projeto esperança

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OM: 5º R C MEC PLANO DE SESSÃO Nº --- DATA: HORA: CURSO: Formação do Soldado PERÍODO: Instrução Individual FASE: Básica TURMA: GRUPAMENTO: MATÉRIA: Projeto Esperança. UNIDADE DIDÁTICA: ASSUNTO: A valorização da vida. OBJETIVOS: a. Da sessão: Atitudes contrárias ao álcool e as drogas. b. Intermediários: 1- Valorização da vida 2- Fatores que repercutem na saúde 3- Efeitos de certas substâncias no organismo LOCAL DA INSTRUÇÃO: TÉCNICA(S) DE INSTRUÇÃO: MEIOS AUXILIARES: INSTRUTOR(ES): MONITOR(ES): AUXILIAR(ES) MEDIDAS ADMINISTRATIVAS: MEDIDAS DE SEGURANÇA: FONTES DE CONSULTA:

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Page 1: Projeto Esperança

OM: 5º R C MEC PLANO DE SESSÃO Nº ---DATA:

HORA:CURSO: Formação do Soldado

PERÍODO: Instrução Individual

FASE: Básica

TURMA:

GRUPAMENTO:

MATÉRIA: Projeto Esperança.

UNIDADE DIDÁTICA:

ASSUNTO: A valorização da vida.OBJETIVOS:

a. Da sessão: Atitudes contrárias ao álcool e as drogas.b. Intermediários:

1- Valorização da vida2- Fatores que repercutem na saúde3- Efeitos de certas substâncias no organismo

LOCAL DA INSTRUÇÃO:

TÉCNICA(S) DE INSTRUÇÃO:

MEIOS AUXILIARES:

INSTRUTOR(ES): MONITOR(ES): AUXILIAR(ES)

MEDIDAS ADMINISTRATIVAS:

MEDIDAS DE SEGURANÇA:

FONTES DE CONSULTA:

ASSINATURA: VISTO: VISTO:

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1. INTRODUÇÃO

Observações para os instrutores:1. Finalidade

O Projeto Esperança um apêndice ao PPO-2, que amplie substitui o Objetivo individual de instrução E/2-m2, Atitude Contrária a tóxicos e ao álcool, durante o Período de Instrução Individual, e define objetivos que permitem padronizar o comportamento necessário para desenvolver no “Combatente Básico’ uma atitude contrária às drogas”.

2. Objetivosa. Objetivo Geral

Criar meios para a educação preventiva dos recrutas no tocante ao uso indevido de drogas, propondo uma metodologia a ser desenvolvida na Instituição Militar.

b. Objetivos Parciais1) Promover a mudança de atitudes em relação às drogas.2) Elevar o sentimento de auto-estima e propiciar a incorporação de

valores construtivos.3) Auxiliar o adolescente na organização de sua própria escala de

valores e fortalecer a sua capacidade de resistir às pressões sociais no sentido de consumir drogas.

4) Oferecer condições que levem o instruendo a crescer em competência pessoal e social.

5) Desenvolver o campo sócio-afetivo, promovendo um estilo saudável de vida, em que o uso da drogas sequer desperte interesse.

6) Fazer do soldado agente multiplicador de rejeição após seu afasta-mento das fileiras do Exército.

3. Estrutura da InstruçãoO programa do treinamento constante deste PP baseia-se na

REFLEXÃO. Tem cm vista, portanto, fazer com que os recrutas reflitam, desenvolvendo uma atitude contrária à droga.

a.Responsabilidade1) O responsável pela Direção da Instrução é o Comandante, Chefe ou

Diretor da OM. Cabe-lhe, assessorado pelo S/3, planejar, orientar e fiscalizar as ações que permitirão aos Comandantes das Subunidades (ou correspondentes) elaborar a programação semanal de atividades.

2) O Comandante de Subunidade (ou correspondente) é o responsável pela programação semanal e execução das atividades de instrução, de modo a conseguir que os recrutas, em sua maioria, atinjam os objetivos previstos.

b.Ação do Cmt de SUO Comandante de Subunidade (ou correspondente) deve ser um exemplo

constante de devotamento à instrução, e envidar todos os esforços necessários à consecução dos objetivos deste programa.

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EOBS

c.Os Atributos da Área AfetivaOs objetivos são desenvolvidos durante todo o Ano de Instrução e deverão

ser evidenciados no decorrer do tempo. O desenvolvimento da atitude depende dos exemplos modelares oferecidos pelos chefes, do acompanhamento e orientação e do ambiente global em que ocorre a atividade de instrução.

d. Procedimentos Essenciais1) O oficial instrutor deve estar capacitado no assunto, tendo uma visão

geral para uma abordagem biopsicossocial e não apenas a droga como tal.2) O instrutor deve estar bem preparado antes de começar a desenvolver

o programa, pois, quando mal orientado, o trabalho pode induzir o instruendo à experiência com tóxico, aguçando sua curiosidade.

3) Com o assunto drogas, o processo tem que ser contínuo e pedagógico para ser eficaz.

4) Todo o trabalho deve ser calcado na discussão dirigida, na indagação, na reflexão, despertando no instruendo o senso crítico, possibilitando a emissão de suas idéias sobre o assunto.

5) Todos os integrantes do corpo devem estar orientados nos trabalhos de prevenção, desenvolvendo-os com harmonia e eficácia, ratificando em todos os instantes o que foi discutido em sala Nenhum programa logrará êxito se for executado e fiscalizado só pelo Cmt de Subunidade. E necessário contar com os demais integrantes da unidade, agindo como uma equipe interdisciplinar.

6) É de suma importância adequar a mensagem à capacidade de compreensão do grupo, visando à perfeita absorção dos conteúdos.

7) O instrutor, antes de tudo, deve deixar de lado determinados preconceitos, revendo seus conhecimentos e conceitos em relação à droga. Para tal não deve se limitar à leitura dos textos de apoio, devendo procurar estudar os assuntos, através dos livros citados na bibliografia, para ampliar seus conhecimentos.

8) O instrutor deve ter em mente o contexto cultural em que vivem seus instruendos para não trabalhar fora dos valores desse grupo.

9) O uso indevido de drogas “não” deve ser abordado do ponto de vista da crítica moral e do sectarismo religioso.

10) O efeito de uma droga não pode ser exatamente previsto, dependendo basicamente de fatores como: tipo e quantidade da droga, personalidade do indivíduo, momento sócio-econômico-Cultural, meio de introdução no orga-nismo etc.

11) As informações a respeito do perigo das drogas não devem ser falseadas ou exageradas. Devem ter caráter científico, sem apelos emocionais, conselhos, mitos, encenações ou atemorizações, deixando que as pessoas tirem suas próprias conclusões através do que lhes foi passado.

12) O ato de educar pressupõe um relacionamento baseado na confiança, empatia e respeito mútuo.

13) O instrutor deve estar sempre atento a comportamentos e atitudes estranhas no instruendo sem, contudo, virar “Sherlock Holmes”, prejulgando, estereotipando certas características que são próprias da adolescência como:

— busca de sua identidade (si mesmo);— tendência grupal;— necessidade de intelectualizar e fantasiar;— crise de religiosidade;— falta de conceito de tempo (deslocamento temporal);— atividade social reivindicatória;

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— contradições sucessivas em manifestação de conduta;— separação progressiva dos pais;— flutuação de humor e estado de ânimo;— insatisfação;— insegurança;— agressividade.

14) Ter em mente que a busca da identidade é a formação de uma nova escala de valores do indivíduo, baseada na modificação de sua personalidade, que elabora os conteúdos aprendidos até então.

15) O instrutor deve ser um modelo exemplar, no qual possam se mirar os instruendos, contribuindo para a formação equilibrada de suas personalidades. Suas ações devem ser condizentes com suas palavras, contrariando a afirmação: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

16) Na prevenção, a repressão, a violência, a coação somente estabelecem um distanciamento maior entre o instrutor e o instruendo. Prevenção implica numa educação voltada para o indivíduo, educação afetiva e não só cognitiva.

17) Existem sinais que são comuns nos usuários de drogas, mas lembramos mais uma vez o cuidado para não rotular as pessoas.

Sinais de deterioração física— Narinas escorrendo constantemente;— Desnutrição;— Dificuldade de concentração, curto alcance da atenção;— Fraca coordenação física;— Fala indistinta ou incoerente;— Falta de sono e, conseqüentemente, perda de peso;— Aparência doentia;— Indiferença com a higiene e a aparência;— Olhos injetados e pupilas dilatadas, paralisadas ou brilhantes;— Falta de interesse por atividades físicas.

Mudanças no comportamento— Aumento de faltas ou de atrasos;— Desonestidade crônica (mentira, furto e fraudes);— Mudança de amigos e atitudes evasivas;— Ódio, hostilidade e irritabilidade constantes;— Redução da motivação, energia, autodisciplina e amor próprio;— Diminuição do interesse por atividades extracurriculares e

“hobbies”;— Mentiras frequentes;— Recusa em conversar, por estar preocupado consigo mesmo;— Inquietação e insônia;— Depressão e sonolência.

Outros sinais— Uso de óculos escuros mesmo sem excesso de luz;— Camisas de mangas longas no calor;— Uso intenso de colírio;— Posse de grande volume de dinheiro repentinamente;— Desaparecimento de objetos de valor dos armários dos

companheiros;

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— Disfarce do cheiro da droga, principalmente da maconha, com espargimento rio ar de desodorantes ou queima de incenso.

18) A prevenção implica numa mudança de atitude em relação à droga, desenvolvendo a autodisciplina, o policiamento próprio, dizendo não a tudo que prejudica sua saúde física, mental e social. A prevenção é um tipo de aprendizagem social alicerçada no “modelo exempla?’.

19) O Instrutor deverá conscientizar o instruendo no sentido de direcionar todo seu potencial interior para atividades que tenham como meta principal a “valorização da vida”.

20) “NUNCA” dar indicações sobre a maneira de utilizar as diferentes drogas.

21) MEDIDAS QUE ATRAPALHAM A PREVENÇÃO E DEVEM SER EVITADAS A TODO CUSTO:

— Desinteressar-se dos cuidados da prevenção por acreditar que a unidade está imune às drogas;

— Omitir-se por achar que é um problema insolúvel, impossível de ser resolvido;

— Subestimar a força dos interessados na dissemição das idéias de liberação, aceitação e legalização das drogas;

— Pretender soluções rápidas, simplistas e de curto prazo;— Não levar em consideração a pressão do grupo;— Não comparar o álcool às drogas proibidas, aceitando o “porre” como

procedimento natural;— Adotar linhas punitivas ao invés de educativas;— Desenvolver palestras, campanhas, sermões contra o uso de drogas

por pessoas não habilitadas, com conhecimento superficial do assunto; Negligenciar a atualização dos próprios conhecimentos;

— Pensar que o conhecimento a respeito de drogas basta para restringir o seu uso;

— Elaborar feiras, murais, entrevistas com ex-drogados;— Deixar ex-drogado prestar depoimentos para os instruendos;— Valorizar excessivamente as coisas materiais, desenvolvendo a

mentalidade de levar vantagem em tudo;— Não basear sua informação em literatura científica e acadêmica.

e. Instruções Metodológicas

1) Condições Ambientaisa) O local de realização de instrução deve comportar de 20 a 25

instruendos, permitindo o livre trânsito do instrutor. Deve ser arejado e situar-se livre de ruídos e interferências que fatalmente prejudicarão as sessões.

b) Apesar de não ser desejável, nem recomendável, um número superior a 25 (vinte e cinco) instruendos no local de realização de instrução, tendo em vista a modalidade da técnica empregada, pode, contudo, esse efetivo ser au-mentado para o nível pelotão ou mesmo subunidade, em casos excepcionais.

c) O termo droga, usado aqui, abrange os barbitúricos, os tranqüilizantes, os estimulantes, os alucinógenos, o álcool e as substâncias voláteis; deverá ser encarado sob essa óptica pelo instrutor. Será usado como sinônimo de psicotrópico, em face da aceitação, dito e linguagem popular.

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2) Instrumentos de Apoioa) Ao término de cada unidade didática, o conteúdo da sessão deverá ser

reforçado através da projeção do audiovisual referente ao assunto.b) O instrutor deverá elaborar quadros murais, cartazes, com o objetivo de

clarificar os conteúdos abordados.c) O instrutor deverá utilizar, ao final de cada unidade, as medidas de

avaliação da aprendizagem.d) Ao término de cada Unidade Didática, existe um texto de apoio, que visa

a ampliar os conhecimentos do instrutor e que deverá ser lido “ANTES” do de-senvolvimento da sessão.

e) Ao final da aplicação da parte teórica do programa, o instrutor deverá desenvolver a prática preestabelecida pela Organização Militar.

3) Tipo de Sessão e Coordenaçãoa) É de fundamental importância que a técnica utilizada para desenvolver o

programa seja a de Discussão Dirigida.Esta técnica baseia-se no intercâmbio de opiniões sobre um tema (neste

caso, uso indevido de drogas) sob a coordenação do instrutor que deve promover a participação .de todos.

b) A técnica deve fazer com que os participantes do grupo cheguem a certas conclusões predeterminadas, seja por meio de perguntas e exemplos, seja promovendo idéias e controvérsias, culminando na absorção dos objetivos individuais de instrução, se possível CAP ou OF SUP indicados pelo CMI daOM.

c) A condução do programa deverá ser realizada por oficiais da área de Saúde ou habilitados na área Biomédica, ou instrutores possuidores de boa comunicação e tato, não diretamente vinculados à Instrução.

d) As sessões de discussão dirigida devem ser desenvolvidas num clima capaz de facilitar a liberdade de pensamentos, encorajando o instruendo à maior participação possível.

É importante quebrar o gelo, o distanciamento entre soldado e o instrutor. Para tal devem ser utilizados todos os artifícios e meios necessários para fazê-lo. Para se atingir este objetivo é imprescindível que se estabeleça uma perfeita comunicação instruendo/instrutor, baseada na flexibilidade de atitudes e idéias, na honestidade de propósitos, na lealdade e na sinceridade, culminando na expressão máxima de comunicação, qual seja, a empatia.

e) É aconselhável limitar o número máximo de 20 a 25 instruendos por sessão para se alcançar maior coesão do grupo, participação de todos, controle, conhecimento mútuo e consenso.

f) O tema drogas normalmente está envolto numa aura de mistério e punição. Embora algumas opiniões emitidas pelos participantes possam divergir de alguns preceitos da instituição no que se refere a drogas, estas opiniões devem ficar restritas ao grupo.

É mister que o instrutor respeite-as e tenha flexibilidade para elaborá-las, direcionando-a5 aos objetivos preconizados, mantendo o SIGILO, condição essencial para a cooperação e participação sincera

É FUNDAMENTAL GANHAR A CONFIANÇA DOS INSTRUENDOS.g) É IMPRESCINDÍVEL que o instrutor seja um profissional capacitado4

dedicado e que se esmere no preparo para bem ministrar as instruções. NÃO ESTARÁ O INSTRUTOR LIDANDO COM SITUAÇÕES FICTÍCIAS E SIM, COM SITUAÇÕES REAIS!

h) A família tem papel decisivo na ação sistemática de um programa de prevenção.

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Para tal, dentro das possibilidades da OM, a sua participação se efetivará segundo orientação contida no documento explicativo sobre o programa, elaborado pelo Centro de Estudos de Pessoal.

2. DESENVOLVIMENTO

1. Valorização da vidaTodos nós já temos consciência de que nosso corpo é uma máquina

maravilhosa e de que, através de suas capacidades, possibilita-nos estabelecer contato com os mundos exterior e interior, desenvolvendo um processo de inter-relação social. No entanto, para que se desenvolva toda essa dinâmica, faz-se necessário que o corpo esteja pleno de todas as suas faculdades e dotado de saúde.

Pelo que verificamos do conceito de saúde da OMS (Organização Mundial de Saúde) — “um estado de bem-estar físico, mental e social” —,chegamos a conclusão de que só dispomos de saúde quando nosso corpo e nossa mente estão bem e nos sentimos satisfeitos em relação ao nosso ambiente social, à nossa família, à nossa comunidade.

Esta saúde está directamente ligada ao estado de ânimo, à capacidade de produção e de trabalho, em suma, a elementos que resultarão na parcela de contribuição não só para o crescimento individual, mas, igualmente, para o progresso e desenvolvimento do país em que vivemos. Uma nação depende da saúde de seus cidadãos. Tanto é verdade que há preocupação por parte do governo, no sentido de manter seu povo saudável, criando normas ou leis que concorram para a manutenção da saúde. Por exemplo, Leis de Preservação do Meio Ambiente, do Silêncio, além das campanhas de vacinação e outras.

Por outro lado se deixarmos a nossa saúde individual exclusivamente sob a responsabilidade do governo, fatalmente, levaremos o país ao caos e estaremos colaborando para a perda de qualidade de vida. A saúde social depende de cada um de nós, uma vez que a sociedade é formada por todos nós e cada um de per si. E importante, portanto, estarmos sempre atentos e vigilantes na proteção de nossa saúde. O montante de dinheiro economizado pelo governo, se não nos tornamos um peso para suas instituições, poderá resultar em diversos benefícios — inclusive, o salvamento de vidas.

Preservar nossa saúde, além de responsabilidade individual e de benefício próprio, passa a ser uma contribuição para a nossa pátria

Visando ao nosso estudo, dividiremos os fatores de que depende a saúde nas três áreas da definição: física, social e mental.

2. Fatores que repercutem na saúdeSAÚDE FÍSICABasicamente, depende de dois fatores fundamentais: alimentação/nutrição

e hábitos de higiene. São eles os combustíveis necessários para manter a nossa “máquina” em perfeito e harmonioso funcionamento.

Todos sabemos que, para o homem sobreviver, carece alimentar-se, nutrir-se. O alimento é a fonte de energia que abastece o organismo, de forma a possibilitar que sejam levadas a termo as atividades que determinam a vida

O grupo de peritos da FAO (Food Agency Organization) e da OMS considera, como nutrição, “o conjunto de processo por meio dos quais o organismo vivo recolhe e transforma as substâncias sólidas e líquidas exteriores para sua manutenção, desenvolvimento orgânico normal e produção de energia”.

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Devemos diferenciar alimentação de nutrição, uma vez que alimentação é um processo voluntário e consciente — pelo qual o ser humano obtém produtos para seu consumo —, enquanto que a nutrição é involuntária e inconsciente, abrangendo toda uma série de processos que ocorrem independentes da vontade do indivíduo. Em suma, os alimentos são constituídos por diversos nutrientes necessários à saúde e ao crescimento.

São sete os tipos de constituintes químicos essenciais (nutrientes), segundo avisão de G. Galache e M. André, no livro “Brasil, Processo e Integração”: PROTEINAS, GORDURA, GLICIDIOS, SAIS MINERAIS, VITAMINAS, CELULOSES e AGUA.

São esses elementos que irão proporcionar ao organismo a formação de energia, a restauração, o crescimento celular e orgânico, a manutenção e a reprodução.

O esquema de alimentação deve ater-se a fatores como tipo de atividade, faixa etária, clima etc., além de corresponder à realidade sócio-econômico-cultural da comunidade.

Durante a gestação, a nutrição é de capital importância. Sabe-se que, nela e na lactação, são mais elevadas as necessidades de energia, proteínas e demais nutrientes, a fim de que sejam satisfeitas as solicitações orgânicas do embrião e do infante para que haja desenvolvimento e crescimento normais.

Como afirma Nelson Chaves, no livro “Nutrição Básica e Aplicada”, “o estado nutricional de uma gestante e seu regime alimentar são de fundamental importância para a formação normal do embrião e para o desenvolvimento pós-natal.

O peso do nascituro depende do estado nutricional durante a gestação. A imaturidade resulta, sobretudo, da deficiência nutricional materna antes e durante a gestação. ” Nós não podemos esquecer que o Sistema Nervoso está sendo formado nessa época.

Cuidados com a alimentação nos primeiros anos de vida são de suma importância, pois formarão a base de estruturado futuro homem e, se não houver atenção, preocupação com a alimentação, provavelmente, o indivíduo adquirirá uma carência nutricional. O analfabetismo e a débil educação nutricional também são fatores que estão diretamente ligados à desnutrição calórico-proteica, às anemias nutricionais, bócio, hipovitaminose A, cárie dental etc..

Todo organismo precisa, fundamentalmente, de três tipos de alimentos: ALIMENTO DE CONSTRUÇÃO, ALIMENTOS ENERGÉTICOS e ALIMENTOS DE PROTEÇÃO.

Os alimentos de construção fornecem os nutrientes que permitem o desenvolvimento e o crescimento do organismo. São as proteínas encontradas nas carnes (músculos, vísceras ou miúdos), nos ovos, nas leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, soja etc.), no leite e seus derivados (manteiga, queijo, coalhada etc.). As

— guardar os cereais e leguminosas em locais limpos, secos e protegidos de insetos, roedores, poeira etc.;

— lavar frutas e verduras com água limpa e guardá-las em lugares asseados e frescos;

— filtrar e ferver a água que se bebe.Há necessidade também de o indivíduo manter os hábitos de higiene

pessoal, que foram adquiridos no seio da família através do tempo. Cedo, normalmente, os pais começam a ensinar as crianças essas normas de saúde. Como exemplo, citamos:

— escovar os dentes após as refeições;— tomar banho diariamente;— lavar as mãos antes das refeições;— comer mastigando bem os alimentos;— proteger qualquer ferimento na pele, evitando penetração de micróbios

etc.;— aparar bem as unhas; olho, impetigo etc.;

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— tomar sol e se recrear ao ar livre;— evitar, através da profilaxia, doenças infecto-contagiosas.

SAÚDE SOCIALAlguns autores opinam que as sociedades humanas e as dos animais

guardam tantas semelhanças que se torna difícil estabelecer diferenças reais entre elas.

Outros autores acham que as diferenças são tão grandes que as eventuais semelhanças se tornam triviais e superficiais. Semelhantes ou não às humanas, as sociedades animais servem de base para o estudo das condições determinantes das relações sociais, contribuindo significativamente para a soma total de nossos conhecimentos — ainda que se tenha que respeitar a idéia de que a perfeita compreensão do comportamento social humano requer o estudo de seres humanos.

Alimentos energéticos, ou de combustão, são aqueles que fornecem a energia necessária para o funcionamento de nossos órgãos e nos dão condição de trabalharmos e de nos distrairmos. Fazem parte desse grupo os seguintes tipos de alimentos: cereais (milho, trigo, canjica, aveia etc.) e seus derivados (farinhas, macarrões e outras massas), os tubérculos (batatas, mandioca, inhame), açucares (glicose, sacarose e amido), doces e as gorduras.

Alimentos de proteção, ou reguladores, são os que defendem o organismo contra as doenças. Fazem parte desse grupo, principalmente, as frutas e as hortaliças.

Abaixo, enumeraremos algumas das principais vitaminas, suas funções e origens:

VITAMINA A: resistência à infecção, saúde dos olhos e da pele; encontra-se no leite, queijos, ovos, óleo de fígado de bacalhau, cenoura, espinafre etc.;

VITAMINA B: auxilia o crescimento e facilita o trabalho do estômago e do intestino; encontra-se no leite e nos ovos;

VITAMINA C: aumenta a resistência do organismo, conserva e melhora a saúde das gengivas, artérias e veias; encontra-se na goiaba, manga, mamão, banana, laranja, limão, tangerina, abacaxi, pimentão, tomate etc.;

VITAMINA D: combate o raquitismo; encontra-se no leite e em seus derivados. Além das proteínas, vitaminas etc., necessitamos de água, que, além de abundante na natureza e importante para o organismo, participa de todas as atividades orgânicas. Obviamente, precisamos também de oxigênio.

Resumindo, o homem necessita de boa alimentação para manter sua saúde, para continuar realizando suas atividades, para seguir vivendo. Uma boa alimentação deve ser suficiente na quantidade, pois qualquer excesso alimentar é prejudicial à saúde. Deve-se atentar à harmonia das porções de nutrientes, cuidando para que haja entre eles uma adequada proporcionalidade, que atenda às características de cada pessoa e às necessidades alimentares, conforme idade, estado fisiológico, hábitos regionais e situação sócio-econômica-cultural.

Além da alimentação, são fatores que influenciam na saúde física os bons hábitos de higiene, que a mantêm, desempenhando papel fundamental na conservação de uma vida saudável e feliz, além de ajudarem o indivíduo a se integrar no seu ambiente social.

De nada adianta a posse de alimentos, se, durante o seu preparo ou conservação, não forem observadas as normas de higiene — pois, em lugar de nutrientes, estaremos ingerindo toxinas.

Como exemplo de hábitos de higiene alimentar, podemos citar— comer somente carne bem cozida de animais sadios, que tenham

sido sacrificados em locais bem limpos;— ferver o leite para destruir os micróbios;

Como os animais, do nascimento à morte, o homem vive seu tempo como membro de uma sociedade. E viver numa sociedade é estar interagindo diariamente com ela — sob constante influência social, com objetivos

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comuns.

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No entanto, nessa interação, existem fatores sociais que auxiliam ou prejudicam o estabelecimentoda perfeita harmonia, do perfeito equilíbrio, comprometendo ou não a saúde social do grupo.

Os homens formam a sociedade que, como diz Eduardo Kalina, “somos todos e cada um de nós. Por conseguinte a responsabilidade pelo que nela ocorre também é nossa” O indivíduo, a identidade pessoal, é parte integrante do sistema e sua relação com a sociedade não afeta apenas algumas pessoas, mas é vivida em camadas mais amplas, não se limitando a pequenos grupos.

O homem jamais poderia viver isolado, independente do seu grupo social — sob pena de perderas características peculiares do seu grupo. Ao nascer, o homem é incompleto, trazendo somente uma carga genética que necessita ser estimulada, desenvolvida E é através do contato com outros seres humanos que vai recebendo esses estímulos, vai crescendo, incorporando uma série de experiências e valores, adquirindo um conjunto de maneiras de viver indicado pela moldagem cultural de sua percepção, sua memória e suas atitudes. E através da cultura, da influência maciça que exerce sobre o indivíduo, que a estabilidade da sociedade é mantida e perpetuada Experiências feitas com macacos, por Harlow, nas quais alguns foram criados em isolamento a partir do nascimento mostraram que esses, comparados a outros macacos criados normalmente, evidenciavam deficiências em vários aspectos: índice de aprendizagem, comportamento sexual, comportamento social.

Como diz Leo Buscaglia, “se o homem cresce como um animal, agirá como animal, pois o homem aprende a ser humano. E, assim como aprende a ser humano, também aprende a sentir como ser humano, a amar como ser humano”.

Experiências em orfanatos, onde as crianças freqüentemente recebem pouca atenção, recursos e estímulos (ambientes pobres), demonstram que, com paradas a crianças que têm família, são retardadas em desenvolvimento mental e social.

Portanto, é notória a necessidade de se desenvolver a inteligência, de se enriquecer o ambiente com estímulos (o que se consegue através do convívio com seus semelhantes na sociedade) e, assim, possibilitar o despertar das potencialidades latentes no indivíduo.

Com o aprimoramento da inteligência, com a cultura passando de pai para filho, o homem foi desenvolvendo-se, evoluindo.., e suas necessidades de vida foram diversificando-se. Séculos atrás, essas necessidades se resumiam em alimentação, abrigo e vestuário, mas, com o correr do tempo, multiplicaram-se, aumentando a produção de bens. (Segundo outros autores, ao contrário, foi a produção de bens que geraram novas necessidades.)

O trabalho humano é o meio de o homem fazer uso de sua energia mental, com a finalidade de produzir bens para as suas necessidades. O trabalho, em seu aspecto individual, é fonte de crescimento material e espiritual para o próprio ser, uma vez que é através dele que o homem dá vazão à sua criatividade, exercita suas capacidades e aptidões, expande sua energia construtora Em seu aspecto social, é parte da energia altruísta que nutre os membros de uma sociedade, em benefício do progresso de todos. O trabalho é a mola impulsionadora do progresso social e da realização pessoal. Mais do que um dever que enobrece, que dignifica o homem perante si mesmo e perante seus semelhantes, é também um direito que lhe dá oportunidade de se tornar proprietário de bens e lhe assegura a possibilidade de uma melhor saúde social.

Por outro lado, o homem não pode viver apenas trabalhando de sol a sol. Precisa recuperar-se, refazer-se física e mentalmente... Para revitalizar suas energias, há o lazer, a recreação, que remonta, aliás, aos tempos dos jograis, dos trovadores... Sempre houve a preocupação de se possibilitar ao homem o

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repouso, o descanso, o recreio.

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Contudo, com a revolução industrial (do maquinismo, do brotar das fábricas), nessa luta cruenta entre indústria e natureza — em nome do progresso, do desenvolvimento —, torna-se imperiosa a necessidade do lazer. Os tempos modernos são de angústia, de ansiedade, de fuga.. e a única válvula de escape (o único redutor de tensão, o único facultador de equilíbrio) é o lazer. E, por sua vez, é ele o único remédio que, em doses exatas; poderá ajudar-nos a combater o STRESS.

Diversas são as formas de lazer e muitas delas contribuem para o enriquecimento físico e cultural. Por exemplo, as atividades desportivas, além de propiciar um melhor condicionamento físico, aumentando a vitalidade do indivíduo, ampliam-se em objetivos da educação e,m geral, sobretudo, consolidando a disciplina, a cooperação, a sociabilidade. E através dos esportes, sobretudo, que se multiplicam efeitos educativos e se concretizam algumas metas da educação moral.

Em suma, as pessoas, que normalmente não aproveitam as enormes oportunidades que o lazer e a boa recreação oferecem, são aquelas que gastam suas horas livres em atividades perniciosas, anti-sociais e até criminosas. Conforme o ditado popular, “o Ócio é a oficina do diabo” e, seguramente, a bebida, as drogas, as contravenções, as agressões, os desrespeitos às normas sociais, todos os crimes estão no caminho dos “perdulários do tempo” — como os chamou Celso Kelly.

Foi, então, visando ao estabelecimento de limites, ao delineamento de direitos e deveres dos cidadãos, que o homem criou as leis, as normas sociais.

Vamos inventar uma situação hipotética: imagine se não houvesse leis ou normas sociais como, por exemplo, as Leis do Trânsito. Cada indivíduo se acharia no direito de dirigir onde bem lhe aprouvesse e se daria sempre o direito da primazia, da preferência Seria o caos: pedestres atropelados, engarrafamentos monumentais, choques de veículos etc..

Felizmente, “nosso direito termina onde começa o do outro”... Nenhuma sociedade sobrevive, se não houver leis, se não houver disciplina, se não houver ordem. Contudo, há pessoas que, no intuito de obter a liberdade (direito reconhecido mundialmente), esquecem o cumprimento dos deveres que lhe asseguram, justamente, esse direito inalienável. Tornam-se permissivas, disseminando a ideia do “Laissez-Faire”. Portanto, é necessário, primeiro, cumprir nossos deveres para conosco e para com a sociedade, precisamos praticar a obediência de forma a se tornar um hábito.

O homem precisa reaprender a comparar, a julgar e a avaliar todas as idéias que lhe são apresentadas — no sentido de escolher, a partir da crítica adequada e madura, aquilo que lhe convém. Sua opção, em última instância, tem que ser a sua saúde mental.

Todos nós conhecemos alguém que foi — ou ainda é — considerado o “patinho feio” do grupo, o desengonçado, o diferente. Isso atinge esse tipo de pessoa de diversas maneiras: umas se revoltam, reagem, agridem; outras se fecham, isolam-se dentro de si mesmas, tentam não sofrer. Ambas são atitudes infrutíferas, uma vez que ter uma imagem verdadeira a respeito de si mesmo é fator fundamental para a manutenção da saúde mental. Aceitar limitações, ver-se como uma pessoa passível de errar, saber recomeçar, buscar fazer o melhor são atitudes importantes para se conservar o equilíbrio emocional. Procurar formas saudáveis de conviver com as dificuldades, no sentido de superá-las, é o melhor caminho, embora se deva ter o cuidado de não criar mecanismos que sempre venham a funcionar como tábua de salvação. Sabemos que todas as vezes em que as pessoas agem, tentando racionalizar as situações, estão, na verdade, deixando de admitir quão falho e

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limitado é o ser humano.

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Todo ser humano tem limitações e, por isso, justifica-se a ânsia para superar esses limites. Contudo, essa busca deve ser feita através de atitudes coerentes, amadurecidas, calcadas na realidade de cada indivíduo.

Quando perguntamos se “o homem pode bater asas e voar”, desejamos, com esse questionamento, facilitara reflexão acerca de nossas limitações. Não é só voar que o homem não consegue. Há muitas coisas impossíveis de serem feitas sem aparato técnico.

No entanto, em contrapartida, as possibilidades de desenvolvimento do homem são muito grandes (e a isso já nos referimos em textos anteriores). Basta citar que o homem é o único animal apto a se conscientizar de suas qualidades e defeitos, de suas capacidades e limitações.

Na nossa sociedade, o modelo cultural é transmitido, através das gerações, pelo exemplo que pode ser seguido e aprimorado.

O homem, como ser grupai, precisa aprender a condescender, a nutrir sentimentos de fraternidade, de amor, para que não se perca no vazio existencial.

Percebe-se que, quando um desses fatores deixa de ser atendido, o homem se fragiliza e se torna vulnerável a determinado tipo de investida, possibilitando a intervenção de pessoas que não têm outros interesses, senão o de inviabilizar os processos de crescimento individual.

Saúde é, antes de tudo, ter respeito por nós mesmos, pelo outro, pela natureza e por tudo mais que nos cerca.

Contudo, a disciplina não deve ser uma máscara para nos ocultarmos, para mostrarmos aos outros que temos educação; mais do que uma fachada, deve ser uma linha de conduta para podermos viver em harmonia, estabelecermos a segurança e o bem-estar de nossa coletividade.

O homem deve cultuar a responsabilidade. Tem necessidade dela. A apologia do “levar vantagem em tudo” é um engodo, pois os crimes lesivos, que se venham a praticar contra a sociedade, contrariando as leis e as normas sociais, na realidade, voltar-se-ão contra esta própria sociedade de que todos fazemos parte. Quando lesamos o Estado, quando destruímos seus patrimônios, quando poluímos nosso rios e solos, estamos lesando, destruindo e poluindo a nós mesmos. De uma forma direta ou indireta, as conseqüências recairão sobre nós. Faz-se necessário, portanto, ter responsabilidade, respeito ao próprio homem e a seu habitat, para que possamos sobreviver dignamente.

SAÚDE MENTALDentre os fatores que afetam a Saúde Mental, não podemos deixar de

citar as causas ambientais, que podem ser de origem pré-natal, perinatal ou pôs-natal.

As principais causas pré-natais são os agentes infecciosos que afetam a mãe: vírus da rubéola, drogas, radiações — especialmente, os raios X —, hormônios e vitaminas ingeridos em doses altas, além das doenças metabólicas, como diabetes, hipertireoidísmo etc..

As causas perinatais são os partos prematuros, os partos acompanhados de sofrimento fetal (que resultam em redução do suprimento de oxigênio ao cérebro), o fumo, o uso imoderado de álcool e de outras drogas, além das incompatibilidades sangüíneas materno-fetais.

As causas pós-natais se referem, particularmente, aos traumas físicos ocorridos no parto (os quais afetam diretamente o sistema nervoso), às infecções, à desnutrição, às privações emocional e cultural (das quais decorre quase a totalidade de fatores que, de uma forma ou de outra, vão afetar a

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saúde mental).

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Desde o início da civilização, acompanhamos a tentativa de o homem querer superar-se a todo custo. Em outras palavras, de negar sua realidade, buscando encobrir suas dificuldades e não aceitar suas limitações. Sabemos que a saúde está em aceitarmos nossas limitações, enxergarmos nossos defeitos, buscarmos crescer, evoluir, desenvolver, progredir, amar... Se gostamos de quem somos, ou seja, se gostamos de nós mesmos, melhoramos nossas relações conosco e com aqueles que nos cercam, respeitando aqueles com quem convivemos, aqueles que amamos.

No mundo de hoje, em que as transformações ocorrem com velocidade espantosa, o homem é bombardeado por estímulos e informações novas a todo momento, não tendo tempo para raciocinar e escolher o que é melhor para si mesmo ou para sua família. A reflexão é suprimida.

O desenvolvimento da mídia é um exemplo típico. O poder de persuação da propaganda — evidenciado através de imagens que agem ao nível das motivações profundas, influenciando o inconsciente — é hoje mais uma arma poderosa Isso repercute profundamente na saúde mental. Portanto, toda campanha publicitária.

3. Efeitos de certas substâncias no organismoO sistema nervoso tem sua origem num dos três folhetos embrionários, no

que está em contato com o meio externo, o ectoderma. Grosso modo, o espessamento do ectoderma forma a placa neural. Esta cresce, torna-se espessa também e adquire um sulco longitudinal, chamado sulco neural, que se aprofunda para formar a goteira neural. Os lábios da goteira neural se fundem e formam o tubo neural. No dorso lateral do tubo neural, forma-se a crista neural. O tubo neural dá origem a elementos do Sistema Nervoso Central, enquanto que a crista dá origem a elementos do Sistema nervoso Periférico, além de elementos não pertencentes ao sistema nervoso. E essa, de uma forma sucinta, a origem da formação do sistema nervoso.

A Anatomia (ANA = em partes, TOMEIN = cortar) pode ser definida como a ciência que estuda a conformação e o desenvolvimento dos seres organizados.

E através dela que se estuda o homem, reconhecendo seus órgãos e os sistemas por eles constituídos. Segundo J.G. Dangelo e GA. Fattini, os sitemas, que, em conjunto, compõem o organismo são:

a) sistema tegumentar (pele, pêlos, unhas),b) sistema esquelético,c) sistema muscular,d) sistema nervoso,e) sistema circulatório,f) sistema respiratório,g) sistema digestivo,h) sistema urinário,i) sistema genital - feminino e masculino,j) sistema endócrino (glândulas) e1) sistema sensorial.

Dentre todos esses sistemas, existe um que controla e coordena as funções de todos os demais, sendo este — muito especial — denominado: SISTEMA NERVOSO.

À medida que o animal vai atingindo mais um degrau na escala evolutiva, mais aperfeiçoado se torna seu sistema nervoso, visando a acompanhar a

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maior complexidade de seu organismo.

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Todos temos conhecimento de que é, no homem, dentre as espécies animais, que o sistema nervoso atinge o seu máximo desenvolvimento, possibilitando fenômenos psíquicos altamente elaborados. Percebe o mundo à sua volta, vê, ouve, cheira, sente, movimenta-se, pensa.. Enfim, tudo que o homem faz só é possível graças à existência do seu sistema nervoso, que se responsabiliza por muitas funções voluntárias e involuntárias.

MACONHA (PSICODISLÉPTICAS):Ë um nome tipicameflte brasileiro, usado para designar a planta cannabis

sativa, o cânhamo indiano.O cânhamo possui uma única espécie cannabis sativa com três

subespécies americana, índica e ruderalis.Tudo leva a crer que a maconha tenha sua origem na Ásia Central, de

onde se expandiu para a China, o Oeste da Europa, África e, posteriormente, para outras partes do mundo. Dizem alguns historiadores que, primeiramente, foi cultivada para utilização em fins têxteis. Os hebreus e os assírios já conheciam as suas propriedades intoxicantes. Há notícias de seu uso na China há 5000 anos, onde era empregada no tratamento da malária, prisão de ventre, beribéri e dores reumáticas. No século V aC, Heródoto registrou que alguns povos a usavam com a finalidade de limpar o corpo.

O uso disseminado da Maconha parece que começou na Arábia sendo restrito, inicialmente, aos xeques e seus protegidos.

Até o final de 1700, o uso da Maconha não era significativo, limitando-se à curiosidade nos meios ocidentais, até que a expedição que Napoleão fez ao Egito mudou essa óptica — bem como a colonização inglesa na índia.

Na primeira metade do século XIX, transformou-se em droga da moda, com a fundação, inclusive, do Le Club des Haschischins.

A introdução da Maconha nas Américas teria sido através de soldados espanhóis e de escravos africanos.

No Brasil, presume-se que tenha entrado (oculta nas tangas e amuletos) através dos negros escravizados, que a usavam para fins intoxicantes e que a plantavam nas clareiras dos canaviais.

A Maconha é preparada pela secagem das folhas, flores, sementes e partes superiores da planta do cânhamo, as quais são trituradas e transformadas em cigarro.

O Haxixe também é obtido da Cannabis Sativa, sendo um produto mais elaborado, mais potente, pois é preparado com a resina da extremidade florida ou frutificada da planta feminina (a planta é dióica, isto é, com flores masculinas e femininas, em pés distintos).

Como diz Mauro Weintraub, “a Maconha decididamente não é uma droga inócua’: E, como diz o Dr. Hans Hartelius, da Suécia, “manter sua população e, em particular, suas gerações de jovens saudáveis e livres de tóxico é um dos melhores investimentos que uma nação pode realizar para seu futuro’:

COCAÍNA (PSICODISLÉPTICAS):É o princípio ativo que se extrai da coca (Erythoxylon coca), um arbusto

tropical, sempre verde.Há quase dois mil anos, as culturas pré-incaicas já conheciam a coca.A planta é originária da América do Sul, muito abundante nos Andes,

sendo os maiores cultivadores a Bolívia e o Peru, ficando para a Colômbia o processamento e a exportação. Permite três colheitas ao ano, dependendo do clima e de outros fatores.

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Sigmundo Freud, famoso psicanalista, no final do século XIX, realizou alguns experimentos com a Cocaína, recomendando-a para desordens digestivas, esgotamento físico, asma e anestesia local.

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Foi utilizada como analgésico até a descoberta da xilocaína e novacaína, sendo, então, posta de lado.

É um pó branco, solúvel em água e em álcool. Comumente, é encontrada sob a forma de folha de coca, pasta básica, sal (clorid rato ou sulfato) e base livre.

A folha é usada pelos indígenas dos Altiplanos dos Andes através da mastigação (coqueo). Nesses povos, tem um enfoque cultural e religioso, servindo como estimulante das longas caminhadas de caça, guerras e migrações, geradorade sonhos e apaziguadora de espíritos. Com a conquista espanhola, os indígenas (que só produziam bens para as colônias) tiveram a produção de seus alimentos escasseada e, por isso, passaram a mascar coca para amenizar a fome, o que os levou à desnutrição.

Como diz Sangerardi Jr., em relação ao Peru, “a coca é o combustível que aciona a máquina humana. E é moeda corrente, pois parte do salário dos trabalhadores é paga com folhas de coca’

Em algumas tribos, vários aditivos são misturados à folha de coca para, além de melhorar seu sabor, liberar o alcalóide da folha, a substância alcalina, ao ser mastigada.

No Brasil, os índios do Amazonas usam o EPADU/COCA como estimulante, tendo o mesmo enfoque cultural e religioso.

A pasta de coca é obtida nas primeiras etapas da extração da cocaína das folhas com um solvente apropriado. A pasta contém grande concentração de cocaína e pode ser fumada com tabaco e maconha mento, o sono e o trabalho: o único objetivo é obter e usar a droga;

— solúvel em gorduras, na mulher grávida, atravessa a placenta e, no corpo do bebê, é convertida em NORCOCAINA, tóxico mais prejudicial do que a coca.

ÁLCOOLQ álcool é uma das drogas mais antigas e mais conhecidas no mundo

inteiro.E uma substância obtida por síntese em laboratório ou derivada da

fermentação de frutas, grãos de centeio, milho, cevada, cana de açúcar.O termo é oriundo ou, pelo menos, é atribuído aos árabes: AL+ KOHOL,

que quer dizer “sutil’Como afirma Salete Maria Vizzolto, no livro “A Droga, a Escola e a

Prevenção”:“O primeiro porre da humanidade, de que se tem registro, está no Gênesis

9,21. Noé embriagou-se com vinho. Quatro mil anos antes de Cristo, os egípcios usaram álcool em forma de cerveja fermentada’

O fato de as bebidas alcoólicas serem aceitas social mente e de ser imensa a oferta de mercado facilita muito a sua propagação, bem como sua divulgação.

Essa permissividade e tolerância da sociedade, em relação ao álcool, verifica-se diariamente, pois ninguém se escandaliza ao ver um bêbado falando sem coerência, de forma arrastada, trôpego. Pelo contrário, essa intoxicação é motivo de riso e, quando sóbrio, o indivíduo dela se vangloria.

Apesar das calorias que fornece — sete calorias por grama de álcool —,dando energia e diminuindo a fome, o álcool não tem valor nutricional, pois não contém substâncias alimentícias necessárias à manutenção do corpo saudável —como vitaminas, aminoácidos e proteínas —, levando o indivíduo a um estado de carência nutricional múltipla

O álcool após ingerido, pelo seu peso molecular e por ser solúvel em água, é absorvido imediatamente. Entra na corrente sangüínea e circula pelo corpo todo alcançando o SNC e levando a pessoa a uma mudança de comportamento. Só 2 a 40/o são eliminados pela urina, pelo suor e pela

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respiração; o resto é metabolizado nos tecidos através de um processo de oxidação, mediado por uma enzima produzida pelo fígado e pelos rins. O álcool é metabolizado a uma taxa em torno de 30 gramas de bebida por hora.

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A dose letal de etanol introduzida rapidamente no organismo, no espaço de uma hora mais ou menos, é de 1,5 a 2,5 gramas por quilograma de peso corporal.

Como a maconha, o álcool também tem seus mitos. Vejamos alguns deles:— Nosso organismo precisa de um pouco de álcool. (Mentira a fisiologia

do organismo se encarrega de manter sempre uma pequena dose de álcool no sangue — 0,03 g por litro — produzida pelo próprio organismo.)

— O álcool aquece no inverno. (Não é verdade: existe, sim, uma sensação de calor devido aos efeitos vasodilatadores cutâneos. Paralelo a isso ocorre o aumento da transpiração e também a redução da temperatura interna, dissipando-se o calor com maior facilidade. Em níveis de alcoolização muito altos, o mecanismo central de termorregulação se deprime, acentuando mais a queda de temperatura interna.)

— O álcool, principalmente os fermentados, como o vinho e a cerveja, são alimentos nutritivos. (Já verificamos que o álcool nada tem de nutriente — nem vitaminas ou proteínas etc..)

O que se verifica, na realidade, é que existe, como na liberação da maconha, interesses outros por trás dos mitos. O econômico e o industrial são os interesses mais gritantes. Existem mais de 16.000 marcas de aguardente e mais de 2.000 em presas produtoras. E esse próprio interesse, através da propaganda, vai manipulando, direcionando a vontade dos indivíduos.

Como já dissemos, são muitos os que se vangloriam de serem capazes de ingerir grandes quantidades de bebidas alcoólicas, aliando a essa capacidade adjetivos como macho, forte, valente, esperto, “bonzão”. Por muitas vezes, ultrapassam esses senhores o limite do beber social, no afã de provar valentia a si mesmos, quando, na realidade, estão demonstrando quão fracos são por se deixarem dominar por um simples copo!

E o que é beber socialmente? Duas, três... dez doses?! O que se vê é que, na verdade, devido às causas mais variadas (stress, lazer, relaxamento etc.), o homem vem abusando do álcool e se tornando seu escravo. Basta notar o número de bares repletos nos fins de semana ou, no cotidiano, logo após o horário comercial. São milhões e milhões de pessoas tentando retirar de um copo de bebida a solução para os problemas, esquecendo que as respostas só se encontram dentro de si mesmos — através da reflexão, do pensamento, da meditação, da oração... daquilo que provém do raciocínio, do seu interior...

O alcoolismo, que é qualquer uso de bebida alcoólica, ocasiona prejuízo ao indivíduo, à sociedade ou a ambos: é a segunda causa de internações em hospitais psiquiátricos; é a terceira maior causa de morte em todo o mundo, perdendo apenas para as doenças do coração e o câncer; é responsável por 70% dos acidentes de trânsito; é causador de 3O0/o dos acidentes de trabalho.

O álcool, ingerido habitualmente, debilita o organismo, acarretando uma série de transtornos.

FATORES QUE LEVAM AS PESSOAS À DROGADIÇÃOOs aspectos históricos do uso de substâncias tóxicas nos mostram

hábitos, atitudes e normas culturais que prevaleceram outrora e nos auxiliam a compreender o uso abusivo e indevido de drogas na atualidade, além de nos fornecerem paralelos.

É importante salientar que o hábito não nasceu de uma única cultura — nem sequer é recente. Em quase todos os povos existem sempre referência (as ao uso de drogas, em cerimônias grupais, usadas principalmente pelos líderes religiosos, os chefes, que tinham por dever estabelecer aproximação com as eritidades divinas. E, para tal, era necessário transcender o próprio eu, adentrando um mundo de sensações e poderes ilimitados, proporcionado pelas drogas.

Desde os primórdios da civilização, as drogas já eram usadas. Por exemplo, o ópio, no ano 5000 aC na Mesopotâmia. Também a maconha e o haxixe eram usados para “suavizar males físicos e espirituais”,

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proporcionando “viagens” da alma a terras de eterna bem-aventurança e magia.

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Bem mais perto de nós, indígenas dos planaltos andinos há séculos mascam folhas de coca (na Amazônia, alguns dos nossos mascam o EPADU), enquanto populações do México vêm mastigando cogumelos sagrados (que, no Brasil, são conhecidos como Chapéu de Cobra), cujo princípio ativo é a Psilocibina, que só mais recentemente teve investigadas suas propriedades alucinatórias. Também certos habitantes das margens do Rio Grande (entre EUA e México) há muito tempo adotam processo semelhante com o cacto peyotl ou mescal, a fim de obter os mesmos efeitos da mescalina Nossos índios utilizavam o cauim, além do chá de ervas — uma infusão de alucinógenos feita de Caapi (AYAHUASCA), Jurema e outras.

Nos tempos modernos, os responsáveis pela cultura das drogas foram movimentos como a filosofia hippie, a Guerra do Vietnam, a Guerra do Opio, a Guerra da Anfetamína (no Japão, após a 2~ Guerra Mundial) etc..

Como se pode ver, o uso abusivo e indevido de drogas é bem antigo, porém, a sua transformação em problema social é característica do nosso século.

Perante um desenvolvimento tão crescente da droga, que parece transgredir com entusiasmo todos os tabus de nossa sociedade adulta, e, uma vez que não existe comportamento humano sem causa, há que se buscar o motivo, o por quê de tantos seres humanos fazerem uso indevido de drogas, indiferentes aos prejuízos por elas causados. Só descobrindo esses motivos será possível com pará-los aos enormes problemas pessoais, familiares e sociais gerados pelo alastramento dessa dolorosa prisão física e psicológica

Segundo Claude Olievenstein: “Tomar droga significa responder a uma falta que se situa em vários níveis: o corpo, o psiquismo, a lei, a sociedade, a família, o prazer, a afetividade e o secreto!” Na verdade, não existe um fator único a levar o indivíduo ao encontro das drogas: trata-se, sim, de um somatório ínferente de fatores, que culminam na drogadição.

Para efeito de estudo, dividiremos os fatores em quatro grandes grupos: fatores sócio-econômico-culturais, fatores psicológicos, fatores religiosos, outros fatores.

FATORES SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAISAs drogas já eram usadas há milênios. No Gênesís, capítulo 9,os

versículos 20 e 21 se referem às vinhas de Noé. “Como Noé era lavrador, começou a cultivar a terra e plantou uma vinha. E, tendo bebido do vinho, embebedou-se e apareceu nu na sua tenda.”

Contudo, que fatores levam as pessoas das mais distintas faixas etárias afazerem uso das drogas?

Na realidade, todo país — todo povo — tem uma droga eleita, segundo sua própria cultura, a qual faz parte de sua tradição. O interessante é que uma mesma droga pode ser aceita ou rejeitada, dependendo dos costumes da raça. Vemos, por exemplo, que, na Malásia, o ópio é aceito sem muita discriminação; na Jamaica, a maconha; na Bolívia, a cocaína; no Ocidente, o álcool, a cafeína e a nicotina. No lrã, por outro lado, o álcool é expressamente proibido pela religião e, havendo violação das leis vigentes, o indivíduo poderá pagar com a própria vida

Entende-se por droga toda substância, que, por sua natureza, afeta a estrutura e o funcionamento do organismo vivo. E claro que, pela própria definição, as drogas tanto podem trazer benefícios como malefícios, mas nos ateremos, nesse trabalho, somente á óptica negativa, ao abuso e uso indevido das mesmas.

A OMS define toxicomania como: “um estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo e à sociedade, produzido pelo consumo repetido de droga natural ou sintética”.

Pelo que verificamos acima, a toxicomania é nociva e várias são as constatações científicas que comprovam sua ação prejudicial ao indivíduo e à

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sociedade. No entanto, constata-se que muitas vezes o tabaco e o álcool são estimulados recebendo mesmo grandes destaques nos meios de comunicação.

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O jovem, por intermédio da droga, fica marginalizado da vida, do trabalho, das discussões e é excluído das decisões maiores do país.

O que os jovens precisam saber é que, usando a droga, além de se destruírem, estão ajudando outros a enriquecerem ilicitamente.

Um segundo elemento: os meios de comunicação dificultam o desenvolvimento do senso crítico, da criatividade, sufocando nossas tradições e nos induzindo ao consumismo. Essa falta de análise crítica das informações recebidas se deve à inexistência de orientação e de indagação, que deve ser estimulada na família e na escola.

A propaganda, em decorrência de suas técnicas apuradas, é muito elaborada, envolvendo o indivíduo em suas teias, embotando o seu senso crítico pouco treinado, fazendo-o agir de forma involuntária (propaganda subliminar), como um verdadeiro autômato.

São esses mesmos meios de comunicação que, através de um bombardeamento contínuo de informações (na maioria das vezes divergentes de nossas tradições e cultura), modificam os valores aceitos por uma sociedade, tornando-a permissiva à aceitação da própria intoxicação.

Outro elemento não menos importante é que os jovens trazem dentro de si grandes ideais de participação e altruísmo. Assim, não podendo amar, criar, viver satisfatoriamente, aparecem a angústia, a depressão, a ansiedade, a fobia e, ante a necessidade de buscar uma solução para preencher o vazio interior, a droga se apresenta como a panacéia para aqueles que procuram o sentido da vida.

Na verdade, o uso da droga é uma renúncia; trata-se de um verdadeiro retorno à mendicância, destituído de qualquer conotação ou repercussão ideológica. Essa opção é explicada, então, por restos de citações confusas e artificiais, préfabricadas, estereotipadas, construídas com o único intuito de se defender de um modo passivo-agressivo.

Um fator que também concorre em muito para o abuso e uso de drogas é o grupo social. Os adolescentes se influenciam uns aos outros — e distoar do grupo é “estar por fora”, “não estar com nada”, “ser careta”, ser rejeitado.

A pressão dos pares, no grupo ou na turma, é um fator impossível de ser evitado. Quem, na maioria das vezes, inicia o jovem inexperiente nas drogas, segundo múltiplas pesquisas científicas, é o amigo, o colega do dia-a-dia, o companheiro escolar — e não, o traficante. Dá-se, então, um conflito muito grande: ou o jovem participa das normas preconizadas pelo grupo ou é alijado dele — o que aumentaria demais sua insegurança, sua carência, sua insatisfação (características da fase em que se encontra).

Provavelmente, a sua opção será por experimentar a droga. No entanto, o adolescente, que conta com uma retaguarda familiar, pessoal ou social bem mais adequada para seu desenvolvimento normal, não cairá fatalmente na drogadição por experimentar um cigarro de maconha ou qualquer outro tóxico. Ficará na experiência, que logo será lembrança Pode acontecer também, apesar de não ser muito comum, que em algumas “famílias boas, com os filhos assistidos, amados, educados” ocorram mesmo assim problemas com drogas — fruto das mais diversas e intensas influências do ambiente social em que vivem.

A falta de integração grupal também é tida como fator marcante no abuso e uso indevido de drogas. Impedido de atender sua necessidade básica de pertencer ao grupo tanto na família quanto na escola, o indivíduo se sente fragilizado e por qualquer motivo, seja ele o mais insignificante possível, tenta buscar a salvação na fuga da realidade, agravando cada vez mais a sua interiorização, que, provavelmente, poderá culminar numa esquizofrenia.

Igualmente, a utilização inadequada que o indivíduo faz de sua riqueza poderá trazer muitos malefícios para ele mesmo e para a sociedade, na

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medida em que o torna desviante e divergente das normas sociais, levando-o, inclusive, ao caminho das drogas.

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É nessa hora que surge a droga: primeiramente, para aliviar as tensões, para estabilizar, para harmonizar, para adaptar o indivíduo a si próprio e, num passo seguinte, para adaptá-lo à sociedade. Sim, pois, quando o indivíduo busca liberar-se das tensões, está tentando voltar ao equilíbrio, apaziguar as lutas internas através de um estado de torpor momentâneo, de uma fuga da realidade que lhe propiciará ver o mundo sob uma óptica mais agradável, mais flexível, menos dura No entanto, para se manter nesse estado, é necessário que o indivíduo custeie a dro9a, que não é barata... Que fazer? A melhor solução é envolver-se no tráfico: alem de possibilitar o auto-sustento, permite-lhe auferir rendosos lucros, que lhe oferecerão a oportunidade de satisfazer as solicitações do consumismo e de se ajustar ao “modus vivendi”, integrando-o e o adaptando à sociedade.

Além desse ponto de vista, poderíamos verificar também, por outro ângulo, que o indivíduo faria uso de droga para inibir a sua fome e para lhe aumentar a disposição, já que seu próprio organismo, em face da carência alimentar nutricial, não encontra onde adquirir energia para mobilizá-lo.

É nesse afã que o indivíduo se deteriora, posto que, ao mascarar sinais de alerta do corpo, vai destruindo paulatinamente a sua constituição física e psíquica.

Por outro lado, a busca de realização de todos os desejos do indivíduo leva-o à droga — principalmente o adolescente, que está à procura de si mesmo, de uma identidade.

Alguns autores costumam afirmar que, estando o ser saturado das coisas materiais e dos prazeres que a sociedade lhe oferece, procurará, então, um novo divertimento mais ousado. Aborrecido com tudo, experimentará a droga no desejo de encontrar uma nova fonte de lazer e prazer.

Por último, coloca-se também, como causa sócio-econômica-cultural do abuso e uso indevido de drogas, o modismo, embora muitos autores não a aceitem como verdade.

FATORES PSICOLÓGICOSAs drogas, com todo seu pseudopotencial curativo do vazio existencial,

sua facilitação do prazer e seu encaminhamento regressivo à vida intra-uterina, oferecem um ilusório mundo resolvido, uma sensação de euforia incontida e outros sintomas, que sejam falsos potenciais ou ilusões procuradas, caracterizam a inconteste realidade da dependência psíquica como produto acabado dos problemas sociais, familiares, existenciais, enfim, psicológicos por que passa o indivíduo.

Dentro da dimensão dinâmica desse enfoque, os fatores psicológicos, que conduzem à dependência das drogas, passam a ser objeto de nosso estudo.

a) Limitações pessoais:O homem, na incessante busca de seus caminhos existenciais, muitas

vezes se ressente ao constatar que a fortaleza de sua mente e de seu corpo é limitada Portanto, é necessário que esse mesmo homem desenvolva um sentimento de auto-estima, exercitando a sua auto-avaliação e, com isso, valorizando as qualidades inerentes à sua pessoa, criando uma idéia positiva de si mesmo e aceitando suas próprias limitações. E o desenvolvimento dessas atitudes que possibilitará a recusa em utilizar a droga como tábua de salvação, como milagre, como a panacéia capaz de solucionar todos os males.

b) Dores Físicas e Psicológicas:

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A utilização de drogas, para minimizar sintomas ou sinais físicos ou personalógicos, tomou-se fenômeno de abusiva freqüência, particularmente nas situações de angústia, de depressão, de ambivalência e de sentimento de inferioridade.

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Há necessidade de que o homem aprenda a suportar a dor psicológica, como, por exemplo, a dor pelas perdas — da namorada, da família, as perdas pessoais e materiais.

O não desenvolvimento do homem, a não conscientização da necessidade de aprender a perder, aceitando a derrota de uma maneira sadia e aproveitando seus ensinamentos, faz com que o homem procure aliviar essas dores em remédios outros que não em seu fortalecimento interior.

Nos tempos de hoje, os pais chegam em casa, bebem duas a três doses de bebida para relaxar, tomam calmante para dormir, tomam estimulantes para acordar... Não estariam eles, pelo exemplo de automedicação, incentivando os filhos em direção à droga? Qual a diferença entre usar abusivamente no cotidiano, por conta própria, estimulantes ou depressores do SNC e fumar maconha? Não seria somente a aceitação social?

A verdade é que o homem busca, para minimizar as dores físicas e psicológicas, um caminho nem sempre seguro e eficaz...

c) O Adolescente, a Família e a Droga:Para que possa trabalhar em si mesmo todo esse complexo de fatores,

que interferem física e psiquicamente na estrutura de sua personalidade, o adolescente necessita de ambientes familiar e escolar que não ofereçam resistência às suas propostas e impulsos desordenados e que lhe satisfaçam também as necessidades. Estas são diversas e, entre elas, podemos citar: necessidade de intelectualizar, fantasiar, de ser reconhecido como pessoa, de buscar sua identidade etc.

A busca de identidade é a formação da escala de valores próprios, a partir da reflexão sobre os valores que a sociedade e a família transmitem ao adolescente. Ele precisa descobrir quem é. E saber quem é significa rejeitar o que não é.

O que ocorre é que a família moderna se tornou um grupo de estranhos, no qual seus membros estão próximos fisicamente e, ao mesmo tempo, tão distantes afetiva e psicologicamente.

No anseio de realizar, de produzir, de adquirir, de consumir, o homem do século XX está cada vez mais afastado do afeto. Não há tempo para os pais nutrirem a vida psicológica de seus filhos com melhores “alimentos”.

Como os adolescentes poderão formar uma personalidade sadia e equilibrada, se carecem modelos e não têm em quem se mirar?

O que falta aos pais da atualidade é tornarem-se os companheiros dos filhos, os verdadeiros amigos, aqueles que os preenchem, aqueles que mais os divertem e mais amor e mais admiração lhes despertam.

É necessário haver tempo para a conversa, para a troca de afeto; é necessário que as pessoas mostrem mais do que uma fachada exterior para que possam ser respeitadas e admiradas.

Na realidade, os pais têm, de certo modo, medo de falar de si próprios, porque não gostam de mostrar fragilidade, de evidenciar que não são perfeitos, que suas atitudes nem sempre são maduras... Deveriam, na verdade, dar oportunidade aos filhos de perceberem que, antes de tudo, são humanos: fracassam às vezes, têm fraquezas, cometem erros... Isso lhes propiciaria edificar com mais solidez a personalidade, podendo, a partir da honestidade dos pais, aprender a vida, ganhar em experiência e maturidade, crescer mais inteiros.

Os pais devem seros primeiros a conversar sobre drogas com os filhos — sem medo, sem tabus, sem temores ou mistérios. Transmitindo-lhes os conceitos reais, não deixariam a criança construir em sua personalidade

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idéias, significações ou representações errôneas. O pai que dialoga, passa afeto, impõe-se sem ser autoritário e ensina ao filho a “higiene psicológica”, do ponto de vista da maioria dos autores, não tem nada a temer.

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O adolescente que, no seu desenvolvimento, teve uma retaguarda familiar adequada, não se tornará um toxicômano por experimentar qualquer tóxico. Vivendará, eventualmente, sua experiência e seguirá em frente, guardando-a na lembrança.

d) Curiosidade e Busca do PrazerE na adolescência que a curiosidade e a busca do prazer estão mais

emergentes. E a etapa da vida em que a pessoa se abre para o mundo e o caráter exploratório do ser humano se manifesta com mais vigor.

A propaganda desempenha aqui um papel importante. Negar ao tóxico a sensação de prazer, no início, é querer tapar o sol com a peneira, mas urge mostrar que, a curto prazo, este prazer será trocado pela necessidade, pela ansiedade, pela dependência.

O jovem usa também a droga no afã de experimentar sensações excitantes e estimuladoras. A droga as provoca e, ao mesmo tempo, alivia momentaneamente as tensões.

É o espírito de aventura, de adentrar o desconhecido, de materializar as fantasias, é o espírito de curiosidade.

e) Contestação:Esse é outro fator muito concorrido, particularmente entre os

adolescentes. Na fase evolutiva em que se encontram, de acordo com as mais variados correntes psicológicas, é natural a necessidade de se oporem às normas vigentes.

A família e a sociedade impõem suas regras, ditadas normalmente pela experiência de vida, pelos condicionamentos ancestrais, pelas pressões sociais. O adolescente vive sua rebelião particular. É a busca da autodeterminação. É uma procura incessante. Ele sabe — ou pensa que sabe — o que não quer, mas não sabe ainda, com certeza, o que quer.

Reconhece que os pais são “quadrados”, retrógrados, percebe que a sociedade estabelece regras de vida sufocantes, inibidoras da iniciativa No entanto, não define o que é ser “avançado” ou que normas mais flexíveis poderiam ser implantadas.

Experimentar, usar, divulgar a droga, tudo isso surge como uma forma fácil, não trabalhosa, de contestar os artigos da “Constituição da Vida” com os quais não concorda.

f) Pressões Grupais:A Psicologia Social procura caracterizar bem este fenómeno, afirmando

que o ser humano é gregário, busca a interação grupal, quer tomar parte, ser membro efetivo de um grupo de iguais.

Para ser aceito pelo grupo, o jovem se submete às pressões grupais. Torna-se difícil resistir aos apelos que sugerem companheirismo e solidariedade. Então, o jovem experimenta a droga para provar que não é mais criança — ou mesmo que não é diferente de seus supostos pares, a fim de obter apoio, união, segurança frente à nova experiência.

g) Problemas Familiares:É o fator mais freqüentemente apontado por psicólogos e psiquiatras

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como desencadeante, mantenedor e agravante do problema da drogadição.Um ambiente com carência de amor — seja entre pais e filhos, seja

entre ambos os pais —‘ a preferência por um filho em detrimento de outro etc. são aspectos que levam o jovem à experimentação, à busca de uma mudança ou à fuga da situação e, posteriormente, ao vício.

TEMPO DISTRIBUIÇÃO DO ASSUNTOMAI

EOBS

A maioria dos educadores ressalta a importância do apego, do “attachment”. Diz Helena Demétrio Gasparini: “O acalento, como necessidade básica do ser humano, consiste no agarrar a criancinha, fazer corpo a corpo, dar a ela toda a intimidade de tato e odor da pele materna.”

No relacionamento com os pais, podem ser observados dois prismas:— Controle paterno: pai autoritário, mandão ou sabe-tudo, difícil de

contentar; ou, ao contrário, pai omisso, despreocupado, acomodado;— Controle materno: mãe superprotetora, que compra o filho com

presentes e o controla excessivamente — muito exigente, é a mãe que asfixia a personalidade do filho.

Desses pais, os filhos podem receber forte potencial em desvios sociais, físicos e personalógicos, como o homossexualismo, o alcoolismo e outros, tornando-se fortes candidatos aos entorpecentes.

O vazio existencial dos jovens (que questionam quem são, de onde vieram, para onde vão, que é a vida, quem é o ser humano) precisa ser preenchido. A melhor forma é através do amor, do afeto, da compreensão, do respeito, da amizade... Ou o pavor desse vazio, muito facilmente, pode levá-los à toxicomania.

3. CONCLUSÃOSerá passado um áudio visual para os instruendos e os mesmos deverão

prestar atenção para responder perguntas feitas pelo instrutor.

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