“a nossa esperança não é simplesmente um optimismo; é ... · conseguir muito se a esperança...

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1 Muitos cristãos sobrevivem à tortura, à pri- são e ao sofrimento, graças apenas à espe- rança. Ela não é uma fuga da realidade, nem uma consolação com o além, mas uma força sobrenatural que está impassivel- mente voltada para a bem-aventurança e a salvação do mundo. A esperança cristã dá ao “aqui e agora” o verdadeiro sentido e a orientação certa. A liberdade, a razão, o progresso, tudo isso pouco pode alterar a miséria deste mundo. Mas nós podemos conseguir muito se a esperança na salvação permanecer viva em nós, através da Ressur- reição de Jesus. O Papa Emérito Bento XVI refere em Spe Salvi três espaços essenciais para a apren- dizagem da esperança. O primeiro é a ora- ção. Pois a oração, na sua forma original de súplica, não é nada mais senão a expressão de quem tem esperança. O segundo espaço é toda a obra séria e recta do homem. É a coragem de seguirmos em frente todos os “Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel” (Lc 24,21). Este foi o desi- ludido balanço pascal dos discípulos de Emaús. Dois homens cabisbaixos, a cami- nho dum futuro sem sentido nem objectivo. Perderam toda e qualquer esperança. Só ao partir do pão reconhecem o Ressuscitado, recebendo ao mesmo tempo o grande dom divino da esperança. É verdade que “ainda não” alcançaram a salvação final, mas vêem claramente o futuro. Estão cheios de esperança, pos- suem a segura e firme âncora da alma que chega até ao Céu. O poeta francês Charles Péguy descreve a segunda virtude teo- logal como uma menina que, despercebida, dá os seus passinhos junto das irmãs mais velhas – a fé e a caridade – sendo, no en- tanto, ela quem arrasta tudo consigo. “A fé só vê o que é. Mas a esperança vê o que será. A caridade volta-se só para o que é. Mas a esperança vê o que será. A esperança não se percebe por si só. A fé é simples e não acreditar seria impossível; amar é sim- ples, e não amar seria impossível. Mas con- seguir ter esperança, isso é que é difícil.” “A nossa esperança não é simplesmente um optimismo; é outra coisa, é mais! É como se os crentes fossem pessoas com um “pedaço de céu” a mais em cima da cabeça..., acompanhados por uma presença que alguns nem conseguem intuir.” Papa Francisco, Audiência Geral, 4 de Outubro de 2017 dias, mesmo que aparentemente continue- mos sem sucesso, fracassemos ou pareça- mos impotentes perante a preponderância dos poderes malignos. O terceiro espaço é a compaixão e o suportar do sofrimento. Claro que temos que tentar minorar o sofri- mento, mas só Deus o pode vencer defini- tivamente. Depende da medida da nossa esperança, o quanto nos unimos a Ele no sofrimento, o aceitamos e oferecemos como sacrifício, para assim acabar no mundo com o mal e com a culpa, as fontes do sofrimento. Queridos amigos, somos todos chamados a ser testemunhas da esperança. Através da nossa oração, das nossas boas obras e da nossa compaixão, queremos ser uma fonte de esperança pascal para aqueles que são atingidos pela dor e pelo sofrimento. Abençoa-vos, grato, o vosso P. Martin Maria Barta Assistente Espiritual “A esperança cristã dá ao ‘aqui e agora’ o verdadeiro sentido e a orientação certa!” A fé dá alegria: testemunhas da esperança na Índia. © Ismael Martínez Sánchez/ACN Nr.º 3 • Abril de 2018 Oito edições anuais ISSN 0873-3317 www.fundacao-ais.pt

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Muitos cristãos sobrevivem à tortura, à pri-são e ao sofrimento, graças apenas à espe-rança. Ela não é uma fuga da realidade,nem uma consolação com o além, mas umaforça sobrenatural que está impassivel-mente voltada para a bem-aventurança e asalvação do mundo. A esperança cristã dáao “aqui e agora” o verdadeiro sentido e aorientação certa. A liberdade, a razão, oprogresso, tudo isso pouco pode alterar amiséria deste mundo. Mas nós podemosconseguir muito se a esperança na salvação

permanecer viva em nós, através da Ressur-reição de Jesus.

O Papa Emérito Bento XVI refere em SpeSalvi três espaços essenciais para a apren-dizagem da esperança. O primeiro é a ora-ção. Pois a oração, na sua forma original desúplica, não é nada mais senão a expressãode quem tem esperança. O segundo espaçoé toda a obra séria e recta do homem. É acoragem de seguirmos em frente todos os

“Nós esperávamos que fosse Ele o que viriaredimir Israel” (Lc 24,21). Este foi o desi-ludido balanço pascal dos discípulos deEmaús. Dois homens cabisbaixos, a cami-nho dum futuro sem sentido nem objectivo.Perderam toda e qualquer esperança. Só aopartir do pão reconhecem o Ressuscitado,recebendo ao mesmo tempo o grande domdivino da esperança. É verdade que “aindanão” alcançaram a salvação final, masvêem claramente o futuro.Estão cheios de esperança, pos-suem a segura e firme âncora daalma que chega até ao Céu.

O poeta francês Charles Péguydescreve a segunda virtude teo-logal como uma menina que, despercebida,dá os seus passinhos junto das irmãs maisvelhas – a fé e a caridade – sendo, no en-tanto, ela quem arrasta tudo consigo. “A fésó vê o que é. Mas a esperança vê o queserá. A caridade volta-se só para o que é.Mas a esperança vê o que será. A esperançanão se percebe por si só. A fé é simples enão acreditar seria impossível; amar é sim-ples, e não amar seria impossível. Mas con-seguir ter esperança, isso é que é difícil.”

“A nossa esperança não é

simplesmente um optimismo;

é outra coisa, é mais!

É como se os crentes fossem

pessoas com um “pedaço

de céu” a mais em cima da

cabeça..., acompanhados por

uma presença que alguns

nem conseguem intuir.”

Papa Francisco, Audiência Geral, 4 de Outubro de 2017

dias, mesmo que aparentemente continue-mos sem sucesso, fracassemos ou pareça-mos impotentes perante a preponderânciados poderes malignos. O terceiro espaço éa compaixão e o suportar do sofrimento.Claro que temos que tentar minorar o sofri-mento, mas só Deus o pode vencer defini-tivamente. Depende da medida da nossaesperança, o quanto nos unimos a Ele nosofrimento, o aceitamos e oferecemoscomo sacrifício, para assim acabar nomundo com o mal e com a culpa, as fontes

do sofrimento.

Queridos amigos, somos todoschamados a ser testemunhas daesperança. Através da nossaoração, das nossas boas obras eda nossa compaixão, queremos

ser uma fonte de esperança pascal paraaqueles que são atingidos pela dor e pelosofrimento.

Abençoa-vos, grato, o vosso

P. Martin Maria BartaAssistente Espiritual

“A esperança cristã dá ao ‘aqui e agora’ o verdadeiro sentido e a orientação certa!”

A fé dá alegria:testemunhas da esperança na Índia.

© Ismael Martínez Sánchez/ACN

Nr.º 3 • Abril de 2018Oito edições anuais

ISSN 0873-3317www.fundacao-ais.pt

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Índia

Em Bihar, Mahatma Gandhi lan-çou o seu movimento pacífico dedesobediência civil que conduziuà independência da Índia. Mas,hoje, isso não passa de História.Actualmente, Bihar é o estadomais pobre do subcontinente indiano.

Quando os Católicos aí rezam “o pão nossode cada dia nos dai hoje”, isso é umaamarga realidade. Muitos deles não têmesse pão. E quando dizem “perdoai-nos asnossas ofensas”, não são poucos os quepensam nas dívidas financeiras que nuncapoderão pagar por causa dos juros usurá-rios. Isso aplica-se sobretudo aos Cristãos;quase todos pertencem aos “dalits”, a

casta mais baixa da Índia. Os “dalits” nãopodem servir-se de poços públicos, têmque viver na periferia das cidades e muitasvezes não podem mandar os seus filhospara a escola pública. A taxa de analfabe-tismo é elevada. Em pequenos grupos, so-bretudo de mulheres, aprendem a ler e aescrever, rezam juntos, aprendem maissobre a sua fé e sobre Cristo, falam daigual dignidade de todo o homem peranteDeus, sobre a família como espaço deamor desinteressado e também sobre coi-sas práticas da vida, como cozinhar, coserou tratar da lida da casa. Estas “PequenasComunidades Cristãs” (SCC) levam a BoaNova para os pobres casebres e para os co-rações das famílias. Na Diocese de Buxar,300 mulheres participam num destes

Na Índia, são ordenados até 1.000 padres por ano. Vêm de 172 diocesescom mais de 10.000 paróquias.

Também o número de seminaristas au-menta; de momento, são mais de 15.000.Na Diocese mais pobre, Buxar, são só 10.A diocese é recente, foi fundada em 2006.Tem 15 paróquias e três capelas, com 15párocos diocesanos a cuidarem dos cercade 25.000 fiéis. Os Católicos pertencemtodos à casta mais baixa dos “dalits”. E

Guias de vida para muitas questões

vivem dispersos em aldeias no campo. Aíos jovens padres, depois de ordenados, fi-carão responsáveis e activos como guiasde vida para muitas questões. Estão ansio-sos. Prometemos-lhes ajuda para um anode formação (1.828 € para os dez). São pobres e não têm mais ninguém a quem recorrer. •

Um intervalo de vez em quando: tambémos seminaristas precisam de exercício.

Palavra de Deus: procissão na Festa deCristo Rei, em Buxar.

programas. Ficam a saber que não são re-jeitadas, que a fé as une e que se podemajudar umas às outras. Apoiamos estas co-munidades com 12.000 €.

Entre os “dalits” pobres, os mais pobressão os “musahars”. Deles se ocupam ospadres claretianos que nos pedem ajudapara construir um pavilhão polivalente(50.000 €). Aí, os filhos dos “musahars”poderiam aprender a ler e a escrever, arezar em conjunto e a ter acompanha-mento espiritual. Seria “uma bênção paraestas pessoas e dar-lhes-ia autoestima econsciência da sua dignidade”, segundo ospadres. Aí, onde a Igreja sofre, nós prome-temos ajuda. Os “dalits” também devemreceber pão para a alma. •

Pão para a alma dos “dalits”

Boa Nova: experimentarna comunidade cristã

que são amados.

© Ismae

l Martín

ez Sán

chez/ACN

© Ismae

l Martín

ez Sán

chez/ACN

© Ismael M

artínez Sánchez/ACN

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Servir a paz

Odisha é terra de mártires desconhecidos. Muitos morreram porquetinham uma Bíblia. Aí, a Palavra de Deus é o tesouro dos Católicos.Não se limitam a lê-la; também a vivem.

“A perseguição há 10 anos deu-nos força”,afirma o Bispo D. Kujur. Nessa altura, nopaís inteiro, os Católicos tiveram que fugiràs dezenas de milhares dos bandos de fun-damentalistas fanáticos. As cicatrizes dopassado ainda doem. Mas a Bíblia mostra-lhes: “A Salvação está na Cruz.” E mostratambém: o amor a Deus fica provado na fi-delidade à Sua Palavra, mas fica consu-mado no perdão. A disposição de perdoardos discípulos de Cristo em Odisha égrande; querem seguir a Palavra. “Têmfome da Palavra de Deus”, escreve o

Bispo. Ela dá-lhes sentido e dignidade.Desde logo por causa disso os Cristãos emOdisha (anteriormente Orissa) precisamda Palavra na sua língua. Existe o “NutanNiyam”, o Novo Testamento, na línguaodiá. Mas está esgotado há muito. Há maisde 10 anos que os padres, as irmãs e os as-sistentes pastorais pedem uma nova edi-ção. Agora os seis bispos de Odishaelaboraram uma nova edição em conjunto,adaptada à língua, sem alterar o conteúdo,simples e apelativa na forma. Está previstaa impressão de 50.000 exemplares. CadaBíblia custa pouco mais de 1 €. Promete-mos aos bispos essa ajuda (51.700 €). PoisOdisha é rica em corações, cheios de fé ede amor, mas as mãos estão vazias.

A Bíblia também será usada na formaçãode assistentes e monitores pastorais. Aosfins-de-semana serão formados, durantetrês anos, 250 assistentes e monitores decada uma das seis dioceses, por forma aseguirem depois para o campo, para as al-deias de tribos e de “dalits” para acompa-nharem comunidades, jovens e gruposfemininos. Aí, a sua missão, como ponteentre as aldeias e a paróquia, consistirá emmanter viva a fé e em aprofundá-la. As

Perdão – fundamento para a paz comDeus e com os homens.

O Evangelho no centro:aula de estudos bíblicos

no Norte da Índia.

Cuidar dos mais pobres: uma irmã comos intocáveis.

suas tarefas incluem dirigir cursos de pre-paração para o matrimónio, organizar ce-rimónias fúnebres, preparar a Missadominical, acompanhar grupos de oração.Para estes serviços é preciso material di-dáctico, por exemplo, um manual, a Bí-blia, textos sobre a doutrina social daIgreja, sobre direitos humanos, encíclicas,relatos das experiências de outros países.O programa de formação é sólido, os jo-vens, homens e mulheres, estão motiva-dos. Animará as seis dioceses em Odisha– e servirá a paz social. Prometemos30.000 € para o financiamento. •

© Ismae

l Martín

ez Sán

chez/ACN

© Ismae

l Martín

ez Sán

chez/ACN

Discípulos da verdade

A verdade e o amor unem. Pois, como escreve Bento XVI em Caritas inVeritate, “Enquanto dom recebido por todos, a caridade na verdade éuma força que constitui a comunidade, unifica os homens segundo mo-dalidades que não conhecem barreiras nem confins”.

Quanto mais se poderá desenvolver estaforça em pessoas que anunciam e divulgam“profissionalmente” a caridade e a verdade,como é o caso dos padres? Os testemunhosdos 51 padres da América Latina, que sãoresponsáveis pela formação contínua dospadres nos seus países e que foram convi-dados pela Congregação para o Clero paraum curso de formação de quatro semanasem Roma, estão maravilhados e cheios degratidão com esta dádiva.

O Padre Francisco Silva, do Paraguai, es-creve que, como muitos outros, tinha che-gado a Roma cansado e esgotado dascarências do seu país. Mas, tal como os ou-tros, regressava agora “revigorado interior-mente, com muitas ideias e cheio deesperança”. Aprendera que “os padres ale-gres e santos santificam as suas comunida-

des”, sendo fermento para a sociedade.“Rezai por nós, ajudai-nos a ser melhores.”O Padre Enriquillo Nunez, da RepúblicaDominicana, vê também “os grandes desa-fios nos nossos países. Mas juntamentecom Jesus, Bom Pastor e Sacerdote Eterno,podemos conseguir”. E o Padre Javier UriaVasquez, da Bolívia, aponta para o caminhoda verdade que os padres podem abrir paratodos: “A Eucaristia é o sacramento queunifica toda a Igreja e une todos os fiéis nosnossos países.”

Para os 51 padres, foi uma vivência mar-cante de fraternidade, não só pela troca deexperiências, mas também pela busca con-junta de soluções pastorais e pelo aprofun-damento dos conhecimentos sobre asverdades temporais e eternas, neste cursode formação. Foi o segundo curso e, graças

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Formação co

ntínua

Fortalecer a fidelidade junto ao túmulo de Pedro.

Central de energia da missão: os participantes do curso na Eucaristia conjunta.

aos seus resultados e efeitos tão bons, umterceiro deverá voltar a congregá-los tam-bém este ano, para estudos, oração e excur-sões, no Colégio Pontifício Espanhol deSan José, em Roma. O programa é exi-gente: a par de questões teológicas, missio-nárias e pastorais, o currículo incluitambém disciplinas como a “Saúde psí-quica do sacerdote”, “Critérios para a ma-turidade humana do sacerdote” ou ainda“Relações humanas”. A vida e a acção dospadres de hoje é um desafio permanente.Vencê-lo de acordo com o exemplo deCristo é o objectivo do curso. Os seus con-teúdos e experiências deverão ser transmi-tidos em cursos mais pequenos de âmbitoregional. No ano passado, mais de 300 pa-dres participaram em cursos regionais des-tes. Assim, cada vez mais padres nestecontinente fustigado por seitas e violênciaexperimentam a unidade na diversidade;assim é renovada a face da terra – a forçada verdade não conhece barreiras nem con-fins.

Motor e central de energia desta “Teologiado Encontro” é o Encontro em Roma. Aviagem e quatro semanas de curso custam2.143 € por participante. A Congregaçãopara o Clero pediu-nos ajuda para os 50padres participantes. Como FundaçãoPontifícia, respondemos alegremente quesim. •

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Argélia

O turbulento caminhodo Padre Paul-ElieA Argélia é uma bomba-relógio da migração. Situação política incerta,crise económica, 43 milhões de habitantes, dos quais dois terços têmmenos de 30 anos e um em cada três jovens está desempregado. Eos islamistas esperam pela sua hora.

Nesta situação, a esperança faz falta. Es-perança no futuro no seio do próprio país.O Padre Paul-Elie tem-na. Conhece o seupaís, conhece as pessoas. Sabe também oque os jovens pensam, não só os cristãos.Como jovem muçulmano – chamava-seAli – passou pela guerra civil nos anos 90.São os anos negros da Argélia, mais de200.000 pessoas perdem a vida. Implacá-veis, os islamistas e o exército propagama sua fúria. Nessa altura, perdeu a espe-rança, passou a não acreditar em nada, li-mitou-se a estudar, acabando por seformar em Informática. Um primo vai comele à capela escondida de uma comuni-dade evangélica. “Aí, ouvi Jesus”, recorda.“Chamou-me pelo nome e disse-me queme protegia, que o fazia sempre. Senti-meamado como nunca antes. Senti-me to-cado. Durante 10 minutos não consegui

parar de chorar.” Pede para ser baptizado,a fome de verdade mantém-se. Anos de-pois, um missionário católico leva-lhe opão da vida, ele converte-se. Os islamistassabem disso, perseguem-no, ameaçam asua família. Ele vai para a Europa, aindacom fome de esperança, ainda com o co-ração inquieto. Na Bélgica, junta-se a umacomunidade religiosa, segue para Françae começa, aos 34 anos, o curso de Teolo-gia. Seis anos depois, em 2016, é orde-nado. Chegou e é agora Padre daFraternidade São João Paulo II.

Em seu nome, “em nome de Jesus”, voltapara a Argélia. “Precisam de mim aqui”,diz, “o meu coração está em paz, mesmoque à minha volta reine a tempestade”.Faz lembrar Santa Teresa de Ávila queuma vez se queixou ao Senhor com estas

palavras: “Onde estavas, meu queridís-simo Jesus, onde estavas durante este terrível temporal?” Nosso Senhor respon-deu-lhe: “Estava no íntimo do teu cora-ção.” Assim é também com o PadrePaul-Elie. É esta paz interior em Deus queele quer levar às pessoas. Segundo dadosda Igreja protestante, há cerca de 200.000convertidos; a maioria são protestantes,mas também o número de católicos au-menta. Não se conseguem obter númerosexactos. A maioria vive na Cabília, aterra-mãe do Padre Paul-Elie. Muitosvivem bastante dispersos em aldeias namontanha. A eles, ele quer levar o Senhor,a Eucaristia. Com eles e com os outros naaldeia quer conduzir o “diálogo da convi-vência” - todos hão-de sentir o amor deCristo. Para isso, ele precisa do veículotodo-o-terreno, cujo financiamento nospediu. Prometemos-lhe 21.600 €. •

Corpus Christi: levar o próprio Cristoaos homens.

Chegou: o Padre Paul-Elie.

Todos hão-de sentir o amor de Cristo:o Padre Paul-Elie dá a sua bênção sacerdotal.

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JohannesFreiherr Heereman,Presidente Executivo

Necessidade, amor e gratidão – as vossas cartasDinheiro achado no chão O dinheiro que vos envio foi achado pormeu filho (…). Ele sabe que eu contribuo,quando posso, com donativos para a AIS,sempre pedindo também as vossas ora-ções. São 30 € achados no chão de que elebem precisava, pois a sua situação profis-sional é frágil. Corre o risco de se viciarno álcool, mas as palavras dele foramestas: “Dá o dinheiro a quem costumasajudar”. Peço que (…) orem por ele, paraque a Mãe de Deus lhe dê força para com-bater o gosto pela bebida alcoólica e comoEla é a Senhora da Paz que ele viva osseus dias sempre com a Paz de seu Divi-níssimo Filho Jesus Cristo Rei Imortal.

Uma benfeitora de Portugal

Libertação interior Depois de ler a vossa carta, comecei arezar o terço. Alguns dias depois, o Se-nhor concedeu-me uma purificação e li-bertação tão profundas, que fiquei numa

paz como há muito não sentia. De todo ocoração vos desejo a bênção de Deuspara o vosso magnífico trabalho.

Um benfeitor da Alemanha

Um peso por dia Com esta carta, a minha turma da Facul-dade de Ciências Humanas da Universi-dade de São Tomás quer comprometer-sea doar um peso por dia à AIS. Pedíamosque nos comunicassem qual a melhor ma-neira de vos fazermos chegar esse dona-tivo. Muito obrigada e muita força para avossa obra! Deus vos abençoe!

Uma estudante de Manila, Filipinas

Passem a palavra!Estamos muito ligados à AIS e estamossempre a passar a palavra. Há três anosque cozo pão para o mercado de Advento;com os donativos de gente boa, recebereistambém este ano mil euros.

Uma benfeitora da Áustria

Foram 3.000 € que pudemos darcomo ajuda de subsistênciaàs“Servas de Maria, Auxiliadorasdos Doentes” em Cuba, graças àvossa generosidade. A Irmã Bru-nilda escreve que ela e mais trêsirmãs podem agora viver e servir“entregues à Providência Divina,graças a essa ajuda”. Só Deus po-deria dar a ideia “para projectosde ajuda assim”, em que “os doentes sofrem condições humanamenteindignas, sem os remédios certos e muitas vezes em casas destruídaspor temporais”. As irmãs dizem ser “os pés e as mãos, mas vós sois ocoração e os nervos que mantêm vivo o corpo de Cristo em Cuba”.Sem as dádivas dos benfeitores, as irmãs não poderiam “manter abertaa mão de Deus, para curar, consolar e para dar a Sua misericórdia, gra-tuitamente e sem esperar qualquer recompensa”.

Entregues à Providência Divina

Queridos amigos,Foi há sete anos que acedi ao pedido do

Cardeal Piacenza de me pôr à disposição

da AIS. Na altura, fi-lo exclusivamente

por sentido de dever em relação à Igreja,

mas sem entusiasmo, porque não conhecia

a AIS e porque tinha planos completa-

mente diferentes para depois da minha re-

forma. Hoje, relembro estes anos com

grande gratidão. Pude recorrer à minha

experiência profissional na refundação

ordenada pelo Papa Bento XVI. Pude, so-

bretudo, conhecer esta jóia entre as obras

de caridade da Igreja. O Padre Werenfried

via a nossa missão na construção de uma

ponte de amor entre vós, os generosos ben-

feitores, e a Igreja perseguida e sofredora.

De ambos os lados desta ponte, conheci

pessoas extraordinárias, missionários

magníficos e benfeitores generosíssimos.

Nos secretariados nacionais e na sede em

Königstein, encontrei pessoas que mantêm

viva esta ponte, com paixão e dedicação. A

grande fecundidade desta Obra só se con-

segue explicar pela oração que as pessoas

de ambos os lados e na ponte do amor ofe-

recem umas pelas outras. A bênção e pro-

tecção das mãos de Deus tornam-se

palpáveis de dia para dia.

Estes anos enriqueceram infinitamente

a minha vida. Obrigado! Obrigado!

Obrigado!

O vosso

Johannes Heereman