permanecer na fé, no amor e na esperança · permanecer na fé, no amor e na esperança silvio...
Post on 06-Oct-2020
3 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Permanecer na Fé, no Amor e na Esperança
Por
Silvio Dutra
Out/2019
2
A474 Alves, Silvio Dutra Permanecer na fé, no amor e na esperança Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019. 56p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé I. Título. CDD 252
3
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o
amor, estes três; porém o maior destes é o
amor.” (I Coríntios 13.13)
Estas palavras não se referem a algo que tenha
sido da invenção do apóstolo Paulo, mas são
parte do ensino de nosso Senhor Jesus Cristo, e
que se comprovam como verdadeiras na
experiência dos crentes.
Permanecer é mais do que simplesmente estar,
que pode ser presente agora e não depois.
Permanecer é continuar, persistir, perseverar,
indicando a qualidade de ser constante e
sempre em progresso. Não se pense que
permanecer em seu sentido bíblico se refira ao
que está parado, pois ainda que estável, não
sujeito à aniquilação, está sempre em
movimento crescendo e aumentando rumo à
perfeição.
Então, estas três realidades (fé, amor e
esperança) permanecem entre os crentes em
todas as gerações, ainda que alguns dons
sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo
possam não estar presentes (profecia, línguas,
curas, etc) tanto quanto se encontravam na
Igreja Primitiva.
4
Na constância da fé, do amor e da esperança,
cumpre-se o propósito divino relativo à
formação do corpo de Cristo. As pedras vivas
não devem ser movimentadas da posição que
ocupam no templo do Espírito Santo, e para
tanto, necessitam de constância na missão que
devem cumprir.
A fé vem nomeada em primeiro lugar, porque se
requer a confirmação da fé, porque é por ela que
todas as portas para as demais graças são
abertas, de modo que sem fé é impossível
agradar a Deus.
Paulo coloca o amor por último no texto de I Cor
13.13 porque depois que tudo for cumprido e o
reino de Deus se manifestar em sua plenitude
em glória, já não haverá mais necessidade de fé
e esperança, porque o veremos assim como Ele
é. Sobretudo o amor permanecerá e
prosseguirá, porque Deus é amor em essência,
de modo que este jamais poderá acabar.
No nosso título, entretanto, colocamos o amor
na sequência da fé porque é por meio dela que
chegamos ao amor de Deus, que é derramado
em nosso coração pelo Espírito Santo. E é por
meio do aumento da fé, no crescimento na graça
e no conhecimento de Jesus, que o amor
também aumenta em nós.
5
E por fim, a esperança é especialmente
necessária porque não somente alimenta a fé,
como é nela que se fundamenta o nosso amor,
porque com a experiência do cuidado e da
provisão de Deus por nós, conforme a
adquirimos nas tribulações, sabemos que Ele
continuará a nos fazer bem para todo o sempre
e mais e mais até o ponto de nos introduzir na
glória celestial, de modo que temos esperança
que todas as boas promessas que nos tem feito
em Sua Palavra serão integralmente e fielmente
cumpridas.
Quando a igreja perde o foco nestas coisas
essenciais, ela pode degenerar em práticas
religiosas ou mesmo procedimentos seculares,
que nada tenham a ver com o propósito divino,
e inclusive chegarem ao ponto de ser uma
verdadeira abominação para o Senhor.
Aquele que é constante na fé, no amor e na
esperança, tem a promessa da manifestação da
Trindade divina em seu viver, e desta forma,
dificilmente será desviado da piedade.
Não é sem motivo que instantemente somos
ordenados na Palavra a permanecer em Jesus, a
permanecer na obediência aos Seus
mandamentos, a permanecer no amor, a
perseverar na fé, a ser fortes na esperança.
6
“1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
agricultor.
2 Todo ramo que, estando em mim, não der
fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa,
para que produza mais fruto ainda.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho
falado;
4 permanecei em mim, e eu permanecerei em
vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si
mesmo, se não permanecer na videira, assim,
nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em
mim.
5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem
permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será
lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e
o apanham, lançam no fogo e o queimam.
7 Se permanecerdes em mim, e as minhas
palavras permanecerem em vós, pedireis o que
quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito
fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
7
9 Como o Pai me amou, também eu vos amei;
permanecei no meu amor.
10 Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor; assim como
também eu tenho guardado os mandamentos
de meu Pai e no seu amor permaneço.” (João
15.1-10)
“54 Quem comer a minha carne e beber o meu
sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no
último dia.
55 Pois a minha carne é verdadeira comida, e o
meu sangue é verdadeira bebida.
56 Quem comer a minha carne e beber o meu
sangue permanece em mim, e eu, nele.
57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e
igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de
mim se alimenta por mim viverá.” (João 6.54-57)
A permanência do crente na fé, no amor e na
esperança é sempre o resultado da sua
permanência no próprio Jesus, uma vez que aqui
não se trata de uma relação de partes
independentes, mas de uma relação vital em
plena unidade, conforme nosso Senhor o
exemplificou pela ilustração da Videira
Verdadeira, e da nossa participação em Sua vida
8
por nos alimentarmos do Seu corpo e do Seu
sangue, representados na Ceia pelo pão e pelo
vinho. E a qualidade da vida que aqui se nomeia
é eterna, espiritual, celestial e divina, que só
pode ser conhecida por meio da fé.
“31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam
crido nele: Se vós permanecerdes na minha
palavra, sois verdadeiramente meus discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará.” (João 8.31,32)
“10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está
em mim? As palavras que eu vos digo não as digo
por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em
mim, faz as suas obras.
11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim;
crede ao menos por causa das mesmas obras.
12 Em verdade, em verdade vos digo que aquele
que crê em mim fará também as obras que eu
faço e outras maiores fará, porque eu vou para
junto do Pai.” (João 14.10-12)
“22 A notícia a respeito deles chegou aos
ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia.
9
23 Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus,
alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza
de coração, permanecessem no Senhor.” (Atos
11.22,23).
“21 E, tendo anunciado o evangelho naquela
cidade e feito muitos discípulos, voltaram para
Listra, e Icônio, e Antioquia,
22 fortalecendo a alma dos discípulos,
exortando-os a permanecer firmes na fé; e
mostrando que, através de muitas tribulações,
nos importa entrar no reino de Deus.
23 E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição
de presbíteros, depois de orar com jejuns, os
encomendaram ao Senhor em quem haviam
crido.” (Atos 14.21-23)
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.
Permanecei, pois, firmes e não vos submetais,
de novo, a jugo de escravidão.” (Gálatas 5.1)
“13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus,
para que possais resistir no dia mau e, depois de
terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
14 Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a
verdade e vestindo-vos da couraça da justiça.”
(Efésios 6.13,14)
10
“Portanto, meus irmãos, amados e mui
saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados,
permanecei, deste modo, firmes no Senhor.”
(Filipenses 4.1)
“21 E a vós outros também que, outrora, éreis
estranhos e inimigos no entendimento pelas
vossas obras malignas,
22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua
carne, mediante a sua morte, para apresentar-
vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis,
23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e
firmes, não vos deixando afastar da esperança
do evangelho que ouvistes e que foi pregado a
toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo,
me tornei ministro.” (Colossenses 1.21,23)
Já por estes poucos textos podemos observar o
quanto desagrada a Deus que sejamos
inconstantes, sobretudo na nossa fé, amor e
esperança.
Ele sempre se queixou da inconstância do amor
de Israel com severas ameaças contra eles para
que emendassem o seu comportamento.
Há muitos na própria Igreja de Cristo que
pensam é algo normal amar o mundo tanto
11
quanto se ama a Deus. Muitos consentem com o
pensamento de que é possível servi-lo enquanto
se mantém um coração dividido. Que é normal
viver pecando e de vez em quando aproximar-se
do altar divino para confessar e buscar perdão.
Como isto poderia ser consentido com a posição
em que o crente foi colocado para ser
testemunha da verdade, da santidade, da fé e do
amor?
Mas, com o tipo de ministração que se ouve por
quase todas as partes, em que o genuíno ensino
bíblico acerca destas coisas e das demais que são
necessárias para um viver em piedade, como
poder-se-ia esperar coisas melhores e estas
relativas à salvação?
“4 Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá?
Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã
e como o orvalho da madrugada, que cedo passa.
5 Por isso, os abati por meio dos profetas; pela
palavra da minha boca, os matei; e os meus
juízos sairão como a luz.
6 Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o
conhecimento de Deus, mais do que
holocaustos.
12
7 Mas eles transgrediram a aliança, como Adão;
eles se portaram aleivosamente contra mim.”
(Oseias 6.4-7)
Josué e Calebe, diferentemente disto, foram
fixados como exemplo de perseverança fé, sem
a qual não é possível agradar a Deus.
“11 Certamente, os varões que subiram do Egito,
de vinte anos para cima, não verão a terra que
prometi com juramento a Abraão, a Isaque e a
Jacó, porquanto não perseveraram em seguir-
me,
12 exceto Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e
Josué, filho de Num, porque perseveraram em
seguir ao SENHOR.” (Números 32.11,12)
“34 Tendo, pois, ouvido o SENHOR as vossas
palavras, indignou-se e jurou, dizendo:
35 Certamente, nenhum dos homens desta
maligna geração verá a boa terra que jurei dar a
vossos pais,
36 salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a
terra que pisou darei a ele e a seus filhos,
porquanto perseverou em seguir ao SENHOR.”
(Deuteronômio 1.34-36)
13
Na direção contrária ao testemunho de Josué e
Calebe nós temos o registro nas Escrituras para
a desonra de Salomão, que na sua velhice se
desviou de seguir fielmente o Senhor:
“4 Sendo já velho, suas mulheres lhe
perverteram o coração para seguir outros
deuses; e o seu coração não era de todo fiel para
com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi,
seu pai.
5 Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios,
e a Milcom, abominação dos amonitas.
6 Assim, fez Salomão o que era mau perante o
SENHOR e não perseverou em seguir ao
SENHOR, como Davi, seu pai.” (I Reis 11.4-6)
Nosso culto é racional (Romanos 12.1). Deus não
quer pessoas crédulas que obedecem por
obedecer, pois quando assim se age, geralmente
não há real obediência, porque devemos
conhecer a razão de tudo aquilo em que cremos.
Há motivo para cada ordenança divina.
Devemos buscar o conhecimento do caráter e
pessoa de Jesus, para que possamos imitá-lo.
Conforme diz o apóstolo Pedro:
“14 Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da
justiça, bem-aventurados sois. Não vos
14
amedronteis, portanto, com as suas ameaças,
nem fiqueis alarmados;
15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em
vosso coração, estando sempre preparados para
responder a todo aquele que vos pedir razão da
esperança que há em vós,
16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor,
com boa consciência, de modo que, naquilo em
que falam contra vós outros, fiquem
envergonhados os que difamam o vosso bom
procedimento em Cristo,” (I Pedro 3.14-16).
Observe que ele diz que a nossa esperança em
Cristo não é sem motivo. Há razões que podem e
devem ser apresentadas a qualquer um que nos
pedir que as apresentemos para justificar a
nossa fé em Jesus.
Por que devemos crer somente nEle para a
salvação?
Por que devemos perseverar em meio às
tribulações suportando com paciência todos os
sofrimentos e injustiças que nos possam ser
infligidos?
E assim, relativamente a qualquer indagação
sobre a nossa fé, devemos estar preparados não
somente para responder a outros, mas a nós
15
mesmos, na busca de uma confirmação de fé
que seja cada vez mais forte e inabalável.
Deus criou todas as coisas para um determinado
propósito, e especialmente a humanidade para
um fim preciso, de se prover nela de filhos que o
adorem e glorifiquem eternamente.
Como isto poderia ser atingido sem
perseverança em amar a Deus em santidade de
vida?
Não servimos a Deus precipuamente para obter
coisas necessárias por meio da Sua provisão,
mas para glorificarmos o Seu nome por meio da
nossa transformação à Sua imagem e
semelhança para a obra de promulgação do
evangelho.
Quando não é o Reino de Deus e a Sua justiça que
se encontram em primeiro lugar em nossas
expectativas, podemos ter a certeza de que
nossas prioridades estão completamente
incorretas, e por melhores que sejam as nossas
intenções, estaremos no mínimo equivocados.
É por meio da confirmação da nossa vocação e
eleição que podemos ter a certeza de estarmos
praticando as coisas que são realmente relativas
ao reino de Deus e aos Seus interesses.
16
De modo que somos convocados a crescer
espiritualmente para atingirmos tal objetivo,
conforme somos instruídos em várias
passagens das Escrituras e especialmente nesta
do apóstolo Pedro, que destacamos a seguir:
“1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo,
aos que conosco obtiveram fé igualmente
preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo,
2 graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno
conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.
3 Visto como, pelo seu divino poder, nos têm
sido doadas todas as coisas que conduzem à vida
e à piedade, pelo conhecimento completo
daquele que nos chamou para a sua própria
glória e virtude,
4 pelas quais nos têm sido doadas as suas
preciosas e mui grandes promessas, para que
por elas vos torneis coparticipantes da natureza
divina, livrando-vos da corrupção das paixões
que há no mundo,
5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa
diligência, associai com a vossa fé a virtude; com
a virtude, o conhecimento;
17
6 com o conhecimento, o domínio próprio; com
o domínio próprio, a perseverança; com a
perseverança, a piedade;
7 com a piedade, a fraternidade; com a
fraternidade, o amor.
8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós
aumentando, fazem com que não sejais nem
inativos, nem infrutuosos no pleno
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Pois aquele a quem estas coisas não estão
presentes é cego, vendo só o que está perto,
esquecido da purificação dos seus pecados de
outrora.
10 Por isso, irmãos, procurai, com diligência
cada vez maior, confirmar a vossa vocação e
eleição; porquanto, procedendo assim, não
tropeçareis em tempo algum.
11 Pois desta maneira é que vos será
amplamente suprida a entrada no reino eterno
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
12 Por esta razão, sempre estarei pronto para
trazer-vos lembrados acerca destas coisas,
embora estejais certos da verdade já presente
convosco e nela confirmados.” (II Pedro 1.1-12)
18
Há uma obra que foi iniciada no crente na
conversão e que deve prosseguir até a sua
perfeição em glória, e é nisto que a operação do
Espírito Santo está empenhada principalmente:
“10 Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo
vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes
sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de
aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.
11 A ele seja o domínio, pelos séculos dos
séculos. Amém!” (I Pedro 5.10,11)
“Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até
ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6)
“12 Assim, pois, amados meus, como sempre
obedecestes, não só na minha presença, porém,
muito mais agora, na minha ausência,
desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor;
13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade.” (Filipenses 2.12,13)
Agora, se toda a nossa obra estiver desprovida
da fé, da esperança e sobretudo do amor
espiritual, celestial e divino, todo o nosso
esforço será para pouco ou nada, uma vez que
19
isto deve vir antes de tudo o mais. Tudo o que
fizermos deve ser feito não propriamente por
nós mas pela graça de Jesus, e para o propósito
exclusivo de glorificar a Deus Pai.
Foi por este motivo que o apóstolo lembrou à
Igreja de Corinto que estava repleta de dons
espirituais, mas que era falha neste ponto, o que
lemos em I Coríntios 13:
“1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos
anjos, se não tiver amor, serei como o bronze
que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e
conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de
transportar montes, se não tiver amor, nada
serei.
3 E ainda que eu distribua todos os meus bens
entre os pobres e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver
amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde
em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,
5 não se conduz inconvenientemente, não
procura os seus interesses, não se exaspera, não
se ressente do mal;
20
6 não se alegra com a injustiça, mas regozija-se
com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor jamais acaba; mas, havendo profecias,
desaparecerão; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará;
9 porque, em parte, conhecemos e, em parte,
profetizamos.
10 Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o
que é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, pensava como menino;
quando cheguei a ser homem, desisti das coisas
próprias de menino.
12 Porque, agora, vemos como em espelho,
obscuramente; então, veremos face a face.
Agora, conheço em parte; então, conhecerei
como também sou conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e
o amor, estes três; porém o maior destes é o
amor.”
A perseverança na fé, no amor e na esperança é
ordenada por Jesus e todos os apóstolos, e a sua
21
falta é repreendida naqueles que são
inconstantes:
“2 Meus irmãos, tende por motivo de toda
alegria o passardes por várias provações,
3 sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança.
4 Ora, a perseverança deve ter ação completa,
para que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes.
5 Se, porém, algum de vós necessita de
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á
concedida.
6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando;
pois o que duvida é semelhante à onda do mar,
impelida e agitada pelo vento.
7 Não suponha esse homem que alcançará do
Senhor alguma coisa;
8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos
os seus caminhos.” (Tiago 1.2-8)
“Sereis odiados de todos por causa do meu
nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim,
esse será salvo.” (Marcos 13.13)
22
“11 Este é o sentido da parábola: a semente é a
palavra de Deus.
12 A que caiu à beira do caminho são os que a
ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes
do coração a palavra, para não suceder que,
crendo, sejam salvos.
13 A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo
a palavra, a recebem com alegria; estes não têm
raiz, creem apenas por algum tempo e, na hora
da provação, se desviam.
14 A que caiu entre espinhos são os que ouviram
e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os
cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus
frutos não chegam a amadurecer.
15 A que caiu na boa terra são os que, tendo
ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra;
estes frutificam com perseverança.” (Lucas 8.11-
15)
“É na vossa perseverança que ganhareis a vossa
alma.” (Lucas 21.19)
“40 Com muitas outras palavras deu
testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos
desta geração perversa.
23
41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram
batizados, havendo um acréscimo naquele dia
de quase três mil pessoas.
42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e
na comunhão, no partir do pão e nas orações.”
(Atos 2.40-42)
“5 Mas, segundo a tua dureza e coração
impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para
o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,
6 que retribuirá a cada um segundo o seu
procedimento:
7 a vida eterna aos que, perseverando em fazer o
bem, procuram glória, honra e
incorruptibilidade;
8 mas ira e indignação aos facciosos, que
desobedecem à verdade e obedecem à
injustiça.” (Romanos 2.5-8)
“1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz
com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos
igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual
estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.
24
3 E não somente isto, mas também nos
gloriamos nas próprias tribulações, sabendo
que a tribulação produz perseverança;
4 e a perseverança, experiência; e a experiência,
esperança.
5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor
de Deus é derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo, que nos foi outorgado.”
(Romanos 5.1-5)
“10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com
amor fraternal, preferindo-vos em honra uns
aos outros.
11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos
de espírito, servindo ao Senhor;
12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na
tribulação, na oração, perseverantes;”
(Romanos 12.10-12)
“1 Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que
vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda
perseverais;
2 por ele também sois salvos, se retiverdes a
palavra tal como vo-la preguei, a menos que
tenhais crido em vão.
25
3 Antes de tudo, vos entreguei o que também
recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados,
segundo as Escrituras,
4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras.” (I Coríntios 15.1-4)
“8 o qual também nos relatou do vosso amor no
Espírito.
9 Por esta razão, também nós, desde o dia em
que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e
de pedir que transbordeis de pleno
conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual;
10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor,
para o seu inteiro agrado, frutificando em toda
boa obra e crescendo no pleno conhecimento de
Deus;
11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo
a força da sua glória, em toda a perseverança e
longanimidade; com alegria,
12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à
parte que vos cabe da herança dos santos na luz.
13 Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor,”
(Colossenses 1.8-13)
26
“Perseverai na oração, vigiando com ações de
graças.” (Colossenses 4.2)
“8 Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de
entre os mortos, descendente de Davi, segundo
o meu evangelho;
9 pelo qual estou sofrendo até algemas, como
malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está
algemada.
10 Por esta razão, tudo suporto por causa dos
eleitos, para que também eles obtenham a
salvação que está em Cristo Jesus, com eterna
glória.
11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele,
também viveremos com ele;
12 se perseveramos, também com ele
reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará;
13 se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de
maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.”
(II Timóteo 2.8-13)
Como a nossa fidelidade na obra do evangelho
sempre haverá de levantar fortes oposições dos
espíritos das trevas, que poderão atuar
diretamente ou através da instrumentalidade
27
de ímpios, com o intuito de nos fazer retroceder
ou até mesmo de sermos paralisados em nosso
avanço, sobretudo em nossos esforços
espirituais para ganhar almas para Cristo e
edificá-las na verdade, pois o próprio Deus
dispôs em Seu decreto eterno que a salvação dos
pecadores deveria ser feita em meio a uma
grande luta entre a semente da mulher (Cristo e
a Igreja) e a semente da serpente (Satanás, os
demônios e os ímpios réprobos), de maneira
que devemos estar armados em nosso
pensamento quanto à necessidade de estarmos
revestidos da graça de Jesus para poder suportar
com paciência estas oposições e perseguições, e
prosseguir adiante na obra de proclamação do
evangelho em todo o mundo.
“10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu
ensino, procedimento, propósito, fé,
longanimidade, amor, perseverança,
11 as minhas perseguições e os meus
sofrimentos, quais me aconteceram em
Antioquia, Icônio e Listra, – que variadas
perseguições tenho suportado! De todas,
entretanto, me livrou o Senhor.
12 Ora, todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos.” (II Timóteo 3.10-12)
28
“35 Não abandoneis, portanto, a vossa
confiança; ela tem grande galardão.
36 Com efeito, tendes necessidade de
perseverança, para que, havendo feito a vontade
de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele
que vem virá e não tardará;
38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se
retroceder, nele não se compraz a minha alma.”
(Hebreus 10.35-38)
“1 Portanto, também nós, visto que temos a
rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas,
desembaraçando-nos de todo peso e do pecado
que tenazmente nos assedia, corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta,
2 olhando firmemente para o Autor e
Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da
alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz,
não fazendo caso da ignomínia, e está assentado
à destra do trono de Deus.
3 Considerai, pois, atentamente, aquele que
suportou tamanha oposição dos pecadores
contra si mesmo, para que não vos fatigueis,
desmaiando em vossa alma.” (Hebreus 12.1-3)
29
“10 Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e
na paciência os profetas, os quais falaram em
nome do Senhor.
11 Eis que temos por felizes os que perseveraram
firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes
que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é
cheio de terna misericórdia e compassivo.”
(Tiago 5.10,11)
“Eu, João, irmão vosso e companheiro na
tribulação, no reino e na perseverança, em
Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por
causa da palavra de Deus e do testemunho de
Jesus.” (Apocalipse 1.9)
“1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas
coisas diz aquele que conserva na mão direita as
sete estrelas e que anda no meio dos sete
candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como
a tua perseverança, e que não podes suportar
homens maus, e que puseste à prova os que a si
mesmos se declaram apóstolos e não são, e os
achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por
causa do meu nome, e não te deixaste
esmorecer.
30
4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu
primeiro amor.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te
e volta à prática das primeiras obras; e, se não,
venho a ti e moverei do seu lugar o teu
candeeiro, caso não te arrependas.” (Apocalipse
2.1-5)
Ainda que a perseverança na fé seja elogiada
pelo Senhor, caso não seja acompanhada pela
perseverança no amor, como era o caso da
Igreja de Éfeso, não pode existir uma aprovação
completa por parte de Jesus, uma vez que a fé
visa principalmente ao amor, pois este procede
de um coração puro, de uma boa consciência e
de uma fé não fingida (I Timóteo 1.5). De modo
que a fé sempre deve atuar pelo amor (Gálatas
5.6).
“10 Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também eu te guardarei da hora
da provação que há de vir sobre o mundo inteiro,
para experimentar os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem demora. Conserva o que tens, para
que ninguém tome a tua coroa.” (Apocalipse
3.10,11)
31
O crente deve perseverar até o fim porque este é
o caráter mesmo da nova aliança que foi
estabelecida pelo Pai com o Filho, para que os
eleitos pudessem ser unidos à Trindade sem
correrem o risco de serem lançados fora. Ora, se
o próprio Deus fez a promessa que nos daria um
coração de carne no lugar de um pedra, para que
jamais nos afastássemos dEle, como
poderíamos pensar em um outro modo de viver
que fosse diferente do modo de estarmos
completamente unidos ao Senhor e
dependendo dEle para tudo?
“38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho,
para que me temam todos os dias, para seu bem
e bem de seus filhos.
40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual
não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu
temor no seu coração, para que nunca se
apartem de mim.
41 Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei
bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de
todo o meu coração e de toda a minha alma.”
(Jeremias 32.38-41).
32
“6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério
tanto mais excelente, quanto é ele também
Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido
sem defeito, de maneira alguma estaria sendo
buscado lugar para uma segunda.
8 E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm
dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a
casa de Israel e com a casa de Judá,
9 não segundo a aliança que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão, para os conduzir
até fora da terra do Egito; pois eles não
continuaram na minha aliança, e eu não atentei
para eles, diz o Senhor.
10 Porque esta é a aliança que firmarei com a
casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
Senhor: na sua mente imprimirei as minhas
leis, também sobre o seu coração as inscreverei;
e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
11 E não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior.
33
12 Pois, para com as suas iniquidades, usarei de
misericórdia e dos seus pecados jamais me
lembrarei.
13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.”
(Hebreus 8.6-13).
“25 Então, aspergirei água pura sobre vós, e
ficareis purificados; de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos vos
purificarei.
26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós
espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e
vos darei coração de carne.
27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que
andeis nos meus estatutos, guardeis os meus
juízos e os observeis.” (Ezequiel 36.25-27).
Temos então a doutrina da perseverança dos
santos pela qual aprendemos nas Escrituras que
todo eleito perseverará até o fim porque este
trabalho de perseverança para a salvação foi
prometido e é garantido e realizado pelo próprio
Deus. Como diz o autor de Hebreus que os
eleitos não são daqueles que retrocedem na fé
para a perdição eterna.
34
“35 Não abandoneis, portanto, a vossa
confiança; ela tem grande galardão.
36 Com efeito, tendes necessidade de
perseverança, para que, havendo feito a vontade
de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele
que vem virá e não tardará;
38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se
retroceder, nele não se compraz a minha alma.
39 Nós, porém, não somos dos que retrocedem
para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a
conservação da alma.” (Hebreus 10.35-39)
Ora, se as realidades espirituais foram assim
dispostas pela soberania de Deus, quanto à
segurança eterna da nossa salvação, como
poderíamos admitir que podemos abandonar a
nossa confiança em Cristo, e deixarmos de
andar conforme a Sua vontade, observando e
cumprindo os Seus mandamentos? E o pior de
tudo, fazendo-o por uma deliberada insolência
em confrontação Àquele que nos chamou e
salvou, sob o argumento de que podemos andar
de forma descuidada, uma vez que já nos foi
garantida a entrada no céu por causa da nossa fé
em Jesus? Os que assim procedem deveriam
35
duvidar da qualidade da fé que supõem que os
salvou, uma vez que a fé verdadeira não abusa da
paciência, do amor, da bondade e da
longanimidade de Deus. Ao contrário, encontra
mais do que duplo motivo para gratidão e
fidelidade no fato de saber que sem qualquer
merecimento foi objeto de uma salvação segura
e eterna, pelo alto preço que foi pago por Jesus.
Todos éramos inimigos vis e indignos desta
graça, e se Deus se dispôs a nos salvar por causa
do Seu amor, como poderíamos admitir sequer
o pensamento de viver de modo desobediente a
Ele, e ainda por cima, nos gloriando na Sua
misericórdia e bondade? Por um pai ser bom
amoroso o filho deve ser rebelde e ruim, por
saber que o pai não o expulsará de casa?
Assim, a perseverança, a constância, a
permanência a que somos convocados e
ordenados é aquela que se refere a um viver
santo e piedoso conforme definido nas
Escrituras, e em plena submissão à vontade do
Senhor, andando nós em humildade, mansidão,
misericórdia, verdade, justiça e em tudo o mais
que se encontra na própria pessoa de Jesus.
Se o que esperamos é que este corpo mortal seja
revestido da imortalidade no dia do
arrebatamento da Igreja, quando receberemos
36
um novo corpo glorificado, se o que esperamos
é que sejamos desvestidos completamente do
velho homem, e revestidos com perfeição da
nova criatura, se esperamos ser perfeitamente
santos assim como Deus é santo, como
poderíamos admitir um modo de viver
desordenado contra as coisas que nos são
ordenadas como uma consequência normal e
natural da nova condição que alcançamos em
Cristo Jesus?
Ora, se a aliança que Deus fez conosco em Jesus
Cristo é uma aliança de amor, então é algo que
deve durar para sempre, porque onde há
verdadeiro amor por alguém é para todo o
sempre.
37
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de
apêndice em nossas últimas publicações, uma
vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o
evangelho, na forma em que nos é apresentado
nas Escrituras, já que há muita pregação e
ensino de caráter legalista que não é de modo
algum o evangelho de nosso Senhor Jesus
Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao
que seja a aliança da graça por meio da qual
somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos
bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos
ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra
revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas
do Novo Testamento. Mas, por interpretações
incorretas é possível até mesmo transformá-lo
em um meio de perdição e não de salvação,
conforme tem ocorrido especialmente em
nossos dias, em que as verdades fundamentais
38
do evangelho de Jesus Cristo têm sido
adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que
consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso
entender que somos salvos exclusivamente
com base na aliança de graça que foi feita entre
Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação
do mundo, para que nas diversas gerações de
pessoas que seriam trazidas por eles à existência
sobre a Terra, houvesse um chamado invisível,
sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas
de seus pecados, justificadas, regeneradas
(novo nascimento espiritual), santificadas e
glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a
terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o
seriam pelo meio de atração que seria feita por
Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que
pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem
receber a graça necessária que os redimiria e os
transportaria das trevas para a luz, do poder de
Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria
em filhos amados e aceitos por Deus.
39
Como estes que foram redimidos se
encontravam debaixo de uma sentença de
maldição e condenação eternas, em razão de
terem transgredido a lei de Deus, com os seus
pecados, para que fossem redimidos seria
necessário que houvesse uma quitação da dívida
deles para com a justiça divina, cuja sentença
sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do
homem, trazendo sobre si os seus pecados e
culpa, e morrendo com o derramamento do Seu
sangue, porque a lei determina que não pode
haver expiação sem que haja um sacrifício
sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de
pecadores, assumisse a responsabilidade de
cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à
sua conversão, como a que seria contraída
também no presente e no futuro, durante a sua
jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem
pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do
pecador é eterna e infinita. Então deveria ser
alguém divino para realizar tal obra.
40
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da
graça feita com o Pai, para ser este Salvador,
Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para
realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição
eternas. Como poderia responder por si mesmo
para garantir a eternidade da segurança da
salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado
da natureza divina que sempre possuiu, a
natureza humana, e para tanto ele foi gerado
pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria
ser o de alguém que fosse humano, mas
também divino, de modo que se pode até
mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue
do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte
de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o
caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta
grande e importante verdade do evangelho de
que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o
41
nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou
podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou
a Ceia que deve ser regularmente observada
pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu
corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado
em profusão, conforme representado pelo
vinho, para que tenhamos vida eterna por meio
de nos alimentarmos dEle. Por isso somos
ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para
o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que
é verdadeira bebida para nos refrigerar e
manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e
a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é
estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto
se aplica ao fato de que não há outra verdade,
outro caminho, outra vida, senão a que existe
somente por meio da fé nEle. A porta é estreita
porque não admite uma entrada para vários
caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle,
conduzem à perdição. É estreito e apertado para
que nunca nos desviemos dEle, o autor e
consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça
que foi feita, nada exige do homem, além da fé,
pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser
42
transformado e firmado na graça, será realizado
pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de
sermos justificados, regenerados e santificados,
percebemos, enquanto neste mundo, que há em
nós resquícios do pecado, que são o resultado do
que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido
crucificado juntamente com Cristo, ainda
permanece em condições de operar em nós, ao
lado da nova natureza espiritual e santa que
recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa
salvação é inteiramente por graça e mediante a
fé? Que é Ele somente que nos garante a vida
eterna e o céu. Se não fosse assim, não
poderíamos ser salvos e recebidos por Deus
porque sabemos que ainda que salvos, o pecado
ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias
passagens bíblicas e especialmente no texto de
Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos
43
físicos, e outras em nossa alma, são o resultado
da imperfeição em que ainda nos encontramos
aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde
perfeita a todos os crentes, sem qualquer
doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o
faz para que aprendamos que a nossa salvação
está inteiramente colocada sobre a
responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter
seguros na plena garantia da salvação que
obtivemos mediante a fé, conforme o próprio
Deus havia determinado justificar-nos somente
por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão
e com muitos outros mesmo nos dias do Velho
Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé
porque não consegue vencer determinadas
fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o
consiga neste mundo, não perderá a sua
condição de filho amado de Deus, que pode usar
tudo isto em forma de repreensão e disciplina,
mas que jamais deixará ou abandonará a
qualquer que tenha recebido por filho, por
causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a
anularia por causa de nossas imperfeições e
transgressões.
44
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a
Jesus, mas sempre lamentará que não o ame
tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma
coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito,
virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a
apresentar a Deus que ele foi salvo, mas
simplesmente por meio do arrependimento e
da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é
necessário para a segurança eterna da sua
salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha
percebido a grande verdade central relativa ao
evangelho, que está sendo comentada neles, e
que foi citada de forma resumida no primeiro
deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça
que foi feita, nada exige do homem, além da fé,
pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser
transformado e firmado na graça, será realizado
pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação
desta verdade, que tudo é de fato devido à graça
de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é
suficiente para nos garantir uma salvação
eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e
45
Deus Filho, que nos escolheram para esta
salvação segura e eterna, antes mesmo da
fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra
são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle
que somos aceitos por Deus, nos termos da
aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os
agentes da aliança, e os crentes apenas os
beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos
beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé
aos termos da aliança, eles são convocados a
fazê-lo voluntariamente e para o principal
propósito de serem salvos para serem
santificados e glorificados, sendo instruídos
pelo evangelho que tudo o que era necessário
para a sua salvação foi perfeitamente
consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor
Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito
importante, de que tanto é assim, que não é pelo
fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles
correm o risco de perderem a salvação deles,
uma vez que a aliança não foi feita diretamente
com eles, e consistindo na obediência perfeita
deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com
46
Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa
deles, como para garantir o aperfeiçoamento
deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente
no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos
salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi
dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas
também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o
evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem
tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da
incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a
única coisa que pode nos afastar da
possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma
voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo
Seu próprio poder, a viver de modo agradável a
Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa
47
da nossa salvação, pois, como temos visto esta
causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus,
manifestados em Jesus em nosso favor, todavia,
o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida
que lute contra o pecado, e que busque se
revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem
manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há
qualquer impossibilidade para que Deus nos
salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à
busca de prazeres terrenos, e completamente
avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria
até mais facilidade para Deus salvar a estes que
vivem na iniquidade porque a vida deles no
pecado é flagrante, e pouco se importam em
demonstrar por um viver hipócrita, que são
pessoas justas e puras, pois não estão
interessados em demonstrar a justiça própria
do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano,
48
pudessem alcançar algum favor da parte de
Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação
da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que
dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e
eles lamentam por seus pecados e fogem para
Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os
receberá, e a nenhum deles lançará fora,
conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito
para a sua salvação exige somente o
arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios
necessários para que permaneçamos firmes na
graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza
divina, no novo nascimento operado pelo
Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita.
Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a
velha venha a se dissolver totalmente, assim
como está ordenado que tudo o que herdamos
de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo
é feito novo em Jesus, em quem temos recebido
49
este nosso novo ser que se inclina em amor para
Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele
se encontra destronado, pois quem reina agora
é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o
pecado. Ainda que algum pecado o vença isto
será temporariamente, do mesmo modo que
uma doença que se instala no corpo é expulsa
dele pelas defesas naturais ou por algum
medicamento potente. O sangue de Jesus é o
remédio pelo qual somos sarados de todas as
nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente
extinta quando partirmos para a glória, onde
tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da
salvação dado a nós pela habitação do Espírito
Santo, que testifica juntamente com o nosso
espírito que somos agora filhos de Deus, não
apenas por ato declarativo desta condição, mas
de fato e de verdade pelo novo nascimento
espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé
em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por
meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se
entregou por nós, para que vivamos por meio da
Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador
50
de toda a criação, inclusive desta nova criação
que está realizando desde o princípio, por meio
da geração de novas criaturas espirituais para
Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual
seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe
perfeitamente quais são aqueles que atenderão
ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se
revela em espírito para que creiam nEle, e assim
sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que
nada possuem em si mesmos para agradarem a
Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus
e que se dispõem a cumprir os Seus
mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo
o pecado que há no mundo, que é uma rebelião
contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da
misericórdia de Deus para serem perdoados.
51
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas
que costumam anular a verdade em prol da paz
mundial, mas os que anunciam pela palavra e
suas próprias vidas que há paz de reconciliação
com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida,
mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram
em dar testemunho do Nome e da Palavra de
Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não
significa: de qualquer modo, de maneira
descuidada, sem qualquer valor ou preço
envolvido na salvação. Jesus pagou um preço
altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da
aliança por meio da qual somos salvos são todos
bem ordenados e planejados para que a salvação
seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais,
celestiais, espirituais envolvidos em todo o
processo da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo
quando não há naqueles que são salvos um
52
conhecimento adequado de todas estas
verdades, pois está determinado que aquele que
crê no seu coração e confessar com os lábios que
Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é
necessário para um pecador ser transformado
em santo e recebido como filho adotivo por
Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de
Jesus são necessários para o nosso
aperfeiçoamento espiritual em progresso da
nossa santificação, mas não para a nossa
justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos
simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como
nos encontrávamos na ocasião, totalmente
perdidos e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da
promessa da aliança é que todo aquele que crê
será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito
entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre
si para que fôssemos salvos por graça e
mediante a fé.
53
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da
nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da
graça, e nós somos eleitos para recebermos os
benefícios desta aliança por meio da fé nAquele
a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na
Bíblia, isto não significa que Deus fez uma
aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança
com Deus para a vida eterna demanda uma
perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem
qualquer falha, e de nós mesmos, jamais
seríamos competentes para atender a tal
exigência, de modo que a aliança poderia ter
sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em
Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que
somos também recebidos. Jamais poderíamos
fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa
Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto
é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem
serem apresentados pelo sacerdote escolhido
por Deus para tal propósito. Nenhum outro
Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que
pudéssemos receber uma redenção e
54
aproximação eternas, senão somente nosso
Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu
para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus
por meio da fé em Jesus Cristo, importa
permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que
muitos crentes caminham de forma
desordenada, uma vez que tendo aprendido que
a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus
Filho, e que são salvos exclusivamente por meio
da fé, que então não importa como vivam uma
vez que já se encontram salvos das
consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da
justificação, é apenas uma das faces da moeda
da salvação, que nos trazendo justificação e
regeneração instantaneamente pela graça,
mediante a fé, no momento mesmo da nossa
conversão inicial, todavia, possui uma outra
face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos
santificados pelo Espírito Santo, mediante
implantação da Palavra em nosso caráter. Isto
tem a ver com a mortificação diária do pecado, e
55
o despojamento do velho homem, por um andar
no Espírito, pois de outra forma, não é possível
que Deus seja glorificado através de nós e por
nós. Não há vida cristã vitoriosa sem
santificação, uma vez que Cristo nos foi dado
para o propósito mesmo de se vencer o pecado,
por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança
da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da
fundação do mundo, e para isto somos também
inteiramente dependentes de Jesus e da
manifestação da sua vida em nós, porque Ele se
tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça,
redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios
1.30). De modo que a obra iniciada na nossa
conversão será completada por Deus para o seu
aperfeiçoamento final até a nossa chegada à
glória celestial.
“Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até
ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e
o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos
chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
56
“Assim, pois, amados meus, como sempre
obedecestes, não só na minha presença, porém,
muito mais agora, na minha ausência,
desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor; porque Deus é quem efetua em vós
tanto o querer como o realizar, segundo a sua
boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
top related