alcalóides esteroidais dos frutos maduros de solanum

101
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciências Exatas – Departamento de Química Programa de Pós-Graduação em Química Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum caavurana Vell. Mestranda: Nelissa Pacheco Vaz Orientadora: Profª. Drª. Beatriz Helena L. de N. Sales Maia Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química, para obtenção do Título de Mestre em Ciências, área de concentração Química Orgânica. Curitiba-PR Janeiro 2008

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Page 1: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Setor de Ciências Exatas – Departamento de Química

Programa de Pós-Graduação em Química

Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros

de Solanum caavurana Vell.

Mestranda: Nelissa Pacheco Vaz

Orientadora: Profª. Drª. Beatriz Helena L. de N. Sales Maia

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química, para

obtenção do Título de Mestre em Ciências, área de concentração

Química Orgânica.

Curitiba-PR

Janeiro 2008

Page 2: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

ii

“A química é talvez a ciência que mais

necessita de amigos. Para fazê-los, tê-los e

mantê-los basta a humildade de perceber que

você nunca vai conseguir saber tudo de

química e que eles sempre poderão lhe ensinar

alguma coisa.”

(Flávio Leite)

Page 3: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

iii

AGRADECIMENTOS:

A Deus pela vida e oportunidade de adquirir conhecimento superior de qualidade

numa sociedade tão desigual;

À minha família por acreditarem, apoiarem, incentivarem e terem investido tempo,

amor e dedicação para a realização dos meus sonhos. Agradeço também pela

compreensão e convivência;

A Universidade Federal do Paraná e ao Departamento de Química desta universidade

pela oportunidade de realização deste trabalho;

À professora Drª. Beatriz Helena Lameiro de Noronha Sales Maia pela orientação,

amizade, compreensão, presença, motivação e auxílio durante a realização deste

trabalho;

À professora Drª. Raquel Marques Braga - Instituto de Química - Universidade de

Campinas (IQ - UNICAMP) pelas análises de ressonância magnética nuclear e

auxílios nas determinações estruturais;

Ao professor Dr. Norberto Peporine Lopes - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de

Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo: Departamento de Física e Química –

(FCFRP-USP) pela aquisição dos Espectros de Massas;

Aos biólogos Drª. Sandra B. Mikich (Embrapa Florestas-PR) pela coleta e

identificação do material botânico utilizado para a realização deste estudo e Osmar

Santos Ribas (Jardim Botânico de Curitiba-PR) pelas fotos e pela amizade;

Ao professor Dr. Brás Heleno de Oliveira (DQ-UFPR) pelas importantes observações,

correções e sugestões feitas durante o Exame de Qualificação;

À professora Drª. Ana Luísa Lacava Lordello (DQ-UFPR) pelas importantes

observações, correções e sugestões feitas durante o Exame de Qualificação e na

Defesa desta Dissertação;

À professora Drª. Maria Helena Sarragiotto (DQ-UEM) pelas importantes

observações, correções e sugestões feitas durante a Defesa desta Dissertação;

Page 4: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

iv

A todos os professores do Departamento de Química que participaram durante minha

formação acadêmica, intelectual e profissional;

Aos funcionários técnico-administrativos do departamento pelos auxílios prestados

durante a minha graduação e pós-graduação em especial àqueles necessários para a

execução deste trabalho;

Aos colegas de laboratório Érica Luiz dos Santos, Emmanoel Vilaça Costa, Elizabete

Bellini e Jéssica Hirota pelo apoio, auxílio, compreensão, desabafos, incentivos e

convivência harmoniosa;

E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para a

realização deste trabalho;

Page 5: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

v

SUMÁRIO:

ABREVIATURAS:.........................................................................................................vii

LISTA DE TABELAS:................................................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS: .................................................................................................... x

RESUMO: ..................................................................................................................... xvi

ABSTRACT:................................................................................................................ xvii

1 INTRODUÇÃO:....................................................................................................... 1

1.1 Aspectos gerais sobre a família Solanaceae: .....................................................3

1.2 Principais metabólitos secundários em Solanáceas:..........................................4

1.3 Alcalóides Esteroidais: ......................................................................................7

1.3.1 Biossíntese: ...........................................................................................8

1.3.2 Classificação: .....................................................................................13

1.4 Atividades biológicas no gênero Solanum: .....................................................18

1.5 Solanum caavurana Vell.: ...............................................................................22

1.5.1 Uso Popular:.......................................................................................22

1.5.2 Dados Botânicos:................................................................................23

1.5.3 Classificação Botânica: ......................................................................24

2 OBJETIVOS:.......................................................................................................... 25

2.1 Objetivos Específicos: .....................................................................................25

3 PARTE EXPERIMENTAL:.................................................................................. 26

3.1 Suportes Para Cromatografia:..........................................................................26

3.2 Equipamentos: .................................................................................................26

3.3 Estudo Fitoquímico: ........................................................................................27

3.3.1 Coleta e Identificação Botânica: ........................................................27

3.3.2 Preparo dos Extratos:.........................................................................27

3.3.3 Extração Ácido-base da Fração DCM: ..............................................29

3.3.4 Cromatografia em Coluna da Fase Neutra: .......................................29

3.3.5 Tratamento Cromatográfico da Fase Alcaloídica:.............................31

Page 6: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

vi

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO: .......................................................................... 33

4.1 Identificação de SCN-1: ..................................................................................33

4.2 Identificação de SCN-2: ..................................................................................36

4.3 Identificação de SCN-3: ..................................................................................39

4.4 Proposta Estrutural de SCN-4: ........................................................................43

4.5 Proposta Estrutural de SCN-5: ........................................................................45

4.6 Proposta Estrutural de SCN-6: ........................................................................45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS: ............................................................................... 46

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................ 47

ANEXO I ........................................................................................................................ 53

Page 7: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

vii

ABREVIATURAS:

C0 Carbono Quaternário;

CAS Chemical Abstracts;

CC Cromatografia em coluna;

CCD Cromatografia em camada delgada;

CCDP Cromatografia em camada delgada preparativa;

CDCl3 Clorofórmio deuterado;

DCM Diclorometano;

DEPT Distortionless Enhancement by Polarization Transfer;

EE Extrato etanólico;

EM Espectrometria de massas;

EM – IES Espectrometria de massas com ionização por eletrospray;

EP Éter de Petróleo;

HOP Fosfato ou pirofosfato;

HSQC Heteronuclear Single Quantum Coherence;

n-but n-butanol;

RMN 13C Ressonância magnética nuclear de carbono-13;

RMN 1H Ressonância magnética nuclear de hidrogênio-1;

TMS Tetrametilsilano;

UDP Uridina difosfato;

Page 8: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

viii

UV Ultravioleta;

Page 9: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

ix

LISTA DE TABELAS:

Tabela 1. Dados do fracionamento por CC da FN da extração ácido-base da fração DCM; 31

Tabela 2. Dados de RMN1H (500MHz, CDCl3) e RMN13C (125 MHz, CDCl3) de SCN-1 e

dos compostos tomatidina (3) e solasodenona (27); 34

Tabela 3. Dados de RMN1H (500MHz, CDCl3) e RMN13C (125 MHz, CDCl3) de SCN-2 e do

alcalóide esteroidal 5α-tomatidan-3-ona; 38

Tabela 4. Dados de RMN1H (500MHz, CDCl3) e RMN13C (125 MHz, CDCl3) de SCN-3 e do

composto tomatidina (3); 42

Page 10: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

x

LISTA DE FIGURAS:

Figura 1 Mecanismos de incorporação do nitrogênio na biossíntese dos alcalóides

esteroidais. 9

Figura 2 Rota simplificada da biossíntese de alcalóides esteroidais. 10

Figura 3 Ciclizações possíveis para a formação do anel E. 11

Figura 4 Exemplos de alcalóides esteroidais obtidos do colesterol. 11

Figura 5 Hidroxilação primária do grupo metila 26 ou 27 do colesterol. 12

Figura 6 Rota para a formação dos anéis E e F em alcalóides esteroidais. 13

Figura 7 Exemplos de alcalóides do tipo aminopregnano. 14

Figura 8 Exemplos de alcalóides do tipo espirosolano. 15

Figura 9 Exemplos de alcalóides do tipo solanidano. 16

Figura 10 Exemplos de alcalóides do tipo solanocapsina. 16

Figura 11 Exemplos de alcalóides do tipo piperidilpregnanos simples 17

Figura 12 Exemplos de alcalóides de Veratrum. 17

Figura 13 Exemplos de alcalóides de Buxus. 17

Figura 14 Mecanismo proposto para modificação do DNA, provocada pela

solasodina. 21

Figura 15 Fotos da planta obtidas no momento da coleta. 24

Figura 16 Obtenção dos extratos dos frutos maduros de S. caavurana. 28

Figura 17 Extração ácido-base da fração DCM. 29

Page 11: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xi

Figura 18 Cromatografia em Coluna (CC) da fase neutra da extração alcaloídica e

agrupamento das frações 30

Figura 19 Cromatografia em Camada Delgada Preparativa (CCDP) da FA da

extração ácido-base da fração DCM. 31

Figura 20 Estruturas da tomatidina (3) e da solasodenona (27). 35

Figura 21 Deslocamentos de RMN 13C típicos para os anéis F de alcalóides

esteroidais do tipo espirosolano. 35

Figura 22 Estruturas dos esteróides 5α-androstan-3-ona (28) e 5β-androstan-3,17-

diona (29). 37

Figura 23

Deslocamentos de RMN 13C para os anéis A e B do esqueleto de

alcalóides esteroidais tipicamente encontrados no gênero Solanum. 40

Figura 24 Estruturas da tomatidina (3) e da solanopubamida A (30). 41

Figura 25 Estruturas da solanidina (6) e da leptinidina (13) com seus respectivos

deslocamentos de RMN 13C. 44

Figura 26 Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-1; 54

Figura 27 Espectro parcial I ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra

SCN-1; 54

Figura 28 Espectro parcial II ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da

amostra SCN-1; 55

Figura 29 Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1; 55

Figura 30 Espectro parcial I ampliado de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-1; 56

Figura 31 Espectro parcial II ampliado de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-1; 56

Page 12: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xii

Figura 32 Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1; 57

Figura 33 Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-1; 57

Figura 34 Espectro de HSQC (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em

CDCl3) da amostra SCN-1; 58

Figura 35 Espectro de HSQC ampliação I (Correlação heteronuclear 1H - 13C,

125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1; 58

Figura 36 Espectro de HSQC ampliação II (Correlação heteronuclear 1H - 13C,

125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1; 59

Figura 37 Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-1; 59

Figura 38 Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-1; 60

Figura 39 Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-2; 60

Figura 40 Espectro parcial ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra

SCN-2; 61

Figura 41 Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2; 61

Figura 42 Espectro parcial ampliado I de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-2; 62

Figura 43 Espectro parcial ampliado II de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-2; 62

Figura 44 Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2; 63

Figura 45 Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-2; 63

Figura 46 Espectro de HSQC (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em

CDCl3) da amostra SCN-2; 64

Page 13: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xiii

Figura 47 Espectro de HSQC ampliação I (Correlação heteronuclear 1H - 13C,

125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2; 64

Figura 48 Espectro de HSQC ampliação II (Correlação heteronuclear 1H - 13C,

125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2; 65

Figura 49 Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-2; 65

Figura 50 Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-2; 66

Figura 51 Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-3; 66

Figura 52 Espectro parcial ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra

SCN-3; 67

Figura 53 Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3; 67

Figura 54 Espectro parcial ampliado de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra

SCN-3; 68

Figura 55 Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3; 68

Figura 56 Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-3; 69

Figura 57 Espectro de HSQC (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em

CDCl3) da amostra SCN-2; 69

Figura 58 Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-3; 70

Figura 59 Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-3; 70

Figura 60 Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-4; 71

Figura 61 Espectro parcial ampliado I de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra

SCN-4; 71

Figura 62 Espectro parcial ampliado II de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da

amostra SCN-4; 72

Page 14: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xiv

Figura 63 Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4; 72

Figura 64 Espectro parcial ampliado I de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-4; 73

Figura 65 Espectro parcial ampliado II de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-4; 73

Figura 66 Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4; 74

Figura 67 Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-4; 74

Figura 68 Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-4; 75

Figura 69 Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-4; 75

Figura 70 Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-5; 76

Figura 71 Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-5; 76

Figura 72 Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-6; 77

Figura 73 Espectro parcial ampliado I de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra

SCN-6; 77

Figura 74 Espectro parcial ampliado II de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da

amostra SCN-6; 78

Figura 75 Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6; 78

Figura 76 Espectro parcial ampliado I de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-6; 79

Figura 77 Espectro parcial ampliado II de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-6; 79

Figura 78 Espectro parcial ampliado III de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-6; 80

Page 15: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xv

Figura 79 Espectro parcial ampliado IV de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-6; 80

Figura 80 Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6; 81

Figura 81 Espectro parcial ampliado I DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3)

da amostra SCN-6; 81

Figura 82 Espectro parcial ampliado II DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3)

da amostra SCN-6; 82

Figura 83 Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-6; 82

Figura 84 Espectro de Massas (EM/EM-ESI [M+H]+ m/z= 398) da amostra SCN-6; 83

Figura 85 Espectro de Massas (EM/EM-ESI [M+H]+ m/z= 412) da amostra SCN-6; 83

Figura 86 Espectro de Massas (EM/EM-ESI [M+H]+ m/z= 456 da amostra SCN-6; 84

Page 16: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xvi

RESUMO:

Este trabalho contempla o estudo fitoquímico dos frutos maduros de Solanum

caavurana Vell., apresentando o isolamento e a identificação de substâncias pertencentes à

classe dos alcalóides esteroidais. A família Solanaceae, a qual o gênero Solanum pertence, é

uma família cosmopolita composta de aproximadamente 90 gêneros e entre 2000 e 3000

espécies, contendo muitos dos vegetais e frutas essenciais tais como as batatas, os tomates e

as berinjelas. Os alcalóides esteroidais como a solasodina e seus derivados glicosilados, os

glicoalcalóides esteroidais, são os metabólitos secundários mais comuns e importantes

encontrados nesse gênero e possuem uma variedade de atividades biológicas citadas na

literatura tais como antifúngica, moluscicida, inseticida, sendo estes também utilizados no

tratamento de doenças do fígado e da pele e em alguns tipos de câncer.

Este estudo é focado no extrato etanólico obtido pela extração a frio dos frutos

maduros de S. caavurana, que foi submetido à partição, primeiro com diclorometano e depois

com n-butanol. A fração diclorometânica foi submetida à extração ácido-base. As frações

correspondentes às faixas de pH (ácido e alcalino), foram extraídas com clorofórmio e

fracionadas por cromatografia em coluna usando gel de sílica. A purificação da fração

proveniente da partição da solução aquosa ácida, forneceu 4 alcalóides esteroidais nomeados

como SCN-1, SCN-4, SCN-5 e SCN-6. A fase orgânica obtida da partição da fase aquosa

básica, depois de submetida à cromatografia em camada delgada preparativa, forneceu 2

outros alcalóides esteroidais representados por SCN-2 e SCN-3, completando um total de 6

substâncias isoladas. As estruturas desses compostos foram propostas com base em seus

dados de RMN 1H, RMN 13C (uni e bidimensionais), DEPT e espectrometria de massas (EM-

IES).

Todas as substâncias isoladas apresentam características espectrais de alcalóides

esteroidais sendo que a 5α-tomatidan-3-ona (SCN-2) já foi previamente isolada nas raízes de

planta híbrida, resultante do cruzamento de Lycopersicon esculentum x L. hirsutum. Já a 4-

tomatiden-3-ona (SCN-1) e 3-N-formilamino-5α-(22S:25S)-espirosolano (SCN-3) são

inéditos como produtos naturais e foram totalmente determinadas. As substâncias SCN-4,

SCN-5 e SCN-6 não foram totalmente identificadas, mas são apresentadas nesse trabalho

propostas estruturais baseadas em seus dados espectrais em comparação com dados

disponíveis na literatura.

Page 17: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

xvii

ABSTRACT:

The present work contemplates the phytochemical study of the ripe fruits from

Solanum caavurana Vell., presenting the isolation and identification of its steroidal alkaloids.

The Solanaceae, to which the genus Solanum belongs, is a cosmopolitan family composed of

approximately 90 genera and between 2000 and 3000 species, containing many essential

vegetables and fruits such as potatoes, tomatoes and aubergines. Steroidal alkaloids such as

solasodine, and their glycosylated derivatives have been far the most common and important

secondary metabolites obtained in this genus which has several biological activities cited in

literature as antifungal, molluscicidal, insecticide as well as on treatment of leaver, skin

diseases and some types of cancer.

This study focused on ethanolic extract obtained by the cold extraction of the ripe

fruits from S. caavurana. This extract was subjected to partition, first with dichloromethane

after with n-butanol. The dichloromethane fraction was submitted to acid-base treatment. The

fractions corresponding to different pH ranges (acid and alkaline) were extracted with

chloroform and purified by column chromatography using silica gel. The organic phase from

acidic aqueous phase furnished 4 steroidal alkaloids signed as SCN-1, SCN-4, SCN-5 and

SCN-6. The organic phase from basic aqueous phase, after the preparative TLC, furnished 2

other steroidal alkaloids labeled as SCN-2 and SCN-3, add up to 6 substances. The structures

of the compounds were assigned based on their 13C NMR, 1H NMR and MS data.

All isolated substances shown spectral characteristics of steroidal alkaloids then 5α-

tomatidan-3-one (SCN-2) was previously isolated from the roots of a hybrid of Lycopersicon

esculentum x L. hirsutum and tomatiden-3-one (SCN-1) and 3-N-formilamin-5α-(22S:25S)-

espirosolan (SCN-3) are totally identified and are inedited as natural products. The others

(SCN-4, SCN-5 and SCN-6) are not completely identified but this work shown some

structural purposes based on their spectral data and comparison with those available at

literature.

Page 18: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

1

1 INTRODUÇÃO:

As espécies vegetais fazem parte da vida do homem desde seus primórdios, sendo

utilizadas principalmente como fonte de alimentos, de materiais para o vestuário, habitação,

utilidades domésticas, defesa e ataque, inclusive na produção de meios de transporte,

utensílios para manifestações artísticas, culturais e religiosas ou até mesmo como meio

reparador e/ou restaurador da saúde. Na sociedade atual, elas representam uma das

alternativas mais viáveis e inteligentes entre as diversas fontes de insumos indispensáveis para

a construção da civilização como a conhecemos, tendo como principal vantagem o fato de ser

uma fonte renovável e, em grande parte, podendo ser controlada pelo ser humano

(SCHENKEL et al., 2003).

No Brasil possuidor de uma flora exuberante, com inúmeras espécies tropicais,

evidencia-se o conhecimento e uso de plantas medicinais pelas comunidades quilombas,

ribeirinhas, rurais, tradicionais e indígenas que são praticadas até os dias atuais. O Estado do

Mato Grosso pela sua localização no Planalto Central Brasileiro possui uma variedade dessas

comunidades, que utilizam dessas plantas medicinais, levando em consideração o

conhecimento popular passado de geração em geração (MACEDO et al., 2005).

A utilização de plantas com fins medicinais e farmacológicos vem contribuindo para

um amplo campo de pesquisa que fornecerá resultados muito valiosos e importantes para o

desenvolvimento, conscientização e sistematização da assistência e do ensino da saúde,

refletindo diretamente na identificação e na utilização de plantas medicinais valiosas. Um

exemplo disso é a busca recente de novos fitoterápicos para minimizar os efeitos colaterais e

os altos custos do tratamento medicamentoso convencional (GONÇALVES et al., 2006).

Uma das características mais admiráveis e que vale ser ressaltada é que as plantas são

organismos vivos capazes de acumular substâncias enantiomericamente puras. Com a

crescente preocupação da indústria farmacêutica com os efeitos diferenciados observados para

os compostos quirais, o mercado de fármacos cardiovasculares, antibióticos, hormônios,

vitaminas, antiinflamatórios e antitumorais (cujos princípios ativos são substâncias

enantiomericamente puras) teve acréscimo de 27% entre 1994 e 1998 (PINTO et al., 2002).

As plantas produzem uma vasta e diversa variedade de compostos orgânicos sendo

que a grande maioria parece não participar diretamente do processo de crescimento e

desenvolvimento da mesma. Esses compostos conhecidos como metabólitos secundários ou

produtos naturais, geralmente estão distribuídos diferentemente entre grupos taxonômicos

Page 19: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

2

limitados dentro do reino vegetal e nos diferentes tecidos de uma mesma planta. Suas funções,

muitas das quais ainda permanecem desconhecidas, vêm sendo elucidadas com uma

freqüência crescente. Os metabólitos primários, em contraste, assim como os fitoesteróides,

lipídeos, nucleotídeos, aminoácidos e ácidos orgânicos, são encontrados em todas as plantas e

exercem funções metabólicas que são essenciais e usualmente evidentes para seu

desenvolvimento (CROTEAU et al., 2000).

Muito se tem feito no sentido de se elucidar quais funções os metabólitos secundários

desempenham na fisiologia vegetal. Atualmente, trata-se de uma área em franco

desenvolvimento, que já obteve um volume de informações significante sobre o papel de

inúmeras substâncias no sistema de defesa das plantas e suas interações com outros

organismos vivos (HARBONE, 1988). Novas teorias têm surgido, como por exemplo, a de

que a ocorrência de um conjunto de substâncias num vegetal teria a função de retardar a perda

de carbono por parte do vegetal, através de uma seqüência de transformações de uma

substância em outra, o que dificultaria sua rápida degradação (GOTTLIEB, 1990).

Uma visão bastante difundida atualmente é de que esses metabólitos secundários estão

envolvidos nas interações da planta com outros organismos, já tendo sido relatadas várias

evidências do envolvimento dessas substâncias na atração de agentes polinizadores,

dispersores de sementes, na prevenção do crescimento de outras plantas e na defesa contra

agentes predadores e patógenos (DEWICK, 2001; WENNY, 2000; EBY, 1998; CIPOLLINI

et al., 1994; MARTIN et al., 1999). Eles são considerados desta maneira, extremamente

importantes no que se refere à sobrevivência e reprodução da planta apresentando

características adaptadas que foram submetidas à seleção natural durante a evolução (WINK,

2003).

Por outro lado, o rápido desflorestamento das florestas naturais existentes na

superfície terrestre tem sido motivo de constante preocupação da humanidade. No Brasil

estudos revelam que muitas das espécies que compõem as florestas brasileiras, ainda não

foram estudadas quimicamente, embora sejam amplamente exploradas como fonte de

matérias-primas (GOTTLIEB, 1990), e talvez continuem para sempre desconhecidas, devido

à crescente diminuição das florestas e a descaracterização das populações tradicionais.

Embora representem apenas 7% da superfície da Terra, as florestas tropicais contêm mais da

metade das espécies da flora que os outros ecossistemas; das 250.000 espécies de plantas

conhecidas, 2/3 estão nos trópicos e ¼ na América Latina. No Brasil, existem 55.000 espécies

de plantas superiores, cerca de 22% do total (GOTTLIEB & KAPLAN, 1990).

Page 20: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

3

A humanidade se apóia em uma diversa variedade de espécies cultivadas, das quais

pelo menos 6000 dessas espécies são utilizadas em uma variedade de propósitos. E é

freqüentemente declarado que apenas poucos cultivos básicos produzem a maioria do

suprimento alimentar. Isso pode estar correto, porém a importante contribuição de muitas

espécies minoritárias não deve ser subestimada (EDMONDS et al., 1997).

Após investigação na literatura (CAS Agosto 2006 – Janeiro 2008), foi encontrado um

estudo dos frutos verdes de Solanum caavurana Vell. (Solanaceae). Este trabalho

(BARBOSA-FILHO et al., 1991) tinha como objetivo o levantamento de espécies brasileiras

que poderiam ter uma quantidade promissora de solasodina (1) que mediante uma

transformação posterior seria empregada na produção de hormônios, visando sua utilização

industrial. Porém a solasodina (1) não foi encontrada nos frutos verdes desta espécie,

reforçando que ainda existem inúmeros constituintes desconhecidos que merecem ser

estudados.

1.1 Aspectos gerais sobre a família Solanaceae:

A família Solanaceae, a qual o gênero Solanum pertence, é uma família cosmopolita

que contêm muitos dos vegetais e frutas essenciais à alimentação, sendo composta por

aproximadamente 96 gêneros contendo 2000 a 3000 espécies. É amplamente distribuída por

toda região tropical e de clima temperado no mundo, com centros de diversidade ocorrentes

nas Américas Central e do Sul, bem como na Austrália e na África, com menor freqüência na

Europa e na Ásia (EDMONDS et al., 1997; WINK, 2003). Esta família é representada por

diversas formas de vida, embora predominem os arbustos. Uma comunidade local pode conter

até 50 espécies, a maioria do gênero Solanum. São plantas pioneiras, que dependem de seus

dispersores para a sua presença contínua nos micro hábitats sucessionais, aos quais estão

restritas (GILBERT, 1980). O nome genérico Solanum é geralmente considerado ser derivado

do latim solari – consolar ou aliviar – que se refere aos efeitos calmantes ou sedativos

associados a muitas de suas espécies (EDMONDS et al., 1997).

Juntamente com essa família, o gênero Solanum é o mais amplo e o mais complexo

entre as Angiospermas, sendo composto por mais de 1500 espécies e aproximadamente 3000

epítetos já descritos. Muitas dessas espécies de Solanum são também economicamente

importantes devido a sua distribuição cosmopolitana como citado anteriormente. Este gênero

é bem representado no Brasil, sendo amplamente distribuído de Norte a Sul em diversas

regiões fitogeográficas. (SILVA et al., 2006). Na maioria das espécies pertencentes ao gênero

Page 21: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

4

Solanum, os frutos caem das plantas quando maduros e ocasionalmente eles permanecem nas

plantas. Muitas vezes as sementes germinam in situ quando as condições ambientais

prevalecentes são ótimas. Os frutos maduros são extremamente suculentos, freqüentemente

coloridos, brilhantes e aromáticos, sendo atrativos para uma variedade de pássaros, morcegos

e outros animais. Eles são, contudo, efetivamente dispersos por pássaros e morcegos ao redor

de todo mundo, tão bem como por roedores, lagartos, coelhos, rebanhos bovinos e pelo

homem. Existem evidências que as sementes passam através do trato digestivo dos animais

sem sofrerem nenhum tipo de dano. As suas sementes também podem ser dispersas pela água

e pela contaminação de sementes de outras culturas (EDMONDS et al., 1997).

Muitas solanáceas são endêmicas no país e amplamente pesquisadas devido a sua

inexorável importância econômica tendo como principais representantes: a batata (S.

tuberosum) (KODAMATANI, et al., 2005, FRIEDMAN, 2004); a berinjela (S. melongena L.)

(GONÇALVES et al., 2006); o tomate (Lycopersicon esculentum) (FRIEDMAN, 2004); joá-

bravo (S. aculeastissimum); erva moura (S. americanum); o tomatinho (S. diflorum); pimentas

verdes e vermelhas (Capsicum spp.); inclusive plantas ornamentais como as petúnias (Petúnia

spp.) e os jasmins (Solanum jasminoides). Também contém o tabaco (Nicotiniana spp.) – uma

das plantas mais nocivas, porém economicamente mais importantes do mundo – juntamente

com muitas outras plantas de valor toxicológico e medicinal como a beladona (Artropa

belladona L.) (EDMONDS et al., 1997).

1.2 Principais metabólitos secundários em Solanáceas:

As plantas da família Solanaceae são ricas fontes de metabólitos secundários

bioativos, produzindo uma ampla variedade desses metabólitos tais como alcalóides do tipo

tropano (GRIFFIN, 2000) e piridínicos, witanolidas (DINAN, et al., 2001), ecdisteróides,

sesquiterpenos, diterpenos, glicoalcalóides (FRIEDMAN, 2004), alcalóides esteroidais

(USUBILLAGA et al., 1997; WEISSENBERG, 2001; RIPPERGER, et al., 1997), alcalóides

do tipo pirrol (SAYED et al., 1998), flavonóides (ESTEVES-SOUZA et al., 2002;

CORNELIUS, 2004), esteróides (SAEZ et al., 1998), saponinas (ZHOU et al., 2006),

sapogeninas esteroidais (USUBILLAGA et al., 1987; WEISSENBERG, 2001), alcamidas

(SILVA et al., 2002), glicosídeos esteroidais (YOSHIMITSU et al., 2003) e até mesmo

antraquinonas encontradas em menor quantidade (WINK, 2003).

Page 22: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

5

Juntamente com as Solanáceas, certas tribos e gêneros são muito bem caracterizados

pela presença ou pela ausência desses produtos naturais. Por essa razão, a distribuição desses

metabólitos secundários, tem sido amplamente utilizada para construir uma classificação

quimiotaxonômica da família Solanaceae. (WINK, 2003).

Em particular o gênero Solanum produz uma grande variedade de saponinas

esteroidais, glicoalcalóides e alcalóides esteroidais (FERREIRA et al., 1996) que são de

interesse tanto na área de ecologia química como de saúde humana. Na natureza, eles são

componentes importantes para o armamento químico da planta contra herbívoros

(FUKUHARA et al., 2004).

Os alcalóides esteroidais são metabólitos secundários típicos das famílias Buxaceae,

Liliaceae, Apocynaceae e Solanaceae. A presença desta classe de compostos é característica

dominante nos gêneros Solanum e Lycopersicon. Poucas ocorrências isoladas têm sido

relatadas nos gêneros Lycianthes, Cyphomandra e Cestrum (WINK, 2003). O alcalóide

piridínico nicotina é um aleloquímico típico e majoritário no gênero Nicotiniana já as

witanolidas representam um grupo de lactonas esteroidais com fortes atividades inseticidas as

quais parecem estar restritas à família Solanaceae. (WINK, 2003).

Os compostos esteroidais apresentam muitas variações estruturais. Suas propriedades

farmacológicas sendo profundamente estudadas constituem, em nossos dias, um poderoso

recurso tanto em medicina humana como veterinária. A produção comercial dessas drogas

tem tido, fundamentalmente como matéria prima a diosgenina (2), uma sapogenina

esteroidal, presente na forma de glicosídeo em várias plantas e em alta concentração nas

dioscoreas. O conhecimento que o alcalóide esteroidal solasodina (1), análogo nitrogenado da

diosgenina (2), pode igualmente a esta, ser convertido no acetato de 16-desidropregnenolona,

despertou há algum tempo, o interesse em encontrar plantas com alto conteúdo desse

alcalóide (MOLA et al., 1997). Tanto o colesterol como o β-sitosterol têm sido ultimamente

transformados por via microbiológica em compostos que permitem preparar diuréticos e

anticoncepcionais. Estas transformações são tão convenientes que a diosgenina (2) deixou de

ser a fonte preferencial de matéria prima para essas drogas. É importante salientar que países

como a antiga URSS e Hungria, durante anos, usaram a solasodina (1), extraída do Solanum

lanciniatum como única fonte de produção de progesterona e cortisona. A síntese de

progesterona, obtida como um dos produtos da degradação da tomatidina (3), foi efetuada

por investigadores italianos e um húngaros rendendo uma patente (FIESER et al., 1959).

Page 23: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

6

N

O

HO

H HH

H

H

HO

O

HO

H HH

H

H

Solasodina (1) Diosgenina (2)

NH

O

HO

H H

H

HH

Tomatidina (3)

Desde que a produção de esteróides medicinais a partir de saponinas esteroidais requer

uma degradação preliminar para remover o sistema de anéis contendo a cadeia lateral

originária do colesterol, é irrelevante se esses anéis contêm oxigênio ou nitrogênio. Desta

forma, plantas ricas em solasodina (1) ou tomatidina (3) também podem ser empregadas

como fonte comercial para a produção dessas drogas (DEWICK, 2001).

Os glicoalcalóides são componentes que ocorrem naturalmente em todas as partes da

planta, sendo α-solanina (4) e a α-chaconina (5) os componentes majoritários em tubérculos

de diversas variedades de batatas comerciais, representando 95% ou mais do total de

glicoalcalóides. Nas plantações de batatas as concentrações mais altas ocorrem na pele do

tubérculo, nos brotos e nas flores (FRIEDMAN, 2004; KODAMATANI et al., 2005). Os

brotos da planta de batata são particularmente ricos em solanina (4) e propiciam uma fonte

conveniente de glicosídeos e da aglicona que neste caso é a solanidina (6). O primeiro

alcalóide na forma glicosilada do grupo foi isolado de S. nigrum por Defosses em 1821 e, em

1826 a presença de solanina (4) na batata foi relatada por Baup (FIESER et al., 1959).

Page 24: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

7

(L-rhamnose)

(D-galactose)

(D-glucose)

NH

H

H H

H

H

O

OH

CH3

OHOH

O

O

OCH2OH

O

OH

O

OH

CH2OH

HOHO

α - Solanina (4)

(L-rhamnose)

(L-rhamnose)

(D-glucose)

O

OH

CH3

OHOH

NH

H

H H

H

H

O

OCH2OH

O

O

HOO

HOH3C

HO

α - Chaconina (5)

N

HO

H HH

H

H

Solanidina (6)

1.3 Alcalóides Esteroidais:

Um ou mais átomos de nitrogênio estão presentes tipicamente como aminas primárias,

secundárias ou terciárias e, isso normalmente confere basicidade ao alcalóide, facilitando seu

isolamento e purificação, uma vez que sais solúveis em água podem ser formados na presença

de ácidos minerais (DEWICK, 2001).

Page 25: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

8

Os alcalóides esteroidais compartilham em geral das propriedades de outros grupos de

alcalóides, ou seja, são compostos naturais básicos, que na sua forma livre são solúveis em

solventes orgânicos, e seus sais são solúveis em água (DEWICK, 2001). Têm sido isolados

tanto de vegetais como de animais, e em geral são compostos relativamente tóxicos ou muito

tóxicos, pois provavelmente atuem como defensivos nos organismos que os produzem. Os

mecanismos de toxidade são diversos. Entre esses se encontram o bloqueio seletivo dos canais

de sódio, como no caso das batráquio-toxinas, e a despolarização das membranas de

neurônios e células musculares, como no caso da veratridina. Muitos alcalóides de Solanum e

Veratrum são teratogênicos, além de produzir intoxicações agudas em doses maiores

(CHIESA et al., 1999).

1.3.1 Biossíntese:

Os átomos de nitrogênio dos alcalóides são oriundos de um aminoácido e, em geral

seu esqueleto carbônico é mantido intacto na estrutura do alcalóide. Relativamente poucos

aminoácidos precursores estão realmente envolvidos na biossíntese dos alcalóides, os

principais são a ornitina, a lisina, o ácido nicotínico, a tirosina, o triptofano, o ácido

antranílico e a histidina (DEWICK, 2001).

Entretanto outras classes de alcalóides não utilizam inicialmente os aminoácidos na

sua biossíntese. Na maioria dos exemplos estudados, o átomo de nitrogênio é doado de uma

fonte de aminoácido através de uma reação de transaminação com o aldeído ou cetona

adequados. Contudo, um amplo grupo de alcalóides parece adquirir seus átomos de nitrogênio

via reações de transaminação incorporando apenas o nitrogênio de um aminoácido, enquanto

o restante da molécula pode ser derivado das rotas do acetato, do chiquimato ou podendo

também ter origem terpênica ou esteroidal. O termo “pseudo-alcalóide” é algumas vezes

utilizado para distinguir esse grupo (DEWICK, 2001).

A incorporação do(s) átomo(s) de nitrogênio ocorre(m) em etapas avançadas da

biossíntese dos alcalóides esteroidais e, por essa razão podem ser considerados tanto

alcalóides como derivados aminados de seus precursores esteroidais. Contudo, as

modificações sofridas são de importância crucial na determinação do destino e função desses

compostos, pelo que são considerados como um grupo independente (CHIESA et al., 1999).

Muitas plantas da família Solanaceae acumulam alcalóides esteroidais baseados num

esqueleto colestano (C27) como nos casos da solasodina (1) e da tomatidina (3). Em

contraste com seus análogos oxigenados, todos esses compostos possuem a mesma

Page 26: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

9

configuração no C-25 (com a metila sempre na posição equatorial), porém podem ter

diferente estereoquímica no C-22, podendo-se citar a solasodina (1) e a tomatidina (3) como

exemplos (DEWICK, 2001).

A incorporação do nitrogênio à molécula pode ocorrer por três mecanismos diferentes:

1) um mecanismo de oxi-redução; 2) um mecanismo de substituição; ou 3) um mecanismo de

adição à ligação dupla, como pode ser observado na Figura 1. Quando a incorporação do

nitrogênio ocorre pelo mecanismo de oxi-redução, a configuração do carbono pode ou não ser

mantida, já no mecanismo de substituição tem sempre como resultado a inversão da

configuração absoluta (CHIESA et al., 1999).

HOH

NADP

NADPH O[NH3]

HN

NADPH

NADP H2NH

Processo Redox

HNH2

HOH

HOPO

HP [NH3]

Substituição

X

NH2

[NH3]

X

Adição

Figura 1. Mecanismos de incorporação do nitrogênio na biossíntese dos alcalóides esteroidais. * HOP:

Fosfato ou pirofosfato. (Adaptada de CHIESA et al., 1999)

A aminação parece empregar a L-argenina como fonte de nitrogênio, provavelmente

via um processo de substituição no 26-hidroxicolesterol. Uma segunda substituição permite

que o 26-amino-22-hidroxicolesterol ciclize, gerando um anel piridínico. Depois ocorre uma

nova hidroxilação na posição 16, uma 16-β-hidroxilaminação. A amina secundária é oxidada

a uma imina e o “sistema espiro” pode ser gerado como resultado de uma adição nucleofílica

da 16-β-hidroxila na imina (ou íon imínium via protonação). A configuração do C-22 depende

Page 27: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

10

desta reação onde, tanto pode ser formado a 22R, como no caso da solasodina (1), ou a 22S,

como na tomatidina (3), (Figura 2) (DEWICK, 2001).

Uma variação no modo de ciclização da cadeia lateral do colesterol pode ser

encontrada na solanidina (6), a qual contém um sistema de anéis condensados com o

nitrogênio como cabeça de ponte. A solanidina (6) é encontrada em batatas (S. tuberosum)

tipicamente como glicosídeo: a α-solanina (4). Esse sistema de anéis condensados parece ser

produzido por uma ramificação da rota principal para a síntese da solasodina (1)/tomatidina

(3). Desta forma, um processo de substituição irá permitir a geração de um novo sistema de

anéis (DEWICK, 2001).

HO

H H

H

2225 26

27

Colesterol

O

H

OH

26-hidroxicolesterol

L-Arg

NH2

H

O

H

NH2

OH

Substituição Nucleofílica

N

H

H

H

N

H

H

H

OHO

O

H

H

OH

N

H

HO

H H

H O

H

HN

H

22Adição nucleofílica a imina:

Essa reação pode gerardiferentes estereoquímicas

no C-22

Solasodina (1)

Figura 2. Rota simplificada da biossíntese de alcalóides esteroidais

(Adaptada de DEWICK et al., 2001).

No entanto como será visto posteriormente essas duas formas são interconversíveis

(FIESER et al., 1959). As agliconas dos glicoalcalóides de Solanum são produtos comuns de

uma rota biossintética que divergem na forma de ciclização da cadeia lateral do colesterol.

Desta maneira, os espirosolanos e os solanidanos que possuem em comum o sistema de anéis

tipo alcamina, dos tubérculos de algumas espécies de Solanum que são geneticamente

Page 28: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

11

semelhantes a S. tuberosum, foi postulado serem derivados de um intermediário comum

(Figura 3) (OSMAN et al., 1991).

H

H

OH

NH

O

HO

H

H

H HH

H NH

N

HO

H

H

H HH

HH

Tomatidina (3)

Solanidina (6)

Ataque nucleofílicoda hidroxila na imina

Deslocamento nucleofílicoda hidroxila pela amina

Figura 3. Ciclizações possíveis para a formação do anel E (Adaptada de OSMAN et al., 1991).

Têm-se mostrado através de estudos de incorporação de precursores marcados que os

alcalóides esteroidais são biossintetizados a partir do colesterol. Também é indicativo deste

fato que alguns alcalóides como a tomatidina (3), produzida principalmente pelo tomate

(Lycopersicum esculentum Mill.) e a solanina (4), produzida pela batata (Solanum tuberosum

L.) possuem esqueleto esteroidal intacto (Figura 4).

Figura 4. Exemplo de alcalóides esteroidais obtidos a partir do colesterol.

Tomatidina (3)

HOH

O

NH

HO

Colesterol

Lycopersicum

SolanumN

HO

Solanidina (6)

Page 29: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

12

A incorporação do nitrogênio é precedida pela etapa de hidroxilação da cadeia lateral.

O colesterol é hidroxilado especificamente nos carbonos 26 ou 27, o que determinará

posteriormente a configuração definitiva do carbono 25, como se mostra na Figura 5.

pro_Spro_R

H

25 25

HO_ H

25 S

25 R

H_OH

2525pro_R

Hpro_S

Figura 5. Hidroxilação primária do grupo metila 26 ou 27 do colesterol

(Adaptada de CHIESA et al., 1999).

Em uma segunda etapa pode ocorrer a substituição do grupamento hidroxila por um

grupo amina, ou a oxidação na posição C-22. Independentemente da ordem que ocorram essas

reações, tem-se lugar uma ciclização para a formação do anel F (Figura 6). A ativação da

posição C-16 pela hidroxilação, permite uma nova ciclização que pode dar origem aos

compostos com dois anéis fundidos através de um átomo de nitrogênio como ponte,

caracterizando a formação de um alcalóide esteroidal do tipo solanidano (Figura 9), ou

unidos através de um átomo de carbono caracterizando o sistema espiro presente nos

alcalóides esteroidais do tipo espirosolano (Figura 8).

Page 30: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

13

HO25

N N

OH

N

OH

HN

OH

O

HN

N

O

N

OMe O

N

OH

HH

25

HOO

25

H2N

Figura 6. Rota para a formação dos anéis E e F em alcalóides esteroidais

(Adaptada de CHIESA et al., 1999).

Estes alcalóides se encontram tanto livres como na forma de glicosídeos. Neste caso a

sua biossíntese ainda não está totalmente definida pelo que, provavelmente são formados pela

união com os açúcares ativados como UDP-glicosídeos.

1.3.2 Classificação:

Os alcalóides são normalmente classificados de acordo com a natureza da estrutura

que contém o átomo de nitrogênio como, por exemplo, os pirrolidínicos, piperidínicos,

quinolínicos, isoquinolínicos, indólicos, entre outros. A complexidade estrutural de alguns

desses exemplos rapidamente se expande em seus números e subdivisões (DEWICK, 2001).

Os alcalóides esteroidais são classificados com base no hidrocarboneto esteroidal que

melhor representa a estrutura geral do composto e sua configuração. De acordo com esse

critério, se distinguem três grupos principais (CHIESA et al., 1999):

1. Aminopregnanos: São compostos esteroidais de 21 átomos de carbono

produzidos pela degradação da cadeia lateral do colesterol, que contém o esqueleto do

pregnano. Esses alcalóides são produzidos principalmente pelas espécies da família

Apocinaceae, e em menor quantidade, por espécies das famílias Buxaceae e Solanaceae. O

nitrogênio pode estar presente formando uma amina alifática, seja na posição C-3, ou mais

Page 31: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

14

freqüentemente, na posição C-20. Eventualmente ambas as posições podem estar aminadas.

Alguns exemplos estruturais podem ser observados na Figura 7:

N

N

N

HO

N O

O

HO

Conessina (7) Conanina (8)

Kurchamida (9)

N

H

O

OAc

N

Vaganina A (10)

Figura 7. Exemplos de alcalóides do tipo aminopregnano.

2. 20-Piperidilpregnanos: Com freqüência os alcalóides esteroidais C27 são

análogos às sapogeninas oxigenadas encontradas na mesma planta e assim como estas, podem

ser encontrados na forma de glicosídeos freqüentemente unidos aos mesmos oligosacarídeos

presentes em outros glicosídeos produzidos pela planta. Apesar de sua semelhança estrutural

com as sapogeninas esteroidais, estes alcalóides possuem uma distribuição mais restrita entre

os vegetais e são encontrados apenas nas famílias Solanaceae e Liliaceae. São particularmente

abundantes nos gêneros Fritillaria e Veratrum (Liliaceae) e Solanum, Lycopersicum e

Cestrum (Solanaceae).

São compostos que apesar de conservarem a estrutura de 27 átomos de carbono do

colesterol, apresentam o átomo de nitrogênio no anel piperidina. Os alcalóides do tipo

piperidilpregnano classificam-se por sua vez em quatro subgrupos:

2.1 Espirosolanos: Caracterizam-se pela presença de dois anéis heterocíclicos unidos

através de um carbono espiro (C-22), e muitos deles se encontram naturalmente como

Page 32: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

15

glicosídeos. A tomatidina (3), o principal alcalóide do tomate (L. esculentum L.) é também

comum em outras espécies de tomates selvagens e em outros gêneros relacionados e apresenta

a estereoquímica 25S, 22βN. O seu estereoisômero solasodina (1), com estereoquímica 25R,

22αN, é amplamente empregada na síntese de hormônios esteroidais (Figura 8).

O

HHO

NH

NH

O

HO

Tomatidina (3) Solasodina (1)

O

HHO

NH

Soladulcidina (11)

Figura 8. Exemplos de alcalóides do tipo espirosolano.

2.2 Solanidanos: A cadeia lateral se cicliza formando dois anéis fundidos, com um

átomo de nitrogênio como cabeça de ponte. Os solanidanos com uma estereoquímica 22αH,

25S são os mais comuns e, dentro desse grupo estão incluídos a solanidina (6) (22R), a

demissidina (12) (22R) e a leptinidina (13) (22S), entre outros os quais são encontrados na

planta sob a forma de glicosídeos. A solanina (4) e a chaconina (5), que são os

glicoalcalóides mais comuns da batata (S. tuberosum), são formados a partir da glicosilação

do alcalóide esteroidal solanidina (6) pelo trissacarídeo, a solatriose ou a chacotriose,

respectivamente (Figura 9).

Page 33: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

16

N

HO

H

N

HO

H

Solanidina (6) Demissidina (12)

N

HO

HOH

Leptidinina (13)

Figura 9. Exemplos de alcalóides do tipo solanidano.

2.3 Solanocapsinas: Derivadas do 22,26-epimino-hemiacetal, pois possuem um anel

pirano e um piperidina, fundidos através de uma união hemiacetálica. A solanocapsina (14)

obtida de Solanum pseudocapsicum L. foi o primeiro alcalóide isolado deste tipo. A

estereoquímica da união desses dois anéis heterocíclicos pode ser cis, como no caso da

pimpifolidina (15), ou trans, como na 22-isopimpifolidina (16), ambas isoladas de uma

espécie de tomate selvagem, Lycopersicum pimpinellifolium Dunal. (Figura 10).

Solanocapsina (14) Pimpifolidina (15)

HO

O

N

OH

H

H

H

HO

O

N

OH

H

H

H

HO

O

N

OH

H

H

H

Isopimpifolidina (16)

Figura 10. Exemplos de alcalóides do tipo solanocapsina.

2.4 20-Piperidilpregnanos simples: Derivadas do piperidilpregnano, onde a cadeia

lateral do colesterol dá origem a um único anel piperidina. Esta classe de alcalóides encontra-

se principalmente nos gêneros Solanum e Veratrum e são caracterizados pela presença do anel

E aberto. São menos freqüentes e podem, em alguns casos, representar precursores ou

intermediários biossintéticos de outros compostos. Exemplos desses alcalóides podem ser

encontrados na Figura 11.

Page 34: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

17

Veralcamina (17)

HO

OH

NH

NH

HO

Oblinginina (18)

Figura 11. Exemplos de alcalóides do tipo piperidilpregnanos simples.

3. Alcalóides com esqueletos anômalos: São aqueles onde a estrutura do

cicloperidrofenantreno sofreu modificações. A principal diferença quando comparado aos

grupos anteriores, é que apresentam esqueletos esteroidais modificados. Dentro deste grupo se

distinguem duas classes: 1) alcalóides de Veratrum (Figura 12), que apresentam um esqueleto

12-nor-D-homo e, 2) alcalóides de Buxus (Figura 13), que estão estruturalmente relacionados

com o cicloartenol.

N

HO

O

H

O

N

HO

H

HO

Jervina (19) Veratramina (20)

Figura 12. Exemplos de alcalóides de Veratrum.

N

N

N

H

N

N

O

NH

Cicloprotobuxina (21) Papillotrieno (22) Nb-demetilharappamina (23)

Figura 13. Exemplos de alcalóides de Buxus.

Page 35: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

18

1.4 Atividades biológicas no gênero Solanum:

A maioria dos alcalóides esteroidais na sua forma glicosilada ou não, possuem

diversos graus de toxicidade para mamíferos. Alguns como os glicoalcalóides de Solanum,

que estão presentes em pequenas quantidades na dieta humana normal, quando em

concentrações maiores podem dar lugar a intoxicações alimentares. Os sintomas incluem

desarranjos intestinais e neurológicos. Em casos extremos podem de um estado comatoso,

produzir a morte (CHIESA et al., 1999).

Por esta razão, vários estudos químicos têm sido conduzidos no que diz respeito ao

transporte e ao armazenamento desses vegetais, modificações genéticas, influências do solo e

do clima fatores estes que implicam diretamente num aumento considerável nas

concentrações dos alcalóides, alcalóides esteroidais e glicoalcalóides, presentes

principalmente nos tubérculos destinados ao abastecimento populacional ou a produção de

ração animal (KODAMATANI et al., 2005). Há tempos é conhecido que a exposição dos

tubérculos à luz, pode causar rapidamente um aumento nas concentrações de glicoalcalóides

(SOUZA, 2003). Níveis muito altos de glicoalcalóides são preocupantes, pois, o consumo de

vegetais contendo níveis mais elevados que o normal é associado com mortes humanas,

envenenamentos e várias mortes de rebanhos (KODAMATANI et al., 2005). Foram então

estabelecidos limites máximos para o conteúdo desses alcalóides nos alimentos, que oscilam

segundo a legislação de cada país entre 100 e 200mg/kg (CHIESA et al., 1999).

Porém, esse gênero sendo um dos mais amplos do reino vegetal, tem sido

extensivamente estudado sob o enfoque das atividades biológicas principalmente

farmacológicas, apresentadas por muitas de suas espécies (OLIVEIRA et al., 2006). Nas

primeiras décadas do século XX, foi confirmado que a berinjela comum (Solanum melongena

L.), escura, ingerida liquefeita crua e com casca é muito eficiente na redução do colesterol e

na ação das gorduras sobre o fígado em animais e humanos (GONÇALVES et al., 2006).

Muitos componentes químicos encontrados em diversas espécies de Solanum

apresentaram atividade antiinflamatória. Dentre estes estudos, destacam-se os efeitos: da

solasodina (1) isolada do extrato metanólico de Solanum trilobatum (EMMANUEL et al.,

2006); dos glicolipídeos derivados do mio-inositol encontrados em Solanum lanceolatum

(HERRERA-SALGADO et al., 2005).

Lovatto e colaboradores (2004) testaram a capacidade de repelência e o efeito

inseticida dos extratos de seis espécies pertencentes ao gênero Solanum, uma do gênero

Brugmansia, uma do gênero Nicotiana e outra do gênero Capsicum todas pertencentes à

Page 36: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

19

família Solanaceae, obtendo como resultado a eficácia na repelência do pulgão da couve e

potencial inseticida dos extratos pulverizados.

Uma outra atividade posteriormente estudada foi o potencial hipoglicemiante

provocado pelo extrato aquoso dos frutos frescos e maduros de Solanum xanthocarpum já

conhecido pelas tribos indígenas (KAR et al., 2006).

Oliveira e colaboradores (2006) demonstraram pela primeira vez que o extrato obtido

das folhas e partes aéreas de Solanum megalonyx apresentou efeito espasmolítico não seletivo

em íleo isolado de cobaia.

No Nordeste do Brasil, muitas espécies de Solanum são amplamente utilizadas na

medicina popular sendo comumente conhecidas como “Jurubeba”, palavra originada do Tupi-

guarani “yu’beba” a qual se refere à presença de espinhos sobre alguns de seus exemplares.

Como parte dos estudos químicos e farmacológicos de espécies brasileiras de Solanum

realizados por Silva e colaboradores (2005), foi relatada a primeira investigação de S.

asterophorum, conhecida como jurubeba-de-fogo, cujas raízes são popularmente utilizadas no

tratamento de doenças do fígado. Do extrato metanólico foi isolado o alcalóide esteroidal

isojuripidina (24), sendo que esse composto havia sido isolado previamente apenas em S.

paniculatum (SILVA et al., 2005).

O

H2N

OH

H

HO

H

Isojuripidina (24)

Na literatura são descritos inúmeros trabalhos envolvendo a purificação de extratos,

principalmente metanólicos, biomonitorados por ensaios de atividades biológicas, como por

exemplo, nos estudos de Fukuhara e colaboradores (2004). Neste trabalho, análises de CCD

da fração bioativa foram positivas frente a testes com reagente de Dragendorff, o qual indica a

presença de alcalóides, alcalóides esteroidais e/ou glicoalcalóides esteroidais (FUKUHARA

et al., 2004).

Muitas espécies da família Solanaceae acumulam alcalóides esteroidais do tipo

colestano C27, como a solasodina (1) e a tomatidina (3) (USUBILLAGA et al., 1997). Esses

compostos contendo o nitrogênio são essencialmente análogos às saponinas esteroidais e estão

Page 37: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

20

normalmente presentes como glicosídeos, os quais possuem atividade superficial (epitelial) e

propriedades hemolíticas como fazem as saponinas. Alcalóides esteroidais e seus glicosídeos

presentes em inúmeras espécies do gênero Solanum, são conhecidos por possuírem uma

variedade de atividades biológicas, incluindo a antifúngica, moluscicida, teratogênica e

embriotóxica. Preparados contendo glicosídeo da solasodina (1) são geralmente empregados

no tratamento de certos cânceres de pele (ESTEVES-SOUZA et al., 2002).

Em países tropicais, mais de 250 milhões de pessoas são infectados por

esquistossomose e muitas mais estão sob risco de serem infectadas. As evidências indicam

que há um aumento na transmissão dessa doença conforme há um aumento na utilização da

água em condições precárias ou mesmo sem o saneamento básico adequado. O modo mais

eficiente de prevenir a propagação da doença, diz respeito a muitos fatores limitantes dentre

os quais, a destruição dos caramujos hospedeiros pelo uso de moluscicidas sintéticos.

Considerando a ampla variedade de propriedades biológicas de Solanum previamente citadas,

tem-se o relato do extrato aquoso dos frutos de S. aculeastrum o qual foi potente contra os

caramujos causadores da esquistossomose, efeito este também observado por Silva e

colaboradores (2006) nos extratos alcaloídicos de S. jabrense e S. stipulaceum. Os principais

componentes responsáveis pela alta atividade moluscicida são os alcalóides: β-solamarina

(25) e solamargina (26). A mesma espécie, quando tem seus frutos frescos e maduros

submetidos à fervura, geram uma espuma que é usada na cura de feridas e gonorréia

(WANYONYI et al., 2002).

O

(O_Chacotriosil)

NH

O

(O_Chacotriosil)

NH

β - Solamarina (25) Solamargina (26)

Estudos anteriores centraram a atenção no isolamento de alcalóides esteroidais do tipo

espirosolano (Figura 8), tanto para a sua utilização como materiais de partida na produção

industrial de hormônios esteroidais, na busca por alcalóides esteroidais de novas estruturas,

como na atividade biológica desses produtos naturais. Mais recentemente, a inativação do

vírus Herpes simplex e a inibição de crescimento de fungos pelos glicoalcalóides do gênero

Page 38: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

21

Solanum têm sido mostrados. Por outro lado, alguns estudos têm revelado que os glicosídeos

da solasodina (1) são efetivos clinica e histologicamente no tratamento de tumores da pele

(USUBILLAGA et al., 1997).

Diversas espécies de Solanum do leste africano são conhecidas por serem venenosas

sendo, segundo notícias locais, comumente usadas para induzir abortos. (FUKUHARA et al.,

2004). Apesar de também servir como matéria prima para síntese de drogas esteroidais, a

solasodina (1) tem mostrado possuir atividade biológica no controle do crescimento de

populações de insetos, inibição enzimática, inibição do desenvolvimento do Trypanossoma

cruzi in vitro, mobilização de glicocorticóides das adrenais de ratos, por exibir efeito anti-

hepatóxico em camundongos, possuir efeito antiarterosclerótico em coelhos com dieta rica em

colesterol, efeito hipotensivo em gatos e efeito antiespermatogênico em humanos, bovinos,

macaco Rhesus e em cães. Por outro lado, baixa teratogenicidade, embriotoxicidade e

hepatomegalia benigna foram notados. Da mesma forma, a solasodina (1) quando injetada de

forma intravenosa, sua eliminação do organismo é feita de maneira bastante lenta em

humanos e em hamsters Sirianos (WEISSENBERG, 2001).

Com base em estudos anteriores da atividade biológica dos derivados do 3β-

hidroxiergost-5-eno, Gunatilaka e colaboradores (1992) propuseram um mecanismo

hipotético (Figura 14) no qual ocorreria uma atividade modificadora no DNA provocada pela

solasodina (1) ou pela O-acetilsolasodina onde a região responsável por essa alteração seria

justamente devido à presença da função aminoespirocetal na cadeia lateral esteroidal. Esse

grupamento aminoespirocetal poderia abrir produzindo uma espécie imínium eletrofílica

capaz de promover a alquilação do DNA:

N

H

O B (DNA)OH

NH

Figura 14. Mecanismo proposto para modificação do DNA, provocada pela ação da

solasodina (1). (Adaptada de KIM, et al., 1996)

Page 39: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

22

Os alcalóides esteroidais glicosilados podem ser produzidos pela planta como agentes

protetores com propriedades antifúngicas. A solamargina (26) exibiu alta atividade contra

viroses e espécies de Trypanossoma. A solasonina isolada é consideravelmente pouco ativa,

mas quando misturada a solamargina (26) aumenta a sua atividade e o modo de mecanismo

de sua ação foi proposto envolvendo o rompimento das membranas celulares.

Pequenas comunidades rurais nas montanhas dos Chiapas, México, revelaram que há

um número de espécies conhecidas como “sosa” incluindo S. chrysotrichum, S. hispidum e S.

lanceolatum empregadas no tratamento de várias micoses da pele, principalmente pé-de-atleta

tão bem como a cura de úlceras, feridas e queimaduras. Investigações químicas e

farmacológicas de S. chrysotrichum e S. hispidum demonstraram que as saponinas esteroidais

são os componentes antimicóticos (HERRERA-SALGADO et al., 2005). Princípios ativos

das espécies de Solanum mexicanas foram encontrados no extrato metanólico das folhas de S.

lanceolatum exibindo atividade antiinflamatória contra edema TPA-induzido em ouvido de

camundongos, comparada a de um fármaco comercialmente disponível conhecido como

indometacina. Os testes desenvolvidos in vivo mostraram que a atividade exibida pelos

constituintes do extrato revela que essa planta é uma possível candidata para o

desenvolvimento de novas drogas para o tratamento de sintomas associados a processos

inflamatórios tais como a osteoartrite e arteriosclerose (HERRERA-SALGADO et al., 2005).

Os glicoalcalóides extraídos da batata e do tomate apresentam vários efeitos benéficos

como proteção de camundongos contra infecção de Salmonella typhimurium, a intensificação

do efeito de anestésicos comuns que inibem a colinesterase, potencialização da vacina contra

malária, abaixamento do colesterol no plasma de hamsters e inibição do crescimento de

células do câncer de cólon e de fígado em humanos (FRIEDMAN, 2004).

Estes relatos demonstram a importância deste gênero na medicina popular, onde

muitas espécies ainda podem ser estudadas para a descoberta de novos compostos.

1.5 Solanum caavurana Vell.:

1.5.1 Uso Popular: (CORRÊA, 1984)

Conhecida pelo nome popular/indígena como Caavurana (Solanum caavurana Vell.)

pertence à família das Solanáceas. Atribui-se a esta planta, usos medicinais não comprovados,

entre eles a de combater a hanseníase; diz-se também que fornece “anil” de boa qualidade.

Page 40: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

23

Além disso, possuiu ampla utilização, por parte dos feiticeiros africanos e dos pajés

aborígines, como “decifradora do futuro”.

1.5.2 Dados Botânicos: (REITZ, 1966)

Arbusto ou arvoreta 1-7m de altura, quase glabro, escuro ao secar e de mau cheiro.

Ramos jovens subflexuosos, roliços ou um tanto compressos. Córtice persistente, liso, verde,

escuro-roxo ao secar. Folhas solitárias ou em pares com uma meio reduzida, as mais normais

pecioladas para 6-10mm, elípticas até ovado-lanceoladas, agudas pela base, arredondadas até

acuminadas pelo ápice, 8-12cm de comprimento, 3-5cm de largura, glabras à exceção dos

pêlos alvos no lado inferior nas axilas das nervuras principais (Figura 15).

Inflorescências opostas às folhas, simples com 12-15 flores seguidas, até 15mm de

comprimento. Pedúnculo 5-10mm de comprimento. Pedicelos delgados, ca. 12mm de

comprimento, articulados pela base. Cálice subcampanulado, até 6mm de altura, lobos pouco

irregulares, lanceolados até largo-ovados, subagudos ou arredondados; corola 18mm de

diâmetro, branca, profundamente lobada, lobos ovado-lanceolados, atenuados; estames iguais;

filamentos 1mm de comprimento, soldados pelas bases; anteras oblongas 4-4,5mm de

comprimento; estilete encimando os estames, curvo. Flores brancas, lancinadas, com cálice

também branco, grande e anteras amarelas, dispostas em cimeiras 12-15 floras; fruto baga

orbicular, violácea ou avermelhada, glabra, globosos, em torno de 8mm de diâmetro. Sua

fenologia é de setembro a março. A área de ocorrência natural no Brasil é em Santa Catarina,

apenas na Ilha de Santa Catarina e nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro até Rio

Grande do Sul. Ocorre também na Argentina e no Paraguai.

Page 41: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

24

Figura 15. Fotos da planta obtidas no momento da coleta.

1.5.3 Classificação Botânica: (FLORA BRASILIENSIS 2007)

Nome Científico: Solanum caavurana Vell.;

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta;

Classe: Magnoliopsida;

Ordem: Solanales;

Família: Solanaceae;

Gênero: Solanum L.;

Seção: Pacífica;

Série: Megalopora;

Espécie: Solanum caavurana Vell.;

Page 42: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

25

2 OBJETIVOS:

Este trabalho tem como objetivo principal, a ampliação do conhecimento sobre a

composição química de Solanum caavurana Vell.

2.1 Objetivos Específicos:

• A proposta envolve o estudo da composição química dos frutos maduros de Solanum

caavurana, através do isolamento e identificação dos constituintes químicos.

Page 43: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

26

3 PARTE EXPERIMENTAL:

3.1 Suportes Para Cromatografia:

• Cromatografia em coluna (CC). Os fracionamentos cromatográficos foram

realizados em coluna de vidro, utilizando como fase estacionária gel de sílica 60 com 0,063-

0,200mm (70-230mesh ASTM) da Merck. O comprimento e o diâmetro das colunas variaram

de acordo com as quantidades de amostras a serem cromatografadas. A proporção de sílica foi

cerca de 20 vezes o peso da amostra a ser purificada.

• Cromatografia em camada delgada (CCD). As análises em camada fina foram

realizadas em cromatoplacas da Merck, gel de sílica 60, com indicador de fluorescência F254,

com suporte em alumínio e 0,2mm de espessura.

• Cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP). As análises em escala

preparativa foram desenvolvidas em placas de vidro de tamanho 20 x 20 e 10 x 10cm,

espessura de 1,0mm de gel de sílica 60 da Merck, com indicador de fluorescência F254. As

faixas foram reveladas sob luz ultravioleta (254 e 366nm). A recuperação das amostras foi

efetuada utilizando como solventes: diclorometano, clorofórmio e metanol.

• Reveladores. A revelação das substâncias foi feita sob luz ultravioleta com

comprimentos de onda 254 e 366nm, solução de aldeído anísico (anisaldeído) e reagente de

Dragendorff.

• Solventes. Para eluente cromatográfico, foram utilizados solventes das marcas

Merck, Synth, Vetec e Sigma Aldrich P.A.

3.2 Equipamentos:

• As análises de ressonância magnética nuclear foram feitas pela Profª. Drª. Raquel

Marques Braga -Instituto de Química - Universidade de Campinas (IQ - UNICAMP). Os

espectros uni e bidimensionais foram registrados em aparelho, Varian Inova 500 operando a

500MHz para RMN1H e 125 MHz para RMN 13C. As amostras foram solubilizadas em

Page 44: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

27

clorofórmio deuterado, utilizando TMS como padrão interno de calibração (0,05% de TMS -

marca Isotec inc.). Os deslocamentos químicos estão expressos em ppm (δ) e são dados em

relação ao TMS com δ = 0ppm.

• Os espectros de massas foram feitos pelo Prof°. Dr. Norberto Peporine Lopes

(Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo:

Departamento de Física e Química - FCFRP-USP). A técnica utilizada para a obtenção dos

mesmos foi a ionização por eletrospray (EM-IES). Tanto o precursor e os íons produzidos

foram obtidos no modo íon-positivo e registrados em um instrumento quadrupolo por tempo

de vôo (UltrOTOF-Q, Bruker Daltonics, Billerica, MA). Condições gerais das análises:

Voltagem do capilar 3400 V; Temperatura do gás seco, 180 °C; Fluxo do gás seco, 4 L/h; Gás

nebulizador nitrogênio. Foi utilizado NaTFA 10mmol L-1 como padrão interno e externo para

calibração. Para a análise por EM/EM-IES, nitrogênio foi utilizado como o gás de colisão.

3.3 Estudo Fitoquímico:

3.3.1 Coleta e Identificação Botânica:

A coleta dos frutos maduros de Solanum caavurana foi efetuada no Parque Estadual

de Vila Rica do Espírito Santo (PEVR), localizado em Fênix – PR, pela bióloga Drª. Sandra

B. Mikich (Embrapa Florestas-PR).

3.3.2 Preparo dos Extratos:

Depois de procedida a coleta dos frutos, esse material foi submetido a uma pré-

secagem à sombra em temperatura ambiente, seguido de secagem em estufa de ar circulante a

40°C e posterior trituramento em moinho de quatro facas.

Após secagem, moagem e pesagem dos frutos (180,5g), estes foram submetidos à

extração a frio (maceração) com solventes de ordem crescente de polaridade (éter de petróleo

e etanol), com renovação do solvente em intervalos de 24 horas, durante cinco dias para cada

solvente. O resíduo vegetal foi desprezado conforme Figura 16. Os extratos obtidos foram

concentrados em evaporador rotativo à pressão reduzida e armazenados em dessecador.

Page 45: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

28

Figura 16. Obtenção dos extratos dos frutos maduros de S. caavurana.

O extrato etanólico (EE) encontrava-se bastante heterogêneo indicando duas fases: a

fase inferior de aspecto oleoso (EE1) e a fase superior denominada sobrenadante (EE2). Foi

procedida a partição do EE2 com solvente, primeiramente diclorometano (gerando EE3 que foi

agrupado à fase EE1), depois com n-butanol que foi armazenado em um frasco à parte. Dessa

extração com solventes, duas novas frações foram originadas: a fração diclorometânica

(DCM) e a fração n-butanólica (n-but) do extrato etanólico original. Os extratos foram

evaporados à pressão reduzida e tiveram as suas massas determinadas.

→ Extração com etanol (5 dias – 5 vezes); → Filtração e concentração do extrato;

Material Vegetal (180,5g)

→ Extração com éter de petróleo (5 dias – 5 vezes); → Filtração e concentração do extrato;

Resíduo

Extrato Etanólico (EE n.d.)

Resíduo

(Heterogêneo)

Fração EE1 (oleosa n.d.)

Fração EE2 (aquosa n.d.)

(Partição DCM)

Fração EE3 (n.d.)

Fração EE4 (Aquosa n.d.)

Extrato Éter de Petróleo (EP 2,6g)

(Partição n-but)

Fração n-butanólica (n-but 3,0g)

Fase Aquosa

Descarte Fração DCM

(5,9g)

Page 46: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

29

3.3.3 Extração Ácido-base da Fração DCM:

A fração diclorometânica (DCM), foi submetida à extração para alcalóides (Figura

17) segundo Harborne, 1998. O estudo fitoquímico se concentrou na fase neutra da extração

alcaloídica.

Figura 17. Extração ácido-base da fração DCM.

3.3.4 Cromatografia em Coluna da Fase Neutra:

A fase neutra (947mg) da extração alcaloídica foi submetida à cromatografia em

coluna (CC) (∅ 30mm), utilizando um gradiente de eluição com os solventes em ordem

crescente de polaridade: diclorometano, diclorometano – acetato de etila, acetato de etila,

acetato de etila – metanol e metanol tendo gel de sílica (30 g) como fase estacionária. Os

detalhes desse fracionamento podem ser observados na Tabela 1. Foram coletadas 184

frações de aproximadamente 20mL cada, as quais foram agrupadas em 18 frações, após

← Solução de NH4OH(aq) (pH=12); ← Clorofórmio;

Fração DCM (2,6g)

← Solução de HCl(aq) (3%); ← Diclorometano;

Líquido

Agitar

(Filtrar) Sólido

← Clorofórmio;

Fase Aquosa Ácida

Agitar

(Extração)

Fase Neutra (FN 947mg)

Agitar

Fase Alcaloídica (FA 122,5mg)

(Extração)

Secar com Na2SO4 Anidro

Secar com Na2SO4 AnidroDescarte

Cromatografia em Coluna (CC)

Cromatografia em Camada Delgada Preparativa (CCDP)

Fase Aquosa Básica

Page 47: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

30

análise comparativa por CCD revelada sob lâmpada de UV (254 e 366nm) seguida por

borrifamento com anisaldeído e aquecimento. As frações 81-87; 89-105; 107-117 e 129-139

foram submetidas à cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP), resultando em

cinco substâncias puras (Figura 18).

Figura 18. Cromatografia em Coluna (CC) da fase neutra da extração alcaloídica e agrupamento das

frações.

Agrupamento por CCD

Cromatografia em Coluna (CC)

F. 1-3 (14,9mg)

F. 5-7 (17,9mg)

F. 13-19 (127,5mg)

F. 9-11 (29,4mg)

F. 21-29 (30,5mg)

F. 31-57 (97,7mg)

F. 119-123 (38,5mg)

F. 145-147 (6,6mg)

F. 165-184 (11,9mg)

CCDP

CCDP

CCDP

CCDP

SCN - 1 (5mg)

SCN - 1 (3mg)

SCN - 4 (3mg)

SCN - 5 (1mg)

SCN - 6 (3mg)

CCDP SCN - 2 (2,5mg)

CCDP

CCDP

CCDP F. 141-143 (10,8mg)

F. 129-139 (83,3mg)

CCDP F. 149-163 (16,0mg)

F. 125-127 (44,5mg)

F. 107-117 (22,8mg)

F. 89-105 (34,2mg)

F. 81-87 (50,7mg)

F. 69-79 (46,0mg)

F. 63-67 (28,5mg)

Fase Neutra (FN 947mg)

Page 48: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

31

Tabela 1. Dados do fracionamento por CC da FN da extração ácido-base da fração DCM ;

Fração Gradiente % (v/v) Fração Gradiente % (v/v)

F. 1 – 3 DCM 100% F. 89 – 105 AcOEt : MeOH 2,5 %

F. 5 – 7 DCM : AcOEt 2,5 % F. 107 – 117 AcOEt : MeOH 5 %

F. 9 – 11 DCM : AcOEt 5 % F. 119 – 123 AcOEt : MeOH 10 %

F. 13 – 19 DCM : AcOEt 10 % F. 125 – 127 AcOEt : MeOH 25 %

F. 21 – 29 DCM : AcOEt 20 % F. 129 – 139 AcOEt : MeOH 50 %

F. 31 – 57 DCM : AcOEt 25 % F. 141 – 143 AcOEt : MeOH 50 %

F. 63 – 67 DCM : AcOEt 50 % F. 145 – 147 AcOEt : MeOH 50 %

F. 69 – 79 DCM : AcOEt 75 % F. 149 – 163 AcOEt : MeOH 75 %

F. 81 – 87 AcOEt 100 % F. 165 – 184 MeOH 100 %

3.3.5 Tratamento Cromatográfico da Fase Alcaloídica:

A fração alcaloídica (122,5mg) foi purificada por CCDP, eluída em acetato de etila

10% metanol (v/v), resultando em dois compostos puros (SCN-2 e SCN-3), conforme mostra

a Figura 19.

Figura 19. Cromatografia em Camada Delgada Preparativa (CCDP) da FA da extração ácido-base da

fração DCM.

As frações resultantes do processo de separação cromatográfica foram agrupadas

frente a análises por CCD, usando como agentes reveladores: luz ultravioleta nos

comprimentos de onda de 254 e 366nm, reagente de Dragendorff para detecção de alcalóides

e solução de anisaldeído capaz de detectar um maior número de compostos. A escolha das

frações para purificação foi feita frente à detecção positiva ao Reagente de Dragendorff,

Fase Alcaloídica (FA 122,5mg) CCDP

SCN - 2 (5mg)

SCN - 3 (6,6mg)

Page 49: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

32

indicando possível presença de alcalóides, como sua complexidade em função do número de

substâncias versus quantidade em gramas.

As substâncias isoladas foram identificadas por meio de métodos espectrométricos e

espectroscópicos, tais como a Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN - 1H) e

Carbono (RMN - 13C) uni e bidimensionais, e Espectrometria de Massas com ionização por

eletrospray.

Page 50: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O estudo dos frutos maduros de Solanum caavurana resultou no isolamento de 6

substâncias. Pelas análises prévias de seus dados de RMN 1H e RMN 13C e revelação positiva

frente a reagente de Dragendorff, todas estas são pertencentes à classe dos alcalóides

esteroidais. A seguir serão apresentadas as determinações estruturais das substâncias isoladas.

4.1 Identificação de SCN-1:

A análise dos espectros de RMN 13C (Figura 29, Anexo I) e DEPT 135 e 90° (Figura

32, Anexo I), permitiu claramente determinar a presença de uma carbonila α,β-insaturada

(Δ4) na molécula através dos sinais em 199,6ppm (C-3), 123,9ppm (C-4) e 171,2ppm (C-5).

Isto está de acordo com o sinal observado no RMN 1H (Figura 26, Anexo I) em 5,74ppm

(1H, s), referente ao H-4 e sua correlação com o C-4 no mapa de contorno HSQC (Figura 34,

Anexo I). Outros carbonos típicos do esqueleto são o C-16 (78,3ppm) e o C-22 (99,4ppm),

este último caracterizando o anel aminoespirocetal. Pelo espectro de RMN 1H, tem-se o H-16

em 4,16ppm (q), devido ao acoplamento com os hidrogênios em C-15 e C-17. Toda a parte

esteroidal (C-1 ao C-22) da molécula isolada tem seus deslocamentos no espectro de RMN 13C semelhantes com a solasodenona (27) (Figura 20). Os valores obtidos para

deslocamentos nos espectros de RMN 1H foram atribuídos com base na análise do mapa de

contorno HSQC e por comparação com outros alcalóides esteroidais encontrados na literatura,

conforme pode ser observado na Tabela 2.

(22S:25S)-espirosol-4-en-3-ona

(4-tomatiden-3-ona)

N

HO

O

H

H

H

H

H1 2

3

4

5

6

7

8

9

10

11 12

13

14 15

16

17

18

19

20

21

22

23 24

25

26 27

Page 51: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

34

Tabela 2. Dados de RMN 1H (500MHz, CDCl3) e RMN 13C (125 MHz, CDCl3) de SCN-1 e dos

compostos tomatidina (3) e solasodenona (27);

RADEGLIA et al., 1977, adquirido a 22,635 MHz em CDCl3. (δ) Deslocamentos em ppm.

A configuração do anel aminoespirocetal, mais exatamente do C-22, foi determinada

por comparação com os modelos tomatidina (3) e Solasodenona (27), conforme Figura 20.

Pode-se observar que os carbonos que alteram seus deslocamentos com a mudança de

configuração são os C-23, C-24 e C-26 (detalhados na Figura 21).

Posição Tomatidina

(3) Solasodenona

(27) SCN-1

δ 13C δ 13C DEPT δ 1H δ 13C 1 37,0 35,7 CH2 1,72(m) 2,02(m) 35,7 2 31,5 33,9 CH2 2,41(m) 2,44(m) 33,9 3 71,0 199,2 C0 - 199,6 4 38,2 123,8 CH 5,74 (s) 123,9 5 44,9 170,9 C0 - 171,2 6 28,6 32,8 CH2 2,36(m) 2,07(m) 32,8 7 32,3 32,1 CH2 1,83(m) 1,22(m) 32,2 8 35,0 35,2 CH 1,73(m) 35,1 9 54,4 53,8 CH 1,05(m) 53,8

10 35,5 38,6 C0 - 38,7 11 21,1 20,8 CH2 1,46(m) 1,54(m) 20,8 12 40,2 39,8 CH2 1,17(m) 1,75(m) 39,8 13 40,9 40,6 C0 - 40,7 14 55,8 55,6 CH 1,08(m) 55,1 15 32,6 32,1 CH2 2,40(m) 2,43(m) 32,6 16 78,5 78,5 CH 4,16(q) 78,3 17 62,0 62,7 CH 1,68(m) 61,8 18 16,9 16,5 CH3 0,89(s) 16,8 19 12,3 17,4 CH3 1,21(s) 17,4 20 43,0 41,2 CH 1,66(m) 43,0 21 15,8 15,2 CH3 0,98(d) 15,9 22 99,3 98,2 C0 - 99,4 23 26,6 34,1 CH2 1,66(m) 1,36(m) 26,6 24 28,6 30,3 CH2 1,62(m) 1,34(m) 28,5 25 31,0 31,3 CH 1,60(m) 31,0 26 50,2 47,6 CH2 2,72(m) 2,75(m) 50,2 27 19,3 19,3 CH3 0,88(d) 19,3

Page 52: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

35

Tomatidina (3) Solasodenona (27)

Figura 20. Estruturas da tomatidina (3) e da solasodenona (27).

NHN

H

Figura 21. Deslocamentos de RMN 13C típicos para os anéis F de alcalóides esteroidais do tipo

espirosolano.

O deslocamento do C-23 no espectro de RMN 13C é de 26,6ppm semelhante àquele

observado para a tomatidina (3), enquanto que o C-23 do modelo solasodenona (27) é de

34,1ppm, desprotegido da ordem de Δδ = 7,5ppm. Esta diferença de deslocamento é

justificada pela forte interação-γ com o grupo metila em C-21 (WANYONI et al., 2002;

RADEGLIA et al., 1977). A metila em C-21 possui praticamente o mesmo deslocamento para

ambos os alcalóides previamente citados. Isso porque a interação-γ é igualmente percebida

para esse grupo quando se trata de um CH2 ou um NH. Interessante também é como o sinal

para C-22 apresenta-se pouco intenso e bastante alargado no espectro, devido ao tempo de

relaxação desse carbono ligado a um átomo de oxigênio e nitrogênio e isso pôde ser percebido

para todos os alcalóides esteroidais do tipo espirosolano isolados. Outro dado que colabora

para a determinação da estereoquímica do C-22, é o deslocamento do C-26, que na substância

modelo (3) é de 50,2 e no modelo (27) de 47,6ppm. Para a SCN-1, o C-26 é coincidente com

o composto (3). Por comparação com os modelos (3) e (27), determinou-se, portanto como

Isômero (22R:25R)

22

23 24

25

26 27

99,3 22

23 24

25 26 27

26,6 28,6

31,0 19,3

50,2 98,2

47,6 31,3

19,3

30,3 34, 1

Isômero (22S:25S)

NH

O

HO

H H

H

HH

H

NH

O

O

H H

H

HH

1 2

3 4

5 6

7

8

9

10

11 12

13

14 15 16

17

18

19

20

21

22

23 24 25

26 27

1 2

3 4

5 6

7

8

9

10

11 12

13

14 15 16

17

18

19

20

21

22

23 24 25 26 27

Page 53: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

36

sendo 22S a configuração da SCN-1 (Tabela 2). Na Tabela 2 está em negrito os valores de

RMN 13C de compostos da literatura coincidentes com os da substância isolada e que

colaboraram para sua determinação estrutural.

Outra característica dos esqueletos esteroidais do tipo colestano, é a presença das

metilas C-18, C-19, C-21 e C-27, cujos sinais no RMN 13C e 1H ocorrem respectivamente em

16,8ppm (0,89ppm); 17,4ppm (1,21ppm); 15,9ppm (0,98ppm) e 19,3ppm (0,88ppm). A

correlação entre os carbonos e hidrogênios foram observadas no mapa de contorno HSQC.

A análise por espectrometria de massas (EM/EM-IES) (Figura 38, Anexo I) foi

essencial para a confirmação da proposta estrutural de SCN-1 feita previamente, apresentando

o íon molecular [M+H]+ em m/z 412,3320 referente a fórmula molecular C27H41NO2 de massa

calculada 411,630g.mol-1. A perda de m/z 18,0122 referente a uma molécula de H2O, é típica

de alcalóides esteroidais da classe dos espirosolanos, envolvendo o oxigênio ligado aos

carbonos C-16 e C-22 (VÄÄNÄNEN et al., 2005).

Com estes dados pôde-se concluir que o composto em questão é o alcalóide esteroidal

do tipo espirosolano, (22S:25S)-espirosol-4-en-3-ona (4-tomatiden-3-ona), classe esta de

compostos característica e predominante no gênero Solanum. Após revisão bibliográfica

(CAS Janeiro 2008), esta é a primeira vez que este produto natural é isolado de plantas, sendo

reportado apenas como um dos subprodutos da degradação da tomatidina (3), por bactérias

do tipo Gymnoascus reesii (BELIC et al., 1982) e seus dados espectroscópicos não foram

informados pelos autores.

4.2 Identificação de SCN-2:

(25S)-5α,22βN-espirosolan-3-ona (5α-tomatidan-3ona)

N

HO

O

H

H

H

H

H

H

1 2

3 4

5 6

7

8

9

10

11 12

13

1415

16

17

18

19

20

21

22

2324

25

26 27

Page 54: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

37

Pela análise dos espectros de RMN 13C (Figura 41, Anexo I) e DEPT 135 e 90°

(Figura 44, Anexo I), pôde-se determinar também a presença de uma carbonila em C-3,

porém agora com a ausência da insaturação Δ4 na molécula como pode ser observado através

do sinal deslocado de 199 para 212,1ppm (C-3). Baseando-se neste fato, o C-5 (que na

estrutura anterior não possuía hidrogênio), passa de um carbono quaternário (C0) para

terciário (CH), podendo ter duas possíveis configurações: C-5 Hα ou C-5 Hβ.

Após ampla pesquisa na literatura, foram encontrados modelos de esteróides com o

carbono C-5 nessas configurações distintas (Figura 22) e comparando-os com os

deslocamentos obtidos para a substância isolada, pode-se determinar sua configuração,

principalmente pelas diferenças consideráveis nos deslocamentos dos carbonos C-5

(46,7ppm), na metila C-19 (11,5ppm) e no C-9 (53,3ppm) (Figura 22), indicando que SCN-2,

possui o C-5 com seu hidrogênio na configuração α.

Figura 22. Estruturas dos esteróides 5α-androstan-3-ona (28) e 5β-androstan-3,17-diona (29).

5α-Androstan-3-ona (28) 5β-Androstan-3,17-diona (29)

OH O

H

O

1 1 2

2

3 3

4 4

5 5 6

6

7 7

8 8

9 9 10

10

11 11

12

12 13 13

14 14

15 15

16 16

17 17

18

19

18

19

46,9 44,2

54,2

41,1

11,5 22,6

Page 55: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

38

Tabela 3. Dados de RMN 1H (500MHz, CDCl3) e RMN 13C (125 MHz, CDCl3) de SCN-2 e do

alcalóide esteroidal 5α-tomatidan-3-ona;

Posição 5α-tomatidan-3-ona SCN-2 δ 1H δ 13C DEPT δ 1H δ 13C

1 38,6 CH2 2,08(m) 1,38(m) 38,5 2 38,2 CH2 2,11(m) 2,10(m) 38,1 3 211,8 C0 - 212,0 4 44,7 CH2 2,32(m) 2,29(m) 44,7 5 46,7 CH 1,55 (m) 46,7 6 28,9 CH2 1,36(m) 1,21(m) 28,8 7 32,0 CH2 2,07(m) 1,30(m) 32,7 8 35,0 CH 1,62(m) 34,9 9 53,9 CH 0,82(m) 53,9

10 35,8 C0 - 35,7 11 21,3 CH2 2,11(m) 1,57(m) 21,2 12 40,1 CH2 1,17(m) 1,21(m) 40,1 13 40,9 C0 - 40,9 14 55,7 CH 1,08(m) 55,6 15 32,6 CH2 1,68(m) 1,21(m) 31,9 16 4,13(m) 78,6 CH 4,14(q) 78,4 17 61,9 CH 1,55(m) 61,9 18 0,85(s) 16,9 CH3 0,86(s) 16,9 19 1,03(s) 11,5 CH3 1,04(s) 11,5 20 43,0 CH 1,74(m) 43,0 21 0,97(d) 15,9 CH3 0,99(d) 15,9 22 N.D. C0 - 99,1 23 26,7 CH2 1,66(m) 1,36(m) 26,6 24 28,5 CH2 1,62(m) 1,34(m) 28,5 25 30,9 CH 1,60(m) 31,0 26 (2H) 2,74(m) 50,1 CH2 2,72(m) 2,75(m) 50,2 27 0,86(d) 19,3 CH3 0,88(d) 19,3

NAGAOKA et al., 1993, adquirido a 67,8 MHz em CDCl3 (δ) Deslocamentos em ppm.

No RMN 1H (Figura 39, Anexo I), observa-se um sinal em 1,55ppm (1H, m) referente

ao H-5α multipleto pelo acoplamento com os hidrogênios em C-4 e C-6. Observa-se também

sua correlação com o C-5 no mapa de contorno HSQC (Figura 46, Anexo I). Outros carbonos

típicos de alcalóides esteroidais do tipo espirosolano, C-16 (78,4ppm) e o C-22 (99,1ppm)

também foram encontrados e a configuração do C-22 foi determinada como sendo 22S, da

mesma forma descrita anteriormente para SCN-1, ou seja, utilizando os deslocamentos dos

carbonos C-23, C-24 e C-26, e comparação com os modelos tomatidina (3) e solasodenona

(27) (Figura 21). Pelo espectro de RMN 1H, tem-se o H-16 com deslocamento típico em

4,14ppm, quarteto devido ao acoplamento com os hidrogênios em C-15 e C-17. A parte

esteroidal da molécula isolada está coincidente com a 5α-tomatidan-3-ona tendo os seus

deslocamentos de RMN 13C e RMN 1H mostrados na Tabela 3 (NAGAOKA et al., 1993).

Page 56: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

39

Observou-se também a presença de quatro metilas em C-18, C-19, C-21 e C-27, cujos

sinais no RMN 13C e 1H ocorrem respectivamente em 16,9ppm (0,86ppm); 11,5ppm

(1,04ppm); 15,9ppm (0,99ppm) e 19,3ppm (0,88ppm). A correlação entre carbonos e

hidrogênios foi observada no mapa de contorno HSQC, tornando possível atribuir o

deslocamento dos demais hidrogênios, sempre comparando com os alcalóides esteroidais já

descritos na literatura.

A análise por espectrometria de massas (EM/EM-IES) (Figura 50, Anexo I) mais uma

vez se mostrou eficaz para a confirmação da proposta estrutural de SCN-2 feita previamente,

pois apresentou o íon molecular [M+H]+ em m/z 414,3443 referente a fórmula molecular

C27H43NO2 de massa calculada 413,646g.mol-1. Neste caso também foi possível identificar a

perda de um fragmento com massa 18,0124 referente a uma molécula de H2O, confirmando

que este alcalóide isolado pertence também à classe dos espirosolanos (VÄÄNÄNEN et al.,

2005).

Após avaliação dos dados espectrais obtidos, conclui-se que a substância SCN-2 trata-

se da 5α-tomatidan-3-ona. Após revisão bibliográfica (CAS Janeiro 2008) percebeu-se que

este produto natural já foi previamente isolado nas raízes de plantas híbridas de Lycopersicon

esculentum x L. hirsutum (NAGAOKA et al., 1993) sendo este seu segundo relato em fontes

naturais. Também já foi obtido anteriormente, como um dos subprodutos da degradação da

tomatidina (3), por bactérias Gymnoascus reesii (BELIC et al., 1982).

4.3 Identificação de SCN-3:

NH

O

H H

H

HH

N

H

H

O

H

3- N-formilamino-5α-(22S:25S)-espirosolano

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11 12

13

14 15

16

17

18

19

20

21

22

23 24

25

26 27

Page 57: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

40

A substância isolada SCN-3 foi definida primordialmente através da fórmula

molecular C28H46N2O2 observada pela análise do seu espectro de massas (Figura 59, Anexo

I). O íon molecular [M+H]+ m/z = 443,3705 indica que esse composto possui massa calculada

igual a 442,688g.mol-1. A massa resultante sendo par, indica de que este alcalóide possuía

dois átomos de nitrogênio em sua estrutura. Com a análise do espectro de RMN 13C (Figura

53, Anexo I), DEPT 135 e 90° (Figura 55, Anexo I), pôde-se claramente determinar a

presença dos carbonos característicos do esqueleto tipo espirosolano onde C-16 aparece em

78,5ppm e C-22 em 99,3ppm. Este último particularmente define a presença do anel

aminoespirocetal com a mesma configuração que a tomatidina (3) já descrita nas substâncias

anteriormente isoladas (Figura 21). Pelo espectro de RMN 1H (Figura 51, Anexo I), tem-se o

H-16 em 4,13ppm (dd), devido ao acoplamento com os hidrogênios H-15 e H-17. Como a

posição de um dos átomos de nitrogênio já estava evidente, foi proposto que o outro átomo

estaria ligado ao carbono C-3 do esqueleto esteroidal.

É importante salientar que o tipo de substituinte presente em C-3, afeta

consideravelmente os deslocamentos dos carbonos vizinhos. Na Figura 23 estão detalhados

os exemplos mais comuns de substituições no anel A com seus respectivos valores de

deslocamento no espectro de RMN 13C obtidos da literatura para esqueletos básicos de

alcalóides esteroidais, sendo que C-3 é mais comumente substituído por hidroxila, carbonila

ou amina, nesta ordem.

Figura 23. Deslocamentos de RMN 13C para os anéis A e B do esqueleto de alcalóides esteroidais

tipicamente encontrados no gênero Solanum (I, IV, V e VI, RADEGLIA et al., 1977; II e III, BLUNT

et al., 1977).

37,1

31,6

71,3

38,3

45,0

28,8 32,3

35,4

54,6

35,6

12,4

35,7 33,9

199,2

123,8

170,9

32,8 32,1

35,2

53,8

38,6

17,4

37,7

30,9

50,9

37,6

45,5

28,6 32,3

35,2

54,5

35,6

12,3

37,3

31,5

71,7

42,3

140,9

121,3 32,1

31,5

50,2

36,7

19,3

(I) (II) (III)

(IV) (V) (VI)

37,1 37,0

212,110

42,2

44,2

24,8

41,1

36,0

22,6 19

109

8

76

54

3

21

O

HO

12

34

56

7

89

10

19

H2N

12

34

56

7

89

10

19

HO

12

34

56

7

89

10

19

OH

12

34

56

7

89

10

OH

12

34

56

7

89

10

19 19

26,4

35,2

38,7 38,2

211,8

44,8

46,9

29,1

54,2

35,9

11,5

32,2

35,9

Page 58: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

41

Com base no CAS foi encontrada uma classe de alcalóides esteroidais conhecida pelo

nome de solanopubamidas sendo unicamente isoladas em exemplares de Solanum pubescens

por Kumari e colaboradores (1986). Esses compostos são bastante raros na natureza, pois têm

como substituinte diferencial em C-3 um grupo formamida, aqui representada pela fórmula

estrutural da solanopubamida A (30) (Figura 24).

NH

O

HO

H H

H

HH

H

N

N H

OH

H

C

O

H

Tomatidina (3) Solanopubamida A (30)

Figura 24. Estruturas da tomatidina (3) e da solanopubamida A (30).

A presença desse tipo de substituinte foi corroborada pela análise do espectro de RMN 1H onde dois sinais, um em 8,12ppm(m) e outro em 3,86ppm(m) apontaram a presença do

hidrogênio da função aldeído e do hidrogênio ligado ao C-3 respectivamente. O sinal em

5,36ppm (d) foi atribuído ao H ligado ao N do grupo N-formila, de acordo com o observado

para a solanopubamida A (30). A presença da “função aldeído” atribuída pelo sinal em

8,12ppm(m) no espectro de RMN 1H, foi confirmada pelo deslocamento em 160,3ppm no

espectro de RMN 13C, esperado para carbonila de amida. Os dados para os demais carbonos

que constituem a porção esteroidal da molécula, não foram informados pelos autores

(KUMARI et al., 1986), logo os demais carbonos (C-9 ao C-27) da substância isolada, tem

estereoquímica coincidente com a tomatidina (3) e deslocamentos no espectro de RMN 13C

semelhantes à mesma. Da mesma forma os valores obtidos para deslocamentos nos espectros

de RMN 1H foram atribuídos com base na análise do mapa de contorno HSQC e por

comparação com outros alcalóides esteroidais encontrados na literatura, conforme pode ser

observado na Tabela 4.

1 2 3

4 5

6 7 8

9

10

11 12

13 14 15

16 17

18

19

20

21

22

23 24 25 26 27

1 2

3 4

5 6

7

8

9

10

11 12

13 14 15

16 17

18

19

20

21

22 23

24

25 26

27

Page 59: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

42

Tabela 4. Dados de RMN 1H (500MHZ, CDCl3) e RMN13C (125 MHz, CDCl3) de SCN-3 e do composto tomatidina (3);

RADEGLIA et al., 1977, adquirido a 22,635 MHz em CDCl3. (δ) Deslocamentos em ppm

Outra característica observada é a presença das metilas C-18, C-19, C-21 e C-27, cujos

sinais no RMN 13C e 1H ocorrem respectivamente em 16,9ppm (0,84ppm); 12,3ppm

(0,83ppm); 15,8ppm (0,98ppm) e 19,3ppm (0,86ppm). A correlação entre os carbonos e

hidrogênios foram observadas no mapa de contorno HSQC.

A análise por espectrometria de massas (EM/EM-IES) foi essencial para a

confirmação da proposta estrutural de SCN-3 e da substituição no C-3 pelo grupamento

formamida, uma vez que ocorre a perda de um fragmento com m/z 45,0210 pertencente a uma

molécula de formamida H2N-COH. Além de ocorrer a perda de uma molécula de H2O (m/z

18,0101), confirmando a presença do anel espirosolano (VÄÄNÄNEN et al., 2005).

Posição Tomatidina

(3) SCN-3

δ 13C DEPT δ 1H δ 13C 1 37,0 CH2 1,72(m) 2,02(m) 32,1 2 31,5 CH2 2,41(m) 2,44(m) 28,8 3 71,0 CH 3,86 (m) 47,8 4 38,2 CH2 1,68 (m) 1,05 (m) 37,2 5 44,9 CH 1,24 (m) 45,3 6 28,6 CH2 2,36(m) 2,07(m) 28,5 7 32,3 CH2 1,83(m) 1,22(m) 32,2 8 35,0 CH 1,73(m) 35,0 9 54,4 CH 1,05(m) 54,7

10 35,5 C0 - 36,2 11 21,1 CH2 1,46(m) 1,54(m) 20,9 12 40,2 CH2 1,17(m) 1,75(m) 40,2 13 40,9 C0 - 40,9 14 55,8 CH 1,08(m) 55,9 15 32,6 CH2 2,40(m) 2,43(m) 32,6 16 78,5 CH 4,14(q) 78,5 17 62,0 CH 1,61(m) 62,0 18 16,9 CH3 0,84(s) 16,9 19 12,3 CH3 0,83(s) 12,3 20 43,0 CH 1,63(m) 42,9 21 15,8 CH3 0,98(d) 15,8 22 99,3 C0 - 99,3 23 26,6 CH2 1,66(m) 1,34(m) 26,6 24 28,6 CH2 1,55(m) 1,37(m) 28,3 25 31,0 CH 1,60(m) 30,9 26 50,2 CH2 2,72(m) 2,72(m) 50,2 27 19,3 CH3 0,86 (d) 19,3

COH 8,12 (d) 160,3 NHCOH 5,36 (m) -

Page 60: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

43

Com estes dados pôde-se concluir que o composto em questão é um alcalóide

esteroidal do tipo espirosolano, denominado 3-N-formilamino-5α-(22S:25S)-espirosolano,

classe esta de compostos característica e predominante no gênero Solanum. Após revisão

bibliográfica (CAS - Janeiro 2008), este produto natural é inédito, sendo este o seu primeiro

relato.

4.4 Proposta Estrutural de SCN-4:

N

O

Este composto não foi determinado totalmente, e através dos dados de RMN13C, RMN 1H e EM, se propôs o esqueleto solanidano substituído por duas hidroxilas ainda sem

definição de suas posições.

No espectro de RMN 13C (Figura 63, Anexo I), observou-se a presença de uma

carbonila α, β insaturada através dos deslocamentos dos carbonos C-3 (199,5ppm), C-4

(123,9ppm) e C-5 (171,2ppm), porém para esta substância não são observados os sinais

característicos dos esqueletos do tipo espirosolano, C-16 e C-22. Como as classes de

alcalóides esteroidais mais comuns presentes no gênero Solanum são os espirosolanos e os

solanidanos, propõe-se que o esqueleto base de SCN-4 seja do tipo solanidano como a

solanidina (6) e a leptinidina (13) podem exemplificar (Figura 25).

Analisando seu espectro de massas (Figura 68, Anexo I), observa-se o íon molecular

[M+H]+ em m/z = 428,3228 indicando que a massa molecular calculada do composto isolado

corresponde a 427,629g.mol-1, sendo proposta a fórmula molecular C27H41NO3, visto que o

primeiro fragmento perdido em seu espectro de massas possui m/z = 36,0206 referente a duas

moléculas de H2O, enquanto os outros alcalóides já discutidos perderam apenas m/z =18

mesmo com a presença de uma carbonila na posição C-3 (SCN-1 e SCN-2).

+ 2 OH 4

5

6

7

1

2

3

8

9

10

11

12

13

14 15

16

17

18

19

20

21

22 23

24

25

26

27

Page 61: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

44

N

HO

Solanidina (6)

N

HOLeptinidina (13)

Figura 25. Estruturas da solanidina (6) (RADEGLIA et al., 1977) e da leptinidina (13)

(COELHO et al., 1998) com seus respectivos deslocamentos de RMN 13 C.

Além deste dado, no espectro de RMN 13C tem-se dois carbonos em 78,9ppm (C0) e

77,2ppm (CH), típicos de carbonos ligados a heteroátomo. Além disso, analisando o espectro

de RMN 1H (Figura 60, Anexo I), observa-se a presença de um hidrogênio carbinólico em

4,12ppm e do hidrogênio sobre ligação dupla H-4 em 5,76ppm. Diante destas informações, se

3

4

5

6

7

8

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14 15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

OH

37,2

31,5

71,6

42,2 140,9

121,5

31,9

31,5

50,2

36,5

20,7

40,3

40,9

57,6 32,0

69,3

62,1

16,5

19,3

30,5

18,4

78,2 65,1

39,5

25,3

60,2 18,9

50,2 1

2

9

10

11

12

13

14 15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27 37,3

31,6

42,3 140,8

121,6

32,1

31,6 36,7

21,0

40,0

40,3

57,6 33,3

69,1

62,9

16,8

19,4

36,7

18,1

74,7

29,1

30,9

31,1

60,2 19,4

71,7

Page 62: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

45

propôs a presença de duas hidroxilas em SCN-4, mas até o momento não foi possível

localizar estes substituintes. As posições mais comuns encontradas na literatura para a

substituição por hidroxilas é em C-6, C-12, C-16 e C-23.

4.5 Proposta Estrutural de SCN-5:

A massa obtida para a SCN-5 foi mínima (1mg). Tentou-se obter seus espectros tanto

de RMN 1H quanto de RMN 13C com o auxílio de uma nanossonda, mas não se obteve

sucesso. No seu espectro de massas (Figura 70, Anexo I) o íon molecular [M+H]+ tem m/z =

428,3183 indicando que sua massa molecular calculada é de 427,629g.mol-1, podendo ser a

estrutura de SCN-1 com uma hidroxila numa posição indeterminada, chegando a fórmula

molecular C27H41NO3. Mesmo apresentando a mesma massa de SCN-4 pode-se afirmar que

não se trata da mesma substância, pois os padrões de fragmentação do espectro EM/EM - IES

dessas duas substâncias (Figuras 69 e 71, Anexo I) são distintos.

4.6 Proposta Estrutural de SCN-6:

Pela análise por espectrometria de massas (EM/EM-IES) (Figura 83, Anexo I)

percebe-se que na verdade SCN-6 é uma mistura de três componentes majoritários com os

íons moleculares [M+H]+ m/z = 398,3443; 456,3473 e 412,3214 e as massas sendo

respectivamente M = 397,3443; 455,3473 e 411,3214. Um dos componentes da mistura

apresenta o mesmo padrão de fragmentação no espectro de massas (EM/EM-IES Figura 85,

Anexo I) que a substância SCN-1 (Figura 38, Anexo I), podendo ser um dos compostos da

mistura. O espectro de RMN13C (Figura 75, Anexo I) possui muitos sinais com intensidades

semelhantes, sendo difícil distinguir quais carbonos pertencem a qual composto. Esta mistura

ainda permanece sem identificação de seus compostos.

Page 63: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Durante o período de trabalho neste projeto de mestrado (Agosto 2006 – Janeiro

2008), foram isoladas 4 substâncias da fase neutra da extração alcaloídica da fração

diclorometânica do extrato etanólico bruto obtido dos frutos maduros de Solanum caavurana

Vell., codificadas como: SCN-1, SCN-4, SCN-5 e SCN-6. Também foram isoladas 2

substâncias da fase alcaloídica da extração do mesmo extrato, codificadas como: SCN-2 e

SCN-3, totalizando 6 substâncias isoladas.

Todas as substâncias isoladas apresentaram características espectrais de alcalóides

esteroidais, sendo que três (SCN-1, SCN-2 e SCN-3) estão totalmente identificadas, duas

(SCN-1 e SCN-3) são inéditas como produto natural e uma, (SCN-2) já foi previamente

isolada em raízes de plantas híbridas de Lycopersicon esculentum Mill. x L. hirsutum Humb et

Bonpl. Para as demais (SCN-4, SCN-5 e SCN-6) estão presentes propostas estruturais

fundamentadas nos seus espectros de massas e de RMN.

Esta classe de compostos, como descrito na introdução, apresenta muitas atividades

biológicas, mas devido a pouca quantidade obtida no isolamento das substâncias não foi

possível realizar nenhum teste biológico. Mas este trabalho tem sua importância no

conhecimento de novos produtos naturais e sua concordância com a quimiotaxonomia do

gênero, quando do isolamento de alcalóides da classe dos espirosolanos.

Page 64: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

47

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Page 70: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

ANEXO I

Page 71: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

54

Figura 26. Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Figura 27. Espectro parcial I ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Page 72: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

55

Figura 28. Espectro parcial II ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Figura 29. Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Page 73: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

56

Figura 30. Espectro parcial I ampliado de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Figura 31. Espectro parcial II ampliado de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Page 74: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

57

Figura 32. Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Figura 33. Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Page 75: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

58

Figura 34. Espectro de HSQC (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em CDCl3) da

amostra SCN-1;

Figura 35. Espectro de HSQC ampliação I (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em

CDCl3) da amostra SCN-1;

Page 76: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

59

Figura 36. Espectro de HSQC ampliação II (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em CDCl3) da amostra SCN-1;

Figura 37. Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-1;

Page 77: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

60

Figura 38. Espectro de Massas (EM/EM- ESI) da amostra SCN-1;

Figura 39. Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Page 78: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

61

Figura 40. Espectro parcial ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Figura 41. Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Page 79: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

62

Figura 42. Espectro parcial ampliado I de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Figura 43. Espectro parcial ampliado II de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Page 80: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

63

Figura 44. Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Figura 45. Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Page 81: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

64

Figura 46. Espectro de HSQC (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Figura 47. Espectro de HSQC ampliação I (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em

CDCl3) da amostra SCN-2;

Page 82: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

65

Figura 48. Espectro de HSQC ampliação II (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em CDCl3) da amostra SCN-2;

Figura 49. Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-2;

Page 83: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

66

Figura 50. Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-2;

Figura 51. Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-3;

Page 84: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

67

Figura 52. Espectro parcial ampliado de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-3;

Figura 53. Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3;

Page 85: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

68

Figura 54. Espectro parcial ampliado de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3;

Figura 55. Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3

Page 86: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

69

Figura 56. Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3

Figura 57. Espectro de HSQC (Correlação heteronuclear 1H - 13C, 125MHz em CDCl3) da amostra SCN-3;

Page 87: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

70

Figura 58. Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-3;

Figura 59. Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-3;

Page 88: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

71

Figura 60. Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Figura 61. Espectro parcial ampliado I de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Page 89: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

72

Figura 62. Espectro parcial ampliado II de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Figura 63. Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Page 90: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

73

Figura 64. Espectro parcial ampliado I de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Figura 65. Espectro parcial ampliado II de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Page 91: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

74

Figura 66. Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Figura 67. Espectro parcial ampliado DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-4;

Page 92: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

75

Figura 68. Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-4;

Figura 69. Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-4;

Page 93: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

76

Figura 70. Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-5;

Figura 71. Espectro de Massas (EM/EM - ESI) da amostra SCN-5;

Page 94: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

77

Figura 72. Espectro de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Figura 73. Espectro parcial ampliado I de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Page 95: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

78

Figura 74. Espectro parcial ampliado II de RMN 1H (500MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Figura 75. Espectro de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Page 96: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

79

Figura 76. Espectro parcial ampliado I de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Figura 77. Espectro parcial ampliado II de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Page 97: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

80

Figura 78. Espectro parcial ampliado III de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Figura 79. Espectro parcial ampliado IV de RMN 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Page 98: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

81

Figura 80. Espectro DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Figura 81. Espectro parcial ampliado I DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Page 99: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

82

Figura 82. Espectro parcial ampliado II DEPT 135, 90° - 13C (125MHz em CDCl3) da amostra SCN-6;

Figura 83. Espectro de Massas (EM-POS) da amostra SCN-6;

Page 100: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

83

Figura 84. Espectro de Massas (EM/EM – ESI [M+H]+ m/z= 398) da amostra SCN-6;

Figura 85. Espectro de Massas (EM/EM – ESI [M+H]+ m/z= 412) da amostra SCN-6;

Page 101: Alcalóides Esteroidais dos Frutos Maduros de Solanum

84

Figura 86. Espectro de Massas (EM/EM – ESI [M+H]+ m/z= 456) da amostra SCN-6;