23-06alves mazzotti - pesquisa qualitativas
Post on 20-Oct-2015
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Fichamento:VES-MAZZOTTI, A. J. & GEWANDSNADJE F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.
P.147-178.
Neste texto os autores vêm apresentando sugestões e orientações, como base em
literaturas e em pesquisa próprias, como realizar um projeto de pesquisa. Eles apontam
que tal tarefa não é fácil, pelo grau de flexibilidade destas pesquisas, ainda, pelas
diferenças estruturais com as pesquisa tradicional, entre outros. Salientam ainda durante
o texto, as diferenças entre diferentes paradigmas, focando mais no tradicional e
qualitativo (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE, 1998).
Contudo, afirmam embasados em alguns autores como Lincoln & Cuba
defendem que o foco e estrutura não podem ser definidos a priori por conta da
complexidade, críticas a generalização, e a formulação inicial do problema.
Diferentemente, autores como Marshall & Rossman, Milles & Huberman,
defendem uma estruturação maior, apontando a importância de explicar o campo, os
passo e aponta que a ausência de critérios na coleta de dados, geralmente resulta em
perda de tempo.
ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE (1998), consideram a validade de
ambos os argumentos dependendo do contexto, mas defende a importância do
planejamento elegendo elementos a favor, como a necessidade da fase exploratória para
levantamento de questões, e ainda a exigência dos programas de pós-graduação do
projeto, isto é, uma pesquisa mais estruturada. Os autores entendem projeto como um
plano para uma investigação sistemática. Ela elabora os elementos que um projeto deve
comtemplar:
- Focalização do problema: Etapa mais difícil do projeto. Os autores apontam a
confusão comum entre pesquisadores iniciantes, do tema como sendo problema, isto é,
pela falta de problematização e especificação do que é o problema de fato na pesquisa.
Pra isso, é indispensável fazer uma revisão do que já foi estudado para definir com mais
precisão os problemas, nesta revisão deve observar as lacunas, inconsistências entre a
teoria e a prática, e diferença de resultados de pesquisas. Independente do referencial
teórico, os autores apontam que as pesquisas qualitativas têm por objetivo preencher
lacunas. Além do exame, os autores sugerem o contato com o campo.
- Introdução: Parte que se constrói o problema, indicando lacunas ou fraqueza de
pesquisas anteriores, mostrando a importância e novidade. São quatro componentes-
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chaves ->iniciar um parágrafo que expresse a questão articulando com uma temática
mais ampla; -> especificar o problema; -> deficiências encontradas na literatura; -> e
indicar para quem interessa o trabalho, mostrando sua relevância. Usar as referências de
forma coletiva, sem fragmentar os autores.
- Objetivos e/ou questões do estudo: Definição de modo claro e direto, qual aspecto
mais especifico da problemática. Os autores apontam que, ao usar conceitos teóricos ao
longo dos objetivos, é necessário explicá-los. Pode desenvolver objetivo geral e depois
objetivo específicos. Referencial teórico para formular as especificidades.
- Hipóteses: Explicação considerada a mais provável de um fenômeno a ser estudado.
Nas pesquisas qualitativas é mais comum formular hipóteses ao desenvolver da
pesquisa. Para ser confiável, tem que ser possível testá-las.
- Quadro teórico: A referência conceitual é considerada muito importante para
identificar aspectos relevantes e relações significativas nos eventos observados. Indicar
no projeto o referencial teórico.
- Importância do estudo: Apresentar a importância do estudo para a construção do
conhecimento e utilidade para a profissão. Apresentar dados estatísticos, de livros, de
políticas que apontam a necessidade de pesquisa sobre o problema proposto.
- Procedimentos metodológicos: Indicar a justificativa do paradigma que orienta o
estudo, etapas da pesquisa, processo de seleção dos sujeitos, descrição do contexto,
procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados.
- Justificativas do paradigma adotado: Demostrar a adequação do paradigma adotado
ao estudo. Apresentar no projeto a implicação pessoal do pesquisador, isso é, qual
interesse e ligação com tema.
- Etapas de desenvolvimento da pesquisa: No processo de entrada ao campo, tem que
estar atento ao conhecimento da hierarquia da escola, e possível ajuda informal de
alguém desta instituição. Com esse acesso, no período exploratório o objetivo é a
imersão no campo pelo do pesquisador, para obter uma visão geral do problema, ainda
tem como objetivo a identificação de informantes e outras fontes de dados. Estes dados
coletados devem ser discutidos com os informantes para validar a pertinência das
observações. Essa fase exploratória tem como objetivo central, colher informações para
orientar as questões e formato do projeto.
- Contexto e participantes: Orienta-se a identificação no projeto, os participantes;
inclusão seriada dos sujeitos a medida que surja a necessidade; focalização contínua das
amostras; Técnica de “bola de neve” para selecionar os sujeitos, em que um sujeito vai
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indicando outro. A procura de atores principais pode deixar de lado, os sujeitos que
estão nas margens, em menor número, estes representam informações importantes na
pesquisa. O encerramento da coleta ocorre quando as informações obtidas são
suficientes, e os surgimentos de novos dados vão ficando raros.
- Procedimentos e instrumentos de coleta de dados: As pesquisas qualitativas são
caracterizadas pelo uso variado de procedimentos e instrumentos de coleta de dados. Os
mais utilizados são observação, entrevistas e análise de documentos:
- Observação: Instrumento extremamente valorizado pelas pesquisas qualitativas, se
caracteriza principalmente pelo uso de vários instrumentos de coletas. Quanto a
interferência incorreta do pesquisador, isto pode ser minimizado pela permanência
prolongada do pesquisador em campo, partindo do pressuposto que pelo tempo imerso
em campo, os sujeitos da pesquisa se acostumam com o observador. Os autores
enumeram que entre as vantagens de tal instrumento, a observação permite identificar
comportamentos e explorar situações que os sujeitos não se sentem a vontade de falar.
Para os autores existem duas formas de observação: as estruturadas, que exige
uma definição prévia de como vai será a observação e a forma de registro. A segunda
maneira de observação é a não estruturada, que não tem estas definições prévias. A
forma de observação mais usada nas pesquisas qualitativas se refere a observação não-
estruturada que não defini previamente os comportamentos a serem observados, mas
sejam observados e descritos na maneira que ocorrem. Esta forma de observar se refere
à observação participante, quando o pesquisador se torna parte da situação observada,
vive o cotidiano com os sujeitos (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE, 1998).
- Entrevistas: Permite tratar de assuntos complexos e mais profundos, que seria
delicados e difíceis de tratar por questionário. Por sua vez, existem vários tipos de
entrevistas, mas os autores destacaram duas formas: a semiestruturada e a não
estruturada. A primeira traz questões elaboradas previamente, mas permite uma
liberdade do entrevistado, já a semiestruturada. A não estruturada o pesquisador só
introduz o assunto a ser tratado e pede para que o entrevistado fale sobre, introduzindo
alguns focos de interesse, o que é análogo à uma conversa.
- Documentos: Uso de qualquer registro escrito que pode ser usado como fonte de
informação, independente de qual o tipo do registro deve estar atento as informações
sobre quem, quando, em que instituição esse documento foi elaborado.
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- Unidade de análise: Forma de organizar os dados para análise, pra isso é preciso
decidir o que interessa ao pesquisador, se é uma organização, um grupo, diferentes
subgrupos em uma comunidade ou certos indivíduos.
- Análise dos dados: Nas pesquisas qualitativas se geram um grande volume de dados,
e para a organização, é preciso um processo para procurar identificar dimensões,
categorias, tendências, padrões, relações. No projeto de pesquisa, a indicação dessas
categorias vai variar de acordo com o foco dos problemas, deve descrever no projeto as
decisões iniciais sobre a análise de dados.
- Procedimentos para maximizar a confiabilidade: Elementos que potencializem e
avalie o rigor da pesquisa: observar se há credibilidade observada pelos sujeitos
envolvidos; se os resultados dos estudos podem ser transferidos para outros contextos;
se os resultados tem estabilidade no tempo, e se os dados podem ser confirmados.
- Critérios relativos à credibilidade: Alves-Mazzotti, Gewandsnadje (1998),
embasados em Linconl e Guba (1985) apontam os seguintes critérios:
->Permanência prolongada no campo; -> checagem pelos participantes se os dados
fazem sentidos pra eles; -> questionamento dos resultados pesquisadores da área, que
conheçam os temas pesquisados; ->a triangulação se refere, por exemplo, a comparação
de dois ou mais tipos de metodologias/fontes e teorias, por exemplo, comparar a
informação dada sobre a reunião, com a ata da reunião. -> Análise de hipóteses
alternativas, através do uso de outras maneiras de organizar os dados. -> Análise de
casos negativos, aqueles caso que afastam do padrão, pois podem ajudar a refinar as
explicações e interpretações.
- Critérios relativos à transferibilidade: Se refere sobre generalização dos resultados
aplicados a outros contextos. Os autores apontam que apesar das pesquisas qualitativas
terem amostras pouco representativas e, ainda existir a crença da especificidade do
tempo e contexto da pesquisa, eles apontam que é responsabilidade do pesquisador uma
descrição densa do contexto estudado, bem como dos sujeitos, de modo que possa
permitir uma aplicação à outros contextos.
- Critérios relativos à consistência e confirmabilidade: Embasados em Linconl e
Guba (1985) apontam que uma forma comum de conferir o rigor é repetir a aplicação,
caso haja variação dos resultados, os dados não são fidedignos. A confirmabilidade vem
como mais uma alternativa ao conceito tradicional de objetividade do que mudanças
estruturais em ambas. Outra forma é a técnica de “replicação de passo” por duas
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pessoas, outra técnica é a “auditoria” avaliação por um segundo pesquisador que avalia
toda a pesquisa, esta auditoria pode ser feita no processo da pesquisa ou no término.
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