alegações finais - estelionato

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  • 7/29/2019 Alegaes Finais - Estelionato

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    Alegaes Finais - Estelionato

    EXMO.. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARACRIMINAL DE ....................

    Protocolo n ........................Cdigo TJ............. - Alegaes Finais

    ......................................................... , jqualificados, nos autos da ao penal que lhes move a justia pblicadesta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa mximavnia, vem perante a conspcua e preclara presena de Vossa Excelncia,nos termos do artigo 403 do Cdigo de Processo Penal, com a redaoque lhe emprestou a Lei 11.719/2008, tempestivamente, apresentar

    ALEGAES FINAIS

    Face aos fatos, razes fundamentos a seguir perfilados:

    SNTESE DOS FATOS

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    1 O Ministrio Pblico, ofertou a dennciade fls. ..., em desfavor do Acusado ....................., imputando-lhe a

    prtica dos seguintes fatos:

    No dia e hora indeterminados, NOMS DE ......................, consoante

    REPRESENTAO de fls. ..., na sededa ...............................,

    Avenida ............., .........., centro, nesta oDENUNCIADO, utilizando-se de suacondio de vendedor ESTELIONATOU avtima, a prpria ........., ao obter para si ou

    para outrem, vantagem ilcita, mediantemeio fraudulento, conforme autos deInqurito Policial.

    Consta dos mencionados autos que, nodia e hora acima referidos, sendo oDENUNCIADO vendendor da ......................................., VENDEUVRIOS VECULOS PERTENCENTES

    A ................ (CERCA DE ..... VECULOS)para diferentes pessoas e empresas, entreas quais, .................................................,de ................, recebendo as respectivasquantias, em sua prpria conta corrente,OU EM CONTA DE TERCEIROS, DE QUEMTOMAVA DINHEIRO EMPRESTADO, semREPASSAR OS DEVIDOS VALORES PARA AFIRMA ......, ONDE TRABALHAVA,ESTELIONATANDO-A E LHE PROVOCANDOSRIOS PREJUZOS FINANCEIROS, na faixade .............................. REAIS (Grifei).

    2 Inicialmente, percebe-se que a condutaestampada na exordial acusatria contra a pessoa doAcusado ................................, pela sua forma de execuo denota ser

    daquelas que deixam vestgios na contabilidade da suposta vtima .......bem como na escrita contbil de outras empresas que se dizemestelionatadas, razo pela qual imperioso que se tivesse determinado a

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    realizao de exame de corpo de delito, atravs de laudo pericial, paracomprovar a materialidade do fato, como frmula essencial para validadedo ato, inquinando assim todo o processo de nulidade absoluta einsanvel, nos termos do artigo 564, III, b do Cdigo de `ProcessoPenal.

    3 Recebida a denncia em ....................., deforma atpica, vez que no consta dos autos qualquer requerimento oumanifestao doParquetpara sua atuao como assistente de acusao,a suposta vtima, atravs da petio de fls. ......, em ............, (fls. ........)

    protestou pelo no recebimento da denncia, com a remessa dos autos aprocuradoria de justia, para os fins do artigo 28 do Cdigo de ProcessoPenal.

    4 O rgo Oficial de Acusao, aditou adenncia s fls. ............, assumindo o onus probandi in judicio dosseguintes fatos:

    . I - No ms de ......................... . emdias e horrios; diversos os DENUNCIADOSconscientes e voluntariamente,

    pretendendo obter, em proveito dosmesmos. vantagem ilcita em prejuzo ......................... e seus clientes,

    armaram meio fraudulento de negociaonos termos abaixo discriminados.

    II. 0 1 DENUNCIADO era simplesvendedor da ...................................,empresa concessionria e revendedora deveculos automotores da. marca ............ eno tinha qualquer autorizao parareceber importncias de clientes, darquitao ou entregar veculos adquiridos,

    pois suas atividades deveria limitar-se a

    "somente emitir o pedido de venda, anexaro pagamento ou a proposta de compra epagamento enviar a tesouraria taisdocumentos.

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    III. Nada obstante a falta dos aludidospoderes. o l DENUNCIADO contratou. emnomeda .................................................... esem a autorizao desta, a venda dediversos veculos da marca ............(...........) entre outros com vrios clientes(.........................)., atravs dosrepresentantes legais e empregados destesclientes, com a finalidade deliberada dereceber e desviar o preo da venda para sie os demais denunciados e lesar as pessoas

    jurdicas acima discriminadas.

    IV. 0 1 DENUNCIADO manteve osreferidos clientes em erro. fazendo-os

    acreditar que contratavam regularmentecom a ........................... e mediante vlidocontrato de compra e venda, e determinoua estes que os preos da venda dosveculos supostamente adquiridos fossemdepositadas nas contas bancrias suas edos demais denunciados ou das empresasem que estes denunciados eram scios

    proprietrios (contas n ........... do 1DENUNCIADO, .................. dos 2 e 3DENUNCIADOS, ............... da 4

    DENUNCIADA e ................. da 5DENUNCIADA. todas mantidas na Agncian ........ do BANCO .........).

    V. Os citados clientes foram induzidos, pelo1 DENUNCIADO, a acreditar que estavam

    pagando, regularmente, .................. ospreos de aquisio dos veculossupostamente adquiridos e aguardaram aentrega do objeto contratado que,reiteradamente, era adiada por falsos

    motivos apresentados pelo 1DENUNCIADO.

    VI. Os 2, 3, 4 e 5 DENUNCIADOS,cientes do artifcio narrado. concorreram

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    para a consumao das infraes acimanoticiada ao permitirem que o lDENUNCIADO utilizasse das contasbancrias daqueles (ou das empresas emque os mesmos eram scios-proprietrios

    para receber o depsito dos preos pagospelos clientes acima discriminados,relativamente s mercadorias adquiridas,assim como levantaram para si osdepsitos ali efetivados, tudo com afinalidade de dificultar a descoberta dafraude e a reparao dos prejuzos dosdepositantes (clientes eda ...............................) que resultouacionada por seus clientes para a entrega.dos veculos contratados. (Grifei)

    5 Os Acusados, ora defendentes, foraminterrogados em juzo e apresentaram verses em perfeita harmonia como conjunto probatrio produzido durante a instruo criminal, em relaoaos depsitos realizados em suas contas bancrias, por ordem doAcusado ................., como pagamento de numerrio havidos poremprstimo do acusado ............................, bem como da inexistncia dequalquer vnculo associativos nas negociaes supostamente fraudulentasentre o 1 e o 2 denunciados. Assim se pronunciaram:

    2 DENUNCIADO

    Que o interrogando era amigo do ......., eemprestou-lhe certa quantia em dinheiro,isto por vrias vezes; Que, uma dasquantias, foi paga ao interrogando, viadepsito na conta de sua esposa, esegundo ficou sabendo, este depsito foifeito pela ...............; Que, a outraquantidade foi depositada na conta de sua

    esposa, no sabendo se da conta particularou dafirma .....................................................,no sabendo tambm se foi ou nodepositada pela ...............; (...) Que no

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    teve nenhuma participao em qualquertransao comercial de compra e venda deveculos com a .......... ou com qualqueroutra empresa; Que, acha que foi citadonos autos apenas porque havia emprestadoo dinheiro para o ................ e o mesmo o

    pagou com aqueles depsitos. (Fls. ...).

    ......................................

    Que, foi feito alguns depsitos em nomeda firma, da qual o interrogando Diretor,tendo comoscio: ...........................................,; Que,todos os depsitos foram feitos

    pelo ...........; Que, teve conhecimento destefato, porque o seu

    filho ..................................., usando ocrdito da firma conseguiu algumaimportncia em dinheiro para emprestar

    para o ......................, pois eram amigos, eos depsitos acima eram para cobrir estesemprstimos; Que, alm dos emprstimos o............................, no tinha outros tiposde negcios com o ............., da mesmaforam ............................................;(Fls.........).

    ............................................

    Que o esposo dainterrogada, ..................................., pediua mesma que levantasse no banco algumasimportncias em dinheiro, em nome de suafirma e tambm de sua conta particular;Que a referidas importncias eram paraemprestar ao .......... , que era seu amigo,

    somente de pois do fato foi que ficousabendo que era para emprestar parao ............................., mas no chegou asaber por que motivo ou para que seriaaquele dinheiro; Que tem conhecimento

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    que todas as quantias foram pagas ainterroganda e a sua firma, via depsito emconta corrente; (...) Que, seu marido nuncateve qualquer tipo de transao comercialcom o .................; (Fls. ....).

    ...................................................

    Que, o irmo dainterroganda ..............................., pediu aesta e a esposa do mesmo, que eram

    proprietrias dafirma ............................................... Quelevantasse um emprstimo para o mesmoem nome da Firma, o que foi feito por maisou menos duas vezes; Que, vencido o prazonormal, as quantias foram depositadas em

    nome da Firma referida, mas no sabendopor quem fora feito; Que, no tinhaconhecimento com o .................., nemmesmo teve qualquer tipo de negcio comaquele, desconhecendo tambm qualquernegcio do mesmo com seuirmo ............................;Que, ............................ no chegou a falar

    para a interroganda para que querialevantar aqueles emprstimos, e a mesmano o perguntou porque o seu irmo

    sempre foi pessoa correta em seusnegcios (Fls. ....).

    6 Os diretores da suposta vtima ..........,assim como as demais testemunhas, arroladas no aditamento da denncia,ouvidas em juzo, foram unnimes em confirmar as verses apresentadas

    pelos Acusados, ora defendentes, quando assim se expressam:

    ..........................................:

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    Que no houve nenhuma declaraofalando sobre o ..........., proprietrio daempresa, bem como a ........................ e damesma forma a ....................; (...) Queconhece todos os acusados dafamlia ...........; Que no tem conhecimentode nenhum ato ilcito praticado pelosmesmos; Que os carros adquiridos

    pelos ......... foram pagos rigorosamente emdia ......; Que, os mesmos foram faturadosem nomes dos compradores; Que, temconhecimento que o ...................emprestava dinheiro para o .............; Que,no tem conhecimento a pedido de quemeram feitos os depsitos em nomedos ...............; (...) Que, acha que osuposto envolvimento dos ............. est

    preso apenas no depoimento do ....... e nos

    depsitos; (Fls. ..........) (GRIFEI).

    ............................... (Diretor da .........):

    Que, o ......................, na empresa atuavasozinho, mas ficou sabendo que usavadinheiro dos .................., no sabendo aque ttulo; (...) Que, no tem conhecimentode nenhuma sociedade entre ................e ......................; (...) Que ficou sabendotambm que os ................... emprestavam

    dinheiro para o ........., ou seja comentriosdiversos; (Fls. 486/487).

    ...........................:

    Afirma que as tratativas eram mantidastanto com o ora acusado quanto com .....e os respectivos pagamentos efetuados,mediante depsitos bancrios em diversascontas correntes, por indicao deles,

    tanto em favor da ........., quanto de .......e do prprio ........ Havia tambmdepsitos em contas de terceiras pessoas. (Fls. ......)

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    .................................:

    Diz que a maioria dos pagamentos erafeita mediante depsito em conta correnteindicada pelo ru, em seu prprio nome, ouno da ......... Muito raramente tal

    depsito era feita noutra conta.(Fls. ......).

    ..................................:

    A ................ sempre quitou os veculosque adquiriu, de acordo com asdeterminaes do ru, o qual umas vezesmandava que o depsito fosse feito emconta bancria sob a titularidade dele,outras vezes o depsito era feito em contabancria de terceiros e ainda em outrasoportunidades o depsito era feito emconta bancria da prpria concessionria......... (Fls. .......).

    7 O Acusado ......................., nestes autos,ao ser interrogado na Delegacia Estadual de Furtos e Roubos em .........,s fls. .............., esclarece:

    QUE, com referncia as ordens depagamento feitas a ...............e ..........., ...................., ......................... e......................., bem como no prprionome do declarante, o mesmo respondeu:na conta da famlia .................. era dbitoque o declarante tinha com os prprios...(...) QUE, perguntado ao declarante arespeito de sua relao com as pessoas

    de ............................ e .....................,respondeu: QUE, tomava dinheiroemprestado com juros bem acima domercado, sendo que tratava de negciosexclusivamente com a pessoa

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    de .................................., o qual filho doSr. ......................... (Fls. ....................).

    Naquela ocasio ainda afirmou:

    QUE, o declarante no tinha nenhum tipode sociedade com o ..............................,

    mas que em declaraes prestadas naDelegacia de Estelionato afirmou tal fato,sendo que uma declarante impensada;QUE, a parceria ou sociedade afirmada pelodeclarante referia-se a dinheiro tomadoemprestado com juros acima do mercadodo Sr. ........................., QUE, os depsitosfeitos pelo declarante em outras contas dafamlia ..................... ou da firma

    pertencente a famlia eram determinaesdo .......................;

    J nos autos em apenso (N. ......), oAcusado ..............., prestou vrios depoimentos na fase policial, instigadoe coagido para afirmar qualquer envolvimento de ........................., emeventuais falcatruas porm, sempre confirmou a mesma verso, como

    pode ser visto a seguir:

    Que o declarante disse que apenas pediadinheiro emprestado a ..............................e pagava com juros, mas no disse parao ........... o que fazia com o dinheiroemprestado por ele, e quando pagavao ....... ele que determinava a conta que odeclarante tinha que fazer o depsito e notomava conhecimento quem era a pessoa;(fls.....).

    que passou a sua conta

    corrente n. ........, do Banco .................,(conta particular), para o comprador .........

    para o mesmo pagar os veculos edepositar em sua conta particular assina

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    citada esclarecendo ainda que deu o n. daconta corrente do ....., particulardo ........................ para depositar ...esclarecendo que pediu o ............ parafazer o depsito na conta do ......., pois odeclarante estava devendo o ......(fls......).

    QUE, quanto aos depsitos feitos emnomeda .................., ....................., ......................, .......................... e ............................,o declarante tem a esclarecer querealmente foram feitos estes depsitos,sendo que os depsitos feitos em nome dodeclarante, ..................... foramrepassados para a ........................ e osdepsitos em nome de ........................,

    e .............................. destinava-se adinheiro emprestado para a compra deveculos na .........; (Fls. ......).

    .- QUE, o dinheiro depositadopela ....................... na contacorrente ....................... e .......................,tambm no ms de ........ prximo passados explica da seguinte maneira: o declarante

    pegava dinheiro emprestado como ......................, comprava os veculos da

    prpria ........, depois os vendia, no casopara a ..........., pedindo o cliente quedepositasse o dinheiro nas contasreferidas passadas pelo .......................,como forma de pagamento do dinheiro quetinha pego emprestado para comprar osmesmos veculos que estava entovendendo; (Fls. ......)

    Que a partir de ................, props aoamigo ................., seu amigo desde

    os ..............., trabalharem em conjunto,nas seguintes condies: .....................entraria com o dinheiro para a compra deveculos, sendo que ao efetuar a venda,devolveria a ele o principal, acrescido de

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    juros cobrados pelos bancos, mais ametade do lucro que tivessem; Quetrabalharam em conjunto de ................,

    perodo em que realizaram inmerasnegociaes; Que os diretores da ....... notinham conhecimento deste negcio entre odeclarante e ...................., at porque oque interessava a ... era vender e receber;(Fls....)

    Que informa que .............. no tinhaconhecimento de qual o tipo de negociaoque era realizada, ele sabia sim, onumerrio que saia e que entrava;(Fls. .....)

    8 Paralelamente, ao presente feito foraminstaurados outros procedimentos policiais e judiciais, em desfavor do

    acusado .............., e at mesmo contra os diretores da empresa........,versando sobre fatos anlogos, sem contudo figurar no polo passivo as

    pessoas dos Defendentes, descaracterizando-se, assim, qualquer relaoassociativa, ou adeso de vontade dirigidas para a obteno de vantagemilcita em prejuzo alheio, que por fora de decisrio judicialreconhecendo a incidncia da litispendncia encontram-se, apensados aos

    presentes autos a saber:

    PROCESSO N ............

    ... Vara Criminal Denncia recebida : ....... Denunciado: .................... Incurso: artigo 171, 2, IV CPB Vtima : ...................... Parecer ministerial de fls. .............., requerendo a remessa ....

    Vara para serem apensados aos autos ......... (.............)

    Deciso de fls. .... determinando a remessa dos autos para a ...Vara Criminal.

    PROCESSO N .....................

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    .... Vara Criminal Inqurito Policial de n. ................ Indiciado: ................... Ilcito: art. 171 do CPB Vtima: ........................

    Parecer ministerial de fls. ............., requerendo a remessa ...Vara para serem apensados aos autos ........... (................)

    Deciso de fls. ............... determinando a remessa dos autos paraa ... Vara Criminal.

    PROCESSO N .............

    ..... Vara Criminal Inqurito Policial de n. ..........

    Indiciados: ............................ Ilcito: art. 171 caput e 171 c/c 29 do CPB Vtima: .............................. Parecer ministerial de fls. ..... requerendo a remessa ... Vara

    para serem apensados aos autos ...... (..........) Deciso de fls. ... determinando a remessa dos autos para a ...

    Vara Criminal.

    Em apenso: .... volumes

    Assunto: ....................... Requerente: ................... Ofcio n. ..................................

    PROCESSO N .................

    .... Vara Criminal Denncia recebida em ................. Denunciado: ......................

    Incurso: artigo 168, 1, III c/c art. 71 do CPB Vtima : ............... Parecer ministerial de fls. ................, requerendo a remessa ...

    Vara para serem apensados aos autos ............... (.................)

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    Deciso de fls. ............ determinando a remessa dos autos paraa ...Vara Criminal.

    PROCESSO N ............

    .... Vara Criminal

    Denncia recebida em ............... Denunciado: ...................... Incurso: artigo 171 caput do CPB Vtima : ...................... Parecer ministerial de fls. ......, requerendo a remessa ... Vara

    para serem apensados aos autos ...........(........) Deciso de fls. ... determinando a remessa dos autos para a

    ...Vara Criminal.

    9 Como bem frisou o diretor da supostavtima (.....), .................., o envolvimento dos Defendentes prende-senica e exclusivamente, em uma declarao isolada doAcusado ................, na fase investigatria, e nos comprovantes dedepsitos existentes em seus nomes, que foram exaustivamentecomprovados serem oriundos de pagamentos de emprstimos de dinheirode ................. sem qualquer demonstrao nos autos de envolvimento

    nos possveis ilcitos penais perpetrados pelo Primeiro Denunciado.

    10 O rgo Ministerial, s fls. ......, emboratenha protestado pela absolvio dosAcusados, ................... , ......................... e .................., assume uma

    posio de indisfarvel mandatria da empresa ......, ao pugnar pelacondenao do Acusado ..................., quando sequer ficou provado nosautos a responsabilidade penal do Acusado ....................., diante da

    barafunda que se tornou o processo pela atuao desorientada da supostavtima ............... Ao pedir a condenao de ........................, ao arrepio daprova jurisdicionalizada nos autos, a Acusao Oficial, data vniaabandonou seu munus constitucional dezelatordo ordenamento jurdico

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    para defender interesses particulares buscando uma condenaotemerria e injusta.

    11 Os Acusados, ora defendentes, sopessoas com amplo conhecimento na sociedade anapolina,pertencentes a famlia de notrio respeito no meio empresarial facea direo sria e honesta de suas diversas empresas, conformedocumentao acostadas s fls.Fls............ dos Autos n .........., emapenso.

    DO DIREITO

    Aqueles que perambulampelas alfurjas da iniquidades enlameiam a si

    prprios

    PRELIMINARMENTE

    1 O Cdigo de Processo Penal, no Livroque trata das nulidades processuais impe o seguinte comandonormativo:

    Art. 564 - A nulidade ocorrer nosseguintes casos:

    (...) 0missis

    III - por falta das frmulas ou dos termosseguintes:(...) omissis

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    b) O Exame do corpo de delito nos crimesque deixam vestgios, ressalvado odisposto no artigo 167.

    Nosso Estatuto de Ritos ProcessuaisPenais, no artigo ut retro citado, dispe que ocorrer nulidade no caso de

    falta de termos ou frmulas, dentre os quais a realizao de exame decorpo de delito nos crimes que deixam vestgios, como no caso em pauta,

    por corporificar e instrumentalizar a materialidade dos fatos objeto dapersecuo judicial. Isso, porque a Justia Criminal, principalmente, deveexteriorizar-se atravs de formas, absolutamente cogentes e inalterveisao arbtrio das partes. Assim, sua falta j traduz nulidade por si mesmo,independentemente da ocorrncia ou no de prejuzo.

    Oportuna a lio do eminentejurisconsulto ptrio JLIO FABBRINI MIRABETE, em sua obraCdigo de Processo Penal Interpretado, Ed. 94, pg. 634)

    Causa nulidade absoluta a ausncia doexame de corpo de delito nos crimes quedeixam vestgios. Na hiptese de delictalactis permanentis por ele que secomprova a existncia do crime quandoeste deixa vestgios, sob pena de nulidade,

    para evitar-se acusaes infundadas.Ressalva o artigo 167, porm, que nosendo possvel o exame de corpo de delito,

    por haverem desaparecido os vestgios, aprova testemunhal pode suprir-lhe a falta.

    Diz a jurisprudncia

    "A no realizao de exame de corpo de

    delito direto, que d maior credibilidade econfiana ao julgador, por incria daautoridade policial, que, por comodismo,realiza o exame indireto, sem especificao

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    de sua fonte, implica comprometimento daprova da materialidade do delito, impondo-se a absolvio" (RT 637/267). No mesmosentido, (TJSP: RT 553/339; TACRSP: RT548/339; TJMG: RT 534/416.)

    Correta a advertncia de que quando oilcito penal deixa vestgios torna-se necessria e imprescindvel arealizao do exame de corpo de delito. Desta tica, destina-se acomprovao por percia da existncia dos elementos objetivos do tipo,os quais so aferidos, principalmente, ao resultado produzido pelo atuarreprovvel, de que houve o evento, do qual depende a existncia objetivado crime, ex vi do artigo 13 do Cdigo Penal. Incensurvel o

    posicionamento de que configura-se nulidade absoluta a ausncia doexame de corpo de delito nos crimes que deixam vestgios, e no caso subexamine, trata-se de delicta factis permanentes, sendo por ele que secomprova a existncia tpica s quando h vestgios positivados, sempresob o crivo da nulidade absoluta. Neste sentido pacfica a orientao

    pretoriana j apontada: (RTJ 99/101; RT 534/416, 548/339, 554/335,556/348, 580/316 e 637/267).

    preciso insistir, no entanto, que se tratade nulidade absoluta e no relativa que por fora do que dispenormativamente o artigo 573 do CPP, e pela ausncia de dispositivo quelhe outorgue qualquer sanatria (v. por falta do exame de corpo de delito,

    direto ou indireto, nos crimes que deixam vestgios, ex vi do artigo 564,III, letra b do CPP, se essa falta no foi suprida pelo depoimento dastestemunhas, ex vi do artigo 167 do CPP).

    No caso em tela, a documentao

    acostada aos autos, pela suposta vtima ....., constitui talvez ousimplesmente, mero indcio da ocorrncia de possvel ilcito penal, no

    podendo ser elevado a categoria de prova da materialidade de um delito,que por sua natureza e sede deixa vestgios constatveis atravs de

    percias contbeis ou fiscais, pois conforme verso, diga-se inverossmilda dita empresa, o Acusado ....... teria agido fraudulentamente ao emitirirregularmente Proposta de Compras e Vendas de Veculos, Contratos de

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    Compras e Vendas de Veculos, Ordens de Faturamentos, etc..quirgrafos que se submetidos ao crivo dos senhores peritos poderiamcomprovar a existncia ou no da alegada fraude ou artifcio.

    A evidncia do aspecto ora suscitadaencontra eco nas prprias palavras da ento patrona da suposta vtima daempresa ......, em suas alegaes finais s fls...... , protesta pela realizaoLaudo Pericial de exame do corpo de delito, in verbis;

    (...) requer a assistente seja determinada,percia contbil na movimentao dascontas correntes dos cinco acusadosdurante todo perodo em que se sabe Terexistido o esquema paralelo de vendasde veculos,...

    Excelncia flagrante e incontestvel aincidncia da nulidade do processo por falta de prova da materialidadedos fatos descritos na denncia de fls., por infringncia do disposto noartigo 564, III, b do Cdigo de Processo Penal, impondo-se oreconhecimento da preliminar suscitada com o julgamento do feito semapreciao do mrito, determinando-se o arquivamento da presente ao

    penal para todos os fins de direito.

    DO MRITO

    A pretenso da Acusao Oficial,deduzida nos presente feito com relao a responsabilidade penal doAcusado ................., ora defendente, baseia-se nica e exclusivamente nofato de ter o co-ru .................., supostamente confessado extra-

    judicialmente na fase inquisitorial de outro feito, (................) estar agindoem conjunto com aquele, haja vista que o mesmo lhe emprestavadinheiro, com o qual realizava transaes comerciais de compra e vendade veculos, porm, o acusado .................., ao ser acareado naqueles

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    autos (fls........) taxativo ao retratar as declaraes anteriores afirmandoque nunca houve sociedade de qualquer espcie entre sua pessoae ............

    Edita o Cdigo Penal:

    Art. 171 - Obter, para si ou paraoutrem, vantagem ilcita, em prejuzoalheio, induzindo ou mantendo algumem erro, mediante artifcio, ardil, ouqualquer outro meio fraudulento:

    corrente o entendimento, de que ocrime, como entidade jurdico-penal, s se aperfeioa ou se consuma

    quando o agente realiza todos elementos que compem a descrio dotipo legal.

    Examinando o crime sob um nguloestritamente tcnico e formal, em sua aparncia mais evidente deoposio a uma norma jurdica, vrias definies podem ser lembradas:toda conduta que a lei probe sob a ameaa de uma pena (Carmingnani);

    fato a que a lei relaciona a pena, como conseqncia de Direito (VonLiszt); toda ao legalmente punida (Maggiore); fato jurdico com que se

    infringe um preceito jurdico de sano especfica, que a pena(Manzini).

    Estas definies, porm, so insuficientespara a dogmtica penal moderna, que necessita colocar mais mostra osaspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Da,dentre as definies analticas que tm propostas por importantes

    penalistas a mais aceitvel, atualmente, a que considera o fato-crime:uma ao (conduta) tpica (tipicidade), ilcita ou antijurdica (ilicitude)e culpvel (culpabilidade). (esta definio adotada por Anbal Bruno,

    Magalhes Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.)

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    Inicialmente, no caso em apreo, h queressaltar sendo a tipicidade, a justaposio ou adequao da condutaatribuda ao Acusado a um tipo legal de crime, ou seja, a conformidadedo fato com a descrio precisa da definio legal da infrao penalobjeto dopersecutio criminisin judicio.Nesta linha de raciocnio, a aodo Acusado no pode ser considerada tpica ou ilcita, vez quedescaracterizada de qualquer feio criminosa, por ausncia dosrequisitos elementares tpicos, indispensveis para o aperfeioamento daconduta punvel (crime), que so a tipicidade, a ilicitude ouantijuridicidade, entendida como a relao de contrariedade entre aconduta da vida real e o ordenamento jurdico (Welzel, Das DeutscheStrafrecht, pag. 50; Jescheck, Lehrbuch, pag. 175; PetrocelliLantigiuridicit,pag. 13 - Apud. - Francisco de Assis Toledo,Princpios.. pag. 85 - Ed. 1991).

    Em concluso tem-se que sequer na

    forma de participao ou colaborao se adequa a conduta doAcusado ......................., ao delito definido no artigo 171 do CdigoPenal, por outro lado, a Acusao no se desincumbiu do nus de provarse em algum momento referido Acusado, tenha agido com dolo, que oelemento subjetivo do crime de estelionato.

    Pode-se, de acordo com o sucintoconceito de fraus do Direito Cannico definir-se em poucas palavras oestelionato como sendo: a obteno de injusto lucro patrimonial como uso de dolo. Ns sabemos que sem quesujeito ativo tenha agido comdolo (entendido como a vontade e a inteligncia do agente voltadas edeterminadas produo do ato incriminado) ou com culpa, no

    podemos aferir a tipicidade do seu ato para consider-lo criminoso.

    Do esclio do insupervel mestre NlsonHungria, o estelionato conceitualmente, s punvel a ttulo de dolo.Seu elemento especfico a fraude exclui, necessariamente, outraforma de culpabilidade. Extrai da que no existe o crime sem a vontadeconscientemente dirigida astucia mala que provoca e mantm o erro

    alheio e correlativa locupletao ilcita em detrimento de outrem. Logosem a conscincia de ilicitude inexiste o dolo consequentemente no seconfigura o estelionato.

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    No presente caso no se vislumbra o dolo(direto ou indireto) por parte do acusado ............ nem sequer uma

    possvel co-autoria entre este e ..........., uma vez que no h prova nosautos da preexistncia de uma adeso de vontades dirigida a consumaodo fato tpico a ele imputado, haja vista, pela prova coligida, sua intenoera simplesmente de auferir eventual lucro com emprstimo de dinheirosem almejar a obteno de vantagem ilcita em detrimento de bem

    patrimonial alheio atravs de ardil, artifcio ou qualquer outro meiofraudulento.

    Diz a jurisprudncia:

    PREFEITO MUNICIPAL - Contribuio

    previdenciria - Omisso - Norecolhimento.O fato crime reclama conduta e resultado.

    Analisados do ponto de vista normativo. Aresponsabilidade penal (Constituio daRepblica e Cdigo Penal) subjetiva. Noh espao para a responsabilidadeobjetiva. Muito menos para aresponsabilidade por fato de terceiro. Aconcluso aplica-se a qualquer infrao

    penal. "No recolhimento de contribuio

    previdenciria" caracteriza crime omissivoprprio. A omisso no simples no fazer,ou fazer coisa diversa. no fazer o que anorma jurdica determina. O PrefeitoMunicipal, como regra no tem a obrigao(sentido normativo) de efetuar os

    pagamentos do Municpio; por isso, no arcode suas atribuies legais, no lhe cumpre

    praticar atos burocrticos, dentre os quais,elaborar a folha e efetuar pagamentos.Logo, recolher as contribuies

    previdencirias. O pormenor importante,necessrio por ser indicado na denncia.Diz respeito a elemento essencial dainfrao penal. A ausncia acarreta

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    nulidade da denncia. No h notcia aindade hiptese do concurso de pessoas(CP,artigo 29). (STJ - Ag. Reg. no AI n 134.427- PR - 6 T - Rel. Min. Luiz VicenteCernicchiaro - J. 01.07.97 - DJU 03.08.98 -v.u). (GRIFEI)

    RECURSO EM SENTIDO ESTRITO -Pronncia - Artigo 121 pargrafo segundo,itens II e IV, c/c o artigo 29, do CPB -Pretendida absolvio alegada inexistnciade provas - Recurso provido - Unnime.

    Ante a inexistncia de qualquer prova dehaver o ru concorrido para a prtica doato infracional, deve-se desproporcionar orecorrente, absolvendo-se da imputaoque lhe foi feita. (TJDF - RSE n 1.721/97 -DF - 1 T - Rel. Des. Lcio Resende da Silva

    - J. 12.06.97 - DJ 20.08.97 - v.u).

    PENAL E PROCESSO PENAL - Apelao -Estelionato contra a previdncia social.

    Artigo 171, c/c o artigo 29 do Cdigo Penal.Ausncia de dolo. Delito no caracterizado.Livre convencimento do julgador naapreciao das provas, valoradas comexplicitao convincente. Absolvio.Manuteno da sentena. Recursoimprovido.(TRF5R - Ap. Crim n 501.757-5- 2 T - RN - Rel. Juiz Lazaro Guimares - J.29.09.98 - DJ 20.11.98 - v.u).

    A Acusao Oficial, lastreou seu pedidode condenao em provas existentes exclusivamente na esferaadministrativa do inqurito policial, .. Porm, quando existe a

    participao imediata e direta da prpria autoridade policial, na produoda prova, o carter inquisitivo, que tem a persecuo administrativa,

    torna imprescindvel a judicializao ulterior do ato probatrio para quea instruo ali contida se apresente com o valor de prova, e seja utilizadocomo elemento na formao da convico judicial, no momento dedecidir a causa penal.

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    Verifica-se, assim, que a prova penal objeto de duas operaes distintas: a investigao (inqurito policial) e ainstruo. Aquela, por ser extrajudicial, no pode servir de base ao

    julgamento final da pretenso punitiva, pelo que s a instruo, comoelemento integrante do processo, fornece ao julgador os dadosnecessrios sobre a quaestio facti da acusao a ser julgada.

    evidente que o conjunto probante doinqurito, por no obedecer aos preceitosconstitucionais da amplitude da defesa ede instruo contraditria, h de serencarado como qualquer outra provaextrajudicial e, portanto, no leva a coisaalguma til se no confirmado, ao menos

    quantum satis, pela prova colhida noambiente judicial, este saudavelmentearejado pelo oxignio do Direito(ac. un. de27. 11 . 70, da 4 Cm. do TACrimSP, na

    Ap. 22.830, de Itanham, rel. Juiz AzevedoJnior, in RT 426/395).

    "O inqurito policial est, por definio,arredio aos preceitos constitucionais deamplitude de defesa e de instruo

    contraditria. Bem por isso elementar najurisprudncia que a prova do inqurito,como a generalidade das provasextrajudiciais ou extrajudicialiformes, s

    produz efeito no pretrio quando neste ficaatestada a veracidade do seu teor ou, aomenos, a conformidade desteremanescente do conjunto probante til"(ac. un. de 2.10.69, da 4.a Cm. doTACrimSP, no HC 15.296, da Capital, rel.

    Juiz Azevedo Jnior, in RT 411/250-252).

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    Outrossim, nem cabe assertar queposicionamento diverso seria possvel por fora do livre convencimentoou ntima convico do Juiz, que no sofre limitaes, importando pois,

    preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, eno o lugar onde estas foram colhidas. Concessa vnia daqueles queassim sustentam, sufragar-se tal esclio implicaria postergar-se, demaneira flagrante, o princpio basilar do contraditrio, fazendo-se deletabula rasa e simples quimera, com sua colocao no esquecimento.

    Outra no a lio de FredericoMarques: embora o princpio do Livre convencimento no permita quese formulem regras apriorsticas sobre a apurao e descoberta daverdade, certo que traz algumas limitaes a que o Juiz no pode fugir;e uma delas a de que, em face da Constituio, no h prova (ou comotal no se considera), quando no produzida contraditoriamente"

    Se a Constituio solenemente asseguraaos acusados ampla defesa, importa violar essa garantia valer-se o Juiz de

    provas colhidas em procedimento em que o ru no podia usar do direitode defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

    Justamente porque carece o inqurito do

    contraditrio penal, nenhuma validade tem, para amparar um decretocondenatrio, por colocar em ngulo sombrio o princpio do contraditrioe por transportar, para a fase judicial, a feio inquisitiva do cadernoadministrativo, onde o depoimento foi carreado sem o descortino dadefesa do acusado.

    "INQURITO POLICIAL - CARACTERSTICASMERAMENTE INVESTIGATRIAS

    ADMINISTRATIVAS E NO INSTRUTRIASPENAIS,- INSUFICINCIA, PORTANTO. DESEUS ELEMENTOS, PARA LASTREARDECISO CONDENATRIA JURISDICIONAL,INCLUSIVE NA CASO DE CONFISSOPOLICIAL, NA PRESENA DE CURADOR.

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    0 inqurito policial se desenvolve em fasede pura atividade administrativa. Nele hinvestigao ftica e no instruo

    jurisdicionalmente garantida. Assim, oselementos em o mesmo coligidos no

    passam de dados informativos paraeventual denncia; e seus elementos

    jamais podero dispensar a produo deprovas perante o rgo julgador, em nusque, em nosso sistema processual penal,recai todo sobre o Ministrio Pblico.

    - Confisso policial, seja ouno tomada na presena de testemunhasidneas ou de Curadores, no pode servircomo elemento de convico para asentena condenatria, por no passar deato integrante da atividade investigatriaadministrativa, estranha instruo penal,

    com a garantia da contraditoriedade esuperviso jurisdicional. (Ac. un. de19.9.78, da 1; Cm., na Ap. n 186.785, de

    Jundia, rel. WEISS DE ANDRADE, que noexcelente acrdo aps transcorrer osesclios de FREDERICO MARQUES, MASSARI e ANGIONI, (j indicados naementa de n: 5998-A, do mesmo relator)continuou:"Esses ensinamentos se ajustamintegralmente ao caso em tela uma vez que

    o ilustre portal da sentena assentou suaconvico unicamente na confisso policialdo recorrido, confisso retratada em Juzo.

    Na verdade, condenar-secom base no inqurito implica em proferirdeciso condenatria com fundamento emsimples investigao e no em instruo,onde se assegura ampla defesa aoacusado. 0 inqurito policial, em nossasistemtica processual, necessrio serepita a exausto pea meramente

    informativa da denncia e nisso se esgotasua funo. Em termos outros. a polciainvestiga, como disse FREDERICOMARQUES, para que possa o Ministrio

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    Pblico acusar. A acusao, portanto, nodispensa a produo de provas perante orgo julgador. Alis, a jurisprudnciaainda que de maneira indireta, consagraeste entendimento. quando, constante ereiteradamente, proclama que as nulidadesou vcios do inqurito no contaminam aao penal.0 nus da prova acusatria do MinistrioPblico, a quem cabe demonstrar averacidade ou falsidade da imputao feitaao ru. Estes princpios, que no podem serolvidados porque informam o sistema

    processual brasileiro, impedem que se d confisso policial o valor que lhe atribuiu asentena. Pouco importa que tenha sido

    prestado na presena de Curador ou detestemunhas credenciadas. Se aceita a

    tese. chegaramos concluso de queobtida a confisso policial desnecessrioque o acusador demonstrasse no juzoinstrutrio e contraditrio as alegaesinseridas na denncia. Em outros termos,se no inqurito policial h apenasinvestigao, inexistindo relao

    processual, sendo fase puramenteadministrativa. como dar prova ali

    produzida carter absoluto a ponto dejustificar e amparar decreto condenatrio?

    O encargo probatrio, nus do MinistrioPblico na ao penal, estaria transferindoa uma fase investigatria onde "o indiciado simples objeto de um procedimentoadministrativo".

    A confisso policial,portanto, seja ou no tomada na presenade testemunhas idneas e mesmocuradores, no pode servir como elementode convico para sentena condenatria".- ("Apud" rolo n 147, flash n 699 do

    servio de microfilmagem do TACRIM-SP).(grifei)

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    "INSUFICINCIA DOS ELEMENTOS DOINQURITO PARA LASTREAR CONDENAO.POR VEEMENTES QUE SEJAM.

    Por mais veementes quesejam os elementos constantes doinqurito, to s nos mesmos no podebasear-se sentena condenatria e. pois

    fugiria ao contraditrio, assegurado porprincpio constitucional" (Ac. un. de 6.7.78da 4 Cm., na Ap. n 178.595, deGuarulhos, Rel. SILVA LEME, que no arestoremarcou: - remanosa nesse passo a

    jurisprudncia (RT 369/70; 479/359;448/334; 436/378; 426/395; 397/278;393/343; 386/249; 360/241; 356/93;350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438,etc.("Apud" rolo n 146. flash n 318, doservio de microfilmagem ' do TACRIM-

    SP).

    A inexistncia de qualquer vnculoassociativo entre os Acusados .................. e ...................., reconhecida

    pelos prprios diretores da empresa............, ........................e .........................., em seus depoimentos s fls.........

    Consoante o entendimento esposado pela

    melhor doutrina processual penal, sentena de contedo condenatrioexige, para sua prolao, a certeza de ter sido cometido um crime e de sero acusado o seu autor. A menor dvida a respeito acena para a

    possibilidade de inocncia do ru, de sorte que a Justia no faria jus aessa denominao se aceitasse, nessas circunstncias, um ditocondenatrio, operando com uma margem de risco - mnima que seja - decondenar quem nada deva.

    Quando se tem presente, salientou

    Malatesta, que a condenao no pode basear-se seno na certeza daculpabilidade, logo se v que a credibilidade razovel - tambm mnima -da inocncia, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve,

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    necessariamente, conduzir absolvio. o ensinamento do mestrepeninsular:

    "O direito da sociedade s se afirmaracionalmente como direito de punir overdadeiro ru; e para o esprito humano

    s verdadeiro o que certo; por isso,absolvendo em caso de dvida razovel,

    presta-se homenagem ao direito doacusado, e no se oprime o da sociedade. A

    pena que atingisse um inocente perturbariaa tranqilidade social, mais do que teriaabalado o crime particular que se

    pretendesse punir; porquanto todos sesentiriam na possibilidade de serem, porsua vez, vtimas de um erro judicirio.Lanai na conscincia social a dvida, por

    pequena que seja, da aberrao da pena, eesta no ser mais a segurana doshonestos, mas a grande perturbadoradaquela mesma tranqilidade para cujo res-tabelecimento foi constituda; no sermais a defensora do direito, e sim a foraimane que pode, por sua vez, esmagar odireito indbil" (in - "Lgica das Provas emMatria Criminal, ed. Saraiva, pp. 14e 15).

    Referindo-se legislao processualamericana o saudoso Heleno Fragoso, em sua Jurisprudncia Criminal,Vol. 1, pg. 485, nota 389, que esse o princpio que vigora no Direitonorte-americano, includo entre as regras do devido processo legal, due

    process of law. No se pode aplicar a pena sem que a prova excluaqualquer dvida razovel, any reasonable doubt. Aqui no bastaestabelecer sequer uma probabilidade, "it is not suficient to establish a

    probability even a strong one": necessrio que o fato fiquedemonstrado de modo a conduzir certeza moral, que convena ao

    entendimento, satisfaa a razo e dirija o raciocnio, sem qualquerpossibilidade de dvida (cf. Kennys, Outlines of Criminal Law, 1958, p.480)."A sociedade se sente legitimamente perturbada na suatranqilidade com a certeza do delito, e de seu autor, lgico,

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    asseverando Gorphe: "S'il subsiste une doute, s'est que la preuve n'estpas fait e arrematando o insigne Carrara: "no processo criminal,mxime para condenar, tudo deve ser claro como a luz, certo como aevidncia, positivo como qualquer expresso algbrica".

    "Condenao exige certeza E certezaabsoluta, quer do crime quer da autoria.

    "No basta a alta probabilidade desta oudaquele.

    "A certeza , aqui, "a conscinciadubitandi secura de que falava Vico e queno admite graus. Tem de fundar-se emdados objetivos indiscutveis, de cartergeral, que evidenciem o delito e autoria(Sauer, Grundlagen des Prozessrechts,1929, p. 75), sob pena de conduzir to-somente ntima convico insuficiente"(Heleno Fragoso, "RDPenal Vol. 5, Pg. 148,ed. Borsi").

    A ntima convico, sem apoio em dadosou elementos indiscutveis, leva simples crena e no quela certezanecessria e indispensvel condenao. Essa certeza no pode ser,igualmente, a certeza subjetiva, formada na conscincia do julgador.

    Com fulcro no esclio de Carrara,escorreitamente j se aduziu que :

    "O processo criminal o que hde mais srio neste mundo. Tudo nele deveser claro como a luz, certo como aevidncia, positivo como qualquergrandeza algbrica. Nada de amplivel, de

    pressuposto, de anfibolgico. Assente oprocesso na preciso morfolgica legal e

    nesta outra preciso mais salutar ainda: Ada verdade sempre desativada de dvidas".

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    do esclio do eminente ProfessorFernando de Almeida Pedroso, que a sentena de contedocondenatrio exige, para sua prolao, a certeza de ter sido cometido umcrime e de ser o acusado o seu autor. A menor dvida a respeito acena

    para a possibilidade de inocncia do ru, de sorte que a Justia no fariajus a essa denominao se aceitasse, nessas circunstncias, um ditocondenatrio operando com uma margem de risco - mnima que seja - decondenar quem nada deva.

    Como ressaltou o Juiz Lcio Urbano, doTAMG, ao relata a Ap. Crim. 5.520, de Belo Horizonte, "tudo aquilo queoferece duas concluses lgicas no permite ao Juiz criminal admitir acontrria ao ru, porque a condenao fruto de prova induvidosa, j queo Estado no tem maior interesse na verificao da culpabilidade do quena verificao da inocncia, como procedentemente afirmou Carrara" in

    (RT 524/449). Por isso, "em matria criminal a prova deve ser lmpida;qualquer dvida deve vir a favor do imputado, porque temerria acondenao alicerada em elementos eivados de incertezas" (RT523/375). "Uma condenao no pode estar alicerada no solo movediodo possvel ou do provvel, mas apenas no terreno firme da certeza" (RT529/367). Portanto, "a dvida in poenalibus deve ser decidida prolibertate" (RT 525/348), pois "um culpado punido exemplo para osdelinqentes", ao passo que um inocente condenado - comocorretamente ponderou La Bruyre - constitui "preocupao para todos

    os homens de bem".

    A Constituio Federal assegura oprincpio da presuno de inocncia, figurando, agora, verdadeiro direitopblico subjetivo constitucional do acusado. O nus da prova daocorrncia do crime cabe ao rgo da acusao. No logrando obterxito, a absolvio torna-se imperativo de ordem pblica

    no mesmo diapaso que ajurisprudncia hodierna tem se posicionado:

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    Processo Penal. Prova. Inexistncia decerteza absoluta para um juzocondenatrio. Exegese do artigo 386,VI, doCPP. l. correta a sentena absolutria quese baseou no fato de que a nicatestemunha que prestou depoimentomediante o contraditrio legal no logroudelinear em que contexto positivo sedesenrolou a ao, e que a prova trazida

    pela parte autora consistia em merasdeclaraes do agente da autoridade noinqurito policial, despedido ainda asformalidades ilegais, para julgarimprocedente o pedido articulado na peaexordial do Ministrio Pblico. 2. A provano processo penal democrtico exige a

    prova ser madura, robusta, isenta deincertezas, e no to-somente indicativa

    diante do artigo 386, VI, do CPP. Recursoimprovido para manter a sentenaabsolutria.(TACRIM-RJ - AP. CRIM. 44.163,2 Cmara Julgadora, em 16/06/1992)

    "Prova. Dvidas."In dbio pro reo".Absolvio. Se diante do fato h duasverses, uma fornecida pela declaradavtima e outra pelo acusado, no se tratade questionar o velho adgio testius unus,testius nullus, mas de constatar dentro do

    conjunto probatrio na variante depossibilidades a verso cabal, firme einconteste da dinmica do acontecer, casocontrrio, diante da intranqilidade dadvida, o nico caminho que resta ao

    julgador sereno e imparcial a aplicaodo consagrado princpio in dbio pro reonsito no artigo 386,VI,do CPP. Recurso dorgo do Ministrio Pblico improvido."( TACRIM-RJ, Ap. 46.108,28 cmara

    julgadora, em 24/09/1992.

    Trilhando neste mesmo sentido, ou seja,mesma linha de raciocnio justo e na defesa do moderno Estado de

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    Direito, est o nosso Egrgio Tribunal de Justia, conforme ementa quesegue:

    "Apelao, Insuficincia de provas. Noexistindo provas suficientes para embasarum juzo condenatrio impe-se , de

    pronto, a manuteno da sentena queabsolveu o ru ( art. 386, inc. VI, do CPP).

    Apelo Provido" (Ap. Crim. 15046-9/213, TJ-G0, 2a Cam. Crim. Rel Des. Pedro SoaresCorreia, DJ n 12099 de 06/07/95, pg. 12).

    Conforme recente julgado proferido noHC n 18 084-1/213, o Desor. Byron Seabra Guimares, em iluminadovoto reverberou a seguinte lio:

    No direito penal da culpa, no h espaojurdico para a presuno de culpabilidade.O nus processual de prova pertence acusao e no ao sujeito defesa, que deforma alguma precisa demonstrar averacidade de suas desculpas, vez que oque impera a tutela do silncio. Valedizer, o acusado no est obrigado a provarque inocente. (GRIFEI)

    Arremata o Ilustre Desembargador:

    Ningum duvida que o NULLUM CRIMENSlNE ACTIO seja princpio reitor do direito

    penal do fato. E o agente ativo da condutaftica s pode ser punido pelo fatoexistente na realidade. Jamais pela

    presuno. E diga-se: regra incompatvelcom o princpio da no culpabilidade. (Videensinamento de Bobio).(GRIFEI)

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    Deste modo, a Acusao Oficial, com aedio do aditamento da denncia, com relao aos Acusados, oradefendentes, assumiu o nus da prova da autoria, dos fatos e suascircunstncias, durante a instruo, encargo do qual no se desvencilhouat o presente momento, com provas robustas e idneas capazes defundamentar um juzo condenatrio, o que vale dizer ALLEGARE

    NIHIL ET ALLEGATUM NON PROBARE PARIA SUNT, ainda maisporque na fase do judicium causae impera o princpio do in dbio proreo.

    Ressalte-se, finalmente, que tanto oAcusado ....................., quanto os demais so pessoas de notrio respeitoentre seus concidados, no existindo qualquer mcula em suas condutas,tanto familiar e social quanto no aspecto empresarial, que possadesabona-los.

    EX POSITIS,

    esperam os Acusados,........................., ..........................., .......................... e ............................,sejam as presentes alegaes finais recebidas, vez que prprias etempestivas, julgando-se improcedente o aditamento da denncia defls. ......................, consequentemente decretando-se suasABSOLVIES pelas razes e fundamentos ut retro perfilados, pois

    desta forma Vossa Excelncia, como de costume, estar editandodecisrio compatvel com os mais elevados princpios da Lei, do Direitoe da excelsaJUSTIA.

    Pedem deferimento.

    _________________OAB