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Pela féunidos no amortestemunhamos

a esperança

Livro do IV Sínodo Diocesanode Leiria-Fátima

1995-2002

Título genérico

Autor

Redacção

Revisão

Fotos

Capa

Arranjo gráfico

Edição

Impressão

Pela fé, unidos no amor, testemunhamos a esperança - Livro do IV Sínodo Diocesano de Leiria-Fátima

Assembleia Sinodal e Bispo de Leiria-Fátima,D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.

Comissões Central e Teológico-Pastoral do Sínodo

Pe. Luís Inácio João / Pe. Manuel Silva Gaspar

Luís Miguel Ribeiro FerrazPaulo Adriano Santos

João Luís Costa

Luís Miguel R. Ferraz

Diocese de Leiria-FátimaRua Joaquim Ribeiro Carvalho, 22410-116 LeiriaTelefone: 244 832 714 • Fax: 244 812 922 E-mail: [email protected]ágina na Internet: www.leiria-fatima.pt

Gráfica Almondina - Torres Novas

Leiria, Março de 2002

Depósito Legal: 177 339/02

Reservados todos os direitos, de acordo com a legislação em vigor

[ Ficha Técnica ]

Senhor, nosso Deus,Pai Criador,

Filho Redentor,Espírito Santificador,

na caminhada pós-sinodalda Diocese de Leiria-Fátima,conduz-nos no cumprimento

dos Teus desígnios,como Maria, nossa Mãe.

O Sínodo começou com a auscultação das pessoas da Diocese, mesmo os não crentes. Durante a caminhada, nem todos acompanharam o ritmo, mas uma boa parte o fez. Assim, o fruto destes sete anos de trabalho não se deve a um grupo restrito, mas ao esforço e empenho de muitos diocesanos.

Merecem reconhecimento, nomeadamente,- o nosso Bispo, que convocou o Sínodo e, em muitas ocasiões, o promo-

veu, acompanhou e incentivou;- os membros da Assembleia Sinodal, que deram o seu melhor, quer ouvin-

do, quer falando, na busca em sintonia do caminho mais certo;- os elementos das Comissões Sinodais e do Secretariado Permanente, que

ofereceram muito de si para dinamizar a caminhada, como instrumentos solícitos ao serviço da missão a que foram chamados;

- os sacerdotes e outros agentes de pastoral, que se empenharam para suscitar a dinâmica sinodal nas suas paróquias ou serviços eclesiais;

- os animadores e membros dos grupos sinodais, verdadeira base da refle-xão e espaço eclesial de vivência da co-responsabilidade;

- os religiosos e religiosas, que acompanharam os trabalhos e se interes-saram pela caminhada diocesana, em especial pela oração confiante e perseverante;

- e todas as pessoas que acreditaram neste projecto, por ele rezaram, nele trabalharam ou para ele deram algum tipo de contributo, directo ou indirecto.

Por tudo e por todos,louvamos Deus Pai, nosso Criador, Jesus Cristo, nosso Mestre,e o Espírito Santo, nossa Luz.

[ Agradecimentos ]

Carta Pastoral de Promulgação do IV Sínodo •

Nota histórica - O Caminho da Esperança •

Orientações Sinodais • PELA FÉ, UNIDOS NO AMOR,

TESTEMUNHAMOS A ESPERANÇA

Anexos •

Carta Pastoral de Convocação do Sínodo • “Unidos no Caminho da Esperança”

Exortações Sinodais • “Unidos em Cristo, na renovação permanente”

“Nós podemos e devemos ser melhores”“Vamos celebrar a fé com corpo e alma”

“Iguais e Diferentes”

Mensagens da Assembleia após cada uma das suas 5 sessões •

Oração Sinodal das Crianças •

Hinos do Sínodo (Geral e de Jovens) •

Lista dos membros da Assembleia Sinodal •

Índice •

Sumário

D. Serafim de Sousa Ferreira e SilvaBispo de Leiria-Fátima

Carta Pastoralde promulgação do IV Sínodo

1. Em todos os estudos de Eclesiologia continua a ser documento funda-mental e principial a constituição dogmática do Concílio Ecuménico Vaticano II “Lumen Gentium”, de 21.XI.1964, sobre a Igreja hoje e sempre.

A Igreja particular, ou Diocese, é uma “porção” da Igreja Universal, com a mesma missão. Cada Bispo diocesano, integrado no Colégio Episcopal, “é o princípio e o fundamento da unidade” (LG 23).

Na “solicitude por todas as Igrejas”, o Bispo diocesano dará prioridade ao Povo que lhe foi confiado, assistido pelos presbíteros, diáconos e outros ministros ou assessores.

O sínodo diocesano (c. 460) é também um órgão jurídico-pastoral, um auxiliar extraordinário do Bispo, que subscreverá e mandará publicar as con-sequentes conclusões e declarações sinodais.

2. A nossa Diocese de Leiria-Fátima entrou em sínodo efectivo, como se relata na Introdução ao documento final, em 2 de Abril de 1995, após dois anos de preparação doutrinal e logística.

Foi um percurso longo e rico. A significativa consulta aos Diocesanos, o profícuo trabalho de grupos, das diversas Comissões e da Assembleia Sinodal são sinais inolvidáveis e ainda frutificantes.

Este nosso quarto Sínodo, bem diferente dos anteriores, produziu comunica-dos e mensagens, deu conteúdos e motivos para quatro Exortações apostólicas, e, mantendo o espírito e a força da sinodalidade, encerra os seus trabalhos no Santuário de Fátima, pedindo à Senhora e Padroeira que abençoe as conclusões e propostas sinodais.

Por este acto celebrativo e conclusivo, o Bispo, nos termos do c. 468, de-clara finalizadas as funções e estruturas do Sínodo Diocesano de 1995-2002, agradecendo a quantos deram o seu contributo, nomeadamente às Comissões e à Assembleia Sinodal, e reza para que os seus frutos cresçam, nesta Igreja una, santa e católica, para bem de toda a Humanidade.

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3. A Diocese de Leiria, criada em 1545, extinta em 1882 e restaurada em 1918, designada de Leiria-Fátima desde 1984, está empenhada em que o espírito cristão e sinodal impregne as pessoas (cerca de 300.000) e as instituições deste Povo de Deus, na vida dos homens.

Muitas proposições fluíram já do Sínodo, como o Centro de Formação e Cultura ou a Comissão Justiça e Paz, e outras, como a renovação dos secreta-riados e as unidades pastorais, hão-de reforçar-se e reestruturar-se num plano comum de Pastoral, na missão una da Igreja, centrada nas grandes áreas da evangelização, da celebração da fé e da caridade.

O dinamismo do Evangelho há-de fomentar toda a vida cristã e fermentar toda a vida humana. A Pessoa e a Mensagem de Cristo estarão na nossa vida, que se transforma, mas não acaba.

Esperamos que o sangue novo circule com abundância e vigor nos ministros ordenados e nas pessoas de todas as idades, assim como nos serviços mais orgânicos, como sejam os secretariados da catequese e da juventude, no rela-cionamento ecuménico e inter-religioso, nos institutos e grupos de consagrados, nas organizações de espiritualidade e apostolado, nas famílias e em todo o Povo que caminha com o Salvador Jesus Cristo.

Queremos fazer mais fraternidade e celebrar a vida, com alegria e esperança. Queremos abrir-nos ao Espírito e viver desde já na Casa do Pai.

Com palavras do Papa na Carta Apostólica “À entrada do Novo Milénio”, termino esta breve e singela nota pastoral de encerramento do nosso Sínodo: “Sigamos em frente, com esperança. Diante de nós abre-se um vasto oceano. O Filho de Deus, que encarnou há 2.000 anos por amor do homem, continua a agir; importa que tenhamos um coração grande para nos tornarmos seus ins-trumentos. Cristo convida-nos, uma vez mais, a pormo-nos a caminho... em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Ámen.

Leiria, 10 de Março de 2002

† Serafim de Sousa Ferreira e SilvaBispo de Leiria-Fátima

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Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

Nota históricasobre o Sínodo Diocesano

O Caminhoda Esperança

O ‘quadro’ do Sínodo

Mesa da Assembleia na 1ª sessão

A celebração de abertura da Assembleia Sinodal (1ª sessão)

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Nota histórica sobre o síNodo diocesaNo | o caminho da eSperança

1. A decisão

Estávamos no início do ano de 1993, quando o nosso Bispo, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, convidou um grupo de padres, religiosos e leigos, e lhes comunicou a intenção de realizar um Sínodo Diocesano. Pediu-lhes que reflectissem sobre o modo de o levar por diante e entregou-lhes um documento de trabalho com os pontos de partida para a tarefa: cumprir o voto formulado em vários documentos da Igreja, em especial o Decreto Conciliar Christus Dominus e o Directório do Ministério Pastoral dos Bispos; dar seguimento à proposta final do Congresso Diocesano dos Leigos de 1988; o reconhecimento de que um Sínodo Diocesano seria uma ocasião oportuna para revitalizar a consciência e o empenhamento cristão de todos os fiéis na vida da Diocese, um espaço de diálogo e de estudo, de celebração comunitária da Fé e de partilha de esperanças e inquietações.

Consciente de que à concepção canónica (jurídica) de sínodos anteriores se deveria sobrepor uma perspectiva pastoral, o grupo preparatório, depois de consultar documentação de outras dioceses, também elas em trabalhos sinodais, adoptou as orientações do Directório acima mencionado, onde se diz, no n.º 163, que o um Sínodo deve reunir-se para adequar à Diocese as normas de carácter jurídico, promover a responsabilidade dos leigos e estabelecer normas para a Pastoral diocesana.

Da reflexão de quase dois anos, surgiu um documento1, em que se propunham os seguintes temas orientadores: Em Sínodo, caminharemos juntos; Um Povo convocado e enviado em missão; O Sínodo é de toda a Diocese e para todas as pessoas. Por fim, formulava-se o voto de que a Diocese se confundisse com o seu Sínodo; que toda a actividade pastoral fosse exercida em Sínodo; que o Sínodo fosse o elemento aglutinador e catalisador de toda a actividade pastoral.

Entretanto, o Bispo diocesano manifestou ao clero a sua intenção de con-vocar o Sínodo, primeiro no Conselho Presbiteral e, depois, numa assembleia geral. Instados a pronunciarem-se, os presbíteros concordaram claramente com essa decisão.

2. O anúncio e a constituição das estruturas sinodais

O Sínodo foi formalmente anunciado em 2 de Abril de 1995, na Peregrinação Diocesana, em Fátima. Nesse dia, foi publicada a Carta Pastoral Unidos no Caminho da Esperança (UCE). Nela, o Bispo convocava todos os diocesanos, reunidos à volta da Mãe de Cristo, no seu Santuário: Venho anunciar, oficial e solenemente, o Sínodo Diocesano e convocar, com alegria e esperança, todos os diocesanos, mesmo não crentes ou não praticantes, para a celebração deste Sínodo (UCE 3).

No referido documento, D. Serafim começava por lembrar que o Sínodo tinha início no ano em que a Diocese celebrava os 450 anos da sua criação e se situava na preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000 do nascimento de Jesus. E apontava-o como um caminho de renovação. No final, confiava o projecto sinodal aos padroeiros da Diocese, Santo Agostinho e Nossa Senhora de Fátima, e convidava a rezar todos os dias a oração sinodal. Nela se invocaria a Santíssima Trindade, para que nos abrisse à aceitação dos Seus desígnios, atentos aos anseios e interpelações dos homens de hoje (UCE 21).

O Sínodo pressupõe uma orgânica (UCE 12), dizia a Carta Pastoral. Em ordem ao envolvimento de toda a Diocese, previam-se vários níveis diferentes de estrutura: central, vicarial e paroquial, nos movimentos e serviços e nos Ins-titutos de Vida Consagrada. Pressupunha-se também o contributo dos Conselhos Presbiteral e Pastoral, conforme as suas competências específicas. Para orientar a dinâmica sinodal e promover a coordenação, foi constituída uma Comissão Central. Para o apoio na elaboração da documentação, formou-se também uma Comissão Teológico-Pastoral. E para a preparação e orientação das celebrações litúrgicas sinodais, criou-se uma Comissão de Liturgia.

Por outro lado, o Sínodo foi apresentado como caminhada de toda a Dio-cese e para todas as pessoas (UCE 18). Procurou-se assim que, nas vigararias, paróquias, movimentos e Institutos de Vida Consagrada, as pessoas fossem mo-tivadas para o seu envolvimento neste projecto comum. Esta foi uma das razões que levou à constituição de uma Comissão das Comunicações Sociais, com a função de promover a divulgação das iniciativas sinodais. Por sua proposta, começou a publicar-se regularmente o Boletim Informativo do Sínodo, pelo qual o Secretariado Permanente foi comunicando o andamento dos trabalhos

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Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

aos padres, comunidades religiosas, membros da Assembleia Sinodal e órgãos de comunicação social.

Teve-se em especial consideração o envolvimento dos jovens. Nesse senti-do, constituiu-se uma comissão, para promover a colaboração entre serviços e movimentos juvenis e adaptar os materiais de reflexão sinodal.

Embora mais tardia, viria a tornar-se possível, também, a participação das crianças. Uma comissão específica preparou alguns instrumentos de sensibi-lização sinodal: um caderno para as crianças, um guião para os educadores, uma oração e uma cassete com canções infantis, algumas das quais compostas propositadamente para este trabalho. Estes materiais, que visavam apoiar o trabalho dos educadores, na Catequese, nas aulas de Educação Moral e Re-ligiosa Católica e em celebrações ou festas com crianças, foram divulgados pelo Secretariado Diocesano da Educação Cristã da Infância e Adolescência.

3. Unidos no Caminho da Esperança

Consciente da força das imagens para comunicar as ideias, a Comissão Central decidiu encomendar um cartaz que fosse evocativo, que significasse e transmitisse o sentido da caminhada sinodal. O artista João Luiz Costa pintou um povo a caminho pelo deserto inóspito, com os olhos pregados na Cruz/Luz, que brilhava no horizonte. A ordem de Deus a Abraão (Põe-te a caminho) e a Moisés (Sai do Egipto), e a ideia de deserto como lugar de peregrinação, de escuta, de projecto, de sofrimento e de esperança, estariam presentes, nos olhos e no espírito duma Diocese que, convocada, se dispunha a caminhar. Envolvendo as imagens, as palavras: Unidos no Caminho da Esperança. E passou a ser este o símbolo daquilo que a Diocese estava a começar e iria viver.

Escuta, caminho, mudança, renovação foram conceitos assumidos e que se impuseram como fermento, como presença contínua, desencadeadora e sustentadora duma procura colectiva: O Sínodo Diocesano é a caminhada em conjunto de todo o Povo de Deus e a assembleia dos cristãos, que exprimem e concretizam a concepção conciliar da Igreja como mistério de comunhão e de missão (UCE 5).

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Nota histórica sobre o síNodo diocesaNo | o caminho da eSperança

Interiorizando e dando sentido sempre novo ao espírito de caminhada, as peregrinações anuais da Diocese ao Santuário de Fátima marcaram, também, o ritmo do Sínodo, pelas mensagens e experiências vividas pelo povo peregrino. Os caminhos do Sínodo foram, muitas vezes, caminhos de Fátima: aqui se reu-niu o Bispo diocesano, pela primeira vez, com aqueles que viriam a constituir o grupo preparatório; e em Fátima a Diocese foi convocada para o Sínodo. Maria assistiu ao titubear inicial, à incerteza do percurso e à determinação dum caminhar cada dia mais esperançoso. Quanto às peregrinações, uma das mais significativas foi a de 1996. O tema – Com Maria, escuta Deus, acolhe os irmãos – traduzia bem o espírito e a atitude de Diocese em caminho. Ao chegar ao Santuário, o povo parou para escutar a palavra de Deus e acolher Nossa Se-nhora. Com a ajuda da Palavra de Deus, de Maria e dos irmãos, aproximou-se do altar, não sem antes se reconciliar, para celebrar os mistérios da salvação e comungar o Corpo de Cristo. No final, em ambiente de festa-mensagem, o envio foi impulso para a encarnação da escuta e do acolhimento a Deus e aos irmãos na vida quotidiana.

A escuta de Deus, dos homens e uns dos outros desempenhou, desde o princípio do Sínodo, um papel providencial. A cada projecto, a cada obstáculo, a cada impulso renovador, foi necessária a humilde busca do discernimento: que caminhos seguir? O que quer o Senhor que façamos? Por onde quer que caminhemos? Dizia o nosso Bispo: Pôr-se a caminho em obediência a Deus, reunir-se com os irmãos na Fé (...) serão os elementos mais significativos do Sínodo (UCE 6).

4. A Consulta à população da Diocese

Foi a atitude de escuta que nos levou a optar por uma consulta a todos os diocesanos com mais de 14 anos, para que se pronunciassem sobre a vida da Igreja e os anseios e alegrias dos homens e mulheres do nosso tempo. Para tal, foi distribuído, de porta em porta, um impresso com uma mensagem e 30 questões, com o pedido de devolução, após a resposta. Tempos depois, fez-se chegar a cada casa um segundo impresso, com os resultados.

À partida, como condição indispensável à busca de novos caminhos, dese-

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java-se conhecer melhor a Diocese, com as suas potencialidades e limitações: não desconheceremos os condicionalismos reais da Diocese (UCE 18).

Tinha-se também consciência de que, nas orientações pastorais resultantes da caminhada, não se poderiam criar expectativas irrealistas nem frustrar es-peranças.

O principal objectivo eram incentivar e efectivar a participação de todos e buscar bases concretas para um início de grande reflexão sócio-pastoral. Mas as 75 mil respostas que recebemos revelaram-se uma fonte inesgotável, onde o Sínodo poderia haurir temática para vários anos, como se reconheceu no instrumento de trabalho para a 1ª sessão da Assembleia Sinodal. Como pro-blemas sentidos, foram apontados: a marginalidade e a droga, o desemprego, as famílias desfeitas, a falta de fé, o materialismo e comodismo actuais, a incoerência de vida nos cristãos. Mas houve também valores reconhecidos: a família, a fé em Deus e a paz da consciência. As propostas começaram a surgir logo aí: maior ligação entre Igreja e sociedade, incremento da acção eclesial entre os jovens, mais formação, vivência espiritual e coerência de vida de fé em todos os fiéis.

A Diocese tinha ali um precioso e abundante arsenal de dados. Para a elaboração de qualquer dos guiões e instrumentos de trabalho, os pontos de referência eram bem claros.

5. Duração do Sínodo

A partir desta consulta, em Maio de 1995, começou o verdadeiro trabalho. E surgiu a questão: Quanto tempo iremos estar em Sínodo? Mas não era pre-visível. Não deveria ser tão longo que se perdesse na demora nem tão breve que se deixassem de abordar as questões postas a uma Igreja que se quer do seu tempo. A questão da duração revertia para a metodologia: Que caminhos percorrer? E como vamos fazer participar? As interrogações, inerentes à situação de quem caminha, estavam sempre presentes.

A forma interessada como a Diocese respondera demonstrou que consultar os fiéis seria um procedimento a repetir. Assim, começou a delinear-se o mé-todo que viria a ser adoptado nas várias etapas, em ciclos sucessivos: prepa-

Nota histórica sobre o síNodo diocesaNo | o caminho da eSperança

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ração de um guião temático, para reflexão em pequenos grupos; elaboração de um instrumento de trabalho com as conclusões dos grupos, para discussão na Assembleia; apresentação ao Bispo diocesano das propostas aprovadas pela Assembleia; publicação de uma Exortação Sinodal, com as orientações pastorais a partir dessas mesmas propostas.

O Sínodo viria a ser, assim, um longo peregrinar, com alegrias e decepções, desalentos e esperanças: cada etapa desencadearia outra, o discernimento dos dados sobre um tema permitiria encontrar o novo, um passo dado sugeriria o seguinte.

6. As quatro fases de reflexão

6.1 – Pôr-se a Caminho

O guiãoO primeiro guião sinodal – com o título Pôr-se a caminho – surgiu em Janeiro

de 1996 e derivava directamente dos dados da consulta. O tema inicial – Mar-ginalidade e solidariedade nos cristãos – começava pela abordagem dum dos problemas mais referidos, a droga, para propor uma reflexão sobre a questão da solidariedade, acolhimento, não-discriminação e amor entre os cristãos. O tema seguinte – Que lugar para Deus no nosso mundo? – ia ao encontro doutra necessidade referida: uma procura de Deus como resposta para a qualidade de vida, que não se consegue obter com o materialismo dos nossos dias. A des-coberta de Deus como tesouro escondido e como necessidade absoluta para a vida do homem era o desafio lançado aos grupos. O terceiro tema – A Igreja também sou eu... – entrava na questão da vivência eclesial propriamente dita. A comunhão e co-responsabilidade no seio da Igreja era a grande chave de leitura para esta reflexão. O último tema – A acção dos cristãos na sociedade – abria para o mundo concreto em que vivemos e que o cristão é chamado a construir, onde é imperativo o testemunho concreto da sua vida de fé. Viria a verificar-se, com surpresa, que este primeiro documento esboçava a temática que, mais tarde, seria retomada e aprofundada: a necessidade de Deus na vida (2º guião), a vivência da fé na Igreja (3º guião) e a acção dos cristãos no mundo (4º guião).

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A Comissão Sinodal de Jovens elaborou também um guião a eles especifica-mente dedicado, com o título Vem ver. Tratava-se de começar um pouco antes, no convite a uma união no mesmo projecto de construção eclesial. Os seus cinco temas traçavam um caminho, desde a descoberta da pessoa no contexto social e eclesial, do confronto com o convite a vir e ver e a encontrar outros no mesmo percurso, até à descoberta da criação humana como imagem e semelhança de Deus, o porto seguro de partida e de chegada nos diversos momentos da vida e a fonte da verdadeira união do género humano: o amor.

Reflexão em gruposPor toda a Diocese formaram-se cerca de 350 grupos, com mais de 6 mil

pessoas envolvidas. Do trabalho feito e do que dele resultou, as comissões sino-dais concluíram ser acertada a proposta de convidar pequenos grupos para uma reflexão dialogante e construtiva. E seria parecer unânime que estes encontros tinham sido momentos privilegiados do tempo sinodal. As pessoas apreciaram a oportunidade de se reunirem, partilharem opiniões e experiências, sentirem-se convidadas e envolvidas na renovação eclesial. Foi um claro ‘empurrão’ na tomada de consciência de que cada cristão é Igreja e tem igual responsabilidade por ela e pela sua missão no mundo.

Quanto aos conteúdos das respostas, referiam as seguintes preocupações: uma sede de encontro pessoal com Deus, o sofrimento com os dramas da vida social, a falta de formação religiosa, a necessidade de maior envolvimento dos leigos (e dos jovens em especial) na vida da Igreja, o comodismo com que muitos se alheiam das suas responsabilidades eclesiais, a incoerência muitas vezes apontada entre a fé e a vida, alguma rotina na prática religiosa e – sempre – uma sentida necessidade de renovação. Mas os grupos afirmaram também a predisposição para colaborar nessa renovação e, ao mesmo tempo, confessavam uma dificuldade real em tomar iniciativas.

A par da confiança e da esperança num caminho possível e, mesmo, da utopia da renovação radical da Igreja, surgia aqui e ali o receio de que o Síno-do viesse a ser uma aposta perdida e não chegasse a renovar nada. Entendiam alguns que só mudando as estruturas se conseguiria alterar as mentalidades.

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Ainda assim, o próprio dinamismo dos encontros, o espaço de reflexão que foi possibilitado, as propostas concretas que surgiram, as iniciativas que começa-ram a germinar em algumas comunidades, eram a evidência de que o Espírito animava os trabalhos e valia a pena continuar.

1ª sessão da Assembleia SinodalO passo seguinte foi a constituição da Assembleia Sinodal, órgão máximo

do Sínodo, presidida pelo Bispo e representativa de toda a variedade diocesana. Dentro das determinações do Código de Direito Canónico, foram convocados os seguintes membros: o vigário-geral, o chanceler da Cúria, o reitor do Santuário de Fátima, o reitor do Seminário Diocesano, o vigário judicial, o Cabido da Catedral, os vigários da Vara, as comissões sinodais, o Conselho Presbiteral, o Conselho Pastoral Diocesano, representantes dos Institutos de Vida Consagrada, masculinos e femininos, religiosos e seculares, bem como um delegado dos seminaristas maiores e de cada movimento, serviço diocesano e paróquia. Ao todo, cerca de 180 pessoas, a maioria das quais fiéis leigos.

Elaborou-se, então, um instrumento de trabalho para a 1ª sessão da Assem-bleia, que se realizou em Novembro de 1996. Este documento mencionava a missão própria da Assembleia e a sua atitude e fundamento, no contexto da caminhada. Relembrava os objectivos e metodologia do Sínodo e apresentava um resumo da caminhada feita. O mesmo documento, com base nos dados recolhidos, adiantava três propostas, uma relacionada com o guião geral, outra com o guião dos jovens e a terceira com a própria caminhada sinodal, em ordem à definição dos passos futuros.

A primeira proposta apontava para a renovação das comunidades paroquiais, mediante a criação de um novo espírito de acção e o desenvolver da participação de todos. A nível paroquial, sugeria-se a concretização de ideias surgidas nos trabalhos dos grupos e incentivava-se a criação e renovação dos Conselhos Pastorais Paroquiais, de equipas de animação litúrgica e de acolhimento a novos moradores. A nível vicarial, propunha-se a constituição de um grupo de reflexão pastoral e a promoção do encontro e partilha de vivências pastorais entre os diversos Conselhos Paroquiais. A nível diocesano, insistia-se, sobretudo, numa maior preocupação na área da formação de padres e leigos, com vista à tomada de consciência da importância da comunhão e co-responsabilidade de

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todos na renovação pastoral.A segunda proposta virava-se para a pastoral juvenil, em ordem a promover,

em diversas frentes, uma atenção redobrada ao acolhimento, inserção e definição do lugar próprio dos jovens na Igreja. Aos jovens e a todas as instâncias da pas-toral dirigia-se um apelo à promoção de um encontro mais intenso e vivido com Jesus Cristo e a uma maior ousadia nas respostas a dar aos anseios dos jovens.

Quanto à proposta para a etapa seguinte da caminhada, apontava para uma reflexão sobre os sinais de Deus na vida dos homens, como resposta para a sede de sentido para a vida. Dizia o texto: Todos são chamados a procurar e interpretar os sinais de Deus no mundo actual (...) a Diocese é chamada a examinar as formas como acolhe, vive, celebra e anuncia a verdade de Deus, e a interrogar-se sobre a fidelidade ao homem concreto e às circunstâncias que caracterizam hoje o seu viver e as suas formas de comunicar. Para que ficasse claro na Assembleia o sinal positivo da esperança que deveria animar os seus trabalhos, o documento concluía: Acreditamos que a caminhada da Diocese é obra do Espírito de Deus.

Exortação “Unidos em Cristo, na renovação permanente”Em Janeiro de 1997, no seguimento da 1ª sessão da Assembleia, o nosso

Bispo publicou a Exortação Sinodal Unidos em Cristo, na renovação perma-nente. Dirigindo-se a todos os diocesanos, apelava: A nível paroquial, vicarial e diocesano, vamos todos, de maneira mais coordenada e priorizante, incremen-tar o diálogo, apoiar a catequese e todos os meios de evangelização, celebrar a Eucaristia de maneira mais festiva e participativa e estruturar melhor a pastoral social.

Concretamente, determinava a constituição em cada paróquia do Conselho Pastoral, de grupos de animação litúrgica, de equipas de acolhimento, sobretudo para os que chegam de fora, e a implementação do serviço de acção social. Solicitava, ainda, às comunidades paroquiais o cumprimento do Regulamento de Administração dos Bens da Igreja.

Quanto à pastoral juvenil, exortava a um maior apoio aos movimentos e organismos juvenis e prometeu melhores condições para o Secretariado Dio-cesano da Pastoral Juvenil.

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6.2 – Só com Deus podemos caminhar

O guiãoNa sequência da proposta aprovada na 1ª sessão da Assembleia, em Outubro

de 1997 surgiu um novo guião – Só com Deus podemos caminhar – com quatro temas: Eu quero é viver!, O Deus que nos faz viver!, Como falamos de Deus? e Só no Amor se encontra Deus. Partindo da constatação da sede de vida que todos sentimos, proponha-se um caminho de descoberta de Deus como Aquele que é razão e motor da vida. Depois, sugeria-se a análise das imagens de Deus que nós próprios construímos. Finalmente, apontava-se para a tomada de cons-ciência da presença de Deus na vida humana pelo amor.

Especialmente dedicado aos jovens, elaborou-se um guião com o mesmo nome e os mesmos temas, conforme fora aprovado em Assembleia.

Reflexão em gruposDo trabalho nas comunidades, chegaram 413 respostas de 49 paróquias e

6 movimentos ou serviços, envolvendo a participação de cerca de 200 grupos. Eram apenas dois os temas em que se pedia o envio de conclusões e propostas (temas 3 e 4). De qualquer modo, foi evidente um menor interesse, comparando com o 1º guião.

Em relação ao tema Como falamos de Deus?, em que se pedia a escolha de um campo específico a analisar, a maior incidência foi para a família (92 grupos) e depois para a catequese (78) e para as homilias (30). Menos considerados foram: conversas dos cristãos (10), formação (8) e documentos da Igreja (5). Nas conclusões enviadas, deu-se destaque positivo ao esforço de agentes de pastoral na actualização de conteúdos e linguagem, à simplicidade do discur-so e ao exemplo prático das verdades que se anunciam. Pela negativa, a falta de formação religiosa, a desactualização dos discursos e a falta de interesse geral. As propostas surgiram na linha de mais formação para padres e leigos, renovação de estruturas de ensino religioso e convite a maior empenhamento dos cristãos na vida da Igreja.

Quanto ao tema Só no Amor se encontra Deus, pedia-se também a reflexão de campos específicos sobre a vivência do amor de Deus na vida concreta. As escolhas prioritárias foram para o acolhimento a estranhos (54 grupos), relações entre pessoas e grupos (49), celebrações da fé (33) e festas da paróquia (24). Os

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Nota histórica sobre o síNodo diocesaNo | o caminho da eSperança

menos escolhidos foram autoridade e responsáveis (13), comunidade para fora (7), bens da comunidade (6) e serviços e estruturas (4). No aspecto positivo, salienta-se a boa relação, o encontro, a partilha e a sensibilidade solidária em muitas pessoas. Pela negativa, o comodismo e egoísmo de muitos, a falta de encontro e comunhão entre as pessoas e o materialismo da vida. As propostas vão no sentido do maior empenhamento na comunidade e da consciencialização de todos para o diálogo, partilha e comunhão.

2ª sessão da Assembleia SinodalEm Maio de 1998, realizou-se a 2ª sessão da Assembleia. O instrumento de

trabalho – Só com Deus podemos caminhar – fazia uma análise do caminho percorrido e apontava o deficiente desenvolvimento do sentido da sinodalidade, constatado sobretudo pela fraca participação de fiéis e agentes pastorais nesta fase, pela escassa abertura à renovação, pela descoordenação de serviços e es-truturas. Registava, no entanto, o valor da dinâmica dos grupos sinodais como espaço de participação de todos e apelava aos agentes pastorais para um maior empenhamento na caminhada sinodal.

Foram também apresentados dois projectos concretos de envolvimento da Diocese na caminhada: um para as crianças, cujos materiais de apoio didáctico estavam prontos a usar, sobretudo nas catequeses; outro para os religiosos, estando prevista a elaboração de um guião de reflexão para os Institutos de Vida Consagrada e agentes pastorais, em ordem à renovação dos modos de colaboração de todos na pastoral diocesana comum – o trabalho seria iniciado com um inquérito junto dos referidos Institutos.

A proposta de fundo, aprovada pela Assembleia, foi a criação do Centro Diocesano de Formação e Cultura, em resposta à necessidade de incentivo e coordenação das formações na Diocese, manifestada pelos grupos. Para-lelamente foram feitos apelos diversos, no sentido de uma maior aposta na área da formação por parte dos responsáveis pastorais, no âmbito paroquial e vicarial.

Quanto à próxima etapa, tomando por base as conclusões dos grupos, definiu-se a temática das celebrações da fé para o guião seguinte. Tratava-se de verificar em que medida as celebrações, a acção litúrgica, os ritos e as palavras exprimem com clareza as coisas santas que significam e os fiéis

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lhes apreendem o sentido e participam nelas de forma plena, activa e comunitária. Também foi aprovada uma proposta da Comissão Sinodal de Jovens, visando renovar o espírito, as bases e as estruturas da pastoral juvenil.

Exortação “Nós podemos e devemos ser melhores”No seguimento desta sessão, o Bispo diocesano publicou, em Agosto de

1998, a Exortação Sinodal Nós podemos e devemos ser melhores. Nela reno-vou o apelo a um maior empenhamento de todos na caminhada em curso e à dinamização da metodologia dos grupos sinodais. Salientando a importância da formação, considerou o Centro Diocesano de Formação e Cultura como projecto louvável e a efectivar.

6.3 – Fontes de vida para caminhar

O guiãoConforme o definido pela Assembleia, foi elaborado novo guião: Fontes

de vida para caminhar – As celebrações da fé. Apresentado aos grupos em Dezembro de 1998, incluía 10 temas: um introdutório sobre as celebrações e a vida, um sobre cada sacramento, um sobre as festas e outro sobre os funerais. Confrontando a realidade observada na nossa Diocese com a Palavra de Deus e os documentos da Igreja, apontavam-se algumas propostas concretas para uma maior consciência do que cada celebração significa e da motivação que a ela deve conduzir, para a melhoria da vivência, tanto no próprio acto celebrativo, como nas consequências que dela devem derivar para a vida de fé e social dos cristãos. Mais uma vez, foi elaborado um guião especialmente pensado para o trabalho dos jovens.

Reflexão em gruposRecolheram-se 1106 respostas, de 62 paróquias e 12 serviços e movimentos.

Calcula-se que tenham participado cerca de 250 grupos. Foi evidente que este 3º guião suscitou um renovado interesse, devido à temática proposta. Dos 9 temas, o mais escolhido pelos grupos foi o Baptismo (175 grupos), seguindo-se

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os restantes por esta ordem: Eucaristia (148), Confirmação (118), Penitência (127), Matrimónio (96), Unção dos Doentes (84), Festas (54), Ordem (51) e Funerais (40).

As conclusões dos grupos incidiram em 5 âmbitos diferentes. O primeiro foi a motivação que leva as pessoas às celebrações da fé. Reconhecendo-se que muitas as procuram como momentos privilegiados da vivência cristã, afirma-se com frequência a rotina, o hábito e a pressão social como razões de participação. Depois, surgiu a preparação. Registava-se um esforço real neste âmbito e reconhecia-se, ainda assim, a necessidade de uma aposta maior na preparação das pessoas e das próprias celebrações. Quanto à celebração e à participação nela, apontava-se a qualidade e o desenvolvimento dos elementos festivos como prioridade. Finalmente, sobre a ligação à vida e ao acompa-nhamento comunitário, os grupos concluíam que as celebrações não podem ser actos separados da vida, mas sim ponto de chegada e de partida para a acção dos cristãos e da comunidade. As propostas relacionavam-se com estes vários campos de acção e insistiam na promoção do espírito de participação activa e consciente de todos e da melhoria da qualidade das celebrações. A necessidade da formação surgia, novamente, como ponto de referência para atingir a renovação nestas áreas.

3ª sessão da Assembleia SinodalFazer das celebrações fonte de vida foi o tema do instrumento de tra-

balho para a 3ª sessão da Assembleia, que se realizou em Outubro de 1999. Observando a caminhada feita, reconheciam-se algumas iniciativas e sinais de renovação. No entanto, eram ainda muitas as medidas por concretizar. Como avaliação do estado da Diocese, reconhecia-se a dedicação e confiança de muitos fiéis, mas também a pouca prioridade que se dava aos trabalhos sinodais e os raros projectos pastorais inovadores, pelo que era urgente revigorar a fé em Deus.

A Assembleia aprovou um conjunto de desafios, em ordem à melhoria da vivência das celebrações, surgidos da análise das respostas dos grupos e das luzes da própria fé. Foram, também, aprovadas directivas, no sentido de activar os serviços e estruturas, tanto ao nível paroquial como vicarial e diocesano. A cada um foram indicados diversos passos específicos e próprios da sua missão,

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no sentido de a rever, tendo em conta uma acção concreta para a renovação das celebrações, desde a formação para motivar a participação consciente dos fiéis até à preparação, realização e dinamização pastoral a partir delas.

Quanto ao futuro do Sínodo, anunciava-se um último guião para os grupos sobre a presença e relação da Igreja e dos cristãos com o meio social em que vivem. Assim se encerraria o ciclo de reflexão, abrindo-se ao mundo em que a Igreja diocesana existe e ao qual é enviada. Na sessão seguinte, para além deste tema, a Assembleia teria também o da vida consagrada na Diocese, cujo guião estava em fase de elaboração.

Exortação “Vamos celebrar a fé com corpo e alma”Acolhendo as propostas da Assembleia, o nosso Bispo publicou, em Janeiro

de 2000, a Exortação Sinodal Vamos celebrar a fé com corpo e alma. Optando por um discurso mais desenvolvido e aprofundado em relação às Exortações anteriores, o nosso Bispo fez a sua própria leitura da caminhada e alargou a reflexão sobre as diversas celebrações da fé. Aos diocesanos, dirigiu apelos a um maior empenhamento na formação para as celebrações e na sua preparação e dinamização pastoral. Aos diversos serviços e estruturas exortou à acção nesse sentido.

6.4 – Iguais a todos... diferentes na fé

O guiãoConforme o definido pela Assembleia, foi elaborado o guião Iguais a to-

dos... diferentes na fé – A Igreja no Mundo, publicado em Setembro de 2000. Sugerindo uma reflexão sobre o modo de testemunhar e viver coerentemente a fé na comunidade cristã e na sociedade, a chave de leitura proposta era a aber-tura, acolhimento e colaboração com todos os homens, quer na acção dentro da Igreja, quer na construção de um mundo melhor.

O primeiro tema abordava a diversidade de participação na própria Igreja. No segundo, alargava-se a reflexão aos valores que, de modo geral, nos fazem correr na vida do quotidiano. Depois, procurando concretizar nos múltiplos ‘mundos’ da vida social, apresentavam-se 10 temas para escolha dos grupos.

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Propunha-se, em cada um deles, uma análise da realidade, à luz da fé, e a in-dicação de propostas para a acção dos cristãos e da Igreja no mundo moderno.

Dadas as transformações em curso no Secretariado da Juventude e na Comissão Sinodal de Jovens, não foi possível a elaboração de um documento específico para os grupos juvenis.

Reflexão em gruposOs grupos sinodais voltaram a trabalhar com o novo guião. O Secretariado

do Sínodo recebeu 611 respostas de 141 grupos, formados em 57 paróquias e alguns movimentos. Todos os 12 temas foram abordados. Os dois primeiros, Ser Cristão em Igreja e A vida moderna, mereceram a atenção de todos os grupos, como se pedia. Dos outros, os mais reflectidos foram A família, A Educação e A Saúde, e os menos contemplados foram A Cultura e a Arte e A Ecologia.

Para serem testemunhas da fé no mundo, os cristãos devem ter uma prepara-ção adequada. Esta é a conclusão de quase todas as respostas sobre os diferentes ‘mundos’. Daí as propostas de criação de centros de formação, desenvolvimento da catequese de adultos e a realização de encontros e retiros, bem como a suges-tão de um plano de formação e catequese para todas as idades. Por outro lado, a intervenção social dos cristãos requer um melhor aproveitamento dos meios de comunicação social, a constituição de grupos activamente participativos e o apoio adequado da Igreja, nomeadamente dos párocos e outros responsáveis. Os temas sociais não podem estar ausentes do que é vivido, rezado e ensinado nas celebrações litúrgicas.

Os Institutos de Vida Consagrada na DioceseNa mesma altura, foi proposto à reflexão dos Institutos de Vida Consa-

grada e dos agentes da pastoral um guião intitulado Novos Rumos para a Vida Consagrada na Igreja de Leiria-Fátima?. Considerado desde início do Sínodo como tema a não descurar, o objectivo era contribuir para tornar mais visível e frutuosa a presença e acção da vida consagrada na Diocese, dados os muitos Institutos que, sobretudo à volta de Fátima, estão radicados nesta Igreja particular.

O documento apresentava na primeira parte uma reflexão teológica sobre

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o lugar, importância e diferentes carismas da vida consagrada na Igreja e, numa segunda parte, mencionava a situação concreta dos Institutos na diocese. A partir desse texto, eram feitos dois inquéritos (um destinados aos religiosos, outro aos agentes de pastoral) com questões relacionadas sobretudo com a possibilidade de enriquecimento e colaboração mútua entre os Institutos de Vida Consagrada e a Diocese.

Sobre este trabalho, obtiveram-se respostas de 52 grupos: 30 de Institutos femininos, 8 de Institutos masculinos, 3 de Institutos seculares e 11 de agen-tes de pastoral diocesana. As conclusões foram resumidas em 6 capítulos: Presença dos Institutos de Vida Consagrada na Igreja de Leiria-Fátima; Presença dos Institutos de Vida Consagrada em Fátima; A hospedagem em Fátima; Mútua aproximação; Plano Diocesano de Pastoral; Propostas. Neste último capítulo, identificavam-se algumas grandes áreas de urgente renovação pastoral: Coordenação de esforços e pastoral de conjunto; In-tegração dos consagrados nos vários sectores da pastoral; Maior inserção dos consagrados em toda a Diocese; Inventariação e disponibilização de recursos (pessoas e estruturas); Dinamização e activação das estruturas de ligação já existentes entre a Diocese e os Institutos de Vida Consagrada e destes entre si.

4ª sessão da Assembleia SinodalEm Fevereiro de 2001, reuniu-se a Assembleia Sinodal na sua 4ª sessão.

Teve como instrumento de trabalho o relatório das conclusões recebidas sobre os dois gui-ões e uma proposta de esquema para o documento final do Sínodo. Em ordem a pro-mover a maior participação e criatividade da Assembleia, adoptou-se o método de trabalho em grupos para a elaboração das propostas concretas a discutir e a votar.

Quanto ao tema Iguais a todos... diferentes na fé, os membros da Assembleia puderam partilhar opiniões, esclarecer dúvidas e elaborar uma proposta concreta. Incidiram sobretudo na reorganização das estruturas pastorais e numa aposta mais insistente na formação dos cristãos, tendo como objectivo uma participação mais esclarecida e empenhada da Igreja e dos cristãos em todos os ambientes e situações sociais do nosso mundo. Durante a tarde, foram apresentadas em plenário, discutidas e votadas. E foi bom verificar-se a aprovação de todas elas.

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Quanto ao tema A Vida Consagrada na Igreja de Leiria-Fátima, em ordem a uma integração mais evidente e frutuosa dos carismas dos religiosos na riqueza pastoral comum à Diocese, foi reconhecida a urgência de um conhecimento mútuo mais aprofundado.

As propostas reflectiam esse desejo e apontavam para o melhor aproveita-mento das estruturas de ligação já existentes e algumas acções de divulgação dos carismas específicos de cada Instituto e das suas disponibilidades em termos de participação activa na pastoral.

Quanto ao documento final do Sínodo, pedia-se que fosse claro e de fácil compreensão para todos, e que se vissem nele as propostas de renovação que foram surgindo. Com base na história da própria Diocese e com uma funda-mentação teológica concisa, o texto deveria apontar as linhas fundamentais que inspirem um futuro plano diocesano de pastoral.

Exortação “Iguais e Diferentes”No seguimento desta 4ª sessão, o Bispo diocesano publicou, em Abril de

2001, a Exortação Sinodal Iguais e Diferentes, que continha duas partes dis-tintas: A Cidade dos Homens e a Cidade de Deus e Pessoas Consagradas na Igreja e na Sociedade, conforme os dois temas debatidos naquela Assembleia.

Na primeira parte, o nosso Bispo começava por lembrar a necessidade de os cristãos tomarem consciência da sua diferença na fé, no contexto de uma sociedade plural, onde todos são sujeitos de direito e deveres fundamentais e se devem acolher e respeitar mutuamente. Os subtítulos são esclarecedores: começam por referir a igualdade entre os cristãos (Maiores são os santos) e a existência de valores esquecidos, aos quais é necessário responder com a vivência do amor evangélico, uma forma de dizer não à cultura do vazio. Para tal, torna-se imperativo começar pelo fundamento da sociedade, a família, apostando na impaciência, como forma de resposta activa aos anseios sociais não respondidos, e apontando a necessidade de uma educação permanente e global e do incremento do voluntariado. Nessa linha, os cristãos serão co-responsáveis e alegres na construção da sociedade.

Na segunda parte, lembra que a Igreja é comunhão de diversidades e de carismas, pelo que a presença dos Institutos na nossa Diocese deve ser encarada como uma riqueza de dons do Espírito. Para que essa riqueza seja frutuosa

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1 “Preparar o Sínodo”, in Leiria-Fátima. Órgão Oficial da Diocese, Ano I, n.º 3, Setembro-Dezembro de 1993, pp. 217-224.

na acção pastoral comum, é necessário investir num maior conhecimento e colaboração entre todos na construção do mesmo Reino. Para tal, reconheceu a urgência na aplicação das propostas aprovadas em Assembleia, que assumiu e tornou públicas.

Depois de reconhecer que já são visíveis alguns frutos e de agradecer a quantos deram o seu precioso e generoso contributo, conclui: A sociedade precisa da Igreja, e Deus quer precisar de nós, que somos, e queremos ser, a Sua Igreja. Muito há a fazer. Pela positiva. Com Esperança. Estamos a prepa-rar o documento final, que foi aprovado na generalidade. Para a vida, que se renova e continua. Como os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), no caminho da vida, com Maria e Jesus Ressuscitado, prometemos prosseguir “vigilantes e prontos para levar aos nossos irmãos o grande anúncio: Vimos o Senhor” (Jo 20, 25 e NMI 59).

7. Encerramento

Após largos meses de trabalho das Comissões Central e Teológico-Pastoral, o documento final do Sínodo – com o título Pela fé, unidos no amor, teste-munhamos a esperança – foi apresentado à Assembleia, na sua 5ª sessão, em Outubro de 2001.

Depois de ter sido discutido, votado e aprovado pela Assembleia e assumido pelo Bispo diocesano, é agora apresentado a toda a Diocese, no dia 10 de Março de 2002, por ocasião da 71ª Peregrinação Diocesana ao Santuário de Fátima.

Este acto marca o encerramento do IV Sínodo Diocesano de Leiria-Fátima, exactamente sete anos depois do seu anúncio, e no mesmo local.

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Orientações Sinodais

Pela féunidos no amortestemunhamos

a esperança

A aprovação do documento final do Sínodo (5ª sessão)

Siglas usadas neste documento:

CA – João Paulo II, Carta Encíclica “Centesimus Annus”, 1991CL – João Paulo II, Exortação Apostólica “Christididelis Laici”, 1988CT – João Paulo II, Exortação Apostólica “Catechesi Tradendae”, 1979DV – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Revelação Divina, “Dei Verbum”EN – Paulo VI, Exortação Apostólica “Evangelium Nuntiandi”, 1975FC – João Paulo II, Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, 1981GS – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Igreja no mundo actual, “Gaudium et Spes”LG – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Igreja, “Lumen Gentium”NMI – João Paulo II, Carta Apostólica “Novo Millennio Ineunte”, 2001.PC – Concílio Vaticano II, Decreto sobre a renovação da vida religiosa, “Perfectae Caritatis”PO – Concílio Vaticano II, Decreto sobre o ministério dos presbíteros, “Presbiterorum Ordinis”SC – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, “Sacrosanctum Concilium”UR – Concílio Vaticano II, Decreto sobre o ecumenismo, “Unitatis Redintegratio”

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Introdução

A Assembleia Sinodal, constituída por padres, religiosos e leigos, que representam a Igreja de Leiria-Fátima, presidida pelo seu Bispo, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, apresenta a todos os diocesanos o resultado de sete anos de caminhada.

Procurámos ouvir a voz de Deus, unidos a Seu Filho Jesus Cristo e guia-dos pela luz e força do Seu Espírito. Ele tem actuado, ao longo da história da humanidade, em favor do Seu Povo. Consideramos estes anos de Sínodo um momento especial da Sua acção, nomeadamente nos encontros de reflexão e de oração, em que muitos irmãos nossos participaram. Acolhemos as suas propos-tas como vindas do próprio Deus, uma graça a que não podemos ficar alheios.

Agora, à semelhança do que o Papa João Paulo II recomenda no final do Jubileu do Ano 2000, é a hora de recolhermos o que o Espírito nos disse, durante o Sínodo e na já longa história da Diocese, e ganharmos novo impulso para os nossos compromissos espirituais e pastorais. Projectamos o olhar sobre o passado e o presente da nossa Diocese, mas a pensar sobretudo no seu futuro, para, como diz o Santo Padre, traduzir a graça divina recebida em ardentes propósitos e directrizes concretas de acção. (NMI, 3)

A renovação eclesial é um processo constante. É necessário continuar o caminho e ir ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo, aos quais devemos a obrigação do nosso testemunho. Neste documento tentamos acolher o que foi dito, sentido e reflectido ao longo da caminhada, e integramo-lo numa visão global da Igreja que somos e dos caminhos que vislumbramos. A três partes de que se compõe têm, em síntese, os seguintes conteúdos:

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Na I parte, reconhecemos a iniciativa de Deus, Senhor do Universo, Cria-dor e Redentor de todos os homens e mulheres, sempre presente e actuante na história da humanidade e da Sua Igreja. A esta revelação de amor e proposta de comunhão o homem deve responder com uma atitude de acolhimento e en-trega pessoal, sem reservas. Este é mesmo o pilar essencial da vivência cristã e da vitalidade das comunidades, condição indispensável para a renovação da Igreja. Queremos, pois, reconhecer os impulsos renovadores do Espírito e corresponder-lhes fielmente.

Na II parte, reconhecemos no mistério do amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, a origem do mistério da Igreja, e, na entrega de Cristo por nós, a fonte e modelo da vida das nossas comunidades e das relações entre os cristãos. Assim, a Igreja só é fiel à sua essência e missão, se houver amor efectivo entre os seus membros. Acolher a todos na diversidade e promover a participação activa de cada um na Igreja é o passo fundamental para a renovação, tanto nas estruturas eclesiais, como na própria vivência das pessoas e das comunidades diocesanas.

Na III parte, olhamos para missão da Igreja e dos cristãos no mundo, ma-ravilhados pelo amor de Deus por todos os homens, que não conhece limites e ultrapassa o alcance de todos os nossos projectos. É precisamente no mundo, no meio dos homens e mulheres do nosso tempo, que ela é chamada a ser sal e fermento. Felizes por nos haverem sido dados a conhecer os desígnios da misericórdia divina, acolhemos as manifestações do Espírito no concreto do nosso ambiente social, para nele testemunharmos o amor de Deus.

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I Parte

A féque faz de nósfilhos de Deus

Momento de oração, no Santuário da Senhora da Encarnação (2ª sessão)

Sessão plenária da Assembleia (1ª sessão)

Capítulo 1

Deus manifestou-Se a nós(1 Jo 1, 2)

Falou outrora muitas vezes (Heb 1, 1)

Vós, Senhor, sois o nosso Pai (Is 63, 16c)Como Povo de Deus, também nós confessamos: Só Vós, Senhor, sois o

nosso Pai, e ‘Nosso Redentor’ é desde sempre o Vosso nome (Is 53, 16). Foi Ele quem libertou Israel da escravidão do Egipto. Foi Ele quem o adoptou como filho querido (Os 11, 1), ao unir-Se a ele em aliança de amor. Assim Se revelou como ‘IaHVeH’ – Aquele que é (Ex 3, 14), Aquele que é Deus enquanto está connosco.

Falou-nos por meio de Seu Filho (Heb 1, 2)A Sua revelação no meio de nós atingiu a plenitude: Tendo falado outrora

muitas vezes e de muitos modos aos nossos pais, por meio dos Profetas, nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio de Seu Filho (Heb 1, 1-2).

Jesus Cristo é a Palavra de Deus encarnada no seio de Maria, a plenitude da revelação de um amor divino que atingiu a sua máxima expressão na entrega da vida por todos, na cruz. Foi da aliança definitiva, estabelecida por esse acto redentor, que nascemos como filhos de Deus e nos tornámos o Seu novo Povo, a Igreja, na qual Ele está connosco para sempre (cf: Mt 28, 20).

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Deu-nos o Espírito da Verdade (Jo 16, 13)Jesus prometeu aos Seus discípulos: Quando vier o Espírito da Verdade,

Ele guiar-vos-á para a verdade total (Jo 16, 13). O Espírito que Jesus nos deu torna permanentemente actual a revelação de Deus. É Ele quem faz passar, de geração em geração, a vida que Deus nos oferece. Vida que nos vem pela Palavra de Deus que os Apóstolos transmitiram. O que viram e ouviram, eles o anunciaram. Do seu testemunho e da experiência da fé das primeiras comu-nidades cristãs surgiram os Evangelhos e todo o Novo Testamento.

A primeira geração deixou-nos as Escrituras que havia recebido, o Antigo e o Novo Testamento, e a Tradição viva da Palavra de Deus. Os que recebem o seu testemunho entram em comunhão com eles e com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo (1 Jo 1, 3).

Dialoga sem interrupção com a Igreja (DV 8)

Por meio da Igreja dá a conhecer a Sua sabedoria (Ef 3,10)Deus continua a dar-nos a vida e a salvação, em cada geração, pela Sua

Igreja. Ela acolhe e vive a Palavra de Deus que recebe através da Tradição viva e da Sagrada Escritura. Uma e outra são como um espelho no qual a Igreja, peregrina na terra, contempla os Céus (DV 7). E tem a missão de a testemunhar com fidelidade, de modo que agora, por meio da Igreja, Deus dá a conhecer a Sua sabedoria (Ef 3, 10) a todos os homens, pela força do Espírito divino. É mediante a pregação, a sua vida e o culto que a Igreja nos transmite a Palavra de Deus. Através dela, embora frágil, porque constituída por homens pecado-res, Deus continua a falar-nos, e o seu Espírito Santo introduz os crentes na verdade plena (cf: DV 8).

Falou por meio de homens e à maneira humana (DV 12)A transmissão da revelação divina, embora fiel à Tradição e às Escri-

turas, não se esgota nas palavras originais. À Igreja foi confiada a missão de as interpretar e transmitir, de acordo com os tempos e lugares. Daí a necessidade do seu esforço para que cada pessoa escute, compreenda e viva a Palavra de Deus.

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1 Saul António Gomes, “Leiria-Fátima, Diocese de”, in C. Moreira Azevedo (dir.), Dicionário de História Religiosa de Portugal, J-P, 9, Lisboa 2001, p. 75.

2 C. Moreira Azevedo (dir.), História Religiosa de Portugal, Vol. I, Círculo de Leitores, 2000, p. 17.

Este é o desafio do Concílio Vaticano II. Na reflexão profunda sobre a fidelidade ao anúncio da Palavra e à vivência da fé, a Igreja reencontra o seu centro na pessoa e mensagem de Cristo. N’Ele, ganha nova consciência da sua identidade como Povo de Deus, chamado a viver o amor, e da sua condição de sacramento, ou sinal, e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano (LG 1).

Sabendo que Deus falou por meio de homens e à maneira humana (DV 12), para tomar providência e cuidado da nossa natureza (DV 13), a Igreja procura, na conversão pessoal e renovação permanente, os caminhos novos do anúncio da Palavra de Deus aos homens de hoje. Deste modo, para que n’Ele tenhamos a vida, Deus continua a falar-nos e a conceder-nos a força da fé.

Revela-Se, também, na história da Diocese

No enraizar da féTambém esta Igreja que é a diocese de Leiria-Fátima é obra de Deus. Nela o

Senhor revelou-Se como Aquele que está presente e dá a vida. Pela Sua graça, as gentes desta região receberam a Palavra e o anúncio do Seu amor.

Não sabemos com exactidão quem foram os primeiros mensageiros, possi-velmente mercadores, marinheiros e soldados romanos convertidos. Na Penín-sula Ibérica, podemos supor que existiam já no final do século II comunidades cristãs organizadas e não apenas fiéis dispersos 1. Mais, que o cristianismo terá sido conhecido e praticado nalgumas ‘villae colliponenses’ 2, na antiga cidade romana de Collippo, na zona da Golpilheira, entre Batalha e Leiria, e ganhou raízes nos séculos seguintes, mesmo durante a ocupação islâmica.

Para alimentar a fé, quando da construção do castelo, edificou-se em Leiria a igreja de Nossa Senhora da Pena, em 1147, a primeira de muitas que se lhe seguiram. Os santuários de Nossa Senhora da Encarnação (século XVI), do

Senhor Jesus dos Milagres (século XVIII) e, muito recentemente, de Nossa Senhora de Fátima (século XX) exerceram papel preponderante no crescimen-to da devoção do povo, que a eles acorria em peregrinações, procissões, para cumprimento de promessas, etc.

As ordens religiosas fixadas nos limites urbanos e na área rural influenciaram directamente a pastoral local e deram grande impulso à piedade e à caridade, juntamente com as confrarias ou irmandades, em albergarias, hospitais e outras formas de assistência a doentes e de partilha com os necessitados.

Na criação da Diocese e seu caminhoAcreditamos que Deus manifestou mais uma vez a sua presença ao inspirar

ao rei D. João III e ao Papa Paulo III a criação da Diocese, em 1545. E não mais deixou de fortalecer e acompanhar este seu povo, nomeadamente pelos pasto-res que colocou ao seu serviço para o organizar e dinamizar, e em momentos especiais da sua organização e dinamização, como a convocação dos Sínodos Diocesanos e a publicação de Constituições Diocesanas, em 1549 por D. Frei Brás de Barros, em 1601 (do Sínodo de 1598) por D. Pedro de Castilho e em 1943 por D. José Alves Correia da Silva.

Deus assistiu esta Sua Igreja também em duros momentos de provação, como foram as Invasões Francesas, a extinção das ordens religiosas, o encerramento do Seminário, a espoliação dos conventos e, por fim, a extinção da própria Diocese, em 1882. Uma provação que veio despertar do adormecimento da fé e da prática cristã, e motivar os pastores e o povo para a perseverança e a fideli-dade aos desígnios amorosos de Deus. Com o alento do Espírito, muitos foram os que trabalharam afincadamente pelo renascimento desta Igreja particular e receberam de Deus a graça da restauração da Diocese, em 1918.

Cremos que o Espírito Santo assistiu e fortaleceu sempre este Seu povo e acompanhou os seus pastores, inspirando-lhes caminhos de evangelização, de organização e de condução, quer no anúncio da Sua Palavra e celebração dos sacramentos, quer na promoção de instituições como paróquias, colegiadas, o Seminário e de outros serviços de coordenação e animação pastoral.

Em todos os tempos, Deus fez surgir figuras que não desistiram de promover novos caminhos e meios para continuar a semear a fé, prestar culto a Deus e promover a santidade e o testemunho evangélico pela caridade e a ajuda aos

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sofredores e mais carenciados. Entre outras figuras destacam-se a Rainha Santa Isabel, os beatos Nuno de Santa Maria, Simão Lopes, de Ourém – um dos 40 mártires do Brasil – e, mais recentemente, os irmãos Francisco e Jacinta Marto. Precedendo-nos, deixaram mais enriquecida a herança que, por sua vez, haviam recebido. A sua intercessão junta-se à dos nossos padroeiros, S. Agostinho e Nossa Senhora de Fátima, na obtenção das graças com que Deus continua a cumular os diocesanos de Leiria-Fátima ao longo dos tempos.

Nas aparições de FátimaJá mais recentemente, numa época de espoliação de bens e de perseguição

à Igreja em Portugal, fomos acarinhados por Deus com as aparições do Anjo e de Nossa Senhora, em Fátima (1916-1917). Maria trouxe de novo o apelo divino à oração e conversão, como único caminho para Deus, e levou muitos a encontrar ou recuperar a fé no Seu Filho Jesus. Fátima tornou-se num ‘altar do mundo’, onde multidões de homens e mulheres, sedentos das graças divinas, encontram Deus e O conhecem mais profundamente, pela mão de Maria.

Continua connosco

Desperta o apostolado laicalTambém na nossa história recente, Deus manifestou a Sua presença e acção.

Como não lembrar a emergência do laicado, com a tomada de consciência de que todos os fiéis são igualmente membros da Igreja, responsáveis pela sua missão e cooperantes no apostolado? Fora crescente a participação dos leigos no desenvolvimento da vida eclesial, em obras de apostolado, na defesa da fé em momentos difíceis, na acção caritativa de instituições laicais, na edificação de igrejas, capelas e ermidas, no próprio processo de restauração da Diocese. Todavia, nos séculos XIX e XX essa participação tornou-se ainda mais visível, especialmente com o contributo relevante dos vários movimentos de apostolado laical, nomeadamente da Acção Católica, autêntica escola de vida cristã e de zelo apostólico, e, mais recentemente, dos Cursos de Cristandade.

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Sopra os ventos da renovação conciliarAcreditamos no desígnio do amor de Deus que nos fez chegar os ventos de

renovação do Concílio Vaticano II e, com eles, novos focos de revitalização eclesial. Pudemos assistir ao aparecimento de novos movimentos e associações que muito contribuíram para a formação e maior inserção dos fiéis na vida da Igreja diocesana. Criaram-se secretariados diocesanos e outros serviços, nos quais os leigos participaram e continuam a empenhar-se.

Momento alto de consciencialização da pertença e participação dos fiéis na Igreja, o Congresso Diocesano de Leigos, em 1988, foi um aconteci-mento memorável, que fez vibrar e rejuvenescer muitos membros do Povo de Deus; dele saíram válidas propostas para a renovação da nossa Igreja, como afirmou D. Serafim Ferreira e Silva, na Carta Pastoral “Unidos no Caminho da Esperança”. Aliás, no mesmo Congresso nascera a ideia de um novo Sínodo Diocesano, retomada pelo nosso Bispo, em 1995, nos 450 anos da Diocese.

Inspira o Sínodo DiocesanoO Sínodo foi, antes de mais, um convite de Deus a caminhar em comum, a

rever a vida da Igreja diocesana em todos os seus aspectos e à luz da Palavra divina, a acolher os impulsos do Espírito ao fortalecimento da fé, à renovação de atitudes, métodos e estruturas, à abertura e acolhimento a todos e à missão de sermos luz e fermento no mundo.

Logo no início, percebemos que só com Deus podemos caminhar e que o aprofundamento da comunhão com Ele e a correspondência à vocação para a santidade, a nível pessoal e comunitário, devem ter a prioridade.

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Capítulo 2

Acolhemos o impulso renovador do Espírito

Acreditamos que o Espírito Santo continua a actuar em nós e nas nos-sas comunidades. Por isso, queremos discernir os sinais da sua presença, tanto nos momentos positivos como nas dificuldades e insuficiências. Em todas as circunstâncias, Ele é alento na busca de uma fé mais sólida e força interpeladora de renovação espiritual e pastoral da Igreja diocesana.

Na sociedade e nos anseios das pessoas

Vivemos tempos de mudançaAlguns anos atrás, a transmissão da fé parecia assegurada pela tradição de

pais para filhos e os valores cristãos marcavam claramente as comunidades familiar e paroquial.

A acção pastoral centrava-se no ensino da doutrina e moral cristãs, e as comunidades não sentiam necessidade de fundamentar a fé, cuja prática tinha grande amparo no cristianismo do ambiente social. Interpretar a mensagem de Deus nos novos sinais dos tempos parecia, assim, totalmente desnecessário.

Hoje, novas ideias e a difusão rápida das mesmas, bem como uma intensa circulação de pessoas e produtos, provocam mudanças bruscas nos comporta-mentos e hábitos. Em pouco tempo, a Igreja deixou de ritmar a vida e viu as suas posições sistematicamente questionadas, enquanto uma débil instrução religiosa deixa muitos sem resposta perante os desafios da modernidade. O bem-estar e os crescentes êxitos da ciência e novas tecnologias facilitam a secundarização da dimensão espiritual-religiosa, que a cultura envolvente pretende confinar à esfera privada e íntima. Atrofia-se a dimensão espiritual e cresce um sentimento de vazio.

Em ambientes sociais mais exigentes, muitos cristãos denotam falta de experiência pessoal e profunda de fé e de formação doutrinária suficiente. Con-

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sequência imediata, a sua prática entra em baixa progressiva. Na consulta à Diocese, quase metade das pessoas afirmou-se não-praticante. E o recensea-mento de 2001 revelou que a Diocese teve um decréscimo da frequência da missa dominical de 9,1 % desde 1991, confirmação da descida de 7,7% registada entre 1977 e 1991. A Igreja sente o desafio, mas tem dificuldade em promover verdadeiras opções de vida cristã.

Entretanto, persistindo as questões fundamentais da vida, alguns cristãos enveredam por novos movimentos, seitas e grupos religiosos, à procura de resposta e, muitas vezes, de soluções imediatas. Paradoxalmente, a busca para além de si e do mundo é uma das características do nosso tempo.

O Espírito envia-nos aos que perderam as razões da sua fé, mas também aos que, mesmo afastados da prática cristã regular, ainda se afirmam membros da Igreja e a ela recorrem em momentos especiais da vida, como o casamento, o baptizado dos filhos, as festas religiosas, os funerais, etc. Com o mesmo Es-pírito, descobriremos novos caminhos e os meios adequados para tão exigente evangelização.

O Espírito actua em nósApesar da grande frieza espiritual, o Espírito age nos corações. A consulta

sinodal confirmou isso mesmo: 85% das respostas afirmaram que a fé é uma ajuda para a vida e que sem fé a vida não tem sentido; entretanto, 22,6% dos que indicaram os desejos mais profundos, identificaram-nos com a vida espi-ritual. No mesmo sentido, os grupos de reflexão insistiram amiúde no desejo de uma relação profunda com Deus e de mais espaços de formação, de oração e de espiritualidade. São, de facto, numerosos os que mantêm a fé e a prática cristã como valores fundamentais, e cada vez menos os que o fazem por mera tradição. É uma opção pessoal por Jesus Cristo. Muitos encontram ajuda pre-ciosa em associações, movimentos e outros grupos eclesiais.

Também tem sido notório o esforço constante na promoção de iniciativas de valorização humana e religiosa: cursos de teologia, catequeses, retiros, grupos de oração. O Espírito continua a animar a Igreja e a vida dos cristãos...

Contudo, mesmo entre praticantes, há pessoas que, alheias ao apelo espiri-tual, parecem não deixar lugar para Deus nas suas vidas. Coloca-se o problema de as celebrações e outras actividades pastorais, por vezes monótonas e repeti-

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tivas, não reunirem as condições adequadas ao encontro com Deus. Os menos sensíveis à espiritualidade e pouco identificados com a linguagem usada, terão mais dificuldade no acesso à manifestação de Deus. O Espírito impele-nos à pedagogia do testemunho pessoal e comunitário, e à linguagem viva de imagens e parábolas, para melhor despertar e educar a sensibilidade espiritual.

Na vivência e celebração da fé

Abertura à Palavra de Deus na BíbliaO Concílio Vaticano II tornou mais viva a consciência de que, na Sagrada

Escritura, o Pai que está nos Céus vem amorosamente ao encontro dos Seus filhos a conversar com eles (DV 21). Houve iniciativas para dar a conhecer a Bíblia e cresceu o apreço pela Palavra de Deus, fonte inesgotável da revelação divina e do rejuvenescimento espiritual.

Há mais procura de esclarecimento e formação e têm-se constituído grupos bíblicos de estudo e oração. Na catequese, a centralidade da Palavra de Deus levou à sua proclamação mais cuidada e à iniciação das crianças e jovens no manuseamento e na leitura mais proveitosa da Bíblia.

Todavia, muitos fiéis continuam a ter dificuldade no acesso à Sagrada Escri-tura, pela distância cultural do texto ou por falta dos conhecimentos necessários à interpretação da mensagem. Por isso, ou porque ainda não despertos para essa fonte de vida divina, na consulta sinodal, muitos confessaram não praticarem uma leitura regular da Bíblia. Há, pois, um claro apelo à descoberta do tesouro da Sagrada Escritura, mediante a qual Deus vem ‘conversar’ connosco.

O empenho em celebrações vivasCom as orientações conciliares, as celebrações da fé, sobretudo a Eucaristia,

foram profundamente renovadas, para melhor expressarem as graças de Deus e maior proveito dos fiéis. Nelas, os cristãos têm à sua disposição os dons de Deus, fontes indispensáveis de vida. Para a maior parte, constituem a única oportunidade de ouvir a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Aliás, para muitos, essa é a principal motivação da sua fidelidade às celebrações. De facto, como diz o Concílio, é Cristo que fala, ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura (SC 7).

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Todavia, os grupos sinodais, embora reconhecendo os esforços feitos, ma-nifestaram preocupação com a compreensão da linguagem e dos gestos, e com notórias deficiências na preparação. Nomeadamente para os sacramentos do Baptismo, da Eucaristia, da Reconciliação, da Confirmação e do Matrimónio, sobretudo quando o seu acesso é considerado acto social, é imprescindível um caminho suficiente de iniciação das pessoas ao significado do mistério que vão celebrar e respectivas implicações na vida.

No reconhecimento da importância vital das celebrações e na sequência do desejo repetido de as tronar mais vivas e participadas, sentimos o apelo do Espírito. Renovar a liturgia é torná-la meio mais eficaz da revelação de Deus e de comunicação da Sua vida.

Força e fraqueza da religiosidade popularAs manifestações da religiosidade popular – bem presentes na nossa Dioce-

se – exprimem uma procura espiritual e correspondem ao sentido do sagrado da alma humana. Através de ritos, procissões, devoções, oferendas, festas, promessas, sacrifícios..., as pessoas relacionam-se com Deus de uma forma emocional, concreta e objectiva. A sua simbologia, enraizada na cultura popu-lar, é acessível à compreensão dos mais simples, fácil de assimilar e permite uma vivência intensa, em geral ligada a situações concretas e difíceis da vida.

Como reconhece Paulo VI, a religiosidade popular traduz em si uma certa sede de Deus, que somente os pobres e os simples podem experimentar; torna as pessoas capazes de terem rasgos de generosidade e predispõe-nas para o sacrifício até ao heroísmo, quando se trata de manifestar a fé; comporta um apurado sentido dos atributos profundos de Deus: a paternidade, a providência, a presença amorosa e constante, etc. Suscita igualmente atitudes interiores que raramente se observam alhures no mesmo grau: paciência, sentido da cruz na vida quotidiana, desapego, aceitação dos outros, dedicação, devoção, etc. (EN 48).

Mas a religiosidade popular tem também as suas limitações, lembra ainda Paulo VI: Ela acha-se frequentemente aberta à penetração de muitas deforma-ções da religião, como sejam, por exemplo, as superstições. Depois, permanece com frequência apenas a um nível de manifestações cultuais, sem expressar ou determinar uma verdadeira adesão de fé. Pode, ainda, levar à formação de

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seitas e pôr em perigo a verdadeira comunidade eclesial (EN 48). De facto, a estas expressões pode corresponder uma fé pouco esclarecida, de conteúdos ainda não evangelizados e até contrários aos valores evangélicos. Além disso, uma forte ligação à tradição pode dificultar a sua evolução e prejudicar a for-mação dos fiéis.

O desafio do Espírito parece ser, antes de mais, levar a Palavra de Deus, de forma acessível, aos que O procuram de coração sincero. Uma catequese adequada deverá proporcionar uma resposta de fé mais esclarecida aos fiéis cuja religiosidade assenta na piedade popular. Sem perder a sua linguagem e as suas formas próprias, será, assim, protegida de desvios que a desvirtuem. Em todo o caso, importa aperceber-se das suas dimensões interiores e dos seus inegáveis valores e estar-se disposto a ajudá-la a superar os seus perigos de desvio, uma vez que bem orientada, esta religiosidade popular pode vir a ser cada vez mais, para as nossas massas populares, um verdadeiro encontro com Deus em Jesus Cristo (EN 48). No mesmo sentido, João Paulo II, que apela à valorização do que é bom na piedade popular, pelo ensino catequé-tico, e ao seu aproveitamento para fazer progredir e aperfeiçoar o conhecimento do mistério de Cristo e da sua mensagem, não deixa de advertir que a fé que está na sua base deve ser purificada e mesmo rectificada (cf: CT 54).

A atracção espiritual de FátimaO Santuário de Fátima é um centro de espiritualidade e devoção com uma

presença forte no coração de muitos fiéis. As aparições e a mensagem da Virgem Maria, a beatificação e o exemplo de santidade dos Pastorinhos, as sucessivas visitas dos Papas, são alguns dos motivos para uma atracção espiritual crescente dos fiéis, não só diocesanos como de todo o mundo.

Fátima é uma fonte de graças divinas: pela mensagem que transmite; pela devoção a Nossa Senhora que veio incrementar, por exemplo, com a devoção dos primeiros sábados; pela insistência na oração, sobretudo do terço; pelas peregrinações a nível nacional e mundial; pela presença dos Institutos de Vida Consagrada com enorme riqueza e diversidade de carismas.

Mas Fátima é também centro de formação teológica, pastoral e espiritual: Retiros, encontros dos mais diversos movimentos e grupos, colóquios, seminá-rios e até espectáculos e sessões culturais, são oportunidades sem conta de que

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a nossa Igreja dispõe. O cuidado pastoral e catequético manifestado pelos res-ponsáveis do Santuário, com criteriosas temáticas e liturgias com grande qua-lidade de preparação e execução, constituem referência e estímulo para todos.

Todavia, não podemos ignorar algumas questões. A religiosidade de Fátima pode prestar-se a um aproveitamento deturpador, nomeadamente por parte de alguns sectores mais conservadores da Igreja. Também algumas expressões de fé, como promessas, sacrifícios, peregrinações..., mesmo se praticadas com recta intenção, apresentam-se, por vezes, com alguma ambiguidade, dado ser fácil a mistura de ‘superstições’ e de outros elementos ainda não evangelizados da religiosidade popular. Muitos vêem ainda com preocupação que o aspecto económico possa dominar algumas instituições da Igreja, nomeadamente os Institutos que se dedicam à hospedagem e ao comércio de artigos religiosos.

Conhecendo a riqueza espiritual de Fátima e reconhecendo os riscos a que as suas expressões de religiosidade poderão estar sujeitas, somos desafiados a promover, também aqui, uma vivência cada vez mais profunda e esclarecida da fé. Entretanto, através de Fátima, o Espírito impele-nos à intensidade e radicalidade dessa vivência da fé, sobretudo na sua dimensão mariana. Como dizia D. Alberto Cosme do Amaral, a mensagem das aparições é um programa que a Diocese deve ter sempre presente (Cf: Carta Pastoral “A Diocese de Leiria-Fátima em Ano Jubilar das Aparições”, 1992).

Nas acções e serviços para a formação cristã

O serviço pastoral à famíliaA consciência de que a família é o primeiro e o mais importante lugar da

formação cristã, tanto para o casal como para os filhos, levou a Diocese a dedicar-lhe especial cuidado. Há cerca de 20 anos, organizou-se o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, deu-se lugar ao Centro de Preparação para o Matrimónio e organizou-se o Serviço de Apoio à Família. As Equipas de Nossa Senhora têm contribuído especificamente para o desenvolvimento da espiritualidade conjugal, e outros movimentos da Igreja têm completado os respectivos campos de acção com a imprescindível abertura à dimensão familiar. Saliente-se, ainda, o envolvimento dos pais na preparação para os sacramen-tos e na caminhada catequética dos filhos, nomeadamente em reuniões e na

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participação na Eucaristia dominical. Em alguns lugares, costuma celebrar-se os aniversários jubilares do Matrimónio, com a presença e participação dos familiares. A celebração comunitária dos dias da família, da mãe, do pai, dos namorados..., contribui igualmente para realçar e fortalecer os laços familiares.

Apesar de tudo, reconhecemos que a comunidade familiar é prejudicada por um ambiente social e cultural que a desvaloriza e fragiliza. Além disso, surgem formas alternativas de convivência, facilitadas por uma mentalidade que força a sua aceitação legal. Perante tudo isto, a família e, de modo especial, a família cristã enfrenta hoje grandes dificuldades. O serviço pastoral e os apoios existentes são insuficientes e precisam de ser desenvolvidos.

É verdade que falta motivação e há resistência em bastantes famílias à par-ticipação na vida da comunidade paroquial. Mas, a situação presente constitui um apelo do Espírito a que sejam solicitadas para actividades, não apenas em áreas adjacentes, como a catequese, mas também para a pastoral familiar pro-priamente dita, na qual são naturais protagonistas (cf: FC 72). Aliás, importa reconhecer-se à pastoral familiar a sua centralidade no conjunto da pastoral orgânica (cf: FC 70) e promoverem-se acções que motivem nesse sentido. A preparação para o matrimónio, por exemplo, não pode limitar-se aos aspectos burocráticos, jurídicos e rituais, mas deve levar os casais à compreensão das graças do sacramento.

O impulso nas catequeses da infância e adolescênciaReconhecemos o enorme impulso que teve a actividade catequética, desde a

reorganização do Secretariado Diocesano, há cerca de 40 anos. Elaboraram-se novos Catecismos e respectivos Manuais para catequistas dos diferentes anos, com conteúdos mais adaptados às idades e uma pedagogia actualizada. Para a formação e apoio aos catequistas, elaborou-se e implementou-se um Curso de Iniciação com as vertentes doutrinal e pedagógica e instituiu-se a Escola de Catequistas, a fim de garantir uma formação permanente, também ajudada pelo fornecimento regular de textos de apoio.

Há ainda a registar um esforço continuado de actualização. Em 1991 altera-ram-se os programas catequéticos, com a adopção de um percurso de 10 anos, ao que as comunidades aderiram, salvo raras excepções. Aliás, é de salientar o grande empenho das paróquias em garantir os catequistas para todos estes

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anos e a resposta generosa de quantos se dispõem a assumir esse serviço, por vezes com grande sacrifício da vida pessoal e familiar.

Mas, apesar de todo o empenho, as dificuldades continuam. Faltam catequistas, muitos não têm a formação mínima exigível e mais de metade não fez o Curso de Iniciação. Ao nível da adolescência, a situação é ainda mais preocupante. O desinteresse e o cansaço são notórios. Os animadores, em número insuficiente e pouco preparados, têm dificuldade em motivar para a opção de fé desejável nesta fase da vida. Durante o Sínodo, foram postas em causa a ligação entre o último ano da catequese e a celebração do Crisma e a exigência deste para se ser padrinho ou madrinha de Baptismo. De facto, os grupos confirmaram que muitos ficam até ao fim apenas por esse motivo. É verdade que a catequese deve levar aos sacramentos, nomeadamente à Eucaristia dominical. Todavia, os sacramen-tos não podem ver-se simplesmente como metas sociais ou etapas no percurso catequético, superadas como um ‘alívio’ até ao objectivo final.

Outro facto, com influência directa no grau de interesse das crianças e adolescentes, é a falta de acompanhamento pelos pais. É notório o desejo de enviarem os filhos à catequese para que tenham a formação moral e religiosa que a Igreja oferece, mas é cada vez mais frequente limitarem-se ao papel de meros ‘transportadores’. Falta a muitos um verdadeiro apoio familiar na edu-cação cristã e na vivência da fé. Poucos pais participam nas celebrações e dão continuidade, no dia-a-dia, ao ensino e experiência catequética.

O desafio da Educação Moral e Religiosa CatólicaTem-se procurado com empenho que a Educação Moral e Religiosa Católica

seja assegurada em todas as escolas do ensino básico e secundário da Diocese. Para isso, promoveu-se a formação de professores, muitos deles leigos, e criou-se o Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas. Conjuntamente, criou-se, no 1º ciclo do ensino básico, um serviço próprio para apoio aos professores. Muitos pais e alunos continuam a desejar a educação moral e religiosa como componente imprescindível da educação humana e cultural integral.

Reconhecemos o empenhamento dos professores desta disciplina na actu-alização permanente, de forma a prestarem um serviço válido, por vezes em condições de trabalho muito adversas. O Secretariado Diocesano tem cuidado da formação e do apoio aos professores e procura garantir a presença de docentes

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em cada escola. Muitos são os alunos que aproveitam essa oportunidade para melhorar a sua formação cristã.

Todavia, não ignoramos a diminuição de interesse pela frequência das aulas, sobretudo no ensino secundário, nem a acusação de, em alguns casos, não cons-tituírem grande motivo de atracção, quer na temática, quer na metodologia. Por outro lado, ultimamente não tem havido na Diocese nem incentivo nem apoio ao ensino da disciplina no 1º ciclo do ensino básico, por falta do respectivo serviço diocesano activo.

O bom êxito da Educação Moral e Religiosa Católica, nos moldes actuais, depende fundamentalmente da capacidade e empenhamento dos professores. Daí que seja preocupante que falte a alguns vocação própria ou formação académica e pedagógica específica, falhas ainda mais agravadas se o aspecto económico for a única motivação. Sem prejuízo dos seus direitos em termos de carreira e remuneração, não pode faltar-lhes a consciência da sua missão como evangelizadores. Disso depende, em primeira mão, o êxito do seu trabalho.

A dinamização da pastoral juvenilOs jovens têm assumido progressivamente um lugar de relevo na sociedade e

na Igreja. Para eles se olha com esperança, pela vitalidade dos ideais e energias e pela garantia do futuro que representam. Merecem a nossa melhor atenção. Ao mesmo tempo são, não raro, motivo de preocupação pela vulnerabilidade que os torna susceptíveis de enveredarem por caminhos errados e caírem em vícios e formas de autodestruição, apatia e violência. O fenómeno mais preo-cupante é, sem dúvida, a toxicodependência, como atestou a consulta sinodal.

Desde há 50 anos, tem-se desenvolvido na Diocese um trabalho de edu-cação cristã e acompanhamento pastoral da juventude. Primeiro, através da Acção Católica e de outros apoios nas comunidades paroquiais, depois, com a constituição do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, muitos jovens encontraram válida ajuda para a formação na fé e a experiência de vida cristã.

Salientamos a acção dos grupos juvenis organizados em várias paróquias, bem como dos movimentos, obras e comunidades apostólicas, alguns deles com núcleos por toda a Diocese – Acção Católica Rural, Associação Católica Inter-nacional ao Serviço da Juventude Feminina, Caminho Neo-catecumenal, Con-vívios Fraternos, Corpo Nacional de Escutas, Focolares, Juventude Franciscana,

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Juventude Hospitaleira, Juventude Operária Católica, Renovamento Carismático, Movimento Católico de Estudantes, Movimento da Mensagem de Fátima, etc.

Durante o Sínodo, abordou-se com especial insistência a questão da inserção dos jovens na Igreja diocesana e apontaram-se passos para maior dinamização dos serviços a eles dedicados, sem esquecer o grau de insatisfação e exigência que se vive. Os próprios jovens manifestam vontade de ter papel construtivo na renovação da Igreja, como comprova o empenhamento e a voz activa dos representantes dos movimentos e grupos juvenis.

Resultado dessa insistência, o Secretariado Diocesano foi recentemente reestruturado e está a trabalhar na actualização de métodos, iniciativas e meios de aproximação às interpelações dos jovens de hoje. Há também um esforço de maior coordenação entre algumas estruturas da pastoral juvenil, nomeadamente com a formação de um Conselho Diocesano da Pastoral Juvenil, constituído por representantes de todas elas. E foram criados meios de contacto, partilha de informação e de materiais de apoio à evangelização dos jovens, com recurso aos mais modernos meios de comunicação, inclusive informáticos.

Também o Centro de Apoio ao Ensino Superior tem realizado um trabalho permanente de aproximação e acolhimento aos estudantes, com espaços e propostas de reflexão, partilha de vida e oração em comum.

Todos estes serviços e movimentos envolvem, no seu todo, milhares de jovens em formações, convívios e oração. Entre os momentos marcantes na consolida-ção da fé e no empenhamento na Igreja, destacam-se as Jornadas Mundiais da Juventude, que o Papa privilegia como incentivo à vivência ousada e corajosa.

No entanto, vasto número de jovens continua longe da fé e da prática cris-tã. Os grupos sinodais manifestaram preocupação por este afastamento e pela resposta insuficiente da Igreja. Entre eles, há os que, após a catequese, não encontraram razões nem espaço para continuar a sua formação cristã. Por isso, deixaram de participar na vida e nas celebrações da comunidade, desinteresse que também atinge parte dos que aderem às iniciativas de grupos cristãos: não se identificam nem se sentem solidários com os outros crentes.

Estas situações são para nós apelos do Espírito a olhar com afecto os jo-vens, acolher as suas interpelações e anseios e fazer-lhes propostas ousadas, a exemplo de Jesus com o ‘jovem rico’ (cf: Mt 19, 16-22) e como faz João Paulo II nos seus múltiplos encontros com eles.

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A urgência da catequese de adultosA nossa Diocese tem despertado para a necessidade de uma catequese per-

manente em todas as idades. Os grupos sinodais insistem na necessidade da formação e indicam especialmente a catequese de adultos. Reconhecem que esta, onde existe, se limita ainda a um âmbito de formação genérica, pouco sistematizada, e atinge um grupo muito restrito de pessoas.

Algumas paróquias já começaram a organizá-la, mas outras não vão além da breve preparação para os sacramentos, sobretudo o Baptismo dos filhos, o Crisma em adulto e o Matrimónio.

Há ainda iniciativas pontuais de formação: jornadas, conferências, cursos, etc. Alguns movimentos e comunidades, como adiante se dirá, têm tido neste campo papel relevante, inclusive com preparação de textos catequéticos. A própria metodologia sinodal, com os guiões para a reflexão em grupos, foi bastante bem acolhida. Muitos dos que participaram nesses trabalhos aprecia-ram a oportunidade de se reunirem, conversarem, partilharem experiências e propostas e rezarem em comum.

Todas estas iniciativas são muito válidas. Todavia, não apresentam ainda as condições adequadas para uma catequese de adultos sistemática, continuada e generalizada, que possibilite um amadurecimento da fé e a faça frutificar na vida. Por outro lado, ainda falta recrutar catequistas para adultos e prepará-los doutrinal e pedagogicamente.

Os carismas dos movimentosVários movimentos de espiritualidade e apostolado enriqueceram a Diocese,

juntando-se às Irmandades e Confrarias que, desde há séculos, foram desempe-nhando um papel fundamental na perseverança e desenvolvimento da piedade cristã, nomeadamente da devoção eucarística e mariana e do sufrágio pelos defuntos. Alguns destes movimentos e associações ainda existem, mas com uma acção quase limitada às missas pelos associados falecidos.

No campo do apostolado, destacou-se, no passado recente, o papel mobi-lizador da Acção Católica. Em todos os meios sociais, com métodos que não perderam actualidade, formou agentes pastorais que ainda hoje dinamizam as comunidades. Contudo, também a Acção Católica viria a sentir dificuldade nos novos tempos.

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Tanto o número de membros como o âmbito da sua acção conheceram uma drástica redução, embora alguns dos seus núcleos continuem activos no meio rural, educativo, operário, independente e escolar.

Outro movimento com grande impacto tem sido o dos Cursos de Cristan-dade. O seu papel revelou-se de grande importância no despertar para fé e na formação apostólica e no testemunho cristão.

Em resposta às exigências dos tempos actuais, vão surgindo novos movi-mentos de apostolado e espiritualidade que retomam ou renovam o trabalho dos anteriores. Também por eles, e com os carismas que lhes são específicos, Deus continua a sua obra regeneradora. Os que abraçam a fé ou despertam mais para ela, colocam novos desafios à capacidade de catequização e de formação desses novos movimentos. Ao mesmo tempo, apelam às instâncias pastorais da Igreja, para que não falte o esclarecimento espiritual e um empenhamento apostólico efectivo aos que sentem a presença divina nas suas vidas.

Todavia, gera-se algum mal-estar quando estes movimentos cedem à ten-tação do isolamento e do exclusivismo e não se integram e cooperam com as comunidades existentes, em sintonia com os seus ritmos pastorais e litúrgicos. Ou quando as próprias comunidades olham com suspeita a novidade e recusam o diálogo e a cooperação. O grande desafio que, por eles, o Espírito nos faz é o do seu acolhimento e integração, como dons que trazem novas possibilidades à dinamização da Diocese e das paróquias.

O papel dos meios de comunicação socialÉ ainda no campo da formação cristã que se inscreve o papel dos meios de

comunicação social da Diocese. Não pode ignorar-se o importante contributo dos dois jornais semanários, do posto local da Rádio Renascença e de algu-mas dezenas de boletins paroquiais, que permitem a partilha de experiências e iniciativas, divulgam textos e documentos e veiculam uma leitura cristã dos acontecimentos sociais e das grandes questões humanas.

Todavia, é clara a insatisfação quanto aos conteúdos, apresentação e divulga-ção desses meios. Sentimos o apelo do Espírito a fazermos deles instrumentos eficazes e actuais de evangelização, até porque eles podem funcionar como ‘espelhos’ da própria Igreja diocesana, na medida em que são, na sociedade, o rosto da vitalidade e dinâmica das suas comunidades e instituições.

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O contributo da Escola Teológica de LeigosFundada em 1984, a Escola de Formação Teológica de Leigos tem cor-

respondido ao objectivo fundamental de proporcionar aos fiéis leigos meios necessários à sua formação bíblica e teológica. Dos quase 900 alunos que a frequentaram, alguns são professores de Educação Moral e Religiosa Católica, outros empenham-se na pastoral diocesana ou das suas comunidades.

Contudo, a oferta, talvez demasiado académica, parece pouco dirigida à condição laical, à vida profissional e à realidade dos serviços na Igreja. Além disso, as inscrições, cujo número vem diminuindo, têm sido mais de iniciativa própria, para enriquecimento pessoal, do que por envio das comunidades, com vista a uma acção pastoral qualificada.

Numa das sessões, a Assembleia propôs o alargamento das funções da Escola e a sua transformação num Centro Diocesano de Formação e Cultura, que dá agora os primeiros passos. Esperamos que este venha a proporcionar mais e melhor formação e preencha as lacunas identificadas.

O Seminário DiocesanoO Seminário tem sido a nossa instituição central de formação cristã. Desde

a restauração da Diocese, em 1918, passaram por ele os padres e muitos dos leigos que mais directamente serviram e servem a Igreja de Leiria-Fátima. Mas a tarefa de discernimento, acompanhamento e formação vocacionais para o ministério ordenado tem sofrido visíveis alterações, com a correspondente transformação da instituição do Seminário.

O Seminário Menor fixou, recentemente, as admissões a partir do 10º ano de escolaridade. Assim, os anos da adolescência são vividos nas famílias, em convívio essencial ao crescimento sadio da pessoa. Entretanto, as novas exigências do acompanhamento e formação dos candidatos à formação sacer-dotal suscitaram o surgimento do Pré-Seminário. Ainda em estruturação, este consiste numa pedagogia e prática de acompanhamento pessoal, nas famílias, e de cultivo de elos estreitos com o Seminário, de forma a apoiar a formação humana e cristã dos jovens que dão sinais de vocação, e fazer crescer e purificar as suas motivações para entrar no Seminário, Menor ou Maior. Este projecto exige a estreita colaboração entre Seminário, família e comunidades paro-quiais, implica toda a Diocese e é um desafio à fé e ao incondicional empenho

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de sacerdotes e leigos no despertar de novas vocações.O Tempo Propedêutico foi criado em 1996 pelos bispos de Aveiro, Coim-

bra, Portalegre e Castelo Branco, Cabo Verde e Leiria-Fátima para preparar o ingresso no Seminário Maior. Actualmente, o projecto está em curso no edifício do nosso Seminário Diocesano, com candidatos de acesso directo, ou vindos dos Seminários Menores e do Pré-Seminário. A sua formação humana e espi-ritual tem em vista o discernimento vocacional, pela experiência de Deus na oração pessoal e comunitária, na escuta da Palavra, nos sacramentos, na vida comunitária, no serviço aos outros e na inserção na vida eclesial.

O Seminário Maior tem um papel determinante na formação dos futuros presbíteros. Sobretudo para melhor garantir a sua formação teológica, os nossos seminaristas maiores residem em Coimbra, desde 1994, juntamente com os das dioceses mencionadas. Ali, recebem a formação humana, espiritual, intelectual e pastoral, inseridos na comunidade do Seminário de Coimbra e frequentando o Instituto Superior de Estudos Teológicos.

A ida para Coimbra revelou-se enriquecedora, sobretudo na partilha com outras dioceses, mas não traz apenas vantagens. Além da sólida preparação para a vida sacerdotal, é necessária a adequação da mesma aos desafios e condições concretas da Diocese. Daí a necessidade de continuar a acompanhar os nossos seminaristas, promovendo a comunhão com a Igreja particular e preparando a sua futura integração, em ordem a um frutuoso exercício do seu ministério.

A qualificação superior de alguns sacerdotes, com a finalidade imediata de garantir o corpo docente do Seminário, redundou também em dinamismo e actualização da acção da Igreja diocesana, mesmo que nem sempre tenha respondido objectivamente às sua reais necessidades pastorais.

Agora, que o Seminário partilha a função específica de formação sacerdotal com outras dioceses, grande parte do seu edifício é já sede da maioria dos serviços e movimentos diocesanos que aí desenvolvem numerosas activida-des de formação e espiritualidade. Aí se encontram igualmente a biblioteca e o museu de arte sacra, fontes importantes de cultura. Revela-se oportuna a elaboração em curso de um projecto de adequação das instalações às novas funções, sem prejuízo da sua finalidade primeira.

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Capítulo 3

Dispomo-nos a renovar a vivência da fé

A Deus que Se nos revela e aos impulsos do Espírito Santo, deve-mos nós responder com a adesão pessoal na fé. Esta encontra suporte, alimento e expressão na comunidade dos crentes, a Igreja. Cabe à acção pastoral promover a renovação, o fortalecimento e a vivência da fé em cada pessoa.

Acto pessoal e vivência comunitária

Adesão livre e pessoalA resposta de fé é, antes de mais, um acto pessoal, no acolhimento do dom

da revelação de Deus. Dando-Se a conhecer, oferece-nos a Sua vida. Cada um é chamado a responder, livre e pessoalmente. O acto de fé é o primeiro passo de uma adesão que compromete e marca a pessoa. Um passo que precisa de ser esclarecido e consolidado com a catequese.

Cada um de nós avalie, diante de Deus, se a sua fé já é um acto pessoal, ou apenas uma herança recebida. A fé precisa de ser assumida na primeira pessoa, na base do encontro e conhecimento de Deus. Ninguém pode substituir-nos nessa decisão.

Em contexto comunitárioTodavia, é necessária a ajuda de outros crentes. O seu testemunho e pala-

vra hão-de levar cada um a acreditar e a tornar mais profunda e esclarecida a vivência da fé. Não se trata de a impor, mas de a apresentar como oferta de

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Deus à liberdade pessoal. E, ainda, de acompanhar o crente nas diferentes fases da sua vida, ajudando-o a manter-se em comunhão com Deus, que dá a verdadeira vida, e com os irmãos, que nos confirmam e amparam e com os quais partilhamos os dons de Deus.

De facto, Deus oferece a cada um o dom da fé, mas fá-lo no seio da Igreja, comunidade dos crentes, à qual deixou a missão de evangelizar e catequizar. A pessoa encontra o caminho para a fé dentro de uma comunidade, que anuncia a Palavra de Deus, suscita a fé e oferece os meios que a alimentam e permitem a sua expressão.

A comunidade é o ambiente de vivência da fé. No seu seio, na comunhão entre os crentes, Deus oferece-Se continuamente a cada pessoa. Aí, cada um recebe a vida de Deus e entra na comunhão com Ele e com os irmãos.

A família é a primeira comunidade de fé, a célula fundamental da Igreja e o lugar especial da relação com Deus. Desejamos que as famílias sejam cada vez mais lugar do conhecimento e da educação da fé, verdadeiras ‘casas de Deus’, onde Ele é escutado e com Ele se aprende a viver e a amar. Nesse sentido, havemos de desenvolver todos os esforços pastorais com projectos adequados. A pastoral familiar deve envolver a co-responsabilidade de toda a Igreja diocesana, segundo as competências próprias de pessoas e serviços.

A comunidade paroquial congrega e sustenta na fé as famílias cristãs e cada um dos fiéis. É sua missão acolher e ajudar cada comunidade doméstica e os cristãos a viver a sua relação com Deus, e a educar os seus membros para corresponderem à proposta divina de amor e de comunhão. Para tal, deverão tornar-se, mais ainda, lugares de vida profunda de fé, mediante a oração intensa, a ajuda para o crescimento espiritual, as celebrações vivas dos sacramentos, a educação da fé e a comunhão dos dons espirituais.

Também os diversos grupos, movimentos e associações de espiritualidade são um enriquecimento para as famílias e para as paróquias, em ordem a favo-recer a vivência comunitária da fé.

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Meios para renovar a fé

Centralidade da Palavra que desperta a féDeus comunica-Se hoje, na Igreja, mediante a Sua Palavra. A Igreja precisa

de a escutar, meditar, interpretar à luz do Espírito e de a pôr em prática. Este é o ponto de partida para a experiência e a revitalização da fé.

Devemos fazer tudo para que as pessoas e as comunidades escutem assidu-amente a Palavra de Deus. Com iniciativas adequadas, espaços e pedagogias apropriadas, criemos ‘escolas da Palavra’, onde se proporcione, como lembra o Papa João Paulo II, um encontro vital, segundo a antiga e sempre válida tradição da ‘lectio divina’: esta permite ler o texto bíblico como Palavra viva que interpela, orienta, modela a existência (NMI, 39).

A Palavra de Deus deve ocupar o centro da vida pessoal e comunitária. Para promover e ensinar a leitura e a meditação da Palavra de Deus, os grupos bíblicos serão uma ajuda, além de proporcionarem o enriquecimento da partilha fraterna do que cada um recebeu. A proclamação da Palavra na liturgia e o seu ensino, nomeadamente na homilia, na catequese e em cursos, hão-de fazer-se com tal cuidado que favoreçam a escuta, a compreensão e o acolhimento por parte dos ouvintes.

A oração pessoal e comunitáriaDa escuta da Palavra flui naturalmente a oração, quer pessoal quer co-

munitária. O crente, sob o impulso do Espírito, ouve e dialoga com Deus e experimenta a comunhão filial com o Pai celeste. A oração é indispensável à renovação e fortalecimento da fé.

João Paulo II lembra que a oração não se pode dar por adquirida; é neces-sário aprender a rezar (NMI, 32). Por isso, diz, as nossas comunidades devem tornar-se autênticas ‘escolas’ de oração, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em acção de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afectos de alma, até se chegar a um coração verdadeiramente apaixonado (NMI, 33).

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Precisamos de cultivar e aprofundar experiências de oração e de meditação da Palavra de Deus. Para isso, necessitamos de espaços e momentos apropriados, bem como de iniciativas oportunas por parte das comunidades, movimentos ou outros grupos. É indispensável um serviço que ofereça aos fiéis e aos grupos, de forma regular, organizada e coordenada, oportunidades de oração, retiro e meditação, como as que proporcionam a Fundação Maria Mãe da Esperança e outras instituições ou movimentos. Neste sentido, podem constituir estímulo e ajuda as várias comunidades religiosas contemplativas da Diocese.

A adaptação de uma parte do Seminário Diocesano para casa de retiros constituirá, certamente, um contributo e um apoio para esta dinamização espiritual.

As celebrações da fé e a religiosidade popularAs celebrações comunitárias, sobretudo dos sacramentos, são meios im-

prescindíveis à expressão e renovação da fé. Nelas, a Palavra de Deus assume um papel central: Palavra proclamada e Palavra feita carne em Jesus Cristo, presente no altar da Eucaristia.

Além da proclamação cuidada, é importante a aplicação da Palavra aos nossos dias, na homilia. Aos pregadores incumbe a responsabilidade desse momento fundamental, para muitos único, de evangelização e formação na fé. Não só devem preparar bem os conteúdos e cultivar a ‘arte’ de comunicar no nosso tempo a mensagem eterna do Evangelho, mas sobretudo esforçar-se por serem eles próprios testemunho vivo do que anunciam.

Porque Deus actua na liturgia de forma sacramental, é importante preparar as pessoas para captarem o sentido dos gestos e símbolos. Além disso, no desempenho litúrgico, a ordem, a beleza e o sentido do sobrenatural devem conjugar-se para criar maior abertura à presença e à acção do Espírito.

Também as manifestações da religiosidade popular devem ser iluminadas pela Palavra de Deus, de modo a servirem a verdadeira expressão e fortaleci-mento da fé e a corresponderem com fidelidade à verdade do Evangelho. Nisso devemos empenhar-nos todos, pastores e leigos, com abertura, discernimento, ponderação e iniciativas pastorais oportunas.

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Implementar a pastoral da fé

Propor a Palavra de DeusA pastoral da fé pertence à essência da própria Igreja, sempre enviada a

evangelizar, a preparar o baptismo e a confirmar o crescimento de todos os membros do Corpo de Cristo. As reflexões e propostas sinodais reforçam a consciência de que tudo deve ser feito para garantir a eficácia dessa pastoral da fé, promovendo e estruturando itinerários de comunicação e de testemunho da Palavra de Deus. Na terceira parte abordaremos a missão de evangelizar todos os homens. Aqui pensamos nos que se preparam para o baptismo ou já baptizados, em ordem a virem a assumir uma vida cristã madura e frutuosa.

CatecumenadoSão cada vez mais os jovens e adultos que pedem o Baptismo. Devemos,

por isso, organizar o catecumenado, pelo menos a nível vicarial ou diocesano, com um itinerário devidamente programado, pessoas preparadas e outros meios necessários. Deve ser uma proposta séria e profunda de iniciação cristã, com catequeses e celebrações litúrgicas, e com duração suficiente para o amadure-cimento da adesão à fé, que Deus, pela Igreja, suscita.

Neste sentido, sobretudo os pastores e os futuros catequistas devem procurar conhecer o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos e, logo que oportuno, deve designar-se uma equipa que promova e organize o catecumenado na Diocese, em articulação com os serviços afins.

Catequese sacramentalO desconhecimento da fé, que manifestam tantos jovens e adultos, coloca-

nos perante a urgência de um itinerário catequético para os sacramentos, com duração e conteúdos adequados. É urgente organizar este serviço nas paróquias ou, se for mais conveniente, ao nível vicarial. Além dos pais e padrinhos das crianças a baptizar, merece especial atenção a preparação para o Crisma e Matrimónio.

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A problemática da celebração do Crisma deve levar-nos a reflectir seria-mente sobre a forma como este sacramento está a ser preparado e celebrado. Sente-se a falta de um catecumenado específico, tanto para os adolescentes como para os adultos, em articulação com o itinerário catequético normal. Um catecumenado que faça consolidar a fé e ofereça convicções profundas para a sua posterior vivência e empenhamento comunitário.

Na preparação para o Matrimónio, aparecem jovens que nunca chegaram a fazer uma verdadeira opção de fé ou que, após anos de afastamento da Igreja, a perderam. Devemos ousar propor-lhes um caminho de reencontro com a fé nesta altura importante das suas vidas, em que se dirigem à Igreja para pedir este sacramento.

A preparação deve incluir conteúdos essenciais da fé cristã e a abordagem de temas adequados à celebração do Matrimónio e às responsabilidades na futura família cristã, especialmente no tocante à vida em casal e ao acompanhamento e formação dos filhos. Os Centros de Preparação para o Matrimónio, constitu-ídos em bastantes (não em todas) as vigararias, devem expandir-se, de modo a garantirem esse serviço, que nalguns casos pode ser paroquial. É importante cativar os noivos, de forma a alimentarem a semente da fé e a con-tinuarem no futuro a experiência de reflexão e formação, em comunhão com outros casais, em movimentos como as Equipas de Nossa Senhora e outros.

Catequese para todosAlém do programa catequético de 10 anos proposto a nível nacional para

infância e adolescência, importa desenvolver propostas semelhantes para jovens e adultos, sem esquecer os idosos e outros grupos específicos. É necessário, assim, corresponder às novas exigências mediante iniciativas pedagógicas oportunas. Para isso, o Catecismo da Igreja Católica, os novos catecismos e outras publicações específicas são instrumentos imprescindíveis.

Mas o Secretariado Diocesano, os párocos e demais responsáveis sabem que a generosidade dos catequistas e animadores precisa absolutamente de apoio e de uma permanente formação doutrinal e pedagógica. Esta tarefa essencial requer grande atenção por parte das comunidades e pressupõe normalmente

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grande cooperação, tanto a nível paroquial, como vicarial e diocesano. Os catequistas, ao assumirem responsavelmente o seu papel na animação

da catequese, saberão como é importante proporcionar experiências de relação com Deus e dar o testemunho da sua alegria de crentes.

A catequese de infância deve ter dinamismo para criar nas crianças o desejo de crescer na fé. Por isso, sem imitar o ‘modelo escolar’, o objectivo imediato é que os momentos de catequese proporcionem a alegria de descobrir Deus e estar com Ele.

A ligação da catequese com a vida da comunidade, nomeadamente pela participação activa e alegre na Eucaristia dominical, deve merecer o nosso melhor empenho. De modo criativo e apelativo, os pais devem ser convidados a acompanhar a catequese dos filhos, a participar com eles nas celebrações da fé e a ajudá-los, pelo exemplo e pela palavra, a viver o que aprendem, na vida de cada dia.

Trabalhar com adolescentes não é o mesmo que trabalhar com crianças. O catequista deve assumir-se sobretudo como animador e ser criativo, para conse-guir fazer dos adolescentes sujeitos activos do próprio processo de educação na fé. A participação nas decisões e a iniciativa de alguns trabalhos ou actividades ajudarão a criar gosto e interesse pelo grupo de catequese.

Para animadores devem procurar-se as pessoas indicadas, que possam fazer uma preparação pedagógica. Por outro lado, sejam-lhes atribuídos grupos com os quais se identifiquem. O Secretariado Diocesano dê-lhes todo o apoio.

A catequese de jovens tem como referência fundamental a relação de Jesus com os Seus discípulos. Nela se inspirarão os responsáveis pastorais e os animadores. Organizem-se livremente os grupos, com base sobretudo em relações de amizade e com responsabilidades de auto-condução, mesmo que se corram riscos. Para a liderança, procure-se quem tenha carisma e o consenso dos companheiros. Estes animadores naturais sejam incentivados para uma formação mais exigente e dêem-se-lhes provas da disponibilidade das estruturas paroquiais e diocesanas para responderem tanto quanto possível aos problemas, dúvidas e anseios.

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Os jovens parecem sedentos de experiências fortes de contacto pessoal com Deus. As reflexões que englobam as suas questões específicas e as grandes causas sociais, sob uma leitura à luz da fé, podem motivar para momentos de aprofundamento e de intensa vivência espiritual, como retiros, celebrações e encontros de oração.

O acompanhamento no discernimento vocacional é prioritário nesta fase das grandes opções. As múltiplas possibilidades de participação e compromisso na Igreja e na sociedade podem ser melhor percebidas pelas oportunidades de participação interventiva em celebrações e outros actos das comunidades, e pela partilha efectiva de responsabilidades em órgãos da pastoral e na direcção de movimentos e associações.

Esta pedagogia de participação será um grande contributo da Igreja diocesana para o crescimento da fé dos jovens. Deve começar com a aceitação do papel coordenador do próprio Secretariado Diocesano da Juventude, no qual terão parte activa e directa, e continuar com a abertura e partilha de experiências entre os diferentes grupos e movimentos. Para a tornar mais efectiva, cada comunidade paroquial procure ter um interlocutor dos jovens.

Desejamos dar passos concretos para uma catequese de adultos em todas as paróquias da Diocese, que seja proposta válida de um itinerário de formação, com vista à actualização, fortalecimento e amadurecimento da fé, no quadro das responsabilidades familiares e sociais. Não se confunde com conferências ou jornadas esporádicas e terá um programa e uma metodologia que permitam a participação dos interessados, por exemplo, sob a forma de reflexão em grupo a partir de um guião, à semelhança do que aconteceu durante o Sínodo.

Ter-se-á cuidado para que as primeiras experiências não sejam negativas e desmotivadoras. Esperamos que o Centro Diocesano de Formação e Cultura possa apoiar este projecto, nomeadamente na elaboração de instrumentos de trabalho e na preparação de formadores.

Em todo o caso, não podemos dispensar as iniciativas paroquiais ou outras, que venham a surgir. A partilha de experiências servirá de estímulo e apoio para todos.

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A Educação Moral e Religiosa CatólicaAs aulas de Educação Moral e Religiosa Católica nas escolas são espaços

de crescimento e esclarecimento da fé, tentativa de integração harmoniosa do conjunto dos saberes e das diferentes dimensões da pessoa. Merecem todo o nosso apoio. O papel dos professores é essencial e requer o testemunho pessoal e a consciência de uma missão apostólica. Por isso, a Diocese sente o dever de cuidar da sua formação académica, pedagógica e espiritual.

Para cativar a adesão das crianças, dos adolescentes, dos jovens e dos respec-tivos pais, é necessário responder de forma válida aos problemas concretos com que se deparam e colocam à Igreja. Para isso, é imprescindível o conhecimento das suas necessidades espirituais e humanas e, ao mesmo tempo, a actualização permanente de programas e pedagogias.

A formação teológica e pastoralÉ cada vez mais necessário proporcionar formação teológica aos que desejam

aprofundar a fé, em conjugação com o seu nível cultural e com as actividades da vida, nomeadamente profissionais e familiares. Tal formação, ainda mais urgente para os que assumem responsabilidades pastorais, justifica um serviço ou instituição específica. Recentemente criado, o Centro Diocesano de Forma-ção e Cultura está já a tentar elaborar projectos. Desejamos que venha a ser o serviço dinamizador e coordenador de toda a formação teológica e pastoral, incluindo alguns aspectos da formação permanente do clero, em colaboração com iniciativas como as escolas de Catequistas, Cursistas e outras promovidas pelos movimentos, associações, comunidades paroquiais e até pelo Santuário de Fátima.

Nessa perspectiva, espera-se o aproveitamento de áreas e sectores suba-proveitados, como a biblioteca do Seminário, e o estudo da possibilidade de uma formação académica em ciências religiosas com reconhecimento oficial. Em qualquer dos casos, deve promover-se a qualificação nas diversas ciências teológicas, através do Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra, que é também da nossa Diocese, ou mediante outras escolas de Teologia ou mesmo cursos à distância.

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Sempre que se trate de cursos, colóquios, sessões culturais, etc., importa atender a necessidades ainda não respondidas no âmbito da formação de agentes pastorais.

As actividades em colaboração podem mais facilmente cobrir campos e ne-cessidades comuns, aumentar a participação e, ao mesmo tempo, reduzir custos. Por isso, os responsáveis procurem a cooperação entre os serviços pastorais, para melhor aproveitamento dos meios disponíveis.

Não podemos esquecer a importância de livros, audiovisuais e meios de comunicação social. Todos, cada um a seu modo, deverão ser utilizados para a educação da fé.

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II Parte

O amorque nos une

em Igreja

A Igreja nasce e vive da fé em Deus, como afirmámos na parte anterior. Mas, trata-se de uma fé que actua pelo amor (Gal 5, 6). De facto, Deus amou-nos e enviou-nos o Seu Filho, como vítima de expiação pelos nossos pecados (...). Se Deus nos amou assim, também nos devemos amar uns aos outros (1 Jo 4, 10-11). O amor fraterno constitui a forma de vida da Igreja e o meio de testemunhar Deus: Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o Seu amor é perfeito em nós (1 Jo 4, 12).

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Representantes de vários ‘mundos’, convidados para a oração (4ª sessão)

Mesa da Assembleia na 4ª sessão

Capítulo 4

A Igreja só existe na comunhão de amor

Amai-vos uns aos outros (Jo 13, 34)

Na Última Ceia, Jesus Cristo anuncia e interpreta o mistério da Sua morte na cruz e ressurreição como a maior prova do amor de Deus pelos homens e prepara os Apóstolos para viverem esse momento como o exemplo máximo da que será a sua missão. No Antigo Testamento, o Povo de Deus já vivia do amor, mas Jesus actualiza essa lei: Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros (Jo 13, 34).

Questão de vida ou morte para a Igreja, o legado de Jesus assume contor-nos de obrigatoriedade: Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 35). As famílias cristãs, as assembleias de fiéis, os grupos e movimentos, as comunidades são lugares privilegiados de vivência do amor fraterno, amor que se torna mediação eclesial da graça divina.

Todos participamos de um único pão (1 Cor 10, 17)

A Igreja nasceu do legado de Cristo na Última Ceia, do amor que Ele viveu de forma plena no mistério da Sua morte e ressurreição.

Agora, celebrando o memorial desse mistério pascal, ela vive, em Cristo, pelo Seu Espírito, a comunhão que une todos os seus membros num só corpo: O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão (1 Cor 10, 16-17).

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A principal manifestação da Igreja faz-se numa participação perfeita e ac-tiva de todo o Povo de Deus na mesma celebração litúrgica (SC 42). Todos os sacramentos são actos de Cristo na Sua Igreja, mediante os quais Ele oferece a vida de Deus aos homens, nas várias dimensões e fases do viver: no (re)nascer para a vida (Baptismo), na permanente necessidade de a alimentar (Eucaristia), quando se atinge a maioridade na fé (Crisma), nos estados de fraqueza espiri-tual (Penitência) e física (Unção dos Doentes), quando se assume a missão de animar a comunidade cristã (Ordem) ou de viver e transmitir a vida no seio da família (Matrimónio). Em todas as etapas da vida, Cristo oferece-nos a força vivificante do Espírito.

Em cada domingo, há cerca de 400 celebrações eucarísticas, na Diocese. Regularmente, há muitas outras liturgias, nas quais a comunidade cristã se reúne para receber a vida de Deus e O louvar pelos Seus dons. Estes actos são fontes de onde brota o amor divino, cuja energia espiritual gera a comunhão com Deus e entre os fiéis, reunidos no amor de Cristo. Tal vivência, pessoal e comunitária, não se limita ao interior do templo, nem aos que nelas participam, mas abrange toda a comunidade humana. De facto, a vida divina, recebida nos sacramentos, expressa-se no amor de uns pelos outros e estende-se a tudo o que vivemos e a todos com quem nos encontramos. Assim, a Igreja vive em cada assembleia celebrante (cf: LG 26). E a comunhão que nela se vive transforma-a numa parcela da imensa família dos crentes.

Viviam unidos e punham tudo em comum (Act 2, 44)

Esta união dos fiéis no amor, manifesta-se e concretiza-se, sobretudo, na comunhão fraterna. A experiência da partilha de dons e de bens entre as pri-meiras comunidades e a vivência da fraternidade em grupos e assembleias, demonstram bem essa realidade.

Quando interrogados sobre o papel da Igreja e a sua fidelidade ao Evangelho nos nossos dias, muitos diocesanos responderam consoante os cristãos lhes pareciam unidos, as famílias cristãs testemunhavam esse amor e os grupos se entreajudavam ou não no seio da comunidade.

Também podemos dizer que a nossa Igreja diocesana vive, sobretudo quando

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partilhamos os bens com os mais necessitados e quando os seus serviços e insti-tuições o fazem. Vai nesse sentido a recente implementação do Regulamento de Administração dos Bens da Igreja, que visa clarificar a administração diocesana e paroquial e incrementar o espírito de partilha.

Manifestam e concretizam essa vida os cristãos que dão o seu tempo e os seus talentos em serviços de voluntariado, na catequese, nas Comissões administrativas das igrejas, nos Centros Sociais Paroquiais, na Cáritas Dioce-sana, nas Misericórdias, nas Conferências de S. Vicente de Paulo e em muitas associações cívicas de solidariedade. Não é só o dinheiro que se partilha, mas também a vida, as capacidades e a disponibilidade.

A Diocese, comunidade de comunidades

Os irmãos e irmãs que constituem a Igreja de Leiria-Fátima têm rostos concretos. Somos cerca de 265 mil, a habitar nos concelhos de Leiria, Batalha, Porto de Mós, Marinha Grande, Ourém, Alcobaça, Alcanena e Pombal. São também milhares os que partiram à procura de melhores condições de vida noutros países, mas mantêm fortes ligações às suas origens.

Juntamo-nos em pequenos núcleos comunitários, nos cerca de 300 centros de culto. Formamos 74 paróquias agrupadas em zonas pastorais, a que cha-mamos vigararias. Existem ainda na nossa Diocese, cerca de 90 comunidades religiosas, masculinas e femininas, que muito a enriquecem com o testemunho evangélico, os carismas próprios e os serviços que prestam. É o conjunto de todas estas comunidades que dá corpo e forma a esta Igreja local. Uma Igreja que tem no Bispo diocesano o pastor que a guia e anima, com a colaboração dos presbíteros, e se enriquece na diversidade de todos estes grupos e pessoas.

Dimensão universal e ecuménica

A nossa Diocese não vive fechada em si mesma, mas em relação e abertura às outras dioceses do país e do mundo inteiro, à Igreja de Roma como centro de unidade da Igreja católica e até a outras Igrejas cristãs que, com ela, formam,

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em Cristo, a una e única Igreja de Deus (UR 3), unidas pelo Espírito Santo. A dimensão universal tem-se manifestado de muitas formas, desde a comu-

nhão na mesma fé e no mesmo Jesus Cristo, até à partilha efectiva de pessoas, bens e serviços. Alguns exemplos: o Instituto Superior de Estudos Teológicos é uma instituição que a nossa Diocese mantém em conjunto com Coimbra, Avei-ro e Portalegre/Castelo Branco; o Seminário acolhe, no tempo propedêutico, seminaristas das dioceses mencionadas e ainda de Cabo Verde; o Santuário de Fátima é um ‘altar do mundo’; os laços humanitários especiais por ocasião de grandes necessidades e catástrofes; os missionários, que partem da nossa Diocese para evangelizar e ajudar as Igrejas mais desfavorecidas; os migrantes a quem se dedicam alguns membros do nosso presbitério e que fazem ponte entre nós e outras comunidades de todo o mundo...

Em relação às outras Igrejas cristãs presentes na Diocese, nomeadamente evangélicas, há muito a andar. No entanto, têm-se dado alguns passos no sentido da aproximação e mútuo conhecimento, com encontros entre os respectivos pastores e momentos de oração interconfessionais, sobretudo pela paz.

Mediação frágil

Em toda esta riqueza e diversidade, a Igreja é portadora da vida e do amor de Deus para os homens. Mas, constituída por todos nós, é também marcada pelas nossas limitações e faltas.

A mediação humana da Igreja é frágil e faz-nos reconhecer a nossa insufici-ência e a absoluta necessidade de nos abrirmos e confiarmos a Deus. Só assim ela e cada um de nós pode cumprir a missão de levar a vida divina aos homens. De facto: Trazemos este tesouro em vasos de barro, para que esse incomparável poder seja de Deus e não de nós (2 Cor 4, 7). Esta confiança não nos leva a cruzar os braços, mas a viver na esperança, sempre na busca de caminhos de perfeição e de fidelidade ao testemunho do amor de Deus pelas Suas criaturas.

Ao mesmo tempo, esta mediação frágil deve motivar-nos para uma autêntica entreajuda entre todos os cristãos e comunidades. Só na comunhão de dons e carismas será verdadeiramente eficaz o cumprimento da missão da Igreja.

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Capítulo 5

Acolhemos todos os cristãos na sua diversidade

Em Cristo, formamos um só corpo (Rom 12, 5)

Ao falar da comunidade cristã, S. Paulo utiliza a imagem de um corpo, no qual cada membro tem missões e responsabilidades específicas (cf: Rom 12, 5; 1 Cor 12, 27-30). No âmbito diocesano como no paroquial, todos são importantes e necessários. A Igreja vive e cresce na conjugação das diferentes missões e responsabilidades, sob a acção do mesmo Espírito. E a Igreja, no âmbito quer diocesano quer paroquial, vive da sua conjugação, sob a acção do Espírito. Todos os cristãos são importantes e necessários: cada um tem dons específicos, para dar vida e enriquecer o corpo.

Nas paróquias, como em toda a Igreja, é desigual o empenhamento das pessoas. E entre os mais comprometidos e activos, há diversidade de persona-lidades, comportamentos e grupos. Para a construção da comunidade eclesial, onde todos têm lugar, é indispensável o reconhecimento e acolhimento das diferenças na unidade, por parte de cada um, sem discriminações. A missão da Igreja é ser aliança, que une os homens com Deus e entre si, sem excluir ninguém... mesmo aqueles que pouco ou nada querem saber da Igreja. É uma missão a desempenhar em todos os ambientes e situações, mas que começa, antes de mais, no seio da comunidade cristã em que se vive e se celebra a fé.

Todavia, mais do que a simples aceitação das diferenças, cada um deve colocar ao serviço de todos o carisma e os talentos que recebeu do Espírito, em ordem ao bem comum, e acolher os dons que os outros colocam ao serviço da Igreja. Ninguém é mais ‘membro’ do que outro por ter uma tarefa ou ministério diferente. Há diversidade de membros, de tarefas e de serviços, mas há um só corpo, em Cristo.

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Os fiéis leigosOs fiéis leigos são a grande maioria dos membros da Igreja. Não são apenas

destinatários da pastoral, mas têm um papel activo e próprio na missão eclesial comum, para enriquecimento de todos.

Não há dúvida de que o mundo é o seu primeiro campo de testemunho cristão. Mas muitos exercem ainda tarefas preciosas nas comunidades cristãs: animam celebrações, dedicam-se à catequese e à animação juvenil, à assistência aos doentes e idosos, à administração dos bens. Destes generosos voluntários da pastoral espera-se que sejam os primeiros no exemplo de colaboração e acolhimento recíproco. A desunião entre empenhados nos vários sectores da paróquia é sinal de falta de amor e de abertura e, por isso, da não existência de uma Igreja viva.

Há, ainda, outros grupos com diferentes graus de participação na vida da Igreja: os que participam regularmente nas celebrações comunitárias, mas não assumem funções especiais de animação; os que vêm esporadicamente à Igreja e se sentem ligados à comunidade, mas não participam na sua vida normal; os que nunca aparecem, indiferentes ao que se passa na Igreja; e há também aqueles que, além de se afastarem, assumem uma posição crítica.

Ora, a Igreja não é composta apenas pelos mais empenhados e pelos que aparecem de vez em quando. Todos os baptizados, sem excepção, fazem parte da comunidade eclesial e por ela devem ser acolhidos, com as suas riquezas e fragilidades.

Depois, não podemos esquecer os grupos que têm maior dificuldade em integrar-se na comunidade, ou não encontram nela uma resposta às suas con-dições e anseios. É o caso das crianças, dos doentes, dos emigrantes, ou de grupos especialmente marginalizados como os divorciados que voltaram a ca-sar, os detidos, os homossexuais, os toxicodependentes e outros. Estas pessoas exigem dos agentes de pastoral e dos cristãos em geral uma atenção particular. É fundamental encontrar modos concretos de as acolher e valorizar na Igreja, para que a abertura e a cooperação sejam realidade entre todos. Ainda que de modo diferente, também elas são Igreja e contribuem para a sua riqueza, na perspectiva da união de diversidades.

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Os ministros ordenadosOlhemos a realidade dos nossos ministros ordenados – Bispo, presbíteros

e diáconos. A Diocese conta com cerca de uma centena de padres, que, com o Bispo, desempenham dedicadamente o serviço pastoral a todos os fiéis. Há também cerca de 60 padres religiosos, que, comprometidos nas actividades dos seus Institutos, apenas dão um contributo limitado. A média etária do presbitério, actualmente de 60 anos, avança progressivamente. Alguns padres, já em período de reforma, têm uma actividade pastoral reduzida, mas continuam a representar muito para a Igreja, pelo que ainda fazem e pelo testemunho da dedicação de toda uma vida. As ordenações são apenas uma ou duas por ano e poucos os candidatos ao Seminário, não obstante os esforços do Pré-Seminário. É difícil, hoje, suscitar novas vocações para o ministério presbiteral: a vivência de fé nas comunidades parece não chegar para despertar nos adolescentes e jovens a consciência do chamamento divino. As condições da vida moderna abafam ou anulam os sinais de Deus.

Todos estes factores fazem-nos sentir com pertinência o problema da es-cassez de padres e, consequentemente, levantam a questão do que é prioritário na acção ministerial, assim como da descoberta de novas formas de animação e liderança das comunidades cristãs.

A nossa Diocese ainda não tem diaconado permanente, apesar do interesse manifestado pelo nosso Bispo. Esta falta torna a nossa Igreja mais pobre, já que este ministério, com o carisma e a forma peculiar de serviço que lhe são próprios, viria enriquecer o ministério ordenado e traria novas possibilidades à dinamização pastoral. Esta questão deverá voltar a ser reflectida seriamente, para se tomar consciência do lugar deste ministério na Igreja e discernir e de-cidir sobre a oportunidade do seu estabelecimento na Diocese, tendo em conta a experiência de outras onde já existe.

Os ministros ordenados são, por natureza, servidores: no ensino da Palavra de Deus, na celebração da liturgia, na animação e condução das comunidades e na promoção da unidade e da comunhão eclesial. Têm responsabilidades diferenciadas, mas complementares. Quando os ministros ordenados ou as comunidades não vêem o ministério na perspectiva de serviço a Deus e aos homens, cava-se distância e prevalece o clericalismo.

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Também eles são membros da Igreja, portadores de uma missão essencial para proveito dos outros e não de si mesmos. Como todos os cristãos, devem identificar-se com Jesus, que veio para servir e não para ser servido, mas eles mais que ninguém, em razão da identificação singular com o único e eterno Sacerdote, totalmente entregue para salvação de todos. Procuremos entender a especificidade do ministério presbiteral dentro do contexto da comunhão, e compreender as limitações das suas pessoas. Deste modo, cada um descobrirá melhor o seu papel específico na Igreja, dentro da diversidade e complemen-taridade das vocações. Assim haverá unidade e co-responsabilidade de todos na dinamização e mútua construção.

Os consagradosOs membros dos Institutos de Vida Consagrada – religiosas, religiosos e

leigos – são uma riqueza na Igreja: Pela prática dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, procuram seguir Cristo com maior liberdade e imitá-l’O mais de perto, consagrando, cada um a seu modo, a própria vida a Deus (PC 15). Há na Diocese 69 Institutos religiosos e seculares e ainda 5 associações e novas comunidades, que envolvem cerca de 800 pessoas. Um número que facilmente nos passa despercebido, até porque a esmagadora maioria está em Fátima.

Esta concentração em Fátima não favorece a ligação dos consagrados à restante realidade diocesana. Por outro lado, escasseiam as actividades de conjunto e as ocasiões propícias à valorização e aproveitamento dos seus ca-rismas. Acresce ainda que, no caso das comunidades masculinas, a maioria dos serviços que lhes são solicitados se devem mais ao facto de alguns serem padres do que à sua condição de religiosos. Não obstante, é conhecida a colaboração dos consagrados no Santuário de Fátima, em comunidades cristãs e em alguns sectores da pastoral.

A existência de um delegado episcopal tem colhido apreço, possibilitado melhor acompanhamento e fomentado a mútua aproximação. Todavia, a falta de coordenação na pastoral diocesana parece facilitar o desenquadramento dos vários Institutos em relação às paróquias e à Diocese.

É notório o empenho das casas religiosas na hospedagem aos peregrinos de Fátima. Muitos destes manifestam preferência por elas, por motivos religiosos

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ou pelo ambiente familiar que proporcionam. Mas colocam-se também objec-ções a esta actividade, simultaneamente económica. O grande desafio é que haja, acima de tudo, um serviço realizado por motivos de caridade e de apostolado.

Para aumento e melhor expressão da comunhão com a Igreja diocesana, deve haver, por parte dos consagrados, um efectivo esforço de integração, e por parte da Diocese, acolhimento e reconhecimento da especificidade dos carismas religiosos. A cooperação e a co-responsabilidade têm, no contexto da Diocese, o significado e a força de um apelo especial ao serviço generoso e diferenciado na mesma Igreja.

Pastoral vocacional

Identificando a Igreja como comunhão de diversidades, compreenderemos a pastoral vocacional como serviço à promoção e integração dos diferentes ca-rismas na comunhão e na colaboração eclesial. Têm surgido formas de vocação cristã e apostólica, que dão nova configuração à vida em comunidade e novo dinamismo ao apostolado e à promoção da vida cristã. A atenção às vocações para o ministério ordenado não deve ser o objectivo único e nem sequer o principal de uma pastoral vocacional. Esta visa a descoberta de dons e talen-tos do Espírito para os diversos serviços e modos de participação: ministério ordenado, vida religiosa, e consagração dos leigos na actividade missionária ou nas diferentes formas de condição laical, sobretudo na família.

Com esta orientação, a pastoral vocacional contribuirá de forma decisiva para a construção da Igreja como comunhão no amor de Cristo. Afinal, se houver Igreja viva e plena consciência da importância de todos os seus membros, as vocações sacerdotais aparecerão.

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Capítulo 6

Dispomo-nos a promover a comunhão

A espiritualidade da comunhão

Só haverá renovação da Igreja diocesana quando a caridade fraterna for vivida e promovida por todos, nos grupos e comunidades. É um amor que nos une, gera comunhão e nos move à acção.

O Papa João Paulo II diz-nos: É preciso fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão; (...) antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se forma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades (NMI 43).

A espiritualidade da comunhão é um estilo de vida: parte de uma ligação profunda com o mistério da Trindade, cuja luz se percebe no próprio coração e se vislumbra no rosto dos irmãos. Daí brota, no dizer do Papa, a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como ‘um que faz parte de mim’, para saber partilhar as suas alegrias e os seus sofri-mentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas necessidades, para lhe oferecer uma verdadeira e profunda amizade (NMI 43).

É esta espiritualidade de comunhão que fundamenta e motiva a vida e a acção da Igreja e as relações entre as pessoas e os grupos; que nos leva a ultrapassar barreiras ideológicas, diferenças raciais, concepções políticas e até vivências religiosas, para irmos ao encontro do outro, reconhecermos os seus valores, ajudarmo-lo a crescer e aprendermos com ele a crescer.

A espiritualidade da comunhão vive-se também na acção pastoral. Leva-nos a reconhecer que todos somos co-responsáveis na Igreja. Por isso, assumimos o nosso lugar próprio e damos espaço ao contributo de cada irmão, segundo a sua capacidade. Só o podemos fazer, conhecendo e valorizando os carismas

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de cada um e dos diferentes movimentos eclesiais para a construção comum, e promovendo a diversificação e a qualidade dos serviços na Igreja, sejam eles prestados por ministros ordenados, consagrados ou fiéis leigos.

A espiritualidade de comunhão implica, de modo especial, o esforço pela diminuição e resolução dos conflitos entre famílias e grupos na comunidade, e o acolhimento fraterno aos que vêm de fora, aos marginalizados, aos pobres e doentes, e aos que vivem em situações que motivaram o seu afastamento da comunidade. Por outro lado, implica o reconhecimento e o estabelecimento de relações com as outras comunidades dentro da paróquia, da vigararia ou da diocese, com comunidades eclesiais mais distantes, como as missões, e com outros grupos sociais.

As celebrações da comunhão

A comunhão é gerada por Deus, quando nos abrimos ao Seu amor. Queremos que as celebrações da fé, que reúnem pessoas de todas as idades e condições, sejam autênticos espaços de comunhão, no louvor a Deus. Onde e quando for possível, daremos um cuidado especial às crianças, jovens, idosos ou doentes, de modo a nelas participarem activamente. As celebrações tornar-se-ão, assim, integradoras de todas as formas de participação dos cristãos e terão como princi-pal objectivo a partilha da vivência e da busca da vida que Deus a todos oferece.

Tomar uma postura meramente passiva nas assembleias é resistir à comunhão com Deus e ao envolvimento com os outros. Por isso, falta dinamismo, calor e criatividade a muitas celebrações pouco participadas, realizadas quase só pelo presbítero ou sempre pelas mesmas pessoas. Têm pouca vida e dificultam a comunicação da vida de Deus. Queremos assumir a nossa participação, pôr os nossos dons e talentos ao serviço de todos, garantir os serviços paroquiais de animação litúrgica.

É urgente uma atenção especial aos que estão mais ‘fora’ da comunidade, aos isolados e aos marginalizados, como é o caso dos imigrantes e outros mais necessitados do apoio fraterno. Queremos criar espaços de abertura, acolhimento e participação, sobretudo nas celebrações da fé.

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Queremos, também, que as festas e outras manifestações públicas da fé, que são espaços privilegiados para o acolhimento e integração dos que normalmente não participam na liturgia, se tornem cada vez actos de uma comunidade cristã fraterna e aberta a todos. É este o espírito das recentes orientações pastorais do nosso Bispo sobre o tema (cf: D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Carta Pastoral sobre as Festas Cristãs, 2001).

Os bens ao serviço da comunhão

Um dos modos mais concretos de praticar a comunhão, tal como era assu-mido pelas primeiras comunidade cristãs, é o da partilha de bens.

Queremos que a partilha, não apenas dos bens materiais, mas também dos dons e talentos, seja assumida por todos, nomeadamente pela colaboração nas acções caritativas da Igreja, em resposta aos problemas concretos dos mais carenciados. Partilha tanto mais frutuosa quanto mais cuidada for a sua orga-nização. Tanto a nível paroquial, como vicarial e diocesano, são necessárias equipas de coordenação, recolha e distribuição. Além disso, a ajuda só é efectiva se, para além do apoio espiritual, for prestada a assistência humana adequada a cada situação concreta. Deficientes, idosos, desempregados, toxicodependentes, presos, marginalizados... cada grupo exige acompanhamento diferenciado.

Tanto a entrega de donativos para a comunidade cristã como a administração dos bens da Igreja, móveis ou imóveis, deverão assumir este espírito de partilha. Os fiéis, ao fazerem as suas ofertas em dinheiro ou géneros, nomeadamente nas celebrações da comunidade, em alguns sacramentos e até no cumprimento de promessas, procedam motivados pela fé e não como quem paga um serviço. Incumbe sobretudo aos pastores formar os fiéis nesse sentido, e é necessário, na Diocese, rever a prática dos estipêndios na missa.

Desejamos que, de modo especial, os administradores, tanto ao nível local, como diocesano, tenham como prioritários os destinos apostólicos e caritativos dos bens da Igreja, segundo as orientações do Regulamento de Administração dos Bens da Igreja (RABI), em vigor na Diocese desde 1998, que deve ser seguido e divulgado. Para tal, é indispensável informarem com clareza os fiéis, as comunidades e a Igreja diocesana sobre esses bens e sua administração.

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Serviços e organismos de comunhão

Para promover a comunhão são necessários os serviços e organismos apro-priados. Na consulta sinodal, os grupos chamaram a atenção para uma desco-ordenação de serviços e iniciativas, a falta de orientações pastorais precisas, deficiências de comunicação e pouca partilha de experiências. Também refe-riram com frequência que entre as comunidades, cada uma faz à sua maneira, sem disciplina e sem sentido de unidade.

Um primeiro passo para promover a comunhão – nas comunidades, nas paróquias, nas vigararias e na Diocese – é clarificar as tarefas, valorizar os ca-rismas e os ministérios próprios de cada um e optimizar o seu aproveitamento nas várias áreas pastorais: anúncio da Palavra, celebração da fé e implementação da caridade.

Outro passo importante é a activação e reestruturação dos serviços nos níveis mencionados, a formação de pessoas que os assumam e a criação de órgãos de animação e coordenação.

Na famíliaComo já se disse, a família é a base e a pedra fundamental da sociedade e da

própria Igreja. Nela cada pessoa encontra estabilidade afectiva e humana. Nela e dela brota a vida, numa relação de amor a dois, que se prolonga nos filhos, colaborando na acção criadora de Deus. É também o lugar privilegiado para o brotar da fé: onde primeiro se ouve e acolhe a Palavra de Deus, transmitida de pais para filhos; onde se aprende a exprimir a fé pela oração e pela participa-ção nos sacramentos; onde primeiro se bebe o dom do amor e da comunhão, que faz cada pessoa abrir-se e dar-se aos outros, na comunidade universal dos filhos de Deus.

É, por isso, fundamental que ela desempenhe verdadeiramente o seu papel de primeira escola de comunhão, que viva e eduque os seus membros para a vivência social e cristã em comum. Só assim corresponderá à sua base sacra-mental, o amor de Cristo pela Igreja. Se a família nasce e se forma a partir da comunhão, só existe enquanto for lugar de comunhão. Será também, deste modo, a primeira e mais fiel imagem da Igreja como corpo único, formado por vários e diferentes membros.

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Na paróquiaO primeiro espaço onde as famílias se reúnem para viver e celebrar a fé é

a pequena comunidade, ou centro de culto, que está associada, por norma, ao local onde residem e no qual mantêm relações de vizinhança. É aí, portanto, que se promovem as primeiras iniciativas pastorais, como a catequese e as celebra-ções comunitárias. Assim, à semelhança da Diocese (cf: supra, 52), também a paróquia é comunidade de comunidades, onde a comunhão eclesial encontra a sua expressão mais imediata e visível (CL 26). Em cada pequena comunidade é preciso promover e organizar a comunhão entre todos e a colaboração nas iniciativas para o bem comum.

Para a dinamização e coordenação, em cada comunidade (capelania, centro de culto) deve constituir-se, segundo as orientações do pároco e do Conselho Pastoral Paroquial, uma equipa de animação pastoral, formada com os respon-sáveis das suas várias dimensões: liturgia, catequese, administração, caridade, etc. Agirá em colaboração com as comissões administrativas das igrejas não paroquiais (cf: RABI, capítulo VI). Faz parte dos seus objectivos promover a participação de todos, de acordo com o carisma e os talentos de cada um, e organizar os diversos serviços locais, segundo as necessidades. Uma vez que são os fiéis os melhores conhecedores da realidade local e das suas carências, não podem ficar à espera de directivas ‘de cima’ para actuar. Deverão tomar iniciativas adequadas, procurando, todavia, sintonizar-se com as orientações paroquiais e da Igreja diocesana. Estas fornecerão apoio, mediante os serviços competentes.

Mas as pequenas comunidades não são autónomas e desligadas entre si. Juntas no corpo único que é a paróquia, encontram aí uma dimensão mais completa e estruturada da sua expressão comunitária. Nesse âmbito, o pároco é o primeiro servidor e promotor da comunhão.

Porém, não pode agir sozinho. Os Conselhos Pastoral e Económico cola-boram nesse objectivo, em benefício de toda a paróquia. Muitas paróquias já têm estes Conselhos a funcionar, sobretudo o económico. O Pastoral vai-se constituindo progressivamente.

A coordenação das diferentes comunidades e dimensões da pastoral deve ser assumida plenamente pelo Conselho Pastoral Paroquial e a administração dos bens pelo Conselho Económico, constituído e a funcionar de acordo com o RABI.

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Para que o seu contributo seja frutuoso, o Conselho Pastoral deve integrar as pessoas que estão directamente ligadas à animação pastoral paroquial, nos diversos sectores e comunidades. Os seus membros, leigos e pároco, deverão receber ajuda e formação sobre a utilidade e o modo de funcionamento do Conselho Pastoral. O mesmo se deverá fazer para o Conselho Económico.

Esperamos que o Centro Diocesano de Formação e Cultura possa pro-mover tais formações, em complementaridade e colaboração com outras instâncias.

Nas vigarariasAlargando um pouco a estruturação da comunhão e colaboração eclesial, as

paróquias estão agrupadas por zonas, em vigararias. Numas mais do que nou-tras, têm surgido serviços pastorais comuns na preparação para o Matrimónio, na formação de catequistas e de animadores da liturgia, no desenvolvimento da pastoral juvenil e em outros sectores. Isto denota que, em certos aspectos, a paróquia não é suficiente e há necessidade de pensar e realizar uma pastoral de conjunto para uma zona mais ampla. Compete ao vigário da vara, primeiro animador da equipa ministerial, assumir-se como principal impulsionador e coordenador da pastoral na vigararia.

Numa pastoral eclesial de comunhão, os padres necessitam da colaboração dos leigos e não podem agir sozinhos. Assim, à semelhança da experiência de uma ou outra vigararia, é desejável que se constitua em cada uma um grupo de reflexão pastoral, integrando padres e leigos das várias paróquias, que analise e proponha iniciativas para o desenvolvimento da vida cristã e da colaboração pastoral.

Na dioceseFinalmente, é no corpo constituído por todas as vigararias, paróquias,

comunidades e famílias da Diocese que esta parcela do povo de Deus se cons-titui como Igreja local verdadeiramente completa, presidida pelo Bispo. Para promover uma renovação pastoral com base na comunhão, o Bispo diocesano deve ter os serviços necessários para o governo da diocese. Achamos urgente a reestruturação da Cúria Diocesana, isto é, o conjunto dos serviços de admi-nistração, de dinamização e coordenação pastoral e da justiça, definindo o seu

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organigrama, competências e orientações na perspectiva de serviço a uma Igreja de comunhão e em correspondência directa com as necessidades concretas da dinamização e da coordenação pastoral diocesana.

De igual forma, achamos que deve ser repensada a composição e modo de funcionamento do Conselho Pastoral Diocesano, de modo que o seu contri-buto seja mais frutuoso. Para tal, nele devem ter assento pessoas directamente responsáveis pelas diversas áreas da pastoral e com competência reconhecida.

Para que os serviços e o órgão consultivo mencionado, bem como toda a Diocese, tenham um instrumento adequado à dinamização e a uma maior uni-dade de acção de todos, desejamos que se avance de imediato com a elaboração de um plano diocesano de pastoral, que dê continuidade e aplicação metódica e sistematizada às conclusões da reflexão sinodal e a outras directivas funda-mentais para a vida pastoral da Igreja diocesana.

Ministros ao serviço da comunhão

Na Igreja diocesana e em todas as comunidades que a compõem, o Bispo e os presbíteros são os primeiros servidores e garantes da comunhão. O que são e o que fazem deve orientar-se como serviço da comunhão, a começar pelo testemunho da sua vivência eclesial.

A comunhão no presbitérioQueremos ver no presbitério a expressão real da vivência da comunhão dos

padres entre si e com o Bispo. A participação na celebração da missa crismal de Quinta-Feira Santa, nas ordenações sacerdotais e nos aniversários jubilares das mesmas, bem como nas associações, assembleias e acções de formação, contribui para reforçar os laços de fraternidade no sacramento da Ordem que unem os ministros. Apelamos a maior visibilidade da vivência do ministério como serviço da comunhão.

Desejamos, igualmente, que se promova mais entre os presbíteros, como recomenda o Concílio Vaticano II, algum modo de vida em comum, ou alguma convivência, que podem revestir diversas formas, conforme as necessidades pessoais ou pastorais, por exemplo, habitar juntos, onde isso seja possível, ou

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tomar as refeições em comum, ou pelo menos ter reuniões frequentes e perió-dicas (PO 8). Habituem-se também a trabalhar mais em equipa, em entreajuda e complementaridade no trabalho pastoral. Dessa forma, a sua vida torna-se mais claramente testemunho da comunhão que os une e que são chamados a garantir nas comunidades que servem.

Para promover, de forma concreta, o sentido de serviço gratuito do ministé-rio e a partilha de bens que assegure a todos os presbíteros condições e meios para uma vida digna, foi estabelecido o Estatuto Económico do Clero. É parte integrante do RABI, que define as normas para a organização económica das paróquias e da Diocese.

Apelamos a todos os presbíteros para que observem o referido Estatuto Económico, segundo o espírito que o caracteriza, de partilha de bens, de transparência e de confiança no futuro. Darão assim exemplo de obediência às orientações diocesanas a seu respeito.

O Conselho PresbiteralAlém de espaço de reflexão e de apoio ao Bispo em diversos assuntos,

sobretudo relativos ao clero, o Conselho Presbiteral deverá assumir um papel activo para a comunhão entre os padres e destes com o Bispo. É um órgão ainda recente que proporciona a participação, pelo que não se deve deixar cair em desgaste. Como tal, a nomeação dos que o constituem deverá ser aceite como um serviço que prestam, com alegria e humildade, à Igreja, ao presbitério e ao próprio ministério. O Conselho deve ser um órgão de partilha de preocupações, experiências e expectativas e, ao mesmo tempo, de estudo de assuntos rela-cionados com o clero, tais como os critérios para a mudança e colocação dos padres, as formas de vida que possam assumir em comum ou as estratégias e temáticas para a sua formação permanente.

O Bispo diocesanoNa comunidade de irmãos na fé que é a Igreja diocesana, tem vital importân-

cia o ministério do Bispo. Em nome de Cristo, ele é o pastor e o primeiro dos servidores. Compete-lhe, de forma especial, o serviço da unidade e da comu-nhão entre todos. Por isso, preside, isto é, está à frente da Diocese, como guia que promove e aceita o contributo de todos. O Bispo deve incutir em todos os

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cristãos, e de modo especial nos presbíteros, como participantes no mesmo sacerdócio ministerial de Jesus Cristo, a espiritualidade da comunhão e do serviço ao bem comum, para que abracem a sua missão em sintonia e com-plementaridade.

Os ministros ordenados e todos os outros fiéis hão-de obedecer ao Bispo e com ele colaborar lealmente, para que ele sirva da melhor forma todo o Povo de Deus que lhe está confiado e a sociedade na qual está integrado.

Os consagrados na comunhão diocesana

Acolhemos e promovemos a integração plena dos muitos Institutos de Vida Consagrada existentes na Diocese, nomeadamente através da sua colaboração nas comunidades, em acções concretas que correspondam mais directamente aos seus carismas específicos. Queremos que se intensifique a coordenação de esforços numa pastoral de conjunto, nomeadamente para mais participação e melhor aproveitamento da presença dos consagrados nos vários sectores da pastoral diocesana. Para tal, sejam dinamizadas e activadas as estruturas de ligação e comunhão já existentes entre a Diocese e os Institutos de Vida Con-sagrada e valorizados os carismas de cada Instituto e as competências próprias dos seus membros na colaboração com os diversos serviços diocesanos, de modo a estarem disponíveis e a poderem responder às necessidades pastorais das comunidades.

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III Parte

A esperançaque faz de nós

testemunhas

A Igreja caminha entre os homens, solidária com eles, como ensina o Concílio Vaticano II: as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos po-bres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração (GS 1). É, pois, por amor que a Igreja diocesana realiza a sua missão no mundo. Este é para ela lugar de peregrinação, mas também de missão.

No seu caminho com os homens, a Igreja reconhece o amor divino por eles, neles acolhe as manifestações do Espírito e empenha-se na transformação do mundo, segundo a dinâmica do Reino de Deus. É esta a nossa missão.

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O gesto de envio repetia-se no final de cada sessão (4ª sessão)

Boa disposição foi tónica da Assembleia (4ª sessão)

Capítulo 7

O amor de Deus por todos

Serás uma fonte de bênçãos (Gn 12, 2)

Deus criou um povo e fez dele sinal para todos os outros, para que todos co-nhecessem as maravilhas das Suas obras, os frutos da Sua Aliança e a sabedoria das Suas leis: Deus disse a Abraão: Sai da tua terra e de junto da tua família e vai para a terra que te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome; serás uma fonte de bênçãos! Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Por ti serão benditos todos os povos da terra (Gn 12, 1-3).

Deus ama todos os homens e mulheres. Não há dúvida. Por isso nos enviou o Seu Filho Jesus: Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele (Jo 3, 16-17).

Jesus Cristo, ao fundar a Sua Igreja, o novo Povo de Deus, encheu-a de bênçãos. São essas bênçãos divinas, a vida e o amor de Deus, que a Igreja faz chegar a todos. Quando descobrimos a vida de Deus, não a podemos guardar para nós. A Igreja não pode fechar-se em si própria. Tem que partir a evangelizar, a comunicar a vida que recebe de Deus. Só assim será a Igreja e cumprirá a sua missão: Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes, uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! (1 Cor 9, 16).

Mas... quem iremos evangelizar?

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Fazei discípulos em todos os povos (Mt 28, 19)

Depois da Sua morte e ressurreição, Jesus apareceu aos Apóstolos e disse-lhes: Ide e fazei-me discípulos em todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei. Eu estarei convosco até ao fim dos tempos (Mt 28, 19-20). A todos os povos, porque a redenção de Jesus tem efeitos universais: O amor de Cristo nos constrange, persuadidos de que, se um só morreu por todos, então todos morreram. Cristo morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou (2 Cor 5, 14-15).

De facto, em Jesus Cristo revelou-se, de modo supremo, o amor de Deus, único e universal. Deus criou a todos, a todos ama e para todos enviou o Seu Filho. Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogénito de toda a criação, porque n’Ele foram criadas todas as coisas (...) porque agradou a Deus que residisse n’Ele toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas (Col 1, 15 ss.).

Assim, a Igreja, verdadeiramente católica, tem por missão o convite uni-versal à vida e ao amor de Deus. Ela é sinal e sacramento de unidade de todo o género humano (LG 1).

Também a Igreja diocesana é chamada a participar na solicitude do amor universal de Deus por todos os homens e mulheres, a quem anuncia o Evange-lho. Sendo a Igreja missionária por natureza, este anúncio compromete todos os seus membros na missão, que pode concretizar-se de formas muito diversas.

Uma das expressões desta missão é o envio de pessoas e bens para as terras de evangelização. Mas há igualmente iniciativas simbólicas, como a geminação da Diocese e de paróquias com Igrejas mais jovens, que consciencializam e comprometem para o maior intercâmbio de pessoas, partilha de bens, diálogo e encontro com outras religiões e culturas.

No entanto, a vocação missionária vai muito para além desta formas mais visíveis. É uma vocação que empenha toda a Igreja, cada um dos cristãos, mesmo os que nunca saem da sua terra.

Como?

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Brilhe a vossa luz diante dos homens (Mt 5, 16)

Vós sois o sal da terra! (...) Vós sois a luz do mundo! (...) Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus. (Mt 5, 13-16). A Igreja é evangelizadora, sobretudo, pela sua vida, como instituição e como corpo formado por todos nós, cristãos. À sua palavra precisa de juntar o testemunho da prática, como refere S. Tiago: Assim é a fé: se ela não tiver obras, é morta em si mesma (Tg 2, 17).

A mensagem do Evangelho é vida e transmite-se através das obras concretas das pessoas e das comunidades. A falta de coerência de vida e de prática cristã é um dos maiores factores de rejeição da mensagem e motivo para muitos abandonarem a Igreja, como se reconheceu ao longo da caminhada sinodal. Se a vida dos cristãos não estiver impregnada do Evangelho, a Igreja não será evangelizadora nem mediadora de Deus.

Curai os doentes, ressuscitai os mortos (Mt 10, 8)

O Reino abarca todos os povos, mas Deus acolhe com especial atenção os pobres, os deserdados, as vítimas da maldade dos seus irmãos, os pecadores, os perdidos. Jesus Cristo mostrou-nos isso mesmo, ao anunciar a Sua missão: O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos presos, e, aos ce-gos, o recobrar da vista; a mandar em liberdade os oprimidos (Lc 4, 18). Uma missão que cumpriu com o Seu exemplo: deu de comer às multidões famintas, curou doentes, defendeu a mulher condenada, aproximou-Se dos desprezados, perdoou aos arrependidos que se abriam a uma nova vida, pediu perdão para os Seus carrascos e deu a vida por todos.

Também nós somos chamados a levar a Boa Nova aos que mais precisam, não só por palavras mas com obras. Não apenas de forma espiritual, mas com a ajuda concreta para as necessidades corporais. A vida de Deus não é apenas para o espírito, mas para o bem integral da pessoa. As iniciativas de solidariedade e a acção generosa de tantos voluntários no campo da caridade são verdadeira concretização da missão de levar Deus aos outros.

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Quem não é contra nós é por nós (Mc 9, 40)

O Espírito manifesta-se, não só nos cristãos, mas também em todos os homens de boa vontade e em todas as circunstâncias, desde que neles viva e permaneça o amor. Por isso, também a Igreja pode receber muita ajuda do mundo, pelas qualidades e acção dos indivíduos e das sociedades (GS 40). O que importa é a promoção da vida e a salvação das pessoas, ainda que essa ac-ção chegue por quem não partilha a nossa fé. Também o Samaritano socorreu e salvou um Judeu, seu ‘inimigo religioso’. Pela sua acção, tornou-se verdadeiro ‘próximo’ (cf: Lc 10, 25-37).

Não podemos ter uma postura de isolamento nem limitar a nossa acção às iniciativas e instituições da Igreja. Somos sempre poucos para promover o bem. Devemos colaborar com todos os que lutam pelo bem, independentemente do seu credo, raça ou nação, e valorizar a sua boa acção, mesmo que não partilhem as nossas convicções. A fé distingue-nos, mas não nos separa: também eles podem ser testemunhas e instrumentos do amor divino: Quem não é contra nós é por nós (Mc 9, 40).

A abertura universal ao reconhecimento de quem é diferente e a colaboração com quantos agem de boa vontade e de recta intenção são fundamentais para que a Igreja leve a todos o seu testemunho de esperança e de amor.

É também indispensável contribuir para uma nova consciência global, mais sensível às grandes desigualdades a nível mundial, para a construção de uma paz baseada na justiça e na solidariedade entre os povos. Para tanto, há que ter em conta reiteradas posições do Papa João Paulo II, no sentido da colaboração entre as diversas confissões religiosas e os homens de boa vontade.

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Capítulo 8

O Espírito manifesta-Se no mundo actual

Negação/fome de transcendência

O tempo moderno é marcado por uma crescente rejeição do passado e des-confiança em relação ao futuro, que conduz à sôfrega vivência do imediato. A maioria das pessoas nega ou cai na indiferença perante a necessidade de referências transcendentes e espirituais, perdeu a consciência de Deus e vive numa auto-suficiência que esvazia o coração e faz esquecer a noção de alma. O ateísmo professo e o pragmatismo materialista e individualista trouxeram-nos graves problemas, como a perda de valores de referência e uma perigosa relatividade ética e moral.

Mas a falta de referências seguras a nível espiritual tem motivado ainda, de modo crescente, a procura de respostas alternativas para as questões vitais que brotam no íntimo da pessoa: quem sou, de onde vim, para onde vou? Perguntas de sempre, que hoje se impõem com mais força. É que, procuradas as respostas possíveis na ciência e no conhecimento humano, o homem dá-se conta de que a solução última não está tanto nas suas capacidades como em ‘algo’ para além de si. Descobriu, no fundo, que fechar-se é afastar-se do próprio sentido. A an-gústia do vazio existencial leva muitos a uma fome intensa de transcendência e de espiritualidade.

A Igreja deve estar atenta a esta dupla realidade: negação e fome do trans-cendente, sem dúvida, uma das interpelações do Espírito, a que é chamada a responder. Não pode pretender impor uma fé de dogmas inquestionáveis e radicar nela uma ética exigente. A esta procura da nascente do espírito humano e da comunhão com o divino, deve saber revelar a resposta que está na própria consciência do homem, na medida em que este se abrir ao Transcendente e ao amor por todos os outros homens.

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Procura do religioso

A fome espiritual é também intenso desejo religioso. As pessoas procuram na religião uma resposta sobre o Transcendente, que satisfaça plenamente a ânsia de sentido. Resposta que pretendem imediata e completa e que muitos não têm encontrado nas religiões tradicionais, nem mesmo na Igreja Católica.

O terreno tornou-se propício às novas formas religiosas e outras propostas de espiritualidade. Novos movimentos e seitas procuram responder directamente aos anseios, problemas e carências, com métodos de sedução. Muitas pessoas deixam-se cativar e encontram um pouco de satisfação. Algumas só depois vêm a descobrir, por vezes tarde demais, os custos da nova adesão: exploração económica e emocional, logro com milagres que nunca aconteceram, ruptura com a família...

Não obstante, para muitos, o importante foi encontrar uma forma religiosa de resposta e o amparo de uma comunidade crente.

Também este fenómeno é uma interpelação do Espírito à nossa missão de levar Deus aos outros pelo testemunho da Sua vida em nós, de forma mais autêntica e cativante.

Inquietação pelos valores humanos

Muitas são as contradições da nossa cultura: tanto defende a dignidade e os direitos da pessoa humana, como promove leis que atentam contra ela, como é o caso da permissão do aborto e a facilitação do divórcio. Avança no desenvol-vimento científico e técnico, com novas esperanças para todos, e entusiasma-se na manipulação irresponsável da genética e da clonagem, sem poder prever e controlar as suas consequências.

A crescente tomada de consciência das suas enormes possibilidades e, ao mesmo tempo, dos seus limites e riscos é lugar e sinal da acção do Espírito. O homem redescobre que não deve fazer tudo o que pode, sob pena de se destruir irremediavelmente. Por isso, é significativa a inquietação actual em torno dos valores a promover na sociedade, onde é cada vez mais urgente definir uma verdadeira ética, que regule as aplicações dos avanços das ciências na vida,

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sobretudo na vida humana. Algo semelhante se passa na regulação das várias actividades que, directa

ou indirectamente, podem beliscar a dignidade e os direitos da pessoa: inter-venções no ambiente natural, atentados à privacidade, acções médicas sobre os doentes, etc. Estão em causa a preservação da natureza e das espécies, desig-nadamente a humana, a vida, o futuro e a dignidade da pessoa. A inquietação exige efectivas precauções.

Globalização

O mundo é cada vez mais uma ‘aldeia global’, com todas as culturas e nações em contacto e em relação. A circulação rápida de ideias, produtos e pessoas pode trazer às pessoas e povos maior comunhão, mais conhecimento e entreajuda, maior acessibilidade, maior participação social, política e cultural, melhores condições de vida... tudo, sem dúvida, tudo expressão do apelo do Espírito de Deus ao amor universalmente partilhado.

Mas esta aproximação traduz-se, muitas vezes, em imposição de um modelo económico único e da consequente mentalidade de consumo, que provocam a ilusão de um bem-estar imediatamente acessível, mas, na verdade, estabelece fossos sociais com grandes ricos e novas formas de pobreza e de marginalida-de. Por outro lado, paira a ameaça da perda da identidade cultural e nacional, sacrificada à uniformização de um modelo único. Podem ficar comprometidos os valores humanos da liberdade na variedade de culturas e de identidades.

Ao contrário, se a globalização não se fizer pela imposição da dimensão económica e dos seus aspectos mais negativos, mas se traduzir em maior conhecimento e difusão de ideias e valores, ela promoverá a solidariedade, o diálogo e a paz, e será mesmo uma grande oportunidade para a universalidade do Evangelho a anunciar a todos os povos e nações.

O Espírito impele-nos a aproveitar os desafios e as oportunidades que se oferecem à Igreja, em criterioso discernimento das luzes e sombras, e chama-nos a ser testemunhas do Evangelho nos lugares e momentos de confronto, disponíveis para a escuta e generosos na partilha.

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Mobilidade e migração

Basta olhar para a vaga de imigrantes que procuram o nosso país e as várias comunidades da nossa Diocese, para nos apercebermos da dimensão do fenó-meno. São aos milhares, vindos sobretudo do Leste europeu. Precisamente o inverso do movimento da corrente migratória das décadas passadas que levava muitos de entre nós a partirem para longe em busca de melhor vida.

A mobilidade física transporta outra, a cultural: novas ideias e novos mo-dos de vida, resultado de outras referências geográficas, históricas e culturais, colocam-nos perante o desafio do acolhimento, do respeito e da aceitação das diferenças, que há-de redundar em colaboração e mútuo enriquecimento. A comunhão pode assumir aqui contornos de realidade.

Não podemos ignorar que existem problemas gravíssimos ainda não resol-vidos, relacionados com a migração. Chegar um país desconhecido, sem falar a língua, em situação de necessidade extrema, torna a pessoa vulnerável, sob todos os pontos de vista, e deixa-a exposta a explorações sem escrúpulos.

À mobilidade migratória, juntam-se outras por diversos motivos: turismo, peregrinação, viagens de trabalho ou negócios... Multiplicam-se os contactos e as convivências, e, mais uma vez, os confrontos de ideias, modelos e formas diferentes de vida. Sempre enriquecimento, à partida, o actual aumento da mo-bilidade comporta igualmente sérios riscos, sobretudo porque as sociedades e as pessoas não conseguiram acompanhá-lo de um correspondente aumento de preparação e prevenção. A insegurança pessoal, social, nacional e internacional são disso sinal por demais evidente. Cabe-nos ajudar a criar clima propício à reflexão, que leve a adoptar medidas no sentido de uma verdadeira aprendizagem e apreço pela incomensurável riqueza do convívio humano.

Dimensões sociais da vida humana

A vida em sociedade tem diversas dimensões, mediante as quais cada um de nós se exprime e cresce como pessoa. Aliás, podemos viver integrados em determinados aspectos, no trabalho e no lazer, por exemplo, e sentir-nos mal noutros, como o familiar ou o da saúde.

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Nessas várias dimensões, ou ‘mundos’, o papel da Igreja não é impor os seus valores, princípios, leis ou costumes, mas, pela acção concreta dos cristãos, ser fermento transformador e luz que ilumina e aponta caminhos novos. Nós, cristãos, nem sempre temos uma postura coerente: há quem se empenhe com ardor na promoção dos verdadeiros valores e quem se deixe levar pela onda do comodismo, do isolamento, da indiferença... o que, na prática, contradiz a fé professada.

Olhemos para alguns desses ‘mundos’ e procuremos discernir as interpe-lações de Deus, nos seus valores, dificuldades, limitações e até contradições.

A famíliaJá reconhecemos que a família é o primeiro grupo social e a célula da

própria Igreja. Muitos encontram a felicidade na vivência dos seus valores fundamentais: unidade, fidelidade e amor. Mas também são frequentes os problemas: fragilidade e dificuldade da relação conjugal, tensões, conflitos, rupturas... com graves consequências para todos, sobretudo para os filhos. São notórias as dificuldades dos pais enquanto primeiros educadores. Nomeada-mente, fica-lhes pouca disponibilidade para os filhos. Além disso, muitos pais revelam grandes carências de preparação e o ambiente social está longe de ser favorável, factores conjugados que tornam a educação uma tarefa complexa, nem sempre bem sucedida.

Por outro lado, a vida da família não é suficientemente apoiada pelas leis do Estado. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as famílias monoparentais, as uniões de facto e outras situações que confundem a própria identidade da família e os papéis dos seus membros, com prejuízo, sobretudo, para o desenvolvimento da personalidade dos filhos. A situação é igualmente difícil no tocante à educação cristã e ao aprofundamento da fé.

Torna-se cada vez mais necessário e urgente um apoio à família, sobretudo na sua missão educativa, sem a substituir nas responsabilidades que lhe cabem. Exige-se uma maior intervenção social em defesa da família e o respeito pelos seus direitos. De modo especial, sente-se o forte apelo a uma maior atenção e acolhimento às que vivem em situações delicadas. Os cristãos não podem deixar de assumir esta responsabilidade social e têm aqui campo aberto a iniciativas que a fantasia da caridade neles suscite.

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A política e a intervenção socialReconhecemos o valor da democracia, que possibilita aos cidadãos a parti-

cipação na vida pública e contribui para o desenvolvimento integral de todos, para a melhoria da qualidade de vida e para o bem comum. Alguns políticos entregam-se de forma responsável e meritória ao trabalho público. Aprecia-mos tal dedicação, mas temos a consciência de que todos somos chamados a participar, de forma variada, na vida social. O bem comum e de cada cidadão exige a colaboração de todos.

Não ignoramos alguns problemas, como a falta de transparência e de ho-nestidade, o fenómeno da corrupção e outros escândalos que desencorajam a participação e denigrem a democracia.

A participação na vida pública, direito e dever de cada cidadão, é-o igual-mente para os cristãos, que não devem enjeitar o serviço à sociedade em cargos públicos e políticos, nomeadamente em sindicatos e outras associações socio-profissionais, partidos, autarquias e cargos estatais. A doutrina social da Igreja deve inspirar as suas condutas em prol do bem público e privado.

O trabalho e as empresasPensar no trabalho é, antes de mais, centrar a atenção na pessoa do traba-

lhador. E falar de empresas é, antes de mais, considerar a comunidade humana de quantos nela trabalham, empregados e empresários.

O desenvolvimento humano integral e a expressão da pessoa são os parâ-metros que definem a dignidade do trabalhador, enquanto se aplica no esforço de garantir o necessário para si e para os seus, segundo regras sociais e eco-nómicas que contemplam o bem privado e o bem público. Foi pela dedicação ao trabalho que o mundo actual, e também a nossa região, atingiu os actuais níveis de bem-estar e de qualidade de vida. Trata-se, pois, de um bem a reco-nhecer e a valorizar, tarefa confiada por Deus, útil e necessária à realização humana. Empregados, empregadores e dirigentes empresariais devem tomar consciência dos seus papéis, que, embora diferentes, são intimamente ligados e complementares, reconhecimento que há-de inspirar o ambiente humano da empresa e o imprescindível respeito pelos direitos e deveres mútuos.

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Mas assistimos também a uma visão redutora do trabalho que muitos encaram como árdua obrigação, mero meio de subsistência ou de obtenção de riqueza, se não como forma de exploração. Isso torna alguns demasiado ambiciosos, sem olharem a meios para atingirem os seus fins. Outros, preguiçosos, limitam-se ao cumprimento do mínimo. Sem ‘ambição’, não põem a render as suas capa-cidades nem colaboram quanto deveriam para o bem comum.

A educaçãoA educação é um processo de formação integral da pessoa, que abarca todas

as idades. Estamos permanentemente a educar-nos e a educar. O objectivo últi-mo é a pessoa humana e a sua realização integral. Para ele concorrem os pais, professores, catequistas e cada um de nós... em casa, na escola, na igreja, na rua e em toda a parte. A família é o primeiro lugar de educação, e esta o maior legado dos pais aos filhos.

Todavia, a integralidade e a globalidade da pessoa ainda não são suficien-temente respeitadas. A dimensão espiritual é, não raro, descurada, e nem todos os educadores assumem devidamente o seu papel: há pais que se demitem, professores contrariados e sem competência, catequistas mal preparados...

Promover a boa educação da pessoa, pela orientação recta e criativa da sua vida, com vista a um relacionamento harmonioso com os outros e à integração activa na sociedade é o maior desafio que se coloca aos pais e demais educa-dores. A educação moral e religiosa, a catequese e outros contributos da Igreja são uma ajuda preciosa, de cuja qualidade devemos saber cuidar.

A saúdeNenhuma questão tem maior acuidade para os corações humanos do que

a saúde e a salvação, diz João Paulo II, na mensagem para a Jornada Mundial do Doente de 1998. De facto, na mensagem cristã, uma e outra estão próximas e relacionadas.

A saúde é tida, cada vez mais, em grande estima. Por toda a parte, cresce a procura de uma vida saudável. Daí que a recuperação da saúde, quando advém a doença, motive grandes investimentos em pessoas e meios. Todos desejamos

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bons serviços de saúde e assistência aos doentes e idosos. Felizmente, muitos profissionais mostram verdadeira consciência da sua missão; em algumas comunidades há já formas organizadas de acompanhamento e ajuda a idosos e doentes; algumas instituições privadas e públicas empenham-se de forma exemplar na qualidade de vida dos seus utentes.

Mas há quem prejudique a saúde com comportamentos de risco; alguns profissionais revelam falta de preparação, pouco respeito e ausência de sensibi-lidade no tratamento dos doentes; o serviço público de saúde está sob variadas críticas: falta de humanização, desvio de doentes para ‘o privado’, discriminação de pessoas e de trato...

A saúde, nossa e dos outros, é um bem precioso e o seu cuidado um de-ver, desde evitar comportamentos de risco ao empenho para que os serviços cumpram de forma competente e eficaz a sua função. Não menos importante é garantir que os doentes sejam membros activos das nossas comunidades, que eles podem, aliás, enriquecer espiritual e humanamente. Por último, um clima caloroso no acolhimento, assistência e acompanhamento facilita a recuperação ou a aceitação da doença, quando incurável.

A comunicação socialOs meios de comunicação social são hoje um dos sectores com maior peso

nas sociedades modernas. Franqueiam o acesso à informação e ao conhecimento à escala mundial, aproximam os homens e suscitam imediata solidariedade em situações de necessidade e de aflição. Mas podem igualmente desinformar, discriminar, sabotar, gerar hostilidade e violência.

O seu controlo representa um domínio de tal grandeza que os vários poderes o disputam acerrimamente. Numa modernidade em que a capacidade do agir leva larga vantagem sobre a capacidade do prever e em que os valores reco-nhecidos não são forçosamente critérios de procedimento, os sentimentos de desconfiança e de insegurança não cessam de aumentar. De facto, o processo regulador da comunicação social torna-se cada vez mais difícil. Já nem a legí-tima aspiração dos profissionais à emancipação, nem a exigência dos direitos do público parecem pesar numa regulação controlada pelo mercado, cujos critérios são cada vez mais exclusivamente lucrativos.

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É imperioso relançar os dados de um grande discernimento entre os cidadãos, para um uso saudável e construtivo destes poderosos meios. Os cristãos têm neste campo a responsabilidade de trabalhar para que a comunicação social sirva a verdade, respeite a dignidade das pessoas, contribua para o bem de todas elas e promova a convivência pacífica, na liberdade e na justiça. A tarefa primordial parece ainda ser o desenvolvimento da capacidade pessoal de ter critérios próprios e fundamentados.

A cultura e a arteA palavra ‘cultura’ tem diversos significados: pode ser o modo de viver e

pensar de um grupo social, as características duma civilização, o património social colectivo, o nível de conhecimento de uma pessoa, etc. São diversos os significados, mas todos correlacionados. Seja qual for o âmbito de abordagem, cada um de nós faz ‘cultura’ e se faz pela ‘cultura’, como afirma o Concílio Vaticano II: É próprio da pessoa humana necessitar da cultura, para chegar a uma autêntica e plena realização (GS 53); são cada vez mais os homens e mulheres que têm consciência de serem artífices e autores da cultura da própria comunidade (GS 55).

Também a religião produz cultura e é marcada por ela. A participação da Igreja e dos cristãos neste ‘mundo’ faz-se, sobretudo, na interacção com outros produtores sociais da cultura.

Voltando-nos para a produção ‘artística’, onde mais se revela a capacidade criativa e de auto-superação do homem, verificamos que a ‘arte sacra’ ou o ‘sagrado na arte’ é um dos aspectos incontornáveis da cultura. Por um lado, os símbolos do Sagrado são fonte privilegiada de criação artística; por outro, a arte foi sempre caminho privilegiado para Deus. Nas obras de cultura, da literatura à música, à pintura, ao cinema, ao teatro, à arquitectura, à escultura... o homem exprime a capacidade criativa do seu espírito e revela a riqueza e os dramas da alma humana. A procura da beleza é sua característica dominante. Beleza que contagia, que exterioriza o que vai no coração, que desperta valores ou talentos ignorados.

A beleza autêntica aproxima de Deus, pois nela influi e Se revela o Seu Espírito. Não podemos, nós cristãos, deixar de ter interesse pela cultura e de

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contribuir, segundo as capacidades de cada um, para a enriquecer. E não menos devemos saber apreciar o que de bom os outros criam.

A Igreja, por seu lado, é indissociável da cultura e da arte, como expressões da fé. Por isso, não pode deixar de contribuir para o seu enriquecimento, como muitas vezes tem feito, nas igrejas que edifica, na música que usa, nos textos, imagens, acções e festas da sua liturgia, etc. Também não pode ignorar algumas falhas: o património nem sempre conhecido e cuidado e a falta de divulgação e sensibilização que garantam a sua valorização e salvaguarda; uma produção muitas vezes do imediatismo e do comercial, etc. Na verdade, na Igreja, nem sempre se procura o que tem valor e qualidade e fica-se facilmente no vulgar e medíocre, que não aproxima de Deus nem ilumina o espírito...

A ecologiaHoje, tomámos maior consciência de que o respeito pela natureza é fun-

damental para a boa qualidade de vida humana, pessoal e colectiva. Tem aumentado a preocupação com o ambiente, e multiplicaram-se as acções de sensibilização e as intervenções para a sua recuperação e preservação. Todavia, há ainda quem não respeite as normas ambientais, por simples acomodação, falta de educação ou interesses económicos.

A ecologia, sem o exagero de alguns radicalismos, é um valor a que não podemos ficar indiferentes, por estar intimamente associada à continuação e me-lhoria da vida. É, pois, dever de todos cuidar permanentemente da preservação do meio ambiente. Neste sentido, merecem o nosso reconhecimento e apoio as associações e grupos mais empenhados, entre os quais se contam os escuteiros. Mas, como recorda João Paulo II, além da preservação do ‘habitat’ das diversas espécies animais, é ainda mais importante prestar atenção ao ambiente humano. Com efeito, empenhamo-nos demasiado pouco em salvaguardar as condições morais de uma autêntica ‘ecologia humana’ (CA 38).

O desporto e o lazerO desporto e o lazer adquiriram grande relevo na sociedade actual. São

evidentes os valores destas actividades para o bem estar físico e psíquico,

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inclusivamente na vertente da saudável competição. Os desportistas, procu-rando desenvolver sempre mais as suas capacidades para atingir novas metas, revelam possibilidades da pessoa humana, através do seu corpo. Por outro lado, as competições motivam o encontro e o convívio e geram a alegria e o entretenimento, tanto nos desportistas como nos espectadores. Apreciamos tais valores e reconhecemos que muitas pessoas se empenham na sua promoção.

Mas o desporto está também invadido por situações e atitudes que o desvir-tuam: vandalismo, agressões, negócio, abuso de drogas, escândalos...

Estes aspectos negativos explicam que muitas pessoas não dêem ao des-porto e às actividades dos tempos livres o seu devido valor, o que resulta em empobrecimento próprio e da sua convivência com os outros, em sociedade.

O espaço de Deus no nosso mundo

Observando as manifestações da vida dos homens de hoje, verificamos que, por detrás do empenho pela qualidade de vida, da procura de bens de vária ordem, os homens anseiam por uma vida espiritual. Há, efectivamente, lugar para a presença de Deus, mesmo se, em muitos, tal desejo está encoberto ou adormecido. As satisfações e o ritmo da vida moderna abafam ou iludem esta sede espiritual e induzem facilmente no erro de pensar que se pode viver sem Deus. Como sensibilizar para a abertura a Deus, fonte e condição de vida em abundância?

É por meios humanos, através da nossa vida, que Deus Se revela. O testemu-nho pessoal é importante, mas não suficiente. É preciso também o testemunho colectivo das comunidades cristãs.

Muitos são os cristãos que se empenham na vida diária, para viverem e testemunharem o amor de Deus. Lembremos os que se dedicam ao volunta-riado, dos bombeiros aos visitadores de presos e doentes, em actividades de tempos livres e em associações ambientais, recreativas ou culturais. Mas há também os que se deixam levar pelo alheamento, pela indiferença e, até, pela conivência com os erros da sociedade. O Espírito impele-nos a renovar a fé e ao testemunho pelo amor.

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Capítulo 9

Dispomo-nos a levar o amor de Deus a todos

Ser fermento e luz

Porque acreditamos no amor de Deus e na acção do Seu Espírito em todas as pessoas, temos as condições fundamentais para descobrir e viver a nossa missão de testemunhas do amor e da esperança.

Na sociedade actual, alterou-se bastante a postura face à vida cristã e à Igreja, com distanciamento, críticas e exigências. A Igreja, por seu lado, per-deu a influência e o ascendente do passado. Já não impõe o ritmo, nem a vida social se orienta pelos seus princípios e valores. Já não estamos em ambiente de ‘cristandade’, apesar de a esmagadora maioria das pessoas se afirmarem católicas. Vivemos num mundo plural, sob todos os aspectos, inclusive o das convicções religiosas e dos modelos de vida pessoal e familiar.

A nova situação traz-nos o desafio de sermos fermento no meio da massa, luz que ilumina os caminhos. Aos cristãos da Ásia Menor, em situação de minoria, Pedro aconselhava: Venerai Cristo Senhor nos vossos corações e estai sempre prontos a responder, para vossa defesa, com doçura e respeito, a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança. Tende uma consciência recta, a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que caluniam a vossa boa conduta em Cristo (1 Pe 3, 15-16). Para darmos as razões da nossa esperança, é preciso agirmos por convicção e testemunharmos a força interior que nos move, vivendo o amor em acções concretas. Isto pressupõe que caminhemos lado a lado, com quem nos relacionamos, e que partilhemos com eles a vida, com as esperanças, alegrias, e angústias.

Além de fazermos a parte que nos compete, devemos apreciar a acção e as reais capacidades dos que estão ao nosso lado, ainda que as suas convicções e valores sejam diferentes. E, entre todos, daremos especial atenção aos mais ignorados, mais fracos e sem voz nem peso social.

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Servir a pessoa humana é o nosso objectivo

A missão da Igreja é ser sinal e sacramento da unidade de todo o género humano (LG 1). Isto significa que a evangelização não tem por objectivo servir a Igreja, ou atrair para ela, mas servir o homem e atraí-lo para Deus.

A Igreja não é fim, mas mediadora entre Deus e os homens. Pelo bem das pessoas, de todas e cada uma delas, somos chamados a defender as causas comuns da humanidade, sobretudo os direitos e a dignidade de toda a pessoa, de modo que esta encontre em Deus a resposta ao seu anseio de realização e de felicidade.

Esta missão humanitária e social da Igreja não se faz somente através das suas instituições. Somos nós a primeira forma da presença e da acção da Igreja no mundo. A nossa missão é de serviço à pessoa humana, para que cresça até à sua plenitude.

Desempenhamos tal missão, que é simultaneamente pessoal e comunitária, assumindo as nossas responsabilidades na construção do mundo, na família, no ambiente de trabalho ou de estudo, no lazer e no divertimento, nas relações sociais de amizade e de colaboração, na comunidade em que celebramos a fé... Há unidade entre a nossa condição humana e a vida e convicções de fé. É na vida de todos os dias que testemunhamos a força e actualidade do Evangelho, pelos valores humanos que encarnamos.

Sensibilização para a intervenção social

Para serem testemunhas de Deus num empenhamento social credível, os cristãos necessitam de uma formação adequada.

A própria maneira de ser da Igreja e a sua forma de celebrar a fé têm de incluir essa pedagogia. Nesse sentido, é indispensável uma formação mais es-pecializada: a catequese de adultos, homilias, conferências, jornadas, cursos... dêem a conhecer especialmente da doutrina social da Igreja. Mas não basta conhecê-la... os cristãos devem aplicá-la efectivamente nas suas empresas e instituições e orientar-se por ela, enquanto cidadãos.

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Desejamos que seja criada uma Comissão Diocesana de Justiça e Paz, ou um organismo similar, vocacionado para o estudo dos problemas sociais e para a apresentação de propostas de solução, à luz da doutrina social da Igreja.

Esperamos que a Escola de Formação Teológica de Leigos e o Centro Diocesano de Formação e Cultura, em cooperação com os vários movimentos eclesiais, continuem os seus esforços e consigam pensar e desenvolver novos projectos de sensibilização e formação em ordem a esta intervenção cristã na vida social e cultural.

A acção dos cristãos na sociedade

Como servir a pessoa humana?Ficar parado e calar-se perante o mal é pactuar e ser conivente. Temos a

missão de contribuir para transformar a sociedade onde quer que estejamos: no trabalho, na política, no desporto, no lazer, no estudo, no ensino, na economia...

O contacto de pessoa a pessoa é uma forma directa e indispensável para criar paz e felicidade. Todavia, a intervenção em favor da justiça social e do bem comum implica normalmente uma cooperação sempre louvável e, não raro, uma participação colectiva integrada em associações sindicais, empresariais e outras, que emprestem melhor expressão, organização, representatividade, solidariedade e coesão.

Por outro lado, não podemos esquecer que há grupos de pessoas que merecem e exigem especial atenção e empenho. É o caso dos idosos, dos mais pobres, dos doentes, dos desprotegidos e excluídos, das minorias, dos imigrantes...

A necessidade de uma capacidade de organização na acção e na recolha de meios é ainda mais evidente em ocasiões de acidentes e de catástrofe.

Assim, tanto nas grandes eventualidades, como no dia-a-dia, as pessoas e as comunidades são chamadas a comprometer-se numa presença de amor e de solidariedade, em iniciativas próprias e conjuntas, sem esquecer a participação política e associativa.

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Meios institucionais de intervenção social

A nossa actuação na vida social faz-se também através das instituições católicas que actuam no ensino, na cultura, nas comunicações sociais e na solidariedade social. Tais instituições surgem, muitas vezes, para acudir a ne-cessidades a que a sociedade civil não pode, não chega ou não está ainda sensi-bilizada para responder. Também estas instituições católicas, sem substituir ou diminuir outras, incluindo as do Estado, devem ter como perspectiva principal o serviço à pessoa humana. Serão tanto mais fermento de vida cristã, quanto maiores forem a qualidade e o amor com que prestam esse serviço, em opção preferencial pelos mais necessitados. Com este objectivo, haverá momentos em que os responsáveis terão a coragem de extinguir instituições, para criar outras em resposta a novas necessidades, entretanto surgidas. O funcionamento das instituições, segundo sólidos princípios cristãos, requer o cuidado de formar os seus colaboradores, não apenas em termos de qualificação profissional, mas também em ordem à promoção humana e cristã que se pretende.

Instituições educativasTemos cerca de uma dezena de instituições educativas católicas, desde a

infância ao ensino superior, dependentes da Diocese, de Institutos de Vida Consagrada e de associações. O grande desafio é a qualidade de um ensino integral, inspirado nos princípios de uma educação cristã, e que desenvolva a dimensão espiritual da pessoa.

É necessário que os professores e outros intervenientes no processo educati-vo, para além da devida competência académica e profissional, sejam exemplo de dedicação e de vivência cristã. No mesmo sentido, as instituições devem cuidar da formação cristã das pessoas que nelas servem a causa da educação.

Por outro lado, as escolas católicas, sem prejuízo dos critérios de igualdade e justiça, abram-se, de preferência, aos que optam pelo ensino católico e aos mais necessitados de acompanhamento especial, nomeadamente com dificuldades económicas, limitações físicas ou mentais, grupos de risco, etc.

Desejamos a criação, se oportuna, de um serviço diocesano para a escola católica, associação ou outro, para encontro e cooperação entre as diversas escolas e partilha dos seus projectos.

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Instituições culturais ou de promoção da culturaSe não nos alhearmos do processo de decisão e produção da cultura e não

nos fecharmos em falsas ideias de uniformização do pensamento e da expres-são, é possível uma leitura positiva de uma certa tensão entre fé e cultura. Transformada em convívio cultural, com cooperação de projectos de múltiplas entidades, esta tensão pode tornar-se contributo precioso para a melhoria da vida social. Aos cristãos e às instituições diocesanas incumbe o cultivo de formas de vivência interior, em ligação íntima com a sensibilidade religiosa.

Na Diocese, poucas são as instituições especificamente culturais. Ao Semi-nário e às escolas católicas que promovem um ensino regular, juntam-se apenas o Santuário de Fátima e uma ou outra paróquia, que se têm empenhado em iniciativas de produção cultural. Esperamos que, neste sentido, a par do Centro Diocesano de Formação e Cultura, outras instituições diocesanas abram espaços de encontro, de diálogo, e de diluição de indiferenças e desconfianças entre a Igreja e a sociedade, no reconhecimento dos valores mútuos.

A Gráfica de Leiria e outras livrarias merecem atenção especial, pela promo-ção e divulgação de livros e outros meios de formação, cultura e evangelização.

O Museu de Arte Sacra e a Biblioteca do Seminário, logo que possível, devem ser dotados das condições que permitam a sua abertura à comunidade.

Na continuidade da inventariação do património cultural empreendida pela Comissão Diocesana de Arte e Património Cultural, deve pensar-se na criação de um Arquivo Histórico Diocesano, em ligação com os arquivos paroquiais. Contribuirá para a preservação de tão valiosos documentos, torná-los-á conhecidos, acessíveis e úteis. A este propósito, realçamos a necessidade da obrigatoriedade da consulta à referida Comissão antes da remodelação de templos, restauração de imagens e outras iniciativas relacionadas com o património cultural da Igreja.

Órgãos de Comunicação SocialNo campo da evangelização e do testemunho cristão, assumem papel pre-

ponderante os órgãos de comunicação social.Na Diocese há cerca de trinta destes órgãos, propriedade de paróquias, de

serviços e de movimentos. Meios privilegiados de informação sobre aconteci-mentos e iniciativas da vida eclesial e social, contribuem ainda para a difusão

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do Evangelho e dos ensinamentos da Igreja. Merecem apreço e estímulo os cristãos que sabem utilizar estes meios para

colocarem o seu saber e testemunho ao serviço dos outros.Quanto aos meios de comunicação de instituições diocesanas, com insis-

tência, na caminhada sinodal, foi pedida a sua renovação. Assim, pedimos aos responsáveis decisões corajosas e urgentes para garantir à Diocese uma comunicação social digna e credível, ao serviço da informação e da formação, tão necessárias à sua vida e missão.

Instituições de caridade e solidariedade social

A Cáritas Diocesana destaca-se entre todas as instituições de caridade, como um serviço à organização da acção caritativa das comunidades cristãs. É um serviço do Bispo e de toda a Diocese, que congrega todas as pessoas, grupos e instituições, chamadas a cooperar com ela na efectiva ajuda fraterna aos necessitados, incluindo outras Igrejas diocesanas e outros países.

Estende a sua acção a três grandes frentes: promoção humana, animação pastoral e intervenção social. Socorre a pobreza com alimentos, vestuário e outros bens, directamente e através de grupos paroquiais de acção social. Pro-move encontros de formação na sua área específica, em diversas comunidades e também para os seus colaboradores. No campo da intervenção social, está atenta a novas carências e a situações emergentes de apelo gritante.

A Cáritas merece de todos uma atenção muito especial e um empenhamento activo, pelo apoio ao seu serviço central e pela dinamização de equipas locais, que colaborem na solução de focos concretos de pobreza. Por seu turno, a pró-pria Cáritas deverá continuar as acções de divulgação, para que, sendo melhor conhecida, possa ser ainda mais apoiada.

Mas há na Diocese cerca de meia centena de outras instituições, que estão ao serviço da pessoa, desde o início da vida à idade senil, das situações de pobreza à doença e outras fragilidades humanas. As Misericórdias, as Confe-rências de S. Vicente de Paulo, os Centros Sociais Paroquiais e outras insti-tuições similares procuram responder com o acolhimento a crianças, idosos,

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orieNtações siNodais | peLa Fé, unidoS no amor, teStemunhamoS a eSperança

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toxicodependentes, sem-abrigo, deficientes mentais, etc., e outras iniciativas de apoio aos marginalizados e excluídos.

Serviços de amor e dedicação, devem ser verdadeiros espaços de caridade e atenção aos mais pobres e carenciados, menos forma de promoção da Igreja do que serviço devotado à pessoa, segundo o espírito do Evangelho: Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos a Mim mesmo o fizestes (Mt 25, 40).

Perante tantas e tão importantes iniciativas de instituições locais, paro-quiais e diocesanas, sente-se a falta ainda de uma coordenação mais eficaz e de maior colaboração entre elas. Recomenda-se, pois, um levantamento das necessidades e formas de resposta, para ajuizar da eficácia da cobertura, e uma reflexão sobre a criação de espaços de encontro, de partilha de experi-ências, informações e apoio mútuo. Esta aproximação, unidade e cooperação poderiam ser promovidas pela Cáritas Diocesana ou por um Secretariado da Acção Social e Caritativa.

Opção preferencial pelos mais pobres

Queremos terminar este documento com a afirmação clara da nossa disponi-bilidade para levarmos a vida de Deus a todos os homens e mulheres do nosso tempo. Uma missão a cumprir no empenho em que todas as pessoas, cristãs ou não, disponham dos meios essenciais a uma vida digna.

Dirigimos uma palavra de carinho aos grupos que ainda não conseguiram esses meios: imigrantes, toxicodependentes, presos, doentes acamados, ciganos e todos os marginalizados. A Igreja diocesana quer olhar para eles com uma atenção especial. Já existem acções em curso para os acolher e ajudar, e outras irão ser promovidas, segundo as necessidades mais urgentes.

Fazemos um apelo a todos os diocesanos, para que descubram novas manei-ras de ir ao encontro destas pessoas, com o objectivo primordial de defender os seus valores e de lhes fazer sentir o amor e a vida que Deus oferece a cada um.

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Compromisso e saudação

Encerramos este IV Sínodo Diocesano como o iniciámos: unidos no caminho da esperança. Mas não terminamos: o caminho relança-se a partir daqui. Pela fé que nos anima e no amor que nos une, dirigimos um apelo a todos os diocesanos que testemunhem a esperança, acolhendo estas orientações e aplicando-as, com diligência, nos seus trabalhos pastorais.

Investindo seriamente na acção renovada que o Sínodo aponta, tanto a nível espiritual como pastoral, estaremos a contribuir para que ele venha a ser, de facto, um marco de mudança nesta Igreja particular. Tudo depende da fé e do empenho de cada um na tarefa que lhe cabe.

Cada cristão é convidado a fazer sua esta proposta de renovação eclesial e social. O mesmo se diz de cada comunidade. Assim, a renovação será sinal positivo e mais perceptível da presença de Deus na Igreja e na história da hu-manidade, também nos nossos dias.

A Diocese tem pela frente a importante tarefa de reorganizar as estruturas e coordenar os serviços, para melhor responder às exigências dos nossos dias e, nomeadamente, proporcionar às comunidades e aos cristãos os meios e os apoios necessários à renovação pretendida.

Para tal – e esta é a grande conclusão do Sínodo – deverão existir dois ritmos na dinamização da Diocese:

- por um lado, os responsáveis da pastoral, desde o Bispo a cada um dos fiéis nela envolvidos, procurem desde já implementar as orientações existentes, que apontam no sentido da mudança de mentalidades e de estruturas;

- por outro lado, promova-se de imediato a elaboração de um plano dioce-sano de pastoral, que defina e aponte as metas, o caminho e os passos – a curto, médio e longo prazo – e que constitua uma referência clara para a acção de todas as paróquias, serviços, movimentos e comunidades. Este plano deverá ter em atenção as linhas fundamentais que esta Assembleia apresenta, tendo em vista o bom fruto destes trabalhos sinodais.

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Saudamos toda a comunidade humana da nossa Diocese, e manifestamos a todos os homens e mulheres que dela fazem parte a nossa esperança e confian-ça numa Igreja cada vez mais santa e numa sociedade cada vez mais humana, justa e verdadeira.

Nós, católicos de Leiria-Fátima, afirmamos o compromisso de colaborar em todas as causas que digam respeito ao bem comum, à dignificação da pessoa humana e à promoção da justiça e da paz.

Unidos num só corpo, em torno do Bispo diocesano, manifestamos a nossa comunhão na fé com a Igreja de Roma e o Santo Padre, bem como com todas as Igrejas locais espalhadas pelo mundo e que constituem a Igreja una, santa, católica e apostólica.

Pedimos a intercessão dos nossos padroeiros, Santo Agostinho e Nossa Senhora de Fátima, para que Deus Pai envie sobre todos nós as Suas bênçãos, para que o Seu Espírito nos inspire e ilumine nesta renovação eclesial, e para que o Seu Filho, Jesus Cristo, acompanhe e alimente sempre a Igreja que fun-dou, concretizada nesta Diocese de Leiria-Fátima.

A Assembleia Sinodal

Leiria-Fátima, 10 de Março de 2002Dia da 71ª Peregrinação Diocesana ao Santuário de Fátima

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Anexos

Carta Pastoral de convocação do Sínodo“Unidos no Caminho da Esperança”

Exortações Sinodais“Unidos em Cristo, na renovação permanente”

“Nós podemos e devemos ser melhores”“Vamos celebrar a fé com corpo e alma”

“Iguais e Diferentes”

Mensagens da Assembleia após cada uma das suas 5 sessões

Oração das Crianças

Hinos do Sínodo (Geral e de Jovens)

Lista dos membros da Assembleia Sinodal

Siglas usadas neste documento:

CD – Concílio Vaticano II, Decreto sobre o múnus pastoral dos bispos, “Christus Dominus”CDC - Código de Direito CanónicoCNIR - Conferência Nacional dos Institutos ReligiososFNIRF - Federação Nacional dos Institutos Religiosos FemininosFNIS - Federação Nacional dos Institutos SecularesSC – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, “Sacrosanctum Concilium”

Os símbolos foram sempre utilizados para reforçar a mensagem (2ª e 3ª sessões)

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UNIDOS NO CAMINHODA ESPERANÇA

Carta Pastoral sobre o Sínodo Diocesanode Leiria-Fátima

1. No ano de 1545, no dia 22 de Maio – faz agora 450 anos – o Papa Paulo III criou a Diocese de Leiria. No documento fundacional, o Papa salienta que esta nova Diocese fará aumentar e melhorar o “culto divino e a salvação das almas” (Bula Pro excellenti apostolicae sedis). Desde então, esta “porção do Povo de Deus” fez longa caminhada de fé e de serviço, procurando acolher os dons divinos e corresponder fielmente à missão que lhe está confiada: ser “sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género huma-no” (LG 1), particularmente dos homens e mulheres que vivem nesta região.

Da história da Diocese fazem parte o doloroso período da extinção (de 1882 a 1918) e a alegria da restauração (em 17 de Janeiro de 1918).

As aparições da Virgem Maria em Fátima, no ano de 1917, e a mensagem que deixou aos três pastorinhos constituem um precioso dom para esta Igreja Particular e uma especial vocação: viver e difundir a mensagem de conversão, de oração e de paz. João Paulo II achou por bem atribuir-lhe a designação de Leiria-Fátima (Bula Qua Pietate, de 13.05.1984), nome que o meu ilustre Pre-decessor teve a inspiração de declarar como verdadeiro programa.

2. Durante o presente ano haverá vários actos comemorativos do 450º aniversário da criação da Diocese e da Cidade de Leiria. Não deixa de ser sig-nificativo que ambas, Diocese e Cidade, nasçam no mesmo dia: devemos ver aí um sinal de que a Igreja e a cidade não podem ignorar-se. A Igreja existe e caminha na cidade dos homens para ser mensageira e instrumento da salvação divina (cfr GS 44).

Os actos comemorativos evocarão os acontecimentos históricos e salientarão o seu significado. Conhecer a história vivida pela Diocese é importante para compreender muitas das suas características e dos seus condicionalismos. Ao mesmo tempo estimula a caminhada, sob o exemplo e a dedicação de quantos nos antecederam.

Não basta, todavia, a esta Igreja Particular, conhecer e celebrar o passado. É preciso preparar o futuro na fidelidade à própria identidade, renovando-se e tornando-se mais apta para cumprir a sua missão no meio dos homens deste tempo. Por isso, é necessário que a celebração aniversária expresse claramente uma dimensão apostólica e pastoral.

3. Há sete anos, nos dias 3 e 4 de Dezembro de 1988, a Diocese viveu com entusiasmo e esperança o Congresso de Leigos, preparado ao longo de um ano nos vários grupos das comunidades cristãs. Foi um acontecimento memorável, que fez vibrar e rejuvenescer muitos membros do Povo de Deus. Dele saíram válidas propostas para a renovação da nossa Igreja, algumas delas já concreti-zadas, pelo menos em parte.

O acontecimento do Congresso veio a produzir frutos, nomeadamente na maior consciência dos leigos quanto à sua vocação e empenho na edificação da Igreja. Temos, agora, ocasião de atender à última proposta, que apontava para “a realização de um sínodo diocesano”. O nosso Sínodo será, pois, a concretização de um voto do Congresso dos Leigos, assinalando, no seu início, os 450 anos da Diocese, e preparando, desde já, o Jubileu do ano 2000.

Venho anunciar, oficial e solenemente, o sínodo Diocesano e convocar, com alegria e esperança, todos os Diocesanos, mesmo os não crentes ou não praticantes, para a celebração deste Sínodo ou Concílio particular da diocese de Leiria-Fátima (Cfr. cc. 460-468 do CDC).

O Sínodo será um caminho de renovação

4. Mediante o grande acontecimento que foi o II Concílio Ecuménico do Vaticano, concluído há trinta anos, o Espírito Santo produziu uma nova cons-ciência e compreensão da Igreja, à luz do Evangelho e da Tradição cristã.

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Embora presente na diversidade dos povos e regiões, a Igreja Universal concretiza-se em múltiplas porções do Povo de Deus, as dioceses ou Igrejas Particulares. Em cada uma destas Igrejas Particulares, como diz o Concílio, “está e opera a Igreja de Cristo, una, santa católica e apostólica” (CD 11).

Na Igreja, todos os fiéis, independentemente da sua condição e vocação específica, participam do sacerdócio de Jesus Cristo, recebido pelo baptismo; são chamados à santidade e ao apostolado, pelo dom do Espírito, que em todos habita e actua.

Todos devem, por isso, contribuir para a edificação da Igreja e colaborar no cumprimento da sua missão no mundo, com os próprios dons que cada um recebeu de Deus para o bem comum.

Cada cristão situa-se na Igreja conforme a vocação e os carismas que lhe deu o Espírito Santo. Há então unidade, diversidade, serviço mútuo e comunhão nas comunidades cristãs, na medida em que todos os seus membros acolhem, reconhecem e põem ao serviço uns dos outros e de todos os bens espirituais e os talentos concedidos por Deus.

5. O Sínodo diocesano é a caminhada em conjunto de todo o Povo de Deus e a assembleia de cristãos, que exprimem e concretizam a concepção conciliar da Igreja como mistério de comunhão e de missão: obra e graça de Deus que cha-ma, transforma, congrega e envia uma comunidade humana como testemunha, mensageira e instrumento do Seu amor salvífico no meio dos outros homens.

Enquanto caminho, o acontecimento sinodal mobiliza toda a Igreja Particular para tornar-se peregrina e partir em obediência à Palavra de Deus, ao encontro dos homens, com os quais caminha e aos quais é enviada.

Como assembleia, o Sínodo reúne representantes do Povo de Deus para reflectirem em comum, tomarem consciência mais perfeita da identidade da Igreja e discernirem os meios mais adequados para a sua missão. Trata-se, assim, de um exercício efectivo de participação e de corresponsabilidade para a renovação permanente da Igreja.

No contexto das circunstâncias do mundo e do tempo em que vivemos, o Sínodo será certamente um tempo de graça, em que se descobrirão novas ener-gias que o Espírito infunde nas pessoas e nas comunidades abertas à sua acção.

aNexos | carta paStoraL “unidoS no caminho da eSperança”

Em Sínodo, caminhamos unidos

6. O Sínodo não é apenas a assembleia que, durante um certo tempo e mais do que uma vez se reúne para rezar, reflectir e debater determinados assuntos sobre a vida e a fé da Igreja. Trata-se, sobretudo, de entrar num tempo privi-legiado para todos. Como Povo de Deus que se renova sem cessar, aberto aos impulsos do Espírito, a Igreja avança e solidifica-se na medida da conversão interior dos seus membros. Em clima de grande abertura, de mútua confiança e de indelével esperança, o Sínodo adquire mais sentido na perspectiva dinâmica do Povo de Deus que caminha.

A convocação da Diocese para a celebração do Sínodo constitui um apelo a todos os fiéis e às comunidades para se porem a caminho, juntos, à escuta dos apelos e sinais de Deus.

Pôr-se a caminho em obediência a Deus, reunir-se com os irmãos na fé, para reflectir e partilhar, prestar atenção aos outros, dialogar com eles e orar em comum, serão os elementos mais significativos do Sínodo.

Um povo convocado e enviado em missão

7. À imagem do que o Concílio Vaticano II foi para a Igreja Universal, assim será o Sínodo para a Igreja Particular. O Concílio propôs-se “fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar todos ao seio da Igreja” (SC 1). Nesta mesma linha, o Sínodo deverá ser, para a Diocese, ocasião de tomada de consciência de si mesma como povo convocado por Deus e por Ele enviado ao mundo.

O Sínodo destina-se a colocar a Igreja Particular em atitude de aprofunda-mento da sua identidade e missão. Constituirá também o itinerário teológico e pedagógico mais normal para assumir o desafio da Nova Evangelização.

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8. A todos os fiéis católicos é lançado o desafio de aprofundarem a comunhão eclesial e o compromisso na missão comum, para a qual são chamados pelo baptismo, confirmação e eucaristia.

Serão elaborados temas de reflexão sobre as condições e razões de vida, sobre a missão dos cristãos em geral e dos grupos. A comunidade diocesana deve, por conseguinte, prosseguir o itinerário sinodal, voltada para o mundo, procurando discernir as luzes e as sombras aí existentes e empenhando-se concretamente na busca de critérios de vida e de acção para os homens de hoje.

Ritmo da caminhada sinodal

9. O Sínodo é uma caminhada comum que envolve todos os membros e co-munidades da Diocese. Tem como ponto de partida o anúncio solene. Quanto ao momento da chegada, esta apenas se pode entrever. É que o Sínodo, qual novo Pentecostes, lança a Igreja para tempos intermináveis de actividade, sempre renovada e reenviada pelo Espírito. Todavia, é preciso respeitar o ritmo e as regras básicas dos grupos humanos, o que não aconselha a prolongar demasiado o tempo, particularmente intenso, dos trabalhos sinodais.

O empenho sinodal não pode impedir o desenrolar normal das actividades habituais das comunidades, dos movimentos e dos organismos. O espírito si-nodal estará sempre activo, para a renovação e aquisição de uma maior eficácia apostólica. Mais do que promover novas actividades, o Sínodo deverá imprimir novo dinamismo à vida e à missão da Igreja.

10. O tempo sinodal alternará momentos diferenciados e complementares de preparação bem cuidada e minuciosa, em comissões e grupos restritos, com os momentos de participação generalizada, de recolha e análise, de propostas e aprovações, de promulgação, de celebração e envio em missão. Deste modo, as comunidades locais e os movimentos, que se desejam em permanente estado si-nodal e oração, serão chamados apenas ciclicamente a uma participação imediata, fazendo chegar às comissões especiais o pulsar real da vida e as interpelações do Espírito.

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11. O ritmo sinodal desenrolar-se-á em três etapas principais. Começará com um tempo de sensibilização e informação, que se seguirá ao anúncio e vai concretizar-se também numa consulta–mensagem a cada Diocesano. Depois, virá o tempo de reflexão por grupos e movimentos, de assembleias paroquiais e vicariais.

É a etapa de preparação, para a qual é indispensável a participação de todos. Finalmente, realizar-se-á a assembleia sinodal, com a presença e participação dos representantes do Povo de Deus.

Estas etapas não se concluem num só ciclo; podem desencadear outros, reiterando o processo normal de vaivém, como aprendizagem de um modo de participação activa e orgânica.

12. A caminhada sinodal decorrerá ao ritmo da vida, aproveitando os mo-

mentos mais significativos do ano pastoral. Assim, os primeiros passos serão os seguintes:

- 2 de Abril de 1995 – peregrinação diocesana ao santuário de Fátima – anúncio solene do Sínodo.

- 15 de Junho de 1995 – Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo: dar-se-á a conhecer a síntese elaborada das respostas à consulta-mensagem. Começará a estruturação e preparação de grupos de base, nas paróquias, nos movimentos e nos institutos.

- 1 de Outubro de 1995: Dia da Diocese – lançamento do trabalho por grupos; nas vésperas, haverá uma assembleia com o clero e os respon-sáveis dos movimentos, serviços e grupos. Esta reflexão por grupos prolongar-se-á até ao princípio de 1996.

- Fevereiro de 1996. durante este mês deverão reunir-se as assembleias paroquiais, vicariais, de movimentos e de institutos, para apresentação dos resultados dos grupos.

- Segue-se o tratamento dos dados recolhidos e a marcação da primeira assembleia sinodal.

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Orgânica sinodal e estruturas de animação

12. O Sínodo pressupõe uma orgânica e por isso haverá os seguintes níveis de estrutura: central, vicarial e paroquial, nos movimentos e obras, e na vida consagrada. Os serviços diocesanos bem como os Conselhos Presbiteral e Pastoral darão o seu contributo em conformidade com as suas competências específicas.

13. Ao nível dos serviços centrais, haverá as seguintes estruturas:

a) A Comissão Central, composta pelo Vigário Geral, o Coordenador Geral, um pároco, um padre dos serviços diocesanos, um religioso, uma religiosa e quatro leigos. Cabe-lhe a responsabilidade global da animação e realização do Sínodo, nomeadamente:

• acompanhar toda a sua actividade na Diocese;• planear e programar as assembleias sinodais;• preparar, com a ajuda das comissões especializadas, a documentação

necessária ao andamento dos trabalhos.

b) O Secretariado Permanente é composto pelo Coordenador Geral e mais quatro pessoas. Compete-lhe dar seguimento às orientações e decisões da Comissão Central e executar as seguintes tarefas:

• coordenar as comissões especializadas e outros grupos de trabalho;• apoiar as equipas das vigararias, dos movimentos e dos institutos de

vida consagrada;• manter a ligação com os párocos e os serviços diocesanos;• preparar as assembleias diocesanas;• distribuir o material necessário aos grupos de reflexão, recolher e

tratar os dados;• organizar ficheiros e garantir o funcionamento de uma secretaria com

os meios necessários.

Ao Coordenador Geral compete, em relação com a Comissão Central e com a ajuda do Secretariado Permanente, promover, animar e coordenar os trabalhos de preparação e realização do Sínodo, ao nível central, e motivar e apoiar, na medida do possível, os outros níveis.

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c) As Comissões especializadas serão formadas por elementos dos cor-respondentes secretariados e outras pessoas.

A Comissão teológico-pastoral, composta por peritos em Sagrada Escritura, Teologia, Pastoral e Direito Canónico, terá as funções seguintes:

• elaborar documentos de reflexão para os grupos;

• reflectir e reelaborar as sínteses dos contributos dos grupos de base;• apresentar o “instrumento de trabalho” para a assembleia sinodal;• apoiar a Comissão Central na elaboração do documento final de cada

assembleia sinodal. À Comissão Litúrgica, constituída por peritos em liturgia e espiritualidade,

compete:• redigir textos para a oração e celebrações litúrgicas;• preparar e orientar as celebrações litúrgicas das assembleias sinodais.

A Comissão das Comunicações Sociais, formada por peritos na matéria, tem como tarefa:

• promover a divulgação do acontecimento sinodal;• estudar a elaboração de um cartaz, desdobrável e outros meios de sen-

sibilização sobre o Sínodo;• elaborar e divulgar notícias sobre a caminhada sinodal nas suas diferentes

fases e nos vários níveis.

14. Ao nível vicarial haverá uma equipa, orientada pelo vigário e constituída por um representante de cada paróquia. Compete-lhe:

• estabelecer a ligação entre os serviços centrais e as equipas paroquiais;• coordenar estas equipas e reuni-las sempre que necessário;• garantir a orientação e dinamização das assembleias vicariais;• elaborar a síntese vicarial com os contributos de cada paróquia e enviá-la

ao Secretariado Permanente.

15. Ao nível paroquial haverá uma equipa com o pároco e os animadores

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dos grupos. Será sua tarefa:• promover o trabalho de reflexão em grupos;• garantir o material de informação e reflexão para os mesmos;• promover assembleias paroquiais;• convidar e ouvir as pessoas que habitualmente não participam na vida

da comunidade cristã;• promover a dinâmica sinodal nos diferentes grupos e serviços da paró-

quia: catequese, acção socio-caritativa, liturgia, família, movimentos...;• fazer a síntese do contributo de todos os grupos da paróquia.

16. Ao nível dos movimentos haverá uma equipa, que pode coincidir com a própria direcção diocesana, e à qual compete:

• promover a participação dos membros do movimento na dinâmica sinodal;• realizar, se for o caso, assembleias do movimento;• recolher os contributos dos diferentes grupos e apresentar uma síntese

ao Secretariado Permanente. 17. Ao nível dos institutos de vida consagrada também haverá uma equipa

constituída pelas instâncias locais da CNIR, FNIRF e FNIS, à qual compete:• animar todos os institutos e comunidades residentes na Diocese a cons-

tituírem ou integrarem grupos sinodais;• fazer chegar os materiais de informação e reflexão a cada instituto, co-

munidade ou grupo;• promover assembleias de reflexão e partilha sobre a temática sinodal;• recolher, sintetizar e apresentar os contributos das comunidades e dos

grupos ao Secretariado Permanente.

O Sínodo é de toda a Diocese e para todas as pessoas

18. O Sínodo é uma caminhada em Igreja. Ninguém deve excluir-se nem ser posto à margem; todos devem ser motivados e mobilizados. O êxito deste acontecimento depende da abertura ao Espírito, da generosidade e da capacidade de escuta e discernimento dos sinais e impulsos de Deus.

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É indispensável também a qualidade dos instrumentos de reflexão e oração, a capacidade de coordenação, a conjugação de esforços e a colaboração. Todos os membros da comunidade diocesana devem empenhar-se, sem cepticismo nem conformismo.

É necessário aproveitar os carismas, com a maior disponibilidade de cada um. Não desconheceremos os condicionalismos reais da Diocese, mas pro-curaremos agir com confiança e criatividade no melhor aproveitamento das nossas potencialidades.

19. A Igreja não existe para si mesma mas em função da evangelização e salvação de todos os homens. O itinerário sinodal incluirá formas de aproxi-mação e de abertura aos que se afastaram e aos que nunca estiveram inseridos. Para todos haverá um espaço aberto onde a mensagem de cada um poderá servir para a edificação e o enriquecimento mútuos.

O Sínodo será celebrado com o concurso generoso de todos os membros da Igreja diocesana, bispo, padres, membros dos institutos de vida consagrada e leigos.

A força da Diocese em caminhada sinodal estará em assumir-se na sua identidade e deixar-se impulsionar pelo Espírito. No respeito pelas diferenças e no contributo dos carismas, vamos caminhar na Verdade e na Unidade de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Entregamo-nos à protecçãode Sto Agostinho e Na Sa de Fátima

20. Ao iniciarmos a nossa caminhada sinodal, invocamos a protecção de Santo Agostinho e Nossa Senhora de Fátima, padroeiros da Diocese, e rezamos:

Santo Agostinho, padroeiro de Leiria- Fátima,Tu que, depois de longa e difícil procura,foste encontrado pelo Senhor e te entregaste a Ele, Intercede junto do Paipor esta Igreja de Leiria-Fátima

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que está a iniciar a sua caminhada sinodal,para que saiba acolher, compreender e praticar a Palavra do Evangelho, conhecer a sêde de Deus que existe no coração dos homense tornar-se para todos mensageira da Boa Nova.

Senhora de Fátima,que te dignaste visitar esta Diocese,aparecendo a três criançase confiando-lhes uma mensagem de paz e salvação, ensina-nos a sermos dóceis ao Espíritoe a fazermos o que o teu Filho nos diz hoje.

Que saibamos viver a Palavra de Deuse a mensagem que nos confiaste em Fátima.Amen.

Oração sinodal

21. Com Maria e Santo Agostinho, caminhamos para a Santíssima Trindade, fonte e meta da vida de cada homem e da Igreja. Rezemos todos os dias, se possível em família:

Senhor nosso Deus,Pai Criador, Filho Redentor, Espírito Santificador,nesta caminhada sinodal da Diocese de Leiria-Fátima,abre-nos à aceitação dos teus desígnios,para os recolhermos em nossos corações,como Maria, nossa Mãe.

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Inspira-nos o desejo sincero de vivermos unidos,atentos aos anseios e interpelações dos homens de hoje.

Renova a nossa Fé,cimenta a esperança que nos animae concede-nos viver em caridade,abertos ao diálogo e generosos na partilha.

Ensina-nos a colaborar,corresponsáveis e alegres,na construção do Teu Reino.

Faz-nos solidários com os mais necessitados,cooperantes com todos os homens de boa vontadee testemunhas do Teu amor.

Pai infinitamente bom,pedimos-Te todas estas graças,pelo Teu Filho Jesus Cristoe na unidade do Espírito Santo.Amen.

Leiria, 2 de Abril de 1995† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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Siglas usadas neste documento:

CAES - Centro de Apoio ao Ensino SuperiorCD – Concílio Vaticano II, Decreto sobre o múnus pastoral dos bispos, “Christus Dominus”CDC - Código de Direito CanónicoCL – João Paulo II, Exortação Apostólica “Christididelis Laici”, 1988CNE - Corpo Nacional de EscutasCPM - Centro de Preparação para o MatrimónioEFTL - Escola de Formação Teológica de LeigosMCE - Movimento Católico de EstudantesPAS - Propostas da Assembleia SinodalSC – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, “Sacrosanctum Concilium”

A oração foi o centro do programa das sessões (5ª sessão)

Exortação Sinodal

Unidos em Cristo,na renovação permanente

Queridos Diocesanos:

É com alegria e esperança que vos escrevo esta Exortação Sinodal sobre algumas questões já tratadas e que, não esgotando todos os aspectos, fazem parte da vida cristã na nossa Diocese.

Com intenção de ser breve, vou abordar os pontos seguintes:I - O nosso caminho sinodalII - Para a renovação da paróquiaIII - Revigoramento da pastoral juvenilIV - Rumo ao futuro.

I

1. Estamos efectivamente em Sínodo, desde 2 de Abril de 1995, após dois anos de preparação. É um voto do Congresso dos Leigos (1988) e uma decisão de toda a Diocese. Trata-se do 4º Sínodo, desde que foi criada a Diocese, em 22 de Maio de 1545; e o 1º depois que passou a designar-se de Leiria-Fátima (13 de Maio de 1984).

O tema e os objectivos foram expressos na Carta Pastoral “Unidos no Cami-nho da Esperança”. Toda a Diocese (Clero e Laicado) acolheu bem a iniciativa e tem reflectido em comum, com vontade firme de responder aos desafios do Evangelho e dos tempos que vivemos.

2. Um Sínodo Diocesano é “uma assembleia de sacerdotes e outros cristãos fiéis escolhidos no seio da Igreja particular” (CDC, Cân. 460). A nossa Assem-bleia Sinodal é constituída por 191 membros, alguns natos e outros delegados

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(de acordo com o Cân. 463), cujos nomes foram tornados públicos.Feita ampla consulta, com cerca de 75.000 respostas, seguiu-se o trabalho

de 350 grupos sinodais, que a Comissão Central e as comissões especiais acompanharam. A partir das conclusões, foi elaborado um projecto de estudo para a 1ª Sessão da Assembleia Sinodal (15 a 17 de Novembro de 1996), que simbolicamente teve início com uma belíssima festa da Luz.

II

3. Tendo presente que a sinodalidade corresponde à essência e à história da Igreja (CD 36) e que a paróquia, “comunidade de fiéis” (Cân. 515), torna visí-vel a Igreja de Cristo (SC 42) como “comunidade de comunidades e serviços” sempre em evolução e renovação (Cfr. Documento do Pontifício Conselho de Leigos de 3.X.1978), a nossa Assembleia Sinodal achou por bem começar por ver e analisar alguns aspectos da pastoral paroquial, reconhecendo e louvando todo o esforço dos Rev. Párocos e seus Colaboradores.

4. Com base nos elementos recolhidos e reflectidos, a Assembleia Sinodal verificou que a desejada renovação, já em curso, exige mais colaboração de todos, melhor catequese e maior coordenação dos serviços e dos movimentos. A Igreja quer estar ao serviço de toda a gente, sem esquecer os não praticantes, os marginalizados e os mais pobres.

Ao mesmo tempo, a Assembleia Sinodal recordou que os membros de uma comunidade paroquial devem contribuir, de maneira mais visível e eficaz, para o crescimento da vida cristã e da comunhão eclesial (CL 28).

5. A fim de desenvolver este espírito de comunhão, a Assembleia Sinodal insiste que cada paróquia tenha, de facto, o seu Conselho Pastoral, e que em cada centro de culto haja “um grupo de animação litúrgica”. Também sugere que seja criada uma “equipa de acolhimento”, sobretudo para os que chegam de fora, e que seja instituído ou renovado o serviço de “acção social”. Finalmente, a Assembleia Sinodal recomenda a ‘implementação’ do Regulamento de Administração dos Bens da Igreja, que entra em vigor a 1 de Janeiro de 1998.

Faço minhas tais conclusões e propostas, tão significativas!

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6. A nível paroquial, vicarial e diocesano, vamos todos, de maneira mais coordenada e priorizante, incrementar o diálogo, apoiar a catequese e todos os meios de evangelização, celebrar a Eucaristia de maneira mais festiva e participativa e estruturar melhor a pastoral social.

Mais concretamente, e sem perder a visão de conjunto:a) Tendo presente o Cân. 536 e as disposições precedentes nesta Igreja par-

ticular, determino que se constitua sem demora em cada paróquia o Conselho Pastoral, cujo modelo de estatutos já foi publicado;

b) Considerando que a evangelização toma forma orgânica nas catequeses, disponibilizo mais adequadamente o Director do Secretariado Diocesano da Educação Cristã da Infância e Adolescência e diligenciarei para que se inten-sifique a (re)evangelização dos adultos, nomeadamente através dos meios de comunicação social e a extensão da EFTL;

c) Constatando que existem novas formas de pobreza e que a pastoral social é parte integrante e importante da missão una da Igreja, crio, junto da “Cáritas Diocesana”, um fundo de luta contra a pobreza (e simbolicamente ofereço a cruz e o anel da minha ordenação episcopal);

d) Sabendo que os sinais são portadores de mensagem, peço aos Rev. Párocos e ao Secretariado Diocesano da Família que se programe uma campanha para que cada lar cristão disponha de: uma Bíblia, o Catecismo da Igreja Católica, um bom crucifixo e uma significativa imagem mariana.

7. Na perspectiva do Grande Jubileu do Ano 2000, vamos descobrir melhor “Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor” e vivificar toda a liturgia, não esque-cendo o valor da oração em família.

Daremos também reforçada atenção à Escola de Formação Teológica de Leigos e à pastoral vicarial, na partilha de experiências, na entreajuda pastoral e na comunhão eclesial. Todos os órgãos e parcelas desta “porção do povo de Deus”, que é a nossa Diocese, querem formar um só corpo, com a mesma alma.

III

8. Os jovens, hoje como sempre, têm interrogações e problemas, para si mesmos e para os outros. É tempo de luzes e sombras.

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Quando o ritmo das mudanças é mais acelerado, a família e a sociedade, sem se desintegrarem, perdem alguma força de acolhimento e harmonia.

No tempo que vivemos, com tantas agressões que afectam as células vitais do tecido social, adultos e jovens somos atingidos e perturbados. Apreciando os valores e assumindo os deveres, preocupamo-nos com a possível e real deso-rientação. Adolescentes e jovens, com acesso mais fácil ao mundo da cultura e da cibernética, têm algo a receber e muito a dar. Sem lamentações e egoísmos. Com os mais novos e os mais velhos, em boa partilha.

9. Na nossa Diocese de Leiria-Fátima há mais de 60.000 jovens na franja etária dos 15-29 anos. Quase todos na fase escolar e cerca de 6.000 no ensino superior. Há serviços e movimentos de jovens e para jovens, que vamos apoiar.

Os jovens foram presença visível e activa nos grupos sinodais. Apesar da natural ousadia ou rebeldia, veio sempre ao de cima um grande ideal que fez gerar a crítica construtiva e a inesgotável generosidade, ao ponto de podermos dizer como Jesus disse de Natanael: “Aí está em quem não entrou a fraude” (Jo 1, 47), isto é, o fingimento ou o dolo. Acreditamos nos jovens.

10. A Assembleia Sinodal estudou atentamente o complexo mundo dos jo-vens e os imperativos da pastoral juvenil. Propõe que os jovens sejam acolhidos e ouvidos; sejam evangelizadores dos colegas, sem se divorciarem dos mais idosos ou se esquecerem das crianças.

Todos os jovens católicos da nossa Diocese são membros de pleno direito, com vez e com voz nas comunidades paroquiais. Nessa família alargada par-tilharão tristezas e alegrias, protestos e projectos. Têm áreas não reservadas, mas especiais, na escola e na Igreja. Em qualquer dos casos as associações e os movimentos juvenis ganham mais força. Para reflectir e para agir.

A nossa Diocese de Leiria-Fátima pensa investir mais nas infra-estruturas da pastoral juvenil. Prosseguirá a formação cuidada de dirigentes ou animadores. É vital. Tem prioridade.

11. E assim, tendo presentes as conclusões e as propostas da Assembleia Sinodal:a) Exorto de uma maneira particular os Rev. Párocos das 73 comunidades

paroquiais a apoiar os movimentos e organismos juvenis, constituindo e ani-

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mando os grupos possíveis, numa grande abertura aos sinais e ao Espírito, pois “há caminhos não andados que esperam por alguém”;

b) Prometo apoiar mais o Secretariado da Pastoral Juvenil e crio um lugar de dirigente livre a tempo inteiro, bem como bolsas de estudo para animadores, ao mesmo tempo que providenciarei para que haja espaços de oração e diálogo;

c) Peço aos professores da Educação Religiosa e Moral Católica, às escolas católicas e a todos os organismos, movimentos e grupos de pastoral juvenil e familiar, desde o CAES, CNE e MCE até ao CPM, sem esquecer os catequistas dos crismandos, que testemunhem, com alegria, a riqueza de conhecer e viver a mensagem de Jesus Cristo, na Sua Igreja, à qual pertencemos pelo Baptismo, com profunda convicção e solidariedade.

IV

12. Este nosso 4º Sínodo Diocesano é um tempo privilegiado de reflexão e reno-vação. Abre-se com humildade ao Espírito, sem improvisos e sem pressas. Por isso poderá ir até ao 3º milénio, se for essa a boa vontade da Comunidade Diocesana.

Contudo, é bom planificar e programar. E assim, na sessão de Novembro passado, a Assembleia inventariou verificações de factos, como o das seitas, que podem corresponder a uma “busca do sobrenatural”, pois o materialismo prático vai enfraquecendo a alma e faz nascer “fome e sede do sentido da vida” (PAS 3.1). Queremos viver o dinamismo do diálogo e da corresponsabilidade.

Mais acrescenta a Assembleia Sinodal que “fenómenos como a droga, o alcoolismo, desemprego e desconfiança... atentam contra a vida e a dignidade humanas” (PAS 3.1.4). Daí que a mesma Assembleia proponha: “Toda a Diocese é chamada a examinar as formas como acolhe, vive, celebra e anuncia a verdade de Deus, e a interrogar-se sobre a fidelidade ao homem concreto e às circunstâncias que caracterizam hoje o seu viver e as suas formas de comunicar” (PAS 3.3.1).

13. Será com base nestes considerandos que vai ser elaborado o guião para a próxima etapa da nossa caminhada sinodal, acolhendo toda a força da verdade de Deus e atendendo à sensibilidade social dos tempos de hoje.

Concretamente, o instrumento de trabalho seguinte terá o objectivo de pro-por e promover “uma experiência de relação pessoal mais profunda com Jesus Cristo e uma aproximação aos irmãos mais carenciados” (PAS, n.º 3.3.3). Por

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conseguinte, a 2ª etapa do nosso Sínodo irá situar-se especialmente nesta grande área da pastoral social, à luz de Cristo, e na vivência autêntica da fé cristã. Aceito a proposta da Comissão Central do Sínodo: que seja preparado e distribuído o novo guião de trabalho de grupos sobre o tema “Os sinais de Deus na Vida dos Homens de Hoje”.

14. Vamos todos, irmãos caríssimos, reforçar o nosso espírito sinodal de crescimento e de renovação permanentes. Queremos centrar a nossa vida na pessoa de Jesus Cristo e no grande mistério da Eucaristia. Comprometemo-nos a abrir-nos ao Espírito, em comunhão de Igreja. Daremos mais atenção à pas-toral de conjunto no pluralismo cultural, sem esquecer a dimensão missionária, o diálogo ecuménico e a solidariedade com todos os que porventura pensam e vivem de outro modo. Tudo quanto diz respeito às comissões e aos secretariados diocesanos será oportunamente revisto e reestruturado, com a ajuda do Conselho Presbiteral e Conselho Pastoral, que já preparam um projecto de plano pastoral, sempre à luz e sob o impulso da nossa comprometida caminhada sinodal.

15. Exortamos os Rev. Vigários da Vara a que desenvolvam a pastoral da zona, mediante equipas e acções de partilha e entreajuda.

Solicitamos às comunidades paroquiais, com os seus conselhos e serviços, que adoptem com espírito sinodal o Regulamento de Administração dos Bens da Igreja, para que o valor acrescentado e mais claro nos proporcione um bem maior na comunhão pastoral de uma grande família de filhos do mesmo Pai.

Agradeço a colaboração da Assembleia Sinodal, que vai continuar a ajudar-nos, e presto homenagem a quantos nos precederam e trabalham na pastoral diocesana, nomeadamente nos serviços da Cúria, dos Conselhos, do Seminário, do Santuário de Fátima, dos Secretariados e Comissões, da Pastoral Paroquial, das Instituições escolares e sociais, dos Institutos Religiosos, de todos os Mo-vimentos, Associações e Obras Eclesiais.

Rezo aos Padroeiros, Nossa Senhora de Fátima e Santo Agostinho, que nos ajudem nesta abençoada e rica caminhada sinodal.

Leiria, 28 de Janeiro de 1997† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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Diante de Deus, com os sinais da vida concreta dos nossos dias (4ª sessão)

A Assembleia trabalhou, diversas vezes, em pequenos grupos (5ª sessão)

2ª Exortação Sinodal

Nós podemos e devemosser melhores

Queridos Diocesanos:

Uma segunda EXORTAÇÃO vos dirijo, com muita alegria e esperança, apresentando algumas conclusões/propostas.

O nosso Sínodo continua. Todos queremos ver e saborear os seus bons frutos. Nos próximos dias 21-23 de Maio será a 3ª sessão da Assembleia Sinodal. Vai ser o que nós quisermos e o que nós fizermos.

Recomendo que os grupos se revitalizem. Também peço aos membros da Assembleia (natos e eleitos) que participem mais activamente nesta nova etapa, pois a sinodalidade diz respeito a toda a Igreja, mas os delegados têm mais responsabilidade e terão mais empenho.

A nossa caminhada sinodal, na perspectiva do grande Ju bileu do ano 2000, e de mais além, é uma grande graça e é um compromisso que assumimos.

Vou resumir alguns passos já dados (ponto n.º 1), exortar ao trabalho de grupos (ponto n.º 2) e à formação perma nente (ponto n.º 3).

INo dia 10 de Maio de 1998, o 3º dia da 2ª sessão, a Assembleia Sinodal

da Diocese de Leiria-Fátima dirigiu uma significativa mensagem a todos os diocesanos “que no solo pátrio ou longe dele vão tornando possível o discer-nimento das carências e dos progressos”. É um texto profético, que termina assim: “Manifestamos a nossa solidarie dade a todos os que, no corpo ou no espírito, experimentam o peso do sofrimento”.

Todo o nosso esforço de renovação sinodal pretende eliminar ou diminuir as carências, ao mesmo tempo que procura o progresso e que os seus frutos sejam partilhados. Na nossa caminhada, estamos com os que sofrem e denun-

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ciamos os que atropelam ou agridem, os que explo ram ou esbanjam. Aos que andam à procura ou no erro queremos testemunhar a força da nossa fé.

Na caminhada sinodal, que iniciámos em 2 de Abril de 1995, abrimo-nos ao Espí rito, e vamos purificando o nosso espírito, à luz d’Aquele que é o Caminho e a Verdade. Nesta 2ª etapa reflectimos em grupo que “só com Deus podemos caminhar”. Com esse dinamismo e nessa perspectiva fomos a Fáti ma (29 de Março) pedir ajuda à Padroeira.

A partir dos textos bíblicos e das realidades que envolvem a nossa vida, chegámos efectivamente à conclusão que somos filhos do mesmo Pai e conse-quentemente somos todos irmãos n’Aquele que Se fez nosso Irmão.

O “instrumento de trabalho” desta 2ª sessão, com base na Exortação “Unidos em Cristo, na renovação permanente”, avaliou criteriosamente o muito que se tem feito e o muito que é preciso fazer. O plenário de 3 dias começou com uma rica parábola da água e do fogo. De alma lavada e aquecidos pelo Espírito, comprometemo-nos à formação em grupo e decidimos que a etapa seguinte verse o tema das celebra ções da fé.

IIDos pontos postos em comum e das propostas votadas destaca-se a conclusão

de “continuar com a dinâmica de trabalho em grupos, por ser esta a melhor forma de participação de todos, constituindo espaço privilegiado para a reflexão, partilha, formação e busca de caminhos de renovação”.

Na segunda etapa da nossa caminhada sinodal houve 170 grupos, para os quais foram editados e distribuídos 6.300 guiões.

De facto, apesar de eventuais membros tímidos e pesos mortos, é no grupo ou equipa que se acareiam dúvidas e pontos de vista, num ritmo colectivo e par tilhado; cada grupo é uma escola, com um chefe que também é aluno; para além das diferenças de idade e posição social, cada grupo é família. No grupo pensa-se e reza-se em comum.

Cada grupo é uma célula interactiva de uma Igreja que está na so ciedade plural. Tal grupo desenvolve capacidades adormecidas, rejeita desvios e con-traria agressões à rectidão do pensar e do ser. Um grupo eclesial não é empresa nem clube, não é sindicato nem ‘lobby’. Como corpo intermédio e programado, o grupo sinodal nunca se rompe do tecido da Igreja.

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A experiência e a metodologia da Acção Católica ensinam-nos muitas regras para que o grupo funcione bem e produza bons frutos.

Os nossos grupos sinodais, nesta Diocese que tem 30 agrupamentos escutas e centenas de associações e grupos, podem estruturar-se melhor, numa con-tinuidade de Igreja que é comunhão e deve refor mar-se cada dia. E todos os grupos de espiritualidade e de apostolado são também sinodais.

Das janelas da psicologia e da sociologia podemos ver espécies e matizes de grupos reduzidos e alargados. Circunscrevendo-nos à dimensão da Igreja, queremos que haja bons grupos, com dirigentes bem formados. Queremos ser pedras vivas do templo do Senhor.

Todos podemos e devemos ajudar-nos a sermos melhores. Queremos ser mais cristãos e os melhores cidadãos!

Evitando fazer discurso numa exortação, não me coíbo de citar o grande Papa Paulo VI: “A alegria cristã resulta de uma comunhão huma no-divina e aspira a uma comunhão sempre mais universal” (Enchiridion Vaticanum [EV], 5, 1282). Todo o cristão é mais responsável e faz comunhão.

IIIUma proposta muito sábia e muito concreta diz respeito à educação integral

e à formação permanente. Se qualquer pessoa é individual e plural, o cristão beneficia da Revelação que se inculturiza na vida; por isso, fazendo a síntese do vertical e do horizontal, é mais plural e mais evolutivo na linha da trans-cendência.

Para sublinhar que não somos perfeitos, mas somos perfectíveis, bastará recordar a declaração conciliar (28/10/65) sobre a educação cristã, que diz expressamente: “Todos os seres humanos têm direito a uma educação que vise o seu fim último e o bem dos outros” (EV, 1, 822).

E acrescentaria que estes direitos fundamentais foram, há 50 anos, objecto de uma declaração universal...

Por sua vez, “todos os cristãos têm direito à educação cristã, que com porta a maturidade própria da pessoa humana e que leva os bapti zados a tomarem maior consciência do dom da fé que receberam” (EV, 1, 825).

A educação do cristão vai crescendo ao colo da mãe e na família, passa pela catequese e continua a manifestar-se nas celebrações e na vida.

aNexos | 2ª exortação SinodaL “nóS podemoS e devemoS Ser meLhoreS”

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A formação cristã é uma vivência. Nunca está acabada. Acompanha as mudanças. É mais requerida para os Dirigentes. É nesta perspectiva que a Assembleia Sinodal propõe que se crie um “Centro Diocesano de Formação e Cultura”. Em consonância e consequência, sem dispensar ou desactivar as instituições vigentes na Diocese, mandato a Comissão Teológico-Pastoral do Sínodo, sob a presidência do respectivo Coorde nador, para que este louvável projecto prossiga e se efective. Peço e espero que esta Comissão Sinodal possa incumbir-se de planificar o lançamento da proposta da Assembleia, e a seu tempo poderá ser então constituída uma comissão ou direcção executiva.

Entretanto e para o presente ano pastoral 1998-1999 disponibilizo a verba de seis milhões de escudos para acções de educação em todas as áreas, desde a que foi objecto do referendo em Junho, até às que dizem respeito à vida política e económica. Desde já os movimentos e secretariados sabem, ao programar actividades e orçamentos, que dispõem deste apoio financeiro destinado ex-pressamente para acções de formação geral e/ou específica.

Singelamente escrevi cartas pastorais aos automobilistas e aos joga dores, mas apercebo-me que há muita gente carecida e receptiva ao humanismo de inspiração cristã. Muito espero que o Centro de Cultura possibilite o diálogo activo, pois que o culto sem cultura é paganismo, e a cultura sem culto é fantasia.

IVRenovo as exortações e promessas da sessão anterior. Apraz-me cons tatar que os secretariados e movimentos se revitalizam.Espero que o projecto do Centro Diocesano de Pastoral não demore, que os

Conselhos Pastorais sejam uma esperançosa realidade, que o RABI seja bem assimilado, que todas as comunidades vivam mais a fé.

Recomendo que o Guião para a 3ª etapa da nossa caminhada não esqueça os conteúdos formais da teologia, à luz da Bíblia, bem como as diversas sugestões e instruções que o Bispo Diocesano, com os seus Conselhos, tem produzido recentemente.

Muito agradeço a colaboração de todos, e rezo aos nossos Padroeiros que nos dêem a sua Bênção.

Leiria, 10 de Agosto de 1998, festa de S. Lourenço.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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As decisões nem sempre foram consensuais (5ª sessão)

Siglas dos documentos citados

LG – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Igreja, “Lumen Gentium”SC – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, “Sacrosanctum Concilium”

Exortação Sinodal

Vamos celebrar a fécom corpo e alma

I

1. Nos dias 1 - 3 de Outubro 1999 realizou-se a 3ª sessão da Assembleia Sinodal da nossa Diocese de Leiria-Fátima. A todos os Delegados sinodais foi enviado oportunamente o “instrumento de tra balho” (IT) intitulado “Fazer das Celebrações Fonte de Vida”, que era o resultado da reflexão de grupos e que serviu de base para as pro postas da assembleia plenária. Este caderno de 25 páginas foi elabo rado pela Comissão Central do Sínodo, tendo presentes as conclu sões dos grupos. O objectivo era e é “incentivar os animadores pasto rais e cada uma das comunidades da Diocese a empenharem-se na renovação das celebrações da fé, desde a preparação até à sua frutificação na vida cristã”.

O IT era composto de duas partes, que se conjugavam “do passado rumo ao futuro”, a fim de que as celebrações da fé sejam manifestação e fonte da vida cristã.

2. A 3ª sessão da Assembleia Sinodal decorreu na Aula Magna do Semi-nário de Leiria e começou com um cortejo para a igreja, onde foi feita uma pausa de interiorização. Cada Delegado escreveu três “men sagens”, que foram distribuídas aos participantes na Missa de encer ramento na Sé.

Os três dias foram muito ricos e dialogais; as votações e interven ções ficaram registadas em acta, que recebi no Natal de 99 e da qual vou colher o que julgar mais oportuno para oferecer como “Exortação Sinodal” a todos os Diocesanos de Leiria-Fátima.

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II

1. Para a 3ª etapa da caminhada sinodal foi distribuído um Guião sobre o tema “Fontes de vida para caminhar - As celebrações da fé”.

Ajudados pelo guião e seus animadores, trabalharam mais de 250 grupos, que mandaram as suas reflexões para a Comissão Central; foram recebidas 1106 folhas de conclusões. Foram também distribuí dos 2 200 cadernos sinodais da criança com 1 250 guiões pedagógi cos e 400 cassetes.

Entretanto a vida da Diocese continuou e foi prosseguindo o esfor ço co-lectivo e programado de renovação das estruturas e instituições, bem como da criação de novos serviços, como foi o “centro de acolhi mento aos sem abrigo” na paróquia de Leiria; outras iniciativas foram tomadas a nível das paróquias, vigararias, movimentos e obras.

2. Na revisão do passado, que é presente, foi afirmado e reconhe cido que não se apagou a luz da esperança, embora se note certo alheamento e se sinta algum cansaço. Foi dito que muitas vezes a rotina vence a criatividade e que “são raros os projectos pastorais inovadores”.

Que fazer? Ponderando a situação da Diocese e o itinerário sinodal já per-corrido, pareceu à Comissão Central e à Assembleia Sinodal que será bom e aconselhável preparar mais uma sessão, sobre a “pre sença e relação dos cristãos no meio social em que vivem”.

A par da temática geral enunciada será feita uma “reflexão sobre a presença e missão da vida religiosa na Igreja Diocesana”, que já se encontra em curso, especialmente nas muitas comunidades que exis tem na Diocese.

III

1. Muitos grupos sinodais sublinharam que as celebrações da fé, nome-adamente dos sacramentos e sacramentais, são “momentos pri vilegiados da vivência cristã das comunidades”. E todos concordaram que, corrigindo dina-micamente algumas habituações e abrindo-se mais à dimensão comunitária, os cristãos, os agregados familiares, os gru pos e associações carecem de energia nova e de formação perma nente. Para que as celebrações da fé sejam festivas

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e irradiantes de vida.Não deixou de ser salientado, na perspectiva mais pastoral e con creta, que

toda a pedagogia da comunicação e da mudança tem re gras próprias e que as “exigências” devem ser bem aplicadas “com acolhimento amigo”. Além da vida interior de cada um, que deve ser respeitada, cuide-se atentamente da preparação “dos agentes e do próprio presidente” de todas as celebrações. O rito e o ritmo, as pes soas e os sinais devem enquadrar-se e harmonizar-se na unidade da celebração e do ambiente.

2. Testemunharam também os grupos de reflexão que “as celebra ções não podem ser actos isolados do todo que é a vida concreta”. A celebração da fé será “ponto de chegada e de partida” da vida e para a vida. Como quem respira.

Da consideração dos factos e da doutrina conclui-se que “as cele brações da fé são actos da Igreja, de que a comunidade é parcela viva e não isolada”. Por isso, “é indispensável ter o sentido da Igreja e da comunhão com Ela”.

Em síntese e conclusão, devemos proclamar que a celebração co munitária da fé corresponde melhor ao projecto de Deus e é fonte mais rica de dons e de graças.

IV

1. Assumindo as diversas propostas analisadas e sujeitas a vota ção pela Assembleia Sinodal, achamos por bem explicitar e sublinhar as recomendações seguintes:

- seja intensificada e desenvolvida a catequese, a todos os níveis e por meios adequados ao destinatário, seja criança, jovem ou adulto, seja velho cristão ou não baptizado; para acções espe ciais de formação que se aproveite bem a verba de cinco mi lhões de escudos que a Diocese disponibilizou;

- todas as celebrações da fé, sacramentais ou não, sejam portado ras de beleza e de mensagem;

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- nos centros de culto público e especialmente nas igrejas paro quiais haja, quanto e quando possível, equipas de evangeli zação, de animação e de liturgia, assim como “equipas de pre paração para cada um dos sacramen-tos”, desde o baptismo até ao matrimónio e a santa unção; sejam os fiéis sensibilizados para a “importância da vocação ao ministério ordenado”, sem o qual não há Eucaristia nem Penitência sacramental.

Além destes apelos/desafios, a Assembleia Sinodal lembrou a especificidade de cada sacramento com a sua riqueza espiritual e expressou o voto, a propósito da Missa, que seja revista a quantidade de celebrações eucarísticas.

2. Com as propostas e os votos da Assembleia Sinodal diante de mim, tam-bém faço minhas mais as exortações que seguem:

- que as vigararias se entreajudem e pratiquem de maneira mais visível a pastoral de conjunto, criando alguns “serviços vicariais” comuns às diferentes paróquias;

- que o secretariado da Liturgia estude a hipótese de um “catecumenato” para os adultos que desejem receber o baptis mo e que elabore um “manu-al” que explique os requisitos para uma correcta celebração sacramental; sobre a liturgia foi emiti do o voto de que alguém se especialize na matéria para serviço da Diocese;

- que o secretariado da Educação Cristã da Infância e Adolescên cia não descuide a formação litúrgica dos catequistas e que toda a catequese faça viver a relação com Deus e com os ou tros; os crismados não vejam na celebração do sacramento “uma etapa final da caminhada catequética”;

- que o secretariado da Juventude intensifique a participação acti va e con-victa dos mais novos nas celebrações da fé, investindo na boa qualidade dos animadores; entre todos os sacramentos, que são da vida, merecerá ‘especial cuidado a preparação para o sacramento do matrimónio;

- que os mais secretariados e serviços, cada um no seu âmbito e objectivo precisos, e integrado no conjunto da Igreja una, nunca deixem de ser eficazes instrumentos da missão da Igreja, tanto na sua acção profética e sacerdotal, como no seu agir sócio -caritativo.

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V

A Assembleia Sinodal foi também exemplo de celebração da fé. Em diá-logo. Com festa. Na esperança. Os tempos de oração foram vitami nas de vida espiritual na Igreja de Cristo.

No final dos longos trabalhos da 3ª sessão, os cerca de 160 Dele gados dirigiram-se para a igreja da sé e ai, na Missa solene de encer ramento, foi proclamada a seguinte Mensagem:

“Abertos ao Espírito que renova e impele à caminhada; em res posta à interpelação de Jesus Cristo para que passemos fazendo o bem, anunciemos a libertação aos cativos e a Boa Nova aos pobres; solidários com os homens feridos na sua dignidade...

Os membros da Assembleia Sinodal, em comunhão com o Bispo que os convocou, reunidos nesta 3ª sessão, saúdam toda a Igre ja de Leiria-Fátima, neste dia da Diocese.

Descobrindo nas celebrações da Fé, especialmente na Eucaris tia, fontes autênticas de vida e de comunhão com Deus e com cada pessoa, enviamos uma mensagem de gratidão pelo empe nho de todos aqueles que, nos grupos sinodais e no trabalho apostólico nas suas comunidades, vão permitindo a descoberta dos caminhos que levam ao encontro com Deus.

A caminho das celebrações do Jubileu do ano 2000 do nasci mento de Cristo, o Sínodo Diocesano afirma-se como a disponibilidade do Povo de Deus para a missão profética que lhe foi confiada: ‘Ide por todo o mundo’.

A nós, a Igreja de Leiria-Fátima, resta-nos a ordem divina. Em sessão solene respondemos: - Eis-nos aqui, Senhor!”

O Bispo agradeceu a todos, particularmente às Comissões, levan tou a Luz da Esperança, e exortou a que se fechasse a janela à ilusão e que todos alargassem os umbrais e levantassem os lintéis ao Espírito.

VI

1. Das actas e dos apontamentos fluem muitos outros sopros do mesmo Espírito. Ganha evidência a convicção vivida de que toda a celebração da fé

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deve ser um hino da liturgia (SC 2, 6, 7 e 10). Medi temos a Revelação e o Magistério.

Abunda a bibliografia ao nosso alcance. Para citar apenas um Te ólogo, es-colho Luís Maldonado que é Pastor e da minha idade e ma neira de ser. Depois de advertir que a celebração sacramental não pode ser nada de materialista ou mágico, apela à dimensão cósmica da vida e declara: “Toda a actividade humana, boa e livre, é uma rea lização da graça divina”. Sim, os sacramentos e as celebrações eclesiais não monopolizam a liberdade do homem e a acção do Espí rito. O Espírito prepara a Igreja. Basta recordar que o primeiro Papa baptizou Cornélio, que já tinha recebido o Espírito Santo (cf. Act 10, 44-48). Na próxima etapa sinodal, focando áreas descobertas e mun dos diferentes, vamos proclamar que a Igreja se torna visível e activa em todos os tempos e lugares.

2. O Concílio Vaticano II, depois de declarar que a Igreja é sacra mento, ou “sinal e instrumento da intima união com Deus e da unidade de todo o género humano” (LG 1), diz que todas as celebrações da fé manifestam a Igreja (cf. SC 6). E o citado Teólogo, a fim de argumentar que toda a assembleia celebrante deve ser muito activa e sensível, escreve: “Jesus toca os seus discípulos para lhes inspirar confiança (Mt 17, 7); Jesus toca o leproso para o curar e reintegrar na comunida de (Lc 5, 3); Jesus toca o cego para lhe transmitir a luz (Mc 8, 22); Jesus tocava as crianças (Lc 18, 15); Jesus toca o corpo morto da viúva de Naim (Lc 7, 14)” (Sacramentalità, Sacramenti e Azione Liturgica, 1997,124). Os erros e os problemas podem ser “tocados” pela graça através de nós.

Os elementos da celebração como a saudação da paz, o gesto de louvar e oferecer, o inclinar-se, ou benzer-se, ou ajoelhar, são sinais que ajudam a vivência participativa, que tem momentos antes e de pois, no adro da igreja e nos meandros da vida.

VII

Pressupondo princípios da teologia e da eclesiologia, poderemos salientar mais alguns pontos ou critérios da acção pastoral da nossa Diocese em via de Sínodo. Assim:

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- toda a celebração da fé deve ser encontro de festa; a assembleia celebrante alegra-se, como o pai do filho pródigo; a celebração da fé mostra a vida dos ressuscitados;

- toda a celebração deve ser palavra e alimento; a Bíblia e a vida conjugam-se; o magistério e o ministério fazem comunhão; va mos preparar melhor os leitores e os acólitos, as homilias e as liturgias, para descobrirmos com nitidez o Salvador, como os discípulos de Emaús;

- toda a celebração deve ser bênção e graça; a assembleia reflec te, vê, ouve e canta; os sinais sacramentais são instrumentos transmissores de graça; que as bênçãos não fiquem estéreis;

- toda a celebração da fé deve ser contemplar e agir, receber e dar, ir e voltar, pensar em si e nos outros, pedir e oferecer per dão...; vamos conseguir que as nossas celebrações tenham harmonia e produzam a paz; daremos mais atenção ao rito da distribuição da comunhão, para que não haja tempos mortos, aos avisos, para que não haja agressões e atropelos, ao grupo coral, para que não seja corpo estranho, a todos os participan tes, para que não haja ruídos nem perturbações de uma vivência estética e que fale à inteligência do coração;

- toda a celebração deve ser uma reunião de amigos, como em Betânia, uma refeição e um Pentecostes como no Cenáculo ou em qualquer ermida de uma aldeia, mas sempre um ir e regres sar, ao ritmo da sístole e diástole, da convergência e irradiação, da consagração e da comunhão... Celebrar é aquecer a fé para viver melhor.

VIII

1. A Assembleia Sinodal, fazendo-se eco dos grupos e da opinião geral, re-cordou, de maneira real e de corresponsabilidade, que os jovens se afastam das igrejas e da própria Igreja; é um fenómeno já velho e complexo, embora com mais acuidade nos tempos de hoje; por isso, os Bispos portugueses decidiram dar atenção preferencial aos jovens neste ano 2000; entretanto, surgem por toda a parte jovens muito empenhados e movimentos novos inspirados pelo Espírito.

aNexos | 3ª exortação SinodaL “vamoS ceLebrar a Fé com corpo e aLma”

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Em consonância verifica também que a prática pastoral é pouco criativa e mais de manutenção; alguns ritos sacramentais deixam que a rotina e até que a magia batam à porta; por isso apela aos responsá veis e animadores pastorais que optem corajosamente pela renova ção sinodal.

Por sua vez a família, que é a célula vital da Sociedade e da Igreja, perdeu força anímica, deixou de rezar em comum e cedeu às múltiplas tentações de consumismo e às agressões do materialismo; por todas as razões e causas, bem à vista, solicita mais apoio à pastoral familiar na Diocese.

2. A mesma Assembleia também constatou, pela positiva, que nas mudan-ças aceleradas e nas expressões legitimas da liberdade plural surgem sinais promissores de reevangelização e de vida cristã.

Muitos jovens e adultos, desencantados dos ídolos enlouquecedores do ter e do prazer, buscam o ser e regressam, como filhos pró digos, à casa do Pai.

Igualmente reconheceu a Assembleia que muita gente nova parti cipa nos vários grupos de cantores, de acólitos, de leitores, de catequistas, de ministros da comunhão, e de espiritualidade; jovens e adultos oferecem-se como volun-tários para a visita aos doentes e en carcerados, para a assistência aos pobres e marginalizados...

Congratulamo-nos pelos fecundos sintomas de vida sempre em renovação e prometemos mais coerência e acção, sabendo experi mentalmente que a vida interior é o bom combustível para o diálogo testemunhal e para o progressivo crescimento em Cristo e na Sua Igreja.

IX

A sessão da Assembleia não abrangeu todas as áreas e acções da vida dio-cesana. Muitos programas estão em curso e projecto. Os Con selhos Pastoral e Presbiteral estudam um plano alargado; está a ser reanalisada a difícil questão das festas religiosas; o secretariado da catequese e todos os outros, com espírito sinodal e jubilar, tentam corresponder mais e melhor às exigências dos tempos e das pessoas; a Escola de Formação Teológica de Leigos prossegue activa e prepa ra-se o Centro Diocesano de Formação e Cultura; encontram-se em es-tudo o âmbito das vigararias e a hipótese de novas paróquias; com as dioceses

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mais vizinhas, prepara-se um directório para as celebra ções penitenciais e as celebrações dominicais sem a presença de presbítero; não serão esquecidos a pastoral vocacional, a animação missionária, os Conselhos Pastorais, os Semi-nários, a formação per manente e o tempo sabático do Clero...

Na próxima etapa do itinerário sinodal vamos prestar mais atenção à doutrina social da Igreja, à vida tal qual, aos não praticantes e não crentes.

O documento conclusivo do nosso Sínodo será um programa/com promisso mais abrangente da vida e para a vida. E a sinodalidade será um dado adquirido e de valor acrescentado.

X

1. A presente Exortação, na sequência da Carta Pastoral “Unidos no Caminho da Esperança” (02/04/1995), da primeira Exortação Sinodal “Unidos em Cristo, na renovação permanente” (28/01/1997) e da se gunda Exortação Sinodal “Nós podemos e devemos ser melhores” (10/ 08/1998), é dirigida a todos os Dioce-sanos e pode ser uma fonte ou um vaso de água viva para quem quiser. Vamos todos beber a Revela ção e viver a Vida, à luz de Cristo e do outro Paráclito.

2. Neste ano da beatificação de Francisco e Jacinta Marto e do Grande Jubi-leu do Ano 2000, rogamos aos Padroeiros da nossa Diocese de Leiria-Fátima, Santo Agostinho e Nossa Senhora de Fáti ma, que nos auxiliem a celebrar sempre a Vida, com alegria e espe rança, sem olvidar os que estão no adro ou mais à distância.

E neste sentido escolho, para terminar, palavras proféticas do Papa aos Bispos portugueses, na sua recente visita ad limina: “Se na multi plicação dos pães (cf. Lc 9,12-17) os discípulos não tivessem feito chegar à multidão os pe-daços resultantes dos cinco pães e dois pei xes abençoados pelo divino Mestre, certamente não se poderia dizer que todos puderam alimentar-se” (30/11/1999). Para a vida...

Deus quer precisar de nós. E há muitos irmãos nossos, que espe ram por Alguém.

aNexos | 3ª exortação SinodaL “vamoS ceLebrar a Fé com corpo e aLma”

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Queridos Diocesanos:

A exortação que acabamos de apresentar destina-se a todos vós. Faço-me eco de Deus para lembrar em voz alta que Ele muito nos ama. Como Pai ca-rinhoso, pede-nos conversão permanente. Para que vivamos em família. Para que haja paz.

Como Bispo de Leiria-Fátima acrescentarei que deveis confiar nos vossos Pastores. Estão ao vosso serviço; precisais deles, que tam bém precisam de vós.

Nós, Padres da Diocese, encontramo-nos muitas vezes para estu dar e para rezar, a fim de servirmos melhor. Os Sacerdotes reúnem-se todos os meses em grupo restrito e participam todos os anos numa semana de actualização teológico-pastoral e no retiro espiritual.

Muitas vezes o Bispo se encontra com os seus Presbíteros, em assembleia ou em particular; tem ocasião e solicitude para lembrar princípios ou questões mais pontuais e pessoais. Como irmão.

A propósito do imperativo de fraternidade, ocorre-me a estória do prior que disse um dia aos seus paroquianos: “apareceu-me um anjo e revelou que na nossa paróquia vive Jesus disfarçado!...” Toda a gente começou a respeitar mais o outro, vizinho ou desconhecido, pois bem podia ser Jesus ou seu parente.

Não é lirismo repetir que Jesus reencarna nos cristãos e se pode ocultar em qualquer ser humano. E nesta perspectiva podemos sentir e ver que a educa-ção recíproca ganha foros de cidadania e que as obras de misericórdia fazem milagres.

Louvando quantos têm trabalhado e caminhado neste percurso de renovação, faço votos para que a 4ª etapa complete e robusteça os objectivos e os modos da nossa Igreja sinodal.

Leiria, 13 de Janeiro de 2000† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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Siglas usadas neste documento:

AA - Concílio Vaticano II, Decreto sobre o apostolado dos leigos, “Apostolicam Actuositatem”ACEPS - Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de SaúdeAMC - Associação de Médicos CatólicosCD – Concílio Vaticano II, Decreto sobre o múnus pastoral dos bispos, “Christus Dominus”CEP - Conferência Episcopal PortuguesaCNIR - Conferência Nacional dos Institutos ReligiososCPM - Centro de Preparação para o MatrimónioDH - Concílio Vaticano II, Declaração sobre a dignidade humana, “Dignitatis Humanæ”EMRC - Educação e Moral Religiosa CatólicaEN – Paulo VI, Exortação Apostólica “Evangelium Nuntiandi”, 1975ENS - Equipas de Nossa SenhoraEV - Enchiridion Vaticanum (18 vol. da E.D.B.)FC – João Paulo II, Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, 1981FNIRF - Federação Nacional dos Institutos Religiosos FemininosFNIS - Federação Nacional dos Institutos SecularesGE - Concílio Vaticano II, Declaração sobre a educação, “Gravissimum Educationis”GS – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Igreja no mundo actual, “Gaudium et Spes”IVC - Institutos de Vida ConsagradaLG – Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Igreja, “Lumen Gentium”MCE - Movimento Católico de EstudantesMEC - Movimento de Educadores CatólicosMEV - Movimento Esperança e VidaMM - João XXIII, Carta Encíclica “Mater et Magistra”, 1961MR - Mutuæ Relationes, Normas, 14.5.1978NÆ - Concílio Vaticano II, Declaração sobre as religiões não cristãs, “Nostra Ætate”NMI - João Paulo II, Carta Apostólica “Novo Millennio Ineunte”, 2001OA - Paulo VI, Carta Apostólica “ Octogesima Adveniens”, 1971OP - Concílio Vaticano II, Decreto sobre a formação sacerdotal, “Optatam Totius”PC – Concílio Vaticano II, Decreto sobre a renovação da vida religiosa, “Perfectae Caritatis”PP - Paulo VI, Carta Encíclica “Populorum Progressio”, 1967PT - João XXIII, Carta Encíclica “Pacem in Terris”, 1963VA - Vida Ascendente

I Parte

A cidade dos homense a cidade de Deus

“Diferentes na fé”

1. “ Os membros da assembleia sinodal reunidos na 4ª sessão afirmam o seu compromisso de fé e empenhamento na edificação de uma Igreja acolhedora e aberta ao mundo, e a esperança de que os caminhos não andados serão preenchi-dos por passos de renovação. Disponíveis para continuarem a caminhada a que foram convocados, apelam ao povo de Deus para que não recuse o convite e o mandato para anunciar o Reino”. É assim que se expressa a assembleia sinodal na mensagem aos Diocesanos de Leiria-Fátima. Duas palavras compendiam todo o projecto sinodal: renovação e anúncio do Reino.

Partindo de um texto rico da Carta a Diogneto (século II), a assembleia e 141 grupos sinodais reflectiram e concluíram que os cristãos são “iguais a todos, diferentes na fé”. Por outras palavras, a conclusão geral é que os cristãos de-verão ser melhores cidadãos e mais homens! Por consequência, devem investir na formação permanente e praticar a coerência de vida.

Valerá a pena recordar sucintamente as coordenadas basilares da nossa igualdade. Na pluralidade das pessoas e das circunstâncias, somos iguais e somos diferentes.

“Direitos-deveres fundamentais”

2. A nossa Constituição estabelece o princípio da igualdade no artigo 13, que diz: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”.

E na vida? Recordemos o que diz João XXIII: “Entre os seres humanos, – como sabemos por experiência – existem diferenças, às vezes muito grandes, no grau do saber, da virtude, nas capacidades do espírito e na abundância dos

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bens materiais. Mas isto não pode nunca justificar o propósito de fazer valer a própria superioridade para subjugar de qualquer modo os outros. Esta supe-rioridade comporta, pelo contrário, uma maior obrigação de ajudar os outros para que consigam, num esforço comum, a sua própria perfeição”. (PT 33)

Aquando do 25º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, a Comissão Pontifícia Justiça e Paz publicou um documento doutrinal (10.12.1974), que assim declara no n.º 37: “Tendo presente que a ordem social é orientada para o bem da pessoa (GS 26), que todo o homem é pessoa dotada de inteligência e liberdade (PT 9), e que a pessoa humana é e deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais (OA 14), o magistério afirma:

a) Todos os homens são iguais por nobreza, dignidade e natureza (GS 29), sem distinção proveniente da raça (PP 63), sexo (GS 29), e religião (NÆ 5).

b) Todos têm os mesmos direitos e deveres fundamentais (GS 26).c) Os direitos da pessoa humana são invioláveis, inalienáveis e universais (PT 9).d) Cada ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos meios

indispensáveis e suficientes para um digno teor de vida, especialmente no que diz respeito à alimentação, à habitação, aos meios de subsistência e aos outros serviços indispensáveis para a segurança social (PT 11, MM 56 e GS 26).

e) Todos têm direito ao bom nome e ao respeito da própria pessoa (GS 26), à salvaguarda da própria vida privada (GS 26), à intimidade e a uma imagem objectiva (Paulo VI em 23.6.1966).

f) Todos têm direito de agir segundo o recto ditame da sua consciência (DH 2) e de procurar livremente a verdade segundo os meios e os modos próprios do homem (PT 12). Este direito pode chegar, sob determinadas condições, até ao direito de discordar por motivos de consciência (GS 78 e 79) de certas leis da sociedade.

g) Todos têm o direito de manifestar livremente as próprias opiniões e ideias (GS 59 e 73), assim como têm o direito à objectividade na informação (PT 12 e 90).

h) Todos têm o direito de venerar Deus segundo o recto ditame da sua consciência, de professar a religião em público e em particular e de fruir da justa liberdade religiosa (PT 14, GS 26 e 73).

i) Fundamental direito da pessoa é também a tutela jurídica dos próprios di-reitos, tutela eficaz, imparcial, informada de critérios objectivos de justiça (PT 27). Por isso, todos são iguais perante a lei (OA 16) e têm direito no processo judiciário a conhecer o acusador e a ter uma defesa adequada (Sínodo dos Bispos 1971).

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j) Finalmente, o magistério faz notar que os direitos fundamentais do homem (ser humano) estão ligados de maneira indissolúvel na mesma pessoa, que é o sujeito, com os respectivos deveres. Estes direitos-deveres têm na lei natural as suas raízes, o seu alimento e a sua força indestrutível (PT 28 e 30 e OA 24)”.

“Os maiores são os santos”

3. Foi longa a enumeração-resumo dos grandes princípios do Magistério, compendiados e assumidos pela Comissão Justiça e Paz. É um símbolo plural da Igreja que caminha, bem encarnada na cidade dos homens, para que seja também a cidade de Deus. Desta lista de 10 princípios fundamentais fluem regras e imperativos para a vida humana de pessoas iguais e diferentes, na sinodalidade de irmãos que se convertem, perdoam e entreajudam.

Sobre a igualdade dos cristãos, limitamo-nos a citar uma declaração (Inter Insigniores) da Congregação da Doutrina da Fé (15.10.1976), que assim diz: “A igualdade dos baptizados é uma das grandes afirmações do Cristianismo. Todavia, a igualdade não é a identidade, pois a Igreja é um corpo diferenciado, no qual cada um tem a sua função. As funções são distintas e não devem ser confundidas. Não podem representar superioridade de uns sobre os outros, nem ser pretexto de inveja. O único carisma superior que pode e deve ser desejado é a caridade (1 Cor. 12.13). Os maiores no reino dos céus não são os ministros, mas os santos” (EV 5/2146).

“Há valores esquecidos”

4. O instrumento de trabalho para a 4ª sessão da Assembleia Sinodal apontava para os actos de catequese e os centros de formação, sem esquecer a espiritualidade, enriquecida nos cursos e retiros, e testemunhada nas cele-brações da fé e na vida. Por outro lado, sublinhava que, “os temas sociais não podem estar ausentes”. Também reconhecia que a Igreja “tem desempenhado bem a sua missão de defender os verdadeiros valores”. Todavia assinalava que há “valores esquecidos” e contra-valores que se sobrepõem, o que deteriora o ambiente da família e da Sociedade.

Nesta 4ª sessão da assembleia sinodal foram aprovadas as seguintes propos-

aNexos | 4ª exortação SinodaL “iguaiS e diFerenteS” (i parte)

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tas, que homologamos:- “Maior empenhamento das comunidades paroquiais na promoção e no

desenvolvimento do espírito e acção do voluntariado, na assistência aos idosos, doentes, desprotegidos e excluídos da sociedade.”

- “Abertura aos crentes de todas as religiões e a todos os homens de boa vontade na construção de uma sociedade mais justa, com realce para o pro-blema actual dos imigrantes. Ênfase na formação dos cristãos para as tarefas apostólicas. Necessidade de incrementar os Conselhos Pastorais Paroquiais.”

- “Mais do que criar novas estruturas, secretariados ou grupos de trabalho, importa, para o reforço da identidade e testemunho cristão, privilegiar o es-forço de conversão pessoal e de identificação com a pessoa de Jesus Cristo. Quando cada um estiver convertido e verdadeiramente apaixonado por Jesus Cristo, agindo e vivendo segundo o Seu modelo e critérios, a Igreja deixará de ter conotações de poder e dominação e tornar-se-á para todos os homens servidora, acolhedora e fraterna.”

Estas 3 propostas são ecos de apelos já formulados e assumidos nas sessões/exortações anteriores, nomeadamente no que diz respeito à natureza e à missão da Igreja.

Se excluirmos a oportuna referência aos conselhos pastorais, a tónica bem acentuada das propostas identifica-se com a conversão permanente e efectiva.

Assim se expressa uma recente instrução pastoral da CEP (28-2-2001) acerca do ministério da reconciliação: “A reconciliação não se reduz ao foro íntimo e pessoal. Com efeito, a reconciliação com Deus é indissociável da reconciliação com o próximo (Mt. 5,24) e da reconciliação com a comunidade (LG 11)”.

Seja lícito citar a Ir. Lúcia, que no seu último livro “Apelos da Mensagem de Fá-tima” assim testemunha, à maneira de catequista que participa da missão pro-fética: “Pedimos perdão para os que não crêem... e tantas vezes nós fazemos parte deste número. Não podemos obter de Deus o perdão, sem antes perdoarmos aos nossos irmãos. O nosso perdão tem de ser generoso, completo e sacrificado” (p. 73).

“Vivência do amor evangélico”

5. Depois do pronunciamento sobre propostas mais abrangentes, supra transcritas e declaradas, a assembleia aprovou outras propostas, que também

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sancionamos como propósitos e votos de um Povo em caminhada sinodal. Eis:- “Que o nosso Bispo promova um Secretariado de Catequese para Adultos.

Que este Secretariado estruture uma catequese de forma a que esta não seja apenas formação religiosa, mas que parta da vida, para a transformar, isto é, que seja uma catequese que leve à vivência do amor evangélico (no trabalho, no acolhimento aos outros, na preferência pelos mais pobres, na comunhão eclesial, no respeito pelas diferenças...).”

- “Que o Centro Diocesano de Formação e Cultura pense um projecto de catequese de adultos para a Diocese e apoie a formação de agentes paroquiais para este serviço.”

- “Que se promova o desenvolvimento de projectos de cooperação com grupos sócio-profissionais ou outros, de forma que a presença dos cristãos seja, por si mesma, evangelizadora.”

- “Realizar encontros periódicos de todos os grupos, serviços e movimentos paroquiais, sob a coordenação e animação do Conselho Pastoral Paroquial. Promover uma pastoral de acolhimento para as celebrações comunitárias da fé, para apoio às pessoas em maior dificuldade (abandono, catástrofes, doença, imigração, grupos étnicos) e para o acompanhamento das pessoas em situações especiais dentro da Igreja (divorciados, recasados, mães solteiras...)”.

“Não à cultura do vazio”

6. Neste capítulo geral sobre a educação, convém ter presente que o Bispo diocesano propôs para o ano 2001, como prioritários, os temas da saúde (do corpo e da alma) e da escola. Com agrado e louvor, podemos, à maneira de exemplo, registar os cursos da Cáritas sobre os idosos, as jornadas culturais da vigararia de Leiria, os projectos e programas dos Secretariados da família, da juventude, das vocações, etc. Há sempre algo mais a fazer. Todos estamos empenhados neste plano sinodal de renovação e anúncio do Reino.

Também foi publicada a carta pastoral sobre as festas, e encontra-se em boa fase de estruturação o Centro Diocesano de Formação e Cultura.

Queremos efectivamente buscar a harmonia da vida, que tem requisitos prévios de assistência e segurança, e que prioriza os valores do espírito.

Recentemente uma nota da Comissão Nacional Justiça e Paz denunciava o

aNexos | 4ª exortação SinodaL “iguaiS e diFerenteS” (i parte)

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“consumismo desenfreado, o modernismo permissivo e uma pueril exaltação do fácil”, acrescentando: “Não nos podemos deixar vencer pela cultura do vazio e do nada”.

Por sua vez a Carta Apostólica “Novo Millennio Ineunte” pergunta: “Como ficar indiferente perante o vilipêndio dos direitos humanos fundamentais de tantas pessoas, especialmente das crianças?” E acrescenta a mesma Carta: “Trata-se de interpretar e defender valores radicados na própria natureza do ser humano; a caridade tomará então necessariamente a forma de serviço à cultura, à política, à economia, à família, para que em toda a parte sejam respeitados os princípios fundamentais de que depende o destino do ser humano e o futuro da civilização”.

“O fundamento da Sociedade”

7. A assembleia sinodal analisou a “desintegração” das famílias.Tendo bem presente que “o amor é a vocação original de todo o ser huma-

no” (FC 11) e que o amor conjugal exige uma comunidade íntima, querida por Deus (GS 48) e gera a instituição matrimonial que é o berço da família e esta é o fundamento da sociedade (AA 119), escola de formação, de humanidade e de cultura (GE 3) e comunidade de santificação (LG 41), a nossa assembleia sinodal apresentou a seguinte proposta:

- “A constituição em todas as paróquias de equipas de pastoral familiar que prossigam uma «catequese das famílias» na qual se enquadrem os seguintes aspectos:

a) Preparação dos jovens para o matrimónio nas suas etapas remota e próxima.b) Articulação com o CPM na preparação imediata para o matrimónio.c) Preparação para o baptismo.d) Suscitem o espírito associativo das famílias cristãs para que, sempre que

oportuno, possam tomar posição em relação aos problemas que as impliquem.e) Promovam encontros com os responsáveis das diferentes áreas pastorais

em ordem ao trabalho mais articulado e centrado na família.f) Valorização de certas datas festivas com encontros de famílias.g) Integrem os pais nas catequeses dos seus filhos.”Neste grande “pacote” da família muitas coisas haverá para fazer a favor

das crianças nascituras (é de lamentar que não tenham “abortado” leis que fa-

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cilitam o aborto, assim como é de louvar instituições e serviços que defendem a vida) e das crianças que são acolhidas e adoptadas, para que possam crescer e ser felizes na nossa comunidade (desde o próprio lar até aos jardins infantis e escolas). Muito se tem feito e projectado nesta área da família (vg. ENS e CPM), da escola (vg. MCE e MEC), dos idosos (vg. Lares, MEV, VA etc.). Todos somos iguais e diferentes. Precisamos uns dos outros.

“Precisamos de impaciência”

8. O 4º tema do guião para os grupos sinodais “apontava o desenvolvimento integral dos cidadãos como objectivo da política”. A assembleia sinodal apro-vou, a seguinte proposta:

- “Criação da Comissão Diocesana de Justiça e Paz, como grupo de estudo, inspirado na Doutrina Social da Igreja - que urge divulgar - e especialmente vocacio-nada para o estudo dos problemas sociais da Diocese e apresentação de propostas de resolução para a realidade concreta. Reafirmar o dever dos cristãos e seus grupos participarem na promoção da liberdade e da justiça so-cial. Dignificação da vida política e participação dos cristãos na vida pública”.

Em sintonia com a respectiva Comissão Pontifícia, existe em Portugal a Comissão Nacional Justiça e Paz. Dado que o país é pequeno, os problemas e as situações são muito semelhantes e por isso temos pensado que bastaria um delegado diocesano na Comissão Nacional, competindo ao Conselho Pastoral Diocesano a solícita “vigilância” sobre eventuais casos flagrantes de injustiças na sociedade ou nas instituições da Igreja. Todavia, vamos considerar e ponderar esta louvável proposta, integrando-a no conjunto dos projectos da Cáritas, da ACEPS e outros serviços ou movimentos que já existem.

No perímetro da nossa Diocese, sem dramatizar, existem e resistem casos e pontos negros de injustiças e carências, que urge corrigir e curar, à luz da ética e na missão profética. No que concerne à administração e ao poder político, poderíamos repetir que o poder às vezes se corrompe pelo stress do mecanismo ou se deixa seduzir por interesses de nepotismo e compadrio. Não raro os nos-sos dirigentes da administração e do governo cedem aos riscos de se deixarem intoxicar pela rotina ou embriagar pela vaidade. Entretanto, devemos reconhe-cer que a administração pública e a vida política exigem sacrifícios, quantas

aNexos | 4ª exortação SinodaL “iguaiS e diFerenteS” (i parte)

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vezes da própria família e da profissão! Uma personalidade política do país desabafou que “uma das coisas que mais precisamos na democracia é de im-paciência”. No étimo da palavra paciência está o sofrimento, que pode não corresponder à vontade de Deus, e por isso deve ser contrariada.

Queremos a liberdade e buscamos a justiça. Com muita coragem e espe-rança. É neste sentido que a assembleia se propõe “participar na promoção da liberdade e da justiça social”. Sem as paciências que fazem anestesiar e sofrer! É neste espírito que a assembleia sinodal acrescenta:

- “Que, no âmbito do reforço das responsabilidades e da presença dos cristãos no mundo do trabalho, estes se empenhem na participação nos movi-mentos associativos, sindicais e empresariais, para a construção da justiça e da dignidade humana.”

- “Que as comunidades cristãs sejam estimuladas a manifestar compreen-são e apoio aos seus membros que assumem a coragem de serem presença e testemunho cristão em ambientes de circunstâncias difíceis, como em geral são essas associações.”

“Educação permanente e global”

9. Sobre o grande tema da educação, a que nos referimos acima, a assembleia aprovou a seguinte proposta:

- “ Que os Secretariados da Educação Cristã, da Pastoral Familiar e da Pas-toral Escolar promovam alguns encontros, na diocese, para um debate alargado em ordem a: a) motivar os pais para uma intervenção mais activa e efectiva na escola e na catequese; b) fazer chegar ao Ministério da Educação as nossas insatisfações e propostas.

- “Que o Secretariado Diocesano da Catequese promova uma análise pro-funda do que está a ser a catequese diocesana e dos seus frutos.”

- “Que se crie, ou rentabilize, o Secretariado para as aulas de “Educação Moral e Religiosa Católica” do primeiro ciclo, porque é uma idade de ouro que se está a perder.”

Todos estaremos comprometidos e empenhados nesta missão, que vai desde o colo da mãe até à tumba. A educação é património e vivência. A educação é vida interior e relacionamento. Por isso é sempre global e plural. Abrange e con-

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diciona o comportamento ético e cívico. A inspiração cristã acrescenta valores.Respeitando a liberdade religiosa, o Estado não pode neutralizar o sistema

educativo ou escolar. Somos um povo de brandos costumes, mas não podemos perder os princípios nem cair no tolerantismo da indiferença ou confusão.

Nas igrejas e nas escolas os que aprendem e crescem na vida precisam de conhecer os valores e as regras, orientando o seu viver nos caminhos da Ver-dade e do Bem.

Exortamos de maneira mais directa os Reverendos Párocos para que não descuidem a “idade de ouro” do 1º ciclo do ensino básico, e pedimos aos pais que apreciem a EMRC e colaborem com os professores. O segredo do progresso e da convivência harmoniosa revela-se e age no esforço colectivo e comunitário da mesma política e prática educacional que vai construindo o reino de uma civilização do amor.

Recomendamos aos serviços e secretariados que se revejam e revistam dos meios e pedagogias mais conformes e adequados à grande missão de educar para a vida, que se transforma a ritmo acelerado, mas que se prolonga para além do tempo.

Integram a rede da educação as actividades desportivas. Consequentemente a assembleia lembra que as associações desportivas e culturais tenham “assis-tência religiosa” e que a “pastoral do desporto” prossiga e progrida.

Mais recomenda a assembleia sinodal que se atenda à “formação ecológi-ca” e que se estude a criação de um “observatório ambiental”, propostas que aceitamos e procuraremos incrementar.

Nesta pastoral de conjunto as comunicações sociais têm lugar e força, com pessoas preparadas, para o que deverá ser reestruturado o secretariado dioce-sano destes meios.

Está em curso a presença da Igreja nas comunicações sociais da “cidade dos homens”, à qual pertencemos também. Temos esperança que projectos de renovação e inovação, como seja a TV cabo, germinem e frutifiquem.

Também a cultura e a arte estão no âmbito do sistema educativo. E assim a assembleia sinodal propõe: “que se promova a prática e o convívio cultural através de projectos de cooperação com entidades diversas”, o que já se tem feito e se vai implementar pelo CFC. Assim esperamos. Assim nos comprometemos.

aNexos | 4ª exortação SinodaL “iguaiS e diFerenteS” (i parte)

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“Procuram-se voluntários”10. Finalmente a assembleia votou que se crie nas paróquias, recorrendo ao

voluntariado, “serviços de apoio a doentes, tendo em conta os mais fragilizados (pobres, idosos, doentes crónicos e terminais) etc..”.

Não queremos repetir que a saúde em Portugal está doente, mas queremos colaborar para que não haja esquecidos ou excluídos. A sofrer.

O desafio da saúde interpela-nos. E mais vale prevenir que remediar. Por conseguinte, com a ajuda da AMC e da ACEPS, a Diocese estará empenhada e activa em todos os projectos válidos de assistência médica, de segurança no trabalho e na velhice, de educação alimentar, de denúncia dos abusos na bebida ou comida, nos desportos radicais, no trânsito rodoviário, etc.

Na mesma óptica de cooperação, a assembleia sinodal exorta ao bom “aco-lhimento aos imigrantes” que vão sendo cada vez mais na nossa Diocese. Já encomendámos e recomendámos ao Secretariado das Migrações e Turismo tal encargo e louvamos o que se tem feito, por exemplo por iniciativa do MEC.

“Corresponsáveis e alegres”11. Somos iguais e somos diferentes. Se começamos por recordar João

XXIII, é com a encíclica PT que vamos concluir esta breve reflexão-exortação. Diz: “As diferenças constituem uma fonte de maior responsabilidade no contributo que cada um e todos devem dar ao aperfeiçoamento mútuo”. E acrescenta o Papa, sublinhando as diferenças “complementares” entre pessoas e comunidades: “De igual modo, podem certas comunidades políticas superar outras em nível de cultura, civilização e desenvolvimento económico, mas isto longe de as autorizar a dominar injustamente as outras, constitui pelo contrário, uma obrigação de prestarem uma maior contribuição ao trabalho de elevação comum dos povos.

Não existem, na verdade, seres humanos superiores por natureza, mas todos são iguais em dignidade natural. Portanto, também não existem diferenças naturais entre as comunidades políticas; todas são iguais em dignidade natural, sendo corpos cujos membros são os próprios seres humanos”.

Em jeito de oração, encerramos esta 1ª parte da exortação sinodal, dizendo: “Pai Santo, ensina-nos a colaborar, corresponsáveis e alegres, na construção do Teu Reino” (Oração do Sínodo).

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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II Parte

Pessoas consagradasna Igreja e na sociedade

“A Igreja é comunhão”

1. O Concílio Vaticano II publicou um decreto (28.10.65) sobre a vida religiosa (Perfectæ Caritatis), que mantém toda a actualidade. Começou por dizer: “Desde os primeiros tempos da Igreja houve homens e mulheres que, por meio da prática dos conselhos evangélicos, decidiram seguir Jesus Cristo com maior liberdade, e imitá-Lo mais de perto, consagrando-se a Deus”.

São muitos os modos e os grupos de vida consagrada, em institutos ou na vida comum.

O “instrumento de trabalho”, no seguimento do guião que foi analisado por 52 grupos, informava que há na nossa Diocese 69 institutos de vida consagrada, num total de 82 comunidades (16 masculinas e 66 femininas). Estão também presentes 7 institutos seculares e 5 Associações de pessoas consagradas.

Convirá fixar o que explica o instrumento de trabalho: “Na esmagadora maioria, os institutos de vida consagrada não vieram propriamente para a Dio-cese, mas para Fátima”, donde resulta certo desfasamento ou desconhecimento recíproco.

Sob os aspectos doutrinal e pastoral, bem como do Direito Canónico, conhe-cemos as normas directivas do relacionamento entre as Dioceses e os Consa-grados expressa no documento das Congregações dos Bispos e dos Religiosos e Institutos Seculares (Mutuae Relationes, 14.5.1978), tendo previamente sido ouvidas as Conferências Episcopais e as Federações dos Institutos Religiosos (FNIRF, CNIR e FNIS).

165

“Mutuæ Relationes” tem sido, mais que instrumento concordatário, quase um sacramento relacional e comunial entre as dioceses e os diferentes grupos. Na mesma Igreja, que vive a sua missão una: profética, sacerdotal e caritativa.

Muito deve a Igreja aos Consagrados, quer activos, quer contemplativos! O Concílio apresentava a Igreja como “mistério” (LG 1) e como povo novo (Ef. 2,18) que forma um só corpo (Rom. 12,5), constituindo e fortificando a comu-nhão (LG 4). A Igreja é comunhão! A natureza eclesial está necessariamente arreigada em cada consagrado, mesmo que seja eremita ou viva em clausura. Cada um (indivíduo ou instituto) com o seu próprio carisma, mas sempre com o mesmo espírito, aberto ao Espírito, está integrado no Povo que caminha!

“Conhecimento e Colaboração”

2. Dos grupos sinodais resultaram sugestões e propostas que a assembleia sinodal acareou, tendo aprovado quanto segue:

- “Promover o conhecimento mútuo e conjugação dos esforços dos consa-grados e de toda a diocese, designadamente no que se refere à colaboração activa dos IVC, com a comissão diocesana de justiça e paz no que toca à difusão da Doutrina Social da Igreja.”

É óbvio que todos queremos intensificar as “mútuas relações”. A Diocese procura acolher os Consagrados e é devedora de muitos serviços prestados, não apenas em Fátima. O actual Bispo diocesano, desde 1987, só faltou uma vez, por impossibilidade, ao dia do Consagrado (2 de Fevereiro).

Há muitos consagrados que trabalham em Fátima, mas também em Leiria, Batalha, Mira de Aire, Monte Real, Pousos e Marinha Grande. No Santuário de Fátima, no Secretariado dos Pastorinhos e outros, no tribunal eclesiástico, nos colégios, ou anónimos na vida da comunidade, vivem e trabalham muitos e generosos irmãos consagrados.

É bom conhecermo-nos melhor.Quanto à Comissão Justiça e Paz, sabemos que existe um grupo ligado à

CNIR e à FNIRF, que tem produzido comunicados, e com o qual nos relacio-naremos mais protocolarmente na hipótese de ser constituída uma Comissão Diocesana Justiça e Paz.

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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Mais propôs a assembleia sinodal:- “Articulação de esforços e pastoral de conjunto a consubstanciar num Plano

Diocesano de Pastoral, com maior inserção dos Consagrados em toda a Diocese, em benefício recíproco das comunidades cristãs e de todos os agentes de pasto-ral, interagindo em comunhão, sem prejuízo dos carismas que os distinguem”.

Todos desejamos que seja mais visível e eficaz esta colaboração mútua, com a Diocese e as diferentes famílias religiosas, como tem acontecido por exemplo nas semanas missionárias. O consagrado tem o seu carisma, que deve preservar, assim como o instituto deve conservar e desenvolver a sua identidade própria.

A Igreja é por sua natureza universal e missionária (LG 17), com um man-dato de uma “universalidade sem fronteiras” (EN 49), mas torna-se visível ou encarnada numa “porção” ou Igreja particular, que é a Diocese. Assim diz o magistério: “A Igreja particular constitui o espaço histórico, no qual uma vo-cação se exprime na realidade e efectua o seu empenho apostólico” (MR 23).

“Construir o mesmo Reino”

3. É mais ampla a reflexão proposta pela assembleia sinodal, que será tida em conta, consoante as circunstâncias e as oportunidades. Pediu que prevaleçam os “valores evangélicos” nas hospedagens que as casas de Fátima proporcionam. Aprovou a proposta de “maior inserção dos consagrados nos vários sectores da pastoral”. É grato verificar a presença de consagrados nos Conselhos Presbiteral e Pastoral, bem como na Comissão Central do Sínodo e em diversos serviços.

Foi pedido, ainda, que o nosso “Calendário” registe a “identidade específica de cada IVC”. Todavia, como essa “identificação” sumária vem no “Anuário Católico de Portugal” (prestes a sair novo volume), talvez seja desnecessário repetir. Importa, sim, como dissemos acima, que nos conheçamos melhor, para colaborarmos no mesmo Reino.

Com mais Esperança.

aNexos | 4ª exortação SinodaL “iguaiS e diFerenteS” (ii parte)

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“Seguir com Esperança”

4. A Igreja não é uma “empresa”, nem quer ser uma “organização de acti-vidades”. Procura ser o “corpo vivo de Cristo”. Para que o “corpo” não tenha pontos “estranhos”, possa estar unido e ser eficaz, é necessária a coordenação, e aqui aparece a Diocese (CD 11), que procura a colaboração entre os consa-grados (MR 21) e a fecundidade da genuína fonte carismática de cada família religiosa (MR 23).

Terminamos esta exortação sinodal com palavras do Papa João Paulo II: “Sigamos em frente, com esperança. Cristo convida-nos, uma vez mais, a pormo-nos a caminho. Este mandato introduz-nos no novo milénio, incitando-nos a termos o entusiasmo dos cristãos da primeira hora. Podemos contar com a força do mesmo Espírito” (NMI 58)

Queridos Diocesanos:

Já se diz que vai longa a caminhada sinodal. Graças a Deus, são visíveis alguns frutos. Outros seguirão.

Agradecemos a quantos têm dado, à luz do Espírito, o seu precioso e gene-roso contributo. No pensar e no agir.

A Sociedade precisa da Igreja, e Deus quer precisar de nós, que somos, e queremos ser, a Sua Igreja. Muito há a fazer. Pela positiva. Com Esperança.

Estamos a preparar o documento final, que foi aprovado na generalidade. Para a vida, que se renova e continua.

Como os “discípulos de Emaús (Lc. 24, 13-35), no caminho da vida, com Maria e Jesus Ressuscitado, prometemos prosseguir “vigilantes e prontos para levar aos nossos irmãos o grande anúncio: Vimos o Senhor” (Jo 20,25 e NMI 59).

Leiria, 26 de Março 2001, Solenidade da Anunciação do Senhor.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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Mensagensda Assembleia

após cada umadas suas 5 sessões

Oração Sinodaldas Crianças

Hinos do Sínodo

Mensagem da 1ª sessão

A Assembleia Sinodal de Leiria-Fátima, reunida à volta do seu Bispo, em primeira sessão, nos dias 15, 16 e 17 de Novembro de 1996, saúda os irmãos de todas as comunidades cristãs, quantos residem na Diocese, e sem esquecer os emigrantes.

Durante três dias, celebrada a Fé, acolhendo-se à luz do Espírito que ilumina a Sua Igreja, os membros da Assembleia Sinodal, conscientes de representarem toda a Igreja Diocesana, trabalha-ram, reflectindo, buscando e propondo soluções, na diversidade de sensibilidades e de pontos de vista, mas sempre na busca de caminhos de conversão e renovação, em nome do Senhor Jesus, Ele que é o único caminho.

A renovação das comunidades paroquiais, a integração e o acolhimento dos jovens e a projecção de novas etapas neste ca-minho de renovação, constituíram grandes momentos destes dias de inquietação e zelo por esta Igreja que amamos.

Queremos transmitir-vos o espírito de comunhão eclesial que esteve presente na Assembleia Sinodal.

Enviamo-vos a nossa mensagem de amizade, solidariedade e esperança. Com a participação de todas as comunidades, dóceis à luz do Espírito, vamos construir um mundo melhor.

15-17 de Novembro de 1996Assembleia Sinodal

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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Mensagem a 2ª sessão

Reunida com o seu Bispo em jornada eclesial, invocando a protecção maternal de Maria e a intercessão de Santo Agostinho, a Assembleia Sinodal saúda com amor fraterno os irmãos de todas as comunidades da Igreja de Leiria-Fátima e todos os residentes nesta diocese.

Humildemente conscientes de que “Só com Deus podemos caminhar” na vida e em Igreja, de coração grato pela generosidade dos grupos de reflexão sinodal, em comunhão com todos os dio-cesanos que, no solo pátrio ou longe dele, vão tornando possível o discernimento das carências e progressos do caminho percorrido, lançamos um olhar esperançoso para o que, sob o impulso do Espírito, havemos de percorrer.

Rezando e trabalhando, esta Assembleia Sinodal apresentou ao Bispo Diocesano a sua proposta para a promoção da formação cristã e apostólica e projectou o futuro da caminhada comum no sentido de uma reflexão sobre as celebrações litúrgicas nas comunidades cristãs.

Enviamos uma palavra de gratidão e estímulo aos jovens, pelo testemunho eclesial e generosidade neste momento alto da caminhada sinodal.

Manifestamos a nossa solidariedade a todos os que, no corpo ou no espírito, experimentam o peso do sofrimento.

Fiéis ao mandato do Mestre, que nos impele à edificação do Seu Reino, vamos caminhar com Ele, na busca da Terra que nos foi prometida.

8-10 de Maio de 1998Assembleia Sinodal

aNexos | menSagenS da aSSembLeia

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Mensagem da 3ª sessão

Abertos ao Espírito que renova e impele à caminhada;em resposta à interpelação de Jesus Cristo para que passemos

fazendo o bem, anunciemos a libertação aos cativos e a Boa Nova aos pobres;

solidários com os homens feridos na sua dignidade;Os Membros da Assembleia Sinodal, em comunhão com o

Bispo que os convocou, reunidos nesta 3ª sessão, saúdam toda a Igreja de Leiria-Fátima, neste Dia da Diocese.

Descobrindo nas celebrações da fé, especialmente na Eucaris-tia, fontes autênticas de vida e de comunhão com Deus e com cada pessoa, enviamos uma mensagem de gratidão pelo empenho de todos aqueles que, nos grupos sinodais e no trabalho apostólico nas suas comunidades, vão permitindo a descoberta dos caminhos que levam ao encontro com Deus.

A caminho das celebrações do Jubileu do ano 2000 do nas-cimento de Cristo, o Sínodo Diocesano afirma-se como a dispo-nibilidade do Povo de Deus para a missão profética que lhe foi confiada: “ide por todo o mundo”.

A nós, a Igreja de Leiria-Fátima, resta-nos a ordem divina. Em sessão solene, respondemos: - Eis-nos aqui, Senhor!

1-3 de Outubro de 1999Assembleia Sinodal

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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Mensagem da 4ª sessão

Agradecidos ao Pai pelas graças e maravilhas do Ano Jubilar;Atentos aos sinais da acção do Espírito em todos os caminhos humanos da

sociedade concreta em que se inserem;Respondendo ao convite de Cristo: “Brilhe a vossa luz diante dos homens”;Os membros da Assembleia Sinodal, reunidos nesta 4ª sessão, em comunhão

com o seu Bispo, saúdam os irmãos da Igreja de Leiria-Fátima: sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos, crianças, jovens, adultos e idosos; e ainda os imi-grantes que vivem nas suas comunidades e todos os homens e mulheres de boa vontade. Uma saudação calorosa aos irmãos dos Institutos de Vida Consagrada, que se uniram neste caminho de procura comum.

Afirmam o seu compromisso de fé e empenhamento na edificação de uma Igreja acolhedora e aberta ao mundo e a esperança de que os “caminhos não andados” serão preenchidos por passos de renovação. Disponíveis para con-tinuarem a caminhada para que foram convocados, apelam ao povo de Deus para que não recuse o convite e o mandato para anunciar o Reino.

Manifestam o reconhecimento a quantos participaram nesta quarta etapa sinodal, desde os grupos de reflexão nas comunidades cristãs, àqueles que, trabalhando dia a dia para uma sociedade mais livre, mais justa e mais huma-na, manifestaram preocupações, apontaram contributos válidos e propuseram caminhos novos para uma participação mais activa e frutuosa da Igreja e dos Cristãos: na família, na política, no trabalho e nas empresas, na educação, na saúde, na comunicação social, na cultura e na arte, na ecologia, no desporto e no diálogo com os outros grupos religiosos.

Unidos assim, como desde o início, no caminho da Esperança, querem os Membros repetir a proclamação do Jubileu: Cristo Ontem, Cristo Hoje, Cristo Sempre. Cristo Senhor, no qual se reconhecem “Iguais a todos... diferentes na fé”.

2-4 de Fevereiro de 2001Assembleia Sinodal

aNexos | menSagenS da aSSembLeia

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Mensagem da 5ª sessão

Caríssimos irmãos em Jesus Cristo:“Unidos no caminho da esperança”, os membros da Assembleia Sinodal,

reunidos nesta 5ª sessão, presidida pelo nosso Bispo D. Serafim e em comunhão com ele, enviam à Igreja Diocesana esta mensagem:

Saudamos toda a comunidade diocesana: os leigos, os consagrados, o clero, o Pastor, como elementos de uma sociedade a caminho da sua realização em Cristo, comprometidos no triunfo do Seu Reino e obedientes ao Seu mandato: “Faz-te ao largo!”

Declaramo-nos unidos, na comunhão da fé, com a Igreja, onde quer que se encontre um irmão em Cristo.

Assumimos a nossa responsabilidade, individual e colectiva, na renovação, segundo as orientações sinodais. Sentimos que a caminhada não terminou, mas se relança a partir daqui, tanto na implementação progressiva das orientações já existentes, como na futura elaboração de um Plano Diocesano de Pastoral.

Declaramos a nossa opção preferencial pelos mais pobres, na obediência ao Evangelho, acolhendo com solicitude e disponibilidade o “peregrino e o estrangeiro, o pobre e a viúva”.

Afirmamo-nos empenhados na promoção da paz e da justiça social, nestes dias de incerteza, em que a cultura da morte e da guerra parece querer triunfar.

Não podemos deixar de evocar as luzes do Espírito Santo para a tarefa de levar por diante a esperança que nos animou no percurso sinodal e nos iluminará nos caminhos do futuro.

Pedimos a intercessão dos nossos padroeiros, S. Agostinho e Nossa Senhora de Fátima. Que, por eles, o Espírito nos conduza.

Solicitamos que, na acção e na oração, individual e comunitária, o projecto sinodal seja assumido por esta Igreja particular de Leiria-Fátima.

5-7 de Outubro de 2001Assembleia Sinodal

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

174

Oração Sinodaldas Crianças

aNexos | oração SinodaL daS criançaS

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Senhor Jesus,Tu és nosso amigo.Neste Sínodo da nossa Diocese,queremos conhecer-Te melhorem casa, na escola,na catequese e na missa.

Tu disseste:“Deixai vir a mimas criancinhas!”Nós queremos andar contigoe com toda a gente.Faz-nos sentir o teu carinhopara sermos mais amigosuns dos outros.Dá-nos a Tua mãopara andarmos contentese mostrarmos a todosque és nosso amigo!

Amen.

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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aNexos | hino do Sínodo

Igreja em renovação

sol reInfinitamente, os olhos nos olhos la- do repodem ver o poder do amor... si- mi-E hoje, mais que nunca, sentimos que a vida do la- resó é plena se mostrar esse calor.

do re mi- Vem ver, se queres acreditar: do re sol reexiste alguém que te dá vida e liberdade; do re si- mi-não está escondido, podes vê-lo na sociedade, do re solmesmo que aí tudo pareça não prestar. Vem ver e irás também anunciarque Jesus está aí, não estás sozinho.E essa alegria que encontraste no caminhono teu sorriso a todos irá conquistar.

Infinitamente, os homens se abraçam,mesmo se ao longe se ouvem sons de guerra atroz...E hoje, mais que nunca, já vemos a esperançaduma paz que nascerá dentro de nós. Infinitamente, os sorrisos convidama lutar pelo ideal da união...E hoje, mais que nunca, a juventude acreditaque esta amizade passará de mão em mão.

Hino da caminhada sinodal jovem

Vem Ver

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Luís Miguel Ferraz / Golgotha

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva 1

Jorge Manuel Faria Guarda (Pe.) 1

Luís Miguel Ribeiro Ferraz 1

Álvaro da Silva André 1

Belmira Lourenço Sousa 1

David José Silva 1

Henrique Fernandes da Fonseca (Pe.) 1

Luís Inácio João (Pe.) 1

Maria da Luz F. Henriques (Ir.) 1

Paulo Adriano Jorge dos Santos 1

Amélia Amado Vieira Joaquim Martins Valente (Pe.) José Hipólito Jerónimo (Pe.) Manuel Armindo P. Janeiro (Pe.) Maria Teresa Jardim (Ir.) António da Piedade Bento (Pe.) 1

Anacleto Cordeiro G. de Oliveira (Pe.) 1

José de Jesus Maria 1

Manuel dos Santos José (Pe.) 1

Adelino Filipe Guarda (Pe.) Carlos Manuel P. Cabecinhas (Pe.) Artur Ribeiro de Oliveira (Pe.) 1

Carlos da Silva (Pe.) 1

Armindo Castelão Ferreira (Pe.)

Bispo Diocesano Coordenador-Geral do Sínodo / Vigário GeralComissão Central / Secretário Permanente Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central do Sínodo Comissão Central / Vigário Vara de Ourém Comissão Sinodal Teológico-Pastoral Comissão Sinodal Teológico-Pastoral Comissão Sinodal Teológico-Pastoral Comissão Sinodal Teológico-Pastoral Comissão Sinodal Teológico-Pastoral Comissão Sinodal de Liturgia Comissão Sinodal de Liturgia Comissão Sinodal de Liturgia

Lista dos membros da Assembleia Sinodal

Nesta lista apresentamos todas as pessoas que passaram pela Assembleia Sinodal, durante as suas 5 sessões. Em frente do nome indicamos o ‘título’ a que que foram convocados: alguns como “membros natos”, por exercerem cargos ou pertencerem a instituições eclesiais que o Código de Direito Canónico define como presença obrigatória; outros como “delegados” de paróquias, serviços, movimentos ou instituições na Diocese.

Optámos por colocar por ordem alfabética esses “títulos” e não os nomes, pois, para esta Assembleia, não foram escolhidas as pessoas apenas por mérito pessoal, mas também de forma a que nela estivesse representada a maior diver-sidade possível de comunidades, serviços, movimentos, carismas e vocações. Por isso, alguns delegados que não puderam continuar a sê-lo foram substituídos por outros e algumas pessoas estiveram a representar instituições diferentes em algumas sessões, dado terem mudado as funções que exerciam.

Assinalamos com o número um (1), as pessoas que estiveram presentes em todas as 5 sessões.

Nome: Título

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Idalina Gomes Almeida (Ir.) José Pinto Pereira da Costa (Pe.) Maria do Céu Carvalho Matos (Ir.) Paulo Jorge dos Santos Lameiro Abílio Fernandes Lisboa (Pe.) 1

Helder Tiago Pereira Frade 1

José Henrique D. Pedrosa (Pe.) 1

Orlandino Barbeiro Bom (Pe.) 1

Ana Carolina Cruz Claudia Maria Nunes da Rocha Emanuela Rosa Dias Isabel Santos Ferreira Maria Alcilene Fernandes da Silva (Ir.) Patrícia Marques Pedro Nuno Carreira Ascenso Ricardo Pascoal Ferreira Miranda António Pereira Gonçalves Jacinto Pereira Gonçalves (Pe.) João Luís Costa Olívia Lopes Mendes 1

Margarida Maria O. Faria Marques Maria Celeste de Jesus S. Dias (Ir.) Américo Ferreira (Pe.) 1

Luciano Gomes Paulo Guerra (Pe.) 1

Virgílio Nascimento Antunes (Pe.) 1

Filipe Luciano Oliveira Vieira (Pe.) 1

José de Oliveira Rosa (Pe.) 1

António das Neves Gameiro (Pe.) 1

Aurélio Galamba de Oliveira (Pe.) 1

Luciano Coelho Cristino (Pe.) Manuel da Silva Gaspar (Pe.) Manuel Lopes Perdigão (Pe.) Manuel Simões Bento (Pe.) Abel José Silva Santos (Pe.) António Paulo C. Madureira (Pe.) Benevenuto Vieira O. Dias (Pe.) Bernardo Pereira Morganiça (Pe.) Bertolino Vieira (Pe.) Davide Vieira Gonçalves (Pe.) Elias Ferreira da Costa (Pe.) Fernando Pereira Ferreira (Pe.) Filipe da Fonseca Lopes (Pe.) Isidro da Piedade Alberto (Pe.) Joaquim Rodrigues Ventura (Pe.) José Marques dos Reis (Pe.) Luís Manuel M. S. Pires Oliveira (Pe.) Luís Manuel Morouço A. Ferreira (Pe.) Manuel Ferreira (Pe.) Manuel Gonçalves Peixoto (Pe.) Mário de Almeida Verdasca (Pe.)

Comissão Sinodal de Liturgia Comissão Sinodal de Liturgia Comissão Sinodal de Liturgia Comissão Sinodal de Liturgia Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal dos Jovens Comissão Sinodal das Comunicações SociaisComissão Sinodal das Comunicações SociaisComissão Sinodal das Comunicações SociaisSecretariado Permanente do Sínodo Secretariado Permanente do Sínodo Secretariado Permanente do Sínodo Chanceler da Cúria Reitor do Santuário de Fátima Reitor do Seminário Diocesano Vigário Judicial Cabido da Sé Cabido da Sé Cabido da Sé Cabido da Sé Cabido da Sé Cabido da Sé Cabido da Sé Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral

Nome: Título

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

180

Raúl Rodrigues Carnide (Pe.) Sérgio Feliciano S. Henriques (Pe.) Virgílio do Rocio Francisco (Pe.) José de Oliveira Amado 1

Ambrósio Jorge dos Santos 1

Maria Manuela Querido Carreira 1

Abílio Teixeira da Cruz Adelina Honório da Silva (Ir.) Ana Maria Pinheiro Fernandes Anabela Alves da Silva Armando dos Reis Dias Carlos Alberto Rosa Vieira Domingos Silva Azinheiro Elvira Pereira Lopes Malho Francisco Pereira Neves Horácio José da Silva Lopes Joaquim Carrasqueiro Sousa José Geraldes (Pe.) José Lopes Baptista (Pe.) José Maria Maia Pereira Júlio Coelho Martins Luís da Encarnação Morouço Luís da Silva Ginja Luís José Pereira da Silva Luís Miguel Freire Lopes Luísa Maria da Silva Moreira Manuel Rocha Vieira (Pe.) Maria Alice Dias Cardoso Maria Benedita Pereira Leite Maria Helena Inácio João Nancy Ortis Casas (Ir.) Rui Sérgio Grácio Parreira Tomás Oliveira Dias Virgílio Rodrigues Coelho Vitor Manuel Joaquim António Martins Pereira (Pe.) Júlio da Silva Lemos (Pe.) Aniceta Maria Dias Berbem Maria Luísa Dias Ferreira ( Ir.) Mirta del Favero Deolinda Jesus Ferreira Maria José Venâncio Oliveira David Nogueira Leonel Baptista Nuno Miguel Heleno GIL Sérgio Jorge Lopes Fernandes António Martins Ribeiro Teresa Maria Rodrigues Figueiredo Elisa Pereira O. de Sousa Pinto Júlio delgado Rebelo

Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Presbiteral Conselho Pastoral Dioc. / Paróquia - CarnideConselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conselho Pastoral Diocesano Conf. Nacional dos Institutos Religiosos Conf. Nacional dos Institutos Religiosos Federação Nac. Inst. Religiosos Femininos Federação Nac. Inst. Religiosos Femininos Federação Nac. Inst. Religiosos Femininos Federação Nac. Inst. Seculares Federação Nac. Inst. Seculares Seminário Maior Seminário Maior Seminário Maior Seminário Maior Cáritas Diocesana Cáritas Diocesana Centro de Preparação para o Matrimónio Centro de Preparação para o Matrimónio

Nome: Título

aNexos | LiSta doS membroS da aSSembLeia SinodaL

181

Clemente Dotti (Pe.) Jacinto Sousa Gil 1

Emília Almeida Lourenço Jacinta Jesus Santos Lucília Maria M. Bernardino da Silva Lina Maria Beato Santos Oliveira José Augusto Pereira Rodrigues (Pe.) Rui Acácio Amado Ribeiro (Pe.) Jaime Pereira da Silva Paulo Manuel Antunes Marques Maria Teresa Carvalho Brites 1

Júlia Pedrosa da Silva André 1

Maria da Graça Filipe Guarda 1

Gracinda de Jesus Fonseca Santos Maria Leonilde Pereira Alves Carreira Maria Raquel Neves de Oliveira Maria Filomena C. C. Silva Martins 1

Augusto de Jesus Matos 1

Albertino Duarte Rainho Joaquim Cordeiro Pereira Dídimo Olavo Neves Santos Eulália Sofia Rodrigues Luís Vasco Daniel Gonçalves Santos Maria Alzira Silva Estanqueiro Maria Santos Simão G. David Paixão Celeste Gomes Gil Mateus Laura Silva Nunes Carreira Maria Eduarda S. de Jesus Oliveira Manuel Brás Fragoso do Mar Reinaldo Pereira Sebastião António Almeida Inácio Manuel José Pinto Ribeiro Maria Donária da Fonseca Santos Rosália Antunes José Ferreira Gonçalves (Pe.) 1

Luís Henriques Francisco (Pe.) Martinho Manuel Vieira (Pe.) António Ramos (Pe.) 1

Joaquim de Almeida Baptista (Pe.) Alcides Rocha Santos Neves (Pe.) Júlio Domingos Vieira (Pe.) Joaquim Duarte Pedrosa (Pe.) Vítor José Mira de Jesus (Pe.) Joaquim de Jesus João (Pe.) José Martins Alves (Pe.) José Luís de Jesus Ferreira (Pe.) José Mirante Carreira Frazão (Pe.) Manuel Pedrosa Melquíades (Pe.) Nelson Emanuel de Oliveira Silva 1

José Manuel Nunes de Sousa 1

Comissão Dioc. da Pastoral da Saúde Comissão Dioc. das Migrações e Turismo Escola Teológica de Leigos Escola Teológica de Leigos Secretariado da Pastoral Familiar Secretariado da Pastoral Juvenil Secretariado da Pastoral Vocacional Secretariado da Pastoral Vocacional Secretariado do Ensino da Igreja nas EscolasSecretariado do Ensino da Igreja nas EscolasSecretariado Educ. C. Inf. Adolescência Acção Católica Independente Acção Católica Rural Associação C. I. Serviço Juventude FemininaAssociação C. I. Serviço Juventude FemininaAssociação C. I. Serviço Juventude FemininaCorpo Nacional de Escutas Cursos de Cristandade Equipas de Nossa Senhora Equipas de Nossa Senhora Movimento Católico de Estudantes Movimento Católico de Estudantes Movimento Católico de Estudantes Movimento de Educadores Católicos Movimento de Educadores Católicos Movimento Esperança e Vida Movimento Esperança e Vida Movimento Esperança e Vida Movimento Mensagem de Fátima Movimento Mensagem de Fátima Oficinas de Oração e Vida Oficinas de Oração e Vida Renovamento Carismático Católico Renovamento Carismático Católico Vigário da Vara da Batalha Vigário da Vara de Caxarias Vigário da Vara de Colmeias Vigário da Vara de Fátima Vigário da Vara de Leiria Vigário da Vara de Marinha Grande Vigário da Vara de Marinha Grande Vigário da Vara de Milagres Vigário da Vara de Milagres Vigário da Vara de Monte Real Vigário da Vara de Monte Real Vigário da Vara de Ourém Vigário da Vara de Porto de Mós Vigário da Vara de Porto de Mós Paróquia - Albergaria dos doze Paróquia - Alburitel

Nome: Título

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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Idalina Pinheiro Carreira Calado 1

Adélia Araújo Pereira Henriques 1

Fernando Manuel da Silva Gaspar 1

Carla José Moita Ferreira e Sousa Rui Manuel Ferreira Duarte 1

Vítor José Lopes Brites 1

Ana Rita Cordeiro Santo Ramiro Cordeiro Baptista Manuel Gonçalves da Silva 1

Manuel Ferreira de Almeida 1

Arménio Ferreira Pedrosa Ezequiel Pedrosa Cabecinhas Raul Pedrosa Cabecinhas Manuel Nogueira Gonçalves Santos 1José Carlos de Sousa Pereira 1

Abílio Santana Novo 1

Joaquim Moinhos Silva Luís Domingues Antunes Deolinda Guarda Filipe Maria Emília Sousa Carreira Orlanda Rosa da Conceição 1

Albertino Carmo Moreira Lima Rosária Carreira Martins Conceição Maria Ferreira Patrício Laura da Mota Francisco Joaquim Leal Curado da Silva 1

Joaquim Cruz Oliveira 1

Maria Fernanda F. Nunes Silva Francisco Ferreira Júnior Manuel Henriques das Neves 1

Maria Amélia da Conceição Gomes 1

António Cordeiro M. Carvalheiro Artur Manuel Cordeiro Gonçalves Francisco Marques Ferreira Eugénio Pereira Lucas 1

António de Jesus Custódio João Filipe Mendes de Oliveira Francisco Marques Antunes 1

José Pereira Baptista Manuel Marques Ferreira Maria Angélica C. Filipe Virgílio Maria Emília Ribeiro F. Nascimento Conceição Jesus Marto David José António E. Pedrosa Carlos João Pinheiro Fernandes Amadeu Lopes Mourato Adosinda Jesus C. Marques Antunes Georgino Carlos Ferreira Ribeiro 1

Lucinda Conceição M. Mota Assis 1

Maria de Fátima R. Vieira Monteiro 1

Paróquia - Alcaria Paróquia - Alpedriz Paróquia - Alqueidão Paróquia - Alvados Paróquia - Amor Paróquia - Arrabal Paróquia - Arrimal Paróquia - Arrimal Paróquia - Atouguia Paróquia - Azoia Paróquia - Bajouca Paróquia - Bajouca Paróquia - Bajouca Paróquia - Barosa Paróquia - Barreira Paróquia - Batalha Paróquia - Bidoeira Paróquia - Bidoeira Paróquia - Boavista Paróquia - Boavista Paróquia - Calvaria Paróquia - Caranguejeira Paróquia - Caranguejeira Paróquia - Carnide Paróquia - Carnide Paróquia - Carvide Paróquia - Casal dos Bernardos Paróquia - Caxarias Paróquia - Cercal Paróquia - Coimbrão Paróquia - Colmeias Paróquia - Cortes Paróquia - Cortes Paróquia - Espite Paróquia - Fátima Paróquia -Formigais Paróquia -Formigais Paróquia - Freixianda Paróquia - Gondemaria Paróquia - Gondemaria Paróquia - Juncal Paróquia - Juncal Paróquia - Leiria Paróquia - Leiria Paróquia - Maceira Paróquia - Marinha Grande Paróquia - Marrazes Paróquia - Matas Paróquia - Meirinhas Paróquia - Memória

Nome: Título

aNexos | LiSta doS membroS da aSSembLeia SinodaL

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Maria Fernanda do Jugo Durão Paula Margarida Montez Rosália Cristina V. Santos Manuel de Jesus da Fonseca Santos Maria de Fátima Ambrósio Fábrica Agostinho Guerra Gonzalez António Maria Mendes Tristão Conceição Lopes Filipe Manuel Duarte Armindo Maria da Graça Rolo S. Simões Álvaro da Silva Gaspar 1

Maria da Conceição L. Rodrigues 1

José Ribeiro Dias 1

Joaquim dos Santos Bernardino Teresa Lourenço Riso Joaquim de Sousa Fonseca 1

Armando Manuel Pedrosa Damásio 1

José da Silva Henriques 1

Albino Maurício Coutinho 1

Américo Cordeiro do Vale 1

Ascensão Gomes Roda Rui Manuel Antunes Pereira Claudino Luís de Jesus Morais Maria do Rosário de Jesus Nunes Maria da Paz Rebelo F. Silva 1

Maria da Conceição R. Lourenço Manuel Correia Mendes 1

Maria Carolina Silvério Ângelo 1

Joaquim da Silva Ferreira Santos 1

Filipe dos Santos Neves Maria José Santos Pereira Silva António Martins Silva 1

Alcindo Fernando Pereira Valente Fernando Manso António Araújo Monteiro Maria de Lurdes P. C. Faria Lopes Benvinda Mendes da Cunha João Dias Ribeiro Maria José Santo da Silva 1

Aida Maria D. Domingues Gaspar João Duarte Carreira José Pereira Duarte Carlos Manuel Saraiva dos Santos 1

Rosa de Jesus Mendes 1

José Marques da Silva 1

Paróquia - Mendiga Paróquia - Mendiga Paróquia - Mendiga Paróquia - Milagres Paróquia - Milagres Paróquia - Minde Paróquia - Mira de Aire Paróquia - Mira de Aire Paróquia - Monte Real Paróquia - Monte Real Paróquia - Monte Redondo Paróquia - N.ª S.ª das Misericórdias - OurémParóquia - N.ª S.ª dos Prazeres - AljubarrotaParóquia - Nossa Senhora da Piedade - OurémParóquia - Nossa Senhora da Piedade - OurémParóquia - Olival Paróquia - Ortigosa Paróquia - Parceiros Paróquia - Pataias Paróquia - Pedreiras Paróquia - Pousos Paróquia - Pousos Paróquia - Regueira de Pontes Paróquia - Regueira de Pontes Paróquia - Reguengo do Fetal Paróquia - Ribeira do Fárrio Paróquia - Rio de Couros Paróquia - S. João - Porto de Mós Paróquia - S. Pedro - Porto de Mós Paróquia - S. Simão de Litém Paróquia - S. Simão de Litém Paróquia - S. Vicente - Aljubarrota Paróquia - Santa Catarina Paróquia - Santa Catarina Paróquia - Santa Eufémia Paróquia - Santa Eufémia Paróquia - São Mamede Paróquia - Seiça Paróquia - Serro Ventoso Paróquia - Souto da Carpalhosa Paróquia - Souto da Carpalhosa Paróquia - Souto da Carpalhosa Paróquia - Urqueira Paróquia - Vermoil Paróquia - Vieira

Nome: Título

Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

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Índice

• Sumário ...............................................................................................................

• Carta Pastoral de Promulgação do IV Sínodo .......................

• Nota histórica - O Caminho da Esperança .................................1. A decisão .........................................................................................................2. O anúncio e a constituição das estruturas sinodais ..............................3. Unidos no Caminho da Esperança ............................................................4. A Consulta à população da Diocese .........................................................5. Duração do Sínodo ........................................................................................6. As quatro fases de reflexão ..........................................................................

6.1 – Pôr-se a Caminho ......................................................................................6.2 – Só com Deus podemos caminhar ............................................................6.3 – Fontes de vida para caminhar ................................................................6.4 – Iguais a todos... diferentes na fé .............................................................

7. Encerramento ............................................................................................

• Orientações Sinodais PELA FÉ, UNIDOS NO AMOR TESTEMUNHAMOS A ESPERANÇA

Introdução ...........................................................................................................

I ParteA fé que faz de nós filhos de Deus

Capítulo 1 - Deus manifestou-Se a nós (1 Jo 1, 2)Falou outrora muitas vezes (Heb 1, 1) ..........................................................

Vós, Senhor, sois o nosso pai (Is 63, 16c) .......................................................Falou-nos por meio de Seu Filho (Heb 1, 2) .................................................Deu-nos o Espírito da Verdade (Jo 16, 13) ....................................................

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Dialoga sem interrupção com a Igreja (DV 8) ........................................... Por meio da Igreja dá a conhecer a Sua sabedoria (Ef 3,10) ....................

Falou por meio de homens e à maneira humana (DV 12) ...........................Revela-Se, também, na história da Diocese ................................................

No enraizar da fé ..............................................................................................Na criação da Diocese e seu caminho ............................................................Nas aparições de Fátima ...................................................................................

Continua connosco ..........................................................................................Desperta o apostolado laical ...........................................................................Sopra os ventos da renovação conciliar ........................................................Inspira o Sínodo Diocesano ..............................................................................

Capítulo 2 - Acolhemos o impulso renovador do EspíritoNa sociedade e nos anseios das pessoas .....................................................

Vivemos tempos de mudança .............................................................................O Espírito actua em nós .....................................................................................

Na vivência e celebração da fé ........................................................................Abertura à Palavra de Deus na Bíblia ...........................................................O empenho em celebrações vivas ................................................ ...................Força e fraqueza da religiosidade popular ...................................................A atracção espiritual de Fátima ......................................................................

Nas acções e serviços para a formação cristã ...........................................O serviço pastoral à família ..............................................................................O impulso nas catequeses da infância e adolescência ................................O desafio da Educação Moral e Religiosa Católica ....................................A dinamização da pastoral juvenil ..................................................................A urgência da catequese de adultos ................................................................Os carismas dos movimentos ...........................................................................O papel dos meios de comunicação social ................................................ ....O contributo da Escola Teológica de Leigos .................................................O Seminário Diocesano ..................................................................................

Capítulo 3 - Dispomo-nos a renovar a vivência da féActo pessoal e vivência comunitária .............................................................

Adesão livre e pessoal ......................................................................................Em contexto comunitário ...............................................................................

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Livro do iv Sínodo dioceSano de Leiria-Fátima

Meios para renovar a fé ....................................................................................Centralidade da Palavra que desperta a fé ...................................................A oração pessoal e comunitária .......................................................................As celebrações da fé e a religiosidade popular ............................................

Implementar a Pastoral da Fé .........................................................................Propor a Palavra de Deus .................................................................................O catecumenado ............................................. .................................................Catequese sacramental ............................................. .....................................Catequese para todos ......................................................................................A Educação Moral e Religiosa Católica ........................................................A formação teológica e pastoral ......................................................................

II ParteO amor que nos une em Igreja

Capítulo 4 - A Igreja só existe na comunhão de amorAmai-vos uns aos outros (Jo 13, 34) ............................................................Todos participamos de um único pão (1 Cor 10, 17) .............................Viviam unidos e punham tudo em comum (Act 2, 44) ............................A Diocese, comunidade de comunidades ....................................................Dimensão universal e ecuménica .................................................................Mediação frágil ................................................................................................

Capítulo 5 - Acolhemos todos os cristãos na sua diversidadeEm Cristo, formamos um só corpo (Rom 12, 5) ......................................

Os fiéis leigos ..................................................................................................Os ministros ordenados ...................................................................................Os consagrados ..............................................................................................

Pastoral vocacional .........................................................................................

Capítulo 6 - Dispomo-nos a promover a comunhãoA espiritualidade da comunhão .....................................................................As celebrações da comunhão ........................................................................Os bens ao serviço da comunhão ...................................................................

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Serviços e organismos de comunhão ..................................................Na família .................................................................................................Na paróquia ..............................................................................................Nas vigararias ..........................................................................................Na diocese .................................................................................................

Ministros ao serviço da comunhão ......................................................A comunhão no presbitério .......................................................................O Conselho Presbiteral .............................................................................O Bispo diocesano ....................................................................................

Os consagrados na comunhão diocesana ...........................................

III ParteA esperança que faz de nós testemunhas

Capítulo 7 - O amor de Deus por todosSerás uma fonte de bênçãos (Gn 12, 2) ..............................................Fazei discípulos em todos os povos (Mt 28, 19) ..............................Brilhe a vossa luz diante dos homens (Mt 5, 16) ............................Curai os doentes, ressuscitai os mortos (Mt 10, 8) .........................Quem não é contra nós é por nós (Mc 9, 40) ....................................

Capítulo 8 - O Espírito manifesta-Se no mundo actualNegação/fome de transcendência .......................................................Procura do religioso .................................................................................Inquietação pelos valores humanos .....................................................Globalização ...............................................................................................Mobilidade e migração ...........................................................................Dimensões sociais da vida humana .....................................................

A família ....................................................................................................A política e a intervenção social ..............................................................O trabalho e as empresas ..........................................................................A educação .................................................................................................A saúde ......................................................................................................A comunicação social ................................................................................A cultura e a arte .......................................................................................

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A ecologia .................................................................................................O desporto e o lazer ..................................................................................

O espaço de Deus no nosso mundo .....................................................

Capítulo 9 - Dispomo-nos a levar o amor de Deus a todosSer fermento e luz .....................................................................................Servir a pessoa humana é o nosso objectivo ....................................Sensibilização para a intervenção social ...........................................A acção dos cristãos na sociedade .......................................................Meios institucionais de intervenção social .......................................

Instituições educativas ..............................................................................Instituições culturais ou de promoção da cultura ..................................Órgãos de Comunicação Social ................................................................Instituições de caridade e solidariedade social ......................................

Opção preferencial pelos mais pobres ................................................

Conclusão ........................................................................................................

• Anexos:

• Carta Pastoral de convocação do Sínodo“Unidos no Caminho da Esperança” ...............................................

• Exortações Sinodais“Unidos em Cristo, na renovação permanente” .....................“Nós podemos e devemos ser melhores” ....................................“Vamos celebrar a fé com corpo e alma” ...................................“Iguais e Diferentes” ........................................................................

• Mensagens da Assembleia após cada uma das 5 sessões .......

• Oração Sinodal das Crianças ...........................................................

• Hinos do Sínodo (Geral e de Jovens) ............................................

• Lista dos membros da Assembleia Sinodal ..................................

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