acp - seguranÇa nas agÊncias b postal

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SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ECT NA PARAÍBA, EMPREITEIRAS E SIMILARES - SINTECT – PB FUNDADO EM 08/12/88 - C.G.C. 12.933.198/0001- 45 ASSESSORIA JURÍDICA : Av. Epitácio Pessoa, 201 | sala 301 | Empresarial Ávilla | Torre | CEP. 58030-000 | João Pessoa-PB | Telefones: (83) 8804-1148/ 8896 - 4358. EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA ____ VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA (PB) URGENTE! PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA! O SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ECT NA PARAÍBA, EMPREITEIRAS E SIMILARES – SINTECT/PB, entidade sindical com base no Estado da PARAIBA, inscrita no CNPJ sob nº 12.933.198/0001-45, com sede na Rua Duque de Caxias, nº 105, Centro, João Pessoa (PB), CEP 58010-820, por intermédio de seus advogados que esta subscrevem, constituídos conforme instrumento procuratório anexo (doc. 01), Dr. DANIEL ALVES DE SOUSA, brasileiro, casado, advogado, OAB/PB sob nº 12043 e Dr. JULIERME DE FONTES FERNANDES, brasileiro, solteiro, advogado, OAB/PB nº 15.210, ambos com escritório localizado na Av. Epitácio Pessoa, 201 | sala 301 | Empresarial Ávilla | Torre | CEP. 58030-000 | João Pessoa-PB | Telefones: (83) 8804-1148/ 8896 - 4358, vem à presença de V.Exa., amparado pela lei 7.347/85, tendo em vista os fatos abaixo narrados, que configuram flagrante violação dos artigos 1º e 2º, caput e incisos da Lei nº 7.102, 1

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PARA GARANTIR SEGURANÇA NAS AGÊNCIAS DO BANCO POSTAL

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Page 1: ACP - SEGURANÇA NAS AGÊNCIAS B POSTAL

SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ECT NA PARAÍBA, EMPREITEIRAS E SIMILARES - SINTECT – PB

FUNDADO EM 08/12/88 - C.G.C. 12.933.198/0001-45

ASSESSORIA JURÍDICA: Av. Epitácio Pessoa, 201 | sala 301 | Empresarial Ávilla | Torre | CEP. 58030-000 | João Pessoa-PB | Telefones: (83) 8804-1148/ 8896 - 4358.

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA ____ VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA (PB)

URGENTE!

PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA!

O SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ECT NA PARAÍBA, EMPREITEIRAS E SIMILARES – SINTECT/PB, entidade sindical com base no Estado da PARAIBA, inscrita no CNPJ sob nº 12.933.198/0001-45, com sede na Rua Duque de Caxias, nº 105, Centro, João Pessoa (PB), CEP 58010-820, por intermédio de seus advogados que esta subscrevem, constituídos conforme instrumento procuratório anexo (doc. 01), Dr. DANIEL ALVES DE SOUSA, brasileiro, casado, advogado, OAB/PB sob nº 12043 e Dr. JULIERME DE FONTES FERNANDES, brasileiro, solteiro, advogado, OAB/PB nº 15.210, ambos com escritório localizado na Av. Epitácio Pessoa, 201 | sala 301 | Empresarial Ávilla | Torre | CEP. 58030-000 | João Pessoa-PB | Telefones: (83) 8804-1148/ 8896 - 4358, vem à presença de V.Exa., amparado pela lei 7.347/85, tendo em vista os fatos abaixo narrados, que configuram flagrante violação dos artigos 1º e 2º, caput e incisos da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; art. 1º, incisos III e IV da Constituição Federal, e outros dispositivos legais, com a devida vênia, apresentar:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS NA PARAÍBA – ECT/PB - empresa pública federal, criada pelo decreto-lei n° 509/69, com endereço na BR 230, Km 25, n° 24, Bairro do Cristo Redentor, CEP 58071-000, nesta Capital, e BANCO DO BRASIL S.A - SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DA PARAÍBA, Sociedade de Economia Mista, com endereço na Avenida Júlia Freire, s/nº- Torre CEP:

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58.040-040 - João Pessoa – PB, nos termos em que a seguir passa a expor para ao final requerer:

1. DA NOTIFICAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA ATUAR COMO CUSTOS LEGIS

De antemão, vem requerer a notificação do DD representante do Ministério Público do Trabalho, para atuar como custos legis, como determina o art. 5º, § 1 º da Lei 7.347/85.

2. DA LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO PARA IMPETRAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Não existe dúvidas quanto à legitimidade do sindicato para ajuizar ação civil pública, que decorrer de disposições legais, a iniciar pelo artigo 8.º, inciso III, da Constituição: “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”.

A expressão direitos e interesses tem inspiração no artigo 129, inciso III, da Constituição, ao atribuir competência ao Ministério Público para ajuizar Ação Civil Pública, tratando de “ interesses difusos e coletivos”.

Aplica-se, ainda, como norma do micro sistema jurídico do Direito Coletivo, o artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor, Lei n.º 8.078/90, ao tratar de “ direitos e interesses” dos consumidores:

“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos desde código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria

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ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”.

O Direito Coletivo tem avançado por diversas decisões jurisprudenciais, bem como pelos esforços de processualistas, visando garantir o acesso à justiça a um maior número de pessoas e com maior efetividade. Há uma tendência mundial nesse sentido, a partir dos estudos de Cappelletti e Bryan Garth, como bem explicita o Procurador do Trabalho Marcello Ribeiro Silva, na obra “A Ação Civil Pública e o Processo do Trabalho”, Nacional de Direito Livraria e Editor, Ribeirão Preto/SP, 2001, p. 43/4, para quem algumas ondas de reformas levaram ao estágio atual de coletivização,

...A primeira onda de reforma processual, sentida a partir de 1965, concerne à assistência judiciária às pessoas carentes, permitindo, assim, o acesso à justiça dos indivíduos desprovidos de recursos financeiros. A segunda onda visou, exatamente, proporcionar os instrumentos processuais para garantir a representação em juízo dos interesses metaindividuais e, finalmente, a terceira onda, que teve como foco a garantia da efetividade da prestação jurisdicional.

A respeito da segunda onda, ensina Ives Gandra Martins Filho, “mais do que reforma, foi de uma verdadeira revolução no processo, de forma a abarcar os litígios de ‘direito público', ou seja, proporcionar meios processuais para atender aos chamados interesses difusos, coletivos ou grupais. Para tanto foi necessário superar os cânones do processo civil limitado aos interesses individuais, promovendo o que se denominou de coletivização do processo” (Processo Coletivo do Trabalho, 2.ª Ed., ver. e ampl. SP, LTr, 1996, p. 201).

Para o autor, “defesa coletiva dos interesses metaindividuais (gênero), de que são espécies os interesses difusos, os coletivos estricto sensu e os individuais homogêneos, tornou-se

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possível, assim, a partir da segunda onda de reforma pela qual passou a legislação processual” (p. 43).

Os sindicatos estão legitimados a interpor a Ação Civil Pública em razão das disposições expressas da Constituição Federal, artigo 8.º; da Lei 7.347/85, artigos 5.º e 21; de disposições do Código de Defesa do Consumidor (CDC), artigos 81, parágrafo único, inciso III; artigo 82, inciso IV e 117.

Como exemplo de decisão judicial prolatada pelo TST, vem transcrever a seguinte ementa, da lavra da 5ª Turma, no processo RR - 94093/2003-900-02-00, publicado no DEJT de 07/04/2009:

A C Ó R D Ã O DA 5ª TURMA DO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE.

Superada a controvérsia em torno da legitimidade do sindicato para atuar, como substituto processual, em nome dos integrantes da categoria profissional que representa, não há dúvida de que se encontra autorizado a ajuizar ação civil pública se o direito individual a ser protegido enquadra-se no conceito doutrinário de homogeneidade, quer dizer, vinculado à esfera jurídica de pessoas facilmente identificáveis, além de ser divisível e decorrer de uma realidade fática comum.

Outra decisão:

EMBARGOS. AÇÃO DE NOTIFICAÇÃO DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO.

INTERPOSIÇÃO. SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL. LEGITIMIDADE. Após o cancelamento da Súmula nº 310 do TST, esta Corte tem entendido que a substituição processual prevista no art. 8º, inciso III da Constituição da República abrange as ações decorrentes de direitos ou interesses individuais homogêneos, cujo procedimento consta da Lei nº 8.078/90 (Código de

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Defesa do Consumidor), plenamente aplicável à hipótese, em que se discute a legitimidade do Sindicato em propor ação de notificação de interrupção do prazo prescricional. Recurso de Embargos provido (TST-E-RR-443.625/98.2, Rel. Min. Carlos Alberto Reis de Paula, DJU de 03/06/05).

3. DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a) DO BANCO POSTAL

É de conhecimento público e notório que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos firmou um contrato com o Banco do Brasil S.A., com vistas a dar continuidade ao chamado “Banco Postal”. O contrato prevê que todas as agências dos correios passem a atuar como agências do Banco Postal. Informe-se que anteriormente esse convênio era com o Bradesco S.A.

Todo o processo de criação e instalação do Banco Postal foi veiculado na mídia escrita, falada e televisionada, sendo público e notório que os correios realizam funções típicas de banco, com todos os riscos inerentes, inclusive de assaltos.

Ocorre que, apesar de sujeitas aos mesmos riscos a que estão submetidas as agências bancárias, as agências dos correios não estão equipadas com os dispositivos de segurança, nem tampouco estão contando com profissionais (vigilantes) adequados a minimizar esses riscos.

Pois bem, Excelência, hoje o Banco Postal é uma realidade, e os Correios, juntamente com o Banco do Brasil, têm auferido lucros enormes com esta atividade, sem, contudo, cercarem-se dos cuidados com a segurança que a atividade exige, haja vista que os bancos lidam com grande quantidade de numerário, o que atrai a atuação de meliantes.

A situação é grave e extremamente delicada, pois envolve a segurança pessoal dos clientes e dos funcionários dos Correios. Ainda mais se levado em conta que o Banco do Brasil não teve que investir um real em imóvel ou contratação de pessoal. Aproveitou toda a rede de agências postais, transformando-as em agências do Banco Postal, devendo, pois dota-los de sistemas de segurança que garanta a segurança dos trabalhadores dos correios, bem como dos seus clientes.

Dando continuidade a dissertação dos fatos, informa este Sindicato autor ao Juízo que os trabalhadores das

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agências dos correios, foram “transformados” de inopino em verdadeiros bancários.

Hoje os empregados da ECT captam clientes e são obrigados a cumprir metas, abrem e encerram contas correntes e poupanças, aceitam depósitos, saques, recebem prestações, entregam cheques devolvidos a clientes, enviam e recebem ordens de crédito, enfim, fazem tudo que um bancário faz, ainda tem que encontrar tempo para enviar e receber correspondência, SEDEX, Telegramas e encomendas, que era a atividade precípua dos Correios.

Por fim, aduz-se que as agências, inicialmente projetadas e doadas para uma finalidade (apenas para o recebimento e envio de cartas e encomendas), sem qualquer obra física que as adaptassem a nova atividade, foram transformadas em agências bancárias.

Sem medo de errar, aduz o Sindicato autor que pela atividade financeira desenvolvida, deveria, com efeito, as agências do Banco Postal serem dotadas de meios que garantissem segurança ao menos a segurança dos trabalhadores.

Se os correios e o Banco do Brasil não se preocupam com o dinheiro que é roubado pelos ladrões, que certamente deve ser segurado e contabilizado como perda, deveriam pelo menos se preocuparem com os trabalhadores e clientes, que correm o risco de vida ao lidarem com os recursos pecuniários movimentados na labuta diária, no interior das agências bancárias/Banco Postal.

b) DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS CORREIOS E DO BANCO DO BRASIL PELA SEGURANÇA DOS CONSUMIDORES E FUNCIONÁRIOS

O Código do Consumidor (Lei nº 8.078/90) é por demais claro, vedando as condutas adotadas pelos Correios e Banco do Brasil. Senão vejamos:

"Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações

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insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e reparar os danos causados, na forma prevista neste Código. (destacamos)

É notória a falta de segurança nas agências dos Correios para a realização de operações bancárias, visto que não são disponibilizados guardas armados, circuito interno de TV ou portas giratórias com detector de metais, hoje considerados como elementos mínimos de segurança nas dependências das instituições financeiras em operação no Brasil.

Se o Banco do Brasil se preocupa com a questão da segurança em suas agências, dotando-as de estrutura compatível com os serviços ali prestados, o mesmo tratamento deve ser por ela dispensado às instalações dos Correios, que passaram a desempenhar a mesma atividade.

Por outro lado, o artigo 25 da Lei nº 8.078/90, e seu parágrafo primeiro, estabelecem a responsabilidade solidária perante o consumidor de todos os responsáveis pela prestação do serviço, independentemente de regra legal entre eles .

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue, a obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções anteriores.

§ 1º . Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos respondem

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solidariamente pela reparação prevista nesta e nas Seções anteriores”.

Dispõe a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor):

“Art. 1º. O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

...

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”.

Como ensina EDUARDO GABRIEL SAAD:

“93. O artigo sob comentário, especialmente no seu inciso I, faz-nos ver que objetiva não apenas a reparação dos danos eventualmente causados por defeitos do produto adquirido ou de imperfeições do serviço prestado.

Enfatiza que dentre os direitos básicos do consumidor está a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.

...

É claro que segurança - no Código - não se limita às medidas tendentes a resguardar a saúde do consumidor. Abrange, outrossim, as disposições destinadas a assegurar-lhe o conforto e a proteger seus interesses nas relações de consumo. Não menos certo, porém, que a parte mais expressiva e relevante da segurança diz respeito à saúde do consumidor” (Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, 4ª ed., LTr, págs. 160-189).

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Esta conduta da ECT viola o que determina o artigo 2° da CLT:

Art. 2° - “Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade económica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço." Grifos de agora.

Desejando exercitar a Ré atividade bancária, seu executor deve ser responsabilizado, arcando com os ónus inerentes à esta atividade.

Por outro lado, não podem a ECT e o Banco do Brasil S.A. ditar normas que excedem o âmbito administrativo de suas competências, visto que tais disposições administrativas devem respeitar o texto constitucional, as leis regulamentadoras, legislação em geral, além das fontes subsidiárias a que se reportam.

c) DA AUSÊNCIA DE UM SISTEMA DE SEGURANÇA ADEQUADO NOS CORREIOS DA PARAÍBA

Nas agências dos Correios na Paraíba, o sistema de segurança não atende aos critérios da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, e sequer atende aos requisitos mínimos de segurança exigidos para uma empresa que movimenta grande volume de numerário.

A ECT, no lugar de tomar as providências para cumprir a lei, está demitindo os poucos vigilantes que atualmente trabalham nas suas agências.

De fato, o Sindicato autor tem conhecimento da demissão de, pelo menos, 12 vigilantes, que atuavam em agências dos Correios, as quais ficaram sem nenhum vigilante, pois antes só havia 1 em cada uma delas.

Assim, onde antes já não existia segurança, atualmente está pior.

O sindicato tem conhecimento até de atos obscenos dentro das agências (alguém chegou a querer urinar dentro da agência, à vista dos clientes), bem como de tentativas de agressão contra os atendentes, tudo isto em decorrência da falta de segurança.

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d) DOS ASSALTOS OCORRIDOS NAS AGÊNCIAS DOS CORREIOS DA PARAÍBA

Como prova da necessidade de medidas de segurança adequadas, inexistentes atualmente nas agências dos Correios, vem juntar o Sindicato notícia veiculada na internet no final de 2011, extraída do site: http://expressopb.com/2011/12/numero-de-assaltos-a-agencias-dos-correios-sobe-22-este-ano-na-pb/ onde consta a ocorrência de 65 assaltos só em 2011, mas a própria ECT, a seguir, confessa que foram 72 no ano passado:

Número de assaltos a agências dos Correios sobe 22% este ano na PBAs agências das Empresas Brasileiras de Correios e Telégrafos sofreram pelo menos 65 assaltos em 44 cidades na Paraíba este ano. O número é 22% maior em relação à quantidade de ações criminosas registradas no ano passado, um total de 53. Conforme levantamento baseado em notícias publicadas pelo G1, os alvos preferenciais foram estabelecimentos localizados na região Agreste. Segundo o gerente dos Correios em Campina Grande, José Leite, os pontos mais vulneráveis estão localizados em cidades de pequeno porte e que movimentam grandes quantias de dinheiro.

A notícia apresenta ainda o mapa abaixo, mostrando os locais onde ocorreram os assaltos, praticamente em todas as regiões da Paraíba:

A ECT alegou, de acordo com a notícia acima, que:

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“Em novembro, a empresa divulgou que fez um estudo sobre os pontos de maior risco entre as 236 agências em funcionamento no estado. A partir da análise, foi traçado um plano de segurança a ser colocado em ação a partir de janeiro de 2012, quando os Correios atuarão como correspondentes do Banco do Brasil”.

(...)

“Alegando questão de segurança, a assessoria de imprensa da instituição não divulgou o número oficial de agências atacadas nem o valor do investimento para a segurança, mas adiantou que as ações propostas incluem a contratação de vigilantes e a instalação de portas giratórias nas agências localizadas nos pontos mais ‘vulneráveis’”.

Ocorre, Excelência, que nada foi feito para garantir a segurança dos funcionários e clientes do Banco Postal. Ao contrário do que afirma a ECT não existem pontos mais vulneráveis, pois qualquer agência do Banco Postal é vulnerável em razão da ausência de equipamentos de segurança e vigilantes.

Vem juntar documento da própria ECT onde conta o número de assaltos em 2011.

De acordo Carta 030/2011 – ECT/ASGET/PB, em números oficiais, foram 72 assaltos em 2011 às agências do Banco Postal na Paraíba. Em 2010, esse número foi de 63 (vide docs. em anexo).

E os números não param, no corrente ano já ocorreram diversos assaltos, conforme notícias veiculadas na internet (vide docs. em anexo).

e) DA APLICAÇÃO DA LEI Nº 7.102, DE 20 DE JUNHO DE 1983 EM FACE DA ATIVIDADE FINANCEIRA DA ECT

Referida lei dispõe sobre a segurança para estabelecimentos financeiros e dá outras providências.

No art. 1º da referida, lê-se que é expressamente proibido o funcionamento de qualquer

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estabelecimento financeiro sem sistema de segurança . Toma-se a liberdade de se transcrever para esta peça o art. 1º, com vista de demonstrar ao Juízo a clareza da disposição legal, verbis:

“Art. 1º - É verdade o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentações de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer favorável à sua aprovação, elaborada pelo Ministério da Justiça, na forma desta lei”.

Poderia surgir uma dúvida quanto à aplicação da lei in casu, ou seja: - A lei se aplicaria aos Correios, que detém o monopólio postal no Brasil? A resposta é afirmativa, pois os Correios deixaram de simplesmente entregar correspondências há muito tempo, adentrando em atividades mercantis e operando como verdadeira instituição financeira.

Nem seria o caso de se fazer tamanho exercício de interpretação, se levado em conta que o contrato foi firmado com um Banco (Brasil) para tratar de atividade financeira.

E mais, o legislador quando estabeleceu regras de segurança, pretendeu proteger não o capital do Banco, mas as pessoas envolvidas no trato do dinheiro. Por isso é obrigatória a adoção daqueles itens de segurança. Caso fosse deixado a bel prazer do Banco e dos Correios adotarem sistemas de segurança veríamos o que estamos vendo hoje, ou seja, agências sem qualquer item de segurança e a ocorrência de assaltos, com maior freqüência até do que os que ocorrem nas agências bancárias.

Retornando à vereda inicial, ou melhor, de que a reclamada deve se submeter aos termos da Lei específica sobre segurança em agências bancárias, levando em conta que os Correios, apesar de ser empresa pública encarregada da execução do monopólio postal da União, há muito que deixou de exercer essa atividade de modo predominante, para adentrar na atividade tipicamente bancária.

Dessa forma, portanto aplica-se sem sombras de dúvidas aos correios in casu os termos do caput da referida lei, já que explora através do Banco Postal atividade eminentemente financeira.

Levando-se em conta que as agências postais operam também como agências bancárias, elas se sujeitam, como qualquer estabelecimento financeiro, aos termos da lei nº 7.102, 20

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de junho de 1983, que em seu parágrafo primeiro do art. 1º aduz que:

§ 1º – § 1o   Os estabelecimentos financeiros referidos neste artigo  compreendem  bancos oficiais ou privados, caixas econômicas, sociedades de crédito, associações de poupança, suas   agências, postos de atendimento, subagências e seções , assim como as cooperativas singulares de crédito e suas respectivas dependências (GRIFOS DE AGORA).

Na verdade, os Correios se tornaram um longa manus do Banco do Brasil, beneficiando-se de sua capilaridade, haja vista que em algumas cidades do interior o único banco existente é justamente o Banco Postal.

f) DO SISTEMA DE SEGURANÇA EXIGIDO POR LEI

Fica demonstrado, portanto, que os trabalhadores das agências do Banco Postal, bem como os seus clientes, têm o direito à segurança nas suas dependências, segurança essa que deve ser concedida com o mesmo rigor com que a lei obriga às instituições bancários, em razão da similitude da atividade e, consequentemente, dos riscos que cerca as suas agências, cuja movimentação de numerário é um forte atrativo aos assaltantes.

Chama a atenção de V.Exa. para o fato de que o tratamento dispensado aos trabalhadores das agências dos Correios após a instalação do Banco Postal faz lembrar a célebre citação do eminente RUDOLF VON IHRING 1 , que profetizou: “O padrão pelo qual se medem todas as coisas é exclusivamente o do materialismo mais rasteiro e desolador, o do interesse.”

É urgente a adoção do “Sistema de Segurança” exigido pela Lei, tanto assim que as agências do Banco Postal, para inibir a ocorrência dos assaltos, que têm sido freqüentes, como demonstra com o noticiário da imprensa e da internet.

Levando em conta a necessidade imperiosa da aplicação da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, que prevê em seu art. 2º, que é abaixo transcrito, diz que:

“Art.2º - O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilantes;

1 HERING, Rudolf Von. A Luta pelo Direito. Rio de Janeiro, 2ªEdição, Editora Lúmen Júris, p. 119.

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alarmes capazes de permitir com segurança, comunicação entre estabelecimento financeiro e outro da mesma instiuição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo: e pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos”:

I – equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes;

II – artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, ide ou captura;

III – cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilantes durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário do interior do estabelecimento; (GRIFOS DE AGORA).

Conclui-se então que as agências do Banco Postal devem imediatamente cumprir a lei, ou seja, devem ter ao menos um vigilante, que é a pessoa adequadamente preparada, um dispositivo de alarme capaz de comunicação com outra agência, empresa de segurança, ou com o órgão policial mais próximo e mais um dos itens referidos nos incisos “I a III” do mesmo Artigo.

O critério para instalação desses dispositivos pode ficar a cargo dos Correios, que deve urgentemente contratar vigilantes para servir nas agências e instalar um dispositivo de comunicação em suas agências.

Assim, na busca de meios eficazes para coibir a falta de zelo e cuidado com a vida dos trabalhadores das agências do Banco Postal, o sindicato autor vale-se de medidas extremas e urgentes, citado in casu a assertiva do Mestre Norberto Bobbio, a qual o requerente toma a liberdade de transcrever, in literis:

“O problema que temos diante de nós não consiste em saber qual natureza e fundamento dos direitos, se são naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar de solenes declarações, eles sejam continuamente válidos”. (Grifos de agora).

g) DO DANO MORAL COLETIVO

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Os Correios e o Banco do Brasil devem tomar todas as medidas preventivas a fim de evitar o roubo, ou no mínimo reduzir o risco de violência contra os seus empregados, uma vez que os assaltos não são imprevisíveis a partir da implementação do Banco Postal. Assim não procedendo, resta caracterizada a culpa, gerando o direito à indenização por dano moral coletivo aos empregados submetidos à agressão psicológica de um assalto.

O pagamento de indenização por danos morais coletivos, a ser revertido ao fundo de amparo ao trabalhador serve de medida pedagógica para que os réus cumpram as determinações legais de segurança bancária.

h) PRECEDENTES DOS TRIBUNAIS PÁTRIOS

Vários Tribunais já decidiram esse assunto em outros Estados, tendo pugnado pala procedência da ação para que os réus cumpram a Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, conforme decisões abaixo transcritas:

TRF DA 5ª REGIÃO:

PROCESSO Nº 0004147-10.2011.4.05.0000 AGRAVO DE INSTRUMENTO (AGTR114204-SE) ORGÃO: Segunda Turma PROC. ORIGINÁRIO Nº: 00058952520104058500 - Justiça Federal – SE VARA: 1ª Vara Federal de Sergipe ASSUNTO: Segurança e Medicina do Trabalho - Fiscalização - Atos Administrativos – Administrativo AGRTE: BANCO BRADESCO S/A - BANCO BRASILEIRO DE DESCONTO S/A Advogado/Procurador: JOSE MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO(e outros) - SP012363 AGRDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Parte Interessada: ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS Advogado/Procurador: GEANE MONTEIRO GUIMARAES(e outros) - SE000346B RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS Acórdão Desembargador(a) Federal Relator(a) [Publicado em 12/08/2011 00:00] [Guia: 2011.001138] (M849)

EMENTA. ADMINISTRATIVO - CIVIL - CORRESPONDENTES BANCÁRIOS - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS FIRMADO ENTRE O BANCO BRADESCO S/A E A EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - SERVIÇOS BANCÁRIOS - BANCO POSTAL - ADEQUAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS À LEI Nº 7.102/83 - RESPONSABILIDADE CONJUNTA.1. "Aplica-se aos Bancos Postais todo o sistema de segurança bancário, previsto na Lei nº 7.102/83, pois tal fato não implica desvirtuamento do sistema de correspondentes bancários concebido pela Resolução 2.707/2000 do BACEN, mas, sim, o seu aperfeiçoamento . Apesar da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT - não ter a natureza jurídica de instituição financeira, desempenha atividade bancária na prestação do serviço de Banco Postal, razão pela qual é medida de rigor a aplicação da Lei nº 7.102/83 ao caso dos Autos". (TRF-5ª R. - AC 2006.83.02.000960-6 - 2ª Turma. - Rel. Des. Francisco Barros Dias - DJe 15.01.2010).2. "A atividade financeira, por sua própria natureza, demanda um nível de segurança superior

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aos demais estabelecimentos: por movimentar recursos próprios e de terceiros, essas instituições devem apresentar um sistema de segurança em suas agências, devidamente aprovado pelo Departamento de Polícia Federal. Dessa forma, ao exercer o Serviço Financeiro Postal Especial, a ECT exerce atividades específicas de instituições financeiras, como correspondente bancário, devendo, por isso, obedecer também às normas de segurança próprias desses estabelecimentos. Por tudo isso é que o artigo 1º da lei 7.102/83 deve atingir também o Banco Postal Especial, pois no exercício da atividade de correspondente bancário as agências dos Correios praticam operações bancárias como se banco fosse". (Trecho de Parecer ofertado pelo MPF).3. "Em se fazendo uma interpretação conjunta e sistemática da Resolução nº 3.110/2003 do BACEN c/c o Contrato de Prestação de Serviços firmado entre a EBCT e o Banco Bradesco S/A, verifica-se que a responsabilidade pela adequação dos Bancos Postais às normas de segurança é de ambos os contratantes". (TRF-5ª R. - AC 2006.83.02.000960-6 - 2ª Turma. - Rel. Des. Francisco Barros Dias - DJe 15.01.2010).4. Mantém-se a multa diária fixada, vez que se trata de astreintes que possuem o desiderato de limitar a discricionariedade do obrigado a efetivar as determinações que lhe foram determinadas, em prazo - 180 (cento e oitenta) dias - que se mostra razoável para fins de efetividade da determinação judicial. A fixação de multa encontra guarida no art. 11 da Lei de Ação Civil Pública (Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor), não se aplicando a Súmula 410 do STJ por se referir ao cumprimento de obrigação de fazer já na fase de execução.5. Agravo de instrumento improvido.ACÓRDÃOVistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.Recife/PE, 02 de agosto de 2011. (data do julgamento)Desembargador Federal IVAN LIRA DE CARVALHO(Relator convocado).Grifos de agora.

TRT 16ª REGIÃO (SENTENÇA):

Processo Nº ACP-68400-37.2009.5.16.0016

Processo Nº ACP-684/2009-016-16-00.4

RECLAMANTE Sindicato Dos Trabalhadores Em Empresas De Correios E Telégrafos Do Maranhão - Sintect/Ma

RECLAMADO Banco Bradesco S/A

Advogado(a) Lílian Helena Teixeira De Castro Advogado(a) George Henrique Do Espírito Santo Souza

RECLAMADO Empresa Brasileira De Correios E Telégrafos

6ª VARA DO TRABALHO DE SÃO LUÍS

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Notificação - 016.0684/2009.00

Reclamante: Sindicato dos Trabalhadores Em Empresas de Correios e Telégrafos do Maranhão - Sintect/ma

Advogado: ANTÔNIO EMÍLIO NUNES ROCHA

Reclamados: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS e BANCO BRADESCO S/A

Advogado: Lílian Helena Teixeira De Castro e George Henrique Do Espírito Santo Souza, respectivamente.

Ficam notificados: Antônio Emílio Nunes Rocha, Lílian Helena Teixeira De Castro, George Henrique Do Espírito Santo Souza,

Para: ciência da sentença de fls., cuja conclusão é a seguinte:

"DISPOSITIVO. Ante o exposto, decide-se rejeitar as preliminares de incompetência territorial da Vara do Trabalho, incompetência material da Justiça do Trabalho, modificação da competência por conexão, inépcia da inicial, ilegitimidade ativa para a causa, ilegitimidade passiva para a causa, impossibilidade jurídica do pedido, a impugnação ao valor da causa, e pedido de suspensão ao processo; acolher, em parte, a prejudicial de mérito da prescrição para extinguir, com resolução do mérito, o processo quanto ao pedido de indenização de duas horas extras devidas aos empregados da primeira requerida que trabalharam em Bancos Postais e tiveram o contrato de trabalho rescindido antes de 13/05/2007, nos termos do art. 269, IV, do CPC, e, NO MÉRITO, julgar parcialmente procedentes os pedidos formulados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos do Maranhão SINTECT-MA em face da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT e Banco Bradesco S/A, para: a)condenar a primeira requerida (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT) a promover a licitação para a compra de câmeras de segurança, portas giratórias com detectores de metais e para a contratação de empresa prestadora do serviço de vigilância para as agências do Banco Postal do Maranhão, a ser concluída no prazo de 150 dias para as agências de alto risco e médio alto risco e 180 dias para as agências de baixo risco, conforme indicado na tabela fls. 494/498; b)condenar os requeridos, de forma solidária, ao pagamento indenização por danos morais coletivos, a qual se arbitra em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), valor este que deve ser revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (art. 13 da Lei 7.347/85)"

i) SOBRE A TUTELA INIBITÓRIA

Restou demonstrado a ilegalidade da omissão da empresa ré, que está deixando de cumprir as determinações da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, deixando de instalar os equipamentos e contratar profissionais adequados à minimização dos riscos à segurança dos clientes e empregados.

A tutela almejada na presente demanda é, pois, a preventiva, mais especificamente a denominada pela doutrina de “inibitória”. Referida tutela encontra fundamento no art. 5º, XXXV da Constituição Federal, art. 11 da Lei de Ação Civil Pública, e artigos 83

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e 84 do Código de Defesa do Consumidor.

Ao estabelecer que a “lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito ” (grifos nosso), o constituinte garantiu o direito à tutela preventiva. Neste sentido, leciona Luiz Guilherme Marinoni:

“Ninguém prefere o dano à sua prevenção; negar o direito à prevenção do dano é admitir que cidadão é obrigado a suportar o dano, tendo apenas direito à indenização. Ou o que é pior, é criar um sistema de tutelas onde impera a “monetização” dos direitos, incompatível, como é o óbvio, com os direitos com conteúdo não patrimonial. O artigo 5º, XXXV, da Constituição da República, garante o direito à adequada tutela jurisdicional, e esse, por sua vez, o direito à tutela preventiva , direito ineliminável em um ordenamento jurídico que pretenda tutelar de forma efetiva os direitos .” (Revista de Direito Processual Civil, edição n. 2. Curitiba: Gênesis Editora, 1996) – GRIFOS DE AGORA.

O Código de Defesa do consumidor, editado em 1990, ampliou consideravelmente as hipóteses de cabimento da inibitória, dispondo nos seguintes termos:

Art. 83 do CDC: “...são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”

Art. 84 do CDC: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. " GRIFOS DE AGORA.

Ressalte-se que as normas do Código de Consumidor se aplicam ao Direito do Trabalho, no que for compatível.

A esse respeito, é oportuna a brilhante opinião do ilustre Professor Gustavo Tepedino, no trabalho denominado “As

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relações de Consumo e a Nova Teoria Contratual”, publicado no livro “Temas de Direito Civil”, 3º Edição, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2004, pp. 217 e ss., e constante do site http://www.idcivil.com.br/pdf/biblioteca6.pdf , do qual passa transcrever um pequeno trecho:

“Concordo com as intervenções que me antecedem no sentido de que, normalmente, uma relação de locação não é uma relação de consumo, salvo se presentes os pressupostos caracterizadores da figura do consumidor. Acredito, entretanto, que será possível a aplicação do Código de Defesa do consumidor, mesmo em situações em que não haja propriamente uma relação de consumo, desde que identifiquemos os pressupostos essenciais da hipossuficiência que justificam e dão legitimidade normativa à tutela do consumidor. Este, antes de ser consumidor, é pessoa humana, para cuja proteção volta-se inteiramente o constituinte. Cuida-se de localizar, portanto, os pressupostos essenciais que, segundo o Código de Proteção do Consumidor, são necessários e suficientes para atrair uma série de princípios em defesa do sujeito de direito em situação de inferioridade.” (GRIFOS DE AGORA)

Vê-se que, apesar de não estar tratando da aplicação do CDC ao direito Laboral, o sentido do texto respalda tal afirmação, na medida em que trata-se de uma relação em que está, de uma lado, a empregadora, com todo seu poder econômico, e de outra, os empregados, bem como os seus clientes, que necessitam da proteção do Estado, em razão de sua hipossuficiência, sendo admitidos todos os meios jurídicos para esse fim, inclusive o Código de Proteção ao Consumidor, que, nesse caso, também passaria a proteger o trabalhador e a população que consome os serviços financeiros oferecidos pelo Banco Postal.

O que visa a lei é a proteção da pessoa humana, proteção essa elevada a status constitucional, inserida entre os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, como

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se lê no art. 1º, incisos III e IV da CF/88.

A garantia da tutela específica nos é dada pelos artigos 3º e 11 da Lei 7.347/85, bem como pelo art.83 e 84, caput, do Código de Defesa do Consumidor. O necessário atuar contra a vontade da Requerida remete-nos à técnica mandamental, e a forma de coerção indireta que se impõe é a multa diária (art.84, § 4º, CDC c/c art.11, da Lei de Ação Civil Pública).

Sobre o assunto, assinala o renomado processualista paranaense Luiz Guilherme Marinoni, em sua obra “Tutela Inibitória”:

“A inibitória funciona, basicamente através de uma decisão ou sentença que impõe um não fazer, conforme a conduta ilícita temida seja de natureza comissiva ou omissiva. Este fazer ou não fazer deve ser imposto sob pena de multa, o que permite identificar o fundamento normativo-processual desta tutela nos artigos 461 do CPC e 84 do CDC”.

j) DA NECESSÁRIA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Para que possam ser atingidos os fins colimados pela presente, é mister que a tutela inibitória seja antecipada.

“A tutela que é prestada antecipadamente na ação inibitória nada mais é do que tutela inibitória antecipada, que não se confunde com a tutela dirigida a assegurar o resultado útil do processo. Na verdade, quando se tem consciência de que há ação destinada a impedir a prática, a repetição ou a continuação do ilícito, verifica-se, com absoluta nitidez, que a tutela antecipada que cumpre esta função, dá ao autor o único resultado útil que ele esperava obter do processo, isto é, a prevenção do ilícito ou do dano.” (MARINONI, Luiz Guilherme. Revista de Direito Processual Civil, 10 a. ed. Curitiba> Gênesis Editora, 1998).

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Uma vez que a presente tutela tem seu campo de atuação antes da ocorrência do dano (no caso, a ocorrência de assaltos e outras violências praticadas dentro das agências dos Correios), a tutela antecipatória final por certo não seria eficaz, pelo que pleiteia-se seja concedida de plano por Vossa Excelência. Assim dispõe o §3º do art. 461 do Código de Processo Civil:

“§3º - art.461/CPC: Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficiência do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

k) DO RELEVANTE FUNDAMENTO DA DEMANDA

Consoante se demonstrou acima, a Requerida cometeu um ato ilícito, no sentido de estar descumprindo a norma legal que regulamenta as medidas de segurança a serem adotadas pelos estabelecimentos bancários e similares, conforme narrado acima.

Uma vez praticado o ilícito, deve se impedir que o mesmo se repita ou se protraia no tempo. E mais: cumpre evitar a ocorrência o dano, causadas pela inexistência de profissionais e equipamentos adequados à zelar pela segurança dos empregados e clientes da requerida. Inegável, pois, o relevante fundamento da demanda, a qual vem atender a um interesse social, no caso, resguardando-se a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho (art.1º, incisos III e IV, CF/88).

Caso a Requerida não seja obrigada a cumprir a exigência legal, ela continuará na situação irregular em que se encontra, em prejuízo dos seus trabalhadores e clientes.

l) DO RECEIO DA INEFICÁCIA DO PROVIMENTO FINAL

Caso não seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, os empregados/clientes estarão expostos a sofrerem

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com assaltos e outras violências, como têm ocorrido, inclusive arriscando-se a perder a saúde (física e mental), o patrimônio e até a vida.

Casos há, inclusive, em que a tutela ressarcitória se mostra insuficiente à reparação do dano, como é o caso de ocorrência de morte, em razão de assalto. A vida de um ser humano não tem preço.

Demonstrado o relevante fundamento da demanda e o receio de eficácia do provimento final, impõe-se a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, único meio eficaz de defesa dos trabalhadores da Requerida.

4. REQUERIMENTO

Diante do exposto, REQUER:

a) Que se digne V.Exa. em conceder a antecipação dos efeitos da tutela de mérito, em face da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS NA PARAÍBA e BANCO DO BRASIL S.A, inaudita altera pars, para que cumpram imediatamente os termos da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, ou seja, que executem as medidas estabelecidas no caput do seu art. 2º e respectivos incisos, a saber: a) A contratação de vigilantes e instalação de alarmes capazes de permitir com segurança, comunicação entre estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo; b) instalação de equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens, bem como controle de acesso de pessoas (portas giratórias com detectores de metais); c) instalação de artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; d) instalação de cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento;

b) Que seja aplicada multa diária de R$ 10.000,00, a ser revertida ao fundo de amparo ao trabalhador, para o descumprimento de cada uma das agências que esteja funcionando em desacordo com o conteúdo da liminar, em conformidade com o caput do art. 461, bem como os

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parágrafos 3º e 4º do mesmo dispositivo do CPC, sem prejuízo das cominações penais por crime de desobediência;

c) Que se digne Vossa Excelência de julgar procedente a presente AÇÂO CIVIL PÚBLICA, para o fim de confirmar a medida de antecipação dos efeitos da tutela de mérito, acima requerida ou, caso não seja concedida tal medida, que o seja por ocasião do julgamento do mérito, em sentença definitiva, a fim de que as agências dos Correios na Paraíba que atuam como Banco Postal respeitem as medidas de segurança previstas na Lei 7.102/83, requerendo, ainda, o seguinte:

d) Que seja oficiado à Delegacia de Polícia Federal desta capital, determinando que seja a ECT na Paraíba objeto de fiscalização, nos termos do art. 6º da lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, combinado com o art. 13 do decreto nº 89.056, de 24 de Novembro de 1983, que a definiu como competente para fiscalizar o cumprimento das disposições relativas ao sistema de segurança previsto na lei de regência;

e) que sejam os réus condenados ao pagamento de indenização por danos morais coletivos, em quantia a ser arbitrada por V. Exa., a ser revertida ao fundo de amparo ao trabalhador ou similar, em razão de não tomar todas as medidas preventivas a fim de evitar o roubo, ou no mínimo reduzir o risco de violência contra os seus empregados, uma vez que os assaltos não são imprevisíveis a partir da implementação do Banco Postal, além do caráter pedagógico da medida;

f) que os valores apurados em liquidação de sentença sejam acrescidos de juros legais e correção monetária;

g) Em caso de descumprimento da ordem judicial que sejam aos réus aplicada multa diária, a ser arbitrada por V.Exa, sem prejuízo das cominações penais por crime de desobediência;

h) A condenação dos réus ao pagamento de honorários advocatícios, em percentual de 15% sobre o total da condenação;

i) A citação das Requeridas, por meio de seus representantes legais para, querendo, contestarem a presente, sob pena de revelia;

j) A dispensa do pagamento de custas, emolumentos, honorários advocatícios e outros encargos, nos termos do

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art. 87 do Código de Defesa do Consumidor, bem como do art. 18 da Lei 7.347/85;

k) A publicação de edital no órgão oficial, consoante previsão do art. 94 do Código de Defesa do Consumidor;

l) A intimação do DD representante do Ministério Público do Trabalho, para atuar como custos legis , como determina o art. 5º, § 1 º da Lei 7.347/85;

m)Requer a produção de provas por todos os meios permitidos em direito, especialmente o depoimento pessoal do preposto da ré, sob pena de confissão quanto aos fatos alegados, bem como a juntada de toda a documentação relativa à matéria.

Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) para os fins de direito.

Nesses termos, pede deferimento.

João Pessoa (PB), 21 de março de 2012.

Dr. Daniel Alves de Sousa Dr. Julierme de Fontes FernandesOAB/PB 12043 OAB/PB 15210

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