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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Depreciação Aspecto Societário e Fiscal: Um Estudo de
Caso dos Impactos na Empresa MBS
Vivian Barbosa Monteiro1
Prof. Msc. Ricardo Pereira Rios2
RESUMO De acordo com as normas contábeis vigentes referentes à depreciação, recomenda-se que as empresas definam a vida útil e valor residual do ativo imobilizado, porém, para as empresas do Lucro Real, essa depreciação não é aceita para fins fiscais. A Receita Federal do Brasil estabelece as taxas de depreciação admissíveis para apuração do Imposto de Renda e Contribuição sobre o Lucro Líquido. O objetivo deste artigo foi demonstrar e analisar como a empresa em estudo trata a depreciação fiscal e societária. Para fazer essa análise, realizou-se uma pesquisa do tipo exploratória e documental, através de relatórios e uma entrevista informal com a empresa em estudo. Os resultados foram evidenciados por meio de um estudo de caso na empresa MBS. Ao final deste estudo de caso, constatou-se que a empresa realiza a depreciação societária conforme normas contábeis vigentes e também realiza a depreciação fiscal. As dificuldades encontradas referem-se aos métodos de controle e ao conhecimento dos profissionais da área. Constatou-se também que para a MBS seria vantajoso se a depreciação societária fosse aceita pela Legislação Fiscal, pois pagaria menos impostos.
Palavras-chave: Depreciação Societária; Depreciação Fiscal; Ativo Imobilizado.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a introdução da Lei nº 11.638/2007 gerou algumas modificações na
Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) harmonizando as Normas
1 Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque, 2015.
2 Mestre em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, Pós Graduado em Gestão Empresarial pela Universidade Nove de Julho, Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque. Atua na área Contábil Tributária há 20 anos. Professor Universitário, atuando também como docente em cursos e palestras com temas voltados área contábil tributária há mais de 05 anos. Coordenador do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque. Co-autor do livro: "Normas e Práticas Contábeis: Uma introdução", obra premiada na categoria Livro de Contabilidade no "Troféu Cultura Econômica 2012" – Rio Grande do Sul.
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Internacionais de Contabilidade. A fim de facilitar o entendimento e aplicação destas,
surgiu o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Entre os Pronunciamentos
emitidos, o que trata sobre o Imobilizado é o CPC 27 Ativo Imobilizado e as principais
mudanças são: definição da vida útil e valor residual de cada bem, sendo assim, as
taxas de depreciação utilizadas pelas empresas na maioria dos casos são diferentes
das estabelecidas e aceitas pela Receita Federal, para fins de apuração do imposto
de renda, havendo a necessidade das empresas em manter dois controles: um para
atender as normas contábeis vigentes, e outro para atender o Fisco na apuração,
declarações e pagamento dos tributos.
Este tema foi escolhido para contribuir com a comunidade acadêmica e o
trabalho procurará responder: Qual o impacto da depreciação em seu aspecto
societário e fiscal para a empresa MBS? O objetivo geral do trabalho é verificar o
tratamento aplicado em relação à depreciação e analisar como a empresa MBS realiza
e controla a depreciação fiscal e societária. O objetivo especifico é levantar bibliografia
sobre o tema e realizar uma pesquisa junto à empresa MBS para verificar a
depreciação no seu aspecto societário e fiscal.
A metodologia utilizada nesse trabalho será de uma pesquisa do tipo
exploratória, que tem como objetivo aumentar a familiaridade do pesquisador para
realização de pesquisas futuras e esclarecer conceitos. O método utilizado será o
dedutivo a fim de explicar o conteúdo das premissas. Para abordagem dos problemas
serão utilizadas pesquisas qualitativas e quantitativas. (MARCONI e LAKATOS,
2003).
A pesquisa será elaborada com base em materiais já publicados, como livros,
internet, teses e outras fontes e será necessário realizar uma pesquisa documental
com material da empresa em estudo.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Aborda-se a seguir, o referencial teórico sobre o tema.
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1.1. ATIVO IMOBILIZADO ASPECTO SOCIETÁRIO
O tratamento contábil aplicado ao Ativo Imobilizado tem como base o
Pronunciamento Técnico CPC 27, tendo como objetivo estabelecer o procedimento
contábil para o imobilizado, de forma que os usuários das demonstrações contábeis
enxerguem com clareza as informações sobre os investimentos e mutações ocorridas
no imobilizado. (PRONUNCIAMENTO TÉCNICO 27, 2009)
Os principais assuntos abordados pelo CPC 27 na contabilização do
imobilizado são: “[…] o reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores
contábeis e os valores de depreciação e perdas por desvalorização a serem
reconhecidas em relação aos mesmos. ” (PRONUNCIAMENTO TÉCNICO 27, 2009,
p.2)
De acordo com Marion et. al. (2012, p.259) conforme o Art. 179, IV da Lei n°
6.404/76, com as alterações da lei n° 11.638/07 e Lei n° 11.941/09 o Ativo Imobilizado
é definido da seguinte forma:
Os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens.)
O ativo imobilizado de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(2009, p.3) é definido da seguinte forma:
Ativo imobilizado é o item tangível que: (a) É mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviço, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e (b) Se espera utilizar por mais de um período.
Segundo essa definição, subtende-se que para classificar um item como
imobilizado ele deve ser tangível, fazendo parte da operação da empresa, deve-se ter
o controle do bem assumindo os riscos e benefícios e se espera também que seja de
caráter permanente, ou seja, utilizar mais que um ano.
De acordo com Iudícibus et. al. (2010) cada grupo do imobilizado deve ser
classificado em suas contas específicas, para registrar o seu custo, as depreciações
acumuladas e perdas estimadas por redução ao valor recuperável.
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Conforme os autores o imobilizado é separado em dois grupos:
Bens em operação: recursos que já estão sendo utilizados, em atividades na entidade.
Imobilizado em Andamento: recursos que ainda não estão em operação.
1.1.1 MENSURAÇÃO INICIAL
Segundo Marion et. al. (2012) só deve ser reconhecido o custo de um
imobilizado, se for realmente provável que ele vá gerar benefícios econômicos futuros
para a entidade, se seu custo for mensurável e confiável, se a empresa utilizá-lo por
mais de um ano e se for menos de um ano deve ser registrado como despesa. Todos
os custos incorridos para adquirir ou construir um ativo imobilizado devem ser
reconhecidos. Segundo o Pronunciamento Técnico 27 (2009, p.6), esses custos são:
(a) Seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois deduzidos os descontos comerciais e abatimentos;
(b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração;
(c) A estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção de item e de restauração do local (sítio) no qual está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse período.
1.1.2 MENSURAÇÃO APÓS O RECONHECIMENTO INICIAL
Conforme artigo da IOB, (s/d. d) quando a reavaliação for permitida por lei, a
entidade deve escolher o método de custo ou o de reavaliação, como sua política
contábil, devendo aplicar em toda a classe do ativo imobilizado.
No método de custo o ativo imobilizado deve ser apresentado pelo custo,
menos a depreciação e perda por redução ao valor recuperável Pronunciamento
Técnico CPC 01. (IOB, s/d. d.)
No método de reavaliação, o ativo imobilizado em que o valor justo possa ser
mensurado confiavelmente, pode ser apresentado pelo valor reavaliado, menos a
depreciação e perda por redução ao valor recuperável. A reavaliação deve ser
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confiável assegurando que o valor contábil do imobilizado não apresente diferenças
relevantes em relação ao seu valor justo. (IOB, s/d. d)
Conforme o Pronunciamento Técnico 27 (2009, p.3) o Valor Contábil e Valor
Justo são definidos como:
Valor Contábil: é o valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável acumulada. Valor Justo: é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.
De acordo com o artigo da IOB (s/d. d) a frequência das reavaliações, se
permitida pela lei, depende da mudança do valor justo. Quando estiver diferente do
valor contábil deve ser reavaliado novamente.
Em uma reavaliação, se o valor contábil do ativo aumentar deverá ser creditado
no grupo do Patrimônio líquido em uma conta específica, caso o valor contábil diminua
a redução deve ser reconhecida no resultado. (IOB, s/d. d)
Com a adoção da lei n° 11.638/07 a reavaliação de ativos que antes era
permitida no Brasil, recompondo o valor do imobilizado e patrimônio líquido, passou a
ser proibida, porém a entidade poderia fazer em uma única vez na adoção do CPC 27
a aplicação do custo atribuído o Deemed cost tendo como objetivo atribuir valor aos
bens de relevância que apresentavam valor contábil inferior ao valor justo, não sendo
permitido avaliações em períodos subsequentes. (CARDOSO, 2012)
1.1.3 DEPRECIAÇÃO
Depreciar significa perder valor, devido aos degastes por uso, ação da
natureza, ou obsolescência. Contabilmente a depreciação é lançada periodicamente
no resultado e subtraída do imobilizado correspondente. (MARION et. al. 2012)
A depreciação não apresenta uma despesa real. Os valores apresentam o
desgaste dos ativos tangíveis, não afetando o caixa.
Depreciação segundo o Pronunciamento Técnico: “É a alocação sistemática do
valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil”. (PRONUNCIAMENTO
TÉCNICO, 2009, p. 3)
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Conforme o Pronunciamento Técnico 27 a depreciação deve ser reconhecida
no resultado, mas o seu valor também pode ser incluído no custo de um produto, pois,
os benefícios econômicos futuros do ativo, podem ser absorvidos para a produção de
outros ativos, por exemplo, a depreciação de uma máquina utilizada na produção é
incluída no custo de produção de um item de estoque.
1.1.4 VALOR DEPRECIÁVEL E PERÍODO DE DEPRECIAÇÃO
O valor depreciável para o Pronunciamento Técnico 27 é determinado após a
redução do seu valor residual, representando o valor estimado que a empresa obteria
com a venda de um ativo ao final da sua vida útil. O valor residual geralmente não é
significativo, para o cálculo de depreciação ele é imaterial. (MARION et. al. 2012)
Os bens que não sofrem desgastes, não depreciam, pois o seu valor residual
pode ser igual ou maior que o se custo de aquisição. Terreno é um exemplo.
A depreciação de um bem só deve ser iniciada quando o bem estiver em
operação. (MARION et. al. 2012)
Vida útil é o tempo estimado que a entidade usará o bem, ou o número de
produção ou semelhantes que a empresa espera gerar pelo uso do ativo. Isso
independente da Legislação Fiscal. (PRONUNCIAMENTO TÉCNICO 27, 2009)
Ainda conforme o Pronunciamento Técnico 27, alguns fatores são importantes
para a determinação da vida útil, pois os benefícios econômicos futuros do ativo
geralmente são consumidos pela entidade por meio do seu uso, mas há outros fatores
como o desgaste físico, manutenção e reparos, obsolescência técnica ou comercial,
limites legais, que afetam a avaliação da vida útil.
A determinação da vida útil é questão de julgamento da empresa, devendo ser
realizada além da revisão da vida útil o valor residual ao final de cada exercício. Se as
expectativas mudarem em relação às estimativas anteriores essa mudança deve ser
reconhecida como mudança de estimativa contábil e aplicada posteriormente, não
alterando a depreciação dos exercícios passados. (PRONUNCIAMENTO TÉCNICO
27, 2009)
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1.1.5 CÁLCULO DO VALOR RESIDUAL
De acordo com Marion et. al. (20012) o valor residual é o valor estimado que o
bem terá ao final da sua vida útil para a empresa. Ele é definido junto com a vida útil.
O valor depreciável é o valor do bem deduzido do seu valor residual, exemplo:
QUADRO 1. Informações do exemplo: Máquina 100.000 Vida Útil 5 anos Valor Residual 10.000
Fonte: Marion et. al. (2012, p. 297)
QUADRO 2. Depreciação anual e valor residual:
Fonte: Marion et. al. (2012, p.297)
O valor contábil do bem ao final da vida útil será exatamente o valor residual.
1.1.6 MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO
Segundo Iudícibus et. al. (2010) existem vários métodos de depreciação. O
método escolhido deve refletir o consumo pela entidade dos benefícios econômicos
futuros, gerados pelo imobilizado. Da mesma forma que a determinação da vida útil e
valor residual, o método de depreciação deve ser revisado no mínimo uma vez ao
ano.
a) Método das quotas constantes ou depreciação linear:
Esse método divide o valor do bem do ativo pelo tempo de vida útil, obtendo a
quota de depreciação anual, sendo o valor que deve ser reconhecido como despesa
a cada exercício (MARION et. al. 2012)
1°ano 2°ano 3° ano 4° ano 5° ano Valor do Bem 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 Valor Residual 10.000 10.000 10.000 10.000 10.000 Valor Depreciável 90.000 90.000 90.000 90.000 90.000 Depreciação do Exercício
18.000 18.000 18.000 18.000 18.000
Depreciação Acumulada
18.000 36.000 54.000 72.000 90.000
Valor Contábil 82.000 64.000 46.000 28.000 10.000
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Exemplo:
QUADRO 3. Informações do exemplo: Valor de Aquisição 100.000,00 Vida Útil 5 anos Taxa Depreciação Linear
100% / vida útil
Taxa 20% a. a Fonte: Marion et. al. (2012, p. 293)
QUADRO 4. Depreciação método Linear: 1° ano 2° ano 3° ano 4°ano 5°ano Valor do bem 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 Depreciação do exercício 20.000 20.000 20.000 20.000 20.000 Depreciação acumulada 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 Valor contábil 80.000 60.000 40.000 20.000 0
Fonte: Marion et. al. (2012, p. 293)
O valor de R$ 20.000,00 deve ser transferido para o resultado em 5 anos.
b) Depreciação em função das unidades produzidas:
Segundo Marion et. al. (2012) esse método é em função da capacidade de
produção. Exemplo:
QUADRO 5. Informações do exemplo: Valor Máquina 400.000 Capacidade Produtiva Estimada 1.000.000 unid. 1° ano Capacidade Produtiva 100.000 unid. 2° ano Capacidade Produtiva 150.000 unid. 3° ano Capacidade Produtiva 200.000 unid. 4° ano Capacidade Produtiva 250.000 unid. 5° ano Capacidade Produtiva 300.000 unid.
Fonte: Marion et. al. (2012, p. 295)
QUADRO 6. Depreciação por unidades produzidas: Ano Produção Taxa de Depreciação
1 100.000 10% 2 150.000 15% 3 200.000 20% 4 250.000 25% 5 300.000 30%
Fonte: Marion et. al. (2012, p. 295)
c) Método de quotas decrescentes:
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Segundo Marion et. al. (2012) a despesa com manutenção em uma máquina
nova no seu primeiro ano é baixa, mas ao longo da sua vida útil é crescente. Depreciar
decrescente equilibra os gastos com manutenção com os valores de depreciação.
Exemplo:
QUADRO 7. Informações do exemplo: Valor Máquina 90.000 Vida útil 5 anos Soma dos Dígitos 1+2+3+4+5=15
Fonte: Marion et. al. (2012, p.296)
QUADRO 8.Cálculo dos Fatores de Depreciação Anuais e Quotas Ano Fator Valor do bem Quota
1° 5/15 X R$ 90.000 = R$ 30.000 2° 4/15 X R$ 90.000 = R$ 24.000 3° 3/15 X R$ 90.000 = R$ 18.000 4° 2/15 X R$ 90.000 = R$ 12.000 5° 1/15 X R$ 90.000 = R$ 6.000
Fonte: Marion et. al. (2012, p.296)
QUADRO 9.Tabela Depreciação Acumulada e Valor Contábil: 1° ano 2° ano 3° ano 4° ano 5° ano Valor do bem 90.000 90.000 90.000 90.000 90.000 Depreciação do exercício 30.000 24.000 18.000 12.000 6.000 Depreciação acumulada 30.000 54.000 72.000 84.000 90.000 Valor contábil 60.000 36.000 18.000 6.000 0
Fonte: Marion et. al. (2012, p.297)
1.1.7 REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL
O termo valor recuperável é definido pelo Pronunciamento Técnico 27 (2009,
p.3) da seguinte forma: “Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos
os custos de venda de um ativo e seu valor em uso”.
Os bens do ativo imobilizado devem ser revisados para avaliar se seu valor é
mesmo recuperável. Quando acontecer essa queda o valor contábil deve ser reduzido
para o valor recuperável, reconhecendo essa perda no resultado como despesa não
operacional. (IOB, s/d. e)
Para avaliar se há itens do ativo imobilizado com parte de seu valor
irrecuperável a empresa deve aplicar o Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução
ao Valor Recuperável. (IOB, s/d. d)
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1.2 IMOBILIZADO E DEPRECIAÇÃO ASPECTO FISCAL
De acordo com a Receita Federal (s/d) conforme o Regulamento do Imposto
de Renda - RIR (99) Art. 305 a depreciação do imobilizado poderá ser reconhecida
como custo ou encargo, no período de apuração. Esse valor representa a diminuição
do ativo por desgaste pelo uso, ação da natureza e obsolescência.
Ainda segundo o Regulamento em seu Art. 307 a depreciação não será
admitida referente à:
I - terrenos, salvo em relação aos melhoramentos ou construções; II - prédios ou construções não alugados nem utilizados pelo proprietário na produção dos seus rendimentos ou destinados à revenda; III - bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de arte ou antiguidades; IV - bens para os quais seja registrada quota de exaustão.
Segundo (IOB, s/d. c) p.5) não precisa ser registrado no imobilizado, para
posterior depreciação, pois pode ser reconhecido como custo ou despesa o custo de
aquisição de:
(a) bens cujo prazo de vida útil não ultrapasse o período de um ano, qualquer que seja o seu custo de aquisição; b) bens cujo custo unitário de aquisição não seja superior a R$ 326,61, relativamente às aquisições ocorridas até 31.12.2014, e a R$ 1.200,00, relativamente aos bens adquiridos a partir de 1º01.2015, ainda que o prazo de vida útil seja superior a 1 ano.
A taxa de depreciação é fixada tendo como base o prazo do que se espera
com a utilização econômica do bem. A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB)
estabelece a vida útil e as taxas de depreciação admissíveis. (IOB s/d. c) As principais
taxas são:
QUADRO 10. Taxas de Depreciação: Bem Taxa Anual de Depreciação Prazo de Vida Útil Veículos 20% ao ano 5 anos Motociclos 25% ao ano 4 anos Tratores 25% ao ano 4 anos Máquinas e Equipamentos 10% ao ano 10 anos Edificações 4% ao ano 25 anos Instalações 10% ao ano 10 anos
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Móveis e Utensílios 10% ao ano 10 anos Equipamentos de Informática 20% ao ano 5 anos
Fonte: modificado pela autora com base o artigo da IOB (s/d c.p.2) As empresas têm o direito de utilizar taxas diferentes da estabelecida pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) desde que comprove essa adequação.
Só é realizada a alteração por decisão administrativa superior ou sentença judicial
baseado em laudo técnico adequado. Enquanto não houve decisão prevalecem as
taxas estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). (IOB S/D. c.
p. 2)
Exemplo, de Cálculo da Depreciação Fiscal:
QUADRO 11. Cálculo Depreciação fiscal Máquina 96.000,00 Taxa Anual 10% Depreciação Anual 9.600,00 Depreciação Mensal 800,00
Fonte: (IOB, s/d. c. p.12)
Para a depreciação fiscal a base de cálculo é o valor de aquisição do bem,
aplicando as taxas fiscais estabelecidas pela Receita Federal do Brasil (RFB).
1.2.1 TRATAMENTO FISCAL DAS DIFERENÇAS DA DEPRECIAÇÃO
Em 2008 foi criado o Regime Tributário de Transição (RTT) a fim de “Neutralizar
os impactos dos novos métodos e critério contábeis introduzidos pela lei n° 11638, de
28 de dezembro de 2007, na apuração das bases de cálculos de tributos federais”.
(MARION et. al. 2012, p.4).
Inicialmente em 2008 e 2009 o Regime Tributário de Transição era optativo. A
partir do ano de 2010 as pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido e lucro real,
estavam obrigadas a optar por ele. (MARION et. al. 2012).
Conforme artigo da IOB (s/d. c) as diferenças no cálculo da depreciação
decorrentes das alterações pela lei n° 11.638/07 e n°11.941/09 não têm efeitos para
a apuração do lucro real da pessoa jurídica sujeita ao Regime Tributário de Transição
(RTT). Essas diferenças devem ser apontadas no Controle Fiscal Contábil de ransição
(FCont) e no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) para considerar os encargos
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
de depreciação fiscal. O Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) é um Livro Fiscal
obrigatório para as empresas de Lucro Real. Sua função é ajustar o lucro líquido do
período com adições e exclusões para obter uma base de cálculo para o imposto de
renda. O Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont) é uma escrituração eletrônica
em que todos os lançamentos devem ser feitos pelo método de partidas dobradas.
Atualmente foi introduzida a lei n° 12.973/14 (substituindo a MP 627/13)
acabando com o Regime Tributário de Transição (RTT) que fazia a ligação entre o
lucro contábil e o lucro fiscal, sendo obrigada a sua adoção a partir de 2015. A lei tem
como objetivo disciplinar a relação entre a contabilidade e o fisco, contendo questões
que o Regime Tributário de Transição (RTT) também tratava, como por exemplo, os
encargos de depreciação. As empresas devem seguir as regras contábeis
determinando a vida útil dos bens, sendo assim as taxas utilizadas na maioria dos
casos são diferentes das permitidas pelo Fisco. (IOB, s/d. b). A seguir um exemplo
das diferenças da depreciação:
QUADRO 12. Demonstrativo do ajuste no LALUR – Depreciação Fiscal Depreciação Societária: Imobilizado Valor Anos
Societária Depr. Societária Mês
Anos Depr. Fiscal Mês
Depr. Ajuste LALUR
Computador 3.000,00 2 125,00 5 50,00 +75,00 Veículo Diretoria 60.000,00 10 500,00 5 1.000,00 -500,00 Veículo Vendedor 30.000,00 2 1.250,00 5 500,00 +750,00 Maquinismo 90.000,00 15 500,00 10 750,00 -250,00 Caminhão 81.000,00 8 843,75 5 1.350,00 -506,25 Total Depreciação 3.218,75 3.650,00 431,25
Fonte: Equipe Afixcode Gestão Patrimonial, 2013, p. 2
A diferença da depreciação Societária para a Fiscal é de 431,25 a ser ajustada
no Livro de Apuração do Lucro Real como exclusão.
2. METODOLOGIA DO ESTUDO DE CASO
Utilizou-se a metodologia de uma pesquisa do tipo exploratória. As pesquisas
exploratórias têm como finalidade, criar hipóteses, aumentar a familiaridade do
pesquisador para a realização de pesquisas precisas futuras, ou mudar e deixar claros
conceitos. (MARCONI e LAKATOS, 2003)
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
O método utilizado foi o dedutivo “ [...] o dedutivo tem o propósito de explicar o
conteúdo das premissas” (MARCONI e LAKATOS, 2003, p.92).
A abordagem utilizada foi quantitativa e qualitativa. Para os autores a
abordagem quantitativa está ligada ao método estatístico das informações a
abordagem qualitativa está relacionada à qualidade, à análise das opiniões em
estudo.
Para a elaboração da pesquisa foi necessário realizar uma pesquisa
documental “[...] a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda
um tratamento analítico ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa. ” (GIL, 2009, p.45)
2.1 ESTUDO DE CASO
A empresa na qual foi desenvolvida este estudo é uma indústria nacional do
ramo metalúrgico, com mais de 60 anos no mercado. Está localizada na região de
Araçariguama, porém preferiu não divulgar o seu nome. Será identificada como MBS.
A MBS possui 2 unidades Matriz e Filial. Sua Matriz é uma metalúrgica que
trabalha com a produção de alumínio secundário, e a Filial trabalha com a
transformação de resíduo industrial gerado pela produção do alumínio secundário, por
tanto o processo de produção e o ambiente de cada uma delas são diferente.
Seus principais clientes são do ramo automotivo e atualmente o regime de
apuração da MBS é o Lucro Real.
2.1.1 COLETA DE DADOS
A coletas das informações ocorreu durante os meses de janeiro a abril, foi
analisada a depreciação societária e fiscal referente ao ano de 2014 da empresa MBS
da sua unidade Matriz e Filial e uma análise global consolidando as informações. A
empresa em estudo disponibilizou relatórios do programa patrimonial fiscal e
societário, forneceu um relatório do tipo analítico, que demonstra os valores originais
dos bens, taxa de depreciação utilizada, valor residual e valor contábil. Forneceu um
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
relatório do tipo sintético, que demonstra o resumo da depreciação dos grupos do
imobilizado durante o ano, e também forneceu um balancete referente ao ano de 2014.
Foi realizado uma entrevista informal com a responsável pelo assunto
estudado, as perguntas foram sobre o controle da depreciação, importância da
avaliação da vida útil e etc.
3.RESULTADOS
Aborda-se a seguir, os resultados obtidos.
3.1 COMPOSIÇÃO DO IMOBILIZADO
Para classificar um bem como ativo imobilizado a empresa adota os critérios
Contábeis do Pronunciamento Técnico 27, verifica-se, se o bem irá trazer benefícios
econômicos futuros, e se irá durar mais que um ano; isto independente do seu valor
contábil.
Em seu imobilizado em operação, a MBS possui um grupo denominado de
imobilizado técnico, ele é composto pelo valor original dos bens, referentes aos
seguintes subgrupos:
Quadro 13. Grupo Imobilizado Técnico Terrenos Edificações Paisagismo e Pavimentação Máquinas e Equipamentos Instalações Veículos Móveis e Utensílios Instalações de Recicláveis; Hardware e Software
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
Também possui um grupo de Reavaliação que é composto pelo saldo da antiga
reserva de reavaliação que era permitida por lei. O grupo de reavaliação é composto
por:
15
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Quadro 14. Grupo Imobilizado Reavaliação Edificações Máquinas e Equipamentos Veículos Móveis e Utensílios Hardware e Software
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
O custo atribuído (Deemed cost) foi aplicado pela empresa na adoção do
Pronunciamento Técnico 27. Este grupo é composto por:
Quadro 15. Grupo Imobilizado Custo Atribuído Edificações Máquinas e Equipamentos Veículos Terrenos
Fonte: Elaborado pela Autora c/ Base nos Dados Coletados
A MBS possui também um grupo de imobilizado em andamento que referem a
novos projetos ou reformas com valor significante e que aumentam a vida útil dos
bens. Este grupo não está sujeito à depreciação enquanto o ativo não estiver em
operação.
3.2 POLÍTICA DA EMPRESA X DEPRECIAÇÃO
A depreciação é calculada pelo método linear, pois nunca foi revisto outro tipo
de método. São utilizadas as taxas estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil (RFB) e as taxas societárias referentes aos ativos avaliados por laudo.
A empresa até o momento aplicou três laudos para avaliação do seu
imobilizado, por meio, de uma empresa especializada para este serviço.
Em 2010 foi realizado o primeiro laudo. Neste foi aplicado o custo atribuído
(deemed cost), perda por redução ao valor recuperável, avaliação da vida útil e valores
residuais. No segundo e terceiro laudos foram avaliados apenas a vida útil e valores
residuais. A seguir o grupo do Imobilizado Avaliado no Laudo:
Quadro 16. Grupo Imobilizado Avaliado por Laudo Edificações Máquinas e Equipamentos
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Veículos Terrenos
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
A empresa definiu desde 2010 até o momento avaliar apenas os grupos de
relevância, pois compõem a maior parte de seu imobilizado, mas quando acha
importante adotar uma taxa para um item de outro grupo, ela aplica a nova taxa.
Na execução do laudo do imobilizado a empresa responsável, visita a MBS
para verificar a atual situação dos ativos. Além disso realiza uma pesquisa para saber
a futura manutenção, quantidade de produção, perspectivas de compras de novos
ativos, substituições e vendas e com esses dados chega-se à conclusão das taxas e
valores residuais para cada componente do ativo.
Atualmente a MBS possui 2 sistemas patrimoniais um para atender à
contabilidade societária e outro para atender ao Fisco. Nas exigências para fins de
apuração do imposto de renda, o programa permite ao usuário consultar a data de
aquisição dos bens, taxas utilizadas, valor residual, depreciação mensal e acumulada,
valor original, valor de reavaliação e o custo atribuído.
O valor depreciável na base societária é o custo de aquisição menos impostos
Recuperáveis: Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviço
(ICMS); Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição Para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS), menos o valor residual.
O valor depreciável na base fiscal é o custo de aquisição menos impostos
Recuperáveis: Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviço
(ICMS); Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição Para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS).
A MBS disponibilizou as taxas utilizadas e estabelecidas pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), as taxas estabelecidas pelo laudo em sua matriz e
filial referente ao ano de 2014, e a porcentagem dos bens que estão sendo
depreciados com as respectivas taxas:
Quadro 17. Taxas Fiscais: Taxa
Fiscal Anual
ANOS % DO IMOBILIZADO DEPR. C/ AS TAXAS
MATRIZ FILIAL
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Edificações 4% 25 anos 20% 31%
Paisagismo e Pavimentações 4% 25 anos 100% 100%
Máquinas e Equipamentos 10% 10 anos 65% 15%
Instalações 10% 10 anos 100% 100%
Veículos 20% 5 anos 50% 64%
Moveis e Utensílios 10% 10 anos 100% 100%
Ferramentas 10% 10 anos 100% 100%
Instalações de Recicláveis 10% 10 anos 100% 100%
Hardware e Software 20% 5 anos 100% 100%
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
Quadro 18.Taxas Societárias:
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
No quadro 17 são apresentadas as taxas fiscais utilizadas. Mesmo o grupo de
Edificações, Máquinas e Equipamento e Veículos sendo avaliados por laudo existem
bens que depreciam com as taxas fiscais, principalmente os bens que foram
adquiridos após a avaliação do laudo. Nesses casos a empresa aguarda até a nova
avaliação para fazer as mudanças e inclusão de residual nos bens.
No quadro 18 são demonstradas as taxas utilizadas pela empresa atualmente,
que foram aplicadas no ano de 2013. O laudo do imobilizado referente ao ano de 2014
até o momento da pesquisa não estava concluído.
Também foi disponibilizado um relatório resumido total da depreciação
societária e fiscal, da Matriz e Filial durante o ano de 2014:
Quadro 19. Depreciação Societária e Fiscal Matriz ano 2014:
MATRIZ FILIAL
Edificações Anos % Do Imobilizado Depr. C/ As Taxas
Edificações Anos % Do Imobilizado Depr. C/ As Taxas
2% 50 Anos 5% 2,5% 40 Ano 34%
2,5% 40 Anos 2% 3,33% 30 Anos 34%
3,33% 30 Anos 25%
5% 20 Anos 51%
Máquinas E Equi
Anos % Do Imobilizado Depr. C/ As Taxas
Máquinas E Equi
Anos % Do Imobilizado Depr. C/ As Taxas
8,33% 12 Anos 1% 14,29% 7 Anos 10%
12,50% 8 Anos 10% 16,67% 6 Anos 26%
20% 5 Anos 23% 20% 5 Anos 37%
100% 1 ano 1% 25% 4 Anos 11%
100% 1 ano 1%
Veículos Anos % Do Imobilizado Depr. C/ As Taxas
Veículos Anos % Do Imobilizado Depr. C/ As Taxas
10% 10 anos 15% 14,28% 7 anos 9%
12,5% 8 anos 26% 25% 4 anos 27%
26,5% 4 anos 9%
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
No ano de 2014 na Matriz da MBS a depreciação societária foi menor do que a
fiscal. A depreciação fiscal no total foi de 2.547.738,78, contabilmente foi de
2.359.140,47. A diferença anual foi de 188.598,88, desta forma a MBS deve excluir
essa diferença no Livro de Apuração do Lucro Real. A seguir será demonstrada a
depreciação no ano de 2014 da empresa Filial:
Quadro 20. Depreciação Societária e Fiscal Filial ano 2014
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRL MAIO JUNHO
Total Deprec. Fiscal
190.287,82
191.555,63
192.302,13
194.811,75
194.921,26
196.994,07
Total Deprec.
Societária
167.970,62
169.238,46
169.985,04
172.461,17
177.082,94
179.155,13
Total Ajuste Exclusão
LALUR
-22.317,20
-22.317,17
-22.317,09
-22.350,58
-17.838,32
-17.838,40
JULHO AGOSTO SETEBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO TOTAL ANO
Total
Depre.
Fiscal
201.325,59
235.253,08
235.130,84
236.851,04
237.935,48
240.370,09
2.547.738,78
Total depr.
Societária
190.158,23
225.037,81
224.571,74
226.291,94
227.376,38
229.810,91
2.359.140,47
Total
Ajuste
Exclusão
LALUR
-11.167,36
-10.215,27
-10.559,10
-10.559,10
-10.559,10
-10.559,18
-188.598,88
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRL MAIO JUNHO
Total Deprec. Fiscal
226.116,42
225.762,81
225.735,65
225.658,66
225.887,21
226.687,29
Total deprec. Societária
266.324,80
265.971,19
265.844,04
265.462,51
266.333,31
268.427,03
Total Ajuste Adição
LALUR
40.208,30
40.208,30
40.108,31
39.803,77
40.446,02
41.739,66
JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO TOTAL ANO
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
Na Filial da MBS houve o inverso do que aconteceu na Matriz. A depreciação
contábil é maior do que a fiscal. Contabilmente a depreciação total foi de 3.223.556,87
e fiscalmente a depreciação total foi de 2.731.475,06, desta forma a MBS deve fazer
um ajuste de uma adição de 492.081,25 no Livro de Apuração do Lucro Real.
Consolidando a Depreciação total referente ao ano de 2014 e o ajuste a ser
tem – se:
Quadro 21. Depreciação Societária e Fiscal Resumo Consolidado
Fonte: elaborado pela autora c/ base nos dados coletados
Consolidando a Matriz e Filial a diferença anual é de 303.483,50 que deve ser
adicionada no Livro de apuração do lucro real, pois a empresa depreciou mais do que
o Fisco permite, sendo assim deve-se realizar a “reversão da depreciação”.
Na empresa em estudo a Filial é uma indústria em que o ambiente é mais
agressivo, o que reflete no aumento das taxas de depreciação, diminuindo a vida útil
dos bens, já na matriz o ambiente é menos agressivo, as taxas são menores, ou seja,
a vida útil dos bens é maior, porém consolidando as informações a depreciação total
societária é maior do que a depreciação total fiscal.
Total Depre.
Fiscal
227.421,54
228.946,25
229.045,25
229.109,94
230.509,03
230.595,01
2.731.475,06
Total deprec.
Societária
269.032,42
271.078,47
270.856,93
270.691,58
271.796,21
271.738,38
3.223.556,87
Total Ajuste
Adição
LALUR
41.610,80
42.132,22
41.811,68
41.581,64
41.287,18
41.143,37
492.081,25
DEPRECIAÇAO TOTAL ANO
Total Deprec. Fiscal 5.279.213,84
Total Deprec. Societária 5.582.697,34
Total Ajuste Adição LALUR
303.483,50
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
3.3 DEPRECIAÇÃO X DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
O imobilizado consolidado da MBS referente ao ano de 2014 representa 56 %
do total do ativo da empresa. Os itens de grande relevância se encontram no grupo
de Máquinas e Equipamentos, Edificações e Veículos.
Máquinas e Equipamentos no total representa 59.186.628 de valor original,
reavaliação e custo atribuído e depreciação acumulada no total de 25.424.420 valor
líquido de 33.762.208. Edificações no total representa 15.011.173 de valor original,
reavaliação e custo atribuído e depreciação acumulada no total de 2.057.200 valor
líquido de 12.953.973. Veículos que no total representa 3.097.361 de valor original,
reavaliação e valor justo, depreciação acumulada total de 1.865.160 valor líquido de
1.232.201. Os demais grupos representam 8% do total do imobilizado.
Devido a essa proporção, a empresa adotou a avaliação da vida útil e residual
para esses grupos, máquinas e equipamentos, veículos e edificações, com o objetivo
de demonstrar o imobilizado e seu custo de produção mais próximo da verdadeira
realidade da empresa, gerando informações mais confiáveis e fidedignas para os seus
usuários.
3.4 CONTROLE DA DEPRECIAÇÃO FISCAL
Conforme material levantado e apresentado durante a pesquisa, a MBS
deprecia vários bens com as taxas fiscais, pois os valores não são tão relevantes
quanto os outros grupos. Para controlar a depreciação são utilizados 2 sistemas
separados. O controle da depreciação fiscal passou a ser realizado no ano de 2014,
porém desde 2010 ela adota as taxas societárias para os grupos do imobilizado que
representam maior parte do ativo.
O controle das taxas de diferença de depreciação não era feito, por falta de
esclarecimento e entendimento dos profissionais da área e principalmente por
dificuldades no sistema patrimonial, e passou a ser controlado para atender às
exigências fiscais, apontando a diferença no Livro de Apuração do Lucro Real
(LALUR). Por se tratar de uma empresa do lucro real, a MBS deveria apontar essas
diferenças. Nos exercícios passados estava obrigada a adotar o Regime de Tributário
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
de Transição (RTT) como não apontou as diferenças, em uma auditoria realizada no
ano de 2013 foi recomendado que passasse a realizar esse controle a partir de 2014.
Foi questionado se a empresa encontra dificuldades no controle fiscal, a
empresa conclui que fazer a contabilidade para o fisco é trabalhoso principalmente
em relação à depreciação, já que se trata de vários itens, mas como o fisco não admite
as taxas diferentes utilizadas pela empresa não há outra opção, principalmente agora
com introduções de novas obrigações acessórias eletrônicas.
3.5 IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA VIDA ÚTIL
Questionou-se a importância da avaliação da vida útil para a empresa, segundo
ela a avaliação da vida útil é de extrema importância, pois de fato o imobilizado deve
estar coerente com a realidade e condições da empresa. Não é admissível aceitar as
taxas que o fisco estabelece, como por exemplo, um equipamento que a empresa
prevê que irá durar 20 anos e não 10 anos, como diz o fisco, ou o inverso um
equipamento que a empresa prevê 5 anos, por se tratar de um ambiente agressivo e
fiscalmente é 10 anos.
A depreciação está evidente no resultado da empresa, mais um motivo para
que ela esteja próxima da realidade para um resultado e informações mais confiável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se após realizada esta pesquisa, que a empresa MBS realiza a
depreciação societária e fiscal. Parte do seu imobilizado de valores relevantes é
revisado para estabelecer a vida útil e valores residuais de acordo com a realidade da
empresa, e a outra parte de valores menos relevantes a empresa deprecia de acordo
com as taxas estabelecidas pelo Fisco.
Com os materiais coletados neste estudo de caso foi possível verificar que a
depreciação societária da matriz da MBS é menor do que a depreciação fiscal, já na
filial a depreciação societária é maior, pois o ambiente de produção é mais agressivo.
Consolidando a Filial e a Matriz, a depreciação societária da MBS é maior do que a
depreciação fiscal, ou seja, reduz o lucro da empresa. Para a MBS seria vantajoso em
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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2015.
relação à base de cálculo dos impostos, pois ela pagaria menos impostos, já para o
fisco, que não aceita essa depreciação societária como dedutível para apuração dos
impostos, não seria vantajoso, pois reduzindo o lucro, também reduz os impostos,
portanto a empresa em estudo teria que adicionar no livro de apuração do lucro real a
depreciação que foi deduzida a mais que o fisco realmente permite.
Embora as Normas Internacionais já estejam presentes no Brasil em torno de
7 anos, as empresas brasileiras e profissionais da área contábil sofrem com alguns
procedimentos especificamente fiscais. A MBS adotou as normas contábeis vigentes
desde 2010 e inicialmente não realizava o controle da depreciação fiscal, pois nem
todos os profissionais da área compreendem este controle, e além disso nem sempre
é fácil manter esse controle. Existem sistemas patrimoniais que não estão aptos a
atender essas duas contabilidades, Societária e Fiscal.
Atualmente as empresas deverão manter o controle da depreciação societária
e fiscal de forma segura, devido à nova Lei n° 12.973/14 em que as diferenças da
depreciação deverão ser apontadas nas obrigações eletrônicas, através da
Escrituração Contábil Fiscal e o Sped Contábil em que o Fisco irá observar a
depreciação contábil utilizada pela empresa e a forma de cálculo utilizado para
apuração do Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido.
Enfim a depreciação societária para a empresa MBS afeta o ativo e o resultado,
a depreciação fiscal afeta o lucro tributável, a base de cálculo do Imposto de Renda e
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Se a depreciação societária fosse aceita
pelo Fisco a empresa teria vantagens, pois pagaria menos impostos.
REFERÊNCIAS
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