agitação social inquieta mais do que terrorismo frágil e um risco político pa-ra os...

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32 PRIMEIRO CADERNO Expresso, 8 de fevereiro de 2014 TRÊS PERGUNTAS A Pedro Penalva Administrador-delegado da Aon Portugal Como pode uma empresa interessa- da aceder a este relatório e com que custos? Os mapas de Terrorismo e Violência Po- lítica estão disponíveis gratuitamente no nosso site, em www.aon.pt, mediante re- gisto. Além de apresentar os indicadores de risco relacionados com o Terrorismo e Violência Política em 200 países, o docu- mento está também disponível em versão interativa que inclui quatro anos de infor- mação, na qual é possível identificar pa- drões de risco e, desta forma, tomar deci- sões de gestão rigorosas relativamente à internacionalização de uma empresa. Paralelamente, são também enviados rela- tórios mensais com atualização dos ra- tings e, caso haja alteração de indicadores relevantes, é feito um enquadramento da situação. Qual o nível de interesse manifesta- do pelas empresas portuguesas, nos anos anteriores, relativamente a este documento? À medida que a entrada em novos mer- cados se estabelece como uma prioridade na agenda dos líderes empresariais nacio- nais, também o interesse por ferramentas que permitam capacitar as decisões e o processo de internacionalização com maior rigor tem aumentado. Os mercados emergentes são os mais atrativos, mas são também os que apresentam maior diversi- dade de riscos e ameaças que exigem res- postas cada vez mais sofisticadas. Temos tido um número crescente de solici- tações por parte de empresas no sentido de as ajudarmos a perceber os riscos e a identificar a melhor forma de os minimi- zar, com o objetivo de diminuir as vulnera- bilidades de entrada em novos mercados. Qual a mais-valia deste relatório sa- bendo-se que, frequentemente, as em- baixadas lançam alertas e disponibili- zam informação relativamente aos paí- ses mais ameaçados? Este mapa permite aceder à informa- ção de forma agregada e, no caso da ver- são interativa, a um histórico de, pelo me- nos, quatro anos. É, no fundo, uma ferra- menta que torna possível a análise de ten- dências e a identificação da degradação de alguns indicadores e de possíveis ameaças em alguns países. Sabendo que uma das principais ameaças para uma empresa que exporta ou se inter- nacionaliza é a vulnerabilidade a que es- tão expostas as suas pessoas e ativos, o ma- pa está integrado na área de gestão de cri- se da Aon, na qual uma rede de especialis- tas espalhados pelo mundo indica a me- lhor forma de mitigar e transferir esses ris- cos. Para os nossos clientes, após um aler- ta, são acionados mecanismos que possibi- litam proteger as pessoas e ativos das em- presas. E, além da execução desta estraté- gia, são postos em prática programas de transferência de riscos. Em gestão de crise, o tempo é um fator crítico e a tomada antecipada de posições pode fazer toda a diferença para os colabo- radores e para a operação duma empresa. É disto mesmo que se trata o Mapa Anual de Terrorismo e Violência Política — ante- cipar a tomada de decisões com base em informação rigorosa. Margarida Mota O terrorismo preocupa qualquer empresário que decida apostar na internacionaliza- ção do seu negócio. Porém, atualmente, a agitação social é o fenómeno que mais inquieta os analistas de risco. A conclusão resulta da edição de 2014 do “Mapa Anual de Terroris- mo e Violência Política”, elaborado pe- la consultora Aon Risk Solutions para orientar empresas que pretendem ex- pandir-se para o estrangeiro. Comparativamente à última análise, os investimentos tornaram-se mais ar- riscados em quatro países — Brasil, Ja- pão, Moçambique e Bangladesh. Neste último país, contabilizaram-se, em 2013, mais de 70 dias de greves e ações de protesto contra os baixos salários e as más condições de trabalho na indús- tria do vestuário. A África continua a ser o continente mais vulnerável, com 22 países (48% do território) a apresentarem um nível de risco “alto” ou “grave”. Porém, compa- rativamente com 2013, os perigos de um golpe de Estado, rebelião ou insur- reição diminuíram em 21% dos estados subsarianos, incluindo Angola. Ainda assim, 58% dos países que, em todo o mundo, correm riscos “graves”, são africanos. Na África Oriental, “o ter- rorismo destaca-se como o perigo pre- dominante” — perceção acentuada pe- lo atentado no centro comercial West- gate, em Nairobi, frequentado por oci- dentais expatriados. Este foi apenas um dos 40 ataques registados no Qué- nia em 2013 (em 2012 tinham sido 71). Na África Central, reina uma tendên- cia crescente para situações de insurrei- ção, de que podem resultar novas inter- venções militares estrangeiras, bem co- mo o reforço de contingentes e exten- são de mandatos de missões já existen- tes no terreno. Comparativamente, na África Ocidental são visíveis melhorias, sendo greves e protestos as formas de violência política mais frequentes. Sete eleições latino-americanas Palco de 28% dos ataques registados em 2013, o Médio Oriente é a região mais assolada pelo terrorismo. Iraque, Líbano e Síria apresentam uma situa- ção “grave” nos três tipos de risco anali- sados pelo relatório: “terrorismo e sabo- tagem”, “greves, tumultos e agitação so- cial” e “insurreições, revoluções, gol- pes de Estado e guerras”. Em todo o mundo, 19 países têm uma situação “grave” nas três categorias. Dos 14 países do Médio Oriente, ape- nas Omã escapa à ameaça terrorista. Na região do Golfo Pérsico, a petromo- narquia mais ameaçada é o Bahrain; a gigante Arábia Saudita fica-se pelo “mé- dio” — o mesmo que o rival Irão, onde a eleição de um Presidente “ostensiva- mente moderado e reformista” reduziu riscos de conflito e agitação interna. Na América Latina, a situação em 88,5% dos países não regista evolução. O Brasil é a exceção: após as manifesta- ções antigovernamentais de 2013, mui- tos brasileiros ameaçam regressar às ruas para protestar contra a organiza- ção — e os custos — do Mundial de Fute- bol, que arranca a 12 de junho. Colômbia e Peru encabeçam o grupo de Estados (20% dos países latino-ame- ricanos) que enfrentam ameaças terro- ristas. Uma larga maioria (63,8%) cor- re riscos de greves e tumultos. 2014 é um ano importante no continente — es- tão previstas sete eleições presidenciais latino-americanas e intercalares para o Congresso dos Estados Unidos. Apesar do atentado na Maratona de Boston (abril 2013) o relatório da Aon diz que a ameaça terrorista nos EUA é “baixa”, resultante, em grande parte, de ações de ‘lobos solitários’ como na- quele caso. “Apesar de grupos terroris- tas por todo o mundo continuarem a defender ideologias fortemente antia- mericanas, a ameaça a interesses norte- -americanos parece estar largamente confinada a interesses no estrangeiro.” mmota@expresso.impresa.pt Relatório Poucos países escapam à possibilidade de agitação social, golpes de Estado ou atentados. No mapa de antevisão da violência política em 2014, os riscos decorrentes de protestos e motins com origem na sociedade civil superam o perigo do terrorismo. Dois países lusófonos, Moçambique e Brasil, registam uma evolução preocupante VIOLÊNCIA POLÍTICA Agitação social inquieta mais do que terrorismo

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32 PRIMEIRO CADERNO Expresso, 8 de fevereiro de 2014

TRÊS PERGUNTAS A

Pedro PenalvaAdministrador-delegado da Aon Portugal

Como pode uma empresa interessa-da aceder a este relatório e com quecustos?

Os mapas de Terrorismo e Violência Po-lítica estão disponíveis gratuitamente nonosso site, em www.aon.pt, mediante re-gisto. Além de apresentar os indicadoresde risco relacionados com o Terrorismo eViolência Política em 200 países, o docu-mento está também disponível em versãointerativa que inclui quatro anos de infor-mação, na qual é possível identificar pa-drões de risco e, desta forma, tomar deci-sões de gestão rigorosas relativamente àinternacionalização de uma empresa.Paralelamente, são também enviados rela-tórios mensais com atualização dos ra-tings e, caso haja alteração de indicadoresrelevantes, é feito um enquadramento dasituação.

Qual o nível de interesse manifesta-do pelas empresas portuguesas, nosanos anteriores, relativamente a estedocumento?

À medida que a entrada em novos mer-cados se estabelece como uma prioridadena agenda dos líderes empresariais nacio-nais, também o interesse por ferramentasque permitam capacitar as decisões e oprocesso de internacionalização commaior rigor tem aumentado. Os mercadosemergentes são os mais atrativos, mas sãotambém os que apresentam maior diversi-dade de riscos e ameaças que exigem res-postas cada vez mais sofisticadas.Temos tido um número crescente de solici-tações por parte de empresas no sentidode as ajudarmos a perceber os riscos e a

identificar a melhor forma de os minimi-zar, com o objetivo de diminuir as vulnera-bilidades de entrada em novos mercados.

Qual a mais-valia deste relatório sa-bendo-se que, frequentemente, as em-baixadas lançam alertas e disponibili-zam informação relativamente aos paí-ses mais ameaçados?

Este mapa permite aceder à informa-ção de forma agregada e, no caso da ver-são interativa, a um histórico de, pelo me-nos, quatro anos. É, no fundo, uma ferra-menta que torna possível a análise de ten-dências e a identificação da degradação dealguns indicadores e de possíveis ameaçasem alguns países.Sabendo que uma das principais ameaçaspara uma empresa que exporta ou se inter-nacionaliza é a vulnerabilidade a que es-tão expostas as suas pessoas e ativos, o ma-pa está integrado na área de gestão de cri-se da Aon, na qual uma rede de especialis-tas espalhados pelo mundo indica a me-lhor forma de mitigar e transferir esses ris-cos. Para os nossos clientes, após um aler-ta, são acionados mecanismos que possibi-litam proteger as pessoas e ativos das em-presas. E, além da execução desta estraté-gia, são postos em prática programas detransferência de riscos.Em gestão de crise, o tempo é um fatorcrítico e a tomada antecipada de posiçõespode fazer toda a diferença para os colabo-radores e para a operação duma empresa.É disto mesmo que se trata o Mapa Anualde Terrorismo e Violência Política — ante-cipar a tomada de decisões com base eminformação rigorosa.

Margarida Mota

Oterrorismo preocupaqualquer empresárioque decida apostarna internacionaliza-ção do seu negócio.Porém, atualmente,a agitação social é ofenómeno que maisinquieta os analistas

de risco. A conclusão resulta da ediçãode 2014 do “Mapa Anual de Terroris-mo e Violência Política”, elaborado pe-la consultora Aon Risk Solutions paraorientar empresas que pretendem ex-pandir-se para o estrangeiro.

Comparativamente à última análise,os investimentos tornaram-se mais ar-riscados em quatro países — Brasil, Ja-pão, Moçambique e Bangladesh. Nesteúltimo país, contabilizaram-se, em2013, mais de 70 dias de greves e açõesde protesto contra os baixos salários eas más condições de trabalho na indús-tria do vestuário.

A África continua a ser o continentemais vulnerável, com 22 países (48% doterritório) a apresentarem um nível derisco “alto” ou “grave”. Porém, compa-rativamente com 2013, os perigos deum golpe de Estado, rebelião ou insur-reição diminuíram em 21% dos estadossubsarianos, incluindo Angola.

Ainda assim, 58% dos países que, emtodo o mundo, correm riscos “graves”,são africanos. Na África Oriental, “o ter-rorismo destaca-se como o perigo pre-dominante” — perceção acentuada pe-lo atentado no centro comercial West-gate, em Nairobi, frequentado por oci-dentais expatriados. Este foi apenasum dos 40 ataques registados no Qué-nia em 2013 (em 2012 tinham sido 71).

Na África Central, reina uma tendên-cia crescente para situações de insurrei-ção, de que podem resultar novas inter-venções militares estrangeiras, bem co-

mo o reforço de contingentes e exten-são de mandatos de missões já existen-tes no terreno. Comparativamente, naÁfrica Ocidental são visíveis melhorias,sendo greves e protestos as formas deviolência política mais frequentes.

Sete eleições latino-americanas

Palco de 28% dos ataques registadosem 2013, o Médio Oriente é a regiãomais assolada pelo terrorismo. Iraque,Líbano e Síria apresentam uma situa-ção “grave” nos três tipos de risco anali-sados pelo relatório: “terrorismo e sabo-tagem”, “greves, tumultos e agitação so-cial” e “insurreições, revoluções, gol-pes de Estado e guerras”. Em todo omundo, 19 países têm uma situação“grave” nas três categorias.

Dos 14 países do Médio Oriente, ape-nas Omã escapa à ameaça terrorista.Na região do Golfo Pérsico, a petromo-narquia mais ameaçada é o Bahrain; agigante Arábia Saudita fica-se pelo “mé-dio” — o mesmo que o rival Irão, onde aeleição de um Presidente “ostensiva-mente moderado e reformista” reduziuriscos de conflito e agitação interna.

Na América Latina, a situação em88,5% dos países não regista evolução.O Brasil é a exceção: após as manifesta-ções antigovernamentais de 2013, mui-tos brasileiros ameaçam regressar àsruas para protestar contra a organiza-ção — e os custos — do Mundial de Fute-bol, que arranca a 12 de junho.

Colômbia e Peru encabeçam o grupode Estados (20% dos países latino-ame-ricanos) que enfrentam ameaças terro-ristas. Uma larga maioria (63,8%) cor-re riscos de greves e tumultos. 2014 éum ano importante no continente — es-tão previstas sete eleições presidenciaislatino-americanas e intercalares para oCongresso dos Estados Unidos.

Apesar do atentado na Maratona deBoston (abril 2013) o relatório da Aondiz que a ameaça terrorista nos EUA é“baixa”, resultante, em grande parte,de ações de ‘lobos solitários’ como na-quele caso. “Apesar de grupos terroris-tas por todo o mundo continuarem adefender ideologias fortemente antia-mericanas, a ameaça a interesses norte--americanos parece estar largamenteconfinada a interesses no estrangeiro.”

[email protected]

Relatório Poucospaíses escapamà possibilidadede agitação social,golpes de Estado ouatentados.No mapade antevisãoda violência políticaem 2014, os riscosdecorrentesde protestose motins com origemna sociedade civilsuperam o perigodo terrorismo. Doispaíses lusófonos,Moçambiquee Brasil, registamuma evoluçãopreocupante

VIOLÊNCIA POLÍTICA

Agitação socialinquieta maisdo que terrorismo

Um novo ciclo no Brasil?

DOIS LUSÓFONOS EM RISCO

BRASILÉ o único país da América Latina a passar do nível “médio”para o nível “grave” no mapa de riscos de violênciapolítica. Na origem desta classificação estão os protestosantigovernamentais nas ruas de várias cidades brasileiras,no segundo semestre de 2013, degenerando, nalgunscasos, em situações de grande violência. Com eleiçõespresidenciais previstas para 5 de outubro e, ainda antes,com a realização do Mundial de Futebol entre 12 de junhoe 13 de julho, a probabilidade de esta agitação continuardurante o ano em curso é grande.

MOÇAMBIQUEO risco de violência agravou-se na sequência de combatesesporádicos entre militantes da Renamo (maior partidoda oposição moçambicana) e forças de segurança.Esta tensão, que fez temer pela paz no país, levouà reclassificação do risco, que passou de “baixo”para “alto”.

Aúltima década foi extraordi-nária para os líderes políti-cos, os diplomatas e a socie-dade brasileira. Durante es-

tes anos o Brasil caminhou sobre aságuas políticas e financeiras a nível in-ternacional. O país, Lula e DilmaRousseff, os seus ministros e os em-presários brasileiros apareceram nasprimeiras páginas dos principais jor-nais e revistas internacionais. A con-fiança e o otimismo a nível interno eexterno caracterizaram este período.Desde o verão do ano passado que oBrasil passou a ser visto como umaeconomia frágil e um risco político pa-ra os investidores. O que é que expli-ca isto?

Guido Mantega, o ministro das Fi-nanças brasileiro, sugeriu em Davosque os problemas da sua economiatêm uma origem externa — a políticamonetária da Reserva Federal dosEUA e a anemia das economias da zo-na euro. Alexandre Tombini, governa-dor do Banco Central do Brasil, foium pouco mais longe ao comparar oaumento das taxas de juro nos EUA aum “aspirador” que está a sugar o di-nheiro dos investidores externos deeconomias como a brasileira. Mante-ga e Tombini têm alguma razão. A di-minuição dos estímulos monetários àeconomia norte-americana, a descidada taxa de crescimento da China e asituação da zona euro não são boasnotícias para o Brasil. O problema éque estes três pontos não explicam tu-do o que está a acontecer no paísmais influente da América do Sul des-de o ano passado.

O Brasil desceu à terra em 2013. Asenormes manifestações e a violêncianuma série de cidades mostraram adimensão da fúria popular em rela-ção à corrupção e à maneira como oBrasil tem sido governado. Os núme-ros foram tudo menos animadores.Apesar da verdadeira explosão dosempréstimos dos bancos públicos, aeconomia cresceu apenas dois porcento. O Bovespa, o índice da Bolsade São Paulo, teve o pior desempe-nho de todas as principais bolsas in-ternacionais.

A falência da OGX de Eike Batista, amaior da história na América Latina,chamou a atenção para os problemasdo Brasil. A inflação — o grande inimi-go dos mais pobres, da classe média ede todos os políticos que desejam serreeleitos — ultrapassou os seis porcento e levou o governo federal a sub-sidiar uma série de preços. O endivi-damento privado chegou ao limite.

A volatilidade que agora rodeia oBrasil é um sinal claro de que o mode-lo brasileiro chegou ao fim. Este pare-ce-me ser o ponto essencial. O paísprecisa de escolher um novo ciclo polí-tico e económico.

É isto que explica a primeira viagemde Dilma Rousseff ao Fórum Econó-mico Mundial de Davos há duas sema-nas. Depois de descrever o seu paíscomo “uma das mais amplas frontei-ras de oportunidades de negócios”, aPresidente brasileira defendeu que “oBrasil mais do que precisa e mais doque quer a parceria com o investimen-to privado nacional e externo”. A pre-sença e o discurso de Dilma na Suíçasão um sinal político. Mas executar es-te objetivo não será nada fácil. O po-der e a influência de um líder políticoé sempre menor do que a opinião pú-blica pensa.

O novo ciclo exige que o Brasil sejamais bem governado a nível federal eestadual. Além disso, é preciso atrairmuito mais investimento externo. Ageografia brasileira é difícil e as neces-sidades de investimento em infraes-truturas são muito elevadas. Para con-seguir estes investimentos, Brasíliaprecisa de garantir aos investidoresestabilidade e confiança para as próxi-mas duas ou três décadas. A dificulda-de é que Dilma e o seu Governo têmtido grandes suspeitas em relação aosector privado. O Brasil é muito prote-cionista. O Governo passa a vida pro-teger de forma arbitrária empresasou sectores industriais que, apesar detodos os subsídios, favores políticos efiscais e crédito bancário, continuama ser ineficientes.

Países como o Chile, a Colômbia, ePeru e o México estão a seguir desdehá algum tempo um caminho muitodiferente ao nível da atração do inves-timento externo e integração ao nívelregional e nas principais cadeias logís-ticas internacionais. Brasília terá ca-da vez mais concorrência a este nível.

O Mundial de futebol e as eleiçõespresidenciais serão disputados à som-bra do debate sobre um novo ciclobrasileiro.

Guerrae PazMiguel [email protected]

O Brasil desceu à terra em 2013.As enormes manifestaçõese a violência numa sériede cidades mostrarama dimensão da fúria popularem relação à corrupçãoe à maneira como o Brasiltem sido governado

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