alguns teoremas sobre a determinaÇ~o de ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/td 61.pdfda taxa de...

17
TEXTO PARA DISCUSSÃO I~º 61 ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE PREÇOS EM KALECKI Cl<:\udi.o Gontijo I~OVé'lI1b í o dE' 1990

Upload: others

Post on 25-Dec-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

TEXTO PARA DISCUSSÃO I~º 61

ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~ODE PREÇOS EM KALECKI

Cl<:\udi.o Gontijo

I~OVé'lI1b í o dE' 1990

Page 2: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

anpzeassoc1acao nacional

de centros depós-gr'nduac.ão

em econoc1Í1

Esta publicação foi impressacom a colaboração da ANPEC

e o apoio financeiro do PNPE

Program:l Nacional de

'~[PI]jPesquisa Econômica

3:18, '::ir'l'~-..10~,., c:'. GGnUjo., Cl?udicl} i.S'54-

Alguns t~or2mas sobrE a dRt€rmina~~o dpprEços Em Kalecki / por Cl~udio Gontijo, -BElo Horizonte: CEDEPLAR/UFMG, 1990,

i2p, - (Texto para discuss~o I CEDEPLARói)

i, Pr~ços, 2, Sal~rios, I, UniY2rsidad~r:'ederal de hin ';:; GE'r;;l.j,':j, CE-~lltIO de D(;:sen-'volvimento e P an~jampnto REgional, lI, Tí-tulo. In, 8s'l- p, (Te;-:to p",r::o, DisCUES:3,Q /[EDEF'LAP 61)

Page 3: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

CEDEPL.t,f-i:

Cl/\udio Gont :i.jo')I:

* Professor do CEDEPLAR e da Faculdade de Ciências Ecun8micas daUFI1G.

_._----~-~----_._~--_._-_..._._ .._~----~-"._-_.~_._----_._._-~----_._._-----_._._-_.-

Page 4: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

F' ~í!Ji n~,

i

i. A EOUAÇ~O KALECKIANA DE PREÇOS

2. CONSISrgNCIA FORMAL DA EQUAÇ~O KALECKIANA DL PReçOS. o 2::.'

í:~. 2 ._0 ~) "I. "1Ó.l" i (] f~f!: :;;l. J. [I t;:~t: f!: I" Hl i n ,,\d o L n d D:J 0;:: n :::.•.rn c n t (.:. .

3. UH EXEI'íPLO HUlvíl~F\I CO

4. COI'!CL.Us2íE:3

BIBL.IOGRAFIA #j •••.;>.f.I ...

Page 5: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

RESUMO

Este artigo discute a teoria kaleckiana de formaç~G d~prcç:o'.:;, ~'l qual Cl:;,':;UnlE qUE O~, F'I"cç: o'.:; r'E:'~;;Llltam d:,\ J.lflp()siç:~;u dc~ um::::

l'iIa I" 9 C IH d (~ IIIa r' I< u p s ()b I" C cus t 0<';;, I'io s t 1"<Oi.... ':;; 12 II u (~ IIm.;:\ c: o n d i ç ::.\.:, ri c: ..

C E.'S :: ZII" i <:\ 111a !;; n ~';o ~:;u f i c i E n t (:' p <:'\ I" c\ a s LIa c on =, i !;; t: C J I C j, ,,\ i n ti,,: )"I i ::1 , C

q II 12 o s a '1':Ó. r i a r 0: ,',i 1 s e j a d e: t c I"mi n a cI () (,;n d () 9 (;,'n ,,'\fII f~n t i,':;, Go n t u d U, "l, i n -,

d a n e s s t' c:<:\ s' o , a cfe t E'l"IH i n a Ç. ~\ o d <:"S IHa I"9 €-: n 5 d i:: m<:U' k - LIp, b a 5 E:',~d E\ n o

!;J 1-au d 1£,; !TI(HI () P Ó 1 i Q d a f i )"!TI:';\, P ode)" '2 S Ll 1t =i;l, )- E:m '1Li.C r' o sou P 1- C ';,:C) 'o-

negat ivo'.:;,

Page 6: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

A id~ia dE que no capitalismo moderno a determin~~;ode preços de~ende, fundamentalmente, do poder de manopcilia J~sempresas, cunstitui-se num tra~o característico da escola pos-k€~neslana € mesmo de uma das vertentes do marxismo, como ates-tam, por exemplo, os escritos de Joan Robinson, Alfred Eichner,Joseph Steindl, S~los-Labini, Paul Baran e Paul Sweez~. Estes eoutros autores reconhecem, por sua vez, a influincia exercidapor Michael Kalecki na formulaçio dessa id~ia basilar.

O objetivo deste artigo consiste em examinar a 169icainterna dessa teoria, tomando-se a formulaçio kaleckiana comocentro de nossas investigaç5es. Ao contrário de estudos anterio-j"'es (vej a-SE:, por exemplo, Cowling, 1982; Basile e Salvadori,1984-85;a determinaçio'de preços em Kalecki a partir de uma firma con-siderada isoladamente, desde que, ao nosso ver, isso constitui aprincipal ~eficiincia desses estudos, que nio levam em conside-raçio os efeitos interindustriais implícitos em todamicl-oeconâmica" de pl-eços.

E:'qUaçio

Nesse sentido,rigorosa das condiç5es necessárias para que a teoria kaleckianade preços seja logicamente coerente. As provas apresentadas ba-seiam-se numa economia sem capital fixo, mas podem ser facilmen-te estendidas para o caso mais geral. A opçio por trabalhar comuma economia com apenas capital circulante foi ditada somentepelo interesse em simplificar as fcirmulas algibricas.

o artigo divide-se me quatro partes. Na p r i mei 1- a,

apresenta-se a deduçio da equaç~o kaleckiana d~ preços seto-l-iais, a pal-til- de sua llltima vers£\o, contida na obl-a "TeCll-i,,;\daDinimica Econ6mica". Na segunda, discute-se a coerªncia formalda mesmê:\. Na terceira, apresenta-se um exemplo n~m~rico, e naquarta, sumarizam-se as conclus5es.

i. A EQUAÇÃO KALECKIANA DE PREÇOS

Em sua olHa "TC:Ol-ia dê.-\ Dinâmica Econômica" (1954), I(a-- '-

Page 7: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

":.'

em seus custos primários (Cp) e no inter-relacionamento com ospre~os de outras firmas produzindo produtos similares:

p - m Cp + n pi i i i

onde p 1- C P 1- e:;0.'n t a o p 1" C ç: o cob 1- ado P E' 1a +' i 1- ma i e fi o p r'c ç: D '"i l"iI e-i

dio prevalecente na ind~stria. Segundo Kalccki, 05 coeficientesm e n 1-c .p IE~tem o ..9 1- au d i2 ITIonop ó"1io" da em p 1- e '5 ,1 i.i i No caso da ind~stria, podemos deduzir de (i) a scguin-

te equaçio de preços, cxpressos em termos de uma margem de mark-up k e dos custos prim~rios Cp:

p •.. C rol ( i _.n)] Cp _. k Cp (2 )

onde:I< _. [m/ ( j.

_. n ) :.I -- f' ( ]J ) ( r., ,~) ,

A equaçio (3) expressa o fato de que o mark-up c umafun~~o do urau de monopcilio ]J da indJstria em qucstio.

Considerando-se agora 05 custos primários como sendoconstituídos por custos de mat0rias-primas e de m50-dc-obra, po-demos escrever a equaç~o de preços para o sistema ccon8mico comoum todo da SEguintE forma:

p _. (p A + ~\) a ) <k>N

( 4 )

onde p significa o vetor-linha de preços; A a mat~iz de coefi-cientes interindustriais; a o vetor-linha dos coeficicntes de

Ntrabalho e (k) a matriz diagonal dos mark-ups setoriais. Obser-ve-se que se optou por uma taxa salarial ~nica w apenas paraefeito de simplificaç~o.

2. CONSISTêNCIA FORMAL DA EQUAÇ~O KALECKIANA DE PREÇOS

Examinando-se a E.'CJu<:\<;:~\Cl(4») verifica-~:;i=~quc <k->~é--cle-~_

terminado pelos graus de monopólio das diverSas ind~strias, e A

Page 8: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

é cIc t c 1- In i n ~td o t E' C n D 1 C)9 :i. c:~U1I1.,:'n te. I<:;t: o eJE.:':i. >«,\ p e:' w c o ITIo ~\S i n c .:,~J_..

nitas do sistema. No caso de w, sua dEtermina~io depende da teo-ria salarial a ser adotada. Inicialmente, examinemos os efeitosda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real d, composto por uma cestade mercadorias, seja determinado pelo custo de reproduçio dafor~a de trabalho, como na hipcitese marxista, ou pela força dossindicatos e do movimento operirio, numa hipcitese menos restri-tiva.

2.1- Sal~rio Real Determinado Exogenamente

Quando o sal~rio real d é determinado exogenamente,tem-se:

t'" = p d

Substituindo-se (5) em (4) obt~m-se:

p [I - (A + da) <k)J = 0N

( 5 )

(6)

Tem-se, pois, um conjunto de equa~5es homogineas, cujasolução não trivial requer:

det [I - (A + da) <k)J = 0N

As implica~5es dessa soluçio s~o difíceis de se apre-ender. Contudo, de imediato, pode-se perceber que a equaçio (7)implica numa restriçio aos valores de k, significando que, pelomenos, ao se determinar n-1 mark-ups setoriaisJ o mark-up res-tante estar~ automaticamente determinado ..De mais a mais, nadagarante que ele seja maior do que a unidade (cobrindo os custosde produçio), ou mesmo positivo. Isto significa que a determina-çio excigena dos mark-ups setoriais como funçio somente do poderde mercado implica na sobredeterminação do sistema de preços,

--l.:-('1rnaliâá::'o~inconsistent e.

Page 9: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

ainda m~is profundas. fnicialmente, para efeito de simplific~-~:~:';oJ ~;uponh:;.\ITI()~=. qUE~:

<k) ..- (1 + r') I

Em outras palavras, suponhamos que pr~vale,a uma taxade lucro homoginea r em toda a economia, Segue que ~ equaçâa depre,os pode ser expressa como:

p :: (1 + )-) P (A + da)N

Fazendo

o -.i/<i+r)

nossa equaçio característica torna-se:

det [8 I - (A + da)] - 0N

(9 )

(10)

Agora estamos em condi~5es de examinar a equaçio (9).A matriz (A + d a ).pode ser redutível, se o produto de algumas

Nind~strias (as chamadas ind~strias nio-básicas, ou ind~strias debens de luxo) nio entrar direta ou indiretamente na produçio detodos os outros produtos. Nesse caso, podemos expressar a equa-çio de preços dos produtos das ind~strias b~sicas como:

p :: (1 + r) (p A + da)B B B B

(12)

~ fici1 verificar-se que esse sistema ~ necessário esuficiente para a determinaçio de r e dos preços relativos dosprodutos bisicos p . De fato, considerando apenas as ind~strias

Bb~sicas nossa equaçio característica torna-se:

det Co I -B

A + da)] _. 0B B (13)

Agora, c:.'xaminando-se a equação (13),raízes sio as raízes características da matrix (A + da ). Desde

£l B

Page 10: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

que esta matriz e nao r~dutivel e n~o n~gativa, de acordo com 0

1 *tecll-ema de F'err'oll--FrDb€.:niu.~.;; ,sua Y'?.:LZ c;,:u-act:.=.'I-í,:;tica rn:áx:iIH~':l, Ô

é a ~nica a produzi\~ llm vetor característico com somente €letnen-

tos positivos, o que ~ requerido, uma vez que o vetor de preçostem de ser positivo. De mais a mais, desde que a soma dos ele-mentos das linhas da matriz (A + da) ~ menor ou igual a um,B Bprevalecendo a desigualdade em pelo menos um caso para que exis-ta excedente f

..lSlCO, segue-se qUE, para haver uma soluç~o comsignificado econômica, as seguintes candiç6es precisam ser sa-tisfeitas:

* *.~1- :: (1 - ô ) 1ô

*ó < i

(14)

(15)

Essas condiç5es 5~0 sempre satisfeitas quando a taxade lucro r ~ positiva, demonst(ando a consistincia interna deuma teoria de preços baseada no postulado de uma taxa homog~neade lUCI-OS.

Agora podemos relaxar a hipdtese (8) e admitir dife-rentes taxas de lucro nos diversos setores. Contudo, inicialmen-te, suponhamos que as taxas setoriais variem entre zero e o m~-

* * *ximo detE'Tminado pel",.raiz de Fnlbenius r :::(Ó - i)1 ó Istoimplica as seguintes condiç5es:

H~) mi.n k ::: i ij

*2~\) ITIBX k < ( 1 + '( )j

*onde 1/(1 + 1- )

* ao

Chamando

PBà 1-8.i2

~ a raiz de Frobenius de (A + da).B B

vector característico dessa ~ltima matriz, correspondendo*Ó , tem-se:

* '*-t'- - - (i. + 1- ) p ( A + da)B B B B (16)

Veja-se Pasinetti (1977), p. 269.

Page 11: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

:«.De::.,;;'::! '::': qUi::: 111 :0":\. >< I( {. ( :, + ,.. ';:;('~\:.Ju.(':':' ':IU.<::-:

J

* ....l ~(.

p (I( '> > p ( A + d a )E: r: J.:; r: H

.)(. .jt

) pü

(A + da)).) .t:

(k >fi

<l? )

(J (.1ti. e ~5i 9 n :i. f i c a

p 1. (J d Ll t i \l a ° Em

que (A + da) (k ), além de n~oÜ 1-3 Boutras palavras, satisfeitas a 10 e

n~dutível, c,,\ 29 cond i.-

Podemos agora supor a seguinte condiç50:

*> (i + ro ;O,"

Heste caso, segwindo um raciocínio paralelo ao ante-rior, conclui-se que:

.j(- oi(o

p -( p (A + d a ) (I( )Ü D [{ .B B

(j qu.i:,: siÇ/nific<':l. qLI.(-~ (A + da) <K ) n~;{o é prooc!u.t:i.'/ao Em uu.tr.::).',:!o{ B t'

tras palavras, 2m se ~revale~endo 'a 3~ condiçâo. a equaçao ka-leckiana pode gerar preços que nio cobrem os custos de produç~oou mesmo preços negativus.

Podemos agora examinar o caso mais geral em que a ~ni-

4~j) min I< _o ij

Neste caso nâo se pode garantir que prevaleça ( l:7) .

Isto significa que a püssibiidade de lucros ou rreços ne9ativosnio está afastada. ou. o que quer dizer o mesmo, ....

1"'1,,10 £o,E' podE.: Uü ...

rantir a consistQncia interna do sistema de preços.

Page 12: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

"., '"-;'r:. _ \.._

?

- Sal~rio Real Determinado Endogenamente

o r~:iQcínio desenvolvido até agora está sujeito à .ob-

9undo a qual o sal~rio real n~o i previamente determinado, masI" E'sul ta do salarlO nc::ninet.l, .qUE e determinado simultaneamentEcom o grau de monopol1o e 05 preços. Examinemos essamais d,=~p'2r.to.

De forma a SE evitar complicaç5es . . .dE:';::.neceSSeU"ld.S,.::;.u._.

ponhamos ~ue a composição do salário real seja fixa, e qUE are- ~nas sua quantidade varie. Com base nessa hipdtese simplificado-ra, a EqUaç~o da taxa de salário pode ser expressa como:

Observe-se que d i fixo, mas o i variávelNestE: CelSO, a nossa pquaç~o característica

dl:-,t r. I - (A + o da) J .- ~~I

r~

A diferença básj.ca en.tre essa equaçio E a equaç~o (7)~ que, agora, tem-se um grau de liberdade adicional, o qUE sig-nifica que, aparentemente, quando o salário real é endogenamentedet el-m:i.nac.ia,t: El" In :i. n a do.

o sistema de preços n~a é necesáriamente sobrede-Assim, em lugar de um ma~k-up ser fun~~o de todos os

outros mark-ups, a varijvel o que define o salário Teal passa adesempenhar a funç~o de tornar o sistema consistente, na mpdidaem que ela poder~ assumir diferentes valores dependendo dos v~-10res dos mark-ups setoriais. Contudo,

"O ~ (J Co I b .... r' t'~ ..' ~..•• l . ~]. "' . E'.n !.. 1 ~. ( 2i)

precisa ser respeitada, caso contrário o sistema n~o se repro-dLlZ. Isso imrlica em impor limites aos valores assumidos pelosmai"k"-uPs. No caso l:i.lilite E:m que o = o . r •• " O sistE'm:::,.t:Dr'-'5ub';:;lstencIBn~"'::;r:-:,'n(J' ...i&.mE-:nte, sobrpdi-:-,t:el-minado, uma "lez quo::: nes'::;!:"=." ca!:;o l.lm do':';

Inark-t.lpS t:orna-se funçao das outroas Rlargens de lLlcr"o e (ja taxade saljrio de subsist~ncia.

Page 13: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

ITl :;.~l.: j"' :i. i{ (A + o da) < l< > .::; D IH c,n l c '::c j"' j. li C C C S .:;; ;".i.'( j. ::,'./"11(.: n t: c. p j"' (id f..I.I.: j.',' ,.l.B n r~

SE a i~ E a 2~ con~içGe~ forem satisf~itas. Nesse c~so a cOj"'res-

P C)n ti c n tel::,~ )(:). ho Ino !J t:: n c ,,\ de "1u.c r' o, r' , 'o; f:: j- a. d (.:.t c '( m i n ,,~d "I. i :o :.:: L ,,"t.

ma i o r' r' :::\i ~'-c <:lj"'c\c t ti" j"' i s t i c <:\ a !:; s,o c i a LI<:\ l'l m ::i t j"' i z ( A + o da) , [ liI[l D

outras palavras, estamos de volta ao primeiro caso, quando con-sideramos a taxa de salário real determinada exo9Enamentc, E acondiç~o suficiente (mas n~o necessária) para uma consistenteteoria de preços baseada em mark-ups ~ que ESSES devem SEr, nomáxime, iguais a um mais a taxa homo9&nea de "1ucro r

3 - UM EXEMPLO NUMéRICO

Suponhamos uma Economia em reproduçio simples, produ-zindo apenas ferro como meio de produç50, trigal como meio de

2consumo dos trabalhadores, e ouro, como bem de luxo. Os pro-CESSOS produtivos Estio descritos a seguir, sendo que os bensest~o medidos em toneladas e o trabalho em dias de trabalho:

28 fE:'n-o + 56 tl-aba1ho --) 56 fETro12 fen-o + 8 tl-abalho -- ) 8 tr'igo16 fen-o + 16 tl-abalho --) 28 OU1-O

Baseado ne esquema acima, os preços de produçio cor-respondentes podem ser expressos como:

p = (0.5 p + w) (1 + r)f f

p - (1.5 p + w) (1 + r)t t'

F' .- (I~. 333 P + 0. 333 Vi) (1 + r)o -F

2 Exemplo numéricoNLB, p. 38.

retirado de Steedman (1975): Harx-after Sraffa. Londres:"---.

~

~~

~

Page 14: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

EstabeleCEndo o sal~rio real igual a 0,2 unidades detrigo e esolhendo trigo como nosso num~r~ire (p = i), temos:

t

r = 0,0895 e p - 0,4186.r

o pl-eço do ouro não nos intel-essa pOI-qLI.e,como e f~cilde se vel-ifical-, ele n~{o repr'esenta um "produto b<:Í.sico".

A teoria kaleckiana admitiria que os preçoê e a taxadeI uc 1-o ac ima p 1-eva 1 I:? C 121" iam numa ec on om i a "em conc on- €nc ia", naqual não existem diferenças no grau de monop6lio entre -os seto-res da economia. Suponhamos, no entanto, que a ind~stria de fer-ro se organizasse em cart~is e fixasse um mark-up de 110%. NesteC,,\sO, ~ fici1 verificar-se que a ~nica possibilidade de consis-tincia na economia acima seria dada por:

p = O,4889 e k - 1,071f t

Observe-se que o preço relativo do ferro e o mark-upda ind~stria de trigo seriam determinados mesmo sem considerar o"podt:T de monopólio" dessa Líltima indlístl-ia-.

Suponhamos agora o inverso: que os produtores de trigoorganizem-se em cart~is e imponham um mark-up de 110X. Neste ca-so. a ~nica possibilidade de consist@ncia entre as aç6es dosprodutores nos dois setores b~sicos seria obter-se:

p - 0.4727 e k - 1.0833.f f

Podemos agora considerar um caso extremo e supor queos produtores de trigo imponham um mark-up de 600X. Neste casoteríamos:

p - -0,0222 e k = -0,1176.f f

o exemplo acima ilustra os problem~s fundamentais queforam discutidos na primeira parte deste artigo: ~ questio dasobredeterminaçio de preços em Kalecki e da sua (possível) in-consist€ncia irlterna. Como se pode verificar, uma vez tendo sidofixado o ~alário real, uma das margens de mark-up torna-se fun-

.-'~ci~(l-----rIâ ou t r a ITI,:\ r- 9 em; dE mai s a mai s, f i xan do-se ap en as um cI()~~

Page 15: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

IH:::~i" k "..U fi~; e d i;,.:. i }(::)n d () () () U t r' o a ~:;i;;~\" d i:c~t (::.~r'm :i. n :::~do p fi: 1 o ~:;i s t 1;":: fil ::":"i., mc ~~.,..

mo assim nem todos os mark-urs teoricamente possíveis são cümpa-tiveis com o sistema, podendo gerar lucros ou preços negativos.

Con ",.i d cr E"mo~,., uma situa~ão na qual o salJrio(~ d 1;":;t ~!:r'm i 11 <:~do endo :.J i.c~n :;";1. m fi: n t i::~. Sup I.] nh,;1.111o~:;,in i c ia 1me n t f::, que

o setor que produz ferro tenha um mark-up de 185% e que a ind0s-tria de trigo imponha um mark-up de 200%. Nesse caso, teríamos:

p - 0,3246 c w = 0,0132,f

Como se vê, o sistema i compatível desde que o salcirioacima seja maior do que o mínimu de subsistência. Mas,consideremos que a ind0stria de ferro consiga atingir níveismais elevados de concentraçâo e imponha um mark-up de 250~.Nesse caso, teríamos:

p - 0,3571 e w - -0,0357.-r

Assim, nesse 01timo caso, a compatibilizaçio entre osmark-ups setoriais exige uma taxa salarial negativa, o que, comoo óbvio, e impossível.

-4 .- CONCLUSõES

Da ancilise anterior podemos concluir que a condiçionecessá,-ia mas nio suficiente p"I.r':::1.qUI2 ,';1. teor'ia k,":I.l(.::ck-.i.,;1.n::,i.dl::~

determinaçio de preços seja consistente ~ que a taxa de salárioreal seja determinada endogenamente,

Com efeito, em primeiro lugar, ressalte-se que quando

d r:..: ITI(J n (.)p Ó 1 i o ', C D \" r' ('C: ~:; I ) () n d e 11t fi: ,

Page 16: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

i i

Em segundo lugar, ~xistcm limit~s estritos para que umsistema de preços baseados em diferentes taxas setoriais de lu-cro tenha consist&ncia interna. Como se viu acima, quando o sa-lário real e dado, a imrosi~io de diferentes mark-ups setoriaispode levar a lucros ou preços negativos. Por outro lado, quandoo salário real é determinado endogenamente, a hipóteese de salá-rios abaixo do nível de subsistincia ou mesmo negativos n~o podesel- descal-tada.

E ITI s.uma, coIlC lu i _.S €o' que qu <:-\1 que 1- t eol-ia dE:'d E;'te 1- m i na-~io de preços a partir da imposiç~o de mark-ups determinados pe-lo podel- de mel-cada (ou "grau de monoró'! io) das empl-E:'S;;\S,comono caso da teoria kaleckiana, requer hipdteses adicionais pararesguardar sua consistincia interna que, pelo visto, nio e5t~assegurada.

Page 17: ALGUNS TEOREMAS SOBRE A DETERMINAÇ~O DE ...cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD 61.pdfda taxa de salirio real se determinada exogenamente. Pode-se su-por, por exemplo, que o salirio real

BIBLIOGRAFIA

BASILE, L., SALVADORI, N. Kalccki's pricing theor~. Journal ofpost-ke~n€sian €conomics. v.7, p.249-262, 1984-85.

c liWL II~G , I(. H ono po 1~ Ca pita 1 i5 m. l'l€ w Yor k: J oh n W i 1E.'~J t~ !3on~;,19B2.

I(ALECI<I, 11. Theol-~ of Economic I1~namic. (lI'len & Unwin, il?:i4.

1([I'jF' , 11 .. C :, I<HíUI:;:(.-l,Y. Int roduct ion to mat hemat ica 1 economics.New York: Springer-Verla9, 1978.

I:::r;: J: ESLER,'1er:;.it~

P. Kalecki's microanal~sis.F'r £:.'";$, 1987.

New Ycrk: Cambridge !..In :i.....

PASINETTI, L. Lectures on the theor~ of production. New Ycrk:Columbia Uni'ler5it~ Press, 1977.

ROEMCR, J. E. Anal~tical foundations of marxian economic theor~.New Ycrk: Cambridge Unlversit~ Press, 1988.

S(-'IWfErc l-i. The economics of Hichal Kalecki. Hf.'~~'J YOl"k: ~;h,:\r'F.'t::.,i98~.5.