzidos pela sociedade, com meios

que facilitem uma interação em que o indivíduo não seja

esmagado pelo poder econômico ou político. (AAVV,

2000 apud PRETTO, 2001, p. 33).

Page 60: Anais   dia nacional da ea d 2012

60

Para tal o professor e o tutor precisam estar preparados para compreender a

EaD não como a solução da universalização do saber, mas como aquela que

nos possibilitará discutir as questões ligadas à cidadania, à subjetividade e à

diversidade por meio da intensa reflexão sobre as concepções de educação e

de sociedade que estamos formalizando em pleno século XXI.

Pretto (2001) ainda chama atenção para a era tecnológica e para o cuidado

com a introdução de um novo tipo de exclusão social: a digital.

A inclusão das tecnologias de informação e da comunicação, as chamadas

TID, como estratégia para promover a modalidade de EaD possibilita uma

mudança na construção do saber e sua transmissão além de estabelecer a

valorização da qualidade da ação educacional; um novo tempo e ritmo de

aprendizagem; investigação da inteligência coletiva dos alunos;

reconhecimento das experiências adquiridas. Para Rosini (2007),

a educação a distância, como proposta alternativa do processo ensino-aprendizagem, significa pensar em um modelo de comunicação, capaz de fundamentar e instrumentalizar a estratégia didática, o que se faz necessário porque muitos sistemas de EaD deturpam e distorcem a comunicação. A partir de estudos e experiências comunicacionais, surgem novos modelos de comunicação, em que o emissor não apenas transmite mensagens, mas promove processos de diálogo e participação. Assim, na educação e na comunicação, conforme comprovam os estudiosos do assunto, há muitos aspectos convergentes para abrir caminho a propostas alternativas, tanto na educação presencial quanto na educação a distância. (ROSINI, 2007, p. 65-66).

O autor sugere a aprendizagem colaborativa para que a EaD trabalhe sob a

perspectiva horizontalizada de ensino superando a visão tradicional: “A

principal diferença dessas abordagens está no fato de que a aprendizagem

colaborativa é centrado no aluno e no processo de construção do

conhecimento, ao passo que a tradicional é centrada no professor e na

transmissão do conteúdo disciplinar.” (ROSI I, 2007, p. 66).

Como estratégia educacional a aprendizagem colaborativa desenvolve

um ambiente que incentive o trabalho em grupo,

respeitando as diferenças individuais. Todos os

integrantes possuem um objetivo em comum e interagem

entre si em um processo em que o aluno é um sujeito

Page 61: Anais   dia nacional da ea d 2012

61

ativo na construção do conhecimento, enquanto o

educador é um mediador, orientador e condutor do

processo educativo. (ROSINI, 2007, p. 66).

O desafio novamente está no papel do educador que deixa de apenas informar

ou formar e passa também a “incentivar seus alunos a obter uma

aprendizagem mais participativa e evolutiva.” (ROSI I, 2007, p. 67).

As novas gerações estão diante de uma sociedade conectada a uma rede que

atinge a todos, mesmo aquelas que não estão diretamente vinculados. O

ensino precisa estar atento a isso, não mais massificando e manipulando o

cidadão mas contribuindo para o fortalecimento de sua história “de forma

competente, responsável, crítica, criativa e solidária.” (ROSI I, 2007, p. 70).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implantação do sistema de educação a distância no território brasileiro passa

por critérios de avaliação bastante rigorosos, tais como: do contexto

educacional com análise do projeto político pedagógico da instituição; dos

profissionais envolvidos no processo de elaboração, implantação e tutoria dos

cursos ofertados ao público; por fim, aspectos infra estruturais para a

viabilização dos cursos.

O sucesso de um projeto de educação a distância envolve o atendimento à

legislação vigente; a inovação pedagógica e tecnológica; uma proposta

curricular em sintonia com a sociedade da informação e do conhecimento; uma

rede de cooperação e de intercâmbio, estudantes e professores

compartilharem com outras instituições; uma gestão descentralizada que preza

pelo processo ágil de tomada de decisões. Para tal é necessário compreender

os elementos que constituem a prática pedagógica e suas implicações na

qualidade do ensino ministrado a distância.

Quanto a questão que norteia nosso estudo conclui-se que as tecnologias são

importantes para a educação presencial e a distância. Identificamos no

referencial teórico estudado uma tendência das instituições de ensino

oferecerem cursos que combinam presença e distância. Neste caso, em breve

“não mais usaremos essa distinção tão comum hoje em nosso vocabulário:

falaremos em educação sabendo que ela incorpora atividades de

Page 62: Anais   dia nacional da ea d 2012

62

aprendizagem presenciais e atividades de aprendizagem a distância.” (ROSI I,

2007, p. 68).

Assim, a educação precisa ser vista “como a estratégia determinada pelas

sociedades para levar cada indivíduo a desenvolver seu potencial criativo e,

por sua vez, aperfeiçoar sua capacidade de se engajar em ações comuns.”

(D'AMBRÓSIO, 2001 apud ROSINI, 2007, p. 57). Dessa forma podemos

alcançar os quatro pilares da Educação para século XXI estabelecidos pela

UNESCO (apud DELORS, 2003): “aprender a conhecer, aprender a fazer,

aprender a ser e aprender a viver juntos.”

REFERÊNCIAS

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Page 64: Anais   dia nacional da ea d 2012

64

A Educação a Distância e a Educação Online na

Formação/Informação dos Docentes

Contemporâneos Alexander Schio;

Danusa Massafferri Rodrigues

GT

2

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Formado em Web Designer pelo SENAI Artes Gráficas - RJ

(2007). Atualmente é aluno universitário no curso de

Licenciatura em História da Universidade Candido Mendes.

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Graduada em Direito pela Universidade Candido Mendes

(1995), ingressou em 2009 no curso de Formação de

professores no Colégio Maria José Imperial, atualmente está

no 3º período de Licenciatura em Letras Português/Inglês na

Universidade Cândido Mendes e atuando como professora de

Educação Infantil no município do Rio de Janeiro.

Resumo

Nosso relato de experiência tem por objetivo apresentar um Curso, numa

plataforma de EAD, elaborado para o trabalho final de uma disciplina

pedagógica das Licenciaturas de História e Letras de uma universidade

particular do Estado do Rio de Janeiro. O curso busca apresentar a evolução

da Educação à Distância, mostrar a diferença existente entre os conceitos de

Educação à Distância e Educação online, apontar as dificuldades pedagógicas

e sociais desse novo modelo educacional, demonstrando também os enormes

Page 65: Anais   dia nacional da ea d 2012

65

desafios a serem superados no uso do ambiente virtual, como recurso de

formação cultural, escolar e profissional dos indivíduos. Nos últimos dez anos,

temos assistido ao rápido avanço tecnológico e suas repercussões definitivas

no progresso científico e educacional sem, contudo, dar conta da problemática

da sociedade, cada vez mais desigual. Uma das questões presentes nas

discussões é o novo tipo de associação entre ensino, educação e

aprendizagem e as diferenças entre os conceitos de formar e informar, treinar,

educar, ensinar e aprender, fato este que amplia a responsabilidade dos

docentes nas instituições educativas em seus diferentes níveis. A EAD On

Line, pelas suas próprias características, se constitui num canal privilegiado de

interação constante com o desenvolvimento científico e tecnológico dentro do

setor das Comunicações. Como qualquer forma de educação, precisa se firmar

como uma prática social significativa em relação a todo e qualquer projeto de

ensino. Só assim é que o ensino a distância pode ser considerado um ensino

de credibilidade, capaz de se transformar num mecanismo de democratização

do acesso a novas linguagens mediáticas e a inserção ou reinserção de

contingentes de excluídos da sociedade digitalizada e globalizada.

PALAVRAS-CHAVES Educação On Line, Ensino à distância, prática docente,

tutoria on line, EaD, EoL.

I – INTRODUÇÃO

Frequentemente Ensino a Distância e Educação a Distância são utilizados

como sinônimos, no contexto do processo de aprendizagem. Segundo Maroto

(1995), enquanto ensino expressa treinamento, instrução, transmissão de

informações etc., a educação é estratégia básica de formação humana, isto é,

aprender a aprender, criar, inovar, construir conhecimento, participar etc. É

importante termos claro que concepção filosófico-política de educação vamos

adotar na organização, planejamento e desenvolvimento de projetos educativos

na modalidade de educação a distância.

EAD OU EDUCAÇÃO ONLINE?

Educação a distância é a modalidade de ensino que permite que o aprendiz

não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-

Page 66: Anais   dia nacional da ea d 2012

66

aprendizagem. Diz respeito também à separação temporal ou espacial entre o

professor e o aprendiz.

De acordo com a legislação educacional brasileira, "educação a distância é

uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de

recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes

suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados

pelos diversos meios de comunicação" (definição que consta no Decreto n.º

2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB lei n.º

9.394/96).

EDUCAÇÃO ONLINE

Suas principais características são:

Intertextualidade: conexões com outros sites ou documentos;

Intratextualidade: conexões no mesmo documento;

Multivocalidade: multiplicidade de pontos de vista;

Usabilidade: percursos de fácil navegabilidade intuitiva;

Hipermidiaticidade: convergência de vários suportes midiáticos abertos a

novos links e agregações e de várias linguagens (som, texto, imagens, vídeo,

mapas).

Tabela 1 – Quadro comparativo EAD x EDUCAÇÃO ONLINE

EAD

Modalidade Unidirecional

EDUCAÇÃO ONLINE

Modalidade Interativa

Mensagem: fechada, imutável, linear, sequencial.

Emissor: “contador de história” que atrai o receptor (de maneira mais ou menos sedutora e/ou por imposição) para o seu universo mental, seu imaginário.

Mensagem: modificável, em mutação na medida que responde às solicitações daquele que a manipula.

Emissor: “designer de software”, constrói uma rede (não uma rota) e define um conjunto de territórios a explorar; ele não oferece uma história a ouvir, mas um conjunto intrincado (labirinto) de territórios abertos a navegações e dispostos a interferências, a modificações

Receptor: “usuário”,

Page 67: Anais   dia nacional da ea d 2012

67

Receptor: assimilador passivo

manipula a mensagem como co-autor, co-criador, verdadeiro conceptor.

Fonte: ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.

A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NO AMBIENTE VIRTUAL DE

APRENDIZAGEM

No ensino presencial, o aluno encontra-se inserido em sala de aula e em

contato direto com os mais diversos recursos didáticos. Sejam materiais

impressos ou tecnológicos, esses instrumentos possibilitam a melhoria do

ensino desde que utilizados de maneira significativa pelo docente. Além disso,

a interação face a face com colegas da turma e professores ocorre de maneira

simultânea.

Já na EAD, em que o ensino e a aprendizagem, em grande parte, ocorrem em

ambientes virtuais de aprendizagem, os recursos didáticos encontram-se

dispostos em contextos diferentes, permeados pela dinâmica do virtual,

caracterizados principalmente pela separação (espaço e tempo) entre aquele

que ensina e aquele que aprende.

Quando o sujeito está inserido em um ambiente virtual de aprendizagem, o

aprender, o ensinar, os diálogos e as interações ganham novo contexto. Mas, à

medida que o instrumento ganha maior importância (tornando-se fim e não

meio) e que somente a técnica passa a ser utilizada, a aprendizagem fica

seriamente comprometida.

Nesta perspectiva, a técnica e os recursos avançados de interação não

substituirão a atuação das pessoas, habitantes destes espaços. Por isso, há

Page 68: Anais   dia nacional da ea d 2012

68

necessidade de um aprimoramento nas estratégias e intervenções

pedagógicas dos tutores.

O professor, na sala de aula presencial, tem o poder da “fala”, enquanto que no

espaço virtual essa “fala” é substituída pelo diálogo e colaboração entre os

membros do grupo.

É na ideia de Vygotsky que encontramos respaldo teórico que demonstra como

essa ação se concretiza. Os estudos postulados por Vygotsky permitem

compreender as concepções de ensino e de aprendizagem, bem como o

desenvolvimento mental e social, sob a perspectiva da mediação. Isso significa

que toda atividade ou ação do sujeito sobre o objeto é mediada socialmente,

tanto simbolicamente, por meio de signos internos e externos, quanto pelo uso

da linguagem, ou ainda pela ação de outro sujeito. Nessa perspectiva, a

linguagem não diz respeito, essencialmente, à fala, mas também às diferentes

formas de interação que o homem tem criado, historicamente, para interagir

com o mundo. Dessa forma, o gesto, a mímica, a escrita, o desenho e um sinal

representam esses meios que nos auxiliam na execução de problemas e ações

diversas.

No contexto escolar, teremos a figura do professor, sujeito essencial capaz de

fazer um elo entre aquilo que o aprendiz traz (conhecimento do senso comum)

e o conhecimento científico, historicamente sistematizado.

Nesse sentido, é a mediação pedagógica o eixo da ação de intervenção no

aprendizado do sujeito, seja presencial ou online. Essa ação de mediação é

concretizada essencialmente pelo professor, por meio de signos e de

instrumentos auxiliares, que conduzirão alunos e professores na prática

educativa.

A DOCÊNCIA ONLINE

Existem várias dificuldades a serem superadas pelo EAD no caminho da

realização de uma boa formação em cursos via internet e das universidades

online. A principal delas é incluir professores no cenário sociotécnico e

comunicacional da cibercultura para que nele realizem a tarefa educativa, com

domínio das ferramentas digitais que existem e que surgirem durante essa era

de perene evolução tecnológica.

Page 69: Anais   dia nacional da ea d 2012

69

A motivação para a permanência dos alunos em cursos desenvolvidos a

distância depende muito mais da relação de mediação e interação entre aluno-

tutor e aluno-aluno, do que da ação individualizada dos sujeitos do espaço

virtual. Por isso mesmo, as atividades e demais trabalhos realizados baseiam-

se em discussões e diálogos estabelecidos com o grupo, seja na linguagem

oral ou escrita.

A aprendizagem pressupõe um elo intermediário entre os conteúdos, as

ferramentas tecnológicas de interação e os sujeitos. Mesmo levando em

consideração a autonomia do aluno, não podemos esquecer que ele não

escolherá os conteúdos a serem trabalhados no curso, muito menos as

estratégias de estudo. Educação a distância não é autodidatismo.

Diretrizes mínimas de participação ajudam a conquistar e manter os alunos

online. Contudo, apenas entrar no site regularmente, mas não contribuir com

algo substancial para a discussão, é pouco para sustentar o desenvolvimento

da comunidade de aprendizagem. Nas trocas realizadas nos fóruns, é

observada grande dificuldade em manter os alunos envolvidos em uma

discussão por muito tempo. Por isso que, para Palloff e Pratt (2004), [...] cursos

com altos níveis de interação tendem a obter maior índice de satisfação e

menor índice de abandono. Assim, incentivar um alto nível de interação é papel

fundamental do professor. Na verdade, talvez seja a sua tarefa mais importante

no ambiente de aprendizagem online.

A afetividade também é manifestada como fator importante na mediação virtual

para alunos no ambiente virtual de aprendizagem. É essencial criar laços

afetivos nesses espaços, a fim de melhorar a qualidade da mediação,

especialmente para os alunos jovens. Os alunos afirmam que a mediação de

qualidade depende de o tutor estar “presente”, percebendo as “ausências”,

possibilitando assim, que o aluno se sinta parte do grupo.

Mais da metade dos professores do Ensino Fundamental se formaram através

da modalidade de ensino a distância. Formados pelo antigo modelo tutorial,

não receberam os conhecimentos de forma interativa, mas através de

profissionais sem formação docente, limitados a um mero “tirador de dúvidas”.

As universidades têm trilhado o mesmo caminho, cujo modelo de ensino

subutiliza as interfaces interativas por ser mais lucrativo.

Page 70: Anais   dia nacional da ea d 2012

70

Para atender ao desafio da docência online, os professores deverão aprender a

operar com hipertextos, ou seja, contextos não-sequenciais e montagem de

conexões em rede, o que permitirá maior conectividade, diálogo e participação

colaborativa. Deverão transformar lições-padrão em formulação de

questionamentos, provocação de trocas de experiências, coordenação de

equipes de trabalho, contemplando a interatividade, a autoria e o

compartilhamento e não a unidirecionalidade. Para tal, o professor precisará

dominar além do conteúdo, os instrumentos tecnológicos, as interfaces de

gestão, informação e comunicação.

Outro grande desafio é adaptar os alunos que vem de experiências presenciais

a uma modalidade a distância de educação, já que esses tendem a comparar

os dois processos. Nessa comparação, especialmente quando se trata da

educação brasileira, a dificuldade é trabalhar de maneira autônoma.

A metodologia utilizada no curso também é um fator determinante para o

processo de interação no ambiente virtual de aprendizagem. Com base nas

respostas dos sujeitos participantes de diferentes pesquisas sobre a formação

online, foi concluído que uma metodologia fundamentada em perguntas e

respostas nos fóruns e leituras e discussões de textos, não viabilizam uma

interação efetiva e significativa para os alunos.

A PESQUISA INTEGRADA A FORMAÇÃO PARA DOCÊNCIA ONLINE

A exemplo da necessidade de interatividade na formação de todo tipo de

conhecimento, seja acadêmico ou não, a estratégia participativa em pesquisa-

formação é um importante recurso para evolução da docência online. Sendo

uma área nova no que diz respeito às metodologias de ensino, os

pesquisadores da área não só se preocupam em repassar informações obtidas

através de experiências concretas, onde os resultados já foram verificados ou

testados, mas criam formas de partilha de informações que vão sendo colhidas

por meio de registros realizados em experiências em curso, onde os sujeitos

são incentivados a expressar suas itinerâncias formativas. São exemplos de

dispositivos: o diário de bordo, os memoriais de pesquisa, entrevistas abertas,

entre outros.

Page 71: Anais   dia nacional da ea d 2012

71

Tabela 2 – Quadro comparativo EAD x EOL

Fonte: TV ESCOLA: Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação. Ano XXI

Boletim 03/ - Abr/11.

A FORMAÇÃO DO CURRÍCULO DE CURSOS ONLINE

O currículo de uma atividade online não leva em conta somente os conteúdos a

serem ministrados, mas a forma como este material de estudos é disponibi-

lizado no contexto de um ambiente virtual de aprendizagem. Uma aula online

não é simplesmente a virtualização da sala presencial, não é transferir a

mesma dinâmica da sala presencial para o espaço virtual, mas criar uma

dinâmica própria, adequada ao contexto digital.

EAD Docência

unidirecional

EOL Docência

interativa

Desenho didático dos conteúdos e das atividades de aprendizagem

Predefinido, fechado, linear, controlado por uma fonte emissora. Textos, audiovisuais e multimídia unidirecionais.

Predefinido e redefinido de forma colaborativa, corregu-lada. Hipertextos, multi e hi-permídia multidirecional, em rede.

Tecnologias de informação e comunicação (TIC)

Tecnologias unidirecionais e reativas (impressos, rádio, TV, DVD e até o computador online, quando subutilizado em suas potencialidades comunicacionais e hipertextuais).

Tecnologias interativas online (computador, celular, internet em múltiplas interfaces (chats, fóruns, wikis, blogs, fotos, Twitter, Facebook, Orkut, videologs, etc.) para expressão uni, bi e mul-tidirecional em rede.

Pedagogia Instrucionista, transmissiva, tarefista, aprendizagem solitária, autoinstrução.

Construcionista, com base no interacionismo, na dialógica, colaboração e interatividade.

Mediação da aprendizagem

Relações assimétricas, verticais: autor/emissor separado de aprendiz/receptor. Cursista não interage com cursista.

Relações horizontais: hibri-dização e coautoria. Os cur-sistas se encontram com o docente e constroem a comu-nicação e o conhecimento

Avaliação da aprendizagem

Avaliação unidirecional: professor avalia alunos. Pontual e somativa. Trabalhos e testes individuais durante e no final do curso.

Autoavaliação, coavaliação e heteroavaliação. Somativa e formativa. Definição coletiva de critérios e rubricas de avaliação. Uso de múltiplas interfaces para avaliação da participação (wikis, fóruns, mapas colaborativos, webquests, blogs, chat, podcasting, etc.).

Page 72: Anais   dia nacional da ea d 2012

72

Um ambiente virtual de aprendizagem é um conjunto de interfaces digitais, que

hospeda conteúdos e permite a comunicação, propiciando a expressão e a

autoria dos participantes que habitam tais interfaces. Forma-se um híbrido

entre objetos técnicos e seres humanos em processo de construção do

conhecimento. Cada vez que um novo participante habita, com sua autoria

criadora, uma das interfaces de um ambiente virtual de aprendizagem, o mes-

mo se auto-organiza, modificando não só o ambiente fisicamente, como

também, em potência, a aprendizagem de todos os praticantes da comunidade.

As práticas de educação online são um processo complexo que envolve ações

e situações de ensino-aprendizagem, mediadas por interfaces digitais que

potencializam práticas comunicacionais e pedagógicas.

O material didático se constitui no material impresso produzido para possibilitar

o estudo, o aprendizado do aluno e/ou as narrativas combinadas da imagem,

do som e a utilização de todas num hipertexto, tornando-se ferramentas de

mediação na ação do ensino e da aprendizagem nesta modalidade educativa.

O processo de aprendizagem passa a ter sua ênfase na ação discente. O aluno

tem um papel preponderante na construção e apropriação do conhecimento,

apoiando-se na mediação desenvolvida entre o material didático-pedagógico

produzido pelo professor, o qual deverá propiciar-lhe uma aprendizagem mais

autônoma e segura.

Uma das grandes difusoras da cibercultura são as redes sociais porque não só

promovem as comunidades de atividade ou interesse, como democratizam o

acesso a informação, criando também um processo cooperativo de vigilância

participativa, que se observa através dos comentários postados nos ambientes

digitais. As redes sociais da cibercultura configuram-se como elementos

importantes para a formação de opiniões e, portanto, elos de transformações

sociais e políticas ao promoverem vínculos entre sujeitos e culturas.

O CURRÍCULO MULTIRREFERENCIAL

A abordagem multirreferencial parte do princípio de que todos os sujeitos

envolvidos formam e se formam em contextos plurais de situações de trabalho

e aprendizagem. Os professores e pesquisadores universitários contribuem

com suas itinerâncias científicas, sustentadas pela prática da pesquisa

Page 73: Anais   dia nacional da ea d 2012

73

acadêmica, prática muitas vezes articuladora da teoria e da prática. Os

professores da escola básica são os únicos que vivenciam a realidade de

prática escolar em sua complexidade. Nessa relação procuram fazer a

transposição didática das aprendizagens científicas com suas situações e

desafios cotidianos.

Os professores de hoje, imigrantes digitais, são conhecedores de práticas

docentes e estratégias de ensino relacionadas ao exercício da atividade de

magistério presencial, além do conteúdo curricular propriamente dito. Os

alunos, nativos digitais, são, por sua vez, conhecedores do ambiente virtual e

suas interfaces. Existem muitos conhecimentos a serem partilhados, mediados

e multiplicados por ambos, sem falar no próprio aprendizado ético, dentre

outros temas transversais que surgirão por conta dos diversos aspectos de

relacionamento comuns ao processo de educação online.

Considerando a Educação como um processo amplo que vai além da

modalidade de organização dos processos de ensino e aprendizagem, as

tecnologias digitais em rede podem potencializar a educação em geral (presen-

cial ou online) e a formação de educadores, pois permitem: a extensão e novas

arquiteturas da sala de aula para além da localização física; o acesso a

diversos objetos de aprendizagem, interfaces e informações em rede; a

comunicação interativa entre seres humanos e objetos técnicos; a formação de

comunidades de prática e de aprendizagem para além das fronteiras insti-

tucionais; e permite vivenciar novas relações com a pesquisa em suas diversas

fases.

O maior desafio na formação do currículo está em contemplar a diversidade do

coletivo, permitindo que as singularidades possam emergir, potencializando as

experiências multirreferenciais dos sujeitos; o que requer não só uma mudança

paradigmática das concepções de currículo, como também o uso de

dispositivos comunicacionais, interfaces digitais, que permitam uma dinâmica

social que rompa com as limitações espaço/temporais dos encontros

presenciais. Nesse sentido, o acesso e uso criativo das tecnologias em rede

podem estruturar as relações curriculares de forma complexa e dinâmica.

Page 74: Anais   dia nacional da ea d 2012

74

CONCLUSÃO

Nos dias de hoje, o homem desfruta de grandes avanços, nas mais diversas

áreas: indústria, comércio, transportes, medicina, agricultura e nas

comunicações. Há poucos anos, isso poderia ser visto como uma utopia. Toda

essa modernidade que vivemos se deve ao fato de que o homem moderno

possui um acesso maior a informações, de uma maneira extremamente rápida

em comparação a outras épocas. E o acesso a essas informações, bem como

sua propagação, deve crescer exponencialmente nas próximas gerações.

A era multimídia chegou ao ensino e vem crescendo através do ensino a

distância. O modelo conhecido como Educação a Distância (EAD) a priori, não

poderia ser considerado como um instrumento formativo por excelência, por

não possuir um comprometimento real com a aprendizagem. Apresentava-se

como forma de transmissão de informações e dados realizada por mídias de

massa, através de um processo mais instrucional do que pedagógico, em que,

ao final, se concedia uma habilitação curricular para pessoas que, em sua

maioria, estavam tão despreparadas quanto no início dos estudos. As pessoas

acessavam informações, seguindo instruções de um tutorial (passo a passo) e

ao final eram tidas como sendo conhecedoras de um saber específico.

Analogamente, seria como um professor que escreve toda a matéria no

quadro, faz a leitura do assunto e não explica o que é importante ser aprendido

e dá aos alunos a habilitação para seguir adiante.

É preciso reinventar a forma de ensinar e aprender, presencial e virtualmente,

diante de tantas mudanças na sociedade e no mundo do trabalho. Os modelos

tradicionais são cada vez mais inadequados. Educar com novas tecnologias é

um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito

apenas adaptações, pequenas mudanças. Agora, na escola e no trabalho,

podemos aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou

distantes geograficamente, mas conectados através de redes.

Hoje, a estrutura de ensino e formação profissional no país funciona de modo

precário, sem conseguir acompanhar o mercado de trabalho ou mesmo a sua

própria evolução.

A EAD, como alguns profissionais da área afirmam, se propõe a uma

ampliação das possibilidades de acesso à educação, mas deve se preocupar

Page 75: Anais   dia nacional da ea d 2012

75

com o compromisso de ser um projeto pedagógico de utilidade para a

sociedade. Para exercer esse papel, a EAD não funciona, apenas, como uma

substituta da educação presencial. Por isso, sua função social visa a promover

a ampliação do número dos que têm acesso à educação. Essa é uma

importante característica da EAD e que contribui na definição de seu papel

social. Apesar disso, é como instrumento de qualificação do serviço

educacional que a EAD busca trazer contribuições à sociedade, por servir de

utilização para a capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais da

educação, bem como na formação e especialização em novas ocupações e

profissões. Essa foi uma das principais razões do crescimento dessa

modalidade de ensino nos níveis médio e superior.

Entendemos que a EAD pode se constituir num mecanismo de democratização

do acesso a novas linguagens mediáticas e a inserção ou reinserção de

contingentes de excluídos da sociedade digitalizada e globalizada.

Através das experiências sucessivas que comporão a análise de erros e

acertos seremos capazes de estabelecer novas diretrizes para o ensino online.

Todavia, somente a elaboração de técnicas não é suficiente para que essa

modalidade de educação evolua. É necessário que sejam somadas à vontade

e esforços de professores e alunos, propostas e ações políticas visando

atender a essa demanda de ensino que cresce descontroladamente e cuja falta

de preparo propicia o sucateamento da formação de todos os membros da

sociedade.

Investimento em recursos tecnológicos (públicos ou particulares), em formação

de professores preparados para o desafio do ambiente virtual, em pesquisa,

bem como plataformas de ensino dinâmicas e inovadoras são imprescindíveis.

O mercado de trabalho exige profissionais mais capacitados; esses

profissionais procuram o ensino à distância para evitar a perda de tempo no

deslocamento, os cursos de formação continuada ou de graduação à distância

devolvem, ao mercado, com algumas exceções, profissionais sem capacitação,

os indivíduos perdem o seu investimento de tempo e dinheiro e sua posição é

dada a um profissional estrangeiro, ou a quem teve recursos para custear

cursos presenciais caros no Brasil ou fora. E a EAD ou a Educação online

deixam de ser uma proposta democrática, capaz de abrir caminhos futuros,

para ser um instrumento ilusório de perpetuação de velhas metodologias de

Page 76: Anais   dia nacional da ea d 2012

76

ensino, mascaradas de modernidade. Para que esse ciclo deixe de ser a

imagem real do ensino online, muito há que ser feito.

BIBLIOGRAFIA

http://www2.abed.org.br/

http:www.mundovestibular.com.br/articles/4958/1/O-que-e-educacao-a-

distancia-EAD/Paacutegina1.html

http://portal.estacio.br/estude-na-estacio/ensino-a-

distancia.aspx?gclid=CKHV08WprrMCFQiqnQodL2cAJg

PALLOFF, R. M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com

estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.

TV ESCOLA: Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação.

Ano XXI Boletim 03 - Abril 2011.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2007.

Page 77: Anais   dia nacional da ea d 2012

77

Apresentação dos

professores do GT 3 – Pesquisa, Tutoria e

Docência na EaD

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O professor VILSON SÉRGIO DE CARVALHO atua na AVM desde

1996, dando aulas nos cursos presenciais de pós-graduação e

desde 2001 como membro da equipe pedagógica de seus cursos

na modalidade a distância sendo atualmente coordenador da área

de Estágio e Pesquisa da AVM a Distância.

Formou-se em Psicologia pela UFRJ, universidade onde concluiu

seu bacharelado e licenciatura na área. Na mesma instituição fez

ainda seu mestrado e doutorado em Psicossociologia de

Comunidades e Ecologia Social, onde teve a oportunidade de

estudar a Educação Ambiental e suas múltiplas relações com o

desenvolvimento de comunidades e fazer um estudo aprofundado

sobre a epistemologia da Ecologia Social. Tendo escrito já alguns

livros na área.

Atualmente é o Professor Mentor do Curso de Docência do Ensino

Superior sendo também professor das disciplinas de Educação

Ambiental e Metodologia da Pesquisa do Curso de Graduação em

Licenciatura em Pedagogia. Em diferentes momentos atua

também na área de consultoria ambiental em comunidades e

instituições sensíveis ao tema, integrando equipes

interdisciplinares.

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Olá, sou ANTONIO NEY, Mestre em Educação pela UFF - área de

confluência Trabalho e Educação - com graduação em Engenharia

Mecânica pela UFF. Atualmente estou cursando o Doutorado na

mesma instituição. Destaco que fiz pós-graduação “lato sensu”

em Engenharia de Segurança pela Fundação da Escola de

Engenharia da Souza Marques, em Gestão da Qualidade Total no

Programa de Formação de Executivos da Grifo Enterprise,

especialização em Política e Estratégica pela ADESG e em

Logística e Mobilização Nacional pela ESG. Tenho formação de

docente em Matemática para o Ensino Fundamental e Médio e de

Gestão Escolar pela Candido Mendes.

Page 78: Anais   dia nacional da ea d 2012

78

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Ana Paula da Silva Conceição Oliveira. Especialista em Tecnologia

Educacional pela AVM-Faculdade Integrada (2010), Ana Paula da

Silva Conceição Oliveira é graduada em Pedagogia pela

Universidade Estácio de Sá (2007). Atua desde 2002 como

professora de Tecnologia Educacional e desenvolve projetos

nesta linha, incluindo a Robótica como ferramenta de ensino-

aprendizagem. Atua ainda como professora do Estado do Rio de

Janeiro, ministrando disciplinas pedagógicas para o curso de

Formação de Professores (Ensino Médio). Atualmente também é

professora auxiliar da AVM - Faculdade Integrada no Curso de

Docência do Ensino Superior onde atua no NIEP/AVM - Núcleo

Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas da AVM Faculdade

Integrada, desenvolvendo estudos na área de Tecnologia

Educacional.

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gin

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Meu nome é Reginaldo Guedes. Sou Doutorando em Ciências Humanas (Educação) pela PUC-Rio: curso a ser iniciado em 2013-1. Mestre em Educação e Pedagogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-graduando pela Universidade Federal Fluminense (UFF): curso de Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância: curso a ser iniciado em Fevereiro/2013. Possuo publicação de artigo nas áreas de Sociologia da Educação e Juventude. Tenho experiência na área de pesquisa educacional e no trabalho de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas em Educação, com atuação no Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem e ProJovem Urbano), no Estado do Rio de Janeiro. Atuo como Colaborador em Docência no NUTES-UFRJ (Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde) e como Professor em cursos semipresenciais/modalidade EaD (Educação a Distância) de Graduação e de Pós-Graduação em Universidades e Faculdades, como: AVM Faculdade Integrada/Universidade Cândido Mendes, Ibmec e UFRJ.

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e Meu nome é DAYANA PEREIRA TRINDADE. Sou graduada em

Pedagogia, pós graduada em Tecnologia Educacional e cursando

a pós graduação em Psicomotricidade. Atualmente, sou

professora de Tecnologia Educacional nas turmas de educação

infantil e ensino fundamental, além de desenvolver o projeto de

robótica com turmas do ensino fundamental. Também atuo como

professora tutora nos cursos de pós graduação à distância da

AVM: Administração Escolar e Supervisão Escolar que tem me

proporcionado bastante crescimento profissional.

Page 79: Anais   dia nacional da ea d 2012

79

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a Olá! Meu nome é Michelle Oliveira. Sou formada em Pedagogia e

em Letras, pós-graduada em: "Orientação Educacional e

Pedagógica"( AVM - UCM) e também em "Gramática Gerativa e

Estudos da Cognição" pelo setor de Linguística da UFRJ e,

atualmente, desenvolvo um projeto de mestrado na mesma

instituição igualmente pelo setor de Linguística. No ano de

2013.1 começarei a pós-graduação em Planejamento,

Implementação e Gestão da Educação a Distância, pelo LANTE -

UFF. Trabalhei no Instituto Bem como professora regente de

Língua portuguesa no pré-concurso, pré-vestibular e fui

coordenadora do curso preparatório para as escolas técnicas(

pré-técnico) no período de 2008 até 2012. Atualmente, atuo

como tutora na Graduação em Pedagogia da AVM Faculdade

Integrada, como tutora do CEDERJ no curso de extensão para

professores de Língua Portuguesa do Estado do RJ e também

como professora regente no município de Nova Iguaçu.

Page 80: Anais   dia nacional da ea d 2012

80

Quando a Educação Ambiental e a

Educação à Distância se Encontram no

Ensino Superior Vilson Sérgio de Carvalho

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O professor VILSON SÉRGIO DE CARVALHO atua na AVM desde

1996, dando aulas nos cursos presenciais de pós-graduação e

desde 2001 como membro da equipe pedagógica de seus cursos

na modalidade a distância sendo atualmente coordenador da

área de Estágio e Pesquisa da AVM a Distância.

Formou-se em Psicologia pela UFRJ, universidade onde concluiu

seu bacharelado e licenciatura na área. Na mesma instituição

fez ainda seu mestrado e doutorado em Psicossociologia de

Comunidades e Ecologia Social, onde teve a oportunidade de

estudar a Educação Ambiental e suas múltiplas relações com o

desenvolvimento de comunidades e fazer um estudo

aprofundado sobre a epistemologia da Ecologia Social. Tendo

escrito já alguns livros na área.

Atualmente é o Professor Mentor do Curso de Docência do

Ensino Superior sendo também professor das disciplinas de

Educação Ambiental e Metodologia da Pesquisa do Curso de

Graduação em Licenciatura em Pedagogia. Em diferentes

momentos atua também na área de consultoria ambiental em

comunidades e instituições sensíveis ao tema, integrando

equipes interdisciplinares.

RESUMO:

Este artigo apresenta o andamento dos estudos e análises que estão sendo

produzidos através da pesquisa “Possibilidades e Potenciais da Interface

Educação Ambiental/ Educação a Distância: Experiências no Âmbito do Ensino

Superior a Distância” em desenvolvimento no úcleo Interdisciplinar de

Estudos e Pesquisas da AVM Faculdade Integrada (NIEP/AVM). Seu objetivo

tem sido o de analisar como se construiu e tem funcionado a interface

Educação Ambiental (EA)/Educação a Distância (EaD) nos cursos a distância

de graduação de Licenciatura em Pedagogia (através da disciplina de

Educação e Meio Ambiente) e de Pós-Graduação em Educação Ambiental

oferecidos pela instituição. Para tal, foram analisados, em uma primeira fase, a

consolidação dos dois campos de estudo (EA e EaD) e da interface promovida

Page 81: Anais   dia nacional da ea d 2012

81

entre estes através de pesquisa bibliográfica pertinente e análise de

experiências análogas. No momento atual, a pesquisa tem se voltado para

coleta de dados específicos através da aplicação de questionários voltados

para a aferição do grau de concordância e discordância dos alunos dos

referidos cursos por meio de escalas do tipo Likert, da análise dos recursos e

estratégias didático-pedagógicas nestes utlizadas e finalmente da realização de

entrevistas semi-estruturadas dirigidas a equipe pedagógica (coordenadores,

professores e tutores).

Palavras-Chave: Educação Ambiental; Educação a Distância; Ensino Superior.

1 - Para um Enfrentamento Mais Eficaz da Crise Sócio-Ambiental:

O enfrentamento do atual estado de degradação ambiental que o planeta

atravessa atingindo a um só tempo a água, terra e ar em todos os seus

recantos com conseqüências drásticas não apenas para quem a produziu, mas

a todos nós e as gerações futuras, nos coloca diante de desafios urgentes e

medidas enérgicas que precisam ser analisadas a partir de diferentes contextos

sócio-históricos e especificidades político-ambientais. Através de diferentes

conferências e encontros e documentos internacionais, a Educação Ambiental

(EA) vem sendo reconhecida e legitimada como um instrumento essencial e

estratégico para lidar com esse problema ([1] Dias, 1992; [2] Carvalho, 2008).

Entendida como uma prática contínua e multidisciplinar ela está voltada para a

melhoria das relações entre homem e meio ambiente através da promoção da:

a) conscientização ambiental (compreensão mais ampla da complexidade

ambiental e do próprio lugar do homem como parte integrante desta

complexidade), b) defesa ambiental (nova postura diante de atitudes de

desrespeito e destruição ambiental) e c) formação ambiental (capacitação de

pessoas para uma busca conjunta de resolução de problemas ambientais).

Por sua vez, o Decreto 5.622/05, que fundamenta o artigo 80 da Lei de

Diretrizes e Bases (LDB), define a Educação a Distância (EaD), como a

“modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e

tecnologias de informação e comunicação com estudantes e professores

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempo diversos”.

Page 82: Anais   dia nacional da ea d 2012

82

[3] Vasconcelos (2008) e outros estudiosos que analisam a história da EaD no

Brasil e no mundo são unânimes ao afirmarem que a EaD não é uma

modalidade nova de ensino e sim um instrumento eficaz a serviço da

Educação, graças ao emprego de tecnologias educacionais inovadoras. É

necessário, entretanto, reconhecer seu valor como estratégia de promoção da

inclusão social através da ampliação do acesso à educação através do

oferecimento de oportunidades educativas a diferentes grupos que não teriam

como fazê-lo através do ensino presencial ( [4] Lacerda e Branquinho, 2010).

Diante das graves injustiças sócio-ambientais com as quais nos deparamos e

da exigência de respostas rápidas e de âmbito global às mesmas, é

fundamental que a EA possa ser viabilizada através de modalidades de ensino

cada vez mais eficientes de modo a atingir com brevidade a um número cada

vez maior de pessoas. Uma das hipóteses analisada pela pesquisa

“Possibilidades e Potenciais da Interface Educação Ambiental/ Educação a

Distância: Experiências no Âmbito do Ensino Superior a Distância”,

desenvolvida pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas (NIEP) da

AVM Faculdade Integrada é a de que através da EaD seja possível ampliar e

potencializar a EA de forma continuada, permitindo que - graças ao uso das

novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) que a caracteriza -

seja permitido a EA a promoção de intervenções pedagógicas cada vez mais

eficazes ampliando de seus resultados. Favorecendo assim a formação de uma

mentalidade ecológica de uma forma mais rápida, dinâmica e democrática do

que, muitas vezes, é possível constatar na educação tradicional.

As leituras e discussões do grupo da referida pesquisa, tem permitido um

entendimento cada vez mais claro, não apenas do quanto a EaD pode

potencializar e oferecer alternativas pedagógicas mais eficazes a EA, através

do compartilhamento de idéias, ferramentas, projetos e soluções viabilizadas

por diferentes ecossistemas de aprendizagem; como também do quanto a EA

pode oferecer a EaD uma base político-filosófica consistente que esta

necessita para que não corra o risco de fracassar em sua proposta de

democratização do ensino e promoção da justiça social, devido ao predomínio

de uma visão tecnicista e fragmentada.

Page 83: Anais   dia nacional da ea d 2012

83

2- A Interface EaD/EA:

Segundo [10] Lévy (2004) uma interface pode ser definida como uma "superfície

de contato, de tradução, de articulação entre dois espaços, duas espécies,

duas ordens de realidade diferentes(...)” (p. 81). Nesse sentido, podemos

pensar a interface um conjunto de meios físicos ou lógicos planejadamente

dispostos com a finalidade de promover uma uma interconexão entre espaços

diferenciados favorecendo a interação e o aperfeiçoamento de ambos.

Apesar de bastante recente, a interface entre os campos de Educação a

Distância (EaD) e de Educação Ambiental (EA), tem sido cada vez mais

fortalecida constituindo novas redes culturais, re-significando compreensões de

mundo e contribuindo com práticas horizontais na construção de saberes.

Estudiosos de ambas as áreas como [13] Moran (2001) e [14] Sato (2000)

defendem que a interface EA/EAD poderia e deveria ser mais freqüente nos

sistemas educativos na medida em que esta traz elementos inovadores para

tais sistemas através de um trabalho conjunto entre professores e alunos de

forma interativa e aberta envolvendo o binômino presencial/virtual. [15] Lacerda

& Branquinho (2010) defendem que a Educação, EA e Ead constituem, de fato,

três faces de mesma moeda que juntas constituem um passo importante para

“a construção de um mundo diferente, mais digno para

toda a humanidade e todos os seres viventes, onde o ser

humano consiga dar conta de sua complexidade e da

complexidade de tudo o que o cerca” (p.90).

De um modo geral, é necessário reconhecer ainda que, tanto a EA como a

EAD, trazem elementos inovadores para os sistemas educativos. A EA

destacando a dimensão ambiental no contexto educativo (evidenciando a

interdependência de diferentes integrantes do meio ambiente na manutenção

da vida), incorporando a sustentabilidade como um projeto de vida dos

educandos e despertando um senso crítico que se opõe a banalização da

degradação ambiental. A EAD incentivando a descentralização do

conhecimento, o conhecimento cooperativo, a autonomia discente e o uso de

novas tecnologias nesses sistemas. Ou seja, ambas, a seu modo e tempo,

abalaram e ainda abalam o modelo tradicional de ensino bancarista,

reprodutor, autoritário e centralizador. Se concordamos com as inovações

Page 84: Anais   dia nacional da ea d 2012

84

trazidas por ambas as áreas, que dizer das possibilidades da interface entre EA

e EaD? Que pensar do potencial renovador que tal interface teria, não apenas

para ambas as áreas, mas para a educação como um todo?

É justamente buscando respostas para tais perguntas que a pesquisa, aqui

enfocada, pretendeu entender melhor os potenciais e as possibilidades da

interface EA/EaD a partir da análise de experiências vivenciadas através da

análise de uma disciplina de EA oferecida em um Curso de Graduação de

Licenciatura em Pedagogia a Distância e um Curso de Pós-graduação a

Distância em EA da instituição onde os pesquisadores atuam. Em ambos os

cursos estão sendo analisadas as seguintes variáveis: Eficácia da EA através

da EaD; Papel de professores e tutores na compreensão da problemática

ambiental; Ação dos Recursos Didáticos e novas Tecnologias da Comunicação

e Informação utilizadas nos cursos; Contribuições da EA para a EaD e da EaD

para a EA; Contribuições da EA e da EaD para a Educação como um todo;

Investimento da Universidade em EA e EaD e por fim: Comparações, na ótica

dos sujeitos, entre a EA oferecida nas modalidades presencial e a distância.

3 - A EaD e a EA no Ensino Superior e na Instituição Pesquisada:

Seja para ampliar o acesso ao ensino superior, seja para superar deficiências

características das tradicionais formas de ensino, não seria exagero dizer que

em sua maioria, as instituições de ensino superior tem ofertado, de forma

crescente, cursos na modalidade EaD que fazem uso de novas tecnologias

voltadas para oferecer ao aluno universitário um ambiente adequado para sua

formação. Em consonância com a sociedade da informação e os avanços da

tecnologia, a aposta em portais educacionais onde seja possível a aplicação de

diferentes modelos de ensino-aprendizagem como: tele-aula, online (web) e

vídeo-aula tem surtido resultados no sentido de oferecer ao aluno universitário

um ambiente que favoreça a aprendizagem significativa do aluno.

Segundo [20] Serra (2008) as universidades tem sido chamadas “a exercer um

papel de liderança na proposição de uma forma de educação

inter(trans)disciplinar que comporte uma dimensão ética e que tenha por

Page 85: Anais   dia nacional da ea d 2012

85

objetivo conceber soluções para os problemas ligados ao desenvolvimento

sustentável” (p.7). [21] Fouto (2011) ratifica tal vocação universitária ao defender

categoricamente que o principal papel da universidade no século XXI é a

promoção de uma educação para o desenvolvimento sustentável.

Como espaço privilegiado para a promoção da transversalidade a inclusão da

EA nos currículos, a ambientalização dos currículos de educação superior no

país precisa ser mais estimulada, não apenas para que a transversalidade não

seja apenas uma idealização teórica, mas também, para que seja possível o

desenvolvimento de uma cultura ambiental nas universidades brasileiras

fundamental para romper com o isolamento da estrutura curricular fragmentada

das disciplinas, promover de inovações curriculares e didático-pedagógicas e

incentivar a formação de profissionais ecologicamente conscientes e aptos a

responder questões atuais que emergem da problemática local e global.

Embora tenhamos assistido uma expansão da EA no âmbito universitário não

apenas pelo crescimento do número de profissionais que tratam do tema, mas

também por estar sendo incorporada como componente essencial em ações de

áreas diversas áreas e setores,como bem denuncia [24] Nunes (2010), a

produção científica na área ainda é baixa sendo necessário que a pesquisa na

área de EA seja mais frequente e se torne parte da rotina acadêmica.

Com uma proposta político-pedagógica direcionada a democratização da

formação continuada em nível superior no país e a promoção da educação

inclusiva e da sustentabilidade, a AVM Faculdade Integrada, que já atuava no

âmbito presencial através do oferecimento de cursos de pós-graduação lato

sensu e extensão, passou, desde de 2001, a oferecer também cursos de Pós-

graduação lato sensu na modalidade a distância.

Atualmente a instituição oferece 20 cursos de pós-graduação oferecidos para

diferente Estados da nação através de 16 Núcleos Regionais distribuídos em

15 estados. Contando hoje com mais de 10.000 alunos certificados de todas as

regiões brasileiras através de Núcleos regionais, a AVM já possui um nome

firmando em todo o território brasileiro e não há dúvidas que a educação a

distância agregou-se as práticas educativas desta instituição.

Page 86: Anais   dia nacional da ea d 2012

86

O cursos de pós-graduação, inclusive o de Educação Ambiental, analisados

nesse estudo, já sofreram muitas modificações desde 2001 no que tange a

atualização de disciplinas, mudanças dos recursos e metodologias de ensino e

modalidades de avaliação visando seu aperfeiçoamento e adaptação a

demandas mais recentes. No seu formato atual os cursos de pós-graduação

lato sensu tem 360 horas (tempo previsto na LDB) e um ano de duração, sendo

efetivado através de 8 módulos de estudo. No momento, o Curso de Pós-

graduação Lato Sensu em EA possui 141 alunos ativos com previsão de

crescimento até 200 alunos até o final do corrente ano. Em termos de recursos

prevaleceu no curso durante anos a priorização pelos encontros presenciais e

os módulos instrucionais. Mais recentemente cada curso criou seu próprio blog

e tem promovido chats semanais com os alunos a partir de temáticas

relacionadas ao curso.

Foi no ano de 2005 que a AVM Faculdade Integrada lançou seu primeiro curso

de graduação a distância de Licenciatura em Pedagogia com duração média de

três anos e uma carga horária de 3410 horas congregando atividades a

distância, encontros presenciais, práticas em projetos e estágios

supervisionados. Além dos materiais impressos (guias didáticos, planejamento

disciplinar, livros e módulos instrucionais), dos vídeos-aula disponibilizados

através de CDs e da internet (home page institucional) como fontes de consulta

e referência para os alunos e das aulas presenciais, prevendo uma boa

mediação entre professores, tutores e alunos, o curso colocou à disposição

das atividades regulares e complementares uma plataforma de aprendizagem

online (AVA) o Webensino, desenvolvido pela ILog, que ampliou e criava novas

condições de aprendizagem do conteúdo favorecendo uma melhor gestão dos

processos didáticos e do desenvolvimento de serviços como planejamento e

divulgação de notas e atividades, matrículas, entre outros. Hoje a instituição

conta além do referido curso, com mais 5 cursos de gradução a distância,

sendo um de Bacharelado e mais 4 tecnólogos.

Desde sua criação, o curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia já

formou 6 turmas. A disciplina analisada de Educação e Meio Ambiente é

disponibilizada a partir do segundo período e faz parte do Núcleo de

Aprofundamento e Diversificação de Estudos dedicado a uma promover uma

Page 87: Anais   dia nacional da ea d 2012

87

visão mais ampliada e crítica das práticas pedagógicas em ambientes

escolares e não escolares atendendo a diferente demandas sociais e a uma

formação mais completa do profissional.

4 – Coleta de Dados e o Momento Atual da Pesquisa:

Participam da pesquisa um total aproximado de 168 estudantes, sendo 98

alunos do curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia e 70 alunos do

Curso de Pós-Graduação em EA, ambos oferecidos na modalidade a distância.

Serão entrevistados também 5 tutores (quatro do curso de graduação e um do

curso de pós-graduação), dois professores (professor mentor do curso de pós-

graduação em EA e o professor da disciplina EA do curso de graduação), 3

coordenadoras (coordenação e vice-coordenação geral dos cursos a distância

e coordenação do curso de graduação a distância).

A pesquisa de caráter exploratório em andamento, se iniciou em fevereiro de

2012, após aprovação da direção geral da AVM Faculdade Integrada e

submissão ao Comitê de Ética da referida instituição e tem previsão para

terminar em novembro do mesmo ano. Ela baseou-se em uma definição

intencional das amostras seguindo critério de conveniência dos pesquisadores

levando em consideração os seguintes parâmetros: No caso do curso de

graduação os sujeitos da amostra já deveriam ter concluído e sido aprovados

na disciplina analisada “Educação e Meio Ambiente”. Já no caso dos alunos de

pós-graduação, os sujeitos já deveriam já ter concluído o terceiro módulo, o

que corresponderia a conclusão de mais de 25% do curso.

Os instrumentos utilizados para coleta de dados compõem-se de entrevistas

semi-estruturadas voltadas para professores, tutores e coordenadores e de um

questionário de 18 questões fechadas voltado para a aferição do grau de

concordância e discordância dos alunos de ambos os cursos sobre afirmativas

positivas e negativas por meio de escalas do tipo Likert de quatro pontos a

partir do padrão: Concordo Plenamente (CP), Concordo Moderadamente (CM);

Discordo Moderadamente (DM) e Discordo Plenamente (DP), tal como os

exemplos abaixo extraídos de um dos questionários.

Page 88: Anais   dia nacional da ea d 2012

88

AFIRMATIVAS OPÇÕES

1. Após a realização do curso de Pós-graduação em Educação Ambiental a distância

ampliei minha compreensão sobre o meio ambiente e suas inter-relações com o

homem.

CP

CM

DM

DP

2. Se o curso fosse oferecido na modalidade presencial meu aprendizado em

Educação Ambiental seria mais deficiente.

CP CM DM DP

3. Após a conclusão do curso estarei mais apto para atuar como Educador Ambiental

em âmbito profissional.

CP CM DM DP

Cada um dos itens do questionário foram elaboradas visando a compreensão e

análise das variáveis analisadas no estudo a partir de diferentes dimensões.

Tal como o exemplo abaixo:

VARIÁVEL OBJETIVO DIMENSÕES ITENS

EFICÁCIA DA

DISCIPLINA A

DISTÂNCIA

Favorecer a análise da eficácia da

disciplina de Educação e Meio Ambiente

oferecida na modalidade a distância junto

aos(as) aluno(a)s do curso que já

concluíram a mesma.

Melhor compreensão do M.A. 1

Aptidão para atuação em EA no âmbito da

Pedgogia

3

Experiência pessoal positiva 18

Além de 18 questões fechadas com escala de Likert, o questionário é ainda

composto por uma pergunta fechada sobre o ordenamento por grau de

importância para o aprendizado dos recursos didáticos utilizados nos cursos

(primeiro a oitavo lugar) e por fim, por uma última pergunta aberta, favorecendo

a que os sujeitos tivessem liberdade para expor pontos positivos e negativos da

disciplina (curso de graduação) e do curso (curso de pós-graduação);

totalizando assim um questionário composto de vinte questões.

Um pré-teste inicial do questionário feito com vinte alunos levou a pequenas

alterações do mesmo em termo de formato e linguagem utilizada de forma a

favorecer a compreensão das questões. Tendo em vista a freqüente opção do

viés central em alguns itens, optou-se por retirar a alternativa central “Sem

Opinião (SO)” das opções da escala de Likert, forçando, dessa maneira, o(a)

respondente a se posicionar de uma forma mais efetiva, medida sustentada por

autores como [26] Dencker (1998) e [27] Real & Parker (2000). Como sugere [27]

Denker (1998), as primeiras perguntas foram mais amplas e leves do que as

demais, a fim de se evitar o estabelecimento de uma barreira inicial por parte

do respondente. Do mesmo modo, a fim de evitar o efeito “halo” (impressão

Page 89: Anais   dia nacional da ea d 2012

89

generalizada dos respondentes sobre a temática estudada a todos os itens ou

para a grande maioria destes) evitou-se a utilização de questões em uma

seqüência excessivamente lógica mantendo-se, entretanto, para facilitar a

análise estatística final uma mesma variação em número de itens de caráter

afirmativo e de caráter negativo (oito questões de cada tipo).

A avaliação da concordância ou discordância se dará através do somatório das

pontuações obtidas em cada um dos 18 itens. Após coleta dos dados estes

serão processados estatisticamete no SPSS (Statistical Package for the Social

Sciences), versão 10.0 e com a ajuda do software Excel (versão 2008) ambos

na versão Windows. A questão de nº19 sobre ordenamento dos recursos por

graus de importância também será quantificada e a questão aberta de nº 20

após análise, definição de categorias, tabulação e quantificação destas, serão

igualmente analisadas com a ajuda dos softwares citados.

Por sua vez, as entrevistas que estão sendo realizadas - com coordenadores,

professores e tutores dos cursos já citados anteriores e da instituição como um

todo - seguem um roteiro pré-definido de 11 questões. A realização de duas

entrevistas piloto levou a pequenas modificações na ordem na linguagem

utilizadas no roteiro original das mesmas. Todas seguem uma mesma

seqüência lógica variando apenas o direcionamento destas no que tange os

sujeitos e os cursos analisados. Apesar da sequência de questões delimitadas

no roteiro, a idéia é deixar o(a) entrevistado(a) livre para expor suas idéias e

reflexões sobre as temáticas analisadas. As entrevistas - realizadas em um

tempo de 20 a 30 minutos - estão sendo gravadas e serão transcritas para

melhor análise das e comparação das respostas com os resultados

encontrados nos questionários aplicados juntos aos alunos.

Espera-se que a pesquisa favoreça um entendimento mais aprofundado da

interface EA/Ead por parte daqueles que se propõem a efetivá-la em

experiências concretas no âmbito acadêmico, trazendo assim contribuições

significativas tanto a análise das contribuições tanto da EA para a EaD, quanto

da Ead para a EA no âmbito universitário.

Page 90: Anais   dia nacional da ea d 2012

90

Referências Bibliográficas:

[1] DIAS, G. Princípios e Práticas de E.A. RJ: Gaia, 2004. 8ª Ed., 2008.

[2] CARVALHO, V. Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário.

RJ: WAK, 2ª. Ed., 2006.

[3] LACERDA, F. & BRANQUINHO, F. A EaD e as Concepções de Meio

Ambiente e Saúde: Contribuições do Conceito de Rede Sociotécnica.

Revista EAD em Foco, n167 1, vol. 1., abril/outubro/ 2010.

[4] LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na

Era da Informática. SP: Editora 34, 2004. 13ª ed.

[5] MORAN, J. A Educação Ambiental na Internet. In: Trajber, R. e Costa, L.

(orgs.) - Avaliando a E.A. no Brasil. Peirópolis: ECOAR, 2001.

[6] NUNES, E. A Educação Ambiental na Universidade: Caminhos e

Possibiliades para a Sustentabilidade Ecológica. 28/06/2010. Disponível

em: <http://www.ecossistemica.com.br/reflexões/educacaoambiental/

universidade.pff>. Acesso: 02/03/2012.

[7] FOUTO, A. O Papel das Universidades. Disponível em: <http://www.

campusverde/pt.> Acesso: 12/02/2010.

[8] DENCKER, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. SP: Futura,

1998.

[9] REAL, L e PARKER, R. Metodologia de Pesquisa: do Planejamento à

Execução. SP: Pioneira, 2000.

Page 91: Anais   dia nacional da ea d 2012

91

[10] SATO, M. Educação Ambiental a distancia: o projeto EDAMAZ. In: PRETI,

O. Educação a distancia: construindo significados. Cuiabá: NEAD, IE,

UFMT; Brasília: Plano, 2000.

[11] SERRA, A. A Educação a Distância como Meio para o Desenvolvimento

Sustentável. Trabalho TCA5A1-169. Anais Virtuais do Congresso

Internacional da ABED. Santos: SP, Sete

Page 92: Anais   dia nacional da ea d 2012

92

Qualidade dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia na

Modalidade EAD: um Estudo sobre duas

Instituições no

Município do Rio de Janeiro Rosana Cristina da Silva Costa Silva

GT

3

Ro

san

a C

risti

na

da

Silv

a C

os

ta

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela

Universidade Estácio de Sá – UNESA (2012), na linha de

pesquisa Políticas Públicas e Gestão. Graduada em Pedagogia,

Letras (Português e Inglês), Administração Pública e de

Empresas e especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica. Foi professora concursada de Língua Inglesa nos

municípios de Piraí, Paracambi e Japeri (tendo também atuado

como Orientadora Educacional) e da Secretaria de Educação do

Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é concursada no cargo

de Técnico em Assuntos Educacionais da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, UFRJ, Ilha do Fundão, Instituto de Química.

Áreas de atuação: Pedagogia, Políticas Públicas, Educação a

Distância, Qualidade e Ensino Superior.

Resumo Este artigo tem como premissa a investigação da qualidade na formação de

professores em cursos de Pedagogia na modalidade Educação a Distância

(EAD), buscando fazer um paralelo entre duas instituições, sendo uma pública

e outra privada, no município do Rio de Janeiro. Pretende-se, com a pesquisa,

descrever o processo de implantação da EAD nos cursos de Pedagogia;

analisar as concepções do curso de Pedagogia na modalidade EAD por parte

dos sujeitos envolvidos no processo; buscar métodos de análise para aferir a

qualidade do ensino nos cursos de Pedagogia a distância. A investigação

Page 93: Anais   dia nacional da ea d 2012

93

sobre a qualidade é baseada em indicadores de qualidade que possam auxiliar

na avaliação dos cursos de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a

distância. Avaliação esta que se faz importante, já que a EaD está

demandando uma investigação sobre os desafios crescentes que ela

representa para o sistema de educação superior como um todo em virtude da

“explosão em massa” que vem ocorrendo na educação superior brasileira, em

especial, nos cursos de Pedagogia. A pesquisa consiste em um levantamento

bibliográfico complementado por pesquisa de campo a qual terá como sujeitos

alunos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância.

Faz parte da investigação a identificação das métricas utilizadas para medir

qualidade em Educação a Distância no contexto internacional e nacional,

principalmente as recomendações do MEC. A sistematização dessas

informações define um conjunto de diretrizes que incluem indicadores para se

verificar o perfil dos alunos nessa modalidade. O processo de validação é

através de instrumento enviado aos alunos do curso de Pedagogia na

modalidade EAD. A interpretação dos resultados da pesquisa tem como

objetivo verificar a possibilidade da formação de professores a distância

considerando os critérios de qualidade. Para entender esse processo, é

necessário recorrer a autores voltados para uma análise crítica e dialética, tais

como: Bourdieu, Ball, Mainardes, Sanyal e Martin, Juliatto, Dourado, Sanyal e

Martin, Bertolin, Cunha, Dias Sobrinho, Litto e Formiga, Gatti, Harvey, Netto,

Giraffa e Faria, Segenreich. Também são necessárias análise de documentos

de organismos multilaterais e movimentos e articulações para a expansão

global da educação superior.

Palavras-chave: Políticas Públicas. Qualidade. Educação Superior a Distância.

Abstract

This article is premised on the quality of research in teacher education courses

in Pedagogy in Distance Education mode (EAD), seeking to draw a parallel

between the two institutions, one public and one private, in the city of Rio de

Janeiro. Aim is to research, describe the implementation process of EAD

courses in Pedagogy; analyze the conceptions of Pedagogy courses in distance

education mode from the subjects involved in the process; seek methods of

Page 94: Anais   dia nacional da ea d 2012

94

analysis to assess the quality of teaching in Pedagogy courses in distance

mode. Research on quality is based on quality indicators that can assist in the

evaluation of Pedagogy courses in distance mode. Assessment that it becomes

important since EAD is demanding an investigation on the growing challenges it

poses to the higher education system as a whole because of the "massive

explosion" that has been occurring in Brazilian higher education, especially in

Pedagogy courses. The research is a qualitative analysis, descriptive,

naturalistic-constructive, doing a literature survey and field research with

support from students of Pedagogy in distance mode. It is part of research to

identify the metrics used to measure quality in distance education in national

and international contexts, especially the recommendations of MEC. The

systematization of information defines a set of guidelines that include indicators

to check the backgrounds of the students in this mode. The validation process

is through instrument sent to students of Pedagogy in distance education mode.

The interpretation on results of this research aimed at assessing the possibility

of teacher training distance considering the quality criteria. To understand this

process, it is necessary to resort to authors focused on a critical and dialectical

analyzes, such as Bourdieu, Ball, Mainardes, Dourado, Sanyal and Martin,

Bertolin, Cunha, Dias Sobrinho, Litto and Formiga, Gatti, Harvey, Netto, Giraffa

and Faria, Segenreich. Also needed are examining documents from multilateral

organizations and movements and joints for global expansion of higher

education.

Keywords: Public Policy. Quality. Distance Higher Education.

Introdução

A educação brasileira atravessa importante momento de reflexão sobre a forma

de compreender a prática educativa e é por meio de políticas públicas voltadas

para a formação de professores que o Governo Federal tem tentado fazer face

aos graves problemas de desempenho da educação básica. Nessa

perspectiva, tem investido, nas últimas décadas, na Educação a Distância

(EAD) como modalidade capaz de auxiliar na formação inicial e continuada de

professores.

Page 95: Anais   dia nacional da ea d 2012

95

Embora a EAD seja vista ainda com certa desconfiança, é a modalidade que

mais se expande no Brasil, principalmente em cursos de formação de

professores e, em especial, o curso de Pedagogia.

Tendo em vista a expansão que os programas governamentais propiciam e o

aumento da quantidade de vagas é que muitos especialistas da área discutem

a perda na qualidade da formação proporcionada, no contexto da prática, nesta

modalidade de ensino, principalmente para os futuros professores. Motivos

não faltam já que é grande a carência de dados quantitativos e qualitativos

sobre a presença da EAD no sistema de educação superior.

Mas, quais são os conceitos de qualidade e correntes entre os teóricos do

Ensino Superior brasileiro? Que modelos de avaliação da qualidade em EAD

são adotados nacional e internacionalmente? Quais são os referenciais de

qualidade brasileiros? Que indicadores têm sido usados para os cursos de

graduação a distância? Em que medida são usados os indicadores de

qualidade em cursos de Pedagogia? Estas são as indagações que a pesquisa

em curso procura responder.

A pesquisa proposta tem por objetivo geral investigar a qualidade na formação

de professores em cursos de Pedagogia na modalidade Educação a Distância

(EAD), buscando fazer um paralelo entre duas instituições, sendo uma pública

e outra privada, no município do Rio de Janeiro.

Pretende-se, com a pesquisa, descrever o processo de implementação da

EAD, suas motivações e sentido sociopolítico; apresentar a dinâmica

estabelecida entre a sociedade civil e o Estado no estabelecimento de políticas

públicas relacionadas à EAD em Pedagogia; explicitar os fundamentos,

concepções e princípios que norteiam os cursos de Pedagogia a distância e

sua relação com a influência política, econômica e ideológica de organismos

internacionais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e a

Organização Mundial do Comércio; descrever o processo de implantação da

EAD nos cursos de Pedagogia; analisar as concepções do curso de Pedagogia

na modalidade EAD por parte dos sujeitos envolvidos no processo; e, buscar

métodos de análise para aferir a qualidade do ensino nos cursos de Pedagogia

a distância.

O período a ser investigado nesta pesquisa é o pós-LDB/96 (Lei de Diretrizes e

Bases da Educação no 9394, de 20 de dezembro de 1996), ou seja, entre o

Page 96: Anais   dia nacional da ea d 2012

96

reconhecimento da EAD pela LDB/96, passando pela sua Regulamentação em

2005, até os últimos programas governamentais. É a partir da LDB/96 que

surge um significativo aumento no número de instituições, cursos, alunos e

docentes, vinculados a instituições que oferecem cursos de graduação à

distância.

Em síntese, o problema ganha importância e justificativa por objetivar analisar

a estrutura e a implementação de políticas educacionais voltadas para os

cursos de formação de professores, principalmente, o curso de Pedagogia na

modalidade EAD, com especial atenção à avaliação da qualidade do referido

curso. Ressalte-se ainda que este problema traz à investigação os desafios e

de analisar criticamente as perspectivas do governo em relação às políticas

para o ensino superior, considerando-se a relação IES públicas versus IES

privadas.

Por fim, a relevância do problema também está em compreender de que forma

as políticas públicas do Governo Federal podem ser consideradas avanços -

visto que o argumento central destas políticas educacionais é baseado na

expansão desassistida e descontrolada do Ensino Superior na modalidade

EAD - mas com limites, já que estas políticas públicas estão, tradicionalmente,

comprometidas com o capital e não com a transformação social. Tendo em

vista este cenário das políticas educacionais no Brasil, o trabalho tem como

foco principal a política da qualidade nos cursos de Pedagogia na modalidade

de educação a distância.

Políticas Públicas e a expansão da Educação Superior presencial e a

distância

Segundo Netto (2010), entre 2000 e 2006, houve aumento de mais de 1.000%

no crescimento da EAD e mais de dois milhões de brasileiros utilizam a

Educação a Distância, indicando, de certo modo, um movimento em direção à

democratização do ensino e a socialização do acesso à educação para uma

parcela da população não alcançada pelo ensino presencial.

Como alternativa para a democratização da educação, Mata (1995, apud

NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, p.9) propõe a EAD como uma alternativa

tecnológica no Brasil e no mundo como um

Page 97: Anais   dia nacional da ea d 2012

97

caminho privilegiado de democratização da educação e que muito pode

colaborar para a humanização do indivíduo, para a formação do cidadão e para

a constituição de uma sociedade mais igualitária e justa. No contexto da

sociedade tecnológica é, sem dúvida, uma alternativa de grandes

potencialidades, no sentido de facilitar o acesso a uma melhor qualidade,

ultrapassando as barreiras de tempo e de espaço.

A EaD tem seu reconhecimento institucional na proposta de diversificação do

sistema de ensino superior da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDBE /96), que, em seu artigo 80, prevê que “O Poder Público incentivará o

desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos

os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL,

1996). Segenreich (2012) afirma que essa abertura para a EaD tem uma

história interna de debates e chama atenção para a necessidade de se analisar

o contexto internacional que influenciou sua institucionalização no Brasil.

Prova desta expansão, é que o censo da educação superior de 2009 registrou

a participação de 2.314 Instituições de Educação Superior (IES) e confirmou a

tendência ao crescimento do setor, ao lado de assinalar o predomínio das

instituições privadas, que representam 89,4% do total das IES brasileiras. O

mesmo censo aponta o curso de Pedagogia como o terceiro maior do país,

com 573.898 matrículas, consideradas as modalidades presencial e a distância

e o primeiro dos cursos a distância, com 286.771 matrículas (BRASIL, 2009).

Não há dúvidas de que o acesso à universidade no Brasil é uma demanda que

cresce a cada dia. Se for considerado que somente 13,7% dos jovens entre 18

e 24 anos estão matriculados na Educação Superior, tem-se uma ideia do

tamanho da defasagem existente no acesso à universidade.

Essa expansão do Ensino Superior se deve a dois fatores (SANYAL e

MARTIN, 2006, apud NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, P. 12), quais sejam:

aumento da demanda social pelo Ensino Superior e crescente necessidade

econômica de contratar pessoas graduadas.

Prova disto, é que houve aumento de demanda, provocando um impacto direto

no crescimento do número de instituições de ensino superior (IES) no mundo.

Nesse contexto de expansão, a Educação a Distância passou a ser uma

realidade, proporcionando a universalização e democratização do ensino

(NETTO e GIRAFFA, 2009).

Page 98: Anais   dia nacional da ea d 2012

98

A combinação de variados recursos tecnológicos possibilitaram que a EaD

alcançasse um imenso número de alunos, como na Indira Gandhi National

Open University (IGNOU), na Índia, com mais de um milhão e meio de alunos,

e na Anadolu University, na Turquia, com dois milhões de alunos (LITTO e

FORMIGA, 2006).

No Brasil, em 2007, houve avanços quantitativos e qualitativos excepcionais na

EAD, levando mais de dois milhões de brasileiros a utilizarem essa modalidade

de educação (ABRAEAD, 2008). A perspectiva é que a Educação a Distância

continue crescendo tanto no âmbito internacional quanto no nacional,

contribuindo, portanto, cada vez mais com a ampliação da oferta de Educação

Superior. “A estimativa é que EAD deverá reunir nas próximas décadas mais

alunos do que a Educação presencial” ( ETTO e IRAFFA, 2009).

Para Ball (2011, p. 13), “a política não pode continuar a ser pensada ou

planejada nos limites de Estados-nação ou de fronteiras nacionais.” Em um

mundo globalizado, não se pode pensar numa política voltada para seu próprio

país, e sim, numa política que esteja aberta a desafios transnacionais.

Qualidade na Educação Superior

Começamos com a seguinte indagação: o que significa qualidade e, em

especial, qualidade na Educação Superior?

Se por um lado há uma riqueza do conceito sobre qualidade, por outro tem-se

a dificuldade de se chegar a um consenso em torno do assunto, já que o

conceito de qualidade é multidimensional e pluralista sem contar que os

objetivos dos atores envolvidos costumam variar. Contudo, é necessário

buscar critérios mínimos de qualidade. Logo, pode-se confirmar que

O sentido de qualidade é obscuro; o termo tem emprego

variado para designar diferentes interesses. Afirmações,

algumas mais precisas que outras, são feitas em diversos

contextos, no que concerne à qualidade da educação;

estudos sistemáticos, porém, são poucos e ocorrem a

longos intervalos. Como resultado, as afirmações que

versam a qualidade não estão sempre bem estribadas,

Page 99: Anais   dia nacional da ea d 2012

99

seja qual for o sentido em que o termo se empregue

(OECD, 1989).

Para Juliatto (2005, apud NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, p. 16) uma das

tentativas em elucidar o conceito de qualidade é associá-lo a outros conceitos,

quais sejam: excelência, adequação, responsabilidade, eficiência e eficácia,

sendo o termo excelência o que mais se aproxima ao conceito de qualidade na

Educação Superior, pois

O termo emprega-se primariamente para descrever o

desempenho extraordinário, desempenho que muito

excede a medida comum; designa o padrão superior ou

absoluto de realização. Muitos autores empregam os

termos excelência e qualidade como sinônimos

intercambiáveis, dado que os ingredientes de ambos são

essencialmente idênticos. Ambos os termos transmitem

dimensão de desempenho eminente, implicando os mais

altos padrões e a relutância de se contentar com algo

menos do que aquilo que poderia ser conquistado (Ibid.,

p. 56).

Já Sanyal e Martin (2006, apud NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, p.19)

defendem que é possível identificar algumas definições de qualidade.

Contudo, elas têm um viés economicista/administrativo.

Saviani (2009, p. 41), faz um alerta sobre a qualidade dos cursos de ensino a

distância. Para este autor,

[...] o ensino a distância, nas condições atuais do avanço

tecnológico, é um importante auxiliar do processo

educativo. Pode, pois, ser utilizado com proveito no

enriquecimento dos cursos de formação de professores.

Tomá-lo, entretanto, como a base dos cursos de

formação docente não deixa de ser problemático, pois

arrisca converter-se num mecanismo de certificação

antes de qualificação efetiva. Esta exige cursos

regulares, de longa duração, ministrados em instituições

sólidas e organizadas, preferencialmente, na forma de

universidades.

Page 100: Anais   dia nacional da ea d 2012

100

Para Saviani, a formação continuada pela EaD é plenamente salutar, porém

quando se trata de base para formação de professores é problemático, pois

gera certificação antes de qualificação efetiva que deve, para ele, ocorrer

primeiramente em cursos regulares, presenciais.

E o objetivo de democratizar a educação tem o propósito de ofertar ensino de

qualidade. As vastas mudanças ocorridas na sociedade obrigam a educação a

se adaptar a elas, com intuito de construir o processo de ensino-aprendizagem

que vise à formação do sujeito crítico e transformador da realidade.

Dourado (2001) alerta para o fato de que a expansão da EAD é uma realidade

que acompanha a expansão tanto educacional quanto capitalista, porém, a

solução para os limites e contradições dessa modalidade de educação está no

investimento de “parâmetros básicos de qualidade”.

Harvey (2002) fala em estudos investigativos sobre a questão da qualidade no

Ensino Superior. Questionamentos foram apontados que “nos últimos anos os

principais estudos investigativos sobre qualidade em ES estão procurando

responder a questões relacionadas à própria existência da qualidade (...).”

Pedagogia na modalidade EAD

Para Freitas (apud GATTI, 2011), a institucionalização da formação superior de

docentes a distância, concebida sob a forma de educação continuada teve

impulso com a criação da UAB e representou importante mudança qualitativa,

dado que se dirigiu tanto a professores em serviço que não tinham formação

superior, quanto aos que atuavam fora de sua área de formação.

Independentemente dessas iniciativas, ainda existe, no Brasil, um grande

número de professores em exercício, no ensino fundamental e ensino médio,

lecionando sem formação acadêmica adequada, fato agravado pelo difícil

acesso a cursos superiores em determinadas regiões, o que acaba, por um

lado, restringindo, consideravelmente, o acesso de uma parcela significativa da

população a uma formação de qualidade, e, por outro, contribuindo para a

expansão da oferta desordenada de cursos de formação de professores a

distância, notadamente a licenciatura em Pedagogia.

Com base nesta necessidade de professores mais qualificados, Gatti, Barreto e

André (2011) relacionam o que denominam “Ações Políticas em Formação

Page 101: Anais   dia nacional da ea d 2012

101

Inicial de Docentes”, dentre as quais o Programa de Apoio a Planos de

Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) a

Universidade Aberta do Brasil (UAB) e Pró-Licenciatura e o ProUni.

Segundo Gatti (2011, p. 12),

a discussão sobre a Política Nacional de Formação de

Profissionais do Magistério da Educação Básica e o

delineamento de um sistema nacional de educação são

elementos importantes das políticas federais que

impactam diretamente sobre as políticas de formação e

profissionalização dos professores em todo o país (...).

Sobre esta última, Moreira (2012) diz que a análise sobre a real abrangência e

o impacto do Programa nessa dimensão ficam pendentes, o que reforça a

certeza da importância do estudo sobre o impacto do ProUni no curso de

Pedagogia, como um primeiro passo em direção a um conhecimento mais

empiricamente fundamentado sobre seus reflexos na formação docente, em

geral, visto que a licenciatura em Pedagogia constitui apenas uma dentre as

demais às quais estudantes de baixa renda e egressos de escolas públicas têm

acesso.

Conclusão

Como pôde ser constatado neste artigo, a Educação a Distância é uma

realidade não só no Brasil como em todo o mundo. Porém, a busca constante

pela qualidade nesta modalidade de Ensino Superior deve ser o que há de

mais urgente a ser feito, uma vez que o número de alunos nessa modalidade

de ensino cresce a olhos vistos, em especial o curso de Pedagogia, e o medo e

a insegurança sobre as diversas possibilidades de aprendizagem nesta

modalidade de ensino crescem na mesma proporção.

Uma vez que surgem resistências, tanto por parte dos alunos quanto dos

professores, é que lançamos mão de indicadores de qualidade que ajudarão na

difícil tarefa de se aferir a qualidade do curso de Pedagogia. Difícil, sim, pois

foi verificado aqui, que definir qualidade e, em especial, na educação é um

problema complexo, pois o conceito de qualidade é multidimensional e

Page 102: Anais   dia nacional da ea d 2012

102

pluralista. Vale lembrar, portanto, que os indicadores não são determinantes

ou garantia de qualidade de um curso, porém servem de “bússula” para a

escolha de um curso por parte dos alunos.

Logo, este artigo pretendeu promover a reflexão sobre a efetividade dos cursos

de graduação em Pedagogia a distância e contribuir para agregar qualidade na

oferta dos mesmos, uma vez que o objeto de pesquisa é parte de um novo

paradigma educacional, pois sabe-se que ainda há muita resistência e um

olhar bastante influenciado por tradições, no qual ensinar e aprender exige a

presença física do professor. Assim, o rompimento desta barreira requer um

trabalho árduo por meio de estratégias políticas e pedagógicas.

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.

Page 105: Anais   dia nacional da ea d 2012

105

Planejamento de Formação de Professores para o Uso

das Mídias Fani Hamphreis e Cardoci Paiva de Lima

GT

3

Fa

ni H

am

ph

reis

Professora e Fonoaudióloga, especialista em Educação de

Jovens e Adultos e Motricidade Oromoifacial, Mestre em

Ciências da Saúde, Professora da Rede Pública do Rio de

Janeiro, Professora Orientadora do Curso de Pós-Graduação de

Tecnologia em Educação da PUC-RIO(2010), Professora-tutor do

curso de Pós-graduação em Educação Especial, Gestão Pública

Municipal e Saúde da Família da Universidade Federal do Estado

do Rio de Janeiro (UNIRIO).Foi supervisora da clínica escola de

fonoaudiologia do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos e

professora de alterações da fala e da fluência, distúrbios da

leitura e da escrita e, afasia. Foi professora do Centro

Universitário Celso Lisboa ( neuropatologias, Patologias da Fala

e da Motricidade Oral e de Alterações da Fala e da Fluência) e

professora do Curso para concursos CPCON (afasia, gagueira e

Dislexia) e Coordenadora Pedagógica e professora docente da

Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro.

Professora do curso de Pós-graduação em Motricidade Oral da

Faculdade Redentor.Foi fonoaudióloga da SMDS(FUNLAR),

durante 2 anos e Fonoaudióloga do Instituto Helena Antipoff(

lotada no Pólo de Atendimento Extra-Escolar).Tem larga

experiência na área de Fonoaudiologia, com ênfase em

síndromes, atuando principalmente nos seguintes temas:

gagueira, aquisição da linguagem e leitura/escrita, alterações

oromiofacias, dislexia, distúrbio de aprendizagem, alterações

fonéticas/ fonológicas e aleitamento materno. Foi fonoaudióloga

clínica do Centro Fonoaudiológico Araújo Cid durante 6 anos e

supervisora em Fonoaudiologia durante 7 anos desta mesma

institução.

INTRODUÇÃO No contexto social do domínio da tecnologia em suas diferentes formas,

constitui-se uma ferramenta indispensável para uma boa comunicação. O

mundo evoluiu e a tecnologia tomou para si, o espaço que o homem não soube

ou não quis administrar. Já era de se esperar as grandes mudanças que estão

acontecendo e irão acontecer principalmente na educação.

Hoje podemos detectar que grande maioria dos profissionais habilitados para a

função de professor encontra-se em situações preocupantes, pois não sabem

Page 106: Anais   dia nacional da ea d 2012

106

utilizar as ferramentas tecnológicas. Contudo, sabe-se que elas são

indispensáveis na vida do ser humano.

Com a internet e outras tecnologias, surgem novas possibilidades de aprender

e ensinar, oportunizando ao aluno e/ou professor novas metodologias de

ensino/aprendizagem com o uso das mídias no contexto escolar. A sala de aula

nunca deixará de ser um espaço privilegiado, quando pensamos em escola em

aprendizagem, porém devemos buscar mecanismo que venha inovar nossa

prática utilizando os novos modelos de ensinar e aprender.

Atualmente podemos contar com as ferramentas tecnológicas que cada vez

mais vem buscando seu espaço e muita das vezes substituindo o professor em

sala de aula. Isto nada mais é do que o reflexo e os efeitos desse fator inédito

em tempo real. É visível as grandes mudanças que vem acontecendo no

processo ensino aprendizagem com o uso das tecnologias, porém nos trás

uma certa inquietação, haja vista que essas mudanças só surtirão um efeito

positivo se houver um grande investimento na formação especifica e

continuada dos profissionais em educação.

Novos horizontes se abrem no campo educacional envolvendo as tecnologias,

estas são indispensáveis á vida de qualquer profissional no cotidiano escolar.

A escola tem exigido muito do professor instrumentos de desenvolvimento do

processo ensino aprendizagem, porém por desconhecer os meios tecnológicos

não disponibilizam a estes recursos que venham sanar essas dificuldades.

Experiências mostram que o professor ainda se sente inseguro para com o uso

das mídias na escola, isto porque, muitos não têm domínio das referidas

tecnologias e ainda por achar que a sua forma de trabalhar é a mais viável para

sua realidade. É de conhecimento de todos, que muito se tem escrito sobre

formação de professor para a integração das tecnologias digitais em suas

práticas em sala de aula. Sobretudo ainda não é o suficiente para atingir a

maioria dos profissionais que exerce a função em sala.

Diante de tal realidade ora vivenciada, bem como o grande desafio de

transformar uma nação em uma sociedade tecnológica digital, nasce a

necessidade de fazer um trabalho de investigação e levantamento de dados

em três escolas de ensino fundamental do município de Feijó, estado do Acre,

em busca de alternativas para solucionar tal problema e quantificar professores

que estão em sala de aula e desconhecem as melhores ferramentas de

Page 107: Anais   dia nacional da ea d 2012

107

trabalhos, quando estas podem ser tornar parceiras no seu dia-a-dia. Espera-

se que o objetivo deste trabalho de investigação seja apenas o início de uma

reflexão maior sobre o papel do professor enquanto mediador do conhecimento

nas escolas em que atuam e que possa contribuir para um processo de

reflexão em cima destes resultados e promover mudanças em suas práticas

em sala de aula.

Considerando o novo perfil dos alunos do século XXI e considerando ainda que

eles aprendam de forma diferente, a partir de diversos estímulos, cabe aos

educadores se adaptarem as novas formas de ensinar e aprender,

oportunizando a estes o acesso direto as tecnologias disponíveis na escola

para o desenvolvimento de sua aprendizagem.

Nos dias atuais, a sala de aula não deve ser vista como único espaço a ser

explorado pelo professor existe outros espaços a serem explorados. O

professor é o primeiro que deve mudar sua forma de pensar e agir, pois na

verdade toda gestão escolar deve mudar para poder avançar rumo ao sucesso.

Por este motivo é que cada vez mais temos a certeza de que a formação do

professor deve ocorrer de forma permanente. O professor precisa está em

constante evolução buscando a cada dia se aperfeiçoar em sua prática

cotidiana.

Sabe-se que não é tarefa fácil fazer educação de qualidade envolvendo

tecnologia na escola, pois os protagonistas da sala de aula não têm domínio

das ferramentas tecnológicas e acabam deixando de lado argumentando que a

sua forma de trabalho atende a realidade dos alunos. É bem verdade que uma

vez ou outra acontecem capacitação de professores para o uso das

tecnologias, porém o que se vê é o professor voltando para sua escola sem

colocar em prática as novas metodologias.

Com as mídias na escola as aulas tornam-se mais atraentes para o aluno e seu

interesse em assistir as aulas aumenta, pois ele não agüenta mais vê o

professor quatro horas falando na frente de um quadro de giz na sala de aula.

É visível a desmotivação por parte dos alunos quando o assunto é sala de aula,

por que nada o desafia para que tenha vontade de estar em sala. Os

professores sofrem angustiados e chegam até dizer que não sabem mais o que

fazer, perderam o domínio de sala e o controle dos alunos e ainda, os alunos

Page 108: Anais   dia nacional da ea d 2012

108

trazem informações às vezes mais explicitas que a do próprio professor, isto

por que tem contato direto com as informações através das tecnologias.

A formação do professor é imprescindível no processo de ensino aprendizagem

dos alunos, pois garantem a participação efetiva dos mesmos através dos

meios tecnológicos. O uso de diversos meios de comunicação e informação

contribui para a formação de leitor crítico, capaz de produzir e estimular a

produtividade nas diversas mídias.

Quando a escola reconhece seu papel e busca implementar as tecnologias no

contexto escolar e sabe da necessidade de fazer a gestão da tecnologia na

escola, esse entendimento ganha um novo significado, ultrapassa a concepção

de administração escolar que enfatiza o controle para o funcionamento da boa

gestão escolar. Assim, uma escola que adota todos os conceitos pré-eliminares

que garantam uma gestão integrada e participativa terá mais chances de

desenvolver seu papel, e os resultados do desempenho escolar dos alunos

serão satisfatórios.

As exigências feitas à formação do professor são cada vez mais intensas

fazendo-se necessário que elas realmente aconteçam, que as políticas

públicas as privilegiem, principalmente, para que se possa transformar

informação em conhecimento, visando uma sociedade igual para todos. Ter

compreensão dos mecanismos sociológicos, didáticos e psicológicos no

momento da aprendizagem, buscando estimular o desejo de saber do

educando em consonância com as competências adquiridas na atual

sociedade. Possuir habilidades em utilizar recursos midiáticos, construindo

sentido pedagógico para estes é a habilidade extra e, atualmente,

imprescindível para a promoção de uma aprendizagem desencadeadora de

inclusão de fato. Não há como formar para Perrenoud (2000; p.128)

É importante destacar que ao apropriar-se das novas tecnologias não se deve

esquecer de que a comunidade escolar é construída sócio-historicamente e

que o momento atual é a constituição de um novo processo. Nesse sentido é

preciso educar para o novo, o que não significa negar o antigo, mas através de

sua compreensão empreender uma conceituação dinâmica que fundamente a

nova técnica, que a humanize, traçando valores também objetivos, pois a

tecnologia presta-se a beneficiar uma geração subjetivamente educados.

Page 109: Anais   dia nacional da ea d 2012

109

A docência, atualmente, está inserida numa era em que aprender é conviver e

compartilhar incertezas. O educando não pode viver afixado à frente de um

computador, porém o meio em volta dele exigirá que as informações que

chegam até ele por meio da tecnologia sejam apreendidas e compreendidas,

pois sua imersão no processo educativo dependerá de sua capacidade de

relacioná-las ao seu saber e aos seus objetivos. “Para o educador ensinar com

qualidade, ele precisa dominar, além do texto, o contexto, além de um

conteúdo, o significado do conteúdo, que é dado pelos contextos sociais,

político, econômico [...]” ( ADOTTI; 2007).

Atualmente associam-se tecnologias a computadores, vídeos, softwares e

internet. Esses são recursos tecnológicos mais visíveis e que influenciam

profundamente os rumos da educação. As Tecnologias são meios de apoio ao

trabalho docente e dos educando e numa gestão pedagógica, cada escola tem

uma situação concreta de gerenciar o processo de ensino e aprendizagem por

meio das tecnologias.

Sabe-se que as tecnologias ampliam nossa visão de mundo, modificam as

linguagens e propõe novos padrões éticos e novas maneiras de apreender a

realidade. Consequentemente, a escola, seus dirigentes, professores deve

discutir e compreender seu papel nos processos de ensino e aprendizagem.

Segundo Moran (2003) quando se pensa na implementação de tecnologias o

primeiro passo é o acesso, que estas sejam visivelmente notórias no cotidiano

escolar do educando. O segundo passo, na gestão tecnológica é o domínio

técnico. A capacitação para saber usar, é a destreza que se adquire com a

prática. O terceiro passo é o do domínio pedagógico e gerencial. O que

podemos fazer com essas tecnologias para facilitar o processo de

aprendizagem dos alunos, oportunizando o professor de também aprender

junto com os alunos. O quarto passo é o das soluções inovadoras que seriam

impossíveis sem essas novas tecnologias.

Sabe-se que a mídia exerce função importante na vida do educando, cabendo

ao professor saber aproveitar os valiosos instrumentos que essa tecnologia

proporciona no cotidiano da escola. As ferramentas tecnológicas ora

disponíveis no cotidiano escolar têm mostrado novos desafios pedagógicos

para as equipes gestoras, instigando cada segmento repensar o seu modelo de

gestão, principalmente as ações pedagógicas desenvolvidas na escola. É papel

Page 110: Anais   dia nacional da ea d 2012

110

desta determinar os valores que acredita e trabalhá-los com sua clientela, caso

contrário não terá credibilidade da comunidade escolar.

Para diagnosticar a atual situação das instituições de ensino e dos docentes no

que se refere ao uso das tecnologias, foi realizado uma pesquisa em três

escolas de ensino fundamental do município de Feijó – Acre, sendo uma

localizada no centro da cidade e duas em bairros periféricos. Na pesquisa

lancei mão de 10 questões voltadas para a prática docente.

Quando perguntados a respeito de quais segmentos a escola atendia, das três

escolas pesquisadas, duas delas atende do 6º ao 9º ano, funcionando nos três

turnos com uma média de dez professores por turno. A outra escola atende do

1º ao 5º ano, funcionando no turno matutino e vespertino contendo a mesma

média de professores.

No que se refere à disponibilização de recursos tecnológicos, todas as escolas

dispõem de recursos básicos como: computadores, TV, vídeo, DVD,

multimídia, entre outros, porém não há um profissional específico habilitado

para atuar com essas ferramentas. São poucos os professores que fazem uso

desses recursos tecnológicos por não saber manuseá-los e alguns que tem

domínio, acabam não fazendo uso do laboratório de informática, porque na

maioria das vezes encontra-se fechado e a chave com a diretora ou o diretor.

Os recursos tecnológicos disponíveis na escola são pouco disputados, em

razão do número de professores que sabem utilizá-los e ainda pela a

burocracia por parte da gestão escolar. Percebe-se que muitos professores

ainda estão no processo de adaptação aos recursos tecnológicos, alguns

preferem utilizar o diálogo e o quadro de giz, pois para eles é mais seguro e

viável. As fontes de informação são basicamente a TV ESCOLA e o acesso a

internet.

A formação na área de tecnologia da educação para os professores do ensino

fundamental ainda deixa muito a desejar. Raramente são oferecidos cursos de

capacitação pelo Proinfo através da Secretaria Estadual de Educação e

quando são oferecidos a carga horária é bastante reduzida e para um público

que já tem domínio das tecnologias. Diante dessa situação é praticamente

impossível o professor adquirir os conhecimentos necessários para adequar à

sua prática.

Page 111: Anais   dia nacional da ea d 2012

111

Os professores quando questionados sobre o que seria necessário para que

fosse efetivado com mais freqüência o uso das tecnologias da informação e

comunicação na prática pedagógica, todos esperam maior apoio por parte da

gestão da escola bem como dos representantes governamentais. Reconhecem

que precisam melhorar cada vez mais a prática em sala de aula, mas para isso

necessita ter acesso aos meios tecnológicos e principalmente a formação

específica, pois não basta ter os laboratórios equipados se o professor é

despreparado.

Quanto à avaliação que os professores fazem da evolução da tecnologia no

âmbito da escola e se estes sentem-se ameaçados, foram unânimes em

afirmar que a tecnologia se expandiu no mundo inteiro e que nos dias atuais é

praticamente impossível viver sem ela. No âmbito da escola os professores

sentem necessidade de saber lidar com a tecnologia, porém muitas vezes não

é só o professor que não sabe trabalhar, a escola também restringe o acesso

aos equipamentos. Diante disso, se sentem ameaçados pelo próprio sistema

educacional e tecnológico.

Os professores sugerem que o governo do estado através da secretaria

estadual de educação, invista em formação continuada não apenas na área

pedagógica, mas também na área de tecnologias, tendo como ponto de partida

o novo perfil do aluno do século XXI. Criação e fortalecimento de redes de

aprendizagem, por meio de portais educacionais e redes sociais como forma

de garantir o acesso aos diferentes tipos de conteúdos. Infraestrutura,

manutenção e avaliação, discussão sobre os recursos necessários para o

desenvolvimento de projetos utilizando as TIC na escola.

CONCLUSÃO

A realização deste estudo teve como objeto de investigação as ferramentas

tecnológicas que têm chegado às escolas de ensino fundamental do município

de Feijó, estado do Acre e que papel tem sido dada a essas ferramentas de

trabalho. A pesquisa foi realizada em três escolas estaduais, uma localizada no

centro da cidade e duas em bairros periféricos.

Pude constatar que muito precisa ser feito para o ingresso da tecnologia no

ambiente escolar. Foram visíveis as dificuldades que a maioria dos professores

Page 112: Anais   dia nacional da ea d 2012

112

do ensino fundamental tem para com o manuseio dos computadores e outras

ferramentas como a internet. Desta forma nos alertando para o fato de que não

só na sala de aula, mas também em outros espaços da escola a tecnologia tem

se mostrado fraca, pois a demanda escolar não estar preparada para os novos

desafios de uma geração tecnológica digital.

A partir dessa reflexão e de posse dos dados coletados junto à clientela

pesquisada e analisados a luz de referenciais teóricos, percebe-se que as

escolas pesquisadas estão trabalhando muito superficialmente com as

ferramentas tecnológicas por falta de suporte técnico e pedagógico e, que

apesar da inserção numa sociedade onde a cultura tecnológica está

amplamente disseminada, pode-se ver pelos dados coletados que esta ainda

se encontra em fase de adaptação e gerenciada de forma desigual.

Em relação à formação dos professores observa-se que a grande maioria que

atua em sala de aula desconhece as ferramentas tecnológicas de trabalho.

Assim percebe-se que eles têm boa vontade, porém necessitam urgentemente

de formação continuada específica para tal finalidade.

Os déficits educacionais se traduzem em desigualdade quanto ao acesso a

vários bens culturais, oportunidades de trabalho de desenvolvimento pessoal

que caracterizam esta sociedade tecnológica, e que muitos professores

sentem-se inferiorizados por não dominarem o mundo da tecnologia digital. No

entanto, dentro desses déficits pode-se perceber que no meio daqueles que

não conhecem os meios tecnológicos já existem aqueles que estão evoluindo

junto com as transformações da era midiática, e que buscam novos horizontes

para sua prática docente.

Muitas das dificuldades alegadas residem na noção errada do domínio das

tecnologias. O que lhes falta é uma reflexão maior da importância dessas

novas descobertas para a implementação de seu trabalho no cotidiano escolar.

Nesse sentido entendo que o papel desempenhado pela gestão da escola de

buscar mecanismos para aperfeiçoar a prática do professor é de fundamental

importância para o sucesso de todos.

A última questão analisada e de maior importância, é a formação profissional,

onde foi possível observar que há professores que mesmo não tendo a

formação necessária, estão dispostos a encarar os novos desafios proposto

pelo sistema educacional e tecnológico.

Page 113: Anais   dia nacional da ea d 2012

113

Sabe-se que ao longo dos anos e nos dias atuais existem políticas públicas

voltadas para o desenvolvimento dessas tecnologias no âmbito escolar e social

do individuo. Cabe lembrar, que é necessário que os profissionais em

educação tenham uma visão mais ampla sobre o importante papel das mídias

na escola e na vida das pessoas e da sociedade. As mídias não podem ser

objeto de atenção apenas dos alunos, mas de todos aqueles que fazem

educação ampliando cada vez mais sua bagagem de conhecimentos. Como

ferramenta essencial para aprender grande parte dos conteúdos escolares e

para continuar aprendendo ao longo da vida, as tecnologias podem ser tomada

como eixo articulador de grande parte do currículo da educação básica.

Cabe ressaltar que a realização deste trabalho possibilitou a aquisição de uma

gama de conhecimentos e reflexões sobre o desempenho enquanto educador

que trabalha com uma diversidade de pensamentos que almejam sentir-se

parte integrante de uma sociedade letrada e informatizada. Espera-se também

que esta pesquisa sirva de suporte para uma reflexão maior de nossos

educadores sobre a qualidade que e/ ou como ensina-se e que possa contribuir

para o desenvolvimento de uma prática mais crítica, mais eficiente, mais

libertadora quanto ao domínio das tecnologias na sua prática escolar e no

cotidiano dos educandos.

Referências Bibliográficas

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas

tecnologias e mediação pedagógica.7ªed. São Paulo: Papirus, 2003.

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos novos desafios e como

chegar lá. Campinas: Papirus, 2007.

PALLOFF, Rena M. & PRATT,Keith. Construindo comunidades de

aprendizagem no ciberespaço – Estratégias eficientes para salas de aula on-

line. Porto Alegre: Artmed Edtora, 2002.

PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com

estudantes on-line Porto Alegre: Artmed, 2004.

Page 114: Anais   dia nacional da ea d 2012

114

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa.Campinas: Autores Associados, 2002.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34,1999.

PRENSKY, Marc. Disponível em http: // www.marcprensky.com/writing/, texto

publicado na sua primeira versão em 2001. Acesso em 10 out. 2009.

ANEXOS

1. Quais os segmentos que a escola atende?

2. Quantos professores atuam em sala de aula?

3. A escola disponibiliza de recurso tecnológico?

4. Do total de professores da escola quantos tem domínio das tecnologias

disponíveis na escola?

5. Com que freqüência se usa os recursos tecnológicos no trabalho pedagógico

da escola?

6. Quais as fontes de informações dos professores sobre o uso de tecnologia?

Basicamente a TV ESCOLA periodicamente, e o acesso a internet.

7. Na escola que você trabalha, ocorre a formação dos professores na área de

tecnologia da educação?

8. Em sua opinião o que é necessário para que seja efetivado o uso das

tecnologias da informação e comunicação na prática pedagógica dos

professores?

9. Como vocês avaliam a evolução da tecnologia no âmbito escola, enquanto

professor? Se sentem ameaçados?

10. Como professores que sugestões vocês dariam para que essa situação

fosse resolvida?

Page 115: Anais   dia nacional da ea d 2012

115

EAD, O Ensino Adaptando-se a Tecnologia

Carla Cristina de Holanda Barros

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Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio

de Janeiro – UERJ (2002) e Especialista em Docência do

Ensino Superior pela Universidade Candido Mendes – UCAM (2009).

Atuou na docência das séries iniciais do ensino fundamental,

alfabetização e formação de jovens e adultos baseada na

linha Paulo Freireana. Atuou também como pedagoga no

Núcleo de Apoio Psicopedagógico da Universidade Potiguar –

UNP/RN (Rede Laureate). Atualmente, desempenha a função

de Professora Regente da disciplina de Filosofia no Ensino

Médio da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro.

Resumo

As inovações tecnológicas utilizadas na educação à distância propõem novos

desafios para as Universidades e para os docentes que precisam estar

preparados para a “nova sala de aula” com equipamentos variados, atividades

diferenciadas e que se estendem aos laboratórios de informática e ambiente

virtual o que exige um planejamento educacional flexível por abrigar tempo,

presencial e a distância, e a integração criativa de ambos. Neste contexto, os

discentes e docentes são colaboradores ativos do processo de aquisição de

conhecimentos, fazendo uso de várias ferramentas multimídia o que exige o

conhecimento básico de informática e do uso das mesmas. Tais ferramentas,

em especial a internet, possibilitam o aprendizado em qualquer lugar e hora e a

escola deve organizar e certificar este processo de aprendizagem com fonte e

visões variadas do mundo cabendo ao docente reaprender a ensinar e a lidar

com o novo perfil discente. A ligação entre teoria e prática, o uso de material

estimulante com conteúdo multidisciplinar trabalhando a autonomia do aluno

acontecerá através do uso de uma metodologia contextualizada e motivadora

Page 116: Anais   dia nacional da ea d 2012

116

que o leve a questionar, buscar conhecimentos e trabalhá-los de forma coletiva

e prazerosa ampliando o conhecimento prévio dos mesmos. O docente e o

tutor precisam trabalhar conjuntamente para orientarem com segurança o aluno

a pesquisar na internet, e fazê-los conhecer a plataforma virtual, as

ferramentas tecnológicas, incentivando a participação em fóruns, chats e a

construção de seu espaço virtual para que pesquise, produza e divulgue o que

aprendeu participando de uma formação significativa e prática para todos. Além

disso, é necessária uma infra-estrutura adequada com laboratório provido de

banda larga, equipe pedagógica dando suporte nos pólos e virtualmente e que

trabalhem conjuntamente com docente, tutor e aluno contribuindo para a

qualidade desta modalidade de ensino.

PALAVRAS CHAVE: EAD, sala de aula, ferramentas e colaboradores ativos.

Introdução

O presente estudo visa provocar uma discussão a cerca da interlocução entre o

ensino e a tecnologia, através da apreciação de um resumo histórico da

modalidade de ensino a distância-EAD, bem como a exemplificação da nova

sala de aula, suas ferramentas e seus colaboradores.

O estudo se deu através de uma pesquisa bibliográfica a qual aponta novos

desafios com a criação da EAD, que surgi com a necessidade de qualificação

profissional para suprir as novas exigências do mundo do trabalho devido a

industrialização, mas especialmente para acabar com um dos grandes

problemas sociais: o acesso a educação, democratizando-a.

As transformações sociais advindas da inovação tecnológica exigem uma nova

postura da Instituição de ensino e do docente, bem como novas maneiras de

ensinar que atendam as expectativas da sociedade, dos alunos e do mundo do

trabalho.

É sabido que a EAD é uma modalidade de ensino que visa à construção da

autonomia da aprendizagem discente e que usa a tecnologia como meio de

interligação dele com o docente. O material didático desta modalidade precisa

ser contextualizado e envolvente, uma vez que o docente assume papel de

orientador e o discente de pesquisador numa educação continuada mediada

Page 117: Anais   dia nacional da ea d 2012

117

por recursos, por isso todas as tecnologias são necessárias, inclusive o

material impresso, a serviço da educação.

O perfil do discente EAD, na maioria das vezes, um adulto maduro de ambos

os sexos, casado e com filhos, que escolheram tal modalidade pela autonomia

da aprendizagem, por minimizar o deslocamento para escola evitando ficar

longe da família, que possui um perfil desejável de participação ativa no

processo de aprendizagem, sendo autodidata, sabendo conciliar afazeres e

atividades EAD diárias, com facilidade em seguir orientações, sendo versátil,

conectado a tendências e que busca qualificação profissional, realização

pessoal e aquisição de novos conhecimentos.

O docente EAD será o mediador estabelecendo uma rede de comunicação e

aprendizagem através de recursos tecnológicos vencendo a distância física

entre ele e o discente, interagindo em ambientes virtuais, promovendo aulas e

materias dinâmicos, instigando o aluno a ir além do conhecimento dado e

construindo o próprio conhecimento, transformando a sociedade e preparando

para o mundo do trabalho. Tendo ao seu dispor uma equipe qualificada para

ajudá-lo a construir o material adequado para tal modalidade, uma estrutura

necessária para realização do mesmo e uma equipe de apoio que assim como

ele devem dominar os recursos tecnológicos para serem usados

adequadamente nesta modalidade de ensino.

As instituições de ensino devem estar atentas as condições necessárias para

implementação da modalidade EAD, como: capacidade tecnológica, material

didático e metodologia adequados, qualificação docente e conhecimento do

perfil do aluno que busca tal modalidade, sua motivação e suas dificuldades

ajudando na criação dos ambientes virtuais de aprendizagem-AVA, na escolha

da metodologia e avaliação.

O acesso a internet auxilia na disseminação do conhecimento e a EAD vem

conquistando espaço nas Instituições de ensino superior. O crescimento desta

modalidade está sendo atribuído a ferramenta usada, a metodologia utilizada

pelo docente e a motivação discente em relação ao curso, todos interligados

para atingirem o objetivo desta modalidade: a auto aprendizagem; superando o

modelo tradicional , levando o aluno a aprender a aprender, a refletir , buscar

soluções, relacionar e aplicar conceitos.

Page 118: Anais   dia nacional da ea d 2012

118

Refletir sobre a nova prática docente, o espaço educativo, o papel discente, os

recursos utilizados e a adaptação do ensino em relação às novas tecnologias é

o que apresentaremos a seguir.

Origem e disseminação da educação a distância no Brasil

De acordo com Laaser, apud Mckenzie et al.( 1979, p 17) o termo “educação a

distância” adquiriu aceitação universal em 1982, quando o Conselho

Internacional para a Educação por Correspondência (ICCE), uma organização

afiliada à Unesco,mudou seu nome para Conselho Internacional para a

Educação a Distância (ICDE).

O Ministério da Educação e Cultura - MEC, através do decreto nº. 5.622, de 19

de dezembro de 2005, caracteriza a educação à distância como modalidade

educacional na qual a mediação didático pedagógica nos processos de ensino

e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação

e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades

educativas em lugares ou tempos diversos.

A modalidade de ensino a distância-EAD, contribui para a democratização do

ensino, e como o próprio MEC afirma acessando a educação em qualquer local

e horário, está cada vez mais se adequando as novas teorias pedagógicas

inovando-se e utilizando uma metodologia baseada nas tecnologias da

informação e comunicação- TICS.

O ensino, realizado apenas em sala de aula, passou a ser ofertada por

correspondência, estendendo-se pelo rádio e TV (audiovisuais), informática

(digitais), internet (ambiente virtual de aprendizagem-AVA), devido à expansão

do capitalismo e da industrialização, que exigiam qualificação dos

trabalhadores. Hoje além das ferramentas tecnológicas, faz-se necessário um

pólo presencial com tutores/monitores para orientarem, tirarem dúvidas e

aplicarem avaliações, bem como auxiliar a participação em videoconferências,

fóruns, chats ou emails referentes às aulas online, além da distribuição dos

materiais impressos (livros, apostilas, guia de estudos), sendo aceita como

modalidade de ensino crescente nas instituições, evidenciada a partir da LDB

9394/96. Mas, como se deu a origem e a ampliação da educação a

distância/EAD no Brasil?

Page 119: Anais   dia nacional da ea d 2012

119

Sem dúvida, o surgimento e disseminação dos meios de comunicação

marcaram a origem e ampliação da EAD no Brasil.

A criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e o plano sistemático de

utilização educacional da radiodifusão por Roquete Pinto, entre 1922 e 1925,

como forma de ampliar o acesso à educação, são considerados um marco

inicial da EAD no Brasil.

Em 1930, com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova surge à nova

pedagogia utilizando a mídia como recurso didático (rádio, TV, impressos). Já

em 1939 surge o Instituto Monitor ofertando curso profissionalizante (eletrônica)

à distância.

Em outubro de 1941, foi fundado o Instituto Universal Brasileiro, sediado em

São Paulo com filiais no Rio de Janeiro e Brasília, como entidade de ensino

livre, oferecendo cursos por correspondência de idiomas e profissionalizantes.

Na década de 60 encontramos registros de programas de EAD, na estrutura

do Ministério da Educação e Cultura-MEC, o Programa Nacional de

Teleducação-PRONTEL, a quem competia coordenar e apoiar a Teleducação

no Brasil. Este órgão foi substituído, anos depois, pela Secretaria de Aplicação

Tecnológica-SEAT, que também foi extinta. Despontando assim entre 1961 a

1965 a mídia televisiva com a criação da TV Rio para alfabetização de adultos

e, em 1964 a TV Educativa criada pelo MEC para formar docentes para

atuarem no ensino primário.

O Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (Projeto Saci) foi

concebido e operacionalizado, em caráter experimental, de 1967 a 1974, por

iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e tinha como

objetivo estabelecer um sistema nacional de teleducação com o uso do satélite,

com 3 canais de TV educativos atingindo escolas com programas de rádio e TV

além do material impresso voltado para o ensino primário e alfabetização. Em

1969 é criada a TV Cultura e o Telecurso Regular.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial-SENAC, iniciou em 1976 com

a criação do Sistema Nacional de Teleducação cursos EAD, reestruturados em

1991 e devido ao sucesso da qualificação de seus comerciários, foi criado em

1995 o Centro Nacional de Ensino a Distância contemplando vários estados

brasileiros.

Page 120: Anais   dia nacional da ea d 2012

120

Em 1978 a Fundação Roberto Marinho-FRM cria o Telecurso 2º grau e o

supletivo do 1º grau, sendo transmitidos pela TV Globo e a TVE, com material

impresso vendido em bancas de jornal para preparar os alunos para o exame

supletivo, ofertado em 510 escolas e 71 municípios, sendo reformulados em

1981 (Telecurso 1º grau) e em 1985 (Novo Telecurso 2º grau). Em 1994, A

FRM conveniada a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo-FIESP,

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial-SENAI, Serviço Nacional da

Indústria-SESI de SP cria o Telecurso 2000 contemplando 1º e 2º graus com

material de consulta e material de apoio em telesalas presenciais com

monitores especializados cedidas por sindicatos,empresas e associações

comunitárias visando ofertar educação geral e profissionalizante.Neste mesmo

ano com o apoio da Fundação Banco do Brasil, oferta as escolas videotecas

para que todos tenham acesso aos seus programas educacionais. Em 1997, a

FRM lança o Canal Futura com programação educativa e profissionalizante.

Em 1979, o Projeto Conquista produziu telenovelas objetivando auxiliar o

supletivo de 5ª a 8ª séries, além da alfabetização de adultos lançando mão de

livros de apoio. Também neste período surge o PAF TV – Programa de

Alfabetização Funcional e Alfabetização de Adultos com recursos

multimídias.Também neste ano, a Universidade de Brasília-UNB começa a

oferecer cursos de extensão em todo o Brasil e seu material impresso era

vinculado a jornais nas principais capitais e na revista UNB.Em 1985 o

Programa de Ensino a Distância UNB se torna a Coordenadoria de EAD e em

1989 vincula-se ao Centro de Educação Aberta Continuada e a Distância-

CEAD.

Na década de 90, surge o Ambiente Virtual de Aprendizagem-AVA para ser

usado como plataforma fundamental para desenvolvimento de ações da EAD

no Brasil, em especial no Ensino Superior se beneficiando das vantagens das

novas tecnologias, mas utilizando o mesmo material do ensino presencial. Em

1991, o MEC cria o projeto piloto de utilização do satélite na educação para

veicular programas de TV com recepção organizada em Teleportos equipados

com aparelho de TV, vídeo, material impresso, fax, telefone facilitando a

interação dos envolvidos. Também neste ano é criado pela Fundação Roquete

Pinto, Um salto para o futuro, objetivando uma atualização docente por

multimeios (rádio,TV,material impresso) em telepostos onde interagiam com

Page 121: Anais   dia nacional da ea d 2012

121

docentes presentes nos estúdios da TVE, sendo um programa avaliado e

utilizado nacionalmente foi direcionado para TV Escola em 1995.Em 1992, foi

criada a Coordenadoria Nacional de Educação a Distância na estrutura do

MEC e, a partir de 1995, a Secretaria de Educação a Distância. O SENAI cria

em 1993,o Centro de EAD semipresenciais e com material impresso para

qualificar os trabalhadores das indústrias.Neste ano, o MEC e o Ministério das

Comunicações-MC criam uma política nacional de EAD,sendo regulamentada

pelo Decreto nº1237 de 6/9/94 como Sistema Nacional EAD e em 1996 em sua

estrutura,cria a Secretaria de EAD. A MULTIRIO Empresa de Multimeios da

Prefeitura do RJ, cria em 1995 teleducação para docentes e discentes de 5ª a

8ª séries, sendo complementada na escola com material impresso.Também

neste ano o MEC cria a TV Escola, para qualificação docente através da TV

aberta com programação exclusiva para educação que tinha material impresso

de apoio (Revista TV Escola,Cadernos do Professor e Revista

Especial).Também o MEC repassou o Fundo Nacional da Educação para as

Secretarias de Educação para adquirirem os kit multimeios para as escolas.Em

1996, a Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC oferta aos seus pós-

graduandos a 1ª videoconferência, aula ao vivo e interativa direto do campus.

Em 1999, a modalidade a distância cresce, pois os usuários da internet

aumentam e passa-se a transmitir saber e material através da informática

tornando possível chegarem a mais pessoas.

A partir do ano 2000, tanto o ensino presencial quanto o ensino a distância

lançam mão das inovações tecnológicas para tornarem o ensino mais atrativo e

terem mais possibilidades de trabalharem os conteúdos, uma vez que as

ferramentas tecnológicas usadas adequadamente facilitam a compreensão e

dão novo significado aos conhecimentos teóricos estimulando a curiosidade do

aluno a buscar novas possibilidades de relacionarem os conceitos dados aos

seus conhecimentos prévios. Em especial, na modalidade à distância, os

docentes utilizam a internet para postar materiais e atividades, promoverem

fóruns e chats, e se relacionarem com os alunos através dos correios

eletrônicos, tornando possível estudarem a qualquer hora e em qualquer local e

trocarem informações a todo instante.

O Censo de 2004 mostrou o crescimento da EAD nas instituições particulares

de ensino superior e apontou um fato curioso: havia vaga e não havia aluno,

Page 122: Anais   dia nacional da ea d 2012

122

devido a preferência destes pelo curso presencial. Com estes dados, foram

levantados vários questionamentos em relação a qualidade da EAD, quem

avalia e como se dá o credenciamento.Já nas instituições públicas a EAD era

crescente e inúmeras pesquisas certificavam sua qualidade, como mostra uma

pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos

Educacionais - Inep, o desempenho dos alunos do ensino a distância, na média

geral, é melhor que o dos alunos presenciais. Comparando-se alunos com os

mesmos perfis, as notas alcançadas por eles no Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes- ENADE de 2005, 2006 e 2007 (alunos à distância

e presenciais) são praticamente idênticas (O Estado de S. Paulo de 19/7/09, p.

A21).

Em relação a avaliação da EAD temos como fonte MEC,SESU 2002,p23 a

avaliação será igual a presencial observando suas peculiaridades,o que foi

reforçado em BRASIL,2005 art 16 quando falamos no sistema de avaliação da

educação superior nos termos da Lei 10861 de 14/4/04 aplica-se integralmente

a educação superior a distância.Já sobre o credenciamento,deve-se comprovar

excelência da instituição e suas produções, observar a proteção de mercado

obedecendo a territoriedade geografia e institucional, oferta de 20% da carga

horária semipresencial na graduação presencial, a manutenção de momentos

presenciais exigidas para avaliação e a qualidade do ensino.

A Universidade Aberta do Brasil-UAB foi criada em 2005 pelo MEC com a

finalidade de articular e integrar um sistema nacional de educação superior à

distância em caráter experimental, visando sistematizar ações, programas,

projetos, atividades pertinentes a políticas públicas voltadas para ampliação e

interiorização da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil,

fundamentada na constatação de que apenas 10% de jovens entre 18 a 24

anos estão nas Universidades e, a EAD surge para acolher quem não pode

participar da escola regular presencial. Para tal, é preciso parcerias com

universidades públicas e consórcios públicos em todas as esferas

governamentais. Ao se interessar pelo programa, a prefeitura procura a

secretaria de estado e educação ou o Distrito Federal e organiza pólos

presenciais, focalizando levar ensino de qualidade aos que não tem

oportunidade para que se qualifiquem para o mercado de trabalho e para

transformação social.

Page 123: Anais   dia nacional da ea d 2012

123

Ministério da Educação e Cultura-MEC afirma que a modalidade EAD

possibilita ao discente a auto aprendizagem com mediação de recursos

didáticos sistematicamente organizados e apresentados, com diversos

suportes de informática e meios de comunicação integrados com a vantagem

de escolher hora e local, ritmo de estudo e desvantagem do isolamento. O

MEC estabelece referenciais de qualidade para educação superior EAD em um

documento elaborado pela secretaria EAD do MEC em 2003, reestruturado em

2007 passando a orientar todas as Instituições de ensino superior seus alunos,

professores, técnicos, gestores para usar a modalidade EAD com qualidade,

levando em conta a equipe multidisciplinar, a interação, recursos e infra-

estrutura.

No governo LULA foram feitas inúmeras análises de políticas públicas das

Instituições de Ensino Superior. A Associação Nacional de Pós Graduação em

Educação-ANPED apontou o uso demasiado da EAD na formação docente do

ensino básico, o que poderia ser uma estratégia do Banco Mundial e da

Organização Mundial do Comércio para privatizar o ensino superior. Em

documentos do MEC e em trabalhos especializados (VIANNEY ET AL

2003,Maia 2002) foi constatado que 77% dos cursos EAD ofertados eram de

licenciatura infantil e que usavam uma metodologia tradicional, com pólos

próximos aos alunos. Também foi apontado que instituições públicas,

consórcios e rede de projetos específicos como Centro de EAD do RJ-CEDERJ

eram credenciados pelo MEC, citaram também a questão de várias instituições

serem cadastradas em mais de uma rede,como por exemplo a Universidade

Federal Fluminense-UFF vinculada a UNIREDE e a CEDERJ e não havia

dados para avaliar se as disciplinas EAD eram oferecidas de acordo com a

portaria 2253/2001 MEC na qual 20% das disciplinas deveriam ser EAD, vale

ressaltar que muitas instituições particulares usam para alunos com

dependência em disciplinas-segundo fontes informais, o que acabou

marginalizando este sistema sendo difícil avaliar a intenção o e impacto na

educação.

O MEC começa a pensar na regulamentação da EAD em 2002, concluindo em

2005,contemplando a abertura de mestrado e doutorado aprovados e

regulamentados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino

Superior-CAPES que ao constatar uma ameaça na qualidade do ensino devido

Page 124: Anais   dia nacional da ea d 2012

124

o advento dos cursos estrangeiros EAD define a territoriedade e a quantidade

de pólos que as instituições podem ter e sua avaliação individual para frear tal

situação (art 25 e 26), a possibilidade das instituições de pesquisa científica e

tecnológica pública ou privada de comprovada excelência e produção serem

credenciadas para oferta de especialização (art 9), manutenção de momentos

presenciais para avaliação,estágio,laboratórios,defesas de trabalhos (art 1),

oferta de 20% da carga horária semipresencial (portaria nº 4059 de 10/12/04)

que já conta com uma proposta de ampliação no trabalho apresentado no XII

Congresso Internacional da ABED pelo profº Moran “vale a pena redescutir

este percentual, equilibrando virtual e presencial de acordo com a área de

conhecimento e situação específica”, reforçando a discussão sobre a reforma

universitária.

Em 2006 MEC faz um projeto de regulação,supervisão,avaliação das

instituições de ensino superior-IES e graduação no sistema federal de ensino.

O Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância- ABRAEAD

da Associação Brasileira de Educação a Distância-ABED publicado pelo

Instituto Monitor em 2005, fala dos números crescentes da EAD no Brasil nos

cursos de pós-graduação (MEC/SESUb), graduação (MEC/SESUa), cursos

técnicos e de formação complementar, ressalta a qualidade e a metodologia

adotadas, demonstra a baixa evasão (ABED 2006) e suas potencialidades de

ensino de massa. O MEC basea-se no Censo 2004 e em sites de IES para

falar sobre a aceitação e utilização do modelo semipresencial em disciplinas

dos cursos presenciais.

Hoje, os jovens e adultos procuram cada vez mais a modalidade EAD, devido à

versatilidade e flexibilidade, e as IES buscam o seu credenciamento sendo as

públicas para graduação de cursos de licenciatura e as particulares na oferta

de pós graduação, uma vez que não se pode mais duvidar da qualidade desta

modalidade e ensino.

A nova sala de aula, seus colaboradores, ferramentas e desafios

A modalidade de ensino a distância-EAD está cada vez mais se adequando as

tecnologias, uma prova disto é que o espaço da sala de aula foi estendido para

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125

laboratórios e ambientes virtuais, trazendo novos desafios para as instituições

de ensino e para os docentes.

Oliveira (2011) expõe que a figura da sala de aula não se materializa no tempo

e no espaço, mas isso não quer dizer que este ambiente não exista. Apenas

adquire função diferenciada para esta modalidade de ensino. Também por isso,

é importante que o docente/tutor ofereça um suporte cognitivo, afetivo, social,

administrativo, motivacional, pedagógico aos estudantes, que são amparados

pela instituição. Desta forma, docentes/tutores e alunos, constroem o

conhecimento, que é o principal objetivo de toda educação, não só da EaD.

Levando em conta a citação de Oliveira, cabe a instituição uma nova infra-

estrutura com laboratórios de informática, rede de banda larga para acesso a

internet, rede wi-fi, biblioteca e plataforma virtual, ambientes virtuais de

aprendizagem-AVA para realização de aulas online, vídeo conferência e

pesquisas, recursos multimídias (TV, rádio, data show, som, caixas de som,

microfones), materiais tradicionais (apostilas, livros), biblioteca reformuladas

para receberem as inovações tecnológicas, catracas eletrônicas, confecção de

uniformes com chips, sem deixar de lado os espaços básicos e propícios para

o desenvolvimento de todas as habilidades dos alunos, os quais devem se

adaptar as tecnologias e as exigências de “pais super informados e exigentes”,

inclusive com câmeras para transmitirem aos pais em tempo real tudo o que

acontece com os filhos, o que exige um alto investimento. A instituição

necessita proporcionar cursos para funcionários, equipe pedagógica e

administrativa, para estes utilizarem os espaços e as tecnologias a serviço da

educação, em especial os docentes que iram lidar com AVA, presença

eletrônica e utilização de metodologias interativas, nas quais quadros

tradicionais dão lugar a quadros digitais, as folhas de atividades dão lugar aos

arquivos, as discussões dão lugar aos chats, fóruns...

A equipe pedagógica precisa disponibilizar em seu planejamento curricular

flexibilidade para integrar, tempo presencial e a distância, dar suporte ao

docente e discente nesta nova forma de ensinar e aprender, na qual todos

colaboram ativamente fazendo com que os alunos não reclamem mais da

rigidez de horários, falta de contexto e abuso de autoridade e estimule o

docente a estar atento às ferramentas e inovações tecnológicas, utilizando-as

com segurança na construção criativa de sua aula virtual. Mas, quem é

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126

responsável pela gestão pedagógica EAD? Segundo o programa de

capacitação: gestão e docência em EAD do MEC, a gestão pedagógica do

curso EAD é exercida por um Colegiado constituído de coordenador do curso,

coordenadores de equipes e professores indicados conforme o regulamento

institucional que orienta os cursos de graduação à distância.

A internet que nos dá informação em qualquer hora e lugar faz da escola,

responsável por organizar e certificar o processo de ensino-aprendizagem que,

hoje conta com várias fontes, informações e visões de mundo e tem no docente

o seu principal mobilizador.

Num mundo globalizado, que derruba barreira de tempo e

espaço, o acesso à tecnologia exige atitude crítica e inovadora,

possibilitando o relacionamento com a sociedade como um

todo. O desafio passa por criar e permitir uma nova ação

docente na qual professor e alunos participam de um processo

conjunto para aprender, de forma criativa, dinâmica e

encorajadora, e que tenha como essência o diálogo e a

descoberta ( Behrens 2000, p. 78).

Baseado na citação de Behrens, os docentes devem estar preparados para

nova forma de ensinar que conta com a nova sala de aula equipada e com

múltiplas funções, ampliada para laboratórios (pesquisa), e ambientes virtuais

de aprendizagem. O docente precisa integrar o tempo presencial e o tempo à

distância com planejamento, criatividade e flexibilidade, não pode apenas falar

para ilustrar conteúdo, deve provocar desafios, contextualizar, estar conectado

as tecnologias, aos novos recursos para programar sua aula, utilizando-os com

autonomia para que o aluno sinta-se privilegiado por ter um profissional que

prepare seu material e valorize seu tempo disponível para aprendizagem.

Conhecer o estilo de aprendizagem do discente dá ao docente a possibilidade

de adequar seu planejamento e metodologia tornando-os significativos.

Existem várias teorias que explicam o estilo de aprendizagem, mas o inventário

de estilo de aprendizagem de Felder / Silverman(ILS) é o mais adequado para

quem trabalha com as TICs. Desenvolvido no North Carolina State University,

este modelo classifica os estilos de aprendizagem em quatro dimensões, com 2

estilos de aprendizagem opostos, em cada uma: ativo (aprende praticando,

prefere trabalhar em grupo), reflexivo (aprende refletindo, prefere trabalhar

Page 127: Anais   dia nacional da ea d 2012

127

individualmente), racional (prático, busca fatos e procedimentos), intuitivo

(inovador, busca teorias e significados), visual (prefere a representação visual

do material - imagens, fluxogramas), verbal (prefere explicações escritas e

faladas) seqüencial (linear, ordenado, aprende através da execução de

pequenas etapas) e Global (pensamento sistêmico, aprende através de

insights). (Cavellucci). Com base no levantamento do estilo de aprendizagem

dos discentes, o docente poderá repensar sua prática, sua relação com o aluno

e sua forma de orientá-lo.

Lançando mão da abordagem paulofreireana, na qual os dois lados (docente e

discente) aprendem juntos, um com o outro é necessário uma relação de afeto,

para que todos se expressem e aprendizagem seja significativa. O docente

orientador deve valorizar o conhecimento prévio do discente pesquisador e o

relacionar com a teoria a ser desenvolvida, o que exige um planejamento

prévio e uma atualização constante, uma vez que a informação é modificada a

todo o momento. O processo de ensino aprendizagem EAD se dará em um

ambiente colaborativo, de confiança e respeito, por isso cabe ao docente

responder sempre todos os correios eletrônicos enviados, uma vez que estes

são a maior forma de relacionamento no ensino a distância e motiva o aluno a

trocar com o docente suas descobertas. Precisa orientar os alunos em suas

pesquisas realizadas em laboratório ou na internet, usar a internet para postar

atividades à distância, acompanhar a integração teoria e prática construídas

pelo aluno para encontrar a lógica entre o caos da informação, questionar,

superar dificuldades, avançar em relação ao modelo tradicional de ensino,

pronto e fechado de conhecimento, avaliar cada etapa de compreensão,

reflexão, produção e aplicação do conhecimento adquirido pelo aluno e não

apenas utilizar avaliações tradicionais, únicas e pontuais, uma vez que a

avaliação deve mostrar não apenas o desempenho estatístico, mas a

interação, e o contexto em relação ao objetivo do curso, dando suporte aos

conteúdos, visando alcançar resultados traçados com uma linguagem adaptada

ao público e a modalidade de ensino.

A partir da leitura de Ferrari (sem data), podemos elencar ao docente EAD

algumas competências, também, de acordo com o mestre da educação

libertadora: Paulo Freire: postura política, onde o docente desenvolve o espírito

crítico dos discentes, fazendo-os pensar autonomamente e entender a sua

Page 128: Anais   dia nacional da ea d 2012

128

realidade de forma libertadora; valorizar e conhecer a cultura e a história do

aluno; estar sempre em formação, rigorosa e permanente, uma vez que, tudo

se transforma, por isso o conhecimento e aprendizado precisam ser contínuos

e ser coerente, preconizando, na educação, valores e a ética que o docente

preconiza na vida, relacionando-se com os alunos de forma coerente, sincera,

como se relaciona com as demais pessoas de seu círculo social.

Segundo Leal, Machado, Molina e Reis o docente EAD precisa evitar

transformar o ambiente EAD em terapia de grupo, desconsiderar o

conhecimento prévio do aluno não permitindo sua autonomia e utilizar práticas

de ensino e avaliações tradicionais. Machado afirma que o papel docente é

fundamental para o sucesso do curso EAD, por isso deve dominar os recursos

da AVA, ser simpático e disponível, ser organizado e claro em relação às

atividades postadas, usar material, linguagem e método adequados a EAD,

estimulando o discente a desenvolver a autoaprendizagem e trabalhar

conjuntamente com o tutor.

O termo tutor, em EAD, tem o sentido de orientador pedagógico ao discente

isolado, que está fisicamente distante do docente. Precisa trabalhar em

conjunto com o docente para evitar falhas no processo de aprendizagem. Será

o mediador da relação discente com a construção do conhecimento e com o

material didático. Para Oliveira (2011), o tutor precisa dominar as ferramentas

tecnológicas e ensinar o discente a utilizá-las, por ser um facilitador do

processo de aprendizagem, promovendo um ambiente criativo, colaborativo

que estimule os discentes a serem interativos entre si, compartilhando suas

experiências, aprendizado e conhecimento, permitindo um olhar humanizado

sobre a EAD.

Na modalidade à distância, o material didático leva em consideração

prioritariamente, o público-alvo e seu contexto sócio-histórico diferenciando-se

da modalidade presencial. Para produzir tal material é necessário realizar um

levantamento relacionado ao nível de ensino-aprendizagem do público-alvo,

perfil dos usuários (discentes, docentes, gestores, técnicos), formas de

mediação (tecnologia e mídias), o projeto político pedagógico-PPP (diretrizes,

características, contexto, objetivos, pressupostos teórico-metodológicos,

conteúdo, formas e instrumentos de avaliação). Em seguida, deve ser

Page 129: Anais   dia nacional da ea d 2012

129

realizada uma pesquisa acerca do material a que se propõe construir, levando

em conta: o conteúdo (teorias, conceitos), os textos (objetivos e clareza), os

elementos visuais (livros, revistas, gráficos), os elementos audiovisuais (filmes

e vídeos), os elementos informáticos (internet), os elementos sonoros

(gravações de áudio e programa de rádio) e a seleção de material (importância,

possibilidades de utilização, dificuldades e facilidades, ordenamento por

módulos independentes possibilitando o estudo não sequencial). A equipe

encarregada da produção do material didático é composta por profissionais das

mais diversas áreas do conhecimento, com várias funções e tarefas. Assim,

dentre estes profissionais está o professor-autor que realiza a pesquisa,

desenvolve o conteúdo, organiza e propõe dinâmicas, recursos e atividades a

serem desenvolvidas no curso. Profissionais da área tecnológica,

programadores, o suporte técnico, a equipe de impressão e reprodução do

material e a equipe de avaliação, responsável pelos ajustes finais, sendo este

trabalho conjunto responsável por dar vida ao conteúdo que será trabalhado na

EAD.

Além do material didático, a sala de aula virtual deve ser organizada, clara e

objetiva, oferecendo ao aluno os caminhos para que os objetivos do processo

educativo sejam atingidos. O docente precisará mantê-la constantemente

atualizada, disponibilizar textos interativos, apresentar temas a serem

estudados e atividades a serem desenvolvidas, por meio da utilização de

ferramentas que viabilizem o alcance dos objetivos determinados pelo curso e

potencializem os objetivos de aprendizagem.

Como o processo de aprendizagem abrange o

desenvolvimento intelectual, afetivo, o desenvolvimento

de competências e de atitudes, pode-se deduzir que a

tecnologia a ser usada deverá ser variada e adequada a

esses objetivos. Não podemos ter a esperança de que

uma ou duas técnicas, repetidas à exaustão, dêem conta

de incentivar e encaminhar toda a aprendizagem

esperada (MASETTO, 2000, p.143).

Utilizar variadas ferramentas, e não apenas um recurso, como afirma Masetto,

contribuirá para o sucesso da aprendizagem, esgotando as possibilidades que

Page 130: Anais   dia nacional da ea d 2012

130

levem o discente a compreender os caminhos da autoaprendizagem ou da

autonomia que a aprendizagem deve proporcionar.

O discente EAD possui algumas características próprias que são necessárias

para estimular a percepção e a cognição do mesmo com a finalidade de

prender sua atenção por longos períodos de estudo, diferentemente do

discente do ensino presencial, que tem todo um ambiente ao alcance dele. Em

respeito a este assunto, o presidente da Associação Brasileira de Educação a

Distância-ABED, Frederic Michael Litto em uma entrevista dada à folha on-line

para a repórter Camila Marques em 2004 admitiu que a modalidade EAD "não

é para todos". Pois segundo ele: “O aluno que precisa do professor ao lado

dele, cobrando ou elogiando, não é bom para educação a distância. É

preferível um aluno um pouco mais maduro, autônomo. E que cumpra os

prazos.”

Assim como o presidente da ABED, o mundo acadêmico tem refletido sobre

quem é o discente EAD, o que podemos constatar com esta pesquisa é que,

geralmente são adultos de ambos os sexos, pois uma aprendizagem, que se

dá em qualquer lugar e a qualquer hora, permite-lhes continuar trabalhando em

turno integral sem deixar de dar também atenção à família, são autodidatas,

organizados e que buscam qualificação.

“O aluno on-line ‘típico’ é geralmente descrito como

alguém que tem mais de 25 anos, está empregado,

preocupado com o bem-estar da comunidade, com

alguma educação superior em andamento, podendo ser

tanto do sexo masculino quanto do feminino.” (GILBERT,

2001, p.74 apud Pallof e Pratt 2004).

A este “típico” discente EAD, cabe conhecer e dominar as tecnologias e suas

ferramentas, conciliar afazeres e atividades EAD, estarem abertos a interação

virtual docente e a metodologia EAD, buscar conhecimentos além dos

propostos, terem autodisciplina e se comprometerem com uma

autoaprendizagem continua evitando a evasão por estranhamento com o

método, por achá-lo difícil ou por achar que o material de estudo e os recursos

são escassos, colaborar com o processo de aprendizado lançando mão de

seus conhecimentos prévios relacionando-os aos conhecimentos trabalhados

nas aulas, interagir com os demais discentes trocando experiências de

Page 131: Anais   dia nacional da ea d 2012

131

pesquisa, aplicação, produção e avaliação do conhecimento construído.

Trabalhar com o tutor/docente suas dificuldades e desenvolver suas

potencialidades. Assumir seu papel de discente pesquisar consciente de que

assim o será por toda a vida, uma vez que tudo se modifica diariamente e estas

mudanças serão sempre estimuladoras de novas pesquisas.

Considerações finais

As tecnologias fazem parte de nosso cotidiano e chegaram à educação sendo

necessário que toda comunidade escolar, em especial docente e discente as

dominem e usem com criticidade e criatividade. É sabido que o ciclo de vida

dos produtos tem sido cada vez mais rápido nos incentivando ao consumo

exacerbado, por isso, não devemos consumir novas tecnologias,

desenvolvendo formas de ensinar consideradas modernas apenas por usá-las,

pois desde a criação da EAD foram desenvolvidos: guias, mídias

radiotelevisivas, equipamentos eletrônicos, rede de satélites, correio eletrônico,

internet e percebemos que a simples utilização não garante a qualidade da

aprendizagem, mas amplia a interação com o conhecimento.

Percebemos também que não podemos escolher uma única tecnologia para

todas as situações de aprendizagem, devemos identificar as necessidades

educacionais, conhecer a realidade e o objetivo do aluno bem como o conteúdo

a ser abordado. Vimos também que as ferramentas e recursos são o canal de

comunicação com o discente devendo estar de acordo com o objetivo proposto,

levando-o a desenvolver a visão critica e a curiosidade pela pesquisa. Foi

ressaltado que o material didático deve ser elaborado pelo docente

(especialista), por um revisor gramatical e editorial, um design, equipe gráfica,

construído por módulos independentes permitindo ao discente o seu estudo

não seqüencial, usando uma linguagem simples, leituras diferenciadas, que

proponham atividades prazerosas e desafiadoras como: solução de problemas,

estudo de caso, construção de projetos e que a avaliação seja continua e na

aplicação do conhecimento construído.

É muito importante saber que as tecnologias estão sempre evoluindo e se

atualizando e que a questão fundamental da educação é o desenvolvimento

Page 132: Anais   dia nacional da ea d 2012

132

humano, por isso devemos pensar primeiro em educação de qualidade no

ensino de massa e depois nas tecnologias a seu serviço.

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Page 136: Anais   dia nacional da ea d 2012

136

Ser Tutor-Educador no

Âmbito da Educação à Distância Ana Paula da Silva Conceição Oliveira

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a Especialista em Tecnologia Educacional pela AVM-Faculdade

Integrada (2010), Ana Paula da Silva Conceição Oliveira é

graduada em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá

(2007). Atua desde 2002 como professora de Tecnologia

Educacional e desenvolve projetos nesta linha, incluindo a

Robótica como ferramenta de ensino-aprendizagem. Atua ainda

como professora do Estado do Rio de Janeiro, ministrando

disciplinas pedagógicas para o curso de Formação de

Professores (Ensino Médio). Atualmente também é professora

auxiliar da AVM - Faculdade Integrada no Curso de Docência do

Ensino Superior onde atua no NIEP/AVM - Núcleo

Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas da AVM Faculdade

Integrada, desenvolvendo estudos na área de Tecnologia

Educacional.Encontra-se cursando a especialização de Gestão

em EaD no Lante (Laboratório de Novas Tecnologias

Educacionais) da Universidade Federal Fluminense.

RESUMO:

Em meio a uma realidade repleta de informação, na qual diferentes mídias e

tecnologias surgem diariamente, este estudo enfoca a importância da

educação a distância na sociedade da informação e a necessidade de repensar

as práticas estabelecidas nesta modalidade, que muito tem a contribuir no

processo formativo dos cidadãos. Em um primeiro momento faz uma reflexão

sobre até que ponto a EaD de fato tem contribuído para a promoção de uma

aprendizagem que vá além da mera transmissão de informações ou se este

processo educacional reprodutor continua existindo disfarçado sob uma

roupagem tecnológica. Em um segundo momento analisa as principais

características e o papel do tutor-educador na promoção de uma aprendizagem

efetivamente colaborativa e eficaz.

Palavras-Chave: Educação a Distância, Tutor-Educador e aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO:

Analisar o papel da educação a distância nos induz a uma dupla reflexão: em

primeiro lugar sobre a necessidade de ampliação da aprendizagem e da

Page 137: Anais   dia nacional da ea d 2012

137

formação continuada dos cidadãos e de outro de uma compreensão da EaD

como uma ação que não se restringe a práticas conservadoras de ensino indo

além da mera transmissão de informação, como lembrado por Valente (2003)

ao sublinhar diferenças entre informação e conhecimento.

Autores como [1] Davis & Botkin (1994) diferenciaram informação, enquanto

dado bruto, de conhecimento. A informação se referiria a uma organização de

dados estabelecidos e o conhecimento como a interpretação feita por cada

indivíduo perante a informação apresentada; ou seja, a sua compreensão e

construção diante da informação. Ambos os autores criticam o ensino

tradicional e fragmentado, relativo a transmissão do conhecimento e nos leva a

enxergar o ensino eficaz rumo a aprendizagem a partir de uma ótica

maximizada, em que sua abordagem é a da construção do conhecimento. Algo

que consideramos essencial nas relações e práticas estabelecidas na EaD que

tem, desde a sua origem, se comprometida com a inclusão social e a promoção

da justiça social.

A fim de conquistarmos uma educação real que alcance esses objetivos e não

uma EaD de “faz de conta”, identificamos a necessidade de algumas reflexões

frente aos desafios desta modalidade. O primeiro desafio refere-se às

configurações mais recentes que tem composto o espaço virtual: Será este, de

fato, um espaço de transposição do ensino tradicional? Será este, de fato, um

espaço de educação ou simplesmente de ensino e ou transmissão de

informação? Que papel tem assumido o tutor-educador para que a EaD não

seja apenas mais uma forma de promover a transmissão de informação

disfarçada sob uma nova roupagem tecnológica?

Os questionamentos acima instigaram a realização deste estudo que se

conduziu através de uma ampla pesquisa bibliográfica que nos aproximasse da

realidade presente na EaD e dos paradigmas relativo a este enfoque que nos

levam a buscar possíveis soluções que minimizem as angústias, os fracassos e

insucessos das práticas e formatos de EaD descomprometidos com uma

verdadeira proposta de educação. Do mesmo modo, defendendo o que aponta

[2] Morais (2005), se as polêmicas e questionamentos sobre o fato do tutor ser

ou não professor continuam, parece não haver dúvidas de que o tutor é

inquestionavelmente um educador.

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138

2. REFLETINDO SOBRE PRÁTICAS ESTABELECIDAS EM EaD:

Ao falar em virtualização da escola tradicional, [3] Valente (2003) nos leva a

pensar na práxis realizada na modalidade da educação a distância que muitas

vezes aparece como um extensor da educação presencial. Ferramentas

tecnológicas do século XXI que se apresentam adaptadas ao modelo de ensino

do fim do século XIX. Surgem novas ferramentas, diferentes tecnologias e a

internet que pode contribuir de forma significativa no processo educacional,

mas em contrapartida mantêm-se os velhos e tradicionais modos de ensinar,

uma espécie de ranço que insiste em continuar na educação sob uma

roupagem diferente.

Como denuncia [4] Kenski (2002), infelizmente, o modelo de professor e o papel

do mesmo se utilizando das novas tecnologias da informação e da

comunicação (TICs) é o de transmissor de informação, o de reprodutor da

educação bancária apontada por [5] Freire (2001), em que ao aluno e ou

aprendiz compete apenas receber as informações e memorizá-las sem

nenhuma contextualização e ou construção do conhecimento. Assim como

ocorre no âmbito do ensino presencial, essa situação é, na verdade, um dos

elementos mais significativos para a construção um clima frio e distante,

passivo do distanciamento e desinteresse do educando e que só contribui para

a evasão do aluno da EaD.

A construção do conhecimento pode e deve ser estimulada através criação de

situações em que exista um acompanhamento e assessoramento contínuo do

educando, em que o mesmo possa ser desafiado a buscar novas informações,

transformando-as e aplicando-as a sua realidade. A partir de uma perspectiva

relacional transformadora, podemos destacar o papel do professor, e

particularmente do tutor-educador, como um agente de fundamental

importância para superação deste desafio, através de uma prática

promovedora de situações de interação com o aluno como atividades

colaborativas e exercícios que estimulam o aluno a refletir criticamente sobre

os conteúdos analisados e expor suas ideias democraticamente.

Neste sentido, a internet se apresenta como um espaço que possibilita

situações para uma interação entre professor, tutor e aluno, tornando possível

um acompanhamento intenso de todo o processo de construção do

Page 139: Anais   dia nacional da ea d 2012

139

conhecimento. A frieza do convívio virtual é transformada na medida em que os

tutores-educadores promoverem atividades interativas, incentivos à

participação e fundamentalmente apresentarem-se presentes, mesmo

virtualmente. Estabelecer uma relação de proximidade com o aluno, de

acompanhamento mútuo é o primeiro passo para promover o estímulo

necessário para uma aprendizagem significativa.

Qualquer tipo de aula em qualquer âmbito (presencial ou distância) em que

professores transmitem informações, apresentam-se como detentores do saber

e não se relacionam com seus alunos, delegando aos mesmos apenas a

visualização e ou audição e memorização não promovem aprendizagem, pelo

contrário, provocam um distanciamento do conteúdo, do professor e um

desânimo generalizado e crescente.

Não se descarta nesse contexto, a importância das concepções pedagógicas,

pelo contrário, é preciso respeitar as especificidades de cada uma delas e

entender que a educação acontece de diferentes formas sem a necessidade de

extremismos, onde uma determinada tendência é vista como a única redentora

da Educação. Toda a equipe pedagógica, com destaque para os tutores-

educadores devem respeitar e favorecer os princípios de cada concepção e

sua importância no processo ensino-aprendizagem, conhecimento-informação,

educador-educando, tutor-educando e educando-educador em que ao

estabelecer-se uma relação verdadeiramente colaborativa, estaremos

desenhando uma educação com excelência em todos os seus aspectos.

Pensando no aluno que busca a educação a distância como solução para sua

formação, observamos como [6] Carvalho (2007), o quanto se faz necessário

modificar as práticas desta modalidade e ampliar as possibilidades para este

aluno que deseja o preenchimento e satisfação de suas expectativas. Missão

esta muito importante, no qual ampliar possibilidades e desvendar novas

formas de aprender torna-se fundamental para todos os envolvidos. Nesse

sentido, cabe relembrar a necessidade de transformação de comportamento,

em que não há receitas prontas para o ato de educar e o ambiente virtual não

deve ser uma transposição do ensino tradicional e ou verbalizador, pelo

contrário, deve ser interativo, instigante, dinâmico, tudo isso permeado pelo

educador-educando, seja na pessoa do professor, seja na pessoa do tutor que

desencadeará na formação de novos educandos.

Page 140: Anais   dia nacional da ea d 2012

140

Sobre este aspecto, [7] Carvalho (2007) ressalta que a história escolar do aluno

de EaD foi vivenciada em uma realidade tradicional, em que a aprendizagem

estava focada nos processos mecânicos de memorização e repetição. Assim

sendo o tutor-educador é convidado a romper com esta realidade e gerenciar a

dinâmica dos estudos e organização das atividades para que este aluno supere

o ensino arcaico e assuma uma relação de aprendizagem autônoma e

construtiva.

3. O PAPEL DO TUTOR-EDUCADOR NA EaD:

Respondendo aos questionamentos de [8] Maggio (2001) sobre quem seria o

tutor e qual seria a especificiadade de seu trabalho, este estudo parte do

princípio de que o tutor é acima de tudo um educador no âmbito da EaD. A

tutoria não é mais um cargo na EaD, e sim um espaço de mediação entre

professores e alunos e dos alunos entre si. Um profissional que enxergue a

EaD como uma modalidade ímpar de aprendizado através de espaços de

discussão como nunca se havia visto na história da Educação ([9] Leal, 2004).

Da mesma forma como denuncia [10] Emerenciano et al. (2012) é preciso se

acautelar do uso indiscriminado do termo tutor, muitas vezes utilizados de uma

forma ampla no seu sentido mais geral, ou seja tutor é aquele que ampara,

defende ou tutela alguém. É preciso enxergar o tutor-educador com um dos

principais protagonistas na promoção de uma EaD verdadeiramente

significativa e dinâmica. Tais autores defendem que quatro aspectos

fundamentais do tutor, que se aplicam perfeitamente a concepção de tutor-

educador defendida nesse estudo. Seriam estas: a) capacidades (de

conhecimentos teórico-práticos - técnicos ou não -; b) valores

(responsabilidade social, solidariedade, tolerância e outros); c) atitudes

(promoção da educação inclusiva, da justiça social, da promoção ambiental e

outros) e por fim de d) disposição (para tomar decisões e continuar

aprendendo).

Fica claro a partir da consideração de tais aspectos – ainda que no plano ideal

- que a missão do tutor-educador não é da mais simples, uma vez que esta se

refere diretamente a promoção de uma EaD verdadeiramente transformadora;

favorecer a construção de ambiente virtual para que o aluno consiga

Page 141: Anais   dia nacional da ea d 2012

141

desenvolver-se a partir de uma nova perspectiva relacional, na qual aprender a

aprender será uma competência a ser desenvolvida e exigirá muita flexibilidade

de ambas as partes. Um desafio para toda a equipe pedagógica que nesta

transição do processo ensino-aprendizagem demandam uma estrutura muito

bem organizada em que a gestão norteará os meios e fins para uma EaD bem

consolidada.

Em um mundo totalmente globalizado, no qual cada indivíduo é convidado a

participar de todas as decisões concernentes à sua vida; um mundo imerso em

equipamentos tecnológicos que diminui distâncias entre os seres e faz surgir

novas tecnologias na educação, e fundamental que estes aparatos auxiliem a

promoção de uma educação libertadora, especialmente em EaD, modalidade

que se caracteriza pelo uso das novas TICs.

A EaD deve ser estimulada a partir de um ambiente criado para uma

aprendizagem rica em recursos, possibilitando aos cidadãos a construção do

conhecimento, trazendo-lhes as condições necessárias para que cada um

possa oferecer o melhor de si. Nesta modalidade o tutor-educador é chamado

a desenvolver as potencialidades do aluno e a favorecer didáticas que envolva

conhecimentos e realidades que capacitem o cidadão a não só compreender a

realidade que o cerca, mas para transformá-la em diferentes aspectos.

Entendemos o papel do tutor não como o de um mero transmissor do

conhecimento e sim, um mediador que orienta o aluno e o instiga a gerir novas

formas de pensar, propiciando então, possibilidades para a produção de novos

conhecimentos. Esse profissional deve legitimar o compromisso com a

formação de alunos e estabelecer um acompanhamento e comunicação entre

os mesmos, evitando uma possível desistência, já que alguns dos educandos

escolhem a modalidade da EaD pensando que por terem dificuldades

relacionadas a administração do tempo conseguirão concluir o curso de uma

maneira “mais fácil”.

Torna-se concernente ressaltar a necessidade do tutor-educador investir em

sua formação acadêmica e garantir através de uma ação didático-pedagógica

uma relação teoria e prática mais consistente em seu cotidiano. [11] Morais

(2005), ao elencar os elementos que precisam fazer parte da formação do

tutor, destaca importantes competências técnicas específicas referentes aos

processos de acompanhamento e condução dos aprendizes de educação a

Page 142: Anais   dia nacional da ea d 2012

142

distância tais como: o pleno domínio da plataforma, bem como das ferramentas

e mídias disponíveis através da mesma, da comunicação verbal escrita (por um

lado clara e precisa, por outro afetiva e cautelosa). Ainda segundo esta autora

(2005), dentre as habilidades mais difíceis e desejáveis a um tutor estariam as

competências pessoais e relacionais. E justamente aí que residiria o diferencial

que transforma o processo solitário de aprendizagem a distância em uma

aprendizagem rica e significativa.

Temos assistido um crescimento da oferta de programas de formação na área,

não sendo difícil achar na internet cursos se dedicando a capacitação de

tutores. Entretanto nem sempre tais ofertas contemplam o treinamento das

habilidades acima destacadas, especialmente as que se referem às

competências pessoais, que por mais relação que tenham com características

de personalidade do futuro tutor-educador, também podem ser aprendidas e

aperfeiçoadas.

Preparados para lidar com diferentes desafios, os tutores precisam gerenciar

um convívio harmônico e estimulante, em que diversas capacidades devem ser

desenvolvidas, a primeira delas é conscientizar os alunos de que o tempo será

uma necessidade primordial na EaD, tempo este que é distinto do cotidiano das

aulas presenciais, mas nem por isso deixa de ser um fator essencial. A

tecnologia aqui é uma forte aliada para quebrar fronteiras e não minimizar

aprendizagens.

4. CONCLUSÕES:

A EaD é muito mais do que postagens de textos e atividades a distância, e o

tutor-educador desenvolve um papel muito importante nesse processo: é um

profissional comprometido com a aprendizagem do aluno, que estabelece

diálogos, promove debates, estratégias e organiza situações didáticas afim de

fazer ligações entre teoria e prática educativa.

Conquistar a excelência no fazer pedagógico em EaD, significa compreender a

diversidade dos sujeitos, da complexidade e singularidade do processo de

aprendizagem como também das diferentes teorias educacionais. Atuar em

tutoria neste aspecto, nos faz ir mais além, nos impulsiona a entender o

encantamento do processo de aprendizagem em que apaixonar-se pela

Page 143: Anais   dia nacional da ea d 2012

143

atividade docente, principalmente numa relação de distância física, é

imprescindível para uma ação fiel do tutor. É preciso fazer da aula virtual um

espaço real de interação, de trocas de resultados, adaptar os dados a realidade

do aluno que mesmo distante, tem a necessidade e o direito de sentir-se

acolhido e auxiliado a todo tempo.

Como foi possível constatar nos diferentes autores pesquisados, o papel do

tutor-educador é mais do que meramente técnico, ele precisa ser um elemento

presente no processo ensino-aprendizagem: compartilhando com os alunos

estratégias educacionais, trocando idéias e materiais de pesquisa, criando

assim uma forte motivação entre os alunos e par tal precisa ser capacitado e

valorizado como profissional.

Diante das leituras, reflexões e discussões realizadas no decorrer deste artigo,

foi possível perceber que a EaD é uma tentativa de implementar, usando

meios tecnológicos, uma nova abordagem de educação que permita o

processo de construção de conhecimento através das tecnologias

educacionais. Nesta modalidade, o tutor precisa criar estratégias para que

ocorra a interação entre aluno/aluno e aluno/professor, valorizando-se um

trabalho de parceria, elaborando-se situações pedagógicas onde as diversas

linguagens estejam presentes e a emancipação dos saberes aconteça

integralmente.

É possível entender assim que para substanciar um fazer pedagógico com

excelência ainda se faz necessário muitas mudanças nas práticas

educacionais, especialmente na EaD, mas acreditamos que mesmo em

pequenos passos, somos capazes de desvendar novas formas de construir

conhecimento e numa relação contínua de colaboração nos tornaremos

educadores-educandos e educandos-educadores em que professores,

gestores, tutores e alunos consolidarão a vivência tão sonhada em educação.

Uma utopia possível!

Referências Bibliográficas:

[1] DAVIS, S.M., BOTKIN, J.W. The monster under the bed: how business is

mastering the opportunity of knowledge for profit. New York: Simon &

Schuster, 1994.

Page 144: Anais   dia nacional da ea d 2012

144

[2] [11] MORAIS, M. O Papel do Tutor no Acompanhamento do Processo de

Ensino-Aprendizagem na EaD. Disponível em: http://www.diferencialbr.com.

br/papel_ do_tutor.html> Acesso 12/02/2012.

[3] VALENTE, J. Educação a distância no ensino superior: soluções e

flexibilizações. In: Comunicão, Saúde, Educação, v7, n12, p.139-48, 2003.

Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/icse/v7n12/v7n12a09.pdf> Acesso

12/03/2012.

[4] KENSKI. V. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. 5ª Edição.Ed.

Papirus 2002.

[5] FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática

Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

[6] [7] CARVALHO, A. Os Múltiplos Papéis do Professor em Educação a

Distância: Uma Abordagem Centrada na Aprendizagem In: 18° Encontro de

Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste – EPENN. Maceió, 2007.

Disponível em: <http://nabeatrizgomes.pro.br/moodle/file.php/1/

ARTIGOEPPEN.pdf> Acesso em 10/11/2011.

[8] MAGGIO, M. O Tutor na EaD. In: Litwin, E. (org.) Educação a Distância:

Temas para o debate de uma nova agenda educativa.Porto Alegre: Artmed,

2001.

[9] LEAL, R. A Importância do tutor no processo de aprendizagem a distância.

In: Revista Iberoamericana de Educación. (ISSN: 161-5653), 2004. Disponível

em <http://www.rieoei.org/deloslectores/947Barros.PDF> Acesso em

12/02/2012.

[10] EMERENCIANO, M. et al. Ser Presença como Educador, Professor e Tutor.

Disponível em: <http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?

Documento_ID=81> Textos do 18º Congresso Internacional de Educação a

Distância. ABED, 2012. > Acesso 08/03/2012.

Page 145: Anais   dia nacional da ea d 2012

145

A Importância da Presença do

Professor-Tutor de EAD no Processo de

Ensino-Aprendizagem do Discente Virtual Valéria Moura de Souza

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So

uza Graduada em Pedagogia pela Univer Cidade. Especialista em

Psicopedagogia pelo Instituto a Vez do Mestre Faculdade

Integrada. Tutora em Educação a Distância. (Curso Livre) pelo

Instituto EAD Virtual – Ensino e Pesquisa. Associado a ABED

(Associação Brasileira de Educação a Distância) e PUC Goiás.

E-mail: [email protected]

Resumo

Neste trabalho foi feito um estudo sobre a importância da presença do

professor – tutor de Educação a Distância no processo de ensino –

aprendizagem do discente virtual, as funções primordiais desempenhadas por

este profissional - educador e sua contribuição para a mudança de paradigmas

em um mundo cada vez mais digital. O ensino pautado apenas nas

potencialidades da tecnologia, ignorando a importância do mediador, suas

orientações pedagógicas relativas ao ato de aprender e sua experiência na

estruturação de conteúdos adequados, dificilmente produzirá cursos a distância

com qualidade significativa. O que confirma a importância da atividade de

tutoria como facilitadora da aprendizagem do aluno distante.

Palavras-chave: Educação a Distância; Tutor; Professor; Aprendizagem

virtual.

Page 146: Anais   dia nacional da ea d 2012

146

1. Introdução

A Educação a Distância não é uma novidade, neste novo contexto educacional

e tecnológico esta modalidade se apresenta de forma a alcançar os alunos de

forma democrática tanto aqueles que podem recorrer ao ensino presencial e

optaram pela modalidade a distância quanto aqueles que por motivos diversos

não podem estar face a face com o professor.

O tutor de EAD tem a importante função de facilitar o processo de ensino

aprendizagem do aluno distante e fomentar nesses indivíduos o desejo de

prosseguir na busca de mais saberes, o que acarretará nova visão de mundo e

melhor qualificação desse profissional no mercado de trabalho.

A EAD não deve ser comparada como uma modalidade que não necessite

oferecer suporte pedagógico, onde somente os materiais disponíveis aos

educandos por si só solucionem todos os questionamentos e construam sólidos

conhecimentos a cerca do curso escolhido. Pelo contrário, o papel do educador

se torna fundamental no processo de ensino – aprendizagem, pois a interação

e mediatização é o pilar dessa modalidade, demonstrando que o ensino dentro

do formato virtual não produz distanciamento da relação professor – aluno, o

que confirma que este profissional está preparado e disponível para fazer o seu

trabalho.

2. Educação a Distância sem distanciamento educacional

A Educação é um processo que acontece a todo instante, de forma natural e

inerente a todo o ser humano. Ocorre a partir das interações entre os grupos e

que segundo Huberman (1999, p.21 apud PEDROSA, 2003, p. 9), ‘’dura toda a

vida e se leva a cabo tanto formal e sistematicamente dentro de currículos

estabelecidos, como também não formal e informalmente, pelo intercâmbio de

experiências numa vida cotidiana participativa’’.

Nesse contexto, a EAD surgiu a partir da necessidade humana de ultrapassar

barreiras temporais e geográficas no campo educacional. Milhões de pessoas

se beneficiam dessa modalidade de ensino desde o século XIX, onde o contato

era feito por meio da correspondência.

Page 147: Anais   dia nacional da ea d 2012

147

O avanço da tecnologia favoreceu a aprendizagem e tornou esta modalidade

de ensino ainda mais rápida e eficiente. Surgiu a Educação à Distância no

ambiente virtual.

A Educação a Distância (MAGGIO, 2001), possui especificidades marcantes e

sua estruturação metodológica em nada pode ser comparada ao ensino

presencial, onde os conteúdos são elaborados para serem lecionados

por um professor, em que a sua presença em sala de aula agrega um conjunto

de informações adicionais, transmitidas através da fala e expressões gestuais.

Caso o conteúdo disponível não elucide alguns questionamentos, o aluno pode

solicitar de forma imediata a presença do professor.

Na EAD, a comunicação não acontece da mesma forma. Há um rompimento da

relação face a face entre aluno, professor e espaço – tempo. Essas rupturas

fazem com que o aluno virtual decida sobre seu processo formativo com certa

autonomia e independência. o entanto, por trás dessa ‘’autonomia’’ e

‘’independência’’, encontra-se alguém denominado “tutor”, fundamental para o

acompanhamento da aprendizagem.

Conforme Preti (1996, p.27), “o tutor, respeitando a autonomia da

aprendizagem de cada cursista, estará constantemente orientando, dirigindo e

supervisionando o processo de ensino-aprendizagem”.

Cabe a esse profissional - docente criar atividades para reflexão, apoiar na

resolução de tarefas, sugerir fontes de informação alternativa, oferecer

explicações complementares que favoreça os processos de compreensão.

Nisso consiste o seu trabalho e o transforma em ‘’farol’’ para o discente virtual

que, em sua maioria, não tem outra forma de suporte social e educacional.

Como afirma Chacón (1999 apud PEDROSA, 2003, p.11), “o educador que

trabalha a distância não é simplesmente um mestre ou professor convertido em

divulgador, mas sim um profissional com conhecimentos e habilidades

específicas” e com funções características como: mediador, explorador,

investigador, facilitador, instigador, problematizador, orientador, articulador e

co-participante do processo de aprendizagem do discente.

Apesar de todos os adjetivos apresentados acima, o tutor não era visto até

poucas décadas atrás como ‘’aquele que ensina’’, pois o ato de ensinar era

sinônimo de transmitir conhecimento, informação e/ou fomentar determinados

Page 148: Anais   dia nacional da ea d 2012

148

tipos de comportamentos tidos como aceitáveis dentro da sociedade em que o

aluno está inserido, sendo essa tarefa exclusiva do professor em caráter

presencial e diário. Devido à falta da presença do docente, o ato de ensinar na

Educação a Distância, ficava a cargo dos materiais oferecidos e disponíveis

aos alunos no início do curso. A função do tutor se restringia em garantir o

cumprimento dos objetivos propostos com a finalidade de sustentar o

andamento do processo. A EAD se definia pela mediatização, pela auto-

aprendizagem do aluno, isto é, pelo autodidatismo. Nessa perspectiva, a

responsabilidade pela construção do conhecimento era feita pelo próprio aluno

e o tutor era visto como mero acompanhante, mais do processo do que do

aluno.

Com as mudanças educacionais ocorridas a partir das últimas décadas do

século anterior (MAGGIO, 2001), a Educação a Distância se reestruturou com

o enriquecimento de novas propostas, proporcionando maior agilidade no

estudo de conteúdos, na confecção de projetos educacionais virtuais, na

interatividade, na socialização de saberes, sem desprezar um perfil mais

qualificado do professor – tutor.

Assim, neste novo mundo globalizado, não cabe mais a relação de passividade

do aluno, que dependia da resposta pronta do professor, denominada de

acordo com Freire (2005, p. 68), de ‘’Educação Bancária’’. A relação aluno –

professor é multidirecional. Todos os envolvidos no processo de ensino –

aprendizagem compartilham da mesma experiência educacional, pois trocam

experiências que tem o poder de potencializar transformações significativas na

vida daqueles que não tiveram condições de concluírem seus estudos no

tempo certo (LDB, 2011), para aquele que busca um curso livre ou mesmo

aquele que almeja a continuidade acadêmica. Essa troca tem a possibilidade

de ocorrer no âmbito presencial e também a distância, pois a principal função

da EAD é diminuir as desigualdades sociais e educacionais, proporcionando

acesso ao conhecimento com qualidade e com baixo custo de investimento.

2. A importância do professor – tutor no processo de ensino –

aprendizagem

Page 149: Anais   dia nacional da ea d 2012

149

Alguns teóricos acreditam que o processo de ensino-aprendizagem em EAD

não necessita de um mediador para direcionar o aluno, pois a aprendizagem

pode ocorrer sem a presença desse profissional, basta a dedicação do discente

virtual.

Segundo Holmberg (1981, apud BERNAL, 2008), ´´o caráter inovador da

Educação a Distância emana das idéias básicas, podendo ocorrer a

aprendizagem sem a presença do tutor..´´

A afirmação citada acima perde fundamento, pois sempre haverá a

necessidade de um mediador, aquele que direciona caminhos, oferece meios

alternativos de alcance do conteúdo a ser dominado e fomenta a continuidade

do ato de prosseguir adiante.

De acordo com Green; Gilbert (1995, p. 45 apud BERNAL, 2008, p. 70):

As novas tecnologias por si só não dão qualidade, são

simples meios para se alcançar um fim. A qualidade

dependerá, em grande parte, da

qualidade humana de quem elabora e assume o

processo de formação

[...] a tecnologia é uma forma de conhecimento [...] os

objetos tecnológicos carecem de significado se não há

destreza para usá-los,

repará-los, desenhá-los e fazê-los. Essa destreza, a rigor,

não pode ser posta em palavras, É visual, inclui o tato,

mais que verbal ou matemática.

Mas, a questão é: Caso surja uma dúvida, um questionamento, uma nova ideia

a partir do material disponibilizado ao aluno virtual, a quem ele poderá recorrer

para sanar o problema? Se não há a necessidade de um facilitador da

aprendizagem a concepção de Educação a Distância perde seu sentido básico

de interação entre indivíduos e passa a ser apenas estudo independente ou

estudo em casa.

Nas palavras de Mamede; Neves et al (apud Pedrosa, 2003, p. 2):

[...] o termo Educação a distância [...], bem como o de

Ensino a Distância, apresentam uma mesma significação,

ou seja, são processo de ensino – aprendizagem

mediatizados, com um compromisso pedagógico. O

mesmo não acontece com os termos Estudo

Page 150: Anais   dia nacional da ea d 2012

150

Independente e Estudo em casa, que designam apenas a

venda de materiais instrucionais, porém, sem um

compromisso de acompanhamento pedagógico.

A importância do tutor nesse contexto educacional – social é fundamental,

porém cabe a este ‘’novo educador’’ competências que lhe

assegurem desempenhar seu trabalho de forma que consiga encaminhar os

discentes à uma aprendizagem significativa.

De acordo com Kenski (2007), o bom tutor precisar ter diversas habilidades,

dentre elas:

*dedicação/comprometimento ao trabalho e às pessoas;

*equilíbrio emocional; conhecimento técnico da ferramenta;

*saber responder dúvidas de forma pertinente, clara e objetiva;

*ter atitudes humildes;

* ser flexível;

*ter interesse no desenvolvimento de sua capacidade técnica e pedagógica;

* comprometer-se com os referenciais educacionais e

* ser educador, promovendo o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender

a conviver e aprender a ser.

Conclusão

A Educação a Distância surgiu como alternativa educacional para a

disseminação do conhecimento sem limites temporais e espaciais e pode se

tornar uma ferramenta de inclusão das classes menos favorecidas ao mundo

da tecnologia e de acesso aos saberes. A disseminação da EAD pode

contribuir para “encurtar” distâncias educacionais, quebrar conceitos

ultrapassados e construir um novo paradigma na educação.

Este novo modelo de ensino-aprendizagem tem alcançado espaço à medida

que os cursos oferecidos têm se mostrado com material de boa qualidade

instrucional, com profissionais, conhecidos como tutores, capacitados e

disponíveis para sanar as dúvidas, minimizar erros e contribuir na construção

desse novo educando cibernético, em um mundo cada vez mais exigente e

competitivo.

O tutor de EAD é tão importante nesse contexto quanto os materiais de

qualidade elaborados pelas instituições, pois é ele quem irá apresentar esses

Page 151: Anais   dia nacional da ea d 2012

151

conteúdos aos alunos virtuais no decorrer da vida acadêmica. Não existe

Educação sem interação entre os indivíduos, não há como aprender a

aprender, aprender a ensinar e aprender a ser sem a presença do outro.

Portanto, a importância da presença do tutor de EAD no processo de ensino –

aprendizagem do discente virtual, refletida neste artigo, propõe que esse

profissional tenha por parte dos envolvidos no campo da EAD um

reconhecimento do seu trabalho, haja vista a importância de sua função.

Referências:

BERNAL, Edith González. Formação do Tutor para a Educação a distância:

fundamentos epistemológicos. Ecco: São Paulo, v.10 n.1, p.55-88. Jan/Jun.

2008.

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB Fácil: leitura crítico – compreensiva, artigo a

artigo. 18ed. atualizada e ampliada - Petrópolis, RJ: vozes, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2005.

MAGGIO, Mariana. O Tutor na Educação a Distância in. LITWIN, Edith.

Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda

educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

PEDROSA, Stella Maria Peixoto de Azevedo. A educação a distância na

formação continuada do professor. Disponível em:

http://pt.scribd.com/doc/5109226/A-educacao-a-distancia-na-formacao-do-

professor. Acesso em: 17/11/2012

PRETTI, Oresti. Educação a distância: inícios e indícios de um percurso.

Cuiabá: Nead/IE- UFMT, 1996.

Page 152: Anais   dia nacional da ea d 2012

152

Tutoria e Qualidade na

EaD sob a Ótica dos Tutores Silvia Regina Sênos Demarco

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Mestranda em Educação. Tecnologias de Informação e

Comunicação nos Processos Educacionais – UNESA. Previsão de

término jul. 2013.Universidade Gama Filho - POSEAD: Pós-

graduação em Docência em Educação a Distância.Universidade

Gama Filho: Pós-Graduação em Docência para o Ensino

Superior.Faculdade CCAA: Licenciatura e bacharelado em Letras

– habilitação Português/Espanhol).Faculdade CCAA: Licenciatura

e bacharelado em Letras – habilitação Português/Inglês.

Universidade Gama Filho: Graduação no Curso de Arquitetura.

RESUMO

Nos muitos discursos acerca da Educação a Distância (EaD), uma ampla

diversidade de termos é utilizada para se referir ao indivíduo que oferece apoio

diretamente ao aprendiz nessa modalidade. De fato, dentre os vários

profissionais envolvidos na EaD, a figura do “tutor” emerge de formas múltiplas

e, frequentemente, contraditórias. Esta apresentação discutirá um trabalho de

mestrado em andamento que tem como objetivo geral investigar o papel que o

tutor exerce segundo a ótica dos próprios tutores, com foco, em particular, na

relação entre a atuação do tutor e questões de qualidade em EaD. A

complexidade na organização e implementação de programas a distância é

grande, e isto se reflete na literatura da área. Embora as pesquisas ofereçam

uma contribuição ao tema sendo investigado, as abordagens destacam a

especificidade desta função, a capacitação e as habilidades exigidas ao

docente atuante na modalidade a distância, indicando a necessidade de uma

reflexão mais aprofundada sobre o papel e a atuação desses profissionais sob

sua própria ótica. A investigação visa responder as seguintes questões de

Page 153: Anais   dia nacional da ea d 2012

153

estudo: (1) como os tutores caracterizam seu papel e práticas, e que relações

vislumbram entre estas e as práticas que porventura realizem como docentes

no ensino presencial em outras instituições?; (2) como se potencializam na

prática, segundo os tutores, as possibilidades de autonomia e reflexão

profissional enquanto aspectos centrais esperados da docência no ensino

superior?; (3) como os tutores vivenciam o desenvolvimento de suas práticas

no contexto de formação continuada oferecida pela instituição de ensino?; (4)

como os tutores posicionam suas práticas em relação a questões de qualidade

em EaD? A pesquisa adota uma abordagem de cunho etnográfico no qual a

pesquisadora se alinha com a posição de uma “etnógrafa nativa", isto é,

transita entre as localizações de pesquisadora e membro do grupo social cujas

práticas, visões e concepções pretendem compreender e dar voz. Assim, sem

pretensões a se constituir em uma etnografia, o trabalho integra uma contínua

reflexão acerca de questões metodológicas, que serão discutidas nesta

apresentação. Pretende-se que a pesquisa contribua com novos olhares e

possibilidades, e, sem pretensão a esgotar temas tão complexos quanto a

docência e a qualidade na EaD, espera-se proporcionar mais um estímulo ao

desenvolvimento de um espírito crítico e uma conscientização mais geral

acerca da importância do tutor com relação à qualidade em EaD.

Palavras-chave: tutoria – qualidade – EaD

Com a expansão da modalidade da Educação a Distância (EaD) e suas

relações com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), por muitas

vezes, de forma reducionista, alguns autores tratam o tema como uma

revolução tecnológica, em que as TIC são as protagonistas exclusivas dessa

revolução, sem considerar os desmembramentos pertinentes ao campo da

educação. Evidentemente, a contribuição das tecnologias é significativa para

os processos educacionais presenciais e/ou virtuais.

Além das TIC, o advento da Internet nos anos 1990 proporcionou um

desenvolvimento no âmbito educacional, incluindo a modalidade da EaD. Sem

a pretensão de se fazer uma apologia às TIC, consideramos que as tecnologias

favorecem à educação, no âmbito de trazer uma visão ampliada das

informações recebidas, dando a oportunidade dos participantes do processo de

ensino-aprendizagem se apropriarem como pessoas mais críticas.

Page 154: Anais   dia nacional da ea d 2012

154

Quem é o profissional que ensina na EaD?

Observo que no ensino superior, os docentes estão cientes das facilidades

oferecidas pela Internet, do dinamismo na construção do conhecimento, da

possibilidade de tornar os alunos mais interessados e mais produtivos. Ocorre

que, ora não possuem suporte de profissionais que os motivem e que os

ensinem a lidar com as novas tecnologias, ora não acreditam que vale a pena.

A afirmação de Silva (2011): “É preciso formar o formador.” é um ponto de

partida para compreendermos como o docente pode integrar a tecnologia e

currículo, minorando um dos evidentes problemas expostos pelos profissionais

de que não saber utilizar computadores e programas.

Por um lado, os perfis de algumas IES parecem “engessados” e limitadores,

com uma proposta massificadora e/ou com finalidade financeira do ensino a

distância.

Por outro, alguns profissionais estão “vazios” de expectativas, de ideias, de

vontade de fazer diferente. O motivo? Porque a maioria destes não acredita

mais na Educação no Brasil. Mudar tal visão é tão urgente quanto preparar o

profissional para caminhar pela Internet, de igual para igual com seus alunos,

abandonando o paradigma tradicional de detentor e único transmissor do

saber.

A interatividade, concebida por Silva (2011) como uma atividade mútua e

simultânea entre participantes que trabalham em direção a um mesmo objetivo

e provocando mudanças comportamentais nestes, agrega uma característica

bi-direcional no processo em que os integrantes dialogam entre si durante a

construção da mensagem, parece estar desaparecendo com ou sem

computadores na educação. A forma despreparada dos profissionais da

educação evidencia que as políticas educacionais são feitas sem uma

preocupação com docentes e com discentes, de cima para baixo, sem

conceber a inclusão digital.

A inclusão digital não se reduz à oferta de computadores conectados em rede.

Rondelli (2003) considera que para assimilar o novo é necessário mais que um

simples conhecimento e utilização das máquinas ou de domínio de técnicas. É

preciso um novo pensar, (re)construir padrões de comportamento, desafiar a

questão da linearidade, do engessamento de paradigmas cristalizados,

desmistificando o uso das TIC.

Page 155: Anais   dia nacional da ea d 2012

155

As TIC produzidas e circuladas ao longo dos tempos pelo suporte do papel,

chegam à atualidade suportadas também pelos bites, códigos digitais

universais (0 e 1) (SANTOS, 2003). Dessa forma, a informação circula e se

modifica nas diferentes interfaces, que possibilitam a digitalização de sons,

imagens, textos, gráficos e outras informações.

Em relação ao uso das TIC no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA),

entendido como um espaço flexível para a construção de saberes e de

conhecimento, onde é possível construir e atualizar diferentes saberes, as TIC

colaboram como potencialzadoras nesse processo de ensino-aprendizagem. A

comunicação “todos-todos” diferencia e caracteriza os AVA de outros suportes

mediados pela tecnologia, pois, através das interfaces, o digital permite a

hibridização e a permutabilidade entre os participantes do processo

comunicativo, em que a mensagem pode ser modificada e ganhar plurais

significados. Não significa que todos os AVA apresentem o mesmo formato e

nem agreguem conteúdos hipertextuais e interativos, mas apontamos aqui as

possibilidades. Em alguns, o processo comunicacional de ensino-

aprendizagem se limita a práticas instrucionistas centradas na distribuição de

conteúdos, a um currículo tradicional, como a prestação de contas de

atividades previamente distribuídas de múltipla-escolha ou objetivas sem a

construção baseada na interatividade.

A organização e democratização do uso de um AVA requer recursos e

políticas, que incluam a formação docente especializada na intenção de

promover interações, usos, socialização e conversação que fluam numa

comunicação dialógica.

A formação especializada dos docentes, com a finalidade de aprimoramento,

apreensão de novas técnicas e ideias, em um primeiro momento, recebe

resistência por parte de muitos profissionais, por diversos motivos como

questões financeiras, falta de tempo, medo do novo, comodismo,

desconhecimento ou descrença na educação. Quaisquer motivos requerem

atenção, a fim de solucionar os problemas para uma educação de qualidade.

A perspectiva da formação docente para a modalidade da EaD exige uma

reflexão sobre um “novo pensar” dos docentes, de forma ativa e crítica, bem

como a revisão dos materiais, práticas e projetos pedagógicos. Com tantas

possibilidades de escolha, o docente precisa buscar e trocar experiências, de

Page 156: Anais   dia nacional da ea d 2012

156

modo a construir referenciais que orientem suas escolhas, para atingirem seus

objetivos pedagógicos no contexto de sua prática educativa dinâmica e

contínua, observando as respostas tecnológicas e as práticas educativas que

surgirão no decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, o

aluno e o tutor poderão assumir um posicionamento comunicativo e possuir a

capacidade de lidar com as ferramentas de suportes e de interação.

A este processo de educação, a práxis, compreendida como a busca da

coerência entre pensamento e ação, é uma realidade que infelizmente nem

sempre ocorre. Freire (1987, p. 149) diz: “[...] estamos defendendo a práxis, a

teoria do fazer, não estamos propondo nenhuma dicotomia de que resultasse

que este fazer se dividisse em uma etapa de reflexão e outra, distante, de

ação. Ação e reflexão e ação se dão simultaneamente”, ampliando a reflexão, a

troca de informações, a comunicação e as relações dialógicas. Nesse

panorama educacional verificam-se diferentes práticas e modelos da EaD

apoiados por docentes-tutores e tecnologias.

A tutoria na modalidade de EaD tem uma relação direta com o processo de

ensino-aprendizagem, pois estes profissionais estabelecem um vínculo mais

próximo com os alunos, e importância na participação do desenvolvimento dos

cursos e de projetos da modalidade.

Em sua formação, este profissional deve se preocupar em adquirir uma cultura

básica no domínio das tecnologias, quaisquer que sejam suas práticas

pessoais (PERRENOUD, 2000, p. 139). Dessa maneira é privilegiada a

mediação pedagógica com destaque na interação e na relação entre os

participantes do processo.

Independente da modalidade atuante, o docente é um elemento imprescindível,

conforme Gatti (2009), p. 2) explica o papel e a formação desse profissional:

A formação dos professores, suas formas de participação

em sala de aula, em um programa educacional, sua

inserção na instituição e no sistema, são pontos vitais. No

caso dos processos de educação a distância observa-se

a importância do professor, desde a

criação/produção/revisão/recomposição dos materiais

didáticos, até aos contatos com os alunos, mais diretos

ou indiretos, em diferentes momentos, por diferentes

Page 157: Anais   dia nacional da ea d 2012

157

modalidades: na colocação de temas, de problemas, em

consultas, em tutoria, em revisões, em processos de

recuperação, etc; por e-mails, por webcam, por telefone,

em bases de atendimento, etc. O professor não é

descartável, nem substituível, pois, quando bem formado,

ele detém um saber que alia conhecimento e conteúdos à

didática e às condições de aprendizagem para

segmentos diferenciados. Educação para se ser humano

se faz em relações humanas profícuas.

Compreende-se que a discussão entre os saberes e a formação docente

associada à modalidade de EaD são próximas às discussões gerais da

educação. O desafio está em estabelecer os critérios de qualidade,

transformações e mudanças no âmbito docente que atenda às demandas e

expectativas da sociedade educacional do século XXI, criando condições de

interação entre a articulação dos “saberes” e a formação docente no processo

da construção do conhecimento nos diversos contextos de modalidades de

ensino.

Dentre os vários profissionais envolvidos na EaD, a figura do “tutor” emerge de

formas múltiplas e, frequentemente, contraditórias. De forma consistente com a

terminologia utilizada nos “Referenciais de Qualidade” (2007), que constroem o

tutor como “um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica”,

adotamos o termo “tutor”.

Modelos de tutoria nas universidades

Ao final do século XV, a figura do tutor na academia surge nas universidades

inglesas de Cambridge e Oxford, com a função de assessorar grupos de

alunos, de maneira individualizada, além de cuidar do comportamento e

estudos dos alunos, sob a coordenação de um docente titular. Devido à

eficácia desse modelo de apoio à aprendizagem, no século XIX as

universidades institucionalizaram a tutoria em seus quadros docentes.

A configuração da tutoria implementada em 1969 pela Open University,

primeira universidade a distância, serviu de modelo para as outras

universidades que surgiram mais tarde, como a UNED na Espanha (1972), a

Page 158: Anais   dia nacional da ea d 2012

158

University of South Africa (1973), segundo Preti (1996). Com este enfoque, as

funções do tutor consistiam em sanar dúvidas, verificar as atividades realizadas

pelos alunos, motivar o aluno, realizar trabalhos práticos que facilitem aos

aprendizes a compreensão da teoria e avaliar de maneira formativa

permanente, que comprovassem os avanços e dificuldades dos alunos durante

o processo de esnino-aprendizagem.

No Brasil, o sistema de tutoria em cursos de formação de docentes a distância

investigado por Oliveira (2002), aponta modelos de tutoria propostos nos

projetos político-pedagógicos de cinco insitituições que atuam na formação de

professores, na modalidade a distância: a Universidade Federal de Mato

Grosso (UFMT), que iniciou o curso de graduação a distância para formação

dos professores das séries iniciais, em 1995, enfatiza a atuação do tutor no

campo da metacognição – domínio do conteúdo, função avaliativa; a

Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Estadual de Santa

Catarina (UDESC) que iniciaram o curso de Pedagogia a distância, em 1998; o

Consórcio de Ensino a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), que

iniciou a oferta do curso de graduação em Matemática e Biologia, em 2002; o

Projeto VEREDAS, da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, que

reuniu 17 instituições de ensino superior para oferecer o curso de Pedagogia a

distância, a partir de 2002.

No estudo, a autora verifica a importância atribuída à mediação do tutor em

todos os projetos, que apresentam abordagens interacionistas e propostas

metodológicas e pedagógicas fundamentadas nas abordagens condutistas e

humanistas. A maioria dos tutores entrevistados apontam para as propostas

metodológicas e pedagógicas da instituição baseadas na abordagem

condutista do aluno, quando recebem o material pronto, e a partir deste,

trabalhar o conteúdo em fóruns e espaço de dúvidas, que serão cobrados na

avaliação.

Em minha prática de tutoria em uma universidade privada na cidade do Rio de

Janeiro, constato que na maioria das vezes o tutor virtual exerce o papel do

docente responsável pela disciplina elaborando as avaliações e postando os

fóruns. A função do docente titular, geralmente, se resume a atender às

questões burocráticas exigidas pelo MEC, com raras exceções. Também neste

modelo adotado, o tutor exerce certa autonomia, e, dependendo de sua

Page 159: Anais   dia nacional da ea d 2012

159

formação e vontade, pode trabalhar de maneira mais interativa e flexível com

os alunos. Ao mesmo tempo, a complexidade e dificuldade em exercitar a

interatividade se dão por conta da relação quantitativa de alunos-tutor. Em

média, o número estimado desta relação é de 600 alunos /tutor (ou mais),

tornando “mecanizado” o trabalho da tutoria.

No modelo adotado da tutoria presencial para a graduação a distância, a IES

adota a modalidade da EaD, usando recursos tecnológicos e a mediação de

tutoria em encontros presenciais e atividades supervisionadas, que

correspondem a 40% da carga horária total do curso. Os outros 60%

correspondem às atividades de aprendizagem colaborativa e autoestudo e a

participação em fóruns a distância. Os polos de apoio presenciais são

distribuídos nas unidades federativas. Os tutores presenciais que atendem aos

polos respondem diretamente à coordenação do curso que pertencem. Os

materiais didáticos são disponibilizados em pdf no AVA e impresso em papel

para os tutores e alunos.

As funções atribuídas ao tutor são: preparar a apresentação da disciplina para

os alunos nos encontros presenciais e sanar dúvidas do conteúdo, marcar,

elaborar e corrigir as avaliações, além de lanças as notas na plataforma. Os

critérios para a aprovação dos alunos são os mesmos da graduação

presencial.

Que bases legais brasileiras fundamentam a tutoria?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 no artigo 67 enfatiza que os

sistemas de ensino irão promover a valorização dos profissionais da educação:

I – ingresso exclusivamente por concurso público de

provas e títulos;

II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive

com licenciamento periódico renumerado para esse fim;

III – piso salarial profissional;

IV – progressão funcional baseada na titulação ou

habilitação, e na avaliação de desempenho;

V – período reservado a estudos, planejamento e

avaliação, incluído na carga horária de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho. (LDB 9394/96 20

de dezembro de 1996)

Page 160: Anais   dia nacional da ea d 2012

160

Interados sobre algumas concepções de tutoria, retomamos a um aspecto

importante: o número de estudantes por tutor. Revendo a legislação em EaD,

verificamos que não está estabelecida a quantidade do número de estudantes

para cada tutor, mas apenas a indicação que no quadro de tutores previstos

esteja especificada esta relação numérica que permita a interação, mas qual o

limite, o adequado ?

os “Referenciais de Qualidade” (2007), à tutoria presencial é apresentada

uma relação adequada de um tutor para 25 estudantes, além de apontar como

as instituições devem planejar seus sistemas e avaliações:

As instituições devem planejar e implementar sistemas de

avaliação institucional, incluindo ouvidoria, que produzam

efetivas melhorias de qualidade nas condições de oferta

dos cursos e no processo pedagógico. Esta avaliação

deve configurar-se em um processo permanente e

conseqüente, de forma a subsidiar o aperfeiçoamento

dos sistemas de gestão e pedagógico, produzindo

efetivamente correções na direção da melhoria de

qualidade do processo pedagógico coerentemente com o

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

(SINAES). Para ter sucesso, essa avaliação precisa

envolver os diversos atores: estudantes, professores,

tutores, e quadro técnico-administrativo. (BRASIL, 2009,

p.17).

Tomando-se essa referência, constatamos que essa relação não ocorre na

realidade da maioria das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. O

Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (ABRAEAD)

considera uma proporção adequada de no máximo 30 estudantes por tutor, que

utilizará 1 a 2 minutos com cada estudante, garantindo a qualidade de

interação. Com esta proporção, a carga horária é estimada em 20 horas

semanais, agregando qualidade no curso a distância, minimizando “o

preconceito da EaD como sinônimo de uma educação massificada, de cunho

tecnicista, que enfatiza o material pedagógico (pacotes instrucionais) em

detrimento da mediação pedagógica.” ( ETO et al, 2010, p. 107).

Um levantamento junto ao ABRAED em 2008 aponta para uma média com

mais de 160 estudantes para cada tutor na Região Sul, de 77,9 na Região

Page 161: Anais   dia nacional da ea d 2012

161

Centro-Oeste, de 32,3 na Região Sudeste, de 31,8 na Região Norte e a menor

taxa de 24,7 na Região Nordeste.

Ainda que as médias não favoreçam aos atendimentos individualizados e aos

acompanhamentos da aprendizagem – tutoria interativa - nos surpreendemos

ainda mais, quando nos deparamos com uma média real de 600 estudantes

por tutor na maioria das IES – tutoria reativa.

A qualidade deve ser determinante em qualquer modalidade educacional.

Como conciliar a qualidade da tutoria a um número absurdo de estudantes?

Como e qual a valorização que acontece de fato na prática do tutor?

A literatura levantada por mim referente ao tema “tutoria” discute o papel geral

do tutor nos processos de EaD de várias perspectivas, e inclui alguns trabalhos

de relevância direta no sentido de já incorporarem, explicitamente, olhares e

vozes dos próprios tutores. Entretanto, não foi encontrada nenhuma

investigação conduzida no contexto de uma instituição privada que

investigasse conexões entre questões concernentes às potencialidades e

limitações das ações do tutor e questões mais abrangentes relativas à

qualidade em EaD.

Portanto, é preciso refletir questões:

Como os tutores caracterizam seu papel e práticas, e que relações vislumbram

entre estas e as práticas que porventura realizem como docentes no ensino

presencial em outras instituições? Como se potencializam na prática, segundo

os tutores, as possibilidades de autonomia e reflexão profissional enquanto

aspectos centrais esperados da docência no ensino superior? Como os tutores

vivenciam o desenvolvimento de suas práticas no contexto de formação

continuada oferecida pela instituição de ensino? Como os tutores posicionam

suas práticas em relação a questões de qualidade em EaD?

Assim, esta discussão deverá contribuir com novos olhares e possibilidades, e,

sem pretensão a esgotar temas tão complexos quanto a docência e a

qualidade na modalidade e nem responder prontamente as questões, poderá

proporcionar mais um estímulo ao desenvolvimento de um espírito crítico e

uma conscientização mais geral acerca da importância de questões relativas à

qualidade em EaD.

REFERÊNCIAS:

Page 162: Anais   dia nacional da ea d 2012

162

ABRAED (2008). Anuário brasileiro estatístico de educação aberta e a

distância. Disponível em: WWW.abraed.com.br/. Acesso em: 13 mar. 2010.

ARETIO, L. G. La educación a distancia. De la teoría a la práctica. Barcelona,

Espanha: Ariel, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. SEED. Referenciais de Qualidade para

Educação a Distância. 2007. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/referenciaisead.pdf. Acesso em: 17

abr. 2012.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 32. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

2002.

GATTI, B. A. Formação de professores: condições e problemas atuais. Revista

Brasileira de Formação de Professores – RBFP, vol. 1, n. 1, p. 90-102, mai

2009. Disponível em:

<http://www.facec.edu.br/seer/index.php/formacaodeprofessores/article/view/20

/65>. Acesso em: 7 mai. 2012.

NETTO,L. et al. Graduações a distância e o desafio da qualidade. 2010.

Disponível em: < http://www.pucrs.br/edipucrs/graduacoes.pdf>. Acesso em: 20

abr. 2011.

O. (Org.). Educação a distância: início e indícios de um percurso. Cuiabá:

UFMT, 1996.

OLIVEIRA, G. M. S. de. O perfil de tutoria dos projetos de cursos de Formação

de Professores de Ensino Fundamental de Instituições Públicas de Ensino

Superior por meio da modalidade a distância. Seminário Educação 2002.

Disponível em: <

http://www.uab.ufmt.br/uab/images/artigos_site_uab/tutoria_ead.pdf>. Acesso

em: 20 ago. 2012.

Page 163: Anais   dia nacional da ea d 2012

163

PERRENOUD, P. Dez novas competências para uma nova profissão. Pátio:

Revista Pedagógica, v.5, n.17, p.8-12, maio/jul. 2001.

PRETI, O. Educação a distância: uma prática educativa mediadora e

mediatizada. In: PRETI,

SANTOS. E. O. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livre, plurais

e gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003(no prelo).

SILVA, M. Falta interatividade. Revista Carta Capital Disponível em:

<http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/falta-interatividade/> Acesso

em: 26 ago. 2012 [não paginado]

Page 164: Anais   dia nacional da ea d 2012

164

Apresentação dos professores do GT 4 –

Saúde e Meio Ambiente: diálogos

com a EaD

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Olá, meu nome é Mariana de Castro Moreira.

Sou formada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ). Tenho mestrado em Psicossociologia de Comunidades e

Ecologia Social pelo Programa de Estudos Interdisciplinares de

Comunidades e Ecologia Social, pela UFRJ, onde estou fazendo também

meu doutoramento.

Tenho trabalhado como professora, pesquisadora e consultora nas

áreas de Educação, Psicologia, Gestão e Desenvolvimento Social. Há

cerca de vinte anos, venho atuando em projetos sociais e educativos.

Atualmente, sou Secretária Executiva do Espaço Compartilharte, uma

Associação sem fins lucrativos que tem sede em Teresópolis/RJ e visa

promover o desenvolvimento humano junto a famílias e comunidades

vivendo em situação de vulnerabilidade. Espero poder trazer, discutir,

refletir e compartilhar com vocês um pouco das leituras, aprendizagens

e experiências que venho tendo a feliz oportunidade de conhecer e de

construir ao longo destes anos. Que, juntos, possamos ampliar

horizontes e fazer deste módulo e deste curso ferramentas importantes

para um trabalho ético e socialmente responsável.

Ma

ria

Po

pp

e

Sou psicóloga formada pelo Instituto de Psicologia da UFRJ. Concluí

mestrado em Educação pela Faculdade de Educação da UFRJ em 2011.

Iniciei este ano o doutorado em Educação na Faculdade de Educação da

UFRJ na linha de pesquisa de Currículo e Linguagem. Estou na atividade

docente desde 1997 na AVM Faculdade Integrada, primeiramente nos

cursos de pós-graduação Lato Sensu na modalidade presencial.

Atualmente, sou coordenadora do curso de graduação a distância de

Tecnologia em Gestão Hospitalar e mentora dos cursos de pós-graduação a

distância de Educação Infantil e Desenvolvimento, de Saúde da Família e

de Gestão Hospitalar.

A atuação nos cursos a distância me fez buscar uma especialização em

Gestão de Ensino a Distância pela UFJF concluído em 2008 cujo trabalho de

conclusão de curso me dediquei ao tema da avaliação na educação a

distância.

Possuo também pós-graduação em Terapia de Família pelo Instituto de

Psiquiatria da UFRJ, concluída em 1985.

Page 165: Anais   dia nacional da ea d 2012

165

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Meu nome é CHRISTIANE SILVA JANSEN NARCISO PERES. Tenho formação

técnica em Processamento de Dados, sou graduada em Ciências com

Habilitação em Matemática (FEUC), Pós-Graduada em Matemática para

Professores (FEUC), MBA em Gestão Educacional (FEUC) e estou concluindo

uma Pós-Graduação em Orientação Educacional e Pedagógica (AVM). Sou

professora de Matemática da Secretaria de Educação do Estado do Rio de

Janeiro (SEEDUC), atuo na função de Tutora da Graduação na AVM

Faculdade Integrada e faço parte da equipe de elaboração do Currículo

Mínimo e suas Orientações Pedagógicas da Fundação CECIERJ - Consórcio

CEDERJ. Costumo participar de eventos e realizar cursos de extensão

universitária e aperfeiçoamento, voltados para a área de Educação à

Distância, Educação em Geral e Gestão.

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Meu nome é ANA TAVARES HARBES. Sou graduada em Odontologia(UNIG),

Pós Graduada em Saúde da Família(UCAM/AVM) e em Saúde

Pública(ENSP/FIOCRUZ). Minha experiência profissional anterior inclui

atendimento clínico no SESC de São João de Meriti e SESC Nova Iguaçu.

Também atuei como acadêmica generalista no Programa Dentescola da

Pref. Municipal do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ). Trabalhei como dentista

generalista em Clínica de Família pela Pref. Municipal de Belford Roxo

(SMS-BR) e ainda atuo nesta função em Clínica de Família pela Pref.

Municipal do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ) acumulando experiência prática na

área de 8 anos. Também atuo como professora tutora em modalidade

Ensino a distância (EAD) em curso de Graduação(AVM).

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ilv

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Co

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Desde 2009 atuando na função de tutor do curso de educação ambiental da

AVM, o professor Leonardo Silva Costa é bacharel e licenciado e ciências

biológicas, mestre em administração de negócios no ramo da

responsabilidade socioambiental pela UCP e auditor interno em sistema de

gestão integrada. Possui experiência offshore em programas de educação

ambiental para plataformistas, professor de cursos técnicos em petróleo e

gás, consultoria em gerenciamento de resíduos, sistemas de gestão

ambiental e sistema de gestão da qualidade baseadas nas normas

certificadoras NBR ISSO 14001 e 9001, respectivamente, aplicadas em

empresa de metalúrgicas.

Page 166: Anais   dia nacional da ea d 2012

166

Lu

cia

no

Ro

dri

gu

es Meu nome é LUCIANO RODRIGUES. Sou Psicólogo formado pela

Universidade Federal Fluminense (UFF). Pós graduado em Terapia de

Família pela AVM Faculdade Integrada. Durante a graduação fui estagiário

em instituições como o Sistema Prisional (Secretaria de Administração

Penitenciária) e Hospital Geral do Fundão (HUCFF-UFRJ). Pelo CEPUERJ

conclui cursos voltados para o atendimento a crianças: "Aperfeiçoamento

sobre o tema "Violência contra a criança", "Psicopatologia Infantil" e

"Técnicas de Atendimento Psicoterápico a Criança". Trabalhei por mais de

três anos em uma instituição de Educação Infantil (Creche Maria Beralda),

na época pertencente a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) em

parceria com o Instituto João Ferraz de Campos do qual eu fazia parte.

Neste mesmo Instituto prestei assessoria em Psicologia no Projeto

"Esporte é mais que Saúde" voltado para adolescentes da Cidade de Deus.

Atualmente trabalho em um Centro Social com atendimentos clínicos, sou

psicólogo da Prefeitura de Saquarema, lotado na Secretaria de Saúde e

Professor da Pós graduação modalidade distância dos cursos de Educação

Infantil e Desenvolvimento, Saúde da Família e Gestão em Saúde da AVM

Faculdade Integrada.

Page 167: Anais   dia nacional da ea d 2012

167

A Contribuição da EAD no Enfrentamento da Precarização do

Trabalho no Sistema Único de Saúde

Renata Nideck

Paulo Queiroz

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Nid

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Mestranda do Programa de Pós-Graduação Ensino na Saúde

(MPESEEAAC-UFF) Enfermeira em Saúde Coletiva, graduada em

História (ICHF-UFF), Pós-Graduada em Ensino de História e

Ciências Sociais. Enfermeira da Fundação Municipal de Saúde de

Niterói e do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - Área de

interesse Trabalho e Educação. [email protected];

Pa

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oz Cientista Social, Doutor em Filosofia e Humanidades pela

Columbia Pacific University, Professor Adjunto da Faculdade de

Educação Universidade Federal Fluminense e Coordenador da

disciplina Concepções Teórico-Filosóficas e Prática de Ensino no

Mestrado Profissional de Ensino na Saúde na Escola de

Enfermagem Aurora de Afonso Costa – UFF.

[email protected]

Resumo:

Este estudo versa sobre a ocorrência da precarização do trabalho nas práticas

assistenciais no Sistema Único de Saúde (SUS). Um fenômeno complexo que

se caracteriza pela exploração da mais-valia e pela expropriação de direitos

historicamente conquistados pelo trabalhador; por consequência distorce a

dimensão ontológica do trabalho e a qualidade dos serviços prestados.

Atualmente, 30% da força de trabalho no SUS advêm de relações precárias,

através de trabalho temporário, prestação de serviços, bolsas, contratos

Page 168: Anais   dia nacional da ea d 2012

168

informais e verbais. Desde 2003 o Ministério da Saúde já admite a existência

da precarização do trabalho no SUS como um fenômeno que interfere em sua

sustentabilidade e que deve ser enfrentado de forma sistematizada através do

Programa Nacional de Desprecarização do Trabalho no SUS – Desprecariza-

SUS. Na condição de política pública em vigor desde 2006, o programa

Desprecariza-SUS permanece na esfera da normatização distante do sentido

cognitivo da proposta. Suas ações e estratégias não enfrentam o problema no

contexto estrutural e também não buscam integração entre a educação e o

serviço, sendo os dispositivos legais inofensivos diante da lógica neoliberal e

da demanda de flexibilização do mundo globalizado. Sem a pretensão de

esgotar o tema, este estudo pretende valorizar o protagonista do SUS,

reconhecendo a invisibilidade destes sujeitos e a dívida dos processos

educacionais na manutenção deste silêncio. Nesta perspectiva utiliza-se a

Educação a distância como ferramenta de enfrentamento ao trabalho

precarizado no SUS. Um enfrentamento pelo viés epistemológico, por

conexões rizomáticas, numa cultura reflexiva, emancipatória, militante e

comprometida com a transformação do atual ethos neoliberal nas relações de

trabalho na saúde.

Palavras Chave: Precarização do trabalho; EAD; Metodologia da

problematização;, Desprecariza-sus.

“O trabalho atravessa a vida em sociedade. A poucos

proporciona conforto e bem estar, a muitos provoca

angústia e medo. Porque uma atividade pode conter em

si tanta contradição? O motivo desta ambigüidade não

está no ato de trabalhar, mas, na infra-estrutura da

sociedade em que se trabalha”. (Nideck, R. 2011)

Introdução

O conceito de trabalho precário ou precarização do trabalho não

se caracteriza por um paradigma linear, abrange uma diversidade de

entendimentos, concepções e vertentes ideológicas. Este ensaio estrutura-se

no materialismo histórico na concepção ontológica do trabalho como atividade

humana. Parte-se do pressuposto que a manutenção hegemônica do capital

acarreta reestruturação das forças produtivas reconhecido por mutações e

metamorfoses nas relações de trabalho. Este fenômeno vem se consolidado

Page 169: Anais   dia nacional da ea d 2012

169

no Sistema Único de Saúde desde seu marco inaugural; são novos mercados,

no sentido plural e heterogêneo, para a sustentabilidade de políticas públicas

descentralizadas e o suprimento de ações e serviços.

Avesso à forma legal de provimento de cargos na administração

pública, processo seletivo por concurso público, esta demanda envolve fluxos

“compulsivos”, instáveis e volumosos, configurando-se em perda de direitos,

desvinculação da relação pedagógica do trabalho, discriminação, exclusão

social, subemprego e desemprego, como também a sujeição patronal e o

enfraquecimento sindical que impede mobilização e resistência coletivas dos

trabalhadores.

Portanto, entre tantas destruições de forças produtivas, da natureza e do meio ambiente, há também, em escala mundial, uma ação destrutiva contra a força humana de trabalho, que encontra-se hoje na condição de precarizada ou excluída Em verdade, estamos presenciando a acentuação daquela tendência que István Mészáros sintetizou corretamente, ao afirmar que o capital, desprovido de orientação humanamente significativa, assume, em seu sistema metabólico de controle social, uma lógica que é essencialmente destrutiva, onde o valor de uso das coisas é totalmente subordinado ao seu valor de troca.1

(Mézáros apud Ricardo Antunes, 1995)

(...) trabalho precário está relacionado aos vínculos de trabalho no SUS que não garantem os direitos trabalhistas e previdenciários consagrados em lei, seja por meio de vínculo direto ou indireto. Ainda segundo o CONASS e o CONASEMS, mesmo que o vínculo seja indireto, é necessário garantir o processo seletivo e, sobretudo, uma relação democrática com os trabalhadores. Por sua vez, para as Entidades Sindicais que representam os trabalhadores do SUS, trabalho precário está caracterizado não apenas como ausência de direitos trabalhistas e previdenciários consagrados em lei, mas também como ausência de concurso público ou processo seletivo público para cargo permanente ou emprego público no SUS. Assim, Proteção social significa o pleno gozo de direitos trabalhistas. (Ministério da Saúde / Desprecariza-SUS, 2006)

1 Segundo Mészàros, (2002) a crise do capital se manifesta em quatro aspectos:

caráter universal (não se restringe a uma esfera particular – financeira ou comercial), alcance global (não se limita a um conjunto de países), escala de tempo extensa (contínua e permanente) e modo de desdobrar rastejante.

Page 170: Anais   dia nacional da ea d 2012

170

Como afirma Ricardo Antunes, a precarização des-socializa a dimensão

ontológica do trabalho. Os dispositivos legais prescritos pelo Desprecariza-SUS

são inócuos diante da lógica da empregabilidade, onde a formação profissional

caminha para o trabalho incerto. A matriz pedagógica do trabalho (teoria,

prática, percepções, subjetividades etc.) de grande relevância na vida

profissional, sofre uma “desconfiguração” mercadológica.

O resgate deste processo não perpassa somente pela implementação de uma

política de desprecarização. Há de se construir um resgate cognitivo, uma

validação de pertencimento social do trabalhador. Enfrentar o problema no

contexto estrutural buscando integração entre a educação e o trabalho – o

saber-fazer. Esta ruptura não se consolida a partir de políticas de gestão do

trabalho, quando as condições de subsistência suplantam as potencialidades

de resistência do trabalhador, ela emerge do espaço educacional em promover

a internalização de valores éticos e emancipatórios nos sujeitos para romper

com o paradigma neoliberal pela interlocução teórico-prática.

A partir destas observações surge o interesse em buscar alternativas de

enfrentamento ao trabalho precarizado pelo viés epistemológico, na construção

de uma cultura profissional emancipatória voltada para a transformação das

iniqüidades do trabalho em saúde.

Enfrentar a precarização do trabalho pela Educação a Distância (EaD)

Enfrentar a precarização, mas por onde começar? Este é o questionamento de

todo profissional da educação frente à sala de aula, como traduzir ao aluno, de

forma cognoscível, o conteúdo programático, a importância do saber, a função

social da escola e o papel do aluno como protagonista de sua própria história,

para que a construção do conhecimento seja eficiente e fecunda? Estes

dilemas não diferem do professor frente à Educação a distância, sem giz,

quadro, carteira, mas com as mesmas expectativas e conflitos, a necessidade

de todo o investimento educacional fazer sentido para o aluno.

Lamentavelmente, neste Brasil de muitos “brasis” a EaD não se configura como

mais uma ferramenta de aprendizagem. Em áreas de maior carência e

desigualdade sociais, onde os cidadãos perecem de analfabetismo funcional,

digital, cultural, sanitário, social e profissional, e a estrutura educacional

Page 171: Anais   dia nacional da ea d 2012

171

convencional não consegue chegar ou suprir a demanda, a educação a

distância (EAD) tem se revelado um importante método de implantação de

políticas educacionais inclusivas.

Embora não seja um método novo, existe desde o pós-guerra, hoje a EAD,

como uma tecnologia de ensino, vem ganhando adesão e espaço na política

educacional. Seria a necessidade de formação de trabalhadores certificados

em larga escala para o mercado de trabalho? Ou a oferta de flexibilização do

tempo, das exigências, do papel do professor e do conteúdo programático? O

fato é que a EaD é uma realidade na educação básica, nas graduações, na

educação continuada, nos cursos técnicos, de extensão, de línguas, em

especializações etc.

Daí o desafio do professor de transformar a instrução a distância em educação

a distância. A instrução trabalha a aquisição de ferramentas para

instrumentalizar o aluno, já a educação envolve uma rede de significados e

representações num processo global de formação do sujeito. Ambas se

complementam e são realidades indissociáveis ( Gallo, 2008:15).

Na condição de uma proposta de intervenção cuja temática envolve as

relações de trabalho na saúde, busca-se primeiramente incorporar a

metodologia da EAD à realidade vivenciada in loco. Romper com o

distanciamento do objeto, entendendo que nas práticas cotidianas os saberes

fluem pelos espaços em trânsito livre, sem fronteiras que impeçam conexões

cognitivas. Posteriormente busca-se enfrentar o desfio de desvelar as

iniqüidades que cercam o trabalho na saúde. Sem naturalização, mas

humanizando as relações em saúde, hoje cada vez mais desumanizadas pela

precarização do trabalho, sensibilizar os sujeitos pelas metodologias ativas

para que desenvolva autonomia e novas possibilidades de pensar e recriar as

práticas em saúde.

A proposta visa transversalizar a temática do trabalho pelas disciplinas

curriculares, promovendo a possibilidade do aluno enxergar o contexto político-

social que envolve o SUS e desenvolver um perfil profissional “desalienado”,

capaz de formular estratégias contra-hegemônicas de enfrentamento ao

trabalho precarizado no SUS.

Page 172: Anais   dia nacional da ea d 2012

172

Observação da realidade pelo arco de Maguerez

A metodologia da problematização no formato EaD permite trazer para o

ambiente virtual, a experiência vivenciada, a realidade como ponto de partida e

ponto de chegada. A utilização do arco de Maguerez (realidade – problema -

pontos-chave – teorização - hipóteses de solução – transformação da prática)

possibilita a identificação dos problemas e a aplicação de soluções. Nesta

estratégia podem ser utilizados relatos de casos, depoimentos, documentos,

pesquisas, denúncias, reportagens, dramatizações, charge, fotografia etc.

Longe de se prescrever uma resolutividade, um caminho cartesiano de busca

da verdade ou de ações operacionais mecânicas, a metodologia da

problematização tende a provocar inquietações no aluno/trabalhador, torná-lo

sujeito pensante de suas práticas para construção do aprendizado coletivo. A

aproximação da realidade estimula o aluno ao exercício de estranhamento do

objeto pela observação participante e de construir interlocuções teórico-

práticas. São agenciamentos para uma estrutura dinâmica do conhecimento,

como veremos nos exemplos a seguir:

Caso1: Áreas: Imunização/ Saúde Coletiva/ Saúde do trabalhador/ DIP

Tema: Vacinação contra a hepatite B entre trabalhadores da atenção

básica à saúde

A terceirização está intrinsecamente ligada à precarização do trabalho, pois tem acarretado

menores salários, diminuição dos níveis de proteção social do trabalho, ausência de benefícios

e níveis mais altos de rotatividade, além de provocar fragmentação e desmobilização dos

trabalhadores. A observação de que a prevalência da vacinação contra a hepatite B foi

significativamente menor entre os trabalhadores com formas de contratação mais precárias

(terceirizados, estagiários e outros) vai de encontro aos achados de uma revisão da literatura

que constatou que o emprego precário estava associado com uma deterioração da saúde do

trabalhador em termos de acidentes, risco de doença, exposições perigosas e conhecimento

sobre segurança e saúde ocupacional.

Fonte: - Cad. Saúde Pública vol.24 no.5 Rio de Janeiro May 2008

Page 173: Anais   dia nacional da ea d 2012

173

Caso 2:

Tema: Administração de medicamentos/ Bioética/ Administração

Estagiária que aplicou café na veia declara que nunca havia dado injeção

A estagiária de enfermagem Rejane Moreira Telles, de 23 anos, que no último dia 14 aplicou

café com leite na veia de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, morta horas após o

procedimento, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, declarou ao Fantástico deste

domingo (21) que nunca havia injetado qualquer tipo de medicação antes. Rejane, que

segundo o delegado da 64ª DP, Alexandre Ziehe estava há apenas três dias no estágio, disse

ter consciência do risco de injetar na veia o que seria aplicado em alimentação oral. "Mas,

como tava junto, qualquer um se confunde", defendeu-se

Fonte: G1 Globo.com de 21/10/2012 às 22h50

Caso 3

Tema: Administração em Enfermagem/ Psicologia/ Psicopatologia

O trabalho em equipe: o coração da atividade no hospital

Nós somos mão-de-obra barata e bota barata nisso. O plantão é só de cooperativados. Não

tem funcionário. De dia aqui, os funcionários batem cabeça , porque ficam até meio dia, uma

hora, duas horas. Hoje tinha aqui umas cinco enfermeiras e uns quatro técnicos, funcionários

do quadro efetivo. Uma hora todo mundo vai embora, aí fica só a gente. Eu atendo aqui, este

Centro obstétrico, e lá na ginecologia também. Se entrar uma cirurgia lá, eu tenho que ir para lá

. quer dizer você é burro de carga. Isso aqui para mim esgotou.

( Depoimento anônimo, Soares, 2005)

Fonte: Assunção, Ada Ávilla.Assunção (org)

Contribuições para a educação - trabalho

Converter o modelo disciplinar, passivo, fragmentado, rígido em

seu conteúdo programático em uma estética dialógica, reflexiva e

interativa com os temas sociais (cidadania, ética, trabalho, gênero,

coletividade etc.) inserindo sujeitos, comunidade e acesso aos

serviços públicos;

Integrar caminhos metodológicos, (Metodologia da

problematização e Educação a distância) respeitando a heterogeneidade

do espaço de aprendizagem (virtual e a distância);

Priorizar o sentido de rede e de conexões neste cotidiano, onde a

articulação de atores e esforços caminha em direção à educação integral

no princípio da multiplicidade.

Page 174: Anais   dia nacional da ea d 2012

174

Provocar a pedagogia do risco para o exercício do pensamento,

das inquietações, das reflexões, da autocrítica e da coragem de

construir as próprias conexões;

Dar visibilidade científica à precarização do trabalho como um

grave problema de saúde pública que deve ser erradicado do SUS;

Convocar o espaço de formação profissional para desenvolver no

aluno as expertises necessárias para enfrentar a precarização nas

relações de trabalho;

Promover a escuta de trabalhadores precarizados e suas

subjetividades nas práticas em saúde;

Conscientizar os alunos, pais e docentes que ensinar é ação

política não- partidária, e que a concepção de neutralidade é falsa e

ingênua. Como argumenta Paulo Freire, o professor não pode

aproximar-se da realidade com luvas e máscaras é preciso contagiar e

contagiar-se.

Considerações finais

Há algo em comum entre o trabalhador precarizado e a escola, ambos pedem

socorro. Seja pela falência das políticas educacionais, pelo ethos mercantilista,

ou seja pelo esvaziamento do sentido e interesse na construção do saber sobre

a perspectiva hegemônica. A sala de aula tornou-se enfadonha, obsoleta,

letárgica, deprimente até. Assim como o trabalho precarizado também.

A educação brasileira e as relações de trabalho necessitam de gestores

ousados, responsáveis, comprometidos com a sociedade e com as gerações

futuras, como também profissionais conscientes, militantes e emancipados.

O ensino na saúde me faz concordar com Dejours, pensar em saúde é sempre

mais difícil do que pensar em doença. Urge o tempo de transformação das

práticas em saúde, de investimento cognitivo para ampliar o sentido destas

práticas - a conversão da prática em práxis. Esta não é uma tarefa qualquer,

significa aplicar o conhecimento sobre a realidade a fim de transformá-la e a

apropriação da reflexão neste processo é fundamental. Desenvolver na

formação profissional saberes que priorizem a ética do trabalho valorizando a

educação em saúde como um processo histórico-ontológico do ser humano,

Page 175: Anais   dia nacional da ea d 2012

175

reconhecendo o trabalho na saúde como ação política que exige compromisso

com o coletivo. É, sobretudo, mobilizar a teoria para incidir e intervir sobre a

realidade; considerando teoria e prática como processos indissociáveis que

possuem limites políticos, institucionais, teóricos e metodológicos.

Referências Bibliográficas:

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Petrópolis: DP ET Alii, 2008

ANTUNES, Ricardo; ALVES Giovanni. As mutações no mundo do trabalho na

era da mundialização do capital. Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 87, p. 335-

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______________ Os sentidos do trabalho: ensaios sobre a afirmação e a

negação do trabalho. 2ª edição – São Paulo : Boitempo, 2009 ( mundo do

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opondo-se ao neoliberalismo. Rio de janeiro : DP& A Editora, 2005.

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GARCIA, Leila Posenato and FACCHINI, Luiz Augusto. Vacinação contra a

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http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2008000500020.

Page 176: Anais   dia nacional da ea d 2012

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FRIGOTTO, Gaudêncio (org.) Educação e crise do Trabalho: Perspectivas de

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SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 12ª Ed. – São Paulo: Cortez, 2008.

SCHNEIDER, Daniela da Cruz. Uma sub-versão em educação: possibilidades

de uma pedagogia menor. P@rtes(São Paulo). Julho de 2012

Page 177: Anais   dia nacional da ea d 2012

177

Estrutura Didática em Disciplinas na EAD: Relato de uma

Experiência

Nanci Cardim;

Dominique Maciel;

Sonia Regina dos Santos

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Possui graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia e Supervisão

Escolar pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1991). Pós

graduação em EAD/SENAC-RJ e Designer Instrucional para EAD Virtual

UAB. Atualmente é Assessora da equipe de acompanhamento e avaliação

Regional Metropolitana V - Secretaria de Estado de Educação. Tem

experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia Educacional,

atuando principalmente nos seguintes temas: informática, tecnologia

educacional, educação a distância, educação ambiental e meio ambiente.

Cursando mestrado em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias

Urbanas pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - UERJ

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Possui Licenciatura em Letras pela Universidade do Grande Rio.

Especialista em Tecnologia Educacional e extensão em Planejamento

Estratégico e Gerenciamento de Projetos. Atuou como professora

alfabetizadora concursada na Prefeitura Municipal de Duque de Caxias,

em 1997 (RJ), e professora de língua portuguesa concursada na

Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (2005). Atuou como

Professora Especialista na Universidade do Grande Rio nos cursos do

Centro de Ciência e Tecnologia. Desde 2007 atua na direção do

Departamento de Planejamento Estratégico na Superintendência de

Projetos Especiais da Prefeitura de Duque de Caxias, e de 1998 a 2006

atuou como implementadora e Chefe da Equipe de Tecnologia Educacional

na Secretaria de Educação de Duque de Caxias. Tem experiência na área

de Educação, com ênfase em Teoria Geral de Planejamento e

Desenvolvimento Curricular; tecnologia educacional, informática

educativa. Atualmente se dedica aos estudos e aplicação em

planejamento estratégico, elaboração e gestão de projetos e gestão do

conhecimento, sistemas de monitoramento e avaliação e desempenho na

gestão pública, capacitação e atualização na formação de servidores, com

ênfase na educação escolar. Desde janeiro de 2009 coordena a gestão de

contratos e convênios, estudos de cenários prospectivos, em especial nas

áreas sociais, e elaboração de projetos para a captação de recursos,

através do Portal dos Convênios - SICONV - para a Prefeitura Municipal

de Duque de Caxias.

Page 178: Anais   dia nacional da ea d 2012

178

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Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de

Janeiro (1980) e graduada em Psicologia pela Universidade Federal

Fluminense (1985), Mestre em Educação pela Universidade do

Estado do Rio de Janeiro (1994), Doutora em Educação pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000) e Pós-Doutorado na

USP(2011). Atualmente é professora adjunta da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro/Faculdade de Educação da Baixada

Fluminense, atuando nos Cursos de Licenciatura em Pedagogia e

Mestrado em Educação, Comunicação e Cultura das Periferias

Urbanas. Na UNIGRANRIO ocupa o cargo de Pró-Reitora

Comunitária e de Extensão. É membro da Comissão Permanente de

Avaliação da Extensão do FORPROEXT e avaliadora dos cursos de

graduação pelo INEP. Dedica-se a pesquisas e estudos sobre:

formação de professores e extensão universitária.

Resumo:

O presente texto tem o objetivo de apresentar uma breve reflexão teórica a

cerca da experiência de estruturação didática das primeiras disciplinas

construídas em ambiente virtual para as turmas presenciais do curso de

Sistemas de Informação e de Pedagogia, em uma Universidade privada

localizada na região Sudeste do Brasil. A estruturação didática utilizada foi

baseada na visão sócio-construtivistas e nos parâmetros didáticos teóricos

utilizados na Universidade da República Federal da Alemanha apresentada

pelo prof. Otto Peters. A didática enquanto prática social “tem por objeto de

estudo o processo de ensino em sua globalidade, isto é, suas finalidades

sociopedagógicas, princípios, condições e meios de direção e organização do

ensino e da aprendizagem, pelos quais se assegura a mediação docente de

objetivos, conteúdos, métodos, em vista da efetivação da assimilação

consciente do conhecimento.” (Libâneo, 2011, p. 132). A Educação a Distância

na universidade, enquanto estratégia de ensino para efetivação consciente

destes saberes depreendeu muitas discussões principalmente para adaptar os

conteúdos das disciplinas ao Ambiente Virtual sem perder de vista suas

finalidades sociopedagógicas. Neste aspecto, a teoria da distância transacional

de Michael Moore serviu como orientação fundamental. O ambiente virtual de

aprendizagem utilizado foi a plataforma Moodle e as disciplinas criadas foram

utilizadas nos anos de 2005 a 2009. A experiência foi avaliada como bem

sucedida pelos professores e também pelos alunos que demonstraram

melhoria no desempenho. A maior procura por disciplinas na modalidade EAD

no período de matrícula estimulou a construção de outras disciplinas e serviu

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179

de base para posterior reestruturação, inclusive com a criação de um Núcleo

de EAD independente das escolas existentes na universidade. A estruturação

didática se mostrou fundamental para superação dos problemas técnicos e

educacionais que foram surgindo durante a implantação das disciplinas,

juntamente com uma avaliação processual sistemática.

Palavras – chave: Estrutura Didática; Educação a Distância; Design

Instrucional; Educação Universitária.

I – Introdução A humanidade está no limiar de uma nova Era: a Era da Informação. É um

momento desafiador e estimulante para a educação. As mudanças constantes,

que alteram as formas de pensar e de agir, desafiam as formas de ensinar. O

advento da Internet, fenômeno mundial, que promove a interatividade quase

instantânea, impulsiona os professores a buscarem subsídios tanto para a

educação quanto para a reformulação dos processos dentro da escola

tradicional. A Educação a Distância surge como salvadora e ao mesmo tempo

como vilã para algumas situações de ensino. Questiona-se a qualidade do

ensino a distância, embora altos índices de reprovação e estatísticas oficiais

como a do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) condenem o

ensino presencial. A didática e as estratégias de ensino e aprendizagem são

colocadas em confronto. A dinâmica da televisão, da internet, o acesso a tantas

mídias e jogos computacionais fazem com que as aulas tradicionais sejam

monótonas, uma vez que não compartilham das freqüentes mudanças do dia a

dia e do ritmo frenético dos acontecimentos.

É urgente que na sociedade pós moderna, com uma cultura tecnológica

globalizada e bombardeada de tantas imagens e informações, o professor se

detenha a educar os jovens para a mídia e pela mídia. Esta educação deve ter

como pressuposto as bases no qual o conhecimento é construído: partindo do

próprio contexto social. Através de uma educação para a mídia e pela mídia é

possível alcançar a possibilidade da construção de um pensamento critico.

Segundo Cecília Von Feilitzen (2002), “um elemento essencial para atingir o

pensamento crítico é a própria produção do aluno”(p.p.19-35). A televisão, a

Page 180: Anais   dia nacional da ea d 2012

180

propaganda, o apelo visual, o próprio mundo globalizado, massifica as imagens

e as representações.

Para conhecer o cotidiano escolar é preciso teorizar sobre o próprio fazer

pedagógico. Mas o que é uma teoria? De acordo com a visão do pós-

estruturalismo “é impossível separar a descrição simbólica, lingüística da

realidade – isto é, a teoria – de seus efeitos de realidade.” [...] “O objeto que a

teoria supostamente descreve é, efetivamente, um produto de sua criação”.

(Silva. 2002 p.11)

Desta forma percebemos que é muito difícil “olhar” e desvendar o universo

habitual de nossos alunos. Mas é através desta teorização, desta observação

mais amiúde do contexto social que poderemos auxiliar nossos alunos a serem

críticos com relação a posturas e preconceitos. A escola não pode mais ser um

elemento estanque e estranho no universo tecnológico e virtual que se nos

apresenta cotidianamente.

É neste cenário de intensas transformações, não apenas tecnológicas ou

físicas, mas de formas de pensar e agir, que surgem questionamentos que

angustiam os educadores: Como pensar e fazer educação? A Educação a

Distância, usando as ferramentas computacionais é uma das possibilidades? E

dentro desta possibilidade, como tornar o ambiente realmente eficaz no seu

objetivo de ensinar? Ou ainda de promover a construção do conhecimento?

A proposta apresentada pelo grupo foi implantar uma oferta de ensino blended

learning, com a virtualização do ensino, ou seja, a oferta de disciplinas no

ambiente virtual, de forma semi-presencial, 20% como preconiza a LDBEN,

com a finalidade de aproveitar a dinâmica da tecnologia para promover a

autonomia e a cognição necessária ao pleno desenvolvimento dos alunos.

II – A estruturação das disciplinas na modalidade a distância Em 2004 um grupo de professores de uma instituição privada iniciou várias

discussões e debates com o objetivo de refletir sobre a aplicação da EAD no

Ensino Superior. Participavam do grupo a Pro-reitora de extensão, um

professor da reitoria, um da Escola de Educação, um do Instituto de

Humanidades, e dois da escola de informática. Neste contexto foram

construídos vários textos, participação em alguns congressos e a criação de

disciplinas para serem desenvolvidas no ambiente virtual Moodle. A

Page 181: Anais   dia nacional da ea d 2012

181

experiência foi relatada pelo grupo no “ICDE 22ª Conferência Mundial de

Educação a Distância” em 2006 no Rio de Janeiro.

As primeiras disciplinas construídas foram Informática e Sociedade,

Informática e Cidadania, Informática e Meio Ambiente para as turmas de

Sistemas de Informação e Educação e Tecnologias da Informação e da

Comunicação, Educação a Distância e Seminários Temáticos para as

turmas de Pedagogia. As disciplinas começaram a ser construídas no Moodle

através de adaptações das disciplinas presenciais e a avaliação seguiu o

mesmo esquema. As avaliações de todas as etapas de construção e aplicação

das disciplinas eram feitas pela equipe da escola de informática e depois pelo

grupo. Com a criação do NEAD (Núcleo de Educação a Distância) da

instituição, o grupo ainda trabalhou por algum tempo, sendo substituído

gradativamente.

A construção destas disciplinas, após inúmeras discussões no grupo,

apropriou-se da visão construtivista (Piaget, Vygotsky) sobre a aprendizagem

que leva o aluno a participar ativamente do processo de construção de seu

conhecimento através de experiências significativas e relevantes. A utilização

da web como espaço para aprendizagem permite inferir não apenas que a

internet nunca foi um espaço para simples disseminação de informações,

porém como afirma Peraya (2002): “é uma verdadeira tecnologia intelectual,

uma ferramenta cognitiva no seu sentido pleno”. (p.31)

Partindo desta premissa a proposta pedagógica foi baseada em um ambiente

web com atividades interativas de forma a facilitar a aprendizagem. As aulas

foram programadas no formato semanal contando com a participação do

professor-tutor como facilitador e dando suporte aos alunos na realização das

atividades propostas com a finalidade de provocar estas interações e

experiências significativas.

Durante a atuação do grupo, houve grande preocupação na estruturação

didática. Os professores eram conteudistas, autores e tutores. Os próprios

professores inseriam os conteúdos na plataforma moodle e a adequação

destes conteúdos ao ambiente virtual era realizada pelos professores da

Escola de Informática, que possuíam especialização em EAD e em Design

instrucional.

Page 182: Anais   dia nacional da ea d 2012

182

Sendo assim, as disciplinas seguiram alguns parâmetros teóricos, entre eles a

estrutura didática do curso utilizada na Universidade da Federal da Alemanha,

apresentada pelo prof. Otto Peters (142-148). Com relação a avaliação da

aprendizagem, esta se inicia na própria estrutura didática, parte dos objetivos

específicos da unidade, a estrutura didática dos textos e o designer. Segundo

Peters todas as unidades do curso seguem uma mesma sequência didática:

“Essa sequência já é por si só uma ajuda, porque facilita a orientação e o

trabalho autônomo com os diferentes elementos da unidade do curso durante o

estudo”. (2001, p.144) Quanto a estrutura didática do próprio texto, Peters

ressalta “Decisiva é a passagem da mera exposição dos conteúdos a serem

ensinados para a disponibilização e iniciação de processos cognitivos e de

aprendizagem”. (p.148) e explicita o conceito de malha fina e malha grossa

onde uma estrutura textual apresenta um tema sem grandes explicações passa

ao estudante a sensação de solidão, enquanto que uma estrutura

extremamente explicativa inibe as possibilidades de desenvolvimento de uma

aprendizagem mais autônoma. A avaliação, portanto está intrinsecamente

ligada a estrutura didática do curso e do próprio texto. Na matriz de design

instrucional as duas colunas são totalmente relacionadas. Para algumas

atividades eram estipuladas respostas que envolviam habilidades cognitivas

através da demonstração de competências como avaliação, síntese, análise,

compreensão e memorização. Sendo assim, os hipertextos disponibilizados no

curso permitiam o acesso imediato a links ligados ao assunto, assim como a

um glossário de termos técnicos. Esse tipo de ação favorece a pesquisa, o

interesse pela leitura e a aquisição de novos conhecimentos.

Os cursos foram concebidos dentro de uma perspectiva sócio-interacionista e

desta forma as atividades interativas foram enfatizadas principalmente nos

fóruns de discussão e nas atividades realizadas colaborativamente em

tarefas de grupo (tarefa, wiki, glossário de termos). Dentro desta perspectiva

foram também criadas atividades leves como “HotPotatoes2” e exercícios

objetivando a construção do conhecimento de forma lúdica. As atividades

avaliativas eram pontuadas de acordo com o critério de avaliação presencial e

2 Hot Potatoes é uma ferramenta de autoria para a criação de palavras cruzadas, exercícios de frase desordenada, questionário de múltipla escolha e textos com lacunas. É um software livre, mas é de código aberto.

Page 183: Anais   dia nacional da ea d 2012

183

representavam 49% da nota para a aprovação na disciplina. Os demais 51%

eram obtidos em prova presencial, de acordo com a legislação vigente

Segundo Pinto (2002), da Universidade do Minho, Portugal,

[...] Alunos que utilizam sistemas de ensino a distância, são adultos com atividade profissional, com muitas responsabilidades e sem tempo. Estudando a noite na maior parte das vezes são pessoas que sabem muito bem o que querem, enriquecendo conhecimentos em áreas em que se sentiram bem no passado ou relacionadas com sua atividade profissional, que bem conhecem. (p.20)

Esta definição se encaixa perfeitamente ao público-alvo dos Cursos de

graduação atendidos. Desta maneira, todo o conteúdo foi apresentado de

forma simples para facilitar o aprendizado do aluno. Os textos com linguagem

rebuscada ou extremamente erudita tendem a cansar e confundir o aluno. A

linguagem, neste caso mais coloquial, facilitou a comunicação suscitando a

interatividade através da pseudo-intimidade que provocou.

Considerando a dinâmica que pode ser implementada nos ambientes virtuais,

em especial no ambiente virtual Moodle, verificou-se nestes protótipos o

desenvolvimento da interatividade no ciberespaço como ferramenta propulsora

de construção de conhecimentos a partir da participação dialógica e efetiva dos

alunos, formando verdadeiras comunidades virtuais. Segundo Peters (2001),

“o diálogo torna-se importante pedagogicamente porque nele linguagem,

pensamento e ação estão intimamente relacionados e porque realizam o

desenvolvimento individual e social do ser humano”. (p.80)

As disciplinas foram planejadas para utilizar mídias assíncronas, como texto do

Livro Digital, hipertexto, vídeos, animação e como mídia síncrona foi planejado

para ser utilizado somente o recurso Chat ou Bate-papo.

III – Avaliação nas atividades presenciais As atividades presenciais se apresentavam através de uma aula inaugural, com

o objetivo de orientar ao aluno quanto ao acesso ao programa, seus recursos,

a dinâmica do trabalho proposto, e se discutia a expectativa do trabalho a ser

desenvolvido, uma vez que essa possibilidade de estudo ainda era vista com

desconfiança por muitos.

Page 184: Anais   dia nacional da ea d 2012

184

Na avaliação final da disciplina, o estudante se apresentava novamente a fim

de realizar a provas. As avaliações finais tinham o objetivo de registrar toda a

dinâmica desenvolvida ao longo da disciplina, num contexto de objetividade,

onde se marcava os conhecimentos conceituais, e no contexto da

subjetividade, onde se verificava os conceitos atitudinais e procedimentais.

Cabe ressaltar que durante toda a formatação da disciplina, estes conceitos

estruturavam os conteúdos propostos, a fim de que realmente a dinâmica da

autonomia da aprendizagem fosse exercida pelo estudante.

Neste segundo encontro, observava-se que o aluno, de fato, atendia as

questões propostas, pois a dinâmica dos fóruns, elaboração de atividades,

utilização de recursos do próprio programa de forma lúdica, como

“HotPotatoes”, gerou uma nova possibilidade de aprendizagem, o que fora

constatado como uma ação afirmativa o EAD no ensino de disciplinas nos

cursos, até aqui, ofertados.

IV – Comparação entre as atividades avaliativas presenciais e na

modalidade a distância - O que realmente muda

A avaliação, conforme define Luckesi (1996) "é como um julgamento de valor

sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de

decisão" (p. 33). Partindo desta premissa básica, as formas de avaliação eram

utilizadas da mesma maneira: inicialmente uma avaliação diagnóstica (na sala

de aula ou no fórum on line) para conhecer o aluno e tentar identificar o nível

de conhecimento do conteúdo a ser apresentado. Estávamos verificando e

classificando em que estágio do conteúdo se deveria atuar, acelerando ou

diminuindo o ritmo em algumas atividades (era a tomada de decisão).

No segundo momento utilizamos a avaliação formativa ou processual, onde a

cada semana de atividades verificávamos o desenvolvimento dos alunos, a

memorização, capacidade de análise e síntese, redação e a correção textual

(nos diversos exercícios e tarefas). Cada atividade era pontuada. As

adequações feitas eram praticamente de ordem midiáticas, voltadas para a

adequação do requerido ao ambiente virtual utilizado.

Segundo DEMO (2000, apud Sandra Gusso, 2009, p. 59), “Avaliar não é

apenas medir, mas, sobretudo, sustentar o desenvolvimento positivo dos

Page 185: Anais   dia nacional da ea d 2012

185

alunos”. E neste sentido, os instrumentos devem ser adequados, mas em

essência a avaliação é a mesma. Transformar algumas atividades docentes

que são realizadas presencialmente em atividades on line requer um exercício

interessante de criatividade. E de acordo com Domingues (2006):

Os objetivos fundamentais da EAD devem ser o de obter dos alunos a capacidade de produzir conhecimentos, analisar práticas e posicionar−se criticamente em situações concretas, e não a capacidade de reproduzir idéias ou informações. Assim, o foco da avaliação está na análise da capacidade de reflexão crítica e colaborativa do aluno diante das próprias experiências e das vivências compartilhadas com colegas.

Os cursos online, enquanto unidades didáticas precisam ser bem estruturadas

para atender alguns pressupostos básicos de orientação ao aluno em ambiente

virtual, a questão didática e pedagógica é essencial para a estruturação

coerente que consiga promover o sucesso da aprendizagem. A mediação

tecnológica para a aprendizagem é fator complicador e a criatividade humana

para superar essa dificuldade é fundamental.

Ao final dessa etapa foi possível perceber melhoria nos resultados da

aprendizagem dos alunos. E, eram realizados também, processos de avaliação

da disciplina pelos alunos e docentes e além de avaliar os procedimentos do

grupo na própria implementação da disciplina, uma vez que iniciamos como

ambiente de teste. Os resultados de aprendizagem eram expressivos na

medida em que o ambiente otimizava o desenvolvimento individual e do grupo.

Obtínhamos melhor resultado e aceitação nas disciplinas online que nas

disciplinas presenciais.

V – Considerações Finais

A experiência de criar e implementar disciplinas em EAD foi enriquecedora. A

construção do curso virtual no ambiente Moodle não é difícil, embora apresente

características que devam ser estudadas e observadas para sua utilização. As

ferramentas do Moodle são amigáveis, versáteis e de fácil manuseio. A

complexidade maior ficou relacionada às teorias pedagógicas e ao

planejamento e desenho do curso que antecede a elaboração deste no

ambiente virtual, mais especificamente relacionada ao trabalho do Design

Instrucional (DI).

Page 186: Anais   dia nacional da ea d 2012

186

Com relação às semanas/aulas, observou-se que as unidades didáticas

precisam ser mais bem estruturadas para atender alguns pressupostos básicos

de orientação ao aluno em ambiente virtual, já que a EAD ainda é uma

atividade inovadora no processo de ensino e aprendizagem. Relativamente a

mediação tecnológica para a aprendizagem é fator complicador, no qual se

necessita da criatividade humana para propor e desenvolver a superação

dessa dificuldade como eixo estruturador fundamental.

Referências Bibliográficas: As contribuições de Vygotsky, Wallon e Ausubel . Acessado em:

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Page 188: Anais   dia nacional da ea d 2012

188

Educação a Distância

(EaD): Limites e

Possibilidades

Claudia Benevento;

Vagner Santana

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Cla

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to

Meu nome é CLAUDIA TOFFANO BENEVENUTO. sou graduada

em pedagogia(UNIPLI/RJ), pós graduada em Especialização em

Raças, Etnias e Educação no BRASIL(UFF/RJ), pós graduada em

Informática Educativa(AVM/RJ), pós graduada em Metodologia e

gestão em educação a distância – UniAnhanguera/RJ, pós

graduada Stricto sensu – Mestrado em Política Social – UFF/RJ.

Va

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na

Meu nome é Vagner Caminhas Santana. Sou graduado em

Ciências Sociais – UNIMONTES/MG, pós graduado Stricto Sensu

– Mestrado Acadêmico em Política Social – UFF/RJ.

Resumo:

A pesquisa tem como objetivo ressaltar os aspectos pedagógicos para o

desenvolvimento em ambientes virtuais de aprendizagem, mostrando os limites

e possibilidades da Educação a Distância. Procuramos ao longo da pesquisa

mapear algumas questões para a implantação desses ambientes, focando nas

características, possibilidades e limites, com a perspectiva de (re) significar os

paradigmas educacionais que possam delinear esboços de uma nova

paisagem social. Este trabalho justifica-se pelo fato da globalização da

economia e a rapidez das inovações tecnológicas estarem exigindo, cada vez

mais, uma formação profissional, seja nos treinamento e na Educação

continuada, fazendo com que se invistam mais em programas de ensino a

distância. O artigo discute não o modelo educacional em si, mas formas de

Page 189: Anais   dia nacional da ea d 2012

189

comunicação que fazem da Educação a distância uma ferramenta

personalizada de aprendizagem, com impacto na vida profissional. A

metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi de natureza

qualitativa, de cunho bibliográfico, com base em autores como Alava (2002),

Alonso (2000), Gardner (1995), Lévy (2001) e Moran (2009). Constatamos que

ao longo da história, os cursos de educação a distância têm cumprido o seu

papel sociocultural, político e pedagógico a fim de atender pessoas que, por

razões de diferenças e falta de tempo, não conseguem chegar aos meios

universitários para se graduarem ou pós-graduarem presencialmente. Esses

cursos têm características que atualmente contam com as últimas conquistas

da tecnologia permitindo interações entre o aluno e o professor e entre alunos,

além de facilitar a veiculação de uma proposta de ensino de qualidade e de

fácil acesso.

Palavras chave: Ambiente Virtual; Educação a Distância; Paradigmas Educacionais.

INTRODUÇÃO

No momento em que se defende o desenvolvimento do ensino virtual como um

recurso para aumentar a média de escolaridade dos brasileiros e estratégia

mais eficiente e apropriada para diminuir a exclusão social nas universidades

do País, bem como para estimular a inclusão digital é importante esboçar

trilhas para o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem e

mapear os desafios epistemológicos desse percurso.

Podemos entender Educação a Distância (EaD) como qualquer forma

mediadora de educação (por um ou vários meios de comunicação), uma vez

que a presença física do professor é substituída por algum tipo de material. A

Educação a Distância surge em decorrência das transformações da sociedade,

das novas relações do homem com o meio em que vive e do aperfeiçoamento

das técnicas e recursos tecnológicos. A relação professor/aluno e

espaço/tempo são transformadas para a educação a distância, no sentido de

atender as novas necessidades e vencer os desafios impostos pela evolução

da humanidade.

Com a promulgação da Portaria do MEC nº 2.253/20011 que autoriza que 20%

da carga horária das disciplinas presenciais sejam realizadas sob a forma de

Page 190: Anais   dia nacional da ea d 2012

190

atividades não presenciais, a discussão e o estudo da educação a distância

vêm se mostrando uma necessidade urgente nas instituições educacionais de

todo o Brasil. Torna-se necessário, assim, desenvolver ambientes educacionais

para a oferta de disciplinas na modalidade de educação a distância que

possam gerar pesquisas e inovação pedagógica.

Buscar conhecimentos através da educação a distância tem sido alimentado

por algumas inquietações. Procuramos responder à seguinte questão: Como

construir novos modos de aprender e conhecer sem transpor as “velhas

fórmulas” para as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC),

assim como produzir novas linguagens na comunicação e encarnar os novos

paradigmas?

O presente artigo tem como objetivo destacar aspectos pedagógicos para o

desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, mostrando os limites

e possibilidades da Educação a Distância. Ao mesmo tempo, procura mapear

um conjunto de questões para a implantação desses ambientes, focalizando

características, possibilidades e limites. Tem como horizonte a (re)significação

de paradigmas educacionais e a construção de vários conhecimentos que

possam delinear esboços de uma nova paisagem social.

Este artigo justifica-se pelo fato da globalização da economia e a rapidez das

inovações tecnológicas estarem exigindo cada vez maior esforço em formação

profissional, treinamento e Educação continuada, fazendo com que se invistam

mais em programas de ensino a distância.

A importância da pesquisa aqui proposta é fundamental para discutir a

necessidade da capacitação do profissional. Falar sobre EaD sem conhecer a

fundo as consequências e impactos reais que este método pode ter na vida das

pessoas é imprudente, assim como é o papel esperado das Universidades que

elas pesquisem a eficácia do modelo e auxiliar a utilização da ferramenta na

sua potencialidade e efeitos desejados. Este artigo trata de discutir não o

modelo educacional em si, mas as formas de comunicação que fazem da EaD

uma ferramenta de aprendizagem personalizada e ao mesmo tempo de alta

demanda, com impacto importante na vida profissional e no desenvolvimento

individual. A metodologia utilizada para a realização deste trabalho será de

natureza qualitativa, de cunho bibliográfico.

Page 191: Anais   dia nacional da ea d 2012

191

1. O ambiente virtual: condições e possibilidades

Ao iniciarmos nossa discussão é importante registrar que fazemos parte dos

profissionais da educação que concebem a educação a distância não só como

uma modalidade de ensino e que é possível de ser realizada em vários níveis

dos sistemas educacionais. Esta posição implica considerar inexistente uma

diferença entre educação presencial e educação a distância. O que é

indispensável para as duas modalidades é o reconhecimento do paradigma

que dá suporte ao projeto político-pedagógico em questão. O diferencial está

depositado na expectativa de que a implantação da educação a distância,

apoiada nas novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), possa

contribuir para uma (re)significação do processo educativo, por seu potencial

de vinculação a uma mudança de paradigma.

Como assinala Alonso (2000, p.20),

(...) o importante é perceber que o uso das tecnologias da comunicação não muda, em princípio, as questões inerentes a qualquer projeto educativo. Precisa-se responder: para quem? Para quê? E como? (...) o projeto será desenvolvido. E ter a consciência de que no momento em que se está desenvolvendo uma interação de qualquer natureza está implícito um paradigma que organiza e limita a nossa percepção e explica de um certo modo o sentido da nossa ação. Quando se desenvolve um ambiente de aprendizagem, faz-se uma opção teórico-metodológica que tem uma abordagem de desenvolvimento e de aprendizagem humana, uma visão de homem, de ciência, de trabalho e de mundo.

Com base nesta citação, percebemos que precisamos, igualmente, de uma

nova discussão de valores, de vínculos sociais e de modos de convivência.

Sendo consideradas a especificidade da construção de um ambiente de

aprendizagem e as tarefas pedagógicas implicadas em um projeto desta

natureza, fica muito clara a necessidade do suporte de diversos paradigmas,

de vários princípios e de um conjunto de categorias procedentes de diversas

bases do conhecimento.

A ideia que temos quando se quer (re)significar o processo educacional na

modalidade de educação a distância em ambiente virtual, é de que este

ambiente deve encarnar os subsídios teórico-práticos das abordagens críticas,

construtivistas e sociointeracionistas, assim como atualizar as contribuições

teóricas advindas da epistemologia da complexidade. Esta opção está baseada

Page 192: Anais   dia nacional da ea d 2012

192

na conexão existente entre estes paradigmas e as novas ferramentas

disponíveis no ciberespaço. (ALONSO, 2000). Neste sentido, precisamos

refletir a proposta, defendida por Morin (1998) em relação à epistemologia da

complexidade, na qual o autor propõe uma adoção chamada de “pensamento

complexo”.

Assumindo-se a proposta de Deleuze e Guattari (1976), concebe-se a

construção do conhecimento a partir de entradas múltiplas próprias dos

sistemas complexos, defendendo-se a ausência de hierarquização do

conhecimento. A epistemologia da complexidade exposta pelas autoras

procura realizar uma ruptura com a realidade ainda dominante no ensino

contemporâneo e ao mesmo tempo contribuem tanto para a busca da

transdisciplinaridade como para a constituição de redes de aprendizagem e de

conhecimento. Promover o entrelaçamento de saberes é uma exigência da

realidade do mundo contemporâneo que pode constituir a diferença nos modos

de pensar e propor projetos educacionais.

Para Maciel e Paiva (2000) com o desenvolvimento da cibercultura, os novos

esquemas cognitivos vêm possibilitar, na área da educação, novas

compreensões sobre o processo de ensinar e de aprender, calcadas em

recursos que conectam e criam relações entre sujeitos, pelas diversas redes de

informação que vão sendo constituídas. Ao viabilizarem uma outra relação

dialógica, baseada na multidirecionalidade, estabelecem também a

possibilidade de co-criação do conhecimento e de propostas de solução criativa

às demandas institucionais e educacionais.

Assim sendo, todos os profissionais que vão desenvolver ambientes virtuais de

aprendizagem precisam investir no desenvolvimento de uma base

epistemológica múltipla e convergente. A tarefa de (re)significar o processo

educativo precisa ter como eixo a concepção de um sujeito que, em redes as

mais diversas, estabeleçam novas formas de contato e expressão no mundo,

como autor/produtor. Reiteram-se e assumem-se posições teóricas de autores

como Piaget, Vygotsky, Paulo Freire, entre muitos outros que defendem a

formação de um sujeito ativo, crítico, reflexivo, deliberativo, ético e autônomo.

Não faz parte dos objetivos deste artigo aprofundar uma concepção de ensino

e aprendizagem, mas indicar que todo projeto pedagógico carrega um

paradigma e que a construção do ambiente virtual de aprendizagem deve estar

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193

articulada a um projeto político-pedagógico construído coletivamente de forma

lúcida e criativa. O ambiente virtual precisa, assim, refletir em suas estratégias

de ensino e aprendizagem o esboço de mundo desejado e atualizar a

expectativa de constituir uma alavanca para a inovação pedagógica.

Alava (2002) e Maciel & Paiva (2000) chamam atenção para o fato recorrente

de “fazer o velho com o novo” reiterando o imobilismo da forma escolar. Para

ultrapassar esse imobilismo é necessário mapear e enfrentar as deficiências do

sistema regular de ensino, promovendo processos de renovação metodológica.

Sua constante atualização e teoria chamam nossa atenção para o seu

potencial de incorporação pelas modalidades de educação a distância.

2. Outras possibilidades de aprendizagem: a mesma intencionalidade?

Quando falamos em ambiente virtual de aprendizagem, conhecido também

como AVA, com utilização da Web e as redes locais constituídas no espaço

cibernético nos referimos à modalidade de educação a distância que utiliza

como suporte o computador.

Assim, podemos considerar o ambiente de aprendizagem como um espaço que

disponibiliza conferências por computador, acesso a banco de dados, correio

eletrônico, bibliotecas virtuais, conteúdos digitalizados em diversas mídias por

onde circulam discursos pedagógicos.

Colocam-se os recursos da Internet como ferramentas pedagógicas

facilitadoras do processo de inovação pedagógica. Como nos ensina Moraes

(2001, p.69) “na rede flutuam instrumentos privilegiados de inteligência coletiva,

capazes de gradual e processualmente fomentar uma ética por interações,

assentada em princípios de diálogo, de cooperação, de negociação e

participação”.

Segundo Peraya (2002, p.29) o dispositivo de comunicação, de mediação de

saberes e de formação midiatizada se constitui como:

(...) uma instância, um lugar social de interação e de cooperação com intenções, funcionamentos e modos de interação próprios. A economia de um dispositivo – seu funcionamento – determinada pelas intenções apoia-se na organização estruturada de meios e materiais, tecnológicos e simbólicos e relacionais, naturais e

Page 194: Anais   dia nacional da ea d 2012

194

artificiais, que tipificam, a partir de suas características próprias, os comportamentos e condutas sociais, cognitivas e afetivas dos sujeitos.

Corroborando com o autor acima, Charlier (2002, p.5) põe em evidência a

acepção de Berten que “conceitua dispositivo como um espaço intermediário

de mediação entre um sujeito portador de uma intenção e um ambiente

dinâmico, sendo que o objeto dessa interação sujeito/ambiente é a construção

do conhecimento”. Todas as novas possibilidades inauguradas pelas TIC

precisam estar ancoradas em um conjunto de intenções que tenha como norte

a construção de uma nova paisagem educativa. Caso contrário, se estará

reeditando as velhas fórmulas.

As novas possibilidades das TIC não podem carregar o fato de que o ambiente

virtual formula intenções, porque ela constitui um espaço relacional que tem

marcas sociais, veicula um discurso pedagógico e científico permeado por

ideologias, e, também, não pode perder de vista que a sua principal função

está situada na indispensável tarefa de ensinar e aprender. Como assinala

ajmanovich (2000, p.35) “as tecnologias de comunicação e informação atuais

oferecem meios facilitadores, mas, de forma isolada, não garantem em

absoluto novas formas de ensinar, pensar e conviver”. Com isso, percebemos

que o meio/modelo de aprendizagem é diferente mais o ensino embora não

garantam novas formas tem a mesma intencionalidade.

3. Ambiente virtual pode eliminar a distância?

Iniciamos destacando duas perguntas que circulam no ambiente acadêmico:

pode a tecnologia eliminar a distância? Como construir outra interação

diferente da presencial e como reduzir a distância transacional entre alunos e

aprendizes no ambiente virtual?

Não resta dúvida de que a distância transacional entre os professores e

aprendizes na situação de formação constitui uma variável importante em

qualquer modalidade educacional.

Na EaD, a distância transacional torna-se uma questão crítica e essencial. Por

outro lado, estudos sinalizam que o ambiente virtual pode gerar aproximações

e uma convivência tão próxima quanto a presencial.

Page 195: Anais   dia nacional da ea d 2012

195

Maraschi (2000, p.27) afirma que “as tecnologias na realidade têm a função de

eliminar a distância ou construir outras interações diferentes da presencial. Ao

possibilitarem a suspensão das distâncias espaciais permitem a convivência e

a diversidade”.

Na medida em que o ambiente pedagógico tenha como meta criar situações de

aprendizagem significativas com disponibilidade subjetiva e objetiva para

estabelecer um diálogo permanente, pode assim, ultrapassar as condições

atuais do regime presencial. A anulação da distância transacional na relação

pedagógica, porém, em especial para por uma definição ética, política e

estética dos sujeitos envolvidos no projeto educacional.

Freire (1996, p.154) discute que para que o diálogo seja inaugurado é

necessário que “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugure com seu

gesto a relação dialógica em que se confirme como inquietação e curiosidade,

como inclusão em permanente movimento na História”.

Não podemos deixar de observar que aproximação perceptiva/comunicacional

entre o professor e o aprendiz está na mudança na modalidade de contato, no

estabelecimento de atividades sociais de negociação e construção de sentido e

no compromisso de todos que participam do ambiente educacional.

4. OS desafios permanecem

As Tecnologias de Informação e Comunicação, as TIC’s, são importantes

ferramentas para a transformação radical da educação brasileira. Especialistas

indicam que o Brasil moderno e justo só será possível se todos os estratos da

sociedade estiverem ligados à comunidade digital e à grande rede de

informações.

Os desafios da EaD só poderão ser enfrentados se forem disponibilizados

recursos humanos articulados em redes presenciais, semipresenciais, virtuais,

em processo de debate e produção contínua, numa produção de conhecimento

transdisciplinar e de geração de alternativas criativas para um projeto social e

educacional.

Lévy (2001) nos orienta que:

O ciberespaço será o principal ponto de apoio de um processo ininterrupto de aprendizagem e ensino da

Page 196: Anais   dia nacional da ea d 2012

196

sociedade por si mesma, e que no ciberespaço todas as instituições humanas irão se entrecruzar e convergir para uma inteligência sempre capaz de produzir e explorar novas formas. (p.36).

ão podemos ser capturados pelo encantamento das TIC’s, mas também não

se podem negar as amplas possibilidades de inovação pedagógica que estão

sendo oferecidas e, também não podemos desistir do projeto de (re)significar a

educação, tendo em vista novos esboços de mundo.

Considerações finais

A influência da informatização na educação traz a reflexão sobre um novo

método de ensino. O repensar a educação é um dos grandes desafios

enfrentados pelos professores. “Parte desse desafio refere-se à própria

formação profissional do professor e a capacidade deste em administrar as

diferentes formações entre os alunos, buscando aproveitar o interesse natural

no direcionamento da construção e aprofundamento do conhecimento”

(KENSKI, 2005, p. 77).

Nos estudos de Piaget (1998) a epistemologia genética concebe a construção

do conhecimento na ação do sujeito, ela foi desenvolvida em um contexto

histórico de reflexão pedagógica que buscava mudanças na pedagogia

tradicional. Sua teoria contribuiu com as fundamentações psicológicas e

epistemológicas da pedagogia ativa na qual as relações entre professor-aluno

e aluno-aluno constroem-se a partir do respeito mútuo, reciprocidade e

cooperação, o que na educação a distância essa interação é essencial. E sua

cooperação pode ser desenvolvida através de chat, fórum ou correio eletrônico,

utilizando uma proposta pedagógica que permita o desenvolvimento da

autonomia e da construção do conhecimento.

Não basta apenas utilizar as tecnologias computacionais para se garantir que

ocorra um aprendizado com qualidade, é necessário que o professor/tutor

tenha a competência de integrar os recursos existentes para que ocorra a

construção do conhecimento.

O papel do professor nessa modalidade de ensino é a de um intermediador,

buscando a interação dos alunos com a finalidade de promover o

conhecimento de forma integral, ficando assim o aprendizado centrado no

aluno.

Page 197: Anais   dia nacional da ea d 2012

197

Assim, podemos constatar com este artigo que o principal objetivo da educação

a distância é a formação de pessoas criativas, inventivas e descobridoras, que

buscam constantemente sua autonomia. Para o desenvolvimento de ambientes

virtuais de aprendizados se faz necessário que seja pensada a importância da

interação entre os alunos para que o aprendizado aconteça com qualidade e o

professor/tutor não seja o ponto central do aprendizado, mas que ele seja um

intermediador, incentivando sempre a busca do conhecimento.

Para que isto aconteça é essencial que o aluno seja visto como um ser

complexo, que interage constantemente com o meio social, que aprende

melhor quando vivencia as experiências.

Para Howard Gardner (1995, p.21) a escola tem o dever de desenvolver

inteligências e ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos. Para o autor, não

existem habilidades gerais, ele não acredita em testes rápidos para se medir a

inteligência, mas em processos mentais e no potencial humano a partir das

pessoas em diferentes campos do saber.

Sintetizando o nosso raciocínio buscamos em Travassos (2001), que nos

ensina que a aprendizagem deve ser direcionada para a compreensão ampla

de ideias e valores a partir de uma metodologia baseada na

interdisciplinaridade, devendo o professor ser um mediador do conhecimento,

exercitando a pesquisa de novos saberes, considerando os variados potenciais

de cada indivíduo.

Já o Gardner (1995) propõe que as escolas favoreçam o conhecimento das

disciplinas básicas, que encorajam seus alunos a utilizar os conhecimentos

adquiridos para resolver problemas relacionados às questões pessoais e que

incentivam a realização de combinações intelectuais individuais, a partir do

potencial de cada aluno.

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Page 199: Anais   dia nacional da ea d 2012

199

Sessão de Pôsteres

“Uso Pedagógico de Mídias na Escola: Práticas Inovadoras”

Orlenildo Oliveira Dias e Fani Hamphreis da Silva

“Uso Pedagógico de Mídias na Escola de Ensino Médio: Práticas Inovadoras”

Sidnei Alves da Rocha e Fani Hamphreis da Silva

“Uso de Mídias na Sala de Aula: O Caso da Escola de Ensino Médio José

urgel Rabelo no Acre”.

Tarcísio Araújo Pereira e Fani Hamphreis da Silva

“Uso das Mídias na Escola: Aproximação entre o Conhecimento e o aluno”

Everly Damasceno do Nascimento e Fanni Hamphreis da Silva

“A utilização de recursos tecnológicos como mecanismo de auxilio ao trabalho

docente e melhoria da qualidade de ensino”

Maria Marinete de Souza Aguiar e Fanni Hamphreis da Silva

“O Construtivismo na EaD” Cristiane Villamor Rodrigues

Page 200: Anais   dia nacional da ea d 2012

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Direção Geral – Professor Fernando Arduini Ayres

Coordenação Geral Adjunta da EaD– Fabiane Muniz da Silva

Organização Geral do evento – Fabiane Muniz da Silva

Fabio Maia

Adriana Spinelli

Colaboração e formatação: Gleicy Ane Monteiro de Lima

Thiago Meiners de Oliveira