a vida e obra de agostinho neto

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12 Introdução Neste trabalho falaremos um pouco sobre a vida e obra 6 grandes escritores nomeadamente Manuel Rui Monteiro, Pepetela, Óscar Ridbas, Nguanha Kaxitu, António Jacinto Dr. António Agostinho Neto que foi um médico angolano, formado nas Universidades de Coimbra e de Lisboa, que em 1975 se tornou o primeiro presidente de Angola até 1979 como membro do Movimento Popular de Libertação de Angola. Assim sendo, sem querer ser muito extensa convido – vos a acompanhar o trabalho.

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A vida e obra de agostinho neto

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Page 1: A vida e obra de agostinho neto

Introdução

Neste trabalho falaremos um pouco sobre a vida e obra 6 grandes escritores nomeadamente Manuel Rui Monteiro, Pepetela, Óscar Ridbas, Nguanha Kaxitu, António Jacinto Dr. António Agostinho Neto que foi um médico angolano, formado nas Universidades de Coimbra e de Lisboa, que em 1975 se tornou o primeiro presidente de Angola até 1979 como membro do Movimento Popular de Libertação de Angola. Assim sendo, sem querer ser muito extensa convido – vos a acompanhar o trabalho.

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VIDA E OBRAS DE AGOSTINHO NETO

Às cinco horas do dia dezassete de Setembro nasce Agostinho Neto em Kaxicane, freguesia de S. José, conselho de Icolo e Bengo, Distrito de Luanda, filho de Agostinho Neto, catequista de Missão americana em Luanda, sendo mais tarde pastor e professor nos Dembos, e de Maria da Silva Neto, professora.

1934 - A dez de Junho obtém o certificado da escola primária, que frequentou em Luanda.

1937 - Os seus pais mudam-se para Luanda, onde Agostinho Neto prossegue o seu estudo secundário no Liceu Salvador Correia.

1944 - Completa o 7º ano do Liceu, obtido no Liceu Salvador Correia, de Luanda.

-Sendo funcionário dos serviços de saúde deixa Angola e embarca para Portugal, a fim de frequentar a Faculdade de Medicina de Coimbra.

-Integra-se e participa nas actividades sociais, políticas e culturais da secção de Coimbra da Casa dos Estudantes do Império, com sede em Lisboa, que esteve sob o regime compulsivo de “direcção administrativa” (nomeada pelo Governo) desde 1951 até 1957.

1948 - É concedida a Agostinho Neto uma bolsa de estudos pelos Metodistas americanos.

- Transfere a sua matrícula para a Faculdade de Medicina de Lisboa, cidade onde passa a residir e onde continua a sua actividade cultural e política no seio da Casa dos Estudantes do Império.

- Funda em Coimbra, com Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque a revista Momento, na qual colabora.

1950 - Publicação em Luanda, da revista Mensagem, órgão da Associação dos Naturais de Angola, de que se publicaram 4 números (2 cadernos, sendo o último em 1952, no qual Agostinho Neto colabora).

1951 - Representante da Juventude das colónias portuguesas junto do MUD - Juvenil (Movimento de Unidade Democrática - Juvenil) português.

- Em Lisboa, Agostinho Neto, de parceria com Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro fundam o Centro de Estudos Africanos, que tinham finalidades culturais e políticas orientadas para a afirmação da nacionalidade africana.

- Em Lisboa, “com trabalhadores marítimos angolanos funda o Club Marítimo Africano, correia de transmissão entre os patriotas angolanos que se encontravam em Portugal e os que, em Angola, preparavam os Alicerces do movimento de libertação”.

1952 - A 23 de Março é preso pela PIDE, em Lisboa, quando recolhia assinaturas para a conferência Mundial da Paz de Estocolmo ficando encarcerado durante três meses.

1954 - As autoridades policiais acabam com o centro de Estudos Africanos.

1955 - Preso no mês de Fevereiro e, posteriormente, condenado a dezoito meses de prisão.

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1956 - Uma petição internacional circula nos meios intelectuais a pedir a sua libertação que, em França é assinada por nomes altamente prestigiados, como Aragon, Simone de Beauvoir, François Mariac, Jean-paul Sartre e o poeta cubano Nicolás Guillén.

-Em Setembro realiza-se em Paris o 1º congresso de Escritores e Artistas Negros, no qual participaram escritores das colónias portuguesas, tais com Marcelino dos Santos, e onde foi lamentada a ausência de Agostinho Neto.

- A 10 de Dezembro funda-se o MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, a partir da fusão de vários movimentos patrióticos, encontrando-se Agostinho Neto, nessa data, nas prisões de Lisboa.

1957 - Solto das prisões da PIDE no mês de Julho.

1958 - A 27 de Outubro é licenciado em medicina pela Universidade de Lisboa e no mesmo dia casa com Maria Eugénia Silva.

-Toma parte na fundação do Movimento Anticolonialista (MAC), que congregava patriotas das diversas colónias portuguesas para uma acção revolucionária conjunta nas cinco colónias portuguesas: Angola, Guiné, Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Príncipe.

1959 - A 29 de Março, em Luanda, efectuam-se prisões massivas de nacionalistas proeminentes e assiste-se a uma escalada de terror policial.

- Em Julho irrompe novas escaladas de terror, mais prisões massivas e sequentes julgamentos em que são aplicadas penas severas aos militantes do MPLA.

- Nasce em Lisboa, o seu primeiro filho, Mário Jorge Neto aos 9/11/58

- A 22 de Dezembro, de 1959 acompanhado da mulher e do filho Mário Jorge, de tenra idade, deixa Lisboa regressando a Luanda, onde abre um consultório médico.

- Agostinho Neto ocupa a chefia do MPLA, em território angolano.

1960 - 8 De Junho de 1960 é preso em Luanda. As manifestações de solidariedade diante do seu consultório médico e na sua aldeia são esmagadas pela polícia. Transita para cadeia do Aljube. Pouco depois é deportado para o arquipélago de Cabo Verde, ficando instalado na Vila de Ponta do Sol, ilha de Santo Antão; depois transita para Santiago até Outubro de 1962.

- Em Julho é eleito Presidente Honorário do MPLA.

1961 - A 4 de Fevereiro é desencadeada a luta armada pelo MPLA, com assalto às cadeias de Luanda, seguindo-se uma forte repressão.

- A 5 de Fevereiro realiza-se o funeral dos polícias mortos durante os ataques às prisões de Luanda e urdem-se pretextos para um massacre sobre os patriotas angolanos.

- Agostinho Neto é preso na cidade da Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde, e é transferido para as prisões do Aljube, em Lisboa, onde deu entrada a 17 de Outubro de 1962.

1961 - Campanha internacional em prol da libertação de Agostinho Neto. A revista Présence Africaine dedica um número especial a Angola e condena severamente as autoridades fascistas portuguesas, expondo o receio pela vida dos prisioneiros, incluindo Agostinho Neto, formulando um apelo universal contra os torturadores da PIDE.

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- The Times publica manifestações de protesto contra a prisão de Agostinho Neto, assinadas por figuras de mais elevada craveira intelectual, como o historiador Basil Davidson; os romancistas – Day Lewis, Doris Lessing, Iris Murdoch, Angus Wilson, Alan Silitoe; o poeta John Wain; o crítico de teatro inglês Kermeth Tynan; os dramaturgos John Osborne e Arnold Wesker.

- A propósito da resposta inaceitável por parte das entidades portuguesas à denúncia feita por aqueles intelectuais, estes desencadeiam novo e veemente protesto.

- A Peguin Books edita o livro Persecution 1961, da autoria de Peter Benenson, denunciado a situação de nove prisioneiros políticos, entre eles Agostinho Neto, através de artigos para a Imprensa e em carta para a embaixada de Portugal, solicitando os cuidados urgentes, para melhorar a situação de saúde de Agostinho Neto, que se temia pudesse tuberculizar.

- Fica preso nas prisões do Aljube, em Lisboa, até Março de 1963.

- Solto das prisões, em Lisboa, com residência fixa na capital portuguesa. Em Junho de 1963 evade-se de Portugal com sua mulher Maria Eugénia Neto e os filhos, Mário Jorge e Irene Alexandra, chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha a sua sede Exterior.

- Eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento.

1963 - O MPLA instala-se em Brazaville em consequência da sua expulsão do Congo (R. do Zaire) que passou a dar o apoio total a FNLA.

- Abertura de uma frente em Cabinda – a Segunda Região política - Militar.

1966 - Abertura de nova frente no Leste de Angola - a Terceira Região

1968 - Transfere a sua família para Dar-es-Salaam onde continuará até 1975.

1970 - Galardoado com o prémio Lotus, atribuído pela 4ª Conferência dos Escritores Afro-Asiático.

1974 - A guerra nas colónias, componente determinante, conduz a Revolução dos Capitães, em Portugal, a 25 de Abril.

- Apenas em Outubro o novo regime português reconhece o direito das colónias à independência, após que o MPLA assina o cessar-fogo.

1975 - Em 4 de Fevereiro regressa a Luanda.

- Está presente no encontro de Alvor, em Portugal, onde é acordado estabelecer um “governo de transição” que inclui o MPLA, Portugal, FNLA e UNITA.

- É recebido pela Associação Portuguesa de Escritores, na sua sede em Lisboa, que assim o quis homenagear, sendo presidente José Gomes Ferreira e Vice-Presidente Manuel Ferreira. Acompanhado de sua mulher, Agostinho Neto agradece as saudações que lhe foram dirigidas por José Gomes Ferreira, e apela para que os escritores portugueses continuem fiéis e interessados no processo revolucionário angolano.

- Em Março, a FNLA declara guerra ao MPLA e inicia o massacre da população de Luanda. Agostinho Neto lidera a resistência popular e apela à mobilização geral do povo para se opor à invasão do país por forças estrangeiras, pelo Norte e pelo Sul, que procuram impedir o MPLA de proclamar a independência.

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1975 - A 11 de Novembro é proclamado seu presidente, continuando Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola e Presidente do MPLA.

- Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, criada em 10 de Dezembro de 1975.

- Foi o primeiro Reitor da Universidade Agostinho Neto.

- Presidente da Assembleia Geral da União dos Escritores Angolanos, cargo que desempenhou até à data do seu falecimento.

- Reconhecimento da República Popular de Angola por mais de uma centena de países.

1976 - O exército invasor Sul-Africano é expulso de Angola a 27 de Março.

1977 - Em 10 de Dezembro cria o MPLA – Partido do Trabalho

1979 - Preside à cerimónia do encerramento da 6ª Conferência dos Escritores Afro – Asiáticos, realizada de 26 de Junho a 3 de Julho, proferindo o discurso de encerramento.

- A 10 de Setembro, Agostinho Neto falece em Moscovo.

VIDA E OBRA DE ÓSCAR BENTO RIBAS

Óscar Bento Ribas Nascimento 17 de Agosto de 1909 Luanda, Angola colonial Morte 19 de junho de 2004 (94 anos) Cascais, Portugal Nacionalidade Angola angolana Ocupação escritorProcurar imagens disponíveis

Óscar Bento Ribas (Luanda, 17 de Agosto de 1909 — 19 de Junho de 2004) foi um escritor e etnólogo angolano.1 2

Biografia

Filho de Arnaldo Gonçalves Ribas, natural da Guarda (Portugal) e de Maria da Conceição Bento Faria. Após ter concluído os estudos primários em Luanda, frequenta então o Seminário e conclui o quinto ano no Liceu Salvador Correia de Luanda.1 Após uma estada em Portugal onde frequenta um curso comercial, emprega-se na Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade de Luanda.

Viveu também em Novo Redondo, actual Sumbe, e Benguela, Ndalantando e Bié.

Obras

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Considerado fundador da ficção literária 3, Óscar Ribas iniciou a sua actividade literária ainda estudante do Liceu.

Nuvens que passam, (1927), (novela) Resgate de uma falta, (1929), (novela) Flores e espinhos Uanga, (1950) Ecos da minha terra, (1952)

Em toda a produção literária posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma propensão pouco comum entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores. Revela-se profundamente preocupado com os temas da literatura oral, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu.1 Destas preocupações resultam a sua bibliografia dos anos 60:

Uanga - Feitiço (Romance Folclórico) Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975) Missosso 3 volumes (1961,1962,1964) Alimentação regional angolana (1965) Izomba - Associativismo e recreio (1965) Sunguilando - Contos tradicionais angolanos (1967, 1989) Kilandukilu - Contos e instantâneos (1973) Tudo isto aconteceu - Romance autobiográfico (1975) Cultuando as musas - poesia (1992) Dicionário de Regionalismos angolanos

Prémios e títulos

Prémio Margaret Wrong (1952) 4 Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1959) Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1964)

Títulos

Membro titular da Sociedade brasileira de Folk-lore (1954)

Oficial da Ordem do Infante do Governo português (1962)

Medalha Gonçalves Dias pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968)

Diploma de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura (1989)

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VIDA E OBRA DE UANHENGA XITU

Uanhenga Xitu é o nome Kinbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho (Ícolo e Bengo, Angola, 29 de agosto de 1924 - Luanda, Angola, 13 de fevereiro de 2014) foi um escritor angolano. Nos últimos anos, tem sido objeto de estudos científicos e homenagens, e recebeu homenagens em território angolano e outros países.

Biografia

Além da enfermagem, sua profissão formal, exerceu clandestinamente atividades políticas visando a independência de ×Angola, vindo a ser preso pela PIDE no seguimento da detenção no aeroporto de Luanda.

Foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a doze anos de prisão maior, medidas de segurança de seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos políticos por quinze anos. Na prisão começou a escrever suas histórias. Em liberdade, manteve a sua actividade politica e depois de alcançada a independência de Angola, exerceu as funções de Ministro da Saúde, Comissário provincial de Luanda e Embaixador da República Popular de Angola na [[Alemanha. Foi deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA, posteriormente vindo a ser "reformado" por motivos de idade não mais compatível ao exercício da função.

Os Livros

Eminente contador de ‘estórias’ populares, a narrativa de Uanhenga Xitu, está despida do rigor literário, pois a preocupação primária do autor é estabelecer uma ligação semiótica com o seu povo, que o estimula a escrever. A sua vivência na senzala transformou-o num homem solidário e interessado com as necessidades humanas. Numa entrevista, Uanhenga Xitu afirmou que "o que me preocupa é a situação social do povo". Em 2006 recebe a distinção do Prêmio de Cultura e Artes na categoria de literatura pela qualidade do conjunto da sua obra literária, causando-lhe uma enorme surpresa. Sendo assim, o homenageado e culto escritor angolano entrou na lista dos melhores autores da história literária Angolana.

Alguns títulos da obra

- O Meu Discurso

- "Mestre" Tamoda

- Bola com Feitiço

- Manana

- Vozes na Sanzala (Kahitu)

- "Mestre" Tamoda e Outros Contos

- Maka na Sanzala

- Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem

- Os Discursos do "Mestre" Tamoda

VIDA E OBRA DE ANTÓNIO JACINTO

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António Jacinto, cujo nome completo é António Jacinto do Amaral Martins, nasceu em Luanda em 1924 e faleceu em 1991. Orlando Távora é o pseudónimo utilizado por António Jacinto como contista.

Por razões políticas esteve preso entre 1960 e 1972. Militante do MPLA, foi co-fundador da União de Escritores Angolanos, membro do Movimento de Novos Intelectuais de Angola e participou activamente na vida política e cultural angolana. Foi empregado de escritório e técnico de contabilidade, Ministro da Educação de Angola e Secretário de Estado da Cultura.

António Jacinto foi um poeta angolano. Jacinto ganhou conhecimento com sua poesia de protesto, e devido à sua militância política, foi exilado no Campo de Concentração de Tarrafal, em Cabo Verde, no período de 1960 a 1972. Voltou para Angola em 1973, e se juntou ao MPLA - Movimento Popular de Libertação da Angola.

Com a independência do país frente à colonização portuguesa em 1975, António foi nomeado Ministro da Educação e Cultura, cargo que ocupou até o ano de 1978. Fez os estudos liceais em Luanda, trabalhando, mais tarde, como empregado de escritório.

Nacionalista ativo e militante do MPLA, foi preso, em 1961, pela PIDE e condenado a catorze anos de prisão, dez dos quais cumpridos no campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde. Libertado em 1972, foi-lhe fixada residência em Lisboa, onde trabalhou durante cerca de um ano como técnico de contabilidade. Em 1973, evadiu-se de Portugal para se juntar às forças do MPLA, tornando-se diretor do CIR (Centro de Instrução Revolucionária). Durante a descolonização, a sua reconhecida capacidade organizativa levou-o a ocupar os cargos de ministro da Educação Nacional e secretário do Conselho Nacional da Cultura.

Elemento importante do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, criado em 1948, publicou Poemas (Lisboa, 1961) e colaborou em Mensagem (Luanda), Mensagem (Casa dos Estudantes do Império), Cultura II, Jornal de Angola, Itinerário, Brado Africano, Império e Notícias do Bloqueio. Sendo um dos mais representativos poetas angolanos, várias vezes incluído em antologias, o autor é também prosador, destacando-se, na sua obra mais recente, os livros Fábulas de Sanji (1988) e Vovô Bartolomeu (1989), que nos revelam um atento e profundo analista da vida social. Por vezes utiliza também, como contista, o pseudónimo Orlando Távora.

Obras literárias de António Jacinto

Poesia

O grande desafio Poema da alienação Carta dum contratado Monangamba Canto interior de uma noite fantástica Era uma vez Bailarina negra Ah! Se pudésseis aqui ver poesia que não há!

Política

Poemas (1961),

Vovô Bartolomeu (1979),

Poemas (1982, edição aumentada),

Em Kilunje do Golungo (1984),

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Sobreviver em Trrafal de Santiago (1985; 2ªed.1999),

Prometeu (1987),

Fábulas de Sanji (1988).

Poesias

Uma quadra

Que dos céus as estrelas desçam esculpidas em mármore.

E se abatam em mim na dureza pétrea e existente;

E do chão abafado e maldito onde não desponta árvore

Crescerá num volume duro meu canto humano e quente.

Monangamba

Naquela roça grande não tem chuva é o suor do meu rosto que rega as plantações:

Naquela roca grande tem café maduro e aquele vermelho-cereja são gotas do meu sangue feitas seiva.

O café vai ser torrado pisado, torturado, vai ficar negro, negro da cor do contratado.

Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que cantam, aos regatos de alegre serpentear e ao vento forte do sertão: Quem se levanta cedo? Quem vai à tonga? Quem traz pela estrada longa a tipóia ou o cacho de dendém?

Quem capina e em paga recebe desdém fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares "porrada se refilares"?

Quem? Quem faz o milho crescer e os laranjais florescer Quem?

VIDA E OBRA DE PEPETELA

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, que assina sempre como Pepetela (Pestana, em umbundo), nasceu em Benguela, em 29 de Outubro de 1941.

Em 1958, foi estudar para Lisboa, passando a intervir na CEI [Casa dos Estudantes do Império], colaborando nas suas publicações. Com a luta armada de libertação nacional (1961), um ano depois (1962), seguiu para o exílio em França, acabando finalmente por ficar mais um tempo na Argélia, que, entretanto, acedera à independência, precisamente através de uma guerra de libertação nacional. Aí formou-se em Sociologia e, no Centro de Estudos Angolanos que os nacionalistas haviam instituído, dedicou-se a escrever, com Costa Andrade e Henrique Abranches, para o MPLA, uma História de Angola, numa perspectiva resumida e revolucionária.

No final dos anos 60 (1968-69), foi integrado, como Secretário Permanente de Educação, na Frente de Cabinda da guerrilha. Em 1972, passou para a Frente Leste. Em 1973, era Secretário Permanente do Departamento de Educação e Cultura. Em 1974, fez parte da

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primeira delegação do MPLA em Luanda. Em 1975, tomou-se director do Departamento de Orientação Política e, logo depois, integrou o Estado Maior da Frente Centro. Entre 1975 e 1982, foi o vice-ministro da Educação. De então para cá, deixou de desempenhar cargos políticos e é docente da Universidade de Angola (Sociologia), além de ter pertencido à Comissão Directiva da União dos Escritores Angolanos (UEA).

Antes de mais, note-se que é um escritor que produziu a sua obra, até à independência, na situação sócio-histórica de diáspora e guerrilha, ou seja, na mais pura liberdade de expressão, ao contrário de homens como Luandino Vieira, que estava preso, ou Arnaldo Santos, que, sendo funcionário público, vivia e publicava com as limitações da situação de ghetto, na ×Luanda dos anos 1960 e começos de 1970.

Entre vários prémios, recebeu em 1996 o Prémio Camões, o maior galardão literário dedicado à Literatura em Língua Portuguesa, e em 2007 o Prémio Internacional da Asociación de Escritores en Lingua Galega (AELG) que o designou “Escritor Galego Universal”, “galardón que naceu para significar aqueles autores e autoras cuxa obra e personalidade conteñan un alto contido ético e estético que os/as convirtan nun referente para o seu pobo na defensa da dignidade nacional e humana”. Pepetela é o primeiro escritor de língua portuguesa e também o primeiro africano a receber tal distinção.

Obras

Muana Puó - Romance escrito em 1969 e publicado em 1978. Mayombe - Romance escrito entre 1970 e 1971 e publicado em 1980. As Aventuras de Ngunga - Romance escrito e publicado em 1973. A Corda – Teatro político, peça escrita em 1976 e publicada em 1978. A Revolta da Casa dos Ídolos – Teatro histórico, peça escrita em 1978 e publicada em

1979. O Cão e os Calus – Novela picaresca escrita entre 1978 e 1982 e publicada em 1985. Yaka - Romance escrito em 1983 e publicado em 1984 no Brasil e em 1985 em Portugal e

em Angola. Lueji, o Nascimento de um Império - Romance realista animista escrito entre 1985 e 1988

e publicado em 1989. Luandando - Crônicas sobre a cidade de Luanda escritas e publicadas em 1990.

A Geração da Utopia – Publicado em 1992, este romance escrito em quatro partes, que se passam em períodos de dez anos. Uma primeira parte em 1961 com o início da luta armada. Uma segunda parte em 1972, escrita na Frente Leste e sobre a guerrilha. O Polvo é a terceira parte, passa-se nos anos 80 e a última parte e passa-se nos anos 1991-92, já depois dos acordos de Bicesse.

O Desejo de Kianda - Romance escrito em 1994 e publicado em 1995. A Gloriosa Família, o Tempo dos Flamingos - Romance publicado em 1997. A Parábola do Cágado Velho - Romance. Começou a ser escrito em 1990 e foi

publicado em 1997. A Montanha da Água Lilás, fábula para todas as idades - Romance publicado em 2000. Jaime Bunda, o agente secreto - Romance policial publicado em 2002. Jaime Bunda e a Morte do Americano - Romance policial publicado em 2003. Predadores - Romance publicado em 2005

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Os dois primeiros livros demoraram a ser publicados. O caso mais notório é o seu primeiro romance, Mayombe, sobre a guerrilha na floresta do mesmo nome, ao norte de Angola, na região da Frente de Cabinda, que apenas com a intervenção do Presidente Agostinho Neto (um dirigente e poeta que não gostava do realismo socialista) conseguiu autorização para sair do prelo.

É um romance em que a personagem principal, um líder guerrilheiro, o Comandante Sem Medo, qual Ogun ou Prometeu africano, leva por diante o seu trabalho no meio de grandes e compreensíveis dificuldades, agravadas pela corrupção interna, o tribalismo, o racismo, o oportunismo e outros males universais, duvidando seriamente do triunfo da revolução em armas, acabando por morrer.

Pepetela atrevia-se assim a questionar a construção de imagens de heróis monolíticos, aplicando à ficção a fecundidade da dúvida sistemática, como quando insinua, através de Sem Medo, que o poder da guerrilha de libertação nacional já transporta cm si o ovo da serpente do poder que, após o triunfo, dominará o povo que ajudou a libertar.

As aventuras de Ngunga é duplamente um romance de aprendizagem, um Bildungsroman, pois a personagem central, Ngunga, um rapazinho, um pioneiro, militante infantil, cresce integrado na luta de libertação nacional, aprendendo a vida, vivendo a política mas o romance foi escrito também com a intenção de servir de livro de texto na alfabetização dos intervenientes e apoiantes da guerrilha, tendo a primeira edição corrido mimeografada.

O primeiro livro escrito após a independência partilha, com tantos outros, a exaltação do momento, a missão ideológica e a apologia do poder triunfante. Na curta peça A corda, encena-se a aversão ao espantalho do imperialismo norte-americano, representado por um cidadão gordo, fumando grosso charuto, com ar de yankee hollywoodesco, loiro, olho azul, etc., apresentado como estereótipo do mal e bombo da festa.

VIDA E OBRA DE MANUEL RUI ALVES MONTEIRO

Manuel Rui Alves Monteiro (Huambo, 4 de Novembro de 1941 - ), mais conhecido por Manuel Rui, é um escritor angolano, autor de poesia, contos, romances e obras para o teatro.

Muitos dos seus trabalhos contêm ironia, comédia e humor sobre o que ocorreu após a independência de Angola.

Biografia

Manuel Rui frequentou a Universidade de Coimbra, em Portugal e licenciou-se em Direito no ano de 1969. Praticou direito em Coimbra e Viseu durante a guerra pela independência em Angola.

Em Coimbra, foi membro da redacção da revista Vértice, da direcção da Centelha Editora, onde publicou A Onda, em 1973, e colaborador do Centro de Estudos Literários da Associação Académica 1 .

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, regressou a Angola, tornando-se Ministro da Informação do MPLA no governo de transição estabelecido pelo Acordo do Alvor 3 . Foi também o primeiro representante de Angola na Organização da Unidade Africana e nas Nações Unidas. Foi ainda Director do Departamento de Orientação Revolucionária e do Departamento dos Assuntos Estrangeiros do MPLA.

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Manuel Rui foi membro fundador da União dos Artistas e Compositores Angolanos, da União dos Escritores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos.

É autor da letra do Hino Nacional de Angola, de outros hinos como o «Hino da Alfabetização» e o «Hino da Agricultura», e da versão angolana da Internacional 1 .

No plano académico, Manuel Rui foi director da Faculdade de Letras do Lubango e do Instituto Superior de Ciências da Educação.

Obras

Poesias

Manuel Rui. Poesia Sem Notícias. Porto: [s.n.], 1967.

Manuel Rui. A Onda. Coimbra: Centelha, 1973.

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Um. Luanda: UEA, 1976. (Primeiro livro de poesia publicado em Angola após a independência)

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Dois. Luanda: UEA, 1977.

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Três. Luanda: UEA, 1978.

Manuel Rui. Agricultura. Luanda: Instituto Angolano do Livro, 1978.

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Quatro. Luanda: UEA, 1979.

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Cinco. Luanda: UEA, 1980.

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Seis. Luanda: UEA, 1981.

Manuel Rui. 11 Poemas em Novembro: Ano Sete. Luanda: UEA, 1984.

Manuel Rui. Assalto. Luanda: Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1981. (Literatura infantil - Desenhos de Henrique Arede)

Manuel Rui. Ombela. Luanda: Nzila, 2006. (Edição bilingue português-umbundu )

Manuel Rui. O Semba da Nova Ortografia. Luanda: UEA, 2009 .

Prosa

Manuel Rui. Regresso Adiado Lisboa. [S.l. p.m.], 1973. (Inclui os contos: Mulato de Sangue Azul, O Aquário, Com ou Sem Pensão, Em Tempo de Guerra não se Limpam Armas e O Churrasco)

Manuel Rui. Sim Camarada!. Luanda: UEA, 1977. (Primeiro livro de ficção angolana publicado após a independência)

Integra os contos O Conselho, O Relógio, O Último Bordel, Duas Rainhas e Cinco Dias depois da Independência

Manuel Rui. A Caixa. Luanda: Conselho Nacional de Cultura, 1977. (Primeiro livro angolano de literatura infantil)

Manuel Rui. Cinco Dias depois da Independência. Luanda: UEA, 1979. (Publicado originalmente no livro Sim Camarada! Foi editado separadamente, em formato de bolso, na colecção 2K da União dos Escritores Angolanos)

Manuel Rui. Memória de Mar. Luanda: UEA, 1980. Manuel Rui. Quem me dera ser Onda. Lisboa: Edições Cotovia, 1982.

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Manuel Rui. Crónica de um Mujimbo. Luanda: UEA, 1989 Manuel Rui. Um Morto & Os Vivos. Lisboa: Edições Cotovia, 1993. (Adaptado para a

série O Comba da Televisão Pública de Angola) Manuel Rui. Rio Seco. Lisboa: Edições Cotovia, 1997. Manuel Rui. Da Palma da Mão. Lisboa: Cotovia, 1998. Manuel Rui. Saxofone e Metáfora: Estórias. Lisboa: Cotovia, 2001. ISBN 972-795-012-4 Manuel Rui. Um Anel na Areia. Luanda: Nzila, 2002. Manuel Rui. Nos Brilhos. Luanda: Instituto Nacional das Indústrias Culturais, 2002 . Manuel Rui. Maninha: Crónicas (Cartas Optimistas e Sentimentais). Luanda: Nzila,

2002 . Manuel Rui. Conchas e Búzios. Luanda: Nzila, 2003. (Literatura infantil - Ilustrado

por Malangatana) Manuel Rui. O Manequim e o Piano. Luanda: UEA, 2005. Manuel Rui. Estórias de Conversa. Luanda: Nzila, 2006. (Reúne os contos: O Menino da

Cachoeira, Curto Relato de um Feiticeiro, Desculpe, Tia!, O Telefone Celular e Isidoro e o Cabrito)

Manuel Rui. A Casa do Rio. Luanda: Nzila, 2007 Manuel Rui. Janela de Sónia. Luanda: UEA, 2009

Teatro

Manuel Rui. O Espantalho. [S.l.: s.n.], 1973. (Obra inspirada na tradição oral e representado por trabalhadores da construção civil da cidade do Lubango)

Manuel Rui. Meninos de Huambo. [S.l.: s.n.], 1985.

Uma citação

“O que é preciso é que as contradições se agudizem e a aliança operário-camponesa tome de assalto este Palácio o mais depressa possível para o salto qualitativo.

Chiça! Com salto e tudo? O camarada almoçou dicionário e se não é doutor herdou biblioteca. Vamos com calma! E o outro escapava-se no meio da multidão”

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CONCLUSÃO

Assim posso concluir que Dr. António Agostinho Neto, Pepetela, Manuel Rui Monteiro, Óscar Ribas e António Jacinto foram Poetas, Angolano e que contribuiram muito para fundação dos União de Escritores Angolanos, membro do Movimento de Novos Intelectuais de Angola e participaram activamente na vida política e cultural angolana.

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