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  • Administrao Pblica p/ STN

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Rodrigo Renn Aula 00

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    Aula 0: Modelos de Gesto

    Ol pessoal, tudo bem?

    Finalmente, saiu o edital to desejado para a Secretaria do Tesouro Nacional. Este concurso promete ser um dos mais disputados deste ano e a banca que coordenar o certame nossa velha conhecida a ESAF.

    E com grande satisfao que iniciamos um curso especfico de Administrao Pblica para o cargo de Analista de Finanas e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional - AFC/STN.

    Para que voc chegue preparado, iremos abordar, neste curso, todos os tpicos do edital da STN, que veio muito mais pesado do que o edital anterior. Para 2013, a STN cobrar nossa matria para os candidatos a todos os cargos, inserida nos conhecimentos bsicos.

    Normalmente, a ESAF apresenta questes bastante aprofundadas e extensas. Vamos comentar muitas destas questes (e as ltimas questes do ltimo concurso) e mostrar como resolv-las!

    Iremos trabalhar a teoria necessria para que voc chegue pronto para o que der e vier no dia da prova!

    Alm disso, estaremos no s resolvendo as questes desta banca famosa, mas dando dicas das famosas pegadinhas deles!

    A hora essa! Temos tempo suficiente para que voc esteja preparado para encarar esse desafio. Nossa misso deix-lo pronto para conquistar uma destas vagas!

    Antes de qualquer coisa, vou dizer um pouquinho sobre mim: sou carioca e formado em Administrao pela PUC do RJ, com Ps-Graduao em Gesto Administrativa.

    Como vocs, j fui concurseiro e disputei diversos concursos da rea de Administrao, e sei como encarar esse desafio. Atualmente, sou gestor federal no Ministrio do Planejamento, tendo sido tambm auditor de controle interno na Secretaria de Fazenda do Governo do Distrito Federal.

    Sou professor de Administrao Geral, Administrao Pblica e Gesto de Pessoas desde 2007 e j lecionei em muitos cursos preparatrios para concursos em todo o Brasil, tanto com material escrito quanto com material em vdeo.

    SAIU O EDITAL PARA A STN! SO 255 VAGAS INICIAIS!

    HORA DE REALIZAR O SEU SONHO!

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    Os tpicos cobrados no ltimo concurso pela banca esto descritos abaixo:

    Gosto de escrever minhas aulas como se estivesse conversando com o aluno, portanto no estranhem o estilo casual, pois acredito que fica mais fcil para vocs aprenderem.

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    Tenho certeza de que esse material far a diferena na sua preparao. Se aparecer uma dvida qualquer estaremos disponveis para esclarecer voc.

    Para este curso, dividimos os tpicos nas aulas abaixo, que sero disponibilizadas de acordo o cronograma:

    Aula 0: Evoluo dos modelos/paradigmas de gesto: a nova gesto pblica. Patrimonialismo, burocracia e gerencialismo.

    Aula 1: A Administrao Pblica Brasileira: processo evolutivo; reformas administrativas, seus princpios, objetivos, resultados e ensinamentos; O processo de modernizao da Administrao Pblica. (12/01)

    Aula 2: Estado, Governo e Sociedade: conceito e evoluo do Estado contemporneo; aspectos fundamentais da formao do Estado brasileiro; teorias das formas e dos sistemas de governo. (20/01)

    Aula 3: Governabilidade, governana e accountability. Governo eletrnico e transparncia. (27/01)

    Aula 4: Novas tecnologias gerenciais e organizacionais e sua aplicao na Administrao Pblica. Qualidade na Administrao Pblica. (03/02)

    Aula 5: Atual conformao da Administrao Pblica em face dos preceitos constitucionais e legais; aspectos contemporneos da gesto pblica. O Sistema de Freios e Contrapesos. (10/02)

    Aula 6: Gesto de pessoas: estilos de liderana; gesto por competncias; trabalho em equipe; motivao. Empoderamento. (12/02).

    Aula 7: Gesto Pblica empreendedora. Ciclo de Gesto do Governo Federal. (17/02).

    Aula 8: Processo decisrio: tcnicas de anlise e soluo de problemas; fatores que afetam a deciso; tipos de decises. Gesto do conhecimento. Organizaes como comunidades de conhecimento; processos de disseminao do conhecimento. (20/02).

    Aula 9: Gerenciamento de projetos e de processos. (24/02).

    Aula 10: Cultura Organizacional: conceitos, elementos, influncias intra e supraorganizacionais e mudana organizacional. Clima organizacional. Educao Corporativa: conceitos, princpios, prticas e tendncias. (03/03).

    UTILIZE O FRUM DE DVIDAS!

    ESTAREI L PARA TE AJUDAR!

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    Aula 11: Controle da Administrao Pblica. tica no exerccio da funo pblica. (10/03).

    Vamos ento para o que interessa, no mesmo? Hoje veremos o tpico: Evoluo dos modelos/paradigmas de gesto: a nova gesto pblica. Patrimonialismo, burocracia e gerencialismo. Este tema muito cobrado nestas provas.

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    Sumrio

    Evoluo dos modelos/paradigmas de gesto: a nova gesto pblica ........................... 6 Tipos de Dominao. ........................................................................... 6 Administrao Patrimonialista.................................................................. 7 Administrao Burocrtica. .................................................................. 13 Gerencialismo - A Nova Gesto Pblica. .................................................... 30 Gerencialismo Puro - Managerialism ........................................................ 39 Consumerism .................................................................................. 42 Public Service Orientation - PSO ............................................................ 44

    Lista de Questes Trabalhadas na Aula. ........................................................ 54 Gabarito .......................................................................................... 66 Bibliografia ...................................................................................... 66

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    Evoluo dos modelos/paradigmas de gesto: a nova gesto pblica

    Tipos de Dominao.

    Para que possamos entender os modelos de administrao pblica, devemos conhecer os tipos de dominao. Segundo Weber1: Dominao a probabilidade de encontrar obedincia a uma ordem de determinado contedo entre determinadas pessoas indicveis.

    Em todo Estado, deve existir alguma relao de dominao na qual os governantes (dominadores) exercem autoridade perante os indivduos (dominados).

    Assim, a dominao no simplesmente o exerccio do poder, mas tambm a sua aceitao que leva obedincia! Portanto, se diz que a dominao o somatrio do poder com a legitimidade.

    Figura 1 - Tipos de dominao

    Para Weber2 existem trs tipos de dominao:

    Dominao Tradicional Baseia-se na tradio, nos costumes arraigados, nos relacionamentos construdos por geraes. O senhor ou chefe governa no porque tenha algum mrito ou competncia especfica, mas porque seu pai governava antes dele, e antes dele seu av etc. Esta dominao ocorre porque sempre foi assim;

    1 (Weber, 2000) 2 (Weber, 2000)

    Tipos de

    Dominao

    Dominao

    Tradicional -

    baseada nos

    costumes, na

    tradio

    Dominao

    Carismtica -

    baseada no

    carisma do lderDominao

    Racional-Legal -

    Baseada nas

    normas e

    regulamentos

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    Dominao Carismtica Baseada no carisma de uma pessoa. Acredita-se que um indivduo especfico possui qualidades e caractersticas extraordinrias, fora do comum, que o credenciam a liderar seus sditos ou seguidores. Estes lhe conferem um afeto e uma lealdade muitas vezes cegos. Como exemplo, podemos citar o caso do ex-presidente Lula, que consegue, atravs do carisma com boa parte da populao, exercer sua liderana;

    Dominao Racional-legal Baseada na lei! Nesse tipo de dominao, no seguimos um indivduo, mas devemos obedincia a uma srie de normas e regulamentos. Assim, se voc trabalha em uma empresa, obedece ao seu chefe porque as regras estabelecem que este chefe possui este poder de lhe comandar e dar ordens, e no porque acredita que esta pessoa tenha qualidades especiais. A Burocracia moderna baseia-se na dominao racional-legal.

    Administrao Patrimonialista.

    O modelo patrimonialista foi introduzido no Brasil pela prpria administrao portuguesa quando ainda ramos uma colnia. Como Portugal era uma monarquia, todo o Estado era patrimnio da famlia real.

    Quando Dom Joo VI chegou aqui, em 1808, vindo fugido dos exrcitos de Napoleo, trouxe grande parte da mquina administrativa portuguesa consigo. Desta forma, herdamos o modo de administrar portugus e adaptamos nossa realidade durante o imprio.

    Neste sistema, existe uma confuso natural entre os bens pblicos e particulares, pois o Rei (ou chefe poltico) no diferencia seu patrimnio particular do estatal. No patrimonialismo, segundo Weber3, o senhor tem um relacionamento de troca com seus sditos, pois depende da boa vontade deles para manter sua capacidade de prestar servios e manter seu poder poltico.

    Em troca desta boa vontade, o senhor passa a dever tambm uma ateno especial a seus sditos, como proteo a perigos externos e auxlio em momentos difceis. Naturalmente, este dever no est escrito em nenhuma ordem ou lei, mas deriva dos costumes, da tradio.

    Portanto, a base de sua dominao a tradio! O governante trata dos assuntos do Estado como se fosse uma extenso de sua vida pessoal. Seus sditos seriam sua famlia. Desta forma, no

    3 (Weber, 2000)

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    patrimonialismo existe uma grande dificuldade deste senhor de diferenciar esfera pblica da esfera estatal.

    O personagem mais exemplar na histria brasileira deste perodo o coronel, oligarca do interior, que dominava (e em certos aspectos ainda domina) o cenrio da poltica regional atravs da utilizao do poder econmico e da troca de favores entre seus partidrios.

    Dentro deste contexto, as eleies (quando existiam) eram fraudadas para que o grupo dominante continuasse no poder e recursos pblicos so desviados de sua finalidade.

    Neste modelo, a posse em cargos pblicos acontecia por livre escolha do soberano. Desta forma, estes cargos eram direcionados a amigos, parentes e apoiadores dos grupos dominantes.

    Assim, no existiam carreiras organizadas e profissionalizadas no estado. Portanto, uma caracterstica forte deste modelo o nepotismo e a corrupo.

    Os bens pblicos so utilizados para fins pessoais e os

    cargos pblicos so usados como moeda de troca de favores ao soberano (vemos isso atualmente quando agentes pblicos utilizam carros oficiais para viajar a turismo, quando funcionrios fazem a chamada contratao cruzada Joo contrata o filho de Jos, e, em troca deste favor, Jos contrata o filho de Joo, por exemplo).

    Como o soberano est acima das regras, a racionalidade subjetiva, ou seja, depende da opinio, da discricionariedade (e das arbitrariedades) do senhor no momento, inclusive nas decises da Justia. Se voc amigo do Rei pode quebrar algumas regrinhas!

    J se no for conhecido de ningum importante, ter que se comportar exemplarmente! Lembra do ditado: Para os amigos tudo, para os inimigos a Lei? Ele descreve bem uma prtica do patrimonialismo, no verdade?

    Assim sendo, no modelo patrimonialista, o patrimnio pblico "capturado" por grupos de interesse da sociedade (que podem ser empresrios, sindicatos, burocratas, etc.).

    Ou seja, este patrimnio deixa de servir coletividade para passar a servir aos interesses do grupo dominante. Alm disso, a justia fiscal um aspecto quase inexistente, pois a estrutura tributria (os impostos)

    Lembre-se:

    No modelo

    Patrimonialista, o

    governante no separa o

    patrimnio pblico do

    privado!

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    desenhada para afetar pouco os nobres ou senhores dominantes. Com isso, a populao mais pobre a que acaba proporcionalmente pagando mais impostos.

    Desta forma, esse modelo conhecido por sua tendncia corrupo e ao nepotismo. Veja abaixo no grfico as principais caractersticas do modelo patrimonialista:

    Figura 2 - Caractersticas do modelo patrimonialista

    Raymundo Faoro4 chamava o grupo que comandava o poder no Estado patrimonialista brasileiro de Estamento Burocrtico. Este modelo se caracterizava por um desrespeito aos princpios da impessoalidade e era composto por ocupantes de cargos pblicos de alta cpula, burocratas e polticos.

    Prestem ateno, pois o termo burocracia no foi estabelecido por Weber e sua Burocracia Profissional (baseada na dominao Racional-legal). O termo Burocracia vem do francs Bureau, que se refere aos rgos do governo (seria algo como governo de escritrio).

    Normalmente pensamos a dominao tradicional como uma disputa de classes, como uma diviso entre pobres e ricos (classes sociais). Entretanto, de acordo com Weber, um estamento no exatamente uma classe. O autor afirma5:

    A situao estamental pode se basear numa situao de classe de natureza unvoca ou ambgua. Mas no se determina somente por ela: a posse em dinheiro e a posio do empresrio

    4 (Faoro, 2001) 5 (Weber, 2000)

    Esfera Pblica se

    confunde com a

    Privada

    Sistema fiscal injusto

    e irracional

    Falta de

    profissionalizao

    Tendncia

    corrupo e ao

    nepotismo

    Racionalidade

    subjetiva

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    no so, por si s, qualificaes estamentais ainda que possam levar a estas; nem a falta de patrimnio constitui, por si, uma desqualificao estamental, ainda que tambm possa levar a esta.

    Ou seja, uma diviso em estamentos uma diviso entre pessoas com um tipo de educao, ou etnia (descendncia gentica e cultural) e modos de vida diferentes.

    Um filho de um funcionrio pblico pobre que conseguisse estudar em um bom colgio da capital (e construsse um bom crculo de amizades) poderia fazer parte do estamento dominante. J o filho de um fazendeiro rico do interior que no estudasse na capital provavelmente no faria parte deste estamento, por exemplo.

    Portanto, o estamento burocrtico se relacionava com os funcionrios pblicos e membros da sociedade que mandavam no Estado Patrimonialista6.

    De acordo com Weber, ao quadro administrativo da dominao tradicional, em seu tipo puro, faltam7:

    A competncia fixa segundo regras objetivas; A hierarquia racional fixa; A nomeao regulada por contrato livre e o ascenso

    (promoo) regulado; A formao profissional (como norma); (muitas vezes) o salrio fixo e (ainda mais frequentemente) o

    salrio pago em dinheiro.

    Vejam a questo abaixo:

    1 - (CESPE MDS / ADMINISTRADOR 2006) O estamento burocrtico caracteriza-se pela conjugao de altos ocupantes de cargos pblicos, burocratas e segmentos da classe poltica, atuando em conjunto, em benefcio prprio e em desrespeito aos princpios da impessoalidade e do universalismo de procedimentos.

    A questo est perfeita. Como vimos acima, o grupo que comandava a sociedade brasileira no sculo XIX era chamado, por Faoro, de estamento burocrtico. Este grupo no respeitava a impessoalidade, ou seja, baseava-se na troca de favores e no

    6 (Bresser Pereira, 2001) 7 (Weber, 2000)

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    nepotismo para manter sua dominao. Assim, o gabarito questo correta.

    Continuando nossa aula, as monarquias absolutistas foram sendo substitudas aos poucos, no final do sculo XIX, por Estados modernos, passando a existir a necessidade da separao entre os bens pblicos e privados, bem como a profissionalizao da Administrao Pblica.

    O Estado moderno precisava ampliar suas aes de induo do crescimento da economia, com uma atuao mais direta na criao de empresas estatais e na regulao da atuao econmica.

    Alm disso, a sociedade comeou a demandar diversos servios pblicos e protees sociais que no existiam. Antigamente, o Estado s fornecia o acesso a Justia, a proteo policial e a defesa nacional.

    Depois, servios pblicos como a educao, a previdncia social e a prestao de sade passaram a ser oferecidos para grande parte da populao. Portanto, o Estado necessitava de se capacitar e de se profissionalizar. O modelo patrimonialista passou a ser visto como um problema e um limitador ao desenvolvimento por diversos pases.

    Vamos ver algumas questes agora?

    2 - (ESAF CGU AFC 2006) Complete a frase a seguir com a opo correta.

    O .................... uma forma da administrao pblica que se caracteriza pela privatizao do Estado, pela interpermeabilidade dos patrimnios pblico e privado. O prncipe no faz clara distino entre patrimnio pblico e seus bens privados.

    a) modelo patrimonialista

    b) modelo burocrtico

    c) modelo gerencial

    d) modelo racional-legal

    e) modelo estruturalista

    Esta questo pode ser respondida somente com a ltima frase: o prncipe no faz clara distino entre patrimnio pblico e seus bens privados.

    Esta uma descrio perfeita de uma das caractersticas principais do modelo patrimonialista. O gabarito a letra A.

    3 - (ESAF MPOG PSS 2008) Faltam, ao modelo de administrao patrimonialista, todas as caractersticas abaixo, exceto:

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    a) competncias funcionais fixas.

    b) retribuio aos servidores pelos servios prestados.

    c) hierarquia racional fixa.

    d) formao profissional como norma.

    e) nomeao regulada por contrato livre, com regras de ascenso funcional.

    Esta questo foi retirada do livro do Max Weber: Economia e Sociedade. De acordo com o autor, faltam ao quadro administrativo tradicional (patrimonialista) as competncias funcionais fixas (no fica claro quais so as competncias necessrias para cada cargo), uma hierarquia racional fixa (a autoridade est relacionada com as relaes pessoais, e no com a posio hierrquica).

    Alm disso, faltam uma formao profissional como norma (no necessria esta formao para a entrada na mquina estatal) e a nomeao regulada por contrato livre, com regras de ascenso funcional (contrataes so abertas a todos os interessados e as regras para promoo so estabelecidas.

    Entretanto, no falta uma retribuio aos servidores. Ou seja, estes so sim remunerados de alguma forma (no trabalham de graa). O que Weber disse foi que falta (muitas vezes) o salrio fixo e (ainda mais frequentemente) o salrio pago em dinheiro. O gabarito , assim, a letra B.

    4 - (ESAF MPOG EPPGG 2003) Assinale a opo que indica corretamente as caractersticas de uma administrao patrimonialista.

    a) A administrao patrimonialista predomina no perodo da monarquia e nos primeiros anos da repblica; h uma clara distino entre propriedade pblica e propriedade privada e os servios pblicos so prestados por funcionrios concursados.

    b) A administrao patrimonialista est presente durante os primeiros anos da repblica, no h uma clara distino entre propriedade pblica e propriedade privada e os servios pblicos so prestados por funcionrios selecionados discricionariamente.

    c) A administrao patrimonialista est presente durante os primeiros anos da repblica e se estende at os anos 50; h uma clara distino entre propriedade pblica e propriedade privada e os servios pblicos so prestados por funcionrios concursados.

    d) A administrao patrimonialista predomina no perodo da monarquia, no h uma clara distino entre propriedade pblica

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    e propriedade privada e os servios pblicos so prestados por escravos.

    e) A administrao patrimonialista predomina na nova repblica, h uma clara distino entre propriedade pblica e propriedade privada e os servios pblicos so prestados por funcionrios selecionados discricionariamente.

    A administrao patrimonialista predominava no Brasil na poca do Imprio e no incio da Repblica. Neste modelo, no existe uma distino clara entre a propriedade privada e a propriedade pblica. Alm disso, os servidores no eram recrutados por concursos pblicos e sim por decises e escolhas dos detentores do poder (mtodo discricionrio). Deste modo, o gabarito a letra B.

    Administrao Burocrtica.

    O termo burocracia derivado do termo francs bureau (significa escritrio) e do termo grego kratia, que se relaciona a poder ou regra. Desta forma, a burocracia seria um modelo em que o escritrio ou os servidores pblicos de carreira seriam os detentores do poder.

    Com a industrializao e a introduo de regimes democrticos no fim do sculo XIX, as sociedades ficaram cada vez mais complexas. A introduo da mquina a vapor acarretou uma evoluo tremenda dos meios de transporte. Se antes se levavam meses para uma viagem do Brasil para a Europa, por exemplo, agora uma viagem por meio de navios a vapor passou a ser feita em poucos dias.

    O trem a vapor fez a mesma revoluo no transporte interno. Desta forma, as notcias passaram a correr muito mais rpido e os produtos de cada regio puderam passar a ser comercializados em cada vez mais mercados consumidores.

    Estes fatores levaram a uma urbanizao acelerada, pois as indstrias necessitavam de cada vez mais braos para poder produzir em larga escala e atender ao mercado regional e mundial de produtos.

    Diante deste aumento da demanda por trabalhadores no setor industrial, os salrios na indstria ficaram melhores do que os do campo e as pessoas passaram a se mudar das fazendas para as grandes cidades em busca de trabalho.

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    Desta forma, o xodo rural (massa de trabalhadores sada do campo e dirigindo-se para as cidades em busca de melhores condies de trabalho) foi marcante neste perodo.

    Estas pessoas encontravam na cidade grande uma realidade totalmente diferente da qual estavam acostumadas. Se antes tinham uma terrinha para cultivar alguns alimentos, agora tinham de comprar estes produtos no mercado.

    Se anteriormente aprendiam a trabalhar na prtica, agora tinham de frequentar escolas para poder lidar com as mquinas. Assim, passaram a demandar servios que antes no existiam em grande escala, como escolas e hospitais pblicos.

    Deste modo, tinham necessidades que o Estado (que tinha uma filosofia liberal) ainda no estava capacitado para atender. Era o incio do que iramos denominar de sociedade de massa.

    Portanto, o Estado, que antes s se preocupava em manter a ordem interna e externa, passa a ter de se organizar cada vez mais para induzir o crescimento econmico, aumentar a infraestrutura do pas e prestar cada vez mais servios populao.

    O Patrimonialismo no conseguia mais atender a este novo Estado, que concentrava cada vez mais atividades em sua mquina.

    O modelo Burocrtico, inspirado por Max Weber, veio ento suprir esta necessidade de impor uma administrao adequada aos novos desafios do Estado moderno, com o objetivo de combater o nepotismo e a corrupo. Ou seja, uma administrao mais racional e impessoal.

    Figura 3 - Contexto da burocracia

    Desta forma, o modelo burocrtico surgiu como uma necessidade histrica baseada em uma sociedade cada vez mais complexa, em que as demandas sociais cresceram, e havia um ambiente com empresas cada vez maiores, com uma populao que buscava uma maior participao nos destinos dos governos.

    Portanto, no se podia mais depender do arbtrio de um s indivduo. As regras deveriam estar claras para todos e as decises deveriam ser tomadas com base em uma lgica racional.

    Sociedades

    ficam mais

    complexas

    Patrimonialismo

    no consegue

    atender s

    demandas

    sociais

    Modelo

    Burocrtico

    visto como

    soluo mais

    racional e

    adequada

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    Uma coisa que devemos ter em mente que a Burocracia foi uma grande evoluo do modelo patrimonialista. Weber concebeu a Burocracia como o modelo mais racional existente, o qual seria mais eficiente na busca dos seus objetivos.

    Atualmente, o termo Burocracia visto como algo negativo em

    nossa sociedade, mas o modelo puro pensado por Weber foi um grande avano em relao ao que existia antes e possibilitou a construo de um Estado mais atuante e capacitado do que existia.

    As caractersticas principais da Burocracia so:

    Formalidade a autoridade deriva de um conjunto de normas e leis, expressamente escritas e detalhadas. O poder do chefe restrito aos objetivos propostos pela organizao e somente exercido no ambiente de trabalho - no na vida privada. As comunicaes internas e externas tambm so todas padronizadas e formais.

    Impessoalidade Os direitos e deveres so estabelecidos em normas. As regras so aplicadas de forma igual a todos, conforme seu cargo em funo na organizao. Segundo Weber, a Burocracia deve evitar lidar com elementos humanos, como a raiva, o dio, o amor, ou seja, as emoes e as irracionalidades. As pessoas devem ser promovidas por mrito, e no por ligaes afetivas. O poder ligado no s pessoas, mas aos cargos s se tem o poder em decorrncia de estar ocupando um cargo.

    Profissionalizao As organizaes so comandadas por especialistas, remunerados em dinheiro (e no em honrarias, ttulos de nobreza, sinecuras, prebendas, etc.), contratados pelo seu mrito e seu conhecimento (e no por alguma relao afetiva ou emocional).

    O modelo burocrtico, que se caracterizou pela meritocracia na forma de ingresso nas carreiras pblicas, mediante concursos pblicos, buscou eliminar o hbito arraigado do modelo patrimonialista de ocupar espao no aparelho do Estado atravs de trocas de cargos pblicos por favores pessoais ao soberano.

    Lembre-se:

    O modelo

    burocrtico foi uma

    grande evoluo do

    patrimonialismo!

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    Neste modelo, as pessoas seriam nomeadas por seus conhecimentos e habilidades, no por seus laos familiares ou de amizade. Prebendas e sinecuras, caractersticas do modelo patrimonialista, ou seja, aquelas situaes em que pessoas ocupam funes no governo ganhando uma remunerao em troca de pouco ou nenhum trabalho, so substitudas pelo concurso pblico e pela noo de carreira.

    Desta forma, o que se busca a profissionalizao do servidor pblico, sua especializao. De acordo com Weber, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo puro se compe de funcionrios individuais, os quais8:

    So pessoalmente livres; obedecem somente s obrigaes objetivas de seu cargo;

    So nomeados (e no eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;

    Tm competncias funcionais fixas; Em virtude de um contrato, portanto, (em princpio) sobre

    a base de livre seleo segundo; A qualificao profissional no caso mais racional:

    qualificao verificada mediante prova e certificada por diploma;

    So remunerados com salrios fixos em dinheiro; Exercem seu cargo como profisso nica ou principal; Tm a perspectiva de uma carreira: progresso por

    tempo de servio ou eficincia, ou ambas as coisas, dependendo do critrio dos superiores;

    Trabalham em separao absoluta dos meios administrativos e sem apropriao do cargo;

    Esto submetidos a um sistema rigoroso e homogneo de disciplina e controle do servio.

    Veja abaixo, em resumo, as caractersticas da Burocracia:

    8 (Weber, 2000)

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    Figura 4 - Caractersticas da Burocracia

    Dentre as principais vantagens que a Burocracia trouxe, podemos citar:

    O predomnio de uma lgica cientfica sobre uma lgica da intuio, do achismo;

    A reduo dos favoritismos e das prticas clientelistas; Uma mentalidade mais democrtica, que possibilitou

    igualdade de oportunidades e tratamento baseado em leis e regras aplicveis a todos.

    Hoje em dia, o termo Burocracia virou sinnimo de ineficincia e lentido, pois conhecemos os defeitos do modelo (que chamamos de disfunes da Burocracia), mas ele foi um passo adiante na sua poca!

    Na Burocracia, existe uma desconfiana extrema em relao s pessoas, portanto so desenvolvidos controles dos processos e dos procedimentos, de forma a evitar os desvios.

    Ou seja, os funcionrios tm pouca discricionariedade, ou liberdade de escolha da melhor estratgia, para resolver um problema ou atender seus clientes! Deste modo, existe uma grande preocupao em criar critrios e processos que estabeleam o mtodo correto de se agir.

    Todos os processos e atividades so padronizados, so manualizados! Com isso, os servidores passam a se preocupar mais em seguir regulamentos e normas do que em atingir bons resultados.

    Outra caracterstica da Burocracia a hierarquia. As organizaes so estruturadas em vrios nveis hierrquicos, em que o nvel de cima controla o de baixo. o que chamamos de estrutura verticalizada, na qual as decises so tomadas na cpula (topo da hierarquia ou nvel estratgico).

    Esta situao acaba gerando uma demora na tomada de decises e no fluxo de informaes dentro da organizao! Outro problema a dificuldade de trocar informaes com outras reas da empresa, pois este

    Formalidade

    Autoridade expressa

    em leis;

    Comunicao

    padronizada;

    Controle de

    Procedimentos.

    Impessoalidade

    Isonomia no

    tratamento;

    Meritocracia;

    Racionalidade;

    Sistema legal e

    econmico previsvel.

    Profissionalismo

    Comando dos

    especialistas;

    Remunerao em

    dinheiro;

    Administrador

    especialista - noo de

    carreira;

    Hierarquia.

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    fluxo no livre (voc precisa enviar a informao ao seu chefe, que envie a solicitao ao chefe do outro setor etc.)

    Desta maneira, importante no confundir a Teoria da Burocracia, ou seu modelo puro, com os problemas que a Burocracia causou o que chamamos de disfunes da Burocracia. Normalmente a banca citar uma disfuno da burocracia e dir que uma caracterstica da Teoria da Burocracia.

    Por exemplo, as nomeaes para funes pblicas sem base no mrito ainda ocorrem com frequncia no Brasil. Sabemos que um dos problemas da Administrao Pblica na prtica. Entretanto, isto no faz parte da teoria da Burocracia, ou seja, do modelo idealizado por Weber!

    Alm disso, vocs devem entender que nenhum modelo existiu isoladamente, mas que conviveram e convivem juntos. No nosso contexto atual, temos ainda aspectos presentes que so heranas do patrimonialismo (nomeaes em cargos de confiana), aspectos da teoria da burocracia (concursos pblicos e noo de carreira, entre outros) e aspectos do modelo gerencial, que veremos a seguir.

    O modelo de gesto pblica buscado no momento o gerencial,

    mas ainda muito forte a presena do modelo burocrtico e, infelizmente, do prprio modelo patrimonialista na administrao pblica brasileira. Ou seja, nunca aplicamos o modelo puro da burocracia weberiana. Preste ateno, pois as bancas costumam cobrar muito isso.

    Veja o texto abaixo do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, de 19959, documento muito importante e que recomendo a leitura a todos que queiram se aprofundar no tema das reformas administrativas no Brasil. O texto original esse:

    A administrao pblica brasileira, embora marcada pela cultura burocrtica e regida pelo princpio do mrito profissional, no chegou a se consolidar, no conjunto, como uma burocracia profissional nos moldes weberianos. Formaram-se grupos de reconhecida competncia, como o caso das carreiras acima descritas, bem como em reas da administrao indireta, mas os concursos jamais foram rotinizados e

    9 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

    Lembre-se:

    Convivemos atualmente

    com caractersticas dos

    trs modelos:

    patrimonial, burocrtico

    e gerencial.

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    o valor de sua remunerao real variou intensamente em funo de polticas salariais instveis. Os instrumentos de seleo, avaliao, promoo e treinamento que deram suporte a esse modelo esto superados.

    O que fica claro que o nosso modelo ainda guarda prticas e costumes patrimonialistas, e o prprio modelo burocrtico hoje no mais visto como adequado aos novos desafios da administrao pblica.

    Portanto, temos hoje um modelo ainda muito baseado na Burocracia, mas com resqucios de clientelismo e patrimonialismo, e alguns setores que j aplicam a administrao gerencial. No aplicamos o modelo puro de Weber.

    As principais disfunes da Burocracia so:

    Dificuldade de resposta s mudanas no meio externo viso voltada excessivamente para as questes internas (sistema fechado, ou seja, autoreferente, com a preocupao no nas necessidades dos clientes, mas nas necessidades internas da prpria burocracia).

    Rigidez e apreo extremo s regras o controle sobre procedimentos e no sobre resultados, levando falta de criatividade e ineficincias.

    Perda da viso global da organizao a diviso de trabalho pode levar a que os funcionrios no tenham mais a compreenso da importncia de seu trabalho nem quais so as necessidades dos clientes ou dos outros rgos da instituio.

    Lentido no processo decisrio hierarquia, formalidade, centralizao e falta de confiana nos funcionrios levam a uma demora na tomada de decises importantes.

    Excessiva formalizao em um ambiente de mudanas rpidas, no se consegue padronizar e formalizar todos os procedimentos e tarefas, gerando uma dificuldade da organizao de se adaptar a novas demandas. A formalizao tambm dificulta o fluxo de informaes dentro da empresa.

    Lembre-se:

    Nunca aplicamos o

    modelo "puro" da

    burocracia de

    Weber.

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    Podemos resumir as principais disfunes ou problemas do modelo burocrtico no quadro abaixo:

    Figura 5 - disfunes da Burocracia

    Outro aspecto importante a relao da burocracia com o poder poltico. Weber preocupava-se com o aumento do poder da burocracia no Estado moderno. Os polticos cederiam cada vez mais influncia burocracia, o que criaria um absolutismo burocrtico, ou seja, um abuso de poder por parte da administrao, em prejuzo dos representantes da populao.

    Portanto, a criao das leis e seu controle devem ser privativos dos polticos, de forma a limitar o poder e o alcance desta burocracia. Outra disfuno que pode ocorrer o insulamento burocrtico, uma situao em que os tcnicos dentro da mquina administrativa passam a ser blindados contra a interferncia do pblico em geral e de outros rgos do governo.

    Estes rgos ou grupo de tcnicos teriam ento mais liberdade para buscar objetivos especficos, mas tambm poderiam passar a no ouvir mais a populao, ou seja, buscar no os objetivos desejados pelos cidados, mas os seus prprios objetivos (ou dos grupos empresariais dominantes).

    Desta forma, no existiria um controle social sobre o trabalho destes servidores, pois estes estariam blindados aos desejos e interesses da sociedade civil.

    Vamos ver algumas questes recentes?

    Disfunes

    da

    Burocracia

    Perda da

    Noo Global

    Lentido na

    comunicao e

    processo

    decisrio

    Formalizao

    Excessiva

    Preocupao

    com as regras e

    no com

    resultado

    Rigidez e falta

    de inovao

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    5 - (ESAF MPOG EPPGG 2003) O sculo XIX marca o surgimento de uma administrao pblica burocrtica em substituio s formas patrimonialistas de administrar o Estado. O chamado patrimonialismo significa a incapacidade ou relutncia do governante em distinguir entre o patrimnio pblico e seus bens privados. Assinale a opo que indica corretamente as caractersticas da administrao pblica burocrtica.

    a) Servio pblico profissional, flexibilidade organizacional e nepotismo.

    b) Servio pblico profissional e um sistema administrativo fruto de um arranjo poltico, formal e racional.

    c) Servio pblico profissional e um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

    d) Servio pblico fruto de um arranjo entre as foras polticas e um sistema administrativo seletivo de acordo com os diversos grupos de sustentao da base de governo.

    e) Servio pblico orientado para o consumidor, nfase nos resultados em detrimento dos mtodos e flexibilidade organizacional.

    A primeira alternativa est errada, pois a Burocracia no caracterizada por uma flexibilidade organizacional (aspecto ligado ao modelo gerencial) ou ao nepotismo (ligado ao patrimonialismo).

    A letra B tambm est errada, porque a Burocracia, em seu modelo puro, no se baseia em um arranjo poltico e sim em uma racionalidade e a legalidade. A letra C est perfeita e o nosso gabarito.

    Na letra D, novamente aparece o arranjo poltico. A Burocracia deve se pautar pelo atendimento universal, e no seletivo, de seus cidados. A Burocracia deve se pautar por normas e regras, e no acordos seletivos.

    Finalmente, a letra E se relaciona com aspectos do modelo gerencial. Assim sendo, o gabarito mesmo a letra C.

    6 - (ESAF MPOG EPPGG 2003) A administrao burocrtica clssica, baseada nos princpios da administrao do Exrcito prussiano, foi implantada nos principais pases europeus no final do sculo XIX. Ela foi adotada porque era uma alternativa muito superior administrao patrimonialista do Estado. Quais das seguintes caractersticas bsicas pertencem ao conceito de burocracia de Weber?

    I. Ligao entre os patrimnios pblico e privado.

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    II. Autoridade funcional baseada no estatuto.

    III. Gesto voltada para resultados.

    IV. Carter hierrquico das relaes de trabalho.

    V. Carter impessoal das relaes profissionais, sem dios ou paixes.

    VI. Critrios de mrito para atribuio de responsabilidades e evoluo na carreira.

    VII. Autoridade derivada de normas racionais-legais.

    Esto corretos apenas os itens:

    a) III, VII

    b) II, VI, VII

    c) II, IV, V, VI, VII

    d) II, III, VII

    e) II, VI

    Questo interessante, que mistura aspectos do patrimonialismo, da burocracia e do modelo gerencial. A primeira alternativa est errada, pois esta confuso da esfera pblica com a privada se relaciona com o patrimonialismo.

    A outra afirmativa errada a terceira, pois a gesto para resultados um aspecto do modelo gerencial. Todas as outras frases esto ligadas ao modelo burocrtico e, portanto, o nosso gabarito a letra C.

    7 - (ESAF MPOG EPPGG 2003) Weber, na dcada de 20, na Alemanha, publicou estudos sobre as organizaes formais identificando-lhes caractersticas comuns que passaram a constituir o tipo ideal de burocracia. Com o passar do tempo, evidenciou-se que as caractersticas desejveis ao funcionamento racional das organizaes e ao alcance de sua eficincia se transformavam em disfunes.

    Assinale a opo que descreve corretamente uma das disfunes da burocracia.

    a) A burocracia tem normas e regulamentos escritos que regem seu funcionamento, definindo direitos e deveres dos ocupantes de cargos.

    b) Numa burocracia os cargos so estabelecidos segundo o princpio da hierarquia, onde a distribuio de autoridade serve para reduzir ao mnimo o atrito.

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    c) Na burocracia a diviso de trabalho leva cada participante a ter funes especficas e uma esfera de competncia e responsabilidade.

    d) A burocracia tem normas e regulamentos que se transformam de meios em objetivos, tornando o funcionrio um conhecedor de procedimentos.

    e) A burocracia se caracteriza pela impessoalidade, pois o poder de cada pessoa, como a obedincia do subordinado ao seu superior, deriva do cargo que ocupa.

    Esta questo busca confundir o candidato com a mistura de caractersticas da Burocracia com seus problemas (ou disfunes). A nica alternativa que mostra uma disfuno a letra D.

    A superconformidade s regras e regulamentos, ou seja, a busca dos servidores por cumprir todas as regras e regulamentos acaba por fazer com que estas regras sejam um fim, e no um meio para que a mquina pblica melhor atenda aos cidados.

    Esta uma disfuno comum do modelo burocrtico. As outras opes so caractersticas da Burocracia e no disfunes. O gabarito , portanto a letra D.

    8 - (ESAF MPOG APO 2008) O modelo de gesto pblica burocrtico, com base nos postulados weberianos, constitudo de funcionrios individuais, cujas caractersticas no incluem:

    a) liberdade pessoal e obedincia estrita s obrigaes objetivas do seu cargo, estando submetidos a um sistema homogneo de disciplina e controle do servio.

    b) exerccio do cargo como prosso nica ou principal, com perspectiva de carreira: progresso por tempo de servio ou mrito, ou ambas.

    c) competncias funcionais xas em contrato e segundo qualicaes prossionais vericadas em provas e certicadas por diplomas.

    d) apropriao dos poderes de mando inerentes ao cargo (exerccio da autoridade), mas no dos meios materiais de administrao, nem do prprio cargo.

    e) nomeao, numa hierarquia rigorosa dos cargos, sendo remunerados com salrios xos em dinheiro.

    Vejam que esta questo se baseou nas dez caractersticas de Weber para a burocracia. De acordo com o autor, o quadro administrativo em

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    uma burocracia de modelo puro se compe de funcionrios individuais, os quais10:

    So pessoalmente livres; obedecem somente s obrigaes objetivas de seu cargo;

    So nomeados (e no eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;

    Tm competncias funcionais fixas; Em virtude de um contrato, portanto, (em princpio) sobre a

    base de livre seleo segundo; A qualificao profissional no caso mais racional:

    qualificao verificada mediante prova e certificada por diploma;

    So remunerados com salrios fixos em dinheiro; Exercem seu cargo como profisso nica ou principal; Tm a perspectiva de uma carreira: progresso por tempo

    de servio ou eficincia, ou ambas as coisas, dependendo do critrio dos superiores;

    Trabalham em separao absoluta dos meios administrativos e sem apropriao do cargo;

    Esto submetidos a um sistema rigoroso e homogneo de disciplina e controle do servio.

    A nica opo errada a letra D, pois o funcionrio em uma burocracia no se apodera do poder de mando de um cargo. Ele s tem autoridade dentro da lei e dos regulamentos, para atingir as finalidades da instituio (lembre-se que este o modelo terico sabemos que na prtica nem sempre isto ocorre). O gabarito mesmo a letra D.

    9 - (ESAF MPOG APO 2010) Uma das maiores obras de anlise da estruturao e formao do Estado no Brasil foi 'Os Donos do Poder', de Raymundo Faoro. Assinale a opo que no corresponde ao pensamento de Faoro.

    a) A comunidade poltica conduz, comanda, supervisiona os negcios, como negcios privados seus, na origem, como negcios pblicos depois, em linhas que se demarcam, gradualmente.

    b) O sdito e a sociedade se compreendem no mbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domnio: o

    10 (Weber, 2000)

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    patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo - assim porque sempre foi.

    c) O patrimonialismo estatal, no Brasil, incentivou o setor especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado no desenvolvimento econmico sob o comando poltico; para satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu componente civil e militar.

    d) O brasileiro que se distingue h de ter prestado sua colaborao ao aparelhamento estatal, no na empresa particular, no xito dos negcios, nas contribuies cultura, mas numa tica confuciana do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae aprovado de cima para baixo.

    e) Na peculiaridade histrica brasileira, a camada dirigente atua em nome do interesse pblico, servida dos instrumentos polticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas foras sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhes a agressividade transformadora, para incorpor-las a valores prprios, muitas vezes mediante a adoo de uma ideologia diversa, se compatvel com o esquema de domnio.

    Esta questo bastante complexa para os no-iniciados no estudo de Administrao Pblica, mas pode ser decifrada com uma leitura cuidadosa do seu texto. A alternativa E logo pula como a incorreta, pois no patrimonialismo a camada dirigente no atua em nome do interesse pblico, mas em prprio interesse.

    O texto correto da obra de Faoro diz o seguinte:

    Na peculiaridade histrica brasileira, todavia, a camada dirigente atua em nome prprio, servida dos instrumentos polticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas foras sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhe a agressividade transformadora, para incorpor-las a valores prprios, muitas vezes mediante a adoo de uma ideologia diversa, se compatvel com o esquema de domnio.

    Deste modo, o nosso gabarito a letra E.

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    10 - (ESAF MPOG EPPGG 2008) Os tipos primrios de dominao tradicional so os casos em que falta um quadro administrativo pessoal do senhor. Quando esse quadro administrativo puramente pessoal do senhor surge, a dominao tradicional tende ao patrimonialismo, a partir de cujas caractersticas formulou-se o modelo de administrao patrimonialista. Examine os enunciados a seguir, sobre tal modelo de administrao, e marque a resposta correta.

    1. O modelo de administrao patrimonialista caracteriza-se pela ausncia de salrios ou prebendas, vivendo os "servidores" em camaradagem com o senhor a partir de meios obtidos de fontes mecnicas.

    2. Entre as fontes de sustento dos "servidores" no modelo de administrao patrimonialista incluem-se tanto a apropriao individual privada de bens e oportunidades quanto a degenerao do direito a taxas no regulamentado.

    3. O modelo caracteriza-se pela ausncia de uma clara demarcao entre as esferas pblica e privada e entre poltica e administrao; e pelo amplo espao arbitrariedade material e vontade puramente pessoal do senhor.

    4. Os "servidores" no possuem formao profissional especializada, mas, por serem selecionados segundo critrios de dependncia domstica e pessoal, obedecem a formas especficas de hierarquia patrimonial.

    a) Esto corretos os enunciados 2, 3 e 4.

    b) Esto corretos os enunciados 1, 2 e 3.

    c) Esto corretos somente os enunciados 2 e 3.

    d) Esto corretos somente os enunciados 1 e 3.

    e) Todos os enunciados esto corretos.

    Esta questo, que analisa o patrimonialismo, e tem uma afirmativa considerada incorreta pela banca. A primeira frase est errada porque o patrimonialismo no se caracteriza pela ausncia de salrios e prebendas (uma ocupao que te traz renda com pouco trabalho).

    Naturalmente, o patrimonialismo est relacionado exatamente estas prebendas (como os casos em que um poltico emprega seu filho no seu gabinete, mas este nunca aparece para o trabalho).

    No caso da afirmativa de nmero quatro, aparentemente a banca considerou a frase obedecem a formas especficas de hierarquia patrimonial incorreta. No meu entender, no deixa de existir uma certa hierarquia, mesmo que informal, no patrimonialismo. Entretanto, a

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    banca considerou esta afirmativa como equivocada. Desta forma, o gabarito a letra C.

    11 - (ESAF CGU / AFC 2008) Indique a opo que apresenta respectivamente o objetivo central do modelo burocrtico de gesto e suas principais caractersticas.

    a) Qualidade - profissionalismo, transparncia e especializao.

    b) Produtividade - hierarquia, descentralizao e padronizao.

    c) Eficincia - padronizao, descentralizao e autonomia.

    d) Coordenao - especializao, hierarquia e centralizao.

    e) Controle - impessoalidade, hierarquia e formalismo.

    Questo interessante. O trip essencial do modelo burocrtico : o profissionalismo, a formalizao e a impessoalidade. Alm disso, de acordo com Weber, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo puro se compe de funcionrios individuais, os quais11:

    So pessoalmente livres; obedecem somente s obrigaes objetivas de seu cargo;

    So nomeados (e no eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;

    Tm competncias funcionais fixas; Em virtude de um contrato, portanto, (em princpio) sobre

    a base de livre seleo segundo; A qualificao profissional no caso mais racional:

    qualificao verificada mediante prova e certificada por diploma;

    So remunerados com salrios fixos em dinheiro; Exercem seu cargo como profisso nica ou principal; Tm a perspectiva de uma carreira: progresso por

    tempo de servio ou eficincia, ou ambas as coisas, dependendo do critrio dos superiores;

    Trabalham em separao absoluta dos meios administrativos e sem apropriao do cargo;

    Esto submetidos a um sistema rigoroso e homogneo de disciplina e controle do servio.

    11 (Weber, 2000)

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    Assim, o modelo burocrtico no se caracteriza pela busca da qualidade, da descentralizao, da autonomia ou da coordenao (um princpio da cincia da Administrao). Dessa maneira, o gabarito a letra E.

    12 - (ESAF CGU / AFC 2008) Considerando a diferenciao conceitual para fins didticos dos modelos patrimonialista, burocrtico e gerencial da administrao pblica no Brasil, selecione a opo que conceitua corretamente o modelo burocrtico de gesto.

    a) Estado centralizador, onipotente, intervencionista e espoliado por uma elite que enriquece e garante privilgios por meio de excluso da maior parte da sociedade.

    b) Estado centralizador, profissional e impessoal que busca a incorporao de atores sociais emergentes e estabelece normas e regras de funcionamento.

    c) Estado desconcentrado que privilegia a delegao de competncias para os municpios e foca o controle social de suas aes.

    d) Estado coordenador de polticas pblicas nas trs esferas da federao, visando desburocratizao dos processos governamentais.

    e) Estado descentralizado que tem como foco de suas aes o contribuinte, que visto como cliente dos servios pblicos.

    O modelo burocrtico se caracteriza pelo trip: formalismo, profissionalizao e impessoalidade. A alternativa que melhor descreve o modelo burocrtico a letra B. A letra A est errada, pois cita defeitos do modelo na prtica e no seu modelo ideal.

    A letra C est errada, pois o modelo burocrtico no tem a descentralizao (ou desconcentrao) como um de seus princpios. Tampouco o controle social est previsto.

    Na letra D, no faz sentido citar a desburocratizao como um dos princpios da burocracia, no mesmo? A letra E tambm est errada, pois a preocupao com um atendimento de qualidade ao cliente no uma de suas caractersticas. Assim, o gabarito mesmo a letra B.

    13 - (ESAF STN AFC - 2008) Para Max Weber, burocracia a organizao eficiente por excelncia. Ele destaca que este modelo possui caractersticas que lhe so prprias e inmeras vantagens em relao a outras formas. Entretanto, suas disfunes fazem

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    com que o conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as opes a seguir e marque a resposta correta.

    i) A burocracia baseada em caractersticas que tm como consequncia a previsibilidade do comportamento humano e a padronizao do desempenho dos participantes, cujo objetivo final a mxima eficincia da organizao.

    ii) Weber viu inmeras vantagens que justificam o avano da burocracia sobre as demais formas de associao.

    iii) A burocracia apresenta disfunes que tm como consequncia a previsibilidade do funcionamento da organizao.

    iv) Weber entendia que as caractersticas da burocracia contribuam, em parte, para a segurana dos processos organizacionais.

    a) Esto corretos os enunciados i, iii e iv.

    b) Esto corretos os enunciados ii, iii e iv.

    c) Esto corretos somente os enunciados i e iii.

    d) Esto corretos somente os enunciados i e ii.

    e) Todos os enunciados esto corretos.

    A primeira frase est correta. Lembrem-se de que a questo fala do modelo ideal de Weber, no sua aplicao na prtica! A teoria da Burocracia buscava uma maior previsibilidade do comportamento das pessoas e das organizaes e uma maior eficincia.

    A segunda afirmativa tambm est correta e dispensa muitos comentrios. Naturalmente, Weber vislumbrava o modelo burocrtico como superior ao modelo patrimonialista, por exemplo.

    J a terceira frase est incorreta. A burocracia apresenta diversas disfunes na prtica, mas a previsibilidade do funcionamento da organizao no uma delas. Isto seria um objetivo do modelo, no um problema.

    Finalmente, a quarta frase tambm est errada, pois Weber no faz esta relao entre o modelo burocrtico e a segurana dos processos. O gabarito , assim, a letra D.

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    Gerencialismo - A Nova Gesto Pblica.

    Durante as dcadas de 70 e 80 do sculo passado, muitos governos passaram por momentos difceis, com uma economia em recesso e choques externos (como os do petrleo em 73 e 79), que levaram a uma crescente dificuldade destes governos em manter o Estado de bem-estar (srie de bens e servios fornecidos pelo Estado a qualquer cidado educao e assistncia mdica gratuitas, renda mnima, auxlio desemprego etc.).

    Alm disso, a crise dificultou a manuteno do investimento estatal, que foi a alavanca do crescimento econmico de vrias economias at aquele momento12.

    No caso do Brasil, o modelo de desenvolvimento era baseado em pesados investimentos estatais em infraestrutura e na criao de diversas empresas pblicas para induzir o crescimento da economia nacional.

    Principalmente nos anos 60 e 70, o governo brasileiro utilizou o Estado para buscar esse aumento do crescimento econmico. O investimento direto em diversas reas (como a petroqumica e a siderurgia) foi a base deste processo. Com a crise internacional, o Estado brasileiro viu-se impossibilitado de continuar a impulsionar a economia desta forma.

    A crise fiscal foi tambm um importante fator complicador, pois ficou cada vez mais difcil para o pas rolar13 as dvidas antigas e financiar os dficits. Portanto, era primordial reduzir os gastos governamentais.

    Naquele momento, o aumento de impostos no era visto pelo governo como uma alternativa palatvel ou aceitvel, pois os cidados tinham uma percepo extremamente negativa da capacidade da mquina estatal de utilizar os recursos pblicos.

    Nesse contexto, a dvida externa brasileira cresceu enormemente e o Brasil acabou declarando moratria (dando o famoso calote) desta dvida junto com diversos pases latinoamericanos.

    Desta forma, o incio da dcada de 80 foi marcado por um baixo crescimento econmico por parte da maioria destes pases. Este perodo econmico da histria brasileira e sul-americana ficou conhecido como a dcada perdida.

    12 (Abrucio, 1997) 13 rolar uma dvida significa pagar o valor devido com uma dvida antiga com o dinheiro de uma nova dvida.

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    A crise do Estado levou a uma crescente crtica ao modelo burocrtico, visto como causador de lentido, ineficincias e gastos excessivos. O governo era visto como um gastador perdulrio, que no tinha eficincia e prestava um pssimo servio aos cidados.

    Na busca por uma soluo para superar a crise, a alterao do modelo de gesto burocrtico, com suas formalidades e ineficincias, era uma dos temas discutidos.

    Muitos tericos iniciaram ento uma busca por melhores prticas e foram ao encontro de vrias iniciativas j em curso na administrao empresarial. O setor privado era visto como mais eficiente e detentor de um modelo mais avanado de gesto.

    Para ganhar eficincia, o setor pblico deveria eliminar processos desnecessrios, formalidades que no agregassem valor ao servio e controles em excesso.

    O setor estatal passou a adotar ento o discurso de descentralizao, da inovao, do foco nas necessidades do cliente, da estrutura mais flexvel e enxuta que j existia no setor privado.

    O grfico abaixo resume o contexto em que o modelo gerencial foi introduzido. Este processo ocorreu inicialmente na Inglaterra e Estados Unidos (com os governos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan), e depois nos demais pases desenvolvidos.

    Figura 1 - contexto da introduo do gerencialismo

    Essa nova concepo do Estado, em que se comeou a implantar uma administrao gerencial, chamada tambm de Nova Gesto Pblica (New Public Management ou NPM em ingls).

    Todavia, no podemos ver a administrao gerencial como uma negao da Burocracia j que ela mantm diversas caractersticas, como a meritocracia, a avaliao de desempenho, a noo de carreira, entre outras. Ou seja, a administrao gerencial deve ser

    Crise Econmica

    Crise do Estado

    Crtica ao Modelo

    Burocrtico

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    vista como uma evoluo do modelo burocrtico, pois aproveita diversos de seus aspectos.

    Uma das principais diferenas entre o modelo burocrtico e o modelo gerencial est na funo controle, que deve deixar de ser efetuado com base em processos e procedimentos (a priori ou ex-ante) para ser efetuado com base em resultados (a posteriori ou ex-post).

    Veja abaixo um texto do PDRAE14 que aborda este tpico:

    A administrao pblica gerencial constitui um avano e at um certo ponto um rompimento com a administrao pblica burocrtica. Isto no significa, entretanto, que negue todos os seus princpios. Pelo contrrio, a administrao pblica gerencial est apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princpios fundamentais, como a admisso segundo rgidos critrios de mrito, a existncia de um sistema estruturado e universal de remunerao, as carreiras, a avaliao constante de desempenho, o treinamento sistemtico. A diferena fundamental est na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e no na rigorosa profissionalizao da administrao pblica, que continua um princpio fundamental.

    14 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

    Nova Gesto Pblica - controle

    finalstico ou "a posteriori"

    Burocracia - controle dos

    processos ou "a priori"

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    Um dos autores mais importantes quando estudamos este tema Bresser Pereira. De acordo com ele15, o modelo burocrtico baseado em uma mentalidade de desconfiana total em relao aos servidores pblicos.

    Esta desconfiana a premissa bsica de todos estes controles de procedimentos. Se no confiamos na honestidade e capacidade de deciso dos servidores, controlamos todos os seus atos nos mnimos detalhes, no mesmo?

    O problema que isto acarreta uma rigidez muito grande e uma dificuldade em lidar com problemas especficos e localizados, j que as leis no conseguem abranger todas as especificidades de um problema.

    Alm disso, se a pessoa que est executando uma tarefa no tem nenhuma liberdade de deciso, ou seja, deve apenas cumprir um regulamento detalhado, no se compromete com o resultado da ao.

    Assim, o agente pblico cumpre o regulamento, mesmo sabendo que aquela ao resultar em demora no atendimento, falta de materiais, etc. Mais importante do que o resultado (atender bem ao cidado, por exemplo) ter cumprido a regra.

    Para tentar resolver esse problema, o modelo gerencial prega que o Estado deveria ter um grau de confiana limitado em relao aos seus servidores. Veja o texto original de Bresser:

    Algumas caractersticas bsicas definem a administrao pblica gerencial. orientada para o cidado e para a obteno de resultados; pressupe que os polticos e os funcionrios pblicos so merecedores de um grau real ainda que limitado de confiana.

    Ou seja, deve-se dar autonomia ao servidor e cobrar resultados. O objetivo no pode ser que ele cumpra 497 regulamentos diversos e sim que os objetivos e metas dos rgos sejam alcanados. A ideia valorizar a capacidade de tomada de deciso e o empreendedorismo do servidor.

    Outra ideia a de competio. Para muitos tericos do gerencialismo (como Gaebler e Osborne16), o problema da falta de eficincia e eficcia de muitos rgos pblicos pode ser debitado ao monoplio destes rgos na prestao de servios pblicos.

    Desta maneira, a Polcia Federal teria pouca preocupao em acelerar a emisso de passaportes, por exemplo, pois o cidado no teria outra opo para conseguir este servio. No d pra ir Anatel e tirar um passaporte, no mesmo? Assim, o infeliz do cidado ter de esperar na

    15 (Bresser Pereira, 2001) 16 (Osborne & Gaebler, 1992)

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    fila. Para estes autores, este monoplio deveria ser quebrado sempre que possvel.

    Veja abaixo no grfico os objetivos do modelo gerencial, de acordo com o PDRAE:

    Figura 2 - Objetivos do gerencialismo

    Vamos ver algumas questes relacionadas a estes temas?

    14 - (ESAF ANA ANALISTA 2009) Com a chegada da famlia real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. Joo VI. Sobre a forma de administrao pblica vigente naquele perodo, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administrao pblica:

    a) burocrtica, pois, a despeito das inovaes trazidas por D. Joo VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extenso do poder do soberano, no havendo diferenciao entre a res publica e a res principis.

    b) gerencial, com foco na racionalizao e na qualidade dos servios pblicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econmico e social de sua ento colnia.

    c) patrimonialista, pois, a despeito das inovaes trazidas por D. Joo VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extenso do poder do soberano, no havendo diferenciao entre a res publica e a res principis.

    d) burocrtica, com foco na racionalizao e na qualidade dos servios pblicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econmico e social de sua ento colnia.

    e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupo, centrou suas aes na profissionalizao e na hierarquia funcional

    Definio precisa dos objetivos que o

    administrador pblico dever atingir em sua

    unidade

    Garantia de autonomia do administrador

    na gesto dos recursos humanos, materiais

    e financeiros ,para que possa atingir os

    objetivos contratados

    Controle ou cobrana a posteriori dos

    resultados

    Competio administrada no interior do

    prprio Estado

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    dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inmeros controles administrativos.

    Pessoal, a fase do imprio um exemplo clssico de administrao patrimonialista no Brasil. Deste modo, a primeira alternativa est incorreta, pois o modelo de gesto no era o burocrtico naquele momento. A letra A descreve corretamente o que ocorreu na poca, mas trocou o patrimonialismo pelo modelo burocrtico.

    A letra B tambm est errada, pois Dom Joo no tinha nenhum destes objetivos e tampouco existia o modelo gerencial naqueles tempos. J a letra C est correta e o nosso gabarito.

    Entretanto, na letra D a banca mais uma vez trouxe o modelo burocrtico, que no foi adotado por Dom Joo. Na letra E, o problema que o modelo patrimonial de Dom Joo no centrou esforos no combate da corrupo e nem profissionalizou sua mquina. Assim sendo, o gabarito mesmo a letra C.

    15 - (ESAF CGU AFC 2004) Ao longo de sua histria, a administrao pblica assume formatos diferentes, sendo os mais caractersticos o patrimonialista, o burocrtico e o gerencial. Assinale a opo que indica corretamente a descrio das caractersticas da administrao pblica feita no texto a seguir.

    O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimnios pblico e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos processos de democratizao, institui-se uma administrao que usa, como instrumentos, os princpios de um servio pblico profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

    a) Patrimonialista e gerencial

    b) Patrimonialista e burocrtico

    c) Burocrtico e gerencial

    d) Patrimonialista, burocrtico e gerencial

    e) Burocrtico

    A primeira situao (nepotismo, clientelismo e interpermeabilidade dos patrimnios pblicos e privados) caracterstica do modelo patrimonialista.

    J o modelo que se baseia no trip: impessoalidade, profissionalismo e racionalidade a burocracia. O modelo gerencial tambm racional e impessoal, mas a formalidade mata a charada,

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    pois caracterstica do modelo burocrtico. Portanto, o gabarito a letra B.

    16 - (CESPE TRE-BA /ANAL JUD - ADMINISTRATIVA 2010) A administrao pblica burocrtica se alicera em princpios como profissionalizao, treinamento sistemtico, impessoalidade e formalismo, que so abandonados medida que a administrao pblica gerencial, calcada na eficincia e na eficcia, se sobrepe ao modelo burocrtico.

    O erro da questo que nem todos estes princpios do modelo burocrtico citados so abandonados pelo modelo gerencial, mas sim incorporados ao modelo gerencial.

    Portanto, o modelo gerencial uma ruptura somente com alguns aspectos da burocracia (o formalismo, por exemplo), mas podemos dizer que se apoia em vrios de seus princpios (profissionalizao, meritocracia, etc.). Assim, o gabarito questo errada.

    Continuando nossa aula, outro ponto trabalhado por Bresser a noo de que se deve coibir uma forma de privatizao do Estado, que ele chama de Rent-seeking (ou a busca pela renda/recurso, em traduo livre).

    O termo privatizao no est sendo aqui usado com o significado de venda de empresas estatais, como geralmente conhecido! A ideia a de que o recurso pblico est se destinando a um interesse privado (interesses de grupos de presso, de partidos etc.). Veja outro texto de Bresser abaixo:

    A administrao pblica gerencial, por sua vez, assume que se deve combater o nepotismo e a corrupo, mas que, para isto, no so necessrios procedimentos rgidos. Podem ter sido necessrios quando dominavam os valores patrimonialistas; mas no o so hoje, quando j existe uma rejeio universal a que se confundam os patrimnios pblico e privado. Por outro lado, emergiram novas modalidades de apropriao da res publica pelo setor privado, que no podem ser evitadas pelo recurso aos mtodos burocrticos. Rent-seeking quase sempre um modo mais sutil e sofisticado de privatizar o Estado e exige que se usem novas contra-estratgias. A administrao gerencial a descentralizao, a delegao de autoridade e de responsabilidade ao gestor pblico, o rgido controle sobre o desempenho, aferido mediante indicadores acordados e definidos por contrato alm de ser uma

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    forma muito mais eficiente para gerir o Estado, envolve estratgias muito mais efetivas na luta contra as novas modalidades de privatizao do Estado.

    Assim, o termo privatizao utilizado na frase no como venda regular de um patrimnio pblico iniciativa privada, mas como o parasitismo do Estado, como o prprio Bresser define: Rent-seeking definido como a atividade de indivduos e grupos de buscar rendas extra-mercado para si prprios atravs do controle do Estado.

    A palavra tem origem na teoria econmica neoclssica, onde um dos sentidos da palavra rent exatamente o ganho que no tem origem nem no trabalho, nem no capital.

    Este o caso de grupos poderosos que se aproveitam de seu poder de influenciar o governo para receber recursos que no deveriam estar recebendo. Temos atualmente inmeros casos de sindicatos, por exemplo, que recebem recursos pblicos sem ter prestado nenhum servio sociedade, apenas por seu poder de ajudar ou atrapalhar o governante de ocasio!

    Desta forma, veja no quadro abaixo um resumo das principais caractersticas da Administrao Gerencial:

    Figura 6 - Caractersticas do modelo gerencial

    Outras caractersticas marcantes do novo modelo gerencial so: a demanda por maior autonomia aos gestores pblicos (financeira, material e de recursos humanos), a definio clara de quais sero os objetivos que os gestores devem buscar, a descentralizao administrativa, o incentivo inovao, a maior flexibilidade, a preocupao com as necessidades dos

    Cobrana de Resultados "a

    posteriori"

    Maior Autonomia e

    Flexibilidade

    Incentivo Inovao e foco na

    qualidade

    Descentralizao e

    preocupao com os

    "clientes"

    Administrao

    Gerencial

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    clientes, o foco na qualidade dos servios pblicos e uma estrutura hierrquica mais achatada e flexvel.

    O modelo de administrao gerencial no surgiu pronto. Este teve uma evoluo que podemos classificar em trs momentos: inicia-se com o que chamamos de gerencialismo puro (ou managerialism), depois se volta para o consumerism e o PSO - Public Service Orientation.

    Como j vimos, as reformas administrativas implantadas nos pases anglo-saxes a partir dos anos 70 do sculo passado, e depois disseminadas para os outros pases, ficaram conhecidas pelo nome de Nova Gesto Pblica (ou New Public Management NPM).

    De acordo com Paula17:

    a partir da dcada de 1970, a tentativa de adaptar e transferir os conhecimentos gerenciais desenvolvidos no setor privado para o setor pblico comeou a se tornar preponderante, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos. Esta viso alcanou o seu auge nos anos 1980 com a emergncia da new public management ou nova administrao pblica.

    Estas reformas foram causadas pelas crises fiscais destes pases e geraram uma reviso do papel do Estado na economia e uma noo de que o atendimento aos cidados devia ser prestado com mais qualidade.

    Alm disso, a definio e o controle de resultados, atrelados a mecanismos como os contratos de gesto, buscaram associar, administrao pblica, um novo paradigma de gesto que viesse substituir o modelo burocrtico.

    Assim, existiram trs principais fases destas reformas: O Gerencialismo Puro, o Consumerism e o Public Service Orientation.

    Veja outra questo abaixo:

    17 - (ESAF RFB AFRF 2009) Considerando os modelos tericos de Administrao Pblica, incorreto afirmar que, em nosso pas:

    a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrtico incorporasse valores de eficincia, eficcia e competitividade.

    b) o patrimonialismo pr-burocrtico ainda sobrevive, por meio das evidncias de nepotismo, gerontocracia e designaes para cargos pblicos baseadas na lealdade poltica.

    17 (Paula, 2005)

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    c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores pblicos, a linguagem e as ferramentas da administrao privada.

    d) no Ncleo Estratgico do Estado, a prevalncia do modelo burocrtico se justifica pela segurana que ele proporciona.

    e) tal como acontece com o modelo burocrtico, o modelo gerencial adotado tambm se preocupa com a funo controle.

    O erro da primeira questo est relacionado com a ordem dos fatores. O que ocorreu foi que o modelo gerencial incorporou caractersticas do modelo burocrtico (como a noo de profissionalismo) e no que o modelo burocrtico incorporou valores do modelo gerencial.

    As alternativas restantes esto corretas. Assim, o gabarito mesmo a letra A.

    Gerencialismo Puro - Managerialism

    O primeiro impulso da Nova Gesto Pblica (NPM) veio com o gerencialismo puro (ou managerialism em ingls). De acordo com Abrucio18, a Inglaterra, no governo Thatcher em 1979, foi um dos primeiros pases a adotar os conceitos do NPM.

    O contexto era de exausto das finanas do Estado e de incapacidade do mesmo em atender a todas as demandas sociais que a sociedade cobrava. Neste primeiro momento, as primeiras aes buscaram reduzir custos e pessoal.

    O objetivo era devolver ao Estado a condio de investir atravs da reduo de custos e do aumento da eficincia. Dentro deste prisma, estava toda uma estratgia de reposicionar o papel do Estado na sociedade, reduzindo o nmero de atividades que eram exercidas. O primeiro impulso deste modelo, portanto, foi na direo de melhorar as finanas e a produtividade dos rgos pblicos.

    A burocracia era vista como excessivamente rgida e centralizadora na poca, tornando o Estado lento e pouco responsivo s demandas do meio externo. Alm disso, acabou gerando uma mentalidade no setor pblico de busca do cumprimento de regras e regulamentos, e no dos resultados.

    Dentre as iniciativas de Thatcher estavam: a privatizao, a desregulamentao, a reduo de cargos pblicos, a definio

    18 (Abrucio, 1997)

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    clara dos objetivos de cada setor e outras com o intuito de reduzir os gastos. O movimento ficou conhecido como rolling back the state, algo como retrao da mquina estatal.

    De acordo com Jenkins19:

    Thatcher se comprometeu a mudar este modo de funcionamento do servio pblico (centralizao administrativa), aumentando a eficincia administrativa do Estado. Suas primeiras medidas foram reduzir o tamanho da mquina e o seu custo: a administrao central passou de 700 mil para aproximadamente 600 mil funcionrios. Em seguida, aprimorou o gerenciamento por meio das aes da Efficient Unit, que tinha como objetivo acompanhar as melhorias na administrao do servio pblico e executar avaliaes do desempenho dos servidores.

    Nesta viso, o cidado encarado pelo Estado como contribuinte (financiador do Estado), que deve ter seus recursos gastos de maneira mais consciente.

    Assim, foi implantada aos poucos uma administrao voltada para os resultados, com uma maior flexibilidade e descentralizao dos gestores pblicos, em vista a um ganho esperado de eficincia, que ao final acabou ocorrendo pelo menos na tica do gasto pblico.

    Como falamos acima, o gerencialismo buscou aumentar a eficincia do setor pblico. Mas, aps os primeiros resultados, viu-se que o setor pblico no deveria apenas se preocupar com a eficincia, mas principalmente com a efetividade. Vamos relembrar rapidamente estes conceitos?

    19 (Jenkins, 1998) apud (Abrucio, 1997)

    Aumento da eficincia

    e reduo de custos

    Alvo do

    Gerencialismo

    Puro

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    Figura 7 - Eficincia, eficcia e efetividade

    Portanto, o gerencialismo puro buscava mais a eficincia, relacionada gesto dos recursos, do que a efetividade o efeito ou impacto na realidade social decorrentes das aes do governo.

    De acordo com Paula20, as caractersticas principais deste modelo foram:

    Descentralizao do aparelho de Estado, que separou as atividades de planejamento e execuo do governo e transformou as polticas pblicas em monoplio dos ministrios;

    Privatizao das estatais; Terceirizao dos servios pblicos; Regulao estatal das atividades pblicas conduzidas pelo

    setor privado; Uso de ideias e ferramentas gerenciais advindas do setor

    privado.

    20 (Paula, 2005)

    Fazer bem alguma tarefa

    Utilizar da melhor forma os recursos

    Relacionado ao modo, ao meio de se fazerEficincia

    Fazer a coisa certa

    Atingir os resultados e metas

    Relacionado aos finsEficcia

    Impacto das aes

    Mudar a realidadeEfetividade

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    Consumerism

    Desta forma, o gerencialismo puro recebeu muitas crticas, pois a reduo de custos e o aumento da eficincia no podiam ser o nico objetivo das reformas. Mas o retorno burocracia no era mais visto como uma soluo aceitvel.

    O que faltava no modelo era a viso de que os servios deveriam ser prestados com qualidade e com foco nas necessidades dos clientes e no com base nas necessidades da mquina pblica.

    Esta nova viso no renegou os princpios do gerencialismo puro, mas acrescentou outras variveis e prioridades. Foi o incio do que chamamos de paradigma do cliente na administrao pblica. A preocupao deixou somente de ser com os custos e a produtividade para ser voltada a fazer melhor entregar servios de qualidade para a sociedade.

    Uma das medidas tomadas neste modelo foi a descentralizao do processo decisrio. A ideia delegar poderes para quem est efetivamente envolvido na prestao do servio ao cliente.

    Ao dar liberdade e autonomia para o servidor pblico que est lidando com o problema diretamente, sem necessitar passar esta informao a um superior e esperar sua resposta, aumentam-se as chances da organizao responder ao problema de forma mais acertada.

    Alm disso, as decises so mais rpidas e o prprio cliente poder acompanhar o processo decisrio e cobrar do agente pblico que gerencia o processo. Pense bem, sempre ser mais fcil cobrar algo de um prefeito do que de um ministro ou Presidente da Repblica, no mesmo?

    Portanto, a fiscalizao sempre ser mais fcil quando o agente pblico que toma a deciso estiver mais prximo do cidado.

    Outra medida foi a tentativa de quebrar o monoplio na prestao de servios dentro da mquina pblica, tentando assim criar uma competitividade dentro do setor pblico e gerando alternativas de atendimento ao cliente.

    Ou seja, devia-se buscar, sempre que possvel, criar alternativas para o cliente na prestao de servios pblicos (como no caso de escolas prximas, por exemplo) e fomentar esta disputa entre estes prestadores de servios pblicos.

    De acordo com Martins21,

    21 (Martins, Burocracia e a revoluo gerencial - a persistncia da dicotomia entre poltica e administrao, 1997)

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    O consumerism consistiu numa segunda resposta, uma reorientao do gerencialismo puro mais voltada racionalizao tendo como ponto central a questo da satisfao das necessidades dos cidados/consumidores de servios pblicos. A nfase deste modelo uma estratgia de qualidade, a ser controlada pelo programa Citizens Charter, cujos resultados apoiavam-se em medidas tais como descentralizao, estmulo competitividade, modelos contratuais flexveis e direcionados para a qualidade.

    Por fim foram criados novos modelos contratuais, que serviriam como uma gesto de resultados no setor pblico.

    As principais crticas direcionadas ao Consumerism vieram

    exatamente do problema de se considerar o cidado um simples cliente, pois apesar de ser uma evoluo do que existia antigamente, no se adapta perfeitamente ao real relacionamento que deve existir entre o Estado e seus cidados.

    O termo cliente traz a noo de tratamento diferenciado aos que realmente utilizam os servios pblicos, enquanto o Estado deve ser isonmico!

    Assim sendo, o bordo comum no setor privado (o cliente sempre tem razo) no se aplica no setor pblico, e no relacionamento entre o Estado e o cidado devem existir direitos e deveres.

    O conceito de cliente VIP tambm seria obviamente inconstitucional, pois o Estado no poderia tratar como especial um cidado por ser um maior contribuinte, no mesmo?

    Imagine se os maiores empresrios do Brasil tivessem uma fila de atendimento prioritrio em um rgo pblico. No seria bem aceito isso pela populao, no verdade? Desta forma, se fez necessria uma nova viso, que iremos ver no Public Service Orientation.

    Alvo do

    Consumerism

    Satisfao do

    cliente

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    Public Service Orientation - PSO

    Com o PSO, que a verso atual ou mais moderna da Nova Gesto Pblica (ou NPM), entra a noo de tratamento no somente como cliente, mas como cidado uma noo mais ampla do que a de cliente, com direitos e deveres. Ou seja, neste caso, o cidado no s pode como deve supervisionar a gesto dos recursos pblicos e o funcionamento do Estado como um todo.

    Os princpios do PSO so temas como a equidade, a justia, a transparncia, a accountability, bem como a participao popular.

    A descentralizao no PSO no vista somente como uma maneira de melhorar os servios prestados, mas como um meio de possibilitar a participao popular, criando-se uma arena que aumente a participao poltica dos cidados.

    Desta forma, busca-se trazer o cidado para dentro da esfera do funcionamento do Estado, de modo que ele possa direcionar a maioria das aes do Estado.

    Veja como Marini22 descreve o PSO abaixo:

    O terceiro, o Public Service Oriented (PSO), est baseado na noo de eqidade, de resgate do conceito de esfera pblica e de ampliao do dever social de prestao de contas (accountability). Essa nova viso, ainda que no completamente delimitada do ponto de vista conceitual, introduz duas importantes inovaes: uma no campo da descentralizao, valorizando-a como meio de implementao de polticas pblicas; outra a partir da mudana do conceito de cidado,