acórdão rr - 388-81.2012.5.06.0003

13

Click here to load reader

Upload: alinemiquelino

Post on 16-Nov-2015

12 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Acórdão afirmando que há incidência de contribuição previdenciária sobre as férias gozadas, sobretudo, por se tratar de verba detentora de natureza remuneratória e salarial, que retribui uma prestação de serviços.Contudo, não entende que há incidência de contribuição previdenciária sobre o terço constitucional das férias usufruídas.Em relação as férias não gozadas, o acórdão é omisso.

TRANSCRIPT

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    A C R D O

    6 Turma

    ACV/lmx

    RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE AS

    FRIAS GOZADAS ACRESCIDAS DO TERO

    CONSTITUCIONAL. INCIDNCIA APENAS

    SOBRE AS FRIAS GOZADAS. O art. 28, 9,

    d, da Lei n 8.212/91 expressamente

    exclui da base de clculo da

    contribuio previdenciria as

    importncias recebidas a ttulo de

    frias indenizadas e o respectivo

    adicional constitucional, diante da

    natureza indenizatria das parcelas.

    Sendo assim, a contrario sensu, pode-se

    facilmente concluir que h incidncia

    de contribuio previdenciria sobre as

    frias gozadas, sobretudo, por se

    tratar de verba detentora de natureza

    remuneratria e salarial, que retribui

    uma prestao de servios, nos termos do

    artigo 148 da CLT c/c os artigos 22, I,

    e 28, I, da Lei 8.212/91. Contudo, no que

    diz respeito ao tero constitucional de

    frias usufrudas, no se pode utilizar

    do mesmo raciocnio, visto que referida

    parcela no detm natureza salarial,

    mas sim natureza indenizatria, j que

    no se destina a retribuir servios

    prestados nem configura tempo

    disposio do empregador. Ressalte-se

    que, conquanto o tero constitucional

    constitua-se verba acessria

    remunerao de frias, aqui no se

    aplica aquela regra de que a prestao

    acessria segue a sorte da prestao

    principal. Logo, no h que se falar em

    incidncia de contribuio

    previdenciria sobre o tero

    constitucional das frias usufrudas.

    Precedentes do STF, STJ e do TST.

    Recurso de revista conhecido e

    parcialmente provido.

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.2

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso

    de Revista n TST-RR-388-81.2012.5.06.0003, em que Recorrente UNIO

    (PGF) e Recorrido JOSUEL GRACILIANO DE FREITAS e TRANSVAL SERVIOS GERAIS

    E CONSERVAO LTDA. (EM RECUPERAO JUDICIAL).

    O eg. Tribunal Regional do Trabalho da 6 Regio negou

    provimento aos recursos ordinrios do reclamante e da Unio.

    No foram opostos embargos de declarao.

    Inconformada, a Unio interps recurso de revista, que

    foi admitido por violao do artigo 28, I, e 9, da Lei 8.212/91, no

    tema contribuio previdenciria sobre as frias gozadas acrescidas do

    tero constitucional.

    No houve apresentao de contrarrazes.

    O Ministrio Pblico do Trabalho no se manifestou.

    o relatrio.

    V O T O

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE AS FRIAS

    GOZADAS ACRESCIDAS DO TERO CONSTITUCIONAL.

    CONHECIMENTO

    Eis o v. acrdo regional:

    Pretende a Unio que as repercusses de verbas deferidas em primeira

    instncia sobre aviso prvio indenizado e

    frias concedidas no curso do contrato de emprego (frias gozadas) + 1/3

    integrem o salrio-de-contribuio, para fins de recolhimento previdencirio.

    No vinga o apelo da recorrente, posto que nesses casos, tais verbas

    no ostentam natureza de salrio.

    A Constituio Federal, ao tratar das contribuies previdencirias a

    cargo do empregador (artigo 195, inciso I), deixa patente que as respectivas

    bases de incidncias devem limitar-se folha de salrios, ao faturamento e ao

    lucro (art. 195, I). De se ressaltar que o citado dispositivo constitucional no

    se refere folha de pagamentos, e sim folha de salrios, o que exclui,

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.3

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    estreme de dvidas, a incidncia de contribuies previdencirias sobre

    verbas trabalhistas de natureza no salarial, tais como indenizaes por

    tempo de servio, aviso prvio indenizado, frias indenizadas ou gozadas e

    abono.

    Com efeito, o aviso prvio indenizado, no tem natureza salarial, como

    o prprio nome assim o define. Trata-se de uma indenizao devida por uma

    partes (a que pretende por fim ao contrato) outra, pela ausncia de

    comunicao de que a resciso contratual ter seu termo final ( art. 487,

    incisos I e II, da CLT). No aviso prvio indenizado inexiste prestao de

    servio. A verba paga funciona como uma penalidade, portanto, de natureza

    jurdica indenizatria.

    Quanto ao perodo de frias anuais, constitui uma

    das hipteses de interrupo do contrato de trabalho, porquanto o empregado

    deixa de efetivamente prestar servios, mas permanece recebendo

    normalmente sua remunerao, continuando o empregador com todas as

    obrigaes inerentes ao liame empregatcio. Desse modo, se no interstcio

    destinado ao descanso anual inexiste efetiva prestao de servios do

    trabalhador, no h como entender que o pagamento da parcela atinente s

    frias possui carter retributivo.

    Essa interpretao sistmica dos artigos 129, 457, caput, Consolidados

    e 7, VII, da Constituio Federal. Recurso ordinrio improvido.

    Nesse mesmo sentido, o acrdo proferido pelo STJ, em sede Rescurso

    Especial N. 1.322.945 - DF (2012/0097408-8), da lavra do Ministro

    Napoleo Nunes Maia Filho, publicado no DJe no dia 08/03/2013, de

    seguinte teor:

    RECURSO ESPECIAL. TRIBUTRIO.

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.

    SALRIO-MATERNIDADE E FRIAS USUFRUDAS.

    AUSNCIA DE EFETIVA PRESTAO DE SERVIO PELO

    EMPREGADO. NATUREZA JURDICA DA VERBA QUE NO

    PODE SER ALTERADA POR PRECEITO NORMATIVO.

    AUSNCIA DE CARTER RETRIBUTIVO. AUSNCIA DE

    INCORPORAO AO SALRIO DO TRABALHADOR. NO

    INCIDNCIA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.

    PARECER DO MPF PELO PARCIAL PROVIMENTO DO

    RECURSO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO PARA AFASTAR

    A INCIDNCIA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.4

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    SOBRE O SALRIO-MATERNIDADE E AS FRIAS

    USUFRUDAS. 1. Conforme iterativa jurisprudncia das Cortes

    Superiores, considera-se ilegtima a incidncia de Contribuio

    Previdenciria sobre verbas indenizatrias ou que no se

    incorporem remunerao do Trabalhador. 2. O

    salrio-maternidade um pagamento realizado no perodo em

    que a segurada encontra-se afastada do trabalho para a fruio

    de licena maternidade, possuindo clara natureza de benefcio,

    a cargo e nus da Previdncia Social (arts. 71 e 72 da Lei

    8.213/91), no se enquadrando, portanto, no conceito de

    remunerao de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91. 3. Afirmar a

    legitimidade da cobrana da Contribuio Previdenciria sobre

    o salrio-maternidade seria um estmulo combatida prtica

    discriminatria, uma vez que a opo pela contratao de um

    Trabalhador masculino ser sobremaneira mais barata do que a

    de uma Trabalhadora mulher. 4. A questo deve ser vista dentro

    da singularidade do trabalho feminino e da proteo da

    maternidade e do recm nascido; assim, no caso, a relevncia do

    benefcio, na verdade, deve reforar ainda mais a necessidade

    de sua excluso da base de clculo da Contribuio

    Previdenciria, no havendo razoabilidade para a exceo

    estabelecida no art. 28, 9o., a da Lei 8.212/915. O Pretrio

    Excelso, quando do julgamento do AgRg no AI 727.958/MG, de

    relatoria do eminente Ministro EROS GRAU, DJe 27.02.2009,

    firmou o entendimento de que o tero constitucional de frias

    tem natureza indenizatria. O tero constitucional constitui

    verba acessria remunerao de frias e tambm no se

    questiona que a prestao acessria segue a sorte das

    respectivas prestaes principais. Assim, no se pode entender

    que seja ilegtima a cobrana de Contribuio Previdenciria

    sobre o tero constitucional, de carter acessrio, e legtima

    sobre a remunerao de frias, prestao principal, pervertendo

    a regra urea acima apontada. 6. O preceito normativo no

    pode transmudar a natureza jurdica de uma verba. Tanto no

    salrio-maternidade quanto nas frias usufrudas,

    independentemente do ttulo que lhes conferido legalmente,

    no h efetiva prestao de servio pelo Trabalhador, razo

    pela qual, no h como entender que o pagamento de tais

    parcelas possuem carter retributivo. Consequentemente,

    tambm no devida a Contribuio Previdenciria sobre frias

    usufrudas. 7. Da mesma forma que s se obtm o direito a um

    benefcio previdencirio mediante a prvia contribuio, a

    contribuio tambm s se justifica ante a perspectiva da sua

    retribuio futura em forma de benefcio (ADI-MC 2.010, Rel.

    Min. CELSO DE MELLO); destarte, no h de incidir a

    Contribuio Previdenciria sobre tais verbas. 8. Parecer do

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.5

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    MPF pelo parcial provimento do Recurso para afastar a

    incidncia de Contribuio Previdenciria sobre o

    salrio-maternidade. 9. Recurso Especial provido para afastar a

    incidncia de Contribuio Previdenciria sobre o

    salrio-maternidade e as frias usufrudas. (Grifei).

    Considerando os fundamentos da presente deciso, cabe registrar que

    no se vislumbra afronta a quaisquer dos dispositivos constitucionais ou

    legais invocados pela recorrente.

    Ante o exposto, nego provimento aos recursos ordinrios do

    reclamante e da Unio.

    Nas razes do recurso de revista, a Unio alega, em

    sntese, que as frias gozadas e seu respectivo adicional constitucional

    tem natureza salarial e devem compor a base de clculo da contribuio

    previdenciria. Aponta violao do artigo 28, I, da Lei 8.212/91.

    A tese do eg. TRT no sentido de que a contribuio

    previdenciria no incide sobre as frias usufrudas e seu respectivo

    adicional, ao fundamento de que referida parcela detm natureza

    indenizatria.

    Dispe o artigo 28, I, e o seu 9, alnea d, da Lei

    8.212/91, in verbis:

    Art. 28. Entende-se por salrio-de-contribuio:

    I - para o empregado e trabalhador avulso: a remunerao auferida em

    uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos,

    devidos ou creditados a qualquer ttulo, durante o ms, destinados a retribuir

    o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos

    habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de

    reajuste salarial, quer pelos servios efetivamente prestados, quer pelo tempo

    disposio do empregador ou tomador de servios nos termos da lei ou do

    contrato ou, ainda, de conveno ou acordo coletivo de trabalho ou sentena

    normativa; (Redao dada pela Lei n 9.528, de 10.12.97)

    (...)

    9 No integram o salrio-de-contribuio para os fins desta Lei,

    exclusivamente: (Redao dada pela Lei n 9.528, de 10.12.97)

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9528.htm#art1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9528.htm#art1

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.6

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    (...)

    d) as importncias recebidas a ttulo de frias indenizadas e respectivo

    adicional constitucional, inclusive o valor correspondente dobra da

    remunerao de frias de que trata o art. 137 da Consolidao das Leis do

    Trabalho-CLT; (Redao dada pela Lei n 9.528, de 10.12.97).

    Da leitura dos respectivos dispositivos mencionados,

    deflui-se que as importncias percebidas a ttulo de frias usufrudas

    acrescidas do tero constitucional, poderiam sofrer sofrem a incidncia

    contribuio previdenciria.

    Conheo, pois, do recurso de revista por violao do

    artigo 28, I, da Lei 8.212/91.

    MRITO

    Cinge-se a controvrsia acerca da incidncia da

    contribuio previdenciria sobre as frias usufrudas, acrescidas do

    tero constitucional.

    O art. 28, 9, d, da Lei n 8.212/91 expressamente

    exclui da base de clculo da contribuio previdenciria as importncias

    recebidas a ttulo de frias indenizadas e o respectivo adicional

    constitucional, diante da natureza indenizatria das parcelas.

    Sendo assim, a contrario sensu, pode-se facilmente

    concluir que h incidncia de contribuio previdenciria sobre as frias

    gozadas, sobretudo, por se tratar de verba detentora de natureza

    remuneratria e salarial, que retribui uma prestao de servios, nos

    termos do artigo 148 da CLT c/c os artigos 22, I, e 28, I, da Lei 8.212/91.

    Nesse sentido, vale citar precedentes recentes do STJ:

    TRIBUTRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

    ESPECIAL. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. FRIAS GOZADAS.

    INCIDNCIA. NATUREZA SALARIAL. PRECEDENTES. 1. A

    jurisprudncia desta Corte firmou a compreenso no sentido de que o

    pagamento de frias gozadas possui natureza remuneratria e salarial, razo

    por que integra o salrio-de-contribuio, nos termos do art. 148 da CLT.

    Precedentes: EDcl no REsp 1238789/CE, Rel. Ministro ARNALDO

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9528.htm#art1

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.7

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    ESTEVES LIMA, Primeira Turma, DJe 11/06/2014 e AgRg no REsp

    1437562/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda

    Turma, DJe 11/06/2014. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

    (AgRg no REsp 1441572 RS 2014/0054931-9, Relator Ministro Srgio

    Kukina, DJe 24/06/2014).

    TRIBUTRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

    ESPECIAL. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.

    SALRIO-MATERNIDADE. FRIAS. NATUREZA SALARIAL.

    INCIDNCIA. AGRAVO NO PROVIDO.

    1. pacfico no STJ o entendimento de que o salrio-maternidade no

    tem natureza indenizatria, mas sim remuneratria, razo pela qual integra a

    base de clculo da Contribuio Previdenciria. 2. O pagamento de frias

    gozadas possui natureza remuneratria e salarial, nos termos do art.

    148 da CLT, e integra o salrio-de-contribuio. Saliente-se que no se

    discute, no apelo, a incidncia da contribuio sobre o tero constitucional

    (AgRg no Ag 1.426.580/DF, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, Segunda

    Turma, DJe 12/4/12).

    2. Agravo regimental no provido (AgRg no REsp 1355135/RS, Rel.

    Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, DJe

    27/02/2013) (grifamos).

    Contudo, no que diz respeito ao tero constitucional

    de frias usufrudas, no se pode utilizar do mesmo raciocnio, visto

    que referida parcela no detm natureza salarial, mas sim natureza

    indenizatria, j que no se destina a retribuir servios prestados nem

    configura tempo disposio do empregador.

    Ressalte-se que, conquanto o tero constitucional

    constitua-se verba acessria remunerao de frias, aqui no se aplica

    aquela regra de que a prestao acessria segue a sorte da prestao

    principal.

    Logo, no h que se falar em incidncia de contribuio

    previdenciria sobre o tero constitucional das frias usufrudas.

    Na mesma linha, esta c. Corte assim j decidiu:

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.8

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    RECURSO DE REVISTA (...) CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA - FRIAS USUFRUDAS E TERO

    CONSTITUCIONAL - INCIDNCIA 1- Sobre o tero constitucional de

    frias no h incidncia de contribuio previdenciria. Precedentes. 2- A

    contribuio previdenciria incide sobre os reflexos das horas extras nas

    frias usufrudas, por se tratar de verba remuneratria. Recurso de Revista

    parcialmente conhecido e parcialmente provido. (RR -

    1606-15.2012.5.06.0143, Relator Desembargador Convocado: Joo Pedro

    Silvestrin, Data de Julgamento: 26/11/2014, 8 Turma, Data de Publicao:

    DEJT 28/11/2014)

    RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA.

    FRIAS GOZADAS. TERO CONSTITUCIONAL. NO INCIDNCIA.

    Sobre o tero constitucional de frias, ainda que usufrudas, no incide

    contribuio previdenciria. Esse entendimento decorre do fato de que

    somente as parcelas incorporveis ao salrio do trabalhador para efeitos de

    aposentadoria sofrem a incidncia do desconto previdencirio. Precedentes.

    Inclume o art. 28, I, 9, -d-, da Lei n 8.212/91. Recurso de revista no

    conhecido. (RR - 854-69.2012.5.06.0005, Relatora Ministra: Dora Maria da

    Costa, Data de Julgamento: 30/04/2014, 8 Turma, Data de Publicao:

    DEJT 05/05/2014)

    (...) CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. TERO

    CONSTITUCIONAL DE FRIAS. FRIAS GOZADAS. NO

    INCIDNCIA. No incide contribuio previdenciria sobre o adicional de

    1/3 de frias, ainda que usufrudas. Segundo a jurisprudncia mais abalizada,

    referido adicional no deve integrar o salrio-de-contribuio, visto no

    repercutir no clculo dos proventos da aposentadoria. Precedentes do TST,

    do STJ e do STF. Recurso de Revista no conhecido.

    (RR-131200-59.2009.5.06.0023, 8 Turma, Relator Ministro Mrcio Eurico

    Vitral Amaro, DEJT 16/3/2012)

    (...) CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. NO INCIDNCIA.

    TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. Nos termos do art. 28, 9,

    alnea "d", da Lei 8.212/91, a importncia recebida a ttulo de tero

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.9

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    constitucional de frias no integra o salrio de contribuio. (...)

    (RR-1115-48.2010.5.06.0023, 5 Turma, Relator Ministro Joo Batista Brito

    Pereira, DEJT 10/5/2013)

    "(...) II - RECURSO DE REVISTA DA UNIO. CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA. FRIAS GOZADAS. TERO CONSTITUCIONAL.

    NO-INCIDNCIA. No incide a contribuio previdenciria sobre o tero

    constitucional de frias, considerando-se a sua natureza jurdica

    indenizatria, e no se incorpora remunerao para o fim de pagamento de

    benefcio previdencirio. Precedentes do STF, STJ e TST. Recurso de revista

    de que no se conhece.(...)" (ARR-100-50.2010.5.06.0021, Relatora

    Ministra Ktia Magalhes Arruda, 6 Turma, DEJT 06/12/2013)

    (...) INCIDNCIA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA

    SOBRE O TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. luz da

    jurisprudncia desta Corte, a contribuio previdenciria no incide sobre o

    tero constitucional de frias, porquanto se trata de verba de natureza

    indenizatria. Precedentes. Revista no conhecida, no tema.

    (RR-434-26.2010.5.06.0008, 1 Turma, Relator Ministro Hugo Carlos

    Scheuermann, DEJT 21/12/2012)

    Outrossim, a jurisprudncia do e. STF se firmou no

    sentido de que no h incidncia de contribuio previdenciria em

    parcela indenizatria ou que no se incorpora remunerao do servidor,

    como o caso do tero constitucional de frias. Nesse sentido:

    EMENTA: TRIBUTRIO. CONTRIBUIES

    PREVIDENCIRIAS. INCIDNCIA SOBRE TERO

    CONSTITUCIONAL DE FRIAS. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO

    IMPROVIDO. I - A orientao do Tribunal no sentido de que as

    contribuies previdencirias no podem incidir em parcelas indenizatrias

    ou que no incorporem a remunerao do servidor. II - Agravo regimental

    improvido. (AI 712880 AgR, Relator(a): Min. RICARDO

    LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 26/05/2009, DJe-113

    DIVULG 18-06-2009 PUBLIC 19-06-2009 REPUBLICAO: DJe-171

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.10

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    DIVULG 10-09-2009 PUBLIC 11-09-2009 EMENT VOL-02373-04

    PP-00753) .

    O Superior Tribunal de Justia, por sua vez, adotando

    o entendimento do e. Supremo Tribunal Federal, reconheceu que sobre o

    tero constitucional de frias no h incidncia da contribuio

    previdenciria. Eis os precedentes:

    PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTRIO.

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA A CARGO DA EMPRESA.

    REGIME GERAL DA PREVIDNCIA SOCIAL. DISCUSSO A

    RESPEITO DA INCIDNCIA OU NO SOBRE AS SEGUINTES

    VERBAS: TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS; SALRIO

    MATERNIDADE; SALRIO PATERNIDADE; AVISO PRVIO

    INDENIZADO; IMPORTNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE

    ANTECEDEM O AUXLIO-DOENA.

    1. Recurso especial de HIDRO JET EQUIPAMENTOS

    HIDRULICOS LTDA.

    1.1 Prescrio.

    (...)

    1.2 Tero constitucional de frias.

    No que se refere ao adicional de frias relativo s frias indenizadas, a

    no incidncia de contribuio previdenciria decorre de expressa previso

    legal (art. 28, 9, "d", da Lei 8.212/91 - redao dada pela Lei 9.528/97).

    Em relao ao adicional de frias concernente s frias gozadas,

    tal importncia possui natureza indenizatria/compensatria, e no

    constitui ganho habitual do empregado, razo pela qual sobre ela no

    possvel a incidncia de contribuio previdenciria (a cargo da

    empresa). A Primeira Seo/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp

    957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando

    entendimento das Turmas de Direito Pblico deste Tribunal, adotou a

    seguinte orientao: "Jurisprudncia das Turmas que compem a Primeira

    Seo desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuio

    previdenciria do tero de frias tambm de empregados celetistas

    contratados por empresas privadas (...). (REsp 1.230.957 / RS, Relator,

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.11

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    MAURO CAMPBELL MARQUES, Primeira Seo, DJe 18/3/2014).

    (grifamos)

    "TRIBUTRIO E PREVIDENCIRIO. INCIDENTE DE

    UNIFORMIZAO DE JURISPRUDNCIA. CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA. TERO CONSTITUCIONAL DE FRIAS. NO

    INCIDNCIA. 1. A Primeira Seo, ao apreciar a Pet 7.296/PE (Relatora

    Ministra Eliana Calmon, Dje de 10.11.2009), acolheu o Incidente de

    Uniformizao de Jurisprudncia para que no se aplique a Contribuio

    Previdenciria sobre o tero constitucional de frias. 2. No h falar em

    violao do art. 97 da Constituio da Repblica, tendo em vista que no foi

    afastada a legislao federal, mas sua interpretao em consonncia com

    precedentes do prprio STF. 3. Agravo Regimental no provido." (AgRg no

    REsp 1334837/AL, Relator Ministro Herman Benjamin, 2 Turma, DJe

    10/10/2012)

    "RECURSO ESPECIAL. TRIBUTRIO. CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA. SALRIO-MATERNIDADE E FRIAS

    USUFRUDAS. AUSNCIA DE EFETIVA PRESTAO DE SERVIO

    PELO EMPREGADO. NATUREZA JURDICA DA VERBA QUE NO

    PODE SER ALTERADA POR PRECEITO NORMATIVO. AUSNCIA

    DE CARTER RETRIBUTIVO. AUSNCIA DE INCORPORAO AO

    SALRIO DO TRABALHADOR. NO INCIDNCIA DE

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. PARECER DO MPF PELO

    PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO. RECURSO ESPECIAL

    PROVIDO PARA AFASTAR A INCIDNCIA DE CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA SOBRE O SALRIO-MATERNIDADE E AS

    FRIAS USUFRUDAS.

    1. Conforme iterativa jurisprudncia das Cortes Superiores,

    considera-se ilegtima a incidncia de Contribuio Previdenciria sobre

    verbas indenizatrias ou que no se incorporem remunerao do

    Trabalhador.

    2. O salrio-maternidade um pagamento realizado no perodo em

    que a segurada encontra-se afastada do trabalho para a fruio de licena

    maternidade, possuindo clara natureza de benefcio, a cargo e nus da

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.12

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    Previdncia Social (arts. 71 e 72 da Lei 8.213/91), no se enquadrando,

    portanto, no conceito de remunerao de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91.

    3. Afirmar a legitimidade da cobrana da Contribuio

    Previdenciria sobre o salrio-maternidade seria um estmulo combatida

    prtica discriminatria, uma vez que a opo pela contratao de um

    Trabalhador masculino ser sobremaneira mais barata do que a de uma

    Trabalhadora mulher.

    4. A questo deve ser vista dentro da singularidade do trabalho

    feminino e da proteo da maternidade e do recm nascido; assim, no caso, a

    relevncia do benefcio, na verdade, deve reforar ainda mais a necessidade

    de sua excluso da base de clculo da Contribuio Previdenciria, no

    havendo razoabilidade para a exceo estabelecida no art. 28, 9o., a da Lei

    8.212/91.

    5. O Pretrio Excelso, quando do julgamento do AgRg no AI

    727.958/MG, de relatoria do eminente Ministro EROS GRAU, DJe

    27.02.2009, firmou o entendimento de que o tero constitucional de frias

    tem natureza indenizatria. O tero constitucional constitui verba acessria

    remunerao de frias e tambm no se questiona que a prestao acessria

    segue a sorte das respectivas prestaes principais. Assim, no se pode

    entender que seja ilegtima a cobrana de Contribuio Previdenciria sobre

    o tero constitucional, de carter acessrio, e legtima sobre a remunerao

    de frias, prestao principal, pervertendo a regra urea acima apontada.

    6. O preceito normativo no pode transmudar a natureza jurdica de

    uma verba. Tanto no salrio-maternidade quanto nas frias usufrudas,

    independentemente do ttulo que lhes conferido legalmente, no h efetiva

    prestao de servio pelo Trabalhador, razo pela qual, no h como

    entender que o pagamento de tais parcelas possuem carter retributivo.

    Consequentemente, tambm no devida a Contribuio Previdenciria

    sobre frias usufrudas.

    7. Da mesma forma que s se obtm o direito a um benefcio

    previdencirio mediante a prvia contribuio, a contribuio tambm s se

    justifica ante a perspectiva da sua retribuio futura em forma de benefcio

    (ADI-MC 2.010, Rel. Min. CELSO DE MELLO); dest'arte, no h de incidir

    a Contribuio Previdenciria sobre tais verbas.

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.

  • Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.13

    PROCESSO N TST-RR-388-81.2012.5.06.0003

    Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    8. Parecer do MPF pelo parcial provimento do Recurso para afastar a

    incidncia de Contribuio Previdenciria sobre o salrio-maternidade.

    9. Recurso Especial provido para afastar a incidncia de

    Contribuio Previdenciria sobre o salrio-maternidade e as frias

    usufrudas". (REsp 1322945/DF, Relator Ministro Napoleo Nunes Maia

    Filho, Primeira Seo, DJe 08/03/2013 - grifos apostos)

    "TRIBUTRIO. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. TERO

    CONSTITUCIONAL DE FRIAS. NO INCIDNCIA. A contribuio

    previdenciria no exigvel sobre a parcela paga a ttulo de tero de frias.

    Agravo regimental desprovido." (AgRg no REsp 1283418/PB, Relator

    Ministro Ari Pargendler, 1 Turma, DJe 20/03/2013)

    Desse modo, dou parcial provimento ao recurso de

    revista para determinar a incidncia da contribuio previdenciria

    apenas sobre as frias usufrudas, com excluso do tero constitucional.

    ISTO POSTO

    ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal

    Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista

    por violao do artigo 28, I, da Lei 8.212/91, e, no mrito, dar-lhe

    provimento parcial para determinar a incidncia da contribuio

    previdenciria apenas sobre as frias usufrudas, com excluso do tero

    constitucional.

    Braslia, 11 de Maro de 2015.

    Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

    ALOYSIO CORRA DA VEIGA Ministro Relator

    Este documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tst.jus.br/validador sob cdigo 1000DCC13FBE9D5546.