acido tereftalico via reciclagem quimica do pet
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Tese ácido tereftálicoTRANSCRIPT
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AVALIAO DE METODOLOGIA DE OBTENO DO CIDO
TEREFTLICO VIA RECICLAGEM QUMICA DO PET
Camilla Thomaz da Silva
Dissertao de Mestrado
Orientadora
Prof. Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc.
Programa De Ps-Graduao Em Tecnologia de Processos Qumicos e
Bioqumicos
Escola de Qumica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Setembro de 2012
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AVALIAO DE METODOLOGIA DE OBTENO DO CIDO
TEREFTLICO VIA RECICLAGEM QUMICA DO PET
Camilla Thomaz da Silva
Dissertao submetida ao Corpo Docente do Curso de Ps-Graduao em Tecnologia de
Processos Qumicos e Bioqumicos da Escola de Qumica da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Mestre em
Cincias.
Aprovado por:
_______________________________ Profa.Dilma Alves Costa D.Sc.
_______________________________ Profa. Fabiana Valria da Fonseca Arajo D.Sc.
_______________________________ Profa. Marisa Fernandes Mendes D.Sc.
Orientada por:
_______________________________________ Prof. Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc.
Rio de Janeiro, RJ Brasil Setembro de 2012
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Ficha Catalogrfica
Thomaz, Camilla
Avaliao de Metodologia de Obteno do cido Tereftlico Via
Reciclagem Qumica do PET / Camilla Thomaz.
Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2012.
xiv, 95f.; il.
(Dissertao) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Qumica.
2012.
Orientadora: Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc.
1. cido Tereftlico. 2. Reciclagem Qumica. 3. Despolimerizao. 4. PET.
5. Dissertao. (Mestrado UFRJ/EQ). 6. Erika Christina Ashton N.
Chrisman - D.Sc.
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Dedicatria
Dedico este trabalho Deus, minha famlia, amigos, colegas de trabalho e orientadora
pelo apoio, fora, incentivo, companheirismo e amizade. Sem eles nada disso seria
possvel.
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Quanto melhor adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente escolher
o entendimento do que a prata!
Provrbios 16:16
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Agradecimentos
Deus por ser o meu sustento e minha fortaleza, por me amparar nos momentos
difceis, por me ajudar a superar as adversidades, mostrar os caminhos nos momentos de
aflio e por suprir todas as minhas necessidades.
minha famlia: meus pais Beto e Solange, por priorizarem meus estudos e me
darem todo apoio na profisso que escolhi, a minha irm Isabella, por estar sempre ao
meu lado me escutando e incentivando.
minha orientadora rika por toda ajuda dada, sem a qual esta dissertao no
seria possvel.
Aos amigos do DOPOLAB por todo companheirismo e auxlio to importantes nos
momentos de dificuldade.
Aos meus amigos: Evelyn e Edson por me incentivarem, confiarem na minha
capacidade e me ouvirem nos momentos de preocupao e insegurana.
minha amiga Layla pelo auxlio nos momentos difceis e pacincia nas horas de
estresse.
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Resumo da Dissertao de Mestrado apresentada ao Curso de Ps-Graduao em
Tecnologia de Processos Qumicos e Bioqumicos da Escola de Qumica/UFRJ como
parte dos requisitos para obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)
AVALIAO DE METODOLOGIA DE OBTENO DO CIDO TEREFTLICO VIA
RECICLAGEM QUMICA DO PET
Camilla Thomaz
Setembro, 2012
Orientadora: Erika Christina Ashton N. Chrisman D.Sc.
A demanda por PET Poli(etileno tereftalato) aumentou significativamente ao longo
dos anos, elevando tanto sua produo como seu fluxo de resduos. Com o crescimento
de sua demanda a necessidade por AT cido Tereftlico aumentou, importante
monmero de sua polimerizao. A reciclagem do PET surge, ento, como uma
alternativa interessante e rentvel para dar destino ao resduo slido polimrico e ao
mesmo tempo, agregando valor ao seu resduo.
Nos ltimos dez anos a balana comercial de AT tem se apresentado desfavorvel,
isto porque a capacidade instalada deste produto no supre as necessidades internas e a
empresa fabricante no Brasil encontra-se paralisada desde 2007, o que aumentou muito a
quantidade importada deste monmero e acendeu a necessidade pela busca de novas
rotas de obteno do mesmo.
O AT produzido comercialmente pela oxidao do p-xileno. Uma alternativa rota
comercial seria a reciclagem qumica do PET. Esta pode ser dividida em hidrlise, gliclise
e metanlise. Sendo que somente atravs da hidrlise podemos obter o cido tereftlico.
Este trabalho se baseou no estudo da hidrlise cida e bsica do PET com o
objetivo de recuperar cido tereftlico com a pureza necessria sua reutilizao na
sntese de PET. Foram realizadas duas reaes, uma hidrlise bsica e uma cida e dois
planejamentos de experimentos visando a otimizao da reao.
Como resultados obteve-se a recuperao do AT, como desejado, com rendimento
superior a 95%, na pureza necessria alm de se conseguir modelar as influncias das
variveis envolvidas no processo para estudos de otimizao com base na aplicao de
planejamento de experimentos.
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Abstract of Dissertation presented to Curso de Ps-Graduao em Tecnologia de
Processos Qumicos e Bioqumicos EQ/UFRJ as partial fulfillment of the requeriments
for the degree of Master of science (M.Sc.)
ASSESSMENT METHODOLOGY obtaining terephthalic acid VIA CHEMICAL
RECYCLING OF PET
Camilla Thomaz
September, 2012
Supervisor: Erika Christina Ashton N. Chrisman D.Sc.
The demand for PET has significantly increased over the years, increasing both its
production and its waste stream. The growthing of its demand has increased the need for
TPA, an important monomer polymerization. The recycling of PET arises, then, as an
interesting and profitable to give the polymeric solid residue destination and at the same
time adding value to your waste.
Over the past decade the trade balance of TPA has appeared unfavorable, because
the installed capacity of this product did not meet the internal needs and in manufacturing
company in Brazil was paralyzed since 2007, which greatly increased the quantity
imported this monomer and lit the need for finding new routes for obtaining the same.
The TPA is produced commercially by the oxidation of p-xylene. An alternative
production would be to route commercial chemical recycling of PET. This can be split into
hydrolysis, glycolysis and methanolysis. Would probably be the PET recycling as a
commercial route.
This work was based on the study of basic and acid hydrolysis of PET in order to
recover terephthalic acid with the required purity for its reuse in the synthesis of PET.
There were two reactions, an acid and a base hydrolysis and two schedules of
experiments aimed at optimizing the reaction.
The results obtained of TPA, recovery was, with a yield higher than 95% in purity,
required to achieve modeling the influence of variables involved in the process of
optimization studies based on the application of experimental design.
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Sumrio
Lista de Siglas ............................................................................................................. ...... xii
Lista de Figuras ............................................................................................................. ... xiii
Lista de Tabelas ......................................................................................................... ....... xiv
1. Introduo ................................................................................................................ 1
2. Objetivo ............................................................................................................. ....... 5
3. Reviso Bibliogrfica ................................................................................................ 6
3.1 Polisteres.............................................................................................................. ... 6
3.2 PET ......................................................................................................................... . 7
3.3 Sntese dos Monmeros ......................................................................................... 11
3.3.1 cido Tereftlico (AT) ........................................................................ 12
3.3.2 Etileno Glicol (EG) ............................................................................. 18
3.4 Sntese do PET ...................................................................................................... 19
3.4.1 A Partir do Tereftalato de Dimetila (DMT) Transesterificao ........ 21
3.4.2 A Partir do Acido Tereftalico (AT) Esterificao .............................. 22
3.4.3 Polimerizao em Estado Solido (SSP) ........................................... 23
3.4.4 Copolimerizao do PET .................................................................. 24
3.5 Degradao do PET ............................................................................................... 24
3.5.1 Despolimerizao ............................................................................. 26
3.6 Reciclagem ............................................................................................................. 27
3.6.1 Reciclagem Qumica ..................................................................... 28
3.6.2 Metanlise ......................................................................................... 30
3.6.3 Gliclise ............................................................................................. 32
3.6.4 Hidrlise ............................................................................................ 33
3.6.5 Hidrlise Bsica, cida e Neutra ....................................................... 33
3.6.5.1 Hidrlise cida ........................................................................ 33
3.6.5.2 Hidrlise Alcalina .................................................................... 34
3.6.5.3 Hidrlise Neutra ...................................................................... 35
3.6.5.4 Escolha da Rota ..................................................................
35
3.7 Avaliao Mercadolgica .................................................................................... 37
3.7.1 Importao do cido Tereftlico .................................................... 37
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x
3.7.2 Exportao do cido Tereftlico .................................................... 39
3.7.3 Balana Comercial ........................................................................ 40
3.7.4 Consumo Aparente ........................................................................ 41
3.7.5 Empresas ...................................................................................... 42
3.7.6 Investimentos Futuros ................................................................... 44
4. Materiais e Mtodos ............................................................................................... 45
4.1 Obteno das Garrafas PET .................................................................................. 45
4.1.1 Moagem ............................................................................................ 45
4.1.2 Teste Granulomtrico ........................................................................ 46
4.2 Mapeamento do Processo ..................................................................................... 47
4.2.1 Hidrlise cida .................................................................................. 47
4.2.2 Hidrlise Bsica ................................................................................ 49
4.2.3 Recuperao do Etileno Glicol .......................................................... 50
4.3 Planejamento de Experimentos ............................................................................. 50
4.3.1 Planejamento 1 ................................................................................. 51
4.3.2 Planejamento 2 ................................................................................. 52
5. Resultados e Discusso ......................................................................................... 54
5.1 Resultados da Hidrlise cida e Bsica ................................................................. 54
5.1.1 Hidrlise cida .................................................................................. 54
5.1.2 Hidrlise Bsica ................................................................................ 56
5.1.3 Comparao entre as Hidrlises cida e Bsica .............................. 58
5.2 Planejamento 1 ...................................................................................................... 62
5.3 Planejamento 2 ...................................................................................................... 70
5.4 Recuperao do Etileno Glicol ............................................................................... 73
6. Concluso .............................................................................................................. 77
7. Sugestes para Trabalhos Futuros ........................................................................ 79
8. Bibliografia .............................................................................................................. 80
Apndice A .................................................................................................................... 85
Apndice B .................................................................................................................... 95
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Lista de Siglas
AT cido Tereftlico
BRL Real Brasileiro
BHET Bis-Hidroxietil Tereftalato
d densidade
DMT Tereftalato de Dimetila
EG Etileno Glicol
FOB Livre de Impostos
FTIR Anlise de Infravermelho por Transformada de Fourrier
H2SO4 cido Sulfrico
HCl cido Clordrico
MEC Metil Etil Cetona
NaCl Cloreto de Sdio
NaOH Hidrxido de Sdio
NH4OH Hidrxido de Amnio
OH- on Hidroxila
PCB p-Carboxibenzaldedo
PE Poli Etileno
PET Poli (etileno tereftalato)
pH Potencial de Hidrognio
PP Poli Propileno
Prob Probabilidade
PS Poli Estireno
PTA cido p-Tolico
PVAc Poli (Acetato de Vinila)
PVC Poli (Cloreto de Vinila)
Sb2O3 xido de Antomnio
Tg Temperatura de Transio Vtrea
Tm Temperatura de Fuso Cristalina
TPA-Na2 Tereftalato Dissdico
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xii
Lista de Figuras
Figura 1.1 Quantidade de AT importado ao longo dos anos no perodo de 2000-2012
............................................................................................................................................. 3
Figura 3.1 Representao estrutural do PET .................................................................. 7
Figura 3.2 Reao Geral da Esterificao ....................................................................... 8
Figura 3.3 Reao geral: ster a partir de cloreto de acila .............................................. 8
Figura 3.4 Reao geral: ster a partir de anidrido de acido actico .............................. 9
Figura 3.5 Reao geral: Transesterificao ................................................................... 9
Figura 3.6 Hidrolise bsica ............................................................................................ 10
Figura 3.7 Mecanismo da hidrlise bsica ..................................................................... 10
Figura 3.8 Hidrolise cida .............................................................................................. 11
Figura 3.9 Ciso no carbono da carbonila ..................................................................... 11
Figura 3.10 Converso do p-xileno a TPA apresentando os intermedirios de reao ..13
Figura 3.11 Rotas para poli (etileno tereftalato) em DMT e AT .................................. 20
Figura 3.12 Metanlise do PET ..................................................................................... 30
Figura 3.13 Esquema do processo de metanlise na linha de produo do PET ......... 31
Figura 3.14 Gliclise do PET ......................................................................................... 32
Figura 3.15 Hidrlise do PET ......................................................................................... 33
Figura 3.16 Esquema da hidrolise cida ........................................................................ 34
Figura 3.17 Grfico do valor de importao do acido tereftlico (US$ FOB/kg) versus
ano .................................................................................................................................... 38
Figura 3.18 Grfico do peso liquido de acido tereftlico importado (ton) versus ano .... 39
Figura 3.19 - Grfico do valor de exportao (US$ FOB/kg) do acido tereftlico versus ano
........................................................................................................................................... 39
Figura 3.20 Grfico da quantidade de acido tereftlico exportado versus ano .............. 40
Figura 3.21 Grfico da balana comercial do acido tereftlico versus ano ................... 41
Figura 4.1 Moinho de Facas .......................................................................................... 46
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xiii
Figura 5.1 Espectro de FTIR do solido obtido na Hidrolise cida ................................. 55
Figura 5.2 Espectro FTIR do Acido Tereftlico .............................................................. 55
Figura 5.3 Espectro de FTIR do slido obtido da hidrolise bsica ................................. 57
Figura 5.4 Despolimerizao PET ................................................................................. 58
Figura 5.5 Espectros dos slidos obtidos das hidrolises: (a) acida; (b) bsica, utilizando
H2SO4; (c) bsica, utilizando HCl ...................................................................................... 60
Figura 5.6 Espectro FTIR do liquido residual do rotaevaporador comparando-o com
espectros de possveis substncias ................................................................................. 61
Figura 5.7 - Lista de efeitos do modelo ............................................................................. 63
Figura 5.8 ANOVA para a converso de PET ................................................................ 64
Figura 5.9 - Correlao do modelo ................................................................................... 65
Figura 5.10 - Grfico do modelo Predito versus Atual ...................................................... 65
Figura 5.11 - Lista de efeitos ............................................................................................. 66
Figura 5.12 ANOVA para o rendimento de TPA ............................................................ 67
Figura 5.13 Correlao .................................................................................................. 67
Figura 5.14 Grfico Predito versus Atual ....................................................................... 68
Figura 5.15 Box-Cox ...................................................................................................... 69
Figura 5.16 Espectro de FTIR do corte da microdestilao feito a 104C ..................... 74
Figura 5.17 Espectro FTIR do resduo da microdestilao ............................................ 75
Figura 5.18 Espectro FTIR do resduo da microdestilao comparando-se com possveis
substncias da biblioteca do equipamento ....................................................................... 76
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xiv
Lista de Tabelas
Tabela 3.1 Dados das hidlises do PET ..................................................................... 37
Tabela 3.2 Dados de exportao, importao e consumo aparente do cido tereftlico
....................................................................................................................................... 42
Tabela 3.3 Produo de cido tereftlico e vendas declaradas (t/a) .......................... 43
Tabela 3.4 Capacidade instalada das empresas produtoras de cido tereftlico ...... 43
Tabela 3.5 Previso da capacidade futura de produo de cido tereftlico ............. 44
Tabela 4.1 Granulometria das peneiras utilizadas no ensaio granulomtrico e
quantidades retidas em cada malha ................................................................................. 47
Tabela 4.2 Valores dos parmetros para o planejamento 1............................................ 51
Tabela 4.3 Valores dos parmetros para o planejamento 2 ........................................... 53
Tabela 5.1 Resumo de resultados das Hidrlises do PET ............................................. 58
Tabela 5.2 Valores de Rendimento AT e Converso PET .............................................. 62
Tabela 5.3 Valores de rendimento e converso ............................................................. 70
Tabela 5.4 Resumo dos dados estatsticos para a converso de PET .......................... 71
Tabela 5.5 Resumo dos dados estatsticos para o rendimento de TPA ............................ 72
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1 - INTRODUO
Desde os tempos pr-bblicos, substncias polimricas naturais como o
mbar e a goma vm sendo utilizadas pelos gregos e pelos romanos. Os
polmeros sintticos surgiram mais tarde, como por exemplo: no processo de
vulcanizao da borracha (a partir do ltex) descoberto pela Goodyear em
1839 e, no processo de acetilao da celulose descoberto em 1865. Contudo, o
primeiro polmero sinttico de uso comercial foi produzido apenas em 1907 por
Baekeland, o bakelite (CANEVAROLO e SEBASTIO, 2006). Hoje, os
polmeros esto presentes em nosso cotidiano com ampla utilizao em
utenslios domsticos, automveis, embalagens e roupas.
Com o surgimento do polmero sinttico, e as possibilidades de
aplicao variadas, mais cientistas se interessaram em estudar essas
substncias e suas possibilidades, e em 1944 surgiu no mercado o PET,
Polietileno tereftalato (www.qmc.ufsc.br, 2011). A primeira amostra desta resina
foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson em 1941, e sua resistncia
mecnica foi comprovada em 1962 quando passou a ser utilizado na indstria
de pneus. A princpio, a resina PET era utilizada em aplicaes txteis,
contudo, no incio dos anos 70 surgiram as primeiras embalagens plsticas e,
em 1988, a mesma chegou ao Brasil. Atualmente, a resina PET amplamente
utilizada em embalagens de refrigerantes, gua e alimentos, entre outras
aplicaes (ABIPET, 2011).
Em 2008, o PET foi considerado como uma das principais resinas
polimricas apresentando uma produo global de 35 milhes de toneladas.
Destas, 63% so utilizados como fibras e os 37% restantes em garrafas,
recipientes, folhas e filmes. A ampla utilizao deste material se deve a sua
notvel fora mecnica, baixo peso, pouca permeabilidade a gases (barreira
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2
gs), boa transmitncia da luz, superfcie lisa e no ser prejudicial ao homem
(FONSECA et al. 2009).
No Brasil, aproximadamente 90% (471 Kton) da resina PET virgem
destinada para embalagens de refrigerantes, gua e leo. A demanda por PET
tem crescido muito ao longo dos anos, sendo que de 2008 para 2009 o seu
consumo aparente (produo interna + importao - exportao) apresentou
um crescimento de 7,4%.
Alm de crescente demanda, a indstria de PET tambm apresenta
crescimento no seu faturamento lquido total aumentando de R$ 3,18 Bi para
R$ 3,38 Bi entre 2008 e 2009, o que equivale a um crescimento de 6,3%. Em
2011, 294 mil toneladas de PET foram reciclados, gerando um crescimento de
mais de 4% na quantidade de garrafa PET reciclada (ABIPET, 2012).
Com a expanso da demanda por PET, tanto sua produo quanto seu
fluxo de resduos aumentou. E como esta resina possui alta resistncia a
agentes biolgicos e atmosfricos (FONSECA et al. 2009), sua degradao
pelo meio ambiente muito demorada.
Tendo em vista que o plstico apresenta elevado volume, a destinao
do PET ps-consumo se tornou um problema. Sendo assim, a reciclagem
surgiu como uma alternativa vivel e rentvel para sua destinao por agregar
valor a um resduo slido e oferecer benefcios ao meio ambiente.
O crescimento da demanda do PET causa no s o problema de
disposio do PET ps-consumo, mas tambm a necessidade de uma grande
quantidade dos monmeros que fazem parte da sua reao de polimerizao.
Um deles o cido tereftlico, normalmente sintetizado a partir da oxidao
cataltica do p-xileno (MATAR e HATCH, 2000). Nos ltimos dez anos, a
balana comercial do cido tereftlico, que se refere a diferena entre a
quantidade exportada e importada de um determinado bem ou produto, tem se
mostrado desfavorvel. Isto porque a capacidade instalada deste produto no
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3
supre as necessidades internas do mesmo. A empresa TEREFTLICOS, antiga
RHODIACO, que produzia o cido tereftlico se encontra paralisada desde
Agosto de 2007 (Anurio ABIQUIM, 2011), quando ento a produo anual caiu
a zero e a dependncia de importao do cido tereftlico aumentou muito.
Isso pode ser observado na Figura 1.1.
Figura 1.1 Quantidade de AT importado ao longo dos anos no perodo de
2000-2012
Fonte: elaborado a partir de AliceWeb, 2011.
Assim, uma rota alternativa de obteno do cido tereftlico, atravs da
reciclagem do PET, que ajudaria a solucionar dois problemas ao mesmo tempo.
O problema da destinao do resduo slido polimrico e o da necessidade de
maior quantidade dessa substncia.
A reciclagem pode ser dividida em dois grandes grupos: Reciclagem
Mecnica e Reciclagem Qumica (PAVEL e AWAJA, 2005). Os mtodos variam
tanto quanto ao reagente como as condies de reao. Na reciclagem
mecnica, realizado um tratamento fsico onde o produto principal o PET
em flocos. J na reciclagem qumica, feito o tratamento qumico onde as
molculas sofrem modificao estrutural, podem ser realizadas de diferentes
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4
formas de tratamento (hidrlise, metanlise, gliclise), e dependendo do
mtodo, os produtos obtidos podem ser: etileno glicol (EG), cido tereftlico
(AT), dimetiltereftalato (DMT) e bis-hidroxietil tereftalato (BHET). Os reagentes
utilizados podem ser: gua (hidrlise), metanol (metanlise), etileno glicol
(gliclise).
Neste trabalho foi estudada a reciclagem qumica, mais precisamente a
hidrlise. O intuito foi de se obter cido tereftlico com pureza tal que pudesse
ser reutilizado para sntese do PET. Para tal foi feita a otimizao da hidrlise
bsica do PET ps-consumo para averiguar as melhores condies de reao.
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5
2 - OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi avaliar uma rota alternativa para obteno
do cido tereftlico via reciclagem qumica de garrafas de PET modas. Sendo
necessrio para isso, as seguintes tarefas:
- Avaliao de metodologias de reciclagem qumica;
- Busca de metodologias de sntese de cido tereftlico para
comparao;
- Aplicao de planejamento de experimentos a reciclagem escolhida
com obteno de modelo e otimizao do processo.
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6
3 - REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 - POLISTERES
Os polisteres so polmeros termoplsticos, maleveis quando
aquecidos e rgidos quando resfriados, que no sofrem transformao qumica
durante este processo, e que podem ser sintetizados atravs da reao de
condensao de um cido carboxlico com um lcool. Para que os polisteres
sejam formados, deve ocorrer uma polimerizao de crescimento por etapas ou
polimerizao gradual. Para que tal polimerizao ocorra basta que o cido
carboxlico e o lcool possuam mais de um grupo funcional cada, por exemplo,
um cido dicarboxlico e um dilcool. A polimerizao acontece da seguinte
forma: o dilcool reage com o cido dicarboxlico formando um ster, o grupo
funcional restante reage gerando outra ligao ster, formando uma molcula
maior, que por sua vez, tambm possui um grupo funcional livre que pode
reagir para gerar outra ligao ster e, assim sucessivamente (MORRISON e
BOYD, 1993; SOLOMONS e FRYHLE, 2000 e RUDIN et al. 1999).
Se cada molcula do monmero possuir apenas dois grupos funcionais,
o polmero obtido ser linear, pois, o crescimento se dar em apenas duas
direes, se a reao ocorrer em mais de duas posies num monmero
ento, ser formado um polmero de rede espacial, altamente reticulado
(MORRISON e BOYD, 1993 e SOLOMONS e FRYHLE, 2000).
Existem vrios tipos de polisteres, um dos mais importantes o
poli(tereftalato de etileno) - PET, obtido, por exemplo, pela esterificao direta
do etileno glicol e o cido tereftlico, catalisada por um cido.
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7
3.2 PET
O PET Poli(etileno tereftalato) um polister termoplstico,
representado estruturalmente na Figura 3.1. Esta resina branca, opaca e de
difcil solubilidade, sendo solvel em hexaflor-isopropanol, cido triflor-
actico e triclorofenol; fenol/tetraclorofenol 50:50, fenol/triclorobenzeno 60:40; e
insolvel em gua, hidrocarbonetos, lcoois, cetonas e outros. Sua temperatura
de transio vtrea (Tg) 70-80C e a de fuso cristalina (Tm) 250-270C
(MANO et al. 2004).
Figura 3.1 Representao estrutural do PET. Fonte: MANO et al. 2004
O PET pode ser sintetizado de duas formas: a partir da reao entre um
cido carboxlico e um lcool (esterificao) ou da reao entre um ster e um
lcool (transesterificao) (MANO et al. 2004).
- Esterificao: uma reao de condensao na qual, cidos
carboxlicos reagem com alcois formando steres, seguindo a reao geral
apresentada na Figura 3.2.
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Figura 3.2 Reao Geral da Esterificao Fonte: SOLOMONS e FRYHLE, 2000.
Essas reaes so catalisadas por cidos e desenvolvem-se lentamente
na ausncia de cidos fortes, entretanto, quando um cido ou um lcool so
refluxados com pequena quantidade de cido sulfrico concentrado ou cido
clordrico o equilbrio alcanado em poucas horas. Um excesso do cido
carboxlico ou do lcool, baseados no reagente limitante, e at mesmo, a
remoo da gua formada no meio reacional contribuem para o aumento do
rendimento da reao de esterificao (SOLOMONS e FRYHLE, 2000).
Os cloretos de acila e os anidridos tambm podem ser utilizados na
reao com alcois para formao de steres, sendo muito mais reativos que
os cidos carboxlicos na reao de adio-eliminao, com a reao
ocorrendo rapidamente e no necessitando de um catalisador cido. As
Figuras 3.3 e 3.4 apresentam a reao geral desde mtodo (SOLOMONS e
FRYHLE , 2000).
Figura 3.3 Reao geral: ster a partir de cloreto de acila. Fonte: SOLOMONS e FRYHLE, 2000.
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Figura 3.4 Reao geral: ster a partir de anidrido de cido actico. Fonte: SOLOMONS e FRYHLE, 2000.
- Transesterificao: uma reao de um ster com um lcool formando
outro ster e outro lcool (Figura 3.5). Esta reao pode ser catalisada por
cidos (H2SO4 ou HCl anidro) ou por bases. Para obter bons rendimentos nesta
reao pode-se utilizar lcool em excesso, ou ento remover um dos produtos
da reao medida que ele se forma, para que desta maneira o equilbrio seja
deslocado para o sentido da formao do produto e ocorra completo
esgotamento dos reagentes (MORRISON e BOYD, 1993).
Figura 3.5 Reao geral: Transesterificao. Fonte: MORRISON et al. 1993.
Os steres carboxlicos podem sofrer hidrlise, com formao de um
cido carboxlico e um lcool ou um fenol, caso sejam aquecidos em meio
aquoso cido ou bsico (MORRISON e BOYD, 1993).
Na hidrlise bsica, o cido carboxlico obtido sob a forma do seu
respectivo sal. No caso de se usar NaOH, o sal formado um sal de sdio do
cido. A Figura 3.6 exemplifica a hidrlise bsica de um ster de forma
irreversvel, porque o on carboxilato formado pouco reativo para reaes
-
10
com alcois. Esta hidrlise se d atravs de um ataque nucleoflico, onde o
reagente nucleflico, OH- (reagente fortemente bsico, rico em eltrons, que
tende a atacar um ncleo de carbono), ataca o carbono da carbonila ( C=O)
ligando-se a ele, formando um intermedirio tetradrico que expele o on
alcxido (R O-). Aps a expulso deste, o hidrognio da hidroxila ligada ao
carbono da carbonila transfere eltrons para o oxignio ficando com deficincia
de eltrons e ligando-se ao on alcxido formando um lcool. Tal mecanismo
evidenciado na Figura 3.7 (MORRISON e BOYD, 1993 e SOLOMONS e
FRYHLE, 2000).
Figura 3.6 Hidrlise bsica. Fonte: MORRISON e BOYD, 1993.
Figura 3.7 Mecanismo da hidrlise bsica. Fonte: MORRISON e BOYD, 1993.
Outro tipo de hidrlise sofrida pelos steres a cida, esta reversvel,
observada na Figura 3.8. Neste caso o cido age protonando o oxignio
carbonlico tornando o carbono da carbonila suscetvel ao ataque nucleoflico
da gua. Como ocorrido na hidrlise bsica, a clivagem se d no carbono da
carbonila (Figura 3.9) e h formao de intermedirios tetradricos
(MORRISON e BOYD, 1993).
OR
-
11
Figura 3.8 Hidrlise cida. Fonte: MORRISON e BOYD, 1993.
Figura 3.9 Ciso no carbono da carbonila. Fonte: (MORRISON e BOYD, 1993).
3.3 - SNTESE DOS MONMEROS
Os principais monmeros utilizados na produo do PET Poli
(tereftalato de etileno) so o cido tereftlico (AT) e o etileno glicol (EG).
Entretanto at 1970, o tereftalato de dimetila (DMT) era utilizado no lugar do AT,
isto porque at aquele momento no havia processos economicamente viveis
para a produo do AT, ento, optava-se pela produo do PET a partir do
DMT. O cido tereftlico produzido, at ento, no possua a pureza necessria
para produo do polister (MANCINI, 2001 E PARK et al. 1975).
Tanto para produo de cido tereftlico como para produo de
tereftalato de dimetila foram desenvolvidos processos de oxidao do p-xileno.
Em geral estes processos usam ar como oxidante e sais de cobalto e
mangans como catalisador obtendo-se elevados rendimentos (PARSHALL,
1992).
-
12
Avaliando-se as duas matrias-primas, AT e DMT, o AT apresenta
algumas vantagens em relao ao DMT. Essas so (BRYANT et al. 1971):
4. A taxa de reao entre etilenoglicol e AT maior do que a taxa de
reao do etilenoglicol com o DMT;
A quantidade de etilenoglicol necessria geralmente menor para o AT do que
para o DMT;
O custo da matria-prima por mol de radical tereftalato menor para o AT do
que para o DMT.
As snteses de AT ou de DMT partem do p-xileno, pelo processo da
Mobil, mas o AT no envolve o custo do metanol como matria- prima e a etapa
adicional de esterificao com metanol. No incio, o desenvolvimento de fibras
de polister, e as tentativas de usar o cido tereftlico diretamente para
poliesterificao com etileno glicol no foram bem sucedidas devido a
dificuldade em obter AT de alta pureza. A converso do AT para o dimetil ester,
que deveria ser purificado por destilao, foi utilizado, e os negcios de filmes e
fibras de polister foram ento desenvolvidos utilizando DMT como a nica
fonte de radical tereftalato requerida. A obteno econmica de AT de alta
pureza continuou sendo pesquisada e desenvolvida em todo o mundo. Este
objetivo foi finalmente alcanado por dois processos no EUA, um deles pela
Mobil Chemical Co, e outro pela diviso da Mobil Oil Corp (BRYANT et al.
1971).
3.3.1 - CIDO TEREFTLICO (AT)
O cido tereftlico um importante monmero para produo do PET.
Ele um slido cristalino que sublima acima de 300C. Possui frmula
molecular C8H6O4 e seu peso molecular de 166 g/mol. Este cido insolvel
em gua, clorofrmio, lcool, teres, cido actico e outros. Sua solubilidade
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13
evidenciada em alguns lcalis e levemente irritante sobre a pele. A
caracterizao do cido tereftlico, assim como o seu grau de pureza pode ser
averiguado a partir de cromatografia em fase gasosa e espectroscopia na
regio do infravermelho (MANO et al. 2000).
Para a produo do cido tereftlico existem diversos processos,
entretanto, sero mencionados aqui os principais, o Mobil, o Amoco e o da
Standard Oil (PARSHALL, 1992; MANCINI, 2001 e BRYANT et al. 1972).
No processo Mobil, o p-xileno convertido a AT por reao direta de ar
ou oxignio em meio lquido de cido actico na presena de catalisador
solvel de cobalto e ativador adequado. O processo Mobil, utiliza oxignio com
pureza >95% e metil etil cetona (MEC) como catalisador ativador. Na
converso do p-xileno a AT, dois grupos metil so oxidados a dois grupos
carboxil, e um grande nmero de intermedirios tem sido identificados, como
mostrado na Figura 3.10 (BRYANT et al. 1971).
Figura 3.10 Converso do p-xileno a AT apresentando os
intermedirios de reao. Fonte: BRYANT et al. 1971.
O AT significativamente menos solvel no cido actico que qualquer
dos intermedirios, podendo ser separado diretamente aps a oxidao apenas
por filtrao ou centrifugao.
Uma das substncias utilizadas no processo, o MEC, muito importante
para produzir oxignio que regenera o catalisador cobalto (III), que comea a
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14
sequncia de oxidao do intermedirio. O MEC oxidado a cido actico,
dixido de carbono e gua no sistema. Logo, um co-produto do processo Mobil
o cido actico (BRYANT et al. 1971).
O processo Mobil consiste de seis etapas bsicas (BRYANT et al. 1971):
Oxidao cataltica em fase lquida utilizando oxignio dissolvido gasoso
com todos os reagentes mantidos em um mesmo solvente;
Separao dos cristais de AT bruto da fase solvente;
Remoo de impurezas grossas do cristal bruto por dissoluo parcial
em solvente purificado (operao de lixiviao);
Separao dos slidos de AT do solvente lixiviado e seco para produo
do AT grau tcnico;
Separao da fase solvente do reator por destilao em solvente
purificado, xileno e MEC no reagido e produtos intermedirios para reciclo da
oxidao, recuperando o co-produto cido actico e a gua de reao;
Purificao final dos cristais de AT semipuros por sublimao direta,
seguido por tratamento cataltico na fase vapor, e subsequente recristalizao.
Na etapa de oxidao, os reatores so alimentados continuamente com
reciclo orgnico corrente, no qual so misturados p-xileno, MEC, e pequenas
quantidades de catalisador, e o oxignio introduzido no reator em uma razo
controlada. Os reatores mltiplos so utilizados em paralelo e com operao
independente para maior flexibilidade. Uma converso quase completa de p-
xileno a AT obtida neste processo. Os reatores so agitados, para obter
apropriada disperso dos gases e suspenso de slidos. A reao de oxidao
ocorre em temperatura e presso moderadas. Como a reao extremamente
exotrmica, o calor deve ser removido para manter a temperatura de reao
(BRYANT et al. 1971).
Na purificao do AT, a lama do mesmo em cido actico aquecida
continuamente em uma fornalha, e carregada para a cmara de imerso onde
-
15
mantida em elevada temperatura por um curto perodo de tempo. Sabe-se
que a solubilidade do AT no cido actico baixa na temperatura de imerso, a
operao uma lixiviao de orgnicos solveis (principalmente cido p-tolico
e p-carboxibenzaldedo) e de catalisador cobalto no produto bruto. Aps a
lixiviao, a lama resfriada em um vaso de cristalizao. Em seguida, o AT
separado da fase lquida e lavado em filtro contnuo. A fase lquida e a gua de
lavagem do AT contm restos de intermedirios de reao, que voltam para o
sistema de recuperao de solvente e reciclo do reator. A torta filtrada seca e
obtm-se um AT grau tcnico. Caso se queira um grau de pureza superior para
a produo do PET necessrio realizar mais uma etapa de purificao
(BRYANT et al. 1971).
O AT que passar pela purificao final contm pequenas quantidades
de cobalto, ferro, cido tolico, p-carboxibenzaldedo (PCB) e traos de outros
compostos orgnicos e inorgnicos. Essas impurezas so removidas em um
processo contnuo de sublimao, que inclui vaporizao e tratamento contnuo
de AT, separao de no volteis, condensao e recuperao de slidos de AT
puro. O PCB removido por tratamento cataltico, enquanto outros orgnicos,
incluindo cido p-tolico, cido benzico, cido isoftlico e PCB residual, so
separados por diferena na presso de vapor durante condensao do AT.
Com esta etapa o AT passa a ter grau polmero, podendo ser usado
diretamente na sntese do PET (BRYANT et al. 1971).
O processo comercializado pela Amoco produz cido tereftlico por uma
etapa de oxidao do p-xileno em cido actico em aproximadamente 225C e
presso de 15 atm com uma mistura de acetato de mangans (II) e cobalto (II)
e brometo como catalisadores. Entre os halognios utilizados, o brometo o
nico que apresenta atividade cataltica. O tempo de residncia do meio
reacional no reator de 90 minutos. Durante este tempo, a maior parte do p-
xileno convertido a cido tereftlico que cristalizado com aproximadamente
99,95% de pureza. Durante a reao surgem alguns intermedirios e co-
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16
produtos, que so mantidos em soluo atravs do cido actico. A lama de
produtos em cido actico retirada continuamente, o cido tereftlico bruto
separado e o cido actico reciclado. O cido tereftlico , ento,
recristalizado em cido actico aquoso sob presso para atingir a temperatura
na qual o cido tereftlico significativamente solvel (PARSHALL, 1992;
MANCINI, 2001 e HUNDLEY et al. 1988).
Neste processo a temperatura possui papel de elevada importncia. O
uso de baixas temperaturas e altas presses parciais de oxignio em
processos de oxidao melhoram a seletividade e qualidade do produto. Estes
fatores favorecem a reao de oxidao em relao a reaes concorrentes
que levam a formao de produtos indesejveis que reduzem o rendimento e a
pureza dos cidos carboxlicos aromticos produzidos. Como essas oxidaes
em fase lquida so altamente exotrmicas deve-se remover o calor para
manter a temperatura de reao. Desta forma, as etapas qumicas no incio da
oxidao, que so as mais suscetveis a reaes colaterais indesejveis, so
conduzidas a baixa temperatura para maximizar a seletividade; e as etapas
finais so conduzidas a altas temperaturas para aumentar as taxas e minimizar
o volume exigido de reao (PARSHALL, 1992; MANCINI, 2001 e HUNDLEY et
al. 1988).
Outro processo muito importante para a produo do cido tereftlico o
da Standar Oil. Neste processo, o p-xileno oxidado com oxignio molecular
na presena de soluo de cido actico, de um ou mais metais pesados
catalisadores de oxidao e uma fonte de brometo. Todos os componentes
citados anteriormente so alimentados em reator com agitao e a oxidao
conduzida continuamente. Evidncias experimentais tm mostrado que a
contaminao de cristais de cido ftlico com impurezas diretamente
proporcional a concentrao inicial dos componentes supracitados na soluo
concentrada (PARK et al. 1975).
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O oxignio molecular do processo fornecido em excesso. Para o
sistema cataltico so preferidos cobalto e mangans, que podem ser
dissolvidos em solventes como metal ou forma inica ou como compostos
orgnicos, que esto na forma de acetatos ou hidratos de acetatos que so
solveis no solvente reacional. O componente brometo do catalisador
fornecido por uma substncia capaz de oferecer brometo na temperatura
reacional, por exemplo, brometo de sdio ou tetrabromoetano. A temperatura
mantida em uma faixa de 190 - 220C com presso tal que se mantenha o
controle da temperatura e para manter a zona de oxidao em fase lquida. O
tempo de residncia na zona de oxidao pode ser de 20 a 90 minutos. O
produto da oxidao consiste de cristais de cido tereftlico em suspenso
numa soluo de cido actico, resduos do catalisador, gua e impurezas
aromticas (PARK et al. 1975 e MANCINI, 2001).
A principal diferena deste processo o deslocamento do licor me
original, do produto da oxidao, por cido actico puro e quente (no superior
a 50 abaixo da temperatura de oxidao para evitar a contaminao dos
cristais de cido tereftlico, ocasionando um ligeiro resfriamento da soluo).
Este deslocamento realizado em dois hidrociclones conectados em srie. No
primeiro separa-se uma espessa camada de AT do lquido original, que
alimenta o segundo hidrociclone juntamente com cido actico quente. O
produto do segundo hidrociclone submetido a resfriamento e posteriormente
a despressurizao do sistema. Por filtrao so separados, slido e lquido,
sendo o lquido o cido actico, que enviado a recuperao, e o slido o AT
que aps secagem apresenta pureza de 99,95% (PARK et al. 1975 e MANCINI,
2001).
Algumas variaes destes processos so utilizadas comercialmente
como o processo da Du Pont que descreve a produo do cido tereftlico a
partir da reao do p-xileno com gs contendo oxignio molecular em um
reator na presena de catalisador que consiste essencialmente de cobalto,
-
18
mangans e brometo, e um solvente compreendendo uma pequena quantidade
de cido monocarboxlico. A reao realizada em fase lquida e temperatura
do reator de 210C. E o processo da Eastman Chemical Company que
descreve a produo do cido tereftlico a partir da oxidao do p-xileno com
um gs contendo oxignio, catalisador formado por mistura de compostos ou
complexos de cobalto, mangans e brometo solubilizado em cido actico
aquoso. A reao ocorre em fase lquida, assim como todos os processos
anteriores, a temperatura do reator mantida em 150 a 180C e presso de
aproximadamente 3,5 a 13 bar (PARSHALL, 1992; SCOOT et al. 1979 e LIN et
al. 2007).
3.3.2 - ETILENO GLICOL (EG)
O outro importante monmero utilizado na sntese do PET o etileno
glicol, um lquido incolor viscoso e muito higroscpico. Alm da gua ele
solvel em ter, acetona, lcool e benzeno; sendo insolvel em ter etlico, ter
isoproplico, heptano, e outros. Seu ponto de ebulio 198C e seu ponto de
fuso -11C. Possui frmula molecular C2H6O2 e peso molecular 62 g/mol. Este
lcool apresenta toxidez quando ingerido, podendo causar depresso, vmito,
coma e convulso (MANO et al. 2004).
Este monmero considerado um commodities qumico. No Brasil ele
produzido pela Oxiteno que possui nove unidades industriais no Brasil,
Mxico e Venezuela. A principal rota de sntese do etileno glicol atravs da
hidrlise do xido de etileno, que por sua vez, sintetizado pela oxidao
cataltica do etileno (PARSHALL, 1992; www.oxiteno.com.br, 2011 e
www.ultra.com.br, 2011).
Outras rotas para a sntese do etileno glicol podem ser via processo da
Du Pont, por exemplo, que se baseia na carbonilao do formaldedo para
http://www.oxiteno.com.br/http://www.ultra.com.br/
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19
cido gliclico seguido de esterificao e hidrogenlise para produzir etileno
glicol, e via processo da Union Carbide no qual o gs de sntese convertido a
etileno glicol utilizando-se um catalisador solvel, como os complexos de
rodium (PARSHALL, 1992).
O etileno glicol pode ser caracterizado e avaliada a sua pureza atravs
de cromatografia em fase gasosa ou espectroscopia na regio do infravermelho
(MANO et al. 2004).
Para purificao do mesmo, o mtodo mais utilizado o da destilao.
Quando ele se apresenta em meio aquoso pode ser adicionado ao etanol e em
seguida realizada uma destilao fracionada para separao do azetropo
gua-etanol do etileno glicol, obtendo-se o ltimo puro (MANO et al. 2004).
3.4 - SNTESE DO PET
A fibra sinttica mais utilizada a polister poli (etileno tereftalato) ou
PET que comercializado sob os seguintes nomes: Du Ponts Dacron, ICIs
Terylene ou Eastmans Kodel. O PET tambm encontrado em garrafas
plsticas de refrigerantes e em filmes tal como Du Ponts Mylar que utilizado
para acondicionamento de comidas e bebidas, fitas magnticas, dentre outras
vrias aplicaes. Esse polister foi fabricado como produto industrial pela ICI
(UK, 1949) e Du Pont (USA, 1953) (PANG et al. 2006).
H aproximadamente 40 anos atrs, quando se iniciou a produo de
polister, o principal processo foi baseado no tereftalato de dimetila DMT. A
Figura 3.11 apresenta um esquema simplificado de duas rotas de sntese do
PET (PARSHALL, 1992 e PANG et al. 2006).
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20
Figura 3.11 Rotas para poli (etileno tereftalato) em DMT e AT.
Fonte: PANG et al. 2006.
A transesterificao do dimetil ester com etileno glicol fornece metanol e
bis(hidroxietil) tereftalato BHET. O hidroxietil ester , ento, aquecido sob
vcuo para expulsar uma equivalente de etileno glicol formando o polister.
Atualmente, com a disponibilidade de AT de alta pureza com processos como o
da Amoco, a rota mais atrativa tem sido a do cido tereftlico. Nesta rota no
h necessidade do reciclo de metanol. A esterificao direta do cido tereftlico
geralmente emprega uma espcie diferente de catalisador em relao ao que
usado na transesterificao. No entanto, a converso do BHET para polmero
(policondensao) pode usar o mesmo catalisador, independente se ster ou
cido so usados como material de partida do processo (RUDIN, 1999;
PARSHALL, 1992 e PANG et al. 2006).
A principal produtora de PET no Brasil a empresa do Grupo Mossi &
Ghisolfi (M&G). Ela produz PET, exclusivamente, pela esterificao direta do
cido tereftlico e do etileno glicol. Esta empresa lder do mercado Sul-
Americano de produo de PET para embalagens e fibras para a indstria txtil
e a maior produtora de PET do mundo, com aproximadamente 1,7Mton/ano
-
21
de capacidade instalada. A mesma opera em sistema vertical produzindo o
cido tereftlico com alto grau de pureza para a produo do polister (PET).
No Brasil, sua planta localiza-se no Complexo Industrial Porturio Suape no
Engenho Massangana, TDR - Sul (ROMO et al. 2009 e www.gruppong.com,
2011).
3.4.1 - A PARTIR DO TEREFTALATO DE DIMETILA (DMT)
TRANSESTERIFICAO
A preparao do PET por este caminho utiliza dois diferentes sistemas
catalticos. A etapa de transesterificao do tereftalato de dimetila com excesso
de etileno glicol catalisada por sais de metais divalentes, acetato de zinco,
cobalto ou mangans. Embora esses sais sejam muito efetivos na primeira
etapa, realizada na faixa de 150 a 200C, eles causam reaes laterais
indesejveis nas altas temperaturas necessrias a segunda etapa. A
policondensao do BHET realizada na faixa de 250 a 300C em vcuo com
a finalidade de remover etileno glicol. O xido de antimnio (III) pr-dissolvido
em glicol utilizado para catalisar esta reao. O catalisador da
transesterificao produz reaes rpidas entre o etileno glicol e o ster
tereftlico. Infelizmente, eles tambm catalisam a formao de dietileno glicol
nas altas temperaturas utilizadas na policondensao (acima de 250C). Para
evitar que o DEG seja formado na etapa de policondensao utiliza-se um
inibidor, antes desta etapa, como o cido fosfrico ou fosfato trifenil, que atuam
convertendo os sais de metal em complexos de fosfatos que possuem pequena
atividade cataltica (MANO et al. 2004; PARSHALL, 1992 e PANG et al. 2006).
O etileno glicol, tereftalato de dimetila e catalisador podem ser
adicionados continuamente no reator. Na primeira etapa, h formao de
metanol e devido s reaes serem reversveis, tanto a transesterificao como
http://www.gruppong.com/
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22
a policondensao ocorrem com remoo contnua de metanol e glicis
presentes. Ao cessar a destilao do metanol considerado que a reao foi
completada e que o BHET foi obtido com um grau de polimerizao entre 25 e
30 (MANO et al. 2004; PARSHALL, 1992; ROMO et al. 2009 e PANG et al.
2006).
3.4.2 - A PARTIR DO CIDO TEREFTLICO (AT) ESTERIFICAO
A utilizao do AT como matria-prima para produo do polister no
lugar do DMT requer a utilizao de um catalisador diferente. Os sais de metal
divalente, comumente utilizados na transesterificao possuem pouca atividade
na esterificao de um cido carboxlico com um lcool. Neste processo, uma
suspenso de cido tereftlico em excesso de etileno glicol alimentada
continuamente ao longo do reator com alcxido de titnio (IV), como
catalisador. A reao de esterificao se passa a 250- 300C, e aps iniciada,
o meio contm bis(hidroxietil) tereftalato e polmero de baixo peso molecular
que dissolve o cido tereftlico e permite que a esterificao ocorra em um
meio relativamente homogneo. Nesta etapa, gua formada e, para
continuao da reao, necessrio que a gua e o excesso de glicol sejam
removidos de forma contnua por destilao. O material esterificado quente
passa para a segunda etapa, a policondensao, em reator especfico
aquecido a 260- 300C, sob presso reduzida para remover etileno glicol.
Alm do catalisador de titnio que serve para a policondensao, adicionado
Sb2O3 que atua tambm como catalisador. Assim como na transesterificao,
neste processo a formao de ligaes ter por condensao de grupos
hidroxietil uma reao colateral indesejada (PARSHALL, 1992).
Outra maneira de produzir o poli(tereftalato de etileno) pela reao de
condensao entre o cido tereftlico e o etileno glicol, utilizando-se um
-
23
catalisador metlico. Esta realizada em duas etapas, na primeira o cido
tereftlico reage com excesso de etileno glicol em meio ligeiramente cido
formando predominantemente o tereftalato de bis-(hidroxietileno) juntamente
com outros oligmeros atravs da eliminao de gua. Na segunda etapa
realizado o crescimento da cadeia polimrica pela transesterificao das
molculas do BHET com eliminao do etileno glicol. Nesta etapa, o composto
de antimnio adicionado (MANO et al. 2004).
Segundo PANG et al. (2006), a esterificao direta do AT com o EG pode
ser realizada sem uso de catalisador. Nesta reao heterognea, os
monmeros so carregados no reator formando uma suspenso, pois, o AT
difcil de dissolver no EG. A razo molar AT:EG utilizada nesta reao de
1:1,5-3 e a temperatura em torno de 240 - 260C. A no utilizao de
catalisador ocorre porque o grupo funcional cido pode catalisar a reao.
3.4.3 - POLIMERIZAO EM ESTADO SLIDO (SSP)
Polmeros so submetidos a nova policondensao em estado slido
para produzir PET de maior peso molecular (>30.000 g/mol peso molecular
mdio) para injeo ou aplicaes de moldagem por sopro, como embalagens
para bebidas carbonatadas. Comumente o peso molecular mdio encontrado
na policondensao do BHET varia de 15.000 25.000 g/mol. Esta reao
realizada em uma faixa de temperatura que varia entre a temperatura de
transio vtrea (temperatura acima da qual um polmero se torna mole e dctil
e abaixo da qual se torna duro e quebradio, como vidro) e temperatura de
fuso (ROMO et al. 2009; PANG et al. 2006 e www.rubberpedia.com).
A faixa de temperatura onde se realiza essa polimerizao
compreendida entre 220 - 230C por aproximadamente 10 30 horas. O mais
importante neste processo aumentar o grau de cristalinidade do material em
-
24
um pequeno intervalo de tempo utilizando-se alto vcuo ou um sistema de
atmosfera inerte com agitao. Isto para evitar que ocorra o processo de
sinterizao, onde as partculas se aglomeram umas nas outras. Se isso
acontecer, os gros aderem as paredes do reator podendo danific-lo (ROMO
et al. 2009; PANG et al. 2006).
3.4.4 COPOLIMERIZAO DO PET
A copolimerizao o processo no qual o polmero obtido a partir de
dois ou mais co-monmeros resultando num co-polmero. Esta tcnica
bastante empregada para minimizar algumas propriedades indesejveis,
entretanto que sejam intrnsecas ao material. Tendo como base o PET, as
propriedades indesejveis so: carga esttica, baixa adeso a metais e baixa
capacidade de tingimento. Para minimizar tais fatos, um grande nmero de co-
monmeros podem ser empregados na sntese do PET: 1,3-propanodiol, 1,4-
butanodiol, cido isoftlico, cido 2,6-naftalenodicarboxlico,
ciclohexanodimetanol e dietileno glicol. O uso de 1,4-butanodiol ou cido
ftlico, por exemplo, melhora a adeso de placas metlicas, promove excelente
resistncia ao choque e melhora as propriedades de barreira contra compostos
corrosivos. A co-polimerizao do PET feita com dois objetivos: retardar a
taxa de cristalizao durante a etapa de estiramento-sopro do processo
injeo-sopro e aumentar as propriedades mecnicas e de barreira a gs do
material (ROMO et al. 2009; PANG et al. 2006).
3.5 - DEGRADAO DO PET
A degradao de um polmero qualquer reao qumica que altere a
qualidade do material em questo, ou seja, que altere as caractersticas
-
25
bsicas inerentes ao uso do mesmo. Assim as alteraes das propriedades de
um polmero so resultantes de diversos tipos de reaes sendo elas intra ou
inter moleculares.
Os polmeros podem sofrer degradao em uma das etapas do
processamento para chegar ao formato final de uso. Durante o
processamento, o polmero sujeito a aquecimento, cisalhamento, presso e
exposio a oxignio. Os processamentos podem ser: termoformagem,
moldagem por compresso, calandragem, extruso, injeo e rotomoldagem
(DE PAOLI, 2008).
A presena e o tipo de co-monmeros afetam em grande escala o
mecanismo e a cintica da degradao do PET. Ao se estudar os processos de
reciclagem (mecnica, qumica e energtica) torna-se muito importante
conhecer os tipos de degradao sofridos por este polmero, tendo em vista
que eles afetam as propriedades finais dos produtos reciclados. O processo de
degradao pode ser iniciado de vrias maneiras, entre elas: cisalhamento,
calor, oxignio, resduos de catalisador, entre outros. Estes iniciadores podem
levar a degradaes: mecnica, trmica, qumica ou uma combinao das
anteriores. E independente da forma da iniciao, todas elas implicaro em
fornecer energia para o rompimento de uma ou mais ligaes qumicas
formando espcies reativas, em sua maioria radicais livres, e estes sero os
responsveis pela propagao do processo (ROMO et al. 2009 e DE PAOLI,
2008).
A degradao pode ser por ciso de cadeias e reticulao, degradao
mecnica, degradao termomecnica, degradao termoxidativa e
despolimerizao. Falaremos mais especificamente da despolimerizao
(ROMO et al. 2009, DE PAOLI, 2008).
-
26
3.5.1 - DESPOLIMERIZAO
Este processo pode ocorrer em polmeros com substituintes em um dos
carbonos das unidades monomricas repetitivas. Esta degradao gera como
produto principal o monmero que deu origem ao polmero que est sendo
degradado. De maneira geral, nesse processo ocorre a ciso aleatria das
ligaes C-C a altas temperaturas e no estado fundido com a formao de
radicais livres e monmero. A despolimerizao auto-cataltica, com iniciao,
propagao e terminao, e possui alto rendimento em monmeros. A
estabilidade do macroradical livre formado na etapa de iniciao ir favorecer a
despolimerizao, pois, um radical pouco estvel tender a reagir com oxignio
levando oxidao. A etapa de propagao tambm conhecida como
unzipping ou unbuttoning (DE PAOLI, 2008).
Se o polmero estiver em contato com oxignio ocorrer oxidao
concomitante com a despolimerizao. A predominncia de um dos processos
depender: da cintica relativa das reaes, haja vista que ambas so
termodinmicamente favorecidas; do coeficiente de difuso do oxignio no
polmero e; da espessura da pea. E na ausncia de oxignio poder ocorrer
recombinao de radicais (DE PAOLI, 2008).
Analisando a termodinmica do processo, tem-se que a energia de
ativao para a despolimerizao a energia de ativao para a propagao
da polimerizao mais a entalpia de polimerizao (Hpolim). Sabendo disto
conclui-se que quanto menor o Hpolim, menor ser a energia de ativao para
a despolimerizao e maior ser a probabilidade da mesma ocorrer (DE PAOLI,
2008).
Neste processo h formao de produtos de baixa massa molar que se
difundem para o ambiente e volatilizam. Ao se tratar de embalagens plsticas
de suma importncia o conhecimento da toxidez dos produtos das reaes de
-
27
degradao para evitar contaminao do produto embalado com o material.
Pensando no lado ambiental, pode-se utilizar este processo para promover a
reciclagem qumica (terciria) de alguns polmeros, como o PET (DE PAOLI,
2008).
3.6 - RECICLAGEM
O consumo per capita de plstico tem aumentado significativamente ao
longo dos anos, estima-se que em 1970 o consumo per capita de plstico era
de 2 kg/ano. E no ano de 2010 esse valor teve um salto expressivo, chegando
ao valor de 30,5 kg/ano. Dentre os plsticos mais consumidos encontram-se as
resinas termoplsticas (PET, PE, PVC, PP, PS), sendo o Polietileno
responsvel por 43% da demanda total. Analisando com mais ateno a resina
PET, no ano de 2009 o Brasil produziu cerca de 471.000 toneladas dessa
resina para a fabricao de embalagens. Desse PET produzido, 55,6% das
embalagens ps-consumo foram recicladas em 2009, perdendo apenas para o
Japo que reciclou 77,9%. Essas garrafas recicladas so recuperadas,
principalmente, por catadores e cooperativas (www.cempre.org.br, 2011 e
www.plastico.com.br, 2011).
Os dados de reciclagem descritos anteriormente so referentes a
reciclagem mecnica do PET ps-consumo. O principal mercado para ele a
produo de fibras de polister para a indstria txtil (multifilamento),
fabricao de cordas e cerdas de vassouras e escovas (monofilamento),
confeco de filmes e chapas para boxes de banheiro, termo-formadores,
formadores a vcuo, placas de trnsito e sinalizao em geral. Alm desses
usos, tem se ampliado o uso de embalagens ps-consumo recicladas na
fabricao de novas garrafas para produtos no alimentcios. Podem ser
utilizados tambm na fabricao de resinas alqudicas para produo de tintas,
http://www.cempre.org.br/http://www.plastico.com.br/
-
28
resinas insaturadas, adesivos e resinas polister. E como aplicaes mais
recentes tm-se a extruso de tubos para esgoto de edificaes, cabos de
vassouras e injeo para fabricao de torneiras (www.cempre.org.br, 2011).
A reciclagem pode ser dividida em mecnica e qumica. Na reciclagem
mecnica o polmero passa por um tratamento fsico, no havendo mudanas
estruturais e na reciclagem qumica o tratamento utilizado o qumico e
ocorrem modificaes estruturais no mesmo. Estudaremos detalhadamente a
reciclagem qumica ( AL-SALEM et al. 2009).
3.6.1 - RECICLAGEM QUMICA
um termo usado para se referir a processos de tecnologia avanada
que convertem materiais plsticos em molculas menores, usualmente lquidos
ou gases, que podem ser usados com matria-prima para a produo de novos
plsticos e petroqumicos. O termo qumica utilizado devido ao fato que uma
alterao ocorre com a estrutura qumica do polmero. Produtos de reciclagem
qumica tm sido teis como combustveis (AL-SALEM et al. 2009).
A tecnologia por trs de seu sucesso o processo de despolimerizao
que pode resultar em um regime sustentvel e muito rentvel para a indstria,
proporcionando um alto rendimento de produto e um mnimo de desperdcio.
Sob a categoria de processo qumico avanado de reciclagem (semelhante
para os empregados na indstria petroqumica) aparecem por exemplo, a
gaseificao, a pirlise, a hidrogenao lquido-gs, a quebra de viscosidade,
de vapor ou de craqueamento cataltico e do uso do lixo plstico slido como
um agente de reduo em altos-fornos (AL-SALEM et al. 2009).
Recentemente, muita ateno tem sido gasta com reciclagem qumica
(principalmente craqueamento trmico no cataltico termlise, craqueamento
cataltico e degradao vapor) como um mtodo para produo de vrias
http://www.cempre.org.br/
-
29
fraes de combustvel em lixo slido plstico. Por sua natureza, um
determinado nmero de polmeros interessante para este tratamento. O PET
e certas poliamidas podem facilmente ser despolimerizadas. Foram realizados
estudos sobre pirlise e combusto do PET. Nestes o PET seguiu um
pseudomecanismo considerando um modelo de reao de duas partes, ou
seja, pirlise e combusto. O carvo formado seguir para uma terceira reao,
para formar gases, negligenciando os resduos de combusto formados (AL-
SALEM et al. 2009).
Polmeros de condensao como o PET e o nylon passam por
degradao para produzir unidades monomricas, ou seja, matria-prima ou
monmeros reciclados. A principal vantagem da reciclagem qumica a
possibilidade de tratamento heterogneo de polmeros contaminados com
limitado uso de pr-tratamento (AL-SALEM et al. 2009).
A reciclagem de lixo slido plstico atravs de rota qumica pura pode
ser resumida pelas seguintes tecnologias: hidrlise, gliclise, fracionao,
hidrogliclise, aminlise, metanlise e clivagem cida (AL-SALEM et al. 2009).
O processo de reciclagem qumica para o PET foi implementado
aproximadamente em paralelo com a manufatura do polmero em escala
comercial. Isto se confirma pela grande quantidade de patentes que surgiram a
partir de 1950. Inicialmente, a reciclagem qumica encontrou uma aplicao,
uma maneira de utilizar os resduos resultantes no ciclo de produo do PET.
Em tempo, uma mudana no consumo da estrutura do PET, alm de uma
mudana de conscincia, causou a nfase para ser colocada na reciclagem de
lixo ps-consumo (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
Por razes histricas e prticas, os processos de degradao qumica
do lixo de PET so usualmente divididos como: metanlise, gliclise, hidrlise,
amonlise, aminlise e outros processos (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
-
30
Metanlise e gliclise so aplicados principalmente em escala comercial.
Nos ltimos anos aumentou o interesse na produo de produtos
intermedirios oligomricos de componentes especializados da indstria
qumica advindos do lixo do PET (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
3.6.2 - METANLISE
Este processo consiste da degradao do PET por metanol em altas
temperaturas e sob condies de alta presso. O principal produto da
metanlise do PET o tereftalato de dimetila (DMT) e etileno glicol (EG), que
so as matrias-primas necessrias para a produo desse polmero. A Figura
3.13 apresenta a reao da metanlise do PET (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
Figura 3.12 Metanlise do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.
A possibilidade de alocar uma instalao para metanlise, na linha de
produo do polmero, uma das vantagens deste mtodo. Desta forma, o lixo
de PET decorrente do ciclo de produo utilizado e os monmeros
recuperados so utilizados na manufatura total do polmero. A Figura 3.14
apresenta um esquema de como esta instalao pode ser feita (PASZUN e
SPYCHAJ, 1997).
-
31
Figura 3.13 Esquema do processo de metanlise na linha de produo do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997
Mtodos para a conduo de metanlise tem parmetros bsicos
similares, por exemplo, presses de 2 - 4 MPa e temperatura de 180 - 280C.
A degradao do polmero ocorre com a liberao de etileno glicol. A reao
catalisada por tpicos catalisadores de transesterificao como o acetato de
zinco, acetato de magnsio, acetato de cobalto e dixido. No entanto, o mais
comumente utilizado o acetato de zinco. Existem exemplos do uso do sal do
cido arilsulfnico como o catalisador para a degradao metanlica do PET.
Depois de terminada a reao, necessrio desativar o catalisador. Caso
contrrio, nos estgios subsequntes do processo, poderiam ocorrer possveis
perdas de DMT como um resultado da transesterificao com etileno glicol. O
DMT obtido precipitado a partir da mistura ps-reao aps o seu
arrefecimento anterior e, em seguida, centrifugado e cristalizado (PASZUN e
SPYCHAJ, 1997).
Os mtodos contnuo e de batelada podem ser aplicados na metanlise.
Os principais elementos de instalao usados no mtodo de metanlise em
batelada so autoclave, cristalizador, centrfuga e um sistema para a fuso e
destilao do DMT obtido. O mtodo contnuo requer aparatos muito mais
complicados, onde a necessidade de fornecer continuamente alta presso no
reator com restos de matria-prima um problema (PASZUN e SPYCHAJ,
1997).
-
32
Quantidades significativas de etileno glicol residual contaminado pela
degradao do PET so formados durante o processo de despolimerizao do
PET. Este pode ser recuperado pela destilao nas instalaes da reciclagem e
introduzido de volta no sistema. No entanto, o resduo a partir da retificao do
glicol tambm estar presente. Este resduo possui uma consistncia oleosa e
prejudicial ao meio ambiente (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
3.6.3 - GLICLISE
Este processo largamente utilizado em escala comercial. O resultado
da gliclise profunda por EG principalmente bis(hidroxietil) tereftalato BHET,
o qual tambm um substrato para a sntese do PET. A Figura 3.15 apresenta
o esquema da gliclise do PET (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
Figura 3.14 Gliclise do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.
Em condies pr-selecionadas de forma apropriada, a gliclise parcial
do PET pode ser realizada, resultando em oligmeros de pequena cadeia
dependem das condies de processo. O produto glicolizado de menor
viscosidade e peso molecular mdio definido mais suscetvel a purificao e,
subsequente, a reciclagem do que o lixo de PET fundido (PASZUN e
SPYCHAJ, 1997).
A degradao do PET realizada frequentemente com o uso do etileno
glicol. O processo conduzido numa faixa de temperatura de 180 - 250C,
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33
durante um perodo de 0,5 8h. Normalmente, 0,5% em peso de catalisador
(frequentemente acetato de zinco) utilizado em relao ao contedo de PET
adicionado. A presso utilizada geralmente de 0,1 0,6MPa (PASZUN e
SPYCHAJ, 1997).
Glicolizados de PET encontram aplicao na manufatura de resinas
polister insaturadas (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
3.6.4 - HIDRLISE
Segundo Paszun e Spychaj (1997), a hidrlise consiste na
despolimerizao total do PET pela gua, produzindo cido tereftlico (AT) e
etileno glicol (EG). A Figura 3.16 apresenta a reao de hidrlise. A hidrlise
pode ser realizada de trs maneiras diferentes: neutra, cida ou alcalina.
Figura 3.15 Hidrlise do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.
3.6.5 - HIDRLISE CIDA, BSICA E NEUTRA
3.6.5.1 - HIDRLISE CIDA
Este processo utiliza geralmente cido sulfrico concentrado (mnimo
87%), ou outros cidos como fosfrico ou ntrico. A reao acontece em 5min a
presso atmosfrica. O processo acontece da seguinte forma: o PET
misturado com cido sulfrico a uma temperatura de 60 - 93C. Como
resultado da dissoluo e degradao do PET a AT (cido tereftlico) e EG
(etileno glicol) obtm-se um lquido oleoso e viscoso, este neutralizado pela
adio de uma soluo de hidrxido de sdio para neutralizar o AT e o pH do
sistema fica entre 7,5 - 8. Pode-se tambm realizar a neutralizao primeiro
-
34
diluindo-se a mistura com gua e depois adicionando-se o NaOH para obter o
pH 11 (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
A soluo obtida no processo possui colorao escura e contm AT na
forma de sal de sdio solvel em gua, sulfato de sdio, etileno glicol, hidrxido
de sdio e impurezas insolveis, estas ltimas separadas por filtrao simples.
Se houver necessidade, possvel remover a colorao com coluna de troca-
inica (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
O pH da soluo , ento, reduzido para 0 6.5, para precipitar AT,
utilizando-se cido sulfrico. Aps filtrao, lavagem com gua e secagem,
obtm-se um cido tereftlico com 99% de pureza. O etileno glicol
recuperado do filtrado com extrao com solventes orgnicos, por exemplo, o
tricloroetano, ou saturando a soluo com sulfato de sdio para que o etileno
glicol forme uma fase orgnica e separe. A Figura 3.17 apresenta um esquema
da hidrlise cida (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
Figura 3.16 Esquema da hidrlise cida.
Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.
3.6.5.2 - HIDRLISE ALCALINA
O processo utiliza normalmente hidrxido de sdio (4 20% em massa),
podendo utilizar aminas como catalisador. Dura de 3 a 5h de reao em
temperaturas entre 210 250C e presses entre 1,4 2MPa (PASZUN e
SPYCHAJ, 1997).
PITAT et al. (1959) patenteou um mtodo de hidrlise alcalina do PET
utilizando-se uma soluo 18% em massa de NaOH. O melhor resultado foi
-
35
para uma razo de PET:NaOH de 1:20, na temperatura de 100C em 2h de
reao.
Desta reao se obtm o AT na forma de um sal de sdio solvel em
gua. Mas se a concentrao da soluo de hidrxido de sdio for mantida a
18% (em massa), possvel conseguir a completa precipitao do AT. Aps a
separao, o cido tereftlico dissolvido em uma pequena quantidade de
gua at uma soluo prxima a saturao. Ento, feita uma acidificao, o
AT precipitado, filtrado, lavado e seco (PITAT et al. 1959).
O etileno glicol que restou na soluo aquosa ser recuperado por
posterior destilao a vcuo (PITAT et al. 1959).
A quantidade de lcali utilizada dependente do contedo do polister da
mistura polimrica. O processo pode ser melhorado com a aplicao de
hidrxido quaternrio de amnio (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
3.6.5.3 - HIDRLISE NEUTRA
O processo utiliza gua ou vapor dgua. realizado, normalmente, a
temperaturas entre 200 300C e presses entre 1 4 MPa. A razo molar
entre PET e gua deve variar ente 1:2 e 1:12. Tendo em vista que a hidrlise
favorecida, ocorre mais rapidamente, quando o PET se encontra em seu
estado fundido, a temperatura de reao no deve ser menor que 245C.
Pode-se tambm utilizar catalisadores de transesterificao, como acetatos de
metal alcalino (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
Durante esta hidrlise so formados: o monoster do glicol e o AT. Este
ltimo insolvel em gua a 95 100C, o que facilita a sua separao e
precipitao. O etileno glicol contido na gua recuperado por extrao ou por
destilao (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).
3.6.5.4 ESCOLHA DA ROTA
Reao otimizada de poli(tereftalato de etileno) PET com soluo
alcalina concentrada, obtendo-se como produto o tereftalato dissodico, um sal
solvel em gua que pode gerar cido tereftlico purificado por dissoluo,
-
36
acidificao e precipitao, segundo Mancini e Zanin (2002). O processo utiliza
resduos de garrafas PET, soda custica e gua. O cido tereftlico obtido
apresenta alto grau de pureza (99,6%).
Mancini e Zanin (2002) avaliaram a influncia de meios reacionais na
hidrlise de PET ps-consumo. Nesta avaliao foram utilizados os seguintes
reagentes para realizar a hidrlise da resina PET: gua pura, soluo aquosa
7,5M de cido actico, cido sulfrico, acetato de sdio e hidrxido de sdio.
Ambos foram testados a temperatura de 100C e presso atmosfrica, com o
objetivo de obter cido tereftlico. A relao gua/polmero utilizada foi maior
ou igual a 5,1g/g e um volume total de lquido de 25ml.
Alm dos reagentes, foram avaliados tambm a influncia da
granulometria no PET na hidrlise, foram avaliadas duas granulometrias, uma
maior (entre 2mm e 1,19mm) e uma menor (inferior a 1,19mm). O tempo de
reao foi de 5 dias, durante este perodo a hidrlise em gua pura, solues
de cido actico e acetato de sdio no foi satisfatria, ou seja, estas solues
praticamente no degradaram o PET. Em contra partida, a soluo de cido
sulfrico permitiu 80% de despolimerizao no mesmo perodo. O hidrxido de
sdio apresentou os melhores resultados, ele despolimerizou 95% do PET de
granulometria maior em 7 horas e 98% do PET de granulometria menor em 5
horas. O cido tereftlico obtido foi purificado e caracterizado e foi constatado
nele um pureza superior a 99%.
As reaes foram realizadas em um balo de vidro, com agitao
magntica, acoplado a um condensador de refluxo. O condensador foi imerso
em um banho de leo. Aps algum tempo a reao foi interrompida e por
filtrao separou-se a fase slida da lquida. A frao slida foi submetida a
lavagem com gua (250ml) e secagem (12h a temperatura ambiente e 5h a
75C).
Observando-se os resultados da Tabela 3.1 notamos que os melhores
resultados foram com hidrxido de sdio e cido sulfrico, escolheu-se estudar
estes dois reagentes. Esta rota foi preferida em detrimento da oxidao do p-
xileno, pois a ltima alm de apresentar condies de reao severas utiliza
matria-prima que seria mais custosa que o PET, tendo em vista que o PET
uma matria-prima barata e sua utilizao traria benefcios ao meio ambiente,
haja vista, que sua degradao pelo mesmo demora vrios anos para ser
-
37
realizada.
Tabela 3.1 Dados das hidlises do PET. Fonte: elaborada a partir de
Mancini e Zanin (2002).
Hidrlise Razo Molar
PET:reagente:gua pH Tempo reao Despolimerizao
cido Sulfrico 7,5 M 1 : 12,26 : 54,46 0,6 5 dias 80%
cido Actico 1 : 12,26 : 56,28 2 5 dias Aproximadamente 3%
Acetato de Sdio 1 : 12,26 : 90,85 9,3 5 dias Aproximadamente 3%
Hidrxido de Sdio 1 : 12,26 : 90,85 13,5 7 h 5 h
95% maior 98% menor
gua 1:0:90,85 7,3 5 dias Aproximadamente 3%
3.7 - AVALIAO MERCADOLGICA
3.7.1 - IMPORTAO DO CIDO TEREFTLICO
Na Figura 5.1 pode-se perceber que o valor de importao do cido
tereftlico aumentou ao longo dos anos atingindo seu valor mximo no ano de
2008 e nos anos subsequentes esse valor teve uma pequena queda, voltando
a crescer em 2011.
-
38
Figura 3.17 Grfico do valor de importao do cido tereftlico (US$ FOB/kg) versus
ano. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
Nota-se tambm que essa crescente de valores se deu a partir do ano
de 2003, e que nos anos anteriores o valor de importao deste cido estava
em queda. A mobilidade no preo do cido pode ser devido a flutuaes de
mercado, bem como alteraes na oferta e demanda desta substncia.
Analisando a Figura 5.2, podemos perceber que nos anos de 2000 a
2006 a demanda por cido tereftlico no Brasil foi pequena, mantendo-se o
peso lquido importado sempre abaixo de 50.000 toneladas. No ano de 2007
pode-se perceber um aumento significativo na importao desta substncia,
chegando-se a importar mais de 400.000 toneladas a partir de 2008. Isto se
deve a paralisao da empresa fabricante de cido tereftlico no Brasil,
TEREFTLICOS (antiga RHODIACO), ocorrido em agosto de 2007,
aumentando a dependncia do Brasil ao mercado externo.
-
39
Figura 3.18 Grfico do peso lquido de cido tereftlico importado (ton) versus
ano. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
3.7.2 EXPORTAO DO CIDO TEREFTLICO
A Figura 3.20 apresenta os valores de exportao do cido tereftlico a
partir do ano 2000. Podemos perceber que o preo de exportao parecido
com o de importao at o ano de 2002. Em 2003 e 2004 no se observam
exportaes e, em 2005 o preo cai bastante. Em 2006 e 2007 ele fica maior
que o valor de importao, entretanto, as quantidades exportadas so muito
pequenas e no mexendo na balana comercial como visto na Figura 3.21. E
aps isso, no se observam mais exportaes.
Figura 3.19 - Grfico do valor de exportao (US$ FOB/kg) do cido tereftlico
versus ano. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
-
40
Figura 3.20 Grfico da quantidade de cido tereftlico exportado versus ano.
Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
3.7.3 - BALANA COMERCIAL
Ao analisarmos a Figura 3.22 podemos confirmar que a quantidade de
cido tereftlico importada maior do que a exportada, ou seja, que esta
substncia apresenta balana comercial desfavorvel. A quantidade de cido
tereftlico produzida no Brasil no suficiente para prover a demanda nacional
desta substncia, havendo-se a necessidade da importao de grandes
quantidades deste composto, uma grande dependncia do mercado externo,
podendo justificar incentivos em investimentos na produo do mesmo no
Brasil.
-
41
Figura 3.21 Grfico da balana comercial do cido tereftlico versus ano.
Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
3.7.4 - CONSUMO APARENTE
O consumo aparente definido pela seguinte frmula:
Consumo aparente = produo + importaes exportaes
Analisando-se a Tabela 3.2 podemos perceber que o consumo aparente
de cido tereftlico permaneceu estvel at 2006 e sofreu um aumento
considervel aps 2007 possivelmente confirmando o impacto do aumento nas
importaes gerado pela interrupo de produo interna. O consumo aparente
est diretamente ligado com a economia do pas, e um aumento deste significa
pode significar um aquecimento na economia.
-
42
Tabela 3.2 Dados de exportao, importao e consumo aparente do cido tereftlico. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
Ano Produo (t) Importao (t) Exportao (t) Consumo Aparente (t)
2000 247.836,0 6.927,3 76,0 254.687,3
2001 233.867,0 21.435,0 24,0 255.278,0
2002 237.252,0 3.432,0 48,0 240.636,0
2003 248.651,0 10.822,9 0,0 259.473,9
2004 255.712,0 204,0 0,0 255.916,0
2005 235.498,0 11.429,1 16,3 246.910,8
2006 206.240,0 31.160,0 15,0 237.385,0
2007 86.403,0 347.057,0 24,0 433.436,0
2008 0,0 405.023,9 0,0 405.023,9
2009 0,0 408.754,8 0,0 408.754,8
2010 0,0 502.319,3 0,0 502.319,3
2011 0,0 442.457 0,0 442.457,0
2012 0,0 204.383 0,0 204.383,0
3.7.5 - EMPRESAS
Produo Anual e Capacidade Instalada
Analisando a Tabela 3.3 podemos verificar que a produo anual de
cido tereftlico apresentou queda brusca no ano de 2007 e a partir de 2008
ela se tornou nula, o que explica o aumento da importao de cido tereftlico
importado a partir daquele ano.
Outra observao importante o fato de a produo de cido tereftlico,
nos anos anteriores ao fechamento, estar sempre muito perto do limite da
capacidade instalada (Tabela 3.4) da empresa nacional, excedendo-se esta
capacidade no ano de 2004.
-
43
Tabela 3.3 Produo de cido tereftlico e vendas declaradas (t/a). Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.
Ano Produo Vendas Internas Vendas Externas
2011 0,0 0,0 0,0
2010 0,0 0,0 0,0
2009 0,0 0,0 0,0
2008 0,0 0,0 0,0
2007 86.403,0 95.078,0 14,0
2006 206.240,0 207.266,0 15,0
2005 235.498,0 244.565,0 0,0
2004 255.712,0 255.027,0 0,0
2003 248.651,0 249.007,0 0,0
2002 237.252,0 249.051,0 48,0
2001 233.867,0 230.283,0 0,0
2000 247.836,0 237.268,0 50,0
Total 1.751.459,0 1.767.545,0 127,0
Tabela 3.4 Capacidade instalada das empresas produtoras de cido tereftlico. Fonte: elaborado a partir de Anurio ABIQUIM 2011.
Ano
Empresa Capacidade instalada
(t/ano)
2000 RHODIACO 250.000
2001 RHODIACO 250.000
2002 RHODIACO 250.000
2003 RHODIACO 250.000
2004 RHODIACO 250.000
2005 RHODIACO 250.000
2006 RHODIACO 250.000
2007 TEREFTLICOS (antiga
RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000
2008 PETROQUMICASUAPE (iniciar
produo 2012) 700.000
TEREFTLICOS (antiga
RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000
2009 PETROQUMICASUAPE (iniciar
produo 2012) 700.000
TEREFTLICOS (antiga
RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000
2010 PETROQUMICASUAPE (iniciar
produo 2012) 700.000
TEREFTLICOS (antiga
RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000
2011 PETROQUMICASUAPE (iniciar
produo 2012) 700.000
TEREFTLICOS (antiga
RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000
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3.7.6 - INVESTIMENTOS FUTUROS
Com base nos valores de importao de cido tereftlico apresentados
na Figura 5.2 a necessidade de investimentos futuros nessa rea parecem ser
cruciais para a melhora de nossa balana comercial. Na Tabela 3.5 so
apresentados a previso de produo nacional j estimando esse demanda.
Tabela 3.5 Previso da capacidade futura de produo de cido tereftlico. Fonte: elaborado a partir de Anurio ABIQUIM 2011
Empresa Produto Capacidade de
produo (t/ano) Concluso
COMPERJ cido Tereftlico Futura: 500.000 2013
PETROQUMICA SUAPE (PETROQUISA)
cido Tereftlico Futura: 700.000 2012
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4 - MATERIAIS E MTODOS
4.1 - OBTENO DAS GARRAFAS PET
As garrafas PET so amplamente utilizadas como embalagens para
bebidas, leo de cozinha, produtos de