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Anais do III QuiEncontro UFJF – Conversas sobre
o Ensino de Química na Educação Básica
III QUIENCONTRO - 2018
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora
Rua Jose Lourenco Kelmer, s/n – Campus Universitário
Bairro São Pedro, Juiz de Fora – MG
36036-900
Reitor
Marcus Vinícius David
Vice-reitor
Girlene Silva
Diretor da Faculdade de Educação
Prof. Dr. Álvaro Quelhas
Diretor do Centro de Ciências da UFJF
Prof. Dr. Eloi Teixeira Cesar
Diretora da SRE Juiz de Fora
Fernanda Cristina de Paula Ferreira Moura
Organizadoras da Obra
Ana Carolina Araújo da Silva
Cristhiane Carneiro Cunha Flôr
Rita de Cássia Reis
III QUIENCONTRO - 2018
Comissão Organizadora:
Rita de Cássia Reis – Coordenadora Geral do III QuiEncontro
Ana Carolina Araújo da Silva
Andreia Francisco Afonso
Cristiana Quirino Vasconcelos Lacet
Cristhiane Carneiro Cunha Flôr
Eloi Teixeira Cesar
Fernanda Cristina de Paula Ferreira Moura
Isabela Vieira
Karine Gabrielle Fernandes
Kelly Fortini Cruz
Marcela Arantes Meirelles
Nielsen de Moura
Odaisa Helena Pereira Cruz
Silmat Carla da Silva
Silvio Ivanir de Castro
Therezinha Maria Motta Barbosa Campos
Vinícius Carvalho
Comissão Científica
Dra. Anielli Fabiula Gavioli Lemes (UFVJM)
Me. Ehrick Eduardo Martins Melzer (UFPR)
Dra. Fernanda Luiza de Faria (UFSC)
Me. Franciane Toledo (Professora Educação Básica/MG)
Dra. Marianna Meirelles Junqueira (UFLA)
Me. Nielsen de Moura (Professor Educação Básica/MG)
Me. Patrícia Maria Azevedo Xavier (IFBA)
Me. Paulo Ricardo da Silva (UFLA)
Dr. Thiago Henrique Barnabé Corrêa (UFTM)
Dr. Reginaldo Fernando Carneiro (UFJF)
Me. Wallace Alves Cabral (UFSJ)
III QUIENCONTRO - 2018
QuiEncontroUFJF (3. : 2018 : Juiz de Fora, MG)
Anais do III QuiEncontro; Ana Carolina Araújo Silva, Cristhiane Carneiro
Cunha Flôr, Rita de Cássia Reis, organizadoras. – Juiz de Fora, 2018.
p. 84
ISSN: 2527 - 1156
1. Educação – Congressos. 2. Formação de professores. 3. Ciências. 4.
Química. II. QuiEncontro (3. : 2018 : Juiz de Fora, MG). II.Silva, Ana
Carolina Araújo, Flôr, Cristhiane, Reis, Rita de Cássia. IV. Título
CDU 27
III QUIENCONTRO - 2018
Caros colegas, leitores destes Anais do III QuiEncontro,
Nesses três anos de evento, desde 2016, nós, da equipe de Educação Química da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com
o Centro de Ciências da UFJF, com o Colégio de Aplicação João XXIII, com a equipe de
Educação Química do Departamento de Química da UFJF e com a Superintendência
Regional de Ensino de Juiz de Fora buscamos trazer à tona todas as belezas, novidades,
realizações e esperanças das quais estão repletas as escolas, por meio de seus
professores. Desde a primeira edição, vem crescendo a participação dos professores da
educação básica, tanto na proposição de trabalhos para as rodas de conversa, quanto no
oferecimento e participação nas oficinas do evento, além de ter crescido muito a
participação na organização do evento. Isso para nós é uma felicidade, pois buscamos
com o QuiEncontro um efetivo encontro entre a universidade e a escola, num sentido de
não hierarquização dos saberes. Buscamos, antes de tudo, troca e compartilhamento.
Queremos aprender com a escola básica, seus desafios e potencialidades. Sua boniteza.
Foi pensando assim que, para o terceiro QuiEncontro, buscamos estreitar ainda mais
nossa parceria com a Superintendência Regional de Ensino, realizando o evento nas
dependências da Escola Estadual Francisco Bernardino/JF, contando com a colaboração
paciente, amorosa, criativa de nossas colegas Kelly, Teresinha, Silmat, Odaísa, Cristiana,
Fernanda e de tantas outras personagens da escola que possibilitaram a realização do
evento. Foram inúmeras reuniões pensando a melhor programação possível, que fosse
ao encontro dos desejos e potencialidades dos verdadeiros autores e autoras do evento,
seus participantes!
Nesta terceira edição do QuiEncontro contamos também com a presença especial de
estudantes do ensino médio, que ofertaram oficinas, participaram da mesa de
credenciamento, apresentaram junto ao professor Cláudio o emocionante e significativo
número musical “Os Saltimbancos” e nos mostraram que os processos educativos podem
ser pensados em seu todo, sem hierarquizações rígidas. Os professores ensinam, mas
também aprendem. Os estudantes aprendem, mas também ensinam. A universidade
produz conhecimento que pode ser útil à escola básica e vice-versa, a escola básica
III QUIENCONTRO - 2018
também produz conhecimentos importantíssimos para contribuir com a formação de
professores nas universidades.
Esse processo gerou um grande aprendizado a todos e todas que estiveram envolvidos.
É possível perceber esse aprendizado nos relatos apresentados nestes Anais do III
QuiEncontro, que estão muito interessantes e agradáveis de ler, e que trazem ideias
incríveis para nossas aulas! Esperamos que realizem uma ótima leitura, e que possamos
nos ver no IV QuiEncontro, que será realizado na Universidade Federal de São João Del
Rey, no dia 17 de agosto de 2019.
Um grande abraço e uma leitura inspiradora é o que desejamos!
Ana Carolina Araújo da Silva
Cristhiane Carneiro Cunha Flôr
Rita de Cássia Reis
III QUIENCONTRO - 2018
Sumário Roda de conversas 1: Aprender ciências brincando .................................................................... 9
Atividade lúdica no ensino de química orgânica ......................................................................... 12
Bake off Química: mão na massa e de olho nas reações químicas ............................................. 15
As bolinhas mágicas: ciências na educação infantil .................................................................... 19
Roda de Conversas 2: Aprender ciências investigando! ........................................................... 21
Ciências Forenses: O Ensino da Química por meio da Experimentação ..................................... 24
Tem Química na Geladeira? ........................................................................................................ 27
Do submicroscópico para macroscópico: Aprendizagem da geometria molecular através de
modelos ....................................................................................................................................... 30
Roda de Conversas 3: Aprender ciências contando histórias! .................................................. 32
CineCiências: uma proposta para abordar a temática Educação Ambiental .............................. 36
Aprendendo ciências com os super-heróis ................................................................................. 38
Elaboração de tirinhas como forma de aprendizagem em Química ........................................... 41
Roda de Conversas 4: Aprender ciências com o ambiente! ...................................................... 44
Uma aula sobre chuva ácida para alunos do técnico integrado em agropecuária ..................... 47
Horta vertical para o cultivo de temperos na Escola Municipal Engenheiro André Rebouças ... 50
Contaminação do Rio Doce por metais pesados: Um projeto para a feira de ciências. ............. 52
Roda de Conversas 5: Aprender ciências interagindo! .............................................................. 57
Júri Químico: uma atividade para a aproximação, motivação e criticidade dos estudantes da
Educação Básica .......................................................................................................................... 60
Flutua ou Afunda? Trabalhando ciências com experimentação. ................................................ 63
Teste de Chama: identificação da dificuldade dos estudantes na aprendizagem de conceitos
químicos ...................................................................................................................................... 67
Roda de Conversas 6: Aprender ciências participando! ............................................................ 69
Tabela Periódica Interativa – TPI: Construção de uma Tabela Periódica Interativa integrada ao
Sistema Arduíno, desenvolvimento de sites e aplicativos, de modo a tornar o Ensino da
Química dinâmico e atrativo. ...................................................................................................... 73
Estratégia didática digital: gamificando com QR Code ............................................................... 77
O que não me disseram durante a licenciatura: Um relato da primeira experiência como
professora ................................................................................................................................... 80
Reação exotérmica: atividade experimental para promover a participação .............................. 83
III QUIENCONTRO - 2018
Roda de conversas 1: Aprender ciências brincando Mayara Paula de Souza
A roda de conversa aprender ciências brincando aconteceu no dia 24 de novembro de
2018 no III QuiEncontro, coordenada por mim, iniciei expondo os relatos que seriam
apresentados e seus respectivos autores.
Os trabalhos a serem compartilhados foram:
1. As bolinhas mágicas: ciências na educação infantil
Mayara Paula de Souza
2. Atividade lúdica no ensino na química orgânica
Felipe Marques, Luisa ramos, Priscyla da Cruz Machado, Andréia Francisco Afonso
e Ana Carolina, Milena
3. Bake off química: mão na massa de olho nas reações químicas
Nilian Couto Hugo
A dinâmica da roda de conversa proposta por mim e aceita pelos participantes foi a de
que cada autor apresentasse seu trabalho em no máximo em 15 minutos, e ao final
abriríamos para a discussão, perguntas e sugestões.
Iniciei a conversa contanto minha experiência ao realizar uma atividade de ciências para
a educação infantil, mais precisamente para crianças do maternal 1. A atividade envolveu
a apresentação de conceitos científicos, e aprendizado através do processo de
experimentação e observação.
A atividade consistia em colocar bolinhas gel na água e trabalhar com os alunos hipóteses
do que iria acontecer, o que aconteceu, e porque aconteceu. As crianças observaram
mudanças na característica física das bolinhas e nesse momento pude colocar para eles
que determinados materiais absorvem mais água que outros e por isso houve essa
expansão das bolinhas. De uma maneira simples e lúdica pude introduzir
superficialmente conceitos científicos através de uma brincadeira. A realização dessa
atividade me fez enxergar a importância de introduzir desde muito cedo os conceitos na
vida dos alunos, gradativamente será benéfico para a construção dos conceitos que
surgiram ao passar dos anos.
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O segundo relato foi sobre uma cruzadinha envolvendo conceitos de química orgânica,
essa atividade foi desenvolvida por bolsista do PIBID na turma de EJA em uma escola
estadual do município de Juiz de Fora-MG.
Antes de iniciar a atividade eles apresentaram para os alunos os conceitos básicos da
química orgânica que auxiliariam na realização da tarefa proposta, que consistia em uma
palavra cruzada de 10 questões. Foi relatado o preconceito dos alunos com a disciplina
resultando em uma resistência para aprender, a dificuldade não só na química, mas
também na interpretação e escrita das palavras. Apesar dos obstáculos a atividade foi
considerada significativa e produtiva, pois foi possível fazer uma avaliação diagnóstica na
turma observando as dificuldades em entender e diferenciar os conceitos químicos, a
necessidade em realizar mais atividades lúdicas como essa, pois alguns dos alunos não
sabiam nem como preencher a cruzadinha, e a importância das atividades em grupo onde
um ajudando o outro quebra a resistência com determinadas disciplinas.
O terceiro e último relato foi uma atividade baseada em programa de televisão chamado
Bake Off Brasil – Mão na Massa, estiverem envolvidos 45 alunos do 2º ano do ensino
médio de uma escola do município de Santa Rita do Jacutinga-MG.
Observando a dificuldade dos alunos em compreender os conceitos de reações
inorgânicas a professora propôs o Bake Off Química, a sala foi dividida em grupos e cada
grupo deveria fazer um bolo e um relatório explicando as reações estudadas em sala que
ocorrem também no processo de fabricação do bolo e por último apresentar o que
observaram e realizaram. No dia da apresentação os alunos explicaram todas as reações
que ocorreram desde a mistura dos ingredientes até o processo de assar.
Ali a professora pode observar que na prática os alunos conseguiram visualizar e
compreender os conceitos, que fazer o registro em forma de relatório possibilitou
verificar e comparar se todos haviam entendido corretamente, e ela pode ver
principalmente que enxergar a química no dia a dia despertou mais interesse dos alunos
e fez com que as notas melhorarem.
Após a apresentação dos 3 relatos houve uma grande discussão resultando em troca de
experiências importantíssimas, e chegamos a conclusão que o olhar atento do professor
em planejar atividades significativas e lúdicas abre um horizonte vasto para infinitas
possibilidades de construção de conhecimento e experiências. É papel do professor
III QUIENCONTRO - 2018
estimular e dar recursos para que os alunos desenvolvam um interesse maior pelas
disciplinas principalmente química, física e ciências, e que mesmo com os obstáculos
encontrados nas escolas por causa de profissionais conservadores e falta de recursos é
preciso fazer a diferença na vida do aluno.
Ressaltamos também a importância de eventos como o QuiEncontro onde podemos
trocar experiências, aprender novas atividades, modificar nossa didática e ampliar nosso
conhecimento.
III QUIENCONTRO - 2018
Atividade lúdica no ensino de química orgânica
Felipe Marques, Luisa Ramos, Priscyla da Cruz Machado1
Andréia Francisco Afonso, Ana Carolina Araújo da Silva, Milena França
Este trabalho trata-se de um relato de experiência, proveniente de uma intervenção
desenvolvida, no âmbito do subprojeto Química do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Juiz de Fora realizado na Escola Estadual Professor
José Freire. A proposta da atividade envolve o estudo de conceitos de Química Orgânica em uma
perspectiva lúdica. A atividade aplicada foi nomeada como Cruzadinha Química. Escolhemos essa
atividade para saber qual o nível de conhecimento básico em química orgânica os alunos têm. O
tema escolhido deu-se devido a professora estar ministrando esse assunto no momento da
intervenção.
A atividade de intervenção foi realizada com aproximadamente 19 alunos do 3 EJA B do período
noturno, no dia 02 de outubro de 2018 na Escola Estadual José Freire em Juiz de Fora – MG, em
uma aula com duração de 50 minutos.
Para iniciar a atividade com a turma fizemos uma breve apresentação da química orgânica,
apresentando o seu básico, como: o que é a química orgânica, seus tipos de ligações, grupo
funcional hidrocarboneto entre outros. Em seguida apresentamos a atividade Cruzadinha
Química, contendo 10 perguntas sobre química orgânica, distribuídas, 5 na vertical e 5 na
horizontal.
As perguntas foram elaboradas de acordo com o conteúdo ministrado em sala de aula.
Os alunos do 3° EJA, estão no seu último ano e ao aplicarmos a atividade observamos que alguns
deles tiveram algumas dúvidas em alguns conceitos químicos, como por exemplo tipos de
ligações químicas (iônica e covalente), não conseguiam compreender porque determinados
elementos faziam “n” ligações, tiveram dificuldades na distribuição eletrônica, não se recordavam
ou não sabiam alguns nomes como elétron, camada de valência, entre outros. Notamos essas
dificuldades no momento que eles buscaram a nossa ajuda para responder a cruzadinha. Essa
atividade também despertou uma interação entre os alunos, quando um não sabia a resposta,
além de buscar a nossa ajuda, eles também procuravam o colega ao lado, que para eles tinham
1 Graduandos em licenciatura em química pela universidade federal de Juiz de Fora
III QUIENCONTRO - 2018
um melhor conhecimento. O Colega acabava explicando e sanando a dúvida, com isso
conseguimos chamar atenção que o estudo em grupo pode trazer bons resultados.
De acordo com Moraes, Ramos e Galiazzi (2007, p. 205) aprender é :
reconstruir significados anteriormente elaborados, numa
perspectiva sociocultural, é importante criar o máximo de
oportunidades na sala de aula para o envolvimento com a fala
e a escrita. Tanto em grande grupo, como em grupos
menores, é importante que os alunos sejam desafiados a se
manifestarem e a expressarem seus modos de pensar sobre
os temas trabalhados, entendendo-se que é na confrontação
das ideias, no exercício de construção de entendimentos
compartilhados que se concretiza a aprendizagem efetiva.
Percebemos também que os alunos tinham dificuldades com a língua portuguesa. Essa
percepção aconteceu quando observamos que algumas respostas da cruzadinha não
estavam sendo completadas, como as palavras: homogêneo no número 4 na vertical e a
palavra hidrocarboneto no número 6 na horizontal.
Em ambos os casos os alunos estavam escrevendo sem o h ou até mesmo não sabiam
como escrever.
A cruzadinha química teve um erro de digitação no item 10, onde deveria ser a resposta “quatro”
horizontalmente, estava um quadrinho a frente, esse erro foi percebido pelos alunos no
momento que estavam respondendo a atividade e pedimos para eles corrigirem, apagando o
quadradinho que aparecia na frente e colocando mais um no final.
Através do desenvolvimento da atividade concluímos que os alunos apesar de já estarem no
último ano da modalidade EJA possuem algumas dificuldades com alguns conceitos de química e
não apenas com a química orgânica. Isso pode ter acontecido por muitos já estarem fora das salas
de aula há muito tempo ou até mesmo por falhas nos processos de ensino e aprendizagem dos
anos anteriores.
III QUIENCONTRO - 2018
III QUIENCONTRO - 2018
Bake off Química: mão na massa e de olho nas reações químicas
Nilian Couto Hugo
O “Bake off Brasil - Mão na massa” e um programa de televisão em que os participantes
recebem algumas provas e precisam cozinhar para obter o resultado que os jurados
exigem. Inspirada neste programa, realizamos o Bake off Química – Mão na massa e de
olho nas reações químicas com 45 alunos do segundo ano do ensino médio na Escola
Estadual José Marinho de Araújo da rede pública de ensino do estado de Minas Gerais,
localizada no município de Santa Rita de Jacutinga.
Como professora na única escola de ensino médio do município, resolvi trabalhar a
temática de reações inorgânicas de uma forma aplicada ao cotidiano dos alunos, que
estavam com muita dificuldade de assimilar o conteúdo teórico. Assim como no
programa de televisão, onde os participantes são avaliados, os alunos foram avaliados
dentro dos 30 pontos distribuídos no terceiro bimestre de 2018 com 5 pontos.
Primeiramente apresentei a proposta de desenvolver um bake off química abordando as
reações inorgânicas que estavam sendo trabalhadas dentro da sala de aula, buscando
assim a validação da opinião dos alunos em um diálogo sem imposição aos mesmos. Essa
conversa inicial aconteceu por haver alunos que se deslocam da área rural e também
ouvir dos mesmos se haveria alguma dificuldade (financeira ou de deslocamento) para a
realização dos trabalhos. Os alunos se animaram e ficaram agitados por causa da
possibilidade de experimentarem os bolos pôs apresentação. Expliquei que o trabalho
seria uma das avaliações bimestrais com a exposição de bolos feitos pelos grupos, em um
período de 10 minutos por grupo com data a definir, abordando a temática das reações
químicas decorrentes do preparo dos bolos.
Durante esta mesma aula, após apresentação da proposta, dividimos a turma em 6
grupos com no máximo 8 alunos. Em nossa segunda aula foi apresentada o conceito
químico que deveriam investigar durante o processo de fazer o bolo, tais como: reações
químicas que ocorrem, tipos de misturas e composição química dos ingredientes. No dia
da apresentação do trabalho os alunos foram orientados a entregar um relatório com a
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receita e suas relações com os conceitos químicos abordados em aula. Para auxiliar os
alunos foi recomendada a leitura do trabalho: “A mistura química do bolo caseiro: relato
de uma experiência” dos autores Josiane V. G. Soares, Thaís R. Viegas, Rita H. M. Seixas e
Hilda M. T. Oliveira, apresentado no 37° Encontro de Debates sobre o Ensino de Química.
Os grupos tiveram três semanas para se preparem e organizarem seus relatórios e
apresentação.
A apresentação dos bolos estava impecável, tivemos diversos sabores: prestígio, paçoca
(sendo este com uma tabela periódica feita com leite ninho por cima do bolo), brigadeiro,
brigadeiro branco e preto e doce de leite. Estavam todos visivelmente lindos e saborosos.
Durante a apresentação os alunos comentaram que para fazer um simples bolo ocorrem
diversas reações químicas, tanto na mistura dos ingredientes quanto na ordem de
preparo do bolo. A seguir são apresentados trechos dos relatórios dos alunos explicando
o porquê de tudo ser feito conforme a ordem descrita nas receitas. Existem erros
conceituais e de ortografia nos textos escritos pelos alunos, porém foram abordados ao
longo do desenvolvimento do trabalho e após a correção dos relatórios em sala de aula.
• "Bater as claras dos ovos com açúcar ate atingir o formato de neve, assim elas
triplicam seu volume inicial devido a ligação de sua estrutura molecular ser muito bem
feita e difícil de ser rompida. Essa característica permite o armazenamento de ar dentro
dela se aglomere criando uma espuma que auxiliaram na sustentação inicial da massa”.
• “Fermento o ingrediente mais importante: quando adicionado na massa o
fermento sofre uma transformação química liberando gás carbônico a partir da reação
entre o bicarbonato de sódio e o fosfato monoácido (dihidrogenofosfato de cálcio). O gás
carbônico obtido da reação é liberado dentro da massa fazendo com que o bolo cresça e
fique fofinho.”
8NaHCO3(s) + 3Ca(H2PO4)2(s) Ca3 (PO)2(aq) + 4Na2HPO4(aq) +8 CO2(g) + 8H2O(l)
• “O forno deve ser pré-aquecido, pois ao colocar o bolo no forno é importante que
o mesmo já esteja quente, desse modo, o gás carbônico que será obtido pela
transformação do fermento não irá escapar da massa antes que ela comece a solidificar.”
• “O calor para assar o bolo é o que faz com que o mesmo cresça, pois mantém as
moleculas de água e gás carbônicos dilatados em agitação dentro da massa.”
III QUIENCONTRO - 2018
• “Dica: nunca abra o forno durante o cozimento do bolo, pois as bolhas de gás
carbônico e de vapor de água estão dilatadas na massa, devido ao aquecimento, ao serem
resfriadas podem contrair bruscamente fazendo o bolo murchar.”
Os fatos acima foram relatados e citados pelos alunos durante a apresentação. Um dos
grupos solicitou não apresentar junto com a turma, apenas para a professora, pois se
sentiam muito envergonhados chegando a passar mal. Respeitando os alunos e seu
desenvolvimento cognitivo, permiti que este grupo de apenas 5 alunos realizassem a
apresentação em sala somente em minha presença.
Os alunos desta turma são muito manuais e possuem dificuldade de assimilação apenas
com aulas teóricas, influenciando negativamente em suas notas como foi observado no
segundo bimestre. Entretanto ao realizar diversas atividades onde os mesmos podiam se
movimentar e construir, as notas aumentaram no terceiro bimestre de química. O bake
off química permitiu aos discentes explorarem a química além da sala de aula e chegarem
a observação de fatores químicos envolvidos em seus cotidianos.
A atividade foi muito prazerosa durante todo o processo e ao finalizar as apresentações
os alunos puderam experimentar todos os bolos feitos pelos grupos. O que gera entre a
turma uma troca de experiências e um momento de convivência além da típica sala de
aula, pois os trabalhos foram apresentados no salão de apresentação da escola.
Dentro de sala foram trabalhadas reações e assim os alunos tinham que classificar as
mesmas dentro dos tipos de reações inorgânicas (dupla troca, simples troca, adição e
decomposição). O desempenho e interesse dos alunos dentro da sala de aula
aumentaram de forma significativa. Os alunos já estão pedindo um próximo bake off
química com alimentos salgados.
Trabalhar a química de forma contextualizada abrangendo o cotidiano do aluno não é
fácil por conta de fatores como pouco tempo das aulas, geralmente duas aulas de 50
minutos, porém se torna um trabalho que enobrece e enriquece o trabalho tanto do
professor quanto do aluno em um processo constante de construção de conhecimento.
Aulas envolvendo o bake off química podem ser incluídas no andamento das sala de aula
para que alunos que não são ouvinte e visuais tenham a oportunidade de aprender de
forma manual durante a realização das atividades. Podendo assim discutir vários
III QUIENCONTRO - 2018
conceitos químicos, além das reações químicas, como tipos de misturas, estados físicos
da matéria e até mesmo fazer analogias com os conceitos referentes à estequiometria.
III QUIENCONTRO - 2018
As bolinhas mágicas: ciências na educação infantil
Mayara Paula de Souza
As atividades desenvolvidas neste relato surgiram depois da disciplina de ciências
2 do Curso de Especialização em Ensino de Ciências e Matemática nos anos iniciais na
Universidade Federal de Juiz de Fora. As discussões dessa disciplina giravam em torno de
experiências e apresentação de conceitos científicos quando ensinamos os fenômenos
ocorridos no nosso dia a dia.
A partir dessas discussões e uma atividade realizada em minha sala de educação
infantil pude perceber que é possível ensinar utilizando os termos corretos para que os
alunos comecem a ter familiaridade e entendam desde pequenos os processos.
Procurando alguma atividade que poderia adequar a idade de crianças com 1ano
e 6 meses a 2 anos decidi trabalhar com as bolinhas de gel. A primeira etapa da atividade
foi reunir as crianças em círculo e contar que iríamos fazer uma mágica, dito isso as
crianças ficaram super empolgadas. Expliquei que aquelas bolinhas eram especiais e que
primeiro deveríamos colocar elas dentro de uma bacia e depois colocar água para a
mágica acontecer. Com meu auxilio elas retiraram as bolinhas do saquinho e colocaram
na bacia, aproveitei para indagá-los sobre as características das bolinhas, eles falaram
sobre as cores, o tamanho, que era dura, e falaram “eca” quando perceberam que
grudava na mão. Despejamos a água na bacia e questionei-os sobre o que achariam que
iria acontecer, as respostas foram diversas, que as bolinhas iam nadar, que iam sumir,
que iam ficar grandonas. Feito isso falei com as crianças que para a mágica acontecer
tínhamos que esperar até o outro dia para descobrirmos, guardei a bacia e fomos realizar
as outras atividades do dia.
No dia seguinte as crianças chegavam e quando avistavam a bacia sobe o balcão já
perguntavam sobre a mágica e queria ver como estavam. A etapa seguinte foi sentarmos
novamente em circulo e observarmos a mudança que ocorreu na nossa “mágica”. Todos
se mostraram baste surpresos pelo fato das bolinhas estarem maiores, mesmo que algum
dos alunos tenha falado essa hipótese anteriormente observar a mudança é muito
melhore e mais impactante. Deixei que eles manipulassem e examinassem as novas
características das bolinhas, as fala principais referiram a ter mudado de tamanho (ficou
III QUIENCONTRO - 2018
“grandona”) e a maleabilidade (ficou mole, escorregava). Comecei a investigar se eles
criavam alguma hipótese para o acontecido, a maioria falava que era mágica e um
determinado aluno lembrou que colocamos água. Aproveitei o gancho e perguntei para
eles onde estava a água, já que na bacia tinha apenas as bolinhas, a resposta foi que ela
sumiu. Nesse momento expliquei para eles que a bolinhas eram feitas de um material
que gostava muito de água, e que quando isso acontecia elas cresciam e ficavam cheias
de água dentro delas.
De uma maneira simples e lúdica expliquei absorção da água de acordo com determinado
material, encerrada essa atividade aproveitei as bolinhas para trabalhar as habilidades
motoras e sensoriais com os alunos.
A primeira habilidade motora foi equilibrar a bolinha na colher sem deixar que ela caísse,
muita bolinhas caíram e quebraram, os alunos puderam ver que a transformação do
objeto quando sofre algum impacto. A outra atividade motora foi colocar as bolinhas
dentro da garrafa, e por fim trabalhamos a habilidade sensorial onde os alunos descalços
puderam sentir as bolinhas com os pés.
Através de atividades simples podemos trabalhar diversas habilidades e conteúdos, o
importante é o professor planejar suas aulas, testar as experiências anteriormente e
buscar uma maneira de explicar de acordo com a realidade da sua turma. Para mim esse
tipo de atividade está sendo desafiadora e muito importante para mudar minha
concepção de ensino de ciências na educação infantil.
III QUIENCONTRO - 2018
Roda de Conversas 2: Aprender ciências investigando!
Christina de Oliveira Lage
A roda de conversa 2 do evento “III QuiEncontro UFJF – Conversas sobre o Ensino de
Química na Educação Básica”, realizada no dia 24 de novembro de 2018, na sala 02 nas
dependências da Escola Estadual Francisco Bernardino (EEFB), iniciou-se com uma rápida
apresentação dos participantes de forma que pudéssemos conhecer um pouquinho
sobre a formação acadêmica dos que estavam presentes e o que os levou a se
interessarem pelo encontro. Nesta roda contamos com três trabalhos que tratavam de
assuntos muito interessantes, cada um abordava um tema específico, mas foi possível
relacioná-los e compreender o ponto principal de toda discussão. Os títulos dos relatos e
os respectivos autores são:
1. Ciências Forenses: O ensino da Química por meio da experimentação
Laura Maria Santos Ferreira, Camila Caroline Oliveira Herculano, Gabriel Eduardo Costa
Pereira, Marcos Guilherme de Jesus Parreira, Mateus Romanazzi Bertolino e Araújo,
Milena Luciana Oliveira França, Andréia Francisco Afonso e Ana Carolina Araújo da Silva
2. Tem Química na Geladeira?
Christina de Oliveira Lage e Karla Santos Cherem
3. Do submicroscópico para macroscópico: Aprendizagem da geometria molecular através
de modelos
Lucas Teixeira Oliveira e Andréia Francisco Afonso
Inicialmente, cada autor apresentou uma síntese do trabalho desenvolvido em torno de
15 minutos, na sequência, teve início a roda de conversa, propiciando a troca de
vivências.
O primeiro relato apresentado nos mostrou a necessidade de levar a prática para a sala
de aula. Segundo os autores, a escola em que desenvolveram o trabalho tem promovido
aos seus estudantes a discussão sobre diversos assuntos da atualidade. A partir disso, um
dos grupos do subprojeto Química do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) da Universidade Federal de Juiz de Fora tem desenvolvido sequencias
didáticas sobre Ciências Forenses.
III QUIENCONTRO - 2018
Nesse sentido, o grupo elaborou uma prática sobre a “Revelação Digital”. Foi destacado
durante toda a apresentação a importância do “fazer diferente”, motivar os alunos a
vivenciarem de fato o que foi aprendido. Os autores ressaltaram também o desafio em
se ter os materiais necessários e laboratórios nas escolas para os alunos aprenderem
através da experimentação. Mas, apesar da dificuldade, mostraram que é possível
planejar aulas envolvendo a prática com materiais simples e disponíveis na escola. Como
resultado final do trabalho desenvolvido, os autores afirmaram que a experiência foi
ímpar e que os estudantes se interessaram muito pela prática experimental. Instigar os
alunos a investigar os leva a criar hipóteses e construir novos conhecimentos.
Em seguida, apresentei o segundo trabalho, o qual foi um relato de minha experiência e
de uma amiga, Karla, com a atividade intitulada “Tem Química na geladeira?”. Nesse
trabalho apresentamos a importância da criação de hipóteses e conclusão a partir da
observação e experimentação simples. Apesar de realizarmos o trabalho com uma turma
de Ensino Fundamental onde os conteúdos químicos não são abordados com
aprofundamento específico, consideramos importante ensinar Ciências com caráter mais
investigativo, trazendo um pouco de química nas aulas. Durante toda a discussão foi
ressaltado o desafio de permanecer com a prática na sala de aula, centrando na questão
da perda do lúdico e da aprendizagem mais experimental e motivadora em determinado
momento da Educação Básica.
Por fim, foi apresentado o último relato, cujo autores compartilharam o trabalho voltado
para o aprendizado da química utilizando práticas que transpassassem a teoria para algo
mais visual. Segundo a autora Andreia, é possível estudar diversos conceitos e temas a
partir de modelos, isto é, da manipulação de objetos que proporcionam uma química
mais visível.
Após todas as apresentações, iniciou-se então, as discussões. Esse momento foi muito
rico para nossa prática docente, pois além de conhecermos novas formas de ver e ensinar
a química, foi possível entender diferentes posicionamentos e realidades escolares.
Como pode-se observar a partir de cada relato, todos voltaram-se para a prática na sala
de aula. Alguns professores participantes da roda de conversa ponderaram o desafio de
inserir em suas aulas mais experimentação e movimento da turma, demonstrando
claramente uma resistência à mudança e inovação. Muitos explicaram que o motivo de
III QUIENCONTRO - 2018
tal dificuldade vem da falta de tempo, conteúdos extensos, poucos recursos,
disponibilidade da equipe, reconhecimento profissional e exigências que limitam a
diversidade de metodologias das disciplinas.
Apesar disso, concluímos que há um longo percurso para conseguirmos fazer uma ponte
entre a teoria e a prática. O professor precisa despertar o querer, a vontade de aprender
no aluno oportunizando a construção de um conhecimento válido para a sua vida pessoal
e profissional. Sabemos que não é fácil ter uma mudança na educação, mas também
estamos cientes que ela é possível e necessária.
III QUIENCONTRO - 2018
Ciências Forenses: O Ensino da Química por meio da
Experimentação
Laura Maria Santos Ferreira
Camila Caroline Oliveira Herculano
Gabriel Eduardo Costa Pereira
Marcos Guilherme de Jesus Parreira
Mateus Romanazzi Bertolino e Araújo
Milena Luciana Oliveira França
Andréia Francisco Afonso
Ana Carolina Araújo da Silva
A Escola Estadual Professor José Freire, localizada na Zona Norte de Juiz de fora, tem
promovido aos seus estudantes a discussão de vários temas da atualidade, por meio de
palestras, que tiveram como temas: o uso de drogas e de bebidas alcóolicas, a
automedicação, além de temas sociais como a violência. Pensando nessas questões, um
dos grupos do subprojeto Química do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) da Universidade Federal de Juiz de Fora elaborou e tem desenvolvido
sequências didáticas sobre Ciências Forenses, com o objetivo de verificar o nível de
conhecimento dos estudantes a respeito do tema e fazer com que eles consigam
relacionar esse tema com os assuntos estudados em sala de aula.
Dando início a uma das sequências didáticas, elaboramos uma prática sobre a Revelação
de Digital, para os alunos do 1º, 2ºe 3º ano do ensino médio (1M1, 2M1, 2M2, 3M1 e
3M2.) da Escola Estadual Professor José Freire. Com o intuito de enriquecer e ilustrar os
ensinamentos lecionados para os alunos, foi realizado um experimento de coleta de
digital em todas as turmas participantes do projeto. O experimento teve uma duração de
50 minutos em cada sala, o que equivale, a uma aula da escola.
Na realização do experimento buscamos usar matérias de fácil acesso como: amido,
carvão vegetal, pinça de madeira, palha de aço, pincel, luva cirúrgica, uma superfície lisa
III QUIENCONTRO - 2018
(tela de celular, vidrarias em geral, CD, entre outros), folha branca, fita adesiva e
isqueiro/caixa de fósforo. Já os as vidrarias de laboratório usadas foram: almofariz, pistilo,
béquer e espátula que podem ser substituídas por pilão de amassar alho, copos e
colheres. Logo, isso poderia possibilitar aos alunos a reprodução da experiência em
outros horários e apresentar uma ciência mais próxima do cotidiano do estudante. Para
a realização do procedimento, os alunos foram divididos em grupos, e posteriormente
foram entregues os roteiros da prática no qual havia tópicos mostrando os materiais
trabalhados, as vidrarias, e seu passo a passo, e no final pedíamos para os alunos
desvendarem o caso simulado presente no roteiro. Que teve como intuito guiar os alunos
na realização do experimento, e estavam divididos em 4 partes (a introdução, um caso
simulado, os matérias a serem utilizados e o processo experimental). Após a distribuição
de todos os materiais e reagentes utilizados, houve uma breve explicação em relação ao
roteiro, dando enfoque as vidrarias e possíveis cuidados que devem ser tomados ao
manusear produtos e compostos em análises.
A primeira etapa da atividade envolveu a adição de uma pequena quantidade de amido
em um béquer. Posteriormente, o carvão vegetal foi triturado no almofariz, com auxílio
do pistilo. Com ajuda de uma pinça de madeira, houve a queima da palha de aço, para
que fosse liberado o óxido de ferro II (FeO), em seguida misturamos e adicionamos ao
amido, o óxido de ferro II e o carvão triturado. Utilizando a tela de seus respectivos
celulares, os alunos depositaram suas digitais, e com o auxílio de um pincel depositaram
a mistura feita sobre a sua digital, retirado o excesso. Em seguida os alunos aderiram a
fita adesiva sobre a tela do celular onde se encontravam suas digitais. Posteriormente
transferimos a digital coletada para uma folha em branco. Para que nesse momento,
pudéssemos observar a digital dos respectivos estudantes. Para finalizar, foi possível
comparar as digitais coletadas dos alunos com a digital presente no documento de
identidade.
Ao fim do experimento, foi relacionado o conteúdo já estudado com a prática realizada.
Pois acreditamos que dessa forma a temática abordada, tenha possibilitado uma aula
mais contextualizada com um caráter mais interdisciplinar. Para isso contamos com o
auxílio de diferentes recursos como: apresentação de slides e experimentações. Com
isso concluímos que a etapa prática proporcionou uma maior participação dos
III QUIENCONTRO - 2018
estudantes nas atividades propostas, resultando uma ótima interação com a aula e
despertando nos estudantes um maior interesse. Portanto podemos destacar que a
aplicação da atividade em sala de aula despertou nos bolsistas do PIBID o desejo de
realizar outros métodos de ensino, saindo do aprendizado mecânico e
descontextualizado, que têm como objetivo principal alcançar determinados resultados
em provas, podendo ser esquecidos posteriormente.
III QUIENCONTRO - 2018
Tem Química na Geladeira?
Christina de Oliveira Lage
Karla Santos Cherem
Este trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Professor José Eutrópio em uma turma
do quinto ano do Ensino Fundamental, composta por 35 alunos. O tema surgiu a partir
de uma proposta anterior, onde trabalhamos com reaproveitamento de alimentos.
Inicialmente, desconstruímos a ideia de lixo e, surgiu a necessidade de compreender
sobre a conservação dos alimentos.
Fizemos uma abordagem interdisciplinar, trabalhando em Língua Portuguesa, o gênero
textual “entrevista” e, em Ciências, sobre a composição dos alimentos e a transformação
dos mesmos em contato com o meio. Para a realização desse trabalho utilizamos 5 aulas
de 50 minutos cada uma.
Iniciamos com uma roda de conversa, retomando a experiência do reaproveitamento de
alimentos da qual participaram da execução de receitas. Após discutir como se pode
reaproveitar comida, apresentamos aos alunos a montagem artística do ilustrador e
fotógrafo Carl Warner (2010). Ao mostrar as imagens das “Paisagens com Comida de Carl
Warner”, vimos a admiração por parte dos alunos. A cada imagem mostrada surgiam
comentários e encantamento.
A partir dessa apresentação iniciamos então, uma reflexão sobre como tudo é
apresentado e construído nas ilustrações, quais os alimentos utilizados são conhecidos
pelas crianças e quais elas desconhecem. Nesse sentido, a arte foi usada para disparar
uma discussão sobre nossa alimentação e assim, voltou-se para a preocupação em comer
de forma adequada fazendo uso de alimentos que trazem benefícios a nossa saúde,
traçando um paralelo com o projeto anterior sobre o reaproveitamento de alimentos.
Na disciplina de Língua Portuguesa, trabalhamos o gênero textual “entrevista”,
abordando suas características e necessidades para atender o objetivo final desse
gênero. Certos de que precisávamos de um tema para a entrevista, fizemos a escolha
III QUIENCONTRO - 2018
democraticamente, realizando uma votação. Dessa forma, o tema proposto para a
entrevista foi: “Conservação dos alimentos”.
Utilizamos uma parte da aula para estruturar todo o trabalho com o gênero citado acima.
Elaboramos perguntas, definimos quem seria entrevistado. A questão investigada foi
sobre como as famílias armazenam e conservam os alimentos, perpassando sobre os
hábitos alimentares (maior consumo de industrializados ou produtos naturais).
Confeccionamos uma geladeira com papel “Filipinho”, onde os dados da entrevista
seriam compilados, ou seja, cada aluno montava sua geladeira de acordo com os hábitos
da família entrevistada. Em seguida, em grupos, divulgavam os resultados.
Após as discussões sobre as distintas formas de armazenar, assistimos um vídeo no qual
uma nutricionista apresentou dicas sobre onde guardar cada alimento na geladeira.
Neste momento, surgiram inquietação e comentários sobre como faziam em casa.
Dando continuidade ao processo de investigação sobre a conservação dos alimentos,
fizemos o “experimento da maçã”. Cada dupla, partiu uma maçã ao meio, uma parte
recebeu limão e a outra não. Após algum tempo, os alunos perceberam que uma das
partes da fruta estava com o aspecto diferente. Aquela que não recebeu o limão estava
escurecida, e a outra estava conforme no começo da experiência. Iniciamos o processo
de formulação de hipóteses, as duplas discutiam entre si e, posteriormente socializaram
com os demais colegas. Dessa forma, algumas hipóteses foram levantadas:
1. Naquela parte que recebeu limão não houve proliferação de
bactérias, enquanto a outra estava apodrecendo.
2. O pedaço que recebeu mais bactérias do ar apodreceu mais rápido
que o outro.
3. A acidez do limão protegeu a fruta. Relataram que a mãe utiliza a
laranja quando faz salada de frutas.
Surgiu a dúvida sobre a acidez das frutas, ou seja, se o limão sendo altamente ácido,
apodrece? Outras frutas como abacaxi e laranja tambem iria “proteger” a maçã?
Indagados se teriam coragem de comer o pedaço escurecido, muitos disseram que não
e, que era perigoso, pois estava com micro-organismos, estava podre. Apenas um aluno
se dispôs a comer, houve espanto quando foi autorizado a ingerir. Na sequência, outros
também degustaram, mas com certo receio. A hipótese mais provável para eles era que
III QUIENCONTRO - 2018
a fruta estava com um aspecto feio, pois estava apodrecendo, como foi dito
anteriormente. No entanto, o incentivo da professora para que provassem ia de encontro
à teoria elaborada até então.
Tal situação gerou um conflito. Há alguns meses estudamos os seres microscópicos e sua
ação no corpo humano. Foi então que surgiu a ideia de que a bacteria que “apodreceu”
a maçã seria do grupo de bactérias benéficas ao nosso sistema digestório. Nesse sentido,
disparamos uma discussão com os estudantes que se baseou em questionamentos sobre
qual ser vivo microscópico seria responsável por deixar a maçã assim e se o (a) seu (sua)
responsável os autorizavam a comer uma fruta apodrecida.
A partir das indagações, os alunos responderam que apenas seria possível
saber o tipo de bactéria/fungo se fosse utilizado um microscópio; e que não eram
autorizados a comer alimentos com aparência “apodrecida”.
Contudo, sugerimos que fizessem uma pesquisa sobre o tema (em casa), e para isso,
explicamos sobre a importância de consultar fontes seguras e indicamos sites onde
pudessem encontrar material.
Na aula seguinte, socializamos os resultados da pesquisa e verificamos que a maçã possui
uma enzima (liberada principalmente quando se corta a fruta, rompendo algumas
células) que em contanto com o oxigênio do ar sofre um processo de oxidação. A acidez
do limão impede a ação desta enzima. Descobrimos que este processo ocorre com outras
frutas como a pêra e a banana, por exemplo.
A culminância do trabalho se deu na confecção de uma nova geladeira, desta vez com os
desenhos dos alimentos armazenados no lugar correto (visto que cada um se conserva
em uma temperatura e há variação térmica dentro da geladeira). Os alunos também
fizeram cartazes explicativos sobre o processo de conservação dos alimentos e os
malefícios de uma alimentação inadequada.
III QUIENCONTRO - 2018
Do submicroscópico para macroscópico: Aprendizagem da
geometria molecular através de modelos
Lucas Teixeira Oliveira
Andréia Francisco Afonso
A aula de Química deste relato ocorreu no mês de outubro de 2018 na Escola Estadual
Duque de Caxias, no âmbito de um projeto de extensão que tem como objetivo a
aprendizagem da docência por meio de vivências em contextos educacionais reais, sob a
supervisão do professor da Educação Básica.
A atividade a ser descrita foi desenvolvida em uma turma do primeiro ano do ensino
médio, composta por cerca de 30 alunos. Nesta etapa de escolarização é que se dá o
primeiro contato dos estudantes com a disciplina específica. No nono ano do Ensino
Fundamental, ou até mesmo antes, os conteúdos químicos são abordados junto a
disciplina de Ciências, sem um aprofundamento específico. Portanto, os alunos do
primeiro ano do Ensino Médio não apresentam grande afinidade com os conceitos e a
linguagem química.
Assim, visando facilitar o aprendizado, foi realizada uma prática utilizando um kit com
esferas e tubos de plástico, a fim de que os estudantes representassem modelos de
diferentes moléculas com seus respectivos átomos e ligações, possibilitando assim que
os mesmos transpassem a teoria para algo mais visual. O intuito dos modelos era que
alunos identificassem os átomos – representados pelas esferas de cores diferentes -
através da sua camada de valência, e escolhessem os que poderiam ser utilizados para
formar as moléculas, avaliando quantas ligações químicas deviam ser feitas para
contemplar a regra do octeto. Cada esfera continha um certo número de buracos onde
se encaixam os tubos para formar as ligações covalentes. Além disso, os alunos tinham
que definir a geometria e a polaridade das moléculas.
Para início a aula, a turma foi dividida em grupos de quatro a cinco pessoas e, logo após,
foram distribuídas algumas peças do kit – esferas e tubos de plástico. Com os modelos de
plástico distribuídos, foi pedido para os alunos que montassem as moléculas de oxigênio,
III QUIENCONTRO - 2018
da água, do trifluoreto de boro, da amônia, do metano e do gás carbônico. Elas foram
escolhidas de modo a abranger diferentes geometrias moleculares e polaridades.
Após identificar e separar os “átomos” (esferas de plástico) de acordo com a sua camada
de valência (número de furos) os estudantes deram início à montagem, observando e
respeitando sempre a regra do octeto. Ao final da montagem da primeira molécula, foi
discutida a sua respectiva fórmula estrutural, estrutura de Lewis, geometria molecular e
polaridade através dos vetores resultantes. As mesmas etapas aconteceram com as
demais moléculas.
Como surgiram dúvidas e dificuldades por parte dos estudantes, estes foram orientados
pelo bolsista de extensão e pela professora da turma. Essa também foi uma oportunidade
de interação com eles e de identificação das dificuldades na aprendizagem desses
conceitos.
Através dessa aula interativa conseguimos associar o nível submicroscópio com o
macroscópico, possibilitando assim a visualização do que antes era tratado somente no
quadro de giz, de forma teórica. O fato de abordar vários conteúdos em uma única
atividade faz com que o conhecimento fosse construído de modo significativo, e
possivelmente, será utilizado para a compreensão de assuntos futuros da área de
Química.
Os resultados obtidos se tornam ainda mais relevantes pelo fato da atividade ter sido algo
novo, diferente, para os alunos, mostrando que é necessária a utilização de recursos
didáticos diferenciados para que a aprendizagem não aconteça de forma “mecânica” e
descontextualizada, com os conteúdos retidos apenas para a realização das provas, mas
esquecidos rapidamente.
III QUIENCONTRO - 2018
Roda de Conversas 3: Aprender ciências contando histórias!
Lucas Mascarenhas de Miranda
A roda de conversas iniciou-se com a apresentação do projeto “CineCiências: uma
proposta para abordar a temática Educação Ambiental”, de Wbiratan Cesar Macedo de
Oliveira, Daniela Tavares Maciel e Andréia Francisco Afonso. Wbiratan relatou sua
experiência vivida em uma feira de ciências no colégio de aplicação João XXIII. Sua
intenção com o projeto realizado era evitar o estereótipo da “ciência show” e da química
colorida e explosiva e fazer algo que realmente mostrasse às pessoas o que a ciência é.
Ao mesmo tempo, queria atender a uma vontade de suas alunas, que era fazer algo para
a feira de ciências que chamasse a atenção das pessoas. E, assim, tiveram a ideia do
CineCiências. O professor e as alunas selecionaram, então, quatro vídeos do canal
“Manual do Mundo”, disponível no YouTube, e fizeram sessões de cerca de 30 minutos,
nas quais havia não só a exibição desses vídeos como uma discussão, ao final, sobre
alguns dos temas abordados. Os vídeos propiciaram discussões sociais, políticas e
ambientais sobre o tratamento da água; reciclagem; produção de vidro e alumínio;
relação entre consumo, preservação e degradação; e nossa responsabilidade perante o
meio ambiente. O sucesso foi tanto que atraiu não só alunos que passavam pela feira de
ciências, mas os pais de alunos, os professores e os funcionários da escola.
A segunda apresentação foi feita por mim, Lucas Mascarenhas de Miranda, cujo
projeto chama-se “Aprendendo ciências com os super-heróis”. Relatei minhas
insatisfações em ouvir, recorrentemente, perguntas como “por que essa materia e
importante?” e a estrategia que decidi adotar. Estando no contexto de um a escola
privada e muito conservadora, embora bastante heterogênea, resolvi utilizar os super-
heróis, e seus superpoderes, bem como outros elementos da cultura pop, para falar de
ciências, mostrando aos estudantes que a ciência não está só presente no seu livro
didático e na prova do vestibular, mas no cinema, nos quadrinhos, na televisão, na
natureza e no seu dia-a-dia. Através de pequenas inserções de discussões sobre a ciência
III QUIENCONTRO - 2018
dos super-heróis, ao longo do ano, pude notar uma mudança significativa no caráter das
perguntas feitas pelos alunos. A ligação da ciência com o cotidiano daqueles estudantes,
que foi facilitada pelas discussões sobre personagens do cinema e dos quadrinhos,
ajudou os alunos a enxergarem um sentido naquilo que estavam aprendendo.
Em seguida, a última apresentação foi feita por Marcela Arantes Meirelles, que
contou sobre seu projeto intitulado “Elaboração de tirinhas como forma de aprendizado
em química”. Ao terminar de abordar o tema “modelos atômicos” nas turmas onde
estava lecionando, a autora começou a pensar em formas de se avaliar o aprendizado
deste conteúdo. Não poderia abrir mão da avaliação tradicional, pelo contexto das
escolas em que estava. Mas tinha liberdade para pensar em formatos diferentes para os
trabalhos. Assim, nasceu a ideia de propor aos alunos um trabalho que consistia na
elaboração de uma tirinha, que abordasse, de alguma forma, o que são os modelos
atômicos. Inicialmente, houve um bloqueio por parte dos alunos, porque não
acreditavam ser possível uma professora de química pedir que fizessem uma tirinha. No
entanto, o trabalho foi mantido e os alunos tiveram a oportunidade de mostrar suas
habilidades de desenhar, de fazer humor. As abordagens foram muito variadas: houve
tirinhas sobre conhecimentos químicos específicos, sobre a evolução do pensamento
científico, e até sobre as relações existentes entre os cientistas que elaboraram os
modelos atômicos mais conhecidos. Ao final, os trabalhos foram expostos nas suas
respectivas escolas.
Depois que as três apresentações foram feitas, foi aberto o espaço para as
discussões e perguntas. O primeiro assunto que emergiu, na forma de um complemento
ao que eu havia dito em minha apresentação sobre os super-heróis, foi a respeito da
importância das mulheres na ciência e de se desconstruir a ideia do cientista enquanto
homem. Uma das participantes comentou sobre a dificuldade de ser mulher e fazer
ciência, sobre quantas e quão grandes são as barreiras encontradas, que aos poucos
estão se diluindo, mas que ainda são grandes. Contamos com a presença de alguns
estudantes na roda de conversas, que puderam nos confirmar o fato de que esse
estereótipo – da masculinidade da ciência – é mesmo muito presente, além da forte ideia
de que a ciência não foi feita para alunos e, principalmente, alunas de periferias. Alguns
III QUIENCONTRO - 2018
participantes reconheceram o papel da mídia e demais meios de comunicação na
construção dessas imagens de cientistas.
Outra discussão levantada foi acerca do objetivo do ato de estudar. Muitos
presentes relataram já ter ouvido a pergunta “por que essa materia e importante” e
concordam que a resposta mais fácil e prática e dizer “porque cai no vestibular”. Um dos
participantes, no entanto, afirmou que, quando interpelado sobre a importância do
estudo, costuma contar a história de sua mãe, que misturava ácido muriático com soda
cáustica para limpar o chão. Ele explicou que, na realidade, essas duas substâncias se
neutralizam, e não adianta jogá-las juntas; e concluiu dizendo que isso não aconteceria
se sua mãe tivesse tido a oportunidade de estudar química.
Nós, participantes da roda, reconhecemos que todos os projetos apresentados atuam no
sentido de dar um sentido intrínseco ao ato de estudar, um sentido que não seja externo
à própria educação, como uma prova ao final do ano. Uma das alunas presentes reforçou
essas observações, argumentando que quanto mais se contextualiza o conteúdo com
situações do dia-a-dia dos estudantes, mais curiosidade eles têm de saber sobre como a
natureza funciona e de se aprofundarem nesses conhecimentos. Apesar de saber disso,
um dos participantes apontou que, muitas vezes, sua maior dificuldade de contextualizar
a ciência com elementos cotidianos é o fato de que muitos dos conhecimentos ensinados
na escola foram descobertos ou produzidos há muitos séculos, quando não existiam
diversas tecnologias que usamos hoje.
Seguindo a linha das dificuldades encontradas por professores, outra dificuldade que foi
mencionada é formação. Os professores são formados, tanto no ensino básico quanto no
ensino superior, dentro dos moldes de um ensino tradicional. Por mais que estudem e
aprendam sobre modelos inovadores e não-tradicionais de educação, os professores os
aprendem na faculdade, através de um modelo tradicional. A dificuldade de se preparar
uma aula diferenciada, somado ao pouco incentivo das escolas e ao fato de que nenhum
professor recebe a mais por preparar aulas melhores, são elementos completamente
desestimuladores. Além disso, foram comentados também os problemas existentes nos
currículos obrigatórios, as turmas muito cheias e a estrutura ruim das escolas,
principalmente estaduais e municipais.
III QUIENCONTRO - 2018
Por fim, levantou-se uma discussão sobre o papel do YouTube e dos influenciadores
digitais na aprendizagem de ciência, ou pelo menos no estímulo para aprender ciências.
Vários presentes relataram casos em que alunos trouxeram experiências feitas em canais
do YouTube e precisaram dar explicações científicas sobre aqueles fenômenos.
Concluímos que, de fato, existem coisas boas e ruins na internet e que o papel dos
professores, nesse contexto, deixou de ser o de monopolizar e distribuir o conhecimento,
mas o de auxiliar os estudantes a navegarem por esse mundo de informações misturadas
com entretenimento, ensiná-los a aprender, de preferência, por conta própria.
III QUIENCONTRO - 2018
CineCiências: uma proposta para abordar a temática Educação
Ambiental
Wbiratan Cesar Macedo de Oliveira
Daniela Tavares Maciel
Andréia Francisco Afonso
A Semana de Ciências e Matemática do Colégio João XXIII aconteceu entre os dias 18 a
21 de setembro de 2018 e teve como tema “Sustentabilidade”. O evento foi pensado de
modo a estimular a valorização de atitudes que contemplem a preservação da natureza,
a promoção do bem-estar social e a gestão eficiente de recursos, integrando várias áreas
do conhecimento em busca de soluções práticas que desmistifiquem a crença de que as
discussões do tema devem ser da competência exclusiva das Ciências Naturais.
É importante destacar que a Educação Ambiental deve tratar as questões globais de
forma crítica, assim como suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em
seu contexto social e histórico; firmando ações sustentáveis relacionadas ao
desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como população, saúde, paz, direitos
humanos, democracia, fome, biodiversidade, ciência e tecnologia.
Entretanto, nas escolas de Educação Básica, geralmente, temas ambientais são
apresentados em feiras de Ciências, nas quais as atividades ficam pautadas na
realização/exposição de experimentos, mostras de reciclagens, plantios de mudas,
dentre outros. Por isso, pensando na Educação Ambiental voltada para a criticidade,
planejamos uma forma diferente de apresentação para motivar e despertar o interesse
dos estudantes para a participação no evento.
Assim, um grupo de alunos do primeiro ano do Ensino Médio desenvolveu um trabalho
intitulado CineCiências. Durante o evento, tivemos três sessões, cada uma durou em
média 30 minutos e com a exibição de vídeos e explanação dos alunos, ao final. Foram
exibidos quatro vídeos (que foram editados pelos estudantes a partir de oito outros
vídeos sugeridos pelo professor) do Programa Manual do Mundo que estão disponíveis
no You Tube.
III QUIENCONTRO - 2018
As questões associadas ao meio ambiente e que foram discutidas nos vídeos e pelos
estudantes, tratavam: (i) como é feito o tratamento da água, (ii) como o alumínio é
extraído da natureza e o processo de reciclagem desse metal, (iii) como é fabricado o
papel, (iv) como é fabricado o vidro – e todas as etapas de reserva, de extração, gasto de
energia, processos químicos envolvidos, a relação consumo – preservação – degradação
e responsabilidade social.
Com intuito de identificar o conhecimento prévio sobre os temas abordados, antes de
iniciar cada sessão, o grupo interagiu com o público (alunos da Educação Básica e seus
responsáveis, e professores e funcionários do Colégio), através de perguntas.
No final das sessões, os estudantes (do grupo) fizeram as considerações finais com uma
abordagem crítica em relação aos problemas ambientais, numa perspectiva histórica,
política e social. Através da interação com os participantes, percebemos que para a
maioria os assuntos mostrados nos vídeos eram novidade. Além disso, os alunos,
responsáveis pelas sessões, relataram que a atividade foi muito importante para eles,
uma vez, que tiveram de pesquisar sobre o assunto e, sair da posição de expectador para
a de mediadores do conhecimento e disseram ainda que, o trabalho foi muito divertido,
por envolver cinema e pipoca.
Com isso, consideramos que atividade atingiu o objetivo dentro das possibilidades e
limitações do evento. Além disso, a proposta se mostrou eficiente como uma alternativa
na promoção da Educação Ambiental de forma mais crítica. Acreditamos que as escolas
devem promover mais espaços para essa discussão, envolvendo não só professores e
alunos, mas também outros membros da comunidade escolar.
III QUIENCONTRO - 2018
Aprendendo ciências com os super-heróis
Lucas Mascarenhas de Miranda
Um dos desafios comumente encontrados por professores do ensino básico é mostrar
aos seus alunos a importância daquilo que estão estudando e a relação da ciência com o
seu dia-a-dia. Não são poucas as vezes que os docentes acabam optando pelo argumento
“e importante porque cai no vestibular”, o que só mostra ao aluno que, de fato, o ensino
de ciências não tem nenhum valor intrínseco, ele é um mero degrau para se chegar ao
ensino superior.
Este relato de experiência visa apresentar uma tentativa de metodologia de ensino que
apliquei ao longo do ano de 2018, na Rede de Ensino Conexão (vinculada ao sistema
Anglo de ensino e, em última instância, à Kroton Educacional). Basicamente, a minha ideia
foi de utilizar os super-heróis, e seus superpoderes, bem como outros elementos da
cultura pop, para falar de ciências, mostrando aos estudantes que a ciência não está só
presente no seu livro didático e na prova do vestibular, mas no cinema, nos quadrinhos,
na televisão, na natureza e no seu dia-a-dia.
Contexto: O colégio Conexão atende a um público muito heterogêneo – em termos de
classe social, cor de pele, orientação sexual, visões políticas, estrutura familiar, etc –
sendo assim, é impossível estabelecer alguma constante entre os alunos de qualquer
turma específica. Por estar submetido a duas grandes empresas do ramo da educação,
há muito engessamento em quesitos pedagógicos, em materiais didáticos, no currículo
que deve ser ensinado, até mesmo na elaboração de provas (que muitas vezes já vêm
prontas de São Paulo). Portanto, não é tão fácil realizar nesta escola propostas de ensino
mais inovadoras e que fujam um pouco dos métodos mais tradicionais e do currículo
proposto.
Preparação para o projeto: Nos anos 2016 e 2017, quando realizei meu mestrado em
divulgação científica, tive contato com vários autores dos campos do jornalismo
científico, da divulgação científica e do ensino de ciências, através de nomes como Attico
Chassot, Rudiger Laugksch, Yurij Castelfranchi, Gérard Fourez, Magda Soares, Benjamin
Shen, entre vários outros, que discutem, entre outros assuntos, as características de uma
III QUIENCONTRO - 2018
divulgação científica / ensino de ciências que colabore com a promoção de um letramento
científico de qualidade. E, utilizando todo esse ferramental, criei um blog chamado
“Ciência Nerd”, onde publicava quinzenalmente textos relacionando ciência e cultura
pop. No ano de 2018 parei de publicar com frequência, mas percebi que havia construído
com o blog um ótimo arcabouço de recursos didáticos para trabalhar em sala de aula. Foi
então que resolvi utilizá-lo como um instrumento complementar às minhas aulas de
física.
Aplicação do projeto: No princípio, pensei em realizar discussões sobre a ciência dos
super-heróis – com as minhas turmas de 9º ano do fundamental e de 1º, 2º e 3º ano do
médio – no período de duas semanas e verificar se causou algum impacto no interesse
deles e nas suas notas. Porém, como os assuntos dos meus textos perpassavam muitas
áreas diferentes da física, química, matemática biologia e até mesmo das ciências
humanas e sociais, optei por pulverizar essas discussões ao longo de todo o ano. E assim
o fiz.
Exemplos de aulas: Ao discutir o tema “radiação” com uma turma de 3º ano, por exemplo,
aproveitei a história de Hulk para colocar em pauta outros assuntos. Esse super-herói
permitiu que eu conseguisse, secundariamente, discutir temas como: os efeitos
biológicos da radiação no corpo humano; acidentes nucleares; a quebra de fita dupla do
DNA causada pela radiação gama; mutações genéticas provocadas por quebras no DNA;
hipóteses bioquímicas para explicar sua cor verde – através da transformação da
hemoglobina em biliverdina, tal como em um hematoma –; hipóteses epigenéticas para
a transformação em Hulk e em seguida o retorno à forma humana; entre outros assuntos.
Em outra circunstância, ao discutir o tema “energia” com uma turma de 9º ano, pude
trazer algumas discussões a respeito do filme “Pantera Negra”, e trabalhar assuntos
como: as semelhanças entre o metal fictício Vibranium e o grafeno; o uso do grafeno para
a produção de novas tecnologias; algumas hipóteses físicas – através de transformação
de energia – para explicar o funcionamento do uniforme do Pantera; o histórico Partido
dos Panteras Negras nos Estados Unidos na década de 60, que combateu o racismo
institucionalizado; a representatividade feminina e negra na ciência e na sociedade; a
forte relação entre ciência e religiosidade na sociedade apresentada no filme; entre
outros assuntos.
III QUIENCONTRO - 2018
O que observei com essas aulas: O que mais chamou a minha atenção foi a mudança do
caráter das perguntas feitas pelos alunos. Enquanto o mais comum era ouvir perguntas
do tipo “como isso cai no vestibular?”, esses panos de fundo que usei para falar de ciência
fizeram emergir perguntas mais sinceras, perguntas a respeito da natureza. Foi visível
que o interesse por trás das perguntas era, de fato, entender melhor o mundo que vive,
tentar criar paralelos entre a fantasia e a ficção e desenvolver hipóteses acerca das
possibilidades de produzirmos alguns poderes da fantasia com recursos da ciência. O foco
das aulas mudou por completo e fez com que eles interagissem com o conteúdo discutido
de forma muito mais íntima e prazerosa. Além disso, encontrei nestes temas um espaço
para trazer discussões em um âmbito mais social também, aproximando cada vez mais a
ciência da vida deles e construindo junto com os alunos uma visão mais crítica do que é
a ciência e o que é o cientista. E, em paralelo a isso, mostrando que este é um espaço
que eles também podem ocupar, que o trabalho do cientista não é muito distante do que
fazemos quando refletimos juntos sobre hipóteses para explicar os poderes de um super-
herói.
Conclusão: Como não se tratou de uma pesquisa formal e sistemática, não posso falar –
muito além do que já falei – com precisão sobre o impacto que esse recurso didático teve
nas turmas com as quais trabalho. Mesmo porque, trago esses conteúdos de forma
pulverizada, e não como um projeto intensivo e de curta duração. Mas, de forma
subjetiva, através da minha observação e da percepção de colegas professores, considero
que esta foi uma ótima maneira de, não só falar de conteúdos científicos – e de vestibular
– em sala de aula, mas também descontruir alguns preconceitos que muitos alunos
possuem com as ciências e dar um pouco mais de significado ao que estudam, para que
a passagem deles pelo ensino médio seja mais do que um degrau, mas que tenha uma
finalidade própria, uma razão de ser.
III QUIENCONTRO - 2018
Elaboração de tirinhas como forma de aprendizagem em Química
Marcela Arantes Meirelles
O presente resumo traz um relato de atividade que foi desenvolvida em sala de aula com
alunos(as) do 9º ano do Ensino Fundamental (1 turma) e do 1º ano do Ensino Médio (4
turmas) no ano de 2018, na cidade de Juiz de Fora- MG.
Após trabalhar o conteúdo de modelos atômicos, os(as) estudantes já possuíam uma
bagagem de conceitos importantes sobre a estrutura atômica, tal como prótons,
nêutrons, elétrons, evolução do pensamento científico e dos modelos atômicos,
representação dos elementos químicos, dentre outros. A partir desses conhecimentos
construídos, foi utilizada uma forma de avaliação do aprendizado de uma maneira
diferente. Assim, foi solicitado aos(as) alunos(as) que elaborassem uma tirinha sobre
conceitos relacionados ao átomo para verificar o que eles(as) haviam aprendido até
então. Além disso, seria possível avaliar a criatividade, a habilidade de desenhar e de
escrever nesse gênero textual.
Inicialmente realizou-se uma explicação sobre os elementos que constituem as tirinhas:
“Segmento ou fragmento de história em quadrinhos, geralmente com três ou quatro
quadros, e apresentado em jornais ou revistas numa só faixa horizontal” (Dicionário
Houaiss). Levaram-se alguns exemplos para a sala, a fim de ilustrar esse gênero textual.
Em seguida, foi proposta a confecção das tirinhas, sendo realizada em sala de aula com o
9º ano e como atividade para casa com o 1º ano. A professora orientou e mediou a
confecção das tirinhas.
Seguem abaixo alguns exemplos das tirinhas realizadas:
III QUIENCONTRO - 2018
Por meio das tirinhas, foi possível verificar a compreensão de conceitos químicos como a
evolução dos modelos atômicos e do pensamento científico, a partir da conversa entre
Ruth (Ernest Rutherford) e Bohr (Niels Bohr); a natureza elétrica da matéria (carga
positiva do próton) e a representação do átomo a partir do modelo de Dalton (esfera
maciça). Vale destacar que os(as) estudantes representaram o átomo de diversas formas,
sendo que elas já haviam sido discutidas em aulas anteriores, demonstrando a
apropriação destas representações na elaboração das tirinhas.
III QUIENCONTRO - 2018
Após a confecção, entrega e avaliação das tirinhas, os(as) alunos(as) as colocaram em
exposição no mural da escola. Assim, eles(as) puderam ver os trabalhos de outros(as)
colegas e de outras turmas que também confeccionaram as tirinhas.
Esta atividade se mostrou muito promissora para estimular a criatividade, o humor e a
imaginação. Além disso, permite que os(as) alunos(as) escrevam em um gênero textual
que é pouco comum na área de ciências. Muitos(as) estudantes adoraram realizar o
trabalho, mas alguns não gostaram ou não se dedicaram na atividade, provavelmente
pela falta de interesse, de habilidade ou até de tempo para a confecção.
III QUIENCONTRO - 2018
Roda de Conversas 4: Aprender ciências com o ambiente!
Silvio Ivanir de Castro
A roda de conversa n°4 que teve como título “Aprender ciências com o ambiente”, foi
composta de três trabalhos desenvolvidos em escolas públicas dos municípios de
Barbacena e Juiz de Fora, estado de Minas Gerais.
O primeiro trabalho denominado “Uma Aula Sobre Chuva Ácida para Alunos do Tecnico
Integrado em Agropecuária” cujos autores são Daiane Dulcileia Moraes de Paula, Larissa
Dias da Silveira Araújo, Daniel José da Silva, Marcelo Henrique Reis Carvalho, Gabriel
Mendonça Piazzi, Chrystiaine Helena Campos de Matos, Lilian Guiduci de Melo, do
Instituto Federal de Educação Tecnológica, Campus Barbacena apresentou uma aula
teórico-experimental ministrada em três turmas do ensino médio integrado ao Técnico
de Agropecuária. Foram promovidas atividades de leitura e observação sobre os
conhecimentos prévios dos alunos a respeito da poluição atmosférica e chuva ácida
seguida do desenvolvimento da atividade prática que demonstrou o efeito dos gases
liberados na queima do enxofre na cor de uma rosa vermelha e no pH de uma amostra
de água com papel indicador de pH e indicador azul de bromotimol. Esse experimento
evidencia a propriedade dos óxidos ácidos em reagir com a água formando ácidos,
provocando assim uma redução do pH evidenciado pela alteração das cores da rosa e do
indicador ácido-base. Após o experimento foi aplicado um questionário para discussão
sobre o seu resultado e sua relação com as atividades da agropecuária. O projeto permite
estabelecer uma relação entre os conteúdos da química com a futura atividade
profissional dos estudantes tornando assim o processo de ensino-aprendizagem mais
significativo.
Em seguida ocorreu a apresentação do trabalho “Horta vertical para o cultivo de
temperos na Escola Municipal Engenheiro Andre Rebouças” de autoria de Ana Maria do
Carmo da Escola Municipal Engenheiro André Rebouças, município de Juiz de Fora, MG;
Cirlene Silva, Gabriela Nery, Isamaira Sinfrônio, Talita Teixeira e Antonio Carlos Sant’Ana
III QUIENCONTRO - 2018
do Instituto de Ciências Exatas; e Layla Fonseca, Instituto de Ciências Biológicas, ambos
institutos da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG. O trabalho ocorreu dentro do
subprojeto Pibid Interdisciplinar Ciências Ciclo II e abordou o tema “Consumismo x
Desperdício” de forma a desenvolver nos alunos uma postura etica em relação ao
consumo e conservação do planeta expondo a importância de se reutilizar as garrafas de
PET para o cultivo de plantas, reduzindo assim o impacto ambiental causado por esses
materiais além da necessidade de se consumir alimentos saudáveis e livres de
agrotóxicos. Os alunos foram incentivados a produzir e personalizar suas próprias
garrafas contendo uma trança de retalho para servir como um fio de abastecimento de
água da parte inferior para a parte superior da garrafa. Foi discutido o valor nutricional
de cada tempero cultivado e o fenômeno da capilaridade além do próprio cultivo e
cuidado com as plantas. Na etapa final da atividade os alunos relataram sobre o seu
aprendizado, colheram e degustaram os temperos cultivados. Os autores consideraram
a horta como um valioso instrumento de aprendizagem favorecendo uma interação e
socialização de alunos e professores, despertando a importância e respeito à natureza.
A terceira e última apresentação teve como título “Contaminação do Rio Doce por metais
pesados: Um projeto para a feira de ciências” de Silvio Ivanir de Castro, Colegio de
Aplicação João XXIII, Universidade Federal de Juiz de Fora e descreve a apresentação de
um trabalho de pesquisa elaborado por uma equipe composta de cinco alunos do
segundo ano do ensino médio a ser apresentado na Feira de Ciências que ocorre
anualmente no colégio. O trabalho apresenta parte de um relatório realizado por um
grupo de pesquisadores participantes de um coletivo científico-cidadão denominado
Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental - GIAIA, concebido para
analisar os impactos ambientais decorrentes do derramamento de resíduos de
mineração que contaminou todo o curso do Rio Doce em novembro de 2018. Ele contém
o resultado de uma série de análises físico-químicas e biológicas, e que podem ser
acessadas em sua página na internet. A equipe de alunos escolheu seis pontos de coleta
para apresentar as concentrações de Manganês, Ferro e Cádmio que não estavam em
conformidade com a resolução CONAMA 357 de 2005 para corpos d’água de Classe II que
podem ser destinadas ao "abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário,
III QUIENCONTRO - 2018
tais como natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas
e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto; à aqüicultura e atividade de pesca". Para que o visitante da Feira possa
visualizar a diferença entre a concentração permitida e a encontrada no leito do rio e em
poços artesianos foram feitas soluções contendo vários sucos em pó dissolvidos que
apresentam diferentes cores. No final do trabalho eles apresentaram os efeitos que o
consumo de água pode ter na saúde das pessoas. A organização e apresentação deste e
outros inúmeros trabalhos na feira de ciências demonstra grande participação dos
discentes, mesmo entre aqueles que não têm grandes interesses pelas áreas das ciências
naturais e matemática, pois tem a oportunidade de exercitar diferentes habilidades como
apresentação dos trabalhos em público, produção de textos, maquetes, desenhos, além
da própria pesquisa acadêmica.
Os trabalhos apresentados na roda de conversa “Aprender ciências com o ambiente” teve
ampla participação de alunos e professores presentes e demonstra que os docentes em
exercício ou em formação das áreas das ciências da natureza estão em constante sintonia
com os acontecimentos de nossa sociedade, promovendo atividades científicas
interdisciplinares relacionadas diretamente com a realidade dos estudantes, envolvendo
leitura de artigos, pesquisa de conhecimentos prévios e utilização de recursos acessíveis
e de baixo impacto ambiental nas aulas teóricas e práticas com o compromisso de
promover uma educação de qualidade nas escolas públicas de Barbacena e Juiz de Fora,
Minas Gerais.
III QUIENCONTRO - 2018
Uma aula sobre chuva ácida para alunos do técnico integrado em
agropecuária
Daiane Dulcileia Moraes de Paula, IF Sudeste MG - Campus Barbacena;
Larissa Dias da Silveira Araújo, IF Sudeste MG - Campus Barbacena;
Daniel José da Silva, IF Sudeste MG - Campus Barbacena;
Marcelo Henrique Reis Carvalho, IF Sudeste MG - Campus Barbacena;
Gabriel Mendonça Piazzi, IF Sudeste MG - Campus Barbacena;
Chrystiaine Helena Campos de Matos, IF Sudeste MG - Campus Barbacena;
Lilian Guiduci de Melo, IF Sudeste MG - Campus Barbacena.
A aula referente à este relato foi desenvolvida por nós, licenciandos em química, que
atuávamos no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do IF
Sudeste MG – Campus Barbacena. A aula teórico-experimental foi ministrada no 3º
Bimestre, do ano letivo de 2017, em três turmas do 2º ano do ensino médio integrado ao
Técnico de Agropecuária do instituto. Tivemos como objetivo principal planejar uma aula
com um tema bastante corriqueiro: “Chuva Ácida”, e que sobretudo, correlacionasse os
conhecimentos adquiridos ao longo do curso de agropecuária com a disciplina química,
a fim de promover um aprendizado múltiplo. A experimentação é uma importante
ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, e quando aliada a contextualização
promove a construção do saber científico com a realidade do educando. A atividade foi
dividida em quatro etapas. No primeiro momento, iniciamos com a leitura de uma
reportagem publicada em janeiro de 2015 retirada do portal de notícias da Globo (G1):
“Cetesb confirma que chuva ácida atingiu Cubatão após vazamento” (G1 GLOBO, 2015).
Logo após, introduzimos questões sobre o texto que levariam ao tema central da aula,
para observar o conhecimento prévio dos alunos. Alguns alunos se mostraram tímidos no
início da discussão, mas de acordo com a interação de alguns discentes, outros foram se
descontraindo, fator que ocasionou uma maior participação da turma em relação ao
tema proposto. Em um segundo momento instigamos os alunos a falarem sobre os
III QUIENCONTRO - 2018
componentes da atmosfera e foi marcado por uma investigação diagnóstica, de modo a
conhecer quais conceitos necessários para atingirmos o objetivo da aula e quais
necessitavam ser trabalhados. Sendo assim, realizamos algumas perguntas: “O que é de
fato poluição atmosférica?”, “O que é chuva ácida?”, “Qual é a sua causa?”, Como ela
ocorre?”, “Quais os malefícios da chuva ácida para plantação e para o ambiente em
geral?” e “Quais reações químicas acontecem durante a formação da chuva ácida?”. Os
alunos buscaram responder tais questões baseados em acontecimentos de seu cotidiano.
Assim, buscamos salientar alguns pontos que eles deixaram de mencionar e logo,
juntamente com toda a turma, chegamos a respostas mais completas referentes ao
conceito de chuva ácida e seus principais impactos no meio ambiente e na vida humana
de acordo com a resolução do CONAMA Nº 3 de 28/06/1990 (BRASIL, 1990). O terceiro
momento foi o experimento, onde utilizamos: 1 recipiente de vidro grande; 1 colher
pequena; 1 rosa (vermelha); Papel indicador de pH; Fita isolante; Lamparina; Água;
Enxofre em pó; e Azul de bromotimol. O experimento aconteceu da seguinte forma: o
primeiro passo foi montar o material a ser utilizado na aula, então furamos a tampa do
recipiente de vidro, de maneira a fixar a colher dobrada. Em seguida, com um pedaço de
fita isolante colou o papel indicador de pH na parede do recipiente e inseriu a rosa dentro
dele. Sequencialmente, foi colocado um pouco de enxofre na colher fixada na tampa e
acendeu a lamparina para que iniciasse a combustão. Rapidamente o frasco foi fechado
possibilitando observar a formação de fumaça e deixando reagir por alguns minutos.
Dentro do frasco foi possível perceber a descoloração da rosa, condição que chamou
bastante a atenção dos alunos, o que fez com que discutissem o aspecto ambiental. Eles
também visualizaram a mudança de coloração da fita universal de pH, que se comparada
com a escala do fabricante, evidenciava que dentro do recipiente estava ácido (pH 4).
Essa alteração ocorreu devido a reação do enxofre com oxigênio do ar, formando o
dióxido de enxofre. Em seguida, foi retirado a rosa, que ficou desbotada, e adicionado
água, deixando reagir novamente por mais algum tempo. Foi explicado aos alunos que a
rosa possui quantidades significativas de carotenoides, substâncias responsáveis pela
coloração avermelhada da flor, e quando estes são expostos a meios muito ácidos,
tendem a se oxidar, adquirindo uma coloração mais clara, devido a diminuição da
concentração desse pigmento. A reação do dióxido de enxofre com a água originou o
III QUIENCONTRO - 2018
ácido sulfúrico e o ácido sulfuroso, fazendo com que o papel indicador mudasse
novamente sua cor, apontando agora pH 1-2. Após, abriu o frasco e colocou algumas
gotas de azul de bromotimol, o qual confirmou a acidez do meio. O último momento foi
a aplicação de um questionário com 11 perguntas para que os alunos pudessem discutir
o que aconteceu no experimento e sua correlação com a agropecuária. As perguntas
eram relacionadas ao pH, as reações que ocorreram no experimento, problemas que a
chuva ácida causa para a agropecuária e o que eles, como futuros técnicos, poderiam
fazer para tentar reduzi-la: “Por que a chuva já é naturalmente ácida (pH de
aproximadamente 5,65)?”, “Quais os problemas que a chuva ácida pode causar para a
Agropecuária?”, “Que fatores naturais ou não, podem fazer com que algumas regiões
sejam mais poluídas do que as outras? Que propriedades dos gases são responsáveis por
esse fator?”, “Alguma substância liberada por outro processo é capaz de neutralizar a
chuva ácida na atmosfera?”. Verificamos que devido ao formato da aula, os alunos
participaram ativamente de todos os seus momentos. Acreditamos que esse
envolvimento aconteceu também, devido à proximidade do conteúdo com o contexto
que os alunos estão inseridos, tornando o processo de aprendizagem mais significativo.
Concluímos assim, que atividades contextualizadas facilitam o processo de ensino-
aprendizagem, pois como estão interligadas ao cotidiano, o discente compreende mais
facilmente os conceitos trabalhados durante aula.
Figura 1: Realização do experimento.
Fonte: dos autores.
III QUIENCONTRO - 2018
Horta vertical para o cultivo de temperos na Escola Municipal
Engenheiro André Rebouças Ana Maria do Carmo1,
Cirlene Silva3, Gabriela Nery2, Isamaira Sinfrônio2,
Layla Fonseca3, Talita Teixeira2, Antonio Carlos Sant’Ana2
1- Escola Municipal Engenheiro André Rebouças, Juiz de Fora- MG
2- Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal de Juiz de Fora- MG
3- Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Juiz de fora - MG
O subprojeto Pibid Interdisciplinar Ciências Ciclo II desenvolveu diversas atividades na
Escola Municipal Engenheiro André Rebouças, localizada no Bairro Milho Branco, em Juiz
de Fora. A proposta principal foi abordar o tema “Consumismo X Desperdício”, visando a
formação de alunos tenham uma postura ética em relação ao consumo e à conservação
do planeta, em todos os seus aspectos. A ideia de se cultivar temperos nas garrafas de
PET surgiu pela demanda dos alunos e também devido a escola apresentar pouco espaço
externo para o cultivo em canteiros. Além disso, levou-se em conta a função da escola
como um espaço importante para a formação cidadã dos alunos em relação ao meio
ambiente e a saúde. Assim, a horta se torna um ambiente rico de aprendizagem
significativa para os estudantes e uma excelente ferramenta de ensino que permite
explorar diversos conteúdos de forma concreta e reflexiva.
Esta proposta teve como objetivos: favorecer mudanças de atitudes em relação ao
consumo, proporcionar aos alunos uma vivência com os mais diferentes tipos de
temperos, desenvolver o amor e respeito pela natureza, valorizar os produtos naturais,
reconhecer o valor nutricional das espécies cultivadas, formar alunos conscientes que
façam uma reflexão sobre seu consumo em uma abordagem transdisciplinar e perceber
aspectos químicos em todo o processo.
Esta atividade foi desenvolvida nas turmas de 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II da
seguinte maneira: 1ª aula: aula foi expositiva sobre o consumo excessivo e suas
consequências sobre a vida das pessoas e no meio ambiente. Além disso, destacou –se a
importância de se reutilizar as garrafas de PET para o cultivo de plantas, levando-se em
III QUIENCONTRO - 2018
conta o impacto ambiental causados por esses materiais. Nesta aula foi trabalhado os
seguintes conceitos: Consumo consciente, A Política dos 5Rs (Repensar, Recusar, Reduzir,
Reutilizar e Reciclar), Tempo de degradação dos plásticos e Impactos da poluição por
plásticos sobre a Biodiversidade. 2ª aula: realizou-se a confecção dos vasos de garrafas
de PET. Cada estudante, personalizou sua garrafa e também fez uma trança de retalho
para servir como um fio de abastecimento de água da parte inferior para a parte superior
da garrafa. Assim, foi possível também trabalhar o conceito de capilaridade e reforçar a
importância de se utilizar materiais que seriam descartados para o meio ambiente. 3ª
aula: plantio dos temperos nas garrafas de PET. 4ª aula: aula expositiva sobre a
importância de se consumir alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. Nesta aula,
abordou-se os seguintes conceitos: Alimentação saudável, Impactos dos agrotóxicos na
saúde e meio ambiente, Nutrientes encontrados nas espécies de temperos cultivadas.
A partir daí, semanalmente, os alunos faziam uma visita à horta para observarem o
desenvolvimento das plantas e também para reporem a água nas garrafas e retirarem os
matinhos que cresciam junto aos temperos. Como etapa final, os alunos relataram o que
aprenderam e o que significou essa experiência para eles e também tiveram a
oportunidade de colher e degustar esses temperos na merenda da escola.
Diante de todos os depoimentos dos alunos, foi possível perceber que a horta no
ambiente escolar é um valioso instrumento de aprendizagem de conceitos químicos,
permitindo que o aluno perceba que a Química está presente em nosso cotidiano e ainda,
favorece maior interação e socialização entre todos os envolvidos, sendo capaz de
despertar e/ou resgatar a importância e o respeito peta natureza.
III QUIENCONTRO - 2018
Contaminação do Rio Doce por metais pesados: Um projeto para
a feira de ciências.
Silvio Ivanir de Castro
O calendário acadêmico do Colégio de Aplicação João XXIII apresenta em sua
programação as semanas temáticas organizadas por cada um dos departamentos onde
estão lotados os professores e professoras da instituição. São elas: Feira Literária do
departamento de Letras e Artes; Semana de Ciências Humanas do departamento de
Ciências Humanas; Jogos do João do departamento de Educação Física; Semana de
Ciências e Matemática, evento organizadoem conjunto pelos departamentos de Ciências
Naturais e Matemática a partir de 2018. A programação da semana de Ciências e
Matemática consta de visitas ao Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de
Fora, palestras proferidas por professores, professoras do colégioe visitantes, culmina
com a apresentação dos trabalhos de pesquisa dos alunos do ensino fundamental e
médio no sábado, último dia do evento (imagens 1 a 5).
Imagem 1: Vida marinha Imagem 2: Aquecimento global Imagem3: Energia eólica
apresentado em 2017 apresentado em 2017 apresentado em
2017
Imagem 4: Feira de alimentos Imagem 5: Casa Sustentável apresentada
orgânicosem 2018 por Winícius Albuquerque em 2018
No ano de 2017, a partir de estudos realizados na ágora "Propriedades e
Tratamento da Água e do Esgoto", um grupo de alunos(foto 6) seinteressou em
III QUIENCONTRO - 2018
apresentar um trabalho que foi denominado "Contaminação do Rio Doce por metais
pesados", com o objetivo de mostrar aos visitantes a contaminação da água por metais
pesados provocada pelo rompimentoda barragem de Fundão, localizado no distrito de
Bento Rodrigues, distrito de Mariana, Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 2015,que
despejou na bacia do Rio Doce cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos
provenientes da extração do minério de ferro.
O derramamento devastou o distrito de Bento Rodrigues deixando cerca de 200
famílias desabrigadas e a morte de 19 pessoas além do distrito de Paracatu de Baixo,
tornou as águasimpróprias para consumo humano,agrícola e industrial, provocou a
paralisação das estações de tratamento de água, tornou impossível a manutenção da vida
aquática em toda a extensão do rio Doce que abrange cerca de 230 municípios nos
estados de Minas Gerais e Espírito Santo, atingindo até as águas do oceano Atlântico no
município de Regência. Esse evento considerado pela empresa responsável como
acidente e por órgãos de defesa ambiental como crime é estimado de maior impacto
ambiental da história do país e o maior do mundo envolvendo uma barragem de rejeitos.
A equipede alunos e alunas que participou da feira de ciências demonstrou aos
visitantes alguns dos metais que estavam poluindo suas águas e os respectivos riscos de
sua utilização para a saúde humana, tomando como referência um dos documentos
divulgados pelo coletivo científico-cidadão organizado a partir da internet denominada
Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental - GIAIA, um grupo de pesquisa
interdisciplinar e autônomo que foi concebido para analisar os impactos ambientais de
forma isenta e independente de influências financeiras e políticas. O documento que
serviu de referência para a equipe foi o relatório técnico "Determinação de metais na
bacia do Rio Doce (período: Dezembro de 2015 a Abril de 2016) - 5/jun/2016" disponível
na página da web <http://giaia.eco.br/materialdesuporte/>. Outras análises fisico-
químicas e biológicas podem ser obtidas na mesma página.
Entre os pontos de coleta analisados pelo GIAIA (imagem 8) a equipeescolheu
6para representar através de soluções contendo sucos em pó dissolvidos que
apresentam diferentes cores, representando algumas amostras de Manganês, Ferro e
Cádmio que não estavam em conformidade com a resolução CONAMA 357 de 2005 para
corpos d’água de Classe II. De acordo com essa resolução essas águas podem ser
III QUIENCONTRO - 2018
destinadas ao "abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à
proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como
natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de
parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato
direto; à aqüicultura e atividade de pesca".
Na sequência da imagem 7, o erlenmeyer J2 representa amostra retirada no rio
Gualaxo do Norte em Paracatu de Baixo - MG contendo manganês 53 vezes acima do
permitido; o erlenmeyer "Sra. H" representa amostra retirada em poço artesiano de uma
propriedade particular de propriedade da Sra. Helena em Areal, contendo Ferro 1140
vezes acima do permitido; erlenmeyer J4 representa amostra retirada no Rio Doce na
cidade de Rio Doce - MG, com Cádmio 5 vezes acima do permitido; erlenmeyer J3
representa amostra retirada no Rio do Carmo em Monsenhor Horta - MG com Cádmio 7
vezes acima do permitido; erlenmeyer J1 representa amostra retirada no Rio do Carmo
em Monsenhor Horta - MG, com Manganês 19 vezes o permitido; erlenmeyer J1
representa amostra retirada Rio do Carmo em Monsenhor Horta - MG, com Cádmio 7
vezes acima do permitido; erlenmeyer "Sr. N" representa amostra retirada de poço no
povoado Entre Rios – ES – na propriedade do Sr. Nilton, com Ferro 13 vezes acima do
permitido. Os 3 últimos erlenmeyers à direita representam soluções com Cádmio, Ferro
e Manganês com as concentrações permitidas pela resolução. Dessa forma o visitante
pode comparar as diferenças de concentração através do contraste de cores.
Imagem 6: Alunos e alunas que Imagem 7: Soluções representativas Imagem 8:Pontos de coleta
apresentaram o trabalho:Twanny das amostras de água contaminada
Carolina, André, Paolo e Bianca
As concentrações analisadas nas águas e permitidas pela Resolução CONAMA
357/2005 de Cádmio, Ferro e Manganês estão apresentadas no quadro a seguir:
III QUIENCONTRO - 2018
PONTOS DE COLETA, CONCENTRAÇÕES DOS METAIS PRESENTES NAS AMOSTRAS E CONCENTRAÇÕES
PERMITIDAS PELA RESOLUÇÃO CONAMA 357/2005
PONTOS DE COLETA
METAIS
CONCENTRAÇÕES
PERMITIDAS (mg/L)
CONCENTRAÇÕES
ANALISADAS PELO
GIAIA (mg/L) EXPEDIÇÃO
1
J2 Manganês 0,1 5,29 + 0,02
Sra. H
Ferro
0,3
3,83 + 0,02
J4 Cádmio 0,001 0,005 + 0,001
J3 Cádmio 0,001 0,007 + 0,001
J1 Manganês 0,1 1,94 + 0,02
J1 Cádmio 0,001 0,007 + 0,001
Sr. N Ferro 0,3 3,900 + 0,02
Completando a demonstração do trabalho a equipe utilizou dados do relatório
técnico que descreve sobre problemas de saúde ocasionados pela ingestão de água
contaminada pelo Ferro, Manganês e Cádmio.A ingestão de água contaminada com ferro
pode provocargastrite, vômitos, hemorragia, diarréia e desenvolvimento de doenças
crônicas como Alzheimer. A contaminação por Manganês pode ocasionar déficit
intelectual em crianças expostas a níveis iguais ou maiores que 0,5 mg/L. A ingestão de
350 a 3500mg de cádmio pode ser letal e sua exposição crônica afeta principalmente os
rins. O consumo por idosos de 140 a 255µg de cádmio pode estar associado a perda de
proteínas pela urina (proteinúria). Outras consequências da intoxicação crônica por
cádmio são: perda de glicose e fosfato pela urina, pedra nos rins e osteomalácia, ou seja,
o enfraquecimento dos ossos.
Dia 5 de novembro de 2018 completa 3 anos da maior tragédia socioambiental do país e
pouco foi feito para minimizar os prejuízos aos meio ambiente e à sociedade. Faz-se
necessário que atividades como essa sejam desenvolvidas para conscientizar as pessoas
da necessidade da utilização racional dos recursos hídricos cada vez mais escassos em
função da crescente demanda e da poluição.
A feira de ciências demonstra ao longo dos anos grande participação dos
discentes, mesmo entre aqueles que não tem grandes interesses pelas áreas das ciências
III QUIENCONTRO - 2018
naturais e matemática, pois tem a oportunidade de exercitar diferentes habilidades como
apresentação dos trabalhos em público, produção de textos, maquetes, desenhos, além
da própria pesquisa acadêmica.
Para analisar os trabalhos da feira de ciências vários licenciandos de diferentes
graduações foram convidados e o trabalho descrito apresentou uma das melhores
avaliações.
Agradecimentos a Winícius Albuquerque que cedeu imagem de seu trabalho “Casa
sustentável” (imagem 5) e aos discentes que participaram do trabalho (imagem 6) Andre
Luiz Casarim Leite, Bianca Cristine Guimarães Alves, Carolina Soares Faria, Paolo Toledo
de Carvalho e Twanny Maria Lino dos Reis.
III QUIENCONTRO - 2018
Roda de Conversas 5: Aprender ciências interagindo!
Jessica Ferreira de Oliveira
A roda de conversa 5 do evento “III QuiEncontro UFJF – Conversas sobre o Ensino de
Química na Educação Básica”, realizada no dia 24 de novembro de 2018, na sala 05 nas
dependências da Escola Estadual Francisco Bernardino (EEFB), iniciou-se com uma rápida
apresentação dos participantes de forma que pudéssemos conhecer um pouquinho
sobre a formação acadêmica dos que estavam presentes e o que os levou a se
interessarem pelo encontro.
Nesta roda contamos com três trabalhos que tratavam de assuntos interessantes, cada
um abordava um tema específico, mas foi possível relacioná-los e compreender o ponto
principal de toda discussão. Os títulos dos relatos e os respectivos autores são:
1. Júri Químico: Uma atividade para a aproximação, motivação e criticidade dos estudantes
da Educação Básica.
Amanda Gomes de Almeida, Camila Oliveira Delfino, Roberta Ianca Pereira de Souza,
Andréia Francisco Afonso.
2. Flutua ou Afunda? Trabalhando ciências com experimentação.
Jessica Ferreira de Oliveira
3. Teste de Chama: Identificação da dificuldade dos estudantes na aprendizagem de
conceitos químicos.
Igor Tavares, Ingrid Dinelli, Monique Mendes, Rayane de Oliveira, Andréia Francisco
Afonso.
Inicialmente, cada autor apresentou uma síntese do trabalho desenvolvido em torno de
15 minutos, na sequência, teve início a roda de conversa, propiciando a troca de
vivências.
O primeiro relato apresentado nos mostrou a necessidade de tirar os estudantes de sua
“zona de conforto”, levando os mesmos a contextualizar o conteúdo que estava sendo
abordado em sala de aula, para facilitar a associação da teoria, com possíveis situações
III QUIENCONTRO - 2018
vivenciadas pelos estudantes no cotidiano. A ideia foi boa, entretanto segundo relatos,
a maior dificuldade encontrada, foi à falta de interesse dos estudantes em fazer os
estudos e pesquisas, pois, não estavam acostumadas com isto, fazendo que o júri fosse
adiado várias vezes por falta de argumentos de determinado grupo. Depois de muita
conversa dos estagiários com os estudantes, contando com total apoio do professor o
Júri foi realizado.
Os relatores chegaram à conclusão que mesmo passando por conflitos, o uso de
diferentes metodologias é bastante válido, e constataram também que trabalhando de
forma mais lúdica, os alunos se envolvem, mostrando-se motivados e receptivos nas
aulas de Química.
Em seguida, apresentei o segundo trabalho, o qual foi um relato de minha experiência
como professora, com a atividade intitulada “Flutua ou Afunda? Trabalhando ciências
com experimentação”. Nesse trabalho apresentei a importância de despertar a
curiosidade e a criação de hipóteses e conclusão a partir da observação e experimentação
simples. O projeto surgiu a partir de uma curiosidade dos alunos em descobrirem por que
os peixes podem flutuar e afundar. Foi feito com estudantes rodas de conversas, criação
de materiais com objetos recicláveis (submarino), demonstrações com objetos flutuantes
e não flutuantes, e observação da vida dos peixes que possuem bexiga natatória.
A sequência didática foi feita com os estudantes com o objetivo era trazer conhecimentos
científicos (empuxo) aos alunos desde a educação infantil, de maneira mais significativa
e prazerosa, onde eles participam a todo o momento do processo de construção do
conhecimento.
Por fim, foi apresentado o último relato, cujos autores compartilharam o trabalho voltado
para o experimento, mediante a percepção de que os estudantes estavam com
dificuldades de compreender a teoria. A atividade foi experimental e em seguida os
alunos teriam que fazer um teste. Os autores concluíram que mesmo com o experimento
os alunos não tiveram um bom aproveitamento no teste, pois, grande parte não estava
disposta s se comprometer com os estudos.
Após todas as apresentações, iniciou-se então, as discussões. Grandes partes dos
participantes estavam estagiando em escolas públicas e privadas, e notaram a dificuldade
III QUIENCONTRO - 2018
dos professores na “transmissão” de determinados conteúdos, e o receio em responder
às perguntas quando as mesmas surgiam, e a falta de incentivo aos questionamentos.
Como se pode observar a partir de cada relato, todos se voltaram para a prática na sala
de aula. O motivo que levou a maioria dos inscritos a participarem do encontro, foi à
importância da formação continuada, como maneira de maior segurança para os
professores abordarem temas de difícil compreensão por parte dos alunos. Percebemos
que há um longo percurso para conseguirmos fazer uma ponte entre a teoria e a prática.
Educar é uma ação intencional, isto é, exige todo um processo de atividades que são
desenvolvidas a cerca de teorias, tornando-se necessário planejar, traçar os objetivos, e
pensar como será avaliado essas ações ou refletir sobre a relação teoria e prática no
cotidiano escolar.
III QUIENCONTRO - 2018
Júri Químico: uma atividade para a aproximação, motivação e
criticidade dos estudantes da Educação Básica
Amanda Gomes de Almeida
Camila Oliveira Delfino
Roberta Ianca Pereira de Souza
Andréia Francisco Afonso
A Química é considerada uma ciência de difícil aprendizagem pelos estudantes de todos
os níveis de ensino. Tal constatação pode ter sua origem no fato de que a área possui
conceitos que são explicados no nível submicroscópico e, portanto, para serem
compreendidos necessitam da formação de modelos mentais, ou seja, da abstração.
Entretanto, grande parte dos alunos não consegue elaborar esses modelos e quando o
fazem, eles não são os mais adequados, tornando-se obstáculos epistemológicos.
Pensando nesses desafios que se apresentam durante o processo de ensino e de
aprendizagem nas aulas de Química, planejamos uma atividade na qual fosse possível
lecionar através da ludicidade, e por isso, propomos o Júri Químico. O objetivo desta
atividade era contextualizar o conteúdo abordado em sala de aula, para facilitar a
associação da teoria com possíveis situações vivenciadas pelos estudantes no cotidiano.
O Júri Químico foi realizado no âmbito do subprojeto Química do Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Federal de Juiz de Fora em uma
turma do 1◦ ano do ensino médio de uma das escolas parceiras, totalizando 20 alunos.
No primeiro momento, apresentamos uma breve história de uma cidade fictícia – criada
por nós - na qual havia uma empresa de estação de tratamento de água e uma indústria
de alumínio. Esta indústria estava sendo acusada de não tratar a água, que era despejada
no rio, de maneira correta, contaminando-o com resíduos de alumínio. Após, a leitura, a
turma foi dividida em dois grupos: um grupo representou a empresa de estação de
tratamento de água e outro, a indústria de alumínio. Em cada grupo, foi escolhido o aluno
que representaria o responsável pela empresa e pela indústria; o advogado, as duas
III QUIENCONTRO - 2018
testemunhas de defesa e as duas testemunhas de acusação. Nosso papel neste Júri foi
de juízas.
No segundo momento do trabalho, pedimos para que os grupos elaborassem um texto
de acusação que seria compartilhado entre eles, com as argumentações que seriam
utilizadas no dia do Júri. Para a elaboração desse texto, solicitamos que os estudantes
usassem conceitos químicos. Nesta etapa, nos colocamos a disposição dos grupos para
tirar dúvidas, auxiliar na elaboração dos argumentos e na busca de fontes bibliográficas,
como vídeos, por exemplo. Nossa preocupação era que os alunos tivessem um senso
crítico durante a pesquisa e a escrita.
No dia do Júri Químico, os alunos foram levados para o salão nobre da escola para darmos
início ao trabalho. Escolhemos esse espaço, pois o ambiente se assemelha a um tribunal.
Os grupos foram dispostos de forma a simular um júri real. Iniciamos dando
esclarecimentos de como a atividade iria ocorrer, e, em seguida, os representantes da
empresa de tratamento de água e da indústria de alumínio se apresentaram e
esclareceram o porquê de estarem em tal circunstância – em um julgamento.
Os argumentos elaborados no segundo momento foram utilizados nesta etapa. O
advogado da indústria de alumínio acusou a estação de tratamento de água de não a
tratar corretamente. Em seguida, chamamos as testemunhas de defesa e acusação para
darem suas declarações. Logo depois, o advogado da empresa de tratamento de água
acusou a indústria de alumínio de contaminar a água da cidade com seus resíduos, sendo
também convocadas as testemunhas de defesa e acusação para serem ouvidas. Feito
isso, os dois grupos tiveram direito de se defender e fazer mais perguntas para acusar o
outro grupo. Por fim, demos o veredito final: as duas empresas estavam erradas, pois a
estação de tratamento de água tem o dever de analisar e tratar a água corretamente, e
a indústria de alumínio deve descartar seus resíduos de forma adequada para não
contaminar a água da cidade. Nós baseamos nosso veredito nos argumentos dados e nas
circunstâncias presentes durante a atividade, buscando mostrar aos alunos que, apesar
da estação de tratamento de água não a tratar de forma adequada, a indústria de
alumínio também tem responsabilidade sobre a saúde da população à medida que gera
resíduos tóxicos.
III QUIENCONTRO - 2018
Na aula seguinte à apresentação do Júri Químico, pedimos aos estudantes que nos
dessem um retorno por meio de um relato por escrito. Após a leitura das respostas,
identificamos que elas foram bastante positivas, como mostra os trechos a seguir:
“... eu achei a ideia do júri muito criativa e interessante, foi algo nunca
feito…” (Aluno 1).
“Me fez entender e procurar sobre os processos de tratamento de água
e da indústria de alumínio…” (Aluno 2).
“... aprendi tambem que e bom interagir e tambem trabalhar em
equipe” (Aluno 3).
“... foi uma experiência que nunca tive e gostaria de participar
novamente” (Aluno 4).
Com isso, podemos concluir que o uso de diferentes metodologias de ensino é bastante
válido. Além disso, constatamos que quando trabalhamos de forma mais lúdica, os alunos
se envolvem, mostrando-se motivados e receptivos nas aulas de Química.
III QUIENCONTRO - 2018
Flutua ou Afunda? Trabalhando ciências com experimentação.
Jessica Ferreira de Oliveira
Partindo da curiosidade dos alunos em saber por que os peixes afundam e flutuam,
resolvi fazer experiências, pensando desenvolver uma postura investigativa, fazendo com
os alunos vivenciassem atividades de flutuabilidade dos corpos, de forma a compreender
as variáveis envolvidas como o objeto, verificar que existe uma força que empurra os
objetos de baixo para cima, fazendo-os flutuar (empuxo), explorar conhecimentos de
diferentes áreas, aproximando-se gradativamente do conhecimento científico, observar
e investigar fenômenos físicos, conhecer conceitos sobre flutuabilidade e a não
flutuabilidade dos objetos, levantando hipóteses sobre esses conceitos, e mostrar dos
peixes. Foi feita uma sequência didática com a turma de segundo período da Educação
Infantil na escola particular Caracol Encantado. Os alunos têm entre cinco e seis anos.
Iniciamos com uma roda de conversa, primeiro momento, que tinha como disparador
uma flor imersa em um copo com água, o mesmo foi passado de mão em mão para que
as crianças observassem o fenômeno. Em seguida perguntei aos alunos o que estava
acontecendo com a flor. Obtive várias respostas: boiando, nadando, flutuando, deitada,
entre outros.
Partindo das respostas dos alunos iniciei uma conversa sobre o conceito de
flutuabilidade, perguntando-os se conheciam outros objetos que flutuavam. Anotei as
respostas no papel pardo, mostrei vários objetos que flutuavam para explicar o conceito.
Neste mesmo dia, foram levados para sala de aula, vários peixes para serem observados
como se comportam.
Segundo Momento: Observação. Nesta etapa as crianças foram questionadas sobre o
tema “Afundar”. Foi colocado sobre a mesa em uma bacia com água, submersa uma
bolinha de gude (ela já estará submersa propositalmente). As seguintes questões foram
levantadas: Onde está a bolinha de gude? O que é afundar? Obtive várias respostas:
Afundar é ficar no fundo e não conseguir se mexer, ser puxado para baixo, é uma pedra
que não boia, coisas pesadas afundam, entre outros. Com a intenção de provocar o
pensamento investigativo das crianças, outra questão foi levantada: Vocês conhecem
III QUIENCONTRO - 2018
outros objetos que afundam ao serem colocados na água? Esses objetos foram
registrados em forma de lista, como por exemplo, cadeira, carro, pedra, entre outros.
Terceiro Momento: Levantamento de Hipóteses, Nessa etapa utilizou-se os objetos
listados pelas crianças nas etapas anteriores. Na rodinha as crianças se separaram em
dois grupos: Os objetivos que afundam e os que flutuam. Neste momento, elas
escolheram um objeto do grupo “Flutuam” e outro do “Afundam” levantaram hipóteses
a respeito da flutuabilidade ou não dos objetos escolhidos por elas. O grupo que ficou
com os objetos que flutuava, respondeu que isto acontecia porque eram leves e não
conseguia “quebrar” a camada água para afundar, já o outo grupo respondeu que o peso
e o tamanho fazia que os objetos “vazassem” para o fundo, não conseguindo ficar por
cima da água.
Quarto Momento: Experimentação, nesta etapa as crianças verificaram a exatidão ou não
das hipóteses levantadas por elas, através da experimentação.
Em um recipiente grande com água, as crianças colocaram um a um, os objetos que
pertencem ao grupo “Flutuam” e depois “Afundam”. Essa experiência levou as crianças a
testarem os objetos, observarem o que aconteceu com cada um deles e compararem os
resultados com as hipóteses levantadas anteriormente. Ainda neste momento, as
crianças realizaram outra experiência, de empurrar até o fundo do recipiente, um objeto
que flutuou e depois soltá-lo vagarosamente para vê-lo voltar à superfície. Com isso,
conseguiram sentir a água “empurrando” o objeto para cima.
Em seguida perguntei aos alunos o que eles podiam concluir através dessa
experiência com relação à ação exercida pela água sobre o objeto, eles responderem que
conseguiram sentir que tinha alguma força na água que puxava os objetos para baixo.
Após essa Experiência, conversei de maneira adaptada com eles sobre, densidade e
empuxo.
Quinto Momento: Os Peixes. Depois de toda conversa observação e experimentação,
chegamos ao objetivo da sequência didática, que era descobrir porque os peixes afundam
e flutuam.
Levando em consideração os conhecimentos adquiridos, na rodinha foi conversado com
as crianças, que a bexiga natatória é responsável pelos peixes afundarem e flutuarem.
III QUIENCONTRO - 2018
Sexto Momento: Abertura do Peixe e Construção do Submarino. Foi aberto um peixe para
os alunos vissem de perto como é seu o interior, dando ênfase para a bexiga natatória.
Infelizmente, como o peixe já havia dias que estava morto à bexiga natatória estava bem
murcha, quase imperceptível, mas foi extremamente interessante e empolgante para os
alunos virem à anatomia dos peixes.
Em seguida foi passado o vídeo: “Mundo de Bita Fundo do Mar”. Questionei aos alunos
por que o submarino que aparece no vídeo pode flutuar e afundar. Foi feito junto com as
crianças a experiência de flutuabilidade e afundamento do submarino com garrafa pet e
bexiga, os alunos conseguiram entender ao observarem o movimento da bexiga entrando
ar e saindo água e depois vice-versa. Foi sensacional a experiência com o submarino, pois
os mesmos conseguiram visualizar todo o processo, imaginando o que acontece com
abexiga do peixe.
Conversei na roda explicando que o submarino e os peixes, controlam suas
profundidades, pois, conseguem aumentar ou diminuir suas densidades em relação à
água, e o ar comprimido faz com que a quantidade de água dentro delas possa ser
aumentada ou diminuída.
Sétimo Momento: Fundo do Mar (Artes e Musicalização) Conversa na rodinha sobre os
diversos tipos de peixes. Momento de Musicalização: Musicas: “Peixe Vivo”, “A Canoa
Virou”, “Melô do Marinheiro”. Artes: Pintura com guache, com crepom molhado os
alunos fizeram o fundo do mar. Confecção de peixes de massinha para enfeitar o fundo
do mar. Conversamos na Rodinha sobre a importância da conservação do meio ambiente,
para sobrevivência dos peixes.
Terminadas as experiências, conversei com as crianças que a flutuabilidade não está
relacionada somente ao peso dos objetos, pois, como elas mesmas verificaram através
das experiências da etapa anterior, a flutuabilidade irá depender também do tamanho,
forma e da ação ou força que a água exerce sobre determinado objeto.
Meu objetivo com essa sequência didática foi muito mais do que avaliar o que as crianças
seriam capazes de aprender. Estou preocupada em avaliar o meu papel como facilitadora
na construção do conhecimento por parte das crianças da minha turma. Acreditando que
seja possível trazer conhecimentos científicos aos alunos desde a educação infantil, e que
uma aprendizagem significativa só é possível quando proporcionada através de
III QUIENCONTRO - 2018
momentos prazerosos e lúdicos, onde a curiosidade das crianças é levada em conta,
fazendo-a sentir-se parte de todo processo. Os alunos fizeram vídeos e desenhos para
registrar como foi à experiência da sequência.
III QUIENCONTRO - 2018
Teste de Chama: identificação da dificuldade dos estudantes na
aprendizagem de conceitos químicos Igor Tavares
Ingrid Dinelli
Monique Mendes
Rayane de Oliveira
Andréia Francisco Afonso
Este relato descreve uma atividade prática realizada pelos bolsistas de iniciação à docência do
subprojeto Química, integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID) da Universidade Federal de Juiz de Fora. Ela foi aplicada em três turmas do 1º ano do
ensino médio de uma das escolas parceiras, sendo um dos primeiros trabalhos realizados pelos
membros do subprojeto.
O experimento foi planejado mediante a percepção dos bolsistas de que os estudantes
apresentaram dificuldade na compreensão do conteúdo abordado nas aulas teóricas. Além disso,
alguns alunos mostram-se desmotivados para a aprendizagem e, por isso, pensamos na
necessidade de utilizar um recurso que fosse atrativo e que possibilitasse a discussão dos
conceitos por parte dos mesmos. Diante desses fatores, escolhemos o Teste de Chama, que
consiste em identificar os cátions metálicos mediante a emissão – cor - de cada elemento.
Para apresentar aos estudantes a ideia de que os experimentos devem ser conduzidos de forma
segura, seguindo normas estabelecidas para isso, decidimos utilizar o laboratório como espaço
para a realização da atividade prática, pois ainda é pouco utilizado nas aulas de Química, sempre
alertando para os cuidados necessários durante todas as etapas.
Iniciamos explicando como seria realizada a atividade experimental e que logo depois os alunos
fariam um pós-teste para verificação da aprendizagem dos conteúdos abordados. Por isso, todos
pegaram o material necessário para fazer as anotações pertinentes e importantes para a
resolução das questões.
A atividade foi feita com quatro sais: sulfato de cobre, sulfato de estrôncio, sulfato de ferro e
cloreto de sódio. Usamos fósforo para queimá-los, pois não tínhamos no momento lamparinas
ou qualquer outro recipiente que pudessem substituí-las. Por considerarmos que não seria
seguro a queima dos sais pelos alunos, nós realizamos esta etapa. Após colocar os sais na chama,
foi possível observar cores diferentes emitidas por cada elemento do grupo dos metais.
III QUIENCONTRO - 2018
Por não terem realizado o experimento, manipulando os reagentes, os estudantes demonstraram
não terem considerado a atividade relevante para a aprendizagem, pois anotaram todas as
informações consideradas necessárias somente para responder o pós-teste e, assim, obter a
pontuação necessária, mas não com objetivo de compreenderem o desenvolvimento da
atividade e os conceitos abordados.
Logo após a finalização do experimento, anotamos as perguntas do pós-teste no quadro de giz.
Estas foram elaboradas de modo a abordar todo o conteúdo que foi explicado durante o Teste
de Chama. Junto com as questões também escrevemos o Diagrama de Pauling, os números
atômicos dos elementos e outros dados necessários para a elaboração das respostas, que
deveriam ser feitas individualmente.
Percebemos que boa parte dos alunos apresentou dificuldade para responder as questões de
nível mais básico, como aquelas que se referiam a distribuição eletrônica. Como grande número
de estudantes não conseguia chegar a resposta, mas tinham preocupação com a nota do teste,
houve cópia das respostas. Aqueles que sabiam responder as questões, passavam para os
colegas.
Com base nas correções dos testes, observamos que todos os alunos não conseguiram associar
a chama do último sal àquela do fogão, usada para aquecer os alimentos. A média das turmas foi
1,1, no total de 3,0 pontos. Por isso, concluímos que precisamos auxiliar estes estudantes com
um acompanhamento frequente do processo de aprendizagem dos mesmos. Além disso, será
necessário mostrar a eles a importância de estabelecerem um compromisso com os estudos, pois
só conseguiremos chegar aos resultados satisfatórios se eles estiverem predispostos a isso.
Diante dessas constatações, aplicamos um questionário o qual continha perguntas relacionadas
à motivação dos alunos frente a experimentos e estudo de certos conteúdos químicos, para
identificarmos e atingirmos de forma mais eficiente os estudantes, através do planejamento e
aplicação de atividades que os auxiliem na construção do conhecimento.
III QUIENCONTRO - 2018
Roda de Conversas 6: Aprender ciências participando!
Raquel Helena Alves Campos
A “Roda de Conversas 6: Aprender ciências participando!”, foi realizada dia 24 de
novembro de 2018, na sala 06, na Escola Estadual “Francisco Bernardino” em Juiz de Fora
– MG. Iniciou-se com a apresentação dos participantes de forma que pudéssemos
conhecer um pouco sobre a formação acadêmica de cada um. Nesta roda contamos com
três trabalhos muito interessantes que tratavam de assuntos relacionados à
Experimentação e ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC’s. O
primeiro, apresentado por Juliana Vicini Florentino e Pedro Henrique Lopes Guimarães,
bolsistas do PIBID de Química da UFJF, intitulado: “Reação exotérmica: atividade
experimental para promover a participação”, relatou o desenvolvimento de 1 (uma) aula
prática sobre Reações Exotérmicas para o 2º ano do Ensino Médio de uma Escola da Rede
Estadual de Juiz de Fora, trabalho este desenvolvido em 3 (três) turmas e em cada turma
havia 1 (um) aluno com alguma deficiência (visual, auditiva ou autismo). Os estudantes
do PIBID buscaram valorizar a participação desses alunos, independentemente de suas
limitações físicas e de aprendizagem nas aulas práticas, fazendo com que os mesmos
auxiliassem na realização dos experimentos e se tornassem parte integrante das aulas
pois, infelizmente, os mesmos não o fazem nas demais aulas; também foi relatada pelos
bolsistas a participação efetiva dos professores de apoio. A atividade experimental foi
realizada no laboratório da escola, que conta com uma infraestrutura adequada, e teve
como objetivo associá-la ao conteúdo abordado nas aulas teóricas, de modo a auxiliar no
processo de aprendizagem dos estudantes. Com a realização dessa aula prática, vários
conceitos foram ensinados. Para avaliar se houve a compreensão por parte dos alunos,
os bolsistas solicitaram a realização de um relatório, e puderam observar que não houve
dificuldade na realização dos cálculos, mas em nenhum deles os alunos mencionaram o
termo “reação exotermica”. De modo geral, os alunos mostram-se bastante interessados
III QUIENCONTRO - 2018
e empolgados com o experimento, pois foi a primeira aula prática que tiveram no ano e
foi solicitada a realização de mais aulas práticas.
Em seguida, foi apresentado o relato do Professor Sanderson dos Santos Romualdo, cujo
título e: “Estratégia didática digital: gamificando com QR Code”. A aplicação piloto desta
estratégia de ensino foi desenvolvida em uma Escola da Rede Particular, para uma 1
(uma) turma de 9º ano do Ensino Fundamental. Um desafio comumente enfrentado por
professores do ensino básico é a promoção de um maior engajamento e uma maior
motivação dos estudantes. Muitos não enxergam o valor do conhecimento que
aprendem na escola e, por isso, acabam nem se dando a chance de aprendê-los.
Trabalhou-se multidisciplinarmente, visto que os professores envolvidos nesse relato
possuem diferentes formações acadêmicas, sendo Professores de Geografia, História e
Física. O Professor Sanderson buscou então desenvolver uma aula diferente, desafiadora,
utilizando as TIC’s e o lúdico. Com o desenvolvimento e aplicação dessa metodologia,
observaram-se pontos negativos: a competitividade sobressaiu ao ensino significativo em
alguns grupos - que também criou a oportunidade para que conversassem com os alunos
a esse respeito - e Celulares que não fizeram leitura do QR Code; e pontos positivos:
respeito entre os alunos, ressignificação do uso do Celular, uso das TIC’s e Gamificação
nas aulas, e multidisciplinaridade.
Dinâmica do jogo: A turma foi dividida em equipes. Cada equipe recebeu 15 perguntas
(sete de História, sete de Geografia e uma com ambas) e foi orientado ter pelo menos
um membro com um aplicativo leitor de QR Code instalado em seu celular. As respostas
destas 15 perguntas foram transformadas em códigos (no formato QR Code, gerados em
plataformas gratuitas e on-lines, depois impressos para permitir a leitura via celulares) e
escondidas pela escola. O objetivo do jogo era encontrar estes códigos, escaneá-los com
o aplicativo (que mostra na tela o significado do código), identificar qual pergunta aquele
código respondia e escrever o número deste código no espaço de respostas da folha
recebida. Vence a equipe que obtiver o maior número de acertos e menor tempo para
desempenhar a tarefa.
Em seguida, relatei minha experiência que e intitulada como “Tabela Periódica
Interativa – TPI: Construção de uma Tabela Periódica Interativa integrada ao Sistema
Arduíno, desenvolvimento de sites e aplicativos, de modo a tornar o Ensino da Química
III QUIENCONTRO - 2018
dinâmico e atrativo”. O Ensino da Química, em particular o tema Tabela Periódica,
estudado na maioria das escolas, está muito distante do que se propõe, isto é, o ensino
atual privilegia aspectos teóricos de forma tão complexa que se torna abstrato para o
Educando. Com o propósito de superar estes métodos tradicionais e fazer com que os
alunos passem a ter uma visão positiva, mais atrativa e sem preconceitos da Tabela
Periódica, foi desenvolvido, no ano de 2017, em parceria com dois alunos do Ensino
Médio: Anna Gabriella Emiliano Assis – 2º ano do Ensino Médio e Hiago Pinazzi Silva
Ribeiro – 3º ano do Ensino Medio, na Escola Estadual “Newton Ferreira de Paiva”, o
projeto “Tabela Periódica Interativa – TPI: Construção de uma Tabela Periódica Interativa
integrada ao Sistema Arduíno, desenvolvimento de sites e aplicativos”. A Tabela Periódica
Interativa, os sites e os aplicativos são bem estruturados, com linguagem simples e, ao
mesmo tempo, a Linguagem Química é fácil de ser trabalhada em sala de aula, tanto pelo
professor quanto pelos alunos. São modernos esteticamente e, sempre em busca de
atualizações, de modo que o conhecimento sempre seja fomentado. O projeto foi
aplicado em 5 (cinco) turmas de 1º Ano do Ensino Medio da Escola Estadual “Newton
Ferreira de Paiva” – Santo Antônio do Amparo - MG, e a metodologia desenvolvida foi:
aplicação de Questionário Pré-Teste sobre a Tabela Periódica, exibição de slides sobre a
“Origem da Tabela Periódica”, demonstração das características e funcionalidades da TPI,
assim como o funcionamento e características dos sites e aplicativo. A interatividade foi
total entre os pesquisadores e alunos, os quais demonstraram grande interesse. A
facilidade de navegação ajudou muito no acesso, pois eles são muito bem estruturados,
com linguagem simples, o que o torna possível de ser trabalhado dentro e fora de sala de
aula, tanto pelo professor quanto pelos alunos. Na semana seguinte os alunos
entregaram o trabalho e realizaram o Pós-Teste. Resultados de aplicação dos Pós-Testes:
observou-se que grande parte dos alunos não conhece a Tabela Periódica convencional
bem como que os que a conhecem e já trabalharam com a mesma acham difícil, apesar
de saberem de sua importância no estudo da Química. Com a utilização dessas
tecnologias nas aulas, os alunos, por sua vez, desenvolveram uma relação entre os
elementos e o seu cotidiano, de forma prática, resultando em aulas diversificadas,
diferenciadas e atrativas, aulas estas que contribuíram como instrumento de
compreensão da aprendizagem no processo de construção do conhecimento,
III QUIENCONTRO - 2018
habilidades e valores, interagindo com a realidade de forma dinâmica, eficiente e
prazerosa.
Independente do Nível de Ensino (Fundamental ou Médio), da Rede Estadual ou
Particular, da experiência dos docentes, os desafios são os mesmos: fazer o diferente
para motivar o aluno, pois sua autoestima está tão baixa que é necessário fazê-lo
acreditar em si próprio. É necessário que o professor utilize estratégias de ensino-
aprendizagem diferenciadas (como o QUIZ e a TPI) ou atividade experimental (Reação
Exotérmica), uso do diálogo e de Textos que possam mostrar o quão a Química (o ensino)
está presente no cotidiano e não tão distante.
III QUIENCONTRO - 2018
Tabela Periódica Interativa – TPI: Construção de uma Tabela
Periódica Interativa integrada ao Sistema Arduíno,
desenvolvimento de sites e aplicativos, de modo a tornar o Ensino
da Química dinâmico e atrativo.
Raquel Helena Alves Campos
O modo de se aprender Química tem sido um problema para a grande parte dos alunos
por ser uma matéria complexa e de difícil compreensão. Observa-se que o estudo dos
elementos químicos é ministrado por meio de um ensino tradicional, onde os alunos são
obrigados a memorizar e reproduzir o que se tem no livro didático, tornando-se assim
um ensino enfadonho e confuso e formando na cabeça do aluno um pensamento de que
a Química é uma disciplina difícil de ser compreendida, criando-se um abismo entre o
ensinar e o aprender essa disciplina que está tão presente no cotidiano dos mesmos. O
conteúdo é abordado a partir de memorização da sigla do elemento químico, o número
atômico, sua localização na Tabela Periódica e outros. Com isto, o aluno apresenta
deficiências de aprendizagem, uma vez que só é valorizada, neste aspecto, a
memorização. Buscando sanar tal problemática foi desenvolvido este projeto que buscou
articular o conhecimento científico e os conceitos químicos ao cotidiano do aluno de
forma fácil e atrativa utilizando-se a Tabela Periódica Interativa, os sites e aplicativos.
Desde o ano de 2016 oriento projetos de Iniciação Científica para a participação em Feiras
de Ciências e Tecnologia. O projeto que aqui apresento foi desenvolvido no ano de 2017,
em parceria com dois alunos do Ensino Médio: Anna Gabriella Emiliano Assis – 2 º. ano
do Ensino Médio e Hiago Pinazzi Silva Ribeiro – 3 º. ano do Ensino Médio, na Escola
Estadual “Newton Ferreira de Paiva”, onde sou professora efetiva, desde 2005. A Escola
está localizada no município de Santo Antônio do Amparo – MG, cuja fonte de renda é o
cultivo do café. A Tabela Periódica é o símbolo mais conhecido da linguagem Química, e
também um guia de pesquisa, pois, através da mesma conhecemos os elementos
químicos, suas características, as propriedades periódicas e aperiódicas e como os
elementos se relacionam para formar substâncias existentes no nosso cotidiano. O
III QUIENCONTRO - 2018
Ensino da Química, em particular o tema Tabela Periódica, estudado na maioria das
escolas, está muito distante do que se propõe, isto é, o ensino atual privilegia aspectos
teóricos de forma tão complexa que se torna abstrato para o Educando. Com o propósito
de superar estes métodos tradicionais e fazer com que os alunos passem a ter uma visão
positiva, mais atrativa e sem preconceitos da Tabela Periódica, foi desenvolvido o projeto
“TABELA PERIÓDICA INTERATIVA – TPI: Construção de uma Tabela Periódica Interativa
integrada ao Sistema Arduíno1, desenvolvimento de sites e aplicativos, de modo a tornar
o Ensino da Química dinâmico e atrativo”, que consiste em 3 (três) partes, 1ª (primeira):
criação e desenvolvimento da Tabela Periódica Interativa com os led’s, tabletes e
elementos químicos, 2ª (segunda): um sistema inteligente conectado aos tabletes e led’s
da tabela, e 3ª (terceira): os softwares, ou seja, sites e aplicativos. São 2 (dois) aplicativos
Android/IOS, o 1º (primeiro) conecta com o sistema da tabela e possibilita interação com
os led’s e os tabletes (cuja finalidade é a exibição da tabela periódica digital interativa e
animações em vídeos e slides), o 2º (segundo) permite conhecer nosso site, visualizar
transmissões on-line, novas atualizações da tabela e dos softwares, entre outras
funcionalidades. Além disso, possuem 3 (três) sites. O 1º (primeiro) WordPress permite
conhecer o projeto e redirecionar ao site interativo, que tem toda Tabela Periódica
atualizada e interativa, ou seja, você pode navegar pelos Elementos Químicos e saber
tudo sobre eles. O último site permite aos professores, em tempo real, publicar provas
com autocorreção, trabalhos on-line e notas dos alunos, entre outras funcionalidades. O
site interativo também tem essa ferramenta em caso de instabilidade, por muitos
visitantes. No dia 18 de setembro de 2017, nas dependências da Escola Estadual “Newton
Ferreira de Paiva”, localizada à Rua Gilberto Corrêa, 19, Bairro Vila Esperança, cidade de
Santo Antônio do Amparo – MG, foi aplicado para as turmas de 1º. Ano do Ensino Médio
da referida escola, nas turmas: 1001, 1002 e 1003 do 3º. Turno, 1005 e 1006 do 1º. Turno
– turmas estas que possuíam em média 40 alunos, totalizando assim 200 alunos
envolvidos nas atividades – o Projeto TABELA PERIÓDICA INTERATIVA – TPI: Construção
de uma Tabela Periódica Interativa integrada ao Sistema Arduíno, desenvolvimento de
sites e aplicativos, de modo a tornar o Ensino da Química dinâmico e atrativo. Os
pesquisadores Anna Gabriella Emiliano Assis e Hiago Pinazzi Silva Ribeiro iniciaram a
aplicação do projeto se apresentando e aplicaram o Questionário Pré-Teste. A seguir foi
III QUIENCONTRO - 2018
realizada a exibição de slides sobre a “Origem da Tabela Periódica”, pela professora
Raquel Helena Alves Campos. Logo após, o pesquisador Hiago mostrou todas as
características e funcionalidades da TPI, assim como o funcionamento e características
dos sites e aplicativo. A interatividade foi total entre os pesquisadores e alunos, que
ficaram muito interessados. Quando os pesquisadores convidaram os alunos para que
fossem até o tablete para verem seu funcionamento, estes ficaram um pouco inseguros,
mas a seguir já manuseavam o touchscreem com total segurança. O interesse nos sites
foi expressivo. A facilidade de navegação ajudou muito no acesso, pois eles são muito
bem estruturados, com linguagem simples, o que o torna possível de ser trabalhado
dentro e fora de sala de aula, tanto pelo professor quanto pelos alunos. Tal fato explica
o porquê de 95% dos educando realizarem o trabalho. Quanto ao aplicativo, infelizmente
não foi possível que os alunos o baixassem, pois os mesmos não têm acesso à internet, a
não ser na escola, que, devido ao grande número de alunos, é limitado. Mas os alunos
puderam manusear o aplicativo no celular da Professora Raquel Helena Alves Campos, e
os que o fizeram ficaram muito satisfeitos. Na semana seguinte os alunos entregaram o
trabalho e realizaram o Pós-Teste. Resultados de aplicação dos Pós-Testes: observou-se
que grande parte dos alunos não conhece a Tabela Periódica convencional bem como
que os que a conhecem e já trabalharam com a mesma acham complicada, apesar de
saberem de sua importância no estudo da Química. Ao serem questionados, os alunos
responderam que o uso de imagens, para facilitar a compreensão da aplicação dos
elementos no dia-a-dia, é de grande ajuda. Ao aplicar a TPI em sala de aula, observou-se
grande interesse dos alunos pelas imagens. Muitos disseram que isso facilita, pois
demonstra que os elementos químicos não são “coisa de outro mundo”, mas sim que
estão presentes em tudo. A curiosidade e o interesse dos alunos são de extrema
importância para que eles compreendam a materia. Ao ligar os led’s e mostrar a TPI para
os alunos, observou-se que a atenção deles foi atraída imediatamente para a Tabela.
Ficaram interessados e quiseram interagir com a TPI. Quando questionados, os alunos
ficaram indecisos em relação ao uso de tais tecnologias, na escola. Tal fato nos
demonstrou que os alunos ainda não veem a tecnologia como ferramenta de educação
o que, provavelmente, se deve ao fato de que ela é raramente aplicada. Isso nos mostra
que devemos investir ainda mais na tecnologia, nas escolas, para que tal preconceito seja
III QUIENCONTRO - 2018
quebrado. Apesar de terem acesso a diversos sites, os alunos raramente os utilizam. Em
geral, isso se deve ao fato de que a maioria desses sites possui linguagem e explicações
complexas, o que dificulta o entendimento dos alunos. A TPI busca sanar tal problema
utilizando, principalmente, a linguagem visual, o que facilita o aprendizado. Apesar de
tudo que foi confeccionado, a TPI ainda não está pronta, ainda desenvolveremos quizes,
jogos e outras atividades dinâmicas para que possamos facilitar ainda mais o estudo da
Química e até mesmo favorecer o trabalho em equipe. Um dos principais objetivos do
projeto era que os alunos se interessassem pelas aulas, pois se tornariam mais dinâmicas.
Ao aplicar a TPI em sala de aula, observou-se maior interesse dos alunos, pois entraram
no site e estudaram a respeito dos elementos, de uma maneira diversificada e mais
dinâmica. Utilizaram o tablete, que é fixo na TPI e tem toda a Tabela Periódica em 3D, (ao
clicar em um elemento é possível ver sua configuração eletrônica bem como diversas
características do mesmo), observaram as imagens com a utilização dos elementos.
Também percebemos que os alunos e direção da Escola sentiram-se parte do projeto,
dando sugestões para o aprimoramento da tabela e participando, de fato, da aula, fato
que contribui para que novos projetos aconteçam. Foram utilizadas 4 (quatro) aulas em
cada turma, para o desenvolvimento das atividades descritas. O site criado e utilizado
durante as aulas é: tabelainterativa.wordpress.com, o qual encontra-se disponível para
pesquisas e com um rico material sobre a Tabela Periódica, com uma linguagem de fácil
entendimento. Com a utilização dessas tecnologias nas aulas, os alunos, por sua vez,
desenvolveram uma relação entre os elementos e o seu cotidiano, de forma prática,
resultando em aulas diversificadas, diferenciadas e atrativas, aulas estas que
contribuíram como instrumento de compreensão da aprendizagem no processo de
construção do conhecimento, habilidades e valores, interagindo com a realidade de
forma dinâmica, eficiente e prazerosa. A Tabela Periódica Interativa, os sites e os
aplicativos são bem estruturados, com linguagem simples e, ao mesmo tempo, a
Linguagem Química é fácil de ser trabalhada em sala de aula, tanto pelo professor quanto
pelos alunos. São modernos esteticamente e, sempre em busca de atualizações, de modo
que o conhecimento sempre seja fomentado.
III QUIENCONTRO - 2018
Estratégia didática digital: gamificando com QR Code
Sanderson dos Santos Romualdo
Diogo Tomaz Pereira
Lucas Mascarenhas de Miranda
Rodrigo Campos Dalessi
Um desafio comumente enfrentado por professores do ensino básico é a promoção de um maior
engajamento e uma maior motivação dos estudantes. Muitos não enxergam o valor do
conhecimento que aprendem na escola e, por isso, acabam nem se dando a chance de aprendê-
los.
Este relato de experiência visa apresentar uma estratégia digital, cujo principal objetivo é
aumentar – em alguma medida – a motivação e o engajamento dos alunos em aula, e foi
elaborada pelo professor Sanderson Romualdo, em sua especialização em Mídias na Educação
(FACED/UFJF). O uso desse recurso didático se deu em quatro diferentes turmas pelos
professores que assinam este documento. A aplicação piloto, cujo tempo disponível foi superior
às subsequentes, aconteceu em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental, com cerca de 26
alunos, e foi conduzida por dois professores ligados à turma, das disciplinas de História e
Geografia.
Dinâmica do jogo: A turma foi dividida em equipes. Cada equipe recebeu 15 perguntas (sete de
História, sete de Geografia e uma comum a ambas) e foi orientada a ter pelo menos um membro
com um aplicativo leitor de QR Code instalado em seu celular. As respostas destas 15 perguntas
foram transformadas em códigos (no formato QR Code, gerados em plataformas gratuitas e
onlines, depois impressos para permitir a leitura via celulares) e escondidas pela escola. O
objetivo do jogo era encontrar estes códigos, escaneá-los com o aplicativo (que mostra na tela o
significado do código), identificar qual pergunta aquele código respondia, e escrever o número
deste código no espaço de respostas da folha recebida. As equipes pontuaram por acertos e por
menor tempo para desempenhar a tarefa.
Fundamentação teórica: Atualmente, são muitos os estudos avaliando o potencial da gamificação
(uso de dinâmicas e elementos de jogos em atividades diversas) na educação e, vários deles têm
mostrado um perceptível aumento na motivação e engajamento dos estudantes. Não se sabe
ainda, tomando por base a literatura de referência na área, se os efeitos do uso de atividades
gamificadas se estendem a longo prazo ou são de curta duração. O fato é que eles trazem uma
III QUIENCONTRO - 2018
série de benefícios que as aulas tradicionais já não são capazes de provocar. E foram esses
benefícios (bem como suas limitações) que investigamos nessas experiências com o “Quiz com
QR Code”.
Aplicação do projeto: Para a aplicação do plano de atividade gamificada (utilizando os espaços das
aulas geminadas de 50 minutos) houve uma preparação dos alunos, na qual os professores
envolvidos puderam conversar sobre a tecnologia e suas aplicações – com destaque para o QR
Code. Na oportunidade, as regras foram estabelecidas de forma conjunta - alunos e professores
- para que os objetivos pré-estabelecidos fossem alcançados. Dentre as regras, estabeleceu-se:
número máximo de integrantes por grupo; limites dos espaços físicos fora da sala de aula que
poderiam ser explorados; tempo máximo para localizarem os códigos e o cumprimento do Quiz;
pontuação para as disciplinas escolares; e respeito entre os grupos.
A partir da conversa inicial e das regras definidas os alunos foram deslocados para a área externa
a sala de aula para o desenvolvimento do jogo. Os grupos formados foram se organizando e ao
mesmo tempo discutindo estratégias para que pudessem cumprir as regras. Os integrantes
alternavam-se entre escanear os códigos espalhados pela escola, leituras e interpretações das
questões, buscando solucioná-las para que fossem associadas de forma correta aos códigos
escaneados.
Finalizando a gamificação, ainda fora da sala de aula, alunos e professores se uniram para uma
discussão e avaliação a respeito do desenvolvimento do plano de atividade. Assim, discutiram e
conversaram diante de perguntas geradoras apontando, ou não, positividades e possíveis
negatividades: impressões de cada um sobre a proposta; percepções acerca do envolvimento,
motivação, interação; aprendizagem significativa; etc.
O que observamos com essas aulas: A aplicação do plano de atividade gamificado, levantou
diversas observações. Dentre elas a disposição dos alunos para o ensino colaborativo e dos
professores na perspectiva multidisciplinar. Foi notório o olhar encantador dos alunos para o uso
da tecnologia “embutida” em seus celulares como mecanismo de aprendizagem.
Alguns efeitos, não desejados, negativos também ocorreram. Alguns celulares não conseguiam
fazer a leitura dos códigos. A competitividade sobressaiu ao ensino significativo em alguns grupos.
O que também criou a oportunidade para que conversássemos com eles a esse respeito.
Conclusão: Para (não) concluir, o presente relato de experiência nos conduz a pensar numa nova
escola. Pensar nesta nova escola é pensar na ressignificação das práticas e práxis docentes para
o processo ensino-aprendizagem dentro do contexto contemporâneo. Este contexto, por sua vez,
revela um mundo dotado de tecnologias, que dão uma nova dinâmica às relações socioespaciais
III QUIENCONTRO - 2018
dentro dos muros escolares. Diversas disciplinas escolares – como Ciências, Química, Física,
Biologia - não só Geografia e História, atreladas aos objetos de aprendizagem, podem, de maneira
multidisciplinar, romper com o tradicionalismo didático-pedagógico.
O uso de games digitais e/ou modelos adaptados às jogabilidades, aliados ao currículo escolar
revelou resultados satisfatórios para o ensino, que por sua vez deixará em evidência o papel da
mídias digitais/sociais na educação como fator de inclusão.
III QUIENCONTRO - 2018
O que não me disseram durante a licenciatura: Um relato da
primeira experiência como professora
Karine Gabrielle Fernandes
Nos últimos meses de 2017, já Licenciada em Química e no primeiro ano do Mestrado em
Educação, sem nunca ter sido contratada como professora, fui à uma designação. Minhas
chances não eram boas. Meu nome não constava na lista, não tinha feito o último concurso
público e não tinha experiência na rede Estadual. Apesar disso, fui designada.
Pela chamada, eu deveria repor algumas aulas nos segundos e terceiros anos do Ensino Médio.
Na prática, porém, não aconteceu dessa forma. O professor havia entrado de licença, sendo que
54 aulas se passaram até que um outro docente, ao qual os alunos chamavam Gepeto, passou a
substituí-lo. Me explicaram, então, que a professora de inglês era demasiado ausente, sendo que
em grande parte das vezes não avisava com antecedência ou explicava a razão de suas faltas, logo
eu daria aulas em seus horários.
Buscando colocar em prática o que havia aprendido durante a graduação, fiz os planejamentos
das aulas. Na terça-feira, dia em que se passa a maior parte deste relato, cheguei à escola e fui
informada que haviam designado uma professora de Inglês substituta, porém não tiveram tempo
para me cientificar com antecedência. A nova proposta foi que eu comparecesse em
determinados dias para cobrir as aulas de professores que faltassem, sendo os horários vagos
também contabilizados nas horas acertadas.
Coincidentemente, a professora de Química dos primeiros anos não pôde comparecer, o que me
deixava com suas duas turmas nos últimos horários. Gostaria de lembrar, então, que me preparei
para atender as turmas as quais fui designada, ou seja, de segundos e terceiros anos. Além disso,
eu não poderia ler e revisar o conteúdo para tentar propor alguma atividade, uma vez que a
coordenação não sabia qual era.
Após o recreio, fui até a turma 1C. Esperei todos entrarem, me apresentei e perguntei a eles o
que estavam estudando. Os alunos não sabiam me responder ao certo, mas em poucos instantes
vários deles foram até mim discutindo entre si sobre qual seria a matéria. Um deles, então, disse
que a professora teria feito uma experiência usando um isqueiro e um clips de papel, e que a
havia filmado com o celular. Após assistir, perguntei a eles se sabiam o que aquele experimento
III QUIENCONTRO - 2018
representava e me responderam que não. Soube, então, que iria falar sobre o teste da chama e
o modelo atômico de Bohr.
Relembrei os modelos atômicos anteriores, questionei, desenhei, gesticulei, contextualizei e
tentei fazer com que participassem, porém grande parte não se interessou. Em certo momento
parei a aula, tapei o pincel, me virei para a turma e esperei até que prestassem atenção em mim.
Em meio ao “Shh, a fessora tá esperando”, olhei diretamente para um garoto que estava voltado
para a carteira logo atrás, conversando com o colega. Demorou um pouco até que ele finalmente
olhasse para mim, parando por um momento e logo depois virando novamente seu rosto para
continuar a conversa.
Após as várias tentativas de manter o silêncio, entre os clássicos “Gente, não atrapalhem os
colegas que estão prestando atenção” e “Podem conversar, mas que seja baixo, pelo menos”, não
obtive sucesso. Voltada para o quadro, cheguei a ouvir “Nossa, mas ela é gostosa mesmo”, dentre
outras provocações, porém não tive reação.
Finalizei o que, há alguns momentos, tinha planejado para a aula com a afirmação de que tudo
havia sido entendido, apesar da pouca atenção. Ao final, me sentei e esperei o sinal tocar.
Fui para a turma 1D, que me pareceu mais receptiva. Findo o último horário, assinei o ponto e fui
embora com um misto de sentimentos entre decepção e constrangimento. As secretárias não
puderam deixar de notar. No dia anterior eu estava preparando massa de modelar com farinha
de trigo para falar sobre Química Orgânica. Acho que eu sabia que a sala de aula é um lugar para
se dançar com a Educação e os diferentes sujeitos, porém não estava preparada para lidar com
aquela situação. Fui embora segurando o choro.
Sentada de frente para a rua à mesa de um restaurante, como um alento, notei passando minha
orientadora. Mais que prontamente me levantei e fui atrás dela, que ouviu com atenção e logo
depois articulou a condição em que me encontrava. Em outras palavras, uma professora
substituta, figura nova, porém passageira, surgindo repentinamente para perguntar sobre o que
a professora deles havia apresentado nas aulas anteriores. Ela, então, propôs alguns movimentos
possíveis: “Converse com eles”, “Fale também sobre outras coisas”, “Conte que você é vegana”,
“Quem sabe”.
Aceitei que era preciso mudar minha abordagem naquele cenário. Em casa, explorei textos
diversos que pudessem despertar discussões mais ricas em sala de aula, sendo eles também
pertinentes para a disciplina, como por exemplo “No amazonas, Inpa descobre que cravo-da-índia
mata larvas da dengue” para os terceiros anos e “O despertar da radioatividade ao alvorecer do
III QUIENCONTRO - 2018
século XX”2 nos primeiros anos. Contei a história de vida de Marie Curie da maneira mais
interessante que pude, valorizando sua rotina, descobertas, casamento, a fama de mulher fatal
e seu papel como primeira mulher laureada com um Prêmio Nobel e a primeira pessoa e única
mulher a ser premiada duas vezes. Muitos alunos participaram com grande interesse.
Durante a reposição passei horários vagos, estudei, interagi com os demais professores e
funcionários da Escola, conversei com os alunos, trouxe seus cotidianos para a sala de aula,
cheguei a ouvir “Primeira coisa que eu aprendi em Química”, “Você tinha que substituir o Gepeto
sempre” e até bati uma bola quando a professora de Educação Física faltou. Na medida do
possível, transformei minhas aulas e me transformei como professora de uma forma que as
experiências em estágios, iniciação à docência, projeto de extensão, monitorias, aulas
particulares, projetos em geral e aulas voluntárias não proporcionaram.
Ao final do meu tempo na Escola, ouvi da professora substituta que passara a dar aulas para os
primeiros anos que, ao perguntar o que haviam aprendido, os alunos da turma 1C responderam
terem compreendido o teste da chama.
Deixo aqui diversas questões carentes de discussão mais aprofundada, fazendo o convite para
que sejam pensadas e, preferivelmente, discutidas junto aos futuros professores enquanto
licenciandos.3
2 Retirados da coleção de Livros Didáticos Ser Protagonista, da editora SM Brasil. 3 Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro e à minha orientadora pelo suporte naquele momento em que
tanto precisava.
III QUIENCONTRO - 2018
Reação exotérmica: atividade experimental para promover a
participação
Juliana Vicini Florentino
Pedro Henrique Lopes Guimarães
Amanda Gomes de Almeida
Roberta Souza
Andréia Francisco Afonso
Este relato é proveniente da aplicação de uma aula prática realizada pelos bolsistas de
iniciação à docência do subprojeto Química, integrante do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Juiz de Fora. O
experimento foi aplicado em três turmas do 2º ano do ensino médio de uma das escolas
parceiras no ano de 2018, totalizando em média 60 alunos. Esta atividade foi planejada
por dois bolsistas e durante a execução da aula houve a participação de outros dois.
A atividade experimental foi realizada no laboratório da escola, que conta com uma
infraestrutura adequada, e teve como objetivo associá-la ao conteúdo abordado nas
aulas teóricas, de modo a contribuir no processo de aprendizagem dos estudantes. Além
disso, procuramos auxiliar dois alunos com necessidades especiais educacionais na
aprendizagem: um com deficiência auditiva e outro com deficiência visual, de modo que
sentissem acolhidos e motivados a participarem mais ativamente da aula.
Apesar da escola possuir um espaço que pudesse ser utilizado para realizar aulas práticas,
o mesmo não possuía materiais suficientes para que todos os alunos realizassem a aula
de forma mais participativa, ou seja, onde todos os alunos pudessem realizar todos os
procedimentos. Desta forma, o experimento foi desenvolvido de forma demonstrativa
com o auxílio de alguns estudantes, incluindo aqueles que possuíam deficiência, em
determinadas etapas da atividade prática. Todos os alunos formaram um único grupo em
volta da mesa do laboratório, organizados de tal forma que todos tivessem visão de todo
procedimento. A duração desta aula foi de 50 minutos para cada uma das três turmas.
Iniciamos a atividade mostrando o que era o hidróxido de sódio (NaOH), nomenclatura já
vista e ouvida pela turma, e perguntando em que substâncias utilizadas pelos estudantes,
III QUIENCONTRO - 2018
ele pode ser encontrado. Essa estimulação inicial para a participação mais ativa dos
alunos foi importante para que se atentassem a realização do experimento, que consistiu
na preparação de uma solução de hidróxido de sódio, sob a orientação dos bolsistas.
A solução de hidróxido de sódio foi preparada a partir de quantidades de massa e volume
pré-determinadas pelos bolsistas. Na primeira turma, a aluna que possui deficiência
auditiva foi chamada para que realizasse a pesagem do hidróxido de sódio, onde foi
utilizada uma balança que o professor de Química levou para a aula. Após isso, utilizando
as vidrarias adequadas, como pipeta e balão volumétricos, solicitamos que a mesma
aluna preparasse a solução aquosa de hidróxido de sódio sob a supervisão dos bolsistas.
Nas demais turmas, essas etapas foram feitas por diferentes estudantes, tendo a
participação do aluno com deficiência visual na solubilização do hidróxido de sódio em
um béquer.
A atenção dos alunos deveria estar voltada a todas as mudanças que pudessem ser
percebidas durante o experimento, pois essas deveriam ser explicadas. Nosso objetivo
era que os estudantes percebessem que se tratava de uma reação exotérmica,
relacionando suas características. Ao solicitarmos a resposta dos estudantes sobre suas
percepções, ouvimos: “está esquentando” e a partir disso, convidamos a turma a refletir
sobre os motivos pelos quais isso estaria acontecendo. Neste momento, foi possível ouvir
diversas respostas como: “e devido a agitação das moleculas, no momento que
encontrou outras moleculas, por isso está ficando quente”; “as moleculas estão agitadas”
e “e uma reação exotermica”. Entretanto, esta última resposta não foi dada de imediato
pelas turmas.
Durante a realização do experimento, aproximamos do estudante com deficiência visual
as diferentes vidrarias que estavam sendo utilizadas, para que ele pudesse tocar e sentir
como era cada uma delas, observando as diferenças existes.
Após o término do preparo da solução, mostramos no quadro de giz como fazer o cálculo
para concentração desta solução a partir das quantidades utilizadas. Neste momento,
tanto a aluna com deficiência auditiva quanto o aluno com deficiência visual foram
auxiliados pelos professores de apoio, que explicavam o que estava sendo escrito para
que estes estudantes tivessem acesso às informações, assim como os demais.
III QUIENCONTRO - 2018
Para avaliar se houve a compreensão por parte dos alunos, solicitamos a eles que
entregassem um relatório, no qual deveriam explicar todas as etapas da prática com seus
respectivos cálculos. Apesar de todos os estudantes entregarem o relatório, percebemos
que houve cópia em vários deles. Em nenhum relatório, o termo “reação exotermica” foi
mencionado e identificamos que não houve dificuldade na realização dos cálculos.
De modo geral, os alunos mostram-se bastante interessados e empolgados com o
experimento, pois foi a primeira aula prática que tiveram esse ano. Além disso, tiraram
suas dúvidas ao final, o que nos causou grande surpresa. Por esse motivo, eles nos
solicitaram mais aulas práticas, mesmo que para participarem delas tenham que
permanecer por alguns minutos no laboratório após o término da aula.
O estudante com deficiência visual, ao final, agradeceu os bolsistas pela oportunidade de
participar da aula, demonstrando estar motivado para as próximas atividades a serem
realizadas na turma. Isso nos leva a um olhar mais atento para o planejamento das
próximas atividades que serão realizadas na escola, a fim de contemplar toda a turma.