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ACOMPANHAMENTO PARA CONTROLE DO DIABETES A UMA FAMÍLIA NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO BAIRRO CHAPADINHA DA CIDADE DE PARACATU, MINAS GERAIS, BRASIL João Texeira Batista 1 Giselda Martins Romero 2 RESUMO Considerando a família como fonte de apoio ao doente, foi realizado um estudo visando analisar a problemática do portador de diabetes em uma família do bairro chapadinha da cidade de Paracatu em visitas domiciliares as realizadas no período de fevereiro de 2006 a dezembro de 2007 na disciplina de interação comunitária. Os dados foram coletados dos familiares por meio de entrevista semi-estruturada e outros instrumentos de porte pessoal como caderno de anotações e projetos de intervenção. (daqui pra frente que já ta no inglês) Os temas que emergiram da análise foram: transgressão alimentar, problemas com a medicação e influências interpessoais. Esses temas reportam-se às influências interpessoais familiares e do grupo de iguais, que estão alicerçadas em um conjunto de crenças e valores que interferem na motivação e na capacidade de os pacientes enfrentarem a sua doença. Com base nos resultados, recomendam-se conhecer os 1 Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG. E-mail: [email protected] . 2 Professora do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.

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Page 1: ACOMPANHAMENTO PARA CONTROLE DO DIABETES A … · que atinge a família em estudo,tais aspectos como etiopatogênia, fatores de risco, importância do tratamento não medicamentoso,

ACOMPANHAMENTO PARA CONTROLE DO DIABETES A UMA FAMÍLIA

NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO

BAIRRO CHAPADINHA DA CIDADE DE PARACATU, MINAS GERAIS,

BRASIL

João Texeira Batista1

Giselda Martins Romero2

RESUMO

Considerando a família como fonte de apoio ao doente, foi realizado um estudo visando

analisar a problemática do portador de diabetes em uma família do bairro chapadinha da

cidade de Paracatu em visitas domiciliares as realizadas no período de fevereiro de 2006

a dezembro de 2007 na disciplina de interação comunitária. Os dados foram coletados

dos familiares por meio de entrevista semi-estruturada e outros instrumentos de porte

pessoal como caderno de anotações e projetos de intervenção. (daqui pra frente que já ta

no inglês) Os temas que emergiram da análise foram: transgressão alimentar, problemas

com a medicação e influências interpessoais. Esses temas reportam-se às influências

interpessoais familiares e do grupo de iguais, que estão alicerçadas em um conjunto de

crenças e valores que interferem na motivação e na capacidade de os pacientes

enfrentarem a sua doença. Com base nos resultados, recomendam-se conhecer os

1 Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG. E-mail:

[email protected]. 2 Professora do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.

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padrões de resposta do paciente e de seu principal cuidador, em relação aos seus

sentimentos, conflitos e necessidades, estabelecendo um vinculo efetivo que

proporcione condições para, em conjunto, traçarem-se estratégias direcionadas a

alcançar o controle metabólico.

Palavras-Chave: Diabetes Mellitus; Qualidade de Vida; Família.

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I-INTRODUÇÃO

1.1 REVISÂO DA LITERATURA

De acordo com CECIL, em seu livro medicina interna básica, o diabetes mellitus

abrange um grupo heterogêneo de doenças metabólicas, caracterizadas por

hiperglicemia crônica e distúrbios no metabolismo dos carboidratos, dos lipídeos e das

proteínas. Essas doenças resultam de defeitos na secreção ou na ação da insulina ou em

ambas” (1)

CECIL confirma ainda que “as estatísticas nos estados unidos para 1997

estimaram que a prevalência de diabetes em adultos a partir de 20 anos de idade foi

semelhante em ambos os sexos com 15,7 milhões de indivíduos afetados pela

doença”.(1)

Conforme ALMEIDA et al, no manual Atenção a saúde do adulto: Hipertensão e

diabetes “O Diabetes Mellitus – quadro de hiperglicemia crônica, acompanhado de

distúrbios no metabolismo de carboidratos, de proteínas e de gorduras, caracterizado por

hiperglicemia que resulta de uma deficiente secreção de insulina pelas células beta,

resistência periférica à ação da insulina ou ambas cujos efeitos crônicos incluem dano

ou falência de órgãos, especialmente rins, nervos, coração e vasos sangüíneos”. (2)

MALERBI confirma que “no Brasil, as cidades das regiões Sul e Sudeste,

consideradas de maior desenvolvimento econômico do país, apresentam maiores

prevalências de diabetes mellitus e de tolerância à glicose diminuída. Os principais

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fatores associados à maior prevalência do diabetes no Brasil foram a obesidade, o

envelhecimento populacional e história familiar de diabetes”, (3)

PORTO esclarece que “o diabetes pode permanecer assintomático, manifestar-se

por sintomas isolados (prurido vulvar, por exemplo) ou constitui uma síndrome com

poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso alterações de acuidade visual, surto de

diarréias, impotência sexual, queilite angular, necrobiose diabética, lesões isquêmicas

ou troficas da extremidades inferiores e polineuroparias”, (4)

Apesar de, no século passado, ter sido inquestionável o avanço científico na área

de diabetes, a qualidade do cuidado ao paciente diabético é, ainda hoje, pobre(5)

.

Nessa direção, vários autores preconizam que, para qualificar o cuidado ao

paciente diabético, há necessidade de buscar estratégias efetivas mediante uma

abordagem integral, envolvendo os elementos fisiopatológicos, psicossociais,

educacionais e de reorganização da atenção à saúde(5-8)

.

No entanto, ao considerar o diabetes mellitus uma condição crônica de saúde, a

adesão do paciente ao seu tratamento só será possível se ele participar efetivamente

dele, mediante a obtenção de informações e treinamento apropriados junto aos

profissionais de saúde(9-10)

. O tratamento também dependerá muito da motivação

pessoal, aceitação da doença e apoio familiar. Outras variáveis que intervêm na adesão

são o tipo e as características da doença, evidenciados pela própria condição do paciente

e pelo progresso de sua doença(11)

.

Na prática, freqüentemente, observa-se que não só o paciente diabético sente as

conseqüências de estar doente; sua família também pode, de um certo modo, adoecer

junto com ele. Como em toda doença crônica, as transformações geradas pelo

diagnóstico de diabetes mellitus também são inevitáveis aos membros da família.

Inicialmente, os familiares de pacientes diabéticos reagem com angústia e desespero

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perante a sensação de terem pouco controle sobre suas vidas e sobre a vida do paciente

diabético. Conforme o progresso do tratamento, tanto o paciente quanto a sua família

enfrentam situações de incerteza e descrença - contra as quais podem reagir recorrendo

a mecanismos de negação do sofrimento, - intercalados por momentos de aceitação,

perseverança, otimismo e esperança. As fases pelas quais passam tanto o paciente como

a família incluem um contexto amplo, não somente relacionado à evolução do quadro

patológico, ou seja, elas contemplam, também, aspectos psicológicos, emocionais,

sociais, culturais, espirituais e afetivos(12-13)

.

Cabe, ainda, ressaltar o caráter assintomático do diabetes mellitus. Diante desse

fator, motivar os pacientes diabéticos com níveis glicêmicos alterados quando eles não

apresentam, ainda, nenhum sinal ou sintoma da doença, é um dos desafios que o

profissional de saúde tem que enfrentar no cuidado a essa clientela. Assim, as

estratégias educacionais devem atender os aspectos emocionais e sociais, isto é, o

sistema de valores e crenças que orientam as atitudes e ações dessas pessoas e suas

famílias em relação à própria saúde(6,14)

.

O processo educativo deve resgatar as experiências e os conhecimentos que o

diabético já possui, colaborando na construção de seu próprio conhecimento, aliado aos

educadores(15)

.

Alguns sistemas, como instituições, associações, grupos na comunidade, entre

outros, oferecem apoio aos pacientes diabéticos. Também a família é um sistema de

apoio relevante. Entretanto, os familiares geralmente não têm recebido, por parte do

sistema de saúde, a atenção de que necessitam, nem vislumbram meios em que possam

buscar apoios e alternativas de inclusão no tratamento de seu ente querido, o que,

freqüentemente, acarreta um total alheamento(12)

.

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Tendo em vista que a organização familiar influencia fortemente o

comportamento de saúde de seus membros e que o estado de saúde de cada indivíduo

também influencia o modo como a unidade familiar funciona, infere-se que a família é

uma instituição central que pode ajudar ou não a pessoa diabética a manejar a doença e

alcançar as metas do seu tratamento(16)

.

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1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO

A família da J.M. de 65 anos é formada por 5 integrantes, Três filhas, ela e o

esposo (M.M.F). Ela é portadora de diabetes a aproximadamente 9 anos como relatou

nas entrevistas quando da realização dos projetos de intervenção. Na residência da

família moram J.M. seu esposo, e suas filhas D.M.F,A.M.F,JMF. A família apresenta

ter uma boa estrutura familiar mas sofre constantemente com os problemas decorrentes

de sua diabetes uma vez que a família não demonstra dar atenção necessária a esse

problema que muitas vezes se manifesta de maneira silenciosa. A família se encontra na

Fase do ciclo vital em “Idosos”, no qual a Constituição Federal de 1988 apresenta a

família como base da sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do

Estado “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade,

defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida”

Família da J.M.

?? ?? ? ? ?? ? ? ? ?M.F. G M D D V Q C A J.M. H J L V

A D J

T B T o

? Sem informação

Informante

Moram Juntos

Mortos

..

Mulher

Masculino

Legenda

I

DIA

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DIA - Diabetes

? ? ?

6570

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1.3 JUSTIFICATIVA

O diabetes é uma doença que atinge parcela significativa da população trazendo

sérios agravos a saúde das pessoas se não for diagnostica e tratada precocemente, por

isso a importância de um estudo com este tema especialmente no idoso já que na família

acompanhada tive a oportunidade de me defrontar com um idoso, portador desta

enfermidade, onde ela é freqüentemente assintomática e ocorre o seu diagnóstico

durante a realização dos exames de rotina ou durante a internação hospitalar por outra

doença.Pois isso, a sintomatologia clássica (polidipsia, polifagia e poliúria) pode ser

substituída por queixas inespecíficas (fraqueza,adinamia, perda de peso, dores

musculares e sintomas neurológicos).Metade dos casos novos de diabetes mellitus tipo

2 poderiam ser prevenidos, evitando-se o excesso de peso e outros 30% com o combate

ao sedentarismo (CHACRA, 1993). Nos indivíduos diabéticos, o controle da pressão

arterial previne 80% dos acidentes vasculares cerebrais, 60% das amputações de

membros inferiores, 50% das doenças renais terminais e 40% das doenças coronarianas

(BRASIL, 1996).

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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

O presente estudo tem como objetivo realizar o acompanhamento e intervenções

para controle do Diabetes a uma família na área de abrangência da Unidade Básica de

Saúde do bairro Chapadinha da cidade de Paracatu, Minas Gerais.

J.M (Idosa) que mora na área de coberta do PSF do Bairro Chapadinha do

Município de Paracatu, Minas Gerais, Brasil, e demonstrar a assistencia da unidade

basica de saúde ao paciente portador desta enfermidade. Conhecer os aspectos desta

patologia, nos idosos visto que é um problema que atinge a família em estudo, tais

aspectos como etiopatogênia, fatores de risco, importância do tratamento não

medicamentoso, cronicidade complicações, ocorrência geralmente assintomática, difícil

adesão ao tratamento, necessidade de controle rigoroso para evitar complicações e de

acompanhamento por equipe multidisciplinar, além de ser uma patologia facilmente

diagnosticada.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conscientizar essa família a seguir uma alimentação saudável, que irá ajudar a

melhorar seus níveis de glicose, pressão e colesterol no sangue, além de ajudar a manter

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o seu peso sob controle. Controlar a alimentação é essencial para tomar as rédeas da

doença e evitar as complicações. Fornecer auxílio adicional para a família com o

médico, com um profissional especializado na educação sobre a diabetes e/ou com um

nutricionista. Conhecer os aspectos desta patologia, nos idosos visto que é um problema

que atinge a família em estudo,tais aspectos como etiopatogênia, fatores de risco,

importância do tratamento não medicamentoso, cronicidade complicações, ocorrência

geralmente assintomática, difícil adesão ao tratamento, necessidade de controle rigoroso

para evitar complicações e de acompanhamento por equipe multidisciplinar, além de ser

uma patologia facilmente diagnosticada.

II. METODOLOGIA

2.1 TIPO DE ESTUDO

Estudo de estudo de caso, que permite contemplar a riqueza, diversidade e

complexidade dos dados. Por estudo de caso entende-se aquele que seja intensivo e que

leve em consideração, principalmente, a compreensão do assunto investigado como um

todo.

Pode-se entender estudo de caso como sendo uma modalidade de pesquisa qualitativa

útil para investigar situações singulares e salientar peculiaridades que merecem ser

focalizadas por se destacarem em determinado contexto, geralmente mais amplo. Um

caso pode ser definido como uma unidade bem delimitada - pessoa, grupo, programa ou

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instituição, estudada com profundidade. No presente estudo, o caso foi constituído pelo

acompanhamento para intervir junto ao paciente e do principal cuidador, sobre as

necessidades de cuidado ao diabético, colocando-se em relevo a história da construção

dos significados atribuídos pelos entrevistados à doença e seu tratamento.

2.2 ÁREA DE ESTUDO

Os alunos realizaram o estudo no bairro da chapadinha na residência da senhora

J.M e M.M.F, de fevereiro de 2006 á dezembro de 2007 na cidade de Paracatu, Minas

Gerais, Brasil.

2.3 COLETA DE DADOS

Após entrar em contato com a paciente diabética escolhida e sua familia, os

autores explicaram a família a natureza e objetivos do trabalho, para o qual se solicitava

sua anuência e colaboração, pontuando que o propósito do estudo era fazer um

acompanhamento da família e também buscar compreender os aspectos psicossociais

implicados no tratamento da doença, especialmente o papel das relações familiares. A

indicação da filha foi da própria paciente, uma vez que, na dinâmica das relações

familiares, ela despontava como o membro mais significativo, como principal cuidador.

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As participantes foram esclarecidas a respeito de seus direitos, sendo assegurada a

preservação de seu anonimato e o sigilo de seus depoimentos. Também foi explicitado

que o fato de não aceitar participar do trabalho não acarretaria nenhum prejuízo ao seu

atendimento na unidade de saúde do bairro. A entrevista foi aplicada individualmente,

em situação face-a-face, em ambiente preservado, com condições adequadas de

conforto. A coleta dos dados vem sendo realizada através das visitas realizadas com

essas famílias a partir do 1º período do curso de medicina da faculdade atenas na

disciplina de interação comunitária, teve inicio em fevereiro de 2006 data da

implementação da disciplina Interação Comunitária até o final do ano de 2007. As

duplas realizaram desde o primeiro contato com as famílias ações educativa e

preventivas com o auxilio dos tutores da disciplina de interação comunitária em parceria

com os agentes comunitarios de saúde da unidades de saúde do bairro da chapadinha.

As visitas eram realizadas pela dupla em intervalos de quinze dias nas famílias que

tinham sido selecionadas para serem acompanhadas, onde, os alunos conversavam as

pessoas para saberem quais os reais e principais problemas da família para realizarem

uma teorização sobre o tema ou problema e a partir dai passavam intervirem nessas

famílias com orientações de cunho preventivo necessárias para melhorar a qualidade de

vida da família.Com as orientações recebidas na unidade de saúde do bairro a senhora

J.M. passou a conhecer mais sobre a diabetes, seus sintomas, agravos a saúde e os

cuidados que devem ser tomados e os controles exigidos para estabilizar a doença. Foi

passado a ela noções de nutrição, controle de glicemia, cuidados com a saúde e a

importância da atividade física para controle da doença. Foi realizado o controle da

glicemia no PSF e em sua residência tudo que ocorria era passado para o diário de bordo

(caderno de anotações onde se anotava tudo que ocorria durante as visitas, levantando

todos os pontos chaves e necessidades que os alunos viam durante as entrevistas).

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As visitas foram realizadas nas respectivas datas:

10/05/2006; 02/06/2006 (neste dia foi colhido os dados para montar o

genograma da família); 23/06/2006; 11/08/2006; 01/09/2006; 06/10/2006; 24/11/2006;

01/03/2007; 12/04/2007; 14/06/2007; 23/08/2007; 13/09/2007; 27/09/2007 e

25/10/2007. (datas aproximadas e somando ao todo 14 visitas).

2.4 CRITÉRIO DE SELEÇÃO DOS SUJEITOS

A escolha da família deu-se por conveniência, sendo constituída por uma

paciente diabética(J.M) seu esposo(M.M.F), e um de seus irmãos, freqüentava de

maneira esporádica o referido centro de saúde. A paciente escolhida apresentava

dificuldades para obtenção de um bom controle metabólico. Para efetuar a seleção,

primeiramente se obteve a lista dos pacientes atendidos na unidade de saúde do bairro

chapadinha e posteriormente os agente comunitários de saúde foram com os alunos nas

residências para fazer a seleção da paciente.

2.5 INSTRUMENTOS OU TÉCNICAS UTILIZADAS

Foi utilizado pela dupla nas visitas um questionário (continha identificação,

aspectos socioeconômicos, antecedentes sociais e familiares relacionados a doença,

hábitos de vida, medicamentos que utilizavam, gastos com medicamentos, historia

sanitária da família, doenças que tiveram na infância, como é a higiene pessoal e do lar,

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medicina preventiva e perguntas sobre o medico local) dentro desses aspectos levantado

no questionário havia vários outros tipos de perguntas relacionado com o tópico.

Para coleta dos dados objetivos a dupla de acadêmicos teve que utilizar jaleco

branco, crachá de identificação junto ao nome da faculdade Atenas para facilitar a

adesão na visita e após algum tempo de estudos em sala de aula e como manejar os

instrumentos de trabalho de um médico foi utilizado um estetoscópio e um

esfignomanômetro.

Um instrumento de grande importância para registro de muitas informações foi o

diário de bordo onde anotávamos todos os dados e situações que observávamos nas

visitas tais como características da casa, estilos de vida, alimentação, relacionamentos

familiares, atitudes e padrões religiosos, atividades e interesse de lazer, constituição

familiar e saúde dos avos, pais, irmãos, filhos. Também foi relatado neste instrumento

historia de óbitos na família registrando a causa e idade. Também foi utilizado o projeto

de intervenção desta família que foi feito no decorrer do curso mostrando a real

dificuldade em que a família se encontra e a metodologia utilizada para intervirmos para

uma melhora.

III RESULTADOS

3.1 DESCRIÇÃO

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J.M, 65 anos, sexo feminino, residente na cidade de Paracatu-MG, do lar,

analfabeta, diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2, há nove anos, Realiza tratamento

com insulina NPH e antidiabéticos orais (sulfanoluréias, metformina) e anti-

hipertensivos. Não Freqüenta nenhum Grupo de Educação em Diabetes, peso 77,1 kg,

altura 1,48 m, índice de massa corporal (IMC) de 35,2, circunferência abdominal de

106,4 cm, glicemia de 333 mg/dl, pressão arterial 117/ 78 mm/Hg. Apresentava

Problemas com a alimentação que acarreta mudanças significativas na relação que o

paciente diabético estabelece com seu próprio corpo e com o mundo que o cerca. É

sobretudo por meio das restrições no comportamento alimentar que o diabético toma

consciência de suas limitações. Por essa razão, o conflito entre o desejo alimentar e a

necessidade imperiosa de contê-lo está sempre presente na vida cotidiana do paciente

diabético. O desejo alimentar faz o paciente sofrer, reprimir, salivar, esquecer,

transgredir, mentir, negar, admitir, sentir prazer, controlar e sentir culpa. Foi possível

em algumas visitas perceber nas falas da paciente uma denotação de sensação de

frustração, pois ela se ressente de não poder desfrutar do prazer da alimentação

produzida por ela mesma, e de não poder comer aquilo de que ela gosta, como e quando

ela quiser. Nesse contexto, a doença surge como uma ameaça à autonomia individual,

além de representar um fator limitante para a qualidade de vida desses pacientes. Foi

possível observar que tanto a paciente como seu principal cuidador buscam soluções

para os problemas instrumentais, de forma criativa e diferenciada. Percebe-se, também,

que o principal cuidador em estudo não apresenta dificuldades em relação à obtenção do

alimento e/ou medicação para o seu tratamento. Os maiores problemas explicitados são:

a reorganização do cardápio alimentar e a busca de apoio profissional para ajudar na

resolução dos problemas apresentados. Tivemos também os fatores de natureza

emocional, tais como: falta de controle frente ao alimento, má escolha dos alimentos

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durante as crises de hipoglicemia - mesmo tendo o conhecimento da conduta adequada,

suscitam sentimentos de arrependimento e culpa, tornando penosa a carga emocional

que a paciente tem de suportar para acompanhar a terapêutica proposta. Mesmo diante

dos inúmeros desafios é notável que a dupla conseguiu resultados favoráveis frente aos

objetivos propostos e melhoras gradativas no seu estado de saúde bem como uma

melhoria na qualidade de vida desta família. Mesmo diante de muitos desafios, a

senhora J.M. se manteve motivada sempre que a dupla comparecia a sua residência para

lhe passar orientações sobre a enfermidade, ela procurava seguir todas essas orientações

fazendo o controle do seu nível de glicemia, a comparecia ao PSF sempre que orientado

pela dupla. Essa melhora ocorreu de forma gradativa conforme visitas eram realizadas

pela dupla onde foi realizado varias atividades de punho educativo e preventivo.A

diabetes a senhora J.M. teve uma boa melhora levando a quase uma exclusão dos seus

sintomas como a visão embaçada, tremor, tontura, irritabilidade, sudorese, cansaço e

uma melhora e também a família adotou uma dieta mais especifica para ajudar no

controle do diabetes além de relatar que estava fazendo caminhadas pelo bairro.

IV DISCUSSÃO

4.1 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Estudos sobre diabetes de uma forma geral tem apontado que as dificuldades

apresentadas pelos pacientes diabéticos, para a obtenção de um bom controle

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metabólico, estão relacionadas à sua adesão a um plano alimentar, ao incremento da

atividade física e ao seguimento da terapêutica medicamentosa.

Neste estudo de caso, procurou-se chamar a atenção da equipe multidisciplinar para o

fato de que, além dessas dificuldades, existem outros fatores que estão intimamente

entrelaçados com as questões instrumentais e comportamentais. Tais fatores reportam-se

a um conjunto de influências interpessoais familiares e de iguais, que está alicerçado em

crenças e valores que interferem na motivação e na capacidade de o paciente enfrentar a

sua doença e buscar soluções para controlar o diabetes.

Assim, antes de iniciar a orientação específica sobre o diabetes, recomenda-se

conhecer os padrões individuais de resposta do paciente e de seu principal cuidador em

relação aos seus sentimentos, angústias, ansiedades, conflitos e necessidades,

estabelecendo um vínculo efetivo para, posteriormente, em conjunto, traçar estratégias a

curto, médio e longo prazo, direcionadas a alcançar o controle metabólico.

Em suma, o presente estudo permitiu descrever para as principais características

da doença bem com suas diversas formas de controle, para o paciente diabético e seu

principal cuidador percebem as dificuldades diárias para o controle do diabetes,

contribuindo para um melhor conhecimento dos fatores comportamentais e emocionais

que devem ser considerados no planejamento de ações de saúde voltadas para a

assistência integral a essa população.

4.2 COMPARAÇÃO COM OUTROS ESTUDOS

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Diversas publicações têm reportado em diferentes países, a importância de

programas educativos para promover maior adesão ao tratamento, resultando em melhor

controle da hipertensão arterial e/ou diabetes (Ambrosio e col., 1988; Gruesser e col.,

1996; Gonzáles e col., 1997).

Em nosso meio, poucas publicações relatam esse tipo de estudo e, quando o

fazem, tem um acompanhamento de curto prazo, embora apontem resultados favoráveis.

(Santos e Baracho, 1995; Maia e Araújo, 2002).

Além disso, os estudos referem-se a intervenções que se limitam a um elenco de

conferências, sobre informações a respeito da doença, suas complicações e os cuidados

que elas demandam. Há poucos trabalhos mostrando intervenções na educação do

autocontrole da doença e sobre seguimento regular, vinculado a consultas médicas.

Vale ressaltar que o sucesso de nosso trabalho com essa família dependeu de um

conjunto de ações de caráter educativo, terapêutico e de controle de seguimento,

desenvolvidas com a participação da nossa equipe, sendo eles Professores, Tutores,

Médicos, Enfermeiros, Agentes Comunitários e eu aluno da Faculdade Atenas de

Medicina.

4.3 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES

As maiores dificuldades encontradas nesse estudo foi como entrar na intimidade

da família para coletar dados mais específicos que muitas vez de vão de encontro a

intimidade das pessoas, para tal fato foi necessário construir um laço de confiança com

a família ao longos das visitas para uma completa coleta dos dados.

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V CONCLUSÃO

Neste estudo pôde-se observar que a grande maioria dos diabéticos desconhece

pontos relevantes da doença, como tratamento e alimentação. Notou-se que os pacientes

exaltam os medicamentos hipoglicemiantes, deixando de lado a dieta alimentar, que é

tão ou mais importante que a medicação. O exercício físico também teve poucos

adeptos entre os diabéticos participantes, sendo a grande maioria sedentários. Percebe-

se a real importância da formação de um grupo de diabéticos neste município, para que

recebam informações por meio de equipes multidisciplinares, tal como foi feito na

manhã de palestras. Sugere-se ainda a inclusão de um educador físico para incrementar

e acrescentar á pratica de atividade física. Para tanto, devem ser feitas reuniões mensais

para prestar assistência tão necessária e relevante ao portador de diabetes mellitus e

fazer com que exista o controle clinico metabólico intensivo da doença, evitando, desta

maneira, futuras complicações cardiovasculares, bem como as outras tantas que podem

estar ocorrendo caso o diabetes não seja tratado com o devido afinco, tanto pelo

paciente, como pela equipe de saúde.

Com o auxilio do profissional nutricionista, o paciente pode ter maior acesso a

informações precisas sobre a alimentação adequada, o que possibilita também a redução

da quantidade de medicamentos e ser utilizada no tratamento. Ao incorporar hábitos

saudáveis, a convivência com a doença certamente torna-se de menor risco.

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ABSTRACT

Considering the family as anchorage to de ill, this study was made to analyze how is life

of a diabetics ill in a family which are inserted in the Family Health Program of

Chapadinha, Paracatu – MG. This study is a resume of the work doing in class, between

2006 and 2007. Numbers were collected with a few interview and others papers like my

own note book and the intervention projects. The following themes emerged from the

analysis: dietary transgressions, medication-related problems and interpersonal

influences. These themes are interconnected with interpersonal influence from family

members and the peer group, which are based on a set of beliefs and values that

interfere in the patients' motivation and capacity to face the decease. The results reveal

the need to get to know the patients' and caregivers' pattern of answers related to

feelings, conflicts and needs, so as to establish an effective link that offers conditions to

develop collaborative strategies to achieve metabolic control.

Keywords: diabetes mellitus; Quality of Life; Family.

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