anais dia nacional da ea d 2012
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Educação Corporativa e EaD Metodologias na EaD
Pesquisa, Tutoria e Docência na EaD Saúde e Meio Ambiente: diálogos com a EaD
Dia Nacional da EaD
27 de novembro de 2012
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Pro
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ção
Dia 27 nov 9h – Abertura – Professor Fernando Arduini Ayres
10h – 12h GTs
1- Educação Corporativa e EaD
2- Metodologias da EaD
3- Pesquisa, Tutoria e Docência na EaD
4- Saúde e Meio Ambiente: diálogos com a EAD
12h – Sessão de Pôsteres
13h - Almoço
14h – 16h
Oficina Web 2.0 na EaD
Oficina de Tutoria
16h – Encerramento
17h – Distribuição de Certificados
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Su
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02 Programação
04 Apresentação dos Professores do GT1
Educação Corporativa e EAD
07 “A Educação Corporativa e o e-Learning na Era do Conhecimento” - Miriam Cesário de Oliveira
14
“Implantação da EAD nos Projetos de Capacitação como Estratégia de Ampliação de Oferta de Cursos aos Técnicos Administrativos em Educação: Relato da Experiência da Divisão de Desenvolvimento / Pró-Reitora de Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro / UFRJ” - Karine de Lima Guedes
21 “A Racionalização do Currículo de Formação do Oficial Intendente da Marinha do Brasil via EAD” - Hercules Guimarães Honorato
33 “O e-Learning como Ferramenta de Marketing para o Treinamento e o Desenvolvimento de Pessoas e Organizações” - Patrícia Cunha Fernandes
35 “Gestão de Mídias: Dimensão Pedagógica, Administrativa e Tecnológica” - Fanni Hamphreis da Silva
37 Apresentação dos Professores do GT2 Metodologias na EAD
40 “Mídias no Curso de Pedagogia: a Apropriação Instrumental e a Leitura Crítica no Trabalho Docente” - Esther Silva da Costa - Giselle Martins dos Santos Ferreira
51 “A Formação Docente para a EAD” - Carla Marina Neto das Neves Lobo e
Claudia Toffano Benevento
64 “A Educação a Distância e a Educação Online na Formação/Informação dos Docentes Contemporâneos” – Alexander Schio e Danusa Massafferri Rodrigues
77 Apresentação dos Professores do GT3 Pesquisa, Tutoria e Docência na EAD
80 “Quando a Educação Ambiental e a Educação à Distância se Encontram no Ensino Superior” - Vilson Sérgio de Carvalho
92 “Qualidade dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia na Modalidade EAD: um Estudo sobre duas Instituições no Município do Rio de Janeiro” - Rosana Cristina da Silva Costa Silva
105 “Planejamento de Formação de Professores para o uso das Mídias” - Cardoci Paiva de Lima e Fani Hamphreis
115 “EAD, O Ensino Adaptando-se a Tecnologia” - Carla Cristina de Holanda Barros
136 “Ser Tutor-Educador no Âmbito da Educação à Distância” - Ana Paula da Silva Conceição Oliveira
145 “A Importância da Presença do Professor-Tutor de EAD no Processo de Ensino-Aprendizagem do Discente Virtual” - Valéria Moura de Souza
152 “Tutoria e Qualidade na EAD sob a Ótica dos Tutores” - Silvia Regina Sênos Demarco
164 Apresentação dos Professores do GT4
Saúde e Meio Ambiente: Diálogos com a EAD
167 “A Contribuição da EAD no Enfrentamento da Precarização do Trabalho no Sistema Único de Saúde” - Renata Nideck; - Paulo Queiroz
177 “Estrutura Didática em Disciplinas na EAD: Relato de uma Experiência” - Nanci Cardim; Dominique Maciel; Sonia Regina dos Santos
188 “Educação a Distância (EAD): Limites E Possibilidades” - Claudia
Benevento; Vagner Santana
199 Sessão de Pôsteres
4
Apresentação dos professores do GT 1 –
Educação Corporativa e EaD
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Formado em Ciências Econômicas, atuou durante 25 anos em
empresas públicas e privadas, ocupando cargos de gerência e
diretoria nas áreas de estratégia e marketing. Trabalhou durante
10 anos como consultor de empresas também nas áreas de
marketing e estratégia. Em 1996 concluiu pós-graduação em
Gestão Estratégia e Docência Superior, ocasião em que passou a
lecionar no projeto A Vez do Mestre, como professor das cadeiras
de Gestão Estratégica, Elaboração de Projetos, Estratégia
Empresarial, Marketing de Serviços, Endomarketing e
Fundamentos de MarketingDesde 2001 passou a atuar também
no ensino a distância como orientador, conteudista e palestrante.
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Formado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário
Celso Lisboa com especialização em Administração, extensão em
Docência Superior e atualização em Gestão e Liderança, todos pela
FGV. Última atividade profissional finalizada em 2009 na LIGHT
SESA como Analista de Recursos, desempenhando papel de
assessoria gerencial e liderando equipes de prevenção jurídica.
Atualmente como Professor-Auxiliar (Tutoria) nos cursos de
graduação EaD da AVM Faculdade Integrada e docente no SENAC-
RIO nos módulos de Administração. A frente da Direção de
Comunicação da Igreja Batista em Cachambi desde 2009 e
atualmente desenvolvendo atividades paralelas com eventos e
palestras sobre Liderança, com dois artigos publicados no Espaço
Opinião do CRA - Conselho Regional de Administração do RJ.
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a Sou graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em
Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Docência do Ensino
Superior, Tecnologia Educacional e estou cursando Formação
Pedagógica para o Ensino Médio Profissionalizante (ISERJ).
Ministro alguns cursos livres na área de Recursos Humanos.
Atualmente trabalho na AVM Faculdade Integrada, com a função
de professora tutora nos cursos de pós-graduação: Marketing e
Gestão Estratégica e Qualidade.
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CLEBER MOREIRA GONZAGA: Mestre em Administração de
Empresas pela UNESA. Leciono no Projeto A Vez do Mestre da
Universidade Cândido Mendes nas modalidades de pós-graduação
presencial e distância. Conteudista do SENAI – CETIQT. Atua em
consultorias nas áreas de administração, marketing de
relacionamento e digital, atacado e varejo e também na indústria
gráfica, onde desenvolve projetos de propaganda cooperativa.
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u Olá me chamo KOFFI DJIMA AMOUZOU e como o nome sugere eu
não sou brasileiro, embora já esteja muitos anos no país. Sou
natural de Togo na África e é um grande prazer trocar idéias com
vocês sobre uma de minhas áreas de predileção: A Administração
Pública. Se eu pudesse resumir minha formação acadêmica eu diria
que esta se iniciou com minha graduação em Ciências de Gestão
pela Faculté des sciences Economiques et de Gestion da
Universidade de Togo (1997). Já no Brasil terminei no ano de 2000
meu mestrado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio
Vargas e por fim conclui meu doutorado em Engenharia de
Transportes pela UFRJ mais recentemente no ano de 2006. Desde
2001 atuo como professor auxiliar da Universidade Estácio de Sá
onde ministro aulas em diversas disciplinas voltadas para as áreas
de Administração e Gestão de Programas e Políticas Públicas.
Também nessas áreas tenho algumas publicações além de atuar
ainda como pesquisador dos paradigmas organizacionais na esfera
da Administração Pública nas instituições no Instituto A Vez do
Mestre e na Universidade Estácio de Sá.
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Doutoranda em Ciências Políticas pela Universidade Lusófona - Lisboa –
Portugal; MBA em Reestruturação de Processos e Gestão Estratégica
da Qualidade pela University of Tampa, USA; Mestre em Administração
e Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Estácio de Sá; pós-
graduada em Reengenharia e Recursos Humanos pela Universidade
Candido Mendes; graduada em Pedagogia pela Universidade Gama
Filho com habilitações em Administração Escolar, Supervisão
Pedagógica e Orientação Educacional. Atuo há seis nos como Gestora
Acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia - EAD da AVM -
Faculdade Integrada. Participei da elaboração e construção das
ferramentas necessárias à autorização do curso - Regimento
Educacional - Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto Político
Pedagógico. Atuo há oito anos como Gestora Educacional da Escola
Técnica Rezende-Rammel, Instituição de Ensino de nível médio/
técnico. Dez anos como Gestora Pedagógica do Ensino Médio/Técnico.
Três anos como professora responsável pelo eixo de disciplinas de
Teorias da Administração do Curso de Graduação em Administração.
Vinte e cinco anos de experiência na docência de Educação Infantil à
Pós-Graduação. Na Docência, atuo nas áreas pedagógicas e
empresariais. Consultora de Recursos Humanos em empresas privadas
e públicas.
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Meu nome é Vivian Wildhagen Reis. Sou Técnica em Administração de
Empresas pelo CEFET/RJ, Graduada em Administração Industrial
(CEFET/RJ), Pós-Graduada em Gestão de Recursos Humanos pela AVM
Faculdade Integrada e Mestranda em Gestão e Tecnologia com
previsão de conclusão do curso para Fevereiro de 2013. Já atuei como
docente nas disciplinas de Logística, Contabilidade e Gestão nos Cursos
Técnicos e Superior do CEFET/RJ, SENAI/RJ, Funcefet, etc. Atualmente
sou Tutora da Pós-Graduação (modalidade EAD) da AVM Faculdade
Integrada. Tenho trabalhos publicados em Congressos na área
Educacional nos âmbitos da Administração e Engenharia.
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Olá, meu nome é Marcelo Oliveira, sou mineiro de nascimento e goiano
de coração. Sou formado em Administração pelo Centro Universitário
do Triângulo (Unitri), pós-graduado em Gestão Pública pela AVM
Faculdade Integrada e pós-graduando no MBA em Gestão de Pessoas
pelo Universidade Estácio de Sá. Atualmente, sou Professor/Tutor por
duas instituições: a Pós-graduação modalidade distância do curso de
Gestão Pública da AVM Faculdade Integrada e o Curso Sequencial em
Empreendedorismo e Inovação pela Universidade Federal Fluminense.
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A Educação Corporativa e o e-
Learning na Era do Conhecimento Miriam Cesário de Oliveira
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Formada em pedagogia pela Universidade Estadual do Rio de
Janeiro no ano de 2011 e pós-graduanda em Gestão de
Projetos pela AVM. Com experiência como auxiliar
administrativo do Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia. Atualmente Analista de Suporte Acadêmico do
FGV Online.
Resumo:
Com a chegada da globalização na década de 90 o mundo se deparou com as
novas tecnologias de informação e comunicação que proporcionaram algumas
mudanças no cotidiano de cada sujeito. O tempo é competido por diversos
compromissos, como o trabalho, o estudo e a família. Perante isso, essas
relações proporcionam a exigência de novas modalidades de ensino,
estratégias educacionais e profissionais que perpetuem uma educação
continuada, atualizando e aperfeiçoando constantemente as pessoas para o
mundo produtivo. Com esse novo contexto o modelo formal entrou em crise,
pois não há mais tempo para aperfeiçoar e desenvolver os profissionais no
ensino presencial. No presente estudo analisaremos esse novo modo de se
viver que proporciona uma visão positiva ao e-learning, uma modalidade de
Educação à Distância (EaD), perante a Educação Corporativa, de um modo
que se adéqua à realidade do ambiente profissional, suprindo barreiras
geográficas, cronológicas, e de investimento monetário. Este crescimento do e-
learning está diretamente ligado ao desenvolvimento das tecnologias –
informação, comunicação- criando um ambiente –ciberespaço- de Inteligência
8
Coletiva, que proporciona uma troca frenética de conhecimentos e
experiências.
Introdução
Nos anos 90, com a chegada da globalização e da expansão da internet surge
o ciberespaço que tem como característica a rapidez da informação, do
conhecimento e da comunicação. Com isso, o conhecimento e a
competitividade deixam de ser regionais, passando a ser globais, juntamente
com o crescimento da cooperação ao compartilhar conhecimentos que
aumenta consideravelmente o nível de competitividade.
No meio de tanta informação e rápida comunicação, as pessoas buscam se
especializar sem ter um tempo para dedicar-se presencialmente em algum
curso de especialização. Nesse contexto a tecnologia é utilizada a favor da
aprendizagem e se adapta à realidade que busca incessantemente o
conhecimento.
O novo motor da economia que é caracterizado pela capacidade de produzir,
armazenar, processar, recuperar e disseminar informações e conhecimentos é
chamado de Gestão do Conhecimento. Esse motor econômico gerencia toda
informação e conhecimento possuído.
A educação escolar hoje, em geral, não se encontra preparada para suprir as
expectativas e as necessidades do mercado. Ela não consegue antecipar
mudanças, pois precisa adaptar-se primeiro a esse novo mundo do
conhecimento competitivo para depois usufruir do conhecimento coletivo com o
intuito de criar mudanças antecipadamente, enxergando a realidade
competitiva e quebrando os paradigmas tradicionais.
Segundo Jannuzzi e Tálamo (2004) se tratando da gestão de informação nas
empresas, a informação subsidia o processo de decisão e controle nos
diversos níveis da organização, compreendendo as demandas do ambiente
competitivo com suas necessidades individuais e coletivas associadas ao
processo de criação e aprendizado, tendo como auxílio a Educação a Distância
(EaD).
9
Portanto a EaD se tornou um novo paradigma, pois supre a necessidade de
aprendizagem no meio de tanta movimentação de informação e comunicação
global, transformando assim essas novas tecnologias em um espaço virtual de
educação e de produção do conhecimento - e-learning -.
A Educação Corporativa e a EAD
Atualmente se faz necessário adquirir competências educacionais e
profissionais que ultrapassam o ambiente escolar e universitário, pois a
competição, sendo um resultado da globalização valoriza cada vez mais a
produção e troca de conhecimento contínuo.
Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências
adquiridas por uma pessoa no inicio de seu percurso profissional estarão
obsoletas no fim de sua carreira (...). Trabalhar quer dizer, cada vez mais,
aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos. (LÉVY, 1999, p 157)
Para que o profissional tenha a capacidade de capturar, produzir e dividir o
conhecimento – inteligência coletiva-, o mesmo precisa ser um sujeito
autônomo, crítico, reflexivo e criativo (competências).
Na Inteligência coletiva os seres humanos estão interligados em tempo real no
ciberespaço. Ela tem como característica a liberdade e o não totalitarismo, que
valoriza e compartilha todos os saberes, criando assim, uma nova maneira de
produção do conhecimento. Participamos de uma sociedade em que todo
contexto, sejam as empresas, as comunidades ou as diferentes relações
econômicas estão destinados ao funcionamento da inteligência coletiva. Nela
todos os diferentes sujeitos podem ser autor, leitor e articulador de saberes,
promovendo uma cooperação mútua para a criação e transmissão do
conhecimento.
Uma das exigências de um profissional na “Era do Conhecimento” é a
competência. Portanto, não se trata mais de uma qualificação formal, onde a
empresa concede um posto de trabalho para desenvolver sua qualificação e
suprir esse posto, mas sim, da qualificação real desse trabalhador, que é
histórica e contextualizada no processo de globalização econômica. A
imprevisibilidade está dentro dessa qualificação real, pela qual o trabalhador
10
deve ter um conjunto de competências que abrangem além das dimensões
cognitivas, intelectuais e técnicas.
A competência depende do conhecimento para ser praticada, mas existe
conhecimento sem a devida competência para usá-lo. É nessa situação que a
educação a distância começa a atuar, ensinando e potencializando também o
profissional para o desenvolvimento de suas competências que resulta na
pratica de seu conhecimento teórico.
Entender essa mudança e incessante busca de um alto nível de
competitividade, que implica na capacitação das competências, transformando
as crenças em valores organizacionais, é saber que a organização precisa ter
inovações capazes de manter a empresa em seu alto nível competitivo para
perpetuar sua existência. Portanto não basta apenas atingir a liderança, mas
sim mantê-la, enxergando e agindo rapidamente perante as mudanças
constantes no mercado global.
Para isso, é importante manter uma comunicação empresarial que favoreça a
interação e a ampliação da quantidade e qualidade –conectividade-, seja essa
interação interna ou externa (fornecedores, distribuidores, clientes,
comunidades, etc), a fim de estar perceptível ao mundo e às demandas do
mercado.
Atualmente, o sucesso profissional do sujeito depende cada vez mais de
oportunidades de ensino-aprendizagem em ambientes favoráveis ao
desenvolvimento das características interessantes para a organização. O
processo de investimento das empresas junto aos colaboradores permite o
desenvolvimento seguro e saudável da organização que, por sua vez, depende
do conhecimento, criatividade, motivação contínua, entre outras competências
de sua força de trabalho.
Neste contexto, em relação às empresas, é preciso todo um trabalho voltado
para o objetivo do cliente, observando o tipo de clientela e o que ela precisa
para que a aprendizagem seja obtida de maneira eficaz. A criação de
estratégias é importante para que permitam o aperfeiçoamento, o
desenvolvimento e a atualização constante dos colaboradores da empresa, que
resultará diretamente no nível de competitividade.
11
É importante entendermos e sabermos as principais vantagens do e-learning;
para que possamos analisar e compreender sua valorização nas empresas. As
vantagens fazem parte do conjunto de inovação do processo de formação que
é caracterizado como tal. Nesse conjunto é presente uma flexibilidade do
ensino, do tempo e do local, ritmo personalizado, fácil interatividade, auto-
formação e acessibilidade para valorização pessoal ou profissional.
Todas essas vantagens são garantidas graças à fácil interatividade que a
internet proporciona, facilitando o sujeito em sua formação profissional e
pessoal, adaptando-se às demandas do mundo globalizado, viabilizando a
formação de quem não tem possibilidade de se ausentar do local de trabalho.
O aluno do e-learning precisa, primeiro, reconhecer a importância da busca
incessante do saber. Mantendo uma atitude participativa com o tutor e seus
colegas de classe (virtual). Além disso, o mesmo deve ser organizado e
autônomo, pois precisará programar seus horários de estudos, afim de que
consiga ter uma boa aprendizagem, tornando-se sujeito crítico, reflexível e
criador de saberes.
Para desenvolver a autonomia precisa-se de alguns reconhecimentos, um
deles é ter a consciência do inacabado. O verbo inacabar se refere ao
conhecimento, enfatizando e tendo como base a contínua obsolescência do
mesmo. O sujeito autônomo deve estar em uma contínua busca do saber, pois
todo conhecimento adquirido e exposto no presente será sempre incompleto
em relação ao futuro. Essa linha contínua é infinita, pelo qual o conhecimento é
superado a cada dia por sujeitos conscientizados de sua característica
inacabada.
Como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o
mundo. Mas, histórico como nós, o nosso conhecimento do mundo tem
historicidade. Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro antes que
foi novo e se fez velho e se "dispõe" a ser ultrapassado por outro amanhã.
(FREIRE, 2002. p 15)
Os estudantes autônomos passam a reconhecer a necessidade de estudo,
selecionam conteúdos, projetam estratégias de estudo, arranjam materiais,
organizam, dirigem, controlam e avaliam o processo de aprendizagem e são
essas competências que o e-learning exige de seus alunos. A possibilidade
que essa modalidade de ensino concede aos alunos: a escolha de horários e
12
locais para o desenvolvimento da aprendizagem, instiga o autodidatismo que
desenvolve e aprimora o sujeito como um pesquisador e articulador de
saberes. Essa característica do ensino a distância obtém resultados positivos
quando o aluno consegue desenvolver o que lhe é instigado –autonomia-.
Considerações Finais:
Em primeiro momento, podemos perceber a ligação entre a valorização do e-
learning e o contexto em que a mesma aconteceu. O mundo global e as novas
tecnologias transformaram desde as rotinas, exigências e características de
cada indivíduo até as das grandes empresas –comércio-. Com a internet e o
fácil acesso às informações e conhecimentos, os valores foram transformados,
a cooperação tornou-se uma forte aliada do crescimento, conhecimento e
desenvolvimento global, que aumenta a competição qualitativa e
quantitativamente.
O que ocorre é que devido a Era do conhecimento e da Informação há uma
redução do prazo de validade do conhecimento, pois a regra da
competitividade exige uma educação continuada.
Para atender as exigências da economia e do mercado as organizações
mudam. Surgem então, as universidades corporativas, a fim de oferecer aos
colaboradores uma educação contínua para o desenvolvimento de
competências –pedagogia das competências- e dos conhecimentos
necessários para os objetivos estratégicos nessa incessante competição.
Compreendo que a escola não supre as necessidades do mundo, que no lugar
da qualificação profissional (formação técnica e experiência profissional) surge
a noção de competências com o objetivo de qualificar os profissionais, visando
atender as exigências e especificidades da atualidade, uma vez que os meios
de educação convencionais não oferecem essas vantagens. Deste modo,
pode-se definir Universidade Corporativa ou Educação Corporativa como “um
sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão de pessoas por
competências.” (EBOLI, 2004. p 48)
O e-learning nada mais é do que a adaptação da educação perante esse novo
mundo de informação e comunicação que tem como objetivo capacitar os
sujeitos e desenvolver suas competências. Para a empresa é vantajoso não
13
ter que fazer toda uma estrutura presencial com salas que disponibilizam “x”
quantidades de alunos, agora, com apenas uma sala de vídeo conferência o e-
learning possibilita um encontro virtual com pessoas de todo lugar do mundo,
como se estivessem na mesma sala, fazendo desaparecer custos associados à
deslocação e lugar de atuação presencial.
A educação, assim como todo processo humano, tanto no individual quanto no
coletivo, caminha junto com as mudanças e o desenvolvimento do mundo.
Logo, podemos constatar que o que possibilitou o surgimento desse novo
paradigma chamado de Educação è Distância foi a demanda do seu próprio
contexto. As características globais, desde as micro até as macro, interligam as
necessidades do mercado globalizado, considerando a rotina e possibilidade
de cada indivíduo com a aprendizagem continuada a distância.
Referências:
EBOLI, M. Educação Corporativa no Brasil: Mitos e Verdades. São Paulo:
Editora Gente, 2004.
JANNUZZI, C. A. S. C.; TÁLAMO, M. F. G. M. A empresa e os sistemas
humanos de informação. Transinformação. Campinas, v. 16, n. 2, maio/ago,
2004.
LÉVY, Pierre. Cibercultura São Paulo: Editora 34, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários para a prática
da autonomia. (falta editora), 2002.
14
Implantação da EAD nos projetos de capacitação como estratégia de Ampliação de oferta de cursos
aos Técnicos Administrativos emEducação: relato da experiência da Divisão de Desenvolvimento/Pró- Reitoria de Pessoal da Universidade Federal do Rio de
Janeiro Karine de Lima
BeatrizVieira
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Técnica em Assuntos Educacionais da Divisão de
Desenvolvimento da Pró-reitoria de Pessoal da Universidade
Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Trabalha a 3 anos na UFRJ.
Já foi tutora do curso de Pós Graduação PIGEAD -
Planejamento, Implementação e Gestão da EAD pela UFF, do
curso de Pós Graduação em Gestão Municipal pela Unirio e
atualmente é tutora do curso extensão em Tecnologia
Educacional pela Fundação CECIERJ. A DVDE tem por
responsabilidade oferecer cursos de aperfeiçoamento e
desenvolvimento dos servidores da UFRJ que possui em
torno de 13.000 servidores, entre docentes e técnico-
administrativos em educação. É formada em Pedagogia pela
UFRJ, Pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos pela
Universidade Estácio de Sá e atualmente cursa o Mestrado
Acadêmico em Administração pela Unigranrio.
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Pedagoga da Divisão de Desenvolvimento da Pró-reitoria de
Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ.
Trabalha a 1 anos na UFRJ. A DVDE tem por responsabilidade
oferecer cursos de aperfeiçoamento e desenvolvimento dos
servidores da UFRJ que possui em torno de 13.000
servidores, entre docentes e técnico-administrativos em
educação. É formada em Pedagogia pela UERJ.
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Diretora da Divisão de Desenvolvimento da Pró-reitoria de
Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ.
Trabalha a 23 anos na UFRJ e a 9 anos na citada Divisão. A
DVDE tem por responsabilidade oferecer cursos de
aperfeiçoamento e desenvolvimento dos servidores da UFRJ
que possui em torno de 13.000 servidores, entre docentes e
técnico-administrativos em educação. É formada em
Psicologia pela UFRJ, Pós-graduada em Educação e
Desenvolvimento de Recursos Humanos/CFCH e MBA em
Marketing/COPPEAD também pela UFRJ.
15
Resumo
A Educação a Distância se apresenta na atualidade como um excelente
recurso para capacitar, qualificar e atualizar servidores das mais diversas áreas
de conhecimento. A Divisão de Desenvolvimento/DVDE da Pró-reitoria de
Pessoal/PR-4 tem como uma das suas atribuições a responsabilidade em
oferecer ações de capacitação e qualificação aos servidores da UFRJ. A DVDE
assume esta modalidade educacional e inicia, no segundo semestre de 2012,
seu primeiro curso de “Formação de Tutores de Educação à Distância” com a
finalidade de utilizar a EAD em seus cursos. Pretende-se não só atingir um
maior número de servidores, mas também, incentivar o processo de ensino-
aprendizagem corporativo e de inovação.
Palavras-chave: Educação a distância, capacitação, UFRJ, inclusão digital e
inovação.
Apresentação da Instituição
A Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ tem a finalidade que consiste
em proporcionar à sociedade brasileira os meios para dominar, ampliar,
cultivar, aplicar e difundir o patrimônio universal do saber humano, capacitando
todos os seus integrantes a atuar como força transformadora. Mais
especificamente, a universidade destina-se a completar a educação integral do
estudante, preparando-o para:
— exercer profissões de nível superior;
— valorizar as múltiplas formas de conhecimento e expressão, técnicas e
científicas, artísticas e culturais;
— exercer a cidadania;
— refletir criticamente sobre a sociedade em que vive;
— participar do esforço de superação das desigualdades sociais e regionais;
— assumir o compromisso com a construção de uma sociedade socialmente
justa, ambientalmente responsável, respeitadora da diversidade e livre de todas
as formas de opressão ou discriminação de classe, gênero, etnia ou
nacionalidade;
— lutar pela universalização da cidadania e pela consolidação da democracia;
16
— contribuir para a solidariedade nacional e internacional.
A Divisão de Desenvolvimento/DVDE da Pró-reitoria de Pessoal/PR-4 visa,
entre outras iniciativas, implementar políticas de valorização e de incentivo ao
servidor atuando na articulação - análise, acompanhamento, supervisão e
avaliação - e apoio nos eventos de capacitação, como também, adotar
avaliações contínuas e sistemáticas que apontem resultados para atingir os
objetivos estratégicos da instituição. Visamos com isso, o Centro de Formação
Continuada dos trabalhadores da UFRJ, estendendo-se, consequentemente, a
outros Órgãos, com o intuito de produzir conhecimentos significativos para a
melhoria do serviço público.
Justificativa
Primando pelo desenvolvimento profissional, diversas dificuldades se
apresentam entre elas a dispersão geográfica e a diversidade de atuação dos
servidores da UFRJ. Com a implementação do curso, pretende-se: 1- Formar
tutores de processos que contribuirão para realização de eventos de
capacitação através da modalidade de educação a distância, que ampliará o
número de servidores capacitados da UFRJ; 2- Melhorar a interação entre os
servidores e; 3- Atender a Política Nacional de Desenvolvimento de
Pessoas/PNDP estabelecidas através do Decreto n. 5707 de 23 de fevereiro de
2006.
Objetivos
Implementar, analisar e avaliar o processo de implantação da Educação a
Distância nos eventos de capacitação, bem como verificar o nível de satisfação
dos servidores que estão participando do curso.
Metodologia
Para implementação da primeira turma do curso de Formação de Tutores em
Educação a Distância, através da plataforma Moodle, que tem a proposta de
formar tutores para atuarem nos eventos de capacitação foram oferecidas 20
17
(vinte) vagas, destinadas a equipe da Seção de Formação Profissional/DVDE
(responsável pela implementação de cursos de capacitação) e as diversas
unidades e Polos da UFRJ.
Pretende-se fazer um estudo de caso, tendo como base os métodos de
pesquisa: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e a observação-
participação das autoras.
Público – Alvo
Servidores Técnico-Administrativos em Educação da UFRJ.
Resultados Alcançados
Considerando os métodos de pesquisa apresentados, citamos os autores
Marconi e Lakatos (2002) que mencionam o estudo de caso como uma
modalidade de pesquisa qualitativa que não necessita ser apenas descritiva,
assumindo, também, a forma de um estudo analítico. Os autores apontam
também que o estudo de caso ajuda a conhecer melhor como funciona uma
organização, um setor, enfatizando o conhecimento do particular quando
estabelece uma seleção para o estudo. Já na observação participativa,
conforme Vargas (2002, p.120), descreve que é uma técnica onde: “... o
observador faz parte integrante de um grupo e aproveita essa situação para
observá-lo,...”. E a pesquisa bibliográfica balizou as análises dos dados
colhidos na pesquisa documental, que teve como aliada a experiência das
autoras como participantes ativas do processo descrito.
O objetivo é implementar, analisar e avaliar, como um dos objetos de estudos,
que a educação à distância pode vir a suprir a necessidade em ampliar a
demanda de eventos de capacitação, na busca de atualização dos técnicos
administrativos em educação da UFRJ, pois cursos oferecidos na EAD com
qualidade podem ser uma opção favorável no desenvolvimento profissional.
Destaca-se ainda a inovação na UFRJ no processo de capacitação por meio da
oferta de cursos virtuais possibilitará maior flexibilidade temporal e espacial aos
servidores para realização dos cursos, garantindo uma formação continuada de
qualidade e que alcance maior número de pessoas.
O primeiro passo foi a elaboração do projeto de formação de tutores de
educação a distância iniciado em setembro de 2012, a partir da iniciativa da
18
equipe da Divisão de Desenvolvimento/Pró-reitoria de Pessoal/UFRJ em criar e
implementar novas metodologias de capacitação e desenvolvimento, que
possibilitem o envolvimento de maior número de servidores, por meio do uso
da plataforma Moodle. Esta pesquisa poderá ajudar em novas discussões e
reflexões sobre a inovação no processo de formação continuada apontando
estratégias de como desenvolver a capacitação com maior flexibilidade na
oferta de cursos de aperfeiçoamento.
Considerações Finais
O ensino a distância vem sendo considerado um avanço para a educação, pois
com o advento de todas essas tecnologias disponíveis tem se tornado possível
estudar de acordo com a necessidade e o tempo de cada um. A EAD veio para
ser mais uma das ferramentas que facilitam a conquista de conhecimentos,
aprendizados. Essa modalidade de ensino deve ser feita com qualidade,
proporcionando bons conhecimentos aos interessados; e as instituições, um
retorno que deve ser respondido com a aplicação dos novos aprendizados
durante o tempo de aquisição de conhecimento.
Cada vez mais as instituições públicas estão aderindo a essa modalidade de
ensino, pois atualmente é um importante método que facilita o processo de
ensino-aprendizagem através do uso das tecnologias da informação, como
ferramenta necessária na construção do conhecimento. Reconhecemos ainda
ao fato de que o Plano de Carreira dos Técnicos-Administrativos em
Educação/PCCTAE motivou os servidores em participar de eventos de
capacitação, devido a necessidade de atualização profissional alinhados aos
objetivos estratégicos do seu local de trabalho e da instituição.
Nesse sentido, é importante destacar depoimento de alguns cursistas sobre a
implantação da EAD na capacitação dos servidores e do curso de formação de
tutores oferecido pela Divisão de Desenvolvimento:
“Para mim o importante mesmo é a interação com os companheiros de
trabalho, já conhecidos ou não, ainda mais para alguém lotada no Polo Macaé!
Qual outra oportunidade eu teria para interagir com um servidor do Polo Xerém,
distante uns bons 400 km??? É o "milagre" da EaD, onde não há distância,
horário e sala física, mas mesmo assim, muita interação” .
19
“A humanidade está se desenvolvendo muito rápido, o mundo de tecnologias
exige muito de nós. Acredito que o EaD precisa acompanhar essa evolução, e
por traz da máquina, estão as pessoas, nós, que necessitamos aprimorar dons
e adquirir conhecimentos para manuseá-la, transmitindo ensinamentos de
forma mais eficaz, e com garantia de qualidade”.
“Este curso traz a oportunidade de, através do ambiente virtual, trocarmos
idéias, experiências (e conhecimento!) e, além disso, proporciona uma
formação numa área muito importante (e, portanto, muito explorada
atualmente), que é a Educação à Distância”.
“Certamente o Curso de Formação de Tutores em Educação à Distância me
dará a oportunidade de conhecer esta ferramenta e de agregar novos
conhecimentos através da interação com os participantes nos fóruns.
Conhecimentos que, posteriormente, poderão contribuir para a aceleração da
capacitação profissional dos servidores da universidade”.
“Acredito que este curso me trará a abertura de novos horizontes de atuação,
mais ligados à minha formação, já que o trabalho da minha Seção é
essencialmente burocrático. Por isso estou muito animada e grata pela
oportunidade de participar. Já fiz cursos de EAD, mas hoje especificamente
senti a importância da Educação à Distância, já que tive um dia bastante
atarefado e mesmo assim pude participar do curso, no meu tempo e no meu
horário. Isto é fundamental nos dias de hoje, principalmente para nós mulheres
que temos dupla ou tripla jornada”.
Referências
BELLONI, M. L. Educação, ensino ou aprendizagem à distância? In: Educação
à Distância. Campinas, SP: Editoras Associadas, 2003.
CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a
informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões.
São Paulo: SENAC, 2003.
COSTA, M. e SANTOS, S. O processo de capacitação pela EAD: Um estudo
de caso de uma unidade de informação. 2011.
20
MARTINS, Herbert Gomes. Educação Corporativa: educação treinamento nas
empresas. In Litto, Fredric Michael e Formiga, Manuel Marcos Maciel (org.)
Educação a distancia: O estado da arte. São Paulo: Pearson education; 2009.
OLIVEIRA, J. e MARQUES, S. EAD na Educação Corporativa – um relato da
experiência na Coordenação de Capacitação e Desenvolvimento de Pessoas
da Pró-Reitoria de Recursos Humanos da Universidade Federal de Juiz de
Fora; 2011.
TACHIZAWA, T. e ANDRADE, R. O. B. Tecnologias da informação aplicadas
às Instituições de Ensino e às Universidades Corporativas. 1. Ed. São Paulo:
Atlas, 2003.
21
A Racionalização do Currículo de Formação do Oficial Intendente
da Marinha do Brasil Via EAD Hercules Guimarães Honorato
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Sou Hercules Guimarães Honorato. Oficial da reserva da
Marinha do Brasil (Capitão-de-Mar-e-Guerra). Sou graduado
em Ciências Navais com habilitação em Administração
(Escola Naval), Pós-Graduado em Docência do Ensino
Superior (UCAM/IAVM); Gestão de Relações Internacionais e
MBA-Logística (COPPEAD-UFRJ); e atualmente Mestrando do
PPG em Educação (UNESA) da linha de pesquisa de "Políticas
Públicas e Gestão". Participo de eventos acadêmicos da área
de Educação apresentando trabalhos científicos e a minha
pesquisa, cujo eixo é Educação - Trabalho - Juventude. Sou
professor da Escola Superior de Guerra e Assessor do
Superintendente de Ensino da Escola Naval, onde sou
responsável pelo estudo de reformulação do currículo de
formação dos oficiais da Marinha do Brasil.
Resumo O objetivo desta pesquisa foi identificar as diferenças das matrizes curriculares
entre a formação acadêmica e a do oficial intendente da Marinha. A pesquisa é
de cunho qualitativo, na qual se buscou estabelecer relações e comparações
entre as disciplinas das IES na graduação em Administração a distância e na
Escola Naval, pelo estudo das respectivas matrizes curriculares. Os
instrumentos de coleta foram questionários encaminhados aos coordenadores
da graduação das IES e entrevista com o Chefe de Departamento do Ensino a
Distância da Diretoria de Ensino da Marinha. Os seguintes tópicos foram
abordados: a perspectiva conceitual de EaD; a legislação pertinente; a EaD na
Marinha e os seus documentos normativos; e uma comparação entre a
Educação presencial e a distância com foco na formação do administrador.
Pode-se verificar que os cursos ministrados on-line pela Marinha têm relação
direta com a melhoria de gestão, trazendo uma ligação com a formação em
22
Administração. Ao final sugere-se complementar a formação do oficial
intendente, habilitado em Administração, via EaD, utilizando-se de os cursos a
distância que já são realizados em substituição das disciplinas da Escola
Naval, racionalizando o seu currículo. Outra sugestão foi estudar um convênio
com IES que tenha cursos a distância para complementação das disciplinas
necessárias e julgadas válidas, visando a suprir a carência daquelas classes
ligadas ao mercado de trabalho e ao bacharelado.
Palavras-Chave: Currículo. Educação a Distância. Escola aval. raduação
em Administração.
Introdução
“Aprender a ensinar e a aprender, integrando ambientes presenciais e virtuais, é um dos grandes desafios que estamos enfrentando atualmente na educação no mundo inteiro.” (José Manuel Moran)
A partir do final do século XX, a profissão do Administrador ganhou traços mais
acadêmicos, saindo do aspecto técnico para a busca da melhor preparação do
profissional para ser o gestor completo da sua organização. A evolução se deu
desde os currículos mínimos até as atuais diretrizes curriculares, da evolução
da educação online com a possibilidade de disciplinas ou mesmo toda a
formação superior a distância.
Na busca por novos conhecimentos, pela melhor preparação profissional e
vivenciando a necessidade de uma compatibilização o mais próxima possível
do meio acadêmico e do reconhecimento de sua formação superior, esse
pesquisador, que tem suas origens no sistema militar de ensino, viu-se
compelido a buscar subsídios no meio acadêmico civil que ratificassem a sua
escolha pela formação na mais antiga e tradicional instituição de ensino
superior, a Escola Naval (EN).
A presente reflexão insere-se em pesquisa mais ampla, cujo objetivo foi
analisar e identificar as diferenças das matrizes curriculares e propor alterações
para o aperfeiçoamento da formação acadêmica do Oficial Intendente egresso
da EN. Assim posto, o objetivo específico deste artigo foi identificar as
diferenças das matrizes curriculares entre a formação acadêmica e a do oficial
intendente da Marinha e sugerir alterações exequíveis no seu currículo via
Educação a Distância.
23
A pesquisa inicialmente bibliográfica exploratória, foi de cunho qualitativo, onde
buscou-se estabelecer relações e comparações entre as disciplinas das IES na
graduação em Administração a distância e a EN, pelo estudo das respectivas
matrizes curriculares. Os instrumentos de coleta foram questionários
encaminhados aos coordenadores da graduação das IES e entrevista com o
Chefe de Departamento do Ensino a Distância da Diretoria de Ensino da
Marinha (DEnsM).
Os seguintes tópicos foram abordados: a perspectiva conceitual de EaD; a
legislação pertinente; a EaD na Marinha e os seus documentos normativos; e
uma comparação entre a Educação presencial e a distância com foco na
formação do administrador. Ao final foram efetuadas algumas sugestões para a
formação do oficial intendente da MB habilitado em administrador pela EN.
A perspectiva conceitual e amplitude de educação a distância
Este artigo não pretende ser um estudo pormenorizado da Educação a
Distância (EaD), já existem diversas pesquisas sobre essa temática. O que é
discutido é a importância que a EaD tem na atualidade, principalmente com o
advento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em uma
sociedade globalizada e informatizada.
Principais conceitos envolvidos e seu marco legal
A definição de Educação a Distância parece, à primeira vista, ser bem simples.
Segundo os autores Maia e Mattar (2007, p. 6) é “uma modalidade de
educação em que os professores e alunos estão separados, planejada por
instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação.”
A EaD, no Brasil, também conhecida como Ensino a Distância, Treinamento a
Distância, ou mesmo Educação online, um conceito mais restrito da EaD, e que
segundo Moran (2002, p.41) é o “conjunto de ações de ensino-aprendizagem
desenvolvidas por meio de meios telemáticos, como a internet, a
videoconferência e a teleconferência”. Tem-se também a expressão e-learning,
uma forma utilizada para expressar a EaD fora e dentro do país.
Maia e Mattar (2007, p.21-22) explicam que a EaD teve diferentes gerações: a
textual, que seriam os cursos por correspondências (1876 a 1970), com
material impresso, enviados pelo correio; a analógica, novas mídias e
24
universidades abertas (1970 a 1990) onde são introduzidas as transmissões
por televisão aberta, rádio, fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone,
satélite e TV a cabo; e a digital, a EaD online (a partir de 1990) baseada em
redes de computadores, recursos de conferências e multimídia.
Ela hoje é caracterizada por inúmeras instituições em vários segmentos de
formação que oferecem cursos a distância, desde disciplinas isoladas até
programas completos de graduação e pós-graduação. Assim exposto, as
seguintes características principais da EaD, segundo Garcia Aretio (apud
Marinha, 2005, p. 1-2), podem ser citadas: separação professor-aluno;
utilização dos meios de comunicação; apoio de tutorial; aprendizagem
independente; e comunicação bidirectional.
Além da massividade espacial, que significa, a princípio, que na educação a
distância não existem limitações geográficas. Alunos que estão em localidades
diferentes podem participar do mesmo curso e interagirem. É possível atender,
com um menor custo, a um maior número de estudantes. Uma atenção mais
eficaz, com um menor custo, para um maior número de estudantes constitui-se,
digamos assim, a fórmula capaz de resolver o problema da democratização do
ensino.
Um fato colocado como vantagem por Gutierrez (apud Marinha, 2005) é a
autodisciplina de estudo, da auto-aprendizagem, da sua organização do
pensamento, melhoria da expressão pessoal, e tudo o que conduz à
autovalorização e segurança de si mesmo. Esta situação, porém, tem que ser
bem avaliada, visto que a EaD é melhor conduzida, por alguns autores, para
pessoas com uma maior experiência de vida.
Algumas desvantagens da EaD podem ser expostas: que a mesma não
proporciona uma relação pessoal e direta aluno/professor, a “face-a-face”,
típica de uma sala de aula. Outra desvantagem é relacionada ao perfil do aluno
e aos problemas como a maturidade, a autodisciplina e o isolamento,
especialmente críticos quando se trata de alunos mais jovens.
A Educação a Distância no Brasil, em seu formato atual, tem como marco legal
na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996), a Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que pela primeira vez apresentou
incentivo ao desenvolvimento e verificação de programas de EaD. Em seu
texto completo, esta modalidade é citada diretamente em quatro artigos.
25
O Dec.no 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regulamenta o art. 80 da LDB. O
seu art. 1o conceitua EaD, em comum acordo com o que anteriormente foi
discutido, ou seja:
[...] a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005, não paginado).
Um aspecto marcante neste decreto é a garantia de equivalência entre o
ensino presencial e a distância, mencionada em seus artigos 3, 5, 16, 22 e 23.
Pode-se argumentar que é a vantagem existente no ensino a distância, no
nosso caso online, que podem-se obter grandes resultados a um custo menor
de deslocamentos, sem perda de tempo e com maior flexibilização do
gerenciamento da aprendizagem.
A EAD na Marinha do Brasil (MB)
Para a elaboração deste tópico, foi realizada uma entrevista com o Capitão-de-
Mar-e-Guerra (CMG) Luiz Cláudio Biagiotti, Chefe do Departamento de Ensino
a Distância da DEnsM, que respondeu as perguntas formuladas que são
resumidas a seguir.
A média da carga horária dos cursos realizados no Centro de Instrução
Almirante Wandenkolk (CIAW) - instituição de ensino responsável por essa
tarefa na Marinha - gira em torno de 40 horas-aula, o que corresponderia, por
exemplo, a uma disciplina de graduação. Foi informado ainda que a EN realiza
um curso de Inglês Instrumental em convênio com a Cultura Inglesa, além de
possui um curso online de redação para alunos que se encontram com
dificuldades e voluntários.
O CMG Biagiotti disponibilizou a relação dos cursos realizados em 2008 no
CIAW, listados no quadro a seguir:
No CURSO (Sigla) DENOMINAÇÃO
01 (C-EXP-AVG-EAD) Avaliação de Gestão
02 (C-EXP-LIC-EAD) Licitação
03 (C-ESP-GESTOMPS-OF) Gestão de OMPS
04 (C-EXP-O&M) Organização e Métodos
05 (C-EXP-AB) Abastecimento
06 (C-EXP-GECON) Gestão Contemporânea
26
07 (C-EXP-PRE-OF-EAD) Capacitação de Pregoeiros
08 (C-ESP-ADIR) Atualização de Diretores
09 (C-Exp-AMP-OF-EAD) Análise e Melhoria de Processos
10 (C-EXP-AVG-OF-EAD) Avaliação de Gestão
11 (C-ESP-PLE-OF-EAD) Planejamento Estratégico
QUADRO – Relação dos cursos realizados em 2008. Fonte: DEsnM.
Pode-se verificar, a priori, que os cursos têm relação direta com a melhoria de
gestão e que trazem uma ligação clara com a formação superior em
Administração, e que poderiam ser disciplinas a distância, fazendo parte do
currículo da EN. Como exemplos concretos: o Curso Especial de Planejamento
Estratégico, de Gestão Contemporânea, de Avaliação de Gestão e de
Organização e Métodos.
O respondente comentou também que a MB já realiza a EaD desde 22 de
novembro de 1939, quando a Escola de Guerra Naval criou um curso por
correspondência, com o objetivo de preparar oficiais para a matrícula em curso
de comando. Cabe ainda registrar que esta iniciativa ocorreu apenas dois
meses depois da criação do Instituto Monitor de São Paulo, que junto com o
Instituto Universal Brasileiro, de 1941, são considerados como marco inicial da
EaD no Brasil.
A DEnsM utilizou, inicialmente, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) E-
Proinfo do MEC. Em 2003, após a realização de estudos, optou-se pelo
TelEduc da Universidade Estadual de Campinas. Nesse ano, criou o curso
Expedito de Capacitação de Autores e Tutores de EaD, com o objetivo de
orientar oficiais, praças e civis assemelhados, que iriam atuar como autores e
tutores, bem como, no desenvolvimento de material didático a ser utilizado em
cursos a distância via web.
Utilizando-se da sua experiência na MB com a EaD, foi perguntado ao CMG
Biagiotti o que ele achava da utilização do ensino online para complementar,
por exemplo, algumas disciplinas da graduação da EN. Ele respondeu que
seria um caso interessante a estudar, porém, teria duas preocupações
principais. A primeira seria garantir que todos tenham o mesmo acesso aos
meios tecnológicos, por exemplo, a banda larga. A outra preocupação seria
que “a garotada não está preparada para a EaD”, foi comentado sobre a
imaturidade do aluno da graduação.
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VERSUS EDUCAÇÃO PRESENCIAL
27
Segundo Maia e Mattar (2007, p. 84), “o essencial, hoje, não é se encher de
conhecimentos, mas sim a capacidade de pesquisar e avaliar fontes de
informação, transformando-as em conhecimentos”. Por isso mesmo, o que se
pode verificar é que não existe uma diferença acentuada entre educação
presencial e a distância, são metodologias pedagógicas que podem se utilizar
de ferramentas de transmissão e recepção, ensino aprendizagem, de maneira
diferente.
A educação presencial e a EaD tem seus valores e singularidades, mas
considera-se que a principal diferença entre as duas é o potencial colaborativo
da EaD. As pessoas se expõem muito mais porque precisam interagir para se
fazer presente. Seus textos e demais contatos ficam registrados no AVA e, se
privilegiarmos o uso de ambientes coletivos, mesclados à produção individual,
podemos construir uma comunidade de aprendizagem colaborativa. Nessas
comunidades somos co-responsáveis pelo processo individual e do grupo:
alunos, tutores e professores.
A educação recebe os impactos das tecnologias sobre seus métodos de ensino
e formas de aprendizagem. No entanto, o uso de uma tecnologia inovadora não
pode ser considerada uma estratégia. A intenção como ferramenta de apoio ao
ensino precisa estar relacionado à definição de estratégias pedagógicas, para
que possam efetivamente apoiar o processo de construção de novas
competências, gerando novas práticas de ensino e de aprendizagem.
Existem dificuldades sérias na aceitação da EaD, como a sala de aula física,
chão da escola. Moran (2002, p.46) nos deixa claro que “desde sempre
aprender está associado a ir a uma sala de aula, e lá concentrarmos os
esforços dos últimos séculos para o gerenciamento da relação entre ensinar e
aprender.”
Existem diferenças entre a educação presencial e a distância. Maia e Mattar
(2007) entram no tema do uso que vem sendo acentuado das TIC, no caso
específico da educação on-line (internet). Esses autores afirmam que educação
sempre será um processo que aconteceu, acontece e acontecerá em virtude da
interação de seres humanos. Citam ainda o início da história da humanidade,
onde era familiar a transferência da experiência e da vivência dos mais velhos
para os mais novos, inicialmente nas salas de aula, e agora, a qualquer
momento e lugar.
28
A graduação superior a distância no Brasil
Em entrevista ao Jornal O Globo de 30 de novembro de 2008, o ex-Ministro da
Educação, Sr. Fernando Haddad, declarou que a educação a distância está em
construção no Brasil, e simboliza como sendo uma nova fronteira na educação
superior, logo “precisa de paradigmas sólidos para não comprometer a
ampliação do acesso ao próprio ensino superior”. Haddad acredita que a
modalidade a distância ajuda a ampliar e democratizar o acesso à educação
superior em conjunto com outras ações e programas do Ministério da
Educação em curso, como o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (ReUni).
Os cursos à distância são um fenômeno relativamente novo na educação
brasileira. Ocoreu um boom na demanda por graduação e também na pós-
graduação online entre 2004 e 2007, crescendo 356%. Segundo ainda esta
mesma reportagem, atualmente existem cerca de 750 mil alunos fazendo
graduações à distância, em 108 instituições credenciadas pelo MEC (a maioria
privadas), sendo que apenas 12 controlam mais de 70% da oferta de cursos.
Na rede pública, a oferta de cursos superiores à distância está centralizada na
Universidade Aberta do Brasil (UAB), rede que reúne mais de 70 universidades
públicas.
O que podemos concluir é que a formação superior está em franco
desenvolvimento no Brasil por intermédio da educação a distância, fato que
conta com amplo apoio do Governo Federal através dos seus órgãos ligados à
educação.
A graduação superior a distância em administração
Um dos grandes óbices verificados para a implantação de um curso de
graduação a distância, no primeiro momento, é o elevado investimento inicial
para sua montagem. Durante o desenvolvimento das disciplinas de maior
presença física, como as que utilização laboratórios, de interação corporal
(dança, teatro, etc.), também há elevados custos a serem absorvidos pelas
instituições de ensino.
Quanto aos lucros auferidos, não nos cabe avaliar. Mas, segundo Moran (2002,
p. 47), o importante é que sejam focados na construção do conhecimento, pilar
29
da educação, e na interação, no equilíbrio entre o individual e o grupal, entre o
conteúdo e interação (aprendizagem cooperativa), um conteúdo em parte
preparado e em parte construído ao longo do curso.
Existe uma tendência ao aumento dos cursos de MBA e pós-graduação lato
sensu, porque os mesmos não têm uma fiscalização direta do MEC. A
qualidade dos cursos é realizada pelo próprio mercado de trabalho.
Durante o desenvolvimento da pesquisa, em busca pela internet, foi verificado
que a Universidade do Sul de Santa Catarina tem um curso de graduação a
distância de Administração, bacharelado, em convênio com a Academia Militar
das Agulhas egras (AMA ), cujo objetivo expresso é o de ser “um curso
inovador, criado para atender as expectativas dos oficiais dos cursos de
formação de oficiais da AMAN, visando à obtenção do grau de Bacharel em
Administração”. O curso é dirigido aos portadores de diplomas dos cursos de
formação de oficiais daquela academia.
O que se pode inferir do que foi desenvolvido neste capítulo é que existe, e é
corroborado por diversos autores, a relevância da EaD com a possibilidade
bem atual do equilíbrio entre esta modalidade de ensino e a presencial. Assim,
pretende-se obter resultados mais expressivos a um custo menor de
deslocamento e, principalmente, uma flexibilização curricular que permita o
melhor gerenciamento da construção do conhecimento e da aprendizagem pelo
aluno.
Análise do questionário encaminhado aos coordenadores do curso de administração
Os sujeitos do estudo original foram os coordenadores do curso de
Administração das IES do Brasil. Uma pesquisa preliminar aleatória, por meio
de busca na Internet, identificou e foram encaminhados 81 questionários as
instituições dos 26 estados e do Distrito Federal, independentes se instituições
públicas ou privadas, militar ou civil, com o foco voltado na pedagogia do
ensino presencial e na distância.
Como resultado da negociação, onze coordenadores, incluindo o da EN,
retornaram os seus questionários respondidos. Na avaliação deste
pesquisador, esses questionários constituem uma amostra suficiente visto o
estudo ser de cunho qualitativo, a partir da qual puderam ser elaboradas
30
sugestões consistentes.
O objetivo específico foi estudar a EaD como alternativa para complementação
da formação da graduação em Administração da EN. Assim posto, das dez
perguntas do instrumento de coleta, só foi utiliada neste artigo a sétima, que
procurou ver o posicionamento dos coordenadores em relação a EaD e sobre a
formação plena do Administrador.
Iniciando a análise das respostas, constatou-se que metade dos respondentes
posicionaram-se contra, como exposto nesta fala:
A EaD é uma preciosa ferramenta que pode ser utilizada nos melhores cursos de Administração do mundo, sem prejuízo do conteúdo a ser oferecido. Entretanto, isso deve ser feito com cautela, porque não acredito em um curso totalmente à distância, mesmo com encontros presenciais esporádicos. Ainda acredito no conhecimento que circula entre os alunos, como uma das modalidades de aprendizado e na interação entre professor-aluno.
Porém, outros coordenadores foram favoráveis a EaD como processo
pedagógico que poderia ser aplicado, como já o é, na formação do profissional
da área de Administração. Como a fala de um respondente que crê que se trata
de uma modalidade que virá a atender a uma população que tenha dificuldades
de acesso ou tempo para a realização de um curso superior, e “com seriedade
pode-se formar um profissional administrador com as mesmas competências
que um formado na modalidade presencial”.
Infere-se que na graduação superior existem prós e contras, como vimos em
uma amostra de onze coordenadores de cursos de graduação em
Administração. Não podemos, portanto, fechar os olhos para esta ferramenta
pedagógica atual e importante para, por exemplo, assegurar a
complementação de uma qualificação, ou mesmo, para ampliar o horizonte e
socializar a educação daqueles que não têm o tempo necessário para ficar
assistindo aulas de corpo presente.
Considerações finais
As Instituições de Ensino Superior não podem se omitir de buscar uma melhor
qualificação para os seus formandos, dando-lhes todo o ferramental necessário
para se tornarem o mais próximo possível do perfil que o mercado de trabalho
e a sociedade assim desejam e esperam. No caso do administrador, um
profissional proativo, com habilidade de negociação, inovador, com uma
31
formação eclética que contemple a visão do todo, com habilidade de
planejamento e capacidade de mobilizar pessoas em equipes, entre outras
capacidades.
A Escola Naval, instituição superior de formação dos oficiais da MB, não pode
e não deve ficar à margem das ações e decisões que são necessárias e atuais,
principalmente quando da procura pela melhor formação do seu alunado. A
tradição é válida, mas a evolução acadêmica tem que continuar, precisamos
formar o oficial intendente habilitado em administração no estado da arte do
que o mercado necessita e com o perfil idealizado.
As análises realizadas na matriz curricular da EN em comparação com diversas
IES que formam bacharéis em administração no Brasil, remete-nos a sugerir
uma reavaliação inicial do currículo atual por parte dos seus responsáveis. São
listadas algumas sugestões para uma melhor preparação do oficial intendente
da Marinha:
- Deslocar a disciplina “Licitações” do último ano para ser ministrada a distância
no CIAW (capacitação de pregoeiros por exemplo);
- Utilizar ainda os cursos a distância do CIAW em substituição a algumas
disciplinas, como Organização e Métodos, Planejamento Estratégico, Análise e
Melhoria de Processos, entre outros.
- Estudar a possibilidade de um convênio com IES para complementação das
disciplinas necessárias e julgadas válidas suprir a carência de conteúdos
ligados ao Mercado, o que proporcionará uma equivalência de diplomas.
A Educação a Distância é antes de tudo Educação, uma união entre o ensino e
a aprendizagem, ou seja, uma “ensinagem” assíncrona, por exemplo, a
qualquer tempo e hora. A idéia principal foi a de sugerir ações possíveis e
exequíveis, que poderão tornar a formação do Oficial Intendente ampla em
relação à formação superior em Administração, com a possibilidade do seu
reconhecimento e de formação continuada.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, no 248, 23 dez.1996.
______. Presidência da República (2006). Lei no 11.279, de 9 de fevereiro de 2006. Dispõe sobre o Ensino na Marinha. Publicação eletrônica. Brasília, DF,
32
2006. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2006/Lei/L11279.htm>. Acesso em: 08 out. 2008.
______. Presidência da República (2005). Decreto no 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Publicação eletrônica. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br//legislações/leis>. Acesso em: 08 out. 2008.
MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EAD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MORAN, J. M. O que é educação à distância. 2002. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: 22 ago. 2008. ______. Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: SILVA, Marco (Org.) Educação online. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2006. p. 41-52.
33
O e-Learning como Ferramenta de
Marketing para o Treinamento e o
Desenvolvimento de Pessoas e
Organizações Patrícia Cunha Fernandes
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Resumo:
No século XXI, a informação e o conhecimento se tornam cada vez mais
importante para as pessoas, as corporações, os países e para o mundo como
um todo. Hoje, um dos espaços onde a educação mais cresce é nas empresas,
como uma ferramenta estratégica para desenvolver e ampliar o negócio. A
Educação Corporativa se estabeleceu no mercado para atender a alta
expectativa de vencer a concorrência com estratégias sustentáveis e
econômicas. Os prazos para alcançar as metas organizacionais estão mais
curtos, porque as transformações são muito rápidas, às vezes, até
instantâneas. Este trabalho propõe o início de uma pesquisa sobre os impactos
que as novas tecnologias têm refletido quando são aplicadas à educação.
Neste caso, mais especificamente, a Educação Corporativa a Distância, um
34
cenário onde podemos assistir o acelerado crescimento dos cursos e-Learning
por gerar excelentes resultados na gestão e no desenvolvimento de pessoas, e
consequentemente, nas organizações em que elas trabalham.
(Autora não enviou o artigo completo).
35
Gestão de Mídias: Dimensão Pedagógica,
Administrativa e Tecnológica Fanni Hamphreis da Silva
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am
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reis
da
Silv
a
Professora e Fonoaudióloga, especialista em Educação de
Jovens e Adultos e Motricidade Oromoifacial, Mestre em
Ciências da Saúde, Professora da Rede Pública do Rio de
Janeiro, Professora Orientadora do Curso de Pós-Graduação
de Tecnologia em Educação da PUC-RIO(2010), Professora-
tutor do curso de Pós-graduação em Educação Especial,
Gestão Pública Municipal e Saúde da Família da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).Foi supervisora
da clínica escola de fonoaudiologia do Centro Universitário
Moacyr Sreder Bastos e professora de alterações da fala e da
fluência, distúrbios da leitura e da escrita e, afasia. Foi
professora do Centro Universitário Celso Lisboa (
neuropatologias, Patologias da Fala e da Motricidade Oral e
de Alterações da Fala e da Fluência) e professora do Curso
para concursos CPCON (afasia, gagueira e Dislexia) e
Coordenadora Pedagógica e professora docente da Secretaria
Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro.
Professora do curso de Pós-graduação em Motricidade Oral
da Faculdade Redentor.Foi fonoaudióloga da SMDS(FUNLAR),
durante 2 anos e Fonoaudióloga do Instituto Helena Antipoff(
lotada no Pólo de Atendimento Extra-Escolar).Tem larga
experiência na área de Fonoaudiologia, com ênfase em
síndromes, atuando principalmente nos seguintes temas:
gagueira, aquisição da linguagem e leitura/escrita, alterações
oromiofacias, dislexia, distúrbio de aprendizagem, alterações
fonéticas/ fonológicas e aleitamento materno. Foi
fonoaudióloga clínica do Centro Fonoaudiológico Araújo Cid
durante 6 anos e supervisora em Fonoaudiologia durante 7
anos desta mesma institução.
RESUMO:
O presente estudo trata de uma proposição de um plano de ação para a Escola
Mu-nicipal de Educação Básica Bom Jardim no município de Sinop/MT, sobre a
gestão das mídias na referida escola abordando suas dimensões pedagógica,
administrativa e tec-nológica. A elaboração do plano de ação tornou-se
possível através da realização de um diagnóstico da escola, por meio de uma
pesquisa de campo. Foram investigados professores e equipe gestora da
escola com o objetivo de identificar suas práticas em relação às mídias, suas
36
concepções, necessidades e possibilidades de mudança. O resultado da
pesquisa demonstrou uma situação delicada tendo em vista que a escola
possui várias mídias, mas não usufrui das tecnologias disponíveis, pelo fato de
não estar conectada a internet e seus professores não estarem capacitados
nesta área. Uma abordagem teórica sobre conceitos de gestão, mídias,
tecnologia, papel do gestor na escola e possibilidades do uso das mídias nas
três dimensões de forma integrada, serviram de apoio à análise do resultado da
pesquisa e nortearam a elaboração do plano.
(Autora não enviou o artigo completo).
37
Apresentação dos
Professores do GT 2 –
Metodologias na EaD
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Olá! Meu nome e MARIA ESTHER ARAÚJO. Sou graduada em
Fonoaudiologia (UNESA), Pós-Graduada em Docência do Ensino
Superior(UCAM/IAVM)) e Gestão de EaD (UFJF) com formação e
Saúde e Meio Ambiente, Ergonomia e Tecnologia do Trabalho para
Qualidade de Vida (FIOCRUZ). Sou Mestre em Gestão Ambiental e
minha Linha de Pesquisa foi em Saúde e Educação, cujo foco
principal foi a Saúde do Trabalhador Docente e a Relação com o
Ambiente de Trabalho. Costumo participar de eventos relacionados
a Políticas na área de Saúde e Educação buscando um
aperfeiçoamento constante. Atualmente, além de docente em aulas
presenciais, atuo com Educação a Distância (EAD), tanto na pós-
graduação quanto na graduação.
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Silv
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Meu nome é FABIANE MUNIZ. Sou psicóloga e mestre em
sexologia. Trabalho aqui na AVM FACULDADE INTEGRADA, desde
que era um projeto especial da UCAM chamado Projeto A Vez do
Mestre. Desde, então, 1999, ministro aulas para os cursos
presenciais de pós-graduação das áreas pedagógicas como por
exemplo, psicopedagogia, psicomotricidade, orientação educacional
e pedagógica, arteterapia e docência do ensino superior. Trabalho
também em cursos as área de saúde como terapia se família.
Ainda na AVM sou docente do curso de licenciatura em pedagogia,
oferecido na modalidade a distância onde trabalho com a disciplina
de psicologia da educação. Por fim, também sou responsável pela
gestão do CDE – Coordenação de Desenvolvimento da AVM e
desde 2010 assumi o cargo de adjunta da coordenação geral da
EaD da AVM FACULDADE INTEGRADA. Prazer em Conhecer.
38
Ma
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Sou MARY SUE CARVALHO PEREIRA, mestre em “Tecnologia da
Informação e Comunicação em Educação a Distância (Universidade
Federal do Ceará / UNOPAR), Pós-Graduada em “Psicologia
Pedagógica” pela Fundação Getúlio Vargas, é Pedagoga e
Especialista Técnica em Educação Infantil e em Educação a
Distância (SENAC Nacional). “Fazer” Educação é o que gosto, há
muito tempo: de regente de classe a Coordenadora Pedagógica em
Ed. Infantil, professora de Didática (no antigo curso Normal), de
História da Educação em Graduação de Pedagogia e de disciplinas
nos cursos de Educação Inclusiva, Pedagogia Empresarial,
Docência do Ensino Superior e Docência do Ensino Fundamental e
Médio, entre outros. Psicopedagoga, tem na Musica sua principal
ferramenta, atendendo crianças normais e portadoras de
transtornos invasivos. Livros publicados e colaborações literárias:
(a) A descoberta da criança, uma introdução à Educação Infantil –
RJ, WAK, 2002; (b) BENATHAR, Roberto Levy (org.) Educação
Infantil em debate – RJ, INEPEDEC, 1985; e (c) Apostilas de
Educação Infantil, Pedagogia Empresarial e Psicopedagogia
Institucional para o INSTITUTO A VEZ DO MESTRE., da
Universidade Cândido Mendes (Cursos de Pós Graduação Lato
Sensu). CADERNO DE ESTUDO sobre HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO,
para curso de Pedagogia (Graduação a Distância do IAVM).
Membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de
Tecnologia Educacional
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Meu nome é NARCISA CASTILHO MELO. Sou graduada em
Psicologia e pós-graduada em Psicologia Clínica de Adultos e
também em Tecnologia Educacional. Iniciei minha carreira
realizando atendimentos psicológicos com crianças, adolescentes e
adultos; trabalho que ainda desenvolvo atualmente. Aceitei o
desafio de atuar como psicóloga em processos de Orientação
Vocacional em diferentes escolas do Rio de Janeiro. Fui convidada
para trabalhar na AVM, e aceitei com muito prazer a função de
professora tutora nos cursos de pós-graduação: Arte em Educação
e Saúde; Psicopedagogia Institucional e Sexualidade.
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Na
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Olá! Meu nome é Roseane Santos de Morais Narciso. Sou graduada em
Administração de Empresas, pós graduada em Pedagogia Empresarial pela
AVM, atualmente estou fazendo uma Licenciatura em Educação Profissional
pelo ISERJ e matriculada no curso de Gestão em EaD pela UFF. Tendo
participado de diversos eventos na área de educação. No presente
momento, atuo como professora tutora nos cursos de pós graduação: Arte
em educação e Saúde e Pedagogia Empresarial.
39
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Olá! Meu nome é GISELLE BÖGER BRAND. Sou Graduada em Pedagogia
(UFSC), Pós-Graduada em Orientação Educacional e Pedagógica (UCAM-
AVM). Realizei o Curso de Capacitação de Professores para EAD (PUC/RS) e
também o Curso de Atendimento Educacional Especializado (UFSM/ MEC).
Atualmente realizo o curso de Formação em EAD (CEDERJ). Participo de
Eventos relacionados a Tecnologias Assistivas, Educação Tecnológica e
Políticas públicas para Pessoas com Deficiência. Já trabalhei no convênio
FAETEC/ ANDEF (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos) com
Projeto Multidisciplinar de Atendimento Especializado para Crianças com
Deficiência. Atualmente trabalho na Secretaria Municipal de Acessibilidade e
Cidadania do Município de Niterói/RJ com projetos voltados as Pessoas com
Deficiência, e atuo como Tutora de Pós-graduação (EAD) na AVM Faculdade
Integrada.
40
Mídias no Curso de Pedagogia:
A Apropriação Instrumental e a
Leitura Crítica no Trabalho Docente Esther Silva da Costa e
Giselle Martins dos Santos Ferreira
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Mestre em Educação e Cultura Contemporânea pela
Universidade Estácio de Sá, na linha de pesquisa
Tecnologias de Informação e Comunicação nos Processos
Educacionais, Jornalista Especializada em Mídia-Educação
pela PUC-Rio e ex-aluna do curso de Comunicação
Empresarial da AVM. E-mail: [email protected]
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Professora Doutora do Curso de Pós-Graduação em Educação
e Cultura Contemporânea da Universidade Estácio de Sá. É
Mestre em Educação pela Open University e possui Pós-
Doutorado em Educação assim como várias especializações
em teoria e métodos de pesquisa nas Ciências Sociais e
Humanas. É Membro da Academia Britânica de Educação
Superior desde 2001. E-mail: [email protected]
RESUMO A necessidade de apropriação das mídias na educação emerge do cenário
sociocultural contemporâneo que está delineado pela presença das mídias nas
diversas esferas sociais. Entretanto, para garantir que os processos
educacionais integrem qualitativamente as mídias, não basta utilizá-las
instrumentalmente em sala de aula. Coloca-se como necessária a consolidação
41
de um lugar na educação para as mídias onde haja a articulação das
dimensões de “ferramenta pedagógica” e “objeto de estudo”. À luz dessa
afirmação este texto apresenta uma pesquisa que investigou como as
graduações em Pedagogia estão se apropriando das mídias, mais
especificamente, como os docentes desses cursos estão utilizando essas
mídias e suas possibilidades de práticas de Educação a Distância na formação
de pedagogos.
Palavras-chave: Mídia-Educação; Pedagogia; Leitura Crítica das Mídias.
OS CONTORNOS DO CENÁRIO MIDIÁTICO NA EDUCAÇÃO
O cenário da vida contemporânea caracteriza-se pela significativa presença
das mídias nas diversas dimensões sociais. Por um lado, têm-se as tradicionais
mídias analógicas, como exemplo os impressos, rádio e televisão, e, por outro,
as novas mídias digitais, entre elas, o computador, Internet, celular e tablet. No
cotidiano familiar, por exemplo, é comum que as famílias iniciem conversas a
partir dos temas emergentes das mídias, em especial a televisão. No campo
profissional, as mídias estão potencializando os processos de comunicação e
promovendo a integração global, enquanto que, no lazer, elas estão cada vez
mais presentes e interativas, em especial com o fortalecimento e ampla
disseminação das redes sociais.
Observamos, neste atual contexto sociocultural, a sobreposição dos conceitos
de educação, informação, comunicação e entretenimento (LEITE, 2008).
Inúmeras vezes esses conceitos passam pelas mídias, por meio das quais
grande parte da sociedade se informa, se diverte e, simultaneamente, tem
oportunidades de trabalho. A cibercultura também se consolida a partir do
entrelaçamento desses conceitos em suas novas acepções. A cibercultura
consiste “(n)o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores, que se desenvolvem
juntamente com o crescimento do ciberespaço”, esse “novo” espaço virtual
onde ocorrem essas práticas e atitudes de comunicação e sociabilidade (LÉVY,
1999, p. 17,32). Dessa maneira, a cibercultura provém de um mundo virtual
repleto de novos significados, que estão transformando, no mundo real, as
linguagens, os espaços e o tempo.
42
O crescente cenário da cibercultura fomenta situações socioculturais que
propõem diariamente ao campo educacional o desafio de ensinar e aprender
com as mídias. Ou seja, faz-se necessária a consolidação de um lugar na
educação para as mídias, onde, nesse processo, a educação se coloca como a
estrutura capaz de sustentar a transformação das mídias e do que é veiculado
nelas em conhecimento, e este, em resultados de aprendizagem, diminuindo
assim, a inquietação.
Nesse sentido, sem perder a sua característica própria de promover a
educação formal, as instituições de ensino necessitam construir e consolidar
propostas pedagógicas que dialoguem com as mídias e suas possibilidades de
práticas de Educação a Distância (EaD). Essa presença das mídias na
educação, mais precisamente em sala de aula, não deve ser entendida
somente como um recurso para dinamizar as aulas e entreter os estudantes. A
inclusão das mídias no processo educativo pressupõe uma mudança para
muitos docentes, uma vez que o verdadeiro professor será aquele que souber
orientar o seu discente na procura e no acesso à informação necessária de
modo que possa encaminhá-lo à construção do conhecimento (LEITE, 2008).
À medida que as instituições de ensino passam a apoiar a integração das
novas mídias em suas aulas e a investir na formação de seus professores para
o uso das mesmas, articulando-as à docência e à aprendizagem, torna-se
possível um aproveitamento mais eficaz, que possibilita transformar informação
em conhecimento.
Para introduzir efetivamente as mídias na educação, as escolas e
universidades precisam dar-se conta de que somos influenciados por elas e,
por isso, tornar-se indispensável incluí-las na formação do professor e discutir o
seu papel no contexto social. De acordo com Moran (2000, p. 58), “passamos
muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o computador
e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio.”
Assim entendido, a educação e o professor necessitam de uma “nova
pedagogia” que desmistifique as mídias na dimensão de “objeto de estudo” e
como “ferramenta pedagógica” (BELLO I, 2009, xiv).
Afirmamos que, com a farta disponibilidade das mídias, emerge a urgência de
formar profissionais da educação capazes de se apropriarem delas em sua
prática. Nesse contexto, o uso das mídias para além do uso instrumental é um
43
dos assuntos que norteia os debates sobre as mesmas na esfera educacional.
A “lógica instrumental” é o agir estratégico, essencialmente técnico, voltado
para o sucesso e os fins de controle e dominação. A ação instrumental rege-se
por regras técnicas baseadas no saber prático e “organiza os meios adequados
ou inadequados segundo os critérios de um domínio eficaz da realidade”
(HABERMAS, 1980, p. 320).
Belloni (1998; 2009), Fantin (2010) e Soares (2007), alertam que é comum
encontrar professores que trocam o quadro negro, a pesquisa em livros e a
autoria docente pela exibição de um documentário na televisão, pela pesquisa
na Web ou pela apresentação de slides. Essas ações podem se reduzir à
instrumentalização, quando não há um direcionamento e articulação com a
“leitura crítica das mídias” (BELLO I, 2009 p. 09). a educação com, para, e
através das mídias, isto é, na educação para as mídias ou mídia-educação, é
necessário ultrapassar as “práticas meramente instrumentais, típicas de um
certo tecnicismo redutor ou de um deslumbramento acrítico” (BELLO I, 2009,
p. 13).
São nesses sentidos do uso instrumental e da leitura crítica que se fundamenta
as reflexões trazidas neste texto. Nele apresentamos um recorte de uma
pesquisa que teve como objetivo geral investigar de que modo os cursos de
graduação em Pedagogia estão se apropriando das mídias, mais
especificamente, como os docentes desses cursos estão utilizando essas
mídias na formação de pedagogos. As graduações em Pedagogia são as
grandes responsáveis pela formação de novos educadores que em sua maioria
atuarão com crianças e adolescentes que fazem parte de uma geração que se
constrói e se consolida através das mídias e da cibercultura. Neste cenário,
julgamos pertinente o investimento no estudo sobre como estão as
apropriações das mídias no cotidiano da sala de aula. A pesquisa foi realizada
em duas universidades que oferecem cursos de Pedagogia renomados e que
se apresentam com tendências à inserção transversal das mídias e
consequentemente da EaD em seus respectivos currículos, e o presente texto
oferece uma discussão das práticas observadas em uma disciplina de cada
universidade.
O texto está estruturado de modo a apresentar um sumário da metodologia
adotada, seguido de uma breve apresentação da estrutura de cada disciplina
44
estudada. A seção central discute, à luz das dimensões de objeto de estudo e
ferramenta pedagógica, as práticas docentes observadas.
APORTES METODOLÓGICOS
O objetivo geral que foi apresentado mobilizou a elaboração das seguintes
questões de estudo:
a) Quais são os usos das mídias em sala de aula feitos pelos professores?
b) Como se articula a teoria e prática sobre o uso das mídias nas
disciplinas investigadas?
c) Como o uso das mídias na atuação docente se traduz em formação de
pedagogos para a apropriação das mídias na educação?
d) Quais são as apropriações das mídias feitas pelos estudantes na
construção da comunicação e do conhecimento em sala de aula?
A coleta de dados envolveu questionários, entrevistas e, crucialmente, a
técnica de observação participante. A observação realizada buscou identificar a
apropriação das mídias nas disciplinas estudadas. Neste processo de
observação, adotamos a postura de pesquisador, assistindo as aulas, lendo os
textos e fazendo interferências, como exemplo, a participação na ambiência
midiática (EaD) ou auxílio nas discussões temáticas e elaboração de texto. A
utilização desse procedimento de coleta de dados proporcionou, além da
vivência, o rápido acesso aos documentos, dados das disciplinas e dos
participantes. Foi possível obter informações relevantes para a construção de
um rico diário de campo e, assim, estabelecer uma base para descrição do
cenário estudado.
Para a apreciação dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin
(2000), revelada como uma técnica essencialmente interpretativa que demanda
um trabalho de observação atento e que ultrapassa a compreensão imediata e
espontânea (RIZZINI, 1999, p. 91).
O grupo de participantes incluiu dois professores doutores, que lecionam as
disciplinas investigadas e também atuam na pós-graduação e pesquisa sobre
temáticas relevantes a pesquisa. Além dos docentes, participaram da pesquisa
16 estudantes e um estagiário docente (doutorando) de uma universidade, bem
como 29 estudantes e uma estagiária docente (mestranda) da outra,
45
totalizando 49 participantes. Para preservar a identidade dos envolvidos na
pesquisa, as Universidades foram tratadas como Universidade A e
Universidade B. Na Universidade A, a investigação foi conduzida na disciplina
Mídia, Tecnologias e Educação, e na Universidade B, a disciplina analisada foi
a Didática, ambas ministradas no segundo semestre de 2011.
DAS DISCIPLINAS E SUA PRÁTICA
Mídia, Tecnologias e Educação
A disciplina analisada na Universidade A é oferecida no 6º período, e seu
nome, Mídia, Tecnologias e Educação, reflete uma proposta de estudo que
contempla a análise das relações entre essas áreas, com ênfase nas mídias e
na EaD enquanto espaço de aprendizagem. A experiência de aprendizagem
oferecida pela disciplina foi organizada em torno de temas propostos
gradualmente ao longo do semestre e explorados através de aulas expositivas,
discussões dirigidas, leitura de textos, vídeos e, crucialmente, atividades
práticas na forma de oficinas. O livro Por que estudar a mídia?
(SILVERSTONE, 2002) ofereceu o principal suporte teórico para os objetivos
da disciplina, tendo sido utilizado como leitura obrigatória.
A disciplina em foco também se apropriou da ambiência midiática Ning, uma
rede social que foi utilizada nos moldes da EaD. Neste ambiente a coletividade
é privilegiada e o discente pode criar o seu perfil, visitar o perfil dos outros
colegas de turma, adicionar “conteúdos”, participar de chats, entre outros. Ao
longo do semestre, a ambiência midiática foi utilizada para diversas atividades,
entre elas: postagem de textos, vídeos e resumos das aulas, compartilhamento
dos slides de seminários e reuniões de pauta para a criação do produto
audiovisual.
Didática
Na Universidade B, investigamos a disciplina Didática, do 4º período. A ementa
define seus dois objetivos centrais: o primeiro é a formação para o
direcionamento e organização do trabalho pedagógico em sala de aula nas
46
dimensões “psicoafetiva, técnica e sociopolítica”; o segundo foco está em
contribuir para reflexão e aprendizado sobre as práticas educativas cotidianas.
Apesar de não destacar como tópico de estudo teórico a apropriação e a
educação para as mídias, discussões e práticas relevantes foram integradas,
ao longo do semestre, de forma transversal.
O ambiente online da disciplina consiste em um Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) implementado com o software livre Modular Object-
Oriented Dynamic Learning Environment, Moodle. Utilizado em paralelo com as
aulas presenciais, essa ambiência foi trabalhada como um espaço de autoria,
interatividade e encontro virtual, no qual o professor e os discentes refletiam
acerca dos temas abordados em sala, desenvolveram trabalhos coletivamente
e compartilharam suas produções. No Moodle, os discentes participaram de
fóruns sobre os estudos das aulas, e em uma wiki criaram os textos coletivos
dos seminários. O Moodle também foi usado pelo docente para postar vídeos
com as temáticas cibercultura e educação, informática na educação, Web 2.0 e
wiki.
Da mesma forma observada na disciplina Mídia, Tecnologias e Educação, na
Didática o professor também atuou direcionando e mediando os estudos e
práticas.
Mídias no Trabalho Docente
Os usos das mídias no trabalho docente conduzido na formação de pedagogos
constituem um assunto de muita importância, pois esses profissionais estão
formando os futuros educadores que poderão atuar como professores das
séries iniciais e das disciplinas pedagógicas do curso Normal, como gestores
dos processos educativos escolares e não escolares, bem como na produção e
difusão do conhecimento do campo educacional. A graduação em Pedagogia
é, de fato, o único espaço adequado na universidade para a formação dos
docentes e pesquisadores para esse nível de escolarização (PIMENTA, 2004,
p. 07).
Os professores das disciplinas em foco, Mídia, Tecnologias e Educação e
Didática, apropriaram-se das mídias e da EaD para introduzir assuntos,
centrados nas mídias ou não, relacionar-se com os discentes e para expor e
47
produzir “conteúdos”, abrangendo, assim, diferentes temas, metodologias e
atividades. A regularidade com que os docentes usaram as mídias em sala de
aula, em especial o computador com acesso à Internet, chegou a quase 100%
do tempo durante o qual a pesquisadora esteve no campo.
Ao analisarmos especificamente os usos das mídias feitos pelos docentes, foi
possível perceber que essas utilizações ocorreram de forma relativamente
fluente e isenta de problemas. Entretanto, precisamos considerar que estes
docentes já têm, internalizado através da sua formação uma compreensão de
que as mídias são elementos da cultura contemporânea e, por isso, são
indispensáveis em seu trabalho. O cenário com relação às percepções e
concepções dos discentes pode ser bastante diferente, pois mesmo que
tenham essas mídias já incorporadas em seu cotidiano, podem ter visões
bastante limitadas de sua utilidade em contextos educacionais.
Os usos das mídias em sala de aula realizados pelos professores podem ser
analisados a partir da perspectiva de uso instrumental (HABERMAS, 1980) e
de ferramentas pedagógicas de Belloni (2009). Segundo Habermas (1980, p.
320), essas apropriações das mídias para projetar apresentações em slides,
exibir filmes, acessar a Internet e ambiências midiáticas, entre outros,
ilustrariam o uso instrumental, isto é, de maneira técnica. O autor afirma que a
instrumentalização é necessária e apenas se torna um problema quando essas
regras técnicas, baseadas apenas no saber prático, se tornam os fins, o que
não é o caso das disciplinas em foco (GONÇALVES, 1999, p. 128).
Por isso, sinalizamos que esses diferentes usos feitos pelos docentes, que
precisam de um saber instrumental, são necessários e consistentes com a
concepção de mídia-educação adotada na pesquisa. Essas apropriações das
mídias realizadas pelos docentes corroboram a dimensão dessas enquanto
ferramenta pedagógica que, segundo Belloni (2009, p.09), “são extremamente
ricas e proveitosas para melhoria e expansão do ensino”. Constatamos,
também, que essa utilização das mídias está sujeita a vários fatores, dentre
eles, a fluência que os professores e estudantes têm no uso instrumental das
mídias.
De fato, os docentes propuseram o uso das mídias para os discentes através
de uma perspectiva formativa que contempla as dimensões abordadas por
Belloni (2009). Esses usos propostos pelos docentes fomentaram um exercício
48
e um olhar mais amplo sobre o que é a educação para as mídias, e isso se
traduz em uma formação mídia-educativa que sugere uma pretensão de
equilibrar o uso instrumental e a formação para a leitura crítica das mídias.
Desse modo, enfatizamos que nas duas disciplinas os professores se
preocuparam em direcionar seus usos das mídias para uma forma que as
potencializasse, encorajando os discentes a se tornarem futuros pedagogos
que se apropriarão das mídias com habilidades instrumentais e criativas, de
modo a possibilitar a autoria. Verificamos que os docentes não estavam
preocupados em fazer com que os estudantes aprendessem a usar melhor as
mídias e suas possibilidades de práticas de EaD apenas pelas mídias, mas,
que eles internalizassem em sua formação a concepção de que as mídias são
elementos da cultura contemporânea e, por isso, são indispensáveis na ação e
formação do pedagogo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se, pois, concluir, a par das observações das aulas, que certamente as
dimensão de ferramenta pedagógica e de criação perpassam os usos que os
docentes participantes da pesquisa fazem das mídias em sua sala de aula e
nas ambiências da EaD. Essas perspectivas tornam-se primordiais para os
docentes que têm as mídias como objeto de seu trabalho. Entender as mídias
como ferramentas pedagógicas e estimuladoras de ações criativas e autorais é
fundamental para potencializar a educação. Contudo, o saber prático deve ser
atrelado a uma formação de leitura crítica das mídias, a fim de que o professor
possa alcançar uma educação para as mídias que tenha em sua essência um
direcionamento para as mídias enquanto objeto de estudo (BELLONI, 2009).
Os docentes das disciplinas Mídia, Tecnologias e Educação e Didática
buscaram trazer para o curso de Pedagogia as mídias através dos dois eixos
norteadores que são o uso instrumental e a leitura crítica das mídias. O
primeiro eixo concretizado no trabalho dos docentes se traduz na formação de
pedagogos que sabem do uso das mídias nas mais diversas práticas
pedagógicas. O segundo eixo, também concretizado no trabalho dos docentes,
exprime uma formação de pedagogos com uma visão que ultrapassa o ir contra
ou a favor das mídias na educação. A visão proposta se traduz em uma
49
formação que desafia a subutilização das mídias e da EaD na esfera
educacional, tanto no aspecto instrumental quanto no de leitura crítica.
Frente ao exposto, torna-se relevante, ao final, esclarecer que os resultados
obtidos nesta pesquisa são específicos das Universidades e seus cursos de
Pedagogia estudados, ou seja, particulares do trabalho dos docentes com as
mídias e com a EaD nas disciplinas Mídia, Tecnologias e Educação e Didática.
Em outras disciplinas, de outros contextos, as apropriações das mídias na
educação podem apresentar diferentes práticas. Deste modo, somando-se a
literatura da área, este texto pretende contribuir para os estudos que dão
ênfase à temática mídia, aprendizagem e as experiências metodológicas em
EaD.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2000. BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. 3.ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2009. FANTIN, Mônica. Dos consumos culturais aos usos das mídias e tecnologias na prática docente. Motrivivência, Santa Catarina, n. 34, jun. 2010. p. 12-24. GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Teoria da educação comunicativa de Habermas: possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação e Sociedade, Campinas, v. 20, n. 66, abr. 1999. p. 125-140. HABERMAS, Jürgen..Técnica e ciência enquanto ideologia. In: BENJAMIN, Walter; HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor; HABERMAS, Jürgen. Textos escolhidos. Trad. Zeljiko Loparic e Andréa Maria Altino de Campo Loparic. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 313 – 343. (Coleção Os pensadores). LEITE, Lígia Silva. Mídia e a perspectiva da tecnologia educacional no processo pedagógico contemporâneo. In: FREIRE, Wendel (Org.). Tecnologia e educação: as mídias na prática docente. Rio de Janeiro, Wak, 2008. p. 61-77. LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1999. MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e aprender com as tecnologias. Interações, v. 5, n. 9, jan/jun, 2000. p. 57-72. PIMENTA, Selma Garrido. Pedagogia: sobre Diretrizes Curriculares. In: Fórum Nacional de Pedagogia, Belo Horizonte, 2004. RIZZINI, Irma. (Org.). Pesquisando... : guia de metodologias de pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: USU Ed. Universitária, 1999.
50
SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia?. São Paulo: Loyola, 2002. SOARES, Ismar. A mediação tecnológica nos espaços educativos: uma perspectiva educomunicativa. Comunicação e Educação, São Paulo, ano 12, n. 1, jan/abr, 2007. p. 31-40.
51
A Formação Docente
para a EAD
Carla Marina Neto das Neves Lobo
Claudia Toffano Benevento
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Meu nome é CARLA MARINA NETO DAS NEVES LOBO. Sou
graduada em Pedagogia (UFF), Pós-Graduada em Literatura
Infanto Juvenil (UFF) e Metodologias e Gestão em Educação a
Distância (UniAnhanguera Educional), atualmente aprovado no
Curso de Pós Graduação em Planejamento, Implementação e
Gestão da Educação a Distância (UFF). Sou Mestre em
Educação (UFF) e minha Linha de Pesquisa foi em Políticas
Públicas e Movimentos Sociais, cujo foco principal foi a
formação docente e os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Costumo participar de eventos relacionados a Educação
buscando um aperfeiçoamento constante. Atualmente, além
de docente em aulas presenciais na Graduação e na Pós
Graduação Lato Sensu, atuei como tutora presencial na Pós-
Graduação Lato Sensu semi presencial assessorando
professores e alunos no desafio profissional.
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to Meu nome é Claudia Toffano Benevento. Sou graduada em
Pedagogia (UNIPLI/RJ). Pós Graduada em Raças, Etnias e
Educação no Brasil – UFF/RJ; Informática Educativa – AVM/RJ;
Metodologias e Gestão em Educação a Distância –
UniAnhanguera/RJ. Mestranda em Política Social – UFF/RJ.
Minha experiência profissional é como Professora-tutora na
Universidade Anhanguera/SP na disciplina Tecnologia em
Gestão (graduação) e Professora-tutora presencial da
Universidade UNIPLI/Anhanguera/RJ na disciplina Metodologia
da Pesquisa Científica dos Cursos de Pós Graduação Lato
Sensu.
RESUMO
Como objeto de estudo será discutido a história da Educação a Distância (EaD)
como um processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, onde
professores e alunos estão separados geograficamente, separados espacial
e/ou temporalmente, que significa a educação, no sentido amplo de formação;
possibilitando que professores e alunos, por não estarem normalmente juntos,
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fisicamente, possam estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet. Assim sendo, visando
especificar o assunto a ser tratado neste trabalho delimita-se o objeto de
estudo na área de formação de professores que atuam na modalidade
Educação a Distância. A questão norteadora que motiva nosso estudo é: como
a literatura vem registrando a formação docente na última década para a
modalidade Educação a Distância (EaD)? O presente trabalho objetivou
analisar a formação docente no manejo das novas tecnologias visando
identificar possibilidades de ensino aprendizagem por meio da educação a
distância; identificar as produções científicas na área de formação de
professores para atuarem na modalidade educação a distância; descrever o
papel docente frente as necessidades e habilidades individuais e as de grupo,
de forma presencial e virtual. Caracteriza-se a pesquisa quanto aos objetivos
como um estudo descritivo, que tem como principal objetivo descrever as
características de determinada população ou fenômeno; e exploratório, pois
este, na maioria dos casos, envolve levantamento bibliográfico do problema
pesquisado. Para elaboração deste estudo optamos por uma pesquisa
bibliográfica, pois é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Palavras Chave: Educação a distância; Formação de professores; Ensino
aprendizagem; Novas tecnologias; Ensino presencial e a distância.
1. INTRODUÇÃO
As primeiras manifestações que a literatura apresenta como o exercício de
comunicação a distância são os desenhos registrados nas pedras, promovendo
a comunicação entre pessoas presentes, ou não, no mesmo momento e local.
No entanto, a possibilidade de ensino a distância só foi possível no séc. XV
com a invenção da imprensa, facilitando assim a produção e reprodução do
conhecimento além de possibilitar a comunicação e socialização da
documentação para um maior número de pessoas.
A história da Educação a Distância (EaD) definido por Moran (s/a) “como o
processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual
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professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”, localiza a
educação no sentido amplo de formação: professores e alunos, por não
estarem normalmente juntos, fisicamente, “podem estar conectados,
interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet.
Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-
ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes”. Assim sendo, visando
especificar o assunto a ser tratado neste artigo delimita-se o objeto de estudo
na área de formação de professores que atuam na modalidade Educação a
Distância.
A Educação a Distância após sua Regulamentação em 1996, com a
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB nº
9394/96, deixou de ser Projeto Experimental e passou a ser vista como
estratégia de ampliação democrática do acesso à educação de qualidade.
(LOBO NETO, 2000). Como estratégia de ampliação democrática visa
“recuperar” a história de muitos no âmbito da educação. Vista como direito do
cidadão e dever do Estado e da sociedade os textos oficiais possibilitam a uma
parcela significativa da população oportunidades educativas por meio de uma
sofisticada tecnologia. Quanto a oferta o Art. 80, no Título VIII: Das Disposições
Gerais, estabelece:
a educação a distância será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União;
caberá à União regulamentar requisito para realização de exames, para registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância. (BRASIL, 1996).
A mesma lei em outros artigos refere-se a EaD como no art. 32, parág. 4º
determina que o ensino fundamental deva ser presencial, limitando a utilização
do ensino a distância, nesse nível, a dois casos: complementação de
aprendizagem e situações emergenciais; art. 47 parág. 3º trata do ensino
superior isentando professores e alunos da frequência obrigatória nos
programas de educação a distância; art. 87 parág. 3º quando trata da década
da educação estabelecendo que devem ser providos cursos a distância para
jovens e adultos insuficientemente escolarizados (item II), além de determinar a
realização de programas de capacitação a todos os professores em exercício
utilizando os recursos da EaD (item III).
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Quanto a abrangência ainda destaca-se o Art. 1º do Decreto Lei nº 5 622/
2005, que finalmente regulamenta a EaD no Brasil:
caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou em tempos diversos. (BRASIL, 2005).
Diante da relevância do Art. 1º do Decreto Lei citado acima a questão
norteadora que motiva nosso estudo é: como a literatura vem registrando a
formação docente na última década para a modalidade Educação a Distância
(EaD)?
A expressão "ensino a distância" dá ênfase ao papel do professor (como
alguém que ensina a distância), que viabiliza interagir com aquele que está
fisicamente distante, não lhe oferecendo algo pronto, mas possibilitando um
equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de
forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente,
trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados.
Logo, novas possibilidades de ensino-aprendizagem se constituem causando-
me certa inquietação; afinal como professora universitária tenho interesse em
aprofundar meus estudos em torno do processo ensino-aprendizagem mediado
pelo ensino a distância; enfocando a formação docente para tal modalidade na
última década.
Objetiva-se analisar a formação docente no manejo das novas tecnologias
visando identificar possibilidades de ensino aprendizagem por meio da
educação a distância; identificar as produções científicas na área de formação
de professores para atuarem na modalidade educação a distância; descrever o
papel docente frente as necessidades e habilidades individuais e as de grupo,
de forma presencial e virtual.
2. METODOLOGIA
A abordagem utilizada foi a qualitativa, pois esta abordagem está direcionada
para investigação dos significados das relações humanas em que suas atitudes
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são influenciadas pelas emoções e ou sentimentos aflorados diante das
situações vivenciadas no cotidiano. (MINAYO et al., 2007).
Quanto aos objetivos caracteriza-se a pesquisa como um estudo descritivo,
que tem como principal objetivo descrever as características de determinada
população ou fenômeno; e exploratório, pois este, na maioria dos casos,
envolve levantamento bibliográfico do problema pesquisado. (FIGUEIREDO,
2008).
Para elaboração deste estudo optamos por uma pesquisa bibliográfica, pois Gil
(2002) descreve que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Embora em quase todos os estudos sejam exigidos algum tipo de trabalho
dessa natureza, a pesquisa é desenvolvida exclusivamente a partir de fontes
bibliográficas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As necessidades expressas pelo mercado de trabalho e as recentes
abordagens do Parecer do Conselho Nacional de Educação nº 5/2005 (apud
SAVIANI, 2008, p.243) sobre a formação de docentes, dentre as quais se
destaca “...sendo a organização escolar eminentemente colegiada, cabe prever
que todos os licenciados possam ter oportunidades de ulterior aprofundamento
da formação pertinente, ao longo de sua vida profissional”, justificam a atenção
destinada a qualificação de profissionais formados em cursos de licenciatura na
modalidade presencial mas, por inserir-se de forma relevante no contexto de
ambientes virtuais de aprendizagem, considera-se necessária a atualização
dos mesmos para atuarem neste novo cenário.
Do ponto de vista teórico-metodológico a proposta é sedimentada nos seguintes pilares:
“(...) a experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino” (BRASIL, 1996).
“(...) o domínio da dimensão teórica do conhecimento para a atuação profissional é essencial, mas não é suficiente ... o ponto de partida e de chegada da formação é a atuação profissional...” (BRASIL, 2000, p.36).
“(...) para que seja realmente um processo participativo é preciso participação nas responsabilidades de elaboração, execução e avaliação e não apenas na execução. Este procedimento - a participação no processo global de planejamento - repercutirá na vida da escola...” (DALMÁS, 1994, p.21).
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As Secretarias Municipais de Educação e os sistemas de ensino continuam
necessitando da participação de todos os profissionais para construir uma
educação realmente democrática e de qualidade, o que nos leva a afirmar que
a ação integrada permite a presença na escola de profissionais antenados às
tecnologias de informação e da comunicação, não mais como categorias
controvertidas e oponentes, mas como profissionais que pensam os objetivos
educacionais e o processo pedagógico escolar de forma instrumentalizada pela
modalidade de ensino a distância.
Para Demo (2001), qualidade em educação implica em qualidade acadêmica,
que se origina na produção original do conhecimento, por meio da docência;
qualidade social decorrente das atividades de ensino, de pesquisa e de
extensão; qualidade educativa é a capacidade das instituições atuarem na
formação plena do cidadão, para que possam contribuir e interferir em suas
respectivas realidades sociais.
Tal conceito implica portanto em uma avaliação constante das estruturas e dos
processos decorrentes do ensino, neste caso, a distância. A Gestão de
Educação a Distância requer estratégias para o gerenciamento, tais como:
acadêmico (serviços aos estudantes e docentes); pedagógico (processos e
metodologias de ensino aprendizagem que potencializem a formação e a
aprendizagem em rede); tecnológico (softwares de apoio e de gestão dos
processos e dos serviços); articulação com a estrutura da própria instituição; e,
avaliação permanente e integral do sistema.
De acordo com os Referenciais de Qualidade em EaD (BRASIL, 2007), o
sucesso de um projeto de educação a distância envolve o atendimento à
legislação vigente; a inovação pedagógica e tecnológica; uma proposta
curricular em sintonia com a sociedade da informação e do conhecimento; uma
rede de cooperação e de intercâmbio, estudantes e professores
compartilharem com outras instituições; uma gestão descentralizada que preza
pelo processo ágil de tomada de decisões.
Ao perpassar a qualidade em EaD citando a prática pedagógica, os
Referencias relacionam-se a didática como indicador de qualidade da EaD,
para tal é necessário compreender os elementos que constituem a prática
pedagógica e suas implicações na qualidade do ensino ministrado a distância.
Como o objeto de estudo da didática é o ensino, como se ensina e como se
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aprende, a didática para a EaD precisa considerar o perfil do aluno. A avaliação
tem fundamental importância para o processo de ensino e sua eficácia advém
da qualidade do material didático disponibilizado para os estudos da disciplina,
do qual as atividades de avaliação fazem parte.
A avaliação compreende as diferentes etapas de um planejamento educacional
e, por isso, caracteriza-se pelas suas funções diagnóstica, formativa e
somativa. Assim, a avaliação nos processos de EaD é instrumento para
verificar, entre outros aspectos a aprendizagem; por meio de instrumentos de
verificação por disciplina, por competência ou por módulo de estudo; o nível de
satisfação dos alunos; as características da qualidade do curso; a eficiência e a
eficácia dos processos; as características a serem agregadas ao sistema para
a eficácia dos serviços.
Para avaliar, portanto, os resultados da execução e do desenvolvimento dos
processos de educação a distância – decorrentes dos processos de ensino e
de aprendizagem e dos processos de gestão institucional – em relação ao
desempenho planejado; os desvios devem ser apurados e, sempre que
possível, corrigidos. O modo de coletar os dados deve propiciar a visão
generalista.
3.1. A formação docente para a EaD
Nos últimos 20 anos a questão da formação docente está no centro do debate
das políticas nacionais e internacionais chamando atenção para as dimensões
ideológicas, econômicas e político pedagógicas.
Ao citar a formação docente para a EaD exige marcar o deslocamento nesses
últimos anos da formação para a capacitação em serviço. Para Barreto (2001,
p.12), “falar de formação de professores hoje já não é falar da formação inicial,
ou mesmo da dicotomia entre formação inicial e continuada, mas falar de
capacitação em serviço e, até, de certificação.”
Os desafios da modernidade atrelados a mudança de paradigma na formação
docente tem as tecnologias como estratégia para a atualização desse
segmento de profissionais como um todo. No entanto, as políticas de formação
de professores precisam estar atentas aos professores que atuarão no modelo
EaD, estabelecendo políticas de formação específicas para este grupo de
profissionais. Esta proposta parte do princípio que é fundamental o
reconhecimento de novas possibilidades para a educação. Segundo as
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Diretrizes, estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE apud
BARRETO, 2001), a EaD é considerada como
uma abertura de grande alcance para a política
educacional. É preciso ampliar o conceito de educação a
distância para poder incorporar todas as possibilidades
para as tecnologias de comunicação possam propiciar a
todos os níveis e modalidades de educação, seja por
meio de correspondência, transmissão radiofônica e
televisiva, programas de computador, internet, seja por
meio dos mais recentes processos de utilização
conjugada de meios como a telemática e a multimídia.
(PNE apud BARRETO, 2001, p. 24).
Não podemos cair no engodo mais uma vez da formação aligeirada dos que
irão atuar diretamente com esta modalidade de ensino. Precisamos repensar, a
EaD sustenta a política atual de mercado minimizando a formação profissional?
Segundo Barreto (2001, p.23), a resposta é afirmativa pois
(...) a capacitação em serviço 'substituindo' ou
preenchendo as lacunas de uma formação inicial
descuidada; a valorização do ensino desvinculado da
pesquisa; a concentração nos novos materiais em si; o
'sistema tecnológico' no lugar do sujeito; os 'métodos,
técnicas e tecnologias de educação a distância'
sustentando o que o MEC representa como sendo a
'construção de um novo paradigma para a educação
brasileira'. (BARRETO, 2001, p.23).
Do ponto de vista do profissional que atua, a EaD não pode ficar restrita ao que
a LDB nº 9394/96 considera: “instrumento de formação e capacitação de
professores em serviço.” (BARRETO, 2001, p. 25). Como instrumento
submete-se a finalidade de formar professores a distância com certificação.
Precisa superar esta finalidade já que o ensino a distância está associado a
“novas linguagens”, a “novas tecnologias” avaliando que “o ensino presencial
fica 'mais' velho, desgastado, esvaziado.” (BARRETO, 2001, p. 26). este
caso, o investimento dos governantes em relação a democratização e elevação
do padrão de qualidade da educação brasileira, não pode se restringir a
certificação em larga escola, a homogeneização e nivelamento por baixo do
ensino, simplificação das questões, levando a população, que busca por tal
formação, a um “apartheid educacional”. (BARRETO, 2001, p. 22).
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A nova perspectiva de formação, no nosso entender, precisa voltar suas lentes
não só para a formação básica e continuada dos profissionais da educação
mas também precisa repensar
(...) o discurso da urgência, da solução mágica e, no bojo
de ambos, a desqualificação do saber profissional dos
educadores e a desvalorização do seu fazer, já que às
exigências decorrentes das propostas de mudança não
corresponde restrição salarial, formativa e trabalhista
adequada […] Autoritarismo e arrogância camuflados nos
argumentos de 'orientação e capacitação técnica'. (PNE
apud BARRETO, 2001, p. 20).
Tal perspectiva não pode “reduzir a formação ao treinamento das habilidades
desejáveis ao manejo dos materiais de ensino que, traduzindo os parâmetros
curriculares estabelecidos, favoreçam um bom desempenho na avaliação das
competências estabelecidas.” (BARRETO, 2001, p. 18).
Nesta linha de pensamento novamente nos colocamos na posição vertical de
ensino apesar de serem oferecidos programas diversificados longe da proposta
tecnicista. No entanto, questionamos se a abordagem progressista presente
nos documentos legais do MEC, que tem Piaget e Vigotsky como referências
realmente estão inseridos na EaD. Ou seria mais um engodo político
pedagógico mascarando o modelo vertical por meio de um discurso horizontal?
A educação, segundo AAVV (2000 apud PRETTO, 2001, p. 32) “é um elemento
importante pelo qual a sociedade pode disponibilizar para todos seus cidadãos
o acesso às possibilidades de seu desenvolvimento integral como seres
humanos, em suas dimensões social e individual, objetiva e subjetiva.”
Assim, o desafio dos formadores em EaD está relacionado à criação de
condições em seus espaços virtuais para que o aluno em formação tenha
(...) acesso à informação, ao conhecimento, e capacidade
de processá-los significativamente dentro da
subjetividade individual e do contexto de cada um em
particular. Meios físicos, culturais e sociais, que permitam
a participação ativa na configuração de âmbitos
cognitivos, expressivos, de interação social e de
manifestação política. Acesso informado às facilidades,
serviços e bens produzidos pela sociedade, com meios
que facilitem uma interação em que o indivíduo não seja
esmagado pelo poder econômico ou político. (AAVV,
2000 apud PRETTO, 2001, p. 33).
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Para tal o professor e o tutor precisam estar preparados para compreender a
EaD não como a solução da universalização do saber, mas como aquela que
nos possibilitará discutir as questões ligadas à cidadania, à subjetividade e à
diversidade por meio da intensa reflexão sobre as concepções de educação e
de sociedade que estamos formalizando em pleno século XXI.
Pretto (2001) ainda chama atenção para a era tecnológica e para o cuidado
com a introdução de um novo tipo de exclusão social: a digital.
A inclusão das tecnologias de informação e da comunicação, as chamadas
TID, como estratégia para promover a modalidade de EaD possibilita uma
mudança na construção do saber e sua transmissão além de estabelecer a
valorização da qualidade da ação educacional; um novo tempo e ritmo de
aprendizagem; investigação da inteligência coletiva dos alunos;
reconhecimento das experiências adquiridas. Para Rosini (2007),
a educação a distância, como proposta alternativa do processo ensino-aprendizagem, significa pensar em um modelo de comunicação, capaz de fundamentar e instrumentalizar a estratégia didática, o que se faz necessário porque muitos sistemas de EaD deturpam e distorcem a comunicação. A partir de estudos e experiências comunicacionais, surgem novos modelos de comunicação, em que o emissor não apenas transmite mensagens, mas promove processos de diálogo e participação. Assim, na educação e na comunicação, conforme comprovam os estudiosos do assunto, há muitos aspectos convergentes para abrir caminho a propostas alternativas, tanto na educação presencial quanto na educação a distância. (ROSINI, 2007, p. 65-66).
O autor sugere a aprendizagem colaborativa para que a EaD trabalhe sob a
perspectiva horizontalizada de ensino superando a visão tradicional: “A
principal diferença dessas abordagens está no fato de que a aprendizagem
colaborativa é centrado no aluno e no processo de construção do
conhecimento, ao passo que a tradicional é centrada no professor e na
transmissão do conteúdo disciplinar.” (ROSI I, 2007, p. 66).
Como estratégia educacional a aprendizagem colaborativa desenvolve
um ambiente que incentive o trabalho em grupo,
respeitando as diferenças individuais. Todos os
integrantes possuem um objetivo em comum e interagem
entre si em um processo em que o aluno é um sujeito
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ativo na construção do conhecimento, enquanto o
educador é um mediador, orientador e condutor do
processo educativo. (ROSINI, 2007, p. 66).
O desafio novamente está no papel do educador que deixa de apenas informar
ou formar e passa também a “incentivar seus alunos a obter uma
aprendizagem mais participativa e evolutiva.” (ROSI I, 2007, p. 67).
As novas gerações estão diante de uma sociedade conectada a uma rede que
atinge a todos, mesmo aquelas que não estão diretamente vinculados. O
ensino precisa estar atento a isso, não mais massificando e manipulando o
cidadão mas contribuindo para o fortalecimento de sua história “de forma
competente, responsável, crítica, criativa e solidária.” (ROSI I, 2007, p. 70).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação do sistema de educação a distância no território brasileiro passa
por critérios de avaliação bastante rigorosos, tais como: do contexto
educacional com análise do projeto político pedagógico da instituição; dos
profissionais envolvidos no processo de elaboração, implantação e tutoria dos
cursos ofertados ao público; por fim, aspectos infra estruturais para a
viabilização dos cursos.
O sucesso de um projeto de educação a distância envolve o atendimento à
legislação vigente; a inovação pedagógica e tecnológica; uma proposta
curricular em sintonia com a sociedade da informação e do conhecimento; uma
rede de cooperação e de intercâmbio, estudantes e professores
compartilharem com outras instituições; uma gestão descentralizada que preza
pelo processo ágil de tomada de decisões. Para tal é necessário compreender
os elementos que constituem a prática pedagógica e suas implicações na
qualidade do ensino ministrado a distância.
Quanto a questão que norteia nosso estudo conclui-se que as tecnologias são
importantes para a educação presencial e a distância. Identificamos no
referencial teórico estudado uma tendência das instituições de ensino
oferecerem cursos que combinam presença e distância. Neste caso, em breve
“não mais usaremos essa distinção tão comum hoje em nosso vocabulário:
falaremos em educação sabendo que ela incorpora atividades de
62
aprendizagem presenciais e atividades de aprendizagem a distância.” (ROSI I,
2007, p. 68).
Assim, a educação precisa ser vista “como a estratégia determinada pelas
sociedades para levar cada indivíduo a desenvolver seu potencial criativo e,
por sua vez, aperfeiçoar sua capacidade de se engajar em ações comuns.”
(D'AMBRÓSIO, 2001 apud ROSINI, 2007, p. 57). Dessa forma podemos
alcançar os quatro pilares da Educação para século XXI estabelecidos pela
UNESCO (apud DELORS, 2003): “aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a ser e aprender a viver juntos.”
REFERÊNCIAS
BARRETO, Raquel Goulart. As políticas de formação de professores: novas tecnologias e educação a distãncia. IN: BARRETO, Raquel Goulart (org.) et al. Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2001, p. 10-28. BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. DOU, Brasília, 23 dez. 1996. _______. Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Regulamenta o art. 80 da LDB nº 9.394/96. _______. Proposta de diretrizes para a formação inicial de professores da educação básica, em cursos de nível superior. Ministério da Educação, maio de 2000. _______. Decreto-lei nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. DOU, Brasília, 20 dez., 2005. _______. Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância. MEC: DF, 2007. DALMÁS, A. Planejamento participativo na escola. Petrópolis: Vozes, 1994. DELORS, J. (coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez. Brasília, DF: MEC/UNESCO, 2003. p. 89-102. DEMO, P. Educação e qualidade. 6. ed., São Paulo: Papirus, 2001. FIGUEIREDO, N.M.A. Método e metodologia na pesquisa científica. 3. ed., São Paulo: Yendis, 2008. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., São Paulo: Atlas, 2002.
63
LOBO NETO, F. S.. Educação a distância: regulamentação. Brasília: Plano, 2000. MINAYO, M.C.S., et al. Pesquisa social: teoria, métodos e criatividade. 25. ed., Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007. MORAN, J. M.. O que é educação a distância. s/a. Disponível em: <www.escolanet.com.br/sala_leitura/txt_integral.html>. Acesso em: 05 de agosto de 2012. PRETTO, N. de L.. Desafios para a educação na era da informação presencial, a distância, as mesmas políticas e o de sempre. IN: BARRETO, Raquel Goulart (org.) et al. Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2001, p. 29-53. ROSINI, A. M.. As novas tecnologias da informação e a educação a distância. São Paulo: Thomson Learning, 2007. SAVIANI, D.. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. (Coleção memória da educação).
64
A Educação a Distância e a Educação Online na
Formação/Informação dos Docentes
Contemporâneos Alexander Schio;
Danusa Massafferri Rodrigues
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Ale
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Formado em Web Designer pelo SENAI Artes Gráficas - RJ
(2007). Atualmente é aluno universitário no curso de
Licenciatura em História da Universidade Candido Mendes.
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gu
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Graduada em Direito pela Universidade Candido Mendes
(1995), ingressou em 2009 no curso de Formação de
professores no Colégio Maria José Imperial, atualmente está
no 3º período de Licenciatura em Letras Português/Inglês na
Universidade Cândido Mendes e atuando como professora de
Educação Infantil no município do Rio de Janeiro.
Resumo
Nosso relato de experiência tem por objetivo apresentar um Curso, numa
plataforma de EAD, elaborado para o trabalho final de uma disciplina
pedagógica das Licenciaturas de História e Letras de uma universidade
particular do Estado do Rio de Janeiro. O curso busca apresentar a evolução
da Educação à Distância, mostrar a diferença existente entre os conceitos de
Educação à Distância e Educação online, apontar as dificuldades pedagógicas
e sociais desse novo modelo educacional, demonstrando também os enormes
65
desafios a serem superados no uso do ambiente virtual, como recurso de
formação cultural, escolar e profissional dos indivíduos. Nos últimos dez anos,
temos assistido ao rápido avanço tecnológico e suas repercussões definitivas
no progresso científico e educacional sem, contudo, dar conta da problemática
da sociedade, cada vez mais desigual. Uma das questões presentes nas
discussões é o novo tipo de associação entre ensino, educação e
aprendizagem e as diferenças entre os conceitos de formar e informar, treinar,
educar, ensinar e aprender, fato este que amplia a responsabilidade dos
docentes nas instituições educativas em seus diferentes níveis. A EAD On
Line, pelas suas próprias características, se constitui num canal privilegiado de
interação constante com o desenvolvimento científico e tecnológico dentro do
setor das Comunicações. Como qualquer forma de educação, precisa se firmar
como uma prática social significativa em relação a todo e qualquer projeto de
ensino. Só assim é que o ensino a distância pode ser considerado um ensino
de credibilidade, capaz de se transformar num mecanismo de democratização
do acesso a novas linguagens mediáticas e a inserção ou reinserção de
contingentes de excluídos da sociedade digitalizada e globalizada.
PALAVRAS-CHAVES Educação On Line, Ensino à distância, prática docente,
tutoria on line, EaD, EoL.
I – INTRODUÇÃO
Frequentemente Ensino a Distância e Educação a Distância são utilizados
como sinônimos, no contexto do processo de aprendizagem. Segundo Maroto
(1995), enquanto ensino expressa treinamento, instrução, transmissão de
informações etc., a educação é estratégia básica de formação humana, isto é,
aprender a aprender, criar, inovar, construir conhecimento, participar etc. É
importante termos claro que concepção filosófico-política de educação vamos
adotar na organização, planejamento e desenvolvimento de projetos educativos
na modalidade de educação a distância.
EAD OU EDUCAÇÃO ONLINE?
Educação a distância é a modalidade de ensino que permite que o aprendiz
não esteja fisicamente presente em um ambiente formal de ensino-
66
aprendizagem. Diz respeito também à separação temporal ou espacial entre o
professor e o aprendiz.
De acordo com a legislação educacional brasileira, "educação a distância é
uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de
recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes
suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados
pelos diversos meios de comunicação" (definição que consta no Decreto n.º
2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB lei n.º
9.394/96).
EDUCAÇÃO ONLINE
Suas principais características são:
Intertextualidade: conexões com outros sites ou documentos;
Intratextualidade: conexões no mesmo documento;
Multivocalidade: multiplicidade de pontos de vista;
Usabilidade: percursos de fácil navegabilidade intuitiva;
Hipermidiaticidade: convergência de vários suportes midiáticos abertos a
novos links e agregações e de várias linguagens (som, texto, imagens, vídeo,
mapas).
Tabela 1 – Quadro comparativo EAD x EDUCAÇÃO ONLINE
EAD
Modalidade Unidirecional
EDUCAÇÃO ONLINE
Modalidade Interativa
Mensagem: fechada, imutável, linear, sequencial.
Emissor: “contador de história” que atrai o receptor (de maneira mais ou menos sedutora e/ou por imposição) para o seu universo mental, seu imaginário.
Mensagem: modificável, em mutação na medida que responde às solicitações daquele que a manipula.
Emissor: “designer de software”, constrói uma rede (não uma rota) e define um conjunto de territórios a explorar; ele não oferece uma história a ouvir, mas um conjunto intrincado (labirinto) de territórios abertos a navegações e dispostos a interferências, a modificações
Receptor: “usuário”,
67
Receptor: assimilador passivo
manipula a mensagem como co-autor, co-criador, verdadeiro conceptor.
Fonte: ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.
A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NO AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM
No ensino presencial, o aluno encontra-se inserido em sala de aula e em
contato direto com os mais diversos recursos didáticos. Sejam materiais
impressos ou tecnológicos, esses instrumentos possibilitam a melhoria do
ensino desde que utilizados de maneira significativa pelo docente. Além disso,
a interação face a face com colegas da turma e professores ocorre de maneira
simultânea.
Já na EAD, em que o ensino e a aprendizagem, em grande parte, ocorrem em
ambientes virtuais de aprendizagem, os recursos didáticos encontram-se
dispostos em contextos diferentes, permeados pela dinâmica do virtual,
caracterizados principalmente pela separação (espaço e tempo) entre aquele
que ensina e aquele que aprende.
Quando o sujeito está inserido em um ambiente virtual de aprendizagem, o
aprender, o ensinar, os diálogos e as interações ganham novo contexto. Mas, à
medida que o instrumento ganha maior importância (tornando-se fim e não
meio) e que somente a técnica passa a ser utilizada, a aprendizagem fica
seriamente comprometida.
Nesta perspectiva, a técnica e os recursos avançados de interação não
substituirão a atuação das pessoas, habitantes destes espaços. Por isso, há
68
necessidade de um aprimoramento nas estratégias e intervenções
pedagógicas dos tutores.
O professor, na sala de aula presencial, tem o poder da “fala”, enquanto que no
espaço virtual essa “fala” é substituída pelo diálogo e colaboração entre os
membros do grupo.
É na ideia de Vygotsky que encontramos respaldo teórico que demonstra como
essa ação se concretiza. Os estudos postulados por Vygotsky permitem
compreender as concepções de ensino e de aprendizagem, bem como o
desenvolvimento mental e social, sob a perspectiva da mediação. Isso significa
que toda atividade ou ação do sujeito sobre o objeto é mediada socialmente,
tanto simbolicamente, por meio de signos internos e externos, quanto pelo uso
da linguagem, ou ainda pela ação de outro sujeito. Nessa perspectiva, a
linguagem não diz respeito, essencialmente, à fala, mas também às diferentes
formas de interação que o homem tem criado, historicamente, para interagir
com o mundo. Dessa forma, o gesto, a mímica, a escrita, o desenho e um sinal
representam esses meios que nos auxiliam na execução de problemas e ações
diversas.
No contexto escolar, teremos a figura do professor, sujeito essencial capaz de
fazer um elo entre aquilo que o aprendiz traz (conhecimento do senso comum)
e o conhecimento científico, historicamente sistematizado.
Nesse sentido, é a mediação pedagógica o eixo da ação de intervenção no
aprendizado do sujeito, seja presencial ou online. Essa ação de mediação é
concretizada essencialmente pelo professor, por meio de signos e de
instrumentos auxiliares, que conduzirão alunos e professores na prática
educativa.
A DOCÊNCIA ONLINE
Existem várias dificuldades a serem superadas pelo EAD no caminho da
realização de uma boa formação em cursos via internet e das universidades
online. A principal delas é incluir professores no cenário sociotécnico e
comunicacional da cibercultura para que nele realizem a tarefa educativa, com
domínio das ferramentas digitais que existem e que surgirem durante essa era
de perene evolução tecnológica.
69
A motivação para a permanência dos alunos em cursos desenvolvidos a
distância depende muito mais da relação de mediação e interação entre aluno-
tutor e aluno-aluno, do que da ação individualizada dos sujeitos do espaço
virtual. Por isso mesmo, as atividades e demais trabalhos realizados baseiam-
se em discussões e diálogos estabelecidos com o grupo, seja na linguagem
oral ou escrita.
A aprendizagem pressupõe um elo intermediário entre os conteúdos, as
ferramentas tecnológicas de interação e os sujeitos. Mesmo levando em
consideração a autonomia do aluno, não podemos esquecer que ele não
escolherá os conteúdos a serem trabalhados no curso, muito menos as
estratégias de estudo. Educação a distância não é autodidatismo.
Diretrizes mínimas de participação ajudam a conquistar e manter os alunos
online. Contudo, apenas entrar no site regularmente, mas não contribuir com
algo substancial para a discussão, é pouco para sustentar o desenvolvimento
da comunidade de aprendizagem. Nas trocas realizadas nos fóruns, é
observada grande dificuldade em manter os alunos envolvidos em uma
discussão por muito tempo. Por isso que, para Palloff e Pratt (2004), [...] cursos
com altos níveis de interação tendem a obter maior índice de satisfação e
menor índice de abandono. Assim, incentivar um alto nível de interação é papel
fundamental do professor. Na verdade, talvez seja a sua tarefa mais importante
no ambiente de aprendizagem online.
A afetividade também é manifestada como fator importante na mediação virtual
para alunos no ambiente virtual de aprendizagem. É essencial criar laços
afetivos nesses espaços, a fim de melhorar a qualidade da mediação,
especialmente para os alunos jovens. Os alunos afirmam que a mediação de
qualidade depende de o tutor estar “presente”, percebendo as “ausências”,
possibilitando assim, que o aluno se sinta parte do grupo.
Mais da metade dos professores do Ensino Fundamental se formaram através
da modalidade de ensino a distância. Formados pelo antigo modelo tutorial,
não receberam os conhecimentos de forma interativa, mas através de
profissionais sem formação docente, limitados a um mero “tirador de dúvidas”.
As universidades têm trilhado o mesmo caminho, cujo modelo de ensino
subutiliza as interfaces interativas por ser mais lucrativo.
70
Para atender ao desafio da docência online, os professores deverão aprender a
operar com hipertextos, ou seja, contextos não-sequenciais e montagem de
conexões em rede, o que permitirá maior conectividade, diálogo e participação
colaborativa. Deverão transformar lições-padrão em formulação de
questionamentos, provocação de trocas de experiências, coordenação de
equipes de trabalho, contemplando a interatividade, a autoria e o
compartilhamento e não a unidirecionalidade. Para tal, o professor precisará
dominar além do conteúdo, os instrumentos tecnológicos, as interfaces de
gestão, informação e comunicação.
Outro grande desafio é adaptar os alunos que vem de experiências presenciais
a uma modalidade a distância de educação, já que esses tendem a comparar
os dois processos. Nessa comparação, especialmente quando se trata da
educação brasileira, a dificuldade é trabalhar de maneira autônoma.
A metodologia utilizada no curso também é um fator determinante para o
processo de interação no ambiente virtual de aprendizagem. Com base nas
respostas dos sujeitos participantes de diferentes pesquisas sobre a formação
online, foi concluído que uma metodologia fundamentada em perguntas e
respostas nos fóruns e leituras e discussões de textos, não viabilizam uma
interação efetiva e significativa para os alunos.
A PESQUISA INTEGRADA A FORMAÇÃO PARA DOCÊNCIA ONLINE
A exemplo da necessidade de interatividade na formação de todo tipo de
conhecimento, seja acadêmico ou não, a estratégia participativa em pesquisa-
formação é um importante recurso para evolução da docência online. Sendo
uma área nova no que diz respeito às metodologias de ensino, os
pesquisadores da área não só se preocupam em repassar informações obtidas
através de experiências concretas, onde os resultados já foram verificados ou
testados, mas criam formas de partilha de informações que vão sendo colhidas
por meio de registros realizados em experiências em curso, onde os sujeitos
são incentivados a expressar suas itinerâncias formativas. São exemplos de
dispositivos: o diário de bordo, os memoriais de pesquisa, entrevistas abertas,
entre outros.
71
Tabela 2 – Quadro comparativo EAD x EOL
Fonte: TV ESCOLA: Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação. Ano XXI
Boletim 03/ - Abr/11.
A FORMAÇÃO DO CURRÍCULO DE CURSOS ONLINE
O currículo de uma atividade online não leva em conta somente os conteúdos a
serem ministrados, mas a forma como este material de estudos é disponibi-
lizado no contexto de um ambiente virtual de aprendizagem. Uma aula online
não é simplesmente a virtualização da sala presencial, não é transferir a
mesma dinâmica da sala presencial para o espaço virtual, mas criar uma
dinâmica própria, adequada ao contexto digital.
EAD Docência
unidirecional
EOL Docência
interativa
Desenho didático dos conteúdos e das atividades de aprendizagem
Predefinido, fechado, linear, controlado por uma fonte emissora. Textos, audiovisuais e multimídia unidirecionais.
Predefinido e redefinido de forma colaborativa, corregu-lada. Hipertextos, multi e hi-permídia multidirecional, em rede.
Tecnologias de informação e comunicação (TIC)
Tecnologias unidirecionais e reativas (impressos, rádio, TV, DVD e até o computador online, quando subutilizado em suas potencialidades comunicacionais e hipertextuais).
Tecnologias interativas online (computador, celular, internet em múltiplas interfaces (chats, fóruns, wikis, blogs, fotos, Twitter, Facebook, Orkut, videologs, etc.) para expressão uni, bi e mul-tidirecional em rede.
Pedagogia Instrucionista, transmissiva, tarefista, aprendizagem solitária, autoinstrução.
Construcionista, com base no interacionismo, na dialógica, colaboração e interatividade.
Mediação da aprendizagem
Relações assimétricas, verticais: autor/emissor separado de aprendiz/receptor. Cursista não interage com cursista.
Relações horizontais: hibri-dização e coautoria. Os cur-sistas se encontram com o docente e constroem a comu-nicação e o conhecimento
Avaliação da aprendizagem
Avaliação unidirecional: professor avalia alunos. Pontual e somativa. Trabalhos e testes individuais durante e no final do curso.
Autoavaliação, coavaliação e heteroavaliação. Somativa e formativa. Definição coletiva de critérios e rubricas de avaliação. Uso de múltiplas interfaces para avaliação da participação (wikis, fóruns, mapas colaborativos, webquests, blogs, chat, podcasting, etc.).
72
Um ambiente virtual de aprendizagem é um conjunto de interfaces digitais, que
hospeda conteúdos e permite a comunicação, propiciando a expressão e a
autoria dos participantes que habitam tais interfaces. Forma-se um híbrido
entre objetos técnicos e seres humanos em processo de construção do
conhecimento. Cada vez que um novo participante habita, com sua autoria
criadora, uma das interfaces de um ambiente virtual de aprendizagem, o mes-
mo se auto-organiza, modificando não só o ambiente fisicamente, como
também, em potência, a aprendizagem de todos os praticantes da comunidade.
As práticas de educação online são um processo complexo que envolve ações
e situações de ensino-aprendizagem, mediadas por interfaces digitais que
potencializam práticas comunicacionais e pedagógicas.
O material didático se constitui no material impresso produzido para possibilitar
o estudo, o aprendizado do aluno e/ou as narrativas combinadas da imagem,
do som e a utilização de todas num hipertexto, tornando-se ferramentas de
mediação na ação do ensino e da aprendizagem nesta modalidade educativa.
O processo de aprendizagem passa a ter sua ênfase na ação discente. O aluno
tem um papel preponderante na construção e apropriação do conhecimento,
apoiando-se na mediação desenvolvida entre o material didático-pedagógico
produzido pelo professor, o qual deverá propiciar-lhe uma aprendizagem mais
autônoma e segura.
Uma das grandes difusoras da cibercultura são as redes sociais porque não só
promovem as comunidades de atividade ou interesse, como democratizam o
acesso a informação, criando também um processo cooperativo de vigilância
participativa, que se observa através dos comentários postados nos ambientes
digitais. As redes sociais da cibercultura configuram-se como elementos
importantes para a formação de opiniões e, portanto, elos de transformações
sociais e políticas ao promoverem vínculos entre sujeitos e culturas.
O CURRÍCULO MULTIRREFERENCIAL
A abordagem multirreferencial parte do princípio de que todos os sujeitos
envolvidos formam e se formam em contextos plurais de situações de trabalho
e aprendizagem. Os professores e pesquisadores universitários contribuem
com suas itinerâncias científicas, sustentadas pela prática da pesquisa
73
acadêmica, prática muitas vezes articuladora da teoria e da prática. Os
professores da escola básica são os únicos que vivenciam a realidade de
prática escolar em sua complexidade. Nessa relação procuram fazer a
transposição didática das aprendizagens científicas com suas situações e
desafios cotidianos.
Os professores de hoje, imigrantes digitais, são conhecedores de práticas
docentes e estratégias de ensino relacionadas ao exercício da atividade de
magistério presencial, além do conteúdo curricular propriamente dito. Os
alunos, nativos digitais, são, por sua vez, conhecedores do ambiente virtual e
suas interfaces. Existem muitos conhecimentos a serem partilhados, mediados
e multiplicados por ambos, sem falar no próprio aprendizado ético, dentre
outros temas transversais que surgirão por conta dos diversos aspectos de
relacionamento comuns ao processo de educação online.
Considerando a Educação como um processo amplo que vai além da
modalidade de organização dos processos de ensino e aprendizagem, as
tecnologias digitais em rede podem potencializar a educação em geral (presen-
cial ou online) e a formação de educadores, pois permitem: a extensão e novas
arquiteturas da sala de aula para além da localização física; o acesso a
diversos objetos de aprendizagem, interfaces e informações em rede; a
comunicação interativa entre seres humanos e objetos técnicos; a formação de
comunidades de prática e de aprendizagem para além das fronteiras insti-
tucionais; e permite vivenciar novas relações com a pesquisa em suas diversas
fases.
O maior desafio na formação do currículo está em contemplar a diversidade do
coletivo, permitindo que as singularidades possam emergir, potencializando as
experiências multirreferenciais dos sujeitos; o que requer não só uma mudança
paradigmática das concepções de currículo, como também o uso de
dispositivos comunicacionais, interfaces digitais, que permitam uma dinâmica
social que rompa com as limitações espaço/temporais dos encontros
presenciais. Nesse sentido, o acesso e uso criativo das tecnologias em rede
podem estruturar as relações curriculares de forma complexa e dinâmica.
74
CONCLUSÃO
Nos dias de hoje, o homem desfruta de grandes avanços, nas mais diversas
áreas: indústria, comércio, transportes, medicina, agricultura e nas
comunicações. Há poucos anos, isso poderia ser visto como uma utopia. Toda
essa modernidade que vivemos se deve ao fato de que o homem moderno
possui um acesso maior a informações, de uma maneira extremamente rápida
em comparação a outras épocas. E o acesso a essas informações, bem como
sua propagação, deve crescer exponencialmente nas próximas gerações.
A era multimídia chegou ao ensino e vem crescendo através do ensino a
distância. O modelo conhecido como Educação a Distância (EAD) a priori, não
poderia ser considerado como um instrumento formativo por excelência, por
não possuir um comprometimento real com a aprendizagem. Apresentava-se
como forma de transmissão de informações e dados realizada por mídias de
massa, através de um processo mais instrucional do que pedagógico, em que,
ao final, se concedia uma habilitação curricular para pessoas que, em sua
maioria, estavam tão despreparadas quanto no início dos estudos. As pessoas
acessavam informações, seguindo instruções de um tutorial (passo a passo) e
ao final eram tidas como sendo conhecedoras de um saber específico.
Analogamente, seria como um professor que escreve toda a matéria no
quadro, faz a leitura do assunto e não explica o que é importante ser aprendido
e dá aos alunos a habilitação para seguir adiante.
É preciso reinventar a forma de ensinar e aprender, presencial e virtualmente,
diante de tantas mudanças na sociedade e no mundo do trabalho. Os modelos
tradicionais são cada vez mais inadequados. Educar com novas tecnologias é
um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito
apenas adaptações, pequenas mudanças. Agora, na escola e no trabalho,
podemos aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou
distantes geograficamente, mas conectados através de redes.
Hoje, a estrutura de ensino e formação profissional no país funciona de modo
precário, sem conseguir acompanhar o mercado de trabalho ou mesmo a sua
própria evolução.
A EAD, como alguns profissionais da área afirmam, se propõe a uma
ampliação das possibilidades de acesso à educação, mas deve se preocupar
75
com o compromisso de ser um projeto pedagógico de utilidade para a
sociedade. Para exercer esse papel, a EAD não funciona, apenas, como uma
substituta da educação presencial. Por isso, sua função social visa a promover
a ampliação do número dos que têm acesso à educação. Essa é uma
importante característica da EAD e que contribui na definição de seu papel
social. Apesar disso, é como instrumento de qualificação do serviço
educacional que a EAD busca trazer contribuições à sociedade, por servir de
utilização para a capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais da
educação, bem como na formação e especialização em novas ocupações e
profissões. Essa foi uma das principais razões do crescimento dessa
modalidade de ensino nos níveis médio e superior.
Entendemos que a EAD pode se constituir num mecanismo de democratização
do acesso a novas linguagens mediáticas e a inserção ou reinserção de
contingentes de excluídos da sociedade digitalizada e globalizada.
Através das experiências sucessivas que comporão a análise de erros e
acertos seremos capazes de estabelecer novas diretrizes para o ensino online.
Todavia, somente a elaboração de técnicas não é suficiente para que essa
modalidade de educação evolua. É necessário que sejam somadas à vontade
e esforços de professores e alunos, propostas e ações políticas visando
atender a essa demanda de ensino que cresce descontroladamente e cuja falta
de preparo propicia o sucateamento da formação de todos os membros da
sociedade.
Investimento em recursos tecnológicos (públicos ou particulares), em formação
de professores preparados para o desafio do ambiente virtual, em pesquisa,
bem como plataformas de ensino dinâmicas e inovadoras são imprescindíveis.
O mercado de trabalho exige profissionais mais capacitados; esses
profissionais procuram o ensino à distância para evitar a perda de tempo no
deslocamento, os cursos de formação continuada ou de graduação à distância
devolvem, ao mercado, com algumas exceções, profissionais sem capacitação,
os indivíduos perdem o seu investimento de tempo e dinheiro e sua posição é
dada a um profissional estrangeiro, ou a quem teve recursos para custear
cursos presenciais caros no Brasil ou fora. E a EAD ou a Educação online
deixam de ser uma proposta democrática, capaz de abrir caminhos futuros,
para ser um instrumento ilusório de perpetuação de velhas metodologias de
76
ensino, mascaradas de modernidade. Para que esse ciclo deixe de ser a
imagem real do ensino online, muito há que ser feito.
BIBLIOGRAFIA
http://www2.abed.org.br/
http:www.mundovestibular.com.br/articles/4958/1/O-que-e-educacao-a-
distancia-EAD/Paacutegina1.html
http://portal.estacio.br/estude-na-estacio/ensino-a-
distancia.aspx?gclid=CKHV08WprrMCFQiqnQodL2cAJg
PALLOFF, R. M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com
estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.
TV ESCOLA: Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação.
Ano XXI Boletim 03 - Abril 2011.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007.
77
Apresentação dos
professores do GT 3 – Pesquisa, Tutoria e
Docência na EaD
MIN
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CU
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O professor VILSON SÉRGIO DE CARVALHO atua na AVM desde
1996, dando aulas nos cursos presenciais de pós-graduação e
desde 2001 como membro da equipe pedagógica de seus cursos
na modalidade a distância sendo atualmente coordenador da área
de Estágio e Pesquisa da AVM a Distância.
Formou-se em Psicologia pela UFRJ, universidade onde concluiu
seu bacharelado e licenciatura na área. Na mesma instituição fez
ainda seu mestrado e doutorado em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social, onde teve a oportunidade de
estudar a Educação Ambiental e suas múltiplas relações com o
desenvolvimento de comunidades e fazer um estudo aprofundado
sobre a epistemologia da Ecologia Social. Tendo escrito já alguns
livros na área.
Atualmente é o Professor Mentor do Curso de Docência do Ensino
Superior sendo também professor das disciplinas de Educação
Ambiental e Metodologia da Pesquisa do Curso de Graduação em
Licenciatura em Pedagogia. Em diferentes momentos atua
também na área de consultoria ambiental em comunidades e
instituições sensíveis ao tema, integrando equipes
interdisciplinares.
An
tôn
io F
ern
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Vie
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Ne
y
Olá, sou ANTONIO NEY, Mestre em Educação pela UFF - área de
confluência Trabalho e Educação - com graduação em Engenharia
Mecânica pela UFF. Atualmente estou cursando o Doutorado na
mesma instituição. Destaco que fiz pós-graduação “lato sensu”
em Engenharia de Segurança pela Fundação da Escola de
Engenharia da Souza Marques, em Gestão da Qualidade Total no
Programa de Formação de Executivos da Grifo Enterprise,
especialização em Política e Estratégica pela ADESG e em
Logística e Mobilização Nacional pela ESG. Tenho formação de
docente em Matemática para o Ensino Fundamental e Médio e de
Gestão Escolar pela Candido Mendes.
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An
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Ana Paula da Silva Conceição Oliveira. Especialista em Tecnologia
Educacional pela AVM-Faculdade Integrada (2010), Ana Paula da
Silva Conceição Oliveira é graduada em Pedagogia pela
Universidade Estácio de Sá (2007). Atua desde 2002 como
professora de Tecnologia Educacional e desenvolve projetos
nesta linha, incluindo a Robótica como ferramenta de ensino-
aprendizagem. Atua ainda como professora do Estado do Rio de
Janeiro, ministrando disciplinas pedagógicas para o curso de
Formação de Professores (Ensino Médio). Atualmente também é
professora auxiliar da AVM - Faculdade Integrada no Curso de
Docência do Ensino Superior onde atua no NIEP/AVM - Núcleo
Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas da AVM Faculdade
Integrada, desenvolvendo estudos na área de Tecnologia
Educacional.
Re
gin
ald
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ue
de
s
Meu nome é Reginaldo Guedes. Sou Doutorando em Ciências Humanas (Educação) pela PUC-Rio: curso a ser iniciado em 2013-1. Mestre em Educação e Pedagogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-graduando pela Universidade Federal Fluminense (UFF): curso de Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância: curso a ser iniciado em Fevereiro/2013. Possuo publicação de artigo nas áreas de Sociologia da Educação e Juventude. Tenho experiência na área de pesquisa educacional e no trabalho de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas em Educação, com atuação no Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem e ProJovem Urbano), no Estado do Rio de Janeiro. Atuo como Colaborador em Docência no NUTES-UFRJ (Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde) e como Professor em cursos semipresenciais/modalidade EaD (Educação a Distância) de Graduação e de Pós-Graduação em Universidades e Faculdades, como: AVM Faculdade Integrada/Universidade Cândido Mendes, Ibmec e UFRJ.
Da
ya
na
Pe
reir
a
Tri
nd
ad
e Meu nome é DAYANA PEREIRA TRINDADE. Sou graduada em
Pedagogia, pós graduada em Tecnologia Educacional e cursando
a pós graduação em Psicomotricidade. Atualmente, sou
professora de Tecnologia Educacional nas turmas de educação
infantil e ensino fundamental, além de desenvolver o projeto de
robótica com turmas do ensino fundamental. Também atuo como
professora tutora nos cursos de pós graduação à distância da
AVM: Administração Escolar e Supervisão Escolar que tem me
proporcionado bastante crescimento profissional.
79
Mic
he
lle
Oliv
eir
a Olá! Meu nome é Michelle Oliveira. Sou formada em Pedagogia e
em Letras, pós-graduada em: "Orientação Educacional e
Pedagógica"( AVM - UCM) e também em "Gramática Gerativa e
Estudos da Cognição" pelo setor de Linguística da UFRJ e,
atualmente, desenvolvo um projeto de mestrado na mesma
instituição igualmente pelo setor de Linguística. No ano de
2013.1 começarei a pós-graduação em Planejamento,
Implementação e Gestão da Educação a Distância, pelo LANTE -
UFF. Trabalhei no Instituto Bem como professora regente de
Língua portuguesa no pré-concurso, pré-vestibular e fui
coordenadora do curso preparatório para as escolas técnicas(
pré-técnico) no período de 2008 até 2012. Atualmente, atuo
como tutora na Graduação em Pedagogia da AVM Faculdade
Integrada, como tutora do CEDERJ no curso de extensão para
professores de Língua Portuguesa do Estado do RJ e também
como professora regente no município de Nova Iguaçu.
80
Quando a Educação Ambiental e a
Educação à Distância se Encontram no
Ensino Superior Vilson Sérgio de Carvalho
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O professor VILSON SÉRGIO DE CARVALHO atua na AVM desde
1996, dando aulas nos cursos presenciais de pós-graduação e
desde 2001 como membro da equipe pedagógica de seus cursos
na modalidade a distância sendo atualmente coordenador da
área de Estágio e Pesquisa da AVM a Distância.
Formou-se em Psicologia pela UFRJ, universidade onde concluiu
seu bacharelado e licenciatura na área. Na mesma instituição
fez ainda seu mestrado e doutorado em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social, onde teve a oportunidade de
estudar a Educação Ambiental e suas múltiplas relações com o
desenvolvimento de comunidades e fazer um estudo
aprofundado sobre a epistemologia da Ecologia Social. Tendo
escrito já alguns livros na área.
Atualmente é o Professor Mentor do Curso de Docência do
Ensino Superior sendo também professor das disciplinas de
Educação Ambiental e Metodologia da Pesquisa do Curso de
Graduação em Licenciatura em Pedagogia. Em diferentes
momentos atua também na área de consultoria ambiental em
comunidades e instituições sensíveis ao tema, integrando
equipes interdisciplinares.
RESUMO:
Este artigo apresenta o andamento dos estudos e análises que estão sendo
produzidos através da pesquisa “Possibilidades e Potenciais da Interface
Educação Ambiental/ Educação a Distância: Experiências no Âmbito do Ensino
Superior a Distância” em desenvolvimento no úcleo Interdisciplinar de
Estudos e Pesquisas da AVM Faculdade Integrada (NIEP/AVM). Seu objetivo
tem sido o de analisar como se construiu e tem funcionado a interface
Educação Ambiental (EA)/Educação a Distância (EaD) nos cursos a distância
de graduação de Licenciatura em Pedagogia (através da disciplina de
Educação e Meio Ambiente) e de Pós-Graduação em Educação Ambiental
oferecidos pela instituição. Para tal, foram analisados, em uma primeira fase, a
consolidação dos dois campos de estudo (EA e EaD) e da interface promovida
81
entre estes através de pesquisa bibliográfica pertinente e análise de
experiências análogas. No momento atual, a pesquisa tem se voltado para
coleta de dados específicos através da aplicação de questionários voltados
para a aferição do grau de concordância e discordância dos alunos dos
referidos cursos por meio de escalas do tipo Likert, da análise dos recursos e
estratégias didático-pedagógicas nestes utlizadas e finalmente da realização de
entrevistas semi-estruturadas dirigidas a equipe pedagógica (coordenadores,
professores e tutores).
Palavras-Chave: Educação Ambiental; Educação a Distância; Ensino Superior.
1 - Para um Enfrentamento Mais Eficaz da Crise Sócio-Ambiental:
O enfrentamento do atual estado de degradação ambiental que o planeta
atravessa atingindo a um só tempo a água, terra e ar em todos os seus
recantos com conseqüências drásticas não apenas para quem a produziu, mas
a todos nós e as gerações futuras, nos coloca diante de desafios urgentes e
medidas enérgicas que precisam ser analisadas a partir de diferentes contextos
sócio-históricos e especificidades político-ambientais. Através de diferentes
conferências e encontros e documentos internacionais, a Educação Ambiental
(EA) vem sendo reconhecida e legitimada como um instrumento essencial e
estratégico para lidar com esse problema ([1] Dias, 1992; [2] Carvalho, 2008).
Entendida como uma prática contínua e multidisciplinar ela está voltada para a
melhoria das relações entre homem e meio ambiente através da promoção da:
a) conscientização ambiental (compreensão mais ampla da complexidade
ambiental e do próprio lugar do homem como parte integrante desta
complexidade), b) defesa ambiental (nova postura diante de atitudes de
desrespeito e destruição ambiental) e c) formação ambiental (capacitação de
pessoas para uma busca conjunta de resolução de problemas ambientais).
Por sua vez, o Decreto 5.622/05, que fundamenta o artigo 80 da Lei de
Diretrizes e Bases (LDB), define a Educação a Distância (EaD), como a
“modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempo diversos”.
82
[3] Vasconcelos (2008) e outros estudiosos que analisam a história da EaD no
Brasil e no mundo são unânimes ao afirmarem que a EaD não é uma
modalidade nova de ensino e sim um instrumento eficaz a serviço da
Educação, graças ao emprego de tecnologias educacionais inovadoras. É
necessário, entretanto, reconhecer seu valor como estratégia de promoção da
inclusão social através da ampliação do acesso à educação através do
oferecimento de oportunidades educativas a diferentes grupos que não teriam
como fazê-lo através do ensino presencial ( [4] Lacerda e Branquinho, 2010).
Diante das graves injustiças sócio-ambientais com as quais nos deparamos e
da exigência de respostas rápidas e de âmbito global às mesmas, é
fundamental que a EA possa ser viabilizada através de modalidades de ensino
cada vez mais eficientes de modo a atingir com brevidade a um número cada
vez maior de pessoas. Uma das hipóteses analisada pela pesquisa
“Possibilidades e Potenciais da Interface Educação Ambiental/ Educação a
Distância: Experiências no Âmbito do Ensino Superior a Distância”,
desenvolvida pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas (NIEP) da
AVM Faculdade Integrada é a de que através da EaD seja possível ampliar e
potencializar a EA de forma continuada, permitindo que - graças ao uso das
novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) que a caracteriza -
seja permitido a EA a promoção de intervenções pedagógicas cada vez mais
eficazes ampliando de seus resultados. Favorecendo assim a formação de uma
mentalidade ecológica de uma forma mais rápida, dinâmica e democrática do
que, muitas vezes, é possível constatar na educação tradicional.
As leituras e discussões do grupo da referida pesquisa, tem permitido um
entendimento cada vez mais claro, não apenas do quanto a EaD pode
potencializar e oferecer alternativas pedagógicas mais eficazes a EA, através
do compartilhamento de idéias, ferramentas, projetos e soluções viabilizadas
por diferentes ecossistemas de aprendizagem; como também do quanto a EA
pode oferecer a EaD uma base político-filosófica consistente que esta
necessita para que não corra o risco de fracassar em sua proposta de
democratização do ensino e promoção da justiça social, devido ao predomínio
de uma visão tecnicista e fragmentada.
83
2- A Interface EaD/EA:
Segundo [10] Lévy (2004) uma interface pode ser definida como uma "superfície
de contato, de tradução, de articulação entre dois espaços, duas espécies,
duas ordens de realidade diferentes(...)” (p. 81). Nesse sentido, podemos
pensar a interface um conjunto de meios físicos ou lógicos planejadamente
dispostos com a finalidade de promover uma uma interconexão entre espaços
diferenciados favorecendo a interação e o aperfeiçoamento de ambos.
Apesar de bastante recente, a interface entre os campos de Educação a
Distância (EaD) e de Educação Ambiental (EA), tem sido cada vez mais
fortalecida constituindo novas redes culturais, re-significando compreensões de
mundo e contribuindo com práticas horizontais na construção de saberes.
Estudiosos de ambas as áreas como [13] Moran (2001) e [14] Sato (2000)
defendem que a interface EA/EAD poderia e deveria ser mais freqüente nos
sistemas educativos na medida em que esta traz elementos inovadores para
tais sistemas através de um trabalho conjunto entre professores e alunos de
forma interativa e aberta envolvendo o binômino presencial/virtual. [15] Lacerda
& Branquinho (2010) defendem que a Educação, EA e Ead constituem, de fato,
três faces de mesma moeda que juntas constituem um passo importante para
“a construção de um mundo diferente, mais digno para
toda a humanidade e todos os seres viventes, onde o ser
humano consiga dar conta de sua complexidade e da
complexidade de tudo o que o cerca” (p.90).
De um modo geral, é necessário reconhecer ainda que, tanto a EA como a
EAD, trazem elementos inovadores para os sistemas educativos. A EA
destacando a dimensão ambiental no contexto educativo (evidenciando a
interdependência de diferentes integrantes do meio ambiente na manutenção
da vida), incorporando a sustentabilidade como um projeto de vida dos
educandos e despertando um senso crítico que se opõe a banalização da
degradação ambiental. A EAD incentivando a descentralização do
conhecimento, o conhecimento cooperativo, a autonomia discente e o uso de
novas tecnologias nesses sistemas. Ou seja, ambas, a seu modo e tempo,
abalaram e ainda abalam o modelo tradicional de ensino bancarista,
reprodutor, autoritário e centralizador. Se concordamos com as inovações
84
trazidas por ambas as áreas, que dizer das possibilidades da interface entre EA
e EaD? Que pensar do potencial renovador que tal interface teria, não apenas
para ambas as áreas, mas para a educação como um todo?
É justamente buscando respostas para tais perguntas que a pesquisa, aqui
enfocada, pretendeu entender melhor os potenciais e as possibilidades da
interface EA/EaD a partir da análise de experiências vivenciadas através da
análise de uma disciplina de EA oferecida em um Curso de Graduação de
Licenciatura em Pedagogia a Distância e um Curso de Pós-graduação a
Distância em EA da instituição onde os pesquisadores atuam. Em ambos os
cursos estão sendo analisadas as seguintes variáveis: Eficácia da EA através
da EaD; Papel de professores e tutores na compreensão da problemática
ambiental; Ação dos Recursos Didáticos e novas Tecnologias da Comunicação
e Informação utilizadas nos cursos; Contribuições da EA para a EaD e da EaD
para a EA; Contribuições da EA e da EaD para a Educação como um todo;
Investimento da Universidade em EA e EaD e por fim: Comparações, na ótica
dos sujeitos, entre a EA oferecida nas modalidades presencial e a distância.
3 - A EaD e a EA no Ensino Superior e na Instituição Pesquisada:
Seja para ampliar o acesso ao ensino superior, seja para superar deficiências
características das tradicionais formas de ensino, não seria exagero dizer que
em sua maioria, as instituições de ensino superior tem ofertado, de forma
crescente, cursos na modalidade EaD que fazem uso de novas tecnologias
voltadas para oferecer ao aluno universitário um ambiente adequado para sua
formação. Em consonância com a sociedade da informação e os avanços da
tecnologia, a aposta em portais educacionais onde seja possível a aplicação de
diferentes modelos de ensino-aprendizagem como: tele-aula, online (web) e
vídeo-aula tem surtido resultados no sentido de oferecer ao aluno universitário
um ambiente que favoreça a aprendizagem significativa do aluno.
Segundo [20] Serra (2008) as universidades tem sido chamadas “a exercer um
papel de liderança na proposição de uma forma de educação
inter(trans)disciplinar que comporte uma dimensão ética e que tenha por
85
objetivo conceber soluções para os problemas ligados ao desenvolvimento
sustentável” (p.7). [21] Fouto (2011) ratifica tal vocação universitária ao defender
categoricamente que o principal papel da universidade no século XXI é a
promoção de uma educação para o desenvolvimento sustentável.
Como espaço privilegiado para a promoção da transversalidade a inclusão da
EA nos currículos, a ambientalização dos currículos de educação superior no
país precisa ser mais estimulada, não apenas para que a transversalidade não
seja apenas uma idealização teórica, mas também, para que seja possível o
desenvolvimento de uma cultura ambiental nas universidades brasileiras
fundamental para romper com o isolamento da estrutura curricular fragmentada
das disciplinas, promover de inovações curriculares e didático-pedagógicas e
incentivar a formação de profissionais ecologicamente conscientes e aptos a
responder questões atuais que emergem da problemática local e global.
Embora tenhamos assistido uma expansão da EA no âmbito universitário não
apenas pelo crescimento do número de profissionais que tratam do tema, mas
também por estar sendo incorporada como componente essencial em ações de
áreas diversas áreas e setores,como bem denuncia [24] Nunes (2010), a
produção científica na área ainda é baixa sendo necessário que a pesquisa na
área de EA seja mais frequente e se torne parte da rotina acadêmica.
Com uma proposta político-pedagógica direcionada a democratização da
formação continuada em nível superior no país e a promoção da educação
inclusiva e da sustentabilidade, a AVM Faculdade Integrada, que já atuava no
âmbito presencial através do oferecimento de cursos de pós-graduação lato
sensu e extensão, passou, desde de 2001, a oferecer também cursos de Pós-
graduação lato sensu na modalidade a distância.
Atualmente a instituição oferece 20 cursos de pós-graduação oferecidos para
diferente Estados da nação através de 16 Núcleos Regionais distribuídos em
15 estados. Contando hoje com mais de 10.000 alunos certificados de todas as
regiões brasileiras através de Núcleos regionais, a AVM já possui um nome
firmando em todo o território brasileiro e não há dúvidas que a educação a
distância agregou-se as práticas educativas desta instituição.
86
O cursos de pós-graduação, inclusive o de Educação Ambiental, analisados
nesse estudo, já sofreram muitas modificações desde 2001 no que tange a
atualização de disciplinas, mudanças dos recursos e metodologias de ensino e
modalidades de avaliação visando seu aperfeiçoamento e adaptação a
demandas mais recentes. No seu formato atual os cursos de pós-graduação
lato sensu tem 360 horas (tempo previsto na LDB) e um ano de duração, sendo
efetivado através de 8 módulos de estudo. No momento, o Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em EA possui 141 alunos ativos com previsão de
crescimento até 200 alunos até o final do corrente ano. Em termos de recursos
prevaleceu no curso durante anos a priorização pelos encontros presenciais e
os módulos instrucionais. Mais recentemente cada curso criou seu próprio blog
e tem promovido chats semanais com os alunos a partir de temáticas
relacionadas ao curso.
Foi no ano de 2005 que a AVM Faculdade Integrada lançou seu primeiro curso
de graduação a distância de Licenciatura em Pedagogia com duração média de
três anos e uma carga horária de 3410 horas congregando atividades a
distância, encontros presenciais, práticas em projetos e estágios
supervisionados. Além dos materiais impressos (guias didáticos, planejamento
disciplinar, livros e módulos instrucionais), dos vídeos-aula disponibilizados
através de CDs e da internet (home page institucional) como fontes de consulta
e referência para os alunos e das aulas presenciais, prevendo uma boa
mediação entre professores, tutores e alunos, o curso colocou à disposição
das atividades regulares e complementares uma plataforma de aprendizagem
online (AVA) o Webensino, desenvolvido pela ILog, que ampliou e criava novas
condições de aprendizagem do conteúdo favorecendo uma melhor gestão dos
processos didáticos e do desenvolvimento de serviços como planejamento e
divulgação de notas e atividades, matrículas, entre outros. Hoje a instituição
conta além do referido curso, com mais 5 cursos de gradução a distância,
sendo um de Bacharelado e mais 4 tecnólogos.
Desde sua criação, o curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia já
formou 6 turmas. A disciplina analisada de Educação e Meio Ambiente é
disponibilizada a partir do segundo período e faz parte do Núcleo de
Aprofundamento e Diversificação de Estudos dedicado a uma promover uma
87
visão mais ampliada e crítica das práticas pedagógicas em ambientes
escolares e não escolares atendendo a diferente demandas sociais e a uma
formação mais completa do profissional.
4 – Coleta de Dados e o Momento Atual da Pesquisa:
Participam da pesquisa um total aproximado de 168 estudantes, sendo 98
alunos do curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia e 70 alunos do
Curso de Pós-Graduação em EA, ambos oferecidos na modalidade a distância.
Serão entrevistados também 5 tutores (quatro do curso de graduação e um do
curso de pós-graduação), dois professores (professor mentor do curso de pós-
graduação em EA e o professor da disciplina EA do curso de graduação), 3
coordenadoras (coordenação e vice-coordenação geral dos cursos a distância
e coordenação do curso de graduação a distância).
A pesquisa de caráter exploratório em andamento, se iniciou em fevereiro de
2012, após aprovação da direção geral da AVM Faculdade Integrada e
submissão ao Comitê de Ética da referida instituição e tem previsão para
terminar em novembro do mesmo ano. Ela baseou-se em uma definição
intencional das amostras seguindo critério de conveniência dos pesquisadores
levando em consideração os seguintes parâmetros: No caso do curso de
graduação os sujeitos da amostra já deveriam ter concluído e sido aprovados
na disciplina analisada “Educação e Meio Ambiente”. Já no caso dos alunos de
pós-graduação, os sujeitos já deveriam já ter concluído o terceiro módulo, o
que corresponderia a conclusão de mais de 25% do curso.
Os instrumentos utilizados para coleta de dados compõem-se de entrevistas
semi-estruturadas voltadas para professores, tutores e coordenadores e de um
questionário de 18 questões fechadas voltado para a aferição do grau de
concordância e discordância dos alunos de ambos os cursos sobre afirmativas
positivas e negativas por meio de escalas do tipo Likert de quatro pontos a
partir do padrão: Concordo Plenamente (CP), Concordo Moderadamente (CM);
Discordo Moderadamente (DM) e Discordo Plenamente (DP), tal como os
exemplos abaixo extraídos de um dos questionários.
88
AFIRMATIVAS OPÇÕES
1. Após a realização do curso de Pós-graduação em Educação Ambiental a distância
ampliei minha compreensão sobre o meio ambiente e suas inter-relações com o
homem.
CP
CM
DM
DP
2. Se o curso fosse oferecido na modalidade presencial meu aprendizado em
Educação Ambiental seria mais deficiente.
CP CM DM DP
3. Após a conclusão do curso estarei mais apto para atuar como Educador Ambiental
em âmbito profissional.
CP CM DM DP
Cada um dos itens do questionário foram elaboradas visando a compreensão e
análise das variáveis analisadas no estudo a partir de diferentes dimensões.
Tal como o exemplo abaixo:
VARIÁVEL OBJETIVO DIMENSÕES ITENS
EFICÁCIA DA
DISCIPLINA A
DISTÂNCIA
Favorecer a análise da eficácia da
disciplina de Educação e Meio Ambiente
oferecida na modalidade a distância junto
aos(as) aluno(a)s do curso que já
concluíram a mesma.
Melhor compreensão do M.A. 1
Aptidão para atuação em EA no âmbito da
Pedgogia
3
Experiência pessoal positiva 18
Além de 18 questões fechadas com escala de Likert, o questionário é ainda
composto por uma pergunta fechada sobre o ordenamento por grau de
importância para o aprendizado dos recursos didáticos utilizados nos cursos
(primeiro a oitavo lugar) e por fim, por uma última pergunta aberta, favorecendo
a que os sujeitos tivessem liberdade para expor pontos positivos e negativos da
disciplina (curso de graduação) e do curso (curso de pós-graduação);
totalizando assim um questionário composto de vinte questões.
Um pré-teste inicial do questionário feito com vinte alunos levou a pequenas
alterações do mesmo em termo de formato e linguagem utilizada de forma a
favorecer a compreensão das questões. Tendo em vista a freqüente opção do
viés central em alguns itens, optou-se por retirar a alternativa central “Sem
Opinião (SO)” das opções da escala de Likert, forçando, dessa maneira, o(a)
respondente a se posicionar de uma forma mais efetiva, medida sustentada por
autores como [26] Dencker (1998) e [27] Real & Parker (2000). Como sugere [27]
Denker (1998), as primeiras perguntas foram mais amplas e leves do que as
demais, a fim de se evitar o estabelecimento de uma barreira inicial por parte
do respondente. Do mesmo modo, a fim de evitar o efeito “halo” (impressão
89
generalizada dos respondentes sobre a temática estudada a todos os itens ou
para a grande maioria destes) evitou-se a utilização de questões em uma
seqüência excessivamente lógica mantendo-se, entretanto, para facilitar a
análise estatística final uma mesma variação em número de itens de caráter
afirmativo e de caráter negativo (oito questões de cada tipo).
A avaliação da concordância ou discordância se dará através do somatório das
pontuações obtidas em cada um dos 18 itens. Após coleta dos dados estes
serão processados estatisticamete no SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences), versão 10.0 e com a ajuda do software Excel (versão 2008) ambos
na versão Windows. A questão de nº19 sobre ordenamento dos recursos por
graus de importância também será quantificada e a questão aberta de nº 20
após análise, definição de categorias, tabulação e quantificação destas, serão
igualmente analisadas com a ajuda dos softwares citados.
Por sua vez, as entrevistas que estão sendo realizadas - com coordenadores,
professores e tutores dos cursos já citados anteriores e da instituição como um
todo - seguem um roteiro pré-definido de 11 questões. A realização de duas
entrevistas piloto levou a pequenas modificações na ordem na linguagem
utilizadas no roteiro original das mesmas. Todas seguem uma mesma
seqüência lógica variando apenas o direcionamento destas no que tange os
sujeitos e os cursos analisados. Apesar da sequência de questões delimitadas
no roteiro, a idéia é deixar o(a) entrevistado(a) livre para expor suas idéias e
reflexões sobre as temáticas analisadas. As entrevistas - realizadas em um
tempo de 20 a 30 minutos - estão sendo gravadas e serão transcritas para
melhor análise das e comparação das respostas com os resultados
encontrados nos questionários aplicados juntos aos alunos.
Espera-se que a pesquisa favoreça um entendimento mais aprofundado da
interface EA/Ead por parte daqueles que se propõem a efetivá-la em
experiências concretas no âmbito acadêmico, trazendo assim contribuições
significativas tanto a análise das contribuições tanto da EA para a EaD, quanto
da Ead para a EA no âmbito universitário.
90
Referências Bibliográficas:
[1] DIAS, G. Princípios e Práticas de E.A. RJ: Gaia, 2004. 8ª Ed., 2008.
[2] CARVALHO, V. Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário.
RJ: WAK, 2ª. Ed., 2006.
[3] LACERDA, F. & BRANQUINHO, F. A EaD e as Concepções de Meio
Ambiente e Saúde: Contribuições do Conceito de Rede Sociotécnica.
Revista EAD em Foco, n167 1, vol. 1., abril/outubro/ 2010.
[4] LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na
Era da Informática. SP: Editora 34, 2004. 13ª ed.
[5] MORAN, J. A Educação Ambiental na Internet. In: Trajber, R. e Costa, L.
(orgs.) - Avaliando a E.A. no Brasil. Peirópolis: ECOAR, 2001.
[6] NUNES, E. A Educação Ambiental na Universidade: Caminhos e
Possibiliades para a Sustentabilidade Ecológica. 28/06/2010. Disponível
em: <http://www.ecossistemica.com.br/reflexões/educacaoambiental/
universidade.pff>. Acesso: 02/03/2012.
[7] FOUTO, A. O Papel das Universidades. Disponível em: <http://www.
campusverde/pt.> Acesso: 12/02/2010.
[8] DENCKER, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. SP: Futura,
1998.
[9] REAL, L e PARKER, R. Metodologia de Pesquisa: do Planejamento à
Execução. SP: Pioneira, 2000.
91
[10] SATO, M. Educação Ambiental a distancia: o projeto EDAMAZ. In: PRETI,
O. Educação a distancia: construindo significados. Cuiabá: NEAD, IE,
UFMT; Brasília: Plano, 2000.
[11] SERRA, A. A Educação a Distância como Meio para o Desenvolvimento
Sustentável. Trabalho TCA5A1-169. Anais Virtuais do Congresso
Internacional da ABED. Santos: SP, Sete
92
Qualidade dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia na
Modalidade EAD: um Estudo sobre duas
Instituições no
Município do Rio de Janeiro Rosana Cristina da Silva Costa Silva
GT
3
Ro
san
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risti
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da
Silv
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os
ta
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela
Universidade Estácio de Sá – UNESA (2012), na linha de
pesquisa Políticas Públicas e Gestão. Graduada em Pedagogia,
Letras (Português e Inglês), Administração Pública e de
Empresas e especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica. Foi professora concursada de Língua Inglesa nos
municípios de Piraí, Paracambi e Japeri (tendo também atuado
como Orientadora Educacional) e da Secretaria de Educação do
Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é concursada no cargo
de Técnico em Assuntos Educacionais da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, UFRJ, Ilha do Fundão, Instituto de Química.
Áreas de atuação: Pedagogia, Políticas Públicas, Educação a
Distância, Qualidade e Ensino Superior.
Resumo Este artigo tem como premissa a investigação da qualidade na formação de
professores em cursos de Pedagogia na modalidade Educação a Distância
(EAD), buscando fazer um paralelo entre duas instituições, sendo uma pública
e outra privada, no município do Rio de Janeiro. Pretende-se, com a pesquisa,
descrever o processo de implantação da EAD nos cursos de Pedagogia;
analisar as concepções do curso de Pedagogia na modalidade EAD por parte
dos sujeitos envolvidos no processo; buscar métodos de análise para aferir a
qualidade do ensino nos cursos de Pedagogia a distância. A investigação
93
sobre a qualidade é baseada em indicadores de qualidade que possam auxiliar
na avaliação dos cursos de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a
distância. Avaliação esta que se faz importante, já que a EaD está
demandando uma investigação sobre os desafios crescentes que ela
representa para o sistema de educação superior como um todo em virtude da
“explosão em massa” que vem ocorrendo na educação superior brasileira, em
especial, nos cursos de Pedagogia. A pesquisa consiste em um levantamento
bibliográfico complementado por pesquisa de campo a qual terá como sujeitos
alunos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância.
Faz parte da investigação a identificação das métricas utilizadas para medir
qualidade em Educação a Distância no contexto internacional e nacional,
principalmente as recomendações do MEC. A sistematização dessas
informações define um conjunto de diretrizes que incluem indicadores para se
verificar o perfil dos alunos nessa modalidade. O processo de validação é
através de instrumento enviado aos alunos do curso de Pedagogia na
modalidade EAD. A interpretação dos resultados da pesquisa tem como
objetivo verificar a possibilidade da formação de professores a distância
considerando os critérios de qualidade. Para entender esse processo, é
necessário recorrer a autores voltados para uma análise crítica e dialética, tais
como: Bourdieu, Ball, Mainardes, Sanyal e Martin, Juliatto, Dourado, Sanyal e
Martin, Bertolin, Cunha, Dias Sobrinho, Litto e Formiga, Gatti, Harvey, Netto,
Giraffa e Faria, Segenreich. Também são necessárias análise de documentos
de organismos multilaterais e movimentos e articulações para a expansão
global da educação superior.
Palavras-chave: Políticas Públicas. Qualidade. Educação Superior a Distância.
Abstract
This article is premised on the quality of research in teacher education courses
in Pedagogy in Distance Education mode (EAD), seeking to draw a parallel
between the two institutions, one public and one private, in the city of Rio de
Janeiro. Aim is to research, describe the implementation process of EAD
courses in Pedagogy; analyze the conceptions of Pedagogy courses in distance
education mode from the subjects involved in the process; seek methods of
94
analysis to assess the quality of teaching in Pedagogy courses in distance
mode. Research on quality is based on quality indicators that can assist in the
evaluation of Pedagogy courses in distance mode. Assessment that it becomes
important since EAD is demanding an investigation on the growing challenges it
poses to the higher education system as a whole because of the "massive
explosion" that has been occurring in Brazilian higher education, especially in
Pedagogy courses. The research is a qualitative analysis, descriptive,
naturalistic-constructive, doing a literature survey and field research with
support from students of Pedagogy in distance mode. It is part of research to
identify the metrics used to measure quality in distance education in national
and international contexts, especially the recommendations of MEC. The
systematization of information defines a set of guidelines that include indicators
to check the backgrounds of the students in this mode. The validation process
is through instrument sent to students of Pedagogy in distance education mode.
The interpretation on results of this research aimed at assessing the possibility
of teacher training distance considering the quality criteria. To understand this
process, it is necessary to resort to authors focused on a critical and dialectical
analyzes, such as Bourdieu, Ball, Mainardes, Dourado, Sanyal and Martin,
Bertolin, Cunha, Dias Sobrinho, Litto and Formiga, Gatti, Harvey, Netto, Giraffa
and Faria, Segenreich. Also needed are examining documents from multilateral
organizations and movements and joints for global expansion of higher
education.
Keywords: Public Policy. Quality. Distance Higher Education.
Introdução
A educação brasileira atravessa importante momento de reflexão sobre a forma
de compreender a prática educativa e é por meio de políticas públicas voltadas
para a formação de professores que o Governo Federal tem tentado fazer face
aos graves problemas de desempenho da educação básica. Nessa
perspectiva, tem investido, nas últimas décadas, na Educação a Distância
(EAD) como modalidade capaz de auxiliar na formação inicial e continuada de
professores.
95
Embora a EAD seja vista ainda com certa desconfiança, é a modalidade que
mais se expande no Brasil, principalmente em cursos de formação de
professores e, em especial, o curso de Pedagogia.
Tendo em vista a expansão que os programas governamentais propiciam e o
aumento da quantidade de vagas é que muitos especialistas da área discutem
a perda na qualidade da formação proporcionada, no contexto da prática, nesta
modalidade de ensino, principalmente para os futuros professores. Motivos
não faltam já que é grande a carência de dados quantitativos e qualitativos
sobre a presença da EAD no sistema de educação superior.
Mas, quais são os conceitos de qualidade e correntes entre os teóricos do
Ensino Superior brasileiro? Que modelos de avaliação da qualidade em EAD
são adotados nacional e internacionalmente? Quais são os referenciais de
qualidade brasileiros? Que indicadores têm sido usados para os cursos de
graduação a distância? Em que medida são usados os indicadores de
qualidade em cursos de Pedagogia? Estas são as indagações que a pesquisa
em curso procura responder.
A pesquisa proposta tem por objetivo geral investigar a qualidade na formação
de professores em cursos de Pedagogia na modalidade Educação a Distância
(EAD), buscando fazer um paralelo entre duas instituições, sendo uma pública
e outra privada, no município do Rio de Janeiro.
Pretende-se, com a pesquisa, descrever o processo de implementação da
EAD, suas motivações e sentido sociopolítico; apresentar a dinâmica
estabelecida entre a sociedade civil e o Estado no estabelecimento de políticas
públicas relacionadas à EAD em Pedagogia; explicitar os fundamentos,
concepções e princípios que norteiam os cursos de Pedagogia a distância e
sua relação com a influência política, econômica e ideológica de organismos
internacionais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e a
Organização Mundial do Comércio; descrever o processo de implantação da
EAD nos cursos de Pedagogia; analisar as concepções do curso de Pedagogia
na modalidade EAD por parte dos sujeitos envolvidos no processo; e, buscar
métodos de análise para aferir a qualidade do ensino nos cursos de Pedagogia
a distância.
O período a ser investigado nesta pesquisa é o pós-LDB/96 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação no 9394, de 20 de dezembro de 1996), ou seja, entre o
96
reconhecimento da EAD pela LDB/96, passando pela sua Regulamentação em
2005, até os últimos programas governamentais. É a partir da LDB/96 que
surge um significativo aumento no número de instituições, cursos, alunos e
docentes, vinculados a instituições que oferecem cursos de graduação à
distância.
Em síntese, o problema ganha importância e justificativa por objetivar analisar
a estrutura e a implementação de políticas educacionais voltadas para os
cursos de formação de professores, principalmente, o curso de Pedagogia na
modalidade EAD, com especial atenção à avaliação da qualidade do referido
curso. Ressalte-se ainda que este problema traz à investigação os desafios e
de analisar criticamente as perspectivas do governo em relação às políticas
para o ensino superior, considerando-se a relação IES públicas versus IES
privadas.
Por fim, a relevância do problema também está em compreender de que forma
as políticas públicas do Governo Federal podem ser consideradas avanços -
visto que o argumento central destas políticas educacionais é baseado na
expansão desassistida e descontrolada do Ensino Superior na modalidade
EAD - mas com limites, já que estas políticas públicas estão, tradicionalmente,
comprometidas com o capital e não com a transformação social. Tendo em
vista este cenário das políticas educacionais no Brasil, o trabalho tem como
foco principal a política da qualidade nos cursos de Pedagogia na modalidade
de educação a distância.
Políticas Públicas e a expansão da Educação Superior presencial e a
distância
Segundo Netto (2010), entre 2000 e 2006, houve aumento de mais de 1.000%
no crescimento da EAD e mais de dois milhões de brasileiros utilizam a
Educação a Distância, indicando, de certo modo, um movimento em direção à
democratização do ensino e a socialização do acesso à educação para uma
parcela da população não alcançada pelo ensino presencial.
Como alternativa para a democratização da educação, Mata (1995, apud
NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, p.9) propõe a EAD como uma alternativa
tecnológica no Brasil e no mundo como um
97
caminho privilegiado de democratização da educação e que muito pode
colaborar para a humanização do indivíduo, para a formação do cidadão e para
a constituição de uma sociedade mais igualitária e justa. No contexto da
sociedade tecnológica é, sem dúvida, uma alternativa de grandes
potencialidades, no sentido de facilitar o acesso a uma melhor qualidade,
ultrapassando as barreiras de tempo e de espaço.
A EaD tem seu reconhecimento institucional na proposta de diversificação do
sistema de ensino superior da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDBE /96), que, em seu artigo 80, prevê que “O Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos
os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL,
1996). Segenreich (2012) afirma que essa abertura para a EaD tem uma
história interna de debates e chama atenção para a necessidade de se analisar
o contexto internacional que influenciou sua institucionalização no Brasil.
Prova desta expansão, é que o censo da educação superior de 2009 registrou
a participação de 2.314 Instituições de Educação Superior (IES) e confirmou a
tendência ao crescimento do setor, ao lado de assinalar o predomínio das
instituições privadas, que representam 89,4% do total das IES brasileiras. O
mesmo censo aponta o curso de Pedagogia como o terceiro maior do país,
com 573.898 matrículas, consideradas as modalidades presencial e a distância
e o primeiro dos cursos a distância, com 286.771 matrículas (BRASIL, 2009).
Não há dúvidas de que o acesso à universidade no Brasil é uma demanda que
cresce a cada dia. Se for considerado que somente 13,7% dos jovens entre 18
e 24 anos estão matriculados na Educação Superior, tem-se uma ideia do
tamanho da defasagem existente no acesso à universidade.
Essa expansão do Ensino Superior se deve a dois fatores (SANYAL e
MARTIN, 2006, apud NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, P. 12), quais sejam:
aumento da demanda social pelo Ensino Superior e crescente necessidade
econômica de contratar pessoas graduadas.
Prova disto, é que houve aumento de demanda, provocando um impacto direto
no crescimento do número de instituições de ensino superior (IES) no mundo.
Nesse contexto de expansão, a Educação a Distância passou a ser uma
realidade, proporcionando a universalização e democratização do ensino
(NETTO e GIRAFFA, 2009).
98
A combinação de variados recursos tecnológicos possibilitaram que a EaD
alcançasse um imenso número de alunos, como na Indira Gandhi National
Open University (IGNOU), na Índia, com mais de um milhão e meio de alunos,
e na Anadolu University, na Turquia, com dois milhões de alunos (LITTO e
FORMIGA, 2006).
No Brasil, em 2007, houve avanços quantitativos e qualitativos excepcionais na
EAD, levando mais de dois milhões de brasileiros a utilizarem essa modalidade
de educação (ABRAEAD, 2008). A perspectiva é que a Educação a Distância
continue crescendo tanto no âmbito internacional quanto no nacional,
contribuindo, portanto, cada vez mais com a ampliação da oferta de Educação
Superior. “A estimativa é que EAD deverá reunir nas próximas décadas mais
alunos do que a Educação presencial” ( ETTO e IRAFFA, 2009).
Para Ball (2011, p. 13), “a política não pode continuar a ser pensada ou
planejada nos limites de Estados-nação ou de fronteiras nacionais.” Em um
mundo globalizado, não se pode pensar numa política voltada para seu próprio
país, e sim, numa política que esteja aberta a desafios transnacionais.
Qualidade na Educação Superior
Começamos com a seguinte indagação: o que significa qualidade e, em
especial, qualidade na Educação Superior?
Se por um lado há uma riqueza do conceito sobre qualidade, por outro tem-se
a dificuldade de se chegar a um consenso em torno do assunto, já que o
conceito de qualidade é multidimensional e pluralista sem contar que os
objetivos dos atores envolvidos costumam variar. Contudo, é necessário
buscar critérios mínimos de qualidade. Logo, pode-se confirmar que
O sentido de qualidade é obscuro; o termo tem emprego
variado para designar diferentes interesses. Afirmações,
algumas mais precisas que outras, são feitas em diversos
contextos, no que concerne à qualidade da educação;
estudos sistemáticos, porém, são poucos e ocorrem a
longos intervalos. Como resultado, as afirmações que
versam a qualidade não estão sempre bem estribadas,
99
seja qual for o sentido em que o termo se empregue
(OECD, 1989).
Para Juliatto (2005, apud NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, p. 16) uma das
tentativas em elucidar o conceito de qualidade é associá-lo a outros conceitos,
quais sejam: excelência, adequação, responsabilidade, eficiência e eficácia,
sendo o termo excelência o que mais se aproxima ao conceito de qualidade na
Educação Superior, pois
O termo emprega-se primariamente para descrever o
desempenho extraordinário, desempenho que muito
excede a medida comum; designa o padrão superior ou
absoluto de realização. Muitos autores empregam os
termos excelência e qualidade como sinônimos
intercambiáveis, dado que os ingredientes de ambos são
essencialmente idênticos. Ambos os termos transmitem
dimensão de desempenho eminente, implicando os mais
altos padrões e a relutância de se contentar com algo
menos do que aquilo que poderia ser conquistado (Ibid.,
p. 56).
Já Sanyal e Martin (2006, apud NETTO, GIRAFFA e FARIA, 2010, p.19)
defendem que é possível identificar algumas definições de qualidade.
Contudo, elas têm um viés economicista/administrativo.
Saviani (2009, p. 41), faz um alerta sobre a qualidade dos cursos de ensino a
distância. Para este autor,
[...] o ensino a distância, nas condições atuais do avanço
tecnológico, é um importante auxiliar do processo
educativo. Pode, pois, ser utilizado com proveito no
enriquecimento dos cursos de formação de professores.
Tomá-lo, entretanto, como a base dos cursos de
formação docente não deixa de ser problemático, pois
arrisca converter-se num mecanismo de certificação
antes de qualificação efetiva. Esta exige cursos
regulares, de longa duração, ministrados em instituições
sólidas e organizadas, preferencialmente, na forma de
universidades.
100
Para Saviani, a formação continuada pela EaD é plenamente salutar, porém
quando se trata de base para formação de professores é problemático, pois
gera certificação antes de qualificação efetiva que deve, para ele, ocorrer
primeiramente em cursos regulares, presenciais.
E o objetivo de democratizar a educação tem o propósito de ofertar ensino de
qualidade. As vastas mudanças ocorridas na sociedade obrigam a educação a
se adaptar a elas, com intuito de construir o processo de ensino-aprendizagem
que vise à formação do sujeito crítico e transformador da realidade.
Dourado (2001) alerta para o fato de que a expansão da EAD é uma realidade
que acompanha a expansão tanto educacional quanto capitalista, porém, a
solução para os limites e contradições dessa modalidade de educação está no
investimento de “parâmetros básicos de qualidade”.
Harvey (2002) fala em estudos investigativos sobre a questão da qualidade no
Ensino Superior. Questionamentos foram apontados que “nos últimos anos os
principais estudos investigativos sobre qualidade em ES estão procurando
responder a questões relacionadas à própria existência da qualidade (...).”
Pedagogia na modalidade EAD
Para Freitas (apud GATTI, 2011), a institucionalização da formação superior de
docentes a distância, concebida sob a forma de educação continuada teve
impulso com a criação da UAB e representou importante mudança qualitativa,
dado que se dirigiu tanto a professores em serviço que não tinham formação
superior, quanto aos que atuavam fora de sua área de formação.
Independentemente dessas iniciativas, ainda existe, no Brasil, um grande
número de professores em exercício, no ensino fundamental e ensino médio,
lecionando sem formação acadêmica adequada, fato agravado pelo difícil
acesso a cursos superiores em determinadas regiões, o que acaba, por um
lado, restringindo, consideravelmente, o acesso de uma parcela significativa da
população a uma formação de qualidade, e, por outro, contribuindo para a
expansão da oferta desordenada de cursos de formação de professores a
distância, notadamente a licenciatura em Pedagogia.
Com base nesta necessidade de professores mais qualificados, Gatti, Barreto e
André (2011) relacionam o que denominam “Ações Políticas em Formação
101
Inicial de Docentes”, dentre as quais o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) a
Universidade Aberta do Brasil (UAB) e Pró-Licenciatura e o ProUni.
Segundo Gatti (2011, p. 12),
a discussão sobre a Política Nacional de Formação de
Profissionais do Magistério da Educação Básica e o
delineamento de um sistema nacional de educação são
elementos importantes das políticas federais que
impactam diretamente sobre as políticas de formação e
profissionalização dos professores em todo o país (...).
Sobre esta última, Moreira (2012) diz que a análise sobre a real abrangência e
o impacto do Programa nessa dimensão ficam pendentes, o que reforça a
certeza da importância do estudo sobre o impacto do ProUni no curso de
Pedagogia, como um primeiro passo em direção a um conhecimento mais
empiricamente fundamentado sobre seus reflexos na formação docente, em
geral, visto que a licenciatura em Pedagogia constitui apenas uma dentre as
demais às quais estudantes de baixa renda e egressos de escolas públicas têm
acesso.
Conclusão
Como pôde ser constatado neste artigo, a Educação a Distância é uma
realidade não só no Brasil como em todo o mundo. Porém, a busca constante
pela qualidade nesta modalidade de Ensino Superior deve ser o que há de
mais urgente a ser feito, uma vez que o número de alunos nessa modalidade
de ensino cresce a olhos vistos, em especial o curso de Pedagogia, e o medo e
a insegurança sobre as diversas possibilidades de aprendizagem nesta
modalidade de ensino crescem na mesma proporção.
Uma vez que surgem resistências, tanto por parte dos alunos quanto dos
professores, é que lançamos mão de indicadores de qualidade que ajudarão na
difícil tarefa de se aferir a qualidade do curso de Pedagogia. Difícil, sim, pois
foi verificado aqui, que definir qualidade e, em especial, na educação é um
problema complexo, pois o conceito de qualidade é multidimensional e
102
pluralista. Vale lembrar, portanto, que os indicadores não são determinantes
ou garantia de qualidade de um curso, porém servem de “bússula” para a
escolha de um curso por parte dos alunos.
Logo, este artigo pretendeu promover a reflexão sobre a efetividade dos cursos
de graduação em Pedagogia a distância e contribuir para agregar qualidade na
oferta dos mesmos, uma vez que o objeto de pesquisa é parte de um novo
paradigma educacional, pois sabe-se que ainda há muita resistência e um
olhar bastante influenciado por tradições, no qual ensinar e aprender exige a
presença física do professor. Assim, o rompimento desta barreira requer um
trabalho árduo por meio de estratégias políticas e pedagógicas.
Referências bibliográficas
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Fábio Sanches (Coord.). 4. ed. São Paulo: Editora Monitor, 2008.
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.
105
Planejamento de Formação de Professores para o Uso
das Mídias Fani Hamphreis e Cardoci Paiva de Lima
GT
3
Fa
ni H
am
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reis
Professora e Fonoaudióloga, especialista em Educação de
Jovens e Adultos e Motricidade Oromoifacial, Mestre em
Ciências da Saúde, Professora da Rede Pública do Rio de
Janeiro, Professora Orientadora do Curso de Pós-Graduação de
Tecnologia em Educação da PUC-RIO(2010), Professora-tutor do
curso de Pós-graduação em Educação Especial, Gestão Pública
Municipal e Saúde da Família da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO).Foi supervisora da clínica escola de
fonoaudiologia do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos e
professora de alterações da fala e da fluência, distúrbios da
leitura e da escrita e, afasia. Foi professora do Centro
Universitário Celso Lisboa ( neuropatologias, Patologias da Fala
e da Motricidade Oral e de Alterações da Fala e da Fluência) e
professora do Curso para concursos CPCON (afasia, gagueira e
Dislexia) e Coordenadora Pedagógica e professora docente da
Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro.
Professora do curso de Pós-graduação em Motricidade Oral da
Faculdade Redentor.Foi fonoaudióloga da SMDS(FUNLAR),
durante 2 anos e Fonoaudióloga do Instituto Helena Antipoff(
lotada no Pólo de Atendimento Extra-Escolar).Tem larga
experiência na área de Fonoaudiologia, com ênfase em
síndromes, atuando principalmente nos seguintes temas:
gagueira, aquisição da linguagem e leitura/escrita, alterações
oromiofacias, dislexia, distúrbio de aprendizagem, alterações
fonéticas/ fonológicas e aleitamento materno. Foi fonoaudióloga
clínica do Centro Fonoaudiológico Araújo Cid durante 6 anos e
supervisora em Fonoaudiologia durante 7 anos desta mesma
institução.
INTRODUÇÃO No contexto social do domínio da tecnologia em suas diferentes formas,
constitui-se uma ferramenta indispensável para uma boa comunicação. O
mundo evoluiu e a tecnologia tomou para si, o espaço que o homem não soube
ou não quis administrar. Já era de se esperar as grandes mudanças que estão
acontecendo e irão acontecer principalmente na educação.
Hoje podemos detectar que grande maioria dos profissionais habilitados para a
função de professor encontra-se em situações preocupantes, pois não sabem
106
utilizar as ferramentas tecnológicas. Contudo, sabe-se que elas são
indispensáveis na vida do ser humano.
Com a internet e outras tecnologias, surgem novas possibilidades de aprender
e ensinar, oportunizando ao aluno e/ou professor novas metodologias de
ensino/aprendizagem com o uso das mídias no contexto escolar. A sala de aula
nunca deixará de ser um espaço privilegiado, quando pensamos em escola em
aprendizagem, porém devemos buscar mecanismo que venha inovar nossa
prática utilizando os novos modelos de ensinar e aprender.
Atualmente podemos contar com as ferramentas tecnológicas que cada vez
mais vem buscando seu espaço e muita das vezes substituindo o professor em
sala de aula. Isto nada mais é do que o reflexo e os efeitos desse fator inédito
em tempo real. É visível as grandes mudanças que vem acontecendo no
processo ensino aprendizagem com o uso das tecnologias, porém nos trás
uma certa inquietação, haja vista que essas mudanças só surtirão um efeito
positivo se houver um grande investimento na formação especifica e
continuada dos profissionais em educação.
Novos horizontes se abrem no campo educacional envolvendo as tecnologias,
estas são indispensáveis á vida de qualquer profissional no cotidiano escolar.
A escola tem exigido muito do professor instrumentos de desenvolvimento do
processo ensino aprendizagem, porém por desconhecer os meios tecnológicos
não disponibilizam a estes recursos que venham sanar essas dificuldades.
Experiências mostram que o professor ainda se sente inseguro para com o uso
das mídias na escola, isto porque, muitos não têm domínio das referidas
tecnologias e ainda por achar que a sua forma de trabalhar é a mais viável para
sua realidade. É de conhecimento de todos, que muito se tem escrito sobre
formação de professor para a integração das tecnologias digitais em suas
práticas em sala de aula. Sobretudo ainda não é o suficiente para atingir a
maioria dos profissionais que exerce a função em sala.
Diante de tal realidade ora vivenciada, bem como o grande desafio de
transformar uma nação em uma sociedade tecnológica digital, nasce a
necessidade de fazer um trabalho de investigação e levantamento de dados
em três escolas de ensino fundamental do município de Feijó, estado do Acre,
em busca de alternativas para solucionar tal problema e quantificar professores
que estão em sala de aula e desconhecem as melhores ferramentas de
107
trabalhos, quando estas podem ser tornar parceiras no seu dia-a-dia. Espera-
se que o objetivo deste trabalho de investigação seja apenas o início de uma
reflexão maior sobre o papel do professor enquanto mediador do conhecimento
nas escolas em que atuam e que possa contribuir para um processo de
reflexão em cima destes resultados e promover mudanças em suas práticas
em sala de aula.
Considerando o novo perfil dos alunos do século XXI e considerando ainda que
eles aprendam de forma diferente, a partir de diversos estímulos, cabe aos
educadores se adaptarem as novas formas de ensinar e aprender,
oportunizando a estes o acesso direto as tecnologias disponíveis na escola
para o desenvolvimento de sua aprendizagem.
Nos dias atuais, a sala de aula não deve ser vista como único espaço a ser
explorado pelo professor existe outros espaços a serem explorados. O
professor é o primeiro que deve mudar sua forma de pensar e agir, pois na
verdade toda gestão escolar deve mudar para poder avançar rumo ao sucesso.
Por este motivo é que cada vez mais temos a certeza de que a formação do
professor deve ocorrer de forma permanente. O professor precisa está em
constante evolução buscando a cada dia se aperfeiçoar em sua prática
cotidiana.
Sabe-se que não é tarefa fácil fazer educação de qualidade envolvendo
tecnologia na escola, pois os protagonistas da sala de aula não têm domínio
das ferramentas tecnológicas e acabam deixando de lado argumentando que a
sua forma de trabalho atende a realidade dos alunos. É bem verdade que uma
vez ou outra acontecem capacitação de professores para o uso das
tecnologias, porém o que se vê é o professor voltando para sua escola sem
colocar em prática as novas metodologias.
Com as mídias na escola as aulas tornam-se mais atraentes para o aluno e seu
interesse em assistir as aulas aumenta, pois ele não agüenta mais vê o
professor quatro horas falando na frente de um quadro de giz na sala de aula.
É visível a desmotivação por parte dos alunos quando o assunto é sala de aula,
por que nada o desafia para que tenha vontade de estar em sala. Os
professores sofrem angustiados e chegam até dizer que não sabem mais o que
fazer, perderam o domínio de sala e o controle dos alunos e ainda, os alunos
108
trazem informações às vezes mais explicitas que a do próprio professor, isto
por que tem contato direto com as informações através das tecnologias.
A formação do professor é imprescindível no processo de ensino aprendizagem
dos alunos, pois garantem a participação efetiva dos mesmos através dos
meios tecnológicos. O uso de diversos meios de comunicação e informação
contribui para a formação de leitor crítico, capaz de produzir e estimular a
produtividade nas diversas mídias.
Quando a escola reconhece seu papel e busca implementar as tecnologias no
contexto escolar e sabe da necessidade de fazer a gestão da tecnologia na
escola, esse entendimento ganha um novo significado, ultrapassa a concepção
de administração escolar que enfatiza o controle para o funcionamento da boa
gestão escolar. Assim, uma escola que adota todos os conceitos pré-eliminares
que garantam uma gestão integrada e participativa terá mais chances de
desenvolver seu papel, e os resultados do desempenho escolar dos alunos
serão satisfatórios.
As exigências feitas à formação do professor são cada vez mais intensas
fazendo-se necessário que elas realmente aconteçam, que as políticas
públicas as privilegiem, principalmente, para que se possa transformar
informação em conhecimento, visando uma sociedade igual para todos. Ter
compreensão dos mecanismos sociológicos, didáticos e psicológicos no
momento da aprendizagem, buscando estimular o desejo de saber do
educando em consonância com as competências adquiridas na atual
sociedade. Possuir habilidades em utilizar recursos midiáticos, construindo
sentido pedagógico para estes é a habilidade extra e, atualmente,
imprescindível para a promoção de uma aprendizagem desencadeadora de
inclusão de fato. Não há como formar para Perrenoud (2000; p.128)
É importante destacar que ao apropriar-se das novas tecnologias não se deve
esquecer de que a comunidade escolar é construída sócio-historicamente e
que o momento atual é a constituição de um novo processo. Nesse sentido é
preciso educar para o novo, o que não significa negar o antigo, mas através de
sua compreensão empreender uma conceituação dinâmica que fundamente a
nova técnica, que a humanize, traçando valores também objetivos, pois a
tecnologia presta-se a beneficiar uma geração subjetivamente educados.
109
A docência, atualmente, está inserida numa era em que aprender é conviver e
compartilhar incertezas. O educando não pode viver afixado à frente de um
computador, porém o meio em volta dele exigirá que as informações que
chegam até ele por meio da tecnologia sejam apreendidas e compreendidas,
pois sua imersão no processo educativo dependerá de sua capacidade de
relacioná-las ao seu saber e aos seus objetivos. “Para o educador ensinar com
qualidade, ele precisa dominar, além do texto, o contexto, além de um
conteúdo, o significado do conteúdo, que é dado pelos contextos sociais,
político, econômico [...]” ( ADOTTI; 2007).
Atualmente associam-se tecnologias a computadores, vídeos, softwares e
internet. Esses são recursos tecnológicos mais visíveis e que influenciam
profundamente os rumos da educação. As Tecnologias são meios de apoio ao
trabalho docente e dos educando e numa gestão pedagógica, cada escola tem
uma situação concreta de gerenciar o processo de ensino e aprendizagem por
meio das tecnologias.
Sabe-se que as tecnologias ampliam nossa visão de mundo, modificam as
linguagens e propõe novos padrões éticos e novas maneiras de apreender a
realidade. Consequentemente, a escola, seus dirigentes, professores deve
discutir e compreender seu papel nos processos de ensino e aprendizagem.
Segundo Moran (2003) quando se pensa na implementação de tecnologias o
primeiro passo é o acesso, que estas sejam visivelmente notórias no cotidiano
escolar do educando. O segundo passo, na gestão tecnológica é o domínio
técnico. A capacitação para saber usar, é a destreza que se adquire com a
prática. O terceiro passo é o do domínio pedagógico e gerencial. O que
podemos fazer com essas tecnologias para facilitar o processo de
aprendizagem dos alunos, oportunizando o professor de também aprender
junto com os alunos. O quarto passo é o das soluções inovadoras que seriam
impossíveis sem essas novas tecnologias.
Sabe-se que a mídia exerce função importante na vida do educando, cabendo
ao professor saber aproveitar os valiosos instrumentos que essa tecnologia
proporciona no cotidiano da escola. As ferramentas tecnológicas ora
disponíveis no cotidiano escolar têm mostrado novos desafios pedagógicos
para as equipes gestoras, instigando cada segmento repensar o seu modelo de
gestão, principalmente as ações pedagógicas desenvolvidas na escola. É papel
110
desta determinar os valores que acredita e trabalhá-los com sua clientela, caso
contrário não terá credibilidade da comunidade escolar.
Para diagnosticar a atual situação das instituições de ensino e dos docentes no
que se refere ao uso das tecnologias, foi realizado uma pesquisa em três
escolas de ensino fundamental do município de Feijó – Acre, sendo uma
localizada no centro da cidade e duas em bairros periféricos. Na pesquisa
lancei mão de 10 questões voltadas para a prática docente.
Quando perguntados a respeito de quais segmentos a escola atendia, das três
escolas pesquisadas, duas delas atende do 6º ao 9º ano, funcionando nos três
turnos com uma média de dez professores por turno. A outra escola atende do
1º ao 5º ano, funcionando no turno matutino e vespertino contendo a mesma
média de professores.
No que se refere à disponibilização de recursos tecnológicos, todas as escolas
dispõem de recursos básicos como: computadores, TV, vídeo, DVD,
multimídia, entre outros, porém não há um profissional específico habilitado
para atuar com essas ferramentas. São poucos os professores que fazem uso
desses recursos tecnológicos por não saber manuseá-los e alguns que tem
domínio, acabam não fazendo uso do laboratório de informática, porque na
maioria das vezes encontra-se fechado e a chave com a diretora ou o diretor.
Os recursos tecnológicos disponíveis na escola são pouco disputados, em
razão do número de professores que sabem utilizá-los e ainda pela a
burocracia por parte da gestão escolar. Percebe-se que muitos professores
ainda estão no processo de adaptação aos recursos tecnológicos, alguns
preferem utilizar o diálogo e o quadro de giz, pois para eles é mais seguro e
viável. As fontes de informação são basicamente a TV ESCOLA e o acesso a
internet.
A formação na área de tecnologia da educação para os professores do ensino
fundamental ainda deixa muito a desejar. Raramente são oferecidos cursos de
capacitação pelo Proinfo através da Secretaria Estadual de Educação e
quando são oferecidos a carga horária é bastante reduzida e para um público
que já tem domínio das tecnologias. Diante dessa situação é praticamente
impossível o professor adquirir os conhecimentos necessários para adequar à
sua prática.
111
Os professores quando questionados sobre o que seria necessário para que
fosse efetivado com mais freqüência o uso das tecnologias da informação e
comunicação na prática pedagógica, todos esperam maior apoio por parte da
gestão da escola bem como dos representantes governamentais. Reconhecem
que precisam melhorar cada vez mais a prática em sala de aula, mas para isso
necessita ter acesso aos meios tecnológicos e principalmente a formação
específica, pois não basta ter os laboratórios equipados se o professor é
despreparado.
Quanto à avaliação que os professores fazem da evolução da tecnologia no
âmbito da escola e se estes sentem-se ameaçados, foram unânimes em
afirmar que a tecnologia se expandiu no mundo inteiro e que nos dias atuais é
praticamente impossível viver sem ela. No âmbito da escola os professores
sentem necessidade de saber lidar com a tecnologia, porém muitas vezes não
é só o professor que não sabe trabalhar, a escola também restringe o acesso
aos equipamentos. Diante disso, se sentem ameaçados pelo próprio sistema
educacional e tecnológico.
Os professores sugerem que o governo do estado através da secretaria
estadual de educação, invista em formação continuada não apenas na área
pedagógica, mas também na área de tecnologias, tendo como ponto de partida
o novo perfil do aluno do século XXI. Criação e fortalecimento de redes de
aprendizagem, por meio de portais educacionais e redes sociais como forma
de garantir o acesso aos diferentes tipos de conteúdos. Infraestrutura,
manutenção e avaliação, discussão sobre os recursos necessários para o
desenvolvimento de projetos utilizando as TIC na escola.
CONCLUSÃO
A realização deste estudo teve como objeto de investigação as ferramentas
tecnológicas que têm chegado às escolas de ensino fundamental do município
de Feijó, estado do Acre e que papel tem sido dada a essas ferramentas de
trabalho. A pesquisa foi realizada em três escolas estaduais, uma localizada no
centro da cidade e duas em bairros periféricos.
Pude constatar que muito precisa ser feito para o ingresso da tecnologia no
ambiente escolar. Foram visíveis as dificuldades que a maioria dos professores
112
do ensino fundamental tem para com o manuseio dos computadores e outras
ferramentas como a internet. Desta forma nos alertando para o fato de que não
só na sala de aula, mas também em outros espaços da escola a tecnologia tem
se mostrado fraca, pois a demanda escolar não estar preparada para os novos
desafios de uma geração tecnológica digital.
A partir dessa reflexão e de posse dos dados coletados junto à clientela
pesquisada e analisados a luz de referenciais teóricos, percebe-se que as
escolas pesquisadas estão trabalhando muito superficialmente com as
ferramentas tecnológicas por falta de suporte técnico e pedagógico e, que
apesar da inserção numa sociedade onde a cultura tecnológica está
amplamente disseminada, pode-se ver pelos dados coletados que esta ainda
se encontra em fase de adaptação e gerenciada de forma desigual.
Em relação à formação dos professores observa-se que a grande maioria que
atua em sala de aula desconhece as ferramentas tecnológicas de trabalho.
Assim percebe-se que eles têm boa vontade, porém necessitam urgentemente
de formação continuada específica para tal finalidade.
Os déficits educacionais se traduzem em desigualdade quanto ao acesso a
vários bens culturais, oportunidades de trabalho de desenvolvimento pessoal
que caracterizam esta sociedade tecnológica, e que muitos professores
sentem-se inferiorizados por não dominarem o mundo da tecnologia digital. No
entanto, dentro desses déficits pode-se perceber que no meio daqueles que
não conhecem os meios tecnológicos já existem aqueles que estão evoluindo
junto com as transformações da era midiática, e que buscam novos horizontes
para sua prática docente.
Muitas das dificuldades alegadas residem na noção errada do domínio das
tecnologias. O que lhes falta é uma reflexão maior da importância dessas
novas descobertas para a implementação de seu trabalho no cotidiano escolar.
Nesse sentido entendo que o papel desempenhado pela gestão da escola de
buscar mecanismos para aperfeiçoar a prática do professor é de fundamental
importância para o sucesso de todos.
A última questão analisada e de maior importância, é a formação profissional,
onde foi possível observar que há professores que mesmo não tendo a
formação necessária, estão dispostos a encarar os novos desafios proposto
pelo sistema educacional e tecnológico.
113
Sabe-se que ao longo dos anos e nos dias atuais existem políticas públicas
voltadas para o desenvolvimento dessas tecnologias no âmbito escolar e social
do individuo. Cabe lembrar, que é necessário que os profissionais em
educação tenham uma visão mais ampla sobre o importante papel das mídias
na escola e na vida das pessoas e da sociedade. As mídias não podem ser
objeto de atenção apenas dos alunos, mas de todos aqueles que fazem
educação ampliando cada vez mais sua bagagem de conhecimentos. Como
ferramenta essencial para aprender grande parte dos conteúdos escolares e
para continuar aprendendo ao longo da vida, as tecnologias podem ser tomada
como eixo articulador de grande parte do currículo da educação básica.
Cabe ressaltar que a realização deste trabalho possibilitou a aquisição de uma
gama de conhecimentos e reflexões sobre o desempenho enquanto educador
que trabalha com uma diversidade de pensamentos que almejam sentir-se
parte integrante de uma sociedade letrada e informatizada. Espera-se também
que esta pesquisa sirva de suporte para uma reflexão maior de nossos
educadores sobre a qualidade que e/ ou como ensina-se e que possa contribuir
para o desenvolvimento de uma prática mais crítica, mais eficiente, mais
libertadora quanto ao domínio das tecnologias na sua prática escolar e no
cotidiano dos educandos.
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publicado na sua primeira versão em 2001. Acesso em 10 out. 2009.
ANEXOS
1. Quais os segmentos que a escola atende?
2. Quantos professores atuam em sala de aula?
3. A escola disponibiliza de recurso tecnológico?
4. Do total de professores da escola quantos tem domínio das tecnologias
disponíveis na escola?
5. Com que freqüência se usa os recursos tecnológicos no trabalho pedagógico
da escola?
6. Quais as fontes de informações dos professores sobre o uso de tecnologia?
Basicamente a TV ESCOLA periodicamente, e o acesso a internet.
7. Na escola que você trabalha, ocorre a formação dos professores na área de
tecnologia da educação?
8. Em sua opinião o que é necessário para que seja efetivado o uso das
tecnologias da informação e comunicação na prática pedagógica dos
professores?
9. Como vocês avaliam a evolução da tecnologia no âmbito escola, enquanto
professor? Se sentem ameaçados?
10. Como professores que sugestões vocês dariam para que essa situação
fosse resolvida?
115
EAD, O Ensino Adaptando-se a Tecnologia
Carla Cristina de Holanda Barros
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Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro – UERJ (2002) e Especialista em Docência do
Ensino Superior pela Universidade Candido Mendes – UCAM (2009).
Atuou na docência das séries iniciais do ensino fundamental,
alfabetização e formação de jovens e adultos baseada na
linha Paulo Freireana. Atuou também como pedagoga no
Núcleo de Apoio Psicopedagógico da Universidade Potiguar –
UNP/RN (Rede Laureate). Atualmente, desempenha a função
de Professora Regente da disciplina de Filosofia no Ensino
Médio da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro.
Resumo
As inovações tecnológicas utilizadas na educação à distância propõem novos
desafios para as Universidades e para os docentes que precisam estar
preparados para a “nova sala de aula” com equipamentos variados, atividades
diferenciadas e que se estendem aos laboratórios de informática e ambiente
virtual o que exige um planejamento educacional flexível por abrigar tempo,
presencial e a distância, e a integração criativa de ambos. Neste contexto, os
discentes e docentes são colaboradores ativos do processo de aquisição de
conhecimentos, fazendo uso de várias ferramentas multimídia o que exige o
conhecimento básico de informática e do uso das mesmas. Tais ferramentas,
em especial a internet, possibilitam o aprendizado em qualquer lugar e hora e a
escola deve organizar e certificar este processo de aprendizagem com fonte e
visões variadas do mundo cabendo ao docente reaprender a ensinar e a lidar
com o novo perfil discente. A ligação entre teoria e prática, o uso de material
estimulante com conteúdo multidisciplinar trabalhando a autonomia do aluno
acontecerá através do uso de uma metodologia contextualizada e motivadora
116
que o leve a questionar, buscar conhecimentos e trabalhá-los de forma coletiva
e prazerosa ampliando o conhecimento prévio dos mesmos. O docente e o
tutor precisam trabalhar conjuntamente para orientarem com segurança o aluno
a pesquisar na internet, e fazê-los conhecer a plataforma virtual, as
ferramentas tecnológicas, incentivando a participação em fóruns, chats e a
construção de seu espaço virtual para que pesquise, produza e divulgue o que
aprendeu participando de uma formação significativa e prática para todos. Além
disso, é necessária uma infra-estrutura adequada com laboratório provido de
banda larga, equipe pedagógica dando suporte nos pólos e virtualmente e que
trabalhem conjuntamente com docente, tutor e aluno contribuindo para a
qualidade desta modalidade de ensino.
PALAVRAS CHAVE: EAD, sala de aula, ferramentas e colaboradores ativos.
Introdução
O presente estudo visa provocar uma discussão a cerca da interlocução entre o
ensino e a tecnologia, através da apreciação de um resumo histórico da
modalidade de ensino a distância-EAD, bem como a exemplificação da nova
sala de aula, suas ferramentas e seus colaboradores.
O estudo se deu através de uma pesquisa bibliográfica a qual aponta novos
desafios com a criação da EAD, que surgi com a necessidade de qualificação
profissional para suprir as novas exigências do mundo do trabalho devido a
industrialização, mas especialmente para acabar com um dos grandes
problemas sociais: o acesso a educação, democratizando-a.
As transformações sociais advindas da inovação tecnológica exigem uma nova
postura da Instituição de ensino e do docente, bem como novas maneiras de
ensinar que atendam as expectativas da sociedade, dos alunos e do mundo do
trabalho.
É sabido que a EAD é uma modalidade de ensino que visa à construção da
autonomia da aprendizagem discente e que usa a tecnologia como meio de
interligação dele com o docente. O material didático desta modalidade precisa
ser contextualizado e envolvente, uma vez que o docente assume papel de
orientador e o discente de pesquisador numa educação continuada mediada
117
por recursos, por isso todas as tecnologias são necessárias, inclusive o
material impresso, a serviço da educação.
O perfil do discente EAD, na maioria das vezes, um adulto maduro de ambos
os sexos, casado e com filhos, que escolheram tal modalidade pela autonomia
da aprendizagem, por minimizar o deslocamento para escola evitando ficar
longe da família, que possui um perfil desejável de participação ativa no
processo de aprendizagem, sendo autodidata, sabendo conciliar afazeres e
atividades EAD diárias, com facilidade em seguir orientações, sendo versátil,
conectado a tendências e que busca qualificação profissional, realização
pessoal e aquisição de novos conhecimentos.
O docente EAD será o mediador estabelecendo uma rede de comunicação e
aprendizagem através de recursos tecnológicos vencendo a distância física
entre ele e o discente, interagindo em ambientes virtuais, promovendo aulas e
materias dinâmicos, instigando o aluno a ir além do conhecimento dado e
construindo o próprio conhecimento, transformando a sociedade e preparando
para o mundo do trabalho. Tendo ao seu dispor uma equipe qualificada para
ajudá-lo a construir o material adequado para tal modalidade, uma estrutura
necessária para realização do mesmo e uma equipe de apoio que assim como
ele devem dominar os recursos tecnológicos para serem usados
adequadamente nesta modalidade de ensino.
As instituições de ensino devem estar atentas as condições necessárias para
implementação da modalidade EAD, como: capacidade tecnológica, material
didático e metodologia adequados, qualificação docente e conhecimento do
perfil do aluno que busca tal modalidade, sua motivação e suas dificuldades
ajudando na criação dos ambientes virtuais de aprendizagem-AVA, na escolha
da metodologia e avaliação.
O acesso a internet auxilia na disseminação do conhecimento e a EAD vem
conquistando espaço nas Instituições de ensino superior. O crescimento desta
modalidade está sendo atribuído a ferramenta usada, a metodologia utilizada
pelo docente e a motivação discente em relação ao curso, todos interligados
para atingirem o objetivo desta modalidade: a auto aprendizagem; superando o
modelo tradicional , levando o aluno a aprender a aprender, a refletir , buscar
soluções, relacionar e aplicar conceitos.
118
Refletir sobre a nova prática docente, o espaço educativo, o papel discente, os
recursos utilizados e a adaptação do ensino em relação às novas tecnologias é
o que apresentaremos a seguir.
Origem e disseminação da educação a distância no Brasil
De acordo com Laaser, apud Mckenzie et al.( 1979, p 17) o termo “educação a
distância” adquiriu aceitação universal em 1982, quando o Conselho
Internacional para a Educação por Correspondência (ICCE), uma organização
afiliada à Unesco,mudou seu nome para Conselho Internacional para a
Educação a Distância (ICDE).
O Ministério da Educação e Cultura - MEC, através do decreto nº. 5.622, de 19
de dezembro de 2005, caracteriza a educação à distância como modalidade
educacional na qual a mediação didático pedagógica nos processos de ensino
e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação
e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades
educativas em lugares ou tempos diversos.
A modalidade de ensino a distância-EAD, contribui para a democratização do
ensino, e como o próprio MEC afirma acessando a educação em qualquer local
e horário, está cada vez mais se adequando as novas teorias pedagógicas
inovando-se e utilizando uma metodologia baseada nas tecnologias da
informação e comunicação- TICS.
O ensino, realizado apenas em sala de aula, passou a ser ofertada por
correspondência, estendendo-se pelo rádio e TV (audiovisuais), informática
(digitais), internet (ambiente virtual de aprendizagem-AVA), devido à expansão
do capitalismo e da industrialização, que exigiam qualificação dos
trabalhadores. Hoje além das ferramentas tecnológicas, faz-se necessário um
pólo presencial com tutores/monitores para orientarem, tirarem dúvidas e
aplicarem avaliações, bem como auxiliar a participação em videoconferências,
fóruns, chats ou emails referentes às aulas online, além da distribuição dos
materiais impressos (livros, apostilas, guia de estudos), sendo aceita como
modalidade de ensino crescente nas instituições, evidenciada a partir da LDB
9394/96. Mas, como se deu a origem e a ampliação da educação a
distância/EAD no Brasil?
119
Sem dúvida, o surgimento e disseminação dos meios de comunicação
marcaram a origem e ampliação da EAD no Brasil.
A criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e o plano sistemático de
utilização educacional da radiodifusão por Roquete Pinto, entre 1922 e 1925,
como forma de ampliar o acesso à educação, são considerados um marco
inicial da EAD no Brasil.
Em 1930, com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova surge à nova
pedagogia utilizando a mídia como recurso didático (rádio, TV, impressos). Já
em 1939 surge o Instituto Monitor ofertando curso profissionalizante (eletrônica)
à distância.
Em outubro de 1941, foi fundado o Instituto Universal Brasileiro, sediado em
São Paulo com filiais no Rio de Janeiro e Brasília, como entidade de ensino
livre, oferecendo cursos por correspondência de idiomas e profissionalizantes.
Na década de 60 encontramos registros de programas de EAD, na estrutura
do Ministério da Educação e Cultura-MEC, o Programa Nacional de
Teleducação-PRONTEL, a quem competia coordenar e apoiar a Teleducação
no Brasil. Este órgão foi substituído, anos depois, pela Secretaria de Aplicação
Tecnológica-SEAT, que também foi extinta. Despontando assim entre 1961 a
1965 a mídia televisiva com a criação da TV Rio para alfabetização de adultos
e, em 1964 a TV Educativa criada pelo MEC para formar docentes para
atuarem no ensino primário.
O Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (Projeto Saci) foi
concebido e operacionalizado, em caráter experimental, de 1967 a 1974, por
iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e tinha como
objetivo estabelecer um sistema nacional de teleducação com o uso do satélite,
com 3 canais de TV educativos atingindo escolas com programas de rádio e TV
além do material impresso voltado para o ensino primário e alfabetização. Em
1969 é criada a TV Cultura e o Telecurso Regular.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial-SENAC, iniciou em 1976 com
a criação do Sistema Nacional de Teleducação cursos EAD, reestruturados em
1991 e devido ao sucesso da qualificação de seus comerciários, foi criado em
1995 o Centro Nacional de Ensino a Distância contemplando vários estados
brasileiros.
120
Em 1978 a Fundação Roberto Marinho-FRM cria o Telecurso 2º grau e o
supletivo do 1º grau, sendo transmitidos pela TV Globo e a TVE, com material
impresso vendido em bancas de jornal para preparar os alunos para o exame
supletivo, ofertado em 510 escolas e 71 municípios, sendo reformulados em
1981 (Telecurso 1º grau) e em 1985 (Novo Telecurso 2º grau). Em 1994, A
FRM conveniada a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo-FIESP,
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial-SENAI, Serviço Nacional da
Indústria-SESI de SP cria o Telecurso 2000 contemplando 1º e 2º graus com
material de consulta e material de apoio em telesalas presenciais com
monitores especializados cedidas por sindicatos,empresas e associações
comunitárias visando ofertar educação geral e profissionalizante.Neste mesmo
ano com o apoio da Fundação Banco do Brasil, oferta as escolas videotecas
para que todos tenham acesso aos seus programas educacionais. Em 1997, a
FRM lança o Canal Futura com programação educativa e profissionalizante.
Em 1979, o Projeto Conquista produziu telenovelas objetivando auxiliar o
supletivo de 5ª a 8ª séries, além da alfabetização de adultos lançando mão de
livros de apoio. Também neste período surge o PAF TV – Programa de
Alfabetização Funcional e Alfabetização de Adultos com recursos
multimídias.Também neste ano, a Universidade de Brasília-UNB começa a
oferecer cursos de extensão em todo o Brasil e seu material impresso era
vinculado a jornais nas principais capitais e na revista UNB.Em 1985 o
Programa de Ensino a Distância UNB se torna a Coordenadoria de EAD e em
1989 vincula-se ao Centro de Educação Aberta Continuada e a Distância-
CEAD.
Na década de 90, surge o Ambiente Virtual de Aprendizagem-AVA para ser
usado como plataforma fundamental para desenvolvimento de ações da EAD
no Brasil, em especial no Ensino Superior se beneficiando das vantagens das
novas tecnologias, mas utilizando o mesmo material do ensino presencial. Em
1991, o MEC cria o projeto piloto de utilização do satélite na educação para
veicular programas de TV com recepção organizada em Teleportos equipados
com aparelho de TV, vídeo, material impresso, fax, telefone facilitando a
interação dos envolvidos. Também neste ano é criado pela Fundação Roquete
Pinto, Um salto para o futuro, objetivando uma atualização docente por
multimeios (rádio,TV,material impresso) em telepostos onde interagiam com
121
docentes presentes nos estúdios da TVE, sendo um programa avaliado e
utilizado nacionalmente foi direcionado para TV Escola em 1995.Em 1992, foi
criada a Coordenadoria Nacional de Educação a Distância na estrutura do
MEC e, a partir de 1995, a Secretaria de Educação a Distância. O SENAI cria
em 1993,o Centro de EAD semipresenciais e com material impresso para
qualificar os trabalhadores das indústrias.Neste ano, o MEC e o Ministério das
Comunicações-MC criam uma política nacional de EAD,sendo regulamentada
pelo Decreto nº1237 de 6/9/94 como Sistema Nacional EAD e em 1996 em sua
estrutura,cria a Secretaria de EAD. A MULTIRIO Empresa de Multimeios da
Prefeitura do RJ, cria em 1995 teleducação para docentes e discentes de 5ª a
8ª séries, sendo complementada na escola com material impresso.Também
neste ano o MEC cria a TV Escola, para qualificação docente através da TV
aberta com programação exclusiva para educação que tinha material impresso
de apoio (Revista TV Escola,Cadernos do Professor e Revista
Especial).Também o MEC repassou o Fundo Nacional da Educação para as
Secretarias de Educação para adquirirem os kit multimeios para as escolas.Em
1996, a Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC oferta aos seus pós-
graduandos a 1ª videoconferência, aula ao vivo e interativa direto do campus.
Em 1999, a modalidade a distância cresce, pois os usuários da internet
aumentam e passa-se a transmitir saber e material através da informática
tornando possível chegarem a mais pessoas.
A partir do ano 2000, tanto o ensino presencial quanto o ensino a distância
lançam mão das inovações tecnológicas para tornarem o ensino mais atrativo e
terem mais possibilidades de trabalharem os conteúdos, uma vez que as
ferramentas tecnológicas usadas adequadamente facilitam a compreensão e
dão novo significado aos conhecimentos teóricos estimulando a curiosidade do
aluno a buscar novas possibilidades de relacionarem os conceitos dados aos
seus conhecimentos prévios. Em especial, na modalidade à distância, os
docentes utilizam a internet para postar materiais e atividades, promoverem
fóruns e chats, e se relacionarem com os alunos através dos correios
eletrônicos, tornando possível estudarem a qualquer hora e em qualquer local e
trocarem informações a todo instante.
O Censo de 2004 mostrou o crescimento da EAD nas instituições particulares
de ensino superior e apontou um fato curioso: havia vaga e não havia aluno,
122
devido a preferência destes pelo curso presencial. Com estes dados, foram
levantados vários questionamentos em relação a qualidade da EAD, quem
avalia e como se dá o credenciamento.Já nas instituições públicas a EAD era
crescente e inúmeras pesquisas certificavam sua qualidade, como mostra uma
pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos
Educacionais - Inep, o desempenho dos alunos do ensino a distância, na média
geral, é melhor que o dos alunos presenciais. Comparando-se alunos com os
mesmos perfis, as notas alcançadas por eles no Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes- ENADE de 2005, 2006 e 2007 (alunos à distância
e presenciais) são praticamente idênticas (O Estado de S. Paulo de 19/7/09, p.
A21).
Em relação a avaliação da EAD temos como fonte MEC,SESU 2002,p23 a
avaliação será igual a presencial observando suas peculiaridades,o que foi
reforçado em BRASIL,2005 art 16 quando falamos no sistema de avaliação da
educação superior nos termos da Lei 10861 de 14/4/04 aplica-se integralmente
a educação superior a distância.Já sobre o credenciamento,deve-se comprovar
excelência da instituição e suas produções, observar a proteção de mercado
obedecendo a territoriedade geografia e institucional, oferta de 20% da carga
horária semipresencial na graduação presencial, a manutenção de momentos
presenciais exigidas para avaliação e a qualidade do ensino.
A Universidade Aberta do Brasil-UAB foi criada em 2005 pelo MEC com a
finalidade de articular e integrar um sistema nacional de educação superior à
distância em caráter experimental, visando sistematizar ações, programas,
projetos, atividades pertinentes a políticas públicas voltadas para ampliação e
interiorização da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil,
fundamentada na constatação de que apenas 10% de jovens entre 18 a 24
anos estão nas Universidades e, a EAD surge para acolher quem não pode
participar da escola regular presencial. Para tal, é preciso parcerias com
universidades públicas e consórcios públicos em todas as esferas
governamentais. Ao se interessar pelo programa, a prefeitura procura a
secretaria de estado e educação ou o Distrito Federal e organiza pólos
presenciais, focalizando levar ensino de qualidade aos que não tem
oportunidade para que se qualifiquem para o mercado de trabalho e para
transformação social.
123
Ministério da Educação e Cultura-MEC afirma que a modalidade EAD
possibilita ao discente a auto aprendizagem com mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados e apresentados, com diversos
suportes de informática e meios de comunicação integrados com a vantagem
de escolher hora e local, ritmo de estudo e desvantagem do isolamento. O
MEC estabelece referenciais de qualidade para educação superior EAD em um
documento elaborado pela secretaria EAD do MEC em 2003, reestruturado em
2007 passando a orientar todas as Instituições de ensino superior seus alunos,
professores, técnicos, gestores para usar a modalidade EAD com qualidade,
levando em conta a equipe multidisciplinar, a interação, recursos e infra-
estrutura.
No governo LULA foram feitas inúmeras análises de políticas públicas das
Instituições de Ensino Superior. A Associação Nacional de Pós Graduação em
Educação-ANPED apontou o uso demasiado da EAD na formação docente do
ensino básico, o que poderia ser uma estratégia do Banco Mundial e da
Organização Mundial do Comércio para privatizar o ensino superior. Em
documentos do MEC e em trabalhos especializados (VIANNEY ET AL
2003,Maia 2002) foi constatado que 77% dos cursos EAD ofertados eram de
licenciatura infantil e que usavam uma metodologia tradicional, com pólos
próximos aos alunos. Também foi apontado que instituições públicas,
consórcios e rede de projetos específicos como Centro de EAD do RJ-CEDERJ
eram credenciados pelo MEC, citaram também a questão de várias instituições
serem cadastradas em mais de uma rede,como por exemplo a Universidade
Federal Fluminense-UFF vinculada a UNIREDE e a CEDERJ e não havia
dados para avaliar se as disciplinas EAD eram oferecidas de acordo com a
portaria 2253/2001 MEC na qual 20% das disciplinas deveriam ser EAD, vale
ressaltar que muitas instituições particulares usam para alunos com
dependência em disciplinas-segundo fontes informais, o que acabou
marginalizando este sistema sendo difícil avaliar a intenção o e impacto na
educação.
O MEC começa a pensar na regulamentação da EAD em 2002, concluindo em
2005,contemplando a abertura de mestrado e doutorado aprovados e
regulamentados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino
Superior-CAPES que ao constatar uma ameaça na qualidade do ensino devido
124
o advento dos cursos estrangeiros EAD define a territoriedade e a quantidade
de pólos que as instituições podem ter e sua avaliação individual para frear tal
situação (art 25 e 26), a possibilidade das instituições de pesquisa científica e
tecnológica pública ou privada de comprovada excelência e produção serem
credenciadas para oferta de especialização (art 9), manutenção de momentos
presenciais para avaliação,estágio,laboratórios,defesas de trabalhos (art 1),
oferta de 20% da carga horária semipresencial (portaria nº 4059 de 10/12/04)
que já conta com uma proposta de ampliação no trabalho apresentado no XII
Congresso Internacional da ABED pelo profº Moran “vale a pena redescutir
este percentual, equilibrando virtual e presencial de acordo com a área de
conhecimento e situação específica”, reforçando a discussão sobre a reforma
universitária.
Em 2006 MEC faz um projeto de regulação,supervisão,avaliação das
instituições de ensino superior-IES e graduação no sistema federal de ensino.
O Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância- ABRAEAD
da Associação Brasileira de Educação a Distância-ABED publicado pelo
Instituto Monitor em 2005, fala dos números crescentes da EAD no Brasil nos
cursos de pós-graduação (MEC/SESUb), graduação (MEC/SESUa), cursos
técnicos e de formação complementar, ressalta a qualidade e a metodologia
adotadas, demonstra a baixa evasão (ABED 2006) e suas potencialidades de
ensino de massa. O MEC basea-se no Censo 2004 e em sites de IES para
falar sobre a aceitação e utilização do modelo semipresencial em disciplinas
dos cursos presenciais.
Hoje, os jovens e adultos procuram cada vez mais a modalidade EAD, devido à
versatilidade e flexibilidade, e as IES buscam o seu credenciamento sendo as
públicas para graduação de cursos de licenciatura e as particulares na oferta
de pós graduação, uma vez que não se pode mais duvidar da qualidade desta
modalidade e ensino.
A nova sala de aula, seus colaboradores, ferramentas e desafios
A modalidade de ensino a distância-EAD está cada vez mais se adequando as
tecnologias, uma prova disto é que o espaço da sala de aula foi estendido para
125
laboratórios e ambientes virtuais, trazendo novos desafios para as instituições
de ensino e para os docentes.
Oliveira (2011) expõe que a figura da sala de aula não se materializa no tempo
e no espaço, mas isso não quer dizer que este ambiente não exista. Apenas
adquire função diferenciada para esta modalidade de ensino. Também por isso,
é importante que o docente/tutor ofereça um suporte cognitivo, afetivo, social,
administrativo, motivacional, pedagógico aos estudantes, que são amparados
pela instituição. Desta forma, docentes/tutores e alunos, constroem o
conhecimento, que é o principal objetivo de toda educação, não só da EaD.
Levando em conta a citação de Oliveira, cabe a instituição uma nova infra-
estrutura com laboratórios de informática, rede de banda larga para acesso a
internet, rede wi-fi, biblioteca e plataforma virtual, ambientes virtuais de
aprendizagem-AVA para realização de aulas online, vídeo conferência e
pesquisas, recursos multimídias (TV, rádio, data show, som, caixas de som,
microfones), materiais tradicionais (apostilas, livros), biblioteca reformuladas
para receberem as inovações tecnológicas, catracas eletrônicas, confecção de
uniformes com chips, sem deixar de lado os espaços básicos e propícios para
o desenvolvimento de todas as habilidades dos alunos, os quais devem se
adaptar as tecnologias e as exigências de “pais super informados e exigentes”,
inclusive com câmeras para transmitirem aos pais em tempo real tudo o que
acontece com os filhos, o que exige um alto investimento. A instituição
necessita proporcionar cursos para funcionários, equipe pedagógica e
administrativa, para estes utilizarem os espaços e as tecnologias a serviço da
educação, em especial os docentes que iram lidar com AVA, presença
eletrônica e utilização de metodologias interativas, nas quais quadros
tradicionais dão lugar a quadros digitais, as folhas de atividades dão lugar aos
arquivos, as discussões dão lugar aos chats, fóruns...
A equipe pedagógica precisa disponibilizar em seu planejamento curricular
flexibilidade para integrar, tempo presencial e a distância, dar suporte ao
docente e discente nesta nova forma de ensinar e aprender, na qual todos
colaboram ativamente fazendo com que os alunos não reclamem mais da
rigidez de horários, falta de contexto e abuso de autoridade e estimule o
docente a estar atento às ferramentas e inovações tecnológicas, utilizando-as
com segurança na construção criativa de sua aula virtual. Mas, quem é
126
responsável pela gestão pedagógica EAD? Segundo o programa de
capacitação: gestão e docência em EAD do MEC, a gestão pedagógica do
curso EAD é exercida por um Colegiado constituído de coordenador do curso,
coordenadores de equipes e professores indicados conforme o regulamento
institucional que orienta os cursos de graduação à distância.
A internet que nos dá informação em qualquer hora e lugar faz da escola,
responsável por organizar e certificar o processo de ensino-aprendizagem que,
hoje conta com várias fontes, informações e visões de mundo e tem no docente
o seu principal mobilizador.
Num mundo globalizado, que derruba barreira de tempo e
espaço, o acesso à tecnologia exige atitude crítica e inovadora,
possibilitando o relacionamento com a sociedade como um
todo. O desafio passa por criar e permitir uma nova ação
docente na qual professor e alunos participam de um processo
conjunto para aprender, de forma criativa, dinâmica e
encorajadora, e que tenha como essência o diálogo e a
descoberta ( Behrens 2000, p. 78).
Baseado na citação de Behrens, os docentes devem estar preparados para
nova forma de ensinar que conta com a nova sala de aula equipada e com
múltiplas funções, ampliada para laboratórios (pesquisa), e ambientes virtuais
de aprendizagem. O docente precisa integrar o tempo presencial e o tempo à
distância com planejamento, criatividade e flexibilidade, não pode apenas falar
para ilustrar conteúdo, deve provocar desafios, contextualizar, estar conectado
as tecnologias, aos novos recursos para programar sua aula, utilizando-os com
autonomia para que o aluno sinta-se privilegiado por ter um profissional que
prepare seu material e valorize seu tempo disponível para aprendizagem.
Conhecer o estilo de aprendizagem do discente dá ao docente a possibilidade
de adequar seu planejamento e metodologia tornando-os significativos.
Existem várias teorias que explicam o estilo de aprendizagem, mas o inventário
de estilo de aprendizagem de Felder / Silverman(ILS) é o mais adequado para
quem trabalha com as TICs. Desenvolvido no North Carolina State University,
este modelo classifica os estilos de aprendizagem em quatro dimensões, com 2
estilos de aprendizagem opostos, em cada uma: ativo (aprende praticando,
prefere trabalhar em grupo), reflexivo (aprende refletindo, prefere trabalhar
127
individualmente), racional (prático, busca fatos e procedimentos), intuitivo
(inovador, busca teorias e significados), visual (prefere a representação visual
do material - imagens, fluxogramas), verbal (prefere explicações escritas e
faladas) seqüencial (linear, ordenado, aprende através da execução de
pequenas etapas) e Global (pensamento sistêmico, aprende através de
insights). (Cavellucci). Com base no levantamento do estilo de aprendizagem
dos discentes, o docente poderá repensar sua prática, sua relação com o aluno
e sua forma de orientá-lo.
Lançando mão da abordagem paulofreireana, na qual os dois lados (docente e
discente) aprendem juntos, um com o outro é necessário uma relação de afeto,
para que todos se expressem e aprendizagem seja significativa. O docente
orientador deve valorizar o conhecimento prévio do discente pesquisador e o
relacionar com a teoria a ser desenvolvida, o que exige um planejamento
prévio e uma atualização constante, uma vez que a informação é modificada a
todo o momento. O processo de ensino aprendizagem EAD se dará em um
ambiente colaborativo, de confiança e respeito, por isso cabe ao docente
responder sempre todos os correios eletrônicos enviados, uma vez que estes
são a maior forma de relacionamento no ensino a distância e motiva o aluno a
trocar com o docente suas descobertas. Precisa orientar os alunos em suas
pesquisas realizadas em laboratório ou na internet, usar a internet para postar
atividades à distância, acompanhar a integração teoria e prática construídas
pelo aluno para encontrar a lógica entre o caos da informação, questionar,
superar dificuldades, avançar em relação ao modelo tradicional de ensino,
pronto e fechado de conhecimento, avaliar cada etapa de compreensão,
reflexão, produção e aplicação do conhecimento adquirido pelo aluno e não
apenas utilizar avaliações tradicionais, únicas e pontuais, uma vez que a
avaliação deve mostrar não apenas o desempenho estatístico, mas a
interação, e o contexto em relação ao objetivo do curso, dando suporte aos
conteúdos, visando alcançar resultados traçados com uma linguagem adaptada
ao público e a modalidade de ensino.
A partir da leitura de Ferrari (sem data), podemos elencar ao docente EAD
algumas competências, também, de acordo com o mestre da educação
libertadora: Paulo Freire: postura política, onde o docente desenvolve o espírito
crítico dos discentes, fazendo-os pensar autonomamente e entender a sua
128
realidade de forma libertadora; valorizar e conhecer a cultura e a história do
aluno; estar sempre em formação, rigorosa e permanente, uma vez que, tudo
se transforma, por isso o conhecimento e aprendizado precisam ser contínuos
e ser coerente, preconizando, na educação, valores e a ética que o docente
preconiza na vida, relacionando-se com os alunos de forma coerente, sincera,
como se relaciona com as demais pessoas de seu círculo social.
Segundo Leal, Machado, Molina e Reis o docente EAD precisa evitar
transformar o ambiente EAD em terapia de grupo, desconsiderar o
conhecimento prévio do aluno não permitindo sua autonomia e utilizar práticas
de ensino e avaliações tradicionais. Machado afirma que o papel docente é
fundamental para o sucesso do curso EAD, por isso deve dominar os recursos
da AVA, ser simpático e disponível, ser organizado e claro em relação às
atividades postadas, usar material, linguagem e método adequados a EAD,
estimulando o discente a desenvolver a autoaprendizagem e trabalhar
conjuntamente com o tutor.
O termo tutor, em EAD, tem o sentido de orientador pedagógico ao discente
isolado, que está fisicamente distante do docente. Precisa trabalhar em
conjunto com o docente para evitar falhas no processo de aprendizagem. Será
o mediador da relação discente com a construção do conhecimento e com o
material didático. Para Oliveira (2011), o tutor precisa dominar as ferramentas
tecnológicas e ensinar o discente a utilizá-las, por ser um facilitador do
processo de aprendizagem, promovendo um ambiente criativo, colaborativo
que estimule os discentes a serem interativos entre si, compartilhando suas
experiências, aprendizado e conhecimento, permitindo um olhar humanizado
sobre a EAD.
Na modalidade à distância, o material didático leva em consideração
prioritariamente, o público-alvo e seu contexto sócio-histórico diferenciando-se
da modalidade presencial. Para produzir tal material é necessário realizar um
levantamento relacionado ao nível de ensino-aprendizagem do público-alvo,
perfil dos usuários (discentes, docentes, gestores, técnicos), formas de
mediação (tecnologia e mídias), o projeto político pedagógico-PPP (diretrizes,
características, contexto, objetivos, pressupostos teórico-metodológicos,
conteúdo, formas e instrumentos de avaliação). Em seguida, deve ser
129
realizada uma pesquisa acerca do material a que se propõe construir, levando
em conta: o conteúdo (teorias, conceitos), os textos (objetivos e clareza), os
elementos visuais (livros, revistas, gráficos), os elementos audiovisuais (filmes
e vídeos), os elementos informáticos (internet), os elementos sonoros
(gravações de áudio e programa de rádio) e a seleção de material (importância,
possibilidades de utilização, dificuldades e facilidades, ordenamento por
módulos independentes possibilitando o estudo não sequencial). A equipe
encarregada da produção do material didático é composta por profissionais das
mais diversas áreas do conhecimento, com várias funções e tarefas. Assim,
dentre estes profissionais está o professor-autor que realiza a pesquisa,
desenvolve o conteúdo, organiza e propõe dinâmicas, recursos e atividades a
serem desenvolvidas no curso. Profissionais da área tecnológica,
programadores, o suporte técnico, a equipe de impressão e reprodução do
material e a equipe de avaliação, responsável pelos ajustes finais, sendo este
trabalho conjunto responsável por dar vida ao conteúdo que será trabalhado na
EAD.
Além do material didático, a sala de aula virtual deve ser organizada, clara e
objetiva, oferecendo ao aluno os caminhos para que os objetivos do processo
educativo sejam atingidos. O docente precisará mantê-la constantemente
atualizada, disponibilizar textos interativos, apresentar temas a serem
estudados e atividades a serem desenvolvidas, por meio da utilização de
ferramentas que viabilizem o alcance dos objetivos determinados pelo curso e
potencializem os objetivos de aprendizagem.
Como o processo de aprendizagem abrange o
desenvolvimento intelectual, afetivo, o desenvolvimento
de competências e de atitudes, pode-se deduzir que a
tecnologia a ser usada deverá ser variada e adequada a
esses objetivos. Não podemos ter a esperança de que
uma ou duas técnicas, repetidas à exaustão, dêem conta
de incentivar e encaminhar toda a aprendizagem
esperada (MASETTO, 2000, p.143).
Utilizar variadas ferramentas, e não apenas um recurso, como afirma Masetto,
contribuirá para o sucesso da aprendizagem, esgotando as possibilidades que
130
levem o discente a compreender os caminhos da autoaprendizagem ou da
autonomia que a aprendizagem deve proporcionar.
O discente EAD possui algumas características próprias que são necessárias
para estimular a percepção e a cognição do mesmo com a finalidade de
prender sua atenção por longos períodos de estudo, diferentemente do
discente do ensino presencial, que tem todo um ambiente ao alcance dele. Em
respeito a este assunto, o presidente da Associação Brasileira de Educação a
Distância-ABED, Frederic Michael Litto em uma entrevista dada à folha on-line
para a repórter Camila Marques em 2004 admitiu que a modalidade EAD "não
é para todos". Pois segundo ele: “O aluno que precisa do professor ao lado
dele, cobrando ou elogiando, não é bom para educação a distância. É
preferível um aluno um pouco mais maduro, autônomo. E que cumpra os
prazos.”
Assim como o presidente da ABED, o mundo acadêmico tem refletido sobre
quem é o discente EAD, o que podemos constatar com esta pesquisa é que,
geralmente são adultos de ambos os sexos, pois uma aprendizagem, que se
dá em qualquer lugar e a qualquer hora, permite-lhes continuar trabalhando em
turno integral sem deixar de dar também atenção à família, são autodidatas,
organizados e que buscam qualificação.
“O aluno on-line ‘típico’ é geralmente descrito como
alguém que tem mais de 25 anos, está empregado,
preocupado com o bem-estar da comunidade, com
alguma educação superior em andamento, podendo ser
tanto do sexo masculino quanto do feminino.” (GILBERT,
2001, p.74 apud Pallof e Pratt 2004).
A este “típico” discente EAD, cabe conhecer e dominar as tecnologias e suas
ferramentas, conciliar afazeres e atividades EAD, estarem abertos a interação
virtual docente e a metodologia EAD, buscar conhecimentos além dos
propostos, terem autodisciplina e se comprometerem com uma
autoaprendizagem continua evitando a evasão por estranhamento com o
método, por achá-lo difícil ou por achar que o material de estudo e os recursos
são escassos, colaborar com o processo de aprendizado lançando mão de
seus conhecimentos prévios relacionando-os aos conhecimentos trabalhados
nas aulas, interagir com os demais discentes trocando experiências de
131
pesquisa, aplicação, produção e avaliação do conhecimento construído.
Trabalhar com o tutor/docente suas dificuldades e desenvolver suas
potencialidades. Assumir seu papel de discente pesquisar consciente de que
assim o será por toda a vida, uma vez que tudo se modifica diariamente e estas
mudanças serão sempre estimuladoras de novas pesquisas.
Considerações finais
As tecnologias fazem parte de nosso cotidiano e chegaram à educação sendo
necessário que toda comunidade escolar, em especial docente e discente as
dominem e usem com criticidade e criatividade. É sabido que o ciclo de vida
dos produtos tem sido cada vez mais rápido nos incentivando ao consumo
exacerbado, por isso, não devemos consumir novas tecnologias,
desenvolvendo formas de ensinar consideradas modernas apenas por usá-las,
pois desde a criação da EAD foram desenvolvidos: guias, mídias
radiotelevisivas, equipamentos eletrônicos, rede de satélites, correio eletrônico,
internet e percebemos que a simples utilização não garante a qualidade da
aprendizagem, mas amplia a interação com o conhecimento.
Percebemos também que não podemos escolher uma única tecnologia para
todas as situações de aprendizagem, devemos identificar as necessidades
educacionais, conhecer a realidade e o objetivo do aluno bem como o conteúdo
a ser abordado. Vimos também que as ferramentas e recursos são o canal de
comunicação com o discente devendo estar de acordo com o objetivo proposto,
levando-o a desenvolver a visão critica e a curiosidade pela pesquisa. Foi
ressaltado que o material didático deve ser elaborado pelo docente
(especialista), por um revisor gramatical e editorial, um design, equipe gráfica,
construído por módulos independentes permitindo ao discente o seu estudo
não seqüencial, usando uma linguagem simples, leituras diferenciadas, que
proponham atividades prazerosas e desafiadoras como: solução de problemas,
estudo de caso, construção de projetos e que a avaliação seja continua e na
aplicação do conhecimento construído.
É muito importante saber que as tecnologias estão sempre evoluindo e se
atualizando e que a questão fundamental da educação é o desenvolvimento
132
humano, por isso devemos pensar primeiro em educação de qualidade no
ensino de massa e depois nas tecnologias a seu serviço.
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136
Ser Tutor-Educador no
Âmbito da Educação à Distância Ana Paula da Silva Conceição Oliveira
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a Especialista em Tecnologia Educacional pela AVM-Faculdade
Integrada (2010), Ana Paula da Silva Conceição Oliveira é
graduada em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá
(2007). Atua desde 2002 como professora de Tecnologia
Educacional e desenvolve projetos nesta linha, incluindo a
Robótica como ferramenta de ensino-aprendizagem. Atua ainda
como professora do Estado do Rio de Janeiro, ministrando
disciplinas pedagógicas para o curso de Formação de
Professores (Ensino Médio). Atualmente também é professora
auxiliar da AVM - Faculdade Integrada no Curso de Docência do
Ensino Superior onde atua no NIEP/AVM - Núcleo
Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas da AVM Faculdade
Integrada, desenvolvendo estudos na área de Tecnologia
Educacional.Encontra-se cursando a especialização de Gestão
em EaD no Lante (Laboratório de Novas Tecnologias
Educacionais) da Universidade Federal Fluminense.
RESUMO:
Em meio a uma realidade repleta de informação, na qual diferentes mídias e
tecnologias surgem diariamente, este estudo enfoca a importância da
educação a distância na sociedade da informação e a necessidade de repensar
as práticas estabelecidas nesta modalidade, que muito tem a contribuir no
processo formativo dos cidadãos. Em um primeiro momento faz uma reflexão
sobre até que ponto a EaD de fato tem contribuído para a promoção de uma
aprendizagem que vá além da mera transmissão de informações ou se este
processo educacional reprodutor continua existindo disfarçado sob uma
roupagem tecnológica. Em um segundo momento analisa as principais
características e o papel do tutor-educador na promoção de uma aprendizagem
efetivamente colaborativa e eficaz.
Palavras-Chave: Educação a Distância, Tutor-Educador e aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO:
Analisar o papel da educação a distância nos induz a uma dupla reflexão: em
primeiro lugar sobre a necessidade de ampliação da aprendizagem e da
137
formação continuada dos cidadãos e de outro de uma compreensão da EaD
como uma ação que não se restringe a práticas conservadoras de ensino indo
além da mera transmissão de informação, como lembrado por Valente (2003)
ao sublinhar diferenças entre informação e conhecimento.
Autores como [1] Davis & Botkin (1994) diferenciaram informação, enquanto
dado bruto, de conhecimento. A informação se referiria a uma organização de
dados estabelecidos e o conhecimento como a interpretação feita por cada
indivíduo perante a informação apresentada; ou seja, a sua compreensão e
construção diante da informação. Ambos os autores criticam o ensino
tradicional e fragmentado, relativo a transmissão do conhecimento e nos leva a
enxergar o ensino eficaz rumo a aprendizagem a partir de uma ótica
maximizada, em que sua abordagem é a da construção do conhecimento. Algo
que consideramos essencial nas relações e práticas estabelecidas na EaD que
tem, desde a sua origem, se comprometida com a inclusão social e a promoção
da justiça social.
A fim de conquistarmos uma educação real que alcance esses objetivos e não
uma EaD de “faz de conta”, identificamos a necessidade de algumas reflexões
frente aos desafios desta modalidade. O primeiro desafio refere-se às
configurações mais recentes que tem composto o espaço virtual: Será este, de
fato, um espaço de transposição do ensino tradicional? Será este, de fato, um
espaço de educação ou simplesmente de ensino e ou transmissão de
informação? Que papel tem assumido o tutor-educador para que a EaD não
seja apenas mais uma forma de promover a transmissão de informação
disfarçada sob uma nova roupagem tecnológica?
Os questionamentos acima instigaram a realização deste estudo que se
conduziu através de uma ampla pesquisa bibliográfica que nos aproximasse da
realidade presente na EaD e dos paradigmas relativo a este enfoque que nos
levam a buscar possíveis soluções que minimizem as angústias, os fracassos e
insucessos das práticas e formatos de EaD descomprometidos com uma
verdadeira proposta de educação. Do mesmo modo, defendendo o que aponta
[2] Morais (2005), se as polêmicas e questionamentos sobre o fato do tutor ser
ou não professor continuam, parece não haver dúvidas de que o tutor é
inquestionavelmente um educador.
138
2. REFLETINDO SOBRE PRÁTICAS ESTABELECIDAS EM EaD:
Ao falar em virtualização da escola tradicional, [3] Valente (2003) nos leva a
pensar na práxis realizada na modalidade da educação a distância que muitas
vezes aparece como um extensor da educação presencial. Ferramentas
tecnológicas do século XXI que se apresentam adaptadas ao modelo de ensino
do fim do século XIX. Surgem novas ferramentas, diferentes tecnologias e a
internet que pode contribuir de forma significativa no processo educacional,
mas em contrapartida mantêm-se os velhos e tradicionais modos de ensinar,
uma espécie de ranço que insiste em continuar na educação sob uma
roupagem diferente.
Como denuncia [4] Kenski (2002), infelizmente, o modelo de professor e o papel
do mesmo se utilizando das novas tecnologias da informação e da
comunicação (TICs) é o de transmissor de informação, o de reprodutor da
educação bancária apontada por [5] Freire (2001), em que ao aluno e ou
aprendiz compete apenas receber as informações e memorizá-las sem
nenhuma contextualização e ou construção do conhecimento. Assim como
ocorre no âmbito do ensino presencial, essa situação é, na verdade, um dos
elementos mais significativos para a construção um clima frio e distante,
passivo do distanciamento e desinteresse do educando e que só contribui para
a evasão do aluno da EaD.
A construção do conhecimento pode e deve ser estimulada através criação de
situações em que exista um acompanhamento e assessoramento contínuo do
educando, em que o mesmo possa ser desafiado a buscar novas informações,
transformando-as e aplicando-as a sua realidade. A partir de uma perspectiva
relacional transformadora, podemos destacar o papel do professor, e
particularmente do tutor-educador, como um agente de fundamental
importância para superação deste desafio, através de uma prática
promovedora de situações de interação com o aluno como atividades
colaborativas e exercícios que estimulam o aluno a refletir criticamente sobre
os conteúdos analisados e expor suas ideias democraticamente.
Neste sentido, a internet se apresenta como um espaço que possibilita
situações para uma interação entre professor, tutor e aluno, tornando possível
um acompanhamento intenso de todo o processo de construção do
139
conhecimento. A frieza do convívio virtual é transformada na medida em que os
tutores-educadores promoverem atividades interativas, incentivos à
participação e fundamentalmente apresentarem-se presentes, mesmo
virtualmente. Estabelecer uma relação de proximidade com o aluno, de
acompanhamento mútuo é o primeiro passo para promover o estímulo
necessário para uma aprendizagem significativa.
Qualquer tipo de aula em qualquer âmbito (presencial ou distância) em que
professores transmitem informações, apresentam-se como detentores do saber
e não se relacionam com seus alunos, delegando aos mesmos apenas a
visualização e ou audição e memorização não promovem aprendizagem, pelo
contrário, provocam um distanciamento do conteúdo, do professor e um
desânimo generalizado e crescente.
Não se descarta nesse contexto, a importância das concepções pedagógicas,
pelo contrário, é preciso respeitar as especificidades de cada uma delas e
entender que a educação acontece de diferentes formas sem a necessidade de
extremismos, onde uma determinada tendência é vista como a única redentora
da Educação. Toda a equipe pedagógica, com destaque para os tutores-
educadores devem respeitar e favorecer os princípios de cada concepção e
sua importância no processo ensino-aprendizagem, conhecimento-informação,
educador-educando, tutor-educando e educando-educador em que ao
estabelecer-se uma relação verdadeiramente colaborativa, estaremos
desenhando uma educação com excelência em todos os seus aspectos.
Pensando no aluno que busca a educação a distância como solução para sua
formação, observamos como [6] Carvalho (2007), o quanto se faz necessário
modificar as práticas desta modalidade e ampliar as possibilidades para este
aluno que deseja o preenchimento e satisfação de suas expectativas. Missão
esta muito importante, no qual ampliar possibilidades e desvendar novas
formas de aprender torna-se fundamental para todos os envolvidos. Nesse
sentido, cabe relembrar a necessidade de transformação de comportamento,
em que não há receitas prontas para o ato de educar e o ambiente virtual não
deve ser uma transposição do ensino tradicional e ou verbalizador, pelo
contrário, deve ser interativo, instigante, dinâmico, tudo isso permeado pelo
educador-educando, seja na pessoa do professor, seja na pessoa do tutor que
desencadeará na formação de novos educandos.
140
Sobre este aspecto, [7] Carvalho (2007) ressalta que a história escolar do aluno
de EaD foi vivenciada em uma realidade tradicional, em que a aprendizagem
estava focada nos processos mecânicos de memorização e repetição. Assim
sendo o tutor-educador é convidado a romper com esta realidade e gerenciar a
dinâmica dos estudos e organização das atividades para que este aluno supere
o ensino arcaico e assuma uma relação de aprendizagem autônoma e
construtiva.
3. O PAPEL DO TUTOR-EDUCADOR NA EaD:
Respondendo aos questionamentos de [8] Maggio (2001) sobre quem seria o
tutor e qual seria a especificiadade de seu trabalho, este estudo parte do
princípio de que o tutor é acima de tudo um educador no âmbito da EaD. A
tutoria não é mais um cargo na EaD, e sim um espaço de mediação entre
professores e alunos e dos alunos entre si. Um profissional que enxergue a
EaD como uma modalidade ímpar de aprendizado através de espaços de
discussão como nunca se havia visto na história da Educação ([9] Leal, 2004).
Da mesma forma como denuncia [10] Emerenciano et al. (2012) é preciso se
acautelar do uso indiscriminado do termo tutor, muitas vezes utilizados de uma
forma ampla no seu sentido mais geral, ou seja tutor é aquele que ampara,
defende ou tutela alguém. É preciso enxergar o tutor-educador com um dos
principais protagonistas na promoção de uma EaD verdadeiramente
significativa e dinâmica. Tais autores defendem que quatro aspectos
fundamentais do tutor, que se aplicam perfeitamente a concepção de tutor-
educador defendida nesse estudo. Seriam estas: a) capacidades (de
conhecimentos teórico-práticos - técnicos ou não -; b) valores
(responsabilidade social, solidariedade, tolerância e outros); c) atitudes
(promoção da educação inclusiva, da justiça social, da promoção ambiental e
outros) e por fim de d) disposição (para tomar decisões e continuar
aprendendo).
Fica claro a partir da consideração de tais aspectos – ainda que no plano ideal
- que a missão do tutor-educador não é da mais simples, uma vez que esta se
refere diretamente a promoção de uma EaD verdadeiramente transformadora;
favorecer a construção de ambiente virtual para que o aluno consiga
141
desenvolver-se a partir de uma nova perspectiva relacional, na qual aprender a
aprender será uma competência a ser desenvolvida e exigirá muita flexibilidade
de ambas as partes. Um desafio para toda a equipe pedagógica que nesta
transição do processo ensino-aprendizagem demandam uma estrutura muito
bem organizada em que a gestão norteará os meios e fins para uma EaD bem
consolidada.
Em um mundo totalmente globalizado, no qual cada indivíduo é convidado a
participar de todas as decisões concernentes à sua vida; um mundo imerso em
equipamentos tecnológicos que diminui distâncias entre os seres e faz surgir
novas tecnologias na educação, e fundamental que estes aparatos auxiliem a
promoção de uma educação libertadora, especialmente em EaD, modalidade
que se caracteriza pelo uso das novas TICs.
A EaD deve ser estimulada a partir de um ambiente criado para uma
aprendizagem rica em recursos, possibilitando aos cidadãos a construção do
conhecimento, trazendo-lhes as condições necessárias para que cada um
possa oferecer o melhor de si. Nesta modalidade o tutor-educador é chamado
a desenvolver as potencialidades do aluno e a favorecer didáticas que envolva
conhecimentos e realidades que capacitem o cidadão a não só compreender a
realidade que o cerca, mas para transformá-la em diferentes aspectos.
Entendemos o papel do tutor não como o de um mero transmissor do
conhecimento e sim, um mediador que orienta o aluno e o instiga a gerir novas
formas de pensar, propiciando então, possibilidades para a produção de novos
conhecimentos. Esse profissional deve legitimar o compromisso com a
formação de alunos e estabelecer um acompanhamento e comunicação entre
os mesmos, evitando uma possível desistência, já que alguns dos educandos
escolhem a modalidade da EaD pensando que por terem dificuldades
relacionadas a administração do tempo conseguirão concluir o curso de uma
maneira “mais fácil”.
Torna-se concernente ressaltar a necessidade do tutor-educador investir em
sua formação acadêmica e garantir através de uma ação didático-pedagógica
uma relação teoria e prática mais consistente em seu cotidiano. [11] Morais
(2005), ao elencar os elementos que precisam fazer parte da formação do
tutor, destaca importantes competências técnicas específicas referentes aos
processos de acompanhamento e condução dos aprendizes de educação a
142
distância tais como: o pleno domínio da plataforma, bem como das ferramentas
e mídias disponíveis através da mesma, da comunicação verbal escrita (por um
lado clara e precisa, por outro afetiva e cautelosa). Ainda segundo esta autora
(2005), dentre as habilidades mais difíceis e desejáveis a um tutor estariam as
competências pessoais e relacionais. E justamente aí que residiria o diferencial
que transforma o processo solitário de aprendizagem a distância em uma
aprendizagem rica e significativa.
Temos assistido um crescimento da oferta de programas de formação na área,
não sendo difícil achar na internet cursos se dedicando a capacitação de
tutores. Entretanto nem sempre tais ofertas contemplam o treinamento das
habilidades acima destacadas, especialmente as que se referem às
competências pessoais, que por mais relação que tenham com características
de personalidade do futuro tutor-educador, também podem ser aprendidas e
aperfeiçoadas.
Preparados para lidar com diferentes desafios, os tutores precisam gerenciar
um convívio harmônico e estimulante, em que diversas capacidades devem ser
desenvolvidas, a primeira delas é conscientizar os alunos de que o tempo será
uma necessidade primordial na EaD, tempo este que é distinto do cotidiano das
aulas presenciais, mas nem por isso deixa de ser um fator essencial. A
tecnologia aqui é uma forte aliada para quebrar fronteiras e não minimizar
aprendizagens.
4. CONCLUSÕES:
A EaD é muito mais do que postagens de textos e atividades a distância, e o
tutor-educador desenvolve um papel muito importante nesse processo: é um
profissional comprometido com a aprendizagem do aluno, que estabelece
diálogos, promove debates, estratégias e organiza situações didáticas afim de
fazer ligações entre teoria e prática educativa.
Conquistar a excelência no fazer pedagógico em EaD, significa compreender a
diversidade dos sujeitos, da complexidade e singularidade do processo de
aprendizagem como também das diferentes teorias educacionais. Atuar em
tutoria neste aspecto, nos faz ir mais além, nos impulsiona a entender o
encantamento do processo de aprendizagem em que apaixonar-se pela
143
atividade docente, principalmente numa relação de distância física, é
imprescindível para uma ação fiel do tutor. É preciso fazer da aula virtual um
espaço real de interação, de trocas de resultados, adaptar os dados a realidade
do aluno que mesmo distante, tem a necessidade e o direito de sentir-se
acolhido e auxiliado a todo tempo.
Como foi possível constatar nos diferentes autores pesquisados, o papel do
tutor-educador é mais do que meramente técnico, ele precisa ser um elemento
presente no processo ensino-aprendizagem: compartilhando com os alunos
estratégias educacionais, trocando idéias e materiais de pesquisa, criando
assim uma forte motivação entre os alunos e par tal precisa ser capacitado e
valorizado como profissional.
Diante das leituras, reflexões e discussões realizadas no decorrer deste artigo,
foi possível perceber que a EaD é uma tentativa de implementar, usando
meios tecnológicos, uma nova abordagem de educação que permita o
processo de construção de conhecimento através das tecnologias
educacionais. Nesta modalidade, o tutor precisa criar estratégias para que
ocorra a interação entre aluno/aluno e aluno/professor, valorizando-se um
trabalho de parceria, elaborando-se situações pedagógicas onde as diversas
linguagens estejam presentes e a emancipação dos saberes aconteça
integralmente.
É possível entender assim que para substanciar um fazer pedagógico com
excelência ainda se faz necessário muitas mudanças nas práticas
educacionais, especialmente na EaD, mas acreditamos que mesmo em
pequenos passos, somos capazes de desvendar novas formas de construir
conhecimento e numa relação contínua de colaboração nos tornaremos
educadores-educandos e educandos-educadores em que professores,
gestores, tutores e alunos consolidarão a vivência tão sonhada em educação.
Uma utopia possível!
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2001.
[9] LEAL, R. A Importância do tutor no processo de aprendizagem a distância.
In: Revista Iberoamericana de Educación. (ISSN: 161-5653), 2004. Disponível
em <http://www.rieoei.org/deloslectores/947Barros.PDF> Acesso em
12/02/2012.
[10] EMERENCIANO, M. et al. Ser Presença como Educador, Professor e Tutor.
Disponível em: <http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?
Documento_ID=81> Textos do 18º Congresso Internacional de Educação a
Distância. ABED, 2012. > Acesso 08/03/2012.
145
A Importância da Presença do
Professor-Tutor de EAD no Processo de
Ensino-Aprendizagem do Discente Virtual Valéria Moura de Souza
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uza Graduada em Pedagogia pela Univer Cidade. Especialista em
Psicopedagogia pelo Instituto a Vez do Mestre Faculdade
Integrada. Tutora em Educação a Distância. (Curso Livre) pelo
Instituto EAD Virtual – Ensino e Pesquisa. Associado a ABED
(Associação Brasileira de Educação a Distância) e PUC Goiás.
E-mail: [email protected]
Resumo
Neste trabalho foi feito um estudo sobre a importância da presença do
professor – tutor de Educação a Distância no processo de ensino –
aprendizagem do discente virtual, as funções primordiais desempenhadas por
este profissional - educador e sua contribuição para a mudança de paradigmas
em um mundo cada vez mais digital. O ensino pautado apenas nas
potencialidades da tecnologia, ignorando a importância do mediador, suas
orientações pedagógicas relativas ao ato de aprender e sua experiência na
estruturação de conteúdos adequados, dificilmente produzirá cursos a distância
com qualidade significativa. O que confirma a importância da atividade de
tutoria como facilitadora da aprendizagem do aluno distante.
Palavras-chave: Educação a Distância; Tutor; Professor; Aprendizagem
virtual.
146
1. Introdução
A Educação a Distância não é uma novidade, neste novo contexto educacional
e tecnológico esta modalidade se apresenta de forma a alcançar os alunos de
forma democrática tanto aqueles que podem recorrer ao ensino presencial e
optaram pela modalidade a distância quanto aqueles que por motivos diversos
não podem estar face a face com o professor.
O tutor de EAD tem a importante função de facilitar o processo de ensino
aprendizagem do aluno distante e fomentar nesses indivíduos o desejo de
prosseguir na busca de mais saberes, o que acarretará nova visão de mundo e
melhor qualificação desse profissional no mercado de trabalho.
A EAD não deve ser comparada como uma modalidade que não necessite
oferecer suporte pedagógico, onde somente os materiais disponíveis aos
educandos por si só solucionem todos os questionamentos e construam sólidos
conhecimentos a cerca do curso escolhido. Pelo contrário, o papel do educador
se torna fundamental no processo de ensino – aprendizagem, pois a interação
e mediatização é o pilar dessa modalidade, demonstrando que o ensino dentro
do formato virtual não produz distanciamento da relação professor – aluno, o
que confirma que este profissional está preparado e disponível para fazer o seu
trabalho.
2. Educação a Distância sem distanciamento educacional
A Educação é um processo que acontece a todo instante, de forma natural e
inerente a todo o ser humano. Ocorre a partir das interações entre os grupos e
que segundo Huberman (1999, p.21 apud PEDROSA, 2003, p. 9), ‘’dura toda a
vida e se leva a cabo tanto formal e sistematicamente dentro de currículos
estabelecidos, como também não formal e informalmente, pelo intercâmbio de
experiências numa vida cotidiana participativa’’.
Nesse contexto, a EAD surgiu a partir da necessidade humana de ultrapassar
barreiras temporais e geográficas no campo educacional. Milhões de pessoas
se beneficiam dessa modalidade de ensino desde o século XIX, onde o contato
era feito por meio da correspondência.
147
O avanço da tecnologia favoreceu a aprendizagem e tornou esta modalidade
de ensino ainda mais rápida e eficiente. Surgiu a Educação à Distância no
ambiente virtual.
A Educação a Distância (MAGGIO, 2001), possui especificidades marcantes e
sua estruturação metodológica em nada pode ser comparada ao ensino
presencial, onde os conteúdos são elaborados para serem lecionados
por um professor, em que a sua presença em sala de aula agrega um conjunto
de informações adicionais, transmitidas através da fala e expressões gestuais.
Caso o conteúdo disponível não elucide alguns questionamentos, o aluno pode
solicitar de forma imediata a presença do professor.
Na EAD, a comunicação não acontece da mesma forma. Há um rompimento da
relação face a face entre aluno, professor e espaço – tempo. Essas rupturas
fazem com que o aluno virtual decida sobre seu processo formativo com certa
autonomia e independência. o entanto, por trás dessa ‘’autonomia’’ e
‘’independência’’, encontra-se alguém denominado “tutor”, fundamental para o
acompanhamento da aprendizagem.
Conforme Preti (1996, p.27), “o tutor, respeitando a autonomia da
aprendizagem de cada cursista, estará constantemente orientando, dirigindo e
supervisionando o processo de ensino-aprendizagem”.
Cabe a esse profissional - docente criar atividades para reflexão, apoiar na
resolução de tarefas, sugerir fontes de informação alternativa, oferecer
explicações complementares que favoreça os processos de compreensão.
Nisso consiste o seu trabalho e o transforma em ‘’farol’’ para o discente virtual
que, em sua maioria, não tem outra forma de suporte social e educacional.
Como afirma Chacón (1999 apud PEDROSA, 2003, p.11), “o educador que
trabalha a distância não é simplesmente um mestre ou professor convertido em
divulgador, mas sim um profissional com conhecimentos e habilidades
específicas” e com funções características como: mediador, explorador,
investigador, facilitador, instigador, problematizador, orientador, articulador e
co-participante do processo de aprendizagem do discente.
Apesar de todos os adjetivos apresentados acima, o tutor não era visto até
poucas décadas atrás como ‘’aquele que ensina’’, pois o ato de ensinar era
sinônimo de transmitir conhecimento, informação e/ou fomentar determinados
148
tipos de comportamentos tidos como aceitáveis dentro da sociedade em que o
aluno está inserido, sendo essa tarefa exclusiva do professor em caráter
presencial e diário. Devido à falta da presença do docente, o ato de ensinar na
Educação a Distância, ficava a cargo dos materiais oferecidos e disponíveis
aos alunos no início do curso. A função do tutor se restringia em garantir o
cumprimento dos objetivos propostos com a finalidade de sustentar o
andamento do processo. A EAD se definia pela mediatização, pela auto-
aprendizagem do aluno, isto é, pelo autodidatismo. Nessa perspectiva, a
responsabilidade pela construção do conhecimento era feita pelo próprio aluno
e o tutor era visto como mero acompanhante, mais do processo do que do
aluno.
Com as mudanças educacionais ocorridas a partir das últimas décadas do
século anterior (MAGGIO, 2001), a Educação a Distância se reestruturou com
o enriquecimento de novas propostas, proporcionando maior agilidade no
estudo de conteúdos, na confecção de projetos educacionais virtuais, na
interatividade, na socialização de saberes, sem desprezar um perfil mais
qualificado do professor – tutor.
Assim, neste novo mundo globalizado, não cabe mais a relação de passividade
do aluno, que dependia da resposta pronta do professor, denominada de
acordo com Freire (2005, p. 68), de ‘’Educação Bancária’’. A relação aluno –
professor é multidirecional. Todos os envolvidos no processo de ensino –
aprendizagem compartilham da mesma experiência educacional, pois trocam
experiências que tem o poder de potencializar transformações significativas na
vida daqueles que não tiveram condições de concluírem seus estudos no
tempo certo (LDB, 2011), para aquele que busca um curso livre ou mesmo
aquele que almeja a continuidade acadêmica. Essa troca tem a possibilidade
de ocorrer no âmbito presencial e também a distância, pois a principal função
da EAD é diminuir as desigualdades sociais e educacionais, proporcionando
acesso ao conhecimento com qualidade e com baixo custo de investimento.
2. A importância do professor – tutor no processo de ensino –
aprendizagem
149
Alguns teóricos acreditam que o processo de ensino-aprendizagem em EAD
não necessita de um mediador para direcionar o aluno, pois a aprendizagem
pode ocorrer sem a presença desse profissional, basta a dedicação do discente
virtual.
Segundo Holmberg (1981, apud BERNAL, 2008), ´´o caráter inovador da
Educação a Distância emana das idéias básicas, podendo ocorrer a
aprendizagem sem a presença do tutor..´´
A afirmação citada acima perde fundamento, pois sempre haverá a
necessidade de um mediador, aquele que direciona caminhos, oferece meios
alternativos de alcance do conteúdo a ser dominado e fomenta a continuidade
do ato de prosseguir adiante.
De acordo com Green; Gilbert (1995, p. 45 apud BERNAL, 2008, p. 70):
As novas tecnologias por si só não dão qualidade, são
simples meios para se alcançar um fim. A qualidade
dependerá, em grande parte, da
qualidade humana de quem elabora e assume o
processo de formação
[...] a tecnologia é uma forma de conhecimento [...] os
objetos tecnológicos carecem de significado se não há
destreza para usá-los,
repará-los, desenhá-los e fazê-los. Essa destreza, a rigor,
não pode ser posta em palavras, É visual, inclui o tato,
mais que verbal ou matemática.
Mas, a questão é: Caso surja uma dúvida, um questionamento, uma nova ideia
a partir do material disponibilizado ao aluno virtual, a quem ele poderá recorrer
para sanar o problema? Se não há a necessidade de um facilitador da
aprendizagem a concepção de Educação a Distância perde seu sentido básico
de interação entre indivíduos e passa a ser apenas estudo independente ou
estudo em casa.
Nas palavras de Mamede; Neves et al (apud Pedrosa, 2003, p. 2):
[...] o termo Educação a distância [...], bem como o de
Ensino a Distância, apresentam uma mesma significação,
ou seja, são processo de ensino – aprendizagem
mediatizados, com um compromisso pedagógico. O
mesmo não acontece com os termos Estudo
150
Independente e Estudo em casa, que designam apenas a
venda de materiais instrucionais, porém, sem um
compromisso de acompanhamento pedagógico.
A importância do tutor nesse contexto educacional – social é fundamental,
porém cabe a este ‘’novo educador’’ competências que lhe
assegurem desempenhar seu trabalho de forma que consiga encaminhar os
discentes à uma aprendizagem significativa.
De acordo com Kenski (2007), o bom tutor precisar ter diversas habilidades,
dentre elas:
*dedicação/comprometimento ao trabalho e às pessoas;
*equilíbrio emocional; conhecimento técnico da ferramenta;
*saber responder dúvidas de forma pertinente, clara e objetiva;
*ter atitudes humildes;
* ser flexível;
*ter interesse no desenvolvimento de sua capacidade técnica e pedagógica;
* comprometer-se com os referenciais educacionais e
* ser educador, promovendo o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender
a conviver e aprender a ser.
Conclusão
A Educação a Distância surgiu como alternativa educacional para a
disseminação do conhecimento sem limites temporais e espaciais e pode se
tornar uma ferramenta de inclusão das classes menos favorecidas ao mundo
da tecnologia e de acesso aos saberes. A disseminação da EAD pode
contribuir para “encurtar” distâncias educacionais, quebrar conceitos
ultrapassados e construir um novo paradigma na educação.
Este novo modelo de ensino-aprendizagem tem alcançado espaço à medida
que os cursos oferecidos têm se mostrado com material de boa qualidade
instrucional, com profissionais, conhecidos como tutores, capacitados e
disponíveis para sanar as dúvidas, minimizar erros e contribuir na construção
desse novo educando cibernético, em um mundo cada vez mais exigente e
competitivo.
O tutor de EAD é tão importante nesse contexto quanto os materiais de
qualidade elaborados pelas instituições, pois é ele quem irá apresentar esses
151
conteúdos aos alunos virtuais no decorrer da vida acadêmica. Não existe
Educação sem interação entre os indivíduos, não há como aprender a
aprender, aprender a ensinar e aprender a ser sem a presença do outro.
Portanto, a importância da presença do tutor de EAD no processo de ensino –
aprendizagem do discente virtual, refletida neste artigo, propõe que esse
profissional tenha por parte dos envolvidos no campo da EAD um
reconhecimento do seu trabalho, haja vista a importância de sua função.
Referências:
BERNAL, Edith González. Formação do Tutor para a Educação a distância:
fundamentos epistemológicos. Ecco: São Paulo, v.10 n.1, p.55-88. Jan/Jun.
2008.
CARNEIRO, Moaci Alves. LDB Fácil: leitura crítico – compreensiva, artigo a
artigo. 18ed. atualizada e ampliada - Petrópolis, RJ: vozes, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2005.
MAGGIO, Mariana. O Tutor na Educação a Distância in. LITWIN, Edith.
Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda
educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
PEDROSA, Stella Maria Peixoto de Azevedo. A educação a distância na
formação continuada do professor. Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/5109226/A-educacao-a-distancia-na-formacao-do-
professor. Acesso em: 17/11/2012
PRETTI, Oresti. Educação a distância: inícios e indícios de um percurso.
Cuiabá: Nead/IE- UFMT, 1996.
152
Tutoria e Qualidade na
EaD sob a Ótica dos Tutores Silvia Regina Sênos Demarco
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Mestranda em Educação. Tecnologias de Informação e
Comunicação nos Processos Educacionais – UNESA. Previsão de
término jul. 2013.Universidade Gama Filho - POSEAD: Pós-
graduação em Docência em Educação a Distância.Universidade
Gama Filho: Pós-Graduação em Docência para o Ensino
Superior.Faculdade CCAA: Licenciatura e bacharelado em Letras
– habilitação Português/Espanhol).Faculdade CCAA: Licenciatura
e bacharelado em Letras – habilitação Português/Inglês.
Universidade Gama Filho: Graduação no Curso de Arquitetura.
RESUMO
Nos muitos discursos acerca da Educação a Distância (EaD), uma ampla
diversidade de termos é utilizada para se referir ao indivíduo que oferece apoio
diretamente ao aprendiz nessa modalidade. De fato, dentre os vários
profissionais envolvidos na EaD, a figura do “tutor” emerge de formas múltiplas
e, frequentemente, contraditórias. Esta apresentação discutirá um trabalho de
mestrado em andamento que tem como objetivo geral investigar o papel que o
tutor exerce segundo a ótica dos próprios tutores, com foco, em particular, na
relação entre a atuação do tutor e questões de qualidade em EaD. A
complexidade na organização e implementação de programas a distância é
grande, e isto se reflete na literatura da área. Embora as pesquisas ofereçam
uma contribuição ao tema sendo investigado, as abordagens destacam a
especificidade desta função, a capacitação e as habilidades exigidas ao
docente atuante na modalidade a distância, indicando a necessidade de uma
reflexão mais aprofundada sobre o papel e a atuação desses profissionais sob
sua própria ótica. A investigação visa responder as seguintes questões de
153
estudo: (1) como os tutores caracterizam seu papel e práticas, e que relações
vislumbram entre estas e as práticas que porventura realizem como docentes
no ensino presencial em outras instituições?; (2) como se potencializam na
prática, segundo os tutores, as possibilidades de autonomia e reflexão
profissional enquanto aspectos centrais esperados da docência no ensino
superior?; (3) como os tutores vivenciam o desenvolvimento de suas práticas
no contexto de formação continuada oferecida pela instituição de ensino?; (4)
como os tutores posicionam suas práticas em relação a questões de qualidade
em EaD? A pesquisa adota uma abordagem de cunho etnográfico no qual a
pesquisadora se alinha com a posição de uma “etnógrafa nativa", isto é,
transita entre as localizações de pesquisadora e membro do grupo social cujas
práticas, visões e concepções pretendem compreender e dar voz. Assim, sem
pretensões a se constituir em uma etnografia, o trabalho integra uma contínua
reflexão acerca de questões metodológicas, que serão discutidas nesta
apresentação. Pretende-se que a pesquisa contribua com novos olhares e
possibilidades, e, sem pretensão a esgotar temas tão complexos quanto a
docência e a qualidade na EaD, espera-se proporcionar mais um estímulo ao
desenvolvimento de um espírito crítico e uma conscientização mais geral
acerca da importância do tutor com relação à qualidade em EaD.
Palavras-chave: tutoria – qualidade – EaD
Com a expansão da modalidade da Educação a Distância (EaD) e suas
relações com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), por muitas
vezes, de forma reducionista, alguns autores tratam o tema como uma
revolução tecnológica, em que as TIC são as protagonistas exclusivas dessa
revolução, sem considerar os desmembramentos pertinentes ao campo da
educação. Evidentemente, a contribuição das tecnologias é significativa para
os processos educacionais presenciais e/ou virtuais.
Além das TIC, o advento da Internet nos anos 1990 proporcionou um
desenvolvimento no âmbito educacional, incluindo a modalidade da EaD. Sem
a pretensão de se fazer uma apologia às TIC, consideramos que as tecnologias
favorecem à educação, no âmbito de trazer uma visão ampliada das
informações recebidas, dando a oportunidade dos participantes do processo de
ensino-aprendizagem se apropriarem como pessoas mais críticas.
154
Quem é o profissional que ensina na EaD?
Observo que no ensino superior, os docentes estão cientes das facilidades
oferecidas pela Internet, do dinamismo na construção do conhecimento, da
possibilidade de tornar os alunos mais interessados e mais produtivos. Ocorre
que, ora não possuem suporte de profissionais que os motivem e que os
ensinem a lidar com as novas tecnologias, ora não acreditam que vale a pena.
A afirmação de Silva (2011): “É preciso formar o formador.” é um ponto de
partida para compreendermos como o docente pode integrar a tecnologia e
currículo, minorando um dos evidentes problemas expostos pelos profissionais
de que não saber utilizar computadores e programas.
Por um lado, os perfis de algumas IES parecem “engessados” e limitadores,
com uma proposta massificadora e/ou com finalidade financeira do ensino a
distância.
Por outro, alguns profissionais estão “vazios” de expectativas, de ideias, de
vontade de fazer diferente. O motivo? Porque a maioria destes não acredita
mais na Educação no Brasil. Mudar tal visão é tão urgente quanto preparar o
profissional para caminhar pela Internet, de igual para igual com seus alunos,
abandonando o paradigma tradicional de detentor e único transmissor do
saber.
A interatividade, concebida por Silva (2011) como uma atividade mútua e
simultânea entre participantes que trabalham em direção a um mesmo objetivo
e provocando mudanças comportamentais nestes, agrega uma característica
bi-direcional no processo em que os integrantes dialogam entre si durante a
construção da mensagem, parece estar desaparecendo com ou sem
computadores na educação. A forma despreparada dos profissionais da
educação evidencia que as políticas educacionais são feitas sem uma
preocupação com docentes e com discentes, de cima para baixo, sem
conceber a inclusão digital.
A inclusão digital não se reduz à oferta de computadores conectados em rede.
Rondelli (2003) considera que para assimilar o novo é necessário mais que um
simples conhecimento e utilização das máquinas ou de domínio de técnicas. É
preciso um novo pensar, (re)construir padrões de comportamento, desafiar a
questão da linearidade, do engessamento de paradigmas cristalizados,
desmistificando o uso das TIC.
155
As TIC produzidas e circuladas ao longo dos tempos pelo suporte do papel,
chegam à atualidade suportadas também pelos bites, códigos digitais
universais (0 e 1) (SANTOS, 2003). Dessa forma, a informação circula e se
modifica nas diferentes interfaces, que possibilitam a digitalização de sons,
imagens, textos, gráficos e outras informações.
Em relação ao uso das TIC no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA),
entendido como um espaço flexível para a construção de saberes e de
conhecimento, onde é possível construir e atualizar diferentes saberes, as TIC
colaboram como potencialzadoras nesse processo de ensino-aprendizagem. A
comunicação “todos-todos” diferencia e caracteriza os AVA de outros suportes
mediados pela tecnologia, pois, através das interfaces, o digital permite a
hibridização e a permutabilidade entre os participantes do processo
comunicativo, em que a mensagem pode ser modificada e ganhar plurais
significados. Não significa que todos os AVA apresentem o mesmo formato e
nem agreguem conteúdos hipertextuais e interativos, mas apontamos aqui as
possibilidades. Em alguns, o processo comunicacional de ensino-
aprendizagem se limita a práticas instrucionistas centradas na distribuição de
conteúdos, a um currículo tradicional, como a prestação de contas de
atividades previamente distribuídas de múltipla-escolha ou objetivas sem a
construção baseada na interatividade.
A organização e democratização do uso de um AVA requer recursos e
políticas, que incluam a formação docente especializada na intenção de
promover interações, usos, socialização e conversação que fluam numa
comunicação dialógica.
A formação especializada dos docentes, com a finalidade de aprimoramento,
apreensão de novas técnicas e ideias, em um primeiro momento, recebe
resistência por parte de muitos profissionais, por diversos motivos como
questões financeiras, falta de tempo, medo do novo, comodismo,
desconhecimento ou descrença na educação. Quaisquer motivos requerem
atenção, a fim de solucionar os problemas para uma educação de qualidade.
A perspectiva da formação docente para a modalidade da EaD exige uma
reflexão sobre um “novo pensar” dos docentes, de forma ativa e crítica, bem
como a revisão dos materiais, práticas e projetos pedagógicos. Com tantas
possibilidades de escolha, o docente precisa buscar e trocar experiências, de
156
modo a construir referenciais que orientem suas escolhas, para atingirem seus
objetivos pedagógicos no contexto de sua prática educativa dinâmica e
contínua, observando as respostas tecnológicas e as práticas educativas que
surgirão no decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, o
aluno e o tutor poderão assumir um posicionamento comunicativo e possuir a
capacidade de lidar com as ferramentas de suportes e de interação.
A este processo de educação, a práxis, compreendida como a busca da
coerência entre pensamento e ação, é uma realidade que infelizmente nem
sempre ocorre. Freire (1987, p. 149) diz: “[...] estamos defendendo a práxis, a
teoria do fazer, não estamos propondo nenhuma dicotomia de que resultasse
que este fazer se dividisse em uma etapa de reflexão e outra, distante, de
ação. Ação e reflexão e ação se dão simultaneamente”, ampliando a reflexão, a
troca de informações, a comunicação e as relações dialógicas. Nesse
panorama educacional verificam-se diferentes práticas e modelos da EaD
apoiados por docentes-tutores e tecnologias.
A tutoria na modalidade de EaD tem uma relação direta com o processo de
ensino-aprendizagem, pois estes profissionais estabelecem um vínculo mais
próximo com os alunos, e importância na participação do desenvolvimento dos
cursos e de projetos da modalidade.
Em sua formação, este profissional deve se preocupar em adquirir uma cultura
básica no domínio das tecnologias, quaisquer que sejam suas práticas
pessoais (PERRENOUD, 2000, p. 139). Dessa maneira é privilegiada a
mediação pedagógica com destaque na interação e na relação entre os
participantes do processo.
Independente da modalidade atuante, o docente é um elemento imprescindível,
conforme Gatti (2009), p. 2) explica o papel e a formação desse profissional:
A formação dos professores, suas formas de participação
em sala de aula, em um programa educacional, sua
inserção na instituição e no sistema, são pontos vitais. No
caso dos processos de educação a distância observa-se
a importância do professor, desde a
criação/produção/revisão/recomposição dos materiais
didáticos, até aos contatos com os alunos, mais diretos
ou indiretos, em diferentes momentos, por diferentes
157
modalidades: na colocação de temas, de problemas, em
consultas, em tutoria, em revisões, em processos de
recuperação, etc; por e-mails, por webcam, por telefone,
em bases de atendimento, etc. O professor não é
descartável, nem substituível, pois, quando bem formado,
ele detém um saber que alia conhecimento e conteúdos à
didática e às condições de aprendizagem para
segmentos diferenciados. Educação para se ser humano
se faz em relações humanas profícuas.
Compreende-se que a discussão entre os saberes e a formação docente
associada à modalidade de EaD são próximas às discussões gerais da
educação. O desafio está em estabelecer os critérios de qualidade,
transformações e mudanças no âmbito docente que atenda às demandas e
expectativas da sociedade educacional do século XXI, criando condições de
interação entre a articulação dos “saberes” e a formação docente no processo
da construção do conhecimento nos diversos contextos de modalidades de
ensino.
Dentre os vários profissionais envolvidos na EaD, a figura do “tutor” emerge de
formas múltiplas e, frequentemente, contraditórias. De forma consistente com a
terminologia utilizada nos “Referenciais de Qualidade” (2007), que constroem o
tutor como “um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica”,
adotamos o termo “tutor”.
Modelos de tutoria nas universidades
Ao final do século XV, a figura do tutor na academia surge nas universidades
inglesas de Cambridge e Oxford, com a função de assessorar grupos de
alunos, de maneira individualizada, além de cuidar do comportamento e
estudos dos alunos, sob a coordenação de um docente titular. Devido à
eficácia desse modelo de apoio à aprendizagem, no século XIX as
universidades institucionalizaram a tutoria em seus quadros docentes.
A configuração da tutoria implementada em 1969 pela Open University,
primeira universidade a distância, serviu de modelo para as outras
universidades que surgiram mais tarde, como a UNED na Espanha (1972), a
158
University of South Africa (1973), segundo Preti (1996). Com este enfoque, as
funções do tutor consistiam em sanar dúvidas, verificar as atividades realizadas
pelos alunos, motivar o aluno, realizar trabalhos práticos que facilitem aos
aprendizes a compreensão da teoria e avaliar de maneira formativa
permanente, que comprovassem os avanços e dificuldades dos alunos durante
o processo de esnino-aprendizagem.
No Brasil, o sistema de tutoria em cursos de formação de docentes a distância
investigado por Oliveira (2002), aponta modelos de tutoria propostos nos
projetos político-pedagógicos de cinco insitituições que atuam na formação de
professores, na modalidade a distância: a Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), que iniciou o curso de graduação a distância para formação
dos professores das séries iniciais, em 1995, enfatiza a atuação do tutor no
campo da metacognição – domínio do conteúdo, função avaliativa; a
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Estadual de Santa
Catarina (UDESC) que iniciaram o curso de Pedagogia a distância, em 1998; o
Consórcio de Ensino a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), que
iniciou a oferta do curso de graduação em Matemática e Biologia, em 2002; o
Projeto VEREDAS, da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, que
reuniu 17 instituições de ensino superior para oferecer o curso de Pedagogia a
distância, a partir de 2002.
No estudo, a autora verifica a importância atribuída à mediação do tutor em
todos os projetos, que apresentam abordagens interacionistas e propostas
metodológicas e pedagógicas fundamentadas nas abordagens condutistas e
humanistas. A maioria dos tutores entrevistados apontam para as propostas
metodológicas e pedagógicas da instituição baseadas na abordagem
condutista do aluno, quando recebem o material pronto, e a partir deste,
trabalhar o conteúdo em fóruns e espaço de dúvidas, que serão cobrados na
avaliação.
Em minha prática de tutoria em uma universidade privada na cidade do Rio de
Janeiro, constato que na maioria das vezes o tutor virtual exerce o papel do
docente responsável pela disciplina elaborando as avaliações e postando os
fóruns. A função do docente titular, geralmente, se resume a atender às
questões burocráticas exigidas pelo MEC, com raras exceções. Também neste
modelo adotado, o tutor exerce certa autonomia, e, dependendo de sua
159
formação e vontade, pode trabalhar de maneira mais interativa e flexível com
os alunos. Ao mesmo tempo, a complexidade e dificuldade em exercitar a
interatividade se dão por conta da relação quantitativa de alunos-tutor. Em
média, o número estimado desta relação é de 600 alunos /tutor (ou mais),
tornando “mecanizado” o trabalho da tutoria.
No modelo adotado da tutoria presencial para a graduação a distância, a IES
adota a modalidade da EaD, usando recursos tecnológicos e a mediação de
tutoria em encontros presenciais e atividades supervisionadas, que
correspondem a 40% da carga horária total do curso. Os outros 60%
correspondem às atividades de aprendizagem colaborativa e autoestudo e a
participação em fóruns a distância. Os polos de apoio presenciais são
distribuídos nas unidades federativas. Os tutores presenciais que atendem aos
polos respondem diretamente à coordenação do curso que pertencem. Os
materiais didáticos são disponibilizados em pdf no AVA e impresso em papel
para os tutores e alunos.
As funções atribuídas ao tutor são: preparar a apresentação da disciplina para
os alunos nos encontros presenciais e sanar dúvidas do conteúdo, marcar,
elaborar e corrigir as avaliações, além de lanças as notas na plataforma. Os
critérios para a aprovação dos alunos são os mesmos da graduação
presencial.
Que bases legais brasileiras fundamentam a tutoria?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 no artigo 67 enfatiza que os
sistemas de ensino irão promover a valorização dos profissionais da educação:
I – ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos;
II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
com licenciamento periódico renumerado para esse fim;
III – piso salarial profissional;
IV – progressão funcional baseada na titulação ou
habilitação, e na avaliação de desempenho;
V – período reservado a estudos, planejamento e
avaliação, incluído na carga horária de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho. (LDB 9394/96 20
de dezembro de 1996)
160
Interados sobre algumas concepções de tutoria, retomamos a um aspecto
importante: o número de estudantes por tutor. Revendo a legislação em EaD,
verificamos que não está estabelecida a quantidade do número de estudantes
para cada tutor, mas apenas a indicação que no quadro de tutores previstos
esteja especificada esta relação numérica que permita a interação, mas qual o
limite, o adequado ?
os “Referenciais de Qualidade” (2007), à tutoria presencial é apresentada
uma relação adequada de um tutor para 25 estudantes, além de apontar como
as instituições devem planejar seus sistemas e avaliações:
As instituições devem planejar e implementar sistemas de
avaliação institucional, incluindo ouvidoria, que produzam
efetivas melhorias de qualidade nas condições de oferta
dos cursos e no processo pedagógico. Esta avaliação
deve configurar-se em um processo permanente e
conseqüente, de forma a subsidiar o aperfeiçoamento
dos sistemas de gestão e pedagógico, produzindo
efetivamente correções na direção da melhoria de
qualidade do processo pedagógico coerentemente com o
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(SINAES). Para ter sucesso, essa avaliação precisa
envolver os diversos atores: estudantes, professores,
tutores, e quadro técnico-administrativo. (BRASIL, 2009,
p.17).
Tomando-se essa referência, constatamos que essa relação não ocorre na
realidade da maioria das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. O
Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (ABRAEAD)
considera uma proporção adequada de no máximo 30 estudantes por tutor, que
utilizará 1 a 2 minutos com cada estudante, garantindo a qualidade de
interação. Com esta proporção, a carga horária é estimada em 20 horas
semanais, agregando qualidade no curso a distância, minimizando “o
preconceito da EaD como sinônimo de uma educação massificada, de cunho
tecnicista, que enfatiza o material pedagógico (pacotes instrucionais) em
detrimento da mediação pedagógica.” ( ETO et al, 2010, p. 107).
Um levantamento junto ao ABRAED em 2008 aponta para uma média com
mais de 160 estudantes para cada tutor na Região Sul, de 77,9 na Região
161
Centro-Oeste, de 32,3 na Região Sudeste, de 31,8 na Região Norte e a menor
taxa de 24,7 na Região Nordeste.
Ainda que as médias não favoreçam aos atendimentos individualizados e aos
acompanhamentos da aprendizagem – tutoria interativa - nos surpreendemos
ainda mais, quando nos deparamos com uma média real de 600 estudantes
por tutor na maioria das IES – tutoria reativa.
A qualidade deve ser determinante em qualquer modalidade educacional.
Como conciliar a qualidade da tutoria a um número absurdo de estudantes?
Como e qual a valorização que acontece de fato na prática do tutor?
A literatura levantada por mim referente ao tema “tutoria” discute o papel geral
do tutor nos processos de EaD de várias perspectivas, e inclui alguns trabalhos
de relevância direta no sentido de já incorporarem, explicitamente, olhares e
vozes dos próprios tutores. Entretanto, não foi encontrada nenhuma
investigação conduzida no contexto de uma instituição privada que
investigasse conexões entre questões concernentes às potencialidades e
limitações das ações do tutor e questões mais abrangentes relativas à
qualidade em EaD.
Portanto, é preciso refletir questões:
Como os tutores caracterizam seu papel e práticas, e que relações vislumbram
entre estas e as práticas que porventura realizem como docentes no ensino
presencial em outras instituições? Como se potencializam na prática, segundo
os tutores, as possibilidades de autonomia e reflexão profissional enquanto
aspectos centrais esperados da docência no ensino superior? Como os tutores
vivenciam o desenvolvimento de suas práticas no contexto de formação
continuada oferecida pela instituição de ensino? Como os tutores posicionam
suas práticas em relação a questões de qualidade em EaD?
Assim, esta discussão deverá contribuir com novos olhares e possibilidades, e,
sem pretensão a esgotar temas tão complexos quanto a docência e a
qualidade na modalidade e nem responder prontamente as questões, poderá
proporcionar mais um estímulo ao desenvolvimento de um espírito crítico e
uma conscientização mais geral acerca da importância de questões relativas à
qualidade em EaD.
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162
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distância. Disponível em: WWW.abraed.com.br/. Acesso em: 13 mar. 2010.
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<http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/falta-interatividade/> Acesso
em: 26 ago. 2012 [não paginado]
164
Apresentação dos professores do GT 4 –
Saúde e Meio Ambiente: diálogos
com a EaD
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Olá, meu nome é Mariana de Castro Moreira.
Sou formada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Tenho mestrado em Psicossociologia de Comunidades e
Ecologia Social pelo Programa de Estudos Interdisciplinares de
Comunidades e Ecologia Social, pela UFRJ, onde estou fazendo também
meu doutoramento.
Tenho trabalhado como professora, pesquisadora e consultora nas
áreas de Educação, Psicologia, Gestão e Desenvolvimento Social. Há
cerca de vinte anos, venho atuando em projetos sociais e educativos.
Atualmente, sou Secretária Executiva do Espaço Compartilharte, uma
Associação sem fins lucrativos que tem sede em Teresópolis/RJ e visa
promover o desenvolvimento humano junto a famílias e comunidades
vivendo em situação de vulnerabilidade. Espero poder trazer, discutir,
refletir e compartilhar com vocês um pouco das leituras, aprendizagens
e experiências que venho tendo a feliz oportunidade de conhecer e de
construir ao longo destes anos. Que, juntos, possamos ampliar
horizontes e fazer deste módulo e deste curso ferramentas importantes
para um trabalho ético e socialmente responsável.
Ma
ria
Po
pp
e
Sou psicóloga formada pelo Instituto de Psicologia da UFRJ. Concluí
mestrado em Educação pela Faculdade de Educação da UFRJ em 2011.
Iniciei este ano o doutorado em Educação na Faculdade de Educação da
UFRJ na linha de pesquisa de Currículo e Linguagem. Estou na atividade
docente desde 1997 na AVM Faculdade Integrada, primeiramente nos
cursos de pós-graduação Lato Sensu na modalidade presencial.
Atualmente, sou coordenadora do curso de graduação a distância de
Tecnologia em Gestão Hospitalar e mentora dos cursos de pós-graduação a
distância de Educação Infantil e Desenvolvimento, de Saúde da Família e
de Gestão Hospitalar.
A atuação nos cursos a distância me fez buscar uma especialização em
Gestão de Ensino a Distância pela UFJF concluído em 2008 cujo trabalho de
conclusão de curso me dediquei ao tema da avaliação na educação a
distância.
Possuo também pós-graduação em Terapia de Família pelo Instituto de
Psiquiatria da UFRJ, concluída em 1985.
165
Ch
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Meu nome é CHRISTIANE SILVA JANSEN NARCISO PERES. Tenho formação
técnica em Processamento de Dados, sou graduada em Ciências com
Habilitação em Matemática (FEUC), Pós-Graduada em Matemática para
Professores (FEUC), MBA em Gestão Educacional (FEUC) e estou concluindo
uma Pós-Graduação em Orientação Educacional e Pedagógica (AVM). Sou
professora de Matemática da Secretaria de Educação do Estado do Rio de
Janeiro (SEEDUC), atuo na função de Tutora da Graduação na AVM
Faculdade Integrada e faço parte da equipe de elaboração do Currículo
Mínimo e suas Orientações Pedagógicas da Fundação CECIERJ - Consórcio
CEDERJ. Costumo participar de eventos e realizar cursos de extensão
universitária e aperfeiçoamento, voltados para a área de Educação à
Distância, Educação em Geral e Gestão.
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Meu nome é ANA TAVARES HARBES. Sou graduada em Odontologia(UNIG),
Pós Graduada em Saúde da Família(UCAM/AVM) e em Saúde
Pública(ENSP/FIOCRUZ). Minha experiência profissional anterior inclui
atendimento clínico no SESC de São João de Meriti e SESC Nova Iguaçu.
Também atuei como acadêmica generalista no Programa Dentescola da
Pref. Municipal do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ). Trabalhei como dentista
generalista em Clínica de Família pela Pref. Municipal de Belford Roxo
(SMS-BR) e ainda atuo nesta função em Clínica de Família pela Pref.
Municipal do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ) acumulando experiência prática na
área de 8 anos. Também atuo como professora tutora em modalidade
Ensino a distância (EAD) em curso de Graduação(AVM).
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Desde 2009 atuando na função de tutor do curso de educação ambiental da
AVM, o professor Leonardo Silva Costa é bacharel e licenciado e ciências
biológicas, mestre em administração de negócios no ramo da
responsabilidade socioambiental pela UCP e auditor interno em sistema de
gestão integrada. Possui experiência offshore em programas de educação
ambiental para plataformistas, professor de cursos técnicos em petróleo e
gás, consultoria em gerenciamento de resíduos, sistemas de gestão
ambiental e sistema de gestão da qualidade baseadas nas normas
certificadoras NBR ISSO 14001 e 9001, respectivamente, aplicadas em
empresa de metalúrgicas.
166
Lu
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Ro
dri
gu
es Meu nome é LUCIANO RODRIGUES. Sou Psicólogo formado pela
Universidade Federal Fluminense (UFF). Pós graduado em Terapia de
Família pela AVM Faculdade Integrada. Durante a graduação fui estagiário
em instituições como o Sistema Prisional (Secretaria de Administração
Penitenciária) e Hospital Geral do Fundão (HUCFF-UFRJ). Pelo CEPUERJ
conclui cursos voltados para o atendimento a crianças: "Aperfeiçoamento
sobre o tema "Violência contra a criança", "Psicopatologia Infantil" e
"Técnicas de Atendimento Psicoterápico a Criança". Trabalhei por mais de
três anos em uma instituição de Educação Infantil (Creche Maria Beralda),
na época pertencente a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) em
parceria com o Instituto João Ferraz de Campos do qual eu fazia parte.
Neste mesmo Instituto prestei assessoria em Psicologia no Projeto
"Esporte é mais que Saúde" voltado para adolescentes da Cidade de Deus.
Atualmente trabalho em um Centro Social com atendimentos clínicos, sou
psicólogo da Prefeitura de Saquarema, lotado na Secretaria de Saúde e
Professor da Pós graduação modalidade distância dos cursos de Educação
Infantil e Desenvolvimento, Saúde da Família e Gestão em Saúde da AVM
Faculdade Integrada.
167
A Contribuição da EAD no Enfrentamento da Precarização do
Trabalho no Sistema Único de Saúde
Renata Nideck
Paulo Queiroz
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nata
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação Ensino na Saúde
(MPESEEAAC-UFF) Enfermeira em Saúde Coletiva, graduada em
História (ICHF-UFF), Pós-Graduada em Ensino de História e
Ciências Sociais. Enfermeira da Fundação Municipal de Saúde de
Niterói e do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - Área de
interesse Trabalho e Educação. [email protected];
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Qu
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oz Cientista Social, Doutor em Filosofia e Humanidades pela
Columbia Pacific University, Professor Adjunto da Faculdade de
Educação Universidade Federal Fluminense e Coordenador da
disciplina Concepções Teórico-Filosóficas e Prática de Ensino no
Mestrado Profissional de Ensino na Saúde na Escola de
Enfermagem Aurora de Afonso Costa – UFF.
Resumo:
Este estudo versa sobre a ocorrência da precarização do trabalho nas práticas
assistenciais no Sistema Único de Saúde (SUS). Um fenômeno complexo que
se caracteriza pela exploração da mais-valia e pela expropriação de direitos
historicamente conquistados pelo trabalhador; por consequência distorce a
dimensão ontológica do trabalho e a qualidade dos serviços prestados.
Atualmente, 30% da força de trabalho no SUS advêm de relações precárias,
através de trabalho temporário, prestação de serviços, bolsas, contratos
168
informais e verbais. Desde 2003 o Ministério da Saúde já admite a existência
da precarização do trabalho no SUS como um fenômeno que interfere em sua
sustentabilidade e que deve ser enfrentado de forma sistematizada através do
Programa Nacional de Desprecarização do Trabalho no SUS – Desprecariza-
SUS. Na condição de política pública em vigor desde 2006, o programa
Desprecariza-SUS permanece na esfera da normatização distante do sentido
cognitivo da proposta. Suas ações e estratégias não enfrentam o problema no
contexto estrutural e também não buscam integração entre a educação e o
serviço, sendo os dispositivos legais inofensivos diante da lógica neoliberal e
da demanda de flexibilização do mundo globalizado. Sem a pretensão de
esgotar o tema, este estudo pretende valorizar o protagonista do SUS,
reconhecendo a invisibilidade destes sujeitos e a dívida dos processos
educacionais na manutenção deste silêncio. Nesta perspectiva utiliza-se a
Educação a distância como ferramenta de enfrentamento ao trabalho
precarizado no SUS. Um enfrentamento pelo viés epistemológico, por
conexões rizomáticas, numa cultura reflexiva, emancipatória, militante e
comprometida com a transformação do atual ethos neoliberal nas relações de
trabalho na saúde.
Palavras Chave: Precarização do trabalho; EAD; Metodologia da
problematização;, Desprecariza-sus.
“O trabalho atravessa a vida em sociedade. A poucos
proporciona conforto e bem estar, a muitos provoca
angústia e medo. Porque uma atividade pode conter em
si tanta contradição? O motivo desta ambigüidade não
está no ato de trabalhar, mas, na infra-estrutura da
sociedade em que se trabalha”. (Nideck, R. 2011)
Introdução
O conceito de trabalho precário ou precarização do trabalho não
se caracteriza por um paradigma linear, abrange uma diversidade de
entendimentos, concepções e vertentes ideológicas. Este ensaio estrutura-se
no materialismo histórico na concepção ontológica do trabalho como atividade
humana. Parte-se do pressuposto que a manutenção hegemônica do capital
acarreta reestruturação das forças produtivas reconhecido por mutações e
metamorfoses nas relações de trabalho. Este fenômeno vem se consolidado
169
no Sistema Único de Saúde desde seu marco inaugural; são novos mercados,
no sentido plural e heterogêneo, para a sustentabilidade de políticas públicas
descentralizadas e o suprimento de ações e serviços.
Avesso à forma legal de provimento de cargos na administração
pública, processo seletivo por concurso público, esta demanda envolve fluxos
“compulsivos”, instáveis e volumosos, configurando-se em perda de direitos,
desvinculação da relação pedagógica do trabalho, discriminação, exclusão
social, subemprego e desemprego, como também a sujeição patronal e o
enfraquecimento sindical que impede mobilização e resistência coletivas dos
trabalhadores.
Portanto, entre tantas destruições de forças produtivas, da natureza e do meio ambiente, há também, em escala mundial, uma ação destrutiva contra a força humana de trabalho, que encontra-se hoje na condição de precarizada ou excluída Em verdade, estamos presenciando a acentuação daquela tendência que István Mészáros sintetizou corretamente, ao afirmar que o capital, desprovido de orientação humanamente significativa, assume, em seu sistema metabólico de controle social, uma lógica que é essencialmente destrutiva, onde o valor de uso das coisas é totalmente subordinado ao seu valor de troca.1
(Mézáros apud Ricardo Antunes, 1995)
(...) trabalho precário está relacionado aos vínculos de trabalho no SUS que não garantem os direitos trabalhistas e previdenciários consagrados em lei, seja por meio de vínculo direto ou indireto. Ainda segundo o CONASS e o CONASEMS, mesmo que o vínculo seja indireto, é necessário garantir o processo seletivo e, sobretudo, uma relação democrática com os trabalhadores. Por sua vez, para as Entidades Sindicais que representam os trabalhadores do SUS, trabalho precário está caracterizado não apenas como ausência de direitos trabalhistas e previdenciários consagrados em lei, mas também como ausência de concurso público ou processo seletivo público para cargo permanente ou emprego público no SUS. Assim, Proteção social significa o pleno gozo de direitos trabalhistas. (Ministério da Saúde / Desprecariza-SUS, 2006)
1 Segundo Mészàros, (2002) a crise do capital se manifesta em quatro aspectos:
caráter universal (não se restringe a uma esfera particular – financeira ou comercial), alcance global (não se limita a um conjunto de países), escala de tempo extensa (contínua e permanente) e modo de desdobrar rastejante.
170
Como afirma Ricardo Antunes, a precarização des-socializa a dimensão
ontológica do trabalho. Os dispositivos legais prescritos pelo Desprecariza-SUS
são inócuos diante da lógica da empregabilidade, onde a formação profissional
caminha para o trabalho incerto. A matriz pedagógica do trabalho (teoria,
prática, percepções, subjetividades etc.) de grande relevância na vida
profissional, sofre uma “desconfiguração” mercadológica.
O resgate deste processo não perpassa somente pela implementação de uma
política de desprecarização. Há de se construir um resgate cognitivo, uma
validação de pertencimento social do trabalhador. Enfrentar o problema no
contexto estrutural buscando integração entre a educação e o trabalho – o
saber-fazer. Esta ruptura não se consolida a partir de políticas de gestão do
trabalho, quando as condições de subsistência suplantam as potencialidades
de resistência do trabalhador, ela emerge do espaço educacional em promover
a internalização de valores éticos e emancipatórios nos sujeitos para romper
com o paradigma neoliberal pela interlocução teórico-prática.
A partir destas observações surge o interesse em buscar alternativas de
enfrentamento ao trabalho precarizado pelo viés epistemológico, na construção
de uma cultura profissional emancipatória voltada para a transformação das
iniqüidades do trabalho em saúde.
Enfrentar a precarização do trabalho pela Educação a Distância (EaD)
Enfrentar a precarização, mas por onde começar? Este é o questionamento de
todo profissional da educação frente à sala de aula, como traduzir ao aluno, de
forma cognoscível, o conteúdo programático, a importância do saber, a função
social da escola e o papel do aluno como protagonista de sua própria história,
para que a construção do conhecimento seja eficiente e fecunda? Estes
dilemas não diferem do professor frente à Educação a distância, sem giz,
quadro, carteira, mas com as mesmas expectativas e conflitos, a necessidade
de todo o investimento educacional fazer sentido para o aluno.
Lamentavelmente, neste Brasil de muitos “brasis” a EaD não se configura como
mais uma ferramenta de aprendizagem. Em áreas de maior carência e
desigualdade sociais, onde os cidadãos perecem de analfabetismo funcional,
digital, cultural, sanitário, social e profissional, e a estrutura educacional
171
convencional não consegue chegar ou suprir a demanda, a educação a
distância (EAD) tem se revelado um importante método de implantação de
políticas educacionais inclusivas.
Embora não seja um método novo, existe desde o pós-guerra, hoje a EAD,
como uma tecnologia de ensino, vem ganhando adesão e espaço na política
educacional. Seria a necessidade de formação de trabalhadores certificados
em larga escala para o mercado de trabalho? Ou a oferta de flexibilização do
tempo, das exigências, do papel do professor e do conteúdo programático? O
fato é que a EaD é uma realidade na educação básica, nas graduações, na
educação continuada, nos cursos técnicos, de extensão, de línguas, em
especializações etc.
Daí o desafio do professor de transformar a instrução a distância em educação
a distância. A instrução trabalha a aquisição de ferramentas para
instrumentalizar o aluno, já a educação envolve uma rede de significados e
representações num processo global de formação do sujeito. Ambas se
complementam e são realidades indissociáveis ( Gallo, 2008:15).
Na condição de uma proposta de intervenção cuja temática envolve as
relações de trabalho na saúde, busca-se primeiramente incorporar a
metodologia da EAD à realidade vivenciada in loco. Romper com o
distanciamento do objeto, entendendo que nas práticas cotidianas os saberes
fluem pelos espaços em trânsito livre, sem fronteiras que impeçam conexões
cognitivas. Posteriormente busca-se enfrentar o desfio de desvelar as
iniqüidades que cercam o trabalho na saúde. Sem naturalização, mas
humanizando as relações em saúde, hoje cada vez mais desumanizadas pela
precarização do trabalho, sensibilizar os sujeitos pelas metodologias ativas
para que desenvolva autonomia e novas possibilidades de pensar e recriar as
práticas em saúde.
A proposta visa transversalizar a temática do trabalho pelas disciplinas
curriculares, promovendo a possibilidade do aluno enxergar o contexto político-
social que envolve o SUS e desenvolver um perfil profissional “desalienado”,
capaz de formular estratégias contra-hegemônicas de enfrentamento ao
trabalho precarizado no SUS.
172
Observação da realidade pelo arco de Maguerez
A metodologia da problematização no formato EaD permite trazer para o
ambiente virtual, a experiência vivenciada, a realidade como ponto de partida e
ponto de chegada. A utilização do arco de Maguerez (realidade – problema -
pontos-chave – teorização - hipóteses de solução – transformação da prática)
possibilita a identificação dos problemas e a aplicação de soluções. Nesta
estratégia podem ser utilizados relatos de casos, depoimentos, documentos,
pesquisas, denúncias, reportagens, dramatizações, charge, fotografia etc.
Longe de se prescrever uma resolutividade, um caminho cartesiano de busca
da verdade ou de ações operacionais mecânicas, a metodologia da
problematização tende a provocar inquietações no aluno/trabalhador, torná-lo
sujeito pensante de suas práticas para construção do aprendizado coletivo. A
aproximação da realidade estimula o aluno ao exercício de estranhamento do
objeto pela observação participante e de construir interlocuções teórico-
práticas. São agenciamentos para uma estrutura dinâmica do conhecimento,
como veremos nos exemplos a seguir:
Caso1: Áreas: Imunização/ Saúde Coletiva/ Saúde do trabalhador/ DIP
Tema: Vacinação contra a hepatite B entre trabalhadores da atenção
básica à saúde
A terceirização está intrinsecamente ligada à precarização do trabalho, pois tem acarretado
menores salários, diminuição dos níveis de proteção social do trabalho, ausência de benefícios
e níveis mais altos de rotatividade, além de provocar fragmentação e desmobilização dos
trabalhadores. A observação de que a prevalência da vacinação contra a hepatite B foi
significativamente menor entre os trabalhadores com formas de contratação mais precárias
(terceirizados, estagiários e outros) vai de encontro aos achados de uma revisão da literatura
que constatou que o emprego precário estava associado com uma deterioração da saúde do
trabalhador em termos de acidentes, risco de doença, exposições perigosas e conhecimento
sobre segurança e saúde ocupacional.
Fonte: - Cad. Saúde Pública vol.24 no.5 Rio de Janeiro May 2008
173
Caso 2:
Tema: Administração de medicamentos/ Bioética/ Administração
Estagiária que aplicou café na veia declara que nunca havia dado injeção
A estagiária de enfermagem Rejane Moreira Telles, de 23 anos, que no último dia 14 aplicou
café com leite na veia de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, morta horas após o
procedimento, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, declarou ao Fantástico deste
domingo (21) que nunca havia injetado qualquer tipo de medicação antes. Rejane, que
segundo o delegado da 64ª DP, Alexandre Ziehe estava há apenas três dias no estágio, disse
ter consciência do risco de injetar na veia o que seria aplicado em alimentação oral. "Mas,
como tava junto, qualquer um se confunde", defendeu-se
Fonte: G1 Globo.com de 21/10/2012 às 22h50
Caso 3
Tema: Administração em Enfermagem/ Psicologia/ Psicopatologia
O trabalho em equipe: o coração da atividade no hospital
Nós somos mão-de-obra barata e bota barata nisso. O plantão é só de cooperativados. Não
tem funcionário. De dia aqui, os funcionários batem cabeça , porque ficam até meio dia, uma
hora, duas horas. Hoje tinha aqui umas cinco enfermeiras e uns quatro técnicos, funcionários
do quadro efetivo. Uma hora todo mundo vai embora, aí fica só a gente. Eu atendo aqui, este
Centro obstétrico, e lá na ginecologia também. Se entrar uma cirurgia lá, eu tenho que ir para lá
. quer dizer você é burro de carga. Isso aqui para mim esgotou.
( Depoimento anônimo, Soares, 2005)
Fonte: Assunção, Ada Ávilla.Assunção (org)
Contribuições para a educação - trabalho
Converter o modelo disciplinar, passivo, fragmentado, rígido em
seu conteúdo programático em uma estética dialógica, reflexiva e
interativa com os temas sociais (cidadania, ética, trabalho, gênero,
coletividade etc.) inserindo sujeitos, comunidade e acesso aos
serviços públicos;
Integrar caminhos metodológicos, (Metodologia da
problematização e Educação a distância) respeitando a heterogeneidade
do espaço de aprendizagem (virtual e a distância);
Priorizar o sentido de rede e de conexões neste cotidiano, onde a
articulação de atores e esforços caminha em direção à educação integral
no princípio da multiplicidade.
174
Provocar a pedagogia do risco para o exercício do pensamento,
das inquietações, das reflexões, da autocrítica e da coragem de
construir as próprias conexões;
Dar visibilidade científica à precarização do trabalho como um
grave problema de saúde pública que deve ser erradicado do SUS;
Convocar o espaço de formação profissional para desenvolver no
aluno as expertises necessárias para enfrentar a precarização nas
relações de trabalho;
Promover a escuta de trabalhadores precarizados e suas
subjetividades nas práticas em saúde;
Conscientizar os alunos, pais e docentes que ensinar é ação
política não- partidária, e que a concepção de neutralidade é falsa e
ingênua. Como argumenta Paulo Freire, o professor não pode
aproximar-se da realidade com luvas e máscaras é preciso contagiar e
contagiar-se.
Considerações finais
Há algo em comum entre o trabalhador precarizado e a escola, ambos pedem
socorro. Seja pela falência das políticas educacionais, pelo ethos mercantilista,
ou seja pelo esvaziamento do sentido e interesse na construção do saber sobre
a perspectiva hegemônica. A sala de aula tornou-se enfadonha, obsoleta,
letárgica, deprimente até. Assim como o trabalho precarizado também.
A educação brasileira e as relações de trabalho necessitam de gestores
ousados, responsáveis, comprometidos com a sociedade e com as gerações
futuras, como também profissionais conscientes, militantes e emancipados.
O ensino na saúde me faz concordar com Dejours, pensar em saúde é sempre
mais difícil do que pensar em doença. Urge o tempo de transformação das
práticas em saúde, de investimento cognitivo para ampliar o sentido destas
práticas - a conversão da prática em práxis. Esta não é uma tarefa qualquer,
significa aplicar o conhecimento sobre a realidade a fim de transformá-la e a
apropriação da reflexão neste processo é fundamental. Desenvolver na
formação profissional saberes que priorizem a ética do trabalho valorizando a
educação em saúde como um processo histórico-ontológico do ser humano,
175
reconhecendo o trabalho na saúde como ação política que exige compromisso
com o coletivo. É, sobretudo, mobilizar a teoria para incidir e intervir sobre a
realidade; considerando teoria e prática como processos indissociáveis que
possuem limites políticos, institucionais, teóricos e metodológicos.
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SCHNEIDER, Daniela da Cruz. Uma sub-versão em educação: possibilidades
de uma pedagogia menor. P@rtes(São Paulo). Julho de 2012
177
Estrutura Didática em Disciplinas na EAD: Relato de uma
Experiência
Nanci Cardim;
Dominique Maciel;
Sonia Regina dos Santos
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Possui graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia e Supervisão
Escolar pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1991). Pós
graduação em EAD/SENAC-RJ e Designer Instrucional para EAD Virtual
UAB. Atualmente é Assessora da equipe de acompanhamento e avaliação
Regional Metropolitana V - Secretaria de Estado de Educação. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia Educacional,
atuando principalmente nos seguintes temas: informática, tecnologia
educacional, educação a distância, educação ambiental e meio ambiente.
Cursando mestrado em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias
Urbanas pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - UERJ
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Possui Licenciatura em Letras pela Universidade do Grande Rio.
Especialista em Tecnologia Educacional e extensão em Planejamento
Estratégico e Gerenciamento de Projetos. Atuou como professora
alfabetizadora concursada na Prefeitura Municipal de Duque de Caxias,
em 1997 (RJ), e professora de língua portuguesa concursada na
Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (2005). Atuou como
Professora Especialista na Universidade do Grande Rio nos cursos do
Centro de Ciência e Tecnologia. Desde 2007 atua na direção do
Departamento de Planejamento Estratégico na Superintendência de
Projetos Especiais da Prefeitura de Duque de Caxias, e de 1998 a 2006
atuou como implementadora e Chefe da Equipe de Tecnologia Educacional
na Secretaria de Educação de Duque de Caxias. Tem experiência na área
de Educação, com ênfase em Teoria Geral de Planejamento e
Desenvolvimento Curricular; tecnologia educacional, informática
educativa. Atualmente se dedica aos estudos e aplicação em
planejamento estratégico, elaboração e gestão de projetos e gestão do
conhecimento, sistemas de monitoramento e avaliação e desempenho na
gestão pública, capacitação e atualização na formação de servidores, com
ênfase na educação escolar. Desde janeiro de 2009 coordena a gestão de
contratos e convênios, estudos de cenários prospectivos, em especial nas
áreas sociais, e elaboração de projetos para a captação de recursos,
através do Portal dos Convênios - SICONV - para a Prefeitura Municipal
de Duque de Caxias.
178
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Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1980) e graduada em Psicologia pela Universidade Federal
Fluminense (1985), Mestre em Educação pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (1994), Doutora em Educação pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000) e Pós-Doutorado na
USP(2011). Atualmente é professora adjunta da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro/Faculdade de Educação da Baixada
Fluminense, atuando nos Cursos de Licenciatura em Pedagogia e
Mestrado em Educação, Comunicação e Cultura das Periferias
Urbanas. Na UNIGRANRIO ocupa o cargo de Pró-Reitora
Comunitária e de Extensão. É membro da Comissão Permanente de
Avaliação da Extensão do FORPROEXT e avaliadora dos cursos de
graduação pelo INEP. Dedica-se a pesquisas e estudos sobre:
formação de professores e extensão universitária.
Resumo:
O presente texto tem o objetivo de apresentar uma breve reflexão teórica a
cerca da experiência de estruturação didática das primeiras disciplinas
construídas em ambiente virtual para as turmas presenciais do curso de
Sistemas de Informação e de Pedagogia, em uma Universidade privada
localizada na região Sudeste do Brasil. A estruturação didática utilizada foi
baseada na visão sócio-construtivistas e nos parâmetros didáticos teóricos
utilizados na Universidade da República Federal da Alemanha apresentada
pelo prof. Otto Peters. A didática enquanto prática social “tem por objeto de
estudo o processo de ensino em sua globalidade, isto é, suas finalidades
sociopedagógicas, princípios, condições e meios de direção e organização do
ensino e da aprendizagem, pelos quais se assegura a mediação docente de
objetivos, conteúdos, métodos, em vista da efetivação da assimilação
consciente do conhecimento.” (Libâneo, 2011, p. 132). A Educação a Distância
na universidade, enquanto estratégia de ensino para efetivação consciente
destes saberes depreendeu muitas discussões principalmente para adaptar os
conteúdos das disciplinas ao Ambiente Virtual sem perder de vista suas
finalidades sociopedagógicas. Neste aspecto, a teoria da distância transacional
de Michael Moore serviu como orientação fundamental. O ambiente virtual de
aprendizagem utilizado foi a plataforma Moodle e as disciplinas criadas foram
utilizadas nos anos de 2005 a 2009. A experiência foi avaliada como bem
sucedida pelos professores e também pelos alunos que demonstraram
melhoria no desempenho. A maior procura por disciplinas na modalidade EAD
no período de matrícula estimulou a construção de outras disciplinas e serviu
179
de base para posterior reestruturação, inclusive com a criação de um Núcleo
de EAD independente das escolas existentes na universidade. A estruturação
didática se mostrou fundamental para superação dos problemas técnicos e
educacionais que foram surgindo durante a implantação das disciplinas,
juntamente com uma avaliação processual sistemática.
Palavras – chave: Estrutura Didática; Educação a Distância; Design
Instrucional; Educação Universitária.
I – Introdução A humanidade está no limiar de uma nova Era: a Era da Informação. É um
momento desafiador e estimulante para a educação. As mudanças constantes,
que alteram as formas de pensar e de agir, desafiam as formas de ensinar. O
advento da Internet, fenômeno mundial, que promove a interatividade quase
instantânea, impulsiona os professores a buscarem subsídios tanto para a
educação quanto para a reformulação dos processos dentro da escola
tradicional. A Educação a Distância surge como salvadora e ao mesmo tempo
como vilã para algumas situações de ensino. Questiona-se a qualidade do
ensino a distância, embora altos índices de reprovação e estatísticas oficiais
como a do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) condenem o
ensino presencial. A didática e as estratégias de ensino e aprendizagem são
colocadas em confronto. A dinâmica da televisão, da internet, o acesso a tantas
mídias e jogos computacionais fazem com que as aulas tradicionais sejam
monótonas, uma vez que não compartilham das freqüentes mudanças do dia a
dia e do ritmo frenético dos acontecimentos.
É urgente que na sociedade pós moderna, com uma cultura tecnológica
globalizada e bombardeada de tantas imagens e informações, o professor se
detenha a educar os jovens para a mídia e pela mídia. Esta educação deve ter
como pressuposto as bases no qual o conhecimento é construído: partindo do
próprio contexto social. Através de uma educação para a mídia e pela mídia é
possível alcançar a possibilidade da construção de um pensamento critico.
Segundo Cecília Von Feilitzen (2002), “um elemento essencial para atingir o
pensamento crítico é a própria produção do aluno”(p.p.19-35). A televisão, a
180
propaganda, o apelo visual, o próprio mundo globalizado, massifica as imagens
e as representações.
Para conhecer o cotidiano escolar é preciso teorizar sobre o próprio fazer
pedagógico. Mas o que é uma teoria? De acordo com a visão do pós-
estruturalismo “é impossível separar a descrição simbólica, lingüística da
realidade – isto é, a teoria – de seus efeitos de realidade.” [...] “O objeto que a
teoria supostamente descreve é, efetivamente, um produto de sua criação”.
(Silva. 2002 p.11)
Desta forma percebemos que é muito difícil “olhar” e desvendar o universo
habitual de nossos alunos. Mas é através desta teorização, desta observação
mais amiúde do contexto social que poderemos auxiliar nossos alunos a serem
críticos com relação a posturas e preconceitos. A escola não pode mais ser um
elemento estanque e estranho no universo tecnológico e virtual que se nos
apresenta cotidianamente.
É neste cenário de intensas transformações, não apenas tecnológicas ou
físicas, mas de formas de pensar e agir, que surgem questionamentos que
angustiam os educadores: Como pensar e fazer educação? A Educação a
Distância, usando as ferramentas computacionais é uma das possibilidades? E
dentro desta possibilidade, como tornar o ambiente realmente eficaz no seu
objetivo de ensinar? Ou ainda de promover a construção do conhecimento?
A proposta apresentada pelo grupo foi implantar uma oferta de ensino blended
learning, com a virtualização do ensino, ou seja, a oferta de disciplinas no
ambiente virtual, de forma semi-presencial, 20% como preconiza a LDBEN,
com a finalidade de aproveitar a dinâmica da tecnologia para promover a
autonomia e a cognição necessária ao pleno desenvolvimento dos alunos.
II – A estruturação das disciplinas na modalidade a distância Em 2004 um grupo de professores de uma instituição privada iniciou várias
discussões e debates com o objetivo de refletir sobre a aplicação da EAD no
Ensino Superior. Participavam do grupo a Pro-reitora de extensão, um
professor da reitoria, um da Escola de Educação, um do Instituto de
Humanidades, e dois da escola de informática. Neste contexto foram
construídos vários textos, participação em alguns congressos e a criação de
disciplinas para serem desenvolvidas no ambiente virtual Moodle. A
181
experiência foi relatada pelo grupo no “ICDE 22ª Conferência Mundial de
Educação a Distância” em 2006 no Rio de Janeiro.
As primeiras disciplinas construídas foram Informática e Sociedade,
Informática e Cidadania, Informática e Meio Ambiente para as turmas de
Sistemas de Informação e Educação e Tecnologias da Informação e da
Comunicação, Educação a Distância e Seminários Temáticos para as
turmas de Pedagogia. As disciplinas começaram a ser construídas no Moodle
através de adaptações das disciplinas presenciais e a avaliação seguiu o
mesmo esquema. As avaliações de todas as etapas de construção e aplicação
das disciplinas eram feitas pela equipe da escola de informática e depois pelo
grupo. Com a criação do NEAD (Núcleo de Educação a Distância) da
instituição, o grupo ainda trabalhou por algum tempo, sendo substituído
gradativamente.
A construção destas disciplinas, após inúmeras discussões no grupo,
apropriou-se da visão construtivista (Piaget, Vygotsky) sobre a aprendizagem
que leva o aluno a participar ativamente do processo de construção de seu
conhecimento através de experiências significativas e relevantes. A utilização
da web como espaço para aprendizagem permite inferir não apenas que a
internet nunca foi um espaço para simples disseminação de informações,
porém como afirma Peraya (2002): “é uma verdadeira tecnologia intelectual,
uma ferramenta cognitiva no seu sentido pleno”. (p.31)
Partindo desta premissa a proposta pedagógica foi baseada em um ambiente
web com atividades interativas de forma a facilitar a aprendizagem. As aulas
foram programadas no formato semanal contando com a participação do
professor-tutor como facilitador e dando suporte aos alunos na realização das
atividades propostas com a finalidade de provocar estas interações e
experiências significativas.
Durante a atuação do grupo, houve grande preocupação na estruturação
didática. Os professores eram conteudistas, autores e tutores. Os próprios
professores inseriam os conteúdos na plataforma moodle e a adequação
destes conteúdos ao ambiente virtual era realizada pelos professores da
Escola de Informática, que possuíam especialização em EAD e em Design
instrucional.
182
Sendo assim, as disciplinas seguiram alguns parâmetros teóricos, entre eles a
estrutura didática do curso utilizada na Universidade da Federal da Alemanha,
apresentada pelo prof. Otto Peters (142-148). Com relação a avaliação da
aprendizagem, esta se inicia na própria estrutura didática, parte dos objetivos
específicos da unidade, a estrutura didática dos textos e o designer. Segundo
Peters todas as unidades do curso seguem uma mesma sequência didática:
“Essa sequência já é por si só uma ajuda, porque facilita a orientação e o
trabalho autônomo com os diferentes elementos da unidade do curso durante o
estudo”. (2001, p.144) Quanto a estrutura didática do próprio texto, Peters
ressalta “Decisiva é a passagem da mera exposição dos conteúdos a serem
ensinados para a disponibilização e iniciação de processos cognitivos e de
aprendizagem”. (p.148) e explicita o conceito de malha fina e malha grossa
onde uma estrutura textual apresenta um tema sem grandes explicações passa
ao estudante a sensação de solidão, enquanto que uma estrutura
extremamente explicativa inibe as possibilidades de desenvolvimento de uma
aprendizagem mais autônoma. A avaliação, portanto está intrinsecamente
ligada a estrutura didática do curso e do próprio texto. Na matriz de design
instrucional as duas colunas são totalmente relacionadas. Para algumas
atividades eram estipuladas respostas que envolviam habilidades cognitivas
através da demonstração de competências como avaliação, síntese, análise,
compreensão e memorização. Sendo assim, os hipertextos disponibilizados no
curso permitiam o acesso imediato a links ligados ao assunto, assim como a
um glossário de termos técnicos. Esse tipo de ação favorece a pesquisa, o
interesse pela leitura e a aquisição de novos conhecimentos.
Os cursos foram concebidos dentro de uma perspectiva sócio-interacionista e
desta forma as atividades interativas foram enfatizadas principalmente nos
fóruns de discussão e nas atividades realizadas colaborativamente em
tarefas de grupo (tarefa, wiki, glossário de termos). Dentro desta perspectiva
foram também criadas atividades leves como “HotPotatoes2” e exercícios
objetivando a construção do conhecimento de forma lúdica. As atividades
avaliativas eram pontuadas de acordo com o critério de avaliação presencial e
2 Hot Potatoes é uma ferramenta de autoria para a criação de palavras cruzadas, exercícios de frase desordenada, questionário de múltipla escolha e textos com lacunas. É um software livre, mas é de código aberto.
183
representavam 49% da nota para a aprovação na disciplina. Os demais 51%
eram obtidos em prova presencial, de acordo com a legislação vigente
Segundo Pinto (2002), da Universidade do Minho, Portugal,
[...] Alunos que utilizam sistemas de ensino a distância, são adultos com atividade profissional, com muitas responsabilidades e sem tempo. Estudando a noite na maior parte das vezes são pessoas que sabem muito bem o que querem, enriquecendo conhecimentos em áreas em que se sentiram bem no passado ou relacionadas com sua atividade profissional, que bem conhecem. (p.20)
Esta definição se encaixa perfeitamente ao público-alvo dos Cursos de
graduação atendidos. Desta maneira, todo o conteúdo foi apresentado de
forma simples para facilitar o aprendizado do aluno. Os textos com linguagem
rebuscada ou extremamente erudita tendem a cansar e confundir o aluno. A
linguagem, neste caso mais coloquial, facilitou a comunicação suscitando a
interatividade através da pseudo-intimidade que provocou.
Considerando a dinâmica que pode ser implementada nos ambientes virtuais,
em especial no ambiente virtual Moodle, verificou-se nestes protótipos o
desenvolvimento da interatividade no ciberespaço como ferramenta propulsora
de construção de conhecimentos a partir da participação dialógica e efetiva dos
alunos, formando verdadeiras comunidades virtuais. Segundo Peters (2001),
“o diálogo torna-se importante pedagogicamente porque nele linguagem,
pensamento e ação estão intimamente relacionados e porque realizam o
desenvolvimento individual e social do ser humano”. (p.80)
As disciplinas foram planejadas para utilizar mídias assíncronas, como texto do
Livro Digital, hipertexto, vídeos, animação e como mídia síncrona foi planejado
para ser utilizado somente o recurso Chat ou Bate-papo.
III – Avaliação nas atividades presenciais As atividades presenciais se apresentavam através de uma aula inaugural, com
o objetivo de orientar ao aluno quanto ao acesso ao programa, seus recursos,
a dinâmica do trabalho proposto, e se discutia a expectativa do trabalho a ser
desenvolvido, uma vez que essa possibilidade de estudo ainda era vista com
desconfiança por muitos.
184
Na avaliação final da disciplina, o estudante se apresentava novamente a fim
de realizar a provas. As avaliações finais tinham o objetivo de registrar toda a
dinâmica desenvolvida ao longo da disciplina, num contexto de objetividade,
onde se marcava os conhecimentos conceituais, e no contexto da
subjetividade, onde se verificava os conceitos atitudinais e procedimentais.
Cabe ressaltar que durante toda a formatação da disciplina, estes conceitos
estruturavam os conteúdos propostos, a fim de que realmente a dinâmica da
autonomia da aprendizagem fosse exercida pelo estudante.
Neste segundo encontro, observava-se que o aluno, de fato, atendia as
questões propostas, pois a dinâmica dos fóruns, elaboração de atividades,
utilização de recursos do próprio programa de forma lúdica, como
“HotPotatoes”, gerou uma nova possibilidade de aprendizagem, o que fora
constatado como uma ação afirmativa o EAD no ensino de disciplinas nos
cursos, até aqui, ofertados.
IV – Comparação entre as atividades avaliativas presenciais e na
modalidade a distância - O que realmente muda
A avaliação, conforme define Luckesi (1996) "é como um julgamento de valor
sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de
decisão" (p. 33). Partindo desta premissa básica, as formas de avaliação eram
utilizadas da mesma maneira: inicialmente uma avaliação diagnóstica (na sala
de aula ou no fórum on line) para conhecer o aluno e tentar identificar o nível
de conhecimento do conteúdo a ser apresentado. Estávamos verificando e
classificando em que estágio do conteúdo se deveria atuar, acelerando ou
diminuindo o ritmo em algumas atividades (era a tomada de decisão).
No segundo momento utilizamos a avaliação formativa ou processual, onde a
cada semana de atividades verificávamos o desenvolvimento dos alunos, a
memorização, capacidade de análise e síntese, redação e a correção textual
(nos diversos exercícios e tarefas). Cada atividade era pontuada. As
adequações feitas eram praticamente de ordem midiáticas, voltadas para a
adequação do requerido ao ambiente virtual utilizado.
Segundo DEMO (2000, apud Sandra Gusso, 2009, p. 59), “Avaliar não é
apenas medir, mas, sobretudo, sustentar o desenvolvimento positivo dos
185
alunos”. E neste sentido, os instrumentos devem ser adequados, mas em
essência a avaliação é a mesma. Transformar algumas atividades docentes
que são realizadas presencialmente em atividades on line requer um exercício
interessante de criatividade. E de acordo com Domingues (2006):
Os objetivos fundamentais da EAD devem ser o de obter dos alunos a capacidade de produzir conhecimentos, analisar práticas e posicionar−se criticamente em situações concretas, e não a capacidade de reproduzir idéias ou informações. Assim, o foco da avaliação está na análise da capacidade de reflexão crítica e colaborativa do aluno diante das próprias experiências e das vivências compartilhadas com colegas.
Os cursos online, enquanto unidades didáticas precisam ser bem estruturadas
para atender alguns pressupostos básicos de orientação ao aluno em ambiente
virtual, a questão didática e pedagógica é essencial para a estruturação
coerente que consiga promover o sucesso da aprendizagem. A mediação
tecnológica para a aprendizagem é fator complicador e a criatividade humana
para superar essa dificuldade é fundamental.
Ao final dessa etapa foi possível perceber melhoria nos resultados da
aprendizagem dos alunos. E, eram realizados também, processos de avaliação
da disciplina pelos alunos e docentes e além de avaliar os procedimentos do
grupo na própria implementação da disciplina, uma vez que iniciamos como
ambiente de teste. Os resultados de aprendizagem eram expressivos na
medida em que o ambiente otimizava o desenvolvimento individual e do grupo.
Obtínhamos melhor resultado e aceitação nas disciplinas online que nas
disciplinas presenciais.
V – Considerações Finais
A experiência de criar e implementar disciplinas em EAD foi enriquecedora. A
construção do curso virtual no ambiente Moodle não é difícil, embora apresente
características que devam ser estudadas e observadas para sua utilização. As
ferramentas do Moodle são amigáveis, versáteis e de fácil manuseio. A
complexidade maior ficou relacionada às teorias pedagógicas e ao
planejamento e desenho do curso que antecede a elaboração deste no
ambiente virtual, mais especificamente relacionada ao trabalho do Design
Instrucional (DI).
186
Com relação às semanas/aulas, observou-se que as unidades didáticas
precisam ser mais bem estruturadas para atender alguns pressupostos básicos
de orientação ao aluno em ambiente virtual, já que a EAD ainda é uma
atividade inovadora no processo de ensino e aprendizagem. Relativamente a
mediação tecnológica para a aprendizagem é fator complicador, no qual se
necessita da criatividade humana para propor e desenvolver a superação
dessa dificuldade como eixo estruturador fundamental.
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SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade. Editora Autentica. Belo
Horizonte. 2002. p.11
188
Educação a Distância
(EaD): Limites e
Possibilidades
Claudia Benevento;
Vagner Santana
GT
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Cla
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to
Meu nome é CLAUDIA TOFFANO BENEVENUTO. sou graduada
em pedagogia(UNIPLI/RJ), pós graduada em Especialização em
Raças, Etnias e Educação no BRASIL(UFF/RJ), pós graduada em
Informática Educativa(AVM/RJ), pós graduada em Metodologia e
gestão em educação a distância – UniAnhanguera/RJ, pós
graduada Stricto sensu – Mestrado em Política Social – UFF/RJ.
Va
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Sa
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na
Meu nome é Vagner Caminhas Santana. Sou graduado em
Ciências Sociais – UNIMONTES/MG, pós graduado Stricto Sensu
– Mestrado Acadêmico em Política Social – UFF/RJ.
Resumo:
A pesquisa tem como objetivo ressaltar os aspectos pedagógicos para o
desenvolvimento em ambientes virtuais de aprendizagem, mostrando os limites
e possibilidades da Educação a Distância. Procuramos ao longo da pesquisa
mapear algumas questões para a implantação desses ambientes, focando nas
características, possibilidades e limites, com a perspectiva de (re) significar os
paradigmas educacionais que possam delinear esboços de uma nova
paisagem social. Este trabalho justifica-se pelo fato da globalização da
economia e a rapidez das inovações tecnológicas estarem exigindo, cada vez
mais, uma formação profissional, seja nos treinamento e na Educação
continuada, fazendo com que se invistam mais em programas de ensino a
distância. O artigo discute não o modelo educacional em si, mas formas de
189
comunicação que fazem da Educação a distância uma ferramenta
personalizada de aprendizagem, com impacto na vida profissional. A
metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi de natureza
qualitativa, de cunho bibliográfico, com base em autores como Alava (2002),
Alonso (2000), Gardner (1995), Lévy (2001) e Moran (2009). Constatamos que
ao longo da história, os cursos de educação a distância têm cumprido o seu
papel sociocultural, político e pedagógico a fim de atender pessoas que, por
razões de diferenças e falta de tempo, não conseguem chegar aos meios
universitários para se graduarem ou pós-graduarem presencialmente. Esses
cursos têm características que atualmente contam com as últimas conquistas
da tecnologia permitindo interações entre o aluno e o professor e entre alunos,
além de facilitar a veiculação de uma proposta de ensino de qualidade e de
fácil acesso.
Palavras chave: Ambiente Virtual; Educação a Distância; Paradigmas Educacionais.
INTRODUÇÃO
No momento em que se defende o desenvolvimento do ensino virtual como um
recurso para aumentar a média de escolaridade dos brasileiros e estratégia
mais eficiente e apropriada para diminuir a exclusão social nas universidades
do País, bem como para estimular a inclusão digital é importante esboçar
trilhas para o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem e
mapear os desafios epistemológicos desse percurso.
Podemos entender Educação a Distância (EaD) como qualquer forma
mediadora de educação (por um ou vários meios de comunicação), uma vez
que a presença física do professor é substituída por algum tipo de material. A
Educação a Distância surge em decorrência das transformações da sociedade,
das novas relações do homem com o meio em que vive e do aperfeiçoamento
das técnicas e recursos tecnológicos. A relação professor/aluno e
espaço/tempo são transformadas para a educação a distância, no sentido de
atender as novas necessidades e vencer os desafios impostos pela evolução
da humanidade.
Com a promulgação da Portaria do MEC nº 2.253/20011 que autoriza que 20%
da carga horária das disciplinas presenciais sejam realizadas sob a forma de
190
atividades não presenciais, a discussão e o estudo da educação a distância
vêm se mostrando uma necessidade urgente nas instituições educacionais de
todo o Brasil. Torna-se necessário, assim, desenvolver ambientes educacionais
para a oferta de disciplinas na modalidade de educação a distância que
possam gerar pesquisas e inovação pedagógica.
Buscar conhecimentos através da educação a distância tem sido alimentado
por algumas inquietações. Procuramos responder à seguinte questão: Como
construir novos modos de aprender e conhecer sem transpor as “velhas
fórmulas” para as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC),
assim como produzir novas linguagens na comunicação e encarnar os novos
paradigmas?
O presente artigo tem como objetivo destacar aspectos pedagógicos para o
desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, mostrando os limites
e possibilidades da Educação a Distância. Ao mesmo tempo, procura mapear
um conjunto de questões para a implantação desses ambientes, focalizando
características, possibilidades e limites. Tem como horizonte a (re)significação
de paradigmas educacionais e a construção de vários conhecimentos que
possam delinear esboços de uma nova paisagem social.
Este artigo justifica-se pelo fato da globalização da economia e a rapidez das
inovações tecnológicas estarem exigindo cada vez maior esforço em formação
profissional, treinamento e Educação continuada, fazendo com que se invistam
mais em programas de ensino a distância.
A importância da pesquisa aqui proposta é fundamental para discutir a
necessidade da capacitação do profissional. Falar sobre EaD sem conhecer a
fundo as consequências e impactos reais que este método pode ter na vida das
pessoas é imprudente, assim como é o papel esperado das Universidades que
elas pesquisem a eficácia do modelo e auxiliar a utilização da ferramenta na
sua potencialidade e efeitos desejados. Este artigo trata de discutir não o
modelo educacional em si, mas as formas de comunicação que fazem da EaD
uma ferramenta de aprendizagem personalizada e ao mesmo tempo de alta
demanda, com impacto importante na vida profissional e no desenvolvimento
individual. A metodologia utilizada para a realização deste trabalho será de
natureza qualitativa, de cunho bibliográfico.
191
1. O ambiente virtual: condições e possibilidades
Ao iniciarmos nossa discussão é importante registrar que fazemos parte dos
profissionais da educação que concebem a educação a distância não só como
uma modalidade de ensino e que é possível de ser realizada em vários níveis
dos sistemas educacionais. Esta posição implica considerar inexistente uma
diferença entre educação presencial e educação a distância. O que é
indispensável para as duas modalidades é o reconhecimento do paradigma
que dá suporte ao projeto político-pedagógico em questão. O diferencial está
depositado na expectativa de que a implantação da educação a distância,
apoiada nas novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), possa
contribuir para uma (re)significação do processo educativo, por seu potencial
de vinculação a uma mudança de paradigma.
Como assinala Alonso (2000, p.20),
(...) o importante é perceber que o uso das tecnologias da comunicação não muda, em princípio, as questões inerentes a qualquer projeto educativo. Precisa-se responder: para quem? Para quê? E como? (...) o projeto será desenvolvido. E ter a consciência de que no momento em que se está desenvolvendo uma interação de qualquer natureza está implícito um paradigma que organiza e limita a nossa percepção e explica de um certo modo o sentido da nossa ação. Quando se desenvolve um ambiente de aprendizagem, faz-se uma opção teórico-metodológica que tem uma abordagem de desenvolvimento e de aprendizagem humana, uma visão de homem, de ciência, de trabalho e de mundo.
Com base nesta citação, percebemos que precisamos, igualmente, de uma
nova discussão de valores, de vínculos sociais e de modos de convivência.
Sendo consideradas a especificidade da construção de um ambiente de
aprendizagem e as tarefas pedagógicas implicadas em um projeto desta
natureza, fica muito clara a necessidade do suporte de diversos paradigmas,
de vários princípios e de um conjunto de categorias procedentes de diversas
bases do conhecimento.
A ideia que temos quando se quer (re)significar o processo educacional na
modalidade de educação a distância em ambiente virtual, é de que este
ambiente deve encarnar os subsídios teórico-práticos das abordagens críticas,
construtivistas e sociointeracionistas, assim como atualizar as contribuições
teóricas advindas da epistemologia da complexidade. Esta opção está baseada
192
na conexão existente entre estes paradigmas e as novas ferramentas
disponíveis no ciberespaço. (ALONSO, 2000). Neste sentido, precisamos
refletir a proposta, defendida por Morin (1998) em relação à epistemologia da
complexidade, na qual o autor propõe uma adoção chamada de “pensamento
complexo”.
Assumindo-se a proposta de Deleuze e Guattari (1976), concebe-se a
construção do conhecimento a partir de entradas múltiplas próprias dos
sistemas complexos, defendendo-se a ausência de hierarquização do
conhecimento. A epistemologia da complexidade exposta pelas autoras
procura realizar uma ruptura com a realidade ainda dominante no ensino
contemporâneo e ao mesmo tempo contribuem tanto para a busca da
transdisciplinaridade como para a constituição de redes de aprendizagem e de
conhecimento. Promover o entrelaçamento de saberes é uma exigência da
realidade do mundo contemporâneo que pode constituir a diferença nos modos
de pensar e propor projetos educacionais.
Para Maciel e Paiva (2000) com o desenvolvimento da cibercultura, os novos
esquemas cognitivos vêm possibilitar, na área da educação, novas
compreensões sobre o processo de ensinar e de aprender, calcadas em
recursos que conectam e criam relações entre sujeitos, pelas diversas redes de
informação que vão sendo constituídas. Ao viabilizarem uma outra relação
dialógica, baseada na multidirecionalidade, estabelecem também a
possibilidade de co-criação do conhecimento e de propostas de solução criativa
às demandas institucionais e educacionais.
Assim sendo, todos os profissionais que vão desenvolver ambientes virtuais de
aprendizagem precisam investir no desenvolvimento de uma base
epistemológica múltipla e convergente. A tarefa de (re)significar o processo
educativo precisa ter como eixo a concepção de um sujeito que, em redes as
mais diversas, estabeleçam novas formas de contato e expressão no mundo,
como autor/produtor. Reiteram-se e assumem-se posições teóricas de autores
como Piaget, Vygotsky, Paulo Freire, entre muitos outros que defendem a
formação de um sujeito ativo, crítico, reflexivo, deliberativo, ético e autônomo.
Não faz parte dos objetivos deste artigo aprofundar uma concepção de ensino
e aprendizagem, mas indicar que todo projeto pedagógico carrega um
paradigma e que a construção do ambiente virtual de aprendizagem deve estar
193
articulada a um projeto político-pedagógico construído coletivamente de forma
lúcida e criativa. O ambiente virtual precisa, assim, refletir em suas estratégias
de ensino e aprendizagem o esboço de mundo desejado e atualizar a
expectativa de constituir uma alavanca para a inovação pedagógica.
Alava (2002) e Maciel & Paiva (2000) chamam atenção para o fato recorrente
de “fazer o velho com o novo” reiterando o imobilismo da forma escolar. Para
ultrapassar esse imobilismo é necessário mapear e enfrentar as deficiências do
sistema regular de ensino, promovendo processos de renovação metodológica.
Sua constante atualização e teoria chamam nossa atenção para o seu
potencial de incorporação pelas modalidades de educação a distância.
2. Outras possibilidades de aprendizagem: a mesma intencionalidade?
Quando falamos em ambiente virtual de aprendizagem, conhecido também
como AVA, com utilização da Web e as redes locais constituídas no espaço
cibernético nos referimos à modalidade de educação a distância que utiliza
como suporte o computador.
Assim, podemos considerar o ambiente de aprendizagem como um espaço que
disponibiliza conferências por computador, acesso a banco de dados, correio
eletrônico, bibliotecas virtuais, conteúdos digitalizados em diversas mídias por
onde circulam discursos pedagógicos.
Colocam-se os recursos da Internet como ferramentas pedagógicas
facilitadoras do processo de inovação pedagógica. Como nos ensina Moraes
(2001, p.69) “na rede flutuam instrumentos privilegiados de inteligência coletiva,
capazes de gradual e processualmente fomentar uma ética por interações,
assentada em princípios de diálogo, de cooperação, de negociação e
participação”.
Segundo Peraya (2002, p.29) o dispositivo de comunicação, de mediação de
saberes e de formação midiatizada se constitui como:
(...) uma instância, um lugar social de interação e de cooperação com intenções, funcionamentos e modos de interação próprios. A economia de um dispositivo – seu funcionamento – determinada pelas intenções apoia-se na organização estruturada de meios e materiais, tecnológicos e simbólicos e relacionais, naturais e
194
artificiais, que tipificam, a partir de suas características próprias, os comportamentos e condutas sociais, cognitivas e afetivas dos sujeitos.
Corroborando com o autor acima, Charlier (2002, p.5) põe em evidência a
acepção de Berten que “conceitua dispositivo como um espaço intermediário
de mediação entre um sujeito portador de uma intenção e um ambiente
dinâmico, sendo que o objeto dessa interação sujeito/ambiente é a construção
do conhecimento”. Todas as novas possibilidades inauguradas pelas TIC
precisam estar ancoradas em um conjunto de intenções que tenha como norte
a construção de uma nova paisagem educativa. Caso contrário, se estará
reeditando as velhas fórmulas.
As novas possibilidades das TIC não podem carregar o fato de que o ambiente
virtual formula intenções, porque ela constitui um espaço relacional que tem
marcas sociais, veicula um discurso pedagógico e científico permeado por
ideologias, e, também, não pode perder de vista que a sua principal função
está situada na indispensável tarefa de ensinar e aprender. Como assinala
ajmanovich (2000, p.35) “as tecnologias de comunicação e informação atuais
oferecem meios facilitadores, mas, de forma isolada, não garantem em
absoluto novas formas de ensinar, pensar e conviver”. Com isso, percebemos
que o meio/modelo de aprendizagem é diferente mais o ensino embora não
garantam novas formas tem a mesma intencionalidade.
3. Ambiente virtual pode eliminar a distância?
Iniciamos destacando duas perguntas que circulam no ambiente acadêmico:
pode a tecnologia eliminar a distância? Como construir outra interação
diferente da presencial e como reduzir a distância transacional entre alunos e
aprendizes no ambiente virtual?
Não resta dúvida de que a distância transacional entre os professores e
aprendizes na situação de formação constitui uma variável importante em
qualquer modalidade educacional.
Na EaD, a distância transacional torna-se uma questão crítica e essencial. Por
outro lado, estudos sinalizam que o ambiente virtual pode gerar aproximações
e uma convivência tão próxima quanto a presencial.
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Maraschi (2000, p.27) afirma que “as tecnologias na realidade têm a função de
eliminar a distância ou construir outras interações diferentes da presencial. Ao
possibilitarem a suspensão das distâncias espaciais permitem a convivência e
a diversidade”.
Na medida em que o ambiente pedagógico tenha como meta criar situações de
aprendizagem significativas com disponibilidade subjetiva e objetiva para
estabelecer um diálogo permanente, pode assim, ultrapassar as condições
atuais do regime presencial. A anulação da distância transacional na relação
pedagógica, porém, em especial para por uma definição ética, política e
estética dos sujeitos envolvidos no projeto educacional.
Freire (1996, p.154) discute que para que o diálogo seja inaugurado é
necessário que “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugure com seu
gesto a relação dialógica em que se confirme como inquietação e curiosidade,
como inclusão em permanente movimento na História”.
Não podemos deixar de observar que aproximação perceptiva/comunicacional
entre o professor e o aprendiz está na mudança na modalidade de contato, no
estabelecimento de atividades sociais de negociação e construção de sentido e
no compromisso de todos que participam do ambiente educacional.
4. OS desafios permanecem
As Tecnologias de Informação e Comunicação, as TIC’s, são importantes
ferramentas para a transformação radical da educação brasileira. Especialistas
indicam que o Brasil moderno e justo só será possível se todos os estratos da
sociedade estiverem ligados à comunidade digital e à grande rede de
informações.
Os desafios da EaD só poderão ser enfrentados se forem disponibilizados
recursos humanos articulados em redes presenciais, semipresenciais, virtuais,
em processo de debate e produção contínua, numa produção de conhecimento
transdisciplinar e de geração de alternativas criativas para um projeto social e
educacional.
Lévy (2001) nos orienta que:
O ciberespaço será o principal ponto de apoio de um processo ininterrupto de aprendizagem e ensino da
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sociedade por si mesma, e que no ciberespaço todas as instituições humanas irão se entrecruzar e convergir para uma inteligência sempre capaz de produzir e explorar novas formas. (p.36).
ão podemos ser capturados pelo encantamento das TIC’s, mas também não
se podem negar as amplas possibilidades de inovação pedagógica que estão
sendo oferecidas e, também não podemos desistir do projeto de (re)significar a
educação, tendo em vista novos esboços de mundo.
Considerações finais
A influência da informatização na educação traz a reflexão sobre um novo
método de ensino. O repensar a educação é um dos grandes desafios
enfrentados pelos professores. “Parte desse desafio refere-se à própria
formação profissional do professor e a capacidade deste em administrar as
diferentes formações entre os alunos, buscando aproveitar o interesse natural
no direcionamento da construção e aprofundamento do conhecimento”
(KENSKI, 2005, p. 77).
Nos estudos de Piaget (1998) a epistemologia genética concebe a construção
do conhecimento na ação do sujeito, ela foi desenvolvida em um contexto
histórico de reflexão pedagógica que buscava mudanças na pedagogia
tradicional. Sua teoria contribuiu com as fundamentações psicológicas e
epistemológicas da pedagogia ativa na qual as relações entre professor-aluno
e aluno-aluno constroem-se a partir do respeito mútuo, reciprocidade e
cooperação, o que na educação a distância essa interação é essencial. E sua
cooperação pode ser desenvolvida através de chat, fórum ou correio eletrônico,
utilizando uma proposta pedagógica que permita o desenvolvimento da
autonomia e da construção do conhecimento.
Não basta apenas utilizar as tecnologias computacionais para se garantir que
ocorra um aprendizado com qualidade, é necessário que o professor/tutor
tenha a competência de integrar os recursos existentes para que ocorra a
construção do conhecimento.
O papel do professor nessa modalidade de ensino é a de um intermediador,
buscando a interação dos alunos com a finalidade de promover o
conhecimento de forma integral, ficando assim o aprendizado centrado no
aluno.
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Assim, podemos constatar com este artigo que o principal objetivo da educação
a distância é a formação de pessoas criativas, inventivas e descobridoras, que
buscam constantemente sua autonomia. Para o desenvolvimento de ambientes
virtuais de aprendizados se faz necessário que seja pensada a importância da
interação entre os alunos para que o aprendizado aconteça com qualidade e o
professor/tutor não seja o ponto central do aprendizado, mas que ele seja um
intermediador, incentivando sempre a busca do conhecimento.
Para que isto aconteça é essencial que o aluno seja visto como um ser
complexo, que interage constantemente com o meio social, que aprende
melhor quando vivencia as experiências.
Para Howard Gardner (1995, p.21) a escola tem o dever de desenvolver
inteligências e ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos. Para o autor, não
existem habilidades gerais, ele não acredita em testes rápidos para se medir a
inteligência, mas em processos mentais e no potencial humano a partir das
pessoas em diferentes campos do saber.
Sintetizando o nosso raciocínio buscamos em Travassos (2001), que nos
ensina que a aprendizagem deve ser direcionada para a compreensão ampla
de ideias e valores a partir de uma metodologia baseada na
interdisciplinaridade, devendo o professor ser um mediador do conhecimento,
exercitando a pesquisa de novos saberes, considerando os variados potenciais
de cada indivíduo.
Já o Gardner (1995) propõe que as escolas favoreçam o conhecimento das
disciplinas básicas, que encorajam seus alunos a utilizar os conhecimentos
adquiridos para resolver problemas relacionados às questões pessoais e que
incentivam a realização de combinações intelectuais individuais, a partir do
potencial de cada aluno.
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Sessão de Pôsteres
“Uso Pedagógico de Mídias na Escola: Práticas Inovadoras”
Orlenildo Oliveira Dias e Fani Hamphreis da Silva
“Uso Pedagógico de Mídias na Escola de Ensino Médio: Práticas Inovadoras”
Sidnei Alves da Rocha e Fani Hamphreis da Silva
“Uso de Mídias na Sala de Aula: O Caso da Escola de Ensino Médio José
urgel Rabelo no Acre”.
Tarcísio Araújo Pereira e Fani Hamphreis da Silva
“Uso das Mídias na Escola: Aproximação entre o Conhecimento e o aluno”
Everly Damasceno do Nascimento e Fanni Hamphreis da Silva
“A utilização de recursos tecnológicos como mecanismo de auxilio ao trabalho
docente e melhoria da qualidade de ensino”
Maria Marinete de Souza Aguiar e Fanni Hamphreis da Silva
“O Construtivismo na EaD” Cristiane Villamor Rodrigues
200
Direção Geral – Professor Fernando Arduini Ayres
Coordenação Geral Adjunta da EaD– Fabiane Muniz da Silva
Organização Geral do evento – Fabiane Muniz da Silva
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Colaboração e formatação: Gleicy Ane Monteiro de Lima
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