ambiente e sustentabilidade num plano estratégico - figue ira da foz - pluris 2012

12
AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE NUM PLANO ESTRATÉGICO. O CASO DA FIGUEIRA DA FOZ (PORTUGAL). A. M. Rochette Cordeiro e Cristina Barros RESUMO No âmbito da elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento para a Figueira da Foz, e muito para além das questões relacionadas com o desenvolvimento económico e social harmonioso, foi concedida especial atenção à componente ambiental deste território, o qual é caracterizado por uma estrutura física e ecológica com particularidades muito específicas. Com esta comunicação pretende-se salientar, não só as principais preocupações ambientais com que se depara este Município, mas essencialmente a procura de soluções específicas que irão permitir a melhoria da qualidade ambiental do própeio território. De facto, o desenvolvimento de projetos inovadores relacionados com a sustentabilidade ambiental foi uma clara aposta da equipa que se encontra a desenvolver o Plano Estratégico, perspetivando-se, nesse contexto, a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos locais, assim como se ambiciona o elevar da posição competitiva deste território no contexto regional e nacional. 1 INTRODUÇÃO A maioria das cidades confronta-se atualmente com um conjunto sério de problemas quer ambientais, quer sociais, relacionados com o estilo de vida e com os padrões de consumo, cujas consequências para a saúde e qualidade de vida dos cidadãos se apresenta como muito preocupante. O crescimento populacional das cidades médias, a intensificação dos processos de urbanização, a dispersão urbana, a degradação dos centros históricos, o desordenamento do território, a degradação ambiental, os focos de pobreza e o aumento da criminalidade, são apenas alguns dos problemas que se debatem as cidades de hoje. No âmbito da elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento para o Município da Figueira da Foz (PEDFF), peça considerada como fulcral em todo o processo de revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), para além das questões relacionadas com o desenvolvimento económico e social harmonioso, foi concedida no desenho e desenvolvimento de todo o projeto, uma especial atenção à componente ambiental do território, o qual é caracterizado por uma estrutura biofísica, onde o território ocupado por estas condicionantes ultrapassa os 70% do todo do Município. A garantia de criar um território ambientalmente sustentável assume-se como um dos principais desafios propostos pelo Plano Estratégico de Desenvolvimento, algo que poderá ser visível nos diversos projetos que se encontram em elaboração, concretizada através de uma lógica integrada de desenvolvimento assumida entre a Câmara Municipal da Figueira

Upload: joao-marcelo-smms

Post on 24-Dec-2015

7 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Ambiente e Sustentabilidade Num Plano Estratégico - Figue Ira Da Foz - Pluris 2012

TRANSCRIPT

AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE NUM PLANO ESTRATÉGICO. O CASO DA FIGUEIRA DA FOZ (PORTUGAL).

A. M. Rochette Cordeiro e Cristina Barros RESUMO No âmbito da elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento para a Figueira da Foz, e muito para além das questões relacionadas com o desenvolvimento económico e social harmonioso, foi concedida especial atenção à componente ambiental deste território, o qual é caracterizado por uma estrutura física e ecológica com particularidades muito específicas. Com esta comunicação pretende-se salientar, não só as principais preocupações ambientais com que se depara este Município, mas essencialmente a procura de soluções específicas que irão permitir a melhoria da qualidade ambiental do própeio território. De facto, o desenvolvimento de projetos inovadores relacionados com a sustentabilidade ambiental foi uma clara aposta da equipa que se encontra a desenvolver o Plano Estratégico, perspetivando-se, nesse contexto, a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos locais, assim como se ambiciona o elevar da posição competitiva deste território no contexto regional e nacional. 1 INTRODUÇÃO A maioria das cidades confronta-se atualmente com um conjunto sério de problemas quer ambientais, quer sociais, relacionados com o estilo de vida e com os padrões de consumo, cujas consequências para a saúde e qualidade de vida dos cidadãos se apresenta como muito preocupante. O crescimento populacional das cidades médias, a intensificação dos processos de urbanização, a dispersão urbana, a degradação dos centros históricos, o desordenamento do território, a degradação ambiental, os focos de pobreza e o aumento da criminalidade, são apenas alguns dos problemas que se debatem as cidades de hoje. No âmbito da elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento para o Município da Figueira da Foz (PEDFF), peça considerada como fulcral em todo o processo de revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), para além das questões relacionadas com o desenvolvimento económico e social harmonioso, foi concedida no desenho e desenvolvimento de todo o projeto, uma especial atenção à componente ambiental do território, o qual é caracterizado por uma estrutura biofísica, onde o território ocupado por estas condicionantes ultrapassa os 70% do todo do Município. A garantia de criar um território ambientalmente sustentável assume-se como um dos principais desafios propostos pelo Plano Estratégico de Desenvolvimento, algo que poderá ser visível nos diversos projetos que se encontram em elaboração, concretizada através de uma lógica integrada de desenvolvimento assumida entre a Câmara Municipal da Figueira

da Foz e a Universidade de Coimbra e que é composta por três grandes componentes: “científica”, “pedagógica” e “extensão universitária”. A utilização da Agenda 21 Local, na sua componente de participação e sensibilização ambiental para toda a população e a Agenda 21 Autárquica, aqui também num esforço de formação dos funcionários da autarquia e sensibilização para boas práticas ambientais, são apenas alguns dos exemplos na procura da mudança de paradigma de atuação (Cordeiro e Barros, 2011b). Paralelamente, são apresentados projetos relacionados com o ecoturismo, como o “Plano de Valorização Turística da Ilha da Morraceira” (Cordeiro et coll, 2012), assim como projetos mais ambiciosos como o da elaboração de um Atlas Ambiental Urbano ou a instalação de um Laboratório Ambiental Municipal (aéreo e aquático), os quais deverão vir a assumir um papel de grande importância na estratégia delineada para a sustentabilidade ambiental deste território. 2 O PLANEAMENTO ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO INOVADOR DE GESTÃO TERRITORIAL Nas últimas décadas assistiu-se a um conjunto de fenómenos que obrigaram à revisão dos modelos tradicionais do planeamento e da gestão territorial. A tendência progressiva para a urbanização; a abertura e democratização das sociedades; o aumento do ritmo, amplitude e incerteza das mudanças tecnológicas, geopolíticas e económicas; a crescente complexificação dos mercados e o reforço da concorrência entre empresas e territórios em virtude da internacionalização e globalização económica e comunicacional, vieram revelar os limites do planeamento convencional para responder aos desafios e necessidades dos novos tempos, determinando a urgência de se passar do plano como produto para o planeamento como processo (Ferreira, 2005). Num momento em que os fenómenos sociais, culturais, económicos e territoriais assumem grande complexidade, diversidade e mutações aceleradas, o planeamento estratégico apresentou-se como um novo paradigma de planeamento e gestão suscetível de fazer face aos problemas do desenvolvimento, nomeadamente no que se refere à escassez dos recursos e à mobilização dos agentes. Assim, além de visar conduzir a ação pública a longo prazo, atua a curto prazo, através de intervenções operacionais devidamente enquadradas por objetivos estratégicos. É por isso que, a esta integração de várias escalas e de vários horizontes temporais, alguns autores (Ferreira, 2005; Fonseca, 2006) designam a substituição do “planeamento estratégico” pela “gestão estratégica”. O planeamento estratégico é assim encarado como um processo cíclico ao contrário do planeamento tradicional cujo objetivo consistia na aprovação do plano definitivo, que constituía um produto acabado. Trata-se de um processo de planeamento contínuo, onde devem ser definidas as metas de desenvolvimento, as suas prioridades de atuação e os programas de ação e que exige a organização de um sistema eficiente de acompanhamento e monitorização (Alexandre, 2003). Parece assim ser inquestionável que o desenvolvimento urbano já não pode ser controlado pelos instrumentos de planeamento territorial convencional (os planos físicos de ocupação e uso do solo), devido aos problemas decorrentes da recessão e do aumento do desemprego (e dos problemas relacionados com a instabilidade e a insegurança da reestruturação económica), como tal, os planos físicos estáticos perderam eficácia, uma vez que não resistem a ocorrências imprevistas. No entanto, apesar das diferenças entre ambos os tipos

de planeamento, o planeamento estratégico visa ser complementar e não substituir o planeamento urbano tradicional. Deste modo, os planos e projetos estratégicos de desenvolvimento devem assumir-se como mais flexíveis e mais vocacionados para a demonstração das potencialidades de um determinado lugar do que para um programa exato, e mais vocacionados para a comunicação de ideias do que para a regulação do uso do solo. Este é, claramente o enquadramento que foi perspetivado para o atual PEDFF. Neste contexto, e por não apresentar um quadro estático, o planeamento estratégico vai fornecer as referências, as linhas de orientação que servirão para apoiar as decisões e os processos de planeamento territorial, ou seja, vão encontrar-se, no presente caso, na base da Revisão do Plano Diretor Municipal que se encontra presentemente em desenvolvimento. O planeamento estratégico visa assim definir e realizar um projeto de cidade/concelho, reforçando a competitividade e melhorando a qualidade de vida de todos os cidadãos do Município da Figueira da Foz. Para tal, este processo deverá unificar visões, coordenar a atuação pública e privada e estabelecer um quadro coerente de mobilização e cooperação dos atores com relevância no território. Assim, e reconhecendo as limitações impostas pelo planeamento tradicional, a equipa que tem vindo a desenvolver o processo de planeamento estratégico do Município da Figueira da Foz, tem assumido uma perspetiva que pode ser considerada como o que Mendes (2012) considerava como um território/cidade proativa, criando simultaneamente uma oportunidade de participação, empenho e mobilização dos diferentes atores territoriais na elaboração de um projeto de desenvolvimento para o território e no qual o ambiente e a sustentabilidade são peças fulcrais. 3 UMA NOVA FILOSOFIA DE PENSAR E CONSTRUIR CIDADE: “FIGUEIRA DA FOZ, CIDADE SUSTENTÁVEL TERRITÓRIO COESO” 3.1 O Contexto Geográfico Localizado no centro litoral de Portugal, o Concelho da Figueira da Foz encontra-se delimitado pelos Concelhos de Cantanhede a Norte, de Montemor-o-Velho e Soure a Leste, de Pombal a Sul e pelo Oceano Atlântico a Oeste, localização que o coloca numa situação geográfica extremamente favorável nos contextos regional e mesmo nacional (Figura 1). Ocupa uma área de 379,1 km2, correspondente a cerca de 18,4% da área do Baixo Mondego, sendo do ponto de vista físico atravessado pelo rio Mondego que divide o território municipal em dois grandes setores, um setor Norte e um setor Sul, os quais apresentam historicamente dinâmicas demográficas e socioeconómicas bem distintas. Numa análise morfológica, este território é marcado no seu setor centro-ocidental por uma linha de relevos estruturais de origem tectónica, a qual que apresenta uma direcção sensivelmente de ONO-ESSE e que, variando sensivelmente entre os 100 e os 250 metros de altitude, cria uma barreira física em forma de esporão entre os setores setentrional e meridional.

Figura 1 Enquadramento territorial do Concelho da Figueira da Foz.

Relativamente às características climáticas, este território apresenta um clima de tipo mediterrâneo, um pouco à semelhança da realidade de todo o litoral da Região Centro, modificado localmente pela topografia associada à Serra da Boa Viagem, pela proximidade do Oceano Atlântico e também pela presença do Estuário do Mondego, a que se associam ainda as modificações impostas pela própria morfologia urbana. Em termos demográficos, o Concelho da Figueira da Foz apresentava, no ano de 2011, um total de 62105 habitantes, dos quais 33607 indivíduos residiam nas freguesias do núcleo urbano, sendo de referir que na última década se verificou um ligeiro decréscimo populacional (-0,79%, correspondendo a uma perda de 496 habitantes). A estrutura etária da população residente reflete uma crescente diminuição das classes mais jovens, prosseguida pelo aumento das classes mais idosas, o que espelha de modo bastante claro a crescente tendência para o envelhecimento da população. Globalmente regista-se um ligeiro decréscimo no peso dos jovens até aos 24 anos entre 2001 e 2011 (de 26,78% para 22,39%) e um acréscimo no peso dos idosos com 65 e mais anos (de 19,51% para 22,92%). Numa referência ao tecido económico do concelho, os valores de 2001 indicam uma predominância do emprego no setor terciário (58,0%), seguido pelo setor secundário (36,8%), verificando-se a pouca relevância do setor primário, com apenas 5,2% dos ativos neste setor de atividade. Este território apresenta um dinamismo industrial que assenta fundamentalmente em atividades de especialização ligadas à produção de pasta celulósica e de papel, indústria vidreira, construção naval e indústria do sal. Algumas destas atividades contribuem para a degradação da qualidade do ar, não só a uma escala de análise regional, como também nacional, nomeadamente ao nível das partículas de diâmetro inferior a 10 µm (PM10), das emissões de dióxido de azoto (NO2) e de dióxido de enxofre (SO2), tendo como prováveis

fontes de emissão, os complexos industriais localizados no setor sul, os transportes rodo/ferroviários, a produção de energia e a combustão resultante da atividade industrial. Finalmente, em termos hierárquicos, e tendo como referência o sistema urbano português e a realidade nacional, a cidade da Figueira da Foz corresponde, assim, a uma cidade média, onde a questão da segunda habitação associada à prática de um turismo de cariz sazonal sol-mar assume manifesta importância. 3.2 Projeto integrado de planeamento e ordenamento do território A generalidade dos municípios portugueses (nos quais se inclui o da Figueira da Foz) não dispõe de instrumentos estratégicos orientadores do seu desenvolvimento a médio ou longo prazo. Assim, e face às aceleradas mudanças sociais e económicas observadas num quadro de relativa ineficácia que os instrumentos de planeamento tradicionais apresentam, a aplicação das metodologias do planeamento estratégico às políticas de desenvolvimento territorial, tem sido apontada como uma solução pragmática e funcional na resposta aos contínuos desafios com que as comunidades territoriais se deparam, especialmente nas áreas urbanas. É inquestionável que, ao longo das últimas décadas, no Município da Figueira da Foz, muitos dos projetos têm vindo a ser desenvolvidos de modo desarticulado, sem que nunca se tenha observado um projeto estruturado em termos de planeamento e ordenamento do território. Este facto indicia, que , e de acordo com o definido por Mendes (2012), a Figueira da Foz pode ser considerada como uma cidade passiva, ou no máximo reativa. No momento presente, o Município da Figueira da Foz em colaboração com diferentes Departamentos da Universidade de Coimbra, encontra-se a desenvolver múltiplos projetos de natureza variada, mas que no seu conjunto se tornam coerentes, contemplando procedimentos de natureza estratégica para a sua aplicação integrada, e que visam uma clara adaptação do que será o novo paradigma da gestão autárquica das próximas décadas: primeiro os cidadãos. Caracterizado por uma estrutura física muito particular e com muitas especificidades de carácter biofísico, bem como por algumas dificuldades em termos socioeconómicos (laborais e sociais), a Figueira da Foz assume-se como um dos setores do território nacional onde a aplicação do conceito de “cidade sustentável” se apresenta como muito interessante, sendo possível vir a perspetivar-se, em simultâneo, um novo paradigma de desenvolvimento territorial assente nos princípios de sustentabilidade, coesão, cooperação e transparência (Cordeiro e Barros, 2011 a). O projeto, assente numa metodologia de planeamento estratégico, poderia ser efetivado num contexto habitual de pressupostos e de lugares comuns sobre este território, ou mesmo no âmbito das propostas estandardizadas de desenvolvimento sustentável. No entanto, a opção passou por realizar um longo e participativo processo de definição do que deveria ser a Figueira da Foz nas próximas décadas, assente numa filosofia de cidade sustentável, apresentando como alavanca de desenvolvimento, tal como foi referido, um plano estratégico para o território municipal. O desafio de desenvolver um projeto que visa a implementação de uma lógica de cidade sustentável num território coeso, assenta em três pilares fundamentais: a “garantia das

necessidades dos cidadãos”, o “espaço público” e as “atividades económicas” (Figura 2). Estas peças fulcrais vão ser os alicerces do quarto pilar, que é indubitavelmente o centro de todo o projeto, ou seja, o cidadão da Figueira da Foz, nas respostas em termos de “realização profissional”, “qualidade de vida” e de “cidadania”. Todos estes pilares se encontram relacionados entre si pelo fator associado à mobilidade, aqui entendida tanto em sentido restrito, como em sentido lato, algo que no caso do território da Figueira da Foz merece, por variadas razões, um profundo debate. Deve ainda ser salientado que é a primeira vez que o Município da Figueira da Foz se encontra a desenvolver um projeto de democracia participativa, onde o cidadão assume um papel fulcral na definição das prioridades de intervenção e em que os processos são debatidos e tratados com total transparência.

Figura 2 Figueira da Foz: Cidade Sustentável, Território Coeso. Sistematização do

Projeto Estratégico. Como instrumentos de orientação futura para o Município, pretende-se que as opções estratégicas, e os diferentes projetos em desenvolvimento, sirvam de base metodológica para a elaboração de um Plano Diretor Municipal de 2ª geração1. Este encontra-se a ser equacionado com base numa estratégia de desenvolvimento sustentável que procure integrar as diversas políticas municipais, e que procure responder às reais necessidades dos cidadãos ao nível da habitação, educação, desporto, ambiente, cultura, dinâmica social e económica, com vista à melhoria da sua qualidade de vida, objetivo máximo de um projeto com estas características.

1 A nova geração de Planos Diretores Municipais atribui ênfase relevante à dimensão estratégica do processo de planeamento/ordenamento do território, uma vez que esta deve constituir uma vertente inicial e central de todo o plano, a partir do qual os estudos e diagnósticos setoriais deverão ser elaborados. Esta nova abordagem está enquadrada pela Lei de Bases do Ordenamento do Território (Lei 48/98, de 11 de Agosto) e pela legislação enquadradora dos instrumentos de planeamento territorial (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro).

4 OS PROJETOS DIREFIGUEIRA DA FOZ No âmbito da elaboração desenvolvimento um conjunto de projetos, que para além de privilegiarem as componentes económicas, sociais, culturais e de uso do solo, concedem especial ambientais, considerados de Neste contexto, apresentamde sustentabilidade, salientandoparte de um vasto e integrado Efetivamente, o Ambienteprocura de respostas no sentido do desenvolvimento Foz e associado ao que foi considerado como o cluster “Mar”. Energias alteverdes e, em particular, adestaque para a garantia de um territó A abordagem a esta área fundamentalmente em três (ii) componente de extensão universitária e (iii) componente pedaprimeira abordagem teve como base um diagnóstico preliminar, que existência dealguns dos problemas ambientais com que o território da Figueira da Foz se depara, em particular no campo da poluição industrial e uropinião pública é pouco percetível (C

Figura 3 A componente científica do Projeto “Território Coeso”, e a sua interação com as restantes componentes

No caso particular da componente “extensão unessencial, a resolução de algumas das peças destinadas Diretor Municipal (PDM). Em relação à componente “pedagógica” esta é desenvolvida em sintonia com a elaboração de raiz de um “Projeto Educativo Local” (Cordeiro 2011d), o qual foi desde o primeiro momento considerado (e trabalhado) como um “plano

OS PROJETOS DIRECIONADOS À SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA

elaboração do “Plano Estratégico da Figueira da Fozdesenvolvimento um conjunto de projetos, que para além de privilegiarem as componentes económicas, sociais, culturais e de uso do solo, concedem especial ambientais, considerados de elevado valor para este território.

te contexto, apresentam-se alguns dos projetos que abordam as condições ambientais e de sustentabilidade, salientando-se que estes, embora apresentados separadame

e integrado projeto de ordenamento e planeamento deste território

Ambiente surge como uma das preocupações centrais de análise e de procura de respostas no sentido do desenvolvimento territorial sustentável da Figueira da

e associado ao que foi considerado como o cluster fundamental para o território: o nergias alternativas, eficiência energética, gestão dos

e, em particular, a qualidade ambiental no seu todo são alguns dos temas de destaque para a garantia de um território ambientalmente sustentável.

área temática do Plano Estratégico de Desenvolvimento, assenta em três grandes áreas de intervenção: (i) componente de investigação,

(ii) componente de extensão universitária e (iii) componente pedagógica (Figura 3). Esta primeira abordagem teve como base um diagnóstico preliminar, que desde logo

alguns dos problemas ambientais com que o território da Figueira da Foz se , em particular no campo da poluição industrial e urbana, algo que

opinião pública é pouco percetível (Cordeiro et al., 2011c).

A componente científica do Projeto “Figueira da Foz: Cidade Sustentável,

Território Coeso”, e a sua interação com as restantes componentes

particular da componente “extensão universitária”, os projetos visam, no e algumas das peças destinadas à concretização da revisão do Plano

Diretor Municipal (PDM). Em relação à componente “pedagógica” esta é desenvolvida em a com a elaboração de raiz de um “Projeto Educativo Local” (Cordeiro ), o qual foi desde o primeiro momento considerado (e trabalhado) como um “plano

OS À SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA

da Figueira da Foz” encontra-se em desenvolvimento um conjunto de projetos, que para além de privilegiarem as componentes económicas, sociais, culturais e de uso do solo, concedem especial ênfase aos aspetos

alguns dos projetos que abordam as condições ambientais e se que estes, embora apresentados separadamente, fazem

to de ordenamento e planeamento deste território.

surge como uma das preocupações centrais de análise e de sustentável da Figueira da

fundamental para o território: o gestão dos resíduos, espaços

são alguns dos temas de

do Plano Estratégico de Desenvolvimento, assenta grandes áreas de intervenção: (i) componente de investigação,

gógica (Figura 3). Esta desde logo mostrou a

alguns dos problemas ambientais com que o território da Figueira da Foz se bana, algo que, em termos de

Cidade Sustentável, Território Coeso”, e a sua interação com as restantes componentes.

iversitária”, os projetos visam, no à concretização da revisão do Plano

Diretor Municipal (PDM). Em relação à componente “pedagógica” esta é desenvolvida em a com a elaboração de raiz de um “Projeto Educativo Local” (Cordeiro et al., ), o qual foi desde o primeiro momento considerado (e trabalhado) como um “plano

estratégico para a educação” e que apresenta uma lógica muito vincada em torno das questões ambientais, não só da educação formal, mas também das não formal e informal (Cordeiro et al., no prelo), sendo no contexto da componente científica que o atual projeto da Figueira da Foz se evidencia. Numa interatividade efetiva entre a Autarquia e diferentes áreas do saber da Universidade de Coimbra, a componente de investigação científica apresenta três vetores fundamentais: o Laboratório Ambiental Municipal (ar, água e clima), o Atlas Ambiental Urbano e o Centro de Investigação/Interpretação da Ilha da Morraceira. 4.1 Laboratório Ambiental Municipal Com o objetivo de se assegurar uma melhor qualidade de vida e uma sustentabilidade ambiental crescente, as cidades devem ser pensadas do ponto de vista bioclimático, numa lógica de proporcionarem aos seus habitantes a opção de viverem de uma forma ecologicamente sustentável e ao mesmo tempo num ambiente economicamente próspero (Cordeiro et al, 2011c). Conscientes da sua importância na construção de uma imagem de território sustentável e de elevada preocupação com a proteção ambiental, encontra-se em fase avançada de implementação um “Laboratório Ambiental Urbano” que deverá ser inicialmente constituído por uma rede de monitorização automática e remota das condições meteorológicas e da qualidade do ar, localizados em diferentes contextos topoclimáticos do território concelhio, assim como da própria qualidade ambiental das águas do estuário (Cordeiro et al, 2011c). Este Laboratório tem como principal objetivo promover um avanço no conhecimento das diferentes componentes da área ambiental direcionadas para o ordenamento do território, representando uma clara evolução não só a nível regional como também nacional, na forma como se deve entender o ecossistema urbano e a importância da sua monitorização em territórios onde o turismo e a actividade industrial são complementares no contexto económico. A monitorização é feita em contínuo, através da análise dos registos das principais variáveis climáticas - temperatura, humidade relativa, precipitação e direção e velocidade do vento -, permitindo assim caracterizar este território do ponto de vista climático e acompanhar possíveis transformações físicas impostas pela urbanização no clima da cidade. Em simultâneo e de forma integrada serão monitorizados os níveis de poluição atmosférica, nomeadamente o ozono, dióxidos de azoto e enxofre e material particulado. Toda a informação recolhida pelo sistema de monitorização ambiental e direcionada a uma plataforma que disponibilizará a informação via Web, terá como principais destinatários a Divisão de Ambiente da Autarquia, assim como a própria Proteção Civil Municipal (questões de cheias e inundações, assim como a prevenção dos incêndios florestais), a comunidade escolar (que passa a dispor de dados e informação variada para as suas atividades curriculares), mas também servirá de apoio às atividades económicas associadas ao mar (aquacultura, salinicultura e algas), e que foram equacionadas numa lógica do desejável desenvolvimento sustentado.

Deste modo, o “Laboratório Ambiental Urbano”, que já se encontra parcialmente em funcionamento, deverá constituir um importante contributo, não só na melhoria e monitorização ambiental da Figueira da Foz, mas também para a Educação, e em particular para a Educação Ambiental dos cidadãos deste Município. 4.2 Atlas Ambiental Urbano A constatação de que existe um longo caminho a ser percorrido no âmbito das políticas ambientais, ao mesmo tempo que a procura de informação digital aumenta, nomeadamente ao nível das questões ligadas ao quadro biofísico, foi um dos pontos de partida para a criação deste instrumento, que pretendia que se assumisse como uma base de trabalho sólida para todos os agentes que directa ou indirectamente se ocupam das questões ligadas com o ordenamento do território e a sustentabilidade urbana. Foi nesse sentido que foi equacionado o desenvolvimento do projeto “Atlas Ambiental Urbano da Figueira da Foz”, o qual teve desde a sua génese, como principais pressupostos, o desenvolvimento das bases para um conhecimento amplo e qualificado do ambiente urbano, superando a habitual fragmentação com que geralmente se estudam e consideram as dimensões físicas e humanas e, que portanto constituem as componentes essenciais do ambiente urbano. A elaboração do Atlas Ambiental contribuirá para uma maior consciencialização sobre as alterações climáticas e para avaliar as transformações físicas que têm ocorrido em meio urbano, como resultado do processo de urbanização, assim como, permitirá uma constante atualização e disponibilização do conhecimento científico sobre as alterações climáticas e os seus impactes, indo ao encontro do defendido pela Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas. Neste sentido, foi já desenvolvido um projeto sobre climatologia urbana da Figueira da Foz com base num trabalho de índole académico (Marques, 2012), e do qual resultou a primeira componente desse Atlas (Cordeiro et al, 2012). O “Atlas Ambiental Urbano da Figueira da Foz” estrutura-se em oito grandes unidades temáticas, conjugados essencialmente em torno de aspetos físicos e humanos. Assente numa forte componente cartográfica, tem-se vindo a elaborar cartografia temática aplicada ao planeamento urbano, em torno de vários tópicos de análise, nomeadamente: solo, água, ar, clima, biótopos, uso do solo, tráfego/mobilidade e poluição sonora e energia. Este tipo de conhecimento pormenorizado, resultará na elaboração de um documento de consulta atualizada, que sintetizará os conhecimentos académicos, organizando-os de forma clara, contribuindo assim para promover uma planificação e gestão ambiental integrada, de acordo com as necessidades locais. 4.3 Centro de Investigação e Interpretação da Morraceira Entendido como uma das peças do PEDFF, foi elaborado o “Plano de Valorização Turística da Ilha da Morraceira” (Cordeiro et coll, 2012), o qual pretendia viabilizar e promover um espaço que tem vindo a ser aparentemente esquecido pela maioria dos cidadãos da Figueira da Foz. Devido ao seu enorme potencial natural e cultural este foi assumido como uma das principais alavancas em termos de desenvolvimento sustentável deste território concelhio.

A elaboração de uma estratégia de desenvolvimento integrado onde o salgado e a aquacultura se encontram em sintonia com o ecoturismo (bem como este turismo numa vertente educativa) é, assim, um dos objetivos fulcrais na implementação deste projeto. Uma das principais apostas deste Plano passa pela criação do “Centro de Interpretação/Investigação”, ao qual se virá a associar o Centro Interdisciplinar Litoral e Território - CELTE da Universidade de Coimbra, e cujo principal objetivo se prende com a educação e monitorização ambiental, mas, também, com a criação de condições para a implementação do turismo escolar, observando-se, para tal, um conjunto de conteúdos direcionados não só ao estuário (e às relações entre o mar e o rio), mas também para toda a bacia hidrográfica do Mondego. Do ponto de vista técnico e científico, o CELTE funcionará em articulação com unidades de investigação da Universidade de Coimbra2, encontrando-se assim assegurada a convergência de saberes nas áreas da avaliação e gestão da qualidade ambiental (incluindo a análise de poluentes emergentes), hidráulica e recursos hídricos, erosão costeira, análise de risco e protecção de pessoas e bens, avaliação da qualidade alimentar de recursos vivos, ordenamento do território, microeconomia aplicada, crescimento económico e economia do ambiente, podendo mesmo esta plataforma alargar-se a outras valências. A criação deste Centro de Investigação/Interpretação da Morraceira encontra-se devidamente enquadrado no “Plano Estratégico de Desenvolvimento” e no “Plano Diretor Municipal” de 2ª geração, constituindo, assim, um contributo para o desenvolvimento do tecido económico da região, através da transferência de conhecimento e apoio técnico e científico a atividades empresariais diversas. Este apoio deverá materializar-se na requalificação de atividades empresariais existentes, mas também no lançamento de novos projetos que deverão envolver os conceitos de “desenvolvimento ecologicamente sustentável” e “serviços de ecossistemas”. Naturalmente, estes conceitos possibilitam, o desenvolvimento e afirmação da “Marca Morraceira” com chancela de qualidade ambiental, a qual deverá representar uma mais-valia para a certificação, e logo da imagem dos produtos, atividades e empresas que dela beneficiem. Assim, pretende-se que o Centro de Interpretação/ Investigação, congregue os esforços das diferentes entidades regionais, concelhias e da própria comunidade local, na implementação de novas formas de comunicação com os visitantes, apostando nas novas tecnologias, tendo em vista a dinamização, valorização e interpretação dos valores paisagísticos e patrimoniais do “salgado” da Figueira da Foz. Além disso, deve ser assumido como uma mais-valia na colaboração com a comunidade escolar, através da realização de projectos temáticos na área da educação patrimonial e paisagística, com a realização de oficinas, concepção de materiais pedagógicos, garantindo, deste modo, o envolvimento da comunidade escolar na valorização deste setor do território da Figueira da Foz. 2 No momento presente, o Centro do Mar e Ambiente (IMAR-CMA), Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20), bem como diferentes departamentos das Faculdades de Ciências e Tecnologia, Letras, Economia e Farmácia.

5 NOTAS FINAIS Num momento em que se discute mecanismos e instrumentos inovadores que reforcem a competitividade territorial de países, regiões, cidades, ao mesmo tempo que promove a sustentabilidade e a qualidade de vida das populações, apresenta-se nesta comunicação um projeto que se assume como inovador na lógica de desenvolvimento sustentável para um Município do litoral do Centro de Portugal. Assim, e reconhecendo a fragilidade, importância e elevado valor do ambiente neste território municipal, encontram-se em desenvolvimento todo um conjunto de projetos de índole ambiental, que no seu todo pretendem tornar a Figueira da Foz num Município mais coeso, e com elevada sustentabilidade ambiental. Estes projetos, embora apresentados de forma isolada, serão importantes contributos na formulação das opções estratégicas para o desenvolvimento futuro da Figueira da Foz. Estas opções servirão de base metodológica para a elaboração de um Plano Diretor Municipal de 2ª geração, privilegindo sempre a sustentabilidade e valorização das potencialidades ambientais deste território. 6 REFERÊNCIAS Alexandre, José (2003) O planeamento estratégico como instrumento de desenvolvimento de cidades de média dimensão. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de Aveiro, Aveiro. 186 p. Cordeiro, A.M. Rochette; Barros, Cristina (2011a) “Uma cidade sustentável, um território coeso: o exemplo da Figueira da Foz. Filosofia de um projecto integrado de planeamento e ordenamento do território”. Actas do 17º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional (APDR) e 5º Congresso de Gestão e Conservação da Natureza, Bragança-Zamora, pp. 1336-1345. Cordeiro, A.M. Rochette; Barros, Cristina (2011b) “A Agenda 21 Local numa lógica da necessidade de implementação de um plano estratégico para um Município: O caso da Figueira da Foz”. Actas do 17º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional (APDR) e 5º Congresso de Gestão e Conservação da Natureza, Bragança-Zamora, pp. 1114-1126. Cordeiro, A. M. Rochette; Marques, D.; Ganho, N. (2011c) “Monitorização Ambiental do Município da Figueira da Foz (Portugal)”. Actas do 17º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional (APDR) e 5º Congresso de Gestão e Conservação da Natureza, Bragança-Zamora, pp. 1346-1352. Cordeiro, A.M. Rochette; Alcoforado, L.; Ferreira, A. G. (2011d) “Figueira da Foz: O Projeto Educativo Local associado a uma Estratégia de Desenvolvimento Integrado e Sustentável”. Atas do Workshop “Das Cartas Educativas ao Projeto Educativo Local. Novas perspetivas sobre a Municipalização da Educação”, Figueira da Foz.

Cordeiro, A.M. Rochette et coll (2012) Plano de Valorização Turística da Ilha da Morraceira. Novas Utilizações do Potencial Endógeno do Salgado da Figueira da Foz, Câmara Municipal da Figueira da Foz/Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 80 p. Cordeiro, A.M. Rochette; GANHO, N.; MARQUES, D. (2012) "O Clima urbano da Figueira da Foz. Orientações climáticas para o ordenamento do território". Atlas Ambiental Urbano da Figueira da Foz, Vol.III, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 110 p. Cordeiro A. M. Rochette; Alcoforado, L. e Ferreira, A. G. (no prelo) “Projeto Educativo Local. Um Processo Associado a Estratégias de Desenvolvimento Integrado e Sustentável”. Cadernos de Geografia nº 30-31, Coimbra. Farinha, J. (2005) Agenda 21 Local - Guia Metodológico de Apoio para Contextos Rurais e de Forte Interioridade. Associação de Municípios do Distrito de Évora e Diputación de Badajoz, Évora, 57 p. Ferreira, António (2005) Gestão Estratégica de Cidades e Regiões. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 430 p. Fonseca, Fernando (2006) O planeamento estratégico em busca de potenciar o território: o caso de Almeida. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade do Minho, Braga, 219 p. Marques, D. M. G. (2012) Contributos da Climatologia para a sustentabilidade urbana. O caso da Figueira da Foz. Disseração de Mestrado em Geografia – especialidade em Geografia Física, Ambiente e Ordenamento do Território, FLUC, Coimbra, 191 p. Marques, D. M. G.; Ganho, N.; Cordeiro , A. M. Rochette (2011) “Campo térmico da baixa atmosfera urbana em condições de acentuado arrefecimento nocturno - O caso da Figueira da Foz (Portugal) ”. Actas do 17º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional (APDR) e 5º Congresso de Gestão e Conservação da Natureza, Bragança-Zamora, pp. 1127-1136. Mendes, José (2012) O Futuro das Cidades. Edições Minerva, Coimbra. 125 p. Schmidt, Luísa; Guerra, João e Nave, Joaquim (2005) Autarquias e Desenvolvimento Sustentável - Agenda 21 Local e novas estratégias ambientais. Fronteira do Caos, Porto, 154 p.