paz inquieta

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Paz é um fruto do Espírito Santo, que, em linhas gerais, podemos afirmar que se dá em quatro pilares: a paz com Deus, a paz consigo mesmo, a paz com o próximo e a paz com a criação. Isso abrange todas as esferas para que o ser humano desfrute uma vida de paz. João Batista era cheio do Espírito Santo, por isso possuía quietude e segurança diante de Deus. Todavia, esta é apenas uma dimensão da paz, pois os que são conduzidos pelo Espírito como João Batista, conhecem também outra particularidade da paz, é a paz inquieta. Qualidade daquele que se incomoda com a injustiça, a impiedade e a mentira. Enquanto Jesus não voltar para definitivamente colocar fim às injustiças deste mundo, não temos o direito de viver sem exercitar a paz inquieta. Temos obrigação cristã em ‘erguer a voz em favor dos que não podem defender-se, de ser defensor de todos os desamparados’. (Provérbios 31.18).

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Paz Inquieta

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Hélio Klabono Jr.

Paz InquietaJoão Batista, um profeta em paz diante de Deus,

mas indignado com as injustiças sociais

São Paulo 2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índice para catálogo sistemático:1. Comentários : Novo Testamento : Bíblia 225.72. Novo Testamento : Bíblia : Comentários 225.7

Copyright © 2013 by Hélio Klabono Jr.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico daLíngua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Coordenação Editorial

Capa

Diagramação

Revisão

Letícia Teófilo

Monalisa Morato

Project Nine

Fabrícia Romaniv

Novo Século

2013IMPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAZIL

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO ÀNOVO SÉCULO EDITORA LTDA.

CEA – Centro Empresarial Araguaia IIAlameda Araguaia 2190 – 11º Andar

Bloco A – Conjunto 1111CEP 06455-000 – Alphaville Industrial – SP

Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323www.novoseculo.com.br

[email protected]

Klabono Junior, Hélio Paz inquieta : João Batista, um profeta em paz diante de Deus, mas indignado com as injustiças sociais / Hélio Klabono Jr.. -- São Paulo : Ágape, 2013.

1. Bíblia. N.T. - Comentários I. Título.

13-04119 CDD-225.7

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Hélio Klabono Jr.

“Pecador salvo pela graça.”

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À minha linda esposa, a quem amo muito.

Hoje somos dois, um dia Deus nos fará três.

Ricardo, Eugênia, Elizeu e Izabel.

Deus os fez como um muro de proteção ao meu redor.

Muito obrigado.

Pastor Henrique Régis, Mônica, Moniquinha e Eduardo.

Vocês me mostraram que existe vida além dos muros.

Deus abençoe vocês.

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Sumário

Capítulo 1A formação familiar, cultural e religiosa de João Batista (Evangelho de Lucas 1:5-80) ................. 13

Capítulo 2Voz que Clama no Deserto (Evangelho de João 1:19-23) ........................................................... 25

Capítulo 3A Mensagem do Reino de Deus (Evangelho de Mateus 3:1-9) ..................................................... 33

Capítulo 4Arrependimentos e fruto (Evangelho de Lucas 3:1-20) ........................................................... 45

Capítulo 5João Batista e Herodes (Evangelho de Marcos 6:14-17) ...................................................... 79

Capítulo 6Conclusão Reflexiva ................................................ 89

Bibliografia ............................................................. 97

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“Paz se possível, a verdade a qualquer custo.”

Martinho Lutero

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Capítulo 1

A formação familiar, cultural e religiosa de João Batista(Evangelho de Lucas 1:5-80)

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ZACARIAS, ISABEL E JOÃO

“No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacer-

dote chamado Zacarias, que pertencia ao grupo sacerdotal

de Abias; Isabel, sua mulher, também era descendente de

Arão. Ambos eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de

modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do

Senhor. Mas eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril; e

ambos eram de idade avançada (...) Um anjo do Senhor apare-

ceu a Zacarias, à direita do altar do incenso. Quando Zacarias

o viu, perturbou-se e foi dominado pelo medo: Zacarias, sua

oração foi ouvida, Isabel sua mulher, lhe dará um filho, e você

dará o nome de João. Ele será motivo de prazer e alegria para

você, e muitos se alegrarão por causa do nascimento dele,

pois será grande aos olhos do Senhor (...) E o menino crescia

e se fortalecia em espírito; e viveu no deserto, até aparecer

publicamente a Israel”: (Lc 1:5-80).

João Batista foi filho de uma típica família judaica, cuja herança histórica e motivo de orgulho nacional era ensinar cada criança na Lei do Senhor desde a mais tenra idade. Observar os mandamentos de Jeová era obrigação moral para toda família que queria manter a reputação ilibada diante da sociedade e a consciência tranquila diante de Deus. Enquanto

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a criança crescia, era lhe transmitido os valores éticos, religio-sos e as intervenções milagrosas de Deus. Assim, por tradi-ção oral, geração após geração o Nome do Senhor seria lem-brado, como uma tocha com fogo incandescente que sem-pre é alimentada com combustível para que sua chama não se extingua. A boa e persistente educação judaica romperia triunfante os séculos alegrando o coração de cada nova gera-ção com as maravilhosas intervenções que o Senhor operara e estava pronto a fazê-lo novamente a qualquer nova necessi-dade: Nesta sociedade os pais tinham papel importante para que a Lei do Senhor se perpetuasse, era no lar que as crianças deveriam aprender de forma mais eficiente aquilo que Deus estabeleceu como mandamento. Partes da Lei eram coloca-das em lugares estratégicos da casa, conversas didáticas com os filhos e passagens da lei eram amarradas no braço das crianças (Dt 6:7-9). O Shema era a oração mais importante que toda criança aprendia, e dela não se apartava até a morte, assim que a criança começava a falar ensinava-se a repetir diligente e dia-riamente cada palavra desta oração com o máximo de respeito e reverência até que se aprendesse e pudesse pronunciar de cor. Os pais ensinavam seus filhos sobre a história da criação do homem, sobre os patriarcas, a maneira covarde que José foi vendido como escravo ao Egito pelos seus próprios irmãos e como Deus o elevara a governador para depois socorrer seu pai Jacó com toda sua família da terrível fome que devastou o mundo naquela época. Ensinava-se meticulosamente como se tornaram escravos naquela mesma nação e o modo que

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Deus abriu o Mar Vermelho para fazê-los passar a pés enxutos do outro lado para assistir a seus algozes egípcios morreram afogados. Os filhos ouviam admirados os milagres durante o êxodo e a maneira que Deus havia lhes dado a terra prometida. Aprendiam sobre as festas e o que elas representavam na histó-ria judaica. Celebravam a Deus pela liberdade, pela colheita, pelo descanso e outros eventos que marcaram a história de amor e cuidados paternais que Deus construiu com este povo.

João Batista cresceu numa família com estas característi-cas, mas com três importantes particularidades: foi concebido quando sua mãe era de idade avançada, porque ela era estéril, seus pais eram de linhagem sacerdotal e sua família possuía parentesco com a família de Jesus.

1 – A Esterilidade de Isabel, sua Mãe

Zacarias e Isabel não tinham filhos, pois ela era estéril (Lc 1:7). Ter filhos sempre foi um sinônimo da bênção de Deus para o povo de Israel, toda família desejava ter muitos e vê-los assentados à mesa desfrutando da comida que Deus lhes dava através do trabalho do chefe da família. Era honroso para todo homem judeu ver sua esposa e filhos alimentados e com saúde (Sl 128). Por outro lado não ter filho era desonroso e sinal de algum pecado, era humilhante e triste para uma mulher não gerar filhos para continuar a história genealógica do marido, por isso Sara deu uma risadinha triste e incrédula quando ouviu a conversa entre Abraão e o Senhor sobre sua gravidez

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(Gn 18), Ana suplicava silenciosamente a Deus por sua posi-ção (1Sm 1), e Raquel, por causa da impossibilidade de gerar, tomou decisão drástica quando disse a Jacó: “Dê-me filhos ou morrerei” (Gn 30:1). Elas são exemplos da pressão social que as mulheres suportavam por não gerarem filhos, mas acredito que o homem também não tinha vida fácil por causa da situa-ção da esposa, pois vivia com o estigma de não ser abençoado por Deus e por não ter herdeiro para suas posses materiais e, ainda mais importante para um judeu devoto, não poderia ensinar a lei do Senhor ao seu próprio filho. Os pais de João viviam esta pressão, todavia não temos nenhuma informação que revoltaram-se contra o Senhor, ou que reclamavam pela má sorte que possuíam, pelo contrário “eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os man-damentos e preceitos do Senhor” (Lc 1:6).

2 – Seus pais eram de linhagem sacerdotal

Zacarias e Isabel eram da linhagem sacerdotal, tinham res-ponsabilidades quanto ao papel que representavam diante da comunidade judaica. A principal atividade de um sacerdote era oferecer sacrifícios no templo, e desta atividade recebiam uma pequena quantia para as despesas domésticas, mas a dificuldade é que havia um número muito grande de sacer-dotes e o trabalho no templo não absorvia tanta gente, por isso adotou-se um sistema de sorteio para revezamento do serviço sacerdotal (Lc 1:9). O restante do tempo os oficiais

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deveriam exercer atividades extras sacerdotais para poderem sobreviver (Lc 1:23). Penso que não era a recompensa finan-ceira que motivava Zacarias na atividade de interceder pelo povo, sempre existiu sacerdotes que estavam interessados naquilo que podiam lucrar com o ofício e a generosidade do povo, há vários exemplos bíblicos de sacerdotes que fizeram ou usaram do ministério como um mecanismo para projeção social e financeira. Acredito sinceramente que era a elevada honra que recebera de Deus e o privilégio de orar pelo povo que trazia prazer ao coração deste casal sacerdotal. Zacarias e Isabel são chamados de justos, irrepreensíveis, e num dia quando Zacarias estava exercendo sua nobre função dentro do santuário, oferecendo incenso (Lc 1:9) foi visitado pelo anjo Gabriel que proferiu as seguintes palavras: “Não tenha medo, Zacarias, sua oração foi ouvida, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome de João. Ele será motivo de prazer e alegria para você, e muitos se alegrarão por causa do nasci-mento dele, pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes de seu nascimento” (Lc 1:13-15).

Das três particularidades já estudamos duas delas, discu-timos que um casal que não podia gerar filhos sofria pressões sociais terríveis e quase que invariavelmente procuravam o isolamento social para tentar amenizar a tristeza e a dor, mas também vimos que Zacarias e Isabel eram sacerdotes e precisa-vam estar no meio do povo, orar ao Senhor pelas dificuldades daquela gente e apresentar sacrifícios pelos seus pecados; eram

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as obrigações que o cargo exigia. Eles não se furtaram desta incrível tarefa que Deus os propusera, a vergonha social não pôde vencer o chamado ministerial, enfrentaram os comen-tários perniciosos e os julgamentos precipitados orando ao Senhor. Zacarias e Isabel eram resolutos e firmes, exercendo o ofício sacerdotal com temor e tremor diante de Deus.

3 – João Batista e Jesus tinham relação parentesca

A família de João Batista era ligada à família de Jesus por relação de parentesco (Lc 1:36). Há um consenso entre os pes-quisadores bíblicos de que Jesus e João Batista não se conhe-ciam muito bem, encontraram-se às margens do rio Jordão para que Jesus fosse batizado e o que sabemos depois é o que lemos nos evangelhos, que um tinha notícias do outro durante o desenrolar do ministério individual, mas não somos proibi-dos de pensar que os pais de João Batista contaram ao menino a similaridade do nascimento entres eles. Explicaram como o anjo Gabriel visitara seu pai quando exercia sua função minis-terial e prometera que lhe daria um filho mesmo sendo Isabel, sua mãe, estéril e avançada em idade. Maria, sua parente, tivera a mesma experiência, mas com a diferença que era uma jovem virgem e teria seu filho sem a participação de um marido, seria sua criança gerada pelo Espírito Santo. Podemos admitir ainda a hipótese de terem contado para João Batista que quando as duas grávidas se encontraram e cumprimentaram-se, a simples saudação de Maria, fez a criança dentro do ventre de Isabel

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agitar-se ficando a mãe cheia do Espírito Santo a tal ponto de romper-se em adoração a Deus e elogios a Maria: “Bendita é você entre as mulheres e bendito é o filho que você dará a luz” (Lc 1:39-42), foram as palavras ditas por Isabel.

João Batista nasceu num lar onde seus pais zelavam pela lei de Deus, cresceu ouvindo as histórias de seu povo e estudando diariamente as Leis e os Mandamentos, observava todos os ritos e participava das festas tradicionais. Sua família não era mais uma simples família judaica, eram sacerdotes e zelavam por isso, enquanto crescia ouvindo o enredo do seu nasci-mento e as situações incomuns que se passaram, pensava nas palavras do anjo sobre sua atividade ministerial e o que pode-ria ter acontecido com o filho de Maria. Não era uma situação comum para todas as crianças em Israel, João Batista possuía particularidades extraordinárias. E a gravidez ainda mais intri-gante de Maria, a parente de sua mãe? Como um evento estaria ligada ao outro? Pensava João Batista.

Juntando todos estes elementos, o que podemos pensar sobre o caráter que estava sendo formado no menino cha-mado João, que posteriormente apareceu no deserto, já como homem formado e conhecido por João Batista? Esta não é uma pergunta inédita, no dia de seu nascimento, os vizinhos ficaram cheios de temor, e por toda a região se comentava sobre seu nascimento, e todos que ouviam perguntavam: “O que vai ser este menino?” (Lc 1:66).

Não temos muitas informações sobre sua infância e pelo silêncio das escrituras obviamente ele passou sua juventude

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na obscuridade popular, mas é certo que cresceu e foi edu-cado por pais piedosos, justos e sinceros diante de Deus, ele foi como uma árvore plantada junto à corrente de águas tranqui-las, para no tempo certo dar seus frutos, então se apresentou publicamente no deserto pregando a justiça do Reino de Deus (Mt 3:1-2).

O que já estudamos são indícios do que pode ter acon-tecido, o que podemos afirmar categoricamente é que “o menino crescia e se fortalecia em espírito; e viveu no deserto, até aparecer publicamente em Israel” (Lc 1:80).

JOÃO BATISTA, HOMEM CHEIO DO ESPÍRITO SANTO

Em primeiro lugar quero fazer alguma distinção entre estar emocionalmente inflamado e ser cheio do Espírito Santo, não quero em nenhum momento desconsiderar a questão emocio-nal do ser humano, pois mesmo que quisesse fazê-lo, seria uma tarefa inglórioa. Fomos criados com emoções e a vida ganha intensidade e riqueza quando são usadas como meio válido de relacionamento com Deus, com outras pessoas e com o mundo de uma forma geral. Reprimir as emoções é sintoma de pato-logia que vai se manifestar em forma de ansiedade, solidão, depressão, ira, culpa e frequentemente em doenças psicosoma-tizadas1: Graças a Deus por nossas emoções! Emocionalismo é

1 Psicossomatizar – Doenças que atingem o corpo e que tiveram origem nos pensamen-

tos e nas emoções. Por exemplo, uma gastrite nervosa.

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o problema, e este comportamento muitas vezes tem sido con-fundido com o estar cheio do Espírito Santo, principalmente nos ambientes pentecostais.

Ser cheio do Espírito Santo não é transformar as reuni-ões do culto num verdadeiro frenesi experimentando êxtases que deixa a razão ser substituída pelo delírio. A vida condu-zida pelo Espírito Santo não se resume ao ambiente de culto onde as cantorias sem critério teológico embalam as histerias individuais e coletivas numa evidente demonstração de dese-quilíbrio emocional que dá ênfase nos trejeitos extravagan-tes como demonstração de pretensa super-espiritualidade: A bíblia afirma que João Batista era cheio do Espírito Santo, mas não temos nenhuma pequena sugestão de que ele vivia sob a influência do emocionalismo, e seria uma blasfêmia atribuir a João este comportamento. Somos ensinados pelo apóstolo Paulo que devemos nos encher do Espírito Santo (Ef 5:8), e a sugestão é que, quem se enche do Espírito está sob a influência Dele do mesmo modo que aquele que se embriaga está sob influência do álcool, ‘e aqui termina a comparação e começa o contraste’ (STTOT, p: 152), seria um absurdo comparar um bêbado que perdeu suas faculdades mentais com um crente cheio do Espírito Santo, o bêbado perde o controle de suas ações e o indivíduo cheio do Espírito recebe uma espécie de freio para dominar os apetites carnais e poder para potenciali-zar o fruto do Espírito (Gl 5:19-23).

João Batista era cheio do Espírito Santo, logo estava sob a influência da terceira pessoa da Trindade. Acho importante

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recapitular brevemente como se deu a educação do precursor do Messias para fundamentar como sua formação familiar e a plenitude do Espírito determinaram seu ministério. Ele viveu numa família tradicional judaica que prezava pela educação moral e religiosa; aprendeu a guardar a tradição de seu povo; e seus pais eram sacerdotes, o que potencializava as responsa-bilidades de educação do menino diante de Deus e do povo. Zacarias e Isabel eram piedosos e tementes a Deus, e com toda certeza ensinaram isto ao menino, senão por palavras pelas ações. Olhando tudo isso sob o prisma da intervenção de Deus na esterilidade do casal com a gravidez milagrosa de Maria, parenta de sua mãe, “o menino crescia e se fortalecia em espírito até aparecer publicamente em Israel” (Lc 1:80).

Ao colocar lado a lado a ‘emoção inflamada’ e o ‘estar cheio do Espírito Santo’, disse de forma ligeira que o emocionalismo prioriza manifestações externas para demonstração de suposta condição espiritual privilegiada, e preciso dizer que o resul-tado inevitável disto é a produção de orgulho. João Batista não está nesta categoria, não fez de seu ministério um palco para propaganda da sua espiritualidade, seu ministério demonstrou que no seu coração o Espírito Santo produziu humildade. Ele foi um homem que experimentou a regeneração e o fruto do Espírito, por isso foi capaz de sufocar os desejos pecaminosos do vaidoso e viciado coração humano. Dito essas coisas sobre o nascimento e a humildade deste servo de Deus, acredito que este é um bom momento para estudarmos o início ministerial de João batista, homem cheio do Espírito Santo.

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