acórdão rr - 388-81.2012.5.06.0003
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Acórdão afirmando que há incidência de contribuição previdenciária sobre as férias gozadas, sobretudo, por se tratar de verba detentora de natureza remuneratória e salarial, que retribui uma prestação de serviços.Contudo, não entende que há incidência de contribuição previdenciária sobre o terço constitucional das férias usufruídas.Em relação as férias não gozadas, o acórdão é omisso.TRANSCRIPT
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Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003
Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.
A C R D O
6 Turma
ACV/lmx
RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIO
PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE AS
FRIAS GOZADAS ACRESCIDAS DO TERO
CONSTITUCIONAL. INCIDNCIA APENAS
SOBRE AS FRIAS GOZADAS. O art. 28, 9,
d, da Lei n 8.212/91 expressamente
exclui da base de clculo da
contribuio previdenciria as
importncias recebidas a ttulo de
frias indenizadas e o respectivo
adicional constitucional, diante da
natureza indenizatria das parcelas.
Sendo assim, a contrario sensu, pode-se
facilmente concluir que h incidncia
de contribuio previdenciria sobre as
frias gozadas, sobretudo, por se
tratar de verba detentora de natureza
remuneratria e salarial, que retribui
uma prestao de servios, nos termos do
artigo 148 da CLT c/c os artigos 22, I,
e 28, I, da Lei 8.212/91. Contudo, no que
diz respeito ao tero constitucional de
frias usufrudas, no se pode utilizar
do mesmo raciocnio, visto que referida
parcela no detm natureza salarial,
mas sim natureza indenizatria, j que
no se destina a retribuir servios
prestados nem configura tempo
disposio do empregador. Ressalte-se
que, conquanto o tero constitucional
constitua-se verba acessria
remunerao de frias, aqui no se
aplica aquela regra de que a prestao
acessria segue a sorte da prestao
principal. Logo, no h que se falar em
incidncia de contribuio
previdenciria sobre o tero
constitucional das frias usufrudas.
Precedentes do STF, STJ e do TST.
Recurso de revista conhecido e
parcialmente provido.
Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n TST-RR-388-81.2012.5.06.0003, em que Recorrente UNIO
(PGF) e Recorrido JOSUEL GRACILIANO DE FREITAS e TRANSVAL SERVIOS GERAIS
E CONSERVAO LTDA. (EM RECUPERAO JUDICIAL).
O eg. Tribunal Regional do Trabalho da 6 Regio negou
provimento aos recursos ordinrios do reclamante e da Unio.
No foram opostos embargos de declarao.
Inconformada, a Unio interps recurso de revista, que
foi admitido por violao do artigo 28, I, e 9, da Lei 8.212/91, no
tema contribuio previdenciria sobre as frias gozadas acrescidas do
tero constitucional.
No houve apresentao de contrarrazes.
O Ministrio Pblico do Trabalho no se manifestou.
o relatrio.
V O T O
CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE AS FRIAS
GOZADAS ACRESCIDAS DO TERO CONSTITUCIONAL.
CONHECIMENTO
Eis o v. acrdo regional:
Pretende a Unio que as repercusses de verbas deferidas em primeira
instncia sobre aviso prvio indenizado e
frias concedidas no curso do contrato de emprego (frias gozadas) + 1/3
integrem o salrio-de-contribuio, para fins de recolhimento previdencirio.
No vinga o apelo da recorrente, posto que nesses casos, tais verbas
no ostentam natureza de salrio.
A Constituio Federal, ao tratar das contribuies previdencirias a
cargo do empregador (artigo 195, inciso I), deixa patente que as respectivas
bases de incidncias devem limitar-se folha de salrios, ao faturamento e ao
lucro (art. 195, I). De se ressaltar que o citado dispositivo constitucional no
se refere folha de pagamentos, e sim folha de salrios, o que exclui,
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estreme de dvidas, a incidncia de contribuies previdencirias sobre
verbas trabalhistas de natureza no salarial, tais como indenizaes por
tempo de servio, aviso prvio indenizado, frias indenizadas ou gozadas e
abono.
Com efeito, o aviso prvio indenizado, no tem natureza salarial, como
o prprio nome assim o define. Trata-se de uma indenizao devida por uma
partes (a que pretende por fim ao contrato) outra, pela ausncia de
comunicao de que a resciso contratual ter seu termo final ( art. 487,
incisos I e II, da CLT). No aviso prvio indenizado inexiste prestao de
servio. A verba paga funciona como uma penalidade, portanto, de natureza
jurdica indenizatria.
Quanto ao perodo de frias anuais, constitui uma
das hipteses de interrupo do contrato de trabalho, porquanto o empregado
deixa de efetivamente prestar servios, mas permanece recebendo
normalmente sua remunerao, continuando o empregador com todas as
obrigaes inerentes ao liame empregatcio. Desse modo, se no interstcio
destinado ao descanso anual inexiste efetiva prestao de servios do
trabalhador, no h como entender que o pagamento da parcela atinente s
frias possui carter retributivo.
Essa interpretao sistmica dos artigos 129, 457, caput, Consolidados
e 7, VII, da Constituio Federal. Recurso ordinrio improvido.
Nesse mesmo sentido, o acrdo proferido pelo STJ, em sede Rescurso
Especial N. 1.322.945 - DF (2012/0097408-8), da lavra do Ministro
Napoleo Nunes Maia Filho, publicado no DJe no dia 08/03/2013, de
seguinte teor:
RECURSO ESPECIAL. TRIBUTRIO.
CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.
SALRIO-MATERNIDADE E FRIAS USUFRUDAS.
AUSNCIA DE EFETIVA PRESTAO DE SERVIO PELO
EMPREGADO. NATUREZA JURDICA DA VERBA QUE NO
PODE SER ALTERADA POR PRECEITO NORMATIVO.
AUSNCIA DE CARTER RETRIBUTIVO. AUSNCIA DE
INCORPORAO AO SALRIO DO TRABALHADOR. NO
INCIDNCIA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.
PARECER DO MPF PELO PARCIAL PROVIMENTO DO
RECURSO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO PARA AFASTAR
A INCIDNCIA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA
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SOBRE O SALRIO-MATERNIDADE E AS FRIAS
USUFRUDAS. 1. Conforme iterativa jurisprudncia das Cortes
Superiores, considera-se ilegtima a incidncia de Contribuio
Previdenciria sobre verbas indenizatrias ou que no se
incorporem remunerao do Trabalhador. 2. O
salrio-maternidade um pagamento realizado no perodo em
que a segurada encontra-se afastada do trabalho para a fruio
de licena maternidade, possuindo clara natureza de benefcio,
a cargo e nus da Previdncia Social (arts. 71 e 72 da Lei
8.213/91), no se enquadrando, portanto, no conceito de
remunerao de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91. 3. Afirmar a
legitimidade da cobrana da Contribuio Previdenciria sobre
o salrio-maternidade seria um estmulo combatida prtica
discriminatria, uma vez que a opo pela contratao de um
Trabalhador masculino ser sobremaneira mais barata do que a
de uma Trabalhadora mulher. 4. A questo deve ser vista dentro
da singularidade do trabalho feminino e da proteo da
maternidade e do recm nascido; assim, no caso, a relevncia do
benefcio, na verdade, deve reforar ainda mais a necessidade
de sua excluso da base de clculo da Contribuio
Previdenciria, no havendo razoabilidade para a exceo
estabelecida no art. 28, 9o., a da Lei 8.212/915. O Pretrio
Excelso, quando do julgamento do AgRg no AI 727.958/MG, de
relatoria do eminente Ministro EROS GRAU, DJe 27.02.2009,
firmou o entendimento de que o tero constitucional de frias
tem natureza indenizatria. O tero constitucional constitui
verba acessria remunerao de frias e tambm no se
questiona que a prestao acessria segue a sorte das
respectivas prestaes principais. Assim, no se pode entender
que seja ilegtima a cobrana de Contribuio Previdenciria
sobre o tero constitucional, de carter acessrio, e legtima
sobre a remunerao de frias, prestao principal, pervertendo
a regra urea acima apontada. 6. O preceito normativo no
pode transmudar a natureza jurdica de uma verba. Tanto no
salrio-maternidade quanto nas frias usufrudas,
independentemente do ttulo que lhes conferido legalmente,
no h efetiva prestao de servio pelo Trabalhador, razo
pela qual, no h como entender que o pagamento de tais
parcelas possuem carter retributivo. Consequentemente,
tambm no devida a Contribuio Previdenciria sobre frias
usufrudas. 7. Da mesma forma que s se obtm o direito a um
benefcio previdencirio mediante a prvia contribuio, a
contribuio tambm s se justifica ante a perspectiva da sua
retribuio futura em forma de benefcio (ADI-MC 2.010, Rel.
Min. CELSO DE MELLO); destarte, no h de incidir a
Contribuio Previdenciria sobre tais verbas. 8. Parecer do
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MPF pelo parcial provimento do Recurso para afastar a
incidncia de Contribuio Previdenciria sobre o
salrio-maternidade. 9. Recurso Especial provido para afastar a
incidncia de Contribuio Previdenciria sobre o
salrio-maternidade e as frias usufrudas. (Grifei).
Considerando os fundamentos da presente deciso, cabe registrar que
no se vislumbra afronta a quaisquer dos dispositivos constitucionais ou
legais invocados pela recorrente.
Ante o exposto, nego provimento aos recursos ordinrios do
reclamante e da Unio.
Nas razes do recurso de revista, a Unio alega, em
sntese, que as frias gozadas e seu respectivo adicional constitucional
tem natureza salarial e devem compor a base de clculo da contribuio
previdenciria. Aponta violao do artigo 28, I, da Lei 8.212/91.
A tese do eg. TRT no sentido de que a contribuio
previdenciria no incide sobre as frias usufrudas e seu respectivo
adicional, ao fundamento de que referida parcela detm natureza
indenizatria.
Dispe o artigo 28, I, e o seu 9, alnea d, da Lei
8.212/91, in verbis:
Art. 28. Entende-se por salrio-de-contribuio:
I - para o empregado e trabalhador avulso: a remunerao auferida em
uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos,
devidos ou creditados a qualquer ttulo, durante o ms, destinados a retribuir
o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos servios efetivamente prestados, quer pelo tempo
disposio do empregador ou tomador de servios nos termos da lei ou do
contrato ou, ainda, de conveno ou acordo coletivo de trabalho ou sentena
normativa; (Redao dada pela Lei n 9.528, de 10.12.97)
(...)
9 No integram o salrio-de-contribuio para os fins desta Lei,
exclusivamente: (Redao dada pela Lei n 9.528, de 10.12.97)
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(...)
d) as importncias recebidas a ttulo de frias indenizadas e respectivo
adicional constitucional, inclusive o valor correspondente dobra da
remunerao de frias de que trata o art. 137 da Consolidao das Leis do
Trabalho-CLT; (Redao dada pela Lei n 9.528, de 10.12.97).
Da leitura dos respectivos dispositivos mencionados,
deflui-se que as importncias percebidas a ttulo de frias usufrudas
acrescidas do tero constitucional, poderiam sofrer sofrem a incidncia
contribuio previdenciria.
Conheo, pois, do recurso de revista por violao do
artigo 28, I, da Lei 8.212/91.
MRITO
Cinge-se a controvrsia acerca da incidncia da
contribuio previdenciria sobre as frias usufrudas, acrescidas do
tero constitucional.
O art. 28, 9, d, da Lei n 8.212/91 expressamente
exclui da base de clculo da contribuio previdenciria as importncias
recebidas a ttulo de frias indenizadas e o respectivo adicional
constitucional, diante da natureza indenizatria das parcelas.
Sendo assim, a contrario sensu, pode-se facilmente
concluir que h incidncia de contribuio previdenciria sobre as frias
gozadas, sobretudo, por se tratar de verba detentora de natureza
remuneratria e salarial, que retribui uma prestao de servios, nos
termos do artigo 148 da CLT c/c os artigos 22, I, e 28, I, da Lei 8.212/91.
Nesse sentido, vale citar precedentes recentes do STJ:
TRIBUTRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. FRIAS GOZADAS.
INCIDNCIA. NATUREZA SALARIAL. PRECEDENTES. 1. A
jurisprudncia desta Corte firmou a compreenso no sentido de que o
pagamento de frias gozadas possui natureza remuneratria e salarial, razo
por que integra o salrio-de-contribuio, nos termos do art. 148 da CLT.
Precedentes: EDcl no REsp 1238789/CE, Rel. Ministro ARNALDO
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ESTEVES LIMA, Primeira Turma, DJe 11/06/2014 e AgRg no REsp
1437562/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda
Turma, DJe 11/06/2014. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1441572 RS 2014/0054931-9, Relator Ministro Srgio
Kukina, DJe 24/06/2014).
TRIBUTRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.
SALRIO-MATERNIDADE. FRIAS. NATUREZA SALARIAL.
INCIDNCIA. AGRAVO NO PROVIDO.
1. pacfico no STJ o entendimento de que o salrio-maternidade no
tem natureza indenizatria, mas sim remuneratria, razo pela qual integra a
base de clculo da Contribuio Previdenciria. 2. O pagamento de frias
gozadas possui natureza remuneratria e salarial, nos termos do art.
148 da CLT, e integra o salrio-de-contribuio. Saliente-se que no se
discute, no apelo, a incidncia da contribuio sobre o tero constitucional
(AgRg no Ag 1.426.580/DF, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, Segunda
Turma, DJe 12/4/12).
2. Agravo regimental no provido (AgRg no REsp 1355135/RS, Rel.
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, DJe
27/02/2013) (grifamos).
Contudo, no que diz respeito ao tero constitucional
de frias usufrudas, no se pode utilizar do mesmo raciocnio, visto
que referida parcela no detm natureza salarial, mas sim natureza
indenizatria, j que no se destina a retribuir servios prestados nem
configura tempo disposio do empregador.
Ressalte-se que, conquanto o tero constitucional
constitua-se verba acessria remunerao de frias, aqui no se aplica
aquela regra de que a prestao acessria segue a sorte da prestao
principal.
Logo, no h que se falar em incidncia de contribuio
previdenciria sobre o tero constitucional das frias usufrudas.
Na mesma linha, esta c. Corte assim j decidiu:
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RECURSO DE REVISTA (...) CONTRIBUIO
PREVIDENCIRIA - FRIAS USUFRUDAS E TERO
CONSTITUCIONAL - INCIDNCIA 1- Sobre o tero constitucional de
frias no h incidncia de contribuio previdenciria. Precedentes. 2- A
contribuio previdenciria incide sobre os reflexos das horas extras nas
frias usufrudas, por se tratar de verba remuneratria. Recurso de Revista
parcialmente conhecido e parcialmente provido. (RR -
1606-15.2012.5.06.0143, Relator Desembargador Convocado: Joo Pedro
Silvestrin, Data de Julgamento: 26/11/2014, 8 Turma, Data de Publicao:
DEJT 28/11/2014)
RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.
FRIAS GOZADAS. TERO CONSTITUCIONAL. NO INCIDNCIA.
Sobre o tero constitucional de frias, ainda que usufrudas, no incide
contribuio previdenciria. Esse entendimento decorre do fato de que
somente as parcelas incorporveis ao salrio do trabalhador para efeitos de
aposentadoria sofrem a incidncia do desconto previdencirio. Precedentes.
Inclume o art. 28, I, 9, -d-, da Lei n 8.212/91. Recurso de revista no
conhecido. (RR - 854-69.2012.5.06.0005, Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, Data de Julgamento: 30/04/2014, 8 Turma, Data de Publicao:
DEJT 05/05/2014)
(...) CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. TERO
CONSTITUCIONAL DE FRIAS. FRIAS GOZADAS. NO
INCIDNCIA. No incide contribuio previdenciria sobre o adicional de
1/3 de frias, ainda que usufrudas. Segundo a jurisprudncia mais abalizada,
referido adicional no deve integrar o salrio-de-contribuio, visto no
repercutir no clculo dos proventos da aposentadoria. Precedentes do TST,
do STJ e do STF. Recurso de Revista no conhecido.
(RR-131200-59.2009.5.06.0023, 8 Turma, Relator Ministro Mrcio Eurico
Vitral Amaro, DEJT 16/3/2012)
(...) CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. NO INCIDNCIA.
TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. Nos termos do art. 28, 9,
alnea "d", da Lei 8.212/91, a importncia recebida a ttulo de tero
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constitucional de frias no integra o salrio de contribuio. (...)
(RR-1115-48.2010.5.06.0023, 5 Turma, Relator Ministro Joo Batista Brito
Pereira, DEJT 10/5/2013)
"(...) II - RECURSO DE REVISTA DA UNIO. CONTRIBUIO
PREVIDENCIRIA. FRIAS GOZADAS. TERO CONSTITUCIONAL.
NO-INCIDNCIA. No incide a contribuio previdenciria sobre o tero
constitucional de frias, considerando-se a sua natureza jurdica
indenizatria, e no se incorpora remunerao para o fim de pagamento de
benefcio previdencirio. Precedentes do STF, STJ e TST. Recurso de revista
de que no se conhece.(...)" (ARR-100-50.2010.5.06.0021, Relatora
Ministra Ktia Magalhes Arruda, 6 Turma, DEJT 06/12/2013)
(...) INCIDNCIA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA
SOBRE O TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. luz da
jurisprudncia desta Corte, a contribuio previdenciria no incide sobre o
tero constitucional de frias, porquanto se trata de verba de natureza
indenizatria. Precedentes. Revista no conhecida, no tema.
(RR-434-26.2010.5.06.0008, 1 Turma, Relator Ministro Hugo Carlos
Scheuermann, DEJT 21/12/2012)
Outrossim, a jurisprudncia do e. STF se firmou no
sentido de que no h incidncia de contribuio previdenciria em
parcela indenizatria ou que no se incorpora remunerao do servidor,
como o caso do tero constitucional de frias. Nesse sentido:
EMENTA: TRIBUTRIO. CONTRIBUIES
PREVIDENCIRIAS. INCIDNCIA SOBRE TERO
CONSTITUCIONAL DE FRIAS. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO
IMPROVIDO. I - A orientao do Tribunal no sentido de que as
contribuies previdencirias no podem incidir em parcelas indenizatrias
ou que no incorporem a remunerao do servidor. II - Agravo regimental
improvido. (AI 712880 AgR, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 26/05/2009, DJe-113
DIVULG 18-06-2009 PUBLIC 19-06-2009 REPUBLICAO: DJe-171
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DIVULG 10-09-2009 PUBLIC 11-09-2009 EMENT VOL-02373-04
PP-00753) .
O Superior Tribunal de Justia, por sua vez, adotando
o entendimento do e. Supremo Tribunal Federal, reconheceu que sobre o
tero constitucional de frias no h incidncia da contribuio
previdenciria. Eis os precedentes:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTRIO.
CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA A CARGO DA EMPRESA.
REGIME GERAL DA PREVIDNCIA SOCIAL. DISCUSSO A
RESPEITO DA INCIDNCIA OU NO SOBRE AS SEGUINTES
VERBAS: TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS; SALRIO
MATERNIDADE; SALRIO PATERNIDADE; AVISO PRVIO
INDENIZADO; IMPORTNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE
ANTECEDEM O AUXLIO-DOENA.
1. Recurso especial de HIDRO JET EQUIPAMENTOS
HIDRULICOS LTDA.
1.1 Prescrio.
(...)
1.2 Tero constitucional de frias.
No que se refere ao adicional de frias relativo s frias indenizadas, a
no incidncia de contribuio previdenciria decorre de expressa previso
legal (art. 28, 9, "d", da Lei 8.212/91 - redao dada pela Lei 9.528/97).
Em relao ao adicional de frias concernente s frias gozadas,
tal importncia possui natureza indenizatria/compensatria, e no
constitui ganho habitual do empregado, razo pela qual sobre ela no
possvel a incidncia de contribuio previdenciria (a cargo da
empresa). A Primeira Seo/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp
957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando
entendimento das Turmas de Direito Pblico deste Tribunal, adotou a
seguinte orientao: "Jurisprudncia das Turmas que compem a Primeira
Seo desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuio
previdenciria do tero de frias tambm de empregados celetistas
contratados por empresas privadas (...). (REsp 1.230.957 / RS, Relator,
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PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.
MAURO CAMPBELL MARQUES, Primeira Seo, DJe 18/3/2014).
(grifamos)
"TRIBUTRIO E PREVIDENCIRIO. INCIDENTE DE
UNIFORMIZAO DE JURISPRUDNCIA. CONTRIBUIO
PREVIDENCIRIA. TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. NO
INCIDNCIA. 1. A Primeira Seo, ao apreciar a Pet 7.296/PE (Relatora
Ministra Eliana Calmon, Dje de 10.11.2009), acolheu o Incidente de
Uniformizao de Jurisprudncia para que no se aplique a Contribuio
Previdenciria sobre o tero constitucional de frias. 2. No h falar em
violao do art. 97 da Constituio da Repblica, tendo em vista que no foi
afastada a legislao federal, mas sua interpretao em consonncia com
precedentes do prprio STF. 3. Agravo Regimental no provido." (AgRg no
REsp 1334837/AL, Relator Ministro Herman Benjamin, 2 Turma, DJe
10/10/2012)
"RECURSO ESPECIAL. TRIBUTRIO. CONTRIBUIO
PREVIDENCIRIA. SALRIO-MATERNIDADE E FRIAS
USUFRUDAS. AUSNCIA DE EFETIVA PRESTAO DE SERVIO
PELO EMPREGADO. NATUREZA JURDICA DA VERBA QUE NO
PODE SER ALTERADA POR PRECEITO NORMATIVO. AUSNCIA
DE CARTER RETRIBUTIVO. AUSNCIA DE INCORPORAO AO
SALRIO DO TRABALHADOR. NO INCIDNCIA DE
CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. PARECER DO MPF PELO
PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO PARA AFASTAR A INCIDNCIA DE CONTRIBUIO
PREVIDENCIRIA SOBRE O SALRIO-MATERNIDADE E AS
FRIAS USUFRUDAS.
1. Conforme iterativa jurisprudncia das Cortes Superiores,
considera-se ilegtima a incidncia de Contribuio Previdenciria sobre
verbas indenizatrias ou que no se incorporem remunerao do
Trabalhador.
2. O salrio-maternidade um pagamento realizado no perodo em
que a segurada encontra-se afastada do trabalho para a fruio de licena
maternidade, possuindo clara natureza de benefcio, a cargo e nus da
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.
Previdncia Social (arts. 71 e 72 da Lei 8.213/91), no se enquadrando,
portanto, no conceito de remunerao de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91.
3. Afirmar a legitimidade da cobrana da Contribuio
Previdenciria sobre o salrio-maternidade seria um estmulo combatida
prtica discriminatria, uma vez que a opo pela contratao de um
Trabalhador masculino ser sobremaneira mais barata do que a de uma
Trabalhadora mulher.
4. A questo deve ser vista dentro da singularidade do trabalho
feminino e da proteo da maternidade e do recm nascido; assim, no caso, a
relevncia do benefcio, na verdade, deve reforar ainda mais a necessidade
de sua excluso da base de clculo da Contribuio Previdenciria, no
havendo razoabilidade para a exceo estabelecida no art. 28, 9o., a da Lei
8.212/91.
5. O Pretrio Excelso, quando do julgamento do AgRg no AI
727.958/MG, de relatoria do eminente Ministro EROS GRAU, DJe
27.02.2009, firmou o entendimento de que o tero constitucional de frias
tem natureza indenizatria. O tero constitucional constitui verba acessria
remunerao de frias e tambm no se questiona que a prestao acessria
segue a sorte das respectivas prestaes principais. Assim, no se pode
entender que seja ilegtima a cobrana de Contribuio Previdenciria sobre
o tero constitucional, de carter acessrio, e legtima sobre a remunerao
de frias, prestao principal, pervertendo a regra urea acima apontada.
6. O preceito normativo no pode transmudar a natureza jurdica de
uma verba. Tanto no salrio-maternidade quanto nas frias usufrudas,
independentemente do ttulo que lhes conferido legalmente, no h efetiva
prestao de servio pelo Trabalhador, razo pela qual, no h como
entender que o pagamento de tais parcelas possuem carter retributivo.
Consequentemente, tambm no devida a Contribuio Previdenciria
sobre frias usufrudas.
7. Da mesma forma que s se obtm o direito a um benefcio
previdencirio mediante a prvia contribuio, a contribuio tambm s se
justifica ante a perspectiva da sua retribuio futura em forma de benefcio
(ADI-MC 2.010, Rel. Min. CELSO DE MELLO); dest'arte, no h de incidir
a Contribuio Previdenciria sobre tais verbas.
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8. Parecer do MPF pelo parcial provimento do Recurso para afastar a
incidncia de Contribuio Previdenciria sobre o salrio-maternidade.
9. Recurso Especial provido para afastar a incidncia de
Contribuio Previdenciria sobre o salrio-maternidade e as frias
usufrudas". (REsp 1322945/DF, Relator Ministro Napoleo Nunes Maia
Filho, Primeira Seo, DJe 08/03/2013 - grifos apostos)
"TRIBUTRIO. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. TERO
CONSTITUCIONAL DE FRIAS. NO INCIDNCIA. A contribuio
previdenciria no exigvel sobre a parcela paga a ttulo de tero de frias.
Agravo regimental desprovido." (AgRg no REsp 1283418/PB, Relator
Ministro Ari Pargendler, 1 Turma, DJe 20/03/2013)
Desse modo, dou parcial provimento ao recurso de
revista para determinar a incidncia da contribuio previdenciria
apenas sobre as frias usufrudas, com excluso do tero constitucional.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista
por violao do artigo 28, I, da Lei 8.212/91, e, no mrito, dar-lhe
provimento parcial para determinar a incidncia da contribuio
previdenciria apenas sobre as frias usufrudas, com excluso do tero
constitucional.
Braslia, 11 de Maro de 2015.
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ALOYSIO CORRA DA VEIGA Ministro Relator
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