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1 Fichamento:VES-MAZZOTTI, A. J. & GEWANDSNADJE F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. P.147-178. Neste texto os autores vêm apresentando sugestões e orientações, como base em literaturas e em pesquisa próprias, como realizar um projeto de pesquisa. Eles apontam que tal tarefa não é fácil, pelo grau de flexibilidade destas pesquisas, ainda, pelas diferenças estruturais com as pesquisa tradicional, entre outros. Salientam ainda durante o texto, as diferenças entre diferentes paradigmas, focando mais no tradicional e qualitativo (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE, 1998). Contudo, afirmam embasados em alguns autores como Lincoln & Cuba defendem que o foco e estrutura não podem ser definidos a priori por conta da complexidade, críticas a generalização, e a formulação inicial do problema. Diferentemente, autores como Marshall & Rossman, Milles & Huberman, defendem uma estruturação maior, apontando a importância de explicar o campo, os passo e aponta que a ausência de critérios na coleta de dados, geralmente resulta em perda de tempo. ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE (1998), consideram a validade de ambos os argumentos dependendo do contexto, mas defende a importância do planejamento elegendo elementos a favor, como a necessidade da fase exploratória para levantamento de questões, e ainda a exigência dos programas de pós-graduação do projeto, isto é, uma pesquisa mais estruturada. Os autores entendem projeto como um plano para

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Page 1: 23-06ALVES MAzzotti - Pesquisa Qualitativas

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Fichamento:VES-MAZZOTTI, A. J. & GEWANDSNADJE F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.

P.147-178.

Neste texto os autores vêm apresentando sugestões e orientações, como base em

literaturas e em pesquisa próprias, como realizar um projeto de pesquisa. Eles apontam

que tal tarefa não é fácil, pelo grau de flexibilidade destas pesquisas, ainda, pelas

diferenças estruturais com as pesquisa tradicional, entre outros. Salientam ainda durante

o texto, as diferenças entre diferentes paradigmas, focando mais no tradicional e

qualitativo (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE, 1998).

Contudo, afirmam embasados em alguns autores como Lincoln & Cuba

defendem que o foco e estrutura não podem ser definidos a priori por conta da

complexidade, críticas a generalização, e a formulação inicial do problema.

Diferentemente, autores como Marshall & Rossman, Milles & Huberman,

defendem uma estruturação maior, apontando a importância de explicar o campo, os

passo e aponta que a ausência de critérios na coleta de dados, geralmente resulta em

perda de tempo.

ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE (1998), consideram a validade de

ambos os argumentos dependendo do contexto, mas defende a importância do

planejamento elegendo elementos a favor, como a necessidade da fase exploratória para

levantamento de questões, e ainda a exigência dos programas de pós-graduação do

projeto, isto é, uma pesquisa mais estruturada. Os autores entendem projeto como um

plano para uma investigação sistemática. Ela elabora os elementos que um projeto deve

comtemplar:

- Focalização do problema: Etapa mais difícil do projeto. Os autores apontam a

confusão comum entre pesquisadores iniciantes, do tema como sendo problema, isto é,

pela falta de problematização e especificação do que é o problema de fato na pesquisa.

Pra isso, é indispensável fazer uma revisão do que já foi estudado para definir com mais

precisão os problemas, nesta revisão deve observar as lacunas, inconsistências entre a

teoria e a prática, e diferença de resultados de pesquisas. Independente do referencial

teórico, os autores apontam que as pesquisas qualitativas têm por objetivo preencher

lacunas. Além do exame, os autores sugerem o contato com o campo.

- Introdução: Parte que se constrói o problema, indicando lacunas ou fraqueza de

pesquisas anteriores, mostrando a importância e novidade. São quatro componentes-

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chaves ->iniciar um parágrafo que expresse a questão articulando com uma temática

mais ampla; -> especificar o problema; -> deficiências encontradas na literatura; -> e

indicar para quem interessa o trabalho, mostrando sua relevância. Usar as referências de

forma coletiva, sem fragmentar os autores.

- Objetivos e/ou questões do estudo: Definição de modo claro e direto, qual aspecto

mais especifico da problemática. Os autores apontam que, ao usar conceitos teóricos ao

longo dos objetivos, é necessário explicá-los. Pode desenvolver objetivo geral e depois

objetivo específicos. Referencial teórico para formular as especificidades.

- Hipóteses: Explicação considerada a mais provável de um fenômeno a ser estudado.

Nas pesquisas qualitativas é mais comum formular hipóteses ao desenvolver da

pesquisa. Para ser confiável, tem que ser possível testá-las.

- Quadro teórico: A referência conceitual é considerada muito importante para

identificar aspectos relevantes e relações significativas nos eventos observados. Indicar

no projeto o referencial teórico.

- Importância do estudo: Apresentar a importância do estudo para a construção do

conhecimento e utilidade para a profissão. Apresentar dados estatísticos, de livros, de

políticas que apontam a necessidade de pesquisa sobre o problema proposto.

- Procedimentos metodológicos: Indicar a justificativa do paradigma que orienta o

estudo, etapas da pesquisa, processo de seleção dos sujeitos, descrição do contexto,

procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados.

- Justificativas do paradigma adotado: Demostrar a adequação do paradigma adotado

ao estudo. Apresentar no projeto a implicação pessoal do pesquisador, isso é, qual

interesse e ligação com tema.

- Etapas de desenvolvimento da pesquisa: No processo de entrada ao campo, tem que

estar atento ao conhecimento da hierarquia da escola, e possível ajuda informal de

alguém desta instituição. Com esse acesso, no período exploratório o objetivo é a

imersão no campo pelo do pesquisador, para obter uma visão geral do problema, ainda

tem como objetivo a identificação de informantes e outras fontes de dados. Estes dados

coletados devem ser discutidos com os informantes para validar a pertinência das

observações. Essa fase exploratória tem como objetivo central, colher informações para

orientar as questões e formato do projeto.

- Contexto e participantes: Orienta-se a identificação no projeto, os participantes;

inclusão seriada dos sujeitos a medida que surja a necessidade; focalização contínua das

amostras; Técnica de “bola de neve” para selecionar os sujeitos, em que um sujeito vai

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indicando outro. A procura de atores principais pode deixar de lado, os sujeitos que

estão nas margens, em menor número, estes representam informações importantes na

pesquisa. O encerramento da coleta ocorre quando as informações obtidas são

suficientes, e os surgimentos de novos dados vão ficando raros.

- Procedimentos e instrumentos de coleta de dados: As pesquisas qualitativas são

caracterizadas pelo uso variado de procedimentos e instrumentos de coleta de dados. Os

mais utilizados são observação, entrevistas e análise de documentos:

- Observação: Instrumento extremamente valorizado pelas pesquisas qualitativas, se

caracteriza principalmente pelo uso de vários instrumentos de coletas. Quanto a

interferência incorreta do pesquisador, isto pode ser minimizado pela permanência

prolongada do pesquisador em campo, partindo do pressuposto que pelo tempo imerso

em campo, os sujeitos da pesquisa se acostumam com o observador. Os autores

enumeram que entre as vantagens de tal instrumento, a observação permite identificar

comportamentos e explorar situações que os sujeitos não se sentem a vontade de falar.

Para os autores existem duas formas de observação: as estruturadas, que exige

uma definição prévia de como vai será a observação e a forma de registro. A segunda

maneira de observação é a não estruturada, que não tem estas definições prévias. A

forma de observação mais usada nas pesquisas qualitativas se refere a observação não-

estruturada que não defini previamente os comportamentos a serem observados, mas

sejam observados e descritos na maneira que ocorrem. Esta forma de observar se refere

à observação participante, quando o pesquisador se torna parte da situação observada,

vive o cotidiano com os sujeitos (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSNADJE, 1998).

- Entrevistas: Permite tratar de assuntos complexos e mais profundos, que seria

delicados e difíceis de tratar por questionário. Por sua vez, existem vários tipos de

entrevistas, mas os autores destacaram duas formas: a semiestruturada e a não

estruturada. A primeira traz questões elaboradas previamente, mas permite uma

liberdade do entrevistado, já a semiestruturada. A não estruturada o pesquisador só

introduz o assunto a ser tratado e pede para que o entrevistado fale sobre, introduzindo

alguns focos de interesse, o que é análogo à uma conversa.

- Documentos: Uso de qualquer registro escrito que pode ser usado como fonte de

informação, independente de qual o tipo do registro deve estar atento as informações

sobre quem, quando, em que instituição esse documento foi elaborado.

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- Unidade de análise: Forma de organizar os dados para análise, pra isso é preciso

decidir o que interessa ao pesquisador, se é uma organização, um grupo, diferentes

subgrupos em uma comunidade ou certos indivíduos.

- Análise dos dados: Nas pesquisas qualitativas se geram um grande volume de dados,

e para a organização, é preciso um processo para procurar identificar dimensões,

categorias, tendências, padrões, relações. No projeto de pesquisa, a indicação dessas

categorias vai variar de acordo com o foco dos problemas, deve descrever no projeto as

decisões iniciais sobre a análise de dados.

- Procedimentos para maximizar a confiabilidade: Elementos que potencializem e

avalie o rigor da pesquisa: observar se há credibilidade observada pelos sujeitos

envolvidos; se os resultados dos estudos podem ser transferidos para outros contextos;

se os resultados tem estabilidade no tempo, e se os dados podem ser confirmados.

- Critérios relativos à credibilidade: Alves-Mazzotti, Gewandsnadje (1998),

embasados em Linconl e Guba (1985) apontam os seguintes critérios:

->Permanência prolongada no campo; -> checagem pelos participantes se os dados

fazem sentidos pra eles; -> questionamento dos resultados pesquisadores da área, que

conheçam os temas pesquisados; ->a triangulação se refere, por exemplo, a comparação

de dois ou mais tipos de metodologias/fontes e teorias, por exemplo, comparar a

informação dada sobre a reunião, com a ata da reunião. -> Análise de hipóteses

alternativas, através do uso de outras maneiras de organizar os dados. -> Análise de

casos negativos, aqueles caso que afastam do padrão, pois podem ajudar a refinar as

explicações e interpretações.

- Critérios relativos à transferibilidade: Se refere sobre generalização dos resultados

aplicados a outros contextos. Os autores apontam que apesar das pesquisas qualitativas

terem amostras pouco representativas e, ainda existir a crença da especificidade do

tempo e contexto da pesquisa, eles apontam que é responsabilidade do pesquisador uma

descrição densa do contexto estudado, bem como dos sujeitos, de modo que possa

permitir uma aplicação à outros contextos.

- Critérios relativos à consistência e confirmabilidade: Embasados em Linconl e

Guba (1985) apontam que uma forma comum de conferir o rigor é repetir a aplicação,

caso haja variação dos resultados, os dados não são fidedignos. A confirmabilidade vem

como mais uma alternativa ao conceito tradicional de objetividade do que mudanças

estruturais em ambas. Outra forma é a técnica de “replicação de passo” por duas

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pessoas, outra técnica é a “auditoria” avaliação por um segundo pesquisador que avalia

toda a pesquisa, esta auditoria pode ser feita no processo da pesquisa ou no término.