acido tereftalico via reciclagem quimica do pet

110
AVALIAÇÃO DE METODOLOGIA DE OBTENÇÃO DO ÁCIDO TEREFTÁLICO VIA RECICLAGEM QUÍMICA DO PET Camilla Thomaz da Silva Dissertação de Mestrado Orientadora Prof. Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc. Programa De Pós-Graduação Em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Setembro de 2012

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Tese ácido tereftálico

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  • AVALIAO DE METODOLOGIA DE OBTENO DO CIDO

    TEREFTLICO VIA RECICLAGEM QUMICA DO PET

    Camilla Thomaz da Silva

    Dissertao de Mestrado

    Orientadora

    Prof. Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc.

    Programa De Ps-Graduao Em Tecnologia de Processos Qumicos e

    Bioqumicos

    Escola de Qumica da Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Rio de Janeiro

    Setembro de 2012

  • ii

    AVALIAO DE METODOLOGIA DE OBTENO DO CIDO

    TEREFTLICO VIA RECICLAGEM QUMICA DO PET

    Camilla Thomaz da Silva

    Dissertao submetida ao Corpo Docente do Curso de Ps-Graduao em Tecnologia de

    Processos Qumicos e Bioqumicos da Escola de Qumica da Universidade Federal do Rio

    de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Mestre em

    Cincias.

    Aprovado por:

    _______________________________ Profa.Dilma Alves Costa D.Sc.

    _______________________________ Profa. Fabiana Valria da Fonseca Arajo D.Sc.

    _______________________________ Profa. Marisa Fernandes Mendes D.Sc.

    Orientada por:

    _______________________________________ Prof. Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc.

    Rio de Janeiro, RJ Brasil Setembro de 2012

  • iii

    Ficha Catalogrfica

    Thomaz, Camilla

    Avaliao de Metodologia de Obteno do cido Tereftlico Via

    Reciclagem Qumica do PET / Camilla Thomaz.

    Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2012.

    xiv, 95f.; il.

    (Dissertao) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Qumica.

    2012.

    Orientadora: Erika Christina Ashton N. Chrisman - D.Sc.

    1. cido Tereftlico. 2. Reciclagem Qumica. 3. Despolimerizao. 4. PET.

    5. Dissertao. (Mestrado UFRJ/EQ). 6. Erika Christina Ashton N.

    Chrisman - D.Sc.

  • iv

    Dedicatria

    Dedico este trabalho Deus, minha famlia, amigos, colegas de trabalho e orientadora

    pelo apoio, fora, incentivo, companheirismo e amizade. Sem eles nada disso seria

    possvel.

  • v

    Quanto melhor adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente escolher

    o entendimento do que a prata!

    Provrbios 16:16

  • vi

    Agradecimentos

    Deus por ser o meu sustento e minha fortaleza, por me amparar nos momentos

    difceis, por me ajudar a superar as adversidades, mostrar os caminhos nos momentos de

    aflio e por suprir todas as minhas necessidades.

    minha famlia: meus pais Beto e Solange, por priorizarem meus estudos e me

    darem todo apoio na profisso que escolhi, a minha irm Isabella, por estar sempre ao

    meu lado me escutando e incentivando.

    minha orientadora rika por toda ajuda dada, sem a qual esta dissertao no

    seria possvel.

    Aos amigos do DOPOLAB por todo companheirismo e auxlio to importantes nos

    momentos de dificuldade.

    Aos meus amigos: Evelyn e Edson por me incentivarem, confiarem na minha

    capacidade e me ouvirem nos momentos de preocupao e insegurana.

    minha amiga Layla pelo auxlio nos momentos difceis e pacincia nas horas de

    estresse.

  • vii

    Resumo da Dissertao de Mestrado apresentada ao Curso de Ps-Graduao em

    Tecnologia de Processos Qumicos e Bioqumicos da Escola de Qumica/UFRJ como

    parte dos requisitos para obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

    AVALIAO DE METODOLOGIA DE OBTENO DO CIDO TEREFTLICO VIA

    RECICLAGEM QUMICA DO PET

    Camilla Thomaz

    Setembro, 2012

    Orientadora: Erika Christina Ashton N. Chrisman D.Sc.

    A demanda por PET Poli(etileno tereftalato) aumentou significativamente ao longo

    dos anos, elevando tanto sua produo como seu fluxo de resduos. Com o crescimento

    de sua demanda a necessidade por AT cido Tereftlico aumentou, importante

    monmero de sua polimerizao. A reciclagem do PET surge, ento, como uma

    alternativa interessante e rentvel para dar destino ao resduo slido polimrico e ao

    mesmo tempo, agregando valor ao seu resduo.

    Nos ltimos dez anos a balana comercial de AT tem se apresentado desfavorvel,

    isto porque a capacidade instalada deste produto no supre as necessidades internas e a

    empresa fabricante no Brasil encontra-se paralisada desde 2007, o que aumentou muito a

    quantidade importada deste monmero e acendeu a necessidade pela busca de novas

    rotas de obteno do mesmo.

    O AT produzido comercialmente pela oxidao do p-xileno. Uma alternativa rota

    comercial seria a reciclagem qumica do PET. Esta pode ser dividida em hidrlise, gliclise

    e metanlise. Sendo que somente atravs da hidrlise podemos obter o cido tereftlico.

    Este trabalho se baseou no estudo da hidrlise cida e bsica do PET com o

    objetivo de recuperar cido tereftlico com a pureza necessria sua reutilizao na

    sntese de PET. Foram realizadas duas reaes, uma hidrlise bsica e uma cida e dois

    planejamentos de experimentos visando a otimizao da reao.

    Como resultados obteve-se a recuperao do AT, como desejado, com rendimento

    superior a 95%, na pureza necessria alm de se conseguir modelar as influncias das

    variveis envolvidas no processo para estudos de otimizao com base na aplicao de

    planejamento de experimentos.

  • viii

    Abstract of Dissertation presented to Curso de Ps-Graduao em Tecnologia de

    Processos Qumicos e Bioqumicos EQ/UFRJ as partial fulfillment of the requeriments

    for the degree of Master of science (M.Sc.)

    ASSESSMENT METHODOLOGY obtaining terephthalic acid VIA CHEMICAL

    RECYCLING OF PET

    Camilla Thomaz

    September, 2012

    Supervisor: Erika Christina Ashton N. Chrisman D.Sc.

    The demand for PET has significantly increased over the years, increasing both its

    production and its waste stream. The growthing of its demand has increased the need for

    TPA, an important monomer polymerization. The recycling of PET arises, then, as an

    interesting and profitable to give the polymeric solid residue destination and at the same

    time adding value to your waste.

    Over the past decade the trade balance of TPA has appeared unfavorable, because

    the installed capacity of this product did not meet the internal needs and in manufacturing

    company in Brazil was paralyzed since 2007, which greatly increased the quantity

    imported this monomer and lit the need for finding new routes for obtaining the same.

    The TPA is produced commercially by the oxidation of p-xylene. An alternative

    production would be to route commercial chemical recycling of PET. This can be split into

    hydrolysis, glycolysis and methanolysis. Would probably be the PET recycling as a

    commercial route.

    This work was based on the study of basic and acid hydrolysis of PET in order to

    recover terephthalic acid with the required purity for its reuse in the synthesis of PET.

    There were two reactions, an acid and a base hydrolysis and two schedules of

    experiments aimed at optimizing the reaction.

    The results obtained of TPA, recovery was, with a yield higher than 95% in purity,

    required to achieve modeling the influence of variables involved in the process of

    optimization studies based on the application of experimental design.

  • ix

    Sumrio

    Lista de Siglas ............................................................................................................. ...... xii

    Lista de Figuras ............................................................................................................. ... xiii

    Lista de Tabelas ......................................................................................................... ....... xiv

    1. Introduo ................................................................................................................ 1

    2. Objetivo ............................................................................................................. ....... 5

    3. Reviso Bibliogrfica ................................................................................................ 6

    3.1 Polisteres.............................................................................................................. ... 6

    3.2 PET ......................................................................................................................... . 7

    3.3 Sntese dos Monmeros ......................................................................................... 11

    3.3.1 cido Tereftlico (AT) ........................................................................ 12

    3.3.2 Etileno Glicol (EG) ............................................................................. 18

    3.4 Sntese do PET ...................................................................................................... 19

    3.4.1 A Partir do Tereftalato de Dimetila (DMT) Transesterificao ........ 21

    3.4.2 A Partir do Acido Tereftalico (AT) Esterificao .............................. 22

    3.4.3 Polimerizao em Estado Solido (SSP) ........................................... 23

    3.4.4 Copolimerizao do PET .................................................................. 24

    3.5 Degradao do PET ............................................................................................... 24

    3.5.1 Despolimerizao ............................................................................. 26

    3.6 Reciclagem ............................................................................................................. 27

    3.6.1 Reciclagem Qumica ..................................................................... 28

    3.6.2 Metanlise ......................................................................................... 30

    3.6.3 Gliclise ............................................................................................. 32

    3.6.4 Hidrlise ............................................................................................ 33

    3.6.5 Hidrlise Bsica, cida e Neutra ....................................................... 33

    3.6.5.1 Hidrlise cida ........................................................................ 33

    3.6.5.2 Hidrlise Alcalina .................................................................... 34

    3.6.5.3 Hidrlise Neutra ...................................................................... 35

    3.6.5.4 Escolha da Rota ..................................................................

    35

    3.7 Avaliao Mercadolgica .................................................................................... 37

    3.7.1 Importao do cido Tereftlico .................................................... 37

  • x

    3.7.2 Exportao do cido Tereftlico .................................................... 39

    3.7.3 Balana Comercial ........................................................................ 40

    3.7.4 Consumo Aparente ........................................................................ 41

    3.7.5 Empresas ...................................................................................... 42

    3.7.6 Investimentos Futuros ................................................................... 44

    4. Materiais e Mtodos ............................................................................................... 45

    4.1 Obteno das Garrafas PET .................................................................................. 45

    4.1.1 Moagem ............................................................................................ 45

    4.1.2 Teste Granulomtrico ........................................................................ 46

    4.2 Mapeamento do Processo ..................................................................................... 47

    4.2.1 Hidrlise cida .................................................................................. 47

    4.2.2 Hidrlise Bsica ................................................................................ 49

    4.2.3 Recuperao do Etileno Glicol .......................................................... 50

    4.3 Planejamento de Experimentos ............................................................................. 50

    4.3.1 Planejamento 1 ................................................................................. 51

    4.3.2 Planejamento 2 ................................................................................. 52

    5. Resultados e Discusso ......................................................................................... 54

    5.1 Resultados da Hidrlise cida e Bsica ................................................................. 54

    5.1.1 Hidrlise cida .................................................................................. 54

    5.1.2 Hidrlise Bsica ................................................................................ 56

    5.1.3 Comparao entre as Hidrlises cida e Bsica .............................. 58

    5.2 Planejamento 1 ...................................................................................................... 62

    5.3 Planejamento 2 ...................................................................................................... 70

    5.4 Recuperao do Etileno Glicol ............................................................................... 73

    6. Concluso .............................................................................................................. 77

    7. Sugestes para Trabalhos Futuros ........................................................................ 79

    8. Bibliografia .............................................................................................................. 80

    Apndice A .................................................................................................................... 85

    Apndice B .................................................................................................................... 95

  • xi

    Lista de Siglas

    AT cido Tereftlico

    BRL Real Brasileiro

    BHET Bis-Hidroxietil Tereftalato

    d densidade

    DMT Tereftalato de Dimetila

    EG Etileno Glicol

    FOB Livre de Impostos

    FTIR Anlise de Infravermelho por Transformada de Fourrier

    H2SO4 cido Sulfrico

    HCl cido Clordrico

    MEC Metil Etil Cetona

    NaCl Cloreto de Sdio

    NaOH Hidrxido de Sdio

    NH4OH Hidrxido de Amnio

    OH- on Hidroxila

    PCB p-Carboxibenzaldedo

    PE Poli Etileno

    PET Poli (etileno tereftalato)

    pH Potencial de Hidrognio

    PP Poli Propileno

    Prob Probabilidade

    PS Poli Estireno

    PTA cido p-Tolico

    PVAc Poli (Acetato de Vinila)

    PVC Poli (Cloreto de Vinila)

    Sb2O3 xido de Antomnio

    Tg Temperatura de Transio Vtrea

    Tm Temperatura de Fuso Cristalina

    TPA-Na2 Tereftalato Dissdico

  • xii

    Lista de Figuras

    Figura 1.1 Quantidade de AT importado ao longo dos anos no perodo de 2000-2012

    ............................................................................................................................................. 3

    Figura 3.1 Representao estrutural do PET .................................................................. 7

    Figura 3.2 Reao Geral da Esterificao ....................................................................... 8

    Figura 3.3 Reao geral: ster a partir de cloreto de acila .............................................. 8

    Figura 3.4 Reao geral: ster a partir de anidrido de acido actico .............................. 9

    Figura 3.5 Reao geral: Transesterificao ................................................................... 9

    Figura 3.6 Hidrolise bsica ............................................................................................ 10

    Figura 3.7 Mecanismo da hidrlise bsica ..................................................................... 10

    Figura 3.8 Hidrolise cida .............................................................................................. 11

    Figura 3.9 Ciso no carbono da carbonila ..................................................................... 11

    Figura 3.10 Converso do p-xileno a TPA apresentando os intermedirios de reao ..13

    Figura 3.11 Rotas para poli (etileno tereftalato) em DMT e AT .................................. 20

    Figura 3.12 Metanlise do PET ..................................................................................... 30

    Figura 3.13 Esquema do processo de metanlise na linha de produo do PET ......... 31

    Figura 3.14 Gliclise do PET ......................................................................................... 32

    Figura 3.15 Hidrlise do PET ......................................................................................... 33

    Figura 3.16 Esquema da hidrolise cida ........................................................................ 34

    Figura 3.17 Grfico do valor de importao do acido tereftlico (US$ FOB/kg) versus

    ano .................................................................................................................................... 38

    Figura 3.18 Grfico do peso liquido de acido tereftlico importado (ton) versus ano .... 39

    Figura 3.19 - Grfico do valor de exportao (US$ FOB/kg) do acido tereftlico versus ano

    ........................................................................................................................................... 39

    Figura 3.20 Grfico da quantidade de acido tereftlico exportado versus ano .............. 40

    Figura 3.21 Grfico da balana comercial do acido tereftlico versus ano ................... 41

    Figura 4.1 Moinho de Facas .......................................................................................... 46

  • xiii

    Figura 5.1 Espectro de FTIR do solido obtido na Hidrolise cida ................................. 55

    Figura 5.2 Espectro FTIR do Acido Tereftlico .............................................................. 55

    Figura 5.3 Espectro de FTIR do slido obtido da hidrolise bsica ................................. 57

    Figura 5.4 Despolimerizao PET ................................................................................. 58

    Figura 5.5 Espectros dos slidos obtidos das hidrolises: (a) acida; (b) bsica, utilizando

    H2SO4; (c) bsica, utilizando HCl ...................................................................................... 60

    Figura 5.6 Espectro FTIR do liquido residual do rotaevaporador comparando-o com

    espectros de possveis substncias ................................................................................. 61

    Figura 5.7 - Lista de efeitos do modelo ............................................................................. 63

    Figura 5.8 ANOVA para a converso de PET ................................................................ 64

    Figura 5.9 - Correlao do modelo ................................................................................... 65

    Figura 5.10 - Grfico do modelo Predito versus Atual ...................................................... 65

    Figura 5.11 - Lista de efeitos ............................................................................................. 66

    Figura 5.12 ANOVA para o rendimento de TPA ............................................................ 67

    Figura 5.13 Correlao .................................................................................................. 67

    Figura 5.14 Grfico Predito versus Atual ....................................................................... 68

    Figura 5.15 Box-Cox ...................................................................................................... 69

    Figura 5.16 Espectro de FTIR do corte da microdestilao feito a 104C ..................... 74

    Figura 5.17 Espectro FTIR do resduo da microdestilao ............................................ 75

    Figura 5.18 Espectro FTIR do resduo da microdestilao comparando-se com possveis

    substncias da biblioteca do equipamento ....................................................................... 76

  • xiv

    Lista de Tabelas

    Tabela 3.1 Dados das hidlises do PET ..................................................................... 37

    Tabela 3.2 Dados de exportao, importao e consumo aparente do cido tereftlico

    ....................................................................................................................................... 42

    Tabela 3.3 Produo de cido tereftlico e vendas declaradas (t/a) .......................... 43

    Tabela 3.4 Capacidade instalada das empresas produtoras de cido tereftlico ...... 43

    Tabela 3.5 Previso da capacidade futura de produo de cido tereftlico ............. 44

    Tabela 4.1 Granulometria das peneiras utilizadas no ensaio granulomtrico e

    quantidades retidas em cada malha ................................................................................. 47

    Tabela 4.2 Valores dos parmetros para o planejamento 1............................................ 51

    Tabela 4.3 Valores dos parmetros para o planejamento 2 ........................................... 53

    Tabela 5.1 Resumo de resultados das Hidrlises do PET ............................................. 58

    Tabela 5.2 Valores de Rendimento AT e Converso PET .............................................. 62

    Tabela 5.3 Valores de rendimento e converso ............................................................. 70

    Tabela 5.4 Resumo dos dados estatsticos para a converso de PET .......................... 71

    Tabela 5.5 Resumo dos dados estatsticos para o rendimento de TPA ............................ 72

  • 1

    1 - INTRODUO

    Desde os tempos pr-bblicos, substncias polimricas naturais como o

    mbar e a goma vm sendo utilizadas pelos gregos e pelos romanos. Os

    polmeros sintticos surgiram mais tarde, como por exemplo: no processo de

    vulcanizao da borracha (a partir do ltex) descoberto pela Goodyear em

    1839 e, no processo de acetilao da celulose descoberto em 1865. Contudo, o

    primeiro polmero sinttico de uso comercial foi produzido apenas em 1907 por

    Baekeland, o bakelite (CANEVAROLO e SEBASTIO, 2006). Hoje, os

    polmeros esto presentes em nosso cotidiano com ampla utilizao em

    utenslios domsticos, automveis, embalagens e roupas.

    Com o surgimento do polmero sinttico, e as possibilidades de

    aplicao variadas, mais cientistas se interessaram em estudar essas

    substncias e suas possibilidades, e em 1944 surgiu no mercado o PET,

    Polietileno tereftalato (www.qmc.ufsc.br, 2011). A primeira amostra desta resina

    foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson em 1941, e sua resistncia

    mecnica foi comprovada em 1962 quando passou a ser utilizado na indstria

    de pneus. A princpio, a resina PET era utilizada em aplicaes txteis,

    contudo, no incio dos anos 70 surgiram as primeiras embalagens plsticas e,

    em 1988, a mesma chegou ao Brasil. Atualmente, a resina PET amplamente

    utilizada em embalagens de refrigerantes, gua e alimentos, entre outras

    aplicaes (ABIPET, 2011).

    Em 2008, o PET foi considerado como uma das principais resinas

    polimricas apresentando uma produo global de 35 milhes de toneladas.

    Destas, 63% so utilizados como fibras e os 37% restantes em garrafas,

    recipientes, folhas e filmes. A ampla utilizao deste material se deve a sua

    notvel fora mecnica, baixo peso, pouca permeabilidade a gases (barreira

  • 2

    gs), boa transmitncia da luz, superfcie lisa e no ser prejudicial ao homem

    (FONSECA et al. 2009).

    No Brasil, aproximadamente 90% (471 Kton) da resina PET virgem

    destinada para embalagens de refrigerantes, gua e leo. A demanda por PET

    tem crescido muito ao longo dos anos, sendo que de 2008 para 2009 o seu

    consumo aparente (produo interna + importao - exportao) apresentou

    um crescimento de 7,4%.

    Alm de crescente demanda, a indstria de PET tambm apresenta

    crescimento no seu faturamento lquido total aumentando de R$ 3,18 Bi para

    R$ 3,38 Bi entre 2008 e 2009, o que equivale a um crescimento de 6,3%. Em

    2011, 294 mil toneladas de PET foram reciclados, gerando um crescimento de

    mais de 4% na quantidade de garrafa PET reciclada (ABIPET, 2012).

    Com a expanso da demanda por PET, tanto sua produo quanto seu

    fluxo de resduos aumentou. E como esta resina possui alta resistncia a

    agentes biolgicos e atmosfricos (FONSECA et al. 2009), sua degradao

    pelo meio ambiente muito demorada.

    Tendo em vista que o plstico apresenta elevado volume, a destinao

    do PET ps-consumo se tornou um problema. Sendo assim, a reciclagem

    surgiu como uma alternativa vivel e rentvel para sua destinao por agregar

    valor a um resduo slido e oferecer benefcios ao meio ambiente.

    O crescimento da demanda do PET causa no s o problema de

    disposio do PET ps-consumo, mas tambm a necessidade de uma grande

    quantidade dos monmeros que fazem parte da sua reao de polimerizao.

    Um deles o cido tereftlico, normalmente sintetizado a partir da oxidao

    cataltica do p-xileno (MATAR e HATCH, 2000). Nos ltimos dez anos, a

    balana comercial do cido tereftlico, que se refere a diferena entre a

    quantidade exportada e importada de um determinado bem ou produto, tem se

    mostrado desfavorvel. Isto porque a capacidade instalada deste produto no

  • 3

    supre as necessidades internas do mesmo. A empresa TEREFTLICOS, antiga

    RHODIACO, que produzia o cido tereftlico se encontra paralisada desde

    Agosto de 2007 (Anurio ABIQUIM, 2011), quando ento a produo anual caiu

    a zero e a dependncia de importao do cido tereftlico aumentou muito.

    Isso pode ser observado na Figura 1.1.

    Figura 1.1 Quantidade de AT importado ao longo dos anos no perodo de

    2000-2012

    Fonte: elaborado a partir de AliceWeb, 2011.

    Assim, uma rota alternativa de obteno do cido tereftlico, atravs da

    reciclagem do PET, que ajudaria a solucionar dois problemas ao mesmo tempo.

    O problema da destinao do resduo slido polimrico e o da necessidade de

    maior quantidade dessa substncia.

    A reciclagem pode ser dividida em dois grandes grupos: Reciclagem

    Mecnica e Reciclagem Qumica (PAVEL e AWAJA, 2005). Os mtodos variam

    tanto quanto ao reagente como as condies de reao. Na reciclagem

    mecnica, realizado um tratamento fsico onde o produto principal o PET

    em flocos. J na reciclagem qumica, feito o tratamento qumico onde as

    molculas sofrem modificao estrutural, podem ser realizadas de diferentes

  • 4

    formas de tratamento (hidrlise, metanlise, gliclise), e dependendo do

    mtodo, os produtos obtidos podem ser: etileno glicol (EG), cido tereftlico

    (AT), dimetiltereftalato (DMT) e bis-hidroxietil tereftalato (BHET). Os reagentes

    utilizados podem ser: gua (hidrlise), metanol (metanlise), etileno glicol

    (gliclise).

    Neste trabalho foi estudada a reciclagem qumica, mais precisamente a

    hidrlise. O intuito foi de se obter cido tereftlico com pureza tal que pudesse

    ser reutilizado para sntese do PET. Para tal foi feita a otimizao da hidrlise

    bsica do PET ps-consumo para averiguar as melhores condies de reao.

  • 5

    2 - OBJETIVO

    O objetivo deste trabalho foi avaliar uma rota alternativa para obteno

    do cido tereftlico via reciclagem qumica de garrafas de PET modas. Sendo

    necessrio para isso, as seguintes tarefas:

    - Avaliao de metodologias de reciclagem qumica;

    - Busca de metodologias de sntese de cido tereftlico para

    comparao;

    - Aplicao de planejamento de experimentos a reciclagem escolhida

    com obteno de modelo e otimizao do processo.

  • 6

    3 - REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 - POLISTERES

    Os polisteres so polmeros termoplsticos, maleveis quando

    aquecidos e rgidos quando resfriados, que no sofrem transformao qumica

    durante este processo, e que podem ser sintetizados atravs da reao de

    condensao de um cido carboxlico com um lcool. Para que os polisteres

    sejam formados, deve ocorrer uma polimerizao de crescimento por etapas ou

    polimerizao gradual. Para que tal polimerizao ocorra basta que o cido

    carboxlico e o lcool possuam mais de um grupo funcional cada, por exemplo,

    um cido dicarboxlico e um dilcool. A polimerizao acontece da seguinte

    forma: o dilcool reage com o cido dicarboxlico formando um ster, o grupo

    funcional restante reage gerando outra ligao ster, formando uma molcula

    maior, que por sua vez, tambm possui um grupo funcional livre que pode

    reagir para gerar outra ligao ster e, assim sucessivamente (MORRISON e

    BOYD, 1993; SOLOMONS e FRYHLE, 2000 e RUDIN et al. 1999).

    Se cada molcula do monmero possuir apenas dois grupos funcionais,

    o polmero obtido ser linear, pois, o crescimento se dar em apenas duas

    direes, se a reao ocorrer em mais de duas posies num monmero

    ento, ser formado um polmero de rede espacial, altamente reticulado

    (MORRISON e BOYD, 1993 e SOLOMONS e FRYHLE, 2000).

    Existem vrios tipos de polisteres, um dos mais importantes o

    poli(tereftalato de etileno) - PET, obtido, por exemplo, pela esterificao direta

    do etileno glicol e o cido tereftlico, catalisada por um cido.

  • 7

    3.2 PET

    O PET Poli(etileno tereftalato) um polister termoplstico,

    representado estruturalmente na Figura 3.1. Esta resina branca, opaca e de

    difcil solubilidade, sendo solvel em hexaflor-isopropanol, cido triflor-

    actico e triclorofenol; fenol/tetraclorofenol 50:50, fenol/triclorobenzeno 60:40; e

    insolvel em gua, hidrocarbonetos, lcoois, cetonas e outros. Sua temperatura

    de transio vtrea (Tg) 70-80C e a de fuso cristalina (Tm) 250-270C

    (MANO et al. 2004).

    Figura 3.1 Representao estrutural do PET. Fonte: MANO et al. 2004

    O PET pode ser sintetizado de duas formas: a partir da reao entre um

    cido carboxlico e um lcool (esterificao) ou da reao entre um ster e um

    lcool (transesterificao) (MANO et al. 2004).

    - Esterificao: uma reao de condensao na qual, cidos

    carboxlicos reagem com alcois formando steres, seguindo a reao geral

    apresentada na Figura 3.2.

  • 8

    Figura 3.2 Reao Geral da Esterificao Fonte: SOLOMONS e FRYHLE, 2000.

    Essas reaes so catalisadas por cidos e desenvolvem-se lentamente

    na ausncia de cidos fortes, entretanto, quando um cido ou um lcool so

    refluxados com pequena quantidade de cido sulfrico concentrado ou cido

    clordrico o equilbrio alcanado em poucas horas. Um excesso do cido

    carboxlico ou do lcool, baseados no reagente limitante, e at mesmo, a

    remoo da gua formada no meio reacional contribuem para o aumento do

    rendimento da reao de esterificao (SOLOMONS e FRYHLE, 2000).

    Os cloretos de acila e os anidridos tambm podem ser utilizados na

    reao com alcois para formao de steres, sendo muito mais reativos que

    os cidos carboxlicos na reao de adio-eliminao, com a reao

    ocorrendo rapidamente e no necessitando de um catalisador cido. As

    Figuras 3.3 e 3.4 apresentam a reao geral desde mtodo (SOLOMONS e

    FRYHLE , 2000).

    Figura 3.3 Reao geral: ster a partir de cloreto de acila. Fonte: SOLOMONS e FRYHLE, 2000.

  • 9

    Figura 3.4 Reao geral: ster a partir de anidrido de cido actico. Fonte: SOLOMONS e FRYHLE, 2000.

    - Transesterificao: uma reao de um ster com um lcool formando

    outro ster e outro lcool (Figura 3.5). Esta reao pode ser catalisada por

    cidos (H2SO4 ou HCl anidro) ou por bases. Para obter bons rendimentos nesta

    reao pode-se utilizar lcool em excesso, ou ento remover um dos produtos

    da reao medida que ele se forma, para que desta maneira o equilbrio seja

    deslocado para o sentido da formao do produto e ocorra completo

    esgotamento dos reagentes (MORRISON e BOYD, 1993).

    Figura 3.5 Reao geral: Transesterificao. Fonte: MORRISON et al. 1993.

    Os steres carboxlicos podem sofrer hidrlise, com formao de um

    cido carboxlico e um lcool ou um fenol, caso sejam aquecidos em meio

    aquoso cido ou bsico (MORRISON e BOYD, 1993).

    Na hidrlise bsica, o cido carboxlico obtido sob a forma do seu

    respectivo sal. No caso de se usar NaOH, o sal formado um sal de sdio do

    cido. A Figura 3.6 exemplifica a hidrlise bsica de um ster de forma

    irreversvel, porque o on carboxilato formado pouco reativo para reaes

  • 10

    com alcois. Esta hidrlise se d atravs de um ataque nucleoflico, onde o

    reagente nucleflico, OH- (reagente fortemente bsico, rico em eltrons, que

    tende a atacar um ncleo de carbono), ataca o carbono da carbonila ( C=O)

    ligando-se a ele, formando um intermedirio tetradrico que expele o on

    alcxido (R O-). Aps a expulso deste, o hidrognio da hidroxila ligada ao

    carbono da carbonila transfere eltrons para o oxignio ficando com deficincia

    de eltrons e ligando-se ao on alcxido formando um lcool. Tal mecanismo

    evidenciado na Figura 3.7 (MORRISON e BOYD, 1993 e SOLOMONS e

    FRYHLE, 2000).

    Figura 3.6 Hidrlise bsica. Fonte: MORRISON e BOYD, 1993.

    Figura 3.7 Mecanismo da hidrlise bsica. Fonte: MORRISON e BOYD, 1993.

    Outro tipo de hidrlise sofrida pelos steres a cida, esta reversvel,

    observada na Figura 3.8. Neste caso o cido age protonando o oxignio

    carbonlico tornando o carbono da carbonila suscetvel ao ataque nucleoflico

    da gua. Como ocorrido na hidrlise bsica, a clivagem se d no carbono da

    carbonila (Figura 3.9) e h formao de intermedirios tetradricos

    (MORRISON e BOYD, 1993).

    OR

  • 11

    Figura 3.8 Hidrlise cida. Fonte: MORRISON e BOYD, 1993.

    Figura 3.9 Ciso no carbono da carbonila. Fonte: (MORRISON e BOYD, 1993).

    3.3 - SNTESE DOS MONMEROS

    Os principais monmeros utilizados na produo do PET Poli

    (tereftalato de etileno) so o cido tereftlico (AT) e o etileno glicol (EG).

    Entretanto at 1970, o tereftalato de dimetila (DMT) era utilizado no lugar do AT,

    isto porque at aquele momento no havia processos economicamente viveis

    para a produo do AT, ento, optava-se pela produo do PET a partir do

    DMT. O cido tereftlico produzido, at ento, no possua a pureza necessria

    para produo do polister (MANCINI, 2001 E PARK et al. 1975).

    Tanto para produo de cido tereftlico como para produo de

    tereftalato de dimetila foram desenvolvidos processos de oxidao do p-xileno.

    Em geral estes processos usam ar como oxidante e sais de cobalto e

    mangans como catalisador obtendo-se elevados rendimentos (PARSHALL,

    1992).

  • 12

    Avaliando-se as duas matrias-primas, AT e DMT, o AT apresenta

    algumas vantagens em relao ao DMT. Essas so (BRYANT et al. 1971):

    4. A taxa de reao entre etilenoglicol e AT maior do que a taxa de

    reao do etilenoglicol com o DMT;

    A quantidade de etilenoglicol necessria geralmente menor para o AT do que

    para o DMT;

    O custo da matria-prima por mol de radical tereftalato menor para o AT do

    que para o DMT.

    As snteses de AT ou de DMT partem do p-xileno, pelo processo da

    Mobil, mas o AT no envolve o custo do metanol como matria- prima e a etapa

    adicional de esterificao com metanol. No incio, o desenvolvimento de fibras

    de polister, e as tentativas de usar o cido tereftlico diretamente para

    poliesterificao com etileno glicol no foram bem sucedidas devido a

    dificuldade em obter AT de alta pureza. A converso do AT para o dimetil ester,

    que deveria ser purificado por destilao, foi utilizado, e os negcios de filmes e

    fibras de polister foram ento desenvolvidos utilizando DMT como a nica

    fonte de radical tereftalato requerida. A obteno econmica de AT de alta

    pureza continuou sendo pesquisada e desenvolvida em todo o mundo. Este

    objetivo foi finalmente alcanado por dois processos no EUA, um deles pela

    Mobil Chemical Co, e outro pela diviso da Mobil Oil Corp (BRYANT et al.

    1971).

    3.3.1 - CIDO TEREFTLICO (AT)

    O cido tereftlico um importante monmero para produo do PET.

    Ele um slido cristalino que sublima acima de 300C. Possui frmula

    molecular C8H6O4 e seu peso molecular de 166 g/mol. Este cido insolvel

    em gua, clorofrmio, lcool, teres, cido actico e outros. Sua solubilidade

  • 13

    evidenciada em alguns lcalis e levemente irritante sobre a pele. A

    caracterizao do cido tereftlico, assim como o seu grau de pureza pode ser

    averiguado a partir de cromatografia em fase gasosa e espectroscopia na

    regio do infravermelho (MANO et al. 2000).

    Para a produo do cido tereftlico existem diversos processos,

    entretanto, sero mencionados aqui os principais, o Mobil, o Amoco e o da

    Standard Oil (PARSHALL, 1992; MANCINI, 2001 e BRYANT et al. 1972).

    No processo Mobil, o p-xileno convertido a AT por reao direta de ar

    ou oxignio em meio lquido de cido actico na presena de catalisador

    solvel de cobalto e ativador adequado. O processo Mobil, utiliza oxignio com

    pureza >95% e metil etil cetona (MEC) como catalisador ativador. Na

    converso do p-xileno a AT, dois grupos metil so oxidados a dois grupos

    carboxil, e um grande nmero de intermedirios tem sido identificados, como

    mostrado na Figura 3.10 (BRYANT et al. 1971).

    Figura 3.10 Converso do p-xileno a AT apresentando os

    intermedirios de reao. Fonte: BRYANT et al. 1971.

    O AT significativamente menos solvel no cido actico que qualquer

    dos intermedirios, podendo ser separado diretamente aps a oxidao apenas

    por filtrao ou centrifugao.

    Uma das substncias utilizadas no processo, o MEC, muito importante

    para produzir oxignio que regenera o catalisador cobalto (III), que comea a

  • 14

    sequncia de oxidao do intermedirio. O MEC oxidado a cido actico,

    dixido de carbono e gua no sistema. Logo, um co-produto do processo Mobil

    o cido actico (BRYANT et al. 1971).

    O processo Mobil consiste de seis etapas bsicas (BRYANT et al. 1971):

    Oxidao cataltica em fase lquida utilizando oxignio dissolvido gasoso

    com todos os reagentes mantidos em um mesmo solvente;

    Separao dos cristais de AT bruto da fase solvente;

    Remoo de impurezas grossas do cristal bruto por dissoluo parcial

    em solvente purificado (operao de lixiviao);

    Separao dos slidos de AT do solvente lixiviado e seco para produo

    do AT grau tcnico;

    Separao da fase solvente do reator por destilao em solvente

    purificado, xileno e MEC no reagido e produtos intermedirios para reciclo da

    oxidao, recuperando o co-produto cido actico e a gua de reao;

    Purificao final dos cristais de AT semipuros por sublimao direta,

    seguido por tratamento cataltico na fase vapor, e subsequente recristalizao.

    Na etapa de oxidao, os reatores so alimentados continuamente com

    reciclo orgnico corrente, no qual so misturados p-xileno, MEC, e pequenas

    quantidades de catalisador, e o oxignio introduzido no reator em uma razo

    controlada. Os reatores mltiplos so utilizados em paralelo e com operao

    independente para maior flexibilidade. Uma converso quase completa de p-

    xileno a AT obtida neste processo. Os reatores so agitados, para obter

    apropriada disperso dos gases e suspenso de slidos. A reao de oxidao

    ocorre em temperatura e presso moderadas. Como a reao extremamente

    exotrmica, o calor deve ser removido para manter a temperatura de reao

    (BRYANT et al. 1971).

    Na purificao do AT, a lama do mesmo em cido actico aquecida

    continuamente em uma fornalha, e carregada para a cmara de imerso onde

  • 15

    mantida em elevada temperatura por um curto perodo de tempo. Sabe-se

    que a solubilidade do AT no cido actico baixa na temperatura de imerso, a

    operao uma lixiviao de orgnicos solveis (principalmente cido p-tolico

    e p-carboxibenzaldedo) e de catalisador cobalto no produto bruto. Aps a

    lixiviao, a lama resfriada em um vaso de cristalizao. Em seguida, o AT

    separado da fase lquida e lavado em filtro contnuo. A fase lquida e a gua de

    lavagem do AT contm restos de intermedirios de reao, que voltam para o

    sistema de recuperao de solvente e reciclo do reator. A torta filtrada seca e

    obtm-se um AT grau tcnico. Caso se queira um grau de pureza superior para

    a produo do PET necessrio realizar mais uma etapa de purificao

    (BRYANT et al. 1971).

    O AT que passar pela purificao final contm pequenas quantidades

    de cobalto, ferro, cido tolico, p-carboxibenzaldedo (PCB) e traos de outros

    compostos orgnicos e inorgnicos. Essas impurezas so removidas em um

    processo contnuo de sublimao, que inclui vaporizao e tratamento contnuo

    de AT, separao de no volteis, condensao e recuperao de slidos de AT

    puro. O PCB removido por tratamento cataltico, enquanto outros orgnicos,

    incluindo cido p-tolico, cido benzico, cido isoftlico e PCB residual, so

    separados por diferena na presso de vapor durante condensao do AT.

    Com esta etapa o AT passa a ter grau polmero, podendo ser usado

    diretamente na sntese do PET (BRYANT et al. 1971).

    O processo comercializado pela Amoco produz cido tereftlico por uma

    etapa de oxidao do p-xileno em cido actico em aproximadamente 225C e

    presso de 15 atm com uma mistura de acetato de mangans (II) e cobalto (II)

    e brometo como catalisadores. Entre os halognios utilizados, o brometo o

    nico que apresenta atividade cataltica. O tempo de residncia do meio

    reacional no reator de 90 minutos. Durante este tempo, a maior parte do p-

    xileno convertido a cido tereftlico que cristalizado com aproximadamente

    99,95% de pureza. Durante a reao surgem alguns intermedirios e co-

  • 16

    produtos, que so mantidos em soluo atravs do cido actico. A lama de

    produtos em cido actico retirada continuamente, o cido tereftlico bruto

    separado e o cido actico reciclado. O cido tereftlico , ento,

    recristalizado em cido actico aquoso sob presso para atingir a temperatura

    na qual o cido tereftlico significativamente solvel (PARSHALL, 1992;

    MANCINI, 2001 e HUNDLEY et al. 1988).

    Neste processo a temperatura possui papel de elevada importncia. O

    uso de baixas temperaturas e altas presses parciais de oxignio em

    processos de oxidao melhoram a seletividade e qualidade do produto. Estes

    fatores favorecem a reao de oxidao em relao a reaes concorrentes

    que levam a formao de produtos indesejveis que reduzem o rendimento e a

    pureza dos cidos carboxlicos aromticos produzidos. Como essas oxidaes

    em fase lquida so altamente exotrmicas deve-se remover o calor para

    manter a temperatura de reao. Desta forma, as etapas qumicas no incio da

    oxidao, que so as mais suscetveis a reaes colaterais indesejveis, so

    conduzidas a baixa temperatura para maximizar a seletividade; e as etapas

    finais so conduzidas a altas temperaturas para aumentar as taxas e minimizar

    o volume exigido de reao (PARSHALL, 1992; MANCINI, 2001 e HUNDLEY et

    al. 1988).

    Outro processo muito importante para a produo do cido tereftlico o

    da Standar Oil. Neste processo, o p-xileno oxidado com oxignio molecular

    na presena de soluo de cido actico, de um ou mais metais pesados

    catalisadores de oxidao e uma fonte de brometo. Todos os componentes

    citados anteriormente so alimentados em reator com agitao e a oxidao

    conduzida continuamente. Evidncias experimentais tm mostrado que a

    contaminao de cristais de cido ftlico com impurezas diretamente

    proporcional a concentrao inicial dos componentes supracitados na soluo

    concentrada (PARK et al. 1975).

  • 17

    O oxignio molecular do processo fornecido em excesso. Para o

    sistema cataltico so preferidos cobalto e mangans, que podem ser

    dissolvidos em solventes como metal ou forma inica ou como compostos

    orgnicos, que esto na forma de acetatos ou hidratos de acetatos que so

    solveis no solvente reacional. O componente brometo do catalisador

    fornecido por uma substncia capaz de oferecer brometo na temperatura

    reacional, por exemplo, brometo de sdio ou tetrabromoetano. A temperatura

    mantida em uma faixa de 190 - 220C com presso tal que se mantenha o

    controle da temperatura e para manter a zona de oxidao em fase lquida. O

    tempo de residncia na zona de oxidao pode ser de 20 a 90 minutos. O

    produto da oxidao consiste de cristais de cido tereftlico em suspenso

    numa soluo de cido actico, resduos do catalisador, gua e impurezas

    aromticas (PARK et al. 1975 e MANCINI, 2001).

    A principal diferena deste processo o deslocamento do licor me

    original, do produto da oxidao, por cido actico puro e quente (no superior

    a 50 abaixo da temperatura de oxidao para evitar a contaminao dos

    cristais de cido tereftlico, ocasionando um ligeiro resfriamento da soluo).

    Este deslocamento realizado em dois hidrociclones conectados em srie. No

    primeiro separa-se uma espessa camada de AT do lquido original, que

    alimenta o segundo hidrociclone juntamente com cido actico quente. O

    produto do segundo hidrociclone submetido a resfriamento e posteriormente

    a despressurizao do sistema. Por filtrao so separados, slido e lquido,

    sendo o lquido o cido actico, que enviado a recuperao, e o slido o AT

    que aps secagem apresenta pureza de 99,95% (PARK et al. 1975 e MANCINI,

    2001).

    Algumas variaes destes processos so utilizadas comercialmente

    como o processo da Du Pont que descreve a produo do cido tereftlico a

    partir da reao do p-xileno com gs contendo oxignio molecular em um

    reator na presena de catalisador que consiste essencialmente de cobalto,

  • 18

    mangans e brometo, e um solvente compreendendo uma pequena quantidade

    de cido monocarboxlico. A reao realizada em fase lquida e temperatura

    do reator de 210C. E o processo da Eastman Chemical Company que

    descreve a produo do cido tereftlico a partir da oxidao do p-xileno com

    um gs contendo oxignio, catalisador formado por mistura de compostos ou

    complexos de cobalto, mangans e brometo solubilizado em cido actico

    aquoso. A reao ocorre em fase lquida, assim como todos os processos

    anteriores, a temperatura do reator mantida em 150 a 180C e presso de

    aproximadamente 3,5 a 13 bar (PARSHALL, 1992; SCOOT et al. 1979 e LIN et

    al. 2007).

    3.3.2 - ETILENO GLICOL (EG)

    O outro importante monmero utilizado na sntese do PET o etileno

    glicol, um lquido incolor viscoso e muito higroscpico. Alm da gua ele

    solvel em ter, acetona, lcool e benzeno; sendo insolvel em ter etlico, ter

    isoproplico, heptano, e outros. Seu ponto de ebulio 198C e seu ponto de

    fuso -11C. Possui frmula molecular C2H6O2 e peso molecular 62 g/mol. Este

    lcool apresenta toxidez quando ingerido, podendo causar depresso, vmito,

    coma e convulso (MANO et al. 2004).

    Este monmero considerado um commodities qumico. No Brasil ele

    produzido pela Oxiteno que possui nove unidades industriais no Brasil,

    Mxico e Venezuela. A principal rota de sntese do etileno glicol atravs da

    hidrlise do xido de etileno, que por sua vez, sintetizado pela oxidao

    cataltica do etileno (PARSHALL, 1992; www.oxiteno.com.br, 2011 e

    www.ultra.com.br, 2011).

    Outras rotas para a sntese do etileno glicol podem ser via processo da

    Du Pont, por exemplo, que se baseia na carbonilao do formaldedo para

    http://www.oxiteno.com.br/http://www.ultra.com.br/

  • 19

    cido gliclico seguido de esterificao e hidrogenlise para produzir etileno

    glicol, e via processo da Union Carbide no qual o gs de sntese convertido a

    etileno glicol utilizando-se um catalisador solvel, como os complexos de

    rodium (PARSHALL, 1992).

    O etileno glicol pode ser caracterizado e avaliada a sua pureza atravs

    de cromatografia em fase gasosa ou espectroscopia na regio do infravermelho

    (MANO et al. 2004).

    Para purificao do mesmo, o mtodo mais utilizado o da destilao.

    Quando ele se apresenta em meio aquoso pode ser adicionado ao etanol e em

    seguida realizada uma destilao fracionada para separao do azetropo

    gua-etanol do etileno glicol, obtendo-se o ltimo puro (MANO et al. 2004).

    3.4 - SNTESE DO PET

    A fibra sinttica mais utilizada a polister poli (etileno tereftalato) ou

    PET que comercializado sob os seguintes nomes: Du Ponts Dacron, ICIs

    Terylene ou Eastmans Kodel. O PET tambm encontrado em garrafas

    plsticas de refrigerantes e em filmes tal como Du Ponts Mylar que utilizado

    para acondicionamento de comidas e bebidas, fitas magnticas, dentre outras

    vrias aplicaes. Esse polister foi fabricado como produto industrial pela ICI

    (UK, 1949) e Du Pont (USA, 1953) (PANG et al. 2006).

    H aproximadamente 40 anos atrs, quando se iniciou a produo de

    polister, o principal processo foi baseado no tereftalato de dimetila DMT. A

    Figura 3.11 apresenta um esquema simplificado de duas rotas de sntese do

    PET (PARSHALL, 1992 e PANG et al. 2006).

  • 20

    Figura 3.11 Rotas para poli (etileno tereftalato) em DMT e AT.

    Fonte: PANG et al. 2006.

    A transesterificao do dimetil ester com etileno glicol fornece metanol e

    bis(hidroxietil) tereftalato BHET. O hidroxietil ester , ento, aquecido sob

    vcuo para expulsar uma equivalente de etileno glicol formando o polister.

    Atualmente, com a disponibilidade de AT de alta pureza com processos como o

    da Amoco, a rota mais atrativa tem sido a do cido tereftlico. Nesta rota no

    h necessidade do reciclo de metanol. A esterificao direta do cido tereftlico

    geralmente emprega uma espcie diferente de catalisador em relao ao que

    usado na transesterificao. No entanto, a converso do BHET para polmero

    (policondensao) pode usar o mesmo catalisador, independente se ster ou

    cido so usados como material de partida do processo (RUDIN, 1999;

    PARSHALL, 1992 e PANG et al. 2006).

    A principal produtora de PET no Brasil a empresa do Grupo Mossi &

    Ghisolfi (M&G). Ela produz PET, exclusivamente, pela esterificao direta do

    cido tereftlico e do etileno glicol. Esta empresa lder do mercado Sul-

    Americano de produo de PET para embalagens e fibras para a indstria txtil

    e a maior produtora de PET do mundo, com aproximadamente 1,7Mton/ano

  • 21

    de capacidade instalada. A mesma opera em sistema vertical produzindo o

    cido tereftlico com alto grau de pureza para a produo do polister (PET).

    No Brasil, sua planta localiza-se no Complexo Industrial Porturio Suape no

    Engenho Massangana, TDR - Sul (ROMO et al. 2009 e www.gruppong.com,

    2011).

    3.4.1 - A PARTIR DO TEREFTALATO DE DIMETILA (DMT)

    TRANSESTERIFICAO

    A preparao do PET por este caminho utiliza dois diferentes sistemas

    catalticos. A etapa de transesterificao do tereftalato de dimetila com excesso

    de etileno glicol catalisada por sais de metais divalentes, acetato de zinco,

    cobalto ou mangans. Embora esses sais sejam muito efetivos na primeira

    etapa, realizada na faixa de 150 a 200C, eles causam reaes laterais

    indesejveis nas altas temperaturas necessrias a segunda etapa. A

    policondensao do BHET realizada na faixa de 250 a 300C em vcuo com

    a finalidade de remover etileno glicol. O xido de antimnio (III) pr-dissolvido

    em glicol utilizado para catalisar esta reao. O catalisador da

    transesterificao produz reaes rpidas entre o etileno glicol e o ster

    tereftlico. Infelizmente, eles tambm catalisam a formao de dietileno glicol

    nas altas temperaturas utilizadas na policondensao (acima de 250C). Para

    evitar que o DEG seja formado na etapa de policondensao utiliza-se um

    inibidor, antes desta etapa, como o cido fosfrico ou fosfato trifenil, que atuam

    convertendo os sais de metal em complexos de fosfatos que possuem pequena

    atividade cataltica (MANO et al. 2004; PARSHALL, 1992 e PANG et al. 2006).

    O etileno glicol, tereftalato de dimetila e catalisador podem ser

    adicionados continuamente no reator. Na primeira etapa, h formao de

    metanol e devido s reaes serem reversveis, tanto a transesterificao como

    http://www.gruppong.com/

  • 22

    a policondensao ocorrem com remoo contnua de metanol e glicis

    presentes. Ao cessar a destilao do metanol considerado que a reao foi

    completada e que o BHET foi obtido com um grau de polimerizao entre 25 e

    30 (MANO et al. 2004; PARSHALL, 1992; ROMO et al. 2009 e PANG et al.

    2006).

    3.4.2 - A PARTIR DO CIDO TEREFTLICO (AT) ESTERIFICAO

    A utilizao do AT como matria-prima para produo do polister no

    lugar do DMT requer a utilizao de um catalisador diferente. Os sais de metal

    divalente, comumente utilizados na transesterificao possuem pouca atividade

    na esterificao de um cido carboxlico com um lcool. Neste processo, uma

    suspenso de cido tereftlico em excesso de etileno glicol alimentada

    continuamente ao longo do reator com alcxido de titnio (IV), como

    catalisador. A reao de esterificao se passa a 250- 300C, e aps iniciada,

    o meio contm bis(hidroxietil) tereftalato e polmero de baixo peso molecular

    que dissolve o cido tereftlico e permite que a esterificao ocorra em um

    meio relativamente homogneo. Nesta etapa, gua formada e, para

    continuao da reao, necessrio que a gua e o excesso de glicol sejam

    removidos de forma contnua por destilao. O material esterificado quente

    passa para a segunda etapa, a policondensao, em reator especfico

    aquecido a 260- 300C, sob presso reduzida para remover etileno glicol.

    Alm do catalisador de titnio que serve para a policondensao, adicionado

    Sb2O3 que atua tambm como catalisador. Assim como na transesterificao,

    neste processo a formao de ligaes ter por condensao de grupos

    hidroxietil uma reao colateral indesejada (PARSHALL, 1992).

    Outra maneira de produzir o poli(tereftalato de etileno) pela reao de

    condensao entre o cido tereftlico e o etileno glicol, utilizando-se um

  • 23

    catalisador metlico. Esta realizada em duas etapas, na primeira o cido

    tereftlico reage com excesso de etileno glicol em meio ligeiramente cido

    formando predominantemente o tereftalato de bis-(hidroxietileno) juntamente

    com outros oligmeros atravs da eliminao de gua. Na segunda etapa

    realizado o crescimento da cadeia polimrica pela transesterificao das

    molculas do BHET com eliminao do etileno glicol. Nesta etapa, o composto

    de antimnio adicionado (MANO et al. 2004).

    Segundo PANG et al. (2006), a esterificao direta do AT com o EG pode

    ser realizada sem uso de catalisador. Nesta reao heterognea, os

    monmeros so carregados no reator formando uma suspenso, pois, o AT

    difcil de dissolver no EG. A razo molar AT:EG utilizada nesta reao de

    1:1,5-3 e a temperatura em torno de 240 - 260C. A no utilizao de

    catalisador ocorre porque o grupo funcional cido pode catalisar a reao.

    3.4.3 - POLIMERIZAO EM ESTADO SLIDO (SSP)

    Polmeros so submetidos a nova policondensao em estado slido

    para produzir PET de maior peso molecular (>30.000 g/mol peso molecular

    mdio) para injeo ou aplicaes de moldagem por sopro, como embalagens

    para bebidas carbonatadas. Comumente o peso molecular mdio encontrado

    na policondensao do BHET varia de 15.000 25.000 g/mol. Esta reao

    realizada em uma faixa de temperatura que varia entre a temperatura de

    transio vtrea (temperatura acima da qual um polmero se torna mole e dctil

    e abaixo da qual se torna duro e quebradio, como vidro) e temperatura de

    fuso (ROMO et al. 2009; PANG et al. 2006 e www.rubberpedia.com).

    A faixa de temperatura onde se realiza essa polimerizao

    compreendida entre 220 - 230C por aproximadamente 10 30 horas. O mais

    importante neste processo aumentar o grau de cristalinidade do material em

  • 24

    um pequeno intervalo de tempo utilizando-se alto vcuo ou um sistema de

    atmosfera inerte com agitao. Isto para evitar que ocorra o processo de

    sinterizao, onde as partculas se aglomeram umas nas outras. Se isso

    acontecer, os gros aderem as paredes do reator podendo danific-lo (ROMO

    et al. 2009; PANG et al. 2006).

    3.4.4 COPOLIMERIZAO DO PET

    A copolimerizao o processo no qual o polmero obtido a partir de

    dois ou mais co-monmeros resultando num co-polmero. Esta tcnica

    bastante empregada para minimizar algumas propriedades indesejveis,

    entretanto que sejam intrnsecas ao material. Tendo como base o PET, as

    propriedades indesejveis so: carga esttica, baixa adeso a metais e baixa

    capacidade de tingimento. Para minimizar tais fatos, um grande nmero de co-

    monmeros podem ser empregados na sntese do PET: 1,3-propanodiol, 1,4-

    butanodiol, cido isoftlico, cido 2,6-naftalenodicarboxlico,

    ciclohexanodimetanol e dietileno glicol. O uso de 1,4-butanodiol ou cido

    ftlico, por exemplo, melhora a adeso de placas metlicas, promove excelente

    resistncia ao choque e melhora as propriedades de barreira contra compostos

    corrosivos. A co-polimerizao do PET feita com dois objetivos: retardar a

    taxa de cristalizao durante a etapa de estiramento-sopro do processo

    injeo-sopro e aumentar as propriedades mecnicas e de barreira a gs do

    material (ROMO et al. 2009; PANG et al. 2006).

    3.5 - DEGRADAO DO PET

    A degradao de um polmero qualquer reao qumica que altere a

    qualidade do material em questo, ou seja, que altere as caractersticas

  • 25

    bsicas inerentes ao uso do mesmo. Assim as alteraes das propriedades de

    um polmero so resultantes de diversos tipos de reaes sendo elas intra ou

    inter moleculares.

    Os polmeros podem sofrer degradao em uma das etapas do

    processamento para chegar ao formato final de uso. Durante o

    processamento, o polmero sujeito a aquecimento, cisalhamento, presso e

    exposio a oxignio. Os processamentos podem ser: termoformagem,

    moldagem por compresso, calandragem, extruso, injeo e rotomoldagem

    (DE PAOLI, 2008).

    A presena e o tipo de co-monmeros afetam em grande escala o

    mecanismo e a cintica da degradao do PET. Ao se estudar os processos de

    reciclagem (mecnica, qumica e energtica) torna-se muito importante

    conhecer os tipos de degradao sofridos por este polmero, tendo em vista

    que eles afetam as propriedades finais dos produtos reciclados. O processo de

    degradao pode ser iniciado de vrias maneiras, entre elas: cisalhamento,

    calor, oxignio, resduos de catalisador, entre outros. Estes iniciadores podem

    levar a degradaes: mecnica, trmica, qumica ou uma combinao das

    anteriores. E independente da forma da iniciao, todas elas implicaro em

    fornecer energia para o rompimento de uma ou mais ligaes qumicas

    formando espcies reativas, em sua maioria radicais livres, e estes sero os

    responsveis pela propagao do processo (ROMO et al. 2009 e DE PAOLI,

    2008).

    A degradao pode ser por ciso de cadeias e reticulao, degradao

    mecnica, degradao termomecnica, degradao termoxidativa e

    despolimerizao. Falaremos mais especificamente da despolimerizao

    (ROMO et al. 2009, DE PAOLI, 2008).

  • 26

    3.5.1 - DESPOLIMERIZAO

    Este processo pode ocorrer em polmeros com substituintes em um dos

    carbonos das unidades monomricas repetitivas. Esta degradao gera como

    produto principal o monmero que deu origem ao polmero que est sendo

    degradado. De maneira geral, nesse processo ocorre a ciso aleatria das

    ligaes C-C a altas temperaturas e no estado fundido com a formao de

    radicais livres e monmero. A despolimerizao auto-cataltica, com iniciao,

    propagao e terminao, e possui alto rendimento em monmeros. A

    estabilidade do macroradical livre formado na etapa de iniciao ir favorecer a

    despolimerizao, pois, um radical pouco estvel tender a reagir com oxignio

    levando oxidao. A etapa de propagao tambm conhecida como

    unzipping ou unbuttoning (DE PAOLI, 2008).

    Se o polmero estiver em contato com oxignio ocorrer oxidao

    concomitante com a despolimerizao. A predominncia de um dos processos

    depender: da cintica relativa das reaes, haja vista que ambas so

    termodinmicamente favorecidas; do coeficiente de difuso do oxignio no

    polmero e; da espessura da pea. E na ausncia de oxignio poder ocorrer

    recombinao de radicais (DE PAOLI, 2008).

    Analisando a termodinmica do processo, tem-se que a energia de

    ativao para a despolimerizao a energia de ativao para a propagao

    da polimerizao mais a entalpia de polimerizao (Hpolim). Sabendo disto

    conclui-se que quanto menor o Hpolim, menor ser a energia de ativao para

    a despolimerizao e maior ser a probabilidade da mesma ocorrer (DE PAOLI,

    2008).

    Neste processo h formao de produtos de baixa massa molar que se

    difundem para o ambiente e volatilizam. Ao se tratar de embalagens plsticas

    de suma importncia o conhecimento da toxidez dos produtos das reaes de

  • 27

    degradao para evitar contaminao do produto embalado com o material.

    Pensando no lado ambiental, pode-se utilizar este processo para promover a

    reciclagem qumica (terciria) de alguns polmeros, como o PET (DE PAOLI,

    2008).

    3.6 - RECICLAGEM

    O consumo per capita de plstico tem aumentado significativamente ao

    longo dos anos, estima-se que em 1970 o consumo per capita de plstico era

    de 2 kg/ano. E no ano de 2010 esse valor teve um salto expressivo, chegando

    ao valor de 30,5 kg/ano. Dentre os plsticos mais consumidos encontram-se as

    resinas termoplsticas (PET, PE, PVC, PP, PS), sendo o Polietileno

    responsvel por 43% da demanda total. Analisando com mais ateno a resina

    PET, no ano de 2009 o Brasil produziu cerca de 471.000 toneladas dessa

    resina para a fabricao de embalagens. Desse PET produzido, 55,6% das

    embalagens ps-consumo foram recicladas em 2009, perdendo apenas para o

    Japo que reciclou 77,9%. Essas garrafas recicladas so recuperadas,

    principalmente, por catadores e cooperativas (www.cempre.org.br, 2011 e

    www.plastico.com.br, 2011).

    Os dados de reciclagem descritos anteriormente so referentes a

    reciclagem mecnica do PET ps-consumo. O principal mercado para ele a

    produo de fibras de polister para a indstria txtil (multifilamento),

    fabricao de cordas e cerdas de vassouras e escovas (monofilamento),

    confeco de filmes e chapas para boxes de banheiro, termo-formadores,

    formadores a vcuo, placas de trnsito e sinalizao em geral. Alm desses

    usos, tem se ampliado o uso de embalagens ps-consumo recicladas na

    fabricao de novas garrafas para produtos no alimentcios. Podem ser

    utilizados tambm na fabricao de resinas alqudicas para produo de tintas,

    http://www.cempre.org.br/http://www.plastico.com.br/

  • 28

    resinas insaturadas, adesivos e resinas polister. E como aplicaes mais

    recentes tm-se a extruso de tubos para esgoto de edificaes, cabos de

    vassouras e injeo para fabricao de torneiras (www.cempre.org.br, 2011).

    A reciclagem pode ser dividida em mecnica e qumica. Na reciclagem

    mecnica o polmero passa por um tratamento fsico, no havendo mudanas

    estruturais e na reciclagem qumica o tratamento utilizado o qumico e

    ocorrem modificaes estruturais no mesmo. Estudaremos detalhadamente a

    reciclagem qumica ( AL-SALEM et al. 2009).

    3.6.1 - RECICLAGEM QUMICA

    um termo usado para se referir a processos de tecnologia avanada

    que convertem materiais plsticos em molculas menores, usualmente lquidos

    ou gases, que podem ser usados com matria-prima para a produo de novos

    plsticos e petroqumicos. O termo qumica utilizado devido ao fato que uma

    alterao ocorre com a estrutura qumica do polmero. Produtos de reciclagem

    qumica tm sido teis como combustveis (AL-SALEM et al. 2009).

    A tecnologia por trs de seu sucesso o processo de despolimerizao

    que pode resultar em um regime sustentvel e muito rentvel para a indstria,

    proporcionando um alto rendimento de produto e um mnimo de desperdcio.

    Sob a categoria de processo qumico avanado de reciclagem (semelhante

    para os empregados na indstria petroqumica) aparecem por exemplo, a

    gaseificao, a pirlise, a hidrogenao lquido-gs, a quebra de viscosidade,

    de vapor ou de craqueamento cataltico e do uso do lixo plstico slido como

    um agente de reduo em altos-fornos (AL-SALEM et al. 2009).

    Recentemente, muita ateno tem sido gasta com reciclagem qumica

    (principalmente craqueamento trmico no cataltico termlise, craqueamento

    cataltico e degradao vapor) como um mtodo para produo de vrias

    http://www.cempre.org.br/

  • 29

    fraes de combustvel em lixo slido plstico. Por sua natureza, um

    determinado nmero de polmeros interessante para este tratamento. O PET

    e certas poliamidas podem facilmente ser despolimerizadas. Foram realizados

    estudos sobre pirlise e combusto do PET. Nestes o PET seguiu um

    pseudomecanismo considerando um modelo de reao de duas partes, ou

    seja, pirlise e combusto. O carvo formado seguir para uma terceira reao,

    para formar gases, negligenciando os resduos de combusto formados (AL-

    SALEM et al. 2009).

    Polmeros de condensao como o PET e o nylon passam por

    degradao para produzir unidades monomricas, ou seja, matria-prima ou

    monmeros reciclados. A principal vantagem da reciclagem qumica a

    possibilidade de tratamento heterogneo de polmeros contaminados com

    limitado uso de pr-tratamento (AL-SALEM et al. 2009).

    A reciclagem de lixo slido plstico atravs de rota qumica pura pode

    ser resumida pelas seguintes tecnologias: hidrlise, gliclise, fracionao,

    hidrogliclise, aminlise, metanlise e clivagem cida (AL-SALEM et al. 2009).

    O processo de reciclagem qumica para o PET foi implementado

    aproximadamente em paralelo com a manufatura do polmero em escala

    comercial. Isto se confirma pela grande quantidade de patentes que surgiram a

    partir de 1950. Inicialmente, a reciclagem qumica encontrou uma aplicao,

    uma maneira de utilizar os resduos resultantes no ciclo de produo do PET.

    Em tempo, uma mudana no consumo da estrutura do PET, alm de uma

    mudana de conscincia, causou a nfase para ser colocada na reciclagem de

    lixo ps-consumo (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    Por razes histricas e prticas, os processos de degradao qumica

    do lixo de PET so usualmente divididos como: metanlise, gliclise, hidrlise,

    amonlise, aminlise e outros processos (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

  • 30

    Metanlise e gliclise so aplicados principalmente em escala comercial.

    Nos ltimos anos aumentou o interesse na produo de produtos

    intermedirios oligomricos de componentes especializados da indstria

    qumica advindos do lixo do PET (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    3.6.2 - METANLISE

    Este processo consiste da degradao do PET por metanol em altas

    temperaturas e sob condies de alta presso. O principal produto da

    metanlise do PET o tereftalato de dimetila (DMT) e etileno glicol (EG), que

    so as matrias-primas necessrias para a produo desse polmero. A Figura

    3.13 apresenta a reao da metanlise do PET (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    Figura 3.12 Metanlise do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.

    A possibilidade de alocar uma instalao para metanlise, na linha de

    produo do polmero, uma das vantagens deste mtodo. Desta forma, o lixo

    de PET decorrente do ciclo de produo utilizado e os monmeros

    recuperados so utilizados na manufatura total do polmero. A Figura 3.14

    apresenta um esquema de como esta instalao pode ser feita (PASZUN e

    SPYCHAJ, 1997).

  • 31

    Figura 3.13 Esquema do processo de metanlise na linha de produo do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997

    Mtodos para a conduo de metanlise tem parmetros bsicos

    similares, por exemplo, presses de 2 - 4 MPa e temperatura de 180 - 280C.

    A degradao do polmero ocorre com a liberao de etileno glicol. A reao

    catalisada por tpicos catalisadores de transesterificao como o acetato de

    zinco, acetato de magnsio, acetato de cobalto e dixido. No entanto, o mais

    comumente utilizado o acetato de zinco. Existem exemplos do uso do sal do

    cido arilsulfnico como o catalisador para a degradao metanlica do PET.

    Depois de terminada a reao, necessrio desativar o catalisador. Caso

    contrrio, nos estgios subsequntes do processo, poderiam ocorrer possveis

    perdas de DMT como um resultado da transesterificao com etileno glicol. O

    DMT obtido precipitado a partir da mistura ps-reao aps o seu

    arrefecimento anterior e, em seguida, centrifugado e cristalizado (PASZUN e

    SPYCHAJ, 1997).

    Os mtodos contnuo e de batelada podem ser aplicados na metanlise.

    Os principais elementos de instalao usados no mtodo de metanlise em

    batelada so autoclave, cristalizador, centrfuga e um sistema para a fuso e

    destilao do DMT obtido. O mtodo contnuo requer aparatos muito mais

    complicados, onde a necessidade de fornecer continuamente alta presso no

    reator com restos de matria-prima um problema (PASZUN e SPYCHAJ,

    1997).

  • 32

    Quantidades significativas de etileno glicol residual contaminado pela

    degradao do PET so formados durante o processo de despolimerizao do

    PET. Este pode ser recuperado pela destilao nas instalaes da reciclagem e

    introduzido de volta no sistema. No entanto, o resduo a partir da retificao do

    glicol tambm estar presente. Este resduo possui uma consistncia oleosa e

    prejudicial ao meio ambiente (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    3.6.3 - GLICLISE

    Este processo largamente utilizado em escala comercial. O resultado

    da gliclise profunda por EG principalmente bis(hidroxietil) tereftalato BHET,

    o qual tambm um substrato para a sntese do PET. A Figura 3.15 apresenta

    o esquema da gliclise do PET (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    Figura 3.14 Gliclise do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.

    Em condies pr-selecionadas de forma apropriada, a gliclise parcial

    do PET pode ser realizada, resultando em oligmeros de pequena cadeia

    dependem das condies de processo. O produto glicolizado de menor

    viscosidade e peso molecular mdio definido mais suscetvel a purificao e,

    subsequente, a reciclagem do que o lixo de PET fundido (PASZUN e

    SPYCHAJ, 1997).

    A degradao do PET realizada frequentemente com o uso do etileno

    glicol. O processo conduzido numa faixa de temperatura de 180 - 250C,

  • 33

    durante um perodo de 0,5 8h. Normalmente, 0,5% em peso de catalisador

    (frequentemente acetato de zinco) utilizado em relao ao contedo de PET

    adicionado. A presso utilizada geralmente de 0,1 0,6MPa (PASZUN e

    SPYCHAJ, 1997).

    Glicolizados de PET encontram aplicao na manufatura de resinas

    polister insaturadas (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    3.6.4 - HIDRLISE

    Segundo Paszun e Spychaj (1997), a hidrlise consiste na

    despolimerizao total do PET pela gua, produzindo cido tereftlico (AT) e

    etileno glicol (EG). A Figura 3.16 apresenta a reao de hidrlise. A hidrlise

    pode ser realizada de trs maneiras diferentes: neutra, cida ou alcalina.

    Figura 3.15 Hidrlise do PET. Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.

    3.6.5 - HIDRLISE CIDA, BSICA E NEUTRA

    3.6.5.1 - HIDRLISE CIDA

    Este processo utiliza geralmente cido sulfrico concentrado (mnimo

    87%), ou outros cidos como fosfrico ou ntrico. A reao acontece em 5min a

    presso atmosfrica. O processo acontece da seguinte forma: o PET

    misturado com cido sulfrico a uma temperatura de 60 - 93C. Como

    resultado da dissoluo e degradao do PET a AT (cido tereftlico) e EG

    (etileno glicol) obtm-se um lquido oleoso e viscoso, este neutralizado pela

    adio de uma soluo de hidrxido de sdio para neutralizar o AT e o pH do

    sistema fica entre 7,5 - 8. Pode-se tambm realizar a neutralizao primeiro

  • 34

    diluindo-se a mistura com gua e depois adicionando-se o NaOH para obter o

    pH 11 (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    A soluo obtida no processo possui colorao escura e contm AT na

    forma de sal de sdio solvel em gua, sulfato de sdio, etileno glicol, hidrxido

    de sdio e impurezas insolveis, estas ltimas separadas por filtrao simples.

    Se houver necessidade, possvel remover a colorao com coluna de troca-

    inica (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    O pH da soluo , ento, reduzido para 0 6.5, para precipitar AT,

    utilizando-se cido sulfrico. Aps filtrao, lavagem com gua e secagem,

    obtm-se um cido tereftlico com 99% de pureza. O etileno glicol

    recuperado do filtrado com extrao com solventes orgnicos, por exemplo, o

    tricloroetano, ou saturando a soluo com sulfato de sdio para que o etileno

    glicol forme uma fase orgnica e separe. A Figura 3.17 apresenta um esquema

    da hidrlise cida (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    Figura 3.16 Esquema da hidrlise cida.

    Fonte: PASZUN e SPYCHAJ, 1997.

    3.6.5.2 - HIDRLISE ALCALINA

    O processo utiliza normalmente hidrxido de sdio (4 20% em massa),

    podendo utilizar aminas como catalisador. Dura de 3 a 5h de reao em

    temperaturas entre 210 250C e presses entre 1,4 2MPa (PASZUN e

    SPYCHAJ, 1997).

    PITAT et al. (1959) patenteou um mtodo de hidrlise alcalina do PET

    utilizando-se uma soluo 18% em massa de NaOH. O melhor resultado foi

  • 35

    para uma razo de PET:NaOH de 1:20, na temperatura de 100C em 2h de

    reao.

    Desta reao se obtm o AT na forma de um sal de sdio solvel em

    gua. Mas se a concentrao da soluo de hidrxido de sdio for mantida a

    18% (em massa), possvel conseguir a completa precipitao do AT. Aps a

    separao, o cido tereftlico dissolvido em uma pequena quantidade de

    gua at uma soluo prxima a saturao. Ento, feita uma acidificao, o

    AT precipitado, filtrado, lavado e seco (PITAT et al. 1959).

    O etileno glicol que restou na soluo aquosa ser recuperado por

    posterior destilao a vcuo (PITAT et al. 1959).

    A quantidade de lcali utilizada dependente do contedo do polister da

    mistura polimrica. O processo pode ser melhorado com a aplicao de

    hidrxido quaternrio de amnio (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    3.6.5.3 - HIDRLISE NEUTRA

    O processo utiliza gua ou vapor dgua. realizado, normalmente, a

    temperaturas entre 200 300C e presses entre 1 4 MPa. A razo molar

    entre PET e gua deve variar ente 1:2 e 1:12. Tendo em vista que a hidrlise

    favorecida, ocorre mais rapidamente, quando o PET se encontra em seu

    estado fundido, a temperatura de reao no deve ser menor que 245C.

    Pode-se tambm utilizar catalisadores de transesterificao, como acetatos de

    metal alcalino (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    Durante esta hidrlise so formados: o monoster do glicol e o AT. Este

    ltimo insolvel em gua a 95 100C, o que facilita a sua separao e

    precipitao. O etileno glicol contido na gua recuperado por extrao ou por

    destilao (PASZUN e SPYCHAJ, 1997).

    3.6.5.4 ESCOLHA DA ROTA

    Reao otimizada de poli(tereftalato de etileno) PET com soluo

    alcalina concentrada, obtendo-se como produto o tereftalato dissodico, um sal

    solvel em gua que pode gerar cido tereftlico purificado por dissoluo,

  • 36

    acidificao e precipitao, segundo Mancini e Zanin (2002). O processo utiliza

    resduos de garrafas PET, soda custica e gua. O cido tereftlico obtido

    apresenta alto grau de pureza (99,6%).

    Mancini e Zanin (2002) avaliaram a influncia de meios reacionais na

    hidrlise de PET ps-consumo. Nesta avaliao foram utilizados os seguintes

    reagentes para realizar a hidrlise da resina PET: gua pura, soluo aquosa

    7,5M de cido actico, cido sulfrico, acetato de sdio e hidrxido de sdio.

    Ambos foram testados a temperatura de 100C e presso atmosfrica, com o

    objetivo de obter cido tereftlico. A relao gua/polmero utilizada foi maior

    ou igual a 5,1g/g e um volume total de lquido de 25ml.

    Alm dos reagentes, foram avaliados tambm a influncia da

    granulometria no PET na hidrlise, foram avaliadas duas granulometrias, uma

    maior (entre 2mm e 1,19mm) e uma menor (inferior a 1,19mm). O tempo de

    reao foi de 5 dias, durante este perodo a hidrlise em gua pura, solues

    de cido actico e acetato de sdio no foi satisfatria, ou seja, estas solues

    praticamente no degradaram o PET. Em contra partida, a soluo de cido

    sulfrico permitiu 80% de despolimerizao no mesmo perodo. O hidrxido de

    sdio apresentou os melhores resultados, ele despolimerizou 95% do PET de

    granulometria maior em 7 horas e 98% do PET de granulometria menor em 5

    horas. O cido tereftlico obtido foi purificado e caracterizado e foi constatado

    nele um pureza superior a 99%.

    As reaes foram realizadas em um balo de vidro, com agitao

    magntica, acoplado a um condensador de refluxo. O condensador foi imerso

    em um banho de leo. Aps algum tempo a reao foi interrompida e por

    filtrao separou-se a fase slida da lquida. A frao slida foi submetida a

    lavagem com gua (250ml) e secagem (12h a temperatura ambiente e 5h a

    75C).

    Observando-se os resultados da Tabela 3.1 notamos que os melhores

    resultados foram com hidrxido de sdio e cido sulfrico, escolheu-se estudar

    estes dois reagentes. Esta rota foi preferida em detrimento da oxidao do p-

    xileno, pois a ltima alm de apresentar condies de reao severas utiliza

    matria-prima que seria mais custosa que o PET, tendo em vista que o PET

    uma matria-prima barata e sua utilizao traria benefcios ao meio ambiente,

    haja vista, que sua degradao pelo mesmo demora vrios anos para ser

  • 37

    realizada.

    Tabela 3.1 Dados das hidlises do PET. Fonte: elaborada a partir de

    Mancini e Zanin (2002).

    Hidrlise Razo Molar

    PET:reagente:gua pH Tempo reao Despolimerizao

    cido Sulfrico 7,5 M 1 : 12,26 : 54,46 0,6 5 dias 80%

    cido Actico 1 : 12,26 : 56,28 2 5 dias Aproximadamente 3%

    Acetato de Sdio 1 : 12,26 : 90,85 9,3 5 dias Aproximadamente 3%

    Hidrxido de Sdio 1 : 12,26 : 90,85 13,5 7 h 5 h

    95% maior 98% menor

    gua 1:0:90,85 7,3 5 dias Aproximadamente 3%

    3.7 - AVALIAO MERCADOLGICA

    3.7.1 - IMPORTAO DO CIDO TEREFTLICO

    Na Figura 5.1 pode-se perceber que o valor de importao do cido

    tereftlico aumentou ao longo dos anos atingindo seu valor mximo no ano de

    2008 e nos anos subsequentes esse valor teve uma pequena queda, voltando

    a crescer em 2011.

  • 38

    Figura 3.17 Grfico do valor de importao do cido tereftlico (US$ FOB/kg) versus

    ano. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

    Nota-se tambm que essa crescente de valores se deu a partir do ano

    de 2003, e que nos anos anteriores o valor de importao deste cido estava

    em queda. A mobilidade no preo do cido pode ser devido a flutuaes de

    mercado, bem como alteraes na oferta e demanda desta substncia.

    Analisando a Figura 5.2, podemos perceber que nos anos de 2000 a

    2006 a demanda por cido tereftlico no Brasil foi pequena, mantendo-se o

    peso lquido importado sempre abaixo de 50.000 toneladas. No ano de 2007

    pode-se perceber um aumento significativo na importao desta substncia,

    chegando-se a importar mais de 400.000 toneladas a partir de 2008. Isto se

    deve a paralisao da empresa fabricante de cido tereftlico no Brasil,

    TEREFTLICOS (antiga RHODIACO), ocorrido em agosto de 2007,

    aumentando a dependncia do Brasil ao mercado externo.

  • 39

    Figura 3.18 Grfico do peso lquido de cido tereftlico importado (ton) versus

    ano. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

    3.7.2 EXPORTAO DO CIDO TEREFTLICO

    A Figura 3.20 apresenta os valores de exportao do cido tereftlico a

    partir do ano 2000. Podemos perceber que o preo de exportao parecido

    com o de importao at o ano de 2002. Em 2003 e 2004 no se observam

    exportaes e, em 2005 o preo cai bastante. Em 2006 e 2007 ele fica maior

    que o valor de importao, entretanto, as quantidades exportadas so muito

    pequenas e no mexendo na balana comercial como visto na Figura 3.21. E

    aps isso, no se observam mais exportaes.

    Figura 3.19 - Grfico do valor de exportao (US$ FOB/kg) do cido tereftlico

    versus ano. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

  • 40

    Figura 3.20 Grfico da quantidade de cido tereftlico exportado versus ano.

    Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

    3.7.3 - BALANA COMERCIAL

    Ao analisarmos a Figura 3.22 podemos confirmar que a quantidade de

    cido tereftlico importada maior do que a exportada, ou seja, que esta

    substncia apresenta balana comercial desfavorvel. A quantidade de cido

    tereftlico produzida no Brasil no suficiente para prover a demanda nacional

    desta substncia, havendo-se a necessidade da importao de grandes

    quantidades deste composto, uma grande dependncia do mercado externo,

    podendo justificar incentivos em investimentos na produo do mesmo no

    Brasil.

  • 41

    Figura 3.21 Grfico da balana comercial do cido tereftlico versus ano.

    Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

    3.7.4 - CONSUMO APARENTE

    O consumo aparente definido pela seguinte frmula:

    Consumo aparente = produo + importaes exportaes

    Analisando-se a Tabela 3.2 podemos perceber que o consumo aparente

    de cido tereftlico permaneceu estvel at 2006 e sofreu um aumento

    considervel aps 2007 possivelmente confirmando o impacto do aumento nas

    importaes gerado pela interrupo de produo interna. O consumo aparente

    est diretamente ligado com a economia do pas, e um aumento deste significa

    pode significar um aquecimento na economia.

  • 42

    Tabela 3.2 Dados de exportao, importao e consumo aparente do cido tereftlico. Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

    Ano Produo (t) Importao (t) Exportao (t) Consumo Aparente (t)

    2000 247.836,0 6.927,3 76,0 254.687,3

    2001 233.867,0 21.435,0 24,0 255.278,0

    2002 237.252,0 3.432,0 48,0 240.636,0

    2003 248.651,0 10.822,9 0,0 259.473,9

    2004 255.712,0 204,0 0,0 255.916,0

    2005 235.498,0 11.429,1 16,3 246.910,8

    2006 206.240,0 31.160,0 15,0 237.385,0

    2007 86.403,0 347.057,0 24,0 433.436,0

    2008 0,0 405.023,9 0,0 405.023,9

    2009 0,0 408.754,8 0,0 408.754,8

    2010 0,0 502.319,3 0,0 502.319,3

    2011 0,0 442.457 0,0 442.457,0

    2012 0,0 204.383 0,0 204.383,0

    3.7.5 - EMPRESAS

    Produo Anual e Capacidade Instalada

    Analisando a Tabela 3.3 podemos verificar que a produo anual de

    cido tereftlico apresentou queda brusca no ano de 2007 e a partir de 2008

    ela se tornou nula, o que explica o aumento da importao de cido tereftlico

    importado a partir daquele ano.

    Outra observao importante o fato de a produo de cido tereftlico,

    nos anos anteriores ao fechamento, estar sempre muito perto do limite da

    capacidade instalada (Tabela 3.4) da empresa nacional, excedendo-se esta

    capacidade no ano de 2004.

  • 43

    Tabela 3.3 Produo de cido tereftlico e vendas declaradas (t/a). Fonte: elaborado a partir de Aliceweb 2012.

    Ano Produo Vendas Internas Vendas Externas

    2011 0,0 0,0 0,0

    2010 0,0 0,0 0,0

    2009 0,0 0,0 0,0

    2008 0,0 0,0 0,0

    2007 86.403,0 95.078,0 14,0

    2006 206.240,0 207.266,0 15,0

    2005 235.498,0 244.565,0 0,0

    2004 255.712,0 255.027,0 0,0

    2003 248.651,0 249.007,0 0,0

    2002 237.252,0 249.051,0 48,0

    2001 233.867,0 230.283,0 0,0

    2000 247.836,0 237.268,0 50,0

    Total 1.751.459,0 1.767.545,0 127,0

    Tabela 3.4 Capacidade instalada das empresas produtoras de cido tereftlico. Fonte: elaborado a partir de Anurio ABIQUIM 2011.

    Ano

    Empresa Capacidade instalada

    (t/ano)

    2000 RHODIACO 250.000

    2001 RHODIACO 250.000

    2002 RHODIACO 250.000

    2003 RHODIACO 250.000

    2004 RHODIACO 250.000

    2005 RHODIACO 250.000

    2006 RHODIACO 250.000

    2007 TEREFTLICOS (antiga

    RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000

    2008 PETROQUMICASUAPE (iniciar

    produo 2012) 700.000

    TEREFTLICOS (antiga

    RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000

    2009 PETROQUMICASUAPE (iniciar

    produo 2012) 700.000

    TEREFTLICOS (antiga

    RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000

    2010 PETROQUMICASUAPE (iniciar

    produo 2012) 700.000

    TEREFTLICOS (antiga

    RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000

    2011 PETROQUMICASUAPE (iniciar

    produo 2012) 700.000

    TEREFTLICOS (antiga

    RHODIACO) PARALISADA EM AGO/2007 250.000

  • 44

    3.7.6 - INVESTIMENTOS FUTUROS

    Com base nos valores de importao de cido tereftlico apresentados

    na Figura 5.2 a necessidade de investimentos futuros nessa rea parecem ser

    cruciais para a melhora de nossa balana comercial. Na Tabela 3.5 so

    apresentados a previso de produo nacional j estimando esse demanda.

    Tabela 3.5 Previso da capacidade futura de produo de cido tereftlico. Fonte: elaborado a partir de Anurio ABIQUIM 2011

    Empresa Produto Capacidade de

    produo (t/ano) Concluso

    COMPERJ cido Tereftlico Futura: 500.000 2013

    PETROQUMICA SUAPE (PETROQUISA)

    cido Tereftlico Futura: 700.000 2012

  • 45

    4 - MATERIAIS E MTODOS

    4.1 - OBTENO DAS GARRAFAS PET

    As garrafas PET so amplamente utilizadas como embalagens para

    bebidas, leo de cozinha, produtos de