algumas questões de linguística na alfabetização

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    Algumas Questes de Lingustica na Alfabetizao*

    Luiz Carlos Cagliari Departamento de Lingustica - Faculdade de

    Cincias e Letras UNESP/Araraquara Unicamp/ Campinas

    Resumo: Neste trabalho, o autor afirma que os alunos tm uma experincia de anos como ouvintes e falantes de uma lngua; portanto, sabem entender e falar, atendendo s necessidades de comunicao e de uso da lin-guagem nos seus primeiros anos de vida. A escola tira o ambiente natural de uso da linguagem e o coloca em um contexto artificial, em que a linguagem avaliada a todo instante e no usada apenas para as pessoas

    se comunicarem e interagirem linguisticamente. A adaptao das crianas ao modelo escolar no acontece da noite para o dia, j que a aquisio dessas habilidades ocorre em contexto diverso daquele em que se d a aquisio da linguagem quando a criana aprende a falar. Decorre, ento, que o professor precisa entender por que as crianas falam de determinado modo, respeitando essa caracterstica e as ajudando a entender por que falam de um jeito e no de outro. O texto destaca o quanto preciso explicar o que a escola espera de cada criana, agora e depois; e porque o professor deve usar sempre o dialeto padro, assim como treinar os alunos

    a us-lo, sobretudo nas leituras. O autor faz um balano do que essencial ensinar e aprender na alfabetizao com relao escrita (e, por conseguinte, com relao leitura), e destaca dez tpicos fundamentais para

    essa tarefa. Apresenta um roteiro metodolgico e traz, ainda, as noes lingusticas mais importantes para se

    entender os mecanismos de produo da leitura (decifrao e compreenso) e da escrita (livre ou ortogrfica).

    Finaliza afirmando que, do ponto de vista prtico, o professor dever discutir exaustivamente as ideias ligadas

    ao sistema de escrita, ao princpio acrofnico, categorizao grfica e funcional das letras.

    Palavras-chave: Alfabetizao, Aprendizagem, Oralidade, Lingustica, Princpio acrofnico.

    1. A Fala e a CrianaToda criana aprende a falar.1 A criana apren-

    de a falar porque convive com outras pessoas que falam e porque tem uma faculdade da linguagem, tambm chamada de pensamento ou de mente hu-mana. Aprender a falar depende, pois, da racionali-dade humana que dada a todo o ser humano pela

    1. Em alguns casos de enorme patologia, em geral com risco de vida, uma criana pode viver alguns anos sem falar. Mesmo nestes casos, a cincia ainda no sabe at que ponto essas pessoas conseguem entender a lingua-gem falada. At hoje, nenhuma pessoa saiu da infncia sem saber falar. Relatos de crianas que viveram durante certo tempo em isolamento total e nunca aprenderam a falar no so verdicos, como se tem provado.

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    natureza e da interao com outras pessoas. Como as pessoas com as quais a criana convive falam, ela acaba adquirindo a linguagem oral dessas pessoas.

    Esse processo de aquisio da linguagem , na verdade, altamente complexo. Os sons de uma palavra isolada no passam de sons como quaisquer outros. Para serem aceitos como sons de uma palavra real, precisam pertencer a um sistema, a uma lngua. As lnguas, porm, no so feitas dos sons das palavras isoladas, mas de estruturas que juntam ideias e sons, formando palavras, frases, textos etc. Uma palavra isolada s existe porque o texto foi reduzido a sua me-nor dimenso. Na sua maior dimenso, o texto no tem limite definido, estende-se at quando o falante quiser. Por causa dessas caractersticas das lnguas, as crianas comeam aprendendo mais a ouvir do que a falar, entendem mais do que falam. Somente aps certa idade, ocorre equilbrio entre o que o falante entende e o que consegue falar. Entretanto, na prtica, as pes-soas so mais expostas a ouvir do que a falar e, por isso, acham que entendem o que os outros dizem, o que leem, mas no sabem falar. Essa atitude social e no revela uma verdade lin-gustica. As pessoas podem ter vergonha de falar, podem ter pouca prtica de se expressar, mas, tudo o que ouvem e entendem, como usurios da lngua, pode reverter na forma de produo de fala por parte do falante. por isso que algumas pessoas, de repente, descobrem que podem fazer poesias ou escrever histrias com certa arte literria.

    Essa grande diferena entre o entender e o falar encontra uma dura realidade nas atividades escolares, desde os primeiros anos. certo que os alunos tm uma experincia de anos como ouvintes e falantes de uma lngua; portanto, sabem entender e falar, atendendo s necessidades de comunicao e de uso da linguagem nos seus primeiros anos de vida. A escola tira o am-biente natural de uso da linguagem e o coloca em um contexto artificial, em que a linguagem avaliada a todo instante e no usada apenas para as pessoas se comunicarem e interagirem linguisticamente. Tal situao pode levar uma criana a duvidar das habilidades lingusticas que j adquiriu. Como consequncia, essa criana comear a duvidar que entende o que lhe dito e, sobretudo, que sabe falar a sua lngua do jeito que a escola quer.

    medida que a criana vai aprendendo a falar, sua habilidade lingustica vai se identifican-do com o modo de falar das pessoas com quem convive. Depois de certo tempo, passados os erros iniciais, as crianas conversam normalmente, e a comunidade tem a certeza de que todos falam corretamente, no havendo mais a necessidade de corrigir a fala das crianas, nem de ensinar a lngua a elas. Falar torna-se uma atividade conduzida automaticamente pelos falan-tes. Qualquer desvio inesperado logo notado e pode ser objeto de zombaria ou de admirao, dependendo de como a comunidade interpreta a novidade.

    O que acontece com um indivduo pode acontecer com um grupo. Na grande comunidade de falantes de um pas, grupos diferentes apresentam caractersticas prprias de uso da lngua e essas diferenas podem ser objeto de zombaria ou de admirao. A variao lingustica no mostra erro algum de linguagem, nem para o indivduo, nem para um grupo dialetal, mostra apenas que pessoas diferentes podem ter modos diferentes de usar uma mesma lngua. Porm,

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    como toda diferena perigosa, em princpio, ela pode afetar o equilbrio social estabelecido e, por esse motivo, avaliada para o bem ou para o mal da comunidade. Como a linguagem traz consigo uma bagagem cultural, atravs desse parmetro, as pessoas avaliam se o que diferente na fala das outras pessoas um bem ou um mal para a comunidade. Obviamente, no tipo de sociedade que temos, as pessoas cultas, ricas e influentes representam os falantes que melhor expressam os ideais coletivos, quanto mais pobres e ignorantes forem os indivduos, e os grupos e suas culturas, tanto mais discriminados sero perante os demais.

    Voltando sala de aula dos primeiros anos, vamos encontrar l um lugar onde esses valores sociais, culturais e lingusticos so avaliados, um em funo do outro. Como a criana, ao en-trar na escola, achava que j sabia falar sua lngua, no consegue entender o porqu de tudo, de repente, ficar confuso, errado e difcil em sua mente. Essa a realidade de inmeras crianas pobres e menos favorecidas social e economicamente, ao entrarem para a escola. A adaptao delas ao modelo escolar no acontece da noite para o dia. Na verdade, elas devero trilhar um longo caminho de adaptao e de aprendizagem, porque tudo o que diz relao linguagem sempre muito complexo e a aquisio de novas habilidades no ocorre no mesmo tipo de contexto em que ocorre a aquisio da linguagem, quando a criana aprende a falar. Esta, talvez, seja a questo bsica mais importante das atividades lingusticas escolares no Ensino Fundamental. Grandes problemas, que as crianas, as escolas, os pais e o governo tm com relao ao progresso da aprendizagem das crianas nesse momento escolar, advm da falta de compreenso dessa questo apresentada acima. Por outro lado, uma escola que consegue com-preender a realidade lingustica de seus alunos nos primeiros anos escolares pode desenvolver atividades de ensino e de aprendizagem que no ferem os alunos nem os mestres, mas, pelo contrrio, trazem tranquilidade, alegria, prazer e sucesso.

    Em termos prticos, o que tais ideias significam para o professor? Em primeiro lugar, o professor precisa entender por que as crianas falam de determinado modo. Em segundo lugar, ele precisa respeitar esse modo de falar das crianas e ajud-las a entender por que falam de uma maneira e no de outra. Em seguida, preciso explicar o que a escola espera delas, agora e depois. No se pode passar exerccios e atividades de linguagem, sem comear com uma longa conversa e discusso sobre esses assuntos. Embora o professor precise aceitar e respeitar o modo de falar de todos os alunos, cada qual com suas peculiaridades, tambm obrigao da escola ensinar o dialeto padro. O professor deve usar sempre o dialeto padro. Ser preciso tambm treinar os alunos a us-lo, sobretudo nas leituras. A adaptao dos alunos ao dialeto padro requer alguns anos, sobretudo para que eles te-nham um desempenho total. Nos primeiros anos, deve-se concentrar na leitura e nas atividades em sala de aula2. As diferenas entre os dialetos tambm se reflete na es-crita. Por isso, muito mais difcil para alguns alunos

    2. O recreio com a participao dos professo-res entre os alunos um momento importante no qual os alunos so levados a usar o dialeto padro em situao fora da sala de aula, sendo um bom momento de treinamento. altamente antipedaggico ter recreios, onde se veem to somente os alunos, no raramente se agredindo de uma forma ou de outra. Nossas escolas deve-riam, ainda, ter menos aulas, menos atividades em sala de aula e mais festas, comemoraes, competies e outras atividades coletivas.

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    acertarem a ortografia. Entretanto, ao corrigir os erros de grafia, os alunos vo tambm apren-dendo como se fala no dialeto padro. Isso no significa que a ortografia esteja escrita no dialeto padro, mas, sem dvida, est mais prxima do dialeto padro do que de algumas outras variedades da lngua. Portanto, o professor deve, desde o comeo, incentivar os alunos a procurar a escrita ortogrfica, perguntando como se escrevem as palavras com relao s quais eles tm dvidas ou sabem que costumam errar, quando as escrevem. Esta uma atividade que ensina o aluno a aprender como se aprende, ensinando, ao mesmo tempo, que no se pode a todo instante chutar uma resposta ou uma soluo.

    2. A Escrita e a CrianaNa escola, as crianas fazem muitas atividades. Na

    primeira srie, a atividade principal a alfabetizao3. Ser alfabetizado saber ler por iniciativa prpria. Tudo o mais so acrscimos. Sem dvida, a escola vai cuidar de todos os aspectos escolares ligados leitura, escrita e fala. Como todos ns aprendemos sempre pela vida afo-ra, a escola no precisa achar que as crianas vo ter que aprender tudo em um ou dois anos. H muita ansiedade por parte de muitos educadores, pais e at do governo, atrapalhando uma atividade educativa mais tranquila, que traga tambm a satisfao no que se faz. O progresso algo que vai se acelerar com o tempo. Por outro lado, o professor no pode perder tempo com mil atividades que, simplesmente, distraem as crianas, sem lhes ensinar as noes bsicas indispensveis para que aprendam a ler. Escrever uma decorrncia do fato de algum saber ler. Quem sabe ler, sabe escrever. O inverso, todavia, no verdadeiro. Um aluno pode ser um bom copista e no saber ler.

    Para ensinar a criana a ler, preciso, em primeiro lugar, que o professor saiba como se faz para ler. Os adultos se acostumam com o fato de lerem automaticamente e no se do conta dos mecanismos e dos conhecimentos de que uma pessoa precisa ter para decifrar e traduzir o es-crito em linguagem oral. Aqui est o segredo da atividade do professor. Todo professor deveria um dia olhar uma palavra, por exemplo, casa, e escrever todos os conhecimentos necessrios para ler essa palavra. isso o que ele vai ensinar na alfabetizao. No basta dizer que usamos letras, porque todas as palavras so escritas com letras (e outros sinais). No basta dizer que a letra A tem o som de [a], porque ela pode ter vrios outros sons. Por exemplo, o aluno que fala acharo, em vez de acharam, tem que aprender que o som de [u], no final dessa palavra, tambm se escreve com a letra A. No basta decorar que casa tem essa sequncia de letras, porque, des-se modo, os alunos precisariam decorar a escrita de todas as palavras. Ento, o que preciso saber para decifrar a escrita e ler uma palavra?4

    3. Infelizmente, ainda comum, no pas, que a alfabetizao comece no primeiro ano, quando o aluno j est com cerca de sete anos. O ideal seria alfabetizar a partir dos cinco anos. Na ver-dade, a primeira srie deveria comear aos cin-co anos. Esta uma questo que no tem sido discutida adequadamente pelos educadores. puro preconceito achar que uma criana de cinco anos no tem condies mentais de aprender a ler. Pessoalmente, acho que mais fcil alfabe-tizar uma criana de cinco anos do que de sete, porque a criana menor, em geral, tem melhor disposio pessoal para aprender a ler e menos influncia de outras coisas na vida.

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    Diante da escrita, o leitor (aprendiz ou usurio j bem treinado) precisa decifrar o que est escrito. A de-cifrao o aspecto mais importante do processo de alfabetizao. A compreenso do que as palavras signi-ficam ou at mesmo do texto uma atividade autom-tica. Se o aluno descobre que est escrito cadeira, ele sabe e entende o que est escrito, porque, como falante de Portugus, est acostumado a ouvir e a falar a pa-lavra cadeira. A situao vai se tornando mais difcil, mais complexa, medida que, partindo de palavras, o leitor se encontra diante de uma frase e, principalmente, de um texto. Como o aluno no costuma falar os textos que l, ele precisa prestar mais ateno ao conjunto das palavras e no apenas a cada palavra isoladamente. Esse processo de prestar ateno ao conjunto de palavras algo natural para ele, quando fala e quando ouve conversas comuns de sua vida. Portanto, os professores no precisam achar que as crianas tm, em princpio, grandes dificuldades em entender o que encontram nas atividades escolares. preciso esclarecer que muito mais fcil entender a linguagem oral ou escrita, a leitura individual ou feita por outra pessoa, do que responder a perguntas sobre uma fala ou um texto escrito ou lido. A grande dificuldade que ocorre, s vezes, no segundo caso, cau-sada pelo mecanismo de responder e no pelo mecanismo de entender. Perguntas so sempre armadilhas, desafios, e no processos confiveis de investigao da mente humana. Enfim, em termos prticos, o professor continuar a usar um vocabulrio acessvel s crianas e textos adequados. Como haver sempre muito debate e conversa sobre tudo o que se faz, a questo da compreenso da linguagem oral e escrita fica em um plano secundrio, na alfabetizao, com relao s reais preocupaes que o professor precisa ter com o ensino da leitura e da escrita.

    Fazendo um balano do que essencial ensinar e aprender na alfabetizao com relao escrita (e, por conseguinte, com relao leitura), podemos destacar os seguintes tpicos, comentados a seguir.

    1. Decifrar no um bicho-papo: existe uma falsa ideia, segundo a qual no se pode falar em decifrao, porque decifrar no entender. De fato, decifrar no entender, mas sem decifrar no se pode entender escrita alguma. O primeiro passo converter em linguagem oral o que est escrito. A compreenso depende de outros fatores e no deve ser objeto de preocupao, quando se ensina uma criana a ler palavras que ela usa no dia a dia. Sem a preocupao com a decifrao, o processo de alfabetizao no sai da estaca zero. Deixar a criana descobrir por si, imaginando o que a escrita pretende, um erro grosseiro. A criana deve ser incentivada a agir como quem decifra o que est escrito, para poder ler. O raciocnio de quem ensina e de quem aprende deve sempre se nortear por isso.

    2. Decifrar entender como a escrita funciona. Para ler, uma pessoa precisa saber como o sistema de escrita funciona. Todo sistema de escrita tem uma chave de decifrao, que

    4. No livro Diante das letras: a escrita na alfabe-tizao (veja bibliografia), h um captulo em que apresento mais de trinta conhecimentos tcnicos especficos que uma pessoa precisa saber para ler. Esses conhecimentos so usados automaticamen-te, quando um adulto l. No caso das crianas, a falta de um ou de outro desses conhecimentos cau-sa embarao, dificuldades em prosseguir e pode at mesmo causar bloqueios na mente da criana e na realizao de atividades escolares.

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    por onde se comea o trabalho de desvendar o que est escrito. No nosso caso, o prin-cpio acrofnico (veja adiante).

    3. Todos os sistemas de escrita do mundo se reduzem a dois tipos: ou so do tipo ideogrfi-co ou do tipo fonogrfico. A linguagem tem dois aspectos inseparveis, mas distintos: as ideias e os sons da fala. A escrita uma forma de representar a linguagem oral. Ao fazer isso, a escrita pode representar graficamente uma ideia, criando um sistema ideogrfico. Quando vemos um cone, um logotipo, um pictograma, um nmero, um grfico, come-amos decifrando o significado e depois atribumos os sons das palavras corresponden-tes. Por outro lado, um sistema de escrita pode representar graficamente sons da lingua-gem oral e com eles compor sequncias que formam palavras. O leitor vai juntando os sons at chegar ao fim da palavra. Nesse momento, identifica a palavra, como falante, e passa a ter acesso tambm ao significado associado quela palavra. Todo sistema de escrita apresenta certo equilbrio entre as informaes de base ideogrfica e fonogrfica,

    embora uma delas seja o ponto de partida e a caracterstica mais marcante do sistema. extremamente til que o professor mostre e discuta diferentes sistemas de escrita com os alunos, como pictogramas, cones, logotipos, logomarcas, representao de nme-ros, mapas, grficos etc.5 Certamente, no haver uma apresentao detalhada dessas informaes, mas apenas o essencial para mostrar que podemos ler e escrever sem usar

    letras. O que distingue uma escrita de um desenho que, no caso da escrita, encontramos palavras da linguagem oral associadas s formas grficas. No caso dos desenhos, encon-tramos apenas referncias a coisas do mundo a respeito das quais podemos falar, como podemos fazer sobre qualquer outra coisa que no seja uma forma grfica. Por isso, no lemos desenhos, fotos, figuras: apenas fazemos comentrios, que podem ser diferentes, se feitos por pessoas diferentes. No caso de formas figurativas, que servem de escrita, haver uma palavra ou expresso associada imagem. Certamente, o pictograma de um homem em uma porta poder ser lido como banheiro masculino, toalete masculino etc. Essas expresses so sinnimas e representam a mesma ideia carreada pela escrita ideo-grfica. Por outro lado, uma escrita fonogrfica poder ter pronncias diferenciadas em alguns aspectos, por causa da variao de pronncia que as palavras tm nos diferentes dialetos da lngua. Escrevemos dia, e podemos pronunciar [djia] ou [dia], dependendo do dialeto.

    4. Nosso sistema principal de escrita o alfabeto6. O alfabeto um sistema fonogrfico, portanto, um sistema que parte da representao de sons para compor palavras e chegar, assim, ao significado. O alfabeto foi inventado atravs de um princpio acrofnico ou princpio alfabtico7. Esse princpio afirma que no nome das letras (em geral no incio)

    5. Um dos objetivos dessas atividades mostrar aos alunos que eles j sabem ler e escrever, usando recursos semelhantes.

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    ocorre o som que a letra tem. Assim, a letra A tem o som de [a]; a letra C tem o som de

    [c], a letra P tem o som de [p] etc. Algumas letras trazem essa informao no exata-mente no incio, como acontece com a letra L, que tem o som de [l] entre dois Es: e-l-e.

    O mesmo acontece com outras letras. A letra H no representa som algum, servindo apenas de referncia etimolgica de palavras e como coringa para formar os dgrafos (duas letras representando um som, como em LH, NH, CH). Segundo o princpio alfab-tico, para cada letra corresponderia um som e vice-versa. Com essa regra, ao escrever as palavras, cada usurio deveria fazer uma transcrio fontica rigorosa. Assim, quem fala [baudi] deveria escrever BAUDI, quem fala [barde] deveria escrever BARDE, quem fala

    [baudji] deveria escrever BAUDJI, e assim por diante. Percebe-se logo que, se cada um

    escrevesse como fala, uma mesma palavra apareceria escrita de vrias formas diferentes, dificultando sobremaneira a decifrao por leitores que no falam do mesmo modo que a pessoa que escreveu. Ao constatar isso, o sistema de escrita alfabtica reconheceu que no era l grande coisa o princpio alfabtico, que o tinha criado, e partiu para neutralizar todas essas va-riantes, por meio de um mecanismo de congelamento da forma grfica das palavras, isto , atravs da orto-grafia, com o objetivo de permitir uma leitura mais fcil por parte de todos os usurios do sistema8. por esse motivo que ns lemos cada qual no seu dia-leto e no no dialeto de quem escreveu. Um caipira l Machado de Assis no no dialeto carioca da poca do escritor, mas seguindo sua pronncia caipira. Na escola, como usamos o dialeto padro, os alunos po-dem ler no dialeto padro, porque a escrita ortogrfi-ca permite que a leitura seja feita em qualquer dialeto da lngua, mas as primeiras leituras, certamente, iro acontecer na pronncia do dialeto do aluno.

    O professor precisa ter essas ideias bem claras em sua mente e discuti-las com seus alunos at a exausto. A tendncia que temos achar que basta o princpio acrofnico para que possa-mos ler. Isso no verdade. O princpio acrofnico o comeo, a chave que comea a abrir a porta da decifrao. Mas, somente isso no suficiente para decifrar a nossa escrita. Disso tudo resulta a ideia de que a escrita permite a leitura e com o nome das letras podemos comear a descobrir os sons que a escrita representa, at chegarmos identificao final da palavra. Esta discusso imprescindvel na alfabetizao.

    5. O problema com as letras no se reduz ao princpio acrofnico. Historicamente, as pessoas foram modificando a forma grfica das letras, criando, assim, outros alfabe-tos. Por causa de um princpio cumulativo, que todo sistema de escrita tem, resultou

    7. Seria altamente interessante ensinar aos alunos um pouco da histria dos sistemas de escrita.

    6. Uma olhada no mundo ao nosso redor e descobrimos que estamos cercados por mui-tos sistemas de escrita, alguns ideogrficos (pictogramas, logomarcas, nmeros, mapas, grficos) e outros fonogrficos (letras, rebus, carta enigmtica ou escritas semelhantes). O caos maior se instaura, quando percebemos que todos esses sistemas se misturam.

    8. Ao fazer isso, nosso sistema tornou-se, em grande parte, ideogrfico. por essa razo que lemos palavras escritas com letras ou com nmeros com a mesma facilidade, como se fossem de um mesmo sistema de escrita.

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    que, hoje, temos vrios alfabetos em uso comum no dia a dia, como o das letras de frma maisculas, das letras minsculas, das letras cursivas maisculas e mi-nsculas e uma infinidade de estilos ou fontes de letras, como se pode observar no mundo ao nosso redor. De quantas maneiras podemos encontrar escrita a letra A, por exemplo? De muitas formas. Ento, como sabemos que determinada forma grfica pertence a uma letra e no a outra? A resposta a essa pergunta est na ideia de ca-tegorizao grfica das letras. Para entender isso, preciso ter em mente que uma letra uma unidade abstrata, que tem uma forma grfica material e uma funo a de representar sons da linguagem oral. Toda forma grfica que pode ser identifica-da com a letra A ser interpretada como sendo a letra A. Para saber isso, preciso apelar, de novo, para a ortografia das palavras. Como as palavras so formadas por sequncias predeterminadas de letras, a forma grfica que representa essas posies da sequncia ser interpretada como as letras que compe a palavra. Dito de outra forma: na palavra parede, a sequncia de letras p-a-r-e-d-e. Se eu escrever PARE-DE, e comparar com parede ou com parede, noto que aparecem as formas grficas diferentes: A, a, a, ocupando lugares na palavra que a ortografia atribui letra A (com o valor dessa unidade abstrata de escrita). Alm disso, aparece a letra E escrita tambm e, e, representando a unidade abstrata, chamada letra E, porque ocupa o lugar destinado a essa unidade de escrita na palavra parede, segundo a ortografia. , pois, a categorizao grfica das letras que permite identificar uma forma grfica como sendo uma determinada letra. Quem controla isso a ortografia. Se no fosse a categorizao grfica das letras no seramos capazes de ler muitas formas de escri-ta, sobretudo manuscritas. Diante de documentos antigos, porque no conseguimos, atravs da categorizao grfica, identificar que letras esto escritas, temos enormes dificuldades em decifrar e ler o que est escrito. A decifrao nesses casos fica blo-queada e a leitura impossvel.

    6. Se o princpio alfabtico serve apenas como uma primeira dica para se saber que som as letras tm ou com que letra vamos escrever uma palavra fala-da, como saber tudo sobre as relaes entre letras e sons? Para entender esta questo, devemos voltar ortografia. ela que determina como devem ficar as relaes entre letras e sons. Em primeiro lugar, deve-se salientar que muito mais fcil ler do que transportar os sons da fala para a escrita (seja ela qual for). Aqui, temos uma consequncia pedaggi-ca: muito melhor comear ensinando as crianas a ler do que a escrever.9

    Na leitura, a escrita j vem na forma ortogrfica e o aluno no precisa se preocupar com isso. Como a escrita permite a leitura e a ortografia neutraliza a variao de pronncia dos di-

    9. Isso no quer dizer que o professor no possa deixar os alunos escrever livremen-te ou copiar, desde as primeiras atividades, principalmente, quando os alunos quise-rem escrever. As pessoas acham que ser alfabetizado saber escrever. Mas, isso um engano. A leitura mais importante e atravs dela e somente por meio dela que algum pode dizer que sabe escrever por iniciativa prpria, no apenas copiando. O professor que concentra suas primeiras atividades na leitura (entenda-se: decifra-o) tem uma enorme vantagem e poupa tempo, alfabetizando muito rapidamente.

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    ferentes dialetos, basta o aluno identificar as letras pelos nomes (categorizao grfica), aplicar o princpio alfabtico (ou acrofnico), juntar sons de letras em slabas e slabas em palavras (composio morfolgica), fazer um exerccio de suposio (conjectura, chute, adivinhao...) para descobrir de que palavra se trata, seguindo as pistas que ele vai descobrindo (como um detetive). Se chegar a um resultado que no lhe lembra uma palavra comum da lngua, dever saber que est no caminho errado e que deve voltar e procurar por outras pistas e caminhos. Trata-se de uma atividade automtica para o leitor experiente, mas de um longo e laborioso trabalho para quem est aprendendo a ler. A partir de palavras simples, esse trabalho torna-se menos difcil10. A composio morfolgica um dos segredos da decifrao. Ao somar os sons das letras necessrio chegar a uma palavra da lngua, caso contrrio, a decifrao no funciona. Como o sistema fono-grfico, o leitor parte dos sons das letras e precisa chegar ao significado da palavra. A composio morfolgica (a palavra completa) serve de mecanismo de controle para que o aluno veja se a sequncia de sons que comps vlida.

    Raramente, uma escrita permite mais de uma leitura, seguindo o princpio acrofnico. Mas, pode acontecer. Assim, por exemplo, um aluno, vendo a escrita GATO, pode interpretar a letra G com o som de [j] e ler [jato], em vez de [gato]. Essas ambiguidades servem para o professor chamar a ateno para os mecanismos de decifrao, mostrando que h outras regras que vo ensinar como resolver esses casos11. Como a escrita permite a leitura, o aluno ir, inicialmen-te, ler as palavras seguindo seu dialeto. No h nada de mal nisso, pelo contrrio, esse comportamento deve ser encarado como normal. Somente aos poucos, o professor ir sugerir uma leitura no dialeto padro, quando o aluno falante de outra variedade. O fato de a criana identificar a escrita orto-grfica com sua fala, mesmo quando ela no fala no dialeto padro, muito importante para o professor mostrar a ela que a escrita de todos, sem distino.

    7. A situao bem diferente para o aluno, quando deve partir da sua fala para escrever. Ele ter duas sadas: uma escrever como fala e outra escrever como se deve (ou seja, ortograficamente). Escrever como se fala escrever seguindo o princpio alfabtico, ou seja, escrever uma letra possvel para cada som das palavras. Contudo, antes de mais nada, o aluno precisa separar o enunciado em palavras, o que j uma tarefa bastante difcil. Com o tempo, os alunos acabam realizando isso com certa facilidade, restando apenas alguns casos mais complicados para eles. O importante achar letras para os sons. Como os alunos no falam ortograficamente, mas tm pronncias prprias, o resultado desse modo de escrever acaba produzindo formas estranhas de escrita. O professor esperto sabe que isso uma primeira tentativa de escrita. O professor mais esperto saber ver no resultado apresentado pelos alunos

    10. Nesse sentido, a estratgia das antigas cartilhas era exemplar e ajudava muito o professor e o aluno. Fora isso, o modelo metodolgico das cartilhas trazia mais pro-blemas do que solues para o ensino e a aprendizagem na alfabetizao.

    11. Dizer as regras aos alunos uma for-ma de respeit-los e de apostar na capa-cidade deles. Com o tempo, essas regras passam a ser j conhecidas dos alunos, fa-cilitando o progresso da aprendizagem. No caso do exemplo, a regra : diante de A, O e U, a letra G tem o som de [gu]; diante de E e de I, a letra G tem o som de [g].

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    quais dificuldades eles tm e, com isso, poder ensinar melhor os alunos. Como nem o princpio alfabtico de fcil identificao na escrita, alguns alunos podem se ver em meio a grandes embaraos e diante de obstculos insuperveis. Por exemplo, alunos que identificam os sons sonoros como surdos, iro transpor essa percepo para a escrita, confundindo, por exemplo, DEDO com TETO, VACA com FACA etc. Alguns alunos no identificam uma letra possvel: o aluno quer escrever [djia] e no conhece letra alguma [dj]; ento, opta por escrever GIA, que o mais prximo que ele conhece. Alguns alunos acham que a letra pode representar mais de um som e ao escrever, por exemplo, HLICE, escrevem LC. Um aluno pode no identificar a necessidade de escrever certos sons da fala e, por isso, no os escrever, como em BRIPE em vez de PRNCIPE, e assim por diante. Esse tipo de erro comum, quando os alunos so incentivados a escrever a partir do princpio alfabtico. Essa deve ser uma iniciativa importante no comeo, mas no se pode ficar muito tempo nisso, por-que os alunos acabam se acostumando a escrever sem recorrer ortografia e, assim, tero dificuldades enormes futuramente.

    O outro modo de escrever partindo do princpio acrofnico e checando cada palavra para ver se a ortografia est correta. Como os alunos pouco sabem no comeo, a produtividade deste exerccio reduzida. Mas importante. Aprender a aprender, neste caso, mais importante do que o resultado final, sobretudo, em termos de volume. s vezes, quando os alunos escrevem uma ou duas palavras, fazendo conscientemente todo esse percurso, vale mais do que pedir a eles para fazerem qualquer coisa, de qualquer jeito, apenas para produzir qualquer escrita, como tem sido ensinado por alguns professores, recentemente. claro que, com essa falsa li-berdade, os alunos vo ter muitas dificuldades para aprender, pela falta de orientao correta da parte do professor. Ensinar fundamental e imprescindvel. a tarefa do professor.

    Usando os dois modos de escrever, fica claro que fala e escrita se relacionam, mas no fun-cionam do mesmo modo, nem passar da escrita para a fala (leitura) segue as mesmas regras de passar da fala para a escrita (ortogrfica). Por outro lado, tambm fica claro que uma letra representa todos os sons possveis atribudos a ela em todas as palavras, faladas em todos os dialetos. Isto mostra que estamos muito longe do princpio alfabtico e somente uma compre-enso da categorizao funcional das letras pode explicar por que uma letra pode ter tantos sons diferentes ou um som pode ser representado por letras diferentes. Finalmente, constata--se, uma vez mais, que a melhor metodologia sugere que o professor ensine os alunos a ler, em primeiro lugar. Quanto antes os alunos forem se acostumando com a forma ortogrfica das palavras, vistas na leitura, mais cedo aprendero tambm a escrev-las.

    8. Uma das noes mais importantes a serem diariamente discutidas com os alunos a ortografia, em todos os seus aspectos e dimenses, como ficou claro nas explicaes acima. Infelizmente, na nossa cultura geral e, sobretudo, na nossa cultura escolar, a or-tografia no tem sido corretamente entendida e h muito preconceito com relao a ela.

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    9. Uma outra consequncia do que foi exposto at aqui a ideia de que a ortografia que comanda as relaes entre letras e sons, na leitura, e entre sons e letras, na escri-ta. Essa ideia rotulada de categorizao funcional das letras o grande segredo da alfabetizao, a ideia mais fundamental que, de fato, ensina porque lemos e escreve-mos como fazemos.

    10. Finalmente, no processo de leitura e de escrita, a palavra a unidade mais importan-te. Tudo gira em torno da palavra, porque ela traz consigo os sons da fala e as ideias semnticas associadas a esses sons. a partir da noo de palavra que foram criados todos os sistemas de escrita. A composio morfolgica da escrita alfabtica, ou seja, a sequncia exata de sons que a palavra tem na fala (seja de qual dialeto for) ou a sequncia exata das letras na escrita ortogrfica deve ser objeto de muitas explica-es por parte do professor.

    O exposto nesses dez itens no s apresenta um roteiro metodolgico, como traz, ainda, as noes lingusticas mais importantes para se entender os mecanismos de produo da leitura (decifrao e compreenso) e da escrita (livre ou ortogrfica). Do ponto de vista prtico, o professor dever discutir exaustivamente as ideias ligadas ao sistema de escrita, ao princpio acrofnico, categorizao grfica e funcional das letras. boa estratgia usar apenas as letras de frma maisculas, no comeo, para evitar problemas de categorizao grfica. A escrita cursiva dever aparecer somente quando os alunos souberem ler letras de frma maisculas e minsculas, com certa facilidade. No h nada de mal em escrever com letras de frma. um equvoco achar que os alunos devem escrever s com escrita manuscrita cursiva.

    3. A Escola e a CrianaA escola ideal aquela que tem um bom ambiente material, professores competentes. Trata-

    -se, ento, de um lugar de educao, onde a disciplina e o respeito fundamentam a regra de convivncia. A escola ideal aquela que tem professores competentes e alunos que querem, de fato, estudar, porque esta uma escolha altamente relevante para a vida deles, da famlia, da sociedade e do pas. A escola ideal aquela que no liga para a nota, porque a competncia do professor e a dedicao dos alunos se traduzem em inmeras atividades que desenvolvem as habilidades necessrias, trazidas pelos estudos, sem que haja uma massificao de avaliao e de uma discriminao de promoo. A escola ideal aquela que reserva para si a grande tarefa de educar as crianas e jovens, sendo o lugar de estudar, de fazer as atividades coletivas e in-dividuais, liberando o tempo que os alunos passam em casa para outras atividades, de acordo com a vida das famlias. A escola ideal aquela que cria um ambiente de educao, de respeito mtuo, de valorizao dos indivduos e das instituies sociais e culturais e que, ao mesmo tempo, um ambiente alegre e divertido, onde a amizade une as pessoas para o resto da vida. A escola ideal aquela que vale a pena, no apenas no projeto poltico e pedaggico, mas para cada um, a partir de suas escolhas de vida.

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    CO

    NT

    ED

    O E D

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    IZA

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    Onde est esta escola? Tenho visto um pouquinho de cada uma dessas coisas aqui e ali, raramente, tenho visto tudo em um nico lugar. Esta escola ideal est no meu corao e no de muitos professores, no desejo que temos de ver um pas melhor, um pas que, no s com palavras, mas com aes, transforme a fome, o desemprego e a ignorncia em algo do passado, deixando um caminho futuro mais promissor para todos. Ser uma iluso? Certamente que no: faltam apenas administradores competentes da poltica do pas, para que uma escola ideal possa ser implementada.

    Bibliografia para ConsultaCAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizao e lingstica. So Paulo: Scipione, 1989.

    CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Ba-Be-Bi-Bo-Bu. So Paulo: Scipione, 1998.

    MASSINI-CAGLIARI, Gladis. O texto na alfabetizao: coerncia e coeso. Campinas: Mercado de Letras, 2001.

    MASSINI-CAGLIARI, Gladis; CAGLIARI, Luiz Carlos. Diante das letras: a escrita na alfabetizao. Campinas: Mercado de Letras, 1999.

    * Este artigo representa um resumo de ideias que venho falando e publicando nos vinte e dois anos que tenho me dedicado ao estudo de questes lingusticas da alfabetizao. No final do artigo, h a indicao de algumas referncias bibliogrficas, onde os interessados podem encontrar mais informaes ou detalhamento de algumas ideias e sugestes apresentadas aqui. Sugiro tambm a leitura de muitos artigos de vrios autores, que foram publicados no Jornal da Alfabetizadora (depois chamado de Jornal do Alfabetizador), publicados pela Editora Kuarup e PUCRS.

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