“a cultura do moliceiro no presente: encenação de uma tradição” clara sarmento

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“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenação de uma Tradição” Clara Sarmento Centro de Estudos Interculturais Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto clara.sarmento@iol.pt - PowerPoint PPT Presentation

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“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenação de uma Tradição” 

Clara SarmentoCentro de Estudos Interculturais

Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Portoclara.sarmento@iol.pt

 

“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenando a Tradição” estuda um objecto – o barco moliceiro da Ria de Aveiro – e o discurso por ele evocado, enquanto representação, invenção e re-invenção da cultura popular de uma região portuguesa. Contudo, esta comunicação pretende também ver através do objecto, isto é, “atravessar a [sua] opacidade inoportuna”, tal como propõe Michel Foucault em A Arqueologia do Saber.

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“Uma população que pinta os seus barcos e os lança às águas de uma laguna elabora um álbum de imagens através do qual exprime a sua visão do mundo”.

 

Claude Rivals, “Peintures des Moliceiros d’Aveiro (Portugal): Culture et Arts Populaires”, Revue Géographique des Pyrénées et du Sud-Ouest, 1988.

 

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Classificação Temática e Subtemática Jocosos:Eróticos (Homens e Mulheres)Instituições Figuras TípicasTrabalho Religiosos:CristológicosMarianosHagiográficos e Votivos Sociais:Trabalho Varinas e VarinosMestres Moliceiros, Barqueiros e PintoresApelos Ecológicos e Celebração do PatrimónioFestas e CerimóniasDeclarações e Sentenças Históricos:Monarcas e Personagens da HistóriaDescobrimentosEscritoresSoldados e Cavaleiros Lúdicos:Personagens do Imaginário e Lazer.

4

Jocosos:

Eróticos

Instituições

Figuras Típicas

Trabalho

5

Religiosos:

Cristológicos

Marianos

Hagiográficos e Votivos

 

6

Sociais:

Trabalho

Mestres Moliceiros, Barqueiros e Pintores

7

“A varina da Murtosa” (década de 80). “A rainha das varinas” (década de 60).     

 

Sociais:

Varinas e Varinos

8

Sociais:

Apelos Ecológicos e Celebração do Património

Festas e Cerimónias

Declarações e Sentenças

9

Históricos:

Monarcas e Personagens da História

Descobrimentos

Escritores

Soldados e Cavaleiros

 

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Lúdicos:

Personagens do Imaginário e Lazer.

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Painéis jocosos eróticos (2003-2004). 

“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenação de uma Tradição”

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“Já vendestes Roza?” (década de 50). “Não ha bacalhao” (inícios da década de 70).

“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenação de uma Tradição”

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• “O ponto de partida da elaboração crítica é a consciência do que se é realmente, e é ‘conhecer-se a si mesmo’ enquanto produto do processo histórico, que depositou no indivíduo uma infinidade de traços, sem deixar um inventário” (Antonio Gramsci, Prison Notebooks, 11,1,i).

• A procura de objectos genuínos pode resultar numa autenticidade encenada, onde os objectos culturais são produzidos e aceites como autênticos ou, pelo menos, como razoavelmente similares à situação pré-massificação.

• As tradições inventadas são uma tentativa de criar uma ligação de continuidade com o passado e com a identidade de uma comunidade (Eric Hobsbawn, The Invention of Tradition, 1983).

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Os 3 vencedores do 1º Concurso de Painéis de Moliceiros, Março 1954

(fonte: Centro Português de Fotografia).

4 moliceiros a concurso, Abril 1962(fonte: Centro Português de Fotografia).

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“Que Deus vos guie pescadores” (2002). “Velhos tempos na Terra Nova” (1999). 

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“Fisga Manel, que há bom peixe!” (finais de 80). “Queres fazer um intervalo?” (1998). 

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“Em Portugal os burros falam” (década de 90). “É tradição não há balão” (2002).

 

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“Qual de nós pecou mais?” (1998).

“P’ra onde me viro?” (António Guterres, 2002).

“Fama sem proveito” (Mário Soares, 2002).

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“Viva a nossa seleção!” (2004).

“Quem manda no Porto sou eu!” (2006).

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“Queremos Ecu!!!” (inícios da década de 90). “Que grande barrancada!!” (2003).

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“Big Bráder: O cheiro da vida real” (2002). “Colina do Sol: O moliceiro no Brazil” (2000).

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“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenação de uma Tradição”

 

•Os textos escritos e icónicos de cada barco moliceiro são produto de uma rede de circunstâncias políticas, ideológicas, sociais e económicas dificilmente detectáveis e muitas vezes demasiado distantes ou dadas como adquiridas para serem criticamente reconhecidas, mesmo por aqueles que desenham, pintam, escrevem (e vivem) sob a sua influência.

 •Mais do que provas de ‘tradição’ versus ‘modernidade’ ou de ‘resistência’

versus ‘aceitação’, objectos como o moliceiro são representantes da identidade cultural e do património de uma comunidade local intimamente ligada a um ecossistema específico, como a Ria de Aveiro.  

•Hoje em dia, o moliceiro participa também de uma lucrativa estrutura económica e turística organizada em redor do objecto-barco, que perdeu quase todas as suas tradicionais funções e foi reinventado como símbolo cultural da Ria de Aveiro, localizado agora no núcleo urbano, distante dos locais tradicionais de trabalho.

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“A Cultura do Moliceiro no Presente: Encenação de uma Tradição”

• Trata-se de uma metamorfose e não de uma ressurreição do objecto cultural, com novas funções dentro de um novo contexto, orientado pelas exigências do sector terciário urbano.

• Os actuais agentes do turismo e da economia de mercado não se podem dissociar do imaginário histórico (ou do ‘inventário’ de Gramsci) que motivou, contextualizou e sustentou esta forma de arte popular durante séculos, sob pena de criarem, também em Portugal, os teatros etnográficos e os museus de práticas perdidas em que se transformaram tantas culturas.

clara.sarmento@iol.pt

 

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Referências:

Bakhtin, M. (1984) Rabelais and His World, Bloomington: Indiana University Press.Bourdieu, P. (1977) Outline of a Theory of Practice, trad. Richard Nice, Cambridge: Cambridge University Press.Dias, J. (1961) Ensaios Etnológicos, Lisboa: Junta de Investigação do Ultramar, Centro de Estudos Políticos e Sociais.Foucault, M. (1972) The Archaeology of Knowledge, London: Tavistock.Gramsci, A. (1971) Selections from the Prison Notebooks, London: Lawrence and Wishart.Gramsci, A. (1976) Escritos Políticos, trad. Manuel Simöes, Lisboa: Seara Nova.Grignon, C. e Passeron, J. C. (1989) Le Savant et le Populaire: Misérabilisme et Populisme en Sociologie et en Littérature, Paris: Gallimard – Le Seuil.Hobsbawm, E. (1973) ‘Peasants and Politics’, Journal of Peasant Studies, 1, pp. 3-22.Hobsbawm, E. and Ranger, T. (eds.) (1983) The Invention of Tradition, Cambridge: Cambridge University Press.Rivals, C. (1988) “Peintures des Moliceiros d’Aveiro (Portugal): Culture et Arts Populaires”, Revue Géographique des Pyrénées et du Sud-Ouest, tome 5, fasc. 2-3.Sarmento, C. (2008) Cultura Popular Portuguesa: Práticas, Discursos e Representações, Porto: Afrontamento.Scott, J. C. (1990) Domination and the Arts of Resistance: Hidden Transcripts, London and New Haven: Yale University Press.

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