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Ali Babá e os quarenta cangaceiros Questione os alunos, sondando seus conhecimentos prévios: Preparação para a leitura Autor: Tiago de Melo Andrade Ilustrações: Eduardo Ver Gênero: narrativa/lenda Temas transversais: Pluralidade cultural - relações sociais, Ética (Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo, Solidariedade) Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Artes Palavras-chave: aventura, família Ali Babá era lenhador, mas o trabalho não lhe rendia o suficien- te para seu sustento, o da mulher e o filho. Diferente do irmão, Cassim, que casara com moça de posses, Ali vivia numa casa humilde e lutava dia após dia para colocar um pouco de comida à mesa. Aconteceu, no entanto, de a sorte lhe sorrir ao deparar- se com um tesouro escondido. Entretanto, o irmão e a cunha- da, movidos por ganância e inveja, estragaram toda a felicidade de Ali e Rosinha, trazendo vingança, morte e tristeza à rotina na pequena Juriti do Limão. As ilustrações em xilogravura, de Eduardo Ver, contextualizam a história no Nordeste brasileiro. Deixe os alunos manusearem os mate- riais e relembrarem sua história de lei- tor. Depois, apresente o livro Ali Babá e os quarenta cangaceiros como suporte do texto. Mostre a capa e explore a ilus- tração, o título, fale sobre o autor, Tiago de Melo Andrade, e sobre o ilustrador, Eduardo Ver, utilizando os textos das últimas páginas do livro. Ainda sem compromisso com o texto escrito, peça que, em pequenos gru- pos, imaginem uma história que traga o personagem Ali Babá – do conto ‘Ali Babá e os quarenta ladrões’ – para o sertão brasileiro. Como seria? Lembre- se, nessa etapa, o objetivo é fazer com que os alunos comecem a interagir com o universo que estará presente na obra, para poderem confrontar suas previsões com o que encontrarão nela. Abra espaço para que exponham suas impressões e expectativas e, depois, encaminhe a leitura silenciosa do texto. Sobre As Mil e uma Noites Sobre as histórias de cangaceiros Quem já ouviu falar nas “Mil e uma Noites”, título da Coleção? Vocês sabem o que essa expressão significa? Ouça as inferências das crianças e desta- que aquelas que indicarem que é o título de uma das mais famosas obras da literatura, composta por uma coleção de contos de várias origens, in- cluindo o folclore indiano, persa e árabe, escritos entre os séculos XIII e XVI, de autor desconhecido. Traga para a sala de aula alguns livros com contos das Mil e Uma Noites para que manuseiem. Disponibilize textos do folclore brasileiro que envolvam histórias de cangaceiros, especial- mente da literatura de cordel. Pergunte: vocês conhecem essas narrativas? Já leram algum desses livros? Ouviram as histórias? E a técnica de xilogravura? Já haviam visto em algum outro suporte que não a literatura de cordel? Sabem como se faz? Nesse caso, se a disciplina de Arte for parceira, pode ser programado um projeto de trabalho com excelentes resultados. Metodologia de leitura de texto | Ali Babá e os quarenta cangaceiros © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br

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Ali Babá e os quarenta cangaceiros

Questione os alunos, sondando seus conhecimentos prévios:

Preparação para a leitura

Autor: Tiago de Melo Andrade

Ilustrações: Eduardo Ver

Gênero: narrativa/lenda

Temas transversais: Pluralidade cultural - relações sociais, Ética (Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo, Solidariedade)

Abordagem interdisciplinar:Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Artes

Palavras-chave:aventura, família

Ali Babá era lenhador, mas o trabalho não lhe rendia o suficien-te para seu sustento, o da mulher e o filho. Diferente do irmão, Cassim, que casara com moça de posses, Ali vivia numa casa humilde e lutava dia após dia para colocar um pouco de comida à mesa. Aconteceu, no entanto, de a sorte lhe sorrir ao deparar-se com um tesouro escondido. Entretanto, o irmão e a cunha-da, movidos por ganância e inveja, estragaram toda a felicidade de Ali e Rosinha, trazendo vingança, morte e tristeza à rotina na pequena Juriti do Limão. As ilustrações em xilogravura, de Eduardo Ver, contextualizam a história no Nordeste brasileiro.

Deixe os alunos manusearem os mate-riais e relembrarem sua história de lei-tor. Depois, apresente o livro Ali Babá e os quarenta cangaceiros como suporte do texto. Mostre a capa e explore a ilus-tração, o título, fale sobre o autor, Tiago de Melo Andrade, e sobre o ilustrador, Eduardo Ver, utilizando os textos das últimas páginas do livro.

Ainda sem compromisso com o texto escrito, peça que, em pequenos gru-pos, imaginem uma história que traga

o personagem Ali Babá – do conto ‘Ali Babá e os quarenta ladrões’ – para o sertão brasileiro. Como seria? Lembre-se, nessa etapa, o objetivo é fazer com que os alunos comecem a interagir com o universo que estará presente na obra, para poderem confrontar suas previsões com o que encontrarão nela.

Abra espaço para que exponham suas impressões e expectativas e, depois, encaminhe a leitura silenciosa do texto.

Sobre As Mil e uma Noites Sobre as histórias de cangaceiros

Quem já ouviu falar nas “Mil e uma Noites”, título da Coleção? Vocês sabem o que essa expressão significa? Ouça as inferências das crianças e desta-que aquelas que indicarem que é o título de uma das mais famosas obras da literatura, composta por uma coleção de contos de várias origens, in-cluindo o folclore indiano, persa e árabe, escritos entre os séculos XIII e XVI, de autor desconhecido. Traga para a sala de aula alguns livros com contos das Mil e Uma Noites para que manuseiem.

Disponibilize textos do folclore brasileiro que envolvam histórias de cangaceiros, especial-mente da literatura de cordel. Pergunte: vocês conhecem essas narrativas? Já leram algum desses livros? Ouviram as histórias? E a técnica de xilogravura? Já haviam visto em algum outro suporte que não a literatura de cordel? Sabem como se faz? Nesse caso, se a disciplina de Arte for parceira, pode ser programado um projeto de trabalho com excelentes resultados.

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Leitura e compreensão geral do texto

Após a leitura, proponha uma conver-sa que retome a narrativa e a evolu-ção da trama. Dê especial atenção aos

personagens da história, identificando-os e relacionando-os às suas represen-tações nas ilustrações.

Para analisar o texto lido, proponha que os alunos, em grupos, pesquisem na bi-blioteca o conto original Ali Babá e os 40 ladrões e recorram à Internet para complementar as informações (se de-sejar, indique alguns sites de apoio) e resolvam as questões que seguem:

• Por que no título do livro aparece Ali Babá e os quarenta cangaceiros? Esses personagens (Ali Babá e os cangaceiros) têm a mesma importância na história? É possível entender o texto sem conhecer a história original narrada no livro das Mil e Uma Noites?

• Como Ali Babá é apresentado na história recontada por Tiago de Melo Andrade? E o irmão de Ali Babá, Cassim? E os quarenta ladrões? Eles estão presentes na narrativa? Uma pes-quisa na internet ou na biblioteca da escola poderá indicar como são descri-tos os personagens nas traduções da história original.

• Tanto na história recontada, quanto no conto árabe, Ali Babá é um pobre lenha-dor que esbarra com um tesouro, na floresta onde ele estava cortando árvo-res. O tesouro está numa caverna, que é aberta por magia. Quando os ladrões saem de lá, Ali Babá entra e leva parte do tesouro para casa. O que há de dife-rente entre as duas histórias? Quais são os elementos brasileiros identificados na história de Tiago de Melo Andrade?

• Ao comparar as versões do conto árabe e a história lida, é possível perceber mui-tas semelhanças: alguns personagens são praticamente os mesmos e as ações se repetem, mas o contexto espaço-temporal não. Essa alteração é percep-tível? Que elementos permitem afirmar que Ali Babá e os quarenta cangaceiros é o resultado de uma mistura de histó-rias e de contextos/espaços/cenários? Destaque alguns indicativos que mos-trem onde se passa a história e quando.

• Sobre o vocabulário utilizado: reto-mem o texto e assinalem as palavras ou expressões às quais não estejam fami-liarizados. Depois, pesquisem em dicio-nário ou na internet. Façam um quadro com os achados, de modo a apresentá-lo para toda a turma.

Promova um momento de síntese dos achados. Com relatos dos grupos e des-taque das formas de compreensão que um estudo mais detalhado do texto pode promover, ampliando o sentido da leitura. Depois, em grande grupo, realize um estudo dos provérbios e dos títulos dos capítulos.

Peça que observem a forma como a his-tória é narrada e sua divisão em capítu-los. Questione-os a respeito dos títulos que aparecem nos capítulos. À medida que forem lendo os títulos, escreva-os no quadro: 1 - Cem anos de perdão; 2 - Quem tudo quer, nada tem; 3 - Debaixo

Estudo do texto

Quem são as personagens da história? Quais os vínculos/relações de parentes-co que uns têm com os outros? Onde se passa a história? É possível estabelecer re-lação entre o conto original (Ali Babá e os quarenta ladrões1), do livro As Mil e Uma Noites, com esse, recontado por Tiago de Melo Andrade? Quais as semelhanças?

E as diferenças? Aproveite para registrar no quadro o nome dos personagens, da cidade e da região onde se passa a histó-ria. Valorize cada resposta e organize-as de modo a destacar os elementos da nar-rativa (O que aconteceu? Quem viveu os fatos? Como? Onde? Por quê?).

1Caso os alunos não conheçam o conto, faça a contação da história. Aqueles que conhecerem a obra, incentive-os a complementar seu reconto.

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Resposta ao texto

Converse com os alunos a respeito dos sentidos que a leitura produziu. Valorize todas as contribuições e sugira a leitura de uma das primeiras versões (não adap-tadas) das Mil e Uma Noites. Incentive-os a conversarem sobre o lido com os colegas, trocando informações e compa-rando as leituras realizadas. Essas tarefas ampliam o horizonte do leitor.

Outra sugestão é, depois de o quadro ser completado e discutido com a tur-ma, acrescentar algumas curiosidades como as sinalizadas aqui, em nota de rodapé e promover sua exposição em um espaço adequado, como a bibliote-ca da escola, por exemplo, para que os demais leitores do livro possam ampliar sua compreensão leitora.

do angu tem molho; 4 - Asno com fome, espinho come; 5 - Quem se faz temer, não se faz amar; 6 - Sob sete chaves.

São conhecidos? Onde os leram? Ouvi-ram alguém falar? Sabem o que signifi-cam? Eles estão escritos de acordo com o que vocês conhecem? Proponha que, em duplas, relendo o texto, tentem deci-frar os títulos, atribuindo-lhes significado e complementando-os, se necessário. Por exemplo: Ao retomar o texto do pri-meiro capítulo (Cem anos de perdão), é possível aos alunos inferir o seu signifi-cado, pois Ali Babá rouba um pouco do

que os quarenta cangaceiros já haviam roubado. Por esse motivo, segundo o provérbio, ele poderia ser perdoado (Ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão). Dê um tempo para completarem a tarefa e peça que apre-sentem seus achados ao grande grupo.

Enquanto apresentam, complemente e informe que os títulos correspondem a provérbios ou ditados populares; são fra-ses que apresentam conselhos e/ou en-sinamento que surgem da boca do povo, transmitidos oralmente, ainda que nem sempre façam recomendações sérias...

2FONTE: http://aartedeensinarblog.blogspot.com.br/ 2008/03/utilizando-histrias-em-quadrinhos.html Esta frase é atribuída a Sir Francis Drake (1541-1596), que foi um pirata temido que agia nos mares da América Central, contratado pelos ingleses. Sua função era sa-quear caravelas (que já levavam material roubado). Ele próprio dizia que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Seria uma maneira de se “auto perdoar”. “Drake's Voyages: a reassessment of their place in Elizabethan Maritime Expansion”, de Kenneth Andrews, 1967. Disponível em: http://www.clinicalu-cano.com/otorrinoefono/curiosidades.htm. 3Conclui uma das fábulas de Esopo, “A galinha dos ovos de ouro”.4Na hora da alimentação, os escravos recebiam sempre uma cuia com uma porção de angu de fubá. Quando podia, a cozinheira, também escrava, escondia um pe-daço de carne ou torresmo debaixo do angu. Os escra-vos, ao perceberem, comentavam com o companheiro do lado, usando essa expressão. Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/algumas-expressoes-populares-e-a-sua-origem/5159/#ixzz3ijm2DqFc5No século XIII, em Portugal, joias e outros objetos valio-sos eram colocados em um baú com quatro fechaduras; cada chave era entregue a um alto funcionário do reino. Hoje em dia, a expressão “guardado a sete chaves” é usada para designar algo muito bem guardado ou ocul-to. http://www.brasilescola.com/curiosidades/origem-da-famosa-frase-guarddo-a-sete-chaves.htm

Título Provérbio Significado no livro

1 - Cem anos de perdão “Ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão”2

2 - Quem tudo quer, nada tem “Quem tudo quer, tudo perde”3

3 - Debaixo do angu tem molho“Debaixo desse angu tem caroço”4

4 - Asno com fome, espinho come “Burro com fome, cardos come”

5 - Quem se faz temer, não se faz amar idem

6 - Sob sete chaves “Guardado a sete chaves”5

Para refletir: Peça para que os alunos ci-tem exemplos de provérbios. Contribua, exemplificando com alguns: Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço; Cada cabeça uma sentença; Deus ajuda quem cedo madruga; Quem não arris-ca não petisca. Observe que falamos e repetimos essas frases/expressões sem pensar muito sobre o que significam e nem sempre as usamos com sabedoria. Para promover um debate capaz de agre-gar valores, cite um exemplo hipotético:

um aluno encontra um celular no chão durante o recreio da escola. Logo diz ao amigo: “achado não é roubado” e pega o aparelho para si. Questione: esta decisão está correta? O que há de errado nesta situação? Por que o provérbio está sendo usado de forma equivocada? Qual será a atitude certa? Por quê? Demonstre, por meio desse exemplo e de outros que os alunos referirem, que os provérbios não são uma verdade incontestável.

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